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METABOLISMO DO GLICOGÊNIO

-Nos organismos, desde as bactérias até as plantas e os vertebrados, o excesso de glicose


é convertido em formas poliméricas de armazenamento – glicogênio nos vertebrados e
em muitos microrganismos, amido nas plantas;
-encontrado principalmente no fígado e no músculo esquelético, podendo representar
até 10% do peso do fígado e 1 a 2% do peso do músculo;
Se toda essa glicose fosse dissolvida no citosol de um hepatócito, sua concentração seria
de cerca de 0,4 M, suficiente para influenciar nas propriedades osmóticas da célula.
Quando armazenada na forma de um grande polímero (glicogênio), contudo, a mesma
massa de glicose tem uma concentração de apenas 0,01 mM;
-armazenado em grandes grânulos citosólicos >> grânulos de glicogênio;
-glicogênio do músculo fornece uma fonte de energia rápida para o metabolismo
aeróbio e anaeróbio >> consumo próprio; O glicogênio muscular pode ser gasto em
menos de uma hora durante atividade intensa; concentra o maior volume de glicogênio
tecidual (tecido muscular);
-O glicogênio hepático serve como um reservatório de glicose para os outros tecidos >>
consumo extra-hepático, quando não há glicose disponível (entre as refeições ou no
jejum); isto é especialmente importante para os neurônios do cérebro, que não podem
usar ácidos graxos como combustível; O glicogênio do fígado pode ser exaurido de 12 a
24 horas; Nos humanos, a quantidade total de energia armazenada na forma de
glicogênio é muito menor do que a quantidade armazenada como gordura
(triacilglicerol), mas as gorduras, nos mamíferos, não podem ser convertidas em glicose
e não podem ser metabolizadas anaerobiamente;
- grânulos de glicogênio >> agregados complexos de glicogênio + as enzimas que os
sintetizam e os degradam, assim como a maquinaria de regulação dessas enzimas;
-Os mecanismos gerais de armazenamento e mobilização do glicogênio são os mesmos
no músculo e no fígado, mas as enzimas diferem em aspectos sutis, mas importantes,
que refletem os papéis diferentes do glicogênio nesses dois tecidos;
- O glicogênio também é obtido da dieta e degradado no intestino, e isso envolve um
conjunto separado de enzimas hidrolíticas que convertem glicogênio em glicose livre;

➔ Principais enzimas :
➔ glicogênio fosforilase (glicogenólise)
➔ glicogênio sintase (glicogênese)

★ GLICOGENÓLISE

-No músculo esquelético e no fígado, as unidades de glicose das ramificações externas


do glicogênio entram na via glicolítica pela ação de três enzimas:
glicogênio-fosforilase, enzima de desramificação do glicogênio e fosfoglicomutase.
-A glicogênio-fosforilase >> catalisa a reação na qual uma ligação glicosídica (a1 → 4)
entre dois resíduos de glicose em uma extremidade não redutora do glicogênio é
atacada por um fosfato inorgânico (Pi), removendo o resíduo terminal na forma de
a-D-glicose-1-fosfato;

Essa reação de fosforólise é diferente da hidrólise das ligações glicosídicas pela


amilase durante a degradação intestinal do glicogênio e do amido da dieta. Na
fosforólise, parte da energia da ligação glicosídica é preservada pela formação do éster
de fosfato, glicose-1-fosfato

piridoxal-fosfato é um cofator essencial na reação da glicogênio-fosforilase >> seu grupo


fosfato atua como catalisador ácido geral >> promovendo o ataque pelo Pi sobre a
ligação glicosídica; (Esse papel do piridoxal-fosfato é incomum; seu papel mais
característico é o de cofator no metabolismo dos aminoácidos);

A glicogênio-fosforilase age repetidamente sobre as extremidades não redutoras das


ramificações do glicogênio até que alcance um ponto a quatro resíduos de glicose de um
ponto de ramificação (a1 → 6), onde interrompe sua ação; A degradação pela
glicogênio-fosforilase continua somente depois que a enzima de desramificação,
conhecida formalmente como oligo (a1 → 6) a (a1 → 4) glican-transferase, catalisa
duas reações sucessivas que removem as ramificações; Logo que as ramificações são
removidas e o resíduo glicosil na posição C-6 é hidrolisado, a atividade da
glicogênio-fosforilase pode continuar;

