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Capítulo 1 

Mathew POV

Nenhuma criança fica de pé no palco da escola e diz: “Eu quero ser um

prostituto.”

Naquela época, eu costumava dizer que queria ser um médico. Meus

amigos diriam policial, bombeiro, soldado… Esses são sonhos agradáveis,

também.

 Mas este é o mundo real… E os sonhos simplesmente não se tornam

realidade. Eu sei disso agora.

 Eu sou um prostituto. Meu nome é Mathew. Não há sobrenomes quando

você é um prostituto, então eu não sou um Trenner agora. É hora de frisar

isso.

Toda noite eu chego a ser um policial, um bombeiro, um soldado, Tarzan…

de certa forma.

 Eu entro pela porta dos fundos, neste enorme estabelecimento

chamado Fire. É um clube para mulheres, não há noite de homens, clientela

gay não é permitida aqui dentro. Isso é uma coisa que eu nunca fiz e pelo

menos eu tenho isso para me agarrar.


Sou apenas para as mulheres. E isso não é uma ostentação. E não se deixe

enganar. Não são apenas mulheres bonitas e jovens que eu vejo. Todas as

idades, jovens, de meia idade, até mesmo as idosas me perseguem aqui. Sou

sempre bom com todas elas.

As mulheres são tão excitáveis quanto os homens, mais ainda, eu acho,

desde que eu vim trabalhar aqui.

Imaginei que as mulheres seriam suaves e gentis comigo. Imaginei errado.

As mulheres  vem aqui para ficarem bêbadas e acariciar os homens seminus.

 Era raro eu encontrar uma que me acariciava suavemente, em vez de me

agarrar forte. Seus gritos me deixavam surdo às vezes. Eu sempre acho graça

quando ouço alguém chamando as mulheres de sexo frágil. Errado. Elas são

poderosos, fortes, e insaciáveis. Eu sei disso.

Depois de bater meu cartão, eu vou para o corredor para ver onde eu vou

estar esta noite. É só 17:00, o sol está se pondo. A parte mais triste do dia

para mim. Isto é, quando o meu dia como o normal Mathew Trenner termina…

e eu me transformo no que estiver escrito na minha caixa na mesa.

Sob o meu nome, eu vejo a palavra “Vampiro” escrita em preto. Merda.  É

outubro de novo?

Ryan sentou-se em sua cadeira de metal na frente de seu espelho e sorriu

sacana para mim.

─ Homem vampiro! – ele provocou. ─ O Halloween está chegando de novo!


 Em seguida, ele soltou seu silvo de vampiro comum, enquanto eu sorria de

volta para ele, andando por trás de sua cadeira para chegar à minha, que

estava do lado.

Eu nunca fui de reclamar das minhas atribuições ali, ou do meu trabalho. É

por isso que Claire parecia gostar de mim desde o início. Oh, Claire é a chefe

aqui. Os outros caras gostavam de reclamar sobre coisas estúpidas, mas eu

não queria pôr em risco o meu trabalho aqui. Eu preciso dele. Então fiz o que

me foi dito e calei minha boca.

 ─ Eu não me importo de ser um vampiro. – eu disse, e coloquei minha

mochila no chão, perto dos meus pés, abrindo minha gaveta e tirando meu

recipiente de plástico que tinha “VAMPIRO” sobre ele. ─ Mas, a maquiagem é

uma porra para sair.

 ─ Eu sei. – Ryan concordou. ─ Pelo menos você é branco o suficiente e não

tem que colocá-la em todo o seu corpo! Tive um belo bronzeado uma vez e

tive que me cobrir com essa porcaria branca.

 Eu bufei, agradecendo a Deus por esses pequenos favores enquanto eu

tirei a minha camisa, jogando-a na mochila aberta aos meus pés, não

querendo arruinar a maquiagem nesse processo.

Eu tentei fazê-la sutil, mas ainda capaz de ver que eu era um deles. Eu fiz

um pouco de maquiagem ao redor dos meus olhos e me usei um pouco de

vermelho escuro para os meus lábios, para que se destacassem um pouco e o

suficiente para que não saísse se eu beijasse alguém.


Então, eu estava pronto para colocar a lente em meus olhos. Vermelhas…

ou douradas? Inclinei a cabeça de um lado para o outro, decidi que hoje à

noite eu seria um bom vampiro, olhos dourados. Talvez no final do mês, mais

perto do Halloween, eu seria o mal então.

Eu odiava dentes de vampiro de plástico. Eram nojentos, brutos. Eu tinha a

coisa real, presas de porcelana que eram coladas em meus dentes, da mesma

cor que os dentes reais. Eu até tinha começado a falar muito bem com estes

agora.

Além disso, as mulheres adoravam o vampiro doce, triste e inocente

Mathew mais do que o mau, doente, vampiro sexy Mathew. Além disso, as

lentes de contato vermelhas machucam meus olhos, por algum motivo.

Em alguns minutos, meus olhos estavam dourados e eu dei um rosnado ao

meu espelho, entrando no meu papel. Uma coisa que você tem que ser bom

aqui, é atuar. Outra razão para a Claire me apreciar tanto, é porque não

importa o que aconteça, não importa como eu estou me sentindo, quando eu

passo sobre a linha vermelha em direção área da boate, onde as clientes

estão, eu me torno o que eu estou vestindo. E eu nunca, jamais, tratei

qualquer mulher mal, ou até mesmo fiz cara de desgosto. Eu sou delas, e eu

sempre aparento como se estivesse tendo o melhor momento da minha vida,

sempre sorrindo e rindo, sempre amando o que eles fazem comigo.

  As mulheres me usam. Esse é o meu trabalho. E eu sou muito bom

nisso.
Levantei-me para ir para o meu armário e vestir minha roupa de vampiro.

Sim, cada dançarino faz ou compra suas próprias fantasias, nada nos é dado,

exceto nosso salário. Minha roupa esta noite consistia em faixas pretas de

couro em torno de meus pulsos, sem camisa, e apertadas calças de couro

pretas, que eram realmente mais como pedaços rasgados irregulares

pendurados sobre as minhas pernas, metade da minha bunda exposta.

 A ideia era que uma vez eu estava usando calças de couro, mas elas foram

barbaramente arrancadas de mim. Claire adorava quando eu mostrava o

produto final a ela primeiro. Ela tinha a palavra final nos trajes. Sem sapatos

ou meias, também. E depois, é claro, a minha coleira. Era uma coleira de

couro preta simples, cobrindo toda a minha garganta. Ela tinha um grande

anel de prata no meio que tilintava quando me movia, mesmo que um só

passo.

 Eu passei óleo no meu corpo, o que levou uma incrível quantidade de

tempo. Mas esta era outra regra aqui. Sempre usar óleo, sempre brilhante e

lustrado em todos os momentos.

Era 19:45 e já estava quase na hora de eu assumir a minha gaiola. Sim, o

homem vampiro trabalha em uma gaiola. Ele é muito perigoso, antes de tudo.

Para o ser vampiro dançarino, Claire pessoalmente me escolta até a gaiola e

tem total controle de quem entra lá comigo. Quanto mais mulheres quiserem

pagar para estar na gaiola comigo por um período de tempo, mais tempo ela

pode se juntar a mim.


Pelo preço certo, eu mesmo, às vezes, tenho minhas mãos amarradas sobre

a minha cabeça, enquanto elas aproveitam seu tempo da maneira que

quiserem comigo. Não sexualmente, é claro. Na Fire, não há prostituição. Bem,

isso é o que eles dizem a polícia, de qualquer maneira. A verdade é que não

existe a prostituição a céu aberto, onde os clientes em suas mesas podem ver.

E as mulheres não têm vergonha de perguntar para mim em particular. Devo

receber cerca de 15-20 ofertas todas as noites, sem contar os números de

telefone, cartões, convites.

Claire também acompanhava o vampiro até a sua jaula porque ela desejava

que nós nunca quebrássemos o personagem na frente das clientes. Ok, Claire,

seu desejo é uma ordem.Eu pessoalmente acho que ela se divertia

sexualmente em cima disso. Porém ela é a chefe.

Eu estava esperando ela vir me buscar, sentado na minha prateleira e

conversando com Ryan enquanto ele dava os últimos retoques na sua fantasia

camuflada de soldado.

Eli, outro dançarino, também era um amigo meu. Ele estava ao lado de

Ryan e seria um policial esta noite.

Eu estava bebendo meu habitual refrigerante de cereja, o qual funcionava

para fazer meus lábios parecerem ainda mais avermelhados, enquanto eu

aguardava pela minha chefe.

Finalmente, podíamos ouvir vozes de mulheres do lado de fora, na área do

clube, e eu pude ver Claire agora chegando através das cortinas do camarim.
Eu fiquei de pé, jogando fora minha bebida e checando meus dentes no

espelho. Perfeitos, belos e brancos.

 ─ Mathew? - ela sorriu para mim com seus olhos azuis brilhantes enquanto

seu cabelo caía em longos cachos acima de seus ombros. Muito bonita. Que

homem se importaria de estar em uma coleira com ela no controle?

─ Claire. - sorri para ela, inclinando e dando-lhe um beijo na boca. Ela

sempre beijava todos nós. Isso era perfeitamente normal.

─ Mmmm. - ela riu para mim  ─ Cereja. No ponto.

Eu peguei minha correia no armário e a prendi no sino de prata em meu

pescoço, entregando-lhe a outra extremidade.

─ 560 calorias em uma dessas baboseiras. - Ryan lembrou, olhando para

nós, sentado em sua cadeira. ─ Você deveria proibi-lo de beber isso. Claire.

─ Hey - ela fez um sinal sobre o meu corpo com a mão. ─ Enquanto ele

se parecer com ISTO, ele pode beber qualquer maldita coisa que ele quiser,

okay?

Eu gargalhei, rolando meus olhos enquanto Ryan reclamava, comendo suas

frutas antes do primeiro show.

Claire olhou para mim e perguntou. ─ Você vai me dar trabalho hoje,

Mathew?

─ Eu não dou sempre? - sorri afetado, concedendo-lhe meu olhar ardente

enquanto ela dava um leve puxão na minha coleira.


─ Sim. -Ela sorriu mais. ─ Você é um dos meus vampiros favoritos. Você

sempre proporciona uma ótima briga.

─ Assim como eu. - Ryan a fez lembrar, não querendo ser deixado de fora

da afeição dela.─ Sim, assim como você, Butler, eu ainda te amo, não se

preocupe.

Claire deu-lhe um beijo gentil nos lábios imediatamente enquanto eu

esperava, balançando a cabeça e rindo deles. Ryan está aqui há bastante

tempo, um dos primeiros dançarinos a trabalhar na boate há alguns anos

atrás. Eu estou aqui a alguns anos já, e toda vez que Claire  demonstrava

qualquer afeição por mim, Ryan sentia-se ameaçado.

─ Ciumento. - Eu o provoquei, caminhando lentamente depois de Claire

pelas cortinas, por um longo corredor escuro.

No final deste corredor estava a linha vermelha. Esta era linha entre eu e as

clientes. Uma vez que eu a atravessasse, eu pertencia a elas. Eu me torno

uma pessoa diferente quando eu cruzo o palco, me sinto seguro desta

forma.Claire  cruzou a linha vermelha nesse momento e deu um puxão na

minha coleira.

Começou o show.

Caí de joelhos e rugi forte, puxando levemente para trás, não dando a ela

um esforço de verdade. Mas nós sempre fizemos isso parecer bom.

─ Vamos, seu teimoso imbecil!- ela berrou, lutando e me arrastando desta

vez sobre a linha ,à vista do público.


Agora sou um vampiro capturado, sendo arrastado até minha jaula para

entreter mulheres. Mathew se foi.

─ RRRRRRRR!!!! - eu rosnava, resistindo outra vez, aos poucos

sendo movido em direção às mesas das mulheres, chegando mais perto.

─ Não tenham medo, senhoras. Eu tenho ele sob controle.-  Claire

anunciava enquanto ela me trazia para mais perto. Imediatamente eu ouvi

gritos, risadas e vaias.

─ Este é o nosso vampiro. - Ela tinha um pequeno microfone em  sua roupa

enquanto falava.

Eu me mexia e rosnava. O que fez as mulheres soltarem gritinhos e eram

todos de satisfação. Pelo visto estava agradando.

─ Ele está sendo muito desobediente hoje.- Claire me puxou de forma mais

severa. ─ E ele será punido por todas nós, mais tarde esta noite!

Gritos, risadas. Eu rastejei relutantemente, resistindo um pouco mais.

─ Mas cuidado, ele morde.-  Ela disse com um  tom sexy em sua voz,

recebendo berros desejosos das clientes. ─ Ele é muito perigoso, por isso nós o

mantemos na jaula dele bem aqui.

Eu rastejei atrás dela entre as mesas, e senti algumas mãos me alcançando

e me tocando brevemente enquanto eu continuava minha luta simulada. Ao

me aproximar da jaula eu fiz uma última tentativa para me libertar com um

som animalesco, saltando e agarrando uma mesa onde três jovens garotas

estavam sentadas. Elas gritaram enquanto eu rosnava, mostrando meus


dentes e apertando sua mesa, olhando diretamente para elas quando Claire

me arrastou para longe pelo meu cabelo.

─ Menino MAU!! - jogou-me dentro da minha jaula redonda, fechando a

porta enquanto eu sibilava novamente para ela, meu rosto furioso e letal. Eu

avancei na direção dela, agarrando seu vestido enquanto ela se virava prestes

a começar o show.

As mulheres estavam gritando para nós, rindo e aplaudindo enquanto Claire

virava para mim, e usando a correia solta chicoteou minha mão até eu recuar

para o interior da minha pequena cela, rosnando pela dor leve, segurando meu

braço e lambendo o local ferido enquanto mais mulheres iam à loucura.

─ Se você se comportar, mais tarde, talvez eu permita que você receba

algumas amigas aí dentro. –Ela  me ameaçou com a correia outra vez, ao

mesmo tempo em que eu rosnava em defensiva, exibindo todos os meus

dentes.

─ O que vocês acham disto, garotas, quem quer passar um tempinho na

jaula esta noite?!

O volume foi o suficiente para estourar meus tímpanos quando elas

gritaram e uivaram novamente.

─ Tudo bem, senhoritas! - Claire foi para o palco principal, me deixando na

jaula, porém isso não quer dizer que eu fiquei lá parado, entediado. Eu tinha

que manter minha pose de vampiro sequestrado.


Ela estava anunciando o primeiro dançarino, Eli. O lugar ficou escuro e

sirenes de polícia soaram, as luzes vermelhas e brancas dançavam em volta

como se uma viatura estivesse se aproximando.

Minha jaula foi elevada em sua pequena plataforma própria, porém eu

estava perto do lado direito da plateia, rodeado por mesas. Eu também estava

mantendo as mulheres hiperativas entre os dançarinos, assim elas não se

entediaram. Eu subi nas traves da minha jaula e fingi que estava tentando

encontrar uma maneira de sair. Apertando um pouco as barras, sibilando, de

joelhos, nunca em pé, embora… ainda um escravo. Eu encarei algumas

mulheres a minha esquerda, através das grades, olhando inocentemente para

elas.

Elas estavam em seus 30 anos, me parecia, porém atraentes. ─ O vampiro

está te encarando. - uma delas disse para a outra, cutucando-a com seu

cotovelo.

Eu teria que conquistar as garotas se eu as quisesse na minha jaula esta

noite. Eu consigo muito dinheiro quando elas pagam para entrar na jaula

comigo. A outra mulher me examinou com mais atenção enquanto eu ia para

mais perto contra as grades, ronronando pela minha garganta. Eu tinha

aprendido a fazer isso serenamente.

─ Jesus, ele é gostoso. - Uma mulher na mesa comentou quando eu dei um

pequeno rosnado em sua direção.

─ Uôôu, você assustou ele, Nancy, ótimo!


Todas elas riram enquanto eu lhes dava um pequeno sorriso, enrolando

meus braços para fora das grades e envolta um do outro, segurando as barras

enquanto eu pressionava meu peitoral liso contra elas, virando minha cabeça

um pouco para a esquerda, para juntá-las mais.

Uma das mulheres despertou minha atenção.. Ela tinha uns , 18/19 anos,

uma universitária talvez, e a mesa dela estava muito perto da minha jaula.

Oferecendo-me um morango através das grades, eu acredito que da sua

bebida, ela estava tentando me induzir até a ponta dela.

Eu caí de quatro e rastejei para ela, ronronando de novo; suas amigas

começaram a gargalhar e a rirem excitadamente enquanto eu me aproximava.

─ Ah meu DEUS! - a garota com cabelo escuro comprido segurando o

morango parecia nervosa, tremendo um pouco quando eu cheguei mais perto.

Encenando muito bem a minha parte, percebi que um vampiro não comeria

um morango, mas, eu estava aqui para agradar minhas garotas. Eu quase

pensei em desistir do morango e apenas segurar seu pulso dentro da minha

jaula e mordê-lo, mas era o início da noite, essa brincadeira viria mais tarde e

eu não queria espantar as clientes. Eu inalei o morango, quase timidamente no

início, mas então eu lhe mostrei minha confiança depois de um minuto e abri

minha boca totalmente, tomando o morango profundamente nela, e fechando

meus lábios molhados sobre as pontas de seus dedos, lambendo, sugando,

beijando eles em apreciação.

─ Puta merda! -ela berrou. ─ A boca dele é TÃO MACIA!


Com um ronronar, eu fechei meus olhos e a deixei afagar meu cabelo, ainda

de quatro.

─ Eu acho que ele gosta de você, Julie. - sua  pequena amiga  riu.

─ Claro, eu estou alimentando ele.- Ela sorriu para mim, não retirando suas

unhas do meu cabelo. Eu tinha que admitir, a sensação era muito boa. Essa

era gentil. Mas, como eu disse,a noite é uma criança. Eu tinha certeza que eu

estaria em bastante sofrimento após essas garotas colocarem algumas bebidas

para dentro delas. Garotas jovens são brutais.

─ Ele não quer isso.- A de cabelos escuros disse, tirando pilhas de notas de

um, totalmente preparada.

Oh Sim, eu gosto desta mesa.

─ Dê a ele isto.- Ela disse, entregando à loira dez notas de um.

Nesse momento, eu subi em cima das barras, enroscando minhas pernas

nelas, assim eu estava fora de meus pés, mas meu corpo inteiro estava contra

as grades, esperando por ela. segurei com as minhas mãos perto do topo da

cela enquanto ela se atrapalhou um pouco, levantando a borda de couro da

minha cueca minúscula, perto da lateral do meu quadril, e colocou as dez

notas no interior.

Ela começou a afastar-se, mas eu me ajoelhei e estendi o braço através da

minha jaula, puxando-a de volta para mim pela sua jaqueta, dando-lhe uma

lambida na boca e então a capturando para um longo beijo de boca fechada.

Se ela quisesse mais do que isso, ela poderia me pagar mais.


Eu a deixei ir com um empurrão rude, sabendo que meninas mais novas

gostavam deste tipo de coisa. Ela ficou plantada ali, sem fala por um

momento, depois virou-se para a amiga e gritou,─ ME DÊ MAIS DAQUELAS!

Ela estava agarrando o dinheiro da sua amiga como um animal. Vê? Não

demorou muito para ir de moça inocente à agressora assanhada.

Havia uma  terceira menina na mesa delas que estava apenas assistindo, e

tinha um notebook à sua frente. Qual é o lance dela? Ela estava fazendo

anotações de mim ou algo assim?

Tirei-a daminha mente, mantendo o personagem enquanto a loira agora me

dava ma nota de dez dólares, e desta vez, apalpando meu peito um pouco

quando eu fixei meu corpo nas grades para que ela pudesse me dar omeu

presente.

Rosnei roucamente enquanto ela me tocava e sua pequena amiga de cabelo

ondulado se juntou a ela, também, dando um forte aperto na minha bunda

antes da amiga. Eu as deixei levarem todo otempo que queriam, elas estavam

sendo gentis comigo e elas eram muito atraentes, então eu apreciei o

momento.

─ Você fala? – uma garota perguntou curiosamente, sorrindo para mim.

Eu decidi balançar minha cabeça com um ‘não’, parecendo triste. Eu falaria

com elas mais tarde, quando elas viessem para minha jaula.

─ Awwww. - ela pareceu com pena de mim.


─ Ah qual é, um homem que não fala é LINDO! –uma dona de casa disse da

sua mesa, todas as suas amigas riram com ela. Até mesmo eu tive que sorrir

para ela.

Elas vieram para o outro lado da minha jaula dessa vez e abanaram o seu

dinheiro para mim. Eu odiei deixar a mesa das garotas universitárias, mas eu

não podia residir numa mesa por tempo demais.

Eu me arrastei até as donas de casa e peguei as notas da primeira senhora

em meus dentes, dando um pequeno rosnado de prazer. Debrucei-me contra

as grades

─ Belo traseiro. -Algumas delas comentaram umas com as outras enquanto

me acariciavam, uma delas até deslizou sua mão para baixo atrás da minha

calça para sentir minha pele descoberta lá. Às vezes me sentia como um

pedaço de carne nas mãos dessas mulheres selvagens.

sorri e mostrei-me satisfeito com elas, ronronando em contentamento.

─ Esqueça o traseiro, eu tenho algo melhor aqui em cima. -Outra

estava esfregando a minha virilha sem um pingo de vergonha rudemente

,movendo meu membro para cima e para baixo com a sua palma.

Eu imediatamente me senti endurecer, uma reação involuntária, mas que

sempre me concedia alguns presentes extras.

─ Woah! - elas fizeram coro enquanto eu olhava para elas com olhos

intensos e ardentes.
─ Nossa senhora, rapaz - a mulher me acariciando disse.─ Cá entre nós…

meu marido não poderia fazer isso se ele tentasse! - E uma nota de 50 dólares

foi colocada com apreço em minhas calças, na frente.

Mais tarde, após elas se afastarem, eu dobrei-a para dentro.

Depois que as garotas universitárias me alimentaram com seus morangos,

eu estava começando a receber muitos lanches de outras mesas. Elas

pareciam amar quando eu comia de suas mãos e lambia e chupava seus

dedos. Eu teria que fazer isto novamente, estava me proporcionando ótimas

gorjetas.

Claire tinha passado por aqui algumas vezes durante a noite, brincando com

as clientes que elas estavam “estragando o vampiro dela” sendo carinhosas

demais comigo. Ela disse que eu era um vampiro mau e precisava de

disciplina.

Maravilha, obrigado chefe. Agora elas começariam a me bater.

Ela disse a elas para não me alimentarem com frutas, mas mais

tarde,quando elas pudessem entrar na minha jaula, elas poderiam me

alimentar de verdade. Isso jogou lenha na fogueira ainda mais e eu tinha que

dar o crédito à Claire, ela sabia como manter essas senhoras no clima.

Ryan tinha terminado seu número e conseguido bastante atenção das

mulheres, como sempre. Ele quase roubou algumas das minhas garotas de

mim, mas quando eu me pendurei de ponta cabeça na minha jaula, usando

minhas pernas para me segurar em volta das barras, eu tinha a atenção delas
outra vez. Eu agarrei as barras perto da base com as minhas mãos, simulando

como se eu estivesse amarrado lá, os punhos de couro ao redor dos meus

pulsos fazendo parecer que eu estava preso.

Eu rugia, rosnava e sibilava a medida que todas as mulheres no local

surgiam e tinham sua vez me acariciando através das grades. Entre os

números de dança, eu estava tendo as minhas costas arranhadas por uma

mulher mais velha, de cabelos grisalhos. Eu estava de quatro, tão perto quanto

eu conseguia das grades enquanto ela me dava, talvez, a melhor arranhada

nas costas da minha vida.

Eu gosto de experimentar e acredite ou não, mulheres mais velhas eram as

mais amáveis, a maioria delas. Nunca insultantes nunca brutais demais,

sempre admirando e apreciando, sempre generosas com gorjetas.

─ Você é um amorzinho, não é?-a mulher disse enquanto eu ronronava, não

querendo que ela parasse. Deus, eu sou um demente do cacete.

Ela apenas arranhou minhas costas e estava agora colocando uma nota de

cem dólares dobrada perto da minha boca, não enfiando dentro da  minha

calça. Que senhora agradável.

Eu aceitei o dinheiro com minhas presas e arqueei minha cabeça, dando

permissão para ela acariciar o meu cabelo e ela o fez, com um toque gentil.

Deslizando o dinheiro com segurança para longe enquanto ela me afagava, eu

olhei para cima finalmente e sorri para ela, posicionando o meu rosto entre as

grades um pouco, convidando-a a me beijar,  separando meus lábios e dando

uma pequena lambida no ar com a minha língua.Ela corou e inclinou-se, me


dando um selinho nos lábios, em seguida, fugiu. Eu acho que  provavelmente

ela não chegaria perto de mim outra vez.

Virei-me e olhei em volta, vendo a garota sentada sozinha com o seu

notebook, escrevendo enquanto eu rastejava para mais perto dela, tentando

ver o que diabos ela estava fazendo.

Ela me viu e pulou, dando um gritinho enquanto eu chiava em retorno para

ela, interpretando meu papel.

─ Me desculpe. -Ela disse, ficando um pouco vermelha. Parecia que ela

queria dizer mais, porém hesitou.

Eu sempre me sentia desafiado quando havia uma garota que eu

não conseguia ganhar a atenção enquanto dançava ou trabalhava. Esta

significava um verdadeiro desafio.

 Ela tinha um notebook com ela!Talvez uma daquelas garotas inteligentes

que acham que estão acima de tudo.

Estava perto o suficiente. Eu decidi me arriscar e fazer isso. Abaixei-me e

arranquei o notebook  de sua mão, puxando-o para o interior da minha jaula,

chocando minhas costas contra o outro lado, o mais longe dela possível. Ela

gritou comigo e se levantou, vindo até a minha jaula e esticando-se para

dentro para tentar me pegar.

─ Ei, isso é meu!- ela berrou acima da música. ─ Por favor? Eu preciso

disso! É para a faculdade. Eu ignorei aquilo e o abri. No escuro eu não


conseguia ver muito de qualquer maneira, exceto as palavras HOMEM

VAMPIRO em letras grandes.

Ela está escrevendo sobre mim.

Bem, se ela quer isto de volta, ela vai ter que pagar caro.

─ Por favor, cara vampiro?- ela estava falando comigo agora como se eu

realmente fosse um animal estúpido. As amigas bonitinhas dela voltaram do

banheiro feminino neste momento, querendo saber o que estava acontecendo.

Elas olharam para mim com grandes sorrisos enquanto eu enfiava o

notebook , na frente da minha roupa minúscula, recebendo uma reação

escandalosa da menina tentando me pegar.

Levantei os braços sobre minha cabeça, até as barras e comecei a fazer

flexões, lentamente, fingindo ignorá-la.

─ Ótimo, agora ele está malhando, suando no meu computador! -ela se

queixou enquanto eu sorria para mim mesmo, continuando a fazê-lo.─ E você

está reclamando por quê? –Uma das amigas dela disse. ─Ele é tão GOSTOSO!

- a amiga  estava realmente curtindo meu exercício.

─ Ele pegou o meu notebook.- A menina-do-notebook, que aparentava ser

tímida informou.─ Eu preciso dele de volta.

 ─ Bem, - uma das amigas, de cabelo escuro e curto foi até sua bolsa,

tirando mais notas de dez dólares.  ─ Dê-lhe alguns dólares e eu tenho certeza

que ele trará de volta para você, ué!


Uma das amigas estendeu umas notas em minha direção. Eu não movi um

músculo.

─ Não está funcionando, Riley. – uma delas reclamou para sua amiga. ─ Ele

quer mais, então.-  Riley corretamente salientou, resmungando.

─ Você sabe que esses caras fazem qualquer coisa por dinheiro… você só

tem de lhes dar a quantidade certa.

Em seguida  ela se virou para mim.

─ Aqui, garoto.- Ela chamou quando eu me pendurei de cabeça para baixo,

minhas mãos balançando molemente enquanto eu inclinava minha cabeça para

ela.

─ Olha, garoto… 140 dólares!-  ela abanava algumas notas, e eu comecei a

descer devagar, caindo em minhas mãos e joelhos outra vez, levando meu

melodioso tempo para rastejar até o trio.

─ Não fale com ele como se ele fosse um cachorro, Julie. –uma loira falou

com ela, ─Ele é um vampiro. Seja legal com ele.

─ Eu só estou tentando induzi-lo a devolver o caderno, me poupe.- Riley

franziu um pouco a testa para sua amiga loira.

Entenda, às vezes uma grande gorjeta poderia ser arrancada no último

minuto,fiquei ligado nisso logo no início do meu trabalho aqui. Eu não daria

nada a ela até que eu tivesse o dinheiro guardado em segurança.


Arrastei-me até as grades, metendo o meu nariz um pouco para fora

primeiro, esperando que ela colocasse o dinheiro em meus dentes. Ela não

colocou.

─ Não, não. -Ela falava comigo como se eu tivesse três anos de idade. ─ Dê

a Skylar o caderno e você pode ter isso.

Quer brincar desse jeito, né? Ok, eu tenho alguns truques particulares.

Me movi um pouco para trás e tirei o notebook do meu short e lentamente

ameaçando arremessá-lo no chão.

─ NÃO, NÃO FAÇA ISSO!- essa  garota, Skylar, implorou enquanto eu

elevava meus olhos até ela, esperando com um sorriso satânico nos meus

lábios.

─ Dê a ele, Riley!  -Skylar gritou para a amiga.

E a vitória é minha.

─ Você é mau! – Riley disse e jogou o dinheiro dentro da minha jaula. Eu

sorri de volta para elas, e coloquei o computador preso pelos dentes

rastejando e entregando a ela. Gentilmente, ela aceitou, e ainda disse,

“Obrigada,vampiro,” para mim.

Eu dei um sorriso e ofereci meus lábios a ela.

─ Oh, Sky!  ele quer te dar um beijo! – uma das meninas gritou e parecia

emocionada por sua amiga. ─ É tão bom, você tem que experimentar!
─ Oh, não, valeu…-Ela corou num vermelho escuro e eu sorri calorosamente

para ela.

Dei um rosnado de desagrado e bati meus ombros nas grades, lhe dando

mais uma chance. Qual é, Skylar  vamos ser amigos. Sem ressentimentos.

Mas ela amarelou, apressando-se com o computador dela para sua mesa ao

lado, fazendo muito mais anotações dessa vez.

Claire  passou por ali e perguntou para as três, ─Ele está se comportando,

meninas?Elas riram, dizendo, ─Ah sim!e  coisas como “Ele é MUITO BOM!”

Apenas Riley reclamou. ─ Não, ele é um menino mau, como você disse!

Eu rosnei para ela. Eu estava sendo um vampiro bom esta noite. Eu queria

que elas voltassem na próxima semana para me verem como o vampiro MAU,

que era muito pior e exigia muito mais energia de mim.

─ Eu avisei vocês.- Claire encolheu os ombros e virou-se na minha direção,

batendo um bastão contra as grades. ─ HEY!- ela gritou para mim enquanto eu

rosnava e sibilava em retorno para ela, longe do seu lado da jaula. ─Você quer

ser repreendido?! De verdade?!

Ah sim, isso é dentro de 30 minutos, não é? Maldição.

Rosnado. Se segure aí, Claire.

─ Comporte-se ou eu vou fazer você CHORAR! -ela ameaçou, sorrindo para

as mulheres e retornando para o palco principal a fim de continuar o show.


─ Ótimo, você meteu ele em problemas!- Sky falou com a amiga baixinha

enquanto elas recebiam suas bebidas de seu garçom, sem camisa e vestindo

um colarinho branco com uma gravata borboleta preta,junto com a calça preta

apertada.

Eu estava esperando ter um tempo servindo mesas mais tarde, depois que

meu servicinho de vampiro estivesse feito.

─ Ah, isso é tudo parte do show, relaxe!- Riley informou.

Essa Riley está bem familiarizada com esses lugares. Eu nunca tinha visto

ela aqui antes, no entanto.

Chicotada!

 eu rosnei alto, dentro da minha jaula, a porta aberta, meus pulsos

vinculados sobre a minha cabeça nas barras do teto da cela. Era a hora de

açoitar o vampiro e por 30 dólares cada, as clientes poderiam me dar cinco

chicotadas com o chicote de couro que Claire  tinha comprado comigo um

dia.Este chicote tinha aparência indecente, e criou um ótimo som de flagelação

quando fez contato, mas ele não doía muito. Não me machucava, de qualquer

jeito, e não deixava nenhuma marca.

Havia uma enorme fila esperando para entrar aqui e me castigar. Depois da

punição do vampiro, depois que ele fosse chicoteado para ser um bom garoto,

outra fila seria formada, então essas mulheres poderiam entrar na jaula e unir-

se a mim, a portas fechadas, sozinhos, assim eu poderia dançar com elas. Eu

era o único que dançava, elas  agarravam.


A cara que Sky-do-notebook  fazia denunciava que odiava me assistir sendo

açoitado. Ela e as amigas não participaram nisso e toda vez que eu era

golpeado e gritava, elas ficavam bastante angustiadas.

Talvez eu a veja mais tarde na minha cela. Pode ser que ela venha me

consolar após meu castigo.

Riley, outra vez, lhe disse que era tudo uma atuação e eu não estava sendo

machucado de maneira nenhuma. Eu desejava que ela calasse a boca já. Ela

estava começando a me irritar um pouco.

Por mais de uma hora, eu fui chicoteado em submissão. Claire entrou  na

cela depois que a fila havia se acabado e fechou com violência a  porta, apenas

eu e ela lá dentro dessa vez.Em seu microfone, ela me disciplinava.

─ Você vai se comportar agora?!- falou em voz alta, batendo em minhas

costas com o chicote novamente.

Chicotada.

Arqueei o meu corpo para cima com força, enfurecido com um rugido.

─ Sim ou não?- ela exigiu, outra vez batendo.

Chicotada.

Gritei, cerrando os punhos e dando pontapés com os meus pés descalços.

─ Sim?- ela agarrou o meu cabelo, puxando minha cabeça para trás

enquanto eu fechava os olhos.


Eu acenei com a cabeça, derrotado. Até mesmo ofegando com dificuldade,

como se estivesse em sofrimento. ─ Posso trazer as mulheres aqui? -me

perguntou, ─ Promete que não irá matá-las? - Acenei novamente.

Chicotada. Chicotada.

Eu gritei mais uma vez, em agonia.

─ Diga. -Claire reclamou- ─ Você pode falar. Diga ‘eu prometo’.

Eu hesitei, rosnando. Todas as clientes observando e à espera. Minha chefe

pôs o microfone na minha cara.

─ Eu… prometo. -Usei a minha voz mais profunda e suave, obtendo um

clube repleto de gritos e mulheres fogosas formando uma fila do lado de fora

da porta da minha jaula.

Eu acho que cada mulher presente naquele clube deixou sua mesa naquele

ponto. Tudo o que eu via atrás de mim eram mesas vazias. Até a mesa de

Skylar estava abandonada. Sorri pretensiosamente, satisfeito que eu veria

aquele grupo aqui hoje à noite. Elas eram divertidas.

As mulheres começaram a pagar para entrar na minha cela. Eu era

libertado das minhas algemas às vezes, em outras elas pagavam para me ter

contido, assim elas poderiam me tocar, beijar meu pescoço e meu peito;

algumas delas chegavam ao ponto de morder meus mamilos. Eu estava

acostumado com isso, sorria e fazia graça, assobiando quando alguma coisa

particularmente ousada iria acontecer.


Eu tentava falar o menos  possível, para permanecer no personagem, mas

ninguém parecia se importar com isso. Era o meu corpo que elas queriam, não

minha conversa.

Uma mulher entrou e me queria preso, mãos para cima. Eu apenas deslizei

as minhas mãos nas algemas no teto e fingi que estava algemado, capaz de

sair a qualquer momento. Porém, eu nunca quebrei o encanto. Qualquer coisa

que elas fizessem comigo estaria tranqüilo.

Claire sorria para mim o tempo todo, adorando a maneira como eu 

agradava cada uma delas, nunca demonstrando nojo ou objeção. Eu exibia um

grande sorriso e um olhar sexy e cheio de desejo para todas.

Pensei que uma mulher, na faixa dos quarenta anos, iria me sufocar. Ela

beijava meus lábios enquanto eu estava “algemado” e agarrava o meu cabelo

com força, enfiando sua língua na minha garganta, não me soltando por um

longo tempo enquanto nossas línguas praticamente faziam luta livre uma

contra a outra. Eu tentava beijar ela em retorno, mas seu beijo era um tanto

severo e furioso.Certamente algum homem havia conseguido sua ira e ela

estava descontando em mim. Um beijo por vingança, possivelmente.

O próximo grupo se aproximava e dava o dinheiro á Claire. Eram as três

garotas! Aquela com o computador, Skylar, eu acho que as ouvi a chamando

assim. Gostaria de saber o que elas queriam que eu fizesse com elas.

─ Sem algemas, vampiro. Claire contou-me e eu libertei as minhas mãos,

segurando as grades dos meus dois lados à medida que eu tomava a minha

posição, esperando elas entrarem em meu pequeno território.


─ Somente a dança.- ela  abriu a porta da cela e eu sorri. Elas eram boas

meninas.

Comecei a dançar lentamente, fechando meus olhos e movendo meus

quadris em círculos, ainda segurando as grades atrás de mim. Elas estavam

quase com medo de cruzar a porta e eu as espiei sob os meus cílios.

─ Entrem.-  disse em tons suaves. ─ Eu estive esperando por vocês três a

noite toda.

Risadinhas muito femininas dançaram em meus ouvidos enquanto a de

cabelo escuro entrava primeiro.

─ Vem, vem.- Ela disse para as suas duas amigas, agarrando de cabelo

castanho claro  rebocando-a para dentro, a baixinha arrastando-se

nervosamente por último.

A porta da cela com uma pancada forte fechou-se, assustando todas elas

pra cacete; elas gritaram e pularam de pavor.

─ Bem-vindas.- ronronei com um leve divertimento enquanto eu pegava a

mão da loira na minha, beijando-a como um cavalheiro.

─ O-oi.- Ela gaguejou, seu olhos vagando pelos meus beijos. Antes que ela

se desse conta, eu a girei e tinha suas costas pressionada nas grades, ao

mesmo tempo em que estava encostado nela, movendo meus quadris

sugestivamente contra os seus.


─ Porra! -ela clamou abaixo do meu sorriso, enquanto eu pressionava meu

peito contra o dela, querendo o perfume do meu corpo impregnado em suas

roupas para ela levar para casa consigo.

─ ONDE VOCÊS ESTÃO, MENINAS?!- a loira gritava pela a ajuda de suas

amigas, mas essas estavam atrás de nós, apenas  assistindo com suas bocas

abertas.

Eu ignorei seus gritos agudos e exibi meus dentes de vampiro, me

inclinando para encontrar seu pescoço, tirando a gola da blusa do caminho, e

delicadamente prensei minhas presas falsas em sua pele, minha língua dando

a sua textura perfumada uma lambida bem molhada.

─ Ah. Meu. Deus!- ela amoleceu em meus braços nesse momento, enquanto

eu me esfregava nela um pouco com minha virilha coberta pela peça de couro.

Na mesma hora eu senti um pequeno par de mãos apalpando a minha

bunda atrás de mim. Era  a menina, tal de Riley. Eu rosnei, colocando a

pequenina Riley contra as grades e posicionando suas pernas ao redor da

minha cintura; segurei as barras ao seu lado, não permitindo que ela caísse.

Enterrei meu rosto em sua blusa enquanto ela gritava e segurava as barras

também, procurando apoio, impotente até para me empurrar para longe. Eu

não mordi ou coisa do tipo, apenas coloquei o meu rosto por dentro da peça

por um segundo, e dei-lhe uma bela mordidinha, bem como alguns beijinhos

de leve ao longo de sua mandíbula.


Coloquei-a no chão e ela saiu em disparada para perto da loira. Eu olhei

para a garota do notebook e dei um baixo e ameaçador rosnado, meu sorriso

bem vagabundo e sexual.

─ Ai, Jesus… não… -ela recuou para o canto, tentando fugir de mim. Eu logo

a capturei, olhando ela de cima, imobilizando seu corpo entre mim e as

grades, na medida em que eu sussurrava para ela. ─O  que você deseja,

garota do notebook?- Ela deu uma risadinha envergonhada e sua pele estava

corada.

─ Não tenha medo.-Seduzi com minha voz. ─ Eu não mordo… muito.

─ Putz, Sky, deixe ele te morder, é fodástico! –uma das amigas  riu.

Eu movi o meu rosto com cuidado até a curva do seu pescoço, respirando ar

quente ali, preparando para morder gentilmente com meus caninos postiços.

Todas as mulheres adoravam serem mordidas.

─ Espere, não. -ela mudou de idéia.─ Eu posso… só… beijar você?

Ela parecia embaraçada ao me perguntar isso, como se ela fosse uma

garota pervertida. Eu de fato encontrei inocência ali, estranha e revigorante.

Mas, eu amei aquilo.

─ Onde você gostaria?-debrucei-me sobre ela, dando-lhe meu olhar vamos-

para-um-quarto, e pressionando o meu peito escorregadio em seus seios.

─ Hm…-ela corou novamente. ─ Nos lábios… Minha boca. - ela  rapidamente

adicionou a última parte, com medo que eu fosse para seus ‘outros lábios’. Eu

ri internamente.
─ Uma honra.- Ronronei, abrindo a minha boca e plantando o beijo mais

gentil, mais umedecido, mais apaixonado que eu poderia criar, querendo que o

seu dinheiro gasto valesse cada centavo. Não era barato para entrar na jaula.

E tudo o que ela desejava era um único beijo. A inocência dela me

impressionava.

Suas duas amigas estavam uivando atrás de mim enquanto eu movia meus

quadris em direção aos de Sky ao mesmo tempo em que eu aprofundava o

beijo. Minhas mãos seguravam seu rosto com firmeza, então ela não

conseguiria escapar até que eu estivesse disposto a soltá-la.

Nossa, eu na  verdade me empolguei com esse beijo. Olhei para ela, e

depositei um beijo de bebê em seu queixo, nunca tirando meus olhos dos dela

enquanto eu instalava vários pequenos beijos carinhosos em seu rosto

inocente. Bem, er… um rosto inocente e vermelho viciante.

Finalmente perguntei, ─ Como fui?

Ela me fitava, sem fala. Seu computador atingiu o chão com um

pequeno estalo e eu lhe sorri brincalhão, rindo da sua reação. Muito inocente.

Muito fofa. Ela daria uma ótima namorada para qualquer rapaz. Talvez, daqui a

poucos anos, eu seria o dançarino em sua festa de despedida de solteira.

─ Tudo bem, já basta para vocês! - Claire viu que o tempo delas tinha se

esgotado e me afastou até o fundo da jaula.

─ Boa noite, senhoritas.-Falei de forma amável enquanto elas saíam

lentamente.
Skylar foi a última a sair, seus olhos fixados em mim. Eu sorri de novo para

ela e disse, ─ Boa noite, garota do Notebook.

Ela corou mais uma vez, pegando seu pequeno computador do chão  e me

deixando com as próximas duzentas mulheres na fila.

Skylar POV

Oh meu Deus, esse foi sem dúvida a droga do melhor beijo que eu já tive

na minha vida. Eu nem me lembro de andar da gaiola para a nossa mesa

novamente, mas eu devo ter feito isso, porque agora eu estou sentada aqui,

olhando para o meu aguado Sex On The Beach.

─ Jesus Cristo, ele é incrível!  - Julie se emocionou quando ela se sentou de

novo, ainda observando o vampiro, e duas mulheres estavam lá com ele

agora, passando as mãos nas pernas e agarrando sua bunda, levando muito

tempo para explorar cada músculo ali, enquanto as mãos dele estavam

impotentes por cima da sua cabeça.

 ─ Ugh… – eu odiava ver o que as mulheres estavam fazendo com ele. ─

Algumas mulheres são tão porcas, eu juro. Olhe para elas! Oh Deus, ela está

chupando o mamilo e apertando o outro! Agora ela está mordendo ele…

 ─ Aposto que ela pagou 500 dólares só para chegar perto dele. – Riley

comentou, observando com um sorriso sonolento.


Eu olhei para o rosto dele, o cara vampiro, e pensei que veria desgosto ou

humilhação lá, mas ele estava gostando, os olhos fechados de forma pacífica,

gemendo e gemendo de prazer!

E então, ele sorriu e beijou os lábios dela, assim como ele beijou os meus.

Parte de mim se sentiu estúpida. Isso tudo foi uma atuação da parte dele. Foi

assim com cada mulher aqui.

Eu pensei que nosso momento tinha sido… especial. Foi, para mim, de

qualquer maneira. Mas como isso poderia significar qualquer coisa pra ele ? Ele

está sendo devastado e beijou cada mulher aqui.

Abri meu notebook e fiz essas observações, por escrito, enquanto Riley se

inclinava em minha direção.

─ Então, você vai perguntar a ele ? – Riley sorriu para o cara.

─ Ele é perfeito para isso. – eu respondi. ─  Ele já me deixa perplexa. Ele é

o meu favorito de todos os caras que já vimos aqui. O mais bonito, isso é

certo. E ele parece bom, vendo pelo lado da personalidade. Eu gostaria de

saber o seu nome para que eu pudesse fazer uma verificação de antecedentes

dele.

─ Bem, depois que ele acabar de ser estuprado, você pode talvez pedir a

mulher Claire com o microfone algo sobre ele. Talvez você possa falar com ele

nos bastidores ou algo assim.  – Julie sugeriu. ─ Não é como se ele fosse uma

estrela de rock, você pode falar com ele, você sabe.


─ Oh Jesus.  – olhei para ele e três meninas em seus 20 anos, com pouca

roupa, revelando muita pele e totalmente putas estavam cercando ele,

esfregando-se nele e beijando suas costas, seu peito. Uma menina tinha as

mãos apertadas sobre o seu cabelo e foi barbaramente atacando seu pescoço.

Uma delas até enfiou a cara entre as pernas dele!

E ainda assim, ele parecia estar gostando, amando cada coisa que faziam

com ele. Ele era definitivamente alguém que eu poderia fazer uma grande

pesquisa. Eu sabia que havia mais ali do que apenas o corpo e rosto. Eu queria

entrar na sua cabeça e saber o que o levou a fazer isso para viver, o que se

passava em sua mente enquanto essas mulheres o molestavam desta forma.

Ele estava um sorriso, mas eu sabia muito bem. Eu queria chegar ao fundo

desse homem vampiro.

E nesse momento, eu o escolhi para ser o tema da minha tese.

Tudo que eu tinha que fazer agora era… Convencê-lo a falar comigo.

Capítulo 2 

Skylar POV

Eu já tinha tomado pelo menos uns três “sex on the beach”  antes de
avistar o homem da jaula outra vez. Ele havia sido arrastado depois de duas
horas dando prazer ás mulheres que estavam na fila da jaula. Uma hora tinha
se passado desde que  o vimos novamente.

Eu reconheci que ele provavelmente precisava e merecia um bom momento


de descanso após essa longa noite, mas eu estava ficando estressada pelo
tempo que eu esperei ele.

O que eu iria dizer a ele?

“Oh, oi, eu estava me perguntando se você queria sair comigo por algumas
semanas e então eu posso te fazer perguntas sobre sua vida e ver o porquê de
você ser tão maltratado.”

Não, definitivamente não. Eu não quero que pareça que eu estou o


inferiorizando ou o chamando de louco ou desequilibrado, mas também não
quero soar como algum tipo de ninfomaníaca.

Julie  foi quem o viu no escuro quando ele estava caminhando


graciosamente pelas mesas, dessa vez usando um traje de garçom, com a
gravata borboleta combinando com as algemas de pulso, sem camisa, o que
era… visualmente lindo. E aquelas calças pretas apertadas… nossa! tenho que
parar de babar por esse cara, eu estou aqui por razões educacionais. Aham,
Claro Sky. Parte de mim tinha que admitir  que eu achei esse lugar, e todo
esse mundo, fascinante e proibido.

Meu pai é o chefe de polícia na nossa cidade natal – Bellevue  (Washington)


– onde ele ainda vive, e ele iria me odiar por estar em um lugar como esse,
sem deixar de lado o fato de convidar esse cara para ir a minha casa e ter
conversas com ele. Eu nunca poderia dizer-lhe nada disso. Mas, aqui é Nova
York e outro lado do mundo. Meu pai nunca iria descobrir. Portanto, agora eu
tinha que tirá-lo do pensamento e fazer o que eu preciso.

—  Ele também é muito lindo sem a maquiagem do personagem. – disse


Julie, com uma voz sonhadora, e de quem já estava apaixonada por ele, era
fácil ela se encantar logo de cara.

Ele estava no bar, rindo com a bartender dali, dando uma checada ao redor
do lugar enquanto a música tocava e três outros dançarinos estavam, de mesa
em mesa dançando para mulheres, e elas jogavam dinheiro para cima. Esses
outros caras eram bonitos, também, mas o da jaula era, de alguma forma
mais especial para mim, ele tinha algo a mais. Eu não poderia dizer com
exatidão o que era, mas não conseguia tirar meus olhos dele.

Seu rosto era bem desenhado e seu cabelo era em um tom castanho claro
dourado, seus lábios me chamavam a atenção e seu sorriso lindo também. Na
verdade, minhas pernas começaram a tremer só assistindo ele andar ao redor
das mesas, calmamente, agora fora da jaula e sem o seu colarinho. 

Ele pegou a bandeja grande de bebidas e se despediu da linda bartender


loira, indo ao trabalho e entregando bebidas em uma mesa a cerca de cinco
metros de distância da nossa.Eu queria o ouvir falando novamente, o ver
interagindo com as mulheres, não como um capturado  que não podia falar,
mas como ele mesmo.

Acho que nós três estávamos atordoadas em silêncio, pois nenhuma de nós
estava falando. Apenas encarávamos, com nossos lábios inferiores atingindo a
mesa, feito idiotas, o vendo servindo bebidas às mulheres mais velhas.

— Garotas! – ele  gritou alegremente para as ‘garotas’ daquela mesa, que


tinham pelo menos 50 anos. Eu sorri, vendo que ele já estava fazendo com
que elas se sentissem como meninas de novo, no instante que as notou. Todas
elas se animaram num passe de mágica, e riram como adolescentes.

— Oh, aí está ele  - As vozes gritaram e ele começou a distribuir as bebidas


corretas para as mulheres. — Garoto vampiro! Nós AMAMOS você! Você é TÃO
lindo!-  os elogios eram distribuídos

—  Incrível!- Outra delas gritou para ele.

Ele sorriu como um garoto, lisonjeado, seus dentes agora sem as presas,
mas tão branco quanto a neve. Perfeito.

—  Obrigado, garotas.-  Ele era charmoso e parecia um pouco tímido


enquanto colocava as bebidas na mesa; e então uma das mulheres próximas a
ele perguntou algo que eu não podia decifrar. Todas as mulheres gritaram e
seu rosto tornou-se divertido;

 Ele colocou a bandeja abaixo, deitando-se sobre a mesa de barriga para


cima, ao meio de todas elas.

—  AH, MERDA! - Nós três gritamos ao mesmo tempo, nossas línguas


pendendo para fora da boca.

Elas mergulharam nele como se ele fosse sua última refeição. Eu até
mesmo levantei para ver melhor, mas ele estava deitado sobre a mesa, os
braços tatuados para cima, uma das mulheres segurando seus pulsos,
enquanto outras dez daquela mesa estavam beijando a boca dele, se
revezando.

caminhei até obter uma visão melhor, sem ao menos perceber que estava
fazendo isso, e o testemunhei dando um pequeno grito de alegria. Duas
mulheres estavam tirando seus cubos de gelo de dentro de seus copos e
circulando-os ao redor dos seus mamilos descobertos, os lambendo e
mordendo, após uma bela camada de gelo. Eu vi mãos por todo o seu corpo,
até esfregando a sua virilha de cima para baixo através de suas calças. Ele
apenas gemeu e beijou todas elas de volta, deixando outra mulher se
posicionar entre suas pernas abertas, movendo seus quadris contra ele, com
suas roupas ainda no corpo.
Eu queria salvá-lo, parecia tão terrível como todas elas apalpavam e
abusavam dele de tantas maneiras.

Olhei em volta e notei que não havia nenhuma proteção ou seguranças para
ajudar,e também, não parecia que ele precisava de alguma ajuda. Ele estava e
rindo, mordendo seu lábio inferior enquanto espiava para baixo e sentia agora
os cubos de gelo se movendo sobre os gominhos do seu abdômen.

— Eu amo isso aqui, nesta mesa.- Ele rosnou, abrindo seus lábios enquanto
outra mulher subia em cima dele, atacando a sua boca, o fazendo gemer de
novo.

—  Sim, isso…- ele gemeu estendendo o som do ‘s’, resistindo ao gelo


novamente, enquanto outra mulher da mesa lhe oferecia uma fatia de abacaxi
de sua bebida, molhando o lábio inferior dele com a fruta antes de colocá-la
entre seus lábios macios. Ela o provocou com o abacaxi, puxando-o para longe
enquanto ele tentava lambê-lo. Depois deixou que ele comesse.

—  Obrigado, linda.- Ele rosnou enquanto mastigava o abacaxi, engolindo


rapidamente, obtendo um coro de risadas das mulheres.

—  Oh, porra…- Ele se lamentou no momento em que uma mulher beliscou


seus mamilos e mordeu cada um.  —  Droga, meninas… vocês estão me
excitando.-  Ele riu com elas.

Parecia que ele aceitava tudo o que elas faziam com ele. E, ele estava tão
delicioso lá, sem defesa no meio daquelas mulheres e permitindo que elas
fizessem o que queriam com ele, já que jamais pareceu desconfortável ou
pouco à vontade.

Corri de volta à nossa mesa, com mais medo agora de me aproximar dele.
Entretanto, mais intrigada nesse cara como tema para o meu trabalho. Aham…
Eu sabia o porquê estava intrigada, e não tinha nada a ver com a faculdade ou
psicologia.No fundo, eu o queria todo esparramado sobre a nossa mesa, mas
agora iria dar a impressão de uma imitação.

—  Virem ele! - Uma das mulheres na mesa falou alto, as demais


comemorando.

Olhei outra vez, e vi que elas realmente o viraram de barriga para baixo e
estavam beijando e tocando suas costas musculosas, arranhando-o enquanto
ele estava deitado lá de boa vontade, embora elas tivessem imobilizado suas
mãos atrás dele, colocando peso sobre elas, assim ele não poderia fugir.

— Seu vampiro perverso! - uma delas protestou e começou a espancar o


traseiro dele com a bandeja redonda que ele estava segurando. Prestei
atenção para ver se ele estava reagindo ou se ferindo, mas ele estava
gargalhando quando capturei sua expressão, mordendo o lábio inferior de vez
em quando, se ele recebia um pancada particularmente forte na bunda.
Em seguida eu o ouvi dizendo, —  Obrigado, posso ganhar outra? - Aquilo
fez com que todas elas enlouquecessem e, a partir disso, elas estavam
realmente atendendo o seu pedido.

 Porém em nenhum momento ele fez uma careta ou expressou


aborrecimento. Uma moça na verdade perguntou a ele, olhando em seu rosto,
se elas estavam machucando-o; ele piscou para ela, dizendo com um sorriso:
—  Não, eu adoro quando vocês me batem, linda.

—  Ele não nasceu, foi esculpido e trazido à vida! -  Riley sacudiu a cabeça.
— Como ele  pode permitir que elas façam tudo isso com ele? Eu estaria tão…-
completou.

— Pois é.- Eu sussurrei, sem fala e incapaz de desviar o olhar.

Claire foi até a mesa após vinte minutos e, brincando, disse, — Ei, o que as
madames estão fazendo com o meu garçom?

—  Ele está nos servindo.- Uma dona de casa disse, as outras dando
gritinhos e risadas também.

Claire puxou o vampiro para cima pelo o seu cabelo, torcendo-o, o que fez
com que ele se contraísse, fechando seus olhos com força.

—  Fazendo corpo mole durante o serviço, Mathew? - ela perguntou, dando


as mulheres um showzinho a mais antes de libertá-lo.

— Não, Chefe. - Ele aspirava.

—  Volte para o trabalho. - disse com desprezo, soltando-o e sorrindo para


o grupo animado e bêbado de mulheres.

—  Perdão, garotas. - Ele passou a mão por seu cabelo despenteado e


caramelo, curvando-se e recolhendo sua bandeja enquanto cada uma das
mulheres ia até ele e recheava a sua calça de notas de dinheiro. Em vinte
minutos, ele tinha notas jorrando ao redor de toda a sua calça, apenas daquela
única mesa.

—  Não, vocês são tão boas comigo. Não… -  Ele estava sendo modesto ao
fato de elas lhe darem em abundância generosas gorjetas. — Obrigado
garotas, essa agora é a minha mesa favorita. Aproveite seus drinks. – disse e
saiu daquela mesa.

Ele se afastou sorrindo, radiante. Eu esperei para ver se a expressão alegre


se alterava uma vez que ele estivesse longe delas, mas isso não aconteceu.
Talvez ele fosse um robô. Eu simplesmente não conseguia lê-lo.

“Tchau, gostoso!”, “Até mais tarde, delícia!”, e “Volte logo, vampiro!” eram
algumas das variadas despedidas que elas gritavam atrás dele.
— Vamos pedir mais algumas bebidas.-  Julie falou. —  Isso vai trazê-lo
aqui e você vai poder conversar com ele.

—  Conversar, uma merda! Eu o quero deitado em nossa mesa. -  Riley


murmurou.

Ela ergueu seus dedos para cima e instantaneamente eu perdi toda a minha
determinação.

—  Eu não posso perguntá-lo sobre isso agora na mesa! - cochichei, vendo


ele servir algumas bebidas em uma mesa próxima. Ele sorriu para as mulheres
ali, dando um aceno com a cabeça para uma delas, porém logo depois viu
Riley com a mão levantada.

—  Me perdoem, senhoritas. - Ele lançou-lhes aquele perfeito sorriso,


andando em nossa direção.

—  Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus…-  eu choramingava, abrindo


meu notebook novamente, de repente muito apavorada para olhá-lo nos olhos.

—  Olá, meninas. -  Ele tinha uma voz sedutora agora, suas mãos atrás de
si, levantando uma sobrancelha. —  O que eu posso fazer por vocês?

Soou como se ele não estivesse apenas perguntando se queríamos novas


bebidas.

—  Oi. - Julie se iluminou, não dizendo mais nada, seus olhos fixados nele.

Ele riu e foi tão musical. Ele a cumprimentou de volta, inclinando-se . — 


Devo lhes dizer, vocês são três das mulheres mais bonitas aqui esta noite.
Meus olhos sempre acabam  voltando para vocês.Minhas amigas riram feito
meninas de 15 anos de idade, e Julie tirou uma nota de vinte dólares e a
ergueu na frente dele.

Ele olhou confuso, mas ainda alegre.  —  É para uma bebida… ou?

— É sua.-  Ela sussurrou. Eu tinha a impressão de que se ele quisesse, ela


lhe entregaria seu cartão Visa a seguir.

— Muito obrigado.-  Ele deu um sorriso malicioso, deslizando a nota para


dentro do seu bolso.  — Como estão as bebidas de vocês? Alguém está com
sede?

Riley se manifestou. Julie estava em transe, viajando em um outro planeta. 


— Nós  realmente adoramos a sua coisinha de vampiro lá. - Riley acenou para
a jaula. — Eu nunca vi nada parecido com aquilo antes. Foi excitante!

— Obrigado. - Ele deu mais um sorriso torto.


Estava claro para mim agora que ele estava um pouco por fora da prática
de conversar com mulheres por um tempo maior; imaginei que ele não estava
acostumado a conversar muito neste trabalho. Eu queria dizer Você pode se
deitar na nossa mesa agora? mas eu morreria no segundo seguinte que isso
escapasse da minha boca.

— Pode me trazer uma Coca? - soltei em um impulso.

Ele olhou para mim e sorriu largamente, acenando com a cabeça, não
anotando nada do que eu disse, depois olhou para Riley  e Julie.

— E para vocês, garotas?

— Pode me trazer você? -  Julie perguntou, fazendo ele gargalhar. Ela


rapidamente percebeu seu erro estúpido e olhou horrorizada, corrigindo em
voz alta. — Digo, você teria um Martíni de maçã?

Julie parecia que queria rastejar para dentro de um buraco e morrer. Eu


senti vergonha alheia por seu constrangimento, satisfeita por não ter sido eu
que tinha soltado a pérola. Riley riu debochadamente, pedindo um Alabama
Slammer.

—  Isso é tudo? - ele perguntou, esperando pacientemente.

—  Sim. - sorri de orelha a orelha, em seguida ele  se inclinou novamente


para Julie, sussurrando alguma coisa para ela.

Ele caminhou até o bar e a boca de Julie se escancarou.  Riley e eu a


atacamos ao mesmo tempo.

—  O que ele DISSE?! -  nós duas exigimos.

—  Disse que eu poderia tê-lo a qualquer hora e em qualquer lugar. -  Ela


quase começou a pular em sua cadeira. Eu nunca a vi desse jeito. Ela era tão
indiferente perto dos rapazes do campus. Talvez fosse particularmente esse
homem que fizesse isso com ela.

— Eu odeio você! - Riley estava com inveja e eu fazia mais anotações sobre
esse efeito que ele estava causando nas minhas amigas.

— Shhh, ele está voltando. -  pedi para que se calassem enquanto ele
retornava para a nossa mesa.

— Tudo bem, deusas, -  ele murmurou ao chegar, entregando as bebidas


corretas para todas nós. — Coca, Alabama Slammer, e um Martíni de Maçã. E
eu pedi a ela que colocasse açúcar extra ao redor deste aqui para você.

Ele correu seu dedo pela borda da taça do martíni de Julie, cobrindo-o com
o açúcar e o levando aos lábios dela. — Prove. - Ele lhe deu um sorriso
pretensioso.
Riley e eu quase abrimos nossas próprias bocas quando Julie abriu a dela,
tomando a ponta do dedo dele cuidadosamente em seus lábios, ganhando um
sorriso enquanto provava seu dedo, lambendo o açúcar lentamente. Ela
segurava a mão dele com as suas duas, quase fechando os olhos.

Porra. Eu odeio a Julie igualmente. Vaca! Deus, agora eu estou com inveja.
Terei que fazer uma anotação sobre isso, também.

— Está doce o bastante? -  a voz dele transbordava sedução. — Sim. – a 


voz dela saiu mais como um grunhido, como o do Elmo da Vila Sésamo. Riley
e eu tentávamos segurar nossas gargalhadas histéricas até o Adonis*deixar a
mesa. (Adonis é o mais belo dos deuses da Mitologia Grega)

— Perfeito. - O polegar dele acariciou sua bochecha enquanto ele se virou


para nós. — Há mais alguma coisa que vocês desejam?

Deus, eu te amo.

 — Não, obrigada. - mal consegui botar as palavras para fora. Riley nem
falar conseguia.

— Bem, vocês sabem onde me encontrar se mudarem de idéia. -  ele sorriu,


dando um leve aceno com a cabeça e deslizando para longe, até alguma outra
mesa premiada.

Julie observava-o se afastar como se ele fosse seu marido partindo para a
guerra. Seus olhos brilhavam.Liberamos a nossa crise de riso, não tentando
abafa-la mais, o que fez com que Julie olhasse para a gente, seus olhos
arregalados de curiosidade.

—  O que é tão engraçado? - ela exigiu.

—  Deus, ele te pegou de jeito - balancei minha cabeça, secretamente e


totalmente morrendo de inveja da atenção que ele tinha dedicado a ela,

Eu sempre fui comum e, perto de Julie eu era praticamente invisível. Isso


nunca me incomodou tanto, até agora. Gostaria que eu fosse o tipo de mulher
em que ele reparasse nesse sentido. Eu sempre desejei ser sexy e alguém por
quem todos os caras babassem ao entrar em um lugar. Mas eu simplesmente…
não era.

—  Ele quer você, Julie! - Riley saltava.  — O que você vai fazer?

—  Oi? - ela parecia desligada desse fato.

—  nada! - eu cortei, olhando para Riley.  —  Ela não vai dormir com um
stripper, Riley!  Ele provavelmente faz isso com cem mulheres por semana! -
tentei manter minha voz baixa.
—  Quem se importa? -  ela questionou. —  Esses caras são bem
limpinhos,eles fazem exame de AIDS tipo, toda semana também!

—  Tá legal, parou. – interrompi.  —  Isso é ridículo, nem pensar. Vamos


apenas nos divertir e me ajudem a planejar como vou abordar esse cara para
que ele me deixe entrevistá-lo.

—  Você está apavorada demais até mesmo para OLHAR para ele! -  Julie
me informou.

Ele realmente me assusta pra caralho. Por quê?

—  Só porque não fico chupando açúcar dos seus dedos por aí não quer
dizer que eu estou com medo de falar com ele! - cuspi de volta, minha inveja
dando as caras agora.

—  Foi tão doce e delicioso. -  ela  me deu um sorriso convencido,


esfregando isso na minha cara, dando golinhos na sua bebida alegremente. — 
E não estou me referindo apenas ao açúcar.

Nós o encaramos enquanto ele servia bebidas por mais algumas horas.
Também me surpreendeu que ele tivesse tempo para paquerar e brincar com
as mulheres e servir bebidas para todas elas de maneira rápida e eficiente.
Mas eu duvidava que qualquer mulher aqui reclamaria uma vez sequer por ele
demorar com as suas bebidas.

Minhas amigas me ajudaram a criar coragem para ir falar com ele, mas
sempre acontecia alguma coisa para me deter. Era uma hora da manhã
quando Riley finalmente ficou de saco cheio de mim e de minha covardia.

— Chega…-  Riley levantou-se, e a observei ir diretamente até Claire, a 


proprietária do clube. Eu fiquei horrorizada enquanto as duas conversavam por
cerca de dez minutos, incapaz de ouvir qualquer coisa por causa da música.Ela
enfim voltou para a mesa e tinha um enorme sorriso estampado no rosto.

— O que diabos você fez? - eu berrei.

— Eu preparei tudo para você. -  ela avisou.  — Os quartos privados ficam


na parte de trás. Você tem trinta minutos sozinha com ele e de acordo com
Claire, você pode fazer o que você quiser, mas se ele quiser um extra para
fazer algo diferente você tem que lhe pagar mais.

— Ai MEU DEUS, RILEY! - me virei, olhando para ele que estava de pé em


uma mesa distante, rindo e conversando com as mulheres de lá.

Definitivamente ele era deslumbrante. Todos o adoravam. E por que não


adorariam? Olhe para ele, JESUS! notei a dona do local indo lentamente em
sua direção e quase caí dura. Ele estava indo para um quarto privado…
comigo? Para quê? O que eu diria? O que eu faria?!
— Eu quero te matar. -  eu estava tremendo de pavor; dei uma espiada e vi
Claire conversando com ele. Diabos.

Meu sangue estava correndo como em uma maratona e as batidas do meu


coração pareciam as de um coelho. Julie e Riley estavam conversando e rindo
quando do nada Riley virou-se para mim. — Ele está vindo para cá! – ela
praticamente gritou.

Sua vadia, eu poderia arrancar a sua cabeça por isso! Por que eu estou tão
alarmada e preocupada? Hm… este lugar estava cheio de mistérios ocultos…
quanto mais eu permanecia aqui, mais eu queria estudar todos esses
sentimentos e coisas estranhas. Eu estava procurando onde ele estava quando
de repente escutei uma intensa voz aveludada atrás de mim.

Tipo, bem  atrás de mim, no meu ouvido.

—  Skylar, você poderia, por favor, me acompanhar? -  sua voz fez minhas
pernas convulsionarem incontrolavelmente. Era uma voz sexy e baixa, cheia
de vontade e desejo. E como ele sabia o meu nome? RILEY! olhei para as
minhas amigas e quase disse não para ele, mas elas agitavam suas mãos me
expulsando dali, e eu soube que era agora ou nunca. Decidi ser corajosa e
lutar por isso. Eu queria este rapaz para ser o tema do meu trabalho. O pior
que ele poderia dizer era não. Deus, estou com tanto medo! De repente senti
uma vontade louca de ir ao banheiro.

Dei uma olhadinha ao redor, vendo seu sorriso quente e carinhoso


flutuando acima de mim, seu rosto tão perto do meu que eu podia sentir seu
hálito doce de cereja e sua estimulante colônia.Limpei minha garganta
enquanto ele se ajeitava e fiz minha escassa voz dizer, “Sim.”

Seu sorriso se alargou e ele afastou minha cadeira, estendendo a sua mão
para mim.Estremeci e coloquei a minha mão pequena na sua, grande e macia,
e ele sem pressa me conduziu para longe das mesas.  Olhei uma última vez
para as minhas amigas, que estavam em pé batendo palmas e pulando para
cima e para baixo por mim. Toscas.

Eu queria poder dizer alguma coisa para ele antes de chegarmos a sabe-se
lá onde ele estava me levando, mas a música estava tão alta. Tudo o que eu
podia ver eram suas costas e a parte de trás do seu cabelo, que estava em
uma perfeita desordem, em um estilo sexy acabei-de-sair-da-cama.

Claro que sabia que ele estava se preparando para fazer algo sexual comigo
assim que chegássemos ao quarto. Teria que pará-lo se isso começasse. Eu só
queria conversar com ele, não… dar para ele.

Provavelmente ele está com o estômago nauseado por ter que fazer alguma
coisa comigo, de qualquer forma, disse a mim mesma.

Esqueci o meu notebook. Oh, dane-se. O quão estúpida você iria parecer
levando um  computador para um quarto privado com esse cara?
A caminhada até o quarto pareceu durar um ano. Ele não estava me
apressando ou fazendo eu me sentir como se ele estivesse me pressionando, e
gostei disso. Este cara era muito educado e experiente neste trabalho, eu já
havia percebido. Mas, significava mais para ele do que seu emprego, e era
nisso que eu queria me aprofundar.

A mão dele era tão macia e firme ao redor da minha que senti a minha
palma começando a suar e a ficar úmida. Ah não, não agora. Havíamos
deixado o espaço das mesas para trás e dobrado uma curva, o barulho
desapareceu rapidamente e nós estávamos em um corredor vermelho. Era
bastante mal iluminado aqui, no entanto mais aquecido que a área do clube,
relaxante e romântico.

Em cada porta havia uma palavra rabiscada em uma fonte no estilo de


chama. Fantasia  em uma porta, Luxúria  em outra, Paixão  na do lado.
Gostaria de saber em qual delas entraríamos. Talvez haja uma porta que diga
Otária e ele esteja me levando para lá.

Céus, isto é um erro tão grande. Como posso sair dessa agora? Meu pai iria
me matar! 

Fome. Dor. Sede. Mais nomes de portas por quais passamos. Finalmente
paramos e percebi que estava sossegado o bastante para falar com ele, mas
minha voz havia se perdido totalmente. Nós estávamos em uma porta que
dizia Despertar e pensei que eu desmaiaria ali mesmo.

Ele se voltou para mim e abriu a porta, estava tão escuro que eu não pude
enxergar o seu rosto por um momento.

— Entre, Skylar. - sua voz era tão rouca, como a de um amante que me
conhecia há anos.

Minha respiração ficou ofegante inesperadamente quando uma pequena luz


vermelha acendeu. O quarto era muito quente e silencioso, o som fraco da
música do clube entoando à distância. Dentro havia um gigante sofá preto,
uma poltrona, e uma clareira ganhou vida,chamas em seu interior.

Eu o segui, minhas pernas não muito funcionais, e quase caí, me apoiando


nele enquanto dávamos passos para dentro. Ele me pegou em seus braços e
deu uma risadinha, sorrindo-me com doçura, como se realmente gostasse de
mim.

— Você está bem,Skylar? - seus olhos cintilaram e reparei o quão


sedutoramente castanhos claros  eles eram à luz da lareira.

— Sim. – tremi.  — Eu sou desajeitada, não estou bêbada, não se preocupe.


Seus olhos são tão caramelos…”

Eu parecia uma retardada.


— Quero dizer… eles são muito bonitos. - acrescentei, e isso não melhorou
muita coisa.

— Bem, obrigado, Sky. Eu não recebo muitos elogios pelos meus olhos por
aqui. Fico grato por isso. – ele disse sorrindo.

Estávamos dentro do quarto vermelho agora e o carpete era tão grosso e


macio que meus pés afundavam nele. Ele veio pegar a minha mão novamente
e eu a entreguei. Me guiando para o sofá, ele se movia devagar e
cuidadosamente, notando o meu pânico.

—  Espere! - congelei enquanto ele se virou para mim em silêncio. —  qual é


o seu nome?  - perguntei, tremendo. —  tenho permissão para perguntar isso?

—  Claro. - ele sorriu. —  Sou Mathew.

—  Gosto desse nome. - disse honestamente, não soava como algum nome
pornô ou coisa do tipo.  —  Fica bem em você. – adicionei.

—  Eu também gosto do seu nome, Skylar. - ele lentamente se aproximou


de onde eu estava estacada de forma rígida.  —  Você não precisa ter medo de
mim, você sabe. Eu não vou machucá-la. Só irei fazer o que você quiser que
eu faça.

 Respirei fundo, percebendo que este era o momento perfeito para lhe
perguntar sobre ser o tema do meu trabalho. Mas o meu cérebro estava sendo
mantido refém pelos meus  hormônios. Eles não queriam conversar. Eles
queriam ver o que Mathew estava prestes a fazer com a gente.Suas mãos
eram tão suaves e gentis… isso me surpreendeu. Elas subiram até meus
braços e tocaram meu o pescoço, finalmente enquadrando meu rosto e o
inclinando para cima um pouquinho enquanto sua testa descansava sobre a
minha.

—  Eu sei que você gosta de ser beijada…-  ele sussurrou e em segundos


seus lábios tocaram os meus tão breve e  inocentemente que eu desejei mais.
Ele me esperou para que o beijasse pela segunda vez e eu correspondi, atraída
para aqueles lábios que tinham feito eu me encantar por ele mais cedo na
jaula.

Eu não tinha ideia do que fazer com as minhas mãos. Elas pendiam ao meu
lado iguais dois peixes mortos. Sou um desastre nessa porcaria. Não é de se
estranhar que eu não tenha um namorado.

Seu beijo era tão perfeito que ele deve ter estudado essa arte por anos! Em
questão de segundos estávamos em um beijo de língua tão intenso que
comecei a sentir a minha em brasas. Mas, quem se importa?

Finalmente, depois do que pareceu terem sido horas, ele murmurou para
mim. — Skylar, você beija muito bem.
Eu beijo? Ah, ta. Riley provavelmente pagou uma nota por isso.

—  Vem cá. - ele me levou até a poltrona, removendo as algemas dos


pulsos e a gravata borboleta, jogando-as no chão. —  Sente-se. - ele pediu de
uma maneira nada exigente.

Sentei, agradecida por estar fora dos meus pés trêmulos.

A poltrona era tão grande e confortável que eu estava quase me deitando


nela. Eu supus que essa era a intenção, porque Mathew gentilmente separou
as minhas pernas, ficando de joelhos diante de mim e chegando mais perto,
beijando meus lábios novamente, seus dedos em meu cabelo.Eu gemia em voz
alta, incapaz de me conter um minuto a mais sequer. Não tinha certeza de
como cheguei aqui, ou o que estava acontecendo, mas eu seria amaldiçoada se
falasse em tese ou aulas nesse momento.

Tenho vinte anos de idade, e nunca fui tocada ou beijada desse jeito na
minha vida. E, com toda certeza, nunca mais veria um homem tão
deslumbrante assim. Estou vendo até onde isso vai antes de me livrar desse
impasse.

— Você gosta do meu beijo, Sky? -  ele disse baixinho, um tanto ansioso
para me agradar.

Céus, ele é excelente nisso.

Antes que eu pudesse responder, sua boca estava avidamente beijando o


meu pescoço e imediatamente deixei um gemido de êxtase escapar. Eu estava
pegando fogo com ele beijando o meu pescoço desse jeito, pressionando seu
peito nu em meus seios pequenos.

Deus, eu o quero… tanto. Mas isso é tão errado.

— Si-im. - me ouvi respondendo a sua pergunta, descrevendo


completamente a verdade.

—  Se eu fizer qualquer coisa que você não goste…-  ele continuou a beijar
a extensão da minha garganta, suas mãos descendo por meus braços. —
apenas diga para que pare. E irei obedecer. Eu sou seu agora. Farei tudo o que
você disser.

Meu Pai, eu te amo, Riley. Perguntei-me novamente quanto esses trinta


minutos custaram a ela. Isso provavelmente era o equivalente a dez presentes
de Natal.

Soltei algumas arfadas quando ele lentamente começou a desabotoar a


minha blusa, ele me olhou de soslaio, pedindo permissão com os seus olhos.

O que eu digo?
Agarrei os braços acolchoados da poltrona e cravei minhas unhas ali, quase
deitando totalmente para trás.

—  Não, relaxe…-  ele sorriu calorosamente, tirando minhas unhas da


poltrona e beijando cada uma das mãos. Ele gentilmente as moveu para que
permanecessem acima da minha cabeça, trêmulas, porém menos tensas
agora.

—  Essa é minha menina…-  ele praticamente cantou as palavras. —  Deixe-


me satisfazer você, Skylar. Não tenha medo.

Fechei os meus olhos e senti seus dedos outra vez nos botões da minha
blusa, devagar, abrindo mais e mais deles, depositando um beijo gentil na pele
que cada botão aberto revelava. Eu estava ofegando como se tivesse acabado
de participar de uma corrida, mas ele não me embaraçou comentando
qualquer coisa sobre isso.

Finalmente minha blusa estava aberta e meu pequeno sutiã de renda


branca o encarava. Mordi meu lábio inferior, nervosa sobre o que ele estava
pensando.

—  Wow, espere! - dei um pulo, quase o derrubando ao passar por ele,


tentando fechar a minha blusa, abotoando os furos errados, tenho certeza.

Dando a volta na minha frente, ele continuou no chão, realmente


preocupado.

—   Eu fiz algo errado? - perguntou calmamente.

—  Não. - me encolhi. —   Eu fiz. Me desculpa, Mathew.. Não é você. Você é


perfeito… e atraente… e carinhoso… eu realmente não queria isso…

Ele levantou uma sobrancelha para mim e dei uma boa olhada em seu
corpo.

— Okay, eu quero… – corrigi.  — mas, eu de verdade queria conversar com


você e Riley  arranjou isto. Desculpa.

Ele deu um pequeno sorriso. —  Está tudo bem. Nós podemos conversar se
é isso que você prefere. Eu sou um ótimo conversador.

Por Deus, ele é incrível. Eu não posso acreditar que recusei sexo
com ele. Eu sou a porra de uma idiota.

— Vem aqui. - ele deu um tapinha no chão.  —  Eu posso ter dar uma bela
massagem enquanto conversamos, que tal?

Hmm. Não é uma má ideia. Estou bastante tensa.


— uhum…- eu mantinha minha blusa fechada com ambas as mãos. —  Está
bem.

— Ótimo. - Mathew se sorriu, seu dedo me chamando até ele no chão.

Mamãe.

Abaixei-me no tapete macio e ele me posicionou, assim eu estava deitada


de bruços no chão. Ele sentou-se de pernas abertas sobre a minha bunda, não
colocando qualquer de seu peso em mim, enquanto perguntava.

—Você se importaria em tirar a blusa, Skylar?

— Oh, tudo bem. - desabotoei e ele a removeu de mim. Puxei a peça e a


segurei sobre o meu sutiã, estremecendo. Ele não me pressionou a tirar o sutiã
também e fiquei contente por isso.

Seus dedos começaram a se movimentar pelas minhas costas como um


massagista especializado. Meu corpo rígido estava rapidamente começando a
relaxar enquanto ele trabalhava nos meus ombros primeiro. Eu não contestei
quando seus dedos lentamente deslizaram as alças do meu sutiã por eles.

— Então… que assunto você gostaria de discutir? – Mathew começou a


conversa.

Talvez eu poderia facilitar isso. Fazendo uma conversa boba primeiro.

— Minhas amigas e eu…- comecei.  —estamos nos divertindo muito aqui,nós


três consideramos você o melhor de todos.

Aff, eu quero morrer.

—Bem , obrigado , Skylar. - Ele parecia realmente grato. —Eu acho que eu
gosto de vocês três também, as melhores.

Ô, tenho certeza que ele diz a mesma coisa para cada mulher daqui.

—Vocês são tranquilas. - sua voz derretia como mel quente.  —meigas, e
gentis. As únicas mulheres que não me machucaram na jaula esta noite.

Meu coração doeu um tiquinho com essa revelação e me ouvi dizendo, —Eu
vi como elas  estavam te tratando. Deve ser tão difícil suportar aquilo,senti
vontade de arrancá-las de lá e…

Suas mãos estavam fascinando o meu corpo ao descerem pelos meus


braços.

—Nenhuma garota alguma vez tentou me resgatar. - declarou sem


amargura, apenas divertimento.  —É parte do trabalho, mas… você está
totalmente por sua conta aqui. Não temos nenhum segurança. O que
acontecer, aconteceu.

—Eu odiei quando elas estavam chicoteando você.- eu falava que nem uma
garota do ensino médio que tinha uma paixonite.

Ele riu baixinho. —Não machucava.Inclinando-se, ele colocou um profundo


beijo quente nas minhas costas e começou a massagear pra baixo no centro
dela.. Minhas costas estavam irradiando uns calores selvagens após os beijos
suaves que ele deu naquele lugar.

—Obrigado… - ele sussurrou. — Por se importar.

Quero um desses lá em casa. Ok, Eu tenho que fazer a minha pergunta


agora.

 —Err… Mathew?

— Err… Skylar? - ele estava sorrindo, eu podia dizer pela sua voz.

— Há uma coisa que eu quero perguntar a você. - limpei a garganta.

—Prossiga…

Parecia que ele sabia que eu ia pedir por sexo. Por que eu, novamente, não
estava lhe pedindo por isto?

— Eu estou na faculdade, NYU, cursando para ser uma psiquiatra. Uma


grande parte da minha nota este ano vem de fazer uma tese, para estudar a
mente de alguém especial, complexo. De certa forma, me tornar a psiquiatra
do meu voluntário.

— Isso soa muito interessante, Sky. - ele estava trabalhando em minhas


costas com vigor agora, afrouxando os nós em meus músculos tão bem que
era assustador.

—Aham. - ampliei meus olhos, sentindo suas mãos derretendo a minha


determinação. Eu o desejava… estava tão excitada que queria saltar sobre ele
neste exato segundo. Porém eu continuei falando.

—Eu pensei que já tinha alguém escolhido, mas ele desistiu de última hora.
- informei, repousando minha bochecha no chão, embriagada pelo que suas
mãos estavam fazendo comigo. Ainda podia sentir seu beijo quente na minha
espinha.

—Isso é uma pena. - ele realmente estava escutando… eu acho.

Girei repentinamente, segurando minha blusa sobre meu sutiã, dessa vez
ficando debaixo dele.
—Você seria o meu? - soltei de uma vez e ele sorriu para mim. —Quero
dizer…- pus uma mão em seu peito quando ele começou a se mover para
baixo, em minha direção.  —Quero dizer, você seria o meu voluntário?

Sua testa franziu  em confusão. Pergunto-me se ele já recebeu uma


proposta como esta antes.

— O que você está me pedindo, exatamente? - ele perguntou de forma


terna, nenhuma sugestão de grosseria.

—Posso te pagar…- disse de antemão, lembrando das palavras de Riley


sobre strippers só fazerem coisas por dinheiro.  —Eu tenho uma pequena
herança que a minha avó me deixou.

Ele ficou de pé, estendendo sua mão para ajudar-me a levantar. Ele me
expulsaria agora? Eu lhe dei uma das minhas mãos e ele gentilmente me
ergueu.

—Vamos nos sentar.- apontou para o sofá, apressadamente vesti  minha


blusa e a mantive fechada, sentando enquanto ele se juntava a mim, muito
perto. Suponho que ter o seu próprio espaço não é uma grande coisa por aqui.

—Até quando você gostaria de me ter? -ele perguntou, agora parecendo


sério a respeito de fazer isso.

—Errr… uma ou duas semanas… eu acho. - dei de ombros.

—Duas semanas? - ele cruzou os braços.  —Dias e noites?

—Sim. - respondi. —Mas quando eu estiver na aula você pode fazer o que
quiser.

—Tenho alguns trabalhos marcados para as próximas duas semanas. -ele


parecia entregue aos pensamentos.  —Eu sou muito requisitado. –me lançou
um sorriso torto.

— Oh, eu gostaria de te acompanhar nisso. – Precavi.  — Isso também faria


parte do meu trabalho, ver a sua vida, conhecer você…

— Bem, eu acho que eu posso levá-la para alguns desses trabalhos. – ele
ponderou em voz alta, me olhando de cima a baixo brevemente.  — Mas, eu
não tenho certeza se a minha vida é para você. É… estranha.

— É por isso que eu quero você.  – salientei.  —Digo, como meu voluntário.

— Quanto você está oferecendo? - perguntou, ainda muito educado e


amável.

— Quanto você está pedindo? - eu não tinha ideia de quanto lhe oferecer.
De repente, parecia que cinco milhões não bastariam.
Eu, de fato, estou acertando o aluguel desse homem? Céus, meu pai iria
fazer churrasquinho de mim.

—Vinte e cinco mil dólares.- ele disse com uma voz rouca.

Soltei uma arfada. Por quatorze dias? Eu sou assim tão repugnante?

— Isso é tipo… 1500 dólares por DIA?!

— 1,785 dólares por dia. - corrigiu, uma impecável mini calculadora. Ele se
inclinou e afastou a minha manga, postando um beijo molhado e uma
cuidadosa mordida indolor no meu ombro.

Vinte e cinco mil dólares não me pareciam tão irracional assim, neste
momento. E eu tinha a impressão que ele continuava pensando que eu estava
comprando-o para peripécias sexuais por duas semanas. Acho que ele não
bota fé na minha história da tese. Homens.

—Eu tenho 20 mil. - disse honestamente.

Ele de repente assumiu sua posição de negociador e foi aí que eu vi o


cérebro por trás do corpo. Esta não era a sua primeira vez fazendo isso, era
óbvio.

—Você tem um dormitório ou um apartamento? - perguntou, querendo mais


detalhes do trabalho.

—Apartamento.- respondi. —moro sozinha.

— Uma cama?

— Sim. –comecei a dizer outra coisa, mas ele me interompeu sorrindo. —


Shhh, não tem problema, só estou perguntando.

Calei-me e respondi mais de suas perguntas. —Eu lhe darei a minha


resposta dentro de uma hora. Espere na sua mesa e irei até você. Se eu
aceitar, recebo um cheque de 20 mil antecipadamente. Se eu falhar ao exercer
minhas funções, você está livre para cancelá-lo. Se você cancelar o cheque
depois de eu ter completado minhas duas semanas, você irá criar uma série de
problemas desagradáveis. Não gosto de soar deste jeito, Skylar,  tenho certeza
que você é honesta, mas preciso te dizer isso antes de  irmos mais longe. Eu
já fui passado para trás antes e tenho que me proteger. Você compreende?

Ele me assustou por um segundo, porém seus olhos voltaram a ser gentis e
amigáveis.

— Sim, entendo. - disse em uma voz baixa.  —Eu não iria cancelar o
cheque, Mathew.
Ele se inclinou e beijou meus lábios outra vez, sem línguas, mas ainda longo
e erótico. Sua boca era mais macia que manteiga derretida e ele tinha gosto
de cereja. Como ele faz isso?

— Gosto da sua boca. - ele rosnou, dando mais um beijo no meu pescoço.

— A sua não é nada mal, também. - disse sarcasticamente, tocando seu


ombro largo com uma mão trêmula. Parecia mármore quente.

— Me deixe te levar de volta para as suas amigas. - ele beijou meu pescoço
mais uma vez, então se levantou lentamente e pegou as peças do seu traje no
chão. Colocou a minha mão na sua e me conduziu para fora do quarto, em
silêncio, caminhando comigo de volta a área do clube barulhenta. Eu estava
atordoada.

Eu havia realmente pedido a este homem para me pertencer por duas


semanas e agora ele iria considerar isso! Oh Deus, sou uma criminosa! E uma
cliente da prostituição! Eu vou para o inferno por isso. Pior, serei convidada
para ir ao Jerry Springer*! (*Jerry Springer: Apresentador de televisão
dos Estados Unidos,bastante conhecido por tratar de problemas
familiares.)

Mathew me levou até a minha mesa e Riley e Julie  nos encaravam,


sorrindo. Ele deu um longo beijo na minha mão.  — Obrigado Sky, por uma
hora maravilhosa. - ele sussurrou.

Ele empurrou minha cadeira para mim e beijou o topo da minha cabeça, em
seguida se foi, desaparecendo na escuridão.

As duas avançaram sobre mim, em um frenesi para obter informações.

—  Calem a boca! Calem a boca! - cerrei os dentes. — nada aconteceu,


então não perguntem.

— Nada? - Riley perguntou, incrédula.  — Ah, deixa disso!

— Ele me fez uma massagem. - contei.

— Você não conversou com ele a respeito da tese? - Julie questionou,


comendo uma cereja da sua bebida.

— Conversei. - confirmei, ansiando por uma nova bebida, mas com  medo
que Mathew fosse o garçom que me serviria.  — Ele está… pensando no caso.
Disse que ficarei sabendo da resposta dentro de uma hora.

— Isso, garota! - Riley bateu em meu braço, quase me derrubando.

Não contei para minhas amigas que me propus a pagá-lo todo aquele
dinheiro, apesar disso. Se ele dissesse sim, contaria a elas amanhã, em um
ambiente propício e calmo, onde elas  pudessem gritar comigo corretamente.
— Ele não vai aceitar. - Riley concluiu por si mesma. Mas então, ela não
sabia sobre o salário que ofereci a ele.

Mathew POV

Subi até o escritório de Claire e bati na porta. — Entre. - ela chamou.Enfiei-


me pela fresta, lhe dando um sorriso. — Tem um minuto, Claire?

— Sempre para você, querido. - ela se animou quando me viu e se afastou


do computador, recostando-se na sua cadeira enquanto eu entrava, fechando
a porta atrás de mim.

— Estou pensando em fazer um trabalho. - comecei como de costume,


sempre que me era oferecido um bom trabalho. — Duas semanas, sendo um
brinquedo pessoal, uma garota.

Ela sorriu, sem se surpreender e começou a digitar em seu computador. —


Nome? - ela perguntou.

— Skylar Hayes.-informei, aguardando ela fazer a verificação de


antecedentes como sempre fazia.

Claire olhou para o monitor, lendo, e eu sorria maliciosamente para ela. — 


Estudante da Universidade de Nova York. - ela leu mais. — Entediante. Uma
multa de estacionamento há um ano atrás, paga totalmente. O pai dela é chefe
de polícia em Bellevue, Washington.Você está tranqüilo com isso?

— Isso não me incomoda. - encolhi os ombros. — não haverá prova de


nada. Ele não pode me prender.

— Bem, fora isso… não há mais nada aqui… nada! - ela apontou, parecendo
desapontada.

— Isso é bom, não é? - sorri divertido, nem um pouco surpreso que Skylar
estivesse de ficha limpa.

— Acho que sim. - ela deu de ombros, reclinando-se na cadeira outra vez.
— Isso significa que você não poderá comparecer em suas noites?

— Eu posso vir em algumas noites. – avisei.  — posso te avisar na manhã


de cada dia se estarei presente?

— Claro. - ela concordou, sempre disposta a ser flexível comigo. — pegue o


pagamento primeiro. - ela me lembrou.  — não se esqueça daquela vez.
—  Eu sei, eu já falei isso para ela. - não queria ser lembrado dos meus dias
estúpidos e ingênuos.

— Ótimo.- ela inclinou sua cabeça, me olhando de cima a baixo. — Você foi
tão bom esta noite. Todas as mulheres aqui me contaram o quão feliz você as
fez.

— Obrigado, Claire. - coloquei minhas mãos nas costas, sorrindo para ela.

— Vem aqui. - ela ronronou.

Sorri um pouco mais, andando em direção a sua cadeira e me ajoelhando


enquanto suas pernas abriam, seu vestido curto não cobrindo muito dela.
Retirei minha gravata borboleta e algemas, jogando-as no chão.Eu a beijei
imediatamente, sabendo o que ela queria. Vem aqui sempre queria dizer
venha me foder. Havia se passado um pouco mais de uma semana desde a
última vez que estive com ela.

—  Mathew… - ela choramingava, amando meus beijos grosseiros, ao


mesmo tempo em que eu levantava o seu pequeno vestido, revelando seu
sexo despido e totalmente depilado.Subindo-o mais, encontrei seus seios
muito brancos, não volumosos, porém empinados.

Eu havia tirado todo o vestido dela agora e o coloquei sobre o computador


da mesa. Uma vez, eu joguei o seu vestido e ela me puniu. Nunca mais faria
isso novamente. Ela estava nua na sua cadeira de couro, e eu gemia,
trabalhando em seu pescoço, segurando os seus braços para baixo, como ela
gostava, rude e rigoroso. Comecei a lamber e a morder seus seios, provocando
pequenos gritos dela.

Puxei-a para fora da cadeira e a joguei de costas na mesa, me ajoelhando


entre ela,  separando suas pernas e mergulhando minha boca em sua carne
macia e sem pelos, mordendo e degustando, lambendo… sugando.

Os sons de Claire sempre me deixavam mais agressivo. Ela fazia sons


animalescos, grunhidos, rosnados, e arquejos irritados e insaciáveis. Após eu
lhe dar prazer algumas vezes com a minha língua, e ela estar bem feliz, eu a
virei violentamente de bruços e fiquei em pé, desabotoando minhas calças e
deixando que elas caíssem até meus joelhos, minha pulsante ereção abrindo
caminho pelo seu corpo quente e molhado.

Ela gritava repetidamente e eu me forçava para dentro dela, minhas mãos


agarrando suas pernas, usando elas para levá-la para frente e para trás em
direção aos meus quadris enquanto eu investia mais forte em sua pequena e
apertada abertura. Sua bunda se chocava contra a minha virilha, criando um
som agradável; eu me afundava nela feito um selvagem, sem parar. Era assim
que ela gostava.

Suas mãos estavam segurando a beirada da mesa que a mantinha exposta,


seu longo cabelo escondendo seu rosto enquanto ela rebolava em mim. Eu
estava muito perto de gozar e gemi. Ela clamava, gritando e arranhando a
mesa. — assim! Sim, porra! – chegou ao orgasmo novamente pouco antes de
mim e soltei um rosnado alto e instável, segurando ela com força contra meu
corpo ao liberar meu líquido dentro dela e praguejar em júbilo.

Depois de alguns minutos, começamos a retomar o fôlego; me abaixei para


beijar suas nádegas, dando uma pequena mordida enquanto ela grunhia, aos
risos. Eu saí de dentro dela, pegando um par de toalhas quentes do armário à
direita da mesa. Ela sempre as mantinha prontas e por perto. Limpei-me e pus
uma das toalhas embaixo do seu bumbum,observando ela se mover
lentamente e virar-se até estar sentada nua sobre a mesa, olhando para mim.

Fechei o zíper da minha calça e a abotoei, sabendo que teria que tomar
uma ducha no vestiário do andar debaixo antes de ir embora, como sempre.
Eu sorri para ela, dando-lhe mais beijos, segurando seu cabelo bem firme em
minhas mãos.

— Você é tão bom, Mathew. - ela elogiava, descansando sua cabeça em


meu ombro enquanto eu acariciava seu cabelo.

— Não tão bom quanto Ryan, estou certo. - provoquei.

—  Nossa, ele está se comportando como um bebê ultimamente, não está? -


Claire riu comigo um pouco.

— Está. -sorri afetado. — mas você deveria mimá-lo um pouco mais


enquanto eu estiver fora. Homens da vida também precisam que restaurem
sua confiança. Deixe ele ciente de que ainda é o seu favorito.

— E se ele não for? - ela me deu um sorriso insinuante, não se apressando


em vestir sua roupa.Olhei para ela, minha testa franzida em confusão.

— Eu acho que você está se tornando o meu novo favorito, Mathew. -


declarou sem vergonha ou medo da minha reação.

Dei uma risada, me inclinando para ela. — Será que um aumento


acompanha essa honra?

Meus dedos beliscaram seus mamilos de leve.

— Seu devasso…-  ela sorriu carinhosamente. — Volte ao trabalho.

— É pra já, chefinha. - lhe dei um pequeno beijo de despedida por ora,
colocando minha gravata e algemas de volta e descendo outra vez para a
agradável invisibilidade do clube escuro.

Servi mais bebidas e ignorei a mesa da Skylar de propósito, deixando-a


esperar por algum tempo. As mulheres no clube estavam todas bêbadas e
abusadas agora e senti arranhões nas minhas costas, molhados.
Duas mulheres me jogaram contra uma parede e fizeram com que eu
derramasse minha bandeja de bebidas. Uma delas, a enorme, tinha me
prendido na parede, seu braço na parte de trás do meu pescoço, não me
deixando sair, enquanto a sua amiga começou a enfiar suas mãos dentro da
minha calça, emocionada por não sentir nada além de pele ali.

 Reparei na mulher que estava me segurando na parede e sua outra mão


agarrou o meu pulso, torcendo-o ao redor das minhas costas, em um ângulo
estranho. Percebi que se eu me movesse demais ele iria facilmente se quebrar.

—Posso me virar? - tentei parecer sensual, na esperança de libertar minha


bochecha do cimento duro da parede.

Eu já estava sentindo meu rosto latejar por estar sendo prensado naquela
parede.

Soltei um gemido, sem querer irritá-las, mas elas estavam me machucando.


Meu rosto estava latejando onde ela havia batido no concreto e ainda
esfregava contra a parede.

 ─Faça, Bette.  - a mulher grande me segurando disse à outra. Ela riu,


rapidamente alcançando minha cintura, desabotoando e abrindo o zíper da
minha calça.

 ─ Meninas… se comportem… não há necessidade de serem violentas. –


disse com a voz calma, embora estivesse ficando nervoso.

 ─ Cale a boca, vagabundo! – a mulher agarrou meu cabelo pela parte de


trás e bateu meu rosto na parede novamente.

Caralho, esse é o meu rosto, vadia!

 Fechei os olhos e esperei que elas terminassem logo comigo, assim eu


poderia sair dali. Isso acontece às vezes no final da noite, era uma parte infeliz
do trabalho não ter segurança nenhuma aqui.

 ─ Hohoho, sem cueca… - ambas pareciam satisfeitas ao puxarem minha


calça até os joelhos. Soltei o ar ao sentir elas me apalparem com mãos
calejadas. A mulher que não estava me segurando na parede estava movendo
o meu pênis com rapidez enquanto eu  respirava irreguladamente, sem
palavras.

 Olhando ao redor, tentei encontrar Ryan ou Eli… ou qualquer pessoa. Mas,


eu estava em um local escuro e não podia ver ninguém. Alguém estava se
apresentando no palco e as mulheres estavam todas aglomeradas lá, gritando
e dançando.

 ─Por favor… senhoritas… - fazia um esforço para manter a minha voz


profissional, ao mesmo tempo em que meu pau involuntariamente endurecia
na mão dela. Fiz uma careta, odiando o quão fácil meu pênis era. Qualquer
coisa, ao que parece, me rendia uma ereção. Até mesmo ser “estuprado”.

 E então, senti dentes mordendo a minha bunda, forte.

 Saí do personagem e berrei, sentindo uma mão tentar cobrir a minha boca,
cravando os dedos em meu rosto enquanto eu me debatia, minha cabeça
sacudindo de um lado para o outro, não conseguindo escapar da mão grande
em cima da minha boca aos gritos.

 ─ Segure ele! - a outra mulher disse para a maior, que estava me


segurando, e senti uma  boca chupando o meu pau.

 Porra! Eu malho todos os dias, como eu não consigo tirar essa mulher de
cima de mim?! Ela deve ter escapado da prisão ou algo assim, pois ela era
muito mais forte do que eu!

 Por favor, não morda… por favor, não morda… rezei.

 ─ Ei! - ouvi a voz de uma garota atrás de nós.  ─LARGUEM ELE!

 Uma pancadaria que eu não conseguia ver teve início atrás de mim, e em
segundos eu estava livre. Ajeitei as minhas calças e as fechei, girando para ver
as três garotas universitárias lutando com as duas mulheres que estavam me
molestando. Skylar estava nas costas da mulher de mais de dois metros de
altura, dando socos nela com seus punhos pequenos e puxando o seu cabelo.

 Eu não podia acreditar, senti um sorriso atravessar os meus lábios.Julie e


Riley estavam brigando com a outra. Me joguei no meio da confusão, tentando
ajudar Skylar com a mulher incrivelmente alta e musculosa que ela estava
enfrentando.

 ─ Garotas, garotas! - eu tentava acalmá-las, não querendo que elas se


machucassem por minha causa.  ─ Vamos lá, se afastem! Sejam boas
meninas!

 Ryan  nos encontrou e em seguida correu, separando as mulheres.  ─


Voltem para as suas mesas, vão!  - ele disse para todas elas.

 Skylar  me deu um olhar preocupado enquanto voltava para o salão. sorri


para ela e para as suas amigas e segui Ryan até os vestiários.

 ─ Atacado de novo? – Ryan  perguntou ao cruzarmos a linha vermelha,


para fora da área do clube.

 ─ Aham. - toquei minha bochecha, sentindo um pouco de sangue.


Apressei-me e examinei o meu rosto no espelho, não estava tão ruim, um
pequeno inchaço arroxeado e um arranhão ao lado. Levaria um dia para
cicatrizar.
 Puxei minha calça para baixo, olhando a minha bunda também, uma marca
muito vermelha de mordida se destacava, um pouco de sangue nela.

 Ryan se acabava de rir enquanto eu pegava um kit de primeiros socorros


na minha gaveta e começava a passar pomada no ferimento.

 ─ Porra… -  falei alto quando o medicamento queimou ao aderir no local.

 ─  Coitadinho. - Ryan riu.

 ─ Eu não sou coitadinho, elas que eram enormes! -me defendi.  ─  A que
estava me segurando parecia  um lutador profissional!

 Eli entrou na sala minutos depois.  ─  Você quer ver alguma garota


chamada Skylar? ela está do lado de fora, perguntando por você.

 ─  Aham, deixe ela entrar. -coloquei um band-aid grande sobre a marca da
mordida, subindo a minha calça e ajeitando o fecho.

 Um minuto depois, ela estava entrando, segurando o seu notebook. Pensei
que ficaria nervosa ao entrar aqui, mas ela parecia mais preocupada comigo.

 ─ Você está bem? – ela tremeu um pouco. ─  Me desculpe por não ter te
visto antes, eu teria…

 ─  Está tudo bem, Skylar estou ótimo. – dei de ombros. ─  As coisas
tendem a ficar assustadoras no final da noite, elas só ficaram um pouco
bêbadas demais e exageraram. Acontece.

 ─  Pois é, quatro vezes na semana, contando com essa! ─  Ryan fez uma
de suas contribuições insignificantes e lhe lancei um olhar severo.

 ─ Está tudo bem, Skylar.  -garanti a ela. ─  Eu sou um garoto crescido,


estou acostumado com isso.

 ─  Nada incomoda você. - falou.  ─  Como você faz isso?

 ─ Voltando ao nosso negócio. - tirei o notebook da sua mão, abrindo-o em


uma página branca e escrevendo. ─  Eu adoraria trabalhar com você, Sky. Aqui
é para quem você vai fazer o cheque bancário e estou te dando algumas
informações pessoais minhas, assim você pode fazer uma investigação do meu
passado, para a sua própria segurança, claro. Sempre verifique qualquer
pessoa que você não conheça, Sky. Simplesmente é mais inteligente e seguro
se você fizer isso no futuro.

 Escrevi M.T. Construction no final que seria para quem ela iria redigir o
cheque. Claire  havia aberto uma conta comercial para mim, para que eu
pudesse investir o meu dinheiro e torná-lo limpo, como se eu fosse um
empreiteiro concertando telhados para viver. Ela era mais do que apenas uma
chefe aqui no clube, Claire era meio que a minha gerente de negócios extra-
oficial. Ela me ensinou coisas, me orientou, me manteve protegido e fora da
cadeia.

 Devolvi o bloco de notas para Skylar e olhei para o seu sorriso estranho e
delicado.

 ─  Eu disse a Claire que eu poderia revezar algumas noites, aqui e com
você, nas próximas duas semanas e ela está tranqüila quanto a isso.Você
poderia vir comigo, sem nenhum custo, se estiver afim.

 ─ Isso é ótimo. - ela respondeu. ─  Vai me ajudar ver você mais, seja no
trabalho ou em particular, nos dois.

 Ryan sentou ali perto, mas não pronunciou uma palavra e nem se meteu
onde não era chamado dessa vez. Fiquei aliviado.

 ─ Se você quiser anotar o seu endereço para mim… -dei uma caneta para
ela.

 ─ Oh, claro. – sua pele corou, repreendendo-se por não ter pensado em me
passar essa informação. Sorri enquanto ela rabiscava em outro pedaço de
papel, depois o arrancou e entregou para mim.

 Ela incluiu seu número de telefone, também, juntamente com o endereço.


Eu tinha uma boa noção de que ela nunca tinha feito algo assim antes e estava
em território desconhecido aqui, mas novatas não me incomodavam. Eu
preferia elas do que as insensíveis e cansativas

que agiam como se soubessem de tudo.

 ─ Ótimo. - dei um sorriso para ela e dobrei o papel.  ─   Você me quer para
quando?

 Suas bochechas ficaram roxas de vergonha. Eu sorri, amando aquele rubor


que a traía e me dizia que eu estava fazendo certo o meu trabalho.

 ─Hmm… - ela se atrapalhou com as palavras.  ─  Qualquer hora que você


estiver livre…

  Livre. Eu nunca estou livre.

 ─ Hoje é sábado. - disse a mim mesmo em voz alta. ─  domingo é um dia


de descanso, então vou deixar o dia de amanhã livre para você, que tal na
segunda?

 Ela parecia surpresa por eu estar planejando começar tão rápido.  ─Legal!
– ela disse.

 ─   Legal. - repeti, rindo da sua inocência.  ─   Eu poderia chegar para fazer
o seu café da manhã, se estiver tudo bem. Tipo… às 9:00h?
 Seu rosto corou de novo. Eu abafei minhas risadas. Esse seria um trabalho
fácil e divertido de fazer.

 ─   Isso seria incrível. - ela quase sussurrou.  ─   Odeio cozinhar, sendo
assim… e eu não tenho aula até 13:00h da tarde nesse dia. Depois chego em
casa por volta das… 16:00h,  então você terá três horas só para você.

 Eu poderia limpar o seu apartamento enquanto ela estivesse fora… e depois
lhe preparar um bom jantar. Isso realmente não fazia parte do que ela havia
me contratado para realizar, mas eu gostava de fazer tudo o que eu podia para
agradar a minha dona  durante o tempo em que ela me tivesse.

 Ela estava me pagando muito dinheiro e sempre faço por merecer o meu
pagamento, eu faria o que estivesse ao meu alcance para satisfazê-la.

 Descobri que as mulheres gostavam de me ter para limpar suas casas e


cozinhar para elas, além do sexo. Eu odiaria ser como alguns dos meus amigos
e simplesmente me deitar em um canto enquanto ela estivesse na faculdade.
Seria preguiçoso e desonesto. Skylar me possuía por duas semanas e ela teria
duas semanas de mim, mesmo se não estivesse em casa.

 Sim, eu arruinava as mulheres para qualquer outro homem depois de


passar uma curta temporada em suas casas. Freqüentemente eu recebia
ligações para retornar para outro servicinho. Eu tinha um grupo de clientes
fixas e isso fazia eu me sentir melhor do que constantemente sair com
estranhas, o tempo todo. Eu sabia que Skylar só tinha esse dinheiro e era uma
distinta herança. Provavelmente eu não ouviria falar dela de novo depois desse
trabalho, então eu pretendia ser muito bom para ela.

 Ela parecia o tipo de garota esperta e que vive com o nariz enterrado em
um livro, que nunca chegou a se divertir muito. Eu planejava concertar isso
nessas duas semanas.

 ─ Ok. - concordei, sorrindo para ela, mordendo meu lábio inferior,


curiosamente, enquanto olhava em seus olhos.

 Ela suspirou, abanando-se com seu pedaço de papel.

 ─Céus, está quente aqui. - ela ofegava levemente.

 ─Sim.  -eu disse, deixando meus olhos afundarem nos seus sem mais
nenhuma palavra.

Ela parecia nervosa e cansada.

 ─ Então tá, nós vamos indo agora. - Skylar deu um passo ou dois para
longe de mim.
 ─ Ei, onde você pensa que está indo? - levantei e fui em sua direção,
pressionando o meu corpo nela enquanto minhas mãos tocavam su corpo dos
seus dois lados, impedindo ela de fugir de mim.

 Ela olhou assustada, incapaz de dizer uma palavra sequer. Era divertido
provocá-la.

 ─ Nenhum beijo para o seu garoto? - perguntei, nariz com nariz com ela.

 ─  Ah… ok… - ela estremeceu e eu me abaixei, segurei o seu queixo com o
meu dedo, inclinando seu rosto para mim, esperando sem fôlego enquanto a
tomava em um gentil e profundo beijo.

 Eu não usei minha língua, mas abria e fechava a minha boca com a dela
repetidas vezes… meus olhos se fecharam levemente ao sentir o gosto do Sex
on the Beach, os ruídos e sons perfeitos de nossos lábios movimentando-se no
ar.

 Ela gemeu e deixou cair o sua bolsa, colocando os braços finos em volta do
meu corpo, suas unhas pequenas subindo e descendo devagar por minhas
costas, me aquecendo delicadamente.

 Ela gosta de mim.

 Terminei o beijo um ou dois minutos mais tarde, meu nariz roçando no


dela, nossos hálitos se misturando,  e lhe ofereci o meu melhor sorriso.

 ─  Sinta a minha falta. -dei uma pequena ordem e ela sorriu feito uma
garotinha para mim.

 ─ Sentirei. - Sussurrou.

 ─  Te vejo na segunda, Skylar.  -peguei suas mãos e depositei um beijo em


cada uma. Agachei-me, juntando o sua bolsa, e entregando a ela.

 ─ Me ligue se você ver alguma coisa na minha ficha que não gostar, mas te
asseguro que sou um bom rapaz. Não há nada de ruim. Mas confira, de
qualquer jeito. Sempre. Promete?

 ─ Sim, Mathew. - sorriu divertida para mim.

 ─ Boa menina. - arrumei um pouco o cabelo dela.  ─ Me deixe te levar até


a sua mesa, espero que aquela gigante tenha se acalmado lá fora.

 Caminhei com ela do camarim até a área do clube, onde suas amigas
bonitinhas estavam lhe esperando.

 ─ Oi, garotas.  
─ Ai meu Deus, você está bem? – Riley indagou, Julie também parecia
preocupada comigo.

─ Ah, sim, já me esqueci. - balancei a minha mão. ─ Isso acontece. Por


favor, não se preocupem comigo.

─ Todas vocês se divertiram esta noite? ─ perguntei a elas, ainda segurando


a mão de Skylar e percebi quando as suas amigas prestavam atenção nisso em
silêncio, disparando olhares para ela.

 ─Ah muito! – Julie  respondeu, rindo. ─ Amamos isso aqui! Nós nunca
fizemos nada parecido antes, mas iremos bater cartão aqui agora!

 ─Maravilha, nós gostamos de jovens bonitas por perto, especialmente as


duronas que podem me socorrer quando eu estiver em problemas.

 ─ vamos ser suas guarda-costas. –Riley se divertia  erguendo os punhos


fechados. ─Nós te protegeremos, vampiro!

 ─O nome dele é Mathew. – Skylar interveio.

 ─Mathew! – uma garota chamou do bar. ─ Preciso de você por um


segundo!

 ─Nós estamos te monopolizando, devemos ir. - Skylar soltou minha mão.

 ─Obrigado a todas vocês de novo, pela ajuda. –disse, um pouco


envergonhado, mas realmente agradecido.

 ─Sem problemas. – Julie sorriu.

 ─Boa noite, senhoritas.  – dei um aceno com a cabeça para as duas, e em


seguida para Skylar. ─ Até logo, amor. - beijei sua bochecha rapidamente,
indo até o bar para continuar com as minhas obrigações de garçom.

 Observei enquanto elas deixavam o clube, bastante ansioso pelas minhas


próximas duas semanas com uma estudante inocente; e uma intelectual,
também. Eu sabia que toda essa conversa de faculdade e tese era só uma
desculpa que ela estava usando para fazer eu me sentir mais confortável com
a sua oferta. Foi legal da parte dela ter pensado em mim, mas eu sou
comprado e vendido o tempo todo. Isso não me choca mais.

 Peguei minhas bebidas e equilibrei a bandeja na palma da mão, me


movendo de forma perfeita em volta das animadas clientes, para chegar a
minha mesa. Tomando cuidado desta vez com cantos escuros e mulheres
grandes.
Capítulo 3 

Skylar POV

 Passei o domingo fazendo faxina no apartamento. Até agora, à noite, eu


não estava certa se aqui era bom o bastante para ele. Com todo o dinheiro que
ele ganha eu tinha certeza que a sua casa era tipo uma mansão da MTV. E eu
só tinha uma única cama king-size para dividirmos. Gostaria de ter mais um
quarto, ou pelo menos um sofá-cama que ele pudesse usar.

 No entanto, ele não pareceu se importar com o lance da uma cama quando
lhe contei sobre isso. Parte de mim realmente se excitava com a idéia de tê-lo
dormindo ao meu lado, mas a idéia de que ele me veria de manhã fez o meu
corpo ficar tenso e suar de medo. Eu estava certa de que ele é perfeito e sexy
de manhã… e meus olhos imaginaram isso por alguns minutos.

 Ele me disse para sentir sua falta. E estou sentindo. Droga, alguma coisa
está seriamente errada comigo. Eu nem mesmo conheço esse cara, de
verdade.

 Mas, aqueles beijos. PUTAQUEOPARIU.

 Eu deixei o cheque pronto para ele, no nome de M.T. Construction, em um


envelope sobre o balcão da cozinha, escrito uma única palavra, Mathew pedi
desculpas outra vez à minha falecida avó, esperando que ela entendesse. Eu
até mesmo fantasiei que ela tivesse sido uma mulher moderna e, se existia
alguma coisa que valia a pena ser comprada, era isso, e ela aprovaria.

 Meu pai já havia me ligado esta manhã com o resultado da verificação de


antecedentes que lhe pedi. Mathew Trenner é um cidadão correto e cumpridor
da lei. Teoricamente, de qualquer forma. Eu disse a  meu pai que Julie estava
saindo com ele e que eu só queria garantir se ele estava nos conformes da lei.

 Eu como junk food demais. Estava olhando nos meus armários agora,
vendo se eu tinha comida necessária em casa para o meu convidado,
provavelmente ele era o Sr. Comida Saudável com aquele corpo dele. Ah,
dane-se, nós poderíamos ir comprar comida amanhã à noite se ele quisesse
qualquer coisa.

 Deus, eu estou nervosa. Comprei cinco blocos novos para começar a tomar
anotações e tinha meu gravador preparado com seis novas fitas para registrar
nossas entrevistas. Eu esperava que pudesse fazer um bom trabalho fazendo
perguntas que não o insultassem, mas o levassem a se abrir comigo.
 Já tinha visto como ele é bom em encobrir suas verdadeiras emoções,
mesmo quando estava sendo atacado no canto escuro na Fire. Era
simplesmente horrível.

 Eu me senti realmente bem atacando aquelas mulheres, e ter as minhas


amigas bem atrás de mim, me ajudando, foi ótimo também. Eu nem sequer
pensei nisso… Só vi o que estavam fazendo com ele e perdi o controle. Eu
estava correndo na direção delas antes de saber o que estava acontecendo. Eu
queria salvá-lo.

 Esse é provavelmente todo o meu pretexto mental para pagar todo esse
dinheiro para tê-lo aqui… Eu quero salvá-lo. Ele quer ser salvo?

 Mas o que incomodou a todas nós foi a maneira que ele aceitou o ataque.
Tão calmo, tão “não é grande coisa”… Não acreditei nisso nem por um
segundo. Ele estava escondendo. Encobrindo coisas, adotando uma expressão
de felicidade. Eu quero aquela máscara feliz fora do rosto dele. Eu quero ver o
verdadeiro Mathew.

 Tomei um bom banho depois do jantar e por alguma razão desconhecida,


depilei as pernas, toda a extensão de cada uma, e qualquer outro pêlo
desagradável em meu corpo. Eu estava esperando que ele visse o meu corpo?
Não. Sim. Eu não sei.

 Estava tão confusa e dividida que minha cabeça começou a pulsar. Fui para
cama às 21:00h naquela noite, mentalmente exausta demais para me
preocupar com qualquer outra coisa.

 Na manhã seguinte eu tinha programado o meu despertador para 7:00h,


mas eu estava acordada às 5:30h. Não conseguia dormir. Eu me sentia como
se fosse a manhã de Natal e eu tivesse três anos de idade, esperando o Papai
Noel chegar.

 É maio, sendo assim o clima está quente e ensolarado e a luz do sol


preenche cada cômodo do apartamento. Claro que, só tem quatro cômodos
aqui. Meu quarto, o banheiro, a cozinha, e a sala de estar. Os cômodos tinham
tamanhos muito bons, mas este era um lugar aconchegante. Se Mathew
ficasse nervoso comigo nas próximas duas semanas, ele não iria me perder de
vista aqui, provavelmente ele teria que sair por um tempo para esfriar a
cabeça.

 Eu estava vestida e apresentável às 06:24h. Então agora eu teria que


esperar até por volta das 9:00h para Mathew chegar. Eu arrumei tudo três
vezes, limpei um pouco mais, e olhei pela minha janela várias vezes,
observando estranhos passar. O tempo parecia se arrastar.

 Quase adormeci de novo quando às 9:34h, uma batida divertida soou na


porta.

 Odeio pessoas atrasadas.


 Encontrei-me correndo para a porta quando na verdade, eu não deveria ter
atendido de jeito nenhum. Eu me perguntava se eu poderia abater algum
dinheiro de seu grandioso contracheque se ele fosse se atrasar assim toda vez.

 Eu não sabia o que esperar quando abri a porta, mas… lá estava ele,
vestido normalmente, em uma camiseta branca e calça preta, levemente
caída, mas a blusa cobria. Tirando seus óculos de sol assim que deixei a porta
entreaberta, revelando aqueles  brilhantes olhos castanhos.  Ele tinha uma
única bolsa feita de lona pendurada no ombro, e ao me ver seu sorriso
aumentou.

 Eu não poderia ficar brava com ele com um sorriso desses. Jesus, eu sou
tão fácil.

 ─ Skylar. – ele esperava do lado de fora. ─Eu não ouvi nada de você, então
estou supondo… esperando… que esteja tudo bem. Você fez o cheque para
mim, certo?

 ─Sim. – esperei  que ele entrasse. ─Está tudo ótimo. Entre, Mathew.

 ─Obrigado. - tão educado como tinha sido no clube na outra noite.

 ─Uau… aqui é legal. – ele entrou, respeitosamente, mentindo para mim.

 ─Bom, é limpo e quente – dei de ombros. ─E sem insetos, em Nova York


isso é um palácio.

 Ele riu baixinho. ─ Com toda certeza é.

 Dei um pequeno tour com ele, que me seguiu cinco passos para o
banheiro, dez passos de volta para ver o quarto, e… o tour acabou.

 ─Eu sei que é pequeno. – olhei para baixo, fazendo uma careta. ─ Se você
quiser mudar de idéia… nós não temos que fazer isso.

 ─Pare. – Mathew  colocou sua bolsa no chão com cuidado e veio em minha
direção,moveu suas mãos sobre o meu cabelo e segurou meu rosto. Em
seguida se inclinou me dando um beijo carinhoso e molhado. ─ Eu gosto daqui,
Skylar.

 Droga, ele cheira tão bem. E a boca dele… Como ele a deixa tão macia o
tempo todo? O hálito dele era como hortelã.

 ─Você gosta? -  perguntei, sem ter certeza do por que.

 ─Sim. – ele olhou nos meus olhos, me deixando boba instantaneamente.


─Aqui é onde você  está.
 Deus, ele é bom em interpretar suas falas. Antes que eu pudesse reagir,
ele estava me beijando novamente, e minhas costas estavam encostadas
contra a parede da sala de estar.

 Meu estômago roncou e seus olhos abriram, fixados nos meus


envergonhados. Ele continuou o beijo e sorriu entre ele, interrompendo-o
depois.

 ─Você está com fome? – foi até a sua mochila, tirando algumas sacolas de
plástico de mercado com comida, entrando na cozinha. ─Eu tenho ovos,
queijo, cebolas, um pouco de bacon… você gosta de omeletes?

 Ele poderia cozinhar pedras para o café da manhã que eu comeria amando.

 Ele olhou para mim com um olhar enérgico em seus olhos, ele estava
atuando de novo agora? Eu não posso nem ao menos dizer.

 ─Aham, eu amo ovos. - informei, assistindo, mais uma vez impressionada


com ele. Ele daria um estudo muito complexo, de fato. Me sinto uma cientista
maluca.

 É como… seja o que for que ele pense que eu queira… ele realiza aquilo
instantaneamente.

 ─Maravilha. – ele sorriu. ─Vou te fazer a melhor omelete que já


comeu, Omelete do  Mathew. – ele riu de seu falso sotaque espanhol quando
completou a frase.

 ─Wow, você cozinha também. - fui até lá e sentei na banqueta do balcão,


observando-o se familiarizar com a minha cozinha. Ele facilmente encontrou
uma panela e uma tigela e arranjou uma espátula, preparando tudo.

 ─Eu faço tudo. - levantou uma sobrancelha para mim sugestivamente,


ocupadíssimo, enquanto eu sorria para ele.

Ca-ra-lho.

 ─Ah, isso está certo? - o provoquei de volta, sorrindo ironicamente,


esperando que aliviasse o calor que eu já estava sentindo no fundo do meu
ventre. ─ Então, o que torna a “melete do Mathew”tão especial?

 Ele mordeu o lábio inferior. ─ Eu.- respondeu e deu uma risada,sorri


afetada para ele, gostando do seu estilo e confiança. Eu gostaria de ter um dos
dois.

 Eu não sabia o que aquilo significava exatamente, mas enquanto olhava
meu guia de TV, fingindo não estar interessada no que ele fazia, eu o notei
fazendo algo com a sua camisa.
 Levantando o olhar rapidamente, eu o vi tirando sua camiseta e
transformou-a em um pequeno avental, enfiando as mangas curtas em seu
jeans, seu peito liso parecendo muito mais macio agora, suas tatuagens
chamando a atenção da minha visão e eu me vi contando uma por uma de seu
corpo. Eu ia pedir a ele para pôr a camisa de volta, mas estava ficando quente
aqui… e meus olhos não tinham terminado de estudar cada linha e curva que
eles podiam contemplar.

 Ele acendeu o fogo embaixo da panela, suas mãos misturando os ovos na


tigela. Me espiando por baixo dos longos cílios, ele deu um sorriso convencido.

 ─Respire, Skylar.- Ele sorriu, vendo através do meu comportamento frio e


indiferente.

 ─Eu estou  respirando. – disse um pouco na defensiva enquanto ele virava


de costas para mim, cozinhando os ovos agora. Senti minha pele ferver. Não,
não core, não core…

 ─Ah. – vi seu envelope na minha frente. ─ Isso é para você.

 Entreguei a ele, tendo consciência de que esse era o momento que me


definia agora como alguém que estava pagando por um garoto de programa.
Eu meio que esperava que a equipe de filmagem do ‘To Catch a
Predator’ entrasse aqui voando neste instante.

 Deixando os ovos na frigideira para endurecer um pouco, Mathew se virou


para mim, pegando o envelope com a mão devagar, olhando para o meu rosto,
então, relutantemente, ele o abriu e deu uma olhada dentro por dois
segundos.

 ─Obrigado, Skylar. – ele disse simplesmente, dobrando-o ao meio e


colocando em seu bolso de trás. ─ Você não vai se arrepender, eu prometo.

 Ele voltou a cozinhar e eu encarava suas costas, tentando encontrar algo


legal para dizer-lhe em retorno. Tudo o que saiu, de qualquer forma, era
verdade.

 ─Eu me sinto realmente… esquisita. – admiti. ─ Eu nunca paguei ninguém


para viver comigo antes. Não é nada pessoal. Eu… gosto de você, só é
estranho para mim estar fazendo isso.

 ─Não é grande coisa. – ele sorriu para mim, me assegurando. ─ Esqueça


que você me pagou, ou não. O que quer que faça você se sentir bem e
confortável perto de mim. As pessoas compram coisas todos os dias, nas lojas,
coisas que elas necessitam. Como isso é diferente? Não se preocupe, Skylar.
Eu sei como fazer você relaxar, vai ser incrível, confie em mim.

 De alguma forma eu já estava confiando nele, um pouquinho.


 Logo ele estava distribuindo os ovos em dois pratos e colocou um na minha
frente, junto com torradas com manteiga e bacon. Servindo-me um bom copo
de leite, ele veio até o banco ao meu lado.

 ─Posso?

 ─Claro. – afastei o assento um pouco para ele. ─E, você não precisa ser tão
formal, agora este é o seu apartamento também, pelas próximas duas
semanas. Quero que você se sinta em casa. Está certo, Mathew.

 ─Tudo bem. Obrigado. – ele sorriu calarosamente, dando uma mordida em


seu bacon.

 Comecei a comer e estava realmente muito bom. Sofisticado e com um


gostinho de queijo e cebola. Em seguida ele começou a falar comigo.

 ─E então… – ele  mastigava quando me perguntou: ─Quais são as regras?

 ─Regras?

─Sim.

 ─Eu realmente não… fiz nenhuma regra. – me atrapalhei, tentando pensar


em alguma agora, resultando em um vácuo. ─ Como eu disse, sou nova
nessas coisas. Que tipo de regras você geralmente tem?

 ─Cada pessoa é diferente. – ele deu de ombros. ─ Por exemplo, uma


mulher gosta que eu me ajoelhe nu na frente da porta todas as noites quando
ela chega em casa do trabalho. Esse tipo de coisa.

 Céus, que humilhação. Mais uma vez, meu estômago se contorceu em nós
por pena do que este homem se propõe a fazer.

 ─Não. – o olhei com uma careta, depois fiz a careta deixar o meu rosto. ─
Não preciso de nada assim. Eu não sou… dessas coisas.

 Ele deu risada, enquanto minhas bochechas ruborizavam a todo vapor ao


imaginá-lo ajoelhado nu na minha porta quando eu chegasse em casa da
faculdade. O que aconteceria se Julie e Riley estivessem comigo?

Tá, eu sei, elas nunca parariam de me agradecer.

 ─Qual é, Skylar,  não é nada de que tenha que se envergonhar.


Certamente você tem algumas  fantasias. – Mathew estava me olhando com
curiosidade e comia com o garfo dessa vez, dando mordidas grandes nos ovos.
Ele não belisca a comida, eu percebi, ele devora.

 ─Sim, me tornar uma psiquiatra. – informei sem rodeios. ─E depois que


nós comermos, podemos começar a trabalhar, ok?
 ─Não chame isso de trabalho, Skylar, vamos apenas nos divertir e curtir
um ao outro. – disse com um ar jovial na voz.

 ─Bem, podemos nos divertir de vez em quando, mas não será tudo
curtição. – contrariei, quase terminando de comer. ─ Haverá questões muito
difíceis de responder em algum momento, e quero que você saiba que estou
aqui para você. Nunca vou te julgar ou te humilhar, eu te prometo isso, só
quero que você seja tão franco e honesto quanto pode ser,se você estiver

disposto a cooperar e a ser sincero, acho que podemos fazer algum


progresso antes do nosso tempo juntos terminar.

 ─Ah, espere… – algo estava começando a ficar evidente para ele agora. ─
Acho que entendo. Você quer que eu seja o paciente e você a psiquiatra.
Certo?

 ─Sim. – o olhei como se tivesse acabado de crescer duas cabeças em seu


pescoço. ─ pensei que estivesse claro. Eu te falei sobre isso naquele
quarto Despertar, lembra?

 Seu sorriso era distraído. ─Então, eu posso ser o pobre paciente viciado em
sexo… e você pode tentar me curar dos meus maus caminhos… eu gosto desse
jogo.

 Ele se curvou, tentando beijar o lóbulo da minha orelha, quase em pé


agora, pronto para iniciar o ‘joguinho’.

 ─Não, Mathew. – quase choraminguei. ─ Eu não estou interpretando um


papel. Eu estou na faculdade estudando para me tornar uma psiquiatra. De
VERDADE. Eu quero que você seja meu voluntário. Vou saber sobre você, sua
vida, seu passado… discutimos isto na outra noite.

 Os homens alguma vez nos escutam? Mesmo os homens seminus e


gostosos?

 ─Isso é pra valer? – perguntou, franzindo a testa. ─ Eu pensei que você


estivesse com muito medo de me pedir para ser o seu ‘brinquedinho’, e
estivesse sendo educada em me perguntar.

 ─Brinquedinho? – corei mais nesse momento. Eu sabia. Ele acha que está
aqui para me servir por duas semanas. E por quê eu não estou mesmo?

 ─Sim. - ele encolheu os ombros, olhando para o meu rosto com atenção
outra vez. ─ Você não quer  brincar comigo, Skylar?

 Perdi toda a fala neste momento. Até a minha falecida avó está dizendo
“SIM!” em algum lugar do universo agora, eu tenho certeza.
 Minha boca pendia aberta quando ele levantou e se inclinou novamente,
sua boca beijando meu pescoço. Acho que ele descobriu meu ponto fraco.
Porra, isso é tão bom. Calor. Umidade. Língua. Lambida. Dentes. Mordida
suave. Hálito quente.

 ─Eu vou ser um bom brinquedinho, Skylar… – gemeu carinhosamente,


lambendo minha veia jugular.

 Senti meus olhos se revirando dentro da minha cabeça, mas eu realmente


encontrei força para me retorcer para longe dele um pouco, fora de meu
banquinho e na cozinha dessa vez, colocando o balcão entre nós.

 Os olhos de Mathew pareciam um pouco triste, enquanto eu dizia, ─Por


favor, Mathew? isso é muito importante para mim, é uma grande parte da
minha nota. Por favor… faça isso por mim.

 Ele olhou ao redor agora, vendo o sofá e a mesa de café com o gravador
com uma fita dentro e meus bloquinhos com as canetas em cima deles.

 Eu quase encontrei um pouco de medo em seu rosto quando ele percebeu
que eu não estava brincando a respeito disso.

 Pela primeira vez eu não estava vendo o feliz e despreocupado Mathew da


boate. Isso é bom… uma breve espiada no homem por detrás da máscara.

 ─Você está dizendo que eu sou doente. - ele declarou, não me


perguntando, seus olhos magoados enfrentando os meus.

 ─Não! - tentei avançar um passo ou dois em sua direção.  ─Nunca!

 ─ E você quer me analisar como algum germe sob um microscópio, é isso?


- ele foi mais além, puxando a camisa de sua calça jeans com força, parecendo
envergonhado de repente, e vestindo ela de volta.

 Merda.

 ─ Não, Mathew. - agarrei os seus braços expostos em minhas mãos


enquanto olhava para o seu rosto.  ─Eu só preciso encontrar uma pessoa
interessante para entrevistar por algum tempo e depois escrever um relatório
do que eu descobri. Isso é tudo.

 Ele deu um suspiro pesado. ─ Eu não gosto disso, Skylar. – resmungou


baixinho.

 ─Mas você estava disposto a… - comecei, parando a mim mesma, vendo


seus olhos faiscarem em compreensão.

 ─Mas eu estava disposto a ser o seu brinquedo por 14 dias? – ele finalizou
para mim. ─Sim. Isso é o que eu faço, é no que eu sou bom. Você não me
encontrou em uma  biblioteca,Skylar, você sabe o que eu sou.
 ─Por favor… você está me entendendo errado… - praticamente implorei
para ele, odiando o olhar em seu rosto. Eu já estava prejudicando o meu
paciente, tinha que acalmá-lo e deixá-lo à vontade.

 ─Eu entendo que você tem um problema com confiança. – comecei. ─


Mas…

 ─Como você pode saber disso? – Mathew  fechou a cara para mim. ─Você
não sabe nada  sobre mim, não tem idéia de quais são os meus problemas.

 Eu estava ferrando com tudo e nós ainda nem tínhamos começado. Fala
sério, Skylar, conserte isso agora.

 ─Eu gostaria de saber, Mathew.-  falei com uma voz delicada.  ─Por favor…
me dê uma chance. Por favor, me ajude. Eu preciso de você. Acho que isso é
muito mais fácil do que… tudo que estou te pedindo para fazer é conversar
comigo, não estou pedindo para você fazer mais nada.

 Eu sabia que estava pedindo a ele para deixar a sua zona de conforto e que
ele poderia fugir.

 ─Não. - ele percebeu o que eu estava dizendo, me olhando com mais


tristeza. ─Eu não posso… receber 20 mil por duas semanas de apenas
conversas, por que você me pagaria todo esse dinheiro só para me fazer
algumas perguntas sobre a minha infância?

 ─Para você ver o quanto eu quero isso. - admiti, cedendo. ─Me desculpe,
Mathew. Eu nunca quis fazer você se sentir como um doente ou… como um
germe, eu realmente gosto de você e nunca iria fazer isso intencionalmente.
Se quiser ir embora, você pode ir. Mas eu espero que você fique, de verdade.

 Sentei no meu banquinho, incapaz de olhar para aquele olhar de


cachorrinho perdido em seu rosto. Já tinha feito ele se sentir um doente. Eu
sou uma vergonha. Talvez eu devesse apenas ser trancada em  um cofre de
banco ou algo assim, onde eu não pudesse ferir as pessoas.

 Enfiei minha cabeça em minhas mãos, esperando ele ir embora com o meu
cheque. Depois de um longo silêncio, Mathew finalmente falou.

 ─Se eu fizer isso…- ele começou.  ─Você tem que me dar meu tempo
equivalente. O que eu quero dizer é que, serei seu paciente… e… seu
brinquedo. Você pode me estudar e me permitir… estudar você em troca, essa
é a única forma de eu ficar.

 Respirei fundo. Se eu queria a sua honestidade, então eu devia ser honesta


com ele também.

 ─Serei totalmente honesta com você, Mathew. – anunciei.  ─Sim, eu estou


extremamente atraída por você, e eu sei que você sabe disso. Eu não tenho
tido uma ótima vida sexual, estive com uma pessoa e durou 33 segundos, e eu
mal me lembro disso. Sim, tenho fantasias e sonhos e desejos de quais não
tenho feito nada a respeito. E uma grande parte de mim quer mostrar eles a
você… mas, eu tenho… medo.

 ─Serei totalmente honesto com você, Skylar. - me avisou. ─Sim, eu sou


muito (ele fechou os olhos por um segundo, em seguida abriu-os) confuso, e
eu sei que você sabe disso. Eu não tenho tido uma ótima… vida. Estive com
uma grande quantidade de mulheres e não consegui me conectar com uma
única delas sequer a menos que houvesse sexo envolvido. Eu tenho sonhos e
desejos de quais não tenho feito nada a respeito, também. E uma grande parte
de mim quer compartilhá-los com você… mas eu também tenho medo. Eu não
converso com as pessoas sobre mim. Nunca.

 ─Suponho que, temos muito em comum, então. - olhei de relance para os


meus tênis, e depois para o seu rosto tenso outra vez.  ─Tudo bem, Mathew.
Fechado. Mas… por favor, seja paciente comigo, ok? O que acontece é que,
você me assusta e me deslumbra ao mesmo tempo e isso me deixa muito
nervosa, eu não estou acostumada com essas coisas. Talvez quando nós
começarmos a conhecer mais um ao outro eu comece a me sentir… mais
confortável perto de você.

  ─Eu te deslumbro? - sorriu divertido, cruzando os braços.

  ─Frequentemente.

 Ele sorriu e relaxou novamente, falando manso.

─Eu irei devagar se você  for.

  ─Combinado. - disse, tomando fôlego, me sentindo melhor com o nosso


acordo agora.

 Em seguida, meu lado sujo deu as caras e eu acrescentei.  

─E tire sua camisa. Regra número um: não vestir nenhuma camisa aqui.

 Um rápido sorriso com segundas intenções se espalhou pelo rosto dele e eu
tive que dar o meu próprio sorriso ‘garota depravada’ em retorno. Ele me
olhou surpreso. Até eu fiquei surpresa comigo mesma.

 ─Por que, Skylar… - fingiu choque, tirando sua camisa. ─Eu acho que posso
estar disposto a te ajudar, apesar de tudo.

 Ele veio até mim e colocou sua camiseta em volta do meu pescoço como se
fosse um cachecol. Eu apenas fiquei ali imóvel, admirando aqueles olhos
intensos, querendo saber o que estava acontecendo dentro dele nesse
momento.

 ─ Eu gosto da regra número um. – praticamente sussurrou, vindo para


outro beijo, os dedos outra vez enroscando levemente sob o meu queixo. Eu
nunca poderia resistir aos seus beijos, eram ardentes, avassaladores e
sensuais. O melhor de tudo é a maneira que eles faziam eu me sentir. Sexy e
bonita… e desejável, como uma pessoa completa.

 Eu estava acreditando na mentira. Eu estava me apaixonando por ele igual


cada uma das mulheres para quem ele trabalhava,  precisava parar isto e agir
profissionalmente, como uma psiquiatra faria. Uma médica tiraria proveito de
seu paciente desse jeito?

 Dei um passo para trás e rompi o beijo enquanto a boca de Mathew ficava
parada em forma de biquinho. Ele observou eu me afastar dele como se eu
tivesse feito algo errado, mas então sua expressão rapidamente tornou-se
amistosa e diabólica de volta.

 ─Tenho aula em algumas horas, e aí pensei que seria bom ter uma
pequena sessão antes de eu sair. – passei  por ele, indo para a sala de estar.
Sentei no sofá verde e julguei que ele poderia se sentar na confortável
poltrona do outro lado. Eu já tinha a primeira fita no aparelho, sendo assim
peguei meu novo bloco de notas e o abri na primeira página, pegando uma
caneta.

 ─Você gostaria de se sentar, Mathew? – pedi  com bastante doçura,


apontando minha caneta naturalmente para a poltrona.

 ─Eu pensei que o paciente ficasse com o sofá. - ele tentou fazer piada ao
se virar em direção a sala.

 ─Você quer o sofá?

 ─ Sim. -ele já estava sendo um pouco difícil, mas sem exagero.

 ─Ótimo. - levantei e sentei na poltrona.

 Assisti ele se mover sem pressa para o meu sofá. Pensei que se sentaria lá,
mas ele estava se deitando de costas, colocando uma das suas pernas
másculas por cima do encosto. O peito  dele estava completamente limpo, e
aquilo era tão atraente para mim, eu odiava pêlos demais em homens. Seus
braços  levemente musculosos  e tatuados estavam cruzados atrás da cabeça e
ele fechou os olhos.

Muito bom. Notei que seus jeans estavam tão baixos em seus quadris que
eu podia ver sua cueca box preta e  divisões em sua pélvis, ele era digno de
estar em um calendário. Porra, lá vai eu de novo.

 Eu sabia o que ele estava tentando fazer. Me distrair. Não iria
funcionar. Muito.

 Jamais irei enxergar o meu sofá da mesma forma novamente. Deus, ele
está lindo deitado ali.
 ─Estou pronto, Dra. Skylar. - disse com uma voz calma.  ─Você pode ter a
sua jornada com o meu cérebro… e mais tarde, com o meu corpo. Embora eu
acredite que é bem provável que você desfrute mais de um do que do outro.

 Ele falou abafando o riso, me olhando como um garotinho. Não pude evitar
sorrir para ele. Ele fica tão fofo quando ri.

 ─Certo. – comecei, apertando o botão de gravação. ─ Mathew Trenner,


sessão um.

 ─Apenas Mathew.

 Seus olhos não pareciam ofendidos, só pedintes.

 ─Está certo, Mathew, sessão um. – corrigi. ─ Te incomoda quando eu uso


seu sobrenome?

 ─Eu não tenho sobrenome quando estou trabalhando. – disse e ainda


usava uma voz rouca, encarando o teto.

 Problemas familiares.

 ─Você tem uma família? – perguntei.

 Ele fechou os olhos e eu poderia dizer que ele já estava tendo um


momento difícil.

 ─Não, desembarquei aqui em uma espaçonave quando eu tinha três anos.

 ─Mathew… – forcei um sorriso.

  ─Meus pais sabiam que meu planeta ia explodir, então eles me colocaram
nessa pequena nave… – continuou, sorrindo debochado, dando uma olhada
para mim.

 Eu tinha que ser paciente e compreensiva com ele, estava tentando.
esperei sem dizer nada, até que ele decidiu falar novamente. Ele ainda tinha o
meu cheque no seu bolso de trás. Eu queria mencionar isso, porém não o fiz.
Eu tinha que deixá-lo vir até a mim.

 ─Sim, eu tinha uma família. – falou muito baixo, os olhos fechados outra
vez.

 ─Tinha…- repeti. ─O que aconteceu com eles?

 ─Nada. – deu um leve suspiro. ─ Quero dizer… eu não sei. Não os vejo
mais.

 Isso não me surpreendeu.


─Eles sabem sobre… você estar trabalhando na Fire? – perguntei,
desejando que isto soasse mais como uma conversa e não eu apenas
disparando perguntas para ele. É por isso que eu precisava dessas tarefas. Eu
tinha que ficar melhor nisso, praticar seria a única maneira de conseguir.

 ─Não. – manteve os olhos fechados. ─ Acho que não, eu comecei a


trabalhar lá depois que perdi contato com eles.

 Hmm. Alguma outra coisa o desligou de sua família. Interessante.

 ─ Mathew… – eu gostava de usar seu nome, queria que ele sentisse


confortável conversando comigo. ─ O que foi que motivou você a parar de falar
com sua família?

 ─Posso te fazer algumas perguntas depois de responder uma das suas? –


ele me olhou, aqueles olhos… eu poderia dizer não a alguma coisa que ele
quisesse? Céus.

 Isso é profissional? Os pacientes não têm permissão para fazerem


perguntas pessoais aos seus médicos.

 ─Por favor?  - acrescentou.

Deus.

 ─Tudo bem, Mathew.

 ─A minha família – minha mãe e meu pai, são muito ricos… e muito frios.
─ele disse.─Eles nunca estiveram por perto durante o meu crescimento,
estavam sempre muito ocupados. Eu não tinha irmãos e irmãs, me tornei mais
próximo dos empregados da casa do que  deles. E, eu me acostumei com isso, 
mas então, quando eu estava indo para a faculdade, eu conheci uma garota
que eles não gostavam… não aprovavam. Eu não acho que eles GOSTEM de
alguém, nem deles mesmos, me disseram que era ela ou  eles  e eu tive que
escolher. Eu escolhi ela.

 Ele parou e, em seguida virou de barriga para baixo, exibindo o seu


bumbum firme e belo em sua apertada prisão de tecido jeans.

 ─ Minha vez. - ele sorriu, me olhando de cima a baixo.

 ─Ok. - ri, contente por ele parecer mais relaxado agora.

 ─Você já teve um orgasmo? – perguntou  diretamente como se estivesse


me perguntando que tamanho de sapato eu calçava.

 ─Meu Deus! - meu rubor era evidente e eu sabia disso. Ele sorriu para
mim, gostando do meu constrangimento.
 ─ O que? - perguntou de forma inocente. ─É uma pergunta de sim ou não,
eu pensei que essa fosse fácil.

 Ele acha isso.

 ─Não.- disse resumidamente, observando seus olhos abaixarem um pouco.


Ele estava olhando para o meu corpo agora. Merda!

 Ergui meu bloquinho aberto, na esperança de esconder o que quer que ele
estivesse conferindo minuciosamente em mim.

 ─Então… – fui para a minha próxima pergunta. ─ Quando seus pais viram
que você escolheu essa mulher, o que, eles simplesmente… te expulsaram de
casa?

 ─A casa, a faculdade, o dinheiro, tudo. – Mathew informou, olhando


através da sala agora, mas eu podia ver em sua cabeça, ele estava vendo eles.

 ─Eles estão mortos pra mim. – disse  depois de um momento. ─ Nós não
podemos falar de outra coisa, por favor? Eles nunca foram uma parte real da
minha vida,  eu não sinto falta deles.

 ─Mas eu posso ver que isso incomoda você. – falei suavemente. ─ Você
alguma vez tentou fazer qualquer contato com eles desde essa discussão?

 Ele apertou a ponte do seu nariz e olhou para o sofá. Eu esperei, não
dizendo coisa alguma.

 ─ Uma vez. – ele levantou a cabeça e disse.

 Voltei para a conversa, porém ele me interrompeu bruscamente.  ─E eu


não vou falar sobre isso agora, então não pergunte.

 Eles nunca foram uma parte real da sua vida, ele disse. Ah não, eles são
apenas a faca que está fincada no coração dele, eles não são importantes.

 Ser rejeitado tão precocemente… e negligenciado durante toda a sua


infância. Será que isso quer dizer que ele nunca chegou a terminar a
faculdade, então?

 Seus pais certamente fizeram grandes danos.

 Ele não havia descoberto o amor deles. Talvez isto seja parcialmente o
porquê de ser tão difícil para ele mostrar amor pelos outros. Agora era a sua
vez de me perguntar alguma  coisa. Eu tive um pressentimento de que esta
questão seria mais difícil.

 ─ Me conte uma de suas fantasias. - sua voz expressava sensualidade e ele


me lançou um olhar sexy, esperando.
 Colocou os braços sob o queixo e sorriu para mim enquanto eu tentava
começar a falar. Ele está brincando comigo ou ele realmente quer saber?

 ─Hummm… – senti  meu rosto esquentar mais uma vez.  ─Eu tenho alguns
problemas de abandono, eu sei disso. Meu pai se divorciou da minha mãe
quando eu tinha três anos, então… eu tenho algumas… fantasias obscuras.

 ─ oba! -  Mathew não estava abalado com isso.  ─continue. E pare de falar
como uma psiquiatra, por favor.

 Por que eu estou expondo minha alma para esse cara? nem mesmo minhas
melhores amigas conheciam minhas fantasias secretas mais cabeludas.

 ─Bem, eu tenho esse tipo de fantasia em que sou… forçada. - olhei para o
meu bloquinho, com medo de olhar para o seu rosto.

 ─ Fantasia de estupro. - ele disse, ainda sem medo e sorrindo.  ─ Como?

 Engoli em seco e encolhi os ombros. 

─Algumas fantasias diferentes em cima disso. Às vezes eu sonho que eu


chego em casa e ele me toma à força por trás. Em outras estou caminhando
para casa e alguém me agarra por trás e me puxa para dentro de uma van ou
algo… algo assim.

 Senti como se tivesse levado trinta anos para passar por essas poucas
frases. Agora eu estava começando a ver como Mathew se sentia ao responder
às minhas perguntas, talvez seja esse o seu plano, me mostrar como é estar
na berlinda. Ele é muito esperto.

 ─Você parece gostar da idéia de ser tomada por trás. - provocou, com o
rosto ainda descansando em seus braços robustos, o seu sorriso ainda estava
lá, me dando nenhuma razão para sentir vergonha.

 ─ Minha vez de perguntar.- lembrei, corando e tentando manter meu rosto


sério.

 ─Prossiga.

 ─Me conte sobre a garota que você conheceu… na faculdade. – decidi nos
distanciar de seus pais um pouco.

 ─ Por quê? - ele parecia um pouco tenso novamente.

 ─Bem, é óbvio que ela significou algo para você. – disse.  ─Você abriu mão
de tudo para ficar com ela. Você a amava?

 Ele me olhou com outra expressão dura.


 ─Não, eu apenas gostava do cheiro do perfume dela. - evitou a minha
pergunta novamente com uma observação sarcástica, levantando o rosto de
seus braços dessa vez.

 ─Ok. –concordei.  ─Então… você a amava.

 Isso é bom, eu sinto como se já estivesse conhecendo-o melhor, mesmo


que ele não esteja progredindo de forma tranqüila.

 Ele não argumentou contra a minha afirmação. Ele tinha amado alguém.
Mas agora estava sozinho, ao que parece, e um stripper, se prostituindo.
Alguma coisa terrível deve ter  acontecido. Não posso perguntar isso na
primeira sessão, muito cedo.

 ─Posso ao menos te perguntar o nome dela? – estava indo devagar, como


ele pediu.

 Ele hesitou, algo muito intenso estava acontecendo dentro de seus olhos
quando ele desviou o olhar. Deus, o que quer que tenha acontecido deve ter
sido horrível. Ele não pode sequer me dizer o nome dela. Esperei, sem
pressionar.

─Não consigo. – respondeu minutos depois, me olhando com aflição em


seus olhos.

 ─Está tudo bem, você não precisa dizer. – garanti com tranqüilidade na voz
e um sorriso.

 ─ Eu sinto muito, Skylar. – soltou o ar de novo, olhando para as mãos


abertas, levemente envergonhado.

 ─Está tudo bem. – disse novamente, tão cautelosa como antes. ─ Você
está indo tão bem. Eu sei que isso é difícil, agradeço por você estar
conversando comigo mesmo assim.

 Isso pareceu fazê-lo se sentir melhor e ele exalou um longo suspiro,


relaxando o corpo outra vez.

 ─Minha vez? – indagou, não tendo certeza agora, já que ele não tinha
conseguido responder a minha última pergunta.

 ─Vá em frente. – cedi.

 ─Você alguma vez fantasiou em ser amarrada? – perguntou sorrindo,


sempre indo direto ao ponto.

 ─Frequentemente. – decidi confessar. Isso era comum, então eu não me


importava em responder. Ou isso, ou estar com Mathew me deixa mais
corajosa que o habitual.
 ─ Skylar… – disse e senti satisfação na sua voz. ─Nós vamos nos divertir
tanto durante o meu  tempo…

 Corei e sorri ao mesmo tempo, cansada de me fazer tão intransigente e


profissional. Eu poderia dizer, com Mathew, quanto mais aberta eu fosse com
ele, mais ele confiaria em mim e daria um pouco mais de abertura.

 Tentei me concentrar no que lhe perguntar a seguir, mas tudo em que eu


podia pensar agora era em Mathew me amordaçando.

 ─ Alguma vez você foi amarrado? – as palavras saíram da minha boca


antes que eu pudesse segurar.

─Freqüentemente. – ele usou  a minha palavra sem pestanejar, o seu


sorriso pensativo ainda brincando em seus lábios úmidos.

 Gostaria de poder ouvir algumas dessas histórias. Espere, eu posso, se ele


quiser discutir o assunto.

 ─Sério? – perguntei, meu rosto praticamente franzido. ─ como é isso?

 Ele deu de ombros, rindo de leve.

─ Tudo depende de quem está te amarrando. Se você estiver com uma


pessoa irritada e violenta, vai doer. E se for com uma pessoa excitada e
atraente, é bastante prazeroso, na verdade. Às vezes, tudo que elas querem é
a ilusão de que você está indefeso e amarrado, como na cela do vampiro. Eu
posso colocar minhas mãos dentro e fora daquelas algemas sempre que eu
quiser e todo mundo vê isso. Mas, contanto que eu finja que não posso sair, e
grite e me debata um pouco, elas garantem sua fantasia.

─E você permite que pessoas irritadas e violentas te amarrem? - perguntei


sem pensar.

 ─O pagamento é muito bom.

 ─Mas elas podem te machucar. – falei e pareci meio irritada. Tentando


acalmar a minha voz. De repente, eu estava alarmada por ele e queria pôr um
pouco de juízo em sua cabeça.

 ─É claro  que elas me machucam, esse é o propósito. – ele disse sem


expressão.

 ─E se isso sair do controle e alguém seriamente ferir você? – especulei, em


voz alta.

 ─Eu tenho uma empresária. – ele informou. ─ Ela sabe onde e quando são
os meus trabalhos. Se alguma coisa acontecer comigo, ela vai ficar sabendo e
irá me buscar.
 ─Como elas te machucam? – eu quis saber, me sentindo muito protetora
dele agora.

 ─Há muitas maneiras de se torturar um escravo, Skylar. – ele encolheu os


ombros, sacudindo um pouco a cabeça. ─ Eu poderia passar horas falando.
Mas algumas delas… o chicote, a vara, jogo com agulhas, eletricidade, fogo,
grampos de mamilos…

 ─ O-o quê? – levantei uma mão. ─ Eletricidade?

 ─Não é o que você está pensando. – ele achou graça. ─Existem diversos
aparelhinhos agora. Alguns deles são pequenos autocolantes que são
colocados sobre a pele em diferentes pontos, e há um controle em que a
mulher pode controlar a… intensidade. Assim, ela aperta um botão e eu levo
um pequeno choque.

 ─Meu Deus, Mathew… – eu estremecia só com o pensamento disso.

 ─Tudo certo. – ele sorriu. ─ Não deixa nenhuma marca ou coisa do tipo,
nenhum dano permanente.

 Não, apenas danos mentais. Coisa sem importância.

 ─Hey, você acabou de fazer um monte de perguntas, eu acho que é a


minha vez. – ele me lembrou com um sorriso ainda maior.

 ─Ah, sim, desculpe. – esqueci do nosso acordo por um instante. Céus, já


estou me preocupando em grande escala com ele. Eu não deveria estar tão
envolvida com um paciente. Estou ferrando com esse trabalho.

 ─Você gosta de dor? – Mathew me perguntou. Ele está tentando descobrir


do que eu gosto, o que eu quero que ele faça comigo.

 ─Não. – falei rapidamente. ─ Eu não quero ser eletrocutada nem nada.

 ─Não, não. – ele reprimiu uma risada. ─ Eu não faria isso com você, já te
disse, só vou fazer o que você quer que eu faça. Eu quis dizer, dor leve.
Alguma vez você já quis levar algumas palmadas? De leve!

 ─Eu não sei… – me senti completamente excitada. ─ Talvez.

 Isso fez Mathew sorrir para si mesmo. Eu vejo uma leve palmada no meu
futuro. Na realidade, algo dentro de mim estava feliz com isso. Notei o meu
coração bater animadamente.

 ─Eu reparei que você fica tranqüilo falando sobre sexo. – comecei,
enquanto ele me observava divertido. ─ Mas quando eu te faço perguntas
pessoais, você se esquiva.
 ─Isso não é uma pergunta. – ele disse em voz baixa, com os olhos fixados
em mim.

 ─Ok. – mastiguei a tampa da minha caneta. ─Você acha que… a dor física é
mais fácil de suportar que… a dor emocional?

 Acho que cheguei a algum lugar aqui.

 Ele pareceu estar pensando sobre isso.

 ─Deixe-me colocar desta forma – se eu tivesse uma escolha entre falar


com os meus pais outra vez, ou ter o meu corpo todo perfurado por agulhas…

 Houve uma breve pausa.

 ─Eu escolheria as agulhas. – disse, sua voz fria como gelo. ─ Entenda isso
como quiser.

 Deus, ele foi perfurado com agulhas. Esse homem é muito sombrio, isso
está óbvio. Não tenho certeza se posso fazer algo para ajudar ele, mas eu
quero tanto.

 E agora, isto não era mais sobre a minha nota na faculdade, eu realmente
quero ajudá-lo. Ajudá-lo a parar de fazer o que ele está fazendo e a ter uma
vida melhor. Isso se tornou a minha nova missão.

 Uma batida estrondosa soou na porta e eu pulei com a súbita interrupção.


Mathew recuou ou fez um mínimo movimento, apenas olhou para a porta e
depois para mim.

 ─Quer que eu atenda? – perguntou, começando a ficar de pé.

 Olhei o relógio e agora era quase hora de eu ir para a aula. Eu sabia que
era Julie e Riley, como de costume para irem andando comigo até a faculdade.
Um sorriso diabólico se insinuou em meus lábios.

 ─Sim. Obrigada, Mathew.

 Ele sorriu malicioso e piscou, retornando ao seu jeito da boate, e mordeu o


lábio inferior, abrindo a porta até a metade, vendo minhas amigas e revelando
apenas o suficiente de si para que pudessem ter uma boa visão dele.

 Apoiou seu braço na porta. ─ Olá, de novo. – ele sorriu para elas e falou
com sua voz sedutoramente rouca.

 Eu estava tentando não cair na gargalhada da minha cadeira, desejando


que eu pudesse ver seus rostos. Eu não havia contado que ele estaria aqui
hoje, seria um completo choque para elas ver Mathew seminu, atendendo a
minha porta. Eu só ouvia um par de vozes arfantes e muito ofegantes no
corredor.
 ─ Esse é o apartamento… certo, sim, Sky está aqui? – escutei Riley se
atrapalhando nas palavras.

 Ah, ótimo. A pobre Riley pensou por um segundo que ela tivesse batido no
apartamento errado. Eu só moro aqui há três anos!

 ─Bem, sim, mas ela está muito cansada. – a voz de Mathew era tipo, sexo
derretido. ─ E eu não tenho certeza se terminei com ela o que estava
fazendo.

 Que diabinho.

 Corri para a porta antes que ele dissesse as minhas amigas que eu não ia
para a aula hoje. Eu preciso ir, eu tinha que ter uma pequena trégua de
Mathew, ele estava me descontrolando já, com muita habilidade.

 A faculdade seria o único lugar em que eu poderia clarear a minha mente e


conversar com minhas amigas sobre o que diabos eu deveria fazer. Oh Deus,
este acordo que eu fiz. Quando chegasse em casa mais tarde, seria a sua vez
de estar no comando de nossas atividades. O que foi que eu fiz?

 ─Olá, meninas. – agarrei a maçaneta e abri a porta totalmente,


observando Mathew rindo para mim e se afastando.

  Elas sempre ficavam um tempinho para conversar primeiro, antes que


tivéssemos de ir.

 ─Uh, oi, Sky.  – Julie disse, sua voz entrando no modo “paquera” enquanto
as duas entravam.

 Mathew estava na cozinha, pegando nossos pratos e garfos sujos,


começando a lavar a louça, sem uma palavra. Jesus, isso é sexy. Um homem
lavando a louça sem ser pedido. E com aquele peito exposto… eu gostaria que
ele se molhasse e ficasse cheio de sabão por acidente. Quase tinha esquecido
que as minhas amigas estavam aqui até que Riley começou a falar.

─ Ei, Julie.- sentei em um banco no balcão da cozinha, não querendo perder


de vista a minha máquina de lavar louça novinha em folha.

 Riley deu a volta até o meu lado do balcão, escondendo-se da visão de


Mathew e bateu no meu braço com força, sua boca formando uma palavra:
─WOW!

 Suas mãos estavam descontroladas em volta da cabeça, gritando


silenciosamente para mim e eu dei uma risadinha nervosa para ela.

 Julie estava fitando Mathew também, especialmente a região da virilha


dele, se eu pudesse julgar pelo movimento dos seus olhos abaixando.
 Tenho certeza que ele percebeu toda a ‘conversa muda’ acontecendo,
porém ele não agiu de forma estranha em nenhum momento. Ele veio em
nossa direção, no outro lado do balcão,  um pano de prato pousando sobre um
ombro.

 ─Gostariam de alguma coisa para comer ou beber? eu posso preparar algo


bem rápido se quiserem.

 Ele olhou para mim e minhas duas amigas, à espera de uma resposta. Este
homem vai realmente me mimar feito uma criancinha.

Julie sorriu para ele como se seu marido estivesse retornando  da guerra


agora. Dei um chute no seu tornozelo, tipo, acorda!

 ─Oh, não, estou bem. – ela  se endireitou, parecendo nervosa.

 ─Não, obrigado. – Riley  notou ele sorrindo para ela.  ─Eu já comi.

 ─Bem, se vocês mudarem de idéia, basta assobiar. - piscou e voltou para o


canto do cômodo, fora de vista, a água escorrendo novamente enquanto ele
lavava a frigideira.

 Ele estava cantarolando para si mesmo baixinho, não se intrometendo em


nossa conversa silenciosa. A melodia era linda, sem mencionar sua profunda
voz erótica.

 Riley fez um círculo em torno de nós três com o dedo e apontou para a
porta. Ela queria me repreender ou me parabenizar do lado de fora, ao que
parecia. Concordei com a cabeça e fui pegar meu material, levando o meu
bloquinho comigo. Peguei minha bolsa e separei a chave da porta do meu
chaveiro.

 Gesticulei para que elas saíssem primeiro, acenando com a mão para  fora.
Elas começaram a caminhar para a área da cozinha, na minha frente, sendo
extremamente meigas agora que estavam na linha de visão de Mathew.

 ─Mathew, nós estamos indo para a faculdade. – falei  um pouco alto. A
água parou de cair e quando entrei na cozinha ele estava caminhando em
nossa direção, secando as mãos perfeitas na toalha sortuda que estava
estendida em seu ombro nu a um momento atrás.

 ─Foi bom ver vocês duas novamente. – ele  sorriu para as meninas,
colocando as mãos nos quadris.  ─Da próxima vez você precisam ficar mais
tempo.

 Charmoso. Cara, ele é bom.

 Ambas riram feito bobas e se atrapalharam na porta. Aparentemente elas


tinham esquecido como usar uma maçaneta enquanto estavam na presença de
Mathew. Ele fez o papel do perfeito cavalheiro.
 ─Permitam-me, por favor. – abriu  a porta para elas, ficando atrás dela.

 Ele deve pensar que as mulheres são todas retardadas se é assim que elas
agem quando ele fala com elas.

 Julie e Riley passaram pela porta, ficando paradas no corredor esperando


por mim, enquanto eu estava na frente de Mathew, o entregando a chave.

 ─Esta é a chave da casa no caso de você querer sair. – comecei.  ─Eu


tenho outra, então você pode usá-la durante todo o tempo em que estiver
aqui.

 ─Certo. - ele tinha um olhar afável em seu rosto enquanto me ouvia


atentamente, pegando a chave e a empurrando para o bolso da frente do
jeans.

 ─E… sinta-se em casa. – repeti, verdadeiramente querendo que ele se


sentisse à vontade aqui.

 Da forma como ele tinha se deitado no sofá,  talvez eu estivesse


preocupada com isso sem necessidade.

 ─Faça o que quiser. – fiz  um gesto com a mão em torno do apartamento,


não sei por que, e deixei o braço cair ao meu lado. ─Eu estarei em casa por
volta das quatro,se tiver alguma coisa em especial de que você precise,
comida orgânica… me faça uma lista e eu vou buscá-las para você.

 O que mais? Eu senti como se estivesse deixando uma criança pequena


sozinha aqui durante o dia todo. Eu tinha que parar com isso. Ele é um
homem, mais velho do que eu, até! Ele não é retardado mental, ele vai ficar
bem. Pode parar com isto já.

 O canto da sua boca ergueu um pouquinho enquanto eu tagarelava. Eu


estava divertindo ele.

 ─E eu deixei o número do meu celular no bloco ao lado do telefone, se você


precisar me ligar. – avisei. Aham, isso vai acontecer.

 ─Vai ficar tudo bem, Skylar. – me garantiu. ─ Não se preocupe.

 Ele abaixou a voz, assim só eu e ele podíamos ouvir agora e se curvou,


perto do meu ouvido, acrescentando. ─ Eu sei que você adora se preocupar,
mas não precisa. Uma coisa que eu vou te ensinar é como relaxar.

 Ele se endireitou e me deu aquele sorriso torto maravilhoso.

 ─ok, então. – eu não conseguia pensar em uma resposta certa para aquilo.
─Vejo… você às quatro.

 Ele ficou ali parado, o sorriso largo para mim, não dizendo nada.
 ─Tchau, Mathew. – senti  meus olhos um pouco úmidos, sem ter certeza do
por quê. Lá no fundo, eu me perguntei se ele estaria aqui quando eu chegasse
em casa. Ele estava me enganando? talvez ele não tenha gostado das minhas
perguntas agora a pouco e não quisesse ficar mais aqui. Talvez…

 Eu estava andando para a porta, a mochila enroscada no meu ombro.

 ─ Skylar. – ele disse,  um pouco alto, mas não irritado, apenas agindo
como se eu tivesse esquecido alguma coisa.

 ─Sim? – parei  e virei para ele.

Julie e Riley estavam de pé no lado de fora, os olhos colados em nós.

 ─Vem cá. – disse de forma sedutora.

 Cheguei mais perto dele, sentindo meu sangue acelerar e meu coração
batendo fora do meu peito, imaginando se ele queria o que eu acho que
queria. Eu ainda não estava acostumada com isso, ter a atenção de um
homem tão delicioso. Ou de qualquer outro homem, para falar a verdade.

 ─Com licença, senhoritas. – Mathew  ainda agia adequadamente, fechando


a porta um pouquinho, para nos esconder da visão delas por um instante.

 Dei uma olhada de relance enquanto a porta fechava as duas, e depois


olhei para os alegres olhos castanhos dele.

 ─Você continua tentando escapar de mim sem me dar um beijo de


despedida. Eu não gosto disso. – ele  meio que sussurrou, aparentando mágoa
ao agarrar com força os meus braços e ergue-los um pouco, levando a minha
boca até a sua aberta e faminta.

 O beijo foi um tanto agressivo, porém incrível! seus lábios tinham de ser o
par mais macio, quente e umedecido dos Estados Unidos. Não conseguia me
cansar. O leve sabor da Omelete do Mathew e do bacon, misturado com aquele
gostinho de hortelã dançava em minha boca enquanto eu correspondia ao
beijo, tentando retribuir sua energia e entusiasmo.

 Tenho certeza de que elas podiam ouvir nossos sons de beijos lá de fora,
mas eu as deixei de lado outra vez. O mundo inteiro agora era somente ele e
eu.

 Sem aviso, ele soltou meus braços e meu corpo desceu um pouco, minha
boca deixando a dele cedo demais.

 ─Vá aprender alguma coisa. – ele  abriu totalmente a porta para mim e
descansou a bochecha contra a borda dela, sorrindo como se eu fosse a garota
mais bonita que ele já tinha visto.
 Vovó, obrigada pela sua herança. Eu não tinha idéia que o dinheiro poderia
comprar algo como ISSO, mas eu estava muito satisfeita com a minha
aquisição até o momento. E esse foi só o primeiro dia!

 Ao mesmo tempo eu odiava pensar em Mathew dessa maneira. Sou tão
ruim quanto aquelas vadias que o machucavam e faziam ele se ajoelhar pelado
na porta quando chegavam em casa. Eu realmente tenho partes obscuras
dentro de mim. Sempre soube disso, mas com Mathew aqui fiquei mais ciente
desse fato.

 Curiosamente, eu fico tão irritada quando penso em alguém se


aproveitando ou ferindo ele. Faria uma anotação disso mais tarde, decidi.

 ─Alguma instrução para mim antes de sair? – indagou, o sorriso


maravilhosamente sexy ainda no rosto. Suas expressões parecem tão
verdadeiras, de modo algum fingidas.

 Ele é um ator muito bom, eu tenho que lhe dar o crédito.

 ─ Não. – corei  um pouco, imaginando ele nu e de joelhos diante de mim. ─


Só… faça o que  desejar.

 Por que continuo repetindo? eu preciso ir.

 ─Como você quiser. - sua voz fez os dedos dos meus pés formigarem.

 ─Tchau. - fiquei vermelha feito uma menina de cinco anos de idade.

 ─Tchau. – ele  fez a sua melhor voz de menino de cinco anos de idade.

 Me obriguei a andar e não olhar para trás. Não ouvi a porta fechar até eu
estar descendo as escadas, em direção à porta da frente que dava para o lado
de fora do prédio.Ele ficou me observando partir? ai Jesus, ele estava olhando
para minha bunda, não estava?

 Lá vem.

 ─ Puta merda, Sky! – Riley tomou a frente enquanto descíamos os degraus


para a tarde brilhante e quente, a calçada da movimentada cidade lotada de
pedestres e lojas.

 ─O que ele está fazendo lá, lavando os seus pratos? - Julie se intrometeu,
aos berros.─Você dormiu com ele ontem à noite?

 ─NÃO! – protestei, andando rapidamente, segurando a alça da minha bolsa


de forma protetora. ─Ele começou hoje de manhã.

 ─Oh, ele começou, huh? - Riley brincou, dando risadas com a sua mente
podre e caminhando ao meu lado.
 Fiz uma careta para ela. ─Não nesse sentido, idiota! Ele chegou  hoje de
manhã. Ele concordou em ser o meu voluntário e tivemos uma entrevista
pouco antes de vocês chegarem.

 ─Ele faz entrevistas sem camisa? - Julie entortou os olhos para mim.
─Então, por que ele disse que você estava cansada e que ainda não
tinha terminado  com você?

 ─Ugh! - revirei os olhos. ─Ele estava tirando uma com a cara de vocês! Ele
gosta disso. É o jeito dele.

 ─Oh,olha, ela já conhece ele! - Riley riu.  ─Isso é tão fofo!

 ─Ele estava beijando você! – Julie lembrou. ─Nós duas ouvimos. Ou você
vai nos dizer que ele estava apenas te dando algum oxigênio para as próximas
três horas no caso de você ficar sem?

 ─Talvez ele estivesse verificando os dentes dela com a língua! – Riley


disparou aos risos.

 ─Meninas, vocês são tão nojentas! – olhei  para os dois lados e atravessei
a rua, correndo quando os carros começaram a se mover em nossa direção.

 Conseguimos chegar ao outro lado com vida, sem nem sequer pensar duas
vezes sobre isso, e a conversa ainda rolando.

 ─Nós não te culpamos, Sky. - Riley disse quando começamos a subir a


pacata rua para o campus.  ─Ele é muito gostoso e legal, mas a senhorita foi a
única a dizer que não se deve namorar um stripper. Oh meu Deus, seu pai
absolutamente te comeria viva!

 Julie soltou uma gargalhada. ─Eu iria ADORAR ver esse jantar acontecer.

 ─Nós não estamos namorando. – estava  preparada para confessar, só


para elas. ─Venham aqui. – fiz  um gesto com a cabeça, andando para trás de
um edifício que era calmo e privado.

 Elas estavam bem ao meu lado, eu me curvei e disse em voz baixa.

 ─Vocês tem que jurar por Deus que não vão contar para ninguém o que eu
vou dizer a vocês.

 ─Nós juramos! - A língua de Riley estava no chão.

 ─Julie. – olhei  para ela severamente.

 ─Sim, eu juro. – ela  parecia irritada, porém interessada.

 ─Ok. – respirei. ─Eu o paguei. Para morar no meu apartamento comigo e


ser o meu voluntário pelas próximas duas semanas.
 E para ser o meu brinquedinho.Mas eu não contei essa parte.

 ─Ai Jesus!  - as duas disseram em um coro.

 ─Não brinca! – Julie  parecia um tanto impressionada agora e quis saber.


─Quanto?

 ─Minha herança. - admiti, olhando para baixo por um segundo.

 ─Vinte MIL dólares?! – Riley  praticamente berrou.

 ─Quer calar a boca? – estremeci , olhando a nossa volta.

 ─Espera. – Julie  levantou a mão. ─Só para responder a algumas de suas


perguntas ele está te cobrando vinte mil dólares? você está entrando em uma
furada.

 Riley gritou agora. ─Você deveria ter chamado a gente para ajudá-la a
selar o acordo. Isso é revoltante, Sky.

 ─Bem, no final das contas… – engoli em seco, mordendo meu lábio inferior.
─Ele pensa que eu estou contratando ele para outra coisa, acho que não
expliquei direito, ou ele não me ouviu bem por causa da música ou algo
assim… mas… ele acha que o contratei para… sexo.

 Os queixos delas caíram em sincronia e eu me encolhi, esperando pelo que


elas diriam em seguida.

 ─Gente, digam alguma coisa! - finalmente ordenei.  ─Eu meio que


combinei com ele esta manhã. Ele sabe agora que é o tema para a minha tese,
mas também, ele ainda acha que ele é o meu… brinquedinho.

 ─ BRINQUEDINHO? – Julie estava vermelha.

 ─É assim que ele se chama. – murmurei  tristemente, sentindo o meu


estômago afundar novamente, lembrando do sofrimento que ele contou que
havia passado nas mãos das mulheres.

 Não é de se admirar que ele não consiga confiar em nós e sinta tanto medo
de se expor para mim.

 Ambas estavam rindo e eu me enfureci de imediato.

 ─Não riam! – gritei.  ─Não se atrevam  a rir dele!

 ─Eu não estou rindo dele, eu estou rindo de você! - Julie salientou. ─Você
está muito encrencada.

 ─Eu sei.
 ─O que você está planejando fazer? – ela  perguntou mais. ─Dormir com
ele?

 ─Não. - falei, e depois. ─Eu não  sei!

 Agarrei meu longo cabelo e puxei, minhas emoções me dominando. Senti


lágrimas queimando meus olhos.

 ─Bem, se você fizer isso, é melhor usar camisinha! -Riley disse. ─ A


caminho de casa é melhor comprar algumas. Grandes.

 ─Ela ainda nem sabe como comprar camisinhas. – Julie  fulminou Riley, em
seguida olhou para mim.  ─Nós vamos ajudar você, Sky. Mas entenda isso,
você não tem nenhuma experiência de verdade nisso, você não faz idéia do
que está fazendo.

 ─Pois é, então, talvez ele possa me ensinar algumas coisas. - disse,


revelando que talvez eu quisesse brincar com Mathew um pouquinho.

 Na verdade, muito.

 ─Ai meu Cristo, você VAI dormir com ele. - Riley cobriu a boca com as
duas mãos.

─SKYLAR. - Os olhos de Julie se iluminaram. ─Nós podemos brincar com ele


também?

 Riley pulou, dando gritos agudos enquanto Julie estava  dizendo para calar
a boca, assim ela poderia receber a minha permissão.

 ─Não, não e não. - Contrai os músculos. ─ Eu não acho que essa seja uma
boa idéia. Eu não quero pedir a ele para fazer… esses tipos de coisas.

 ─Oh, ele faria. - ela amarrou a cara para mim, agora frustrada. ─Qual é,
você pode perguntar para ele pelo menos.

 ─Nós temos que ir, vamos chegar atrasadas! - eu me esquivei de suas


perguntas e fugi para a aula, ouvindo elas se arrastarem atrás de mim,
implorando por uma chance.

Capítulo 4 
 Mathew POV

 Após Skylar sair, olhei em volta a procura de coisas que eu poderia fazer
para ela. O lugar já estava incrivelmente limpo, ela deve ter feito isso para
mim. Que garota fofa.

 Eu já gostava muito dela. Ela é tímida e esperta demais para o seu próprio
bem. Isso deve fazer com que os caras mantenham distância, a maioria dos
homens se sentem intimidados por isso. Não eu. Eu via Skylar como um botão
de rosa, bem fechado. Linda, pura, inexperiente…parte de mim se sentia mau
até mesmo por aceitar esse emprego. Eu não queria arruiná-la ou corrompê-la
comigo. Mas eu queria libertar ela, fazer a rosa desabrochar e abrir…
lentamente… delicadamente… cuidadosamente.

 Ela, de forma muito animadora, é tão diferente da maioria das mulheres


que conheço.

 Universitária. Assim como ela, minha garota. Além disso, inteligente, toda


ligada em livros e estudo.E corava, também. Minha menina costumava corar.
Não do mesmo jeito que Skylar, mas lembrava.

 Skylar me pediu para dizer o nome dela hoje e eu não consegui. Eu queria,
mas minha garganta iria travar. Eu nunca falei sobre isso com alguém, nunca
mesmo. O quão estranho é isso, essa garota me comprar por duas semanas e
querer que eu despeje todos os problemas do meu passado? Talvez isso não
seja uma coincidência. Eu queria acreditar que em algum lugar, lá em cima,
alguém pudesse ter enviado ela para mim por uma razão, para me ajudar,
para tentar chegar a mim.

 Mas, não existe nenhum “lá em cima” e não há ninguém que se preocupe
com o meu sofrimento ou futuro. Se houvesse, onde eles tinham estado esse
tempo todo? Se eles quisessem me ajudar agora, estariam atrasados pra
cacete.

 Verifiquei a hora. 13:00h. Eu tinha que dar o meu telefonema às 15:00h,


então eu tenho um tempinho. Já tinha ligado para Claire e dito que eu não
conseguiria me apresentar hoje na boate.

 Esta noite era de Skylar, nossa primeira noite juntos.

 Ela ficou tão apavorada hoje de manhã quando tirei a minha camisa.
Coitadinha. Eu teria que ser menos afoito que o normal com essa. Soube disso
nesse momento. Eu não me importo, seria uma boa mudança ir com calma,
seduzi-la, sem precipitação. Eu não conseguia me lembrar da última vez em
que tive que ir devagar com uma mulher.
 Há muito a se considerar em ir com calma. A maioria das mulheres para
quem eu trabalhava não percebia isso, mas se feita corretamente, elevando a
antecipação e o mistério, a  sensualidade de explorar e conquistar pequenos
progressos primeiro me excitava bastante. Quanto mais tempo eu tivesse que
esperar Skylar, mais eu iria desejá-la e aproveitar quando eu finalmente
conseguisse tê-la.

 Ela tinha me contado que não era virgem, mas, também disse que fez isso
uma única vez e por… 33 segundos? Era uma piada? Pareceu sério quando
disse. Se isto fosse verdade, então ela não havia feito amor, ou sexo, um dos
dois. Não sexo de qualidade, de qualquer forma.

Sendo assim, decidi que a trataria como se ainda fosse virgem. Ela merecia
começar tudo de novo. Eu poderia ser a sua primeira vez de verdade.

 Eu tenho sido pago por mães para dar às suas filhas a primeira vez delas.
Essa parte era sempre um pouco estranha até mesmo para mim, mas na
maioria dessas vezes eu tinha apenas prestado serviço às mães e agradado-as
tanto que elas queriam me dar como um presente para as filhas. Nenhuma
garota abaixo dos 18 anos, no entanto. Eu ainda tenho algumas regras que
não havia quebrado por mim mesmo.

 As filhas nunca descobriam que eu havia sido pago para ficar com elas. Eu
tinha que interpretar a parte do cara que elas esbarravam na loja, ou marcava
um encontro com elas, o filho de uma colega de trabalho da sua mãe, qualquer
história que me envolvesse na vida delas de alguma maneira.

 Me contratar para suas filhas era a o jeito delas de garantir sexo seguro,
que eu sempre pratico, e às vezes desligá-las de algum namorado idiota que
não as tratavam corretamente. E, além disso, para proporcioná-las uma
maravilhosa primeira experiência.

 Consequentemente, eu teria que ter uma conversa muito delicada com a


garota e inventar alguma desculpa do por que eu não poderia vê-la mais. Eu
podia sempre dizer algo como, eu moro em Cancun ou Havaí e tenho que
voltar para casa agora. Eu tinha um milhão de razões decentes que não as
machucariam e me tiraria de suas vidas rapidamente. Porém, isso sempre me
perturbava, mesmo dias e semanas mais tarde. Sempre me sentia como se
tivesse magoado elas no final das contas.

 Mas o ponto é, eu sei como ser gentil, agradável e manso. Isso me fazia
mais feliz do que algumas das coisas brutais que eu já fiz com as mulheres.

 Então, assim é como eu começaria com Skylar. E depois, se ela desejasse


explorar aquelas fantasias mais obscuras, eu também toparia. Posso ser o
anjo… e posso ser o diabo.

 Corri para o banco e fiz o depósito do dinheiro que ela tinha me dado,
passando por alguns estabelecimentos com boa comida para obter
mantimentos para o jantar, e peguei algumas coisas na minha casa que eu
precisaria para hoje à noite.

 Retornei ao apartamento dela  no momento exato de dar o meu telefonema


diário e tudo correu bem a este respeito.

 Examinei meus compromissos para amanhã e vi que eu tinha uma festa de


despedida de solteira para me apresentar, apenas por cerca de 2 horas em
uma residência particular. Perguntaria à Skylar mais tarde se ela realmente
queria ir comigo nesses trabalhos.

 Folheando a página para quarta-feira, estava agendado:

Meio dia; Entrega de Pizza; Paige.

 Skylar não pode ir a esse trabalho. Talvez ela tivesse aula nesse dia. Eu
esperava.

 Nada na quinta, ótimo.

 Sexta à noite eu teria que estar na Fire. As sextas eram as grandes noites
lá e Skylar poderia ir com suas amigas se quisesse.

 Em seguida virei a página e enxerguei:

Sábado; 13:00h;   Raven.

Porra.

Raven não era o nome dela de verdade, eu nunca soube seu verdadeiro
nome, mas sábado seria um dia difícil para mim. Eu iria ter que inventar
alguma coisa, assim Skylar não me acompanharia nesse.

 No domingo constava: 

Filme; 16:00h; Jackie.

  Essa é difícil de saber. Eu não tenho certeza se Skylar gostaria de me ver


gravando minha participação em um filme pornô de baixo orçamento. Talvez
eu pudesse tentar cancelar ou mudá-lo para depois que o meu tempo com ela
tivesse acabado.

 Coloquei a minha agenda de lado e comecei a preparar as coisas para


quando a minha Skylar chegasse em casa. Apostei em camarão refogado em
alho e óleo. Quase escolhi vinho, mas achei melhor não. Observando a
geladeira dela eu poderia ver que ela geralmente não bebe, só havia Coca-Cola
e sucos ali. E também, não queria fazê-la pensar que eu estava enchendo-a
de  vinho para seduzi-la mais facilmente.
 Desejava que esta noite fosse reservada para toque… conversa… conhecer
um ao outro, para quebrar o gelo um pouco. Eu não tinha nenhuma intenção
de transar com ela ainda. Nós temos tempo. Bastante tempo.

 Eu tinha colocado uns bons óleos de massagem que havia trazido da minha
casa em uma pequena vasilha de água quente, aquecendo bem. Encontrei
umas toalhas legais dela e depositei algumas na cesta perto da cama. E sim,
eu espalhei pétalas de rosa sobre o colchão, algumas das minhas velas
rodeando o quarto.

 Eu até mesmo pus uma lâmpada rosa na luminária do quarto dela para
criar uma iluminação suave. Meu Ipod estava instalado no cômodo, uma
playlist completa já configurada para tocar músicas leves e sensuais, perfeitas
para relaxar. Eu havia criado aqui o paraíso de uma garota e estava muito
orgulhoso de mim mesmo quando terminei.

 O sol ainda estava lá fora, mas na hora em que terminássemos o jantar


estaria começando a escurecer. Então eu poderia me focar em fazer  Skylar
feliz. Eu vestia uma calça jeans preta e estava sem camisa, conforme minha
regra foi sentenciada, quando a ouvi subindo as escadas. Esperava que ela
estivesse sozinha. Meus pés estavam sempre descalços dentro de casa e até
fora, às vezes. Eu odiava sapatos.

 Pela décima vez, eu me olhei no espelho de corpo inteiro atrás da porta do


banheiro. O cabelo continuava apontando para todas as direções, porém não
tão bagunçado. Barba bem feita, nenhum vestígio de pêlo em meu rosto, os
dentes bonitos e brancos, e o hálito com aroma de canela. Cada coisa na mais
perfeita condição que eu poderia conseguir. Gostaria de poder apagar essa
maldita marca de mordida no meu traseiro. Ainda estava lá. Mas eu não podia
mudar isso no momento.

 Fui até o fogão e mexi minha comida um pouco mais, esperando que ela
pudesse sentir o cheiro no corredor.

 Abri a porta antes que ela a alcançasse, a surpreendendo. Ela estava


sozinha.

 Sorri calorosamente para ela, não querendo deixá-la mais tensa.

 ─Olá, Dra. Skylar. – a  recebi, desejando ver o seu sorriso. Debrucei-me e


lhe dei um leve selinho.

 Ela sorriu para mim e deu uma risadinha à medida que eu ia para trás,
deixando que entrasse. Parecia mais nervosa agora do que hoje de manhã. Eu
iria tirá-la de seu sofrimento em poucos minutos, mas ainda não. Gostava de
vê-la se contorcer um pouquinho.

 Gentilmente fechei a porta enquanto ela entrava na cozinha.


 ─Estava com tanto medo de que você estivesse de joelhos quando eu
entrasse. ─ Skylar  admitiu, em seguida viu a comida.  ─Oh Deus, isso tem um
cheiro incrível! Eu senti o cheiro disso do andar de baixo, mas não pensei… que
estivesse vindo do meu  apartamento.

 ─Estou ofendido. - falei. ─Eu te disse que sou um bom brinquedinho. Você
duvidou de mim?

 Dei outro beijo lento nela, tirando a mochila de seu ombro, colocando-a no
canto da sala.

 ─E não vou ficar de joelhos até que você me diga para ficar. –informei. ─A
única regra que você me deu está sendo obedecida.

 ─Percebi isso e fico contente. – ela disse. ─Eu odiaria ter que puni-lo.

 Ela corou outra vez enquanto eu ria e estendia uma toalha de mesa no
chão da sala.

Skylar tem um grande potencial. Um botão de rosa morrendo de vontade


de florescer e mostrar todas as suas maravilhas.

 ─Vamos jantar aqui embaixo esta noite. – avisei. ─Eu irei pôr a mesa, não
se preocupe.

 Comecei a servir comida nos pratos e pegar os talheres de prata. Alinhei


tudo na toalha no chão. Isto seria muito mais agradável, assistir pela janela o
sol se pôr ao invés de se debruçar sobre o pequeno balcão sentado na
banqueta. Ela parecia muito satisfeita com minha idéia e lhe ofereci um lugar à
minha frente, conforme sentava no chão, minhas costas descansando no sofá
atrás de mim.

 A música estava tocando ao fundo de forma muito serena, assim


poderíamos conversar.

 Skylar sentou-se no estilo indiano; e eu tinha as pernas esticadas diante de


mim, meus pés cruzados.

 Nós começamos a comer e ela confessou.

─Eu amo camarão. É o meu preferido. Muito obrigada por fazer tudo isso.
Não precisava, você sabe.

 ─Quietinha. – a parei. ─Eu quis fazer. Agora, coma.

 ─Sim, senhor. – fez graça, dando uma bocada no seu garfo.

 ─ gostei disso. Diga de novo. – provoquei um pouco e ela riu, cobrindo a


boca.
 ─Skylar, posso dizer uma coisa antes de irmos mais longe? – perguntei
educadamente, querendo deixar sua cabecinha tranqüila.

 Ela aparentava estar muito rígida e nervosa. E agora que perguntei isto ela
me fitava, congelada.

 ─Claro. – respondeu, já tensa.

 ─Após conversarmos mais cedo, - comecei, sorrindo com simpatia. ─ Eu


percebi que tudo isso é muito novo para você, como você disse. Sendo assim,
eu preciso que você saiba. Eu tenho algumas coisas planejadas para esta
noite, mas não tem nada a ver com sexo. Quero que a gente vá com calma e
conheça o outro. Eu quero te tocar e quero que você me toque. Eu quero
conversar com você e te beijar. Quero te abraçar e massagear cada polegada
sua e depois quero que você me massageie. E, quero que a gente adormeça
juntos, enroscados um no outro. No entanto, não irei te pressionar a transar
comigo hoje à noite. Quero que você me diga quando me quiser. E então, eu
ficarei feliz em te servir. Não quero que você fique nervosa ou com medo de
mim. Isso tudo parece bom para você?

 Ela ergueu o olhar até mim e havia lágrimas nos seus olhos. Eu não me
mexi. Por alguns segundos ela ficou em silêncio, e então exalou um longo
fôlego.

 Sua voz estava instável, mas ela disse. ─Parece perfeito.

 E abriu aquele sorriso incrível que eu nunca tinha visto nela antes. Ela
gostou do meu plano para esta noite. Eu estava tão aliviado e satisfeito por tê-
la interpretado corretamente. Ela era muito difícil de ler. E este era um
momento importante para eu ter feito isso certo.

 Ela estava contente comigo. Senti meu peito desprender e relaxar.

 Dei um grande sorriso em retorno, animado com o que a noite estaria nos
reservando. Quase excitado demais para terminar de comer.

 Depois de ela dar a última mordida no camarão e o pão ser uma fraca
lembrança, eu juntei toda a louça, deixando de molho na pia até amanhã.
Quando retornei alguns minutos depois, estiquei minhas mãos para ela.

 Ela olhou para cima com timidez e me entregou as mãos. Eu a coloquei de


pé e perguntei.

 ─Posso beijar você, Skylar?

 Ela dava a impressão de estar muito mais relaxada agora, depois de eu ter
feito a minha declaração mais cedo.

 Assentindo para mim, corou um pouquinho.


 Eu a beijei lentamente, não sendo tão rude como às vezes eu tendia a ser.
Plantei muitos beijinhos na boca dela e os seus lábios estavam reagindo aos
meus em igualdade.

 Bem devagar, comecei a dançar com ela, meus pés a girando muito
vagarosamente em um pequeno círculo.

 ─Eu sou seu, Skylar… – fechei meus olhos e sussurrei. ─Não existe errado
para nós. Qualquer coisa que você desejar… você terá. Jamais tenha medo de
mim. Eu nunca irei te negar… nada.

 Seus olhos também estavam fechados agora, e ela deixou que minhas
palavras flutuassem em seus ouvidos, não respondendo ainda.

 Esperei mais alguns minutos e então perguntei.

─Você gostaria de tomar um banho comigo?

 Ela sorriu para mim e eu soube que sua resposta era sim.

 ─Venha, Skylar. - a conduzi até o banheiro, apoiando minhas costas na


porta e mordendo meu lábio inferior enquanto mantinha os olhos em seu rosto
inocente.

 Ao entrarmos ela me instruiu como operar a água e o regulador para


aumentar a ducha. Seu box tinha portas transparentes, um vidro embaçado,
então ninguém olhando do lado de fora conseguiria ver algum detalhe de quem
estivesse tomando banho.

 A água do chuveiro caía quente atrás de nós; eu adotei um sorrisinho


indecente quando comecei a despir a minha Skylar.

 Ela parecia um pouco amedrontada, porém tentou esconder. A beijei


novamente para acalmá-la e sussurrei. ─Não tenha medo, Skylar. – fui sincero
no que disse. ─ Irei devagar.

 ─Obrigada, Mathew. – ela me beijou de volta, soando mais corajosa dessa


vez, as mãos subiram e agarraram a parte de trás do meu cabelo, os beijos
intensificando em desejo.

 ─Não há de quê. – tentei dizer em meio a seus longos beijos, meus dedos
lentamente movendo o suéter verde dela até o estômago, indo com calma. Ela
soltou um pequeno gemido que me pareceu de prazer. Subi a blusa, passando-
a pelos seus seios, um sutiã branco os unindo lindamente no formato de um
coração.

 Finalmente, puxei o suéter por cima da sua cabeça, deixando que os braços
dela deslizassem para fora das mangas enquanto o tirava completamente do
seu corpo, colocando no balcão atrás de mim.
 ─Você é tão deslumbrante, Skylar. – disse, ainda beijando-a, ofegante
conforme eu tentava agora acompanhar os seus beijos agressivos.

 Ela teria que parar com isto se não quisesse que eu a possuísse ali no
chuveiro mesmo.

 ─Você não deveria se esconder sob suéteres. – acrescentei, afastando os


meus lábios da sua boca faminta, movendo eles para os ombros dela,
beijando-os suavemente à medida que abaixava as alças do sutiã e
desabotoava ele em suas costas, não encontrando nenhum problema nisso.

 Ela deu outro gemido sexy quando o sutiã caiu no chão. Eu levei o meu
tempo e beijei seu curto pescoço, ficando de joelhos enquanto eu postava
beijos em cada centímetro dela. Não fui direto para os seus seios, como a
maioria dos homens provavelmente faria.

 Chegaria lá aos poucos.

 Circulei seus pulsos com minhas mãos, segurando eles a seu lado, quase
em uma maneira restrita, para mantê-la parada enquanto eu percorria cada
forma, dos ombros ao seu umbigo, minha língua lambendo o interior do
furinho, ganhando mais suspiros de prazer dela.

 Voltaria a isso mais tarde, porque agora eu a queria no chuveiro comigo.


Desabotoei seus jeans enquanto estava de joelhos na frente dela, abrindo o
zíper e gentilmente puxando-os até os seus tornozelos, e depois sua calcinha,
também.

 Fiquei de pé e segurei sua mão, ela tirou seus pés do meio das peças de
roupa, agora completamente nua para mim. Meus olhos gostaram do que
viram e rapidamente me livrei dos meus próprios jeans, eu não estava
vestindo nenhuma peça íntima.

 Ela entrou no chuveiro primeiro, comigo bem atrás. Eu amava o leve calor
da água quente sobre minha pele e corri meus dedos através de seus longos
cabelos dourados, observando a água encharcá-los e amaciá-los, em pouco
tempo deixando o cabelo liso de volta e quase escuro. Eu beijei seu queixo e
boca, o nariz, as pálpebras fechadas, a testa, suas bochechas. A deixei
permanecer debaixo da ducha aquecida enquanto eu estremecia um pouco fora
do alcance da água.

 Eu estava venerando minha menina, cultuando-a em todos os lugares, não


deixando de lado nem a mais insignificante área.

 Levei minhas mãos até seu pescoço e então mais abaixo, acariciando seus
seios de maneira suave enquanto ela deixava a boca abrir levemente, sua
respiração pesada e acelerada, aproveitando os efeitos da água, dedos e
palmas… massageando delicadamente, sem apalpar.
 ─Qual é a sensação disso, Skylar? – perguntei num murmúrio, dessa vez o
meu próprio cabelo ficando molhado.

 ─Céus. – ela ofegou. ─ Incrível. Não pare, por favor…

 ─Seu desejo é uma ordem. - ronronei de brincadeira, percorrendo as mãos


por suas costelas, encontrando as nádegas; as apertei de leve, fazendo
círculos com as palmas.

 ─Eu posso tocá-la… Skylar? – posicionei  minha mão com cautela entre
suas pernas, roçando de forma extremamente gentil, não fazendo nenhuma
menção de inserir os dedos ainda.

 ─Sim, Mathew. – me lançou um breve olhar, fechando os olhos outra vez.

 Acariciei sua intimidade, movendo meus dedos suavemente ao seu redor.

 ─Eu quero te dar banho.- disse a  ela sem hesitação, pegando uma das
esponjas da banheira e derramando um pouco da sua loção de banho nela.

 Ela tremeu um pouquinho quando comecei, virando suas costas para mim e
colocando o cabelo molhado dela para o lado. Eu beijei a pele de suas costas,
ensaboando em grandes círculos com a esponja depois de cada beijo, minha
outra mão tirando a espuma do seu corpo delicadamente. Sua voz zumbiu em
resposta, me informando que eu estava no caminho certo.

 Usei a minha mão para escorregar as bolhas no delicado bumbum,


resistindo à urgência de deslizar meus dedos para dentro da abertura que
havia ali. Não, eu não queria assustar a minha deusa. Eu estava aqui para
servi-la, não me  servir.

 Ajoelhando-me, ensaboei sem pressa suas pernas macias e reluzentes.

 Hmm, alguém havia se depilado recentemente, sorri para mim mesmo.

 Girei suas pernas devagar, assim ela estava de frente para mim agora, e
continuei a ensaboar com a mão direita.

 Eu ergui cada pé cuidadosamente, deixando que ela segurasse em meus


ombros para se apoiar enquanto eu lavava seus pés, adorando os seus dedos
pequenos. Me inclinei e beijei o seu pé fazendo com que ela desse uma
pequena arfada.

 ─Não, Mathew. – ela disse. ─ você  não tem que beijar meus pés. –
murmurou, parecendo um pouco triste.

 ─Sim, Skylar. – concordei com ela (nunca argumente com a sua dona) ─
Me perdoe.
 ─Não se desculpe. – ela sorriu com doçura para mim, afagando meu cabelo
molhado. ─Você é tão maravilhoso. Eu nunca tive alguém me ensaboando
antes.

 Sorri para cima até ela e disse em uma voz baixa.

─ Você tem sido negligenciada. Mas eu estou aqui agora.

 Movi minhas mãos para cima, pela frente de suas pernas, sobre os
pequenos joelhos e acima de suas coxas. Com lentidão e cuidado coloquei
minha mão no meio de suas pernas, fazendo elas se abrirem um pouco. Passei
a esponja, ensaboei e e postei um beijinho no local, porém não me prolonguei
ali por muito tempo. Mais tarde.

 Chuveiros eram bons para banho e toque, mas a despeito das novelas
românticas, um chuveiro não era um lugar adequado para ter qualquer tipo de
atividade sexual. Especialmente se você usasse sabonete e shampoo.
Nenhuma fricção entre as peles é um grande problema e na maioria das vezes
você só tem 20 minutos de água quente em um chuveiro. É uma sensação
horrível estar fazendo amor com uma mulher e a água ficar fria de repente.

 Camisinha também é uma preocupação importante. O chuveiro é um bom


lugar para começar a noite, mas eu preferia não transar nele, mesmo se eu
tivesse planejado sexo com Skylar essa noite.

 Ficando de pé novamente, continuei esfregando a espuma branca de


morango no resto do seu corpo. Ensaboei sua barriga, e então mais acima em
suas costelas, apimentando os pontos com mais beijos leves depois de
enxaguá-los, subindo para os seios. Dei a eles uma agradável, excitante e
metódica limpeza, ainda não beliscando nem mordendo os mamilos.

 Alcancei o shampoo, não terminando o serviço ainda.

 ─Este aqui? – perguntei com um sorriso provocante. Escolhi o shampoo de


morango, para combinar com a loção de banho. Pelo jeito ela gosta de
morango.

 Ela deu uma risadinha e assentiu, eu já podia sentir como se um grande


peso tivesse sido removido entre nós. Não notei se ela estava olhando para o
meu corpo de alguma maneira, mas isso também viria depois. Antes do final
da noite ela iria ver e sentir cada pedaço de mim e, eu esperava que o
nervosismo dela desaparecesse um pouquinho de agora em diante.

 ─Você, vem cá. – beijei seu nariz e movi sua cabeça para trás, virando-a
um pouco, assim a água não caia mais sobre ela. Com os meus dedos
massageei seu coro cabeludo ao mesmo tempo em que espalhava o shampoo.

 ─Deus. – ela soltou e fechou os olhos enquanto eu usava as duas mãos,


empregando toda minha energia e dedicando toda minha atenção a ela.
 ─Eu adoro o seu cabelo, Skylar. – beijei sua boca outra vez, meu manuseio
carinhoso levando ela de volta para o calor da ducha.

 Meus dedos lentamente retiraram o shampoo do cabelo pesado e úmido, os


lábios ainda não libertando os dela.

 ─Hmmm, tão quente… - eu não conseguia e nem queria afastar minha


boca.

 E então eu senti seus lábios apartarem devagar e ela surpreendentemente


agarrar meus ombros, me puxando para baixo, em sua direção, assim poderia
beijar meu pescoço. Pude sentir dentes, leves mordidinhas e língua.

 Sim, Skylar quer se tornar uma criatura sexual, eu estava ciente disso
desde que ela lançou os braços ao meu redor no camarim da boate. E antes
que eu fosse embora, ela iria se tornar.

 Eu não queria transformá-la em uma vagabunda, apenas desejava que ela
fosse livre para fazer o que tivesse vontade e parar de ser tão reclusa e
receosa de agir de acordo com aqueles desejos.

 Existia outra Skylar por dentro, presa, lutando para sair. Eu irei libertá-la.

 ─Skylar… – dessa vez eu gemi, adorando o que ela estava fazendo no meu
pescoço, suas unhas curtas cravando levemente nos meus ombros largos.

 Em seguida ela me movimentou e fiquei embaixo do fluxo quente de água.


Eu tinha que admitir, era muito bom sentir o calor e me banhar diante dela.

 ─Sua vez.- sussurrou, me girando agora de costas para si. Sorri


involuntariamente. Gosto disso.

 Ela beijou minhas costas, os dedos passeando por elas, explorando cada
linha e curva, da mesma forma que eu havia feito com ela. Skylar esticou o
braço e entrelaçou os dedos no meu cabelo, puxando minha cabeça para trás
um pouco até que eu estivesse quase olhando para cima. Ela não foi áspera
comigo, continuava meiga, porém firme.

 A água escorria pela minha garganta conforme ela segurava meu rosto
para trás, deste jeito eu podia ver sua outra mão percorrer abaixo do meu
braço, o meu peito, acariciando em círculos suaves.

 Levei minhas mãos para trás de mim, movimentando-as para cima e para
baixo nas laterais das suas pernas, incapaz de parar de tocá-la.

 ─Nossa, seu corpo é tão lindo… – ela disse de uma maneira sexy no meu
ouvido. ─Especialmente molhado.

 Suspirei, sorrindo. Talvez esse botão de rosa desabrochasse mais rápido do


que eu imaginava.
 ─E todo seu, Skylar.

 —Vamos ver como você fica com a espuma cobrindo você todo. – ela me 
abraçou por trás, seus seios prensados nas minhas costas molhadas e
aquecidas.

 —Sim, Skylar. – concordei novamente, sorrindo mais ainda.

 Ela me ensaboou no corpo inteiro, assim como que eu tinha feito. Skylar é
esperta e aprende rápido. Eu gostava de ser seu professor. Sendo tão
cuidadosa quanto eu, até mais gentil do que eu havia sido com ela, Skylar me
impressionou e eu não conseguia lembrar de uma vez sequer em que fui tão
paparicado como estava sendo por ela esta noite.

 Assim que percebi as bolhas de sabão deslizando sobre minha bunda e a


mão dela espalhando-as, senti algo que não esperava. Ela beijou a marca da
mordida que ainda estava visível ali na pele.

 Alguma coisa dentro de mim se apertou e na mesma hora senti lágrimas


surgirem em meus olhos. Eu pisquei para afastá-las e graças a Deus
estávamos no chuveiro e eu de costas para ela. Ela não percebeu. Mas, eu
havia sentido ela cuidar de mim mais uma vez. E, tinha que admitir pelo
menos para mim mesmo, era um sentimento incrivelmente bonito.

 Ela terminou de me lavar e enxaguar meu cabelo, evitando meu pênis


tanto quanto pôde sem me ofender. Apenas sorri nesse ponto. Skylar ainda
estava presa em seu embrulho de garota tímida e estava tudo bem com isso,
por enquanto. Eu rasgaria o embrulho em tempo suficiente.

 Saí do chuveiro primeiro, toda a água quente acabada, e peguei a toalha


dela do suporte na parede. Cobri sua cabeça com o tecido e enxuguei seu
cabelo, descendo para o seu rosto, seu pescoço, ombros, embaixo dos braços,
fazendo cócegas nela um pouco. Novamente levei meu melodioso tempo
secando cada partícula de pele, colocando beijos brandos e umedecidos sobre
cada parte que tinha acabado de secar.

 Sua respiração se tornou pesada e profunda e quando espiei seu rosto os


olhos dela estavam fechados alegremente, os lábios em um sorriso enquanto
ela se deixava curtir o momento.

 Premiei o seu charmoso bumbum com uma vigorosa massagem de toalha,


ela ria nervosamente e tentava escapar de mim, porém não permiti. Por fim,
enrolei a toalha ao redor do seu corpo seco e beijei seus lábios, meu próprio
corpo ainda nu e molhado.

 Depois de beijá-la, pedi que fosse para o nosso quarto. Usei a palavra
‘nosso’ esperando que a agradasse. Disse a ela que fosse para o nosso quarto
e deitasse na cama, sobre as toalhas. Ela obedeceu sem emitir uma palavra,
sorrindo, e rapidamente me sequei e a segui. Eu a encontrei deitada lá,
totalmente nua e parecendo satisfeita.
—Mathew… - falou de maneira adorável.  —Você deixou o meu quarto tão
lindo.

 Ela se referia às velas, a iluminação rosada, as pétalas, a música tocando


baixinho ao lado, mas isso não era nada comparado ao seu corpo
completamente exposto para mim, e ela não estava mais com medo ou
nervosa. Era uma visão agradável de contemplar.

 —Shhh. – sentei na cama ao seu lado, colocando meu dedo ligeiramente


em seus lábios. —A única coisa linda aqui é você. E, ainda não terminei
contigo. Vire-se, mocinha.

 Seu cabelo molhado e desordenado parecia tão dourado e selvagem


quando rastejei sobre seu corpo, iniciando minha massagem erótica enquanto
ela se estendia ali, o rosto enterrando no travesseiro, os olhos se fechando.

 —É isso aí, relaxe. – disse na minha voz tranqüilizante, mudando de


posição, assim eu estava agora sentado em meus joelhos no meio das suas
pernas separadas.

 Usei os óleos e cremes aquecidos, manuseando minhas mãos


primeiramente para cima e para baixo por toda a extensão das pernas, uma de
cada vez. Para cima e para baixo, meu polegar no centro da sua perna,
firmemente pressionando e deslizando ao longo da espessura quente de óleos.

 Encarreguei-me das solas dos seus pés também, indo terrivelmente


devagar ao mesmo tempo em que ela se lamentava e respirava de forma mais
lenta, não se mexendo de forma alguma enquanto eu trabalhava.

 Após os pés estarem moles e macios, comecei a esfregar minhas mãos


oleosas mais acima nas suas pernas, deixando que elas aos poucos
percorressem a parte inferior das suas nádegas, mal cruzando aquela linha o
suficiente para que ela notasse.

 Ela arfava, me permitindo tocá-la como eu quisesse, não resistindo a mim,


porém me apreciando novamente. Senti meus lábios se curvarem um pouco,
mas manti meus olhos no que eu estava fazendo, determinado a lhe dar a
melhor massagem da sua vida, uma que ela jamais esqueceria.

 —Eu adoro tocar você, Skylar. – compartilhei baixinho. —Sua pele é


perfeita.

 —Oh, meu Deus… - ela murmurou com dificuldade, quase para si mesma.

 Agora eu estava movendo as minhas quentes e lubrificadas mãos em


maravilhosos círculos largos, uma mão sobre cada nádega e depois deslizando
com facilidade para o centro, abaixo da pequena fenda ali, repetidamente…
sem pressa… dolorosa e lentamente, fazendo durar uma eternidade.
 Eu podia sentir meu membro endurecendo, mas tentei ignorá-lo. “Não”, eu
lhe disse mentalmente, “sem sexo esta noite. Tire uma noite de folga, está
bem? Vá ver um filme ou algo assim. Me deixe em paz, sua… criatura
insaciável.”

 Movimentei minhas mãos juntas em cada lado do bumbum, uma vindo de


baixo, a outra vindo de cima, as duas encontrando-se no meio e rendendo uma
forte massagem a cada encontro. Eu repeti isto no outro lado, recebendo
vários sons excitantes da minha dona.

 Continuei a movimentar minhas mãos sobre sua bunda e agora, com


firmeza e rastejando mais vagarosamente, subi pela base da sua espinha,
trazendo a onda úmida e ardente até as costas dela. Ao fazer isso, repousei
meu peito descoberto levemente na parte de trás das suas coxas, e então
depositei beijos no seu delicado bumbum redondo, a deixando sentir minha
pele contra a dela.

 Minhas palmas se moviam por todo o caminho das costas dela, meus
braços quase unidos ao ficarem esticados para cima, compridos e retos
enquanto meus olhos estavam fechados, os lábios indo um centímetro para
baixo e encontrando-a lá. O cheiro almiscarado do óleo infiltrou-se em minhas
narinas quando dei um intenso e molhado beijo bem em cima da divisão do
seu bumbum. Exatamente sobre esse beijo dei uma lambida de leve, beijando
outra vez.

 Subi um pouco o corpo, os dedos massageando com mais força pelas


loções escorregadias ao mesmo tempo em que com a boca postava um  beijo
mais longo na parte inferior da espinha dela, meu peito dessa vez descansando
inteiramente contra o seu traseiro digno de atenção.

 Eu não estava mais ajoelhado no meio das suas pernas, agora eu estava
posicionado ali, sobre o corpo dela, sentado de pernas abertas enquanto suas
próprias pernas estavam esticadas e enroscadas por entre as minhas, quase
aprisionada por mim. Ela não iria a lugar algum.

 Os ruídos dela eram constantes e sons curtos e excitados que me faziam ir
mais além, adorando quando eu satisfazia minha dona. Nada me dava mais
prazer do que fazer todas felizes comigo, somente comigo.

 Minhas mãos se moviam ao longo das laterais do corpo de Skylar, e exigi


algumas gargalhadas, fazendo um pouquinho de cócegas nela. Deixei minha
respiração fazer uma pequena massagem pelas suas costas em meio aos
beijos que eu estava postando em sua espinha.

 33 segundos… pensei comigo mesmo. Que palhaço a abandonou na cama?


Diabos, eu levei mais de 33 segundos apenas para despir a pequenina deusa
dos estudos. Pobre Skylar, tendo que suportar a versão de um fedelho de fazer
amor.
 Bem, com esperança, depois de mim ela  saberia o que o verdadeiro sexo
era ou não era e, aquilo que um homem  é versus aquilo que um menino é.

 —Matheee… - ela começou a suspirar o meu nome entre gemidos e


exaladas fortes de ar. Eu adoro isso. Adoro ela dizendo o meu nome, poderia
ouvir isso para sempre.

 Estava deslizando as mãos sob seus braços, movendo lentamente um


pouco para baixo dos seios, depois de volta para o centro das costas, mal
tocando os lados do seu busto ao passar o óleo ao redor generosamente.

 O corpo dela estava respondendo muito bem às minhas mãos e lábios.

 —Eu adoro servir você, Skylar.  Adoro muito. – falei baixinho, beijando o
meio de suas costas, repousando minha bochecha ali por um momento
enquanto minhas mãos continuavam a imergir nela, sendo breve demais em
seus seios e em seguida indo para as laterais do corpo, me movendo muito
rápido por ela.

 Minhas palavras a excitaram ainda mais e ela deixou escapar um carregado


gemido, suas mãos praticamente se fechando em pequenos punhos em cima
do cabelo molhado.

—Relaxe as mãos, Skylar. – quase lhe ordenei, e então deixei minha voz
suave novamente.  —Descerre os punhos… boa garota. Deixe os dedos
afrouxados… assim… esqueça tudo… exceto as minhas mãos… e meus lábios…
– acrescentei, beijando um ponto próximo ao seu seio direito, enquanto ela
suspirava profundamente, seu corpo tremendo um pouquinho.

 continuei beijando em volta daquela área. Não é uma região muito famosa,
entretanto, muito erótica. Virei o corpo de Skylar de lado levemente, movendo
o braço para cima e depositei beijos lentos e sensuais embaixo dele, abaixo
dos seus seios, ao longo das costelas.

 —Oh DEUS! – ela estava quase gritando enquanto meus dedos prendiam o
pulso dela, não a deixando se contorcer.

 Minhas pernas enrolaram-se protetoramente ao redor das suas,


entrelaçando-as conforme seu corpo estremecia com ondas quentes de prazer.
Eu dei algumas mordidinhas em suas costelas, recebendo uma sonora arfada
como resposta.

Como eu disse, esta região é muito sensível e estimulante. Eu adorava


passar por aqui. As mulheres amavam e ficavam surpresas com suas reações
quando eu explorava o local.

 Você deve se movimentar com cuidado, delicadamente e devagar…


extremamente devagar… ao despertar uma linda mulher. Principalmente se
estiver despertando-a pela primeira vez na vida dela, após vinte anos.
 A parte de trás de Skylar era agora um terreno totalmente conquistado.

 Eu elevei meu corpo e de forma sensual e carinhosa a deitei de costas,


sorrindo com maldade para aqueles olhos azuis angelicais, e também
brilhantes e umedecidos enquanto ela me encarava, sem fala.

 Seus seios estavam subindo e descendo com cada respiração que ela dava
e abri um sorriso implicitamente amoroso, as costas da minha mão movendo-
se por suas bochechas, meus dedos ondulando e fechando os olhos
deslumbrantes dela.

 Relaxe, Skylar, aproveite o momento. Eu ainda não terminei com você.

 Não pude evitar sorrir quando desci minhas mãos até seus tornozelos ao
invés de ir direto para os seios. Ela fez aquele gemido frustrado, me 
espreitando quando comecei a fazer círculos nos seus calcanhares.

 Eu dei uma risadinha, resistindo à vontade de provocá-la um pouco


verbalmente sobre ela querer minhas mãos em seus seios. Não queria fazer
brincadeiras com ela hoje à noite, eu queria que ela conhecesse o verdadeiro
prazer, o toque carinhoso e a excitação.

 Coloquei mais óleo em minhas mãos e me dirigi às suas pernas, assim 


como eu fiz com a parte de trás delas, segui o caminho até as coxas e
lentamente as separei, mexendo os dedos para cima e para baixo, meu toque
quase alcançando a sua virilha, mas ainda não. Eu repeti esta ação mais e
mais e mais uma vez, deixando-a bem no limite, porém não ultrapassando
isso.

 A respiração dela estava intensa, acelerando, o desejo aumentando quanto


mais eu a provocava. Ela continuava esperando pelo meu toque entre suas
pernas, mas eu permaneci movendo os dedos para o interior das suas coxas e
em seguida para fora de novo. Gostaria de saber quanto tempo eu poderia
continuar com isso antes que ela começasse a gritar comigo.

 Meu pênis estava completamente duro e furioso, mas eu o ignorei outra


vez, cavando meus dedos um pouco mais forte, subindo e descendo pelos
lados do seu pequeno sexo.

 vi os olhos dela se apertarem um pouco e ela começou a ofegar,


choramingando agora.

 —Respire, Sky. - ronronei, não deixando que ela soubesse que eu estava
prestando atenção aos seus ruídos no momento.

 —Por favor… por favor… - ela continuou sussurrando. Eu apenas sorri para
mim mesmo, não cruzando a linha, somente dançando pelas beiradas.

 Suas pernas estavam retendo e esticando, retorcendo-se entre as minhas.


 —Pare, Skylar. – eu lancei uma voz severa de advertência.  —Você está
estragando o trabalho duro que tive. Fique parada.

 Eu sou um filho da puta. Ri comigo mesmo.

 Ela tentou manter-se parada e relaxar, mas eu sabia que eu estava


deixando isso praticamente impossível para ela. Comecei a massagear a região
abdominal e a pele logo acima do seu clitóris, mas o ignorei completamente.

 Alguém está começando a despertar… Skylar, pequena deusa… você


dormiu o suficiente, não acha, meu bem?

 Teimosa demais, ela ainda não pedia pelo que desejava. Eu disse todas as
coisas que ela queria, tudo o que ela precisa fazer é me perguntar. Mas, isso é
tão difícil para ela. Eu a faria me pedir, me ordenar, se fosse preciso.

 movi minhas mãos com óleo para as suas costelas novamente, fazendo
movimentos de dentro para fora, no formato de asas. Subi por elas, investi em
seu torso, depois na pélvis, quase tocando seu órgão necessitado… mas, não o
fiz. Em seguida, recuei e desci de novo, preguiçosamente…

 Mais lamúrias da divindade Skylar… coitadinha, ela estava resistindo a


mim. Ela não irá vencer. Tentando tanto ser uma garota comportada. Sexo
não é imoral e orgasmos não são crimes. Vamos lá, Skylar, desista.

 Céus, ela está tão excitada que eu posso sentir o cheiro…

 Está certo, minha jogada final… seios e pescoço. Passei mais óleo nos
dedos e comecei a fazer círculos firmes ao redor de ambos os seios, um em
cada mão.

 —DEUS! - ela berrou, lambendo os lábios, os olhos tentando permanecer


fechados.

Ele não está aqui… tente outra vez, Skylar.

 Mexi minhas mãos úmidas e aquecidas pra cima e pra baixo dos seios dela,
apalpando-os com firmeza e os movimentando em círculos lentos. Eu me
curvei e dei molhadas e circulares lambidas em seus mamilos rosados, depois
no sentido contrário. Em um… depois de volta no outro.

 Minha ereção estava tocando seu estômago e eu tinha certeza que ela
podia sentir, mas ela tinha outras coisas para se concentrar neste momento.

 Suguei seu mamilo direito primeiro para dentro da minha boca, chupando.
Umedecendo e o soltando. Tornei a fazer com as mãos oleosas nos lados do
pescoço dela, e então desci  novamente, me aproximando dos seios. Depois
subindo de volta… e descendo mais uma vez. Repetidamente.

 —Mathew! – ela arfou e gemeu dessa vez.


 —Sim, Skylar? – eu agi como se não tivesse conhecimento do seu drama.

 —Isto é tão gostoso… é tão gostoso… o que… – ela arquejou, abrindo os


olhos um pouco para mim.

 Coitadinha. Ela não tem idéia do que está acontecendo. Eu sou tão
diabólico.

 —Ah é? – sorri, minhas mãos retornando para as coxas dela, dentro e fora,
por pouco não encostando em sua intimidade ali… mas, novamente não fiz
isso.

 Ela arqueou as costas, gemendo ainda mais alto agora.  Ela quase soou
como se estivesse prestes a chorar. Mas eu não parei.

 Comecei a movimentar meus dedos mal-intencionados abaixo dela,


impulsionando em suas nádegas e enroscando de novo na parte interna das
coxas, passando pela área da virilha, depois voltando. Uma vez após a outra.
Horrivelmente devagar. Meus dedos agora como garras afiadas.

 Quase pronta. O corpo dela está no limite.

 —Mathew, por favor! – implorou, as pernas se contorcendo novamente. —


Por favor… oh Deus… DEUS!

 —Você gostaria que eu te fizesse gozar, Skylar? – facilitei para ela essa
única vez.

 —SIM! – ela gritou.  —SIM, POR FAVOR, SIM!

 —Tem certeza? – provoquei, quase gargalhando.

 Seus olhos se abriram, tão largamente e enlouquecidos que quase me


assustou.

 —SIM-EU-TENHO-CERTEZA-MATHEW! – ela disse aos gritos.  —POR


FAVOR! POR FAVOR! EU ESTOU MORRENDO!

 Nesse ponto eu tive que abafar o riso. A deusa quer  acordar agora…


urgentemente.

 —Como você quiser. – sussurrei, levando meus dedos para seus lábios
íntimos, dando a eles a mesma massagem lenta que eu tinha feito no corpo
dela. Aguente firme, Skylar, eu pensei internamente, enquanto ela gemia e
choramingava um pouco mais.

 Seu sexo estava encharcado e ardente. Wow, ela realmente estava


gostando da minha massagem!
 Deitei de barriga para baixo e lambi meus lábios, mantendo as pernas dela
afastadas com as mãos em suas coxas, forçando-as a abrirem o mais longe
que podiam.

 Ela grunhiu e gemeu mais alto ao me espiar ali embaixo, os olhos


assustados e curiosos ao mesmo tempo.

 Não tenha medo, Skylar… você vai amar isso.

 Minha língua era eficiente nesta tarefa. Ela estava confiante, vigorosa
e bastante molhada conforme se movia pelos lábios umedecidos de Sky. Eu
lambi todo o líquido doce que podia encontrar e cantarolava minhas vibrações
de agradecimento em seu pulsante sexo.

“Huuuuummm”  é um ótimo som para se fazer quando você está dançando


sua língua para dentro e para fora de uma entrada tão apertada como essa

 Ela gritava alto, olhando fixamente para o teto enquanto eu agora fechava
minha boca sem parar em seu pequeno clitóris rosado, passando depois minha
língua grossa bem rápido sobre ele, de lado a lado, e depois de cima para
baixo… e em círculos… fogosos e molhados círculos. Tenho toneladas de
truques diferentes que minha língua pode fazer. Eu fazia todos eles.

—OH, PORRA! – a inocente Skylar gritou, batendo os punhos


descontroladamente no travesseiro colocado sob sua cabeça.

 —Deus… Deus… Deus… Mathew… Mathew… Mathew… - ela continuava


arfando, ofegando e gritando.

 Pois é. Sou eu VS.  Deus novamente. Eu sempre venço essa batalha. Me


desculpe, Deus. Você fez o instrumento, eu só estou tocando a música.

 Eu vou direto para o inferno um dia desses. Bem, já que eu vou, eu irei
fazer somente o que eu quiser e não me importar com as consequências.

 Ainda não havia usado meus dedos, eu queria que ela gozasse apenas por
minha língua.

 Eu lambia, sugava, beijava, girava minha língua, degustando e, depois


comecei a introduzi-la adiante, para o interior da genitália e pelas bordas do
seu clitóris.

 Ela deu um grito agudo de repente.

 Isso! Eu me sentia como um pirata toda vez que descobria onde estava o
tesouro.

 —MATHEW! – ela gritou como um animal selvagem nessa hora, mexendo-


se com violência e se debatendo enquanto eu a forçava para baixo, não
parando não importava o que ela dissesse.
 Eu venci.

 Imaginei eu e Deus numa queda de braço, onde eu tinha acabado de


derrubar o seu coberto pelo manto branco com uma pancada FORTE!

 permaneci lambendo a área que eu havia descoberto e os gritos dela


ficavam cada vez mais altos. Finalmente, suas pernas se contraíram e
começaram a sacudir incontrolavelmente, eu ainda mantendo-as separadas.

 Estava acontecendo.

 E então, ela estava gemendo feito uma selvagem novamente, e eu podia


provar o gosto do líquido intenso que fluía de dentro dela. Gritos… nada de
palavras, apenas ininteligíveis gritos ferozes.

 Eu gemi tão alto que abafei os gritos dela. Não afastei meus lábios e minha
língua até que seu orgasmo tivesse acabado e ela já estivesse voltando a si um
pouco.

 Ela estava ofegante, seus seios elevando-se com o esforço quando eu,
enfim, soltei seu clitóris inchado da minha boca e comecei a engatinhar ao lado
dela, repousando minha cabeça em sua barriga, simplesmente acariciando-a…
inalando o seu cheiro… um dos melhores perfumes que eu jamais havia sentido
antes, e eu não estava dizendo isso da boca para fora. Era verdade.

 Meus dedos brincavam, fazendo pequenos desenhos sobre sua pele branca,
ao mesmo tempo em que os dedos dela buscaram o caminho até o meu
cabelo, agarrando-os com força em apreciação enquanto eu sorria, beijando
sua pele onde eu estava deitado.

 Esperei ela recuperar a capacidade de falar novamente, e agora eu tinha


dois dedos deslizando em volta do seu ventre reto.

 Por fim, ela riu, sentindo cócegas com meu toque.

 —O que você está fazendo aí? – ela não podia me ver, mas podia sentir
isso.

 —Camundongos.

 —Camundongos? – ela pareceu não entender, e com razão.

 —Sim. – eu disse.  —Dois ratinhos, patinando na sua barriga.

 Comecei a fazer músicas com a minha voz para acompanhar o


procedimento de patinação que eles estavam fazendo através do ventre  de
Skylar, enquanto ela ria.

 —Jogos Olímpicos de Camundongos! – anunciei de brincadeira e ela riu


mais ainda quando eu fiz cócegas um pouquinho em suas costelas.
 —Não, pare, por favor… - ela pediu e então eu parei, beijando o umbigo
dela e deitando minha cabeça perto dele de volta.

 —Mathew… - suspirou, em seguida pausou. —Vire para cá, eu quero ver


seu rosto. – disse cutucando minhas costas.

 —Nossa, um orgasmo e você fica tão mandona de repente. – sorri, me


virando do outro lado e colocando minha cabeça em seu abdômen, olhando
para o rosto dela agora.

 —Mathew… - ela disse tão baixinho que não foi nem mesmo um sussurro, e
seus dedos se moveram por minha testa, pelos meus olhos, sobre o meu nariz
e ao longo das minhas bochechas, como se ela fosse uma cega lendo meu
rosto, tanto era o afeto.

 Beijei os dedos dela quando eles passaram pela minha boca, já desejando
mais dela.

 E então meus olhos encontraram os seus e havia lágrimas neles.

 —Skylar, o que há de errado? – fiquei apavorado e quase me sentei, mas


ela sorriu para mim e estava tão linda que eu mal pude me mexer.

 —Não é nada, Mathew. – ela suspirou.  —Essa foi a mais… eu não consigo
nem encontrar uma palavra boa o suficiente… para descrever a maneira
incrível que você fez eu me sentir. Eu estava em chamas, e queimando, só que
era tão bom… e torturante ao mesmo tempo… e então, quando você… meu
Deus…

soltei leve risada e sorri, aliviado que ela estivesse bem. Eu apertei meus
dedos com os seus e fechei meus olhos, ainda descansando minha face em sua
barriga quente, querendo passar a noite toda bem ali. Eu trouxe suas mãos até
meus lábios e postei um intenso beijo nelas.

—Portanto… posso entender que você gostou, então? – meu sorriso


aumentou, olhando para cima e vendo o lado inferior do seu seio e
alegremente me ergui um pouco, tentando beliscá-lo.

 Sexo é divertido. Eu queria que ela soubesse disso, também. Risadas e


sexo podem caminhar juntos muito bem. Isto é, quando a mulher não está
rindo de você enquanto você está tentando chegar aos ‘finalmentes’ com ela.

—Ai meu Deus, sim, eu adorei! – ela respondeu. — acho que eu quase gozei
quando você estava fazendo massagem em mim!

 Fechei meus olhos por um segundo e sorri satisfeito, perfeitamente feliz


que eu tenha sido capaz de fazer do seu primeiro orgasmo uma ótima
experiência.

 —Você sabe o que é ainda melhor que o primeiro orgasmo? – perguntei.


 —O que? – ela perguntou em resposta, não tendo a mínima ideia, mas
parecendo bastante curiosa para saber.

 abri meus olhos e fiquei de quatro em cima do corpo dela enquanto ela
dava risadinhas nervosas, minha boca beijando a sua na tranquilidade do
momento.

 —O que? – ela repetiu.

 —O segundo orgasmo. – eu informei com um brilho perverso nos meus


olhos, abrindo suas pernas novamente e capturando seu clitóris em meus
lábios outra vez, enquanto ela gemia alto, seus olhos fogosos, a deixando
boquiaberta mais uma vez.

 Skylar POV

 —Eu não posso acreditar em você… – engasguei um pouco no meu discurso


enquanto ele deitava em meus braços, sua bochecha bem em cima do meu
peito nu.  —Sete… sete orgasmos, um após o outro… minhas pernas estão
parecendo gelatina!

 —Eu sabia que você iria ser multi-orgásmica. – Mathew soou como se
estivesse sorrindo, mas tudo o que eu podia ver eram os fios do seu cabelo
abaixo do meu rosto. Eu beijei a cabeça dele, tentando verdadeiramente
transmitir um imenso amor naquele beijo. —Você é muito ardente pra gozar só
uma vez.

 —Ardente? – meu corpo formigou àquela palavra.

 —Bastante. – ele disse sem hesitar.

 Sentia-me no céu e eu adorava essa sensação. Nós não tínhamos


transado… mas eu tinha experimentado o orgasmo. Sete vezes. E, droga, eu
amei cada um deles! Eu nunca imaginei que pudesse ser bom DESSE jeito. O
que estive perdendo esse tempo todo! Se não fosse por Mathew… eu
provavelmente nunca sentiria isso. Jesus Cristo, como ele é talentoso!

—Você tocou cada parte de mim… - falei dengosa para ele, enquanto sentia
sua língua lamber meu seio onde ele estava enterrado.

 —Sim, eu sei. – ele colocou meu mamilo em sua boca, sugando-o


levemente.

 Eu acho que estou vendo estrelas! Puta merda!


 —Espere só até eu estar dentro de você. – ele murmurou, chupando o meu
outro seio agora.

 Ai.meu.Deus, quer dizer que pode ficar melhor  que isso?!

 Ficamos deitados ali por um tempinho depois disso, conversando sobre


nada importante. Ele era ótimo em me fazer rir e nunca parou de me acariciar,
me beijar ou me lamber. Eu realmente senti como se ele me desejasse de
verdade e não conseguisse ter o suficiente de mim.

 Mas, ele é pago para ser assim.

 Quase senti lágrimas virem aos meus olhos, porém as afastei, sem pensar
em nada que pudesse me abalar esta noite. Deitamos em silêncio por alguns
minutos e então Mathew rolou de costas ao meu lado na cama grande.

 —Agora quero que você me toque, Skylar. – ele disse.

 Imediatamente fiquei com medo quando seus olhos  encontraram os meus.


O corpo dele estava completamente nu e estendido bem ali, esperando por
mim e, eu sabia que não conseguiria fazer no corpo dele o que ele havia feito
no meu. Ele ficaria tão desapontado.

 —Eu não sei fazer essa massagem fantástica que você fez em mim…
gostaria que soubesse. – confessei.

 —Tudo bem, eu não quero aquilo tudo. – ele disse calmamente, a mão
afagando a parte de trás do meu cabelo. —Eu só quero que você me toque…
do jeito que você quiser, para o seu prazer, não para o meu. Quero que
conheça o meu corpo. Me explore.

 Ele sorriu e fechou os olhos, à espera. Colocou os braços ao lado do corpo


e ficou imóvel feito uma estátua. Uma estátua muito perfeita e adorável.

 Sorrindo para mim mesma, eu não podia negar que minhas mãos queriam
vagar pela Trennerlândia.

 —E se eu te desapontar? – ouvi minha voz insegura dizer em um fio de


voz.

 Os olhos dele se abriram e estavam turbulentos agora.

 —Você nunca conseguiria me desapontar, Skylar. – afirmou. —Jamais diga


isso novamente.

 Em seguida, ele se ergueu e pegou o meu rosto em uma mão, me beijando
intensamente e encostando sua língua na minha até eu esquecer meu nome
outra vez.
 Assim, comecei a acariciá-lo. Eu fazia simplesmente o que vinha a mim
com naturalidade, e comecei com seu maravilhoso rosto, seguindo para aquele
pescoço largo e musculoso. Eu não conseguia evitar beijar cada parte que eu
tocava. Ele apenas ficou lá parado e fechou os olhos, um confortável
semblante no rosto enquanto eu rastejava para mais perto, arriscando-me e
sentando de pernas abertas nele, meu bumbum descoberto repousado em sua
cintura.

 —Mmmmmm. – ele sorriu, sem me olhar.  —Eu gosto de onde isso vai dar.

 Ele quase segurou minha cintura, mas fez com que suas mãos parassem e
voltassem para descansar perto da sua cabeça, as mãos abertas e relaxadas.

 Fiquei orgulhosa que eu tivesse a coragem de sentar em cima dele desse


jeito e que ele não tivesse se oposto. Eu movi meus dedos trêmulos pelos
músculos do seu abdômen, assustada pela forma de como eram impecáveis.

 —É por isso que você precisa me sentir, Skylar. – ele continuava com os
olhos fechados.  —Você nunca tocou realmente um homem dessa maneira, não
é?

 Então ele abriu os olhos e olhou dentro dos meus, não tentando fazer com
que eu me sentisse ingênua ou inexperiente, mas como se quisesse me
ensinar o que ele sabia.

 —Não exatamente. – admiti com honestidade.

 —Nesse caso, fique à vontade. – fechou os olhos.  —Quando suas mãos


pararem de tremer, irei tocá-la um pouco mais.

 Ó Deus… não sei se eu consigo suportar muito mais disso. Minha virilha
está pulsando enquanto conversamos. Eu acho que se uma brisa soprasse
sobre ela, eu iria gozar novamente… ou gritar.

 Assim, no momento seguinte, minhas mãos tocaram e acariciaram ele.


Meus lábios o envolveram. Eu fui sem pressa e explorei o peito de Mathew,
seus braços, as pernas e os adoráveis pés. Evitei a virilha e virei seu corpo,
sem dizer uma palavra, subindo por trás das pernas dele e, determinada a ser
corajosa, pus minhas mãos no seu traseiro gracioso e perfeito.

 Cara. Eu sou uma bunda-maníaca.

 Não pude me reprimir de arfar, movendo minhas mãos por ali, brincando
com os dedos nas pequenas covinhas, sendo até mesmo valente o bastante
para apertar a rígida carne redonda do local.

 —Oh meu Deus, Skylar. – ele gemeu.  —Você tem mãos incríveis.

 Caramba, eu estava excitando ele? Legal! Olhe para mim, Skylar Hayes,
me divertindo com a bunda de um homem. E não apenas a bunda de um
homem qualquer, mas a deste pedaço divino do pecado bem aqui diante de
mim.

 —Não pare, continue… - a voz dele parecia tão preguiçosa e arrastada. —


Oh… uhum. Eu adoro quando você agarra assim com força.

 Tive que parar depois de algum tempo para me impedir de surtar, porém
tinha que admitir, após tocar Mathew da maneira que eu queria e ter levado
um tempo considerável fazendo isso, eu não estava com tanto medo mais. Ele
fazia eu me sentir tão bem com isso, pois ele também estava bastante
confortável sobre o assunto. Eu não me sentia suja ou pervertida como eu
pensei que ficaria.

 Simplesmente me sentia… bem… e livre.

 Estava beijando as costas dele, minha mão suave e atenciosamente


esfregando a enorme marca de mordida na sua nádega direita, desejando que
meus dedos pudessem transmitir bastante cuidado e assim ela cicatrizasse e
sumisse.

 Pensei que Mathew talvez tivesse adormecido, pois ele estava tão quieto,
mas então ele se virou devagar e pegou minha mão, beijando-a.

 —A aula ainda não acabou, Skylar. - avisou relutantemente.  —Você está
amarelando nisso.

 Ele levou a minha mão ao seu pênis e involuntariamente fiquei tensa, mal
sendo capaz de olhar para baixo.

 —Sky… babe… relaxe… – ele disse com um tom de voz encorajador. —


Shhh… é só pele. Não fique com medo. É apenas uma parte do meu corpo,
como meu braço ou meu pé.

Aham, tá bom.

 —Eu irei te auxiliar… confie em mim. – ele me guiou


pacientemente,movimentando minha mão bem devagar sobre o membro rígido
e ereto.

 —Nesse momento, ele está bastante duro, graças a você. – ele sorriu,
fazendo uma careta de dor quando curvou meus dedos gentilmente em volta.
—Qual é, Skylar, você pode olhá-lo. Ele não morde.

 Ele começou a me contar tudo sobre o pênis dele e eu quase ri. Foi me
mostrado o eixo, a cabeça, os testículos. De novo, quanto mais eu olhava e me
deixava apalpar… menos assustador se tornava para mim.

 Eu fiquei com medo que ele quisesse que eu fizesse ‘coisas’ com seu pênis,
mas ele disse que não, não hoje à noite. Ele me disse que esta noite seria
minha somente, não dele. Ele queria que eu me sentisse destemida e
confortável com ele… e perto da hora em que começamos a ficar sonolentos,
eu estava.

 —Eu sempre durmo pelado, Skylar. – Mathew disse com cautela conforme
nós entrávamos para debaixo das cobertas, ambos completamente nus e muito
contentes por isso.  —Tudo bem para você?

 —Sim, absolutamente. – respondi, ganhando o sorriso dele.  —Acho que,


de agora em diante, também vou dormir.

 Ele deitou do lado dele, me observando deitar no meu, fitando-o de volta


enquanto ele pegava minhas mãos nas suas, dando beijinhos fofos nos meus
dedos ao mesmo tempo.

 —Estou realmente satisfeito com esta noite. – Mathew disse com a sua voz
de foi-bom-para-você, os olhos passeando pelo meu rosto. —Eu te fiz feliz,
Skylar?

 —Sim. – quase gritei isso.  —Eu me sinto… tão… (soltei um suspiro)… viva.
Eu nunca pensei que isso pudesse ser tão maravilhoso assim.

 —Muito obrigada,Mathew. – adicionei.

 Ele sorriu para mim em resposta, o queixo enrugando de leve quando ele
me segurou para perto, me balançando gentilmente.  —O prazer é todo meu,
Sylar. Eu adoro  pertencer a você.

 Meus olhos se fecharam e deixei uma minúscula lágrima escapar.

 Secando-a sem que ele percebesse, funguei e repousei de volta no meu


travesseiro, ao lado dele.

 —Posso te abraçar até você adormecer? – ele perguntou,sussurrando.

 Sorri, contente, como se eu fosse me importar com isso.

 —Eu adoraria. – confessei com o mesmo murmúrio baixo.

 —Hum. – ele parecia muito feliz com isso e disse que amava a posição de
conchinha. Eu não sabia o que era aquilo. Ele riu, me mostrando.

 Ele me virou de lado, de costas para ele e moldou o corpo dele junto ao
meu, por trás, o seu braço enroscado de forma protetora na minha cintura
exposta, sob a colcha, os dedos descansando na região do meu umbigo.

 Eu podia sentir a pele nua dele na minha e não podia recusar a emissão de
calor do seu corpo no meu. Os seus lábios beijaram as minhas costas e ele se
ajeitou, deitando a cabeça no travesseiro dele, e em seguida senti seu peito
atrás de mim. Céus, isso é tão bom. O nariz dele em meu cabelo.
A envolvente música tocava e ainda na escuridão comecei a me acalmar,
ninada pelo som da respiração dele e a maneira gloriosa que seus músculos
abdominais subiam e desciam contra as minhas costas.

Capítulo 5 

Skylar POV

 Eu estava sentada no pequeno balcão da cozinha, escrevendo em meu


notebook, às 8:00h da manhã seguinte. Dormir com Mathew na noite anterior
não havia sido nem um pouco esquisito e tudo por causa dele.

 Ele não me sufocara a noite toda na cama e eu estava contente por isso.
Logo que eu caí no sono, ele virou-se e tomou o seu lugar na cama espaçosa,
me deixando dormir sem que nada me perturbasse.

 Eu acho que fui a primeira a abrir os olhos quando o despertador disparou
essa manhã, às 7:30h. Rapidamente apertei o botão para parar ao ouvir o
zumbido irritante e depois rolei de costas, dando uma olhada em Mathew,
esperando que o barulho não o tivesse incomodado.

 Eu quase arfei com a forma como ele era lindo dormindo. Eu nem sequer
tinha olhado para o seu peito esculpido ainda. Foi o rosto dele que me fisgou.
Os lábios estavam alongados em um beicinho que me fez lembrar de uma
criança pequena, teimosa, mas doce. Sua boca era tão perfeita e os lábios tão
cheios e macios que me dava vontade de beijá-lo o tempo todo.

 E os olhos fechados me atraíram ainda mais. Olhe para esses cílios, eles
são mais longos que os meus! Eu quase estendi a mão para tocá-los, mas
achei melhor não, ele iria simplesmente amar  acordar sendo cutucado no olho
por mim, tenho certeza.

 Sorri, vendo um pouco de pêlos crescendo em seu rosto e me perguntei


como ele aparentaria com ela sem fazer por três dias. Sim, eu já sei que tenho
uma queda por tipos ‘bad boy’.

 Eu tenho me analisado por anos, usando o meu próprio cérebro como
estudo. Agora era a minha primeira vez fazendo isso com outra pessoa. Eu
estava furiosa comigo mesma por estar botando tudo a perder. Eu já  estava
próxima de Mathew, próxima demais. Como posso perguntar coisas sobre a
vida e o trabalho dele e depois me aconchegar sob seu corpo  durante a noite
e não pensar nas coisas que ele havia dito?

Eu adoro pertencer a você.

 Por que aquilo fazia eu me sentir feliz e triste ao mesmo tempo?

 Sorrindo para ele, o observei por mais alguns minutos. Eu adoro o jeito
como seus braços estavam trançados embaixo do rosto, abraçando o cobertor
para si mesmo e voltado para o meu lado, como se ele estivesse olhando para
a parte de trás da minha cabeça quando pegou no sono.

 Talvez esse fosse apenas o meu cobiçado desejo particular.

Abraçando a si mesmo.

 A maneira como ele dorme diz muito sobre sua  mente. Gostaria de saber
se alguma vez ele já havia sido realmente abraçado, sem estar nu ou após a
relação sexual. Provavelmente não, e se sim, há muito tempo. Eu sei que
existem sempre dois lados de toda história, mas me peguei odiando a mãe
dele.

 Eu podia entender um pai sendo severo e frio, mas sua mãe era designada
a amá-lo, ajudá-lo a crescer, lhe ensinar o amor. E, ele é o único filho dela.
Como ela poderia não amar esse rosto? Eu aposto que quando criança ele era
dez mil vezes mais adorável. Imaginei como era a voz dele naqueles tempos. E
em seguida, imaginei um Mathew mais novo, tentando conseguir a atenção de
sua mãe e ela o ignorando.

 Queria caçá-la e simplesmente esbofetear seu rosto. Eu sei, pareço uma


típica psicanalista, culpando a ‘mamãe’ sem parar.

 Mudando de assunto, me lembrei de coisas mais agradáveis… Ontem à


noite havia sido tão maravilhoso. Eu estava me sentindo bem até agora. Minha
virilha estava muito melhor neste momento, não super sensível e nem um
pouco dolorida como estava na noite passada. Não, agora… sentia apenas
extremamente satisfeita e, eu acho que se ela pudesse soltar um profundo
suspiro feliz ela teria feito isso.

 Eu adoro as sobrancelhas dele. Elas pareciam modeladas, como se ele


fizesse alguma coisa para deixá-las com curvas tão perfeitas daquele jeito. Eu
achei que suas sobrancelhas fossem iguais ao cabelo, douradas. Me perguntei
se ele pintava o cabelo ou se faziam isso para ele. É possível, ele faz parte da
indústria do entretenimento.

 Ah cara, escute o que estou dizendo. Eu o faço parecer como o líder de
alguma corporação.
 Eu queria me inclinar e beijar aquele lindo beicinho que ele estava fazendo
agora, mas tinha certeza que eu estava com o mau hálito matinal. E nós
jantamos camarão e alho na noite passada.

 Coloquei a mão sobre minha boca e me afastei dele um pouco. Eu teria que
esconder uma escova de dente e um copo d’água com uma bacia sob o meu
lado da cama de agora em diante. Uma maquiadora preparada ali embaixo não
seria uma má idéia, também.

 Naquela mesma hora o alarme disparou outra vez e dei um salto, me


arremessando até o aparelho para golpeá-lo com uma pancada irritada. Olhei
rapidamente para Mathew e ele não havia mexido um fio de cabelo. O sono
dele é bem pesado. Aposto que ele não está acostumado a levantar tão cedo,
em seu ramo  de trabalho.

 Como vou sair sem acordá-lo? Eu devo sacudi-lo ou algo assim? Este tipo
de coisa sempre parecia tão fácil nos filmes. O casal acordava na mesma hora,
se acariciava por alguns minutos e tinha uma longa e brincalhona conversa
antes do homem se levantar e exibir seu bumbum nu para as câmeras. Por
que a vida não é fácil desse jeito?

 Ai meu DEUS! Eu estou pelada aqui embaixo. Quase me esqueci disso.
Apesar de que, foi muito gostoso sentir minha pele descoberta sob o cobertor
durante toda a noite. Eu podia entender o porquê de Mathew preferir dormir
dessa forma. Era muito natural, bastante relaxante.

 Somente agora o sol tinha nascido por completo e me senti bem estranha
andando pelada por aí. Me encolhi a este pensamento, envergonhada após
Mathew ter enfrentado um longo caminho para fazer eu me sentir confortável
com a nossa nudez. Porém, doze anos de

colégio católico não podiam ser simplesmente apagados depois de apenas


uma noite, mesmo por alguém talentoso como ele.

 Espero que ele não pense que agora nós andaríamos pelados pela casa o
dia todo. Eu nunca conseguiria terminar o meu trabalho da faculdade

Hoje, na faculdade, eu teria que comunicar meu professor em que meu


artigo seria baseado e lhe dar algumas informações sobre Mathew. Nada muito
aprofundado ainda, apenas alguns dados básicos sobre ele, o que eu considero
que o faça tão interessante.

 Nosso professor é o Dr. James Collier; ele tem mais ou menos a idade de
Mathew, eu acho, por volta dos 25 ou 26 anos. Imaginei seu cabelo curto e
aparado e os olhos azuis, ele sempre estava com uma barba por fazer,
também.Todas nós três alimentávamos um tipo de queda por ele, mas eu
havia me policiado para me manter focada e extremamente profissional com
James.
 Eu estava ciente de que não poderia contar a ele que eu estive alcançando
orgasmos com meu paciente na noite anterior, mas eu desejava lhe perguntar
algumas coisas particularmente, o que ele sempre estava disposto a fazer
depois da aula, ao contrário de uns professores que faziam você agendar hora
com eles.

 Dr. Collier, eu deveria chamá-lo, não James. Ele era sempre bastante legal
e não era rígido como a maioria dos outros docentes. Tenho certeza de que
poderíamos conversar e ele me daria uma ajudinha.

 Eu esperei, deitada na cama por mais alguns minutos e então percebi que
não poderia adiar nem mais um pouquinho. Eu precisava ir ao banheiro.

 Lentamente, comecei a me sentar, vigiando Mathew igual a um animal o


tempo todo. Ele não se moveu. Ele dorme feito um morto.

 Mordisquei meu lábio inferior e escorreguei meu corpo para fora do


cobertor como se ele pesasse uma tonelada. Consegui sair da cama, Mathew
continuava adormecido. Cruzei meus braços sobre os seios, andando na ponta
dos pés para fora do quarto, meus olhos fixados nele enquanto eu caminhava.

 UGH!!! Tropecei e caí no chão igual um pedaço de hambúrguer. Meus seios


pareciam que tinham explodido com o impacto e provavelmente estavam ainda
mais achatados do que eram antes! Perfeito! O que diabos foi isso? Eu olhei
para perto dos meus pés e constatei que tinha tropeçado no tênis de Mathew.

 Oh Deus, por-favor-não-acorde, por-favor-não-acorde, por favor, por


favor, por favor!

 Ergui minha cabeça feito um esquilo fora do buraco, sondando através do


meu cabelo emaranhado que tampava metade da minha visão. Ele ainda
estava lá, mas começou a roncar levemente e rolou de bruços, enroscando os
braços em volta do travesseiro, sua face ainda tranqüila e contente.

 Como ele fica confortável assim na cama de uma estranha?

 E no meio disso, comecei a analisá-lo psicologicamente de novo. Ele está


abraçando o travesseiro agora. Abraçando a mãe dele? A garota que ele
costumava amar?

 Jesus, Sky, talvez ele simplesmente goste de abraçar o travesseiro e não


haja nenhum significado subliminar, SERÁ QUE ISSO NÃO PODERIA SER
POSSÍVEL?!

 Eu tenho que sair daqui imediatamente, antes que ele acorde de verdade.

 Engatinhando depressa, corri como um ratinho até o banheiro, me


aventurando a ficar de pé para pegar meu roupão de banho, e vestindo-o
rapidamente. Deus, por favor, me diga que ele não está na realidade acordado
e me viu rastejando pelada pelo apartamento, por favor! Eu irei Te dever
eternamente.

 Durante o tempo em que fiquei no banheiro, escovava os dentes duas


vezes e tentava tirar meu cabelo do tamanho afro, quase senti pavor de voltar
para o quarto.

 Eu meio que esperava vê-lo sentado na cama, completamente acordado,


rindo de mim. Eu simplesmente morreria e seria roubada dos meus treze dias
restantes de glória, sabe… apenas minha sorte  dando um alô.

