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Setúbal - Turma 98
Darlene Rosário
Natércia Morgado
Março /2009
ÍNDICE
Página
1 – Introdução …………………………………………………………………………………………………………… 3
3 - Acto Administrativo
3.1. Actos que dão origem ao procedimento administrativo ………………………………….. 3
4 – Dever de Fundamentação
4.1 – A Fundamentação …………………………………………………………………………………………… 5
4.2 – O Dever de Fundamentação …………………………………………………………………………… 5
4.3 – Requisitos da Fundamentação ………………………………………………………………………… 6
7 – Conclusão ……………………………………………………………………………………………………………. 10
1 – Introdução
A vida escolar é tutelada pelo Ministério da Educação e pelo Ministério das Finanças,
o que faz com os seus actos e procedimentos sejam regidos pelo Código do Procedimento
Administrativo (CPA) e por um conjunto de Leis específicas daqueles ministérios relativas à
sua actividade administrativa e escolar. Os professores realizam várias tarefas, muitas das
quais são administrativas. Todavia, os professores estão tão absorvidos na sua missão de
ensinar que esquecem, muitas vezes, que fazem parte do aparelho administrativo e que
devem agir em conformidade com os princípios gerais que regem a administração pública,
nomeadamente no sentido de fundamentarem devidamente as suas decisões, quaisquer
que elas sejam.
A avaliação e a sua fundamentação são, em primeira instância, da competência do
professor e do conselho de turma que, de acordo com o art.º 27 do CPA deve registar as
decisões e os fundamentos, quando se justifique, em acta.
Tal como acontece com a actividade administrativa, também a do professor deve
reger-se pelos princípios gerais mencionados no CPA e nunca esquecer que deve ser justo,
imparcial e agir de boa fé, respeitando o interesse público.
Um pedido de revisão de avaliação pode ser um bom exercício de análise e reflexão
sobre a fundamentação na actividade administrativa numa escola.
Este procedimento administrativo exige uma articulação entre os órgãos colegiais
que estruturam a escola, na medida em que as decisões do conselho pedagógico têm como
base as informações e decisões do conselho de turma. Se a fundamentação da decisão do
conselho de turma não for suficiente, poderá condicionar, ou não, uma posterior decisão do
conselho pedagógico, que deve solicitar todas as informações que considere relevantes para
se pronunciar.
Por outro lado, os interessados que dão início a um procedimento administrativo têm
de ter cuidado com a redacção do seu pedido, pois apesar de poderem considerar a decisão
incorrecta, se não fundamentarem suficientemente o seu pedido podem ver o mesmo
recusado e, assim, o acto praticado, embora incorrecto, poderá não ser corrigido caso o
órgão da administração pública não consiga suprir as suas deficiências em termos oficiosos.
2 – Enquadramento Legal
3 - O Acto Administrativo
4 – Fundamentação
4.1 – A Fundamentação
1
Os actos administrativos praticados oralmente que não constem de acta e que carecem de
fundamentação devem ser reduzidos à forma escrita a requerimento dos interessados, caso contrário o acto
administrativo não poderá ser impugnado. (artigo 126ª do CPA).
6 – Da Marcha do Procedimento
3. Terminada a fase da instrução, passou-se à fase da decisão. Não teve lugar a audiência
dos interessados, na medida em que a interessada já se tinha pronunciado sobre as questões
que importam à decisão e sobre as provas produzidas - art.º 103, número 2, alínea a).
Analisadas as provas, o conselho de turma decidiu manter a classificação atribuída pelo
professor.
Após a tomada de decisão do conselho de turma e, de acordo com o número 68 do
Despacho Normativo n.º 1/2005, esta foi submetida à apreciação do Conselho Pedagógico.
Este órgão decidiu ratificar a decisão do conselho de turma, não aprovando, por
unanimidade, o pedido de revisão do resultado da avaliação do aluno em causa.
A encarregada de educação foi notificada da decisão no prazo legal. No entanto, esta
notificação careceu de fundamentação, isto é, apenas se comunicou a decisão não se
apresentando os fundamentos para a mesma. Este “lapso” fez com que a encarregada de
educação desencadeasse um recurso hierárquico.
Segundo o número 70 do Despacho anteriormente referido, a encarregada de educação,
não concordando com a decisão, interpôs um recurso hierárquico à Direcção Regional de
Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DRELVT), invocando razões de vício de forma, isto é,
invocando falta de fundamentação.
O pedido de recurso hierárquico foi aceite, na medida em que a encarregada de educação
apresentou os fundamentos de direito suficientes. Por seu lado, a DRELVT solicitou
documentação relevante ao órgão de gestão da escola, para se pronunciar sobre o pedido
da encarregada de educação e, assim, fundamentar a sua decisão.
4. Este procedimento administrativo extinguiu-se com a decisão final expressa pela
DRELVT e que consistiu no deferimento do pedido de revisão da classificação atribuída ao
aluno.
O órgão de gestão da escola foi informado da decisão e, após a alteração da classificação
atribuída ao aluno, a encarregada de educação foi informada. Caso a decisão da DRELVT não
fosse favorável às pretensões da interessada, esta não poderia mais, por via administrativa,
impugnar a decisão, pois de acordo com o número 71 do Despacho Normativo n.º 1/2005,
não cabe qualquer outra forma de impugnação administrativa.
7 – Conclusão
A fundamentação é um dos aspectos mais relevantes na actividade administrativa, na
medida em que confere legitimidade, legalidade e validade ao Acto em si. No caso analisado,
verifica-se que a fundamentação foi determinante para o pedido de revisão ter sido aceite e
posteriormente reencaminhado para o órgão superior hierárquico.
Por outro lado, a insuficiência e a falta de fundamentação foram o argumento para o
início do procedimento administrativo. Neste caso, constata-se que a escola e os
professores, ao não fundamentarem a decisão de forma suficiente, contribuíram
decisivamente para o deferimento da pretensão dos interessados, o que nos leva a reflectir
sobre a actividade docente num sentido mais lato.
Os professores realizam o seu trabalho com seriedade e responsabilidade. Contudo,
quando um encarregado de educação discorda da classificação atribuída ao seu educando,
os professores, muitas vezes, sentem que todo o seu trabalho é posto em causa.
Quando se solicita que um professor apresente todos os dados e elementos de
avaliação relativos a um aluno, isto é, os fundamentos da avaliação, não deve pensar que se
está a justificar, mas sim a fundamentar o seu trabalho e as suas decisões, para que os
interessados (alunos e respectivos encarregados de educação e restante comunidade
educativa) possam compreender o alcance da sua decisão.
A fundamentação da decisão de um professor deve basear-se na recolha sistemática
de evidências de provas das competências dos alunos. Só assim se conseguirá um maior
respeito pelo trabalho do PROFESSOR e o seu devido reconhecimento.