-A glicose-1-fosfato, o produto final da reação da glicogênio-fosforilase, é convertida em


glicose-6-fosfato pela fosfoglicomutase ( reação reversível );
A enzima, inicialmente fosforilada em um resíduo de Ser, doa um grupo fosforil ao C-6
do substrato e aceita um grupo fosforil do C-1;
-A glicose-6-fosfato formada no músculo esquelético a partir do glicogênio pode entrar
na glicólise e serve como fonte de energia para a contração muscular.
-No fígado, a degradação do glicogênio serve a um propósito diferente: liberar glicose
para o sangue quando o nível de glicose sanguínea diminui, como acontece entre as
refeições >> Isso requer a presença da enzima glicose-6-fosfatase no fígado e no rim,
mas não em outros tecidos.
A enzima é uma proteína integral da membrana do retículo endoplasmático, com seu
sítio ativo no lado lumenal do retículo;
A glicose-6-fosfato formada no citosol é transportada para o lúmen do retículo por um
transportador específico (T1) e hidrolisada na superfície lumenal pela
glicose-6-fosfatase;
Acredita-se que os produtos resultantes, Pi e glicose, sejam transportados de volta para
o citosol por dois transportadores diferentes (T2 e T3), e a glicose deixa o hepatócito
pelo transportador GLUT2 na membrana plasmática;
Observe que, por ter o sítio ativo da enzima no lúmen do retículo, a célula separa essa
reação do processo de glicólise que acontece no citosol e poderia ser abortado pela ação
da glicose-6-fosfatase;

Defeitos genéticos na glicose-6-fosfatase ou no T1 levam a perturbações sérias no


metabolismo do glicogênio, resultando na doença de depósito de glicogênio tipo Ia

-O músculo e o tecido adiposo não conseguem converter a glicose-6-fosfato formada


pela degradação do glicogênio em glicose, pois não têm a enzima glicose-6-fosfatase; por
isso, esses tecidos não fornecem glicose para o sangue;

★ GLICOGÊNESE

-quando as células já estão supridas de ATP a glicose ao invés de seguir a via glicolítica
ela segue a via de armazenamento da glicose na forma de glicogênio;
-em nossos tecidos essa síntese se faz a partir de resíduos de glicogênio pré-existentes
nas células onde as moléculas de glicose se ligam para seu armazenamento;
-é também dito como armazenamento de energia;
-reações pelas quais as hexoses são transformadas ou polimerizadas envolvem
nucleotídeos de açúcar, compostos nos quais o carbono anômero do açúcar é ativado
pela união a um nucleotídeo por meio de uma ligação éster de fosfato;
-nucleotídeos de açúcar são os substratos para a polimerização de monossacarídeos em
dissacarídeos, glicogênio, amido, celulose e polissacarídeos extracelulares mais
complexos;
- Também são intermediários-chave na produção das amino-hexoses e desoxi-hexoses,
encontradas em alguns desses polissacarídeos, e na síntese da vitamina C (ácido
L-ascórbico);
-O papel dos nucleotídeos de açúcar na biossíntese do glicogênio e em muitos outros
derivados de carboidratos foi descoberto em 1953 pelo bioquímico argentino Luis
Leloir;
- síntese do glicogênio ocorre em quase todos os tecidos animais, mas é mais importante
no fígado e no músculo esquelético;
-ponto de partida para sua síntese é a glicose-6-fosfato ( pode ser derivada da glicose
livre em uma reação catalisada pelas isoenzimas hexocinase I e hexocinase II no
músculo e hexocinase IV (glicocinase) no fígado );
-No entanto, parte da glicose ingerida faz uma via mais indireta para o glicogênio. Ela é
captada primeiro pelos eritrócitos e transformada glicoliticamente em lactato, que é
captado pelo fígado e convertido em glicose-6-fosfato pela gliconeogênese;

-Para iniciar a síntese do glicogênio, a glicose-6-fosfato é convertida em glicose-1-fosfato


na reação da fosfoglicomutase:
Glicose-6-fosfato -----> glicose-1-fosfato (reversível)

O produto desta reação é convertido em UDP-glicose pela ação da


UDP-glicose-pirofosforilase, em uma etapa fundamental da biossíntese do glicogênio:
Glicose-1-fosfato + UTP → UDP-glicose + PPi

A UDP-glicose é o doador imediato dos resíduos de glicose na reação catalisada pela


glicogênio-sintase, que promove a transferência da glicose da UDP-glicose para uma
extremidade não redutora de uma molécula ramificada de glicogênio;

O efeito biológico da ramificação é tornar a molécula mais solúvel e aumentar o número


de sítios acessíveis à glicogênio-fosforilase e à glicogênio-sintase, as quais agem
somente nas extremidades não redutoras

-A glicogênio-sintase não consegue iniciar uma cadeia de glicogênio “de novo”. Ela
necessita de um iniciador, geralmente uma cadeia poliglicosídica em (a1S4) ou uma
ramificação que tenha, pelo menos, oito resíduos de glicose.
A intrigante proteína glicogenina é ao mesmo tempo o iniciador, sobre o qual são
montadas novas cadeias, e a enzima que catalisa essa montagem;

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