 Percebi alguns de seus objetos pessoais aqui, a escova de dente vermelha


e preta, e um desodorante spray.sorri, gostando daqueles pequenos toques
pessoais dele, conforme voltava para o meu cabelo que estava impossível.

 Droga, eu jamais deveria ir para a cama com o cabelo molhado. Sempre


fico parecendo um monstro no dia seguinte! Obviamente, o cabelo molhado de
Mathew simplesmente seca e fica ajeitado no lugar depois de ele passar seus
dedos pelos fios. Óbvio.

 Credo, agora eu estou com inveja da beleza de Mathew. Talvez eu pudesse


ser meu próprio paciente novamente. Só Deus sabe que eu preciso de ajuda
talvez mais do que ele precise.

 Eu ouvi a TV ser ligada na sala de estar e congelei, minhas mãos suspensas
no ar ao redor da minha cabeça enquanto eu escutava com os olhos
arregalados dessa vez. Ele está acordado.

 Ouvi os canais serem trocados e sorri, curiosa para saber o que ele
escolheria.

 Noticias? CLICK. Não. Ótimo, eu odeio notícias. Nunca são boas.

 Um programa de ginástica? CLICK. Não. Excelente, detesto pessoas que


acordam e já começam a se exercitar.

 Bob Esponja? Dei um sorriso, esperando pelo ‘click’ mais uma vez e pelos
próximos canais, mas ele fixou nesse. Escutei o controle remoto ser
gentilmente colocado na mesa e minha boca abriu-se instantaneamente em
um horrorizado formato, minhas sobrancelhas se unindo.

 Oh meu Deus, ele está assistindo Bob Esponja?! Eu cobri minha boca,
temendo começar a rir feito uma caipira idiota.Por que ele está assistindo
AQUILO? Ele sabe que estou acordada e em casa. Ele não se preocupa com o
que eu iria pensar sobre isso? Quem sabe ele não esteja tirando uma com a
minha cara de novo. Ele tem aquele tipo de senso de humor deturpado.

 Eu preferia acreditar em qualquer outra coisa, exceto no fato de que ele
gostasse de assistir Bob Esponja todas as manhãs. Ele é esperto, não
retardado. No entanto, o desenho continuava passando.
 Ouvi uma movimentação na cozinha agora. Os armários abrindo e
fechando, a porta da geladeira sendo fechada. Ele iria cozinhar novamente?

 Me senti tão culpada por isso, mas não posso negar que adoro assistir ele
cozinhar. E eu amo comer a comida dele. Ele é um ótimo chefe de cozinha.

 Eu geralmente me alimentava na lanchonete ou em alguns lugares perto da


faculdade. Comer sozinha é simplesmente chato e não há nenhuma forma de
açúcar como cobertura.

 É legal ter uma pessoa aqui comigo, conclui. Chegar em casa ontem à noite
e ter alguém para me recepcionar, na verdade, me fez bem. E os “olás” de
Mathew são absolutamente fenomenais.

 Eu esperava que não fosse estranho demais conversar com ele agora,
depois da noite passada. Não, refleti imediatamente, ele jamais fez eu me
sentir estranha, apenas bem e especial… e bonita… e nervosa.

 ─Ei, Gary, cadê você?! – o Bob Esponja chamava quando decidi respirar 
fundo e sair. Possivelmente Mathew precisa usar o banheiro e eu não o queria
me amaldiçoando internamente por levar o dia todo ali, enquanto ele
contorcia-se pela cozinha esperando para se aliviar.

 Girei a maçaneta e a puxei, tentando abrir a porta de uma maneira calma e


sair despreocupadamente, como a adulta que era.

 Mas, claro, a porta estava emperrada novamente.

 ─Não. – eu arfei, tremendo, meus olhos escancarados para a maçaneta


enferrujada. ─Por  favor, não. Não agora.

 Isso acontece o tempo todo. Merda de porta, merda de maçaneta! Por


quê?! Por que agora?!

Girei a maçaneta até o fim e puxei com força, dando um solavanco. Às


vezes funciona. Claro, agora todas as ilusões que eu tinha de aparecer  na sala
tranquilamente estavam na beira de um precipício.

 Os ruídos de uma porta sendo sacudida, e de madeira inutilmente batendo


em madeira, ecoavam alto pelo ar sem parar, como se gritassem, ‘A imbecil
enfurecida está presa no banheiro!’

 Eu consigo fazer isso. Ponha algum esforço físico aqui, garota! Vamos lá!
Violentando a porta outra vez, comecei a soltar pequenos rosnados à medida
que acreditava que a maçaneta estava cedendo de leve por um momento,
mas… não estava.

 Era fatal e inevitável. Mas, agora iria acontecer. E aqui vem ele…

 ─Skylar? – uma voz rouca soou do outro lado da porta. ─Você está bem?
Ele parecia estar achando graça lá fora. Não era exagerado, mas eu podia
perceber.

  Apoiei meu pé direito contra a parede ao lado da porta e exigi,


silenciosamente dessa vez, que ela abrisse ou eu iria tirar as trancas HOJE
MESMO!

 ─Eu estou bem. – falei através da porta, tentando soar clara e adulta. ─A
porta emperra algumas vezes, deixa comigo.

 Abre caralho, abre AGORA! Mentalmente eu estava falando com a porta,


não com Mathew.

 ─Ok. – ele disse e então escutei ele se afastando. Ouvi com atenção
procurando por uma zombaria ou risada mas eu não ouvi nada. Tudo que eu
podia escutar era a voz do Bob Esponja e de outro desenho, rindo de mim.

 Senti meus dentes rangerem enquanto eu puxava com todo o peso do meu
corpo, impulsionando meu pé com mais força contra a parede, e dando
pequenas e rápidas sacudidas na maçaneta.

 O pânico começou a tomar conta de mim, pois sei que a primeira coisa na
manhã que as pessoas precisam fazer é usar o banheiro, como sempre fiz.
Tenho certeza de que Mathew quer entrar aqui e está provavelmente me
odiando até a morte neste momento. O único outro lugar que ele poderia usar
seria a pia da cozinha. Oh não, nojento!

 Eu odeio minha vida.

 Ouvi o barulho de água correndo na cozinha e julguei que ele estivesse


lavando louça. Cara! Como ele consegue mexer com água logo de manhã e
não sentir vontade de urinar? Talvez ele seja  um robô.

 Mais alguns minutos se passaram e tudo o que eu ouvia de Mathew era o


borrifar de água na louça, juntamente com o desenho que ele estava
assistindo.

 Finalmente eu me rendi, ofegando e admitindo a derrota. O que eu iria


fazer agora? Chamá-lo? Cruzes, constrangedor. Bater na porta? Não, estúpido!
Mas, ele claramente não viria atrás de mim por vontade própria, então eu
fechei meus olhos, deixando a cabeça cair nas minhas miseráveis mãos
vermelhas, ao mesmo tempo em que engolia meu orgulho e me fazia chamar.

 ─Mathew?

 A torneira foi fechada e ouvi o som dos seus passos se aproximando


devagar da porta.

 ─Pois não, Skylar? – ele disse, agindo como se não tivesse nenhuma idéia
do que eu queria.
 Ele pode ser um completo idiota, observei

 Dei uma olhada no meu rosto vermelho no espelho a minha esquerda e


fechei meus olhos.

 ─Eu não consigo abrir a porta, está emperrada demais. – forcei as palavras
a saírem, desejando rastejar para dentro de um buraco e morrer.

 ─Oh, entendo. – ele dava a impressão de estar sorrindo.

Meu rosto se tornou furioso em um segundo e senti minha mandíbula


endurecer.

 ─Você pode me ajudar? – perguntei, agora me sentindo enjoada. Ele


estava me fazendo pedir pela ajuda dele, sabendo o quanto isso é humilhante
para mim. Ele estaria me dando o troco pelas perguntas de ontem… ou talvez
as de hoje?

 ─Quem sabe. – ele  respondeu, transbordando poder.  ─Ou… eu poderia


simplesmente deixar você presa aí o dia todo. Isso seria divertido. Você
poderia ser minha prisioneira particular. Mas, acho que eu não conseguiria
passar comida por baixo dessa porta.

 Ok,  isso parece muito bom. Mas, espere… não, eu tenho aula hoje.

 ─Mathew, por favor? – suspirei, quase balançando dessa vez, a voz dele
realmente provocando coisas em mim. ─Eu tenho aulas muito importantes
hoje.

 ─Hmmm… – a voz dele ficou bem macia. ─Isso é um problema. Pobrezinha


Skylar…

 Eu resmungava mentalmente. Ele estava brincando comigo de novo. Eu


pensei que ele fosse o brinquedo aqui, não eu.

 Ele não é um brinquedo, não diga isso, repreendi a mim mesma. Ele é
apenas brincalhão e infantil às vezes. Eu gosto desse lado dele… na maioria
das vezes.

 ─Mathew… você disse que seria um bom menino. – choraminguei como


uma criança de quatro anos. Troquei a palavra ‘brinquedo’ por ‘menino’,
esperando que ele não percebesse.

 Eu jamais iria rebaixá-lo ou chamá-lo como um brinquedo. Eu quero que


ele enxergue a si mesmo como mais do que isso. Ele já  era mais do que isso…
para mim.

 E isso foi o suficiente para fazê-lo parar de se divertir as minhas custas.


 ─Ok, Skylar, afaste-se! Eu irei te salvar. – ele  me fez sorrir ao fazer uma
voz exagerada de príncipe, como se estivesse indo me resgatar. Ele é fofo
demais.

 Imbecil.

 Fui para trás o máximo que pude, parando no box aberto do chuveiro. Não
havia muito espaço aqui e eu realmente não queria ser assassinada por uma
porta voadora. Isso deve ser bom, pensei, querendo ver o que iria acontecer a
seguir.

 Com um chute brusco e o estrondo do pé dele contra a madeira da  porta,


ela se lançou aberta com força, chocando-se na parede e fazendo um buraco
mediano na frágil parede de gesso atrás dela.

 Eu tinha dado um gritinho de surpresa quando a porta abriu, não


esperando que ele a abrisse tão depressa. Ela REALMENTE estava MUITO
emperrada! Eu usei toda a minha força física e não consegui tirá-la do lugar.
Céus, eu sou tão fraca. Preciso começar a comer vitaminas.

 Mathew entrou um pouquinho, movendo a maçaneta na direção dele


mesmo, e dando uma olhada atrás dela. Nossa! Ele abriu a porta com um
único pontapé… e ele estava sem calçado algum. Eu estou tão excitada neste
momento.

─Ops. – ele contraiu os músculos um pouco, olhando para o buraco e depois


para mim com desculpas nos olhos. ─ Eu irei consertar isso, Skylar.

 Eu não podia evitar sorrir para ele.

 ─Não se preocupe com isso. – fiquei onde estava, hipnotizada pela visão
dele parado ali, vestindo apenas uma cueca boxer cinza apertada.

 Ele olhou para mim e seus olhos mergulharam profundamente nos meus.

 ─Você  está bem?

 ─Aham, ótima. - senti minhas bochechas ruborizarem de leve. ─Eu sempre


fico presa aqui com essa maldita porta. Obrigada.

 Fiquei tão envergonhada que só conseguia imaginar o que ele estava


pensando de mim. Eu aposto que as garotas menos esquisitas  pagavam
apenas $10,000 por duas semanas do tempo dele.

 ─Bem, eu salvei você, doce Sky. – ele caminhou pelo banheiro, fazendo
sua voz de realeza novamente, os olhos queimando nos meus.

 Ele estava nariz com nariz comigo quando perguntou. ─Com qual
recompensa você pretende me premiar?
 Você pode ter qualquer coisa que quiser de mim, eu quase disse,
como se eu tivesse alguma coisa que valesse isso. Mas, eu tinha uma forte
sensação de que ele não estava pedindo por COISA alguma.

 Deus, os olhos dele são mortais, reparei novamente enquanto eles


despejavam seu encanto em mim. Talvez ele tivesse colocado escondido algo
especial nos meus ovos ontem e agora toda vez que ele está perto de mim eu
me transformo em uma lesada.

 Eu não sabia mais o que dizer, exceto murmurar.

─ Um beijo?

 Limpei minha garganta, não querendo parecer mais estranha do que já


sou.

 ─Mmmmm… sim. – ele sorriu e abriu a boca, a fechando sobre meus


lábios, uma mão apoiada na porta do box e a outra na parede de azulejos.

 Eu estava tão feliz por ter escovado meus dentes e a língua duas
vezes.Mas, mesmo que ele ainda não tenha escovado, seu gosto era
maravilhoso. Como ele faz isso?!

 Ele me beijava uma vez após a outra e eu já estava ficando tonta. Eu não
percebi naquele momento, mas meu corpo havia se movido para trás, ainda
em pé no chuveiro, até as minhas costas ficarem contra a parede.

 Não deixando que eu escapasse dele, ele me seguiu até o chuveiro,


entrando e fechando a porta do box atrás de si, tudo isso enquanto ainda
estava me beijando como um especialista.

 Ouvi em minha voz um gemido, esperando que ele não ligasse a água em
nós.

 ─Pare de tentar fugir de mim. – ele falou com uma voz falha e rouca, me
beijando com um pouco mais de vigor. ─ Eu não gosto disso.

 ─Desculpe. – soltei o ar, incapaz de ficar longe dele mais, e não querendo.

 Seus braços repousaram nas paredes de azulejos em meus lados à medida


que sua língua gentilmente me explorava, movendo-se de maneira suave. Eu
correspondia ao beijo dele, seguindo os instintos dos meus lábios, esperando
que estivesse gostoso para ele também. Eu sou tão inexperiente. Odeio isso.

 E então, ele surpreendentemente gemeu! Wow, eu fiz ELE gemer?! Eu sou


foda!

 ─Skylar… – sussurrou, sua mão direita desceu e puxou o cinto do meu


roupão, abrindo-o enquanto eu cerrava os punhos ao lado do corpo, nunca
sabendo o que fazer com as minhas mãos. Malditas mãos!
 ─Aqui. – ele parecia ler minha mente e pegou minhas mãos nas dele,
balançando-as ao sorrir para mim, ainda cara a cara comigo. ─Me toque,
Skylar.

 Ele levou minhas mãos para descansar na parte inferior das suas costas, ao
mesmo tempo em que voltava a me beijar. Senti elas se movimentarem para
cima e para baixo nas costas dele. Ele era tão quente e macio, sua pele é igual
a de um bebê. Não a aparência, mas a maneira como era ao toque, apenas
músculos definidos sob a superfície macia como seda.

Levou apenas alguns segundos para as minhas mãos vagarem até a cueca
dele, acariciando a rigidez de seu traseiro, meus dedos curvando-se um pouco
para dentro.

 Ele gemeu em minha boca enquanto sua mão direita descia pela minha
barriga, alcançando minha região íntima e confuso, os dedos dele acariciando
suavemente meu clitóris para cima e para baixo outra vez. Eu arfei, abrindo os
meus olhos.

 Não, de novo não… não agora… não ainda… ele precisa descansar! Não
precisa?

 Meu corpo imediatamente se lembrou daqueles dedos e acordou na hora,


feliz e saltitando como um cachorrinho ansioso querendo seu dono. Mas, isso
tudo estava acontecendo dentro de mim.

 ─Ummm… – me ouvi dizer, embora eu não quisesse conversar. ─ Você não


precisa usar o banheiro?

 O que?! O que há de errado comigo?! Eu sou uma retardada de merda.

 Ele sorriu e estreitou os olhos levemente, mas continuou beijando e


lambendo os meus lábios.

 ─No momento não. – murmurou, me beijando vivamente outra vez. ─ Mas,


obrigado por perguntar.

 ─Desculpe. – falei novamente. ─ Eu não sei o que há de errado comigo.

Ele não parou de me beijar.

 ─Eu acho que bati minha cabeça quando era um bebê. – eu estava
tagarelando em sua boca.

Ainda assim ele não parou o beijo.

 ─Não há nada de errado com você. – ele me beijou mais uma vez.

Nós estávamos deslizando lentamente pela parede de azulejo, em direção


ao fundo da banheira. Oh não, o que ele está fazendo?
 ─Ummm… Mathew… que horas são? – voltei a  falar.

 ─Cala a boca, Skylar. – exigiu docemente, devorando meus lábios.

 Essa é uma sugestão muito boa. Cala a boca, Skylar.Sim. Farei isso agora.
Obrigada, Mathew.

 Antes que pudesse reagir, eu estava deitada sobre a porcelana e os lábios


dele estavam viajando pelo meu pescoço, meu roupão ainda mais aberto. Sua
mão em meu seio, apertando, beliscando… a boca completamente molhada
movendo-se em meu mamilo enquanto sua outra mão me mantinha indefesa
no lugar.

 ─Uhhhh… – eu olhei para o teto, respirando pesadamente outra vez. Eu era


escrava dele.

 Ele é a criatura mais perigosa de todas. Um predador atrás do meu


coração, já cavando suas presas em mim. Tudo nele me atrai – seu rosto, sua
voz… até seu cheiro. Como se eu pudesse lhe dizer não… como se eu pudesse
lutar contra ele… ou fosse querer. Pior que um assassino… ele era destinado a
seduzir. E ele havia conquistado todas as outras mulheres antes de mim, mais
experientes, mais carnais que eu. Ele vai me matar. Ele vai quebrar meu
coração.

 Ele agora estava me conquistando e me  seduzindo, com tanta facilidade…


com facilidade demais.

 Eu nunca quis tanto um homem assim… na minha vida. Eu o quero agora.

 E ele me disse para confiar nele. Eu quero tanto… mas alguma coisa dentro
de mim continua dizendo… “Não confie.”

 Mas mesmo agora, com a minha mente sabendo de tudo isso, e depois de
apenas uma noite, eu não consigo controlar a minha sede por ele… eu quero
ele, eu preciso dele, eu SUPLICO por ele. Ele é como uma droga para mim…
uma que me faz arder e sofrer fisicamente se não a tiver… ele é como meu
tipo preferido de heroína. Eu odiei ficar na faculdade ontem sem ele e hoje vai
ser ainda mais horrível. O tempo sem ele era sem sentido e cruel.

 Não sei se eu consigo me controlar. Estou sob seu controle agora. Estou
presa em sua armadilha. Ele me tem. Eu gostaria que ele me dissesse o que
está pensando. Tenho tanto medo que a qualquer momento ele simplesmente
desaparecesse, um maravilhoso sonho que se vira fumaça assim que o sol
nasce.

 ─Você não tem idéia… quanto tempo eu esperei por você. – disse de todo o
coração com minha voz ofegante e os olhos dele se abriram e encararam
intensamente o meu corpo, depois subiram até meus olhos iluminados.
 Minhas pernas estavam abertas e ele estava deitado entre elas… e senti
seu corpo  endurecer contra o meu.

 Se ele me pedisse para explicar isso… eu nem sei se eu conseguiria. Eu


apenas SINTO.

 Após uma silenciosa pausa, a voz dele ondulou como calor em volta de
mim.

 ─Você não tem que esperar mais, Skylar. – ele disse em uma voz baixa.
─Eu estou aqui… e eu quero você. Eu te quero tanto.

 Eu não sabia o que dizer. Em meu cérebro as coisas estavam se movendo a
mil por hora, tentando encontrar uma maneira de ir à aula hoje.

 Mathew observou onde nós estávamos e olhou para mim como se pedisse


desculpas.

 ─Mas talvez esta não seja a hora nem o lugar certo. – completou.

 Eu senti as lágrimas dos meus olhos engrossarem enquanto ele recuava
devagar para ficar de pé, me levantando com ele, fechando meu roupão de
forma gentil e dando um único nó no cinto. Ele sorriu para mim e beijou minha
testa.

 ─Está tudo bem, Skylar. – ele prometeu, dando sua palavra. ─Eu irei
esperar por você. Quando você estiver pronta, eu estarei lá. Nós temos tempo
de sobra. Me desculpe por… isso. (ele fez sinal com a cabeça para o chão do
chuveiro)… nós sempre parecemos acabar no chuveiro. Deve existir alguma
mágica aqui.

Existe mágica em todo lugar onde você está.

 Céus, estou me envolvendo muito rápido. Eu sou tão idiota.

 ─Vem, vou fazer seu café da manhã. – me conduziu para fora do chuveiro,
vigiando meus passos, assim eu não me mataria. Ele continuou segurando
minha mão, me levando para a cozinha e me sentando na bancada.

 Na minha mente, por um momento, eu estava na boate Fire e ele me


levando para o quarto privado.

 Postando um beijo no topo da minha cabeça, ele foi me buscar um copo de


suco, e o pôs na minha frente.

 ─Beba.

 ─Faça seu dever de casa que eu volto já. – Mathew agora estava indo para
o banheiro. ─Eu estava ótimo até você mencionar  isso!
 Oh, agora  ele precisa fazer xixi. Ri um pouco comigo mesma, esperando
que ele não ficasse preso lá dessa vez. Mas ele era esperto o bastante para
deixar a porta entreaberta.

 Eu tentei não escutar a água atingindo água, abrindo meu bloquinho e
tentando focar minha mente, esperando que eu não estivesse tão arrebatada
que não conseguisse mais fazer minhas atividades.

 Neste momento eu estou sentada aqui, escutando Mathew escovar os


dentes, minha mão começando a escrever:

Eu adoro o seu cabelo.

Eu adoro sua pele.

Eu adoro tocar você.

Eu adoro te dar prazer.

Eu adoro pertencer a você.

 De onde vem isto? Minha mão estava agindo por vontade própria,
escrevendo todas as coisas que ele havia me dito ontem à noite.

 Skylar, você vê um tema aqui? Merda.

 Ele estava voltando e eu fechei meu caderno, lançando a minha caneta


para longe, sobre o balcão.

 Por dentro, eu quis ficar brava com ele quando ele retornou para a cozinha.
Mas, logo que o vi, com seu peito nu e  me vi perdida em suas tatuagens e
então … eu não consegui.

 Estudar ele está ficando mais complicado do que eu pensava. Eu estava


aprendendo todos os tipos de coisas novas sobre mim também.

 ─Que horas você precisa sair hoje? – Mathew  perguntou, sem saber dos
meus planos.

 ─Oh, daqui uma hora. – olhei para o relógio de parede acima do fogão,
─Provavelmente vou chegar por volta das 14h esta tarde.

 ─Tudo bem, então preciso me mexer. – ele disse brincalhão e radiante


novamente, debruçado sobre balcão em seus braços, olhando para mim. ─O
que você gostaria de comer esta manhã?
 Eu dei um sorriso, meu lado menina má vindo à tona outra vez.

 ─Wow…  - Mathew vibrou dando risada.  ─Olhe para esse sorriso diabólico!
Estou muito impressionado! E depois de apenas uma noite… você me fascina.

 ─Torrada, se estiver tudo bem. – facilitei para ele hoje, eu realmente não
estava com muita fome.

 ─Isso é tudo? – ele parecia um pouco desapontado.

 Eu assenti, sorrindo dissimuladamente para ele.

 ─Você se sente bem? – ele perguntou, parecendo preocupado agora,


tirando o pão da geladeira.

 ─Você está brincando? – zombei.  ─Eu me sinto maravilhosa, vou ser um


estrago na aula hoje pensando na noite passada.

 Ele sorriu, colocando o pão na torradeira, pressionando a alavanca.

 ─Você irá pensar em mim na aula hoje? – ele pareceu surpreso e feliz com
isso.

 ─Definitivamente. – admiti, bebendo o meu suco.

 ─Eu irei pensar em você também, Skylar. – ele mordeu o lábio inferior
dessa vez, me fitando, esperando pela torrada.  ─Eu não me divertia assim há
muito tempo.

 Sorri, amando o som da sua voz e cada coisa que ele pronunciava.

 Tentando recuperar meu profissionalismo, se não fosse tarde demais,


retomei ao assunto com. ─Bem, agora que nós tivemos nossa diversão, temos
um compromisso quando eu chegar em casa. Não se atrase.

 A torrada saltou e estava no ponto, exatamente como eu gostava.

 ─Manteiga? – perguntou.

 ─Por favor. – sorri abertamente, observando-o pegar a manteiga e


espalhá-la na torrada quente.  ─Você ouviu o que eu disse… sobre nosso
compromisso?

 ─Sim, eu ouvi. Eu estarei aqui, na hora, no sofá como um bom paciente,


Dra. Skylar.

 Ele colocou a torrada na minha frente e riu, indo lavar a louça de ontem à
noite. Eu realmente odiava vê-lo fazer estas coisas para mim, mas, droga, eu
adoro observar ele lavando um prato. Eu nem tenho ideia do porque, na
verdade. Me excitava.
 Preciso fazer uma anotação sobre isso.

 Ele estaria tirando sarro de mim quando diz ‘Dra. Skylar’? Gostaria de
saber. Eu teria que abordar isso hoje, entre outras coisas.

 ─Er… Skylar? – ele levantou o olhar e continuou a lavar. ─Tenho pequenos


planos para hoje, nada demais, apenas uma festa de despedida de solteira que
começa às 12h. Deve terminar lá pelas 13h ou 13:30h, mas eu vou vir direto
pra casa depois dela. Pegarei o trem, então, só no caso de eu me atrasar
alguns minutos, eu não quero que você pense que estou te dando o bolo ou
nada assim. Tudo bem?

 Ele sempre me pergunta se está tudo bem. Como se ele tivesse medo de
mim ou algo do tipo. Ele de fato estava seguindo a mentalidade de que eu
realmente era sua dona e isso me aborrecia. E, ele está sempre cedendo aos
meus desejos facilmente, com aquele ‘sim, Skylar’ toda vez que eu digo
alguma coisa para ele.

 Ele é extremamente obediente, feito um animal de estimação e isso me


perturbava também.

 Como é que vou  atravessar essa barreira? Eu preciso refletir sobre isso
hoje na faculdade e conseguir algum conselho do Dr. Collier.

 Decidi tentar algo aqui, embora não estivéssemos em uma sessão no


momento.

 ─Mathew… – tentei manter minha voz calma.  ─E se eu te dissesse… não,


não está tudo bem? Eu quero que você fique aqui o dia todo e não se mexa
daquela cadeira. Você faria isso?

 ─Sim. – ele disse, sem sequer pensar sobre aquilo, lambendo a manteiga
em seu polegar enquanto a guardava. ─Você me quer com ou sem roupas?

 Soltei minha respiração, o deixando saber que estava espantada. Minha


boca aberta em choque para ele. Porém, ele agia como se estivesse tudo
perfeitamente normal.

 ─O que foi? – ele quis saber, sorrindo de leve.

 Eu não conseguia retribuir o sorriso dessa vez. Um enorme sentimento de


piedade por ele me tomou e eu não pude evitar.

 ─Seriam cinco horas, Mathew, sentado em uma cadeira, sem se mexer.

 ─ Isso é fácil. – ele encolheu os ombros.  ─Não tenho nenhum problema


com isso, se é o que você quer.

 ─Mas eu tenho. – me ouvi contestar.  ─Eu não deveria ter permissão para
te dizer algo assim, ninguém deveria. Você deveria me dizer que vai fazer o
que quiser e que eu não posso sair por aí te dando ordens. Você perderia
dinheiro se eu lhe dissesse para não ir ao seu compromisso de hoje. E poderia
ter problemas com sua chefe. Isso não te incomoda?

 ─Não importa. – deu de ombros de novo.  ─Eu pertenço a você agora e


você comanda o que eu faço. Se você me disser para fazer algo, eu vou fazer.
Meus sentimentos não importam aqui. Eu estou aqui por você, Skylar.

 ─Eu estou no comando? – eu não conseguia nem terminar a frase, de tão


chocada.

 Eu precisava me acalmar, eu tinha que manter uma fachada serena não
importa o que ele diga. Esse é o ponto crucial em ser uma psiquiatra, não
reagir exageradamente e perder o paciente. Mas eu havia quebrado as regras.
Eu me preocupo com ele e estava brava por ele ser assim, por dizer aquelas
coisas. Porém, eu deveria querer que ele contasse o que está pensando,
mesmo que isso seja insano.

 ─Sua torrada está esfriando, Skylar. – tentou mudar de assunto.

 ─Espera. – olhei para ele, colocando um prato lavado no escorredor ao lado


dele. ─Mathew, ouça, eu não quero que você atue mais, entendido? Quero que
seja você mesmo durante nossas duas semanas. De agora em diante, se você
sentir algo, se não gostar ou tiver alguma coisa na cabeça que deseja dizer,
quero que diga. Você pode fazer isso por mim?

─O que você quer dizer? – ele pareceu confuso. ─Atuar?

 E sim, o Bob Esponja ainda estava passando, mas ele não estava
prestando atenção, então deixei isso pra lá por enquanto.

 ─Eu sei que você deve interpretar um certo papel quando faz o que faz
para viver. -comecei gentilmente, permanecendo relaxada. ─E talvez depois de
algum tempo, isso acabe se tornando quem você é… como você está
acostumado a agir e, muito em breve, você não tenha nem mesmo uma
vontade própria mais. Entende? Tipo… quais são as SUAS opiniões? Do que
VOCÊ gosta? Como, por exemplo, na noite passada, quando você beijou meu
pé, por que você fez aquilo?

 ─É bonito. – ele olhou para mim, respondendo honestamente, sem hesitar.

 ─E você parou. Por quê? – perguntei, dando uma mordida na minha
torrada, assim ele não ficaria chateado.

 ─Você me pediu para parar.

 ─Mas se você estava com vontade, por que não poderia apenas dizer ‘não,
Skylar, eu quero beijar os seus pés e eu vou fazer isso’?
 ─Não. – seus olhos pareciam mais firmes agora. ─Eu não quero que você
fique zangada comigo.

 ─Mas se você… - ele me cortou.

 ─E, além disso, você tem a minha posse. – ele me interrompeu,


acrescentando outra razão.

 ─Mathew, você é uma pessoa. – me mantive calma, mesmo que eu


quisesse gritar com ele e sacudi-lo. ─Ninguém pode possuir alguém. Você não
é propriedade  minha. Você está me ajudando em meu trabalho e também
está me ajudando com… outras… coisas. Mas, você não me pertence, Mathew.
Eu nunca agiria como se pertencesse, muito menos. Eu sei que muitas pessoas
têm te tratado dessa maneira, mas você precisa entender que realmente não é
verdade que eu possua  você. Você não entende?

 ─Eu entendo o que você está dizendo, Skylar. E eu valorizo o sentimento


por trás disso. Mas, você se esqueceu de uma coisa: Você me pagou vinte mil
dólares. Por mais treze dias você me possui SIM. Se você me pedir para
sentar, eu irei sentar. Se você me disser para comer ração de cachorro, eu irei
comer. Se você me machucar, eu ainda irei ficar aqui. Eu me vendi para você,
Skylar. Eu perdi qualquer poder de decisão em mim mesmo. É isso que
significa ser um pros…

 Ele se interrompeu, mas eu sabia do que ele estava prestes a chamar si


mesmo. Eu tinha muito trabalho a fazer com ele. Eu não acho que eu seja boa
o bastante para salvá-lo. Meu primeiro paciente. Meu primeiro amor. Sim,
merda, eu gosto dele. Sou tão estúpida. Como me apaixonei em um dia? Ah,
lembrei, sete orgasmos.

 ─Não fique com raiva de mim, por favor? – ele quase implorou, os olhos
fazendo o mesmo. Ele tinha terminado de lavar a louça e secou as mãos.

 Céus, perceba como ele tem medo de que eu fique brava com ele. Ele quer
agradar todo mundo e tem pavor que não o aprovem. Isso vem dos seus pais,
por nunca ter conseguido o tempo e a aprovação deles, ele realmente tem
muito medo que o mesmo aconteça com qualquer um com quem ele se depare
na vida. E com isso significa que, ele faria qualquer coisa que dissessem
contanto que mostrassem apreço e admiração por ele. Eu estava com vontade
de chorar.

 ─Eu não quero brigar com você, Skylar. – ele estava andando devagar em
minha direção, chegando por trás de mim.

 Seus braços rodearam o meu corpo e me seguraram para perto dele, bem
abaixo do meu queixo, me envolvendo. Os lábios dele tocaram minha têmpora.

 ─Eu vou responder todas as suas perguntas de agora em diante, eu


prometo. Eu vou tentar. Mas, tenho medo de como você irá me ver uma vez
que souber tudo sobre mim. Eu vou parecer horrível para você.
 ─Não, você não vai, Mathew. – toquei seus braços com minhas mãos
gentilmente, esfregando eles.  ─Você é lindo, jamais vai parecer horrível para
mim.

 Ele beijou minha bochecha intensamente e desceu suas mãos pelos meus
braços, entrelaçando os dedos nos meus, repousando o queixo no meu ombro.

 Ele não falou por um longo tempo e eu teria que sair para a faculdade logo.
Eu não estava zangada com Mathew, só queria que ele parasse de enxergar a
si mesmo como um objeto. Um brinquedo, um escravo, um dançarino. Levaria
tempo, muito mais que duas semanas para fazê-lo ver isso. Mas eu  tenho
apenas duas semanas.

 Odiava pensar em Mathew me deixando e indo pertencer a alguma outra


vadia que o faria comer comida de cachorro e ajoelhar-se pelado na entrada.
Principalmente porque, eu sabia que ele aceitaria se ela o tivesse pagado para
isso. Eu queria saber como ele entrou nesta vida, o que o transformou no que
é hoje, que dor havia esmagado tanto a sua alma.

 Eu precisava começar a ter coragem e ir ao trabalho. Perguntas difíceis


precisavam ser respondidas. Eu não tinha tempo para não perguntá-las a fim
de poupar os seus sentimentos. Mesmo que ele ficasse bravo comigo, eu tenho
que tentar ajudá-lo a quebrar suas paredes.

 Se eu falhasse e qualquer coisa terrível acontecesse com ele nas mãos de
alguém, eu jamais conseguiria me perdoar.

 ─Está certo, Mathew. – beijei o braço dele.  ─Nosso compromisso é às 14h.


Se você se atrasar, tudo bem. Mas tente chegar a tempo.

 Ele me deixou levantar e pegar minha mochila, enfiei meu bloquinho e a


caneta dentro dela, fechando o zíper.

 ─Vá ao seu compromisso hoje. – virei para ele, olhando-o nos olhos. Ele de
repente parecia tão frágil.  ─E a gente conversa quando eu chegar em casa.
Está bem?

 Nessa hora, ele sorriu aliviado. Isso é porque eu não fiquei brava com ele?

 ─Sim, Skylar. – ele concordou, usando sua famosa frase. ─Obrigado.

 Eu não tinha certeza pelo que ele estava me agradecendo

 ─Te vejo mais tarde. – eu quase saí pela porta, mas então girei, vendo seu
rosto me observando.

 ─Vem cá. – sorri para ele, incapaz de resistir àquela carinha.

 Ele veio até mim, sorrindo, colocando as mãos em cada lado do meu rosto
e antes de seus lábios descerem sobre os meus, ele murmurou.
 ─Você lembrou.

 ─Como se eu fosse esquecer  de dar um beijo de despedida em você. – eu


disse, sentindo os lábios dele, tão perfeitamente úmidos e macios, suaves
como água quente. Ele tem um gosto tão bom.

 Ele me deu um beijo intenso e de abalar as estruturas esta manhã. Eu 


teria que lhe dar lição de moral com mais freqüência antes de sair de casa.

 Mathew dava a impressão de estar tentando não rir de mim e me perguntei


o porque.

 ─Tenha um ótimo dia, Skylar. – sorriu de orelha a orelha.

 ─Você também. – sorri para ele, imaginando qual era o seu problema. ─Até
logo, boneca.

 Ele olhou para baixo quando eu saí e então eu ouvi um pequeno riso
abafado escapar dos lábios dele.

 Decidi ignorar isso e continuei andando pelo corredor, não escutando a


porta se fechar ainda.

 ─Eu não posso… - ouvi sua voz rouca resmungar para si mesmo e me virei,
com medo de que ele quisesse dizer que não podia ficar mais comigo.

 Talvez eu tenha ido longe demais com o que disse. Eu estava pronta para
começar a implorar enquanto ele caminhava até mim.

 ─Skylar? – ele colocou as mãos nos meus ombros.

 ─Sim? – franzi as sobrancelhas, confusa.

 O sorriso dele voltou a aparecer e ele tentou pará-lo, segurando uma


gargalhada, eu poderia dizer.

 ─O que?

 ─Você não acha que… deveria vestir outra coisa para a aula? – ele
perguntou, mantendo o rosto meio sério.

 Olhei para baixo e vi meu curto roupão rosa dos ursinhos carinhosos, quase
aberto na frente com o nó do laço muito frouxo.

 ─AH PORRA! – protestei, não acreditando em mim mesma e no meu


cérebro esquecido.

 Mathew explodiu em gargalhadas, me seguindo conforme eu corria para


dentro do apartamento. Eu até mesmo quase fechei a porta na cara dele
quando ele tentou cruzá-la para entrar, mas ele simplesmente continuou a rir,
caindo de joelhos e segurando sua barriga enquanto eu batia a porta do meu
quarto para me trocar.

 ─Agora ele decide ser ele mesmo. – resmunguei, ouvindo sua risada se
tornar mais alta do lado de fora. Eu sorri, também. Ouvi-lo lançar o seu feitiço
sobre mim, e odiando isso, fez eu rir compulsivamente, como ele.

 Tentando falar entre risos, Mathew estava ofegante.  ─O seu professor de
psicologia iria adorar te ver… chegando na aula desse jeito… tenho certeza…

 ─Cala a boca. – ri, jogando um travesseiro na cara dele.

 ─Seus joelhos fofinhos… – ele continuava rindo, sem ar.  ─E um dos
Ursinhos Carinhosos na parte de trás do seu roupão! Em uma faculdade!

 Seu riso estava sufocando-o e eu fiquei feliz.

 Quando eu saí do meu quarto em um jeans e camiseta, ele estava deitado


de cara no chão, ainda histérico. Eu acho que até vi lágrimas nos olhos dele.

 ─Espera, Skylar, ESPERA! – ele agarrou minha perna enquanto eu tentava


passar por ele, tentando acalmar suas risadas.

 ─O que foi, seu gnomo doméstico?

 ─Era o Ursinho Zangado nas costas? – ele caiu na gargalhada novamente.

 Sorrindo, eu puxei minha perna.  ─Talvez eu mude de idéia sobre você ser
você mesmo se é assim o seu natural! Volte para o seu jeito obediente! –
brinquei.

 Eu estava no corredor e Mathew continuou rindo e chamando. ─ESPERA


SKYLAR, ESPERA!

 ─O que é? – me virei, meio sorrindo para ele, que estava agora apoiando
as costas expostas na minha entrada, segurando a porta aberta um pouco.

 ─Eu vou sentir saudades. – sorriu, soando muito sério dessa vez, embora
ele ainda estivesse sorrindo e os olhos brilhando.

 ─Eu vou sentir saudades também, seu idiota.  – ri, não querendo, mas me
afastando.

 Talvez eu possa ajudar, apesar de tudo. Por favor, Deus, me deixe ajudá-
lo.

 Eu me apressei para a aula, esperando que eu pudesse obter algumas


respostas do Dr. Collier. Tentei desviar minha cabeça para o trabalho agora
que eu não estava perto de Mathew. Eu parecia ficar no modo “retardamento
mental” toda vez que estava na presença daquele homem. Eu precisava de
foco.

Capítulo 6 

Skylar POV

A aula havia acabado e agora estou sentada aqui na mesa do Dr. Collier, o
deixando ver meu questionário e coisas que quero discutir com Mathew. James
não está dizendo nada neste momento, ele está olhando todo o meu trabalho e
eu estou contando os minutos até poder ver Mathew novamente.

 Olhei para o relógio acima de sua cabeça na parede. 13:06h. Mathew está
seminu em algum lugar agora mesmo, numa sala cheia de mulheres
assanhadas. Elas estão provavelmente apalpando o corpo dele das formas
mais nojentas. Deus, eu estou com ciúmes.

 James começou a fazer algumas anotações no meu caderno, e a comentar.

─Você deveria perguntar a ele se houve algum tipo de abuso sexual em seu
passado. – ele disse enquanto escrevia, ainda não olhando para mim. ─ E
também, qualquer abuso de substâncias… drogas, álcool… algo que o ajude a
lidar com o que faz. Ele trabalha com mulheres e homens? Existe atividade
homossexual?

 Ai Meu Deus. Eu me sinto enjoada só de ouvi-lo me pedir para perguntar


essas coisas para Mathew. E, eu quero saber as respostas para essas
perguntas? Gostaria de ter coragem de contar a James toda a história entre
Mathew e eu e pedir seu conselho. Apesar de que, ele provavelmente me diria
pra pegar meu dinheiro de volta, pedir para que  ele fosse embora e apenas
estudá-lo de maneira profissional.

 Minha nota estaria arruinada, sem mencionar a minha vida se Mathew


partisse agora.

 ─Você está bem? – James fez contato visual comigo dessa vez.

 ─Sim, tudo bem.

 ─Uma outra coisa que me deixou curiosa… – limpei minha garganta. ─Ele
diz coisas como ‘eu amo seu cabelo’, ‘amo sua pele’, eu amo, eu amo, eu amo
o tempo todo. Imagino que é mais provável que ele diga tudo o que as
mulheres desejam ouvir, certo? Tipo, ele provavelmente não quer dizer isso
quando fala essas coisas para as mulheres.

 James me lançou um sorriso debochado e olhou através da sala.

 ─Provavelmente não. – ele respondeu, confirmando minhas suspeitas,

 ─Mas, ele talvez esteja tão perdido que acredite  de fato no que está
dizendo, porém ele ama todo mundo. Certamente ele cresceu acostumado a
usar esse discurso e a fazer essas caras que fazem com que as
mulheres acreditem  que ele está sendo sincero, como agora… ele não sabe o
que  ele ama, na realidade. Ele ama tudo  isso porque ele precisa amar. Para
sobreviver na vida dele, ele precisa achar toda mulher atraente, ele tem que
sorrir para todas  elas, deixar que elas o toquem, fazê-las acreditar que ele
adora suas atenções. Você deveria perguntá-lo a respeito, mas eu aposto que
ele se enquadra na categoria de nem mesmo se dar conta de que está fazendo
isso. – James disse.

 ─Nossa. – senti lágrimas em meus olhos e pisquei para que sumissem.

 Agora não.

 ─Eu não sei se sou boa o bastante para ajudá-lo. – admiti, abaixando o
olhar para o meu caderno aberto. ─ Eu quero ajudar. Ele é uma pessoa
maravilhosa, de verdade.

 ─Você só pode fazer o básico, Skylar. – James me disse com sabedoria na


voz. ─Você é uma aluna, mas… após ter feito o que estiver ao seu alcance,
você pode recomendar alguns médicos que são brilhantes. Vou lhe dar os
nomes deles. Esse Mathew  pode ir vê-los se ele assim escolher. Mas isso é
opção dele. Ele pode não querer. Entretanto, sua tarefa não é ajudar alguém.
Você não está pronta para isso, Skylar.Só estude o que você ver e escreva
sobre isso. Não tente fazer nada,Você poderia causar mais danos do que bem.
Veja, você é boa, Skylar, e você escolheu essa pessoa complicada para avaliar,
mas eu acredito que você pode fazer isso e pode fazer certo. Só que eu
também sei que você é  muito afetuosa. Não se envolva demais com ele. E se
algo der errado ou ele começar a agir estranho ou intimidante de alguma
maneira, me ligue. Você ainda tem meu número?

─Sim, está no meu celular. – todo aluno tem o número dele para o caso de
uma emergência com seus pacientes.

 ─Ótimo. – ele olhou minhas anotações de novo e comentou. ─E suas


perguntas são boas também. Há mais alguma coisa que queira me perguntar?

 Eu tinha muito mais para perguntar, mas isso significaria contar a ele sobre
meu relacionamento com Mathew, se é assim que você chama quando paga
alguém para te dar orgasmos. Eu estava por conta própria e tinha
conhecimento disso. Nem mesmo sabia se poderia confiar a minhas amigas
essa informação. Eu as amo, mas me sinto suja contando a elas sobre nós.
Aqueles momentos são particulares, apenas para Mathew e eu.

 ─Bem, eu também vou tentar aquele exercício de associação de palavras


que você nos ensinou. – informei.

 ─Bom, bom! – os olhos de James se iluminaram um pouco. ─Eu acho que


você irá se surpreender com o que pode descobrir a partir de uma única
palavra. Me mostre o que você conseguiu após terminar isso.

 ─Pode deixar. – sorri de leve. ─Obrigado, Dr. Collier. Eu agradeço a sua


ajuda.

 ─Qualquer hora para você, Sky. – James pegou sua pasta de couro sobre a
mesa, prestes a ir embora logo depois de mim. ─Tenha um bom dia e te vejo
amanhã.

 ─Ok. Tchau. – sorri e saí da sala de aula vazia, me apressando para


encontrar minhas amigas para o almoço no refeitório.

 Mathew POV

 Sempre me pergunto o que esses motoristas de táxi pensam quando eu


sento no banco de trás, vestido de policial. Talvez que minha viatura quebrou
ou que tive meu carro roubado? Ele provavelmente não liga a mínima, por que
me importo com o que ele pensa?

 ─Você pode me deixar aqui. – eu  disse com firmeza, não querendo ser
deixado na frente da casa. Paguei minha corrida, dando uma generosa gorjeta
e pus meus óculos espelhados de policial.

 O táxi seguiu para a beira da rua, parou e eu saí, posicionando meu chapéu
sobre o cabelo. Eu já tinha visto alguns uniformes de policias de outros
dançarinos e a maioria deles é descaradamente falso. O meu não. Eu tenho um
uniforme autêntico, comprado de uma verdadeira empresa que fornece
uniformes para a polícia.

 Calças azul-marinho escuras, cinto de couro do suporte da arma, lanterna


e cassetete, a camisa azul claro com os emblemas do Departamento de Polícia
de Nova York nas laterais das mangas compridas, gravata azul marinho e os
alfinetes de ouro que vão no meu colarinho e suspendem as quatro letras
DPNY.

 Eu tinha que admitir, eu adorava essa aparência. Me sentia quase como um
policial, como um herói. Mas eu não sou um herói, eu sou o cara mau.
Personificando um policial. Usando óleo e glitter corporal por baixo deste nobre
uniforme. Sim, eu sei, eu vou para o inferno. Me diga algo que eu não saiba.

Eu até mesmo tenho um distintivo verdadeiro na carteira. Além do apito e


uma arma de verdade, descarregada, é claro, mas quem sabe disso?

 Sempre odiei parecer falso quando estava fazendo um trabalho, e as


mulheres gostam dessa atenção aos detalhes. Olhando para mim agora, você
não poderia dizer que eu era apenas um stripper fazendo o papel de um
policial. Eu convencia completamente no personagem. Tudo o que faltava era a
viatura de polícia. Ah, bem, talvez o Papai Noel cumpra esse desejo um dia.

 Talvez eu vista essa fantasia quando voltar para a casa de Skylar hoje e a
assuste um pouquinho. Isso seria engraçado, se ela não surtasse ou coisa
assim.

 Cara, ela é muito divertida. Notei que eu estava sorrindo enquanto andava
mais alguns quarteirões até a casa que eu havia agendado para daqui a pouco.
Não lembro a última vez em que ri desse jeito, mas, uma vez que comecei,
não conseguia parar. E depois ela estava toda bonitinha, fingindo estar furiosa
comigo, até mesmo gritando. Mas eu sei que ela não está brava.

 Ela só está… triste por mim. E eu posso ver isso às vezes quando ela me
olha. Ela não entende… e como poderia? Ela não é uma prostituta barata e fácil
como eu, e eu nunca quero que ela seja. Vou responder suas perguntas, se
isso significa que eu posso ficar e dormir ao seu lado, cheirar seu cabelo e
adorar o corpo dela como ele foi feito para ser adorado. Ela está só começando
a florescer e isso é adorável de observar… para mim.

 A noite passada foi incrível, não tanto porque eu dei banho, massageei e
dei prazer a ela. Tudo isso foi ótimo e eu desfrutei bastante de tudo… mas
havia algo mais, no entanto. Eu não sei o que é, mas eu gosto de ficar perto
dela.

 Eu gosto de conversar com ela, mesmo que seja durante aquelas sessões
de terapia da faculdade que ela insiste em fazermos. Eu queria dizer a ela para
desistir de mim, que eu não mereço ajuda, mas ela nunca ouviria. Ela
precisava de uma nota em cima disto, então irei fingir que concordo e contarei
algumas coisas sujas sobre o meu passado, nada que eu queira manter em
segredo, para ajudá-la a conseguir uma boa nota.

 E aí, quando minhas duas semanas acabarem, eu vou seguir meu caminho
e ela irá voltar para a vida dela, espero que um pouco mais confiante e
experiente para saber o que ela deseja num parceiro, sendo capaz de correr
corajosamente atrás disto e aproveitar seu lado sensual.

 Eu realmente vou sentir falta dela por um tempo depois que esse trabalho
terminar. Porém eu não sinto como se estivesse fazendo um serviço com ela, é
como se estivesse freqüentando a casa da minha namorada. Eu tinha me
esquecido de como é isso.
 Não se apegue, Mathew, eu me repreendi, não se envolva demais. Você fez
aquela coisa romântica da primeira noite, agora você tem que ver qual será o
próximo passo.

 O próximo será a relação sexual. Eu quase a tive esta manhã no chuveiro.


Atraído pelo momento de resgatá-la de sua pequena prisão, quase perdi o meu
autocontrole. Graças a Deus ela não conseguia fechar a boca, aquilo me fez
despertar e perceber o que eu estava fazendo.

Eu precisava esperar que ela me pedisse por isso. Ela não é muito boa em
dizer o que ela precisa e deseja. Deus, ela ficou presa no banheiro por 15
minutos hoje e nem sequer me pediu para ajudá-la. Teimosa. 

Ela nem me disse nada sobre assistir Bob Esponja. Ela segura a língua
demais. Eu quero que ela me diga o que fazer, eu quero que ela diga o que ela
quer.

 Por um minuto eu pensei que um milagre havia acontecido e que ela tinha
encontrado sua voz de comando quando me disse que não queria que eu fosse
para o trabalho hoje, que era para eu ficar sentado na cadeira até que ela
chegasse em casa. Finalmente algo que eu poderia fazer e que ela havia
exigido e desejado! Mas, ela estava apenas me testando para ver o que eu
diria.

 Será que ela quer que eu fique chateado, grite e jogue as coisas? Talvez
seja isso o que ela quer. Ela me deixa tão inseguro às vezes. Ela é muito difícil
para eu ler. Eu poderia questioná-la mais durante a minha sessão de hoje com
a Dra. Skylar.

 Num minuto ela está contente comigo, então, no minuto seguinte ela
parece triste ou com pena de mim, e se torna muito calada. Isso é o que
menos gosto, quando ela não diz nada. Eu estou sempre com medo do que
está se passando naquela cabeça dela.

 Eu sei que ela quer me mudar e me tirar da vida em que estou, mas é
simplesmente impossível. Eu aceitei isso. Mas ela é muito persistente em
tentar entender minhas emoções. Ela me tocou de verdade quando estava me
dizendo que ninguém me possuía, e que eu deveria ser eu mesmo e parar de
atuar. Eu espero de verdade que as coisas não saiam dos trilhos e eu tenha
que deixar o trabalho antes do tempo, eu iria odiar isso.

 É muito diferente ser o brinquedo dela por meio período, e no restante do


tempo contar a ela todos os meus segredos. Como posso lhe dizer coisas
pessoais que me mantém mentalmente são enquanto eu trabalho, e então
fazê-las com ela depois de ter lhe contado tudo sobre aquilo? Isso a magoaria
e arruinaria o encanto e o romance, e eu nunca faço isso, com ninguém.

 Nem mesmo com a Raven, e aquela mulher é  quase uma assassina


treinada. Eu devia contar a Skylar sobre Raven, essas são algumas histórias
que ME assustam pra caramba. Isso  daria um capítulo interessante em sua
tese e eu esperava que ela logo faria parte do meu passado.

 Eu realmente quero ajudá-la a conseguir uma boa nota… mas eu não estou
ao ponto de  narrar a minha verdadeira história.

 Eu odeio que sintam pena de mim e existem certas portas que nunca a
deixarei entrar, não importa o quão forte ela bata nelas. Elas são tudo o que
me deixaram de realmente meu nesse mundo.

 Mathew POV

 Essa é a casa, Agnes Lane, 2435. Eu posso ver carros estacionados ao


longo da rua inteira. Sim, é a festa de despedida de solteira. Só espero que
elas não pensem que eu vá  simplesmente entrar pela porta e me anunciar
como o stripper. Uma coisa que Claire me ensinou é interpretar e me destacar
dos demais, colocando minha própria marca especial nas coisas. Aqui não seria
nada diferente.

 Verifiquei o meu rádio da polícia e ele ainda estava ligado e funcionando.


Ótimo. Fui para a porta dos fundos, não para a da frente, a arma falsa na
minha mão.

 Conseguia ouvir um pouco de música tocando lá dentro e podia ver


bastante mulheres, presentes e comida. Eu sorri para mim mesmo, adorando
essa parte.

 Silenciosamente, me aproximei da porta dos fundos e tentei a maçaneta.


Aberta! Elas são minhas.

 ─POLÍCIA! TODO MUNDO PRO CHÃO! – gritei na minha voz policial mais
masculina, assustando pra cacete cada criatura na sala.

 Gritos ecoaram de cada uma das mulheres quando eu engatilhei a arma,


meu dedo descansando no gatilho enquanto eu dava mais dois passos para
dentro, transmitindo autoridade e poder.

 ─Agora, pro chão! TODAS VOCÊS! ABAIXEM E FIQUEM ABAIXADAS! DE


BRUÇOS! – ordenei, berrando mais alto ao mesmo tempo em que todas elas
se arrastavam para o tapete como reféns em um assalto ao banco.

 Eu ouvi algumas delas dando risadinhas, sabendo quem eu era e para que
eu estava lá, mas a maioria não tinha idéia e estava choramingando,
amedrontadas e nervosas.
 ─QUIETAS! – repreendi, conseguindo o silêncio que pedia.

 Ok, eu notei cerca de trinta mulheres quando andei mais adiante, de pé


sobre os corpos abaixo. Ótimo, um número grande.

 ─Não se movam, nenhuma de vocês. – falei as encarando, caminhando ao


redor dos corpos imóveis. Meninas mais jovens, mulheres mais velhas,
magras, malhadas, elas estavam todas aqui, como sempre. E eu agradaria a
todas, como sempre.

 ─O que está acontecendo aqui?! – exigi, ainda usando os meus óculos
escuros para causar mais efeito.

 ─VOCÊ! – estendi uma mão e puxei suavemente uma loira,  levantando o


rosto dela para mim. Ela estava rindo, mas seu rosto estava muito corado.  ─O
que está acontecendo aqui?

 ─Uma despedida de solteira. – ela disse em uma voz baixinha.

 ─UMA O QUÊ? – franzi a testa, agindo como se eu não acreditasse nela.

 ─Uma despedida de solteira. – ela repetiu e uma outra mulher confirmou


isso ao seu lado.

 ─EU ESTAVA FALANDO COM VOCÊ?! – gritei para a que estava ao seu lado
e ela começou a rir, porém eu permaneci no personagem.

 ─Não, oficial. – a moça com qual gritei respondeu obediente.

 ─Despedida de solteira. Vocês devem achar que eu sou estúpido ou algo


assim. – eu ridicularizei em descrença quando me levantei, largando a mulher
que eu tinha interrogado.

 Estou no controle de todo o grupo, minha arma ainda na mão, apontada


para o teto neste momento.

 ─Qual de vocês é Anna Nickles? – perguntei, não mais gritando, mas ainda
muito agitado. Eu estava procurando por minha noiva.

 ─Aqui. – ouvi uma voz ainda mais baixa se manifestar do outro lado da
sala e algumas outras meninas espiaram e apontaram para uma morena
deitada de barriga para baixo.

 ─ONDE? – eu dizia alterado, chegando mais perto delas.

 ─Aqui. – a voz de uma jovem mulher soou novamente, levantando um


pouco a mão e assim a encontrei. Ela estava me espreitando, a cabeça voltada
para mim levemente, parecendo muito nervosa.
 ─Você?! – eu olhei para ela e perguntei. Ela assentiu com a cabeça e eu
gentilmente agarrei seu longo cabelo cacheado, não puxando de verdade, só
fazendo uma cena. ─De pé!

 As amigas dela riam e observaram enquanto eu guardava minha arma e


pegava uma cadeira da sala de jantar, trazendo-a para o meio da sala onde
todas as minhas prisioneiras estavam deitadas, todas assistindo.

 Posicionei a cadeira no chão duramente e levei a jovem até lá,


empurrando-a para baixo e rosnando.

─SENTE-SE. Você está tão  encrencada, Anna.

 Mais risos vindo das mulheres… eu estava indo bem até agora. A pobre
noiva estava absolutamente petrificada, claramente sem saber o que esperar
de mim a seguir.

 Chutei seus pés, separando-os rudemente. Ela usava calça jeans e uma
blusa bonita, muito atraente, em seus 20 anos, suponho. Ela sabe agora que
sou o stripper dela, mas eu não era um stripper comum.

 Eu desempenho o meu papel com perfeição.

 ─Me dê sua mão. – fui para trás dela e retirei minhas algemas  de polícia,
fazendo da mesma forma que um policial faria, pegando a mão direita,
trazendo-a para suas costas e prendendo a algema em seu pulso. Ela gritou,
surpreendida com aquilo, e eu peguei a outra mão, a levei para trás e prendi a
algema naquele pulso também.

 A sala inteira dessa vez estava uivando e rindo, estendidas de bruços


observando atentamente. Algumas delas clamando. ─ANNA! UHHUUUL!

 ─Ah meu Deus! – Anna deu um gritinho agudo, rindo, corando.

 Pobre Anna, parecia que ela ia ter um ataque cardíaco. Mas, todas as
noivas são assim. Não estão acostumadas com essas coisas. Prestes a se
casarem, prestes a começarem a própria família, a ponto de verem seus lindos
maridos lentamente se transformarem em um habitante do sofá,
testemunhando o cabelo dele cair, assistindo sua barriga ficar maior e maior.
Pobres mulheres. Lamentavelmente, todas elas não tinham nenhuma fantasia
em suas vidas, razão pela qual eu tenho um emprego tão bem pago.

 Agora eu iria ficar em sua memória, se eu fizer o meu trabalho direito,


quando isso acontecesse com ela.

 Atrás dela, sobre a mesa da sala de jantar, apoiei meu ‘rádio’. Havia um
iPod lá dentro que tocaria a lista de músicas que eu tinha preparado para essa
festa assim que eu estivesse pronto para isso. Ainda não.
 ─EU DISSE QUIETA! – gritei para ela, que mordeu os lábios com força,
tentando não me enfrentar em voz alta ainda. ─Anna Nickles. Você está presa.
Você tem o direito de permanecer calada.

 Como já era de se esperar, nenhuma delas permaneceu em silêncio. Eu


tive que levantar a voz para terminar o resto do meu discurso ao encará-la
através dos meus óculos com severidade, enrijecendo minha mandíbula.

 ─Qualquer coisa que disser pode e será usado contra você no tribunal. –
prossegui enquanto Anna tentava com seu melhor manter o rosto sério.

 ─Você tem o direito de ter um advogado presente agora e durante


qualquer questionamento futuro. – continuei com firmeza, sacando meu
cassetete e segurando-o ao meu lado. ─Se você não puder pagar um
advogado, um será nomeado para você gratuitamente, se você desejar. Você
entendeu esses direitos que expliquei, Anna?

 ─Sim. – disse timidamente.

 ─Ótimo. – eu disse de forma curta, cruzando os braços. ─Agora, por que


você não confessa para mim o que você fez e torna isso mais fácil para si
mesma?

 ─Eu não fiz nada. – ela respondeu, dando risadas quando todo mundo
começou a aplaudir, rir e gritar.

 ─Vamos lá, Anna. – levei meu cassetete até sua perna direita, ao longo da
parte interna da sua coxa, recebendo gritos de todas as mulheres, inclusive da
própria Anna. ─Não faça eu me tornar violento com você. Me conte o que você
fez e talvez eu tenha piedade de você.

 Mais gritos e risadas.

 ─Nada! Nada! – Anna se defendia, sua pele ainda ardente do medo


enquanto sorria de orelha a orelha. ─Eu juro, Sr. Policial. De verdade!

 Agora ela está ficando fofinha. Boa menina.

 ─Não é isso que o Michael conta. – informei. (Michael é o noivo).

 ─O que ele disse? – Ana arregalou os olhos enquanto ela ria com todas as
outras mulheres ali.

 ─Ele diz que você é uma menina muito má, Anna. – declarei, movendo
meu cassetete até seus seios, levemente pela lateral do seu corpo, fazendo ela
se debater e chutar um pouco, dando gritinhos agudos e rindo.

 ─E eu fui enviado aqui para endireitá-la da maneira adequada. E eu


pretendo fazer exatamente isso. – falei, cheio de autoridade.
 Gritos. Assobios. Foi tudo que ouvi ao meu redor, e risadas, risadas
sempre. Uma reação nervosa.

─E você vai sentar ali quietinha e receber o seu castigo, você me ouviu,
Anna? – continuei, acariciando a parte interna de sua coxa esquerda com o
meu cassetete, causando reações escandalosas de todas agora.

 ─Quem sabe se você se comportar para o meu prazer, eu te liberte. Está


claro?

 ─Sim, senhor. – ela disse quase me fazendo sorrir. Porém, sua voz ainda
era baixa e receosa.

 ─Eu disse, ESTÁ CLARO?! – gritei na cara dela.

 ─SIM! – ela berrou de volta, rindo logo depois.

 ─Muito bom, Anna. – acariciei seu cabelo gentilmente, e depois o agarrei


com um pouco de força. ─Vamos ver o quão inocente você realmente é, não é
mesmo?

 Eu guardei o cassetete no meu cinto e dei a volta por trás dela,
pressionando meu Ipod.

 ─Mamãe! – Ana riu, dando pequenos pontapés. ─ Me ajude!

 ─Sem chance, querida, você está sozinha nessa! – a mãe de Anna riu para
ela em resposta.

Oh, não se preocupe, mamãe, eu irei te pegar mais tarde também.

 As batidas de guitarra’ do Elvis começaram a ecoar alto e eu voltei para


frente da noiva.

 Mulheres gritavam por toda parte enquanto eu tirava o chapéu e o


colocava no topo da cabeça de Anna.

 Gritos, risos.

 Devagar, tirei meus óculos, olhando por cima da borda deles para Anna, a
medida que eles escorregavam pelo meu nariz. Ela sorriu para mim, me
aprovando até agora.

 Enganchei a aba dos meus óculos na gola da blusa dela e tirei a gravata,
aos poucos, tinha um nó de verdade, não era uma gravata pregada. Eu enrolei
a gravata ao redor do seu pescoço, brincando um pouco com seus longos
cabelos escuros, afagando sua bochecha com as costas da minha mão.
 Mais gritos. Anna estava sorrindo docemente, dessa vez vendo meu  rosto
todo. Eu mantive meus olhos nela quando dei um puxão na minha camisa de
policial, os botões voando e a camisa se abrindo.

 Uivos. Aplausos. Gargalhadas.

 Lentamente, eu deslizei meus ombros para fora das mangas, um de cada


vez, deixando a camisa cair, resgatando-a em minhas mãos pelas costas e a
girando ao redor de Anna, passando ela em volta de sua cintura, fazendo os
quadris dela se moverem para cima e para baixo da cadeira, em minha
direção, enquanto eu me abaixava para perto dela, segurando meus quadris
nos seus por um segundo, movimentando em círculos contra seu jeans.

 ─AI MEU DEUS! – Anna gritou, quicando as pernas um pouco mais no chão.
─Mamãe!

 ─Pare com isso. – eu zombei dela. ─Nada vai te salvar agora. Você
é minha.

 Eu deixei minha camisa ao redor da cintura dela e, lentamente, retirei meu
cinto de couro da arma.

 Dei um passo para trás, puxando minha calça, as pregas se  abrindo e


instantaneamente soltando a peça do meu corpo; os gritos quase me
ensurdeciam.

 Minha bunda estava completamente exposta, e meu pênis mal coberto pelo
pequeno pedaço de tecido preto, encarando os olhos de cada mulher enquanto
eu arremessava a calça para as damas na sala.

 Anna estava gritando e se debatendo em sua cadeira, impotente para fazer


alguma coisa para me parar, quando me movimentei ao redor dela, meu corpo
liso e ligeiramente com óleo. Desci minhas mãos ao longo do meu tronco,
ainda olhando apenas para a minha noiva, dançando para ela, e ninguém mais.

 Eu estava longe o suficiente dela agora para poder ficar de joelhos e cair
de quatro, rastejando até ela como um grande gato selvagem, levantando os
ombros com cada movimento de meus braços.

 Subindo facilmente em sua cadeira, eu lentamente sentei de pernas


abertas sobre ela, sorrindo para seu rosto risonho e desamparado, quase
escondido pelo meu chapéu de policial em sua cabeça.

 Assobios, tumulto, risadas.

 Fiquei de joelhos na cadeira, assim o meu pênis rígido estava praticamente


fora do pequeno abrigo de seda e me movi para cima e para baixo em sua
barriga e cintura. Ela estava realmente se debatendo agora, porém sem
conseguir sair do lugar até que eu tivesse terminado com ela.
 Ao mesmo tempo, meu membro pulsante foi subindo e descendo por  seu
corpo, o meu peito descoberto agora estava bem na sua cara. Ela tentou
mover a cabeça para trás, mas estava presa e não tinha nada a fazer a não ser
gritar.

 Senti a mão de alguém por trás dar um tapa forte na minha bunda e
gargalhei alto para aquilo, sem ver qual delas tinha sido.

 Veja, nenhuma mulher é verdadeiramente inocente.

 Eu esfreguei meu peito no dela de forma muito lenta com a música e
continuei descendo, acompanhado pelo barulho constante das mulheres ao
meu redor, me encorajando a ir adiante. Mordi o lábio inferior, erguendo o
olhar para sua expressão excitada e de olhos arregalados.

 No momento eu estava de joelhos entre as pernas abertas de Anna e tinha


os meus lábios beijando o interior da sua blusa, bem entre os seios, ela
gritando mais alto agora, ainda minha prisioneira.

 Fui lentamente para baixo, dando beijos embaixo da blusa branca


enquanto as convidadas gritavam, aprovando a atenção que eu estava dando a
amiga delas.

 Minhas mãos estavam acariciando os lados externos das pernas da Anna,


criando um atrito agradável e quente contra o apertado tecido de algodão.

 Em pouco tempo eu estava beijando a costura de sua calça jeans, entre as
pernas dela, soltando minha respiração quente no material grosso. Ela
rapidamente deu um berro e gritou em protesto, rindo e corando em oito
diferentes tons de rosa.

 Rapidamente retornei para cima, montando nela novamente, e deixei


minha bunda nua pousar superficialmente em suas pernas, tomando seu rosto
em minhas mãos e dando um beijo generoso nos seus lábios… e ela me beijou
em troca. Lá vem a noiva…

 Tudo o que eu ouvia agora eram gritos estéricos.

 Desci meus beijos pelo seu queixo e depois fui para o pescoço, levando
uma eternidade para batizar cada ponto que eu descobria ali.

 ─Oh meu Deus! – ela continuava lamentando, não conseguindo mais


suportar meus beijos no seu pescoço, e a vi franzir os lábios na minha direção
novamente, desejando mais de mim em sua boca.

 ─Eu sabia, você é  uma garotinha má. – rosnei, abrindo minha boca e
dando outro beijo ardente, desta vez concedendo um pouco o gosto da minha
língua.
 Após um bom tempo, e algumas músicas mais tarde, eu decidi liberar a
futura recém-casada. Mas não antes de ela lamber e chupar meus mamilos e
morde-los feito um animal faminto. Ela beijou meu peito inteiro e as costas
enquanto eu dançava meus movimentos mais sensuais e provocantes em seu
colo. Meu traseiro também era do seu agrado e ela se divertiu acariciando e
dando mordidas ali. Sem novas marcas, felizmente.

 Anna tinha recebido tudo o que, de acordo com a lei, eu podia dar a ela na
frente das suas futuras parentas e da sua mãe, por isso permiti que outras
mulheres depois sentassem na ‘cadeira elétrica’, cada uma podendo me tocar
em qualquer lugar e da maneira que quisessem. Eu fiz graça, sorri, beijei e
dancei pra cacete para cada uma delas e, antes que eu me desse conta era
13:30h.

 A festa delas continuaria a rolar depois que eu partisse, mas nenhuma


mulher queria que eu fosse embora. Elas eram todas muito gentis e recebi
muitas gorjetas, além do meu pagamento, é claro.

 ─Adeus, Mathew. – Anna me deu um grande abraço logo que eu estava de


volta em meu uniforme de policial, dessa vez sem os meus óculos de sol,
guardado no bolso da camisa.

─Muito  obrigada por ter vindo! Nós todas nos divertimos como nunca  com
você! Pode ser que eu nem queira me casar agora!

 Eu a abracei de volta calorosamente, desfrutando da dose de carinho, e


beijei a sua bochecha.

 ─Parabéns, Anna. – disse com sinceridade. ─Você será uma noiva sexy.

 Ela riu como se tivesse voltado aos 13 anos de idade e beijou meus lábios
brevemente, sorrindo para mim.

 ─Tchau. – ela parecia um pouco triste ao dizer isso.

 ─Tchau. – eu abri um sorriso em resposta, acenando para a mãe dela que


havia me contratado, também sorrindo de orelha a orelha para mim. Ela pôs
as mãos no meu corpo mais do que sua filha hoje. Ela simplesmente me
adorou depois que eu a atirei sobre meu ombro e agi como se fosse levá-la
para um dos quartos ao lado, para ter a meu momento com ela.

 Não, eu não transei com a mãe de Anna, ou com qualquer uma delas. Esta
era uma despedida de solteira, nada assim acontece aqui. Entretanto, eu
ganhei muitos números de telefone, às escondidas, o que era normal. Eu os
aceitei, sorri e disse ‘obrigado, eu entro em contato’, dando um beijo amável
em seguida. Trabalhos futuros, novas clientes.

 Um coro de despedida choveu sobre mim enquanto eu descia os degraus


da varanda, retornando para a rua para pegar o trem de volta à casa de
Skylar.
 Não corri, mas me apressei. Eu não queria chegar atrasado para a terapia
com minha linda Dra. Skylar. E eu tinha um telefonema para fazer às 15h,
como de costume.

 Skylar POV

 Quando cheguei em casa, ouvi o chuveiro ligado. Sorri, fiquei feliz que ele
já estivesse aqui. Em apenas dois dias, eu tinha que admitir que eu gostava de
voltar para casa e encontrá-lo, esperando. Uma grande parte de mim queria
entrar no banheiro e puxar a porta do box, talvez lhe dar um pequeno susto.

 Isso me  assustaria pra caramba. Desde que assisti Psicose, aos oito anos,
eu tinha uma sensação estranha em ficar no chuveiro sozinha. Eu até preferia
as portas de vidro ao invés de uma cortina, porque me sentia mais segura
sendo capaz de ver o que estava lá fora enquanto eu tomava banho.

Não que eu pudesse fazer  alguma coisa para me salvar se isso acontecesse,


mas ainda assim…

 Eu estava a ponto de chamá-lo, assim ele não se assustaria se me ouvisse


por aqui, mas então sua voz começou a cantar.

♪♪ “Nighttime sharpens, heightens each sensation

(A noite aguça e acentua as sensações)

Darkness turns and wakes imagination

(A escuridão emociona e desperta a imaginação)

Silently the senses abandon their defenses

(Silenciosamente os sentidos abandonam as defesas)

Helpless to resist the notes I write

(Incapazes de resistir às notas que eu escrevo)

For I compose the music of the night.”

(Pois eu componho a música da noite) ♪♪


 Ele cantava como um anjo, soando exatamente como Gerard Butler em O
Fantasma da Ópera. Eu amo esse filme! E sim, eu sei que foi uma peça,
também. Mas eu só tinha tido a sorte de assistir ao filme até agora. Esta
música se chama Music of the Night, eu me lembrava.

 Sentei na minha poltrona na sala, escutando em silêncio, sorrindo, e


preparando meu bloquinho e meu gravador.

 Sua voz magnífica se desenvolvia do banheiro e eu fiquei impressionada.

♪♪ “Slowly, gently, night unfurls its splendor

(Lentamente, gentilmente, a noite revela seu esplendor)

Grasp it, sense it, tremulous and tender

(Pegue, sinta, trêmula e suave)

Turn your face away from the garish light of day

(Esconda seu rosto da ostensiva luz do dia)

Turn your thoughts away from cold, unfeeling light

(Afaste seus pensamentos da luz fria e insensível)

And listen to the music of the night

(E ouça a música da noite)

Close you eyes and surrender to your darkest dreams

(Feche seus olhos e se renda aos seus sonhos mais sombrios)

Purge your thoughts of the life you knew before

(Purifique seus pensamentos da vida que você conheceu antes)

Close your eyes, let your spirit start to fly

(Feche seus olhos, deixe seu espírito começar a voar) ♪♪ - ele segurou esta
nota incrivelmente longa.

♪♪ And you’ll live as you’ve never lived before.”

(E você viverá como nunca viveu antes) ♪♪


Está ficando quente aqui ou é só comigo?

 Abanei meu bloquinho como um ventilador em meu rosto, me sentindo


formigar e transpirar de repente.

Tentei me concentrar nas perguntas que eu tinha preparado para ele, mas
eu li a mesma coisa umas cinco vezes, ainda incerta do que eu havia escrito ali
horas atrás.

♪♪ “Let your mind start a journey through a strange, new world

(Deixe a sua mente iniciar uma viagem através de um mundo novo e

estranho)

Leave all thoughts of the life you knew before

(abandone todos os pensamentos da vida que você conheceu antes)

Let your soul take you where you long to be

(Deixe que a sua alma a leve onde deseja estar)

Only then can you belong …to me.”

(Só assim você poderá pertencer… a mim") ♪♪

 Será que ele sabe que estou aqui? Ele está cantando para mim… aquelas
linhas encaixavam-se, soando como se ele estivesse se referindo ao meu jeito
– Abra sua mente, liberte as suas fantasias – Na escuridão que eu sei que não
posso combater.

 E a parte de abandonar a vida que eu conhecia antes, e deixar minha alma


me levar aonde eu desejo estar… Eu me pergunto se o autor dessa música de
alguma forma sabia sobre Mathew e eu, anos atrás.

 Eu adoro a maneira como ele cantou a última linha – ♪♪ “Só assim você
poderá pertencer a mim”. Ele acha que me  pertence, mas, na realidade, eu
que já pertenço a ele.

 Ei! Sessão de terapia, lembra, Dra. Skylar?! Ah sim, céus, estou


condenada.
 Agora ele estava cantarolando a melodia e senti meu peito relaxar como se
dedos estivessem apertados ao redor dele antes e agora o deixavam livre,
lentamente.

 Ele deveria ser cantor com aquela voz fodástica. Tenho que parar de usar a
palavra do F. É tão depravada. Desde que ele veio para cá essa palavra
continua escapando dos meus pensamentos para a minha boca.Ele é marrento.
E está me corrompendo.

 Mas, eu nunca vou esquecer essa música… e a voz de Mathew. É uma parte
de mim agora. Estou tremendo! Fiz anotações disso na divisão do meu
bloquinho, onde eu escrevia meus sentimentos. A primeira metade era de
Mathew.

 Eu vi minhas mãos agindo por conta própria novamente, escrevendo


simplesmente – Eu o adoro.

 Atordoada, meus olhos fixaram naquelas palavras. Em treze dias, quase


doze agora, ele estaria fora da minha vida. Eu nunca iria vê-lo outra vez.

 Minutos se passaram, mas para mim foram segundos. Eu quase tive um


ataque quando ouvi a voz rouca de Mathew atrás de mim, surgindo da porta
do banheiro.

 ─Dra. Skylar! – ele falou um pouco alto, abafando a risada quando eu pulei
de susto, minha cabeça girando ao redor enquanto ele movia-se rapidamente
para o sofá verde, sentando hoje, em vez de se esticar nele como uma colcha
humana sexy.

 ─Desculpe. – ele sorriu, correndo ambas as mãos pelo seu cabelo úmido.
Parecia escuro, quase negro por causa da água, mas com o sol brilhando tão
forte sobre ele o tom dourado se mostrou através dos fios.

 Ele estava sem camisa, como a regra número um determinava, e vestia


uma calça de pijama de flanela preta com linhas vermelhas descendo pelo
padrão escuro.

 Pés descalços, como de costume. Ele sentou-se lá, respeitosamente,


tentando se comportar dessa vez, ao que parecia, após a lição de moral desta
manhã.

 ─Pontual? – perguntou, procurando por um relógio.

 ─Sim, Mathew, pontualíssimo. – dei risada.

 Eu te amo.

 ─Certo… – posicionei o bloquinho na minha frente e peguei minha caneta


na mão, depois me inclinei e apertei o botão de gravação do meu aparelho,
informando. ─Mathew – sessão dois.
 Pegue leve nas primeiras perguntas, eu disse a mim mesma, olhando para
o meu questionário.

 ─Então, Mathew,  - eu abri um sorriso, espiando ele por baixo dos meus
cílios. ─Você gosta de Bob Esponja?

 Seu sorriso se espalhou pelo rosto em constrangimento conforme ele ria,


olhando para fora da janela, e depois de volta para mim. Eu ri, também, ao
lembrar.

 ─Finalmente você mencionou isso. – ele olhou para seus pés, em seguida
voltou a me olhar. ─ Eu estava me perguntando se você havia reparado.

 ─Eu reparo em tudo. – avisei.  ─Esse é o meu trabalho, ou… como


pretendo que ele seja, de qualquer forma.

 Ele coçou a bochecha, fitando seu joelho por um segundo.

 ─Então? – eu incentivei delicadamente.

 ─Na verdade, eu não assisto  isso… – ele explicou e eu pude ver que ele
não estava me dizendo tudo de uma vez. ─Eu… gosto de deixar ligado. De
ouvir, tipo, ao fundo, às vezes… me relaxa.

 Ele encolheu os ombros, balançando a cabeça algumas vezes e dando a


impressão de que algo íntimo estava acontecendo em seus olhos, ponderando
sua resposta.

 ─Desenhos são bastante puros. – ele acrescentou. ─Inocentes. Eu gosto


disso…

 Faz sentido. Sua rotina é tão suja, creio, que quando ele está fora do
trabalho, talvez ele precise ver algo que contraste com a escuridão sexual de
seu trabalho.

 Fiz rapidamente algumas anotações.  ─Eu entendo isso. – falei.

 ─Entende? – ele disse de forma retórica, cruzando os braços e depois os


descruzando.

 Epa, epa. Já estou fazendo-o recuar. Ele procurou algo para fazer com as
mãos, me fazendo lembrar de mim mesma. Eu também nunca sei o que fazer
com minhas mãos. Engraçado, agora ele está tenso da mesma maneira que eu
fico quando ele está jogando seu encanto em mim. Nós somos como lados
opostos de uma moeda.

 Ele pegou uma revista da mesinha de centro e a enrolou, batendo de leve


em seu joelho. Ok, perfeito, ele conseguiu algo para brincar.

 ─Você está bem, Mathew? – perguntei sem forçar.


 ─Sim, ótimo. – ele deu um sorriso para mim.  ─Prossiga.

 ─Certo. – suspirei.  ─Eu vou perguntar coisas rápidas, só para tirá-las do


caminho, ok? Não fique chateado.

 ─Tudo bem.

 ─Você já foi… abusado sexualmente, quando criança? – trinquei meu


maxilar ao perguntar isso, e me obriguei a olhar nos olhos dele.

 ─Não. – ele sorriu, gostando do medo em meus olhos, suponho.

 Eu esperei, sem dizer nada, para ver o que ele iria oferecer em seguida.

─As pessoas que cuidaram de mim enquanto meus pais estavam ausentes
foram ótimas comigo. Joseph, o mordomo, foi como um pai pra mim. Ele
amava ópera e música e me ensinou tudo o que sabia sobre isso. Ele me
ensinou a tocar piano e violão. Além disso, havia Katherine, uma mulher
maravilhosa que trabalhava na cozinha. Ela era minha mãe substituta e eu
passava muito tempo com ela na cozinha, ajudando ela a cortar e mexer as
coisas e cozinhar. Ninguém na casa nunca teria feito algo para me machucar.
Eles me criaram. Eles  me amaram.

 Ele parou por aí e movimentou a revista enrolada para cima e para baixo
em sua perna, olhando fixamente para aquilo.

─Você nunca mais foi vê-los? Joseph ou Katherine, ou qualquer um deles?

 ─Eles trabalham para os meus pais. – ele me olhou com severidade, e


adicionou. ─Não.

 ─Mas eles se importam com você, é óbvio. – eu argumentei.  ─Eles não


poderiam te encontrar fora da casa dos seus pais ou algo assim? Ou te
telefonarem?

 ─Eles trabalham para os meus pais. – ele repetiu, ficando tenso.  ─Eu não
quero que eles percam o emprego. Eles moram na casa também. Eu não vou
fazer com que eles sejam demitidos, para onde eles iriam? Eles não são mais
tão jovens, não. Eles não conseguiriam nada.

 ─Certo. – eu me mantive calma, percebendo que ele estava ficando um


pouco mais aborrecido.

 ─Se meus pais puderam virar as costas para mim  e me jogar para fora da
vida deles, eles certamente fariam isso com qualquer um de seus empregados,
você não acha?

 ─Eu entendo o que você está dizendo. – balancei a cabeça, concordando


com ele nisso.
 ─Quem sabe… você poderia tocar algo para mim… um dia desses? –
perguntei, sendo Sky agora, abandonando a posição de doutora.

 Seu rosto triste tornou-se relaxado e doce num segundo, enquanto ele me
olhava.

 ─Eu adoraria, Skylar. – ele murmurou. ─Eu vou fazer isso acontecer em
alguns dias. Nós vamos sair.

 Sorri mais, eu amei a ideia de sentar ao seu lado enquanto ele tocava
piano para mim.

 ─Você também é um cantor incrível, a propósito. – deixei escapar, então


senti minhas bochechas ficarem quentes, e voltei para meu questionário.

 ─Obrigada, Sky enxerida. – ele zoou, sorrindo e brincando com a revista de


novo.

 Escolhendo outra pergunta leve, perguntei, ─Me fale sobre seus amigos…
pessoas de quem você é próximo.

 ─Hmmm, na boate tem o Ryan, um bom amigo meu, e Dylan, outro


dançarino lá, que é um amigo também. Nós às vezes saímos juntos. E depois
tem a Claire, ela é a dona da Fire, somos muito próximos. Ela cuida das coisas
para mim.

Maravilha, outros dançarinos e sua chefe. Eles não seriam capazes de


ajudar a tirá-lo deste estilo de vida. Eles estavam todos presos lá também.

 ─Ninguém mais? – perguntei, mantendo o meu sorriso no rosto, sem


criticar.

 ─Não. – ele me olhou, quase envergonhado.

 Fiz uma anotação e então Mathew me cortou de repente.  ─Eu prefiro ter
três amigos verdadeiros a 100 falsos.

 Ele acha que eu estou julgando-o por só ter três amigos? Vou ter que
corrigi-lo ali.

 ─Eu concordo totalmente. – olhei diretamente para ele. ─Minhas melhores


amigas, Riley e Julie são minhas verdadeiras amigas. Todos os outros são, de
fato, meio que só colegas de classe para mim.

 Ele olhou para sua revista no colo e pensei em dizer algo importante para
ele, acrescentando.  ─E… Mathew?

 Ele levantou o olhar, me fitando um pouco nervoso.


 ─Você pode me contar como um de seus amigos. – eu disse num tom
sério, realmente querendo dizer aquilo, esperando que ele pudesse sentir que
eu não estava falando só da boca para fora.  ─Ok?

 Ele sorriu e olhou para baixo, parecendo feliz e talvez… emocionado com as
minhas palavras?

 ─Obrigado, Skylar. – ele ergueu seus lindos e inocentes olhos para mim. 
─Você pode me contar como seu amigo, também.

─Eu contarei, obrigada. – sim, eu espero que esse fosse o nosso primeiro
passo para confiar um no outro.Foi um momento importante para mim.

 ─Aqui está uma pergunta divertida. – brinquei, ou tentei brincar. ─Você


dorme com mulheres e  homens? Ou só mulheres?

 Por favor, diga apenas com mulheres, por favor, oh por favor, oh por favor.

 Seus olhos piscaram, um pouco surpreso com minha pergunta e ele logo
disse. ─Não, apenas mulheres. Eu não faço nada com homens ou
crianças. Mulheres, de 18 anos pra cima.

 Obrigada, obrigada. Pelo quê eu estou agradecendo a Deus? Ele ainda


dorme com um bando de mulheres por dinheiro, e eu estou aliviada por qual
razão?

 ─Você já usou drogas ou álcool? – prossegui, querendo eliminar essas


perguntas e encerrar.

 ─Não para as drogas. – ele sorriu. ─Álcool, apenas ocasionalmente, em um


jantar ou festa, um copo de vinho, nada exagerado. Bêbados e viciados em
drogas não ficam muito atraentes após uma noite de badalação. E eu não
poderia fazer o meu trabalho corretamente se estivesse caindo de bêbado ou
chapado. E também… é simplesmente errado… para mim. Isso dá um mau
exemplo para… os outros.

 Ele estava pensando em outra coisa, porém não expressou em palavras.

 Cara! Eu gostaria que ele pudesse se abrir mais. Mas, eu estava sendo
impaciente. Ele precisa de tempo para confiar mais em mim. Ele está
realmente indo muito bem, sendo honesto comigo e tudo mais. Eu não deveria
reclamar.

 ─Ótimo. – fiz uma anotação. ─E você não tem nenhuma… doença, ou algo
do tipo?

 Eu odeio ter que perguntar essa merda. Eu odeio James.

 Ele olhou para mim, com um sorriso irônico nos lábios.


 ─Eu nunca iria tocar outra pessoa da maneira que eu toco se eu tivesse
alguma doença ou algo parecido com isso, Skylar. – ele disse, sem hesitação.
─Claire nos checa semanalmente. Somos todos limpos. No momento em que
nós não estivermos, perdemos o nosso emprego. Eu uso proteção, sempre. Eu
não faria isso com você, Skylar. Por favor…saiba disso.

 ─Eu sei. – eu disse, realmente sabendo disso em meu coração. ─James me


fez perguntar isso. Desculpe.

 ─Quem é James? – Mathew franziu a testa.

 ─Oh, Dr. Collier, quero dizer, meu professor. – informei.

 ─ Hm. – respondeu.

 Eu escolhi a minha próxima pergunta:Você tem alguém que ame no


momento?  Eu não sei por que eu estava com medo dessa resposta.

 ─E… – eu comecei, olhando para o meu bloquinho, segurando a caneta com


força. ─Você tem… alguém especial… agora, em sua vida? Tipo, uma namorada
ou…

 ─Você é minha namorada agora. – ele sorriu, meio que provocando. ─E


sim, você é muito especial.

 Ótimo. É essa a maneira dele de dizer que eu sou uma retardada que não
consegue sair do seu próprio banheiro sozinha?

 ─Não, eu quero dizer… além de mim. – continuei tentando.  ─Na sua vida
pessoal? Você pode dizer, eu não vou ficar brava ou nada assim. Eu te disse,
eu não sou sua dona. Está tudo bem.

 ─Nenhuma namorada. – ele soltou um suspiro.  ─Sendo o que sou… não


existem muitas mulheres que aceitam isso. As mulheres que eu conheço… não
me querem por perto depois de se divertirem comigo. E está tudo bem. Eu
também não me namoraria, se eu fosse uma garota.

 ─Por que você diz isso, Mathew?

Isto é importante. Ele deve saber que ele é desejável e não apenas para
diversão sexual por dinheiro. Sua auto estima é quase inexistente. Gostaria de
ter tempo para construí-la com ele. Mas isso leva tempo… e nós não temos
esse tipo de tempo.

 Ele deu risada e deu de ombros.  ─É verdade. Você quis  a verdade. Eu sou


um garoto de programa, se eu levar uma garota para jantar e começarmos a
conversar, qual é geralmente o primeiro assunto que surge? O que você faz,
Mathew?  Então, eu posso mentir, o que é errado porque toda a relação vai
ser construída em desonestidade, ou eu posso dizer a verdade. Uma vez, eu
contei a verdade e a garota jogou bebida no meu rosto e saiu correndo do
restaurante. Esse foi o último ‘encontro’ que eu tive.

 Deus. A humilhação de ter uma garota jogando bebida em seu rosto em


público. E que vadia fez aquilo com ele?! Eu estou começando a odiar minha
própria raça. Elas realmente bagunçaram a cabeça desse homem em cem
diferentes direções erradas.

 Não ajude, James havia dito, apenas estude e faça o relatório. Suspirei
comigo mesma e decidi prosseguir para uma nova pergunta.

 ─Ok, aqui vai uma boa, eu acho. – escolhi uma. ─Me conte algumas boas
lembranças que você tem de seus pais.

 Ele rolou os olhos por um instante e apertou a revista enrolada um pouco


mais forte.

 ─Por que nós continuamos voltando para eles? – ele questionou, rangendo


os dentes.

 ─Bem, Mathew… – eu expliquei. ─Seus pais são o ponto onde sua vida
começou, mesmo que você esteja furioso com eles, eles ainda são importantes
e…

 ─Eles não são nada. – seus olhos se tornaram cruéis, quase me causando


dor física. ─Eles estão mortos. mortos para mim. Eu fui até eles, segurando ela
nos meus braços e implorei  a eles para ajudá-la! Engoli cada pitada de
orgulho que eu já tive na vida e implorei a eles,feito um cachorro, chorando
no meio da neve, e eles bateram a porta na minha cara como se nunca
tivessem me visto antes!

 Ele se obrigou a abrir os punhos cerrados, notando o medo em meu rosto.


Em segundos, ele se acalmou e respirou fundo.

─Espere. Me dê um minuto.

 Eu não disse nada, sem saber do que ele estava falando e quem
era ela  que ele estava segurando quando implorou pela ajuda de seus pais,
mas isso não importa. Um pouco desse veneno havia acabado de sair dele e
isso é muito bom. Ele precisava arrancar isso para fora ou iria comê-lo vivo por
dentro. Já estava, obviamente.

 ─Você não tem que se acalmar, Mathew. – eu me inclinei, colocando o meu


bloquinho de lado por um segundo, os olhos dele me evitando enquanto ele
olhava para as dobras dos dedos.  ─Tudo bem em gritar e se exaltar, se é isso
o que você precisa fazer. Você pode deixar isso sair, você não vai me assustar.
Eu não tenho medo de você.

 Ele soltou a respiração, rindo de leve. ─Você realmente não deveria ter dito
isso.
 ─Por que não? – eu tentei sorrir e ser gentil e flexível.

 ─Eu não posso perder nunca o controle com você… ou com ninguém.

Ele disse isso miseravelmente, soando tão solitário, sem olhar em meus
olhos. ─Minha raiva… Eu não posso colocá-la para fora. Eu não vou fazer isso
com você, Skylar.

 ─Eu posso lidar com isso, Mathew. – menti, tentando parecer forte e
corajosa. ─Você não pode se deixar continuar sendo um escravo dessa raiva.
Está te consumindo. Você quer falar um pouco mais sobre seus pais, sobre o
que você acabou de dizer?

 ─Podemos ir para a próxima pergunta? – ele pediu calmamente, ainda não


fazendo contato visual.

 ─Certo, Mathew. – eu disse descontraída, pegando o meu bloquinho


novamente, na esperança de encontrar uma pergunta mais fácil e tranquila
para ele dessa vez. Voltaria a esse assunto mais tarde.

 Achei uma boa, espero. Nunca dava para saber com Mathew.

 ─Me fale sobre alguns dos trabalhos que você teve antes de começar a
trabalhar na Fire. – sugeri. ─ Foi na Fire onde tudo isso começou?

─Foi. – Mathew parecia menos tenso agora, respirando fundo e olhando


para o meu rosto de novo.  ─Antes da boate, após eu ter que largar a
faculdade, não havia muito que eu podia fazer. Minha namorada na época
continuou na faculdade e eu costumava dormir escondido no dormitório dela
durante a noite porque eu não tinha lugar para morar até então.

 ─Fomos rapidamente pegos e eu fui expulso de lá, e então por algum


tempo eu fiquei vivendo nas ruas. Eu trabalhei em um monte de empregos de
merda, já que tinha apenas um diploma de ensino médio. Eu fiz pizzas, fui
garçom, na maioria das vezes restaurantes, porque eu podia comer lá. É
impressionante o que as pessoas não comem e deixam para  trás. Eu nunca
parecia passar fome por muito tempo, contando que estivesse trabalhando em
algum lugar.E no inverno, eu simplesmente podia passar mais tempo dentro
do meu local de trabalho para me manter aquecido, do início ao final do
expediente. Meus chefes geralmente não se importavam. Então, na realidade,
eu só tinha que encontrar um lugar para dormir após o estabelecimento ser
fechado à noite, até a manhã seguinte. Por isso eu realmente sentia falta do
meu carro. Eu poderia ter dormido dentro dele e meio que me aquecer. Mas,
encontrei alguns lugares. Bancos de rua, cabines de ponto de ônibus,
cemitérios – era realmente um local calmo e escuro. Eu conseguia dormir
muito bem ali. Eu estava sempre limpo, apesar de tudo. Eu não podia tomar
banho em qualquer lugar, mas conseguia me limpar num banheiro de posto de
gasolina, usando o meu próprio sabonete e shampoo.
Eu estava congelada. Imaginei que esta seria uma pergunta fácil e, Mathew
respondeu sem qualquer raiva ou tristeza, entretanto… eu estava incrivelmente
triste por ele e irritada.

 Como os pais dele puderam simplesmente botá-lo para fora e deixar que
ele vivesse nas ruas? E como a namorada, o amor da sua vida, permitiu que
isso acontecesse com ele? Se ele fosse meu e jogasse fora sua vida, seu
dinheiro, carro, faculdade, sua família e todo o resto por mim, eu não teria
permitido. Eu iria preferir me afastar a submetê-lo a tudo isso!

 ─Já teve o suficiente, Skylar? – ele me perguntou delicadamente, sentindo


meu choque, e quebrando a pequena pausa no ar.

 Me arranquei do meu transe. ─Oh, não, eu estou bem. Eu só estava


pensando. Desculpe.

Mathew riu um pouco, achando graça, enquanto eu escrevia por um


segundo e me ouvi perguntar.  ─Como sua namorada sentiu-se com tudo isso?

 Com um leve encolher de ombros, ele desviou o olhar.

 ─Ela não gostava disso, ela odiava. – ele admitiu.  ─Mas era assim que as
coisas eram. Nós não poderíamos mudar. Ela até tentou terminar comigo uma
vez, mas duas semanas depois, quando viu que eu continuava fazendo pizzas,
ela me questionou sobre o assunto. Eu disse que não importava se ela tinha
me largado ou não. Eu nunca iria  voltar para os meus pais, ou para o dinheiro
deles, ou para a faculdade. Eu implorei para que ela reconsiderasse por um
longo tempo e ela me aceitou de volta. Ela me amava.

 Ele disse isso quase como se para convencer a si mesmo. Pude perceber.

Ela me amava. Passado.

 ─Eu sei que ela amava. – eu disse calorosa e honestamente.

 Eu amaria. Eu amo. E é provavelmente mais estúpido da minha parte estar


apaixonada pelo “Mathew garoto de programa” do que daquela garota de amar
o “Mathew coitado”.

 ─Você acha que… talvez hoje possa me dizer o nome dela, Mathew? – fui
devagar nesse ponto, eu sabia que isso era uma parte dolorosa dele, a coisa
que tinha o destruído o suficiente para fazê-lo entrar na vida que estava
vivendo agora.

 Ele soltou a respiração outra vez, e notei que uma de suas mãos estava em
punho ao seu lado. Seus olhos pareciam tão sérios, lutando silenciosamente
enquanto olhavam para a revista. Eu acho que ele realmente quer me dizer…
mas não está pronto ainda.
 Eu sinto muito, Mathew. Eu não quero te causar nenhuma dor, nem da
mais leve maneira. Por que estou fazendo isso com ele? Prefiro cortar minha
pele com uma faca a continuar colocá-lo nessa situação.

 No entanto, é o sonho da minha vida, ser psiquiatra. Deus, e se isso


significar que eu não sou capacitada para esta carreira? Mas, essa preocupação
era fácil comparada com o que eu estava fazendo com o pobre Mathew.

 ─Está certo. – eu disse, acabando com sua batalha interna.  ─Hoje não.
Está tudo bem, Mathew.

 Outro longo suspiro escapou dele e seus olhos se ergueram para mim,
novamente com vergonha neles.

 ─Obrigado, Skylar. – ele disse baixinho. ─Sinto muito. Eu estou realmente


tentando…

 ─Eu sei que está, Mathew. – sorri para ele, o assegurando.  ─Você está
fazendo um trabalho perfeito, de verdade. Eu acredito nisso. Não se desculpe.

 Ele respirou pesadamente de novo, fazendo-se lentamente relaxar. Notei


que ele era muito bom em se recompor e rápido em recuperar-se de sua dor.
Ele está apenas ignorando ela, uma vez atrás da outra. Ele está ficando muito
bom no que faz, eu podia dizer pelas suas expressões faciais.

 ─Então, sua namorada continuou indo para a faculdade, enquanto você fez
tudo que podia para ter o suficiente para sobreviver. Você já sentiu… como
isso fez você se sentir, ela ser uma estudante e você… estar… fora da
universidade?

 Ele mordeu um pouco seu lábio inferior, desenrolando a revista e


enrolando-a na direção oposta agora.

 ─Talvez eu tivesse um pouco de inveja… sei disso agora. – ele admitiu,


─Tivemos um monte de brigas durante esse tempo. Eu era um garoto e não
era justo com ela. Não era culpa dela. Eu esperava o dia todo só para ir ao seu
quarto à noite e poder passar o tempo com ela e ela tinha outras coisas para
fazer. Eu ficava com tanta raiva. Ela tinha amigos,trabalhos e grupos de
estudo na biblioteca. E eu não podia fazer mais parte disso. Eu odiava aquilo.
Eu era maldoso com ela às vezes. Eu a fazia chorar o tempo todo. Mas, ela
ainda continuou comigo. Ela sempre me perdoava. Deus sabe lá por quê.

 ─Ela amava você.

 Ele olhou para mim com uma forte dor nos olhos, e fez seus lábios sorrirem
um pouco.

 ─Sim. – ele disse, não acrescentando mais nada.

 Estendi a mão e apertei o stop do meu gravador.


 ─Estou faminta. – eu o tirei daquela enrascada, por enquanto. ─Vamos a
algum lugar com comida chinesa.

 ─Sério? – suas sobrancelhas levantaram enquanto os cantos de seus lábios


começaram a se curvar adoravelmente.

 ─Sério. – eu disse, sorrindo, fechando meu bloquinho. Eu tinha muito mais


perguntas, mas este foi um bom começo, o bastante por hoje.

 ─Isso é incrível. – ele sorriu, ficando de pé.  ─Eu preciso trocar de roupa.
Faço isso rapidinho. Espere aqui.

 Ele correu para o meu quarto – nosso quarto  – e ouvi o barulho de


roupas sendo mexidas. Ele é fofo demais, apressando-se como se eu fosse
deixá-lo se ele não andasse rápido.

 ─Ah, espere. – ele veio até a porta do quarto, parecendo um pouco tenso,
vestindo um jeans e uma camiseta preta, os ombros lindamente expostos. 
─Eu preciso dar um telefonema. Eu sempre tenho que fazer uma ligação às
15h. Não vai demorar muito tempo, eu prometo. Está bem?

 ─O que eu te disse, Mathew? – eu o repreendi quase como se fosse sua


mãe. ─Você não precisa pedir permissão. Se você tem que fazer uma ligação,
faça a ligação. Está tranquilo. Eu posso esperar.

 Ele hesitou agora, olhando para mim.

 ─Tudo bem se… – ele se deteve.  ─É melhor eu ir lá fora para telefonar. É


meio que… pessoal.

 Ele engoliu em seco, me olhando nervosamente.

 dei de ombros e sorri, não tendo nenhum problema em lhe dar alguma
privacidade. É bom ver que algumas coisas eram pessoais demais para ele
para compartilhar com os outros. Há um pouco de esperança. Mas eu não
conseguia evitar me perguntar para quem era a ligação e do que se tratava.

 ─Sem problemas. – sorri. ─Leve o tempo que precisar, eu irei te esperar


aqui. Vou assistir Bob Esponja. – brinquei, desejando o seu sorriso.

 Celular na mão, ele sorriu para mim, rosnando e resmungando algo


baixinho.

 ─O que? – eu dei risada, virando minha cabeça para ele enquanto ele saía
pela porta, a fechando atrás de si.

 ─Nada! Volto já. – ele praticamente cantou, rindo divertido.


Eu assisti desenho por cerca de meia hora até Mathew entrar no
apartamento novamente, anunciando. ─Eu sou todo seu, doce Skylar. Vamos
lá.

 Apagando a luz, eu sorri e peguei minha bolsa.

 ─Que bom, eu estou morrendo de fome! – enfatizei, o alcançando


enquanto ele me pegava pela mão, me levando para a rua.

 ─Não podemos permitir isso, agora, não é? – Mathew sorriu.  ─Você deve
se alimentar, vai precisar de sua energia esta noite.

 E então ele puxou minha boca até a dele ao pararmos na rua, pessoas
movendo-se ao nosso redor enquanto ele abria os lábios e os fechava sobre os
meus, seu gosto era de morango dessa vez.

 Depois que ele rompeu o beijo, estávamos em movimento outra vez. Eu ri


nervosamente, sem saber o que  ou se  ele tinha algo planejado para mim esta
noite. Oh, a quem eu estou enganando, ele provavelmente tem algo planejado.
Eu fiquei tão nervosa de repente, mas também otimista e ansiosa.

 Foi divertido ficar no metrô com ele. Estávamos em pé, segurando a barra
prata, inclinando-se para trás e deixando nossos corpos balançarem e depois
chocarem-se um no outro enquanto ríamos.

 Após alguns minutos disso, eu segurando a barra e ele em pé atrás de


mim, seu corpo grudou em minhas costas, ele colocou os braços em volta da
minha cintura, segurando o mastro com ambas as mãos, me prendendo em
seus braços.

 ─Afaste seu cabelo. – sua voz estava no meu ouvido, eu ri com aquilo e
movi minha cabeça, as mechas do meu cabelo caindo no meu ombro.

 ─Assim. – ele sussurrou. ─Boa menina.

 E a boca dele desceu, com calor e maravilhosa umidade, beijando abaixo


da minha orelha, lentamente trilhando meu pescoço, dando leves e eróticas
mordidas, me deixando louca instantaneamente.

 Sussurrando em meu ouvido entre seus beijos, ele disse.  ─Olhe para todos
te observando, Skylar. Eles estão com tanta inveja de mim agora…

Beijos e mordidas eram espalhadas pelo meu pescoço.

 ─E eles estão fantasiando sobre você.

Beijos. Lambidas. Seu lábio era tão quente.

 ─Querendo te despir como eu faço.


Mordida. Lambida. Eu estava vendo estrelas cada vez que seu lábio
tocava minha pele.

 Fechei meus olhos e senti meus joelhos fraquejarem um pouco.

 ─Sente isso? – sua voz  rouca gemeu em meu ouvido e o senti empurrar
meu corpo duramente contra ele, pressionando sua ereção contra minha
bunda enquanto eu deixava um pequeno gemido escapar dos meus lábios,
olhando imediatamente para a multidão de pessoas a nossa volta para ver se
alguém estava realmente nos assistindo.

 ─Sim. – eu sussurrei, sentindo não apenas seu pênis pressionando meu


traseiro como também do mastro do metrô que estava apertando bem entre
minhas pernas, escondido da maioria dos olhares por causa das mãos de
Mathew nele, me segurando com força.

 ─Veja o que você está fazendo comigo… – ele sussurrou novamente,


soando insatisfeito com esse fato.

Mordida. Beijo. Lambida.

 Uma parte negra e pervertida de mim queria esticar minhas mãos e


agarrar o cabelo dele, enquanto ele me possuía bem aqui, me estocando
contra o mastro frio, na frente de todos, machucando meu quadril enquanto
me impulsionava repetidamente no metal, chocando-se de forma invasiva.

 Sua mão se fechou em meu cabelo e ele puxou minha cabeça um pouco
para trás.

 ─Excitante, não é? Eu controlando seu corpo no meio de um trem, com


todas essas testemunhas? Diga sim.

 ─Sim. – eu confessei, indo para o inferno com as consequências. Ele já era


tão bom em quebrar minhas inibições. Eu sinto como se estivesse me
transformando em uma pessoa completamente diferente e isso em menos de
dois dias apenas!

 Estou trabalhando nele durante meu tempo… e ele definitivamente  está


trabalhando em mim durante o dele.

 Deus, ele é talentoso. Eu queria ser tão boa no meu questionamento


psiquiátrico como ele é no trabalho dele.

 ─Sim. – ele mergulhou para devastar meu pescoço com seus dentes e sua
língua e lábios quentes.

 Meus suspiros e ofegadas ficaram mais altos, mas estranhamente não me


importei. Mathew estava fazendo eu me sentir tão bem que eu comecei a
bloquear as pessoas ao nosso redor.
 Suas mãos percorreram a minha bunda e a apertaram, ele até mesmo deu
uma pequena palmada  contra o meu jeans enquanto e eu soltei um gritinho,
surpresa, mas não zangada. Então a sua mão moveu-se sobre os meus seios,
por cima da camiseta, ainda me prensando e me mantendo refém ali com seu
corpo duro feito pedra atrás de mim.

 Não parecia que muitas pessoas estavam prestando atenção em nós, mas
a minha mente começou a mergulhar na paranóia, imaginando que todo
mundo podia nos ver.

 Como diabos eu vou resistir a ele? Eu pretendia fazer Mathew esperar mais
algumas noites, pelo menos, antes de fazer amor com ele, mas se ele
continuar a fazer esses tipos de coisas, não há nenhuma maneira de eu
conseguir me fazer esperar! Sim, eu já tinha decidido me entregar a ele,
apesar das advertências do meu cérebro. Talvez ele saiba o que eu estou
pensando. PORRA! Ele vai me achar tão fácil! Eu quero ser diferente das outras
mulheres que ele conhece, mas… eu sou apenas humana! Eu preciso disso…
meu corpo precisa. Sou muito fraca para resistir a ele.

 ─Que menina boazinha… – ele ronronou, sussurrando enquanto suas mãos


subiam e desciam pelas laterais do meu quadril, apalpando e esfregando a
minha bunda novamente. ─Você está se comportando tão bem, não me dando
qualquer tipo resistência… estou tão orgulhoso de você, minha doce Skylar…

 Mathew estava fazendo um bom trabalho comigo em minhas sessões e


fiquei contente em saber que eu estava igualmente indo bem nas sessões dele.

 Minha boca e cérebro não conseguiam formar palavras no momento, tudo o


que eu podia dizer eram gemidos contidos e arfar.

 ─Todos estão babando por você… observando eu te deixar excitada como


uma putinha no cio bem diante de olhos deles… – sua voz entrava como
fumaça em meus ouvidos, tão baixa e profunda.  ─Eles estão todos desejando
estarem no meu lugar… eles podem quase me ver em suas mentes… curvando
você sobre o assento, puxando seu jeans para baixo…

Beijo. Mordida. Lambida.

 ─… Enfiando fundo meu pau dentro de você e estocando…

 OH, MERDA! Esse cara sabe FALAR! Sua voz  está fazendo estragos no meu
corpo! Eu não tinha idéia de que ouvir  algo poderia me deixar tão molhada e
excitada!

 Eu respirava com dificuldade, fechando os olhos enquanto meu corpo


tremia com mais vigor.

 ─Uma vez após a outra… e de novo… – ele rosnou em minha orelha.  ─Te
possuindo… fazendo você gritar enquanto todo mundo simplesmente senta
aqui e te assiste sendo fodida… ninguém irá te ajudar… ninguém vai me
impedir de ter você, Skylar.

 Sua mão deu uma volta em meu cabelo comprido, levantando meu rosto
um pouco, a barra entre os meus seios enquanto ele me empurrava
gentilmente contra ela.

 ─Mmmmmm… – Mathew soltou um gemido, me olhando de cima. ─… Tão


doce e inocente… a maneira como você estremece e cora… isso só me faz te
querer ainda mais… eu quero dar uma olhada na vagabunda dentro você…

 ─Oh meu Deus… – eu estava ofegando e senti na hora a umidade entre


minhas pernas.

 ─Porra, você está nas minhas  garras agora, garota… – ele era tão
malicioso e gostoso que eu queria violentá-lo aqui e agora mesmo. O que ele
está fazendo comigo?! Eu não sou assim! Sou?!

 Eu disse, eu amo ‘bad boys’. E Mathew estava fazendo um trabalho


maravilhoso em ser mau agora. Eu não sabia que ele tinha esse lado. Ele é tão
cheio de surpresas.

 ─Deus pode ter misericórdia de você, mas eu não terei. – ele sussurrou
intensamente em meu ouvido, dando uma mordida forte no lóbulo da minha
orelha enquanto eu apertava o mastro com mais força, meus dedos ficando
vermelhos.

 A porta do trem abriu e Mathew pegou minha mão, me puxando para trás
dele, saindo do vagão para a plataforma.

 ─Esta é a nossa parada, vamos comer! – a sua voz voltou ao normal


imediatamente, ele me arrastando atrás de si para as escadarias, em direção a
rua.

 IDIOTA.

Capítulo 7 

Mathew POV
 Enquanto guiava Skylar para subir as escadas do metrô que davam para a
rua movimentada, ouvi pesadas respirações de surpresa e frustração. Talvez
fosse porque a um momento atrás, eu era o seu misterioso amante no trem, e
agora eu era o namorado faminto, a apressando para um pequeno restaurante
Chinês que eu conheço.

 Eu espero que ela não pense que eu estava apenas brincando. Merda,
talvez ela pense. Eu distorci minha personalidade em dois segundos. Porra.
Como vou dizer pra ela que isso é somente como eu sou?  Eu feri os
sentimentos dela, PORRA! PORRA! PORRA!

 Decidi explicar melhor para ela quando nós estivéssemos sentados e


esperando pela comida.

 Eu tinha que dizer alguma coisa para preencher o vazio.

 ─Esse é o melhor restaurante Chinês em Nova York. – eu a informei,


embora eu realmente não soubesse se era de fato, apenas gostava dali. Não
era um lugar caro, muito grande e nem lotado. E a comida era ótima.

 ─Ah, sério? – perguntou, andando rápido para me acompanhar.

 ─Sério. – afirmei com segurança. ─ Por minha conta .

 ─Não, eu tenho… –ela começou, como eu sabia que faria, mas a cortei.

 ─Não consigo te ouvir, Skylar. – coloquei as mãos sobre os ouvidos.  ─


Skylar continua falando, mas eu não consigo ouvi-la…

 Eu adoro fazer isso com as garotas. Roubei do Eddie Murphy em Um Tira
da Pesada.

 ─Infantil. – ela disse, soltando seu protesto enquanto eu tirava as mãos


dos ouvidos e sorria para ela, pegando sua mão novamente.

 Ela sorriu em resposta. Não parecia que ela estava com raiva de mim.
Bom. Senti meu peito suspirar em alívio. Eu odeio raiva.

 Skylar parecia muito confortável, quando mostrei a entrada do lugar. Abri a


porta para ela, que pareceu aliviada por não ser um restaurante elegante e
formal. Eu tinha acertado na escolha, ela preferia coisas normais e sem
extravagância. Dois pontos pra mim.

 Eu ainda a levaria para uma noite cheia de luxo, decidi. Ela merecia, mas
eu não a obrigaria a isso por duas semanas inteiras. Faria ela ficar
desconfortável e mais nervosa, então eu tinha que evitar ao extremo fazer
qualquer coisa que a fizesse sentir-se desse jeito.
 ─Quer sentar aqui? – eu ofereci indo para uma pequena mesa redonda no
canto, com uma grande divisória preta ao lado com um enorme dragão
desenhado nela.

 ─Claro. – ela veio comigo, ainda me deixando segurar sua mão.

 Nós nos sentamos, os menus estavam no centro da mesa . Entreguei um a


ela e abri o meu, era um menu de papel com apenas duas páginas dentro.

 ─Então, Skylar… você vê alguma coisa que tenha vontade de saborear? –


eu disse, sabendo que isso iria me valer uma espiada na cara bonitinha de
envergonhada que ela faz com tanta freqüência.

 E aí está. Eu sorri e abaixei os olhos para o menu, abafando o meu riso


para mim. Eu não queria que ela pensasse que eu estava tirando sarro dela ou
me divertindo deixando ela nervosa. Muito pelo contrário, eu queria que ela
me respondesse com algo igualmente malicioso. Mas eu havia acabado de
começar com Skylar, talvez, no seu devido tempo, ela desse o troco e me
provocasse de volta.

 Ela limpou a garganta, e eu a vi me espiando por cima do seu menu. Mas


então ela voltou a se concentrar novamente no que ela iria pedir.

 ─ hmm… – ela franziu um pouco a testa, tentando lembrar de como ler,


enquanto eu ria, a observando de mais perto agora. ─O l-lo mein (Ela limpou a
garganta com força) o camarão lo mein parece gostoso, e eu gosto de bife
apimentado.

 Pobrezinha. Espero que depois que fizermos amor ela consiga relaxar mais
perto de mim. Eu falei ‘fazer amor’. Parece tão vulgar dizer “fode-la”. Além
disso, eu podia chamar de fazer amor com Skylar. Ela é tão rara, honesta e
fofa. Eu não sei se ela poderia chamar de fazer amor da parte dela. Para ela eu
sou um garoto de programa muito bem pago e que precisa de terapia.

 Eu sei que não amo e não posso amar Skylar no sentido de que poderia me
casar com ela ou algo parecido. Essa parte da minha vida está arruinada, e eu
não iria me impor na vida dela me apaixonando, mas se eu fosse um homem
normal e honrado… eu lutaria por ela. Porém eu não sou honrado, não
sou nem  um homem. Então eu nunca vou poder tê-la.

 Apenas faça seu trabalho, Mathew, e faça-a feliz o quanto você puder e
depois acabe com isso. Pare de pensar no amor quando você está perto dela.
Garotas não amam garotos de programas. Você se passaria por um idiota
completo se você realmente se apaixonasse por ela ou qualquer outra pessoa,
se você quer saber.

 Aquela que você ama está em algum lugar, longe daqui, não esqueça isso.
E isso é tudo que você tem, tudo o que você precisa. Foco. Ela está contando
com você. Eu sei, mentalmente respondi a voz da minha consciência. Eu sei.
 Talvez depois de Skylar, eu deveria parar de sair com garotas jovens, eu
considerei. É mais fácil se manter independente com as mulheres mais velhas,
elas não se apegam em você e se envergonham quando você elogia elas. E um
monte de garotas jovens já se tornou  dependentes de mim, especialmente as
virgens. Quando você dá a uma mulher o primeiro gosto da paixão, elas se
apaixonam por você, de má vontade, estupidamente, e devastadoramente.

 Eu sei que Skylar não é uma virgem, mais é perto disso. 33 segundos. No
meu dicionário ela era  uma virgem.

 Minha primeira vez com ela, terá que ser com jeitinho e sensual, como a
massagem era. Mas talvez eu possa fazer isso um pouco mais excitante pra
ela, de algum jeito. Eu adoraria tomá-la em algum lugar aberto, o vento
tocando nossos corpos. Mas em Nova York encontrar um lugar isolado pra se
fazer isso, era o mesmo como encontrar livros no apartamento da Paris Hilton.

 Sim, eu estive lá. Não há livros. Mas um monte de brinquedos. Graças a


Deus eu não tive que conversar com ela, tanto. Viu? Eu atendo todo mundo.

 Mas eu estou saindo fora do rumo aqui, Ah sim, encontrar algo pra pedir.
Comida, lembra? Ta, ta, ta.

 ─Isso me parece bom. – eu a respondi.  ─Mas eu gosto de coisas mais


picantes. O que eu peço sempre é frango com brócolis.

 ─Nossa, é muito picante pra mim! – ela estremeceu, sorrindo

 ─Ah, vamos lá, você pode experimentar um pouco do meu. – sorri


fechando o menu, dando a ela minha completa atenção agora. Pegando a mão
livre dela e segurando junto com a minha, segurando encima da mesa entre
nós. ─ Você talvez goste do picante Skylar, se você der uma chance.

 Eu peguei seu olhar, e seu sorriso aumentou, e ela deixou o menu de lado.
Isso Skylar,  vamos lá, diga…. diga sem timidez… alguma coisa bem
sedutora.Você consegue.

 Eu estava quase levantando do lugar.

 ─Eu quero experimentá-lo… – ela disse suavemente. ─ Mas e se arder


demais?

 Oh, nada mal. Eu sorri de volta, acariciando seus dedos, segurando sua
mão. Eu trouxe até meus lábios e beijei com intensidade. Ela me quer, mas ela
está com medo. Eu me pergunto se é dor física ou dor emocional a qual ela
esteja falando.

 ─Não irá arder demais. – falei,dando um olhar sincero. ─Eu prometo, será
bom pra você.
 Ela acariciou minha mão com seu dedão, gentilmente, com seus olhos
brilhando agora.

 ─ Eu sei. – ela disse, soando sincera. Parecia que ela queria confiar em
mim, mesmo quando ela não deveria.

 ─Apesar… – eu queria deixar as coisas claras agora. ─Que eu sei onde os


seus cubos de gelo estão se as coisas começarem a ficar muito quentes pra
você.

 Ela riu comigo, e então ficou vermelha que nem vinho. Eu deixei ela pedir
sua comida, e depois pedi a minha. Algumas mulheres gostam que eu peça a
comida delas, aquelas que gostam que eu seja o dominante e controlador
encima delas. Mas essa não era a Skylar. Ainda não de qualquer jeito. Eu
quero jogar esse jogo depois em nosso relacionamento, se ela me permitir.

 ─Imbecil. – ela finalmente brincou, respirando fundo, e eu podia ver que


ela estava relaxando mais um pouco. Boa garota.

 ─Então como foi o seu compromisso hoje? – ela perguntou, tentando fazer
assunto. Ela estava olhando diretamente pro meu rosto, e eu hesitei, não
sabendo o que responder. Eu digo a ela sobre a despedida de solteira? Ela
ficará com ciúmes?

 ─Mathew, você pode me contar. – ela leu minha mente. ─Na verdade, eu
queria saber mais sobre seus encontros, e essas coisas. Ajudaria no meu
estudo. E eu sei que você não se importa de falar sobre sexo.

 Hmm.. talvez ela é mais observadora do que eu pensei. Ta bom, se ela


quer saber, eu não tenho nenhum problema em falar sobre isso.

 ─Ok. – juntei as mãos, olhando distante por um momento, então olhei


diretamente nos olhos dela, sabendo que isso provavelmente já tava
estampado na minha cara.

 ─Bem, eu tive uma despedida de solteira hoje. – comecei. ─ Eu fui como


um policial, eu adoro ser policial. A noiva era bem legal, elas eram todas
legais. E… foi tudo bem.

 Skylar estava me encarando e então sorriu. ─Deus, você deixou todas as


coisas interessantes fora. – falou.

 ─Ok, Skylar. – sorri, pronto pra soltar toda a história pra ela.

 Eu contei pra ela cada detalhe de como eu entrei na casa, deixei a noiva
em sua cadeira, algemando ela. Skylar sorriu nessa hora e escutava com
bastante interesse.
 ─Eu comecei a dançar e quando eu tirei a minha roupa, o gelo derreteu.–
eu estava dizendo quando a garçonete, uma mulher chinesa com cabelo
pequeno, nos seus 40 anos, veio até nós, trazendo nossos refrigerantes.

 Skylar  ficou corada, mas eu continuei a falar, ignorando a garçonete


olhando pra mim.

 ─Eu esfreguei o meu pau pra cima e pra baixo no corpo dela, e isso sempre
deixava ela excitada, e animada pra começar.

 Skylar me encarou e deslizou sua mão no ar, fazendo um sinal pra mim,
que eu me calasse ou então ‘corta! , ou cala boca. Mas eu não parei.

 ─E quando eu coloquei a minha boca sobre o jeans dela, ela era minha.

 Tomei um gole da minha coca e engoli, continuando a minha história.

 Quando a garçonete se foi, tudo parecia tranqüilo pra Skylar. Ela riu e
estudou a minha história, fez perguntas. Eu aposto que ela desejava que seu
caderninho estivesse com ela agora.

 Quando nossa comida chegou, eu estava quase terminando de contar a ela


todas as coisas que eu fiz na casa da Anna, e não pareceu que ela tava ficando
chateada. Meus amigos eram os únicos quem eu podia contar sobre isso. Então
eu me lembrei que ela era minha amiga também, eu tinha certeza disso.

 ─Elas te fizeram um Sundae?! – ela riu, enquanto eu tirava o palito de


dentro do plástico, dividindo em dois e segurando na mão.

 ─Aham. Elas tiveram essa idéia sozinhas. Elas me deitaram numa mesa,
encima de umas toalhas, e colocaram todos os tipos de sorvete, bolo, chantily,
chocolate,tudo sobre o meu corpo. E  então todas ficaram em volta e
começaram a comer o sorvete com colheres de mim. Foi divertido. Elas não
me morderam, então isso foi um alivio.

 Na minha mente, eu relembrava da Anna, a noiva envergonhada, cobrindo


a minha boca com chocolate e xarope e me devorando com sua boca,
chupando e rosnando em mim.

 Skylar estava segurando um garfo e quebrando os pauzinhos chineses


grudados no mesmo momento, mais eu deixei pra lá. Era legal ter alguém pra
compartilhar como tinha sido o seu dia, e ela não estava ficando chateada e
nem enojada de mim.

 ─O que você estava pensando  enquanto aquilo acontecia com você? – ela
perguntou de um jeito sutil. Sem julgamento.

 Eu soltei uma pequena risada respondendo. ─Geralmente, ‘Frio, frio,


frio!’Isso durante a parte do sorvete, e depois elas estavam escavando todos
os tipos de sabores do pote, e jogando no meu corpo. E depois elas estavam
chupando tudo, e eu estava pensando, ‘obrigado, obrigado, obrigado…
quente… tão quente.’ E então, mais tarde, eu estava pensando, ‘Deus, eu
estou melado!’

 Skylar riu de mim durante a minha resposta, mas agora ela só me encarou,
dizendo. ─Você sabe o que eu quero dizer Mathew, não se faça de
desentendido comigo.

 Sorri de volta, mordendo um pedaço do meu frango, com os meus


pauzinhos, enquanto ela girava o garfo em sua massa, colocando devagar em
sua boca aberta, lambendo seus lábios rapidamente, com medo de ter comida
por toda sua boca, comigo sentado exatamente na sua frente. Garotas fazem
isso. Mas eu adoraria ver a boca da Skylar toda lambuzada e brilhosa com
molho. Vou deixar isso pra depois, Mas espera , de volta à pergunta dela.

 ─O que você gostaria que eu disesse? – perguntei com um extremamente


agradável tom, até dando a ela um sorriso. ─Isso era o que eu estava
pensando, por favor, alguém me ajude, me salve, não toque em mim…? – usei
uma pequena voz de brincalhão, enquanto eu dizia essas frases, me
perguntando o que Skylar iria achar disso agora.

 ─Eu acho que alguma coisa parecido com isso… eu não sei. – ela
murmurou, voltando a atenção pra sua comida.

 ─Eu não tenho mais nenhum desses pensamentos Skylar. – disse, sem
vergonha de admitir. ─Eu deixei esses pensamentos pra trás a muito tempo, e
agora, eu nem tenho que pensar sobre isso. Eles se foram, eu não sei
exatamente quando aconteceu, mas eu fiz. Eu não me sinto envergonhado ou
qualquer coisa.

 ─Sortudo. – Skylar disse em uma voz lenta. ─Eu gostaria de deixar


também.

 ─ Não você, não gostaria. – tomei um gole da minha bebida, e respirei


fundo, adicionando. ─Não deseje isso.

 ─Ok então, eu retiro o que eu disse. – ela sorriu, e ganhou meu sorriso de
volta.

 Eu comi por um momento, e então ela me perguntou, soando mais curiosa
do que analisadora.

 ─O que você diz quando… elas estão fazendo isso com você? Existe falas
que você usa, ou… você apenas diz o que vem a sua mente?

 ─Eu geralmente falo o que vem na mente. – respondi. ─Usando sempre as


mesmas velhas falas, apenas tira toda a realidade de mim. E dessa vez, eu
não tive que dizer nada, eu fui amordaçado.

 Ela parou no meio de uma mordida de sua comida e me encarou.


 ─Amordaçado?! – ela  quase gritou, soando chocada. Então ela olhou em
volta, esperando que ninguém tenha ouvido nada.

 Eu concordei, mastigando.

 ─Com o que? – ela estava  quase sussurrando agora.

 Se eu pudesse ficar vermelho, eu teria ficado.

 Eu me aproximei, e sussurrei de volta, a imitando.

 ─Uma banana.

 ─Oh, meu DE… – ela olhou em volta, ruborizando, sussurrando baixo.


─Uma banana?Descascada?

 Eu quase ri, que diferença isso faz?

 ─Não, com casca. É melhor desse jeito, não fica tão mole e escorregadia,
então fica por mais tempo. Não foi como se eu tivesse planejado, eu estava
indo pedir por um momento, quando sorvete caiu na minha… virilha… e uma
delas disse, “calem ele”, e antes  que eu soubesse , tinha uma banana batendo
no fundo da minha garganta. Eu acho que eu podia ter vomitado com
facilidade, mas elas me disseram pra deixar a banana ali.

 ─E você deixou. - ela terminou por mim, me encarando, como se eu fosse
um alien.

Encolhendo os ombros, eu assenti mordendo o meu lábio inferior por um


segundo, dando outra mordida no meu frango.

 ─Você é apenas… incrível pra mim. – ela disse, tomando um gole da bebida
com seu canudinho.

 Eu gosto de assistir ela chupando. Deus, minha mente está


constantemente na sarjeta.

 Não me admira que ela me olhe como se eu fosse de outra espécie. Talvez
eu seja.

 Eu sorri e comecei a roubar pedaços de camarão do prato dela, estalando


cada um dentro da minha boca, enquanto ela tentava proteger o seu prato de
mim.

─Ei, Você! – ela protestou com uma risada. ─Já ouviu falar de limites?

 ─Não, nunca. – provoquei, pegando outro.

 ─Rebelde! – ela gritou, incapaz de me segurar com suas defesas.


 ─Aqui, eu te darei um pedaço do meu. – eu ofereci, pegando um pedaço
médio com os palitinhos. ─ Sem mãos, só abra a boca.

 Apareceu um rosado em suas bochechas, e então deixou as mãos repousar


ao lado de seu corpo, abrindo a boca ligeiramente, inclinando-se para mim.

 Porra. Eu fiquei duro agora. Deus, eu odeio meu pau, é o vadio mais fácil
de Nova York.

 ─Mais. – eu exigi, com um sorriso torto enquanto ela obedecia. ─ Boa


garota Skylar, aqui vai você…

 Coloquei com cuidado em sua língua e ela começou a mastigar. Eu


observava atentamente, e depois dentro de alguns segundos, ela começou
alargar os olhos e se apressou a procurar pelo refrigerante, bebendo longos
goles dele.

 ─ Oh não… Skylar… muito quente? – sorri.

 Eu ri por mais um segundo enquanto ela finalmente largava do canudinho,


ofegando um pouco.

 ─Uau, … muito quente… – ela ofegava entre suas respirações.

 ─Desculpa. Eu achei que você ia gostar, mas pelo menos você tentou. Eu
estou orgulhoso de você. E isso me faz lembrar…

 Ela olhou pra mim, sem expressão.

 ─Nas próximas semanas, - comecei, olhando para sua comida, e então pra
ela, ─Vai haver coisas, coisas que eu gostaria que nós tentássemos. Nada
muito selvagem, mas, eu acho que a gente devia falar sobre isso antes, e
certificar se você concorda com isso, antes de eu botar em ação. vamos
apenas combinar agora o seguinte, se você quiser que eu pare, eu quero que
você diga as palavras … Lo Mein. Desse jeito, você ainda pode gritar, e se
debater e se divertir, enquanto a gente está brincando, mas eu irei saber que
você não quer realmente que eu pare.

 Ela estava vermelha, mais agora sorria pra mim.

 ─ Isso é pra depois, no nosso tempo, se nós chegarmos a esse nível de


jogo. Nós não faremos, se você não quiser. Como eu disse, é sua decisão.
Talvez você poderia até escrever o que pra mim, antes de você sair pra escola,
apenas uma linha, algo que você gostaria que eu fizesse contigo naquela noite.
Como isso soa? Eu vejo que você não gosta de FALAR o que você quer, então
talvez isso iria funcionar melhor pra você. O que você acha? – completei.

 Após uma longa pausa, ela finalmente falou e sussurrou.

 ─ Eu gosto dessas idéias. Isso é bem…legal… Mathew.


 Eu agradei ela. SIM! E eu ainda estava duro que nem uma pedra, porque
eu disse gritar e se debater? Isso sempre acorda o escondido Mathew.

 queria chegar ao cenário da fantasia de estuprar a Skylar. Mau. Mas eu sei


que eu teria que esperar um pouco e obter esse nível de confiança dela. Esse
jogo exige bastante confiança de sua parte. E ela ainda era bem nervosa e
insegura ao meu redor. Eu terei que esperar um pouco. E quando ela não mais
tremer ou gaguejar por minha causa, eu colocarei em pratica esse jogo.

 ─Ei, você sabe, eu não fiz nenhuma pergunta pra você hoje. – falei.

 Skylar ficou um pouco tensa, em seguida relaxou. Ah, talvez ela está
aprendendo algo comigo depois de tudo. Relaxante.

 ─Eu estava me perguntando quando você iria se lembrar disso. – ela soou
como se fosse pega, como se ela estivesse feito algo impróprio. ─Vá em frente.

 Eu estava executando um bom plano de jogo em minha mente que a inclui,
mas eu preciso de mais algumas informações antes de eu transformá-los em
realidade. Eu deveria ir devagar, mais o meu cérebro se esquece sobre
“pessoas normais” algumas vezes, e desde que Skylar vem conversando
comigo tão abertamente e livremente mais cedo, eu apenas esqueci de ser
delicado.

 ─Você já chupou um pau antes? – perguntei enquanto ela tomava um gole


de seu refrigerante.

 Um horrível som irrompeu de sua garganta e ela cuspiu um jato de coca
cola em mim, enquanto eu me desviava um pouco pra trás.

 Seu rosto estava roxo, e ela estava tampando sua boca com uma mão, a
outra estava acariciando seu peito, acalmando qualquer coisa que a estivesse
matando.

 ─ Skylar?! – levantei e fui pra trás dela, batendo em suas costas


levemente. ─ se curve um pouco… bom. – fiquei esfregando e batendo em
suas costas , até que finalmente, depois de um minuto ela se acalmou e
começou a respirar normalmente de novo.

 Seus olhos estavam molhados, e ela os enxugou com o guardanapo,


ficando vermelha novamente enquanto eu chegava perto de seu rosto.

 ─Você está bem?

 ─Sim, estou bem. – ela murmurou.

 A garçonete, a única que estava na sala com agente, estava de pé a


poucos passos longe, preocupada.
 ─Ela está bem. – eu disse pra garçonete. ─ Obrigado. Talvez … alguma
água, pra ela? Obrigado.

 Relutantemente, voltei ao meu lugar e olhei pra ela, me sentindo horrível.


Eu quase a matei com a minha pergunta sobre o pau.

 ─ me desculpe. – eu estava realmente falando sério. ─Tem certeza que


está tudo bem?

 ─Eu estou bem. – ela rangeu os dentes, e sorriu pra garçonete que deu um
copo d’água.

 ─Me desculpa por isso. – Skylar olhou pra mim envergonhada, ─ Viu, por
isso eu gostaria de não sentir vergonha.

 ─Ta tudo bem, eu gosto de você assim. – eu a informei honestamente.


─Foi minha culpa, eu não devia ter perguntado tão… rápido como foi.

 Ela tomou um grande e limpo fôlego, e me espiou olhando pra cima,


sorrindo um pouco, e então ela começou a rir de si mesma. Eu amo isso. Ela é
realmente uma pessoa legal. Eu gosto de Skylar Hayes. Muito.

 Eu também ri, de verdade.

 ─Você me deve uma nova camisa. Olhe pra o que você fez comigo. – agora
eu olhava pra baixo pra minha camiseta, com pontos escuros de refrigerante,
espalhadas por todo lugar, enquanto eu me limpava com o guardanapo.

 ─Me desculpa. – ela riu, me ajudando a me limpar, quase levantando sobre


a mesa.

 ─Eu não te perdôo. – provoquei, rindo também. ─Você vai ter que me fazer
te perdoar depois.

 ─Ah é, e como eu supostamente eu farei isso? – ela brincou um pouco.


Boa, Skylar!

 ─Ah, eu sei que você tem um jeito de fazer isso. Eu estou começando a
suspeitar que você não é tão inocente o quanto você parece, apesar de tudo,
há uma pequena prostituta aí morrendo pra se libertar. E quando ela fizer, eu
acho que vou estar em um grande problema.

 Ela apenas riu dessa observação, e começou a comer novamente, desta


vez sendo bem cautelosa.

 ─Então, você vai me responder? – olhei pra ela, tomando um gole da


minha coca, esperando.

 ─Ammm… – Skylar olhou paras a longes mesas atrás de mim, ─Sim.


 Isso é tudo que eu vou conseguir? “Sim”?

 ─ Eu estarei permitido a responder apenas “sim”, nas suas perguntas, Dr.


Skylar? Seja justa, por favor.

 Ela exalou.

─ Eu tive uns… namorados… durante o ensino médio. Eu não queria…


dormir com eles, eu não estava pronta. Mas… eu fiz… performances… orais em
alguns deles. Isso fez eles grudarem em mim por um tempo, até eles acharem
alguém que fazia algo a mais. Então… sim. – respondeu finalmente.

 Ela olhava como se estivesse admitindo ter molestado uma criança. Sua
cabeça abaixou em suas mãos e ela não conseguia olhar pra mim nesse
momento.

 ─Ei. – eu meio que franzi a testa, encarando ela. ─Ei, olha pra mim, Skylar.

 Ela olhou pro meu rosto, e eu dei a ela um sorriso caloroso.

 ─Não fique com vergonha, nada que você disser irá me chocar, ou me
afastar ou nada. Ok? Esse é o nosso acordo. Eu me abrirei pra você, e você
pode se abrir comigo. Tudo bem? Estou contente que você fez isso, é bom.
Significa que você esta viva, sensual e eu adoro isso. Fico contente que você
fez isto em particular. Me deixa duro só de pensar você fazendo coisas comigo.
Você gostou de fazer? Só diga, não esconda.

 ─Sim. – ela respondeu, sorrindo como uma garotinha, orgulhosa de si


mesma.

 Eu senti minha boca sorrindo de volta, antes mesmo de eu notar, e


ronronei.

 ─Excelente.

 Tenho outra pergunta agora.

 ─Eu tenho uma pergunta seguinte agora. – a avisei, pegando seu


refrigerante e colocando longe, na ponta da mesa ao meu lado, então coloquei
seu garfo pra longe também. Ela ria de mim. E então, perguntei.

─ Engoliu?

 ─ Sim, eu não tenho nada na minha boca, você pode perguntar.

 ─Não, a minha pergunta foi, engoliu? – fiz minhas sobrancelhas


arquearem, para lhe dar uma dica.

 As luzes se ascenderam dentro de seus olhos, e ela abriu a boca chocada
mais uma vez, rindo.
 Depois de alguns segundos, ela assentiu. Com um sorriso manhoso, eu lhe
dei sua soda novamente e seu garfo, não dizendo mais nada sobre esse
assunto. Eu não queria assassinar ela.

 ─Viu, você não é tão inocente. – brinquei, ronronando minhas palavras pra
ela.

 Ela então mostrou a língua pra mim. A criança perpétua.

 ─Não bote essa língua pra fora, a não ser que você planeja usá-la em mim
e não me faça pensar alto, fantasias sobre garotinhas, eu não gosto dessas

 ─Porque não?

 ─Eu apenas não gosto delas, isso é tudo. – eu estava quase acabando de
comer, e não ofereci mais nenhuma informação pra ela sobre isso.

 Mudando o assunto. Não deixando ela nem chegar perto disso.

 ─Então, minha próxima pergunta… – decidi mudar o assunto, longe desse


ponto. ─Suas amigas sabem, que você me comprou ontem?

 Eu perguntei isso sorrindo, e num jeito brincalhão.

 ─Oh Deus… – ela sacudiu a cabeça, sorrindo quanto comia. ─Sim, eu contei
a elas.

 Então ela aparentou assustada de repente, olhando pra mim. ─Oh Deus,
isso é permitido? Eu não queria… eu vou te fazer ter problemas?

 ─Shh, shh, shh! – eu a parei, então sorri. ─Está tudo bem se elas sabem.
Eu não me importo.

 Ela aparentou tão aliviada, e voltou a comer.

 ─Você deveria ter ouvido elas. Eu não conhecia esse  lado delas antes.

 ─Que lado? O que elas disseram?

 ─Eu odeio até repetir. – ela evitou meu olhar, comendo. ─Eu pensei que
elas iriam me xingar ou sei lá mais ao invés disso, elas apenas continuaram
perguntando se podiam brincar contigo também.

 Eu ri, não me surpreendendo com isso. Eu era frequentemente dividido por
duas ou três mulheres, elas todas sendo amigas.

 ─Foi realmente embaraçoso. – Skylar me espiou novamente. ─Eu acho que


me mostra do que realmente as pessoas são capazes, no fundo, quando você
trabalha nesse… negócio. Você deve sempre ver a parte interior das pessoas,
fazendo o que você faz. Me incomoda um pouco, vendo minhas amigas desse
jeito.

 ─Eu vejo as mulheres claramente, se é isso o que você quer dizer. As boas,
más e feias. Mulheres não mostram o seu verdadeiro eu para seus maridos ou
namorados. Mas eu as vejo. – falei.

 Ela me olhou de perto e levou um minuto pra perguntar.

 ─Qual delas eu sou?

 Dei uma risada, em seguida sorri pra ela, respondendo honestamente.

 ─Você é a boazinha, Skylar.

 Ela corou e olhou pra baixo, então trouxe seu olhar de volta pra mim.

 ─O que você realmente  acha de mim, Mathew?

 Uau. Que corajosa.

 ─Quero dizer, sem brincadeira. – ela disse, me surpreendendo, ─Você pode


dizer o que quiser, só… eu agüento. Eu quero saber.

 Encostei na minha cadeira, dobrando as mãos e descansando em meu


peito, deixando ela cozinhar por um momento enquanto meus olhos vagavam
por ela. Ela esperou, como se ela estivesse mentalmente sendo torturada.

 ─Você é boa. – comecei. ─Mas você quer ser mal. Não muito mal, só um
pouco. Você pensa de si mesma como simples e nada de extraordinária. Você
prefere estar no fundo, por trás dos bastidores. Você odeia muita atenção.
Você é muito inteligente e isso te assusta. O seu cérebro mantém garotos
estúpidos longe, então você pensa que é indesejável. Você é extremamente
sensual e curiosa e quer explorar seus desejos, mas não teve a chance pra
fazer isso. Você é calorosa e amorosa. Seu corpo é lindo. Você tem um cheiro
incrível. Seu toque é suave, e tímida e inocente. Sua voz é profunda e rouca e
sexy como o inferno. Você faz barulhos que faz o meu corpo doer. E , Skylar,
não há nada de errado em você. Você é desejável.

 Ela tinha lágrimas em seus olhos, ouvindo minha avaliação. Ela não disse
nada, apenas me olhava se perguntando.

 ─Ah,  - eu adicionei. ─Você também é desastrada e fala demais.

 Ela riu, e eu também. Isso foi maravilhoso.

 ─Bem, isso  é verdade. – ela  riu.

 ─ É tudo verdade, e você sabe. – eu me inclinei pra cima e tomei outro


gole da minha bebida.
 Skylar não podia dizer muito naquele momento, sua mente trabalhando
atrás de seus olhos.

 ─Como você sabe, que eu sou desastrada?

 ─Essa manhã… – eu disse casualmente. ─quando você tropeçou nos meus


sapatos e caiu igual a uma banana sobre seus peitos.

 Sua boca se abriu, e eu não podia segurar o riso por muito tempo. Ele
explodiu e ela se juntou a mim.

 ─Eu pensei que você estava dormindo! – ela bateu no meu braço, já
batendo no meu pequeno pobre corpo.

 ─Eu estava, até isso acontecer! – eu ri. ─Mas a parte favorita foi, ver você
rastejando até o banheiro nua. Eu devia ter tirado uma foto.

 ─Ai, Merda. – ela bateu na mesa, envergonhada mas me deixando rir.

 ─Eu odeio você. – ela corou,  fingindo estar brava comigo.

 ─Awwww… – tentei tentei pegar suas pernas com as minhas embaixo da


mesa. ─Você não… não diga isso. Você feriu meus sentimentos!

 ─Que bom! – ela se encolheu, tentando libertar suas pernas das minhas,
eu agarrei seu joelho, fazendo cócegas.

 ─Seja boazinha comigo… me diz que eu sou o melhor.

 ─Não!

 ─Me diz que eu sou gostoso, vamos lá , diga o quanto você me adora, eu
posso lidar com esse tipo de critica, vamos lá! – cutuquei ela.

 ─NÃO! ME SOLTA! – ela gritava e ria. Eu estava realmente apertando seus


joelhos agora, fazendo uma nota mental, ela era bem delicada aqui.

 ─Diga. – exigi. ─Diga!

 ─TÁ LEGAL! – ela gritou. ─ Ta legal, eu adoro você, você é MUITO


GOSTOSO! EU TE QUERO, OK?!

 Eu a soltei, tendo minha resposta.

 ─Isso foi tão difícil?  Jesus, eu dei a VOCÊ um inteiro discurso sobre você
mesma e recebo nada.

 Eu estava a provocando, e eu pensava que ela sabia disso.


 ─Você é impossivelmente lindo… e forte. Sua pele é macia e em um tom
que eu adoro… e quente. Eu gosto das suas tatuagens do braço, as vezes me
perco reparando uma por uma.Seus olhos… são de um tom castanho dourado
que eu nunca tinha visto antes. Quando você ri ,eles brilham.Quando você está
triste ou bravo, eles ficam um pouco mais escuros. E o jeito como você fala…
algumas vezes… é como se… você fosse de outro mundo. Você teve tanta dor,
as vezes parece que você tem 100 anos de idade por dentro. Quantos anos
você tem?

 Minha voz quase não saiu. Tudo o que ela disse sobre mim era verdade.
Mas ela estava deixando de lado a parte ruim de mim, e nós dois sabíamos
disso. Ela diria logo, e eu me preparei para obter o impacto.

 ─Vinte e cinco. – eu respondi, minha voz soando estridente e oca.

 Ela olhou pra mim com tristeza no olhar novamente, respirou fundo e
continuou com seu discurso sobre mim.

 ─Você acha que o seu único valor está apenas em seu rosto ou no seu
corpo. Você acha que não há nada dentro de você. Você pensa muito pouco
sobre você. Você faz de tudo pra agradar a todos menos à você. Você está em
um monte de dor, mais você sorri, ri e brinca. Você usa uma boa máscara. Mas
isso é só pra manter as pessoas afastadas. Você não quer uma namorada.
Você usa a sua profissão pra manter todos afastados. Até mesmo aquela
garota que jogou a bebida no seu rosto. Você deve ter dito sobre sua profissão
pra ela propositalmente num jeito vulgar, pra se livrar dela, porque talvez você
se encontrou gostando muito dela, e isso te deixou assustado. Você é
engraçado e doce. Sua voz é bonita… Ela faz coisas comigo. Você canta como
um anjo, a canção mais bela que eu já ouvi veio de você no chuveiro. Você se
importa com família. Você é um leal e verdadeiro amigo. E… (ela hesita por um
segundo)… você vale tanto, Mathew.  Você não tem preço, é único e especial.
Eu desejo que você perceba isso. E eu não quero dividir você com minhas
amigas. Eu quero você inteiro pra mim, pelo maior tempo que for. Eu odeio
quando as pessoas te machucam. Eu quero te salvar, mas eu não sei como. Eu
amo o jeito que você me olha e me toca a todo instante, e eu amo o jeito que
você me abraça durante a noite. Eu amo o seu beijo. Eu quero me entregar
por inteira a você. E isso não é só porque seu corpo ou seu rosto é perfeito.
Mas sim porque você é lindo… por dentro e por fora.

Fiquei ali, perdido. Pela primeira vez eu não sabia o que dizer.

 Ela precisou de coragem pra ela dizer todas essas coisas. Mas eu já sabia
que ela era corajosa, tendo um homem estranho em sua casa, em sua vida.

 Eu queria chorar, mas eu segurei, não querendo demonstrar minha


emoção, e a profundidade dos meus sentimentos. Seja lá quando isso
aconteceu, mas eu me machuquei, pior do que qualquer chicote ou corrente, e
eu apenas não tinha mais tolerância pra esse tipo de dor.
 Por fora, eu posso ser queimado e sangrar, que está tudo bem… mas se eu
conseguir mais um ferimento no meu coração, eu não sei se posso agüentar.
Mulheres como Skylar, são as mais perigosas de todas, as mais letais. Elas te
fazem ficar apaixonado, e então elas arruínam a sua vida. Elas não tem a
intenção, mas elas fazem.

 ─Ah – ela disse. ─ E você também é um moleque, um ladrão de camarão e


um fã de Bob Esponja, calça quadrada.

 Nós dois nos olhamos e explodimos em gargalhada. Nós rimos por um bom
tempo.

 Não conversamos por alguns minutos. Muito foi dito por nós dois, muito.
Mas, ainda foi bom ouvir. Mesmo que não fosse verdade.

 ─ Skylar? – perguntei, não mais com fome. ─ Eu quero que você me


prometa uma coisa, ok? Não fique brava.

 ─Claro.

 ─Por favor,  não se apaixone por mim.

 Eu tentei dizer, olhando dentro daqueles maravilhosos olhos dela.

 ─Me prometa isso, por favor. – completei.

 Ela olhou pra mim com um estranho olhar, que eu não consegui identificar.

 ─Eu não estou apaixonada por você, Mathew. Eu só queria que você
soubesse o que eu penso de você. Tudo o que eu disse é verdade. Eu disse,
que sou sua amiga.

 Eu respirei um suspiro de alivio e sorri.

 ─Bom, quer dizer, eu agradeço todas aquelas coisas que você disse.
Aprecio tudo isso. Mas não seria bom pra você… começar a ter esses
sentimentos… por mim. Não me entenda mal, quero dizer eu falei sério quando
disse todas aquelas coisas pra você também. Eu quero você, e eu mal posso
esperar para experimentar todas as coisas que você quer. E eu adoro
pertencer a você, como eu disse.

 ─Eu sei, Mathew. E eu adoro ter você.

 ─Bom. – repeti, sentindo como se um peso tivesse sido tirado de mim.

 Ela não está brava comigo, graças a Deus.

 A garçonete veio até nós e perguntou se nós queríamos alguma


sobremesa. Skylar disse que ela estava cheia e eu também.
 Eu paguei a conta, com uma generosa gorjeta, então ela colocou dois
plásticos em volta de biscoitos da sorte no centro da nossa mesa, desejando a
nós uma boa noite.

 ─Oh, eu adoro ler a minha sorte. – sorri intensamente pra ela, vendo ela
retribuindo o sorriso.

 Desembrulhei o meu biscoito e fechei os olhos, sendo o garoto dentro de


mim, pra alegrar Skylar após nossas palavras pesadas de antes. Ela estava
desembrulhando o dela agora, lentamente, olhando pra mim como uma
criança de 5 anos.

 Eu o quebrei, o abrindo e abri meus olhos e desenrolei a linha do papel,


segurando ao meu peito.

 ─Você não pode lê-lo, é privado. – eu brincava com ela, ela se inclinava,
tentando ler o meu. ─Apenas leia o seu, menina.

 ─Imbecil. – ela murmurou pra mim, quebrando o biscoito dela, e abrindo


enquanto eu me espreitei pra ler a minha fortuna.

 E que dizia: Amor é o único remédio para um coração partido.

 Ok, por que o meu estômago inteiro caiu como uma bolha dentro dos meus
intestinos? Eu senti como se meu peito estivesse sendo estendido pra fora, a
partir do interior.

 É apenas um biscoito da sorte estúpido, por Deus! Respire, Mathew.

Skylar POV

 Eu abri meu biscoito da sorte, esperando por um pequeno conselho para o
meu problema aqui. Eu tinha acabado de prometer a Mathew que eu não me
apaixonaria por ele, mas eu já estava apaixonada.

 Depois de nem dois dias.

 Então eu tinha que agir como se eu não estivesse apaixonada por ele, na
menor das hipóteses de minha parte. Eu espero que ele tivesse comprado
essa. E então eu esperava que ele não tivesse. Eu odeio a minha vida.

 Sobre três coisas, eu tinha certeza absoluta:

 Primeira, Mathew era um prostituto.


Segundo, havia uma parte dele  e eu não sabia o quanto dominante essa
parte poderia ser, por essa sede pelo meu corpo e que planejava fazer coisas
comigo, diferentes coisas nesses próximos 12 dias.

E terceira, eu estava incondicionalmente, e inconsequentemente apaixonada


por ele.

 Eu preciso de ajuda, biscoito da sorte, me ajude.

 O meu dizia : Aquele que você ama, está mais perto do que você
pensa.

 Franzi minha testa, e eu senti enquanto pensava o que isso significava.

 Eu sei o quão perto ele está, ele está bem na minha frente. Mas isso
significa que é emocionalmente perto de mim do que eu penso? Ou isso é
apenas uma conversa sobre geografia?

 Sorte idiota.

 Mathew POV

 ─Você conseguiu uma boa sorte? – perguntei a ela, que parecia confusa
lendo a sua.

 ─Sim. – ela olhou pra mim sorrindo, ─ Eu acho, o que diz a sua? É boa?

 ─É. – eu brinquei, segurando o meu perto no meu peito. ─ Me diz o


seu que eu falo o meu.

 Ela olhou para ele , que dizia: ─Um momento emocionante virá em seu
futuro.

 ─Oh – eu  sorri pra ela, enquanto ela corava forte. ─Sabe o que está te
esperando Skylar, e está tão certo.

 ─Tá legal, conta – ela  olhou pra mim, um pequeno sorriso lá. ─O que o
seu diz?

 ─Ummm. – eu olhei  para o meu, tentando pensar em alguma coisa pra


dizer, em vez do que realmente estava escrito lá.

 Eu não queria lê-lo e ter Skylar achando que a cura para a minha alma
quebrada era o amor. Isso era uma merda, e eu não queria que ela me
amasse.
 Minha vida é um banheiro, e eu sou um pedaço de merda. Ela merece
muito melhor do que eu. Ela apenas gosta de mim porque eu sou bonito, e dei
a ela sete orgasmos, nada mais.

 ─Você precisa de ajuda pra ler as palavras grandes? – ela provocou, rindo
da própria piada.

 Olhei pra cima e sorri pra ela. Isso FOI uma das boas. Eu tive que rir,
também. Vai Skylar!

 ─Não,eu posso ler. – parei de rir. ─ Diz, que é a hora certa para fazer
novos amigos.

 Ela sorriu mais ainda.

  ─ Viu? Parece que sabe o que é bom pra você. E está muito certo. – ela
alterou minha declaração de um momento atrás.

 ─Nós devemos ir, justo Skylar? - me levantei, afastando sua cadeira


enquanto ela levantava.

 ─Claro, obrigada pelo jantar. – ela disse e eu coloquei meu papel no bolso,
planejando guardar isso pra mim.

 Uma pequena lembrança do meu primeiro encontro com Skylar, um


encontro de verdade, meu primeiro sucesso em 7 anos.

 ─Qualquer coisa por você, Skylar. – eu disse  sem pensar, enquanto


pegava sua mão novamente, guiando-a de volta para o metrô.

Capítulo 8

Mathew POV

No caminho para casa, no trem, comecei a discutir algumas idéias que eu


tive para a primeira vez de Skylar comigo. Sentamos lado a lado e eu sussurrei
no ouvido dela, minha mão tocando sua cintura.

 ─Hoje à noite? – perguntei.


 ─Sim. – ela respondeu, sussurrando de volta no meu ouvido.

 ─Você tem certeza? – perguntei em uma voz muito abafada.  ─Eu posso
esperar o tempo que você quiser.

EU POSSO?  Esse é o meu pau falando novamente. Cala a boca, Mathew. Vá


dormir.

 ─Não, eu estou pronta. – ela disse, sem sinal de hesitação ou medo.  ─Eu
quero ficar com você, Mathew. Não estou com medo. Você não precisa me
tratar como seu eu fosse de vidro. Eu não sou uma virgem e eu sei o que eu
quero. E é você. Eu quero você essa noite.

 Fiquei tão contente de ouvir aquilo. Eu quero tratar Skylar com cuidado e
delicadeza, como se ela fosse nova em tudo isso, mas ao mesmo tempo
também quero dominá-la e fazer coisas ousadas com ela.

 Quando saímos do trem e subimos a escadaria do metrô, estava chovendo


do lado de fora. Skylar parou, como se ela estivesse pretendendo esperar a
chuva diminuir antes de sair dali, mas eu não podia esperar. Eu a agarrei de
surpresa, jogando-a sobre meu ombro direito, e corri pelas ruas empoçadas,
iniciando o caminho de dez quadras até sua casa.

 Nós estávamos ficando encharcados e Skylar estava gritando e se


debatendo muito, mas eu não conseguia parar de rir. Eu me senti como uma
criança outra vez, de certo modo. Só que uma criança mais feliz e mais
despreocupada do que eu fui antes. Ficar com Skylar é tão fácil.

 Quando chegamos ao apartamento já estava começando a anoitecer,


nuvens escuras e um céu cinza cobriam a cidade.

 Eu a deixei subir as escadas sozinha, sem saber se ela tinha medo de
altura ou algo assim. Ela estava se afastando de mim, toda molhada e rindo e
eu subia as escadas lentamente atrás dela, segurando em sua camiseta
ensopada e fria. A peça estava grudando no corpo dela em todos os lugares
certos. Eu gostaria que ela não estivesse usando sutiã. Eu adoro mamilos
molhados através da camiseta.

 Cheguei perto o suficiente para capturar seus lábios com os meus e lhe dar
um beijo intenso e meio violento, agarrando seu cabelo em meus punhos
cerrados, tentando controlar meu estado com ela em meu poder.

 Ela gemeu e caiu para trás, no degrau de carpete vermelho, e eu me


coloquei em cima dela, prendendo-a embaixo de mim, meu cabelo molhado
pingando nela.

 ─Ótima idéia, Skylar. – sussurrei.  ─Vamos mandar ver bem aqui nas
escadas.
 ─Uhh, NÃO. – ela corou em um vermelho neon, me empurrando de cima
dela um pouco. ─Eu não acho que o Sr. Nevitz iria aprovar isso. Vem,
pervertido.

 Ela fugiu de mim e correu escada acima, eu rosnei e a persegui,


acompanhando sua velocidade. Ela gritou, rindo enquanto eu a alcançava e a
lançava sobre meu ombro  novamente, como o bom homem das cavernas que
eu sou.

 Se ela estava tentando escapar, não estava se saindo muito bem e eu não
tinha nenhum problema em carregá-la das escadas até seu minúsculo
apartamento no último andar.

 Gritando um pouco mais, ela agarrou minha camiseta nas costas,


murmurando sobre como ela não queria cair.

 ─Eu acho que eu entendo porque você está tão nervosa. – falei
tranquilamente, subindo as escadas e segurando-a firme. Ela nunca cairia
dos meus  braços, mesmo assim eu disse. ─Sua visão dessa longa queda das
escadas não deve ser muito agradável mesmo. Coitadinha da Skylar.

 ─MATHEW! – ela berrou, batendo um pouco as pernas enquanto eu


chegava ao topo da escada agora, me dirigindo para a porta.

 Usei a minha chave e a abri com um pontapé, levando minha garota para
dentro. Bem, pelo menos a carreguei até a porta. Isso é romântico, não é?

 Um trovão foi ouvido de repente, mas ela nem se incomodou. Para mim,
aquilo foi como um aviso para Skylar, tentando avisar de quais eram as
punições por transar com um garoto de programa.

 Mas, no momento em que atravessamos a porta, não conseguíamos tirar


as mãos um do outro. Eu a prensei contra a parede da cozinha, beijando-a
com fervor, recebendo seu ansioso beijo em troca.

 Nós deveríamos estar tremendo de frio, estando molhados daquele jeito,


mas eu me sentia em chamas… e fiquei ainda mais quente ao sentir as mãos
dela puxando a camiseta úmida grudada no meu corpo. Dei um passo para
trás, deixando que ela arrancasse a camiseta de mim, interrompendo nosso
beijo por um segundo, mas, em seguida, meus lábios voltaram aos dela com
ainda mais força, batendo suas costas na parede outra vez com barulho,
fazendo com que ela gemesse alto.

 Ela soltava murmúrios enquanto eu retornava o favor. Eu queria tirar a


blusa dela também, mas não queria afastar sua boca da minha, então eu
simplesmente a rasguei ao meio. Foi fácil demais. Ela gemeu quando joguei a
peça arruinada no chão e comecei a procurar o fecho daquele maldito sutiã que
ela sempre insistia em usar.
 Eu juro que vou fazer uma limpa nas gavetas dela amanhã e esconder
todos os seus sutiãs.

 ─Nas costas. – ela ofegou, entre beijos. Eu o achei rápido e o abri sem
nenhum problema, conhecendo a maneira de contornar essas coisas.

 Arranquei o sutiã fora enquanto ela gemia e peguei seu cabelo com força
em uma das minhas mãos, a outra estava em seu seio, apertando e o
atacando em pura necessidade.

 Estava completamente escuro aqui, apenas os flashes dos relâmpagos nos


revelando um para o outro conforme eu a erguia um pouco, enroscando suas
pernas em volta dos meus quadris, e mantendo minhas duas mãos sob seu
maravilhoso bumbum molhado, carregando-a para a cama, e ela continuando
a me beijar com toda a paixão que eu acusei anteriormente.

 ─Não pare de me beijar… – sussurrei na sua boca insaciável enquanto


caminhava ás cegas até o quarto.

 ─Nunca… – ela arfou em retorno, preenchendo minha boca com sua língua
enquanto suas mãos afastavam meu cabelo molhado que caía um pouco sobre
os olhos.

 Chegamos até a cama e nós dois nos jogamos nela, ela de costas e eu por
cima. Suas pernas se abriram e eu busquei pelo botão do seu jeans, abrindo-o
e descendo o zíper com pressa, já puxando rudemente para baixo o lado
direito da calça, ao mesmo tempo em que Skylar gemia e choramingava, sons
que foram rapidamente me transformando num animal.

 Isso era maravilhoso, mas não a maneira como eu queria que nossa
primeira vez fosse. Então eu teria que mudar as coisas um pouco, para o bem
dela.

 ─ Skylar. – eu disse, as palavras saindo com dificuldade por entre seus


beijos. ─Eu quero você no controle esta noite.

 ─Hm? – ela não estava ouvindo muito, suas pernas envolveram minha
cintura com força e seu quadril estava subindo e descendo, atacando meu
membro rígido.

 ─Essa noite é sua. – declarei, ficando de joelhos na cama e tirando sua


calça.

 Ela ficou deitada ali, sorrindo para mim enquanto eu usava ambas as mãos
para puxar sua pequena calcinha de algodão, fazendo um carinho sutil naquela
região, o que a fez soltar um som manhoso, e então deslizei o tecido por suas
pernas, seus pés delicados levantando e passando pela peça íntima para
finalmente tirá-la.
 Desabotoei meu jeans e o tirei, revelando minha cueca boxer preta, ela
sorrindo crescendo para mim.

 Eu tirei a cueca também, a jogando no chão e voltando minha atenção a


Skylar.

 Eu a beijei novamente, com toda a energia de antes e sua perna se curvou
ao redor da minha cintura de novo.

 ─Não, não. – repreendi gentilmente, sorrindo.  ─Teimosa. Vem cá.

 Movi seu corpo, de forma que eu estava de costas agora, no meio da cama,
e ela em cima de mim, sentada nos meus quadris.

 ─Minhas mãos vão ficar aqui o tempo todo. – eu a informei, segurando a


cabeceira da cama, ─ Você está no controle, Skylar. DESTA vez. Faça o que
quiser comigo.

 Isso a deixou radiante e eu tinha a sensação de que deixaria. Eu tinha


certeza que a primeira vez dela, a maratona de 33 segundos, aconteceu com o
cara o tempo todo por cima, investindo dentro dela sem parar até que ele
gozasse, e depois se afastando, a deixando totalmente humilhada e
insatisfeita. Essa experiência seria muito diferente para ela.

Fechei meus olhos, um sorriso satisfeito em meus lábios enquanto esperava


pelo toque de Skylar.

 Eu certamente cobraria isso e estaria no controle em nossos


próximos encontros, por isso era justo que nesta primeira vez eu a deixasse
tomar as rédeas. Deixá-la no comando também me diria bastante a respeito
dela.

 Ela se mexeu por um momento, mas sem sair de cima de mim ainda. Eu
dei uma espiada nela e ela tinha minha camiseta preta dobrada em um longo
pedaço retangular. Sorrindo e inclinando-se para baixo, ela me beijou
suavemente e em seguida colocou a camiseta sobre os meus olhos, sem
amarrá-la atrás da minha cabeça, apenas deixando-a ali, a escondendo da
minha visão.

 ─Estou adorando isso.  – compartilhei meu entusiasmo.

 Algumas mulheres me assustam pra caramba ao vendar meus olhos,


estalando tesouras perto do meu ouvido, acendendo fósforos… Raven uma vez
afiou facas perto de mim enquanto eu estava vendado.

 Mas, eu confio em Skylar. Com ela eu não tinha medo.

 Antes de fazer alguma coisa, ela distribuiu beijos leves e delicados nos
meus lábios, no meu queixo, na covinha dele, e em cada centímetro do meu
rosto, até mesmo em minha testa.
 ─Mathew… - ela falou enquanto me beijava. ─Você não é um brinquedo…
você não é propriedade de ninguém… você é um homem admirável e lindo e
eu não estou falando do que eu vejo. Eu me refiro a VOCÊ. Eu não sou sua
dona, mas… hoje à noite… você ME  pertence. Está claro?

 Eu a senti rastejando sobre meu peito e então suas pernas estavam dos
dois lados do meu rosto, um aroma maravilhoso me dominando.

 ─Sim, Skylar. – respondi, minha voz ficando rouca com aquela sensação,
enquanto os cantos da minha boca se curvavam de leve. Eu espero que ela
não perceba em minha voz o quanto eu amo o que ela acabou de dizer,
mesmo se ela estivesse mentindo.

 Eu a esperei dizer algo mais, gostaria que ela apenas dissesse “me lambe”,
ou algo parecido, mas seu comportamento de menininha não permitia que ela
expressasse tais coisas. Sua voz só dizia palavras de afeto e sabedoria.

 Novamente, eu facilitei as coisas para ela, mas no futuro sem mais


tolerância. Ela teria que aprender a dizer o que ela queria em palavras antes
do meu tempo acabar aqui.

 Dei uma pequena lambida, provocando, e ela soltou um suspiro ousado.


Senti um leve puxão na cabeceira da cama e deduzi que suas mãos estavam
segurando ali para apoio.

 ─Seja bonzinho, Mathew. – ela falou com uma voz muito calma.  ─Você
não quer ser castigado, quer? – sua risada baixa me fez perceber que ela
agora estava brincando comigo.

 É isso aí!

 Eu dei uma lambida maior, então parei de novo, tentando me impedir de
rir.

─Está certo, Mathew, chega. – ela me alertou uma última vez. ─Sem Bob
Esponja para você amanhã.

 ─Mmmmm… – fiz um pequeno barulho de protesto e investi minha língua


para cima, encontrando a pele macia, quente e úmida, tão delicada, sensível e
pulsando, a medida que eu movimentava minha boca e girava minha língua
ardentemente.

 Minha menina insaciável. Me parece que sete orgasmos não foram


suficientes. Eu acho que estou criando um monstro aqui.

 Mas, eu não podia me aborrecer com isso. Ela estava buscando o que
desejava e eu estava muito orgulhoso dela. Eu queria vê-la fazendo isso cada
vez mais com o passar dos dias.
 ─Mmmmm! – eu murmurava e sussurrava enquanto a sugava e mordia,
fazendo ruídos para ela que, estava gemendo, ofegando e gritando para mim.
Estávamos fazendo um belo dueto juntos e eu não queria que aquilo acabasse.
Eu a lamberia a noite toda de novo se fosse essa sua vontade.

 ─Oh Deus, SIM! – ela estava agarrando a cabeceira com força, a puxando
enquanto lançava a cabeça para trás, suas pernas começando a sair de seu
próprio controle; elas tremiam e convulsionavam perto do meu rosto, e eu
continuei a mover minha língua o mais rápido que eu podia, bem naquele
ponto ao lado do seu clitóris que ela adorava tanto.

 ─Oh, sim, MATHEW, ASSIM! – ela ofegava e respirava fraco agora, igual
uma tigresa ferida. ─NÃO PARE, MERDA, NÃO PARE MATHEW, POR FAVOR!

 Eu adoro quando as mulheres chegam a esse grau de excitação, elas


amaldiçoam feito animais. Principalmente aquelas inocentes que nunca xingam
desse jeito em suas vidas cotidianas.

 Minhas mãos estavam presas na cabeceira, e eu lambia o líquido claro e


quente que lentamente fluía da intimidade de Skylar. Eu gemi alto, adorando
seu gosto, era muito mais doce que da maioria das mulheres que eu havia
conhecido. Gostaria de saber o seu segredo. Deve ser algo que ela come.

 Minha Skylar estava gozando intensamente e fiquei feliz com isso. Eu


continuei beijando a área sensível sobre mim conforme ela começava a relaxar
e sair do seu orgasmo. Ela gemia e se encolhia, sensível ao mais leve toque.

 A venda foi tirada dos meus olhos, em seguida, e a senti limpando meu
rosto e minha boca. Ela me deu um sorriso e segurou a camiseta sobre meus
lábios por um segundo.

 ─Mmmm. – fiz um pequeno ruído sob o tecido, satisfeito e desamparado ao


mesmo tempo, virando meus olhos pesados e para ela, a desejando, mas
incapaz de implorar por ela no momento.

 ─Sua vez. – ela sorriu de forma provocante e pôs a venda outra vez sobre
meus olhos. Ela desceu pelo meu corpo, plantando beijos ao longo do caminho,
seu cabelo completamente molhado deixando rastros em minha pele enquanto
ela avançava.

 Esperei o que me pareceu cem anos ela chegar lá. Meus dedos apertaram
com força a borda da cabeceira onde eu estava segurando.

Senti sua mão delicada e macia se curvar ao redor da extensão do meu


pênis, começando a movimentá-lo lentamente para cima e para baixo.

 ─Uuhh – rosnei alto na mesma hora, arqueando minha cabeça e minha


espinha curvando-se por conta própria.
 Agora, eu estava ofegante e me contorcendo igual uma mulherzinha,
tentando ficar parado e calmo, mas falhando miseravelmente.

 ─Você gosta devagar… – ela perguntou baixinho, movendo o membro


lentamente, enquanto eu gemia mais ainda ─ Ou… você prefere rápido?

 E então ela começou a fazer movimentos descontrolados pra cima e pra


baixo em um ritmo muito mais rápido, me fazendo querer gritar.

 ─Skylar! – eu estremeci, meus braços tremendo com força, me esforçando


para não soltar a cabeceira da cama.

 ─E aí? – ela movia sua mão mais devagar agora. ─ Qual dos dois?

 Eu não conseguia decidir. Os dois eram extraordinários. E ao mesmo


tempo, eu sabia que não era o que Skylar desejava ouvir, mas, eu queria o
que ela  quisesse. Talvez ela esteja certa sobre uma coisa. Eu nem sequer
tenho opinião própria mais.

 ─Eu quero ouvir o que VOCÊ quer, Mathew. – ela disse. ─ Se você não me
disser, eu vou parar e nós voltaremos para a sessão de terapia.

 ─Não, não! – não sabia que poderia responder tão rápido, eu estava
tentando decidir de qual gostava mais.

 ─Bem, então me diga. – ela pressionou. ─ Você tem dez segundos.

 Ela estava manuseando mais rápido dessa vez e aquilo estava me deixando
louco. Porém, devagar faria eu aguentar mais tempo e ela talvez pudesse me
lamber e me chupar durante o processo.

 ─Cinco segundos… – Skylar advertiu.

 ─Devagar, devagar! – escolhi, me sentindo um pouco quente e suado


agora.

 ─Bom garoto. – ela começou a mover mais devagar enquanto eu gemia, e


posicionou os lábios bem na ponta do meu pênis, o sugando por um segundo e
lambendo uma gota do líquido na cabeça.

 Eu soltei um rosnado cheio de cobiça, e ela fazia aqueles sons


de ‘MMMMMM’  em aprovação, gostando do meu sabor.

 Movendo-me para cima e para baixo numa maneira muito lenta e estável,
ela finalmente perguntou. ─ Você gostaria que eu te chupasse, Mathew?

 Não, na verdade não. Vamos jogar xadrez ao invés disso. SIM, EU QUERO
QUE VOCÊ ME CHUPE!
─Sim, Skylar… por favor… – eu respirava fundo, precisando daquilo agora,
como do ar para respirar.

 Me provocando, ela começou a dar pequenas lambidas pela minha ereção,
da mesma forma que eu havia feito com ela antes. Ela está prestando atenção,
eu tinha que lhe dar esse crédito, e agora está fazendo exatamente as mesmas
coisas comigo, me mostrando como era estar do outro lado. Ótima aluna.

 Meus olhos estavam fechados, embora a camiseta estivesse cobrindo eles.


Por favor, por favor, eu rezava para Skylar, para pelo amor de Deus fazer
aquilo… ele  está inesperadamente bem sensível, geralmente é preciso de
muito mais para me deixar excitado e frenético assim. Mas ela tinha me
deixado naquele estado em poucos minutos.

 ─Por favor… – murmurei, gemendo e rangendo os dentes enquanto ela


dava uma longa e generosa  lambida na lateral inteira do meu pau, circulando a
língua ao redor da cabeça e sugando seus lábios com força ali em volta, o que
me fez gemer muito alto, incapaz de falar, me transformando em um objeto
inanimado que apenas reagia à estimulação e textura de veludo da língua
daquela mulher.

 ─Tão grande… – ela disse suavemente. ─ Espero que eu consiga fazer um


bom trabalho aqui.

 Tudo o que eu conseguia fazer era resmungar e gemer enquanto ela


continuava a me mexer pra baixo e pra cima, lambendo e chupando somente a
cabeça no momento. Aquilo estava me matando de prazer, a cabeça é super
sensível e ela estava fazendo a festa justo ali.

 Eu queria gritar para ela me colocar dentro da sua boca, mas mordi o lábio
inferior, segurando o protesto.

 ─Acho que vou tirá-lo desse sofrimento, Mathew. – ela disse preocupada, e
um segundo depois sua boca estava em volta de mim, úmida, quente e
apertada. Sugando, lambendo, mantendo o ritmo.

 ─PORRA! – rosnei em surpresa e gemi, meus olhos arregalados contra a


minha vontade, a sombra da camiseta me encarando de volta.

 ─Porra Sky..lar – eu arfava conforme ela subia e descia com sua boca e
língua um pouco mais rápido agora, o estímulo da sua mão continuando ao
mesmo tempo. Então, senti a outra mão dela pegar minhas bolas.

 Ela queria me matar e eu estava amando cada segundo! Tenho um palpite


de que aqui, neste departamento, Skylar sabia muito bem o que estava
fazendo. Vê? São sempre as mais quietinhas…

 ─ SKYLAR! Skylar  - eu adverti através dos meus dentes cerrados.


 Ela me ignorou e se manteve concentrada feito uma especialista,
movendo-se para cima e para baixo cada vez mais rápido, meu membro inteiro
em sua boca. De vez em quando eu sentia a cabeça atingir o final da garganta
dela e meio  que me descontrolava diante daquela sensação única.

 E eu podia ouvir seus sons enquanto ela me dava prazer, pequenos


engasgos, gemidos e murmúrios, todos me levando ainda mais para o clímax.

 ─Caralho,Skylar, eu vou gozar! – praguejei, lhe avisando caso ela quisesse


se afastar antes que acontecesse. Algumas mulheres não se importavam em
engolir.

 Mas isso fez com que ela fosse ainda mais rápido  e colocasse mais força!
Eu gritei como um animal, esperando… sentindo todo o meu corpo
convulsionar em êxtase e desejo.

 Explodi de forma descontrolada e intensamente, e endureci o corpo,


esperando que isso não enojasse ela. Mas em vez disso, senti uma onda nova
de prazer enquanto sua boca continuava com o ataque, engolindo meu líquido.

 Em seguida, ela começou a lamber e sugar a cabeça outra vez. NÃO,
DEUS! Estava extremamente sensível agora para isso.

 Eu me contorci e me debati, rosnando, fazendo Skylar dar uma leve risada,
parando com aquela tortura e deitando ao lado das minhas pernas, sua boca
postando beijos nos músculos do meu quadril.

 ─Porra… – murmurei, incapacitado por uma sensação de fraqueza,


entretanto, me sentindo de forma gloriosa.

 ─Eu fiz… tudo certo? – ela quis saber, tão inocente quanto uma menina da
quinta série. Quem ela pensa que está enganando?

 ─Não, foi péssima. – debochei. ─ Eu só gozei desse jeito porque fiquei com


pena de você.

 Ela riu e beliscou o interior da minha coxa com as unhas.

 ─EI! – eu ri, quase tirando minhas mãos da cabeceira. ─ Eu estava


brincando! É brincadeira! Sim, você fez tudo certo. Caralho, Skylar! Eu acho
que nunca gozei tão forte assim… na vida. É sério!

 ─Bem, você fez por merecer. – ela respondeu, ainda não tirando a venda
dos meus olhos, ─Eu gostaria de poder te dar mais seis desse, igual você fez
comigo.

 ─Sete. – eu corrigi. ─ Eu te dei o oitavo agora.

 ─Obrigada, Sr. Calculadora. – ela disse, acariciando com uma mão o meio
das minhas pernas.
 ─Às ordens, Dona Garganta Profunda. – falei sarcasticamente, sorrindo e
tentando acalmar minha respiração um pouco mais.

 ─Posso deitar em cima de você? – perguntou.

 ─Sempre.

 Ela levantou e deitou seu corpo nu e quente diretamente em cima do meu,


seus seios pressionando meu peito conforme ela repousava a cabeça sob meu
queixo. O cabelo dela ainda estava molhado e frio, mas provocava uma
sensação boa na minha pele em chamas agora e eu podia sentir sua intimidade
úmida contra meu membro satisfeito.

 Não levaria muito tempo até que ele acordasse novamente, mas eu não
sabia como dizer isso a Skylar. Alguns minutos eram tudo o que ele precisava,
ao contrário da maioria dos homens que geralmente precisavam de quinze,
vinte minutos. Sim, eu sou uma aberração.

 ─Eu estou começando a entender porque as pessoas sempre enfiam coisas


na sua boca. – ela me provocou, enquanto descansava sobre mim. ─ Você fala
demais, também, assim como eu.

 Eu fiz uma careta. ─ Pode ser, mas pelo menos eu não fico te perguntando
se você precisa usar o banheiro.

 Nós rimos por alguns minutos e ela disse, ─ Eu gosto da maneira como
você grita e rosna. Me excitou tanto que me fez ir mais rápido e mais forte do
que eu já tinha feito antes. Você me inspirou.

 ─Obrigado, eu acho. – eu gostaria de poder abraçá-la, mas eu ainda estava


preso em suas palavras.

 ─Epa. – Skylar disse, se mexendo um pouco, ─Olha quem está de volta.

 Eu podia sentir meu pênis exigindo atenção novamente, pronto para mais.

 ─Desculpe, Skylar. – comecei a explicar. ─ É que…

 ─Shhhh. – ela pôs um dedo sobre meus lábios, ─ Pare de se desculpar. Eu


não gosto disso.

 Ela estava roubando minhas falas agora. Que ladrazinha. Sorri, incapaz de
resistir.

 ─Sim, Skylar. – minha voz saiu rouca devido a minha respiração ainda
falha.

 ─Eu vou te deixar assistir dessa vez. – ela  informou, tirando a camiseta
dos meus olhos. A única luz acesa estava fraca e turva, então meus olhos não
precisaram de muito tempo para se adaptar.
 O corpo de dela estava lindo em cima de mim, tão perfeita.

 ─Talvez eu precise da sua ajuda, Mathew. – ela sussurrou timidamente,


sentando de pernas abertas sobre meu corpo.

 ─Eu posso usar minhas mãos, Skylar? – perguntei, querendo ajudar de


qualquer maneira.

 ─Oh, sim. – ela pareceu confusa por um segundo.

 Eu soltei a cabeceira da cama e me sentei um pouco. ─ Vem cá.

 Eu a chamei e cobri sua boca com a minha novamente, lhe agradecendo
por fazer eu me sentir tão incrivelmente vivo. Agarrei um punhado do seu
cabelo na minha mão e tornei o beijo mais intenso, cheio de emoção.

 Quando eu soltei seu cabelo, ela abriu os olhos, parecendo um pouco tonta.
Eu sorri e perguntei, ─ Você está bem?

 Ela assentiu, corando e sorrindo para mim.

 Rolei para o lado da cama e fui até a gaveta do criado mudo, onde tinha
deixado as camisinhas. Rasguei o pacote com meus dentes e a coloquei
rapidamente sem nenhum problema. Eu poderia fazer isso dormindo.

 Claire é a única mulher com quem eu jamais poderia usar camisinha.  Ela
não podia ter filhos e me disse que só tinha relações comigo e com o Ryan. Eu
a teria questionado a respeito disso, mas era uma das regras dela. Como ela
não gostava de camisinha e se eu insistisse em usar, eu estava fora. Claire
havia salvado a minha vida, eu não estava disposto a irritá-la com isso.

 ─Eu quero você, Mathew. – ela finalmente pronunciou as palavras, ─ Agora


mesmo.

 Eu abri um sorriso, pronto para ser seu professor.

─ Você já esteve por cima antes?

 ─Não.

 ─Tudo bem, é fácil. – eu lhe assegurei. ─ Monte em mim.

 Ela corou outra vez, obedecendo, seu sexo um pouco na frente da minha
ereção.

 ─Vá para trás um pouquinho. – guiei. ─ Fique bem em cima de mim.

 Eu segurei a base do meu pênis e a observei se posicionar timidamente no


lugar que pedi.
 ─Boa garota. – eu disse com aprovação. ─ Agora, devagar me deixe
entrar… desça o corpo…

 Uma das minhas mãos acariciava a parte externa da sua coxa, e ela
obedecia minhas instruções… descendo lentamente… pra baixo… mais um
pouco… uhhhhhh, minha cabeça entrou… penetração… sim…Porra, como ela
é apertada! Ela não estava mentindo para mim sobre isso.

 Ela deixou um pequeno gemido escapar e choramingou enquanto me


deixava abrir caminho pela sua quente umidade. Parecia que meu pau estava
sendo espremido conforme ela descia até o final da ereção. Eu estou dentro
dela… completamente. Paraíso.

 ─Espere. – peguei suas mãos, querendo apenas me sentir lá dentro, sem


fazer nenhum movimento, para que nada me distraísse daquela sensação
incrível. Nós nos encaixávamos perfeitamente. Esse era o único pensamento
que eu tinha na mente no momento e eu não conseguia lutar contra ele ou
afastá-lo.

 Ela estava gemendo em prazer, talvez sentindo o mesmo, também.

 ─Está bem, Sky. – soltei as mãos dela, colocando um beijo em cada uma.
─Segure a cabeceira da cama para impulsionar e, no ritmo que preferir, pode
começar a se mover pra cima e pra baixo.

 Meus dedos acariciavam seu bumbum exposto enquanto ela começava a


me cavalgar, devagar no início, levando seu tempo para me sentir e ao mesmo
instante saborear suas próprias sensações.

 ─ isso… – eu rosnei, a deixando saber que tudo embaixo dela, ia às mil


maravilhas. ─Oh, Skylar…

 ─ Mathew… – ela sussurrou. ─ Eu estou fazendo certo?

 ─Impecavelmente. – eu estremeci, mordendo meu lábio de novo, quase


tirando sangue, ─Você é tão apertada e molhada… você está me matando. Mas
é tão  bom. Não pare.

 Cerca de quinze minutos depois, ela estava cavalgando em mim com fervor
e eu estocava forte para dentro dela, agarrando seu bumbum com força,
ajudando-a a ir mais fundo e a se mover com mais precisão, enquanto seus
joelhos começavam a tremer um pouco.

 ─ Porra, Skylar, Porra! – falei, impulsionando meu quadril e chocando seu


traseiro nas minhas bolas, os ruídos do colchão duelando contra os rangidos da
cabeceira a medida que Skylar empurrava-a com suas mãos, os seios
balançando e ofegando durante todo o tempo comigo.

 33 segundos. Não era um recorde muito difícil de ser quebrado.


 Skylar estava gritando e movendo-se com esforço para baixo, de seus
lábios, tudo que saía eram gemidos agudos e meu nome repetidas vezes.

 Eu estava pingando de suor, assim como ela. Eu geralmente durava mais
que quinze minutos, mas, Skylar era tão apertada que eu sabia que não
conseguiria aguentar muito mais tempo.

 ─Sua safada, você sabe foder. – ouvi minha voz proferir, minha respiração
ficando mais pesada, enquanto ela vinha ao meu encontro com mais vigor.
Sim, eu também posso xingar igual a um animal quando estou excitado.

 Ela estava gritando de um jeito mais estridente e sem precisar de palavras


eu suspeitei que ela estava gozando novamente. Eu não estava muito atrás
dela.

 ─UGH! – rosnei, sentindo meu membro jorrar dentro do seu corpo; bem,
dentro da camisinha, na verdade. Eu não conseguia me mexer por nem um
mísero minuto sequer.

 Eu estava ofegando e respirando feito um animal que tinha acabado de


correr quinze quilômetros, enquanto soltava o bumbum de Skylar lentamente,
meus olhos se apertando quando ela se retirou totalmente de mim.

 Arfei, totalmente rendido ao prazer, ela deitando-se ao meu lado, na dobra


do meu braço enroscado na coxa dela, a mantendo perto de mim com
segurança, enquanto ambos lutávamos para respirar, sem palavras e sofrendo
lado a lado na melhor tortura imaginável.

 Nós éramos dois seres esgotados, trêmulos e suados, mas que se


agarravam um no outro desesperadamente, nenhum de nós querendo se
afastar.

 Após cerca de dez minutos, depois que eu tinha descartado a camisinha


usada com habilidade, perguntei.

 ─E aí… ficar por cima… foi bom para você?

 ─Deus, sim. – ela suspirou, tirando o cabelo úmido dos olhos, beijando
meu peitoral e brincando com ele com seu dedo.

 ─Ótimo. – alcancei a gaveta do criado mudo. ─ Eu acho que você merece


um presentinho, então. Deite de costas.

 Ela sorriu para mim e franziu a testa, confusa.

 Mesmo assim fez o que pedi e eu lhe mostrei um dos meus brinquedinhos
favoritos.Era um vibrador de formato oval muito pequeno, minúsculo. Possuía
um fio que saía de uma extremidade e terminava em um painel branco, que
cabia na palma da mão.
 ─Este é um novo brinquedinho meu, Skylar, é perfeito para você. Não tem
nada de extravagante, é bem pequeno e nada assustador. Vê? É só uma
coisinha minúscula. Se importa em experimentar?

 ─Tudo bem. – ela parecia curiosa, e separou suas pernas um pouco.

 ─Se você não gostar, é só dizer que eu paro na hora, ok? – dei três
selinhos em sua boca.

 ─Ok. – ela fechou os olhos e relaxou, confiando em mim completamente.

 ─Você vai gostar disso, só um palpite. – afirmei. ─ Agora, quando eu ligar,


ele vai fazer um pequeno zumbido, mas é assim mesmo.

 ─ Mathew, eu já ouvi falar de vibradores antes. – Skylar  abriu os olhos e


sorriu de forma irônica para mim.

 ─Tudo bem, fique quieta, antes que eu enfie algo na sua boca.

 Eu posicionei a ponta do vibrador no lugar certo, bem em cima do seu


clitóris umedecido. Liguei e ele começou a vibrar, e Skylar reagiu
imediatamente. Eu sorri para ela, minha perna enroscada na sua, mantendo as
pernas dela afastadas, não a deixando escapar.

 Ela estava gemendo e ofegando, arregalando os olhos para mim em


descrença.

 ─Eu disse que você ia gostar. – sorri, me concentrando onde eu iria colocar
o vibrador em seguida.

 Eu o movimentava lentamente, descobrindo diferentes pontos onde parava


e o prendia, distribuindo os estímulos enquanto os gritos de Skylar se
intensificavam. Eu aumentava a velocidade às vezes, e em outras diminuía, a
fazendo gritar comigo enquanto eu ria. Eu a deixava a beira do orgasmo e
então diminuía a vibração no último momento.

 Fiz isso por três vezes e, finalmente, ela se alterou comigo.

 ─NÃO! – ela implorou, ─ Mathew não, por favor!

 Ela agarrou meus braços com força enquanto eu a segurava severamente


no lugar.

 ─Se comporte, sua vadiazinha. – eu coloquei a mão sobre sua boca e dei
um sorriso para deixá-la saber que eu estava brincando com ela. ─ Você vai
agüentar isso sem reclamações, do contrário a colocarei de joelhos para aquele
servicinho. Você vai gozar quando eu disser que pode gozar.

 Depois de mais algumas dessas provocações, eu permiti que ela gozasse, e


assim ela fez. Com força. Uma vez após a outra. Ela estava gritando igual
uma louca após uma hora daquilo e então eu a puxei pelo cabelo, deixando a
de joelhos, virando sua bunda na direção do meu quadril.

 ─Hora de fazer aquela fantasia de ser tomada por trás se realizar. -


anunciei, o cabelo dela cobrindo metade do seu rosto e meu novo preservativo
já no lugar.

 Eu me inclinei sobre seu corpo e a penetrei  novamente, seus gritos como
música para os meus ouvidos.

                                                          (…)

 Na manhã seguinte, mais ou menos às 7:30h, eu levei o café da manhã


dela na cama. Eu a acordei com beijos e carícias e, embora ela parecesse
muito feliz e exausta, também estava bastante faminta.

 Sentamos nus na cama e comemos como porcos por quase uma hora,
depois ela disse que tinha que tomar banho e se preparar para a aula.Hoje ela
estaria em casa por volta das 16h, ela disse. O que era perfeito, pois hoje ao
meio-dia eu encarnaria o entregador de pizza com Paige.

 Eu me sentia a merda de uma pessoa desprezível por ir lá hoje depois da


noite de ontem com Skylar. Eu gostaria de poder cancelar esses serviços do
dia durante essas duas semanas em que estava com ela, mas Claire arrancaria
minhas bolas fora. E eu já havia sido vítima da ira de Claire antes. Não foi
legal.

 Minha chefe tinha uma pequena porcentagem em tudo o que eu ganhava,


mas essa questão se tratava mais de sua reputação do que simples dinheiro.
Além disso, ela queria o controle total de seus empregados. Ela ditava as
regras, nós obedecíamos. Ou estávamos fora. E eu simplesmente não podia
ser cortado.

 Eu preciso de todo o dinheiro que puder ganhar. Trabalhar em restaurantes


não pagaria as contas do hospital.

 Bem, Skylar sempre me disse que eu poderia fazer o que quiser enquanto
ela estivesse na faculdade. Parece que estou traindo ela. Não gosto disso.
Eu sinto  que já estou me envolvendo.

 Minha consciência berrava comigo como um sargento. NÃO se deixe


envolver, Trenner.

Faça o seu trabalho e pare de agir feito um imbecil.

TUDO BEM! Eu gritava de volta para minha mente enquanto Skylar se


vestia. Me sentei na cama, debatendo se deveria contar a ela ou não. Ela foi
muito legal no lance da despedida de solteira, mas isto era diferente.

 ─Hey. – ela sorriu para mim ao vestir sua blusa . ─ Você está bem?
 ─Aham. – saí do meu coma, lhe dando um sorriso. ─ Eu só… tenho outro
compromisso hoje, ao meio-dia. Está tudo bem se eu for ou você quer que eu
fique aqui?

 ─Não, vá. – ela revirou os olhos, andando pelo apartamento e botando seu
caderno e pertences dentro da mochila. ─ Pare de ficar me pedindo o tempo
todo. Eu te disse, não sou sua dona.

 ─Eu sei, mas…

 Ela se inclinou, me beijando profundamente antes que eu pudesse dizer


qualquer outra coisa. Ajoelhada na cama, ela agarrou meu cabelo e colocou os
braços em volta do meu pescoço. Após isso, fui surpreendido com mais seis
beijinhos leves e Skylar olhou para mim com os olhos cheios de amor.

 ─A noite passada foi simplesmente… mágica, Mathew. – ela ficou com os
olhos lacrimejados enquanto falava e eu senti meus próprios olhos
umedecerem também.

 ─Você me arruinou para qualquer outra pessoa, sabe. – confessou  me


beijando outra vez e meus braços se apertaram ao redor da sua cintura,
esfregando as mãos de leve para cima e para baixo nas costas dela, tocando
as pontas do seu cabelo.

 Eu não sabia o que dizer em resposta, mas minha voz falhou quando eu
disse, ─Skylar…

 ─Eu não estou apaixonada por você, não é isso que estou dizendo. – ela
me assegurou, desviando o olhar por um segundo, em seguida beijou a ponta
do meu nariz, ─ Eu só estou dizendo que… você foi… eu não consigo nem
descrever. Só estou dizendo, quando eu estiver velha e grisalha, e sentada
com meu marido gordo e careca assistindo TV… eu apenas sei que estarei
pensando em você… sonhando com a noite passada… e em como você é
maravilhoso… em como você me fez sentir.

 Senti um aperto na garganta e me calei.

 ─Eu não sei o que eu estou dizendo. – ela sorriu, bagunçando meu cabelo.
─ Você, sem dúvida, ferrou com meus miolos ontem à noite e agora eu tenho
que ir para a escola e tentar raciocinar. Não é justo.

 ─ Skylar, eu tenho que… – comecei, prestes a lhe contar, mas houve uma
batida na porta.

 ─Oh, são as meninas! – ela deu risada, se desvencilhando dos meus braços
e saindo apressada para atender a porta; eu fechei os meus olhos.

 Minha consciência pesava. Por quê? Skylar sabe o que eu sou, ela pagou
por mim! Por que isso está me incomodando agora?
 Eu vestia apenas minha cueca quando as meninas entraram. Estava
sentado sobre a colcha e os lençóis desarrumados ao cruzarem a grande
entrada da sala.

─Skylar, você estudou para o teste sobre… – Riley perguntava no momento


em que elas pararam e olharam para dentro do quarto, onde eu estava.

 Julie ficou muda, também, mas sorria para mim com uma sobrancelha
levantada quando percebi que estava sendo observado.

 ─Oi, meninas. – eu me animei e sorri afetuosamente para elas, não me


incomodando em me cobrir ou algo assim.

 ─Oi, Mathew. – Julie  estava me fitando feito uma boba agora e então
Skylar se apressou e puxou as duas pelos braços.

 ─Temos que correr, estamos atrasadas. – Skylar gritou, tirando meu corpo
da visão de suas amigas, enquanto eu levantava e ia atrás delas, querendo me
despedir dela.

 Riley virou-se ao chegar na porta e me viu ali parado, em minha


transparente boxer branca, e sua voz caiu ao exclamar. 

─ AI MEU DEUS!

 ─Skylar. – eu disse em voz baixa, incapaz de me livrar daquela sensação


no meu estômago. Eu me sentia horrível.

 ─Esperem lá fora por mim, meninas, obrigada – ela falou, jogando-as para
fora e fechando a porta atrás delas.

 ─Qual é o problema, Mathew?  - Skylar se aproximou e me abraçou,


apoiando o rosto no meu peito exposto.  ─Você se sente bem?

 ─Sim. – eu a abracei também.  ─ Mas, há algo que eu deveria lhe contar…


sobre hoje.

 ─O que é?

 ─ Anda,Sky! –Julie batia na porta e eu franzi o rosto àquilo.  ─ Nós temos


que estudar um pouquinho antes da aula! Eu sei que você  não teve tempo
para estudar na noite passada.

 fiz uma careta, olhando para ela.

─ Você tinha que estudar ontem à noite e não estudou?

 ─ Não é nada demais. – Skylar olhou para baixo. ─ É só um pequeno


questionário.
 ─Skylar… – eu grunhi, não gostando daquilo.  ─ Eu posso esperar por você
de agora em diante. Se você tem coisas importantes a fazer, você deveria
fazê-las primeiro e depois ter o que quiser de mim. Entendido?

 ─Entendido. – ela ergueu o sorriso para mim e eu sorri para sua boca
bonitinha.

 ─ Eu vou sentir saudades. – me ouvi dizer a ela e imediatamente me


arrependi.

 Envolvido demais. Quem sabe seja uma boa idéia eu ir nesse lance da
entrega de pizza hoje. Aquilo iria me fazer recuperar o foco.

 Irei tomar uma chuveirada, voltar para minha rotina, e esse sentimento irá
embora.

 ─Você vai? – ela sorria para mim, enquanto eu dava um sorriso fraco. ─
Vou sentir saudades também.

 ─Tenho que ir, vejo você às 16h, ok? – ela seguiu em direção a entrada, as
meninas ainda golpeando a porta.

 ─Ok. – fiz um aceno com a cabeça.

 ─Oh, e para hoje à noite… – os olhos dela se iluminaram.  ─ Eu tenho um


pequeno plano. Irei te contar depois do jantar, certo?

 ─Está certo, Skylar. – tentei sorrir mais.

─Se comporte. Te vejo mais tarde. – ela acenou e abriu a porta, me


deixando.

Ao trabalho  – Eu ordenei a mim mesmo, e fui para o chuveiro, lavando


todos os aromas maravilhosos de Skylar do meu corpo, me sentindo mais frio
agora, embora estivesse embaixo do vapor e da água quente.

                                               (…)

 Eu estava à sua porta, segurando a caixa com a pizza. Meu boné dizia
“Johnnie’s Pizza” e eu vestia uma camiseta, jeans, cueca e tênis.

 Coragem. Respire. Toque a campainha.

 Assim fiz, e esperei. Eu já tinha estado aqui antes. Este lugar era uma
mansão, mas bastante vazio e frio.

 Após eu tocar a campainha pela terceira vez, a porta se abriu. E lá estava


Paige, uma mulher agora em seus 40 anos, ainda atraente, com apenas um ou
duas rugas nos cantos dos olhos. Cabelo loiro comprido, maquiagem
impecável, vestindo um caro robe longo e preto de seda. Ela também usava
um anel de diamante muito grosso e uma aliança de casamento.

 ─Entrega de pizza. – eu sorri, prestes a entregar-lhe a caixa quando ela


segurou a porta aberta para mim e se virou, andando de volta para dentro da
casa enorme e luxuosa.

 Eu fiquei onde estava, esperando para ser pago.

 ─ Entre, rapaz, tenho que pegar o seu dinheiro. – ela me chamou por trás
dela e eu entrei, a porta de madeira fechando sozinha depois de eu dar apenas
um passo para dentro.

 Ela estava agora na cozinha, bolsa na mão, revirando-a, procurando sua


carteira.

 ─Quanto isso custa? – perguntou, parecendo entediada.

 ─ 12,50 dólares, senhora. – respondi, educadamente aguardando,


colocando a pizza sobre o longo balcão de madeira no meio da cozinha
incrivelmente grande.

 ─Um roubo, se quer saber minha opinião. – ela murmurou, tirando sua
carteira. ─Está sempre fria quando você chega aqui.

 ─Lamento, senhora, eu a trouxe imediatamente, deveria estar quente. –


comecei um pouco nervoso, meus olhos assustados.

 ─ Quantos você gostaria de apostar… – ela virou-se para mim, os olhos


irritados. ─ Que está gelada novamente?

 Eu franzi levemente o rosto e aparentei estar confuso enquanto ela


escancarava a tampa da caixa. O queijo não estava derretido, nem mesmo
quente, na verdade. A pizza estava  uma pedra de gelo.

 ─Sinta. – ela me desafiou.

 Olhei para a pizza, depois para ela, engolindo em seco, parecendo mais
nervoso agora. Cuidadosamente, coloquei um dedo na borda da pizza.
Estremeci.

 ─Fria? – ela levantou a sobrancelha presunçosamente para mim.

 ─Sim, senhora. – eu olhei para baixo um pouco. ─Uh, permita que eu


devolva essa e irei lhe trazer outra realmente quente.

 Comecei a andar em direção a porta, mas ela agarrou as costas da minha


camiseta e me puxou de volta para o balcão, me jogando em cima da pizza;
meus olhos se arregalaram.
 ─O que você está fazendo? – tentei me endireitar, mas ela pegou meu
cabelo com força, enterrando minha cara na pizza enquanto eu gritava,
tentando resistir um pouquinho.

 ─Agora, se isso fosse uma PIZZA QUENTE, seu lindo rostinho estaria
queimando! –ela gritou. ─ Mas, está FRIA, o que significa que você está
apenas ficando todo sujo!

 ─ Senhora, por favor! – eu tentava me ajeitar, mas ela me forçava para


baixo. Meu rosto estava bem perto da pizza agora, mas não encostando. Só
havia um pouco de molho na minha boca e na bochecha. ─ Eu disse que
lamento. Por favor, deixe-me buscar outra…

 ─Eu estou tão cansada de ser enganada pelas pessoas! – ela desprezou,
pegando uma faca afiada de um suporte de madeira a alguns centímetros do
meu rosto. Ela a colocou perto da minha bochecha.  ─ Me dê suas mãos, e se
tentar fugir eu esfaqueio o seu rosto!

 ─Senhora… – comecei. ─ Por favor, eu não estou tentando lhe enganar… eu


apenas entrego pizzas.

 ─CALA A BOCA! – ela berrou e senti fita adesiva sendo enrolada nos meus
pulsos, cerca de cinco voltas ao redor, então ela mordeu e rasgou a fita,
prendendo meus braços.

 ─Levante! – ela me puxou de pé pelo cabelo, fazendo eu me encolher, e a


senti me jogar de costas contra a parede.

 Ela pegou uma grande tesoura de cortar carne e segurou minha garganta
com a mão.

 ─O que você faz ao invés de entregar minha pizza na hora, garotão, hm? –
ela passou a ponta da tesoura ao longo da minha mandíbula. ─ O que você faz,
me espia tomando banho? É isso?

 ─Não, senhora, eu juro! – fiz uma cara de apavorado.

 Ela abriu a tesoura e a posicionou sob meu pênis enquanto eu rosnava.


Sua mão apertou minha boca e ela sussurrou. ─ Admita. Eu sei que você me
espiona.

 Ela tirou a mão da minha boca e esperou.

 ─ Tudo bem. – apertei meus olhos.  ─ Eu vi você tomando banho e fiquei


espiando. A parede inteira é feita de vidro!

 ─ Bem, você viu mais do que esperava, garotão. – ela pegou a tesoura e
começou a cortar minha camiseta em uma linha reta, rasgando o resto dela
enquanto eu ofegava e tremia.
 ─O que você está fazendo?

 ─ Dando o que você queria. – ela colocou a tesoura no meu peito. ─ Fique
parado.

 Ela fincou a tesoura no balcão de madeira e virou-se de novo para mim,


desabotoando e abrindo o zíper da minha calça. Em seguida tirou meu boné e
o jogou no chão.

 ─ Oh céus, por favor, não… –franzi as sobrancelhas, respirando com


dificuldade. ─Eu sinto muito, por favor…

 ─Cala a boca, eu disse. – ela me ignorou e puxou meu jeans até os


tornozelos, depois pegou a tesoura outra vez e a deslizou pela lateral da minha
cueca, fazendo um corte longo, ao mesmo tempo em que eu soltava um
suspiro pesado.

 Em seguida, ela cortou o outro lado, tendo a peça em ruínas em sua mão e
sorrindo para mim enquanto eu a fitava com medo.

 ─Abra. – ela passeou a tesoura em volta da minha garganta.

 Eu abri minha boca e ela enfiou a cueca dentro, meu protesto de
desconforto saindo abafado.

 ─Olhe para isso… duro feito uma pedra. – ela segurou meu pau na mão e
eu gemi através do algodão na minha boca.

 ─ Parado. – franziu o cenho para mim em desgosto e pegou a fita adesiva


de novo, arrancando um pedaço bem grande. Eu fechei meus olhos conforme
ela a grudava sobre minha boca, meus lábios completamente escondidos
debaixo da faixa cinza que, também se estendia por todo o comprimento das
minhas bochechas.

 ─Mmmmm. – eu tentava fazer barulhos através da minha mordaça. Paige


gosta disso. Sons de como se implorasse para ela me soltar, deixando meus
olhos bem assustados.

 ─ Sim, me implore. – ela me olhou torto. ─ Isso mesmo. Eu ouvirei a isso


enquanto te chupo até a última gota, seu pervertido.

 Eu protestei, e ela mordeu forte meu mamilo, ficando de joelhos, e


selvagemente sugando meu pau em sua boca, até mesmo passando os dentes
nele enquanto eu ficava parado ali, olhos apertados, soltando gemidos
abafados e sons de dor e protesto… e súplica.

Após um curto espaço de tempo, ela agarrou meu pênis e me guiou para
fora da cozinha. Eu resmunguei pela minha mordaça, meus pés, presos no
jeans, só podendo dar passos curtos atrás dela, que me arrastava para a sala
de jantar.
 ─Vamos, me siga, querido. – ela falou com doçura. ─  não tenha medo.
Vou deixá-lo ir embora quando eu terminar com você, eu prometo.

 ─ Mmmmnnnn. – eu disse, puxando meu rosto para a esquerda, tentando


resistir o quanto podia a medida que ela me levava para a luxuosa mesa da
sala de jantar.

 Ela deitou de costas sobre a mesa e me puxou pelo cinto.

 ─ Agora… – ela abriu o robe e o meio das suas pernas, me fazendo sufocar
um pouco, chegando mais perto.

 Ela relembrou as regras, e sentou, tirando um preservativo da mesa e


abrindo-o, e rolando ele pelo meu pênis em prontidão, enquanto eu tentava
argumentar e implorar através da mordaça de cueca.

 ─ Você vai me foder agora, garoto da pizza. –ela exigiu. ─ Se eu não posso
ter minha pizza quente, posso pelo menos tirar algo  de você.

 Ela puxou o cinto no meu pescoço e o apertou mais. ─AGORA! – ordenou


com raiva.

 Eu investi entre suas pernas dessa vez e me encaixei na sua entrada
molhada e já pronta, enquanto ela gemia e eu soltava um lamento contido. Ela
pôs os pés para cima, apoiando-os sobre a mesa e eu me movimentei para
trás e para frente com mais força, minhas mãos o tempo todo ainda atrás de
mim. Eu estava feliz por malhar todos os dias e ter ótima flexibilidade, se não
isso seria praticamente impossível para certos homens.

 Ela em pouco tempo já gritava, aguentando o mais forte que eu podia


estocar.

─ Sim, me foda com mais força, MAIS FORÇA! ACABE comigo…


seu gostoso, PORRA, SIM!

 Com Skylar, atingir o orgasmo foi mais natural e fácil para mim. Neste
momento, foi um pouco mais difícil. Mas isso era uma boa notícia para Paige,
significava que eu teria que continuá-la fodendo até eu gozar.

 Levou uma boa meia hora de ela gritando e puxando o pano de seda ao
redor do meu pescoço antes de eu me sentir chegando lá.

 Fiquei pensando em Skylar na noite passada e aquilo estava me ajudando


muito. Eu imaginava que era ela na mesa enquanto eu estocava dentro dela
uma vez após a outra, quase com raiva agora, desejando que eu gozasse
agora mesmo, assim poderia dar o fora daqui. Soltei um sufocado grito
abafado enquanto me sentia gozar e segundos depois os gritos de Paige se
acalmaram, depois cessaram.
 Lentamente  saí de dentro dela com um leve tremor, e ela sorriu para mim,
relaxando… sem se mover.

 ─ Mmmm, garoto da pizza… – ela ronronou, tocando o seio, sentando


devagar, me puxando de volta para mais perto dela pelo cinto. Ela colocou os
braços em volta de mim e beijou meu peito por alguns minutos. Me obriguei a
repousar minha cabeça na dela, roçando um pouco nossos narizes
carinhosamente.

 ─Você… é tão doce… – ela correu as unhas pelo meu tronco, gentilmente
agora.

 Ela olhou para cima e suas duas mãos acariciaram minhas bochechas, que
estavam com a fita adesiva.

 ─Um rosto tão bonito. – ela começou a descolar a ponta da fita da minha
pele, acrescentando.  ─ Assim como… todo o resto.

 E com um rápido puxão, ela removeu a fita adesiva da minha boca. Meu
olhos saltaram enquanto a dor tomava conta de mim. Sem uma palavra de
desculpa, ela estava puxando a cueca molhada da minha boca.

 ─ Prontinho, querido. – ela agia como se tivesse feito algo bom por mim.

 ─Obrigado, Paige. – eu me inclinei e beijei sua boca, recebendo seu beijo


em troca.

 Ainda não fazendo nenhuma movimento de desamarrar meus pulsos nas


minhas costas, ela deslizou o preservativo de mim e se afastou para livrar-se
dele. Fiquei ali, esperando ela retornar, ajustando meu maxilar um pouco,
agora que ela não estava vendo.

 Num minuto, ela voltou e tinha a tesoura em sua mão.

 ─ Vire-se, bonitinho. – ela riu debochada enquanto eu virava as costas e


ela batia na minha bunda, dando alguns tapas leves nela antes de cortar a fita
e me libertar.

 ─Prontinho. – ela disse outra vez, me ajudando a tirar a fita dos meus
pulsos.

 ─Obrigado, Paige.

 Comecei a botar minha calça e ela me observava. Eu me virei para ela, que
me entregou um envelope. Não tinha a necessidade de conferir. Eu tenho
trabalhado com Paige há alguns meses já. Ela era rica, casada e mal amada, e
ela sempre pagou corretamente.
 ─ Você merece cada centavo, gostosão. – ela elogiou. ─ Você
realmente deu  a impressão de estar muito assustado e humilhado. Você
é incrível. Atuou muito bem.

 Aposto que ela nem sabe o meu nome verdadeiro. Ela nunca o pronuncia.

 ─Eu agradeço. – sorri, colocando o envelope no meu bolso de trás.

 ─ Venha tomar um banho, amor. – ela me pegou pela mão e me conduziu


pelo corredor em direção ao banheiro principal.

 ─ Sim, Paige. – eu sorria, pondo meus dedos ao redor dos dela.

Capítulo 9 

  Mathew POV

 Obrigado, Deus, pelas academias, halteres e suor. Eu tinha terminado o


levantamento de peso e já tinha feito minha corrida de oito quilômetros, então
me sentia ótimo e disposto, e minha camisa cinza estava escura  com a
umidade do meu corpo. Agora eu estava dando golpes com meu punho no
saco de pancadas, o aparelho seguinte, atacando intensamente a sua
volumosa superfície rígida.

 Ryan o segurava no lugar para mim enquanto eu tomava fôlego e


avançava novamente, com bastante força.

 —Tudo bem, Mathew, quando você vai se abrir comigo, cara? -  ele me
olhou e deu um sorriso convencido.

 —Me abrir sobre o que? – eu soltava o ar, batendo no saco outra vez, como
se eu o estivesse esmurrando no estômago, com uma mão, e depois com a
outra.

 —Bem, esse saco de pancadas ou fez algo  para você, e você está tentando
matá-lo, ou há alguma outra coisa te incomodando. – ele disse, girando um
pouco, segurando o saco enquanto eu seguia o movimento.

 —Eu só estou me exercitando, Ryan. – afirmei, atingindo o saco com mais


dois socos.
 —Ok. – ele desistiu, depois perguntou.  —Como estão indo as coisas com
aquela garota?

 —Bem. – eu disse secamente, dois socos mais fortes.

 —Uhum… – ele me deu um olhar como se entendesse.

 Ignorei aquilo e continuei distribuindo murros.

 —Qual é, cara, sou eu. – Ryan estava fitando meu rosto agora.  —Eu não
tenho sempre te ajudado? Você pode conversar comigo, você sabe. Eu sou seu
amigo.

 Fechei meus olhos e me senti culpado agora, sabendo que ele estava certo.
Eu estava  construindo muros a minha volta, mesmo entre as pessoas em que
eu acreditava que poderia confiar. Ryan não merecia ser deixado de fora. Ele é
um amigo de verdade.

 —Porra. – eu soltei, parando com os socos, encostando minhas costas na


parede, olhando agora para Ryan, enquanto ele largava o saco de pancadas e
dava um passo na minha direção, cruzando os braços, esperando. —Desculpe,
Ryan. Eu sei que você é meu amigo. Eu só não me abro muito bem.

 — Eu sei disso. – ele riu, nem um pouco surpreso com minha confissão.  —
E aí, o que está incomodando você? Aquela garota não é boa na cama ou algo
assim? Ela tem pêlos horríveis pelo corpo, ou o quê?

 Eu dei risada dele, apesar do meu mau humor. Mas por que estou mal
humorado? Não tinha acontecido nada de diferente comigo hoje. Faço isso o
tempo todo.

 — Não, ela é maravilhosa na cama. – arregalei meus olhos para enfatizar o


meu ponto.  —E ela é linda demais… mas…  –dei um longo suspiro. —… ela…
quer conversar comigo o tempo todo. Ela faz muitas perguntas pessoais. Tem
aquele papel em que ela fica escrevendo ou coisa do tipo, ela me acha
interessante e eu concordei em deixar que ela me estude, sabe… no começo
pensei que seria tudo tranquilo. Eu não tenho nenhuma intenção de contar
toda a minha história de vida,  mas, eu pensei em algumas coisas que não
faria mal dizer a ela. Só que agora… –eu olhei para ele. —… eu me sinto
esquisito.

 — Esquisito como? – a testa dele enrugou em curiosidade enquanto ele


escutava com atenção.

 —Meu estômago parece dar nós e minha cabeça dói. – eu relatei a ele os
sofrimentos físicos primeiro. — E hoje, durante um trabalho, eu quase não
consegui ir até o final. Senti que não conseguia respirar por alguns segundos.
Quero dizer, eu nunca tenho problema encarnando um personagem,
principalmente com a mulher de hoje. Ela sempre me excita, de imediato, mas
hoje, demorou muito mais tempo. Ela não se importou, ela teve uma bela
foda, mas aquilo me perturbou. O que quero dizer é que, graças a Deus que
hoje tive que ser o lado submisso, mas o que vai acontecer quando eu tiver
que ser o cara dominante? entende?

 —Ela está entrando na sua cabeça, é isso. – Ryan falou, com


conhecimento. — Ela está trazendo à tona todos esses pensamentos na sua
mente que você meio que tinha enterrado e isso está afetando você. É melhor
ter cuidado, Mathew, se você se tornar vulnerável, você não será capaz de
trabalhar e eu não quero nem pensar no que Claire faria com você.

 —Nem me fale. – quase estremeci, ao imaginar uma Claire furiosa.  —E eu


tenho Raven marcada para este sábado.

 —Ai! – ele deu risada, não me invejando.  —Bom, pelo menos com ela, se
você gritar,  chorar e implorar, irá ganhar mais  dinheiro. Não que você tenha
alguma escolha quando ela se apossar de você, de qualquer forma.

 —Eu preciso inventar alguma coisa para Skylar sobre isso, é no final de
semana, ela não terá aula. – pensei em voz alta.  —E eu não posso contar a
verdade, ela jamais permitiria que eu fosse.

 —Permitir você? – Ryan  se apegou àquele ponto.

 — Cala a boca.

 — E se Raven não deixá-lo ir embora, como da última vez? – ele


questionou.

 — Claire disse que resolveu isso. – ouvi-me responder, friamente. — Raven


jurou não fazer aquilo novamente, Claire me disse. Se ela fizer, nunca mais
trabalharíamos para ela.

 — E você acredita nela? – Ryan olhou para mim como seu eu fosse uma
garotinha que acreditava em Papai Noel.

 — Sim.

 —Aquela mulher te colocou no hospital, Trenner!

 — Cala a boca, Ryan! Eu te disse, está tudo bem,  nada de ruim vai
acontecer.

 — Mathew, deixando toda a merda de lado…  - Ryan praticamente


sussurrou para mim. 

 —Claire  é ótima, e eu devo muito a ela, assim como você. Mas, não confie
nela. Ela pode estar te tratando muito bem agora, mas é só porque você traz
dinheiro para o caixa. Ela não se importa se você se machucar, contanto que
você consiga se curar e volte para o trabalho. Você sabe o que ela estava
perguntando ao médico no hospital? “Quando ele pode trabalhar novamente?
Quanto tempo vai demorar até que ele volte a valer alguma coisa?” Isso foi
tudo. Raven deveria ficar com você por um dia, e o manteve por três! Só
então, quando eu gritei com ela, Claire pegou o telefone e ligou para Raven,
perguntando quando ela te devolveria. Oh, e ela disse a Raven para ficar com
você quanto tempo ela quisesse, mas ela teria que pagar muito mais. Essa
conversa acontecia… enquanto você estava morrendo de sede e fome em um
porão de 40 ºC, se bem me lembro.

 — Claire resolveu isso. – garanti de novo, tendo consciência de que, o que


ele estava dizendo era verdade, mas não querendo ouvi-la em alto e bom som.
—Raven não trabalhou com a gente por seis meses após esse incidente. Agora
ela sabe as regras, vai ser diferente dessa vez.

 —Você acha que em seis meses aquela mulher perdeu toda aquela merda
sádica na cabeça dela? – ele perguntou, em seguida, respondeu à  sua própria
pergunta.  —Não.

 —Você está tentando me ajudar ou fazer minha cabeça doer mais? –


perguntei, ficando irritado.

 —Só estou dizendo que, se você quiser, você pode dizer ‘não’ para Claire,
que você não quer mais Raven como cliente.

 —E aí Claire me demite. – terminei, enraivecido, limpando meu rosto com


a toalha.

 — Ela não vai demitir você. – Ryan olhou para mim.  —Você é o preferido
dela agora.

 — Ryan… – eu rosnei, não querendo ouvir aquilo no momento.

 —Não, está tudo bem. – ele olhou para baixo, para o seu tênis.  — Eu sei
disso e eu não estou bravo com você, não é sua culpa. Você faz um bom
trabalho… um ótimo trabalho. Você nunca se queixa, nunca deixa que nada te
incomode… até agora. Mesmo quando é atacado, você sorri e abraça as
mulheres depois. Você é como uma máquina. Você até me surpreende às
vezes.

 — Uma máquina? – eu repeti, murmurando mais para mim mesmo. Eu


odeio a maneira como isso soa… ter o seu melhor amigo dizendo que você é
uma máquina… um objeto…uma peça de equipamento.

 — Está tranquilo. – Ryan continuou.  —Eu tive a minha vez como o


preferido. Tive uma bela jornada, dois anos. É uma época legal, então,
aproveite. Basta lembrar de ser digno, como eu, seu antecessor, quando for a
hora de descer do trono.

 Ele falou como se estivesse brincando, mas eu entendi a mensagem. E da


maneira dele, ele estava preocupado e sendo um amigo… mas, agora eu
estava mais confuso.
 —Ei, lembra de quando eu encontrei você? – ele sorriu como se lembrando
de uma boa recordação.

Em um segundo, flashes de lembranças vieram à mente. Meu corpo,


arruinado com a dor, meus braços presos nas minhas costas enquanto um
homem gigante espancava meu estômago com os  punhos. Pontadas agudas
de dor, minha própria voz engasgando e tentando respirar no ar congelante e
sombrio de Janeiro

—Queremos o nosso dinheiro agora. – o homem que me segurava


disse serenamente,    

—Hoje.

— Eu posso arranjar… – tossi, o gosto de sangue nos lábios


enquanto procurava algo para dizer e fazer eles me darem mais
tempo.

Eu ouvi um clique e levantei meu rosto, vendo um canivete na mão


do homem.

—Resposta errada. – o homem sorriu e disse para o outro me


segurando,  —Segure o rosto dele.

Eu lutava e respirava com dificuldade enquanto o que estava atrás


de mim rudemente rodeava o braço ao redor do meu queixo, cortando
minha respiração e mantendo meu rosto erguido ao mesmo tempo.

—ESPERE! – eu implorei, o homem com a faca estava muito perto de


mim agora,   segurando meu rosto firmemente,  —Eu prometo, eu vou
arranjar. Amanhã… apenas me dê esse tempo.

—Que isto seja um lembrete para você nunca ferrar com a gente… e
nunca atrasar nosso pagamento. Qual olho você deseja manter?

Eu não conseguia me mover… ou falar. Eu congelei e apertei meus


olhos fechados.

 Este foi o lugar onde conheci Ryan. Nós estávamos no beco próximo aos
fundos da Fire e ele estava do lado de fora, na parte de trás da boate,
fumando um cigarro. Na época em que ele fumava. Agora, em vez disso, ele
come fatias de maçã. Parece estar funcionando.

 De qualquer forma, foi Ryan quem atingiu o homem da faca na cabeça com
uma lata de lixo e arrebentou com o que estava me segurando, também.

 — Sim, eu me lembro. – sorri.

 —Eu sei que você nem sempre gosta de ouvir o que estou dizendo, Bro. –
ele colocou um braço em volta de mim. — Mas você sabe que eu só estou
tentando te ajudar, sempre. Eu protejo todos os meus amigos. E eu sempre
irei te proteger. Porque eu te amo, cara.

 — Eu sei. – disse honestamente.  — Valeu, Ryan.

 —Diga que me ama também. – ele riu, me dando um empurrão.

 — Eu te disse que não curto cenas gays. – lembrei com uma risada.

 Nós demos risada e então eu disse baixinho.  — Também te amo.

 Em seguida, ambos olhamos em volta para nos certificar que nenhum outro
cara tinha ouvido aquilo.

 Olhei para o relógio na parede que marcava 14:18h.

 —Eu tenho que ir. – fiquei de pé.  —São quase 15h.

 —Oh, verdade. – Ryan se levantou, indo em direção ao saco de pancadas


para continuar a se exercitar sozinho.  —Como está indo tudo… com esse
lance?

 — Devagar… mas vai indo. – eu disse, não sendo capaz de dizer muito
mais. Eu nem sequer entrei em detalhes com ele sobre isso, e eu o conheço há
anos.

 — Ela está legal? – ele sabia manter suas perguntas curtas e vagas neste
assunto.

 — Ela é um anjo. – sorri para mim mesmo e fui para os vestiários.

 Ela só precisava das asas dela de volta, pensei enquanto começava a me


despir, tirando minha camisa, e asas são muito, muito caras nos dias de hoje.
Eu trabalharia para Claire até que tivesse 97 anos se esse é o tempo que leva
para consertar as dela. E, exceto na parte do dinheiro, eu mereço tudo o que
me acontece. Eu mereço a fúria de Raven, mesmo se durar três dias.

 Eu nunca vou ser capaz de sofrer ou pagar o suficiente pelo o que eu tinha
feito, e pelo o que eu não tinha feito.

 A única coisa que realmente me matou por dentro, durante os três dias da
diversão de Raven, foi perder meu telefonema com ela. É para isso que eu
vivo. Ouvir aquela voz macia e meiga no meu ouvido, ouvir sua risada e
escutar todos os mínimos detalhes do seu dia.

E, logo ela fica entediada de falar comigo e quer desligar… rápido demais.
Eu sempre quero conversar sem parar, mas ela tem coisas mais importantes
para fazer. Eu entendo isso… mas, ainda assim, eu sempre desligo sentindo
como se estivesse me tornando cada vez  menos na vida dela, me apagando
um pouco mais todos os dias.
  Eu sou uma voz no telefone, e não mais carne e osso. E um dia, ela não
irá se lembrar de mim, nem um pouco. E não vai querer nem mesmo
conversar comigo por um minuto, o que dirá por trinta.

Skylar POV

 Eu estava correndo para casa, com tanta saudade de Mathew que minha
pele doía, como se estivesse chorando porque não havia sido tocada, beijada
ou acariciada por ele por tanto tempo.

 Deus, eu preciso disso desesperadamente. Enquanto caminhava para casa,


fiquei ouvindo minha própria voz na minha cabeça, dizendo “Eu não estou
apaixonada por você…” para Mathew. Eu tinha feito soar tão sincero que
mesmo agora, recordando, parecia como se eu realmente quisesse dizer
aquilo. E, em seguida, ele pareceu aliviado… então eu repeti as palavras para
ele OUTRA VEZ esta manhã.

 O que eu estou fazendo?

 Eu queria mostrar a ele o meu amor, declarar meu sentimento por ele do
topo de todos os telhados, e que se dane as consequências, e quem sabe
tentar compreender que este é o estilo de vida dele e fazer as pazes com isso
de alguma forma, e tentar ter um relacionamento de verdade com ele. Mas,
em meu coração, eu sabia que estava enganando a mim mesma.

 Eu posso amá-lo, depois de dois dias, ou isso pode ser a libertação sexual
que estou experimentando em suas mãos. Talvez a explosão e a emoção dos
orgasmos e das sensações estejam fazendo minha mente acreditar que eu o
amo… quando na verdade é apenas a reação do meu corpo ao prazer que ele
está me dando.

 Eu odeio pensar como uma psiquiatra. Mas eu preciso, é a minha essência,
analisar as coisas, investigar e estudar porque as coisas são como são. E eu
amo isso mais que qualquer coisa, ou assim eu pensava, até uns dias atrás.

 Agora eu me descobria muito desconfortável em revirar a cabeça de


Mathew e o seu passado. Eu não gosto de magoá-lo ou ver aquele olhar triste
nos olhos dele quando eu começo a romper o exterior da sua casca.

 Mas eu tenho que me acostumar com isso, se eu quiser realmente  ajudar


as pessoas, devo provocá-las e examinar suas cicatrizes mais dolorosas, não
importa o quanto elas possam brigar comigo, gritar ou chorar.

 E eu me sinto uma hipócrita dizendo a ele para ser honesto comigo, sendo
que em seguida me viro e minto na sua cara.
 Mas eu sei que se eu disser a Mathew que o amo, ele irá embora. Eu não
sei como eu sei disso, eu simplesmente sei. E não quero que ele vá embora.
Eu o amo. Eu posso dizer a mim mesma qualquer coisa que quiser sobre a
reação da minha mente à suas atenções físicas, mas eu sentia aquilo em meu
coração. Eu estou totalmente apaixonada por ele.

Eu não sei como isso aconteceu tão rápido, mas aconteceu. E eu apenas
tenho que lidar com isso e me preparar para o inevitável.

 Ele vai partir. Talvez não hoje ou amanhã, mas em breve. Eu vou ter que
deitar na cama e ele não vai estar comigo, me envolvendo nos braços dele
enquanto eu adormeço. Eu irei levantar e ter que fazer meu café da manhã, se
eu sequer tiver disposição para isso, e ele não vai estar assistindo Bob Esponja
e sorrindo para mim quando eu me sentar. Vou ter que tomar banho e pensar
na sua voz cantando Music of the Night.

 No final destas duas semanas, eu terei mais mil coisas para sentir
saudades quando ele partir. Eu sei que o primeiro amor é destinado a ser
doloroso e amargo, mas esta situação é surreal demais. Não são muitas as
garotas que se apaixonam por um stripper que elas compraram por duas
semanas para que também pudessem estudar a mente dele.

 Talvez seja porque ele é o meu primeiro paciente de verdade, talvez por
isso eu me preocupe tanto. A minha necessidade de ajudá-lo, de salvá-lo, 
pode estar me fazendo desenvolver algum complexo de herói. E ele seja  a
minha donzela em perigo, por quem de alguma forma estou apaixonada.

 Skylar Hayes, essa é a coisa mais estúpida que você já visualizou.

 E mesmo agora, a caminho de casa, fiquei imaginando Mathew em 


diferentes estilos de vida. Vestindo uma camisa e gravata, em uma mesa,
atendendo ao telefone; talvez vendendo carros, abrindo a porta do veículo e
sorrindo enquanto uma mulher entra e senta nele para fazer um teste; oh,
aqui está uma bela imagem… Mathew como operário de uma construção,
usando um capacete amarelo e sem camisa, suado e bronzeado enquanto o sol
queimava seu peitoral perfeito… ele fazendo um intervalo, entornando água
gelada em sua boca, que escorreria um pouco pela garganta e em  seu peito.

 Cara!  Eu preciso de um banho frio, essa é a resposta.

 Peguei minha surpresa para Mathew a caminho de casa e tinha escondido


ela na minha mochila, olhando meu relógio. Estou bem adiantada, ótimo! mal
posso esperar para ver o sorriso dele novamente e receber um beijo daqueles.

 Assim que subi as escadas, já pude ouvir sua voz, vagamente. As paredes
aqui são um tanto finas demais. Eu sempre conseguia ouvir a Sra. Nevitz no
outro lado do corredor escutando seus álbuns do Julio Inglesias nas noites de
sábado.
 Ele estava rindo e eu sorri, me movendo lentamente e em silêncio, assim
poderia continuar ouvindo. Não escutei outras vozes, e fiquei aliviada. Eu
esperava que Mathew soubesse que eu não queria que ele trabalhasse no meu
apartamento.

 —Ah, é? – sua voz perguntou de uma forma muito doce e eu senti um


pouco de ciúmes da pessoa com quem ele estava falando, provavelmente no
telefone.

 Ele riu de novo quando cheguei ao topo das escadas e comecei a descer o
corredor em direção à porta.

 —Oh, tudo bem. – ele falou de repente.  —Hm, espere um segundo!

 Uma pequena pausa.

 —Eu te amo. – ele disse, cheio de emoção e com um sinal de tristeza.

 Parei, sentindo meu coração apertar por dentro. Eu fico feliz que ele tenha
alguém… que ame alguém. Isso significa que ele não é completamente sozinho
e que há uma pessoa viva e respirando por quem Mathew tem sentimentos.
Isso é maravilhoso e pode ser que o ajude a superar sua dor.

 Então, por que minha primeira reação foi dor… mágoa… e ciúme?

 —Está bem, tchau. – Mathew disse rapidamente agora, e acrescentou. —


Falo com você…

 Ele se interrompeu outra vez e apertou uma tecla do celular, ao que


pareceu, um curto bip.

E adicionou, solenemente.  — amanhã. – terminando sua frase para si


mesmo.

 Estremeci o escutando andar pelo apartamento. Eu não poderia


simplesmente abrir a porta agora, ele saberia que eu ouvi algo da conversa. E
cheguei cedo demais. Talvez eu devesse sair e voltar às 16h, como disse. Para
onde vou?

 Oh, aqui é Nova York, Sky! Existem milhares de lojas e sorveterias por aí!
Vá buscar um refrigerante, um picolé, alguma coisa!

Eu dei a volta e comecei a andar na ponta dos pés para deixar o corredor,
quando a porta foi aberta. Oh porra!

 —Skylar? – sua voz soou enquanto ele andava em minha direção atrás de
mim.

 Virei, sorrindo feito uma idiota, me perguntando qual seria minha brilhante
explicação para estar andando na direção errada, para longe da minha porta.
 Ele estava sorrindo para mim e segurando um saco de lixo, aparentemente
em seu caminho para jogá-lo fora. Eu odeio isso, quando ele continua fazendo
as tarefas domésticas por aqui. Mas, pode ser que isto o ajude a sentir-se mais
em casa. Então, eu estava deixando-o fazer o que quiser pelo apartamento.

 — Oi. – respondi de forma rápido, meu cérebro rapidamente em seu


computador interno, tentando me ajudar programando uma desculpa plausível.
Eu aguardei impacientemente

por seus resultados.

 — Linda. – ele inclinou-se, beijando meus lábios suavemente e por um bom


tempo.

 Deus, eu senti sua falta. Jamais saia do meu lado outra vez, Mathew, eu te
imploro. Eu roubarei bancos para te manter se eu precisar. Eu irei te
acorrentar a pia do meu banheiro.

 Não, esse não era o meu cérebro falando, era a parte negra e sombria de
mim. Meu cérebro fechou a porta daquela pequena voz e continuou
furiosamente, tentando funcionar.

 Assim que o beijo acabou, e eu soltei o coitado cabelo de Mathew,


esperando que eu não tivesse arrancado nenhum tufo dele, eu sabia que este
era meu momento decisivo.

 —O que você estava fazendo andando naquela direção? – ele sorriu em
divertimento, me considerando um engraçado quebra-cabeça no momento.  —
Você esqueceu as correspondências ou alguma coisa?

 —PERFEITO! – eu berrei, fazendo ele se assustar e dar risada, em seguida


cobri minha boca, acrescentando. — Umm, é, eu passei pela caixa do correio e
esqueci completamente de recolher as correspondências.

 Valeu mesmo, cérebro, pela sua ajuda! Faça um intervalo agora , dez
minutos.

 —Eu ia recolher esta manhã, mas eu não tenho a chave e não queria me
intrometer. – ele disse enquanto descia as escadas comigo, o braço livre na
minha cintura, acariciando pra cima e pra baixo intimamente.

 Céus, mesmo este simples toque está me deixando louca de desejo! E o


seu cheiro… meus lábios ainda tinham o seu gosto após aquele beijo. É como…
menta com uma leve pitada de chocolate. Talvez ele tivesse tomado sorvete de
flocos e menta hoje. Eu adoraria vê-lo tomando sorvete…

 O que diabos está acontecendo comigo? Eu não consigo manter um


pensamento coerente mais sem que Mathew esteja estrelando nele. Até
mesmo pensar na faculdade não é nada bom, hoje eu imaginei ele como meu
professor no lugar de James, batendo no meu traseiro nu com sua vara.
Estarei me dando de presente uma camisa de força de Natal este ano. Eu
mereço.

—Você não está se intrometendo, Mathew. – reagi à sua declaração,


realmente querendo dizer aquilo.  —Acredite em mim, a correspondência mais
emocionante que eu recebo é minha revista People e talvez uma oferta
gratuita para o novo livro de receitas, junto com minhas três receitas grátis
para bolo de chocolate, lasanha, e batata rosa frita.

 Ele caiu na gargalhada ao meu discurso e eu ri junto com ele.  Oh, ele
pensa que estou brincando? Pobre e ingênuo, Mathew… ele acha que eu não
sou uma completa idiota.

 —Só você consegue fazer isso comigo. – ele beijou minha bochecha
levemente, colocando o braço dele em volta do meu pescoço. — Me fazer rir
depois do dia que tive. Eu não posso acreditar que só faz dois dias…

 Ele esfregou seu rosto no meu pescoço e o beijou quatro vezes, beijinhos
quentes e curtos, dando uma mordidinha quando chegamos no final das
escadas. Lá, ele me soltou rapidamente e eu o segui em direção a porta de
saída.

 Ele parou e olhou para mim.

 —As caixas de correio não são… ali? – ele olhou pra cima e atrás de mim,
apontando com seus olhos e senti minhas bochechas queimarem.

 —Oh, sim. – disse, limpando minha garganta, e adicionei.  —Desculpe, eu


esqueci.

 E dei a volta em humilhação, me movendo até a parede das caixas de


correio no lobby, meu maxilar travado em constrangimento.

 Porra Sky! Você só faz  merda. Parece que esse homem te deixa de uma
forma lesada e você não consegue fazer nada a não ser seguí-lo. Aliás, minha
boca está suja demais ultimamente, eu ando falando palavrões demais.

 Graças a Deus, Mathew não consegue ler minha mente. Ele sairia correndo,
gritando. Será que ele sabe que eu escutei uma parte da sua conversa no
telefone? Não acho que ele saiba, ele me beijou e tudo mais, e parecia alegre;
mas eu sei que ele consegue assumir aquela cara feliz em dois segundos
quando ele precisa. Isso significa que ele está se escondendo outra vez,
atuando muito bem.

 Odeio quando ele faz isso, mesmo que não seja sua culpa. Ainda bem que
é quase hora de começar a terapia. Eu o deixei escapar com facilidade ontem,
mas hoje eu queria fazer algum progresso significativo e abordar determinados
assuntos.
 Um bilhete do meu pai estava na correspondência. Ele é tão maluco, um
maluco adorável.

 Eu disse a ele para me ligar se quisesse conversar. Eu tinha muito tempo
para ficar de pernas para o ar e tagarelar, até uns dias atrás, mas ele sempre
diz que não quer me incomodar se eu estiver ocupada tão tarde, e quando ele
está na mesa dele, entediado com a ausência de crimes acontecendo em
Bellevue durante seu turno da noite, ele senta-se lá e me escreve cartas.

 Meu pai  é como eu, é mais fácil escrever as coisas do que dizê-las. Mas,
pelo menos ele está se expressando de alguma forma. Leria isto mais tarde,
quando Mathew não estiver por perto. Eu não sei se ele tem noção ou
conhecimento disso, mas eu acho que poderia deixá-lo nervoso saber que meu
pai é chefe de polícia em algum lugar, mesmo se for bem longe daqui. Eu não
quero que ele pense que o estou enfiando em alguma missão secreta de caça a
garotos de programas ou algo do tipo. Por que eu pareço como se tivesse
acabado de sair de um episódio ruim de Miami Vice?

 E agora, eu pagando a Mathew todo o dinheiro da minha herança, por duas


semanas de… o que eu só posso chamar de paraíso… embora outras pessoas
possam ter um nome sujo e barato para aquilo… só o deixaria  meu pai MAIS
revoltado e desapontado comigo. Ele nunca pode saber disso. Ele nunca pode
conhecer Mathew. O que me deixa muito triste.

 Outra razão pela qual não poderíamos dar certo.

 Bem, isso era tudo de correspondência. Assim, agora eu tinha em mãos a


carta e enquanto entrava,  Mathew  reentrava no lobby e chegava por trás de
mim. Eu o ouvi chegando, mas não esperava o que veio a seguir.

 Seu braço rapidamente agarrou meu pescoço e algo pequeno e afiado


estava levemente me cutucando nas costas.

 —Não grite. Não se mexa por porra nenhuma. – sua voz rouca soou
deliciosa e intensamente em meu ouvido direito. — Caminhe devagar… suba as
escadas.

 Ele girou meu corpo e eu comecei a andar, seu braço ainda pressionando,
inclinando meu queixo um pouco para cima enquanto prosseguíamos pelas
escadas. Não havia ninguém mais por perto, o que é bom. Alguém poderia
pensar que estou sendo sequestrada e chamar a polícia. Mas por outro lado,
isto é Nova York. Ninguém se importava nesta cidade. Mesmo se eles
chamassem a polícia, eu poderia ser estuprada e morta no tempo em que eles
levariam para largarem a rosquinha deles e enfiarem os traseiros gordos em
suas viaturas para virem verificar.

 Até mesmo no CSI eles sempre chegavam ao local APÓS o pobre cadáver
estar estendido lá por dois dias!
 Eu não falei durante nossa subida, estava chocada demais para pensar em
uma resposta neste joguinho apimentado. Eu queria dizer que aquele na
verdade era o horário da terapia, mas não estava afim. Eu queria isso. Queria
ver o que ele faria comigo a seguir. Eu já estava bastante molhada só com a
voz dele e seu ‘sequestro’, até então.

 Esta era uma fantasia minha há muito tempo, uma que eu só simulava em
minha mente. E agora estava se tornando realidade… com ele, um sedutor
muito habilidoso que iria fazer aquilo corretamente.

 Eu me perguntei o que era aquela coisa pequena nas  minhas costas e, 
assim que pensei nisso estávamos na frente da minha porta e o objeto foi
retirado das minhas costas e inserido na fechadura. Oh, a chave dele. Ok,
ótimo, pelo menos não era uma faca, aquilo seria um pouco assustador.

 Por outro lado, eu sabia que se eu não quisesse isto, tudo o que tinha de
fazer era dizer lo mein. Mas eu não estava nem perto de dizer isso ainda. Eu
decidi começar a cooperar para deixá-lo saber que eu estava dentro do jogo e
tornar aquilo mais divertido para ele, também.

 Eu quero que ele aproveite comigo, de verdade, e não apenas me agrade,
sem estar de coração naquilo. Então, tentei jogar dessa vez.

 —Ouça… - comecei.  —Eu tenho um pouco de dinheiro na minha bolsa,


você pode pegá-lo, certo? Só, por favor, não me machuque.

 Achei que aquilo foi muito bom. Acreditável, e de fato usei meu nervosismo
para me fazer parecer assustada.

 Ele bufou, empurrando a porta aberta e com uma expressão ameaçadora.

 —Você acha que eu preciso dos seus trocados? Entre e cale a boca!

 Ele me deu um belo empurrão e fiquei surpresa de não ter caído, sendo
que sou amaldiçoada com o milagre da falta de elegância. Soltei um grito
agudo de verdade naquela hora e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa,
sua mão estava em meus cabelos, puxando-os para trás e a porta foi fechada
com uma batida.

 Eu dei outro grito, fechando meus olhos enquanto ele me dominava, me
levando até o balcão da cozinha e forçando meu peito ali, o que me deixou
curvada com meus braços embaixo do corpo, ofegante, em um estado de
sonho, experimentando uma grande fantasia minha, não apenas em meus
pensamentos, mas no meu corpo, braços de verdade me tocando, mãos
rudemente contra a minha pele.

 —Vou levar isso. – ele arrancou a mochila do meu braço e, em seguida


roubou a correspondência da minha mão, jogando-a do outro lado do balcão,
— E isso.
 Suas mãos enroscaram ao redor da minha cintura e começaram a
desabotoar minha calça, abrindo o zíper dela enquanto eu respirava com mais
esforço, soltando um gemido e deixando meu corpo resistir ao ataque, como
eu sempre fazia no meu pequeno mundo de fantasia.

 Estava tudo bem até aqui para dizer não e fiquei contente. Eu poderia
representar meu papel e não fazê-lo pensar que eu era contra aquilo.
Somente lo mein  iria pará-lo.

 —Não, por favor… NÃO! – comecei a gritar, mas a mão dele veio de
encontro à minha boca com força, não permitindo sequer a passagem de ar.

 —Cala a boca, vadia! – advertiu perversamente em meu ouvido, seus


lábios quase o tocando.  —Isso vai acontecer, então cale a boca e aceite. Não
me faça machucar seu rostinho bonito.

 Uma mão acariciava suavemente a minha face, com a outra ainda


segurando minha boca com força brutal.

 Soltei mais algumas reclamações, tão excitada no momento que senti uma
maldita poça se formando na minha calcinha.

—Você vai ficar quieta agora? – ele me perguntou.

 Respirei pesadamente, esperando um momento, e depois obriguei minha


cabeça a assentir algumas vezes.

 — Se você não ficar… – falou baixinho agora, fazendo minha pele arrepiar
mais.  — Eu irei te amordaçar… e vou machucá-la. Está me entendendo?

 Choraminguei novamente, concordando com a cabeça.

 — Ótimo. – disse em  meu ouvido. — Inteligência e beleza. Eu amo garotas


colegiais.

 Sua mão deixou a minha boca e eu simplesmente ofeguei sem palavras


enquanto agora ambas as mãos puxavam o jeans da minha bunda, minha
calcinha sendo puxada também, as mãos dele agarradas nas minhas roupas
como um animal impaciente. Eu tentei não gritar ou grunhir enquanto o jeans
chegava aos meus tornozelos e então prendia,sua voz rosnando em frustração
com minhas roupasque não ajudavam em nada.

 Ele partiu, em vez disso, para minha camiseta, arrancando-a do meu corpo
pela minha cabeça e braços, e arremessando ela no balcão à minha direita.

 — Porra de sutiã! – rosnou, o abrindo rapidamente, enquanto meus olhos


se fechavam, minha respiração ficando mais intensa e pesada.

  Ele rasgou a peça e jogou sobre o balcão também, meus braços ainda
estendidos sob meu corpo, cobrindo meus seios nus.
 —Vire-se. – ele me girou grosseiramente, minhas costas agora contra o
balcão, e exalou um profundo suspiro, as mãos massageando  meus dois seios
enquanto minha cabeça pendia um pouco para a bordado balcão, arqueando as
costas contra a minha “vontade”.

 Parecia que Mathew nunca tinha visto meu corpo antes, ou tocado meus
seios, pela maneira que estava respirando enquanto me apalpava rudemente,
sem delicadeza dessa vez. Ele é muito bom. Eu me pergunto se ele já teve
aulas de atuação.

 —Vadia. – sussurrou, mergulhando sua boca em meu seio direito,


mordendo, lambendo e sugando selvagemente, como se ele precisasse  ter
tudo daquilo, sua mão apertando-o na base o tempo todo.

 Eu amava a maneira como sua boca agia. Tão perigosamente violenta e
brutal, mas não o suficiente para me machucar de verdade. Deus, ele é
fantástico.

 Mesmo eu não podia deixar de dar alguns pequenos gritos e gemidos,


esperando que estivesse interpretando bem o meu papel… embora, na
realidade, não estivesse tentando  atuar… isto é INCRÍVEL!

 Meu agressor ignorou meus ruídos e continuou sua jornada no meu seio
esquerdo, sua outra mão se deslocando de forma perturbadora pelo meu corpo
e ao redor da minha bunda, e então desesperadamente apertando o meio das
minhas pernas enquanto eu deixava escapar um gritinho.

 Sua mão agarrou minha garganta e os lábios ergueram-se do meu mamilo,


ele lhe dando um pequeno beliscão.

 —O que eu disse sobre ficar quieta, vadia?

 Eu estava seriamente com um pouco de falta de ar agora e senti meu rosto
ficando quente.

 —Me desculpe… desculpe… – ofeguei, fechando meus olhos.  — Eu vou ficar


quieta… eu vou ficar quieta… por favor…

— Só mais uma vez e estarei enfiando algo muito desagradável no buraco


de uma boca. – ele  alertou. — Como, quem sabe, um pouco de palha de aço…
ou talvez uma esponja cheia de sabão.

 Eu calei a boca e não disse mais nada, não querendo aquilo.

 Ele segurou meu pescoço e afrouxou o aperto para me deixar respirar, mas
sua boca estava sobre todo o meu corpo agora… distribuindo beijos doces e
carinhosos… lambendo, mordiscando, sugando… Eu meio que abri meus olhos,
ficando cada vez mais excitada com cada centímetro de mim que ele atacava e
percebi que meu rosto estava de cabeça para baixo na borda do balcão, e eu
conseguia ver minha janela, uma árvore e os fios de telefone… Liberdade e
vida a apenas metros de distância enquanto aquilo acontecia comigo.

 Ele tinha seguido o caminho até meu umbigo e em segundos estava


lambendo e delicadamente mordendo meu clitóris, minhas costas arqueando
enquanto eu tentava resistir mais um pouco, meus braços e mãos imprestáveis
simplesmente largados ao meu lado, passivamente.

 O diabinho dentro de mim me disse que eu estava tornando isso fácil


demais para ele e decidimos impor um pouco de luta.

 Eu chutei as pernas com força e olhei um pouco para baixo, decidindo
agarrar seu cabelo com ambas as mãos. Eu não puxei, mas a ideia era clara.

 —Não! – me ouvi gritar.  —Não me TOQUE! NÃO!

 — Vagabunda estúpida. – falou com desprezo, e senti a chave contra meu


clitóris, não me machucando… mas fria e dura.

 —Lute comigo! – ele fechou a cara, me desafiando. — Lute comigo e isto


ENTRA!

 Fechei os olhos e deixei minha cabeça cair para trás de novo. Ele é bom.
Que maneira de acabar com uma luta num segundo sem derramar umagota de
suor! Eu sabia que era apenas uma chave, mas para o nosso jogo aquilo foi
uma faca.

 —Tire a porra das suas mãos do meu cabelo. – ele exigiu e o larguei,
sabendo que era isso ou poderia me dar como morta. Na verdade, eu estava
realmente com medo e aquilo me excitava mais.

 A chave se afastou do meu clitóris e uma mão dele apertou as maçãs do


meu rosto e meu queixo, e em um segundo eu estava sentada na sua frente,
cara a cara com ele, seus olhos parecendo tão malditamente furiosos e letais
que quase gritei novamente.

 — Não, eu sinto muito… sinto muito… – falei.

 —Você certamente sente. Ou… vai sentir agora. – ele me deu uma leve
bofetada e meus olhos saltaram em espanto por conta própria, olhando para
ele.

 —Oh, o que é? – ele estreitou os olhos.  —Não gosta que eu bata em você?
Vai me enfrentar de novo?

 TAPA. Nada forte, apenas o bastante para fazer um estalo. Eu nunca


fantasiei isso, mas me peguei gostando daquilo. Sou tão esquisita

.—Huh? – ele sacudiu meu rosto um pouco bruscamente e perguntou


baixinho. —Você quer voltar a lutar?
 TAPA.

 —Isso não é nada. – informou.  — Se a gente voltar a lutar, vou usar meu
punho da próxima vez. Então, me responda… você quer lutar?

 —Não. – eu trinquei os dentes quando ele juntou minhas bochechas com


mais força.

 — Eu não acredito em você. – ele bufou, agarrando meu longo cabelo pela
raiz, perto do couro cabeludo. —Levante, sua puta.

 Ele começou a andar comigo para fora da cozinha, mas então eu tropecei,
esquecendo que meus tornozelos estavam enroscados nos jeans, e que ainda
estava de tênis, também.

 Eu caí de bruços no carpete bege, me encolhendo e gemendo, e ouvi sua


risada atrás de mim, ali parado, olhando para minha bunda nua. Meu rosto
ficou vermelho novamente enquanto ele ordenava. — Tire isso e fique de pé.

 Rapidamente, me sentei e arranquei o tênis, depois a calça jeans e a


calcinha, e me levantei, sua mão de volta em meus cabelos instantaneamente.

 —Parece que não posso confiar em você para jogar limpo. – fez uma
observação em voz alta, puxando meus cabelos, assim eu estava recostada
contra seu corpo, na ponta dos pés, meu bumbum colado nos seus quadris.

 —Não se mexa. – ele inclinou-se, os lábios no meu ouvido e eu estremeci


de verdade, não me atrevendo a me mexer agora. Eu não acho que Mathew
realmente me daria um soco na cara, mas eu não pagaria pra ver. Não, ele
não me socaria. Mas é incrível o quão real tudo isto parecia, embora eu saiba
que estávamos brincando. Eu estava me divertindo muito até aqui.

 Ele notou os laços das minhas cortinas na janela e quando ele os desfez, as
cortinas fecharam sozinhas, me escondendo de vista no caso de um pombo
curioso voar por ali.

 Eu tremi e arfei quando ele sentou-se no chão e amarrou meus pulsos
juntos contra a barra da banqueta, mantendo meus braços para baixo e na
minha frente, encurralados. Fechei meus olhos e saboreei a sensação de ser
amarrada pela primeira vez. Soltei alguns  grunhidos enquanto, em vão, virava
e desvirava os punhos; Mathew ignorou aquilo e ficou de pé, movendo-se atrás
de mim.

 Sem mais uma palavra, Mathew amarrou meu tornozelo exatamente da


mesma forma, na barra oposta da banqueta, de modo que minhas pernas
estavam bem abertas e incapacitadas.

 —Aí. – ele parecia satisfeito e senti sua mão dar três tapas fortes na minha
nádega direita, como seu eu fosse um cavalo que ele estivesse elogiando.  —
Essa é a boa menina.
 Dei um pequeno gemido e abafei o grito que queria soltar. Minha cabeça
pendeu pra frente, o cabelo escondendo meu rosto enquanto eu simplesmente
encarava meus pulsos ligados, imaginando o que ele faria a seguir, meu corpo
tremendo neste impotente e reprimido sentimento.

 — Eu simplesmente te comeria agora, - ele informou.  —Mas você resistiu


e eu não gosto disso. Você fez barulho, o que não gosto, também. Agarrou o
meu cabelo e eu não gosto disso mais do que tudo.

 Ele foi em direção a cozinha ao falar e eu tentei virar minha cabeça para
espiá-lo. Eu não conseguia enxergar a cozinha, tudo o que conseguia ver eram
as minhas roupas descartadas no chão.

 A expectativa era insana e meu corpo estava aceso em todos os lugares


enquanto eu lutava de leve com meus tornozelos e pulsos, como costumo fazer
na minha fantasia. Eu dei um pequeno grunhido quando percebi que, de fato,
estava muito bem amarrada.

 Ele retornou e antes que eu pudesse ver o que havia pegado, já estava
atrás de mim. Em seguida, colocou algo no chão e deu a volta, ficando na
minha frente, catando uma das minhas meias no chão e enrolando-a em uma
pequena bola.

 —É hora da sua surra, mas temo que sua boca abra novamente. – ele
estava bem na minha frente, mas eu não conseguia olhar para seu rosto,
porque estava sem apoio e pendurada molemente, fitando o chão.

 Ele agarrou meus cabelos e disse.  —Abra a boca.

 Antes que eu pudesse abri-la mais, ele empurrou o pano para dentro da
minha boca, não muito fundo, mas o bastante para preenchê-la. Eu mordi a
bola de algodão e deixei escapar um fraco gemido enquanto a mão dele
acariciava meu rosto, um toque do Mathew gentil, me dizendo silenciosamente
que eu estava indo bem.

 Eu também sabia que poderia facilmente cuspir aquilo da minha boca e
dizer lo mein  se eu quisesse, e sabia que Mathew tinha pensado nisso, não
deixando minha boca amordaçada de verdade, de modo que eu nãopudesse
gritar meu código se eu sentisse vontade.

 — Vou te dar cinco, porque estou muito bondoso hoje. – ele anunciou ao
parar atrás de mim, — E você vai contar, a partir do cinco e em ordem
decrescente, até chegar ao um. Entendeu, vadia?

 Balancei a cabeça e respirei com mais força através do algodão, e fiz sons
curtos e indefesos que diziam que eu estava com medo.

 — Ótimo. – ele disse secamente e então WHACK!


 Algo comprido e duro de madeira estalou na minha bunda de leve, nos dois
lados de uma só vez.

 Ofeguei e dei um grito, minha cabeça tentando levantar e caindo


debilitadamente de volta.

 —Não ouço a sua contagem! -  ele estava comprimindo a coisa de madeira


no lado esquerdo da minha bunda.

—CINCO! – eu gritei sob a bola de algodão em meus dentes. Foi abafado,


mas eu conseguia me entender um pouco.

 Como diabos eu esqueci daquilo? Meu cérebro está virando papinha


açucarada quanto mais tempo fico com esse homem.

 — Tanto trabalho no meu comentário mais cedo sobre beleza e cérebro pra
nada. – ele disse enquanto eu franzia o cenho àquela observação e, em
seguida, outra chibatada soava contra meu traseiro quente e desprotegido.

 Protestei através da meia e imediatamente gritei. —QUATRO!

 Eu acho que ele não está me batendo forte daquele jeito de propósito.
Aposto que ele certamente consegue dar um golpe horrível e devastador se
precisasse. Meu bumbum só latejava um pouco e isto não era realmente muito
doloroso, afinal.

 —Um progresso. – ele murmurou, e então ouvi o chicote do ar quando ele


descarregou o terceiro golpe na parte de baixo da minha bunda.

 PORRA, agora ESSA doeu!

 Eu berrei mais alto, tentando não estragar as coisas usando minha palavra.
Só havia mais duas palmadas para terminar… eu podia fazer isso.

 —Aww… - ele simulou compaixão, fazendo carinho com a mão pelo meu
bumbum, exatamente onde doía… Mmmmm… obrigada, Mathew, obrigada… eu
te amo… tanto… sim… bem aí… esfregue… ohh Deus… obrigada!

 Eu estava pensando em todas essas coisas, mas minha voz abafada estava
aos gemidos, expressando a ele como era bom sentir sua mão e o
agradecendo sem palavras.

 —Pobre putinha… essa machucou? – ele falou amorosamente, se inclinou e


postou um beijo quente e molhado sobre a região onde a última batida tinha
sido.

 Fechei meus olhos e gemi, amando a maneira como ele me tocava… a


sensação dos seus lábios…

 — E, mais uma vez, eu não consegui ouvir sua contagem. – disse.


 MERDA! Como continuo esquecendo isso? O que há de errado comigo? Eu
tinha aprendido a contar no jardim de infância, tive realmente morte cerebral
no momento em que comprei este maravilhoso e misterioso deus?

 —TRÊS! – tentei botar pra fora.

 —Tarde demais. – ele repreendeu com maldade. — Eu deixei a primeira


passar, mas agora tenho que parar de brincar e te bater pra valer.

 Eu fiz mais sons de ‘não… não… não’ embaixo da meia em meus dentes,
mas ele não prestou atenção, até que disse.  — Oh, sim, sim, sim. Não se
esqueça da sua contagem de novo ou vou acrescentar mais dez.

CRACK!

 PUTA QUE PARIU! Minha bunda parecia que tinha acabado de rachar sob o
objeto de madeira com o qual ele estava me batendo. Mordi minha boca e
contive algumas lágrimas, gritando e rosnando… me recusando a proferir
minha palavra de desistência… oh PORRA!

 —DUAS! – gritei enquanto sofria para falar. Não acredito que quase esqueci
de novo. Eu esperava que tivesse dito a tempo.

 —Você conseguiu dessa vez. – informou. — Quase foi tarde demais.

 SLAP! A última lapada ecoou e doeu um pouco, mas não foi tão forte
quanto a três e a dois.

 — UMA! – anunciei o golpe final.

 — Boa garota. – ele elogiou e correu ambas as mãos pela minha bunda
agora levemente dolorida, massageando com vigor o ferimento enquanto eu
ronronava de prazer sob a bola de algodão.

 Beijinhos choveram dos seus lábios em meu bumbum, todo local em que
havia sequer um indício de dor estava agora totalmente curado e eu sorria
tanto o quanto eu conseguia com metade da meia se projetando para fora da
minha boca.

 — Nada como uma boa surra para fazer uma vagabunda se comportar.

 Ele disse com um tom de voz ameno e aveludado.

 Deus, me excita quando ele me chama de vagabunda e vadia e até mesmo


puta. Preciso fazer um estudo em cima disso e ver se outras mulheres têm a
mesma experiência, ou talvez seja apenas eu. Mas as coisas que ele está
dizendo só estão me deixando mais e mais  sem vergonha a cada frase.

 Deus, ele é bom. Para alguém que não vai mais à igreja, eu falo Deus
demais.
 Ele deu a volta na minha frente .  — E agora…

 Seus dedos alcançaram e puxaram a bola de algodão da minha boca e a


tiraram em um movimento longo, deixando-a cair no chão abaixo do meu
rosto.

 —Se você me morder ou me arranhar, vadia… - ele avisou em meu ouvido


novamente,

—Aquela surra irá parecer um orgasmo quando eu terminar com você.

 —Sim. – eu sussurrei, não restando muita relutância em mim no momento.

 Além disso, por que eu morderia a varinha mágica que estava


encantadoramente pulverizando toda a minha vida com o fantástico pozinho
mágico?

 Que belo discurso foi esse, sorri mentalmente, eu gostaria de poder colocá-
lo de alguma forma no meu relatório. Então eu disse a mim mesma para
prestar atenção a cada emoção, cada sensação que estava sentindo agora…
pode ser útil quando eu for escrever minha tese, vivenciar as coisas de dentro
desta forma.

 Mas isto não era algo para estudar e analisar. Eu tinha esperado vinte anos
por essa fantasia e seria amaldiçoada se a arruinasse para mim agora. Cala a
boca e desfrute disso, eu disse a mim mesma.

 Senti seu pênis ser inserido em minha boca aberta e ele movê-lo
lentamente pra dentro e pra fora, seu punho no meu cabelo, segurando minha
cabeça o suficiente para mantê-la imóvel e para eu chupar e lamber tanto
quanto podia enquanto ele cuidava da parte do movimento.

 Eu fazia sons fortes e curtos e ele ofegava, aumentando levemente a


velocidade. Meus sons eram desesperados e pedidos engasgados de
misericórdia; ele movia-se mais rápido, gemendo e rosnando, eu apenas
apertava meus lábios macios e relaxados em torno dele e mantinha os dentes
afastados, minha saliva quente e molhada, enquanto ele prosseguia.

 —Uhmmm…  - gemeu. — Você vai engolir cada gota minha.

 Com isso, impulsionou com força até quase o fundo da minha garganta e
explodiu em seu gozo, me sufocando um pouco enquanto mantinha seu pênis
ali, ordenando. —Engula, vadia.

 Engoli como fui  mandada… uma… duas vezes… e então ele retirou seu
membro da minha boca, o que me levou a tossir um pouco mais, piscando os
olhos para me livrar das lágrimas.

 Ele deixou minha cabeça cair e andou pela cozinha, erguendo seus jeans e
fechando eles ao abrir a porta da geladeira, e então ouvi uma lata de
refrigerante abrindo com um clic, um som nítido de metal, e depois seus goles
na bebida.

 Uau, é excitante mesmo quando estou largada aqui sozinha, amarrada


como se fosse apenas um objeto sexual. É ainda mais selvagem e prazeroso
que as minhas fantasias.

 Eu fingi me debater um pouco mais, tentando dobrar as pernas, movendo


minha cabeça de um lado para o outro, lentamente, e tentando mudar a
posição da minha barriga, que estava apoiada contra a superfície da banqueta.

 —Que visão linda você é… – falou da cozinha, mas meu cabelo pairando
sobre o rosto estava me impedindo de vê-lo.

 Ele estava andando de volta na minha direção quando falou novamente.

 —Lutando desse jeito… – ele disse.  —Sabendo que não existe nenhuma
maneira de escapar… sabendo que eu não terminei com você ainda. Você é
uma vadiazinha indecente.

 Eu ofeguei, sem falar nada no momento e o observei entrar no quarto.


Voltou, eu estava supondo, com um preservativo. Tudo o que eu podia ver
eram as suas pernas e os pés.

 —Fui buscar uma camisinha e olha o que encontrei na sua gaveta.

 Parecia divertido, ao se aproximar por trás.

 Ouvi o som de zumbido de ontem à noite atrás de mim e Mathew rasgar


uma embalagem da camisinha e colocá-la.

— Sua vagabunda. – ele correu a extremidade do vibrador pelas minhas


nádegas, e eu gemi baixinho enquanto os estímulos lembravam meu corpo do
que ele fizera comigo com aquele objeto na noite passada.

 —Ouça você gemendo… – falou e seus lábios tocando meus lóbulos. —E,
CRISTO, você está encharcada! – ele passou o dedo entre minhas pernas.

 Eu estava pendurada ali, minha cabeça abaixada, e encarando as barras


onde meus pulsos estavam amarrados, querendo tanto que ele me
fodesse… bem  forte. Imediatamente.

 Ele chupou o dedo dele e fez um leve gemido, então colocou o mini
vibrador embaixo de mim, segurando-o contra meu clitóris e,
simultaneamente, me penetrou num movimento brando.

 Nós dois gememos ao mesmo tempo e em nossas próprias maneiras. Eu


podia sentir sua mão livre na minha bunda, agarrando-a com os dedos fortes
enquanto o vibrador oval passava sobre meu clitóris, me levando rapidamente
a um frenesi, onde eu já começava a gritar, incapaz de controlá-lo.
—Ótimo, vá em frente e grite. – ele começou a estocar dentro de mim,
segurando a barra da banqueta para me firmar, assim eu não cairia, a outra
mão rodeando o vibrador na mesma região, querendo me enlouquecer com o
simples prazer daquilo.

 —Ninguém vai se importar. – disse quando eu continuei gemendo em


abandono.

 Eu o ouvi gemer e rosnar entre suas arfadas másculas enquanto eu ainda
resistia e me debatia e gritava por clemência, não sendo capaz de pensar em
muitas palavras.

 Houve alguns ‘por favor’, mas não demorou muito para eu perder
totalmente o  comportamento de uma dama e começar a berrar, —PORRA!
NÃO! NÃO! PORRA!

 Pareceu uma eternidade para mim, pois eu estava gozando horrores e de


diversas formas que perdi tudo, até a noção do tempo e esqueci até mesmo
que estava amarrada a uma banqueta. Eu sentia como se estivesse flutuando
numa onda de calor, luxúria e orgasmo, e jamais queria ser libertada.

 Mathew estava ofegando e respirando com mais dificuldade que na noite


passada, refleti por um momento, enquanto ele gozava mais uma vez dentro
mim, esperando um pouco antes de cuidadosamente se retirar.

 —Merda… – eu escutei ele murmurar ao tropeçar um pouco perto da porta


do banheiro. Ouvi a água escorrer por alguns segundos e logo depois ele
estava juntando-se a mim novamente.

 Eu não conseguia vê-lo, mas senti uma toalha  morna ser pressionada na
minha virilha.

 Deixei escapar um gemido exultante e rouco enquanto a  toalha subia e


descia pelos meus lábios sensíveis. Eu não tinha certeza se era permitido falar
com ele agora como Mathew, mas esperava que ele estivesse bem. Eu nunca o
vi tropeçar antes e estava torcendo para que fosse pelo quão bom aquilo havia
sido para ele.

 É certo pra caralho que quando eu sair desse banco estarei tropeçando
também.

— Boa, menina… -  ele sussurrou, acariciando meu bumbum e perna


carinhosamente.

 Acho que isso significa que tive um bom desempenho no nosso primeiro
joguinho juntos. Se eu pudesse bater palmas para ele e dizer ‘Bravo!’ em
troca, eu certamente o teria feito. Ele é um incrível estuprador dos sonhos.

 Ele começou a desamarrar meus tornozelos, contornando cada um por


alguns segundos, sentindo meus pés e murmurando. — Perfeitos, lindos e
quentinhos. – como se os verificasse para se certificar que eles não estavam
frios pela falta de fluxo sanguíneo.

 Então ele surgiu na minha frente, vestindo seus jeans, sem camisa, e 
tocou minhas mãos enroladas, checando elas agora.

 —Boa menina. – ele disse com aprovação, desatando meus pulsos,


cuidadosamente.

 Assim que eles ficaram livres, meus braços ficaram caídos ali por um
momento e ele reanimou cada um dos meus pulsos com as mãos dele, dando
beijos e massageando com cautela.

 —Vem cá. – falou baixinho. — Eu peguei você. Levante com cuidado pra
mim.

 Ele ajudou a erguer meu tronco, meus braços envolveram seus ombros e
imediatamente eu estava nos braços dele, sendo carregada igual uma noiva
para a cama. Ele me deitou no meio dela e me cobriu com a colcha e o
edredom, indo até meus pés de novo, deslizando as mãos sob a colcha e
massageando meus tornozelos e pernas com aquelas mãos dele.

 Fiquei deitada ali, gloriosamente alheia a tudo ao meu redor, exceto suas
mãos de perito, enquanto ele beijava e massageava cada centímetro de mim,
não para me fazer gozar desta vez, só para relaxar meus músculos doloridos e
me deixar à vontade.

 —Você está bem, Skylar? – perguntou com verdadeira preocupação, os


olhos profundos e questionadores.

 —Eu estou MUITO bem. – murmurei , fechando os olhos, numa névoa


maravilhosa, que beirava a sensação de embriaguez, minhas palavras quase
incompreensíveis. — Caramba, como você sabia… como você fez isso, assim do
nada? Você estava planejando tudo isso?

 — Não. – ele sorriu para mim, esfregando meu pulso em pequenos


círculos, o beijando de novo, abrindo a boca e fechando os lábios molhados
sobre a pele. — Eu ia guardar esse jogo para mais tarde, mas aí eu vi você nas
caixas de correio e me lembrei do que disse sobre ser pega por trás. E eu só…
fui em frente. Não havia ninguém ao redor. Espero que não esteja brava
comigo. Você em nenhum momento disse sua palavra, então…

 —Por Deus, Mathew, não! – me sentei, pegando o rosto dele em minhas


mãos e o beijei com vigor. — Eu simplesmente amei, por favor, não… faça
isso. Eu sei usar a minha palavra se eu não gostar do que você está fazendo. E
eu nunca estive tão… excitada e assustada e entusiasmada e FELIZ em toda
minha vida.

 A testa dele franziu como se ele não acreditasse em mim. Mas ele ainda
deu aquele sorriso torto que eu adoro.
 —É mesmo?

— Não. Eu só gozei daquele jeito porque fiquei com pena de você. – eu


roubei umas das suas falas mais engraçadas outra vez e ele deu risada
comigo.

 —É como se eu fosse uma pessoa completamente diferente… – eu disse


depois de um minuto. — Tipo, eu realmente acreditei em todas aquelas coisas
que você disse… eu senti em meus ossos. Eu estava tremendo de verdade,
Mathew, mas foi tão intenso e… selvagem. Mesmo os meus sonhos não foram
tão bons quanto você!

 Ele respirou fundo e sorriu mais, se aproximando e deixando minha cabeça


repousar no seu colo enquanto se curvava e me beijava novamente.

 —Fico tão feliz… – sua voz era maliciosamente profunda e eu fechei meus
olhos, desejando apenas conservá-la na memória. — Me disseram que eu faço
esse papel particularmente bem, mas eu sempre fico um pouco nervoso
quando começo.

 —Eu não poderia dizer. – admiti sinceramente. — Você parecia em perfeito


controle pra mim… e tão cruel. Eu fico toda arrepiada agora, só de lembrar a
sua voz! Céus!

 Ele sorria para mim feito um garotinho agora, todos os traços do meu
invasor misterioso se foram enquanto ele continuava a me massagear,
cuidando muito bem do meu corpo após a brincadeira ter acabado.

 Registrei aquilo. Uma alma extremamente gentil, extremamente ansiosa a


cuidar de alguém, a sempre deixar a outra pessoa feliz e confortável. Esse é o
verdadeiro Mathew e eu soube imediatamente. Agora ele estava sendo ele
mesmo, agora não era uma cópia ou um personagem ou uma fantasia. Eu
pude enxergar isso em seus olhos.

 Mathew me deixou ficar na cama me recuperando enquanto ele se


encarregava do nosso jantar. Eu fechei meus olhos e me lembrei das minhas
costas sobre o balcão no momento em que ele lambia e mordiscava meu
mamilo, a sensação do meu jeans sendo arrancado  no meio da cozinha, e os
meus esforços quando ele me amarrou na banqueta e se aproveitou de mim.

 Antes que eu percebesse, ele estava ajoelhado no meu lado da cama,


beijando meus olhos fechados e perguntando se eu queria comer ali ou na sala
novamente. Eu escolhi a cama e fizemos outro delicioso piquenique juntos,
comendo bifes com ervilhas.

 Eu estava gargalhando, em meu roupão dos Ursinhos Carinhosos quando


estávamos quase terminando de comer.

 — Eu pensei que com certeza na hora que espancasse a sua bunda iria
escutar ‘LO MEIN! LO MEIN’!- ele disse, rindo.
 Eu quase cuspi meu refrigerante de novo, engasgando com a boca cheia ao
tentar não rir junto com ele. Engoli e ri também, amando o som da sua risada
e suas reflexões sobre nossa diversão juntos de mais cedo.

 Estava ficando escuro lá fora e Mathew me perguntou. — Nós ainda


teremos terapia hoje?

 Quase deixei cair minha latinha de refrigerante e olhei para ele. Seus olhos
estavam abaixados, no seu prato, e ele lentamente os levantou sob os cílios,
como se temesse minha resposta.

—Quero dizer, eu meio que… tive meu joguinho durante seu tempo. – ele
disse.  —Me sinto muito mal por isso.

 —Você quer  fazer terapia? -  perguntei, surpresa.

 —Sim, skylar. – ele disse e eu lhe lancei um olhar desconfiado, mas então
ele soltou um suspiro e seriamente disse. — Não, é sério. Eu gostaria de…
conversar… Dra. Skylar. Se estiver tudo bem.

 Um pequeno sorriso brincou nos lábios dele e dei minha última mordida na
comida.

 —Está certo, Mathew. – eu me inclinei e beijei seu nariz. — Vamos para o


meu consultório.

 —Ok. – ele me seguiu, levando sua latinha de refrigerante com ele, acho
que para ter alguma coisa nas mãos enquanto falava. Percebi que isso o
deixava mais confortável.

 Ajeitei meu roupão, não me sentido muito profissional no momento, mas


alcancei meu caderno na bolsa e conferi a fita no gravador. Havia um monte
de fitas abandonadas, já que não tínhamos tido conversas muito produtivas
ainda. Agora era só por volta das 19h,  talvez pudéssemos ter uma longa e
boa conversa dessa vez. Eu esperava que sim, embora a banqueta no meio da
sala ainda estivesse ali, fazendo meus joelhos fraquejarem.

 Sentei na minha poltrona, de costas para ela, assim ficaria bem. apertei o
botão de gravação e disse.  — Mathew, sessão 3.

 —Oi, Mathew. – sorri pra ele, como uma colegial, quando na verdade
queria ser mais como uma mulher mais velha.

 —Oi, Dra. Skylar. – ele sorriu de volta, abafando o riso por um segundo
enquanto tomava um gole de refrigerante.

 —Ok, Mathew, como foi seu dia hoje? – comecei, julgando ser um bom
ponto de partida.
 —Ummm… não muito bom, na verdade. – ele compartilhou. — Até eu
chegar em casa, quer dizer.

 Eu corei e tentei ganhar foco. Algo estava errado e eu tinha que parar de
ser estúpida e me concentrar nele, tanto quanto ele se concentra em mim
quando está no comando.

 —O que aconteceu? – perguntei.  — Antes de você chegar em casa?

 —Bem… – ele soltou a respiração, brincando com o lacre da sua latinha de


refrigerante. —Eu tive que trabalhar hoje. E… desde que acordei esta manhã,
não sinto o que eu costumo sentir… quando tenho que ir trabalhar.

 Ele olhou para mim, quase se desculpando com os olhos enquanto eu


olhava de volta para os seus, silenciosamente lhe dizendo para continuar, e
que ele estava realmente tentando e eu podia ver isso.

 —Prossiga,  está tudo bem. – tranquilizei com a minha voz. — Qualquer


coisa que você disser é o certo. Não existe errado para nós… lembra?

 Parecia que ele estava lutando com alguma coisa e disse. — Sim… eu sei…

 Novamente, silêncio. Ele estava realmente preocupado com algo. Decidi


fazer algumas perguntas para ajudar.

 —Você trabalhou na Fire hoje?

 Ele sacudiu a cabeça, olhando para mim, então para baixo de novo, a lata
de refrigerante prendendo todo o seu interesse.

 —Outra festa? –eu sondei. — Na casa de alguém?

 Ele engoliu em seco e desviou o olhar, depois me olhou… e sacudiu a


cabeça novamente.

 Eu sentia como se estivesse falando com um garotinho e até mesmo em


seus olhos havia aquela vergonha de criança. Não acho que seja algum tipo de
atuação. Eu tinha que avançar com muito, muito cuidado aqui. Muitas vezes,
Mathew é muito infantil e brincalhão e eu sabia que era ele sendo a criança
que nunca pôde ser no passado. Alguma coisa importante estava acontecendo
com ele e eu precisava estar ali agora para apoiá-lo.

 Mathew agindo tão sério e acuado podia significar que ele estava com
medo de ser rejeitado outra vez, medo da raiva semelhante a dos pais, medo
de ficar sozinho novamente e abandonado, como foi naquela época.

 Procurei pelo tipo de coisas que ele poderia estar fazendo durante o dia… e
então aquilo me atingiu como uma tonelada de tijolos.
 Seus olhos pareciam com medo quando os meus vidraram. Eu podia vê-lo
se preparando para as minhas reações. E, novamente, ele olhou para o buraco
da sua latinha.

 —Mathew… – deixei minha voz bem calma. — Você fez alguma coisa hoje…
com alguma mulher, além de mim? Uma cliente?

 Os olhos dele pareciam profundamente cheios de tristeza agora, com


intenso remorso e amargura enquanto ele travava o maxilar e fechava  os
olhos, dando um aceno de cabeça.

 Ok, eu vou admitir que estou com raiva. Eu admito que estou magoada e
me sinto usada e quero chorar e gritar.

 Mas eu sei que ele está sentindo todas essas coisas também. E ele passara
por coisas piores do que eu durante o dia. Será que a vaca de hoje o
machucou? Na mesma hora, após a minha própria dor, percebi que estava
protegendo Mathew quase que instantaneamente. Eu não deveria exigir
detalhes a menos que ele queira dá-los.

 Eu devo estar ali para ele e lhe mostrar que mesmo se ele dormir com
mais de duzentas mulheres quero ajudá-lo a lidar com isso, e que nada que ele
disser pode me fazer abandoná-lo agora.

 Não é como se fossemos namorados e eu tivesse pegado ele transando


com Julie ou algo do tipo. Eu sei que este é o trabalho dele e sabia que isso
viria junto. Isso não era sobre minha tese ou minha graduação agora… eu o
amo. Sempre amarei. Ele está se afogando e estendendo a mão para mim. Eu
vou estar lá, sempre, para ajudá-lo a encontrar o ar.

—Está tudo bem.. – mantive minha voz tão calma quanto antes e ele me
olhou com a testa franzida e confuso.

 —Está?

 —Sim. – suspirei, me sentindo muito longe dele agora. Eu queria segurar


sua mão e colocar meus braços ao redor dele, mas é por isso que a cadeira do
psiquiatra é tão longe da do paciente… para que isso não aconteça. Mas eu não
posso evitar… eu estou do lado dele. Eu quero estar.

 —Então… por que você se sentiu… diferente sobre trabalhar hoje?

 Mathew levantou os olhos até os meus. —Você sabe por quê. – e desviou o
olhar novamente.

 —Por MINHA causa? – eu exclamei, absorvendo a novidade.

 Ele confirmou com a cabeça, sem encontrar meus olhos.


 Parte de mim estava dando pulinhos malucos por dentro… mas parei com
aquilo imediatamente. Isso não é engraçado, ele está sofrendo.

 —Tudo bem, então… - eu estava falando sozinha agora. — Você sentiu… o


que exatamente? Você pode me dizer?

 Ele suspirou de novo, frustrado. — Eu não sei! Eu sinto como se  estivesse
trapaceando ou algo assim. Sinto que estou traindo você. Você não está com
raiva de mim?

 Pensei por um instante e disse. — Não. Eu não  estou zangada com você.

 Ele arregalou os olhos e me olhou, incrédulo. — POR QUÊ?

 —Mathew… – eu comecei. — Lembra daquela garota com quem você disse


que teve um encontro? Aquela que jogou bebida no seu rosto?

 —Aham. – ele disse, sacudindo o lacre da latinha.

 — O que você disse a ela quando ela te perguntou o que você fazia para
viver?

 — Eu não lembro. – ele começou, mas eu cortei na mesma hora. — Sim,


você lembra… vamos lá, Mathew.

 Ele suspirou e resmungou a resposta. — Eu disse… eu fodo mulheres


mais velhas.

 —Só isso? – levantei uma sobrancelha, questionando se ele deixou  alguma


coisa de fora.

 —Não. – ele não conseguia olhar para mim. — Depois eu disse… hoje à


noite está te custando $500.

E ao mesmo tempo nós dois dissemos. — Foi aí que ela jogou a bebida no
[meu]seu rosto.

 Eu quase ri, mas me contive.

 — Eu pensei que você gostava dela. Quantos anos ela tinha?

 — 25.

 —E você devia ter o que… 22? – perguntei, fazendo-o assentir.

 — Então 25 é velha agora? – debochei. — Ela era mesmo bonita?

 —Sim, muito. – ele respondeu, olhando para o lacre de novo.

 —E você gostava dela


 —Gostava, até ela jogar a bebida na minha cara.

 —Mas você não percebe que, você gostava dela, então a insultou de
propósito e usou seu trabalho para afastá-la? – tentei cautelosamente. —
Deixa eu te fazer uma pergunta. Por que você não disse a ela que era um
dançarino? Ou que trabalhava para o entretenimento? Pelo menos teria sido
mais gentil e aliviaria um pouquinho as coisas, ao invés da sua resposta, “eu
fodo mulheres mais velhas”. Isso não é tudo o que você faz, Mathew.

 —Qual é o sentido disso? – ele olhou para mim e levantou um pouco a voz.
— Eu poderia ter dito essas coisas, e então a gente sairia de novo e de novo…
eu ficaria envolvido… e depois ela descobriria o que eu realmente faço e me
daria um fora. Então eu te pergunto… qual o sentido?

 —Você está tentando me  afastar agora?

 Ele não respondeu, estava meio emburrado, encarando a lata de


refrigerante um pouco mais.

 —Hmm? – eu forcei, esperando. — Você gosta um pouco de mim e tem 


medo de ficar envolvido. Você não precisava ter me contado sobre isso hoje,
fico feliz por ter feito,   mas eu imagino que me contou porque pensou que eu
ficaria tão brava com você que te botaria pra fora…

 Aquela última encenação que fizemos juntos foi para contribuir com o
propósito dele de me fazer odiá-lo. Para me dizer, logo depois de termos feito
amor, que ele esteve com outra mulher mais cedo no mesmo dia…

 Fique firme, Sky, chore mais tarde, não agora.

 — Eu estou… só…

 —Não, Mathew, continue falando… isso não é um monólogo, eu quero que


você diga o que se passa na sua cabeça. Vamos lá.

 — Eu sinto que… quando eu estou com você… – ele disse. — É como se eu


não estivesse… trabalhando. É espontâneo. É legal… e divertido e você é tão…
– ele fechou os olhos, depois abriu novamente .—. doce  e inocente. Você me
olha e eu não estou em serviço. Eu estou com uma amiga linda… e hoje eu me
senti simplesmente nojento não te dizendo onde eu estava indo e o que eu ia
fazer. Foi como se eu estivesse… estragando o que aconteceu entre a gente…
ontem à noite. E eu não queria arruinar aquilo.

 — Mathew…

 — Quero dizer, eu sei que eu sou um brinquedo contratado. E eu sei que


você odeia ouvir isso, mas é verdade. Eu sirvo apenas para o seu prazer, eu
não deveria ferir seus sentimentos e não deveria gostar de você tanto quanto
eu gosto. E não posso parar de aceitar esses trabalhos, porque eu preciso
deles, Skylar. Eu não posso  perder meu emprego.
 —Está certo, está certo. – eu podia perceber que ele estava ficando tenso e
muito transtornado e desta vez eu quis acalmá-lo. — Ninguém está pedindo
para você largar seu emprego, ok? Respire fundo. Muito bem. Relaxe por um
minuto. Nenhum de nós vai falar, tá? Apenas feche os olhos e respire.

 Isso pareceu acalmá-lo e fiquei satisfeita.

 — Muito bem. – eu finalmente disse, quebrando o silêncio. — Esta…


situação onde nos colocamos é muito confusa,  não vou negar isso. Eu também
gosto de você de verdade, e talvez eu te trate de forma diferente que suas
outras clientes. Elas podem te machucar, te intimidar, tratá-lo daquela
maneira grosseira que te tratam… e depois a gente se encontra e eu não sou
como elas. Eu sou tranquila e tento ser gentil…

 — Você É gentil. – ele me corrigiu.

 — Obrigada. – tentei não sorrir demais, continuando. — Eu sou muito


gentil com você… e talvez isso te lembre do seu passado… quando alguém
como eu… te fazia carinho e dormia com você, beijava você com afeto e te
divertia, te fazia companhia no jantar e te amava. E agora, você está sentindo
todas essas coisas de novo e está se lembrando de… como era maravilhoso.

 — Não. – parecia que ele estava concordando comigo até eu dizer que
aquilo não era sobre MIM.

 — Eu sinceramente gosto  de você, Skylar. – emendou. — Não tem nada a


ver com o meu passado. Não se menospreze, você é uma garota incrível.

 Fiquei aliviada, mas sei que estou associada a alguma coisa aqui, mesmo
que meu coração não queira acreditar naquilo.

 —Obrigada, Mathew. –eu sorri, minha perna tremendo um pouco.

 Coloquei minha mão em cima dela, segurando com firmeza sob meu
caderno.

 — Mas eu acho que realmente é sua namorada quem você estava com
medo de trair quando saiu essa manhã… não tanto eu. Nós só nos conhecemos
há quase três dias. Qualquer coisa que eu faça ou diga nãofaria você se sentir
tão mal assim por dentro. Posso te perguntar algumas coisas… sobre ela?

 — Quem? – ele se tornou um rosto de pedra me fitando.

 — A garota… – limpei minha garganta.  — Talvez… você possa me dizer o


nome dela hoje?

 Olhos abaixados, corpo tensionado. Ele não vai me dizer hoje.

 — Certo, esqueça isso. – desisti daquilo. — Que tal… me contar como vocês
se conheceram.
 Ele relaxou só um pouquinho e disse. — Na escola. Faculdade.

 — Me conte sobre quando você se apaixonou por ela.

 — Eu preciso mesmo? – ele perguntou, claramente em outra batalha


interna.

 — Vamos lá, Mathew, seja corajoso. – eu dei um empurrãozinho. — Eu


topei a ideia da banqueta.

 Ele sorriu e depois ficou tenso… então suspirou e disse

 — Eu estava cursando Medicina. Ela estudava Arte e Fotografia. Nós


éramos de mundos diferentes. Provavelmente nem teríamos nos conhecido,
mas eu acidentalmente fui colocado em uma das suas classes de arte; o cara
verdadeiro agendado para a aula era Josh Britz. Eu acho que eles apenas
digitaram errado, enfim; eu estava sentado nessa classe de  pintura e teria
apenas dado o fora dali… mas então… eu a vi. E eu… não conseguia me mexer.
Eu simplesmente… não conseguia…

 Sorri para ele, o amando tanto enquanto ele se abria mais um pouco
comigo. Surpreendendo a mim mesma, eu não estava brava por causa do
trabalho de hoje dele… nem chateada. O que eu pensava? Que depois de me
conhecer por dois dias ele abandonaria sua vida e me jogaria em seus braços e
viveríamos felizes para sempre ou algo parecido? Eu precisava aceitar Mathew
pelo o que ele é… seja bom, ruim, ou feio. Tudo dele. Isso é o que um
terapeuta faz… isso é o que uma AMIGA faz… o que alguém que te ama… faz.

 Eu pisquei as lágrimas dos meus olhos e agradeci por estar ficando mais
escuro aqui; ele evitava o contato visual, então eu estava certa que ele não
notaria o quanto tinha me tocado conversando comigo daquele jeito.

 — Eu estava tentando pintar no meu cavalete, cercado por aqueles


Picassos, não tendo a mínima ideia nem de como misturar as cores, o que dirá
PINTAR qualquer coisa na tela.

 Eu não pude evitar, tive que rir nesse ponto. Eu podia imaginá-lo fazendo
aquilo, tudo pela atenção de uma garota. Ele riu, olhando pra mim.

 —Foi triste pra caralho. – ele mordeu o lábio inferior, bastante à vontade
agora.

 — De qualquer forma, depois da aula ela estava passando por mim e eu


disse olá, ela me cumprimentou de volta e olhou para a minha pintura com um
olhar de… pavor na cara dela.

Nós dois simplesmente caímos na risada e ela se ofereceu para me ajudar


com a minha ‘arte’ depois da escola. E foi isso. Eu nunca saí do lado dela
depois daquilo.
 Seu rosto estava tão vivo e cheio de luz, até que acrescentou. — Isto é, até
eu largar a faculdade.

 Eu odiava fazer isso, mas eu tinha que perguntar a respeito de sua mágoa
novamente… e a origem dela.

 — Então… durante toda a faculdade você ficou perto dela, e depois da


faculdade acabou, depois que ela se formou?… o que aconteceu  depois?

 Mathew olhou ao redor, lutando internamente mais uma vez… hesitante.

 — Skylar… - ele olhou para mim com os olhos marejados.

 — Leve o seu tempo… eu não vou a lugar algum. – eu afirmei, lhe dando
um sorriso caloroso.

 Finalmente, após um tempo de suspiros cansados e tentativas, ele disse.

 — Nós… nos casamos.

 Ele abaixou a cabeça, segurando os cabelos e fechando os olhos.

 — Isso é ótimo. – soei positiva. — Foi uma cerimônia bonita?

 — Nós nos casamos na porra da delegacia de polícia, num Juiz de Paz. Eu


não pude

nem dar a ela um belo dia de casamento.

 —Mas eu tenho certeza que isso não teve importância. – eu disse


meigamente, vendo somente os cabelos dele agora e os punhos  agarrados
neles. — Ela amava você e tenho certeza que não importava para ela como ou
onde vocês se casaram. Você não acha isso, Mathew?

 — Você é uma garota. – ele não olhou para cima, mas sua voz estava
muito tensa. —VOCÊ não deseja um casamento completo, um vestido bonito,
flores, a família toda ao redor, música? Diga a verdade, Sky!

 Eu não podia mentir para ele agora.

 — Sim, desejo.

 Ele soltou um pequeno suspiro, e pareceu quase como se estivesse


chorando discretamente.

 — E depois de tudo que você desistiu por ela, tudo que você perdeu e
passou enquanto ela terminava a faculdade… -  eu disse. — Eu tenho CERTEZA
que ela sabia como era sortuda, Mathew. Por ter um amor verdadeiro. É por
isso que ela se casou com você. E eu tenho certeza também que ela estava
muito feliz naquele dia.
 Eu estaria.

 Uma longa pausa instalou-se entre nós por um bom tempo. Finalmente,
Mathew disse.

 — Obrigado, Skylar. Eu nunca pensei nisso… dessa maneira.

 Ele fungou, a cabeça ainda abaixada e fingi olhar para o meu caderno
enquanto Mathew colocava a latinha de refrigerante em cima da mesa e
rapidamente enxugava os olhos, soltando outra respiração profunda.

 Eu odeio vê-lo chorar. Eu quero tanto abraçá-lo. Quero beijar suas 
lágrimas e lhe dizer que eu o amo e que ele não está sozinho.

 Mas ele não pode ser totalmente só. Aquele telefonema. Ele havia dito eu
te amo para alguém.

 Eu não posso confessar que ouvi aquilo, ele me mataria.

 —Então, vamos avançar um pouco… – tomei um fôlego revigorante e


persisti, sentindo que estávamos fazendo um verdadeiro progresso aqui. —
Depois que vocês se casaram, vocês conseguiram um lugar para morarem
juntos? Pelo menos isto significa que você não estava mais nas ruas, certo?

 —Não, nada de ruas mais. – ele forçou um sorriso pra mim, a região sob
seus olhos ainda um pouco brilhante das lágrimas. — Nós conseguimos um
apartamento, um cômodo grande com um banheiro, ainda menor que o seu.

 Eu dei risada e ele me olhou rapidamente.

 — Não quero dizer que o seu é pequeno demais, eu quis dizer que… – ele
sempre era muito rápido em se desculpar.

 — É pequeno. – eu concordei. — Não estou ofendida com a verdade. Vá em


frente.

 Ele me contava como era o lugar e  eu podia ver os problemas antes


mesmo de ele dizer as palavras. Pode ser bonitinho não ter nada no começo,
mas problemas de dinheiro podem matar um casamento, principalmente um
recente. Isso é tão triste. Mathew queria ser um médico e agora ele não podia
se dar o luxo de comprar móveis para sua primeira casa com a esposa. Aquilo
devia comê-lo vivo.

 —Então os pais dela eram bons pra você?

 — Sim, muito. – ele disse imediatamente. — Eles sempre foram gentis


comigo e o pai dela até me ofereceu um emprego na fábrica deles. Eles
fabricam cabides, os de plástico.

 — E… você aceitou o emprego?


 — Não, Tan… – ele parou e fechou os olhos. — Ela…  – ele me olhou
tristemente de novo, se desculpando . —. não queria deixar Nova York. Os pais
dela moram em-muito longe daqui. Ela queria ser artista e fotógrafa e disse
que para isso tinha que estar em Nova York.

Então eu educadamente recusei a oferta do pai dela e nós tentamos fazer


as coisas funcionarem por aqui. Eles até pediram pra gente ir morar na casa
deles por algum tempo, mas ela não quis também. Os pais dela não são ricos,
eles são… de classe média baixa. Mas são boa gente, bondosos, humildes.

 — E… como foi isso? – eu perguntei, não enfatizando demais no deslize que


ele quase cometeu me dizendo o nome dela e onde seus pais moravam.

 — Não muito bem. – ele disse, esfregando sua mão pelo braço. — Eu
arrumei um emprego como… caixa. E ela tentou encontrar algum trabalho
tirando fotografias em cerimônias de casamentos. No entanto, ela teve que
começar como assistente de fotógrafo e isso pagava muito pouco. Eu sei que
como homem era o meu dever prover a maior parte  do dinheiro para a casa,
mas eu não conseguia nada bem remunerado. Todo dia eu procurava por outra
coisa, algo melhor. Todo dia não havia nada. Eu costumava ver aqueles
malditos anúncios à procura de acompanhantes femininas e todo o dinheiro
que eles ofereciam, e rir e falar pra ela… “você acredita que as pessoas
fazem  essa merda pra viver?”   E nós ríamos daquela gente.

 Mais uma vez, a cabeça dele caiu em suas mãos e sua respiração tornou-se
irregular e agitada.

 — Ela provavelmente riria de mim agora… vendo o que eu sou. – ele disse,
praticamente para si mesmo.

 — Vocês dois começaram… a brigar?

 Eu estava prestes a perguntar se eles se divorciaram, mas isso era pular
partes e eu não queria bisbilhotar muito cedo nesse assunto.

 — A gente brigava o tempo todo. – disse com a voz rouca de emoção. —


Sempre por causa de dinheiro,  besteiras estúpidas. Uma vez ela comprou uma
caixa de bombons e eu gritei com ela e joguei a caixa pela janela. Eu era tão
escroto com ela.

Ele chorou um pouco mais… e tive que desviar o olhar e secar meus
próprios olhos, esperando que ele não visse. Eu odiava vê-lo tão machucado.
Mas ele tinha que botar aquilo para fora.

 Odeio a pergunta seguinte.

 — Essas brigas alguma vez… se tornaram… violentas?

 — Não, Skylar. – ele revirou os olhos como se eu já devesse saber daquilo.


— Eu jamais bateria de verdade  em uma mulher. Só de leve, na brincadeira…
mas… por outro lado… não, eu nunca a machucaria  desse jeito, é o que quero
dizer. Joseph e Katherine sempre me ensinaram… você pode rir com isso… a
respeitar as mulheres. Porém, fico feliz por eles não poderem me ver agora.

 — Então, vocês nunca tentaram procurar ajuda? – perguntei. — Por


exemplo, terapia de casal ou…

 — Eu não tinha condições pra isso. Esses caras cobram caro pra caramba.

 Ele me olhou quando eu dei risada e fiz uma careta. —  Me


desculpe, Skylar. Não me referia a você. Talvez, se nós tivéssemos conversado
com alguém como você, teríamos sido mais felizes. Mas, eu jamais teria
dinheiro para TE bancar. Tudo que é bom custa caro pra cacete.

Nem me fale!  tive vontade de falar, $20.000,00. Mas, em seguida me


odiei por sequer pensar nisso.

 De repente, eu não dava a mínima por ter lhe pagado para ficar aqui. Cá
estava ele e ele precisava de mim, e eu o amo. O resto não significava nada
para mim neste momento.

 —Ela… quis fazer terapia de casal?

 —Sim. – respondeu, recostando-se no sofá, lambendo os lábios enquanto


desviava o olhar, pensando. — Mas eu prometi pra ela que tentaria ser um
marido melhor. Eu jurei.

 —E você… tentou?

 — Tentei. – ele me fitou. —  Mas as coisas ainda não iam bem entre a
gente. Nós não brigávamos ou discutíamos tanto mais… mas não
conversávamos muito também. Nos tornamos estranhos. Raramente…
fazíamos amor. E quando fazíamos, era rotineiro e chato. Mas nenhum de nós
dizia nada sobre isso.

 —E… o que aconteceu depois?

 — Nada.

 —Nada?

 —Podemos falar sobre outra coisa agora?

 — Mas, Mathew, eu acho…

 —Por favor, Sky? – os olhos dele estavam brilhando com as lágrimas e eu


não podia forçá-lo a continuar quando ele me pedia desse jeito. Sou uma
manteiga derretida.
 —Está certo. – dei uma olhada nas perguntas no meu caderno.  — Mas não
acho que você vá gostar das minhas outras perguntas, também.

 — Me teste. – ele me desafiou.

 Escolhi uma bem difícil porque queria continuar conversando sobre o


casamento dele e seu fracasso, sabendo que era o começo do fim para
Mathew.

 —Me conte sobre a primeira vez em que você se vendeu.

 Meu Deus, Mathew, me desculpe. Não responda isso.

 — Muito bem. – ele fechou a cara e quase me olhou com desprezo, não
que eu o culpasse.

 — Eu não quis dizer dessa forma, Mathew. – tentei debilmente corrigir


minhas palavras grosseiras, mas ele me fulminou com o olhar.

 — Você quer ouvir ou não? –seu rosto era de pedra.

 — Eu quero ouvir. – me obriguei a dizer e segurei minhas lágrimas com


esforço.

 Mas eu realmente queria ouvir isso?

 — Bem, após eu ser… contratado  por Claire. –sua voz era ácida agora . —
aprendi a dançar e encarnar personagens na boate. Ryan e Dylan foram meio
que meus professores. Eu aprendi muito rápido e descobri que eu era bom em
ser Mathew, o dançarino exótico. E isso foi tudo o que eu fiz durante um
tempo. Uma noite minha chefe  me chamou no seu escritório e disse que tinha
um trabalho para mim. Um trabalho que me pagaria um extra de $5.000,00
dólares. Foi me dito para dançar particularmente para uma cliente muito
especial. Ela disse que era um ‘dinheiro fácil’ e que eu devia ir  com a cliente
para sua casa e fazer o que me ordenassem. Ela me respondeu que eu
pertencia a ela e que eu lhe devia a minha vida e eu sabia que ela estava
certa. Então, saí com a mulher e fiz amor com ela enquanto  seu marido
assistia do carro dele parado na esquina, se masturbando o tempo todo.Depois
ele veio até nós e eu paralisei, pensando que ele ia me dar um  murro ou algo
assim. Mas não, ele não queria me bater, ele me inclinou em cima da mulher
dele e tentou me foder na bunda enquanto eu ainda estava dentro dela. Foi
somente a mulher que me salvou daquilo. Eu dei o fora de lá e andei uns oito
quilômetros de volta até a boate e disse a Claire que eu nunca faria nada com
homens e que se era aquilo que ela queria que eu  fizesse, eu preferia morrer.
Ela alegou não saber sobre o marido, mas a partir de então, ela nunca tentou
aquilo de novo. Eu só curto mulheres e desde aquele dia tem sido só para
mulheres que eu tenho… trabalhado. História encantadora, não acha?

Eu não disse nada.


  — Eu te disse que minha vida era horrível. Por que você me quer aqui,
Skylar? Alguém como eu não combina com alguém como você. Eu estou tão
sujo ao ponto de nunca

mais poder me regenerar novamente.

 —E eu te disse, Mathew, você não vai me afastar. Você está aqui por duas
semanas. Eu não quero que vá embora. Quero ser sua amiga… se você me
permitir. Por favor, me permita, Mathew. Eu amo…. – eu me interrompi e ele
olhou para mim com severidade. —… ter você aqui comigo.

 Ele não respondeu e me lembrei dos meus planos com Mathew para hoje à
noite, antes de eu ser brutalmente atacada.

 — Hey!- eu fiquei de pé e apertei o botão stop no meu gravador. — Eu


tenho uma surpresa pra você, Mathew. Espero que goste. É o que eu tinha
planejado para a gente esta noite.

 Seus olhos me seguiram miseravelmente e em silêncio e eu pensei por um


segundo que ele achava que eu ia lhe pedir por alguma coisa sexual… e
maravilhosamente, ele não parecia interessado em nada relacionado à isso
neste momento. Aquilo me deixou feliz.

 Fui em direção da minha mochila e retirei uma caixa retangular,


embrulhada em um plástico brilhante azul e com um pequeno laço branco em
cima. Ele ficou surpreso, em seguida as sobrancelhas se uniram, não tendo
certeza do que eu estava fazendo.

 Sentei-me ao lado dele no sofá e soltei a caixa em seu colo.

—  Feliz… Dia do Mathew. – eu inventei aquilo na hora.

 —Feliz Dia do Mathew? – ele perguntou, desconfiado, olhando para a caixa.

 — Sim. – eu menti. — Hoje é o Dia do Mathew e todos os Mathews do


mundo estão sendo celebrados. Então, abra.

 — skylar, - ele me olhou com os olhos frágeis, as lágrimas ainda úmidas


em seu rosto. —você não deveria me comprar presentes…

— Abra logo, seu pé no saco! – ordenei, dando risada e sorrindo para ele.

 Ele achou graça.

  — Pé no saco, huh?

 — Sim, literalmente. – eu olhei para a banqueta e o empurrei de leve com


meu braço, —Abra.
 — Bobinha… - murmurou, retirando a tampa da caixa e eu sorri com a sua
expressão enquanto ele tirava o papel de seda do caminho, dando de cara com
uma camiseta tamanho grande, preta com pequenas linhas vermelhas
transversais.

 Ele sorriu e a ergueu, era enorme e grande demais para ele, mas ele a
tratava como se fosse preciosa.

 — uma camisa… de pijama, certo? Parece confortável! – ele parecia  muito


agradecido pelo presente, mas não havia entendido. E não iria entender até
que eu lhe explicasse o que realmente era.

 Eu a peguei e joguei a caixa fora, dizendo. — Vem cá, coração.

 Falei isso com um sentimento profundo e verdadeiro, não em tom de


brincadeira ou de implicância.

 Estiquei a gola da camiseta e a coloquei sobre a cabeça dele.

 — Eu sei que criei a regra número um, sobre você nunca vestir camiseta
aqui…

 Deixei suas mãos deslizarem pelas mangas que cobriam seus braços
lindamente tatuados e ele olhou para a peça abaixo, e depois para mim
enquanto eu continuava.

 — Mas, estou mudando minha regra. – informei, suas duas mãos nas
mangas agora. Perfeito.

 — Eu quero que você vista esta camisa porque você significa mais pra mim
do que um abdômen perfeito, uma barriga tanquinho e ombros musculosos.
Quero que você esteja aquecido e todo coberto e quero te abraçar a noite
toda. Porque você merece isso, Mathew. Eu acho que você precisa e deseja
isso… você tem sido negligenciado também… e há bastante tempo. E porque…
eu…

 Eu amo você… diga… eu amo você… três palavrinhas… não é grande coisa.
Mas ao mesmo tempo é.

 — Eu realmente me importo com você, Mathew, muito, muitíssimo.

 Mas seus olhos estavam tão ternos, tristes e solitários.

 — Está tudo bem? – usei a sua frase favorita nele mesmo outra vez, meus
braços em volta do seu corpo enquanto eu encostava minha testa na dele,
fechando meus olhos, esperando que eu não estivesse ultrapassando os limites
agora, rezando para que ele não ligasse para isso e ficasse assustado
novamente.
 Após uma longa pausa, e respirar fundo algumas vezes, Mathew finalmente
falou.

— Sim, Skylar.

 Eu olhei para ele e perguntei. 

— Isso é realmente o que VOCÊ quer? Ou você só está tentando me


agradar de novo?

 — Não.  – ele disse sem hesitar, um pouco de tristeza ainda em sua voz. —
Eu quero que você me abrace. Acho que até pode ser… melhor do que sexo…
um pouco.

 Eu sorri, muito feliz enquanto ele me abria um sorriso e plantei um grande
beijo nos lábios dele, salgados das lágrimas.

 Peguei sua mão que estava coberta pela manga comprida demais e disse.
— Venha comigo, anjo.

 Ele fez uma careta àquela palavra e me seguiu.

 — Não diga isso, me sinto um boiola.

 —Você é… meu boiola. – falei com uma risadinha enquanto ele tentava me
fazer cócegas por causa daquele comentário.

 — Sai, não. – me contorci para longe dele, apagando as luzes e afofando


os travesseiros, de modo que eu estivesse apoiada corretamente para isso.

 Me deitei, ainda de roupão enquanto ele me olhava, procurando orientação.

 — vem cá. – chamei, pegando o rosto dele em minhas mãos e beijando


seus olhos e cada lágrima debaixo deles.

 — Eu odeio te fazer chorar, você sabe. – eu sussurrei. — Mas é bom, é


assim que você começa a se curar, Mathew. Estou feliz por você ter chorado…
mas… dói em mim também.

 Continuei beijando os pontos úmidos em seu rosto enquanto ele apenas


ficava sentado ali, sem se mexer e com os olhos fechados.

 — Eu não deveria sentir isso, sendo uma psiquiatra. – informei entre meus
beijos. — Mas… eu me importo tanto com você que acabo ficando vulnerável
demais. Esse será nosso segredinho, ok?

 E então o beijei, lambendo levemente e  fechando meus lábios sobre os


dele. Logo terminei o beijo porque não queria deixá-lo excitado ou cair na
tentação daquele sexo doce e magnífico com ele outra vez hoje. Eu queria que
esta noite fosse pura, inocente e afetuosa… só para ele.
 —Eu nunca irei contar. – ele sussurrou de volta. — Mesmo se me
torturarem.

 Ele riu de sua própria piada e eu me deitei na cama com ele, o segurando
para perto e deixando ele repousar a bochecha no meu peito, meus lábios
postando beijinhos no seu cabelo. Eu sorri enquanto os pequenos fios
selvagens faziam cócegas no meu pescoço e meu rosto e escutei Mathew soltar
um suspiro… um suspiro feliz e satisfeito, na medida em que fechávamos
nossos olhos e nos deixávamos adormecer assim… como um só.

 Eu ouvi algumas fungadas leves, mas ignorei aquilo, não querendo
constrangê-lo. O ego masculino é extremamente frágil. Eu apenas continuei
acariciando ele e o abraçando mais apertado em mim.

 —Skylar?

 — Sim, Mathew?

 — Tanya. – ele suspirou. — O nome dela era Tanya.

Capítulo 10 

Skylar POV

Eu abri meus olhos e ainda podia sentir seu rosto no meu corpo.
Lentamente esfregando o sono dos meus olhos, tentei não me mexer muito e
então eu não o acordaria. A noite passada tinha sido maravilhosa e eu acho
que um grande avanço para nós dois, mas eu notei ao longo da noite como foi
difícil para o Mathew ter deixado eu abraçar ele.

Eu tinha suspeitado que ele estava chorando em silêncio em alguns


momentos da noite, mas ele nunca fez qualquer som ou grandes soluços, mas
eu senti a umidade contra meu roupão aqui e ali, e em seguida houve
uma fungada. Ou talvez Mathew estava pegando um resfriado. Sim, aham, em
Maio. 

Uma ou duas vezes, ele mesmo começou a se mover em cima de mim e ir


para o seu lado da cama, mas eu não o permiti. Eu odiava admitir isso, mas
dormir agarrado em todas as noites não era apenas para o seu benefício, mas
para o meu também.
Eu nunca tive ninguém para segurar assim, para acariricar e amar
assim antes. E eu sei que antes mesmo de perceber…ele vai estar
empacotando suas malas e indo embora, e eu nunca mais vou ouvir e ver seus
seus tristes suaves olhos castanhos de novo.

Eu sempre poderia ir a Fire e achar ele lá se eu sentisse falta dele o


suficiente. Ugh. Patético. Mathew iria pensar que eu  sou alguma psicopática,
stalker ou alguma coisa assim. E o pensamento dele trabalhando enquanto eu
estou sentada lá, babando por ele…YUK. Não, eu não vou fazer isso. Isso nos
faria ficar desconfortáveis e apenas me lembraria mais que Mathew trabalhou
para mim, e isso é tudo o que significava para ele, e agora acabou. Ao menos
que eu tivesse outros $20,000 escondido em outro lugar, ele realmente nunca
iria querer nada comigo. 

Pior ainda, eu teria que vê-lo ser acariciado e lambido por aquelas mulheres
e eu provavelmente seria presa por arrancar o cabelo delas.

Mas ele disse me considerava como amiga.

Cresça, Skylar, provavelmente ele diz  isso para TODA mulher. Como você
sabe que ele não está jogando você agora? Não, eu argumentei comigo
mesma, isso é loucura. Não tenho mais nada que ele quer. O que ele quer de
mim, além do meu dinheiro?

Oh Deus. Um pensamento paranóico penetrou em minha mente. Talvez isso


tenha algo a ver com o meu pai. Ele é um chefe de polícia. Talvez Mathew tem
algum tipo de contas a acertar com ele…Não. Eu encontrei Mathew, e não o
contrário. Estúpida. 

Por que eu continuo duvidando dele? Por que não posso confiar nele? Então
eu ouvi a voz de Mathew de ontem à noite, dizendo: “Você sabepor quê.”

Eu deixei os pensamentos estúpidos de vingança contra o meu pai ir e


comecei a abraçar Mathew de novo, aquele que estava deitado em meu
estômago enquanto o rosto de anjo dormia descansado confortavelmente no
meu peito. Meus lábios tocaram suavemente em sua cabeça 

Você está terrivelmente e absolutamente lindo…pensei sobre ele. Eu abaixei


um pouco a minha cabeça, dei uma olhadinha em seu rosto que agora estava
na luz e eu sorri, abafando um risinho.

Seus lábios estavam novamente fazendo beicinho e eles pareciam tão macio
e espessos que eu queria beijá-los de seu rosto, que estava, infelizmente, com
linhas úmidas devido as lágrimas.

Meu coração dói tanto por ele, por mais que estivesse com vergonha de
admitir isso, as lágrimas de Mathew tinham realmente me assustado ontem à
noite. Eu nunca vi um homem chorar antes e isso me chocou.
Mas, novamente, isso é algo que tem que se acostumar e lidar se eu vou
ser uma boa médica um dia. Eu sinto que eu tenho que fechar meus
sentimentos para fazer este trabalho direito. Mas não são sobre sentimentos e
emoções que o trabalho é feito? Por que devo ser um cara durão para meu
paciente para ajudá-lo corretamente? Por que não posso segurá-los, segurar a
mão deles e derramar lágrimas com eles? 

Uma vez que eu pensei em fazer isso para centenas de pacientes, dia após
dia, eu sabia a resposta: isso iria me matar.

Olhei para o meu despertador e vi os números digitais vermelhos que


diziam 06h47 da manhã. Eu tenho ainda um pouco mais de tempo com o meu
coração. Eu envolvi meus braços um pouco mais apertados em torno dele em
sua grande camisa e fechei os olhos, imaginando que eu era a Sra. Trenner,
era um domingo  e nós tinhamos o dia todo para nos agarrar, fazer amor e
beber café, ler o jornal de domingo na cama. É um clichê que normalmente eu
reviraria meus olhos. Mas com ele na foto, parecia tão adorável…e impossível.

Suspirei e reparei que Mathew não ronca. Ele é tão silencioso e tranquilo.
Este é o quarto dia dele aqui. Quinta-feira. Mais dez dias restantes. É bastante
tempo… e ainda assim não é tempo algum. O imaginei pegando a mala dele,
pendurando-a no ombro e colocando os óculos escuros. Me dando um último
beijo de despedida e dizendo algo terrível como, “Obrigado, Skylar, por me
contratar. Eu me diverti muito.”

E então ele partindo com um sorriso no rosto enquanto meu mundo


desmoronava aos meus pés. Eu conseguiria manter um sorriso estúpido na
cara durante aquilo? NÃO! Eu não sou tão boa atriz.

Na minha mente brotou a imagem de eu estendida no chão, agarrando a


perna de Mathew ao mesmo tempo em que ele tentava se desvencilhar e ir
embora enquanto eu me debulhava em lágrimas e implorava para que ele
ficasse. Ugh. Isso é bem a minha cara, certo.

Comecei a pensar sobre o que foi dito ontem à noite, sabendo que eu teria
que pôr em dia minhas anotações e ouvir as fitas na escola novamente para
ver se eu perdi alguma coisa até agora. Quem quero enganar? Eu estou
perdendo tudo. Eu tinha atingido uma barreira na noite passada quando
perguntei o que aconteceu entre ele e Tanya depois de eles se casarem e os
problemas financeiros começarem a separá-los.

Nada, ele disse. Nada.

A menos que ela tenha simplesmente desaparecido no ar, havia mais que
eu precisava entender. Mais especulações que eu precisava fazer. Ela deve ter
o abandonado, ou… Deus, espero que ela não tenha morrido. Isso explicaria as
lágrimas e a tristeza dele. Se ele nunca havia chorado ou lidado com a dor,
isso explicaria sua liberação emocional agora que eu estava o fazendo falar
mais sobre isso.
O nome dela era Tanya. Foi o que ele disse. ERA. Bem, isso poderia
significar que ela continua viva, mas não em sua vida mais… ou podia ser no
sentido de morte.

Talvez eu pudesse pedir para o meu pai pesquisar sobre ela. Não, isso é tão
errado. Eu não quero descobrir nada desse jeito. Quero que Mathew me conte
por conta própria.

Detesto mistérios, isso está me deixando maluca! Gostaria de poder


hipnotizá-lo e perguntar tudo que quero de uma vez só. Assim eu poderia
ajudá-lo mais rápido. Jamais imaginei que teria que bancar a detetive nesse
trabalho. Mas, todo mundo esconde alguma coisa quando você começa a
interrogá-los. Ninguém gosta de mostrar o seu lado ruim e seu sofrimento nas
primeiras consultas.

Todo mundo mente. Todo mundo esconde coisas. Inclusive eu. E o que foi
aquilo sobre Claire? Ela havia dito que ele pertencia à ela e que tinha salvado
sua vida e ele sabia que ela estava certa? Eu fiquei mexida com isso, mas
deixei pra lá porque ele estava ficando bastante chateado. Preciso ouvir
minhas fitas outra vez hoje, com atenção.

Mal posso esperar para conversar mais com James. Eu preciso ser
cuidadosa para não lhe contar demais. Não confio completamente nele. É
alguma coisa sobre seus olhos. Eles não são lá muito receptivos.

Gostaria de pegar meu caderno. Mas eu estava presa sob 90kg de perfeição
neste momento. Na maior boa vontade.

Repentinamente, uma sirene estava se aproximando da rua, acredito que


de um carro de bombeiros. Era alta e apressada, fazendo  aquele som
estrondoso. À medida que se aproximava, ela aumentava de intensidade e logo
soube que iria acordá-lo. Queria poder alcançar a janela e fechá-la… mas
estava muito quente ontem à noite e eu estava  aconchegada no meu anjo,
assim a agradável brisa da noite era divina.

O carro vermelho parou alguns edifícios abaixo e as sirenes tocaram, um


som alto. 

Mathew POV

Eu virei a esquina da nossa rua, feliz por agora estar perto de casa. Eu
estava cansado e irritado e precisava fechar os olhos por algum tempo. Meus
olhos imediatamente notaram flashes azuis e vermelhos – polícia.
Diminuindo um pouco a velocidade, olhei à minha frente na escuridão.
Carros por toda parte. Nosso edifício é na outra ponta da estrada, então deve
ser alguma prisão ou acidente por perto.

A merda da rua inteira está bloqueada, como diabos eu poderia atravessar


agora? Talvez eles abram caminho e me deixem passar.

Aproximando-me da barreira, incapaz de seguir adiante devido a todas as


viaturas de polícia e pessoas ao redor, parei perto de um policial que estava ali
falando em um rádio.

─Senhor, você não pode passar por aqui agora. – o policial me disse, mal
olhando para mim enquanto falava em seu rádio, me ignorando.

─Como você sugere que eu chegue em casa com tudo isso no meu
caminho? – assumi uma postura, cansado demais para ser educado neste
momento.

─Eu não me importo como chegará em casa, senhor. – o policial falou como
um robô, sem vida.  ─Recue e dê a volta, é tudo o que posso lhe dizer.

Ele se virou e começou a se afastar de mim e eu o chamei, muito puto


dessa vez.

─Oficial! – gritei, mas ele continuou andando.

Eu estava prestes a chamá-lo novamente ou talvez sair do carro, mas eu


realmente não precisava ser preso agora.

─Imbecil de merda. – murmurei, dando a ré e fazendo o retorno, segurando


o apoio de cabeça do banco de passageiro enquanto voltava, saindo da minha
própria maldita rua. ─Inacreditável… são 4h da manhã…

Dei a volta toda, passando pelo meu edifício, depois por mais dez
quarteirões antes que conseguisse chegar do outro lado. Agora era por volta
das 5h da manhã e eu estava  extremamente furioso e irritado.

Nessa outra extremidade eu podia ouvir sirenes. E novamente, mais


viaturas bloqueando a estrada e policiais aglomerados, coçando suas bundas,
se beneficiando dos impostos que eu pago.

─Caralho! – praguejei, jogando meu carro para a calçada e saindo, batendo


a porta de maneira estrondosa e andando na direção de cerca de cinco deles.

─Senhor, senhor… – um deles disse para mim. ─ Essa rua está fechada, por
favor, volte para o seu carro.

─ O que? – semicerrei meus olhos e tentei ver meu prédio mais à frente,
mas estava escuro e as luzes da polícia estavam me impedindo de enxergar
qualquer coisa.
─ Essa é a MINHA rua! – expliquei um pouco alto demais. ─ Eu moro aqui,
como ela pode estar fechada?

Tentei desviar deles, mas um dos policiais mais altos gritou comigo e ficou
no meu caminho, me bloqueando.

─Senhor! – ele gritou novamente. ─ VOLTE para o seu carro eu disse!

─Eu só quero ir pra casa DORMIR, JESUS! – gritei de volta. ─ Você não
pode me dizer que não posso ir pro meu apartamento! O que diabos é isto? O
que vocês fizeram, encontraram o Bin Laden ou algo parecido?

Outro policial se aproximou de nós ao nos ver discutindo e me perguntou. ─


Qual o seu problema, senhor?

─ O meu problema é que moro nessa rua e não consigo chegar no meu
prédio, pela porra dos dois lados! Está tarde, eu quero dormir e fiquei dirigindo
por aí feito um idiota, e ninguém vai me deixar passar.

─Me deixe ver sua habilitação. – ele me disse, abrindo sua mão enluvada.

─Oh, você não acredita em mim? – eu ri comigo mesmo, sacudindo a


cabeça e levando a mão à minha carteira no bolso de trás.  ─Ótimo. Aqui.

Entreguei a ele, estreitando meus olhos e tentando novamente enxergar


mais à frente enquanto ele olhava para a licença, em seguida me fitava por um
segundo.

─Viu? – tentei sorrir, tirando minha carteira da mão dele.  ─Eu não estava
mentindo pra você. Não sou um jornalista nem nada do tipo, só quero ir
dormir.

─Venha comigo, senhor. – o policial pegou meu braço e por um instante


pensei que ele ia me prender, mas ele começou a andar depressa, passando
pelos carros que estavam me bloqueando e eu andei com ele, acompanhando
seu passo, supondo que pegaria meu carro amanhã depois de eles terem
terminado o que quer que estejam fazendo aqui.

Em alguns minutos pude ver meu edifício e estava prestes a dizer ao


policial, “Aquele é meu prédio.”

Mas eu parei e vi. E congelei. Uma enorme explosão, um barulho


ensurdecerdor veio em seguida.

─ Ugh! – levantei rapidamente, meu corpo enrijecendo enquanto  eu gritava


por entre meus dentes cerrados. Eu tremia e minha respiração estava
acelerada e pesada. Meu peito ardia.

─Hey você. – uma voz doce e suave estava bem ao meu lado e meus olhos
ganharam foco… ou tentaram.
─ Você está bem? – a voz de Skylar perguntou, suas mãos tocando meu
rosto enquanto meus olhos corriam pelo quarto incontrolavelmente. ─Você
estava tendo um pesadelo, eu acho.

─Oh… – me acalmei. ─ Desculpe, Skylar.

─Shhh. – ela beijou minha bochecha, limpando um pouco meu meu rosto
com os polegares, ─Foi assustador?

Ela sorriu e me envolveu em seus braços com força, nós dois sentados um
de frente para o outro.

Eu a abracei junto a mim e beijei seu pescoço, esfregando meu nariz ali  e
respondendo.

─Sim, aterrorizante. Havia uma garota chamada Skylar que nunca calava a
boca e não importa o que eu tentasse, ela nunca parava de falar.

─Idiota! – ela se contorceu em meus braços quando comecei a morder seu


pescoço, sua risada como uma medicação, dissolvendo toda a minha angústia
em poucos segundos.

Girei para cima dela, que se mexeu e tentou se soltar, mas eu logo a
imobilizei, segurando seus pulsos enquanto lambia sua boca, a provocando
com pequenas lambidas, não deixando que ela pegasse minha língua e a
fazendo morder o ar ao me errar.

─Te peguei. – informei.  ─De novo.

─Ah, você acha? – ela sorriu cheia de confiança.

─ Sim, acho. – retruquei, igualmente confiante, lambendo a pele sob seu


queixo enquanto ela gemia e rebolava os quadris embaixo dos meus.

─Por que você fez isso? – praticamente me queixei. E em seguida, meu


pênis estava desperto, duro e cutucando minha pequena Sky. ─ Olhe o que
você fez, sua coisinha perversa.

Ela riu, nem um pouco arrependida.

─ Agora, só por causa disso, acho que você será minha prisioneira hoje. –
sorri, beijando-a novamente, ardentemente.

─ Eu pensei… – beijou de volta.  ─… que fui sua prisioneira ontem. – ela


disse quando a beijei mais uma vez.

─ Não. – eu corrigi, buscando outro beijo. ─ Você foi minha vítima ontem. –
beijei novamente. ─ Hoje, você será minha prisioneira. – beijei novamente. ─O
que é uma coisa totalmente diferente.
─O que isso significa? – ela sorriu como se confiasse em mim e enfiei meu
rosto no seu robe, depositando um beijo no seu seio direito, a escutando dar
um gemido alto na mesma hora.

─ Eu te amarro, talvez aqui na cama… – comecei, ainda beijando ela.


─Depois te preparo um belo café da manhã… e te alimento…  – beijei sua pele
novamente. ─… então escovo seus dentes pra você…  – meus lábios
passeavam por seus seios e atacavam seus lábios.

─ Mmm. – ela retribuía meus beijos. ─ Escovar meus dentes? E depois?

─ Depois eu ataco seu corpo por algumas horas… - a beijei com mais paixão
e acrescentei, ─E continuo fazendo você gozar até estar gritando por
misericórdia… e água… mas você não vai conseguir nenhum dos dois… não de
mim…  – disse isso ainda colado em sua boca e ela sorriu entre o beijo.

─ Isso seria incrível… –ela disse. ─ Se ao menos eu não tivesse aula hoje.

─ Não… – falei em sua boca enquanto lhe beijava. ─ Não vou deixar você ir.
Vou escrever um atestado para o seu professor, assinado: Dr. Pau.

Ela deu risada e se contorceu e eu movi meus lábios mais para baixo,
afastando seu robe para o lado com o nariz e lambendo o delicado mamilo
rosado me encarando.

─Ele não vai gostar. – ela disse enquanto fitava o teto. ─ Provavelmente me
daria bronca amanhã.

─ De jeito nenhum. – mordi seu mamilo agora e ela soltou um gritinho, em


seguida acrescentei através dos meus dentes. ─ Você é minha menininha.

Ela enrolou as pernas em torno das minhas e exatamente quando pensei


que ela ficaria hoje aqui comigo, seu despertador tocou aquele zumbido
irritante.

Se esticando para alcançá-lo, ela apertou o botão soneca, silenciando o


aparelho.

─ Mmmm… – eu gemi insatisfeito. ─ Que horas você precisa ir hoje?

─ Em cerca de uma hora. – ela franziu a testa para mim enquanto eu


lambia ao redor do seu mamilo, ao mesmo tempo em que encarava de volta
seus olhinhos tristes.

─Eu não acho que gosto… do jeito que você me abandona o tempo inteiro. –
sorri afetado para ela. ─ Você não tem medo dos problemas que eu poderia me
envolver, ficando sozinho o dia todo?

─Morro de medo. – ela sorriu para mim. ─ Você não tem compromissos
hoje?
─Não, Skylar. – eu disse, sorrindo maliciosamente.

─Bem, vou pra aula cedo e assim voltarei cedo, por volta das 13h hoje. –
informou.

 ─Excelente. – eu disse, soando muito satisfeito. ─ Quem sabe hoje


podemos brincar de outro joguinho, acho que você vai gostar.

Seu rosto ficou vermelho vivo e seus lábios sorriram.

─ Talvez. – ela provocou.

─Esse é um pouco… selvagem. – avisei. ─ Mas você vai estar totalmente


segura comigo e se alguma quiser que eu pare…

─Eu sei, lo mein. – ela riu, parecendo um pouco animada, porém nervosa.

─Que garota inteligente. – eu a beijei novamente, amando o gosto dela.

─Venha, vou fazer alguma coisa pra você comer. – a puxei para fora da
cama, indo para a cozinha. ─ Tudo bem se eu tirar minha camisa agora que é
de dia, patroa?

Está ficando meio quente, este apartamento esquenta rápido quando


amanhece. E também, apenas queria ver sua expressão quando eu dissesse
isso. E foi impagável! Seu queixo caiu em poucos segundos.

Eu ri e esperei pela resposta dela.

─ Sim, escravo, tire a roupa. – ela brincou, me observando tirar minha nova
camisa favorita. Eu a dobrei com cuidado e a deixei em cima da cama para que
pudesse vestir mais tarde esta noite.

Ela pediu licença para ir ao banheiro e eu comecei a misturar a massa para


as panquecas.

Estava silencioso demais aqui, então mudei para o canal de desenhos e


como esperava, Bob Sponja estava passando. Ouvi Skylar rindo de mim
enquanto a água corria no banheiro.

Hoje eu tinha me programado para consertar aquela porta e o buraco na


parede do banheiro que eu havia feito na minha segunda manhã aqui. Não
sabia o que mais eu ficaria fazendo o dia todo. Espero que ela me dê algo para
fazer.

Enquanto eu mexia a massa de panqueca, minha mente continuava


voltando para a noite passada. Ela me abraçou durante toda a noite, afagou
meu cabelo e me beijou enquanto eu descansava em seu abraço, lutando com
as malditas lágrimas de culpa e vergonha que não cessavam. Eu contei que
tinha transado com outra mulher ontem e ela nem ligou.
Por que ela é tão gentil? Tão calma? Ou talvez isso significa que ela não
goste tanto assim de mim e não se importe com quem mais eu transe
contando que eu esteja aqui à sua  disposição quando ela estiver em casa. Mas
por outro lado… eu senti o quanto ela se preocupa… quando ela colocou a
camisa em mim ontem à noite… e disse o que disse… eu senti amor. Eu quase
não reconheci no início, mas rapidamente aquilo me atingiu de volta.

E os braços dela ao meu redor era uma sensação tão maravilhosa que eu
realmente me senti como um homem de verdade por algumas horas. Me senti
limpo. Eu senti…

─Não sei como eu vou ser capaz de sentar nessa bancada agora, depois de
ontem. – Skylar disse, sentando-se  no balcão, me assistindo fazer as
panquecas.

Eu me virei e sorri maliciosamente para ela.

 ─Eu apenas comecei a brincar com você, Skylar. Espere até ver o que
tenho planejado para  os próximos dias. Torço pra que sua coragem continue
aí.

─Pare de tentar me assustar. – ela brincou e sorriu e eu lhe entreguei um


copo de suco de laranja.

Eu dei minha melhor risada maligna, parecendo a cópia barata de um vilão


de filme antigo enquanto ela ria comigo e eu despejava massa na frigideira.

─E aí, você vai me contar? – ela perguntou de forma misteriosa, bebendo o


suco.

─Contar o que? – perguntei, realmente não sabendo sobre o que ela estava
se referindo.

─ Seu pesadelo. – ela respondeu calmamente.  ─Você deve saber que sou
muito boa em interpretação de sonhos.

Eu fiquei tenso por um segundo, depois me fiz relaxar. Eu não precisava de


uma  interpretação, o sonho estava claro e eu sabia o que era.

─Você sabia que fala quando dorme? – eu perguntei, saindo do assunto.

Olhei para ela e levantei uma sobrancelha enquanto suas bochechas


coravam à minha pergunta repentina. Céus, isso é sexy.

Joguei uma ou duas panquecas para cima já que agora era ela quem estava
tensa na situação.

─Já me contaram… – sua voz estava muito tímida e baixa. ─ O que eu


FALEI?
─Mmmm…  - brinquei com ela agora, colocando três panquecas no prato. ─
Coisas incríveis, perversas… e apimentadas… coisas que eu jamais contarei a
você.

Coloquei o prato na frente dela e sua boca formou uma linha fina.

─ Anda logo, responde. – ela implorou.

─ Nada disso. – coloquei o frasco de calda no balcão e lhe entreguei um


garfo também.

─ Pirralho. – ela ficou com raiva e fez bico. Ela estava tão fofa que eu quase
ri e lhe contei.

Mas não, isso é meu pequeno segredo. Eu quero guardá-lo para mim por
algum tempo.

Ela bufou e começou a comer enquanto eu pegava meu prato e sentava ao


lado dela no balcão. Pelo menos ela tinha esquecido de perguntar sobre meus
sonhos.

─Mathew… posso te perguntar uma coisa?

─Claro. – eu esperava que fosse algo que eu pudesse responder.

─Ontem à noite, você comentou que Claire te disse, naquela primeira vez
em que você… trabalhou pra ela… que você a pertencia e que salvou sua vida.
Isso é sério, ou é tipo, uma maneira de falar?

─ Não. – eu respondi, dando uma mordida na panqueca com a calda


escorrendo. ─ Em primeiro lugar, ela me possuía. E ela realmente salvou a
minha vida. Eu havia emprestado muito dinheiro de um  empréstimo que tinha
com uns caras, quando eu peguei, eu sabia que não podia pagar de volta…e
eles queriam de volta com juros. Eu estava meio de volta às ruas por alguns
dias depois e eu continuei andando e pegando trens, para qualquer lugar, de
forma aleatória, tentando me esconder deles. Então, uma noite minha sorte
acabou e os vi me seguindo. Estava muito tarde, eu acho que lá pelas 2 da
manhã ou algo assim, e eles me pegaram, me colocaram dentro de beco e
começaram a me espancar, pedindo pelo dinheiro deles. Eu não sabia
exatamente como revidar, e mesmo se eu soubesse, não era uma briga justa,
um cara te segurando enquanto o outro te dava socos na cara e no estômago.
De qualquer jeito, esse beco era atrás da Fire, e Ryan ouviu tudo… e ele bateu
nesses caras e me levou para dentro do clube, pela porta dos fundos. Eu
estava muito machucado e tinha quebrado algumas costelas. Ryan estava
comigo no camarim e estava tomando conta de mim, colocando curativos.
Claire logo depois apareceu lá e foi quando eu a conheci. Ela foi muito legal,
ela disse que eu tinha um peitoral bonito e então ela disse que ia ligar para a
ambulância, mas então os que estavam me cobrando dinheiro arrombaram a
porta de trás e me exigiram. Eu sabia que estava morto, eles tinham suas
armas levantadas e mesmo quando Claire perguntou o que eles queriam, eles
disseram que queriam me levar de volta e me atirar na cara. Eles estavam
bêbados e machucados depois do ataque de Ryan. Eu comecei a me levantar
para ir com eles, mas Ryan me empurrou para baixo da minha cadeira e ficou
na minha frente. E então Claire se posicionou, ela perguntou para eles quanto
eu devia. Claire disse para eles darem a ela 15 minutos e que ela iria pegar o
dinheiro deles. Ela me levou até seu escritório e me fez tirar toda a minha
roupa. Ela me disse para… mostrar a ela o quanto eu queria viver e, em
seguida, se eu era bom o suficiente, talvez ela pagaria esses caras e me
salvaria. Eu…fiz isso com ela… e, em seguida, ela pagou a minha dívida. Eles
foram embora  após serem pagos, me dizendo que eu era sortudo e para
nunca mais ir até eles por causa de dinheiro. Então, Claire virou-se para mim,
disse que eu era dela agora e que eu iria trabalhar para ela e fazer qualquer
coisa que ela dissesse. E foi aí que eu comecei a trabalhar na Fire. 

─Mathew … – Skylar disse, em voz baixa, olhando para o seu prato, com o
garfo parado nas panquecas.

─Ela me salvou. – eu disse simplesmente, ouvindo a pena na voz de dela. ─


Ela não precisava, ela poderia ter deixado eles me matarem. E eu pensei que
eu estava morto, mesmo depois que eu fiz para Claire. Pensei que não tinha
saído bem porque eu estava ferido e tinha quebrado costelas e doeu como o
inferno, mas eu acho que ela gostava de mim o suficiente para me ajudar. 

Eu continuei comendo e vi Skylar olhando para seu copo de suco agora,


pensando em algo que eu não podia ler em seus olhos.

─Por que você pegou emprestado esse dinheiro, por que você precisava de
todo esse dinheiro? – ela perguntou, olhando para mim.

─ Eu disse a você …Eu estava sem dinheiro. – eu esperava que ela tivesse
deixado por isso mesmo. Mas,  isso é Skylar e ela não o fez.

─ Mas você não  deveria ir  até agiotas para pegar emprestado o dinheiro
para o aluguel ou alguma coisa, isso é loucura.

Eu ri.

─ Você não deveria evitar palavras com “loucura” quando você está
conversando com seus pacientes? Isso não é muito Dr. Skylar da sua parte.

─Eu não sou a Dr. Skylar agora. – ela informou, um pouco frustrada agora.

Eu tinha acabado de comer e parecia que ela não estava com fome,
também.

 ─Você terminou? – eu perguntei.

─ Não, eu não acabei. Eu só quero saber de você, Mathew. – ela parecia tão
perdida e frágil, de repente. ─Eu não estou tentando  me intrometer, eu só
queria que você confiasse mais em mim. Eu te disse, eu sou sua amiga. Você
pode falar comigo.

Eu sorri e olhei para baixo em seus olhos pequenos e doces, corrigindo a


mim mesmo.

─ Não, eu quis dizer… – eu levantei o prato um pouco. ─ Você terminou…de


comer?

─Oh. – ela ficou vermelha de novo e eu abafei um pouco a risada. ─ Sim,


muito obrigada.

─ Skylar… – eu comecei com cuidado enquanto eu colocava os pratos perto


da pia. ─ Eu sei que você quer me conhecer…e eu estou tentando me esforçar
para ajudá-la e responder às suas perguntas. Eu realmente estou. Mas há
algumas coisas que eu não posso te dizer. Coisas que como eu disse, você não
entenderia. Eu confio em você e eu não posso acreditar que  em apenas 3
dias, eu estou dizendo a você o que estou lhe dizendo. Mas há algumas portas
que estão bloqueadas para sempre e nunca vão abrir novamente. Você…
entende isso?

─Sim.  – ela parecia um pouco derrotada quando olhou para mim, e


acrescentou. ─ Mas eu vou continuar tentando e você não pode ficar com raiva
de mim por isso. É o meu trabalho. Não é mais sobre a minha nota na escola,
Mathew. Eu realmente quero ajudá-lo.

─ Você está ajudando. – eu andei até o balcão, tomando seu rosto em


minhas mãos e a beijando. ─ Você sabe quanto tempo passou desde que
alguém me abraçou?  - beijei sua boca. ─ E quis conversar comigo?  - eu não
conseguia desgrudar de seus lábios. ─Eu sinto muito que estou tornando isso
difícil para você. 

Inclinei a minha testa na dela e fechei os olhos, sorrindo.  ─ Você faz eu me


sentir real, Skylar. Eu gosto disso.

Ela soltou um suspiro e levantou-se, abraçando-me mais apertado enquanto


eu coloquei um outro pequeno beijo em sua boca doce, com gosto de calda.

─ Vá se vestir para a escola, Skylar. – eu disse antes que eu decidisse


agarrá-la aqui  mesmo na bancada.

Skylar POV
Eu ainda estava imersa em pensamentos sobre Mathew enquanto
caminhava para a escola com as garotas. Elas me perguntaram como estavam
indo as coisas com ele e eu apenas respondi, “Bem.”

Eu não queria contar nada para elas e sabia que elas estavam um pouco
chateadas e magoadas com meu silêncio, mas eu não me importava. Eu
estava tão fissurada, triste e confusa, frustrada e me sentindo incompetente,
zonza de amor e com o coração partido ao mesmo tempo.

Ele nunca deixaria esse estilo de vida. Ele afirmou isso. E ele não confia
plenamente em mim, também. Mas o que eu esperava? Só faz três dias.

Minhas expectativas eram altas demais, e eu não estava me esforçando


para alcançá-las. Decidi parar de agir como uma criança e ser mais paciente…
e continuar tentando. ‘Não desista’ se tornou meu novo lema.

Aquela vagabunda, Claire! Ele definitivamente falava como se confiasse


nela, no entanto ele não consegue confiar em mim? Eu aposto que ela sabe
toda a história de vida dele. Que cretina! Como ela pôde fazer aquilo com ele?
Eu visualizava toda a cena na minha cabeça…

Mathew sentado, sem camisa enquanto Ryan envolvia os ossos quebrados


com alguma gaze, os hematomas roxos na pele dele, que pressionava um
pano na boca sangrando.

─ OW… – Mathew  grunhiu, estremecendo quando a faixa apertou suas


costelas.

E então a voz de Claire surgindo atrás de suas costas expostas.

─Ora, ora, ora… – ela murmurou.  ─ O que temos aqui?

─ Oh. – Ryan ficou de pé e Mathew se virou com dificuldade na direção


dela, mantendo uma mão na região enfaixada do seu corpo. ─ Claire, esse é
Mathew. Ele estava tendo um  probleminha lá atrás e eu o trouxe para dentro
para ajudá-lo com esses ferimentos.

─ Ryan, você é tão fofo… – Claire sorriu para Mathew enquanto falava com
Ryan, passeando sua mão pelos fios claros do cabelo de Mathew, e depois
pelas costas dele. ─ Sempre ajudando os perdidos…

─ Sinto muito, eu deveria ir embora. – Mathew  se contraiu


involuntariamente, segurando suas costelas ao tentar se levantar e pegar sua
camisa amarrotada.

─ Não, não, não… – Claire o empurrou com cuidado de volta para a cadeira,
Ryan fazendo o mesmo. ─ Fique… este é meu estabelecimento e você é meu
convidado. O que acha de uma bebida e algo para comer? Vou chamar uma
ambulância  depois se você quiser.
─ Oh não, eu não poderia… – ele provavelmente estava envergonhado por
estar com fome, e ao mesmo tempo queria manter seu orgulho.

─ Eu insisto. – Claire sorria, acariciando a face dele com os dedos. ─ Você


parece faminto, meu amor. Vou te preparar um delicioso filé, Mathew. Deixe
que o Ryan te ajude, ele é muito bom em cuidar de hematomas e esse tipo de
coisa. Fique.

Ela se afastou e lançou um olhar para Ryan.

Imaginei uma conversa amigável entre Mathew e seu novo amigo sobre
quem eram aqueles caras que estavam espancando-o e por que motivo… e
depois Claire trazendo um prato de comida e  provavelmente sentando-se com
eles, escutando toda a história enquanto Mathew comia, não sendo capaz de
resistir ao cheiro da carne assada. Provavelmente havia se passado dias desde
a última vez que se alimentou.

E então, possivelmente a essa altura os agiotas ou seus comparsas – seja lá


o que fossem – haviam se recuperado no beco e agora, muito irritados,
arrombavam a porta dos fundos da boate, exigindo vingança… exigindo
Mathew.

Como ele os descreveu, eu os vi na minha mente, armas em mãos,


encarando um assustado, porém congelado Mathew.

─ De pé, garotão. – um deles zombou na minha visão. ─ Hora do


pagamento.

Ryan imediatamente se levantou, e ficou na frente do colega.

─ Querem mais um pouquinho? - Ryan ameaçou a dupla com mais


violência, sorrindo e a postos na frente de Mathew.

Eles engatilharam suas armas na direção do rosto de Ryan. ─ A menos que


consiga pegar balas com os dentes, você vai sair do caminho e nos deixar
realizar nosso trabalho. Fique fora disto. Não te diz respeito.

Mathew levantou e pressionou a mão contra o lado direito do corpo,

─ Ryan, não. Ele tem razão, eu vou com eles.

─ Sente aí , Mathew. – Claire levantou, franzindo a testa e falando para os


homens. ─ Este é o MEU estabelecimento, como vocês se atrevem a entrar
aqui com ARMAS?

─ Caire, não! – Mathew a advertiu fracamente, não querendo que ela se


machucasse também.

─ Esse filho da puta nos deve muito dinheiro! – um dos homens gritou.
─Estávamos pensando em  dar mais um dia, depois de um pequeno susto, mas
agora estamos putos! Esse seu capanga me feriu na cabeça e quebrou a mão
do meu parceiro! Seja grata por só atirarmos no carinha ali, bem no rostinho
bonito dele e não em seu garoto também.

─ Esperem aqui. – Claire disse a eles com um tom de voz estranho. ─Eu
vou lá pra cima ter uma conversinha com Mathew e depois vou dar o dinheiro
de vocês.

Ela se moveu devagar, ficando agora na frente de Ryan, protegendo seu


dançarino.

O rosto de Mathew franziu em confusão e hesitação enquanto a observava,


mas ela manteve o olhar nos homens armados.

─ Você acha que a gente é idiota? – um deles questionou. ─ Não vamos


ficar aqui esperando enquanto você liga para a polícia.

Ela bufou e Ryan riu.

─Polícia. – ela riu para si mesma. ─ Eu tenho drogas e garotos de


programas fodendo clientes em quartos particulares aqui, vocês acham que
vou chamar a polícia… por qualquer motivo? Não preciso de um policial, eu
posso acabar com a raça de vocês dois sozinha. Sabe, não é minha primeira
vez.

Eles olharam rapidamente um para o outro, pensando.

─ Eu sei que vocês trabalham para outra pessoa. – ela informou bastante
calma, sorrindo. ─E que se não receberem o dinheiro dele esta noite, vocês
mesmos estarão em grandes problemas. Vocês podem sentir um certo prazer
matando Mathew, mas aí nunca receberão seu dinheiro. E o que o patrão de
vocês irá dizer sobre isso?

Eles pareceram nervosos e engoliram em seco, percebendo que ela estava


certa.

─Me deem um momento para me acertar com Mathew. – Claire recuou e


pegou Mathew pela mão. ─ Quando resolvermos nosso assunto, e se correr
tudo bem, eu mesma darei o dinheiro de vocês aqui em baixo… à vista. O
acordo é esse. É pegar… ou largar.

Finalmente, um deles falou.

 ─ Anda logo com isso.

─ Claro. Venha, Mathew. – Claire abriu um sorriso e levou Mathew com ela,
pedindo a Ryan para distraí-los até ela voltar.

A caminhada pelo corredor e para o outro lado da linha vermelha que dava
para a boate lotada e escura deve ter sido difícil para Mathew, com aquelas
costelas quebradas. Ele provavelmente viu, então, os dançarinos e as mulheres
na jaula enquanto ela o guiava em silêncio escada acima para seu escritório.

A porta do escritório foi fechada e a trancou, dando alguns passos para


longe dele, sentando em cima da sua mesa e o observando, cruzando as
pernas longas e brancas.

─ Mathew, Mathew, Mathew… – ela balançou a cabeça. ─  você está em


uma pior, não é mesmo, meu amor?

Ele estava parado perto da porta trancada, esperto o suficiente para saber o
que ela queria dele. Não acostumado a estar nesse tipo de situação, sua
mandíbula travou, a boca era formava uma  linha severa, seus olhos fitando o
chão, vazios no desespero enquanto ele tentava pensar num jeito de sair dessa
confusão.

─ Você não pode pagar todo esse dinheiro. – ele disse com um tom de voz
fraco. ─ E por que pagaria? Você nem sequer me conhece.

─ Bem, é por isso que eu te trouxe aqui. – Claire colocou as mãos ao seu
lado sobre a mesa, sorrindo e divertindo-se com ele, os olhos passeando pelo
seu peito. ─Vamos nos conhecer… e se eu gostar de você, pagarei aqueles
pilantras. A partir desse momento você será meu, completamente, até pagar
sua dívida. Você fará tudo o que eu disser, e trabalhará para mim. Ou… senão,
pode ir lá pra baixo, acompanhar  aqueles caras para fora e deixar eles
foderem a sua boca com as armas deles antes deles antes de atirarem em
você. Eu os conheço. Sei para quem trabalham. Eles não vão te dar uma morte
rápida. Vai durar um longo tempo. E quando eles te matarem, você irá
agradecer.

─ O que você quer? – ele perguntou, os braços segurando as costelas


enquanto ele se arqueava um pouco, apoiando-se na porta.

─ Tire suas roupas, tudo. – ela disse direta ao assunto, sem vergonha
nenhuma.

Os olhos dele se arregalaram e dispararam para ela, que o encarava de


volta, lhe mostrando que não estava brincando.

Ele não se mexeu por um momento, sua respiração aumentando um pouco


à medida que ele avaliava suas opções, não gostando de nenhuma delas.

─ Você não quer morrer, quer, Mathew? – ela pressionou delicadamente. ─


Você tem uma razão para viver, não tem? Não quer perder isso para sempre,
ou quer, Mathew?

Após um minuto, Claire revirou os olhos. ─ Ah, qual é, Mathew, você


realmente prefere uma morte dolorosa à MIM?
 Mathew ficou imóvel por mais um tempo, então finalmente fechou os olhos
um segundo, as mãos desabotoando e abrindo o zíper da sua calça, suspirando
e a puxando para baixo, gemendo um pouco pela dor nas suas costelas.

 Claire sorriu, balançando a cabeça em aprovação algumas vezes enquanto


ele chutava os sapatos e tirava a calça, formando uma pilha no tapete, e
depois rapidamente removendo sua cueca antes de se permitir pensar muito a
respeito disso.

 Ele se recostou na porta agora com uma expressão enrijecida os braços


tensos e a mão direita segurando seu braço esquerdo, os punhos cerrados
cobrindo seu pênis exposto enquanto o corpo tremia levemente, seus olhos no
chão.

 ─ Relaxe, amor, relaxe… – ela sorriu diante da inocência dele e se sentiu


excitada. ─ É apenas pele, vejo isso todo dia. Vire-se… devagar. Deixe eu te
ver, anjo.

 Com um calafrio, ele lentamente se virou. O movimento pareceu durar uma


eternidade, mas finalmente seu bumbum a encarava e ele deixou a cabeça
bater na porta com um pequeno baque, descansando-a ali, os olhos fechados
enquanto sua respiração tornava-se mais alta e irregular. Claire até pensou ter
o escutado choramingar.

 ─Você está chorando? – ela deu risada. ─ Meu Deus do céu.

 Ele não respondeu.

 ─Você tem uma bunda ótima. – ela deu sua opinião profissional. ─ Um
pouco mais de músculos não faria mal. Você vai malhar todos os dias a partir
de agora, Ryan irá te ensinar. Vire pra cá de volta.

 Ele obedeceu, os olhos molhados e frios ao olhar para ela, a boca numa
careta permanente.

 ─ Abaixe os braços. – ela mandou, esperando.

 Ele hesitou novamente e ela sorriu, dizendo. ─ Aqueles caras não vão
esperar a vida toda. E se eles atirarem no Ryan enquanto esperam, a culpa vai
ser toda sua.

 Respirando outra vez, ele rigidamente colocou os braços ao lado do corpo,


grudando-os na porta como se algo estivesse segurando eles contra sua
vontade.

 ─ Uau. – ela parecia impressionada. ─ Entendo porque você estava


protegendo isso. Muito bom, Mathew. Agora deixe ele duro.

 Seus olhos saltaram para os dela.


─ O quê? – ele sussurrou em descrença.

 ─ Deixe. Ele. Duro. – ela repetiu pausadamente como se ele fosse estúpido


ou algo parecido.

 ─ Eu não posso simplesmente… deixá-lo… duro… – ele parecia humilhado.


─ Não sou uma máquina!

 ─ Claro que você é. – ela disse sem emoção. ─ Nós todos  somos


máquinas.Se você quer viver e tocar sua vida é melhor se tornar  uma
máquina. Já. Quando você me pertencer não vou tolerar esse tipo de vergonha
e não haverá bajulação. Eu não sou professora de jardim de infância e você
não é nenhuma criança. Pare de desperdiçar meu tempo e deixe isso duro.

 Ela lhe deu um ou dois minutos e ele fechou os olhos, lutando


internamente. E logo ele estava ereto e odiando aquilo.

 ─ Venha aqui, Mathew.

 Ela subiu seu vestido curto, revelando o que havia entre suas pernas
enquanto ele se aproximava devagar com o rosto cheio de revolta e dor.

 ─ Lição número um. – Claire segurou o queixo dele na sua mão macia e
perfumada, sacudindo um pouco. ─ Desfaça essa cara. Nada de choro, nada de
nojo, nada de careta… sorria.

 Ele deixou escapar um suspiro torturante a essa advertência e ela franziu o


cenho para ele, apertando seu rosto um pouco mais forte.

 ─ Sorria, Mathew. Eu quero acreditar que você me deseja.

 Os lábios dele se curvaram um pouco, tentando sorrir, mas seus olhos
estavam  perdidos e em sofrimento.

 ─ Vamos lá, tente de novo… – ela falou de maneira doce, o observando


tentar. ─ Me deixe ver seu belo sorriso, amor.

 Ele sorriu mais, mas nunca alcançou seus olhos.

─ Podemos trabalhar nisso mais tarde. – ela parecia estar desapontada. ─


Me foda.

 ─ Claire… – seus olhos se apertaram fechados por um instante.

 ─ Agora. – ela deitou sobre a mesa. ─ Eu gosto com força e violência, sem
beijos. Embora você vá aprender a servir as clientes mais tarde. Vamos,
Mathew, tic tac.

 Sem dizer uma palavra, ele chegou mais perto e estremeceu quando
posicionou as pernas dela em seus ombros, apoiando-as ali, esperando.
 ─ Faça gostoso, Mathew. – ela alertou. ─ Me faça gozar e pagarei sua
dívida.

O sinal tocou e eu pulei bruscamente, vendo James em pé na frente da


classe, abaixando o giz e tirando a poeira das mãos. ─ É isso. Tenham um bom
dia, pessoal.

Merda. A aula acabou e acho que não prestei atenção em uma palavra dela.
Droga, espero que ele não tenha marcado nenhuma prova ou algo assim.

 Peguei minha bolsa e comecei a sair da sala, descendo ao fundo da


aglomeração de alunos e entusiastas quando ouvi James perguntar,

 ─ Está tudo bem, Sky?

 Eu pulei com o susto e me virei para ele, parando.

 ─ Sim, tudo bem. – menti.

 O restante dos alunos tinha saído agora e James forçou um sorriso,


percebendo algo de errado. ─ Eu conheço aquele olhar no seu rosto. Era o
olhar de estou-a-milhares-de-quilomêtros-de-distância. Sou professor de
psicologia, percebo essas coisas.

 ─ Sinto muito… eu só… estava viajando, eu acho… – tentei me explicar,


falhando miseravelmente.

 ─ Sente-se aqui. – ele me ofereceu uma cadeira na frente se sentou em


uma ao meu lado. ─Fale comigo, Sky. O que se passa na sua cabeça?

 Eu era estúpida… estava magoada… e sentindo como se tivesse falhado


com Mathew… e, insensatamente, comecei a chorar.

 Eu me sentia uma idiota e pior, uma garotinha, e estava humilhada por
James estar me vendo assim. Ele deve pensar que sou uma fracassada.

 ─ Oh – James disse calmamente, indo até sua mesa e voltando com um


lenço e o entregando para mim.

 Eu aceitei e o pressionei sobre minha boca, mais para abafar os pequenos
soluços que escapavam. Algo dentro de mim doía absurdamente e eu vinha
segurando aquilo, e agora não conseguia pará-lo.

 ─ Shhhh… – James estava sentado perto de mim novamente.

 ─ Eu nunca vou ser uma psiquiatra. – chorei com o lenço tampando meu
nariz.

 ─ sim você vai, Skylar. – James disse com firmeza. ─  E será uma das
grandes.
 ─  Eu tenho tanto medo de perguntar o que devo perguntar. -  chorei, as
lágrimas livremente caindo dessa vez. ─ E tenho medo de quais serão as
respostas dele. Eu fico tão apavorada que ele fique bravo comigo e vá embora
se eu perguntar coisas difíceis demais de  responder. E eu quero ajudá-lo, mas
ele continua me afastando. Eu odeio magoá-lo com minhas perguntas. Ele
chorou ontem à noite e eu quis morrer. Justamente quando penso que estou
começando a conhecê-lo, ele não me responde e quer conversar sobre sexo
outra vez.

  ─  Tudo bem, você está falando do Mathew.  – James disse, confirmando
para si mesmo em voz alta. ─ Eu sei que ele é complicado para um primeiro
paciente e eu te avisei que seria difícil. Sexo é o apoio psicológico dele, seu
escudo. Você já sabia disso. Mas você pode fazer isso. Você não tem medo,
por exemplo, por pensar que ele  pode se tornar violento, não é?

 ─  Não. – eu funguei. ─ Ele não é violento.

 Imagens de Mathew apertando a mão na minha boca vieram na minha


mente e meu corpo sentiu-se aquecido por míseros segundos.

 ─  Ok. – James me fitou, um olhar satisfeito em seu rosto tanto quanto eu
poderia dizer através das minhas lágrimas. ─Do que você tem medo, Skylar?

 ─ Se eu te contar… você me promete que nunca vai dizer nada…? – ouvi


minha voz murmurar.

 ─ Eu prometo. – James revirou os olhos de leve. ─ Juramento de médico,


lembra?

 ─ Eu me importo com ele. – eu estava soluçando novamente. ─Eu acho…

 ─  Acha o quê, Skylar? – James colocou uma mão nas minhas costas.

 ─ Eu acho que estou tendo… sentimentos por ele.

 A verdade era: Eu estava profundamente apaixonada por ele e sabia que


jamais ia me livrar disso agora. Eu queria ficar com ele para sempre, mas eu
sabia que isso era impossível para nós. Um milhão de coisas se colocavam em
nosso caminho e sei que ele nunca pode me amar em de volta depois de tudo
que ele passou. Para ele dizer as palavras ‘eu te amo’ e realmente senti-las, só
com um milagre.

 E mesmo que as dissesse, nós ainda teríamos mais novecentos e noventa e


nove mil obstáculos para superar. E eu já me sentia esgotada. Nós nunca
poderíamos conseguir. Nós nunca conseguiríamos.

 ─ Skylar. – James esfregou minhas costas e falou calmamente, não


parecendo surpreso, ─Isto é comum. Especialmente quando ainda está em
aprendizado, como você está. Tudo bem você se importar com ele, isso é o
que um bom terapeuta faz. Mas, você não pode ter sentimentos por ele,
Skylar, não pode. Você precisa parar a si mesma. Eu sei que você disse que
ele é muito atraente e que é o trabalho dele ser charmoso e flertar e seduzir
você. Ele é um mestre em manipular  e pelo o que ouvi dele até agora ele
continuará fazendo isso, mesmo sem sequer perceber que está fazendo. Você
não pode permitir que ele te seduza desse jeito, Skylar. Você tem que ser mais
forte do que ele.

Eu não posso permitir que ele me seduza… é pra rir, né, ouvi minha
adolescente interior dizer em sarcasmo enquanto eu me lembrava dos sete
orgasmos, ele penetrando em mim por trás, a bancada, o balcão, o chuveiro, a
massagem! Ele já tinha me seduzido várias vezes e não apenas o meu corpo,
minha mente, meu coração, até mesmo minha alma.

 Me acalmei um pouco e resmunguei.

 ─ E se eu não for?

 ─ Então você tem que deixá-lo encontrar um médico de verdade… e deixá-


lo partir. – James disse decidido. ─ Para o bem dele, assim como para o seu.
Você não pode ajudar uma pessoa que está se afogando se você também
estiver se afogando, pode?

 James adorava usar a imagem de alguém se afogando. E acho que ele


havia fixado aquilo dentro da minha cabeça também, foi assim que imaginei
Mathew na noite passada.

 ─ Não. – funguei, secando minhas lágrimas com o lenço.

 ─Você vai ficar bem, Sky. – ele sorriu e me olhou com atenção. ─ Gostaria
que eu te levasse em casa?

 ─ Não. – me levantei. ─ Eu posso ir andando, está um dia tão bonito lá


fora.

 ─Está certo. – ele levantou comigo, dando tapinhas no meu ombro, ─Tenha
uma boa noite. Mantenha a cabeça erguida.

 ─Obrigada. – fui devolver seu lenço e ele ergueu uma mão, dizendo,
─Fique com ele, querida.

 É, acho que ele não o quer de volta agora, depois de eu ter sujado tudo.

Ao chegar em casa eu me sentia muito melhor, no entanto ainda mais idiota


por ter desabado na frente de James daquele jeito. Apesar disso, acho que eu
precisava desabafar e realmente sentia como se estivesse mais leve, de certa
forma.

 Meus problemas não desapareceram de uma hora para outra, mas eu disse
a mim mesma que poderia lidar com isto. Eu teria que me esforçar mais com
Mathew, manter meus sentimentos por ele acalmados e não pegar pesado
demais.

 Eu tive medo que abraçá-lo durante a noite fosse espantá-lo mais ainda,
mas hoje de manhã ele declarou que tinha gostado de ser abraçado e eu
sinceramente acreditava nele. Ele disse que eu fazia ele se sentir real.

 Fico com os olhos úmidos mesmo agora, lembrando da sua voz


pronunciando as palavras.

 De agora em diante eu teria que me contentar com nosso tempo juntos e
aproveitá-lo, tentar ao máximo ajudar Mathew e parar de ter medo de ferir
seus sentimentos e deixar ele irritado. Eu teria que começar a fazer o meu
trabalho… custe o que custasse.

 Eu estava com saudades dele outra vez, embora em meus pensamentos eu
nunca o tivesse deixado. Seu beijo quando saí hoje de manhã foi o mais
intenso de todos até agora e eu realmente me peguei confiando nele, apesar
das advertências do meu cérebro. Aquele eu senti em meu coração E meu
coração não estava escutando minha mente neste momento. Isso vai
certamente acabar em desastre e eu também sabia disso.

 Quando cheguei ao final das escadas, parte de mim estava paranóica e


olhando ao redor, me perguntado se Mathew iria me agarrar por trás
novamente para repetir a performance de ontem. Mas, pelo visto, nada de
estuprador na minha escada hoje.

 Em vez disso havia um bilhete dentro do apartamento, em cima do balcão


da cozinha. Era um bilhetinho adesivo amarelo que apenas dizia

 “Vista uma blusa leve e uma saia e venha me encontrar.”

Tinha um endereço no papel que era a poucas quadras daqui, na cidade.

 Senti meus lábios se abrirem num sorriso e fui para meu quarto para
seguir as minhas instruções imediatamente, me perguntando o que estava
acontecendo, o mistério e a expectativa já me deixando louca.

 Eu até passei um pouco mais de maquiagem, me olhando no espelho de


corpo inteiro no meu banheiro. Eu não estava nada mal, enquanto conferia a
blusinha branca sem mangas que levantava e unia os meus seios, me
rendendo um generoso decote, e minha leve mini saia vermelha, com um
adorável par de sapatos que Riley me dera mês passado, que eram vermelhos
e de salto altos e tinham uma fita que ia em volta dos tornozelos, muito sexy.
Aposto que Mathew vai adorar estes.

 Arrumei meu cabelo e coloquei um pouco de perfume, depois me apressei


para fora, apenas levando uma bolsinha vermelha para carregar minhas
chaves. Eu voltei e joguei algumas camisinhas na bolsa também, só pra
garantir. Com Mathew nunca se sabe o que pode acontecer.
 Com o recado dele em mãos consegui chegar à rua que ele tinha anotado.
Agora eu só precisava localizar o prédio certo. 243… 243… eu procurei. Todos
esses prédios eram lojas, boutiques, restaurantes… pode ser que ele me
encontre para o almoço. Ok, agora estou no 216. Eu precisava atravessar a
rua e continuar andando mais um pouco.

 Me misturei com os pedestres; alguns homens sorriram para mim quando
passei por eles e me senti corar. Homens são tão fáceis. Basta usar um pouco
de maquiagem e salto alto que eles já ficam com as línguas de fora.

 Cheguei ao 243 e vi que era uma livraria. O Guardião  a placa dizia. Olhei
para meu bilhetinho e para a janela. Era gigante lá dentro, de pessoas cultas,
um homem idoso sentado ao caixa na entrada lia um livro, seus óculos
empoleirados no nariz, aparentando estar entediado.

 Por que Mathew queria que eu viesse aqui vestida numa saia e blusinha?
Talvez isso esteja errado.

 Fui para a porta e a abri, uma campainha tocando quando entrei. O velho
se endireitou, empurrando os óculos para cima quando a luz ofuscante do sol
criou uma pequena mancha branca na sua cabeça quase careca.

 Sorrindo para mim, ele era a gentileza e simpatia em pessoa para o


atendimento ao cliente.

─Boa tarde, senhorita.

 ─Boa tarde.

 Era bastante silencioso e agradavelmente um tanto escuro aqui, sem


muitas luzes brilhantes, somente o sol da janela dando alguma claridade ao
interior. Filas e filas de livros se estendiam para trás da loja e parecia mais
escuro ainda ao fundo.

 ─Posso ajudá-la a encontrar algo em especial, minha querida?

 Claro,onde está meu delicioso Mathew?

 ─Umm, não, obrigada. Vou só dar uma olhadinha, se estiver tudo bem.

 ─Fique à vontade. Me chame se precisar de alguma coisa.

 ─Obrigada.

 Voltei a olhar para ele, caminhando lentamente pelas estantes de livros


que eram tão altas quanto o teto. Eu espiei cada corredor, procurando por
Mathew,encontrando ninguém. Acho que eu sou a única pessoa nesta livraria.
Havia placas vermelhas aqui e ali que diziam coisas como ‘Por favor, devolva
os livros às estantes corretamente. Obrigado.’.
 À medida que seguia adiante, eu arfei. Havia pilares de pedra e colunas de
mármore e o teto erguia-se no estilo de uma catedral, agora parecendo uma
igreja, uma mansão com muitos corredores escuros de livros que atingiam
cerca de dez metros acima da minha cabeça.

Isso é incrível! Tão bonito!Parecia medieval, sombria, e uma sensação de


mau pressentimento se instalou  dentro de mim.

 Procurei por cerca de dez minutos e não avistei nenhuma outra alma no
lugar. O velho homem estava à mundos de distância agora, na entrada da loja
e eu estava perguntando-me se talvez ele ou eu não tivesse cometido um erro
em algum pé do plano.

 Eu me virei para começar a voltar, mas então notei um longo corredor que
ia para a esquerda que eu não tinha examinado ainda e numa placa acima do
corredor lia-se ‘Ajuda Sexual’.

 Um sorriso veio à minha boca e murmurei para mim mesma, ─Seu
babaca…

 Eu sei que ele está lá, eu simplesmente sei.

 Lentamente, eu fui em direção do corredor e dei uma olhada. Ninguém ali.


Olhei em volta. Ninguém em lugar algum. Andei para dentro do corredor e
estava confortável e nervosa ao mesmo tempo. Uma luz fraca brilhou do teto,
mas comecei a analisar os livros por onde estava passando.

 Deixei meus dedos tocarem um ou dois deles, e então avistei um que


parecia bastante depravado à direita. ‘Aprendendo a ser uma Submissa’.

 Espiando ao meu redor, não vi ninguém e tomei um fôlego, abrindo o livro


e folheando as páginas.As fotos! Eu fiquei hipnotizada pelas coleiras de couro
preto e roupas de borracha… as inacreditáveis posições em que elas estavam
amarradas me desnortearam e senti minha boca abrir quando comecei a virar
o livro ao contrário, tentando descobrir se ela estava de cabeça para baixo ou
não…

 ─Eu já li esse. – uma profunda voz rouca  masculina disse atrás de mim e
eu berrei alto, jogando o livro pro ar e sentindo ele me atingir no nariz ao cair
no chão. Isso tudo aconteceu em um segundo.

 Uma risadinha veio da voz, mas ainda não olhei. Eu me agachei para pegar
o livro e comecei a enfiá-lo de volta no seu espaço apertado na estante de
livros, mas a mão atrás o tomou de mim.

 Eu sabia que era Mathew, mas estava tentando me recuperar do meu
ataque cardíaco com algum pingo de maturidade. Além disso, eu queria que
meu rosto esfriasse, assim ele não me veria corar. Detesto ficar vermelha.
 ─O papel de uma submissa é servir e dar prazer. – sua voz rouca leu para
mim do livro, ─Mas deve ser um presente, dado ao seu Mestre de livre e
espontânea vontade,  completo amor e afeição.

 Quase virei na direção dele, mas me contive. Sua mão moveu-se


lentamente pela lateral da minha perna e subiu para dentro da minha saia,
acariciando pra cima e pra baixo delicadamente.

 ─Uma submissa é uma voluntária. – ele leu, sua voz como sexo. ─ Uma
escrava não  é uma voluntária.

 A mão livre dele estava no alto da parte superior da minha coxa,


massageando com um pouco mais de vigor agora, se deslocando para trás,
sob a minha calcinha, esfregando meu bumbum enquanto continuava lendo.

─Seu Mestre pode açoitar seu corpo com o chicote dele. – ele lia, os dedos
segurando a tira lateral da minha calcinha. ─ Mas seu prazer também é beijar
e acariciar para afastar a dor.

 Ele começou a puxar minha calcinha um pouco para baixo e eu olhei direto
para frente, observando por entre as estantes, sobre as pilhas de livros diante
de mim, e procurei horrorizada por outras pessoas ao redor.

 Aqui é um lugar público… oh não… ele vai… bem aqui no meio  da loja?
Puta merda.

 Eu podia me ver agora, ligando para o meu pai para pagar minha fiança
porque fui pega transando em uma livraria.

─Algum desses… interessa  você? – ele perguntou, não lendo o livro mais.

 Ele estava  me perguntando se eu queria prosseguir e eu continuei olhando


pelas frestas, para o corredor seguinte. Sua mão aguardava, não descendo
minha calcinha ainda.

 Eu estava tremendo por completo e respondi

─Sim.

 ─Hmmmm… - sua voz ronronou enquanto ele colocava o livro de volta em


seu lugar e, em seguida, as suas duas mãos estavam debaixo da minha saia,
acariciando minhas pernas para cima e para baixo.

 Seu corpo estava contra o meu, atrás de mim, pressionando seu pênis duro
na minha bunda. Senti sua boca beijar o algodão sobre as minhas costas e eu
sorri para mim mesma, feliz que eu pulei a parte de usar sutiã dessa vez. Eu
me lembro de um estuprador irritado gritando sobre isso ontem.

Seus dedos percorreram sob a saia um pouco fácil e esfregou com mais
firmeza sobre a frente da minha calcinha, movendo-se para cima e para baixo,
para a direita das dobras entre as minhas coxas e virilha. Eu coloquei minha
cabeça contra seu ombro e suspirei, tremendo toda, enquanto seus lábios e
sua língua viajavam por todo o interior do meu pescoço.

Empurrando meu cabelo comprido para o lado com o seu rosto, ele
começou a dar mordidas e beijos mais ásperos. Eu podia sentir suas mãos
deslizando para baixo em minha calcinha, dedos tocando meu clitóris e
viajando para baixo para o pouco cabelo dentro.

Eu engoli seco para fora, em seguida eu me acalmei quando ele sussurrou


sombriamente em meu ouvido.

─Eu vou te foder Skylar… aqui… agora… - sua voz me deixou ainda mais
molhada enquanto eu tremia mais. ─ Você me quer?

─ Sim. - eu sussurrei, me sentindo um pouco tonta com medo e excitação


ao mesmo tempo.

─ Sua putinha… - ele dizia no meu ouvido. ─Então, tesão, você vai me
deixar te foder bem no meio de uma livraria… deveria ter vergonha de si
mesma.

 ─Sim, Mathew. - eu disse de maneira submissa como Mathew sempre diz


que “sim, Skylar”, para mim o tempo todo. Eu o ouvi rir de novo.

 Suas mãos se moveram lentamente em minha calcinha para baixo, ele


agachou.

─Levante os pés…espere um pouco.

Eu levantei um pé, desci a calcinha e depois o outro, segurando na


prateleira em frente de mim.

─Merda, olha esses os sapatos. - Mathew comentou como se ele tivesse os


notado mais ainda agora.

Eu olhei de novo através da estante e depois para o lado, ofegante, com


medo do homem velho ou outro cliente andando ver a gente.

Ele colocou minha calcinha entre dois livros, alguns saindo um pouco,
enquanto suas mãos se moviam lentamente sobre a parte superior da
prateleira, para cima e para baixo…para cima e para baixo…criando atrito
quente lá e sua boca beijando meus ombros nus, lambendo…afundando os
dentes o suficiente para me fazer gemer, tentando me manter calma.

─Eu amo o que você está vestindo, Skylar. - sua voz continuou sussurrando
sensualmente em meu ouvido. ─Você é tão fodidamente sexy e nem sabe
disso. Adoro isso em você.
Seus dedos moveram as alças da minha blusa para o lado dos meus
ombros, movendo-os para baixo e usando os dedos que viajaram sobre os
meus seios para empurrar o top até a minha cintura do meu peito nu.

O top foi para baixo em torno de meus braços e cintura, quase prendendo
meus braços para os lados. Sua boca encontrou os meus lábios e ele estava
beijando minha boca forte, enquanto os meus seios nus se tornaram vítimas
de suas ásperas mãos, apertando-os.

- Uuuuhhhhh… - eu gemi, indo fechar os olhos na luxúria e abrindo eles de


repente para verificar se alguém estava vindo.

Seus lábios mantiveram a minha e sua língua sondando lutou mina pelo
domínio enquanto suas mãos viajaram até a minha saia novamente, puxando-
o para cima e deixá-lo descansar em cima da minha bunda.

Coloque os pés em cima da primeira prateleira.“ ele disse, sua respiração


estava tão profunda como a minha.

Eu fiz o que ele disse, esperando que eu não caísse, desajeitada como eu
estava e os saltos altos não eram meu sapato de costume, também.

Mas eu tinha um pouco de espaço na primeira prateleira abaixo de mim


para colocar corretamente os meus sapatos para baixo, lado a lado. Minhas
mãos seguraram a prateleira na frente deles e eu me senti como se estivesse
muito segura aqui.

─Separe. - ele exigiu com uma voz severa, separando minhas pernas até
que elas estivessem muito distantes. Eles apertaram um pouco e ele se moveu
alguns livros na minha frente e colocou de lado, limpando a prateleira e
ordenou. ─Fique de quatro.

Eu era capaz de colocar meus seios na prateleira e me dobrar um pouco


agora, afastei as pernas e estava esperando por ele agir.

Eu ficava imaginando se alguém chegasse e nos vesse, mesmo uma pessoa


que estivesse no no corredor antes que este poderia ver os meus peitos e
cabeça olhando para eles.

Sim…Mathew acariciou seus dedos ao longo de minha vagina e começou


penetrar um dedo de cada vez dentro de mim, bombeando-os dentro e fora
enquanto eu tentava gemer e suspirar o mais silenciosamente que podia.

─Você é tão suja… - ele sussurrou, seu pênis ainda estava em seus jeans,
mas ele esfregar e cutucava minha bunda enquanto ele me fodia com seus
longos dedos frios enfiando dentro de mim. ─Olhe para você, gemendo e
sendo fodida por minha mão em público na seção de Ajuda Sexual.

Suas palavras me faziam chegar mais e mais perto do ápice e eu estava tão
malditamente ligada por eles, juntamente com as atenções de sua mão. Eu
queria gritar, mas segurei meus lábios com força, tentando esquecer do meu
redor e se concentrar apenas nele.

Eu sempre tinha sido a "boa menina, a garota legal, a menina simples.” Era
tão estimulante proibido e sensual sendo a putinha imunda que é tão excitada
que deixou ser levada e fodeu no meio de uma loja como esta.

Mathew é um DEUS! É como se ele pudesse ver meu cérebro e saber o que
eu preciso.

Eu estava inclinada sobre a prateleira agora, meus seios estavam apoiados


contra a borda enquanto o meu cabelo comprido e meu rosto penduravam
levemente para o próximo corredor, ofegante e rosnando, mordendo os lábios
para baixo e estremecendo de calor puro. Eu podia ouvir os dedos enfiando
dentro e fora de mim, a umidade e o medo intenso e vermelho quente.

Durante muito tempo, ele me dedou e lambeu os dedos, depois os colocou


novamente. Eu gozei três vezes após aquilo e não pude conter os barulhos,
mas na minha cabeça eu estava gritando e uivando.

Senti-me como um livro humano naquele momento, sentada em uma


prateleira apertada, livros confortavelmente em ambos os lados dos meus
braços enquanto minha bunda sai do outro lado, com as pernas afastadas e
ainda balançando para ficar na pequena borda das prateleiras, pés tremendo e
agarrando para permanecer na madeira abaixo delas enquanto eu ouvia
Mathew atrás de mim, tirando seu jeans.

Tudo o que Mathew podia ver de mim agora era a minha bunda e pernas no
seu lugar atrás de mim e eu achei extremamente erótico, como se eu fosse um
objeto nas prateleiras, somente aqui para os clientes que chegam, precisando
de ajuda sexual, e utilizando-me sem uma palavra, como se estivessem me
lendo enquanto eu estava presa aqui, impotente e presa.

─Quando eu vim nesse corredor, eu não tinha ideia de quão útil esta seção
seria. - ele disse, soando como ele se estivesse sorrindo antes de ouvir um
plástico abrindo, a camisinha, eu imaginei. E então ele estava inserindo a
cabeça de seu pênis lentamente em minha vagina encharcada.

Ele continuou me provocando, inserindo um pouco, então retirando…


inserindo novamente um pouco mais…Eu queria gritar para ele, mas tudo saiu
foram rosnados e respirações ofegantes profundas.

─Tudo bem, sexy Skylar. - ele finalmente riu. ─Eu vou parar de brincar e
colocar tudo.“

Com isso, ele inseriu tudo dentro de mim e eu dei um semi-grito, tentando
ficar em silêncio enquanto ele pegava na minha cintura, batendo minha bunda
contra seus quadris quando ele bateu mais e mais, mais rápido e mais forte..
─Você sabia antes aqui era uma igreja que se transformou em uma livraria?
- ele perguntou enquanto ele continuou me fodendo, mexendo com a minha
mente e também com o meu corpo. ─O que significa que você está sendo
fodida em terra santa, no mais sagrado dos lugares, a igreja. Acho que isso
significa que você está indo para o inferno comigo agora.

Eu gritei, incapaz de me conter para a última linha.

Eu quero ir para o inferno, se é isso que você é. Foda-se o céu. Nuvens e


asas são altamente superestimada. Vou levar o sexo nas gaiolas de fogo com
Mathew em vez…qualquer dia.

─Espero que ninguém te ouça e nos encontre. - ele brincou e me


preocupou, pois ele continuou me batendo, o tapa soa um pouco mais alto do
que os meus ruídos de luxúria.

─Isso seria tão humilhante para você, Skylar… - ele disse, com a voz um
pouco tensa enquanto ele continuou metendo, segurando minhas pernas para
conseguir empurrar mais para dentro.

Ele soltou um grunhido muito profundo e baixo, enquanto eu mordi meus


dentes na borda da plateleira. Eu mordi em diante, tentando segurar meus
próprios gritos.

Mathew estava ofegante muito forte quando se retirou, fazendo um som de


"SSSSSSS”, como se estivesse sentindo uma queimadura muito sensível.

Eu ouvi o barulho de seu zíper e ele deu um passo para trás enquanto meus
olhos se entortaram. Eu não podia sequer formar palavras agora.

─Vejo você em casa, Skylar. - ele disse e, em seguida, ele saiu pelo
corredor, me deixando lá enquanto eu observava as costas dele passarem
através do corredor seguinte, meu cabelo estava metade sobre meus olhos
quando ele se afastou.

Capítulo 11 

Skylar POV
 São 16h da tarde. Mathew tinha feito sua ligação privada do lado de fora  e
agora estava sentado na minha frente, no sofá, sorrindo para mim quando
apertei o botão do meu gravador . 

 ─ Mathew, sessão quatro. – eu disse.

  ─Oi, Mathew. – comecei, tentando esconder o desprezo na minha voz.

 Lutando para conter o sorriso que queria aumentar, ele respondeu.

─ Oi, Dra. Skylar.

 Eu já esperava por isso e devolvi.

─ Você sequer sabe meu sobrenome?

 ─Sei. – ele respondeu sem qualquer alteração em sua expressão. ─ Hayes.


Você sabe o meu?

 Eu suspirei e tentei esquecer como fiquei humilhada sendo abandonada na


estante de livros, sem roupa, enquanto ele afastava-se de mim.

 Ele estava tentando me deixar brava com ele? Estava tentando me afastar
outra vez? Odeio isso… eu sentia como se nem sequer pudesse ficar brava com
ele porque primeiramente ele é meu paciente, segundo, a pessoa que eu amo.

 Coloquei um sorriso no rosto e voltei para a lista de perguntas, escolhendo


a mais leve.

 ─Me fale sobre como foi quando você entrou na Fire. – eu disse com a voz
fria.

 ─Espere. – ele cerrou um pouco os olhos. ─ Tem algo errado, Skylar?

 ─ Não. – menti, minhas mãos apertando a caneta com tanta força que eu
estava pensando que ela se quebraria ao meio.

 ─ Skylar… – ele estava procurando algo em minha expressão. ─Você está


brava comigo. Se existe uma coisa que eu sei, é quando uma mulher não está
feliz. Eu não agradei você?

 Ele estava se inclinando para frente, muito interessado em saber de que


forma tinha me magoado. Eu odeio quando ele fala como um escravo. Mas não
é culpa dele, isto é quem ele é, em quem Claire e todas aquelas mulheres o
tinham moldado. Seja paciente com ele. Não mostre sua raiva. Seja
profissional.

 Eu estava prestes a negar de novo que estivesse brava, mas achei que ele
estava certo, ele percebia o que eu estava sentindo, como sempre.
 Eu devo ser honesta com ele, mesmo que ele não goste. Droga, por que
ele tem que ser tão atencioso e frágil agora? Ele parecia tão triste e chateado,
como se ele tivesse feito algo horrível.

 Apenas diga o que está na sua cabeça, Skylar. Provoque as emoções dele
um pouco.

 ─ Por que você simplesmente me largou lá daquele jeito? – ouvi minha voz
se alterar antes de eu perceber o que estava dizendo. ─ Você tem idéia de
como é vergonhoso tentar colocar sua calcinha de volta, usando salto alto,
quando suas pernas estão tão fracas que você mal consegue ficar  em pé, e ao
mesmo tempo tentar puxar sua blusa para cobrir os seios em um lugar
público, pedindo pra Deus para que ninguém te encontre?

 ─ Você está fazendo essa pergunta pra MIM? – ele forçou um sorriso
debochado. ─ No meu mundo, isso é um simples domingo!

 ─ Bem, no meu mundo, isso é incrivelmente humilhante! – minha voz


respondeu e a odiei, eu parecia com uma menininha de terceira série.

 Forcei meus olhos a olhá-lo, vendo seu peito descoberto, sua pele macia
e sua barriga levemente definida, as características tatuagens que cobriam um
de seus braços e a cueca boxer azul acentuando claramente sua
masculinidade. Por que ele tem que ser tão fodasticamente lindo assim?

Eu não consigo nem mesmo ficar brava com ele. Merda.

 ─Me desculpe, Skylar. – seus olhos abaixaram, de maneira submissa,


envergonhada, e eu odiei aquilo. Eu odiava que eu tivesse causado isso nele.

 ─ Você pode me castigar. – ele disse baixo. ─ É seu direito e eu não vou
lutar contra isso. Contanto que você me perdoe mais tarde.

 ─Mathew, para com isso. – eu estava séria, enjoada por dentro. ─ Eu não
quero castigar você. E, por favor, não fale comigo como se você fosse
meu escravo. Eu odeio  isso.

 ─Mas você está com raiva de mim. – ele me olhou. ─ Eu sinceramente


sinto muito. Eu te deixei lá porque fazia parte da fantasia… eu
não queria  deixar você.

 ─Esquece isso. – me encolhi e peguei meu caderno. ─ Vamos voltar para


nossa consulta.

 A cabeça de Mathew caiu com aquilo e escutei ele soltar um suspiro


pesado. As mãos dele estavam agarrando os cabelos novamente e meu
coração se partiu.

 Soltando meu caderno, suavizei minha voz, abandonando minha raiva.


 ─Vem cá, Mathew. Por favor.

 Eu nem pude acreditar, mas ele rastejou até a minha poltrona. Era um
instinto para ele, tão natural quanto uma pessoa se levantar e andar pela sala.

Teria sido lamentável se não fosse tão incrivelmente erótico e excitante ver
essa criatura perfeita sobre suas mãos e joelhos, vindo na minha direção e se
ajoelhando diante de mim, colocando seu rosto entre meus joelhos cobertos
pelo jeans, como se tivesse vergonha de mostrar o rosto, as mãos também em
volta dos meus joelhos.

 ─Você não precisa rastejar  até mim. – eu disse carinhosamente, minha


mão afagando o cabelo dele e as lágrimas surgindo em meus olhos. ─ Um
simples pedido de desculpas estaria bom.

 ─Eu sinto muito, Skylar. – sua voz estava um pouco abafada pelas minhas
pernas e ele me olhou com verdadeiro arrependimento no rosto. ─ Eu sei que
eu não sou o que você chamaria de normal na maneira como faço amor. Ou
normal na maneira como reajo quando você está irritada. Eu sei que homens
normais provavelmente gritariam de volta  e talvez perderiam a cabeça, mas
eu não consigo fazer isso. No entanto, eu posso tentar ser mais normal, a
partir de agora, se é o que você quer. Eu quero tanto te fazer feliz. Você tem
sido tão boa pra mim… por favor, apenas… me castigue agora. E então
podemos começar tudo de novo. Eu sei que não é da sua natureza ser cruel,
Skylar, mas eu quero que você seja. Se você quiser, eu mesmo posso pensar
em alguma coisa.

 ─ Mathew… – usei minhas duas mãos para acariciar seu rosto.  ─O que
fizeram com você?

 Tanta dor… tantas cicatrizes… realmente tinham destruído esse homem.


Uma vez após a outra.

 Ele simplesmente olhou para mim e esperou pelo meu castigo, que nunca
viria.

 ─ Eu jamais  machucaria você, Mathew. Você ainda não percebeu  isso? –


eu disse clara e lentamente, aconchegando minha cabeça contra a dele. ─ E
não quero que você tente ser mais normal. Eu te quero… como você é…
você já  me faz feliz… mais do que imagina. Eu amo o jeito que você faz amor
comigo… e eu nunca apagaria nada do que já fizemos para começar tudo outra
vez. E amei você me surpreender naquela livraria, Mathew. Certo ou errado,
foi o melhor sexo da minha vida, no topo da lista junto com ser amarrada
na bancada. Eu apenas sou nova nisso tudo e reagi de forma exagerada. Sou a
única que deveria se desculpar. Eu não sei porque fiquei tão brava. Eu deveria
estar te agradecendo. Sua imaginação é tão… criativa e instigante. Quem mais
no mundo teria me agarrado no meio de uma loja? Não mude, ok? Por favor?
Eu amo suas ideias. E eu quero mais. Entendido?

 ─Sim, Skylar. – a voz dele parecia tão aliviada que me doeu ainda mais.
 Eu o beijei e procurei manter o beijo suave, intenso e apaixonado ao
mesmo tempo, desejando que ele conseguisse perceber o quanto eu o amo. Eu
queria tanto dizer isso a ele neste exato momento.

 E eu sabia por que fiquei com raiva. Não foi por nada que ele fez, ou por
ter me largado lá na loja, mas por… me deixar. Aquilo me fez pensar que um
dia ele me deixaria de verdade, nua e querendo mais dele, e que ele não iria
sequer olhar para trás. E eu ficaria tão desesperada sozinha, arrasada, como
ele está agora.

 Mas não era culpa dele. Isto é tudo o que ele conhecia. Fantasia,
encenação, orgasmo, alívio sexual, medo, raiva, ódio, punição, dor. Não existia
nenhum amor pra ele vivenciar diariamente, exceto a ligação das 15h que ele
fazia todos os dias. Eu realmente queria saber para quem ela era. Eu queria
saber quem Mathew amava.

 Após o nosso beijo, eu o abracei de novo e ele se agarrou em mim


também, e não falamos nada por alguns minutos. Enfim, eu disse com uma
pontinha de brincadeira na voz.

 ─Agora, levante, vá para o sofá e sente-se como um bom menino para que
a gente possa ter nossa terapia. Regra nº 2: não rastejar a menos que você
esteja sangrando até a morte. Entendeu, Mathew?

 Ele deu uma risada abafada e obedeceu.

─ Sim, Dra. Hayes.

 Oh, o progresso. Bem, fora ele ter rastejado pra mim um pouquinho,
Mathew saltou até o sofá e sentou-se lá, respeitoso como sempre e eu voltei
para meu caderno, ajeitando meu cabelo e tentando esquecer a sensação de
calor do membro dele me estocando por trás enquanto eu era lançada na
estante à minha frente.

 Limpei minha garganta e decidi mudar minha primeira pergunta.

 ─Mathew… – eu estava falando agora como uma amiga e não doutora.


─por que você tem tanto medo de raiva? Parece que, toda vez que eu me
mostro nem que seja um pouquinho irritada, você fica muito receoso e de
repente muito….

 ─ Igual a um escravo?  - ele terminou, a expressão ainda tranqüila e


relaxada.

 ─ Sim.

 ─ Na minha vida, raiva é igual dor e punição. É meu trabalho satisfazer


todo mundo. E eu faço isso muito bem. Eu consigo lidar com a dor quando
preciso, tenho uma alta tolerância a ela. Eu posso até mesmo aguentá-la sem
gritar, se eu for mandado. Mas a maioria das mulheres adora me ouvir gritar e
implorar. É raro uma pessoa querer que eu sofra em silêncio.

 ─Mas você e Tanya passaram por um período em que você disse que vocês
dois ficavam muito irritados e frustrados um com o outro.

 ─ E daí?

 ─ E daí que agora, você tenta ao máximo agradar a todo mundo e


esconder sua raiva…  custe o que custar. – eu disse, chegando enfim a um
ponto aqui.

 ─ É assim que fui treinado, Skylar. – ele disse, abaixando o olhar para sua
cueca. ─Eu sou uma máquina agora.

 ─ Alguma coisa aconteceu… com a Tanya? – eu me fiz perguntar, fazendo


seus olhos se levantarem e me encararem agora. ─ Quero dizer, o que houve
com ela, Mathew? – eu não poderia controlar minhas perguntas. ─ Ela te
deixou? Você a culpa por ter te deixado e por isso tem raiva dela? Ou é algo
pior que isso?

 ─ Eu não quero falar sobre ela. – ele levantou um pouco a voz, tentando
controlar a tensão em seus olhos enquanto eu fazia as perguntas. ─ Não
agora, Skylar, por favor?

 ─ Você tem que falar, Mathew. – eu disse e em seguida parei no meio da


frase, me acalmando um pouco. ─ Esquece. Você não precisa falar. Mas eu
gostaria que você pudesse me dizer sobre isso.

 ─ Ainda não. – seus olhos estavam perdidos, fitando os meus. ─ Por favor.

 ─ Tudo bem. – virei a página do caderno. ─ Isso é algo que eu ando


querendo fazer com você. É chamado associação de palavras. O que eu faço é
dizer uma palavra e, sem pensar, você me diz a primeira coisa que vier em sua
mente. Ok? É fácil.

 ─ Nada é fácil. – sua voz carregava descrença ao dizer isso.

 ─ Eu acho  você tem razão sobre isso. – respondi. ─ Pronto para brincar? –
eu sorri para ele, e ele  pareceu sorrir de volta, relaxando um pouco.

 ─ Sempre com você. – ele respondeu, seus olhar me estremecendo por


dentro.

 ─ Pare com isso ou eu vou punir você. – brinquei. ─ Vou te amarrar em


uma cadeira e fazer você assistir o canal educativo a noite toda.

 ─ Ughh. – ele deu risada.

 ─ Ok, vamos começar. – eu olhei para a lista de palavras. ─ Cabeça.


 ─ Chupar. – ele disse automaticamente e depois sorriu abertamente para
mim, como se estivesse surpreso por sua resposta. Uma risada encantadora
escapava pelos seus lábios enquanto meus olhos estavam arregalados com sua
resposta. ─ Você disse a primeira coisa que eu pensasse!

 ─ Ok, ok. – eu prossegui. ─ Verde.

 ─ Dinheiro.

 Nenhum mistério aqui. Dinheiro é como o ar no ramo que ele trabalha.

 ─ Água.

 ─ Agora! – ele ficou tenso, depois lançou-me um olhar rápido, como se


estivesse com medo do que tinha dito.

 ─ Agora? – perguntei. ─ O que isso quer dizer?

 ─ Eu não sei, foi a primeira coisa que eu pensei. – ele desviou o olhar,
deitando no sofá, escondendo algo de mim novamente.

 ─ Cantar. – prossegui.

 ─ Cozinhar. – ele riu e olhou para mim. ─ Eu gosto de cantar enquanto eu


cozinho… de vez em quando.

 ─ Ok. – sorri de volta. ─ Morte.

 ─ Fácil. – ele respondeu.

 ─ Longo. – eu disse, esperando que ele não respondesse algo relacionado a


pênis novamente.

 ─ Vida. – respondeu.

 ─ Vida longa, tipo, ter uma vida longa e feliz? – perguntei.

 ─Não. – os olhos dele ficaram um pouco frios, desviando. ─ A vida é longa


pra caralho.

 Fiz uma anotação, o entendendo agora. Ele não está gostando da vida dele
e ela é uma coisa longa e dolorosa de suportar. Morte é fácil, tranquila e
segura, sem mais sofrimento.

 ─Janela. – eu disse.

 ─Vidro.

 ─ Contagem. – falei.
 ─ Chicotada. – ele respondeu de imediato e quando eu olhei para ele,
acrescentou. ─Quando estou… levando chicotadas… tenho que contá-las.
Contagem é o que elas dizem antes de… começarem. Uma coisa que você
precisa aprender, se você se tornar uma sub, minha doce Skylar.

 ─Ok. – eu dei um sorriso vergonhoso, lembrando-me da minha péssima


contagem na bancada,  novamente escondendo minha tristeza por ele.

 ─Amizade.

 ─ Sorriso. – ele disse.

 ─ Mesa.

 ─ Servir. – ele respondeu e acho que entendi essa. Parte de seu trabalho
era servir bebidas… e ele mesmo… àquelas mesas. Eu tinha visto isso ao vivo.

 ─ Frio.

 ─ Gelo. – sua resposta veio.

 ─ Gelo de neve… ou cubos de gelo? – eu perguntei, tendo uma noção do


que era.

 Ele sorriu todo malicioso pra mim de volta, impressionado que eu tivesse
interpretado certo.

 ─ Muito bom, Skylar. – ele ronronou em aprovação. ─ Cubos.

 ─ Sim, eu vi isso na noite em que te conheci. – comentei. ─Aquelas


mulheres esfregaram gelo em você, não esfregaram?

 ─ Só porque eu sou quente. – ele brincou, rindo da minha cara ao dizer


isso.

 ─ Ok, nota para si mesmo, o ego está completamente intacto. – brinquei


também.

 ─ Dançar. – eu continuei.

 ─ Lento. – ele disse.

 ─ Dançar lento, com uma garota? – perguntei, não tendo certeza.

 ─Não. –ele pareceu confuso por um segundo. ─Somos ensinados a dançar


devagar… na Fire. Claire gosta assim. As clientes gostam. É mais… sensual.

As respostas dele definitivamente estão me dando algumas informações de


como ele pensa, sem dúvidas.
 ─Doente.

 ─Eu. – ele disse sem hesitar.

 ─ Mathew, você não é doente. – eu olhei para ele e vi seus olhos baixos. ─
Mathew, olhe para mim.

 Ele me olhou e pareceu que lhe causou dor física fazê-lo.

 ─ Você não  é doente. – eu repeti. ─ Eu não quero ouvir isso outra vez.


Tudo bem?

 Ele deu um leve aceno de cabeça e brincou com o fio solto da cueca
enquanto eu seguia para a próxima palavra.

 ─Diabólico.

 ─ Vadia. – isso pulou da boca dele também, que enrijeceu com sua escolha
de palavra.

 Eu tive que rir por um segundo, entendendo completamente.

 ─Sim, eu sei que você tem conhecido um monte de vadias diabólicas. –


concordei. ─ Eu entendo.

 ─Agulha.

 ─ Dor. – ele disse.

 Eu me encolhi e o olhei, ele também estava olhando para mim e


cuidadosamente perguntei.

─ Você não está falando de agulhas de médicos, está?

 Ele sacudiu a cabeça negando.

 ─ Isso acontece muito? – eu quis saber, estreitando os olhos. ─ As


mulheres te furarem com agulhas?

 ─ Sim. – ele admitiu. ─ Não deixa uma marca tão grande assim, mas é um
jogo de causar dor. Muitas mulheres adoram.

 Que droga de vadias doentes são essas? Jesus, me escute só, toda vez que
ouço sobre alguém machucar Mathew me transformo em Mamãe Urso de três
metros de altura rosnando furiosa.

 ─ Ok. – peguei fôlego. ─ Azul.

 ─ Bolas. – ele disse, abafando o riso de novo. Eu sorri para ele igual uma
professora da pré-escola, paciente, mas advertindo com meu olhar.
 ─ Mathew… – fiz uma careta, indo para a palavra seguinte. ─ Viagem.

 ─ Abandono. – ele disse e, um segundo depois completou. ─ Meus pais


estavam sempre viajando. Eles nunca me  levavam com eles.

 Fiz uma anotação e Mathew sorriu, como se um pensamento se


desenrolasse em sua cabeça e disse. ─ Mas se eu considerar viagem de outra
maneira, acho que poderia dizer Skylar como resposta. Lembra como você
viajou de cara pro chão com as calças prendendo seus pés, quando fui seu
estuprador?

 ─ Hey, isto não é associação de vamos rir da Skylar.

 ─ Desculpa. – ele forçou seu rosto a ficar sério, tentando se comportar por
mim. ─ Vou ser bonzinho.

 ─ Lâmpada. – falei.

 ─ Desejo. – ele respondeu.

 ─ Tipo, a lâmpada do Aladdin? – sorri, é óbvio que o Sr. Desenho


Animado pensaria  em um conto da Disney aqui.

 ─ Aham. – ele afirmou. ─ Eu adoro esse filme. E adoraria ter direito a três
desejos, você não?

 ─ Claro. – eu sorri, olhando para seu rosto que parecia tão feliz. ─ O
que você  desejaria, Mathew?

 ─Hmmm… – ele pensou a respeito, olhando pra cima um pouco, a boca na


mesma curva adorável que ele fazia quando dormia. ─ Eu não sei… isso não é
entre mim e meu Gênio?

 ─ Só um desejo, então. – negociei. ─ Me conte só um.

 Ele hesitou, depois me olhou com os olhos um tanto vidrados.

 ─ Eu desejaria não precisar ser um garoto de programa. – ele disse com


firmeza, sua voz cheia de tristeza, dor… e vergonha.

 Senti meu estômago se revirar com a dor que senti dentro de mim nessa
hora… minha voz estava horrivelmente vazia e eu queria dizer alguma coisa
reconfortante e solidária… mas eu não conseguia. Eu percebi que esse também
seria um dos meus desejos. E com os outros dois eu desejaria apagar todo o
passado e o sofrimento de Mathew, e desejaria a ele uma vida inteira de
felicidade, mesmo se não fosse comigo.

 Eu gostaria de ter uma lâmpada mágica aqui comigo.


 Mas eu não tenho… sendo assim, a terapia tem que continuar… por mais
que isso doa e chateie Mathew, esse é o único jeito de chegar lá, à uma vida
feliz.

 ─ Você sabe disso, não sabe, Skylar? – sua voz finalmente voltou a falar. ─
Eu realmente gostaria que minha vida não fosse assim. Eu não gosto de
ser… isso. Você sabe disso, não é?

 ─ Sim, eu sei. – respondi. ─ Eu soube praticamente desde o início… você


não faz esses trabalhos pela emoção ou pela aventura disso, como alguns
fazem, você realmente… parece não ter escolha. Parece fazer isso pelo
dinheiro. É por que você não tinha dinheiro quando estava com Tanya e agora
você sente como… se não tiver dinheiro suficiente, não pode ter amor ou
felicidade? Ou existe alguma outra coisa que eu não saiba?

 Minha voz estava calma ao falar com ele.

 ─ Skylar… Tanya não está mais na minha vida, podemos, por favor, parar
de falar dela?

 ─Tanya está doente ou machucada? – perguntei, outra teoria minha. ─


Porque isso explicaria por que você faz isto, se estiver cuidando dela sozinho. É
isso?

 ─ Skylar, pare. – ele travou o maxilar, os olhos fechando-se por um


momento.

 Eu queria continuar insistindo, mas essa não era a maneira de fazê-lo se
abrir comigo. Não posso forçá-lo. No entanto, eu também só tinha mais dez
dias com ele e temia nunca ouvir toda a história a tempo. E então ele seria
para sempre um mistério que nunca consegui desvendar.

 Resmunguei um pouco e voltei para minha lista de palavras. Eu continuava


a dar de cara nas paredes de tijolos e minha cabeça estava começando a
latejar. Eu me sinto dentro de uma caixa, sem saída e sem nenhuma luz para
iluminar o caminho, presa numa armadilha, como certamente ele também
estava.

 ─Ok, vamos praticar mais algumas palavras… – eu disse. ─ Pecado.

 ─Trabalho.

 Eu reparei que as coisas ficavam bem para ele contanto que não tocassem
nas suas dolorosas cicatrizes pessoais.

 ─Ricos. – falei.

 ─Malvados.

 ─Os ricos são malvados?


 ─Todos que eu  já conheci. – ele disse sem hesitar, um meio sorriso nos
lábios.

 ─Mas… você não é rico?

 ─Não, não  sou. – ele me olhou com severidade, insultado por tê-lo


chamado de uma coisa dessas.

 ─Mas você ganha um monte de dinheiro. – eu disse. ─  Não ganha?

 ─Uma parte vai pra Claire, o resto pra outro lugar. – ele respondeu,
cruzando os braços.

 Ele está me evitando mais uma vez. Suspirei, ficando acostumada com
isso. Eu não posso ajudá-lo se não saber quais são todos os seus segredos.
Céus, eu sou tão impaciente. Eu realmente preciso trabalhar nisso.

─Compaixão. – falei.

 ─ Skylar. – ele disse com um sorriso, vendo meus olhos se erguerem para
ele. ─Skylar sente muita compaixão por Mathew. Não sente?

 Abaixei meu caderno e o observei, cerrando meu maxilar.

 ─Sim. – eu confessei. ─ Eu sinto muito por tudo que você passou, pelas
coisas que você me conta… como você vem sendo ferido todo esse tempo… e o
que isso está fazendo com você. Mas minha compaixão não vai te ajudar,
Mathew. Ela é inútil. Você conversar comigo, me deixar ver o que está te
machucando por dentro, e discutirmos isso, é o que vai fazer você se sentir
melhor e começar a se curar. Eu posso ser paciente e estou tentando ser, mas
não posso insistir em te fazer perguntas que você continua se recusando a
responder. Você não pode, por favor, me contar alguma coisa? Qualquer coisa?
Seja corajoso. Arrisque-se e confie em mim. Eu juro por Deus que não vou te
trair, Mathew. Eu me importo com você… muito.

 ─Eu pensei que a associação de palavras era pra ser fácil. – ele respondeu,
reclamando enquanto seus olhos encaravam a borda da mesinha de centro.

 Eu tive vontade de chorar… e por pouco não chorei.

 Peguei minha lista de palavras e igual a um robô prossegui.

 ─Rezar.

 ─Desperdício. – ele disse friamente, evidentemente não gostando dessa.

 ─Rezar é um desperdício? …de tempo?

 ─O maior de todos.


 ─Por quê? – perguntei. ─ Pelo que você tem rezado?

 ─Isso importa? – ele olhou para mim, franzindo a testa. ─ Não existe
nenhum Deus, nenhum Papai Noel, e orações não são atendidas. Tudo na
minha vida é assim, porque eu deixei  assim.

 ─O que você…

 ─Próxima palavra. ─ ele respondeu, me cortando.

 Claramente, estou atingindo alguns nervos com essas palavras. Hmm…


está funcionando.

 ─Dinheiro.

 ─Vida. – ele  rebateu.

 ─Caro. – eu continuei sem fazer nenhum comentário.

 ─Tudo. – ele pareceu um pouco amargo nessa resposta.

 ─Injusto.

 ─Vida.

 ─Criança. – escolhi a próxima. E pareceu como se eu tivesse dado um tapa


na cara dele.

 ─Passa. – ele respondeu sem me olhar.

 ─Passa?

 ─Passa. – ele estava ficando alterado.

 Anotei isso. Uma possível criança. Talvez Tanya tenha engravidado em


algum momento.

 ─Divórcio. – eu disse, olhando diretamente em seus olhos.

Ele hesitou. Uma tempestade acontecia atrás dos olhos dele e aquilo me
assustou um pouco.

 ─ Mathew… – tentei cautelosamente. ─você deve responder


imediatamente, a primeira coisa que vier à cabeça.

 Nenhuma resposta.

 ─ Mathew, você e Tanya estão divorciados?


 Nesse momento seus olhos me fitaram, e eles pareciam tão cruéis que eu
congelei por um segundo.

 ─Não.

 ─Então vocês continuam casados. – deduzi.

 Maravilha, acrescente adultério à minha lista de crimes e cumprirei minha


sentença em breve.

 ─Não.

 ─ Mathew… – perguntei com muito cuidado, mantendo minha voz


compreensiva e carinhosa.  ─ Ela morreu?

 ─ Skylar. – o corpo dele estava visivelmente tenso e  sua voz implorou,


em  um tom torturado e aflito, como se ele fosse chorar a qualquer momento
novamente. ─ Por favor… não podemos parar com isto? Por favor?

 ─ Não, Mathew. Eu quero que você me responda… por favor.

 ─ Por que você está fazendo isso comigo? Você não pode me concertar,
Skylar. – a voz dele estava abafada e os olhos molhados das lágrimas,

 ─É tarde demais pra mim, será que você não consegue ver isso? Apenas…
pergunte as coisas sobre minha vida atual, eu irei te contar todas as histórias
que eu tiver sobre o meu trabalho, mas por favor, por favor, não fale sobre ela
outra vez. Eu te imploro, Skylar. Escute, posso te contar sobre a  Raven. Há
algumas histórias assustadoras.

 ─Por que te apavora tanto falar sobre ela… Tanya?

 ─ Skylar… – Mathew ficou de pé e apertou o botão stop do gravador. ─


Não podemos falar disto amanhã… por favor?

 E em questão de segundos, ele estava ajoelhado na minha frente de novo,


minhas pernas separadas enquanto ele inclinava-se para mais perto, beijando
minha boca com força, suas mãos pegando minha caneta e meu caderno e os
jogando atrás de mim.

 ─Por favor, Sky… – ele me beijou mais uma vez, a língua enroscando-se na
minha, o gosto de morango evidente nela. ─ Eu não quero discutir com você…
por favor… não podemos apenas…

 E ele me beijou com ainda mais força e mais apaixonadamente, colocando


meu rosto em suas mãos.

 ─ Mathew… – murmurei contra a boca dele. ─ Não… para, vai…


 ─Não fizemos terapia o bastante por hoje? – ele perguntou, e começou a
puxar minha blusa, inclinando minha poltrona um pouco para trás enquanto
puxava o lado direito do meu sutiã para baixo, expondo meu seio e dando uma
lambida completamente molhada no meu mamilo.

 Eu deixei escapar um gemido agudo e alto e instantaneamente fiquei


molhada no meio das coxas.

 ─Não, Mathew… não… vamos lá… – eu comecei a soltar meus argumentos


por meio de arfadas, querendo voltar para o que estávamos conversando, mas
ele me ignorou, puxando o lado esquerdo do sutiã do meu peito e dando uma
mordida forte.

 ─ Mathew… – eu gemia à medida que sua língua lambia o cós do meu


jeans, abaixo do meu umbigo. Nessa hora soltei um grito de desejo.

 ─ Aproveite  meu corpo, Skylar, por favor… – ele praticamente implorou


enquanto desabotoava e abria o zíper do meu jeans. ─ Deixe minha mente em
paz.

 Eu estava prestes a contestar, mas então ele afogou minhas palavras com
sua boca, e em segundos ele estava me pegando nos braços e senti meu corpo
sendo deitado sobre algo duro.

 Abrindo os olhos, eu vi que estava em cima do balcão da cozinha, desta


vez minha cabeça pendendo e encarando meu fogão amarelo. Minha camiseta
estava em volta do meu pescoço e senti minha calça ao redor dos tornozelos
novamente, junto com a calcinha.

 Eu nem conseguia vê-lo mais, mas o sentia a todo o momento, a língua
dele movendo-se com habilidade pelo meu clitóris. Caramba… o calor e a
umidade daquela BENDITA língua dele expulsava todos os pensamentos de
terapia da minha cabeça.

 ─ Mathew… – murmurei, minha voz falha. ─ Oh, meudeus…

 ─Essa é a minha Skylar. – ele disse  e sua boca movimentou-se pelos meus
lábios sensíveis e eu praticamente gritei outra vez com aquela sensação. ─
Apenas me deixe te satisfazer…

 Em pouco tempo eu havia atingido meu orgasmo várias vezes, uma vez 
após a outra, antes de ele sequer abrir o zíper da sua calça, colocar a
camisinha e me possuir ali mesmo no balcão.

 Mathew POV
 Skylar  dormiu ao meu lado na cama naquela noite, e eu a abracei,
beijando o lóbulo da sua orelha mais uma vez enquanto ela começava a cair no
sono. Eu a tinha cansado com os joguinhos de hoje e, pobre Dra. Sky…
simplesmente não conseguiu pensar claramente o bastante para me fazer mais
uma pergunta sequer.

 Eu me sentia um merda fazendo isso com ela. Mas eu não queria que ela
soubesse do meu passado, das minhas histórias dolorosas. Ela só teria mais
pena de mim e eu não queria pena nenhuma de ninguém, especialmente dela.

 Skylar me pagou muito dinheiro, assim eu poderia lhe dar duas semanas
de prazer. E quanto mais ela pergunta a respeito da minha vida, mais tristeza
eu vejo em seus olhos azuis e mais eu me sinto como algum inseto nojento em
um frasco.

 Eu queria aproveitar meu curto tempo ela, sabendo que uma vez que ele
tivesse acabado, nossos caminhos jamais se cruzariam novamente. É pedir
demais querer passar esse tempo com ela sem as complicações e os horrores
do meu mundo, para que eu possa me lembrar dele para sempre?

 Alguém igual à Skylar  nunca mais irá aparecer na minha vida. Eu não
quero que ela se lembre de nós e sinta-se triste por mim. Eu quero que ela se
lembre do meu sorriso, da risada que eu não soltava há anos, e a maneira
perfeita como nossos corpos se conectam.

 Eu quero manter o sentimento puro…livre… e vivo. Consigo realmente


sentir isso quando estou com ela. Por favor, Deus, me dê só mais dez dias…
merda, aqui estou eu rezando novamente, para ninguém.

 Queria que a Skylar  me amasse, esse seria um desejo que eu pediria ao


Gênio.

 Meu primeiro desejo seria apagar toda a dor e perda que meu bebê havia
passado. Meu dinheiro tinha reconstituindo o seu rosto e alguns de seus órgãos
internos, mas ela estava muito longe de estar curada. Enxertos de pele,
cirurgia plástica, as cirurgias constantes enquanto ela crescesse…
medicamentos para dor… vão custar uma fortuna… por anos e anos.

 Eu nunca vou poder sair da Fire. Jamais vou poder ter Skylar para mim.
Nunca vou poder parar de me prostituir. Desejos não se tornam realidade
esfregando esses caralhos de lâmpadas.

Capítulo 12 
Mathew POV

Dei um sorriso, aconchegando-me nos lençóis perto da minha menina. Nós


deitamos lado a lado na cama, assistindo o último episódio de Bob Esponja e
eu não pude evitar não achar graça do Lula Molusco. Minha bebê sempre dizia
que eu era como ele,  ranzinza e sempre tentando acabar com  as palhaçadas
do Bob Esponja.

 Eu não havia escutado a pequena risada da Katie e minha cabeça  virou-se


na direção dela. Os perfeitos olhinhos redondos estavam fechados, com seus
lindos cílios longos e a boca estava  enrugada formando um beicinho. Eu
quase ri alto com a beleza que eu tinha sorte o bastante para admirar tão
perto de mim.

 Arrisquei me inclinar um centímetro e encostar meus lábios  na sua


bochecha rosada, sentindo cócegas no nariz devido aos longos fios escuros do
cabelo liso e macio que caía em seus ombros.

 Este é o amor da minha vida… e eu sabia disso sem sombra de dúvida. Eu


fiquei apenas deitado ali ao lado dela, com os olhos fechados, agradecendo a
Deus por deixar que algo tão puro e belo descanse ao lado de algo tão
imperfeito como eu.

 Assim que o Bob Esponja acabou, eu cuidadosamente me movi para fora


da cama e me sentei na beirada dela, desligando a TV, colocando o controle
no lugar e cobrindo ela até o queixo com os cobertores e a colcha que eram
decorados com a tal “fada sininho”.

 Eu aspirei e sorri ao sentir o cheiro doce do morango do banho de espuma,


lembrando da nossa guerra na banheira mais cedo. Ela havia ganhado. Após o
banho, eu estava com certeza mais molhado do que ela. Ela é mestre em
espalhar água.

 Dei uma espiada dentro dos cobertores e  reparei que ela estava 
apertando  sua girafa de pelúcia e seu Pirata, seu favorito desde que nasceu.
O nome dele era Pirata porque Katie sumiu com um dos seus olhos uma vez,
então eu coloquei um tapa olho preto nele e Katie adorou. E assim, nasceu o
nome para o brinquedo. Ele era envelhecido e tinha mais manchas e marcas
de costura do que um veterano da Guerra Mundial, mas ela o amava demais.
Eu tinha aprendido a costurar neste bichinho, realizando milagres toda vez que
ela me trazia ele em lágrimas.

 —Papai? – sua voz cansada choramingou.

 —Sim, meu bem? – eu sussurrei, me ajoelhando ao lado da sua cama.


 —Posso comer um sanduíche de sorvete? – ela disse sonolenta, os olhos
quase fechados, enquanto eu ria baixinho em cima dela.

 —Não, Katie, agora não. – sorri para ela. — É hora de dormir.

 — Nããoo papai.   – ela reclamou um pouco, seus olhos ficando pesados.

 — Oh, sim. – curvei minha cabeça, amando o jeito dela, como sempre. —
Talvez se você for boazinha eu faço um escondido pra você amanhã no café da
manhã. Ok?

 Eu não consigo negar nada para ela. Eu a mimo demais.

 — Tuto bem.  – ela sorriu contente e eu ri de seu jeito de falar. Todo o


meu mundo estava certo novamente.

 — Boa noite, boquinha de patinho. – eu disse, usando o apelido que dei a


ela. Quando ela dorme, seus lábios formam um bico, como o de um pato.

 — Boa noite, papai… amu votê.. – ela disse bem fraquinho enquanto aos
poucos  dormia com os braços em volta do seu bichinho.

 —Eu amo você. – respondi, beijando sua boca perfeita com selinho,


sentindo o gosto do suco de uva, sorrindo para mim mesmo e lambendo minha
boca, tentando diluir o sabor um pouco.

 Nota mental: Certificar-se que Katie escove muito bem os dentes amanhã.

 Voltei para a sala para preparar as coisas para amanhã.

 Após uma ou duas horas terem se passado, eu tinha terminado de lavar a


louça e toda a roupa limpa estava guardada. O uniforme da creche de Katie
para amanhã estava separado e em um cabide na  maçaneta da sua porta, e
depois de não encontrar nada na TV para assistir, decidi fazer o lanche dela.

 E finalmente às 23:32h,  ouvi os passos da minha mulher  subindo as


escadas.

 Eu me contraí e respirei em um fôlego, me preparando para outra


batalha.  Eu tentava ficar fora do caminho dela e ela tentava ficar fora do meu
na maior parte do tempo, mas eu já estava puto da vida. Ela nunca está aqui.
Ela disse que estaria em casa para o jantar esta noite. Deixando os meus
sentimentos de lado, talvez Katie gostaria de ter uma mãe por perto. Eu nunca
tive… e agora ela também não. Eu odiava aquilo.

 Mas os sonhos de Tanya e a arte devem vir em primeiro lugar, segundo


ela.

 A chave girou na fechadura e ela entrou, parecendo exausta, os cabelos


escuros penteados para cima num coque, e ela tirou o casaco de inverno,
revelando seu belo vestido preto. Eu a olhei de cima a baixo, vendo os saltos
pretos completarem seu visual.

 Eu detesto a maneira como ela está vestida o tempo inteiro, vestidinhos
arrumados curtos demais, as meias finas pretas, os saltos altos… ela deveria
estar de camiseta e calça jeans, confortável e leve, alguém com quem Katie
pudesse se jogar no chão e brincar de montar lego.

 Minha mãe sempre estava enfeitada o tempo todo, bonita demais para se
abraçar e sujar. Perfeita demais para ser tocada. Não, Mathew, não beije a
mamãe. Você vai estragar o batom dela. Vá brincar pra lá.

 —Oi.  – ela olhou para mim e jogou o seu casaco no sofá, seguindo para  a
geladeira, sem sequer chegar perto de mim para um abraço ou um beijo, mas
agora isso era normal.

 Algo dentro de mim suspirou por ela simplesmente jogar o casaco no sofá.
Acabei de limpar ali. Será que ela não sabe usar um cabide? Que bela dona de
casa eu estou me tornando.

 —Oi. – não existia um tom alegre à minha voz enquanto passava pasta de
amendoim no pão.

 Ela pegou um copo grande e encheu leite nele para ela, deixando muito
pouco no galão.

 —Hey, Tanya.  – fiz uma careta. — você pode deixar um pouco de leite
para o café da manhã da Katie, por favor? Vou  comprar mais amanhã.

 —Meu Deus, eu não posso nem tomar um copo de leite quando chego do
trabalho agora! – ela bateu a porta da geladeira com força.

 Qualquer coisa que eu diga ultimamente a enche de raiva em dois


segundos.

 Talvez seja falta de sexo. Eu sei que é um dos meus grandes problemas
ultimamente. Outro dia eu estava assistindo A Pequena Sereia com Katie e
fiquei duro vendo o corpo da Ariel. Eu preciso transar… urgente.

 Até minha própria mão está ficando chateada comigo estes dias. Eu quase
posso ouvi-la lamentar.  “DE NOVO?”  toda vez que deito na minha cama
sozinho.

 —Você pode. – mantive meus olhos na gelatina que agora eu estava


espalhando. — Só que um copo pequeno, só desta vez; e chegando em casa
do trabalho? É disso que chama isso? Já passa das 23h. Talvez sua filha iria
gostar de te dar boa noite de vez em quando, se não for muito incômodo pra
você. – minha voz estava se alterando.
 —HEY, eu trabalho! – ela virou-se para mim, batendo o copo dela no
balcão. —Eu me mato de trabalhar todos os dias! E você fica aqui! Então, se
estamos com falta de leite, COMPRE algum! Ou eu deveria comprar, também,
no caminho para casa?

 —Eu também trabalho! – virei na direção dela, meus olhos queimando de


raiva. — Eu estou criando a nossa filha sozinho enquanto você tira fotos o dia
inteiro! Depois, à noite, você vai nessas porra de festas fazer só Deus sabe o
quê. Aqui vai uma sugestão: tire uma foto de NÓS pra carregar com você pra
que um dia você não entre aqui e deixe de nos reconhecer!

 —Seu canalha! – ela gritou de volta com lágrimas nos olhos. — Eu estou
fazendo contatos! Estou mostrando meu trabalho para que talvez eu consiga
ser contratada! Então, quem sabe, poderíamos BANCAR dois galões de leite ao
mesmo tempo!

 —Talvez você devesse esquecer de ser contratada e conseguir um


emprego  de verdade em um escritório  qualquer!  - gritei em resposta,
fechando o sanduíche.

 Eu gostaria de conseguir um emprego, um emprego de verdade. Eu


adorava tomar conta de Katie e passar todo o meu tempo com ela, porém eu
me sentia mal,  sendo um homem, tendo minha mulher trabalhando o tempo
inteiro, e eu ficando em casa passando e cozinhando. Mas nós tínhamos feito
esse acordo há muito tempo atrás.

 E três anos depois, ainda não estava funcionando.

 — Vá SE FODER! – ela gritou, deixando as lágrimas caírem. Típico.

 Choro. O truque mais sujo de uma mulher durante uma discussão.

 — Por isso eu fui para a faculdade, eu vou ser uma fotógrafa, Mathew! –


ela berrou em resposta. — Pelo menos eu tenho um diploma, o que você tem?

 — Uma filha que conhece a minha fisionomia! – eu joguei a faca da pasta


de amendoim e me aproximei dela, completamente enfurecido agora.

 Isso foi um golpe baixo da parte dela. Ela sabe por que eu não pude
terminar a faculdade. E foi por causa dela! Eu cravei uma faca no fundo do seu
coração usando Katie… e eu me odiava por isso. Mas eu queria que Katie
tivesse nós dois. Eu não a quero sozinha e sentindo-se abandonada. Eu estava
amando por nós dois e não era o suficiente.

 Katie quer a mãe dela e, porra, eu quero que ela tenha isso também. Sem
mencionar que, eu quero minha mulher.

 — Eu odeio você! – ela chorou, soluçando e indo para a sala.

 Não era a primeira vez que Tanya gritava esta frase para mim.
 Mais tarde, ela sempre dizia que não queria dizer aquilo. Mas estava
ficando cada vez mais difícil de acreditar nela.

 — Ótimo. – eu respondi, observando ela sentar no sofá. — É bom saber


que você consegue sentir alguma coisa!

 Eu estava tão enfurecido e cheio de ódio que continuei escutando ela
chorar enquanto eu arrumava o lanche de Katie, acrescentando dois bolinhos
de chocolate e uma caixinha de suco. Eu escrevi o nome de Katie no saco de
lanche marrom e fiz coraçõezinhos e estrelas em cada lado dele. Eu ficava feliz
por poder mostrar meu amor para alguém.

 Tanya nunca está aqui – exatamente como meus malditos pais.

 Eu gostaria que não estivéssemos assim. Mas eu não tinha a menor ideia
de como consertar isso. Gostaria de poder abraçar, beijar e transar com ela
como costumávamos fazer. Mas ela se transformou em uma estranha para
mim. Ocupada demais, muito vazia quando está aqui, e invisível quando não
está. Eu gostaria de poder dar mais apoio e carinho… e de não estar tão
irritado o tempo todo. Eu queria que fôssemos uma  família.

 Após uns bons dez minutos, Tanya entrou de volta na cozinha  dando
passos  pesados, lágrimas e maquiagem sob seus olhos. Ela estava segurando
um envelope que tinha as palavras Kaitlyn Trenner.

 —O que é isso? – ela me perguntou.

 — Talvez você tenha esquecido, já que você nem trabalha em um


escritório  de verdade. —Eu continuei sendo um grande canalha com ela, não
tendo certeza do por que, falando  devagar. — Mas isso é chamado
de envelope. Ele guarda coisas.

 —O que tem dentro dele? – ela me olhou de cara feia. — Dinheiro?

 Suspirei, largando o pão. — A escola de Katie vai visitar um museu


amanhã. Todas as crianças vão.

 — Quanto? – ela perguntou, sorrindo debochada para mim.

 — Vinte e sete dólares. – eu disse, me preparando para o ataque dela.

 — E você simplesmente fez um cheque como se fosse a coisa mais normal


do mundo. – ela fingiu sorrir. — O aluguel está atrasado, a conta de gás
precisa ser paga. Não temos nenhum dinheiro sobrando para esta droga,
Mathew.

 — Eu não vou dizer a ela que ela não pode ir. – sequei minhas mãos. —
Ela ganha tão pouco e nunca pede por mais. Então, sim, eu fiz o cheque. É
minha conta, também.
 — Mas é meu dinheiro. – ela disse, com frieza.

 Agora eu estava puto.

 —Oh, me desculpe, eu pensei que fosse nosso dinheiro. – falei com


desdém. — Mas acho que você tem razão. Por que deixar sua filha ter um
pouco de alegria à custa do seu dinheiro? Por que você não compra outro
vestido na Hookers  para a próxima festa que você for. Você precisa ser
CONTRATADA, se é assim que estão chamando isso agora.

 —Você está me acusando de trair você? – ela arregalou os olhos,


espantada.

 — Bem, olhe para si mesma no espelho. – eu deixei meus próprios olhos a


examinarem toda de forma acusadora. — Você não acredita realmente que é
convidada para essas coisas pela suas fotografias de pássaros e árvores dignas
de prêmios, acredita?

 Ela chorou novamente e me deu as costas, as mãos tremendo e cobrindo


os olhos.

 Eu tinha que sair daqui agora, antes que dissesse mais coisas… eu a
estava magoando e sabia disso. Eu precisava sair para esfriar a cabeça por um
tempo. Coloquei furiosamente minhas mãos dentro da minha jaqueta, pronto
para seguir em direção à porta. Eu fazia bastante isso, durante uma discussão
particularmente pesada, e voltaria mais tarde, depois de ela estar dormindo.

 — Eu não aguento mais isso, Mathew. – ela estava soluçando. — Eu te


amo, mas te odeio! Você é tão ruim comigo o tempo todo! O que eu fiz para
você me odiar tanto?

 — Eu não odeio você. – eu disse em voz baixa, minha mão na maçaneta


da porta.

 Ela soluçou outra vez e senti eu me aproximar por trás dela, tentando
envolvê-la com meus braços.

 Mas ela se afastou de mim, não chorando tão alto chorando agora.

 — Eu quero o divórcio. – ela sussurrou, chorando um pouco mais depois


que disse isso.

 E meu mundo inteiro explodiu naquele momento.

 — Tanya… – eu sentia como se mal conseguisse respirar. —  Não… você


não pode… e Katie?

 —  Eu levo ela comigo. – ela disse, ainda não olhando para mim.
—  Levar para onde? – eu fiquei mais apavorado agora. Por mais que
doesse considerar minha vida sem Tanya, não havia nenhuma chance de eu
abrir mão de Katie. Ela é todo o meu mundo. Ela é meu ar.

 — Vou encontrar um lugar sozinha. -  ela deu de ombros.

 — Você não tem condições pra isso, e você está sempre fora. –lembrei. —
Você também não vai contratar uma babá para cuidar de Katie o dia todo. Eu
sou tudo o que ela tem, Tanya. Você não vai fazer isso com a gente.

 — Tá legal, esqueça isso. – ela falou com uma voz fria, sem me olhar. —
Nada de divórcio. Eu vou ficar, está bem? Satisfeito, agora?

 Ela nunca tinha falado em divórcio antes. E, embora ela tenha dito
‘esqueça isso’, eu ainda estava com raiva e chateado. Ela não me ama mais.
Ela me odeia. Se ela tivesse dinheiro, ela já teria ido embora, com minha filha.

 E, embora eu soubesse que parecia injusto da minha parte – eu estava


com tanta raiva que depois de todos os anos que esperei para ela terminar a
faculdade, das minhas noites de mendigo, dormindo e congelando nas ruas,
dos dias em que eu não conseguia encontrar nada para comer enquanto
minhas entranhas rosnavam em agonia, que ela achasse a vida aqui comigo
tão insuportável, tão difícil. Eu tinha sofrido o inferno por ela, mas agora,
porque estávamos tendo um pequeno problema, ela estava pronta para se
livrar de mim.

 Meu rosto ficou sem expressão, o sarcasmo pingando da minha voz. —


Você faz isso soar como se eu fosse um monstro que te mantém trancada
numa jaula! Estou saindo.

 Segui para a porta de novo, pronto para sair  desse duelo.

 Tanya colocou o envelope sobre a pequena mesa de jantar redonda no


canto e disse, praticamente sussurrando. —  Quando seus pais te falaram para
escolher entre eles e eu, e você me escolheu, eu fiquei tão feliz no início. E
então eles fizeram você pagar todos os dias por ir embora comigo, e você
aguentou tudo… e eu ficava tão triste por você. Mas eu disse a mim mesma
que faria você feliz por ter me escolhido. Eu iria trabalhar e tornar meus
sonhos realidade e depois te ajudaria a voltar para a faculdade… e talvez você
conseguisse se tornar um médico um dia, como sempre quis. Quando nos
casamos, eu estava  determinada a fazer isso por nós. Eu queria fazer isso dar
certo. E eu continuei dizendo para mim mesma que ficaríamos juntos, que
seríamos melhores que John e Sophia, que provaríamos para eles. Mas agora…
eu olho para nós e vejo que eles ganharam. Eles sabiam o que estavam
fazendo quando te renegaram. Eles nos destruíram naquele minuto. Nós
apenas não sabíamos disso ainda. Estamos juntos e temos uma linda
garotinha… mas não somos felizes. Nós não estamos apaixonados. Eles
venceram.
 — Isso não tem nada a ver com os meus pais. – trinquei os dentes,
odiando o que ela estava dizendo, mas sabendo que era verdade, cada palavra
daquilo. — E eu te pedi para não falar deles, Tanya.

 — Você sabe que é verdade. Eles nos deixaram em pedaços. – ela olhou
para mim e a solidão e tristeza refletiram nos meus próprios olhos, que
sustentavam o mesmo olhar apagado.

 — Talvez eles estivessem certos. – eu disse, rejeitado e magoado. — Você


não serve pra mim.

 Ela merece alguém melhor do que eu, era o que eu estava pensando, mas
quando bati a porta e desci as escadas correndo, pude ouvir Tanya chorando e
me dei conta de como as minhas palavras soaram para ela.

 Que ela não era boa o suficiente para mim. Merda! Eu quase voltei lá para
cima. Parei nos degraus do 6º andar e por pouco não subi os três andares para
me desculpar, para abraçá-la e beijar suas lágrimas.

 Talvez eu pudesse conseguir um emprego noturno e contribuir mais. Nós


poderíamos tentar a terapia de casal, como ela queria. Mas eu não voltei. Eu
continuei descendo as escadas até que eu estava fora do prédio e entrando no
nosso carro prata; eu pisei fundo no acelerador, precisando dirigir rápido e
clarear minha cabeça. Precisando chorar sozinho pelo pânico que a ameaça de
divórcio dela havia despertado em mim; e me imaginar contando para a nossa
filha de três anos de idade que ela estava se mudando para longe de mim, era
simplesmente demais para aguentar.

  Eu disse a mim mesmo que explicaria o que eu quis dizer com as últimas
palavras e conversaria com Tanya amanhã quando ela acordasse. Que eu não
deveria ter dito aquelas coisas cruéis para ela, e que eu estava muito
arrependido. Que eu não queria o divórcio e a amava. Eu diria isso tudo, para
fazê-la me dar mais uma chance.

 Mas, às vezes você não chega a um amanhã. Às vezes, quando você fala
certas palavras para uma pessoa… aquelas logo se transformam nas suas
últimas palavras para ela. Eu tive um momento em que poderiater voltado
atrás e acertado as coisas com Tanya, e eu havia o jogado fora,
estupidamente pensando que eu teria uma vida inteira para conversar com
ela.

 Eu estava errado. E eu iria me arrepender das minhas ações, de ter saído…
e das minhas últimas palavras para ela… para o resto da minha vida… todos os
dias da minha vida.

 Meu tempo havia acabado.

 Aquela foi a última vez que eu vi Tanya.


—  Mathew… – uma voz sussurrou e eu dei um pulo. Skylar… eu estava
abraçando ela, mas não conseguia pegar no sono. Eu continuava revivendo a
minha última noite com Tanya na minha cabeça, uma vez após a outra.

 Eu estou enojado. Estou com vontade de me queimar. Eu não sentia


vontade de fazer isso há anos. Não, aqui não. Se Skylar visse isso ou
escutasse… ela me expulsaria na mesma hora daqui, comprovando a porra de
um maluco eu sou. Ela poderia me internar numa  clínica. Ela deveria. Mas
por outro lado, eu não poderia ganhar dinheiro. Então isso estava fora de
cogitação.

 Eu não sentia nenhuma dor já fazia cinco dias. Isso é o que há de errado
comigo. Skylar é muito boa para mim e meu corpo não está acostumado com
isso. Ele queria punição novamente. Está praticamente… suplicando por isso.
Duas semanas não é tempo suficiente para Skylar ver o quão doente mental
eu realmente sou.

 Ela, por natureza, é uma médica, uma pessoa que quer reparar e corrigir
tudo que está errado e ruim. Este é seu coração sensível e amoroso, e eu sei
que foi por isso que ela me escolheu. Eu sou o novo brinquedinho quebrado
dela. Estou estragado. Se eu não estivesse, eu não estaria aqui, sentado em
seu sofá, esperando ela me curar.

 Claire tinha visto eu me queimar uma vez, depois de eu ter sonhado com
Tanya. Toda vez que eu pensava naquela noite, no sofrimento que eu tinha
causado nela e na minha Katie, a dor era irreal demais para lidar. Eu comecei
a achar que me queimar, como elas foram queimadas, me traria castigo, dor e
justiça. Aquilo fazia eu me sentir… um pouco melhor… o suficiente para que eu
quase pudesse respirar novamente.

 Mas não iria me curar… nada iria.

 Eu teria preferido simplesmente morrer, mas eu não tinha essa


maravilhosa opção. Katie precisa de mim… ou do meu dinheiro, de qualquer
forma, e eu não podia decepcioná-la.

 Então, numa noite eu deixei a cama de Claire, no meio da noite, e fui para
sua cozinha enquanto ela dormia. Girando o botão do seu fogão, as chamas de
gás azul acenderam e eu o manuseei até ficar no fogo médio.  Eu decidi
queimar minha palma, porque, quem se importaria com a minha palma ou
sequer a notaria na Fire? Eu não iria marcar meu corpo com cicatrizes se
pudesse evitar isso, Claire me descascaria  vivo.

 Assim, em completo silêncio, eu deixei minha palma parada  sobre as 


pequenas chamas. Elas queimaram rápido e eu apertei meus olhos, travando
meu maxilar… aguentando firme enquanto meu corpo estremecia, mas eu não
gritei… nem me afastei… ou chorei.

 Depois do que pareceu uma eternidade, eu não consegui aguentar mais e


puxei minha mão, desligando o gás com a outra. Girando, fui até a pia e abri a
torneira de água fria no jato máximo em cima da queimadura dolorida e
horrível na minha pele e senti um novo tipo de dor. Meu corpo estremeceu e
minha cabeça lançou-se para trás por um segundo enquanto eu resistia,
apenas um rosnado imperceptível conseguindo escapar.

 Claire estava atrás de mim no segundo seguinte, me abraçando, beijando


minhas costas e declarando que admirava a minha força e que havia ficado
excitada me vendo fazer aquilo comigo mesmo. E também, que ela tinha uma
lista de clientes totalmente nova para me apresentar agora. Ela me disse que
eu daria um maravilhoso escravo da dor. E que no outro dia iria começar a me
preparar para as tais clientes, que pagavam muito bem.

 — Mathew… – a voz de Skylar chamou outra vez e inclinei minha cabeça,


olhando fixamente para ela, meus olhos escravos da sua beleza enquanto ela
dormia tão profundamente. Meus dedos moveram-se sobre as sobrancelhas
dela, sobre os detalhes do seu nariz delicado, e traçaram o contorno dos seus
lábios.

 — Sim, Skylar? – eu sussurrei. Da última vez que ela falou dormindo,


tivemos uma conversinha sexy… e eu gostei.

 Não existiam perguntas difíceis aqui… nenhuma confissão suja e imoral


para fazer… nada  de olhar dentro dos olhos dela quando ela descobria como
eu era  realmente nojento. Dormindo, eu poderia falar com seu coração… com
sua alma. Sua mente, brilhante como era, estava agora descansando…

 Ela se debateu levemente no cobertor, como se algo a estivesse


incomodando. Minha testa se enrugou, perguntando-me qual era o problema.

 —  Me dá sua mão… Mathew… por favor… estenda a mão… – ela estava
murmurando baixinho.  — Eu só quero te ajudar… não… não.

 — Shhhh… - sussurrei em seu ouvido, beijando-o e envolvendo meus


braços totalmente em volta dela. — Eu estou aqui… estou bem… você me tem.

 Ela quer tanto me salvar. Eu gostaria de poder ser salvo. Ela se acalmou
um pouco e suspirou tranquilamente.  Seus lábios mostravam  um sorriso
enquanto eu fechava meus olhos e encostava meu rosto no ombro exposto
dela, viciado na pele macia e delicada dali.

 — Você me tem, Skylar. – eu sussurei. — Pra sempre. Eu amo você.

 Ouvir minhas próprias palavras me fez doer por dentro. Eu não podia negar
para mim mesmo que era verdade, mas eu também sabia que eu jamais
poderia dizer isso a ela, e que ela nunca poderia me amar em  troca. E mesmo
se ela amasse, nós jamais poderíamos ficar juntos.

 O amor é uma vadia malvada. Pior que Claire, Raven, e todo o resto delas
juntas. Eu odeio o amor. Ele me açoita todos os dias e suas correntes são
quentes e cortantes. E sua dor… eu nunca me acostumo… não consigo
suportar.

 E agora, ele está atrás de Skylar… ele quer ferir seu corpo e coração, puros
e sem cicatrizes, me usando.

 Mesmo agora, enquanto estou abraçando Skylar, minha mente viaja para
amanhã. Eu tenho uma participação naquele filme adulto à tarde, e depois
disso tenho que ir para Fire. Me pergunto se Skylar ainda quer ir  até lá esta
noite para me “observar”.

 Não, não posso  pedir para ela fazer isso. Mas, ela disse que queria ver que
trabalhos eu faço. Neste trabalho, pelo menos, ela estaria permitida a ir e
sentar atrás das câmeras, como minha convidada. Decidi contar a ela sobre
isso e deixá-la escolher. Acho que daria um interessante capítulo na tese dela.
Com que frequência uma garota como Skylar tem permissão para acompanhar
os bastidores de um pornô?

 Deixe-a ir. Ela vai me ver pelo que realmente sou e vai querer sair de perto
dessa droga. E não vai se apaixonar mais ainda por mim. Ela irá se salvar e
escapar.

 Os músculos do meu rosto se contraíram, odiando a ideia de lhe pedir para
que fosse. Eu teria que me fingir de bobo de agora em diante, não mostrar a
ela que eu podia ver a tristeza brilhando em seus olhos. Que eu era apenas
aquele cara de alguns dias atrás, que a  perguntou na mesa do restaurante
chinês se ela já tinha pagado um boquete antes. Era tão fácil até então, e eu
não sentia nenhuma vergonha do que eu era. Agora, alguns dias depois, eu me
sinto tão… repulsivo.

 Com todo o cuidado, saí da cama e beijei o cabelo de Skylar, afagando-o


esperando para ter certeza que ela não estava acordando. Ótimo, ela ainda
estava profundamente adormecida.

 Andei sem roupa até a sala de estar e sentei no sofá, encarando o pequeno
gravador; o botão vermelho de gravação prendendo toda a minha atenção.
Estava bastante escuro aqui, e somente a luz da lua iluminava o interior. E
Skylar não estava me observando.

 Eu apertei o botão de gravação e fechei meus olhos, deixando minha voz
falar:

  —Mathew, sessão cinco. – comecei de maneira profissional, como ela


gostava. — Sky… sou eu. Se eu tiver alguma sorte, você não vai ouvir
isso até eu ter ido embora… então… eu posso dizer tudo o que quero
dizer…

(…)

Mathew POV
 Hoje é sexta-feira, quinto dia.

 Eu estava cantando na cozinha por volta das 7:30 da manhã, fazendo
nosso café, quando Skylar começou a se remexer na cama.

 Colocando tudo na toalha de mesa, no chão, olhei para o quarto. Se


alongando e sorrindo, ainda de olhos fechados, ela estava tão natural e amável
que eu poderia descansar ao seu lado para sempre. Eu estava vestindo calça
jeans, sem camiseta, e eu esperava que essa ainda fosse a minha regra ao
longo do dia.

 - Dormiu bem? - me ajoelhei ao lado da cama e passei meu nariz


carinhosamente contra o pequenino nariz dela.

 - Mmmm… - ela pareceu tão contente, seus olhos abriram calmamente e


encararam os meus, tão calorosos que quase comecei a soar. - Muito bem para
ser verdade, Sr. Evasão.

 Eu gargalhei por um segundo, então fiz com que meus olhos e voz
ficassem sérios.

 - Skylar… - eu disse, acarinhando seus cabelos e encarando seu rosto. Ela


continuou a olhar para mim. - Queria dizer que sinto muito pela última noite.
Estou traindo nosso trato e eu sei que você está ficando frustrada…e é por
causa de mim.

 - Não, eu - ela começou, mas eu não deixaria ela negar alguma coisa.

 - Por favor, Skylar - falei pegando sua mão e colocando na minha - Por
favor…me deixe dizer isso. Estive pensando a noite toda. 

 - Tudo bem.. - ela ficou tensa, esperando eu falar.

 - Este é um arranjo muito tenso que criamos para nós mesmos. Terapia ao
longo do dia, aventuras sexuais durante a noite. E é minha culpa. - comecei,
esperando que minha voz estivesse gentil e sincera.  - Não sou um bom
paciente, e eu nunca pensei que diria isso, mas, eu não sou fácil.

 Nós dois rimos por um tempinho.

 - Mas eu te agradeço…por me ajudar. Por querer me ajudar. Skylar, eu


sempre quis que alguém se importasse comigo, e quando isso finalmente
acontece, eu fico nervoso e fujo que nem uma criancinha. Sinto muito, Skylar,
eu não sei o que há de errado comigo. Eu não quero te machucar de novo…eu
devo ir embora.
 Seus olhos abriram mais ainda em compreensão, e me encararam com
medo e dor.

 - NÃO! - ela gritou, agarrando meu braço - Não, Mathew! Nosso tempo
ainda não acabou! Você prometeu!

 - Eu vou devolver seu dinheiro…todo ele, prometo. 

 - Mathew, não. Espera. - Ela sentou, e me segurou em seus braços. - Não


quero que você vá…por favor. Por favor, fique comigo. Eu sei que é minha
culpa. Eu pego muito pesado. Pergunto demais, e você ainda não está pronto
pra desabafar comigo. Eu tenho que ser paciente. Eu vou ter paciência. Sinto
muito, Mathew.

 - Não se desculpe, Skylar.  – inclinei minha cabeça para a dela, em


seguida, a beijei. ─ Eu amo como você continua tentando, como você nunca
desiste. Eu sei que é porque você se importa. Eu só não estou acostumado a
esses sentimentos. Eu não sei como reagir. Eu não sei como … ser… cuidado
por você. E eu posso ver que eu estou te machucando…E eu não quero fazer
isso…nunca.

Skylar franziu a testa, decidiu me arranhar e lutar de volta e isso me calou.

Ela se levantou de joelhos na cama, deixando os lençóis caírem de seu


corpo e ela me enfrentou, nua, com a voz rígida agora.

─Não, você não está indo embora.  – ela afirmou, como um fato.  ─ Você
me pertence e eu mando, lembra? Você vai ficar aqui, mesmo que para isso eu
tenha que te prender com corrente  na cama, você entendeu isso, Trenner? Se
é assim que você se sente mais confortável, se este é como você gostaria que
eu falasse com você, então azar o seu! Não vou tratá-lo dessa forma, mas o
nosso negócio continua de pé. Você vai sofrer um novo tipo de tortura
agora, aprendendo a ser cuidado! Esse é o meu fetiche e você vai alimentá-
lo até que esteja satisfeito. Você é meu e você não vai sair até que o nosso
tempo acabou. Bom ou ruim, nós conversamos durante a terapia e ficamos
juntos.

Uau. Ela vai ser um grande psiquiatra, um dia…ou uma mulher dominadora.

Eu não queria ir. Me fez mal ao pensar em deixá-la. Mas eu queria que ela
tivesse a opção. Eu gostei do jeito que ela falou comigo agora, é como se ela
estivesse falando a minha língua por um minuto. Eu teria que ficar agora. Ela
disse as palavras para me segurar aqui. Ela é super inteligente. E eu estava
feliz. Então eu sorri e vi seu sorriso voltando para mim em troca.

─Sim, Skylar.  – eu respondi.  ─ Se esse é o seu prazer.

─ É. – ela sorriu, deixou escapar um suspiro de alívio enorme para isso, e


eu estava feliz quando ela me puxou para ela para um abraço muito apertado.
Seus dedos se enroscaram no meu cabelo enquanto eu fechei os olhos e me
prendi ao fato de que, se eu pude aprender a ser queimado e batido e furado
com agulhas, então talvez eu pudesse aprender este novo jogo de Skylar.
Como um brinquedo, era meu dever jogar os jogos que ela mais gostava.
Gostaria de tentar.

Mais tarde, nós nos sentamos no chão juntos, comendo cereal e assistindo
desenhos animados. O clima era tão divertido e leve, e eu não sei como ele
ficou assim. Ontem à noite eu estava tão confuso, tão cheio de conflitos e
vergonha … e agora eu não parecia ter uma preocupação no mundo…no o
momento, de qualquer maneira.

─ Eu sei que fui mal na noite passada.  – eu estava dizendo para ela com
um sorriso de menino em meus lábios. ─ Eu deveria ter respondido suas
perguntas. Sinto muito.

─ Você é muito mau.  – ela sorriu para mim, mordendo o cereal,  ─ É


também minha culpa, então não posso ser muito brava com você. Estou sou
tão fraca para você. É revoltante. Eu devo ser destacada e profissional, mas
você é tão fodidamente bonito e tem muito mais, por trás desse rosto e
corpo…Eu não tenho força… para ficar longe de você.

Peguei o coração rosa da minha tigela de cereal, um marshmallow, e o


coloquei em sua boca para ela mastigar e devorar. Ela poderia ter o meu
coração. Ela o tinha.

─ Então…não fique.  – inclinei-me e beijei os seus lábios açucarados.

Depois de um minuto em silêncio, eu perguntei a ela, não querendo


prolongar a menção inevitável da vida real à espera do lado de fora. ─ Então…
qual é a sua agenda para hoje, Dr.?

─ Hmmm.  – ela sorriu, ─ Observar meu paciente…cada adorável centímetro


dele, em toda a sua glória eterna.

Eu levantei uma sobrancelha, sem palavras e ela esclareceu. ─ Nós temos


hoje, segunda-feira e terça-feira para observar  as saídas dos nossos
pacientes.

─Oh, eu vejo. – deixei um grande sorriso enrolar no canto dos meus lábios.
─Bem, então, hoje … vai ser muito esquisito e estranho para você, Dr. Skylar.

─ Por quê?  - ela parecia nervosa, mas ainda sorriu de qualquer maneira.

─Porque hoje…  – eu mantive minha voz divertida e descomplicada. ─ Nós


começamos a filmar um pouco de…pornô.

─Pornografia?  - sua voz era forte e firme de repente.

─ Sim. – eu olhava um pouco com a reação dela.  ─ Me ofereceram um


papel neste  filme…amigos de Claire…se você me proibir de fazê-lo, eu vou
cancelar. Talvez Ryan pode fazer por mim. Embora…eu vou ser punido por
Claire se eu não fazer isso.

Normalmente, eu não diria a ela o que disse no final da frase, mas se ela
queria honestidade…

─Punido como?  - ela tentou parecer calma, mas parecia que ela realmente
queria saber.

─Não tenho certeza.  – eu respondi honestamente. ─Ela gosta de


diferentes…jogos.

Skylar engoliu em seco e eu vi seus olhos confusos e  em pensamentos


rápidos. Por que estou fazendo isso com ela? Uma grande parte de mim quer
que ela diga não, não vá. Outra parte de mim quer que ela venha comigo, e
me beije entre os intervalos. E, em seguida, outra parte de mim quer que ela
queira vomitar e sair correndo de lá, deixando-me para sempre. Deus, quantas
personalidades que eu tenho aqui?

─ Eu vou com você, Mathew.  – ela disse com firmeza, em seguida, me


fazendo rir. ─Vai ser bom…para o meu trabalho.

─Eu pensei isso também. Traga o seu notebook.  – eu disse, terminando o


meu cereal e bebendo o leite direto da garrafa, tomando-o como em um copo. 
─Mas se em algum momento, você começar a achar demais, você não tem que
ficar.

─ O que eles vão…fazer com você?  - perguntou ela com cuidado, com sua
cara brava.

─É um vídeo de dor.  – eu informei, tentando soar casualmente sobre isso.


─Não será tão terrível, poderia ser pior. É basicamente, uma dominadora
feminina e eu. Eu sou o pobre submisso macho que vai estar à mercê dos
prazeres femininos. Estou acostumado a todas as coisas que eles têm
planejado, mas esta é provavelmente a única maneira de você me ver
fazendo. Tem certeza que isso é algo que você quer ver, Skylar? Você não
fazer tem que vir, eu vou estar de volta em um algumas horas.

─ Não, Mathew.  – ela disse, terminando seu cereal agora. ─Eu disse a
você, você não vai me afastar para longe. Irei onde quer que vá. Eu estarei lá
para você. Eu posso lidar com isso.

Eu não podia fazer nada a não ser  lhe dar o beijo mais apaixonado que eu
acho que eu nunca compartilhei com ela. Ela ainda deixou escapar uns sons,
surpresa com sua intensidade, enquanto eu deixei minha tigela de cereais cair
no chão e enrolei meus braços ao redor dela.

Não é tanto o que ela disse , mas a forma como ela tinha dito as palavras.
Tão verdadeiro, tão concretamente, eu realmente acreditava.Ela estava
comigo. Ela não ia me deixar e ela não me permitiu deixar ela. Ela é muito
mais forte do que parece à primeira vista.

Depois de alguns minutos de molhadas, carícias quentes, eu tive um


pensamento e ri em seu ouvido.

─ Só me prometa uma coisa. Não vá para cima da mulher dominante para


me salvar desta vez, tudo bem? Ela poderia ter você acorrentada ao meu lado.

Skylar riu.  ─ Eu prometo. Vou sentar lá e assistir você sofrer e pensar, que
logo antes você me distraiu ontem à noite com sexo.

─ Boa menina.  – eu beijei o seu queixo, depois levantei  e a ergui  em meu
ombro enquanto ela gritava, surpresa com o aumento repentino do chão. ─
Hora do banho. Você precisa se esfregar bem pesado depois da noite passada,
sua sujinha.

Skylar POV

Eu consigo fazer isso, eu consigo fazer isso, eu consigo fazer isso.

Eu não consigo fazer isso.

Eu me pergunto se Mathew realmente pensou em me abandonar essa


manhã, ou se aquilo foi somente seu jeito de me fazer ter um melhor
comportamento e ser mais cuidadosa da próxima vez que tivermos uma
sessão de terapia.  James tinha dito que Mathew era um mestre em manipular
as pessoas e eu estava começando a me perguntar se era verdade ou não.

Mathew deve saber o quanto eu me importo com ele e talvez ele esteja
usando isso como vantagem, dizendo que estava indo embora, então eu iria
implorá-lo para ficar. Porém eu não implorei, exatamente. Veio a mim o
pensamento de que ele estava  se sentindo desfavorecido em relação a mim,
porque não tinha ninguém dando ordens a ele e talvez sua mente estava
sentindo falta disso. Ele estava se sentindo inseguro e fora de controle sem
esse hábito de ser mandado.

Então por um momento eu tive voz de comando. Eu o ordenei que ficasse e ele
me ouviu. Isso é ter poder demais sobre uma pessoa. Apenas alguém tão
doce, confiável e generoso como Mathew poderia se entregar por inteiro nas
mãos de outros assim como ele havia feito.

 Gostaria de tentar tirar isso dele, quando  é isso que me atrai para mais
perto dele? Eu teria em breve que sentar e escutar todas as minhas fitas e
começar a escrever algumas das minhas conclusões e suspeitas sobre ele
enquanto ele não estiver por  perto. Quem sabe eu poderia mandá-lo dar uma
caminhada fazer uma corrida.

 Mas, o que eu suspeitava estava claro:

 Alguma coisa terrível aconteceu com Tanya. Tenho medo de que ela esteja
morta.

 Além disso, acredito que ele tenha um filho ou  filhos em algum lugar. Os
desenhos do Bob Esponja e o seu comportamento de criança de vez em
quando mostravam isso. Realmente explicaria por que ele sente que está preso
nessa vida e jamais pode perder seu emprego, nas palavras dele. E acho que,
em algum ponto, Mathew levou essa criança para os pais dele, apesar da
maneira que eles o trataram, em um momento de desespero, e eles,
totalmente sem corações, fecharam a porta na sua cara.

 Fiz uma nota mental para pedir ao meu pai para procurá-los. Talvez algum
acordo de paz podia ser selado entre eles. Há sempre dois lados de toda
história, certo? Talvez Mathew pudesse ligar para eles, se cara a cara for difícil
demais. Eu não estava ansiosa para a reação que receberia quando trouxesse
esse assunto à tona para Mathew. Mas, acho que desse jeito eu poderia obter
mais da história e, ao mesmo tempo, ele poderia começar a  se curar se ele
perdesse um pouco do ódio pelos pais que ele tem dentro de si.

 Não estou dizendo que ele deveria perdoá-los. Estou dizendo que ele
deveria se desprender da raiva que ele mantêm por causa deles.

 Eu carregava meu caderno e uma caneta comigo enquanto Mathew e  eu


pegávamos um táxi para um lugar chamado Eagle Studios. Por alguma razão,
quase pensei que iríamos para um quarto de hotel ou alguma casa, mas pelo
visto este filme era de orçamento mais alto que isso. Não era nenhuma
produção da Dreamworks, mas também não estava no último degrau da escala
que eu estava supondo. Talvez fosse tudo normal. Aham, Sky. Você é uma
idiota. Eles estão planejando machucar Mathew. Outra vez. Que parte disso é
normal?

 Em um certo momento, Mathew tentou esfregar os dedos no meio das


minhas pernas por cima da minha calça jeans,  tipo, bem  no banco de trás do
táxi e com o motorista bem  na nossa frente, mas fiquei orgulhosa de ter o
impedido, apesar do rápido tremor que aquilo tinha me causado.

 Eu estava tentando ser profissional no momento e me preparar para


aguentar as próximas horas. Talvez ele estivesse tentando distrair minha
cabeça das coisas, mas eu disse para mim mesma que tenho que ser mais
forte do que já estava sendo. Não vou ser capaz de resistir a Mathew ou
impedi-lo de me seduzir, mas poderia tentar diminuir isso, assim
só aconteceria durante o tempo dele, não durante o meu. Oh, por favor, quem
estou enganando? Eu o quero agorinha mesmo e são 11:23h da manhã! Céus,
eu sou tão  fraca.
 ─Não esqueça, Skylar. – Mathew pegou minha mão e a apertou de leve.
─Tudo que você ver é atuação. Se eu gritar ou qualquer coisa, não fique
preocupada. É tudo armado. Tudo. Você verá entre as tomadas, entendeu?

 ─ Entendi. – assenti  enquanto o táxi diminuía a velocidade e parava em


frente a um edifício executivo.

 ─Obrigado. – Mathew  pagou o taxista, que disse muito entusiasmado, ─


Uau! Obrigada, CARA!

 E, em seguida, ele até desceu do táxi e abriu a porta para mim, pegando
minha mão e me ajudando a sair. Mathew  deve ter lhe dado uma bela gorjeta.

 Entramos no edifício e era tão moderno e bonito que me surpreendeu. Não


sei por que sempre imaginava motéis beira de estradas  e depósitos vazios e
sujos quando  pensava na gravação de um filme pornô. Muitas surpresas.

 Segui Mathew, que foi até o elevador e apertou o 10. Ele ainda segurava
minha mão e piscou para mim enquanto esperávamos. Eu me perguntava se
parecia tão assustada como me sentia.

 As portas prateadas se abriram e algumas pessoas saíram da cabine do


elevador. Entramos e éramos as únicas pessoas dentro quando as portas se
fecharam.

 ─ Fique aí! – apontei para ele e fui  para o meu canto do elevador. ─
Mathew, comporte-se.

 ─Mas, Skylar… elevadores! – Mathew continuava tentando chegar perto de


mim. ─Eles foram feitos para transar!

 Ele estava beijando meu pescoço e lambendo-o quando as portas se


abriram. Eu me lancei para fora e ele me perseguiu, correndo feito uma
criança pelo longo corredor com piso de mármore. Era bastante silencioso e
elegante aqui e notei uma recepcionista sentada em uma mesa. Diminuí a
minha voz, mas ele não. De repente, sentia como se devêssemos ser educados
e reservados. Então me lembrei do que estávamos fazendo aqui. Eu me
pergunto como alguém se apresenta a recepcionista neste lugar.

“oi, eu vim  filmar Grandes Paus Pulsantes aqui hoje.”

Cristo.

 Decidi me afastar e deixar Mathew cuidar disso. Me dando um tapa na


bunda, ele não sentiu nenhuma vergonha na frente da garota bonita da mesa.

 Ela me humilhava. Dez vezes. Sua pele era  impecável, e  o cabelo estava
puxado para trás numa longa trança. Parecia seda. A maquiagem dela era
pesada ao redor dos olhos,e os lábios com um brilho coral. Seu vestido era
decotado e os seios muito volumosos, meio expostos para a nossa visão acima
dela.

 Mathew nem sequer reparou nela e apoiou os braços sobre o balcão de


madeira  entre eles.

 ─Oi.  Mathew,  7589.

 Sorri ironicamente a isso. Muito apropriado. Códigos numéricos. Nenhum


sobrenome. Esse pessoal obviamente vinha fazendo isto há anos, e sabia como
fazer de maneira profissional e com classe.

 Mas, como já sei disso se acabei de chegar aqui? Se meu pai soubesse
onde estou neste exato momento… Cristo! Ele me trancaria em um cinto de
castidade e nunca mais me deixaria sair do meu quarto novamente.

 Ela olhou para alguns cartões e sorriu para ele.

 ─Sim, Mathew. – ela cumprimentou. ─ Você está no quarto 45. No final do


corredor, a última porta à esquerda.

 ─Obrigado. – ele sorriu de volta, pegando minha mão e me conduzindo.

 Espero que esteja tudo bem eu não ter um código.

 Mathew  me segurava para perto, seu braço em volta da minha cintura, e
sussurrou, ─Última chance para mudar de ideia, Skylar. Você não precisa vir
comigo.

 ─Eu quero ir. – menti. ─ E Mathew…

 Parei e percebi que estávamos quase na porta certa. Ele me olhou


curiosamente, como se não soubesse o que eu iria dizer ou fazer… nem eu
sabia.

 Eu queria lhe dizer que o amo, que odiava vê-lo passar por qualquer dor,
mesmo que seja dor de mentira, e que, se eu pudesse, lhe daria tudo o que
tinha e ele nunca mais teria que fazer essa merda de novo.

 Pela primeira vez na minha vida, desejei que eu fosse rica.

 ─Sim? – ele enfim perguntou, quando fiquei apenas o encarando sem dizer
nada.

 E, simplesmente o abracei. Segurando-o como fiz na outra noite, fechando


meus olhos e não querendo que ele entrasse lá. Mas, eu não podia impedi-lo.
Além disso, se Claire  alguma vez o machucasse por algo que eu o fiz ou não,
eu jamais conseguiria me perdoar.
 ─Oh, Skylar… – ele  parecia tocado pelos meus sentimentos por ele, e
afagou a parte de trás do meu cabelo. ─Eu não te… disse que é tudo
encenação?! Não fique triste. Se divirta. É tudo brincadeira. Certo?

 ─Certo. – tentei  sorrir quando ele me deu um beijo breve e abriu a porta.

 Neste quarto, fiquei aliviada ao ver três sofás grandes de couro, uma
geladeira num canto, e uma cama enorme no outro.

 ─Este é um quarto para relaxar entre as tomadas ou após a filmagem.


Qualquer coisa que quiser beber está na geladeira, é só se servir, e…

 Mathew começou a me explicar e então ouvi uma voz de homem gritar,

 ─ Mathew! Você chegou cedo!

 ─Oi, George. – ele sorriu e apertou a mão do homem. Ele era de estatura
média, cabelo castanho comprido e enrolado, e um tanto acima do peso.
Deduzi que fosse alguém da equipe por trás das câmeras. ─ Skylar, este é
George, ele é nosso diretor hoje. George, esta é Skylar, minha assistente.

 Sorri, sem saber se estava vestida adequadamente ou se sabia com o que


uma assistente de Mathew aparentaria, mas George não pareceu surpreso,
sendo assim me deixei levar.

 ─Bem, você está um pouquinho adiantado, mas se quiser, a maquiagem te


espera. – George nos guiou até outro corredor passando os sofás e havia um
pedaço de papel colado à porta que dizia “Cabelo e Maquiagem”, escrito em
preto.

 ─Tudo bem, legal. – Mathew  disse enquanto eu o seguia.

 ─E para começar, sem figurino, nu. – George falou para Mathew tão
indiferente quanto alguém que me pediria um hambúrguer.

 Mathew deu risada e falou com George.

 ─Indo direto ao ponto, huh? Nada de preliminares ou algo assim?

 ─Não para essa. – George rolou os olhos. ─ Você sabe como essas
mulheres são.

 Mathew riu e me levou pela mão para a sala de maquiagem. A sala era
grande, com cadeiras e espelhos na frente delas, incluindo  três chuveiros na
parte de trás e pias, com toalhas no chão próximo ao local.

 Uma mulher estava parada ali, falando no celular. Ela parecia à vontade,
camiseta e jeans, como eu; o cabelo vermelho num rabo de cavalo, a
maquiagem perfeita, e usava tênis branco, não saltos agulha. Ela virou quando
entramos e sorriu abertamente, desligando o telefone sem dizer uma palavra,
ela deu um grito agudo.

 ─ Mathew! Meu amor!

 E em segundos, eles estavam abraçando-se como velhos amigos. Me


peguei sorrindo  também, mas lembrei que ele nunca a listou no seu pequeno
círculo de amigos para mim.

─Oi, RED! – ele sorriu para ela e a beijou na bochecha carinhosamente, ─


Não me contaram que você ia nos preparar hoje.

 ─ Skylar, esta é Red. Red, Skylar, minha assistente. Cuide muito bem dela
hoje, tudo bem?

 ─Cuidarei, cuidarei. – ela  sorriu ainda mais largo para mim. ─ Prazer
em conhecê-la, docinho.

 ─Igualmente. – forcei um sorriso.

 O que diabos estou fazendo aqui?

 ─Bem, você está adiantado, como sempre. – Red elogiou enquanto Mathew
encolhia os ombros, em seguida disse para mim. ─ Este aqui é um ótimo
menino.

 Só pude corar e rir levemente com aquilo.

 ─Venha se sentar. – ela virou a cadeira para Mathew, que me olhou


primeiro.

 ─ Skylar, você pode se sentar na cadeira ao meu lado se quiser. – Mathew


olhou dentro dos meus olhos para assegurar-se que eu ainda estava bem.

 ─Ok.

 E, assim, Red começou a passar base no rosto de Mathew, combinando


com seu tom de pele, perguntando a ele sobre Claire.

 ─Ela está bem. – ele respondeu, sem dizer muito na minha frente.

 Escutei quando Red contava a ele que uma mulher chamada Nikki Sinn era
quem iria dominá-lo hoje. Observei a reação de Mathew e ele pareceu sorrir e
revirar os olhos.Em seguida, Red começou a aplicar gel e ajeitar o cabelo de
Mathew. Parecia incrivelmente sexy.

 Em cerca de meia hora, o rosto dele estava ainda mais lindo que antes – se
isso é possível – e Red retirou o pano dele e disse. ─ Você facilita tanto meu
trabalho, já é deslumbrante por si só.
 Mathew riu e começou a tirar a camisa, tomando cuidado para não borrar o
rosto. Ele foi na direção das toalhas no chão perto do chuveiro e olhou para
mim, talvez com medo de que eu fosse embora ou não quisesse ver isto.

 Sorri para ele, fingindo escrever no meu bloquinho enquanto ele tirava a
calça e a cueca. Oh, espere. Sou a assistente dele. Eu deveria estar lá. Fechei
meu bloquinho e me apressei, pegando suas roupas do chão e dobrando-as
organizadamente, ganhando um pequeno sorriso dele ao me assistir
interpretar meu papel.

 Red não prestou muita atenção no corpo de Mathew quando começou a


passar spray nas costas dele. Mathew, quando virou-se para mim para ter seu
peito maquiado, até começou a brincar e a conversar comigo enquanto eu
observava.

Após isso,Mathew recebeu um roupão macio preto e deixamos aquela sala.

 Em seguida, fomos para o set, Mathew  disse que o ajudava andar antes da
filmagem, sendo assim fomos para o espaço mais a frente. Ninguém estava ali
no momento, as câmeras estavam todas a postos e preparadas. Senti-me
nauseada imediatamente no “set”. Era uma um lugar que tinha uma minúscula
jaula, uma caixa de madeira, uma escada, e uma parede cheia de diversos
chicotes, mordaças, vibradores, correntes e ferramentas.

 Também tinha uma caixa enorme onde podiam ser encontradas todas os
diferentes tipos de camisinhas e  quando finalmente olhei para cima e vi o
rosto de Mathew, quase chorei.

 Ele estampava uma cara de desgosto e tristeza e estava tentando escondê-


la.

 ─ Mathew? – eu  disse suavemente. ─ Você não precisa fazer isso, você
sabe. A escolha é sua.

 ─Não é isso. – ele  fez com que seus olhos olhassem dentro dos meus.
─Eu não quero que você veja isso. Pensei que poderia aguentar, você vir aqui
comigo… mas… não vai ser de mentira, Skylar. É real. Vão fazer coisas
comigo… coisas que você jamais deveria ter que ver. Acho que é como você
disse, eu estava tentando usar isso para te afastar. Mas, não posso fazer isso
com você. Por que você não vai pra casa e estarei lá logo que acabar aqui?

 ─ Então vem comigo. – eu disse, segurando a mão dele. ─Eu sei que você
não quer estar aqui também. Por favor. Vamos sair daqui. Vamos lá para fora
onde há sol e grama, por favor, Mathew.

 Tive a impressão de que ele estava considerando a possibilidade e meu


coração encheu-se de esperança.

 ─ Vai dar confusão, Skylar.


 ─Não vou embora sem você. – falei  afagando suas bochechas com as
mãos. ─Se você ficar e fazer isso, estarei aqui e assistirei cada minuto. Ficarei
com você não importa o que te façam. Não vou abandoná-lo. Mas se você
quiser ir embora, então podemos ir. Você tem que escolher. Fazer o que VOCÊ
quer fazer…

 Uma batalha interna estava acontecendo por trás daqueles delicados olhos
e então… ele sorriu para mim, parecendo uma criança desobediente.

 ─Vamos. – ele disse.

 Eu não pude acreditar, foi como um milagre.  Ele pegou minha mão e me
levou pelo corredor, passando por algumas pessoas que não falaram nada para
a gente, e antes que eu percebesse estávamos fora do corredor, fechando a
porta 45 atrás de nós.

Eu amo tanto você, Mathew.

 ─Oh, espere, aqui! – ele falou abafando o riso e me puxou para outro
corredor enquanto eu ria e o seguia para dentro de outro quarto, que dizia 39.

 Era escuro aqui e imaginei que estávamos nos escondendo de alguém


que Mathew reconheceu nos corredores. Eu estava simplesmente tão aliviada
por estar fora de lá que comecei a dar risada nervosamente e então senti a
mão de Mathew cobrir a minha boca, segurando-me junto a ele enquanto um
par de passos passavam pelo corredor… e sumiam.

 As luzes se acenderam e minha boca foi liberada.

 ─hmm, o cenário do hospital. – Mathew disse quando meus olhos se


focalizaram no que parecia uma verdadeira sala de hospital, com todos os
tipos de instrumentos também. Medicamentos, bolas de algodão, agulhas de
mentira.

 ─Agora estamos na minha fantasia. – ele sorriu, olhando em volta,


colocando o estetoscópio, ─ Vem cá, Skylar.

 Fiquei tão feliz em ouvir que ele tinha fantasias dele mesmo, era minha
primeira vez ouvindo a respeito disso.

 Me aproximando dele, permiti que ele botasse o estetoscópio um pouco


dentro da minha camiseta, em cima do meu coração, e escutasse.

 ─Isso funciona de verdade? – perguntei alto demais, fazendo-o se contrair


e cobrir minha boca novamente enquanto eu tentava não rir. Suponho que
minha voz alta não era tão bonita aos seus ouvidos.

 Ele balançou a cabeça para mim, rindo de maneira divertida ao escutar por
um minuto mais ou menos.
 ─ O que está dizendo? – sussurrei.

 Ele sorriu mais e riu baixinho, mas eu já sabia o que meu coração estaria
lhe dizendo se ele o escutasse: Eu te amo – Eu te amo – Eu te amo…

 ─ Está batendo muito rápido. – ele respondeu.

 Mathew se afastou de mim por um segundo e foi até o canto do quarto,


achando o uniforme de médico. Ele tirou o roupão e o vestiu.

 ─ Você, Srta. Hayes, está muito doente. – ele  jogou o roupão no chão e
virou-se para mim, trancando a porta.

 ─ Mathew, você vai arrumar confusão… com a Claire por isso? – perguntei,
preocupada.

 Talvez deveríamos voltar. Não quero que Mathew seja machucado por ela
também. Mas, parece que não importa o que ele faça, ele está em problemas.

─ Shhhh… - ele colocou  as mãos nos meus ombros e me deitou de volta na
mesa de examinar. ─ Você está murmurando coisas sem sentido.Está
extremamente desorientada.

Comecei a rir e a reclamar, mas Mathew pegou um termômetro e enfiou na


minha boca, dizendo. ─ Não fale por 2 minutos. Segure isso embaixo da
língua.

 Dando uma reclamação, segurei o termômetro ali e senti ele tirando minha
blusa.

 ─ Srta. Hayes, não fique assustada. – ele disse. ─ Eu sou médico, você
deve ser examinada direito.

 Em seguida, ele retirou meu sutiã e me empurrou de volta na mesa


abaixando minha calça, desabotoando e abrindo o zíper dela enquanto minhas
mãos pendiam nervosamente em meus lados, e senti minha calcinha sendo
tirad, soltando outro ruído abafado.

 ─ Por favor, Srta. Hayes… não seja difícil. – ele disse. ─ Vou odiar ter que
sedar você.

 ─ Não! – tentei falar, mas Mathew veio até meu rosto e puxou o
termômetro da minha boca, examinando o objeto, e meus olhos o observavam
aflitos.

 ─ Wow. – sua voz soou preocupada. ─ Você está queimando em febre.


Deite-se, Srta. Hayes. Você não deve nem falar.
 ─ Não estou com febre. – decidi responder ao mesmo tempo em que ele
me deitava um pouco, puxando do nada um punho de retenção hospitalar e
passando minha mão por ele, fechando-o com força, e protestei. ─ Hey!

  ─ Shhhh… – Mathew deu a volta para minha outra mão enquanto eu
sacudia a primeira amarra ao meu lado, e em dois tempos minha mão
esquerda estava presa também. ─ Você está tão doente que pode alucinar e
ferir a si mesma, Srta.Hayes. Fique parada. Eu vou te ajudar.

 ─ Não estou doente. – sacudia meus braços um pouco enquanto  ele ia até
a uma gaveta, retirando uma pequena bola de plástico com alças.

 ─ Você deve economizar suas forças… – ele disse calmamente e apertou


minhas bochechas com uma das mãos. Minha boca se abriu e a pequena bola
vermelha entrou, preenchendo minha boca e mantendo meus lábios
ligeiramente separados enquanto ele virava minha cabeça e apertava o fecho
nas alças atrás da minha cabeça, afastando meus cabelos e ajeitando-os em
meus ombros.

 Dei alguns gritos abafados e me debati, bastante excitada e molhada, e ele


caminhou sem pressa até os pés da mesa e falou calmamente ao levantar
minhas pernas para cima.

 ─ Você precisa de um profundo exame. – informou, ignorando meus sons


incoerentes. ─ E pode até mesmo ter que ficar internada por um longo tempo,
sob meus cuidados. Até eu sentir que está saudável o bastante para voltar ao
mundo real novamente, você pertencerá a mim. Então, se eu fosse você,
cooperaria para ficar recuperada rápido.

 Puxei minhas amarras, arqueando minhas costas ao tentar escapar. Havia


tiras de couro que enrolavam em volta dos meus joelhos e estavam apertadas
bem firmes para me prender no lugar; e então ele abriu totalmente minhas
pernas outra vez, travando.

 ─ MMMM! – tentei gritar um pouco mais alto, me esforçando para levantar


minha cabeça e depois deixando-a cair de volta na mesa, meu corpo saltando
e se contorcendo com violência enquanto ele andou até meus seios, as mãos
apalpando-os e acariciando para cima e para baixo à medida que ele falava,
ainda gentil.

 ─ Exames de seios são muito importantes, Srta. Hayes. – ele disse com
autoridade, seus dedos beliscando os mamilos, me fazendo implorar com
rosnados abafados. ─ Seus seios são muito saudáveis… e lindos. – ele sorriu
para mim e se curvou, lambendo e mordendo eles, os lábios macios abrindo e
fechando enquanto eu continuava fingindo que estava com medo e resistindo.

 as mãos dele descendo pelo meu estômago e encontrando meu clitóris,
movimentando-o em círculos de um lado para o outro, e choraminguei
inutilmente.
 ─ Srta. Hayes, você está muito doente para lutar assim. – Mathew advertiu
novamente, me agarrando pelos cabelos e olhando nos meus olhos, seu nariz
encostado no meu. ─ Pare com isso agora ou vou botá-la para dormir por três
dias.

 Parei de me mexer e olhei para cima, para seus lindos olhos.

 ─ Quer se comportar agora? – perguntou.

 Assenti com a cabeça, soltando outro gemido enquanto ele inclinava-se e


beijava meus lábios, embora eu estivesse amordaçada.

 ─ Que adorável. – comentou, andando até os pés da mesa, e


acrescentando, ─ E agora, você é minha.

 Olhei para baixo e ele começou a puxar um par de luvas de látex,


estalando elas ao chegar nos pulsos.

 ─ Quem sabe depois do exame vaginal, você não gostaria de um anal? –


ele provocou, sorrindo maliciosamente para mim.

 ─ NÃO! – tentei  falar através da  bola na minha boca. ─Não, por favor!

 ─ Shhhh, tudo bem então, comporte-se durante o vaginal, assim pularei o


anal.

 Fiquei quieta e fechei os olhos quando senti seus dedos deslizarem dentro
de mim, a umidade tornando a entrada dele bastante fácil. Gemi alto e senti
outro dedo… depois outro… Arqueei minhas costas e rosnei enquanto ele os
estimulava lentamente para dentro e para fora de mim.

─ Isso mesmo, Srta. Hayes… – ele murmurou e continuou girando e


movendo os dedos mais fundo, arrastando e curvando eles. ─ Confie no seu
médico para te curar. Sei como fazer você se sentir melhor…

 Após eu já ter tido um orgasmo, ele levou a boca ao meu sexo e começou
a lamber, morder e sugar, separando meus lábios íntimos com os dedos,
lambendo mais fundo.

 Gritando e ronronando, meu corpo estava se movendo e indo de encontro


à  gloriosa sensações da sua boca, lábios e língua. Gozei novamente e, em
seguida de novo, e ele não parou, cruelmente mergulhando mais uma vez
quando eu já não conseguia aguentar mais.

 Finalmente, ele abaixou sua calça e seu magnífico membro rijo estava me
ameaçando como uma espada.

 ─ Agora, seja uma boa paciente, Srta. Hayes. – ele disse e me penetrou
completamente enquanto eu me arqueava outra vez, deixando escapar um
grito; amarrada e de pernas abertas, e amando quando meu médico recuou e
começou a me estocar lentamente.

Skylar POV

 Uma hora depois, estávamos os dois satisfeitos  e cansados, e fui


declarada curada pelo Dr. Trenner. Minhas roupas estavam de volta ao meu
corpo, assim como o roupão preto de Mathew.

 ─ Confie em mim. – Mathew  pegou minha mão, me guiando de volta para


o corredor do lado de fora do quarto 45.

 Havia uma alavanca de alarme de incêndio ali e ele a puxou; uma sirene
soando e água vertendo dos sprinklers no teto e chovendo em cima de nós.

 ─ Vamos! – ele me puxou enquanto eu gritava por causa da água fria


caindo sobre mim e entramos no quarto 45 novamente, nos sentando no sofá
de couro.

 George, Red e alguns outros apareceram correndo dos outros quartos,


gritando e tentando salvar as câmeras da água. Uma garota nua saiu correndo
da sala de maquiagem, parecendo irritada e encharcada.

 Mathew olhou para George e perguntou. ─ O que é isso?

 ─ Não sei, cara, me desculpe. – George  disse segurando uma câmera com
uma toalha em cima dela. ─ Deve ser um incêndio no prédio. Pelo jeito está
cancelado por hoje. Terei que reprogramar isso. Vou ligar para Claire e
combino com você. Me desculpe.

 Sorri e abafei o riso enquanto Mathew olhava para mim, comemorando


com seus olhos, seu cabelo pingando, seus braços cheios de gotinhas de água.

 Outra observação: Mathew Trenner é brilhante.

Capítulo 13 

Skylar POV
- Onde nós estamos indo? - Mathew estava sorrindo para mim enquanto eu
nos guiava para o 5º andar do meu prédio, para a porta que dava para o
telhado. Era uma área espaçosa, rodeada por bordas. Prédios, árvores e um
maravilhoso céu azul nos circulando.

 - Meu outro escritório. - Eu estava segurando sua mão enquanto andava


para a luz do sol.

 - Que vista linda… - ele comentou, andando logo atrás de mim, a brisa
brincando com seu cabelo.

 - Sim…senti que precisávamos de ar e sol - eu confessei - e eu gostaria de


tentar uma coisa. Pode ser que seja errado, sou só uma estudante, mas tive
uma ideia que pode melhorar as coisas pra você. Você faria isso pra mim,
Mathew?

 Seu rosto pareceu tão inocente para mim ali, e ele continuou parado,
olhando para mim.

 - Eu confio completamente em você, Skylar. Você pode tentar o que quiser


comigo. Lembre-se que não há erro para nós. 

 Eu esperava que aquilo não fosse um erro. Esperava que ele realmente
quisesse dizer isso.

 - Ok, sente-se aí. - Eu me sentei no chão da cobertura e cruzei as pernas,


vendo-o fazer o mesmo em frente a mim. - Bem, antes de começar, queria
dizer que eu estou muito orgulhosa de você Mathew. - comecei dizendo,
esperando que minha voz não soasse muito condescendente. - Precisou de
muita coragem sua para enfrentar tudo e dizer não para aquele filme. Não
tenho muita certeza se você fez isso só por mim ou por você também, e
sinceramente, eu não quero saber. De qualquer forma, foi fantástico. Você que
decidiu. E fez de uma forma que não te colocasse em confusão com a Srtª
Demônio. Foi genial!

 - Srtª Demônio? - Mathew riu da forma como me referi à Claire. 

 - Antes de eu tentar minha ideia, há alguma coisa que você queira


conversar sobre antes? Algo que esteja te chateando?

 - Bem…queria te perguntar se você quer ir para a Fire comigo hoje de


noite. Como eu disse, você pode trazer suas amigas e ser minha convidada.
Mas se você não quiser, tudo bem também. 

 - Você quer que eu vá? - Fiz ele decidir novamente.

 - Sim. - Ele pareceu preocupado em ter feito a escolha errada.


 Mas não há resposta errada aqui.

 - Então eu irei. - Eu sorri, resistindo à urgência de pegar suas mãos. - E eu


entendo que na Fire você está trabalhando. Eu não vou usar nada que você
fizer lá contra você mesmo, então não se preocupe. Eu não quero fazer você
se sentir desconfortável ou coisa do tipo. 

 - Eu sei, Skylar. - Ele inclinou a cabeça e olhou bem nos meus olhos. 

 - Obrigada, Mathew.

 - Pelo quê?

 - Por não permitir que eu visse aquela tortura hoje. - Eu olhei para baixo,
nos meus tênis. - Eu teria enfrentado aquilo por você, mas teria sido tão
doloroso pra mim ver eles te machucando…

Ele olhou para suas pernas e não disse nada.

 - E eu vou levar minhas amigas. - Mudei de assunto rapidamente - Elas


têm ficado um pouco chateadas comigo essa semana, te monopolizando só
para mim e não dizendo nada para elas.

 - Você não conta para elas nada sobre a gente? - Ele sorriu para mim, me
observando balançar a cabeça, seus olhos reluzindo no sol. - Por quê não?

 - Não é que eu tenha vergonha de você nem nada! Muito pelo contrário,
mas isso é nosso. E eu não quero compartilhar com ninguém.

 - Eu entendo isso…

 - Sim, eu sei. E é o que leva à minha ideia. 

 Abri o zíper da minha bolsa no chão e tirei alguns cachecóis de lá, todos
pretos. Ele me estudou enquanto eu sorri, depositando um beijo em sua testa
antes de continuar falando calma e amavelmente. 

 - Você tem muito que não quer compartilhar, porque machuca demais. - Eu
disse, calmamente colocando um dos cachecóis em volta de seus olhos e
amarrando um pequeno nó atras de sua cabeça. - E você tende a ficar muito
tenso e desconfortável quando as minhas perguntas ficam muito difíceis. Eu
percebi que você tem problema em olhar nos meus olhos quando tem que
responder uma pergunta difícil. Eu pensei que…talvez…isso possa te ajudar um
pouco.

 Peguei suas mãos, manejando-as como se fossem feitas de vidro, curvando


o cachecol em volta dos seus pulsos na sua frente e sua cabeça tombou um
pouco para o lado, seu rosto era tão lindo que até doía…meu anjo cativante. 
 Eu suavemente fiz um nó em volta dos seus pulsos, fortes o suficiente para
fazê-lo se sentir seguro, soltos o suficiente para ele escapar se quiser.

 Terminei, tocando sua perna com a minha mão.

 - Eu estou bem aqui. Estava certa? Você se sente melhor? Mais seguro?

 Sua cabeça inclinou um pouco e seus lábios tremiam um pouquinho. Ele


mordeu o lábio inferior e respirou fundo, me respondendo logo em seguida:

 - Sim, Skylar. 

 - Você está bem Mathew?

 - Sim… - Ele relaxou e eu pude sentir seu corpo relaxar também.

 - Não esquece que você pode usar as palavras “Lo Mein” também. Se as
coisas ficarem muito difíceis, diga. E aí nós paramos. O trato funciona pros
dois. Não vou te empurrar contra sua vontade mais, assim como você nunca
faz nada contra a minha. Quero ser justa contigo, Mathew.

 Seus lábios se curvaram e ele sorriu.

 - Boa ideia, Skylar. Queria ter pensado nisso antes.

 - Confie em mim, Mathew. Suas ideias são boas pra caralho. - Assim que
terminei a frase, ele gargalhou altíssimo por alguns segundos.

 - Você gosta de ser amarrado? 

 - Sim. - Sua resposta foi quieta, seu rosto estava apontado para o meu. 

 - Por que você gosta disso? - Coloquei minha mão em sua perna,
acarinhando, para assegurá-lo de que eu estava próxima. 

 - É como se… - ele pensou um pouco, e logo respondeu - é como se


alguém te quisesse tanto, que teve que te amarrar para ter certeza de que
você não vai embora. Eu gosto de me sentir…desejado.

 Suas respostas eram boas e estavam vindo mais fáceis do que de costume.
Eu estava grata por isso…talvez olhar nos meus olhos faça com que ele se
sinta envergonhado do que ele tem para falar.

 - E você gosta de sentir dor? - Toquei sua mão direita, sem conseguir
resistir à urgência de acariciá-lo quando ele se sentia daquele jeito. Queria que
ele sentisse meu amor, meu toque gentil e indolor enquanto estava sob minha
compaixão, ao invés de estar na agonia que ele normalmente se encontra.

 - De vez em quando… - Sua voz estava baixinha.


 - E quando que você não gosta? Da dor, quero dizer…

 Ele hesitou um pouco, mas logo disse:

 - Eu não gosto…de ser estuprado. Eu pensei que não trabalhar com


homens pudesse me livrar disso. Mas eu fui ingênuo… e esqueci das cintas.

 Agradeci aos céus por ele não poder ver meus olhos agora e eu não
continuei nesse assunto por muito tempo.

 - E do que você gosta nisso? Da dor, quero dizer…

 - Hmmm..difícil - ele riu baixinho, pensando sobre o que dizer - A dor é…


crua, limpa…Você não pensa em mais nada quando está nela. Exige respeito e
atenção. Tem uma frase de uma música que diz “me cortei hoje para ver se eu
sinto”. Eu não sei outra maneira de explicar isso… sinto muito.

 - Não sinta. Você está indo tão bem Mathew! - Toquei suas pernas
novamente. - Fico feliz que você sinta mais facilidade em se expressar
vendado. Eu não achei que seria uma boa ideia. 

 - Isso é brilhante, Skylar - ele sorriu um pouquinho - eu me sinto muito


menos…nervoso.

 - Isso é bom, então - depositei um beijinho em seus lábios, olhando sua


feição surpresa, e logo mais sorridente por não ter visto nem esperado isso.

 - Hhmm… Drª Skylar… - Ele ronronou - eu estou adorando o reforço


positivo. 

 - Me conte de quando você começou a trabalhar na Fire - eu sugeri, meus


dedos em seus joelhos agora.

 - Ah, Deus, eu era terrível! - Ele riu depois da pequena confissão e logo
continuou - Uma semana depois de eu ser contratado, Claire jogou seus
menininhos novos para os leões na sexta-feira a noite. Eu treinei como rotina
dançar, mas eu estava tentando dançar como os outros caras lá…tentando ser
sexy e tudo mais. Eu fui péssimo! Lembro de ver Ryan dançando lá na plateia,
cubos de gelo e água sendo tacados em mim, e as mulheres gritando “PÊNIS!
PÊNIS! PÊNIS!” para mim. Graças a Deus eu tive outra chance.

 - O que aconteceu então? - Sorri, apreciando a beleza incomum que ele


tinha, seu rosto num semblante feliz.

 - Claire…me tirou de lá e me deu alguns conselhos. Ela disse para esquecer


meu medo e matar minha vergonha. Tentei isso naquela mesma noite, mais
tarde, e funcionou. Eu fiquei melhor depois de muita prática. Aprendi como
agir por mim mesmo, sem copiar dos outros dançarinos. Acho que é o que
principalmente funcionou pra mim…ser original. Pelo menos é o que Ryan diz.
 - Ryan parece ser um bom amigo - eu estava gostando cada vez mais dele
pelas coisas que Mathew contava.

 - Sim.

 - Me conta mais sobre a Claire… - Toquei suas mãos novamente.

 - Ela é uma boa amiga também. Ela é a chefe, então ela as vezes pode ser
muito durona. Mas ela tem que ser, gerenciando aquele lugar sozinha. Ela é
muito esperta. E nos protege…todos nós, que trabalhamos pra ela.

 - Bem…estou falando sobre você e ela agora. Sei que você fala muito bem
dela e isso é muito lindo da sua parte, Mathew. Mas você disse mais cedo que
ela te puniria se você não fizesse o filme hoje. Ela te machuca?

 - Ela não teve que machucar por um bom tempo… - ele admitiu - eu não
torno as coisas difíceis para ela. Faço o que sou mandado. 

 - E se…você não fizesse o que ela quer? E se você nem aparecesse para
aquele filme hoje?

 Ele zombou e balançou a cabeça.

 - Como eu disse…problemas. Nem tente chegar lá. Você não gostaria de


estar cara a cara com ela, confie em mim. Além disso, ela tem poder sobre
mim. Tenho que fazer o que ela pede. Sempre. Ou eu estou fora.

 E esse pensamento assustava Mathew pra caralho…e eu tinha visto isso


antes.

 - Por que você confia tanto nela quando ela está te machucando? - Eu tive
que perguntar. Parece que ele estando vendado me dá um pouco de coragem
também. 

 - Eu já te disse, Skylar…Ela cuida de mim. Se não fosse por ela, eu estaria


morto agora. 

 - E isso dá o direito para ela fazer o que quiser com você?  

 - Por favor Skylar…é o que é. - Ele disse, sem raiva em sua voz - eu aceitei
isso há um tempo atrás. 

 - Eu era tão ingênua antes de nos conhecermos…Não achava que tinha


tanta crueldade. Ou escravos…ou calabouços como o que eu vi hoje. Eu odeio
o fato de você estar nesse mundo, Mathew. Você merece muito mais…você
merece ser feliz.

 - Você soa tão triste, Skylar… - Ele curvou sua cabeça na minha - Não fique
triste. Queria poder não falar sobre isso, assim poderia me concentrar 100%
em te fazer feliz. 
 Seus lábios calmamente procuraram os meus, e eu quase tremi com a
sensação que isso me causou.

 - Você não quer ser feliz, Skylar? - Ele sussurrou, seus lábios se
entreabriram e se chocaram mais sobre os meus. Sua língua passou sobre os
meus lábios fechados. No momento que ele fez contado, fiz com que ele
entrasse. Sua língua quente estava ali…saboreando a minha.

 - Hhmmmmm - eu disse, gentilmente empurrando ele de volta para o seu


lugar. Agradecida por suas mãos safadas e habilidosas estarem amarradas no
momento. - Mathew, se comporte!

 - Eu sempre sou comportado. 

 Não pude deixar de rir.

 - Posso perguntar mais algumas coisas sobre Tanya?

 - Eu acho que da próxima vez que transarmos, será fora. O que você acha,
Skylar? Da última vez você adorou a biblioteca…do começo ao fim. 

 - Ei, Mathew - falei com uma pitada de irritação - nós estamos na minha
hora agora. 

 - Sim senhora - ele fez beicinho, descansando suas mãos no colo.

 - Podemos falar um pouco mais sobre a Tanya? - Perguntei outra vez.

 - Sim - ele pareceu um pouco mais tenso agora. 

- E se eu fizer perguntas que só precise responder “sim” ou “não”? - Eu


ofereci - você pode acenar com a cabeça para “sim” e balançá-la para “não”.
Ficaria mais fácil?

 Ele acenou silenciosamente. Tão adorável…mal posso esperar para foder lá


fora. Hey, Skylar! Seja profissional pelo menos UMA VEZ! Ok, Ok…para de
encher agora!

 - Você e Tanya…se divorciaram?

 Ele balançou a cabeça. Não.

 - Tanya foi embora?

 Novamente, balançou a cabeça. Não.

 Isso é ruim. Meio que sinto que é.


 - A Tanya…morreu? - Minha voz quase não saiu, meus olhos lacrimejando
no que olhei para seu rosto, quase grata por não ver aqueles olhinhos tristes e
magoados.

 Esperei um ou dois minutos, até que Mathew abaixou a cabeça, lutando


para me responder. Ele poderia ter dito “Lo Mein”, mas não disse. Ele está
tentando ser corajoso e me dar respostas agora. Isso é um progresso, e fiquei
tão feliz por ter chegado aqui em apenas 5 dias.

 Quando ele ficou pronto, levantou sua cabeça e acenou algumas vezes,
soltando um suspiro entrecortado, suas mágoas machucando-o internamente.

 Segurei suas mãos nas minhas e acariciei-as, desejando não precisar fazer
isso com ele. Eu preferiria mil vezes ver ele gargalhando e livre…Mas queria
que fosse real, não uma atuação para me fazer feliz.

 - Eu sei, Mathew…sei que machuca. Está tudo bem em estar machucado.


Não fique com medo - eu sussurrei, segurando suas bochechas em minhas
mãos -, você está indo tão bem…podemos continuar mais um pouquinho?

 Depois de alguns segundos, ele acenou, seu maxilar trancando, e então,


calmamente soltando.

 - Tanya estava doente, Mathew?

 Balanço de cabeça;

 - Então deve ter sido algum acidente…certo? - Falei o mais delicado que
pude.

 Ele acenou.

 - Tudo bem - eu disse -, não vou perguntar disso agora. 

 - Por que você disse “passo” ontem quando eu disse a palavra “criança”? -
Perguntei, percebendo que não era uma pergunta de sim ou não, então
adicionei - você e Tanya tiveram um filho?

 Continuei segurando suas mãos, e seus dedos se curvaram um pouco em


torno dos meus.

 - Mathew, nada que você disser vai me afastar de você. Nada - confirmei
para assegurá-lo -, bom, ruim, feio…Sou sua amiga. Não vou te deixar.

 Ele engoliu seco e soltou um suspiro pesado.

 Então, acenou uma vez. Sim. Tinha uma criança. Ou tem uma criança.
Rezei para que a criança não estivesse morta também.

 - É um menino?
 Balançou a cabeça. Não.

 - Menina? - Perguntei, criando uma imagem em minha mente dele


segurando uma menininha, com olhos brilhantes e cabelos castanhos claros,
como os dele.

 Acenou duas vezes.

 - Ok, tudo bem…você ainda está bem, Mathew?

 - Sim, Skylar.

 - Isso foi o suficiente por hoje - eu disse, minha mão direita se movendo
em seu rosto, acariciando com as costas da minha mão.

 Ele acenou outra vez, sem se mover para se soltar.

 - Mathew… - eu sussurrei, atraída pela sua inocência e pelos seus olhos cor
de avelã. Agarrei os cabelos de sua nuca com meus dedos, depositando
pequenos beijos quentes por toda sua boca, do canto para o meio. Ele
começou a retribuir o beijo, adicionando fogo e paixão.

 Eu o ouvi gemer e seus dedos curvaram e descurvaram nas amarras em


seu colo, e eu percebi que tecnicamente ele ainda estava sob meu controle.

 Finalmente, eu parei, e sua boca continuou distribuindo beijinhos pelo meu


queixo. Ele estava explorando cegamente.

 - Ok, rosto de porcelana - eu ri, afrouxando o nó atrás de sua cabeça -,


deixe-me ver esses seus olhos…

 E quando eu tirei o cachecol, vi lágrimas em seu mar caramelado e logo


estava chorando também.

 - Vem aqui… - tirei o cachecol de seus pulsos e segurei-o em mim o mais


forte que pude, acariciando seu cabelo, quando ele me segurou também, seus
lábios descansando em meu ombro.

 - Muito obrigada… - sussurrei em seu ouvido, que estava logo ao lado de


meus lábios - Obrigada por confiar em mim.

 - Skylar… - ele respirou, me beijando com mais afeição ainda por entre
meu maxilar - Skylar…

 - Shhh…está tudo bem - fechei meus olhos e deixei meu abraço o circular,
desejando que isso fosse o suficiente para enxugar suas lágrimas para sempre
-, nós não temos que dizer nada mais.

Depois, nós conversamos mais um pouco na cobertura e eu contei a


Mathew um pouco mais sobre o meu passado entediante. Ele pareceu tão
interessado em tudo que eu disse. Eu contei que meu pai era policial, e isso
não assustou Mathew tanto assim. Ele disse que admirava os policiais. 

 15h, Mathew fez sua ligação e eu desci para o apartamento para convidar
Julie e RIley para ir na Fire naquela noite. Ambas tinham muitas perguntas e
eu disse que conversaria com elas sobre isso mais tarde naquele dia.

 Também pedi a Julie que mantivesse um olho em mim hoje. Tinha a


sensação que iria beber pra caralho. Eu meio que me senti mal por não contar
tudo para elas. Nós éramos melhores amigas, mas eu ainda queria ter Mathew
só para mim. 

 Depois de uns 20 minutos, Mathew entrou no apartamento e passou seus


braços em volta de mim por trás, brincando de beijar meu pescoço, indo em
direção ao meu ombro.

 - Mmmm…eu amo seus lábios - confessei, tombando minha cabeça em seu


peito duro.

 - Eu amo o seu…tudo - ele respondeu, fechando os dentes no ponto entre


meu pescoço e ombro. - Mas, cara Skylar, infelizmente nós não temos tempo
para uma foda adequada agora. Mais tarde. 

 Ele se moveu para longe de mim, e minha voz choramingou. O assisti


dirigir-se para o quarto, abrindo o armário e mexendo em alguns cabides.

 Ri por alguns segundos e o segui.

 - Vai se vestir de garota hoje à noite? - Provoquei.

 - Não, mas você vai - ele sorriu, jogando algumas coisas na minha cama -,
eu quero ver a vadiazinha que tenho fodido hoje de noite. Você vai vestir isso.
E faça sua maquiagem da maneira que fez para a biblioteca. Aquilo te deixou
fodidamente gostosa.

 Eu olhei para a cama e me senti assustada de repente, mas não


demonstrei.

 Como se tivesse lido minha mente, ele veio e levantou meu queixo com
seus dedos.

 - Você é sempre gostosa, Skylar, então não me entenda mal. Agora vem
dar um banho em mim.

 Com isso, ele me puxou para segui-lo no que ele se dirigiu para o banheiro.

 Mathew POV
Não dá pra acreditar. 5 dias. A porra de 5 dias e eu praticamente contei
tudo pra ela. Tudo que eu nunca queria que ela soubesse.

Que tipo de poder essa mulher tem sobre mim? Por quê eu não consigo
resisti-la?

Ah sim, porque eu me apaixonei por ela. Merda. Isso é contra as regras.


Claire me mataria por isso. Não posso demonstrar hoje à noite. Claire têm
sentido minha falta na última semana. Todas as manhãs eu liguei e disse que
não poderia ir, e sua voz ficava mais e mais tensa. Vou ter que manter
distância da Skylar hoje. Ainda bem que suas amigas vão estar lá com ela.

Isso não deveria ser tão difícil. Skylar já me viu em ação na Fire. Ela sabe o
que eu faço lá.

Ótimo, isso foi antes dela te conhecer. Agora ela te segura durante a noite e
curva suas pernas em volta das suas enquanto você dorme. As coisas são
diferentes agora. Mesmo quando ela não me conhecia, ela me salvou daquela
mulher monstro. Ela está começando a se afeiçoar demais por mim. Eu posso
sentir isso em cada toque seu, suas palavras são repletas de compaixão e
importância.

Eu não quero que ela sinta pena de mim e ela não parece sentir. Uma vez
que a terapia acabar, ela é minha garota outra vez. Ela não disse Lo Mein uma
única vez. Eu não queria dizer, também. Quero contá-la toda a minha história.
Quero que ela esteja lá e me segure enquanto eu digo as coisas.

Vai machucar tanto quando essas duas semanas acabarem…E o pior, vou
ter que esconder isso. Claire não pode ver que eu me importo com um outro
alguém. Não pode me ver depressivo pelos cantos. Seus braços não seguram
ninguém, e suas palavras cortam. 

Nós estávamos no trem agora, no caminho para a Fire. E eu estava


segurando sua mão e suas pernas descansavam em cima das minhas,
esticadas no assento vazio em nossa frente. E tudo que eu conseguia pensar
era no nosso último banho juntos, mais ou menos há uma hora atrás.

Ela me lavou dessa vez…tirando toda aquela porra de maquiagem do meu


corpo, e antes mesmo de eu raciocinar, ela estava ajoelhada, enfiando toda a
extensão do meu pênis na sua boca quente e molhada…ela ficou tão
fodidamente comível enquanto a água e sabão escorriam pelo seu cabelo
brilhante, passando pelo seu pescoço, em direção dos seus seios…não demorou
muito para eu gozar. Ela tem uma boca talentosa. Tanto em falar quanto em
chupar.

 E não foi um boquete por pena. Ela estava selvagem. Parecia que ela
realmente queria me beber, todo de mim. Eu até gritei algumas vezes. Óbvio,
de um modo muito masculino. 
Fico feliz que ela queira vir comigo. Parte de mim sabia que poderia ser
difícil para ela me ver trabalhar, mas no meu caso, aquele era meu trabalho
mais fácil, comparado aos outros.

 Deus…Skylar está tão sexy na roupa que escolhi para ela. Mini saia, laço
preto que mal cobria sua bunda…meias pretas, ankle boots, salto agulha…e
para seu torso, combinamos uma blusa branca transparente com um top preto
que rasguei um pouco no meio para expor um pouquinho os seus seios. 

E antes de deixarmos o apartamento, adicionei uma coisinha - o vibrador


oval - sem fios nesse - estava agora descansando dentro dela. Tenho o
pequeno controle remoto e posso colar ele no lado externo da minha perna,
perto do quadril, e quando quer que eu veja ela ficando muito ansiosa ou até
ciumenta, vou dá-la um gostinho para acalmá-la um pouco…ou até animá-la se
ela estiver um tanto triste ou depressiva. Talvez mais tarde eu possa
sequestrá-la outra vez e levá-la em algum dos quartos privados, só que dessa
vez, daria a ela muito mais que uma massagem.

- Dá pra você sentir, dentro de você? - Coloquei a mão entre suas pernas,
nem ligando para as pessoas em nossa volta, e senti a calcinha branca de
renda que escolhi para ela. Queria que ela tivesse correias, mas, infelizmente,
não. Teria que pedir para suas amigas levarem-na ao shopping no fim de
semana. Ela está desesperadamente em falta de algumas coisinhas sexys.

 - Não - ela estremeceu um pouco no que seus olhos brilharam para mim,
tão sensual…o sombreado, o delineador…os lábios carnudos cobertos por
gloss…o leve avermelhado em suas bochechas…

Apertei o controle pelo bolso do meu jeans, aumentando um pouco o


aparelho, e perguntei novamente:

- Dá pra você sentir agora?

Seus olhos se arreganharam, e seus lábios se curvaram num sorriso para


mim. Seus dedos agarraram meu braço, mas para buscar apoio, e não para
parar.

- Sim! - Ela arfou, suas pernas tensionando, enquanto eu assistia ela


estremecer.

- Essa é a configuração baixa, Skylar - informei suavemente -, aqui está um


pouco mais.

Acionando-se no repente, ela arfou mais alto, arqueando mais ainda suas
costas. Seus punhos cerraram e aproveitei a oportunidade para movê-la um
pouco, para inclinar-se de lado no meu peito, e forcei seu queixo para cima
com uma mão, fazendo seu rosto se virar para as pessoas na fileira do nosso
lado.
 Minha outra mão escorregou para dentro de sua blusa, beliscando seu
mamilo, torcendo um pouco. Suas botas bateram contra os assentos de
plástico que suas pernas estavam descansando.

- Dobre e abra suas pernas, Skylar - mandei -. Ou isso, ou eu aumento a


velocidade. E você vai estar rosnando como um animal na frente de todas
essas pessoas, queira você ou não.

Seus olhos abriram como fendas, então o medo de enfrentar estranhos os


fez fechar novamente, mais forte, e ela me obedeceu, suas coxas e joelhos
estremecendo.

- Muito bem, Skylar. Você é uma boa menina - elogiei-a, beijando seus
lábios e esfregando meus dedos para cima e para baixo embaixo do top que
ela estava usando.

Ela gemeu alto, tentando ficar quieta. Eu quase gargalhei. Todos em nossa
volta tinha os olhos colados em nós já, mas isso não importava realmente.

- Você gosta do jeito que isso te faz sentir, não, Skylar? -  Rosnei em seu
ouvido, ela arquejou e estremeceu.

- Sim - ela respondeu com a respiração pesada. 

- Mais alto.

- Sim! - Ela estremeceu novamente, rapidamente perdendo o controle de si


mesmo e de suas inibições. 

- Me beije - ordenei logo após, e ela agarrou meu cabelo e empurrou sua
boca na minha, devastando minha boca com um beijo molhado e brutal. Seus
quadris balançando um pouco no que minhas mãos se direcionaram para sua
calcinha, apertando-a com meus dedos.

- Aí está minha vadia. Me dê seu mamilo.

 Ela meio que choramingou, o pequeno pedaço de boa garota nela,


morrendo aos poucos. Sua mão foi para seu seio direito, rapidamente
trazendo-o para fora do top, segurando para mim. Sua outra mão ainda estava
no meu cabelo, e forçou minha cabeça para baixo.

Wow. Skylar, a garota má está ardendo em chamas! Ela está indo tão bem
desde que entrou no Instituto Mathew Trenner Para as Futuras Garotas Más da
America.

 Eu lambi, mordi, e beijei o mamilo, até ficar duro. Eu amava os sons de
grunhidos e gemidos que Skylar fazia. Ela não estava nem tentando ficar
quieta mais.
Eu amava a maneira na qual ela estava me obedecendo sem nem hesitar.
Não posso esperar para brincar de escravo e dominador na próxima semana!
Que maravilhosa bênção ela ter alguns dias de folga da escola. Ela vai ser
minha escrava por dias!

Apertei o botão para parar com as vibrações de uma só vez e seu corpo caiu
molemente nos meus braços. Seus olhos abriram e olharam nos meus com
descrença. 

- Logo logo temos que descer - expliquei cruelmente.

- Eu estava quase gozando!

Eu ri e beijei seus lábios, arrumando seu top, então seu seio estava vestido
novamente. O trem estava parando, então cutuquei ela na bunda com meu
dedo, comandando- a a levantar. 

Agora, aí está quão nojento Nova York é.

Nós nos levantamos e nos movemos para as portas abertas…e…sim, é


verdade:

Aplausos explodiram atrás de nós, bem onde estávamos sentados.

Eu comecei a gargalhar, mas o rosto de Skylar ficou da cor de uma


berinjela. Ela me puxou pela camiseta e nem olhou para trás.

- Você é tão incrível - eu a disse, enquanto a guiava para subir as escadas


em direção à rua.

- Essa cidade é doente - Skylar riu, se recuperando de sua vergonha -, eu


disse para o meu pai que esse é o lugar perfeito para ser uma psiquiatra.

Eu ri, concordando plenamente com ela.

- Sim, você nunca vai ficar sem pacientes por aqui. 

Nós dois rimos.

- Ohh, você gostou daquilo, não? - Andei lado a lado com ela agora,
orgulhoso de sua coragem.

- Sim - ela disse, como se tivesse sido óbvio.

- Eu amo trens. 

- Bem, agora, graças a você, toda vez que eu entrar num, vou estar
excitada e entediada. - Ela corou um pouco.

- Isso é bom - eu a beijei, olhando para os lados e atravessando a rua.


Comemos qualquer coisa em uma ótima lanchonete no outro lado da rua da
Fire. Ali é onde eu comprava meu gigantesco Icee, um pequeno prazer meu,
antes de ir para o trabalho. Skylar  tinha um também – de maçã verde – em
sua mão quando partimos, por volta das 16:45h.

 ─Então… você não tem carro? – ela perguntou, depois que comemos e
atravessamos a rua. Me perguntei de onde veio essa vontade de saber isso, de
repente.

 ─ Tenho sim. –eu disse. ─ Só que eu nunca vou trabalhar de carro. Outra
regra que aprendi da pior maneira. Namorados ou maridos ciumentos… Às
vezes eles andam do lado de fora durante a noite, esperando para atacar a
gente. uma noite, eles destruíram de verdade meu pobre bebê antes de eu
sair. Depois, tentaram me    destruir.

 ─ Oh, Deus. – ela pareceu preocupada por mim. ─ Você se machucou?

 ─ Não. – sorri. ─ Eu sabia como brigar naquele ponto. Ryan me ensinou.


Não se preocupe, se alguma coisa acontecer, eu consigo te proteger.

 Eu quase contei a ela que Claire havia consertado todo o meu Volvo,
deixando-o novinho em folha, mas, por alguma razão desconhecida, não disse
isso.

─ Oh, adoro homens que sabem brigar. – ela disse, me surpreendendo


novamente. ─Bruce Lee, Brandon Lee… Jean-Claude Van Damme… e agora…
Mathew Trenner.

 ─ Não sou um cara de artes marciais. Sei como brigar sujo. Briga de rua.
Não é legal como nos filmes. – eu ri da sua comparação.

 Nos aproximamos da boate e verifiquei o beco com os olhos primeiro, antes


de levar Skylar para dentro. Algumas vezes havia mendigos ali, ou traficantes
de drogas. Mas agora, ainda bem, estava vazio e fedorento, como sempre.

 ─ Prenda a respiração. – aconselhei, guiando-a por todo o caminho do


beco, desviando de garrafas quebradas e poças até que chegamos nos fundos
da Fire.

 Ryan estava ali, comendo alguma coisa, aproveitando o clima quente e a


luz do sol.

 ─ Hey, bro! – Ryan sorriu quando nos viu e levantou, oferecendo uma fatia
de maçã.

 Eu peguei uma, assim como Skylar, quando ele indicou o pequeno pote de
plástico da fruta ao seu lado.

 ─ Ryan, - eu disse. ─ você se lembra da Skylar, não lembra?


 ─ Como poderia esquecer um rosto tão bonito? – ele pegou a mão dela e
beijou. Rolei meus olhos. É assim que eu me pareço?

 ─ Oi, Ryan. – ela deu uma risada nervosa, não acostumada com a atenção
vinda dele.

 ─ Então, Skylar, esse idiota está te tratando bem? – ele perguntou a ela,
me ignorando agora enquanto eu mastigava minha fruta.

 ─ Hey! – falei de boca cheia.

 ─ Sim. – ela ruborizou um pouco, segurando minha mão ao engolir sua


fatia de maçã. ─ Ele me arruinou para qualquer outro.

 ─ Isso é porque não quero que mais ninguém tenha você. – eu disse e
imediatamente quis me chutar. Era verdade, mas eu não queria magoá-la.

 Não queria que ela soubesse como eu estava ficando envolvido.

 Ela estava sorrindo e não agia de maneira suspeita, sendo assim deixei
aquilo de lado e disse para Ryan. ─Claire já chegou?

 ─Ainda não. – Ryan lançou outro pedaço de maçã dentro da boca. ─ Só eu


por enquanto… e agora vocês.

 ─ Quem vou ser esta noite? – perguntei, já imaginando se queria ouvir a


resposta.

 ─ O cara vampiro outra vez. – ele sorriu com crueldade. ─ Você esteve fora
a semana toda, então esse é seu castigo. Todo mundo odeia fazer ele.

 ─ Inclusive eu. – reclamei.

─ Pensei que você disse que não se importava. – Ryan lembrou.

 ─ Skylar já me viu como o vampiro. – continuei reclamando.

 ─ Pena. – ele sorriu sem pena nenhuma.

 ─ Vem. – desisti daquilo e a levei para dentro pela porta dos fundos, minha
voz macia e carinhosa agora. ─ Você pode ajudar a passar óleo em mim. Não
sei por que, mas acho que vou gostar muito mais das suas mãos nas minhas
costas do que as de Ryan.

 Ela riu e me seguiu, mas ao invés de entrar no vestiário, a levei até a área
principal vazia da boate. Não havia ninguém ali, como Ryan disse.

 ─ Uau, não é tão ruim, tipo, com todas as luzes acesas e ninguém por
perto. – Skylar comentou enquanto eu abria a jaula do vampiro e me
certificava se estava razoavelmente limpa.
 A porta da jaula bateu atrás de mim e minha cabeça girou, vendo ela do
outro lado, me sorrindo diabolicamente.

 ─ Vampiro mau. – ela disse com um tom sombrio na voz.

 Franzi o cenho e olhei para ela, me arremessando nas grades da porta


fechada, puxando e inutilmente empurrando o aço sólido entre nós.

 ─ Você quer um gostinho? – ela me provocou, posicionando sua garganta


entre as barras, ─Vamos… não seja tímido… hora do lanche.

 Ela estava ficando muito boa em jogar. Adoro isso .Minha língua passeou
por cima da garganta dela, sugando a pele e beijando cada veia e músculo
disponíveis ali para mim. Rosnei satisfeito e ela gemeu também, gostando
tanto quanto eu.

 ─ Bom garoto… – ela afagou meu cabelo através das grades.

 Adiantei-me para dar uma mordida, mas ela se lançou para trás, zangada
dessa vez.

 ─ Nada de mordidas, sua coisa do mal! – ela me repreendeu, batendo a


mão nas grades, tentando abafar o gemido da dor que provocou nela ao
mesmo tempo em que eu mordia meu lábio para conter minha risada.

 ─ Você vai ficar sem jantar hoje à noite, só por causa disso. – ela me
castigou.

 Fiz minha cara triste e ela derreteu-se.

 Ela abriu a porta da jaula e caminhou para dentro, dizendo. ─ Aqui é o


lugar que nos conhecemos. Agora temos uma história para contar aos netos.

 Nós rimos enquanto ela fechava a porta às suas costas. Abri minha boca
para impedi-la, mas era tarde demais. Ela apertou minhas costas nas barras e
me beijou, e apertei o botão no bolso do meu jeans novamente, dando a ela
uma leve vibração interna.

 ─ Não… – ela gemeu fracamente na minha boca conforme minha língua


girava em torno da dela, os gostos do Icee de cereja e do de maçã verde
misturando-se surpreendentemente bem.

 ─ Sim. – sorri, enterrando meus dedos nos seus quadris e segurando eles
nos meus enquanto meu membro endurecia.

 ─ Não… Mathew não… – ela murmurou, as unhas arranhando embaixo da


minha camiseta nas costas. ─ Você trabalha aqui… não podemos…

 ─ Ryan vai ficar sentado lá fora por mais uma hora. – informei, deslizando
as alças nos ombros dela com rapidez, forçando-as até sua cintura, revelando
os seios perfeitos, depois levantei um pouco a saia, afastando  sua calcinha
para o lado. ─ E mais ninguém vai estar aqui por algumas horas…

 Desabotoei minha calça, abrindo o zíper e puxando-a para baixo apenas o


suficiente para libertar meu pênis da prisão jeans.

 ─ Você não tem camisinha. – Skylar pensou que havia me pegado aí… mas
eu já tinha me preparado para isso.

 ─ Errado, garotinha. – sorri, retirando uma do meu bolso. ─ Vampiros de


programa sempre carregam camisinhas, não se esqueça disso.

 Eu a virei rudemente, colocando suas mãos nas grades, silenciosamente


lhe ordenando para segurar-se nelas. Em seguida, a curvei um pouco,
colocando minha camisinha, e, segurando suas pernas, me pressionei dentro
dela.

 Ela gritou, assim como eu… sua entrada continuava tão apertada, e me
espremia cada vez que eu entrava, me segurando com força como se amasse
prender meu corpo a todo o momento.

 Suas pernas se abriram totalmente e me movia com lentidão para dentro e


fora dela, de vez em quando me retirando até o fim, depois a penetrando
inteiramente outra vez.

 ─ Eu queria fazer isso com você  desde aquela primeira noite em que
entrou aqui. – eu disse em voz entrecortada enquanto me movia dentro dela,
meus dedos acariciando seu bumbum. ─ E sei que o vibrador ainda está dentro
de você… zumbindo enquanto eu te fodo…vamos aumentar um pouquinho,
tudo bem?

 ─ Não… não… – ela arfava quando estiquei a mão mais um pouco,


encontrando o botão e aumentando a velocidade ainda mais do que no metrô.

 ─ Isto vai fazer você perder essa sua brilhante cabecinha, Skylar.

 Continuei bombeando dentro dela, indo um pouco mais rápido agora.

 ─ Você não tem força de vontade ou motivo para se controlar. Então, grite
agora… grite pra mim, vadia!

 E ela estava gritando e clamando meu nome  descontroladamente, seu


corpo inteiro a minha disposição enquanto seu quadril se chocava o meu
conforme eu cavalgava nela mais forte.

 Não demorou muito até ela estar gritando. ─ PORRA! PORRA! – com todo
seu fôlego, todas as inibições e timidez uma lembrança.

 Empurrei seus seios nas grades, levantando as pernas dela com os braços,
de modo que seus pés não tocavam o chão, estavam levantados e chutando
inutilmente, e minhas mãos seguraram as barras em cada lado, estocando com
mais e mais vigor, eu mesmo era um animal agora… rosnando e ofegando
sobre suas costas semi nuas.

 ─ Não importa o que você veja hoje à noite… – gemi. ─ saiba disso… que te
fodi nesta jaula… que você é minha vadia… e que vai me levar pra casa com
você mais tarde… e então, quero te foder bem no terraço.

 Ela deu um grito alto, afetada pelas minhas palavras e gozou


intensamente… fiquei satisfeito… eu não estava muito atrás dela e explodi e
gemi, rosnando de forma selvagem.

 Com extremo cuidado, abaixei as pernas dela e facilitei seu corpo até o
chão da jaula enquanto ela descansava, repousando a bochecha nas grades,
segurando-se nelas.

 E então ela gritou novamente, murmurando e gemendo ainda.

 ─Por favor, Mathew… por favor… não…

 Franzi o rosto, me perguntando o que havia de errado…e então uma


lâmpada se acendeu em cima da minha cabeça.

 ─ Oh, o vibrador! – falei abafando o riso, apertando o botão de desligar. ─


Desculpe, Sky.

 Fechei o zíper da minha calça, decidindo me desfazer da camisinha assim


que saíssemos daqui. Primeiro eu precisava verificar o vibrador.

 ─ Vem cá, abra elas pra mim… - tranqüilizei minha voz ao separar suas
pernas e estender a mão, inserindo dois dedos meus, fazendo-a arquear as
costas e soltar um grito, agarrando as barras com força.

 ─ Shh, shhh… tudo bem… – tive que induzir o toque mais a fundo para
encontrar o vibrador e reposicioná-lo no lugar, logo acima dos seus lábios, e
não fundo demais, aquilo só seria doloroso para ela, não prazeroso.
─Prontinho… me desculpe por isso, Skylar.

 ─ Desculpar pelo quê? – ela ofegou, os olhos parecendo pesados. ─ Isso


foi… incrível pra porra!

 ─ Bem, estava falando do vibrador… – sorri  convencido. ─ E à porta da


jaula.

 ─ O quê? – ela franziu a testa. ─ O que tem a porta da jaula?

 ─ Está trancada. – informei, me sentando no chão ao lado dela.

 ─ O quê? – ela parecia em pânico.


─ Quando você a fecha, ela tranca. – falei. ─ Somos prisioneiros agora.

 ─ Não. – ela pensava que eu estava brincando, mas aparentava estar com
medo.

 ─ Tente abrir se não acredita em mim.

 E assim ela fez. Não havia nenhuma maçaneta aqui para abri-la. Então ela
tentou passar as mãos pelas grades para pegar a alavanca por baixo e abrir a
porta, porém os braços dela nunca alcançariam a tranca.

 Não pude deixar de rir de novo.

 ─É engraçado ver outra pessoa tentar escapar da jaula, para variar. – eu
disse cruzando os braços.

 ─ Ryan! – enfim chamei, dando risada. ─ Ryan, nos salve!

 Eu estava sorrindo até escutar sapatos de salto alto ecoando pelas escadas
que levavam ao escritório de Claire.

 Caralho.

 Fiquei de pé, sem ter certeza do que fazer.

 ─ Skylar. – coloquei minhas mãos nos braços dela. ─ Levante… fique atrás
de mim.

 Ela não parecia entender, mas obedeceu. Arrumei sua blusa e abaixei
depressa sua saia no lugar enquanto os passos continuavam se aproximando.
Assim que alcançou o final das escadas, Claire virou-se e agora estava no meu
campo de visão.

 ─ Mathew! – ela sorriu. ─ O que você está fazendo aí sozinho e vestido,


meu querido?

 Ela se aproximou para me soltar, e eu sorri e disse.

 ─ Entrei aqui para limpar um pouco e fechou por acidente. Me desculpe,


Claire.

 Eu gostaria de ser capaz de manter Skylar completamente fora de sua


visão, mas assim que ela chegou mais perto, viu Skylar parada  bem atrás de
mim.

 ─ Oh, tem uma amiguinha aí com você. – ela continuou sorrindo e olhou
para Skylar, de cima a baixo. ─ E ela é bonita também.

 Claire não fez nenhum movimento de abrir a porta ainda, ficou ali, do lado
de fora da jaula, passeando em volta para dar uma melhor avaliada em Skylar.
 ─ Você deve ser a Skylar. – ela disse com um tom gentil  enquanto eu
assistia igual um predador, esperando que as presas de Claire não se
revelassem.

 Não na frente de Skylar, por favor.

 ─ Sim, Skylar Hayes. – Skylar respondeu em uma voz baixa e sem


emoção.

 ─ Eu sou Claire. – ela  disse orgulhosamente, pondo as mãos nos quadris.


Ela estava usando um vestido cinza apertado, no estilo mulher de negócios,
sexy e curto, o seios quase à mostra.

 Uma pausa se estendeu e tentei quebrar o silêncio.

 ─ Eu sou Mathew. – informei, e somente Claire riu da minha piada.

Skylar a encarava, não demonstrando nada em seus olhos.

 Sim, eu sou Mathew e tenho esperma no meu jeans, posso ser libertado
agora?

 ─ Sim, eu conheço você… você é o meu Mathew… – Claire não enfatizou a


palavra MEU, mas deu o seu recado enquanto caminhava até a porta da jaula e
a abria. ─ Deve ser você quem ele está tentando libertar, Skylar. Já que
Mathew adora passar o tempo nesta pequena cela, não adora, Mathew?

 ─ Sim, Claire. – sorri, deixando Skylar sair primeiro, comigo segurando sua
mão para apoiá-la. Ela saiu e eu estava prestes a segui-la, mas Claire fechou a
porta na minha cara com uma batida, quase prendendo meu pé.

 ─ Parado. – ela me olhou friamente e meu estômago afundou.

 Skylar olhou para trás, para mim, com preocupação no rosto quando Claire
a pegou pela mão e sorriu, dizendo. ─ Venha aqui e sente-se. Você é uma
cliente agora e quero ter certeza que esteja satisfeita, Skylar.

 Meus olhos pareciam estar rodeados por buracos ocos enquanto elas se
sentavam a uma mesa bem ao meu lado. A jaula ficava em um nível superior a
mesa. Os olhos de Skylar permaneceram em mim e ela me deu um sorriso
forçado para me tranquilizar.

 ─ Na verdade, não sou uma cliente. – Skylar disse com a voz fraca e
respeitosa, parecendo muito desconfortável ali com Claire.

 ─ É claro que você é. – Claire sorriu e piscou para mim. ─Você pagou por
ele, seu cheque deixou isso claro, e você está fodendo com ele.

 ─ Claire, preciso começar a me preparar para a apresentação. – me


intrometi, não querendo que Skylar gritasse ou discutisse com Claire.
 Seria um grande erro.

 ─ Mathew, de joelhos! – ela se alterou comigo e meus olhos dispararam


para Skylar.

 Oh Deus, como seria humilhante me ajoelhar após ela ter mandado, em
vez de tentar ajudar Skylar.  O que ela pensaria de mim? Ela me veria como
um fraco agora.

 ─ Não olhe para ela, eu disse DE JOELHOS! –Claire debochou, sem sequer
se virar para me olhar.

 Fiquei joelhos  fazendo um choque alto e raivoso com o chão, meus punhos
ao meu lado, minha cabeça voltada para nenhum ponto em específico,
envergonhado diante de Skylar.

Eu fiz de mim uma estátua, fitando as barras enquanto Claire falava.

 ─ E silêncio também, Mathew.

 Vadia. Filha da puta, desgraçada, rainha das putas, queime no inferno por
toda a eternidade, vaca maldita!

 ─ Isso é realmente necessário? - Skylar perguntou,tensa. ─ Você não


precisa humilhá-lo. E ele não pertence a mim agora? Não quero que ele se
ajoelhe. Mathew, levante.

 Ah porra… o que faço agora? Antes que eu pudesse pensar em qualquer
coisa, a voz de Claire se elevou.

 ─Ele não irá me  desobedecer. Ela sabe o lugar dele, Skylar. – Claire me
lançou um rápido olhar enquanto eu permanecia imóvel, odiando a mim
mesmo por escutá-la. Odiando a mim mesmo, ponto final.

 Em seguida, ela falou para Skylar, a voz ainda educada, porém imponente.

 ─ Só vou dizer isso uma vez, Skylar Hayes. E vou ser gente boa porque
você é uma cliente. Mathew não é seu. Ele é meu. Você está alugando ele,
como um DVD. Você pode se  aproveitar dele como preferir e se divertir com
ele, sem dúvida, mas quando terminar, limpe-o muito bem e certifique-se de
devolvê-lo à loja na mesma condição em que ele a deixou. Porque existe um
fila de pessoas esperando sua vez. Espero que você não se ofenda. Eu
realmente gosto de você, Skylar. Mas só precisava deixar as coisas claras.

 Skylar  não respondeu e fiquei agradecido por ela ser esperta demais para
se atrever. Seria muito desagradável e depois, Claire me mandaria deixar
Skylar. E iria me matar perder os próximos nove dias com ela. Me mataria
perder um hora com ela.

 Ela ficou de pé e caminhou até a porta da minha jaula, abrindo-a.


 ─ Mathew, levante-se e vá se arrumar. – ela ordenou e lentamente fiquei
de pé, incapaz de esconder minha expressão de raiva e traição para ela ao sair
da cela e descer os três degraus, passando por Skylar e indo para o corredor
na direção dos vestiários.

 ─ Aproveite sua noite, Sky. – Claire disse atrás de mim.

 A porta da jaula foi fechada e os saltos de Claire seguiam para o outro


lado. Ouvi Skylar me chamando atrás de mim, mas continuei andando
depressa, chegando ao camarim e abrindo a porta para um banheiro pequeno,
a batendo às minhas costas.

 Eu gemi, socando meu punho no espelho, odiando meu rosto e espírito
fracos. As dobras dos meus dedos umedeceram e arderam um pouco, mas não
liguei. Virei para a parede de cimento à minha direita e lancei meu punho
contra ela repetidamente, rosnando e deixando a dor se espalhar, me
acalmando um pouco.

 Por que ela fez aquilo? Claire nunca se desviou de seu caminho para me
humilhar da porra daquele jeito, a menos que uma cliente pedisse por isso. E
Skylar… o que ela deve pensar de mim agora… Fechei meus olhos e imaginei
um olhar de pura repulsa no seu rosto e aquilo me matou por dentro.

 Gritei outra vez, com vontade de destruir o banheiro inteiro.

 ─ Mathew! – ela estava chamando, batendo na porta. ─ Mathew, você está


bem?

 É a Skylar. Tenho que me acalmar. Tenho que conter minha raiva… estava
ameaçando transbordar.

 ─ Vá embora, Skylar! – me sentei no chão enquanto meus olhos


observavam minha mão trêmula, parecia que meus dedos estavam
quebrados… eles conseguiam se entortar.

 Claire me chamou de DVD. Cristo! Eu deveria ter dito a ela para ir se foder.
Aham, acorda!, eu estaria morrendo de fome em uma semana. E Katie jamais
conseguiria fazer o resto das suas cirurgias plásticas. Eu precisava parar de ser
um gay e continuar com o show. Eu tinha que ser obediente e não reclamar.
Ela gosta mais de mim dessa forma.

 Alguns minutos depois, limpei o “probleminha” da camisinha e fechei minha


calça, tirando minha camisa e lavando as mãos, limpando os pequenos cortes
na minha pele.

 Ao abrir a porta, Skylar estava esperando, sentada na minha cadeira ao


lado de Ryan.

 Eles estavam conversando e pararam quando entrei.


 ─ Aí está você. – sorri.

 ─ Mathew… – ela parecia um pouco triste novamente, mas não deixei ela
dizer mais nada. Eu queria esquecer o que Claire fez e fingir que nada
aconteceu.

 ─ Skylar… – a interrompi, colocando meus dedos sobre os lábios dela


delicadamente. ─ Eu te disse… Claire é bastante dura às vezes. Ela tem que
ser. Vamos apenas esquecê-la e ter uma noite agradável, ok?

 Seus olhos pareciam um pouco molhados, mas ela se obrigou a sorrir para
mim e concordar.

 ─ Certo. – ela disse, olhando para baixo.

 Levantei seu queixo com um dedo e a beijei muito, muito suavemente.


Ryan simplesmente nos ignorou e comeu sua maçã, a última delas.

 ─ Obrigado por não ir embora. – eu disse, minha cabeça encostada na


dela, fechando meus olhos, ainda tentando esconder a vergonha neles.

 ─ Eu já te disse… – ela beijou meu queixo. ─ Você nunca vai se livrar de


mim.

 Eu a beijei outra vez, a segurando pela nuca e Ryan se virou, sorrindo para
nós e resmungando.

 ─Vocês dois estão embrulhando meu estômago! Vão arrumar um quarto!

 ─ Cala a boca. – dei um tapa na cabeça dele.

 ─ Posso assistir você se arrumar? – ela me perguntou, parecendo animada.

Ela é tão inteligente. Eu sabia que ela estava tentando fazer o mesmo que
eu havia feito, assumir uma expressão alegre e esquecer os últimos minutos,
porque falar ou pensar a respeito daquilo agora seria simplesmente
insuportável.

 No entanto, eu sabia que isso entraria em pauta na terapia de amanhã.

 ─ Claro. – dei um sorriso.

 Mais tarde, após eu ter terminado estar pronto, era hora de colocar minhas
lentes.

 ─ Esta noite vai ser o vampiro malvado. – eu disse, minha voz um pouco
esquisita por causa das presas na minha boca.

 ─ Legal. – Skylar sorriu. ─ Isso irá te permitir botar pra fora um pouco de
raiva reprimida…
 Sorri de volta para ela, sabendo bem o que ela queria dizer. E coloquei
minhas lentes vermelhas.

 ─ Oh meu DEUS! – Skylar parecia com medo de mim com aqueles olhos.
─Essas são HORRÍVEIS, Mathew!

 ─ Não são? – exibi minhas presas e grunhi para ela. Ela deixou escapar um
gritinho agudo, correndo para longe de mim, fazendo eu e Ryan gargalhar.

 Depois, alguns dos outros dançarinos desta noite deram as caras, pegando
suas tarefas e vestindo-se para elas. Skylar foi especialmente engraçada
enquanto me ajudava a passar óleo.

 No começo ela estava com um pouco de nojo da textura pegajosa do óleo,
mas então, quando ela o esfregou no meu peito e no meu abdômen, e o cheiro
da minha pele juntou-se com a flagrância do óleo, ela se encantou… e se
divertiu bastante na hora em que me virei e deixei que ela trabalhasse nas
minhas costas.

 Os outros caras estavam morrendo de inveja de mim e disseram isso na


nossa frente, fazendo Skylar ficar vermelha. Eles ficavam perguntando quando
ela faria aquilo com eles.

 Eu dizia coisas como: nunca, ela é minha. E Skylar corou ainda mais.

 Eu simplesmente não conseguia parar de dizer coisas desse tipo. Minha
boca grande é tão estúpida. Eu não queria que ela pensasse que eu não a
deixaria seguir em frente quando nosso tempo acabasse. Eu não me tornaria
um garoto de programa perseguidor. Eu a deixaria ir, sorrindo, agradecendo
por este mágico e breve pedaço da sua vida… e faria ela nunca se arrepender
de ter me escolhido.

 Skylar foi encontrar suas amigas do lado de fora, na frente da boate,


enquanto eu vestia minha roupa.

 Claire entrou e  mantive meus olhos baixos, pegando a corrente e


prendendo-a na minha coleira.

 É em horas como essa que fico feliz em ser um bom ator. Isso iria exigir
um certo esforço.

 ─ Oi lindinho. – ela  levantou meu queixo com a coleira e carinhosamente


depositou um beijinho na minha boca, não querendo estragar minha
maquiagem.

 A beijei de volta, sorrindo para ela com toda a doçura que eu poderia
fingir.

 Ela em nenhum momento me pediu desculpas por nada que fez. Apenas
agíamos como se aquilo nunca tivesse acontecido. Ela preferia dessa maneira.
 ─ Oi chefe linda. – eu disse em resposta, esperando que ela pensasse que
eu não estava guardando nenhum rancor.

 No fundo, eu estava soltando fumaça.

 ─ Venha, minha criatura malvada…   – ela puxou minha coleira ao começar
a andar pelo corredor escuro. ─ Hora de cruzar a linha.

Capítulo 14 

Skylar POV

Julie, Riley e eu estávamos sentadas em uma mesa diferente da semana


passada. Nós éramos convidadas da própria boate agora e o nosso lugar era
bem localizado e mais próximos do palco, além de bebidas de graça. Os
garçons estavam nos servindo bem, também, mas eu estava procurando para
ver se Mathew estava por perto.

 Eu tinha contado as meninas toda a história com a Claire e como ela tratou
o Mathew. Eles ficaram bastante chateadas, também, mas as reações que
vieram em seguida foram ainda mais pertubadoras.

 Julie tomou um gole da sua bebida e disse. ─ É uma pena, mas o que você
vai fazer a respeito? Você não pode mudar isso. Lugares como esse são
comandados por mafiosos e gângsters, você sabe. Então como você pode
saber que Claire não é a filha de um desses caras? È melhor você deixar isso
quieto.

 Em resposta aos comentários de Julie, Riley se manifestou.

─ Ele é realmente muito bonito e doce e eu sei que você gosta dele,
Skylar… e que está tendo relações com ele….mas… ele me parece bastante…
problemático. Quero dizer, sim, ele é um bom tema para o seu trabalho da
faculdade, mas se eu fosse você eu diria a ele que você não quer ser envolvida
em toda essa história. Esses são os problemas dele, não seus. O que eu quero
dizer é, não tem como você ter um futuro com esse cara, Skylar.

 Julie desviou o olhar da conversa e dançava a música que estava tocando


no momento, ainda sentada em sua cadeira, procurando por dançarinos, mas
nenhum deles estavam na pista  de dança ainda.
 Eu ignorei a opinião delas, não querendo escutá-las… pois esses
pensamentos horríveis já passaram pela minha mente outras vezes, também. 
Minha cabeça  me dizia para dar o fora desse ‘relacionamento’ que tenho com
ele, pedi-lo para ir embora, para que assim eu retornasse para a minha vida
estudantil e minhas amizades.

 Porém toda vez que eu fecho os olhos, eu o vejo. Toda vez que eu vejo seu
rosto, eu o quero. Toda vez que nos beijamos, eu quero o seu amor. Eu quero
estar na vida dele. Eu quero morrer segurando a sua mão. Eu não vejo um
prostituto, um brinquedo, ou escravo, ou até mesmo uma pessoa
problemática. Eu vejo só o Mathew…e eu o amo…completamente. Não existe
saída para mim, eu estou presa à ele agora. Só que eu não quero ser solta.

 Eu sei a realidade e os contras dessa situação. Eu sei que se nós


tentássemos um relacionamento, seria doloroso e amargo e difícil. Mas, eu
quero mesmo assim. Estava cansada de pensar em tudo o que teríamos que
agüentar e resolver. Agora, eu quero enfrentar essas montanhas que estão no
nosso caminho.

 Eu queria Claire morta.

 Nada nunca fez eu me sentir mais enjoada do estômago na minha vida do


que o momento em que ela mandou Mathew ajoelhar na jaula como se ele
fosse o cachorro dela. E a maneira como ele me olhou. Tive que adotar uma
cara sem expressão ou apenas tornaria aquilo pior para Mathew. Mesmo que
eu tivesse amado se ele a enfrentasse ou se recusasse a obedecê-la, sabia que
ele ainda não estava preparado para isso – emocionalmente, financeiramente,
ou de qualquer outra forma. E ela o machucaria, talvez até na minha frente.
Neste caso eu teria que enforcar a vadia.

 Em seu coração, ele ainda era o escravo dela. Era uma posição escura – o
lugar dele – nas palavras de Claire, mas como ele disse, ele era desejado ali.
Ele está protegido. E talvez pertencer à ela, uma mulher fria e cruel, seja
seguro para ele. Ele não tem que se preocupar com se apaixonar novamente
com ela como sua parceira, e depois, há a assistência  financeira que ela
parece dar a ele.

 Riley é uma fera da computação e além do mais está se formando em


Contabilidade. Quem sabe, algum dia, se sequer chegássemos a esse ponto,
ela poderia ser útil em verificar as transações financeiras de Claire. Se eu
tivesse algum podre dela talvez  pudesse ajudar Mathew de alguma forma.
Poderia ser um plano a ser executado.

 Ryan foi o primeiro a chegar aqui esta noite. Ele deve ter a chave. Eu me
pergunto se ele pode ser confiável na causa contra Claire. Provavelmente não.
Ele pertence a ela, também.

 Quando Mathew estava trancado no banheiro, ouvi vidro sendo quebrando


e estava com medo que talvez ele estivesse ferindo a si mesmo, especialmente
depois de ele gritar para eu ir embora.
 Porém, Ryan pediu que eu relaxasse. Ele sentou-se ao meu lado e me
contou que Mathew não iria se matar. Ele tem uma filha e ele se preocupa com
ela. Então isso confirmou que a filha de Mathew estava bem e viva e aquilo me
deixou muito feliz. Ele não me contou muitos  detalhes, disse que não era a
tarefa dele, mas me disse mais uma coisa:

 ─Mathew não vai parar de trabalhar aqui, Skylar. – ele disse, sem tentar
soar ameaçador, mas sendo direto ao ponto.  ─ Claire é dona dele, ela não vai
desistir. E ela não é alguém que você enfrenta, Skylar. Não a subestime. Ela é
perigosa. Apenas… termine seu tempo com ele… divirta-se… e depois o
esqueça. Isso pode ficar realmente nocivo se você tentar tirar Mathew dela. Ela
não é sempre má com ele como você viu agora a pouco. Com ele,  geralmente,
ela é bem legal. Ela dá festas fantásticas no aniversário dele, pelo amor de
Deus! Até mesmo lhe deu um quarto aqui, quando ele não conseguiu encontrar
um lugar para morar.

 ─Ele mora aqui? – eu praticamente zombei de suas palavras.

 Deus, o quão profundas são as garras dessa mulher neste homem?

 ─Sim. – Ryan disse. ─ Eu morava aqui também. Não é bonito, mas é


um quarto quente e limpo.

 Nota para si mesma: dar um jeito de ir para o andar de baixo e conferir o


“quarto” dele antes do final da noite.

 Imaginei um porão horrível e empoeirado com um beliche no canto e uma 


jaula do outro lado do quarto. Eu me pergunto se ela tem um potinho de água
com o nome de Mathew lá embaixo.

 O ambiente estava escuro e luzes vermelhas circulavam ao redor da boate


enquanto eu virava meu terceiro copo da noite. Eu havia pedido “algo forte”,
como não conhecia muito sobre bebidas, e recebi uma coisa clara em um copo
pequeno. Aquilo fez o meu peito queimar e latejar segundos depois de eu
engoli-lo e neste exato momento eu estava pedindo mais um.

 ─Ei, garota, pega leve. – Riley sorriu, me observando abrir meu bloquinho.
─Oh, você trouxe isso pra cá de novo?

 ─Eu sei que vocês duas estão aqui para darem olhadelas em homens nus,
mas eu estou fazendo minha pesquisa. – sorri dissimuladamente, fazendo uma
anotação no papel na minha frente, estreitando os olhos para ser capaz de
enxergar um pouco ao escrever:

“Mathew vive em um quarto na área abaixo da Fire.

Mathew tem uma filha, ela está viva – em algum lugar. Ele a sustenta financeiramente.
Chances de ele abandonar esse estilo de vida estão diminuindo.
Um acidente aconteceu. Tanya está morta. Sequelas para a criança?

Claire, a chefe, muito possessiva. Motivos financeiros? Motivos emocionais?”

 Eu parei. Mal conseguia ver o que estava escrevendo aqui e então ouvi a
voz de Claire, amplificada pelo microfone.

 ─Bem-vindas a Fire, SENHORITAS! -  sua voz saudava entusiasmada.


─Bem-vindas! Temos um grande show preparado para vocês esta noite, mas
primeiro, tenho que trancar o meu vampiro, se vocês todas me derem um
momento.

 Prestei atenção nas mulheres desta vez. Elas todas se viraram na direção
do canto onde Claire tinha entrado com Mathew da última vez. Estou supondo
que muitas dessas mulheres são clientes fixas, e talvez tivessem esperança
que Mathew fosse o vampiro hoje à noite.

 Eu não queria olhar, mas meus olhos queriam ver Mathew, mesmo se isso
significasse que ele estava sendo arrastado pelo chão em uma coleira por
aquela vadia. Olha! Essas bebidas, seja lá o que forem, estão fazendo efeito!
Eu me sinto tão… violenta.

 Na primeira vez que vi Mathew se apresentando de vampiro, ele era o


“vampiro do bem”. Esta noite ele disse que estava interpretando o “vampiro
mau”. Eu estava tão curiosa de qual seria a diferença.

 ─Vem aqui, sua COISA malvada! – ela estava lutando nas sombras, em
seguida uma luz branca os encontrou, iluminando a cena. ─ Este é o nosso
vampiro. Por favor, não o toquem ainda, até ele estar dentro da jaula, garotas.
Ele é extremamente perigoso e não se dá muito bem com os outros.

 Claire estava tentando arrastar Mathew pelo pescoço para dentro do clube,
só que dessa vez ele não parecia tão fraco e não rastejava como da última vez.

 Ele soltou um rugido selvagem e deu um puxão para trás com a corrente,
mostrando que sua força era maior que a dela. Claire  gritou e se esforçava
para manter seu aperto na corrente.

 ─NÃO! – ela gritou. ─Pare com isso! PARE! Você vai ter o que merece,
rapaz!

 Grunhindo na direção dela, os olhos vermelhos de Mathew pareciam cheios


de raiva e ele bateu seus dentes para ela, fazendo-a soltar a corrente e cair
para trás enquanto o vampiro ficou de quatro, escutando os gritos das
mulheres em volta dele.
 ─Não, silêncio! Todas permaneçam completamente paradas! – Claire disse
no pequeno microfone no decote da sua roupa, sentando no chão diante do
vampiro livre.

 E cada mulher no local se calou totalmente. Inclusive eu, isto era


fantástico. Eu esperava que Mathew começasse a bater naquela vagabunda
com a corrente agora. Seria algo que eu iria amar presenciar uma vez após a
outra. Por que eu não trouxe minha câmera para filmar?

 Mathew rosnava para Claire, lentamente movimentando-se em volta dela,


como se  estudando sua presa, aguardando  para atacar.

 ─Amigo… – Claire tentava falar com doçura na voz. ─ Amigo, garoto… não
fique com  medo… ninguém vai te machucar.

 Ele inclinou a cabeça para o lado, e ouviu uma mulher atrás dele, em uma
mesa, dizer alguma coisa em voz alta como: “─ Eu machucaria ele!”

 Com isso, Mathew se levantou e subiu sobre a superfície da mesa da 


mulher, os pés descalços em cima da toalha de mesa preta. A mulher que
havia feito o comentário gritou e, no segundo seguinte, quando o holofote o
encontrou outra vez, ele tinha a tal mulher loira, por volta dos 30 anos de
idade, de joelhos em cima da mesa. As mãos dele agarraram os braços dela e
ele devastou seu pescoço, para a completa felicidade dela. Em seguida, sua
mão agarrou seu longo cabelo, forçando a cabeça dela para trás enquanto ele
continuava provando o pescoço que havia capturado.

 E aqui vai o copo número seis! Virei meu copo em um longo e  único gole
naquela hora. Ou era o quinto copo? Oh, quem se importa?

 De repente, senti algo no meio das minhas pernas, uma vibração fraca e
gostosa, extremamente quente e confortante.

 ─Uuuhhhh… – deixei um gemido de prazer escapar da minha boca bem na


frente de Julie e Riley, mas elas não estavam prestando muita atenção em
mim. Elas olhavam Mathew com atenção e riam.

 Senti meus pés apontarem um para o outro embaixo da mesa e minhas


pernas se separarem um pouco, tornando o estímulo dentro de mim ainda
melhor e mais rápido.

 E quando vi Mathew lambendo o pescoço de outra mulher, fiquei ainda


mais excitada.

“Não importa o que você veja hoje à noite, saiba disso… que te fodi
nesta jaula minúscula e que você é minha vadia…”

Lembrei de sua voz dizendo aquilo para mim e minha mão apertou a
beirada  da mesa, em seguida a toalha, torcendo-a num aperto forte em meus
dedos vermelhos, minha boca se abrindo enquanto minha língua lambia meu
lábio superior, minha calcinha começando a ficar molhada e quente.

 ─Mmmmm… - eu estava tentando conter meus barulhos agora. Tentei me


inclinar para frente, debruçada sobre a mesa, mas isso só intensificou o
maldito aparelho dentro de mim.

 Meus olhos se abriram e encontraram Mathew novamente, e parecia que


Claire estava tentando se aproximar por trás dele, com Ryan em um uniforme
de policial ao lado dela, girando um cassetete enquanto Claire carregava uma
corda com um grande laço em uma ponta.

 Minha boca soltou as palavras sem a permissão do meu cérebro:

 ─CUIDADO, MATHEW! ATRÁS DE VOCÊ! – ouvi eu mesma berrar.

 Os rostos de Julie e Riley viraram-se na minha direção e elas morreram de


rir com aquilo e, no chão, uma disputa rapidamente ocorreu.

 A cabeça de Mathew se virou na direção dos dois prestes a se lançarem


sobre ele e imediatamente Ryan se jogou em cima do vampiro, fingindo bater
em suas costas com o cassetete, o vampiro malvado uivando e rugindo em dor
e protesto.

 Ao mesmo tempo, Claire enlaçou a corda no pescoço dele e deu um puxão,
ligeiramente sufocando o vampiro seminu no chão abaixo de si.

 ─Bom, peguei ele! – Claire anunciou, Ryan algemando as mãos de Mathew,


prendendo-as atrás dele conforme ele lutava com toda sua força.

 Ryan ajudou Claire a trancar Mathew na jaula; Claire puxava a corda e


Mathew tentava rastejar em seus joelhos atrás dela, e sempre que ele resistia
Ryan o socava ou batia em suas costas e costelas com o cassetete a fim de
fazê-lo se mexer de volta.

 Uma vez no interior da jaula, Ryan retirou as algemas e fechou a porta; em


instantes Mathew arremessava-se  nas grades, sibilando e rosnando.

 ─Obrigada, oficial! – Claire disse a Ryan e ele deu um aceno de autoridade,


aceitando sua permissão para retirar-se e recebendo uma longa rodada de
aplausos.

 ─E você! – Claire segurava sua madeira novamente e o bateu contra as


barras perto de Mathew. ─ Você É MUITO, MUITO DESOBEDIENTE!

 Mathew rosnou e rugiu, com raiva.

 ─Nada de provar as clientes! Você sabe disso! Você vai aprender isso esta
noite, seu bastardo! – Claire reprovou, enfiando o cajado no meio das grades e
ferindo o vampiro, que protestou. ─Perdoem-me por isso, senhoritas. – Claire
ajeitou um pouco seu cabelo e sua saia. ─Vamos lidar com ele mais tarde esta
noite. Acho que uma punição severa está nos planos, não acham, garotas?

 Um estrondoso coro de gritos e aplausos surgiu e em seguida o pequeno


estímulo entre as minhas pernas parou de repente, fazendo eu me sentir
extremamente vazia por dentro.

 ─Oh. – me lamentei, não o sentindo mais. ─ Tão malvado… – ele é cruel.

 O primeiro dançarino da noite foi anunciado e um homem que eu nunca vi


antes, com cabelo comprido preto e pele bronzeada, se balançou em um cipó
em cima do palco… Tarzan. Ele era bonito e um ótimo dançarino, mas não
fazia o meu tipo. Meus olhos continuavam vagando para a pequena jaula
escura do outro lado.

 Odeio esta mesa. É longe demais da jaula. Acho que eles pensavam que
estavam nos fazendo um favor, nos deixando sentar bem ao lado do palco,
mas na semana passada a mesa era melhor. Mathew até se esticou da jaula e
roubou meu notebook, de tão perto que ele estava de mim naquele dia. Eu
quero ficar lá de volta.

 Julie e Riley estavam dançando em suas cadeiras, gostando da música que


estava tocando, Jungle Love, e aprovando o dançarino no palco.

 Não sei o que essa coisa é, mas estou gostando.

 Pareceu que em poucos segundos o Tarzan terminou e se foi. Oh bem, fiz


sinal para o nosso garçom e pedi outra bebida para mim.

 As luzes tornaram-se um pouco mais brilhantes entre os dançarinos e


meus olhos disparavam para a jaula onde o amor da minha vida estava preso.
Eu podia vê-lo melhor agora e havia uma mulher lá, de cabelo escuro e
comprido numa trança, sorrindo e segurando uma cereja em seus dentes; as
mãos dela seguravam um cinto que ela provavelmente tirou da sua própria
cintura e estava agora firmemente atrás da cabeça de Mathew, mantendo o
rosto dele no meio das grades enquanto ele lambia a cereja, sorrindo, depois
os lábios dele se fecharam completamente sobre a fruta, beijando a boca dela
ao mesmo tempo em que ele devorava a cereja.

 Não fique brava, não fique brava… é tudo atuação, não se esqueça disso. É
o que Mathew me disse… Oh, beleza, meu terceiro drink está aqui! Eles são tão
suaves! Seja lá o que forem.

 ─O que é isso, aliás? – Riley me perguntou, pegando o copo e cheirando.

 ─Me dá! – fiz uma careta, pegando-o de volta um pouco rudemente,


derramando alguns pingos.

 ─Sky vai ficar um perigo esta noite, isso é evidente. – Julie sorriu, bebendo
seu drink vermelho.
 ─Oh, deixe ela em paz. – Riley disse. ─Ela nunca fica bêbada. E hoje pode
não ser fácil pra ela. Aquelas mulheres estão praticamente com as mãos
dentro da calça do Mathew.

 ─Onde? – eu fiquei em pé, pronta para arrancar os cabelos das vadias, mas
Julie me puxou para baixo pelo braço.

 ─Senta, garota. – ela ordenou. ─ Comporte-se ou eu irei cortar o seu


barato. Você disse que poderia lidar com isto. Se lembra, “ser uma
psiquiatra exige que você esteja lá para alguns dos momentos mais
difíceis na vida de uma pessoa?”, se lembra do seu discursinho hoje
no telefone, Sky?

 ─Eu sei, mas… – me ouvi choramingar, as lágrimas chegando a meus


olhos. ─ Eu o amo!

 ─Eu sabia! – Riley sorriu e apontou para Julie. ─ Ganhei a aposta! Me dá o


dinheiro.

Julie fez uma careta para mim e revirou sua bolsa, dando a Riley uma nota
de vinte dólares.

 ─Alguém ouviu o que eu disse ou a aposta de vocês é mais importante que


meu coração partido? – perguntei, me sentindo um pouco tonta.

 ─ Oh, me desculpe, você tem razão. – Riley inclinou-se, colocando o braço


em volta de mim e encostou o rosto no meu cabelo. ─ Não beba mais, certo,
Sky? Você não quer que Mathew te veja desse jeito.

 Julie estava na minha frente e tentava ajudar agora.

 ─Vai ficar tudo bem, Sky. – ela disse de forma meiga. ─ O primeiro amor é
sempre o mais difícil. Você vai esquecê-lo, uma hora ou outra. Demora um
pouquinho, mas estaremos aqui para você.

 ─ Eu não quero esquecê-lo. – segurei minha cabeça nas mãos.

 ─Vamos mudar de assunto, Riley… – Julie fez um sinal como se estivesse


cortando sua garganta, sacudindo a cabeça.

 E logo depois, uma vibração muito rápida instalou-se no meio das minhas
pernas. Acredito que Mathew tenha dado uma olhadinha em mim e visto
minhas mãos na minha cabeça.

 ─Ugghh – me joguei para trás na minha cadeira, separando minhas pernas


e enroscando meus pés em volta da viga da cadeira embaixo da toalha da
mesa. Algumas arfadas curtas escaparam de mim, e então me lembrei das
minhas amigas na mesa.
 ─Você está bem? – Riley perguntou preocupada. ─ Quer vomitar ou algo
assim?

 Sacudi minha cabeça, choramingando.

─ Não.

 Puta merda! a coisa está posicionada um pouco para o lado agora, dentro
de mim, e distribuindo movimentos com uma velocidade insana bem num
ângulo que está me despertando sensações que eu jamais soube que eu tinha.
Meu corpo parecia que estava acordando para a vida pela primeira vez! Minha
calcinha está tão molhada. Quero esfregar meu sexo nas grades daquela
maldita jaula de vampiro agora! E não me importo com quem veja! Se meu pai
estivesse aqui eu não me importaria!

 ─Por favor… espere… - eu estava ofegando e murmurando incoerências e


sabia disso.

 Minha cabeça estava deitada para trás e depois ficou caída na mesa, meus
punhos apertando meu guardanapo tão forte que eu pensei que a tintura
vermelha fosse vazar dele.

 ─Deixe ela descansar um minuto. – a voz de Julie disse na minha frente e,


conforme o ambiente escurecia um pouco, coloquei o guardanapo entre os
meus dentes, mordendo-o com força quando um grito abafou na mordaça de
pano macio. Eu estava rosnando um pouco enquanto gozava, escondendo
perfeitamente bem, eu acreditava.

 O garçom se aproximou, colocou outra bebida ao meu lado e inclinou-se


falando no meu ouvido.

 ─ Mathew mandou um recado pra você, Skylar. – sua voz profunda e


sensual informou. ─ Ele disse que todo mundo sabe que você está gozando e
que ele está muito orgulhoso da safadinha dele.

 Ergui minha cabeça, me atrevendo a olhar para ele com o guardanapo em


meus dentes, provocando risadas do garçom de cabelo escuro.

 ─Você é uma gracinha. – ele disse, afagando meu nariz com o dedo ao se
despedir da mesa, desaparecendo na escuridão.

 Nessa hora, senti o estímulo parar e, de novo, me senti traída e parecendo


uma pedra.

 Minha boca se abriu em desapontamento e o guardanapo caiu dela, e


percebi Mathew rindo de mim da sua pequena cela redonda, enrugando os
lábios e jogando beijos enquanto me fitava, parecendo muito satisfeito consigo
mesmo.

 Não pude evitar sorrir de volta para o bastardo.


 À medida que a noite prosseguia,  minhas amigas permitiram que eu
contasse mais a respeito dos meus sentimentos por Mathew. Eu não estava
bêbada, apenas com a cabeça zumbindo levemente (sem contar o zumbido do
vibrador) e bastante tagarela. Não estava contando para elas segredos sobre a
vida de Mathew, somente coisas como:

“Até na faculdade eu posso sentir o cheiro dele nas minhas roupas.”

“Os malditos olhos dele… são os olhos mais lindos no mundo. Vocês
não  acham?”

“O bumbum dele é tão perfeito e definido… mas é macio também…


e nem  um pêlo sequer no corpo todo daquele homem!”

“Eu adoro pegar no sono com o rosto dele no meu peito… e na


minha barriga…”

“O corpo dele é tão firme   e quente nas minhas costas quando ele
fica de conchinha comigo. E ele beija meus ombros… tão gentil. Seus
lábios são como água quente.”

“Ele tem aquela voz maravilhosa para cantar… ele cantou uma vez
para eu dormir, Riley! Como vou conseguir voltar a dormir sozinha
agora?”

Eu nem sequer prestava atenção nos dançarinos no palco. Não conseguia


nem mesmo enxergar outros homens mais.

 Estou condenada. Meu coração tinha certeza que seria quebrado muito em
breve. É inevitável, assim como o fim do nosso tempo juntos.

 ─Muito bem, senhoritas, é hora de castigar o vampiro! – Claire anunciou e


as luzes aumentaram, revelando a jaula e meu Mathew dentro dela,
completamente sozinho.

 As mulheres saíram correndo de suas mesas até a jaula e rapidamente


formaram uma fila, como na semana passada. Julie quase se levantou, mas eu
lancei meu olhar assassino para ela e senti meus dentes se prepararem para
atacá-la.

 ─Eu só estava indo ao banheiro feminino! – ela sorriu, arregalando os olhos


para mim. ─Credo!

 ─Vou vigiá-la. – Riley segurou minha mão. ─ Nem olhe para lá, Sky, é
revoltante o que essas mulheres curtem.

 CHICOTADA.

 Ouvi Mathew gritar e lágrimas vieram a meus olhos.


 Minhas pernas tremeram e quiseram se levantar enquanto os estalos do
chicote atingiam a pele dele, me apunhalando como facas, sem mencionar os
berros e rosnados que ele  estava emitindo. Ele definitivamente parecia que
estava sofrendo. Fiquei me perguntando se Mathew mentiu para mim sobre o
chicote não machucá-lo de verdade.

 ─Elas estão machucando ele! – agarrei meus cabelos e gritei um pouco,


tentando bloquear os sons.

 Riley afagou meu cabelo. ─ Não, não. Está tudo bem. Ele está legal. Vê, ele
está beijando elas logo depois. E olha, ele acabou de sorrir um pouquinho. É
tudo teatro.

 E então, como mágica… o estimulador entre minhas pernas começou


novamente, até então bem fraco e timidamente.

 Descansei minhas bochechas nas mãos e fechei meus olhos, me


concentrando apenas no que a bolinha dentro de mim estava dizendo.

 Mathew quer que você sinta prazer agora… seja feliz… “você não quer ser
feliz, Skylar?… que menina boazinha… Quero ver aquela safadinha
com quem venho fodendo hoje à noite… deite-se… você é minha
vadiazinha… conte de trás pra frente, do cinco ao um…”

 A velocidade começou a aumentar… e então aumentar um pouco mais… e


mais… borrões de Mathew sendo chicoteado com as mãos nas algemas em
cima de sua cabeça me aborreciam… e outras vezes, me excitavam.

 Eu tive pequenos mini-orgasmos antes do enorme que me atingiu quando


uma mulher na jaula derramou sua bebida nas costas de Mathew e em seguida
a atacou com o chicote, os respingos molhados misturando-se com os ruídos
líquidos do couro. Mathew rosnou mais alto nessa hora e eu gozei muito forte,
apertando meus dentes em completa luxúria, minhas pernas sob a mesa
convulsionando e bem separadas, escondidas de vista.

 Após isso, o vibrador estava trabalhando a todo o vapor e era doloroso


agora no tecido sensível dentro de mim… Aceitei a dor, me sentindo de alguma
forma conectada com Mathew naquilo à medida que ele estava  quase
terminando de receber sua punição.

 Uma lágrima caiu do meu olho e a deixei percorrer lentamente e


tortuosamente devagar por todo o meu rosto. Riley e Julie estavam assistindo
Mathew também, conversando entre si neste momento, e fiquei tão grata de
ter esse singelo momento só para mim, me negando a explicá-lo a qualquer
observador.

 E após alguns segundos, o pequeno acontecimento dentro da minha


entrada chegou ao fim. Meu corpo ficou mole como se eu fosse uma marionete
que alguém tivesse acabado de cortar as cordas.
 Deixei meus olhos zonzos ganharem foco enquanto a voz de Claire estava
informando ao público da dificuldade de seu vampiro de falar com humanos. E
em seguida ela estava o chicoteando de volta, pedindo a ele para prometer
não matar nenhum de seus clientes.

 Era torturante, esperar para ouvir a voz dele, e então ela ecoou no ar, seu
tom rouco e intenso me acariciando lentamente quando ele disse. “─ Eu
prometo.”

 E todas as mulheres doentes no lugar aclamaram e uivaram para ele,


apostando corrida até sua cela novamente para algum amasso, beijo, ou para
serem mordidas pelo vampiro diabólico.

 Mathew teve pena de mim durante isto e deixou o vibrador desligado,


assim eu tive tempo para me recuperar e pedir outro drink. Acho que este é
meu quarto? Meu oitavo? Não estou nem aí.

 Uhmm, esse é dos bons! Seja lá o que eram.

 Minhas queridas amigas foram gentis o suficiente para não irem para a
jaula do vampiro e fiquei feliz com isso. Odiaria sentar na sala de aula com
elas, vendo as falhas em suas cabeças carecas, sabendo que eu arrancara
aqueles cabelos com as minhas mãos. Além disso, elas são minhas melhores
amigas. Eu me sentiria extremamente mal por isso no futuro.

 Eu gostaria de ser a última mulher da fila, ser capaz de pagar a Claire uma
enorme e indecente quantia em dinheiro e entrar na jaula sozinha, tirando as
roupas bem lentamente enquanto Mathew me observava, surpresa e confusão
em seus olhos. Depois eu pularia em seus braços e envolveria sua cintura com
minhas pernas, fazendo-o me possuir ali mesmo, como ele havia feito mais
cedo, só que agora eu queria todas essas mulheres loucas assistindo, vendo
que ele era meu e somente meu. E que ele me queria, de verdade, ao
contrário do resto delas.

 Mas Julie e Riley estavam fazendo o papel de babás e não me permitiram


fazer de mim mesma uma completa estúpida. Elas me mantiveram na nossa
mesa até, após cinco  eternidades terem se passado, a  performance de
vampiro de Mathew ter acabado e Claire pegá-lo pela corrente.

 ─ Dê boa noite para as belas senhoritas, rapaz. – Claire sorriu e afagou o


cabelo de Mathew.

 ─Boa noite, senhoritas lindas. – a voz sombria do vampiro estava agora


bem-comportada e sedutora, o que lhe rendeu uma boa salva de palmas
enquanto sua chefe levava-o embora apoiado em suas mãos e joelhos.

 ─Eu quero matar aquela vaca. – me ouvi dizer para as minhas amigas.

 ─ Certo, acho que chega de bebida pra Sky por hoje. – Riley falou
abafando o riso, olhando para Julie.
 Mathew POV

 Uma vez de volta ao camarim, Claire soltou a minha corrente e sorriu


orgulhosa para mim.

 ─Bom garoto, Mathew. – ela disse em aprovação, tocando meu cabelo. ─


Você foi muito bom esta noite.

 ─obrigado, Claire. – eu disse, lhe dando um sorriso breve.

 Eu queria me limpar, assim poderia voltar para a pista e ficar de olho em
Skylar. Eu sei que suas amigas estão com ela, mas ainda queria ter certeza de
que ela estava levando tudo numa boa. Sei que ela odeia me ver sendo
açoitado e reparei nela bebendo algumas doses. Iria verificar com seu garçom
e descobrir o que estavam lhe dando.

 ─Você vai assumir a pista depois disso, ok? – Claire convidou, correndo
uma mão pelos seus longos cabelos.

 Isto significava que eu não iria servir bebidas. Eu apenas vestiria uma peça
de roupa minúscula e iria de mesa em mesa, dançando no colo das clientes e
ficando disponível para qualquer coisa que as mesas quisessem. Ela estava
realmente tentando ser legal, eu pensei, me dispensando das obrigações de
garçom, mas então ela disse.

 ─E quero você no meu escritório às 23h.

 Oh, não. Não esta noite, de todas as noites, por favor…

 ─Umm… Claire? – falei em voz baixa quando ela estava prestes a se afastar
de mim.

 ─ Sim? – ela pareceu confusa. Eu nunca a questionava.

─ Skylar está aqui hoje. – tentei dar uma dica do que eu queria dizer.

 ─ Sim, eu sei, a gente conversou. Ela é bem bonitinha. Aonde você quer
chegar ? – ela tinha uma sobrancelha erguida e sorria.

 ─ Bem, eu só pensei… – dei uma tossida. ─Ela me pagou para pertencer a


ela por duas semanas. Não quero estragar o acordo… você sabe… ficando com
você bem embaixo do nariz dela. Pode não ser… bom para os negócios.

 Eu estava falando merda e tinha consciência disso. A verdade é que eu não
queria magoar Skylar transando com Claire no andar de cima poucas horas
depois de ter transado com ela na jaula. E muito menos queria mentir para ela
sobre isso mais tarde. E, sendo mais direto ao ponto: eu não queria foder
Claire hoje à noite.

 Claire debochou e sorriu para mim. Estou morto.

 ─Mathew… – ela me falou calma. ─ Quem está no comando?

 ─Você está. – eu disse sem desprezo na voz.

 ─ Ótimo. – ela fez uma expressão séria.  ─ Às onze.

 Ela saiu e rosnei internamente, indo para minha poltrona na frente do


espelho e finalmente botando para fora. ─ Porra.

 Após remover a maquiagem e colocar uma cueca vermelha, caminhei até a


linha vermelha e parei ali, olhando-a por um minuto.

 Vi um flash de mim mesmo saindo do nosso apartamento, deixando Tanya


para trás. Se ao menos houvesse uma linha vermelha do outro lado da porta…
eu teria ficado. Porém eu cruzei uma linha invisível e cruel por causa do meu
orgulho estúpido, que me trouxe aqui e, agora, me manteria aqui. Eu jamais
poderia voltar ao passado e apagar meus erros.

 Cruzei a linha vermelha e me tornei sorridente, o prostituto fácil


novamente, subindo na primeira mesa que alcancei. Do outro lado da boate eu
conseguia fracamente ter um  um pouco da silhueta de Skylar nas sombras  no
ar quando senti mãos agarrarem o minha bunda e mais de um par de lábios
atacarem meu peito e minhas costas no momento em que eu  segurava a
cadeira atrás da mulher em que estava me esfregando.

 Costumava ser tão fácil me transformar no garoto de programa e me


esquecer da minha vida e de mim mesmo… eu até gostava de assumir esta
identidade que não possuía mágoas, família, nem preocupações. Só que agora
minha alma estava em sofrimento. Cruzar essa linha significava que eu não
era mais um pai, que eu não era um marido mais, cruzar essa linha significava
que eu não era mais o homem de Skylar.

 Peguei-me evitando o lado todo do clube onde Sky estava, mas meus olhos
continuavam a encontrá-la frequentemente, recebendo seu sorriso corajoso, os
olhos dela preocupados que eu fosse capturado por uma mesa de mulheres
particularmente atiradas e bêbadas.

 Gostaria de poder continuar lhe dando orgasmos do outro lado do lugar,


mas neste  “uniforme” não havia nenhuma maneira que eu pudesse esconder
até mesmo aquele pequeno controle remoto.

 Inúmeras vezes pensei em ir até sua mesa e dançar para elas, mas logo
desistia disso. Se suas amigas  começassem a me apalpar e me acariciar seria
muito difícil para ela aguentar. Sendo assim deixei que Ryan e Eli se
ocupassem da mesa delas e as garotas pareceram aprová-los completamente.
Exceto por Skylar. Ela sorriu e deu risada dos meus amigos quando eles se
exibiram em sua direção, mas apenas deu uma gorjeta para eles e corou,
permitindo que as amigas dela fizessem a parte do contato.

 As senhoras que atendi pareciam muito satisfeitas com meu serviço e
deixei que elas fizessem o que queriam comigo. O  ‘Frankencock’ ainda estava
funcionando, mesmo com os conflitos guerreando na minha cabeça, e isso me
deixava aliviado e enjoado ao mesmo tempo.

 Deus, eu gostaria de ser normal novamente.

 Por favor, não me deixe ter aquele pesadelo esta noite, aquele que vive se
repetindo, onde sou um stripper velho e enrugado e minha filha, já adulta,
está enchendo minha cueca  com notas de vinte… por favor… tire uma noite de
folga e tenha misericórdia de mim só por esta noite.

Finalmente, era a hora do meu intervalo e fiz o caminho até a mesa de


Skylar.

 ─ Oi, garotas! – eu as cumprimentei com a voz mais amistosa possível,


como se eu não tivesse uma preocupação no mundo.

 ─ OI! – um coro alegre de vozes cantou em resposta para mim.

 ─ Se importam se eu sentar com vocês por um segundo? – perguntei.


─Estou no meu intervalo.

 ─ Senta aí. – Riley e Julie foram para o lado para que eu pudesse me
sentar ao lado delas. Skylar estava sorrindo para mim, mas parecia um pouco
cansada e tensa pro meu gosto. Eu não fiquei surpreso, no entanto. Eu deveria
ter imaginado o que esta noite faria com ela. Porém eu estava pensando só em
mim, a querendo comigo o tempo todo agora.

 Sentei na ponta da mesa, ao lado de Skylar e Riley, esperando que  Julie


não ficasse ofendida. Mas é que eu tinha flertado com Julie na semana
passada, bem diante dos olhos de Skylar, e não queria fazer aquilo novamente
dessa vez, ainda que da mais leve maneira.

 Julie me atraiu no começo por ser uma Barbie. Divertida, jovem, filhinha de
papai, sem complicações, sem laços. Bonecas Barbies tinham muitos
namorados e não tendem a ficar apegadas demais a homens como eu. Nós
éramos diversão, um exercício rebelde. Sendo assim, eu havia flertado com ela
descaradamente, calculando que ela iria me desejar a sós.

 Mas logo depois, Skylar me chocou pra caralho e me solicitou para si


mesma. No início eu ri. Era raro uma pessoa conseguir me chocar. Mas depois
pensei: poderia ser muito interessante conquistar a garota nerd do bloquinho.
E me divertiu ainda mais quando lhe pedi para me acompanhar e ela quase
desmaiou.
 Sua inocência me sugou diretamente para sua teia.

 ─Como vão vocês? – perguntei a todas elas. ─ Estão se divertindo?

 ─Oh, meu Deus, sim! – Julie falou, nem dando chance para Riley falar. ─
Mathew, Mathew… quem é aquele cara?

 Ela apontou sorridente para Ryan, que estava fazendo flexões em uma
mesa em cima de uma mulher mais velha.

 ─ É o Butler. – informei animado.

 ─ Butler? – Julie e Ryley riram do seu sobrenome de duplo sentido dele.


Dei risada com elas, em seguida olhei para Skylar. Ela estava bebendo do seu
copo alguma outra coisa.

 ─ Pois é. -  eu respondi e então Riley disse que realmente havia gostado de


Eli, apontando-o para mim.

 ─ Vocês querem o telefone deles? – perguntei soando malicioso. ─ Eles não


têm namoradas.

 As duas garotas riram de alegria e eu disse. ─ Me dê um papel e uma


caneta.

 Normalmente eu não faria isso, mas eu não conseguia ver meus amigos
ficando putos comigo por arranjá-los com duas garotas atraentes.

Escrevi o nome e o número deles rapidamente e entreguei de volta a Riley.

 ─Agora vocês têm que fazer uma coisa por mim. – ergui uma sobrancelha
e elas se transformaram em duas criaturas assustadas.

 ─O quê? – Julie perguntou.

 ─ Skylar precisa de um dia de garotas amanhã, ir às compras. –falei. ─ Vou


dar dois mil dólares a vocês e estou contratando as duas como personal
shoppers. Lingeries sexy,  calcinhas fio-dental, couro, renda, tudo. O corpo da
Skylar é a Disneylândia pra mim e quero enfeitá-lo um pouco.

 ─ Eu to dentro! – Riley estava emocionada em ser minha nova funcionária


e Julie parecia feliz também. Sky ficou vermelha e forçou um sorrisinho para
mim, terminando sua bebida.

 ─ E o que você  está bebendo, mocinha? – fiz graça, cheirando a bebida e


depois provando. ─ RUM?

 ─ É isso que é? – ela sorriu e se inclinou na minha direção, me beijando


com força enquanto suas mãos agarravam minhas bochechas. Lhe beijei de
volta, fechando meus olhos, mas não gostei do gosto de álcool nos lábios dela.
 Aquela não era ela. E, além disso, eu não a queria de ressaca amanhã. Eu
a queria no  shopping, fazendo compras durante o dia, assim eu poderia ir
para o meu compromisso sem me preocupar com ela.

 ─ Sky, por favor, por favor, não beba mais, ok? – pedi a ela. ─ Por que não
deixa as meninas te levarem para casa pra que você possa dormir um pouco?
Eu te farei companhia em poucas horas.

 ─Não! – ela se agarrou no meu pescoço com os braços. ─ Quero ficar com
VOCÊ. Eu tenho mais nove dias… eu quero você…

 Ela estava me segurando mais forte e olhei para os olhos tristes de suas
amigas nos observando.

 ─ Por favor, não a deixe pedir mais nada. – eu lhe disse, quase como uma
ordem. ─Vou pegar um café grande pra ela.

 ─ Ok. Desculpe, Mathew. – Riley se encolheu, sentindo-se péssima por


isso. ─ É muito difícil pra ela, você sabe… te assistir hoje à noite.

 ─Eu sei. A culpa é minha. – admiti, ficando de pé enquanto seus braços


escorregavam de mim. ─ Volto já, Skylar. Fique aqui, ok? Vou conseguir algo
melhor para você beber.

 Fui até o bar e pedi a Marie para me preparar um café. Rapidamente


atravessei a multidão e o coloquei na frente de Skylar.  Ela não estava caindo
de bêbada, mas estava levemente embriagada. O suficiente para dizer coisas
que normalmente não diria, para agir por impulso, sem pensar duas vezes… e
isso era muito perigoso, principalmente aqui.

 Eu sentei lá por alguns minutos e pedi que ela bebesse o café. Ela me
escutou, me beijando e me abraçando carinhosamente enquanto eu a
segurava em mim com um braço,conversando com Julie e Riley a respeito dos
meus amigos nos quais elas pareciam muito interessadas.

 Até sugeri que talvez eles pudessem ir ao shopping com elas amanhã. Eles
poderiam ajudar, dando suas opiniões sobre o que as garotas estavam
comprando para a minha Skylar.

 O garçom, se aproximou da mesa e me viu ali, perguntando se


desejávamos mais alguma coisa. Pedi outro café para ela e, em seguida, ele se
abaixou e disse para mim. ─ Claire está esperando por você. No quarto
‘Umidade’. Ela disse que está atrasado.

 PORRA! Bem, não é como se eu pudesse  usar um relógio por  aqui. Eu


geralmente chegava cedo para meus encontros com Claire. E sem dúvidas ela
me viu aqui sentado abraçando Skylar enquanto eu deveria estar trabalhando.
Eu estou tão fodido.
 ─ Vocês podem tomar conta dela um pouquinho? – perguntei. ─Tenho um
encontro com a minha chefe.

 ─Claro, Mathew. – Julie sorriu.

 ─ Eu volto logo, querida. – beijei os lábios de Skylar e ela me soltou,


acariciando meu rosto antes de eu sair.

 ─ Ok. – Skylar abriu um sorriso para mim quando me apressei para os


corredores que levavam aos quartos privativos.

 Eu conhecia os quartos muito bem e fui até a porta vermelha que dizia
“UMIDADE” nela. Bati e esperei um segundo.

 ─ Entre. – a voz de Claire disse, nada animada.

 Abri a porta e a fechei atrás de mim. Já fazia um tempo desde que estive
neste quarto. As luzes eram baixas e vermelhas e o carpete branco era
aconchegante e luxuosamente delicado embaixo dos meus pés descalços e
alguns passos adiante o piso se transformava em três degraus que levavam a
uma banheira.

 Claire estava ali, bebendo uma taça de vinho tinto. Ela a colocou ao seu
lado, olhando para seu relógio no chão fora da banheira.

 ─ 23:13h. – ela disse com um tom malicioso na voz.

 Meu rosto se encolheu como se ela tivesse me dado um tapa.

 ─ Me desculpe, Claire… houve…

 ─Alguma vez eu te fiz esperar por alguma coisa, Mathew? – perguntou,


sem olhar para mim, ─ Talvez eu deva fazer o hospital esperar pelo próximo
pagamento deles. E dar o dinheiro deles quando eu sentir  vontade.

 ─ Eu sinto muito, Claire, honestamente, eu não tive a intenção de te fazer


esperar. – tentei soar arrependido, mas saiu como um puro desespero.

 ─Tire a roupa e entre aqui. – ela ainda parecia bastante irritada.

Eu mais que depressa me livrei da cueca vermelha e a deixei cair no chão,


entrando na espuma quente. Ela também estava nua, mas eu já sabia que
estaria.

 ─ Claire, por favor… por favor… – eu disse, levantando os olhos para seu
olhar severo e sem emoção. ─ Por favor, não faça isso, com o hospital. Me
desculpe. Não vou me atrasar novamente.

 ─ Cala a boca, Mathew.


 Fiquei sentando ali e esperei, olhando para a água até que ela falou outra
vez.

 ─ Eu te vi com aquela garota. – ela informou. ─ Beijando, abraçando…


ajudando ela a beber seu café… vocês dois fazem um casal bem bonitinho.

 ─ Ela bebeu um pouco demais, só isso. – fiz contato visual com ela
novamente e desejei que não tivesse feito. Ela parecia bastante irritada.

 ─ Você sabe que tem Raven marcada para amanhã, certo?

 ─Sim, Claire. – como se eu pudesse esquecer.

 ─ Me ligue quando tiver acabado por lá. Você deve sair às 17h. Se eu não
receber uma ligação sua, entrarei em contato com ela.

 ─ Obrigado, Claire.

 ─Vamos esperar que eu não me esqueça de você  e te  faça esperar.

 ─ Sim, Claire.

 ─ Aquela garota entendeu meu recado mais cedo?

 ─ Acredito que sim. – ouvi uma leve insinuação de amargura na minha voz.
─Não foi muito difícil de decifrar.

 ─ Você tem algo contra eu contar a sua ninfetinha os fatos da vida,


Mathew? – ela sorriu um pouco.

 ─ Não, Claire. – eu disse, mentindo.

 ─ Acho que você tem sim. – ela sorriu. ─ Eu vi a sua cara quando te disse
para ajoelhar e depois quando mandei se levantar. Você não gostou nem um
pouco disso na frente da sua namoradinha, gostou?

 ─ Ela não faz parte de tudo isso, Claire. Ela é uma garota normal. Esse
lance de escravo assusta ela.

 ─ Lance de escravo?

 Oh, caralho, eu estou morto.

 ─ Isto não é lance de escravo, MATHEW! – ela berrou. ─ Você é meu


escravo! Todas as noites você se ajoelhava naquela cela e fazia isso com um
sorriso na cara e depois de cinco dias com essa MENINA você começa a me
desrespeitar! Fico feliz que você vá ficar com Raven amanhã; eu disse a ela
para te botar nos eixos. Você está precisando de um pequeno ajuste.
 ─ Sim, Claire. – concordei, mas o que veio a seguir praticamente me
despedaçou.

 ─ Acho que já chega de você com essa garota. – ela deu um gole no seu
vinho. ─ Você pode se despedir dela hoje à noite. E quando deixar a casa de
Raven é melhor seu traseiro de volta pra cá, porque dias terríveis te
aguardam.

 ─ Claire, por favor, não faça isso! – meu estômago embrulhou. ─ Por favor,
faço qualquer coisa que você mandar. Ela me pagou por duas semanas, não é
justo cancelar agora.

 ─ E o que significa aquele bilhete que você deixou na minha mesa, pedindo
a semana que vem de folga? – ela perguntou. ─ É alguma piada, não é?

 ─Não estamos tendo muito tempo juntos, ela tem aulas durante o dia, e
então eu pensei que, nesses últimos dias que restam, seria legal levá-la para
sair um pouco. – respondi  honestamente, sabendo que ela nunca cairia nessa.

 ─ Você está tendo sentimentos por essa garota, Mathew? – seus olhos
eram cruéis.

 ─ Não, não! – menti, sendo obrigado. ─ Ela é só uma garota legal. Ela faz
faculdade, e imaginei que ela poderia contar para as amigas dela sobre a
gente, assim conseguiríamos mais trabalhos. Muitas dessas garotas são de
famílias ricas.

 ─Pare com essa merda de negócios comigo, Mathew. – ela disse. ─ Você
não é contrato para pensar.

 ─ Eu sei, Claire.

 Ela não falou por um longo tempo, mas então disse.

 ─ Tudo bem, Mathew. Você tem sido muito bom até agora, então aqui vai o
acordo: Você termina o tempo que te resta com essa garota, pode até tirar a
semana livre com ela. Você ainda vai encontrar Raven amanhã. Mas, depois
que tiver terminado com essa Skylar, nada de garotas jovens para você mais.
Nada de virgens, nada da porra de estudantes. E não quero nunca mais ouvir o
nome de Skylar Hayes outra vez. Não quero saber de você a visitando, ligando
pra ela, nada. E eu vou saber se você fizer. E Mathew, se você tentar me
passar para trás e encontrá-la de algum jeito, eu ligarei para o pai dela em
Bellevue.  Comunicarei a faculdade dela de tudo isso, e quem sabe uma noite
ela possa dar uma olhada no porão aqui embaixo. E se tudo isso não adiantar,
talvez uma noite ela sofra um terrível acidente. Você sabe quantas estudantes
sofrem overdose enquanto estão em festas em clubes como este? Acontece o
tempo todo. Os policias nem ligam para isso.

 ─ Não, não faça isso.- eu quase explodi, mas então abaixei o tom
imediatamente, usando minha voz mais suave. ─ Por favor… eu não sinto nada
por ela, eu te disse… ela é apenas um trabalho. Não vou vê-la nunca mais
depois que cumprir o prazo. Eu juro, Claire.

 ─ Vamos ver, não vamos? – ela sugeriu. ─ Nós não brincamos de sereia há
um tempo, não é?

 ─ Não, Claire. – respondi, satisfeito por pelo menos ter o resto do meu
tempo com Skylar.

 Eu não estava muito emocionado por Claire ter sentido a necessidade de
ameaçar Skylar, mas talvez ela tenha visto de algum modo, quando eu estava
com ela, o quão forte meus sentimentos eram expostos.

 Isso nunca havia acontecido antes, então esta era a minha primeira vez
ouvindo ameaças da boca da minha chefe.

 Mas mantive minha raiva escondida. Eu não deixaria que o caminho de


Skylar se cruzasse com o de Claire novamente e, quando o trabalho acabasse,
eu ficaria longe de Skylar. Ela não precisa de mim em sua vida e ali não é o
meu lugar. Claro, eu ficaria triste por um bom tempo após deixá-la, mas teria
a semana de punição de Claire para me desintoxicar. Eu nunca mais iria
trabalhar com meninas novas de novo e por mim tudo bem. Elas
provavelmente só me fariam me lembrar de Skylar de qualquer forma. Eu não
queria qualquer outra menina nova.

 ─ Respire em baixo d’água, minha pequena sereia… - ela beijou meus


lábios e agarrou meu cabelo, forçando minha cabeça para baixo da água, entre
suas pernas. Elas enroscaram ao redor do meu pescoço, me mantendo ali
submerso à medida que eu lambia, mordiscava e tentava prender a respiração,
tudo ao mesmo tempo.

 Meu corpo estava de bruços, meus pés espirrando um pouco de água atrás
de mim enquanto eu tentava gastar o mínimo de oxigênio possível. Eu resistia
o tanto quanto podia, e senti bolhas de ar da minha boca passarem pelos meus
olhos até a superfície. No entanto, ela não conseguia vê-las no meio de todas
as outras bolhas na banheira.

 Eu fiquei bem parado, esperançoso que ela me deixasse subir quando meu
último fôlego acabasse. Há algum tempo atrás, eu costumava chutar e me
debater na água e isso a deixava muito irritada. Mexer-se demais  consome
mais oxigênio.

 Mordisquei seu clitóris quando meu ar acabou e segundos depois sua mão
agarrou meu cabelo e me puxou para cima. Comecei a tossir assim que
respirei o ar e a boca dela tomou conta da minha, roubando as pequenas
arfadas de ar que fui capaz de conseguir.

 Eu gemia e lutava  para respirar quando ela enfiou a língua na minha boca
e se recusou a me deixar respirar. Minha língua tentou reagir à dela, mas me
ouvi ofegando.
 ─De novo. – ela disse, empurrando minha cabeça para baixo de volta antes
que eu pudesse me recuperar da primeira vez e, descontroladamente,
movimentei minha língua para cima e para baixo nos seus lábios íntimos, na
esperança de satisfazê-la o suficiente para ela me deixar respirar.

 Isso tudo é um jogo para Claire, mas a mensagem é clara: ela controla até
mesmo cada respiração minha e adora brincar com o fôlego. Adora me ouvir
engasgar por ar, meu cabelo e minhas pálpebras encharcadas enquanto
empurra meu rosto para o fundo. Mais do que tudo, ela adora quando não
consigo suportar mais e começo a implorar por sua misericórdia. Mas isso não
acontecia já há um tempo. Posso resistir a isso por cerca de 30 minutos se
quiser.

 Se isto a deixaria feliz e a afastaria do caso Skylar por hoje, estava ótimo
para mim.

 Mais tarde, depois que me transformei em completo exausto, ofegante e


sem cérebro, ela me mandou sentar na banheira e sentou-se em cima de mim,
cavalgando e me mergulhando ao mesmo tempo.

 Ela me deixou deitado sob a água enquanto rebolava em mim, as mãos em


meus ombros para me impedir de sentar, e, quando permitia que eu
respirasse, ela enroscava as mãos na minha nuca, me levantando, tornando a
profundidade da água aceitável, de modo que, se eu olhasse diretamente para
o teto, meu nariz e minha boca podiam encontrar uma fenda de ar por entre a
espuma.

 Eu tossia e engasgava com a água conforme ela investia subindo e


descendo em mim, e em seguida eu era empurrado para trás mais uma vez.

 ─Quem é sua dona, Mathew? – ela perguntava quando meu rosto ficava
fora da água.

 E eu respondia.

─Você, Claire.

 ─ Quem você obedece, Mathew? – ela perguntou outra vez.

 ─ Você. Claire.

 Isso continuou durante todo o tempo em que ela se satisfazia e,


finalmente, ela estava gritando e gozando, assim como eu.

 ─Fique aqui por mais dez minutos. – ela ordenou ao sair da banheira e
vestir um roupão, seu cabelo ainda seco. ─ Não esqueça o seu lugar, Mathew.
Se não me agradar, você sabe que Raven adoraria te comprar como o escravo
pessoal dela. Ela me ofereceu milhões de dólares, sabe. Ela tem uma obsessão
por você. Eu lhe disse que ainda não te tive o suficiente. Talvez daqui alguns
anos, quando você estiver um pouco mais velho, e não mais tão jovem… talvez
aí ela possa te ter. Então é melhor se lembrar de quantas regalias você tem
comigo, Mathew.

 ─Sim, Claire. – eu ofegava um pouco, tentando recuperar o fôlego e


ajoelhado na banheira conforme o treinado.

 O pensamento de pertencer a Raven 24 horas por dia 7 dias por semana


era o suficiente para derrubar meu pau. Mas me esforcei para exibir uma
fachada corajosa.

 ─Tenha um bom fim de semana, Mathew. – ela soltou um beijo no ar em


minha direção. ─Volte preparado para receber sua punição respeitosamente.

 ─Sim, Claire. – eu respondi e ela fechou a porta com força e saiu.

 Skylar POV

 Eu estava começando a ficar um pouco sóbria após o meu segundo copo de
café, mas minha boca ainda estava dizendo coisas que eu não queria.

 ─ Onde está o Mathew? – eu  perguntava a Julie e Riley enquanto elas me


ajudavam a olhar ao redor da boate da nossa mesa.

 Eu já estava perguntando isso a mais ou menos meia hora.

 ─ Eu não sei. – Riley também não o via. ─ Ele disse que tinha um encontro
com… a chefe dele.

 Julie franziu o cenho para mim e disse. ─ Skylar… deixe isso pra lá. Ele vai
voltar quando conseguir voltar.

 E então  eu visualizei  Claire atravessando a pista da boate vestindo um


roupão branco, e alegremente subindo as escadas do seu escritório.

 ─ PUTA! – eu levantei, sabendo muito bem o que ela tinha acabado de


fazer e com quem estava fazendo.

 Claire já estava no seu escritório com a porta fechada, então não me


escutou, mas nem mesmo minhas duas amigas poderiam me fazer sentar
agora.

 ─ Sky, pare com isso! – Julie ficou em pé na minha frente do outro lado da
mesa. ─Você vai começar uma merda aqui que vai acabar te machucando, é
isso que você quer?

 ─ Eu não LIGO! – eu gritei, enfurecida, com lágrimas nos olhos, andando


em direção às escadas que levavam ao escritório de Claire.
 ─ SKYLAR, NÃO! – minhas amigas tentaram me segurar, mas elas eram
inúteis contra minha mais nova explosão de raiva de uma bêbada.

 ─ Me solta! – gritei enquanto fazia minha lenta subida nas escadas, as duas
tentando me bloquear e me puxar para trás.

 ─ Vá buscar o Ryan! – ouvi Riley gritar, e em seguida senti Julie me soltar


e descer correndo as escadas.

 Finalmente eu estava na porta da vadia e  batendo e berrando.

 ─ ME DEIXE ENTRAR, SUA VADIA!

 ─ Ai, meu DEUS! – Riley gritou com sua voz fina, não me abandonando,
mas também nada animada para ouvir a resposta de Claire.

 Pude ouvir a risada da prostituta lá dentro e ela dizer tão indiferente


quanto um vegetal.

 ─Entre.

 Ok, então ela não está com medo de mim. Isso não é bom.

 Porém eu só tinha o controle parcial da minha boca e era como se eu


pudesse me ver gritando e me movendo, e não conseguindo fazer muito para
impedir isso ou dizer qual caminho eu gostaria de seguir.

 Empurrei a porta aberta e ela estava sentada lá, na sua mesa, de roupão,
parecendo bastante relaxada e sorridente.

 ─ Oh, Skylar. – ela sorriu. ─ O que houve, querida?

 ─ Não me chame de querida, vadia, eu quero o sua PELE! – minha voz


berrava.

 Riley se intrometeu e ficou na minha frente, as mãos para cima, dizendo. ─


Ela está muito bêbada, não fique ofendida com qualquer coisa que ela disser!
Na verdade ela é muito tímida! Apenas tomou Rum demais esta noite.

 ─ Cala a boca, Riley! – eu a empurrei para o lado, dando um passo a


frente. ─ Eu quero que você pare de tratar o Mathew do jeito que você trata,
quero que o deixe ir embora, você NÃO É dona dele, não importa no que você
o tenha feito acreditar, e eu te quero FORA DA PORRA DA VIDA DELE! Eu não
consigo acreditar que você trata alguém tão especial como ele feito um pedaço
de merda… mas eu não vou permitir isso, sua SUJA! E se eu tiver que acabar
com você, eu acabo. Mathew significa algo para mim e não vou deixar você
machucá-lo mais!

 ─ Em primeiro lugar, você está bêbada. – ela sorriu, sem medo. ─ Em


segundo, eu sou dona do Mathew sim, e se você não acredita em mim, eu
posso chamá-lo aqui agora mesmo para ele mesmo te falar isso. Posso mandá-
lo olhar bem nos seus olhos e te dizer que você não significa nada para ele.

 Eu simplesmente permaneci ali parada, fervendo, encarando ela como um


cão raivoso. Tenho vontade de arrancar seus olhos.

 ─ Ele vai estar aqui e posso falar para ele escolher entre você e eu. E se
você pensa que ele não vai me escolher, está extremamente enganada. Se eu
mandar, ele vai vir até aqui, vai tirar a roupa e me dirá o quanto me adora
mais, enquanto me fode bem na sua frente. Isso deve te deixar sóbria. – ela
disse.

 Ela colocou o dedo em seu celular, dizendo.

─Este é o meu botão para Mathew. Devo ligar para ele, Skylar?

 ─ Não, Sky. Vamos só sair daqui, por favor? – Riley sussurrava para mim.

 Todo o espírito de luta e agressividade que eu tinha morreu


instantaneamente; simplesmente imaginar aquilo acontecendo de verdade me
fez querer vomitar… e eu sabia que Mathew escolheria ela.

 Então eu percebi: não faria diferença se eu desse uma lição em Claire, por
mais que eu iria amar. Mathew teria que ser o único a se livrar das garras
dela… somente ele poderia salvar a si mesmo. É aí que a Dra. Skylar entra. Eu
teria que fazer um trabalho pesado nele esta semana.

 Ela apertou o botão. Meu rosto ficou gelado quando a voz de Mathew
respondeu.” ─ Sim, Claire?”

 Claire arqueou a sobrancelha para mim, esperando pela minha resposta


antes de mandá-lo aqui para me humilhar  assim como ele.

 ─ Skylar, pare. Ela vai fazer o que disse. Vamos sair daqui. – Riley dizia.

 ─ Claire? – a voz de Mathew chamou, ouvindo Riley ao fundo.

 Eu estava fora de controle e agindo de maneira estúpida e sabia que me


arrependeria amanhã, mas…

 ─ SUA VADIA DESGRAÇADA! – eu subi em sua mesa, agarrei seu cabelo


ondulado de bruxa e o puxei. Eu estava ajoelhada na mesa e apertando meus
punhos no cabelo da vagabunda.

 ─  SKYLAR! NÃO! – ouvi a voz de Mathew na linha e depois mais nada.
Pude escutar passos subindo as escadas e Claire esbravejando, roxa de raiva.

 Antes que eu pudesse realmente fazer alguma coisa para machucá-la um


enorme par de braços me segurou e me colocou sobre o ombro.
 Eu estava dando chutes e gritando palavrões para ela, tentando enxergá-
la. Ela estava segurando uma faca na mão agora, algo que ela tirou da mesa
bem antes de quem quer que seja me agarrar e me tirar de perto dela.

 Me dei conta que era Ryan que estava me segurando enquanto eu me
debatia e Julie estava gritando para Claire largar a faca, quem ela pensava que
era?

 ─ NÃO! – podia ouvir a voz de Mathew ao longe, chegando nas escadas.

 ─ Traz ela aqui, Ryan. – Claire levantou-se, sua faca afiada pronta.

 ─ Claire, não! – Ryan ergueu uma mão, tentando acalmar a situação. ─ Ela
está bêbada, é apenas uma criança, o que ela sabe sobre a gente?

 ─ Eu não vou matá-la. – Claire franziu o cenho. ─Só quero dar uma bela
cicatriz no rosto para se lembrar de mim.

 ─ WOAH! – Mathew lançou-se entre Ryan e Claire, minhas amigas ao seu


lado. ─ O que diabos está acontecendo aqui?

 ─ Sky ficou maluca e veio acabar com Claire e agora Claire quer cortar o
rosto dela! – Riley informava Mathew, aos gritos.

 ─ Me coloque no CHÃO! – eu gritei. Meu lado racional, assistindo, desejava


que eu calasse a boca. Eu já havia colocado minhas amigas, Ryan, e Mathew
todos em perigo contra a psicopata com a faca.

 ─ Claire… – Mathew disse, sem camisa e vestindo uma calça jeans, seu
cabelo úmido. ─ Eu vou tirá-la daqui. Por favor? Não a machuque, Claire. Não
vou ficar parado e deixar você fazer isso. Eu terei  que te impedir.

 ─ Está bem. – Claire estreitou os olhos, sabendo que Mathew cumpriria sua
palavra. ─ Isso te dará seis dias comigo quando voltar.

 ─ Sim, Claire. Obrigado. – ele respondeu, virando para Ryan. ─ Me dê ela


aqui, agora.

─ Ok, cara, aqui. – Ryan disse gentilmente, e então Mathew me pegou nos
seus braços e desceu as escadas comigo no colo rapidamente, atravessando a
boate e abrindo a porta dos fundos com um chute, saindo para a chuva.

Na mesma hora ouvi Mathew murmurando enquanto caminhava, me


carregando.  “─ Estúpida, estúpida, estúpida!”

 Ele está realmente bravo comigo! Agora eu estava puta, também.

 ─  Me coloca no chão! – eu gritei. ─  ME solta!


 Eu o chutei e esperneei o bastante para ele me colocar no chão e eu o
empurrei para longe, chorando, agradecendo pela forte chuva que nos
ensopava agora e escondia minhas lágrimas.

 ─ Você tem muita sorte de ela ter deixado eu te tirar dali! – Mathew estava
gritando comigo. ─ Você é LOUCA, SKYLAR? VOCÊ SABE O QUE ELA PODERIA
TER FEITO COM VOCÊ? Ela poderia ter te MATADO!

 ─ Eu não tenho medo dela, eu não sou a ESCRAVA dela! – meus gritos
saíam agudos em resposta a ele.  ─ Eu posso falar  ou fazer qualquer coisa que
eu quiser! Eu não tenho que responder “SIM, CLAIRE” toda vez que aquela
vadia falar!

Eu comecei a caminhar para longe dele, não tendo certeza de onde eu


estava indo ou como diabos ia deixá-lo para trás.

─ O que você QUER de MIM ?! – Mathew estava me seguindo, gritando na


chuva. ─ VOCÊ ACHA QUE EU NÃO QUERO DIZER ‘NÃO’ PRA ELA? VOCÊ ACHA
QUE EU GOSTO DE ME AJOELHAR NA SUA FRENTE QUANDO ELA ME MANDA
FAZER? EU NÃO GOSTO! EU ODEIO! MAS PORRA, ESSA É A MINHA VIDA,
SKYLAR! EU NÃO POSSO MUDÁ-LA POR VOCÊ!

─ EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO, MATHEW! – eu gritei, soluçando. ─ Eu não


quero você aqui nesse lugar, eu não quero você se vendendo para alguém! Eu
quero você comigo! Por favor, vem comigo e nunca mais volte aqui de novo!
Por favor, eu te imploro, Mathew! Eu vou te ajudar a encontrar um novo
emprego e aí você pode morar comigo, na minha casa! Qualquer coisa é
melhor do que ISSO.

Eu segurei suas mãos e o puxei comigo, mas ele não estava me seguindo,
ele estava parado firmemente no mesmo lugar na calçada.

─ Eu não posso, Skylar! – ele gritou, mais alto que a chuva. ─ Eu quero…
Deus, como eu quero…mas nunca vai dar certo, Skylar! Eu não sou um boneco
quebrado que você pode consertar.

─ Eu não estou tentando concertar você, MATHEW, EU TE AMO! – eu berrei


aquilo e o meu lado racional caiu morto instantaneamente. Porém, a parte
bêbada de mim me fez continuar com a coragem, o encarando, sem medo das
conseqüências da minha confissão.

Ele apenas ficou ali parado, como uma estátua de porcelana com olhos
vivos, encharcado por causa da chuva fria. Eu não conseguia pensar em nada
para dizer, eu só fiquei parada, olhando para ele.

Sua voz cheia de dor e tormento,disse.

─ Eu também te amo, Skylar. Eu não quero amar, mas eu amo. E é por isso
que isso nunca irá funcionar. Tudo o que eu amo morre ou desaparece. Eu sou
amaldiçoado, Skylar. E eu te falei para não me amar. Isso só fará o final mais
difícil para nós dois.

─ Bom, QUE PENA, MATHEW! – eu solucei. ─ Porque eu já amo você! E se


isso significa que eu sou amaldiçoada também, então que seja! Eu quero ser!
Eu quero ser tudo o que você for! E se isso significa que eu tenha que me
tornar escrava da Claire também, ser acorrentada ao seu lado, então eu posso
fazer isso!

─ Você não sabe o que está falando. – ele informou calmamente. ─ Você
está bêbada, Skylar.

─ Não, eu não estou! – eu berrei. ─ Eu sei muito bem o que eu estou


dizendo. Eu amo você!

E então, um segundo depois, eu disse com cuidado, como um sussurro


enquanto ele chegava mais perto de mim, quase nariz com nariz.

─ Eu amo você.

A chuva fria no meu corpo estava me sentir tonta e minha cabeça girava,
também… e então ele me beijou, seus úmidos,lábios movendo-se sobre os
meus me davam a sensação de um milagre, e então o mundo todo pareceu
pender para o lado.

─ Ops… – Mathew sorriu, me pegando em seus braços antes que eu caísse e


me segurando, estilo noivos em lua de mel, andando pela rua comigo. ─
Gravidade, você é uma puta sem coração…

─ Eu te peguei, Skylar. – ele informou, sua voz carinhosa agora. ─ sua


coisinha maluca.

Depois ele murmurou para si mesmo, achando graça, repetindo minhas


palavras, ─Acorrentados juntos, lado a lado… – ele imitou falhamente a minha
voz.

 ─ Eu não estou bêbada, eu quis dizer isso, Mathew.  – eu disse.

─ Bom, eu odeio cortar o seu barato, mas eu não acho que Claire iria te
comprar, você sabe… – ele provocou. ─ Você a chamou de vadia desgraçada e
puxou o cabelo dela. Dominadoras não gostam de comportamentos assim em
seus escravos.

─ Ah, cala boca Mathew… – eu resmunguei, tentando sorrir, minha cabeça


começando a doer.

─ Além disso você não é do tipo quieta. – Mathew começou. ─ Escravos


devem ser quietos e não falar tanto desse jeito. Falar só quando mandado, já
ouviu falar disso?
─ Já chega, ok, eu sei… – eu reclamei, depois dei uma olhada enquanto
descíamos a rua.

─ Para onde estamos indo?

─ Casa. – ele respondeu. ─ E para cama.

─ Mas, eu pensei que você tinha dito…o telhado… – eu claramente soava


desapontada.

A gargalhada alta de Mathew ecoou instantaneamente.

─ Você é uma insaciável, não é, Dr. Skylar? O que eu fiz com você?

Capítulo 15 

Skylar POV

Eu ainda podia sentir a sensação fria da chuva sobre meus seios enquanto
minhas costas estavam arqueadas para cima, caminhos de água deslizando
pelo meu rosto, enquanto ele me estocava outra vez.

Como uma deixa, um relâmpago se deu com fúria, revelando a cidade para
os meus olhos e um trovão forte veio em seguida, fazendo sua raiva pelo
caminho que estávamos seguindo, enquanto transávamos incansavelmente no
telhado do meu prédio, desavergonhados, eu sentia minhas roupas serem
tiradas de mim pela brutalidade das mãos molhadas de Mathew.

Deus, quantas posições nós fizemos? Eu nem sequer consigo contar todas
elas, só sei que quando ele me carregou nos ombros pelas escadas para me
levar de volta até o apartamento, eu nem ao menos estava ligando se eu
estava completamente nua e alguém poderia me ver ali, mesmo sendo quatro
da manhã quando finalmente conseguimos nos saciar um do outro, pelo menos
naquele momento.

Ele cuidou de mim, me secou e me vestiu com minha blusa confortável e


calças de pijama. Ele vestiu a blusa de dormir que eu havia lhe dado, como
sempre, junto com um shorts. Aconchegando-me embaixo das cobertas, ele
que me abraçou desta vez, meu rosto encostado em seu macio e quente
peitoral. Eu queria dizer a ele que eu o amava novamente, mas eu já estava
um pouco mais lúcida e parei para pensar nos problemas que enfrentaríamos,
agora que nós dois havíamos dito essas três importantes palavras.

 Parte de mim estava com medo dormir, porque talvez na manhã seguinte
ele poderia ter partido e algum bilhete estaria esperando por mim aqui,
explicando as regras, e como ele as quebrou, também, deixando ele mesmo
sentir algo por mim, e como isso nunca funcionaria.

Mas seu toque era tão gentil e tranqüilizador em meu corpo, especialmente
após as horas de prazer que aconteceram antes, e então eu caí no sono
mesmo assim, sentindo seus lábios tocarem meu cabelo.

Só me levou cerca de quatro horas para despertar assustada, tremendo e


com medo de que as minhas suspeitas paranóicas estavam certas.

O sol iluminava o final da minha cama e eu estava feliz de ver que tinham
quatro protuberâncias por baixo dos lençóis, ao invés de só duas. Ele ainda
está aqui. Meu corpo relaxou e soltei um longo suspiro de alívio.

Pensei que ele estaria dormindo profundamente, mas então sua voz flutuou
bem em meu ouvido.

 ─Teve um pesadelo? – a linda voz rouca de sono perguntou, parecendo


preocupada.

 Engraçado, mas eu estava bem acordada agora … e parecia que ele estava,
também . Ele  não parecia nem um pouco cansado ou sonolento. Sem ter a
coragem ainda para olhar  em seus olhos , eu comecei a ter flashbacks  dos
meus erros da noite passada: beber , subir escadas de Claire que me forçaram
a atropelar os meus amigos que estavam tentando me parar, as batidas em
sua porta , o jeito que eu me lancei em sua mesa e agarrei seu cabelo … e o
mais estúpido de todos, o “eu te amo” na chuva.

 Como posso estar cansada quando eu estraguei tudo e  agora precisarei


me rastejar por perdão?

─Não. – minha voz soava como de uma garotinha.  ─ Lembranças ruins.

 Seu dedo moveu-se ao redor e brincou ao longo das bordas inferiores do


meu lábio  inferior , ainda  de forma extremamente amorosa e terna , mesmo
que  devesse  estar tão chateado comigo agora.

 ─ Volte a dormir , Skylar .  – sua voz era profunda e me acalmou . ─ É


sábado e você pode dormir bastante hoje.

 Sábado - Dia 6 .

 Somente mais 8 dias para …. eu odeio como o tempo passa rápido. Maldito
tempo.
 Obriguei-me a sentar -se e tentar , pelo menos, pedir desculpas pelo que
eu tinha feito. Eu lhe devia muito.

 ─ Mathew … – eu senti vontade de chorar , mas não deixei . Ele estava


deitado atrás de mim , mas eu ainda não tenho coragem de olhar para seu
rosto . E o meu coração estava sofrendo por causa disso.

 Ele não disse nada e que estava me assustando muito , mas eu me forcei a
falar.

 ─ Eu sou tão estúpida, Mathew. – comecei, afirmando o óbvio. ─ Eu fiquei


bêbada … e eu nunca fico bêbada … e Claire … Eu estava tão brava com ela…
com ciúmes , eu acho. Perdi o controle de mim mesma e coloquei todos nós
em perigo. Poderíamos ter nos machucado… E por causa de mim, você
definitivamente vai se machucar.

Ok, agora eu estava chorando … Eu sabia que não seria capaz de resistir
por muito tempo.

 Ele sentou-se e abraçou seus braços em volta de mim por trás e seus
lábios tocaram uma parte do meu ombro à mostra.

 ─A culpa foi minha. – ele disse em voz baixa ao lado do meu ouvido. ─ Eu
lhe pedi  para ir comigo , de novo , não sabendo no que  isso faria com você.
Eu só … Eu não queria ficar sozinho ontem à noite … por uma vez . Era bom ,
para mim, ter alguém . Mas eu esqueci … eu não posso ter ninguém. Você não
pertence a mim, Skylar , por mais que eu queira.

 Eu enrijeci e deixei as lágrimas caírem, estava prestes a discutir com ele,
mas ele me  segurou mais apertado .

─ Por favor, não … só … ouça …  – sua voz implorou. ─ Não se vire . Eu não
vou conseguir dizer o que eu tenho pra falar se eu tiver que olhar em seus
olhos , Skylar.

 Eu relaxei e não me movi. Obriguei-me a dizer: ─ Vá em frente, Mathew.

 Ele exalou um suspiro.

 ─ Eu sei o que disse ontem à noite e eu nunca vou retirar aquilo, Skylar.
Faz uma eternidade que eu venho querendo dizer essas palavras a alguém,
além da minha filha. Mas…

 Eu não queria , mas um soluço saiu da minha garganta e eu senti seus
lábios beijando meu pescoço e seu nariz perfeito aninhou contra o meu cabelo
até que me acalmei e parei de soluçar. Eu podia ouvir a sua voz, dizendo: “
─Shhh … shhh …. ” e isso me ajudou um pouco , mas eu sabia que as palavras
que ainda estavam para vir iriam me esmagar .

 Eu esperei e seus lábios pararam de me beijar . Em seguida, ele continuou.


 ─ Eu quero te amar , Skylar .  – ele disse. ─ Mas eu não posso. É errado
para nós estar apaixonado um pelo outr. Mesmo que seja verdade. Nós temos
mais oito dias juntos … e eu quero estar com você, Skylar . Mas não podemos
dizer que nos amamos mais. É muito cruel … para nós  dois fingir que temos
algum tipo de futuro juntos. Nós não  temos. Sinto muito, Skylar . Sinto muito.

Sua voz estava falhando nessas últimas frases e meu coração estava
quebrando mais rápido do que eu jamais pensei que poderia. Eu sabia que ele
iria dizer algo assim , mas eu não achei que seria tão sem ação ao ouvi-lo
dizer isso.

 ─ Você disse que não havia nada de errado para nós.  – minha voz
choramingou quando as lágrimas caíram de ambos os olhos.

 Ele não respondeu, mas eu estava com muito medo de ouvir para saber se
ele estava chorando também.

 Depois de um minuto, a voz de Mathew soou um pouco mais forte e ele


ainda estava me segurando.

 ─ Hoje, você vai se divertir com suas amigas.  – Mathew disse. ─ Eu


arranjei isso para você. Tire o dia para ficar longe de mim e mudar o foco. Esta
noite , eu vou levá -la  para jantar e nós podemos ter um encontro. Então você
pode me dizer se você quer que eu fique ou não, eu não vou dificultar as
coisas para você. O que você quiser, Skylar , é o que eu quero. você pode
apenas me dizer sim … ou não.

 Eu queria fazer a terapia com ele agora , mas eu não sei se eu poderia lidar
com isso no momento. Há tantas perguntas que eu tenho para ele , tantas
coisas que eu queria saber … mas ao mesmo tempo … Eu não quero saber.

 Ele está certo? Talvez eu devesse tentar  só me divertir com ele nos
próximos oito dias, não  fazer minhas sessões com ele e deixá-lo ir . Talvez eu
realmente não poderia amá-lo depois de apenas 5 dias. Em um filme que eu vi,
o casal  se apaixonou em menos de 4 dias … oh Cristo , eu estou procurando
ajuda em filmes agora… ótimo . Se eu vou seguir esse caminho, eu poderia
pelo menos assistir “Uma Linda mulher” tudo de novo e fazer algumas
anotações . Eu acho que Julia Roberts era muito mais fácil para salvar do que
Mathew está sendo.

 Tudo o que ela teve que fazer foi beijar o Richard Gere e entrar na limusine
dele. Eu teria que enfrentar a Cadela Claire, os pais de Mathew, se eu passasse
por tudo isso, haveria ainda o probleminha inoportuno de cuidar da filha de
Mathew, e eu ainda estava na sem saber o que fazer sobre toda essa situação
também. Deixando tudo isso de lado, tudo o que eu teria que fazer, era lidar
com o coração despedaçado de Mathew, sua autoestima destruída, sua
autodepreciação, sem mencionar todas as recordações do seu passado, e
tentar construir um futuro e desfrutar o que temos no presente. 

 Impossível.
 Mas eu ainda o amo.

 Parece que Mathew e eu temos algo em comum. Eu gosto de me punir ,


também.

 ─Agora …  – Mathew disse, ainda me abraçando em sua frente, movendo-


nos para fora da cama até que nós estávamos andando para fora do quarto e
indo em direção ao banheiro. ─ Você vai ficar trancada no banheiro , como
antes, e eu irei te resgatar novamente. E nós partimos daí , ok?

 Eu ainda não tinha visto o seu rosto ainda quando ele me deu um pequeno
empurrão para o banheiro e fechou a porta atrás de mim.

Se eu pelo menos pudesse voltar no tempo … o único problema é que … eu


já amava , mesmo naquela época , também.

 Tentei entrar no jogo, mas a minha voz não era muito convincente.

  ─Mathew?  - eu o chamei.

 ─Sim, Skylar ?  - sua voz  estava bem do lado de fora, colada na porta.

 ─Eu preciso de você.  – foi tudo o que eu conseguia pensar para dizer e
minha voz falhou um pouco.

 Eu não estava falando sobre a maldita porta , também. Sei que ele é
esperto o suficiente para saber disso.

 Uma pequena pausa se instalou e , em seguida, sua voz falou , soando


mais profunda.

─Afaste-se, Skylar .  – ele disse, todo o tom de brincadeira e humor


desaparecendo de sua voz.

 Eu estava afastada, mas não no box quando a porta se abriu , sem destruir
a parede dessa vez. Foi  nesse momento que eu vi seu rosto e me perguntei se
o meu parecia tão triste e vazio como dele.

 Antes que eu pudesse choramingar ou deixar cair as lágrimas , ele estava


lá , me  segurando , sussurrando seu “me desculpe.” para mim de novo ,
conforme eu me agarrava nele . Eu só me odiava por ser assim, me
perguntando quantas outras garotas se deixam apaixonar por ele desta forma.
Tenho certeza de que não fui o primeiro a colocá-lo para baixo, enquanto  ele
tentava manter as coisas divertidas e casuais.

 Por fim ,ao  esfregar meus olhos, Mathew inclinou meu rosto para cima,
para o seu e deu um beijo profundo maravilhoso na minha boca.

─Vamos comer. – ele sugeriu , tentando fazer sua voz agradável ao me


jogar em seu ombro, levando-me para a cozinha e me soltando em um banco,
começando a tirar a camisa que eu lhe tinha dado, novamente cuidando muito
bem dela, dobrando ainda melhor do que da primeira vez.

 ─Que tal um sanduíche de ovo, bacon, e queijo? – Mathew sorria outra vez
e eu tentei fazer o mesmo, tenho certeza que falhei.

─Tudo bem. – dei de ombros .

  Mathew olhou para mim como se ele soubesse que eu não estava tão
treinada como ele na arte de fingir, mas me perdoou por isso enquanto me
servia um suco de laranja e colocou-o na minha frente.

 ─ Então … – Mathew estava ocupado tirando coisas fora da geladeira.


─Talvez hoje à noite, se você quiser que eu fique, nós podemos fazer a terapia
de novo?

─Eu quero que você fique. – eu informei a imediatamente. ─E … você está


gostando de terapia agora? Esta é a segunda vez que você pediu.

  ─Eu gosto da sua ideia … com a venda dos olhos e tudo …  – ele tomou um
gole de suco de seu próprio suco. ─Isso me fez sentir muito à vontade para
falar . E, considerando que você já sabe da maioria da história, eu poderia
muito bem dizer o resto. Eu realmente gostaria que você soubesse. Acredito
em você agora, Skylar, você realmente ficaria … do meu lado. Vi isso quando
fomos fazer o filme. Aquilo realmente significou muito para mim, você sabe…

 Ele quebrou um par de ovos e balançou a cabeça para si mesmo, como se


tivesse falado demais ou dito alguma coisa errada para mim, mas outra coisa
veio à minha mente agora.

 ─Tem algo que eu queria perguntar a você. – sorri forçadamente. ─E eu


nem sei se você percebeu isso … mas … ontem à noite … quando Claire queria
… me cortar ….

 ─Oh Deus, Skylar.  – Mathew virou para mim, seu rosto agora severo.
─Isso me lembra, se você alguma vez chegar perto de Claire ou da Fire de
novo, eu juro, eu vou dar uma de Dominadora e bater tanto nessa tua bunda,
você não vai saber o que a atingiu . Prometa agora que você não vai fazer
isso.

─ Eu prometo não chegar perto da Claire novamente, que tal?  - eu sugeri.

  ─Suas promessas não valem muito, de qualquer maneira . ─ ele brincou.


─Você também prometeu não se apaixonar por mim, e você quebrou essa.

  ─ De qualquer forma … – eu  o interrompi, um pouco irritada. ─ Ontem à


noite, você a enfrentou. Você disse que se ela tentasse me cortar, você teria
que impedi-la. E ela recuou. Você viu isso?
Seu rosto parecia um pouco estranho e eu não conseguia ler seus
pensamentos , mas, em seguida, ele disse.

 ─Eu não acho que ela ia chegar  tão longe. Ela poderia ter pego a faca
como instinto. Ela continua lá no caso de alguém invadir a sala dela. Você é
um cliente para ela, ela realmente não quer cortar você, Skylar. Ela estava
com raiva. acho que só acalmei.

 ─ Não estrague isso, Mathew.   – argumentei enquanto ele fazia os ovos e


bacon, suas costas maravilhosas viradas para mim. ─ A questão é, você
enfrentou ela. E ela …  te ouviu . Você não a grandiosidade que é isso?

 ─Sim, é muito importante. – sua voz soava oca. ─Eu ainda sou escravo
dela, você ainda tem o seu rosto… é um milagre.

 ─Ugh, você é um idiota às vezes!  - eu fiz uma careta para suas costas
enquanto ele ria para si mesmo, cozinhando.  ─ E tem outra coisa que eu
quero abordar, também. Essa coisa de escravo. Você não pode ser escravo
dela, Mathew. Lincoln libertou os escravos no século 19.

 ─Skylar …tem muita coisa que você não sabe . – Mathew virou-se para
mim, fazendo contato visual comigo. ─ Mas ela de fato … me possui. Há muito
mais sobre Claire.

 ─ Bem , então me conte mais sobre isso.  – eu bebi um pouco de suco. ─


Você me disse sobre os agiotas que Claire pagou, e que em seguida ela disse
que era sua dona. Mas ela dizer isso não significa que seja verdade, não é?

 ─ É mais do que isso. – Mathew virou-se para mim, colocando um prato em


minha frente com o meu sanduíche sobre ele, e em seguida, colocou mais um
do seu lado onde ele estaria sentado. ─Se fosse só isso que eu devesse a ela,
seria diferente. Eu já paguei o que era daqueles agiotas há muito tempo, mas
… a noite depois que eu fiz esse… acordo com ela , uns homens chegaram ao
clube, com Claire. Eles me fizeram participar de um ritual estranho e pensei
que era algum jogo sexual que Claire estava brincando comigo. Há um
contrato que eu assinei. Eles me cortaram e pegaram um pouco do meu
sangue. Foi estranho, mas eu fiz isso. Eu apenas fiz.

─Isso ainda não explica nada…

 ─A família de Claire - esses homens – me disseram que se eu tentasse


qualquer coisa, eles poderiam usar o meu sangue para me conectar a qualquer
assassinato ou estupro que quisessem. A família de Claire é tipo envolvida com
o crime. Eu não sei porque que eles se importam que eu pertença a Claire,
mas realmente pareceu sério para mim. Eles ainda ameaçaram minha filha.
Então eu sou escravo dela. Eu não posso ir alugar algum. – ele parecia triste
ao dizer isso.

 ─Por que você concorda com tudo isso?  - eu estava perplexa.


 ─Era isso ou morrer logo em seguida pelos agiotas. – ele se sentou na
minha frente agora, pegando o sanduíche e dando uma mordida. ─ Eu não
estava em uma boa posição para negociar naquele momento. Minha filha
precisa do dinheiro, Skylar. Minha filha precisa de muito dinheiro. É por isso
que eu fico com Claire. Nada mais me manteria ali. Eles sabiam o que estavam
fazendo. Eles me controlam.

 Eu me senti mal por dentro, enquanto ele casualmente me informava isso e
parte de mim dizia, esqueça, é  impossível, mas os outros 99% de mim
decidiram continuar lutando por ele, não importa o quão impossível parecesse.

 ─Por que esses homens fizeram isso? – eu perguntei em voz alta, sem
entender .

 ─Eu não sei. – Mathew deu de ombros. ─ Ryan não é controlado e nem Eli.
Eli é apenas um dançarino, ele não tem relações sexuais com as clientes. Mas
Ryan tem. Ele não é propriedade de Claire, porém, ele pode sair da Fire a hora
que ele quer. Até onde eu sei, eu sou a única pessoa que ela é dona
totalmente.

 ─Mathew … – eu suspirei, dando uma mordida do meu sanduíche. ─Você


realmente se trancou a esse mundo. Mas eu vou encontrar uma saída para
você.

 Ele sorriu, quase rindo de mim com a boca cheia de comida.

 ─Oh, você vai, não é? – ele sorriu debochado.

 ─Sim, eu vou. – informei, o fulminando e dando mais uma mordida no meu


sanduíche.

─Bem, isso deve mantê-la ocupado durante os próximos oito dias. – ele riu,
mastigando. ─A metade dos nossos dias ainda são para jogos sexuais bizarros,
então você realmente tem apenas quatro dias, na verdade.

  ─Eu estou falando sério, Mathew. – fiz uma careta. ─ Eu sou sua amiga e
vou achar uma saída para você.

 ─Skylar … – seu rosto ficou muito sério. ─ Não faça nada. Se acontecer
alguma coisa e minha filha for machucada…não vamos mais ser amigos.

 ─Eu não sou idiota , Mathew. – falei, tentando ignorar suas últimas
palavras e o medo que  elas levaram ao meu coração. ─ Eu nunca faria nada
para colocar sua filha em perigo. Apenas vou encontrar uma maneira de te
tirar dessa, só isso. E você não vai me impedir de fazer isso.

 ─Tudo bem. – Mathew relaxou um pouco. ─ Mas não entre em contato com
Claire de jeito nenhum. Estou falando sério.
 ─ Eu não vou.  – eu concordei. ─ Ei, este sanduíche está ótimo, Mathew.
Talvez você possa ser um cozinheiro de lanches.

 Eu estava brincando e queria vê-lo rir ou sorrir . E eu consegui. Ele riu,
balançando a cabeça para mim, murmurando algo sobre eu ser louca.

 Eu sou um estudante universitária. Eu posso ser louca. Aham, ok.

 No momento em que acabamos de comer, perguntei a Mathew o que ele ia


fazer hoje enquanto eu estava fora.

 ─Eu tenho alguma limpeza para fazer na Fire hoje. – ele informou, sem
pestanejar. ─Não é grande coisa, eu vou estar lá sozinho o dia todo, mas tem
alguma pintura que precisa ser feita, uma o ou outra manutenção no andar de
baixo.

 ─No calabouço ? – perguntei antes de pensar .

 ─Sim. – ele disse com um sorriso. ─ O equipamento precisa de troca de


óleo e coisas assim.

─É o seu quarto o calabouço? – sondei ainda mais.

 Seus olhos me fitavam e eu adicionei qualquer coisa.

 ─ Ryan disse que tem um quarto lá.

 ─É um bom quarto. – ele parecia um pouco na defensiva. ─ E não, não é


no calabouço, apesar de eu ter dormido muitas noites lá, se é isso que você
queria saber.

 ─ Mathew … – fechei os olhos e depois olhei para o rosto dele. ─ Se eu


encontrar uma maneira que funcione para você e sua filha … você deixaria a
Claire?

 Ele sorriu para si mesmo e depois para mim.

 ─Se por algum milagre, alguém encontrar uma saída que funcione para a
minha filha … então, sim, eu iria embora. – ele confessou, em seguida,
acrescentou. ─Mas , Skylar … não há maneira de sair. Vou deixar você tentar
descobrir isso, se você quer, mas … eu pensei mais de um bilhão de diferentes
maneiras. E cheguei à essa conclusão. Não há nenhuma maneira de sair.
Pronto. Confie em mim, não desperdice o seu tempo. Vamos aproveitar nosso
tempo juntos. Não é sempre que eu consigo duas semanas com um
anjo.Talvez eu seja egoísta, mas eu quero cada segundo que eu posso ter com
você, porque isso é tudo que temos. Você entende?

Eu balancei a cabeça, não querendo falar e ouvir a minha voz falhar


novamente. Eu estava pensando no filme que tinha visto, novamente, quando
os quatro dias eram tudo o que eles tinham juntos e ela nunca mais ouviu falar
dele até o dia em que ele morreu  e todas as suas coisas foram enviadas a ela
em uma caixa. Eu podia me ver, uma idosa de 90 anos de idade, tirando a
blusa que comprei para Mathew de uma caixa de papelão velha.

 ─Eu vou cuidar dos pratos … – ele se inclinou para frente, beijando meus
lábios com um sorriso. ─ E você vai tomar um banho e se preparar para ir às
compras.

 ─Eu odeio fazer compras. – protestei.

 ─Vá. – ele apontou … e eu fui, com relutância, não gostando daquilo.

 Mathew POV

 Uma vez que ouvi Skylar no chuveiro, eu estava pronto para fazer minha
ligação.

 Fechei os olhos, esperando enquanto o telefone tocou duas vezes e, em


seguida, ele foi pego, e sua voz respondeu.

 ─Alô?

 ─ Oi Ben. – tentei soar agradável, de fato gostando de ouvir a voz do velho


homem.

 ─Mathew! – ele parecia feliz em me ouvir, também. ─ Como você está,


garoto?

 ─Bem, bem. – eu disse, levando a panela do fogão para a pia. ─Eu não
acordei vocês, acordei?

 ─Não, não , você está brincando? – Ben zombou. ─Esta pequena bola de
energia se levanta todos os dias ao nascer do sol!

 Eu sorri , vendo-a em minha mente e riu junto com Ben por um segundo.

 ─Você quer falar com ela? – perguntou.

 ─Não agora , Ben. – eu disse. ─Eu só queria avisar que eu não poder te
ligar ás três hoje. Tenho uma reunião importante que não posso faltar. Então
… talvez, mais tarde, esta noite ou amanhã?

 ─Espere , Mathew. – a voz de Ben soou mais grave agora e ouvi uma porta
se fechar perto dele, como se ele entrou em outro cômodo para ter mais
privacidade.
 Oh merda.

 Em seguida, ele falou de novo .

 ─Mathew … o que está acontecendo, meu filho? – Ben perguntou com


preocupação em sua voz, não julgamento. ─Você ainda está trabalhando …
naquele lugar?

 ─Sim, por quê? – eu perguntei, o pânico na minha voz. ─O hospital ainda


está recebendo os pagamentos, certo?

 ─Ah, sim, Mathew, se acalme. – ele garantiu. ─ Tudo é sempre pago e você
sabe que eu te agradeço mais do que eu posso com isso … mas … Eu me sinto
tão mal sobre isso, filho. Não trabalhe mais naquele lugar. Ouça, eu vou enviar
uma passagem para voce vir aqui e viver com a gente. vamos descobrir uma
outra maneira . Há todos os tipos de empréstimos ou ajuda, podemos…

 ─Não, Ben … – eu disse e ele me matou ao dizer as palavras .

 Eu adoraria ir morar onde minha filha está, mas é tarde demais agora. Eu
não posso deixar Claire. Eles machucariam Katie e eu preferia morrer do que
me preocupar com isso o tempo inteiro. E Claire sabe exatamente onde Katie
vive.

 ─Mathew, fale comigo. – ele disse. ─ Você me chama de Bem, mas eu sou
seu pai também. Você e Katie são toda a família que temos agora. Nós não
queremos você aí fazendo toda essa besteira. Volte para casa. Katie sente falta
de você, filho.

Eu não podia ouvir mais nada disso. Ele estava me matando. Doeria menos
ter a minha pele arrancada de meus ossos.

 ─Eu tenho que ir, ok , Ben?  - tentei manter minha voz firme. ─ Ligarei
amanhã. Tchau.

 Eu desliguei antes que eu pudesse ouvir sua voz de novo e tentei piscar as
lágrimas estúpidas dos meus olhos enquanto jogava as panelas na pia,
tentando limpar minha cabeça dos pensamentos de minha menina sentindo a
minha falta, chorando.

 Graças a Deus Skylar toma banhos longos . Antes dela sair do banheiro eu
havia derramado algumas lágrimas e me recompus. Toda a louça já secava no
escorredor.

 Tomei meu banho em seguida, desejando que eu não estivesse tão triste
depois de falar com Ben mais cedo. Eu poderia ter entrado no banho de Sylar e
ter um momento de divertimento. Mas depois eu lembrei de ontem à noite,
bem, realmente, apenas algumas horas atrás no telhado, e pensei que talvez
fosse melhor dar a ela uma pausa por um tempo.
 Odeio manter distância de Skylar e, até agora, eu realmente não tinha feito
isso. Porém ela disse que me amava. E eu acredito nela. Uma gigantesca parte
de mim queria gritar de todos os telhados e comemorar. Mas isto tornava o
meu problema pior. Uma coisa é eu sair magoado, mas agora ela também se
magoaria. O amor é tão cruel.

 E agora ela quer encontrar de alguma forma, uma saída para minha
vida.Boa sorte . Eu machuco todos que me amam. Tanya, Katie, agora Skylar .

 Eu deveria apenas deixar Raven me comprar logo de uma vez. Talvez eu
tenha sorte um dia e ela tenha sucesso em me matar .  Uma Pacífica e doce
morte…

 Eu estava autorizado a usar uma blusa com o meu jeans quando as amigas
de Skylar chegaram. Ambas me cumprimentaram  calorosamente e retribuíram
meu abraço ao entrarem.  Dei a Julie o dinheiro para as compras enquanto
Riley conversava com Skylar.

 Riley também deu Skylar de volta seu notebook do clube na noite passada
e informou que ela nunca mais será poderá beber em público com elas
novamente. Eu estava realmente começando a gostar de Riley.

 Riley e Eli concordaram em encontrá-las no shopping para sair e fazer


compras, e parecia um casual, descontraído para todos eles . Mesmo que todos
eles só se tornaram amigos por alguns dias, pensei. Não é sempre que Ryan e
Eli tem a chance de ficar com meninas fora do expediente,apenas por diversão.
Eu não recebi nenhuma sinal de raiva deles para dar seus números para as
garotas, então eu imaginei que eu estava certo .

Eu gostaria de poder ir, mas eu tinha tortura marcada para hoje. 

 Parecia que Riley ia levá-los ao shopping e eles disseram que estariam de


volta ás sete da noite, mais ou menos. Skylar não gostou nada disso, mas foi
junto de qualquer maneira.

  Antes de partirem, eu perguntei se eu poderia falar com Skylar por um


minuto antes de irem . Julie e Riley apenas sorriram uma para outra e foram
esperar por ela no carro.

 ─Skylar … – eu comecei, segurando suas mãos. ─Eu quero dizer uma coisa.
Ontem à noite, eu estava com muito medo por você e disse algumas coisas
erradas. Me desculpe, eu disse que você era estúpida. Enfrentar Claire como
você fez por mim… precisou de muita coragem e eu sei que se importa comigo.
Você não sabe o quanto isso significa para mim, Skylar, então… eu agradeço
por isso. Nunca mais faça isso de novo, mas mesmo assim, eu agradeço.

 Ela sorriu e tinha os olhos marejados, respondendo. ─ Não tem problema.

 ─E eu sinto muito sobre antes, quando eu disse que se você fizer alguma
coisa que machucasse a minha filha não seríamos amigos. Isso foi uma porra
idiota de se dizer. Eu fico muito nervoso…quando ela é envolvida. Nós vamos
sempre ser amigos, Skylar. Mesmo depois do nosso tempo juntos, eu te
contarei como minha amiga. Eu sei que você não faria nada para nos
machucar.

 ─Obrigada. – ela estava com os olhos embaçados agora e não pude evitar
sorrir para seu rosto perfeito.

 ─ Estamos bem? – perguntei.

 Ela deu um aceno de cabeça e sorriu, enxugando uma lágrima


rapidamente.

 ─Sim, estamos bem.

 ─Eu sinto muito. – segurei seu rosto em minhas mãos e beijei a marca
molhada onde a lágrima tinha caído, tocando meus lábios em cada centímetro
de seu rosto. ─Eu não quero fazer você chorar. Parece que um de nós está
sempre chorando. Nós vamos ter que concentrar em ter um pouco de diversão
nos próximos dias. Certo ?

 Isso fez com que o sorriso dela aumentasse.

 ─Tudo bem. Mas eu ainda vou encontrar a saída .

 ─Ok. – eu sorri, admirando sua perseverança. ─Eu tenho certeza que


podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Divirta-se e eu vou te ver
hoje à noite quando você voltar.

 ─Tudo bem.

 ─Posso ganhar um  beijo? – perguntei, roçando meu nariz no dela.

 Ela assentiu e sorri mais, abrindo meus lábios e tendo sua deliciosa boca
na minha,abrindo e fechando, lambendo e saboreando. Nos agarramos um ao
outro desesperadamente durante aquele beijo e, embora eu não pudesse dizer
as palavras, eu sabia que a amava…sempre amaria, mesmo se eu chegasse a
nunca mais vê-la novamente. Escutei sua voz choramingar, como se ela não
pudesse me beijar o quanto queria.

 Nem sequer tínhamos terminado o beijo ainda e ele já era poderoso o


bastante para me ajudar a enfrentar o que me esperava hoje. Eu precisava de
forças… e agora, eu tinha. Eu tenho amor, embora não devesse ter. Parecia
que eu havia me tornado indestrutível, apenas com o toque dos seus lábios.

 Finalmente, ela quebrou o beijo e acariciou seu pequeno nariz contra o


meu enquanto eu olhava para ela, delirando como se tivesse acabado de usar
alguma droga.
 ─ Compre um monte de coisas indecentes. – dei um tapa forte na bunda
dela, tirando-a de seu deslumbre, e ela deu um grito.

 ─Tchau, diabinho. – ela me apelidou, movendo-se lentamente para fora da


porta enquanto eu a observava.

 ─Tchau, Deusa do Telhado. – rebati, fazendo seu rosto ficar vermelho na


hora.

 ─Ei, shh! – ela bateu no meu braço de brincadeira, andando para as


escadas, rindo junto comigo ao descê-las e, finalmente, desaparecer de vista.

 Agora é hora de encontrar Raven. Merda.

 Ao chegar na mansão de Raven, você tem que passar por um portão
primeiro. Sempre que eu chego está aberto, mas tenho certeza que quando o
pai de Raven está aqui o portão fica sempre fechado, o que te obriga a apertar
o interfone e se anunciar primeiro.

 Entrei com o carro. Sim, para ir à casa de Raven você precisa do seu
próprio carro. Ela fica bem no meio da floresta. Muitas vezes eu havia sido
usado aqui do lado de fora, e provavelmente hoje seria de novo, já que o clima
estava agradável e quente. Pensando bem, talvez não. Raven gostava de me
ter ao ar livre quando o clima estava extremamente frio, o sofrimento era
maior dessa maneira.

 Dei a volta no caminho de cimento no formato de um círculo e segui para


os fundos da casa, passando pelas quadras de tênis e piscinas que estavam
todas vazias e abandonadas. Sempre que era convidado eu nunca via
ninguém, fora o assistente/segurança da Raven.

 Ele jamais fez nada homossexual comigo, apenas coisas como me socar  no
estômago, segurar minha cabeça debaixo d’água, e me erguer ou me deitar de
alguma posição que Raven me queria. Ele sempre se comportava como meu
amigo, sorrindo para mim e dizendo, “desculpe, ela é a chefe”. Seu nome era
Dylan e isso sempre me fazia rir, lembrando de Barrados no Baile *.

  * (Barrados no Baile: série americana famosa em que o nome do personagem principal era Dylan.)

 Estacionei no lugar de sempre, atrás da entrada da cozinha. Peguei as


chaves do carro no bolso da minha calça e segui em direção da porta.

 Todas as vezes, antes que eu até mesmo batesse nela, Dylan estava ali,
abrindo-a para mim.

 ─Mathew. – ele forçou um sorriso e sorri de volta, enquanto ele apertava


minha mão.  ─Prazer em vê-lo novamente. Entre.

 ─Obrigado, Dylan. – mantive o sorriso, mas ele diminuiu um pouco quando


entrei na cozinha, as mãos atrás de mim, esperando pelas minhas instruções.
 ─Ela quer te ver primeiro antes de descer, como de costume. – Dylan falou
tão naturalmente como se estivesse dizendo a um encanador o que fazer.  ─A
posição de sempre, no final da escada do seu quarto. Poderei ver vocês mais
tarde, se ela exigir, mas hoje a maior parte será só você e ela.

 Às vezes Raven deixa suas amigas brincarem comigo também, mas pelo
visto hoje não. Deduzi que a data era meio que especial, já que se passaram
seis meses desde a última vez em que ela me viu. E também, desde a última
vez em que ela quase me matou quando teve as mãos em mim.

 ─Obrigado, Dylan. – falei, fazendo contato visual com ele enquanto ele
assentia e me deixava na cozinha.

 Comecei a tirar a minha camisa, largando-a em cima da mesa, sem me


preocupar em dobrá-la, e logo meus tênis, meias, calça jeans e cueca se
juntaram a ela sobre a mesa.

 E lentamente caminhei para fora da cozinha, passando três corredores,


sabendo exatamente para onde estava indo. Finalmente, quando cheguei ao
piso, me ajoelhei na superfície rígida e fechei minhas pernas, minhas mãos nas
minhas costas, meu corpo erguido e reto. Falta de postura e relaxamento eram
inaceitáveis. Meus olhos tinham que estar no chão. Contato visual não era
permitido, a menos que fosse ordenado.

 Fiquei ajoelhado ali por um tempo, não me mexendo da minha posição,


meu rosto relaxado e sem expressão, quase como se eu fosse um objeto, não
uma pessoa… um brinquedo esperando para ser usado.

 Eu continuava tendo flashes da minha última vez com Raven, tentava
bloqueá-los, querendo que fossem apagados.

 Claire disse que tomaria providências se eu não estivesse fora daqui às


17h, que entraria em contato. Mas isso foi antes de Skylar atacá-la. E ela me
deixou aqui por três dias da última vez, e nem mesmo estava com raiva de
mim naquela época.

 Eu estou tão fodido.

Sua porta estava se abrindo agora e meu corpo retesou, logo depois
relaxou. Meu corpo era esperto o suficiente para ficar tenso, meu cérebro
tomou as rédeas, ordenando que relaxasse.

 Eu nem precisava olhar para cima para vê-la na minha cabeça. Raven tinha
mais ou menos a minha idade, 25 anos talvez, muito bonita aos olhos. Pele
hidratada, longos cabelos escuros, que nunca foram cortados na vida dela,
com uma franja caída na testa, os fios geralmente numa trança firme,
ultrapassando a sua bunda. Os brilhantes olhos azuis, eram tão raros e
atraentes que ela certamente poderia capturar e prender o olhar de qualquer
homem. Seus lábios estavam sempre com batom vermelho, carnudos. Seu
corpo era malhado, não musculoso, porém atraente. Ela nunca ficava
completamente nua na minha frente. Geralmente ela usava uma roupa de
couro para os nossos joguinhos.

 Hoje não foi diferente. Ela estava vestindo um espartilho de couro, os seios
expostos acima dele, e uma coleira de couro preta apertada no pescoço, sem
argolas, o que significava que ela não era uma escrava, que não tinha dono.
Uma calcinha fio-dental que deixava sua bunda exposta, botas também de
couro na altura das coxas completando toda a aparência Dominadora.

 Lentamente ela desceu os degraus, se fazer barulho, com uma taça de


vinho nas mãos. Colocando-a na parte plana do corrimão no final das escadas,
ela agora tinha as duas mãos livres ao me receber.

 Ela estava sorrindo para mim e suas mãos deslizaram sob cada lado do
meu maxilar e inclinaram o meu rosto para cima. Eu já tinha caído nessa
antes. Fiz contato visual quando ela fez isso e fui severamente punido. Desta
vez eu mantive os olhos fechados enquanto ela erguia o meu rosto.

  ─Bom garoto. – ela ronronou à medida que seus dedos acariciavam minha
testa, bochechas e lábios.

 Eu não respondi. Não foi me dado permissão para falar ainda. Isso era bem
rigoroso com Raven.

  ─Mmmm… Mathew… senti tantas saudades… – sua voz era firme, mas
parecia sincera.  ─Ninguém sofre tão bem como você.

 ─Você está muito bonito…  - sua voz disse em seguida, mantive meu rosto
no lugar e meus olhos fechados, mesmo ela tendo me soltado e estar se
movendo em volta de mim, me examinando.

 ─Até sua bunda está mais definida do que antes. – ela falou, ficando na
minha frente de novo, acariciando meu queixo com a unha.  ─E você ainda se
lembra das minhas regras… que menino esperto.

 ─Abra os olhos. – ela mandou e eu obedeci, tendo seu rosto maquiado em


minha visão.

  ─Oh Deus… – ela sorria, passando as unhas sobre as minhas


sobrancelhas.  ─Tinha me esquecido de como eles são lindos… tão tristes e
inocentes… uma cor vinda diretamente dos jardins do Éden.

 ─Sentiu minha falta? – ela passou os dedos pelo meu cabelo e acrescentou.
─Você tem permissão para responder sem falar.

 Assenti devagar com a cabeça, prendendo seus olhos com os meus.

 ─Então por que você não está sorrindo? – ela passou os dedos pela minha
boca e adicionou.  ─ Você tem permissão.
 Sorri o máximo que pude para ela, minhas mãos ainda atrás de mim
enquanto ela sorria de volta.

 ─Meu bichinho de estimação querido… – ela se curvou, sussurrando.


─Você tem permissão para oferecer.

 Isto significava que eu tinha permissão para oferecer a ela o meu amor ou
afeto, seja lá do que for que ela chame isso.

 Como se eu não fosse capaz de respirar sem beijá-la, separei meus lábios
de forma rude assaltei sua boca com a minha,  rapidamente usando a minha
língua e deixando um gemido escapar enquanto minhas mãos permaneciam
imóveis atrás de mim. Eu era como um cachorro dela que não ficava na sua
presença há muito tempo e agora a atacava. Era assim que ela gostava.

 Ela retribuiu o meu beijo por um tempo e, finalmente, gemeu.

 ─Mmmmm… – se afastou de mim. Eu jamais podia parar de beijar a menos


que fosse ordenado, então, quando ela se endireitou, continuei movimentando
a minha boca na cintura dela, por cima do espartilho de couro, com a mesma
energia que tive nos seus lábios.

 ─Pare. – ela empurrou meu rosto para longe e lancei meus olhos para
baixo novamente, ligeiramente ofegante, me acalmando.

 Ela foi até o corrimão e pegou sua taça de vinho, dando um pequeno gole
enquanto me observava. Caminhando de volta até mim, ela levantou meu
queixo com um dedo e posicionou a taça nos meus lábios, dizendo.  ─ Beba.

 Eu bebi, mas então ela puxou o copo e jogou o resto do vinho na minha
cara.

 ─Menino mau, olhe só o que você fez. – ela sorria.  ─ você derrubou
no chão também. Este vinho é muito caro. Limpe.

 Abaixei e lambi o vinho do piso de mármore até que ele tivesse


desaparecido totalmente.

Em poucos segundos eu estava de joelhos de volta, mãos para trás, olhos


para baixo.

 ─Fale. – ela disse, ficando a minha volta.

  ─ Eu sinto muito, Raven. Por favor, me perdoe. – fiz minha voz parecer
arrependida, ela não gostava que eu parecesse um robô. Ela gostava do som
do medo, do sofrimento.

 ─Vou pensar nisso. – ela agarrou meu cabelo por trás.  ─ Mas eu sei que
você não quer ser perdoado sem ser castigado primeiro, certo?
 ─Sim, Raven.

 ─Meu gostoso… – ela soltou meu cabelo.  ─ Tenho brinquedinhos novos


para você brincar. Você lembra o caminho… engatinhe.

 Fiquei de quatro e engatinhei até o porão, ouvindo os saltos dela batendo


atrás de mim.

 Logo que desci as escadas e entrei no porão mal iluminado, me ajoelhei na


posição novamente e grudei meu olhar no chão de cimento, Raven descendo
as escadas.

 Dylan estava ali, agora vestindo jeans e uma camiseta, preparando as


coisas enquanto eu esperava pacientemente.

 ─Tenho várias coisas divertidas planejadas para a gente hoje, Mathew. –


ela começou, parecendo feliz.  ─ Mas primeiro Claire me fez prometer duas
coisas. A primeira foi garantir que você bebesse bastante água. Acho que não
te dei o necessário da última vez. Então primeiro, abra a boca.

 Dylan passou algo quando abri a minha boca. Ele segurou minha cabeça
para trás, a mão na minha testa, enquanto ela inseria um tubo na minha boca
e o empurrava até que estivesse quase tocando o fundo da minha garganta.

 Involuntariamente comecei a me debater e a resistir um pouco,


engasgando quando o tubo encostou na minha garganta.

 ─Sh, sh, shh… relaxe… o ponto é bem ali, Dylan. – ela falou comigo e
depois com Dylan

 O tubo era duro, de plástico e fino e apontava para a base da minha língua,
e vi Raven começar a grudar fita adesiva na minha boca, prendendo o tubo no
lugar enquanto Dylan puxava minha cabeça para trás com mais força. Fechei
os olhos e parei de me debater e, cerca de dez minutos depois, minha boca
estava completamente coberta de fita e na outra saída do tubo estava um funil
azul de tamanho médio.

  ─Bom garoto. – Raven acariciou meu cabelo e Dylan me soltou e deu um


passo para trás.  ─Vamos testá-lo.

 Ela segurou o funil a alguns centímetros da minha cabeça e Dylan abriu a


tampa de uma garrafa de água, a passando para ela enquanto meus olhos se
arregalavam um pouco.

 ─Vamos testar antes, até você se acostumar com ele. – ela informou,
colocando um pouco de água no funil. Antes que eu percebesse estava na
minha garganta e meus olhos se apertaram, meu organismo se recusando a
engoli-la.
  ─Engula, Mathew. – Raven passou a mão ali e engoli contra a minha
vontade, engasgando um pouco, buscando ar.

─Você precisa praticar mais. – ela disse, e mais água no funil.

 Lá pela oitava ou nona golada de água eu tinha aprendido como engolir de
um novo jeito, aos poucos, dando goles rápidos, abrindo e fechando a minha
garganta repetidamente. Era horrível e eu não conseguia respirar ou sequer
sentir o gosto da água, mas podia aguentar. Era como um afogamento, e
engolir fosse a única maneira respirar… até Raven por mais água.

 Após ter entornado algumas garrafas de água, ela manteve o funil


firmemente na minha boca e anunciou.

 ─ segunda coisa que prometi a Claire… manter você refrescado. Houve


uma reclamação da última vez de que o pobre bebê estava derretendo aqui
embaixo.

  ─Deite-se,Mathew. – ela ordenou.  ─ De costas, por enquanto.

 Assim que a minha bunda e minhas costas encostaram no bloco gigante de


gelo, ouvi minha voz abafada gemer em desconforto, mas aquilo foi ignorado.

 Dylan e Raven estavam em pé um em cada lado de mim e começaram


amarrar meus pulsos com as cordas sob o gelo, de modo que meu braço
inteiro estivesse preso contra a superfície escorregadia e fria.

 ─Você não vai passar calor hoje, eu garanto. – Raven disse quando meu
corpo já tremia.

 Meus tornozelos foram amarrados em seguida e meus joelhos dobrados,


assim minhas canelas estavam pendendo da beirada do gelo, porém meus pés
não alcançavam o chão.

 ─Soube que você tem sido um menino malvado, Mathew. – Raven me


fitou, depois que eu estava indefeso e tremendo abaixo dela, ─Claire me disse
para pegar pesado hoje com você.

 Tentei fazer o mínimo de barulho possível, mas minha respiração estava


fraca e meu corpo não conseguia parar de tremer.

 ─Mais água, Dylan. – ela disse atrás de mim e sem soltar o funil, Dylan
retirou a tampa de outra garrafa de água e começou a virar uma grande.

 Tudo o que eu podia dizer era, “Mmm –nnnnnfffff…”, antes da água chegar
na minha garganta. Isso era ainda mais assustador e mais impossível estando
deitado.

 Durante o processo Raven falava comigo.


 ─Toda essa pele adorável… – ela estava esfregando meu peito e meu
pescoço enquanto eu engolia o líquido uma vez após a outra, esperando que o
próximo gole fosse de ar e não mais de água, nunca sabendo quanto ainda
faltava.

 ─Vamos lá,Mathew, endureça esse pau. – ela mandou e fiz uma careta,
lutando para engolir a água e endurecer meu pênis ao mesmo tempo.

 Graças a Deus ele endureceu e ouvi Raven mais abaixo, perto da beirada
do bloco de gelo, se ajoelhando.

 ─Oh isso, olhe para essa magnífica coisa dura… – ela elogiou antes de
abocanhar toda a extensão dele, chupando violentamente e o puxando com
uma mão, a outra segurando meus testículos sem piedade.

 Nesse momento tomei  ar e soltei um gemido sofrido, meus olhos descendo
para espiá-la no momento em que lambia e chupava de olhos fechados, se
deliciando. E então senti água em minha garganta outra vez e quase sufoquei,
meus olhos  para cima e vendo Dylan jogando uma dose maior no funil.

 ─Nnnnnnnn… - minha voz protestou enquanto eu engolia, rezando por uma


pausa e por ar.

 Após alguns minutos, meu membro estava molhado e duro feito pedra e
Raven me disse que havia me comprado um presente.

 ─Isso é uma gaiola para pênis. – ela informou, me mostrando um objeto


longo e de metal.  ─ Você já viu antes?

 Eu já tinha visto, mas sacudi minha cabeça mesmo assim. Dylan parou
com a água, minhas pernas e braços tremendo. Eu estava entupido de água
gelada e deitado num bloco de gelo, não era mesmo  agradável. No entanto eu
sabia que isso ainda não era nada, ela não tinha nem começado.

 Gaiolas para pênis são pequenas e apertadas, e apertam seu pau como em
uma prisão. Quando você está ereto, é um verdadeiro inferno.

 ─Tão inocente… - Raven balançou a cabeça ao abrir a pequena gaiola e


posicionar meu membro nela, me fazendo começar a gemer e gritar de dor.  ─
Pobre cachorrinho…

 A coisa foi fechada depois de uma eternidade e gritei, enquanto o resto do


eixo pulsava na prisão delas também, extremamente apertado.

  ─Aí está você, meu docinho… – ela lambeu a cabeça através da gaiola, me
fazendo gritar novamente.

  ─Dylan, trás as agulhas, por favor. – ela disse e meus olhos se fecharam
tentando me preparar mentalmente para aquilo.
 Raven adora agulhas. Elas eram de oito ou dez centímetros, com uma
ponta de plástico verde para a ela empurrar  seguramente até o limite da
agulha.

 Minha mente trabalhou rapidamente, resgatando a imagem do rosto de


Tanya para focar. Ela estava chorando por causa das minhas palavras cruéis, e
em seguida senti uma ponta afiada cutucar a curva da cabeça do meu pênis e
lentamente ser enfiada até o final.

 Minha voz protestou, rosnando enquanto meu peito subia e descia em


agonia. Eu queria gritar: Por favor, chega, não! Mas eu não podia fazer isso.
Não até estar autorizado a implorar… e isso demoraria um pouco ainda.

 ─Tão corajoso… – Raven pegou outra agulha e enfiou como a primeira,


bem na cabeça, descendo até o final.

 Eu ofegava e rosnava, mantendo meus olhos fechados com força, assim
poderia conservar Tanya na visão enquanto eu a magoava repetidas vezes nos
meus pensamentos. Isso tornava as agulhadas mais fáceis de serem
suportadas, sabendo que cada vez que eu perfurava Tanya verbalmente, eu
era perfurado em troca.

 Era apenas o começo das agulhas, e tive certeza disso quando a terceira
delas foi enfiada na cabeça do meu membro. Raven gostava de me furar todo
– tórax, mamilos, rosto, bunda. Uma vez ela juntou meus lábios com uma
delas e Claire ficou irada feito o diabo, porque os meus lábios ficaram
inflamados e sem utilidade por três dias.

 ─Você está refrescado o suficiente, meu amor? – Raven perguntou.

 Assenti com dificuldade e senti uma agulha atravessando meus testículos


até que estivesse inserida completamente. Essa não cutucou o outro lado.
Meus punhos estavam cerrados ao meu lado enquanto ela prosseguia, nada
preocupada comigo.

 Raven se movia lentamente e com calma, mas não demorou muito para
que eu tivesse os dois mamilos com agulhas, elas formando um círculo em
volta deles, meus testículos e meu membro completamente marcados pelas
gaiola.

 Agora ela estava sentada sobre o meu peito e eu podia sentir sua bunda
nua e quente na minha pele gelada enquanto ela segurava uma nova agulha,
dessa vez olhando para o meu rosto.

 ─Está se divertindo, Mathew? – ela sorriu.

 Assenti com a cabeça.

 ─Ainda não precisa fazer xixi? – perguntou em seguida.


 Balancei minha cabeça, não querendo nem pensar em como isso seria
humilhante.

 ─Mais água, Dylan. – ela disse e quase grite. Ao invés disso, minha voz
ficou gemendo seu protesto e desaprovando quando Dylan foi buscar outra
garrafa de água.

 ─Você queria água, meu amor. – Raven lembrou, respondendo meus


gritos, na hora em que a água era despejada no funil novamente, senti a
agulha na mão de Raven me picar na bochecha.

(…)

LASH!

LASH!

SLAP!

 O chicote era um verdadeiro caralho. Eu podia tolerar a maioria dos


chicotes, mas o de cauda única é uma merda. Agora eu me encontrava de
joelhos no bloco de gelo, as mãos sobre a cabeça, amarradas uma na outra
por uma corda. O funil foi tirado da minha boca por enquanto e minha barriga
estava dolorosamente inchada por litros de água que se reviravam dentro de
mim enquanto eu recebia meu açoitamento.

Minhas costas estavam molhadas e esfoladas e minha bunda estava


latejando com as chicotadas que a cortavam por inteira também.

 Geralmente, eu não podia ser marcado quando estivesse trabalhando para


outra cliente ao mesmo tempo, mas tenho certeza que depois de Skylar ter
pulado no cabelo dela, Claire não se importava se ela visse todas as marcas
que eu levaria para casa hoje à noite. Talvez seja um recado de Claire para
ela: Isso é o que acontece quando você compra briga comigo.

 Porra, como vou explicar isso?

Skylar, fui atacado por um urso no caminho da Fire pra casa…

 SLAK!

 Arqueei as costas e soltei um suspiro, extremamente fraco nesse momento


para dar um grito. Raven não me amordaçou durante as chicotadas – ela
queria me ouvir gritar… e conseguiu. Agora eu era apenas uma carne
estragada, aceitando-as sem muita resistência.

 ─Vire-se. – ela disse e eu gemi, virando de joelhos na direção dela.

─Já quer fazer xixi? – ela perguntou, vendo as agulhas na minha pele.
 Sacudi minha cabeça, mentindo.

 ─Você não vai poder segurar para sempre, cachorrinho. – ela disse
presunçosa.  ─ E é melhor não fazer por acidente… eu ficarei muito brava com
você.

 Ela estalou o chicote no meu peito, a frente do meu corpo agora, e eu


berrei, ofegando e transpirando por ela acertar um ponto novo de pele.

 Logo que meu açoitamento terminou, Raven falou para Dylan me acordar.
Eu estava exausto e fraco e então o escutei abrindo uma torneira em algum
lugar atrás de mim. Uma mangueira… Em poucos segundos a água fria da
mangueira de jardim esguichou na parte da frente do meu corpo e eu gritei
alto, a água gelada fazendo contato com os cortes na pele, sem mencionar a
sensação dolorosa de segurar minha urina por tanto tempo.

 Dylan permaneceu me lavando todo quando dei um pulo, ardendo por


inteiro. Após alguns minutos, eu fiquei mais consciente do que estava
acontecendo ao meu redor, mais alerta. E eu precisava fazer xixi
urgentemente.

  ─Raven… – falei sem ser mandado e esperei que não fosse punido muito
por isso.

 Dylan fechou a mangueira e Raven disse.  ─ Pois não, meu bichinho?

 Fechei os meus olhos e obriguei a minha voz a perguntar.

 ─Por favor, posso fazer xixi? – pedi, não escutando nenhuma gargalhada
ou escárnio de qualquer um deles.

 ─Bom garoto. – ela disse com aprovação.  ─ Me dê ele.

 Estremeci e me virei na direção dela, que se aproximava de mim com um


recipiente comprido de plástico. Ela pegou meu pênis e o colocou dentro
daquilo, dizendo.

 ─Pode fazer, querido.

 Olhei para cima, para Dylan, e ele não assistia, ele estava fazendo alguma
coisa com uma casinha de cachorro ao canto.

 Engoli meu orgulho e me permiti fazer xixi, odiando esse momento mais do
que todos. Raven não me deixava nem urinar feito uma pessoa, usando minha
própria mão para me segurar. Era a pior das humilhações.

 ─Muito bom, amor. – Raven disse quando eu terminei.

 Ela ficou em pé em cima do bloco de gelo onde eu estava ajoelhado e


abaixou até mim novamente, permitindo que minha boca beijasse
selvagemente a sua outra vez, até levantar e se afastar de mim. Meus lábios
continuaram a beijar o que conseguiam alcançar do seu corpo e ela estava
deixando desta vez, seus dedos brincando com o meu cabelo.

 ─Acho que o bebê precisa descansar um pouco. – ela disse a Dylan e eu


ignorei aquilo e continuei beijando a sua coxa.

 ─Foram longas horas. – Dylan disse.

  ─Sim. – Raven apontou o dedo para a outra coxa e eu a beijei toda em


seguida, sem parar.

 ─Venha para a cama, querido. –Raven disse enquanto Dylan cortava as


cordas às minhas costas, deixando meus braços caírem.

 Raven me ajudou a descer da superfície de gelo. Ela puxou a frente da


caixa que se abriu como uma porta, mostrando um pouco do acolchoado  no
chão da caixa. Essa era a minha cama.

 ─Engatinhe e se deite, bebê.  – ela afagou meu cabelo outra vez enquanto
eu ia para o colchonete, me curvando para caber ali.

 ─Bom garoto. – ela colocou a mão nos meus olhos, os fechando.  ─Tire um
cochilo.

 Ela fechou a porta da caixa, me trancafiando num cubo preto de madeira,


um cadeado sendo fechado do lado de fora, e logo depois uma minúscula
janela redonda foi aberta no canto  direito da caixa, acima da minha cabeça.

 Porra, meu corpo dói. Ele está tremendo e não consigo fazê-lo parar.

Está tão frio. Se acalme, respire, feche os olhos. Esqueça onde está.

 Você está com Skylar agora. Skylar está me abraçando neste momento.
Estamos aquecidos debaixo dos cobertores na sua cama. Isso. Ótimo.

Raven estava pegando leve hoje, talvez ela esteja arrependida pela última
vez e esteja tentando fazer as pazes comigo de alguma forma. Porém seu
humor podia mudar em um segundo. E ainda me restavam mais três horas...

Capítulo 16 
Mathew POV

Eu estava correndo…meus sapatos esquivando e saltando sobre mangueiras


de incêndio conforme eu corria em direção ao meu prédio. Até mesmo o
policial que me pediu para ir com ele foi deixado na poeira atrás de mim. Eu
sempre fui um corredor rápido.

 Uma explosão soou e parte dos andares inferiores do edifício tornaram-se


invisíveis no levante das chamas.

 ─SENHOR, VOLTE AQUI AGORA! – ouvi uma voz me chamando de trás,


mas eu ignorei.

 Em seguida, eu bati em uma parede. Não era uma parede em si, mas um
bombeiro alto que usava um capacete, segurava um rádio, e estava de pé ao
lado de um carro de bombeiros. Ele era um homem mais velho, mas ele não
era fraco. Imaginei que ele era um capitão ou algo assim. E ele estava me
impedindo de entrar no meu prédio.

 ─Ei, onde VOCÊ está indo ? – ele gritou para mim enquanto eu lutava
contra ele.

 ─Esse é o meu prédio, eu moro aqui! – tentei empurrá-lo do meu caminho,


mas dois bombeiros mais jovens estavam ajudando o capitão a me bloquear
agora.

 ─MINHA FAMÍLIA INTEIRA ESTÁ LÁ DENTRO! – eu gritei. ─TANYA!

 ─Ajude este homem e ver se sua família está entre os sobreviventes, por
favor. – o bombeiro mais velho disse para os mais jovens.

 ─KATIE! – eu berrei, dois homens me empurrando dali, contra a minha


vontade. ─NÃO! ME LARGA!

 Eles apressadamente me levaram para longe do prédio, até a área


gramada do outro lado da rua, onde algumas pessoas em seus pijamas,
assistiam e choravam.

 ─Estes são todos os sobreviventes que temos até agora, senhor, você vê a
sua família? – o bombeiro me perguntou e minhas pernas começaram a
tremer.

 ─Não. – senti lágrimas descerem pelos meus olhos, andando de volta para
o prédio em chamas.

 ─Tudo bem, me deixe explicar… - o bombeiro me disse sob o barulho do


local. ─O fogo começou por volta das 3:00, muitas pessoas estavam dormindo
quando aconteceu. Temos dez homens lá dentro à procura de sobreviventes.
Em qual andar você mora?

 ─Nono. – comecei a gritar, sentindo lágrimas caindo pelo meu rosto


enquanto eu pisquei. ─Minha esposa e filha…

 ─Fique calmo, senhor, espere. – o bombeiro pegou em seu rádio e disse. ─


Escada 12, Escada 12, em que andar você está?

 ─Sexto andar. – uma voz rapidamente respondeu.

 O bombeiro que estava comigo continuou a falar.

 ─Nono andar, mulher adulta, criança do sexo feminino.

 ─O apartamento, senhor?

 ─9B. – eu observava o prédio, contando andares com meus olhos, o nono


andar parecia intocado pelo fogo, no momento, pelo menos para mim a partir
daqui.

 ─9B. – o bombeiro disse em seu rádio. ─Apartamento 9B.

 ─Entendido. – uma voz masculina disse, e depois, nada.

 ─Eu não posso ficar sentado aqui, eu tenho que entrar lá. – levantei-me
rapidamente e comecei a caminhar em direção ao edifício novamente, mas
outra vez fui parado por mais de um bombeiro.

 ─Eu sei onde elas estão! – gritei. ─Eu posso mostrar a vocês,vamos lá!

 ─Senhor! – um outro bombeiro gritou para mim. ─ Os primeiros cinco


andares do seu prédio estão tomados pelo fogo. Há risco de explosão. Você
não está indo lá, sob quaisquer circunstâncias.

 ─Bem, não podemos conseguir uma escada ou algo assim, para chegar até
lá e ajudar as pessoas? – perguntei, recebendo graves olhares deles.

 ─Nós sabemos o que estamos fazendo, senhor, só por favor. – o bombeiro


disse. ─Eu  também tenho filhos, eu sei o que você está passando, mas…

 ─Os seus filhos estão presos em um prédio em chamas? – eu gritei,


completamente enfurecido com o homem, de repente. ─ MINHA VIDA INTEIRA
E VOCÊ PEDE PARA EU ME ACALMAR?

 ─Eu sei, senhor, eu sei… – o  bombeiro estava tentando ser compreensivo,


mas ele não estava me fazendo nenhum bem.
 ─Ah, porra! – enfim caiu minha ficha e peguei o celular do meu bolso,
discando o número de casa. ─Por que eu não pensei em ligar… elas podem
estar dormindo, mas se o telefone tocar, elas vão acordar.

 ─Boa idéia. - um bombeiro me disse e eu esperei a ligação chamar até que


a secretária eletrônica atendeu.

 Era a minha voz, dizendo:

 Você ligou para Mathew, Tanya..

E então a voz de Katie veio e acrescentou:

“E KATIE TRENNER!”

 Meus olhos se fecharam e eu tremia, sentindo lágrimas quentes arrastando


pelo meu rosto enquanto parecia levar uma eternidade para completar a
ligação.

 Então, minha voz estava rindo e disse:

 Por favor, deixe uma mensagem e vamos ligar de volta.

 Então eu gritei com todas as minhas forças.

 ─TANYA ACORDA E ATENDE O TELEFONE AGORA! – eu gritava como um


maníaco. ─O PRÉDIO ESTÁ PEGANDO FOGO, ACORDA,TANYA, AGORA! KATIE!
ALGUÉM, POR FAVOR ACORDA E ME RESPONDA AGORA!

 A secretária eletrônica me cortou e eu desliguei, discando o número


novamente e gritando para o telefone como uma pessoa enlouquecida três
vezes mais. Eu estava quase chorando, sem saber se a fumaça já havia as
matado em suas camas quando, enquanto eu estava gritando, eu ouvi um
clique e minha voz parou.

 ─Papai? – uma vozinha sonolenta respondeu e eu agarrei o bombeiro ao


meu lado, deixando ele saber que eu tenho uma resposta.

 ─Baby, sim, é o papai. – eu quase chorei. ─Onde está a mamãe?

 ─Dormindo, eu acho. – ela disse. ─Você está bravo?

 ─Não, querida, eu não estou bravo. Eu te amo, eu nunca vou estar bravo
com você… – eu estava chorando agora, tentando esconder. ─Vai acordar a
mamãe, mas não desligue o telefone, ok?

 ─Ok papai, espera. – ela disse e saiu enquanto eu dizia para o bombeiro ao
meu lado. ─Minha família está viva lá dentro, TIRE-AS DE LÁ AGORA!
 Ele saiu correndo para alertar o seu superior e eles estavam falando em
seus rádios.

 ─Katie! – eu não podia esperar mais, eu odiava não ouvi-la agora. ─


KATIE!

 ─Mathew… – a voz de uma mulher estava me chamando enquanto meus


olhos começaram a se abrir um pouco.

 Estava escuro e ouvi a minha voz suspirar.

 ─Tanya?

Focando mais, eu pisquei algumas vezes e me lembrei de onde estava.


Enrolado em uma caixa com apenas um pequeno buraco na parte de cima para
a entrada de luz e ar.

 ─Menino mau… – a voz de  Raven repreendeu a partir do buraco. ─Primeiro


você diz Katie…agora Tanya…você tem tantas outras mulheres em sua mente.
Você deveria estar focado  em mim agora, seu puto.

 Merda.

 Minhas mãos tremiam e uma abertura maior na caixa foi feita, deixando
mais um pouco de luz entrar e o rosto da Raven estava encarando o meu.

 ─Coloque sua cabeça aqui. – ela ordenou e eu cuidadosamente fez o que


ela disse, achando que havia espaço suficiente para minha cabeça ficar fora da
caixa, deixando o resto do meu corpo dentro dela.

 ─Língua. – ela disse sem emoção.

 Coloquei a língua para fora, meus punhos cerrados dentro da caixa quando
ela abriu um prendedor de roupa, deixando-o apertar minha língua.

 ─Isso é Tanya… – ela disse em um tom debochado, em seguida prendeu


outro pregador em minha língua. ─ E isso é Katie.

 Ela se levantou e foi embora, me deixando sofrer sozinho por um tempo.


Não foi tão ruim assim essa punição, na verdade. Eu pensei que ela ia enfiar
agulhas na minha língua. Ainda bem que eu estava errado sobre isso. Eu tentei
olhar ao redor para ver o que eles estavam planejando fazer comigo, mas
deste buraco que minha cabeça estava presa, eu só conseguia ver o chão.

 Meu corpo estava ajoelhado na caixa, curvou-se, minhas mãos no chão da


caixa.

 Eu tentei pensar em Skylar no shopping com Julie e Riley, escolhendo


lingeries e isso me fez sorrir um pouco. Eu mal posso esperar para ver o que
ela vai trazer para casa. Talvez eu a faça desfilar as peças para mim.
Skylar POV

 ─Não, eu não vou desfilar para vocês. – eu ri da sugestão de Ryan e Eli 


no meio da Victorias Secret.

 Eles estavam rindo, também, e eu sabia que eles estavam brincando, mas
meu rosto ainda estava quente vermelho da mesma forma.

 ─Mathew vai adorar isso. – Eli levantou uma sobrancelha, olhando para a
peça minúscula no cabide, segurando-a até mim, tentando imaginar um visual.
─Ele ama peças abertas assim, vá por mim.

 ─Pare! – puxei o cabide de sua mão, caminhando em direção aos


provadores, onde Julie e Riley esperavam por mim.

 ─Esses meninos são indecentes! – eu informei minhas amigas ao me fechar


no provador, odiando os espelhos no interior, enquanto eu me despia .

 Eu sabia que as meninas estavam do lado de fora, esperando para ver o
que eu estava vestindo, então eu anunciei.

 ─Eu acho que vou direto para casa depois dessa loja.

 ─Eu acho que não, Skylar.  – Riley rapidamente respondeu. ─Fomos


contratados como personal shoppers e nós não terminamos ainda. Desculpe.

 ─Eu tenho um monte de trabalho para fazer hoje.   – resmunguei,


movendo com cuidado até as minhas pernas uma peça rendada preta,
enquanto eu estava sentado no pequeno banco atrás de mim. ─Mathew não
está lá, então é uma boa oportunidade para revisar todas as minhas fitas e
fazer anotações.

 ─Você tem mais três dias de folga para fazer isso, agora silêncio. – Julie
suspirou.

 Mathew POV

 ─ SILÊNCIO! – Raven gritou enquanto a minha voz gritava outra vez, meu
rosto molhado de lágrimas que eu não conseguia segurar.  ─ Já acabou,
doçura…

 Meus pés chutavam por reflexo já que estavam a alguns metros do chão,
amarrados com algemas de couro pretas que tilintavam com qualquer
movimento . Meu peito estava com uma espécie de teia de aranha de nós e
cordas brancas, que habilmente se reuniram nas minhas costas penduradas
em um gancho de metal. Meus braços estavam cruzados atrás das costas e
presos com  uma grande quantidade de cordas que os mantinha acima da
minha coluna, e outra corda foi colocada na parte de trás do meu pescoço para
o gancho segurá-lo e apoiá-lo, então ele não balançaria dolorosamente. Eu
estava  suspenso no ar, as pernas abertas, viradas para baixo, ao nível dos
olhos de Raven, enquanto ela estava diante de mim.

 ─Acabou. – ela beijou meus lábios trêmulos. ─ Não chore mais, meu
cachorrinho. Terminei de brincar com você por trás.

Ela deixou cair o último brinquedo na caixa de plástico grande a seus pés e
deu um aceno para Dylan.

 ─Esterilize todos os brinquedos, Dylan. – ela sorriu para ele. ─Nós


terminamos com eles por enquanto.

 ─Sim, Raven. – ele pegou a caixa e saiu do porão.

 Eu estava tentando me recompor, mas no momento eu estava em péssima


forma. Meu corpo não conseguia parar de tremer violentamente e as lágrimas
não paravam de escapar dos meus olhos enquanto eu ofegava, profundamente
machucado. Eu odeio ser estuprado.

 ─Shhh, shhh, shhh … – Raven beijou meu rosto e eu queria  me encolher e
afastá-lo, mas não fiz isso.

 ─Isso foi muito difícil para você, eu sei… mas você aguentou muito bem,
meu bichinho de estimação. Você é muito forte. – ela elogiou .

 Um soluço forçou seu caminho para fora da minha garganta contra a minha
vontade, mas Raven estava amando isso. Ela adorava destruir os homens e ela
gostava de me destruir acima de tudo, sabe Deus por quê. Por que essas
mulheres doentes são atraídas por mim?

 ─Awwww… – ela brincava com as minhas lágrimas, desenhando um


coração no meu rosto enquanto eu tentava diminuir a minha respiração.
─Deixe-me alimentá-lo, bichinho. Isso vai fazer você se sentir melhor.

 Ela deixou o porão e eu fiquei eu pendurei ali, meus braços me matando,


minha ferida no peito devido às cordas apertadas me segurando, minhas
pernas inutilmente abertas e moles atrás de mim.

 Tudo o que eu conseguia pensar era: Eu quero ir para casa. Eu quero a


Skylar .

 Estava escuro aqui dentro e não havia nenhuma maneira de saber que
horas eram. Tinha que estar ficando tarde … Eu deveria estar fora daqui em
breve. Uma vez eu perguntei a ela que horas eram durante uma sessão e
PORRA, eu nunca vou fazer isso de novo. Ela gostava de acreditar que eu
estava gostando do meu tempo com ela e não quisesse ir embora.

 Logo, ela estava descendo as escadas do porão com um prato cheio de


camarão, e não à milanesa, mas frio e úmido, como ela preferia.

 ─Isso é bom e leve para o seu estômago, Mathew. – ela sorriu para mim,
descascando a casca fora alguns deles.

 Minha respiração estava mais sob meu controle agora e eu tentei esquecer
a dor quando ela trouxe o primeiro camarão aos meus lábios.

 ─Lamba. – ela sorriu.

 Eu lambia ao redor do camarão branco, saboreando seu gosto doce, mas
não me  atrevendo a morder até que ela me permitisse. Ela estava me
testando hoje, certificando-se que eu lembrava de todas as suas regras. Acho
que até agora eu estava indo muito bem.

 ─Bom garoto.  – ela falou como se eu fosse um cachorro. ─ Agora coma.

 Tomei cuidadosamente o camarão em minha boca e mastigou-o sem  dizer


uma palavra, feliz por qualquer recompensa que eu poderia receber,
especialmente após a última hora eu passei.

 ─Bom?   - ela me perguntou e eu assenti. A comida era sempre  da melhor


qualidade aqui, assim como a dor.

 Engoli em seco, ainda não tenho permissão para falar enquanto ela trazia
um outro camarão, dizendo. ─ Coma.

 Dylan entrou com um grande balde de água com uma enorme esponja de
banho amarela flutuando em cima. Ele deu a volta por trás de mim e ouvi a
água sendo agitada.

 Meu corpo ficou tenso e eu o encarei de lado, perguntando o que estava


acontecendo no meu ponto cego.

 ─Relaxa, amor…  – Raven colocou outro camarão em minha boca. ─Coma.

 Peguei o camarão em meus dentes e ela disse. ─A água é agradável e


quente. Dylan vai te dar um bom banho, só isso.

 Estremeci com isso e Raven riu da minha expressão .

 ─Eu acho que o meu animal de estimação não gosta de outro homem
lavando seu corpo.

 Raven beijou meu rosto e uma esponja molhada quente foi espremida em
cima da minha coluna, uma cascata cheia de vapor de água com sabão
derramado generosamente sobre a minha carne, escorrendo sobre minhas
nádegas, era bom que eu não consegui segurar o gemido que saiu de mim.

 ─Meu cachorrinho é mimado, não é? – ela dizia enquanto eu sentia a


esponja movendo para cima e para baixo na parte de trás das minhas pernas.

 Meus olhos se arregalaram um pouco e eu balancei minha cabeça.

 ─Você quer que só eu faça tudo para você, não é mesmo, querido? – ela
me deu um outro camarão, acrescentando. ─ Coma. Eu não posso alimentá-lo
e lavá-lo ao mesmo tempo, posso?

 Eu balancei minha cabeça, rezando para que ela não estivesse ficando com
raiva.

─E você quer ficar limpo, não é? – ela perguntou e eu assenti.

 ─Então, se comporte e deixe Dylan te lavar. – ela sugeriu. ─Acredite em


mim, ele não sente prazer algum em fazer isso. Ele faz o que eu mandar.
AGORA COMA!

 Skylar POV

 ─ Coma. – Riley me disse ao sentarmos na praça de alimentação, cercados


por sacolas, uma fatia de pizza olhando para mim.

 ─Eu não estou com fome. – admiti. ─Eu não me sinto bem. Não estou
doente…mas eu… não me sinto bem. Você pode me levar para casa?

 Ryan e Eli estavam conversando entre si a alguns metros de distância, em


voz baixa, sentados à mesa com a gente.

 ─O que vocês dois estão cochichando? – Julie perguntou que antes que eu
pudesse.

 ─Nada. – Ryan sorriu abertamente, como um garoto que acabou de ser


pego roubando cookies. ─ Conversa de homens, mulheres fofoqueiras!

 Julie jogou alguma coisa nele e Eli sorriu para mim fracamente, me
deixando ainda mais nervosa.

 ─Qual é o problema, Eli? – perguntei, forçando um sorriso.

 ─Nada, Skylar. – ele deu de ombros, olhando para o relógio. ─É que… Ryan
e eu estamos trabalhando hoje à noite e devemos voltar. Já passa das cinco.
 ─Oh, tudo bem. – levantei, feliz que enfim chegaria em casa e poderia
começar o trabalho, antes que Mathew chegasse.

 Eu comecei a pegar as sacolas e assim fez Riley,e em um minuto nós


estávamos andando em direção à porta de saída. Vi Ryan andando rápido à
nossa frente, em seu celular, murmurando baixinho,parecendo chateado com
algo enquanto falava.

 Ele fechou seu telefone e voltou a ser brincalhão novamente, num


segundo, e aquilo me lembrou Mathew. Acho que não fui muito divertida hoje
porque estava com muita saudade dele. Parecia um dia desperdiçado, que eu
poderia ter passado em sua companhia e, mesmo sabendo que Mathew disse
que seria bom para a gente ter um tempo longe um do outro, de modo que eu
pudesse pensar, eu ainda detestava ficar sem ele.

  Não podemos dizer eu te amo um para o outro mais.

 Isso é o inferno para mim. Admitimos os nossos sentimentos um pelo


outro, mas Mathew tinha falado que eu temia ser a verdade. Isso não muda
nada. Ele ainda teria que ir embora em 8 dias.

 Eu disse que ia encontrar uma saída para ele. Eu não posso nem resolver
um Cubo Mágico.

 Jesus, o que eu vou fazer quando o nosso tempo acabar, se eu não posso
viver sem ele nem por uma tarde?

Riley me levou até meu apartamento e eu entrei sozinha, não querendo


nenhuma companhia essa noite. Ryan e Eli foram no mesmo carro para o
shopping, então eles rapidamente saíram de lá após nos agradecer pelo dia
agradável. Eu suspeitei que talvez eles estivessem atrasados para o trabalho
ou alguma coisa, eles estavam bastante tensos e estranhos.

Eu disse a eles para manda um oi para o Mathew por mim quando eles
chegassem até a boate, e outra vez eles que não. Nós tivemos um dia
divertido. A menos que eles estivessem atuando, igual Mathew fazia em seus
trabalhos.

Julie e Riley me conheciam bem o suficiente para saber que eu queria ficar
sozinha agora, eu funcionava melhor sozinha, pareciam estranhos e sorriram
forçadamente, dizendo.

─ Claro, Skylar. Nos vemos por aí.

Havia algo de errado com eles. Talvez seja uma coisa de stripper. Talvez
eles não gostaram de Riley ou Julie. Não, acho então elas respeitavam isso.

A primeira coisa que eu fiz, após jogar as sacolas de compras em minha


cama, foi tentar dar uma faxina. O apartamento estava perfeitamente
arrumado e Mathew tinha feito um ótimo trabalho mantendo ele limpo, mas
quando eu fico nesse estado de espírito, eu gosto de faxinar. Não tenho idéia
do porquê, mas isso apenas me deixa mais relaxada.

Então, por dez minutos, eu comecei a limpeza,movendo meu corpo


enquanto varria o chão, para frente e para trás…isso me acalmava…de um
certo modo. Eu imaginei Mathew sozinho na Fire, limpando e pintando. Talvez
ele fique com calor e tenha que tirar sua camisa.

Oh, Skylar, você é patética. Pare com isso.

Dei uma espiada no relógio da cozinha e dizia que eram 17:35h. Eu deveria
ter comido alguma coisa no almoço. Agora eu vou estar faminta quando
Mathew chegar em casa para me levar até o nosso encontro.

Um barulho estava vindo do aspirador de pó e eu notei que estava ligado no


botão. Suspirei e desliguei a máquina, arrastei-a para trás e alguma coisa
prendia as rodinhas do aparelho.

Empurrei o aspirador outra vez e um papel em um envelope fisgou minha


atenção. Oh, a carta do meu pai que recebi alguns dias atrás.

Um flash passou em minha mente, lembrando do meu “estuprador” jogando


a carta para fora da minha mão e lançando-a em cima do balcão. Oh, e aqui
está o meu catálogo Lilian Vernon, também! Eles devem ter caído do balcão e
eu me esqueci totalmente deles.

Eu alisei o papel e sorri vendo a letra do meu pai. Sempre que eu estava
para baixo, meu pai encontrava um jeito de falar comigo. Ele acertou de novo.

Antes que eu percebesse, eu estava sentada no sofá abrindo a carta,


desejando saber como ele estava e esperando esquecer meus próprios
problemas por um tempo.

Eu encostei no sofá e li:

~
Oi Sky!

Estou aqui sentado em minha mesa, às 2:30 da manhã, entediado


para caramba. Agradeço por morar em cidade calma, embora às
vezes eu bem que gostaria de alguma ação.
Não estou te escrevendo porque estou entediado, portanto não
pense isso. Você é minha garota e eu sempre quero saber como tem
passado.

Então, como você está? Como está a vida universitária? E as notas?

Odeio como essa carta soa tão distante. Parece um interrogatório,


não uma carta de um pai para sua filha. Desculpe por isso...

Billy e eu fomos pescar no último  fim de semana e você não vai


acreditar em quantos pegamos. Quando você era pequena, nós
costumávamos pescar, lembra? E mal pegávamos nada.

Oh, a propósito, estou incluindo na carta aquela verificação de


antecedentes que você me pediu sobre o tal Trenner que está
namorando Julie, se eles ainda estiverem namorando. Sei o quão
rápido ela troca de namorados.

Você queria saber sobre crimes e não existia nenhum, mas aí


investiguei outras coisas.

Você pode decidir se quer ou não contar a Julie, mas este pobre
rapaz é viúvo, aos 26 anos. Caramba. E ele tem uma filha também.
Mas por alguma razão ela não vive com ele. Ela mora com os pais
da sua esposa na Flórida. Ben e Ângela Cheney.

Que tragédia. Houve um incêndio no apartamento. A menina


sobreviveu, mas não a mãe. Informe a Julie que isso pode ser muito
intenso em um relacionamento para ela.

Bom não quero me alongar mais, é ainda mais difícil ser


carinhoso por carta, você me conhec. Abraço do seu velho.

~
Coloquei a carta do meu pai de lado e peguei os outros papéis que ele tinha
enviado. Eu queria que Mathew mesmo me contasse a respeito disso, mas não
conseguia parar de ler o que estava bem ali na minha frente.

 Havia uma cópia de uma reportagem sobre o incêndio. O nome e rosto de


Mathew não foram mostrados, mas o título dizia: “Bombeiro morre ao salvar
criança.”

 Eu li o artigo todo por três vezes com lágrimas nos olhos. Não dava muitos
detalhes, mas parece que os primeiros andares estavam em chamas e foi feita
a tentativa de um resgate pelo telhado quando o pai da menina ligou para ela
do celular dele e ela atendeu. O pai e os bombeiros conversavam com a
menina enquanto bombeiros subiam no telhado do prédio, saltando sobre ele
do prédio ao lado.

 Em seguida, eles prepararam um bombeiro com o equipamento de


segurança e o desceram até a escada de incêndio do lado de fora do
apartamento da menina.

 O bombeiro conseguia ver a menina no interior, mas ela não sabia como
destrancar a janela para sair de lá. O pai estava dizendo a ela o que fazer, mas
havia um problema com a janela estar emperrada ou algo parecido, de acordo
com os bombeiros que estavam em contato com o na escada de incêndio.

 Eu senti a dor, imaginando Mathew no celular tentando dizer a sua filha o
que fazer para sair de lá enquanto o prédio queimava diante de seus olhos.

 O bombeiro estava a ponto de dizer para a menina se afastar e quebrar a


janela, mas então a tragédia aconteceu.

 Foi quando os primeiros sinais de fogo apareceram e o andar foi invadido,


começando a desmoronar pelo fogo vindo debaixo. O bombeiro quebrou a
janela com o corpo, pegou a menina nos braços e estava prestes a começar a
ser puxado de volta para o telhado quando outra explosão aconteceu,
deixando tanto o bombeiro quanto a menina com queimaduras.

 Os bombeiros no telhado continuaram puxando-os para cima e o bombeiro


nunca soltou da menina, embora a corda do equipamento quase tivesse
queimado totalmente antes de alcançarem o telhado.

 Quando eles chegaram lá, o bombeiro estava morto, a menina viva, porém
gravemente queimada.

 Meu Deus, eu rezo para que Mathew não tenha conseguido ouvir os gritos
delas pelo telefone ou pelos rádios…Jesus, ele provavelmente ouviu.

 Continuei imaginando toda a situação, pensando em Mathew gritando


horrorizado e eu estava chorando agora, soluçando com as cenas na minha
cabeça.
 Mathew, eu te amo…mas não tenho idéia de como te ajudar. Eu tenho que
recomendar outra pessoa para ser o médico dele. Não pode ser eu. Eu não sou
boa o suficiente e ele merece o melhor.

Respirei fundo e sequei minhas lágrimas, voltando a fita e pegando meu


bloco para fazer anotações sobre essa nova informação.

 Eu congelei e ouvi a voz de Mathew gemendo e rosnando enquanto minha


própria voz arfava, os sons de pele se chocando no balcão repetidamente. O
meu eu antigo  ficaria horrorizado e apressadamente pararia a fita… mas eu já
havia mudado nos últimos dias.

 Eu queria ouvir… e não estava envergonhada. Eu estava fazendo amor com
o homem dos meus sonhos e aquilo não parecia nada sujo para mim.
maravilhosos eram os sons e a respiração de Mathew, mesmo quando
terminamos e descemos do nosso pequeno refúgio divino, eu podia ouvir sua
boca beijando minhas costas.

 Me encostando de volta no sofá, abracei meu corpo e fechei os olhos,


relembrando… sonhando… desejando.

 ─Skylar… – sua voz sussurrou para mim na fita enquanto sua boca emitia
mais sons melódicos de beijos no meu corpo. Eu podia ouvir minha própria
respiração irregular bem fracamente.

 Após isso, fiquei escutando até que ouvi minha voz poucos minutos depois,
ofegante e dizendo.

 ─O gravador continua ligado. – e depois mais nada.

Um ruído seco.

 Olhei para a janela, sabendo que era a nossa última sessão na fita e então
ouvi a voz de Mathew.

 ─ Mathew, sessão cinco. Skylar…sou eu. Se eu tiver alguma sorte,


você não vai ouvir isso até eu ter ido embora… então… eu posso dizer
tudo o que quero dizer…

 Me endireitei, confusa, porém pronta para ouvir.

 Ele limpou a garganta forçando a falar, ou como se estivesse receoso.

 ─ Eu quero te agradecer… por se preocupar comigo. Agora sei que


você se preocupa. Eu espero… EU SEI… que você será uma psiquiatra
maravilhosa um dia. Você tem o dom. Não que eu saiba, já que você é
a única com quem conversei, mas… eu posso ver nos seus olhos o
quanto se preocupa. Me desculpe por ser tão problemático para você…
difícil demais de ser domado. Mas você tentou o seu melhor. Eu sou
grato por isso.
Ele fez um pausa, mas depois continuou falando.

─ Então aqui vai o que eu nunca vou dizer na sua cara, Dr. Skylar.
Eu mereci perder minha mulher. Eu mereci perder meu bebê.  Eu não
era bom o suficiente para elas e eu as deixei quando elas mais
precisavam de mim. Eu as deixei queimarem.

 Ele estava chorando e isso estava me matando por estar ouvindo isso e
não o ter aqui para abraçá-lo. Eu estava dormindo quando ele gravou isso?
CÉUS!

─Um copo de leite e 27 dólares… –  ele chorou baixinho. ─Isso foi o


que me tirou daquela casa naquela noite. Deus, eu sou um nada,
Skylar, nada! Você ainda não viu isso? Eu deveria ter morrido naquela
noite. Eu MORRI naquela noite. Nós nem ao menos deveríamos ter nos
conhecido se as coisas tivessem sido do jeito que deveriam ser. Me
desculpe por você ter se involvido em tudo isso. Eu sinto muito. Eu não
sou bom o bastante para você, também…e eu nunca vou ser. Por
favor, só…me esqueça. Finja que isso tudo foi um sonho ou alguma
coisa assim.

Ele fungou e respirou fundo algumas vezes, voltando a falar.

 ─Fique segura e seja feliz. Essas são duas coisas que você nunca
seria comigo. Desculpe se alguma vez te magoei, Skylar. Não foi minha
intenção. Foi incrível… fazer parte da sua vida por um tempo.
Obrigado… por tentar me consertar. Adeus.

Lágrimas desciam pelo meu rosto, ouvi o barulho do botão ser pressionado
por Mathew para parar a gravação e eu me levantei, indo até a minha bolsa
procurar pelo celular.

 Rolei a lista de contatos até achar o número de Mathew e apertei,


ligando.Seu celular tocou e segui o toque musical até a mochila dele, pegando
e jogando ela na cama.

 Tirei tudo de dentro da mochila sem ao menos ver as coisas que estavam
ali.

 Então eu tinha o celular dele, um uniforme de policial, algemas, uma arma


descarregada e algumas camisas e calças jeans…e uma pequena agenda.

 Eu não ligava para a privacidade dele mais, eu estava com medo por ele.
Temendo que ele tentasse machucar a si mesmo, não tendo certeza de quando
ele gravou aquilo.

Abrindo sua agenda, folhei uma página em branco, em seguida voltei para a
página anterior.

 Sábado – 13:00h – Raven.


 Lembro de ele ter mencionado Raven…

  "Quer ouvir algumas histórias assustadoras? Posso te contar sobre


a Raven.“

 ─Pintura na boate, huh? – eu estava tremendo enquanto descia do nome


Mathew até o de Ryan, apertando para iniciar a chamada. ─Seu mentiroso.

 Olhei para o relógio e agora era quase 18:45h.

 ─Skylar, o que é? – ele respondeu e parecia feliz.

 ─Ryan, onde o Mathew está? – fui direta, sem paciência para enganações
no momento.

 ─ Hm, ele está lá embaixo.

 ─Você está mentindo.

 ─Como você pode saber?

 ─Sou uma psiquiatra, é por isso que sei. – revidei. ─Não minta para mim,
quero saber onde ele está agora.

 ─Skylar, isso é com ele. – Ryan tinha um tom sério dessa vez. ─ Se você
quiser saber, pergunte a ele.

 ─Ryan, estou preocupada com ele! – deixei o pânico da minha voz


transparecer. ─ EU TENHO QUE SABER SE ELE ESTÁ BEM, achei a agenda dele
e estava marcado Raven hoje, às 13h.  e ele disse que estaria em casa por
volta das 19h. Ryan, são sete horas! Ele me disse que ela gosta de machucá-
lo!

 ─OK, Skylar, um minuto. – ele parecia estar se movimentando, talvez indo


aos fundos da boate. ─Agora posso falar. Escute, isso é o que sei. Ele deveria
ter deixado a casa de Raven às 17h.Ele não ligou para Claire ainda para
confirmar, então significa que ele ainda está lá. Eu liguei para Claire do
shopping às 17h para ver se ele tinha saído, mas ela disse que não. Estou
esperando que ele me ligue, mas até agora, nada. E Claire disse que não vai
ligar para saber de Mathew até amanhã. Ela disse que ele está sendo… punido.

 ─Por causa do que eu fiz com ela ontem à noite! – eu disse e meus olhos
estavam com lágrimas de raiva.

 ─Aham. – ele soava triste.

 ─Aquela vadia! – gritei, andando pelo quarto quando meu olhar foi para o
uniforme policial em cima da cama.
 ─Eu quero o endereço. – ordenei a Ryan, pegando uma caneta e indo para
a cozinha.

 Mathew POV

 Raven segurava as correntes sobre sua cabeça e as usava para subir e


descer em mim enquanto me fodia novamente. Eu estava deitado em uma
mesa de madeira e ela estava em cima de mim, sentando em meu membro,
minhas mãos em punhos ao meu lado, meus pulsos presos a uma corda
apertada de couro em volta dos meus quadris, meus tornozelos estavam
algemados em couro também, uma corrente partindo dessas algemas até o
teto.

 Gritando ruidosamente, ela estava gozando. Fechei meus olhos e me


esforcei para esquecer a dor e me permitir ter meu orgasmo também, antes
que a punição fosse despejada sobre mim de novo.

 Eu ofegava com mais vigor, impulsionando minha pélvis para cima e para
baixo até estar perto de gozar.

 ─Raven, por favor, posso gozar? – perguntei como instruído.

 ─Ainda não. – ela continuou cavalgando sem piedade em mim enquanto eu


grunhia, apertando meus olhos, tentando segurar meu orgasmo.

 Após alguns segundos, eu podia senti-lo a ponto de explodir de mim e me


ouvi murmurando.

 ─Por favor, por favor…

 ─Agora. – ela disse, enfim me dando a permissão e eu gritei, meu corpo


tendo espasmos enquanto eu gozava na camisinha que estava usando.

 Alguns minutos se passaram até que ela se mexeu e falou comigo outra
vez.

 ─Mmmm, meu pequeno insaciável. – ela acariciou meu rosto, meus olhos
semi-abertos. ─Essa é a décima vez em seguida. Você é  especial.

 Ela beijou meu peito e começou a se levantar de mim e comentou. ─Viu, é


por isso que quero você todo pra mim. Mas, Claire quer me fazer esperar mais
um pouco. Então irei esperar. Eu quero você… e eu vou ter você. Você gostaria
de me pertencer, bichinho, para sempre?
 ─Sim, Raven. – fechei os meus olhos e suspirei, sentindo-me fraco demais
até mesmo para falar direito.

 ─Eu sabia. – Raven parecia satisfeita. ─ Ela está  nos mantendo separados.

 ─Tão cansado… – eu  murmurei quando Raven voltou para cima de mim,
tirando minha camisinha e me limpando com a esponja e água quente fresca.

 Ela ignorou minha lentidão e disse. ─ Detesto libertar você. Parece que eu


simplesmente não consigo nunca fazer isso. É como se… você esteja destinado
a ser meu. Você é  meu.

 ─Raven… – suspirei. ─ Por favor… eu vou voltar, eu juro. Mas se você não


me libertar quando for a hora, Claire mandará alguém aqui.

 ─Ela ainda não ligou e já passa das 20h. – Raven informou. ─ Ela


realmente não se preocupa com você como eu. Apenas fique comigo.

 Seus lábios beijaram os meus e tentei corresponder ao beijo, mas eu


estava tão fraco, tão esgotado.

 Aqui é onde Raven e eu sempre temos nosso problema. Quando chega o


momento de me soltar, ela não quer. Assim que digo que esta na hora de me
deixar livre, ela desconta sua raiva em mim. Foi assim que as coisas se
agravaram da última vez.

 Então eu decidi não insistir muito desta vez para ela me soltar. Talvez ela
se cansasse de mim em algumas horas e me libertasse por vontade própria.

 ─Você vai gostar daqui comigo. – ela beijou meu queixo e foi até uma
alavanca em um poste de madeira à minha esquerda, perto da parte mais alta
da parede.

 Ela a girou e ouvi a corrente lentamente ranger. olhei para baixo e senti a
corrente presa nos meus tornozelos ficar apertada e começar a levantar um
pouco meus pés de cima da mesa.

 ─Raven… – a olhei nervoso enquanto ela continuava girando a alavanca,


agora fazendo as correntes levantarem completamente minhas pernas da
mesa, até que só meus ombros e minha cabeça estivessem sobre a superfície.

 Raven parou de virar a alavanca e facilmente retirou a mesa debaixo de


mim, me deixando cair para trás até ficar pendurado de cabeça para baixo,
minhas mãos ainda imobilizadas ao meu lado.

 Seus lábios encontraram minha barriga e ela me beijou ali.

 ─Durma, meu anjo. – ela disse.


 Ela sentou-se no chão a alguns metros de distância de mim, sorrindo para
o meu rosto e cantando baixo uma música, como uma canção de ninar para eu
dormir.

 Estremeci, sabendo que qualquer coisa que eu quisesse dizer agora iria
apenas irritá-la. Eu ia ter que me comportar e ficar quieto até Claire decidir me
tirar daqui.

 Skylar vai ficar tão preocupada comigo. Merda. Mas Ryan irá cuidar dela.

 Fechando meus olhos, fingi adormecer enquanto ela cantava sua


aterrorizante melodia.

 Mais tarde, depois de Dylan ter convencido Raven que deixar eu pendurado
de cabeça para baixo iria me matar uma hora ou outra, eu fui colocado em
uma jaula pequena, parecida com uma gaiola gigante, minhas pernas
balançando para fora das grades enquanto meu corpo recostava-se contra as
barras de ferro, meus olhos tentando se fechar  à medida que minha gaiola
balançava do teto, meus braços em volta do meu corpo, tentando me aquecer
um pouco.

 Eu continuava pelado, mas muito mais confortável do que antes. Jaulas
não me assustavam, elas me acalmavam. Jaulas significavam que ninguém
poderia entrar aqui para fazer alguma coisa comigo. Jaulas significavam
descanso. Todas as coisas horríveis acontecem fora da jaula. Uma jaula é onde
você fica entre suas sessões de tortura, enquanto a dominante está dormindo.

 Raven deve ter ido dormir. Gostaria de saber que horas são. Eu me
pergunto se vou sair daqui amanhã.

─MÃOS PARA CIMA, POLÍCIA! – ouvi uma voz de mulher gritando de


repente no andar de cima e levei um susto, me sentando e escutando.

 ─Não se mexa, porra, ou irei estourar sua cabeça! – a mulher gritou


novamente enquanto minha testa franzia.

 ─Skylar? – senti meu peito apertar. É melhor que NÃO seja. Talvez fosse
apenas uma doce ilusão da minha parte.

 ─Me leve até o porão. – ouvi a voz parecida-com-a-da-Skylar exigir, e


depois gritar. ─AGORA!

 Escutei a movimentação no andar de cima e meus braços desceram sobre 


meu pênis, caso a companhia estivesse realmente vindo para cá.

 Enfim, a porta do porão foi aberta e a luz invadiu o lugar, não chegou a
minha jaula, enquanto os barulhos de passos desciam as escadas.

 Foi difícil para mim ver qualquer coisa, estando no escuro e depois
recebendo luz tão de repente.
 Eu podia ver a silhueta de Dylan e outra silhueta delicada próxima a ele,
usando um quepe de policial.

 ─Ela pagou por ele. – Dylan disse para a policial atrás dele. ─ Ele é um
garoto de programa, está aqui porque quer.

 ─Cala a merda da boca! Solte ele. – a voz feminina exigiu, empurrando


Dylan na direção da minha jaula.

 Dylan girou a alavanca, descendo a jaula até a mesa por baixo. Em


seguida, ele a destrancou com a chave dele e deu um ou dois passos para trás.

 Outra sombra de policial desceu as escadas e disse para a oficial feminina.

 ─Algeme este elemento no andar de cima, vou cuidar dessa parte, tudo
bem?

 A pequena policial  subiu com Dylan, porém eu continuei sentado na jaula,


sem me mexer.

 O policial se aproximou de mim, acendendo sua lanterna sob seu rosto,


sorrindo.

 ─Hey, bro.

 ─Ryan… – eu sussurrei, olhando em volta. ─ O que você está fazendo?

 ─Te ajudando a fugir. – ele respondeu.

 Eu ainda não tinha me movido.

 ─Onde está a Raven? – perguntei.

 ─ Lá em cima, algemada. – ele sorriu. ─ É seguro, Mathew, você pode sair.

 Engatinhei para fora da jaula e Ryan jogou umas roupas em cima da mesa.

 ─Eu trouxe algumas das minhas roupas para você vestir. – ele disse. ─Não
sabia onde as suas estariam e não queria que a Skylar te visse… você sabe…
desse jeito.

 ─Aquela era a... Skylar? – eu perguntei, um pouco bravo, mas eu estava


era angustiado, preocupado…surpreso. E ela quer aconselhar pessoas loucas?
Ela é uma delas! A líder, aliás.

 ─Oh sim. – Ryan sorriu satisfeito consigo mesmo. ─ Isso tudo foi ideia
dela. Ela pegou seu uniforme de polícia, as algemas e a arma. Ela ia vir
sozinha pra cá, mas eu não podia deixá-la fazer isso. Você me mataria, para
começar.
 Colocando a calça de moletom, eu concordei.

 ─Definitivamente.

 ─E em segundo lugar… não é certo Claire te deixar pendurado aqui de


novo, especialmente depois da última vez. – Ryan esperava enquanto eu
lentamente vestia a camisa grande e macia, estremecendo um pouco quando
ela encostou nas minhas costas.

 ─Eu nunca deixaria você passar por aquela merda de novo. – Ryan
continuou. ─ Não se esqueça, eu já estive aqui antes também, você sabe.

 ─Eu sei. – eu quase tinha lágrimas nos meus olhos, e tive que abraçar o
cara. ─Obrigado, Butler.

 ─Vem, vamos dar o fora daqui antes que Skylar cubra a cabeça de Raven
de porrada com o cassetete dela. – Ryan começou a subir as escadas.

 ─A Raven não viu meu rosto. – ele me disse quando chegamos ao topo das
escadas. ─Skylar a amarrou enquanto dormia. O cara eu nunca vi antes. Ele
deve ser novo. Então, estamos limpos.

Bem nessa hora, segui para a cozinha para pegar minhas roupas e as
chaves do carro, Skylar entrou correndo, dando de cara comigo, parando ao
me ver. Eu congelei, vendo seus olhos refletirem tantas coisas: mágoa,
preocupação, raiva, traição, amor, alívio…

 Ela arrancou as chaves da minha mão e olhou para Ryan.

 ─Mathew vai comigo. Você pode seguir a gente no seu carro, está bem?

 Skylar perguntou a Ryan, me ignorando completamente.

 ─Uh, ta bom. – ele hesitou olhando para mim.

Fiz um sinal com a cabeça para ele, silenciosamente dizendo que estava
tudo bem quando deixamos a saída da cozinha.

 Ryan apontou meu carro para Skylar e ela abriu a porta do motorista,
entrando enquanto eu tomava meu lugar no lado do passageiro. Ela ligou o
motor e olhou para trás, tirando o quepe de policial e o jogando no banco
traseiro antes de dar partida rapidamente, descendo o caminho de concreto
que a levaria para fora da mansão e direto para a estrada.

 Quando finalmente tive coragem de levar meus olhos para seu rosto, ela
estava chorando e dirigindo a uma velocidade exagerada ao mesmo tempo.

 ─  Skylar, você quer que eu dirija? – tentei perguntar mas fui cortado antes
de falar mais alguma coisa.
 ─  EU ESTOU TÃO BRAVA COM VOCÊ AGORA! – ela berrou, as lágrimas
escorrendo pelo seu rosto.

 ─Eu sei.

 ─COMO VOCÊ TEVE A CORAGEM DE OLHAR BEM NA MINHA CARA E DIZER


ESSAS DROGAS DE MANUTENÇÃO DA BOATE QUANDO VOCÊ SABIA MUITO
BEM QUE TERIA UM ENCONTRO MARCADO PARA SER TORTURADO O DIA
INTEIRO POR AQUELA PSICOPATA!

 ─Bem, eu ia…

 ─E DEPOIS VOCÊ COLOCOU OS SEUS TÃO FALADOS AMIGOS JUNTO COM
AS MINHAS AMIGAS PARA FAZER COMPRAS NO SHOPPING E ME DEIXAR
OCUPADA O DIA INTEIRO, ENQUANTO VOCÊ ESTÁ SENDO BRUTALIZADO?

 ─Hey, eles SÃO meus amigos, Ryan arriscou a vida dele para me tirar de
lá! – eu tentei pelo menos deixar isso claro.

 Eu não a culpo por estar gritando e com raiva, mas eu não posso deixar ela
insinuar que Ryan e Eli não são verdadeiros amigos.

 Skylar estava chorando mais ainda e eu quase sugeri que eu dirigisse outra
vez.

 ─EU NÃO ENTENDO, MATHEW, EU REALMENTE NÃO ENTENDO! – ela


gritava e chorava ao mesmo tempo. ─EU ME PREOCUPO COM VOCÊ, EU AMO
VOCÊ E EU QUERO TE SALVAR, MAS EU NÃO POSSO FAZER ISSO SOZINHA!
VOCÊ TEM QUE QUERER, TAMBÉM! E NÃO PARECE QUE VOCÊ QUER. VOCÊ SE
ACOSTUMOU COM ESSA VIDA EM ALGUM MOMENTO DELA! UM DIA, VOCÊ VAI
MORRER NUM PORÃO IGUALZINHO ÀQUELE, VOCÊ NÃO PERCEBE ISSO?

 Eu encostei no banco do carro, bastante dolorido.

 ─ Eu te falei, Skylar. As poucas horas que eu fiquei lá me renderam 50 mil!


Ao menos que eu assalte um banco, não tem nenhum outro jeito de arrumar
essa quantidade de dinheiro tão rápido. Você não sabe, minha filha precisa.

 ─EU SEI SIM! – ela disse, secando seu olho direito, e então ela jogou o
carro para a beira da estrada, o acostamento, e encarou minha expressão
assustada.

 ─Eu sei sobre o incêndio e eu escutei a sua mensagem no gravador. E eu


estou dizendo a você agora, as mentiras acabam por aqui! Você vai me contar
tudo o que eu quiser saber, você vai ser honesto comigo, não importa o que
seja, e você vai fazer o que eu disser de agora em diante durante o nosso
tempo juntos! Ou você pode sair daqui agora mesmo! – ela gritou.

 ─Esse carro é meu. – eu quase ri disso, mas me segurei.


 Só mesmo a Skylar poderia me fazer sorrir depois do dia que eu tive hoje.

 Ela me encarou surpresa pelo fato, por um segundo, mas depois franziu
mais ainda a testa.

 ─Eu não ligo de quem é o carro! – ela gritou. ─ Você está comigo ou não?

 Eu nem precisei de tempo para decidir.

 ─  Eu estou com você, Skylar. – eu disse, sinceramente, honestamente,


completamente.

 Uma lágrima caiu de seus olhos e ela voltou a pisar no acelerador, voltando
para a estrada, em um estado normal agora.

 Finalmente, ela falou alguma coisa e sua voz soava fraca e frágil.

 ─Você está bem, Mathew? – ela chorava. ─Você quer ir ao hospital?

 ─  Eu to bem, Skylar. – eu odiava vê-la chorar. ─ Sem hospitais. Eles


fariam perguntas.

─O que ela… – Skylar ia perguntar alguma coisa mas começou a chorar


outra vez.

 ─Por favor, não chore, Skylar. – eu senti lágrimas em meus olhos


agora. ─Eu vou ficar bem. Eu só preciso de um longo banho quente…

 ─Certo. – ela assentiu, tentando parar de chorar.

 ─  E uma noite na cama. – eu adicionei.

 ─Ok.  – ela disse.

 ─  E da minha Skylar. – eu completei, por último mas não o menos


importante.

 Ela soluçou de novo e nós tivemos que parar outra vez, então eu poderia
abraçá-la…e ela poderia me abraçar…cuidadosamente. Coitado do Ryan no
carro de trás, ele deve estar achando que somos malucos ou algo assim.

 Nós choramos sem dizer uma palavra por um tempo, depois Skylar
retomou a direção novamente, querendo me levar logo para casa para cuidar
de mim.

 Essa seria uma noite difícil. Eu sabia que quando Skylar visse meu corpo
ela ficaria enjoada mas eu pensei que talvez eu até poderia dar um jeito de
esconder…Não. Eu não posso mais esconder as coisas dela. Não importe o que,
eu devia a verdade a ela. A verdade nua e crua.
Eu queria dizer a ela que eu sentia muito, muito mesmo por magoá-la desse
jeito, que era  exatamente por isso que eu não quis dizer aonde estava indo
esta manhã, mas agora vejo como eu estava errado em pensar que poderia
protegê-la disso. Skylar não é criança e ela não é estúpida. Ela me ama, isso é
estúpido, mas não é culpa dela. Eu estava errado em mentir para ela. Jamais
faria isso novamente.

 Logo que chegamos ao apartamento de Skylar, Ryan estava dando suas


ducas para tratar dos meus ferimentos e perguntou se queríamos que ele
ficasse para ajudar.

 ─Estou bem. – cocei os olhos. ─Cansado, principalmente, e um pouco


dolorido. Vai passar.

 ─ Me ligue se precisar de mim, Skylar. – Ryan a abraçou e ela agradeceu


novamente pela ajuda dele.

 Até eu tive que o abraçar de novo antes de ele ir embora.

 Depois que ele se foi, Skylar se virou e entrou no banheiro, começando a


preparar um banho. Eu a segui devagar e envolvi meus braços em volta da
camisa enorme de Ryan, agradecendo por ela cobrir a maior parte da minha
pele.

 A água estava esquentando enquanto começava a encher a banheira e


Skylar enxugou os olhos, respirando fundo e olhando para mim com tanto
amor e dor neles que fez com que meus olhos se umedecessem novamente.

 ─Eu estou aqui para você, Mathew. – ela disse, não fazendo menção de
encostar em mim e fiquei agradecido por isso.

 ─Eu sei, Skylar. – ouvi minha voz falhar.

 Ela fungou e continuou parada ali longe de mim, me dando o espaço


necessário.

 ─ Isso vai ser difícil para nós dois. – ela disse abertamente. ─Mas vamos
passar por isso juntos, tudo bem?

 ─ Sim, Skylar. – eu estremeci um pouco.

 ─Certo. – ela pôs a mão em sua cintura, depois olhou para longe. ─Você
quer que eu te ajude a tirar a roupa?

 ─Eu faço isso. – eu disse rápido, encarando o piso.

 ─Ok. – Skylar fechou os olhos e outra lágrima escapou mas ela a enxugou
rapidamente.

 ─Você quer que eu te deixe sozinho? – ela perguntou.


 ─Não. – eu ouvi minha voz responder. ─Eu não quero te machucar mais, só
que…Eu não quero ficar sozinho agora, também.

 ─Está bem, Mathew. – ela fungou outra vez. ─ Eu quero ficar. Eu quero
cuidar de você. Eu te falei, eu estou com você até o fim. Eu falei sério.

 Eu a respondi com toda a emoção que queria saltar ali agora.

─ Eu sei que sim.

 Lentamente, comecei a tirar a camisa de Ryan e observei os olhos dela


quando levantei meus braços, livrando-me da peça. Para seu crédito, ela não
fez careta ou gritou. Eu conseguia ver várias linhas vermelhas escuras, marcas
do açoitamento na maior parte, do chicote, e não muitos cortes. Elas levariam
alguns dias para diminuírem um pouco, e mais de uma semana para
desaparecerem totalmente – da minha pele, pelo menos.

 Mas, eram marcas feias. Eu sabia disso.

 Essas mesmas marcas certamente também eram encontradas nas minhas


costas e na minha bunda, assim como na parte interna das minhas coxas, à
medida que eu cuidadosamente tirava a calça larga e macia de moletom que
estava usando.

 Skylar choramingou bastante e secou os olhos conforme eu entrava na


banheira, fechando meus olhos e contraindo os músculos ao me sentar na
água limpa.

 Em seguida, ela estava mergulhando um pano na água e, com o cuidado


de um médico especializado, começou a pressionar cautelosamente nas
marcas nas minhas costas, deixando a água fazer o seu trabalho; e meus
olhos se fecharam, lágrimas de alívio e emoção movendo-se lentamente pelas
ondulações do meu rosto, enquanto ela mais uma vez me mostrava o quão
profundo e verdadeiro o seu amor era.

 Qualquer um pode dizer as palavras eu te amo, no entanto, Skylar


conseguia me dizer sem abrir sua boca. Ela as disse para mim durante toda a
noite. Com a força de cem homens, ela ficou comigo pelo resto da noite, me
banhando, me secando, fazendo massagem com os medicamentos de Ryan na
minha pele enquanto eu me tremia por inteiro. Sua voz doce dizendo que me
amava e que eu ia ficar bem esteve sempre ali.

 Ela estava atravessando o inferno comigo e não se queixou uma vez.

 Ela me vestiu na blusa de pijama e uma calça comprida de flanela e me


cobriu com os lençóis, deitando-se ao meu lado e afagando a minha bochecha
como se eu fosse o último homem na face da Terra e extremamente precioso
para ela.
 Ela contou histórias de suas aventuras no acampamento de verão quando
criança para eu dormir, me levando para um lugar puro e inocente que eu
tanto precisava naquele momento.

 Ouvi histórias de primeiros beijos, passeios de canoa sob a lua, e trotes


contra os conselheiros chatos do acampamento.

Finalmente, meus olhos começaram a se fechar no escuro ao lado dela,


tomei coragem e disse.

 ─Skylar… eu sei que eu disse que não poderíamos mais falar eu te amo um
para o outro, mas, tudo bem se eu retirar isso?

 Parecia que ela estava sorrindo quando respondeu.

 ─Se você quiser, se for verdade, sim.

 ─Eu quero retirar. – afirmei com segurança.

 ─Tudo bem. – ela disse. ─ Então está retirado.

 ─Skylar?

 ─Sim, Mathew?

 ─Eu te amo.

 ─Obrigada,Mathew. – a voz dela disse baixinho. ─Por ser honesto.

 Um silêncio se instalou ali e minhas sobrancelhas se uniram na testa.

 ─Skylar?

 ─Sim, Mathew?

 Eu pausei de novo.

 ─Você… ainda… me ama?

 Porra, eu estava tão carente. Depois de tudo que ela fez por mim esta
noite, eu ainda precisava  ouvir aquilo… eu ainda queria ouvir.

 ─Não mesmo. – ela zombou. ─Você é um grande pé no saco.

 Um longo silêncio se estendeu entre nós.

 ─Mathew?

 ─Sim, Skylar?
 ─É claro que eu amo você.

 Sorri, e todo o meu corpo sentiu-se milagrosamente curado naquele exato


momento.

 ─Estúpido. – ela acrescentou.

Capítulo 17 

Sábado, Dia 7

Skylar POV

Um pequeno pedaço de mim quase pensou, enquanto eu abria os olhos, que


ontem à noite tinha sido tudo um sonho terrível. Eu ainda não conseguia
acreditar que eu estava vestida como uma policial enquanto invadira a casa da
Raven na noite passada. Foi a primeira coisa heróica que eu já tinha feito. Eu
salvei Mathew das garras do mal! Era o tipo de coisa que eu sempre via em um
filme e dizia a mim mesma, “eu provavelmente faria isso se eu fosse ela”. Mas
eu nunca tinha certeza lá no fundo, se eu iria arriscar tudo por alguém.

Eu nunca tive qualquer aventura ou conflito na minha vida antes. Eu mal


sabia reclamar em um restaurante e, nos últimos dois dias, eu já agredi duas
mulheres diferentes. Uau. O que aconteceu comigo?

Mathew.

Foi o que aconteceu…eu fiz isso. Meu pai ficaria muito orgulhoso. Não
ficaria?

Estou tão feliz que Mathew está aqui comigo agora, em vez de nu naquela
jaula no porão da casa de Raven. Eu seria um desastre neste momento, sem
saber onde ele estava ou o que estava acontecendo com ele.

Ele parece tão quente agora e em paz, e eu não pude deixar de sorrir
enquanto só estudava seu rosto…quem poderia prejudicar algo tão bonito? E
ele está com aqueles pequenos lábios franzidos novamente.
Eu tinha que beijá-los.

Eclinando-me um pouco, eu toquei gentilmente minha boca na dele,


amando a sensação pele.

─Mmmmm … – sua voz era colorida de prazer.

Seus olhos permaneceram fechados, mas seus lábios beijavam o ar,


querendo mais.

Eu sorri, voltando e dando-lhe mais, mas apenas carícias suaves com meus
lábios.

Seus lábios sorriram com satisfação, os olhos ainda descansando fechados.

─Eu ainda estou brava com você. – eu disse com uma voz firme.

E então seus olhos se abriram, olhando envergonhado.

─Bem, você tem que me perdoar. – ele disse claramente.

─Eu tenho?

─Eu posso fazer você me perdoar, Skylar. – seu sorriso tornou-se diabólico
enquanto ele começou a se sentar.

─Não, não. – eu sorri, empurrando-o de volta para a cama. ─Hoje, você é


meu prisioneiro, você vai estar descansando e se comportando durante todo o
dia tudo isso faz parte do meu fetiche eu-me-importo-com-você.

─Mas, Skylar, deve estar tão bom lá fora… –ele parecia um menino agora.
─Você não quer sair e brincar comigo? Nós poderíamos ir para outra livraria…
ou talvez um supermercado…no corredor 9…

Seus dedos estavam tentando caminhar que nem verme sob o meu pijama,
mas eu me afastei.

─Mathew, deitado. – sorri enquanto eu saia da cama. ─Eu vou te fazer um


café da manhã e você vai ser bonzinho e ficar na cama hoje. Ponto.

Ele rosnou e amuou um pouco enquanto eu fui para a cozinha e comecei a


fazer uma refeição maravilhosa. Mudei a TV do o quarto e deixei Mathew
assistir seus amados desenhos enquanto eu trabalhava. De vez em quando, eu
o ouvia rir e fui novamente surpreendida com a rapidez com que Mathew  se
recuperava das coisas.

A terapia pode esperar até amanhã. Ele precisa de uma pausa, um bom dia
e uma noite para relaxar e se curar. Notei já que ele está tentando fazer o
papel de amante sexualmente atencioso. Isso é real ou é ele quer evitar o que
aconteceu ontem à noite? Onde está a sua raiva? Onde está o seu medo?
Eu tenho sete dias para encontrar uma saída para ele. Eu não vou deixá-lo
voltar.

Enquanto nós nos sentamos na cama juntos, comendo e assistindo TV, o


celular do Mathew tocou ao lado dele na mesa de cabeceira.

Ele rapidamente pegou e espiou, olhando para mim, segurando um dedo


para cima e dizer.

─Não diga uma palavra.

Ele abriu-o e disse: ─Sim, Claire? – depois de uma pausa. ─Sim, eu sei.

Sua boca se tornou uma linha dura e ele ouviu, em seguida falou. ─Eu sinto
muito.

Inacreditável. Ele está pedindo desculpas a ela? Depois que ela o largou lá
com aquela porca na noite passada! Tenho trabalho pesado para fazer esta
semana com ele na terapia.

─Sim. Eu vou estar lá. – ele disse, olhando para o meu rosto tenso.

Ele estremeceu e, em seguida, fechou seu telefone, olhando para mim por
de debaixo dos seus cílios.

─Será que ela sabe? – perguntei, incapaz de respirar ainda.

─Não, pelo menos até aonde ela está me dizendo. – Mathew disse. ─ Ela só
estava com raiva porque que eu não liguei depois que saí da casa da Raven.

─Talvez ninguém a encontrou ainda. – eu me perguntava.

─Não, Raven vive em uma mansão. Há empregadas domésticas, jardineiros,


serventes. Tenho certeza de que eles estão livres agora. – Mathew olhou
pensativo. ─Talvez Raven não quer me colocar em problemas.

─O que foi a parte de que você estará lá? – eu perguntei, já sabendo.

Ele olhou para mim e se esticou um pouco.

─Disse para ter certeza que eu esteja no meu quarto na próxima segunda-
feira de manhã ao amanhecer.

Eu odeio ela.

─Você acha que ela realmente sabe e não diz nada? – me senti paranóica
agora. Eu não queria que Mathew se machucasse mais por causa de algo
retardado que eu tinha feito.
─Não. – Mathew tomou um gole de seu suco. ─Se ela realmente sabe, ela
estaria aqui para me levar para casa. Acho que estamos seguros, Skylar. Por
favor, não se preocupe.

─Mathew, aquilo não é casa, com ela. – eu disse de forma clara, os olhos
sérios enquanto eu olhava para ele. ─Você está em casa agora.

Ele sorriu para mim e abriu a boca para falar, mas as palavras não vieram.
Seus olhos brilharam com traços de lágrimas e ele me beijou, segurando meu
rosto com as mãos.

─Eu te amo, Skylar. – ele sussurrou, como se tivesse medo de deixar


alguém ouvir.

Então, eu tentei não me preocupar, mas eu ainda fiz. De qualquer forma,


tivemos um dia muito agradável apenas assistindo maratonas de cinema e
deitados na cama, lado a lado, de mãos dadas, abraçando e beijando como
adolescentes durante os comerciais.

Eu estava deixando Mathew comer junk food e parecia ser uma grande
surpresa para ele. Outra descoberta: Mathew adora Doritos, estilo Ranch
fresco.

─Como eu estou me saindo nesse jogo eu-me-importo-com-você? – ele


perguntou mais tarde enquanto movia seu nariz até encostar no meu, se
colocando ao meu lado, com os braços em torno das minhas costas.

─Muito bem até agora. – eu beijei a ponta do seu nariz. ─Você não tentou
fugir uma vez.

─Você faz uma prisão muito agradável, Skylar. – ele sorriu. ─Eu gosto de
ficar aqui.

Sua boca se abriu e atraiu a minha para dentro dela e em segundos, eu


estava beijando-o com desejo e ele estava combinando com a minha
intensidade.

Como é que ele sempre faz isso comigo? Eu planejava ser inocente e
descansar hoje. E agora eu estou no cio novamente.

Eu gemi quando sua mão escorregou minhas calças de pijama e deslizou a


metade delas fora da minha bunda e na minha coxa um pouco, os dedos
cavando aquela região. Antes que eu percebesse, sua cabeça desapareceu
debaixo das cobertas, e então eu senti sua língua quente e molhada e boca
tocando ao longo do meu estômago. 

Bateram na porta e eu gemi, prestes a me mover quando por baixo das


cobertas, dentes morderam de leve minha cintura e sua voz rangeu.

 ─Não se atreva.
 Eu ri e fiz uma careta, me esforçando um pouco.

 ─Tem alguém na porta.

 ─Eles vão embora.  – ele disse antes de sua língua quente subir perto do
meu umbigo. MERDA! Isso é tão bom!

 ─Mathew…  – senti ele mover o meu corpo e me deitar de costas,


segurando meus pulsos para os meus lados, enquanto ele movia meu top para
cima com o nariz, sua boca mordiscando e lambendo minhas costelas.

 ─Skylar… – a voz de um homem chamado do lado de fora fez minha


cabeça levantar dos cobertores, e Mathew parou de beijar e me morder sob o
cobertor.

 ─Quem é esse? – Mathew perguntou.

 ─Não tenho certeza.  – franzi o cenho, saindo da cama e indo em direção a


porta, girando a chave na fechadura e abrindo uma fresta da porta,
escondendo o meu corpo por trás dela.

 ─James…quero dizer, Dr. Collier, oi. – sorri enquanto ele estava parado ali
com dois cafés Starbucks nas mãos.

 ─Boa tarde, Skylar. – ele sorriu. ─ Eu estava no meu caminho para


o MOMA* e pensei que talvez você gostaria de vir.

* (MOMA significa Metropolitan Museum of Art)

 Esta é a primeira vez. Ele nunca apareceu do nada aqui antes. O que
significa isso tudo?

 ─Oh, obrigado mas…não. – eu disse. ─ Não estou me sentindo muito bem.


Meio que… só vou ficar na cama hoje.

 ─ Oh, percebi. – os olhos de James foram para atrás de mim.

 Eu me virei e vi Mathew ali, de braços cruzados, dando a James um olhar


que poderia congelar água.

 Minha cabeça girou de volta para a porta e eu senti meu rosto ficar quente.

 ─Desculpe, Skylar. – James deu um aceno de cabeça e olhou para Mathew


novamente, em seguida se virou para ir embora. ─Vejo você na faculdade.

 ─Ok, tchau. – eu disse, fechando a porta e virando de volta para Mathew.


─O que você está fazendo? Eu disse para ficar na cama hoje.

 ─Então, esse é o James. – ele levantou uma sobrancelha. ─ ele não


é tão horrível de aparência.
 ─Por que você fez aquilo? – dei um meio sorriso. ─ Você está com ciúmes ?

 ─Apenas deixando os outros lobos saberem que eu estou aqui, só isso,


ovelhinha Skylar. Todos os homens são predadores, em busca de presas.
James pode continuar procurando. – ele sorriu, me jogando por cima do ombro
e me levando de volta para a cama.

 Ryan havia ligado, conversou com Mathew enquanto comíamos pizza no


lugar de almoço, na cama. (Mathew comentou que ele teria que malhar por
duas horas seguidas amanhã por causa de toda aquela junk food.)

 Depois que Mathew desligou, ele me disse que Eli ficou na Fire ontem à
noite depois de Ryan ter saído e deu cobertura para ele, dizendo a Claire que
uma cliente havia pedido por Ryan em um quarto privado. Ryan disse que tudo
parecia tranquilo com Claire agora, e se algo suspeito acontecer, ele ligaria
para nós imediatamente.

 Eu verifiquei os machucados de Mathew, da frente e das costas, e apliquei


mais pomada em cada um, depois de depositar beijos cautelosos sobre eles, é
claro. Notei  que Mathew ficou notavelmente em silêncio enquanto eu fazia isso
e depois de muito tempo, ele falou.

 ─Ninguém nunca tomou conta de mim assim antes. – ele disse


calmamente, olhando para os cobertores.

 ─Bem, você foi negligenciado. – eu disse, usando uma de suas falas mais
brilhantes. ─Mas eu estou aqui agora.

 Três horas da tarde e Mathew pegou seu celular.

 ─É hora de eu fazer a ligação. – ele disse, olhando para o telefone na mão,
mais quieto do que o normal.

 ─Eu vou dar um pequeno passeio ou algo assim.  – peguei minha calça
jeans.  ─ E você fica na cama.

 Fui para o banheiro para me trocar e verificar meu cabelo no espelho, mas
Mathew se manifestou.

 ─Espere.

 ─Qual é o problema? – eu me virei, vendo que seus olhos estavam


fechados enquanto segurava o telefone com as duas mãos. ─Você está bem?

 Eu pensei que talvez algo estivesse doendo ou sangrando.

 ─Eu estou bem, Skylar. – ele abriu os olhos e olhou para mim.

 Observando ele, eu estava confusa e esperei para ouvir o que ele queria.
 ─Será que você… – ele olhou mais profundo em meus olhos. ─…gostaria de
ficar? Você não tem que sair.

 Ele queria que eu ficasse, enquanto ele dá o seu telefonema? É isso


mesmo? Isso é um grande acontecimento. Eu certamente não iria falar com
quem quer que fosse que ele estaria ligando, mas ele me pedindo para ficar e
ouvir… mostrou tanta confiança. Depois da noite passada, eu pensei que a sua
capacidade de confiar em alguém tinha sido  quebrada e ele jamais se abriria
comigo novamente. Eu estava tão feliz por estar errada sobre isso. Eu quase
chorei.

 ─Eu gostaria, se você quiser que eu fique. – aproximei-me mais e mais


perto da cama.

 ─Eu quero você, Skylar . – ele me deu um pequeno sorriso e  bateu no lado
da cama, oferecendo-me um lugar ao lado dele.

 Desliguei a TV e sentei, Mathew começou a rolar sua lista de contatos.

 ─Então… – eu suspirei. ─Estamos ligando para quem?

 ─Minha filha. – ele informou com uma voz suave, como se estivesse
fazendo uma oração, acrescentando. ─ Kaitlyn…Katie.

(…)

 ─Mathew, sessão seis. – eu estava dizendo naquela noite, depois do jantar.


Mais uma vez, Mathew havia pedido pela sessão, e queria experimentá-la sem
a venda nos olhos ou um lenço em volta dos pulsos.

 Fiquei feliz, porque depois de vê-lo naquela jaula na Raven, eu não acho
que eu poderia fazer o mesmo com ele.

 ─Oi Mathew.  – eu sorri para ele. Ele estava sendo tão corajoso e eu
realmente gostei de ouvir a voz de Katie no telefone mais cedo.

 Ela basicamente falou sobre seu dia, passou em um carnaval na cidade. Ela
fez o passeio de pônei duas vezes, comeu muitos algodões doces, e acariciou
um coelho. A única coisa que me machucou ao ouvir, e eu sei que doeu em
Mathew também, mesmo ele agindo como se estivesse acostumado com isso,
foi quando sua pequena voz perguntou quando ele voltaria para casa.

 ─Em breve, querida. – ele disse e eu sorri para ele, mas por dentro, eu
queria gritar.

 Mas, ouvir aquela ligação me trouxe pelo menos mais uma coisa boa.
Agora eu tinha uma voz doce em minha cabeça, querendo seu pai, me levando
com mais força a encontrar para seu pai uma saída.
 ─Olá Dr. Skylar. – ele respondeu, sorrindo para mim em meu pijama,
sentado na minha cadeira, tentando agir profissional.

 ─Eu quero dizer algo antes de irmos adiante, ok? – falei gentilmente,
recebendo um aceno de Mathew.

 ─Você passou por momentos  terríveis ontem. – coloquei tudo para fora. 
─O que aconteceu com você foi mal, brutal e selvagem. E hoje você está
sorrindo. Esta manhã, eu ouvi você rindo de desenhos animados.

 Ele fez uma pausa e deu de ombros.

 ─Era um engraçado.

 ─O que eu estou dizendo é… – eu informei. ─Você parece se recuperar


muito rápido das  coisas. Você bloqueia tudo ou você só esquece?

 ─Eu tenho que esquecer. – ele movia o dedo para cima e para baixo na
borda da  almofada do sofá em que estava sentado. ─Faz parte do trabalho. Eu
não tenho tempo para chorar sobre ele e eu nunca tive permissão para deitar
na cama o dia todo depois de um dia com alguém como Raven.

 ─Eu quero que você diga algumas coisas em voz alta. – eu disse. ─Ok?

 ─Ok.  – ele não parecia incomodado com isso.

 ─Eu sou alguém. – eu disse, levantando os olhos para os dele.

 Ele olhou para baixo por um segundo e eu acrescentei. ─E olhe para mim
quando você dizer isso. E queira  dizer.

 ─Eu sou alguém. – ele disse, não parecendo muito confiante na frase
enquanto seus olhos encararam os meus.

 ─Mais uma vez.

 ─Eu sou…alguém. – ele repetiu, parecendo menos confiante do que da


primeira vez.

 ─Eu importo. – eu disse, querendo que ele repetisse isso a seguir.

 Mathew suspirou e olhou para mim com os olhos machucados.

 ─Skylar, isso é estúpido. – ele murmurou, outra vez em uma batalha


interna, evitando meus olhos.

 ─O que é estúpido, Mathew?


 ─Me fazer repetir coisas que não são verdade não vai me fazer acreditar
nelas. – ele confessou. ─ Eu sou a porra de um escravo, eu não importo. Eu
não sou ninguém.

 Lá estávamos nós, um passo para trás de novo. Continuamos batendo


nesta parede. Eu quero que ela se acabe logo. Eu tive que derrubá-la por ele.
Mathew não poderia ser salvo se ele realmente sentia que ele era um escravo
e não vale nada.

 ─Você é o pai da Katie, não é? – eu perguntei e seus olhos  estavam em


chamas encarando os meus.

 Existe a raiva. Este é o momento que eu não quero que aconteça ainda,
mas tem que acontecer para limpar o sorriso educado de seu rosto. Talvez
fosse bom  o que está acontecendo agora, sem muito tempo após o dia de
Raven, para ele fingir que está tudo bem.

 ─Eu não sou isso, também, não mais. – Mathew quase zombou. ─Ben é o
pai de Katie agora.

 ─Bem, isso é provavelmente o melhor, já que você não tem auto-estima,


como você pode ensinar alguma  a ela? – comecei a acender aquela chama
dentro dele.

 Ele começou a responder, seus olhos não acreditavam no que eu dizia.

 ─Eu não acho que…

 ─Quero dizer, como você pode ensiná-la a ser forte e se defender contra
todos os predadores do mundo, quando você apenas sorri , se deita e deixa
que eles se alimentem de você e lamba seus ossos? – eu perguntei,
escondendo meus sentimentos por ele e odiando isso. Eu tinha que ser a Dr.
Skylar agora, querendo ou não.

 ─Eu te disse, eu… – ele estava franzindo a testa totalmente agora, não
gostando do que eu tinha a dizer.

 ─E se a Raven ou a Claire algum ter Katie nas mãos?  - perguntei. ─Será
que você vai se ajoelhar e dizer, “sim Claire”?

 ─CALA A BOCA SKYLAR! – ele ficou de pé e gritou, lágrimas e raiva nos


olhos.

 ─Agora! Diga! – levantei-me e agarrei seus braços e quase os balancei um


pouco.

 ─EU IMPORTO!  - ele gritou, tremendo um pouco. ─ Eu SOU alguém…

 ─Ótimo! Continue, Mathew. – peguei o cachecol e rapidamente coloquei em


torno de seus olhos, fazendo um nó atrás da cabeça.
 Fechei os olhos e dei um tapa na  sua bochecha, dizendo. ─Seu prostituto
inútil.

 ─O que você me diz, Mathew? – de um tapa do outro lado de seu rosto.
─Vamos lá, eu sou Claire…bem aqui na sua frente. Fale comigo.

 Bati no rosto dele de novo e ele se retraiu.

 ─Não… – ele estremeceu. ─Não, Skylar.

 ─Eu não sou Skylar. E onde para onde toda aquela raiva foi tão rápido? –
perguntei. ─Você pode colocá-la para fora, Mathew, não tenha medo. Está
tudo bem. Eu sou a Claire e eu quero que você me responda AGORA.

 ─Pare. – sua voz estava calma novamente e eu estava ficando louca. Eu


queria a sua raiva.

 ─Finja que Katie pode nos ouvir agora. – bati no rosto dele novamente.
─Use isso em sua mente cada vez que alguém está te machucando. Veja-se
como o pai de Katie, não um escravo. Eu sou a Claire. Eu quero que você
responda o que você está sentindo. Deixe sua raiva para fora. Ela está te
matando.

 Dei um tapa e zombei como Claire provavelmente faria.

 ─Hora de me foder agora, vagabundo.

 ─Pare! - sua boca franziu mais e sua voz era mais alta.

 ─Eu não recebo ordens de você, seu vadio, eu disse ME FODE! – eu gritei e
bati no rosto dele mais forte agora.

 Com isso, ele soltou um rugido profundo e usou uma voz grave raivosa
leão voz que eu nunca ouvi ele usar antes de gritar.

 ─TIRE A PORRA DAS MÃOS DE MIM!

 Oh. ISSO!

 ─Ótimo….muito bem, Mathew…shhhh… – eu disse, segurando suas mãos e


beijando-as enquanto elas tremiam. ─Sente aqui…cuidado…tudo bem…shhhh…

 O levei de volta para o sofá e estava prestes a tirar a venda dos olhos de
cima dele quando ele falou novamente.

 ─Eu te odeio. – ele disse de um lugar ssombrio, antigo em suas entranhas.


─Eu odeio seu rosto, seu corpo, sua voz, e até mesmo o seu cheiro… EU TE
ODEIO CLAIRE. Te odeio…
 O veneno em sua voz era nítido e eu sabia que ele nunca tinha dito essas
palavras antes. Fiquei tão aliviada ao ouvi-lo expressar isso. É um grande
passo em frente. Estou novamente surpreendida pela entrega de Mathew, sua
vontade de experimentar durante minhas sessões. Em apenas alguns dias, ele
chegou tão longe. Eu acho que no fundo ele sempre quis ajuda, mas nunca
admitiu isso…até agora.

 ─Eu te amo…eu te amo…  – eu sussurrei enquanto abraçava e balançava


ele. Senti suas mãos deslizarem em volta da minha cintura e tocar minhas
costas, apertando.

 ─Muito bem, Mathew…muito bem. – eu sussurrei, fechando os olhos.

Mathew POV

 Segunda-feira, 8º dia

 Eu dormi como um bebê na noite passada. Acho que Skylar tem algum tipo
de feitiço em mim ou algo assim. E a sessão de ontem à noite tinha sido
apenas pura genialidade. Eu ainda não posso acreditar que funcionou, por
alguns segundos, eu realmente senti Claire diante de mim, me batendo, como
ela adora. Como Skylar sabe disso? Não poderia ser apenas um palpite de
sorte.

 Mesmo agora, eu sinto como se eu realmente tivesse criticado e xingado


ela ontem à noite. Embora, se eu tivesse, eu estaria na gaiola hoje, com as
costas sangrando.

 Eu estava vestido e me sentindo muito bem esta manhã, após  meu dia de
descanso ontem. Eu disse a Skylar que iríamos sair para nos divertir um pouco
hoje, longe da terapia e da Fire, de Claire e faculdade.

 Eu só queria ser o Mathew hoje e levar Skylar em uma longo encontro de
dia. Tenho uma semana de folga e eu não pretendo desperdiçar um segundo
dela. Eu levaria minha garota para sair.

 Vestindo minha calça jeans e uma camiseta cinza, eu verifiquei no espelho


de corpo inteiro para ter certeza se minhas cicatrizes não estavam aparecendo,
até que elas estavam bem escondidas.

 Skylar finalmente apareceu, usando um pequeno short de algodão


vermelho e uma camiseta branca. Jesus, ela é sexy, mesmo em roupas
casuais.
 Meu olhar e meu rosnado a deixaram saber que eu havia aprovado seu
visual de hoje e, enfim, fomos para fora, para a brisa e o sol, e dirigi meu
carro com todas as janelas abertas, aumentando meu som e me sentindo tão
bem que tinha vontade de gritar a plenos pulmões.

 Skylar reclamou no começo que o cabelo dela estava ficando bagunçado,


mas depois se deixou levar e permitiu que ele voasse em volta do seu rosto…
ela era a mulher mais linda que eu já vi. Eu mentalmente tirei uma foto e a
guardei no meu coração para mais tarde, para quando eu precisasse observar
algo puro, mágico e verdadeiro. A coloquei bem junto a seleção de fotos que
eu armazenava da minha filha e de Tanya. Encaixou-se perfeitamente ali.

 Fomos ao Central Park e caminhamos por horas, apenas conversando sobre


coisas divertidas do dia-a-dia, nada muito pesado. Eu gostei. Eu me senti
normal. Comemos cachorros-quentes e pipoca, tomamos sorvete, o tempo
todo sentados na grama apreciando o calor e a paz ao nosso redor, sob a
sombra de uma árvore.

 ─Você já fez amor na grama, Skylar? – perguntei, meus olhos não a


deixando me evitar com o olhar penetrante neles, meus dedos passeando
pelas altas folhas verdes ao meu lado.

 ─Achei que já tivesse dito que fiz isso só uma vez  antes de você. – ela
corou ao dizer isso, sorrindo em resposta para mim. ─E foi no banco de trás de
um carro.

 ─Então, não. – respondi rápido, não gostando da ideia dela com qualquer
outro homem.

 ─Não. – ela abraçou os joelhos com os braços.

 ─Vem cá, Skylar. – abri um sorriso malicioso, me perguntando se ela faria


isso.

 ─Toda vez que você diz ‘vem cá’ eu acabo sendo fodida.

 ─Você está reclamando? – eu quase ri do seu comentário.

 ─Não.

 ─Então vem aqui. – eu disse mais uma vez.

 Ela engatinhou até onde eu estava sentado na grama e ficou de quatro,


beijando meus lábios enquanto minhas mãos seguravam cada lado do seu
rosto. Eu a beijei como se tivesse se passado anos desde que eu provara algo
tão macio e delicioso. Era como eu me sentia.

 Eu a agarrei em meus braços e a girei, assim ela estava deitada de costas
e eu deitado ao seu lado, uma perna enroscada em cima das dela, gentilmente
segurando-a no lugar.
 Seus cabelos estavam tão lindos espalhados no chão abaixo dela. E sua
pele…caramba.

 Segurei a mão dela na minha e nossos dedos se entrelaçaram enquanto ela


sorria para mim, querendo saber o que eu tinha em mente. Sem uma palavra,
beijei sua mão e a posicionei em cima dela, repousando-a sobre a grama, e
meus dedos subiram sua camiseta, expondo sua barriga e, finalmente, o sutiã
branco. Ela se encolheu um pouco e virou a cabeça para o lado, vendo se tinha
alguém olhando ou por ali perto.

 ─Shhh, shhh…Skylar Hayes… – peguei seu queixo e o virei de volta para


mim. ─Nada disso. Mantenha seus olhos em mim. Ninguém está olhando.
Ninguém está por perto. E daí se eles estiverem? Relaxe…aproveite.

 Passei meus dedos pelo seu queixo como se ele fosse feito de vidro
delicado, descendo bem lentamente para seu pescoço… o corpo dela relaxou
novamente e seus dedos se afrouxaram… e ela levou seu outro braço para
cima da sua cabeça, fechando os olhos e inspirando e expirando o ar enquanto
eu acariciava seu rosto com a minha mão direita.

 ─Isso mesmo… só me sinta. – murmurei. ─Sinta o ar no seu corpo…


beijando sua pele como eu…

 Ainda em movimentos lentos, levantei sua camiseta, a passando pelo seu


seio e rosto, deixando-a cair em volta dos seus pulsos enquanto os olhos dela
se abriam, olhando para os meus… seus lábios sorrindo um pouco… de maneira
nervosa, porém excitada.

 ─Sinta a grama úmida nas suas costas… – sorri, amando a expressão em


seu rosto. ─É tão natural… tão fria e molhada… não é errado… nada é errado…

 Soltei o fecho do sutiã dela, levando meu ritmo para abri-lo e sua voz
soltou um murmúrio, seu corpo estremecendo um pouco.

 ─Está tudo bem… – assegurei, movendo meus dedos sobre o seio direito
dela… depois pelo esquerdo… com muito cuidado, como se ele fosse estourar
se eu o tocasse forte demais… queria que meus dedos fossem tão delicados
quanto a brisa.

 Deslizei as alças do sutiã pelos seus ombros e o larguei perto de mim na


grama.

 ─Apenas fique deitada… sinta como isso é bom… – eu sussurrei, curtindo o


espetáculo. ─Você é tão linda… você pertence a esse lugar… com todas as
outras coisas lindas e eternas… o ar… a terra… a água… o sol…

 Eu ainda não tinha a beijado ou apalpado com muita excitação, eu  estava
idolatrando cada centímetro dela… cada parte… cada curva… eu estava tirando
fotos mentais de novo… seus seios claros e perfeitos… empinados debaixo dos
meus dedos, os mamilos endurecendo no segundo em que fiz contato…
movendo-os em círculos dolorosamente lentos.

 Ela soltou um gemido fraco, e seus olhos permaneceram nos meus,


obedecendo minhas instruções enquanto eu sorria para ela com orgulho. Ela é
uma excelente aluna.

 ─Sinta o sol beijando sua pele… – me inclinei com cuidado e beijei entre os
seus seios, ouvindo os gemidos dela de novo, sua respiração pesada e falha.

 Levei meus dedos suas costas e minhas duas mãos gentilmente deslizaram
o short para baixo. Esperei ela ficar tensa e protestar… mas ela não o fez.

 Junto com o short, também tirei a calcinha, e os olhos dela ficaram presos
nos meus, seus dedos se curvando um pouco acima da sua cabeça, depois
relaxando mais uma vez. Eu sabia que isso era demais pra ela, me deixar
despi-la assim a céu aberto, mas você não podia notar a batalha interna do
meu ponto de visão. Ela estava confiando em mim… completamente.

 ─Uhhh… – ela gemeu quando revelei seu bumbum, em seguida coloquei a


peça de roupa abaixo de sua cabeça, servindo como um travesseiro.

 ─Muito bom, Skylar… – falei baixo, retirando seus tênis com cuidado…
depois cada meia.

─Descanse…aproveite… algumas pessoas jamais irão sentir como isso é


maravilhoso… você está muito viva… para não sentir isso.

 Acariciei suas pernas quando elas se esticaram ao meu lado. Eu ainda não
as separei… eu queria que ela apenas deitasse aqui comigo… e saboreasse as
emoções e as sensações dentro dela… Inclinei minha cabeça, sorrindo
enquanto observava ela fechar os olhos… sem sinais de tensão em nenhuma
parte sua… maravilhosa.

 ─Eu te amo tanto… – eu sussurrei. ─Você é linda demais para ser verdade.
Você parece uma deusa… a Deusa da Grama…

 Eu sorri com o meu próprio comentário e ela deu uma pequena gargalhada,
e arranquei uma margarida a alguns centímetros de distância, começando a
adoração à minha deusa.

 Encostando as pétalas na testa dela, fiz um V na pele ali, desfilando-as em


passos lentos.Ela sorriu, assim como eu, e então desci para o seu nariz,
girando a margarida um pouco, e fazendo cócegas, dando risada quando ela
contorceu o nariz em resposta.

 Em seguida, deixei as pétalas beijarem seus lábios, passando para os


cantos deles. Eles se separaram um pouco e ela abriu os olhos, olhando para
mim novamente.
 Deus, que imagem temos aqui! Click. Minha para sempre. E só  minha.

 Descendo, deixei a flor acariciar seu queixo, a movendo em um círculo


suave, autorizando cada pétala a participar.

 ─Sente a grama agradando seus dedos dos pés? – perguntei e ela assentiu,
fechando os olhos.

 ─Que bom. – a admirei outra vez.

 Sem dizer uma palavra, rodeei a flor lentamente em seu mamilo, deixando
cada pétala ter sua chance de beijá-lo. Ela soltou gemidos baixos e seus olhos
continuaram abrindo e fechando, em cada vez carregando mais fogo que na
anterior. Porém, levei uma eternidade para me certificar que a flor explorasse
cada centímetro de Skylar. Tenho certeza que as margaridas sonhavam em
tocar algo tão único igual a ela. Esta era uma margarida de sorte.

 ─Mathew… - ela murmurou, abrindo os olhos novamente.

 Ela não precisou falar para me dizer o que queria.Eu esperava  que ela não
sentisse repulsa com as minhas marcas na hora em que tirei minha camisa,
mas ela sorriu para mim como se eu fosse o homem mais bonito que ela já
tinha visto.

 Ela sempre fazia eu me sentir desse jeito. Eu realmente sentiria falta desse
olhar quando ele se fosse.

 Fiquei em pé e, sem olhar ao redor, baixei o zíper e tirei minha calça  jeans
e minha cueca, ajoelhando de volta e  me juntando a ela.

─Mathew, eu te amo… eu te amo tanto… - ela agarrou meu rosto com as


mãos e me deu um beijo intenso e sufocante que eu jamais esqueceria. Eu
havia sido beijado de várias maneiras diferentes… mas nunca desse jeito.

 Tentei manter o ritmo dos seus lábios, mas ela estava muito mais passional
do que eu e gemi pelas queimaduras doces que sua boca quente fazia na
minha.

 ─Me desculpe. – ela murmurava, me beijando entre suas palavras. ─ Eu te


machuquei? Fui agressiva demais?

 ─Não, Skylar, jamais… – a beijei enquanto ela tentava falar. ─Você nunca
me machuca… me pegue da forma agressiva que quiser, eu amo o seu toque…
por favor…

 Com isso, ela afundou suas unhas nas minhas costas e me puxou para
cima de si… minhas pernas se posicionaram uma em cada lado dela e espalmei
as duas mãos no chão, não querendo colocar o meu peso todo sobre sua
estrutura delicada.
 Eu adorava tê-la arranhando minhas costas e as leves pontadas de dor
quando ela escavava onde minhas esfoliações estavam… era como se ela
estivesse afastando-as com suas próprias marcas, apagando elas com os seus
dedos.

 ─Sim…Skylar… isso… oh, Deus… – minha voz estava aos sussurros


enquanto ela me beijava com ainda mais fervor.

 ─Eu quero você agora… – ela ofegava entre os beijos. ─ Agora.

 Minha gatinha é uma tigresa.

 ─Sim, skylar. – sorri, esperando que ela não ficasse brava por eu estar
falando como um escravo de novo.

 Eu sou o escravo dela… para sempre… e não tinha nada a ver com os vinte
mil dólares. Nem mesmo Claire me possuía mais… não mesmo… era Skylar…
sempre seria ela agora… mesmo que eu não possa ficar com ela.

 Sim, graças a Deus eu trouxe camisinhas. Sempre ando com camisinhas,


sendo eu. Coloquei uma em dois segundos.

 Eu estava dentro dela agora e minha boca jamais abandonou a sua… minha
língua deixando a dela ficar no comando, provando, lambendo com violência e
completamente molhada toda a extensão da minha, à medida que eu me
movia ainda extremamente devagar… pra dentro…pra fora… dentro… fora…

 De alguma forma, isso era ainda mais selvagem e intenso que uma boa
foda à moda antiga, que eu adorava fazer… no entanto, parecia que aqui, no
meio de tudo isso, era mais adequado… certo… natural e belo… puro.

 ─Skylar… – eu murmurava enquanto fazia amor com ela, sentindo o vento


das folhas fazerem cócegas na minha bunda. ─ Skylar… tão gostoso… tão… – e
sua boca atacou a minha novamente, me silenciando.

 Ela enroscou as pernas em volta da minha cintura e lutei para continuar me


movendo lentamente dentro dela, não querendo dar um passo errado nesta
pequena bolha perfeita que estávamos imersos…que mundo é esse… eu nunca
estive em um lugar tão bonito antes… e por que alguém me deixaria entrar
aqui?

 Abri a minha boca e senti a sua sugar meu lábio inferior enquanto ela
ofegava mais alto e meu ritmo se tornava levemente mais rápido… Eu a
provocava com a minha língua, lambendo sua boca e me afastando um pouco
quando ela tentava me beijar de novo. Nós ríamos enquanto transávamos e
isso foi novo para mim também.

 Nem dez policiais se aproximando da gente agora poderia me fazer parar.


Eles poderiam esperar… ou me darem um tiro na bunda… mas eu não ia parar
até que tivesse terminado… o primeiro round.
 ─Mathew… – ela enfim choramingou, os dedos nas minhas costas. ─Me
fode… por favor… me fode forte…

 Todo mundo se afaste. Mathew vai foder forte agora.

 Parei com o ritmo lento e instantaneamente enterrei meu pau com força
dentro dela, levantando sua perna esquerda um pouco, seu joelho dobrado e
eu o segurando na posição, obtendo uma posição em que eu estocava mais
fundo enquanto ela gritava. Seus olhos me diziam para continuar e assim eu
fiz, mordendo meu lábio, me causando um pouco de dor quando comecei a sair
totalmente e, em seguida, entrar com força de volta, sem demora.

 A brisa soprava à nossa volta quando rosnei, deixando os gritos de Skylar


se misturarem com os meus enquanto nossos corpos batiam um no outro
como animais selvagens, grunhindo e esquecendo as palavras.

 Ambos estavam suando e estremecendo ao final, e Skylar deixou escapar


um grito que fez os pássaros voarem da árvore ao nosso lado na hora em que
gozei com ela.

 Segundos depois, caí de costas ao seu lado, olhando para as nuvens e para
o céu azul brilhante e me perguntando qual era meu nome, tentando recuperar
o fôlego enquanto ela fazia o mesmo. Meu coração estava acelerado dentro do
meu peito.

 ─Oh meu Deus… – Skylar estava falando antes que eu tivesse descoberto
como fazer isso ainda.

 ─Eu acho que você acabou com o meu útero. – ela arfou.  ─ Eu sei que eu
disse ‘me fode forte’… mas… minha nossa… eu acho que estou tendo
hemorragia interna…

 A escutei tentar dar risada e sorri, olhando para ela, respondendo


ofegante.

 ─Eu acho que você não viu a etiqueta de advertência na minha bunda. –
brinquei. ─Alguns brinquedos são muito perigosos, sabe…

 Ela deu sua risada gostosa.

 ─Se não estivesse tão cansada… eu te diria que odeio de verdade essa
expressão…

 ─Se não estivesse tão cansado… eu me preocuparia… – arregalei meus


olhos e depois os fechei.

 ─Tenho medo de quando me levantar ficar a marca da minha bunda no


chão! – ela riu.
 ─Você está reclamando de novo? – perguntei, ficando em cima dela, meio
deitado em seu corpo.

 Ela sorriu e sacudiu a cabeça para mim, negando.

 ─É bom mesmo. – levantei uma sobrancelha. ─Porque não existe nenhum
departamento de reclamações aqui.

 ─Existe um departamento de beijos?

 ─Talvez. – sorri para ela. ─O que posso fazer por você, senhorita?

 ─Estou procurando por um beijo demorado, molhado e suculento. – ela


sorriu para mim, aparentando muito inocente. ─O que você tem?

 ─Bem, eu tenho várias coisas diferentes… – falei. ─Primeiro, tem isso…

 Eu abri minha boca e dei um beijo suave e bem molhado, sem língua…
seguido por alguns beijinhos por toda a sua boca.

 ─Mmmm. – ela sorriu depois que terminei o beijo e meu nariz estava se
esfregando no dela. ─Gostei desse aí… mas, o que mais você tem?

 ─Ah, você quer experimentar o estoque todo, não é? – sorri


maliciosamente ainda em cima dela. ─Vai ser umas daquelas clientes que
passam o dia todo na loja, não vai?

 ─Sim. – ela confessou e ri um pouco.

 ─Ótimo, porque eu adoro satisfazer minhas clientes… – eu disse, e odiei


aquilo assim que saiu da minha boca.

 ─Meu Deus… Skylar… – eu me sentia sujo por dentro. ─ Não tive a


intenção… eu só estava brincando… não quis te chamar de cliente.

 E mais uma vez, ela me entendeu e me tranquilizou.

 ─Eu sei, Mathew. – ela segurou meu rosto. ─ Está tudo bem, a gente
estava brincando. Mas eu sei que eu sou apenas uma cliente. Tudo bem.

 Fiquei sério e a encarei.

 ─Não, não está tudo bem. Você não é uma cliente  pra mim, você é… –
parei, sentando na grama, adicionando, verdadeiramente. ─Tudo.

 ─Bom, agora você sabe como me sinto quando você chama a si mesmo de
brinquedo ou escravo. – ela observou, me ensinando algo sem eu me dar
conta novamente.

 ─Touché. – sorri.
 ─Agora… - ela me puxou de volta para seus lábios. ─ Me mostre aqueles
outros beijos que você tem no estoque. Eu não tenho o dia todo.

 ─Mas é claro, senhorita. – sorri, me inclinando e demonstrando meu


selvagem beijo estou-tentando-te-sufocar.

 Não foi até o dia ter escurecido que chegamos perto do apartamento de
Skylar, porém estávamos nos divertindo tanto que eu queria que ele jamais
acabasse. Passeamos sem destino, apenas conversando, descobrindo mais a
respeito um do outro, comendo picolé do carrinho de sorvete.

 Minha vida nunca ficaria melhor do que isso, eu tive consciência naquele
momento. Queria que Katie estivesse aqui conosco. Essa seria a única coisa
que poderia torná-la mais perfeita.

 Olhamos as vitrines das lojas e comprei para Skylar um par de óculos


escuros em que ela ficava gostosa para caramba, e ela me comprou um anel
da amizade. Custou cinco dólares e não era para ser um presente de verdade,
mas para mim ele era de um valor imenso. O coloquei no meu dedo e sabia
que quando chegasse em casa ele entraria para a minha parede secreta.

 Um escravo não tem bens. Eu tenho roupas e jóias, mas apenas para
causar boa impressão, assim eu não faria Claire passar vergonha quando
saíssemos. Coisas como este anel da amizade e meu bilhete da sorte da
semana passada, eram coisas que eu jamais seria autorizado a ter.

 Lembranças de amor, presentes de clientes e presentes de amigos do sexo


feminino foram proibidos. Então, eu tinha uma parede secreta no meu quarto
onde alguns tijolos podiam ser removidos, e onde eu guardava coisas
importantes. Coisas que Claire não podia roubar de mim. Fotos de Katie e
Tanya, um anel que meu pai me deu uma vez para a formatura, quando eu
tinha 17 anos, minha aliança de casamento, e agora esse anel, junto com meu
bilhete do biscoito. Estes são os meus bens mais preciosos. E sempre irei
guardá-los, de alguma forma. Eu espero.

 Nenhum de nós queria entrar e passamos o tempo nas escadas do lado de


fora do prédio de Skylar, ela sentada no degrau abaixo do meu, rodeada pelas
minhas pernas longas que estavam envoltas nela  de forma protetora… na
verdade, de forma possessiva. Ela abraçou minhas pernas em si quando
começou a ficar um pouco frio, por volta das 23h, e começou a tremer, então
sugeri que fôssemos para dentro.

 ─Eu ainda não consigo acreditar que ninguém nos pegou transando ao ar
livre hoje. ─ Skylar comentou enquanto subíamos as escadas para o
apartamento dela.

 ─Eu descobri que as pessoas realmente não se importam com o que as


outras fazem. – falei. ─ Todo mundo tem tanto medo hoje em dia até mesmo
de fazer contato visual com estranhos. E mesmo se alguém nos visse… quem
se importa? Não teria estragado o  momento que eu estava tendo… e pra
você?

 ─Não. – ela sorriu, minha aluna-exemplar. ─ Eu poderia até ter feito um


showzinho para eles.

Eu ria enquanto ela abria a porta, entrando.

 ─O que eu fiz com aquela menina doce do notebook que conheci na boate?

 ─Me libertou… me salvou… – ela respondeu. ─ Me fazendo sentir o que é


VIVER…finalmente?

 ─Mmmm… – a tomei em meus braços e fechei meus olhos, sentindo seus


lábios encontrem os meus novamente enquanto eu beijava suas costas.

 ─Obrigado por não me ver como um pervertido, Skylar. – eu disse sincero.


─Fiquei com medo de que, no início, você me achasse… estranho demais.

 ─Bem, você é estranho… mas eu gosto.

 ─Muito obrigado. – sorri e ela deu uma risadinha.

 ─Skylar, posso te pedir uma coisa? – entrelacei meus dedos nas costas
dela. ─Você pode dizer não, se quiser.

 ─Claro, o quê?

 ─Eu posso… fazer você meu animal de estimação amanhã? – perguntei,


morrendo de medo do que seus olhos fariam em reação.

 ─Eu não te machucaria ou faria qualquer coisa horrível, como Raven faz…
você seria só uma escrava do prazer, não da dor. – eu rapidamente prometi.

 ─Eu sei que você não me machucaria, Mathew. – ela disse, nenhum sinal
de medo no seu rosto. ─ Apesar de você ter tentado me enterrar no chão mais
cedo, quer dizer.

 ─Foi você que pediu! – eu disse pela quinta vez hoje. ─Da próxima vez,
veja com quem está falando quando disser ‘me fode forte’! Eu não tenho uma
camiseta escrito Thumper* à toa, Skylar!

* (Thumper é o nome do coelho do filme Bambi. O personagem é famoso por ser agitado e
cheio de energia. Coelhos também são conhecidos pela sua velocidade empenhada no ato
sexual)

 ─Você tem uma camiseta escrito Thumper nela? – ela começou a


gargalhar.

 ─É uma longa história, mas, tenho. – eu disse. ─ Olha, teve uma vez…
 ─Nem se dê ao trabalho. – Skylar me interrompeu, rindo, e acrescentou.
─Eu adoraria ser seu animalzinho de estimação, Mathew. Eu confio em você.

─Sério? – senti um calor por todo o corpo de repente. Essa garota é real ou
vou acordar em breve, na jaula de Claire?

 ─Sim. – ela franziu o cenho. ─ Como você pode me perguntar isso depois
de eu te deixar me foder no meio do Central Park?

 ─Me deixar, huh? – provoquei, sorrindo enquanto ela ria, me abraçando


mais apertado. ─Os coelhos e os esquilos provavelmente sabem como dizer
“me foda mais forte” agora por sua causa! Você espantou os PÁSSAROS da
árvore!

 ─Cala a boca! – ela riu e a empurrei contra a parede, prendendo ela ali
com meu membro rijo.

 ─Opa! – ela me olhou com surpresa. ─ O que é ISSO?

 ─Este é o Departamento de Pênis. – sorri sem um pingo de vergonha. ─


Em que posso ajudá-la hoje, senhorita?

 Ela se contorcia de tanto rir e se endireitou, vendo no meu rosto que eu


não estava brincando. 

─Wow! – ela deu um pulo quando meu membro se contorceu contra seu
short curto e apertado e disse. ─ Eu estou  procurando por um pênis bem
talentoso, na realidade. E grande… mas, não depravado como o que encontrei
no parque hoje!

 ─Ah, entendo. – pensei nisso por um momento. ─Bom, talvez eu tenha


algo para você.

 ─Deduzo que você vá me mostrar todos os itens que tem no estoque


agora?

 ─Não. Só tenho um. Mas é tudo do que você realmente precisa. Ele
faz tudo.

 ─Oh, verdade? – ela corou, ficando sem saída quando minhas mãos se
apoiaram nos dois lados da sua cabeça.

 ─Sim, verdade. – puxei seu short para baixo e o tirei dela, assim como sua
calcinha, enquanto ela deixava escapar um gritinho agudo.

 ─Deixe-me demonstrar. – abri o zíper do meu jeans e afastei minha cueca.


─Olhe para ele… é grande o suficiente?

 ─Sim, é enorme. – ela olhou para ele, sorrindo. ─Este deve ser o tamanho
extra grande.
 ─E sem um arranhão sequer. – olhei dentro dos olhos dela. ─Apalpe…

 E assim ela fez, retribuindo meu olhar fixo, deixando sua mão se enrolar
em volta do eixo enquanto eu quase gemia. Semana passada, Skylar não
queria nem olhar para o meu pênis, olhe para ela agora!

 ─Duro o bastante? – perguntei.

 ─Deus, sim. – ela sorriu. ─Impressionante.

 ─E olha só… – rasguei uma embalagem de camisinha com meus dentes e
coloquei uma em mim. ─ Ele vem com uma capa para guardá-lo.

 ─Uau. – ela caiu na gargalhada enquanto eu a peguei  e a sentei no balcão


da cozinha.

 ─Mas isso não é nada. – vendi o meu produto. ─Espere só até você sentir a
demonstração.

 Sem mais preliminares, abri suas pernas e a penetrei, me enfiando por


inteiro lentamente.

 ─Sente o quão fundo ele pode ir? – perguntei, minha voz falha pela
sensação de como sua entrada continuava apertada para mim, era tão quente.

 ─Sim… – ela fechou os olhos e depois os abriu. ─Isso é… muito bom.

 ─Ainda não acabou. – abri um sorriso. ─Deixe eu te mostrar o que ele pode
fazer.

 Instantes depois, eu estava a estocando rápido, me enterrando dentro


dela, segurando seus quadris e os trazendo de encontro aos meus enquanto a
possuía.

 Ela gritava e gemia, se mantendo sentada no balcão, segurando as


prateleiras ao seu lado para apoio.

 ─Tem um ótimo poder de investida, como você pode ver… – gemi. ─E a


potência dura por UM. LONGO. TEMPO. – eu disse as três últimas palavras
sincronizadas com cada estocada.

 Ela gritou mais alto, parecendo dolorida, porém tomada pelo prazer ao
mesmo tempo.

 ─Eu gosto disso. – ela conseguiu dizer, interpretando seu personagem e,


em seguida, a pequena desafiadora adicionou. ─Mas, ele pode foder com mais
força? Thumper?

 ─Ah, sua… – eu rosnei enquanto ela dava risada.


 ─Sim, senhora. – resmunguei. ─Mas não diga que eu não te avisei…
lembre… não existe nenhum departamento de reclamações.

 Logo, ela gemia à medida que eu a penetrava mais forte, a fazendo pagar
pela observação do Thumper.

 A garota do notebook estava morta. Sexy Bambi nasceu.

Capítulo 18 

Skylar POV

A noite inteira foi quente como o inferno, como Mathew sempre diz. Agora
eu estou com o mesmo modo de falar dele. Eu ainda estou fascinada com o
quão maravilhoso é sentir um orgasmo… Inacreditável! Sua língua encontrou
lugares dentro de mim que eu nem sabia que existiam. Droga, ele sabe o que
está fazendo. Eu acho que sei como ele ganhou o apelido de Thumper… E foi
merecido.

Nos abraçamos apertado enquanto adormecíamos – sabe-se lá que horas


eram… E quem se importava?

Quando meus olhos se abriram, o sol estava brilhando, mas todas as


cortinas estavam abaixadas. Eu senti Mathew sentando ao meu lado na cama e
quando me virei para ele para dizer algo, ele girou na minha direção e
instantaneamente, sua mão estava pressionada sobre a minha boca, seu nariz
quase tocando o meu.

─ Bom dia, meu animal de estimação. – ele sorriu para mim, seus lábios
beijando suavemente meu nariz conforme meu corpo tremia um pouco. ─ Não,
não tenha medo. Eu serei bom para você… Você vai ver. Mas se você gritar ou
tentar fugir, isso vai me magoar.

─ Eu vou preparar para você um bom café da manhã primeiro… – ele disse.
─ Mas até ele estar pronto você tem que ficar quieta. Hoje você vai ser
completamente minha. Fui claro?

Eu balancei a cabeça assentindo, sentindo a umidade entre minhas pernas


já.
─ Boa menina. – ele sorriu.

Ele soltou minha boca e eu não ousei fazer um pio. Ao lado dele na cama
havia um rolo de fita adesiva. Ele rasgou um pequeno pedaço dela e olhou
severamente para mim.

─ Feche a boca. – ele disse com a voz doce, e o estranho é que eu obedeci,
sentindo o grosso pedaço de fita sobre meus lábios. Seus dedos
cuidadosamente movendo-se sobre a fita, certificando se cada centímetro foi
grudado no local.

─ Vire. – ele me virou e começou a amarrar uma corda em volta do meu


pulso, não o suficiente para me machucar, não estava apertada e, em seguida,
ele passou a corda atrás das minhas costas e ao redor do meu outro pulso.

Quando ele me virou de costas, minhas mãos estavam presas ao meu lado,
e não para baixo de mim.

Então, sem uma palavra, ele começou a amarrar uma corda em torno de
meus tornozelos, prendendo-os juntos, em seguida, a perna esquerda da
minha cama, me segurando com firmeza, mas em nenhum momento doloroso
ou mesmo desconfortável.

─ Fique. – ele sorriu, beijando a fita adesiva onde meus lábios estavam, e
ele foi para a cozinha para preparar o café da amanhã.

Eu sempre fantasiei sobre ser amarrada e deixada assim… E a fita na minha


boca me excitava. Eu me senti tão impotente e refém, ao mesmo tempo sexy,
enquanto eu tentava arrancar a fita de meus tornozelos, incapaz de movê-los.

Fechando meus olhos, fiz pequenos sons de “Mmmm”, virando meu corpo
um pouco, depois voltando para a posição original. Ele poderia ter me
amarrado bem mais apertado e em uma posição muito mais difícil se ele
escolhesse, talvez ele faça isso mais tarde. Parte de mim esperava por isso.

Mathew deve ter escutado meus murmúrios baixos, mas ele pareceu
ignorá-los enquanto cozinhava. Eu deixei meu cabelo cair sobre meus olhos
enquanto eu continuava interpretando o papel de tentar me soltar dali, me
esperneando, realmente gostando de como eu havia entrado em nosso
joguinho.

─Mmmm, bichinho lindo… – ele disse enquanto se aproximava, colocando


uma bandeja na mesinha ao lado da cama. ─ Estou tão feliz por ter isso tudo
só para mim hoje.

Ele colocou os dedos em um copo d’água e quando tocou minha pele, senti
a frieza enquanto ele puxava a fita da minha boca, sem me machucar. Ele
deve entender muito a respeito de como tirar uma fita apropriadamente da
pele.
─ Garota boazinha. – me elogiou. ─ Agora, você não está autorizada a falar,
mesmo sem a mordaça. Você é meu bichinho agora… E bichos de estimação
não falam, nunca. Certo?

Eu assenti e recebi um lindo sorriso em retorno… E um pequeno beijo nos


lábios.

Ele veio para o meu lado da cama e me sentou, sentando-se também,


segurando o prato, me mostrando os ovos mexidos.

─ Coma, Bambi. – ele me deu esse apelido agora, já que eu continuava o


chamando de Thumper. Nunca imaginei na minha vida que teria o apelido de
Bambi. A vida é engraçada.

Coma? Eu não conseguia usar minhas mãos… E ele não ia me dar de


comer… Coma, ele disse.

Ele me observou, erguendo uma sobrancelha.

─ Vamos lá, garota, está ficando frio. – ele moveu o prato em suas mãos,
inclinando a cabeça, me encarando nos olhos.

Eu me abaixei, deixando meu cabelo cair ao redor de mim enquanto


comecei a comer o que tinha ali, tentando ser delicada, pegando os ovos com
a língua e mastigando-os.

─ Boa garota… – ele afagou meu cabelo, colocando-o nas minhas costas, e
beijou a parte de trás da minha cabeça enquanto eu comia em silêncio,
sentindo a incrível perda de controle, me perguntando quantas vezes Mathew
teve que comer de tigelas ou pratos deste jeito.

Esta era outra maneira de eu conhecê-lo, participar de jogos deste tipo.


Percebo que ele está brincando comigo, mas estas ideias vêm de coisas que
ele experimentou… E talvez gostou. Ele não estava fazendo comigo as coisas
cruéis que eram feitas a ele, que ele odiava calado.

O elogio de “boa garota” que ele me dá… Ele gosta de receber esse agrado
também, “bom garoto”. Pode ser que isso o acalme durante as situações onde
ele não está no controle.

Por que estou analisando ele? Eu devia simplesmente aproveitar esse


joguinho e parar de pensar tanto… Meu cérebro desviava-se para esse caminho
o tempo todo. Meu corpo estava adorando isso, até aqui… Minha intimidade já
estava encharcada, não podia evitar.

─ Você gosta disso, Bambi? – ele beijou minha cabeça de novo e assenti,
mantendo minha cabeça próxima do prato enquanto me esforçava para pegar
mais dos ovos.
─ Que bom… - seus dedos continuaram acariciando meu braço e meu cabelo
com afeto. ─Coma tudo, como um bom bichinho de estimação.

Na hora que terminei de comer os últimos pedaços de ovos, lambi meus


lábios e ergui meus olhos até ele, sem falar nada.

─ Lamba o prato. – ele abriu um sorriso sacana, segurando o prato na


minha frente.

Com um sorriso, enfiei minha língua pra fora e lambi todos os vestígios
restantes dos ovos no prato. Ele sorriu para mim, assistindo eu fazer isso.
Homens.

─ Boa garota… Bem limpinho… – ele tirou o prato dali, indo colocá-lo na pia
e voltando com uma tigela.

─Muito bom, Bambi… – ele sorriu. ─ Você merece um agrado.

Ele pegou um pedaço de bacon e o quebrou ao meio, o segurando um


pouco acima da minha cabeça.

─ Vem pegar, Bambi… – ele movimentava-o em um circulo sobre meu nariz.

Sorri de leve, abrindo minha boca e me esticando, minha língua entrando e


saindo para dar uma lambida no bacon, o fazendo dar risada.

─ Pule. – ele riu e dei um pequeno salto, pegando impulso, agarrando o


bacon com meus dentes.

Ele gargalhou e me agradou novamente, beijando meus lábios enquanto eu


mastigava.

─Vamos ver se você sabe alguns truques ou se terei que treinar você. – ele
pegou outro bacon e sorriu para mim. ─ Deite.

Deitei-me nos travesseiros e sorri para ele.

─ Tão comportada… – ele murmurou, colocando o bacon na minha boca


dessa vez.

Com uma risada, rolei o meu corpo de bruços, como fiz antes, e depois o
rolei de volta.

─ Wow… Você é tão esperta… – ele riu, me colocando sentada e me


alimentando com outro pedaço de bacon.

─Segure esse pedaço na sua boca, mas não o coma. – ele colocou um
bacon entre meus dentes e o segurei, não o engolindo.
Então ele foi até a mesinha de cabeceira e voltou com o vibrador oval,
mostrando-o para mim.

─ Se lembra disso? – perguntou.

Soltei um gemido e ele sorriu, separando minhas coxas o bastante para


sentir o meio das minhas pernas.

─ Tão molhada, Bambi… Sua garotinha má. – ele falou, colocando o


vibrador com facilidade dentro de mim. Ele fechou minhas pernas e apertou o
pequeno controle remoto, largando-o sobre o criado-mudo e caminhando para
fora do quarto.

O zumbido baixo começou e meus punhos cerraram um pouco, minha voz


gemendo levemente enquanto eu segurava o bacon nos meus dentes.

Ele estava na cozinha, enquanto eu me sentei na cama, deixando o


aparelho dentro de mim trabalhar, e começar a me despertar ainda mais do
que estar amarrado nua na cama com Mathew me controlando.

Ele estava cantando alguma coisa, enquanto ele limpava lá e avistei-o de


vez em quando, quando ele tomou algo fora do fogão.

Meus braços se esticaram um pouco e eu me esforcei um pouco, o zumbido


começou a realmente ganhar mais agora, me fazendo ficar mais excitada e
mais molhada a cada segundo. Meus tornozelos começaram a empurrar
inutilmente, meus dedos se esticaram e enrolaram… Então… se desdobraram e
enrolaram novamente.

Após cerca de dez minutos mais ou menos, eu estava rosnando e ofegando


como um animal, desejando que eu pudesse ir de volta na cama e rolar um
pouco… Talvez ele fosse ajudar, mas eu não queria ser punida por desobedecer
ao meu dono. Eu queria ser um bom animal de estimação.

Tentei não morder muito o bacon, mas foi se tornando cada vez mais difícil
de segurá-lo com os dentes, não colocando muita pressão sobre ele.

Abaixei a cabeça e me mantive contorcendo-se e grunhindo, gemendo e


sofrendo, como se o vibrador não fosse o suficiente para me fazer gozar, mas
o suficiente para me estimular para a porra de um frenesi.

Eu coloquei minhas mãos em cima da cama e levantei a minha bunda para


cima um pouco, imaginando que iria facilitar as coisas… Isso não aconteceu.

— Seja uma boa menina. – ele sorriu para mim. — Eu estarei aqui em
poucos minutos.

E ele entrou no banheiro, e eu gritei, chorando como um filhote de cachorro


de verdade faria.
Ouvi barulho de escovar os dentes e cuspindo e água corrente. Comecei
saltando um pouco sobre a minha bunda, tentando matar a coisa dentro de
mim usando a pressão. Era ridículo… E nunca iria funcionar… Mas o meu
cérebro era uma pamonha no momento.

Finalmente, ele estava voltando e eu parecia um cachorro maldito enquanto


ele se sentou na cama ao meu lado, sorrindo gentilmente.

— O que é que o meu animal de estimação tem feito, hein? – ele


perguntou, pegando o final do bacon em seus dedos, dizendo: — Solte-o.

Abri a boca e ele segurou todo o pedaço para cima, sorrindo para mim.

— Uau, você é boa. —– ele elogiou novamente. — Sem limitação, Bambi…


Muito bom.

Eu ficava gemendo e ofegando enquanto ele falava, uma criatura sem


sentido à necessidade de liberação.

Ele quebrou o bacon e balançou-o sobre meu nariz e eu pulei, pegando-o,


mordendo-o com os dentes ávidos, ainda claramente afetados pelo vibrador
oval dentro de mim.

Ele comeu a outra metade do bacon e disse. — Mmmm… Tem gosto de


Skylar…

Eu investi contra ele e ataquei sua boca com a minha, afogando-o com
meus lábios e língua, minha voz rosnou mais alto, gemendo em necessidade.

Finalmente, ele colocou meus braços um pouco para trás, quebrando meu
beijo dele.

— Bambi, se comporte… – ele sorriu, beijando meu nariz enquanto eu


lutava um pouco mais, querendo-o, — Coisinha carinhosa… Tão bonita. Hora
de deixá-la preparada para o dia. – ele agiu como se não pudesse ver o meu
corpo a ponto de explodir.

Ele tinha a minha escova de dente e creme dental,colocou um pouco de


pasta na escova. Mergulhou a escova de dente em um pequeno copo de água
e olhou para mim, dizendo: — Abra, garota.

Abri um pouco a boca.

— Maior. – ele inclinou meu queixo para trás e eu obedeci, enquanto ele
começava a escovar os dentes de trás, fazendo ambos os lados, criando uma
espuma de pasta de dente.

Ele passou para os lados dos meus dentes, e eu quase gritava agora com o
vibrador oval afastado lentamente dentro de mim.
— Juntos. – disse ele, referindo-se aos meus dentes enquanto ele escovou
para cima e para baixo na frente dos meus dentes.

Ele ergueu um copo de plástico vazio para a minha boca e disse. — Cuspa,
garota.

Eu cuspi algumas vezes para ele, e Mathew trouxe um novo copinho de


água para os meus lábios, deixando-me beber um pouco de água a partir dele.

— Bom. – ele levantou-se e tomou todas as coisas de creme dental com ele,
e eu quase gritei.

Quando ele voltou eu queria gritar seu nome, mas me contive.

— Deite-se, garota… – ele me aliviou dessa vez e cobriu minha boca


novamente, virando a cabeça para a direita, ele começou a beijar meu
pescoço. — Deixe seu mestre te agradecer.

Agora, seus doces beijos molhados, foram me deixando mais louca de


excitação, como o pequeno mal dentro de mim manteve o seu ritmo lento.

Eu estava gemendo e respirando contra o aperto de seus dedos sobre meus


lábios, enquanto ele deitava em mim, suas pernas afastadas e ele vestia uma
cueca box, mantendo-me longe do que eu mais queria.

— Meu pequeno animal de estimação está muito vocal hoje. – ele lambeu
meu pescoço e mordeu, os dentes no meu pescoço e no início do meu ombro.

Meus quadris estavam indo de encontro ao dele, tentando se comunicar


sem palavras.

— Pare com isso. – ele repreendeu seus olhos olhando realmente


repreensivos. — Garota má.

Eu parei de mexer os quadris debaixo dele, e ele foi para os meus seios,
cobrindo-os com seus beijos agora, com as mãos apertando e segurando-os,
eu cerrei meus olhos, desejando que eu fosse explodir e já sair do meu
tormento.

— Tão bonita. – ele admirava, movendo os dedos para trás e para frente no
meu clitóris, provocando, roçando, eu respirei e tentei não dizer nada.

— Vire-se… – ele me rolou novamente, acariciando minha bunda e


amassando-a em suas mãos.

Seus lábios se abriram e fecharam na minha pele, e a mão dele entregou


um par de tapas leves, ficando ainda mais sons guturais dentro de mim.
Então, ele me deu uma pequena mordida na minha bunda, minha voz deu
um pouco de chiado quando ele me virou novamente, acariciando minhas
coxas… Sabendo muito bem o quão louca ele estava me deixando.

Eu quase chorei logo em seguida, mas, ele teve um pouco de pena de mim
e me rolou de costas novamente.

Ele beijou a minha perna e levantou-se da cama, tomando seu tempo para
desatar a corda na perna da cama e, em seguida, desamarrar as cordas dos
meus tornozelos.

Eu queria separá-los, mas os mantive juntos até que ele me dissesse o


contrário.

— Vem. – ele me fez um sinal com o dedo quando ele se sentou na cama,
descansando contra os travesseiros, deslizando sua cueca.

Arrastei-me com os meus joelhos para ele, ajoelhado entre suas pernas
enquanto ele sorria para mim com luxúria em seus olhos. Seu pênis estava
duro e esperando por mim.

— Me satisfaça… E eu vou te satisfazer de volta. – prometeu.

Eu não precisava ouvir mais nada e então, eu lambi a pequena gota de


líquido claro na cabeça de seu pênis, enquanto ele sussurrava em voz alta.
Minha boca se abriu e sugou-o, minha língua molhada girando em torno de sua
cabeça com força, mudando os movimentos e passando minha boca para cima
e para baixo em torno dele.

Todo o tempo que eu estava o sugando em meus lábios, o objeto oval


pequeno movia-se dentro de mim. Eu não vi Mathew se mexer mais e pegar o
controle remoto, mas ele deve ter pegado, porque o vibrador começou a
acelerar de repente.

Minhas mãos se apertaram em punhos ao meu lado, inútil para me ajudar


com o seu pênis, e o prazer aumentou e se alastrou dentro de mim como uma
onda invisível. Minha voz gemeu em voz alta, gemendo contra seu pênis e ele
começou a fazer ruídos selvagens maravilhosos que me excitaram ainda mais.

— Sua boca… Porra, você é uma artista! – ele rosnou. — Caralho!

Depois de dez minutos, ele estava gemendo e ofegando e eu também com


o objeto oval que tinha me feito  chegar lá pela segunda vez já..

— Pare! – ele ordenou e eu estava um pouco decepcionada, mas eu


obedeci.

— Vire. – ele ajudou a me virar e eu me curvei, descansando minha cabeça


em cima da cama enquanto seus dedos eram inseridos dentro de mim e
retiravam o objeto oval. Ouvi-o colocando a camisinha rapidamente.
Ele estava dentro de mim de novo, com força, perfeitamente. Não demorou
muito para que Mathew gritasse como um leão e gozasse.

Sem dizer nada, ele tirou minha cabeça da cama e me deitou na frente
dele, com os braços envoltos firmemente em torno de mim, seus lábios
beijando meu ombro, dentes mordendo um pouco, enquanto eu tentava
recuperar o fôlego.

Depois de alguns minutos, ele se levantou para ir ao banheiro e se limpar,


me deixando ali por um minuto.

Quando ele voltou, ele sorriu para mim e disse.

— Vamos ter de tentar uma posição de verdade, não é?

Ele me agarrou pelos cabelos e me disse para ajoelhar-se sobre a cama,


bem no centro, a alguns metros de distância da cabeceira da cama.

Eu não tenho certeza de onde ele tirou essa corda, mas ele era um
especialista com ela. Ele agora tinha meus pulsos presos atrás de mim,
amarrado aos meus tornozelos, e, a partir da cabeceira da cama, um par de
finas cordas apertadas, estavam confortavelmente entre minhas nádegas,
dando a volta na minha frente, um de cada lado do meu clitóris, puxando-me
para o alto e amarrando com segurança ao topo da cabeceira sobre a minha
cabeça.

E eu me deixei relaxar, e meus quadris abaixados, a pequena corda fina iria


cavar meus lábios, e que tanto irritava e me excitava ao mesmo tempo.

Minhas costas estavam arqueadas e doía um pouco, mas eu poderia lidar


com isso por algum tempo. Esta era uma posição muito difícil, mas eu gostei.
Até que…

Ele voltou para mim e tinha uma bola de borracha pequena na mão, apenas
uma bola.

— Abra. – ele sorriu para mim.

Abri a boca e ele gentilmente colocou a bola vermelha entre meus dentes.

— Segure-o. – ele disse. — Não o deixe cair, garota.

Meu dente mordeu-o e, em seguida, ele acariciou meu cabelo


carinhosamente.

Ele inseriu o objeto oval dentro de mim de novo, mesmo que minha voz
protestasse um pouco.

— Shhh… – ele me ignorou e virou-o em uma velocidade média conforme


eu gritava.
— Boa menina. – ele acariciou a mão para cima e para baixo no meu
estômago. — Esta é uma posição agradável para você. Ela concentra toda a
sua atenção aqui (ele moveu os dedos para cima e para baixo no meu clitóris
enquanto eu gritava ). Volto daqui a pouco. Eu vou tomar um banho.

Eu estava rosnando de forma irritada, enquanto ele caminhava para o


banheiro, deixando-me em minha doce miséria novamente.

A água do chuveiro água começou a correr e eu fechei os olhos, tentando


manter minha posição, sentindo as cordas cavando um pouco mais.

Em questão de minutos, eu estava chegando lá, e gritando como uma alma


penada, rangendo os dentes contra a bola de borracha lá como eu
imediatamente me veio logo após o último orgasmo. Isso foi incrível e
torturante ao mesmo tempo.

No momento em que Mathew voltou para do banheiro, eu estava resistindo


contra as cordas em mim e uivando como se eu estivesse pegando fogo, com
sons de misericórdia.

— Clique. - Mathew disse, quase para si mesmo quando ele olhou para
mim, secando o cabelo com uma toalha, movendo-a para baixo em seu corpo
molhado e nu.

— Ahhh, Bambi…sentiu minha falta? - ele sentou-se em frente ao meu


clitóris, erguendo sua língua e começou a umidamente, lambê-lo me fazendo
gritar mais alto.

Através da minha bola os gritos saíam abafados, mas eu estava


choramingando. — Não!Mmm Não! Mmm NÃO!

— Garota má, usando palavras. - ele disse e me mordeu com firmeza,


fazendo-me uivar e ter um orgasmo logo em seguida. Meu Deus, o que está
errado comigo?

— Mmmmm. - ele lambeu a região, tomando seu tempo, com as cordas


mantidas afundando cada vez mais em meus lábios, apenas intensificando as
sensações.

— Eu amo o seu gosto. - ele comentou conforme ele separava os lábios


minha intimidade e lambia novas áreas dentro de mim, meus gritos selvagens
e sem palavras novamente. Ele estava me matando de prazer. Eu pensei que
seria fácil ser uma escrava de prazer… Eu estava errada.

— Eu poderia ficar aqui o dia todo, e comer você de novo e de novo. - disse
ele, chupando o clitóris agora, agarrando minha bunda. — Eu acho que eu vou.

Duas horas da manhã, eu queria dormir por uma semana e não conseguia
nem gritar mais.
O objeto oval estava agora fora de mim, limpo e de volta a mesa de
cabeceira, e eu estava em uma nova posição, agora, de costas contra a
cabeceira da cama, os joelhos amarrados, também, pés balançando e as
minhas pernas estavam abertas. Meus pulsos foram amarrados na cabeceira
da cama também, e uma corda estava enrolada em volta da minha cabeça,
entre meus dentes, me amordaçando e segurando a cabeça na cabeceira da
cama, ao mesmo tempo.

Na verdade, eu tive um pouco de descanso enquanto fiquei nessa posição,


os olhos fechados por um pouco de tempo e eu quase dormi, Mathew
massageou meus pés com uma boa loção, em seguida, fez o mesmo com as
minhas pernas.

Todo o tempo, ele me dava prazer, mesmo eu estando amarrada e sob seu
controle. Ele nunca foi cruel comigo, sempre acariciando e beijado e
massageando meu corpo. E justamente quando eu pensei que eu estava
totalmente relaxada e em paz, ele começava a me dar prazer mais uma vez,
de uma maneira nova. Ele estava me desafiando… Ver até onde os meus
limites eram… Explorar minhas fantasias de submissão sem ir muito longe
neste primeiro tempo.

Eu li uma vez que um mestre tipo é sempre um escravo em primeiro lugar,


e sabe como tratar sua submissa quando ele finalmente tem o controle.
Mathew como um mestre é prova clara de que ele sofreu como um escravo.
Ele é uma espécie… E gentil… Não insensível ou mau, apenas por uma questão
de ser assim. Eu estava gostando de ser seu animal de estimação.

Ele massageava minha vagina, também, beijando e lambendo-a, assim


como seus dedos se moviam em torno dela. Eu gemia, tremia e de repente ele
saindo e voltando de novo, me trazendo um almoço atrasado.

Quando ele voltou, ele desamarrou as cordas que amordaçavam a minha


boca, e ele me alimentou com pequenos pedaços de um sanduíche de presunto
e queijo, e me deixou beber um refrigerante de pequenos goles, já que o meu
corpo ficou amarrado em sua posição.

Eu ainda não tinha permissão para falar e Mathew perguntou. — Você gosta
de ser o meu animal de estimação, Bambi?

E seu dedo se moveu para cima e para baixo do meu pobre clitóris
novamente.

Eu balancei a cabeça, perguntando-me o que ele havia planejado para mim


em seguida.

Sorrindo para mim, ele me desamarrou completamente depois colocou


meus pés no chão, simplesmente amarrando meus pulsos juntos nas minhas
costas. Ele colocou a bola de borracha vermelha em meus dentes de novo,
dizendo-me para segurá-la, e vagamente amarrando um pouco a coleira com a
corda em volta do meu pescoço. Eu tinha muito espaço nele, não me sufocaria
e não apertaria em volta do meu pescoço, se puxado.

— Vamos lá, garota. - ele me convenceu, usando a coleira, deixando-me


andar sobre os meus pés como ele, e me levou para o banheiro. — Hora do
banho para você, animal de estimação.

Ele me levou no chuveiro e me ensaboou com suas mágicas mãos, lavou


meu cabelo, e depois de enxaguar tudo, secou meu corpo e meus cabelos com
grandes toalhas felpudas e levando-me pela minha coleira de volta para a
cama.

— Hora da soneca, garota. - ele disse como um mestre de amor, retirando a


bola da minha boca, colocando-me virada para baixo, retirando a coleira, e
amarrando meus tornozelos juntos. Ele me cobriu e se juntou a mim na cama,
aconchegando o rosto contra os meus braços enquanto ele adormeceu.

Eu não podia acreditar, mas eu adormeci, também, tão cansada e feliz.

Algumas horas mais tarde, quando eu acordei, estava com a sensação de


seus dedos suaves, brincando com o meu cabelo, passando pelas minhas
costas, deslizando-se as curvas da minha bunda.

Ele sorriu quando me viu olhando para ele, ainda sem dizer uma palavra.

— Oi. - ele disse, parecendo um pouco triste, em seguida, perdeu o olhar e


sorriu, tocando meu rosto. — Dormiu bem, bichinho?

Eu balancei a cabeça, fechando os olhos por um segundo ou dois, em


seguida, olhando para ele de novo.

— Eu acho que estou começando a me sentir como uma Raven, um pouco. -


d ele disse enquanto movia seus dedos na minha boca. — Eu não quero deixar
você ir. Mas se você quiser ser liberada, apenas diga a palavra e você está
livre. Certo?

Eu sorri e balancei a cabeça, desejando que eu pudesse dizer-lhe que ele


não era como a Raven e nunca seria. Meu lábio beijou seus dedos e eu
esperava que esta mensagem dissesse para ele. Eu não quero ser
desprendida.

— Skylar. - seus olhos pareciam um pouco triste de novo, enquanto olhava


para o meu rosto. — Me desculpe, eu sou tão estranho… Eu acho que nem
mesmo sei como fazer amor como uma pessoa normal mais. Quando eu faço
eu me torno tão…

Eu odeio ele falando dessa maneira. Então eu mordi seu dedo para cortar o
assunto.
— Ai! - ele exclamou, apontando o dedo para longe por um segundo. —
Bambi má!

Ele apontou o dedo para mim e eu lambi, desculpando-me com um sorriso


sensual, ele sorriu para mim, observando de perto a minha língua. Eu
lentamente enrolei a minha língua sobre cada centímetro do seu dedo e
mantive meus olhos nos dele, enquanto eu tomava todo o seu comprimento
em minha boca e chupava molhadamente.

— Ugghhhhh! - ele abriu a boca e olhou para mim um pouco. — Boa


garota… Você está arrependida?

Eu dei um aceno lento e fiz com que meus olhos ficassem muito tristes, não
deixando a sucção em torno de seu dedo.

— Tudo bem, eu vou perdoá-la desta vez. - ele sorriu. — Mas da próxima
vez que fizer isso novamente, você irá receber uma boa surra.

Mathew e eu assistimos um filme juntos depois que ele fez a sua ligação
para Katie novamente. Hoje, ela não parecia muito interessada em Mathew e
ele parecia ter percebido. Era uma conversa de 10 minutos e eu acho que o vi
magoado, em seus olhos, mas ele sorriu para mim e disse que não era grande
coisa. Enterrando a dor de novo. Eu gostaria que pudéssemos ter terapia
hoje… Talvez mais tarde.

Em um momento, Mathew estava escovando meu cabelo, mas depois ele


bagunçou tudo de novo com as mãos, deixando cair sobre meus olhos. Ele
disse que gostava mais daquele jeito, cabelo de menina sexy, confuso, ele o
chamou.

E agora, eu ainda estava nua e tinha os pulsos amarrados, firmemente com


a corda descendo e preso aos meus tornozelos juntos enquanto Mathew me
acariciava, me colocou entre as pernas, descansando pacificamente e
silenciosamente com nós dois assistindo Sweeney Todd juntos.

As mãos dele estavam no meu cabelo e frequentemente viajava para baixo


para jogar com os meus seios enquanto eu abracei meu rosto em sua perna,
não querendo estar em nenhum outro lugar em todo o mundo. Eu gostei de
que nem todo minuto tinha que ser cheio de ação com sexo e jogos… Mesmo
que eu estava amarrada em seus braços, ainda poderia ser Skylar e Mathew,
curtindo um ao outro, sem fazer uma grande produção.

Mais tarde, Mathew estava me alimentando com sorvete de chocolate e


deixou um pouco do sorvete dele, escorrer pela colher e cair no meu pescoço,
pontilhando-a sobre meus seios.

— Menina suja. - ele repreendeu, enquanto ele lambia e me limpou com sua
boca e língua.
Sem usar palavras, eu plantei beijos em seu cabelo e logo abaixo da sua
boca e levantei meus quadris, querendo ele novamente. Há algo sobre estar
amarrado nu durante todo o dia, e não ser capaz de falar, ele apenas me
manteve completamente excitada, mesmo que ele não estava fazendo muita
coisa para mim no momento.

— Eu gostaria de ter a minha coleira de cachorro comigo. - ele disse


enquanto se levantava da cama, indo para o meu armário. — Isso vai
funcionar.

Ele encontrou um cinto de couro que eu comprei para o Dia das Bruxas.

— Legal. - disse ele, voltando para mim e rolando, me virando para baixo,
colocando a correia em volta do meu pescoço, prendendo-o confortavelmente,
mas não apertado o suficiente para restringir a minha respiração.

Então ele usou um dos meus lenços para me vendar e sem dizer uma
palavra, ele desamarrou meus tornozelos amarrados e bateu na minha bunda,
dizendo. — Estilo cachorrinho… Fique de quatro.

Eu rapidamente senti minhas mãos amarradas à cama e fiquei de joelhos,


abrindo minhas pernas, minhas mãos em palma para baixo na cama na minha
frente.

— Fique, garota. - ele disse, e eu senti o cinto mais fino em torno de minha
pélvis, logo acima do meu clitóris. Ele apertou-o muito bem e quase cavou em
minha pele um pouco, mas eu só dei um gritinho nisso. Ouvi-o desembrulhar
um preservativo novo e colocá-lo.

Ele deu alguns puxões no cinto atrás de mim, metade para baixo em toda a
minha bunda, e meus joelhos até saíram da cama um pouco.

Eu senti duas mãos agarrarem o cinto na minha bunda e ele passou a mão
na minha vagina novamente, colocando a cabeça do seu pênis ali mim, mas
sem entrar.

— Foda o seu mestre, garota. - ele ordenou e eu levantei a cabeça,


empurrando minha vagina de modo que ele escorregou para dentro de mim.

Nós dois demos um gemido de prazer quando nos conectamos e, em


seguida, Mathew estava controlando meus quadris com o cinto, montando em
mim, usando o cinto para bater minha bunda contra sua cintura enquanto ele
me fodia sem piedade. Eu realmente desejava  não ter feito todos aqueles
comentários “me fode mais forte” ontem à noite. Eu estava pagando por isso
agora.

— Eu amo minha putinha molhada. - ele rosnou e estocou dentro de mim, e


depois seu punho agarrou meu cabelo na parte de trás, puxando meu rosto
para trás enquanto eu ofegava e gemia mais alto.
Nós nos divertimos muito depois disso, nós nem sequer jantamos. Eu tinha
adormecido em um ponto da noite, ainda amarrada e com os olhos vendados,
e ele me acordou com um banho de água gelada, usando cubos de gelo, água
e um pano para me estimular acordada.

Ele se ajoelhou na minha frente e colocou seu pênis na minha boca e me


controlou pelo meu cabelo, me movendo para trás e para a frente enquanto eu
tentava respirar e manter o ritmo das suas instruções. Engoli tudo dele por
esse tempo e eu fui “espancada” por adormecer. Foi uma bela surra, ele usou
suas mãos e eu gemia de vergonha com ele me disciplinando.

Fiquei acordada no silêncio escuro depois disso, apesar de que estava


deitado ao meu lado e nu, acariciando minha vagina e seios debaixo das
cobertas. Estávamos deitados de conchinha e a minha venda e permanecia,
bem como as cordas em torno de meus pulsos e tornozelos.

Cerca de uma hora mais tarde, eu senti sua ereção atrás de mim e eu
estava feliz que eu tinha ficado acordada.

Ele sussurrou para mim.

— Você está acordada, animal de estimação?

Eu balancei a cabeça e sem mover sua posição, seus dedos abriram as


minhas pernas um pouco, dando acesso para seu pau me penetrar novamente.
Desta vez, se movia lentamente e suas mãos guiado meus quadris enquanto
ele ia dentro e fora de mim… Eu deixei escapar um suspiro muito feliz e sorri.
Sexo é tão fodasticamente fantástico. Estou contente por ter um professor tão
incrível.

Depois, ele me abraçou tão forte que quase senti a sua dor em minha
própria pele. Ele estava pensando em me deixar na próxima semana e eu
sabia disso. As lágrimas vieram aos meus olhos quando eu falei com ele na
minha mente.

Não tenha medo, Mathew. Eu não vou deixar você ir. Eu nunca vou
deixar ninguém te machucar novamente.

Adormecemos alguns minutos depois e, contra a minha vontade, imagens


ruins ainda estavam nos meus sonhos.

Imagens de Claire vindo aqui para receber Mathew, segurando uma arma,
outra de Mathew andando aqui sozinho numa tarde, enquanto eu estava na
escola, e os homens de uniforme  prendiam ele por trás, algemando-o e
levando-o de volta para Claire, mesmo sem deixá-lo dizer adeus para mim ou
deixar um bilhete… Imaginei seu pobre rosto quando ele olhou para Claire
através das grades de uma gaiola… Ela estava insultando-o, dizendo-lhe que
ele nunca irá deixá-la.
Então eu sonhei com Raven e Claire se unindo para torturá-lo para se
divertir e eu quase fiquei doente. Claire atacou Mathew de costas nuas com um
chicote e sangue voou para fora do novo chicote quando ele jogou a cabeça
para trás e uivou em agonia.

— Skylar, acorde! – eu ouvi e estava sendo sacudida quando os meus olhos


se abriram e eu estava ofegante, ainda nos braços de Mathew.

— Skylar… - ele acariciou meu rosto e cabelo. - Você estava tendo um


pesadelo… Sobre mim, parecia que… Você está bem?

Eu estava tremendo, mas tão feliz que eu tinha sonhado isso…

— Quer que eu desamarre você? – ele começou a se mover aos meus


tornozelos. — Talvez seja demais, dormir desta maneira. Demorei um pouco
para me acostumar no início.

— Não.- Eu puxei meus tornozelos longe de suas mãos. — Eu gosto.

— Você gosta? – Ele perguntou, ainda não convencido .

— Eu gosto de ser seu animal de estimação. - Eu me aconcheguei em seus


braços e fechei os olhos. — Mas amanhã eu tenho trabalho a fazer por isso não
tente me distrair.

— Que trabalho? - perguntou ele.

— Encontrar um caminho para você sair dessa. – eu lembrei. — Você achou


que eu estava brincando?

— Skylar… – ele começou, mas eu não queria ouvir suas advertências, pois
não adiantariam agora.

— Shhh… Durma Mathew! E me abrace. – sugeri, sentindo-o deitar e


abraçar as minhas costas com o peito, o rosto tocando o meu cabelo na parte
de trás da minha cabeça.

— Eu amo o jeito que você se sente… Deitando comigo assim… No caso, eu


nunca te disse antes… – confessei. — Eu estou tão apaixonada por você.

Uma longa pausa se deu entre nós e eu quase pensei que Mathew não iria
responder até que ele disse.

— Eu acho que isso significa que eu sou alguém depois de tudo. - Sua voz
era tão baixa e tranquila, ele parecia com medo de dizer as palavras, como se
de alguma forma Claire iria ouvi-lo crescer a auto-estima em segredo.

— Há esperança para você ainda, Sr. Trenner. – bocejei, caindo no sono.

 
Terça-feira, dia 9

Mathew POV

No dia seguinte, quando acordei, eu fiz uma careta, ouvindo as vozes das
mulheres na sala. Abrindo os olhos, vi que a porta do quarto estava fechada e
olhei ao meu lado na cama. Skylar tinha conseguido se soltar, as cordas
estavam desamarradas. Como ela conseguiu sair dessa?

Ela está muito encrencada.

Eu me levantei e peguei minha calça jeans que estava jogada no canto. Eu


também coloquei uma camisa, não querendo mostrar minhas marcas a
qualquer outra pessoa. Skylar deve estar na sala ao lado.

Eu podia ouvir a voz de Skylar mais distintamente do que as outras vozes e


parecia que ela estava no telefone, dizendo. — Eu não posso lhe dar nenhum
nome. Gostaria apenas de permanecer anônimo, se for possível.

Eu abri a porta do quarto e vi um pequeno centro de operações em trabalho


ali na cozinha e na sala de estar.

Julie estava no sofá, digitando em seu laptop, e também estava falando em


um telefone celular mãos livres.

Riley estava sentada no balcão da cozinha, também em seu laptop,


segurando seu celular e não falava, como se ela estivesse em espera com
alguém.

Skylar sorriu para mim e acenou sem dizer nada e Julie se virou para mim,
dando-me um sorriso muito amigável. Eu estou feliz que eu coloquei minha
camisa. Riley sorriu, agindo como se ela não me notasse e continuou
escrevendo em seu computador.

— Skylar… – sussurrei, com o cenho franzido. Ela já estava até vestida e


colocando alguma coisa no fogão. Uma pequena porção de panquecas me
esperavam mas isso não era o que eu queria.

— Skylar. – eu não me movi, tentando chamar sua atenção. Ela dizia para a
pessoa no telefone. —Ta, tudo bem, então vamos chamá-lo de Antônio, se
você precisa ter um nome.

Antônio?

Eu puxava a barra de sua blusa, como uma criança chata, esperando que
ela terminasse logo a ligação.
Ela tirou minhas mãos dali e eu suspirei, desistindo e indo procurar por
algum suco na cozinha. Eu estava faminto depois de ter pulado o jantar ontem
á noite, então fiz um prato e sentei de frente para Riley no balcão da cozinha.

—Tudo bem, obrigada. – Skylar disse e eu olhei para ela agora, com
esperanças de que ela tenha terminado a ligação. Ela finalizou a ligação e veio
em minha direção, me abraçando por trás e me dando um beijo no rosto.

—Bom dia Ju… – ela começou a falar mas a cortei.

—O que está fazendo? – perguntei em voz baixa, não queria gritar ou


parecer ingrato.

—Estamos fazendo algumas ligações e começando minha nova missão, a


“tirando o traseiro do Mathew das garras da Claire” – ela disse.

—Skylar, por favor, pare de perder tempo. –falei. —Nenhuma organização


vai me ajudar. A situação está toda fodida e acredite em mim, se tivesse um
jeito de sair, eu já teria descoberto, não acha?

—Mathew… – a voz dela soava machucada.

—Eu não estou com raiva de você, baby. – eu queria deixar isso bem claro
enquanto me virava e colocava meus braços em sua cintura. —Eu amo o fato
de você querer me ajudar, mesmo. Mas é uma perda de tempo…além disso, se
fizermos ligações suficientes, Claire achará um jeito de descobrir.  

—Nós estamos dando seu nome ou coisa assim. – Skylar informou.

— E o quão longe isso está indo? – eu levantei uma sobrancelha. — Quanto


tempo você estão nisso, vocês três ?

— Desde ás 7. – seus olhos pareciam solene.

Olhei para o relógio.

— São onze agora. Quatro horas… Como é que está?

— Terrível. – ela admitiu. — Ninguém se importa. Continuamos sendo


transferidas, redirecionadas, desligadas…

— Onde está o super-homem quando se precisa dele? – eu brinquei,


sorrindo, esperando que ela se animasse e percebesse o nosso dia seria
melhor aproveitado lá fora. Eu queria levá-la em um barco e vê-la em seu
biquíni… E nadar durante todo o dia com ela.

— Eu tenho o meu super-homem. – ela beijou meus lábios. — Eu só preciso


encontrar kryptonita de Claire… E eu vou encontrar.
— As pessoas não se preocupam com os problemas de prostitutos, Skylar. –
eu disse, honestamente. — Eles imaginam que escolhemos esta vida e tudo o
que vem dela, é nosso problema. A polícia encontra prostitutas mortas todo o
tempo nesta cidade e eles nem sequer investigam. Estamos nas sombras.
Feias e indesejadas sombras.

Suspirei novamente e deduzi que eu não ia ter Skylar só para mim hoje.
Droga. Skylar não me disse, mas seus olhos estavam me machucando com a
sua decepção…sua desesperança.

— Vocês estão planejando fazer isso durante todo o dia hoje? – eu me


perguntei em voz alta.

— Temos apenas cinco dias, Mathew. – Skylar me lembrou, como se eu


precisasse da sua informação horrível. — Eu vou continuar trabalhando até que
eu encontre uma saída.

— Mas, Skylar, estamos perdendo o nosso tempo juntos. – salientei,


sentindo-me egoísta e insatisfeito. — Por favor, vamos ter mais um dia
agradável para sair em algum lugar juntos. Eu vi que você adorou o outro dia,
não é?

— Sim, e eu quero mais dias assim com você, é por isso que eu estou
fazendo isso agora. - ela insistiu teimosamente.

— Você realmente acha que você vai consertar a minha vida em cinco dias?
– coloquei desta maneira, para tentar fazê-la ver o meu ponto.

Segurei suas mãos e beijei-as, vendo o olhar em seus olhos.

— Eu não quero que você coloque toda essa pressão em si mesma, Skylar.
- Eu disse. — É tão impossível,acredite em mim… Vamos apenas, por favor,
desfrutar do nosso tempo para sair juntos.

— Não. - ela disse e lágrimas vieram-lhe aos olhos. — Eu não vou desistir
de você, Mathew. Eu não quero que você volte para ela. Ela vai te ferir de
novo.

— Ela fere o meu corpo. - Eu olhei sério em seus olhos. — Mas ela não pode
me tocar aqui.

Eu coloquei a mão no meu coração e lhe dei um pequeno sorriso, desejando


que ela sorrisse também.

— Você deu isso para mim, Skylar . - Eu sussurrei. — Eu só quero meu


tempo com você. Por favor. O tempo é tudo que eu tenho.

Ela quase chorou e eu a vi tremer o queixo.


— Que tal isso? - Eu sugeri. — Eu vou ter um bom treino na academia com
o Chase por algumas horas e você pode continuar a trabalhar… E quando eu
voltar, nós podemos ir em um encontro normal, sem livrarias ou qualquer
coisa… Eu vou ser o perfeito cavalheiro. Qualquer lugar que você queira ir.

Ela concordou com este plano e eu me senti tão aliviado.

— Sorria, Skylar. - Eu quase perguntei, ela me deu um pequeno sorriso


fraco.

Beijei-a e e peguei minhas coisas, ligando para Ryan a caminho do


treino.Mesmo quando eu saí, o pequeno “escritório” que Skylar tinha inventado
ainda estava pegando pesado no trabalho.

Eu me senti tão tocado por dentro, quando estava observando-as, eu


levantei a minha voz um pouco, chamando todas elas.

— Meninas?

Todos pararam e olharam para mim e eu coloquei a mão no meu peito,


inclinando a cabeça um pouco, na esperança de que eles soubessem o quão
sincero eu era quando eu disse.

— Obrigado a todas vocês.

Eu ganhei seus sorrisos em troca, observando-me deixa-las. Eu tinha mais


duas amigas agora. Riley e Julie.

Enquanto eu descia as escadas, eu acabei ouvindo Skylar dizer uma coisa


para suas amigas.

— Estou cansada de brincar com gente que não se importa. – ela disse. —É
hora de chamar as que se importam.

Capítulo 19 

Mathew POV
  ─O que você quer dizer? – Ryan me encarava enquanto eu fazia o máximo
para não olhar em seu rosto, minhas mãos enlaçadas atrás da minha cabeça,
continuando meus abdominais em um ritmo acelerado.

 ─Só esquece o que eu falei, ta legal? – suspirei, sabendo que ele não
mudaria de assunto. Ele interrompeu minhas abdominais forçando a mão no
meu peito, me deitando no chão e me mantendo preso ali.

 ─Ei! – olhei para ele com a cara fechada.

 ─Você não pode amar ela, Mathew. – Ryan me lembrou da minha única


regra. ─Você não pode amar ninguém…a não ser a Claire. Eu te disse isso no
primeiro dia!

 ─Não disse que ia me casar com ela ou algo do tipo, eu apenas disse que a
amava…isso é tudo.

 ─Mathew, você está sendo tão idiota… – Ryan parecia preocupado comigo,
não bravo. ─Você quer ser vendido para Raven?

 ─Cala a boca. – franzi a testa. ─E não conte nada para Skylar sobre isso.
Quando eu for embora, ela não vai vir atrás de mim. Ela vai me odiar, então
nada vai acontecer. Eu serei a máquina obediente de Claire outra vez, como
nos velhos tempos.

 ─O que você quer dizer com ela vai te odiar? – Ryan me deixou continuar
com minhas abdominais.

 ─Claire disse que se Skylar alguma vez chegar perto de mim de novo, ela a
arruinaria, até mesmo a machucaria. Não posso deixar isso acontecer. Quando
eu deixar a casa da Skylar, tenho que fazer uma coisa horrível a ponto de ela
nunca querer ver minha cara novamente. Desse jeito eu vou ter certeza que
ela não irá até a Fire me procurar.

 ─Tipo o que? – Ryan perguntou.

 ─Eu pensei em uma coisa. – parei meus exercícios e odiei até mesmo
pensar sobre isso.

 ─O quê?

 ─Posso dar em cima da Julie…ou da Riley. – disse, me sentindo enjoado por


dizer aquilo. ─Tenho certeza que elas não me dariam chance, mas elas
contariam para Skylar…ou talvez eu possa fazer isso de um jeito que a Skylar
veja…mas eu não quero estragar as amizades dela…não, seria melhor uma
amiga dela me dispensar, me dar um tapa ou algo assim, e a Skylar ver. Você
vai ter que me ajudar nessa, Ryan.

 ─Tá…mas use a Riley, não a Julie. – Ryan sugeriu.


 ─Skylar tem mais ciúmes da aparência da Julie, também. – lembrei.

 ─Não importa…se você tentar com qualquer uma das amigas dela…ou até
um estranho…Skylar vai ficar com raiva. – Ryan disse.

 ─É, provavelmente você está está certo. – concordei. ─Ok, Riley. Julie diria
sim pra mim e isso não ajudaria nem um pouco meu plano.

 ─Como se fosse… – Ryan zombou.

 ─Ei, Julie estava chupando meu dedo na noite que a conheci na Fire. – me
gabei.

 ─Bem, você enfiou metade da sua mão na bebida dela! – Ryan questionou.

 ─Você gosta dela, não gosta? – perguntei, vendo isso na cara dele.

 ─Sim, eu gosto. – Ryan disse. ─Mas não vou ligar para ela de novo. Não
vou me aproximar tanto assim dela…e eu nunca vou me deixar envolver a
ponto de me APAIXONAR por ela…IDIOTA!

 ─ Eu sei. – olhei para meus tênis. ─Se não fosse por todas aquelas vezes
que ela quis conversar comigo…eu poderia ter deixado as coisas apenas
voltadas para o sexo e eu teria ficado bem. Eu sei que estou parecendo uma
garotinha, mas…ela se importou comigo. Ela é calma…e tão delicada…como um
bandolim…nem alto…nem áspero. Ela não estava só me usando…

—Você não contou pra ela nada sobre…a Claire…o que ela é…contou? –
Ryan me deu uma encarada séria.

—Não. – eu suspirei, franzindo a testa. —Nunca. Eu não colocaria a vida da


Skylar em perigo.

—Certo. Não conte. – Ryan disse, mas ele não precisava ter me falado isso.
Esse é um segredo que eu não iria contar a ninguém. Até mesmo eu odiava
pensar nisso, até em particular.

—Ei, você poderia contar para Skylar que eu e você somos amantes. – Ryan
riu, colocando o braço envolta do meu pescoço, tentando me aproximar e
beijar meu rosto enquanto eu me afastava.

—UGH! – gritei, com repulsa. —Me larga, seu boiola! Que porra deu em
você?

Ele caiu na gargalhada e me soltou, provocando.

—Você é pequeno demais pra mim, de qualquer forma…você não me


aguentaria, garotinha.
—Está tentando me fazer vomitar? – perguntei,  saindo rapidamente de
perto dele, colocando algum espaço entre nós, e voltamos a fazer nossas
abdominais. Eu tenho que queimar as calorias desses Doritos…Claire iria
reclamar por isso.

Skylar POV

—Mathew, sessão sete. – eu apertei  o play do gravador e  passei meus


olhos pelo lindo rosto de porcelana sorrindo de volta para mim. —Oi, Mathew.

—Oi, Dr. Skylar. – ele sorriu mostrando os dentes e abriu mais o sorriso,
depois ajeitou sua expressão um pouco, pronto para qualquer coisa que eu
tinha planejado para ele dessa vez.

—Se lembra da primeira sessão, Mathew, que tivemos aqui? – perguntei.

—Claro. – ele sorriu.

—Você…realmente deitou nesse sofá pelo que eu me lembro. – relembrei,


vendo em seus olhos observarem o lugar desocupado no sofá, e depois
voltarem para mim. —Lembra disso?

—Sim. – ele abaixou o olhar, encarando seus joelhos e depois levou


timidamente os olhos até os meus. —Eu era um idiota. Eu pensei…que se eu te
distraísse com meu corpo…você se esqueceria toda a coisa de terapia. Acho
que eu não tinha ideia com quem eu estava lidando na época.

Ri de sua confissão, gostando de ouvi-lo admitir.

—Nem eu. – admiti, acrescentando. —Eu realmente fiz com você um


péssimo…serviço, Mathew.

Seu rosto franziu e me encarava de volta, não gostando do meu tom de voz
ou das minhas palavras, eu não tinha certeza.

—É tão antiprofissional para mim…tentar aconselhar você…e depois…ficar


com você…do jeito que tenho ficado… – eu estava enrolando até chegar ao
meu ponto.

—Está falando que se arrepende de ter dormido comigo? – ele perguntou e


eu senti todo meu peito ficar quente e apertado.

—NÃO! – gritei, antes mesmo de saber o que estava fazendo…e o corpo de


Mathew relaxou um pouco, mas seu rosto continuava tenso.
—Não, Mathew, claro que não. – assegurei a ele. —Eu nunca estive tão
feliz, NUNCA, do que nesses últimos dias com você. E eu acho que você me
cobrou pouco demais…eu deveria ter pago mais…

Estremeci com o que tinha acabado de dizer, porém Mathew riu e cruzou os
braços,  inclinando a cabeça para o lado, me observando ficar vermelha.

—Eu sei. – ele disse. —Mas eu gostei de você…desde a primeira vez que eu
te vi, escrevendo no notebook enquanto eu tentava chamar sua atenção da
minha jaula. Não pense que isso não feriu meu ego, você sabe…lá estava eu,
quase pelado e me esfregando nas grades da jaula e você nem mesmo deu
uma olhada em minha direção. Então, eu tive que roubar aquele notebook e o
colocar dentro das calças para ter sua atenção…

Eu tive que rir, me lembrando.

 —Eu estava com tanto medo de você… – deixei um suspiro escapar. —Eu vi
você…todo movimento que você fez. Você era…e É…a coisa mais bonita que eu
já vi. Eu estava fingindo escrever no meu notebook. Eu estava morta de medo.
Se eu olhasse para você e você me olhasse de volta…eu não sei…eu era
diferente naquela época. Você me mudou, você sabe.

Ele deu um pequeno e terno sorriso e levou um momento para responder.

—Você também me mudou, Skylar. – ele continuou com o olhar fixo no meu
e esse olhar rapidamente me deixou em chamas por dentro.

—Eu só estava tentando dizer, mais cedo, que talvez se eu tivesse me


mantido profissional, talvez eu te ajudaria mais… feito algo diferente.

—Skylar… – ele inclinou-se para frente e esperou até que eu olhasse para
ele. —Primeiro, eu não teria ficado se você se recusasse a dormir comigo.
Veja, de algum jeito eu mudei.  Naquela época, eu teria ido embora se você
não fizesse aquele acordo comigo, de me dar o tempo equivalente. Eu queria
você e eu senti que eu não estaria fazendo meu trabalho se eu não fizesse
minha performance pra você.  Eu não queria te enganar. Agora é diferente.
Você não é um trabalho, Skylar. Eu gosto de conversar com você assim como
gosto de foder com você…desculpa…fazer amor com você. Eu acho que meu
vocabulário não mudou tanto assim, mas,enfim, estou adorando meu tempo
com a Dr. Skylar.

Eu estava em silêncio.

—Você é uma médica muito inteligente e eu realmente sinto como se você


tivesse me ajudando…muito. Você tem noção do presente que é para alguém
como eu do nada conseguir duas semanas com uma garota linda, que não só é
muito sensual e apaixonante, mas que também quer ser uma psiquiatra e quer
me ajudar? Eu nunca acreditei em fantasmas ou espíritos antes, mas não deixo
de pensar que Tanya deve ter nos unido. Eu nunca tive tanta sorte assim
sozinho. Tem que haver algum tipo de intervenção divina ou coisa assim. – ele
disse, parecendo um pouco constrangido ao terminar seu discurso.

Senti meus olhos começarem a ficar marejados e pisquei para afastar as


lágrimas, forçando-me a sorrir com suas palavras.

—Obrigada, Mathew. – suspirei ao dizer as palavras, não tendo a certeza se


eu poderia dizê-las sem chorar. —Eu ainda não terminei, aliás. Eu até cheguei
há algum lugar hoje depois que você saiu, na verdade.

—Sério? – ele parecia interessado. —O que aconteceu?

—Não posso te contar ainda. – provoquei. —Em breve você vai ver.

—Skylar, você está me assustando. – ele franziu o cenho um pouco. —O


que você fez?

—Relaxa. – abri meu bloco, pegando a caneta. —Você se preocupa demais.

Ele agora parecia bastante tenso, mas não me deixei abalar. Salvá-lo já ia
ser difícil o bastante sem ele resistir aos meus métodos. Eu esperava que ele
não viesse a me odiar pelas medidas drásticas que tive que tomar, mas eu não
voltaria atrás agora

—Então, Mathew… – perguntei. —O que você gostaria de conversar hoje?

—Bem, tenho algo em mente. – ele disse. —Mas eu não acho que você ia
querer falar sobre.

—Eu sou a Dr. Skylar, Mathew. – eu disse com um sorriso. — Eu vou querer
falar sobre qualquer coisa com você.

—Tá bem. – ele respirou fundo. —Eu  estive me perguntando…como eu vou


me sentir quando tiver que ir embora daqui.

Ele estava sendo tão honesto e eu apreciava isso… ele não estava tão
fechado como costumava ser… mas, por que seus olhos tinham que mostrar
tanto? Ele tinha razão em estar com medo… medo de acreditar que eu pudesse
salvá-lo. Se eu estragasse tudo, e falhasse com ele… ele ficaria devastado…
assim como eu. Por isso ele não estava nem se permitindo criar esperanças.

—Você não  vai embora daqui, Mathew. – afirmei, sentindo como um


carcerário.

 Ele bufou, depois sorriu e continuou a falar.

 —Skylar… nós dois sabemos que tenho que ir no domingo, não vamos
fingir… estamos em terapia. Pensei que você quisesse a verdade.

 Joguei meu bloquinho na mesa e agora me sentia estressada com ele.


 —Sabe…  – eu disse com veneno na voz. —Acho que na verdade você quer
voltar. Acho que você está morrendo de medo que eu encontre uma saída pra
você.

 Ele deu uma risada e fiquei mais puta ainda.

 —Eu estou com medo? – ele questionou, quase com ar de deboche.

 —Está. – estreitei meus olhos. — Se livrar de Claire é fácil comparado ao


que estaria te esperando em seguida. Número um: reparar a relação
danificada que você tem com a sua filha.

 O rosto dele se transformou em pedra e seus olhos queimaram novamente,


praticamente escurecendo com a raiva súbita deles.

 —Não está danificada! – ele se defendeu.

 —Mathew, você liga pra ela uma vez por dia, você não a vê há anos. –
lembrei. —Crianças nessa fase precisam de presença constante para se
sentirem perto de você. Você terá anos de trabalho pela frente para se tornar
pai dela outra vez se algum dia retornar para a vida dela. E quanto mais você
esperar, mas difícil vai ser.

 Ele abaixou o olhar para os joelhos e não argumentou aquele ponto. De 
repente me senti como outra mulher lhe dando chicotadas enquanto ele
apenas ficava sentado ali e as aceitava.

 —Número dois: procurar um emprego. – tentei ser gentil, porém firme,


desejando mostrar porque ele era tão resistente às minhas tentativas de
libertá-lo.

 —E você teria que arranjar um bom emprego, talvez até dois por um
tempo… – eu disse.

—Se você quer continuar tomando conta da Katie e de você mesmo sem o
dinheiro fácil…

 Lancei isso para ver se ele iria se opor… eu queria que ele se opusesse.

 Ele precisava começar a aprender a se defender… ele poderia praticar aqui


comigo.

 —FÁCIL? – seus olhos me olharam de uma maneira matadora agora e


quase estremeci.

 —Bem, você mesmo disse que nenhum emprego de verdade pagaria 50 mil
dólares por um dia de trabalho.

 —Verdade. – ele quase deixou escapar uma risada de uma pessoa


enlouquecida. —E eu também não teria que ter o corpo violado por duas horas
com dez vibradores diferentes, aposto! Ou ter agulhas atravessadas pelo meu
pau! Ah, e não vamos nos esquecer da facílima diversão de ter um homem
esfregando o seu corpo e depois te lavando com uma mangueira como se você
fosse um animal de zoológico, logo antes de você ser trancado dentro da porra
de uma CAIXA para passar a noite, para DESCANSAR! EU MEREÇO cada
centavo que me pagam, SKYLAR! FÁCIL!

 —Adoro quando você se enfurece, Mathew. – sorri para seu rosto. —Não vê
o quão livre você se sente depois que deixa esse veneno sair de você?

 Por um minuto ele apenas me olhou, abrindo sua boca algumas vezes, e
nada saía. Enfim, ele deixou um pequeno sorriso aparecer e resmungou.

 —Você é tão traiçoeira. – ele sacudia a cabeça. —E tão boa.

 —Você não pensou realmente que acho sua vida fácil, espero. – falei,
desejando desesperadamente abraçá-lo.

 —Não. – ele segurou seus cabelos com as mãos, escondendo seu rosto de
mim. —Sei que você só quer me ajudar, Skylar… eu sei.

 —Quero que você ajude a si mesmo, Mathew. – eu disse. —Desejei tanto


hoje de manhã que você pegasse seu celular e sentasse com a gente, e nos
ajudasse a dar os telefonemas. Mas sei que isso seria te pedir demais… é
muito cedo.

 —É que não sou só eu, Skylar. – ele disse. —Se eu fugir, as pessoas que
eu amo irão pagar. E agora você está incluída nesse grupo infeliz. Eu tenho
que voltar para ela. Ela é muito poderosa, mais do que você sabe. Ela pode
matar todos nós, se quiser. Eu fico realmente honrado por você querer me
ajudar, mas… eu estou numa cilada. Não posso ir a lugar algum. Não podemos
simplesmente esquecer isso? Deixe isso pra lá.

 —Não. – falei sem emoção. — Isso não é uma opção para mim. Nasci para
reparar coisas… pessoas… problemas… sempre vou querer fazer isso. E é ainda
mais complicado agora que eu amo você. Fico honrada em fazer parte do
grupo infeliz de pessoas que você ama. Eu apenas… TENHO que te salvar…
simples assim. E eu vou conseguir, Mathew, não tenho medo dela. Eu
arriscaria minha vida por você, sabe disso, não é?

 —Você está arriscando, neste exato momento. – ele disse com uma voz
séria.

 —Meu pai arrisca a vida dele todos os dias, fazendo o que é certo. – falei
com orgulho. —Fui criada para ter coragem, culpe meu pai por isso.

 Os olhos de Mathew ficaram brilhantes enquanto ele olhava para mim.

 —Gostaria que eu fosse algo parecido com isso… que minha filha  pudesse
admirar.
—Você é, Mathew. – eu disse e ele contraiu-se, desviando o olhar, não
querendo acreditar em mim.

 —Não conheço ninguém que tenha aguentado tamanha dor e agonia pelo
bem de alguém que amasse, como você, Mathew. - falei com a voz firme,
querendo que ele me escutasse e entendesse seus sacrifícios. — Você
tem sangrado  pela Katie… você dá o seu corpo e sua alma por  ela… você tem
vendido a sua própria pele para que ela possa ter a dela de volta. Cada dia,
cada coisa que você faz grita amor e coragem, Mathew.

 —Você me enxerga com essa visão romântica, Skylar… – ele secou os


olhos, respirando fundo. —E gosto do jeito que você me faz parecer… mas, se
a Katie descobrisse o que eu sou, acho que eu me mataria.

 Meu coração parou.

 Mantive a calma e perguntei.

 —Você já pensou… muito a respeito disso?

 Seus olhos alcançaram os meus e ele me disse a verdade sem rodeios.

 —Sim, Skylar… – ele disse. — Eu já tive vontade de me matar… mas não


posso… não até Katie ficar boa outra vez.

 —Espere. – senti meus olhos arregalarem. —Você está planejando fazer


isso… um dia?

 —Não. – ele disse, mas não acreditei nele. —Quero dizer, não posso fazer
isso… a Katie precisa de mim.

 Meu Deus do céu. Suicídio. Supostamente eu deveria avisar James se ele


falasse sobre suicídio. Mas, ele acabou de negar isso, não acabou? Se eu não
contar a James e alguma coisa acontecer a Mathew…

 —Skylar, de verdade… – ele balançou a cabeça, tentando me convencer. —


Isso foi idiota da minha parte… não quis dizer isso. Eu não quero me suicidar.
É sério. Mas, você tem que admitir que sem dúvida é uma saída.

 —O que você vê quando imagina seu futuro? – perguntei. —Daqui a cinco
anos… ou dez?

 Ele pensou por um minuto, sem dizer nada e comecei a ficar assustada. Ele
não via um futuro para si mesmo.

 —Sei lá. – ele disse. —Não sou eu que decido. Não sei nem o que me
espera na próxima semana, o que dirá daqui a cinco anos. Espero que uma vez
que minha aparência ir desaparecendo e eu for ficando mais velho, a Claire
não me queira mais. E aí estarei livre. Talvez então eu possa me mudar para a
Flórida e trabalhar para o Ben na fábrica dele. E posso começar a tentar
conhecer a Katie outra vez, se ela me quiser.

 Flórida… obrigada. Agora sei onde investigar para achar o Ben. A fábrica…
pode ser uma boa pista também. Mathew nem sequer notou que tinha acabado
de me contar coisas que antes havia escondido de mim.

 —Por que Claire tem posse de você? – perguntei. —Quero dizer, ela é dona
de mais alguém na boate… ou só de você?

 —Não, só de mim.

 —Por que você? – perguntei e ele olhou para mim. — Digo, eu sei que você
é maravilhoso, e se você pudesse me pertencer, eu prepararia a papelada
agora mesmo… mas… por que ela quer plena posse de você? Ela nunca disse?

 —Ela me disse no começo que eu era especial. –ele deu de ombros. —Ela
diz isso o tempo inteiro… mas, não fala por que sou tão especial assim.

 —Deve haver alguma coisa sobre você… – levantei e andei pela sala,
falando comigo mesma. —Alguma razão para ela te querer tanto… não pode
ser apenas pela sua aparência…

 —Ei, isso é um desfile particular, ou qualquer um pode entrar na passarela?


– ele provocou, sorrindo bobo para mim.

 —Seu pai é médico, não é mesmo? – perguntei, eu não me lembrava ao


certo.

 O rosto dele ficou sem expressão novamente, um brilho de raiva nos olhos.

 —Meu pai é um idiota. – corrigiu. —Mas, sim, Dr. Idiota.

 —E sua mãe? – perguntei, interrompendo minha marcha.

 —Ela é a Sra. Idiota. – ele disse e depois suspirou. —Ela é apenas esposa
de um médico, não tem uma carreira de sucesso ou nada disso.

 —Tem mais coisa aí nessa história do que os olhos podem enxergar. – eu


disse para Mathew e ele pareceu confuso. —Acredito que haja um motivo
importante e secreto para ela ter que possuir VOCÊ… acima de todos os
outros…

 —Ela fala que me ama… de vez em quando… – Mathew disse, quase


envergonhado. —No meu aniversário e na época do Natal…

 — E você acredita nela? – perguntei, sem fazer julgamentos. Talvez ele a


ame, de alguma forma… não, ele disse que odiava ela naquele dia. Me senti
aliviada e horrível ao mesmo tempo.
 —Nem sempre. – ele olhou para as mãos dele. —Mas, às vezes… ela diz
isso muito bem… e quase chego a acreditar…

Não falei nada, imaginando como ele deveria se sentir com isso, viver em
um mundo onde Claire é a única pessoa que demonstra algum tipo de amor…
não é de se estranhar que ele tenha pensado em se matar.

 Após uma longa pausa, decidi que já bastava de terapia por hoje. Faria
uma sessão mais longa amanhã.

 —Onde você gostaria de ir no nosso primeiro encontro, Mathew? –


perguntei, sorrindo e me aproximando lentamente dele no sofá.

 Coloquei uma perna em cada lado dos seus quadris e sentei no seu colo,
pegando o rosto dele em minhas mãos e dando um rápido selinho nos lábios.

 Ele sorriu, aliviado que as perguntas difíceis e minhas observações


tivessem acabado, e enroscou os braços a minha volta, me abraçando
apertado, plantando um beijo quente no meu pescoço.

 —Eu te disse… a escolha é sua esta noite… qualquer lugar que você queira
ir. – ele fazia cócegas no meu pescoço enquanto falava, seu hálito quente
brincando com a minha pele.

 —Não sei…  - sorri. — Parece que em todo lugar que vamos acabamos
transando lá mesmo… tenho medo de escolher um lugar… tenho medo até de
te levar para comprar comida comigo agora…

 —Você está reclamando de novo? – ele passou para o outro lado do meu
pescoço, apenas deixando toques suaves e breves com sua boca que me
derreteram instantaneamente. Eu era uma boneca em suas mãos. Sempre.

 —Não, estou sabendo que não existe nenhum departamento de


reclamações. Existe um monte de departamentos maravilhosos… mas nenhum
departamento de reclamações.

 Ele me abraçou e esfregou as mãos para cima e para baixo nas minhas 
costas enquanto beijava meus lábios outra vez, brevemente, mas demorando
mais que nos beijinhos que tinha espalhado pelo meu pescoço a um segundo
atrás.

 —Gostou de eu ter ficado no controle na noite passada? – ele sussurrou


próximo ao meu ouvido, o beijando e tomando o lóbulo da minha orelha nos
dentes.

 —Céus, sim… - sussurrei de volta, fechando meus olhos. — Você me deu


24 horas de prazer sem intervalos… e por muito pouco não me matou.
 Nós dois rimos e seus olhos estremeceram quando ele olhou para o meu
rosto, seus dentes perfeitos praticamente sorrindo e meu coração falhou uma
batida ou duas.

 —Eu amo você, Skylar. – ele disse, sua mão direita alisando meu rosto. —
Não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar.

 —Sempre vou te amar também, Mathew. – eu disse sem perder um


segundo, falando cada palavra com todo o coração.

 —Hoje à noite, eu não sou um brinquedo. – ele disse com uma voz muito
séria, os olhos afundando nos meus. —Sou um homem te levando para sair.
Mathew Trenner. E se me sair bem no encontro, e você me convidar para
subir, eu quero fazer amor com você como um homem de verdade. Nada de
joguinhos nem cordas ou vibradores… só eu… e você… está bem?

 — Você nunca foi um brinquedo pra mim, Mathew Trenner. – respondi,


afagando seu cabelo e seu rosto, tratando ele como o tesouro que ele era. —E
toda vez que a gente faz amor, estou fazendo amor com um homem de
verdade. Mas, tudo bem, se você for bonzinho no  encontro… posso convidá-lo
a subir.

 Ele sorriu para mim e o mundo inteiro deixou de existir.

 — No nosso primeiro encontro? –ele questionou, levemente chocado.

 Eu ri de seu comentário.

 —Se eu quiser você, não estou nem aí se for o primeiro encontro ou o


centésimo primeiro. Sou uma criatura sexual agora, não um  ratinho medroso.
Fui ensinada pelo mestre, Mathew

 —Meus parabéns. – ele disse. —Você agora é uma graduada do Instituto


Mathew Trenner para Futuras Meninas Depravadas da América.

 Deixando escapar uma gargalhada enorme, concordei.

 — Pois é, sou muito depravada… mas é melhor você se comportar. Esta é a


única maneira de subir na minha cama esta noite.

 —Vou ser bonzinho, então, ou vou ter que passar a noite na escada. – ele
riu.

 — Você ao menos sabe como ser bonzinho? – brinquei.

 —Talvez, quando eu preciso. – ele respondeu. —Então, tudo que você tem
que fazer agora é me dizer aonde gostaria de ir.
 Eu realmente não estava a fim de ir a um lugar refinado, onde teria que 
me vestir toda formal, e sabia que ele só tinha roupas casuais com ele aqui,
portanto decidi por algo clichê e cômodo.

 —Que tal… jantar e um cinema?

 —Muito fácil.

 —É um apelido novo pra mim? – ri ao mesmo tempo em que ele arfou,
resmungando o quão terrível o comentário era para eu fazer sobre eu mesma.

(…)

 Uma batida na minha porta ecoou e sorri, fechando meu brinco e dando
uma conferida em mim mesma no espelho. Nada mal. Eu tinha me maquiado e
usava os brincos de diamantes que meu pai comprara para  mim no Natal do
último ano. Escolhi  uma saia arrumada e um cardigã de manga curta, com um
salto de três centímetros. Estava bonita, mas não  excessivamente sensual.
Era um primeiro encontro, afinal de contas.

 Fui em direção a porta e sorri para o que encontrei lá. Um cavalheiro muito
bonito parado em um suéter cinza, calça social e sapatos pretos, e uma única
rosa vermelha na mão.

 —Oi, sou Mathew Trenner. – ele sorriu, me deixando na merda. —Espero


que você seja Skylar Hayes.

 Sorri igual uma retardada e por razões desconhecidas por mim, quase senti
minhas pernas fraquejarem. Eu esperaria por isso se tivesse acabado de
conhecer Mathew, mas não era o caso. Fiz amor com ele de tantas maneiras
diferentes… por que agora parecia que éramos completos estranhos… de uma
forma muito romântica e emocionante?

 —Sou eu. – senti minhas bochechas esquentarem. —Gostaria de entrar um


pouco?

 —Claro, obrigado. – ele esperou que eu desse um passo para trás e abrisse
mais a porta. Ele entrou, mantendo os olhos em mim e me entregando a rosa.
— Pra você.

 — É linda. – peguei a flor com uma mão tímida e a levei ao nariz,


cheirando-a com um sorriso.

 Ele sorriu para mim.

 — Agora  ela é.

 Ai meu Deus. Seria indecente da minha parte me jogar com ele no chão
agora mesmo?
 —Apartamento legal. – ele comentou, olhando ao redor, as mãos nas
costas.

 —Obrigada. - corei outra vez. —Não sou aquela maravilha em decoração,


mas… não é um lugar ruim.

 — Gostei da bancada. – ele deu um sorriso malicioso, e quase sorri


maliciosamente de volta para ele.

 —Também gosto dela… ultimamente. – dei uma risadinha nervosa,


pegando uma jarra do armário, e a enchendo com um pouco de água da
cozinha.

 Ele me olhou, como se perguntasse o que eu quis dizer com aquilo e


simplesmente respondi. — Piada interna.

 Seus lábios fizeram aquele beicinho novamente, acho que ele estava
tentando não rir.

 — Então, que filme vamos ver? – perguntei por curiosidade, indo até o sofá
para pegar minha bolsa.

 —A história de Philadelphia. – ele respondeu e senti minha boca abrir


levemente.

 —Algo de errado? – ele perguntou.

 — Não. – sorri. — É só que eu esperava alguma coisa… sei lá, um


lançamento… homens geralmente adoram explosões, ação e carros…

 Ele alargou o sorriso.

 —Não eu. Adoro filmes em preto e branco. São puros, simples… honestos…
sem a vulgaridade dos filmes de hoje em dia. Você prefere algo mais recente?

 —Ah, não. – neguei rapidamente. —Concordo totalmente com você. Sou


louca por filmes antigos. E adoro o Jimmy Stewart.

 —Eu também.. – ele riu. — A maioria das pessoas só o conhece de “A


Felicidade Não Se Compra”, mas esse nem mesmo é o melhor trabalho  dele.

— Exatamente! – concordei e pensei como era estranho que estivesse com


Mathew esse tempo todo e nunca tivesse ficado sabendo de coisas assim sobre
ele. Uma parte negra de mim quase bufou e disse que ele estava interpretando
um personagem comigo… mas rejeitei essa ideia e acreditei de verdade nele.

 —Adoro também “A Mulher faz o Homem”. – falei. —Mas não assisto esse
desde que era adolescente.
 —Bom, quem sabe se tivermos um segundo encontro, possamos vê-lo na
próxima vez. – ele estava quase me fazendo arrancar as calcinhas com seu
charme.

 —Eu iria adorar. – sorri, estremecendo um pouco.

 Ele não disse nada, mas compartilhamos um olhar silencioso entre nós,
ambos desejando que fosse assim que realmente tivéssemos nos conhecido… e
que fôssemos esses  personagens despreocupados com a vida que estávamos
interpretando, sem preocupações e obstáculos no nosso caminho.

 —Vamos, então, Skylar? – ele disse finalmente. — Se não tiver problema,


pensei que poderíamos caminhar. O cinema é só a algumas quadras daqui e
está lindo lá fora.

 —Eu gosto de caminhar. – concordei, deixando que ele abrisse a porta para
mim enquanto deixávamos meu apartamento.

 —Tenha cuidado nessas escadas. – eu disse quando começamos a descer.


—Às vezes suspeitos de caráter duvidoso ficam à espreita por aqui, esperando
para atacarem mulheres inocentes depois de elas recolherem as
correspondências.

Ele quase riu, mas então disse.

 —Não se preocupe, Skylar. Eu te protejo.

 —Obrigada. – segurei a porta para ele e saímos para a brisa noturna fresca
e agradável do lado de fora, sobre a calçada estranhamente calma,
caminhando lado a lado.

 Adorava a sensação do ar jogando meus cabelos por sobre meus ombros


enquanto olhava de soslaio para meu encontro às cegas, aprovando o jeito
como estava vestido… e cheirava… e falava.

 —Então, você estuda na NYU*, huh? –  ele perguntou a respeito da minha


faculdade.

(*New York University; Universidade de Nova York)

 —Isso. – confirmei. — Adoro aquele lugar. Estou me formando em


Psiquiatria.

 — Estudei lá também. – ele disse. — Antes de ir para a escola de medicina.

Eu quase fiquei sem saber o que dizer. Sabia que esta parte era invenção,
mas não queria arruinar isso para nenhum de nós.

 —Isso é parte do motivo porque concordei com um encontro às cegas. –


ele falou em seguida, andando no mesmo ritmo lento e tranquilo, como se não
tivesse pressa de chegar. — Estou o tempo todo preso no pronto-socorro,
nunca tenho a chance de conhecer  mulheres, a não ser que estejam
sangrando e gritando.

 —Não, por favor, nada de sangramentos e gritos… sou fraca para essas
coisas. Odiaria desmaiar e perder o filme.

 —Skylar, você não vai perder nada. – ele disse, me oferecendo um


sorriso… e me perguntei o que ele quis dizer com aquilo. Antes que eu pudesse
analisar mais a fundo, ele riu e acrescentou. —Falei isso como um elogio.

 Eu notei que ele andava ao meu lado, mas não próximo demais, ele jamais
me tocou, como se esse fosse um primeiro encontro de verdade e nunca
tivéssemos nos conhecido. Foi muito bom… eu estava me divertindo, para a
minha surpresa.

 Uma vez que chegamos ao cinema pequeno e silencioso, Mathew me faz


gargalhar nos comprando todas as besteiras para comer que ele podia. Pipoca
de manteiga, refrigerantes do tamanho de barris de cerveja, e um monte de
doces encheram nossos braços enquanto nos caminhávamos para a única sala
de exibição e procurávamos por um bom lugar. Não foi muito difícil. Só havia
mais duas pessoas no cinema, em assentos separados.

 —Hmmm… – Mathew parou, de repente, sem dar um passo.

 —Que foi – abri um sorriso pra ele.

 —Bem, este é um momento muito importante, Skylar. – ele disse. — Ele


pode decidir todo o nosso futuro juntos… se tivermos algum.

 — Do que você está falando?

 — Do lugar onde você escolher se sentar. – ele disse, como se isso fosse
óbvio. —Se você sentar no meio, significa que vai ser cautelosa e deixar as
coisas como estão, não se  importando em ser só mais uma na multidão. Se
sentar na frente… bem… isso vai ser… um erro. Esses lugares são para as
velhinhas que não enxergam e crianças retardadas.

 —Oh, então o fundo é um lugar legal para se sentar, né? – perguntei,


sacando seu plano.

—Ou é para aqueles que querem que as pessoas pensem que eles são
descolados, mas na verdade possuem problemas de insegurança?

 —Não. – ele respondeu prontamente. —Se você sentar no fundo, significa


que adora relaxar e gosta de ficar afastada e assistir aos momentos clássicos
do filme se desenrolarem sozinhos, sem um bando de gente contando o que
vai acontecer.

 Eu me limitei a lhe lançar um olhar e ele sorriu.


 —E, além disso, é um ótimo lugar para dar uns amassos. – ele riu.

 —Bom, então minha escolha está feita. – andei até a última fileira e entrei
nela, sentando bem no meio. Ele estava atrás de mim, sorrindo, sem dizer
mais nada, colocando nossos refrigerantes no braço das nossas poltronas.

 —Ótima escolha, Skylar. – ele sussurrou assim que as luzes se apagaram.

 O filme foi mais do que maravilhoso. O diálogo era perfeitamente antigo e


cada palavra era quase como poesia para mim.

 Mathew, o cavalheiro, jamais tentou me dar uma cantada ou segurar


minha mão, mesmo enquanto assistíamos a história se desenrolar.

 A cena de amor entre James Stewart e a Katherine Hepburn chegou e eu


absolutamente derreti quando ele dissera a ela:  “Há um esplendor em
você, Tracy. Um esplendor que sai dos seus olhos… e da sua voz, no
jeito que você se porta, no seu jeito de andar… você é iluminada por
dentro, Tracy. Você tem chamas confinadas em você… lareiras e
holocaustos!”

 Olhei para Mathew, sabia exatamente o que aquelas palavras


significavam… Mathew é assim para mim. E quando o olhei, ele estava me
olhando também. No entanto, não tirei meus olhos dele… segurei seu olhar
enquanto os atores continuavam falando um com o outro.

Sua mão encontrou a minha no braço da minha poltrona e ele pôs a dele
sobre ela, gentilmente se enroscando nela… e de repente comecei a me sentir
quente e um pouco suada. Isso é mágico!

 “Eu não lhe pareço… feita de bronze?”, Tracy questionara. Era algo de
que seu pai babaca a chamava, uma mulher decidida naqueles tempos
assustava os homens e ele disse que ela não era real, que era feita de bronze,
porque era inteligente e forte. Eu conseguia me identificar com isso. Muitos
caras me viam como uma traça, que vive grudada em livros, não como uma
garota para namorar. Mas, Mathew era diferente. Ele parecia me VER
realmente…

 “Não, você é de carne e osso…”, ele disse a ela, “Essa é a surpresa


crua e profana disso. Você é a garota dourada, Tracy… cheia de vida,
calor e alegria.”

 O rosto de Mathew estava se movendo tão devagar que nem percebi que
ele se mexia até que seu rosto estava quase encostado no meu…

 “O que se passa? Há lágrimas em seus olhos.”, James Stewart


perguntara a Tracy.

 E senti lágrimas nos meus próprios olhos. E meio segundo depois, senti o
beijo mais inocente e intenso que já tive conhecimento.
 Não prestei atenção nos atores na tela por um tempo, porém nosso beijo
se aprofundou. Não senti língua, entretanto, era o primeiro beijo de um
cavalheiro… e eu amei. Eu me sentia num filme antigo.

 Na tela, os apaixonados estavam se beijando também, e


exatamentequando terminamos nosso beijo, ouvi a Katherine Hepburn
arfar: “Céus… céus…”

 Mathew e eu rimos ainda nos olhando. Não dissemos nada um para o


outro, mas ele segurou minha mão durante todo o resto do filme… e foi a
sensação mais incrível de todas. Não era nada… mas ao mesmo tempo, tudo.

 Jimmy Stewart então questionara Tracy se aquilo podia ser amor e ela
declarara: “não, não pode ser.” E ele lhe perguntar: “ Seria
inconveniente?”

 “Terrivelmente!”, respondera ela, e depois disse. “Nós não estamos


em nosso perfeito juízo!”

 Sorri levemente, entendendo aquilo também. É incrível como você pode se


identificar com um filme de tanto tempo atrás, hoje, em 2013. Mas entendi a
mensagem. O amor nem sempre é conveniente, se encaixando perfeitamente
em nossos planos. Me peguei fazendo uma pequena oração… mesmo se
Mathew achasse aquilo uma perda de tempo… tem que existir alguém em
algum lugar que possa me ouvir… e me ajudar… e me mostrar o caminho. Por
favor.

 O filme acabou e Mathew não tinha tentado nada sexual comigo na sala de
cinema escura e abandonada. Eu quase me perguntei se ele tentaria alguma
coisa. Esse era um cenário perfeito para uma cena de atentado ao pudor… mas
ele permaneceu como meu  acompanhante atencioso… e eu tinha que admitir,
era lindo.

 Quando saímos do cinema, Mathew ainda estava segurando minha mão.

 —Não se fazem mais filmes como esse. Droga, não existem atores como
esse mais.

 —É verdade. – concordei. —Apesar de que, eu adoro os filmes do Tom


Hanks e da Meg Ryan…

 —Sim, eles têm alguma coisa quando estão juntos, não têm? – ele sorriu.
— Me pergunto se eles já ficaram juntos… por trás das câmeras.

 Ri daquilo e dei um leve aperto na mão de Mathew, esperando que ele
lesse a mensagem como ‘Estou amando este encontro e você está indo tão
bem, Mathew’.

 — Para onde vamos agora? – perguntei, após um curto silêncio entre nós.
 — Tem um lugar muito bom a algumas quadras daqui que pensei que você
pudesse gostar. – ele disse. — É italiano. Gosta de comida italiana?

 — Está brincando? É a minha favorita. Dou a minha vida por um bom


molho marinara e queijo mozarella.

 —Ah, o molho de lá é exelente. – ele sorriu mais, mostrando os dentes


brancos reluzentes.

 Conversamos a sobre as nossas partes favoritas do filme no caminho do


restaurante e quando chegamos lá, Mathew pediu uma mesa tranquila e
afastada, deslizando para a recepcionista uma nota de dinheiro dobrada.

 Ele colocou a mão na parte inferior das minhas costas enquanto éramos
levados para uma mesa pequena e redonda em um canto mal iluminado. Ele
puxou a cadeira para mim e depois se sentou à minha frente, abrindo o
cardápio.

—Não vou ser um daqueles caras que diz a sua acompanhante o que ela
deve pedir. – ele disse. —Acho isso um insulto. Você tem suas preferências e
pode escolher sozinha. Aprecio uma mulher que é capaz de pensar por ela
mesma.

 Sorri para ele e decidi que aquele comentário havia acabado de lhe render
1.000 pontos.

 —Obrigada, Mathew. – respondi, olhando por cima do meu cardápio. —


Sempre odiei quando os homens fazem o pedido por mim. Faz eu me sentir
como se tivesse cinco anos.

 Ele sorriu e assentiu uma única vez.

 Quando a garçonete chegou, Mathew pediu para ele um espaguete com


almôndegas bem comum com “bastante molho” e pão de alho para nós dois, e
uma coca.

 Gostei do fato de que ele não estivesse tentando me impressionar pedindo


algum prato extravagante ou um vinho caro.

 Pedi a mesma coisa para mim, realmente querendo aquele prato antes de
ele fazer o pedido dele, e em seguida, repreendi a mim mesma por não ser a
“mulher que pode escolher e pensar por si mesma”. Ele apenas sorriu para
mim quando a garçonete se retirou e deu uma olhada no lugar.

 —Gostou daqui, Skylar? – ele perguntou, um perfeito cavalheiro.

 —Sim, muito. – respondi. — É bem aconchegante e me sinto à vontade


aqui. Alguns restaurantes me deixam nervosa.
 —Tive um pressentimento de que você não gostaria de ir a um restaurante
chique demais.

 —Mathew? – olhei dentro dos seus olhos. —Posso só… dizer uma coisa?

 Ele pareceu um tanto confuso, mas mesmo assim disse.

 —Claro.

 —Eu realmente não te ajudei muito, mais cedo, quando você me perguntou
como iríamos lidar com quando você tivesse que partir. – saí do personagem,
pois aquilo esteve me incomodando a noite toda. Ele buscou uma orientação
minha e eu não dei nenhuma. Eu simplesmente bati meu pé e disse que ele
não ia embora… quando, na verdade, eu não tinha certeza disso.

 —Skylar… - ele parecia um pouco assustado.

 —Para falar a verdade… – respirei fundo. — Não sei o que responder em


relação a esse assunto. Não sei como te dizer para enfrentar isso, porque… eu
mesmo não sei como serei capaz de viver sem você. Eu não quero pensar
nisso, no entanto, como sua médica, eu teria que dizer alguma coisa como
‘Nada é para sempre. Você tem que seguir em frente e viver um dia de cada
vez, aceitar que acabou. Fique feliz pelo tempo que tivemos.’. Besteira. A
verdade é que não existe nenhuma resposta. Vai doer para nós dois…
absurdamente. Mas temos que sobreviver… de alguma forma. Mathew, se você
estava falando sério sobre aquela coisa de se matar, vou precisar de te levar a
outro lugar agora.

 Ele engoliu em seco e seus olhos tornaram-se sérios.

 —Eu não quero me matar, Skylar. – ele sussurrou entre nós. —Por favor,
esqueça isso. Foi a muito tempo atrás. Já superei. Não preciso ir a lugar
algum. Eu estou aonde preciso estar.

 A garçonete chegou com a comida e ele retornou para o modo-encontro.

 —Uau, isso parece muito bom. – ele disse quando nossos pratos foram
servidos na mesa, juntamente com as nossas cocas.

 Apenas fiquei assistindo enquanto ele dava uma piscadela para mim e 
começava a enrolar o espaguete com o seu garfo.

 —Obrigado, Skylar. – ele disse simplesmente, em resposta ao que eu havia


dito a um momento atrás, e senti a emoção genuína na sua voz ao dizer isso.
Seus olhos faiscaram nos meus e vi que ele apreciara minha resposta a sua
pergunta, e torci para que ele entendesse que as minhas últimas palavras
foram uma tentativa de ajudá-lo, não de trancá-lo em algum hospício.
 —De nada, Mathew. – dei um pequeno sorriso e comecei a cortar meu
espaguete em pedaços, dando risada quando Mathew me deu bronca por fazer
isso.

 O resto do nosso jantar foi divertido e maravilhoso. Eu realmente sentia


como se tivesse acabado de conhecer Mathew esta noite, e já estivesse me
apaixonando por ele. Ele me deixou falar sobre as minhas aulas e amigas. Ele
não inventou nenhuma história da faculdade ou amigos, apesar disso, e fiquei
grata. Isso teria me deixado triste, ouvi-lo criar histórias de coisas que nunca
existiram… mas que poderiam ter existido.

 Ele teria sido um grande médico.

 Comecei a falar sobre o meu pai, decidindo parar de contar casos da


faculdade. Eles poderiam deixá-lo um pouco deprimido, já que ele não pode
terminar os estudos. Então, depois de dez minutos nas minhas histórias sobre
meu pai, deduzi que talvez as coisas  relacionadas à  paternidade o fizessem
se sentir tão vazio quanto as da faculdade.

 Mas, Mathew aparentou estar sempre interessado quando eu falava, e dava


risada e sorria em todos os momentos certos.

 Antes que me desse conta, estávamos cheios de comida e Mathew estava


pagando a conta, dando uma gorjeta generosa para a garçonete. Fiquei feliz
por termos uma boa caminhada pela frente, pois eu me sentia como uma
baleia inchada quando ele puxou minha cadeira para mim.

 —Estava delicioso. - Mathew andou ao meu lado novamente, desta vez um


pouco mais perto do que antes. Ele não tentou segurar a minha mão outra vez
e fiquei me perguntando se tinha feito alguma coisa de errado.

 —Sim, você estava certo. – sorri. — O molho foi a melhor parte.

 — Definitivamente. – ele concordou.

 Talvez eu não devesse ter dito o que disse, abandonando o personagem


depois que fizemos nossos pedidos. Não. Fui honesta e aquilo era importante.
Tinha que ser dito. Eu não deveria ter falado tanto sobre a faculdade… merda!

 —Nunca me diverti tanto num encontro antes. – ele disse, de um jeito


menos brincalhão  agora.

 Fui pega de surpresa e quando olhei para ele, ele sorria para mim, o vento
despenteando um pouco seu cabelo, deixando-o mais bagunçado… e mais sexy
do que antes.

 —Nem eu. – admiti. — No último encontro que tive, quase morri asfixiada
com o meu refrigerante.
 Mathew olhou à nossa frente e deu aquele sorriso novamente, rindo
levemente consigo mesmo.

 Percebi, também, que quanto mais nos aproximávamos do meu


apartamento, mais nervoso e tenso Mathew ficava.

 —Você está bem? – perguntei.

 —Sim… – seus olhos foram até os meus, depois ele olhou para seus
sapatos, e adicionou apreensivo. —Sim.

 Decidi criar alguma coragem e aliviar o clima um pouco.

 —Fico sempre tão nervosa no final de um primeiro encontro. – confessei. —


Estou sempre com medo, pensando no beijo na porta de casa. Será que vai
acontecer, será que não vai… se acontecer, vai ser bom… ou não tão bom
assim…

 Mathew  forçou um sorriso para mim, sem falar qualquer coisa.

 —Descobri que é melhor não se estressar com isso… – continuei. —E


simplesmente deixar acontecer… o que tiver que acontecer.

 —Pra você é fácil falar, você é a garota.

 —Mulher. – corrigi. —E esse é um comentário um tanto machista, não


acha?

 —Não, não tenho a intenção de ser machista. – seu sorriso aumentou. —Só
estou dizendo… que a mulher só tem que ficar parada e esperar… o homem é
que tem que dar o primeiro passo.

 —Bom, então estou mudando as regras neste momento. – informei. —Você


não está permitido a me dar um beijo de boa noite. Eu serei responsável por
isso.

 —Não estou permitido? – ele gargalhou.

 —Não.

 —Hmmm… – ele sorriu de forma provocante. —Não sei se gosto disso, ficar
recebendo ordens por aí deste jeito. No pronto-socorro, eu que costumo dar
todas as ordens.

 —Você vai sobreviver. – sorri, gostando da maneira como o Mathew


cavalheiro não gostava de receber ordens. Isso indicava muito. Eu teria que
analisar isso mais tarde.

 Ele pareceu relaxar um pouco e então me perguntei que merda eu tinha


feito. Eu não era uma mestre em beijos, eu não tinha todas essas iniciativas
românticas… o que diabos eu vou fazer quando chegarmos à minha porta? Ai,
meu Deus! Eu vou ser um desastre total.

 Finalmente, chegamos à porta do meu prédio e ele subiu comigo até a


porta do meu apartamento, não falando uma palavra até que ficamos parados
lá, olhando um para o outro acanhadamente.

 —Quero te agradecer pelo encontro maravilhoso, Mathew Trenner. – eu


disse com sinceridade.

 —O prazer foi todo meu, Skylar Hayes. – ele sorriu de volta.

 —Espero que… – continuei. — Possamos sair de novo um dia desses.

 —Eu adoraria. – ele sorriu, o que provocou coisas  na minha barriga.

 —Eu também. – afirmei, não fazendo qualquer movimento para beijá-lo


ainda. Isto era tão estranho. Eu sentia como se não pudesse fazer isso.

 Como se fosse cedo demais. Que loucura.

 —Bom… – ele hesitou, olhando para as escadas. —É melhor eu ir.

 —Boa noite. – me ouvi dizer e dentro de mim minha cabeça estava


gritando: COMO É QUE É?

 Ele pareceu um pouco desnorteado, em seguida, disse.

—Boa noite, Skylar.

 Lentamente, ele começou a se afastar alguns passos e fiquei em pânico.

 Ele acha que não gostei do encontro… que não gostei do cavalheiro que ele
tinha sido esta noite. NÃO! Eu tinha que impedi-lo já! Convoquei a Skylar
sensual e corajosa, me  transformando naquele conquistador que Mathew era
quando o vi pela primeira vez.

 —Ei! – gritei e ele congelou, virando-se para mim sem fazer menção de
voltar ainda.

— Aonde você pensa  que está indo?

 —Eu… – ele começou a explicar. — Você disse…

 —Traga seu traseiro de volta pra cá. – me obriguei a dizer. —Ainda não
terminei com você.

 Ele pareceu meio perdido, porém se aproximou novamente sem dizer uma
palavra.
 Sem enrolação, o agarrei pelo suéter, atirando suas costas contra a porta e
puxando o tecido na minha direção, o fazendo se curvar para que assim eu
pudesse beijar aquela boca espetacular dele.

 O ouvi fazer uns sons… gemidos surpresos enquanto eu separava meus


lábios e inalava totalmente seu beijo, tornando-o mais vigoroso.

 Ele estava com gosto do melhor molho italiano que eu já provei… eu


praticamente devorei sua boca.

 Rompi o beijo e ouvi sua respiração pesada sobre mim enquanto seus olhos
fitavam o interior da minha alma.

 Entregando a chave do meu apartamento para ele, tentei lhe dar um


sorriso sensual e disse.

—Você gostaria de entrar, Mathew?

 Ele pegou a chave e olhou para ela. Ele realmente parecia estar nervoso,
como se nunca tivesse feito aquilo antes. Então eu me lembrei… ele não fazia
amor sem brinquedos, joguinhos ou ordens há muito tempo, isso era meio que
novo para ele. Talvez ele esteja com medo de me decepcionar ou algo
parecido.

 —Skylar… - ele sussurrou, me olhando com os olhos tristes. —E se você…


não gostar de mim… desse jeito?

 Eu sabia. Ele era tão bobinho.

 —Mathew… – o beijei de forma suave agora. —Eu quero quem você é de


verdade. E vou amá-lo… quase tanto como eu te amo. Não tenha medo. Confie
em mim.

 —Eu confio. – ele sussurrou, me beijando novamente, acariciando meu


rosto. Ele se virou e enfiou a chave na fechadura, abrindo a porta enquanto eu
abraçava suas costas, descansando o meu rosto na musculatura definida sob o
suéter macio.

 Ele segurou a minha mão e me levou para dentro do apartamento escuro,


me beijando outra vez ao bater a porta, trancando-a, nos confinando juntos.

Capítulo 20 
Mathew POV

Ah. Meu. Deus.

Essas três palavras foram as únicas que eu ouvia em minha mente e até
mesmo agora, com o sol nascendo, elas ainda estavam aqui. Eu me senti como
a porra de um adolescente ontem á noite na porta da Skylar e não podia
acreditar no medo dentro de mim quando ela me chamou de volta, querendo
que eu entrasse em casa com ela.

 Eu sei que foi ideia minha…e eu queria. Mas, eu nunca imaginei que eu
realmente faria isso. No fundo, eu lembrava do meu modo de fazer amor com
Tanya, e ela nunca pareceu tão excitada assim por mim…e no final do nosso
casamento, nós não transávamos. Em algum lugar ao longo da linha, eu me
convenci que aprender todos esses joguinhos, truques e simulações fariam de
mim um amante melhor do que eu era antes.

 Eu pensei que as mulheres gostassem de todos esses jogos e coisas… e


talvez elas gostassem, como uma coisa de momento… mas eu queria dar mais
a Skylar. Eu queria fazer amor com ela de verdade, e não um monte de cenas
vazias feitas por mim, que a fariam fazer caretas ao se lembrar um dia. E
assim que sugeri, fiquei apavorado que não conseguisse cumprir com o que
me comprometera e que a desapontasse terrivelmente – sem contar dar uma
vergonha maior do que possa parecer possível.

 Eu estava totalmente fora do meu alcance nesse assunto, e eu detestava


isso. Eu não podia voltar aos meus personagens e discursos confiantes entre
quatro paredes… e me sentia a porra de um virgem, tão despreparado e
inadequado. Agora seria somente eu  fazendo amor com ela… e eu nunca
gostei de mim. Por que ela gostaria?  Ela com toda a certeza me fantasiava
muito melhor, não fantasiava?

Continuei pensando, será estou indo rápido demais? Muito lento? Forte o
suficiente? Ou mais carinhoso? Eu estava tremendo no início, porém Skylar me
surpreendeu.

 Eu suspeitava que ela gostasse do fato de eu não ser mais suave. Talvez
ela gostasse do meu lado vulnerável, sendo ela uma amante de coisas
quebradas e que precisavam de reparo. No entanto, ela foi tão forte, tranquila,
meiga e carinhosa, e tão orientadora. E ela não me humilhou, e eu
simplesmente a amava ainda mais por isso. Agora ela  estava me  ensinando.

 Nós jamais apressamos nada… tudo foi lento e fantástico. Nem sequer
fomos para a cama até quase uma hora após termos chegado. Nós sentamos
no chão e conversamos no escuro, apenas nos tocando, ainda completamente
vestidos. Nunca pensei que sentiria arrepios acariciando os dedos de uma
garota… pois eu senti. Eu conheci o corpo de Skylar por inteiro, não somente
suas melhores partes. E ela conheceu o meu, e fizemos com o outro um amor
perfeito, delicioso, atormentado e apaixonado. Eu realmente me sentia um só
com ela… era como se nossas almas tivessem se fundido uma na outra e agora
não pudessem ser separadas outra vez, mesmo se nossos corpos seguissem
caminhos diferentes. Estou falando como uma garota… mas esta é a única
maneira como sei explicar isso.

Nunca senti nada assim antes. Foi além de qualquer experiência sexual que
eu já  experimentei. Foi quase… espiritual.

 Não chegamos nem a dormir. Skylar tinha acabado de pegar no sono a


poucos minutos atrás, mas o meu corpo está reabastecido demais para dormir
neste momento. Sinto como se pudesse correr dez quilômetros, se eu
quisesse.

 Deitei de barriga para baixo e apenas fiquei ali a observando dormir,


colocando meu rosto em meus braços cruzados.

 Não posso dar em cima das amigas de Skylar… não posso magoá-la. Eu
havia magoado Tanya sem parar e nunca cheguei a tentar me desculpar por
nada. Eu não podia fazer isso com Sky agora.

 Existia uma linha, uma fronteira, entre a porta do apartamento de Skylar


também. Eu a tinha cruzado na noite passada e entrado em um mundo novo…
um mundo que só ela podia me convidar a entrar, um mundo a qual eu não
merecia acesso permanente.

 Magoá-la agora, depois de todas as suas horas tentando ajudar a salvar


meu corpo e minha mente… ir embora desse jeito… seria outra linha vermelha
invisível que eu estaria cruzando e iria me arrepender para sempre. Não posso
continuar a cometer erros um atrás do outro na minha vida. E não podia usar
Riley, muito menos, não depois da forma que ela tinha ajudado Skylar na
tentativa de me salvar.

 Farei isso do jeito da Skylar. Serei honesto e contarei a verdade a ela. Pode
ser mais doloroso, mas pelo menos ela saberá da verdade. E não me odiará.
Eu espero. Isso iria me ferir além da capacidade de reparo, sabendo que ela
estava chorando e amaldiçoando meu nome em algum lugar, sofrendo com as
lembranças comigo.

 No final da tarde, quando ela acordou, eu tinha um pequeno almoço


preparado para ela e pedi por um longo dia de terapia. Ela pareceu surpresa e
um pouco receosa de que talvez eu não tivesse gostado da nossa noite
especial juntos.

 Primeiramente, eu falei como a noite de ontem foi uma mudança de vida


para mim… e a agradeci por sua magnífica segurança e orientação, para não
falar da paciência durante tudo. Ela agiu como se não soubesse sobre o que eu
estava falando e em troca me disse o quão maravilhoso eu fui. Decidi não
discutir com ela a respeito daquilo e apenas deixei por isso mesmo. Ela disse
que tinha gostado tanto quanto eu… porém tenho certeza que o prazer foi em
maior parte todo meu.

 Contei a ela muito mais sobre a noite do incêndio e havia chorado,


envergonhado, por um bom tempo. Ela sentou ao meu lado e me deixou
chorar tudo que queria. Ela até mesmo me fez rir, pois tinha me comprado um
conjunto de lenços de tecido, dizendo era muito melhor que usar os de papel.

 Contei para ela cada detalhe da noite em que passei sentado ao lado da
Katie no hospital, sem permissão de tocá-la, enquanto ela chorava pela mãe
dela, e como tive que lhe implorar para que não chorasse porque o sal das
suas lágrimas estava ferindo seu rosto queimado.

 Depois, dei a ela uma ideia de eu gritando para os médicos darem mais
remédios para dor para Katie e alguma coisa para fazê-la dormir, porque meu
coração não conseguia suportar mais aquilo.

 E então, horas depois, enquanto o sol nascia e eu soluçava ao lado da


minha filha adormecida, Ben e Angela chegaram, no momento exato de
ouvirem da polícia que o corpo da filha deles havia sido encontrado nas ruínas
do nosso prédio e que ela estava morta.

Eu descrevi para ela o horror que era falar com a sua filha no celular,
tentando permanecer calmo e lhe instruir como abrir uma janela emperrada
enquanto você podia ver o andar abaixo do dela incendiando e em chamas.

 Você tem noção de como é ver um bombeiro carregando sua filha e


dizendo que ela está bem e que estão a caminho e seu coração flutuar,
pensando que foi concedido um milagre… e em seguida, o prédio  explodir… e
antes de você ter a chance de desviar o olhar, poder ouvir o bombeiro e sua
filha berrando?

 Sem mencionar a agonia desgraçada de escutar sua filha de três anos


gritando de uma dor que jamais conhecera, e que não deveria ter que
conhecer – nunca – enquanto seu corpo pega fogo… e você, rezando para
Deus, aos gritos, para que o bombeiro incendiado que lhe carrega não a deixe
cair com a sua própria mente entorpecida pela tortura…. e que os bombeiros
no terraço continuem puxando-os o mais depressa que consigam para que
possam apagar o fogo no seu bebê… e os minutos terríveis de espera após
isso… aguardando para ouvir se ela sobreviveu… ou se estava morta.

O único momento de alegria – amarga – que tive naquela noite foi quando a
voz do  bombeiro ressurgiu no rádio do outro bombeiro ao meu lado.

 —A menina está viva! – sua voz tinha gritado em tom de comemoração. —
Ela continua viva!

 Revivi tudo isso… por Skylar. E ela nem uma vez desmoronou ou quis que
eu parasse com as minhas histórias. Ela ficou comigo.
 Como pude sequer pensar em magoar Skylar dando em cima de sua
amiga? Eu tinha vontade de vomitar agora só de pensar nisso.

 Eu ainda hoje não sei como Tanya morreu por respirar fumaça enquanto
Katie havia acordado e atendido o telefone. A autópsia dizia que ela havia
morrido antes do fogo atingi-la. E disseram que a causa do incêndio foi
problemas na eletricidade. O abajur havia tentado me avisar após eu ter
coberto Katie na cama… porém não me preocupei o suficiente para dar
atenção. Eu estava morrendo de raiva por dentro pela Tanya e ignorei aquele
pequeno sinal de aviso.

 Eu continuava dizendo que deveria ter tirado ela de lá… e Skylar
continuava dizendo incansavelmente que aquilo não foi minha culpa… que se
não fosse por eu ter ligado para Katie… ela teria morrido também… e que às
vezes coisas horríveis acontecem. E às vezes, algumas coisas boas são
retiradas da dor.

Depois de algumas horas de conversa, quando Skylar me envolvia com um


braço seu enquanto eu repousava minha cabeça em seu ombro, finalmente
perguntei.

 —Você realmente acha que minha relação com a Katie está… danificada?


– perguntei, odiando que suas palavras ainda me incomodassem.

 Ela me abraçou mais apertado e respirou fundo.

 —Às vezes eu penso como isso deve ser difícil para ela. – ela falou. —E me
dói por dentro me colocar no seu lugar. Primeiro, ela sobrevive àquela noite
terrível e dolorosa. Depois ela descobre que a mãe dela morreu. Em seguida,
ela tem que lidar com o fato de que está queimada e desfigurada. Tenho
certeza que ela viu o sofrimento nos seus olhos enquanto você olhava para
ela… e os olhares das enfermeiras e dos médicos… tenho certeza que em
algum momento… ela teve que ver seu próprio reflexo no espelho. E aquele
bombeiro morreu para salvá-la… talvez ela sinta que é tudo culpa dela. E
então, algum tempo depois, o seu pai vai embora também. Isso enviou uma
mensagem para ela.

 —Eu te disse por quê tive que ir embora! Não era o que eu queria! – me
sentei e cerrei meus punhos, fitando Skylar. Eu sabia que ela estava certa…
mas não queria admitir.

 — Mas ninguém nunca disse a Katie por que você foi embora, disse? – ela
questionou.

 —Eles falaram para ela que eu precisava ir, para trabalhar, para que assim
ela pudesse fazer as cirurgias dela e ficar boa novamente. – expliquei com
frieza na voz.

 —As crianças nem sempre acreditam no que falam para elas, Mathew. –
ela observou. —Às vezes elas inventam seus próprios motivos. Honestamente,
eu sinto… que a Katie pensa que você foi embora porque ela estava
gravemente queimada e não era bonita mais. Ela vê como você e a mãe dela
são bonitos… e pode ser que ela sinta que não é desejada porque perdeu a
beleza dela.

 —Isso tudo é um monte de merda! – gritei, odiando aquilo. Mas, Skylar


manteve a postura e prosseguiu.

 —Ou… talvez ela pense que é culpa dela Tanya ter morrido no incêndio. –
ela disse, uma coisa que nunca havia pensado antes.

 —Talvez ela imagine que se conseguisse ter acordado a mãe naquela noite,
quando você lhe pediu, que ela estaria viva hoje… e talvez pense… que você
esteja com raiva dela por não ter sido capaz de fazer isso. – Skylar terminou e
fiquei calado enquanto minhas pernas começavam a tremer.

 Eu me senti doente por dentro. Porra, Skylar podia estar certa sobre isso…
talvez Katie realmente acredite nessas coisas ridículas… ela poderia estar se
culpando por tudo… exatamente como eu me culpo.

 Lembrei das suas palavras ao telefone naquela noite, quando ela o


atendeu:

 “Você está bravo, papai?”

 Corri para o banheiro e comecei a vomitar, com Skylar assistindo de perto,


nem sequer tendo tempo de fechar a porta atrás de mim. Eu odiava fazer
Skylar passar por essa situação… mas ela não fugiu daquilo… ou de mim.

 Ela ficou ao meu lado, acariciando meu cabelo e as minhas costas, dizendo
que sentia muito… ela mesma fungando e chorando.

 Ela esperou alguns minutos enquanto eu esperava que minhas pernas


recuperassem a força o suficiente para me levantar e me entregou uma toalha
à medida que eu me erguia sem forças e escovava meus dentes, pensando no
que poderia dizer naquele momento para impressioná-la, depois de ter feito
papel de um perfeito idiota.

 Mas então, um sentimento estranho caiu sobre mim. Eu não preciso


impressionar Skylar ou fazê-la pensar que sou algum deus ou um
conquistador… posso ser eu mesmo com ela. Eu não experimentava esse
sentimento há anos, com nenhuma mulher.

 Quando voltei para o sofá, Skylar sentou ao meu lado novamente encostou
minha cabeça de volta em seu ombro enquanto passava as unhas  de leve pelo
meu cabelo, dizendo numa voz muito serena e consoladora.

 —Eu acho que a Katie está machucada tanto quanto você está, Mathew. E
estou certa de que o Ben e a Angela são pessoas amorosas, mas o sofrimento
dela só pode ter fim quando você for até ela… e explicar tudo… e deixar que
ela saiba que você sempre a amou e sempre vai amar. E que nada disso é
culpa dela. Só você pode lhe dizer isso, cara a cara. E depois, talvez vocês dois
possam começar a se curar.

 Eu queria ir… agora mesmo… e levar Skylar comigo. A Flórida é a apenas
algumas horas de distância de avião. Esta seria a minha única chance de ir.
Claire jamais me daria permissão de visitar minha filha na Flórida uma vez que
meu tempo com Skylar tivesse terminado.

 Tenho quatro dias até precisar retornar. Mas, será que eu realmente posso
simplesmente aparecer do nada e em seguida sumir de volta da vida da Katie
depois de todo esse tempo? Isso a magoaria ainda mais e certamente me
mataria. Se eu voltar para ver Katie, jamais voltaria para Nova York. E Claire
irá atrás de mim… contará a Katie o que eu sou… e irá matá-los e me arrastar
de volta para casa com ela. Eu já vi de perto o que Claire pode fazer… e jamais
permitirei que ela chegue perto da minha filha.

 Acho que eu estava fisicamente mostrando sinais de desconforto porque


Skylar dizia.

 — Shhhh, tudo bem… não pense nisso agora. Você pode ir vê-la na hora
que quiser. Quando estiver pronto. Ninguém pode realmente impedi-lo quando
você estiver pronto para voltar para ela.

 —Podemos falar sobre seus pais um pouco mais agora? – ela me


perguntou, querendo ir de um assunto doloroso para outro.

 —Os Idiotas? – perguntei com um pouco de raiva na minha voz, sem me


mexer do ombro dela. — Claro, por quê não? Esse é um dia fodido mesmo.

 —O que exatamente aconteceu… com eles e a Tanya? – ela perguntou,


curiosa. —Quero dizer, você disse que eles a conheceram uma vez… e não
gostaram dela… e disseram para você terminar com ela ou do contrário seria
cortado da vida deles? Isso parece um pouco extremo pra mim. O que ela fez
de tão terrível?

 —Não sei. – respondi, ainda tão chocado como fiquei na época.—Meus pais
fizeram aquele maravilhoso jantar, ou os empregados fizeram, e nos
convidaram e me abraçaram como nunca tinham abraçado antes… e então
apresentei eles para Tanya e eles pareceram muito tensos… meu pai parecia
que ia infartar.

 Pausei por um segundo ou dois, mas continuei.

 —Ele até cobriu a boca e saiu correndo da sala de jantar. Eu achei que eles
estavam sendo grosseiros com ela, mas minha mãe disse que eu
não entendia… e ela tentou ser educada com a Tanya, mas seu rosto estava
feito… pedra.  Meu pai veio se sentar à mesa de jantar com a gente por um
minuto no meio da nossa refeição e logo saltou da cadeira de novo e se
retirou, dizendo que não conseguia fazer aquilo. Ela mal dirigiu cinco palavras
a ele!

 Skylar me esperava terminar.

 —Depois, Joseph me pediu para ir sozinho encontrar meu pai no escritório


dele. Foi quando meu pai me disse que não queria a Tanya nunca mais na sua
casa. Ele me perguntou até que ponto eu estava levando meu relacionamento
com a Tanya a sério e eu lhe disse que a amava… que queria me casar com ela
depois que terminasse a faculdade.

 —Ele pareceu furioso outra vez e disse que eu não podia me casar com ela,
para encontrar alguma outra garota, qualquer  outra garota. Eu disse para ele
ir se foder e ele ficou puto e ameaçou que se eu não terminasse com ela, ele
iria me renegar… que eu ficaria por minha conta dali pra frente. E que eu
nunca mais poderia voltar lá.

 —Eu não consegui acreditar… eu ainda não consigo. Mas ele falou sério,
evidentemente. Eu escolhi Tanya e dei as costas… e contei para a minha mãe o
que meu pai havia dito. Ela disse que tinha que concordar, e mais uma vez,
que eu não entendia.

 —Eu saí de lá e jurei que jamais voltaria, por nada. Preferia morrer de
fome. Esperei a minha vida toda por eles… à espera de receber alguma
aprovação ou qualquer tipo de atenção. Finalmente, parecia que eles queriam
fazer parte da minha vida naquela noite… e logo depois jogaram toda aquela
merda em cima de mim. Foi o fim.

 —Isso é estranho. – Skylar disse, pensando sobre tudo que eu tinha


acabado de contar.

—Será que o seu pai não a conhecia antes? Parece que… assim que ele a
viu… não gostou dela.

 —Não, meu pai não a conhecia. – franzi a testa, me perguntando por que
Skylar pensaria isso. — Eles nunca tinham se encontrado antes.

—Você tem certeza? – Skylar perguntou.

 —Sim, tenho certeza. – eu disse, quase  totalmente certo disso.

 —“Você não entende”… - Skylar falou consigo mesma, repetindo as


palavras da minha mãe. —Tem mais nisso do que o simples fato de eles não
gostarem dela… tem alguma outra coisa…

 Eu estava pensando sobre isso agora, e antes de eu chegar muito longe,
Skylar disse:

 —E eu digo, você foi um lutador na época. Você mandou seu pai ir se
foder, eu gostaria de poder trazer esse sentimento de luta de volta a você.
—Eu sou diferente agora, Skylar. – eu admiti. —Eu não tenho mais esse
sentimento em mim.  Um monte de merda aconteceu comigo desde então.

—Eu sei, baby, eu sei… – ela disse suavemente, beijando minha cabeça. —
Vai levar tempo para construir isso em si mesmo novamente…mas você pode
fazê-lo.

Claro…entre as minhas entregas de pizza e compromissos com a Raven…


sem mencionar os meus papéis principais especiais em vídeos de dor.

Oh, Claire, eu volto mais tarde… Eu estou indo para o meu médico para
aprender a lutar contra você. Não vou demorar muito.

Deixei escapar um suspiro e não queria discutir com Skylar agora. Eu


odiava admitir, mas eu estava gostando da terapia hoje. E eu amei as unhas
de Skylar no meu cabelo, acariciando meu couro cabeludo levemente.

—Eu sei. – eu disse, esperando que ela deixasse por isso mesmo.

—E o que aconteceu quando você disse…você voltou? – Skylar perguntou.

—O dinheiro que peguei dos agiotas restauraram os órgãos internos de


Katie o suficiente para que ela não tenha que estar em uma câmara de
oxigênio. Ela odiava ficar lá…e então ela pode respirar ar normal novamente. E
eu podia tocá-la novamente. Esse foi um dos melhores dias da minha vida.
Beijei cada centímetro de seu rosto e ela me beijou, também.

Eu quase chorei de novo, mas eu segurei, limpando a garganta e


continuando.

Eu funguei, deixando uma única lágrima sair, Skylar não podia ver a partir
de seu ângulo.

—Uma vez  que era hora de pagar esses agiotas de volta, eu não sabia o
que fazer. Ben e Angela estavam de volta na Flórida, mas eu não poderia pedir
sua ajuda novamente, não depois que eu matei sua filha e incendiei sua neta.

—Mathew… – Skylar rosnou, não gostando de que eu continuava me


culpando.

—Além disso, eu disse, a fábrica da Ben estava tendo problemas. Ele estava
fazendo tudo que podia para salvá-la. Eles faziam cabides de plástico, eu acho
que não é um negócio que está a todo vapor. O lado doente é, se ele fizesse
brinquedos de sexo, ele seria um bilionário. Deus, este mundo é uma merda.

—Vá em frente com a sua história, Sr.positivo. – Skylar bagunçou meu


cabelo.

—Eu quase roubei um banco. – confessei. — Eu usaria uma arma de


brinquedo de Katie e iria até um caixa com uma nota. Fiz anotações e tudo.
Mas  quando eu estava andando até o banco, eu não poderia fazer isso. Eu
amarelei. Além disso, eu provavelmente teria sido pego e filmado ou
apodreceria na cadeia. e eu não quero isso. Katie iria descobrir, sairia no
jornal, e não faria esses caras irem embora, eles queriam o dinheiro.

—Uma noite. – eu disse. — Eu vi esses caras no hospital…olhando para o


quarto da minha filha.

Eu solucei novamente e o empurrei de volta.

—Eu não sei se eles queriam seqüestrá-la para me fazer pagar, ou se eles
queriam machucá-la…mas eu não me importei. De qualquer maneira, eu tive
que tirá-la de lá. Envolvi Katie  em um par de cobertores e a tirei de lá. Só
Deus sabe como eu consegui fazer isso sem que ninguém me parasse. Mas
uma prova do quão fodido o mundo é. Ninguém me parou. Eu poderia ser
qualquer pessoa a levando embora e ninguém me parou. Isso me irrita até
hoje!

— O lugar mais próximo para ir era a casa dos meus pais. – eu disse sem
expressão. —Se esses caras estivessem me seguindo…Eu teria que correr e
levá-la em algum lugar seguro.. rápido. Então eu engoli todo o meu orgulho
estúpido e fui lá. Bati na porta e minha mãe atendeu. Enquanto eu estava
segurando Katie em meus braços, graças a Deus ela estava dormindo, porque
a minha mãe deu uma olhada em mim e ela… e quase gritou…e bateu a porta.
Porra ela bateu a porta na minha cara…no rosto de Katie! Porque Katie não era
bonita…ou perfeita! Você acha que por ser esposa de médico, ela seria mais
acostumada, mais capaz de lidar com queimaduras ou doenças e
enfermidades…

Eu parei por um minuto, tentando diluir o meu ódio por minha mãe antes de
entrar no lado do meu pai.

—Eu acordei Katie quando eu comecei a chutar a porta, batendo nela, e


gritando. Perdi o controle de mim mesmo. – eu disse, sentindo lágrimas em
meus olhos novamente. — Eu assustei Katie e ela estava chorando enquanto
eu gritava a minha raiva e chorava, o tempo todo gritando com eles, em um
acesso de raiva. Eu lhes disse que não queria entrar…mas se eles apenas
pudessem…levá-la e cuidar dela no hospital dele…Eu oferecia a minha vida…Eu
faria qualquer coisa. Meu pai ligou o interfone, nem mesmo homem o
suficiente para ficar cara a cara comigo e disse, “Vá embora , Mathew. Nós não
podemos ajudá-la. Leve Kaitlyn longe daqui.. agora.”  E isso é tudo o que ele
me disse. Eu fui cortado, como se fosse eu quem precisasse da porra de ajuda!
Então eu chamei Ben e Angela. Eles pegaram o primeiro avião e buscaram ela.

—Espere. – Skylar ficou tensa por um momento. — Eles sabiam o nome


dela?

— Sim, Eu disse.

— Mathew, eles sabiam o nome dela. – Skylar disse novamente.


— E daí?

— Se você não se importa com uma criança nascida de seu filho esquecido,
então por que você sabe o nome dela? – Skylar perguntou. — Mathew…Eu
acho que eles se….importavam. Eu não sei porquê eles agiram da forma como
agiram…mas eu acho que estamos perdendo um pouco da história aqui.

—Que história? – eu perguntei. — Eles são idiotas, puro e simples.

— Eu não penso assim , Mathew. – Skylar se levantou, parecendo animada


com alguma coisa, olhando para mim. — Eu acho que nós precisamos entender
a história toda. Se eles se parecem com você, eles não vão revelar tudo de
uma vez…mas devemos falar com eles.

—Eu não sou como eles. – eu não gostava de ouvir isso da boca de Skylar.

—Mathew… – ela me olhou mais profundo. — Lembra do seu truque de


empurrar as pessoas para longe?

Lembra disso? Eu estava pensando em fazer isso com você ontem.

—Sim, e daí?  - eu olhava em seus olhos.

—Eu acho que seus pais estão fazendo o mesmo com você…mas, o porquê
é o que temos de descobrir. – isso soava como um episódio de Scooby Doo.

—Como você vai fazer isso? – eu quase zombei.

—Ligando para eles. – ela disse simplesmente, tirando seu


caderno,escrevendo alguma coisa.

—Não, Skylar. – eu disse entre dentes. —Você não vai ligar para eles.

—Do que você tem tanto medo, Mathew? – ela parou e colocou o notebook
para baixo, sentada no chão aos meus pés, tomando minhas mãos na dela,
seu olhar cheio de compaixão e amor.

—Eles não vão falar com você, mesmo se você ligar. – eu adverti.

Ela faria isso, eu sei disso. Skylar era do tipo que ligaria de qualquer
maneira.

—Eu sei que dói…a rejeição deles com você e Tanya…e até mesmo Katie. –
ela disse com cautela, olhando para mim, esfregando os polegares em círculos
lentos sobre minhas mãos. — Mas deve haver mais do que isso. Assim como
Katie está provavelmente pensando nas coisas erradas sobre sua ausência,
você provavelmente está pensando sobre as coisas erradas porque seus pais
não estavam lá para você. Se você falar com eles, talvez você visse que não é
culpa sua, afinal. Como eu disse, as crianças sempre acham que é culpa deles.
Você está fazendo exatamente isso. Você tem que descobrir a história ou você
nunca vai superar isso.

—Eu nunca quis que Katie ficasse sozinha como eu estava…sendo cuidada
por outras pessoas. Eu tentei tanto dar ela a família que nunca tive. E eu
estraguei tudo…e agora ela não tem a mim e nem Tanya. – ouvi minha voz
falhar.

—É hora de parar de chorar sobre o passado, Mathew. – ela disse, com a


voz mais forte agora. — Lágrimas não mudam as coisas, Mathew. Ações sim.
Estes quatro dias que restam não devem ser desperdiçados. Você nunca vai
conseguir essa pequena janela de tempo novamente. Use-a. Não deixe
escapar. Vamos agir, Mathew. Vamos tentar.

—E se as coisas derem errado? – eu perguntei, odiando soar com tanto


medo e fraco.

—E se as coisas derem certo? – ela respondeu, me fazendo calar. — Tantas


coisas deram errado… Eu tenho que acreditar que você tem algum direito de
dar certo para você. Mas não vai cair do céu, Mathew. Você tem que levantar
sua bunda e ir a luta para isso. Lute por Katie, nada mais. Que ela seja a sua
armadura. Pare de estar com tanto medo. Estou com você. Você não está mais
sozinho.

Eu me senti tão assustado, mas as palavras de Skylar me fizeram sentir


mais corajoso…mais forte.

Finalmente, depois de uma longa pausa, eu quase resmunguei as palavras.

— O que vamos fazer primeiro? – eu perguntei em voz alta.

— Amanhã…vamos dar um passo muito grande. – Skylar me informou com


confiança. — Seus pais estão vindo.

— O quê? – eu quase gritei, meus olhos arregalados para ela.

— Eu liguei para eles…ontem depois que você saiu. – ela confessou. — Eu


queria ligar para alguém que se preocupa com você…eu tive que ligar para
eles. Eles são o lugar onde a sua vida começou, eles têm que se importar de
alguma forma com você.

— Você falou com eles? – levantei-me, olhando mais para baixo enquanto
ela estava sentada no chão, sem mover sua posição.

—Eu falei com Joseph. – ela disse calmamente. — Eu disse que achava que
eles deveriam vir vê-lo e falar sobre as coisas. Ele foi muito agradável. Ele
concordou comigo. Ele disse que ia falar com eles e saber se eles iriam vê-lo.
Uma meia hora depois, ele ligou de volta e disse que estaria aqui amanhã. Eu
ia esperar até que eles chegassem aqui para dizer qualquer coisa, você estaria
com os olhos vendados e preso a uma cadeira quando eles chegassem…mas eu
pensei, isso não é justo com você. Você deve estar preparado. Eu não queria
trair a sua confiança.

Mesmo eu pensando em trair a dela, quando cogitei dar em cima de Riley.


Eu sou um merda. Não mereço essa garota.

 — Você contou pro… Joseph o que eu sou? – perguntei, pedindo a Deus


que ela não tivesse contado.

 — É óbvio que não. Que tipo de pessoa você acha que eu sou? Eu sei que
ele é como um pai pra você. Eu até pedi que ele e a Katherine viessem juntos,
mas ele disse que provavelmente não seria uma boa ideia.

 —Pois é, meus pais não gostariam de ser vistos indo a qualquer lugar com
a criadagem! -virei as costas para ela, soando amargo de novo, mas não pude
evitar.

 — Só preciso que você me algeme numa cadeira quando eles chegarem


aqui. – me senti nervoso e mal-humorado de repente, e eles nem estavam
vindo hoje.

 — Vou ficar na frente da porta se você tentar fugir. – ela sorriu. — Que tal?

 — Você vai ficar comigo, Skylar? – perguntei, me sentindo com cinco anos
de idade. —Não quero ficar sozinho com eles.

 —Se você quiser que eu fique, sim.

 — Por que eles viriam pra cá agora? – pensei em voz alta. — Eles nunca se
importaram comigo antes. Eles nem retornaram a sua ligação eles mesmos.

 — Bom, agora, isso é uma boa pergunta para fazer a eles quando
estiverem aqui. – Skylar falava como a minha professora do jardim de infância.

 —Eu não vou ser legal com eles, Skylar. – avisei.

 — Tudo bem. – ela deu de ombros. — Fale o que quiser… seja o que for
que estiver sentindo. Você não precisa fingir. Mas deixe tudo às claras. Exija
saber por que eles te trataram daquela maneira.

 — Pode ter certeza. – ouvi minha voz dizer e muita força escorreu das
minhas palavras.

 Skylar levantou e colocou os braços ao meu redor, repousando a bochecha


no meu coração.

 — Estou tão orgulhosa de você, Mathew. Você é muito mais forte do que
pensa.
 — Você me torna forte, Skylar. – fechei meus olhos, segurando-a  mais
para perto.

 — Não, Mathew. – ela ergueu os olhos para mim. — Não pode tirar sua
força de mim. Se formos separados, você vai pensar que não tem mais força
nenhuma. Sua força está dentro de VOCÊ… não se esqueça disso. Você sempre
vai tê-la… com ou sem mim. Ok?

 Eu tive que sorrir e me apaixonar por ela mais uma vez.

 — Okay, Dra. Skylar.

 — Obrigada, Mathew. – ela me abraçou apertado de novo. — Por recebê-


los. Eu sei como isso é difícil pra você.

 Soltei um suspiro e procurei por alguma coisa para dizer em resposta.

 Eu não queria vê-los ou mesmo escutá-los, mas eu faria isso por ela, se ela
acreditava que isso me ajudaria de alguma forma. Para falar a verdade, eu
simplesmente pensei que Skylar seria testemunha do imenso ódio e rejeição
deles por mim em primeira mão. Eu estava me preparando internamente para
a repulsa e a indiferença deles… mas por outro lado… por que eles
concordariam em vir até aqui?

 Eu não gostava de estar tão inseguro e me sentia enjoado só de saber  que
eles estariam sentados aqui amanhã, tentando agir educadamente e se
explicarem.

 Eu sabia que não poderia ser salvo da jaula de Claire, mesmo se eles
aparecessem e pedissem desculpas por todas as besteiras… e não estava
esperando por qualquer salvação… mas, Skylar estava certa sobre uma coisa.
Eles me deviam uma explicação. E eu jamais teria a chance de conversar com
eles novamente. Eu devia usar esses próximos quatro dias para conseguir
algumas respostas, pelo menos.

 Porém, bem no fundo, eu ainda estava com medo. Não sabia bem por que,
mas eu estava. Eu precisava de Skylar naquele momento. Como eu seria capaz
sequer de olhá-los… até mesmo de falar com eles? Eu conseguia ver Skylar
sendo a mediadora entre a gente e isso me tranquilizava pra caramba.

 — Vem, vamos dar uma caminhada lá fora. – Skylar pegou minha mão e
sorriu, sabendo como o ar puro e o sol me acalmavam.

 — Obrigado, Skylar. – eu disse quando chegamos a porta do apartamento.


— Obrigado por me contar antes de eles chegarem aqui. Se você tivesse me
vendado e me amarrado e depois deixasse eles entrarem… isso provavelmente
teria me matado.

 — Eu sei. – ela estremeceu. — Odeio ter até mesmo considerado fazer isso
desse jeito… eu pensei que você seria teimoso para concordar… mas depois
conclui que… se eu fizesse isso com você… eu realmente seria como a Claire…
e a Raven. Acho que fazer isso seria pior do que qualquer coisa que elas já
tentaram fazer com você.

 — Está certa. – concordei. — Por isso… obrigado por me respeitar.

 — Depois da noite passada, eu TENHO que te respeitar. – ela deu um


sorriso malicioso enquanto me puxava para fora do apartamento, e fechava a
porta atrás de mim.

Capítulo 21 

Skylar POV

Quinta-feira, 11º dia.

 Mathew estava uma pilha de nervos durante toda a noite passada, e a


situação não estava melhor hoje. Tudo o que ele tinha sido capaz de comer
desde que eu disse a ele sobre seus pais estarem chegando, foram alguns
biscoitos leves. Ele disse que sempre se sente nervoso perto deles, até quando
era criança, porque era uma raridade eles estarem em casa.

 Eu sabia que isso era como um outro teste para Mathew. Cada vez que eles
voltavam para casa, ele tentava ser o que eles queriam…esperando a aceitação
e o amor deles…e eles sempre iam embora cedo demais. Eu podia ver que ele
estava fazendo isso de novo… esperando que eles finalmente o quisessem.

 Foi bom ver um pouco de esperança nos olhos de Mathew…pelo menos.

 Ele teve pesadelos e me deixou abraçá-lo, assim como na primeira noite


que eu tinha dado a ele a camisa de dormir. Não fizemos amor ou joguinhos
naquela noite. Ele realmente não parecia no clima para isso com a confusão de
pensamentos pela qual estava passando, e ficou se desculpando sem parar,
porém eu disse a ele para ficar quieto, afirmei que estava cansada e que não
tinha problema. Tirar uma noite de folga não fazia de nós menos amantes e eu
lhe disse isso. Ele pareceu aliviado com aquilo e tentou dormir um pouco
enquanto descansava o rosto no meu peito e eu brincava com seu cabelo,
gentilmente enroscando meu outro braço em volta dele.
Detestei ouvir seus pesadelos. Ele não me contou muito sobre eles, mas
pude decifrar alguns.

─ Não, por favor… - ele implorava, arquejando por ar. ─ Por quê? PAI!

Esse foi o primeiro. Imaginei que era na noite em que os pais


dele conheceram a Tanya.

Disse a ele para que voltasse a dormir e enfim ele adormeceu 


novamente… e logo o pesadelo seguinte veio:

─ Por que você está fazendo isso? - ele chorava. ─ O que eu fiz pra
você? Tanya está morta, POR FAVOR! PAI! Ela é só um bebê, pelo AMOR
DE DEUS! Tem assassinos nos seguindo, POR FAVOR! MÃE!

Tive que sacudi-lo algumas vezes para despertá-lo deste. Quando ele
voltou em si, suas mãos se debateram e quase me atingiram, e ele
estava suando… tremendo, e em seguida chorou e me pediu desculpas
outra vez.

Eu odiava vê-lo chorar e me agarrei a ele como se minha vida 


dependesse disso, me perguntando se chamar seus pais aqui era
mesmo uma boa ideia. Veja o que está fazendo com ele. Mas então a
psiquiatra em mim disse: NÃO, Skylar. Seja firme. Mathew precisa
enfrentar sua dor e seus demônios. Ele fugiu deles por tempo demais. Ele deve
lidar com eles até resolvê-los. Apenas o console e fique ao lado dele. Isso é
tudo que você pode fazer.

Resumindo, acho que Mathew teve cerca de dez minutos de sono nesta
noite. E agora ele estava com o olhar fixo na TV, à medida que a tarde se
aproximava, a hora em que seus pais chegariam.

Ele não comentou nada comigo diretamente sobre isso, mas ele saiu
bem cedinho e voltou com cinco novas mudas de roupas, e ficou
provando elas, e trocando-as… e provando tudo de novo.

Ele quer causar uma boa impressão neles, e isso me dava um pouco de
esperança. Ele quase vestiu uma gravata e, embora ele ficasse muito
lindo com ela,  achei que era um pouco demais, sendo assim ele trocou
de roupa novamente.

Por fim, ele decidiu usar um jeans escuro e uma camisa de botão
branca de manga comprida, deixando os dois primeiros botões abertos.
Estava elegante, mas ao mesmo tempo, casual. Ele se barbeou de
maneira perfeita e cheirava maravilhosamente bem quando saiu do
banheiro, se queixando do seu cabelo “fodido”. Eu disse a ele que seu
cabelo fodido era lindo e para que não mexesse nele. Ele queria puxá-lo
todo para trás com gel, assim ia parecer “tratado”. Eu jamais permitiria
isso, então escondi seus produtos para o cabelo.
Depois tive que assegurá-lo seis vezes que não conseguia ver nenhuma
das suas marcas feitas pelo chicote através do algodão branco da sua
camisa e enfim ele acreditou em mim e relaxou… mais ou menos.

Continuei afirmando gentilmente que ele não tinha que se transformar


em uma coisa ou em outra pessoa para impressioná-los. Eles que lhe
deviam desculpas, e não o contrário. Porém, eu podia entender seus
medos.

 Quando saí do banheiro, ele estava sentado no sofá, com a cabeça para
trás e os olhos fechados. Ele não roncava como a maioria dos homens … Eu
sorri, feliz que ele estava, pelo menos, descansando um pouco antes de seus
pais chegaram.

 Deixei-o sozinho por cerca de vinte minutos, quando ele começou a falar
em seu sono novamente. Oh não, não é outro pesadelo! Pobre coisinha!

 Fui até ele no sofá e sua cabeça estava se movendo lentamente para a
direita e esquerda … seus olhos se movendo rapidamente sob as pálpebras …
ele estava ofegante novamente.

 ─ Acorde, Mathew … - eu disse em voz alta, sacudindo-o até que ele


acordasse, abrindo os olhos para mim, surpreso e confuso.

Mathew POV

Engoli seco quando vi Skylar e senti meu coração batendo mais forte no
meu peito. Ela sorriu e isso me acalmava…

 ─ Você estava tendo outro pesadelo, Mathew. Você está bem?

 ─ O quê? - eu respirei, olhando em volta procurando os meus pais…


encontrando-me no sofá verde onde meu pai estava sentado alguns minutos
antes.  ─ Onde estão meus pais?

 ─ Eles não chegaram aqui ainda. - Skylar informou pacientemente. Ela vai
me ter pra sempre antes mesmo de nosso tempo acabar, eu sei disso. Não que
eu não mereça isso.

Eu estava deitado para trás, sentado no sofá e eles não estavam lá. Oh
merda. Não me diga que…

 ─ Seus pais devem estar aqui em breve, eu não acredito que você caiu no
sono. - ela sorriu para mim, acrescentando.  ─ Mas então, lembrei que você
não conseguiu dormir a noite passada, nadinha.
Isso não parecia bem…Eu me sentia doente… e esse sonho estranho…talvez
ele estava tentando me dizer alguma coisa…

 ─ Skylar? - eu me levantei e fui até ela, levando as mãos delas nas minhas.

 ─ Por favor, não tenha medo, Mathew. - ela acariciou minha bochecha,
franzindo a testa e dizendo.  ─ Sua pele está suando. Espere. Deixe-me te dar
um copo de água gelada…

 ─ Eu mudei de ideia. - eu disse diretamente a ela, à espera de seus


argumentos.  ─ Eu não quero vê-los…ou até mesmo ouvir o que eles têm a
dizer. Não há desculpa…nada que eles disserem vai me fazer sentir melhor. Eu
não quero eles. Eu não preciso deles. Eles não me amam. Como poderiam,
depois do que eles fizeram para mim? Deixa eles ficarem mortos, Skylar, por
favor. Eu não quero ouvir o que eles estão vindo para me dizer. A verdade é
que…eles não estavam lá quando eu realmente precisei deles.

Com isso, a porta sofreu  leves batidas na parte exterior. Eu fiquei tenso e
senti lágrimas pulando dos meus olhos enquanto Skylar virou um pouco, em
direção a porta. Agarrei-a pelas mãos e apenas implorei os olhos dela com os
meus, balançando a cabeça lentamente, esperando que ela me ouvisse.

Eu não posso passar por tudo isso de novo…vê-los, confrontá-los.

Ela hesitou, e foi pensando nisso que eu peguei seu rosto em minhas mãos
e gentilmente fechei minha boca sobre o seu lábio inferior, meus olhos ainda
abertos e exibindo a minha decisão para a dela. Olhei para o rosto dela,
sentindo-me triste com sua expressão impotente, e beijei seu lábio superior,
sem um som.

Ela fechou os olhos e estremeceu quando eu tentei me desculpar com os


meus olhos agora…Eu realmente não estava tentando usar o meu beijo para
conquistá-la ao meu lado. A batida soou novamente e eu liberei ela…olhando
para baixo um pouco…deixando-a decidir o que fazer.

 ─ Olá? - a voz do meu pai chamou e me senti ainda mais tenso.


─ Senhorita Hayes?

Skylar olhou para a porta e, em seguida, olhou para mim…eu levantei os


olhos para encontrá-los, e no segundo em que se cruzaram, ela jogou os
braços em volta de mim, me apertando com força à ela enquanto meus braços
faziam o mesmo.

Nós apenas nos abraçamos e depois de mais algumas tentativas, as batidas


na porta pararam…e ouvi a voz da minha mãe do lado de fora da porta.

 ─ Mathew… - ela quase chorou as palavras.  ─ Eu entendo…e eu sinto


muito. Sinto muito.
Eu ouvi John dizer: -Vamos lá, Sophia. E os passos deles descendo as
escadas.

Eu odiava me sentir como o imbecil na situação, mas eu já me sentia


melhor enquanto ouvia o  motor do carro iniciar no lá fora e lentamente
conduzir afastado.

Skylar suspirou e disse.

 ─ Bem, isso foi corajoso da sua parte, Mathew.

 ─ Eu sei o que estou fazendo, Skylar. - eu espiei pela janela agora, vendo
nada de anormal.  ─ Confie em mim…você não tem idaia do sonho ferrado que
eu tive sobre eles…Eu só não quero eles tentando se justificar. Eles me
tratavam como merda. Eu não ligo para quais as suas razões malditas são. Eu
não quero eles falando da Tanya…Eu não acho que eu poderia aguentar,
Skylar. Acho que eu perderia o controle de mim mesmo e machucaria eles.

 ─ Tudo bem, acalme-se, Mathew. - ela me abraçou de novo.  ─ Eu não vou
forçá-lo a fazer qualquer coisa que você não está pronto para. Mas, Mathew…
eles vão ligar de volta…e eles vão voltar.

 ─ Eu sei que você queria que eles me salvassem, Skylar. - eu disse, vendo
a dor em seu rosto.  ─ Eu sinto muito. Mas eu não quero eles para me salvar.
Prefiro voltar para Claire.

 ─ Mathew… - ela olhou para mim solenemente.  ─ De qualquer maneira,


você deve saber a verdade.

 ─ Skylar. - eu respirei.  ─ Já não me vendi o suficiente na minha vida? Eu


não estou prestes a me vender para ELES. Eu não quero o seu maldito
dinheiro. Me vender para estranhos…dói menos. Por favor, não me peça para
ajoelhar diante DELES.

 ─ Tudo bem, tudo bem, Mathew. - Skylar me abraçou mais apertado.  ─ Eu
não pensei nisso dessa forma. Você está certo. Eu não vou fazer você falar
com eles. Talvez…Eu poderia chamá-los mais tarde…e falar com eles sozinha.
Você não tem que ouvir o que eles têm a dizer.

Eu pensei nisso por um minuto ou dois…eu ainda não queria a ajuda deles,
mas talvez eles tinham algo a dizer que possa explicar as coisas…tudo o que
eu podia dizer era…

 ─ Talvez. - eu sussurrei em seu ouvido.

 ─ Eu amo você, Mathew. - ela disse claramente e sem arrependimento.

 ─ Eu também te amo. Skylar.  - eu respondi, como um espelho,


acrescentando.  ─ Me desculpe, eu estraguei seus planos. Eu sei que você
estava esperando que eles seriam os pais amorosos, com alguma explicação
perfeita, prontos para distribuir seus milhões…e eu poderia simplesmente fugir
de meus problemas…sorridente. É um sonho bom.. mas como eu disse antes…
sonhos simplesmente não se tornam realidade.

 ─ Alguns sonhos se tornam realidade. - ela argumentou suavemente,


olhando para o meu rosto e acariciando minha bochecha.  ─ Você está aqui…e
você me ama.

Eu tive que sorrir para ela…ela sempre poderia provar que estou errado.

 ─ Tudo bem…corrigindo.  - eu disse.  ─ ALGUNS sonhos se tornam


realidade.

 ─ Isso é melhor. - ela puxou meu colarinho para baixo, para que meus
lábios então, pudessem acariciar os dela. No fundo da minha mente, eu
percebi que só tinha mais três dias juntos com ela e eu comecei a doer por
dentro…em todos os lugares.

Alguns sonhos se tornam realidade. Eu me casei com Tanya. Tivemos uma


menina que era o coração da minha vida. Eu tinha encontrado o amor
novamente depois de tanto tempo…sendo o que eu sou…Skylar ainda viu o
bom em mim de alguma forma.

Sim…alguns sonhos. Mas eu simplesmente não posso mantê-los


verdadeiros. Eles ganham vida e dançam em um círculo em volta de mim…me
fazendo sorrir e rir…e depois voam para longe. É, talvez seria melhor se minha
declaração original fosse verdade…Eu gostaria que sonhos não se tornassem
realidade. Eles machucam muito. Meus pais me amando era um outro sonho
que eu não queria que se tornasse realidade…Eu não posso suportar mais. Eu
não posso sentar no escuro enquanto um outro verdadeiro sonho voa para o
pôr do sol. Perder Skylar será doloroso o suficiente por si só.

Mesmo que meus pais sejam idiotas, eu não quero que eles saibam o que
eu me tornei. Eu estou tão envergonhado e com medo de que eles já saibam.
E eu não quero ouvir suas razões terríveis para virar as costas para mim e
minha filha…mesmo Tanya, também.

Eu não ligo para o que as razões são. Isso não muda nada. Isso não muda a
dor e o sofrimento que eu sempre sinto em meus ossos…não curaria a carne
cicatrizada de Katie…ou a sua dor, mentalmente e fisicamente. Isso não
mudaria nada. Então eu não quero ouvir isso.

Cerca de uma hora depois, estávamos fazendo um agradável passeio pela


cidade, sendo apenas um companhia do outro, sem falar muito. Eu temia que
Skylar estivesse chateada comigo por eu ter amarelado no meu encontro com
meus pais…e eu me senti como um covarde.

Mas eu realmente pensei que estava fazendo a melhor coisa para a minha
própria sanidade. Eu sei que tenho que voltar para Claire. Eu sei que não há
saída para mim. Eu acho que, nos olhos de Skylar agora, ela sabe disso,
também. Então, eu não falei muito… Eu só segurei a mão dela e rezei ao Deus
invisível acima…que ela iria ficar bem sem mim…e seria feliz de novo em
breve.

Ela estava tentando me fazer falar tudo sobre o sonho…como brega foi
aquil… meus pais tinham dito que eram vampiros.. me querendo, mas não
eram capaz de estarem perto de mim para o meu próprio bem…Tanya sendo
conhecida do meu pai…o todo conto sobre meu avô vampiro que queria que eu
me tornasse um deles…os meus pais me tirando dali para salvar minha vida…
meu destino como alguém “especial” no mundo dos vampiros…a decisão difícil,
mas necessária para ignorar os meus gritos de socorro quando eu segurei
Katie em meus braços…os guardas vampiros que podiam ter sido envolvidos na
morte de Tanya no fogo…as batalhas que aconteceram em meu nome…a
história de que meu pai matou seu pai para vingar a dor da minha família…e
finalmente…mas o mais doloroso de tudo…suas declarações de amor por mim
sempre…por tudo isso…e sua alegação de que eles ainda me amavam.. e iriam
me ajudar agora.

Eu tremia enquanto eu recontava tudo, esperando que ela não risse. Se


Skylar poderia explicar esse sonho para mim, ela era melhor até do que eu
imaginava.

Nós estávamos sentados debaixo de uma árvore em um banco quando eu


terminei e ela deu um aperto de mão macia.

 ─ Eu te disse, eu sou muito boa em analisar sonhos, Mathew. - ela disse
primeiro.  ─ Eu tenho uma boa ideia porque você sonhou tudo isso. Está tudo
bem se eu te der a minha opinião sobre isso?

 ─ Sim, Skylar. - eu concordei, querendo sua opinião. Eu pensei que ela ia


dizer que eu era um louco. Mas ela não o fez.

 ─ Tudo bem, vamos fazer uma coisa de cada vez. - ela tinha seu bloquinho
com ela e estava escrevendo nele agora.  ─ Primeiro…seus pais dizendo que
são vampiros. Você, Mathew, ama as coisas de fantasia e magia. Você gosta
de interpretar o vampiro na boate, você ama as criaturas míticas. Em sua
mente, você ativou seus pais para essas criaturas para que eles estivessem
um pouco mais atraentes para você. Em sua mente, em suas memórias reais,
você vê-los sob uma luz ruim. No seu sonho, você fez  algo que não era culpa
deles… e torná-los vampiros  que não matam, isso foi você querendo acreditar
no melhor neles. Você fez ‘’bons vampiros’’. Como seus olhos de vampiro
falsos no clube…dourados para o bom vampiro, vermelho para o mau vampiro.

Ela disse, assim como eu pensava isso.

 ─ Dessa forma, toda a sua infância, quando eles não estavam por perto,
esse sonho torna, mais uma vez, que não é culpa deles, não é sua culpa,
também. Eles estavam fazendo isso tudo por amor…e você quer
desesperadamente o amor deles. Você sempre teve.
 ─ Vá em frente. - eu tinha que admitir que ela é brilhante.

Ela respirou fundo e escreveu um pouco mais, em seguida.

 ─ Quando eles conheceram Tanya, e disseram que era o cheiro dela  a


razão que não a queriam por perto…de novo…isso mostra que…não é culpa
dela. Eles gostaram dela, realmente…mas porque John é um vampiro que
queria o sangue dela…essa é a razão pela qual tudo desmoronou. Nada é culpa
de ninguém aqui, nem mesmo de seu pai. Você vê o que eu quero dizer?

 ─ Sim, eu vejo. - olhei para as minhas próprias mãos, sabendo que ela
estava certa.

 ─ Ele fala muito sobre o seu coração, Mathew. - ela tocou meu braço, me
confortando.  ─ Você quer que seus pais…você quer que não seja culpa deles…
ou a sua, ou da Tanya. Você quer perdoá-los de alguma forma. E não culpá-los
pelo que eles fizeram. Mesmo que tenha muita raiva deles por tudo o que eles
não fizeram. Você pode odiá-los…mas seu coração quer amá-los. Isso é lindo,
Mathew…realmente.

 ─ Termine sua análise, Skylar. - eu sorri fracamente, querendo ouvir tudo.

 ─ O avô vampiro indo atrás de você. - Skylar disse.  ─ É o mal do mundo
que vem contra você…e em seu sonho, seus pais sempre tentaram protegê-lo
e salvá-lo…Na realidade, você sente que eles não querem te salvar…ou se
importam o suficiente para salvá-lo de toda a pobreza, de estar nas ruas,
perdendo a faculdade…comendo lixo… mesmo com dificuldades financeiras
quando se casou com Tanya…seu sonho diz que seus pais queriam ajudar e
salvá-lo, mas não podiam porque significava arriscar a sua vida. Ele ainda diz
que é por isso que eles não estavam lá para seus grandes momentos…seu
casamento, o nascimento de sua filha…está tudo explicado no sonho enquanto
eles te amam mas não são capazes de ser fazer parte disso. Você quer que
eles te salvem…lá no fundo…você queria isso toda a sua vida…e nunca teve.

Eu balancei a cabeça, sabendo que ela estava certa.

Ela levou um momento e disse.

 ─ A parte sobre você ser realeza vampiro…um príncipe, se você fosse se
tornar um deles…especial…que é óbvio. Você é especial, Mathew. Mas você não
acredita que você é. Você sempre se chama de prostituto, brinquedo, escravo.
Você quer ser especial. Você quer um mundo de fantasia, que você possa fugir
para onde você possa ser algo especial e importante…e que seus pais tenham
orgulho de você. Mais poderoso do que o maior rei dos vampiros.

Porra, ela é boa para esta merda de sonho. Eu apenas pensei que adormeci
assistindo entrevista com um vampiro ou algo assim.

 ─ As batalhas, o sonho de John matando o avô mal te perseguindo….-disse


Skylar.  ─ Essa fala de você desejando que seu pai alguma vez lutasse por
você… por você…defendesse você. Você quer isso. Você quer que seu pai seja
valente e forte…e um guerreiro tentando matar as coisas que estão
prejudicando você.

 ─ E… - ela falou, relutante, agora.  ─ O fogo…você quer desesperadamente


acreditar que há alguém para culpar por aquele incendio…que há uma pessoa
que você pode caçar e machucar por causa do que aconteceu com Tanya e
Katie. Você quer vingança e isso é completamente normal. Você não quer
acreditar que esta é uma coisa aleatória,  que aconteceu. Isso era um
problema de fiação…e que a explosão aconteceu. Foi uma coisa horrível,
terrível…e você não tem nenhuma ideia de por que isso aconteceu…nenhuma
resposta de por que com Tanya e Katie…e você. Você até odeia a Deus porque
isso aconteceu. Você o culpa por isso. Você se culpa por não estar lá.

Senti as lágrimas em meus olhos…se perguntando por que Skylar estava


usando todos os seus talentos em alguém tão fodido como eu sou.

 ─ Deus, Mathew, não é sua culpa. - ela sussurrou.  ─ Por favor, acredite
nisso, e em nada mais. Você era um menino…um menino lindo. Qualquer que
seja a razão pela qual seus pais não estavam lá, não é sua culpa. A culpa é
deles. Nada disso é culpa sua, Mathew. Você tem que parar de se punir. Tanya
e Katie não iriam querer isso. Elas te amam.

 ─ E por último, mas não menos importante… - disse Skylar.  ─ Você ama
seus pais, também. Mesmo depois de todas as vezes que tenham
negligenciado você…e te machucado…você os ama.

 ─ Não, Skylar. - eu gemia, como se me machucasse fisicamente enquanto


ouvir o que ela estava dizendo.

Ela colocou os braços em volta de mim, beijando minha bochecha enquanto


eu fechei os olhos, sentindo a umidade nas minhas bochechas.

 ─ Está tudo bem, Mathew. – ela disse, me amando mais do que eu


merecia. ─ É bom que você os ame… mesmo que eles não mereçam esse
amor. Não tenha ódio. Isso só vai te machucar por dentro…não a eles. Deixe
isso para lá. – agarrei-me a ela por um longo momento, pensando na sua
análise. Talvez ela esteja certa. Eu não sabia como parar de odiá-los, eu queria
poder simplesmente deixar pra lá. Não, eu não consigo parar de odiá-los. Eles
deram as costas para Katie.

 ─ Perdoe-os em seu coração. – ela mexia em meu cabelo. ─ Você nem


precisa vê-los frequentemente ou falar com eles…só…vá até seu coração e diga
a ele que você os perdoa. Isso tiraria um enorme peso das suas costas,
Mathew… de verdade. Você vai saber…quando estiver preparado para fazer
isso.

 Skylar tem razão…e meus pais certamente voltarão amanhã. Se eles


voltarem, eu vou encará-los frente a frente…não sei ser vou perdoá-los…mas
vou lembrar do sonho e dos significados por trás de todas aquelas coisas
estranhas que eu vi, e vou efrentá-las como um homem.

 ─ A parte sobre mim… – Skylar disse depois que me acalmei um pouco. ─


Você tem medo de que eu me volte contra você… revelando que é um escravo.
Você tem medo de que seja assim que eu realmente te veja, mas que não te
fale isso. Você tem medo que eu te traia… e não gostou da sensação de me
odiar mesmo que por pouco tempo. Você quer acreditar que poderia facilmente
juntar suas coisas e partir. Mas então você ficou na escada, incapaz de ir
embora. Você não quer me deixar.

 ─ Você está certa… cada palavra… está certa. – admiti com a voz firme,
acariciando seus dedos enquanto eles seguravam minha outra mão. ─ Eu
confio mesmo em você, Skylar. Mas, isso me assusta. Todo mundo que eu
confio me desaponta. E eu continuo me perguntando por que você iria me
querer. No meu mundo, todos têm um motivo velado, e

fico me perguntando se você também tem um. Mas aí, eu olho nos seus
olhos… e vejo você… eu vejo que você é verdadeira. E que não está mentindo
pra mim.

 ─ Também veja que eu te amo. – ela puxou meu queixo na direção dela,
me fazendo olhar para seu rosto.

 Sorri e respondi.

 ─ Eu vejo isso. E espero que você veja isso nos meus olhos também,
Skylar. Eu te amo… demais.

 Choramos juntos e nos abraçamos, e as pessoas que passavam por perto


pareciam nem nos notar. Éramos invisíveis… e isso era maravilhoso.

 ─ O que vamos fazer? -  Skylar choramingou quase para si mesma. Eu não


tinha uma resposta… e isso partiu meu coração.

 Após um bom tempo, fiz com que ela caminhasse comigo outra vez, e
tentei fazê-la sorrir novamente. Voltei para o meu jeito brincalhão e,
eventualmente, pareceu funcionar.

 Mais tarde, comemos sanduíches gigantescos sentados do lado de fora no


clima ameno, não precisando preencher cada minuto com conversa.

 Nós éramos como um casal de idosos às vezes, apenas precisando da


companhia um do outro para ser feliz.

 ─ Sabe o que é realmente estranho? – perguntei a Skylar enquanto


andávamos pelas calçadas. ─  Não consigo pensar em nenhum joguinho para
fazer com você agora. Só quero fazer amor com você de novo. Na cama… do
jeito chato e antigo.
 Dei risada e ela me acompanhou.

 ─ Foi… a melhor noite da minha vida. – Skylar olhou para mim com um
sorriso sexy. ─Nunca pensei que pudesse ser tão…

 ─ Eu sei. – concordei, encantado com aquilo tanto quanto ela estava agora.
─ Odeio dizer isso, mas… acho que nunca alcancei esse sentimento… nem com
a Tanya. Acho que é por isso que eu tinha tanto medo de fazer amor desse
jeito com você. Era como se eu estivesse traindo ela. Isso parece tão errado
de dizer em voz alta… mas é verdade. E eu sei que você gosta de tudo que é
verdade.

 Ela abriu um sorriso para mim e apertou minha mão.

 ─ Eu aprecio a verdade. Então, é por isso que vou te contar isso agora.

 Opa. Um segredo? Meu Deus, não, não deixe ser algo terrível.

 ─ Meu pai está chegando ao ponto… – ela falou, como se tivesse acabado
de confessar que era um homem ou coisa parecida.

 ─ Que bom pra ele. – brinquei. ─ Quem é a garota?

 ─ Ewww! – ela bateu no meu peito enquanto eu tentava escapar dela, sem
sucesso. ─ Cala a boca, estamos falando do meu pai!

 ─ Está bem. – me obriguei a falar sério agora. ─ Ele está vindo, por quê?

 Skylar olhou para mim, quase envergonhada, e respondeu.

 ─ Sinceramente… não sei mais o que fazer. Tive um pressentimento que


você rejeitaria seus pais, então, liguei para o meu pai depois que conversei
com Joseph naquele dia. Ele estará  aqui amanhã à noite. Ele não vai ficar no
nosso apartamento, vai ficar num hotel. Mas é que quando estou realmente
confusa, eu ligo pro meu pai. Pode parecer idiota… ou coisa de criança… mas
eu não conseguia pensar em mais ninguém que pudesse nos ajudar. Você está
bravo?

 Senti um sorriso se formar na minha boca enquanto eu soltava uma risada


abafada.

 ─ Não, não estou bravo. Fui eu que fiz tudo isso com a gente. Coloquei
todo o peso nas suas costas, fazendo você sentir que precisava me salvar de
alguma forma. E quanto mais eu te digo para parar de tentar, mais você bate
o pé e luta por mim. Como eu poderia ficar bravo com você, Skylar? Eu só me
sinto mal por fazer o seu pai perder a viagem toda até aqui. O que ele pode
fazer por mim?

 ─ Você não vai saber até deixá-lo tentar. – ela ainda tinha esperança na
voz. Gostaria que eu pudesse soar assim.
 ─ Você não contou pra ele que você e eu… – hesitei. ─ Que a gente dorme
junto, contou?

 ─ Deixei isso de fora por enquanto. – ela disse e relaxei na hora, mas
então ela acrescentou. ─ Achei que seria melhor contar cara a cara.

 ─ Skylar, não! – parei de andar e ela virou-se para mim, parecendo


confusa.

 ─ Não conte pra ele, Skylar. – praticamente ordenei. ─ Você não precisa
arruinar sua relação com seu pai só porque fiquei apavorado demais para
enfrentar o meu! Não vou te deixar fazer isso. E se ele fizer com você o que o
meu pai fez comigo? Ele poderia parar de pagar sua faculdade, seu
apartamento! Você não pode contar pra ele, Skylar. Eu não ligo, sou um ótimo
ator. Posso fingir que a gente nunca tocou um no outro. Posso ficar em outro
lugar enquanto ele estiver aqui.

 ─ Não, Mathew. – Skylar sorriu de maneira provocante para mim,


apoiando-se no meu peito. ─ Eu não quero perder nem cinco minutos com
você. Não tenho vergonha da gente. Você tem?

 ─ É claro que não. – fiquei magoado por ela ter sequer pensado nisso. ─
Tirando a minha filha, você é a melhor coisa que já me aconteceu.

 Mas já da parte dela, ela tinha deixado de lado toda sua herança por mim,
um garoto de programa que estava transando com ela há dez dias e dez noites
agora. Em lugares públicos… numa IGREJA! Ah meu Deus!

 ─ Além de tudo isso. – Skylar começou a andar novamente, segurando


minha mão e me arrastando atrás dela. ─ Não quero te perder de vista. É por
isso que não fui para a aula ontem nem hoje… e não vou amanhã. Não quero
que te aconteça nada enquanto eu estiver fora.

 ─ Posso me cuidar, Skylar. – sorri, adorando que ela quisesse me proteger,


como se fosse uma brigadora de rua nata. Porra, posso acabar com quatro
marmanjos sozinho, graças às aulas de Ryan.

 ─ Se Claire aparecer no meu apartamento durante o dia, enquanto eu


estiver na faculdade e disser “Hora de ir pra casa, Mathew.”, o que você faria?
– ela me testou, sorrindo presunçosamente, como se tivesse certeza da minha
resposta.

 Detestei isso. Ela sabia o quão mandado eu era.

 Parei de andar e a mão de Skylar se soltou da minha à medida que ela


dava mais alguns passos, virando sua cabeça para mim.

 ─ Pelo menos você pode ver claramente a minha fraqueza. – murmurei,


sentindo que não a merecia novamente.
 ─ Oh, pare com isso, Mathew. – ela me deu um olhar que não gostei, e
pegou minha mão, ─Não é ser fraco que te prende a ela… não tive a intenção
de fazer você se sentir desse jeito. Só quis dizer que ela poderia te levar
embora a qualquer hora, sem nem te dar tempo para me deixar um bilhete
nem nada. Desde aquela noite que a enfrentei… tenho medo que ela tire você
de mim. E não pretendo te deixar partir ainda… nunca.

 Só Skylar conseguia fazer eu me sentir de um zero a esquerda a um rei em


apenas algumas frases.

 A envolvi com meus braços e dei um beijo profundamente apaixonado na


sua boca enquanto ela arranhava levemente as minhas costas, me provocando
arrepios, e encostei minha língua na sua, provando seu gostinho de bala de
menta.

 ─ Seu pai vai me odiar. – avisei à medida que lentamente terminávamos


nosso beijo. Meu nariz ainda tocava o dela quando eu disse isso, acordando-a
de seu sonho de que tudo ia ficar bem.

 ─ Eu sei. – ela admitiu. ─ Mas ele vai superar. E irá te ajudar. Ele é um
bom policial.

 ─ Ele irá me prender. – sorri, entretido por essa visão de mim mesmo.

 ─ Não vou deixar ele fazer isso. – ela me beijou de novo. ─ Sou a única
que pode te prender.

 Dei risada e a beijei de volta rapidamente, em seguida disse.

 ─ Ele vai me dar um soco na cara, então. Eu violei a filha dele… de várias
maneiras. Sou um garoto de programa, ele vai te arrastar para o hospital para
que te façam uma bateria de exames. E provavelmente vai dormir no meio da
gente a semana inteira.

 Ela deu risada, imaginando aquilo.

 ─ Posso imaginá-lo fazendo isso. Mas não sou mais criança. Não vou
permitir. Esse fim de semana é nosso. Não vou deixar que ele destrua-o para
nós.

 ─ Sábado à noite. – eu disse, a beijando com um pequeno sorriso.

 ─ O que que tem? – ela me beijou de volta, brevemente.

 ─ Temos um encontro. – informei. ─ Um especial… um encontro chique.

 ─ Temos, é? – os olhos dela se iluminaram um pouco.


 ─ Sim, temos. – confirmei. ─ Eu sei que você não gosta de coisas caras e
de usar vestidos de festa, mas… quero que você me veja de terno… e quero te
ver num vestido. Quero dançar com você… e tocar piano para você.

 ─ Eu me arrumo… – ela concordou com uma risada. ─ Eu faria qualquer


coisa para te ouvir tocar. Já dançar… você pode sair machucado, Mathew.

 ─ Sou mais forte do que pareço, Skylar. – garanti, pegando sua mão e
dançando valsa com ela na calçada. ─ Veja, estamos praticamente dançando
neste momento.

─ Meus pés não estão se mexendo. – Skylar riu e olhei para eles, vendo que
ela estava certa. Ela estava apenas se balançando de um lado para o outro,
mas seus pés continuavam cimentados no lugar.

 ─ Trapaceira. – acusei baixinho, beijando sua testa, ainda “dançando” com


ela.

 Um minuto depois, me ouvi dizendo.

 ─ Por favor, não conte para seu pai que dormiu comigo, Skylar. Não quero
sua vida arruinada. Você tem uma ligação muito forte com ele. Posso dizer
pelas suas histórias no nosso “primeiro encontro”. Não jogue isso fora por
minha causa.

 ─ Eu tenho mesmo uma ligação muito forte com ele. – ela disse. ─ É por
isso que posso contar tudo pra ele… e sei que ele ainda ficará do meu lado e
vai me amar de qualquer jeito. Mesmo se estiver desapontado comigo. Eu sei
que o amor dele por mim é pra sempre. Nós passamos por muita coisa juntos
para eu mentir pra ele agora. Além disso, como posso pedir para você me
dizer sempre a verdade se eu mentir quando for conveniente para mim?

 Suspirei e invejei a confiança dela no pai. Eu tinha que admitir a verdade


outra vez.

 ─ Você é tão mais forte do que eu, Skylar. – eu disse, tendo consciência
daquilo. ─ Queria que a gente tivesse mais tempo… você poderia me ensinar
isso.

 ─ Não estou desistindo de você, Mathew. – ela disse, me abraçando mais


forte. ─ Não desista ainda.

 ─ Você não pode ensinar seu tipo de força. – falei agora, pensando melhor
naquilo. ─Ela tem que nascer com você.

 ─ Você a tem também, Mathew. – ela olhou dentro dos meus olhos. ─ Só
está escondida. Ela vai vir à tona novamente.

 ─ Nesse sonho que eu tive… – comecei a andar outra vez, meu braço em
volta dela,levando-a comigo. ─ Eu gritei para meu pai ir se foder. Eu o
enfrentei. Foi uma sensação ótima. Acho que você teria ficado orgulhosa de
mim. Eu deveria ter percebido que era um sonho. Na vida real, eu nunca faria
isso.

 ─ Se você pode sonhar… você pode fazer.

 ─ Desculpe por ter dado para trás hoje. – eu disse, realmente me sentindo
péssimo. ─ Você é tão corajosa e eu sou tão…

 ─ Quietinho, Mathew. – ela colocou uma mão na minha boca. ─ Antes que
eu enfie uma bola aí dentro.

 ─ Não consegue pensar em nenhum joguinho, huh? – Skylar me empurrou


para dentro de uma sala de aula depois de ter me dado um tour pelo campus
da sua faculdade.

 Já estava de noite e a maioria das aulas tinha terminado, e os corredores


estavam completamente vazios.

 Mesmo agora, essa sala, sem as luzes acesas, estava bastante turva,
porém não totalmente escura.

 ─Oh, a sala de aula… – eu disse, internamente me estapeando por não ter


pensado nisso antes.

 Eu havia  pensado nisso antes. Mas, bem no fundo, eu não queria colocar a
reputação de

Skylar na sua faculdade em risco, e tinha rejeitado a cena aluna/professor.


Mas… se ela está estimulando isso, quem sou eu para reclamar?

 Me perguntei, ela ia ser a aluna ou a professora? Mal podia esperar para
descobrir.

 Fiquei apenas parado ali, esperando ela começar.

 ─ Queria me ver, Sr. Trenner? – ela ela escolheu ser a aluna. Tive vontade
de soltar uma risada maligna… fiquei com o professor pervertido.

 Me ocorreu que ela não queria me colocar no papel submisso. Ela queria
me ver no modo dominador. Acho que ela gostou da minha fantasia de
estuprador no apartamento um pouco demais para seu próprio bem.

 ─ Na realidade, eu não QUERO te VER, Srta. Hayes, mas me sinto


obrigado. – deixei minha voz indiferente e extremamente fria, indo até a mesa
e sentando na ponta dela, cruzando meus braços. ─ O que diabos era aquela
redação que você escreveu para mim? Por favor, diga que é algum tipo de
brincadeira, Srta. Hayes.
 Ela olhou para mim, tão nervosa como se eu fosse mesmo um professor
dela. Eu não conseguia dizer se ela estava realmente com medo de mim, ou se
estava fingindo. Se estivesse, ela era incrível.

 ─O que… tinha de errado nela, Sr. Trenner?

 ─O que não tinha  de errado nela, Srta. Hayes? – bufei. ─ Eu poderia


arrancar pensamentos melhores de uma criança de seis anos!

 ─ Do que exatamente o senhor não gostou?

 ─ Meu trabalho não é apontar todos os seus erros! – falei áspero. ─ Eu não
deveria nem estar falando com você sobre isso agora. Devia simplesmente te
reprovar na matéria e deixá-la repetir tudo de novo no semestre que vem…
comigo.

 Ela olhou para baixo e me endireitei, indo na direção dela.

 ─ Só isso já te deixa com nojo, não deixa? – cerrei os olhos. ─ Sobreviver a


mais um ano comigo?

 ─ Não, Sr. Trenner…

 ─ Sim, Srta. Hayes. – a olhei com raiva. ─ Eu sei que você me odeia. Para
ser honesto, não sou também muito seu fã. Mas estamos presos um ao outro.

 Ela soltou um suspiro e me aproximei do quadro negro, pegando uma


régua comprida na minha mão direita.

 ─ Mas, acho que sei um novo jeito de te fazer aprender. – disse e os olhos
dela se ergueram até meu olhar cruel.

 ─ Venha até aqui e levante sua saia.

 ─ Como?

 ─ Porra,  você é patética. – perdi a paciência. ─ Vem aqui. E. Levante. Sua.


Saia.

 Falei devagar como se ela tivesse problemas mentais.

 Ela lançou um olhar para a porta de saída e não deixei minhas emoções
transparecerem.

 ─ Pode ir, se quiser, Srta. Hayes. – dei de ombros. ─ Não estou te


mantendo prisioneira aqui. Mas saiba, se sair antes de eu mandar, irá
continuar reprovando na minha disciplina… e nunca irá se formar. Será que
você realmente consegue bancar a faculdade até os trinta anos de idade, Srta.
Hayes?
 ─ Agora, faça o que eu mandei. – mandei, fechando a cara para ela.

 Ela se aproximou e ergueu a saia, exibindo uma calcinha nova… uma das
que comprou naquele dia com as meninas e com Ryan e Eli.

 Puta merda, que sexy! Renda vermelha… huumm.

 Mas, outra coisa estava acontecendo dentro de mim. Eu não queria bater
nela com a régua.

 Eu não queria brincar.

 Esperei um minuto ou dois, para ver se meu personagem de professor


malvado ressurgiria… porém ele havia sumido.

─ Skylar? - eu perguntei, franzindo a testa, esperando que ela não estivesse


desapontada comigo.

─ Sim, Sr. Trenner? - ela perguntou, ainda interpretando seu papel.

─ Não, Skylar. - eu coloquei o giz na prateleira do quadro negro e movi a


saia dela para baixo, virando-a para mim, segurando seus braços suavemente.

─ Está tudo bem, se não…fizermos isso? - eu perguntei, olhando para o


chão.

Ela olhou para mim e sorriu seu deslumbrante, belo sorriso.

─Tem problema? - eu perguntei, com medo que ela ia começar a rir de


mim.

─ O que você quer dizer? - perguntou ela, esperando eu me explicar.

─ Eu estou tão cansado de jogar jogos…e papéis…e cenas… - eu confessei,


honestamente. ─ Quero dizer, se você quer que eu faça…eu faço, por você…
mas…podemos simplesmente ir para casa e fazer amor…como fizemos na outra
noite?

Ela soltou um suspiro e notei agora que ela tinha lágrimas nos olhos.

─ Skylar, eu sinto muito. - toquei seu rosto. ─ Não se preocupe…eu…eu vou


brincar com você…

─ Cale a boca, seu pequeno imbecil. - ela chorava, sorrindo, levando-me em


seus braços com tanta força que quase fiz uma careta. ─ Estou tão feliz de
ouvir você dizer essas coisas, Mathew. Eu estava esperando que você dissesse
isso.

─ Isso foi um teste? - eu sorri para ela, a pequena traiçoeira ataca


novamente.
Ela deu um pequeno aceno com a cabeça e eu deixei o meu sorriso
desfraldar no meu rosto.

─ Seu pequeno verme. - eu a trouxe para um grande beijo, forte.

Nós não estávamos interpretando um cenário colegial mais, mas eu me


diverti em cerca de vinte minutos dando amassos com Skylar enquanto a
colocava sobre a mesa do professor…Eu estava meio que colado em seu peito
e suas pernas se enrolaram na minha bunda enquanto a minha ereção
ameaçou ter ela ali mesmo, mesmo rasgando suas calcinhas novas, se
necessário.

─ Vamos sair daqui. - sugeri a última e em questão de minutos, nós


estávamos correndo…competindo entre si para a casa de Skylar. Nós éramos
crianças…livres e sem medo.

À medida que subia as escadas para o apartamento dela, eu a peguei em


meus braços e a coloquei em minhas costas, segurando suas pernas ao redor
da minha cintura enquanto eu pulava, dois degraus de cada vez, para chegar à
sua porta e assim para que eu pudesse chutá-la e fazer apaixonadamente,
amor suado com ela a noite toda.

Mas quando nos aproximamos da porta, havia um envelope branco no meio


no meio do caminho no chão. Eu reconheci a letra do meu pai - e na última
metade do meu nome - ARD mostrando antes que abrissemos a porta.

Se alguma coisa poderia matar minha ereção…era alguma coisa a ver com o
meu pai.

Descanse em paz, ereção. Vou sentir sua falta.

Coloquei Skylar para baixo em seus pés e abri a porta. Eu odeio meu pai.
Eu tinha finalmente me sentido vivo outra vez…livre…e jovem…e agora há
alguma carta dele aqui.

Skylar viu isso também e não disse uma palavra enquanto nós fomos para
dentro. Ela pegou a carta para, vendo meu nome em letras garrafais escritas
em todo o envelope.

Fechando a porta atrás de nós, eu sabia que tinha que tinha que tomar uma
decisão agora. Será que líamos e lidávamos com o que ele tem a dizer…ou
queimar e esquecê-los para sempre?

Capítulo 22 
Skylar POV

Nós estavamos parados ali, encarando o envelope como se ele pudesse


pular a qualquer momento.

Seja paciente com ele, Skylar, eu dizia para mim. Você não tem idéia do
que tem escrito ali. Deixe que ele leve o tempo que precisar. Mas de jeito
nenhum ele vai queimar isso antes de ler. Desculpe, Trenner, não por cima de
mim.

Finalmente, ele se lembrou da minha presença ali e levou seus olhos até a
mim, acanhadamente.

─ Estou sendo um medroso de novo, não estou? – ele perguntou,


envergonhado.

─ Não, Mathew, não está. – encostei minha mão na dele, na esperança que
meus olhos oferecessem apoio. ─ Eu sei que a sua dor com eles é de longa
data e profunda.

─ Você tem que me ajudar, Skylar… – ele disse, em uma visível batallha
interna, embrenhando a mão livre nervosamente no cabelo. ─ O que eu devo
fazer aqui?

─ Bem, vamos encarar de uma forma racional por um minuto. – respirei


fundo, tentando tirar o lado da emoção desse assunto.

Peguei o envelope e Mathew quase deu um pulo, então me aventurei a


retirá-lo do balcão. Eu parei por um segundo e sorri na direção dele, tentando
mostrar que não iria abri-lo ainda.

Senti o envelope entre meus polegares.

─ É fino, não é volumoso. – observei. ─ Não pode ter tudo sobre sua
infância aqui, então. A não ser que esteja dizendo, “nós somos vampiros”.

Tentei fazer uma piada mas os olhos de Mathew me encararam de volta,


semicerrados, seu cenho franzido.

─ Desculpa. – eu disse, olhando para  o nome do Mathew no envelope.

─ Provavelmente é uma folha só, pelo que conheço deles. – ele soou
amargo, fitando o papel. ─ Eles nem poderiam gastar uma hora do dia deles
escrevendo uma longa carta pra mim. Incômodo demais… sou só eu, afinal.
─ Talvez seja um cheque de um milhão de dólares. – eu disse.

─ Ughh. – Mathew fez uma careta. ─ Eu odiaria isso ainda mais do que uma
carta de uma página só. Jogue dinheiro pra ele, e ele irá embora… e a
consciência deles estaria limpa. Não. Se isso for dinheiro, eu vou queimar.

─ Não mesmo! – deixei escapar da minha boca. Mathew me encarou sem


expressão.

─ Desculpa. – me encolhi um pouco. ─ É só que não consigo ver um cheque


de qualquer quantia sendo queimado. Meu pai trabalhou feito um cachorro
para não nos deixar faltar nada… eu ficaria simplesmente maluca te vendo
fazer isso. Além do mais, seria para Katie. Ajudaria o Ben e a Angela…

─ Isso me mataria… – ele terminou a frase e eu olhei para ele confuse, não
entendendo seu tom.

─ Como você acha que eu me sentiria, fazendo tudo o que faço para
conseguir dinheiro para a Katie… e então, em cinco minutos, meus pais
simplesmente jogassem um cheque no meu colo e cobrisse tudo isso? Agora, a
essa altura do campeonato! Seria quase como se eu tivesse feito tudo isso pra
nada!

 ─ Eu entendo. – admiti, vendo sua aflição a esse possível dinheiro.

 Ele se encolheu, olhando para seu próprio nome no envelope.

 ─ Seu nome está muito bem escrito, uma mão calma o escreveu. –
observei em seguida. ─ A letra é grande… isso é bom. Letra pequena é sinal de
egocentrismo. Letras grandes e  abertas… mostra uma natureza generosa do
autor.

 ─ Skylar… – Mathew rosnou, sofrendo com aquilo. Ele queria um fim para
sua dor.

 ─ Okay, Mathew. – dei um aperto na mão dele e decidi. ─ Vou abrir.

 Ele se sentou, enrijecendo enquanto eu tomava a frente das coisas e


olhava para ele primeiro.

 ─ Não importa o que isso diga, eu estou aqui. – olhei dentro dos olhos
dele, intensamente.

─ Nada irá mudar o que sinto por você. Vamos superar isso. Ok?

 Ele engoliu em seco e lambeu os lábios nervosamente, em seguida assentiu


com a cabeça.

 ─ Sim. – ele soltou um suspiro pesado.


 Eu realmente esperava que não fosse uma explicação de uma página.
Mathew merecia mais que isso… mais que um bilhete. Eu queria que eles o
encarassem e lhe dissessem a verdade. Mas por outro lado, qual é a verdade?
Irá destrui-lo mais ouvi-la? Ou é melhor deixá-la desconhecida?

 Rasguei o verso do envelope. Não estava com muita cola. Respirei fundo
novamente e abri o papel pesado e bonito que estava dobrado em três.  Papel
de carta do Hotel Waldorf Astoria.

 Mathew me fitou, os olhos extremamente frágeis enquanto eu lia a carta


para mim mesma, em silêncio.

“Querido Mathew,

Hoje faz alguns dias que estamos aqui, esperando para falar com
você. Sabemos que você tem todo o direito de nos evitar, mas
realmente esperamos que você mude de ideia e nos receba.

O que temos para dizer não pode ser colocado em uma carta ou
falado pelo telefone. Até mesmo consideramos a decisão de não te
contar absolutamente nada. Não queremos te magoar mais. Você é a
única pessoa inocente nisso tudo. Mas, talvez a srta. Hayes   tenha
razão. Se você ainda estiver sofrendo pelo passado, e tenho certeza
que está, então  você precisa saber a verdade. Isso pode te ajudar.

Estamos hospedados no Waldorf Astoria, o número e o endereço


estão neste papel. Ficaremos aqui por mais ou menos uma semana, e
se você não entrar em contato conosco, entenderemos perfeitamente e
nunca mais iremos incomodá-lo outra vez, se for do seu desejo.

Pedimos desculpas, Mathew, por tudo. Nós falhamos com você.


Fomos pais terríveis. Ainda somos. Sabemos que não podemos
consertar isso, jamais. Mas te amamos. Não consigo nem escrever isso
sem sentir vergonha e culpa, mas é verdade. Acredite ou não.

Seja o que for que decidir, seja feliz.

Com amor,

John e Sophia Trenner.”

Deus, eles não conseguiram nem escrever Com amor, mamãe e papai.

 ─ Okay. – suspirei um pouco aliviada enquanto ele me olhava.

 ─ O que diz? – ele perguntou. ─ Espere. Eu quero saber?

 ─ Não é ruim. Eles não falam nada nesta carta. Estão dizendo que ficarão
na cidade por aproximadamente uma semana, e que se você quiser vê-los, a
escolha é sua. Eles dizem que amam você.
 Seus olhos ganharam um aspecto brilhante e ele me olhou mais
intensamente.

 ─ Dizem, é? – perguntou, quase em descrença.

 ─ Quer que eu leia em voz alta? – deixei minha mão passear pelo seu rosto
lindo e triste. ─ É bem tranquila.

 Ele hesitou e, em seguida, engoliu em seco algumas vezes, olhando para o


chão, depois, finalmente, olhando de volta para mim.

 ─ Sim, Skylar. – ele disse, assumindo uma expressão valente. ─ Leia, por
favor.

 Li calmamente a carta toda para ele. Desejei que as palavras John não
fossem tão… cuidadosamente escolhidas. Desejei que houvesse mais emoção
nas frases… mas, esse provavelmente é o jeito dele.

 Articulado, direto. E frio.

 Meu pai jamais prometeria me deixar em paz de agora em diante se eu não


estivesse pronta para falar com ele no prazo de uma semana. Ele para sempre
iria continuar tentando dizer que sentia muito e me recompensar de alguma
forma.

 Eu realmente odiava agora a ideia de ir até o hotel deles ou de eles


aparecerem aqui, e eu não saber a bomba que eles iam jogar em cima de
Mathew. E se eu não for boa o bastante para ajudá-lo a enfrentar o que eles
irão dizer? Talvez eu devesse falar com eles primeiro, antes de Mathew. Isso é
comum na psiquiatria. Odiaria ter que meter James nisso, mas se os pais dele
disseram algo devastador, serei obrigada. Não posso deixar os pensamentos
suicidas de Mathew, mesmo de muito tempo atrás, ressurgirem. E, além disso,
não quero traí-lo como ele temia que eu fizesse

 Quando eu estava terminando, olhei para o rosto dele e ele parecia estar a
milhões de quilômetros de distância.

 ─ Você está bem? – perguntei, pegando sua mão nas minhas duas,
deixando a carta no balcão entre nós.

 Ele não falou por um tempo, seus olhos estavam olhando a letra perfeita
do pai no papel.

 ─ Pelo menos não era um cheque. – sorri, esperando que ele fizesse o
mesmo.

 Seus olhos subiram para encontrar os meus e ele parecia tão perdido…
odiei vê-lo daquele jeito.
 ─ Você não tem que decidir nada agora, Mathew. – eu disse. ─ Nós temos…
tempo.

 Eu quase mencionei que tínhamos mais três dias e que ele me deixaria no
domingo. Eu sentia vontade de chorar… mas não podia. Eu precisava ser de
ferro agora. Mathew precisa de mim.

 ─ Três dias. – Mathew disse com uma voz clara, atrevendo-se a dizer


aquilo em voz alta.

 ─ Mathew… – estava tremendo por dentro.

 ─ Eu vou falar com eles. – ele resolveu de repente. ─ Você pode pedir a
eles para virem aqui? Não quero vê-los no Waldorf. É mais apropriado que seja
aqui… onde faço minha terapia. No consultório da Dra. Skylar.

 Agora ele me deu um pequeno sorriso e tive que sorrir de volta.

 ─ Ainda não consigo acreditar em quanto você mudou em apenas dez dias.
– falei maravilhada em voz alta. ─ Você não é mais o imbecil adorável que
uma vez me perguntou num restaurante se eu já tinha chupado um pau antes.

 Ele gargalhou e meu coração se encheu de alegria.

 ─ Eu sei. – ele concordou. ─ Você é uma médica muito talentosa, Skylar.


Mas, mais do que isso… você é minha melhor amiga. E a garota dos meus
sonhos.

 Me estiquei para frente e o abracei, aninhando minha bochecha ao lado da


dele enquanto seus lábios a beijavam inocentemente.

 ─ Você é a garota dos meus sonhos também. – brinquei e nós dois rimos, e
eu acrescentei, mais séria. ─ E você também é meu melhor amigo, Mathew.

 Ele fungou, mas o sorriso ainda brincava nos seus lábios.

 ─ Naquela noite… no restaurante chinês… – Mathew disse. ─ Eu menti pra


você sobre meu biscoito da sorte.

 Sorri mais para seu sorriso diabólico. Fiquei feliz por ter algo pra dizer em
resposta.

 ─ Eu também. – disse, vendo seus olhos se iluminarem e encontrarem os


meus novamente.

─ Você também? Quer saber o que o meu dizia? – ele perguntou, sorrindo
como seu antigo eu… com isso eu estou me referindo ao feliz, adorável e
despreocupado que ele era no nosso primeiro encontro a uns dez curtos dias
atrás… Na realidade, eles não foram curtos. Nós havíamos alimentado uma
vida inteira repleta de sentimento no nosso breve tempo juntos. Parece que
tinha se passado 100 anos.

─ Mas é claro! – disse, morrendo de vontade de saber.

─ Dizia,  “o amor é o único remédio para um coração partido.”  – ele


disse, olhando para o meu rosto com um olhar carinhoso, porém triste.

─ Eu sabia… mesmo naquela época… – ele olhou para o balcão. ─ E você


sendo a Dra. Skylar… eu sabia que você encontraria a melhor cura para mim.
Mas fiquei com medo de te falar… eu não queria me apaixonar, por ninguém.
Eu não deveria criar laços… deveria amar todo mundo… e não apenas uma
pessoa.

─ Nós eramos bobos. – concordei. ─ Mas acho que não tivemos muita
escolha nisso. Alguns deuses estão lá em cima, puxando nossas cordas…
observando como isto irá se desenrolar.

 E os deuses podem ser muito cruéis quando brincam com mortais. Mathew
sabe disso melhor do que ninguém.

 ─ O que o seu dizia? – ele lembrou de repente de me perguntar.

 Sorri e olhei para baixo por um segundo, então beijei sua boca suavemente
primeiro. Em seguida, contei.

 ─ “Aquele que você ama está mais perto do que você pensa.” –
sussurrei as palavras no ouvido dele.

 Sorrimos um para o outro, como um passarinho e um peixe que de alguma


forma  compartilhavam um momento juntos… sabendo que não duraria… mas
o aproveitando mesmo assim.

 ─ Ou estávamos destinados a nos apaixonar… – Mathew disse. ─ Ou aquela


senhora chinesa armou para a gente.

 Gargalhei abertamente, aconchegando meu rosto no seu pescoço enquanto


ele me abraçava, beijando meu rosto.

 ─ Essa pode ser a resposta para toda essa loucura… a garçonete chinesa!
Ele precisa ser destruída! – fingi um pouco de raiva, escutando a risada dele.

 Lembrei do começo do meu tempo com Mathew. Ele era tão alegre e
brincalhão… e no controle das coisas. Eu era o ratinho medroso e ele o leão
cheio de si. Mas agora, posso ver que ele estava fingindo naquela época. Eu
sinto que realmente tenho Mathew aqui comigo agora, mesmo que não seja
tudo diversão e brincadeiras… agora eu tenho o verdadeiro Mathew Trenner. E
eu o amo. Não quero deixá-lo partir, nunca.
 E embora eu desejasse que não tivesse nunca cavado sua alma tão
profundamente, trazendo à tona toda essa tristeza dele, eu ainda acreditava
que isso tinha que acontecer. Para chegar a ser verdadeiramente feliz, ele
precisa lidar com a dor dentro dele, e vencer seus demônios.

 Eu precisava acreditar que estava mudando-o para melhor, mesmo que só
na superfície. Parecia que eu tinha transformado um jovem homem sorridente
e despreocupado em um homem triste e fragilizado.

 ─ Você vai ficar comigo… quando eles vierem? – ele perguntou, voltando
para o assunto de seus pais, indicando a carta com a cabeça, pedindo meu
auxilio. E eu adorava o fato de ele precisar de mim, seja isso certo ou errado.

 Ao mesmo tempo, não queria que ele precisasse de mim tanto assim. O
que irá acontecer se ele tiver que ir embora? Ele estará sozinho.

 Dolorosamente sozinho.

 ─ Sempre estarei com você, Mathew, você sabe disso. – eu falei, como se
isso fosse óbvio.

 ─ Parece que eles têm alguma coisa ruim para dizer. – ele disse como um
garotinho. ─ E se for alguma coisa horrível… algo com o que eu não consiga
viver?

 ─ Não diga isso, Mathew. – eu quase fiz cara feia. ─ Não importa o que eles
digam, você pode suportar. Você precisa ser forte. Você é pai agora. Você não
tem a opção de ser fraco e vulnerável. Entendeu?

 Ele tomou outro fôlego e olhou para mim, parecendo mais forte em
questão de segundos, agora que eu o lembrava da Katie.

 ─ Entendi. – ele assentiu. ─ Obrigado, Skylar. Obrigado por ser minha


amiga.

 ─ Sempre. – sorri, dando quatro beijinhos leves na sua boca.

 ─ Domingo. – Mathew falou, fechando os olhos, se aproximando para outro


beijo. ─Podemos receber meus pais no domingo. Pela manhã. Quero o dia e a
noite inteira com você, só para mim.

 Sua boca se abriu e me colocou para dentro, gentil… macia… molhada e


quente, a língua lentamente entrando… encontrando a minha.

 Ouvi Mathew gemer e entreabri meus olhos enquanto ele continuava a me


beijar, com mais fervor agora, violentamente, como se quisesse tudo de mim.

 ─ Skylar… – ele gemeu meu nome outra vez e eu conhecia aquela voz. Ele
me queria… agora.
 O balcão estava entre nós e soltei uma lamúria em resposta, desejando-o
também. Como conseguíamos ir de um momento tão melancólico para isto  em
três segundos? Somos realmente feitos um para o outro.

Antes que eu percebesse, Mathew continuava a me beijar, mas tinha se


arrastado pelo balcão como um tigre faminto vindo atrás da sua presa.

 Dei um grito agudo com seu movimento ágil. Tropecei ao dar um passo
para trás e nos encontrávamos agora alegremente no chão da sala.

 Mathew lançou a mesinha de centro para longe de nós com uma mão e
gritei em surpresa na sua boca aberta, sua língua debatendo-se contra a
minha.

 ─ Meu gravador… – murmurei enquanto ele abafava minha boca com beijos
calorosos e molhados, quase me tirando o fôlego. Mas eu não estava
reclamando.

 ─  Skylar… sessão um… – Mathew sussurrou, gemendo um pouco à


medida que tentava abrir os botões da sua camisa xadrez, em seguida
abrindo-a com um puxão, arrebentando alguns deles no processo enquanto
permanecia a me beijar, colocando a camisa sobre meus olhos, fazendo uma
venda com o tecido.

 ─ Dr. Mathew… – ofeguei, pegando o cabelo na parte de trás da sua


cabeça. ─ Preciso da sua ajuda… urgente.

 Sorri, gostando disso enquanto ele apanhava meu cabelo, virando meu
rosto para o lado, de modo que ele pudesse assaltar meu pescoço com sua
língua e mordidas. Soltei um gritinho quando uma mordida em particular veio
acompanhada com uma pontada de dor.

 ─ Como isso faz você se sentir, Skylar? – ele disse em meio a beijos
violentos e molhados, os lábios sorrindo um pouco acima de mim enquanto eu
me deixava levar, precisando que ele me machucasse… que fosse selvagem
comigo.

 Gemi em resposta à sua pergunta e adicionei.

 ─ Sim… sim… rasgue as minhas roupas… por favor…

 Sem uma palavra, suas mãos rápidas estavam no decote da minha blusa.
Ele resfolegava feito um homem das cavernas, e deu alguns puxões até que
ouvi o tecido rasgando… e o ar tocando minha barriga exposta e o topo dos
meus seios. Gemi de volta, um animal irracional sentindo prazer, incapaz de
pensar em nada.

 Um segundo depois, ouvi Mathew resmungar.


 ─ Porra de sutiã, de novo! – e ele o rasgou em pedaços sem esforço algum,
expondo meus seios à sua boca faminta. Choraminguei, adorando aquilo e
seus braços se moveram para as minhas costas e me ergueram para me
encaixar melhor na sua boca… seus lábios perfeitos fechando-se sobre meus
mamilos… os dentes mordendo… sua língua me tocando.

 Meus dedos se entrelaçaram sozinhos no seu cabelo, repuxando e


forçando, segurando o rosto dele mais perto do meu corpo. A camisa que ele
colocou sobre meus olhos tinha caído, mas ele não deu atenção.

 Em seguida, o senti desabotoar rapidamente meus jeans, abrindo-os sua


mão rapida, atrapalhando-se um pouco com o zíper enquanto eu arquejava
mais alto, sentindo-o puxá-los de mim com nenhum indicio de delicadeza. Ele
teve que tirar meus tênis primeiro e isso o irritou também. Eu quase morri de
rir. 

Ele resmungou para si mesmo, ordenando.

─ Parada. – disse,  antes de ficar de pé e entrar apressadamente no quarto,


retornando com uma embalagem de camisinha entre os dentes.

 As calças dele já estavam meio abaixadas quando ele voltou e sorri para
seu pênis à mostra, totalmente ereto e monstruosamente grande, pronto para
atacar. Isto é, até Mathew colocar a capa escura nele.

 ─ Dr. Mathew… – eu disse quando ele já estava de volta em cima de mim,


separando minhas pernas e me provando, sua língua quente e ágil agitando-se
e ansiosa esperando por aquilo.

 Ele me lambeu como se não houvesse amanhã e seus dedos se enterraram


nas minhas nádegas, levantando meus quadris na direção da sua boca.

 ─ Skylar… - ele suspirou enquanto me lambia com mais força. ─ Acho que
posso te ajudar… acho que sei do que precisa.

 Tive que sorrir e fechar meus olhos à medida que ele me dava o que eu
tanto esperava. Ele enfiava a língua para dentro e para fora da minha entrada,
me penetrando com ela.

 ─ OH MERDA! – gritei alto, quase pronta para gozar somente com aquilo.

 Como ele gira a língua assim?

 Comecei a praguejar sem pensar até que estava gritando nada inteligível…
e sem sequer me importar com o que me parecia ou soava. Eu estava
grunhindo, gozando fortemente, agarrando meus próprios cabelos, meus
punhos precisando grudar em alguma coisa.

 Sem dizer nada, Mathew me penetrou, deixando escapar um agonizante


gemido que me excitou ainda mais. Arranhei as suas costas, e senti a marca
de mordida oval na bunda dele que estava quase sumindo. Eu queria deixar
minha própria marca nele, em algum lugar… mas sentia como se as marcas
horríveis de Raven tivessem arruinado isso para mim.

 Mas então, tive uma ótima constatação. Eu talvez tenha deixado minha
marca nele, e ela não irá cicatrizar e desaparecer no tempo com a recuperação
da pele. Espero que minha marca esteja dentro dele, uma que nenhum dedo
ou chicote poderia jamais tocar ou apagar.

 Ele estava estocando em mim repetidamente e eu apenas me movia para


cima e para baixo sob seu corpo, ofegando e arfando, meus olhos se revirando
atrás das minhas pálpebras enquanto minhas costas arqueavam ainda mais.

 Seus sons estavam me deixando maluca de desejo e meus quadris


continuavam investindo para cima para encontrar sua pélvis, que subia e
descia acima de mim. Mathew começou a resmungar mais alto com isso,
fazendo sons inumanos, gemidos e grunhidos de pura luxúria e prazer.

 Após ter se passado o que parecia uma eternidade maravilhosa, ele deitou
sobre mim, tentando não colocar todo seu peso em cima de mim enquanto eu
me agarrava ao seu corpo suado, ainda incapaz de falar.

 Seus braços também tremiam, me segurando junto dele como se doesse


para nossos corpos não estarem pressionados juntos.

 Estava bastante quente… e já tinha escurecido do lado de fora.

 Tive uma ideia que logo adorei e segurei o cabelo úmido de Mathew,
fazendo seu rosto fitar o meu. Ele pareceu um pouco surpreso comigo à
medida que eu falava.

 ─ Quero transar com você na saída de incêndio agora. Se mexa… e traga


camisinhas.

 Vi sua boca se curvar nos cantos quando me desvencilhei dele e corri para
a janela, abrindo-a e dando uma olhada do lado de fora primeiro. Mathew se
levantou, me observando, querendo ver se eu realmente teria coragem de sair.

 Dei um passo pra fora e soltei uma risadinha, abandonando minha


vergonha, ficando parada lá fora, segurando as barras de ferro do batente que
eram da altura da minha cintura, jogando meu longo cabelo para um lado
enquanto deixava a brisa brincar com ele, fazendo-o cair sensualmente sobre
metade do meu rosto.

 ─ Puta merda. – Mathew disse claramente e em voz alta, e seu corpo nu


correu para o quarto, apressando-se de volta e pulando a janela para se juntar
à mim.
 ─ Skylar, sua safada exibicionista! – ele parecia orgulhoso de mim ao dizer
as palavras, indo para o lado de fora comigo, nada constrangido com sua
própria nudez.

 Ele olhou para cima da minha cabeça e sorriu, um sorriso malicioso


chegando a seus lábios.

 ─ Levante os braços e segure aquelas barras. – ele estendeu o braço e me


mostrou quais eram.

 Me estiquei toda, esforçando-me para enrolar minhas mãos em torno das
barras pretas acima de mim. Eu agora estava na ponta dos pés, respirando
com um pouco mais de dificuldade enquanto via o sorriso de Mathew se
alargar, exibindo os dentes para o que estava vendo.

 Ele colocou uma mão sob meu joelho direito e o levantou, posicionando-o
em cima do peitoral. Ele deixou minha outra perna esticada, meus dedos do pé
apoiando-se no chão.

 ─ Muito bem. – ele aprovou, e soltei um pouco o fôlego, espiando a minha


volta, vendo se estava segura. Mesmo se eu caísse, eu ficaria no meio da
escadaria de incêndio, não me esborracharia na rua. E eu confiava em Mathew.
Ele não me deixaria cair.

 Deixei minha cabeça tombar para trás um pouquinho, fechando meus olhos
à medida que suas mãos começavam a explorar o meu corpo. Ele começou
pelo meu pé que estava no chão e fez cócegas debaixo dele, onde ele estava
arqueado, e soltei um grito.

 Com um sorriso, ele beijou meu tornozelo e o mordiscou enquanto eu


tentava manter meu equilíbrio, minhas mãos segurando a barra com toda a
força agora. Sua boca foi subindo pela minha perna com beijos, brincando por
um tempo ao redor do meu joelho e depois me excitando enquanto lambia e
beijava usando a língua a parte interna da minha coxa.

 Ficando de joelhos, ele disse numa voz baixa.

─ Estou me ajoelhando diante de você, Skylar. Finalmente.

 ─ Não. – arfei, não querendo que ele me servisse dessa forma. ─ Relaxa,
Skylar. – ele começou a agradar de leve entre minhas coxas com seus dedos
confiantes. ─ Eu QUERO me ajoelhar diante de você. Você é a única pessoa…
por quem eu posso sinceramente cair de joelhos… eu adoro pertencer a você…
eu SOU seu.

 Lembro-me dele me dizendo isso no começo, ‘eu adoro pertencer a você.’

 Naquele tempo, eu sabia que era uma frase retórica… e isso tinha me
deixado triste. Agora, eu sentia vontade de voar e gritar aos quatros ventos…
de celebrar.
 Ele agora me provocava, dando pequenas lambidas na minha entrada já
sensível enquanto eu gemia, apertando as barras com as mãos como se eu
estivesse indo sobre uma queda fatal.

 Seus dedos de expert  me abriram mais e sua boca adiantou-se, sugando,


abrindo e fechando, movimentando-se… passando a língua em cada fenda e
espaço escondido dentro de mim.

 Eu continuava dizendo seu nome.

 ─ Mathew…Mathew…Mathew…

 Logo se transformou não em um nome, mas em um som maravilhoso que


eu estava fazendo, uma palavra mágica que significava o sentimento poderoso
dentro de mim, um feitiço que havia sido lançado sobre mim.

 Não pronunciei outra coisa além disso o tempo todo, e senti seus dedos
gentis estimulando onde ele tinha acabado de desenhar uma obra de arte com
sua língua e saliva. Eu podia sentir três dedos agora, movimentando-se em
diferentes direções, entrando e saindo bem devagar… e entrando outra vez.

 Ele estava segurando firmemente meu joelho que estava sobre o concreto
com a mão livre, garantindo que eu estivesse em segurança.

 ─ Porra, Skylar, eu te quero agora. – sua voz soou apressada depois que
gozei e meus olhos mal estavam abertos quando ele deu a volta para trás de
mim, envolvendo um braço ao meu redor, bem embaixo dos meus seios, e me
arqueando para trás, contra seu peito, dando um travesseiro musculoso para
minha cabeça, minha boca encontrando o pescoço dele e beijando todo lugar
que conseguia alcançar com um abandono selvagem.

 Em seguida, senti seu membro, envolto em uma nova camisinha,


pressionando os lábios umedecidos da minha intimidade e depois me
penetrando de baixo pra cima. Gritei novamente, ouvindo sua voz soltar um
rosnado baixo.

 ─ Segure naquelas barras, Skylar. – ele deu um passo para trás e agora
estava segurando minha perna de apoio com seu braço forte, e me erguia e
me abaixava até sua ereção impiedosa, seus quadris bombeando para cima e
para baixo em sincronia com meu corpo que subia e descia.

 Caraca, Mathew é forte mesmo, cheguei à conclusão enquanto ele


praticamente malhava comigo. Parte de mim pensou que isso era um ótimo
exercício para os braços, já que ele não chegara a ir muito para a academia
enquanto estava comigo.

 Eu estava gritando, assim como Mathew. Torci para que a polícia não
estivesse recebendo ligações sobre nós neste momento. Imagine se os pais
dele resolvessem bater na porta agora!
 ─ Porra, vou gozar, Skylar… por favor… – ele ofegou, querendo que eu
atingisse o clímax antes que ele terminasse. ─ Vou segurar… espere.

 E então ele começou a penetrar furiosamente em mim agora, e foi o que


bastou. Senti meu alívio se aproximar na mesma hora, e gritei isso para ele.

 ─ Estou gozando… Estou gozando… Mathew! – eu berrei. ─ Céus! ISSO!

 Graças a Deus nenhuma criança morava perto do meu apartamento. Eu me


sentiria uma safada agora.

 Ele soltou um som de alívio e rosnou, e senti seu corpo se contrair e depois
relaxar. Suas investidas cessaram e uma sensação de calor instalou-se dentro
de mim, e soube que ele também tinha gozado.

 Não acho que teria conseguido segurar nas barras por mais outro segundo,
e Mathew me pegou nos braços depois que se retirou de mim.

 Ele estava beijando minha testa enquanto nos arrastava de volta para o
interior do apartamento e me levava para o banheiro. Eu estava meio
desorientada, mas me lembro de ele me colocar na banheira vazia. Em
segundos, a sensação escaldante da água corrente chegou aos meus
tornozelos e pernas, e Mathew tampou o ralo, deixando o banho quente fazer
efeito à medida que meus olhos tentavam focalizar seu rosto perfeito acima de
mim.

 Ele rapidamente livrou-se da camisinha e escorregou para dentro da


banheira comigo, sentando atrás de mim, deixando as pernas abertas e
permitindo que eu me apoiasse no seu corpo enquanto a água começava a
subir ao redor dos nossos corpos suados e fracos.

 ─ Coitado do meu bebê. – ele falou com uma voz rouca e esfregou as
palmas das minhas mãos avermelhadas com os dedos sob a água quente. ─
Me desculpe, Skylar.

 Não doía muito agora… e não reparei nas minhas mãos com tudo aquilo
acontecendo ao meu corpo na saída de incêndio. Eu apenas sorri e aproveitei
seu toque cuidadoso, sentindo os beijos dele nas minhas palmas em seguida.

 ─ Não se desculpe. – eu disse, ainda me sentindo zonza e extraordinária. ─


Adorei o que aconteceu lá na saída de incêndio.

 Ele deu risada, mas continuou cuidando das minhas mãos, trabalhando
nelas com os polegares agora, com bastante firmeza no centro.

 ─ Criei um monstro, não criei? – perguntou ele, dando um beijo longo e


terno na minha bochecha.

 ─ Definitivamente. – sorri com orgulho.


 ─ A Noiva de Frankencock. – ele disse. ─ Ela está viva! Viva!

 Iniciamos uma gargalhada e Mathew me explicou quem Frankencock era.

 ─ Você deu um nome pra ele? – continuei rindo. ─ E em homenagem a um


monstro? Isso diz muito sobre você.

 ─ Não, não analise isso. – Mathew  resmungou. ─ Apenas deixe pra lá. Não
quero ser internado pela Dra. Skylar.

 ─ Isso iria evitar que você ficasse longe de mim. – tive que admitir. ─ Eu
iria te trancar no meu próprio quarto branco acolchoado, numa camisa de força
bem justa… e sem calças.

 ─ Mmmm, isso vai contra sua regra de não usar camisa, huh? – ele
comentou, movendo os dedos sobre meus seios por debaixo da água da
banheira, seu pé girando a maçaneta na parede, interrompendo a água que
caía na banheira. ─ Gostei disso. O que você faria comigo nessa sala
acolchoada?

 ─ Eu entraria nela, usando a saia mais curta e a blusa mais apertada… –


comecei. ─ E te puxaria pelos cabelos e faria você responder minhas
perguntas. Teríamos uma longa e produtiva sessão de terapia. E depois de
terminarmos nossa conversa, eu te jogaria de costas no chão e aplicaria
alguns… exames orais em você.

 ─ Oh, sim. – Mathew abriu um sorriso largo e deixou a cabeça cair para
trás um pouco. ─ Estou gostando dessa ideia cada vez mais… e depois, Dra.
Skylar?

 ─ Eu seria cruel com você e te provocaria… não deixando que gozasse tão
rápido. –brinquei. ─ Toda vez que você chegasse perto, eu pararia e observaria
seu pobre corpinho se contorcer na camisa de força, e seus lindos olhos
castanhos implorando por mim.

 ─ Meu Deus, que malvada. – ele sorriu e deu risada um pouco. ─ Me fale
mais.

 ─ Depois eu tiraria minha calcinha e a enfiaria na sua boca suplicante. –


fantasiei um pouco mais, esperando que ele soubesse que eu estava apenas
inventando tudo isso. Na vida real, eu jamais conseguiria fazer mal a esse
homem. Seria pior que cortar ou machucar a mim mesma.

 ─ Ela teria um gosto bom. – Mathew imaginou enquanto escutava à minha


história.

 ─ E em seguida, eu te colocaria duro na minha boca de novo… – eu disse.


─ E eu cavalgaria em você… e faria a festa com o… Frankencock. – eu quase
não consegui dizer isso em voz alta sem cair na risada.
 ─ Sem camisinha? – ele ficou de boca aberta.

 ─ Sem camisinha. – falei. ─ Você seria todo meu naquele quarto. Nunca
teria que usar camisinha comigo, no nosso pequeno mundo da fantasia.

 ─ Legal. – ele parecia satisfeito, como se eu estivesse lendo uma história


de conto de fadas para ele.

─ E então, se você fosse bem bonzinho, eu voltaria mais tarde e te


alimentaria. – sorri, me imaginando alimentando Mathew com uma cereja bem
deliciosa.

 ─ Paraíso. – ele disse, fechando os olhos. ─ E os Frankecocks viveram


felizes para sempre.

 Eu ri, ainda achando graça do nome dele para seu pênis-monstro. Fiquei
imaginando ele  verde com um parafuso de cada lado.

 ─ Amanhã é sexta. – ele falou de repente e meus olhos se abriram, meu


coração rachando em cem lugares.

 ─ Eu sei. – sussurrei, ouvindo apenas a leve agitação da água ao redor dos


nossos corpos.

 Seus braços se apertaram em volta de mim e me agarrei a eles também,


não querendo pensar no domingo como nosso último dia juntos.

 ─ Eu te amo, Skylar. – ele disse simplesmente.

 Deixei escapar um suspiro desolado dos meus lábios e respondi.

 ─ Eu também te amo, Mathew. Sempre vou te amar.

 Ele virou meu queixo para ele e fechou os olhos, e beijou minha boca com
os lábios muito gentis e inocentes.

 ─ Sempre. – ele sussurrou quando seus lábios por fim soltaram os meus.

 (…)

Sexta- feira, 12º dia.

 Mathew parecia muito mais alegre hoje enquanto me ajudava a preparar o


almoço para meu pai. Ele ficou cantando e fazendo piada comigo durante o dia
todo e fiquei feliz. Eu esperava que meu pai lidasse bem com as novidades
hoje. Ele teria que ser um santo para não ficar com raiva.

 A primeira coisa que Mathew me disse hoje foi, e na voz mais feliz que já
ouvi ele usar: “Hey! Eu vou levar um soco na cara hoje.”
 Eu lhe assegurei que ele não ia… mas depois, pensei melhor nisso. Talvez
ele levasse mesmo. Pelo menos sei que meu pai não estaria usando seu
uniforme de policial e armado aqui hoje. Já é alguma coisa.

 ─ Você sabe como escapar de um soco, certo? – perguntei a Mathew


durante o café da manhã e ele assentiu, não parecendo tão assustado assim.
Novamente, ele não temia a dor física ou uma punição. Ele estava mais
preocupado com o que meu pai faria comigo em resposta ao que tínhamos
para contar a ele.

 Pedi que ele não estivesse aqui no início, quando meu pai chegasse, deste
modo eu poderia conversar com ele sozinha, antes que ele conhecesse
Mathew. Porém Mathew se recusou a fazer isso. Ele disse que eu tinha sempre
dado apoio a ele, e que estaria ao seu lado quando os pais dele retornassem,
sendo assim ele também não me abandonaria neste momento.

─ Eu mereço levar um soco, Skylar. – ele finalmente declarou. ─ Deixe que


ele faça isso comigo. Irá fazer ele se sentir melhor e talvez ele me respeite
mais tarde. É coisa de homem. Não vou bater nele, se é isso com que você
está preocupada. Eu não machucaria seu pai, Skylar. Ficarei parado e deixarei
que ele me bata. Eu prometo.

 ─ Eu acredito em você, e é isso que me deixa louca. – respondi. ─ Não


quero que meu pai te bata… e não quero que você facilite para que ele o faça,
muito menos. E depois, ele pode estragar seu rostinho bonito.

 Apertei as bochechas dele, juntando-as, e as beijei, rindo de como ele


ficava bonitinho desse jeito, os lábios cheios juntos.

 ─ Por favor, pare com isso. – ele levantou uma sobrancelha e o soltei.

 ─ Claire vai surtar se você voltar com um olho roxo ou coisa parecida, não
vai? Quero dizer, você não vai se meter em mais problemas? – perguntei, e
logo em seguida fiquei irritada comigo mesma por sequer citar o nome da
vadia… ou a hipótese de ele voltar para aquele lugar.

 ─ Não. – ele mexeu a sopa. ─ Posso simplesmente falar pra ela que você
me bateu numa brincadeira e aconteceu. Tenho uma cicatrização bastante
rápida. Além disso, vou ficar fora de…

 Ele parou e olhei para ele. Virando-se rapidamente, ele começou a picar a
salada, não dizendo nada, sua testa franzida.

 ─ Você vai ficar fora do que? – franzi o cenho, não gostando disso.

 ─ Vou ficar fora de… band-aids… se eu… – ele hesitou, um péssimo


mentiroso.

 ─ Mentiroso. – acusei. ─ Diga o que você ia dizer, Mathew.


 Ele trincou o maxilar e parou de picar a alface, olhando para mim.

 ─ Eu vou ficar fora de circulação por alguns dias assim que voltar. – ele
disse. ─ Tenho alguns dias de punição esperando por mim quando aparecer
por lá.

 Bati os pratos no balcão, fazendo Mathew se sobressaltar de susto.

 Porque ataquei a Claire.

 ─ Meu pai está chegando. – falei com um tom baixo, quase para mim
mesma. ─ Ele vai nos ajudar. Tem que existir alguma lei contra isso.

 ─ Você sabe há quanto tempo cafetões e prostitutas habitam a Terra,


Skylar? – ele suspirou. ─ Legal ou não? Claire é perigosa. Quero que seu pai
fique longe de tudo isso. Não quero que ele se machuque.

 ─ Eu não quero que você se machuque.  – as lágrimas inundaram os meus


olhos, que o fitavam.

 ─ Eu me meti nisso. – ele começou a picar a alface de novo. ─ Aceitei o


dinheiro, assinei o contrato. Não sou nenhuma vítima nessa merda.

 ─ Como você pode dizer isso? – eu gritei, imaginando-o naquela merda de


jaula na Fire novamente, com Claire mandando que ele se ajoelhasse.

 ─  Porque é verdade, Skylar! – ele levantou a voz, e então pareceu


arrependido assim que fez isso. ─  Me desculpe. Não devia gritar com você.

 ─  Escute… estive pensando… - sugeri com a voz trêmula. ─  Talvez a gente
possa fazer isso dar certo, mesmo se você tiver que voltar pra Claire… por
algum tempo.

 ─  Skylar. – ele abaixou a faca e começou a se aproximar para me


consolar.

 ─  Não, espere. – senti as lágrimas nos meus olhos, em estado de pânico.
─ Talvez Ryan possa manter contato comigo de alguma forma… por um
tempo… só pra me deixar saber como você está… Claire não vai ficar sabendo
disso.

 ─  Por favor, não faça isso, Skylar. – ele implorou, as mãos esfregando
meus braços. ─ Por que nós apenas não temos uma visita agradável com seu
pai? Diga a ele que sou um garoto da faculdade com quem você está saindo.
Eu vou voltar pra Claire, ninguém pode fazer nada por mim nos próximos dois
dias. E você não pode ter nenhum contato comigo depois que eu for embora…
não tenho permissão para ter namoradas. Ela irá te machucar se você ficar por
perto. Você não pode fazer isso. Está tudo bem. Você deu o seu melhor, e é
mais do que qualquer um já fez por mim. Mesmo se você encontrasse de
verdade um jeito de me libertar, por algum milagre, eu jamais saberia como
me encaixar numa vida normal… um trabalho normal a essa altura. Apenas me
prometa que você não irá atrás de mim quando eu for embora.

 ─  Não! – me desvencilhei dele, odiando-o, odiando que ele não estivesse
disposto a tentar e lutar mais.

 ─  Skylar! – ele chamou, prestes a dizer alguma coisa quando houve uma
batida na porta, alegre do outro lado.

 Mathew olhou para a porta e depois para mim enquanto eu corria até ela e
a destrancava, vendo a familiar camisa de botão branca, azul e cinza aberta
com uma camiseta branca por baixo, o jeans azul escuro, tênis, o cabelo preto
despenteado e eriçado, com um indício de fios brancos… as sobrancelhas
escuras quase escondendo o brilho terno nos seus olhos castanhos escuros… e
o seu sorriso.

 ─  Pai. – senti que estava chorando quando lancei meus braços em volta
dele, incapaz de segurar as lágrimas e fungadas enquanto ele me abraçava de
volta, suas mãos dando tapinhas e esfregando as minhas costas. Ele nunca foi
muito bom com os momentos chorosos femininos.

 ─  Oi, Sky. – ele falou como se já soubesse que havia algo de errado. Não
pensei nisso na hora, mas então me lembrei de que ele podia enxergar Mathew
parado atrás de mim, na cozinha, ajudando no almoço.

 Provavelmente ele suspeitava que Mathew era o culpado de eu estar


chorando neste momento.

─  Não chore, querida. – ele tentava me confortar e fazer com que eu


parasse com o rio de lágrimas. ─ Está tudo bem. Eu estou aqui.

 ─ Entre, papai. – convidei, e finalmente o deixei entrar no apartamento,


olhando para baixo e tentando fazer meu queixo parar de tremer enquanto
meu pai observava Mathew ao entrar.

 ─ Pai, esse é Mathew Trenner. – os apresentei, controlando minhas


emoções, ou tentando. ─Mathew, esse é meu pai, William Hayes.

 ─ Prazer em conhecê-lo, Oficial Hayes. – Mathew deu um passo à frente e


respeitosamente deu um aperto firme na mão do meu pai e tive que admirar a
cena enquanto ela ainda estava amigável.

 Quando conheci Mathew, fiquei triste ao imaginar que esse encontro jamais
aconteceria. Porém, aconteceu. Pena que eles estariam brigando em breve.
Bom, meu pai estaria, de qualquer modo.

 ─ Oh, você sabe que sou oficial de polícia, huh? – meu pai forçou um
sorriso, não muito sociável com pessoas novas. ─  Suponho que Skylar esteve
falando de mim para você, então.
 Mathew sorriu para mim e depois para meu pai.

 ─ Ela só tem coisas boas a dizer sobre você. – Mathew disse, soltando a
mão do meu pai. ─Ela me contou tudo sobre as aventuras de pesca de vocês.

 ─ Oh, você gosta de pescar, Mathew? – William perguntou,cruzando os


braços, numa postura de julgamento. Jesus.

 ─ Não, nunca pesquei. – Mathew admitiu. ─ Mas sempre tive vontade. Sou
um garoto criado na cidade, mas adoraria experimentar.

 Meu pai deu um leve sorriso para Mathew, admirando a honestidade. Eu sei
que ele está observando como Mathew é bonito e não está gostando nada
disso. Talvez eu devesse deixá-los se conhecerem melhor antes de contar a ele
a história toda. Talvez devêssemos comer primeiro.

 ─ Pai. – o sentei em uma das bancadas do balcão da cozinha e me senti


meio indecente por Mathew ter me amarrado em uma dessas, nua, e por agora
ter grandes chances de meu pai estar sentado na mesma bancada.

 ─ Mathew e eu preparamos um grande almoço pra você. – anunciei. ─


Fizemos seu prato preferido, bife com batatas… e salada.

 ─ E sopa. – Mathew mexeu a sopa e desligou o fogo embaixo da panela.

 ─ E sopa. – repeti, me sentindo muito nervosa agora. Calma, Skylar.

 ─ Algum problema, Skylar? – meu pai perguntou, jamais se deixando


enganar e nunca deixando passar quando alguma coisa estava me
incomodando. Era uma das desvantagens de ter um policial como pai. Eu não
conseguia enganá-lo.

 ─ Bem, sim, mas queremos conversar com você depois do almoço, pode
ser? – disse, e agora os olhos do meu pai estavam sobre Mathew. Só Deus
sabe o que ele está pensando.

 ─ E antes que você comece… – eu disse. ─ Eu não estou grávida, não vou
me casar e minhas notas estão boas.

 Mathew se virou para meu pai, sorrindo um pouco, mas ele não pareceu
estar achando graça. Sem dizer uma palavra, Mathew virou de volta para
distribuir sua sopa nas tigelas.

 Nós almoçamos, conversando sobre qualquer coisa. Mathew se saiu muito


bem em observar meu pai e criar conversas do interesse dele. Eu não sabia
que Mathew era tão fã de beisebol, mas eles conversaram sobre isso por mais
de meia hora enquanto eu assistia os dois interagindo. Em um certo momento,
Mathew até mesmo fez ele gargalhar… e isso foi fantástico de se ver.
 Assim que terminamos, Mathew começou a recolher os pratos e meu pai
achou isso um pouco estranho, ao notar pela sua expressão.

 ─ Esqueça a louça por enquanto, Mathew. – eu disse baixinho para ele. ─


Precisamos fazer isso antes que eu perca a coragem.

 ─ Skylar, por favor, pense nisso primeiro. – ele cochichou comigo, ainda
não tendo certeza se o que eu faria ia ser bom para mim.

 ─ Eu já te disse, não ligo se gritarem comigo, eu quero te ajudar, e queira


você ou não, eu vou, agora venha! – dei um puxão no braço dele e ele
reclamava atrás de mim enquanto eu o arrastava para a sala.

 ─ Vamos sentar aqui, papai, ok? – pigarreei, fazendo Mathew cair sentado
no sofá verde, seu local favorito durante a terapia.

 Meu pai se levantou da bancada e deu um pequeno gole na sua cerveja,


colocando a lata em cima do balcão e vindo em nossa direção. Sentei ao lado
de Mathew no sofá e meu pai ficou na poltrona à nossa frente, onde a Dra.
Skylar geralmente senta.

 ─ Skylar me falou que você tem um problema dos grandes. – meu pai
olhou para nós dois, perguntando-se o que poderia ser. ─ Então, deixe-me
ouvi-lo.

 ─  Certo, mas pai, aqui estão as regras. – me inclinei para frente. ─ Você
tem que nos escutar até o fim. Você precisa jurar que não vai gritar demais
quando a gente acabar. E tem que jurar que não vai se tornar violento.

 ─ Eu te disse, Skylar, é coisa de homem. Tudo bem se ele fizer isso. –


Mathew agora tentou argumentar comigo, mas falei para ele ficar de boca
calada.

 Em seguida, ele olhou para meu pai e disse:

 ─ Qualquer reação que você tiver vou entender. Tudo bem se você gritar
ou… ficar violento. Eu ficaria, no seu lugar.

 ─ Já ouvi todos os tipos de histórias imagináveis, Mathew. – meu pai coçou


a bochecha. ─ Eu duvido que vocês dois me contem algo que me deixe nervoso
a ponto de gritar e me tornar violento. Vão em frente.

 ─ Certo, papai. – eu disse, tomando um fôlego. ─ Lá vai o que


aconteceu.Você sabe que estou me formando em psiquiatria. Bom, eu
precisava escolher uma pessoa… uma pessoa interessante para estudar e fazer
uma tese em cima. Eu já tinha escolhido alguém… mas no último minuto ele
me deixou na mão. Eu tinha dois dias para escolher uma pessoa. Sendo assim,
fui nessa boate na cidade chamada Fire… e conheci Mathew.

 ─ Eu trabalho lá. – Mathew se intrometeu.


 ─ Mathew é dançarino lá. – falei, observando o rosto do meu pai.

 Nada ainda. Somente um olhar severo enquanto esperava pelo resto da


história.

 ─ Eu perguntei para Mathew se…

 ─ Deixa que eu falo, por favor, Skylar. – Mathew me cortou e olhou para
mim, assenti de leve com a cabeça para ele.

 ─ Oficial Hayes, Skylar me pediu para ser o voluntário da sua tese. – ele
disse. ─ Mas eu disse que não trabalhava de graça. Eu cobro as mulheres…
pelo meu tempo. Skylar não queria concordar com uma coisa tão sórdida,
mas… ela estava desesperada atrás de uma pessoa para fazer sua pesquisa.
Então… me contratou para que ela pudesse… me estudar.

 ─ Pare de fazer você soar tão barato, Mathew. – franzi o cenho. ─ Não foi
bem assim. Eu que fui atrás de você.

 Meu pai estava claramente irritado agora, não gostando nem um pouco de
nada dessa conversa.

 ─ O fato é, pai, que desde então Mathew passou a conversar comigo… já


que eu tenho que saber a respeito da vida dele. – eu disse. ─ Resumindo,
Mathew trabalha para essa mulher, Claire, que administra a boate onde ele
trabalha. Mas acontece que ele não trabalha simplesmente para ela… ela o
controla, pai. É uma longa história e levará muito tempo para explicar, mas,
Mathew está sendo mantido com ela contra a vontade dele. Ela faz ele fazer as
coisas mais… ele é um escravo, pai. Eu preciso que você me ajude a libertá-lo.
Ele não quer voltar. E nós só temos mais três dias juntos antes de ele ter que
voltar para ela.

 Mathew estava fitando o chão no momento em que eu contava tudo isso


para meu pai, e agora seus olhos encontraram os dele.

 ─ Você… contratou  ele? – meu pai estava mantendo sua expressão de


pedra, a voz ainda calma. Ele estava no modo interrogatório agora.

 Mathew olhou para mim e engoliu em seco.

 ─ Com o quê? – perguntou. ─ Você não tem…

 E então ele se interrompeu e intensificou a cara feia para mim. Os olhos


dele se arregalaram e ele disse, com um tom tão perigosamente baixo na sua
voz que até me assustou.

─ Sua herança? – ele murmurou. ─ O dinheiro da minha mãe?

 ─ Pai, eu sei que… – eu tentei explicar, mas fui impedida.


 ─ Eram as ECONOMIAS que ela juntou a vida inteira, Skylar Hayes! – os
olhos dele estavam extremamente furiosos agora e sua voz estava estrondosa.
─ Ela deu tudo pra você! Assim você teria alguma estabilidade um dia, para
constituir uma família, comprar uma casa ou um negócio próprio! Ela acreditou
que você seria inteligente e cuidaria desse dinheiro! E você comprou
um prostituto  com ele?

 Eu nem sequer perdi um segundo para ver a reação de Mathew, fiquei de
pé num salto e assomei sobre meu pai enquanto ele continuava sentado na
minha poltrona.

 ─ NÃO SE ATREVA A CHAMÁ-LO DISSO! – eu tinha lágrimas nos olhos. ─


Nunca mais diga essa palavra novamente! Ele não é um prostituto! Ele está
preso nisso, pai! Eu te chamei aqui para que você pudesse ajudá-lo!

 ─ Skylar, pare. – Mathew estava tentando me acalmar, de pé atrás de


mim, colocando gentilmente as mãos nos meus braços.

 Meu pai se levantou e gritou com Mathew.

 ─ Tire as suas mãos da minha filha!

 Mathew não disse uma palavra, mas senti suas mãos me soltarem.

 ─ Não podemos nos sentar e retornar para a conversa tranquila? – Mathew


sugeriu esperançosamente. ─ Skylar é uma ótima psiquiatra e sei que as
coisas se resolvem mais quando não há gritos.

 Com isso, decidi ser a primeira a me acalmar, sabendo que ele tinha razão.
Mas se meu pai  insultasse Mathew de novo eu ia pular na sua garganta.

 Voltei a sentar no meu lugar, ao lado de Mathew… e eventualmente, meu


pai se sentou também.

 Ele estava olhando Mathew ameaçadoramente e não nem um pouco disso.


Mathew estava fazendo completo contato visual com ele agora, sem olhar mais
para o chão envergonhado, e isso me deixou muito orgulhosa dele.

 ─ Skylar não gosta dessa palavra, prostituto. – Mathew falou com calma. ─
Eu me chamo o tempo todo disso e ela quase arranca minha cabeça fora
também. Eu sei o que sou, Oficial  Hayes, não estou negando.

 ─ Mas quer minha ajuda para sair disso. – meu pai disse friamente,
encarando Mathew fixamente.

 ─ Não acho que exista uma saída pra mim. – Mathew foi sincero. ─ Skylar
adora solucionar problemas e tem sido uma grande psiquiatra e amiga. Ela não
quer que eu volte para minha vida, do jeito que está. Ela quer me ajudar. E a
admiro por isso… mas… eu só não acredito que seja possível… nos próximos
três dias, ou talvez, nunca. E é muito perigoso. Claire… ela faz parte de uma
família de criminosos, se é que me entende. Pessoas que me ajudarem
poderiam sair machucadas… eu não quero isso. Skylar que quis ligar para você
em busca de ajuda e você sabe como é difícil discutir com ela.

 ─ Quanto ela te pagou? – meu pai não parecia estar escutando uma
palavra do que Mathew estava dizendo e isso me deixou com mais raiva.

 ─ Pai, isso importa?

 ─ Eu quero saber!

 ─ Vinte mil. – fechei meus olhos por um segundo, depois o encarei.

 Mathew olhou para baixo, em seguida, para meu pai novamente.

 ─ Eu juro, oficial Hayes, que se pudesse, eu devolveria tudo para ela agora
mesmo. – Mathew  falou com um tom de tristeza na voz. ─ Ela tem me dado
tanto…

 ─ A herança inteira. – os olhos do meu pai quase me causaram dor física


quando me olharam. Ele parecia completamente com nojo de mim. Eu nunca vi
aquele olhar dele voltado na minha direção antes.

 Mathew parecia querer ajudar a consertar isso, mas desejei que ele
parasse de falar por um minuto. Ele estava deixando meu pai mais irritando
tentando explicar.

 ─ É minha culpa, senhor. – Mathew assumiu a culpa. ─ Eu não dei


alternativa a ela.

 ─ Você dormiu com ela? – meu pai estava encarando furiosamente Mathew
agora, me ignorando, como se eu nem estivesse ali.

 Mathew hesitou e estava prestes a responder quando meu pai disparou na


direção dele. A hesitação de Mathew lhe deu sua resposta, e antes que eu
pudesse reagir, meu pai segurava Mathew pela camisa contra a parede
enquanto parte dos objetos de decoração caía e se quebrava no chão.

 ─ Seu DESGRAÇADO! – meu pai gritava por entre os dentes cerrados ao


mesmo tempo em que batia as costas de Mathew na parede outra vez. ─ Você
transou com a minha filha! Por DINHEIRO!

 ─ PAI! – eu gritava, puxando a camisa dele para fazê-lo parar. ─ Você está
machucando as costas dele! PARE!

 As feridas causadas pelo chicote de Mathew abririam se ele continuasse a


bater as costas dele forte assim, e eu não queria que meu pai causasse mais
dor a ele, sem contar a humilhação de ser chamado de desgraçado e
prostituto.
 ─ Vou machucar muito mais do que as costas dele! – meu pai rosnou,
chocando suas costas novamente na parede enquanto Mathew deixava escapar
um pequeno gemido.

 ─ PAI, PARE COM ISSO AGORA! – tentei pegar os braços dele que eram
como rochas prendendo Mathew na parede. Também reparei que Mathew não
estava reagindo ou pedindo para ser libertado. Ele estava simplesmente
aceitando aquilo.

 ─ Eu sei como se sente, mas eu não me arrependo. – Mathew disse, se


defendendo, olhando diretamente para o rosto distorcido de raiva do meu pai.
─ A Skylar é minha melhor amiga. E sei também que você a ama, por isso não
o culpo por querer me machucar. Vá em frente. Eu não vou brigar com você.

 ─ Pai, não! – eu estava praticamente chorando, incapaz de afastar meu


pai.

 ─ Skylar, por favor, saia do caminho. – Mathew olhou para mim. ─ Você vai
se machucar.

 Meu levou o punho para trás e observou o rosto de Mathew enquanto isso.
Mathew deixou sua cabeça encostar na parede atrás dele e fechou os olhos,
esperando pelo soco.

 ─ Pai, não machuque ELE! – pulei nas costas do meu pai, meus braços
envolta do seu pescoço. ─ Eu o amo!

─ Sossega, Skylar. – a voz dele estava calma novamente e ele abaixou seu
punho, ainda olhando para Mathew. ─ Eu não vou machucá-lo.

Soltei um suspiro de alívio e larguei o pescoço do meu pai, colocando meus


pés no chão enquanto ele lentamente soltava Mathew, dando um ou dois
passos para longe dele.

─ Por quê? – Mathew continuou encostado na parede, chocado.

─ Não posso bater em um homem que não vai se defender. – ele informou.
─ Não é certo.

─ Obrigada, papai. – me ouvi dizer, soando eternamente grata.

 ─ Não é que eu não queira acabar com a sua raça. Eu quero. Mas posso ver
que você se preocupa com ela. – meu pai disse, ainda olhando para Mathew. ─
Dizendo a ela para sair do caminho… eu estava prestes a lhe dizer a mesma
coisa. Não gosto disso… mas é assim que as coisas são.

 Sorri um pouco.

 ─ É o que Mathew sempre diz.


 Meu pai sentou na poltrona que ofereci mais cedo e deixou a cabeça cair
em suas mãos – outro movimento de Mathew. Eles eram mais parecidos do
que imaginavam.

 ─ Você está bem? – fui até Mathew enquanto ele se endireitava e dava
alguns passos, se afastando da parede, que exibia marcas de sangue.

 ─ Acho que sim. – ele disse antes de eu dar um grito.

 ─ Suas costas! – gritei, sentindo uma fúria instantânea. ─ Eu SABIA!

 ─ Merda. – Mathew disse, enquanto eu o trazia para a cozinha.

 ─ Tire a camisa.

 ─ Skylar, posso cuidar disso no banheiro. – ele começou a discutir, mas eu


não estava com paciência para isso no momento.

 ─ Como você vai alcançar suas costas sozinho? – perguntei. ─ TIRE JÁ!

 Ele suspirou e tirou a camisa, a removendo e deixando sua cabeça cair um


pouco enquanto eu molhava um pano de prato limpo com água morna,
gentilmente passando nas pequenas linhas de sangue, sentindo as lágrimas
embaçarem minha visão.

 ─ Jesus Cristo. – ouvi meu pai dizer da sala de estar, e Mathew soltou um
suspiro irregular. Ele estava enxergando o peito de Mathew do seu ponto de
visão e as marcas que Raven havia feito ali.

 ─ Mas que diabos!? – ele estava se aproximando lentamente, na direção de


Mathew.

 ─ O que você pensou, que estávamos brincando, pai? – eu quase falei aos
gritos para meu pai à medida que ele entrava em silêncio na cozinha que
ocupávamos, e obtinha uma visão melhor das costas de Mathew.

 ─ Caramba. – ele disse enquanto me assistia limpando o sangue da pele de


Mathew.

 ─ Elas tinham acabado de começar a cicatrizar, muito obrigada, pai. – eu


não conseguia esconder a raiva do meu pai neste momento.

 ─ Tudo bem. – a voz de Mathew estava cheia de coragem. ─ Não está


doendo.

 ─ Eu não teria te chamado aqui, pai, se não fosse uma emergência. – eu


disse a ele enquanto trabalhava. ─ Eu não precisava te contar nada! Eu sei que
você está com raiva e magoado… e desapontado comigo… mas não temos
tempo de lidar com isso agora. Eu estou apaixonada pelo Mathew… e ele me
ama. A gente não planejou isso e sabemos que é impossível, mas não
podemos evitar. Eu preciso salvá-lo, pai. Veja o que fazem com ele. E esta é
apenas uma parte do sofrimento físico que fazem com ele… você não faz ideia
do que elas têm lhe causado por dentro.

 ─ Eu sabia que havia algo a mais nisso quando você fechou os olhos e
esperou pelo meu golpe. – meu pai estava falando com Mathew agora. ─  Eu
presenciei isso uma vez… uma criança. O pai dele costumava espancá-lo
regularmente. Eu vi o homem levantar sua mão para o filho e a criança
congelar e esperar… exatamente como você fez quando eu estava te
segurando.

 ─ Elas falam que ele é um escravo da dor. – eu falava gentilmente com


meu pai enquanto começava a passar a pomada, depois que limpei todo o
sangue. ─ Elas fazem as coisas mais horríveis com ele. Mathew me disse que
isto não é nada  comparado ao que elas geralmente fazem.

 ─ Me conte mais sobre essas pessoas. – meu pai pediu e senti como se
pudesse cair no choro ali mesmo. Isso significava que meu pai queria ajudar…
e saber mais.

 Lembrei o meu pai que esse era o Mathew Trenner de quem pedi a
verificação de antecedentes, que menti sobre Julie namorá-lo. Contei o
passado de Mathew… sua filha… o incêndio. Quanto mais meu pai descobria,
menos ele sentia vontade de bater em Mathew. Ele não caiu exatamente de
amores por Mathew e torcia para que eu casasse com ele um dia, mas
entendeu – eu acho.

 Nós não entramos em muitos detalhes a respeito do nosso acordo no início


– de como Mathew estava me ensinando sexualmente da mesma forma que eu
estava lhe ensinando a lidar com sua dor e seu passado.

 Não precisávamos contar tudo para ele. Fizemos questão de assegurá-lo


que sempre usávamos proteção quando ficávamos juntos e nessa hora meu
pai quase vomitou seu almoço.

 Mas o principal foi compartilhado. Eu até confessei ter atacado a Claire na


boate, e contei a ele como Mathew me defendeu e me tirou de lá.

 Mathew contou a ele sobre Claire, a boate, os outros dançarinos, como ele
passara para seu poder, e até mesmo sobre as ameaças que lhe fizeram de
usar seu sangue para incriminá-lo, e depois falou sobre as promessas dela de
prejudicar a filha dele se ele alguma vez tentasse fugir.

 Notei que meu pai tinha pegado um dos meus bloquinhos e tinha começado
a fazer anotações do que Mathew estava dizendo. Mathew quase riu nesse
ponto, lembrando-se de mim com meu bloquinho, vendo as similaridades da
família no gesto. Eu me limitei a lhe lançar um olhar e ele escondeu o sorriso.

 Por fim, Mathew disse para meu pai, após cinco páginas de anotações.
 ─ Por favor, oficial Hayes, isso está ficando sério. Minha filha poderia se
ferir… ou ser morta se isso não der certo. Assim como a Skylar. Não posso
correr esse risco.

 ─ Mathew. – meu pai olhou diretamente nos olhos de Mathew. ─ Nada vai
melhorar se você não tentar. Um dia, eles irão  machucar a sua filha… e todo
mundo que você gosta. Pessoas que mantém escravos e reféns são
completamente covardes. Elas só têm poder por causa do seu medo.

 ─ Você está certo, eu tenho medo! – Mathew gritou em resposta. ─ É


a minha filha!

 ─ E essa é a minha filha. – meu pai maneou a cabeça na minha direção. ─


Ela também está em perigo agora, e não vou tolerar isso, Mathew. Tenho que
fazer o que for preciso para deixá-la segura novamente. Se você se importa
tanto quanto diz, você fará o mesmo, pelas duas, Skylar e sua garota. E
então… você está comigo… ou está fora?

 Mathew sorriu para mim, lembrando-se de eu dizendo exatamente a


mesma coisa no carro quando o tirei da casa da Raven naquela noite.

 Pois é, roubei essa frase do meu pai e agora ele sabia.

 ─ Estou com você. – ele respondeu, parecendo muito nervoso. Eu sabia


que ele estava preocupado com a filha dele e admirava isso. Esfreguei
gentilmente as costas da sua camiseta limpa, assegurando-o que tudo ficaria
bem.

 ─ Sei o que estou fazendo, Mathew. – meu pai afirmou. ─ Eu não faria
nada que pudesse ferir uma criança. Não posso garantir que consiga resolver
as coisas em três dias, mas farei o que puder enquanto estiver aqui.

 ─ Obrigado, Oficial Hayes. - Mathew disse com verdadeira gratidão. ─


Posso ver de onde Skylar puxou sua coragem e inteligência…

 Meu pai odiava receber elogios, porém bufou e disse.

 ─ Ela puxou a beleza da mãe, sorte dela.

 ─ Pai. – fiz uma careta e meu pai chegou até a sorrir um pouco.

 Ele olhou para Mathew de novo e falou.

 ─ E… você pode me chamar de William, rapaz.

 ─ Oh. – Mathew pareceu mais relaxado quando deu risada e respondeu. ─


Obrigado, William.

 ─ Não se solte muito, Mathew. – meu pai franziu o cenho. ─ É possível que
eu ainda te bata, mais tarde.
 ─ Tudo bem. – Mathew concordou. ─ Você sabe onde me encontrar.

 Meu pai estava se encaminhando para a porta e conclui que isso significava
que ele já estava indo embora. Ele se virou para mim e não baixou a voz
quando disse, seriamente, para nós dois.

 ─ Eu ainda odeio tudo isso, Skylar. Não pense que não estou furioso pra
diabos com vocês dois neste momento.

 ─ Eu sei, pai. – eu realmente me sentia mal pelo meu pai, eu sabia que
seria demais para ele suportar. Eu odiava ter que envolvê-lo nisso.

 ─ Mas, pelo menos Mathew estava fazendo seu dever, por mais revoltante
que ele seja. – meu pai deu um olhar para Mathew, em seguida disse para
mim. ─ Mas Skylar, você já sabe. Não acabamos essa conversa.

 ─ Eu sei. – senti as lágrimas chegarem aos meus olhos. Eu tinha realmente


o magoado e podia enxergar isso nos seus olhos.

 ─ Ficarei por perto. – meu pai não me abraçou e entendi isso. ─ Preciso de
um pouco de tempo para pensar… e começarei a investigar as coisas.

 Nessa hora, ele levantou o bloco de anotações e olhou Mathew por um


momento.

 ─ Por favor, tenha cuidado, papai. – eu falei, sabendo que ele era esperto o
bastante para lidar com isso sem a minha ajuda.

 ─ Eu sempre tenho. – ele disse sem nenhuma emoção na voz. ─ Até mais.

 Ele também não me deu um beijo de despedida, mas eu sabia que


precisava lhe dar algum tempo.

 Meu pai estava descendo as escadas, partindo, quando fechei a porta do


apartamento, me virando para Mathew. Ele parecia mergulhado em
pensamentos sobre alguma outra coisa e me aproximei dele, colocando meus
braços cuidadosamente ao seu redor para que não machucasse suas costas.

 ─ Acho que correu tudo bem. – eu disse.

Capítulo 23 
Mathew POV

─ Mathew … sessão … oito? – Skylar olhou para mim, sem ter certeza.

 ─ Eu acho que é sete. – tentei lembrar, mas Skylar deu de ombros.

 ─ Enfim… – ela disse.

 ─ Oi, Mathew. – ela sempre me cumprimentou assim todo o tempo e isso


sempre me fez sorrir. Como se eu não tivesse visto ela desde a última sessão
gravada.

 ─ Oi, Drª. Skylar. – sorri, sentado no sofá enquanto ela estava em sua
cadeira em frente a mim, como de costume.

 ─ Então… – Skylar tomou um pouco de fôlego, olhando para a janela à sua


direita. ─Tanta coisa para  no final meu pai se irritar com nosso problema.

 Ela deu um pequeno sorriso então deixei meu rosto sorrir de volta para o
dela, esperando que ela não estivesse escondendo sua raiva por causa da
visita de seu pai a uma hora atrás.

 ─ Eu sei. – esperava que ela soubesse que não teria que esconder isso de
mim. Eu poderia estar aqui para ela, também.

Lembrei-me de William dizendo que ele tinha ouvido todas as histórias e


como a nossa não o faria gritar ou se tornar violento.

─ Não adiantou de nada suas regras. - eu disse.

 Ela estava passando a caneta no papel do seu bloquinho no colo, e sua


mandíbula estava um pouco apertada por um segundo.

 Parecia agora que ela estava chateada… e não falava. Seus olhos estavam
presos em seu bloquinho. Ela está arrependida de ter contado a seu pai? Será
que ela se sente que realmente não vale a pena o enorme buraco entre ela e
William agora após a minha história? Eles estavam tão próximos quando
William veio pela primeira vez… e agora…

 ─ Skylar? – comecei. ─ Eu sinto muito. Eu ainda não consigo acreditar que


você fez isso por mim.

 ─ Mathew, seu bobo. – ela fez uma cara brava para mim. ─ Eu fiz isso por
nós… e eu faria qualquer coisa por você. Eu te amo. Eu morreria por você.
 Essa declaração foi o equivalente a uma faca perfurando meu peito. Minha
boca se abriu e eu me senti mal por um segundo… ao pensar em Tanya…
Claire… a porra do perigo de tudo isso agora.

 ─ Nunca diga isso de novo, Skylar. – eu me ouvi dizer em um fio de voz.

 ─ Desculpa. – ela percebeu o que eu estava sentindo e demonstrou em seu


rosto. ─ Eu não pensei… Eu não quis dizer…

 Ela suspirou e mudou de assunto.

 ─ Então…o que achou do meu pai?   - ela perguntou, tentando sorrir mais.

 ─ Eu gostei dele. – eu disse sem hesitar. ─ Mas ele foi muito bonzinho
comigo. Ele deveria ter me batido.

 ─ Você queria que ele fizesse, não é?  - ela perguntou, me conhecendo
muito bem.

 ─ Sim.  – eu estava cansado de  tentar esconder ou mentir para Skylar


neste momento. ─ Eu sei que foi errado da minha parte… ter o seu dinheiro
assim… e… fazer amor com você por isso. Já ferrei tantas garotas por
dinheiro…quando William me colocou contra a parede, era como se…
finalmente, um de seus pais tivessem suas mãos em mim… e agora, talvez eu
pudesse pagar por alguns dos erros que eu fiz.

 ─ Eu sei como isso me fez sentir… – Skylar disse. ─ Quando o meu pai te
chamou de prostituto e… desgraçado… mas… como é que você se sentiu?

 Olhei para a minha mão por alguns segundos e quase menti e disse que eu
estava acostumado com isso… mas eu admiti a verdade.

 ─ Eu odiei.  – confessei, olhando para ela brevemente.  ─ Eu queria que


William gostasse de mim. Ele foi muito legal durante o almoço e eu senti que
ele estava gostando de mim um pouco. Então… quando disse a ele… o jeito
que ele olhou para mim…eu me senti tão nojento de novo… Eu geralmente me
sinto assim, mas,  ultimamente, com você… quando estamos sozinhos… Eu não
me sinto tão sujo. Estou limpo. E eu não estou fazendo nada de errado, de
qualquer forma. Eu quase esqueço que sou um garoto de programa, quando
eu te beijo. E eu não uso a palavra prostituto, para você não ficar com raiva de
mim.

 Ela me deu um pequeno sorriso e eu sorri de volta, feliz que eu não iria
ficar em apuros por falar a verdade, pelo menos da maneira que eu vejo.

 ─ Eu não tenho tanta certeza se gosto da palavra garoto de programa,


também. – ela disse.

  ─ Que tal puto?  - provoquei.


  ─ Meu pai é geralmente tão calmo. – Skylar disse.  ─  Ele já viu de tudo e
não costuma ficar muito… emocional.

 ─ Isso é diferente. – apontei.  ─ Agora é com você. Você é a única filha


dele. Eu sei exatamente como ele se sente. Se eu fosse ele, e você fosse a
Katie… eu teria que bater em mim além do conhecimento humano.

 Skylar balançou a cabeça e deixou um sorriso crescer nos lábios.

  ─ Ele é como você. – continuei.  ─ Ele quer ajudar as pessoas. Num
primeiro momento, quando você queria que eu tirasse a minha camisa, eu
odiei isso. Ele veria. Mas então, quando ele viu… Eu poderia dizer que ele se
importava. Gostando de mim ou não, ele ainda é um bom policial. Ele quer
proteger os fracos… e livrar o mundo do mal. É ótimo que você vai ser um
médica, uma psiquiatra. Você pode alcançar as pessoas e ajudá-las antes que
elas encham a prisão do seu pai. Você pode prevenir que crimes horríveis
aconteçam e tudo mais.

 ─ Eu nunca olhei para ele assim antes. – Skylar animou-se um pouco e eu


estava feliz que eu era o único a fazer isso acontecer.

 ─ E você não é fraco. – Skylar acrescentou.  ─ E o meu pai gosta de você,


também. Mesmo que ele não tenha mostrado imediatamente. Ele Percebeu,
enquanto contávamos mais a ele, que vocês dois são pais solteiros tentando
fazer o melhor para suas filhas. Eu aposto que meu pai faria o mesmo por
mim, se ele estivesse no seu lugar.

  ─ Sim, mas você viu a primeira reação dele a mim. – eu lembrei.  ─ É o
que eu disse antes. Ele queria me machucar. Ele me odiou. Isso é a reação
inicial de todos com alguém como eu. É por isso que as prostitutas não
recebem ajuda.

 Skylar suspirou alto.

 ─ Ele vai ajudar você!

   ─ Porque ele te ama. – eu disse, não querendo começar uma briga com
ela.

 ─ Você tem certeza disso? – ela parecia um pouco irritada agora.

  ─ Skylar… – olhei para ela até que ela fizesse contato visual comigo
novamente.  ─ Ele te ama. Ele só está chateado agora. Ele vai te perdoar. Eu
prometo.

 Ela olhou para seu bloquinho, sem dizer nada.

  ─ A prova de que é verdade, é que ele está nos ajudando. – falei mais
suave agora.  ─ Pra ser honesto,  me dá esperança ter dois Hayes do meu
lado. Não que o primeiro não tenha sido suficiente… Eu me sinto…duas vezes
mais protegido agora.

 Ela sorriu e eu queria falar mais sobre a coisa que estava corroendo a
minha mente e o coração… sempre…estava quase me paralisando, essa
horrível e inevitável segunda-feira.

   ─ Mas, Skylar… – fiz o meu rosto ficar sério agora.  ─ Nós dois temos que
nos preparar para o que pode vir. Eu terei que voltar lá… seu pai mesmo disse
isso.

 ─ Não. – ela de novo, não queria enfrentar a situação.  ─ Eu vou fazer o


meu pai prendê-lo antes de eu deixar você voltar.

 Esse pensamento quase me fez rir. Não é má idéia…

 ─ Sob que acusação? – sorri.  ─ Prostitutos que são presos saem assim que
a fiança for calculada. Policiais não se importam o suficiente para nos manter
por um dia inteiro. E então Claire me pune por sete dias em vez de seis.

 ─ Dirigir imprudente, então. – Skylar bufou.  ─ Excesso de gostosura…


transar em escadas de incêndio, qualquer coisa!

 ─ Se te comer em uma escada de incêndio é um crime, então deixe-me ser


culpado. - eu zombava e ria, esperando que ela entendesse a piada.

 Ela deu um meio sorriso e deu uma risadinha.

 ─ Seu pai teria que ter algo real em mim para me prender aqui. – informei.
─ Esta não é a cidade que ele trabalha. Me diz que vai ser forte se eu tiver que
voltar. Basta dizer isso, pelo menos.

 ─ Eu vou ser forte se você tiver que voltar. – ela disse, sem expressão,
olhando para o seu caderno.

 ─ Mentirosa. – sorri, balançando a cabeça algumas vezes.

 Ela jogou seu caderno no chão e sua cabeça caiu em suas mãos, pequenos
gemidos saíam dela.

 Em questão de segundos, eu estava segurando ela, ajoelhando no chão


conforme ela se agarrava a mim, chorando na curva do meu pescoço,
enquanto eu acariciava seus cabelos.

 ─ Pode demorar um pouco mais do que alguns dias para me tirar de lá. –
eu disse em voz baixa. ─ Seu pai pode precisar de mais tempo. Posso aguentar
e esperar. Eu esperaria pra sempre por você.

 ─ Eu não posso… – ela chorou. ─ Eu não posso deixá-lo voltar para toda
aquela dor sozinho…
 ─ Você é tão forte, Skylar. – repeti, lembrando-lhe. ─ Você me fez forte.
Vou ficar bem. E você também.

 O destino me odeia, eu queria dizer a ela. Ele nunca me deixa ter o que eu
amo. Ele sacode o que eu quero em minha frente, balançando-o sobre o meu
nariz para que eu tente saltar e pegá-la em meus dentes, não tendo nenhuma
chance de capturá-lo. Talvez, também, o destino seja uma dominatrix perversa
que gosta de brincar comigo.

 Talvez Skylar se sairá melhor em não ser uma isca do destino, tentando e
me provocando.

 ─ Eu gostaria que você pudesse me esquecer uma vez que eu fosse


embora. – admiti, e quando disse as palavras, fez meu sangue congelar nas
veias.

 ─ Tarde demais. – ela disse enquanto eu acariciava as lágrimas do seu


rosto. ─ Nós estamos juntos agora. Se você sangrar, eu sangro.

 ─ Skylar… – eu suspirei, fechando os olhos. ─ Você é uma puta de uma


louca.

 Isso nos fez rir e nos abraçamos mais firme um ao outro. As coisas
estavam ficando muito deprimentes e tristes estes últimos dias. Eu queria
esquecer tudo isso por algum tempo… mas o meu desligamento não estava
funcionando tão bem recentemente. Eu costumava ser capaz de transformar a
minha tristeza e ir para o trabalho. Skylar tinha desarrumado meus
sentimentos. E eu era ao mesmo tempo feliz e irritado com isso.

 Eu vou ser uma puta inútil quando eu voltar. Como vou seduzir uma
mulher estranha agora? Eu não quero nem brincar de aluno/professor com
Skylar, como vou poder me apresentar para estranhas? Eu vou estar tão
ferrado quando Claire descobrir sobre isso.

 Eu quase me senti forçado a contar a Skylar agora sobre Claire. Não é
certo seu pai estar nos ajudando sem ele pelo menos saber. Eu não
quero lembrar. Mas eu nunca esquecerei. Skylar provavelmente não se
espantaria com a minha história, mas eu estaria colocando-a em um grande
perigo… assim como seu pai, também. E se ele suspeita que eu estou
envolvido com ela de alguma forma? Seria minha palavra contra a Claire… se
eu for para a cadeia agora, Katie estaria ferrada. Sem mencionar que eu seria
estuprado,talvez, duas vezes por dia lá.

 Eu ligaria para o pai de Skylar se eu pudesse ter a certeza que os telefones
não estavam sendo monitorados por Claire ou um de seus caras.

 Eu vou ter que dar uma fugida rápida e falar com William. Ele precisa
saber. Ele poderia ser o caminho para mim. Mas se algo der errado, Claire
ainda mandaria alguém até a Katie e machucá-la - para não falar de Ben e
Angela. Eu terei que pensar sobre isso um pouco mais. Eu confio em William,
mas mesmo um bom policial pode ser pego pela lei - sem um monte de prova,
eles teriam que liberar Claire… e então ela estaria voltando para mim… e todo
mundo que eu amo.

 ─ Vamos sair daqui. – sugeri, apertando o botão que parava o gravador. ─


Vamos nos divertir um pouco. Eu devia entretê-la, não te fazer chorar o tempo
todo.

 Ela não discutiu comigo, sorriu e olhou para cima enquanto eu me


levantava, examinando todas as possibilidades.

 Finalmente, eu escolhi uma excelente. Eu não fazia isso por um longo


tempo e eu tenho certeza que ela iria adorar também.

 Ela estava vestida perfeitamente para a minha ideia esta noite. Camisa de
manga curta, calça jeans, tênis… ela pode precisar trazer um casaco leve, no
entanto.

 Saí agarrado com ela para longe de seu apartamento e, em pouco tempo
depois, ela estava sentada no meu colo no metrô, me perguntando onde eu a
estava levando.

 ─ Não posso contar. – eu disse, deixando-a louca, amando isso.

 Minha ereção estava cutucando-a alguns minutos depois e eu estremeci,


me ajeitando, desejando que meu pau fosse tirar férias pelo menos uma vez.

 Sem uma palavra, ou movimentos óbvios, a bunda de Skylar começou a


rebolar levemente contra o meu agitado e contido pênis.

Eu só podia ver a parte de trás de sua cabeça enquanto ela ficava me


torturando, conseguindo a sua vingança para o nosso primeiro passeio de
metrô, eu tinha certeza. A maneira como eu levei-a um frenesi e depois só
segurei sua mão e corri para fora do trem em nossa parada.

 Então, lentamente, ela mexeu o quadril, esfregando meu pau para trás e
para a frente enquanto eu tentava reprimir um gemido que eu realmente
queria expressar.

 Aposto que ela está sorrindo agora, mas que safadinha! Meu lado mau foi
torturado, sofrendo.

  E essa viagem de trem seria longa… pelo menos 45 minutos. Merda.

 Depois de mais alguns minutos de sua tortura sutil, eu rosnei baixo em


suas costas.

─Skylar…
 Ela riu, parando. Isso não ajudou, também. Agora eu queria ela esfregando
contra a protuberância em meu jeans. Eu estava com saudades, já.

 Pense em outra coisa…sim, isso é uma boa idéia. Katherine veio à minha
mente, de repente, me ensinando a amassar a massa de pão que tinha
acabado de fazer.

 ─ Não, Mathew, não faça força assim. – ela sorriu, sempre paciente
comigo. ─ Tire suas mãos assim…dobre-o e pressione suavemente…
você não tem que machucá-lo.

 Eu era um garoto com raiva na época. Era bom socar a massa… Katherine
me conhecendo…sabendo minhas razões para estar tão frustrado… me deu
algumas coisas melhores para fazer com as minhas mãos, além do soco. Deus,
eu sinto falta dela. Talvez se as coisas se resolverem com John e Sophia, eu
possa  vê-la e Joseph novamente. Isso seria ótimo.

Eu me senti relaxado e sorri, olhando para a janela do trem, o sol ainda


brilhava, mas começava a diminuir no céu da cidade.

 E Skylar começou a esfregar sua bunda no meu pau de novo. No começo


eu ri para mim e disse, “desculpe, Skylar, matei Frankencock, você não vai
brincar com ele durante esta viagem…”, mas então, como uma experiência de
laboratório horrível que deu errado, Frankencock ressuscitou… ele nunca iria
realmente morrer. DROGA!

 ─ Nããão… – suspirei, ouvindo Skylar soltar  uma pequena risada.

 Ela continuou mexendo e parando…e nem preciso dizer que, no momento


em que chegamos ao nosso ponto, eu estava mais excitado do que um
marinheiro preso no mar durante os últimos sete anos… mas eu não poderia
fazê-la sair do meu colo. Parecia certo tê-la lá. Eu amo como nos encaixamos
perfeitamente.

 Quando descemos, por um minuto  eu tive que andar um pouco curvado,
me sentindo como um homem de 80 anos de idade, e Skylar ria com gosto da
minha situação.

Isso, Skylar… ria agora… mas a vingança é um prato que se come frio.

 Eu estava me sentindo menos… duro quando chegamos ao cais, um barco


amarelo brilhante nos esperava, cheio de pessoas, na sua maioria turistas.

 As palavras “Pôr-do-sol de Nova York táxi ” estavam escritas em azul royal
contra a tinta amarela e Skylar olhou para mim, levantando uma sobrancelha.

 ─ Você já fez isso antes? – perguntei, parecendo que eu estava sempre


fazendo essa pergunta a ela.
 ─ Não, o que é isso? – ela perguntou, enquanto eu pagava o homem no
convés para pegar nossos bilhetes.

 Estávamos de pé no convés enquanto eu a explicava.

 ─ Este é um cruzeiro do por do sol, um passeio de três horas que nos


mostra toda a Nova York. – informei, esperando que ela gostasse de barcos e
não estivesse propensa a doenças do mar.

 ─ Legal. – ela olhou em volta e viu a bordo muitas cadeiras brancas.

 ─ Você gosta de barcos?  - perguntei assim que ela foi e se sentou em um


dos lugares da lateral do barco, para que pudéssemos ver tudo.

 ─ Eu não disse a você sobre meu pai e eu pescarmos todos os verões da


minha vida? - ela olhou para mim como se dissesse: “DÃÃH”.

 ─ Oh, sim, desculpe, eu me esqueci disso por um segundo. –  me senti mal
por não lembrar disso por conta própria.

 ─ Você tem sorte de ser bonito. – ela brincou comigo, e eu ri com ela
nessa. Eu não ouvia muitas vezes esse elogio de mulheres.

 Lembrei-me do primeiro elogio que ela me fez, na sala


privada, Despertar.

 Acho que gostei dela já naquele momento. Só Skylar elogiaria meus olhos
em uma situação daquelas.

 Coloquei minha cabeça em seu ombro por um segundo antes que o barco
começasse a se mover e, em seguida, beijei ali, endireitando-me para trás e
olhando para o lado, observando a água batendo na lateral do barco-táxi.

 Skylar pegou minha mão e entrelaçou os dedos dela, e em poucos minutos,


o barco começou a disparar para cima e começamos a nos mover, nós dois
sorrindo como nerds um para o outro, animados para começar a nossa
jornada.

 O sol estava glorioso e as brisas eram legais e de boas-vindas quando


saímos do cais. Coloquei meus óculos de sol e ganhei um sorriso sexy de
Skylar por isso. Ela parecia não ligar para óculos de sol e eu não me senti mal
por estar usando e ela não. Ela  estava tão linda apertando os olhos e
segurando as mãos sobre eles, para que ela pudesse ver melhor, enquanto o
nosso guia turístico falava, em pé no convés, perto da parte de trás do navio,
com microfone na mão, apresentando-se.

 Ele era um homem alto e acima do peso, afro-americano com uma cabeça
careca e bigode. Ele usava um boné branco, calções e uma camisa branca, que
dizia “Eu amo Nova York.“ - A palavra amor representada com um coração
vermelho.
 Não que eu quisesse arrumar uma briga com ele, mas assim que ele
começou a falar, eu gostei dele. Ele era engraçado…e sabia das coisas.

 Vimos Battery Park City, o edifício EmpireState, Center for the Performing
Arts… Mr. Lee era o nome do nosso guia e ele foi ótimo. De vez em quando,
ele tentava interagir com as pessoas e, finalmente, ele chegou perto de nós e
gritou.

 ─ Todo mundo está bem, aqui? Está todo mundo me entendendo?

 Quase ninguém falou, exceto eu, sem uma gota de timidez.

 ─ Aham! – eu meio que virei para ele, sorrindo, fazendo as bochechas de


Skylar virarem rosa brilhante enquanto ela enrolava os braços ao redor dos
meus.

 ─ Vamos lá, gente, só um cara respondeu! – ele gritou. ─  Assim não dá,
vamos lá, divirtam-se um pouco!

 Algumas pessoas gritaram em seguida, batendo palmas e gritando


"WOOOOO!”

 ─ Vão se ferrar vocês, eu vou falar com meu irmão, por aqui. – ele sentou
ao meu lado em uma cadeira vazia e sorriu. ─ Você é a única pessoa que me
entende, então, de onde você é, cara?

 Ele apontou o microfone para mim e eu ri por um segundo, dizendo.

 ─ Eu moro aqui.

 ─ Ah, legal, amando sua cidade, que lindo! – ele me deu um tapa nas
costas. ─ E quem é essa pequena mulher bem no seu braço?

 ─ Essa é Skylar, ela é minha. – brinquei. ─ Não tente roubar minha garota,
Mr. Lee.

 ─ Não, cara, não… não é isso, eu juro. – ele sorriu, e algumas pessoas
riram de nossa conversa. ─ Você é um cara legal, qual é o seu nome?

 ─ Mathew.

 Ele estendeu a mão para mim e eu quase fui apertá-la, mas, em seguida,
ele formou um punho e socou meu punho na amizade.

 ─ É bom ter você a bordo, Mathew. – ele disse, levantando-se. ─ Obrigado.

─ Obrigado. – sorri, ouvindo Skylar rir no meu braço quando ele nos deixou,
indo interrogar alguns outros passageiros agora.
 ─ Está vendo? – Skylar sorriu para mim. ─ Mr. Lee te ama. Você não pode
ser tão ruim assim.

 ─ Ele tem uma queda por VOCÊ. – sorri de volta para ela. ─ Sua pequena
mulher.

 Conforme o Sr. Lee andava ao redor do barco, ele encontrou pessoas do


Texas, Ucrânia, Canadá, e até Japão. Eu sorri, gostando da idéia de que, pelo
menos em férias, as pessoas poderiam se reunir e se divertir.

 Passamos a Staten Island Ferry e Mr. Lee nos disse que a única coisa
bonita disso, é que é grátis. E, ele ainda disse.

  ─ Na vida, você tem que apreciar e tirar proveito das coisas livres.
As melhores coisas da vida são de graça.

 Agradeci por estar usando óculos escuro. Tenho certeza de que meus olhos
já teriam transportado os meus pensamentos em resposta a isso, e eu não
queria deixar Skylar para baixo de novo. Os próximos dias teriam que ser
gastos com risadas e beijos…e fazendo amor. É tudo que nos resta. Estou
ávido por mais memórias com ela… felizes, não tristes ou preocupadas.

 Finalmente, estávamos passando sobre a Estátua da Liberdade e o sol


estava quase se pondo. As cores mais bonitas cortavam através dos céus atrás
da estátua… ouro,  vermelho, roxo, laranja… e escuridão acima de tudo,
lentamente assumindo o lugar e descendo sobre as cores do dia que acabava
de terminar. Por do sol.

 Por alguma razão essa hora do dia sempre me entristecia por dentro… mais
um dia sem Katie…ou Tanya… mais uma noite a minha filha ia para a cama
sem sentir o meu beijo de boa noite. Mais um dia que eu não estava fazendo o
meu papel de ser seu pai, assim como João e Sophia me tratavam. Eu me
odeio.

 Hoje eu quase levei um soco na cara e sorri, lembrando que William é um


bom pai, ele ama tanto a Skylar, é por isso que ele ficou tão bravo comigo.
Estou feliz que Skylar tem ele. E ele não vai abandoná-la, mesmo com suas
terríveis confissões de hoje. Ela é abençoada por ter um pai assim. Eu estou
com ciúmes. Hoje foi um bom dia. Na verdade, eu me pego esperando…
sonhando como um tolo, que William irá realizar algum milagre nos
próximos dois  dias e eu nunca vou ter que olhar para o rosto de Claire ou ouvir
sua voz de novo… e muito menos sentir seu toque.

 E mesmo que eu tenha que voltar, eu ainda me sinto bem porque fiz
algumas coisas maravilhosas, verdadeiros amigos durante esse breve tempo
fora da Fire. Eu sinto como se pudesse enfrentar qualquer coisa agora, sem
reservas e sem arrependimentos.

 Estou triste por ver o dia de hoje acabar. Foi um grande dia, em sua maior
parte. A única pedra no sapato era que Skylar sofreu nele. Ela está sorrindo
agora, e olhando para o céu comigo, levantando-se contra os trilhos do navio,
de frente pra mim, envolta em meus braços, protegida do vento da noite que
se aproximava.

Nós não falamos, não precisamos. Eu só coloquei meu rosto contra o cabelo
dela e apertei meus braços em torno de sua cintura, enquanto ela inclinava a
cabeça contra meu peito, completamente relaxada.

 O guia tinha acabado sua explicação e agora, tudo o que havia a fazer era
observar a beleza da noite nascendo diante de nossos olhos.

 Pensei em Katie… querendo saber o que ela estava fazendo agora. Queria
saber o que ela tinha para o jantar hoje à noite e que filme ela estava
assistindo antes de deitar. Pensei em Katherine e Joseph, e os imaginei
fazendo os pratos juntos, como às vezes faziam, só para sair e conversar um
com o outro. Ela lavava a louça. Eu costumava fazer  minha lição de casa na
mesa, enquanto eles falavam baixinho e tentavam não me incomodar. E se eu
tivesse alguma dúvida, eu tinha ao meu favor as mentes inteligentes deles… e
os pratos sempre esperavam até que eu estivesse de volta no caminho certo
novamente.

 Eu até pensei em meus pais…e me senti mal ao imaginá-los em sua mesa
de jantar extravagante no Waldorf, comendo em silêncio, como de costume.
Eu me pergunto se eles estão falando de mim agora. Eu me pergunto o que
eles estão dizendo. E ao mesmo tempo eu tenho medo de perguntar.

 A Fire já está aberta a essa hora… e Ryan está trabalhando… Eli, também.
É errado eu sentir um pouco de saudades de casa por eles? Eles foram a minha
família há anos… e esse lugar… Eu nunca amei, mas eu tive alguns momentos
felizes lá… Eu não sei o que diabos eu estou fazendo. Eu senti como se
pertencesse ali há algumas semanas… eu estava bem estando lá… Não estava?
Não me sentia como um prisioneiro até Skylar abrir meus olhos. Agora que eu
vi o que eu realmente sou, eu odeio isso. Como eu posso voltar a ser o que eu
era agora? De que maneira posso continuar transando com mulheres
estranhas por dinheiro?

 Os edifícios pareciam todos negros agora no escuro, as luzes douradas e


laranjas polvilhando sobre eles. A água estava escura e refletia a linha do
horizonte de Nova York como um espelho.

 ─ Nova York é tão bonita dessa forma, não é? – pensei em voz alta.

 ─ Completamente. – Skylar parecia hipnotizada, assim como eu estava.

 ─ Skylar? – eu mantive meus olhos sobre os edifícios e os céu acima deles.

 ─ O que, Mathew?

 ─ Estou cansado de ter medo o tempo todo. – ouvi uma voz forte surgindo
em mim, de repente, não realmente ciente de onde ela estava vindo, mas
amando-a, no entanto. ─ Estou cansado de sonhar que um dia eu vou estar
preso em uma gaiola e Claire vai chegar, a passos largos e casualmente me
dizer que minha filha está morta, porque eu não obedeci a uma ordem direito.
Estou cansado de pensar em deixá-la. Estou cansado de ser um prostituto. Eu
não vou fazer mais isso. Estou cansado de… tudo isso.

 Skylar virou-se para mim, como se ela não acreditasse que eu era a pessoa
a falar essas palavras. Seus olhos estavam em lágrimas e ela olhou para mim,
surpresa.

 ─ Mathew, o que deu em você? – ela perguntou em um sussurro de voz. ─


Você está tão… você parece tão diferente… o que está dizendo?

 ─ Eu preciso ver seu pai assim que saímos daqui, Skylar. – eu disse, minha
mente em uma missão agora, não querendo ser impedido. ─ Tem mais uma
coisa que eu preciso dizer a ele. Você sabe onde ele está hospedado?

 ─ Sim. – ela piscou, perguntando-se por que a súbita mudança em mim.

Eu não tinha certeza de nada, exceto, depois de toda a ajuda de Skylar, e


seu pai me dando uma chance e me ajudando… depois do que ele disse sobre
a minha filha… eu sei que ele está certo.

 Se eu continuar a dançar com o diabo, eu vou me queimar e a Katie


também. E vai ser minha culpa. Se eu realmente quero ela segura, preciso me
desligar completamente dessas pessoas… dessa vida. Eu chorei lágrimas de
pena de mim por tempo demais. Como Skylar disse, eu sou um pai. Eu tenho
que me levantar e me juntar a Skylar e William nessa luta se eu quiser ser
livre… E eu quero isso, mais do que nunca. Eu não posso largar de mão e ser
carregado nessa montanha. Devo usar minhas mãos e ficar sujo…e enfrentar.
Estou farto de dizer à pessoas como Skylar, que eu não posso ser alcançado ou
salvo.

 É por minha culpa que eu estou neste buraco maldito. Eu tenho que
levantar minha cabeça e mover minha bunda para sair dele. Minha filha me
quer. Ela precisa de mim. E eu preciso dela. Estive sem ela por tempo pra
caralho. Eu a quero de volta. Eu quero a minha vida de volta. E eu estou indo
pegá-la de volta, mesmo que isso me mate. Eu prefiro morrer do que ficar
parado por mais tempo.

 Acho que esses pensamentos são antigos, coisas que sempre soube e
tenho me dito desde o começo. Mas, parte de mim, aquela parte triste e ferida
de mim, estava destruída demais para escutar. Assim, ao longo dos anos, a
minha força foi enterrada. Mas agora, eu realmente acreditava que graças a fé
de Skylar em mim e às palavras de William… acho que eu arranhara a
superfície desses sentimentos, que descobrira meu poder outra vez…
finalmente.
 Quando ancoramos, eu estava correndo para o trem, Skylar sorria  para
mim e corria junto comigo, segurando minha mão enquanto eu pegava o
número do Waldorf pedindo informações.

  ─ O que você está fazendo agora? – ela perguntou, encantada comigo.

  ─ Ligando para os meus pais. – sorri para ela, sussurrando.  ─ Olhe só pra
isso. Olhe o que você fez comigo.

 Quando minha ligação foi direcionada para o quarto dos meus pais, fiquei
impressionado comigo mesmo, mesmo quando John atendeu o telefone.

  ─ Alô? – ele disse em voz baixa.

 Convoquei toda a minha coragem e fiz a minha voz firme.

  ─ John, aqui  é Mathew Trenner. – eu disse, fazendo-me parecer tão


formal como a porra da carta deles pra mim.   ─ Convido você e Sra. Trenner
para voltarem a casa de Skylar pela manhã. BEM CEDO. Traga as informações
da sua conta bancária. Você deve a minha filha um monte de dinheiro.  Eu vou
ouvir o que você tem a dizer, mas não espere o perdão, abraços ou beijos,
também. Isso tudo vai levar muito tempo. E se vocês estavam  falando sério
sobre se importarem comigo, vão aguentar esperar.Eu não preciso de vocês,
mas a minha filha pode gostar de ter seus avós paternos visitando-a de vez
em quando. Vocês devem a ela isso também.

 A boca de Skylar se abriu enquanto ela me olhava, eu sorria pra ela, dando
uma piscada de olho.

 John só gaguejou e respondeu.

  ─ Sim. Tudo bem, Mathew. Qualquer coisa que você quiser. Nós
estaremos lá. Mas por que você…

   ─ Sem perguntas. – fiz uma careta de verdade enquanto o interrompia.


─ Isso é tudo o que eu queria dizer.

 E eu desliguei o telefone antes que ele pudesse proferir outro som.

 Senti um enorme sorriso explodir em meu rosto enquanto os lábios de


Skylar faziam o mesmo. Ela estava agarrada a minha camisa e piscou mais
algumas lágrimas.

   ─ Mathew. – ela olhou para mim com uma expressão completamente


nova.   ─ Que diabos aconteceu com você?

 ─ Eu fiz alguma coisa de errado? – levantei uma sobrancelha, esperando.


 ─ Deus, não! – ela jogou os braços ao redor de mim, tremendo enquanto
eu a abraçava, também.   ─ Isso foi magnífico, eu não sabia que você tinha
isso em você! devo expor você á brisa do mar mais vezes!

   ─ Não é a brisa do mar, Skylar. – olhei em seus olhos.   ─ É você. Você
me trouxe a este lugar. Você me ajudou a ME encontrar outra vez. Estou
cansado de ser o fraco…e cansado de ser a vítima…pobre e triste. Isso não
faria a Katie orgulhosa. Isso não vai me levar para casa pra ela de novo. Eu
não posso ficar bravo com meus pais por não estarem lá por mim, quando eu
estou fazendo a mesma coisa com Katie agora. Preciso ir para casa com ela. E
isso significa mudar a mim mesmo… mudar a minha vida. Tenho mais dois
dias. Eu não posso desperdiçá-los.

   ─ Deus, Mathew, eu te amo! – ela me beijou com avidez e se afastou,


acrescentando.   ─ Eu amo você desse jeito!

  ─ Eu só estou apenas começando. – beijei- a ainda mais apaixonadamente


enquanto ela gemia na minha boca.   ─ Você não viu nada ainda.

O trem finalmente chegou e nós entramos, em nosso caminho para o hotel


de William.

Eu tinha algo grande para confessar e eu esperava que ele ainda fosse me


ajudar depois que eu confessasse. Eu acho que ele vai. Ele é um policial.
Policiais não fogem de algo tão feio quanto um assassinato. Mesmo se ele não
me ajude, eu ainda vou executar a minha fuga de alguma outra forma. Mas
não importa o que aconteça, eu estou agora decidido a voltar para Katie e
reparar nosso relacionamento, enquanto ainda há tempo. Não é tarde demais.
Mas logo, pode ser. Portanto, este sou eu, Mathew Trenner, preparando minha
carta de demissão para Claire Parker. Eu me demito, vadia Você não é mais
minha dona. Nunca foi.

 E se você acha que vai me assustar e me ter entre seus dedos, pense
novamente. Eu vou foder sua vida, só pra variar um pouco. Eu vou derrubá-la,
mesmo que isso me leve um ano!

Capítulo 24 

Mathew POV
─ Claire não é só a proprietária de uma boate ou uma cafetina. – comecei a
dizer na luz calma do quarto do hotel de William, no que ele e Skylar me
encaravam. ─ Ela é insana. Ela mata.

William estava preparado para ouvir minha história e estava segurando uma
caneta e seu bloco de notas, mas não escreveu nada. Continuou olhando pra
mim, e eu não desviei o olhar daquela vez. Eu queria que ele visse que eu
estava falando a verdade, bem no fundo dos meus olhos.

─ Você a viu matar alguém, Mathew?  - ele perguntou, sem demonstrar


reação alguma.

─ Sim. – engoli a seco, sabendo que iria precisar contar toda a história.
Ryan era a única pessoa que sabia de tudo. Nunca falei mais nada pra
ninguém sobre isso…mas nunca saiu da minha cabeça um único detalhe. ─ Não
tenho certeza do motivo pelo qual ela fez isso…talvez ele tenha visto algo que
não deveria, ou ele foi dado a ela por alguém de sua família…eu não sei
exatamente. Mas posso contar o que eu vi.

William assentiu e começou a escrever alguma coisa que eu não vi, mas
sabia que ele estava pronto para eu continuar.

─ Foi pouco tempo depois que comecei a pertencer à Claire. Depois de todo
o rolo do ritual de sangue… – eu disse, tentando voltar àquela noite, para não
deixar escapar um único detalhe.

...

Eles ainda não confiavam em mim para me deixar circular pela boate. Claire
não me tinha plenamente na mentalidade escravo. Eu falava demais, discutia
com ela às vezes, eu queria liberdade e poder visitar minha filha de tempo em
tempo, ou até o túmulo de Tanya, mas em ambos eu não tinha permissão.

Eu nunca tentei fugir, mas eu estava em treinamento. Estava sentado na


porão abaixo da Fire, na minha gaiola, que era igual à gaiola do vampiro que
eu trabalharia um dia.

Pelado como de costume, eu não estava machucado ou assustado aquela


noite. Só com fome. Eu estava esperando por Claire, torcendo para que ela me
trouxesse alguma coisa pra comer. Aquele dia eu fiquei aprendendo minhas
posições, os comandos que ela me diria para fazer aquelas posições e como
falar com ela com o tom certo de respeito…e como evitar a mim mesmo de
falar ou gritar quando estiver com dor, até que tivesse permissão para fazer
algum som. 

Mentalmente, eu estava esgotado e não tinha comido nada o dia inteiro. Ela
dizia que eu não merecia ainda. Fiquei sozinho na sala iluminada por mais ou
menos duas horas, até que ouvi ela voltando.
 Ela não estava sozinha. Ouvi a voz abafada de um homem chegando,
antes de vê-los, mas a voz estava bastante apavorada e angustiada. 

 Claire arrastou o adolescente para dentro, ele devia ter por volta de uns 18
ou 19 anos. Era bonito, loiro e de pele bronzeada, garoto típico da Califórnia.
Ele estava nu e vestia uma coleira em volta do pescoço, e seus pulsos
amarrados atrás de si. Ele entrou de joelhos, meio arrastado por Claire, e seu
rosto encharcado de lágrimas. 

 Ele não parecia machucado ou sangrando em lugar nenhum, mas alguma


coisa estava fazendo-o tremer. Ambos me olharam silenciosamente na minha
pequena prisão.

 Por um momento terrível eu achei que ela iria me fazer chupar o cara, ou
me fazer foder com ele…ou fazê-lo me foder, contra a vontade dos dois. Odeio
pensar que meu primeiro pensamento foi em mim, mas eu não estava
acostumado com a dor até então. Eu ainda não tinha a certeza de que ela não
me deixaria fazer algo com homens. Eu não estava completamente quebrado
naquele ponto. Mas logo tudo mudaria.

 Eu quase falei com ela, mas lembrei das minhas horas de treinamento
naquele dia, e não falei enquanto não fosse permitido.

─ Ajoelhe. – Claire mandou e sentei na gaiola. Sem escolha, me levantei e


ajoelhei, certificando-me de que estava tudo certo, com as mãos nas minhas
costas, como ela me ensinou, com a cabeça erguida e olhos no chão. ─ Bom
menino.

O garoto estava amarrado e amordaçado com bastante fita adesiva


enrolada em toda a sua cabeça, e várias vezes, me olhou em desespero. Sua
respiração falhando no que ele tentava de alguma forma se comunicar comigo
pelos seus olhos. Um olho era azul como gelo, e o outro, verde.

─ Quero seus olhos nele. Olhe – Claire mandou, e eu levantei o olhar para
ver todo o menino. ─ Você pode ter a impressão de que eu sou fraca só por
ser mulher, Mathew. – um sorriso irônico dançava em seus lábios. ─ você me
deixou pagar seu débito e agora está tentando complicar pro meu lado. Você
acha que ainda tem voz em alguma coisa na sua vida agora. Você está
resistindo a mim e aos meus treinamentos. Não completamente…mas eu posso
ver o olhar que dá quando eu lhe dou alguma ordem. As caretas quando te
tranco na gaiola. É hora de você aprender quem manda aqui. Hora de você ver
o que pode acontecer se você não me agradar ou me obedecer quando é o que
deve fazer.

...
Voltei para o presente, vendo Skylar, William…respirei fundo, não querendo
reviver cada mísero detalhe daquela noite, mas tendo consciência de que eu
precisava finalmente fazer o que era certo.

─ Ela demorou horas… – olhei para William, temendo o que os olhos de


Skylar iriam transmitir se eu os olhasse agora. ─ Pareceram horas para mim.
Ela torturou o menino. Eu não digo tortura do tipo chicotes ou algo assim… Ela
começou com seus dedos e algumas tesouras de cortar carne. Sem dizer uma
palavra para o menino, ela começou a arrancar a ponta dos dedos dele,
dizendo que precisava descartar qualquer coisa que pudesse revelar sua
identidade se encontrassem o corpo. Depois, ela arrancou seus dentes
também. Ela comeu seus dedos…enquanto ele assistia…seus gritos eram…

Eu estremeci, e em segundos, Skylar estava sentada do meu lado, com


seus braços me rodeando e segurando minhas mãos nas suas. William não se
opôs a isso, ele estava fazendo anotações, com uma expressão fria em seu
rosto.

─ Ela adorou isso. Foi o que mais me assustou, além das malditas
lembranças que eu nunca vou conseguir escrever. Ela brincou com ele e
provocou-o enquanto o matava. E levou o tempo que quis. Eu tinha ânsia de
vômito, com a garganta seca. Se eu tivesse algo em meu estômago naquela
hora, eu vomitaria o tempo todo. Eu implorei e chorei pedindo para que ela
parasse…mais tarde, quando o menino estava todo  picado, mas ainda vivo, eu
implorei com todas as minhas forças para que ela parasse. Tirasse o garoto do
sofrimento pelo menos. Tudo o que ela me disse, foi 

“Olhe e aprenda, Mathew. Olhe e aprenda”.

─ Houve uma hora em que ela quase me fez comer um dos dedos do
menino, quando meu estômago roncou no quarto dedo que ela comia. Eu reagi
tão desesperadamente, que ela graças a Deus não me forçou a comer. Ela me
chamou de fraco, dizendo que eu precisava ver aquilo pelo menos uma vez…
para saber meu lugar. Me disse que isso poderia acontecer comigo,
com minha filha…qualquer um que eu tivesse qualquer tipo de laço. Eu não
conseguia dizer nada, tamanha era a repulsa e nojo que eu sentia, e no final
de tudo…eu só chorei. Estava destruído. Eu concordaria com qualquer coisa
que ela dissesse depois de tudo. Ela pareceu achar que eu assisti o suficiente.
Ela até tirou suas roupas perto do final daquilo tudo. Mesmo depois que
pareceu que o menino morreu, ela continuou a desmembrá-lo. Toda vez que
eu tentava olhar para outro lugar, ela gritava e me mandava olhar para lá, se
não ela arrancaria meus olhos também. Ela embrulhou os membros em
plásticos e colocou numa sacola enorme de plástico também. Abriu minha
gaiola e me forçou a ficar naquela poça de sangue de quatro. Eu tremia e
chorava, mas ela não dava a mínima. Disse que queria ver se eu havia
aprendido minha lição sobre resistência e implicância. Desenhou linhas de
sangue pelo meu nariz e bochecha, escreveu “prostituto” em minha testa…
”vadio” nas minhas costas… Ela ria e brincava enquanto me ‘enfeitava’ com o
sangue do menino. Eu pensei que perderia minha cabeça, tentando aguentar
firme enquanto ela fazia o que queria. Ela até me fez lamber um pouco de
sangue do chão! Disse que aquilo me faria um bom animalzinho e que aquilo
dava a ela forças. Lambeu um pouco do sangue também. Ela é uma completa
doente. Eu tive certeza naquela noite. Mais tarde, suspeitei que sua família a
usava em sua boate para esconder as coisas quando queriam matar alguém.
Eu nunca cheguei a saber o nome do menino.

─ Você já a viu matar alguém além dele? – William perguntou, escrevendo


mais algumas coisas.

─ Não. Depois daquilo, eu fiz absolutamente tudo que ela pedia para manter
ela em distância da minha filha. Ela nunca precisou mostrar algo do tipo para
mim de novo.

 ─ Isso aconteceu há algum tempo…você enterrou o corpo?

─ Não. Ela tinha outra pessoa para fazer isso. Eu não sei se eles
enterraram… ou queimaram…ou sei lá.

─ Sem corpo, sem provas. – William franziu a testa em confusão.

 ─ Eu tenho uma prova. – eu admiti, torcendo para que o que eu diria ali
não fosse um erro. ─ Claire me fez limpar o chão naquela noite. E me limpar
com a mesma mangueira. Ela foi bem cuidadosa em colher todas as toalhas
com sangue. Mas eu achei um trapo quando ela foi embora. Molhei o pedaço
de pano com o sangue do chão, e escondi no porão.

─ Ai. Meu. Deus. Com isso ela iria para a prisão por assassinato. Mathew
poderia testemunhar contra ela!

─ Calma aí, Skylar – o pai da Skylar a olhou para, e até eu percebi que não
seria assim tão simples.  William olhou para mim. ─ Você tem certeza que
ainda está lá?

─ Eu não posso ter 100% de certeza. – admiti. ─ Eu não estive lá nas


ultimas duas semanas. Estava lá antes de eu ir embora, disso eu sei. Eu tenho
que limpar os equipamentos lá, e eu limpei antes de vir para Skylar. Eu
chequei…e estava lá.

─ Por que você não contou a ninguém sobre isso antes? 

─ Eu não sei se posso confiar em qualquer polícia nessa cidade, com a


família da Claire sendo quem são. Eu não queria colocar minha família em
risco. Eu morria de medo até então… Não confiava em ninguém o suficiente
para contar. Nem Ryan sabe que eu tenho isso. Quando guardei o pano
comigo, pensei que pelo menos algum dia eu teria coragem de contar pra
alguém.  Eu não queria que o menino morresse daquele jeito e não ter nada
pra provar que ele passou por ali. Toda a dor que ele passou…

Eles não disseram nada.


─ Eu confio em você, William – disse, olhando em seus olhos. ─ Eu vou
entregar o pano pra você. A coisa é que eu vou ter que ir buscar primeiro.

William olhou para mim e percebeu o que eu estava falando…e pensando.

─ Você está disposto a fazer isso, Mathew? – ele perguntou num tom grave.

─ Sim. Eu estou.

─ Espera. O quê? – Skylar interveio, claramente chateada quando percebeu


sobre o que estávamos falando.

 Olhei para ela e disse:

─ Eu preciso voltar. Só por um tempo. Depois de alguns dias, vou ser livre
pra andar por aí de novo. Claire vai para casa, deixa a boate por horas, me
deixando lá sozinho. Assim que conseguir essa chance, vou embora. Ryan e eu
somos os únicos que ela deixa ter acesso à chave do porão. Posso voltar na
segunda-feira, e se eu me comportar muito bem, talvez no fim de semana ela
me solta.

 ─ Não! – Skylar berrou, lágrimas fazendo seus olhos brilharem, no que


William assistia tudo com tristeza. ─ NÃO! Pai! Fala pra ele! Diz que ele não
pode fazer isso! Mathew, você não pode voltar para lá!

 ─ Skylar, me ouça – segurei suas mãos nas minhas, a olhando diretamente


nos olhos. ─ Claire confia em mim. Eu posso entrar lá sem nenhuma suspeita.
Eu moro lá. Isso é perfeito. Ela nunca adivinharia o que eu estou tentando
fazer. Ela acha que tenho medo dela, ainda. Eu posso fingir que tenho. Sou um
bom ator nessa merda.

─ Não. É muito perigoso. Pai, você pode pedir à polícia para ir com uma
ordem de captura ou algo do tipo!

William pigarreou e balançou a cabeça.

─ A polícia não faria isso sem uma prova de que houve um assassinato lá.
Eles não vão ligar para a história de Mathew, porque ele é um pros…

Skylar e eu olhamos para William no que ele impediu a si mesmo de


terminar o que havia começado a dizer, se desculpando com o olhar.

─ Desculpa. A polícia não vai ligar para a história do Mathew porque ele é
um prostituto. Vão achar que ele está só tentando machucar a cafetina por
alguma razão pessoal. Além disso, como Mathew disse, não sabemos quem
são as más e as boas polícias por aqui. Ele está certo. Ela não confiaria num
policial indo lá, e pode tomar meses para eles ganharem sua confiança. Se
tivermos sorte, Mathew meio que teria que ir lá, ganhar sua confiança o
suficiente para conseguir a prova… e então correr como o capeta quando
achar. Se fizermos de outra maneira, colocamos sua filha em risco de se
machucar, sem mencionar a nós mesmos.

─ Quando que ela estipulou para você voltar? – William perguntou,


anotando mais alguma coisa outra vez.

─ Na manhã de segunda feira – Ouvi a respiração de Skylar descompassar,


suas mãos enrolando em seus cabelos e passando pelos olhos.

Tentei confortá-la, sussurrando “shhhhh”, e segurando-a firme contra mim,


beijando seus dedos. William estava concentrado em seu notebook.

─ Eu odeio isso – ela gritou. ─ Eu odeio isso pra caralho!

─ Vão ser só alguns dias – disse a assegurando. ─ Eu conheço ela, seus


hábitos, sua rotina… Sou a melhor pessoa pra fazer isso. Ninguém mais pode ir
para o porão exceto eu. Porra, nos primeiros dias, vou ficar lá 24h por dia!

─ Ela vai te machucar, Mathew! 

─ Um pouco – admiti. ─ Mas com Claire, é mais humilhação. Ela me quer


curado e bonito para poder voltar a trabalhar logo. Acredite ou não, são as
clientes que me machucam mais. Ela é bem… calma comigo. Acho que é
porque normalmente eu não dou muito problema pra ela. E se eu voltar agindo
super gentil e fofo com ela, pode ser que ela esqueça a noite que você a
atacou e me perdoe mais rápido. Eu sei que ela é meio retardada, mas… No
seu jeito meio estranho, ela age como se me amasse… Sou seu cachorrinho.
Ela só fica cruel quando acha que estou a desobedecendo de alguma maneira.

─ Eu não vou conseguir esconder uma escuta em você… Presumo que lá


você fica pelado a maior parte do tempo.

Eu assenti rapidamente para William, envergonhado em ter que admitir


aquilo para ele.

─ Você pode esconder um embaixo da sua língua. Uma vez que entrar no
porão, e sem ser visto, você coloca em algum lugar para eu poder ouvir o que
estiver acontecendo. E posso injetar em você um chip localizador. Dessa forma
poderemos saber onde você está todo o tempo.

─ Tudo certo.

Eu odiei a ideia de ter eles ouvindo tudo o que eu teria que dizer para Claire
e encará-los depois de tudo. Skylar ouviria tudo também? Imaginei os dois no
carro, me ouvindo ser castigado e eu quis morrer. Não posso deixar ela ouvir.
Eu não queria nem William ouvindo, pra falar a verdade.

─ Nós temos um tempinho que eu vou poder conseguir as coisas e planejar


mais outras para segunda – ele escrevia furiosa e rapidamente. ─ Não vou
precisar da polícia daqui. Posso fazer sozinho.
Skylar estava só ouvindo, tremendo e tentando ser firme igual ao pai. Sabia
que teríamos uma longa conversa mais tarde em sua casa.

─ Okay… – eu esperei.

─ Você participou desse assassinato em alguma coisa? Mesmo forçado ou


mandado?

─ Não.

─ Você ajudou a sequestrar ou seduzir alguém para a boate?

─ Não. Nunca.

─ Você já se dispôs a esconder algum corpo?

─ Não, William. Eu só limpei o sangue do chão e foi só com o garoto, eu


juro.

Depois de um longo e duro olhar sobre mim, William disse:

─ Eu acredito em você, Mathew. Fico grato por isso. Eu odiaria ter que
mandar você para a prisão também, depois de tudo. Skylar nunca me
perdoaria.

Ele estava zoando ou algo do tipo? Não dava pra dizer. As expressões do
William são difíceis de ler, igual sua filha de vez em quando.

─ Eu só sou seu escravo. Algo sexual para ela. Como um bichinho de


estimação. Ela não me pediria para fazer algo assim. Tem outros que fazem
isso para ela. Homens que eu nunca consigo ver quem são.

─ Por que você nunca disse a mim nada disso, antes? – A voz de Skylar
aumentou um pouco. ─ Toda a terapia que tivemos… Você nunca disse que ela
havia matado alguém antes. Você disse que ela era uma amiga!

─ Eu me preocupei com você, Skylar. Eu gostei de você. Mas não te


conhecia tão bem. Você era uma cliente no começo. Não confiava em você
completamente. Não sabia o que você faria. Se você ligasse para a polícia,
você mataria todos nós. Eu não queria ver VOCÊ sendo despedaçada e
desmembrada! 

Ela olhou para William, que estreitou a sobrancelha olhando para nós.

─ Quando Claire puxou a faca para você naquela noite, eu quase tive uma
taquicardia – confessei. ─ Disse para Claire que se ela tentasse te machucar,
eu a impediria. É por isso que ela quer me castigar quando eu voltar. Eu a
desafiei. Ela vê que eu me importo com você. Ela não te mataria também,
numa sala cheia de testemunhas. E ela realmente não quer matar a filha de
um chefe de polícia. Mas ela pode matar de outras maneiras. Pode fazer
parecer um acidente. Algo que não pareça nem remotamente que foi ela.

 Skylar soltou um suspiro e estava claramente chorando, quando segurou


minha camisa e olhou para mim.

 ─ E se ela descobrir o que você está fazendo? – Ela soluçou. ─ E se ela te


pegar? Ela vai te matar igual ao outro menino!

 William murmurou alguma coisa do tipo “nunca vou deixar isso acontecer”,
e ao mesmo tempo eu estava conversando com ela também.

 ─ Eu não vou deixar ela me pegar, Skylar. Prometo. Eu quero fazer isso.
Não quero ser mais um covarde. Quero minha filha. Eu quero você. Essa é a
única maneira que eu consigo pensar em finalmente me livrar dela.

 William estava me olhando daquele jeito, depois de eu dizer que queria


Skylar. Um olhar que dizia “nem pense nisso”. Ele poderia estar me ajudando
com Claire, mas isso não significava que tínhamos sua bênção como casal.

 ─ E a família dela? – ela perguntou. ─ Você disse que eles têm seu sangue
caso você tente fugir. Eles ainda poderiam fazer alguma coisa depois que ela
for presa!

 ─ Talvez eu possa achar isso quando eu estiver lá também. Mas eu duvido


que eles se importariam comigo. – tentei convencê-la disso. ─ Eu sou só o
cachorrinho dela. Se ela morrer por assassinato, eles provavelmente ficariam
putos com ela por ter se deixado ser pega. Eles não iriam querer nada que
envolva ela mais, estariam gratos por ter seus negócios correndo ainda.

 Skylar olhou para mim chocada, se perguntando se eu realmente iria dar


minha vida para isso.

─ Ela entregaria até a própria família para diminuir sua sentença.  – William
concordou. ─ Eles provavelmente colocariam-na num programa de
relocalização de testemunhas depois de sua sentença. Talvez tenhamos  sorte
e eles a pegariam em sua prisão.

William soou tão sério, torcendo para que alguém matasse Claire…

─ Talvez Ryan possa espiar para nós também.  Se algo der errado, ele pode
me ligar. Ou vice-versa. – Skylar disse.

 ─ Eu odeio ter que envolvê-lo nisso, Skylar. – suspirei, pinçando a ponte de


meu nariz com meu indicador e dedão. ─ Não acha que já é o suficiente, nós
nos arriscarmos pra isso? Além do mais, temos o chip.

 William me perguntou mais algumas coisas, como a fachada da boate,


portas e saídas, portas trancadas e abertas. Posso dizer que ele estava
fazendo tudo o que podia para garantir minha segurança. 
 Então, William pediu para eu descrever o rosto do menino para ele… E para
o meu espanto, William desenhava seu rosto enquanto eu tentava dar mais
detalhes. Até Skylar estava surpresa, sem conhecimento de que seu pai
desenhava tão bem. William deu um sorrisinho, incapaz de esconder o fato de
estar orgulhoso de si mesmo por ter nos impressionado com suas habilidades.

 Em alguns instantes, eu encarava um desenho perfeito do rosto do menino


que vi naquela noite.

 William disse que ele poderia enviar o esboço do retrato-falado até


Bellevue, para que os seus homens fizessem uma pesquisa na sessão de
pessoas desaparecidas na área de Nova York, e ver se alguma coisa se
encaixa.

 Eu adverti novamente sobre William ir para a boate e bisbilhotar lá, mas
ele apenas sorriu para mim e disse que esse não era o seu primeiro dia no
trabalho. Ele poderia obter informações sem passar perto da boate ou dos
departamentos de polícia daqui. Ele nunca deixou claro o que ele ia fazer para
me ajudar, só disse para eu fazer a minha parte e deixá-lo fazer o trabalho
dele. 

 No caminho para casa, Skylar não parava de me olhar. Ela quase tentou
me convencer a cair fora do plano, mas eu disse gentilmente que minha mente
já estava decidida. William já me olhava diferente desde que deixou seu hotel
mais cedo. Talvez eu tenha imaginado isso, mas eu podia jurar que vi respeito
em seus olhos. Eu não podia e não iria mudar a de ideia. Na segunda-feira, eu
teria que voltar para ela de qualquer maneira. Pelo menos dessa vez, eu tinha
um plano de fuga.  Até mesmo William concordou que essa era a melhor
maneira de ir. Perigoso, sim…mas o que não é perigoso no meu mundo neste
momento?

 Tentei mudar de assunto.

 ─ Meus pais estão vindo para cá amanhã. – lembrei, meus braços ao redor
dela. ─ Eu não sei o que vão dizer, mas tenho que estar pronto para qualquer
coisa. Quero deixar meus sentimentos fora disso… mas não sei se eu posso
fazer isso mais. Eu não quero me importar, mas me importo. Eu não posso
deixar que eles percebam que estão me magoando. Tenho que ser como uma
pedra.

 ─ Essa não é a resposta, Mathew. – Skylar disse, olhando para mim,


suavizando a expressão um pouco agora que nós não estávamos falando sobre
Claire. ─ Está tudo bem mostrar que você se machuca…e se importa. Mas
também não pode deixar que isso domine você. Não pode deixar que isso te
derrube. Não cometa erros agora, você encontrou a sua força, tem que ser
feito de aço o tempo todo. Seja forte. E terno. Você pode ser os dois. Não
perca o seu lado vulnerável, o seu coração. Eu amo o seu coração, é tão doce.
Equilíbrio, Mathew. Tudo que é certo na vida é equilibrado. Não se torne cruel,
só porque agora você pode.
 Eu tive que sorrir para ela. Como ela sempre sabe exatamente a coisa
certa a dizer?

 ─ Sim, Skylar. – usei a minha resposta estilo animal de estimação,


sabendo que iria deixá-la louca.

─ Para com isso.  – ela bateu no meu braço. ─ Você não é nenhum
brinquedo mais.

 ─ Nem mesmo um brinquedo educativo? – sorri mais, tentando me inclinar


e alcançar seus lábios.

 ─ Não. – ela fez cara feia.

 ─ Que tal um personagem de ação? – continuei jogando, fazendo outra


tentativa frustrada de alcançar sua boca enquanto ela me empurrava para
longe.

─ Isso precisa ser avaliado. – ela virou de costas para mim, cruzando os
braços.

 Eu fiz beicinho e sorrateiramente abaixei meu rosto até que meus lábios
estavam bem atrás de sua orelha.

 ─ Eu ficaria feliz em ser sua boneca favorita…deitado na sua cama…


esperando por você para vir e me abraçar…com um grande sorriso estúpido
costurado no meu rosto.

 Ela se virou e me abraçou forte, jogando seu hálito quente em meu


pescoço, fazendo cócegas um pouco, enquanto eu inalava a fragrância de
morango no cabelo dela, incapaz de reprimir o meu grande sorriso pateta em
apenas ser permitido a ter contato com ela novamente, depois de um longo
tempo.

 Mais tarde, de volta ao apartamento, eu segurei minha camisa favorita e


sorri, lembrando-me da primeira noite que Skylar me deu o presente, em
como eu me senti tão confuso, sem saber se ela já estava cansada de fazer
sexo comigo. Eu realmente não sabia o que ela estava fazendo naquela noite.
Agora eu sei. Ela me transformou em um homem, uma vez que eu era uma
sombra. Como você agradece a alguém por um milagre?

 ─ Skylar? – eu sorri para ela quando ela entrou no quarto, vestindo seu
pijama, blusa e bermuda de algodão.

 ─ Você se esqueceu de como se vestir de novo? – ela sorriu.

 ─ Eu não esqueci. – franzi a testa. ─ Eu estava lembrando de quando você


me deu isso.
 Ela sorriu mais e beijou meus lábios suavemente, fazendo com que o
cabelo em meus braços se arrepiasse no mesmo instante.

 Ainda abraçado com ela, sorri e perguntei.

 ─ Você pode colocá-lo em mim de novo?

 ─ Estou feliz que o Mathew fofo ainda está por aí. – ela pegou a camisa e
passou sobre a minha cabeça, repetindo as palavras do passado, não
exatamente da mesma forma, mas o suficiente.

 ─ Eu sei que eu fiz a regra número um. – ela disse baixinho. ─ Mas eu
espero que você saiba…você é mais do que um abdômen e tanquinho perfeitos
para mim.

 Em seguida, ela saiu do discurso e adicionou mais, conforme ela ajudava a
ajeitar as mangas nos meus braços.

 ─ Eu te amo Mathew. – sua voz quase falhou quando ela olhou para o meu
rosto. ─ Eu sei que eu deveria ser forte, mas estou com tanto medo. Se
alguma coisa acontecer com você, eu não sei se eu posso….

 Ela deixou um pequeno soluço interromper sua fala e eu segurei seu rosto
frágil com ambas as mãos, fazendo-a olhar para mim.

─ Nada vai acontecer. – eu jurei, desejando que meu olhar intenso pudesse
fazê-la acreditar. ─ Exceto que Claire vai para a prisão. E quando tudo acabar,
eu estarei de volta para você. Nada vai me impedir de voltar. Eu não vou
deixá-la. Eu não vou descansar até que você esteja segura novamente. Pela
última vez, eu vou ter que fingir ser o escravo dela. E eu vou fazer isso por
você…e Katie. Finalmente, vou estar fazendo isso por um bom motivo. Skylar,
você é a minha força agora. Você é minha vida agora. Uma vez você me disse
para fazer o que eu queria e não pedir permissão, e não para perguntar se
está tudo bem o tempo todo. Tenho que fazer isso agora. Eu odeio ter que ir
contra a sua vontade na primeira vez que eu tento isso, mas foi você mesma
que me ensinou. Por favor… só acredite em mim. Confie em mim. Vou estar de
volta. Deus, eu pareço o Arnold Schwarzzeneger falando.

 Ela riu e me beijou e eu senti meus olhos se fecharem, amando seu toque.
Toda vez que ela me beijava ou me tocava, eu me sentia melhor do que da
última vez.

 ─ Eu acredito em você, Mathew. – ela sussurrou enquanto me abraçava.  ─


E eu confio em você. Vou estar aqui, esperando por você quando você voltar.

 ─ Eu te amo, Skylar. – cobri a boca dela com beijos agora, conforme eu


falava.  ─ Puta que pariu, eu te amo.

  ─ Cala a boca e me faça sua. – ela ordenou, mordendo meu pescoço e
sugando minha pele em sua boca.
 Eu quase ri, pensando que talvez tivéssemos aprendido um pouco demais
um do outro. Eu era a garotinha apaixonada agora e ela era o esfomeado, tigre
sedutor.

 ─ Sim, Skylar. – brinquei, sentindo ela me empurrar em cima da cama.

 ─ Eu gostaria de te apresentar o meu número favorito. – Skylar sussurrou.


─ Sessenta e nove.

 Oh meu Deus, a Noiva de Frankencock* surgiu novamente! E…lá vai ele…
Dr. Frankencock está de pé agora, também.

 *Frankencock: para quem já esqueceu, Mathew chama seu membro


desse apelido por compará-lo á algo monstruoso, sobrenatural.
“Frankstein+Cock”  Cock=pinto, pau, pênis…

─ Você já fez isso antes? – sorri, surpreso com a minha inocente Skylar. Ah,
quem estamos enganando? Ela não mais tão inocente assim. Mas tudo bem.
Eu amo a sexy,  excitada Skylar.

 ─ Ugh, pare de sempre me perguntar isso e comece a trabalhar. – ela


desceu o zíper da minha calça, empurrando-a para baixo, expondo a minha
bunda para a brisa que entrava pela janela.

  ─ Começar a trabalhar? – eu simulei uma violência e a impulsionei na


cama, arrancando suas roupas rudemente enquanto ela soltava pequenos
gemidos surpresos. Chutei minhas calças e a virei, pegando-a em meus
braços, de cabeça para baixo, minhas mãos segurando com firmeza uma na
outra na base da sua espinha enquanto ela balançava de ponta cabeça, seu
cabelo escondendo seu rosto à medida que eu ficava de pé, dando dois passos
para longe da cama. Ela soltou um gritinho e suas pernas dobradas estavam
acomodadas nos dois lados da minha cabeça, e antes que ela conseguisse
dizer mais uma palavra, minha língua estava circulando furiosamente dentro
dela.

 Se ela quer 69, eu lhe darei 69. Porém não será nada fácil e divertido para
ela. Tente chupar meu pau pendurada de cabeça para baixo, Drª Skylar.

 ─ Comece a trabalhar. – mandei, dando uma mordida firme dentro dela


quando ela  gritou, com as mãos segurando em minha volta para o apoio,
rapidamente viajando para baixo e cravando os dedos na minha bunda.

 Ela tentou localizar o meu pau e eu quase ri, enquanto ela tentava lidar
com a sua posição atual.

 ─ Anda logo, Skylar, ou posso simplesmente deixá-la cair.  – eu a


pressionei para me levar logo em sua boca, sorrindo comigo mesmo a como
conseguia ser malvado quando estava devidamente inspirado.
 Com uma arfada, ela me encontrou, finalmente, e eu senti sua boca
molhada, quente e apertada ao meu redor.

 ─ Deixe-me apresentar o MEU número favorito. – corrigi e mergulhei meu


língua bem fundo nos lábios pulsantes do seu sexo, escutando ela soltar um
grito abafado enquanto manejava sua cabeça para frente e para trás sobre
meu pênis, rapidamente pegando o ritmo da coisa. Uma rápida aprendiz.

 Eu aposto que ela nunca fez 69 antes. Eu estava devorando ela… provando
seu sabor e desejando cada vez mais. Não demorou muito para que eu
estivesse devastando cada centímetro da pele diante de mim. Ao mesmo
tempo, eu rosnava e tentava manter o controle enquanto Skylar me concedia
possivelmente o melhor boquete que eu já experimentara. Eu acho que ficar
de cabeça para baixo funciona para ela. Definitivamente funcionava para mim.

 Sua língua continuou girando ao redor da cabeça e apertando em volta da


minha ereção e, então, ela me libertou bem quando eu não conseguia
aguentar mais, lambeu as laterais e movimentou sua boca com força para
cima e para baixo em toda minha extensão, a sensação de umidade era
pegajosa e viciante… e ina-porra-creditável! Os seus sons de sucção me
levaram ainda mais para o limite à medida que eu me dedicava
completamente em lhe dar o melhor sexo oral da sua vida em troca.

 Eu até mesmo caminhei até a sala para que pudesse talvez aguentar um
pouco mais antes de gozar… porém isso não ajudou, então nos levei
novamente para o quarto. Isso pareceu excitar e assustar Skylar ao mesmo
tempo e seus gritos de desejo só aumentaram quando fiz esse pequeno tour.

 Minha menina safada… minha amada vadiazinha de ponta-cabeça. Será


que não existe nada que ela não me deixaria fazer com ela? Será que eu
jamais ouviria as palavras lo mein  da boca de Skylar? Céus, como eu a amo.

 Ela estava gozando agora… gritando e se contraindo em volta da minha


língua. Eu fiz um movimento extra de ziguezague na extremidade do seu
clitóris e isso fez ela emitir um som animalesco. Eu não conseguiria segurar
meu orgasmo por muito mais tempo e praticamente na mesma hora que ela,
anunciei a Skylar que ia gozar… e então gozei… esperando que ela não se
importasse em engolir de cabeça para baixo.

 Eu a deitei de costas na cama em seguida, caso ela estivesse tendo


dificuldade em me engolir. Ela aparentava estar bem. Nenhum sinal de tosse
ou engasgo. Eu não diria isso, mas eu estava muito orgulhoso dela. Essa não
era a garota que não conseguia nem olhar para meu pênis naquela primeira
noite. Que belíssima deusa. Eu estava contente por ter uma parte de culpa em
despertar essa daqui.

 Eu sabia que queria Skylar só para mim… e que eu iria lutar para que ela
pudesse fazer parte da minha vida depois que eu me libertasse de Claire… mas
uma pequena e miserável parte de mim ficava se perguntando… imaginando
que um dia poderia haver outros homens desfrutando dela… vivenciando todas
as coisas lindas e que não podem ser postas em palavras que era Skylar
Hayes. E eu senti ciúmes deles. Eu não queria compartilhar ela.

 Eu estava fitando seu rosto abaixo de mim, que estava descansando sobre
a cama bem debaixo do meu membro saciado e cansado.

 ─ Meu. Deus. – Skylar suspirou, olhando para mim com um sorriso enorme
no rosto.

 ─ Pensou que ficaríamos deitados na cama, não pensou, Srta. Comece a


trabalhar? – eu dei risada, lentamente movendo meu dedo da ponta do seu
nariz delicado… em direção a sua testa.

 ─ Eu nem sequer pensei em fazer isso desse jeito. – ela estava admirada
comigo como se eu fosse algum mágico ou algo assim. ─ Isso foi… meu Deus
do céu!

 ─ Concordo. – eu fiquei de joelhos perto dela, beijando seus lábios de


cabeça para baixo, sentindo o gosto da sua língua… meus dedos brincando
com seus longos fios de cabelo.

 Nós nos beijamos e demos uns amassos por um bom tempo. Minhas mãos
não conseguiam se cansar dos seus seios atrevidos e fartos, e eu me diverti à
beça beliscando seus mamilos e a ouvindo reagir às leves dores prazerosas
que estava sentindo enquanto lambia os meus mamilos e beijava e mordia à
tudo que tinha acesso no meu peito.

 ─ De novo. – eu enfim rosnei, rastejando em cima do seu corpo,


arrastando meus lábios pelo seu busto, indo em direção ao meu destino
delicioso.

 Eu sustentei meu corpo sobre o seu com minhas mãos apoiadas no colchão
enquanto ela gemia, encontrando meu membro já bastante duro novamente e
o lambendo de forma fantástica desta vez antes de colocá-lo na sua boca.

 Eu soltei um gemido entrecortado, sentindo como meu pau estava extra-
sensível neste momento à medida que eu começava a dar pequenas lambidas
na entrada dela abaixo de mim, lhe provocando ao mesmo tempo em que ela
me provocava. Eu soprei um hálito frio sobre seu clitóris rosado e umedecido,
escutando ela dar um grito baixo e atormentado.

 Eu não pude evitar sorrir diabolicamente à isso. Posicionei meu lábio
superior em seu clitóris, respirei hálito quente ali… e fechei meus lábios após
aquecer o pequeno ponto latejante. Ela esqueceu do meu pênis
completamente por uns segundos, seus gemidos ficando mais altos sob meu
corpo.

 Nós dois íamos gozar rápido nesta rodada… e eu acho que ambos sabíamos
disso.
 Skylar POV

13º dia.

 Hoje é sábado.

 Eu não queria acordar tão cedo assim, mas Mathew havia mandado seus
pais se certificarem em estar aqui assim que pudessem. Eu lhe perguntei por
quê e ele disse que isso faria bem a eles: acordar cedo, programarem seu
despertador, tendo que se adaptar a agenda dele, só pra variar um pouco.

 Fizemos um pequeno e rápido café da manhã, torradas e leite, e me


perguntei se eu deveria fazer algo para comer para seus pais, ele bufou e me
proibiu de preparar qualquer coisa para eles.

 ─ Eles nunca cozinharam nada para mim. – ele disse, sua máscara fria e
severa no lugar enquanto ele se vestia.

 Eu não podia culpá-lo por se sentir assim, e eu prefiro tê-lo forte e frio do
que chorando e frágil quando eles chegarem para vê-lo. Porém eu não gostava
de o ver agindo cruelmente. Eu sentia vontade de dizer alguma coisa, mas não
sabia como expressar isso para ele.

 Minha Dra. Skylar interior me dizia que não havia problema em ele mostrar
sua raiva. Eu o tinha ensinado a liberá-la… e era isso que ele estava fazendo
agora. Eu devia simplesmente deixá-lo reagir da maneira que quisesse e estar
ali para ajudá-lo a passar por tudo isso.

 ─ No meu sonho, quando meus pais vinham me ver, - Mathew falou


enquanto nos vestíamos. ─ Eu ficava me enfeitando, trocando de roupa, e
quando eles entraram, eu fiquei paralisado de medo, congelado, com a cara
virada para a parede, olhando pela janela.

 Ele fez uma expressão de raiva à memória de si mesmo e sacudiu a


cabeça, vestindo sua calça jeans de sempre e uma camiseta cinza que
abraçava suas curvas primorosamente.

 ─ Não vou fazer isso desta vez. – ele resmungou praticamente para si
mesmo. ─ Eu é que vou comandar esse encontro.

 ─ Está bem, Mathew. – eu quase senti medo dele de repente. ─ Eu não vou
interferir.

 ─ Não, Skylar, eu não estou me referindo a VOCÊ. – seu sorriso voltou


repentinamente e sua expressão dura desapareceu. Eu fiquei bastante aliviada.
Ele veio até mim, pegou minhas mãos e beijou meus dedos. ─ Sem você, eu
jamais teria coragem sequer para vê-los. Se lembra de quando nos
conhecemos, eu disse que preferiria ser perfurado por agulhas a falar com
eles?

 ─ Sim. – eu o olhei por debaixo dos meus cílios.

 ─ Bom, eu ainda me sinto da mesma forma. – ele admitiu. ─ Mas não vou
deixá-los me oprimirem. Eu irei finalmente dizer as coisas… que nunca fui
capaz de dizer antes.

─ Eu estou tão orgulhosa de você, Mathew. – eu sorri de alegria para ele. ─


Olhe para você agora.

 ─ Ainda é um pouco difícil para mim… agir dessa maneira… – ele falou,
seus olhos vulneráveis cintilando dentro dos meus. ─ Mas eu gosto disso.
Parece certo. E eu adoro o jeito que você me olha quando estou… assim. Eu
me sinto um homem. Eu não me sinto desse jeito… há muito tempo.

 Eu o abracei para perto e senti seus lábios na minha têmpora quando uma
batida soou na porta.

 Mathew ficou tenso e eu olhei para o rosto dele, em silêncio, dizendo adeus
a seus olhos castanhos…assistindo-os tomarem uma tonalidade mais escura.

  ─ Está na hora. – ele suspirou, respirando mais fundo. Sua mão apertou a
minha e ele beijou-a de novo, soltando-a e se movendo por conta própria para
a porta… caminhando como leão.

 Ele abriu a porta rapidamente e assustou o casal do outro lado. Eu não


conseguia ver sua expressão muito bem, mas sua voz saiu firme. Ele apenas
falou.

 ─ Entrem.

 Ele abriu mais a porta e permitiu que eles entrassem. Eles já pareciam
atordoados e desconfortáveis, embora parecessem ter saído das páginas da
GQ e da Vogue. Roupas elegantes, rostos perfeitos, cabelos perfeitos,
maquiagem perfeita… Eu me senti vestida de maneira inadequada quando eles
entraram e me deram um sorriso nervoso.

 A porta foi fechada com força atrás deles e a mulher, sua mãe, arfou e
girou sua cabeça para trás, na direção do seu filho.

 ─ Antes de se sentarem. – a voz dele era fria, assim como seus olhos
enquanto olhavam para eles.  ─ Temos alguns negócios para tratar primeiro.
Você trouxe seu talão de cheques e dados da conta, eu espero.

 ─ Sim. – John olhou de maneira confusa para o filho enquanto Mathew


cruzava os braços, como um rei poderoso olhando para um camponês.
 ─ Faça um cheque para Skylar Hayes no valor de quarenta mil dólares. –
Mathew exigiu sem emoção.

 Eu senti minha boca escancarar, mas Mathew me deu um olhar que dizia –
“não diga uma palavra”. E mais chocante ainda, seu pai estava FAZENDO o
cheque! Sem ao menos perguntar por que ou para quê era.

 Deve ser legal ser rico. Embora, não me pareceu que isso tenha deixado
nenhum dos Trenner muito felizes.

 John destacou o cheque do seu talão e o entregou para Mathew, sem dizer
uma palavra. Mathew o passou para mim e sorriu um pouco, falando para seus
pais.

 ─ Isso foi por duas semanas de excelente terapia, a qual vocês são a razão
de eu precisar, em primeiro lugar. Vocês estão pagando pouco. Ela merece
muito mais. Sentem.

 Sem pensar muito nisso, eu me apressei para sentar antes que Mathew
ficasse bravo comigo… Quando eu vi seus olhos, me senti melhor. Ele me deu
um sorrisinho, silenciosamente me assegurando que não era para mim que ele
estava dando ordens.

 Antes que eu pudesse me concentrar, John e Sophia Trenner estavam se


sentando ao meu lado no sofá e Mathew sentou na poltrona em frente. A
imagem de confiança, olhos castanhos escuros… raiva. Porém controlado e frio
em seu comportamento.

 ─ Não guarde seu talão de cheques ainda, John. – Mathew disse para o pai.
─ Agora, um pequeno teste para você. Faça um cheque para sua neta. Um
cheque para todas as cirurgias que ela vai precisar nos próximos dez anos da
vida dela. Você é médico, com certeza sabe os valores. Eu quero ver o quanto
você realmente se importa. Eu quero ver se seu coração é realmente tão
grande quanto sua conta bancária. Escreva.

 Esse Mathew é brilhante… mas também muito assustador. Ainda bem que
ele está do meu lado.

 John suspirou e começou a escrever.

 ─ Se você suspirar outra vez… – os olhos de Mathew cavaram um buraco


em seu pai.  ─ Eu vou quebrar a sua cara. Se você sente que estou te
chateando ou te causando um pouco de desconforto, então imagine como sua
neta tem se sentido todos esses anos, sem falar em mim. Você não faz ideia
do sofrimento que nós todos viemos enfrentando. Você não tem a porra do
direito ou o privilégio de se ATREVER a suspirar. Faça o cheque.

 Sophia lançou a John um olhar severo de reprovação enquanto ele voltava


a escrever o cheque em silêncio. Eu não me atrevi a espiar, mas, em seguida,
John o arrancou e entregou para seu filho.
 Eu quase não consegui respirar quando Mathew olhou para o cheque, não
mostrando nenhuma reação em sua expressão.

 ─ Isso vai cobrir as contas do hospital, cirurgias, medicações… e a


faculdade também. –John falou com muito cuidado.  ─ Assim como… para
qualquer outra coisa que ela pode precisar, roupas, um carro…

 ─ Sua vez. – Mathew dobrou o cheque ao meio e o enfiou no bolso da sua


camisa.  ─ Vocês vieram aqui para me dizer alguma coisa. Digam.

 Santo Deus, Mathew estava me impressionando pra caramba. Ele até


mesmo estava fazendo contato visual com seu pai agora. Eu sei que eu deveria
estar feliz por conseguir meu dinheiro de volta, com um acréscimo de vinte
mil, e que as necessidades da Katie fossem ser atentidas, finalmente, pelos
Trenner. Eu sentia vontade de levantar e dançar… mas tudo isso estava
desbotado ao fundo da nova força e coragem de Mathew. Eu queria beijá-lo
com todas as minhas forças.

 ─ Você ainda pode quebrar a minha cara depois que terminarmos, mas, eu
estou preparado para isso. – John colocou seu talão de cheques na mesa.

 ─ Antes de tudo, você devia saber… - John começou a falar, olhando para
suas mãos unidas.  ─ Eu não sou seu pai biológico.

 Com essa última frase, nós todos olhamos para Sophia Trenner.

 Ela endireitou-se um pouco e pigarreou.

 ─ Mathew…  - ela mal conseguia fazer contato visual com seu filho no
momento.  ─  Quando seu pai e eu nos casamos, nós desejávamos ter um
monte de filhos. Estávamos muito apaixonados e seu pai já era médico,
trabalhando no pronto-socorro. Durante anos, nós tentamos ter um bebê, mas
não estava dando certo. Seu pai fez um exame em nós dois, nele e em mim…
e descobrimos que não havia nada comigo… mas que John… não podia ter
filhos. Ele alega que jamais teve conhecimento disso antes de nos casarmos.

 A última frase era carregada de tensão e isso não passou despercebido por
John.

  ─ Eu não sabia, Sophia, pela milionésima vez! – John grunhiu, em


seguida, tentou suavizar seu tom e seu olhar furioso.

 ─ De qualquer forma… – Sophia continuou.  ─ John sugeriu outras


alternativas. Mas eu não queria um filho de outro homem, eu queria um dele.
Após um longo tempo, eu cheguei a conclusão que teria que aceitar isso. Que
não teríamos um filho biológico juntos. Eu passei a pensar na adoção… mas
isso me deprimia também. Eu não sei por que. Eu era jovem e estúpida… e
egoísta, querendo que tudo fosse perfeito e do meu jeito. Agora eu vejo como
minha atitude era sem sentido. Eu deveria apenas ter… sido mais flexível…
mais aberta para as outras possibilidades.
 Ela pigarreou e olhou para Mathew. Porém seus olhos estavam olhando
para ela com um olhar fixo cruel que deu medo até em mim, sentada ao lado
dela. Sophia tomou um fôlego e continuou.

 ─ Estávamos dando uma festa numa noite, em nossa casa. Alguma


despedida para um médico com quem John trabalhava. Eu estava bastante
deprimida aquele dia todo. Eu tinha trabalhado com as crianças do hospital
naquela tarde, eu era voluntária de vez em quando. Eu amava aquilo. De
alguma forma, fazia com que eu me sentisse melhor, ficar perto delas, cuidar
delas. Eu não era enfermeira, mas eu podia pegar um travesseiro para elas,
ajudá-las a comer, brincar de jogos de tabuleiro com elas, ler histórias. Eu não
estava com humor naquela noite para uma grande festa, em ser a anfitriã para
mais de cem pessoas. Mas eu representei o meu papel de esposa obediente do
médico, fingindo ser feliz e requintada, encantando a todos deles.

 Isso me lembra o comportamento de Mathew enquanto ele está servindo


as mulheres na Fire. Hmm. Interessante.

  ─ Eu estava mais bêbada do que me importava em admitir. – Sophia olhou


para suas unhas, suspirando.  ─ Eu estava bebendo muito desde que descobri
que não haveria nenhuma criança para nós. Eu já era uma alcoólatra. Mas eu
nunca bebi perto das crianças. Eu me certificava disso.

  ─ Eu fui para um dos quartos no andar de cima para deitar. – Sophia
falou.  ─ Estava escuro e eu estava tão tonta e cansada. Eu não sei quanto
tempo tinha se passado, mas… de repente havia um homem comigo no
quarto… ele estava na cama comigo… ele estava me beijando e… começou a
tirar as minhas roupas.

 Mathew olhou para ela, sua expressão inalterada. John estava fitando sua
aliança de casamento, em seguida, seus sapatos… Esse assunto, obviamente,
o incomodava muito, mas ele não queria demonstrar.

 Então, me deu a impressão que o olhar frio de Mathew era exatamente


como o de John. Será que ele estava imitando seu pai neste momento?

 ─ No início. – Sophia corajosamente falou.  ─ Eu não o parei. Eu não sabia


se era um sonho ou realidade. O quarto estava escuro, mas eu conseguia ver
partes do seu rosto uma vez ou outra, de alguma forma. Eu podia ver que ele
era muito bonito… e tinha um cheiro tão bom. E… seu beijo era maravilhoso.
Eu estava deixando que ele me tocasse e estava praticamente nua quando o
rosto de John surgiu em minha mente. E na mesma hora, eu soube que aquilo
não era nenhum sonho. Era real. E ele estava abrindo o zíper da sua calça.

 ─ Eu comecei a tentar me levantar então. – Sophia declarou, seus punhos


fechados enquanto recordava.  ─ Eu falei ‘NÃO’ e tentei tirá-lo de cima de
mim. Eu resisti, resisti mesmo! Mas ele era tão forte… e bruto até. Ele colocou
a mão na minha boca e… ele… abusou de mim.
 ─ Eu contei a John o que acontecera. – Sophia olhou de relance para seu
marido com um olhar mortal.  ─ Mas sua preocupação era mais em acusar um
dos seus sócios médicos que pegar o homem que me violentou.

 As mãos cuidadosamente dobradas de John se apertaram agora e ele


levantou a cabeça num impulso para Sophia.

 ─ NÃO é nisso que eu estava PENSANDO! - John tentava manter sua voz
civilizada através dos seus dentes brancos trincados.  ─ Você estava BÊBADA!
Você não conseguia nem me dizer como o homem se parecia! Apenas que ele
era bonito e beijava bem! Eu não podia chamar a polícia! Eu teria sido motivo
de piada e só Deus sabe o que teria acontecido com a minha carreira, minha
reputação, se eu saísse por aí acusando qualquer um com apenas a história da
minha mulher deprimida e bêbada como prova! O nosso advogado te falou
isso… nós não tínhamos como provar nada! E você mesma disse, você
permitiu que ele tirasse sua roupa e te beijasse… não havia nenhuma maneira
de mandar alguém para a prisão por estupro! Você DEIXOU  que ele
avançasse! Você não o afastou. Por que você não pode simplesmente admitir a
verdade? Você me traiu.

 ─ EU NÃO TRAÍ! – ela gritou com lágrimas nos olhos. John não falou
novamente.

 Mathew olhou para John e pensei ter visto um sentimento agudo de repulsa
ali por um momento. Porém Mathew ainda não falou nada e apenas os
observou.

 ─ Cale a boca, John. - Sophia fungou.  ─ Essa história é minha, não sua.

 John parou de falar e Sophia disse.

 ─ Você vê o apoio que tive do meu amado marido. Sendo assim, eu tentei
esquecer o que aconteceu. Mas eu continuei bebendo. John estava fora o
tempo inteiro, fazendo plantão no pronto-socorro. Eu tinha tanto medo de
dormir sozinha  todas as noites depois do que tinha acontecido. Eu continuava
sonhando que ele voltaria. Eu estava enlouquecendo. Eu me afundei cada vez
mais no álcool.

 ─ Alguns meses depois, eu descobri que estava grávida. John disse que
ninguém sabia que ele não podia ter filhos. Nós poderíamos simplesmente
dizer que o filho era nosso, que ficaria tudo bem. Eu tinha tido tanta vontade
de ter um bebê. Mathew… eu sinto muito, mas naquela época… eu NÃO queria
te ter. Eu não queria um filho daquele homem. Eu tinha tanto medo dele… eu o
odiava. Ele me atacara. Eu não queria ter o bebê. Mas John disse que eu não
podia fazer um aborto. Ele não permitiria. Ele disse que era assassinato.

 ─ Teria acabado com você fazer isso, Sophia. – John fechou os olhos e
rosnou as palavras.  ─ Você queria tanto um bebê… e realizou seu desejo.
Você não teria sido capaz de viver consigo mesma se matasse Mathew. Eu te
levei para a terapia. Eu tentei te buscar alguma ajuda. Não me faça sair como
o vilão aqui.

  ─ Terapia, fora da cidade. – Sophia fez pouco caso.  ─ Não com qualquer
médico decente que pudesse conhecê-lo ou algum dos seus colegas médicos.
Você me levou para assistentes sociais. Reabilitação. Instituições de doentes
mentais.

 ─ Você bebia o TEMPO TODO! – John gritou.  ─ É um milagre que Mathew


tenha nascido saudável com a porcaria que você continuava enfiando na sua
garganta.

 ─ Talvez você  devesse ter me ajudado em vez de me transferir de lugar


para lugar, como uma prisioneira, até que eu fosse a garotinha limpa e
comportada pronta para voltar para casa e brincar de casinha com você! –
Sophia se defendeu.

 ─ Você pode se acalmar? – John pediu a ela.  ─ Você está falando com seu
filho e a amiga dele. Tenha um pouco de dignidade, por favor.

 ─ Cala a boca. – Mathew disse inesperadamente, ainda calmo e destemido,


olhando furiosamente para John.

 ─ Como? – John parecia espantado.

 ─ Eu disse pra calar a boca. – Mathew fechou a cara para seu pai.  ─ Deixe
ela falar o que tem para falar. Pare de dizer a ela o que fazer o tempo inteiro.
Você sempre viveu dando ordens. Não vai acontecer aqui. Ela pode falar o que
quiser e do jeito que quiser. E quando eu deixar, você terá sua vez de falar.
Mas por enquanto, cale a boca./

 ─ Certo. – John parecia frustrado e com raiva, mas calou a boca depois
disso.

  ─ Obrigada. – Sophia falou para Mathew.

 ─ Não me agradeça. – Mathew deu a ela o mesmo olhar frio.  ─ Você ainda
tem muito que explicar. Continue.

 ─ Nenhum dos lugares para onde John me enviou ajudou de fato. – Sophia
falou.  ─ Nada apagava aquela noite da minha memória. Veja, eu não tinha
permissão para contar a ninguém que fui atacada, então como eles poderiam
me ajudar? Eu quase contei para as pessoas. Mas tive medo de que se
contasse, ficasse sozinha com um bebê, e sem nenhuma maneira de sustento.
Eu não tinha nenhuma outra família para cuidar de mim, eu só tinha o John.
Eu odiava… mas eu precisava dele financeiramente… e mesmo depois de tudo
que aconteceu, eu sentia que ainda o amava e que talvez as coisas pudessem
dar certo quando o bebê nascesse.
 ─ Não deram. – Sophia disse após um tempo em silêncio.  ─ Você era um
bebê lindo, Mathew, e tão alegre, e saudável. Eu estava em um lugar muito
escuro naquela época, Mathew. Uma parte horrível de mim quase desejou que
toda a minha bebida tivesse te machucado… talvez eu morresse e sofresse um
aborto ou… houvesse alguma complicação durante o parto. Uma vez eu até
fiquei parada no topo da escada, com a intenção de me jogar dela, assim você
jamais nasceria. Não era nada contra você, Mathew. Era o homem que havia
me forçado naquela noite. Era aquilo que fazia eu me sentir daquela forma. Eu
sei disso agora, mas naquele tempo… eu te culpava. Eu te odiava por não ser
filho do meu marido. Eu odiava que você fosse o filho de um estranho que me
estuprou. Eu não conseguia me ligar a você como deveria. Eu não queria te
segurar nem te ver.

 Eu olhei para Mathew e seus olhos abaixaram um pouco, mas ele estava
sendo tão corajoso e forte, mesmo diante desta história terrível e sua própria
mãe dizendo essas coisas para ele. Eu queria bater nela eu mesma só de ouvi-
la pronunciar essas palavras. Mas por outro lado, eu tentei me colocar em seu
lugar… eu conseguiria amar um bebê de alguém que me estuprara? Era uma
questão muito difícil de encarar.

  ─ Katherine… – Sophia falou com os olhos marejados.  ─ Era uma mulher
adorável de uns trinta e poucos anos que trabalhava para nós. Eu gostava
bastante dela. Ela era acolhedora e humilde… e teve um filho uma vez… há
muito tempo atrás. Mas ele morreu quando tinha um ano de idade; ele teve
um ataque de epilepsia durante o sono. Eu lhe perguntei se ela assumiria
plena responsabilidade por você. Ela aceitou, é claro. Às vezes, eu escutava ela
cantando para você, te embalando para dormir. Uma vez eu espiei no seu
quarto e vocês dois pareciam tão felizes um com o outro. Eu via que ela te
amava… e que você amava ela. Então eu deixei como estava. Eu te evitava o
tempo todo. Eu ainda estava bebendo… e tinha passado para as drogas. Eu
roubava o bloco de receitas do John e prescrevia para mim mesma,
conseguindo tudo que eu queria. Era tão fácil.

  ─ John também nunca estava por perto. – Sophia disse.  ─ Eu esperava
que ele pudesse pelo menos tentar ser seu pai se eu não conseguisse ser sua
mãe, mas ele estava sempre trabalhando. Ele fazia plantão todas as noites e
depois encontrava outras coisas para fazer fora de casa durante todo o dia. Por
anos, nós não falamos um com o outro, e deixamos que os empregados te
criassem sem nós.

 ─ Eu também tenho sentimentos, Sophia. – John franziu o rosto.  ─ Eu


tentei criar laços com você, Mathew. Mas toda vez que eu te via, me matava
que você não fosse meu. Que eu não pudesse ter meus próprios filhos. E eu
me perguntava se Sophia tinha sido realmente estuprada, ou se simplesmente
havia me traído. Você não se parecia comigo e tinha olhos castanhos. Ninguém
da minha família ou da de Sophie tem olhos castanhos. Aquilo era sempre um
lembrete… Eu não era mais apaixonado pela sua mãe e ela também não me
amava mais. Eu não sentia nada além de culpa, raiva e tristeza sempre que
tentava passar algum tempo com você, Mathew. Eu sinto muito. Eu sei que
nada disto é sua culpa. Nós dois sabemos disso agora.
 Um pouco tarde para isso, eu pensei comigo mesma. Se ao menos essa
família tivesse feito alguma terapia juntos, da maneira certa, por um bom
médico, eu acho que, talvez, eles estivessem bem agora. E nada disso
precisasse acontecer.

 ─ Nós continuamos juntos durante seu crescimento. – John reforçou.  ─ Eu


nem sei por que não nos divorciamos.

 ─ Porque a história toda viria à tona e John não queria ninguém


comentando, é por isso. – Sophia disse.

 ─ Não, essa não é a única razão. – John disse.  ─ Eu pensava que se


Sophia e eu nos divorciássemos, ela gastaria toda a sua parte do dinheiro em
drogas e se mataria um dia. Overdose. Eu continuava tentando  recomeçar
com ela, lhe dar ajuda. Tentando esta ou aquela clínica de reabilitação. Eu
comecei a levá-la nessas viagens, por todo o mundo, a lugares que eu pensava
que poderia ajudá-la. Lugares onde a história, se ela contasse, não chegaria a
nossa cidade. Talvez eu fosse estúpido por isso, mas vivíamos em uma
comunidade pequena e agradável. Eu queria manter nosso nome intacto e
respeitável. Eu trabalhei muito duro para ser enxergado como algum…

 Ele se interrompeu e respirou fundo.

 ─ Lixo? – Sophia terminou a frase dele.  ─ Ele sempre me menosprezou


porque eu não era rica quando ele se casou comigo. Todo o dinheiro era dele.
Ele sempre me lembrava de que eu não tinha nada. E que se eu fosse embora,
eu não teria nada de novo… eu seria nada. Essas ameaças me mantiveram a
Sra. Trenner. Todo o amor que tínhamos um pelo outro tinha morrido, eu
acreditava. Mas ele continuava tentando me ajudar. Ele não se divorciava de
mim, então eu ficava com ele. Eu não estava feliz, mas… estava segura… e
protegida. Eu ainda tinha medo daquele homem que me violentou naquela
noite. Ele nunca foi embora, mesmo após anos terem se passado. De vez em
quando, eu tentava te ver, Mathew, e brincar com você. Nos feriados, Natais e
nos seus aniversários eu estava lá. E eu tentei te abraçar e te beijar. Mas eu
nunca consegui sentir  o seu amor… ou fazer você sentir o meu. E, além disso,
eu via… que você amava a Katherine como se ela fosse sua mãe. Ela era, de
fato. Eu não achava que era justo da minha parte fingir ser sua mãe quando
ela era a única realmente fazendo o trabalho, te amando como se
fosse filho dela. Você, na verdade, era dela, Mathew. O amor fez vocês mãe e
filho. Eu ficava feliz que você tivesse isso com ela. Eu sabia que não poderia
dar isso a você.

 ─ Me fale sobre a noite que eu levei a Tanya em casa. – foi tudo o que
Mathew disse em resposta a tudo aquilo.

 ─ Vou deixar John contar essa parte. – Sophia lançou um olhar para John.
─ Conte, John.

 ─ À medida que você foi ficando mais velho e foi para o ensino médio, as
coisas pareciam que poderiam ficar um pouco melhores.  – John falou.  ─ Sua
mãe encontrou um médico que gostava e tinha parado de usar drogas. Ela
praticamente não bebia nada. Ela não estava curada, mas… ela estava
parecendo e se sentindo melhor. Ela ficou afastada por alguns meses em um
dado momento; estava recebendo tratamento na Califórnia. Eu fiquei sozinho o
tempo inteiro. Eu não tinha estado com uma mulher… há anos. Sophia e eu
éramos casados apenas no papel naquela época.

  ─ Eu conheci uma mulher no hospital. – John pigarreou.  ─ Eu pensava


que ela estava na faculdade. Ela estava trabalhando como voluntária com as
crianças doentes, ensinando elas a pintar. Ela se parecia tanto com Sophia
quando era mais jovem. E era tão boa com as crianças. Ela me lembrava dela.
Só que era muito feliz e ria o tempo todo. Ela era apaixonante. Eu tentei ficar
longe dela, mas sempre me pegava por perto quando ela estava lá.

 ─ Eu costumava “esbarrar” nela “acidentalmente” após ela terminar com as


crianças. Ela sempre jantava na lanchonete do hospital. Eu fingia que estava
jantando lá também, sozinho. Nós começamos a jantar juntos três vezes por
semana. Éramos amigos, nada além disso. Mas, em pouco tempo… ficamos
muito atraídos um pelo outro. Nós flertávamos, começamos a dar as mãos na
mesa… Eu enfim a chamei para um encontro. Eu nunca contei a ela que era
casado. E falei que meu nome era John Bonham. Ela era jovem e nunca
questionou isso. Nós dois sabíamos que não estávamos indo em um encontro
normal. Eu reservei uma linda suíte em um hotel de luxo e ela me encontrou lá
uma noite. Nós fizemos amor. Mais tarde, ela me contou que não fazia
faculdade. Ela estava no último ano do colégio. Ela me disse que eu havia sido
seu primeiro. E que estava apaixonada por mim.

  ─ Eu entrei em pânico. – John falou.  ─ Eu me importava com ela. Eu a


amava também. Mas não podia me casar com ela ou deixar que todos
soubessem que eu estava namorando uma menor de idade. Eu estava
esperando que Sophia melhorasse logo e pudéssemos resgatar nosso
casamento uma vez que ela estivesse totalmente sóbria e limpa. E se essa
garota estivesse pensando em me chantagear ou algo assim? E se ela
engravidasse? Eu não queria perder tudo. Eu fui embora no meio da noite após
ela ter dormido. Eu troquei meu turno para a noite novamente e nunca mais
tentei ver aquela garota. Eu pensei que a esqueceria… com o tempo. Muito
tempo se passou.

  ─ Eu pensava nela o tempo inteiro, mas jamais esperava vê-la outra vez. -
John levantou os olhos para Mathew.  ─ Mas eu a vi.
Quando você a levou para o jantar naquela noite.

 Os olhos de Mathew se tornaram letais agora, mas ele permaneceu na sua
poltrona e notei seu corpo tensionar. Seus punhos se fecharam.

  ─ Eu não acho que ela fazia ideia de que você era meu filho até ela me ver
quando vocês entraram. – John estava encarando seus sapatos enquanto
falava.  ─ Ela pareceu surpresa para mim, mas eu acho que a minha reação a
ela foi a única que todo mundo percebeu. Eu não consegui esconder meu
pânico e meu choque como ela fez.
 ─ Eu não conseguia olhar para ela, Mathew. – John confessou.  ─ Eu soube
naquela noite enquanto a olhava e ouvia sua voz, que eu ainda a amava. E sua
mãe estava ali na mesa… e você parecia tão apaixonado. Eu tive que me
retirar. E eu estava com ciúmes de você, Mathew. Com tanto ciúmes e raiva
que não conseguia pensar direito. Então eu te ameacei sem falando que tiraria
seu dinheiro se você continuasse se encontrando com ela. Eu era um canalha.
Eu segurava sua mãe à base de ameaças. Eu pensei que funcionaria com você
também.

 ─ Mas a Katherine e o Joseph te deram uma boa criação. – John declarou.


─ Você não me deu ouvidos e escolheu a Tanya. Antes de me dar conta do que
estava fazendo, eu estava ligando para sua escola e cancelando tudo que eu
tinha lhe dado. Eu estava cheio de ódio e queria te bater. Eu pensava, eu te
tratei com meu filho e te dei tudo do bom e do melhor… mesmo que você não
fosse meu. Mesmo que você fosse filho de um homem que provavelmente teve
um caso com minha esposa. Eu não estava pensando com clareza e eu sei
disso… mas eu te deixei sem absolutamente nada por ficar com Tanya. Eu
ainda a desejava. E eu não queria vê-la com você, ou sequer saber que ela
estava com você.

 ─ Sophia foi contra e brigou comigo, me perguntando por que estava


fazendo isso com você. Ela disse que não permitiria. Disse que nós te
devíamos uma chance de ter uma boa vida. Eu estava meio bêbado na hora, e
a acusei novamente de amar seu verdadeiro pai, dizendo que ela nunca me
amou… depois de tudo que eu fiz por vocês dois. Eu falei que ela inventara
toda a história do estupro, que ela tivera um caso. Eu te chamei de bastardo e
sua mãe partiu para cima de mim. Eu me virei e bati nela. Eu disse que ela,
tampouco, te amou. E que era assim que ia ser. Eu falei para ela que você
havia ido embora – que você não ia voltar e que ela deveria ficar feliz por eu
ter te renegado, visto que você causava muita dor a ela, de um jeito ou de
outro. Eu falei para ela te deixar sozinho, para seu próprio bem. Que nós dois
devíamos te deixar em paz a partir daquele momento. Deixar você viver sua
vida sem nós. Nunca fomos seus pais de verdade. Sua mãe nunca mais
mencionou você ou aquela noite outra vez. Ela voltou para a Califórnia e eu a
via uma vez ou outra. Simplesmente nos esbarrávamos de vez em quando na
casa, sem dizer muito um para o outro. Tentamos te esquecer… e nos
esquecer, esperando que aliviasse a dor.

 ─ Eu tentei ficar de olho em você, para me assegurar que você e Tanya


estivessem bem. – John disse.  ─ Eu perdi seu paradeiro por um tempo depois
que você foi embora, mas então ouvi que você e Tanya estavam casados. Eu
fiquei maluco de novo. Eu ainda não a tinha esquecido, eu esperava que vocês
talvez pudessem terminar, ou que ela ligaria para mim ou me escreveria
tentando explicar. Mas ela não escreveu. Até depois de vocês já estarem
casados.

 Os olhos de Mathew faíscaram com maldade para seu pai.

 ─ Ela te escreveu? – sua voz borbulhava.


 John assentiu.

 ─ Ela disse que estava apaixonada por você. Ela queria você e não eu. Ela
brigou comigo por cancelar sua faculdade e ter feito você viver um inferno por
anos. Ela disse que agora me odiava e não me queria perto de qualquer um de
vocês de novo. Ela me contou que estava grávida de um filho seu e que estava
feliz com isso. Disse que faria você feliz, que te mandaria de volta para a
faculdade um dia e faria as coisas darem certo. Ela amava você, Mathew. Eu
podia ver isso apenas pela paixão da carta dela. Mas eu continuava apaixonado
por ela. Eu estava com tanta raiva dela, mas ainda a queria.

  ─ Pensar em você casado com ela e um bebê a caminho acabava comigo.
– John confessou.  ─ Eu continuava pensando em formas de reconquistá-la e
então eu me sentia nojento por sequer pensar assim. Eu não sei por que eu
não conseguia simplesmente esquecê-la. O tempo não diminuiu o que eu
sentia por ela. Era como se ela tivesse algum tipo de poder sobre mim que
nunca ia embora. Eu comecei a ter deslizes com drogas. Eu as pegava no
hospital e ninguém nunca descobriu. Eu não me importava mais com a
medicina… Eu também não tinha muitas notícias da sua mãe. Eu comecei a até
questionar minha razão de viver. Eu tinha vontade de morrer.

─ Eu descobri quando o bebê nasceu, e descobri que o nome dela era


Kaitlyn. Eu reparei que o nome era bem parecido com Katherine. De qualquer
forma, passei mais alguns anos lutando contra o vício das drogas. Eu
praticamente não exerci medicina durante todos aqueles anos. Eu nem ligava
mais para o que os outros pensavam. E então, eu fiquei sabendo sobre a
morte de Tanya. Ouvi sobre o que acontecera a Kaitlyn. Eu ainda era usuário
de drogas naquele tempo. Eu fiquei de coração partido por saber que a Tanya
morreu me odiando, que ela amava você. E agora eu nunca teria a chance de
vê-la novamente. Eu estava cheio de ódio de você. Eu te culpei. Eu tinha
ciúmes de você.

  ─ Mais tarde, quando você veio para casa com a Kaitlyn, eu estava
drogado. Sua mãe estava em casa naquela noite, também bastante bêbada.
Eu tinha contado a ela o que acontecera com você e isso acabou com qualquer
progresso que ela estava tendo. Ela foi piorando rápido conforme toda a culpa
e medo voltavam à superfície. Nós dois estávamos no fundo do poço. Quando
você chegou, batendo na porta e implorando por nossa ajuda com a sua filha,
eu não era eu mesmo. Eu ainda estava furioso e odiando você. Eu ainda queria
a Tanya. Eu não deixei Sophia te ajudar, eu a proibi de fazer qualquer coisa
por você e pela sua filha. Eu falei para ela se livrar de você ou ficaria sem nada
também. Sua mãe era uma viciada. Suas drogas e o álcool significavam mais
para ela do que qualquer pessoa naquele momento. Ela as escolheu em vez de
você e sua filha. Ela te disse que não poderíamos te ajudar e fechou a porta na
sua cara.

Sophia estava chorando baixinho, não desmentindo as palavras de seu


marido.

 Ela não conseguia olhar para a cara de Mathew.


 Houve um longo silêncio e eu duvidava que Mathew pudesse lidar com tudo
isso. Porém seu rosto ainda estava de pedra enquanto ele olhava para os dois.

 Eu quase disse alguma coisa, mas me calei.

 Mathew se levantou e virou as costas para nós, apoiando as mãos na


bancada da cozinha e respirando fundo algumas vezes, tentando digerir tudo
que eles haviam acabado de falar. Eu temi em um certo ponto que ele
estivesse chorando, mas ainda assim não interferi. Se ele precisasse de mim,
eu estaria aqui. Eu tinha que deixá-lo lidar com isso, do seu jeito.

 Finalmente, Mathew falou numa voz muito baixa, quase irresolúvel.

 ─ Vocês NUNCA  me amaram. – ele afirmou, não de forma insensível, mas


quase triste… como se ele tivesse a resposta para uma pergunta que ele
sempre teve em sua cabeça, ele disse aquilo quase… para si mesmo.

 Seus pais não disseram nada. Eles olharam um para o outro sem palavras.

 ─ Não. – Sophia disse a verdade, chorando.  ─ Não amamos. E por isso, eu


realmente sinto muito. Fizemos tudo errado. E mesmo isso te magoando, eu
fico grata que não fomos uma parte importante da sua vida, Mathew. Você foi
criado com amor. Você é um bom homem. Você está melhor sem nós. Não
queríamos te contar essas coisas horríveis. Outra razão para nunca termos
entrado em contato com você. Mas nós queríamos explicar as coisas, por mais
difícil que a verdade seja. Nós te devemos pelo menos isso. Fique feliz por não
termos te amado. Iríamos te destruir também.

 ─ Sua mãe e eu… ainda estamos casados, mas não somos realmente um
casal mais. – John disse.  ─ Fazemos terapia juntos e somos separados há
anos já. Depois da última vez que vimos você e sua filha, depois que
percebemos como lhe demos as costas quando você mais precisou de nós,
decidimos fazer tudo o que podíamos para melhorar. Melhorar por você.
Sabemos que você não quer ou precisa de nós na sua vida, Mathew. É tarde
demais e muita coisa aconteceu entre a gente no passado. É possível que você
nunca nos perdoe. E não estamos pedindo para perdoar.

 ─ Mas sempre providenciaremos qualquer coisa que você precisar, para a


Kaitlyn. – Sophia acrescentou.  ─ Se você não nos quiser perto dela, iremos
entender também.

 Mathew ficou em silêncio e seus olhos, de repente, pareciam envelhecidos


e cansados enquanto ele olhava para mim. Eu fiquei com tanto medo que ele
estivesse segurando tudo dentro dele e não deixando sair. Em seguida, eu tive
medo que ele colocasse tudo para fora e eu não fosse capaz de salvar a vida
dos seus pais.

 ─ Durante toda a minha vida eu me perguntei o que eu fiz… o que eu


disse… para fazer vocês dois me odiarem tanto para nunca estarem por perto.
– ele falou com uma voz baixa.  ─ Mas agora… que eu sei a história completa…
querem saber, não importa. A pessoa que eu era há algumas semanas atrás
ficaria destruída em descobrir que seu pai foi o primeiro homem da sua mulher
e que ele amou a ela, mas não a mim. Eu teria ficado devastado em ouvir
minha mãe pronunciar as palavras, “não, nós nunca te amamos.” Teria me
matado e me afundado ainda mais no meu próprio inferno. Mas eu chorei por
muito tempo por coisas sobre as quais não tenho nenhum controle. Eu não
consigo chorar nem mais uma lágrima por vocês. Eu não consigo nem odiar
vocês. E ouvi-los dizer que nunca me amaram, para falar a verdade, não me
magoa, porque… eu nunca amei vocês. Eu nunca conheci vocês. Vocês foram
sombras na minha vida. Eu ficava sonhando em ter vocês, meus pais
perfeitos… e nem me dei conta que eu já tinha pais perfeitos. Katherine,
Joseph… Eu sei que vocês os impediram de alguma forma de entrarem em
contato comigo. Isso acaba aqui. Eu ligarei para eles daqui a algumas semanas
e eu os verei, quando bem entender. Eu não quero ver nenhum de vocês lá
enquanto estiver visitando eles.

 Mathew fez uma pausa e continuou.

 ─ Eu não estou expulsando vocês da minha vida. Vocês nunca fizeram


parte dela, para começar. Eu agora tenho a minha própria vida para corrigir e
minha própria filha para criar. Não posso carregar mais o fardo de vocês dois.
Tem pesado sobre meus ombros durante toda a minha vida. Então, eu estou
libertando vocês. Eu espero que vocês  encontrem seu caminho. Mas não
posso deixar minha raiva me destruir por dentro. Katie precisa de mim e eu
não tenho a intenção de cometer os mesmos erros que vocês.

  ─ Eu vou estar presente. Todos os dias. Vou lhe dar todo o amor que
posso e mais um pouco. Eu tenho que fazê-la ver que o pai dela a ama. Eu
tenho que fazê-la feliz. E eu não posso fazer isso se estiver odiando vocês a
todo minuto. Portanto, embora eu fosse amar te dar uma lição, John, pelo o
que você fez com a minha esposa… e comigo… eu não farei isso. Embora eu
fosse amar te odiar, Sophia, por nunca ter sido minha mãe, e por amar o
dinheiro e as drogas mais do que você sequer já me amou, não vou fazer isso.

 ─ Vocês não valem o esforço. E isso só me fez ver que a Tanya


realmente me  amava. Eu estava sendo tão cruel com ela quanto você estava
sendo com Sophia… eu estava seguindo seu padrão, mesmo que meu sangue
não seja o seu sangue. Você ainda era um veneno nas minhas veias. O meu
ódio por vocês dois foi por matarem a Tanya antes do incêndio sequer
acontecer. E isso teria destruído minha filha também, uma hora ou outra. Não
vou mais permitir que vocês nos matem. Então, vocês não estão mortos  para
mim… vocês simplesmente… não são nada  para mim agora.

 Os dois fitavam Mathew, sem saber o que dizer. Eu realmente não sabia o
que dizer também, exceto que Mathew fora incrivelmente inteligente e
extremamente firme, como sempre.

 Ele não falou isso abertamente, mas em seu coração, ele estava os
perdoando por tudo aquilo. Ele não ia abraçar ou beijar eles, ou mesmo
considerá-los como parte da sua vida, mas ele não precisava disso.
 Em seu coração, ele os deixou partir, e toda a dor que trouxeram com eles.

 Ele tinha razão também, sobre Katie. Ele jamais poderia ser um bom pai
para ela enquanto carregasse toda essa sujeira dentro dele. Ele jogou tudo
com um grande baque nos pés de seus pais. E ele agora estava partindo, livre,
para encontrar seu caminho de volta para Katie.

 Parte de mim pensou que talvez ele devesse gritar, brigar e socar John…
mas que bem isso faria a alguém, mesmo a ele? Eu acho que ele sabia que
eles não o amaram a vida toda, ele apenas não sabia os motivos.

 Mathew esperou por um ou dois minutos e seus pais não se mexeram ou


falaram. Por fim, Mathew abriu meu bloco de anotações e arrancou uma
página em branco, escrevendo algo.

 Ele a dobrou uma vez e respirou fundo, caminhando e estendendo o papel


para John.

 ─ Esse é o endereço e o telefone do Ben. – ele disse, ainda cheio de


mágoa, porém calmo e controlado.  ─ É onde a sua neta mora. Se vocês
querem me recompensar por alguma coisa, façam isso a amando. Mesmo que
seja apenas um telefonema ou um cartão de aniversário, uma visita uma vez
por ano. É onde você pode começar a mostrar a Tanya o quanto realmente se
importava, e a mim. Vocês podem ir agora.

 ─ Mas, Mathew…  - John pegou o papel.

 ─ SAIAM agora! – a voz de Mathew saiu alterada agora, cheia de fúria e


perdendo o controle rapidamente.  ─ Antes que eu faça alguma coisa. SUMAM
DAQUI!

Mathew deu as costas para nós novamente, encarando a bancada,


esperando eles saírem. Ele estava se esforçando para conter a si mesmo e ser
forte. Eu sabia que seus gritos para seus pais irem embora eram apenas
porque ele não confiava em si mesmo para sustentar esta máscara impassível
por muito tempo.

  ─ Está bem, Mathew. – John ajudou Sophia a ficar de pé e eles


rapidamente se encaminharam para a porta, abrindo-a e lentamente saindo.

 Sophia falou uma coisa brevemente antes de eles irem embora.

 ─ Obrigada por nos receber, Mathew. – ela secou seus olhos, arruinando a
maquiagem deles, fungando.  ─ Você é tão corajoso. Me desculpe.

 A porta foi fechada e eles se foram. Deus, eu odeio eles. Perdão. Eu tinha
vontade de perseguir Sophia no corredor e dar um soco no seu nariz.

 Mathew deixou escapar um gemido esganiçado e estava ofegante, sua


testa na bancada, os punhos nos seus olhos.
 Eu fui até ele na mesma hora, colocando meus braços em volta dele e
afagando seu cabelo, não querendo discursar neste momento ou tentar ser a
Dra. Skylar. Eu apenas o amei, esperando que fosse o suficiente.

 Ele soltou um rosnado animalesco, o punho socando a bancada diversas


vezes, como se ele estivesse batendo neles.

 O que eu poderia dizer para deixar isso melhor? Talvez eu precisasse de


James agora. Isto era muita coisa para lidar. Acho que estou um pouco acima
da minha capacidade aqui.

 ─ Mathew… – eu falei assim que ele tinha se acalmado um pouco.  ─ Eu sei


que tudo isso é a coisa mais terrível pela qual você já passou. Pior até que a
Raven. Eu não consigo nem imaginar o que você deve estar sentindo. Eu acho
que eu não sou boa o bastante para te ajudar neste momento. Talvez
devêssemos ligar para o meu professor para ajudá-lo.

 ─ Não, Skylar, VOCÊ. – sua voz estava falhando um pouco, e parecia que
ele estava chorando.

Ele se levantou, sem medo de me mostrar as lágrimas em seu rosto


enquanto se agarrava em mim, quase dolorosamente.

 ─ Eu só quero você. Por favor. Eu preciso de VOCÊ. Você é a minha


médica. Eu não quero mais ninguém. Por favor, Skylar? Não…

 ─ Tudo bem, Mathew, tudo bem. – eu assegurei. Eu odiava ouvi-lo


praticamente implorar para eu continuar sendo sua médica, como se eu fosse
abandoná-lo agora.  ─ Eu vou estar sempre aqui para você. Eu serei sua
médica. Está tudo bem. 

Ele soltou um suspiro de puro alívio e o escutei soltar alguns soluços baixos,
enterrando seu rosto no meu cabelo.

 ─ Só para você saber… – eu afaguei suas costas.  ─ Você foi


completamente perfeito na forma como tratou eles. Eu nunca fiquei tão
impressionada com alguém antes. Eu não sei como você lidou com isso tão
bem assim… mas eu estou com um puta orgulho de você.

 ─ Você fez isso comigo, Skylar. – sua voz soou um pouco mais calma
agora, seu hálito quente na minha veia jugular.  ─ Você me ensinou como
encará-los. Você é uma mulher incrível… Assim como médica.

Eu acho que ele estava me dando crédito demais. Eu posso tê-lo ajudado ao
longo dessas últimas semanas, mas a verdade é que Mathew é o único que
assumiu o controle e lutou contra o medo e a mágoa para ter esse capítulo
horrível da sua vida encerrado. Ele não estaria nem um pouco bem agora…
levaria muito tempo para aceitar tudo o que seus pais tinham para dizer, sem
contar, para lidar com isso. Mas eu acreditava que Mathew seria capaz de fazer
isso agora. Ele não era mais fraco. Ele tem uma razão para lutar… e ele
finalmente acordara para isso. Ele está pronto para viver novamente.

 ─ Quando eu te conheci, eu te levei para o quarto Despertar. – Mathew


acariciou meu rosto e olhou nos meus olhos.  ─ Eu pensei que você era
ingênua e meiga e que aquele era o quarto para você. Mal sabia eu… que
seria você  que me  despertaria.

 ─ Meu bem… - eu me ouvi sussurrar, secando as lágrimas dele com meus


dedos.  ─ Estou contente que você esteja chorando. É bom. Bote pra fora.

 ─ Eu me sinto tão cansado. – Mathew suspirou, deixando outra lágrima cair


na sua bochecha direita.  ─ Até os ossos, eu me sinto exausto.

 ─ Vem. – eu fui para trás, pegando suas mãos e levando-as comigo.  ─


Vamos deitar. Eu vou te abraçar e podemos conversar. O que acha?

 Ele me deu um sorriso fraco, gostando da ideia, e não havia nada de sexual
nos seus olhos. Eu realmente queria simplesmente abraçá-lo e conversar sobre
as coisas. Ser a Dra. Skylar, só que embalando e o acariciando enquanto ele se
curava e compartilhava sua dor comigo.

 ─ Maravilhoso. – ele disse em resposta com uma voz frágil, em seguida,


adicionou.  ─ O amor é  o melhor remédio para um coração partido.

Capítulo 25 

Mathew POV

 Eu estava deitado ao lado da Dr.ª Skylar, e me sentia tão bem. Mesmo que
aquilo fosse inapropriado e não profissional na visão do mundo dos médicos.

Sem sentir vergonha, deixei que as lágrimas rolassem pelo meu rosto e o
acolhimento dela em momento algum me fez sentir fraco ou patético. Ela me
encarava agora, nós dois deitados de lado, encarando um ao outro, seguros e
aquecidos no calor do nosso  abraço.

Ela não tentou secar minhas lágrimas e eu estava feliz por isso. Ela queria
que eu chorasse, que eu sentisse a dor e a liberasse por meio daquele líquido
salgado que saía dos meus olhos, estes, que preferiam admirá-la.
Levou um bom tempo para que eu processasse todas as coisas ditas pelos
meus pais e para verbalizar as questões mais dolorosas.

Sem pensar, eu me ouvi dizer.  

─ Meu pai era um estuprador.

Que família… ele rouba sexo… E eu vendo.

Meus olhos se fecharam ao mesmo tempo em que o olhar dela se


intensificava em mim. Agora eu sentia vergonha. Eu lembrei do dia em que eu
“estuprei” Skylar bem aqui no apartamento dela… e  o quanto foi fácil.

─ Ei. – ela disse, sua voz calma. ─ Olhe pra mim, Mathew.

Fiz meus olhos abrirem e os dela ainda estavam ali. Esperando para atacar.

─ Você não é o seu pai. – ela iniciou, entrando na terapia já. ─ E ele pode
ter forçado ele mesmo, mas isso não faz dele um estuprador. Existem dois
lados para toda história. Sua mãe disse que ela já tinha bebido demais. Talvez
ele tenha bebido, também. Ela estava correspondendo o beijo dele no começo.
Não estou dizendo que ele está certo ou que não fez nada errado… mas talvez
ele pensou que ela queria. Talvez ele tenha visto depois que o que fez foi
errado. Talvez não.  Ninguém sabe. Não faça isso com você, Mathew. Mesmo
que tenha sido um abuso e ele sabia o que estava fazendo, isso não te faz uma
pessoa menor do que você é. Foi ELE. Você é você. Uma pessoa
completamente diferente. Você estava certo quando disse aquelas coisas aos
seus pais. Você tem que deixar que o passado fique no passado. Quando eu te
conheci, você era tão cauteloso comigo. Você tinha tantas paredes que
formavam barreiras em você, que eu nunca pensei que o veria
verdadeiramente. Isso ainda me impressiona, tudo o que você fez em duas
semanas. Eu acho que você QUERIA se libertar… e por isso foi tão rápido desde
que eu comecei a tentar alcançar você. Você queria ajuda. E isso te faz maior
do que John, Sophia, seu pai, todos eles. Dê uma olhada no que aconteceu
com eles quando recusaram-se a ser verdadeiros e procurar ajuda. Isso me faz
mais feliz ainda por ter escolhido essa profissão. Algumas pessoas pensam que
o psiquiatra é estúpido e sem sentido, mas eu sempre soube que poderia
salvar vidas. Agora eu vejo isso, comprovado. Você deve fechar essa porta do
passado. Você deve seguir em frente e deixar o passado aqui. Não deixe que
isso mate você.  Caminhe para frente, em direção ao futuro. Caminhe para
Katie. Faça isso aqui, agora… e você terá quebrado esse ciclo de tristeza e dor.
Não se esqueça, afinal nunca esquecemos nosso passado. Mas aprenda com
ele. Deixe que isso te leve até algo melhor do que você estava antes. Deixe
que te faça um pai melhor para Katie… E então ela poderá crescer  e se tornar
uma boa mãe para seus filhos.

Essa mulher tem uma alma que me cura, por dentro e por fora, mesmo
depois de tudo o que meus pais disseram para mim. Há pouco tempo atrás, eu
estaria devastado agora. Mas, de alguma forma, com ela, e o jeito que ela me
diz as coisas… Eu mal poderia imaginar que estava sentindo esperança… e
força… e um sentimento de liberdade.

Minha voz não saía, mas meus lábios tinham que confessar mais uma vez
meu amor por ela, e meu apresso pelos milagres que ela estava fazendo na
minha mente.

Levei sua mão até meus lábios, e meu beijo suave atingiu seus dedos como
pequenas gotículas de chuva, fechando meus olhos e percebendo mais
algumas lágrimas… porém essas não eram de tristeza. Não sei dizer se eram
lágrimas de alegria, também, mas eu sentia que alguma coisa em mim se foi…
havia um belo vácuo onde uma vez eu guardava toneladas de vergonha
empilhadas, e armazenava uma grande autodepreciação, caixas cheias de
incerteza e de raiva, e a maior de todas, uma besta gigante que devorava toda
a minha autoestima e lambia os dedos logo depois.

 Eu não as sentia mais. E eu chorei, tão aliviado por estar livre do seu peso.
Agora eu tenho bastante espaço para colocar as tardes com a Katie, e eu podia
tocar a música da sua barriguinha risonha. Eu tenho muito espaço para Skylar
também, prateleiras dedicadas aos seus diversos beijos, às imagens do seu
lindo rosto e corpo enquanto nos tornávamos um só de tantas maneiras, todas
surpreendentes. Eu agora tenho muito espaço para as visitas a Katherine e
Joseph; eu quase posso ouvir seu sotaque irlandês gritando “Jesus, Maria e
José!” quando eu aparecer na sua porta. Ela irá me esmagar e me ensurdecer
com seus gritos enquanto me abraça, mas eu estou tão ansioso para isso.

 E neste momento, eu verdadeiramente agradeci a Deus. Sim… eu acredito


em Você, Seu Cretino. Eu tenho que acreditar, se neste mundo existe uma
Katie, uma Skylar, uma Katherine. Então, eu estava errado, certo? Você é real.
Talvez, se eu conseguir de alguma maneira perdoar John e Sophia Trenner, eu
possa quem sabe… Te perdoar também. Eu ainda não entendo ou concordo por
que Você teve que roubar a minha esposa e mãe de Katie, mas um dia Você
irá explicar tudo isso para mim. A não ser que Você já tenha inscrito meu
nome para o Inferno, e eu entenderia perfeitamente se Você fez isso. Mas de
agora em diante, eu vou ser diferente. Não é para me salvar de uma
eternidade de fogo e tortura… mas que para quando eu parta, eu possa olhar
para trás e enxergar algumas coisas boas que eu fiz na Terra antes do meu
tempo esgotar. Mesmo que essa única coisa seja a Katie, adulta e feliz com
sua própria família, já é suficiente para mim.

 A única outra coisa que me incomodava agora era Tanya. E eu expressei


isso em voz alta.

 ─ Por que Tanya não me contaria? – eu sussurrei. ─ Você acha que ela
ainda amava John ou algo assim? Talvez ela amasse mais ele do que eu.

 Skylar beijou meu nariz e ponderou por um momento.

 ─ Ela amava você, Mathew. – Skylar disse sem pensar duas vezes. ─ Ela
amava a Katie. Eu acho que ela só estava carregando muita culpa também.
Pode ser que ela tivesse medo de que se contasse a você, ela te perderia. Ela
não devia ter guardado tudo isso dentro dela, mas ela te amava tanto que
queria fazer as coisas darem certo. Eu acredito que ela se culpava por tudo
que seu… pai… digo, John, fez você passar. Eu acho que ela via que você não
era cruel e frio como John, mas ela não queria arriscar te perder. A pressão
deve ter ficado insuportável para ela, mais tarde, acho. As coisas não estavam
saindo do jeito que ela esperava e ela se sentia um fracasso porque ela não
conseguia te mandar para a faculdade e para a escola de medicina que ela
sonhava. Eu acredito que é por conta disso que vocês deixaram de fazer amor
no final. Não era você. Você não pode realmente fazer amor com uma pessoa
quando você está machucado por dentro e não ama a si mesmo. Talvez, às
vezes, isso a fizesse se sentir estranha, ficar com você depois de ter ficado
com seu pai daquele jeito. Eu estou apenas supondo. Ninguém além dela
poderia realmente te dizer tudo.

 Eu acho que Skylar está certa… de novo. Droga, isso pode se tornar
irritante às vezes, como ela sempre está absolutamente certa. Mas eu não
podia culpá-la por isso neste momento.

 ─ O modo como ele estava agindo, com Sophia… – confessei. ─ Eu estava


agindo do mesmo jeito com Tanya. Eu a acusava de não me amar, eu sempre
fazia insinuações de que ela estava me traindo. Odiei isso, mas eu me vi nos
olhos de John na mesma hora. Eu gostaria de poder dizer a Tanya como eu
estou arrependido. Que eu não a odiava. Que eu a amava.

 ─ Você acabou de dizer a ela, Mathew. – Skylar beijou minha mão e eu vi


que ela também tinha lágrimas nos olhos.

 ─ Eu jamais passaria por tudo isso sem você, Skylar. – respondi, mais
sincero do que nunca na minha vida. ─ Você é mais que simplesmente a
mulher que eu amo. Você é meu farol. Você me fez enxergar… você me
mostrou o caminho… você me levou de casa até a praia.

 Meu Deus, eu pareço uma novela romântica. Mas é verdade. Piegas… e o


mais perto da verdade que eu falava há muito tempo.

 ─ Você ficou naquele mar turbulento por tempo demais, Sr. Trenner. – ela
sorriu com doçura para mim. ─ É bom ver seus pés em terra firme.

 Meu Deus, eu amo você, Skylar Hayes.

 ─ Tive uma ótima ideia. – ela se iluminou de repente enquanto meus olhos
se abriam um pouco mais, absorvendo sua beleza à medida que ela meio que
se sentava, apoiada no cotovelo. ─ Por que você não liga para a Katherine e
para o Joseph agora?

 ─ Ah, não sei… – comecei a falar, não tendo certeza se estava pronto para
isso. E se eles estivessem bravos comigo ou algo assim por simplesmente ir
embora e não tentar ligar para eles durante todo esse tempo? Eu não
conseguiria suportar se ela desligasse na minha cara ou alguma coisa
igualmente terrível.

 ─ Vem, isso será bom para você. O amor é o melhor remédio, lembra? –
ela insistiu, levantando e, em seguida, retornando com meu celular, jogando-o
para mim.

 Ele bateu no meu peito e caiu ao meu lado na cama.

 ─ O que aconteceu com o Mathew corajoso? – ela afagava meu cabelo


enquanto se sentava ao meu lado de novo.

 ─ Ta bem, que saco. – eu fingi fazer cara feia para ela, em seguida sorri
enquanto buscava o nome Katherine na minha lista de contatos. ─Tomara que
o número não tenha mudado.

 Eu esperei e senti meu coração batendo com força quando o toque de
chamada soou duas vezes.

 ─ Mansão dos Trenner. Em que posso ajudar? – seu sotaque irlandês era
tão lindo, exatamente como eu sempre me lembrava. Mas ela soava cansada.

 ─ Katherine? – abri um sorriso. ─ Perdi o ônibus, você pode vir me buscar


na escola?

 Eu costumava fazer isso com ela o tempo inteiro. Ela ficava brava e me
dava a maior bronca, me falando para ser mais responsável e não matar
tempo depois da escola conversando com meus amigos ao invés de sentar
meu traseiro no ônibus na hora certa. Mas eu continuava ligando para ela
incessantemente com este pedido… e ela sempre ia me buscar.

 Ela estava arfando agora, incapaz de dizer alguma coisa… depois começou
a chorar.

 ─ Katherine, por favor… não chore… – senti as lágrimas nos meus olhos. Eu
não admitia ou me dava conta do quanto sentia falta dela.

 ─ Meu menino… – ela sussurrou, tentando recuperar sua voz. ─ Meu


menino lindo…

 Este era meu apelido, como ela sempre me chamava. Eu não me sentia
bonito há anos, e eu senti uma vergonha súbita e culpa por todas as coisas
que eu tinha feito nesses últimos anos, usando minha “beleza” para conseguir
uma vida desprezível. Mas, no momento, eu não podia me odiar ou sentir
qualquer culpa por causa disso. Eu me sentia culpado por deixar que anos se
passassem sem falar com ela, por sequer ter lhe escrito… por deixá-la sair da
minha vida.
 Nós conversamos por um bom tempo e ela me repreendeu por ir embora
naquela noite sem chegar a falar com ela primeiro. Seu espírito esquentado
estava de volta, do nada, e ela era a mãe forte e feroz que eu sempre amei.

 Eu contei tudo sobre o casamento com Tanya, e prossegui por uma
eternidade sobre Katie. Conversamos como se nunca tivéssemos passado um
minuto separados, chorando pelas tristezas da vida um do outro… e rindo
quando compartilhávamos boas lembranças aqui e ali.

 Em seguida, eu contei a ela sobre Skylar Hayes. Skylar sorria para mim e
corava enquanto eu a cobria de elogios e dizia a Katherine como ela era
importante para mim. Eu falei que Skylar me trouxera de volta à vida… e  que
eu tinha reencontrado o amor, quando eu imaginava que jamais aconteceria
duas vezes comigo na vida.

 Eu não lhe contei sobre meu tempo na Fire, ou minha vida de escravo nem
de Claire. Isso partiria seu coração e eu não podia fazer isso com ela
novamente.

 Eu pedia desculpas a ela sem parar, e ela somente se desculpava em


resposta. Ela disse que ficou com John e Sophia apenas porque sabia que eu
ligaria ou voltaria um dia. E que a razão de ela nunca ter entrado em contato
comigo era meu pai. John disse a ela que eu havia declarado que odiava todos
eles e que nunca mais queria ver a cara de nenhum deles novamente, nem
mesmo da “criadagem”, a como eu me referi, segundo ele. Como se alguma
vez eu fosse chamar ela e Joseph de criadagem. Eu tenho vontade de ir até o
Waldorf agora e acabar com a raça dele.

 Eu expliquei que nunca tinha falado aquilo, e que ela é minha mãe… e que
eu não disse aquilo o suficiente, mas, que eu a amava. Eu sempre amei.

 Nós choramos um pouco mais, enquanto ela declarava seu amor em troca.
Era bom ouvir outra vez, mas eu sempre soube que ela me amava. Cada
palavra e gesto seu pingava de amor por mim, sempre, mesmo quando ela
ficava brava comigo e me dava bronca.

 Ela brigou com ela mesma, dizendo que sabia que aquilo era estrume  e
que deveria ter imaginado.

 ─ Eu te criei para ser um menino bom. – ela fungou. ─ Eu sei como você
tem um bom coração. Me perdoe por me deixar acreditar em tal coisa.

 A ligação durou horas, mas eu me sentia tão bem, conversando com ela de
novo, que eu não conseguia me despedir. Eu fiquei com medo que ela talvez
se metesse em problemas, mas então lembrei que John e Sophia estavam em
Nova York, ela estava na casa deles, não seria pega no telefone. O patrão não
estava em casa, então ela só tinha que fazer o jantar para ela e para Joseph,
de qualquer maneira, a menos que houvesse gente nova trabalhando lá agora.
 Skylar deitou-se ao meu lado na cama, fechando os olhos, sorrindo,
desfrutando em me ouvir feliz assim após a visita dos meus pais mais cedo,
contente que sua sugestão trouxesse mais cura para meu coração.

 Katherine tentou achar Joseph para que eu pudesse falar com ele, mas ele
estava fora, cuidando de outra coisa. Ela me fez dar meu número de telefone
para ela para que pudesse me ligar novamente. Eu passei o meu celular,
simplesmente dizendo que era o melhor número para me encontrar. Eu afirmei
a ela que os queria de volta na minha vida, o quanto fosse possível. Falei que
quero conversar com eles de três a quatro vezes por semana pelo menos, se
eles não ficassem enjoados de mim.

 ─ Pare de falar essa merda. – ela falou com seu sotaque caipira. ─ Você é
meu filho, é melhor você me ligar o tempo inteiro, ou haverá o Inferno para
pagar, criança!

 ─ Eu sei, desculpe, esqueci com quem eu estava falando. – dei risada,


todos os vestígios das lágrimas de tristeza desaparecidos.

 Parecia que a chamada estava chegando ao fim… eu detestava aquilo. Mas


eu sentia como se tivesse acabado de ganhar uma pele completamente nova –
como um guerreiro num jogo de vídeo game que apenas bebia uma poção e
conseguia toda sua vida e força de volta, quando ele estava a ponto de cair
morto a um segundo atrás. Skylar tem razão, o amor é um puta remédio – um
choque de desfibrilador para o coração. Eu estava grato que finalmente tivesse
encontrado uma médica a tempo e que ela fosse capaz de me salvar.

 Eu realmente me sinto salvo. É uma sensação tão boa. Eu sei que eu tenho
bastante trabalho a fazer ainda para me libertar de Claire, mas eu não estou
com tanto medo disso, de alguma forma. Eu já estou livre.

 ─ Eu te amo, mãe. – eu falei com um sorriso aberto.

 Com um leve soluço, ela respondeu.

 ─ Eu amo VOCÊ, Mathew, meu menino.

 Eu ri abafado àquilo, vendo que ela estava certa a meu respeito. Em vários
aspectos, eu muitas vezes ainda era um menino. E me orgulhava disso.

 ─ Eu te ligo amanhã, ok? – perguntei. ─ Diga para o Joseph ficar por perto.
Depois, eu posso ficar fora da cidade por mais ou menos uma semana. Então
ligarei para vocês dentro de um pouco mais de uma semana, contando a partir
do Domingo.

 Eu odiava mentir para ela, mas eu não queria contar sobre a minha
próxima semana de escravidão à Claire e, possivelmente, arriscando minha
vida. Ela jamais me deixaria fazer aquilo, não importa o quanto pudesse ajudar
na minha vida, no final das contas. Katherine é teimosa, muito parecida com
Skylar.
 ─ Tudo bem, meu amor. – ela disse, soando muito diferente da voz que
ouvi quando ela atendeu o telefone. Ela parecia feliz, aliviada… viva
novamente.

 Sorrindo, eu acariciei a bochecha de Skylar agora, observando seus lábios


se curvarem mais nos cantos.

 ─ Falo com você em breve, mãe. – falei, um pouco mais alto que um
sussurro. Eu jamais queria dizer adeus a ela novamente, mesmo ao final de
uma ligação.

 ─ Está bem, querido. – ela respondeu. ─ Se cuide.

 Ela falava isso o tempo todo… eu quase me esqueci.

 Um caroço subiu até minha garganta e eu engasguei.

 ─ Cuidarei. Você também. Falo com você amanhã.

 Ela suspirou feliz enquanto desligava. Eu fechei meu celular e os olhos de


Skylar se abriram, como uma cortina sendo puxada, expondo pequenas janelas
no Éden.

 ─ Oi, linda. – sorri de cima para ela, enrolando um dedo lentamente numa
mecha sedosa do seu cabelo que agora parecia preto contra o travesseiro azul
pálido embaixo dele.

 ─ Eu te disse. – Skylar falou como uma criança turrona. ─ As mães sempre


amam seus filhos. Sempre.

 ─ E você sabe tudo. – fiz cócegas em suas costelas com minha outra mão
enquanto ela ria e se contorcia nas minhas garras, e acrescentei. ─ Eu não
gosto disso.

 ─ Sim, você gosta. – ela fechou os olhos de novo, descansando debaixo de


mim.

 ─ Talvez eu goste. – concordei sem muita resistência.

 Eu beijei seus lábios como se meu toque pudesse danificá-la se fosse
brusco demais.

 ─ Se você não quiser sair esta noite, nós não precisamos. – ela disse,
interpretando mal meu humor.

 ─ Ficou maluca? – sorri, e ela me olhou com espanto. ─ Estou livre de anos
de dor… eu tenho minha mãe de volta. Estou a uma semana de ser livre. Sou a
peça principal numa armação da polícia contra Claire… Eu tenho todos os tipos
de coisas para comemorar! Vamos sair! Você só não quer se arrumar toda em
roupas de mulherzinha!
 Ela riu e me deu o beijo mais apaixonado. Quase machucou minha boca,
mas eu estava 110% correspondendo ao beijo.

 ─ Eu quero comemorar também. – ela concordou. ─ Vou me arrumar.

 ─ Não, não podemos fazer isso! – os olhos de Skylar estavam vivos, com
luz e choque enquanto eu estendia minha mão para ela.

 ─ Vamos logo, Skylar. – lancei o meu sorriso mais charmoso, pegando sua
mão e a girando, segurando-a contra mim, suas costas se chocando em meu
peito. ─ Dance comigo.

 ─ Não somos convidados para isso! – ela sussurrou um grito para mim
enquanto eu dava risada, movendo meus quadris atrás do seu bumbum lindo à
medida que dançávamos com a música. Bom, eu dançava. Skylar estava
resistindo a mim de novo, a teimosa de sempre.

“The Pretender”  do Foo Fighters estava tocando. Eu amo essa música.

 Vamos lá, Skylar, se divirta… Dance comigo.

 ─ Não precisamos ser. – dei um rápido beijo nos seus lábios e posicionei
minhas mãos na sua pequena cintura e a fiz dançar um pouco, mesmo que
fosse contra sua vontade.

 ─ Mathew! – ela arregalou os olhos para mim.

 Céus, ela estava tão linda. Eu não sei de onde esse vestido surgiu, mas era
um vestidinho preto fofo e sexy. Simples e elegante, deixando à mostra suas
pernas longas e maravilhosas… realçando o seu busto primorosamente,
também. Todos os homens aqui estavam olhando para minha garota. Olhe só
para aqueles sapatos de salto alto pretos… PORRA.

 Eu saí e comprei um bom blazer mais cedo, a calça era jeans, o blazer
preto, com uma camisa vinho e uma gravata preta. Era elegante… mas
descontraído ao mesmo tempo. Skylar pareceu muito feliz comigo quando eu
saí do seu quarto vestindo isso. Ultimamente, quanto mais ela me olhava, mais
confiante eu parecia me sentir. Eu adoro esse olhar nos seus olhos quando ela
me olha agora.

 Eu estava olhando para as meias-finas de Skylar agora. Havia uma linha
fina e preta percorrendo o meio e a parte de trás de cada perna,
desaparecendo atrás do seu sapato. Eu não sabia por que, mas isso estava me
deixando maluco. É super excitante.

 ─ É um casamento, relaxe e se divirta, Skylar. – sussurrei no seu ouvido


enquanto mordia meu lábio inferior e dançava, usando minha formação de
dança profissional, esperando que ela ficasse impressionada com meus
movimentos enquanto eu dava a volta nela, e ela ficava parada, contida.
 ─ Nem conhecemos essas pessoas. – ela soltou por entre os dentes
trincados.

 ─ E daí? – sorri como um moleque. ─ Há 300 pessoas aqui. Quem vai


perceber?

 Skylar ficou vermelha e olhou em volta, como se a polícia fosse invadir a


qualquer momento e nos levar presos. Eu amo a Skylar, mas às vezes ela
pode ser certinha demais.

 ─ Eu pensei que tivesse te ensinado a ser má. – provoquei, gritando acima


da música. ─Você não é formada no Instituto Mathew Trenner para Futuras
Meninas Depravadas da América? Qual É! Dance!

 E em seguida, acrescentei um leve tapa no seu bumbum, fazendo-a gritar


e, em poucos segundos, ela estava dançando comigo. Ela era tão tímida e
adorável, ela me falou que não era uma dançarina muito boa, e que estava
com vergonha de dançar uma música agitada, sendo assim eu a peguei pelas
mãos e a movimentei comigo, silenciosamente lhe guiando.

 Eu gostaria que soubesse disso antes. Eu poderia ter lhe ensinado alguns
passos de dança. Mas eu não ligava se ela podia dançar ou não.

 Ela estava aqui comigo, se divertindo. Tudo estava certo com o mundo esta
noite.

 Eu adoro festas de casamentos. Principalmente neste lugar, chamado


Merion. O lugar era muito bonito, com muitos cômodos, todos elegantes e
luxuosos. Este salão em que estávamos agora até mesmo tinha uma cascata
num lado da parede.

 Mais tarde, quando sentamos em uma mesa grande e desocupada, duas


longas taças de champanhe foram servidas a nós. O ambiente estava escuro e
os convidados estavam dançando. Esse grupo de convidados era cheio de vida,
não uma seleção de pessoas velhas que ficavam coladas em suas cadeiras. A
animação e a diversão eram tão densas aqui que você poderia cortá-las com
uma faca. Eu já estava me divertindo muito.

 E eu fiquei feliz por trazer Skylar aqui para nosso encontro extravagante e
fino.

 ─ Eu quero fazer um brinde. – sorri, passando uma taça para ela e


pegando a minha.

 Ela corou um vermelho profundo e olhou para a toalha vermelha da mesa,


erguendo sua taça timidamente, sempre odiando ser o centro das atenções,
mesmo se estivesse sozinha comigo.

 Mas havia coisas que eu precisava dizer.


 ─ Skylar Hayes… - eu falei com uma voz baixa, mas clara. ─ Eu te trouxe a
um casamento porque é o começo das coisas, mesmo que esse seja nosso
décimo terceiro dia juntos, e pareça ser quase o fim.

 Ela baixou os olhos e eu ergui seu queixo para mim, vendo seus olhos
brilhando de tristeza me encarando de volta.

 ─ Este não é o fim, Skylar. – eu disse, fazendo meus olhos agora a olharem
com seriedade. ─ Eu quero você. Eu quero você para sempre. Você me trouxe
de volta à vida. Mesmo com todas as lições doentias de Claire, foi você que me
ensinou qual é o meu lugar. É a você que eu pertenço. E graças a você, eu
também pertenço a mim mesmo. Eu te amo, Skylar Hayes.

 Eu bati minha taça na dela e sorri, tomando um gole do melhor champagne
que já tomei na vida e a espiando, vendo-a bebendo de sua taça também.

 ─ Eu te amo, Mathew. – ela falou, tão baixinho quanto eu havia falado.

 ─ Eu sei que você está com medo. – encostei minha testa na dela,
fechando meus olhos. ─Nada que eu disser irá fazer você parar de se sentir
assim. Se eu fosse você, eu jamais me deixaria fazer isso. Mas eu preciso. Eu
preciso me impor a ela. Eu preciso enfrentá-la e dizer NÃO a ela. Finalmente.
Não. Mesmo que eu não tivesse outros motivos para voltar lá… eu iria querer
fazer isso. Eu vou ter que fingir por alguns dias antes de poder procurar pistas
pela boate… mas esse é um preço que estou disposto a pagar para acabar com
isto de uma vez por todas. Por favor, diga que você entende. Você sempre me
entende.

 Após uma pausa, ela me beijou e disse:

 ─ Eu entendo.

 ─ Minha luz… – falei num sussurro, vendo um farol em minha cabeça


novamente. Eu tenho certeza que eu não seria o único para quem sua luz
mostraria o caminho. Ela ia ajudar milhares de pessoas durante sua vida. Eu
apenas sou o primeiro. Eu estava honrado pelo privilégio.

 Eu a estava beijando sem sequer buscar ar em seguida… e quase me


esqueci que estávamos em um salão repleto de pessoas quando a comida
começou a nos ser servida. Nós comemos filé mignon e lagosta, junto com
cerca de cinquenta diferentes aperitivos. Eu me sentia como se não tivesse
comido por um ano enquanto traçava cada coisa que traziam para a gente.
Skylar comia como um passarinho, olhando para mim e rindo para si mesma.
Eu sei, eu como feito um porco. Me processe. Eu não consigo refeições boas e
fartas assim com muita frequência.

 Em pouco tempo, um grupo de pessoas realmente divertido nos fez


companhia em nossa mesa, enquanto comiam, contavam piadas e riam sem
uma preocupação no mundo. Eles nos perguntaram, de um modo muito
amigável, com quem tínhamos ligação, com o noivo ou a noiva. Nós dissemos
que com a noiva. Ela estava muito bonita em seu vestido de seda branco
moderno, seus cabelos castanhos perfeitamente presos em um coque.

 Na mesma hora, fomos aceitos e incluídos na conversa. Nós demos risadas
e nos divertimos muito com nossos novos amigos. Skylar até começou a
relaxar e rir um pouquinho. Eu controlei sua ingestão de álcool, ela estava se
comportando muito bem, bebendo refrigerante agora ao invés de bebidas
fortes. O champagne foi a única bebida alcoólica que ela tinha experimentado.

 Tivemos todo o divertimento tolo de uma recepção de casamento. Nós


fizemos as danças da galinha, do electric slide e da corrente; nos jogamos na
festa e rimos como bobos durante tudo.

 Meu paletó ficou na minha cadeira a maior parte de tempo nesta noite e,
algumas vezes, outras garotas tentaram se aproximar de mim e dançar, mas
Skylar era um cão de guarda.

 Ela fazia o terror pra cima de qualquer mulher que me secasse mesmo de
longe. Porém, ela mantinha sua dignidade e classe.

 Eu adorava dançar na frente de Skylar. Ela me observava como se eu fosse


a coisa mais atraente em que ela já tivesse botado os olhos enquanto eu me
movia ao redor dela. Eu já fui cobiçado e agarrado, tive centenas de olhos
concentrados na minha virilha enquanto dançava.

 Mas os olhos dela me faziam sentir especial. Eu sou especial. Eu sou o pai
de Katie… sou o homem da Skylar. Eu sou especial. E acredito nisso agora.

 Quando chegou a hora da noiva jogar o buquê, Skylar não quis participar.
Eu ri e me perguntei por quê, e ela respondeu sem eu ter que perguntar.

 ─ Meu pai definitivamente acabaria com nós dois se eu dissesse qualquer


coisa a respeito de casamento agora. – ela sorriu, depois acrescentou
rapidamente. ─ Não que eu não te ame e fosse adorar me casar com você um
dia.

 ─ Mas isso é um grande passo. – eu terminei seu pensamento, não


querendo parecer irritado ou aborrecido.

 Ela olhou para mim e eu expliquei.

 ─ Há muitas coisas que precisamos fazer antes de chegarmos a esse ponto,


eu sei disso. – eu falei. ─ Você ainda tem a faculdade e sua carreira para
começar. Eu tenho uma vida para reconstruir e uma filha que eu preciso
conhecer outra vez. Sem mencionar que eu tenho que descobrir o que vai ser
da minha vida uma vez que eu desistir da minha carreira ilustre
de entertainer  exótico.

 Eu ri e ela me acompanhou, aliviada que eu não estivesse a pedindo em


casamento ainda.
 ─ Nós vamos descobrir tudo isso, Skylar. – eu disse. ─ Juntos. Eu não
estou te apressando. Eu não vou a lugar algum.

 Espere. Não vou? Eu não vou para a Flórida depois que me livrar da Claire?
Eu não posso simplesmente ligar para o Ben e falar, “Eu quero a Katie, traga-a
para mim, por favor, obrigado por cuidar dela durante todos esses anos,
tchau.” Eu teria que viver com Ben e Angela se quisesse ser parte da vida de
Katie novamente. Ela os ama, como eu amo Katherine e Joseph. Não é justo
da minha parte arrancá-la daquela casa… daquela família. Eu tenho que me
juntar a eles, não levá-la embora.

 E Skylar tem a faculdade aqui. Ela quer que sua carreira seja aqui, em
Nova York. Tendo nunca o pensamento de liberdade sido uma opção para mim,
eu nunca considerei tudo isto, até agora. Merda. Como isso vai funcionar?

 O rosto de Skylar parecia um pouco triste para mim, e eu me perguntei se


ela estava pensando a mesma coisa que eu. William estaria de acordo com
isso? Era outra pergunta que eu estava me fazendo. Nosso começo não é
exatamente o que os pais sonham quando pensam no companheiro perfeito
para suas filhas. Há muito mais obstáculos diante de nós do que apenas Claire.

 Não falamos por um tempo, nos sentamos e escutamos a música. Skylar


foi ao banheiro e voltou com um pequeno sorriso no rosto.

 ─ O que foi? – perguntei, querendo saber o por quê dela estava sorrindo
agora.

─ Nada. – ela corou. ─ Meu Deus, será que uma garota não pode nem ir ao
banheiro?

 Eu estreitei os olhos, já desconfiado. Skylar não é boa atriz.

 Passamos mais um tempo na pista de dança, dançando algumas músicas


lentas, e uma mais rápida. Skylar gostava mais das lentas, não muito fã de
danças agitadas, a menos que isso significasse que meus quadris estariam se
esfregando nos seus. Ela gostava da minha versão de dança depravada.

 A música que estávamos dançando agora acabou e nós aplaudimos,


esperando a próxima.

 O DJ falou em seu microfone.

 ─ A próxima é um pedido, dedicada a Mathew, com amor Skylar.

 Ela ficou roxa de vergonha enquanto eu semicerrava os olhos para ela.

Ela se aproximou de mim e colocou os braços em volta do meu pescoço


enquanto eu tocava sua cintura, ouvindo a música começar.

 The Pretenders começou a tocar… “I’ll Stand By You”.


 ─ ♪♪ Awww… ♪♪ – ela começou. ─ ♪♪ “Why you look so sad? The tears are
in your eyes…Come on and come to me, now.”

“Don’t… be ashamed to cry. Let me see you through. Cause I’ve seen the
dark side, too.” ♪♪

Lágrimas já se formavam em meus olhos, ouvindo as palavras. Em um


segundo, eu estava de volta a casa da Dra. Skylar, chorando enquanto ela
lutava pela primeira vez para começar a bater seu martelo nas minhas
paredes… minha prisão.

 Eu me lembro de esticar o meu corpo seminu no sofá, esperando que ela
aprovasse meu físico, rezando para que ela não fuçasse minha cabeça.
Lembrei-me da expressão frustrada e severa de Skylar enquanto eu evitava
suas perguntas, e dando a história do Super-Homem quando ela me perguntou
sobre meus pais.

 Skylar me abraçou com força e a ouvi chorar também, recordando, como


eu.

♪♪ “When the night falls on you…don’t know what to do…nothing you


confess…could make me love you less…I’ll stand by you. I’ll stand by you.
Won’t let nobody hurt you. I’ll stand by you.“ ♪♪

 Como um filme, eu estava vendo cada momento nosso juntos, desde o


começo. Deus, essa letra combinava com a gente. Ela é perfeita, como se
fosse escrita para nós.

 Eu quase ri de como eu era no início… e o que eu era agora. Eu me vi,


tirando minha camisa, enfiando-a na minha calça jeans como um avental,
preparando para ela o Omelete do Mathew pela primeira vez enquanto seu
queixo atingia o chão. Eu me ouvi, no passado, naquele dia, dizendo, “Respire,
Skylar.”

♪♪ ”So…if you’re mad – GET MAD. Don’t hold it all inside, come on and talk
to me, now. And hey, what you got to hide? I get angry, too. Bet I’m a lot like
you.“ ♪♪

Skylar estava cantando em meu ouvido e eu senti uma lágrima cair dos
meus olhos, me sentindo tão sensível repentinamente, porém agora, não me
importando com quem visse, não escondendo e nem nada dela.

 Agora eu estava vendado, recebendo tapas de Skylar enquanto ela fingia


ser a Claire, me obrigando a me comunicar com minha raiva interior, e me
ouvi no passado, de novo, gritando, “Tire a porra das suas mãos de mim!” E
me lembrei de como foi bom deixar aquilo sair, de vocalizar meu veneno e
meus verdadeiros sentimentos pela minha dona.

 Eu me lembrei de chutar a porta do seu banheiro, a resgatando da bruxa-


banheiro que a trancou lá dentro naquele dia. Eu sorri, visualizando ela caindo
de cara no chão, sobre seus seios, no chão do seu quarto, e engatinhando
pelada até o banheiro.

 Então eu estava na minha jaula de vampiro, na boate, enfiando o notebook


dela na minha calça enquanto ela entrava em pânico, tentando esticar suas
mãos dentro da minha cela mortífera.

 Lembrei de mim pedindo a Skylar para me acompanhar até o quarto


privativo, sentindo o suor da sua palma enquanto a guiava para ser
despertada, ou assim eu pensava na época.

♪♪ ”When you’re standing at the crossroads, and don’t know which path to
choose…let me come along.“ ♪♪

 A música continuava.

♪♪ ”Cause even if you’re wrong…I’ll stand by you. I’ll stand by you. Won’t
let nobody hurt you. I’ll stand by you. Take me into your darkest hour…and I’ll
never desert you. I’ll stand by you.“ ♪♪

 Skylar estava cantando para mim… cada palavra. Eu podia vê-la na grama,
nua embaixo de mim. Eu vi sua risada enquanto andávamos pelas ruas de
Nova York juntos… Eu senti sua pele e o óleo como se a estivesse
massageando agora mesmo pela primeira vez. Eu podia vê-la no chuveiro, me
deixando lavar seu belo corpo.

 Eu a vi na chuva, no beco atrás da Fire, enquanto ela gritava que me


amava, seus olhos cheios de fúria. Eu sentia suas mãos nas minhas costas,
cuidando dos meus ferimentos depois da minha noite com a Raven.

 “Você tem sido negligenciada, Skylar… mas eu estou aqui agora.” Eu me


ouvi dizendo para ela naquela noite no chuveiro.

 Eu até mesmo a vi engasgando com Coca-Cola no melhor restaurante


Chinês de Nova York.

♪♪ ”And when, when the night falls on you, baby. You’re feeling all alone,
wandering on your own, I’ll stand by you, I’ll stand by you. Won’t let nobody
hurt you. I’ll stand by you. Take me into your darkest hour. And I’ll never
desert you…I’ll stand by you.“ ♪♪

 ─ Eu te amo, Skylar. – enterrei meu rosto no seu pescoço e balançamos


nos braços um do outro, deixando a música tornar-se fraca aos poucos
enquanto continuávamos dançando… ainda a escutando em nossos corações.

 ─ Eu também te amo, Mathew. – ela falou, olhando diretamente nos meus


olhos enquanto os convidados a nossa volta dançavam. Mas para mim, o
mundo todo era apenas ela e eu. E era perfeito. Nós nos beijamos como se
fosse a primeira vez.
 ─ Achei que era melhor dedicar para você, do que cantar  para você. – ela
brincou mais tarde.

 ─ Sim, obrigado por isso. – retribuí a brincadeira, ganhando um tapa nas


minhas costas.

 Dançamos por mais algumas horas e comemos ainda mais. Meus olhos
nunca deixaram Skylar. Não existia nenhuma outra mulher no salão para mim
a não ser ela agora. E para mim, isso dizia muito. Eu costumava trabalhar em
lugares assim sem fazer nenhum esforço.

 Agora eu mal consigo reconhecer outras mulheres.

 Um tempo depois, eu tinha conseguido escapar de Skylar e dar alguns


dólares ao DJ para me anunciar. Eu estava sentado no belo piano no canto, no
escuro.

 ─ Certo, queremos todos na pista de dança agora. – o DJ avisou. ─ Essa é


a ultima dança lenta da noite. Casais… cheguem aqui. Será ótimo. Mathew, um
amigo da noiva… irá tocar para nós, “You Raise Me Up” (♪♪).

 Eu quase briguei com ele, eu queria que fosse uma surpresa o que eu
tocaria para Skylar.

 Vamos lá, dedos, não esqueçam suas manhas. Não estraguem tudo.

 Eu toquei, e o salão ficou totalmente em silêncio. Casais foram para a


pista, lentamente se movendo juntos enquanto eu sorria, feliz que minhas
mãos estivessem cooperando esta noite.

♪♪ "When I am down, and hold my soul so weary…

(Quando eu estou abatido, e minha alma tão cansada)

When troubles come and my heart burdens me…”

(Quando preocupações surgem e meu coração fica carregado) ♪♪

 Eu cantei e ninguém estava fazendo nenhuma careta de desgosto, então


continuei, olhando na direção de Skylar, eu estava sentado, pelo menos a
deixando ver meu rosto, se eu não pudesse ver o dela.

♪♪ “Then I am still and wait here, in the silence…


(Então eu me acalmo e espero aqui em silêncio)

Until you come and sit awhile with me.

(Até você vir e sentar-se por algum tempo comigo)

You raise me up so I can stand on mountains.

(Você me levanta de modo que eu posso ficar em pé sobre montanhas)

You raise me up to walk on stormy seas.

(Você me levanta para andar em mares tempestuosos)

I am strong when I am on your shoulders.

(Eu sou forte quando estou em seus ombros)

You raise me up…to more than I can be.”

(Você me levanta, mais do que eu posso ser) ♪♪

─ Venha para mim, Skylar. – eu falei em seguida no microfone e as


mulheres gritaram sua aprovação, enquanto eu tocava as notas e melodias
após aqueles trechos.

 Em meio minuto, Skylar estava sentada ao meu lado no banco, lágrimas
caindo em suas bochechas enquanto eu me inclinava e beijava seu rosto
molhado, sem tirar minhas mãos das teclas, e recebemos um pouco de
aplausos à medida que eu seguia com a música.

♪♪ “You raise me up so I can stand on mountains

(Você me levanta de modo que eu posso ficar em pé sobre montanhas)

You raise me up to walk on stormy seas.

(Você me levanta para andar em mares tempestuosos)

I am strong when I am on your shoulders.

(Eu sou forte quando estou em seus ombros)

You raise me up to more than I can be.”

(Você me levanta para ser mais do que eu posso ser) ♪♪


Agora o refrão podia ser cantado mais alto, ao invés de suavemente, como
antes.

♪♪ “You raise me up so I can stand on mountains

(Você me levanta de modo que eu posso ficar em pé sobre montanhas)

You raise me up to walk on stormy seas.

(Você me levanta para andar em mares tempestuosos)

I am strong when I am on your shoulders.

(Eu sou forte quando estou em seus ombros)

You raise me up to more than I can be.”

(Você me levanta para ser mais do que eu posso ser) ♪♪

Eu olhei para Skylar e toquei, cantando bem suave agora.

♪♪ “You raise me up to more than I can be.”

(Você me levanta para ser mais do que eu posso ser) ♪♪

Ela me beijou com força depois que minhas notas finais no piano foram
tocadas, e recebemos uma estrondosa rodada de aplausos. Eu não podia ter
certeza, mas acho que posso ter até ficado um pouco vermelho.

 Obrigado pelas aulas, Joseph… Pai.

 ─ Você é o melhor cantor. – Skylar estava dizendo mais tarde enquanto


caminhávamos para casa. Ela estava segurando uma rosa vermelha que roubei
para ela de um dos enfeites de mesa, balançando ao seu lado enquanto
curtíamos o ar da noite.

 Eu tinha que admitir, eu adorava caminhar tarde assim da noite. É quase
como se tudo estivesse dormindo. Os prédios, o trânsito, o barulho. Está tão
tranquilo e silencioso agora. Eu adoro a tranquilidade e o silêncio. Eu detesto
barulho.
 Eu ri do seu elogio, sacudindo minha cabeça e dizendo.

 ─ Josh Groban estava provavelmente tendo uma convulsão enquanto eu


estava fazendo aquele número.

 Skylar riu e olhou para mim enquanto a brisa dançava em volta do seu
cabelo.

 ─ Não, não estava. – ela sorriu. ─ Você é ótimo. Você me fez chorar, você
foi tão bom. Você devia pensar a respeito de uma carreira na música. Eu
compraria o seu CD. Ou… baixaria no itunes.

 ─ Você é um pouco tendenciosa, Skylar. – sorri. ─ Mas obrigado. Eu não


tocava fazia bastante tempo. Eu tinha certeza que ia fracassar e me humilhar.

 ─ Não é como se um bando de convidados de casamento fosse capaz de te


dizer se você fracassasse. – Skylar respondeu.

 ─ Obrigado de novo. – fingi estar insultado enquanto ela gargalhava.

 ─ Não falei nesse sentido. – ela disse. ─ Sério. Você estava maravilhoso.
Você sempre está maravilhoso.

 Eu sorri e coloquei minhas mãos nos bolsos do meu paletó, esperando o
momento certo enquanto andávamos para casa.

 ─ Então, amanhã é domingo. – comecei, nem mesmo querendo pensar na


noite de amanhã. ─ E você pode escolher o que vamos fazer. Qualquer coisa
que você quiser.

 ─ Hmmm… – ela tentou parecer tranquila sobre isso. ─ Eu não sei. Vou ter
que pensar nisso. É nosso aniversário de duas semanas. É muito especial.

 ─ Todos os dias com você são especiais. – corrigi, seguro de cada palavra,
pegando sua mão na minha, perto de casa.

Capítulo 26 

Skylar POV
 — Ugh! – Mathew gritava ao mesmo tempo em que cravava suas unhas
nos braços da cadeira favorita da Dra. Skylar. — Isso, me fode! Ugh ! Não
pare! Caralho!

Acho que isso significa que ele gosta desta posição. Eu não estava falando
nada, apenas gemendo, coberta de suor, sentada no colo de Mathew 
enquanto mexia meu quadril sobre seu pênis de aço. Minhas pernas doíam,
meus joelhos latejavam e meu corpo estava absolutamente exausto … Mas eu
não podia parar. Este foi o melhor sexo que eu já tive e eu não queria que
acabasse. Eu notei o sol começando a nascer, pela janela da sala de estar, e
senti uma pontada de dor no meu peito.

14º dia

Hoje é domingo.

Os dedos de Mathew se apertaram em volta dos meus braços, bem acima


do cotovelo, enquanto ele me impulsionava com força para frente e para trás,
o som do choque do meu traseiro em sua pélvis era tão molhado e excitante…
Céus, eu acho que meu cabelo está até suando!

 Thumper. É mesmo o seu nome!

 Seu membro está atingindo lugares no meu corpo que eu nem sabia que
estavam ali!

“PORRA, VOCÊ ESTÁ NAS MINHAS GARRAS AGORA, GAROTA…”

 Nunca uma frase foi mais verdadeira que essa que Mathew havia dito para
mim no começo do nosso tempo juntos… e lembrar disso estava me fazendo
gozar, somado aos gemidos selvagens vindos de Mathew atrás de mim.

 Pegue essa terapia, Trenner. Dra. Skylar vai deixar tudo melhor agora.

 Deus, eu sou uma desvirtuada Dra. Devassa. Eu me adoro desse jeito.

 Eu ouvi um som um tanto estridente de Mathew e por pouco não ri.

 Mas eu estava muito ocupada tendo o que parecia um ataque de asma.

 Minha garganta estava tão seca e eu mal conseguia engolir. Isso não era
bom, principalmente perto deste ser atrás de mim. Ele adora lubrificar minha
garganta.

 Eu sentia se aproximar agora… minha poltrona estava rangendo por


misericórdia enquanto eu me senti ultrapassar completamente a barreira,
uivando e gritando como uma puta de esquina.
 Eu adoro o cheiro de esperma-Trenner pela manhã. Vamos lá, Mathew… se
renda.

 — Oh PORRA! – ele estava berrando. — PUTA QUE PARIU! VADIA HAYES


DO CARALHO!

 Tá legal, agora eu ia rir, mas faria isso baixinho para não constrangê-lo.

Não que ele fosse me ouvir acima dos seus próprios gritos de palavrões.

 Mathew adora xingar quando está gozando. Não fico nada ofendida. Eu sou
uma Vadia Hayes, afinal de contas.

 Eu jamais gritei, “Comedor de Primeira Trenner” quando atingi o orgasmo.


Eu me pergunto o que ele faria se eu tentasse isso mais tarde. Guardando essa
nota para futura referência…

 Com uma investida ele se enterrou mais fundo em mim enquanto se


libertava, puxando meus pulsos para trás com mais força, mantendo-os ali à
medida que chegava lá, a umidade quente enchendo a camisinha dentro de
mim.

 Puta merda. Minhas pernas… elas estão tremendo. Eu me sinto como um


cavalo à espera de ser sacrificado. Porém, um cavalo sorrindo à espera de ser
sacrificado.

 Posso ouvir Mathew atrás de mim lutando por ar. Eu espero que agora o
seu suor esteja impregnado na minha poltrona. Eu vou adorar senti-lo toda vez
que me sentar aqui. Eu consigo me visualizar ficando excitada, sentada aqui
enquanto assisto desenho animado ou algo igualmente ruim na na próxima
semana.

 Eu permanecia engolindo em seco, me perguntando para onde toda a


minha saliva tinha ido enquanto Mathew enroscava os braços em volta da
minha cintura, seu peito arfante nas minhas costas, e descansava sua
bochecha ali, seus lábios preguiçosos tentando dar beijos.

 Eu amo quando o Mathew fica por trás. Eu amo tanto, tanto!

 Após um longo jogo de quem-consegue-recuperar-o-fôlego-primeiro,


Mathew falou.

 — Acho que você tem razão. – ele sussurrou. — Essa é a melhor posição, o
melhor lugar da casa.

 — Eu te disse. – eu engoli, sentindo uma dor seca na garganta. — Mas


você sempre tem que discutir.
 — Tinha que ser feito. – ele engoliu em seco. — Para o bem da ciência, era
melhor testar todas as áreas… e todas as posições. Agora nós temos
resultados comprovados.

 Eu estava prestes a responder com um sorriso sacana quando seus dedos
se fecharam no meu cabelo molhado e ele puxou minha cabeça com força para
trás, até os seus lábios.

 — Vai dizer que você não gostou dessa pesquisa extensiva. – desafiou ele.

 — Eu gostei. – eu consegui dizer. — Minha nossa, como eu gostei!

 — Aprofundá-la é o inferno. – ele soltou meu cabelo, empurrando minha


cabeça um pouco rudemente. — Mas vale a pena.

 Seus quadris impulsionaram para cima e ele ordenou.

 — Limpe o amigo aqui.

 Mas que ousadia! Ele acabou de me dar uma ordem? Homens. Eles adoram
se sentir no comando. Que gracinha da parte dele. Pelo bem do dia, eu farei
sua vontade. Mas ele terá o dele mais tarde. A vingança é um prato que se
come frio.

 O que aconteceu com aquele homem submisso que eu adquiri?

 Eu me afastei do seu pênis e ele estremeceu e soltou um pequeno


resmungo com o movimento. Caindo nos meus joelhos, eu me virei de frente
para ele, tirando a camisinha cuidadosamente, o colocando sobre o guia da TV
na minha mesinha de centro, bem em cima do rosto sorridente do Presidente
Obama.

 Oh não, isso não está certo. Eu irei passá-lo para a cara da Sra. Obama.
Não posso fazer isso também. Eu adoro eles. Eles são tão legais. Eu abri o guia
e encontrei a cara do Ryan Seacrest. Perfeito. Seacrest – fora. Ou eu deveria
dizer dentro?

 — Que porra você está FAZENDO? – Mathew, o imbecil, espiou por cima de
mim.

 Céus, alguém está todo mal humorado após acabar de fazer sexo até
esfolar e suar igual um porco a noite toda! É isso? Será que isso significa que a
lua-de-mel está oficialmente acabada agora? Será que é duas semanas o
tempo que leva para um homem passar de Sawyer de Lost para Dan Conner
de Roseanne?

 Essas são as coisas que nunca te contam nos filmes da Meg Ryan e do Tom
Hanks. Hmph.

 Eu estou tão  prestes a mordê-lo. Totalmente por acidente, é claro.


 Eu lambi, não muito fã de esperma frio. Mas faz 27ºC do lado de fora hoje,
então eu acho que posso lidar com isso.

 — Mmmmm. – Mathew cantarolava para si mesmo. Tudo é só alegria agora


na Mathewlândia. Os homens são tão fáceis às vezes. De repente eu me
lembrei de um bebê chorando que tinha acabado de receber uma mamadeira e
suspirava todo contente.

Oh, eu ainda te amo, seu cretino. Sorte sua. Agora seja mais legal comigo.

 E aqui vem.

 — Eu amo a sua língua. – ele falou de maneira sonhadora, seus olhos


fechados.

 Você vai adorar os meus dentes, então.

 — OW! – ele pulou. — Skylar…

 — Desculpa. – eu arfei. — Você está bem?

 — Sim. – ele franziu a testa por um segundo, fechando os olhos de novo.


— Só tenha cuidado. Está muito sensível agora. Sem dentes, por favor.

 — Me desculpe, querido. – eu falei em um tom bastante solene e beijei e


lambi a glande com muita reverência, um sorriso perverso na minha boca que
ninguém jamais conseguiria ver. Somente eu e Deus… ou o Satã sabíamos do
nosso “acidente”.

 — Está tudo bem, Skylar… – ele me “perdoou”, sua voz de volta ao seu
tom carinhoso enquanto seus dedos brincavam em meu cabelo. — Eu adoro
quando você me machuca.

 Isso é fascinante para mim. Você percebe que se nós mulheres


pudéssemos descobrir como manter os homens domesticados assim o tempo
inteiro, poderíamos dominar esse mundo para sempre? Talvez possamos criar
algum tipo de dispositivo para injetar em seus testículos quando eles nascem…
essa poderia ser uma ideia que mudaria o mundo. Será que é errado usar o
pênis de Mathew para futura dominação do mundo? Aposto que se eu pedisse
permissão para ele agora mesmo ele diria sim. Eu aposto que se eu pedisse
uma ilha  para ele neste momento ele diria sim.

 — Ele está totalmente limpo e pronto para seu dia. – eu anunciei depois
que terminei.

 Mathew soltou um suspiro muito satisfeito e quando olhei para cima ele
estava, novamente, tão lindo. Eu adoro tudo em seu rosto… mmm, que visão.
Eu reparei que as marcas de chicote de Mathew estavam começando a
clarear um pouco… agora eram marcas rosadas, e não vermelhas mais, e
todas estavam cicatrizadas.

 Eu beijei a parte interna da coxa de Mathew, ouvindo-o ronronar de novo


enquanto afundava mais na minha poltrona, não muito interessado em
levantar.

 — E eu? – eu levantei uma sobrancelha para ele, me perguntando se eu


receberia uma limpeza.

 — E você? – ele provocou, se fazendo de bobo.

 — A Sra. Frankie pode precisar se refrescar um pouquinho também, você


sabe. – eu sorri maliciosamente.

 — Hmm. – ele ficou em pé e me levantou, e em um segundo minha barriga


estava descansando no seu ombro nu. Ele me carregou até a cozinha e pegou
uma maçã  para mim, a levando até minha boca e dizendo. — Morda

 Eu a mordi, ouvindo o estalo da casca. Eu comi um pedaço grande dela,


mastigando enquanto ele mordia o mesmo lugar que eu tinha acabado de
comer.

 — Mmmm, que gostoso. – ele comentou, me levando em direção ao


banheiro. — Quero que toda a minha comida agora tenha o sabor de Skylar.

 — É só esfregá-la no meio das minhas pernas, então. – eu ousei, rindo da


minha declaração atrevida enquanto ele soltava uma grande gargalhada,
empurrando a porta do banheiro.

 — Sua coisinha devassa. – ele mastigava. — Eu acho que você nem quer
ser limpa!

 Ele pousou os meus pés no chuveiro e ficou do lado de fora, ligando a


água, e de imediato a água gelada caiu em disparada sobre mim.

 — AAAAH! – eu gritei igual a mulher em Psicose.

 Rapidamente, Mathew tentou virar a chave, seu rosto retorcido em horror


quando ele percebeu o que tinha feito. Dessa vez a água quente saiu, mas
quando eu abri meus olhos e olhei para ele, ficou claro que eu estava fazendo
um bom trabalho em parecer brava, a contar pelo seu rosto pálido e assustado
me encarando de volta.

 — Me desculpe, Skylar. – ele começou a dizer, mas então explodiu em


risadas. Eu tentei permanecer furiosa, mas ele fica muito bonitinho quando ri.
Isso me lembrou do dia em que quase fui com meu roupão para a faculdade. A
mesma gargalhada, as mesmas lágrimas nos olhos de tanto que ele estava
rindo.
 Que se dane, eu te amo, seu vagabundo. Você é o meu  brinquedo agora.
De mais ninguém.

 — Venha aqui e sirva-me. – estiquei o braço, puxando seu rosto para o


meu, violentando aqueles lábios amuados e misteriosos.

 — Deus… sim… – ele resmungou em meio a meu beijo brusco.

 — Porra, você está nas minhas garras agora. – sussurrei.

 Mathew soltou uma grande respiração e gemeu. Ele, caramba, gemeu!


Acho que ele gosta disso, de eu estar no controle dele, sendo um pouquinho
malvada.

 Eu tomei a maçã da sua mão e decidi que agora ela era minha. Ele tinha
trabalho a fazer.

 Agora ele se encontrava no chuveiro comigo e fechei a porta do box com


um baque forte enquanto o puxava para baixo, abrindo as minhas pernas que
nem a Mulher Maravilha.

 — Faça um bom trabalho. – exigi enquanto a água relaxava minhas pernas


e joelhos, e eu vi seu sorriso quando ele desapareceu embaixo de mim.

 — Sim, Skylar. – ele sussurrou, dando uma mordida forte no meu lábio
direito.

 Eu berrei, estremecendo enquanto a água quente escorria em mim.

 — Oh, desculpa, querida. Você está BEM? – ele fingiu estar super
arrependido igual eu tinha feito com ele a um minuto atrás, e sorriu para mim,
me deixando ciente do fato de que ele sabia que eu tinha dado uma mordida
no Frankencock de propósito. Droga.

 Certo, agora estamos quites. Nada de mordidas mais. A menos que eu


peça por elas.

 — Ela pensa que é boa atriz. – Mathew murmurou enquanto desfrutava da


sua vingança, e agora estava ficando inundado pela água, lambendo e
afagando meu sexo acalorado.

 Ele estava indo tão bem e sendo tão malditamente meticuloso, como
sempre, que eu não sei por que motivo veio a minha cabeça fazer o que eu
estava prestes a fazer a seguir. Talvez eu só quisesse uma pequena vingança
pessoal.

 Eu tirei o chuveirinho do suporte e sorri como o Lúcifer, apontando o jato


de água quente para suas costas, até sua bunda magnífica enquanto ele
gemia, agradecendo-me sem usar palavras por compartilhar a água.
 Então eu girei a chave totalmente para o F à direita. Aproveite a água fria,
baby.

Mathew soltou um grito que poderia rivalizar com aquele do Nathan Lane no
filme A Gaiola das Loucas  e eu rezei que seus dentes não se fechassem na
carne frágil e sensível entre as minhas pernas.

 Ele se afastou abruptamente, atingindo a porta do chuveiro com o ombro,


e a desgraçada voou para fora dos seus trilhos, aterrissando sobre o vaso
sanitário, descansando na pia ao lado.

 Eu gritei, pensando que ele podia ter se machucado, mas ao invés disso ele
tomou o chuveirinho de mim e, com olhos endiabrados, o apontou para minha
cara.

 Eu não sei como, mas eu fugi e estava correndo para fora do banheiro
como se minha vida dependesse disso, um Trenner ensopado e pelado estava
em meu encalço enquanto eu gritava e parava do outro lado da poltrona, o
único lugar que eu poderia realmente tentar me esconder.

 Ele estava do outro oposto, cerrando os dentes, o cabelo escuro e molhado


caindo nos seus olhos, seu rosto glorioso e cheio de fogo - considerando que
ele estava determinado a me pegar e, possivelmente, me punir.

 Eu tentei passar a perna nele e fingir que iria correr para a direita… depois
para a esquerda… e então para direita novamente. Ele se movia comigo, como
se fossemos uma imagem espelhada, ele era rápido e ágil e eu não escaparia,
não importa para que lado eu fosse.

Meu cabelo estava pingando, assim como nossos corpos, mas não nos
importamos. Isso era guerra.

 — Você acha que vai passar por mim? – ele uniu as sobrancelhas e, em
seguida, deixou um sorriso crescer em seu rosto.

 — Eu só estava brincando. – ofeguei. — Você sabe disso, não é?

 — Oh, sim. – o sorriso perverso ainda estava ali. — Eu sei disso, meu
docinho de coco. É apenas um jogo… você não precisa ficar com medo de MIM.

 Oh, merda. Eu estou morta. Nota mental: Não espirrar água gelada em
Mathew. Ele não parece gostar disso.

 Onde está o Mathew frágil e doce que sempre me perguntava se estava


tudo bem comigo?

 — Lembre-se, Mathew, você ainda me pertence. – lembrei, desesperada


por qualquer trégua que eu pudesse formar. — Você disse que eu estava no
comando, lembra? Você disse que faria qualquer coisa que eu quisesse.
 Seus olhos tornaram-se letais e aquele sorriso… Minha pessoa é puro
medo!

 — Isso foi antes. – ele disse de modo ameaçador. — Agora é outra história.
EU ESTOU NO COMANDO.

 Porra! O Rei Mathew chegou e ele está puto da cara! Corram, camponeses,
corram! Muito obrigada, Dra. Skylar!

 Eu gritei e corri por cima do sofá para tentar chegar ao quarto, mas antes
que eu pudesse pousar meus pés no chão, ele estava em cima de mim. Ele
ataca como um gato. DROGA! Eu preciso começar a malhar.

 — NÃÃO! – eu gritava. — NÃÃOO!

 — Porra, eu estou tão duro neste exato momento! – ele rosnou enquanto
imobilizava meu corpo no chão do meu quarto, meu nariz molhado encostado
à madeira. Seu braço estava apoiado na minha nuca, seu membro rijo
pressionando minha bunda, ele parecia apenas ligeiramente sem fôlego. Eu
não ia escapar.

 Parabéns, Mathew. Vida longa ao Frankencock.

 Ele arfava atrás de mim e puxou meus braços para trás, dobrando-os nas
minhas costas, quase dolorosamente.

 — Com os seios no chão de novo, Skylar Má. – ele me repreendeu no meu


ouvido enquanto eu aguardava sua ira. — Você realmente pensa que pode
fugir de mim?

 Eu não me atrevi a retrucar. Eu estava fitando o chão duro de madeira,


observando as gotas de água do meu longo cabelo caírem nele. Eu posso
sentir seu corpo molhado sobre o meu, seu cabelo gotejando algumas gotas de
água fria nas minhas costas, seu hálito quente fazendo cócegas na minha
nuca.

 — Eu ando pegando muito leve com você. – ele falou entre dentes. — Você
está mal acostumada.

 Eu pensei que talvez ele me desse umas palmadas e, no fundo, eu queria
aquilo. Eu não estava sequer cogitando o que ele tinha em mente até…

 Seus dedos se enterraram nas minhas nádegas e ele as separou e,


pressionando a cabeça do seu membro na minha entrada de trás, ele esperou
e senti meus olhos arregalarem, minha boca escancarar, apenas sons roucos
saindo.

 — Diga suas palavras, Skylar Hayes. – ele disse sedutoramente, porém de


forma perigosa. — Se tiver coragem.
 Eu quase as disse. LO MEIN… LO MEIN… meu cérebro estava gritando para
eu dizê-las. Não. Não no último dia… não depois do quanto eu aprendi e
cresci… não agora. Eu não estava pronta para me tornar a Skylar puritana
novamente. Eu nunca mais seria ela.

 — Vá se foder! – eu falei, esperando que ele soubesse que isso significava


que eu ainda era a Skylar sexy e ousada.

 — Não, Skylar… – ele afagou meu cabelo e falou com uma voz de anjo. —
Eu vou foder VOCÊ.

 E, lentamente, ele abriu caminho pela minha entrada apertada com seu
membro e eu soltei um grito gutural. Eu senti lágrimas nos meus olhos.

 Diga lo mein… diga! Não! Cai fora!

 Ele agarrou e puxou meu cabelo.

 — Fica quieta. – ele mandou. — Relaxe. Eu não vou me mexer. Não fique
tensa. Assim. Boa menina.

 Eu chorava baixinho, não querendo assustá-lo. Eu ofegava e tentava seguir


suas instruções. Ele estava completamente dentro, eu acho. Meu Deus, isso
dói pra caramba!

 — Você quer que eu pare? – ele perguntou.

 — Não… não! – eu inspirava e depois expirava… tentando relaxar meus


músculos tensos.

 Seus dedos agora estavam agradando meu clitóris rapidamente,


apressando-o ao prazer total.

 Eu gemi, amando o seu toque e na verdade não achando o seu membro
tão ruim lá dentro  agora.

 — É isso aí. – ele beijou minhas costas por um momento. — Sinta o


prazer… e a dor. Faça deles uma coisa só.

 Dra. Skylar em ação.

 Primeiro, Mathew não gosta de ser tomado à força. Ele me contou isso.

 Mas agora que ele percebeu que está no controle, e que dita as regras, ele
está me comendo por trás. Talvez ele pense que eu queira isso. Talvez ele
goste de ser o ativo  ao invés do passivo. Talvez eu fui muito malvada e esteja
sendo punida. Talvez ele só queira me apresentar ao sexo anal. Deus é
testemunha que ele me mostrou todo o resto. Ou não? Provavelmente não. Eu
aposto que há um milhão de jogos que ele poderia fazer comigo.
 Segundo, essa conversa de tornar o prazer e a dor uma coisa só. Eu aposto
que ele teve que aprender isso desde o primeiro dia com Claire.

 Eu odeio pensar naquela megera enquanto Mathew está dentro de mim.

 Eu tenho que parar já.

 Faça deles uma coisa só. Prazer e dor. Como diabos eu devo fazer isso?

 Mais orientação, por favor, Trenner. Hayes está confusa.

 — Faça deles uma coisa só, Skylar. – sua voz agora estava gentil e eu não
estava mais chorando.

 Muito vagarosamente, ele se moveu dentro de mim e cada veia e


ondulação do seu membro pareceu agitar as coisas em mim. Deixei escapar
um grito e uma lamúria de aflição enquanto ele começava a recuar devagar, as
mãos acariciando e apertando minhas nádegas, tentando tirar minha atenção
do buraco virgem que ele estava conquistando.

 Ele soltou um gemido grave, quase todo fora, porém a cabeça permaneceu
dentro.

— Mais? – ele me perguntou.

— Sim. – eu pisquei, sentindo algumas lágrimas caírem no chão abaixo de


mim.

 — Sim. – ele concordou, vindo lentamente para frente de novo enquanto


eu guinchava, meus punhos cerrados, e logo depois tentando relaxarem… e
uma onda sutil de excitação estava começando a brotar dentro de mim.

 Isso era tão rude e um tabu para mim. Era quase errado. Mas eu afugentei
essa ideia. Não existe errado para nós. Eu queria experimentar isto… até que
não doesse mais. Eu queria aprender o que ele sabia. Como tornar a dor e o
prazer uma só sensação. Como gozar pelos dois lados ao mesmo tempo. Eu
queria ser sua escrava e satisfazê-lo. Queria deixá-lo orgulhoso.

 Ele foi muito paciente comigo. Ele foi bem devagar, e parou muitas vezes,
conversando comigo no processo. Ele me fazia carinho e me beijava.

 À medida que praticávamos, eu ficava mais atrevida. Eu realmente o


agradei quando levantei minha bunda para seu membro, encontrando suas
estocadas com movimentos curtos e lentos. Ele me deu um ‘muito bom,
Skylar’ pela minha coragem.

 Eu não estava pronta para gozar nessa primeira experiência, mas me senti
muito bem quando Mathew se esvaziou dentro de mim, sem camisinha,
mesmo que fosse na minha bunda. Eu percebi que o grande passo disso era
que eu estava dizendo que confiava nele e ele queria estar dentro de mim,
sem nada entre nós.

 Talvez alguns pudessem nos achar criaturas imundas, fazendo uma coisa
assim. Mas eu me senti bem. Parecia certo. Eu gostei. E eu faria qualquer coisa
que Mathew quisesse que eu tentasse. E com toda a justiça, eu fui muito má.
Eu merecia um pequeno castigo. Talvez seja assim que ele é castigado.

 Mathew não estava completamente curado, eu sei disso. Ele ainda tem
muito caminho a percorrer antes de deixar para trás todos os traços da Fire,
de Claire e da submissão. E tudo bem. Eu entrei nessa para longo prazo.
Trabalharemos nisso todos os dias… até que seja uma lembrança distante.

 Depois que tivemos um pouco de tempo para processar, e Mathew viu que
eu tinha sobrevivido e eu tinha me acalmado nos seus braços, nos demos
conta que o chuveiro ainda estava ligado.

 Juntos, nós dois pessoas nuas e exaustas, fomos para o banheiro e


colocamos a porta no lugar, Mathew lavou meu corpo e minha região dolorida,
e depois secou o chão.

 Mathew, completamente nu, de quatro, secando o chão… mmmm… Eu


quero isso no meu cartão de Natal deste ano.

 Enquanto limpávamos, eu decidi que gostava do Mathew dominante e


furioso. Ele era um pouco assustador, mas ele prendeu toda a minha atenção.
E eu nunca mais jogaria água fria nele novamente. Nunca.

 Pode ser que aquilo desencadeou alguma coisa. Ele disse que era lavado
com mangueira às vezes. Eu tenho certeza que a água não é quente e
agradável.

Ele me falou uma vez que se eu chegasse perto da Fire outra vez ele iria
dar uma de dominadora  no meu traseiro. Ele não estava brincando.

 Ah, bom, pelo menos o meu traseiro não é mais virgem. Mathew tinha
estado em todos os lugares em mim… e eu estava contente.

 Nós discutimos isso no café da manhã e mais uma vez sua franqueza
jamais cansava de me surpreender.

 Enquanto ele nos preparava alguns ovos, e após eu muito


cuidadosamente  me sentar na banqueta, estremecendo quando minha bunda
encostou no assento, Mathew decidiu me entrevistar.

 — Eu não peguei muito pesado com você, peguei? – perguntou, seus olhos
castanhos muito brilhantes enquanto olhavam nos meus com verdadeira
preocupação.
 — Não. – senti meu rosto queimar. — Foi perfeito. Obrigada por… ir
devagar no início.

 — Eu tinha que ir. – ele estava quebrando os ovos. — Eu não queria que
você defecasse em mim.

 Ele estava rindo de maneira abafada e eu quase me deixei ficar brava com
ele enquanto ele trabalhava. Mas então, algo me ocorreu. Esta era a última
manhã que ele estaria aqui, preparando meu café da manhã.

 Eu quase tive vontade de dizer alguma coisa engenhosa para retribuir a
brincadeira, como ‘Você diz as coisas mais românticas…’ Mas eu não conseguia
fazer piada. Eu não conseguia respirar.

 — Eu estou brincando, Skylar. – ele olhou para mim e sorriu e eu tentei


sorrir também.

 — Ah meu Deus, eu te machuquei. – seu rosto ficou triste e cheio de pesar


à medida que ele largava os ovos e vinha na minha direção, referindo-se ao
sexo anal que havíamos acabado de experimentar. — Você odiou.

 — Não, não odiei. – eu tentei explicar. — Quero dizer… doeu… no começo.


Não é isso. Se eu quisesse que você parasse eu teria dito minhas palavras. Eu
preferi não. Não estou chateada com nada que fizemos. Eu tenho… adorado
cada minuto… com você.

 Então eu me transformei numa garota. Eu caí no choro.

 — Oh, Skylar… - ele se aproximou de mim e ficou atrás da minha bancada,


seus braços a minha volta enquanto eu me virava de frente para ele, me
agarrando às suas costas expostas e perfeitas.

 — É porque é Domingo. – ele disse sem perguntar. Então eu soube que ele
se dera conta disso também, e tentou fingir, como eu, que estava tudo bem.
Não está.

 — Me ouça. – ele falou totalmente sério. — Este NÃO é… nosso último dia
juntos. Eu juro, Skylar. Eu gostaria que você acreditasse em mim.

 — Eu acredito. – eu soluçava. — Mas eu… pensar em você voltando pra lá…

Eu estava chorando mais alto agora, me perguntando como diabos eu ia


suportar um único dia de aula enquanto ele estivesse na Fire, tendo Deus sabe
o que acontecendo com ele dia e noite.

 — Skylar. – ele ergueu meu queixo e eu vi seu rosto, lutando para manter
a compostura e não se deixar desmoronar comigo. — Eu preciso de você. Eu
preciso da sua força hoje. Eu não quero chorar e me despedir de você o dia
todo. Eu quero me divertir com você. Quero sentir o sol no meu rosto e
observar o vento bagunçar seu cabelo… quero lamber um icee de cereja no seu
corpo. Eu quero que hoje seja um dia normal e preguiçoso… um dia divertido.
Eu não quero que pareça o último dia. Por favor, Skylar? Você pode, por favor,
fazer isso… por mim?

 Eu funguei.

 — Você quer lamber um icee de cereja no meu corpo? – perguntei com


uma voz provocante. E eu consegui seu sorriso. E ele o meu.

 — Sim, um icee de “Skylareja”  seria simplesmente… o paraíso. – ele


plantou um beijo molhado na minha boca e secou meus olhos com os
polegares, dizendo. — Beba seu suco de laranja. Minha manteiga está
queimando na panela.

 Eu me virei, sentindo a minha bunda dolorida e observei suas costas


maravilhosas enquanto ele salvava a manteiga e começava a fazer nossos
ovos.

 — Isso é uma metáfora para outra coisa? – perguntei. — Eu sei que minha
manteiga vai ficar queimando na panela pelas próximas duas semanas.

 Ele gargalhou alto e quase soltava faíscas quando olhou para mim.

 — Sua manteiga não estava nem fora da geladeira antes de eu aparecer. –


ele disse com uma voz cômica, pegando dois pratos no armário.

 — Ah, vá se foder! – eu revidei e nós apenas olhamos um para o outro.

 — Deixe-me reformular essa frase. – eu corei, pensando novamente em


como ele estava gostoso a poucos minutos atrás quando disse, “Não, Skylar,
eu vou foder VOCÊ.”… e me penetrou. Eu me esqueço que Mathew possui esse
lado negro. Talvez porque ele é tão adorável na maior parte do tempo, o lado
negro fique muito bem escondido. Mas está ali. Eu devo ter mais cuidado com
ele no futuro.

 — No fundo da minha mente, quando eu estava te pegando por trás, eu


ficava pensando que o William ia aparecer atrás de nós. – Mathew confessou e
eu ri, pensando nisso. — Eu imaginei um disparo gigantesco e um buraco se
abrindo na minha cara enquanto eu te fodia. – ele deu de ombros.

 — Há algumas imagens bonitas rolando nessa cabecinha enquanto estamos


fazendo sexo. - eu sacudi minha cabeça e ele colocou nossos pratos na
bancada.

 — Eu sou muito paranoico. – Mathew admitiu. — O único momento em que


não sou é quando estou seguindo uma ordem. Nada pode dar errado se você
está obedecendo a uma ordem. Tomar decisões por mim mesmo… costumava
me assustar pra caramba.
 — Ainda assusta. – eu estreitei os olhos, olhando para ele, sabendo bem
disso.

 — Ok, assusta. – ele deu uma mordida na sua torrada. — Estou


trabalhando nisso. Até agora, tudo que eu tenho escolhido parece estar  certo.
Você… acabar com Claire… confiar no seu pai. Acho que estou indo bem para
um iniciante.

 — Eu não sei. – sorri maliciosamente. — Você também me comeu por trás.

 — Você pediu por isso. – ele mordeu sua torrada outra vez, mostrando os
dentes para mim enquanto o fazia, um leve brilho diabólico em seus olhar,
como se ele estivesse ME mordendo.

 — Eu gostei daquela declaração… eu estou no comando. – eu sorri com


malícia uma segunda vez, erguendo meus olhos até os seus enquanto
espetava alguns ovos com meu garfo. — Fiquei muito impressionada com
aquilo.

 — Você ficou muito assustada  com aquilo. Eu nunca vi você ficar azul


antes.

 Eu tive que rir.

 Parecia que, magicamente, podíamos realmente conversar e discutir de


brincadeira, e o mundo lá fora praticamente se dissolvia. Estava silencioso do
lado de fora e esta noite seria terrivelmente difícil para nós dois. Ele estaria
partindo. Eu enlouqueceria. Mas hoje eu tentei lhe conceder seu pedido. Hoje
seria um Domingo divertido. Nada de ruim  aconteceria. Nenhum destino
horrível nos aguardava amanhã.

 Eu daria o meu melhor.

 Depois que Mathew se certificou que eu depositei meus quarenta mil


dólares, e após ele enviar um telegrama para Ben com os cinco milhões da
Kaitlyn, nós começamos a passear pela cidade, deixando que Nova York
escolhesse nossa diversão para o dia.

Parecia que havia um grande festival acontecendo hoje na cidade. E à


medida que caminhávamos juntos, fomos parar bem no meio dele.

Era uma bonita tarde de Maio e logo descobrimos que era um Festival

 Parecia uma canção de amor, ou pelo menos eu pensava assim. Também


havia uma tristeza profunda nela e minha mente quase derivou novamente
para amanhã. Mathew segurou minha mão e a beijou enquanto ficávamos
paralisados no lugar, incapazes de nos afastar da melodia angustiante no ar.

 Mathew e eu olhamos um para o outro, um pequeno sorriso secreto entre


nós enquanto assistíamos os homens dançarem e rezarem ao mesmo tempo.
Eles permitiam qualquer um a participar, a dançar em volta da fogueira.
Imaginamos que não nos machucaria nos arriscar.

 Nós iriamos precisar de toda ajuda que pudéssemos conseguir amanhã.

 Mathew para onde ele estava indo… e eu onde estava ficando. Eu tenho
certeza que pagamos o maior mico, mas demos o nosso melhor. Mathew foi
incrível… eu me sentia uma idiota, sem trocadilhos.

 Já que nos juntamos a dança, nomes indígenas foram dados a nós.

Um homem idoso com um cachimbo olhou para Mathew, depois de ter


nomeado cinco pessoas antes dele, e lhe deu um olhar severo, não falando por
um minuto. Eu quase fiquei com medo que ele pudesse ver os pensamentos de
Mathew e soubesse que fizemos sexo anal esta manhã. Eu cairia morta se ele
nomeasse Mathew de “Comedor de Bundas.”

 Mas, por fim, ele falou.

 — É difícil te enxergar a princípio.

 — Eu sei. – Mathew disse, com uma voz quieta e estranha. — Me desculpe.


Estou tentando trabalhar nisso.

 — Eu te nomeio… Águia Livre. – o homem falou e eu poderia tê-lo beijado.

 O olhar no rosto de Mathew foi a coisa mais linda. Ele parecia tão honrado.
Era perfeito. Eu me perguntei se este homem realmente podia ver isso em
seus olhos.

 — Obrigado. – ele sorriu como uma criança, como se tivesse acabado de


receber as chaves para o mundo.

 Ele deu um passo para o lado e eu estava atrás dele, dando ao homem o
sorriso mais amoroso que eu podia. Eu comecei a agradecê-lo e ele
rapidamente me nomeou.

 — Eu te nomeio… Voz Infinita. – ele falou e Mathew soltou uma


gargalhada, dizendo. —Deus, esse cara é bom, Skylar. Devíamos trazer Ryan
aqui.

 — Não é um insulto. – o homem me assegurou, colocando uma mão no


meu ombro. — Sua voz tem poder. Sua voz é medicina. Você cura… sempre…
com esta voz.

 Nossa, ele é bom. Eu acredito.

 Agora que éramos guerreiros indígenas, decidimos ter nossos rostos


pintados. Estávamos sendo crianças, nos divertindo, fazendo de tudo. Eu fiquei
espiando o rosto de Mathew que estava sendo pintado como o meu, ao lado
dele. Eles declaravam que isso supostamente dizia alguma coisa a respeito de
você também.

 O rosto de Mathew tinha uma linha preta abaixo de um olho, que seguia
reta para baixo. Eles lhes disseram que era uma lágrima. 

— Ele tem chorado por muito tempo. — a mulher falou a ele.

Não havia lágrima no outro olho porque — ele não choraria por muito mais
tempo — também foi nos dito.

Além disso, os lábios de Mathew possuíam linhas brancas e pretas. A moça


nos disse que isto significa que sua boca é uma prisioneira. Ele não diz o que
deveria dizer. As linhas brancas simbolizam o que ele tem vontade de dizer,
mas as pretas mostram que ele ainda está segurando sua língua… e que deve
falar se quiser libertar suas palavras.

 Minha interpretação era bem legal também. Eu tinha desenhos azuis ao


redor dos meus olhos, e me explicaram que quer dizer que meus olhos
enxergam coisas que outros olhos não enxergam. Eu acho que isso significava
entender uma pessoa, como uma psiquiatra faria. Eu também tinha um
símbolo amarelo na minha bochecha e meus lábios estavam pintados
totalmente de branco, porque eles falam a verdade e dizem coisas que matam
a tristeza.

 — Eu nunca estive em um festival desses antes. – eu disse a Mathew mais


tarde enquanto estávamos sentados sob uma tenda, comendo lanches
indianos. — Eu passava meu fim de semana todo dentro de casa, lendo o
tempo inteiro. Eles foram tão precisos, é assustador.

 — Eu sei! – Mathew falou e eu sorri de novo a como seu rosto estava fofo.
— Quando ele me chamou de Águia Livre eu quase desmaiei.

 — Essa foi a coisa mais legal de todas. – concordei. — Eu quase chorei ali
mesmo.

 — Eu  estou livre, Skylar. – ele olhou diretamente para mim. — Voltar


para lá amanhã não vai mudar isso. Eu realmente não vou ser dela quando eu
voltar. Só estou interpretando um papel.

 — Eu sei, Mathew. – dei um gole na minha lata de coca. — É que eu estou


tão assustada por você. E eu tenho que voltar para a faculdade amanhã. Vai
ser divertido. Eu já perdi dois dias. Tenho certeza que terei uma pilha de dever
de casa para me manter ocupada enquanto estou me preocupando com você.

 — Fico feliz que você terá alguma coisa pra fazer. – Mathew disse. — E
quero que Julie e Riley fiquem com você. Deixe elas te fazerem companhia em
casa e fazerem o dever de casa com você. Não quero que você fique sozinha.
Aliás, talvez seja melhor você ficar com uma delas enquanto eu estiver fora.
Só por segurança.
 — Não sei… talvez. – dei de ombros, não querendo ficar longe do nosso
apartamento. Há tantas lembranças boas lá agora… Eu já não consigo imaginá-
lo sem enxergar Mathew em todos os lugares. Assim provavelmente vai doer
mais, ficar no apartamento, sozinha.

 — Skylar… – Mathew deu uma mordida na sua comida. — Você não vai…
ajudar… William… vai? Quero dizer, você não vai ficar no carro dele, escutando
tudo que estiver acontecendo dentro da boate, eu espero.

 Eu olhei de soslaio. Meu pai jamais permitiria isso, antes de tudo. E depois,
eu não sabia se eu era forte o bastante para escutar Mathew gritando e sendo
machucado, e não me mexer para salvá-lo. Eu me sentia uma covarde por me
sentir assim… e ao mesmo tempo, eu queria estar de alguma maneira
envolvida e por perto enquanto ele passasse por esses próximos dias terríveis.

 — Não. – minha voz soou triste até para mim. — Eu não fui convidada.

 — Queremos apenas que você fique segura. – ele disse.

 — Eu sei. – suspirei, odiando isso mais e mais. Meu pai somente me


contaria coisas que ele julgasse que eu precisava saber. Ele não me daria
detalhes. Eu odiava ser “protegida”. Significa que você não é confiável o
suficiente para estar na linha de frente.

 Ei, eu fui o cérebro de toda a operação de resgate de Mathew da casa de


Raven. Eu posso ser confiável! Eu sou uma boa policial também!

 Mais tarde, à medida que caminhávamos, encontramos todos os tipos de


barracas vendendo coisas. Eu comprei um lindo colar de garra de urso para
Mathew, um cordão de couro servindo como corrente, um colar de guerreiro
para levar o espírito do urso com você para a batalha.

Ele adorou, o usava todo orgulhoso.

 Eu peguei um delírio por uma coisa chamada Bastão da Chuva. Era um
bastão longo de madeira com um desenho bonito em cima, chegando até uma
ponta, e quando você o abaixa, contas caem de dentro dele e fazem um som
como se estivesse chovendo no interior do bastão. Ele me lembrou da noite em
que falei a Mathew que o amava pela primeira vez, debaixo da chuva. Então
esse foi meu presente para Mathew. Eu me senti uma feiticeira poderosa, o
carregando pelo resto do dia.

 Quando o sol começou a ficar mais baixo no céu, nós dois ficamos mais
calados. Tínhamos feito um trabalho muito bom em nos divertir durante o dia
todo, comendo, dançando, beijando… mas o dia estava começando a ir embora
rapidamente. O amanhã… estava se aproximando.

 Mathew não estava nem com humor para seu cherry ice no caminho de
casa e eu não o pressionei. Estávamos estufados com boa comida, então
jantar não era necessário.
 Ao entrarmos no apartamento, parecemos apenas nos encaminhar para
nossa cama, de mãos dadas. Deitamos em cima dos cobertores, nos olhando
sob a luz da lua, tocando o outro cuidadosamente sem dizer uma palavra. Me
pareceu que estávamos memorizando um ao outro uma última vez antes de
sermos separados.

 — Tudo bem se a gente não fizer amor esta noite? – ele sussurrou e por
um segundo eu fiquei de coração partido. Ele não me queria mais?

 — É muito difícil hoje. – ele explicou, afagando minha bochecha. — Eu só…


posso só… te tocar… olhar para você?

 E então ele piscou e uma lágrima brilhou no seu olho esquerdo. Eu acho
que compreendia. Não precisávamos fazer isso uma última vez para provar
nada a nós mesmos. Ele irá voltar… ele irá voltar. Eu tinha que continuar
dizendo isso para mim mesma repetidamente. Eu gostaria que minha cabeça
já acreditasse nisso. E tínhamos feito isso na noite passada, como coelhos.
Talvez naquela hora ele soubesse que não conseguiria fingir hoje à noite.

 Eu fiquei beijando os lábios dele, dizendo ao Águia Livre o quanto eu o


amo. Acho que Voz Infinita é um bom nome para mim.

 Mesmo quando eu não consigo falar… eu consigo dizer coisas para Mathew.
E eu sei que ele me escuta. Ele retribuía meus beijos, segurando meu rosto
nas duas mãos.

 Acredite ou não, foi uma das melhores noites que passamos juntos. Não
dissemos uma coisa sequer, mas nos abraçamos, nos beijamos inocentemente
como num filme preto e branco… acariciando um ao outro, traçando cada
centímetro e ângulo do outro, derramando algumas lágrimas aqui e ali. Foi
uma noite mágica. Eu não teria trocado por todo o sexo do mundo.

 Meu pai tinha ligado por volta das dez horas daquela noite e dito que
estaria aqui às 5 da manhã para “preparar” Mathew.

 Eu não tinha pensado que meu pai estaria por perto quando eu tivesse que
me despedir de Mathew. Deus, odeio isso. Julie e Riley também foram
chamadas e prometeram estar aqui por volta das 5:30h para ficar comigo para
oferecer apoio moral.

 Mathew continuou sussurrando durante a noite para eu tentar dormir um


pouco, que eu tinha aula amanhã. Eu tentei fechar meus olhos, mas então eu
despertei num sobressalto e o segurei para perto de mim, tremendo com o
pensamento de que eu acordaria e tudo isto teria sido um sonho, que ele era
apenas uma criação maravilhosa da minha imaginação… que ele teria partido,
voltado para Claire, sem ter que pronunciar nenhuma despedida dolorosa.

 Ele também não dormiu muito durante a noite, e me senti culpada por isso.
Não dormimos nada na noite passada, e se ele não dormisse esta noite, ele
estaria completamente exausto na segunda-feira de manhã – quando ele
realmente precisava de toda a sua força.

 Eu amava como ele ficava sem camisa e suas tatuagens ficavam á mostra.
Eu fiquei beijando e lambendo uma delas… e Mathew  gemeu enquanto eu a
colocava na minha boca, sugando.

 — Porra, Skylar… – ele olhou para mim à medida que eu continuava.

 Eu preciso de você, Mathew… Eu quero você… por favor.

 Em questão de segundos, minha blusa estava sendo arrancada de mim


pelo Mathew, minha calça sendo puxada para baixo por dedos ansiosos,
aqueles lábios cheios e proeminentes se fechando nos meus.

 — Me foda, Águia Livre. – eu rosnei e ele atacou, me dando exatamente o


que eu desejava.

 — Cala a boca, Voz Infinita. – ele sussurrou perversamente em resposta,


sua língua molhada e quente invadindo minha boca, me silenciando.

 Me possua até que eu adormeça, Trenner.

 Eu tenho faculdade amanhã.

 Mais tarde, nós dois encontramos o sono mais confortável de todos,


abraçados um ao outro enquanto sonhávamos coisas mais agradáveis do que
as que estavam por vir nas próximas horas.

 Eu nem sequer escutei meu pai batendo na porta às 5h, a escuridão ainda
do lado de fora das janelas. Somente quando Mathew estava deixando a cama,
e eu acordei, é que minha ficha começou a cair de que hoje é:

15º DIA

 Segunda, 15º dia. Porra.

 Eu ouvi a porta se abrindo e me sentei, não querendo que Mathew


enfrentasse meu pai sozinho. Entrando em silêncio, ele observou Mathew e sua
testa franziu ao olhar para as manchas de guerra pintadas em seu rosto.
Mathew tinha, obviamente, esquecido da maquiagem, assim como eu, até as
luzes da cozinha serem acesas.

 — Oi, Sr. Hayes… William. – Mathew parecia cansado e um pouco confuso,


bocejando.

 William não gostou muito de ver Mathew sem camisa, mas eu estava grata
por ele ter vestido sua calça jeans, pelo menos. Eu estava no meu quarto, no
escuro, lutando para colocar minhas roupas de ontem de volta antes que meu
pai juntasse dois mais dois. Ah, quem estou enganando? Ele sabe que estamos
transando, mas eu não queria esfregar esse fato diante do seu nariz. Isso tudo
deve ser muito difícil para ele também.

 Eu tinha contado a ele por telefone mais cedo que Mathew tinha
conseguido meu dinheiro de volta, acrescentando mais vinte mil dólares. Isso
pareceu aliviar um pouco a barra de Mathew com ele, mas ele ainda não
estava dando piruetas com o nosso relacionamento.

 Uma coisa que estava me deixando nervosa – agora que Mathew se


ausentaria em breve – é que eu sabia que aquela conversa que meu pai queria
ter comigo estava se aproximando. Eu espero que ele saiba esperar até eu
parar de chorar para começar.

 — Olá, Mathew. –  ele disse em resposta, não parecendo lá muito


satisfeito, no entanto, também nada ofensivo.

 Odeio quando meu pai fica em cima do muro.

 Eu saí do quarto e ele estreitou os olhos para olhar para meu rosto,
tentando entender por que nós dois parecíamos que tínhamos nos dado um
tratamento facial de criança na noite passada.

 — Oi, pai. – eu esfreguei meus lábios um pouco, olhando para os meus


dedos, vendo as manchas brancas e pretas misturadas.

 — Oi, Skylar. – ele falou, sentando na bancada ao lado da copa, tirando


algumas coisas da sua mochila, sem dizer mais nada para qualquer um de nós.

 — Hm… Mathew? – eu levantei minhas sobrancelhas para ele. — Talvez


você devesse… lavar seu rosto e tal.

 Ele franziu a testa, parecendo estar boiando no assunto, e então depois de


alguns segundos olhando para meu rosto – provavelmente o fazendo lembrar o
Paul Stanley na manhã após um show do Kiss – ele se tocou.

 — Ah! – ele tocou sua bochecha com uma mão, limpando e esfregando os
polegares dos dedos. — É, eu já volto.

 Ele correu para o banheiro, fechando a porta, e o ouvi resmungando lá


dentro, “Ah, Jesus!” enquanto ele olhava seu reflexo, provavelmente
mortificado por William ter lhe visto daquele jeito.

 Peguei um pano de prato no balcão e me virei para a torneira da pia,


molhando uma ponta dele e apertando, tentando na mais perfeita calma
esfregar minha boca com ele, como se não fosse nada demais e normal para
mim.
 No balcão agora se encontrava um caderno aberto, a letra do meu pai nele
todo, uma agulha de aparência estranha ainda no plástico, uma caixa pequena
e redonda de plástico e um par de fones de ouvidos com uma caixinha preta
pequena ligada a eles, uma luz vermelha brilhando num ponto no topo.

 — Onde você conseguiu tudo isso? – perguntei, esperando que ele não
perguntasse sobre a maquiagem ou nada sexual sobre Mathew e eu.

 — Circuit City. – ele respondeu vagamente. — O microfone na verdade é


de um sistema de interfone e eu apenas… usei o que precisava dele.

 — E isso? – eu quase peguei a agulha e meu pai estendeu a mão, pronto


para me impedir. Eu recuei minha mão, não lhe atrapalhando.

 — Consultório veterinário. – ele me olhou. — Eles enfiam essas coisas em


cachorros todos os dias.

 — Você vai usar uma agulha de CACHORRO no Mathew? – eu aumentei o


tom de voz, enfurecida.

 — Não é usada, é nova. – um vinco se formou entre os olhos de William. —


Eu já fiz isto antes, não vai machucá-lo.

 Eu escutei Mathew escovando os dentes agora no banheiro, a água


correndo.

 — Pai, você sabe o que está fazendo? – me atrevi a perguntar, me


sentindo apavorada de repente. — Se não sabe, fale agora. Eu não quero que
haja nem mesmo a remota possibilidade de alguma coisa acontecer a ele.

 — Skylar. – meu pai olhou para mim severamente. — Eu não teria me


envolvido se eu não soubesse o que estava fazendo. Eu não arriscaria a vida
de ninguém, nem mesmo a dele, se eu…

 — Nem mesmo a dele? – sussurrei, não querendo que Mathew ouvisse


aquilo.

 — Não quis dizer dessa maneira, Skylar. – William suspirou. — Teremos


essa conversa mais tarde.

 Ah, ótimo.

 Eu comecei a bater as coisas na cozinha enquanto meu pai me ignorava.

 Mathew estava tomando banho, e eu preparava bagels para todos nós. Eu


assei um pouco e espalhei requeijão por dentro, sacudindo o suco de laranja e
servindo três copos.

 Quando ele apareceu, uma nuvem agradável de vapor o seguiu até o


quarto enquanto ele se trocava, e eu espiei o cômodo, notando que ele estava
guardando suas coisas, jogando-as dentro da sua bolsa sem dizer uma
palavra. Eu senti vontade de chorar, mas suspirei ao invés disso e abri a
geladeira, olhando para o conteúdo dela como se ele tivesse alguma ajuda
para me oferecer aqui.

 Depois de um tempo, meu pai falou.

 — Você está deixando toda a refrigeração sair daí de dentro.

 Rangi os dentes e rosnei baixo.

 — Fica. Quieto. Pai.

 Ele resmungou alguma coisa sobre a conta de luz e eu bati a porta com
força, fulminando ele com o olhar enquanto ele escrevia no seu maldito
caderno.

 — Ok, estou pronto. – Mathew falou, engolindo em seco, olhando para as


coisas no balcão.

 NÃO! Eu queria berrar para ele, proibi-lo de ir embora, amarrá-lo na cama


até que viessem arrancá-lo das minhas mãos frias e mortas.

 Mas eu não fiz isso. Eu guardei para mim. Exatamente como eu disse para
Mathew não fazer. Minha uma vez Voz Infinita estava muda, aprisionada.

 Os olhos carinhosos de Mathew se ergueram e encontram os meus, e


trocamos expressões desoladas.

 — Certo. – me pai se virou na direção de Mathew. — Primeiro de tudo,


deixe eu te contar o que descobri até agora. O rapaz que você viu ser morto é
Jason White. Ele foi dado como desaparecido por seus pais. Bom aluno, um
garoto sem problemas. Ele se formou no ensino médio alguns meses antes de
desaparecer. Os pais não têm certeza, mas eles acham que ele pode ter fugido
de casa, de acordo com o relato. Houve alguma briga entre eles no dia anterior
ao sumiço dele. Provavelmente, ele veio para Nova York, então, e se envolveu
com as pessoas erradas. Esta cidade come os fugitivos vivos. Talvez ele
estivesse perambulando pelas ruas e viu alguma coisa uma noite que o colocou
em problemas. Eu estou fazendo uma suposição neste momento, não posso ter
certeza. Com o tempo, saberemos mais. Ele nunca foi encontrado.

 — Meu Deus. – Mathew olhou para o chão e eu senti um mal estar. E se


Mathew desaparecer e nunca for encontrado?

 Como se meu pai lesse minha mente, ele afirmou a Mathew.

 — No entanto, isso não vai acontecer com você, Mathew. – ele ficou em pé,
tirando a agulha do plástico, acrescentando. —Me dê seu ombro, garoto.
 Olhando para mim novamente, Mathew puxou a manga curta da sua
camisa para cima, expondo o ombro e se virou um pouco para William.

 Minhas mãos começaram a tremer enquanto meu pai abria outro saco
plástico, esfregando o lado do braço de Mathew, abaixo do ombro.

 Eu ouvi Mathew exalar ar dos pulmões quando ele injetou a agulha na sua
pele, e depois ouvi um clique.

 — Ow. – Mathew comentou na mesma hora, não parecendo muito


perturbado pela injeção.

 — Deixe-me testá-lo. – meu pai se sentou, abrindo o notebook, digitando


nas teclas e esperando enquanto Mathew olhava para mim novamente,
abaixando a manga da camisa no lugar, nenhuma marca deixada pela agulha
de cachorro.

 — Tudo certo, o chip foi injetado… e está funcionando. – meu pai parecia
satisfeito. — Você está agora na Avenida Meyer, 312.

 — Obrigada, pai. – eu falei com sarcasmo. — Mathew, coma alguma coisa.


Eu fiz bagels.

Eu soava tão fraca. Eu estou  fraca agora. E estou tão chateada com meu
pai. Eu não quero saber onde o corpo de Mathew está, eu quero ter certeza
que ele vai sair daquele lugar o mais rápido possível, são e salvo.

 — Obrigado, Skylar. – ele tentou sorrir para mim, dando a volta para a
cozinha, tocando minha cintura de leve e dando um beijo no meu rosto ainda
borrado.

 Ele pegou um bagel, se sentou e começou a quebrá-lo em pequenos


pedaços, comendo enquanto meu pai começava a instruí-lo. Eu não queria sair
dali, mas também não queria me despedir dele com minha cara suja de tinta.
Eu lavei meu rosto com o sabão da pia da cozinha, usando a torradeira como
espelho para ver o que eu estava fazendo.

 Mathew me olhou e sorriu para si mesmo, jogando outro pedaço de bagel


na sua boca enquanto meu pai o orientava sobre como agir normalmente na
frente da Claire.

 — Não peça logo no começo para entrar no escritório dela se isso não for
normal. – ele falava com Mathew como se ele fosse retardado. — Espere pela
oportunidade segura. Não se arrisque, de maneira nenhuma. Se você estiver
em grandes problemas e precisar que eu entre lá, quero que você diga
Nostradamus. Entendeu?

 — Nostradamus. – Mathew repetiu. — Entendi.


 — Eu posso dizer isso agora? – perguntei, não querendo que isso seguisse
adiante.

 Os dois olharam para mim e não responderam. E eu continuei em bater as


coisas pela cozinha. Abrindo a caixa de plástico, meu pai tirou algo
quadrangular preto, tão pequeno que poderia pairar na ponta do seu dedo.

 — Este é o microfone. – ele disse. — Mantenha-o na caixa até você estar a


algumas quadras da boate, depois o coloque no canto da sua boca ou debaixo
da língua. A saliva não vai estragá-lo. Só não morda ou engula, nem nada. É
frágil. Apenas o plante em algum lugar no quarto onde… ela leva você… para…
você sabe.

 — O porão. – Mathew disse em voz alta, quando meu pai não conseguiu.

 Eu soltei outro suspiro, grudando nos meus cabelos perto da raiz enquanto
me inclinava sobre a pia da cozinha, desejando que eu tivesse comida
suficiente dentro de mim para vomitar. Talvez isso pudesse fazer eu me sentir
melhor de alguma forma.

 — É. – meu pai olhou para Mathew, e colocou uma mão no seu ombro. —
Eu quero te dizer, Mathew, eu não gostei quando descobri sobre você e
Skylar… e o pequeno acordo de vocês… e ainda não quero que você a veja
depois que isso terminar. MAS… fazer isso… requer muita coragem. Não vou te
decepcionar. Chame… use sua palavra… e eu estarei lá.

 — Eu não vou usá-la até que eu tenha alguma evidência concreta e minha
amostra de sangue de volta. – Mathew falou sem nenhuma fraqueza na voz. —
Seja o que for que você ouvir, não chegue perto do local a menos que eu diga
aquela palavra. E eu também não quero a Skylar jamais ouvindo nada daquilo.

 — Eu nunca a deixaria ouvir, Mathew. – meu pai concordou. — Ela já sabe


disso.

 Eles dois olharam para mim de novo e minhas mãos estavam sobre minha
boca, meus dedos agarrando meu cabelo novamente, desejando que eu
conseguisse parar de tremer.

 — Certo. – Mathew olhou para meu pai agora e estendeu uma mão para
ele.

 Ele olhou para a mão de Mathew e, em seguida, a apertou enquanto


Mathew dava um sorriso aliviado.

 — Obrigado, William… por tudo.

 — Sem problemas. – meu pai respondeu, abrindo um pequeno sorriso.

 Pode não parecer muito para quem observa de fora, mas para mim,
conhecendo meu pai, era um gesto tão grande quanto um abraço caloroso.
 — Hm… – Mathew olhou para mim e depois para meu pai. — Será que
podíamos… ter uns minutos?

 — Oh. – ele franziu o cenho, olhando para mim, em seguida para Mathew.
—Acho que sim.

 Meu pai levantou e andou pela cozinha, me cutucando de leve. Virei minha
cabeça, as lágrimas já embaçando minha visão quando ele murmurou.

 — Eu irei protegê-lo, Skylar. Ele ficará bem.

 Eu cerrei os punhos. Mas então abracei meu pai, querendo ele ou não. Eu
tentei não chorar enquanto ele dava tapinhas nas minhas costas, me soltando
e saindo sem olhar para trás, provavelmente ficando emocionado e tentando
esconder de mim. Policiais durões não choram. Ok, pai, como você quiser.

 Olhei para Mathew, que estava parado do outro lado do balcão. Os olhos
dele doíam de se olhar. Incrivelmente lindos… hipnotizantes… surreais.

 Ele caminhou lentamente até mim e antes que eu percebesse, joguei meus
braços em volta dele e fiquei soluçando na sua camisa macia, sentindo os seus
músculos abdominais sob minha bochecha enquanto ele me abraçava
apertado, seus lábios descansando na minha cabeça, tocando meu cabelo.

 — Shhhh… – ele me balançou gentilmente, apenas me deixando chorar,


sem me conter.

— Desculpa. – falei chorosa, minha voz parecendo de uma criança de sete


anos. — É que eu te amo demais. Não posso te deixar ir.

 — Não vamos estar separados. – ele disse, sua voz baixa e aborrecida. —
Você está comigo, sempre.

 — Isso é a maior besteira já dita. – eu chorei mais. — Não diga coisas


bonitas para mim, não minta para mim, Mathew.

 — Tudo bem, não vou mentir. – ele levantou meu queixo novamente e eu
vi as lágrimas nos seus olhos e aquilo me assustou. — É uma merda que eu
tenha que voltar para lá. Não sei com o que ela está me esperando e sinto
meu estômago enjoar por ter que voltar para aquele lugar, me ajoelhar e
esperar. Mas isso é o que eu tenho que fazer, assim não vou ter que viver com
medo para o resto da minha vida, assim Katie pode ir para escola e não vou
ter que me perguntar se alguém irá pegá-la. É uma droga o que eu tenho que
fazer, mas eu vou fazer. Aconteça o que acontecer, eu vou fazer. Por você. Por
Katie. Por mim. Vai ser difícil para nós dois, mas seu pai está com a gente.
Ryan está com a gente. E se meus cálculos estiverem certos, Julie e Riley
estão provavelmente do lado de fora neste exato momento, esperando para
ficar aqui, por você também. Eu ficarei bem. Eu voltarei pra você. Eu te amo,
Skylar. 
— Eu também te amo. – sussurrei, deixando minhas lágrimas escorrerem
pelas minhas bochechas enquanto ele as secava, me beijando.

 — Fico feliz por você estar chorando. – ele sorriu para mim. — É bom pra
você.

 Eu me agarrei com força a ele e deixei um gemido doloroso escapar dos
meus lábios, logo depois minha respiração ficando presa asperamente
enquanto eu olhava para seu rosto perfeito e forte.

 Eu fiz isso. Eu o ensinei a se defender e lutar por si mesmo. E era por
minha causa que ele estava partindo para essa semana terrível e perigosa com
Claire. Eu juro por Deus e por tudo que é sagrado que se ela machucar um fio
de cabelo dele, eu irei matá-la.

 — Vá. – eu me obriguei a dizer aquela pequena palavra e eu preferia ter


perdido minhas mãos.

 Ele lentamente seguiu em direção a porta e eu me virei, pegando seu


braço.

 Ele olhou para mim e eu disse, tremendo de pavor.

 — Tenha cuidado, Thumper.

 Ele me deu aquele sorriso torto que eu adorava e respondeu.

 — Vou ter, Bambi.

 Não vou dizer adeus para ele. Isso não é um adeus. Não pode ser. Eu não
vou permitir.

 A maçaneta da porta rangeu enquanto ele a girava. Ele se virou e deu uma
longa olhada no apartamento, o sorriso aumentando. Se ele era um pouco
parecido comigo, ele podia nos ver em todos os cantos enquanto olhava para o
sofá, as bancadas, a cozinha, o chão, a parede, o quarto, até mesmo o
banheiro.

 — Vou precisar de muita terapia quando voltar. – ele forçou um sorriso


para mim, abrindo a porta com cuidado, jogando sua mochila no ombro. —
Esteja preparada, Dra. Skylar.

 Deixei escapar um soluço e tentei pronunciar mais algumas palavras antes


de ele partir.

 — Claro, Sr. Trenner. – eu suspirei, as lágrimas ainda caindo dos meus


olhos. — Você é meu único paciente. Chegue na hora. Eu odeio pessoas
atrasadas.
 Ele tentou rir, mas se virou, enxugando seu olho casualmente, mas eu
percebi.

 — Chegarei na hora. – ele disse, sua voz um pouco embargada.

 Eu me virei de costas, não querendo vê-lo ir embora e fechar a porta.

 Eu estava morrendo por dentro… e então escutei seus passos suaves no
corredor, prestes a descer as escadas. Ele deixou a porta do apartamento
aberta, também não querendo fechá-la. Ouvi seus passos descerem as escadas
e segurei minha dor até que ele estivesse lá fora, incapaz de ouvir. Minhas
pernas tremiam, não conseguindo se manterem firmes mais… e me deixei
afundar, sentando no chão frio da cozinha – me parecendo muito melhor… e
certamente, mais seguro.

 Minhas mãos trêmulas seguraram minha boca até a porta que dava para a
rua ser fechada com um leve baque.

 E então eu desmoronei. Eu não me lembro muito de nada em específico.


Tudo o que eu sabia era que ele tinha partido, em seu caminho para sangrar
por Katie… e por mim. Eu ouvi sons saírem de mim que eu nem mesmo
reconheci. Eu arfava por ar, me sentindo como se estivesse sufocando
enquanto soluçava sem controle.

 Sem nem mesmo ouvir a aproximação, de repente eu estava sendo


abraçada e afagada por dois pares de braços, o perfume doce de maçã
enchendo minhas narinas. Riley e Julie. Minhas amigas… minhas irmãs. Eu me
agarrei a elas, chorando em suas blusas enquanto elas sentavam no chão
comigo, não falando nada… apenas me confortando… não permitindo que eu
suportasse tudo isto sozinha.

 Eu ouvi o carro do meu pai do lado de fora, o motor dando partida.

 Mathew não iria com ele para a Fire. Ele tinha que pegar o trem, como
sempre, e ir para lá sozinho. Meu pai ficaria pela vizinhança, escutando o
microfone, caso ouça Nostradamus, a única palavra que daria fim ao meu
pesadelo.

Ele está no seu caminho agora. Eu o visualizei com sua mochila,


caminhando depressa até as escadarias que o levariam para o trem. Ele adora
trens. Eu me sentia como se tivesse acabado de ser rasgada, e a melhor parte
de mim ido embora.

 Eu sei, ela tinha ido embora.

 Tudo o que eu posso fazer agora é esperar… e rezar.

 Eu confio em você, Mathew. Eu te amo. Volte para nossa casa. Rápido.
Capítulo 27 

Mathew POV

 Durante todo o trajeto de trem até aqui, eu tentei me lembrar de quem eu


era antes de Skylar. Olhos abaixados, quieto, calado na maior parte do
tempo… de acordo com tudo que Claire sempre ordenara. Nem mesmo
contrarie com seus olhos. Não importa o que aconteça, você se submete… você
aceita. Obedeça. Sorria. Não demonstre oposição. Não demonstre raiva ou
medo, a menos que seja mandado.

 Eu detesto me orientar de volta ao que eu era. Parecia o pior tipo de


traição com Skylar, ou Dra. Skylar, mais corretamente. Eu continuava me
dizendo que é só por poucos dias… que é encenação. Mas a parte triste é que
eu realmente era esse escravo a apenas 14 dias atrás.

 Uma parte do meu subconsciente sentia como se… mesmo que eu tivesse
aprendido alguns truques novos, eu ainda era aquele homem fraco, bem no
fundo.

 Não. Eu não sou. Eu não vou ser. Finja por uns dias, pegue o que precisa e
depois dê o fora de lá. Você não se tornará o capacho de Claire novamente. A
batalha interna continuava enquanto eu chegava ao beco atrás da Fire.

 Aqui foi onde Ryan me encontrou pela primeira vez. Eu olhei em volta por
um momento, a escuridão ainda sorrindo acima de mim. Será que teria sido
melhor para mim ter morrido neste lugar? Será que teria sido mais fácil para
todos que conheço se eu simplesmente tivesse desaparecido igual aquele
garoto?

 Eu peguei a minha chave e exalei um fôlego, deslizando o metal no buraco


na fechadura, girando-a com um leve movimento, como de costume, e abri a
porta.

 Entrar nesse lugar estava fazendo minha pele arrepiar e na mesma hora eu
soube que eu havia mudado por dentro. Não era uma sensação normal ou
rotineira estar aqui, como costumava ser. A área dos camarins estava escura,
todas as luzes apagadas. Eu levantei minha língua um pouco na minha boca,
sentindo o quadradinho. Tome cuidado. Não o morda.

 O porão sempre está trancado e somente Claire tem a chave para  aquele
cômodo. Caso contrário, eu poderia me aproximar sorrateiramente daqui,
entrar no calabouço, pegar minha evidência e sair de fininho. Mas a vida não é
tão fácil assim na vida real.

 Eu andei silenciosamente pelos camarins e cruzei a linha vermelha mais


uma vez. Ela quase me vaiou, como se soubesse, mesmo que Claire não, que
eu não era mais o mesmo e que desta vez eu não havia deixado meu coração
e minha alma para trás quando a atravessei.

 Desta vez eu me trouxe por inteiro até você, sua linha do caralho.

 O pai de Katie está agora na boate… o namorado de Skylar está aqui… Eu


não sou mais apenas um vagabundo sem rosto. Eu sou alguém, eu sou
importante. Eu sou de carne e osso. Eu sou especial. Eu sou amado.

 Até agora não vi Claire. Não consigo nem mesmo sentir seu perfume neste
momento. Talvez tenha chegado aqui antes dela. Pode ser que ela tivesse
dormido até mais tarde. Aham, tá bom.

 Por um momento, eu visualizei William dirigindo pelos arredores,


procurando um bom local para estacionar, onde ele não ficaria em vista da
boate ou tivesse alguém por perto, usando os fones de ouvidos e esperando
ouvir meus momentos mais degradantes. Eu continuava odiando que ele ou
qualquer um ouvisse algo daquilo. Mas eu já tinha sido humilhado antes.

 A boate estava escura e vazia e a jaula do vampiro abandonada, pendendo


do teto, quase sorrindo para mim como se tivesse sentido minha falta. Eu
ignorei seu olhar fixo e virei à direita, descendo o corredor para os quartos
privativos. Eu não preciso de iluminação para me guiar. Sei o caminho de cor…
e a escuridão tem sempre sido minha amiga… até pouco tempo atrás… quando
um anjo me revelou a magia da luz do sol.

 Por favor, me perdoe, Skylar. Meu corpo doía enquanto eu pensava as


palavras, minhas pernas parecendo cimento, me arrastando por cada
centímetro do caminho. Por favor, aguente firme. Eu morreria por você
também. Eu sangraria, gritaria, imploraria, morreria de fome e queimaria por
você. Não desista de mim. Aguente firme.

 Descendo um grande lance de escadas, eu finalmente cheguei aos andares


mais baixos da Fire, no subsolo.

 Aqui é onde as coisas mais podres acontecem na Fire. Drogas são


negociadas aqui em baixo, mais precisamente nos dois quartos do meu lado
direito. Eu avancei pelo corredor, passando a porta do porão, trancado e
cadeado, inacessível. A porta no final deste corredor de tijolo cinzento,
bruxuleante e frio, é a que ela chama de minha. Não está trancada. Não há
nada de especial aqui, apenas eu, na maior parte do tempo.

 Abrindo a porta, eu apertei o interruptor, e a lâmpada do teto brilhou


subitamente, provocando uma ardência nos meus olhos, um borrão de azul na
minha visão enquanto meus olhos se fechavam, tentando se ajustarem.
 O quarto não é extravagante, de modo algum. As paredes de tijolos cinza,
uma cama de solteiro simples com algemas de metal, duas na cabeceira da
cama, duas nos pés. Não é sempre que eu durmo preso, só algumas vezes. As
algemas sempre devem estar aqui, outra regra de Claire. Uma colcha cobria a
cama, impecavelmente feita, e eu não tinha certeza se estava do jeito que eu
tinha deixado, ou se talvez alguém tivesse a lavado e refeito a cama enquanto
eu estava fora. Eu concluí que não importava e soltei a minha mochila em cima
dela, sabendo que não era hora de desfazer a mala ainda.

 Eu estava encrencado e nada mais seria feito até que eu recebesse meu
castigo. Eu tirei minha camisa, dobrando e colocando-a na cama. Tirei meus
tênis, em seguida as meias, enfiando-as dentro deles, empurrando-os para
debaixo da cama com meus pés descalços. Eu pigarreei e desabotoei minha
calça jeans, abrindo o zíper e a puxando para baixo, separando-a da minha
cueca branca, levantando um pé para removê-la, depois o outro. Eu dobrei a
calça também, deixando ao lado da minha camisa.

 Agora a cueca, vagabundo, meu escravo interno me reprendeu. Eu disse a


mim mesmo para começar a fazer a minha parte e ir adiante. Soltei o fôlego
novamente e praticamente fiz uma careta, deslizando meus dedos para baixo e
levando a cueca com eles, sentindo um leve arrepio no meu traseiro enquanto
tirava os pés da peça. Eu também a dobrei e a coloquei em cima da calça
jeans.

 Agora a parte divertida. Por favor, me perdoe, Skylar.

Pareceu que levou uma eternidade para eu conseguir, mas me ajoelhei no


chão de cimento duro, deixando minha cabeça desabar, já me sentindo
verdadeiramente envergonhado, e alinhando meus braços atrás de mim,
dobrando-os eretos e perfeitamente, me certificando que minha postura
estivesse correta. Nada de ombros largados e costas arqueadas.

 Eu senti vontade de chorar. Eu quase chorei. Mas continuei gritando para
mim mesmo para ser forte, do jeito que eu era, mesmo que fosse apenas para
as aparências. Eu tentei. E então tentei de novo. E de novo.

 Meus joelhos começaram a ficar um pouco doloridos, mas eles estavam


acostumados com isso. Eu não ficava de joelhos a mercê há muito tempo. Era
bom… me sentir livre.

 Eu ouvi o som dos seus saltos altos descendo as escadas e enrijeci. Meu
corpo sempre enrijece ao primeiro som da aproximação de Claire. Mantenha
seus olhos abaixados. Concorde com tudo que ela disser. Não lhe mostre os
seus novos olhos, aqueles que a Dra. Skylar te concedeu.

 Aqueles cheios de alegria, orgulho e força… olhos coloridos com a


liberdade. Esconda-os, como todos seus outros bens de valores. Ela os
arrancaria antes de me permitir conservar algo tão precioso.
 Ela está quase aqui. Ela está sem pressa, sempre adorando fazer uma
entrada triunfal.

 Eu posso sentir seu cheiro agora. Eu sinto falta do cheiro de morango. Eu
sinto falta de luz. Sinto falta de lençóis quentes e travesseiros macios… e do
silêncio. Eu sinto falta da balbuciação de Skylar enquanto dorme. Eu já quero ir
pra casa. Eu estou tão fodido.

 Eu saltei involuntariamente quando ela falou de repente, me arrancando


das minhas lembranças calorosas e aconchegantes.

 ─ Bom dia, Mathew. – ela falou, sua voz soando muito serena. Eu não tinha
visto ela ainda, tudo que conseguia ver no momento era o chão abaixo da
minha cabeça. Podia ver agora parte dos seus sapatos. Só ela usaria sapatos
vermelhos e com salto de 10 cm às 6 da manhã.

 ─ Responda. – ela disse igualmente com doçura.

 ─ Bom dia, Claire. – eu tentei ao máximo fazer minha voz sair sedutora e
aveludada, sentindo o quadradinho embaixo da minha língua de novo,
esperando que não levasse muito tempo até que eu pudesse colocá-lo no
porão e tirá-lo da minha boca.

 Ela se aproximou de mim, me examinando, tenho certeza, enquanto


afagava meu cabelo. Não era um gesto carinhoso, era mais como a mão de um
fazendeiro tocando um cavalo, vistoriando a condição que ele estava antes de
treiná-lo de novo.

 Eu me obriguei a fechar os olhos e dar um gemido fraco enquanto ela me


tocava. Ela gostava que eu ansiasse por ela, precisasse dela, desejasse seu
toque. Eu ordenei ao meu pau que endurecesse… e ele meio que cooperou. Ele
pareceu suspirar e dar de ombros à medida que eu sentia as unhas de Claire
arranharem meu couro cabeludo.

 Eu sinto muito, Skylar. Eu não quero te usar para uma coisa tão errada
assim… mas… eu tenho que te imaginar agora, andando ao meu redor, me
tocando como se eu fosse uma propriedade… um DVD alugado.

─ Bom garoto. Eu também estava com saudades. – ela permanecia


brincando com meu cabelo enquanto meus gemidos acalmavam um pouco. ─
Silêncio.

 Graças a Deus. O silêncio pode ser tão agradável às vezes. Já outras vezes
não. De repente, eu me lembrei dos meus lábios com grades de celas de prisão
desenhadas neles e mantive meus olhos fechados com cuidado, tentando
afugentar a lembrança por ora.

 ─ Veja só o que a Raven fez com você. – ela falou com uma voz casual à
medida que deixava sua mão se arrastar até a parte detrás do meu pescoço,
seus dedos acompanhando os sinais que eu exibia na região.
 Suas mãos agora estavam na minha bunda e ela parou atrás de mim, um
pé em cada lado das minhas pernas, e pisou na carne ali. Meus olhos se
fecharam com um pouco mais de força, meu maxilar trincado, e meu treinador
interno ordenou que eu relaxasse imediatamente. Você está agindo por
debaixo dos panos, ele me disse, faça a sua parte, cacete.

 Eu me obriguei a relaxar e, em seguida, Claire empurrou minhas costas,


ordenando:

 ─ Pra baixo, garoto.

 Eu me encontrava de quatro agora, abrindo meus olhos e fitando o chão à


medida que ela separava minhas nádegas, verificando se havia vestígios de
danos no seu animal de estimação.

 ─ Ela acabou com você, também. – Claire parecia já saber disto e parte de
mim pensou que talvez ela tivesse falado com Raven após o fato, e minha
paranoia aumentou.

 ─ Você sangrou? – ela estava examinando a abertura a grosso modo e


acrescentou. ─Responda.

 ─ Não, Claire. – eu respondi, tentando me impedir de gritar.

 Depois de alguns minutos, ela parou com aquilo e agarrou a parte de trás
do meu cabelo, me puxando para meus joelhos novamente, dizendo:

 ─ Pra cima, garoto.

 Minhas mãos voltaram para a posição, dobradas atrás de mim, e ela se


moveu à minha esquerda.

 ─ Tsc. – ela estalou a língua ruidosamente, não parecendo muito feliz de


repente. ─ Você engordou, vadio.

 Eu senti seus dedos beliscarem meu quadril e uma pequena porção de pele
estava sendo torcida entre seu polegar e dedos. Eu me contraí, mas não me
atrevi a gritar ou sequer soltar a respiração.

 Mantive meus olhos abaixados, recordando dos lanches no apartamento de


Skylar. Eu não tinha malhado o suficiente durante minha estadia lá. Merda.

 Sua mão se chocou no meu rosto com força e eu senti uma lufada de ar
escapar pela minha boca. Porra! Eu quase perdi o microfone. Eu apertei minha
língua sobre ele, fechando minha boca.

 Mantenha seus olhos no chão, eu disse a mim mesmo e me obedeci.

 ─ Não teve tempo de se exercitar? – ela perguntou, dando um tapa na


minha outra bochecha, com a mesma intensidade da primeira.
 Não me foi dado permissão para responder. Eu simplesmente tinha que
aguentar, calado.

 Seu punho se apertou em meu cabelo e então pude sentir sua raiva. Eu
costumava me orgulhar do fato de que fazia meu trabalho e nunca reclamava,
que jamais dava qualquer problema para Claire. E pensar nisso agora me dava
vontade de vomitar. Eu me pergunto o que Skylar viu em mim no meu
primeiro contato com ela, as coisas que eu disse… a fraqueza dentro de mim
deve ter lhe causado repulsa.

 ─ Maldito vagabundo preguiçoso. – ela resmungou, empurrando minha


cabeça, soltando meu cabelo e me deixando curvá-la na minha posição ditada.
─ Você come como se não houvesse amanhã. Nada de comida por dois dias.

 ─ Você não merece minha coleira. – ela disse, parando na minha frente
agora, as mãos descansando nos meus ombros.

 Essa é a primeira coisa que ela disse que coincide com a verdade.

 ─ Engatinhe até o porão, seu imprestável. – ela mandou e eu me postei em


meus joelhos e mãos novamente, engatinhando para fora do meu quarto e
desci o corredor. Eu podia escutar ela andando atrás de mim, sem dizer mais
nada enquanto eu seguia a um ritmo médio, do jeito que ela gostava que eu
fizesse.

 Eu cheguei a porta e permaneci de quatro enquanto ela dava a volta em


mim, destrancado os trancos da porta. Ela a abriu e disse:

 ─ Entre.

 Eu engatinhei para dentro do quarto escuro e esperei, ainda de quatro, a


luz ser acesa. Outra luz forte desta vez. Este quarto tinha várias luzes. Uma
vermelha para punição, que é quase agradável… uma luz laranja fosca que é
para os momentos de descanso entre as sessões… e uma luz branca cruel que
só contribuía para a tensão e não escondia nada durante uma sessão
particularmente pesada.

 Esta é a luz branca. A luz com a qual eu assisti Claire cometer um


assassinato.

 Eu não precisava erguer os olhos para saber o que havia aqui. Esse quarto
tinha se tornado tão familiar para mim quanto o restante da boate. Era um
cômodo enorme e aberto, sem nenhuma janela, novamente com paredes de
tijolos cinza com uma série de diferentes ganchos e prateleiras, expondo cada
brinquedo e instrumento que Claire possuía, anos a fio acumulando objetos.

 Havia uma cruz no canto mais distante, coberta com um lençol geralmente,
que tinha um X gigante de couro preto com alças de metal em cada
extremidade e um cinto de restrição no meio para prender a cintura de uma
pessoa.
 Também tinha a jaula, uma redonda e alta pendendo do teto. E outra
menor no canto esquerdo que eu só poderia me sentar na posição fetal.

 Esses eram os objetos permanentes do calabouço, mas sempre havia


coisas novas indo e vindo de temos em tempos, conforme o humor de Claire
mudava. Eu tinha um pressentimento de que haveria alguns apetrechos novos
aqui hoje.

 Eu me perguntei com o que ela começaria e exatamente o quanto ela


estava furiosa comigo, de verdade. O tempo diria. Eu não me metia em
problemas com ela há bastante tempo. A maioria dos momentos que passei
aqui foram dolorosos, mas ela estava brincando comigo, e não chateada
comigo. Agora era diferente.

 A porta se fechou atrás de nós, mas não a escutei passar a tranca, como
sempre.

 ─ Pra cima. – ela puxou meu cabelo de novo e eu me ergui de joelhos,


minhas mãos novamente nas costas. ─ Você me desagradou seriamente,
Mathew. – ela estava numa parede, a alguns passos de distância, examinando
seus instrumentos. ─ Eu tinha te treinado tão bem. Você era perfeito.
E aquela vadiazinha te estragou completamente.

 Eu fechei a cara e senti meus olhos estreitarem de raiva. Ela estava falando
da Skylar. Sua vadia desgraçada! Eu quase ergui meus olhos até ela, mas
então o escravo dentro de mim, que queria continuar com o meu teatro, me
agarrou pelo pescoço, me lembrando do que eu estava tentando cumprir aqui.

 ─ Vou ter que começar de novo. – Claire suspirou, e escutei barulhos de


correntes enquanto ela se aproximava de mim por trás.

 Senti o metal frio nos meus pulsos, e o clique das trancas das algemas ao
redor deles. Ouvi o tilintar de correntes e outro metal tocando a parte frontal
do meu pescoço, um cadeado sendo apertado na minha nuca. A corrente atrás
de mim estava sendo puxada novamente e meu pescoço foi forçado para trás
até que eu estava encarando o teto, outro cadeado sendo colocado, segurando
as correntes da minha coleira e as algemas ao redor dos meus pulsos, me
prendendo numa posição onde minhas costas ficavam arqueadas.

 ─ Não gosto de fazer isso com você, Mathew. – ela deslizou um dedo do
meu queixo ao pescoço.

 Em seguida, ela foi para trás de mim e começou a colocar algemas de
metal em volta dos meus tornozelos, e a ligar a corrente nelas também,
prendendo meus pulsos firmemente a elas.

 ─ Você vai se lembrar de como eu sou atraente para você. – ela


disse,passando suas unhas pela minha bunda. ─ Você vai implorar por mim
quando me ver novamente. Você vai se lembrar de como você era feliz
comigo.
 Eu duvido muito. Eu estava bastante confiante de que nada que ela podia
fazer comigo faria eu realmente me sentir dessa maneira. Nenhuma dor
poderia me assustar ao ponto de regredir tanto assim.

E então ela disse:

 ─ Entre, Senhor Kevin.

 A porta do porão se abriu e um homem alto e musculoso entrou.

 Ele tinha cabelo preto e comprido, levemente ondulado, um rosto com


traços bem definidos típicos. Ele não  vestia camisa, mas usava uma calça
preta de couro, uma corrente de prata presa no seu quadril direito. Suas botas
faziam um som estranho no chão e ele me olhava, um sorriso se espalhando
pelos seus lábios rosados, revelando dentes perfeitos e brancos. Sua pele
parecia muito bronzeada comparada a parede cinza de tijolos atrás dele.

 Ele parou a alguns passos depois da porta e cruzou os braços, inclinando a


cabeça e me examinando, nem mesmo se incomodando em disfarçar o fato de
seus olhos terem se abaixado e fixado naquela região por um longo tempo.

 Qualquer ereção que eu tinha até então estava morta e pude sentir,
sabendo que eu seria punido por isso em algum momento de hoje.

 Claire grudou na parte de trás do meu cabelo como se para me firmar.

─ Senhor Kevin, esse é o Mathew. – ela me apresentou com um tom de voz


açucarado.

 ─ Olá, Mathew. – ele falou com uma voz grave e masculina, um sorriso
sincero estampado nos lábios.

 Eu me limitei a soltar outro suspiro, rezando para que isto não fosse o que
eu estava pensando que era. Claire não faria isso  comigo. Ela sabe como eu
abomino a ideia. Mais do que tudo. Eu lhe disse desde o princípio… sem
homens. Ah porra!

 ─ Venha aqui, Senhor Kevin. – Claire o convidou a se aproximar. ─ Pode


tocar.

 PORRA! Não, Claire, NÃO faça isso comigo! Não fui tão terrível assim! Não,
ela não vai fazer isso. Ela está tentando me botar medo.

 Ele se adiantou, sem muita pressa, movimentando-se devagar, como se eu


fosse um filhote de cachorro ou algo do gênero.

 ─ Shhhh… tudo bem… – ele me garantiu enquanto se aproximava. ─ Não


vou te machucar, anjo.
 Eu deixei escapar outro suspiro repleto de medo e Claire puxou minha
cabeça para trás com mais força, lembrando-me de me comportar.

 Ele ficou parado diante de mim e hesitou quando sua mão começou a se
erguer na minha direção. Eu estava ciente da minha respiração agora e isso
não era bom. Ambos estavam me deixando em pânico e em grande escala. Eu
tentei controlá-la… a fim de me recompor.

 ─ Relaxe, baby… – a voz dele tentou me tranquilizar enquanto ele se movia


um pouco para o meu lado, não querendo ficar me medindo de uma maneira
dominante demais. Ele parecia verdadeiramente sincero pelo tom de voz, mas
talvez ele pensasse que eu gostava daquilo.

 Talvez ele não soubesse que isto era um castigo gigantesco para mim, um
que eu jamais queria conhecer.

 ─ Eu adoro seu cabelo. – ele elogiou, seus dedos se movendo lentamente


pela lateral do meu cabelo desalinhado, não querendo puxá-lo ou empurrá-lo
ainda. ─ E é tão macio e claro,também. Muito bonito.

 Eu fechei meus olhos e senti lágrimas se acumularem dentro deles


enquanto Claire estava conversando com Senhor Kevin.

 ─ Ele  é muito bonito. –  ela concordou. ─ Geralmente ele é um menino


obediente, mas está merecendo umas chicotadas ultimamente, como você
pode ver.

 ─ Coitadinho. – eu o ouvi dizer em solidariedade, seus dedos passando


sobre as marcas nas minhas costas.

 Apertando meus olhos agora, eu senti a umidade transbordar pelos meus


cílios, encontrando meu rosto enquanto meu corpo tremia de uma forma um
pouco violenta.

 ─ Ele nunca experimentou homem antes. – Claire disse. ─ Como eu já te


expliquei. Foram usados somente brinquedos. Se ele te causar algum
problema, pode castigá-lo com um pouco de dor. Ele é um escravo da dor,
então está acostumado com isso. Não cause nenhum dano permanente. Eu o
quero lá em cima trabalhando na semana que vem. E como sempre, use
camisinha.

 Não conseguindo mais segurar minha língua, gritei:

 ─ Claire, por favor!

 Ela puxou minha cabeça para trás e deu um tapa bastante forte na minha
boca. Eu estremeci, sentindo a dor latejante no local.

 ─ Ele não tem permissão para falar! – ela puxou minha cabeça mais uma
vez e pensei ter sentido o gosto de sangue. Eu apertei minha língua sobre o
microfone em minha boca, tentando manter a calma, assim não perderia ou
engoliria o aparelho.

 ─ Mas se quiser que ele fale, fica a seu critério. – Claire falou a Kevin. ─
Não acredito que ele te dará muitos problemas. Assim que se acostumar, ele
vai ficar bem.

 ─ Você me conhece, Claire. – Kevin disse. ─ Não sou um mestre cruel. Sou
muito gentil com meus submissos.

 ─ Eu sei que é. – ela parecia que estava sorrindo. ─ É por isso que te
escolhi para ser o primeiro de Mathew. Ele é meu bebê e eu o amo. Odeio vê-
lo machucado… mas decidi que ele precisa disso. Ele está pronto.

 O PRIMEIRO? Como se fosse haver mais homens? A coisa mais nojenta era
ouvi-la dizer que me ama.

 ─ Ele é um escravo amável. – ela conversava com ele como se eu nem


estivesse aqui! Pior, como se eu fosse algum débil que não podia entender o
que eles estão dizendo.

 ─ Ele só  está com medo. – ela disse, enquanto eles olhavam para meu
rosto, que eu tenho certeza que estava manchado de lágrimas neste momento.

 ─ Tudo bem. – Kevin sussurrou, as costas da sua mão afagando minha


bochecha, sentindo a umidade. ─ Eu serei bom para ele, Claire. Eu prometo.

 ─ Eu sei. – ela falou e eu fechei meus olhos, ouvindo um som pesaroso


escapar de mim.

 Kevin estava tocando meus lábios com seu polegar e notei que eu estava
ofegando por ar.

 ─ Deixe eu me despedir dele e ele será todo seu. – ouvi Claire dizer e
Senhor Kevin se afastou para um ponto distante do quarto para nos dar
alguma privacidade.

 Se existia alguma chance de implorar feito um cachorro, era agora.

 ─ Claire, por favor, por favor… – eu arfava, tremendo como uma folha,
contra a minha vontade. ─ Não faça isso, POR FAVOR! Eu farei tudo que você
disser, eu juro!

 Ela ignorou meus apelos e me calou me beijando com intensidade, sua


língua explorando enquanto eu lutava para prender o microfone sob minha
língua.

 ─ O Senhor Kevin é muito bom. – ela disse depois que cortou o beijo. ─
Você seja um bom menino para ele e te vejo hoje à noite. Eu prometo.
 Eu me sinto como uma criança sendo deixada no primeiro dia do jardim de
infância.

 ─ Por favor, não. – implorei, as lágrimas borrando minha visão à medida


que eu deixava toda a dignidade para trás. ─ Me desculpe! Eu te amo, Claire,
por favor… Por favor? Eu quero você… eu te amo… eu te amo tanto.

 Skylar, por favor, por favor, não escute, não me odeie. Eu não estou
falando isso de coração, eu tenho que falar. Eu direi qualquer coisa para
escapar disso.

 Eu estava tentando beijá-la novamente, para enganá-la, mas ela se


endireitou, sorrindo de cima para mim enquanto eu me tornava um
cachorrinho chorão.

 ─ Eu te amo também, Mathew. – ela tocou o meu queixo. ─ É por isso que
tenho que te castigar quando você não está se comportando. Vai ser bom para
você. Lembrar o que você é… E a quem você pertence. Quando eu voltar,
conversaremos.

 ─ Não, por favor, não me deixe, Claire. Não me deixe aqui! – eu pisquei e
senti mais lágrimas se derramarem, eu balancei minhas correntes quando me
debati um pouco, a minha ficha realmente caindo agora… ela ia me deixar com
esse cara o dia todo!

 ─ Você devia me agradecer por estar te deixando com um mestre gentil. –


ela passou suas mãos pelo meu pescoço, descansando elas nos meus ombros.
─ Eu podia te deixar com um malvado. Um feio. Não fique implorando. Você
está fazendo o Senhor Kevin se sentir mal. Me deixe orgulhosa. Seja um bom
garoto.

 Ela deu alguns passos para trás, seus olhos encarando os meus com
desejo. Mais uma vez, ela parecia tão excitada que me dava nojo. Ela gosta de
ver o medo, adora me ver chorar que nem uma criança, e posso apostar que
ela adora quando eu confesso meu amor por ela. E ela ainda chama a Skylar
de vadia.

 ─ Me agradeça, Mathew. – ela mandou com uma voz gentil.

 Eu estremeci, não querendo nada mais do que beber o seu sangue
enquanto dançava em volta do seu corpo sem vida. Mas eu sabia que se não
obedecesse, ela poderia trazer outro homem aqui para mim amanhã.

 Eu tentei disfarçar meu ódio por ela, não sabendo se estava fazendo isso
muito bem, e arfei.

 ─ Obrigado, Claire.

 Ela me sorriu e, em seguida, olhou para trás de mim, sorrindo de alegria


para o Senhor Kevin.
 ─ Viu? – ela perguntou. ─ Ele é realmente um fofo.

 Eu senti as unhas dele se movendo em círculos nas minhas costas e ele
respondeu, tão docemente quanto ela.

 ─ Vamos ficar bem. Eu irei devagar.

 UGH! Essa era a única coisa que eu jurei que jamais aconteceria comigo. O
único pesadelo que eu tinha conseguido escapar… até agora.

 Eu tentei me agarrar a minha coragem e lembrar as minhas palavras para


Skylar. Se isto é o que eu tenho que fazer para ficar livre, por você, por Katie,
eu irei fazer.

 Deus, por favor, me mate agora… ou me faça desmaiar ou algo assim!


Qualquer coisa!

 Claire olhou para mim novamente e repetiu:

 ─ Eu te amo, Mathew.

 E então ela saiu, fechando e depois trancando a porta atrás de si. Eu me


perguntei se o Kevin estava tranquilo em ficar trancado aqui o dia todo
também. Ou talvez ela tenha dado uma chave para ele. Eu gostaria de
perguntar, mas não podia arriscar. Além disso, eu tinha coisas mais horrendas
na minha cabeça.

 Após um minuto de silêncio, ouvi Kevin atrás de mim, me dando um pouco


de espaço para me acalmar.

 ─ Você pode relaxar agora que sua Mestra foi embora. – ele tentou me
confortar. Mal sabia ele que não era ela que me perturbava.

 Eu não respondi, sabendo que nenhuma quantidade de súplicas a ELE me


faria algum bem. Eu estava ferrado e sabia disso. Senhor Kevin estava quieto
do outro lado do quarto, preparando alguma coisa que eu não tinha vontade de
ver, e algo me dizia que agora era um bom momento para plantar o microfone
em algum lugar, quando Claire não estava e não havia ninguém olhando.

 Mas então, eu pensei em William, ouvindo um homem me estuprando, me


ensinando como ele gostava que seu pau fosse chupado, e horas de merda
depravada que eu teria que desempenhar.

 Eu não posso. Não posso deixar ninguém ouvir isso. Me desculpe, William.

 Eu tirei o microfone debaixo da minha língua e o enfiei em um dos meus


dentes de trás.

 Desculpe, Skylar. Não fique assustada. Eu vou sair quando tiver minha
prova. Não precisamos de um microfone.
 Eu mordi com força, o sentindo quebrar e estilhaçar entre meus dentes à
medida que mordia de novo, e engolia os fragmentos minúsculos. De repente,
sua voz estava bem atrás de mim e quando ele falou, saltei ligeiramente.

 ─ Não precisa ter medo de mim, Mathew. – ele disse, suavemente, suas
mãos massageando meus ombros, seus lábios quentes contra meu ombro
enquanto eu enrijecia, me contraindo, tentando controlar minha respiração
apressada.

 ─ Eu gosto de você. – sua voz vinha como vento sombrio arás de mim e ele
lentamente deu a volta, parando na minha frente enquanto seus olhos
pareciam passear pelo meu rosto.

 Seus dedos traçaram lentamente meus lábios e eu soltei o ar dos meus


pulmões.

 ─ Você é tão bonito. – ele disse, parecendo estar falando sério. ─ Seus
olhos… sua pele… seu nariz…

 Ele passou o dedo no meu nariz, dando uma batida de leve na ponta, e eu
me afastei para trás, não me mexendo muito, na realidade, com as algemas e
correntes me segurando na posição.

 Esse cara não parecia um estuprador do tipo doente e sem escrúpulos. 


Mas ainda assim, ele sabe que não quero isso e está aqui mesmo assim. Ele
está apenas tentando suavizar seu ataque com palavras bondosas e dedos
carinhosos. Isso só piora as coisas. Eu preferia levar socos na cara até sangrar
e aguentar isso desse jeito. Ao menos é mais honesto. Este cara age como se
fossemos almas gêmeas ou coisa do tipo.

 ─ Sua boca… – ele tocou meus lábios novamente com seu polegar e
acrescentou. ─ Tão macia. Uma boca tão beijável.

 Ele se curvou e separou os lábios, prestes a encostar nos meus, mas puxei
minha cabeça para trás, sentindo a força das correntes atrás do meu pescoço,
me contraindo de dor quando elas se estenderam com a minha resistência.

 ─ Não, não, Mathew… – ele advertiu com doçura, esfregando a região


embaixo da coleira. ─Não se machuque lutando. Não precisamos nos beijar
ainda se você não quiser. Eu entendo.

 ─ Eu também fui escravo, Mathew. – ele disse, suas mãos acariciando


meus braços enquanto eu tremia mais e mais. ─ Eu sei o que é sofrer. Não
quero te machucar, anjo. Eu só quero te dar prazer… e receber prazer de você,
se você quiser me dá-lo. Sou paciente e gentil. E eu te quero. Você é tão lindo,
Mathew. Você sabia disso?

Eu pisquei outra vez, e meus olhos traíram meu olhar forte decadente.

 Lágrimas de novo.
 Eu queria que esse homem fosse nojento e asqueroso e que acabasse com
isso de uma vez por todas. Mas eu tenho certeza que era isso que Claire tinha
em mente. Um dia lento e arrastado de puro sofrimento, um amante tolerante
que simplesmente esfregasse isso na minha cara, me dizendo que se
importava e que me achava bonito. Essa era sua versão de uma piada doentia.
E eu era o alvo dela.

 ─ Por favor, não chore. – ele falou, colocando suas mãos em meu rosto e
se inclinando, beijando minhas lágrimas. ─ Eu prometo não te machucar. Não
chore.

 Eu fechei meus olhos, encostando minha testa nas grades da minha jaula e
lágrimas pesadas escorreram pelo meu rosto, desta vez pelos dois olhos, a luz
laranja suave me fazendo companhia enquanto eu tentava esquecer o meu
dia.

 Então, o rosto do garoto veio à minha cabeça. Ele estava chorando…


gritando e sangrando. Eu obriguei minha mente a se focar novamente e se
concentrar em todo o motivo por eu estar fazendo isso. Que direito eu tinha de
sentar aqui nessa jaula, chorar e sentir pena de mim mesmo quando ele tinha
pagado o preço máximo nesta mesma sala? Eu tinha que fazer isso direito.
Tanya… eu sinto muito por ter te tratado da maneira que te tratei. Eu sei que
você estava dando o seu melhor. Por favor, ajude a Skylar agora, não assista
nada que está acontecendo comigo.

 Console a Skylar. Ajude- a se focar nas suas aulas e no seu trabalho.


Mantenha-a segura. Mantenha-a longe daqui.

 Senhor Kevin havia me deixado a mais ou menos uma hora atrás. Ele tinha
me informado que estava quase na hora do jantar e que tentaria me arranjar
alguma coisa para comer. Eu não o tinha visto desde então.

 Eu esfreguei meus lábios rudemente de novo, tentando me livrar do seu


gosto, o cheiro do seu perfume ainda estava por todo o meu corpo, os sons
compassivos e calmos da sua voz ainda na minha cabeça me ridicularizando.

 Eu segurei meu cabelo com força, chorando enquanto percebia que minhas
pernas continuavam tremendo.

 ─ Pare. – eu falei em voz alta para elas, colocando uma mão na minha
coxa.

 Pude ouvir o cadeado do lado de fora e, em seguida, a outra tranca sendo


aberta e enxuguei meus olhos com as duas mãos rapidamente, não querendo
ouvir suas provocações sobre estar aqui dentro chorando, depois do meu
encontro às cegas com o Senhor Kevin. Vai exigir muito poder de atuação para
fazê-la sentir que eu não a odeio depois de hoje.

A luz branca foi acesa e meus olhos se apertaram, cegados pelo clarão
repentino.
 Claire entrou e fechou a porta atrás dela, segurando uma rosca e uma
garrafa de água, sorrindo cheia de si para mim, como se estivesse me
trazendo um jantar cinco estrelas.

 Eu mantive meus olhos abaixados, rezando para alguém – qualquer pessoa
– para me ajudar a aguentar meu percurso. Eu tenho que fingir obediência
agora. Tenho que ficar apaixonado por essa Rainha das Megeras de primeiro
nível.

 ─ Como você está, gatinho? – ela perguntou, fingindo preocupação.


Gatinho? Vá se foder.

 ─ Estou bem. – menti, continuando a olhar para minhas pernas enquanto


ela se aproximava pela lateral da jaula.

 ─ Coma, querido. – ela ofereceu e peguei sem olhar para ela. Eu não
conseguia. Se olhasse, eu rasgaria sua garganta e ficaria preso aqui por quem
sabe quanto tempo?

 ─ Obrigado, Claire. – eu fiz o meu melhor para soar agradecido e, em


seguida, ela me entregou a garrafa de água. Eu comi, tentando dar mordidas
minúsculas após o comentário dela que eu como feito um porco e o papo
furado de que estou gordo. Eu simplesmente estou com uma aparência
saudável, e não parecendo pele e osso, e isso a deixa maluca.

 Sem manteiga no pão. Deus do céu, eu te odeio, Claire. Espero conseguir


te ver comer pão e água quando estiver no seu uniforme laranja da prisão.

 ─ Está doendo alguma coisa? – ela estava me olhando, sentindo pena de


mim agora? Porra, que vontade que eu tenho de mandar ela se foder.

 ─ Não.

 ─ A quem você pertence, Mathew? – ela cruzou os braços, erguendo uma


sobrancelha.

 ─ A você, Claire. – mantive meus olhos no pão, não colocando muita


emoção nas palavras.

 ─ Diga que me ama.

 ─ Eu te amo, Claire.

 Ela chegou mais perto das grades da jaula e disse:

 ─ Olhe para mim, Mathew.

 Eu levantei meus olhos completamente para ela e ela me encarou de volta,
cheia de simpatia nos olhos.
 ─ Sei que está magoado, chateado… e em choque. – ela falou. ─ E não te
culpo. Eu não quero te castigar assim nunca mais. Mas você mereceu. Não sou
tão idiota quanto você pensa que sou, Mathew. Coma seu jantar… e voltarei
mais tarde. Tenho que ir lá para cima, a boate irá abrir daqui a pouco. Tire uns
minutos de sono depois que comer.

Eu bebi toda a água da garrafa depois que terminei a rosca e


imediatamente me repreendi por isso. Eu teria que fazer xixi mais tarde e
tenho certeza que isso seria usado contra mim como uma punição. E se tivesse
alguma coisa nessa água? Alguma coisa que me fizesse dormir e quando eu
acordar, vou estar no porão da Raven? Ah Deus, não. Fique acordado! Não
pegue no sono! E se estiver tudo bem com a água e eu estou apenas me
torturando sem nenhum motivo?

 Eu me pergunto se Ryan está no andar de cima. Espero que a Skylar não
tenha ligado para ele depois que quebrei meu microfone. Ele não pode entrar
aqui, ele não tem a chave. Tomara que ele não tente chegar perto daqui. Ele
vai se meter em problemas.

 Comecei a pensar em diferentes formas de matar Claire e antes que me


desse conta, eu estava curvado no fundo da jaula, desejando que tivesse um
cobertor, sorrindo para mim mesmo enquanto despejava gasolina no corpo
amordaçado de Claire, a escutando implorar pela vida dela enquanto eu
esperava, brincando com meu isqueiro, deixando-a refletir sobre aquilo por um
tempo antes que eu acendesse o isqueiro de vez.

 Eu cheguei a adormecer algumas vezes, mas a luz era forte demais. Eu
queria que a luz vermelha fosse acesa ou que todas as luzes fossem apagadas
completamente, me concedendo um maravilhoso vazio negro.

 Neste mundo, seria uma dádiva ser cego.

 Não sei quanto tempo tinha se passado, mas depois de uma eternidade,
ouvi as travas serem abertas novamente. Eu me mexi para me sentar na jaula,
esfregando meu olho e estremecendo por conta dos meus músculos doloridos.
Eles tinham ficado acostumados a cama macia à noite, ao calor, e não a se
curvarem numa bola enquanto eu dormia.

 Skylar Hayes tinha me mimado.

 Skylar Hayes… parecia a mundos de distância de mim agora, como Vênus.

 ─ Acorde, acorde, dorminhoco. – a voz de Claire estava próxima à medida


que meus olhos se abriam um pouco, e ela estava ali, abrindo minha jaula, e
se afastando dela, em direção ao outro lado do quarto amplo, ordenando. ─
Saia, se ajoelhe no centro.

 Hora de me apresentar para minha dona.


 Eu engatinhei para fora da cela e continuei me movendo de quatro até o
meio do quarto, erguendo minhas mãos do chão e dobrando-as firmemente
atrás de mim, de joelhos, me assegurando que minha postura estivesse certa.
Olhos abaixados.

 No fundo, eu queria dar um bote e agarrá-la por trás, apertar


selvagemente sua garganta com meu braço enquanto exigia minha amostra de
sangue e depois a trancava na jaula. Mas Claire morreria antes disso. Ela era
esperta, mas também psicótica. Ela não daria ouvidos à razão ou entenderia
que estava aprisionada. Ela se divertiria com a briga. Ela venceria e Skylar
pagaria por isso. Katie pagaria. Espere, eu disse a mim mesmo. A sua hora vai
chegar. Seja paciente.

 ─ O Senhor Kevin foi bom para você, Mathew? – ela perguntou enquanto
andava para mais perto de mim.

 ─ Sim, Claire. – respondi, tentando não soar morto por dentro, desejando
que ela simplesmente me deixasse tentar esquecer disso, desejando que ela
parasse de brincar comigo a sobre esse assunto.

 ─ Ele ficou muito satisfeito com você. – ela estava afagando meu cabelo e
tentei agir como se gostasse de seu toque. Eu fechei meus olhos e inclinei um
pouco minha cabeça para sua mão, dando um leve suspiro.

─ Ele se ofereceu para te comprar de mim. – ela deu risada. ─ O que você
acha disso, bichinho?

 ─ Por favor… não… – eu arfei. ─ Eu quero ser seu. Não quero pertencer a
mais ninguém. Eu amo você, Claire… minha Mestra…

 Por favor, faça-a acreditar nisso, eu não sei se fui muito convincente, mas
senti seus dedos na minha bochecha e fui mais adiante, me atrevendo a
obrigar meus lábios a cobrir sua mão de beijos.

 Ela deixou a mão ali, recebendo minha atenção enquanto eu começava a


lamber seus dedos finos, beijando as digitais úmidas e quentes diante de mim.

 ─ E a sua namorada? – ela falou com desprezo e ciúmes, e continuei a


beijar o outro lado da sua mão.

 ─ Eu não tenho namorada, sou seu escravo. Seu escravo para sempre. –
eu disse, esperando que eu não estivesse sendo exagerado demais.

 ─ Não sei não, Mathew. – ela disse, desconfiada. ─ Você parecia bastante
feliz com aquela garota na semana passada… e você me desafiou para
protege-la. Acho que você gosta muito dela.

 ─ Não. – ouvi minha voz ficar mais baixa e grave enquanto começava a
dizer as mentiras mais obscuras que podia. ─ Eu estava trabalhando. Não me
importo com ela. Ela não conseguia nem foder decentemente, tive que ensiná-
la tudo. Estou esgotado depois de duas semanas com ela. Ela era uma pirralha
que só reclamava. Uma nerd magrela. Eu mal podia esperar para voltar para
casa. Eu senti tanto sua falta, Claire. Por favor…

 Ela se afastou um ou dois passos de mim, me fazendo parar no meio de


um beijo à medida que sua mão desaparecia da minha boca.

 Espero que ela tenha acreditado no meu discurso estúpido sobre Skylar. Eu
não queria que Skylar corresse qualquer perigo de sentir a ira de Claire.

 ─ Por que você se pôs na frente dela naquela noite, Mathew? – ela tirou
alguma coisa da parede e estava caminhando até mim de volta.

 ─ O pai dela é oficial da polícia. – respondi baixo. ─ Eu não queria me


arriscar a te perder. Eu fiquei com medo que você pudesse ser capturada e
presa.

 Isso parece verdadeiro, certo? Precisa de um pouco mais.

 ─ Além disso, ela me contou que o pai dela já machucou suspeitos antes. –
acrescentei. ─Ele faz o que quer com as pessoas que o irritam. Ele baleou a
mão de um homem durante um interrogatório. Eu estava te protegendo,
Claire.

 ─ Hmm. – ela respondeu de forma curta enquanto começava a beliscar


meu mamilo direito, se curvando e o lambendo e mordendo, me fazendo arfar.

 Em seguida, ela abriu um grampo de mamilo prata que tinha dentes
afiados e o fechou ao redor do meu mamilo endurecido. Eu dei um gemido
baixo, fechando meus olhos, suportando a dor familiar, acostumado a esse tipo
de aflição.

 Eu não resisti ou fiz mais qualquer barulho enquanto ela lambia meu
mamilo esquerdo agora, mordendo-o sem pena até que estivesse ereto, pronto
para seu grampo. Senti os dentes de metal me morder e prendi a respiração,
suportando.

 ─ Melhor. – ela disse, me observando, e então senti uma pequena carga de


eletricidade. Não muito forte… apenas o bastante para fazer meu corpo dar um
solavanco de surpresa.

 Ela riu e beijou minha bochecha, como se estivesse arrependida por fazer
piada às minhas custas.

 ─ Me beije. – ela olhou para baixo e seus lábios estavam bem acima dos
meus.

 Eu devorei sua boca, ficando de joelhos tanto quanto possível enquanto
minha língua se movia na dela e meu beijo molhado se esforçava para tragá-la
para dentro. Eu fechei meus olhos e imaginei os seios de Skylar… seu bumbum
delicado que corava quando ela se excitava. Eu senti meu pau endurecer só
com o pensamento da sua imagem e fiquei aliviado. Eu tenho que convencer
Claire da minha lealdade outra vez. Tenho que fazê-la sentir que a amo. Eu
preciso reconquistar sua confiança.

 Eu me atrevi a falar, esperando que não fosse punido severamente por
isso.

 ─ Só existe você, Claire. – eu sussurrava e gemia enquanto a beijava. ─ Eu


sofro quando penso que te desagradei. Eu não quero mais ninguém. Só você.
Me machuque… abuse de mim… se satisfaça… faça qualquer coisa que queira.
Só não me deixe… por favor… fique comigo. Eu morreria sem você.

 Preciso ser cuidadoso, acho que estou indo longe demais. Mas então ouvi
Claire gemer e conclui que ela está gostando.

 Senti as cargas elétricas novamente e gemi, passando minha língua pelo


lábio inferior de Claire, fechando e sugando meus lábios sobre ele.

 ─ Você vai se esforçar bastante para me fazer te perdoar, sim? – ela


esfregou meu nariz com o seu.

 ─ Sim, Claire… Deus, sim!

 ─ Você é o melhor animalzinho de estimação que já tive. – ela beijou


minha boca e enfiou as mãos no meu cabelo. ─ Eu te amo, Mathew.

 ─ Eu te amo, Claire.

 ─ Me desculpe, eu tive que te entregar ao Senhor Kevin hoje. – ela disse


em meu ouvido.

 ─ Eu mereci. – eu falei rapidamente. ─ Não quero me esquecer de como


sou sortudo. Ser seu é minha vida. Obrigado por se preocupar o bastante para
me mostrar isso.

 Eu mal conseguia pronunciar as palavras sem ter ânsia de vômito, mas
acho que fui bem. Claire estendeu a mão e encontrou minha ereção,
enroscando sua mão ao redor dela, abaixo da glande.

 ─ Meu cavalo. – ela sorriu enquanto a bombeava na sua mão.

 Eu gemi, me contraindo ligeiramente enquanto abaixava meus olhos até a


ereção, sentindo outro choque metálico nos meus mamilos. Isso apenas me
deixava mais rígido enquanto ela movimentava meu pênis com mais aspereza.

 ─ Você não tem permissão para gozar. – ela disse. ─ Você ainda não está
fora, garoto.
 ─ Sim, Claire. – eu fechei meus olhos, pensando em freiras e nos dedos de
Senhor Kevin na minha boca.

Skylar POV

 Hoje deve ser o pior dia de toda a minha vida. E olha que eu já tive alguns
dias de merda antes.

 Após passar uma hora e meia chorando, Julie e Riley levantaram minha
bunda do chão da cozinha e me fizeram tomar um banho. E então eu fiquei ali,
pelada, debaixo da ducha quente de água, soluçando por mais outros trinta
minutos enquanto tentava me lavar. Eu continuava vendo Mathew molhado
diante de mim, lavando meu corpo, beijando meus joelhos.

“Você tem sido negligenciada, Skylar… mas eu estou aqui agora.”

─ Skylar, não me faça entrar aí. – Riley avisou através da porta.

 O que está acontecendo com ele agora? Ele está gritando? Sangrando?
Com medo? Como diabos eu posso ir pra faculdade ou sequer tomar um
banho, e esquecer por um segundo que ele está sendo torturado neste exato
momento? Como ele pensava que eu realmente seria capaz de funcionar
direito nestes próximos dias? Ele deve pensar que sou feita de aço ou algo do
tipo.

 Eu queria ligar para o Ryan, mas Mathew me fez prometer não fazer isso a
menos que fosse absoluta emergência. Ryan está tão amarrado a Claire quanto
Mathew neste momento. Eu queria ligar para meu pai e perguntar a ele o que
está acontecendo com Mathew. Mas por outro lado, eu tinha tanto medo de
saber. Então, disse a mim mesmo que eu devia saber. Eu sou sua médica,
afinal de contas. Eu devia ser corajosa e enfrentar isso. Mas aí, comecei a
chorar novamente.

 Eu nem mesmo lembro da caminhada até a faculdade. Acho que Julie
apenas puxou meu braço pelo caminho todo e eu simplesmente segui, como
uma ovelha estúpida.

 Eu fiquei sentada durante as aulas, como uma vítima de coma. Eu não ouvi
uma palavra que meus professores disseram. Eu me sinto morta. Só que pior.
Os mortos tem paz. Eu não.

 Julie e Riley me acompanharam depois da aula até meu apartamento e


ficaram para jantar, pedindo pizza – com tudo –, como costumávamos fazer.
Evitei meu quarto e dei algumas mordidas, sem conversar, olhando para o
nada, imaginando o que poderia estar acontecendo com ele agora. Tenho
certeza que não estava sendo nada divertida para minhas amigas, mas não
conseguia nem me importar.

 Riley anunciou depois do jantar que íamos ter uma noite do pijama hoje,
na minha cama.

 Ela tentou mencionar isso de maneira divertida. Como se fôssemos todas


adolescentes de novo. Mas eu rapidamente descartei a ideia, declarando que
só queria ficar sozinha. Não tenho certeza se elas ficaram magoadas ou não,
mas depois do que pareceu mil anos, elas estavam me abraçando e dizendo,
“Nos vemos amanhã, Sky.”

 Elas aguardaram do outro lado da porta até me escutarem trancar tudo e


passar a corrente na tranca. Como se aquilo fosse impedir qualquer um que
quisesse me pegar. Eu quase desejei que ela mandasse alguém atrás de mim.
Eu preferia ser ferida ao lado de Mathew que permanecer aqui,
desesperadamente preocupada e na escuridão sem ele.

 Tenho que enfrentar isso. Ok, Skylar. Respire fundo. Vá para o seu quarto.

 Entrei no quarto escuro e acendi o abajur ao lado da cama, percebendo


algumas coisas em cima da minha cama feita, sobre a colcha branca, rosa e
azul onde Mathew adorava se aconchegar. Eu sentei na cama, colocando uma
mecha de cabelo atrás da minha orelha enquanto examinava os objetos. O
anel de amizade que dei a ele.

 Uma tira de papel que dizia: “O amor é o melhor remédio para um coração partido.” E
havia um pedaço de papel, uma página arrancada do meu bloco de anotações.

 Eu o abri e li:

 “Skylar,
Por favor, guarde meus bens mais preciosos. E por favor, cuide
do meu coração.
Deixei ele aí com você.
Eu te amo pra sempre.
Mathew.”

 Que ótimo, bem quando achei que não poderia chorar mais. Aqui vou eu de
novo.
 Com as mãos tremendo, coloquei o anel no meu dedo do meio, como uma
aliança de casamento. Coloquei o colar, esperando que me trouxesse coragem
e o poder de um urso. Li seu breve bilhete novamente e sorri, o amando ainda
mais. Eu o virei, e vi minha própria letra ali.

“Eu o adoro”. dizia.

 Lembro-me de escrever isto no dia que estava escutando ele cantar no


chuveiro. The Music of the Night.*

 (*The Music of the Night: “A canção da noite”, música do O fantasma da


Ópera, que o Mathew cantou no seu primeiro dia na casa da Skylar.)

 Abaixo das minhas palavras estava a letra de Mathew outra vez:

“O mesmo para você, Dra. Skylar.”

 Adormeci chorando naquela noite, segurando meu bilhete enquanto fitava


a mensagem do biscoito da sorte de Mathew, meu dedo passando levemente
por cima dela uma vez após a outra. Espero que essa afirmação seja
verdadeira. Já que agora tenho um coração partido. E somente Mathew pode
me trazer o remédio que preciso. Tentarei ser forte e esperar. Ele esperou por
anos antes de eu encontrá-lo.

 Eu tinha ligado para o meu pai algumas vezes e deixado mensagens. Ele
nenhuma vez atendeu seu telefone e detestei aquilo. Você acharia que por ser
um policial, ele entenderia. Ele sabia que eu ia enlouquecer de preocupação.
Ele bem que podia me ligar! Eu estava furiosa com ele há horas e não foi até
às 2h da manhã que recebi uma mensagem de texto dele.

“Está tudo bem, não se preocupe. Ligo pra você amanhã. Pai”

 É isso? Está tudo bem? Seu babaca! Meu pai provavelmente está se
divertindo ouvindo-o sofrer.

 Não, isso não é justo. Sei que ele não é assim. Ele só está tentando
tranquilizar minha cabeça. Eu gostaria que ele apenas me dissesse a verdade
sem rodeios. Eu fechei meus olhos e sabia que Mathew jamais me ouviria ou
veria meus pensamentos. Mas os enviei para ele mesmo assim.

 Mathew. Eu sinto tantas saudades. Eu amo você. Espero que você não
esteja sofrendo. Espero que esteja dormindo. Que esteja aquecido e
confortável. Espero que não esteja com medo. Espero que saiba que não está
sozinho. Você tinha razão. Nós estamos juntos, sempre. Eu estou com você,
sofrendo junto com você. Você nunca ficará sozinho em mais nada. Eu estou
com você. Mesmo no Inferno… eu estou com você. Jamais vou te abandonar.

 Boa noite, Águia Livre. Durma agora, meu único amor.

Mathew POV
 Soltei um rosnado do fundo da garganta; ela continuava cavalgando em
mim, não demonstrando nenhuma misericórdia pela minha mandíbula ou rosto
enquanto se chocava com cada vez mais força em cada salto.

 Eu estava deitado na mesa acolchoada de couro, meus pulsos algemados


ao meu lado e meus tornozelos presos na base da mesa, bem separados. Meus
mamilos ainda estavam com os grampos de metal e, além disso, agora eu
tinha um apertando meus testículos e outros dois na parte interna das minhas
coxas.

 De vez em quando, eu levava um pequeno choque de todos os grampos ao


mesmo tempo. E agora que Claire estava se divertindo, não havia nenhuma
maneira de prever a frequência deles. Acho que ela simplesmente apertava o
controle aleatoriamente, de qualquer maneira que seus dedos caíssem sobre
ele. Algumas vezes era apenas uma carga  leve, um calor latejante… outras
vezes era puro fogo, explosões longas e violentas de calor atravessando o meu
corpo.

Eu segurava a ponta de um vibrador preto na minha boca, a outra


extremidade alinhado sobre meu rosto enquanto ela subia e descia em volta
dele, segurando uma alça macia que pendia do teto para suportar seu peso à
medida que continuava fodendo o objeto, não concedendo prazer ao meu
pênis, já que eu ainda estava sendo punido. Essa era uma forma de ela
esfregar na minha cara que eu podia fodê-la de alguma maneira, sem eu
mesmo experimentar algum tipo de prazer.

 Para falar a verdade, foi a coisa mais fácil que eu tinha feito no dia inteiro.
Apesar de machucar meu maxilar, eu não me importava com isto. Eu não
precisava transar com ela e isso estava mais do que perfeito para mim. E os
choques… uma regalia bem-vinda depois do dia que tive com o Senhor Kevin.

 Ela estava gritando e sacudindo em espasmos enquanto gozava por todo o


pênis de plástico, seus lábios molhados bem acima da minha boca abafada. Eu
fechei meus olhos e esperei que seu orgasmo terminasse.

 Após alguns minutos, ela se ergueu do pênis liso e lustrado e suspirou


alegremente enquanto olhava para mim, que ainda o segurava, não me
mexendo até que fosse instruído. Meus olhos a observavam, tentando
transmitir desejo.

 ─ Uau. – ela suspirou, sentando de pernas abertas no meu peito e


encostando seu sexo molhado em mim. Ela segurou o vibrador com a ponta
dos dedos e disse. ─ Abra.

 Eu obedeci e ela o retirou da minha boca dolorida, segurando-o na mão.

 ─ Deixe-me ver os dentes.


 Eu me sentia um animal enquanto juntava meus dentes e deixava que ela
os examinasse. Ela os tocou com cuidado e disse: ─ Abra. – Em seguida,
passou os olhos pelos meus dentes de trás por mais alguns segundos.

 ─ Ótimo. – ela disse. ─ Seus dentes me custaram uma pequena fortuna.

 Eu a beijei, como se estivesse faminto por ela, que rompeu o beijo depois
de um minuto.

 ─ Abra. – ela falou novamente e eu obedeci enquanto ela girava o vibrador.


─ Chupe.

 Eu gemi quando a cabeça de plástico arranhou a parte de trás da minha


língua, sua mão conduzindo o pênis para dentro com força. O gosto abundante
de Claire revestiu minha língua e eu lambi em volta da extensão do plástico
enquanto ela enfiava o vibrador mais fundo e, em seguida, o retirava por
completo, e eu o sugava gulosamente.

 ─ Isso… – ela sorriu para mim e fingi um som abafado de prazer,


engasgando um pouco e quase vomitando quando ela empurrou a extremidade
do vibrador até o limite da minha garganta, e então se aventurando um pouco
mais adiante, me testando.

 ─ Você chupou o Senhor Kevin assim? – ela provocou, e senti a raiva


começar a crescer dentro de mim de novo.

 Uma coisa era ela mandar um homem me atacar e fazer o que quisesse
comigo o dia inteiro, mas agora ela estava fazendo piada e me provocando
sobre isso.

 ─ Mmmmm. – eu falei como resposta.

 Eu engasguei novamente, uma sensação de fogo disparando pelas minhas


veias enquanto ela movia o vibrador mais rápido para dentro e para fora da
minha boca lubrificada, meus lábios se fechando no eixo.

 ─ Oh, tão lindo. – ela comentou, observando meu rosto com atenção. ─
Quem dera eu tivesse um pau que você pudesse chupar.

 Não me diga que você não tem?!

 Eu continuei sugando, até que de repente o vibrador foi arrancado da


minha boca e substituído pelo sexo rosado de Claire, que cobriu minha boca e
quase obstruiu minhas narinas. Eu soltei um pequeno som de desconforto
enquanto minha língua se movimentava furiosamente dentro das suas dobras
umedecidas, esperando que ela me permitisse respirar se eu a satisfizesse. Ela
tinha acabado de gozar, então não devia ser difícil fazer isto logo.

 Ela se erguia e rebolava, sentando no meu rosto e olhando para meu peito
agora, torcendo o grampo de mamilo cruelmente, sua bunda tampava meus
olhos e nariz, minha boca conseguindo uma brecha de ar de vez em quando
enquanto eu serpenteava minha língua nela.

 ─ Mmmm sim, baby. – ela ofegou, abrindo o grampo de mamilo e o


removendo, me fazendo gritar no seu sexo, a liberação repentina trazendo
uma corrente de sangue e dor sinistra com ela.

 Eu tentei sufocar meus gritos, no entanto ela esfregou meu mamilo que
latejava, lambendo seus dedos e os esfregando com mais força, ajudando a
aliviar um pouco a dor.

 ─ Pronto, querido. – ela consolou. ─ Shhhh… bom garoto… meu bebê.

 Ela sugava e lambia meu mamilo e meus gritos cessaram. Eu voltei a me


concentrar no meu trabalho e circulei minha língua mais fundo, a ouvindo arfar
e se esfregar contra minha boca.

 Eu precisava de mais ar, então comecei a mordiscar toda região macia que
conseguia alcançar.

 Quando ela passou sua mão para o outro grampo de mamilo, me ouvi
choramingar, antecipando a dor prestes a vir quando ela o puxasse.

 ─ Eu sei, eu sei… – ela falou amorosamente. ─ Seja corajoso.

 Ela abriu o grampo e eu urrei de dor, sentindo meus pulsos se fecharem,


as correntes fazendo um som estridente quando puxei meus pulsos e tentei
tirar meus pés da mesa.

 Eu estava rosnando e rugindo enquanto ela beijava meu quadril e senti a
boca dela na glande do meu membro, lambendo e enviando um calor úmido ao
redor dele.

 ─ Eu não devia. – ela disse. ─ Mas sou muito mole com você.

 Ela estava chupando meu pau com firmeza, tentando amenizar a dor do
meu mamilo… e então a senti dar um tapa no grampo nos meus testículos.

 Eu gemi alto e implorei incoerentemente com ruídos patéticos ao mesmo


tempo.

 Ela estava me levando mais fundo e se movimentava mais rápido, pra cima
e pra baixo, e abriu os dentes do grampo. Eu arqueei minhas costas, a
levantando comigo enquanto esbravejava e enrijecia, sentindo minha bunda
atingir o couro e, em seguida, se erguer num solavanco de novo.

 Eu senti a umidade nos meus olhos enquanto engolia um pouco de ar, e
logo depois girava minha língua e lambia os cantos do seu sexo… Claire estava
massageando e brincando com meus testículos com uma mão e comecei a me
acalmar, sondando com minha língua, procurando seu clitóris – o ponto
favorito de Claire.

 Eu a queria longe de mim, mas quase me esquecera de que havia grampos
nas minhas coxas.

 Ela parou de sugar meu membro, e eu fiz uma careta internamente,


sabendo que ela não me daria qualquer alívio visto que eu tinha “me
comportado mal”.

 ─ Aguente aí, animalzinho. – ela sussurrou, tocando o próximo grampo. ─


Estará tudo terminado em breve.

 Deus é Pai.

 Eu esperei e então a onda imediata de dor veio novamente. Eu estava


grato que ela estivesse me permitindo gritar. Eu gritei, levantando meus
quadris, esperando que entorpecesse a dor intensa.

 Chega… Deus, por favor… chega por hoje. Mas eu sabia que haveria mais.
Sempre havia com Claire. Esse foi apenas o primeiro dia.

Capítulo 28 

Mathew POV

Minhas pernas estão doloridas pra porra. Tento novamente flexioná-las,


dobrando cada uma delas por trás de mim, usando a minha mão e segurando
por alguns segundos… Depois a outra. Isso melhora um pouco. E então eu
ando mais uns passos, sentindo o puxão da corrente me parar de novo.

Viro-me para dar um ou dois passos para o outro lado, não querendo
continuar andando, mas é melhor do que apenas estar em um ponto. Manter o
sangue fluindo. Caminhar.

 Eu posso sentir a baba nos cantos da minha boca e ela tem viajado por
todo o caminho, passando no meu pescoço e no meu peito agora. Deve ser
horas desde que Claire me deixou aqui sozinho. Ou talvez só pareça.

Meu queixo dolorido palpita novamente, lembrando-me da bola de borracha


preta segurando meus lábios abertos. Ela está firmemente no lugar, perto da
parte posterior da minha boca e a corrente saindo da bola está ligada a algo
por cima que me permite andar alguns passos para frente e para trás no
centro da sala, mas não me deixa tocar em nada que eu possa ver. A prova
que eu precisava estava muito longe do alcance agora, embora eu tivesse
minhas mãos e pernas livres.

Sem pensar, meus dedos tocaram as correntes que cavaram em meu rosto
com muita força, fazendo marcas na carne, conectadas atrás do meu pescoço
com um belo cadeado pesado. Ouvi-me dar um gemido quando eu novamente
tentei passar meus dedos sob as correntes no meu rosto, mesmo que fosse
apenas para massagear a pele e os músculos que estavam embaixo também
não apreciando suas restrições rigorosas.

Ainda sem uso. Eu até tentei chupar meu rosto e fazer isso, mas não
funcionou também. Eu nem deveria estar tentando tirá-la. Se eu fizer e não
puder colocá-la de volta quando ela voltar, eu sou carne morta. Então, eu
estou amordaçado e a mordaça está presa por cima de mim. Eu não posso
nem olhar para baixo, se eu quisesse. Eu posso olhar diretamente para a
frente e para cima, mas nada inferior a isso. Eu não posso deitar, não posso
sentar, não posso sequer ajoelhar, não que eu queira. Eu estou tão cansado.
Eu não dormi a noite toda e eu acho que é o dia seguinte agora.

Eu tentei chegar à parede, talvez eu pudesse me inclinar sobre ela. Isso não
funciona também. Não é possível alcançar as paredes. PORRA!

Tudo o que posso fazer é ficar de pé e andar. E o meu estômago pode


borbulhar. Isto é sobre ele.

Claire… Ela poderia me fazer sofrer mesmo quando ela não está aqui.

Ela provavelmente está dormindo agora em casa… ou fazendo compras.


Muitas das suas punições são assim. Nada que vá me machucar fisicamente,
nada que aparecerá por fora… apenas por dentro. Fome… posições difíceis de
suportar por horas sozinho… humilhação. Espero que não haja mais machos
dominantes no meu futuro. Eu não vou deixar isso acontecer comigo duas
vezes. Eu vou lutar… vou lutar até a morte antes que isso aconteça comigo
novamente.

William provavelmente está muito irritado comigo agora. Eu me pergunto o


que ele está fazendo. Não venha aqui, William. Não faça isso. Não conte nada
a Skylar também. Ela provavelmente está preocupada o suficiente agora.

A corrente puxa novamente e eu me viro, tendo esgotado os meus passos


enquanto a porta trancada sorri para mim agora, poderosa e zombando do
meu corpo escravo nu, completamente livre, a não ser pela mordaça e
correntes, mas ainda assim preso como um rato na gaiola.

Eu esfrego meus olhos, desejando que eles não doessem tanto da falta de
sono. Eu os fecho, meus passos memorizados pela minha corrente enquanto
eu quase durmo caminhando. Aproveite este tempo para si mesmo, minha
mente diz, é melhor do que ter Claire aqui. Bem, isso é verdade. Mas eu daria
qualquer coisa para deitar por alguns minutos, mesmo que seja no chão duro.

Estou com sede. E com fome. E eu vou ter que fazer xixi em breve. Vou ter
que fazer no chão de cimento se ela não vier logo. E eu serei punido por isso
também. Exatamente como ela quer. Eu tinha que beber aquela garrafa inteira
de água.

Deus, eu sou estúpido.

E eu estou tão cansado de andar para trás e para frente aqui! Isso é
suficiente para me enlouquecer! Eu aposto que não vou vê-la o dia todo. Eu
simplesmente tenho que suportar isso. Até a próxima posição divertida em que
ela me colocar.

Eu até tentei movimentar meus braços um pouco, ao invés de deixá-los


pendurados ali, como salsichas, eu estendi-me de um lado para outro,
arqueando minhas costas algumas vezes, massageando os músculos da minha
coxa e panturrilhas o melhor que pude com o que eu poderia alcançar.

Deus, quanto tempo? Eu me sinto como se eu estivesse aqui por dias, indo
e vindo como um animal encurralado!

Ouvi-me começar a rosnar e gemer bem alto, expressando meu desagrado


e desconforto. E, novamente, eu começo a puxar e puxar forte nas correntes
escavando nos cantos sensíveis da minha boca, quase cortando minhas
bochechas enquanto eu grito e desisto de novo, não recebendo nenhum alívio,
meus punhos curvam ao meu lado enquanto eu começo a dar passos maiores,
mais irritados, encurtando cada passo antes de eu ser obrigado a virar e
continuar novamente.

Eu até mesmo fantasiei com a ideia de pegar a corrente que sai da bola na
minha boca e puxá-la para baixo tão forte como o meu peso permitiria. Mas
não, eu não posso deixar haver qualquer prova de eu fazendo isso quando ela
voltar para dentro. Eu não posso sequer mostrar-lhe a minha raiva e gritar
com ela. Eu odeio isso mais do que tudo.

Eu imagino a cena na minha cabeça, eu mesmo, livre da mordaça enquanto


o sabor do sangue do canto dos meus lábios substitui o vazio seco que estava
lá antes. Ela sorri para mim, esperando pela minha voz suave e carinhosa. Mas
ela não obtém isso. Em vez disso, eu grito, “Obrigado pelo descanso do
caralho, sua puta.”

Ela olha furiosa e arremessa seu braço, um chicote vindo até mim. Eu o
pego na minha mão, sentindo o corte e o sangue molhado em minha mão, mas
eu estou acostumado com a dor. Eu o enrolo em volta do pescoço dela e faço
girar suas costas ao meu peito.
Ela engasga e instantaneamente fica tensa quando eu fecho o chicote ao
redor do seu pescoço fino de cobra e corto-lhe o ar. Suas unhas perfeitas
agarram atrás dela para mim, mas eu estou fora do seu alcance.

“Morra, sua puta!“ Eu rosno em seu ouvido, as últimas palavras que ela vai
ouvir, "MORRA!”

Meus olhos abrem quando eu venho, a corrente puxando de novo, fazendo-


me voltar lentamente e começar de novo. Eu sinto que posso cair em breve se
eu tiver que manter isso.

Um par de batidas na porta, e eu viro minha cabeça, minha testa franzindo


com o som.

Quem está batendo aqui? É dia. A boate deve estar vazia agora.

Espero, para ver se acontece de novo. Talvez eu só esteja perdendo minha


mente.

A batida soa de novo, um pouco mais alto.

─ Mathew? – uma voz masculina diz lá de fora. ─ É o Ryan!

 ─ Rrrr! – eu tento dizer de volta, a voz abafada na mordaça, mas até


mesmo eu posso ouvir o grito desesperado na minha voz.

Foda-se! Eu viro para a porta e ando até eu não poder mais. Estou tão
longe da porta.

Minhas mãos vão para a parte de trás da minha cabeça novamente,


inutilmente brincando com o cadeado que me aprisionava. Eu choramingo e
desisto novamente.

─ Amordaçado, né? – ele perguntou, sabendo muito bem.

─ Mmmm! – tentei parecer menos doloroso do que antes.

─ Tudo bem. – ele disse. ─ Mãos livres? 

Tentei dizer sim, mas com a bola na minha boca saiu como:

─ MMMSS.

Eu não posso alcançar nada. Às vezes, eu batia na gaiola se eu estivesse


nela amordaçado. Duas batidas para sim… Uma para não. Esta não era a
primeira vez que Ryan vinha aqui me verificar enquanto Claire estava fora.

Eu bati duas vezes, alto, aliviado que pelo menos pudéssemos nos
comunicar de alguma forma.
Eu queria dizer a ele para não correr o risco de ser pego, mas eu tenho
certeza que ele não seria. Ele era inteligente e conhecia Claire ainda melhor do
que eu.

─ Certo. – sua voz disse claramente. ─ Você está bem?

 Bati duas vezes, dizendo que sim. Eu estava enlouquecendo e dolorido,


mas, basicamente, eu estava bem.

Ouvi-o empurrando o cadeado e dando um chute com raiva na porta, e ele


dizia:

─ Eu gostaria de poder entrar aí, cara. Sinto muito. Ela te deu alguma coisa
para comer?

Eu bati uma vez. Bem, eu tive um pão velho, mas isso foi ontem.

 ─ Vadia! – ele bufava do lado de fora, chutando a porta novamente.

Eu bati uma vez. Não, Ryan! Não chute a porta ou estrague-a, ela vai ver!
Basta voltar lá em cima, eu vou ficar bem.

Ele acalmou lá fora e pude ouvi-lo respirar um pouco mais pesado. Ele
realmente parecia chateado que eu estava sendo punido. Ele é realmente um
grande amigo. Eu me sinto um pouco melhor, sabendo que tem alguém tão
perto que se importa, mesmo que ele não consiga entrar.

─ Aguente firme, Mathew. Vou tentar voltar mais tarde. – ele disse, soando
como se desejasse que pudesse ajudar mais, mas tinha sido o suficiente. Ele
me deu força. Isso me manteve.

E eu andei novamente.

Ele não disse nada sobre Skylar. Eu acho que ela não ligou para ele. Bom.
Eu me pergunto o que William está fazendo lá fora agora. Espero que ele não
tente vir aqui de alguma forma.

William POV

Tudo bem, o microfone está morto. Tenho que lidar com isso.Observar a
boate. Parece que Claire, a mulher loira que Mathew me falou, havia deixado
esta manhã, e não havia ninguém entrando ou saindo… Até agora.

Um cara alto. Fiz algumas anotações. Cabelo cortado loiro, grande porte.
Um dançarino, talvez. O mais provável. Este poderia ser o garoto que eles me
descreveram como… Ryan. Mathew considera esse cara um amigo. Ele é o
único lá dentro agora, além de Mathew. Talvez eu veja alguma ação aqui em
breve. Talvez ele solte Mathew. Ele estava no porão, provavelmente.
Verifiquei o lixo nas lixeiras e elas estavam todas livres de corpos. O chip de
Mathew ainda diz que ele está aqui no clube, então ele deve estar lá. Esse cara
provavelmente está indo lá para verificar Mathew, certificar-se que ele esteja
bem. Espero que ele não esteja indo para torturar Mathew, talvez arrancar
algumas informações dele.

É hora para fazer uma caminhada ao redor da parte de trás da boate e


certificar que não tem ninguém saindo.

Eu uso as ruas do bairro para espreitar-me na lateral da boate.

Meu celular vibra novamente. Olho para tela enquanto ando eu e vejo o
nome de Skylar. De novo? Droga, Skylar, eu estou tentando trabalhar em um
caso aqui. Sozinho, sem apoio ou ajuda. Eu sei que você se importa com o
garoto, mas por favor, deixe-me fazer o meu trabalho. Eu odeio mentir para
ela e dizer que está tudo bem. Ela pode ver através disso. Ela já fez antes. Se
algo não acontecer amanhã para me dar alguma pista sobre o que está
acontecendo lá dentro, eu vou ter que dizer a verdade a ela. E encontrar uma
maneira de entrar.

Se alguma coisa acontecer com o garoto, ela nunca vai me perdoar. Eu


tenho que prestar atenção e ser paciente. Eu não posso falar agora, Skylar. Eu
não atendi meu telefone de novo, deixando-a na escuridão.

Eu gostaria de ter uma cerveja agora. Mas, não, eu estou de plantão. Será
este lugar tem noite de homens ou algo assim? Eu poderia ser um cliente,
embora eu não saiba se poderia parecer feliz em ver um monte de caras
sacudindo seu lixo no palco.

Talvez eu possa colocar um colete de couro e perguntar o dançarino de


cabelos claros sobre isso. Eu poderia parecer ser novo na cidade, apenas
curioso.

Mas então, eu notei algo estranho a passar pela avenida Brewster, em


direção à parte de trás do clube. Eu entorto os olhos, meus sentidos de policial
captando alguma coisa… E eu ando em direção a ele… Pronto para proceder
com cautela… Pronto para fazer algumas perguntas.

Skylar POV

Estou na sala de aula e, mais uma vez, meu pai optou por não responder a
minha chamada. Eu te odeio, pai!

Não, eu não odeio.

Mas estou irritada como o inferno com você! Diga-me uma coisa, maldito! 

Estou na aula de Psicologia médica, ouvindo a voz de Mathew em uma fita.


Sessão um. Estamos todos em silêncio revendo as fitas dos nossos temas,
fazendo anotações sobre o que ouvimos agora.
Lembro-me daquele primeiro dia… Depois que ele quase foi embora da
minha casa, após descobrir que eu queria estudá-lo, e depois concordarmos
em ambos termos o tempo igual… Suas palavras estavam em meu coração
ainda… Sempre.

─ Estou pronto, Dra. Skylar. – ele disse com uma voz calma. ─ Você
pode ter o seu tempo com o meu cérebro… E depois, com meu corpo.
Embora eu ache que você vá desfrutar de um mais que o outro.

Ele abafou uma risada, olhando para mim como um menino. Não
pude deixar de sorrir para ele, mesmo nas minhas memórias sua
risada era maravilhosa… E eu posso ver seu rosto… Ele é tão bonito
quando ri.

─ Tudo bem.  – comecei, pressionando o botão de gravação e


dizendo. ─ Mathew Trenner, sessão um.

─ Apenas Mathew. – ele disse com firmeza. ─ Mathew… ok?

Seus olhos não pareciam ofendidos, apenas pedintes.

─ Tudo bem. Mathew, Sessão um. – eu corrigi. ─ Te incomoda


quando eu uso o seu sobrenome?

─ Eu não tenho um sobrenome quando estou trabalhando. – ele


ainda usava uma voz agradável, olhando para o teto.

Questões familiares.

─ Você tem uma família? – eu perguntei.

Ele fechou os olhos e eu poderia dizer que ele já estava tendo um


momento difícil.

─ Não, eu desembarquei aqui em uma nave espacial, quando tinha


três anos. – ele disse, cheio de sarcasmo.

─ Mathew…

─  Meus pais sabiam que meu planeta ia explodir, então eles me


colocaram nessa pequena nave.. – ele continuou, sorrindo debochado,
dando uma olhada para mim.

Eu tinha que ser paciente e compreensiva com ele. Eu estava


tentando.

Evasão.
Eu esperei sem dizer nada, até que ele decidiu falar novamente. Ele
ainda tinha o meu cheque no seu bolso de trás. Eu queria mencionar
isso, porém não o fiz. Eu tinha que deixá-lo vir até a mim.

─  Sim, eu tinha uma família. – ele falou muito baixo, os olhos


fechados outra vez.

─  Tinha… – repeti.  ─  O que aconteceu com eles?

─  Nada. – ele deu um leve suspiro.  ─  Quero dizer… eu não sei. Eu


não os vejo mais.

Isso não me surpreendeu.

─  Eles sabem sobre… você estar trabalhando na Fire?- perguntei,


desejando que isto soasse mais como uma conversa casual e não eu
apenas disparando perguntas para ele. É por isso que eu precisava
dessas tarefas. Eu tinha que ficar melhor nisso. Praticar seria a única
maneira de conseguir.

─  Não. – ele manteve os olhos fechados.  ─  Acho que não. Eu


comecei a trabalhar lá depois que perdi o contato com eles.

Hmm. Alguma outra coisa o desligou de sua família. Interessante.

─ Mathew… – eu gostava de usar o seu nome, queria que ele se


sentisse confortável conversando comigo.  ─  O que foi que motivou
você a parar de falar com a sua família?

─  Posso te fazer… algumas perguntas… Depois de responder uma


das suas?- ele me olhou, aqueles olhos dele… Eu poderia realmente
dizer não a qualquer coisa que ele quisesse?

Isso é profissional? Os pacientes não têm permissão para fazerem


perguntas pessoais aos seus médicos.

─  Por favor?- ele acrescentou.

Parei a fita e estava de volta ao presente, sem ele, e as lágrimas rolavam


pelo meu rosto. Aqui é onde eu tinha cruzado a linha, a linha entre ser apenas
uma observadora para ser sua amiga, amá-lo… deixá-lo entrar em mim…
enquanto eu tentava chegar dentro dele. Foi profissionalmente errado. Mas,
mesmo agora, não posso lamentar. Ele é diferente agora. Mas ele é melhor
para isto? Ele está em um porão agora, tendo coisas horríveis sendo feitas com
ele! O que eu fiz? Eu o deixei ir!

E por que meu pai não me liga de volta? E se alguma coisa horrível
aconteceu com ele?
─  Minha vez. – Mathew estava dizendo na fita agora, e eu me lembrei dele
quando ele sorriu para mim, me olhando de cima abaixo.

─  Ok. – eu respondi, soando nervosa.

─  Você já teve um orgasmo? – sua voz deixou escapar. E enquanto eu


ouvia isso, eu ri alto, as lágrimas ainda nos meus olhos quando ouvi a minha
reação chocada na época.

─  Meu Deus! – engoli em seco, soando como uma velha professora


inglesa.

Quer saber? Mathew me mudou também. Eu nem sequer reconheci a voz


daquela mulher. Essa é, portanto, não mais eu. E eu estou contente.

─  O quê? – ele perguntou inocentemente. ─  É uma pergunta de sim


ou não, eu pensei que essa fosse fácil.

Fácil. Sim, vendo-o voltar ao seu mundo, agora eu posso ver que estas suas
questões antes tão difíceis eram muito fáceis e leves em comparação com a
verdade de seus pais, sua filha, sua esposa, Claire.

James passou por mim e colocou um papel virado para baixo sobre a minha
mesa, indo para o próximo aluno e colocando um em sua mesa. Olhei em
volta, ele estava entregando-nos de volta os nossos testes da semana
passada, antes de eu tirar meus dias de folga.

Eu não me senti como olhando. Eu prefiro ouvir a diversão de Mathew,


brincadeiras livres, eu mesma desempenhando o papel de terapeuta enrolada
ao seu brinquedo sexy e irreverente. Mas eu suspiro e o viro, de qualquer
maneira, curiosa para saber como eu fui.

Um vermelho “A” estava no canto direito superior da página sublinhado e


abaixo da linha vermelha uma pequena nota dele.

“Precisamos conversar. Encontre-me na Pizzaria do Moe hoje a


noite, 22:00hs.”

Eu franzi a testa, mas não olhei para ele. Lembrei-me dele aparecendo no
meu apartamento com café. Se isso fosse algum tipo de tentativa de um
encontro, eu esmagaria suas bolas no pepperoni. Mas talvez ele quisesse falar
sobre a faculdade. A sala de aula é o lugar para isto, não a Pizzaria do Moe.
Dobrei o teste e o coloquei na minha pasta, batendo o botão de play, voltando
para a voz de Mathew.

Mathew POV

Eu gemia quando minha perna teve câimbras novamente, lágrimas fracas


derramando em meus olhos de novo, e eu continuei andando, apesar de estar
fazendo isso há horas e horas. Meu lábio estava sangrando e eu gostei do
sabor. Era melhor do que a borracha.

Mais cedo, minhas pernas cederam e eu me deixei cair no chão. Minhas


pernas inclinadas contra o chão enquanto eu me enforcava, as correntes
escavando em minha pele, cortando os cantos da minha boca enquanto eu
gritava, olhando para cima, o meu peso todo sendo puxado na corrente única
sobre mim, tilintando sua risada à minha dor.

Eu tive que me puxar para cima dos meus pés novamente, minhas mãos
segurando a corrente que sai da minha boca para empurrar as minhas pernas
cansadas para cima, cambaleantes, mas de pé. Eu simplesmente parei por
algum tempo, esquecendo a porra de andar para trás e para frente… Para trás
e para frente. Eu parei, sentindo minhas pernas tremendo e meu corpo
reclamando, querendo descansar… Querendo dormir… Querendo deitar… Só
por um momento.

E ainda ninguém veio.

Senti-me tão fraco que pensei que iria desmaiar. Estou com tanta fome.
Preciso de água. Eu preciso dessa merda de bola fora da minha boca! Continuo
babando e eu nem sequer tento limpar mais. Eu não dou a mínima mais. Eu
quero gritar por Ryan, o orgulho que se dane. Mas eu não posso. Ele vai tentar
entrar aqui, se ele achar que estou ferido, ele vai acabar aqui comigo por isso.

Contra a minha vontade, com nojo de mim mesmo, eu ouvi a minha voz
soluçar:

 ─ Claire…

É abafado, mas eu posso me entender. E eu me sinto como um traidor,


dizendo seu nome, querendo que ela venha.

Agora, enquanto eu estou aqui, ela é Deus. Ela é a água. Ela é a comida.
Ela é demais. Ela é a vida. Ela governa. E eu odeio isso. Eu a odeio. E de
novo… Eu quero vê-la morta.

Que horas são? Que dia é hoje? Já estive aqui dois dias… Ou três? É apenas
um?

Por favor, Claire, por favor, me dê um pouco de água. Eu te imploro, se


você gosta disso. Minha garganta está tão seca. É como uma lixa.

Outra eternidade passa.

Eu estou andando novamente, meus olhos ficando sonolentos… Minhas


pernas desajeitadas. Meus braços começam a envolver-se em volta do meu
peito, e eu não sei por que. Eu preciso ser abraçado, talvez. Eu sinto falta dos
braços de Skylar. Katherine… Skylar… Katie… Tanya… Por favor, Tanya, você
pode vir aqui e me salvar. Você pode. Por favor, perdoe-me e leve-me daqui.
Ouço barulho de metal e fechaduras. Quase chorei apenas do simples
prazer do som e que isso significava que alguém estava vindo aqui. Eu não me
importo quem é, a porta se abre! Deus, sim! Obrigado!

Quando o rosto de Claire entra na sala, eu estou gemendo e tremendo


enquanto meus braços se agarram a mim, eu não sei como meus olhos
olharam para ela, mas eu não conseguia nem me preocupar em disfarçar o que
eu estava sentindo no momento.

Esgotamento, alívio, felicidade… Fome, raiva?

Ela tinha uma garrafa de água e um pequeno saco marrom nas mãos e eu
avancei em sua direção, querendo aquela  garrafa com todo o meu coração. Eu
gritei, sentindo a corrente me lembrar de minhas limitações e eu estremeci,
ofegante, sem vergonha de mostrar meu estado, conforme eu segurava as
correntes em minhas bochechas, rosnando de dor.

─ Isso não foi uma boa ideia, não é? – ela sorriu carinhosamente para a
minha angústia, como se ela tivesse me deixado ali só por cinco minutos.

Eu rosnei mais alto, parecendo hostil dessa vez e irritado, não dando a
mínima enquanto pensamentos violentos invadiam minha mente… E então
deixei isso de lado e olhei para ela.

Ela parou e olhou de volta para mim.

─ É assim que você me agradece por te trazer o jantar e um pouco de água


gelada? – ela franziu a testa e gritou comigo.

─ Doze horas não é suficiente para você, dessa maneira? – ela perguntou,
dando-me a minha resposta.

Ela me deixou assim por doze horas. Pareceram doze anos.

Eu pensei que ela gostava de mim, de alguma maneira. Mas ela claramente
não gosta. Eu não faria isso com ela ou com qualquer pessoa nem por duas
horas, e ela me deixa aqui doze?

Abafei algumas obscenidades que disse a ela através da minha mordaça e


continuei arranhando as correntes que seguravam essa coisa na minha boca.
Meu queixo estava dormente e eu duvidava que eu até pudesse falar uma vez
essa coisa saísse.

─ Pare com isso! – ela gritou comigo como se eu fosse um tigre treinado
que não obedecia a seus comandos. ─ Pare com isso agora ou eu vou por mais
doze horas! Fique quieto, Mathew. Respire.

Olhei para ele e deixei minha respiração acalmar. Senti outra lágrima
escorrer dos meus olhos e cortar um caminho pela minha bochecha quando eu
parei de fazer barulho. Lentamente, tirei minhas mãos das correntes no meu
rosto e as coloquei ao meu lado, soltando meus dedos, não cerrando em
punhos mais. 

─ Bom menino. – ela esperou, olhando-me por mais algum tempo antes que
ela decidisse confiar em mim.

Sem se mover na minha direção, ela colocou o saco no chão com a garrafa
de água e cruzou seus braços, sua sobrancelha levantou mostrando que ela
ainda estava no comando aqui, apesar da minha explosão.

─ Não gostou disso, gostou, menino? – ela parecia feliz que sua punição
causou um impacto.

Sem muita força para mentir, eu tremi e, lentamente, balancei a cabeça,


rezando a Deus para que eu pudesse comer e beber em breve.

─ É por isso que é chamado de punição.

─ Mmmm. – eu respondi, fechando os olhos brevemente quando senti o


cheiro da comida ainda mais forte em minhas narinas. É quente, eu acho.

─ Tudo bem, Mathew. – ela balançou seu cabelo, suspirando e se


aproximando de mim, parando na minha frente, segurando uma pequena
chave na mão.

Ela se moveu para atrás de mim, colocando um beijo nas minhas costas e
ouvi um pequeno estalo e a corrente ao redor do meu rosto soltou. Suas mãos
seguraram as correntes que estavam sendo levantadas do meu rosto agora e
meu pobre queixo quase não abriu para deixar a bola sair no início.

─ Meu pobre bebezinho. – ela resmungou quando tirou a bola da minha


boca apertando minhas bochechas juntas.

Eu respirei em gemidos de alívio e de dor, engolindo ar sem quaisquer


restrições, caindo no chão de quatro, quase levantando o ar limpo e fresco.
Minhas pernas tremiam violentamente e estavam tendo câimbras novamente e
eu caí de novo, deitando no chão frio e rígido, deixando meu rosto dolorido
deitar contra ele enquanto eu, sem palavras, sofria aos seus pés.

Para meu espanto, ela não me censurou, ou agarrou-me para cima em


meus joelhos. Ela me deixou ali e eu queria beijar seus pés pelo prazer disto.
Eu teria se eu tivesse a energia para levantar a minha cabeça.

Meus olhos fecharam e, por um segundo, dormir era mais atraente para
mim do que comida e água.

─ Coitadinho. – ela disse e eu não poderia dizer se ela estava sendo


sarcástica ou simpática.
─ Role, bebê. – ela disse, dando um tapa na minha bunda com a mão
enquanto eu deixei escapar uma respiração difícil, empurrando uma mão para
o chão e sentindo-me rolar sobre as minhas costas, nem mesmo me
preocupando com a minha nudez neste momento.

Ela estava sentada no chão, sem sapatos, ao meu lado, segurando a garrafa
de água.

─ Venha aqui. Abra. – ela disse, sem qualquer indício de posição dominante
neste momento, deslizando a mão debaixo da minha cabeça, levantando-a um
pouco quando eu abri minha boca um pouco, esperando um truque.

─ Bom garoto. – ela sorriu ao colocar a garrafa aos meus lábios e senti o
líquido gelado entrar na minha boca. Deixei escapar um som de orgasmo
quando ela correu na minha garganta e eu engoli. Eu queria mais e eu me
sentia duro como uma rocha agora entre as minhas pernas enquanto ela deu
mais, ouvindo meus gemidos de gozo enquanto ela deixou um pouco correr
sobre os meus lábios, depois na minha boca e eu quase coloquei minhas mãos
na garrafa, então as coloquei de volta ao meu lado, não querendo fazer nada
para foder isso para mim.

Eu estava recebendo água e comeria merda se ela me deixasse tendo isso.

Fechei meus olhos, gemendo enquanto bebia, encontrando meu vocabulário


após alguns bons goles profundos.

─ Uh, obrigado! Obrigado, Mestre!

Minhas palavras soaram arrastadas e preguiçosas e meu maxilar doía


quando falei.

Seu sorriso cresceu com isso e ela brincou com suas unhas na minha nuca,
dando uma pequena risada encantada enquanto eu bebia um pouco mais.

─ Só você poderia ter uma ereção porque eu estou te dando água. – ela
sorriu, levando a água e a colocando ao lado dela enquanto eu soluçava
baixinho, sem tirar os olhos dela.

─ Desculpe. – eu ofegava. ─ Desculpe.

─ Não, está tudo bem, Mathew. – ela estava boa demais hoje. ─ Eu gosto
de vê-lo duro quando eu recompenso você. Isso me diz que você não está
fingindo.

─ Não… não… – eu estava beijando a mão dela quando ela tocou meus
lábios inchados. ─ Não…

Eu beijei cada dedo, lambendo e chupando um em minha boca, sem pensar


em nada além de receber mais água e comida.
Eu posso ser forte por dentro depois. Eu preciso de comida, água e dormir
primeiro. Eu me pergunto o que há no saco. Cheira bem, mas não posso dizer
o que é.

─ Espere. – ela apontou para o meu nariz e levou a garrafa de água com ela
enquanto ela se agachou ao meu pau levantado. ─ Olhe para esse pau
maravilhoso. – ela o agarrou na base, em torno do eixo. ─ Eu senti falta desde
pau talentoso.

Eu respirava um pouco mais difícil, mas não importava o que ela queria
fazer comigo, ou ele, eu estava deitado e era o paraíso do caralho, junto com o
gosto da água ainda na minha língua e dentes.

Ela derramou um pouco de água sobre o meu pênis e eu deixei escapar um


gemido quando a frieza picou um pouco e então quando eu espreitei para
baixo, sua boca abriu e meu pau desapareceu dentro dela.

Eu estava gemendo e grunhindo como uma coisa, não uma pessoa. Não
importava quem era ela, ou o que ela fez comigo hoje, ela estava me dando
prazer agora e água, a promessa de comida no futuro próximo. Eu não lutei,
ou realmente quis lutar. Peguei o prazer que ela estava me dando e eu
avidamente lidei e apreciei cada segundo disso, odiando-me mais a cada
segundo disto.

Não quebre, Mathew. Alguma coisa dizia dentro de mim. Você já passou por
coisa pior do que isso, permaneça forte. Lembre-se do que Skylar ensinou a
você. Faça o que você precisa para sobreviver, sim, mas não quebre. Não a
deixe te enganar. Ela é aquela que o trancou com aquela mordaça pelas
últimas doze horas, não se esqueça disso. Não se apaixone por sua voz suave
e boca molhada e quente. Perceba que ela está tentando quebrar você.
Acorde.

Os sons de beber e molhado abaixo só adicionavam à minha fraqueza. Eu


podia ouvir minha mente falando, mas meu corpo estava muito fraco no
momento. Eu tentei resistir, mas o meu orgasmo já estava se aproximando
rapidamente. Meus olhos continuavam a olhar para o saco de comida, como
um cão sem dono.

─ Mestre… – eu grunhi. ─ Eu posso, por favor, gozar?

─ Já? – ela perguntou enquanto me bombeava em sua mão e eu me senti 


muito envergonhado.

─ Sim, desculpe, Mestre. – fechei meus olhos, cerrando meu queixo já


apertado.

─ Não. – ela disse com um tom duro. ─ Eu não acabei de chupar você
ainda. Segure.
Eu choraminguei e mordi, tentando segurar, o Sr. Kevin brilhou a mente
novamente e eu senti a boca de Claire ao meu redor, apertada e molhada em
volta do meu comprimento. A lembrança dele me chupando me ajudou a durar
um pouco mais. Eu quase chorei agora, como eu fiz então, mas estou feliz que
não tenha feito.

─ Um menino tão bom. – ela disse um pouco mais tarde, sacudindo-me com
força na mão dela agora. ─ Goze AGORA.

Eu gemia e respirava.

─ Obrigado… obrigado, Mestre.

E eu gozei um segundo depois, gritando enquanto eu enchia a sua boca.


Poucos segundos depois ela estava me lambendo e chupando um pouco mais,
meus gemidos e sons a fazendo sorrir enquanto ela me esfregava lá, olhando
para o meu rosto.

─ Pronto para o jantar? – ela perguntou, abrindo o saco.

As lágrimas vieram aos meus olhos e eu quase me perguntei “essa porra é


sério?” mas em vez disso eu apenas perguntei a ela:

─ Sério?

─ Eu sei, eu sou muito mole com você. – ela respondeu. ─ Eu disse nada de
comida por dois dias, e aqui estou eu, pronta para alimentá-lo.

─ Obrigado, Mestre. – eu disse com toda a sinceridade no mundo.

Poucos minutos depois, eu estava deitado de bruços no chão novamente,


meus braços em torno da minha tigela de macarrão com molho. Era confuso e
molhado enquanto eu chupava-o em minha boca, mas quente e delicioso
enquanto eu fazia sons de prazer guturais. 

Ela estava ocupada dando tapinhas com suas mãos expostas outra vez no
lado direito da minha bunda, aquecendo-me para uma boa surra.

Suas batidas eram muito poderosas sozinhas e isso poderia ter trazido um
novo submisso às lágrimas eventualmente, mas minha bunda estava
acostumada a ser chicoteada e espancada. Isto era algo agradável para mim
enquanto eu comia e, de vez em quando, eu faria um pequeno som de
surpresa quando seu toque era particularmente mais forte que os outros.

Eu estava mastigando uma boa quantidade de macarrão, fechando meus


olhos enquanto meu pau crescia debaixo de mim contra o chão de cimento, os
sons das suas palmas contra a minha bunda me cutucando ainda mais
enquanto eu tentava terminar minha refeição antes que ela tirasse o chicote,
ou cassetete. Agora ela estava espancando o lado esquerdo da minha bunda e
senti o molho sobre a ponta do meu nariz quando fui para uma outra mordida.
─ Você é um porquinho. – ela riu de mim, grunhindo com o esforço
enquanto ela continuava tentando me machucar, só recebendo meus gemidos
excitados em resposta às suas atenções.

Eu me sentia muito melhor agora… mais forte. Eu não sei o que ela tem
planejado para mim amanhã, mas eu me sinto pronto para isso. Eu estava
focado novamente, segurando a imagem de Skylar na grama no meu coração,
envergonhado de quão fraco eu tinha sido mais cedo.

Claire é boa nisso, ela conhece as minhas fraquezas, ela sabe como me
punir. Ela sabe como me derrubar fácil.

Mas há uma coisa que ela não sabe.

Eu vou matá-la.

Minha mente decidiu isso. Meu corpo concorda. Assim que eu pegar o que
eu preciso, ela vai sofrer a minha ira. E ela não terá misericórdia. Apenas
morta ela vai fugir de mim. Vai ser lenta… como o meu dia com o Sr. Kevin.
Agonizante, um engatinhar para o seu túmulo.

Eu sorri quando lambia o fundo da minha tigela, pegando o resto de molho


com a minha língua grossa.

Logo após minha palmada, pude terminar a minha água e, em seguida,


Claire estava me beijando, minha boca e língua trabalhando duro na dela,
transmitindo os meus agradecimentos.

─ Sim, eu também te amo. – ela gentilmente me empurrou, quebrando o


beijo quando os meus lábios se fecharam sobre seu queixo, a minha língua
rodando em torno de sua borda, meus olhos adoradores olhando para os dela.

 ─ Eu tenho que abrir a boate. – ela sorriu quando comecei a beijar a pele
sob seu queixo, dando uma mordida suave ali, gemendo sob a minha
respiração.

─ Pare, Mathew. – ela endireitou o rosto feliz e se levantou.  ─ De quatro,


rapaz.

Eu obedeci, ficando de quatro, olhando para o chão abaixo de mim.

─ Você não dormiu por muito tempo. – ela lembrou. ─ Você ganha um
descanso agora.

Sorri, sentindo uma onda de prazer queimando através de mim.

─ Obrigado, minha mestre. – eu respirei mais leve.

─ Já pra jaula de dormir, então. – ela acariciava meu cabelo.


Arrastei-me para a frente, em direção ao canto da sala. A gaiola dormir era
como algo que você veria um animal entrar, se ele precisasse ser transportado
para outro zoológico ou algo assim. Eu era capaz de rastejar dentro dela e eu
poderia ficar de quatro nela. Ela comportava meu corpo inteiro dentro, eu
poderia deitar de costas, e ela tinha um travesseiro de corpo no chão para o
conforto, se eu estivesse permitido. Ele está lá agora e eu quase chorei com a
beleza da almofada macia e branca quando pude tocar com as mãos e os
joelhos, e eu espero de quatro, sem me mexer até que dissessem para fazê-lo.

A porta da gaiola se fecha atrás de meus pés descalços e ouço o cadeado,


me trancando ali dentro.

─ Deite-se, querido. – ela disse de imediato e eu sorri como uma criança,


enrolando meus braços ao redor do travesseiro de corpo, colocando meu rosto
sobre ele, minha voz ronronando em pura alegria.

─ Bom garoto. – ela sorriu para mim enquanto eu a espreitava de olhos


abertos, agradecendo-lhe com eles novamente.  ─ Bom sonhos, meu anjo.
Amanhã é um novo dia.

─ Obrigado, Claire. – ouvi a minha voz dizer. ─ Eu te amo.

E eu vou amar quando você for minha, nesta sala, em breve.

 ─ Eu também te amo, gordinho. – ela brincou, mas eu continuei sorrindo,


muito confortável para me importar. ─ Amanhã… hora de malhar.

─ Sim, Claire. – eu abracei meu travesseiro, sentindo minha ereção debaixo


de mim novamente.

─ Boa noite. – ela disse, por fim, na porta, desligando as luzes


completamente e eu senti um outro gemido de felicidade subindo da minha
garganta antes que eu pudesse sufocá-lo.

─ Boa noite. – eu sussurrei quando a porta fechada do outro lado, e as


fechaduras todas trancadas em seus lugares.

E eu peguei no sono. Maravilhoso, quente, macio, sono… E eu estava no


parque com Skylar agora… Escolhendo uma margarida da grama exuberante
que acariciava nossos corpos nus, enquanto o sol beijava a nossa pele.

Capítulo 29 
Skylar POV

Cheguei à Pizzaria do Moe às 22h30minh. Ficava a apenas algumas quadras


de distância do campus, um ponto de encontro dos universitários, o tipo de
lugar aconchegante para ir com a família com comida italiana à moda antiga
das boas.

Entretanto, eu não estava aqui pela comida. Empurrei a porta e passei os


olhos pelo ambiente pequeno. Eu o avistei no canto mais distante, vestindo o
estilo de roupa que um estudante usaria. Camiseta, calça jeans, botinas e uma
jaqueta de couro marrom. Seus olhos azuis se iluminaram um pouco quando
ele fez contato visual comigo e fiz uma careta em resposta, engolindo em seco
e indo até sua mesa, sem me sentar ainda.

 ─ Tenho algumas coisas para dizer, Dr. Collier.- iniciei com uma voz fria.  ─
Primeiro, sou sua aluna. Segundo, não gosto que apareça no meu apartamento
sem ser convidado. E terceiro, tenho uma arma em minha bolsa que está
apontada para seu pinto minúsculo neste exato momento. Se me chamou aqui
para algo inapropriado, bem, você verá estrelas, mas não do jeito que
imaginou. Estou sendo clara?

Caramba. Eu sou demais. Jamais conseguiria ter dito isso para alguém
antes.

Ele pareceu surpreso e sorriu.

 ─ Não estou aqui por nada inapropriado, Skylar, eu te garanto. – ele disse,
soando bastante arrogante. ─ Pode, por favor, se sentar agora? ─ ele
convidou.  ─ Eu pedi a pizza simples para nós.

Por acaso isso é alguma piada sobre MIM? Pois bem. Vou disparar a arma
já.

─ Eu não quero pizza! ─ rosnei.  ─ O que você quer, James?

 ─ Está bem. ─ ele respirou fundo. ─ Vou lhe dizer tudo e confiar em você. É
a única maneira de eu conseguir dizer o que tenho para dizer. Eu quero te
ajudar, Skylar.

 ─ Com o quê? ─ eu perguntei, me fazendo de boba para ver o que ele


sabia… Ou pensava que sabia.

 ─ Li alguns de seus relatórios hoje. ─ James falou com cautela.  ─ Sobre o


Mathew. Sobre a Fire. Eu conheço… a Claire. Embora no seu relatório você a
chame de Clarissa.  
Eu não disse nada. Eu não conseguia. Se ele era um amigo dela… tudo o
que saía de mim era minha respiração ofegante.

 ─ Eu não conheço Claire. ─ eu menti, mas então percebi que não a


conhecia realmente. Queria jamais ter ouvido falar dela. E que Mathew
também não tivesse.

 ─ Skylar. – ele se inclinou levemente, sussurrando. ─ Estou correndo um


grande risco vindo até você dessa maneira. Por favor. Eu sei que você não me
conhece muito bem, mas eu não tenho sido um bom professor? Eu nunca fiz
nada de estranho com você antes de você pegar esse paciente, fiz?

Isso era verdade. Mas eu ainda não confio nele. Eu não posso. A vida de
Mathew está em jogo. Eu não posso nem mesmo confiar em meu pai, que não
me liga já faz dois dias!

Eu não respondi, porém James leu a resposta no meu rosto.

 ─ Sei que é pedir muito, mas eu gostaria que você confiasse em mim. – ele
disse, quase em um sussurro, seus olhos sempre olhando para trás de mim ou
para fora da janela enquanto falava.

 ─ É preciso se merecer confiança, James. – eu disse, esperando que ele


notasse que eu estava chamando-o pelo nome – já que ele não queria agir
como um professor que se preze, eu não precisava me dirigir a ele como tal.

 ─ Concordo. – ele disse, olhando diretamente nos meus olhos.  ─ E se eu


puder checar Mathew para você? Será que isso me faria merecer sua
confiança?

─ O quê?

Minha mente estava trabalhando fervorosamente. Eu não confiava nele. Eu


queria notícias e alguém para checar Mathew. Eu precisava de um amigo lá
dentro. Não faço ideia do que aconteceu com Meu pai. Mas continuava não
confiando em James.

 ─ Skylar… – ele se curvou mais um pouco, sussurrando ainda mais baixo.


─ Claire… É… Ela é minha… Irmã.

Meu estômago embrulhou e senti todo o ar deixar os meus pulmões. Eu não


sabia o que dizer.

 ─ Ela… Entende que eu não sou igual a ela. – James continuou.  ─ Minha
família inteira entende. Na verdade, eles ficaram orgulhosos de mim quando
me tornei professor. Eles criaram uma identidade nova para mim. Eles não são
completamente ruins. Ficaram felizes por eu querer algo diferente, um estilo
de vida mais nobre. Eles vêem Claire como uma irresponsável. Mas não
necessariamente má. Ela está sempre sendo vigiada. Meio que é minha…
responsabilidade… vigiá-la, ficar por perto e me certificar que ela esteja… Bem.
 ─ Nossa, bom trabalho, James! – eu cuspi.  ─ Você tem alguma ideia do
que ela está fazendo? O que ela FEZ? Você anda dormindo no trabalho,
COLLIER!

 ─ Houve vezes em que eu não quis exercer o papel de babá dela, Skylar. –
ele sussurrou para mim, a música no ar ajudando a esconder suas palavras
dos outros.  ─ Eu apenas queria uma vida normal. Eu não fiz o meu trabalho,
sei disso. Eu descobri… coisas que ela tinha feito… coisas que eu devia ter
impedido, mas não impedi. Agora, vou fazer meu dever. Eu sei que tenho que
fazer.

 ─ Você teve conhecimento sobre ela e… Mathew? – eu estava com medo


até de perguntar.

 ─ Tive. – James baixou o olhar para sua taça de água,


envergonhado. ─ Depois que ela… O adquiriu.

 ─ Adquiriu. – eu bufei. ─ Ótima escolha de palavra.

 ─ Está certo, Skylar! – ele fechou a cara levemente, em seguida, se


acalmou,  ─ Ele era bom para ela no começo. Ela estava feliz. Ela esqueceu
das drogas e de algumas das suas atividades ilegais por um tempo. Ele era
sozinho, não tinha laços. Quando eu os via juntos, ele não estava aprisionado.
Ele era um dançarino, livre para ir e vir, foi isso o que eu testemunhei. Ele
parecia ser um parceiro por vontade própria. Imaginei que ele fosse um sub.

 ─ Espere. – franzi a testa.  ─ Mathew te viu na minha porta. Ele não te


reconheceu.

 ─ Minha aparência mudou desde a última vez em que vi Mathew. – James


respondeu.  ─Além do mais, eu quase sempre via Mathew em boates escuras,
enquanto ele se apresentava. Ele nunca teve chance de reparar em mim muito
bem. Claire é muito boa em manter todos o mais longe possível daquele rapaz.
O que importa é que eu o reconheci naquele dia em que fui ao seu
apartamento.

Ou foi enviado lá por Claire, para ver se eu estava com Mathew depois que
ele escapou de Raven. A aparição dele justo na manhã seguinte não foi um
acidente. Claire sabe que resgatamos Mathew dela. Merda.

 ─ Ele não é um parceiro por vontade própria. – eu fiz questão de destacar,


defensivamente.  ─ E ele não é sozinho. Ele tem uma família.

 ─ Na Flórida, certo? – James ergueu uma sobrancelha.  ─ Eu sei.

Meu coração afundou e fiquei super assustada agora.

─ Como você sabe disso? – eu quase gritei com ele, mas mantive minha voz
baixa.
 ─ Isso não tem importância, Skylar. – o rosto de James ficou mais sério
agora,  ─ A questão é que eu temo por Mathew nesse momento. Alguma coisa
está acontecendo. Não consigo identificar o que é, mas o jeito como ela fala
nele não está certo.

 ─ Não posso te contar nada, James. – senti as lágrimas encherem as


bordas dos meus olhos enquanto eu olhava para trás, para fora da janela.

─ Eu sei. – ele suspirou.  ─ Eu entendo. Eu e Claire nos falamos muito por


telefone. Ela confia em mim – pelo menos eu acredito que sim. Ela me
convidou para jantar lá daqui a alguns dias. Skylar… ela me pediu para te levar
como minha acompanhante.

Meus olhos reviraram em horror.

 ─ COMO É QUE É? – me ouvi praticamente gritar.

 ─ Eu nem sabia que ela te conhecia, ou sabia qualquer coisa sobre você. –
explicou James. ─ Mas se você foi uma cliente dela… se você… pagou… por
Mathew, então ela deve ter te conhecido em algum momento, obtido
informações sobre você.

 ─ Eu não paguei  por nada. – eu falei rispidamente, não querendo


compartilhar com ele detalhes íntimos do meu tempo com Mathew.

Eu continuava não acreditando nele.

 ─ Não me importo com isso, Skylar. – ele suspirou novamente. ─ Não


estou tentando te acusar de nada. Só estou tentando ajudar.

 ─ Pra quê ela me quer nesse jantar? – eu rosnei.  ─ O que você está
tramando?

 ─ Nada!  - ele fez uma careta em resposta. ─ Eu apenas estou te contando


a verdade! Ela está tentando te colocar lá dentro por alguma razão. Se eu não
levar você, outra pessoa levará! Eu não tinha nenhuma obrigação de te avisar,
poderia ter simplesmente aparecido na sua casa – ou te pedido para ficar
depois da aula! Se eu não fosse seu amigo, poderia ter te levado à força!

 ─ Você poderia tentar. – eu fiz meu olhar mais fatal ao retribuir o seu


olhar, e engatilhei a arma dentro da minha bolsa. O revólver de policial
descarregado de Mathew, que foi deixado em meu controle acidentalmente
depois de todo o rolo com Raven.

James escutou o clique e percebeu que eu não estava brincando.

 ─ Skylar, você não vai  querer atirar em mim. – James quase riu.  ─ A


repercussão seria desastrosa, acredite em mim. Sou o filho preferido do meu
pai. E minha família possui armas. Lotes e mais lotes de armas.
 ─ O que você quer de mim? – rangi meus dentes. ─ Que eu seja sua
acompanhante? Que eu me vista toda bonitinha para que possa ir direto para o
porão de Claire também? Se ela me quer, ela que venha me pegar. Mas eu não
vou pôr os pés lá dentro por conta própria.

Não depois de tudo que Mathew está passando para…

Você é RETARDADA? Não diga mais uma palavra a ele!

Eu calei a minha boca e estava prestes a levantar, a fim de mandar James ir


para o Inferno e levar a irmã cretina dele junto.

Porém, ele falou:

 ─ Você não quer saber como Mathew está? Talvez mandar um recado para
ele? Receber um seu em troca? Eu sei que ele voltou para ela. Sei que ela está
castigando-o. Ela conversa comigo sobre isso. Ela nunca foi tão dura assim
com ele antes. Eu não sei o que está acontecendo, mas ela age como se
estivesse com medo, de certa forma. Como se tivesse medo de perder o
controle sobre ele. Eu sei que pode soar estranho, mas, à sua própria maneira,
ela o ama. Ela não vai desistir dele facilmente.

 ─ Não quero ouvir mais nada disso. – eu disse, mas, por outro lado, eu
queria saber o que ela sabia. Quais eram os castigos bárbaros que ela estava
fazendo com ele.

 ─ O que ela está fazendo com ele? – eu perguntei, as lágrimas enchendo os


meus olhos completamente agora. ─  Ele está muito machucado?

James olhou para mim e algo em seu rosto mudou.

 ─ Meu Deus do céu. – disse ele em voz baixa, parecendo muito sério de
repente. ─ Você está apaixonada  por ele.

 ─ Você acha que tenho vergonha de admitir isso? – eu falei, deixando


algumas lágrimas caírem,  ─ Pois não tenho. Sim, estou apaixonada por ele.
Desculpe se você não teve sua chance comigo, doutor.

Será que eu não consigo ficar quieta, tipo, só uma vez? Mas que estúpida!

 ─ Skylar, não me importo com isso também. – ele garantiu novamente,


depois disse,  ─Bem, está certo, eu me importo sim… mas, vou sobreviver.
Não tenho vergonha de admitir que gosto de você, Skylar. Mas não sou um
doente feito a minha irmã. Eu não iria te querer em uma jaula ou acorrentada.
E se você está apaixonada por outra pessoa, eu fico feliz por você. Desejo-lhe
felicidades. Mas, Skylar, se você não aceitar minha ajuda, não acho
que haverá  felicidade. Veja bem… Ela já matou antes.

 ─ Sério? – eu agi como se fosse uma informação nova para mim.


James não se deixou enganar, mas disse:

─ Sim, sério. No início, ela queria provar para o nosso pai que era tão
destemida quanto os caras que trabalham para ele. Ela o impressionou bem.
Às vezes, eles usam o estabelecimento dela para darem sumiço em pessoas.
Uma vez ou outra, ela mata… geralmente uma pessoa que a magoou. Ex-
amantes, homens que a traíram… subs que estão de saco cheio dela. Se ela
suspeitar que Mathew não a ama mais…

 ─ Ele nunca a amou! – eu gritei como um animal. ─ Ela o comprou como se


fosse um carro usado e ameaçou a vida dele! E então ela o usou como um
pedaço de carne por anos e ainda tem a coragem de chamar isso de amor.
Isso não é amor nem a pau. É escravidão. É estupro. Tortura e assassinato.

Tanto esforço para não dizer mais nada…

─ Eu sei, Skylar. – ele disse.  ─ Acredite em mim, eu sei. Ninguém que já


machucou ela continua respirando. Eu perdi algumas chances de salvar
pessoas, Skylar, porque eu não queria escutar isso. Eu não quero que mais
ninguém morra sob minha vigilância. Eu não consigo dormir. Tenho pesadelos
o tempo inteiro.

 ─ Que bom. – eu retruquei.

 ─ O que você quer que eu faça aqui, Skylar? – James perguntou, deixando
a meu critério agora,  ─ Diga-me e eu irei fazer. Faça um teste comigo. Eu vou
te provar que estou do seu lado. Deixe que eu vá checá-lo. Sei que isso está te
machucando, não saber como ele está. Eu vi você chorando na aula hoje.

 ─ Isso não é da sua conta! – eu suspirei e me perguntei se deveria dar


uma chance e ele. Eu tinha que contar ao meu pai sobre tudo isso. Talvez eu
pudesse pedir para Meu pai conversar com James e ver se ele concordava em
deixá-lo fazer parte disso. Mas então todos estariam a par das coisas e eu
continuaria por fora.

Eu odiava ser mantida de fora disso. Meu pai me dissera que tudo estava
bem. Mas não estava. James disse que Claire estava pegando pesado com ele
esta semana, mais pesado do que nunca.

Ele está mentindo para mim? Ou está sendo honesto? Eu tinha dito alguma
coisa que pudesse machucar Mathew?

James não sabe sobre Meu pai estar vigiando a boate. Ele não pode saber.
Se eu contar a ele e ele contar a Claire, tanto meu pai quanto Mathew estão
mortos. Não, não posso confiar nele. Não vou confiar.

Deixarei que meu pai resolva isso. Eu confio nele, mesmo que ele não
esteja fazendo merda nenhuma, muito menos me informando de nada.
 ─ Mathew é forte. – senti outra lágrima cair do meu olho. ─ Eu acredito
nele. Ele ficará bem. Ele me deixou, disse que não poderia ser meu namorado.
Ele disse que pertence a Claire. Ele a escolheu.

Eu estava mentindo agora para tentar proteger Mathew depois que minha
boca tinha deixado escapar demais. Tomara que funcione.

Queria eu não soar tão fraca enquanto dizia isso.

 ─ Ele é forte, mas está desamparado no porão. – James informou. ─ Tenho


visto o trabalho dela lá dentro. Nem mesmo um homem adulto, um homem
forte, pode se defender naquele lugar. Ela é uma dominatrix muito instruída.
Sabe como enfraquecer os homens. O processo dela é lento, Skylar. Ela não
impõe somente dor física. Ela é especializada em tortura mental.

─ Não posso confiar em você. – eu fiquei de pé e lancei minha bolsa sobre o


ombro, dando as costas para ele para ir embora. ─ Se você se preocupasse de
verdade em fazer o bem, já teria dado um tiro na cabeça daquela vadia você
mesmo.

 ─ Vou ver como ele está esta noite, mesmo assim. – James disse,
espremendo meu coração com suas palavras. ─ Ligarei para você de um
celular descartável. Esteja acordada. Não tenho certeza em que hora
conseguirei ligar.

Eu virei um pouco minha cabeça na direção dele e, em seguida, me obriguei


a dar fora dali, correndo a toda velocidade pela rua, selecionando o nome do
meu pai no meu celular e me perguntando se ele iria realmente ignorar minha
ligação mais uma vez.

Então, eu ouvi a gravação familiar:

 ─ Aqui é William Hayes. Você sabe o que fazer.

 ─ PAI! – eu gritei no telefone enquanto andava rapidamente pela rua. ─


Não consigo acreditar que você não tenha me ligado de volta! Por acaso isso é
alguma sociedade secreta que eu não estou autorizada a entrar ou algo assim?
Eu exijo que você me ligue imediatamente! Aconteceu uma coisa! Eu preciso
de você, PAI! Não me ignore mais! Me ligue AGORA!

Eu pressionei o botão de encerrar com um polegar muito revoltado e avistei


meu prédio, mas passei direto. Eu estava indo em direção ao trem. Eu ia até a
Fire. Mas então parei antes de sequer descer as escadas para o subterrâneo.
Não posso fazer isso. Eu prometi a Mathew que não faria. Eu estragaria tudo
se alguém me reconhecesse em qualquer ponto perto de lá.

Preciso ir para casa e aguardar a ligação de James. E a do meu pai. Já em


casa, fiquei andando de um lado para o outro na sala de estar, refletindo sobre
as coisas.
Será que eu devia ter mandado um recado por James para Mathew? Devia
confiar nele? Eu confiaria se ele me ligasse esta noite e me informasse como
Mathew está passando? Ele pode estar mentindo.

Afinal, irmão de Claire. Ele pode se aproximar dela e de Mathew, se ela


confia nele. Ou ele pode estar me preparando para cair em cheio na armadilha
dela e contar o que está acontecendo, se há um policial vigiando sua boate.
Mathew pagaria por isso. Não, eu não posso confiar em ninguém.

James disse que Claire mata as pessoas que já amou, e por quem já foi
magoada. Mathew disse que ela lhe dizia às vezes que o amava, no seu
aniversário e nos Natais. James afirmara que ela estava sendo dura com ele.

Eu chorei sem parar, sempre atingindo uma parede de tijolos, sempre com
medo de fazer alguma coisa, porque podia fazer Mathew ser machucado ainda
mais, ou morto.

Por que Meu pai não me telefona? Será que ele foi pego também? Por tudo
o que eu sei, ele poderia estar no calabouço com Mathew. E eu sentada aqui
sem fazer nada.

Eu tenho que ligar para o Ryan. Isso não é tão perigoso, é?

Não consigo pensar em mais nada para fazer. Estou enlouquecendo e muito
assustada. Eu darei a Ele duas horas para retornar minha ligação, e depois…
vou agir por minha conta.

Mathew POV

  ─ Mathew , sessão dez. – a voz de Skylar anunciou.

Eu abri meus olhos, confuso, me perguntando como ela entrara aqui e


instantaneamente me senti envergonhado por ela me ver pelado e trancado
numa jaula, aninhado como um gato contente no colchão.

Mas eu não estava lá. Eu estava sentado no sofá, com a blusa de pijama
que Skylar me deu, e uma calça de pijama confortável de flanela. Meus pés
descalços pareciam tão quentes sobre o tapete.

E ali estava Skylar. Dra. Skylar. Sentada na sua poltrona, pronta para
começar, seus olhos sérios. Sua mente afiada como uma navalha.

 ─ Dra. Skylar! – exclamei, uma onde de alegria derramando sobre mim ao


vê-la outra vez, por estar com ela novamente. Parecia que anos haviam se
passado desde que estive aqui.

Eu queria correr até ela, jogar meus braços ao seu redor e cobrir seus
lábios com meus beijos. Mas a Dra. Skylar estava em ação, e não apenas
minha Skylar. Não haveria nenhuma brincadeira desse tipo agora, no seu
tempo.
Além disso, eu preciso da terapia. 

─ Olá, Mathew. – ela abriu seu sorriso caloroso e paciente para mim. Eu
me sinto tão aquecido e seguro agora.

 ─ Olá, Dra. Skylar. – eu retribuí com minha saudação de costume, incapaz


de esconder o sorriso de idiota na minha cara.

  ─ Como você está indo, Mathew? – sua expressão parecia olhar


diretamente dentro da minha alma à medida que ela dava início.

Eu tentei manter uma expressão forte e estava prestes a dizer alguma coisa
como  “ bem”  ou  “nada mal”, mas, ao invés disso, meus verdadeiros
sentimentos vieram à tona e eu me curvei para frente, meus braços contraídos
ao redor do meu peito enquanto eu deixava um soluço baixo escapar de mim.

 ─ Tem alguma coisa errada. – eu ouvi minha voz mais grave e emotiva
dizer.  ─ Eu costumava aguentar muito mais. Claire teria que trabalhar em
mim por dias antes de eu desmoronar. No começo, ela tinha que matar alguém
para me fazer ficar de joelhos. Eu sou tão fraco, Skylar. Só faz dois dias e já
sou o cachorro dela! Eu disse a ela, mais de uma vez, que eu a amo!

Eu não havia visto ela se mexer, mas de repente ela estava ao meu lado
,com os braços à minha volta. Eu me agarrei a ela, deixando um suspiro de
alívio sair de mim como se tivessem acabado de me jogar um colete salva-
vidas. Eu deixei minha cabeça descansar contra a dela e fechei meus olhos
enquanto ela falava.

  ─ Era o que eu temia. – ela disse, quase para si mesma.  ─ Eu mostrei


a você que não era sua culpa o que aconteceu a Tanya… e a Katie.
Antes, você conseguia aguentar o castigo porque sentia que o merecia
e que aliviava a sua culpa, cada chicotada, cada tapa. A sensação era
quase boa para você, naquele tempo. Agora, você não tem isso mais.
Eu te  tirei da sua armadura, de um certo modo.

─ Eu tenho vontade de matá-la, Skylar. – eu confessei, sentindo lágrimas


nos meus olhos de novo, me perguntando se ela ficaria com nojo de mim.  ─
Eu fico sonhando com isso. Milhares de sonhos nesse sentido ficam
apunhalando meu cérebro. Eles não vão embora. Faça com que eles sumam.

  ─ Você acha que eu tenho o quê, uma varinha mágica ou algo do


tipo? – Skylar perguntou no seu jeito Skylar-de-ser e eu ri… somente ela
conseguia me fazer rir neste momento.

Um instante se passou e eu beijei sua mão, retirando mais poder disso


enquanto ela apenas me deixava respirar por alguns minutos.

 ─ Eu estava tão forte a dois dias atrás. – eu relembrei.  ─ Eu me sentia


como se tivesse o mundo em minhas mãos. Por que eu sinto como se tudo isso
tivesse destruído agora? Eu me sinto ainda mais fraco do que antes de a gente
se conhecer.

  ─ Certo, Mathew, me escute. – ela falou com severidade, me fitando


enquanto contestava.  ─Nós dois sabemos que você não vai matar
ninguém. Se matar, você irá para a cadeia. Jamais será livre para ficar
com a Katie. E pior, você entrará numa prisão mental. Você não quer
experimentar isso. Você jamais vai perdoar a si mesmo. Você se puniu
durante todos esses anos, achando que era o culpado do que
aconteceu com Tanya e Katie. O que irá te acontecer se você
for  verdadeiramente  responsável por outra morte? Mesmo que seja a
dela? Você nunca mais conseguiria olhar a Katie nos olhos. E você não
quer isso.

Eu já podia sentir a insanidade rastejar para longe de mim à medida que ela
falava. Eu a abracei mais forte ao meu corpo, precisando de mais.

 ─ Eu entendo. – ela disse.  ─ Ela exige muito de você. Sua mente


agora não está aceitando a dor e a internalizando. Agora você sabe
que não merece isso. Então sua mente está julgando a Claire,
culpando-a. E quer vingança. E isso é normal. Finalmente você quer
revidar, ao invés de aceitar sempre. Essa reação é muito boa. Mas você
não pode matá-la. Me prometa que não vai fazer isso.

 ─ Skylar… – eu suspirei, não sabendo se eu podia prometer isso.

  ─ Vamos. – ela me deu uma pequena cotovelada.

Eu tentei me forçar a dizer as palavras. Mas elas não quiseram sair.

  ─ Pense desse jeito. – ela disse.  ─ Se você fizer isto, terá que ser
internado. Eles te colocarão numa clínica, Mathew. Vão decidir o que
você come, o horário que dorme, e que drogas devem testar em você.
E será decisão deles quando você sairá,  se  sair. Você não vai poder
telefonar para Katie ou vê-la. Nem a mim.

 ─ Não. – eu gemi, não escondendo como isso era perturbador para mim.

  ─ Então me prometa. – ela pressionou.

 ─ Eu prometo. – eu disse com todo o meu coração.

Eu me recordei de dizer aquelas palavras na cela de vampiro, e das


palavras de Claire: “Uma promessa de vampiro. Se vocês acreditam nisso,
entrem na cela.”

─ Eu amo você. – sua voz de anjo reapareceu para mim. ─ Estou tão
orgulhosa de você. E sua força não desapareceu. Ainda está aí.
 ─ Eu te amo, Skylar. – eu beijei sua têmpora, aconchegando minha cabeça
na dela. ─ Você é a única pessoa que me acha forte.

  ─ Não sou não. – ela afirmou. ─ Você sabe disso, também.

 ─ Skylar… – eu murmurei, amando ela e a paz que ela conseguia sempre


me trazer. Eu estava beijando seus lábios apaixonadamente e de maneira
faminta, nunca tendo o bastante dela, nunca.

Entre os beijos, eu continuava dizendo seu nome, uma palavra mágica que
continuava curando minha alma cada vez que era enunciada.

A luz branca e forte surgiu no cômodo de repente, e Skylar desapareceu,


juntamente com o sofá, a poltrona, a sala inteira. Tudo virou um vazio, uma
página em branco que provocava ardência em meus olhos. E um som metálico
terrível estava lá, em vez da respiração cadenciada e suave de Skylar no meu
ouvido.

 ─ Hora de acordar, dorminhoco. – uma voz feminina estranha gritou acima


de mim e quando eu abri meus olhos, um bastão de madeira estava sendo
arrastado pelas barras da cela ao lado do meu rosto.

Claire. Porra.

Eu estava nu e dentro da cela novamente, mas eu não me sentia tão frágil


e insignificante mais.

─ Parece que você estava tendo um sonho. – sua voz  não parecia muito
contente e eu esfreguei meus olhos, tentando enxergar e ajustá-los à luz,
sentindo a aspereza da barba em meu rosto.

Ah merda. Não me diga que eu estou falando dormindo agora.

 ─ Qual é mesmo o nome da sua esposa? – Claire estava caminhando ao


redor da jaula.  ─Aquela que você deixou virar churrasquinho no incêndio?
Você ainda se lembra?

Eu rosnei e meus punhos voaram para as barras sobre a minha cabeça,


meus olhos desafiadores medindo Claire.

Ela sorriu para mim e inclinou a cabeça um pouco para o lado.

─ Você acha que Skylar, ou qualquer outra mulher, iria querer você,


sabendo do quão bem você cuidou da sua primeira família? – ela perguntou.

Meu fôlego saiu entrecortado e de forma violenta e meus punhos tremiam


ao redor das barras, meus olhos em chamas enquanto ela ria de mim.
 ─ É melhor eu não ouvir o nome dela de novo, Mathew. – Claire ameaçou,
se afastando de mim.  ─ A menos que queira me ver dar uma lição nela
enquanto você fica aqui assistindo. Se desculpe.

Após um minuto muito difícil, me ouvi dizer:

 ─ Me perdoe. – mas o sentimento por trás das minhas palavras contava


outra história. Eu sabia que ela tinha notado a raiva e a relutância em mim.

─ Terei alguns convidados para o jantar de amanhã à noite. – Claire cruzou


os braços, me olhando de cima.  ─ Gostaria de confiar em você para estar
presente, também. Isso será um problema?

Eu me perguntei se este seria um jantar como alguns que eu já tinha


participado. Eu de joelhos ao lado da sua cadeira, com um arame mantendo
minhas mãos para cima, uma em cada lado da minha cabeça, e apertando ao
redor do meu pescoço, enquanto eu esperaria em silêncio por um pedaço de
comida lá de vez em quando do seu prato. Ela me daria de comer e eu
agradeceria respeitosamente, apenas levantando-me algumas vezes quando
uma das suas visitas precisasse de uma nova bebida.

Às vezes, os convidados de Claire eram dominadores homens com


submissas femininas. Eu assistiria do chão elas serem ordenadas a engatinhar
para debaixo da mesa e servirem seus mestres enquanto eles comiam. Seus
bumbuns firmes e expostos ficariam de frente para mim durante todo o tempo
em que elas lambiam e chupavam os paus de dentro das calças abertas acima
delas.

Em algumas ocasiões, os dominadores se entediariam e mandariam suas


garotas me satisfazerem. Todos eles continuariam comendo e conversando
enquanto suas subs faziam a festa comigo. Algumas vezes eram duas ou mais
mulheres em cima de mim de uma só vez. Nós éramos o entretenimento.

Isso era antes. Na época em que eu tinha certeza que Claire não deixaria
dominadores me tocarem. Agora eu estava bastante inseguro e com medo do
que ela estava tramando.

Ou talvez eu estivesse errado e este fosse um jantar normal, onde eu


estaria vestido e sentado à mesa.

 ─ Como escravo? – eu perguntei, tirando minhas mãos das barras e


tentando disfarçar minha agressividade.

 ─ Sim. – ela respondeu, estreitando os olhos um pouco.

Eu respirei fundo e esperei, então fiz a pergunta:

  ─ O… Senhor Kevin virá?


Meus olhos penetraram os dela e ela soube o que eu estava pensando. Eu
queria saber agora mesmo. Será que eu seria violentado novamente?

 ─ Isso depende de você. – ela disse, um tom perverso em sua voz. ─


Preciso chamá-lo de volta aqui?

 ─ Não, Mestra.  

─ Se você se comportar, jamais deixarei outro homem encostar em você


outra vez. –ela disse. ─ Mas se eu sentir que você não consegue lidar com
garotas, se você continuar se apaixonando pelas suas clientes, eu terei que
estabelecer algumas mudanças para você. Você teria que servir somente
homens.

 ─ Não! – me ouvi gritar, e então rapidamente abaixei minha voz.  ─ Quero


dizer, eu não estou apaixonado por nenhuma cliente! Eu juro! Só existe você,
Claire. Eu amo VOCÊ.

Deus, eu odeio dizer isso para ela. Eu me sinto tão sujo. Me sinto como um
vagabundo quando traio Skylar e digo essas palavras para outra pessoa.

Ela descruzou os braços e, em silêncio, foi até a porta da jaula e a


destrancou, erguendo ela e me dando espaço para sair.

 ─ Saia daí. – ela mandou, se afastando de mim.

Eu fiquei de quatro, me sentindo bem descansado ao fazê-lo. Eu recuei, não


tendo espaço para virar e sair de frente.

─ Aqui. – ela apontou para frente dela e engatinhei, me ajoelhando lá.

Ela ficou mexendo no meu cabelo, sem falar nada, apenas o acariciando. Ela
tocou o meu rosto e ergueu meu queixo, de modo que eu estivesse olhando
para ela.

Eu tentei manter um olhar simpático em meu rosto, mas talvez não tenha
sido tão convincente, porque ela disse “Sorria.”

Sorri, sem ter certeza do quão sincero podia estar aparentando para ela.
Mas tentei.

Ela sorriu um pouco em troca para mim e passou o dedo pelo meu lábio
inferior.

 ─ Você é tão bonito. – ela disse com um pouco de melancolia.  ─ Tão


bonito… Sempre.

 ─ Você também, Claire. – eu respondi, fazendo meus lábios beijarem seus


dedos. Ela estava sentindo o cheiro do meu amor por Skylar no ar e não
estava gostando disso. Eu tinha que distraí-la do perfume.
Eu fechei meus olhos, tentando esquecer o rosto de Claire e imaginar o de
Skylar. Claire não podia controlar meus pensamentos e por isso eu estava
verdadeiramente grato.

 ─ Não sei o que eu faria se algum dia te perdesse. – ela disse, permitindo
que eu descansasse meu rosto em sua barriga.

 ─ Eu sou seu. – falei, trincando os dentes internamente. ─ Você não me


perder.

 ─ Vá se exercitar. – ela suspirou, me soltando, falando com rispidez e


apontando para algo novo no meio da sala… uma esteira e um puxador de
peso ao lado.

 ─ Qual dos dois, Claire?

─ Você escolhe. – ela falou, e achei que ela devia estar triste. Ela nunca me
deixa escolher nada. Ela até mesmo escolhe minhas roupas quando estamos
trabalhando ou saímos juntos.

 ─ Esteira? – eu decidi, perguntando se estava tudo bem. E mais uma vez,


eu precisava de Skylar.

 ─ Tudo bem. – ela disse e engatinhei até a esteira, ficando de pé e subindo


na plataforma de borracha onde meus pés estariam em breve correndo.

Eu esperei ela se aproximar e apertar alguns botões enquanto eu segurava


as barras nas laterais. A plataforma em que eu estava reclinou levemente, e
em segundos, eu me encontrava em uma rampa muito íngreme.

 ─ Parado. – ela ordenou enquanto eu me estabilizava, esperando.

Ela caminhou até a parede e retornou com dois pares de algemas.Ela sorriu
para mim e eu retribuí o sorriso, sabendo do seu carinho por aquelas.

 ─ Você está preso. – ela se animou um pouco, fechando uma algema no


meu pulso, e a outra na barra lateral.

Ela deu a volta até minha mão livre e fez o mesmo.

 ─ Qual é a acusação, policial? – eu entrei no seu jogo.

 ─ Ser rebelde em seus sonhos. – ela deu um tapa na minha bunda e riu à
medida que se dirigia para frente da máquina, pressionando o iniciar.

A plataforma sob meus pés começou a se mover e eu me segurei nas


barras, correndo a um ritmo médio para acompanhar a velocidade dela.
Eu me perguntei se eu deveria mentir e falar que eu não estava sonhando
com ninguém. Mas isso a irritaria mais, o fato de eu mentir para ela. E eu não
tenho certeza do que ela me ouviu dizer.

 ─ Me perdoe, Claire. – eu temi muito por Skylar,  ─ Eu não sei o que eu


estava sonhando… Sequer me lembro dele agora…

─ Está bem. – ela me observava correr. ─ Eu não ligo se você comer


alguém enquanto dorme, não vai demorar até que você esteja lá fora outra
vez e fazendo o que você faz de melhor. Apenas certifique-se no seu sonho se
as clientes estão te pagando bem.

 ─ Sim, Claire. – eu sorri maliciosamente, aliviado, sentindo a queimação


aumentar na parte inferior das minhas pernas.

Parecia que ela apenas me escutara fazendo sons excitados, talvez beijando
Skylar no sonho, ao invés de chamando o nome de Skylar e dizendo que a
amava.

Skylar está a salvo. Skylar está segura. Eu odiava pensar em Skylar fora
daqui, exposta, um alvo tão fácil. Eu torci para que ela tivesse me escutado e
ficasse na Riley ou na Julie.

Claire andou para trás de mim, impulsionando sua bunda para a mesa de
couro onde fiquei na noite passada, me observando de costas,provavelmente
concentrada no meu traseiro pelado enquanto eu acelerava, desejando que
pudesse estar correndo para longe dela… Para sempre.

Em breve.

Muito em breve.

Skylar POV

Meu telefone tocou e eu o abri prontamente. Eu tinha passado as últimas


duas horas olhando para o pequeno aparelho preto, incapaz de fazer qualquer
outra coisa além de me preocupar até que recebesse a ligação dos dois
homens que estava à espera.

O nome na tela dizia ‘Pai’  quando apertei a tecla para atender. Eu tentei
manter minha voz paciente e tranquila, mas não fiz um bom trabalho nisso.

 ─ PAI!

 ─ Skylar, por favor. – ele suspirou.  ─ Por que está me deixando essas
mensagens loucas?

 ─ Talvez porque eu esteja louca, pai! – eu fechei a cara.  ─ Por que você
não tem me ligado? Por que não vai contar nada? Você faz ideia do quanto
estou preocupada aqui?
 ─ Skylar, eu estou trabalhando. – ele disse,exatamente como ela fazia
antigamente quando eu tinha crises e ligava para ele, recebendo essa frase em
vez do que eu queria ouvir.

 ─ Ele está bem? – eu perguntei, tremendo.  ─ O que aconteceu com ele?

 ─ Skylar, não posso te dizer. – ele suspirou de novo. ─ Apenas deixe que
eu resolva isso, por favor?

 ─ Por que você não pode me dizer como ele está? – senti lágrimas nos
meus olhos. ─ Eu tenho direito de saber!

 ─ Eu não sei! – ele rosnou, me assustando. ─ Está bem? É isso que você
quer ouvir? Perdemos o microfone de alguma maneira. Não consigo ouvi-lo de
jeito nenhum. Nem cheguei a ouvir nada.

 ─ Ah meu Deus. – eu senti as lágrimas caírem nas minhas bochechas. ─ O


que isso significa? Você acha que ele…

 ─ Ele está vivo, até onde eu sei. – ele disse.  ─ Estive vigiando a boate
feito um falcão. Nenhum corpo foi retirado. E o chip continua mostrando que
ele está dentro. Essa mulher, Claire, entra e sai, e o Ryan vai dar uma olhada
nele uma vez ao dia.

 ─ Mas pai! – eu chorei.  ─ Ele pode estar preso e ferido. Sangrando até a
morte! Temos que encontrar alguma forma de colocar um microfone novo lá
dentro. Talvez Ryan possa nos ajudar.

 ─ Eu não quero pôr Mathew em risco envolvendo mais pessoas


empregadas por Claire nisto.-disse Meu pai, sempre a voz da razão.  ─ Como é
que nós sabemos realmente se podemos confiar nesse Ryan?

 ─ Ele se importa com Mathew. – eu falei, não querendo contar ao meu pai
toda a história de ele ser meu cúmplice no resgate na Raven. Ele me
estrangularia.

 ─ Eu sei que podemos confiar nele, pai. – falei, desejando que uma vez na
vida ele simplesmente acreditasse na minha palavra.

Meu pai estava mudo.

 ─ Ele está lá dentro. – contei mais.  ─ Ele conhece a Claire. Eu preciso


saber o que está acontecendo. Não vou ficar esperando de braços cruzados
Mathew sair ou ser carregado para fora! Ele está completamente sozinho
naquele lugar!

 ─ Skylar, não fique toda sentimental, vai estragar todo o plano.

─ PODE APOSTAR QUE ESTOU SENTIMENTAL! – eu berrei. ─ É o homem


que eu amo que está lá dentro! Eu o quero fora imediatamente!
 ─ Skylar, ele não é um imbecil! – meu pai rosnou.  ─ Dê a ele os dias que
ele queria. Deixe que ele tenha a chance de pegar o que precisa para sair de
lá. Assim que ele conseguir, nós teremos Claire em custódia e ele poderá
voltar para a vida dele , e você para a sua.

 ─ O que isso quer dizer?

 ─ Quer dizer que ainda temos uma conversa marcada a respeito de tudo
isso. – ele esclareceu.  ─ Não me ligue e grite comigo, Skylar. Eu estou
tentando ajudar você e seu amigo. Você começou com tudo isso. Foi você
quem contratou um prostituto!

Eu arfei, enfurecida.

 ─ Fico feliz por ter comprado um prostituto! – eu gritei.  ─ Talvez eu tenha


recebido mais amor e afeto DELE do que já recebi algum dia de VOCÊ!

Eu só consegui ouvir um silêncio mortal do outro lado. Na mesma hora, me


arrependi de dizer aquilo. Meu pai não era de muitos beijos e abraços, mas era
um ótimo pai. Ele sempre esteve ao meu lado quando minha mãe faltou. Eu
lembrei de como John e Sophia eram para Mathew e me senti culpada por
atacar meu pai quando eu obviamente tinha sido tão abençoada. Eu sabia que
era amada. E agora estava magoando ele porque estava morrendo de medo.

─ Pai…

 ─ Não me ligue outra vez. – ele disse como um robô.  ─ Estou trabalhando
para assegurar que seu… amigo… fique bem. Me deixe fazer o meu trabalho.
Eu ligo para você quando estiver voltando com ele.

Ele desligou e eu me encolhi, sabendo que era assim que Meu pai reagia
quando estava magoado.

 ─ Me desculpe, pai. – eu disse, embora ele não pudesse me ouvir.

Deixei meu rosto cair no travesseiro abaixo de mim e chorei enquanto


lembrava da maneira maravilhosa que a cama afundava quando Mathew se
juntava a mim, o perfume dele ainda estava impregnado na colcha, o tom
suave da sua voz masculina quando me perguntou, “Posso te abraçar até
você adormecer?” e por fim, a sensação milagrosa dos seus braços
musculosos e quentes ao meu redor, como se tivesse medo de me quebrar se
me apertasse muito forte.

Eu tentei recriar a sensação do seu corpo de conchinha ao meu enquanto


estava aqui deitada, mas a lembrança não era o suficiente. Eu queria senti-
lo  novamente… de verdade. Parecia que milhões de anos haviam se passado
desde que ele esteve deitado aqui comigo. Eu queria ver aquele biquinho na
sua boca pela manhã… seus braços enroscados em volta de si, meu
doce Thumper.
Eu não sei quanto tempo fiquei ali deitada chorando antes de meu celular
tocar de novo. Quando fui abri-lo, percebi que eram 3h da manhã. O nome
‘Dr. Collier’  piscava na tela.

Eu atendi e fiz uma careta, dizendo:

 ─ O que foi?

 ─ Eu te falei que eu ia ligar.

 ─ Então, diga. Como  ele está?

 ─ Acho que ele está bem.

 ─ Você ACHA? 

 ─ Bem, eu fui até lá, como se estivesse apenas visitando. Ficamos


conversando no escritório dela por um tempo e uma certa hora perguntei
sobre Mathew. Ela disse que ele estava dormindo.

─ Dormindo? – bufei.

Se Mathew estivesse solto, e ela pensasse que ele estava dormindo, ele
teria uma chance de pegar a prova, talvez.

 ─ Foi o que ela disse. – James respirou fundo.  ─ Eu não podia fazer
perguntas demais ou ela iria suspeitar.

Talvez ele tenha desmaiado… ou ela o desacordou. Parecia fazer mais


sentido. Eu não conseguia imaginá-la pondo ele para dormir e beijando sua
testa.

E mais uma vez, eu estava tremendamente preocupada com Mathew.


James deveria tentar tranquilizar minha cabeça – não que ele conseguisse,
mesmo se tivesse dito que Mathew estava bem.

 ─ Sério, James, valeu por se arriscar e dar uma olhadinha nele. – eu falei
com a voz cheia de sarcasmo.  ─ Acho que agora podemos ser parceiros. Você
tem a minha total confiança.

─ Eu sei, não consegui nada esta noite. – ele disse. ─ Mas vou verificar de
novo amanhã à tarde.

─ Tanto faz.

─ Então… E sobre ir comigo… No jantar da Claire? O que devo dizer a ela?


Quero dizer, eu não gostaria de te colocar lá dentro, mas tenho que dar uma
resposta pra ela. Vai nos fazer ganhar algum tempo.
Parte de mim pensou que não seria um plano ruim acompanhá-lo, agindo
como se estivesse caindo na sua armadilha, e então virar o jogo contra ela. Se
eu conseguisse confiar em James, eu faria isso em um minuto. Seria mais
rápido que o plano do meu pai de esperar e ficar de olho nos sacos de lixo no
beco atrás da boate. Eu podia usar um microfone ou enfiá-lo em algum lugar
se ela me levasse até Mathew.

Mas então, eu precisaria do meu pai.

Deus, Mathew ia surtar se Claire e James me arrastassem para lá. E eu ia


surtar se visse alguma coisa horrível acontecendo com ele, por outro lado.
Talvez se eu comprasse munição para o revólver de polícia de Mathew, seria
mais inteligente puxar o gatilho. Eu sabia atirar, sendo filha de William, e sabia
como comprar munição.

Mas eu realmente conseguiria balear um ser humano? Mesmo que fosse


ela? E se ela pegasse minha arma de alguma forma? Mathew podia se
machucar. Eu podia me machucar. Meu pai, também.

Como os policiais fazem isso todos os dias e não enlouquecem? Tudo que eu
bolo é tão arriscado, para todos nós. Mas a única coisa pior que meus planos,
era não ter plano algum. Eu tenho que fazer alguma coisa. Não posso mais
ficar aqui sentada e pedir a uma estrela o meu final feliz. O nosso final feliz.

Eu tinha que me arriscar e fazer acontecer.

Eu alcancei o telefone, feliz em ver que Riley era o primeiro nome na minha
lista, visto que era em ordem alfabética. Será que ela ficaria brava comigo por
ligar a esta hora? Provavelmente. Mas é Riley, então eu sei que ela vai me
perdoar. Sei que ela irá querer nos ajudar. E eu sei que este é um bom lugar
para começar.

Sendo assim, apertei o ligar  e esperei.

Capítulo 30 

Mathew POV

─ Eu acho que você pagou pelo o seu pequeno lapso de julgamento. –


Claire disse, amarrando o cinto do roupão branco, com um sorriso indulgente e
doce nos lábios enquanto eu olhava para ela da cruz X, meus tornozelos e
pulsos amarrados a cada poste de metal nas pontas, uma cinta de couro em
volta do meu quadril nu, segurando-me firmemente a ele.

─ Amanhã, você pode deixar a boate pronta para a nossa pequena festinha
de oito horas. – ela sugeriu. ─ Certifique-se de que chefs têm tudo o que
precisam, limpe tudo tão meticulosamente como sempre e fique bonito. Eu vou
deixar você saber por volta das seis que você irá usar.

─ Sim, Claire. – eu respondi, sentindo-me um pouco sujo já depois de


alguns dias sem um banho, e o suor em meu corpo já tinha um mau cheiro. ─ 
Obrigado.

Agradeci a ela porque ela estava me deixando sem punição tão cedo e uma
grande parte de mim estava paranóico com isso. Ela nunca me libertou tão
rápido antes, e sem uma boa razão. Comecei a temer sobre o jantar que ela
daria amanhã à noite. Eu acho que estou longe de saber de seus castigos. Este
é apenas mais um jogo de mente que ela está jogando. Me deixar relaxado e,
em seguida, jogar a próxima coisa sobre mim.

Odeio sentir essa incerteza o tempo todo. É como uma doença que está me
matando lentamente… De dentro para fora.

Eu quero falar com Katie. Eu quero ver o Bob Esponja com ela novamente.
Quero cheirar o cabelo da Skylar. Eu quero sentar na cozinha com Katherine.
Eu quero tocar piano com Joseph. Eu quero tudo o que eu não posso ter.

Minha única fagulha de esperança renasceu das cinzas desejando que ela
me deixasse vagar livremente em torno da boate durante o dia todo de
amanhã, talvez até hoje.

Isso significa que eu posso encontrar o pano ensanguentado que escondi,


pegar minhas coisas do meu quarto e correr. Talvez eu possa até achar minha
amostra de sangue em algum lugar no escritório de Claire, se ainda estiver lá.
Isso seria fácil demais, muito conveniente. Provavelmente está na casa dela
em algum lugar, escondido e trancado. Eu não me importo. Eu tenho a prova
de assassinato contra ela. E, finalmente, eu estaria livre.

Ela abriu minhas algemas, ambos os pulsos e tornozelos, então a da minha


cintura e ordenou:

─ De quatro e rasteje atrás de mim, amor.

Obedeci, e rosnei internamente porque ela estaria me levando para fora


daqui agora. E aqui é onde está o pano que eu preciso. Eu disse a mim mesmo
que não tinha importância. Amanhã eu seria deixado aqui sozinho para
preparar tudo, e isso incluía o porão. Ele precisava de uma boa limpeza, uma
vez que eu estava vivendo aqui, constantemente sendo punido nos últimos
dias. Eu tinha certeza que ela ia me dar a chave.
─ Sim, Claire. – eu disse em uma voz calma e comecei a rastejar
lentamente atrás dela, e ela me levava para fora do porão.

A única outra maneira de voltar aqui seria irritando-a de alguma forma, e


ser punido novamente. Se o plano A falhar, esse seria o plano B. Eu mantive
meus olhos para baixo, mas eu a ouviela trancar a porta do porão, como de
costume.

Ela estava caminhando até o salão e a música era alta, as clientes estavam
lá em cima, gritando e aplaudindo. Eu estava completamente nu e quase
hesitei enquanto rastejava até as escadas em direção a elas. Eu estava
terrivelmente despenteado, barba por fazer, e malcheiroso e me senti mal por
dentro de estar na frente de clientes desta forma, mas ela me disse para
segui-la.

─ Não me perca no escuro. – ela olhou para mim. ─ Se você se perder, você
estará por conta própria.

Então, ela pretendia me fazer rastejar atrás dela, nu, através da boate e de
cada mulher lá. Porra.

─ Sim, Claire. – eu consegui dizer, mas pude ouvir o tom vazio na minha
voz.

Meu único consolo veio do fato de que estava escuro quando chegamos nos
corredores de salas privadas. De vez em quando, eu ouvia uma mulher ou
duas saindo de uma sala e gargalhando alto com a visão da minha bunda de
quatro a seguir minha dona. Estremeci internamente, mantendo meus olhos
sobre os pés descalços de Claire, sabendo que se eu os perdesse, eu era a
carne crua em um covil de leões famintos, uma vez que cruzei a linha
vermelha que vai para o salão.

Tentei me concentrar em outra coisa enquanto eu atravessava sobre a linha


vermelha para o caos. As vozes das mulheres me envolveram e eu apenas
mantive meus olhos nos pés de Claire, uma luz azulada fraca coloria o local, e
eu segui, o mais rápido que pude.

─ Oh, meu Deus, olhe para essa bunda! – a voz de uma mulher disse e
meus olhos piscaram, odiando o som, no mesmo momento em que uma
variedade de mãos começaram a me tocar lá.

Uma ou duas mãos eram suaves acariciando contra minha bunda do lado
direito. Um par de outras espremiam e beliscavam, quase amassando minha
carne enquanto eu continuei rastejando, esperando que eu não estivesse me
movendo muito rápido ou muito devagar.

Ofender algumas dessas mulheres era uma regra imperdoável. Algumas


dessas mulheres eram raivosas, ‘odiadoras-de-homens’, vítimas de traição, e
puniriam qualquer homem que parecesse desprezá-las ou suas investidas.
Aprendi essa lição cedo aqui e eu nunca iria esquecer.
As mulheres não são indefesas ou coisas frágeis. Elas poderiam ser tão más
e fortes em sua raiva como qualquer homem.

Tentei manter-me perto de Claire, mas ela estava ficando alguns passos à
frente de mim. Então eu senti alguém sentando nas minhas costas, me
cavalgando como se eu fosse um cavalo.

─ Woooo! – a voz de uma mulher mais jovem exclamou enquanto eu ficava


tentando me mover em silêncio. ─ Vamos lá!

 Senti algo fino e apertado em volta do meu pescoço e estava me


sufocando. Ouvi vozes diferentes rindo e eu parei de rastejar e alcancei minha
garganta para afrouxar o aperto da correia lá. Claire continuou andando e eu
quase não conseguia mais vê-la.

─ Claire. – eu engasguei, mas tenho certeza que ela não podia me ouvir por
conta da música.

─ Oh não, você não fez! – a menina das minhas costas apertou a alça de
sua bolsa ao redor do meu pescoço e eu abri minha boca, sentindo o último
pouco de ar escapar.

─ Ele está tentando fugir. – ela riu e eu coloquei minhas mãos para trás no
chão, sem me mover, sabendo que eu estava preso agora. Agradar os clientes.
Essa foi a minha regra número um e eu sempre fiz isso. Tenho certeza que isso
é o que Claire queria o tempo todo quando ela me trouxe aqui. Talvez este
seja um teste, para ver como eu interagia com as mulheres, agora, depois de
estar com Skylar.

─ Ele é bonito! – outra voz comentou e eu cerrei os dentes e olhei para o


chão, deixando-as me acariciar. Elas logo ficaram entediadas com a minha
bunda e meu pau estava sendo agarrado e examinado, dessa vez.

─ Oh Deus! – a voz de uma mulher mais velha anunciou. ─ Você tem que
sentir isso! É GIGANTESCO, PORRA!

A sala inteira girava mais e quando eu caí de costas, percebi que elas me
viraram e abaixo delas.

Eu ouvi um par de suspiros e uma das vozes disse:

─ Ohhhhh, seu rosto é lindo!

─ Não estou nem olhando para o rosto! – outra mulher respondeu, rindo
cordialmente conforme suas silhuetas escuras dançavam em volta de mim na
escuridão.

Senti uma mão firme em torno do eixo do meu pênis, e ele estava sendo
puxado violentamente, e uns coros de reações de surpresa surgiram das
mulheres ao meu redor. Elas riram e vi quando meu pau começou a endurecer
nas garras de alguma que se atreveu a me masturbar.

Então eu senti outras mulheres me tocando. Um par de mãos estava


agarrando os tornozelos e circulando seus polegares sobre os meus ossos do
tornozelo, enquanto segurava. Minha boca foi sufocada por um par de lábios
de cabeça para baixo em cima de mim que usava batom pesado e enfiou a
língua na minha boca. Outra mulher sentou no meu peito e antes que eu
percebesse, minhas mãos estavam em cima da minha cabeça, seguradas por
um par de outras mulheres. Eu poderia ter lutado, mas eu sabia que não
estava autorizado a fazer isso. Isto fazia parte do meu trabalho, também,
como um dançarino aqui. E Claire está me observando, sem dúvida, olhando
para todas as diferenças em mim. Eu tinha que mostrar a ela nenhuma
diferença, mesmo que houvesse um milhão delas dentro de mim.

Eu gemia, quando a outra mulher voou para beijar minha boca e tentei
beijar de volta, mas eu estava muito distraído pelas muitas bocas lambendo e
chupando meu pau de repente, e a mão áspera me se manteve me
masturbando sem misericórdia.

A alça da bolsa de alguém ainda estava em volta do meu pescoço, mas pelo
menos não era apertado agora. Na verdade, minha cabeça estava descansando
na bolsa, enquanto eu me esforçava para manter meus lábios abertos e beijar
de volta a cada novo par de lábios apresentados a mim.

Parecia que todas as vozes estavam felizes por eu me submeter o que me


era apresentado. Ouvi-me começar a gemer e grunhir, enquanto eu estava
sendo empurrado mais e mais para a minha libertação. A única coisa boa sobre
alcançar era que talvez as meninas me deixassem ir, uma vez que isso
acontecesse.

─ Vamos lá, dê para a gente… – a voz de uma mulher mais velha exigiu
sobrecarregada, e diferentes conjuntos de dentes mordiam meus mamilos,
seguido de línguas famintas.

Quando eu finalmente me deixei ir e gritei, fui abafado pela língua de


alguém descendo minha garganta. Eu explodi, fechando os olhos, mesmo
estando no escuro, e senti uma boca molhada me lambendo e me devorando
quando eu terminei.

Mais alguns conjuntos de lábios me beijaram, mas depois, com alguns


comentários, todas as vozes e sombras lentamente retiraram-se e eu estava
sozinho no chão. Até mesmo a bolsa foi arrancada de baixo da minha cabeça e
elas me deixaram.

Eu quase levantei, mas lembrei das ordens de Claire e voltei para a minha
posição de engatinhar, fazendo meu caminho rapidamente até seu escritório
sem mais incidentes.
Eu tentei abrir a porta, mas ela estava trancada e eu exalado asperamente,
batendo alto com meus joelhos repousando sobre os degraus. Depois de
alguns momentos, a porta se abriu e eu respirei de alívio, rastejando no
escritório de Claire, um pouco mais à vontade no carpete macio e eu parei em
frente a sua mesa, de quatro, esperando, meus olhos no tapete branco abaixo.

A porta do escritório foi novamente trancada atrás de mim e eu senti unhas


indo sobre minhas nádegas até minha espinha, brincando com meu cabelo
enquanto ela se sentava em cima da borda de sua mesa, olhando para mim.

─ Teve um pouco de diversão extra no caminho para cá? – ela brincou,


rindo um pouco para si mesma.

─ Sim, Claire. – eu respondi, apenas contando os segundos até que eu


fosse deixado sozinho amanhã.

─ Awww, não foi tão ruim, foi? – ela sorriu e eu me fiz sorrir para ela.

─ Não, Claire. – eu menti, fingindo que tinha sido um pouco agradável para
mim.

─ Meu pequeno vagabundo. – ela suspirou, acrescentando. ─ Venha aqui.

Levantei-me, sabendo muito bem o que “venha aqui” significa com Claire.
Ela me queria e era hora de colocar um rosto feliz, um pau duro, e se
apresentar para ela.

(…) 

Pela hora que Claire me deixou sair de seu escritório, já passava da hora de
fechar a boate. Talvez, por volta de três da manhã, quando fui liberado e
mandado ir para baixo e limpar as coisas.

A primeira coisa que eu queria limpar era eu mesmo, e quando eu fui para o
vestiário, ninguém estava lá, graças a Deus. Eu estava nu e exausto, e
realmente não queria ver ninguém até depois de um bom banho quente. Eu
devo ter gasto cerca de 45 minutos sob a água quente, apenas deixando-a me
embebedar e acalmar o meu corpo antes mesmo de ser lavado e ensaboado .
Eu estava na pia, de barbear, quase terminando, quando ouvi alguém na área
de vestir.

Eram Ryan e Eli, conversando e vestidos em suas roupas usuais, ainda


usando calças, mas peitos nus. Eli estava tirando seu uniforme militar e Ryan
estava vestindo sua roupa de Tarzan. Eles eram um alívio para meu tormento
e minha voz quase rachou quando os alertei a minha presença.

─ Ei, pessoal. – eu sorri, usando uma toalha pequena no meu ombro nu


para limpar um pouco de creme de barbear que escapava da borda da minha
mandíbula.
─ Mathew! – Ryan pareceu surpreso enquanto Eli apenas olhou. ─ Você está
fora!

 ─ Eu sei. – eu compartilhei seu choque e imitei seu rosto em desespero. ─


Eu acho que estou em liberdade condicional por bom comportamento ou algo
assim.

─ Você está bem? – Eli olhou para mim com uma seriedade intensa que eu
nunca vi em seus olhos antes. Ele era geralmente sem preocupações o tempo
todo. Não agora, no entanto.

─ Eu estou bem. – limpei o resto do meu rosto, me sentindo muito mais


humano agora. ─ Quero dizer, eu estou morto de cansado, mas bem. Na
verdade, estou indo limpar o chão e, em seguida, vou para a cama. Eu sinto
que eu não dormi durante um mês.

─ Eu vou ajudá-lo a limpar. – Ryan se ofereceu e Eli entrou na conversa. ─


Eu também.

─ Obrigado. – eu aceitei. Claire nunca teve um problema com isso. Muitas


vezes gostávamos de dançar a nossa música favorita enquanto limpamos as
coisas depois que a noite terminasse. Eu acho que é onde todos nós nos
ligamos.

Eu estava no meu jeans e camisa, poucos minutos depois, os pés descalços,


como de costume, e nós estávamos virando as cadeiras e colocando nas
mesas, removendo as toalhas de mesa também. A conversa foi leve no início.
Nós conversamos sobre o que era novo nas últimas semanas. Eli mencionou
que tinha outro encontro com Riley, e mesmo estando feliz por ele, eu não
podia deixar de sentir uma pontada de tristeza, eu sinto falta de Skylar. Eu me
perguntava o que ela estava fazendo e como a escola estava indo. Eu sabia
que no momento ela estava na cama, dormindo, debaixo das suas cobertas
favoritas, e eu quase não conseguia respirar desejando que eu estivesse lá
com ela agora.

Nossas duas semanas juntos se passaram tão rápido. Rápido demais. Elas
tinham ido embora. Agarrei-me no dia de amanhã e em conseguir o pano
ensanguentado. Se algo desse errado de alguma forma, eu estava morto.

As luzes do escritório de Claire apagaram, e saltos estavam descendo os


degraus. Eu fiquei tenso e Ryan olhou para mim, e eu virei de costas para
onde ela estaria aparecendo em breve.

─ Boa noite, colírios para os olhos. – ela estava lá, esperando por nós para
despedir.

Virei-me e abaixei o olhar, mas Ryan e Eli não o fizeram. Eles estão
autorizados a olhá-la nos olhos.
─ Boa noite, Claire. – os três de nós disseram uma só vez, Ryan colocou
mais entusiasmo em sua declaração do que Eli ou eu fiz. Na verdade, Eli
estava franzindo a testa um pouco. Eu me perguntava o que estava
acontecendo.

─ Mathew. – ela chamou e eu olhei para cima um pouco.

Então ela fez algo milagroso. Ela me jogou as chaves da boate. Seu molho
de chaves. As chaves para o porão.

Eu o peguei bem no centro da palma da minha mão quando ela


acrescentou:

─ Minhas instruções para amanhã estão na minha mesa. Faça um bom


trabalho.

─ Eu vou, Claire. – prometi, embora meu coração estivesse fazendo


manobras de 360°, que só restava uma manhã até sair de perto dela para
sempre. Eu estarei com Skylar amanhã! Eu queria chorar em voz alta só de
pensar nisso. 

─ Vejo você às seis. – ela franziu os lábios no ar em minha direção e saiu


em direção aos vestiários, saindo pela porta dos fundos, como de costume.

Enfiei as chaves no bolso das calças e voltei a virar as cadeiras sobre as


mesas, um estranho silêncio parecia subir agora entre nós três.

Isso foi estranho. Normalmente, depois que Claire saísse, eu poderia ser eu
mesmo e falar livremente e assim eles faziam, conhecendo nossa situação.
Mas agora, nada. Talvez eu devesse quebrar o gelo.

─ Então, o que manteve vocês dois aqui tão tarde? – eu perguntei. Os


dançarinos iam embora ás duas horas, normalmente.

─ Nós tínhamos uma coisa privada…  – Ryan disse. ─ Uma sessão privada
com esta mulher. Ela gostou muito de nós, então…

─ Achei que você não… – eu olhei para Eli. ─ Fazia essas coisas, Eli.

─ Agora faço. – ele deu de ombros. ─ Eu tive um problema de fluxo de


caixa. Claire me inscreveu para o trabalho extra.

─ Oh. – eu me senti tão mal por Eli e eu senti meu estômago afundar. ─
Desculpe, cara. O que aconteceu?

─ Minha mãe. – ele deu de ombros. ─ Problemas de saúde.

─ Uh, Mathew? – Ryan interrompeu sem cerimônia. ─ Quer ajuda amanhã


na limpeza e tal? Sei que Claire tem preparado algum jantar chique na sala dos
fundos amanhã à noite. Vou ser o garçom, de qualquer maneira.
─ Sim, eu também. – Eli disse. ─ Bartender.  Mais tarde, volto a dançar.
Posso acompanhá-lo no final do dia, se estiver tudo bem.

─ Tem alguma coisa estranha aqui. – eu sorri e ambos congelaram por um


segundo. ─Vocês dois estão se voluntariando para me ajudar durante todo o
dia, em seu tempo livre, sem pagamento? É uma pegadinha?

─ Nós só queremos ajudar. – Ryan deu de ombros. ─ Somos seus amigos,


droga, Mathew.

─ Eu sei, eu sinto muito. – sorri. ─ Não quero parecer tão… ingrato. Eu só


quis dizer… Eu posso lidar com isso. Estou bem.

Ryan e Eli se entreolharam, sem dizer nada e por uma fração de segundo
tive um choque de medo de que eles sabiam sobre Senhor Kevin. Havia um
olhar definitivo de pena de mim, sendo compartilhado entre eles naquele
momento, mas eu me ocupei em oura coisa em vez de trazer isso agora.

Tanto quanto eu estava preocupado, aquela história… aquele DIA… morreria


comigo. Eu nunca poderia dizer a Skylar sobre ele também. Eu morreria. Ela
nunca olharia para mim da mesma forma novamente.

Como está agora, eu temia que ela nunca olhasse para mim de novo sem
aquela piedade em seus olhos que eu acabei de ver meus dois únicos amigos
compartilharem por minha causa.

─ Nós sabemos que você está bem. – Eli estava lançando uma cadeira
enquanto ele sorriu com carinho para mim. ─ Mas nós temos as suas costas,
Mathew. Não nos importamos de estar por perto para ajudar quando você
precisa de nós.

Eu sei que eles estão conscientes de que estarei no modo escravo amanhã à
noite, apenas por esta mensagem que Eli estava me dando. Eu me senti tão
constrangido e com vergonha que os dois me veriam dessa maneira, a céu
aberto, e não por trás da porta do porão. Ryan tinha me visto em algumas
situações muito humilhante, mas Eli nunca.

Seja como for, talvez amanhã à noite nunca acontecesse, de qualquer


maneira. Se eu tivesse acesso ao calabouço e pegasse o meu pano do seu
esconderijo, eu estaria na casa de Skylar antes do meio dia. Eu teria que ligar
para Ben e dizer a ele para ficar longe da sua casa por uns dias, só até eu
poder ter certeza de que ninguém entraria lá à procura de qualquer tipo de
vingança. Eu tinha que entrar no escritório de Claire amanhã também e tirar
tudo o que tinha a minha informação lá, principalmente os endereços da minha
filha e também de Skylar.

Agradeci aos meus companheiros pela sua lealdade e depois o resto do


nosso tempo de limpeza pareceu ir pelo silêncio. De vez em quando, eu ouvia
Eli sussurrar algo para Ryan e eles paravam de falar quando eu olhava. Talvez
eles soubessem o quanto eu gostava de Skylar e eles achavam que não
podiam mais confiar em mim. Talvez eles pensassem que eu estava contra
eles e Claire agora, de alguma forma.

Fiquei pensando em algo para dizer para acabar com aqueles pensamentos,
mas nada me veio à mente. Não era como se eu quisesse mentir para eles, no
entanto, negando o meu amor por uma garota normal, uma vida normal.

Logo, a área da boate estava muito limpa e Ryan e Eli estavam se 
despedindo de mim enquanto eu os segui para a porta dos fundos do clube.

─ Uh… Eli? – eu disse quando nos aproximávamos da porta. Ryan já tinha


saído e não estava olhando para trás para ver se Eli estava seguindo.

─ Sim? – ele virou para mim e sorriu, segurando o braço da sua mochila e
jogando-a sobre seu ombro.

─ Eu… – comecei, quase olhando para baixo como de costume, mas então
levantei meus olhos e disse. ─ Eu sinto muito sobre… você… precisar de mais
dinheiro para a sua mãe.

─ Oh. – ele desviou o olhar por um momento, parecendo um pouco


envergonhado. ─ Não se preocupe com isso, Mathew, está tudo bem.

─ Não, eu quero dizer… – eu disse. ─ Eu desejaria ter algum dinheiro


guardado… para dar a você. O que eu quis dizer é que… não há outra maneira
de você conseguir o dinheiro?

─ Talvez. – Eli tinha um olhar estranho em seu rosto. ─ O que você quer
dizer?

Limpei a garganta e disse:

 ─ Eu… era como você há não muito tempo. Eu sei o que é quando você
sente que não tem outra escolha. E você faria qualquer coisa para prover a sua
família, até mesmo… as coisas extras aqui. Mas eu quero te dizer algo que
ninguém nunca me disse. Não faça.

Eli franziu a testa e estava prestes a falar novamente, mas eu o cortei.

─ Você começa dançando. Então você faz algumas coisinhas extras. Logo,
você oferece para fazer mais. Claire oferecerá a você quantias incalculáveis de
dinheiro para o trabalho de uma noite. Isso vai soar tão bom para você no
início. Então, antes de você saber, você pertence a ela.

─ Mathew…

─ Consiga um empréstimo de banco, ou talvez peça a outros parentes para


ajudar. – eu sugeri. ─ Roube um banco primeiro se for preciso. Mas não deixe
que ela sugue você para dentro. Você nunca vai sair.
─ Eu sei, Mathew. – ele disse, um olhar intenso em seus olhos quando ele
colocou a mão no meu ombro. ─ Por favor, não se preocupe comigo, ok? Eu
não vou me deixar ser sugado, eu prometo.

─ Certo. – eu decidi terminar minha palestra por agora, mas eu também


sabia que eu estaria de olho em Eli para me certificar de que ele não seria
tentado a sequer olhar para este caminho, muito menos entrar nele. Eu odiaria
estar perto e ver alguém se tornar o que eu sou agora.

Isso seria o crime mais terrível de todos, o crime de ficar parado sem fazer
nada.

─ Cuide-se, Mathew. – Eli disse quando saiu, batendo de leve no meu


ombro. ─ Vejo você amanhã.

─ Até amanhã. – esperei por ele sair e então tranquei a porta dos fundos.

Eu quase corri quando girei ao redor, dirigindo-me dos camarins, para as


salas privadas, em seguida descendo as escadas para os níveis mais baixos da
Fire. Eu fui para o calabouço e depois de algumas tentativas de chaves
erradas, encontrei a chave correta que se encaixava nas fechaduras e abri a
porta.

Estou dentro do porão… sozinho… Livre.

É horrível aqui, eu notei quando acendi a luz branca acima. Engraçado como
você não percebe o cheiro quando você está preso dentro, só quando você
provou o ar fresco e retorna é que você percebe quanto de uma jaula de
zoológico esta sala é.

─ Eu vou embora daqui. – eu rosnei em triunfo quando deixei-me cair sobre


a mesa de couro acolchoada e descompactei o lado dela, estendendo a minha
mão no fundo, procurando pelo tecido áspero que eu tinha empurrado aqui.

Claire adorava esta mesa e me disse como foi sua primeira peça de
mobiliário de escravidão. Ela tinha um valor sentimental e eu sabia que ela
nunca se livraria dela. Além disso, o pano estava dentro do couro, fechado
nele, seguro do calor e da sujeira.

Onde diabos está ele?

Eu continuei estendendo minha mão no couro, não encontrando nada além


de camada de borracha dentro.

─ Vamos lá. – eu respirava, sentindo enjôo quando estendi mais fundo,


todo o meu braço até o ombro dentro do couro descompactado.

Eu rosnei, arrancando a pele de couro da mesa inteira, nem mesmo me


importando se eu a rasgasse ou não.
─ Não… Não… – procurei e balancei o couro, recebendo nada. Nenhum
pano. Nada 

─ O quê? – eu tremi quando olhei novamente, sentindo dentro do saco de


couro agora com as duas mãos. ─ Por favor…

Após dez minutos de tatear a mesa e virar o couro de dentro para fora, eu
ainda não tinha nada.

Caí de joelhos, agarrando o meu cabelo firmemente com as duas mãos,


sentindo lágrimas nublarem a minha visão enquanto tentei pensar em uma
explicação, qualquer coisa…

Apenas Claire jogava aqui. Bem, o Sr. Kevin estava aqui comigo todo o dia
daquela vez, mas eu nunca o vi fazer nada nesta mesa. Não poderia ter sido
ele. Tinha que ser Claire.

Ela o encontrou. Merda.

Eu pisquei e senti as lágrimas patinando pelo meu rosto enquanto eu


simplesmente olhava para a capa de couro aberta no meu colo. Se ela achou,
ela sabe que eu o coloquei lá dentro. Se ela sabe que eu o coloquei lá dentro,
ela sabe que eu estou tentando ferrar com ela. Talvez por isso o Sr. Kevin teve
acesso total a mim. Mas ela esteve tão boa desde então, ou, pelo menos, agia
dessa maneira. Com o que ela está brincando?

─ Skylar. – eu respirei, levantando e correndo de volta para o corredor,


deixando a porta entreaberta e correndo pelas escadas, duas de cada vez, indo
para a porta da frente do clube e a destrancando, batendo a porta aberta e
saindo na rua com meus pés descalços.

─ WILLIAM! – gritei, olhando para a noite, não vendo nada. Mas eu sei que
ele está lá fora em algum lugar e pode me ver. ─ APAREÇA AQUI AGORA!

Voltei para dentro e andei de lá para cá algumas vezes, limpando meus


olhos raivosamente com as mãos enquanto esperava a chegada de William.

O som da porta se abrindo me alertou e lá estava ele, olhando para mim


interrogativamente enquanto eu permaneci parado, pronto para dizer as
palavras horríveis que eu tinha a dizer.

─ O que foi, Mathew?  - ele disse em sua voz calma e baixa.

─ Desapareceu. – eu disse e meu corpo doeu em todos os lugares.

─ O que desapareceu? – ele olhou para mim, sua voz mais forte.

Minha vida, minha filha, minha Skylar, minhas esperanças, meus


sonhos… 
─ O pano! – eu me engasguei. ─ Eu acabei de ter a chance de entrar lá
sozinho e ele DESAPARECEU!

─ Merda. – William suspirou profundamente, olhando para o chão.

Um silêncio mortal encheu o ar. Eu estou morto… E eu sei disso.

─ Vá proteger Skylar agora. – eu quase ordenei a ele. ─ Claire pode ter


alguém atrás dela. Se eu a conheço, e eu conheço, ela vai querer me ensinar
uma grande lição, uma lição que eu não vou esquecer, como da última vez. Ela
vai fazer algo horrível para me colocar de volta no meu lugar. Da última vez,
foi o menino. Desta vez, será ela.

─ E quanto à sua filha? – William perguntou, parecendo muito preocupado.

─ Ela não vai fazer isso ainda. – pensei alto. ─ Minha filha me mantém perto
de Claire, ela não vai perder essa carta para jogar contra mim. Ela sabe que se
ela machucar a minha filha, todas as apostas estão fora. Eu vou atrás dela com
tudo o que tenho, não vou me submeter mais a ela. Ela só machucaria minha
filha se eu fugisse ou desaparecesse. Ela quer manter-me obediente a ela,
querendo ser dela. Basta confiar em mim. Vá ficar com Skylar.

─ Mas o que então? – ele me perguntou.

─ Leve-a para Bellevue. – eu mal consegui dizer as palavras. ─ Ela ficará


mais segura lá e depois de algum tempo, eu convencerei Claire de que não
estou pensando em fugir. Mantenha um olhar atento sobre ela por um tempo,
então deverá ficar seguro.

─ Mas e quanto a você? – William apertou os olhos, confuso.

─ E quanto  a mim? – olhei para ele com um olhar severo.

─ Como vamos tirá-lo daqui agora? – William perguntou.

─ Nós não vamos. – olhei para o chão. ─ Eu vou ficar.

─ Mas, nós temos…

─ Eu não posso ir!  – fechei meus olhos, gritando, mais com raiva de mim
do que dele. ─Se eu tivesse alguma prova contra ela, se eu tivesse aquele
pano, eu estaria livre e ela estaria indo para a cadeia. Sem nada, não há
nenhuma maneira que eu possa sair. Ela vai pegar minha filha.

─ Escute, Mathew…

─ Por favor, vá, William. – eu fui até a porta e a abri para ele, olhando para
a maçaneta da porta, não querendo ver a piedade em seus olhos agora.

─ Proteja a sua filha. – acrescentei. ─ Por favor.


Ele suspirou e começou a andar lentamente em direção à porta aberta.
Parecia uma eternidade antes que ele parou e se virou para mim uma última
vez.

─ O que devo dizer a Skylar? – ele perguntou baixo, soando melancólico.

Meus olhos arderam com a menção dela e minhas entranhas torceram em


agonia. Nenhuma mensagem que eu pudesse enviar facilitaria alguma coisa.
Ela sofreria. Seu coração doeria, assim como o meu sempre doeria agora. Eu
só poderia oferecer uma mensagem.

─ Diga a ela que eu sinto muito. – evitei contato visual com o Oficial Hayes.
─ Eu nunca quis feri-la dessa forma. Ela me esquecerá com o tempo. Leve-a
para casa em Bellevue. Tire-a desse lugar fodido.

─ Eu ouvi isso. – William concordou, saindo agora. ─ Mathew… eu voltarei.


Eu não vou desistir tão fácil. Depois que Skylar estiver segura, eu estou
voltando para tirar você daqui também.

─ Ok, William. Cuide dela. – eu sorri, não realmente acreditando nisso


completamente, mas eu sabia que William era um homem bom e policial e
queria me ajudar. Mas mesmo ele, sendo um policial, sabe que, às vezes,
algumas pessoas não podem ser salvas. Algumas pessoas deslizam através
das rachaduras e não conseguem um “felizes para sempre”. Eu era agora uma
dessas pessoas.

─ Boa noite.─  Ele disse quando se virou e começou a se afastar enquanto


eu fechei e tranquei a porta.

Eu tinha trabalho a fazer em poucas horas. O primeiro dia do fim da minha


vida era amanhã e pelo menos eu queria descansar um pouco antes de ter que
suportá-lo. Voltei para o calabouço para arrumar tudo e trancá-lo novamente
antes de ir para a cama.

Agora eu só tinha que esperar para a lição de Claire, e sua revelação de que
ela sabia do meu pequeno pedaço de evidência que eu tinha escondido em sua
mesa. Rezei por Ryan e Eli, juntamente com Skylar e William e Katie naquela
noite. Sim, eu rezei. Rezei para que ninguém mais se machucasse por minha
causa novamente. Então pensei em Katherine e Joseph. Eu não conseguia
parar de chorar quando deitei na minha cama, no escuro, vendo tantos rostos.

Eu nunca vou chegar perto de alguém novamente. Toda vez que eu faço
isso, eu consigo machucá-los. É melhor simplesmente ficar sozinho, como eu
era antes.

Skylar será a última pessoa que eu sempre amarei.

Eu poderia ir até o telhado agora e me deixar cair. Eu poderia ir para o


porão e afiar as navalhas de Claire e abrir as minhas veias. Talvez eu me
trancasse na minha jaula primeiro, apenas para enviar a ela uma mensagem.
Sim, eu ainda sou seu escravo. Mas eu sou um escravo morto. Você pode
ter o meu corpo, mas você não pode me  manter. Você me  perdeu. Você
nunca me teve.

Não. Ela vai machucar Katie então. Talvez até mesmo mataria Katie e seus
avós juntamente com ela, só para ter um último ataque em mim, mesmo na
minha morte. Ela odiava perder os jogos. Isto era tudo um grande torneio para
ela.

Eu estou tão sozinho. Eu estou tão preso. Eu sinceramente pensei que eu


estaria com Skylar amanhã, livre e feliz. E eu chorei de novo, soluçando como
uma criança enquanto um futuro com Skylar deslizou para mais e mais longe.

Skylar e eu no parque com Katie… Desapareceu.

Skylar e Katie orgulhosas de mim enquanto eu trabalhava para nos manter


honestamente, olhando para cima sorrindo enquanto eu entrava em casa após
um dia de trabalho… Desapareceu.

Skylar em um vestido branco, segurando um buquê de rosas e andando em


minha direção, lágrimas nos olhos… Katie à frente dela, a menina da flor,
jogando pétalas de rosas sobre a seda branca no chão abaixo dela…
Desapareceu.

O sonho de Skylar grávida com o meu bebê… e eu beijando sua enorme e


redonda barriga… Desapareceu.

A imagem engraçada de William em um terno preto escoltando Skylar pelo


corredor em minha direção, seu rosto como uma pedra, os olhos cheios de
fúria assassina para mim enquanto eles se aproximavam… fez-me rir através
do meu choro… Mas também… Desapareceu.

Eu não consegui qualquer sono… Ou descanso. E quando olhei para o meu


despertador digital, os números vermelhos marcavam 8h43 da manhã.

Tempo para me preparar para o dia. Eu tinha muito o que fazer. Os


escravos sempre têm.

Skylar POV

Eu tinha passado a noite na casa de Riley. Depois de falar com ela, ela
decidiu vir me pegar para que eu não ficasse sozinha. Ela prometeu me ajudar.
Ela disse que Julie também ajudaria. Encontraríamos uma maneira, faríamos
um plano. Não era impossível.

Eu devo ter estado muito cansada porque todas as suas garantias pareciam
tão reais para mim. Eu acreditei nela porque o seu tom de voz era tão cheio de
paixão e força, que eu senti isso também.
Tentei dormir, mas continuei acordando, suando, chamando por Mathew, ou
pensando que Riley era ele, e abraçando-a, ou acariciando-a enquanto eu
dormia. Pobre Riley. Ela era sempre tão boa e compreensiva. Ela nunca
nenhuma vez ficou brava comigo. 

Nota: Nomear Riley à santidade após isso tudo acabar.

Era cerca de 6 da manhã quando ela gentilmente me acordou e disse,

─ Seu telefone celular tocou. Era o seu pai. – ela passou o telefone para
mim e eu me sentei, esfregando os olhos, suspirando.

Escutei a mensagem que ele me deixou.

─ Skylar, onde você está? – meu pai perguntou. ─ Eu estou na sua casa
agora, você não está aqui. Eu estou preocupado. Ligue-me de volta assim que
você receber isto. Obrigado.

─ Que inferno! – eu gritei quando disquei o número de meu pai. ─ Ele


deveria estar vigiando Mathew!

─ Skylar! – ele respondeu, parecendo aliviado.

─ Pai, o que está acontecendo? – perguntei, o medo na minha voz grossa. ─


O que aconteceu com Mathew? Você deveria estar vigiando-o!

─ Skylar, onde você está? – meu pai perguntou, ignorando minhas


perguntas.

─ Na casa de Riley. – eu respondi. ─ Agora me diz!

─ Mathew está… Bem. – meu pai suspirou. ─ Parece que aquela prova que
ele escondeu desapareceu agora, de alguma forma. Ele teve a chance de
procurá-la esta noite e não estava lá. As probabilidades são de que Claire a
encontrou e destruiu. Estou vindo de lá. Qual é o endereço de Riley?

─ Pai, não, volte para proteger Mathew! – eu fiz uma careta. ─ Só porque
não há nenhuma evidência não significa que ele não está ainda em apuros. Se
Claire descobriu esse pano, então Mathew poderia ser morto! Não deixe que
isso aconteça! Volte para ele!

─ Skylar, não. – meu pai disse um pouco mais alto. ─ Mathew me disse
para proteger você. Ele acha que Claire pode vir atrás de você para ensinar a
ele uma lição. Eu quero tirar você daqui. Nós estamos indo para casa hoje.

─ PAI! – senti lágrimas virem aos meus olhos. ─ Não! Eu não vou
abandoná-lo! Eu chamei você para ajudar, não para me acompanhar de volta
para Bellevue! Esta é a minha casa! Mathew é a minha casa! Se você quiser
fugir, então fuja. Mas eu vou ficar aqui. Eu vou tirar Mathew de lá.
Ouvi um suspiro e depois um silêncio mortal.

─ Pai… – eu disse. ─ Tem mais uma coisa que tenho a dizer. Eu tenho um
plano. Você não vai gostar, mas… James, meu professor de psicologia, veio a
mim na outra noite. Ele me disse que ele é irmão de Claire. E que Claire
convidou ele e eu… Para irmos até a Fire para jantar… Hoje à noite. Eu disse a
ele que eu iria.

─ O quê? – meu pai grunhiu no telefone.

─ Estamos tentando fazer um plano. – permaneci calma. ─ Eu gostaria de


você nisso. Mas eu sou um membro da equipe agora, não um observador.

─ Você é a isca, Skylar! – ele gritou.

─ Se você não quer estar no plano, estou mantendo-me nele e vamos ligar
pra você depois que isso acabar. – eu avisei. ─ Sim ou não?

Ele grunhiu de novo, odiando isso.

─ Pai… – ouvi minha voz rachar. ─ Eu estou apaixonada por ele. Muito
apaixonada. Eu não serei capaz de descansar até que ele esteja em casa
comigo. Eu preciso dele, pai. Por favor. Ajude-nos. Eu preciso de você
também.

Outra pausa de silêncio.

Então…

 ─Me dê o endereço, Skylar.

Ele está dentro! Eu sabia que ele estaria lá para mim. Ele não tem que
gostar disso, mas ele estava sempre lá quando precisei dele. E Deus sabe que
eu preciso dele agora.

Capítulo 31 

Skylar POV

James estava nos levando para jantar e o silêncio era ensurdecedor.


Estávamos quase lá quando ele finalmente disse algo para mim.
─ Você ainda não confia em mim, não é? – ele sorria enquanto olhava para
o meu rosto, meus olhos encarando a paisagem a frente através do pára-brisa.

─ Eu não confio em mais ninguém. – eu disse friamente, não fazendo


qualquer esforço de olhar para ele.

Eu olhei para os meus dedos e sorri para mim mesma ao notar que o anel
de Mathew sorria para mim. Este é o anel de amizade eu dei a ele, o que ele
deixou para trás para me proteger. Eu esperava que, não importa o que ele
ouvisse ou visse esta noite, que ele veja isso no meu dedo, e saiba que ainda
sou sua amiga. Eu ainda sou aquela que o ama. Eu rezei para ele ser valente
esta noite. Eu ficava imaginando suas expressões e reações quando me visse
entrando na boate, de braços dados com James.

Eu também estava usando o colar de garra de urso de Mathew, e ele


combinou muito bem com o vestido que Riley me emprestou para esta noite.
Eu estava planejando usar minha calça jeans e uma blusa, mas Riley insistiu
para eu fechar os olhos, e então ela tomou conta do meu figurino. Ela quase
me fez usar saltos enormes, mas eu a convenci que eu poderia ter que dar
uma corrida esta noite, então ela me permitiu usar saltos mais baixos. 

─ Você está muito bonita esta noite. – James disse e imediatamente a


minha pele começou a formigar.

Eu já sei que James não é meu amigo. Qualquer pessoa disposta a me pôr
em uma boate da Claire, mesmo com a premissa de me ajudar, não está
preocupada com a minha segurança. Ele está arriscando minha vida me
levando lá. Ele está arriscando me machucar. Assim, em parte, mesmo eu
concordando em ir com ele, ele aceitou, e isso foi um teste pra mim. E James
falhou. Mathew nunca me deixaria chegar perto da Fire após o incidente em
que Claire me ameaçou. Mesmo que fosse para salvar sua vida, ele não iria me
usar ou me arriscar nisso.

Eu sei quem são meus amigos.

─ Eu só estou fazendo a minha parte. – olhei para fora da janela lateral do


carro, tentando me manter forte, pensando no que eu teria que fazer quando
chegamos lá. Como estaria o Mathew? O que ele faria? O que ele diria?

─ Eu sei. – James disse com uma voz suave. ─ Eu sinto muito que você
tenha que fazer isso. Acredite em mim, uma vez que ela pensar que você não
se importa com Mathew, e que ele não se importa com você, ela vai ficar bem.
Mathew estará seguro. Você estará segura.

─ Aham. – eu me senti chateada. Este ato de James me ajudando não


estava enganando ninguém. E era até insultante pensar que James me achava
tão estúpida e ingênua.

 Chegamos à boate e meu estômago afundou. Eu poderia realmente fazer


isso? Tenho que fazer.
─ Aqui estamos. – James anunciou.

─ Eu tenho dois olhos. – abri a porta e saí antes que ele pudesse vir ao
redor e me ajudar.

Quando James se aproximou de mim eu disse:

─ Está frio esta noite.

Não está frio. É maio. Esse foi o meu código para o meu pai, dizendo-lhe
que eu estava aqui e iria entrar agora. Eu usava uma pequena escuta atrás da
garra de urso do colar de Mathew que eu estava usando. Olhei para o lado e vi
o flash rápido de faróis, sinalizando que meu pai estava ali e tinha me ouvido.

Eu me senti tão mal pelo o meu pai ter que ficar lá fora, esperando…
Ouvindo… Gravando tudo o que o chip iria transmitir essa noite.  Disse a ele
para prometer não fazer nada estúpido, se as coisas derem erradas ou
ficassem perigosas. Ele não o fez. Eu não posso dizer que fiquei surpresa ou o
culpava por isso, mas eu tinha que tentar.

Eu sei que ele daria sua vida pela minha. Eu só esperava nunca ter que vê-
lo fazendo isso, ou mesmo arriscar.

─ Frio? – James enrolou o braço em volta de mim, sua camisa de algodão


no meu braço nu. ─ Deve estar fazendo uns 26 graus essa noite!

Eu o odeio me tocando. Mas eu vou relevar por agora, deixando-o pensar


que eu estou no seu plano até que o meu começasse a vir junto.

Ótimo, agora estou enjoada. Eu adoraria vomitar tudo em Claire. Eu acho


que seria um dos momentos mais significativos da minha vida.

Respirei fundo quando ele abriu a porta para eu entrar na boate. James
conhecia bem o estabelecimento e os funcionários e passou rapidamente pelo
porteiro, me levando com ele à medida que atravessava a área movimentada e
barulhenta da boate e ia reto, destrancando uma porta que dizia “Somente
Funcionários.” Nós passamos por ela e tudo ficou muito quieto. Um longo
corredor com tapete vermelho de veludo e paredes brancas se encontrava
diante de nós.

Eu podia ouvir uma linda música de ópera enquanto nos aproximávamos de


outra porta no final do corredor e James batia nela, piscando para mim,
apertando o braço a minha volta, me fazendo estremecer um pouco.

Eu me perguntei quem iria atendê-la. Por favor, o Mathew não. Por favor.

A porta finalmente se abriu e senti uma lufada de ar escapar dos meus


pulmões enquanto eu levantava os olhos, me preparando para todo o tipo de
coisa.
Era Claire. Atendendo ela mesma a porta? Onde estão todos seus escravos?
Talvez ela soubesse que era eu e simplesmente tivesse que ser a primeira a
me confrontar na noite.

Ela estava usando um vestido deslumbrante, uma combinação em preto e


branco que mais parecia algo que você veria a Angelina Jolie usar na noite do
Oscar. Seu cabelo estava solto, porém perfeitamente arrumado.

Ela sorriu para nós como se fossemos seus melhores amigos no mundo. O
que era engraçado, considerando a última vez que nos encontramos, onde ela
tentou cortar minha cara.

Eu tentei sorrir, sabendo que já estava em perigo por ser vista pela fraude
que eu era.

─ James! – ela jogou os braços em volta de James e eu quebrei contato


com ele, não querendo que ela me tocasse mais que o necessário.

─ Ei, mulher! – ele retornou o abraço. Eles certamente não se pareciam


com irmãos que não concordavam com o estilo de vida um do outro.

Em seguida, ela olhou para mim e disse:

─ Muito obrigada por vir!

E ela me abraçou também. Eu tive que fazer um grande esforço para dar
tapinhas nas suas costas, aparentemente retribuindo seu afeto.

─ Entrem, entrem! – ela me puxou pela mão e eu engoli em seco,


arrumando meu colar para me assegurar que ele não tivesse virado ou
revelado o microfone nele.

Meus olhos estavam quase com medo de ver o que estava do lado de
dentro, mas minhas pernas estavam funcionando e lhe acompanhando. James
estava bem ao meu lado e me peguei procurando por Mathew enquanto a
música de ópera intensificava, uma voz aguda feminina cantando
gloriosamente acima de nós.

Havia uma mesa de jantar de médio porte no cômodo, completamente


coberta com louça de porcelana, velas e flores. No momento em que Claire nos
levava para nossos assentos, do outro lado da mesa, eu o vi. Ele não vestia
camisa, no entanto usava uma cueca preta.

Descalço. As mãos estavam algemadas com couro e correntes atrás dele e


ele estava ajoelhado no tapete ao lado da cadeira da ponta da mesa, de
cabeça baixa, seu rosto calmo e sonolento… Uma venda sobre os olhos.

Deixei escapar um suspiro um pouco perturbado, mas ninguém ouviu com a


música alta. James afagou meu cabelo nas costas, imaginando meus
pensamentos enquanto olhávamos para ele. Ele ainda não tinha me escutado
falar, tenho certeza que ele sequer sabia que eu estava aqui. Porém, quando
Claire nos acomodou próximos à cadeira dela, do seu lado esquerdo, me
deixando bem ao lado de Mathew, eu temi que o segredo fosse desvendado
muito em breve.

James puxou minha cadeira para mim e sentou-se na sua ao meu lado.
Claire estava me observando com atenção enquanto eu ignorava Mathew e
tomava um gole da minha água, fingindo que não havia nada ali, pelo menos
enquanto ela estivesse olhando na minha direção.

─ Temos outro convidado a caminho. – Claire disse. ─ Por favor, fiquem à


vontade e peçam uma bebida enquanto esperamos.

Ela se afastou e pude ver Ryan entrando por outra porta à direita.
Provavelmente a área da cozinha. Ele pareceu surpreso ao me ver, mas
disfarçou melhor do que eu.

Eu sorri levemente para ele, me sentindo soltar o ar que prendia. Era bom
ver um amigo por aqui.

Entretanto, eu tinha que agir como se não conhecesse Ryan. Dei uma
olhada em Mathew quando Claire ficou fora de vista e percebi algo. Foi muito
sutil, mas eu notei. Ele estava aspirando. Em seguida, seu rosto… bem, sua
boca estreitou e suas sobrancelhas se uniram. Ele estava cheirando meu
shampoo ou sabonete? Eu estava usando a mistura de morango novamente,
como de costume.

Ele permaneceu imóvel como uma estátua, e reparei que suas cicatrizes
estavam quase invisíveis. Seu cabelo estava perfeitamente arrumado e meu
corpo doía de vontade de tocá-lo. Eu teria que apenas me inclinar um pouco
para alcançá-lo.

Agüente firme, amor. Você não está sozinho. Eu estou aqui para te levar
para casa.

 Ryan perguntou a James: 

─ O que gostaria de beber, Senhor?

Muito bem. Ele estava tentando não alertar Mathew da minha presença
ainda.

─ O que você gostaria, querida? – James pegou minha mão novamente.

Eu fiz uma careta e sacudi minha cabeça para Ryan, não querendo beber
neste momento. Eu precisava de uma bebida, mas por alguma razão eu não
queria que Mathew soubesse que eu estava aqui. Eu tentei adiar o máximo
possível. Eu não tinha certeza se ele poderia lidar com isso ainda. Não tinha
certeza se eu  poderia lidar com isso ainda.
─ Rum com coca. – James pediu. ─ E traga vinho tinto para minha garota.

─ Sim, Senhor. – ele olhou diretamente para meus olhos e me deu um


sorriso afetuoso, virando-se e se encaminhando para a porta que tinha saído.

─ O jantar está com um cheiro incrível. – James se curvou, quase


sussurrando no meu ouvido. ─ Seu cheiro também é incrível. Skylar.

Babaca! Mathew ouviu. Eu te odeio, James!

Eu me virei e senti as lágrimas nublarem minha visão à medida que a boca


de Mathew se abria e seu maxilar tensionava. Suas sobrancelhas se inclinaram
em angústia e sua respiração começou a acelerar. Porém, ele não saiu de sua
posição. Ele permaneceu lá, como ordenado, e em silêncio lutou com todas as
emoções que se alastravam pela sua cabeça neste momento.

─ Mathew… - eu sussurrei, quase tão baixo que nem James escutou.

Mas então Claire voltou, anunciando:

─ Nosso último convidado chegou.

Eu não conseguia desviar meus olhos de Mathew, mas me obriguei a isso


quando James ficou de pé, recebendo o recém-chegado. Eu me levantei e virei
minha cabeça na direção dele, e meu corpo congelou.

─ Raven, prazer em revê-la. – James beijou a bochecha dela e a abraçou. ─


Esta é minha acompanhante, Skylar Hayes.

Eu ouvi Mathew soltar outra respiração sofrida atrás de mim enquanto eu


mesma prendia a minha e tentava agir como se nunca tivesse visto esta
mulher antes.

─ Olá. – eu abri um sorriso. ─ Prazer em conhecê-la.

─ O prazer é todo meu. – ela respondeu, sorrindo fracamente, e eu tenho


certeza que ela sabe quem eu sou.

Ouvi Mathew dar um pequeno gemido atrás de mim, claramente não


gostando da nossa conversa.

─ Com licença. – ela sorriu e se virou em torno de nós para aproximar de


Mathew. Eu meio que me virei, observando-a como um falcão.

─ Mathew! – ela pegou seu rosto em suas mãos, inclinando-se em direção a


ele. ─ Você está tão lindo! 

Seus lábios tentaram sorrir e ela acrescentou:

─ Você pode falar.


─ Obrigado, Raven. – ele disse e eu pensei que meu coração iria quebrar
com o som dele. Eu senti como se não tivesse ouvido a voz dele há dois mil
anos.

Claire observava tudo, sorrindo enquanto Raven estava brincando com seu
cachorro, como se dissesse, “ele não é um fofo?”

─ Ela está obcecada com o meu animal de estimação. – Claire compartilhou


com James.

─ Vem. – Raven bateu na lateral do rosto de Mathew e ele estremeceu um


pouco, abrindo os lábios e beijando sua boca enquanto ela se inclinou para
baixo, beijando de volta.

Eu não conseguia desviar o olhar, mesmo se eu quisesse. Eu nunca tinha o


visto exercer as suas funções de escravo para essas vadias, eu só tinha
imaginado. Eu não posso imaginar o quão difícil deve ser para ele agir
normalmente, ainda mais agora. Eu não sentia muito ciúme ou raiva em
relação à Mathew. Este foi o seu modo de vida por tanto tempo, é como ele
sobreviveu… E ajudou Katie a sobreviver. Eu só senti uma tristeza profunda
por ele enquanto eu observava o beijo intensificar e aprofundar.

─ Mmmm… – Raven colocou três beijos curtos em seus lábios brilhantes e


acariciou seus cabelos com as duas mãos. ─ Eu amo esses lábios.

Ela trouxe o rosto dele em seu peito e estava realmente acariciando seu
couro cabeludo, enquanto ela olhava para Claire e disse, quase alterada:

─ Quando é que você vai me deixar ter esse animalzinho? Esperei para
sempre!

Claire riu e balançou a cabeça:

─ Eu disse a você, quando estiver entediada dele, ele é seu. Não é minha
culpa se ele nunca fica chato.

─ E ele está ficando cada vez mais bonito e mais sexy também. – Raven
deu outro olhar para o rosto de olhos vendados.

Então ela pegou a parte de trás do seu cabelo e sua outra mão beliscou em
seu mamilo direito, com força.

Mathew gemeu, encolhendo-se um pouco, fazendo uma bela expressão


submissa, com a cabeça puxada para trás pelos cabelos.

Ele emitia uns sons conforme Raven brincava com ele. Eu podia ver que ele
estava tentando manter-se firme e fingir que eu não estava aqui, vendo isso.
Talvez seja mais fácil para ele com a venda nos olhos.
─ Bom garoto… Tão bom… – Raven torceu o mamilo de Mathew e ele  se
mantinha na mesma posição, suportando calmamente.

─ Vamos lá, sente e tome um drinque. – Claire revirou os olhos para Raven,
tomando seu próprio lugar na cabeceira da mesa.

Ryan estava voltando para a sala com as nossas bebidas. Raven tentou
sentar na minha cadeira ao lado de Mathew, mas eu corri na frente do meu
assento, bloqueando-a.

─ Este lugar é meu. – eu disse com firmeza, meus olhos sem medo de
encarar os dela.

Raven sorriu para mim e deu um passo ou dois para trás, movendo-se para
o lado direito de Claire, sentando e pedindo uma bebida a Ryan.

James e eu nos sentamos e, novamente, James empurrou minha cadeira


para mim. 

─ Vem cá, menino. – Claire balançou a perna e Mathew rigidamente mudou-


se para o lado dela, muito perto dela.

 ─ Vamos tirar isso. – ela soltou a venda dos olhos na parte de trás de sua
cabeça. ─Esses olhos são bonitos demais para manter escondido por muito
tempo.

─ Isso é verdade. – Raven assistia com admiração a venda colocada sobre a


mesa e os olhos de Mathew piscaram ao abrir algumas vezes.

Raven deu um suspiro, apreciando a vista:

─ Mágico… – ela sussurrou.

Obriguei-me a olhar para longe, em qualquer outro lugar. Eu tinha medo de


ver como ele iria olhar para mim. Ele me disse para ficar longe daqui, para
ficar segura.

─ Nenhuma sub feminina? – James sorriu. ─ Será que ninguém nunca vai
me trazer um lanche mais?

Claire riu.

─ Cala a boca, James, você tem uma mulher linda só sua agora.

Eu olhei para ela e para Mathew. Seus olhos foram lançados para o chão,
mas a dor era óbvia.

─ Isso é verdade. – James repetiu a afirmação de Raven mais cedo,


colocando o braço em volta de mim novamente, seu nariz tocando meu cabelo
e eu sorri forçadamente.
Sob a mesa, eu mexia o dedo médio usando o anel da amizade de Mathew,
na direção de seus olhos baixos.

Não foi fácil fazer com Claire sentada ali, mas eu fiz isso. E eu acho que
Mathew viu.

Seus olhos se levantaram um pouco, encontrando meus enquanto eu olhava


para ele, piscando um olho por uma fração de segundo.

─ Há quanto tempo vocês estão namorando? – Claire perguntou, parecendo


feliz por nós.

Deixei James responder isso. Ele já estava mergulhado nisso mesmo.

─ Estamos namorando há cerca de um ano. – James disse. ─ Nós tivemos


que ter cuidado, porque ela ainda é uma estudante e eu sou seu professor.
Mas, estamos realmente juntos agora. Seu animal de estimação, Jim,
realmente ajudou Skylar em algumas coisas importantes.

─ Mathew. – eu corrigi, odiando James e sua história nojenta sobre nós.

─ Tanto faz. – James sorriu. ─ Ela me disse que o sexo era ótimo, mas não
havia nenhuma emoção real envolvida. Era tudo tão mecânico. Ele a fez
perceber o quão melhor é fazer amor em vez de apenas foder em diferentes
cenários vulgares. Assim que ele foi embora, ela veio até mim e estamos
juntos desde então.

 Seu viado. Eu só rezo pra que o Mathew não esteja acreditando em uma
porra de palavra que sai desse cara. E o meu pai… Ele pode ouvir tudo isso
também. Ele vai me matar.

─ Lo Mein. – eu disse de forma clara e olhos de Mathew quase brilharam


quando ele me olhou com cuidado, tentando não ser apanhado por qualquer
pessoa.

 ─ O quê? – James apertou os olhos, sorrindo.

─ Eu acho que senti cheiro de Lo Mein. – eu sorri para Mathew. ─  Na


cozinha.

 Lá vai você, querido. Não acredite em nada, exceto que eu te amo. Eu me
movi meus dedos sobre o meu colar e Mathew percebeu isso também.

Mathew é esperto. Ele entendeu. Ele sorriu para mim.

─ Não, acho que não. – Claire ponderou, totalmente fora do circuito na


nossa palavra secreta.

Ryan estava trazendo a bebida de Raven para ela agora e ele perguntou a
Claire se ela queria alguma coisa. Ela pediu Vodka com gelo.
A conversa parou por um minuto ou dois, mas, em seguida, Claire suspirou
e olhou para Mathew.

─ Venha aqui, baby. – ela acenou para Mathew e ele ficou de joelhos para
ela. Eu vi os olhos de Raven olhando para sua bunda perfeita , já que ele
estava de costas para ela agora.

Ela gentilmente pôs sua cabeça em seu colo e virou o rosto dele para mim,
enterrando seu rosto em seu vestido enquanto ela brincava com seu cabelo,
casualmente, como se ela estivesse apenas lhe dando atenção.

Ele olhou para mim e seus olhos brilharam um pouco, enquanto Claire
conversava qualquer coisa com Raven. Centenas de coisas estavam sendo
ditas para mim daqueles olhos:

 “Por que você está aqui?”

“Sinto muito.”

“Tenho medo por você.”

“Saia daqui, Skylar.”

“Não me veja desse jeito.”

“Eu odeio o que eu sou.”

“Salve-se, Skylar.”

“Estou tão envergonhado.”

Eu posso estar mostrando muita emoção olhando em seus olhos, mas eu


não conseguia olhar para ele com olhos frios e indiferentes mais. Meus olhos
não paravam de dizer eu te amo, mais e mais vezes. Eles diziam para
agüentar firme. Ser forte. Nós vamos sobreviver a isso. Nós seremos livres.
Nós vamos estar juntos.

Seus olhos se fecharam e seu corpo tremia um pouco e eu olhei para Claire,
querendo saber se ela tinha visto isso… Seria denunciá-lo.

─ O que você acha, Skylar? – Claire perguntou, e Raven estava olhando


para mim também.

 ─ O quê? – eu perguntei, me sentindo como uma criança em sala de aula


que não estava prestando atenção ao professor enquanto ele falava.

─ Você prefere dominar… Ou você é uma submissa? – Claire perguntou,


acrescentando. ─ E James, você cala a boca, eu quero que ela responda.
Eu quase respondi: “Nenhum dos dois. Eu sou normal.”, mas eu sabia que
não iria ser bem recebida nesse grupo. Mathew abriu os olhos e eles se
arregalaram um pouco para mim.

Eu sabia que tinha que mentir. Eu estava pesando minhas opções para os
dois lados e percebi que estava demorando muito, quando ambos riram de
mim.

─ Veja, esta é uma festa de brincadeiras. – Claire falou comigo como se eu


fosse uma criança. ─ Depois do jantar, vamos começar a jogar. Estávamos
apenas curiosos sobre o que você é. Vai ajudar nos jogos.

Mathew estava ofegando pesadamente agora e eu senti Claire arrastando as


unhas pela sua nuca, como se ele fosse um cachorrinho bobo que ela estivesse
tranquilizando, mal lhe dedicando atenção.

Esta é uma festa de brincadeiras. James, filho da puta.

Eu quase respondi que gostava de dominar, mas eu morreria antes de me


colocar na mesma categoria que esses doentes.

Sendo assim, eu ousei.

─ Sou uma submissa. – eu disse olhando diretamente para eles, sem medo.

─ NÃO! – Mathew se inclinou um pouco em minha direção, mas Claire


sorriu, já preparada para isso, e lhe puxou novamente para seu colo.

Qualquer coisa que você seja, Mathew, eu sou também. Se eu tenho que
escolher um time, eu escolho o Time Mathew.

─ Shhh, garoto. – ela disse para ele, porém continuava sorrindo


maliciosamente para mim, cobrindo a boca de Mathew alegremente, enfiando
um dedo dentro dela enquanto ele fechava os olhos, aflito.

─ Pois é, o melhor sexo que tive na vida foi quando Mathew me amarrou a
uma bancada em meu apartamento e me bateu no traseiro. – eu me senti tão
corajosa de repente, mentalmente me desculpando com meu pai à medida que
dizia as palavras. Eu seria mandada para um convento se conseguisse sair
daqui viva.

─ Ughhh… - a voz de Mathew saiu abafada por causa de dois dedos de


Claire que estavam agora em sua boca, mas eu permaneci forte. Não
demonstre fraqueza. Mostre a eles como é a sensação de quando alguém os
enfrenta. Vamos ver se eles são mesmo dominantes agora.

James me lançou um olhar estranho, como se eu estivesse fazendo algo


errado. Eu me limitei a sorrir para ele, cruzando meus braços enquanto Ryan
depositava o copo de vodka de Claire diante dela.
─ Obrigada, Ryan. – ela sorriu para ele, que devolveu o sorriso.

Ela pegou o copo na mão quando Ryan começou a se afastar, olhando de


soslaio para ela.

─ Venha aqui, bebê, beba. – Claire levantou o rosto de Mathew e entornou


bebida na sua boca.

Ryan virou-se, a boca escancarando quando Mathew engoliu o líquido.

Eu fiquei assustada vendo a reação de Ryan. O que tinha na bebida?

Mathew engasgou um pouco, repentinamente pego desprevenido pela


bebida, e novamente, ficou me olhando, o medo estampado em seus olhos.

─ Ótimo, eu posso te amarrar de costas para Mathew aqui e podemos fazer


uma pequena competição para ver qual dos dois aguenta mais tempo. – Claire
deu risada, encantada com a ideia.

Ryan piscou os olhos em descrença e se apressou de volta para a cozinha.

─ Gosto disso. – Raven riu. ─ Eu me voluntario para cuidar de Skylar.

─ Vá em frente. – eu vesti minha cara de durona, sorrindo com desdenho.

Mathew soltou uma respiração irregular. Eu sabia que estava fazendo


Mathew passar pelo Inferno e odiava isso, mas teríamos que atravessar o
Inferno para sair daqui. Eu estava disposta a fazer isso por ele… e por nós.

Ryan logo trouxe a comida para nós todos e me peguei apenas cutucando-
a, mantendo minha mente em todos os detalhes do nosso plano.

Claire mal comeu, também, no entanto ela se divertiu dando pedaços de


sua comida para Mathew, que estava ajoelhado ao lado dela obedientemente,
olhando para mim de vez em quando com olhos perdidos e amedrontados com
uma dor tremenda.

James comia como se não houvesse amanhã e Raven comeu um pouco do


que tinha em seu prato, mas não tudo.

Claire deu um pedaço de bife a Mathew e o molho ficou em seus dedos.


Sem dizer uma palavra, ela estendeu o dedo até a boca de Mathew e ele olhou
para mim constrangido, lambendo e sugando cada dedo, as lágrimas quase
caindo de seus olhos enquanto ele me observava, fechando os olhos quando
partiu para o terceiro dedo, incapaz mais de me encarar durante sua tarefa.

Os olhos de Raven estavam sempre em Mathew, pude reparar nisso. Ela


invejava Claire. Ela queria Mathew e parecia despedaçada toda vez que os dois
interagiam.
Talvez eu pudesse usar isso. Colocar Raven e Claire uma contra a outra.
Psiquiatria poderia ser muito útil aqui, pensei, surpresa e maravilhada com o
fato.

Eu entrei na conversa e disse:

─ Então, Raven, Mathew me contou que você é uma ótima dominadora…


Talvez até mais intensa que a Claire.

O sorriso de Claire se apagou enquanto ela me observava, porém o meu


aumentou vendo a expressão satisfeita de Raven.

Mathew não pôde evitar, seus olhos saltaram e se viraram em choque para
mim.

─ É verdade? – Claire olhou para Mathew e pegou sua faca, posicionando a


ponta afiada levemente na bunda de Mathew, o fazendo se sobressaltar.

─ Não, Mestra. – ele sussurrou. ─ É você… Só você.

Eu prendi minha respiração, olhando na direção de Raven agora. Muito


bom, Mathew. Aguente aí.

─ É claro que a resposta dele é essa quando há uma faca na sua bunda. –
Raven tomou um gole da sua bebida. ─ No entanto, Mathew fala de mim para
as clientes, mesmo quando eu, ou você, não estamos por perto, Claire.

─ Não tenha tanta certeza, Raven. – Claire ridicularizou. ─ Ele faz tudo que
eu mando. Se eu o mandasse foder meu irmão agora mesmo, ele obedeceria.

Mathew gemeu, fechando os olhos enquanto James bufava:

─ Me deixe fora disso. Não desejo o Jim me fodendo, mas obrigado, mesmo
assim.

─ O nome dele é Mathew, James! – fiz cara feia para James.

─ Que seja.

─ Eu digo que resolvamos isto esta noite, de uma vez por todas. – Raven
sugeriu, franzindo a testa. ─ Quem conseguir arrancar a palavra de segurança
dele, o ganha.

Não. Não. Não. Isso está tomando o rumo errado. Conserte isso, Skylar!

─ Não tenho que brigar por uma coisa que já é minha. – Claire uniu as
sobrancelhas defensivamente. ─ Fim de discussão. Mathew é meu. Vai
permanecer meu. E se você continuar me enchendo o saco, quando chegar a
hora eu o darei para o Senhor Kevin como presente de aniversário.
Vadia maldita. Mathew é meu. Meu Deus, será que eu não sou nem um
pouco melhor que elas? Eu me sentia tão culpada por esse pensamento, mas
ele simplesmente veio à minha cabeça. Talvez bem no fundo nós todos
sejamos dominadores e submissos.

─ Você só está com medo de perder. – Raven desafiou. ─ Quando


Mathew está comigo, ele diz que me ama, que me adora.

─ Ele é PAGO para isso! – Claire levantou, agarrando o cabelo de Mathew


com força e o fazendo estremecer. ─ Ele é muito bom nisso! Até mesmo essa
vadia retardada acredita que ele está apaixonado por ela!

Ela virou a cabeça na minha direção agora e Mathew abriu os olhos, se


debatendo um pouco em suas algemas enquanto James dava risada.

─ Claire… – Mathew começou a se debater um pouco mais, seus pulsos


presos firmemente atrás dele. Ele começou a se levantar dos seus joelhos,
mas ela o empurrou para o chão, sentado.

─ Ryan! – Claire gritou e eu congelei, olhando para o rosto de Raven


enquanto Ryan surgia da cozinha.

─ Sim, Claire?

─ Raven… - Claire fez uma cara feia, tirando o seu cinto e o colocando em
volta do pescoço de Mathew, segurando-o perto de sua perna,

─ Foram esses dois que resgataram Mathew da sua casa naquela noite?

Raven olhou para mim e então novamente para Ryan, confirmando.

─ Sim. – ela cruzou os braços.

─ Mas que merda, Ryan! – Claire falou com desprezo enquanto dois homens
enormes se aproximavam por trás dele, apertando uma toalha em seu rosto
enquanto lhe jogavam na parede, algemando suas mãos nas costas.

─ Levem ele para os fundos. Deem uma surra nele até deixá-lo
irreconhecível, para começar… – Claire ordenou e Mathew se debateu com
mais força, engasgando com o cinto apertado em volta do seu pescoço quanto
mais lutava.

─ Foi ideia minha! – eu saltei da cadeira, meus olhos cheios de lágrimas. ─


Não o machuque!

─ Ryan! – Mathew disse em um grito estrangulado, rosnando enquanto eles


levavam Ryan.

─ Foi culpa dela! – Mathew berrou. ─ Ela pretendia ficar comigo de novo!
Ela não tinha planos de me soltar! Tinha passado a hora de eu ser solto!
─ Não importa. – Claire lhe disse com acidez. ─ Ele quebrou as regras. Você
quebrou as regras. Eu te falei, você não tem permissão para ter amigos. Mas
pode dar um beijo de despedida em Ryan.

─ Não, por favor não, Claire! – Mathew implorou. ─ Eu sinto muito, sinto
muito mesmo! Por favor!

─ James, faça alguma coisa!– eu falei para ele, sabendo que ele era um
traidor e um mentiroso, mas esta seria a minha prova disto.

─ Eu vou. – ele disse, e a próxima coisa que presenciei foi eu sendo jogada
na mesa.

─ Skylar Hayes… – James estava me algemando e escutei Mathew gritando


a plenos pulmões.

─ Não! – eu podia ouvir os gritos guturais dele enquanto James me


levantava pelo cabelo.

─ Você me pertence agora. – James sussurrou em meu ouvido enquanto eu


focalizava meus olhos e via Mathew sendo atacado por aqueles homens que
tinham levado Ryan há um minuto atrás.

─ Todos eles para o andar de baixo. – Claire resmungou descontente


enquanto seguia os homens que estavam empurrando Mathew de um lado
para o outro. James me segurava pelo cabelo, me empurrando atrás deles.

Nós atravessamos outra porta que levava para o andar inferior sem ter que
passar pelo salão da boate, ninguém nos veria.

Raven estava acompanhando o grupo, sem dizer uma palavra, mas o


barulho estava obviamente vindo todo de Mathew.

─ Ainda não, William. – eu disse em voz baixa no meu colar, abafada pela
voz de Mathew aos gritos.

Esse corredor era escuro. Eu não conseguia vê-lo, mas podia ouvi-lo.

─ Você NÃO VAI machucar Ryan OU SKYLAR! – ele estava berrando. ─ Não
vou permitir, sua VADIA assassina! TIREM A PORRA DAS MÃOS DE MIM, SEUS
MOLESTADORES DE CRIANÇAS MALDITOS!

A movimentação no corredor estreito foi interrompida e eu gritei quando


escutei um tumulto e o som de punhos atingindo pele. Os protestos de Mathew
silenciaram e, em seguida, o escutei tossindo e cuspindo na escuridão.

─ Mais alguma coisa a dizer? – uma voz masculina perguntou.

─ Mathew! – eu tremi.
─ Não bata no rosto dele. – ouvi Raven dizer em defesa de Mathew.

─ Se você machuca-los, Claire… – a voz de Mathew soava perversa e quase


psicótica agora. ─ Eu te matarei com minhas próprias mãos.

Ouvi Mathew protestar novamente, como se o ar tivesse sido arrancado


dele, como se estivesse sendo socado no estômago, violentamente.

─ PAREM COM ISSO! – eu tentei me aproximar deles, mas James enroscou


o braço ao redor do meu pescoço, me segurando a ele. ─ DEIXEM-O EM PAZ!

─ Levem ele para o porão. – Claire disse. ─ Todo ano esse bichinho precisa
de um pequeno lembrete.

─ NÃO! – Mathew berrou quando começamos a andar de novo. ─ SKYLAR!


CORRA!

─ Vai ficar tudo bem. – eu disse em voz baixa no meu colar, dando um
recado para o meu pai. ─ Está tudo bem.

James pensou que eu estava tentando assegurar a mim mesma disto e deu
risada atrás de mim.

─ Você ficará bem, Skylar. – ele sussurrou para mim. ─ Um pequeno


castigo para você e então damos o fora daqui. Podemos começar seu
treinamento logo pela manhã. Você vai gostar da minha casa. Meu porão é
muito mais legal que o de Claire.

─ Eu sabia. – trinquei os dentes. ─ Só um louco de merda na família era


bom demais para ser verdade.

Eu podia escutar Mathew à minha frente, resistindo com toda a força, ao


que parecia, enquanto eles o levavam para o porão novamente.

─ Acorrentem ele e depois o levantem. – Claire ordenava enquanto James e


eu chegávamos ao final do corredor.

─ Está tudo bem, querido. – ouvi Raven falando para Mathew ao fundo. ─
Apenas relaxe.

─ SKYLAR! – ele gritou, ofegante, rosnando em sinal de protesto à medida


que eu começava a enxergar uma luz vermelha e uma entrada.

─ Onde está SKYLAR? – ele gritava e eu escutava a corrente retinindo.

─ Não se preocupe, ela está chegando. – Claire zombou. ─ Este castigo não
seria nem um terço tão eficaz sem ela.

─ Não, Claire! – ele estava resistindo ferozmente, quando fui levada para
dentro.
Eu podia vê-lo agora, pendurado pelos pulsos, na ponta dos pés,
selvagemente se mexendo em vão enquanto os dois homens deixavam o
cômodo, não mais necessários.

─ Vigiem esse quarto. – Claire falou para eles. ─ Matem qualquer um que
tentar entrar nesse corredor.

Maravilha, meu pai escutou isso. Eu não os queria tentando entrar até que
encontrássemos algo ou conseguíssemos fazer Claire confessar alguma coisa
concreta. Eu imaginei Riley e Julie, em seus disfarces, entrando escondidas no
escritório de Claire para invadir o seu computador e encontrar qualquer tipo de
provas incriminatórias contra ela. Elas estavam usando perucas e fingiam ser
clientes da boate.

─ Acalme-se, anjo. – Raven estava tentando tranquilizar Mathew, mas ele


continuava gritando, enraivecido.

─ Ele nunca é assim comigo. – Raven disse, sacudindo a cabeça para Claire,
observando enquanto James me trazia para mais perto de onde Mathew estava
pendurado.

─ Pendure ela ao lado dele. – Claire disse a James, Mathew ainda se


debatendo.

─ NÃO! – Mathew gritou. ─ Não toque nela! Eu juro por DEUS, CLAIRE!
SOLTE ELA! – Mathew gritou mais alto.

─ Mathew… Tudo bem. – eu tentei soar forte, embora por dentro eu


estivesse surtando.

Eu nunca vi Mathew desse jeito, tão fora de controle. Ele mal conseguia
formar palavras coerentes enquanto James tirava as algemas dos meus pulsos,
para em seguida Claire fixa-las com pulseiras de couro, prendendo-as em um
gancho.

Mathew estava rosnando e se batendo como um animal, gritando e


praticamente chorando enquanto me olhava e Claire se encaminhava até uma
manivela, a girando, fazendo minhas algemas de couro levantarem com o
gancho, lentamente me deixando na ponta dos pés em frente a Mathew.

─ Não, por favor, Claire! Eu farei qualquer coisa que você disser! – Mathew
ofegava com lágrimas nos olhos, seus dentes trincando em frustração à
medida que ele tentava avançar, inutilmente, sendo puxado pelas suas
próprias algemas.

Eu estremeci, já tendo dificuldade em me manter na ponta dos pés, tão


esticada assim.
Raven estava atrás de Mathew, esfregando suas costas com afeto enquanto
James começava a tirar a camisa dele, tirando-a e jogando-a de lado. Claire
apenas se virou e foi para outro canto da sala.

A respiração de Mathew estava intensa e rápida, seus punhos saltando nas


algemas. Ele parecia com dor.

─ Claire, eu estou te implorando! – Mathew olhava para ela, seus olhos


selvagens. ─Por favor! Eu te dei tudo que eu sou! Eu nunca pedi por COISA
ALGUMA! Por favor… Me conceda apenas isso. Por favor, deixe-a ir! POR
FAVOR!

Tomei essa pequena oportunidade para ajudá-lo. Eu sabia que eles estavam
me observando, mas eu não me importei. Claire não o ouviria, tão devastador
como era o seu implorar, eu sabia que isso não me faria nenhum bem. Mas eu
o amava com todo meu coração para dizer as palavras. 

─ Que adorável. – Claire sorriu. ─ Tentando proteger a sua garota.

Coloquei minha testa na dele e fechei meus olhos, meu nariz aninhado
contra ele.

─ Shh… – sussurrei e logo ele começou a se acalmar um pouco. ─ Está tudo


bem. Shh… Estamos juntos novamente. Nada pode nos ferir agora. Respire…

Mathew choramingou, tentando relaxar… Mas eu tenho certeza que ele


sabia melhor do que eu o que essas pessoas poderiam fazer. E que havia
muita coisa aqui que poderia nos machucar agora. Mas eu também sabia que
não estávamos sozinhos aqui. Eu desejaria poder dizer isso a ele. Eu tinha
certeza que meu pai podia agora ajudar Ryan e eu rezei para que aqueles
homens não tivessem machucado meu pai, em vez disso. Era dois contra um.
Mas eu também apostaria que Ryan é muito perigoso, mesmo algemado. Certa
vez ele passou por dois homens que estavam machucando Mathew nesse
mesmo beco dos fundos.

─ Fofos eles, não são? - James disse atrás de mim.

─ RRRRR! – Mathew franziu a testa novamente, disparando para James,


mas suas algemas o empurraram de volta novamente e ele gritou com um
pouco de dor.

─ Veja, eu não culpo você, Mathew. – Claire estava vindo de volta para nós,
enquanto senti James atrás de mim, levantando minha perna direita e tirando
o meu sapato.

─ Você é homem. – Claire continuou. ─ Você é sempre tão bom e


obediente. De vez em quando, a testosterona deve se elevar e então você
explode, como você está agora, uma besta se contorcendo que quer me
desafiar. Isso é natural. Eu não me importo de passar por isso com você de
vez em quando. Mas eu tenho que corrigir o seu erro. E impor as minhas
regras.

James tinha o meu outro sapato fora agora, e Mathew estava rosnando
outra vez, baixo em seu peito enquanto observava James.

─ Skylar… – Mathew chorou baixinho, sacudindo.

Então James levantou-se e eu senti o zíper do meu vestido nas costas


sendo puxado para baixo pela minha espinha, o pequeno som quase ecoando
no ar.

Mais uma vez, Mathew gritou e tentou bater em James, mas ele apenas se
machucou novamente.

Eu me abracei, sentindo minhas entranhas virarem geléia. Estar nua na


frente de estranhos era algo com o qual Mathew tinha que viver, mas também
estou certa de que ele se lembra claramente da primeira vez no escritório de
Claire, quando ele teve que se despir e deixá-la olhar sobre ele enquanto os
agiotas estavam esperando lá embaixo para matá-lo. Seja corajosa, eu disse a
mim mesma, usando a minha mente para combatê-los. Mantenha o controle.
Não deixe que isto te quebre. Isso é o que eles querem. Finja que você ainda
está vestida. Eles não podem me machucar. Eles não podem me machucar.

Senti uma tesoura cortar os ombros do meu vestido enquanto a respiração


dolorosa de Mathew continuava a ficar cada vez mais vazia e angustiada.

Este era o castigo mais cruel de todos para ele. Não sendo ele mesmo
machucado, tendo que ver alguém por quem ele se importava sendo
machucado na frente dele, e ele impotente para fazer alguma coisa sobre isso
além de assistir.

─ Shhh… – Raven estava tentando acalmar Mathew agora, abraçando-o por


trás e movendo suas mãos sobre seu peito perfeito suavemente, ela deitou a
cabeça em suas costas, mas ele ainda não se acalmava nada.

Eu poderia usar Raven aqui. Quando for a hora certa, posso usá-la a meu
favor. Ela se importa com Mathew. Ela é uma cadela doente, mas ela se
preocupa. Eu posso usar isso.

Um puxão forte sobre o tecido e os meus seios estavam expostos agora,


meu sutiã preto olhando na cara de Mathew enquanto ele gritava obscenidades
para James.

A metade de baixo do meu vestido caiu no chão em uma poça e eu estava


em meu sutiã e calcinha agora.

Fui para um lugar onde eu poderia ser corajosa Coloquei minha cabeça de
volta para Mathew e fechei meus olhos, ouvindo-o chorar e sentindo suas
lágrimas no meu rosto quando senti a tesoura cortar minha calcinha, sendo
rudemente arrancada de mim. Eu tremia, mas eu não chorei. Eu não gritei. Eu
estava com Mathew. Eu estou bem. Eu estou bem. Eu mantive o meu cérebro
disposto a aceitar estas mensagens como verdade.

─ Sinto muito, Skylar. – ele soluçava. ─ Eu fodidamente sinto muito.

─ Eu não. – eu disse e seus olhos abriram para olhar nos meus, com
admiração para o que eu acabei de dizer.

─ Eu prefiro estar aqui com você agora… Do que em qualquer outro lugar do
mundo. – sussurrei para ele. James estava falando com Claire e Raven a
alguns centímetros de distância agora, sem dúvida preparando seus joguinhos.

─ Eu senti sua falta, Mathew. – sussurrei, deixando o meu corpo tocar o


dele, ouvindo sua respiração acalmar um pouco. ─ Seja forte. Nós vamos sair
dessa. Eu te amo. Eu te amo mais que tudo, Mathew Trenner.

Ele soltou outro soluço torturado e sussurrou:

─ Eu te amo, Skylar Hayes.

Beijei seus lábios salgados com toda a paixão que eu tinha em mim e ele o
devolveu dez vezes mais forte. Por um instante, esqueci da situação em que
estávamos, onde estávamos.

Um forte chicote chicoteou e as costas de Mathew arquearam, seu rugido


alto e sofrido.

─ Se afastem. – Claire disse, segurando um chicote de corrente em sua


mão.

Meu colar ainda estava ligado e eu estava contente. Mesmo que o tirassem
de mim e o atirassem ao chão, o microfone ainda funcionaria, então isso
realmente não importava. Mas eu gostava que Mathew pudesse vê-lo. Talvez
isso traria força a ele… isso daria força a nós

Precisaríamos disso agora.

Eu estava aterrorizada com a dor que eles infligiriam a nós. Eu estava com
medo de morrer aqui. Mas, olhando nos olhos de Mathew… Eu me senti mais
corajosa. Por ele, pelo amor que ele me dá, eu ficaria feliz em suportar
qualquer coisa que eles pudessem mostrar. Seu toque vale cem mil mortes.

Mas Mathew a desafiou e me deu outro beijo suave.

James estava acariciando meus cabelos e movendo os dedos pelas minhas


costas nuas enquanto cerrei meus olhos fechados.
─ Eu sabia que você tinha um corpo frágil e apertado sob aquelas roupas. –
James estendeu a mão ao redor e cobriu em concha meu seio direito em sua
mão.

Eu fiquei tensa e deixei escapar um gritinho e Mathew gritou novamente,


um grito de raiva e dor.

─ Vamos começar, certo? – Claire perguntou. ─ Vamos começar com o


nosso novo brinquedo.

─ Ela NÃO é um BRINQUEDO! –Mathew rugiu.

─ Ela é agora. – Claire disse, brincando com o cabelo de Mathew. ─ Ela é o


novo brinquedo de James. Portanto, não tenha medo. Eu não vou matá-la. Mas
ela merece um pequeno castigo por desviá-lo do seu caminho. Então James vai
levá-la para casa. Talvez, se você se comportar, e depois que Skylar aprender
onde é o seu lugar, todos nós podemos jogar juntos às vezes, como estamos
agora. Desta forma, eu sei que você vai se comportar… e ela também vai. Se
algum de vocês der um passo fora da linha, tudo o que temos a fazer é ligar
um para o outro e estabelecer um encontro de jogos.

─ Vá se foder! – Mathew se enfureceu, empurrando para longe da mão dela


em seu cabelo, lutando e puxando seus braços novamente, em nervosismo.

─ James… comece a disciplinar a sua cadela. – Claire deu um ou dois passos


para trás, abrindo a tanga de couro da frente da virilha de Mathew, deixando-o
tão nu como eu estava.

─ Tão difícil decidir o que fazer primeiro. – ele estava me tocando


novamente, dando tapas na minha bunda enquanto eu fechei meus olhos e
fiquei tensa, tentando bloquear isso fora da minha mente, usando o rosto de
Mathew perto para a minha coragem.

─ Ela é tão nova em tudo isso. – James disse em voz alta.

Abri meus olhos e encontrei Claire e fiz minha voz alta.

─ Pelo menos você não estará cortando meus dedos e os comendo. – eu


zombei dela e os olhos de Mathew se abriram de repente, olhando para mim
com terror.

Claire só nos encarava. 

─ Eu sei que você matou pessoas aqui antes. – eu disse. ─ Eu sei sobre
Jason White. Tenho certeza que ele é apenas uma das muitas pessoas que
você matou.

─ Skylar, não. – Mathew respirou.


─ Eu não sei do que você está falando. – Claire me deu um olhar fatal. ─
Cale a boca dela, James.

Então senti um instrumento fino e duro estalar duramente na minha bunda.


A força dele e a picada foi super intensa. Eu não poderia evitar, eu gritei como
uma selvagem, lágrimas brotando instantaneamente nos meus olhos.

─ Seu FILHO DA PUTA DO CARALHO! – Mathew se enraiveceu. ─ Essa vara


não é para principiantes, seu VIADO!

Eu não acho que eles estão considerando a etiqueta associada com mestres
responsáveis e segurança, sanidade e jogadores consensuais. 

As lágrimas derramaram dos meus olhos e correram pelo meu rosto


enquanto eu tremia violentamente e respirava forte… tentando esperar a dor ir
embora, esperando que ela desaparecesse.

James riu e assim o fez Claire. Eu não ouvi nada de Raven.

Mathew estava beijando minha testa, então meu rosto, tentando me


acalmar, seu corpo tremia enquanto seus olhos fecharam, uma lágrima, ou
duas, escorrendo pelos cantos.

Ele continuou sussurrando repetidamente:

─ Eu sinto muito, sinto muito… sinto muito…

Fiquei pensando no que Mathew me contou sobre a dor e o prazer… Eu


gostaria de aprender a ser mais dura. Eu precisava disso agora. Meu corpo não
estava endurecido, ou pronto, para isso. Mathew me veria machucada
consideravelmente e eu não seria capaz de segurar, ou fingir.

─ Talvez ele esteja certo. – James riu, entregando a Claire. ─ Mathew não é
nenhum principiante, ele é, Claire?

─ Claro que não. – ela sorriu, pegando-o. ─ Embora a forma como ele
esteja agindo esta noite, quem poderia dizer?

─ Não. – eu choraminguei, sabendo que eles machucariam Mathew agora.

─ Está tudo bem. – ele sussurrou para mim, quase inaudível.

─ Agora, Mathew, toda vez que você gritar, Skylar pagará por isso. – Claire
informou.

Seus lábios franziram juntos e sua mandíbula apertou quando senti os


dedos de James acariciando a linha que ele tinha feito em toda a minha bunda.
Eu queria vomitar em cima dele, agora.
 ─ Cinco chicotadas para começar. – Claire disse por trás de Mathew. ─
Conte alto, rapaz.

Ouvi a vara cortar através do ar, um som horrível de estalo, e depois um


estalo muito alto agarrou em meus ouvidos.

Tremendo de novo, mais apertado do que antes, Mathew mordeu mais


forte, seu rosto tremendo e os olhos fechados enquanto ele silenciosamente
suportou a primeira chicotada.

─ Um. – ele apertou com os dentes.

CHICOTADA.

As costas de Mathew arquearam e sua testa deixou a minha quando ele


olhou diretamente para o teto, a respiração mais profunda e dando um
pequeno rosnado.

─ Dois. 

Lágrimas caíram dos meus olhos novamente quando eu pisquei, odiando


isso. Eu sei como dói e ele está simplesmente aceitando isso, sem sequer se
dar ao luxo de começar a gritar ou uivar para liberar um pouco desse
tormento. Comecei a chorar baixinho, sem conseguir segurar mais quando o
terceiro golpe foi atingido.

Com um puxão súbito da cabeça, seu rosto estava de volta perto do meu e
seu corpo todo tremia de dor.

─ Três. – ele soprou quente no meu rosto.

─ Mathew, grite se for preciso, por favor. – implorei em lágrimas, beijando


seu queixo, a parte mais próxima dele perto dos meus lábios.

 ─ Para quê? – ele tentou sorrir para mim. ─ Isso não machuca.

CHICOTADA.

Esse último comentário dele deixou Claire com raiva e eu poderia dizer que
esse golpe em particular foi muito forte. Mathew balançou mais forte, contra o
meu corpo e apertou os olhos com força, ofegante por ar.

─ Quatro.

─ Só mais uma. – Claire mordeu seu lábio inferior e realmente o balançou


desta vez.

Mathew quase gritou dessa vez. Mas ele segurou, a cabeça inclinando-se
apertada e os punhos lutando acima dele, batendo as correntes.
Suas inspirações vieram em rajadas rápidas e duras… e quando ele olhou
para mim e abriu os olhos, as lágrimas desciam de ambos os lados do seu
rosto.

─ Cinco. – ele engasgou.

Eu vi Raven por trás de Mathew, agora tirando um momento para aliviar


sua dor. Claire se afastou enquanto Raven plantava beijos suaves ao longo dos
vergões da vara deixados nele. Ela começou a lamber as linhas duras enquanto
Mathew acariciou seu rosto em meu pescoço.

─ Nada de gritos. – Claire disse, dando um tapa forte na bunda de Mathew.


─ Isso significa que você começa uma outra rodada e Skylar recebe um passe
nesta rodada.

Mathew soltou um suspiro de alívio e eu juro que eu acho que o vi sorrir.


Ele tinha me poupado algumas dores, por agora, e ele parecia tão orgulhoso
de si mesmo por encontrar uma maneira de me proteger.

Eu não tinha ouvido nada de James aquele tempo todo. Eu me perguntei


por quê.

─ Qual é o seu problema? – Claire disse para James atrás de mim.

─ Eu não sei. – James sentou em uma mesa a alguns centímetros de


distância. ─Eu me sinto tão… fora disso. Cansado.

─ James me contou tudo sobre Jason White. – eu disse agora, observando o


rosto de Claire. ─ Ele disse tudo ao meu pai também. O Departamento de
Polícia de Nova York sabe também. Ele está dizendo a todos tudo sobre você.
Ele está cansado de bancar o professor. Ele se cansou de ser a sua babá. Ele
quer o que é seu. Ele quer este lugar. Ele quer ser livre de você… Para o bem.

─ Mentira! – James zombou enquanto Claire olhava para ele, um olhar de


desconfiança agora lá.

Uma corrente enrolou no meu pescoço e, em seguida, apertou, James


fechando-a atrás do meu pescoço enquanto Mathew gritava.

─ É melhor você começar a contar a verdade, se você quiser ar, sua


vadiazinha! –James desdenhou enquanto senti a corrente cavar um pouco,
tornando muito difícil respirar.

─ NÃO! – Mathew gritou, dizendo. ─ Claire, PARE-O!

─ Diga a ela a VERDADE, SKYLAR. – James apertou. ─ AGORA!

Ofegante, eu mantive a minha história. Ela nunca acreditaria que eu estava


mentindo para eles enquanto estava sendo sufocada.
─ Eli está nisso com James. – engasguei. ─ Eli queria trabalhar no bar para
que ele pudesse reforçar as suas bebidas esta noite. Ele misturou as de vocês,
para colocá-la para dormir, assim ele poderia matá-la mais facilmente. Mas
você fez Mathew beber. Basta observar, Mathew vai começar a dormir a
qualquer minuto. Ele vai cair no sono. 

─ Solte-a. – Claire ordenou a James. ─ Ela está dizendo a verdade, não é?

─ Ah, vamos lá! – James argumentou, deixando cair a corrente em torno da


minha garganta. ─ Você vai acreditar nas mentiras dela depois de tudo que
nós passamos juntos?

Engoli em seco o ar e olhei para o rosto aliviado de Mathew, sentindo sua


bochecha acariciando-se para cima e para baixo na minha para me dar todo o
conforto que ele podia. Seus lábios estenderam para as marcas em meu
pescoço, beijando-as.

─ Durma. – sussurrei para ele, colocando os meus lábios tão delicadamente


em cima dele.

Eu vi o sorriso torto de Mathew então, e senti como se já estivéssemos


livres. Um segundo ou dois depois, seus olhos flutuaram e ele soltou uma
respiração difícil, sussurrando:

─ Claire…

E então ele deixou cair sua cabeça fracamente, seus braços pendurados
frouxamente em suas amarras e os pés relaxados, tombados no chão de
concreto.

─ Mathew! – Claire ergueu o queixo dele e seu rosto manchado de lágrimas


era tão pacífico, tão inerte. Ele é um grande ator. Mesmo Raven se aproximou
para verificá-lo, preocupada.

─ VEJA. – eu gritei. ─ Ele está apenas esperando para pegar você, de uma
forma ou outra! Ele disse-me para jogar junto e que ele nos deixaria ir, uma
vez que tivesse cuidado de você! Mas eu nunca confiei nele!

─ Vá perguntar a Eli se você não acredita em mim! – eu disse. ─ Ele ainda


está lá em cima, à espera de James! Meu colar é um microfone que James me
deu! Eli está escutando tudo!

Claire arrancou o colar do meu pescoço e olhou para ele.

Então ela olhou para James, um olhar mortal.

─ Porra! – ela se enfureceu e bateu no rosto de James com a vara de ferro.

Ele desceu no primeiro golpe, a sua dose real de sedativos tendo efeito
junto com o ataque esmagador da vara.
Um caído. Faltam duas.

James estava deitado em uma pilha no chão, se contorcendo por um


momento antes de ficar completamente imóvel.

─ Fique de olho neles! – Claire apontou para Raven com a vara. ─ Eu já


volto.

Ela escancarou a porta do porão e entrou no corredor, ordenando que os


dois homens lá fora a seguissem. Ela estava indo atrás de Eli. O colar e o
microfone foram com ela, em sua mão, então estávamos fora do registro
agora.

Mathew permaneceu adormecido, fazendo a sua parte com perfeição


enquanto Raven me empurrou para longe dele, com ciúme, dando tapinhas no
rosto dele, tentando acordá-lo.

─ Vamos lá, baby, acorde. – ela disse. ─ Você tem que ficar de pé, ou você
pode machucar seus braços e pernas, por favor…

─ Você deveria abaixá-lo, talvez – eu sugeri. ─ Deixe-o deitado até ele


acordar.

─ Sim. – ela olhou para os pulsos dele e fez uma careta para si mesma,
indo para a alavanca dele e lentamente colocando o gancho dele para baixo,
finalmente colocando-o no chão em suas costas.

Foi linda a forma como ele nunca ficou tenso, seu corpo sempre relaxado
enquanto ela o abaixava. Até mesmo eu acreditava que ele estava
inconsciente.

Raven foi para o canto da sala e voltou com água, derramando um pouco
em suas próprias mãos, deslizando a água fria na testa de Mathew e
bochechas, tentando trazê-lo de volta.

Eu sorri para ela e, depois de um momento ou dois, eu disse:

─ Você realmente parece se importar com ele, mais do que ela.

─ Eu me importo! – ela olhou para mim, segurando a cabeça de Mathew no


seu colo.

─ Ele me ama também. Mas Claire nunca o dará a mim. Nós queremos ficar
juntos.

─ Você deveria tê-lo, então. – eu disse. ─ Por que esperar que ela o venda
para você? Basta levá-lo. Claire vai para a cadeia se ela sobreviver esta noite.
Mathew vai para a cadeia também. Ela vai, sem dúvida, culpá-lo por tudo que
ela fez. Ela tem o sangue dele em algum lugar. Ela pode enquadrá-lo e ele
poderia ir para a prisão para a vida toda! Então você nunca vai conseguir tê-lo.
Raven estava olhando para o belo rosto dele, acariciando-o, pensando sobre
isso. Então ela virou a cabeça para mim.

─ Por que eu deveria acreditar em você? – ela piscou para mim. ─ Você é
aquela que o salvou da minha casa! Você se preocupa com ele também. Por
que você me diria para levá-lo agora?

─ Eu me importo com ele, como você disse. – eu respirei. ─ Eu prefiro vê-lo


com você do que apodrecendo na cadeia - ou morto. Claire poderia matá-lo
antes que ele fosse mesmo preso. Ela poderia atirar nele e em James e culpar
a coisa toda nos dois, dizendo que ela era uma vítima inocente no meio disso.

─ Você é muito legal. – Raven disse. ─ Inteligente. Talvez eu a leve conosco


também. Vejo que o meu Mathew gosta de você. Eu quero um animal de
estimação feliz, não triste como ele está agora. Esta é a maneira de manter
um animal de estimação, fazê-lo feliz. Então você nunca tem que passar por
todo este tipo de drama. Se eu levá-lo, você poderia vir também? Você
gostaria de ser o meu animal de estimação também?

Eu não previ isso. Mas isso funciona.

Eu sorri, surpresa.

─ Sério?

─ Sim. – ela sorriu carinhosamente. Eu pensei que eu veria Mathew ficar


tenso, mas ele nunca ficou.

─ Eu gostaria de estar com Mathew, mesmo como uma companheira


submissa. E você parece ser uma mestre amável. – pensei em voz alta. ─
Muito melhor do que James.

─ Nós vamos para o outro lado do mundo, para ficar seguros. – Raven
acrescentou. ─ Eu tenho meu próprio lugar em Porto Rico. Ninguém nos
encontraria lá. Você pode brincar na praia todos os dias, nadar, é tão bonito lá.
Eu não seria cruel para qualquer um de vocês.

─ Sim. – respondi com certeza.

─ Como vamos conseguir tirar Mathew daqui? – Raven perguntou enquanto


abaixava a alavanca que me segurava na ponta dos pés. Em segundos, eu
estava nos meus pés novamente e ela veio para destrancar minhas algemas.

 Mathew levantou-se atrás de Raven então e, usando sua própria corrente


entre suas algemas, ele tinha Raven pelo pescoço. Ela ofegou e tentou
estender a mão ao redor para trás até Mathew, mas ele a tinha.

Apertando um pouco a corrente, ele zombou:

─ PARE! QUIETA!
─ Tire a roupa, agora! – Mathew ordenou e eu dei um passo em direção a
ele, vendo seus olhos assumirem um pequeno brilho malvado.

─ Mathew. – eu disse.

Ele olhou para mim e disse:

─  Você precisa de algo para vestir, Skylar.

Oh. Certo. Cruzei meus braços sobre meu peito e Mathew olhou para
Raven, que estava atrapalhada, tentando respirar e tirar seu vestido, ao
mesmo tempo.

Finalmente, ele escorregou da cintura dela e para o chão.

─ Chute-o para Skylar. – ele ordenou com menos veneno agora e


Raven moveu o vestido para fora de si mesma e para mim. Eu poderia abaixar
e pegá-lo sem me preocupar com ela me chutando na cara.

─ Os sapatos também. – ele acrescentou a Raven, mas seus sapatos eram


saltos muito altos.

─ Eu tenho sapatos. – apressei-me no vestido e coloquei meus pés em meu


confortável salto de 2,5 cm.

Raven tinha um sutiã e calcinha, ambos roxos com barras pretas. Mathew a
levou até a gaiola pendurada no teto e abriu a porta, empurrando-a dentro
dele e fechando, trancando o cadeado para selar seu interior.

─ Aqui está uma cadeira  – eu disse, assim que encontrei uma no canto e a
movi para o centro da sala. ─ Sente James aqui.

Mathew tinha se puxado para longe olhando para Raven e agora estava
arrancando James do chão, levando-o à cadeira e estatelando-o nela, um corte
desagradável em seu olho e osso do nariz, sangue em seu rosto.

Mathew rapidamente tirou sua própria algema e a colocou nos punhos de


James, prendendo-os atrás dele, enlaçando-os através da cadeira.

─ O plano é esperar aqui agora. – eu disse a Mathew, colocando outra


cadeira ao lado de James. ─ Eli e meu pai foram ajudar Ryan e todos eles
trarão Claire aqui para baixo.

─ Mathew, não dê ouvidos a ela. – Raven estava segurando as grades da


gaiola, lágrimas nos olhos enquanto nos observava. ─ Claire vai matar vocês
por isso! Por favor, apenas venha comigo! Eu posso te salvar, Mathew! Eu vou
cuidar bem de você, eu juro!
─ Cala a boca, Raven. – Mathew disse por entre os dentes, ignorando-a
enquanto ele colocou a sua pequena tanga de couro de volta. ─ Prefiro morrer
do que ir com você.

Ela parecia realmente machucada e eu quase senti pena dela. Mas eu me fiz
bloquear isso.

─ Skylar. – Mathew diminuiu a distância entre nós e me abraçou forte, seus


braços tremendo de novo. ─ Você está bem?

─ Sim. – senti lágrimas em meus olhos novamente, empurrando-as para


longe.

─ Minha bunda dói um pouco, mas, fora isso, estou bem. 

Coloquei meus braços em torno das suas costas, amando a sensação suave
e quente dele.

─ E você? Está bem? – perguntei. ─ Eles te machucaram mais do que a


mim.

─ Não é nada. – ele encolheu os ombros, segurando meu rosto e beijando


meus lábios com ternura. ─ Eu estou bem. Eu deveria ter roupas reais antes
de seu pai vir aqui. Eu posso simplesmente correr para o meu quarto por um
segundo?

─ NÃO! – eu agarrei seus braços. ─ Não! Eles poderiam pegar você! Fique
aqui!

─ Tudo bem, tudo bem. – ele me segurou mais apertado a ele enquanto
Raven olhava para nós da sua cela.

─ Oh, aqui! – eu me separei dele e fui até onde James tinha tirado sua
camisa, entregando a ele. ─ Vista isso.

─ Tudo bem. – ele rapidamente passou seus braços nas mangas,


começando a abotoá-la. ─ Obrigado.

─ Eu realmente bebi algo ruim? – ele perguntou, olhando para mim,


preocupado.

─ Eu acho que não. – olhei para a porta, certificando-me que ninguém


estava vindo. ─ Eu acho que Eli disse que não misturaria a bebida de Claire
porque ela tem a tendência de alimentar você do prato dela, mas o Ryan fez
uma cara estranha quando ela fez você beber a bebida dela antes, então eu
não tenho certeza agora.

─ Se eu começar a entrar em pane, não tente me arrastar junto. – ele


segurou meus braços, olhando-me com firmeza. ─ Basta sair daqui. Eu ainda
não posso acreditar que você está aqui agora! De quem foi o plano?
Agora ele parecia irritado. E eu acho que estaria também, se eu fosse ele.

─ Todos nós. – eu respondi, desejando que ele perdesse o seu tom tenso
comigo.

─ O plano é trazer Claire de volta aqui, e conseguir que ela confesse o que
eles fizeram. Dar outros nomes das vítimas. Dizer onde os restantes estão.
Isso será suficiente para levá-la para atrás das grades.

─ E você reforçou a comida deles! – ele sorriu um pouco. ─ Isso foi um


golpe de gênio!

Espreitei para Raven e ela estava dormindo agora na gaiola. Eu sorri. Era
hora de ela sentir os efeitos. Talvez ela só tenha bebido um pouco, ela não
comeu muito também.

─ Isso foi ideia do Eli. – sorri. ─ Ele parece, de alguma forma, saber tudo
sobre sedativos.

Fui para a porta, espiando pela rachadura. A porta tinha sido deixada
aberta, mas eu a fechei quase todo o caminho, apenas no caso de alguém do
outro lado se deparar com esta sala.

─ Oh, Raven já foi. – Mathew reparou enquanto me seguia com os olhos.

─ Que bom. – eu bufei, ─ Ela estava me dando nos nervos.

─ Ela fez aquela praia e o mar soarem bons, não é? – ele brincou,
balançando a cabeça. ─ Ela é uma verdadeira manipuladora. Ela poderia
conseguir que o próprio Jesus vendesse sua alma ao diabo.

─ Eu não vejo ninguém por aqui ainda. – eu me preocupei em voz alta. ─ Já


faz um tempo. Onde estão eles?

─ Espero que eles estejam bem. – Mathew preocupou-se comigo, indo para
as paredes, levando as coisas que poderiam ser boas armas para nós, só no
caso.

Isso foi brilhante da parte dele, pensei com um sorriso malicioso.

─ Eu também. – eu disse. ─ Meu pobre pai… Ele nunca será o mesmo


depois de ouvir tudo isso. Tenho certeza que se ele estivesse lutando durante
aquela cena, aquilo simplesmente o deixou mais e mais perigoso para o seu
adversário.

─ Ele nunca vai me perdoar. – Mathew me deu um grande chicote para


segurar. ─Não que ele deveria. É tudo minha culpa que teve mesmo que
acontecer com você.
Ele franziu o cenho para ele mesmo e me virei para ele, franzindo as
sobrancelhas também.

─ Hey. – eu disse em voz áspera. ─ Pare essa merda de auto-aversão. Eu


não sou a Dra. Skylar agora. Lidaremos com a sua terapia mais tarde,
combinado?

Seu sorriso quase deu uma espiada então.

─ Combinado. – ele concordou.

Esperamos por mais dez minutos e nada. Eu estava tremendo e quase


chorando quando eu tive de admitir a verdade.

─ Algo está errado. – olhei para Mathew. ─ Eles deviam estar aqui
agora.Precisamos encontrá-los. E Julie e Riley também.

─ Elas estão aqui TAMBÉM? – Mathew franziu a testa novamente,


machucando meu estômago. ─ JESUS, SKYLAR! Você precisa arriscar a vida de
todos neste  processo? Estou impressionado que meus pais não estão aqui
também!

Eu olhei para baixo, não apreciando que ele estivesse gritando comigo.

─ ELES ESTÃO? – ele perguntou.

─ NÃO! – eu virei para ele, chorando agora. ─ Não grite comigo!

Ele suspirou.

─ Desculpe, Skylar, desculpe. – ele me abraçou, beijando minha testa.


─Sinto muito. O que devemos fazer?

─ Nós não podemos usar James como refém se Claire os tiver. – pensei em
voz alta. ─ Ela pensa que ele é seu inimigo agora. Ela não se importaria se nós
o machucássemos. Raven não significa nada para ela também.

─ Ela me quer. – Mathew disse. ─ Você pode me usar como refém,


se quiser.

─ De jeito nenhum. – eu me encolhi, só de pensar nisso. ─ Arriscar


você não faz parte do plano.

─ Bem, você pode pensar em algo melhor? – ele perguntou.

Capítulo 32 
Mathew POV

─ Você deveria me algemar e me levar lá fora, no caso de ela pegar seu pai
ou algo assim. – eu repeti, mas ela girou para mim, os olhos irritados e
selvagens.

 ─ Não! – ela gritou. ─ Não. Eu não vou fazer isso, Mathew. Eu nunca mais
quero você amarrado de novo, mesmo em um truque contra Claire. Eu vou
vomitar se ela pôr as mãos em você de novo.

A mesma coisinha teimosa Skylar. Deus, como eu a amo.

─ Puta que pariu, senti sua falta, Skylar. – eu sorri para ela enquanto ela
sorriu de volta e, em seguida, espiou a fresta da porta do porão novamente. ─
Disse a William para levá-la para Bellevue. Pensei que não iria vê-la
novamente. Quando eu estava ajoelhado ao lado da cadeira de Claire, eu
estava quase em coma… Achei que minha vida tinha acabado, que eu não
tinha mais nada. Então eu senti seu cheiro. Durante um minuto, eu pensei que
era minha mente brincando comigo… E então ouvi o seu nome. E me lembrei
do quão teimosa você é… E eu pensei, meu Deus, como eu sou burro. William
nunca iria levá-la para Bellevue. Não enquanto eu ainda estou aqui.

─ Isso é uma sessão de terapia? – ela se virou para mim, querendo ouvir
mais, mas me lembrando que não tenho tempo para isso agora. A vida das
pessoas amamos estava em perigo, ou coisa pior. Temos que ir lá e enfrentá-
lo… Agora.

Quando eu me tornei esse tagarela? Eu costumava nunca falar sobre mim…


E agora eu não conseguia calar a boca.

─ Não, isso sou eu reclamando porque eu não tive ninguém com quem
conversar durante três dias. – eu suspirei. ─ Bem… se você não vai me usar
como seu refém, qual é o plano, então?

─ Eu não tenho um plano. – Skylar respirou. ─ Às vezes não há nenhum


plano elaborado quando as coisas dão errado. Nós apenas temos que ser
corajosos e ir lá ver o que está acontecendo. E fazer o que pudermos para
ajudar.

Skylar ainda segurava o chicote brutal que eu lhe tinha dado.

─ Bem, esta é uma boa arma que te dei. – eu informei. ─ E literalmente,


pode rasgar a carne com cada golpe, ainda que leve. Tenho o chicote cadeado,
o que é perigoso, mas não é tão sangrento como o seu é.
─ Bem, nós estamos bem, se eles não tiverem armas. – ela zombou. ─  E
eles provavelmente tem.

─ Eu não acho que ela vá atirar. - respondi. ─ A boate está aberta e cheia
de clientes. Só que, novamente, ela é uma psicopata.

─ Ajudou bastante, Mathew. – ela sorriu debochada para mim.

─ Desculpa. – eu fiz uma careta para o chão.

Mas ela pegou minha mão e a apertou firme, fazendo com que meus olhos
levantassem até encontrar os dela. Eram duas belas órbitas cheias de medo e
excitação… E até mesmo amor… Para mim. Como é que ela combina tudo isso
junto em um olhar?

─ Pare de se desculpar. – ela disse. ─ Só fique comigo. Fique comigo agora.


Esteja comigo quando eu tiver com 70…

─ Eu estarei com você para sempre, Skylar. – eu sussurrei de volta,


reforçando cada palavra, de todo o meu coração.

─ Tudo bem. – ela respirou valente. ─ Hora de enfrentar o nosso primeiro


obstáculo… A vadia psicopata.

─ Nós podemos fazer isso. – eu disse com confiança, beijando seus dedos
suavemente, um beijo para dar sorte. Nós precisaríamos dela. Nós dois
sabíamos que qualquer coisa poderia acontecer, uma vez que deixarmos este
quarto. Vidas podem acabar, sangue pode ser derramado, as relações seriam
mudadas para sempre. Mas, por enquanto, neste momento, nós amamos um
ao outro por completo, e estávamos dispostos a enfrentar o próprio inferno
para estar juntos. Nós estávamos prontos para ir para a batalha por este
amor. Tantas vezes vi filmes onde o casal teve que lutar por seu futuro juntos.
Eu costumava ter inveja deles. Eu nunca tive a chance de lutar para salvar
Tanya. Cheguei tarde demais.

Mas eu tenho a chance agora de lutar por Skylar e eu… E Katie. Eu não iria
decepcioná-las. Eu daria tudo o que tenho para elas. Mesmo se eu perder, eu
vou perder com honra.

─ Pronto? – ela se preparou e olhou para mim.

─ Pronto. – eu dei um único aceno de cabeça, me sentindo como um


cavaleiro prestes a ir ao encontro de um dragão.

Skylar começou a abrir a porta do porão e eu pensei rápido.

─ Hey! – puxei-a para trás, fui para a porta. ─ Eu sou o homem aqui, eu
deveria estar na frente. Você fica atrás de mim.
─ Não me faça gritar com você agora, Mathew.  – ela me deu uma
cotovelada com o braço. ─ Não estamos na década de cinquenta. Caminhamos
lado a lado, como parceiros.

Senti meu sorriso crescer no meu rosto.

─ Sim, Skylar.

Ela rosnou, odiando a minha resposta de escravo. Não era realmente isso.
Eu posso me ouvir dizendo “sim, Skylar” a ela durante os próximos cem anos.
Desta vez, eu seria o marido mais chicoteado na terra… e um dos mais felizes.

Nos arrastamos para fora, segurando os braços um do outro quando


começamos nossa silenciosa caminhada no escuro corredor. Alguém apagou as
luzes… E você poderia ouvir até mesmo um alfinete cair.

De repente eu senti como se estivesse em algum filme de terror, e que os


zumbis estavam prestes a vir arrancar nossos olhos a qualquer momento.
Naquele momento, minha corrente chicote não parecia uma grande ameaça
mais.

─ Julie tem uma arma arma, carregada. – Skylar sussurrou no escuro. ─


Gostaria de ter uma agora também.

─ Você não quer atirar em ninguém, Skylar. – eu sussurrei de volta.

─ Eu não tenho mais tanta certeza. – ela disse enquanto se aproximava da


escada.

─ Hayes Assassina. – tentei aliviar o medo um pouco, mas ela não riu.

─ Eu vejo um pouco de luz à frente. – ela disse, quase inaudível que mal
consegui ouvir.

Estávamos no próximo corredor, no caminho para a porta da sala de jantar


que estávamos um pouco antes. Não era totalmente escura agora, a luz da
sala de jantar estava vazando para o corredor que estávamos dentro.

Estava tudo tão estranhamente silencioso. Eu odeio isso. Pare de ser boiola,
Mathew, assim fica difícil. Se você quer sobreviver a isso, seja corajoso. Agora.

─ Ninguém está lá dentro? – Skylar sussurrou extremamente baixinho


enquanto eu olhava pela porta aberta para a sala de jantar. Eu vi a mesa, os
pratos, a comida, as bebidas… Mas não uma única pessoa. Inferno, nem
sequer parece que houve algum tipo de confusão aqui. Tudo estava como
deixamos.

─ Eu não tenho certeza. – eu disse, verificando atrás de nós, um pouco


paranóico.
Claro, Claire poderia estar esperando contra a parede ao lado da porta,
esperando por nós com uma arma na mão. Mas eu não disse a Skylar. Tenho
certeza de que ela sabe o perigo, também.

Eu empurrei a porta aberta duro, batendo-a na parede atrás de nós, o que


fez Skylar dar um pequeno grito de surpresa. Eu tinha meu chicote atrás de
mim, pronto para atacar se fosse preciso. Não vi ninguém. Tenho certeza de
que Eli não estava esperando na cozinha. Claire tinha esquecido dele na luta.

Eu podia ouvir a música agora, vindo nas proximidades. Não havia


isolamento acústico aqui. Eu deixei uma lufada de ar escapar de meus
pulmões, aliviado agora, mas sabendo, também, que eles estavam aqui em
algum lugar, escondidos… Esperando.

Talvez eles tenham perdido Claire e seus homens no meio da multidão.


Talvez eles estejam se escondendo em uma sala privada. Eram dezenas delas.
Seria um ótimo lugar para se calar por um tempo.

Então, assim que abri a porta que saía da sala de jantar, para o corredor
que vai para o clube, nós ouvimos.

Mais alto que o inferno, era o alarme de incêndio, berrando e perfurando no


ar.

Skylar fez uma careta, segurando as mãos sobre os ouvidos enquanto eu


ouvi mulheres gritando, passos trovejando correndo pelas suas vidas.

Então, como um demônio enraivecido gritando do céu, a voz de Claire no


microfone.

─ FORA, TODO MUNDO PARA FORA! – ela gritou. ─ FOGO! FOGO NA


COZINHA! FORA!

─ Merda. – eu gemi, espreitando a próxima porta que dava para o salão.

As mulheres estavam correndo para fora das portas, em pânico. Eu nunca vi


o lugar esvaziar tão rápido. Até mesmo os dançarinos estavam saindo.

─ Muito inteligente, Claire. – zombei para mim mesmo, sob a minha


respiração. ─ Ela acabou de limpar a área. Agora, as únicas pessoas aqui são
ela… E todos nós. Nenhuma testemunha.

Algumas pessoas estavam saindo das salas privadas agora, metade


vestidas, e eu quase ri alto, imaginando-me fazendo exatamente isso se eu
estivesse trabalhando lá hoje à noite.

Parte de mim queria correr para fora com a multidão, tirando Skylar daqui.
Mas ela nunca sairia, abandonando seu pai, Julie, Riley, Ryan…Eli. Ela estava
muito malditamente brava para o seu próprio bem. Eu queria que seu pai fosse
um bibliotecário, em vez de um policial. Ele a criou para ser forte e consciente.
Ela não conseguiria correr… mesmo que ela quisesse.

Claire está lá fora, se ela estava falando no microfone. Fechei a porta,


trancando-a, selando-nos aqui.

─ O que você está fazendo? – Skylar me perguntou, as sobrancelhas


arqueadas.

─ Pensando. – admiti honestamente, em seguida, uma idéia me atingiu.

─ A cozinha! – eu a puxei comigo de volta para a sala de jantar, indo para a


porta da cozinha. ─ Há facas lá… Facas de açougueiro!

─ Legal! – Skylar seguiu rapidamente quando chegamos à porta da cozinha.

 Eu a segurei de volta um segundo e empurrei minha mão contra a porta


balançando que não tinha janela nela, infelizmente. Alguém poderia estar se
escondendo aqui também.

Lentamente, a porta rastejou aberta e meus olhos focaram no chão, eu vi


corpos e sangue.

Corri para trás e puxei a porta fechada em frente a nós.

─ O quê? O quê? – Skylar sussurrou, começando a entrar em pânico com a


minha expressão rígida.

─ Há corpos lá dentro. – eu fiquei tenso, olhando em seus olhos terríveis e


acrescentei. ─ Está tudo bem. São os caras de Claire. Dois deles, os que foram
atrás de Eli.

─ Deus. – Skylar respirou. ─ Eu não sabia que Eli era tão perigoso assim.

─ Sim. – eu concordei, tão surpreso quanto ela agora que pensei sobre isso.

─ Eu estou bem. – Skylar respirou novamente, empurrando meu braço em


direção à porta. ─ Vá em frente.

Ela está bem. O que a faz pensar que eu estou bem com isso? Já vi o
suficiente de corpos mortos e ensanguentados pela vida inteira. Eu não estava
animado para ver mais. Mas nós tínhamos que ir lá.

─ Certo. – cerrei meus maxilares, apertando quando empurrei a porta com


firmeza, engolindo em seco quando meus olhos tiveram uma visão melhor
desta vez.

O primeiro homem que havia estava em suas costas, vestindo um terno


preto, camisa branca que estava agora na maior parte vermelha. Seus olhos
estavam arregalados e surpresos, sua pele bronzeada. Ele parecia  hispânico,
com longos cabelos negros e um cavanhaque. Duas facas afiadas enfiadas em
seu peito, próximas uma da outra, perto da área do coração. A lâmina inteira
estava enfiada… só o preto brilhante dos cabos poderia ser visto.

Espero que tenha mais facas em algum lugar. Eu não estou puxando essas
para fora.

Skylar foi menos afetada do que eu, obviamente, porque ela disse:

─ Arma!

Ela apontou para o segundo homem, a poucos metros de distância, um


homem mais velho com cabelo cinza e braços grandes. Seu rosto estava
queimado. Eli provavelmente jogou algo fervendo e quente em seu rosto na
luta. Ele tinha um corte medonho atravessando seu pescoço e uma faca em
seu peito.

─ Maldição! Eu quero ser parceira com Eli. – Skylar respirou, acho que ela
estava brincando. Mas, quando meu olhar irado se transformou e a acertou,
ela corou um pouco.

─ Desculpe. – ela agarrou apertado no meu braço enquanto pairávamos na


porta.

─ Desculpe, mas você está presa comigo. – eu bufei e suspirei.

─ Eu não quis dizer isso. – ela disse, parecendo arrependida.

─ Pare. – eu disse, não irritado. ─ Eu quero Eli também.

Ela me empurrou um pouco, persuadindo-me a começar a entrar na


cozinha.

─ Vamos. – ela sugeriu. ─ Pegue a arma.

Havia sangue por todo o chão e eu não tinha sapatos. Merda! Vamos lá,
homem, seja como Eli, eu disse a mim mesmo. Faça Skylar feliz que ela é a
sua parceira.

Forcei meu pé para dentro e no chão, diretamente para uma umidade


quente ao lado do primeiro homem à nossa frente.

UCCKKK!

Mantive a minha repulsa para dentro quando dei outro passo, movendo-me
em torno do cadáver tanto quanto pude, Skylar me seguindo, usando seus
sapatos… Sortuda.
Nós nos aproximamos do homem com a arma na mão. Eu não sei nada
sobre armas, tudo o que pude ver foi que era de prata e muito moderno,não
algum revólver antiquado de seis balas. Essa coisa parecia má.

─ Cuidado.– Skylar avisou quando comecei a estender a mão para ela. ─


Essa é uma 9 milímetros. Automática.

─ Você a pega, parceira. – coloquei a minha mão para cima. ─ Este é o seu
departamento.

Eu não tinha nenhum problema deixando-a assumir este assunto. As únicas


armas que eu tinha visto eram aquelas com as quais os agiotas tinham me
batido… e isso foi no beco escuro. Eu nem sabia como carregar estas, e muito
menos dispará-las. Eu tinha sido um animal de estimação, não um bandido
contratado. Tenho certeza de que era uma outra razão para eu nunca ter visto
os guardas de Claire, ou ter ficado por perto, ou falado com eles. Ela não me
queria conhecendo armas.

Então eu poderia levantar um dia e usar uma contra ela. Ela me acolheu,
fazendo-me quase inútil em uma luta como essa. Ela entregou-me o seu
chicote e se agachou para tomar a arma da mão do homem morto. Isto não foi
agradável para ela e ela tremeu quando os dedos não soltaram a arma.
Inclinei-me e usei o chicote para forçar os dedos a afastarem e a arma estava
livre para ela pegar.

─ Obrigada. – ela olhou para mim, um pouco envergonhada.

─ Eu tenho que ser bom para alguma coisa, certo? – tentei sorrir, mas
tenho certeza que não o fiz.

Ela segurou a arma como uma perita, movendo a parte de correr para a
parte traseira da arma, e eu vi uma bala de prata situada lá.

─ Está carregada. – ela segurou a arma para longe de nós, para o chão e
empurrou a parte de volta no lugar com um clique metálico. Então ela fez algo
que deixou cair um longo pedaço de prata para fora da alça.

─ O que é isso? – olhei para trás de mim, a porta ainda imóvel e ninguém
estava vindo ainda.

─ É o pente da arma. – ela instruiu. ─ Isso guarda todas as balas. Você


sabe o que é uma bala, certo?

Ela tentou dar uma risadinha para mim, mas eu sei que eu fiz uma careta
para ela.

─ Eu já te disse o quanto é divertido ser o seu parceiro, Skylar? – eu


respondi.
─ Eu estou brincando, Nossa! – ela virou a coisa de prata para me mostrar
as balas situadas no seu interior, empilhadas uma em cima da outra. ─ Veja,
há tipo dez rodadas aqui. Este Ele disparou cinco tiros.

Fiquei contente de ser um aluno agora, e não o incompetente que ela me


fez parecer um momento atrás. Eu tive que admitir que fiquei com inveja do
que ela sabia que eu não sabia. Como seu pai recomendou coisas para ela
quando o meu não. Eu não consigo pensar em uma maldita coisa que John
algum dia tomou um momento para me ensinar. Mas, então, pensei em Joseph
e me senti melhor imediatamente.

Se tocar piano, ou consertar um carro nos salvasse de algum modo, eu


seria a estrela do clímax.

Skylar olhou em volta quando clicou o pente de prata de volta no punho da


arma.

─ Um… dois… – ela apontou para os buracos negros na parede e teto…


buracos de balas.

─ Três! – eu apontei perto do fogão, encontrando uma, orgulhoso de mim


por ajudar finalmente.

Eu mencionei que eu ainda estava com os pés afundados no sangue no


momento?

─ Quatro… – skylar apontou para a porta saindo da cozinha indo para o bar
dentro da área do clube.

Procuramos ao redor pela quinta bala, mas nunca a vimos. Tive a sensação
horrível no meu estômago de que alguém havia se machucado. Talvez a quinta
bala estivesse dentro de um dos nossos amigos…

Skylar olhou para mim e havia uma névoa brilhante em seus olhos que
diziam a mesma coisa que eu estava pensando.

Eu queria ser mais corajoso, mais resistente. Rezei por todos nós enquanto
coloquei o chicote de correntes para baixo, mantendo o chicote triturador na
minha mão direita enquanto Skylar agarrou minha esquerda e passamos ao
longo do corpo, movendo-nos em direção à porta diante de nós.

A música do clube ficou em silêncio e não havia mais sons de corridas, ou


vozes gritando. O lugar estava vazio e eu estava prestes a sugerir procurar nos
quartos privados quando a voz de Claire levantou ao microfone.

─ Mathew Trenner. – ela se disse, e nós congelamos em nossas trilhas.

─ Venha para fora agora, ou eu juro por Deus, eu terei a cabeça da sua filha
em duas horas. – ela foi letal em seu tom.
Algo em mim quase me moveu diretamente através da porta, mas Skylar
jogou o braço em torno de mim, impedindo-me quando comecei a suar e
tremer. Claire sabia o meu número e eu odiava isso.

─ Mathew… – ela chamou como se eu fosse uma criança. ─ Eu não estou


brincando e você sabe disso. Grite se você não pode vir para mim. Agora.

─ Mathew. – Skylar me empurrou para a parede e cobriu minha boca com a


mão. Eu não gritaria, mesmo que eu quisesse poupar a minha filha, mas eu
não podia arriscar Skylar também. Mas Skylar sabe como eu amo Katie e ela
não quer que eu faça algo que eu lamente. Eu não poderia ficar zangado com
ela por isso. Além de tudo isso, a mão de Skylar sobre a minha boca me
excitou. Deus, eu preciso de terapia.

─ Ele não gritará, ou virá! – Skylar gritou. ─ Ele está morto! A porra do seu
irmão ATIROU nele na cabeça!

Eu olhei para ela, e ela me empurrou de lado, apontando para um armário


vazio. Eu parei e balancei a cabeça para ela, não querendo me esconder lá
dentro enquanto todos os outros estavam arriscando suas vidas por mim.

─ Parceiros, você disse. – eu sussurrei.

Eu não era um bom parceiro? Talvez eu fosse um elo fraco. Eu me senti tão
inútil naquele momento.

Skylar cerrou os dentes e olhou para a porta. Suas costas estavam na


parede atrás dela, à espera de Claire entrar agora que Skylar tinha marcado a
nossa localização através de gritos.

Não foi uma má idéia, fazê-la pensar que eu estava morto. Mesmo que ela
fosse embora, ela nunca tentaria me encontrar de novo, ou a minha família. Eu
poderia mudá-los para algum outro lugar.

Mas eu não queria Skylar sozinha, arriscando sua vida enquanto eu me


escondia em uma despensa. Se ela se machucasse, eu nunca poderia me
perdoar… ou ter uma vida real depois. Eu tinha que tê-la nela, o meu fim a
toda esta saga. Sem ela, minha liberdade não tinha sentido.

─ Sua mentirosa! – Claire gritou, soando muito irritada e eu ouvia a


respiração pesada dela enquanto processava essa informação.

─ MATHEW! – ela berrou enquanto eu me encolhia, a nitidez cortando meus


tímpanos, ─ Saia, agora! É A SUA ÚLTIMA CHANCE! MORTO OU NÃO, EU TEREI
A SUA PIRRALHA! VOU MANTÊ- LA COMO MEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO EM
SUA CASA ATÉ O DIA EM QUE ELA MORRER! VOU ENSINÁ-LA A CHUPAR UM
PAU, ASSIM COMO EU ENSINEI VOCÊ.

Antes que eu soubesse o que estava fazendo, eu estava quase na porta,


empurrando-a, quando Skylar me empurrou para baixo e voou para fora da
porta, a arma na mão quando a porta se fechou e abriu enquanto eu
permaneci ali, observando sua postura de estátua quando ela apontou a arma
para o palco.

─ Eu já disse, ele está morto! – Skylar soou tão real quando ela disse isso,
como se ela estivesse quase chorando. Talvez ela possa atuar, afinal.

Eu tinha que ajudá-la de alguma forma. Peguei minha faca gigante e fui por
outro caminho, meus pés vermelhos esquivando-se dos corpos novamente,
indo para a sala de jantar vazia para que eu pudesse dar a volta e ver Claire
do outro lado. Talvez eu pudesse fazê-la virar-se para mim, assim Skylar podia
pegá-la.

─ Eu não vejo nenhum sangue em você. – Claire estava dizendo para Skylar
quando entrei na sala de jantar.

Eu gostaria que não fôssemos os mocinhos. Eu desejaria que Skylar


simplesmente atirasse na perna dela, ou algo assim.

Mas depois eu pensei, talvez Claire tivesse uma arma também.

Segurando-a sobre Skylar, esperando pela primeira oportunidade para


atacar. Claire conhece armas também. Eu não gostei disso. Eu tinha que entrar
nisso.

Eu não podia ouvir o que Skylar estava dizendo quando abri a porta para
aquele corredor que leva para o clube.

Mas eu tinha problemas maiores agora. Sr. Kevin estava atrás da porta,
olhando para mim, com severidade.

─ Não. – eu me joguei para trás enquanto ele se manteve firme. Eu não


sabia o que era sobre esse cara, mas ele era como a minha kriptonita.

Eu me senti fraco no momento em que vi seu rosto. Eu senti náuseas. Eu


tinha quase esquecido a minha faca e então eu a ergui, advertindo-o para não
chegar perto de mim.

─ Desculpe, eu estava atrasado. – ele manteve seu olhar firme em mim. ─


Perdi toda a diversão.

─ Fique longe de mim. – eu rosnei, memórias medonhas rasgando através


da minha mente.

Ele deu um passo para mim, claramente sem medo enquanto eu dei um
passo para trás, engolindo em seco enquanto meu estômago começou a
ferver.

─ Mathew… – ele estava em seu modo dominante agora, ao que parece. ─


Largue isso e venha comigo. Nós dois sabemos que você é tão gentil como um
cordeiro. Este não é você. Venha. Venha agora e não haverá punição, eu
prometo.

Ele estendeu a mão para mim e eu golpeei o ar com a minha lâmina, não
fazendo contato com ele.

─ Eu disse para me deixar em paz! – eu gritei, cada vez mais irritado. Ele
continuou vindo em minha direção.

─ Anjo… – ele suavizou sua voz um pouco. ─ Você vai ser meu agora. Não
vamos começar desta forma. Seja agradável e venha comigo.

─ Fique longe de mim! – eu disse através dos meus dentes cerrados mais
uma vez, perto da mesa. Improvisei e atirei alguns pratos nele. Isso apenas o
irritou.

─ Sendo assim. – ele franziu a testa e investiu contra mim. Em segundos,


minhas costas estavam no chão e ele estava sobre mim, agarrando o pulso da
mão que segurava a faca.

Lutei com tudo que eu tinha, e nós estávamos lutando. Ele tinha suas duas
mãos ao redor do meu pulso e eu estava tentando libertar minha mão para
esfaqueá-lo. Eu iria para o seu rosto… Estava bem em cima do meu. Eu
poderia até mesmo sentir seu fodido hálito de hortelã.

─ Vamos lá, baby… – Sr. Kevin rangeu os dentes,quase com total controle
do meu braço. ─Solte. Eu não quero te machucar, mas eu vou.

─ VÁ SE FODER! – eu gritei, tentando lutar mais forte. Cuspi em seu rosto e


ele cerrou os olhos e seu aperto no meu pulso enfraqueceu. Eu estava prestes
a balançar a faca para ele.

Então, algo frio e duro pressionou no meu olho direito, então eu congelei.
Era Claire… parada em cima de mim, segurando o cano da sua arma contra o
meu olho.

─ Ah, olha, Mathew está vivo! Você parece muito bem para um homem
morto… – a voz de Claire era baixa e profunda.

Porra.

─ PARE! – ouvi a voz de Skylar agora, saindo da cozinha, de onde eu tinha


acabado de vir.

─ Skylar… – Claire parecia triunfante. ─ Minha arma está no olho de


Mathew. Se você me desafiar, eu atiro.

─ Você não vai machucá-lo. – a voz de Skylar ficou instável quando o Sr.
Kevin puxou a faca da minha mão, levantando-se e passando a mão pelo seu
cabelo para trás e limpando seu rosto enquanto ele olhou para mim,
decepcionado e enojado.

─ Eu não vou matá-lo, mas vou machucá-lo. – Claire disse. ─ Posso atirar
nele através das bochechas.

Ela moveu o cano da arma para a minha bochecha enquanto Sr. Kevin
segurou meu peito para baixo com sua bota.

─ Ele não será perfeito mais, mas ele ainda seria meu. – Claire pensou em
voz alta. ─Talvez isso seja o melhor. Nada de garotas olhando para ele duas
vezes, nunca mais.

Skylar apenas soltou um suspiro indefeso e eu quase gritei, odiando que eu


estava colocando-a nesse perigo. Ela podia atirar e sair daqui se não fosse por
mim.

─ Talvez eu pudesse atirar nas mãos dele. – Claire empurrou a arma na


palma da minha mão agora. ─ Sem mais piano… sem sonhos bobos de  ser
médico um dia…

─ Ou, talvez, eu simplesmente atire no pau dele. – Claire prendeu a arma


entre as minhas pernas e eu rosnei. ─ Seria uma tragédia. Então, ele não terá
nenhum motivo para continuar. E você não terá nenhuma razão para querê-lo
mais.

─ Claire… – eu comecei, mas então ela enfiou o cano na minha boca, de


repente enfurecida.

─ CALE A BOCA! – ela gritou. ─ CALE A PORRA DA SUA BOCA! EU SALVEI


SUA VIDA! EU TROUXE VOCÊ PARA DENTRO! EU ENSINEI TUDO A VOCÊ! EU
ENSINEI VOCÊ A SOBREVIVER NESSE MUNDO FODIDO! EU FIZ ISSO PARA
QUE A SUA PRECIOSA E ESQUISITA FILHA PUDESSE PARECER COMO UM SER
HUMANO OUTRA VEZ! EU CUIDEI DE VOCÊ! EU TE DEIXEI LINDO! EU DEI A
VOCÊ UM LUGAR PARA VIVER! EU DEI A VOCÊ TUDO! TUDO! EU AMEI VOCÊ! E
VOCÊ NUNCA ME AMOU DE VOLTA. VOCÊ MENTIU! POR QUÊ? POR QUÊ? ME
DIZ UMA COISA QUE EU NÃO DEI A VOCÊ, MATHEW! UMA COISA!

Ela puxou a arma para fora da minha boca e deu um passo atrás, tentando
recompor-se enquanto a arma descansava contra a minha testa agora.

Eu não poderia encontrar força em mim para ter medo dela mais.

Agora, ela só parecia doente e quebrada…e patética.

─ Eu só quero ir pra casa. – eu disse, olhando de volta para ela, tão


honesto como eu poderia ser.
Ouvi Skylar soltar um fôlego assustado depois que eu disse isso. Talvez ela
pensasse que Claire me mataria agora. Até eu pensei nisso por um momento
também.

─ Você está em casa, Mathew. – ela disse, deixando cair uma lágrima pelo
seu rosto, olhando para o Sr. Kevin, dizendo. ─ Ele é seu.

─ Ele é dele o caramba! – Skylar ridicularizou. ─ Quem é você, afinal?

Ela estava falando com o Sr. Kevin. Oh, não, não diga a ela.

─ Eu sou o mestre de Mathew, isso é o que eu sou, garotinha. – ele


respondeu, agarrando meus cabelos e puxando-me para os meus pés, a arma
de Claire pressionada contra a minha bochecha, segurando Skylar distante.

Fui empurrado contra a parede, de cara, minhas mãos trazidas apertadas


atrás de mim.

─ Tudo bem, tudo bem. – eu não lutei. ─ Então deixe Skylar ir. Você não
tem nenhuma razão para machucá-la agora.

─ Ah, errado. – ela zombou. ─ James , ou até mesmo você, disse a essa
vadiazinha tudo sobre mim. Temos negócios para tratar antes de você arrumar
as malas.

─ Não, não temos! – eu me esforcei um pouco enquanto as mãos do Sr.


Kevin empurraram-me mais forte na parede, uma das suas mãos brincando
com a parte de trás do meu cabelo.

─ Relaxe, anjo. – Sr. Kevin puxou-me pelo braço agora. ─ O seu papel nisto
está quase acabado.

Olhei para Skylar e Sr. Kevin tinha a faca de novo que ele tirou de mim.

Ele não estava me ameaçando com ela, no entanto, ainda.

─ Solte a arma. – Claire ordenou a Skylar, inclinando seu gatilho enquanto


segurava sua arma na minha testa.

Olhei para o chão, me odiando. Eu perdi a luta por ela. Eu sou inútil.

Não, não desista. Pode haver ainda chance de nos salvar. E, pela primeira
vez na minha vida, por causa de Skylar… eu tinha esperança.

Mesmo quando não havia nenhuma razão para ter esperança.

Depois de um momento tenso, Skylar suspirou e jogou sua arma no chão.

─ Chute-a para mim. – Claire exigiu em seguida… e Skylar obedeceu.


─ Veja, ela pode ser obediente. – Sr. Kevin sorriu. ─ Você só precisa da
ferramenta certa.

─ Leve-o para o palco. – Claire disse a Kevin enquanto ele gentilmente me


moveu pelo braço para fora para o corredor e para o salão, em direção ao
palco vazio.

Olhei para trás de mim e Skylar estava nos seguindo, Claire atrás dela com
a arma apontada para suas costas.

─ Escuta… – tentei dizer a Claire quando parei no palco. ─ Skylar realmente


não sabe nada sobre Jason White… Ela não tem prova nem nada… Que é toda
a razão para esta noite. E eu soprei o plano. Ela não pode provar nada, Claire.
Basta deixá-la ir.

Um par de cadeiras estava sendo trazida ao palco pelo Sr. Kevin e ele
bateu-me pelos ombros para uma delas.

─ Sente-se, Skylar. – Claire não a tocou, mas Skylar sentou-se, de qualquer


maneira. 

Skylar olhou para mim, tentando formular um novo plano, assim como eu
estava tentando fazer o mesmo. Claire pretendia matar Skylar. Ela teria que
me matar primeiro.

Pensei comigo mesmo. Eli está aqui. Ryan está aqui. William está aqui. Julie
e Riley também, mas eu esperava que eles estivessem escondidos. Eu não
acho que Claire sabe que eles estão aqui. E ela não sabe sobre o pai da Skylar,
também.

Claire pegou o microfone da sua posição e falou nele.

─ Alguma pessoa com sorte ainda? – ela perguntou calmamente.

─ Ainda não. – uma voz de homem gritou da área das salas privadas. As
portas estavam batendo e soou como se um par dos homens dela estivesse
caçando.

Olhei em volta, querendo saber onde mais eles poderiam estar se


escondendo. Claire se virou para o Sr. Kevin e eles estavam falando baixinho
enquanto eu espreitei para a janela de vidro do escritório de Claire. Estava
escuro lá dentro, mas eu podia ver um brilho azul de onde o computador
estava em sua mesa. Julie e Riley estão, provavelmente, lá dentro, talvez sob
a mesa de Claire, ou algo assim.

Desviei o olhar, não querendo chamar a atenção dela para isso.

─ Verifique o porão também. – Claire disse ao microfone. ─ Deixe meu


irmão e Raven onde eles estão. Vou lidar com eles mais tarde.
Claire foi para o bar com o Sr. Kevin e ela estava despejando a ele uma
bebida enquanto eles esperavam ter Ryan e Eli trazidos.

─ Eu fodi tudo, Skylar. – eu respirei. ─ Desculpe.

─ Não é culpa sua. – ela respondeu em um sussurro. ─ Eu deveria ter


atirado nela quando tive a chance. Eu só… não consegui. A culpa é minha.

Skylar é um ser humano e ela está se desculpando por isso. Como é que ela
se meteu neste lugar doente? 

─ Eu acho que Riley e Julie estão no escritório de Claire. ─ Eu


compartilhei,  ─ Eu posso ver o computador ligado daqui. 

─ Eu não sei onde o meu pai poderia estar ─ Skylar pulou um


pouco enquanto as portas do quarto privado ficaram batendo.  ─ Talvez Eli
levou Ryan para fora daqui. 

─ Eles teriam sido pegos se tivessem ido embora. ─ Eu pensei em voz alta.  

Poucos minutos depois, os dois homens de Claire que antes


foram ordenados para bater em Ryan, caminharam até o bar e estavam
falando com Sr.Kevin e Claire.  

─ Quem é esse cara novo? ─ Skylar me perguntou, quase virando a cabeça


para mim. ─ Por que ele está tão ansioso para possuir você agora? 

Eu fiz uma careta e engoli o bolo, que estava nascendo no meu peito. Eu


não queria dizer a ela. Eu não queria mentir para ela. 

─ Ele gosta de mim. ─ dei de ombros. ─ Eu acho. 

─ E quem não gosta? ─ ela olhou para o homem com Claire.  

─ Se sobrevivermos a isso, eu vou contar a Dra. Skylar tudo sobre o que


aconteceu,que tal? ─ Eu perguntei, colocando a humilhação de lado por
enquanto. 

Skylar me deu um olhar estranho e, em seguida, olhou para baixo,


murmurando: 

─ Tudo bem. 

Talvez ela mesma tenha percebido isso. Ela é uma garota brilhante. E agora


eu me sinto ainda mais repulsivo. 

─ Eu não acho que eles possam encontrá-los. ─ Eu olhava para os homens,


vendo a forma como eles pareciam tão nervosos e a maneira como Claire
parecia tão chateada. Sr. Kevin não poderia se importar menos. Ele
estava sorrindo e bebendo seu drinque, comemorando. Eu tremia todo,
imaginando pertencer ao Sr. Kevin a partir de agora. Suicídio seria melhor e
melhor para mim, se não sairmos desta. 

Então, Claire se levantou e se aproximou de nós, inclinando a arma e


pegando o microfone de seu suporte. 

Sr. Kevin veio e estava atrás de minha cadeira, um cano de mármore preto


que ele segurou no meu queixo, prendendo minha cabeça para seu peito
enquanto Claire falava no microfone. 

─ Tudo bem. ─ ela anunciou quando olhei para Skylar.  ─ Ryan…Eli…Eu sei


que vocês estão aí fora em algum lugar, se escondendo como ratos. Vou
contar até cinco. Se vocês não aparecerem e se entregarem, eu vou atirar em
um dos dedos do pé de Skylar. 

Um dos homens fedorentos de Claire surgiu atrás da cadeira de Skylar e


segurou- a para trás pelos cabelos, fazendo- a olhar para cima quando o outro
homem agarrou seu sapato e puxou, colocando a arma no dedão do pé
de Skylar, contra o chão. 

─ NÃO! ─ eu gritei enquanto Skylar tentou lutar de volta em sua cadeira. 

Então olhei para Claire e senti o cano de Sr. Kevin apertar contra minha


garganta, bloqueando um pouco de ar. 

─ Um… ─ ela começou. ─ Dois… Três… 

Tiros foram disparados para trás até a parede de vidro, e foi só quando
comecei a levantar de novo, um par de pés de distância da mesa, que eu tive
uma boa visão em cima de mim. 

Eu olhei para cima e pude ver Eli, Ryan e William perto do vidro quebrado,
todos com armas na mão, atirando. Eu não conseguia as meninas, e eu estava
feliz. É melhor que elas estejam em algum lugar seguro, fora da linha de fogo. 

Sr. Kevin se levantou para chegar a mim, com a arma ainda na mão,


quando William disparou, quebrando o cano de mármore com sua bala. Que
tiro incrível! O cano de mármore se quebrou como um biscoito, Sr. Kevin
gritou e se afastou de nós, correndo para ficar atrás do bar para  se proteger,
junto com Claire. 

─ Skylar, saia daqui! ─ William gritou como um urso. ─ Protejam-se! 

Skylar rastejou e se empurrou para mim, até que estávamos sob uma longa


mesa na platéia, uma toalha branca cobrindo, estávamos escondidos.  

Claire e Sr. Kevin estavam por trás do bar e ela estava atirando neles a
partir de um ângulo que eles não esperavam. Ouvi Eli gritar:

 ─ Cuidado! 
E, em seguida, mais alguns tiros foram disparados, destruindo o bar,
batendo em um par de garrafas sobre o balcão, vidro e bebida estavam se
explodindo. Sr. Kevin parecia que estava apenas sentado no chão, atrás do
bar, deixando Claire lidar com isso sozinha. 

Eu ouvi um homem gritar e depois um baque pesado no palco. Um dos


caras de Claire… No chão. Resta um. 

Um minuto mais tarde, enquanto os tiros eram disparados para frente e


para trás como um trovão, o homem de Claire deu um passo atrás, sem saber
que ele estava apenas alguns metros de distância de Skylar e eu. 

─ Fique aqui. ─ sussurrei, olhando para ela antes de eu pular em cima do


cara, ouvindo Skylar gritar enquanto fiz um trabalho rápido nele, agarrando
sua cabeça e a girando com um movimento rápido, empurrando seu rosto para
baixo e pegando a arma dele enquanto Skylar corria para mim.

Eu a joguei atrás de mim e agarrei a mesa mais próxima, empurrando-a de


lado e nos levando para o chão atrás dela, bloqueando-nos do bar agora
enquanto os tiros de cima fizeram uma pausa durante tudo isso.

─ Bom homem, Mathew!  ─ Ouvi William gritando e, em seguida, ouvi a


risada de Ryan. De repente, eu era um homem. Um homem que valia alguma
coisa. Eu era um dos homens bons, alguém que Skylar poderia confiar e se
orgulhar, como ela era orgulhosa de William. 

─ Aqui. ─ peguei uma garrafa de Jack Daniels do chão e entreguei a ela. 

─ Boa ideia, tempo para uma bebida. ─ ela tremeu, mas sorriu para mim
enquanto eu ficava de olho no bar. Claire ainda estava atirando, mas não tão
loucamente como antes. Ela estava sendo cuidadosa agora e eu suspeitava
que ela estivesse com poucas balas. Logo todos nós poderíamos cercar o bar
e levá-los… E isso estaria acabado. 

─ Não, desse jeito. ─ Virei a garrafa ao redor e então ela estava segurando


o final dela, a parte garrafa no ar. ─ Apenas no caso de acontecer algo.  

─ Como você fez isso, Mathew? ─ Skylar perguntou, atordoada.  

─ Eu te disse que Ryan me ensinou algumas coisas. ─ eu disse, observando


enquanto mais tiros foram trocados entre Claire e os três homens de cima. 

Eu fui atirar em Sr. Kevin, mas a arma fez um barulho, vazia. Merda! Quais


são as chances de que o cara usou a última bala enquanto eu pulei nele? Não é
justo! 

─ Desculpe, barman. ─   Skylar sorriu enquanto eu fiz uma careta,


suspirando, jogando fora a chance de disparar a minha arma. 

Então aconteceu. 
Um tiro foi disparado, eu não poderia dizer de quem, até que ouvi uma voz
profunda gritar e uma fração de segundo mais tarde, quase em câmera lenta,
um corpo foi caindo do escritório de Claire… E aterrissou com força sobre a
mesa, quebrando- a, deitando em uma pilha no chão. 

─ PAI! ─  Skylar se separou de mim, jogando a garrafa de lado e


correndo para ele. Ela nem estava prestando atenção ao tiroteio
acontecendo enquanto eu gritei para ela. 

─ SKYLAR, NÃO! 

Sem sequer pensar nisso, eu fui atrás dela, sabendo que Claire
estava provavelmente babando com a visão do Bambi bem na frente dela, sem
proteção. 

─ NÃO, MATHEW! ─ Eli gritou enquanto eu chegava até Skylar, que


estava sentada no chão ao lado de William. 

Deitei diretamente por cima dela, forçando-a para baixo e enfiando minha
cabeça em seu cabelo quando os tiros recomeçaram. Eu não senti nada mais,
eu estava ouvindo o sangue de Skylar gritar friamente sob mim quando eu a
cobri.

─ Claire! ─ ouvi Sr. Kevin abaixo: ─ Isso é meu! 

─ Não é minha culpa que ele pulou no caminho! ─ ela estava


discutindo de volta. 

─ Mathew! ─ Skylar gritou, me empurrando e rolando sobre minhas


costas, enquanto rasgava a minha blusa para abrir. ─ Ah meu Deus! 

─ O quê? ─ eu perguntei enquanto ela apertava a mão sobre meu ombro, e
foi quando eu senti o sangue na minha pele, a queimadura na minha carne, a
tontura na minha cabeça. 

─ MATHEW! ─ Skylar soluçou, colocando pressão sobre o buraco no meio do


meu ombro e no peito. ─ NÃO! NÃO!  

─ Chega dessa merda! ─ Claire estava em cima de nós agora, com a arma


apontada para Skylar e William, cujos olhos estavam fechados enquanto ele
respirava pesadamente. ─ venham AQUI EMBAIXO, OS DOIS! AGORA! 

─ Jogue suas armas para baixo em primeiro lugar! ─ ela gritou, ─ Boa!


Agora mexam-se! 

Eu estava me sentindo cada vez mais fraco enquanto os segundos iam


passando e eu lutei para ficar alerta. Eu tinha que estar lá para Skylar. Eu não
podia imaginar sua angústia, tendo a mim e William deitados em ambos os
lados dela, os dois machucados. 
Sr. Kevin estava atrás de Claire, olhando com raiva e me agarrou pelos
pulsos enquanto Skylar rosnou e me puxou de volta para ela. 

─ Não toque nele! ─ ela gritou, me defendendo mais uma vez. 

Mais outro puxão brutal e eu estava no chão, sendo virado, Sr. Kevin estava
me arrastando pelos meus tornozelos e meus braços estavam dormente por
um minuto, deitado em cima de mim enquanto ele lentamente me afastava
de Skylar e William, fazendo uma sangrenta linha vermelha atrás de mim,
umidade quente escorrendo de mim…escorrendo das minhas costas. 

Eu estremeci e ofeguei, não querendo ir…Eu podia ouvir Skylar chorando


enquanto eu estava ali, a poucos metros de distância. Eu lutei para manter
meus olhos abertos… A escuridão à nossa volta era tão calmante e tudo o que
eu queria fazer agora é dormir. 

Mas eu resisti. Se eu adormecesse agora, eu acordaria na jaula de Sr.


Kevin, dias depois… E eu seria alertado de que Skylar e William estavam
mortos. Rosnei, difícil de mover, deixando a raiva me manter acordado
enquanto Sr. Kevin puxou um guardanapo de pano de mesa na direita,
derramando uma garrafa do bar nele, e ajoelhando- se ao meu lado,
movendo a minha camisa de um jeito que ele aplicasse pano molhado no
buraco sangrento, limpando. 

Eu gritei em voz alta, contra a minha vontade, o álcool como chamas dentro
da ferida. Senti meu ar de volta quando Skylar gritou, sofrendo tanto quanto
eu estava. 

─ Pare com isso! ─ ela gritou para Sr. Kevin. ─ Não o machuque! 

Sr. Kevin me segurou firmemente e ignorou Skylar. Mas eu ouvi Claire. 

─ Pare de defender ELE! ─ Claire zombou. ─ Se preocupe com VOCÊ! Ele vai


viver para ver amanhã, você não vai! 

Lutei furiosamente, odiando que eu não poderia estar


com Skylar para protegê- la. 

Sr. Kevin molhou o pano novamente com a bebida e colocou em torno das
minhas costas, limpando e queimando o buraco onde a bala tinha me acertado.
Eu uivei de novo, suspiros selvagens saindo de mim enquanto ele
segurava minha mão. 

─ Está tudo bem, Anjo. ─ ele assegurou:  ─ Segure- se em mim. Você vai


ficar bem. Eu não vou deixar nada acontecer com você, eu juro. 

─ Skylar! ─ eu gemia alto, arrancando a mão dele de mim. ─ Skylar! 

─ Esqueça  ela. ─ Sr. Kevin disse insensivelmente, segurando outro


guardanapo limpo sobre o buraco no meu peito. 
SkylarPOV

Eu mal conseguia formar palavras enquanto eu observava essa droga de Sr.


Kevin tocando meu Mathew. Eu segurei a mão do meu pai, feliz por ver que ele
ainda estava respirando. Eu rapidamente olhei para ele. Ele tinha uma perna
sangrenta e eu pude ver um buraco acima do joelho que estava jorrando
sangue.

Tirei o cinto dele e usei como um auxílio, dando voltas em torno de seu
pé, por cima do buraco, puxando firmemente enquanto ele deu um grito alto,
mas dificilmente se mudou em tudo. 

Ele estava deitado sobre os pedaços de madeira que uma vez já foi uma
mesa e eu empurrei alguns dos pedaços para longe dele, querendo saber se
suas costas estavam quebradas… Se seu pescoço foi quebrado… Ele pode estar
morrendo agora. Assim como Mathew. 

Quem sabe quais veias ou artérias principais a bala poderia ter atingido? Ele


poderia sangrar até a morte diante dos nossos olhos! E eu não
posso alcançá- lo agora mesmo! Eu o ouvi chamar meu nome e queria me
dividir em duas. Eu queria Mathew, mas eu não poderia deixar o meu pai. 

Ryan e Eli estavam vindo em nossa direção agora, desarmados, e eu tremi


mais. Ela vai atirar neles agora? Eles vão sofrer? Eles vão morrer? 

─ Eu ainda não posso acreditar,Ryan! ─ Claire repreendeu o seu dançarino,


que uma vez foi seu favorito, olhando para ele com nojo.─ O que diabos você
estava pensando? 

─ Esqueça dele! ─ Eli zombou com veneno agora. ─ Você matou meu irmão,
sua puta! E eu quero saber por quê! 

─ Seu irmão? ─ ela sorriu, ─ Quem? 

─ Jason White! ─ ele sacudiu com raiva incontrolável, ─ William me contou


toda a história! ─ Você o picou em pedacinhos! Você comeu partes dele! Eu
sabia. Eu só não tenho provas… Até agora.  

─ Seu irmão, me deixa pensar. ─ Ela apertou os olhos, mantendo a arma


apontada para mim, ─ Um menino estúpido em pensar que ele poderia ser um
submisso! Ele não poderia nem mesmo ficar ereto! Ele era inútil! Mas ele
serviu a um propósito quando eu o usei para colocar Mathew no lugar. Eu acho
que todo mundo é bom para alguma coisa! 

Eli cerrou os punhos e queria atacar, mas ele segurou para trás, vendo
que estava sendo ameaçado agora. 

─ E que prova que você tem? ─ Claire bufou, ─ Você não tem nada! 
─ Errado. ─ Eli sorriu, ─ Eu tenho um pano cheio de sangue que, neste
momento, está nas mãos DA POLÍCIA DE NOVA YORK. Eu disse a eles toda a
história, dei os meus diários de tudo o que eu vi e ouvi desde que comecei a
trabalhar aqui. Eles estão sem dúvida no caminho daqui agora, especialmente
depois de todo esse tiroteio. 

─ Besteira. ─ Claire franziu a testa, ─ Pano de sangue… Não há sangue…


Mathew limpou tudo.

Ela voou até onde ele estava deitado, com Sr. Kevin ainda cuidando de seu
ferimento e gritou: 

─ Levante-o!

─ Não, Claire… Ele está sangrando ─ Sr. Kevin começou a dizer e, em


seguida, ela apontou a arma para o rosto DELE. 

─ LEVANTE-O! ─ ela gritou… E Sr. Kevin com cuidado o trouxe  para seus
pés descalços, deixando que ele se deitasse contra seu peito e no bar ao
mesmo tempo.  

─ Ele está entrando e saindo de consciência, Claire! ─ Sr. Kevin


argumentou, irritado com ela por causar o seu novo animal de estimação
qualquer desconforto. 

A cabeça de Mathew foi caindo para trás molemente enquanto Claire pegou


uma bebida que estava pela metade, de um cliente antes da simulação de
incêndio, e ela jogou o conteúdo do copo no rosto de Mathew. 

Ele tossiu e seus olhos se abriram. Suas mãos tentaram agarrar o balcão de


bar de apoio ao seu lado enquanto Claire agarrou o seu queixo na mão,
fazendo-o olhá- la nos olhos. 

─ Você me fodeu! ─ ela acusou ─ VOCÊ! Não James ! Diga! Diga, seu vadio!

─ Eu fodi você, Claire. – ele disse, com os olhos exaustos, mas olhando


para ela de qualquer maneira, ─ Pela primeira vez, eu fodi com você! E eu
estou feliz! Eu não te amo. Eu nunca amei. Você roubou a minha vida.
Você me manteve longe da minha filha. Como eu poderia te amar? 

─ Chega, Mathew. ─ Sr Kevin tentou detê- lo antes que Claire machucasse


mais seu escravo. ─ Venha, eu vou te levar para casa. 

Com isso, Sr. Kevin começou a colocar Mathew para cima, mas Claire não
tinha terminado com ele ainda. 

O dedo do meu pai cutucou a minha mão duas vezes e eu corri os olhos
para ele. Ele olhou para mim, sorrindo e muito lentamente e em silêncio, ele
levantou a pistola. 
Dei a ele um leve aceno de cabeça, movendo para trás para sair do seu
caminho. Ryan e Eli viram isso, também, e não fizeram um movimento. 

Com isso, Claire puxou uma garrafa de aparência pesada e esmagou-a


sobre o rosto de Sr. Kevin, mandando-o para baixo, bateu enquanto Mathew
quase caiu também. 

Mas Claire agarrou a camisa dele e o segurou contra o bar. 

─ Você não pode pensar que eu deixaria ninguém levá-lo para longe de


mim, Mathew. ─ ela falou baixinho agora, fungando, quase chorando enquanto
ela o colocava de volta contra o balcão do bar e começou a beijar seu rosto,
tocando seus lábios com a arma. 

Mathew deixou escapar uma respiração irregular, tentando virar o rosto


dela enquanto ela continuava forçando sua atenção nele. 

 ─ Eu te amei! Eu ainda amo… ─ ela disse, soando amarga, esfregando o


cano de sua arma em sua ferida no peito enquanto ele gemia em voz
alta, tentando forçá-la a sair de cima dele com seu braço bom. 

Ao longe, as sirenes da polícia se aproximavam. Muitos deles. Ficando cada


vez mais alto… Mais perto. 

─ Eu não vou para a prisão novamente. ─ Ela olhou nos olhos


de Mathew, descontroladamente, inclinando a arma, traçando o cano quente,
formando um caminho sangrento, junto com seu lábio inferior enquanto ele se
encolheu ligeiramente. 

─ Eu vou morrer primeiro.─ ela beijou a boca de Mathew enquanto ele


abafava de volta um grito de protesto. 

─ Eu sempre soube que se chegasse a isso…Eu me mataria antes que eles
pudessem me pegar. ─ ela respirou em seu rosto, ─ Eu quero que você venha
comigo, meu amor…meu animal de estimação. Eu sei que você não quis dizer o
que você acabou de dizer. Você estava apenas confuso. Colocaram você contra
mim. Mas eu sei… você ainda me ama, Mathew. Vou levar você comigo. Você
ainda é meu. Desta forma, podemos estar juntos para sempre… Onde ninguém
pode nos separar.

Os olhos de Mathew se arregalaram enquanto ela sorria para baixo em cima


dele:

 ─ Não vai doer,querido. Prometo. Primeiro você… Então eu vou.  

Ela moveu a arma, quase acariciando seu rosto com a arma, e ela a levou
até sua testa, bem entre as sobrancelhas. 
─ Espere. ─ Mathew olhou para nós maliciosamente, sua mão movendo a
arma para longe de seu rosto, ─  Me dê um beijo antes, uma última vez, antes
de nós irmos… 

Ele a beijou com a boca aberta e é aí foi quando o meu pai deu o tiro, sendo
o policial honrado que ele era, ele atirou na perna, abaixo do joelho, fazendo
Claire cair com tudo no chão.

Mathew se empurrou  para longe dela, segurando a barra de apoio,


enquanto eu corri até ela, com as algemas do meu pai na mão, pronta para ir. 

Eu puxei a arma de sua mão e dei um tapa no rosto dela com o revólver.
Então eu algemei seu pulso. Eu queria machucá-la um pouco mais. Ela
atirou no Mathew, ela atirou no meu pai! 

Antes que eu percebesse, eu estava chutando o seu estômago outra e outra


vez. Mathew estava deitado com seu rosto na barra, sua única boa mão
segurando o ferimento, suas mãos sangrentas.

─ Ei, Skylar! ─ Ryan me agarrou por trás, ─ Pare, pare! Vamos, vamos


cuidar de Mathew e William. Vamos.  

Agora as sirenes estavam perto e Eli estava em pé ao lado do bar, de cara


feia para a mulher a que ele trabalhou nos dois últimos anos. A mulher que
matou seu irmão, com dor excruciante e terror. 

─ Se eu cair, Mathew, você vai comigo! ─ Claire ameaçou, ─ Eu juro que


você vai! E sua filha, SOME! Todos os dias, você vai se perguntar se ela
voltará. Eu ainda posso tê-la estuprada e morta, mesmo da prisão! Você vai
ver! E depois, quando você estiver sozinho e não tiver nada… Eu vou voltar
para você. Você sempre será meu, MATHEW TRENNER! SEMPRE! 

Eu estava segurando Mathew, andando para longe do bar enquanto seu


braço bom estava ao redor do meu ombro. Mathew parecia muito aflito com as
palavras de Claire, sabendo que elas eram verdadeiras. Ele olhou para mim
com uma expressão torturada, sem dizer uma palavra, as lágrimas em seus
olhos enquanto eu o segurei mais apertado. Eu queria dizer a ele que gostaria
de encontrar um caminho. Todos nós poderíamos nos mudar e se esconder,
com os pais de Tanya.  Mathew não estava andando em direção à porta mais.
Ele hesitou, olhando para ela, e eu podia ver os pensamentos terríveis
que rondavam por trás daqueles olhos. 

Ryan estava tentando ajudar meu pai quando Eli pegou uma garrafa
de vodka…e começou a jogar o líquido sobre a cabeça de Claire, cobrindo o
peito e as pernas dela com isso, depois… sacudindo a garrafa vazia até a
última gota estar em cima dela. 

Claire rosnou e olhou para Eli com os olhos de ódio, esperando. 

Ryan foi o único a falar.


─ Eli… ─ ele se levantou, meu pai por cima do seu ombro forte, ─ O que
você está fazendo?  

─ Você ouviu o que ela disse. ─ Eli  pegou outra garrafa e circulou o


bar, pegando  bebidas no balcão, ─ Ela vai ter um advogado safado e sair!
Todos eles fazem! E então ela vai vir atrás da criança de Mathew e nós
também! Ela merece morrer! Vocês todos sabem disso! 

Nenhum de nós disse nada. Não conseguíamos nem sequer mover. Eu


odiava a forma como eu me sentia. Eu queria que ela morresse. Eu queria que
ela fosse queimada. 

─ Não faça isso, Eli.  ─ Mathew respirava pesado, como se fosse machucá-


lo dizer as palavras, ─ Seu irmão… Era um bom garoto. Você também é. Não
faça algo que vai fazer de você um escravo. Uma vez feito isso… Está feito.Não
vai trazer Jason de volta. 

─ Julie! Riley! ─ Ryan chamou as meninas, que desceram correndo


as escadas do escritório de Claire, usando seus disfarces, pequenos mini
vestidos com saltos, sem suas perucas agora. 

─ Levem-no para fora. – Ryan disse a elas enquanto Eli olhava para a vela
situada na mesa à sua direita. ─ Os policiais estão lá fora. Basta levá-lo ao
primeiro carro lá fora.

As garotas silenciosamente colocaram seus braços ao redor de Eli e


caminharam lentamente para fora da porta da frente do clube.

Meu pai fez um horrível som de dor e eu ofeguei, segurando em Mathew


quando meus olhos dispararam para Ryan.

─ Estou indo! – ele saiu correndo, olhando para nós com um olhar estranho
enquanto levava meu pai para a ambulância lá fora.

Nós ficamos ali parados e Claire  estava encharcada, fedendo a bebida e


sorrindo maliciosamente para nós.

─ Mathew não vai embora, Skylar. – ela me informou. ─ Eu posso ver nos
olhos dele agora. Ele está mortalmente enjoado com o pensamento de dar um
passo para fora daqui sem a minha permissão primeiro.

─ Você está errada. – zombei de volta para ela, segurando-o apertado. ─


Ele é muito mais forte do que você sabe. Ele está finalmente livre e ele nunca
terá que ser escravo de ninguém, nunca mais. Ele vai viver agora… finalmente.
Ele vai ter uma boa vida. Longe de você.

Começamos a ir embora quando ela o chamou pela última vez.

─ MATHEW TRENNER! – ela gritou, então ele congelou no lugar, de costas


para ela agora. ─Você não tem permissão para ir embora! Eu vou beber o
sangue da sua filha, Mathew, se você for. Vou cortá-la em pedaços enquanto
você me assiste, eu juro. Se me levar 20 anos, eu vou fazê-lo. Todos os meus
pensamentos, cada sonho meu… Será isso… E eu não vou descansar até torná-
lo realidade. Agora… fique, menino. Sente-se!

Mathew suspirou e olhou para mim, lágrimas pesadas em seus olhos.

Ele não está livre ainda. E eu posso ver isso em seus olhos… tão lindo,
mágico, ainda cheio com esta imensa tristeza que eu nunca posso apagar
completamente. Pelo menos, não ainda.

─ Espere aqui um segundo. – debrucei Mathew contra a jaula de vampiro e


ele agarrou as barras externas como apoio. ─ Eu quero falar com a Claire por
um minuto.

─ Você ameaçou a ele e sua filha pela última vez, Claire. – eu disse
calmamente. ─ Eu sei que fará a Mathew grandes danos, em sua mente, se ele
matar você. Seria até mesmo horrível para Eli. Eu gosto de ajudar as pessoas
cujas mentes são perturbadas, cujos corações estão feridos. Eu gosto de
resolver problemas. Mas, nunca antes me deparei com alguém que não tivesse
coração… cuja mente é simplesmente doente demais para curar… que É um
problema… um que tem que ser tratado… de uma vez por todas. Até você.

Peguei a vela da mesa, utilizando o suporte para estabelecê-la em cima do


bar. Ela brilhou na sala escura como uma luz angelical… Olhei para Mathew e
seus olhos estavam observando… Brilhando… Com seu silêncio, seus olhos
responderam aos meus.

Sim, eles disseram.

Eu concordei.

─ Eu não vou perder o sono por causa disso, Claire. – eu disse, pensando
em meu pai, pensando em Mathew e sua filha, sorrindo e se abraçando, um
momento futuro que tinha que acontecer, um que havia esperado por muito
tempo para se tornar realidade.

Mathew nunca seria capaz de ser livre e feliz enquanto ela vivesse… nem
teria sua filha. Para eles… pelo amor deles e felicidade, eu faço isso agora.
Seja qual for a punição, eu vou pagar com prazer… ou nesta vida… ou na
próxima.

Hesitei antes quando eu poderia ter atirado em Claire . E então ela veio e
atirou no meu pai e em Mathew. Eu não hesitarei desta vez.

Afastei-me de Claire  e ela olhou pra mim, sem dizer uma palavra, quase
desafiando-me, como se ela quisesse isso.

Sem olhar para trás para ela, eu olhei para Mathew, e nós nos beijamos
com lábios suaves e tranquilos. Naquele momento, minha decisão foi tomada.
E então eu disse:

─ Adeus, Claire.

E eu me virei, olhando em seus olhos escuros pela última vez, e empurrei a


vela, a pequena chama beijando o álcool manchando o balcão… assobiando em
faminta necessidade.

Meu pai me disse uma vez… não pense sobre o que você teve que matar…
pense no que você permitiu viver.

Saímos correndo de lá o mais rápido que conseguimos, o som do fogo


correndo em movimento ao longo do bar foi a última coisa que ouvi, junto com
os gritos finais de palavrões nos xingando de Claire.

─ Você não pode FUGIR, MATHEW! – ela ainda estava furiosa quando
saímos. ─ Mesmo do inferno, eu posso alcançar VOCÊ, MATHEW! EU VOU TE
ENCONTRAR DE NOVO! MATHEW!

Mesmo depois que estávamos do lado de fora, na escuridão das ruas,


cercados por carros de polícia e ambulâncias, Mathew continuou correndo, em
seus sangrentos pés descalços.

─ MATHEW! – eu o persegui enquanto ele corria, a minha mão na dele.

Ele ainda estava perdendo sangue e ele correndo não estava ajudando o
assunto.

─ Mathew, pare! – eu finalmente o puxei pela mão, parando no final da rua,


a boate  em segundo plano agora.

Ele olhou para mim, os olhos tão assustados, a respiração difícil enquanto
seu corpo tremia.

─ Você está sangrando muito. – eu informei, a camisa grudando ao seu


corpo. ─ Você precisa voltar para que os médicos possam cuidar de você.

Mathew piscou os olhos e as lágrimas foram descendo pelo seu rosto


enquanto ele olhava nos meus olhos, quase como se estivesse acabando de
acordar de um pesadelo.

─ Shhh… – eu o segurei para mim, apertado, minhas mãos na parte de trás


do seu cabelo. ─Está acabado. Ela se foi. Ela se foi, Mathew. Você está livre.
Você está livre, querido.

Ele agarrou-se em mim apertado e soluços derramaram para fora dele, no


meu pescoço e cabelo enquanto eu cobria seu rosto com pequenos beijos
ternos, reassegurando a ele repetidamente que estava tudo acabado, que ela
não voltaria.
─ Você pode ser o pai da Katie agora, Mathew. – eu disse, de forma clara e
com firmeza.

─ Nós a matamos. – ele respirou fundo.

Certo. Vamos lidar com isso agora. Dra. Skylar está em ação.

─ Sim. – eu me afastei, olhando em seus profundos olhos castanhos,


segurando seu rosto quando dei isso a ele diretamente. ─ Nós a matamos. Isso
tinha que ser feito. Por nós… por Katie. E eu não me sinto mal com isso. Eu
não me sentirei culpada também. E nem VOCÊ vai. Você me entendeu? Nós
exterminamos um inseto perigoso hoje. Um que teria dizimado todo o seu
mundo simplesmente porque você se afastou dela. Ela possuiu você por muito
tempo, Mathew. NÃO… deixe que ele te possua mais. Era a coisa certa a fazer.
Era a coisa certa a fazer. Acredite em mim. Por favor… acredite em mim.

Enquanto eu falava, os olhos de Mathew fortaleceram… e eu pude ver isso


com meus olhos nus. O medo estava desaparecendo… e, finalmente, ele tinha
ido embora. Todo ele.

─ Eu te amo, Skylar. – ele colocou sua testa na minha, fechando os olhos. ─


Você me cura. Você é o meu remédio.

─ Eu também te amo, Mathew. – beijei sua testa, puxando seu braço bom.
─ Agora venha, hora de curar o resto de você. Regra número um, quando você
leva um tiro, você tem que ir para o hospital.

Ele me seguiu enquanto eu o levei à primeira ambulância que encontramos.

─ Sem camisa, certo? – ele me deu seu sorriso torto, sua voz rouca de
cansaço.

Mathew ficaria bem. Eu soube disso então.

O mundo psiquiátrico poderia discordar, mas isso eu sabia: Matar Claire foi
bom. Não me faria inquieta durante a noite. Eu não derramaria nenhuma
lágrima sobre ela, ou o que eu fiz. Eu não teria medo de adormecer. Ela não
estará nos meus sonhos… ou pesadelos.

Ela não roubaria uma gota de alegria da minha vida daqui em diante.

Eu não a deixaria.

Alguns grupos podem chamá-la de ser humano, uma pessoa, alguém que
tinha o direito de viver.

Não eu.

Toda a dor que ela tinha infligido… não só em cima de Mathew, mas
inúmeros outros. Jason… Ryan… quem sabe quantos outros houve? Todos
aqueles espíritos descansariam agora… em paz… capazes de avançar para um
lugar quente e ensolarado agora.

Toda a dor que ela poderia ter infligido… ainda tinha a infligir… era irreal
para considerar. Eu acreditava nas suas palavras finais para Mathew. Eu sei
que ela teria assassinado Katie bem diante dos olhos de seu pai. Ela destruiria
Mathew Trenner para sempre naquele momento.

Mesmo que ele sobrevivesse a uma coisa dessas, ele estaria morto por
dentro. Ele, sem dúvida, não encontraria nenhuma razão para continuar
vivendo então. Ele se mataria.

Essas imagens, futuros evitados que eu não podia suportar prolongar… elas
me impediriam de sentir uma gota de pena de Claire… elas me  impediriam de
arruinar a minha vida com a culpa inútil. Todos os dias os tribunais condenam
pessoas exatamente como ela e dão a pena de morte, sendo misericordiosos e
dando uma injeção letal, uma morte tranquila e indolor.

Hoje eu fui juiz, júri e carrasco. E Claire não merecia uma morte indolor.

Talvez se eu, ou alguém, tivesse encontrado Claire há muito tempo, talvez


ela pudesse ter sido salva. Mas eu nunca posso pensar nisso dessa maneira.
Eu não vou. Os ‘e se’ e ‘talvez’ não contavam agora.

Tenho certeza que meu pai entenderia o que eu escolhi hoje. Quantas vezes
ele viu assassinos e estupradores escaparem do tribunal, livres, prontos para
fazer tudo de novo com uma outra vida inocente?

Minha consciência está limpa.

Mathew nunca terá que olhar por cima do seu ombro de novo, com medo.
Se este é o único presente que posso dar a ele, estou entusiasmada sobre isso.

A pessoa que eu amo está mais perto do que eu penso. Peço a Deus que
Mathew esteja mais perto de meu coração… não mais longe agora.

─ AJUDA! – acenei para os paramédicos enquanto eu ajudava Mathew a


chegar à ambulância, e três homens de branco vieram correndo para nós,
ajudando Mathew a subir na parte de trás enquanto eu o segui para dentro.

Estávamos voando em segundos, enquanto os homens cuidavam do


ferimento de Mathew, rasgando a camisa do seu corpo enquanto o deitavam
reto na maca.

─ Skylar. – ele estendeu a mão para mim, agarrando minha mão e a


apertando, aliviado que eu ainda estava lá, e ele respirou mais fácil. ─ Skylar…
por favor… não me deixe.

Eu não acho que ele estava falando de eu deixando-o na ambulância. É


mais do que isso.
─ Eu estou aqui, Mathew. – olhei para ele e ele nunca pareceu mais bonito
para mim… o olhar em seus olhos… ele está livre. Finalmente.

Águia Livre.

─ Eu não vou a lugar nenhum. – eu assegurei. ─ Nada pode me tirar de


você.

Ele sorriu para mim e beijei a sua mão, as minhas duas mãos em volta da
dele.

Eu me mantive preocupada sobre meu pai e desejei que chegássemos lá


logo.

Quando chegamos lá, Mathew foi temporariamente remendado para parar o


sangramento e eu pulei fora da parte traseira da ambulância, à espera que
eles puxassem Mathew pela maca.

Corri para dentro atrás deles, e Mathew estava tentando estender a mão
para mim novamente enquanto eles o levavam ao fundo do corredor.

O paramédico disse que eu não poderia entrar na sala de emergência e que


eu aguardasse na sala de espera.

─ Skylar. – Mathew tentou chamar sob a máscara de oxigênio.

Eu queria morrer logo em seguida, odiando isso, mas compreendendo que


eles tinham pressa e não podiam dar-me tempo para uma boa conversa
romântica primeiro.

Lágrimas corriam pelo meu rosto enquanto eu andava entorpecidamente


para a sala de espera… e lá estava eu quase sendo pulada por Ryan e Eli, Julie
e Riley.

─ Skylar. – Ryan disse sobre todas as demais vozes enquanto todos


falavam ao mesmo tempo. ─ Seu pai…

Capítulo 33 

Skylar POV
─ O que tem o meu pai? – eu senti um caroço enorme no meu peito e
minha garganta estava fechando, Ryan me encarava com seus olhos azuis
tristes.

─ Eu não sei tudo. – Ryan disse, olhando para a mesa da recepcionista. ─


Eu disse a eles que era filho de William para que eles o levassem direto para a
cirurgia. Ouvi um deles dizer algo sobre hemorragia interna…

Empurrei Ryan de meu caminho e fui até a recepção, cortando outra mulher
que estava tentando obter informações sobre o seu marido.

─ Com licença! – eu quase berrei. ─ Meu pai, William Hayes, foi internado.
Eu quero saber como ele está. Ele está na cirurgia, eu acho.

Eu quero saber como Mathew está, também, mas ele entrou aqui sozinho.
Imaginei algumas pessoas de branco em volta do meu Mathew, empurrando
tubos em sua garganta, espetando agulhas nele, ignorando seus gritos e
perguntas enquanto trabalhavam nele. Ele já teve o suficiente disso em sua
vida. Eu odeio que agora, depois de tudo esta noite, ele tem que passar por
isso de novo, sozinho.

Hemorragia interna. Isso não é bom. Eu estava vendo-o chocar com suas
costas… Na mesa… Bruscamente… Eu acho que na hora pude ouvir um estalo
horrível. Seria a mesa… Ou a coluna do meu pai?

─ Só um minuto, por favor, senhorita. – a mulher mais velha com enormes


óculos de disse para mim.

Eu bufei e girei a cabeça para Ryan e Eli, que estavam de pé ao meu lado
direito. Riley e Julie estavam à minha esquerda, tentando me consolar. Riley
estava esfregando minhas costas.

─ Como ele estava na ambulância? – perguntei Ryan.

─ Ele estava falando… – Ryan começou. ─ Ele parecia bem. Ele estava até
mesmo brincando, dizendo que provavelmente você e Mathew estavam se
agarrando em algum lugar. E então ele simplesmente… Apagou e tudo
desabou.

Virei de volta para a senhora da recepção e ela olhou para mim agora, a
outra mulher atrás de mim desapareceu.

─ Qual é o nome? – ela perguntou, mexendo com alguns cartões amarelos


na frente dela.

─ William Hayes. – eu disse em alto e bom som. ─ H-A-Y-E-S.

─ Ele está em cirurgia. – disse a mulher. Argh.


─ Eu sei disso. – eu fiz uma careta. ─ Como ele está? O que há de errado
com ele? Será que ele vai ficar bem?

─ Eu não tenho nenhuma ideia, senhora. – ela deu de ombros. ─ Eu não


posso interromper qualquer cirurgia. Você vai ter que esperar até que tenham
acabado completamente. Sente-se e assim que eu ouvir alguma coisa, eu vou
chamá-la.

─ Sim, certo. – eu resmunguei, caminhando lentamente longe da mesa e


me jogando nos assentos na sala de espera, Riley segurando minha mão e
Julie olhando para mim com preocupação em seus olhos.

─ Como está o Mathew? – Ryan perguntou quando todos nos sentamos.

Eu estava tremendo, odiando essa situação. Os dois homens que eu amava


mais do que tudo estavam cada um em salas de emergência de um hospital,
lutando por suas vidas, sem mim. E tudo que eu podia fazer era sentar aqui e
esperar pela palavra da Sra. estúpida do balcão.

─ Eu acho que ele está bem. – minha voz tremia. ─ Mas eu não sei. Eles o
levaram para o pronto socorro e não me deixaram entrar.

─ Ele vai ficar bem, Skylar. – Eli colocou a mão no meu ombro. ─ Os dois
ficarão bem.

Deixei escapar um suspiro profundo que eu estava segurando e Riley


perguntou se eu queria um pouco de água ou algo assim. Assenti.

─ Eli? – eu olhei para ele, sussurrando.

─ Sim? – ele olhou de volta.

─ Claire está morta. – eu suspirei, muito baixo. ─ Eu deixei cair a vela no


bar. Acho que ela está morta. Olhei para trás e todo o bar estava em chamas.

Eli me olhou estranho. Ele parecia feliz, aliviado e satisfeito… Mas também
preocupado e aflito.

Ryan se inclinou para frente, olhando para Eli.

─ Vá dar uma checada, Eli. – Ryan lhe deu permissão para ir. ─ Nós vamos
ficar aqui com Skylar. Volte e deixe-nos saber o que aconteceu.

─ Claro. – ele levantou-se, a ponto de sair correndo, mas depois ele voltou,
olhando para mim.

─ Obrigado, Skylar. – ele simplesmente disse, em seguida, se assustou com


o jeito que soou. ─ Eu sinto muito.Você sabe o que quero dizer.

─ Eu sei. –tentei sorrir para ele. ─ Vá.


Alguns minutos mais tarde, todas as dúvidas foram surgindo na minha
cabeça. E coitado do Ryan. Eu estava enchendo-o de perguntas. Algumas
coisas ele podia responder, outras não podia.

─ Quando Eli achou o pano? – eu perguntei. ─ E por que ele não disse
nada? Nós poderíamos ter pulado esta noite inteira!

─ Eli fingiu ser um dançarino esse tempo todo. – Ryan começou. ─ Eu soube
disso há algumas semanas atrás, mas eu nunca disse nada a Claire. Eu
costumava pensar que Claire era legal… Até que eu vi o que ela fez com
Mathew. Ele era um cara legal, você sabe. Naquela noite, eu o ajudei, e
trouxe-o para a boate… Eu gostei dele imediatamente. Ele era honesto…
Olhava bem nos olhos… ele era forte. ele tinha uma opinião. Estava sempre
sorrindo. Ele diria se ele não concordasse com você. Uma vez que Claire o
possuiu, vi que mudou um pouco mais a cada dia. Era como se ela estivesse
sugando a alma dele. Logo, Mathew nunca me olhou nos olhos novamente. Ele
sempre olhava para baixo. Ele não podia encarar ninguém por muito tempo. E
ele nunca argumentou. Ele nunca relaxou. Estava sempre com medo. Ele não
sorria mais. Não de verdade. Bem, até que você apareceu, de qualquer
maneira.

 Ryan franziu a testa, e continuou.

─ De qualquer forma… – ele suspirou. ─ Eu disse a Eli para prestar a


atenção em Mathew.  Ele estava em apuros, eu disse a Eli. Eu não sabia nada
sobre ele estar lá para vingar o irmão. Eu achava que ele era um policial
disfarçado ou algo do tipo, ele não me dizia muito. Acho que ele não confiava
em mim ainda. Uma outra noite, William estava rondando a boate e o viu. Eu e
Eli estávamos checando o lugar, enquanto Mathew estava no porão,
certificando que tudo estava bem. Nós sempre fazemos isso, quando Mathew
está no porão. Já faz um bom tempo que ele não ia pra lá, para ser punido.
Geralmente ele se comporta muito bem com Claire.

─ William e Eli logo perceberam que estavam do mesmo lado. William


mostrou para ele o esboço do irmão dele e Eli… se despedaçou um pouco.
William lhe contou o que aconteceu com seu irmão. Até aquele momento, ele
esperava que talvez seu irmão ainda estivesse vivo em algum lugar, talvez
vivendo igual Mathew vivia. Mas então ele soube. E ele meio que…
enlouqueceu. Ele queria vingança. Ele não queria deixar Claire nas mãos da
polícia. Ele cooperou com William, agindo como se estivesse no plano. Mas na
realidade… ele a queria morta.

Eu ouvia tudo atentamente.

─ Eli me contou o que estava acontecendo. – Ryan olhou para as mãos. ─ E


vigiamos o porão como caçadores. Uma noite, Claire me pediu para levar os
aparelhos de exercícios para o calabouço para Mathew usar no dia seguinte. Eli
“me ajudou”. Mathew estava dormindo, aparentando estar bem. Ele tinha um
grande sorriso idiota no rosto. Parecia que ele estava em paz, sendo assim não
o acordei. Então Eli abriu o zíper de trás da mesa de couro e tirou o pano.
Estava completamente seco, mas sujo de sangue. Eli me contou o que era e eu
lhe disse que deveríamos entregá-lo a William. Mas ele se negou. Ele queria
Claire morta e se a polícia pegasse o pano, ele seria o primeiro suspeito. Ele
disse que era o sangue do seu irmão e que pertencia a ele agora. Eli falou que
a polícia apenas estragaria as coisas. Ele me contou sobre este jantar que
Claire estava planejando. Disse que seria o momento perfeito para deixá-la pôr
as mãos nele. A polícia poderia incriminar o Senhor Kevin, ou James, ou
Raven… Ele disse que dessa maneira poderia desfalcar muitos deles de uma
vez. Fazer justiça pelo seu irmão caçula. Quando ele me contou o que fizeram
com seu irmão, eu meio que concordei. Juramos que manteríamos você e
Mathew seguros. Teríamos ficado com vocês o tempo inteiro, mas aí
encontramos Riley e Julie no escritório de Claire.

Ryan, então, me lançou um olhar.

─ Desculpa. – fiz uma careta. ─ Sabe, se vocês confiassem na gente e nos


dissessem o que estavam planejando, poderíamos ter nos reunido e bolado um
plano melhor.

─ Eli não estava pensando direito, Skylar. Eu fiquei tão apavorado quando
Claire entornou a bebida dela na boca de Mathew. – Ryan mudou de assunto.
─ Eu pensei que talvez Eli tivesse envenenado a bebida com algo fatal. Eu
voltei para a cozinha e praticamente berrei com ele, perguntando se ele fizera
isso. No entanto, ele foi esperto o bastante para não tentar; ele sabe que
Claire dá de comer a Mathew nesses jantares. Embora ele estivesse louco por
vingança… ele tentou garantir que vocês não se ferissem.

─ A vingança é uma merda. – concordei, me perguntando se eu matara


Claire por vingança… ou para impedi-la de machucar Mathew mais. Não
importava.

Tudo que importa agora é Mathew e meu pai. Se eles saírem dessa sãos e 
salvos, eu não me importaria com o resto.

─ Skylar? – Ryan tocou meu braço.

─ Hm? – eu esfreguei meus olhos úmidos, sabendo que provavelmente


levaria horas até que eu tivesse alguma notícia de um dos meus homens.

─ Seu pai salvou minha vida, Skylar. Eu estava algemado, mas ainda
revidava muito bem. Eu dei uma cabeçada em um dos caras e tinha o pescoço
do outro entre minhas pernas, pronto para torcê-lo. E então o que eu tinha
cabeceado sentou-se e apontou sua arma para a parte de trás da minha
cabeça. Foi quando William atacou. Ele é muito legal.

Fico contente que ele esteja usando o verbo no presente.

─ Sim, ele é. – senti as lágrimas nos meus olhos.


Meu pai é sempre o herói não reconhecido, nunca desejando mérito pelo o
que faz, nunca desfrutando dos holofotes, sempre aplaudindo a todos os
outros, exceto a si mesmo, sempre levando alguém nas costas.

Talvez se eu não tivesse lhe apressado como apressei… quem sabe isto
pudesse ter terminado melhor.

Talvez ele não estaria passando por uma cirurgia agora. E nem Mathew.

Pai, Deus… eu sinto tanto. Eu te disse que um acompanhante me


dera mais amor e afeto em duas semanas do que você me deu na
minha vida inteira. Isso foi tão escroto da minha parte. E não é
verdade. Eu enfiei uma faca no seu coração porque eu estava com
tanto medo. Eu quase cheguei a pensar que você queria que Mathew
morresse, assim ele não se  aproximaria de mim mais. Você esteve ao
meu lado a minha vida toda, pai… em tudo o que eu fiz. E ao primeiro
sinal de problema, eu virei as costas para você… e pior… te feri com
palavras.

Eu te amo, pai

Por favor, Deus, me dê a chance de dizer isso a ele novamente. Uma


chance de dizer que estou arrependida e de observar o seu sorriso
seco enquanto ele me perdoa mais uma vez pelos meus erros
estúpidos.

Você salvou a nós todos. Você salvou Mathew. Você me salvou.

Quando fechei meus olhos, lágrimas escorreram deles e minha cabeça caiu
em minhas mãos trêmulas.

Então Ryan me abraçou, sussurrando:

─ Ele vai ficar bem. Ele é um cara durão. Ele escutou sobre seus jogos
sexuais com Mathew pelo microfone e sobreviveu. Se bem que eu cheguei a
pensar que estivéssemos perdendo-o naquele momento. Eu pensei que ele
fosse se juntar a James e Claire e descer até o porão para acabar com vocês
dois.

─ Cala a boca. – eu não queria sorrir ou dar risada, porém por pouco não
fiz.

─ Ação de Graças e Natal vai ser uma época bem engraçada para vocês
todos. – Ryan sorria debochado.

─ Para. – eu tentei esconder meu sorriso, imaginando meu pai e Mathew


trocando presentes de Natal próximos à árvore.
Ryan me abraçou mais forte, e eu permiti. Eu nunca tive um irmão mais
velho. Sentia como se tivesse agora. Eu precisava de um neste momento.
Sendo assim, retribuí seu abraço.

Este tem sido o único amigo verdadeiro de Mathew em todos esses anos
horríveis e infernais. Ele se certificou que Mathew estivesse alimentado e
aquecido em noites onde ninguém mais se importava ou se dava ao trabalho,
mesmo o próprio Mathew. Ele era o ombro amigo, seu protetor, seu professor,
a rocha em que ele se agarrava. Ele é da família.

(…)

Não tenho certeza de quanto tempo tinha se passado quando o médico


finalmente apareceu e chamou:

─ Familiares do Sr. Trenner?

Eu já estava de pé, juntamente com Ryan e as garotas atrás de mim.

─ Sim! – eu me contive, segurando meu estômago enquanto o homem, de


uns 35 anos, com cabelo preto desordenado e pele clara parou ali, em seu
uniforme azul.

─ Vocês todos são parentes dele? – ele ergueu uma sobrancelha, não
acreditando.

─ Sou irmão dele. – Ryan falou, assumindo como verdade. E era verdade.

O médico assentiu uma vez e começou.

─ Mathew tem muita sorte. – ele disse e minha barriga contraída relaxou. ─
Foi um pouco difícil por um tempo, não conseguíamos conter a hemorragia.
Mas então tivemos um milagre. Contemos a artéria rompida. Mathew ficará
bem. No entanto, ele perdeu bastante sangue. Estamos tentando localizar
algum…

─ O tipo sanguíneo dele é o mesmo que o meu, O. – Ryan manifestou-se de


imediato. ─Doarei um pouco para ele agora mesmo.

─ Oh, ok, ótimo! – o médico parecia contente e surpreso que Ryan


simplesmente soubesse disso e também tivesse o mesmo tipo sanguíneo.

Eu te amo, Ryan… muito.

─ Me acompanhe, então, e vamos prepará-lo. – o médico propôs.

Ryan virou-se para mim e me abraçou novamente, murmurando:

─ É mostrado toda vez que fazemos os exames na boate. – ele explicou.


─ Obrigada, Ryan. – eu o abracei forte, emocionada de novo. ─ Obrigada.

─ Não precisa agradecer. – Ryan sorriu. ─ Eu te disse, nós somos irmãos.


Meu sangue é sangue dele. Já volto.

Ryan e o médico estavam saindo quando eu os interrompi.

─ Espere! – eu gritei, me sentindo mal na hora, visto que estávamos em um


hospital. ─Como Mathew está agora? Ele está bem? Está sentindo alguma dor?

─ De modo algum. – o médico sorriu para mim, assegurando. ─ Eu lhe dei

lgo e ele está dormindo agora. Ele está bem. Eu prometo. Mais tarde,
quando ele acordar, todos vocês podem dar um “oi”.

─ Não podemos vê-lo agora? – deixei uma lágrima rolar, não me


importando. ─ Só por um segundo? Não vou acordá-lo, só preciso vê-lo.

─ Skylar, ele está bem. – Ryan passou a mão pelo meu braço. ─ Deixe-o
dormir um pouco. Ele teve uma semana difícil.

─ Então você é a Skylar? – o médico abriu um sorriso largo para mim.

─ Sim, por quê?

Ele sorriu um pouco mais.

─ Foram me dados muitos recados para você enquanto eu estava tentando


trabalhar nele. Eu não me lembro de todos, mas deixe-me ver. Teve um “eu
te amo, Skylar, eu sempre vou te  amar.” Depois teve, “diga a Katie que
eu a amo, também. Diga que eu sempre a amei. Que eu sinto muito por
estar distante há tanto tempo.” Eu ficava dizendo a Mathew que ele não ia
morrer, mas ele continuava me deixando recados. Foi então que decidi colocá-
lo para dormir. Ele ficou falando até o último segundo. A última coisa que ele
falou foi estranha. Ele disse, “Diga a elas que eu morri livre… e feliz.”.

─ Esse é o nosso Mathew. – Ryan sorriu. ─ Sempre o otimista. O Sr.


Exagerado.

─ A sorte geralmente não está do lado dele. – minha voz chorosa disse a
Ryan e ao médico.

─ Hoje estava. – Ryan e o médico disseram ao mesmo tempo e riram um


para o outro.

Eu mesma tive que sorrir. Ele ficaria bem. Se eu pudesse, agora mesmo iria
até o espaço e voltaria, rindo pelo caminho todo. Eu estava chorando e
sorrindo ao mesmo tempo quando o médico olhou para trás de si e disse:

─ Venha, Skylar. Você pode ter um minuto. Só não conte isso pra ninguém.
─ Oh Deus! – eu solucei em gratidão. ─ Obrigada!

─ Shhhh… – ele riu, pegando minha mão e fazendo um gesto com a cabeça
para Ryan nos seguir.

Antes de chegar ao quarto de Mathew, o doutor deixou Ryan com uma


enfermeira, lhe dizendo quando sangue tirar dele. Eu não estava prestando
muita atenção. Eu estava praticamente saltitando, esperando para ver
Mathew.

─ Obrigada, doutor. – Ryan foi por outro corredor, movendo suas


sobrancelhas sugestivamente para nós com a bela enfermeira ruiva enquanto o
doutor me conduzia para a esquerda.

Quarto 43. Ele abriu a porta devagar e sussurrou:

─ Seja bem silenciosa, ok? Há outro paciente dormindo aí dentro.

─ Ok. – eu concordei em um sussurro, acrescentando. ─ Obrigada


novamente.

Ele assentiu e se afastou enquanto eu entrava no quarto.

As paredes eram de um amarelo suave e as luzes estavam fracas. Ainda


estava escuro do lado de fora, eu notei, e supus que eram as primeiras horas
da manhã, mas não o pôr-do-sol ainda.

Uma cortina foi puxada para que eu não pudesse ver o paciente ao lado de
Mathew, mas eu não precisava ver mais ninguém. Eu não conseguia tirar meus
olhos do cabelo acobreado que se recusava a comportar-se… e do rosto branco
mais belo e sereno de anjo dormindo a poucos metros de distância.

A manta branca parecia macia e limpa e estava enfiada debaixo de seus


braços. Eles estavam retos ao lado do seu corpo e sua cama estava
ligeiramente inclinada para cima na região da cabeça. Ele parecia tão rígido,
como um manequim, um boneco Ken, nada parecido com o deus que
geralmente se curvava em uma bola enquanto dormia.

À medida que eu me aproximava, eu vi que eles haviam injetado um tubo


intravenoso na parte de cima da sua mão, um pedaço de fita sobre o ponto
onde a agulha penetrava.

Eu senti meu queixo tremendo enquanto eu chorava, tentando permanecer


em silêncio, minha mão cobrindo minha boca com força.

Seus lábios estavam naquele biquinho fofo que eu vi pela primeira vez
quando acordei ao lado dele naquela primeira “manhã seguinte”. Seus lábios
são tão vermelhos.

Eu realmente não conseguia dizer uma palavra neste exato momento.


Movi meus dedos, na verdade os rocei sobre seus lábios, movendo-os
suavemente sobre suas sobrancelhas… em seguida, pelas suas pálpebras… a
parte de trás dos meus dedos deslizando por aquelas maçãs do rosto tão
delineadas, de ambos os lados. Eu beijei gentilmente aqueles lábios doces de
garotinho, incapaz de ficar longe. Então eu beijei sua mão, onde o intravenoso
estava lhe ferindo, como se meu beijo pudesse curar isso, também.

O amor é o melhor remédio para um coração partido.

Ele estava vestindo uma bata azul de hospital e que apenas fazia sua pele
aparentar mais pálida para mim. Ele estava terrivelmente pálido. Aquilo me
assustava. Mas por outro lado, ele precisa de sangue. Ryan está cuidando
disso. Tenho certeza que eles têm mais sangue por aqui, também, em algum
lugar.

Eu podia ver ataduras grossas em cima de onde o tiro havia saído, no


espaço entre o ombro e o tronco. Tenho certeza que havia mais nas suas
costas, onde a bala entrara. Foi então que percebi que a bala tinha
atravessado ele. É um milagre que não tenha me atingido. Eu nem havia
pensado nisso antes, no meio do caos. Meus olhos arregalaram quando um
pensamento começou a me ocorrer.

A bala havia atingido meu pai? Ele estava bem ao meu lado.

Eu tinha que voltar para lá no caso de terem notícias sobre meu pai, mas
como eu posso deixar Mathew sozinho agora?

Mais alguns minutos, eu disse a mim mesma. Fungando, eu limpei meus


olhos vermelhos e inchados e respirei fundo.

Não me deixe, Skylar… ele havia me dito na ambulância.

Eu não quero te deixar. Nunca.

Eu estaria nesta cama agora, se não fosse por você. Eu mentalmente disse
a ele enquanto tocava seu cabelo, movia os fios claros para cima com meus
dedos cuidadosos. Eu gosto dele selvagem, para cima e desobediente.
Exatamente como estava esta noite quando ele salvou a minha vida.
Exatamente como estava quando ele lutou por sua liberdade.

─ Você é o melhor parceiro de todos. – eu sussurrei, sentindo outra lágrima


cair, fitando seus olhos inflexíveis… hipnotizada pelos cílios minúsculos, porém
tão longos e escuros. Eu tinha me sentido mal pela minha brincadeira de mais
cedo, quando disse que queria Eli como meu parceiro. Eu nunca quero dizer
nada que lhe machuque, mesmo da mais leve maneira, nunca mais. Ele teve
sofrimento o bastante por uma vida.

Só você, Mathew, conhecendo todas as maiores dores do mundo, teria o


amor e a coragem para se jogar na frente de uma bala para ela não me
atingir. Você é meu protetor agora. Você é meu homem. Para sempre. Eu
jamais poderia sentir nada além de pleno amor e orgulho por você. Você nunca
foi um escravo aos meus olhos, Mathew. Jamais poderia parecer fraco ou
impotente para mim… mesmo quando está acorrentado nu diante de mim.

─ Eu te amo tanto, Mathew. – eu sussurrei diretamente em seu ouvido, me


curvando e aninhando seu rosto em minhas mãos delicadas, beijando seu nariz
e em seguida os lábios, muito cuidadosamente. ─ Amor é uma palavra
pequena demais para o que eu sinto por você.

Ele aparentava estar em um sono profundo e meus olhos se encheram mais


de lágrimas.

─ Minha boquinha de patinho. – eu sorri para sua boca… tão adorável. ─


Antes de se dar conta, você vai estar de volta na minha cama, junto de mim.
Eu não consigo dormir agora a menos que você me abrace. Você me
acostumou muito mal.

Puxei a manta e coloquei os braços dele embaixo dela, descansando-as na


sua cintura, levando o algodão até seu pescoço, sob seu queixo, do jeito que
ele gostava.

─ Assim está melhor, baby. – eu suspirei, alisando a manta sobre seu peito,
sem chegar perto de onde as ataduras estavam. ─ Durma agora. Tenha bons
sonhos. Vou te trazer um Icee de cereja escondido amanhã. Acho que você
merece.

O paciente ao lado de Mathew, do outro lado da cortina, tossiu. Minha


cabeça girou ao som daquilo.

Tosse. Inalação de fumaça.

É melhor que não seja. Não no mesmo quarto. Deus não é tão maldoso
assim, será ela?

Eu estava na cortina em dois passos e parei… tremendo. Então eu a abri


com um só puxão.

Seria James? Senhor Kevin? O que eu faria se fosse?

Um homem idoso e pequeno se sobressaltou enquanto eu ficava ali,


olhando para ele, cortina em punho. Ele tossiu outra vez, cobertores grossos
cobriam seu corpo frágil.

─ Me desculpe . – eu disse quando ele cobriu sua boca. ─ Você está bem?

Deus do céu, como eu estou paranoica. Mas por um lado, eu tenho motivo
para estar.

Ele fez que sim com a cabeça e vi que havia uma jarra de água e alguns
copos descartáveis ao lado da sua cama.
Eu servi um copo com água e lhe entreguei. Ele deve ter pensado que eu
era uma enfermeira nessa luz fraca e bebeu lentamente enquanto eu puxava a
cortina de volta para o lugar.

Ainda encarando Mathew, eu corri meus dedos sobre os dele e tentei não
chorar agora. Eu não queria que ele me ouvisse triste, não depois de tudo que
tínhamos feito para chegar a este momento.

Eu tirei o anel da amizade do meu dedo e segurei o dele, deslizando-o em


seu dedo mindinho, o único que era pequeno o bastante para caber.

─ Quer se casar comigo, Mathew Trenner? – eu sussurrei, quase para mim


mesma, sorrindo e deixando as lágrimas escorrerem.

Seus lábios simplesmente curvaram-se mais para cima, parecendo


levemente teimosos agora, como se ele estivesse fazendo beicinho. Sua
respiração era tão profunda e tranquila que me acalmava.

─ Eu sei, você é o homem, é sua tarefa me pedir, huh? – eu provoquei. Eu


respirei fundo e disse; ─ Temos muito que fazer. Muito que aprender. Muito a
dizer… eu sei. Eu quero que isto seja bom. Quero que isto seja feliz. Eu quero
isto… por toda a vida. Vai exigir muito trabalho. Mas eu estou disposta a isso.
Eu farei qualquer coisa. Por você. Você é minha vida agora. Minha vida para
sempre.

Eu espero que ele ainda se sinta da mesma maneira sobre mim agora.
Espero que ele não pense que simplesmente deixou uma assassina por outra.
Que ele ainda acredite que eu sou diferente das outras mulheres que ele
conheceu. Eu quero ser diferente.

O doutor espiou dentro do quarto por um momento e me endireitei, não


querendo abusar do presente que ele havia me dado.

─ Já vou. – eu disse ao doutor e ele aguardou um momento enquanto eu


me curvava sobre meu príncipe adormecido mais uma vez.

─ Voltarei em breve, Thumper. – eu sorri, beijando o pequeno furo em seu


queixo e me afastei antes que eu não conseguisse mais ir, acrescentando. ─
Se comporte.

Exigiu toda a força que eu tinha deixá-lo, mas eu consegui… só assim eu


conseguiria voltar para a sala de espera e aguardar mais um pouco para saber
mais sobre o meu pai. O médico que cuidava de Mathew disse que tentaria
descobrir o que estava acontecendo com William, mas isso foi há horas atrás.

Julie e Riley estavam assistindo ao The View na TV enquanto eu encarava


meus sapatos, ainda usando o vestido roubado de Raven. Eu gostaria que
tivesse algum conjunto de moletom e uma camiseta… algumas meias quentes
de algodão.
O celular de Ryan tocou e ele parou de comer sua barra de Snickers,
abrindo o aparelho.

─ Eli! – Ryan praticamente gritou, fazendo cara feia. ─ Onde diabos você se
meteu?

Uma sucessão de “yea” e “uh-huh” saiu de Ryan e então ele suspirou e


disse: ─ Eu sei.

Em seguida, Ryan contou a Eli que Mathew estava bem e que estava
recebendo sua transfusão de sangue agora e que ainda não tínhamos ouvido
nada sobre William.

─ Aham, ela está aqui. – Ryan disse. ─ Aguente aí.

Ele me passou o telefone e Riley pareceu um pouco magoada que ele


pedisse para falar comigo antes dela. Porém, ela estava me observando e
escutando atentamente.

─ Eli? – eu respondi.

─ Oi, Skylar. – ele disse. ─ Estou na delegacia. Eu teria ligado antes, mas
tinha muito para contar a estes caras, você sabe.

─ Eu entendo. – eu disse, com medo que a polícia soubesse que eu matei


Claire.

─ E aí, quando é que eles vão vim me prender? – eu perguntei, meio


brincando, meio não.

─ Por que eles te prenderiam? – Eli perguntou. ─ Foi o Senhor Kevin que
matou a Claire.

Eu estreitei os olhos e questionei,Como é? A falta de sono e preocupação


estavam me deixando um tanto lerda no momento.

─ O Senhor Kevin e a Claire estavam brigando por Mathew. – Eli informou,


como se isso fosse um fato e ele estivesse se lembrando dele. ─ Uma vela caiu
e ambos ficaram em chamas. O Senhor Kevin também não sobreviveu. Sua
cabeça pegou fogo logo de cara, uma vez que ele estava coberto de álcool.

Eu deixei escapar um suspiro e sussurrei:

─ Obrigada, Eli.

Eu imaginei Mathew acordando e descobrindo que eu estava presa por


assassinato. Meu pai não teria dinheiro para um bom advogado e eu não
gostaria de meter ele ou Mathew em um julgamento que duraria um ano.
Mathew precisaria encontrar sua filha o mais rápido possível. Eu não o
queria sentado na primeira fila atrás de mim o tempo todo enquanto eu me
sentava à mesa da defesa em meu uniforme laranja. Eu sei que ele faria isso,
mas eu odiaria cada momento.

Isso mataria a nós dois.

Sem contar Mathew no banco de testemunhas, mentindo, tentando me


salvar enquanto contava inúmeras histórias de coisas que o Senhor Kevin e
Claire fizeram com ele. E depois, o ato desumano continuaria quando o
Procurador do Estado levantasse e o rasgasse em pedaços, chamando-o de
vagabundo voluntário e namorado submisso de Claire. Eles o fariam parecer
um vilão desprezível, não uma vítima. Eu não gostava de vê-lo em nenhum
desses papéis, mas é isso que ele ia parecer ser, quando cada lado
apresentasse seus casos.

 Isso teria arruinado a nós todos. Teria destruído nosso amor.Teria me


destruído.

E no final, eu seria condenada de qualquer jeito. Porque eu era culpada. E


eu jamais me perdoaria por isso. Eu não conseguia me ver sentada,
suportando tudo aquilo, sem me levantar e confessar tudo, orgulhosamente.

─ James e Raven foram presos. – Eli falou em seguida. ─ Eu contei a eles


sobre James. Eles escutaram o material que William gravou no porão. Claire
destruiu o microfone quando ela o tirou de você, sendo assim eles apenas
ouviram tudo até aquele momento. Eles ouviram os planos de James para
você, Skylar. Ouviram Claire dizendo que ficaria com Mathew, te usando para
mantê-lo calado. Eles sabem que ela atirou em Mathew e em seu pai. Eles irão
até o hospital mais tarde hoje para colher depoimentos de todos vocês. Eu lhes
entreguei o pano e contei sobre meu irmão. Estão falando com James agora,
tentando descobrir onde o corpo dele está. E quantos mais corpos existem. Ele
ainda não está falando… mas acredito que vai falar.

Ok, eu disse a mim mesma, simplesmente. Claire realmente morreu. E o


Senhor Kevin também. Eu ainda não sabia muito sobre esse homem, mas
percebi que ele assustava Mathew pra caramba.

Também estou certa que ele machucou Mathew, de alguma forma. Eu


esperava que estivesse errada sobre minhas suspeitas… mas não acho que eu
esteja. O Senhor Kevin gostava de Mathew, ele me contara ontem à noite. O
Senhor Kevin… tinha… estado com… Mathew. Tenho certeza que ele foi
forçado, a menos que Katie ou eu tivéssemos sido ameaçadas novamente. Ele
me dissera que era o novo mestre de Mathew. E parecia mesmo que ele estava
preocupado com os ferimentos de Mathew depois que ele foi baleado.

O Senhor Kevin deve ter entrando na vida de Mathew recentemente.


Mathew havia me dito em nossas sessões que ele nunca esteve com um
homem antes. E logo eu quis arrancar meu coração. Eu o tinha deixado voltar
para lá. Eu simplesmente o deixei ir embora, voltar para o lugar onde ele seria
violentado por um homem. Aquele foi seu castigo por se preocupar comigo na
frente de Claire. Foi o seu castigo por eu ter lhe atacado naquela noite.

Eu soube sem que precisassem me falar… é por isso que o microfone foi
perdido tão cedo. Mathew queria que meu pai e eu fôssemos poupados
daquilo, mesmo se ele não fosse poupado. Ele poderia ter dito a sua palavra e
terminado com a coisa todo ali mesmo. Mas ele queria ser um membro da
equipe, ele queria conseguir uma prova real contra Claire, assim ela nunca
mais nos incomodaria. Ele renunciou a si mesmo para que pudéssemos ter um
futuro. Ele sacrificou seu corpo mais uma vez… por nós… pela sua filha.

E ele diz que não é forte.

Eu tenho vontade de abraçá-lo mais ainda agora.

─ Raven provavelmente será libertada com o pagamento da fiança. – ele


disse, me tirando dos meus pensamentos. ─ Ela realmente não fez muita coisa.
Ela te ofereceu um contrato para ser sub dela, isso não é ilegal. E você disse
sim. Eu não acredito que ela oferecerá algum perigo, mesmo solta. O pai dela
é alguém importante, dono de uma empresa.

Ele tem que vir com seu advogado pagar a fiança dela. Sem dúvidas ele irá
despachá-la para Porto Rico para que ela não o constranja ou ponha em risco
algum negócio dele com este escândalo.

Eu engoli em seco e pensei nela por um momento. Ela podia não parecer
perigosa para Eli, mas eu tinha visto o que ela causou no corpo de Mathew. Ela
é louca e obcecada por Mathew. Mas eu realmente não a via fazendo alguma
coisa, como ir atrás de Mathew ou coisa do tipo. Ela talvez se mudasse para
longe e recomeçasse, encontrando algum outro coitado para ser seu escravo.
Uma coisa é certa. Há pessoas despedaçadas em todo país, em cada cidade.

Eu me perguntava quantos Mathews haviam por aí afora, esperando para


entrarem no inferno, enquanto Mathew estava terminando sua temporada lá. 
Eu quero salvar todos. Eu quero curar todos os corações partidos lá fora, antes
que eles se tornem vitimas ou escravos… ou cadáveres.

Eu quero ser médica agora mais do que nunca. Eu tenho que ser uma
psiquiatra. Mas eu tinha que ficar aqui para isso? Eu conseguiria? Eu tinha
construído uma vida toda aqui… eu havia amado isso aqui. Eu adorava Nova
York. Tinha de tudo! Bellevue nunca tinha nada novo. Nova York podia ser
diferente todos os dias, estava sempre mudando e me surpreendendo. Eu me
via morando aqui para sempre, apenas três semanas atrás.

Agora, eu ficava me vendo na ensolarada Flórida, queimada de sol, mas


feliz segurando a mão de Katie enquanto Mathew segurava outra. Será que a
Katie gostaria de mim? Será que ela me repudiaria? Era certo da minha parte
ficar lá? Katie tinha esperado pelo pai por tanto tempo… e agora ela o teria…
no entanto, eu provavelmente iria tirar a alegria disso, me metendo onde eu
não era desejada. A nova namorada do papai. Ela provavelmente pensaria que
fui eu quem o tirou dela por todos esses anos. E nós não poderíamos lhe
contar a verdade a respeito de onde ele tinha estado.

Eles mereciam tempo a sós. Ben e Angela sempre estariam presentes, mas
Katie precisava de Mathew todo para ela, para redescobri-lo, para enxergar
que ele ainda a amava e sempre amaria, e que nada disto eraculpa dela.

Ela conseguiria vivenciar tudo isso se Mathew estivesse sempre chateado,


lhe dizendo para me dar uma chance?

Eu não queria ser a terceira roda, tentando analisar todas as coisas que
Katie dizia ou fazia. Eu não poderia ser a Dra. Skylar para Katie. Eu não queria
ser. Eu não quero ser uma nova mãe para ela. Ninguém poderia jamais tomar
o lugar de Tanya. Ela ainda não tinha lidado com a perda da sua mãe, pelo o
que Mathew me contara. Ele tinha que lidar com isso, também, e ainda não o
fizera.

Eu quero ser amiga de Katie. Se eu tivesse qualquer chance de ser isso… Eu


não podia aparecer em sua porta segurando a mão de Mathew no dia em que
ele voltasse para ela. Disso eu sabia.

─ Skylar? – Eli perguntou, ouvindo apenas minha respiração sofrida na


linha.

─ Estou aqui. Desculpe. – eu me trouxe de volta, esquecendo a imagem do


rosto de Mathew quando eu dissesse que não poderia ir com ele.

Você disse que não me deixaria. Nunca.

Eu podia ouvi-lo dizer as palavras, a mágoa nítida em sua voz.

─ Tudo vai ficar bem, Skylar. – Eli disse com confiança. ─ Eu quero te
agradecer, também, pelo modo como você foi corajosa na noite passada. Meu
irmão também te agradece. Eu provavelmente não verei vocês por um tempo.
Eles estão colocando eu e meus pais no Proteção de Testemunhas. Estou
tentando decidir agora se eu pinto meu cabelo de preto ou vermelho.

Eu tive que dar risada àquilo, embora eu odiasse a ideia de Eli ser colocado
no Proteção de Testemunhas. Porém, fazia sentido. A família de Claire
possivelmente desejaria algum tipo de vingança… ou se livrar das
testemunhas, assim James não seria condenado por nada.

Eu me perguntei se eles tentariam pegar Mathew e eu, William, e até


mesmo Ryan, Riley e Julie por também se juntarem. Nós tínhamos que fazer
isso? Tínhamos alguma chance? Como Mathew ficaria com a filha dele, então?

─ Espere! – eu quase saltei de pé. ─ E a filha de Mathew? Ela está em


segurança?
─ Riley encontrou o endereço da filha de Mathew no computador. Ela
apagou um monte de informações de Mathew, mas vai saber se James e sua
família sabem onde Katie está. A polícia da Flórida está protegendo-os agora.
Com toda certeza será oferecido o programa de Proteção de Testemunhas a
eles, incluindo Mathew.

Pois bem, lá se vão os sonhos com a Flórida. Provavelmente mudariam


Mathew e sua família para o outro lado do mundo, em alguma cidadezinha no
meio do nada igual Bellevue. E aí, se eu não me juntasse a eles no programa,
eles desapareceriam, sumiram de vista, para um lugar que eu nunca seria
autorizada a saber. Eu nem sequer seria capaz de me juntar a eles mais tarde,
depois que a Katie tivesse algum tempo com seu pai. Eu jamais teria
permissão de saber para onde eles foram ou como entrar em contato com
eles… nunca mais. Eu o perderia.

Lá se vai o meu “felizes para sempre”.

Senti meus joelhos tremerem enquanto eu tentava pensar em alguma coisa


profunda para dizer quando ele estivesse se despedindo de mim… mas neste
exato momento um médico apareceu e chamou:

─ William Hayes?

Eu tive que disparar um: ─ Tenho que ir Eli, meu pai! Fale com o Ryan!

Eu fiquei de pé antes de pensar direito nisso e joguei o celular de Ryan para


ele. Perdoe-me, Eli. Você merecia um adeus melhor do que esse.

─ Sou a filha dele. – eu quase esbarrei em um médico mais velho com uma
barba e que estava quase careca, Riley e Julie ao meu lado.

─ Seu pai acabou de sair da cirurgia. – informou o médico, um olhar abatido


em seu rosto. ─ Ele teve múltiplas lesões, estou com medo. Nós cuidamos do
tiro na perna e no abdômen. É um milagre que sua coluna não foi quebrada,
considerando a queda que ele sofreu. Mas a sua perna, a perna que também
foi alvejada, ficou completamente destruída… em todos os pontos. Deste
modo, tentar retirar a bala do local… foi impossível. Srta. Hayes… tivemos que
amputar a perna do seu pai. Era isso ou ele teria sangrado até a morte. Não
havia como salvá-la. Eu sinto muito.

Ele deve ter caído em cima daquela perna na queda. Minha cabeça estava
girando. Meu pai perdeu a perna. Eles já a tinham amputado! Ele ficaria numa
cadeira de rodas! Precisaria de uma prótese! Ele nunca mais poderia ser
policial! Ele perderia seu emprego! Ser policial é tudo para William!

─ Não. Espere! – eu estava tão brava com o médico, de repente, a razão


tinha me deixado. ─ Vocês… cortaram a perna dele?
─ Não tivemos escolha, Srta. – o médico repetiu. ─ Nós o teríamos perdido.
Viramos a noite, esperando que não tivéssemos que fazer isso. Porém, cinco
de nós tiveram que concordar. Realmente não havia outra maneira.

─ Mas ele é um policial ! – eu estava tremendo toda. ─ Um chefe de polícia!


O que ele fará agora?

O doutor parecia desconfortável e Ryan logo estava atrás de mim,


esfregando meus braços em apoio, tentando me acalmar.

─ Eu sinto muito mesmo. – o médico respondeu, olhando para baixo,


virando-se e sumindo no corredor.

─ Isso, ótimo, apenas dê as costas! – eu gritei mais alto, atraindo a atenção


de todo mundo na sala de espera. ─ Não podemos arrumar, simplesmente
cortem fora! Incompetentes de merda…

─ Skylar. – Ryan me afastou do corredor. ─ Poxa, vamos olhar o outro lado


disso, seu pai está vivo.

─ Você não conhece o William! – eu chorava. ─ Isso vai matá-lo!

─ Vamos… sente-se. – Ryan me sentou gentilmente enquanto as garotas


me encaravam, parecendo pesarosas por mim.

─ Escute, Skylar. – começou Ryan. ─ Seu pai é policial. Durante toda a sua
vida ele teve consciência que salvar os outros… podia significar que ele
acabaria ferido no cumprimento do seu dever. Todo policial sabe disso. Eles
aceitam isso. Perder uma perna não vai fazer de William menos do que ele é.
Eu prometo.

─ Isto é minha culpa, Ryan – eu agarrei os meus cabelos. ─ Eu fiz ele vir
até aqui, fiz ele nos ajudar! Ele estaria em casa, seguro em Bellevue neste
exato momento se não fosse por mim!

─ E aí eu estaria morto agora. – Ryan destacou, deixando as coisas claras


para mim, olhando bem nos meus olhos. ─ Mathew… estaria morto agora.
Lembra-se de quem deu o tiro na perna de Claire, exatamente na hora em que
ela estava prestes a atirar na cabeça de Mathew?

Eu apenas chorava, odiando que eu não pudesse me arrepender de pedir ao


meu pai para vir até aqui nos ajudar. Ele tinha sido essencial na coisa toda.
Talvez ele não fosse do tipo Rambo, mas se não fosse por ele, é verdade, Ryan
definitivamente estaria morto. E havia uma probabilidade de noventa por cento
de Mathew estar morto também.

Quem sabe o que mais poderia acontecer se meu pai não tivesse feito parte
disso tudo?
─ Está tudo bem. – Ryan beijou o topo da minha cabeça enquanto eu a
segurava em minhas mãos. ─ Vá em frente e chore. É uma merda mesmo.

Ryan logo me levou para fora, para me sentar sob a brisa da manhã
enquanto eu me debulhava.

Era muito melhor que ficar naquela sala de espera horrível, com todos me
olhando, cochichando sobre mim.

Eu comecei a perceber como era bom ser consolada e cuidada por Ryan, e
por um segundo me perguntei se ele pensava que eu era uma grande pé-no-
saco, como Mathew provavelmente tinha sido para ele nos últimos anos. Eu
sabia que ele não se importava, mas também prometi a mim mesma que
encontraria um jeito de retribuí-lo por tudo que ele tinha feito, não só por
mim, como por Mathew. Ele é aquele cara enorme, bonitão e assustador no
começo. Mas então, quando ele te toca, é apenas um irmão-urso gigante. Eu
estava tão grata a Ryan por hoje.

Ou talvez ele estivesse tentando agradecer a meu pai por salvar sua vida
tomando conta de mim.

De um jeito ou de outro, era muito doce. Mas eu detestava que eupreferisse


ter Mathew aqui, me abraçando, me beijando… sussurrando palavras de
conforto no meu ouvido. Eu também sabia que ele ficaria bastante chateado
quando soubesse sobre o meu pai, e provavelmente faria exatamente o que
fiz… se culparia. Nesse momento, eu teria que convocar Ryan para lhe dar o
mesmo discurso que recebi.

Gostava ainda mais quando ele não dizia nada. Ele não preenchia o vazio
com tagarelice e me dizia todos os tipos de chavões bonitos. Ele  simplesmente
me deixou chorar. E eu imaginei Mathew… nu e chorando enquanto Ryan
apenas sentava-se ao seu lado, deixando-o botar tudo para fora, não
permitindo que ele sofresse sozinho.

Finalmente, por volta do meio-dia, me senti corajosa o suficiente para voltar


para a sala de espera. Eu disse à minhas amigas para irem para casa e
dormirem um pouco. Elas foram somente quando falei que precisava de um
par de jeans confortável, camiseta, meias e tênis. Elas prometeram estar de
volta em mais ou menos uma hora.

Ryan continuou comigo, fazendo eu me aventurar até a lanchonete no


andar debaixo. Foi só então que pensei que deveria talvez ligar para os pais de
Mathew… ou quem sabe para Joseph e Katherine. Mas Mathew gostaria que
eles soubessem? E se a polícia lhes dissesse algo sobre o que aconteceu? Não,
Ryan e eu decidimos. Mathew podia decidir se ele queria que mais alguém
viesse visitá-lo.

Ryan me fez andar um pouco com ele pelo hospital, agora que tínhamos
notícias a respeito de Mathew e meu pai. Ele queria que eu ficasse algum
tempo longe daquela sala de espera. Nós caminhamos pela ala da maternidade
e quase quis parar e correr para a outra direção.

No entanto, Ryan ficou tão animado em estar ali olhando os bebês. Aquilo
me surpreendeu. E, depois de ele ter sido tão bom comigo, eu não protestei.

Estávamos observando o berçário através do vidro. Os nomes dos bebês


decoravam cada berço e todos eles tinham um chapeuzinho rosa ou azul
confortavelmente nas suas cabeças minúsculas e frágeis.

Nós apontávamos os mais fofos um para o outro. E depois os que tinham


uma aparência estranha. Eu me peguei rindo de um bebê, Jennifer. Ela não
parava de chorar. Ela parecia irritada e seu lábio inferior ficava curvado num
beicinho. Lembrava-me os lábios de Mathew.

─ Eu adoro bebês. – confessou Ryan, em seguida olhou para mim,


levemente constrangido. Mas eu estava sorrindo em troca para ele, sendo
assim ele continuou.

Eu podia ver Ryan sendo ótimo com crianças. Ele daria um pai maravilhoso.

─ Eles ainda não cometeram nenhum erro. – ele inclinou a cabeça enquanto
observava um. ─ Podem ser qualquer coisa… fazer qualquer coisa.

Dra. Skylar estava de volta, sabendo por que Ryan gostava do pensamento
de uma lousa em branco. Eu estou certa que a vida dele com Claire também
não era repleta de piqueniques. E eu me perguntei quantas vezes ela o teria
machucado também. Eu estava tão focada na dor de Mathew que não pensei
no resto deles. Com certeza ela compartilhou sua doença com cada homem
que trabalhou para ela.

─ Você está livre agora também, Ryan. – eu cruzei os meus braços, olhando
para ele com um sorriso fraco. ─ O que vai fazer agora?

─ Bem… - Ryan sorria largamente, a concretização de que ele tinha um


passado limpo agora lhe dominando também, e que ele podia fazer e ir onde
bem entendesse.

─ Para começar, eu quero contar à polícia tudo o que eu sei. – Ryan


começou. ─ Eu quero que James apodreça na sua cela e quero vê-lo dentro
dela, mesmo que seja por um minuto. Será ótimo vê-lo do outro lado pelo
menos uma vez.

─ Certo, após sua tarefa estar feita, o que virá a seguir? – estimulei um
pouco mais.

─ Hmmm… – ele sorriu, olhando novamente para os bebês. ─ Eu nunca


havia sequer pensado nisso. Estranho. Só sei que quero trabalhar ao ar livre,
não ligo para que clima for, eu quero estar ao ar livre. Talvez trabalhar com
animais. Eu gosto de fazendas.
─ Fazendas? – meu sorriso aumentou e nós dois demos risada ao mesmo
tempo.

Eu o entendi imediatamente. Após ficar enfiado em lugares escuros e


esfumaçados, fazia sentido que ele desejasse o ar livre, se agasalhar na chuva
e na neve, sem preocupar-se com o frio após tudo o que ele passara. E era
legal que ele quisesse cuidar de animais. Sem dúvidas as pessoas pareciam
menos atraentes para ele agora, depois de tudo que ele as viu fazer, que
animais inocentes, que nunca tinham a intenção de machucar ninguém.

E o gosto por fazendas… Ryan desejava fazer coisas brotarem, onde antes
não existia nada. Ele queria ver as coisas crescerem e se abrirem ao invés de
assistir pessoas como Mathew recuarem e se fecharem. Ele queria cavar a
terra, sentir-se puro por dentro no final do dia, em vez de se sentir sujo o
tempo inteiro, por dentro e por fora.

Ele queria ser totalmente o oposto do que tinha sido antes.

─ Eu nunca estive numa fazenda. – Ryan deu de ombros. ─ Mas eu acho


que ia gostar. Sei lá.

Ele estava tão adorável e envergonhado, de repente. Eu não me sentia mal


de forma alguma, aqui, observando os bebês, como pensei que ficaria. Era
bom. Eu gostava de Ryan de verdade. Fico feliz que Mathew tivesse este
grande irmão cuidando dele enquanto viveu na Fire. Isso só prova, que mesmo
em nossos infernos pessoais, às vezes Deus nos envia um anjo para olhar por
nós.

─ Acho que você seria um fazendeiro incrível. – eu disse. ─ Você é grande e


forte… e ficaria maravilhoso naqueles macacões jeans e chapéus de palha.

Nós dois rimos. E era maravilhoso.

Eu peguei seu braço e me encostei nele, esfregando suas costas. E


observamos os bebês mais um pouco. Eu esperava que Mathew acordasse em
breve. As enfermeiras prometeram nos deixar vê-lo quando ele despertasse.
Não devia demorar muito, mas me senti mal desejando que ele acordasse, já
que ele poderia ficar dolorido e desconfortável, e perturbado com as notícias
do meu pai. Uma grande parte de mim queria que ele continuasse
descansando, para desfrutar da paz.

─ Vamos, Skylar. – Ryan colocou um braço em volta de mim e começamos


a andar de novo. ─ Vou te contar a história de como Mathew ganhou o apelido
Thumper. 

─ Ryan?

─ Skylar?

─ Estou feliz que você não esteja morto.


─ Que isso, obrigado.

Capítulo 34 

Mathew POV

─ Eu estava tão assustada quando ele finalmente olhou para mim… – disse
a voz de Skylar, soando muito longe. ─ Ele andou pelo piso do ginásio e eu não
conseguia respirar. Eu quase desmaiei por falta de oxigênio no momento que
ele chegou perto de mim, e me pediu para dançar com ele.

Skylar suspirou e foi aí que eu senti seus dedos acariciando os meus.


Devagar… meus dedos começaram a sentir as coisas de novo. Carne… osso …
músculos… ar …calor … som ….tudo foi voltando.

Eu estou vivo … ainda melhor do que isso … Skylar está me tocando…


falando comigo… ela está comigo.

O que ela está falando? Sua primeira dança? Ela acha que o ciúme vai me
trazer de volta à consciência? Bem, isso está funcionando, não é?

No interior, eu sorri, querendo ouvir mais. Eu desejei que eu pudesse ter


sido o primeiro menino a chamá-la para dançar. Mesmo que esse menino,
provavelmente, ainda está sentindo dor em seus dedos do pé em algum lugar,
amaldiçoando o nome de Skylar. Eu queria ser tudo para ela.

Em seguida, ela engasgou e ouvi sua voz mais claramente, dizendo:

─ Ryan! Ele está sorrindo!

─ Ele está acordando?  - a voz de Ryan era alta e forte, fazendo-me sentir
ainda mais seguro. Em seguida, um segundo depois, eu desejei que ele não
estivesse aqui com a gente. Eu queria ficar sozinho com a minha Skylar.

─ Mathew?  - ela sussurrou, fazendo a voz mais suave e delicada. ─ Baby…


está tudo bem. Estamos todos aqui. Você está bem. Pode tentar abrir os olhos,
querido?

 Eu posso? Se ela quisesse, eu pararia até o tempo.


Meus olhos estavam pesados , mas eu consegui piscá-los, e um rosto
borrado pairava acima de mim. Skylar.

Eu ouvi a mesma rir, em alívio, e eu podia ver que ela estava sorrindo, seus
pequenos dentes brancos entrando em foco agora.

Eu não pude segurar o sorriso lento, que voltou à vida em meu rosto
conforme os detalhes do rosto dela ficavam mais claros. Eu podia ver os
cabelos em sua cabeça, seus cílios… aqueles olhos azuis impressionantes … Ela
nunca pareceu mais bonita para mim do que agora.

 ─ Oi querido…  – sua voz quase miou ao dizer isso, e eu vi lágrimas que


revestirem o fundo de seus olhos. Suas mãos estavam segurando as minhas
agora, de forma segura, amorosa, me dizendo que eu estava em boas mãos,
que eu estava com as pessoas que me amavam.

Será que a minha voz funciona? Deixe-me ver.

Com um pequeno esforço de minha garganta, eu tentei.

─ Oi. – eu comecei, de forma eloquente.

Skylar riu de novo e ouvi Ryan dar uma risada também. Então Skylar
estava chorando.

Não, nada disso. Chorar estava em nosso passado agora. Risadas… esse é o
nosso novo som. Tentei pensar em algo que iria fazê-la parar de chorar.

─ Quem é você?   - eu sorri inocentemente e ambos, Skylar e Ryan,


suspiraram, suas bocas batendo quase no chão.

Então eu ri. Eu ri como se fizesse mil anos desde a última vez que tentei. E
eu assisti os rostos deles ao perceber minha brincadeira… Ryan sorriu.

Mas… Skylar não.

─ Isso não é engraçado, Trenner! – ela quase foi para bater no meu braço
ou alguma coisa, mas parou a si mesma, não querendo me atacar enquanto eu
ainda estava na minha cama de hospital.

─ Ah, vamos lá, Skylar…  – eu sorri um pouco menos. ─ Foi muito


engraçado.

─ Mathew tem um senso de humor doente.  – Ryan concordou. ─ Eu pensei


que você soubesse disso já, Skylar.

─ Não. – ela disse, então pensou sobre isso. ─ Bem… talvez. Teve um dia
que eu quase fui para a faculdade de roupão! E ele quase me deixou fazer isso
sem me avisar!
Eu ri de novo, pensando naquele dia e no olhar em seu rosto…

─ Ah, Ryan! – eu ri. ─ Era um roupão de ursinho ainda.

Ele começou a rir comigo e Skylar franziu mais a testa, não desfrutando do
nosso momento.

─ Eu não posso acreditar que eu realmente rezei por você para acordar.  –
Skylar resmungou e quase se levantou da cama. Ela estava sentada ali, ao
meu lado.

Ryan a agarrou pelos braços e sentou-a de volta no lugar, depois ficou de


pé.

─ Eu vou ver algumas enfermeiras.  – Ryan estava saindo do quarto, eu


tinha certeza que era pra me deixar ter algum tempo a sós com Skylar.

─ Vejo você mais tarde, estranho. – Ryan apontou para mim, com seu
sorriso habitual, eu sorri de volta para ele como um idiota. ─ Skylar, volto pra
te buscar daqui a pouco.

Ele se foi e eu sabia que tinha alguns pedidos de desculpas para fazer.

Eu apertei as mãozinhas dela na minha e sorri mais, incapaz de me deter, e


disse:

─ Sinto muito, Skylar. Você estava chorando. Eu odeio isso. Eu só queria


fazer você rir.

Ela olhou para as nossas mãos e se derreteu, sorrindo como eu queria que
fizesse agora.

─ Isso… – eu ronronei em aprovação. ─ É assim que eu adoro ver o seu


rosto. Você tem o sorriso mais perfeito. Bem… você e Katie…

Em seguida, um medo súbito se levantou dentro de mim. Claire… Katie…


James…

─ Skylar! – de repente eu estava tenso e agarrando-a com força, seu rosto


olhando para mim em estado de choque. ─ Katie! Onde ela está?! Ela está
bem?! Alguém tem que avisá-los para sair da casa! Quanto tempo eu estive
fora?! Você tem que fazer uma ligação para Flórida para mim agora!

─ Mathew, Mathew… shhh… shh… – Skylar estava acariciando meu rosto


enquanto eu acalmava um pouco. ─ Eles estão fora de casa. A polícia da
Flórida tem todos em uma casa segura agora. É um lugar agradável, Ben me
contou. Liguei pra eles em seu celular. Estão bem. Katie está bem.
Eu senti todo o ar preso do meu peito ser liberado, então… Eu relaxei e
deixei meus dedos soltarem os braços de Skylar. E eu senti lágrimas nos meus
olhos.

─ Shhh…  – ela continuou acariciando meu rosto com as duas mãos,


conforme eu fechei os olhos, lentamente me acalmando. ─ Nada vai acontecer
com ela, Mathew, eu prometo. Ela está segura. Ela não está com medo. Ben
mesmo disse que iria levá-la hoje ou amanhã para Disneylândia.

─ Claire disse… se eu fosse embora, eles… eles iriam pegá-la… – eu odiava


o quão fraco eu soava, mas mesmo que Claire tivesse morrido, sua família
não. Durante anos, ameaças de danos chegando a Katie me mantiveram ao
lado de Claire. E ainda me assustavam pra caramba.

─ Não. – Skylar colocou a testa na minha. ─ Aquelas coisas eram mentiras,


Mathew. Mentiras para mantê-lo escravo dela. Ela sabia onde seu coração
estava. E ela usou isso. Ninguém vai atrás da Katie. Ninguém vai machucá-la.
Você estará com ela de novo… muito em breve. Não tenha medo, Mathew.

Não ter medo. Eu não sabia como fazer isso. Será que eu nunca vou me
sentir seguro? Será que, mesmo vivendo com Katie, eu vou odiar cada vez que
ela sair para brincar, toda vez que ela vai para a casa de uma amiga, toda vez
que ela for para a escola… Eu ficaria com medo, olhando para a porta até que
ela voltasse? E se ela chegasse em casa tarde algum dia? Cristo! Eu perderia
minha mente.

Claire se foi. Mas o medo não. A ameaça não. O perigo não. Sua família vai
querer vingança. James vai querer vingança. Ele poderia fazer um telefonema
da prisão e os homens estariam atrás de nós. Foi então que eu percebi que eu
não poderia ir para a Flórida. Nós não podemos viver lá. Nós temos que fugir.
Temos que viver em outro lugar. Em algum lugar que ninguém possa nos
localizar. Marte não parece longe o suficiente para mim neste momento.

─ Só descanse agora, ok? – a voz de Skylar perguntou gentilmente,


movendo o cobertor em volta do meu pescoço. ─ Tudo vai ficar bem.

─ A única vez que me sentia seguro foi quando eu estava fazendo o que
Claire queria. –eu confessei. ─ Eu sabia que assim ela não faria mal Katie.

─ Essa vida acabou agora, Mathew.  – ela disse com firmeza, olhando bem
nos meus olhos, com a mão segurando meu queixo. ─ Já acabou. Não olhe
para trás agora. Nós vamos falar sobre isso. Mas não até que você esteja
melhor… e fora daqui. Quero dizer, você vai ter de olhar para trás novamente,
assim você vai se curar. Vamos falar sobre isso, o tempo todo. Não falar sobre
isso é a reprimir a história e, em seguida, ela nunca iria embora. Mas hoje, eu
quero que você relaxe.

Deixei escapar um suspiro e já me sentia mais forte. Skylar sempre me deu


uma nova fé e ar para que eu pudesse seguir em frente, quando eu pensava
que era impossível.
Então eu pensei em perguntar isso.

─ Como está o William?  - eu perguntei, ainda preocupado. Eu tinha uma


sensação de pavor total em ela me dizer que ele morreu ou algo assim. Eu
estudei seu rosto de perto quando ela me respondeu.

Tristeza. Dor.

─ Ele está bem. – ela respondeu secamente, tentando sorrir um pouco. ─


Ele vai ficar bem.

─ Não, Skylar. – eu segurei sua mão. ─ Me diz.

Ela endureceu e limpou a garganta. Ela não chorou, no entanto. Ela segurou
o choro de volta.

─ Ele… ele… perdeu a perna. – ela disse rapidamente. ─ Ele caiu sobre ela
quando despencou. Ela estava completamente destruída, disse o médico.

Eu senti como se todo o ar tivesse sido sugado para fora do meu corpo.
Imaginei William sem sua perna e isso me machucou fisicamente por dentro.

Coisa demais pra descansar hoje.

─ E antes que comece, Mathew… – Skylar olhou para mim, coragem crua
em seus olhos. ─ Isso não é culpa de ninguém, só de Claire. Eu estava me
culpando, também, até que Ryan apontou algumas coisas para mim. Primeiro,
o meu pai é e sempre será… um policial. Ele sabe todos os dias que ele arrisca
sua vida para os outros. Ele queria ajudá-lo… e a mim. Ele sabia que havia
perigos. Ele salvou sua vida e a de Ryan… e a minha também. Sei que ele não
se arrepende de nada que ele fez na noite passada. Então você não está
autorizado a isso, também. A culpa mata, Mathew. Deixe que a Dra. Skylar te
explique, é uma emoção inútil que pode prejudicá-lo. Então, nós não vamos
senti-la, entendeu?

Eu não respondi por um momento, mas olhei para o sua mão tocando a
minha, a agulha e fita ali, olhando para mim.

─ Entendeu, Trenner? – ela puxou meu rosto para que eu estivesse olhando
para ela de novo.

─ Entendi. – eu disse solenemente, desejando que eu fosse tão forte como


ela era.

Talvez, com o tempo, depois de muita terapia, eu poderia ser como Skylar.
Ou talvez não. Mas eu gostaria de tentar o meu melhor para ser digno desta
mulher. E Katie.

Eu quase quis ter uma sessão logo em seguida com a Dra. Skylar, mas não
acho que ela estava a fim de uma agora. Ela parecia cansada e triste… e eu
sabia que ela tinha passado o inferno nas últimas dez horas. Ela precisava
descansar mais do que eu.

Eu me movi na minha cama e abri o cobertor para ela. Eu precisava cuidar


dela agora, assim como ela sempre tinha cuidado de mim. Ela precisava de
mim agora.

─ Vem cá, Bambi. – eu sussurrei, olhando para baixo para mim mesmo,
esperando que eu não estivesse ainda usando minha cueca daquela noite.

Eu não estava. Eu estava nu debaixo da roupa de hospital e eu não acho


que estava amarrado nas costas também. Eu não me importava. Eu sempre
dormia nu, de qualquer maneira. Eu quase me movi para tirar a camisola de
hospital sozinho, mas não acho que era certo no momento aconchegar-me
contra ela nu. Eu não queria que ela pensasse que isso era uma coisa sexual.
Eu queria confortá-la. Eu queria abraçá-la e beijá-la até que ela adormecesse
em meus braços. Eu tinha esperado por tanto tempo para abraçá-la assim
novamente. Três dias inteiros. É uma vida sem Skylar.

Eu realmente recebi um pequeno sorriso em seguida. E ela se arrastou até


a cama comigo.

Ela soltou uma respiração irregular enquanto se aconchegou em mim,


minha mão curvando o agradável cobertor macio em torno do seu ombro.
Meus braços a trazendo para mais perto de mim e eu acariciava seu cabelo,
colocando sua cabeça para baixo contra o meu peito, certificando-me de evitar
as ataduras que haviam envolvido em mim.

─ Mmmmm… – deitei meu queixo em sua cabeça, meio deitado no


travesseiro também. O cheiro do seu cabelo ainda era um morango fraco. ─ Eu
senti falta disso… muito. Eu não quero nunca sequer dormir sem você de novo.

─ Eu não consigo dormir sem você. – ela respondeu. ─ Eu realmente não


tenho dormido desde que você partiu.

Senti uma pequena dor profunda internamente e a segurei mais apertado,


beijando-lhe o cabelo:

─ Bem, eu estou aqui agora. Vamos dormir.

Ela suspirou,feliz nesse momento.

Eu não podia ver o rosto dela, mas eu estava adivinhando que ela não faria
isso sem uma briga.

─ Uma coisa. – eu disse, deslizando meu braço para fora da minha camisola
de hospital. ─ Eu durmo pelado, sempre. Você tem algum problema com isso?

Eu cuidadosamente movi a camisola para fora do meu braço ferido


enquanto Skylar me ajudava e ela riu, jogando-a sobre o seu ombro.
─ Absolutamente nenhum. – ela respondeu sem um pouco de hesitação. Na
verdade, houve uma pequena sensualidade em seu sorriso.

Eu pensei que talvez Skylar ficaria nua também, como ela fez em seu
apartamento naquela primeira noite, mas ela não o fez. Eu estava agradecido.
Eu não quis dizer para que qualquer coisa acontecesse aqui na cama do
hospital, mas eu odiava o cheiro da roupa hospitalar. E, embora eu odiasse
admitir, eu estava acostumado a dormir nu. Talvez, algum dia, eu usaria
pijamas.

Fique para baixo, *Frankencock. Não agora. E ele me ouviu! Pela primeira
vez, ele ficou para baixo. Bom menino!

(*Frankencock: o apelido do pênis do Mathew, por ser longo,


esquisitamente grande e blá-blá-blá…)

─ Feche os olhos. – eu disse baixinho, meus dedos acariciando sobre as


suas pálpebras enquanto ela me obedecia. ─ Eu não estou fedendo, não é? –
perguntei, esperando que eu não tivesse esse cheiro de hospital.

Ela riu, me dando o melhor prêmio que eu poderia ter pedido.

─ Não, você cheira bem. – ela beijou meu pescoço. ─ Mesmo com as roupas
do hospital, seu cheiro é ótimo. Como você faz isso?

─ Pura magia. – eu ri. ─ Agora, silêncio. Hora de dormir.

Eu sorri, sentindo-me tão vivo e completo agora que eu estava a segurando


novamente. Isto era tão certo, tão maravilhoso. Eu jurei que nunca a deixaria
ir novamente. Mesmo se ela quisesse ir, eu estaria sempre com ela. De
qualquer forma que eu pudesse estar. Mesmo que isso signifique persegui-la
onde quer que ela decida ir.

Deus, eu precisava de terapia.

Um momento ou dois tinham passado e eu fechei meus olhos, apenas


ouvindo a respiração dela. Seu ar um pouco quente exalado fazendo cócegas
no meu pescoço, mas isso só me fez sentir mais tranquilo… mais à vontade.
Skylar está comigo. Em meus braços.

E então eu finalmente percebi.

Eu nunca teria que dançar em uma gaiola de novo. Eu nunca teria que
entregar uma pizza novamente. (Pelo menos não com o conhecimento de que
eu seria estuprado pela minha cliente.) Eu nunca teria que ser amarrado de
novo, ou amordaçado. A menos, é claro, que Skylar quisesse brincar comigo.
Eu não me importaria com isso. Mas então eu duvidava que Skylar algum dia
quereria fazer isso comigo, ela sendo tão amável e sensível como ela é.
─ Eu te amo. – ela sussurrou, beijando meu pescoço e aconchegando seu
rosto nele. Eu amava a sensação dela na minha pele.

Sem uma palavra, eu decidi que tinha de beijá-la. Eu queria aqueles lábios.
Cobri em concha sob o seu queixo com meu dedo e ergui sua boca para a
minha, colocando um beijo muito suave e molhado lá. Eu não o fiz muito
sexual. Nada de línguas. Este era um beijo que diria eu te amo. Então minha
voz decidiu proferir as palavras.

─ Eu amo você. – eu respondi, tão naturalmente como respirar. Eu nunca


senti tal certeza sobre qualquer outra coisa, além de amar a minha filha com
tudo que eu tinha… até agora. Eu amo Skylar. Eu sempre amarei Skylar.

Ela se abraçou em mim novamente e meu coração começou a bater mais


forte no meu peito. Nós nos encaixamos tão perfeitamente, como se
tivéssemos nascido juntos, como um só e sendo separados, simplesmente a
vagar pela terra em busca do outro, para ser um novamente.

─ Durma agora. – eu acariciava seu cabelo um pouco demorado, esperando


que ela ouvisse e tentasse obter um pouco de paz, pelo menos. Seus olhos
pareciam muito exaustos, embora encantadores.

Nós ficamos deitados ali por horas. A enfermeira nem sequer tentou entrar
e levá-la para longe de mim e eu estava grato. Talvez a dona sorte esteja
finalmente gostando de mim de uma vez. Talvez ela esteja pronta para me dar
uma chance e dançar comigo. Dança lenta, por favor. Eu nunca quero mover
meus quadris novamente. Eu não danço mais assim.

Eu tentei dormir enquanto Skylar dormia, mas de vez em quando perguntas


apareceriam na minha cabeça.

O que eu vou fazer agora? Ser um caixa de mercado de novo? Como vou
explicar o grande espaço de seis anos em meu histórico de trabalho em uma
entrevista de emprego? Tenho 26 anos e não tenho competências, afinal.
Talvez eu pudesse ser um garçom. Eu ainda não tinha certeza para qual cidade
nós iríamos, então eu realmente não podia pensar em minhas oportunidade de
trabalho no momento. Não pode ser alguma cidade pequena onde não havia
empregos para serem encontrados.

Eu finalmente caí no sono depois que me fiz parar de me preocupar agora.


Meu ombro, onde era a ferida, não doía nada ainda e eu estava feliz que os
analgésicos estivessem funcionando. Estou contente por eles não me fazerem
todo imbecil também. Eu não queria estar agindo todo estúpido enquanto
Skylar ainda estava machucada. Eu não queria ser um fardo para ela, nunca.

Então eu pensei em William novamente. Ele certamente me odiaria agora.


Quase tanto quanto eu me odiava por colocá-lo em toda a situação, em
primeiro lugar.
Não que ele me amasse antes dos eventos da noite anterior. Isso
bagunçaria as coisas entre Skylar e eu? Não. Eu decidi não deixar isso.

Eu trabalharia extra para ganhar a amizade de William. Eu o faria me


perdoar, de alguma forma. Eu o levaria a todos os lugares se isso tornasse as
coisas bem entre nós.

Ele voltaria para Bellevue? Ele pensaria em vir conosco? Se fizermos a coisa
de proteção a testemunhas, ele e Skylar poderiam vir com Katie, Ben, Ângela
e eu para onde eles nos enviassem. Ele teria que vir. Eu não conseguia pensar
em Skylar deixando seu pai para trás, e ele nunca saberia para onde ela foi, ou
seria capaz de ver, ou falar, com ela novamente. Eu não podia deixar Skylar
perder seu pai por causa de mim também. Ela se teria raiva de mim com o
tempo. Ele teria que vir conosco.

Então eu pensei em Katherine e Joseph. E algo dentro de mim começou a


doer um pouco mais. Eu acabei de voltar a ter contato com eles. Eu não podia
simplesmente desaparecer agora. Pensei em eu mesmo contar a eles… que eu
nunca seria capaz de vê-los novamente. Katherine… seu coração quebraria. Ela
nunca aceitaria isso. Ela não me deixaria ir. Conhecendo-a, ela preferiria
carregar as armas e caçar cada homem na família de Claire antes que ela me
permitisse simplesmente desaparecer. Joseph tinha uma maneira muito
tranquila, o oposto de Katherine. Ele ficaria triste e me abraçaria, me
desejando o bem, e isso me machucaria tanto quanto os protestos de
Katherine.

Uma coisa é certa. Nós não estamos fora da floresta ainda. Mas o lobo está
morto. Agora nós só tínhamos que encontrar o nosso caminho para fora da
escuridão. Que bom que eu tenho luz. Skylar é a minha luz. Com ela eu sabia
que eu ficaria bem.

Nós podemos fazer isso. Eu posso fazer isto funcionar. Eu jurei de todo o
meu coração que eu faria.

Senti a perna de Skylar curvar sobre ambas as minhas e foi como se uma
droga tivesse sido injetada nas minhas veias. Senti uma mágica calmante
fluindo nas minhas veias… e, mais uma vez eu adormeci, sorrindo… deitado
com o meu anjo.

Nós vamos ficar bem. Eu sei que vamos.

Skylar POV

Eu estava finalmente autorizada a ver o meu pai. Não sei porquê, mas eu
estava com tanto medo, ao entrar em seu quarto. O que eu diria? Devo apenas
abraçá-lo? Ele deixaria? E se ele me evitasse?

Mathew estava bem no momento. Depois do nosso cochilo, eu comprei seu


icee cereja, sobre o qual ele ficou absolutamente feliz quando eu
sorrateiramente trouxe para o seu quarto. Recebi grandes abraços e beijos por
isso. Eu também trouxe para ele sua roupa de dormir, a que eu tinha
comprado para ele quando mudei a regra número um, junto com as calças do
pijama de flanela agradável. Tanto quanto eu amava o seu corpo nu, eu não
queria que as enfermeiras ficassem olhando para ele.

Ele é meu. Outros olhos nunca verão aquele corpo impressionante


novamente. Só meu.

Ele estava tão feliz quando eu o vesti e coloquei o canudo em seus lábios,
observando-o sugar o espesso e gelado suco de cereja. Ele é tão fácil de
agradar. Dando-lhe este suco gelado hoje, ele agiria como se eu acabasse de
dar a ele uma nova Ferrari. E não era falso também. Ele realmente amava
isso. Qualquer ato de afeto ou bondade para com ele era raro e mais precioso
do que o oxigênio. Eu o faria se acostumar com isso. Eu prometi fazer seus
dias cheios desses pequenos ‘eu amo você’ que não tem que ser falado com
palavras.

Minha boca se abriu quando ele chupou mais forte pelo canudo. Eu podia
observar isso o dia todo.

Deus, eu preciso de ajuda. 

(…)

Bati na porta muito timidamente e depois de uma pequena pausa, ouvi sua
voz rouca.

─ Entre. – meu pai disse, nenhum prazer em nada no seu tom.

Engoli, respirei fundo e forcei minha mão para puxar a porta aberta,
entrando.

Eu fiquei ali parada como se fosse uma estranha. Percebi assim que eu
entrei, William jogou um travesseiro branco sobre sua perna… ou… onde sua
perna deveria estar. Eu tinha medo de olhar ali, então não olhei, neste
momento. Então eu me senti mal por não ser mais forte para ele. Ele precisava
de mim também agora.

Olhei para o rosto do meu pai ao invés das suas pernas e vi um olhar de
vergonha e quase humilhação ali. Eu não entendi isso. Ele não tinha motivos
para se envergonhar. Isso deveria ser a minha cara agora, não a dele.

Eu pensei que ele ficaria com raiva ou ódio de mim e que eu veria isso em
seus olhos. Ao contrário, ele suavizou seu olhar e me deu um pequeno sorriso.

─ Oi, Sky. – ele disse, o carinho e cuidado ainda em sua voz quando ele me
cumprimentou.

Eu explodi, chorando, e corri para ele, jogando meus braços ao redor do


seu pescoço, minhas lágrimas já molhando sua camisola verde do hospital.
Seu rosto não estava barbeado, mas eu não me importei. Eu apenas chorei e
me agarrei a ele… e seus braços me abraçaram de volta, sua boca colocando
um único beijo na minha cabeça.

─ Vamos, agora. – ele finalmente disse, sua voz baixa e profunda enquanto
ele rapidamente esfregava minhas costas. ─ Nenhuma dessas coisas agora. Eu
estou bem. Desligue esse derramamento de água.

Isso é tão meu pai. Ele odeia a atenção. E ele odeia quando eu choro
também, exatamente como Mathew.

Eu me endireitei, de pé ao seu lado, as lágrimas por todo o meu rosto


enquanto eu as enxugava, usando a manga do meu moletom para secar meus
olhos.

Ele suspirou.

─ Merdas acontecem. – ele disse com um tom severo. ─ Serve bem para
desejar que eu pudesse ter alguma ação. Cuidado com o que você deseja, eu
acho.

Minha voz falhou mais de uma vez e era aguda, como uma criança de cinco
anos de idade.

─ Sinto muito, papai. – eu soluçava, exatamente como um garotinha. Então


eu solucei um pouco mais enquanto meu pai revirava os olhos.

─ Ei. – William cortou minha crise de choro imediatamente e eu parei,


olhando para ele através dos meus olhos lacrimejantes. ─ Chega. Eu estou
vivo. Você está viva. Eu tenho aquilo pelo que eu rezei. Tenho que ser mais
específico da próxima vez em que eu fizer um acordo com Deus. Esqueci de
incluir, “deixe-me manter todas as partes do meu corpo”.

Essa foi a tentativa do meu pai de uma piada, acredite ou não.

Eu vi o seu sorriso seco e eu tive de sorrir para mim mesma, rindo através
das minhas lágrimas.

─ Essa é a minha menina. – ele sorriu um pouco mais, o homem mais


corajoso e mais forte que eu já tinha conhecido. Puta que pariu, como eu o
respeitava agora.

Eu estava limpando meus olhos um pouco mais quando ele me perguntou:

─ Como está todo mundo? Eles me disseram que todos conseguiram sair
bem.

─ Ah. – eu respirei fundo. ─ Sim. Ryan está aqui, ele está bem. Eli,Riley,
Julie, todos eles estão bem também.
Eu quase disse a ele sobre Mathew, mas não tinha certeza se ele queria
ouvir isso ou não. Eu estava com medo de como ele se sentiria sobre Mathew
agora.

─ E… – ele esperou, levantando as sobrancelhas. ─ Como está Mathew?

─ Bem. – eu tremi. ─ Ele perdeu um pouco de sangue, mas Ryan doou para
ele. Ele está acordado e ele está… bem. Ele já é o velho Mathew novamente.

Velho Mathew. Eu o conheço há duas semanas. 

─ Ótimo. – ele respondeu, olhando para a janela à sua esquerda.

Dra. Skylar rastejou de volta dentro de mim de repente e eu me atrevi a


perguntar.

─ Como você se sente sobre ele agora, pai? – fiquei estática. ─ Você o
odeia?

Ele soltou um longo suspiro e eu olhei para os pêlos negros em seu braço,
com medo de fazer contato visual.

─ Não, Skylar, eu não o odeio. – ele disse francamente. ─ Ele levou uma
bala por você. Eu nunca posso odiá-lo. Eu escolhi ajudar. Eu queria ajudá-lo.
Eu sou um policial. Este é o meu trabalho. Eu só tenho alguma merda com a
qual lidar agora. Eu acho que Deus decidiu que eu estive entediado por muito
tempo. Ele decidiu atirar-me algumas novas curvas. Isso é a vida, Skylar.
Prefiro estar sem uma perna… do que ver você jogar uma rosa em um buraco,
chorando sobre aquele garoto.

Eu pisquei e novas lágrimas caíram e eu não pude falar por um minuto.


Minha garganta estava bloqueada.

─ Eu amo você, pai. – eu resmunguei as palavras, fungando e enxugando


os olhos.

─ Eu te amo, querida. – ele disse, cheio de ternura.

Estendi a mão e segurei sua mão e ele apertou a minha com firmeza.

─ Eu vou voltar para Bellevue assim que esses indivíduos me deixarem sair
daqui. –ele informou, sem rodeios.

Senti minhas sobrancelhas juntarem enquanto eu pensava sobre o que ele


estava dizendo. Muitas perguntas vieram à minha mente até mesmo para
enumerá-las todas, mas eu nunca tive tempo para ordená-las todas.

─ E eu quero que você venha comigo, Skylar. – ele afirmou, olhando para a
frente, para o nada.
Eu senti como se tivesse acabado de levar um tapa no rosto. Ele queria que
eu fosse com ele. Como eu poderia dizer não agora? E quanto à faculdade?
Mathew?

─ Eu não vou entrar em nenhum programa de proteção a testemunhas. –


ele continuou, cada palavra me matando mais. ─ Eu sou um policial, o chefe de
polícia. Eu não preciso me esconder. Eu sei como me proteger. Eu posso te
proteger também, Skylar. Eu quero você comigo.

Horrorizada, eu ouvi a minha voz falhar enquanto eu tentava dizer alguma


coisa.

─ Pai… – eu bufei, fungando então. ─ Eu… você… eu tenho a faculdade aqui.


Eu fiz uma vida aqui… não posso simplesmente, por que você não…

─ Tem faculdade em Bellevue. – meu pai disse, ainda olhando para


qualquer lugar, exceto nos meus olhos. ─ E, francamente, eu acho que você
aprendeu um pouco demais aqui em Nova York. Pelo amor de Deus, Skylar, o
seu professor quase sequestrou você! Ele acorrentou você e… Esta é uma
cidade doentia. Uma vida doentia. Até mesmo Mathew disse isso quando ele
me disse para levá-la para casa. Ele ainda quer uma vida melhor para você do
que isso.

─ Isso foi antes! – senti as lágrimas quentes vindo fortes agora. ─ Ele me
ama! Eu o amo! Depois de tudo o que passamos na outra noite… nós podemos
finalmente ficar juntos agora. Eu disse que não o deixaria. Todos nós
deveríamos entrar no programa de proteção a testemunhas juntos!

Eu soava patética, como uma menina de 16 anos de idade, mas eu não


podia evitar. Meus sentimentos estavam saindo, tão honestos e puros quanto
possível. O rosto do meu pai parecia tão frio agora… apenas momentos atrás
ele estava me amando e sorrindo para mim.

Eu o odiava. A parte profunda e primitiva de mim o odiava por tentar ficar


entre Mathew e eu. Como eu poderia negar a ele qualquer coisa neste
momento?

Ele sabia que eu não podia. E é por isso que ele estava pedindo. Como eu
poderia dizer sim a ele?

─ Se você entrar no programa de proteção a testemunhas, com ele… – meu


pai disse, sua voz e rosto como pedra. ─ Eu nunca poderei vê-la novamente.
Você nunca vai me ver novamente. Este programa é para a vida toda, Skylar.
Você vai se casar com ele, ter filhos juntos… e eu nunca vou conseguir vê-los…
nunca. Eu vou morrer sem nunca saber o que aconteceu com você… sozinho.

Eu chorei e me afastei dele e depois virei de volta, gritando.


─ POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO COMIGO? – eu gritei/chorei para
ele, então fiquei em silêncio, chorando. ─ Como você pode me fazer escolher?
Eu não posso! Não é justo, pai, isso não é justo!

─ A vida não é justa, Skylar. – ele não demonstrou nenhuma emoção ainda.
─ Eu te ensinei isso há muito tempo. Perdemos a sua mãe quando você tinha
dez anos. Isso não foi justo, mas aconteceu. Eu não quero perder você agora.
Você é tudo que eu tenho.

Eu soluçava e fui até a janela, apenas olhando para os carros e grama e céu
enquanto eu chorava, vendo o rosto de Mathew olhando de volta para o meu.

─ Sinto muito, Skylar. – ele disse depois de alguns minutos de ouvir o meu
choro. ─ Eu não quero te machucar. Eu quero você feliz. Ele não vai te fazer
feliz, Skylar. Ele não pode. Por mais que ele possa querer, e significar também,
e amar você… e eu acredito que ele ama… mas… ele é… quebrado. Eu vejo isso
todos os dias. Ele tem passado através do inferno e de volta e através do
inferno novamente. Ele está no escuro, Skylar. Ele viveu nesse mundo por
tanto tempo, ele está acostumado com isso. Ele não pode simplesmente sair e
ser normal agora. Você sabe disso também, sendo uma estudante de
psiquiatria. Me diz que eu estou errado.

Eu ofeguei, odiando cada palavra que ele estava dizendo. Eu nunca poderia
concordar com ele. É de Mathew que ele está falando assim. Eu queria
machucá-lo. Como ele estava me machucando agora, não apenas um
ferimento físico… mas um mais profundo.

Ser um policial tinha feito William duro, e ele deixou de acreditar que as
pessoas podem mudar e ter uma segunda chance.

Mas então eu percebi, ele perdeu a minha mãe para o câncer de mama. Ele
já tinha sido ferido tão profundamente, onde o amante dentro dele vivia… e
tinha desaparecido para sempre agora. Eu não podia acreditar que ele me
deixaria levar a mesma perda que ele tinha sofrido. Ele nunca foi o mesmo
depois que a mamãe morreu… e eu seria para sempre mudada sem Mathew.

─ Eu conserto o quebrado, pai. Isso é o que eu faço! – eu disse, quase


sarcástica enquanto eu olhava em direção ao sol.

Por do sol. Onde Mathew tinha tido sua epifania no barco… onde ele decidiu
mudar sua vida e lutar de volta, apesar dos perigos. Onde ele se tornou forte.
Rezei para ter essa mesma força agora.

─ Consertar pessoas deveria ser a sua carreira, não a sua vida amorosa. –
meu pai disse. ─E você ainda é apenas uma estudante. Você não é boa o
suficiente para consertá-lo e os problemas dele. Ele precisa de um médico de
verdade agora, Skylar. Você não deveria bancar isso. Uma bagunça e as
consequências podem ser fatais… para ele… e você.

─ Ele nunca faria mal a mim! – eu disse, e o encarei novamente.


─ Skylar, eu já vi isso! – ele gritou. ─ Pessoas deprimidas se agarram em
alguém, QUALQUER UM. Contanto que eles possam obter seus rostos acima da
água! Eles nem sequer pensam em como eles estão puxando você para baixo
sob isso! Quando os problemas dele se tornarem pesados demais, quando ele
falhar em fazer isso no mundo normal, ele vai rachar. Ele vai ficar de coração
partido. Ele te ama porque ele pensa que você tem a cura dele! Ele se sente
saudável com você. E, por que não, todas as outras mulheres que ele conhece
simplesmente o machucaram e o usaram. Não é amor verdadeiro por ele,
Skylar. Eu duvido que ele sequer saiba o que o amor real é mais. Ele se
apaixonou por você porque ele acredita que você pode consertá-lo. E quando
você não puder, ele pode decidir levá-la com ele, como aquela mulher, Claire,
quase fez com ele!

─ VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE ELE! – eu gritei. ─ Ele é a pessoa mais
gentil que eu já conheci!

─ Eu não estou falando de sexo, Skylar. – meu pai apertou sua mandíbula.
─ E, sim, eu ouvi sobre o Sr. Gentil amarrando você em um banco e dando
tapas em você. Jesus Cristo, eu comprei para você aqueles banquinhos,
Skylar!

Eu me encolhi, confusa.

─ O que você quer, o seu dinheiro de volta, ou algo assim? – eu perguntei


quando ele franziu mais a testa para mim.

─ Olhe. – eu respirei. ─ Eu sou uma mulher agora, pai. Uma mulher adulta.
Eu faço sexo. Eu faço amor. Não há nada de errado com isso. Sexo não é
sujo… e orgasmos não são um crime. Mathew me ensinou isso. E eu estou
feliz. Eu não serei feita para me sentir suja porque escolhi fazer amor com
Mathew. Isso é coisa nossa, não sua.

─ Você não pode casar com a primeira pessoa que faz amor com você,
Skylar. – ele ficou vermelho quando disse isso. ─ Você é tão jovem. Você deve
crescer um pouco mais, seus gostos mudarão à medida que você amadurecer
mais. Você vai superá-lo. Eu não quero falar mal dele, mas ele mostrou a você
alguns truques novos. Ele fez você sentir coisas… pela primeira vez. É por isso
que você sente que o ama. Mas há mais para o casamento do que o sexo bom.
Há muito mais. Estar com ele só pode terminar em desastre. Por favor, me
escute, Skylar. Eu conheço você. Eu conheço você pela sua vida toda. Vai doer
deixá-lo, eu sei. O primeiro amor sempre dói…

─ Não. – eu me virei, tentando não ouvir, as lágrimas fluindo


completamente agora.

─ Você nunca sequer teve seu coração partido ainda. Faz parte do
crescimento. Mas, com o tempo, você vai se curar. – ele falou mais suave
agora. ─ Você vai fazer novos amigos, bons amigos. Você até mesmo vai se
apaixonar de novo.
─ Pare com isso, pai. – eu chorei, minha voz rachando em todos os lugares.

─ Eu sei que parece impossível para você agora, mas é verdade. – ele
prometeu. ─ Você pode encontrar um bom cara em Bellevue. Ter o seu
diploma. Ter o seu próprio consultório. Ter uma boa família. Você não terá que
colar seu marido junto o tempo todo e esperar que ele permaneça em um
único pedaço. Você vai ter o suficiente dessa pressão sobre você quando você
for uma médica. Você não vai querer isso em sua vida familiar, sua vida
amorosa.

Fechei meus olhos e nem quis imaginar uma vida sem Mathew nela. Eu me
senti enjoada.

─ Deixe-me colocar desta forma, Skylar. – ele disse, a voz vazia. ─ Perdi
minha perna. Vou voltar para Bellevue. É a minha casa. É a nossa casa. Eu
preciso que você venha comigo. Eu preciso de você, filha. Por favor… eu… não
sei se eu posso fazer isso sozinho.

A voz do meu pai rachou. Ela nunca rachava. Eu me virei para ele, vendo
pela primeira vez o medo em seus olhos escuros. Isso não era apenas sobre eu
escolher Mathew, ou deixá-lo… ele estava com medo. E ele precisava de mim.
Ele nunca me disse isso antes.

Eu tremia, olhando para os carros que se deslocavam no estacionamento


pela janela… eu segurava nas cortinas…e eu me senti tão fria. Tão sozinha.

Capítulo 35 

Skylar POV

— Tudo bem, segure em mim…  – eu disse enquanto levava Mathew até a


entrada do meu apartamento, fazendo com que ele colocasse o braço bom em
volta do meu ombro, desejando que ele se apoiasse em mim mais, e ignorasse
a caixa de correio  que se aproximava da escada.

— Skylar, minhas pernas estão bem.  – ele riu. — Não é que eu não gosto
disso, ser carregado por você.

Ele inclinou a cabeça para mim e sorriu, acariciando e beijando minha


bochecha, iniciando um beijo maravilhoso e profundo. Deus, eu senti isso até
em meus dedos do pé.
Eu ri, me sentindo completa por estar trazendo-o de volta para casa.

— Você não quer suas correspondências?   - Mathew apontou o dedo para a


caixa de correio com a mão que estava por cima do meu ombro.

Eu sorri para ele e um sorriso diabólico repousava sobre aqueles lábios


molhados brilhantes dele.

— Passos de bebê.  – eu lembrei. — Você acabou de sair do hospital,


Thumper. Se você tentar me atacar agora, eu acho que você só iria se
machucar.

Ele choramingou como uma criança ao negar doces contra sua vontade.
Começamos a nossa subida até as escadas e, sendo o levado que ele é, ele foi
certificando-se de que os dois pés estavam em cada degrau conforme subimos,
fazendo passos reais de bebê, seu sorriso me esperando para reagir.

— Eu ouvi a história do Thumper, aliás. – eu sorri, levantando uma


sobrancelha.

— Oh Deus.  – Mathew fez uma careta, sua pele em um tom claro de rosa.
Ele cora?

— Foi muito interessante.  – eu o provocava. — Até mesmo as partes não


recomendadas para menores.

— Nota para o futuro.  – ele continuou lentamente seus passos de bebê na


escada. — Apagar a história do Thumper do cérebro de Skylar.

— Eu posso visualizar você… fazendo a sua apresentação com pequenas


orelhas de coelho na sua cabeça. – inclinei-me mais perto e beijei-lhe o
pescoço, depois sua orelha e ganhei seu gemido por isso.

— Ryan as colocou em mim.  – ele informou. — Eu estava amarrado, então


eu não podia tirá-las.

—Eu ouvi a história.  – eu disse, tentando esquecer as partes sexuais. Eu


odiava pensar em uma disputa Ryan vs Mathew em uma porra de um concurso
na noite de Halloween. Era mais uma  ideia distorcida de Claire sobre diversão,
colocando seus dois favoritos um contra o outro, clientes e amigas dela
formando filas esperando sua vez . Dez dólares para quem adivinhar quem
ganhou esse pequeno desafio…

Sim , Frankencock arrebenta! Então, já que Mathew estava usando essas


pequenas orelhas de coelho o tempo todo, as mulheres começaram a chamá-lo
de *Thumper, um duplo significado. As orelhas não eram a única razão de ele
ter esse apelido, eu tenho certeza.
(*Thumper: aquele coelho do filme Bambi, lembram? Rápido,
astuto, veloz, e por ser um coelho, ter  habilidades impressionantes na
hora do sexo…)

Eu acho que foi ali que Claire pode ter começado a preferir Mathew, ao
invés de Ryan. Parece, de acordo com o próprio Ryan, que havia um monte
dessas pequenas competições que ela os colocava. Ryan também me disse na
sala de espera, que Mathew era uma máquina. Ele sempre ganhou. No
entanto, ele nunca foi um mau vencedor. Ele era sempre gentil, sempre um
amigo, Ryan acrescentou.

—Minha vida era tão nojenta antes de você.  – ele disse, não com qualquer
tristeza, mas com uma voz alegre. — Neste Halloween vamos fazer doces ou
travessuras com Katie. Mal posso esperar por isso. Talvez você possa ser o
coelho.

Eu sorri, gostando essa imagem. Ele me beijou na boca rapidamente, e


estávamos quase no topo das escadas.

— Um coelho branco pequeno… com um rabinho de algodão.  – ele


continuou imaginando. Homens.

Senti que suas partes mais baixas estavam vivas e bem, e não sentindo os
efeitos da lesão de bala. Na verdade, depois de alguns dias sem brincadeiras,
eu temia que o Frankencock fosse atacar assim chegarmos dentro do meu
apartamento.

Bem… Eu não temia… só esperava.

— E o que você vai ser?  - eu perguntei, imaginando ele com uma fantasia
de lobo, me agarrando por trás na floresta. Ou talvez um caçador?

—Hmmmm…  – ele estava pensando. — Eu não sei… talvez eu faça algo


diferente este ano e apenas seja eu mesmo, quem quer que eu seja.

Ele me beijou de novo e meu estômago estava tão claro e macio.

— Eu amei essa ideia.  – eu aprovei. — Eu não consigo pensar em uma


fantasia mais sexy do que essa.

— Skylar Hayes… – ele sorriu e foi me beijando novamente, meus lábios se


movendo contra os dele com força total. — Eu acho que você está tentando me
seduzir.

— Ainda não.  – passei  minha língua levemente sobre o lábio superior dele.
— Espere até chegarmos lá dentro.

— Mmmm …  – ele me beijou entre as palavras. — O que… você… vai


fazer… comigo?
— Ah, uma coisa terrível …  – agarrei sua camiseta e torci em minha mão,
levando-o à minha porta, meus lábios abrindo e fechando sobre sua boca,
sentindo seu gosto açucarado.

— Você vai lutar como um animal, mas…  – eu o beijei de novo. — Você não
vai me escapar…

— Eu não posso lutar tanto assim.  – ele me deixou apoiá-lo na porta e eu


puxava sua língua com os dentes agora. — Eu estou tão fraco e indefeso…

Ele moveu o ombro ferido e eu agarrei seu pescoço com as mãos, movendo
seu rosto para a direita, obtendo o caminho livre pelo seu pescoço musculoso,
lambendo e mordendo… beijando e dando leves chupões.

— Porra.  – Mathew disse ofegante, deixando sua mochila cair no chão


enquanto suas mãos tinham vida própria agora.

Seus dedos agarraram minha bunda,ainda nos meus jeans, e nos beijamos
como selvagens, sem pausar para pegar o ar. Então, ele estava esfregando
seu corpo no meu, em meus jeans entre minhas pernas e eu soltei um grito
alto, eu estive sem esses dedos por muito tempo.

Eu abri minhas pernas mais e me esfregava contra sua calça jeans, 


sentindo uma coisa grossa e dura, lá.

Mathew fez uma careta e bufou quando eu quebrei o nosso beijo só por um
momento, para que eu pudesse colocar meu nariz no outro lado do seu,
beijando com novo vigor.

Nós não estávamos nem mesmo na porta ainda. Minhas chaves estavam na
minha bolsa e eu não tinha a intenção de pegá-las agora.

Seus dedos estavam desesperados e começaram a desfazer o meu botão da


calça jeans, e eu acho que ele quebrou o zíper ao puxar minha calça,
empurrando-a para baixo da minha bunda. Minha calcinha ainda estava ali,
mas não por muito tempo. Ele fez outro som de desagrado e puxou-a para
baixo, também, murmurando algo sobre “nenhuma uma peça de roupa  vai
restar quando eu terminar.”

— Skylar… – ele me beijou de novo,e eu não mostrei vergonha ou tentei


esconder minhas partes nuas no corredor, na frente da minha porta. Ninguém
vem aqui,já que o meu apartamento era o único neste andar. E se alguém
vier, eu não me importo. Eu precisava de Mathew agora. E eu não tenho
vergonha disso.

— Me dá.  – eu puxei  sua calça jeans agora,abrindo o zíper o mais rápido


que pude.

Mathew  gemeu em aprovação, me observando e desfrutando a sensação


de me ter arrancando suas calças. Eu estava pronta para fazer um comentário
sobre sua cueca, mas não havia nenhuma roupa de baixo. Eu secretamente
agradeci  a algum anjo por não ter deixado que eu prendesse a pele do
Mathew no zíper, enquanto eu puxava violentamente sua roupa. Eu teria que
fazer uma nota mental de seu fetiche em não usar roupas de baixo. Eu teria
que ser mais cuidadosa no futuro.

Agora que o ar tocou seu pênis, ele gemeu em voz alta, aliviado e excitado
ao máximo.

Ele encostou  na porta e sentou no chão, trazendo meus quadris para ele,
fazendo com que eu ficasse bem em cima do enorme membro que estava me
chamando.

Olhei para lá e senti todo o meu corpo nivelado com o calor. Tenho certeza
de que estava corando e eu não me importei.

— Skylar… – ele me beijou, pronto para me ter ali mesmo na frente da


minha porta trancada.

Talvez ele tenha pensado que eu estava hesitando porque estávamos no


corredor. Não era isso. Me sentia animada sobre nós fazermos bem aqui, tão
perto das pessoas e no meio da tarde.

— Me fode, Skylar… me fode, por favor…   – ele sussurrou, suplicando por


mim. Eu não podia acreditar. Ele estava implorando por mim? Que sorteio no
céu ou no inferno que eu ganhei?

Talvez ele tenha esquecido.

— Mathew …  – o beijei com mais força. — Você se esqueceu… da


camisinha.

Em uma neblina de luxúria, ele continuou me beijando e gemeu:

— Você quer que eu use uma? Eu vou se você quiser…

Eu estava confusa.

— Você não sempre usa?  - o beijei. — Você que disse… o que você quer
fazer, Mathew?

Eu sempre teria que impor a vontade dele, seus desejos. Ele estava sempre
me perguntando se estava tudo bem, o que eu queria. Eu tinha que fazê-lo
expressar suas próprias necessidades e desejos.  Era quando começávamos a
saber quem Mathew Trenner realmente é.

— Eu não quero usar. – ele disse como um menino, e passou sua língua em
minha boca, fechando os lábios sobre ela. — Eu quero sentir você. Eu não
quero nada entre nós … uma vez… apenas uma vez … mas eu entendo se você
não sentir segura.
— Eu tenho tudo sobre controle.  – eu compartilhei, feliz, que ele me disse
o que queria. Ele está fazendo progressos. E ele acha que eu não me sentiria
segura ao fazer amor com ele sem camisinha. Ele ficou com muitas mulheres.
Mas, por mais estúpido que possa parecer, eu me sentia perfeitamente segura.
E só com Mathew que eu iria apenas jogar a precaução ao vento para estar
com ele do jeito que ele queria. Eu quero isso também.

Ele estava esperando que eu decidisse e dissesse a ele. Eu o amava ainda


mais por isso.

— Eu quero você dentro de mim… – eu gemi, enquanto nosso beijo se


intensificava, suas mãos segurando meu cabelo. — Eu quero sentir você,
também. Seu p…

Eu não consegui terminar minha frase.

Mathew gemeu e devorou minha boca logo em seguida, puxando meu


cabelo com urgência, o que só me deixou ainda mais quente e molhada
enquanto ele fazia cócegas nas costas dos meus dentes com a língua dele.

Então eu senti a ponta do seu pênis contra o meu clitóris, e eu me movia


mais forte contra ele, movendo para cima e para baixo sem fazer menção de
ele entrar em mim. Mathew gemeu e abriu os olhos quando ele me beijou,
perguntando novamente se estava tudo bem.

Eu decidi tomar conta da situação aqui e fazer o que ele me pediu para
fazer. Foder.

— Sim, eu vou foder você forte.  – agarrei sua camisa novamente e o forcei
contra mim, agarrando seu pescoço outra vez enquanto ele respirava com
mais força, seu pênis duro como uma rocha e latejante, enquanto seus olhos
olharam nos meus, tão cheios de desejo e necessidade.

Peguei o eixo de seu pênis e ele reprimiu um grito conforme eu o movia


lentamente para cima e para baixo,  para provocá-lo.

Ele estava há algum tempo sem isso e eu sabia que estava matando-o. Ele
choramingou como um cachorrinho e isso me levou a loucura.

— Por favor, por favor, por favor, por favor…  – ele sussurrou, fechando os
olhos, cravando os dedos na minha bunda, tentando me persuadir a ele.

Eu odiava soar como Claire, mas eu estava presa no momento e esperava


que eu não estivesse cometendo um erro aqui.

— Meu. – eu disse, enquanto brincava com seu quente pau grosso.

— Sim… sim… sim… – ele gemeu, abrindo os olhos e me mostrando que ele
não estava chateado com o que eu tinha dito. Ele queria ser meu. Ele sabia
que eu não iria abusar disso, como tantas outras no passado.  Eu não
precisava de correntes e chicotes para fazê-lo meu. Eu usava o amor para
segurá-lo a mim. A corrente mais poderosa de todas.

— Sim. – ele deu um pequeno aceno de cabeça, obviamente gostando até


agora .

— Sim. – eu repeti, uma boa palavra.

Posicionei minha entrada já molhada em sua cabeça e ele apertou a


mandíbula, rosnando pela  sensação dela. Eu esperei um segundo… olhando
naquele rosto perfeito … todas as emoções que eu estava causando nele. Eu,
Skylar Hayes … a virgem- com-a-cara-em- seus-livros que ninguém nunca
notava. Estava levando Mathew Trenner a loucura. Ele estava implorando por
mim, morrendo por mim.

Eu movi para baixo, afundando-o em mim sem piedade.

— UUUUHHHHHHH. – Mathew gritou com isso, seus olhos enormes e


olhando para mim em estado de choque, todo o comprimento dele
desapareceu dentro de mim enquanto eu estava sentada lá, amando a
sensação de seu corpo me preenchendo… sem camisinha … isso era
emocionante e muito mais intenso. Eu me senti como se eu pudesse sentir
algumas das veias dele conforme eu apertasse meus músculos em torno dele.

Afinal, Mathew não tinha estado com uma mulher sem camisinha, durante
anos, com exceção de Claire. Mas eu não queria contar com ela. Certamente,
isso seria especial e novo para ele, também.

— UUUGHHH…. puta que pariu! – ele bateu com pé no chão um par de


vezes enquanto seus dedos apertavam mais forte em minha bunda. Parecia
que ele queria me movimentar para cima e para baixo sobre ele, mas ele se
conteve. Ele estava me deixando fazer isso.

— Paciência, Thumper. – eu brinquei um pouco, apertando minha


intimidade mais uma vez, e ele tentou segurar um grito, mordendo o lábio
inferior com força.

— Skylar … – ele suspirou, fechando os olhos com força.

— Espere um pouco.  – eu não poderia fazer mais isso com ele, ele estava
tão absolutamente lindo, sofrendo dessa maneira. Eu tenho que tirá-lo desse
sofrimento.

E comecei subindo e descendo, descendo com força, nossos corpos batendo


cada vez que eles se encontravam. Eu estava gemendo e ofegando por ar,
amando a sensação que eu estava experimentando… e assistindo Mathew
enquanto eu fazia… foi … Inacreditável. Seu rosto podia fazer algumas coisas
muito impressionantes, enquanto ele está sendo fodido. Sem mencionar seus
sons.
Parecia que ele estava quase sentindo dor, mas, em seguida, seus gemidos
foram assumindo o lugar e foi uma canção bastante erótica para os meus
ouvidos. Eu subia e descia cada vez mais rápido, ouvindo-o gemer alto e
gritar, enquanto ele empurrava seus quadris para cima agora, encontrando
com os meus, que estavam descendo. Agora eu estava gritando, também.

— Todo mundo está bem aí em cima? – um homem gritou lá de baixo.

Eu quase ri da cara de Mathew .

— Sim, tudo bem!  - eu gritei e sorriu para o meu anjo, colocando a mão
sobre sua boca aberta. — Tudo tão bem.

Eu disse essa última parte, olhando em seus olhos, elogiando o que eu vi


ali. Ele é a melhor coisa que eu já tinha visto… ou sentido … ou ouvido.

— Mmmm.  – ele fechou os olhos e cantarolava sob meus dedo em sua boca
enquanto eu continuei. Em segundos, Mathew não estava sentado contra a
minha porta mais, ele estava deitado de costas, eu acho que cansado da sua
cabeça batendo na porta cada vez que eu rebolava sobre ele.

Sim, baby, isso. Feche os olhos e deixe-me foder bem. Mova os quadris…
Meu Deus, sim! Oh, você é um alienígena, Mathew, você sabe disso? Nenhum
ser humano poderia ser assim.

Parecia que Mathew realmente estava adorando a minha mão sobre sua
boca, e senti sua língua lambendo meus dedos por debaixo deles. Eu não me
importava. Eu também tinha gostado de ser capturada e amordaçada pelo
“estuprador” Mathew naquele dia no meu apartamento. Eu não iria analisá-lo
agora. Apenas desfrutar dele.

Eu amo o som de sua bunda batendo no chão de madeira cada vez que ele
pega seu impulso ao estocar em mim. E estava sendo emocionante fazer bem
aqui no chão do corredor, ainda mais quente quando alguém tinha chamado
por nós, ouvindo nossos ruídos.

Eu estava perto de gozar agora e eu sabia que poderia ficar aqui transando
com ele mesmo depois disso, mas depois ouvi seu rosnando sob a minha mão
e seus quadris empurraram com uma a necessidade mais feroz. Ele está perto
também. Eu reconheci aqueles rosnados. Mathew se tornava um cão raivoso,
quando no auge do orgasmo.

Eu decidi falar sujo de novo, ele gostava disso, especialmente de alguém


tímida e inocente, como eu.

— Você acha que vai gozar em breve?  - eu perguntei timidamente. —É isso


que você acha?

Gemendo e rosnando… bom.


— Por que eu deveria deixar você gozar? – eu perguntei, mantendo a mão
firme sobre aqueles lábios enquanto eu continuei  movimentando para cima e
para baixo em cima dele.

Então ele de forma maliciosa logo apontou para suas ataduras que estavam
no braço. E um pouco de risada misturada com gemidos e grunhidos.

Eu sorri, gostando como nada nunca era fora dos limites com ele. Ele
sempre foi o primeiro a brincar sobre si mesmo, mesmo quando não fosse tão
engraçado para os outros.

— Oh, entendi.  – brinquei também. — Você se machucou por mim e acha


que isso te dá o direito de gozar, né?

Ele balançou a cabeça afirmando e estava perdendo o controle sobre o cão


subindo em sua garganta. Eu me perguntei quanto tempo ele poderia prendê-
lo de volta, se fosse preciso. Mas eu não queria jogar jogos de Claire com ele,
eu só queria ser sexy e no controle… Sem ir muito longe em seu território
perverso. Era uma linha fina… Eu tinha que ter cuidado para nunca atravessá-
la, mesmo em um jogo.

— Você tem um bom argumento.  – senti-me suar e mantive meu ritmo


acelerado. — Tudo bem, goze. Goze dentro de mim.

Eu gostava da imagem de seu esperma fluindo dentro de mim pela primeira


vez, ao invés de estar preso em um casulo de plástico.

Sim, eu vi “Olha Quem Está Falando” e amava essa parte no início. Me


puna se quiser.

Mathew gemeu rouco, apesar da minha mão segurando sua boca , e


explodiu no segundo que eu disse para ele. Ele estava se segurando por um
tempo.  Por quê isso me excitou, eu não tenho certeza, mas excitou.

Senti o líquido quente dentro de mim e foi quando eu fechei a minha própria
boca e gritei, tendo o meu próprio orgasmo também. Eu não percebi isso, mas
eu estava apertando minha intimidade nele. Ela se sente muito melhor quando
faço, e em seguida, solto. Uau.

— Eu acho que alguém está machucado lá em cima.  – a voz do homem


estava dizendo abaixo novamente, para outra pessoa lá embaixo. — Vou
checar, um segundo.

Merda!

Os olhos de Mathew abriram e olharam para mim em choque quando


passos começaram a subir as escadas.

Eu me virei, ainda em cima de Mathew, e abri minha bolsa, pegando as


chaves. Graças a Deus que elas estavam logo em cima. Elas geralmente se
enterram no fundo da bolsa e eu tenho que ir cavando até achá-las. Eu
levantei e me atrapalhei com a chave, abri a porta, e de certa forma arrastei
Mathew, deslizando sua bunda no chão, usando seu braço bom para puxar ele,
batendo a porta segundos antes que alguém chegasse ao topo dos degraus.

Eu segurei a mão no meu peito por um segundo, trancando a porta duas


vezes por dentro, e Mathew deitado de costas no chão de ladrilhos,
gargalhando, enquanto olhava para minha bunda, meus jeans e calcinha em
torno de meus joelhos, e eu estava sobre ele  outra vez.

— O que é tão engraçado agora?  - perguntei, então comecei a rir também.


Ele é tão fodidamente bonito quando ri assim. Lembrei-me daquele dia que eu
quase saí com meu roupão. Ele estava fazendo exatamente a mesma coisa,
assim como agora. Só que agora ele estava semi-nu , seu pênis molhado e
brilhando enquanto ele segurava a barriga, apreciando seu ataque de risos.

Deitei-me ao seu lado e ri junto com ele . Era como se nunca tivéssemos
deixado este lugar… Mesmo que só por um momento. Nós não tínhamos
preocupações, nada em nosso caminho, apenas um ao outro… sem
preocupações no mundo. Era precioso e eu sabia que não iria durar muito
tempo… Mas eu aproveitei o momento de qualquer maneira.

— Você está machucado?   - perguntei, preocupada assim que fiquei de


joelhos e puxei a minha camisa para cima,tirando-a e jogando-a do outro lado
da sala ao começar a desatar meu sutiã na frente, deixando meus seios soltos,
e seus olhos olharam para mim, parecendo um pouco fora de órbita quando
como ele me acolheu.

— Aham. – ele disse, sem fôlego. — Muito… A dor é insuportável.

Tenho certeza que ele teria tentado tirar a camisa, se não fosse por seu
curativo. Mas em vez disso, ele apenas moveu a peça para cima, então só
estava sob seu queixo. Ele deixou ali quando me levantei, chutando meus tênis
e terminando de tirar meus jeans e calcinha.

Tirei a calcinha e a dobrei.

— Onde dói?

Ele sorriu e moveu seu dedo sobre seu mamilo direito.

— Aqui. – ele disse calmamente.

— Ahhh…  – eu coloquei a calcinha em sua boca, não muito fundo, mas o


suficiente.

Ele gemeu e aceitou em sem hesitação, fechou os lábios sobre o algodão,


ligeiramente sugando para dentro, me provando … provando que ele tinha feito
comigo quando estávamos no corredor.
— Esse é um pirulito para você enquanto eu cuido de seus machucados. –
eu disse carinhosamente, e ele abafou uma risada.

Eu deixei a minha língua passar algumas vezes ao redor de seu mamilo e


ele suspirou em contentamento.

Então eu lambia, a minha língua grossa, molhada empurrando-o para cima


e para baixo, em círculos, enquanto seus gemidos abafados me envolviam.

Eu estava beijando-o,  e depois, fechando e abrindo meus lábios sobre ele,


molhado e quente.

— Como é que se sente agora?  - eu perguntei, usando minha voz sexy.

Ele assentiu rapidamente, seus olhos abrindo e encontrando-me há alguns


centímetros dele.

— Alguma outra coisa dói?

Ele balançou a cabeça, sorrindo enquanto metade da minha calcinha


pendurava para fora de seus dentes cerrados.

Que diabinho. Não é uma má ideia para uma fantasia de Halloween.

— O que mais dói? – eu perguntei, decidindo mimá-lo hoje e durante toda a


noite, se ele quisesse.

Em seguida, ele apontou para o outro mamilo e eu não pude deixar de dar
uma outra risadinha.

— Oh, agora este dói, né? – eu sorri quando o ele assentiu com mais
energia.

Então eu fui até lá e deu um cuidado extra de amor aquele mamilo também.
Eu até mordi um pouco depois que dei uma lambida.

Agora Mathew estava rosnando um pouco. Este não era o cão raivoso ainda.
Este era o cão doce que estava implorando para sair para o quintal.

Ok, observei. Mathew gosta de ser mordido.

E, em seguida, olhando para baixo, vi Frankencock novamente. Deus, isso


foi rápido! Ele é um alien! E quem está reclamando?

Não me admira que Mathew ganhou o concurso contra Ryan.

— Alguma outra coisa dói, baby? – eu olhava direitamente em seus olhos


neste momento.

Ele sorriu e deu um aceno lento agora.


— Eu me pergunto o que poderia estar doendo em você agora.  – eu sorri e
me fingi de boba. — Deixe-me ver se consigo encontrar.

Ele deu uma risada alta quando eu beijei cada ponto que eu adorava nele
desde o queixo… para seu pescoço, seu Pomo de Adão … YUM… a base de seu
pescoço … no peito entre minhas mordidas … beijei todas as suas costelas e o
seu tanquinho acentuado … Amo esse lugar! E eu fiz o meu caminho para
beijar ambas as entradas de seu quadril. Seus tornozelos ainda estavam
presos em seus jeans e tênis e eu gostei disso. Você não pode fugir Thumper.
Os coelhos podem saltar rápido, você sabe.

—Uh oh…  – engoli em seco. — Eu acho que eu posso ter encontrado


alguma coisa.

Ele riu de novo, gostando desse jogo. Eu sei que eu estava adorando.

— O que é essa coisa grande? – eu movi meus dedos para cima e para
baixo… sentindo-o liso e molhado, enquanto ele gemeu e deu um pequeno
suspiro.

— Eu não tenho um desses.  – eu me perguntei em voz alta e ele riu de


novo, olhando para mim.

Eu lembrei da lição que Mathew me deu em nossa primeira noite juntos,


quando ele não queria me ter ainda. Quando ele queria que eu estivesse
confortável conhecesse o seu corpo, por dentro e por fora.

— Oh, espere, eu acho que eu me lembro.  – eu sorri mais e ele me olhava.

— Estas são as bolas.  – eu acariciava levemente e apertei o saco do pênis


de Mathew enquanto ele gemia alto, através da minha calcinha, os punhos
cerrados quando ele me viu explorar.

Lambi e chupei suas bolas em minha boca, deixando-as agradáveis e


molhadas enquanto Mathew quase gritava, apertando os olhos com força, suas
costas arqueando -se,  e eu fazia ruídos contidos, não deixando que saíssem
da minha boca enquanto eu chupava mais forte. Lambi cada centímetro delas,
girando minha língua por cima e por baixo.

— CARALHO!CARALHO! – ele disse através da calcinha, e bateu com o


punho no chão ao seu lado, quase ofegante.

Nota mental: Mathew gosta de ter suas bolas chupadas também. Talvez até
demais. Ele parece com dor. Mas eu acho que ele gosta. Frankencock já está
duas vezes maior do que antes.

Tirando minha boca delas, ele arquejou e olhou para o teto, como se seu
cérebro tivesse desligado.
— E… esta é a cabeça…  – Lembrei-me em voz alta, tendo apenas a cabeça
na minha boca agora, lambendo e enrolando minha língua em torno dela,
enquanto ele continuava gemendo e rosnando, quase em protesto, mas sem
me parar.

Às vezes pode machucar demais. Ou se sentir tão bem que dói. Sim, é isso.

— Por favor… Por favor…  – ele sussurrou, abafado pela minha calcinha.

Oh, eu estou provocando ele? Coisinha má. Bem… coisinha não.

— O quê?  - eu perguntei, agindo inocentemente. — Eu só estou tentando


descobrir o que dói tanto … shhhh … deixe-me encontrar.

Mathew virou a cabeça para o lado, cerrando os olhos novamente. Ambos


os punhos estavam de volta por cima da sua cabeça agora… E um agarrou seu
próprio cabelo.

— Essa coisa longa…  – eu lambia de baixo para cima enquanto ele gemia.

— Qual é o nome dessa coisa mesmo? – eu brinquei. — Eu acho que eu


lembro de você me dizendo uma vez… Deixe-me pensar…

Mathew estava sofrendo tão adorável novamente. Eu sei que é horrível,


mas seu rosto é tão sexy quando está assim.

— Hum… o … eco… ? – eu me perguntava. — Não, não é isso.

— O… heisto?  - imaginei. — Não… Não…

Ele rosnou de novo, me advertindo. Eu quase ri.

A vingança seria uma cadela quando chegasse a vez dele contra mim. Oh,
estou tremendo? Sinceramente, eu espero que ele seja um pouco rígido
comigo mais tarde. Eu realmente tinha  gostado disso.

— Oh, espere, espere! – eu agi como se tivesse me lembrado agora. — O


eixo… ?

Eu levei tudo a minha boca, e então, até que ela estava indo no fundo da
minha garganta. Eu relaxei minha garganta, não querendo vomitar ou
engasgar. Se bem que, os homens adoram quando ouvem você engasgar em
uma situação dessas. Pelo menos, Mathew ama.

— UGHHHHHH! – Mathew gritou quando eu parei de provocá-lo e deixei


minha boca deslizar em volta dele. Em pouco tempo, ele estava encharcado
dentro da minha boca e eu girei minha língua em torno de cada centímetro
dele, apertando e soltando… lambendo, mordiscando delicadamente.
Mathew estava quase gritando por eu estar deixando ele foder minha boca.
Eu estava subindo e descendo seu membro rápido e quente, quando ele
agarrou meu cabelo e empurrou seus quadris para cima e para baixo com a
resistência de dez homens.

Isso foi bruto e eu estava secretamente adorando. Eu adoro quando ele se


torna um rude e me faz fazer coisas para agradá-lo.

Ele estava rosnando como um animal, grunhindo enquanto sua mão movia
minha cabeça mais rápido, com a cabeça do seu membro batendo no fundo da
minha garganta, ocasionalmente, forçando os sons de asfixia e engasgos, os
ruídos apenas tornando-o mais desesperado para me ter.

Ele rosnou de novo, segurando minha cabeça apertada, meus lábios na


própria base do seu pênis e sua cabeça até mesmo cutucando minha garganta
um pouco quando ele gozou, o suco quente indo diretamente para baixo, sem
sequer tocar minha língua antes que se foi.

Alguns segundos depois, enquanto Mathew ofegava, tentando recuperar o


fôlego, ele começou a acariciar meu cabelo, em vez de agarrá-lo. Seus dedos
se moviam ao longo do meu rosto, sobre minhas sobrancelhas, alisando sobre
as minhas pálpebras fechadas enquanto eu beijava a parte interna da sua
coxa, abrindo minha boca e sugando sua pele… mordendo… chupando mais
forte.

Ele soltou uma lufada mais forte de ar e observou, mas não me parou.

Eu sei que é uma coisa de adolescentes… mas eu nunca tinha dado um


chupão antes. Não parecia certo. Mas parecia agora. Eu queria a minha marca
nele, o meu nome escrito exatamente ao lado do seu belo pênis, como uma
estrela eterna sendo presa na órbita da lua.

Eu esperava que ele não ficasse bravo comigo por fazer isso, pensei quando
parei, vendo um círculo escuro roxo abaixo de mim.

─ Me desculpe. – esfreguei com meus dedos e Mathew prendeu o riso.

─ Você está brincando? – ele perguntou, ousando retirar a calcinha da sua


boca. ─ Essa é a coisa mais sexy. Eu quero a sua marca, Skylar. Faça isso de
novo. Na outra coxa.

Ele sorriu e colocou a calcinha de volta em seus dentes, quase como um


cigarro.

E ele deitou a cabeça para trás e fechou os olhos, querendo que eu deixasse
minha marca em cima dele. Que é a coisa mais quente.

Ele estava olhando para mim, com admiração, esperando por eu fazer isso
novamente.
Eu não poderia decepcioná-lo. Lambi a sua outra coxa, exatamente ao lado
do seu pênis, e escolhi um local enquanto ele gemia seus sons doces para
mim. Abri minha boca e chupei a pele dentro… molhando e lambendo…
chupando… mordendo, mais forte desta vez.

Ele gritou e arqueou as costas novamente, ofegante, sussurrando:

─ Não pare… não pare… caramba, não pare… Oh, Skylar… Deus!

Finalmente, após mais alguns minutos, tive que parar. Eu acho que esta
marca vai ficar quase negra. Estava um belo violeta escuro.

─ Uau… – ele estava ofegante enquanto eu rastejei para cima até colocar
meu rosto em seu peito, no lado ileso dele. Beijei seu mamilo suavemente e
ele respirou de novo. ─ Uau.

Eu me aconcheguei quando seu braço veio ao meu redor, seus dedos


circulando em volta do meu mamilo.

─ Me diz o que você pensa de mim. – eu sussurrei, jogando um pouco de


novo. ─ Está tudo bem… você pode dizer isso.

Ele sorriu, tirando a calcinha da sua boca e a colocando na sua testa, como
se ele precisasse usá-la para enxugar o suor.

─ Você… é uma cachorra sexy. – ele respirou. ─ Minha… cachorra sexy. Só


minha. Você me deixa louco. Meu corpo queima por você. Só você. Ninguém
me faz sentir como você faz. Eu sei que não é certo… dizer… depois de fazer
sexo… mas… eu te amo, Skylar. Você me traz de volta à vida. Você me faz
real.

─ Eu gosto de você também. – eu ri quando ele beliscou meu mamilo em


resposta ao mesmo tempo em que eu lutei um pouco, rindo.

─ Você está… aprendendo. – eu o abracei mais perto de mim. ─ Quando nos


conhecemos, você era como uma virgem. Mas olhe só para você agora.

Ele sorriu e chupou suas bochechas um pouco, os lábios curvando-se em


um pequeno arco mal intencionado.

─ E você era como uma vadiazinha. – ele revidou de forma brilhante. ─


Tirando sua camisa para me fazer ovos nos primeiros 10 minutos em que nos
conhecemos! Eu estava tão enojado que eu quase a chutei diretamente para
fora! Pensei, como eu vou fazer desta jovem uma dama apropriada que eu
possa levar para casa para Katherine?

Eu estava rindo tanto e ele também estava.

─ Omelete de Skylar, de fato! – ele finalizou, rindo comigo.


─ E você ainda é uma vadia agora. – ele riu e eu mordi o seu mamilo
quando ele me segurou contra o seu corpo quente e úmido. ─ Você não
aprendeu nada!

Nós nos acalmamos e ficamos em silêncio, relaxando na cozinha. Parecia


que talvez estivesse ficando chuvoso lá fora, nenhum sol reluzia para dentro.

─ Não vamos tentar mudar um ao outro. – beijei seu peito, acima do


mamilo neste momento.

Eu disse isso para ele entender. Eu não tentaria mudá-lo para ser algum
cidadão normal, respeitável durante a noite. Eu quero que ele seja o mesmo
Mathew doce, divertido e brincalhão que eu amo… eu só queria tirar a tristeza
dos seus olhos, os olhos humilhados tinham que ir… mas todo o resto… eu
queria mantê-lo exatamente o mesmo.

─ Que tal… eu mudar para melhor… – ele disse. ─ E você permanecer


perfeita como você está agora.

─ Não, Mathew. – deslizei meus dedos ao longo das suas costelas,


fazendo a coisa dos camundongos*  patinando em sua pele. ─ Eu te amo
exatamente como você é. A única coisa que eu quero que você mude é a
forma como você se vê. Não mude. Apenas veja todas as coisas bonitas que eu
vejo.

(*a coisa dos camundongos: lembram que no início da história o


Mathew fez essa brincadeira na barriga da Skylar, certo?)

─ Eu terei que falar com meu psiquiatra sobre isso. – ele sorriu, ambos os
braços, até mesmo o mais fraco, ao meu redor.

Nós ficamos deitados lá por um longo tempo, apenas estando um com o


outro, não falando. Apenas movendo nossas mãos um sobre o outro,
estudando cada centímetro e curvas, como se tivéssemos ficado separados por
três anos, não dias. 

Recusei-me a pensar em meu pai agora. Recusei-me a pensar no que eu


faria. Com quem eu estaria. Mas quando pensei nisso, uma lágrima escapou do
meu olho direito.

Eu a limpei rápido e Mathew não percebeu, ou viu. Se ele o fez, ele nunca
disse nada sobre isso. O que não é como ele. Então, eu tenho certeza que ele
não viu.

─ Skylar? – Mathew finalmente falou, terminando o silêncio.

─ Hm?

─ Podemos ter uma noite de sessão? – ele perguntou, esperançosamente. ─


Depois que eu fizer um bom jantar pra você?
Espero que ele não esteja ainda pensando que tem que fazer toda a comida
e limpeza.

─ Posso ajudá-lo a fazer isso? – perguntei, exatamente tão esperançosa


quanto ele. ─ Você não é meu empregado, você sabe. Posso fazer o jantar, às
vezes.

─ Você sabe cozinhar?

Não. Na verdade não.

─ Posso ajudá-lo a fazer isso? – repeti, ouvindo sua risada enquanto eu ria
também.

─ Acho que sim. – ele disse com a voz baixa. ─ Sim… você pode ajudar. Eu
posso ensiná-la. É divertido, na verdade.

─ Eu aposto que até um canal dentário seria divertido com você. – respondi,
expressando meus pensamentos exatos, em vez de escondê-los. Era tão bom.

─ Oh, fantasia de dentista. – ele disse sombriamente.

─ Não, não… – eu o parei ali mesmo, colocando minha mão sobre os seus
lábios levemente.

─ VVVRRRRR! VVRRRR! – ele imitou uma broca de dentista perfeitamente.

─ NÃO! – eu repeti quando ele rolou em cima de mim, seus olhos mortais
enquanto sua testa franziu, parecendo muito sinistro. ─ Mathew, não.

Ele segurou meu rosto e disse:

─ Abra. – pedindo para ver os meus dentes.

─ Não, você abre! – consegui escapar do aperto de Mathew. Eu acho que


ele me soltou.

Ele se sentou e tirou os tênis e chutou sua calça jeans para fora.

─ Mathew. – eu recuei um passo ou dois quando ele se levantou, totalmente


nu, seus olhos brincalhões, mas perigoso agora que ele deu um passo lento em
minha direção.

─ Você está sempre bebendo aqueles refrigerantes, Senhorita Hayes. –


Mathew disse. ─ Eu aposto que há pelo menos… três cáries exatamente à
espreita nessa pequena boca.

Eu ri e comecei a recuar um pouco mais, percebendo que o banheiro era o


meu único refúgio.
─ Mathew Trenner… – eu avisei, mas já que eu estava sorrindo, acho que
ele não me levou muito a sério.

Eu girei e fugi para o banheiro e ele estava exatamente atrás de mim. Eu


nem sequer cheguei perto da porta do banheiro, ele foi muito rápido. Ele a
bateu forte por trás dele enquanto me encurralou no chuveiro. Nós sempre
acabamos aqui. Talvez ele esteja certo. Este chuveiro é mágico.

─ Hora do seu banho frio, Senhorita Hayes. – ele sorriu maliciosamente,


tirando o chuveirinho da sua posição e virando a torneira para o frio. ─ Você é
uma garota muito suja e quente. – ele acrescentou.

─ Minha sessão de hoje à noite cobrirá essa coisa que você tem com água
fria, Mathew! – eu avisei, apontando para ele, o sorriso demoníaco ainda em
seus lábios.

─ Legal.

Em seguida ele puxou a alavanca, forçando a água do chuveiro enquanto eu


gritava,  completamente indefesa contra o meu captor que estava determinado
a  me molhar com água gelada.

O dia e a noite de hoje era só nossa. Amanhã poderíamos lidar com a


realidade. Talvez. Talvez depois de amanhã.

Capítulo 36 

Mathew POV

Skylar estava de pé em frente a janela, ainda olhando para o carro da


polícia na rua.

Comecei a me perguntar o que tinha de tão interessante depois de quinze


minutos.

─ Eles ainda estão aí? – perguntei, sorrindo para sua forma minúscula. Ela
estava usando seu moletom cinza, meias e camiseta longa. Ela era tão
adorável, eu sabia que era melhor ficar na cozinha, ou eu simplesmente
saltaria nela novamente.
Lembrei-me de algumas horas atrás e sorri sozinho. Eu não pude sequer
esperar entrar no apartamento. Isso é o que ela faz comigo.

Estou feliz pela polícia verificar o local antes de termos subido as escadas,
para ter certeza de que não havia bombas, ou houvesse assassinos esperando
lá dentro. Eles nos disseram que estariam lá fora, nos protegendo… por 48
horas. Então nós teríamos que fazer uma escolha. Proteção a testemunhas…
ou nada. Lembro-me de sentir tudo morno e distorcido por dentro com a
preocupação deles pelas nossas vidas.

William também estava sendo protegido, ainda no hospital. Suas feridas e


perna o prenderam no hospital por mais tempo do que o meu tiro limpo, que
tive sorte de não atingir em nada importante, apenas cortou uma artéria
importante. Eu nunca me considerei um cara de sorte… até o dia em que
cheguei pela primeira vez a este apartamento… até o dia em que eu pertenci a
Skylar Hayes.

Eu ainda não podia superar que meu corpo não tinha sido suficiente para
parar a bala que Claire disparou em mim.

Eu sou realmente tão protegido? Que até mesmo balas zumbem


diretamente através da minha carne e músculo?

Se ela passasse por mim e atingisse Skylar, então eu teria feito isso por
nada. Nós dois teríamos sido feridos… ou mortos. Eu tinha dito isso a Skylar
quando deitamos na cama juntos no hospital e ela colocou esse pensamento
imediatamente.

─ Isso significa algo para mim. – ela disse, baixo. ─ Mesmo que a
bala tivesse me atingido… o que você fez significa tudo para mim.
Você arriscou tudo para me proteger. E se você tivesse morrido,
Mathew? Você nunca veria Katie novamente. Eu não posso acreditar
que você faria algo tão… estúpido… tão… heróico… Eu amo você,
Mathew.

Foi a primeira coisa heróica que eu já tinha feito em minha existência.


Senti-me dez vezes mais um homem desde que a bala atingiu-me. Eu nunca
tomaria esse momento de volta, mesmo se tivesse me atingido direto no
coração. Mas então, eu deixei meu coração na casa de Skylar quando parti
para a Fire. Eu sabia que estava seguro.

─ Uhum. – ela disse no presente e se afastou da janela, suspirando. Seu


cabelo úmido estava castanho agora, enquanto ela timidamente se aproximou
de mim agora, observando-me enquanto eu colocava as coisas no balcão.

─ Ei, eu pensei que você fosse me ajudar aqui. – eu lembrei, tirando a


minha camisa com cuidado, usando-a novamente como meu avental, enfiando
as mangas no meu jeans. Eu adoro vê-la ficar rosa quando faço isso.
─ Corte isso em pequenos pedaços. – ensinei, feliz por tê-la como minha
assistente. Seria muito divertido ensinar Skylar como cozinhar. Era uma coisa
que eu poderia ensiná-la sobre a qual ela poderia contar aos amigos e família.

─ Sim, está ficando quente aqui, não é? – ela perguntou quando coloquei
uma pimenta em uma tábua de corte na frente dela, junto com uma boa faca
de corte.

Eu me virei, indo até a geladeira e pegando o frango. Abri minha boca para
dizer algo, mas o que eu vi me nocauteou.

Skylar estava lá, cortando a pimenta… e sua camiseta estava sobre a sua
cintura como um avental, as mangas enfiadas em suas calças. Seus seios
descaradamente fazendo saltando um pouco com cada cortada que ela dava.

Eu nem percebi que tinha deixado cair o frango até que Skylar riu de mim e
se abaixou para pegá-lo.

Seu cabelo era tão dourado contra sua pele branca. Puta que pariu! Nós
nunca vamos conseguir comer. Eu posso me ver perdendo um dedo quando
estou tentando cortar cebolas. Meus olhos nunca serão capazes de abandonar
essa visão deslumbrante.

─ Oi? – ela riu, corando. ─ Mathew? Alguém em aí?

─ Hm… – ouvi minha voz falhando. ─Sim, estou em casa.

Isso fazia sentido. Ela riu com isso.

─ E quanto a essas pequenas sementes? – ela perguntou, como se tudo


estivesse normal. ─ Elas vão?

─ Sementes? – perguntei, esquecendo o que são sementes. ─ Oh,


sementes! – eu acordei, vendo os pequenos pedaços brancos na tábua de
corte. ─ Não, nada de sementes. Tire-as.

Ela riu, gostando da reação que estava conseguindo de mim. Que pequena
pirralha. Eu teria que castigá-la mais tarde por isso. Então eu me senti um
pouco culpado por ter feito exatamente a mesma coisa com ela naquela
primeira manhã em que eu tinha tirado a camisa enquanto fazia seus ovos. Eu
pagaria muito dinheiro para saber o que ela estava pensando, ou sonhando,
enquanto eu quebrava os ovos e os misturava com o líquido naquele dia. Eu
me lembro do seu rosto vermelho olhando para nada além do meu rosto.

Estou contente por não ter tirado meu jeans também. Eu tinha até pensado
nisso, mas Skylar era tão inocente. Decidi ter um pouco de misericórdia em
seu primeiro dia.
Lembrei-me de outra coisa também. Quando ela me deu o cheque pagando-
me pelas próximas duas semanas, eu havia dito a ela, prometido a ela, que ela
não se arrependeria. Essa é a primeira mentira que eu disse a ela.

Balancei minha cabeça agora e tentei tirar isso dela. Eu tinha visto os seios
de Skylar antes, por que isso está me deixando estúpido?

Comecei a cortar o plástico, liberando o frango, tentando apenas olhar para


ele e em nenhum outro lugar. Não ajudou porque eu estava olhando para
peitos de frango também.

Merda, está ficando quente aqui. Eu estou suando? Eu estou fedendo? Eu


queria cheirar debaixo dos meus braços, mas Skylar estava me observando
muito de perto.

─ Isso é divertido. – ela sorriu muito inocentemente como uma menina


brincando de dona de casa.

Sim, divertido. Estou prestes a perder meus dedos aqui. Teremos frango e
pedaços de dedo para o jantar.

─ Eu acho que criei um monstro aqui. – provoquei, olhando para ela, o


brilho alaranjado do sol poente pela janela colorindo a sua pele, tornando-a
como ouro… tão impecável.─ Eu pensei que a ideia era para que você pudesse
me mudar, e não o contrário. – provoquei.

Eu tinha passado isso pra ela durante nosso tempo juntos. Isso é uma coisa
boa? Eu sei que ela me mudou para o melhor, apesar de eu ainda ter um longo
caminho a percorrer.

─ Eu disse a você. – ela sorriu enquanto picava. ─ Eu não quero mudá-lo.


Mas admito, você definitivamente me afetou, se é isso que você quer dizer.

─ afetou, ou infectou? – eu perguntei, enquanto ela ria e me cutucava com


o cotovelo.

─ Eu gosto do jeito que eu sou agora, Mathew. – ela confessou. ─ Eu me


sinto tão livre. Eu não estou mais com medo.

─ O mesmo para você, babe. – eu disse, sentindo exatamente as mesmas


coisas dentro de mim, graças a ela.

Então ela me beijou, suave e delicadamente no início… e então comecei a


beijá-la mais profundamente, incapaz de segurar.

Acabei de ter esta mulher por horas, ao redor de todo o apartamento.

Inferno, eu até mesmo quebrei minha regra e a fodi no chuveiro. Mas era
tudo feliz e incompreensível para mim. E agora, na cozinha, cozinhando, eu a
queria novamente.Eu fantasiava sobre amarrá-la ao balcão, esparramando
suas pernas com uma pequena tangerina em sua boca, abafando seus apelos
enquanto eu pingava óleo sobre seus seios, descendo por uma  linha reta para
o seu umbigo. Então eu pegaria algumas especiarias e as polvilharia em cima
disso… alho… talvez um pouco de canela.

Então eu inclinaria sobre ela e provaria meu prato obra-prima, minha língua
pesada e molhada rudemente movendo-se sobre os sucos que eu tinha criado
naquele mamilo. Ela gemia através da pequena tangerina e então eu olhava
para ela, sorrindo.

Tirei um pedaço da casca da tangerina, a parte que apenas saía da sua


boca, e então eu mordia a doce e fina fruta, e era quase como se eu a
estivesse beijando. Eu fiz um som de gemido e abri minha boca novamente,
fechando meus lábios sobre o suco picante.

Nosso beijo quebrou e eu estava de volta à realidade. Não que eu me


importasse. Minha realidade é o paraíso agora. Deus, eu tenho sorte. Sorte
que você, deusa, não se cansa de mim ainda. Fique comigo. Eu nunca vou
tomar isso como certo novamente, eu juro. Por favor. Goste de mim. Me ame.
Não me deixe novamente. Eu vou fazer o que você quiser.

─ O que é isso que estamos fazendo, afinal? – ela perguntou, olhando nos
meus olhos cheios de luxúria.

É tão fofo como, ainda, às vezes, ela parece com medo de mim… nervosa.
Eu acho que é compreensível. Nós só nos conhecemos há duas semanas. Mas,
de alguma forma, para mim, eu sinto como se estivéssemos juntos por anos. E
eu não quero dizer isso de uma maneira ruim. Ela me conhece. Ela me
entende. E, o mais inacreditável, ela me quer. Ela me ama.

─ Eu esqueci. – respondi e ambos rimos como bêbados, nossos narizes


juntos quando inclinei-me e dei um pequeno beijo no dela. Aquele seu fofo e
adorável pequeno nariz como um botão. Eu o beijei novamente, mais
demorado e mais suave.

─ Bem, eu sei que é frango… e ele tem pimentas nele. – ela tentou
descobrir.

─ Não vamos tentar descobrir isso. – eu disse com a minha voz profunda e
escura quando coloquei minha testa à dela. ─ Vamos simplesmente… fazer.

E eu a beijei novamente, colocando a minha faca no balcão… minhas mãos


subindo para segurar seu pequeno rosto nelas, minha cabeça girando, beijando
seus lábios do outro lado.

Ela gemeu quando eu a apoiei na parede, derrubando sua pequena lista  de


números de telefone importantes. Era digitado! E eu não estava na lista. Nós
teríamos que remediar isso. Atualizar a lista de telefones. Mas, então,
estaríamos todos nos mudando em breve, de qualquer maneira.
Por que eu estou pensando em listas de telefone agora?

Nossos peitos nus pressionados um contra o outro enquanto a minha língua


dava pequena lambidas em sua boca, batendo à porta, pedindo para entrar.

Se a minha língua entrar, está tudo acabado. Nós faremos amor de novo.
Por favor, Skylar, deixe-me entrar.

Ela teve uma pequena chance de falar quando olhei para ela, com fome,
não conseguindo a entrada em sua boca ainda. Ela estremeceu quando dei a
ela o olhar, quase bravo com ela por não abrir a porta.

Agarrei seus braços e a movi um pouco rudemente para cima até ela ficar
nos dedos dos seus pés para que eu pudesse obter esses peitos maravilhosos.

Dei uma lambida molhada, seguida de uma mordida profunda quando ela
engasgou e gemeu mais alto.

Vou ensiná-la a não me negar a entrada, garotinha. Se você não vai me


deixar entrar, eu vou morder a minha maneira de entrar.

─ E quanto ao jantar? – ela perguntou, como se estivesse em transe, sua


mente um milhão de milhas de distância.

Ela é minha. Sorri como um diabinho, tendo o melhor anjo do céu nas
minhas garras.

─ Mais tarde.

 Comecei a trabalhar no outro seio, cobrindo-o em minha mão com força


enquanto eu lambia e chupava.

─ Eu odeio frango, de qualquer maneira.

Então eu mordi novamente, desta vez mais suave.

Eu prefiro ter os peitos de Skylar do que peitos de frango a qualquer hora.

─ Frango? – ela sussurrou. ─ Que… frango? 

Essa é a minha garota!

Eu a beijei mais profundamente, comemorando. Estávamos deslizando até o


chão, o forno próximo pré-aquecendo, deixando-nos mais quentes enquanto
minhas mãos agarravam seus seios cheios e redondos, minha boca beijando
seu pescoço enquanto ela gemia mais alto.

─ Eu esqueci. – eu finalmente respondi, em seguida, perguntei. ─ Ei,


Skylar… – eu a beijei. ─ Você já foi fodida no chão da cozinha antes?
Ela sorriu, o ambiente ficando mais escuro enquanto o sol lá fora
rapidamente afundava, levando sua luz com ele.

─ Sim, uma vez. – ela disse e eu parei, olhando para ela. Ela nunca me
disse isso antes. Foi o cara dos 33 segundos?

─ Riley e eu… – ela começou e os meus olhos saltaram, meu corpo


congelou.

Que porra é essa?

Então ela riu.

─ Peguei você. – ela riu da minha reação.

─ Sua cachorra… – eu meio que sorri enquanto ela ria mais alto.

Ela agarrou meu rosto e me trouxe de volta a ela, me beijando outra

vez, efetivamente calando minha boca.

─ E você diz que eu tenho um senso de humor doentio… – murmurei


quando ela me silenciou novamente, sondando a minha boca com a sua língua
sedenta.

─ Cale a boca e faça. – ela exigiu, acrescentando alto. ─ Thumper! – sorri,


gostando do seu estilo. Esta não é a mesma garota que conheci há três
semanas.

─ Sim, Skylar. – eu obedeci, amando cada segundo disso.

(…)

Era por volta de onze da noite que tínhamos finalmente sentado para ter a
nossa sessão após o jantar.

Skylar checou seu gravador. Tinha sido algum tempo desde que nós o
tínhamos usado. Ela colocou uma nova fita no interior e o fechou, apertando o
botão de gravar.

Não sei por quê, mas eu me senti tão feliz que ela estava prestes a dizer
aquelas palavras.

─ Mathew… sessão 11, eu acho. – ela disse, muito profissionalmente. ─ Olá,


Mathew. – ela me cumprimentou gentilmente, como sempre.

─ Mathew Trenner. – eu corrigi, usando o meu nome completo novamente,


agora que eu estava livre… e limpo. Eu poderia dizer o meu nome inteiro sem
qualquer medo ou remorso.
Ela sorriu de volta para mim, um olhar cheio de orgulho aquecendo meu
corpo.

─ Olá, Mathew Trenner. – ela disse com tanto carinho.

─ Olá, Dra. Skylar Hayes. – eu disse com muita emoção, meus olhos a
adorando, escravos dela. Eu queria dar a ela o devido respeito agora, chamá-la
de Dra. Skylar era infantil e desrespeitoso. Eu só percebi isso agora… e foi tão
triste.

Ela corou um pouco, cada luz no lugar apagada. De alguma forma era mais
fácil dessa maneira.

─ Eu me lembro o quanto eu costumava odiar quando você anunciava a


sessão. – confessei. ─ Agora… isso me faz tão feliz. É como… eu sei que estou
prestes a ficar melhor a cada vez que você diz isso agora.

Ela pareceu tocada e eu pensei que havia lágrimas em sua voz quando ela
fez uma pausa e depois disse:

─ Fico muito contente. Isso… significa muito para mim… que você se sinta
assim. Eu acho, no entanto… que esta sessão será muito difícil… para nós dois.

Olhei para as minhas mãos. Elas não estavam em punhos, ou nervosamente


brincando com algo mais. Elas estavam em minhas pernas, descansando…
pacificamente. Foi então que eu realmente pensei que algo estava sendo
curado dentro de mim.

Então eu pensei sobre o que ela estava dizendo. Esta sessão vai ser muito
difícil. Sim, acho que ela está certa. Há muitas coisas de mudança de vida
acontecendo. Amanhã os agentes federais virão aqui para começar a nossa
entrada no programa de proteção a testemunhas.

─ Eu sei. – suspirei, olhando diretamente para ela, uma figura escura e


azulada olhando de volta para mim, sempre honesta e direta enquanto ela
estava sentada em sua cadeira.

─ Então… – ela respirou. ─ Quais são seus planos para nós?

Senti meu rosto confuso. Planos?

─ Bem… – eu comecei. ─ Eu pensei… todos nós vamos entrar para o


programa… e encontrar Katie e os pais de Tanya quando chegarmos… onde
quer que nós formos. Não é esse o plano?

Ela respirou fundo e isso pareceu muito frágil para mim.

─ O que há de errado? – minha voz assumiu um tom grave, secretamente


assustado.
Ela não me respondeu. Eu fiquei mais assutado.

─ Eu perguntei o que está errado. – repeti, mais alto e mais


agressivamente.

─ Meu pai. – ela tremeu, esfregando a testa, olhando para baixo. ─ Ele…
não vai… entrar no programa.

Senti meu coração parar e minhas entranhas recuarem. William não vem.
Ela não vem. Se eu sabia alguma coisa sobre Skylar, é que ela o ama. E depois
de como ele foi machucado… ela não o deixaria ficar sozinho. Ela cuidaria dele,
como uma boa filha faria.

─ Não. – eu disse gravemente, olhando para as minhas mãos… elas


estavam tremendo agora. Eu estava em choque. Eu perderia Skylar. ─ Não! –
eu olhei para ela, decidindo que essa não era uma opção para mim. Minha voz
era desesperada agora, não mais forte.

─ Eu quero ser honesta com você… sempre. – ela disse com uma voz triste,
evitando meus olhos duros enquanto eles queimavam dentro dela.

─ Não, Skylar… não. – eu continuei dizendo a única palavra que meu


coração continuava gritando. Eu tinha que dizer mais.

─ Ele me pediu para ir com ele. – ela disse, ainda mais frágil do que antes.
─ Eu não dei a ele uma resposta direta no momento. Mas eu…

─ Eu vou com você. – eu a cortei, encontrando uma outra maneira. ─ Eu


posso levar Ben, Ângela e Katie para Bellevue. É uma cidade pequena. Nós
podemos nos esconder lá.

─ Você não acha que eu tenho pensado nisso? – ela olhou para mim,
levemente irritada, depois suavizou seus olhos. ─ Claire sabia do meu percurso
todo. Ela conhece a minha cidade natal. Tenho certeza que James conhece
também. Registros escolares. Eles nos encontrariam.

─ Eu não me importo. – eu cuspi as palavras e então Skylar olhou para


mim, seus olhos duros agora.

─ Você não se importa. – ela repetiu, sabendo que era uma mentira. ─
Você não se importa que Katie possa ser sequestrada? Ou machucada? Ou
morta?

Meu estômago afundou, assim como meus olhos.

─ Exatamente. – ela disse, tendo a sua resposta. ─ Além disso… mesmo se


nada tivesse acontecido… você nunca se sentiria seguro lá. Você nunca seria
capaz de relaxar lá.
─ Tudo bem, eu me importo. – eu admiti, não querendo mentir na terapia.
─ Mas você não vai a lugar algum sem mim, Skylar.

Eu odiava o jeito que eu disse isso. Tão direto, tão pegajoso… mas eu não
podia fazer importar muito. Eu ficaria com ela.

─ Mathew, eu…

─ Skylar… – eu a cortei de novo. ─ Eu não quero ouvir isso. Se você vai


para Bellevue, eu vou com você. Se você vai para a lua, eu vou com você. Se
você vai para o Inferno, eu vou com você.

─ Eu sei, Mathew! – ela gritou. ─ Eu sei!

─ Isso está me matando também, sabe?! – ela manteve sua voz alta, mas
eu podia ouvir a tristeza por trás da raiva com a qual ela falava. ─ Não posso
escolher entre você e meu pai, eu não posso! – ela chorou, quase dizendo isso
para si mesma.

Eu queria ficar bravo com ela… e ainda mais irritado com William. Mas eu
não podia fazer isso. Eles me salvaram. Eles me libertaram. E agora eles
queriam que eu fosse embora, sozinho? Isso era além de cruel. É como libertar
um pássaro de uma gaiola e, em seguida, cortar suas asas.

─ Qual foi o ponto de tudo isso? – ouvi a minha mágoa falando agora. ─ Por
que você me ensinaria a me ver como alguém legal, para que você pudesse
simplesmente me descartar em uma caixa rotulada de “não é bom o
suficiente"?

Imediatamente, antes que eu pudesse ouvir o choro de Skylar, eu tentei


voltar atrás.

─ Desculpa. – mordi meu lábio apertado. ─ Eu não quero dizer isso. Eu sei
que isso não é você. Você nunca me fez sentir inferior, nem mesmo um
pouquinho. Na verdade, você me trata muito bem. William acha isso, não é?
Que eu não sou bom o suficiente para você?

Ela soltou um pequeno gemido enquanto chorava, não me respondendo.

Essa foi a minha confirmação. Eu sabia que William não era louco por  mim,
mas eu não achava que ele tentaria nos impedir de ficar juntos.

Mas então eu pensei em Katie. Se ela estivesse na posição de Skylar, eu


teria assassinado o prostituto que tentasse levá-la para longe de mim.

─ Eu ainda sou um prostituto. Eu sempre serei um prostituto. Mesmo que


20 anos se passem, ele ainda vai me ver como um prostituto. Eu não estou
limpo. Eu só estou vivendo em um novo lugar. – eu disse, vazio preenchendo a
minha voz e minha alma.
─ Isso não é verdade, Mathew. – Skylar estava chorando. ─ Não faça isso a
si mesmo. Você não é mais um prostituto. – ela se encolheu ao dizer a
palavra. ─ Você é meu. Você é perfeito.

─ Aparentemente não. – eu disse calmamente, a raiva de William crescendo


agora. ─ Você quer que eu vá? É esse o seu jeito de dizer que você não me
quer?

─ NÃO! – ela quase berrou isso para mim.

─ Então eu não vou. – afirmei, simplesmente. ─Eu não vou perder você,
Skylar.

─ Talvez nós pudéssemos…

─ NÃO! – cortei, cerrando os olhos e depois os abri, conseguindo a sua


atenção. ─Eu perdi Tanya, eu perdi Katie… eu perdi tudo! Então, mil anos mais
tarde, quando eu pensei que estava morto por dentro e poderia nunca sentir
nada de novo, a vida me deu a você. Você me fez viver novamente, Skylar
Hayes. E eu não estou deixando NADA… homem, tempo, tragédia, ou mesmo
DEUS, levá-la para longe de mim!

Criei força nos meus pés, indo até a porta.

─ Para onde você vai? – ela chorou mais, me seguindo.

Olhei para o meu peito nu e calças jeans e percebi que eu deveria colocar
uma camisa.

─ Ver William.

O problema não estava aqui, estava no hospital com William Hayes. Eu


estava indo para endireitar esta merda agora.

Eu estava vestindo a minha camiseta branca quando ela me bloqueou


saindo do quarto.

─ O horário de visitas acabou, Mathew. – ela disse. ─ Você nunca vai entrar
no quarto dele. Há também dois policiais do lado de fora da porta dele. Espere
até amanhã.

─ Eu não posso. – eu passei por ela, pegando meu tênis.

─ Por favor, Mathew, ainda estamos no meio de uma sessão. – ela lembrou.
─ Não fuja de mim. Vamos falar um pouco mais. Você indo atrás do meu pai
agora, louco como você está, não vai ajuda as coisas. Se você quiser chegar a
algum lugar, você tem que ter calma.

─ Como posso ficar calmo quando toda a minha vida está prestes a
desmoronar NOVAMENTE? – eu tremi, esperando que ela não pudesse ver isso.
─ Eu não posso. Eu não posso simplesmente ficar de braços cruzados e deixar
isto acontecer comigo de novo. Desta vez, eu estou lutando de volta! Até a
morte, se é isso o que for preciso.

─ Até a morte? – ela perguntou, parecendo assustada.

─ Você sabe o que eu quero dizer. – eu tinha os meus tênis agora e me


levantei, prestes a chegar à porta quando ela me bloqueou, colocando suas
costas contra a porta, seus braços nas paredes ao lado dela.

─ Sente-se, Mathew Trenner! – ela gritou comigo, como um professor


gritaria com um aluno indisciplinado. Foi afiado o suficiente para me parar…
pelo menos por agora.

Olhei para ela, minha mandíbula cerrada… mas ela era mais forte do que
eu.

─ Sente. – ela exigiu… e eu não poderia desobedecê-la. Minha natureza


escrava não se foi ainda, por qualquer meio. Isso levaria tempo para superar.

Sentei-me, em silêncio, cruzando meus braços, imediatamente sentindo-me


como um aluno da terceira série.

Ela lentamente veio e pegou sua cadeira à minha frente.

─ Vamos nos acalmar. – ela sugeriu. ─ Nós dois vamos respirar fundo.
Mathew?

Eu tinha tentado ignorar a sugestão dela, mas depois ela estava olhando
para mim.

Como um moleque, eu inalei profundamente e exalei, a atitude ainda em


mim.

─ Mais uma vez… mais lento. – ela disse calmamente, fazendo isso comigo
neste momento. Pelo tempo que tínhamos feito isso pela quinta ou sexta vez,
eu me sentia melhor… não tão em pânico mais.

Por um segundo, me senti como o filho de Skylar, em vez do seu namorado.

─ Ótimo. – ela disse pacientemente, provavelmente sabendo que bebê eu


poderia ser durante as sessões difíceis. ─ Melhor, Mathew?

Eu fiz beicinho por um momento e depois disse: 

─ Sim. Obrigado.

─ De nada. – ela respondeu… Então me esperou falar primeiro.  Finalmente,


eu o fiz.
─ Eu estou apaixonado por você, Skylar. – comecei com o mais honesto e
óbvio. ─Isso não é um caso de duas semanas para mim. Eu amava Tanya, mas
com você… é diferente. Eu não consigo explicar isso… Eu deixei Tanya ir…
mesmo antes do incêndio. E todos os dias pergunto a mim mesmo, se eu não
tivesse… talvez ela ainda estivesse viva, talvez tudo isso nunca tivesse
acontecido comigo. Mas então… eu não teria você. A questão é… você é isso
para mim. Você é o meu último amor. E eu acho que é ainda mais poderoso do
que o primeiro amor. Eu não quero deixá-la ir. Eu não posso. Eu não posso
viver sem você, Skylar.

Eu a ouvi suspirar, mas depois ela tornou-se toda médica novamente.

─ Primeiro de tudo, eu também te amo. – ela disse, tão calmamente como


eu tinha falado. ─ Mas, segundo… Mathew… você poderia viver sem mim.
Mesmo que isso seja uma coisa bonita de dizer… e eu adorei ouvi-la. Isso não
é verdade. Você poderia viver… estar com a sua filha… Ben e Ângela seriam
bons para você também. Eles sinceramente ajudariam você, e o deixariam
apoiar-se neles quando você precisasse de alguém, a cada passo do caminho.
Você sabe disso. Você é mais forte do que você acredita. Você me ama, mas
você absolutamente pode… viver… sem mim.

Eu suspirei.

─ Você sabe o que eu quero dizer, Skylar. – eu queria gritar novamente,


mas não o fiz. ─ Eu preciso de você.

─ Isso é outra coisa que eu queria trazer à tona. – Skylar disse com
tristeza. ─ E uma coisa que eu quero que você pense.

─ O quê? – senti um caroço no meu peito, isso soava grave.

─ Você acha que… mesmo no fundo da sua mente… – Skylar perguntou. ─


Que, talvez… apenas talvez… você se sente da maneira que você sente sobre
mim… por causa… de toda a terapia? Eu fiz você se sentir livre, e curei você,
você já disse mais de uma vez, eu ajudei você a chegar a um bom lugar em
sua vida. Eu tentei tirar alguma culpa dos seus ombros sobre o seu passado. E,
surpreendentemente, algumas das coisas que eu fiz com você ajudaram na
sua paz de espírito. Você poderia estar confuso que você está se sentindo
apaixonado…

─ Skylar, isso é absurdo. – Recusei a considerar esta teoria. Eu quase disse


que é estúpido da parte dela, mas estou contente que não disse.

Ela não é estúpida, por qualquer meio. Ela está certa, ela tinha trabalhado
sua magia em mim e me fez sentir melhor do que eu me senti desde sempre…
mas isso não é por que eu a amo. É apenas uma das razões que eu a amo.

─ William,  Ryan e Eli me ajudaram muito, mas você não me vê de joelhos


por eles, declarando meu amor eterno. – eu disse.
─ Mas, apenas pense nisso… – Skylar começou, mas eu a cortei novamente.

─ Por favor, não NOS analise, Skylar! – eu fiz uma careta, não gostando
disso.

─ Você pode analisar tudo até que se torne NADA! Eu vou deixar você me
derrubar e teorizar a noite toda, mas não faça isso CONOSCO! Não há
explicações mentais, ou científicas, para o que temos, Skylar. Por favor…
pare… de nos destruir. Eu te amo. Ponto final. Eu tenho orgulho de NÓS. Eu
não estou alucinando, ou transferindo, ou dependente, ou qualquer outro
termo que eles podem bater em mim. Eu te amo. Lide com isso.

Muito tempo passou, mas eu me recusei a pedir desculpas desta vez.

─ Me desculpe. – ela disse, com tanto amor em sua voz que eu só queria
beijá-la para sempre.

Esperei, então respondi.

─ Você está perdoada.

─ Vamos falar com o meu pai amanhã. – ela disse, concordando, soando
um pouco insegura. ─ Nós não vamos partir até que ele concorde em ir com a
gente.

─ Sério, Skylar? – eu senti e ouvi a esperança nascendo dentro de mim


enquanto eu falava.

─ Sério, Mathew. – ela respondeu, e antes que ela pudesse terminar, eu a


estava segurando em meus braços. Eu não me importava nada.

Ela estava me amando… me segurando… me beijando… acariciando meu


cabelo. Eu era dela. Eu seria sempre dela… Eu não a deixaria me deixar. Eu
não podia. Mesmo na morte, eu nunca a deixaria. William veria nós dois. Ele
teria que ver que nós não poderíamos ficar separados. Eu rezei para que ele
tivesse misericórdia de mim de novo, como ele teve quando viu as minhas
marcas das chicotadas. Rezei para ele NOS ver.

E se isso não funcionasse, eu cortaria a sua outra perna e o arrastaria junto


com a gente.

Sim, eu estou brincando.

Nossa, vocês todos devem pensar que eu sou um psicopata também. Tsk.
Tsk. Tsk.

Não me analisem. Eu estou bem.

─ Há mais, no entanto, Mathew. – ela disse, tirando-me dos meus


pensamentos.
Ela acenou para que eu voltasse ao sofá… e eu relutantemente voltei para
lá, sentando.

─ Tudo bem. O quê? – perguntei, o que quer que estivesse vindo tinha que
ser menos terrível do que seu primeiro par de anúncios.

─ Uma vez que decidirmos… o que vamos fazer… – ela fez parecer tão vago.
─Quando nós nos mudarmos… precisamos encontrar um bom psiquiatra… para
nós dois. Na verdade, para Katie também.

─ O quê? – perguntei, odiando a idéia de sentar-me com um estranho


agora. ─ Você é minha médica.

─ Eu não sou médica ainda, Mathew. – ela disse. ─ Você é a primeira


pessoa que eu já tentei aconselhar. Eu tenho muito estudo ainda pela frente,
para onde quer que formos, antes que eu esteja qualificada para realmente
ajudar você. Eu não deveria ajudá-lo, você sabe, minha tarefa era falar com
você e observá-lo. Nós dois vamos ter algumas questões importantes em
nossas vidas. E Katie deve ver um terapeuta infantil, para ajudá-la lidar com a
perda da sua mãe… e também, por ter você de volta em sua vida novamente.
Não vai simplesmente ficar feliz e ensolarado no momento em que estivermos
todos juntos, você sabe.

─ Eu sei.

─ Sabe? – ela perguntou, me fazendo sentir idiota agora.

─ Sim. – eu cuspi. ─ E quais questões?

─ Eu tenho que lidar com o que eu fiz para Claire. – ela disse, direta. ─
Fingir que eu nunca fiz isso e seguir em frente não vai funcionar. Se eu
realmente quero viver e não deixar isso me comer por dentro, eu tenho que
discutir isso… falar sobre isso… analisar o inferno fora disso.

─ Eu deveria ter feito isso. – admiti. ─ Eu sinto muito, Skylar. Eu


simplesmente… não consegui. Teria feito fogo. Eu não consegui nem me mover
quando você pegou aquela vela… mesmo depois… eu teria corrido 15
quilômetros antes de parar…

─ Shhh, shhhh, shhhhh! – ela me parou de novo. ─ Eu estou feliz que fiz o
que fiz. Mas, como eu disse, eu preciso lidar com isso. Eu não posso
aconselhar eu mesma. E, eventualmente, se eu aconselhasse você e Katie
sozinha, seria exaustivo para mim. Estou muito próxima de você para ser sua
médica. Deve ser outra pessoa. Alguém para quem você possa ir e até mesmo
reclamar sobre mim se você precisar.

─ Eu nunca vou reclamar. – eu jurei.

Ela riu um pouco.


─ Cada casal tem momentos em que eles vão deixar um ao outro loucos. –
ela disse. ─ É natural. Nós vamos nos odiar às vezes. Nós vamos discutir,
brigar…

─ Não! – eu me senti doente por dentro e ela olhou para mim com um olhar
estranho agora.

─ Eu não vou brigar com você. – eu disse. ─ Eu nunca vou dizer coisas
cruéis para você.

─ Problema. – ela levantou uma sobrancelha para mim. 

─ Desculpe? – eu me sentia irritado agora.

─ Há um problema, bem aí. – Skylar disse. ─ Eu não quero que você seja
um cachorrinho que nunca se atreve a discutir comigo, que é sempre
agradável, sempre cedendo ao que eu quero. Tem sido a sua vida por tanto
tempo e eu não o culpo. Mas isso é um problema que você tem que trabalhar.
Venha, vamos ter uma briga falsa agora. Apenas experimentar isso.

Eu não gostei disso.

─ Não. – eu disse, emburrado como uma criança.

─ Vamos lá, não é de verdade. – ela disse. ─ Eu não vou ficar brava com
você.

─ Não, Skylar. – eu recusei. Ela me acalmou e agora queria me irritar


novamente. Por quê?

─ Mathew… – ela se inclinou para a frente um pouco. ─ Você quer que nós
tenhamos uma relação saudável ou não?

Olhei para ela, despedaçado.

─ Eu não quero ser a sua nova Claire. – ela disse com firmeza. ─ Eu quero
que você se SINTA tão livre quanto você é. Vamos. Vou começar.

Eu fiz uma careta e olhei para a direita quando ela começou seu pequeno
exercício.

─ Mathew, você sabe… – ela atuou, chateada. ─ Estou ficando tão cansada
de limpar os cabelos que você deixa por todo o banheiro! Você não sabe como
limpar a pia?

Meu primeiro pensamento foi “Desculpe, Skylar, eu vou limpar agora.”

Mas eu sabia que não é o que ela queria. Decidi apenas jogar junto, não
querendo dizer nada do que eu estava prestes a dizer.
Sorrindo, um plano no lugar, eu obviamente a provoquei com:

─ É pra isso que eu tenho você, Skylar. Limpeza é trabalho das mulheres. –
sorri largamente para ela e ela sorriu de volta, sabendo que eu estava
brincando com ela.

─ Idiota. – ela murmurou baixinho. ─ Vamos, Mathew.

─ Skylar, eu sou muito mau. – eu disse. ─ Quando eu brigo. Confie em


mim. Não tem nada a ver com Claire. Eu não brigo mais. Eu não consigo.

─ Você briga. – ela argumentou. ─ Às vezes, as coisas vão acontecer onde


você terá que lutar. O que você vai fazer quando Katie quiser um piercing no
umbigo? O que vai acontecer quando um menino a levar para sair até tarde da
noite, passando das duas da manhã, você vai amarrá-la?

Eu acho que o medo apareceu na minha cara, porque Skylar sorriu mais
para mim.

─ Viu? – ela perguntou, amando o quão certa ela estava. ─ Venha. Posso
aguentar isso.

Eu não respondi.

─ Mathew, eu tenho que ver um paciente homem hoje à noite. Ele é um


viciado em sexo e ele não pode vir para o escritório. Vou à casa dele por volta
das onze esta noite para ter uma sessão com ele. – ela disse, esperando por
eu argumentar.

Isso não é jogar justo. Ela tinha o seu dedo diretamente sobre um dos
meus maiores gatilhos.

─ Você vai o cacete. – saiu da minha boca. Eu me parei. Eu tinha dito isso
calmamente, mas muito convicto. Reconheci o meu tom de quando eu
costumava brigar com Tanya o tempo todo. Eu odiei isso.

─ Este é o meu trabalho, você não pode me impedir. – ela disse, com
atitude.

─ Eu tenho algemas. – informei, ainda calmo, mas sombrio. ─ Eu posso


impedir você.

─ O que você está dizendo? – ela falou mais alto agora. ─ Você vai me
algemar? Quem diabos você pensa que é? Meu mestre?

Meu rosnado começou a crescer dentro de mim. Olhei para Skylar e ela
quase se encolheu um pouco.

─ Eu sou médica, Mathew, não sua escrava! – ela disse em seguida. ─ Eu


posso fazer o que eu quiser e eu disse que eu vou…
─ Você é minha mulher! – eu levantei, rugindo as palavras para ela, meus
punhos cerrados aos meus lados, meus olhos em chamas.

Ela voltou para a sua cadeira fortemente, seus olhos com medo de mim.

Senti uma rajada de ar escapar de mim e recuei para longe dela, enjoado.

Lágrimas vazaram dos cantos dos meus olhos e lutei para respirar.

─ Eu não posso… – respirei fundo, a visão dela levantando e vindo até mim
borrada através dos meus olhos molhados. ─ Eu não posso…

─ Ok… está tudo bem… – ela sussurrou para mim, alisando suas mãos para
cima e para baixo sobre os meus braços nus. ─ Shhhh… shhhh… Sinto muito.
Sinto muito. Acabou…

Eu continuei pensando… eu não posso… eu não posso ter um


relacionamento… não um normal, de qualquer maneira. Skylar está certa. Eu
teria uma briga com ela um dia, assim como esta, e eu racharia… e a porra da
besta sairia. Pior, e se fosse Katie? Ela vai ser uma adolescente um dia,
dizendo as mesmas coisas que Skylar acabou de dizer.

Tanya sempre tinha trabalhado à noite, em festas… Perguntei-me se Skylar


disse essas coisas sabendo que este era o meu grande problema com a minha
esposa. Ou talvez ela só tenha dito isso e teve sorte.

Mesmo agora, eu me perguntava, ela quis dizer que estávamos acabados?


Ou o exercício estava acabado?

Como um escravo, eu nunca tive a chance de argumentar em nada, sobre


qualquer coisa. Eu era um cachorrinho agradável, e a besta em mim estava
dormente por anos.

Por que Skylar não podia ser uma Dominadora? Isso tornaria muito mais
fácil para mim.

Eu a tinha assustado. Eu vi isso nos olhos dela.

─ É por isso que eu não brigo. – expliquei enquanto a minha respiração


continuava ofegante, senti pânico por todo o meu corpo. ─ Eu sou podre,
Skylar. Eu torturei Tanya por anos! Eu a fiz chorar. Até as minhas últimas
palavras para ela a fizeram chorar…

Eu fui para longe dela, não merecedor da sua compreensão e toque. Mas eu
não podia partir. Eu não poderia fugir do seu apartamento. Lembra-se do que
aconteceu quando eu fugi de Tanya?

Corri para a cozinha, encostando no balcão frio para um apoio, a minha


cabeça caindo enquanto eu estudava a superfície do mesmo.
─ Hey. – ela estava de volta, acariciando a sua mão para cima e para baixo
minhas costas. ─ Eu estou aqui. Eu estou com você. Eu te amo. Isso não vai
mudar. Você não tem que esconder suas partes ruins de mim, Mathew.
Escondê-las é deixá-las viver para sempre, profundamente, e sempre
combatê-las. Se você quiser se livrar desse cara que acabou de gritar comigo…
e não deixar que Katie o veja algum dia… e, a propósito, nós QUEREMOS que
ele vá embora. Então nós temos que tirá-lo e dar a ele o seu remédio.Eu sei
que você acha que eu gosto de fazer estes exercícios com você, mas há uma
razão que eu o empurro como eu faço. E, veja, é por isso que alguém além de
mim deve ser o seu médico. Porque você me ama, você quer me proteger e
esconder as partes mais escuras de si mesmo de mim. Mas você não pode
fazer isso. Não se você quiser paz. – ela terminou, muito, muito boa para mim.

Eu soluçava, não sendo capaz de segurar mais. E, em vez de empurrá-la


para longe, eu me agarrei a ela novamente, segurando a sua mão e recebendo
um enorme abraço instantâneo de ambos os seus braços.

Segurei-me como a minha vida, sem machucá-la.

─ Eu sinto muito. – eu disse várias vezes enquanto ela me embalava um


pouco, ambos envergonhados e fracos. ─ Eu queria não ser assim. Eu gostaria
de ser melhor para você.

É por isso que garotas boas e adoráveis não me querem, para ficar. Eu sou
tão danificado. Tão fraco. Não admira que Claire me batesse como ela fazia.
Ela provavelmente poderia sentir o cheiro de como sou patético sobre mim.

─ Você vai ficar melhor, eu juro. – ela me abraçou mais apertado, beijando
meu ombro, que estava bem perto da sua boca. ─ Eu estarei com você… todo
o caminho. Parceiros, lembra?

Eu balancei a cabeça, com medo que, se eu falasse, eu choraria novamente.


Eu estava tentando acalmar-me, então, outra parte de mim pensou,
simplesmente deixou ir, chorou, esqueceu a sua dignidade.

Essa parte foi rapidamente ficando em vantagem.

─ Parceiros. – eu sufoquei.

─ Nós dois vamos ter momentos em que precisamos apoiar um ao outro… –


ela disse no meu ouvido. ─ Até mesmo carregar um ao outro. Tudo bem. Não
se envergonhe.

Eu gostaria de poder fazer isso. Não me envergonhar. Esse sentimento


algum dia iria embora?

Decidi que tinha que ir. Eu não poderia aprender a viver assim, sem Skylar.
Eu tinha que ver William amanhã e convencê-lo a vir conosco, para Deus sabe
onde. Mais importante, dar uma chance a mim de ser o homem de Skylar,  seu
parceiro. Ela tinha me escolhido, apesar de todas as minhas falhas. Ele tinha
que respeitar a escolha dela mesmo se ele não me respeitasse. Eu tinha um
inferno de uma briga diante de mim. Eu não podia chorar e gemer como eu fiz
agora. Eu não poderia ser patético. William rolaria os olhos e me odiaria mais.

Tentei ser de aço por dentro, mesmo quando nós tentamos dormir, nenhum
de nós tendo muito sucesso. Eu teria que discutir com William. Eu teria que
deixar aquele monstro dentro de mim sair, mesmo que apenas por pouco
tempo. Mas, então, Skylar disse para ter calma, para não ficar com raiva
quando eu falasse com ele.

Eu rezei para que alguém lá em cima me ajudasse amanhã… para me


mostrar o caminho… e encontrar as palavras que fariam William entender.
Deus olharia para mim e levantaria uma sobrancelha, perguntando se eu não
havia pedido e obtido o suficiente da sua ajuda recentemente. Talvez eu
estivesse empurrando a minha sorte aqui. E eu não podia me dar ao luxo de
irritar a sorte agora também.

Fechei meus olhos… e tentei dormir.

Capítulo 37 

Mathew POV

Eu mal podia esperar para entrar pela porta da sala do hospital. Eu não
queria dar uma de enfurecido quando eu tivesse a atenção de William. Eu
queria que ele me ouvisse, com calma, e fizesse uma escolha racional de
deixar sua filha ser adulta e escolher o seu próprio caminho. Eu queria que ela
me escolhesse. Eu queria que ele não interferisse. Eu o queria fora do
caminho. E eu também o queria na vida de Skylar. Eu queria que as coisas
funcionassem, estupidamente, eu percebi que eu queria tudo perfeitamente no
lugar depois da morte de Claire. Eu realmente não queria mais obstáculos. E
eu sabia que não era a realidade. Mas eu quero o conto de fadas. Quero
deslizar o pé da Skylar no sapatinho de cristal e ter tudo a nossa volta
brilhando com pó de pirlimpimpim. Todo mundo a nossa volta iria sorrir e nos
abraçar, desejando o nosso bem, e estar em nosso casamento da Disney no
castelo. Deus, como eu quero isso.

Mas, mais uma vez, eu quero o final perfeito. Eu não quero a realidade
agora. Quero a Skylar. E eu estava com raiva de William por tentar roubar isso
de mim. Inferno, eu odeio o fogo por roubar Tanya de mim. Eu não posso nem
olhar velas ou luzes. Agora eu tenho uma pessoa de carne e osso, com rosto
quente, e tenho que convencê-lo a permitir que eu seja feliz. Seria quase como
se eu estivesse tendo a chance de argumentar com as chamas no meu
apartamento naquela noite. Eu sempre odiava que eu não tivesse controle ou
possibilidade de fazer as coisas pararem de acontecer, como fizeram naquela
noite horrível.

Agora eu tenho uma chance. Eu não iria desperdiçá-la. Dessa vez.

Skylar estava rapidamente me seguindo quando meus olhos encontraram


William. Este é o homem que salvou minha vida. Este é o homem que criou
Skylar. Não só na forma física, mas mentalmente. William tinha tudo a ver
com a criatura notável que ela é hoje. Eu não quero desrespeitar isso.

Algo em mim disse para ser mais calmo, para cortar a raiva em meu olhar.
Então eu suavizei… um pouco.

─ Olá Oficial Hayes. – ouvi-me cumprimentá-lo, respeitosamente. Notei que


havia dois travesseiros em cima dos cobertores de sua cama, escondendo o
vazio que estaria lá.

Você ainda é o Oficial Hayes para mim. Eu não estou tentando insultá-lo,
William. Não fique ofendido.

Mas William parecia irritado que eu tinha entrado em seu quarto. Eu tentei
ignorar isso.

─ Mathew.  – ele disse secamente, cruzando os braços e erguendo os olhos


para a TV, como se um comercial sobre cremes suavizantes fosse mais
importante do que o que eu tenho a dizer.

─ Pai. – Skylar estava do outro lado dele, à sua esquerda. Ela parecia com
raiva do seu comportamento grosseiro.

─ O quê? – ele resmungou sombriamente, apenas olhando Skylar em seus


olhos, a mim não.

─ Mathew quer falar com você. – ela pegou o controle remoto e desligou a
TV. ─ Eu quero que você ouça.

William bufou e eu esqueci tudo o que eu ia dizer, bem naquele instante. Eu


me senti em pânico, de repente, perdido. Skylar deve ter percebido isso,
sempre disposta a emoções e dor… e sempre pronta para colocar um curativo
no meu sangramento…sempre preparada para consertar as coisas.

─ Então, aqui está o que nós vamos fazer, pai… Mathew. – ela falava com
nós dois. ─Esta é uma sessão de terapia de família. Todo mundo vai ter a
chance de falar… e todo mundo vai ouvir… pai.

Esta é uma ideia brilhante! Por que eu não pensei nisso? Mas, então,
William bufou e suspirou, com os braços ainda cruzados em desafio.
─ Ele não é da família, Skylar. – William cuspiu, me rejeitando com seis
palavras.

Mas ela estava em minha defesa dois segundos depois.

─ Eu o amo, pai, ele é da família. – ela contra-atacou com uma pitada de


raiva, mas manteve-o sob controle, como a Dra. Skylar sempre faz. ─ Agora,
descruze seus braços. É um mecanismo de defesa. E diz que ninguém vai
chegar perto de você. Eu não quero isso.

E, como um milagre acontecendo… William descruzou os braços e deixou


que descansassem em seus lados.

─ Mathew… sente-se por favor. – Skylar assumiu o comando e eu caí de


amores por ela mais uma vez.

Sentei em uma cadeira perto da cama e estava feliz por William estar quase
ao nível dos olhos comigo. Eu odiaria ter que olhar para ele, estando abaixo
dele, suplicando-lhe para nos dar uma chance.

Eu tinha pensado em implorar a ele, ontem à noite, e sabia que era o


caminho errado para chegar a William. Ele pensaria que eu era fraco. Eu acho
que isso é fraco. Mas é tudo que eu sei agora. Eu imploro se eu realmente
quero alguma coisa. E às vezes, se eu imploro realmente bem, eu consigo. Eu
nunca quero ter que implorar novamente. Apenas Skylar, ou a minha filha,
algum dia me fariam implorar como um cão novamente. E se tudo falhasse, eu
provavelmente faria isso, muito para a desaprovação de Skylar.

Skylar sentou-se também, do outro lado na minha frente, a perna


amputada e a perna boa entre nós, tão simbolicamente. Poderia muito bem ter
sido um milhão de milhas nos separando.

─ Pai, eu falei com Mathew na noite passada, sobre o que conversamos. –


Skylar começou, dirigindo a peça, deixando tudo aberto. Ela tem muita
coragem, nervos de aço. Ela é tão meu super-herói. Quero aulas dela.

William bufou novamente. Eu senti meus olhos queimando quando eles


correram para ele. Ele virou seus olhos para mim então, e eles queimavam
exatamente de volta para mim. Isso seria uma batalha. Isso seria uma guerra.

─ E Mathew tem algumas coisas a dizer, obviamente. – Skylar continuou. ─


Eu vou deixá-lo falar primeiro… e depois, pai, você vai ter a sua chance de
dizer o que você quer dizer…

Senti meus lábios darem a ela um pequeno sorriso, e eu esperava que ela
percebesse meu silencioso agradecimento por isso.

─ Temos que fazer uma escolha até o final da noite… sobre os nossos
futuros. – Skylar disse, fazendo eu me sentir ainda mais nervoso. ─ É certo
passarmos o dia de hoje juntos, decidindo as coisas juntos.
William não disse uma palavra e um breve silêncio desceu sobre nós. Skylar
levantou uma sobrancelha para mim e me estimulou a começar.

─ Mathew?

Ok. Lá vai. A minha chance de argumentar, lutar de volta, dizer o que eu


sinto e penso e não ter que sofrer qualquer punição por causa disso. E,
exatamente assim, as palavras voltaram para mim.

─ Oficial Hayes… – eu olhei para ele e falei diretamente com ele. ─ Eu


primeiro quero agradecê-lo por tudo. Você não tinha motivo para me ajudar,
mas você o fez. Você se colocou… e a sua filha, em tanto perigo. Não importa
qual seja a razão, eu sou muito grato por tudo o que você fez.

Fiquei feliz em dizer isso primeiro. Eu queria que ele soubesse o quanto eu
estava grato pela sua ajuda e por salvar não apenas Skylar e eu, mas também
Ryan.

Eu não recebi resposta ainda dele, não que eu esperasse uma. Tudo bem.
Eu não estava ofendido… ainda.

─ Eu também sou um pai, Oficial Hayes. – eu disse, cortando diretamente


no coração da minha mensagem. ─ Eu não estou lá todos os dias com a minha
filha, mas… eu a amo todos os dias. Eu estou com ela em cada respiração que
dou. E eu concordo com você. Eu não sou bom o suficiente para Skylar.

─ Mathew! – Dra. Skylar de repente soou como uma garota de 16 anos de


idade que estava brava comigo por dizer a coisa errada. Mas eu não tinha
terminado ainda.

Eu até mesmo tinha a atenção de William agora.Ele estava olhando para


mim, afinal.

─ Se eu conseguisse estar por perto e algum prostituto tentasse levar a


minha filha para a sarjeta, quanto mais para um estado totalmente diferente,
eu o mataria primeiro. Eu o apagaria do mundo em dois segundos. – eu disse
sem hesitação, depois fiz uma pausa.

William até quase sorriu um pouco.

─ Mas então… – eu continuei. ─ Então a minha filha me odiaria. Ela me


amaldiçoaria. Ela não quereria nenhuma parte de mim em nada. Eu perderia
mais tempo com ela então, por sua própria escolha. Eu perderia não apenas
levá-la até o altar, ou colocar balanços para os filhos dela no quintal, mas até
mesmo pequenas coisas como conversar, ou cozinhar juntos… apenas falar
pelo telefone para dizer “oi”… escrever cartas um ao outro… e um milhão de
outras coisas… eu perderia tudo isso. Eu já perdi demais da vida dela. Eu não
posso dizer uma coisa. Eu tenho que sorrir e até estar a postos, assistindo,
enquanto ela cresce e faz suas próprias escolhas. Mesmo que essas escolhas
sejam erradas e causem dor a ela, eu não posso dizer uma maldita coisa. Tudo
o que eu posso fazer é estar lá quando ela precisa de mim. Segurá-la
enquanto ela chora e ajudá-la a encontrar o caminho. É uma merda, mas… eu
sei no meu coração que é a coisa certa… a única coisa que um pai pode fazer.

─ Olha, Mathew, você não entende… – William tentou me cortar, mas eu o


parei friamente.

─ Eu entendo, William! – fechei meus olhos por um momento. Eu estava tão


cansado de ser tratado como se eu fosse um burro e apenas um rosto bonito e
corpo, nada mais.

─ Eu entendo mais do que você. – eu disse, atirando facas com meus olhos
para ele. ─ Você já viu sua filha pegando fogo? Você esteve impotente, parado,
enquanto você ouve os gritos dela de terror e excruciante dor? Eu entendo
querer proteger a sua filha! Não se atreva a tentar me dizer que eu não
entendo. Eu entendo!

Eu parei de novo, acalmando, a minha visão um pouco borrada com


lágrimas que ameaçavam vazar dos meus olhos, mas eu tentei impedi-las.

Skylar estava olhando para mim, seus olhos fortes, mas solenes.
Calmamente, eu falei novamente.

─ Eu desisti da minha filha uma vez. – eu disse muito calmamente, olhando


para as minhas mãos que estavam cerradas em punho. ─ Eu queria manter a
sua inocência… eu queria que ela fosse feliz. Foi a coisa mais difícil que já tive
que fazer na minha vida, Oficial Hayes. Isso me matou. Eu morri naquele dia.
Mas eu fiz isso por ela… por Katie. Eu vendi tudo o que eu era, esperando que
seria suficiente para comprar para Katie a sua vida de volta. E eu o faria
novamente. Então, se você quer que eu diga que sinto muito, eu não vou. Eu
não posso. O que você vê agora é tudo o que resta de mim. Eu sei que não é
muito. Eu não tenho nenhum diploma, eu não tenho dinheiro de verdade… Eu
não tenho uma super carreira. Eu sei que sou um homem em pedaços, eu sei
disso. Eu não achei que poderia algum dia amar outra mulher, depois de todas
as mulheres que conheci nos últimos anos. Mas eu amo. Eu amo Skylar Hayes.
Eu vou fazer de tudo para fazê-la feliz. Até mesmo… me recompor… até que eu
acredite que sou realmente digno dela, o que eu provavelmente nunca serei.
Mas eu vou tentar… todos os dias. Por favor, não… nos mate antes mesmo de
termos uma chance para começar. Por favor.

Fiz uma pausa, pensando talvez em terminar o meu discurso aqui.

Então Skylar olhou para mim. Eu olhei para ela, meus olhos secretamente a
adorando.

─ Isso levou muita coragem, Mathew. – Skylar disse em sua voz profissional
de médica.

─ Pai? – ela começou para dar a William a sua chance de falar e ele estava
prestes a abrir a boca.
Mas eu o cortei de novo.

─ Meus pais uma vez me proibiram de casar com Tanya. – eu me atrevi a


olhar para o rosto dele enquanto ele olhava para mim. ─ Eles me disseram que
se eu ficasse com ela, eu os perderia, eu perderia o dinheiro deles, o meu
curso da faculdade, tudo. Eu os odiei por isso. Não que eu os amasse muito
antes. Mas eu escolhi o amor. Me afastei deles e, apesar de ter sido muito
doloroso para mim e talvez tenha mudado o meu relacionamento com ela, eu
fiz a escolha certa. Não faça Skylar escolher, Oficial Hayes, por favor. Isso vai
machucá-la. E você nunca será o mesmo homem para ela novamente. Ela te
enxerga como um herói. Não jogue isso fora.

Parei e soltei uma respiração, acrescentando:

─ Isso é tudo que eu queria dizer.

Skylar deu outro fôlego e sorriu para mim com aprovação. Senti-me muito
melhor agora. A única coisa que me preocupava era que era a vez de William
falar sua opinião.

─ Ok. – Skylar disse depois de outra pausa. ─ Pai… por que você não nos
diz o que você está pensando?

Skylar parecia com medo, no fundo, do que ele diria a seguir. Assim como
eu. Eu sabia que as razões dele seriam boas e difíceis de disputar.

Tudo o que eu tenho do meu lado é o amor. Ele tem bom senso, lógica e
realidade por trás dele, pronto para cortar a minha garganta.

─ Tudo bem. – ele começou, sua voz baixa e impassível.

Estou morto.

Mas, assim que William estava prestes a começar a me destruir, a porta se


abriu e dois policiais armados quadris entraram.

Um homem, com seus 30 anos,mais ou menos, com cabelo castanho


curto penteado para trás vestindo um terno, e uma mulher em seus 20 e
poucos anos de cabelo loiro avermelhado cortado curto e pele clara.

Eles mostraram seus distintivos e pareciam sinistros.

─ Agentes federais, Conner e Meyer. – o homem falou. ─ Desculpe a


intromissão aqui, mas estamos ficando sem tempo.

Sem tempo?

Skylar se levantou, parecendo preocupada quando eles ficaram ao lado da


cama do pai dela, ao meu lado.
A mulher olhou para mim e colocou a mão no meu ombro. Senti-me doente
por dentro, de repente imaginando o pior. Katie!

Meus olhos se arregalaram em compreensão e eu atirei minha cabeça para


cima para eles.

─ Minha filha! – foi tudo que eu pude gritar.

─ Ela está bem, ela está bem. – a agente garantiu e minhas entranhas
relaxaram.

─ Mas alguma coisa aconteceu. – o agente entrou na conversa. ─ Bem


Cheney, o guardião da sua filha… o carro dele explodiu na noite passada. Foi o
carro que eles deixaram para trás quando nós os levamos para a casa segura.
Ninguém ficou ferido, mas… bem, eu não tenho que desenhar uma imagem
para vocês, não é?

Senti-me saltar para cima e me mover antes do meu cérebro estar mesmo
ciente de tudo isso.

─ Temos um lugar para vocês se juntarem a eles… – a agente estava me


dizendo. ─ Mas precisamos ir agora.

─ Tudo bem, eu vou. – eu disse, pronto para ir com eles agora. Eu nem
sequer precisava realmente voltar para a casa de Skylar para pegar qualquer
coisa. Tudo o que era importante para mim estava agora na mochila que eu
carregava.

Podemos ir direto para o aeroporto e estar no nosso caminho para Katie. Eu


podia vê-la em horas.

─ Mathew? – a voz de Skylar me soltou dos meus pensamentos e eu


congelei, girando e olhando.

Ela estava de pé ao lado da cama de William, e ele estava segurando a mão


dela. Ambos estavam olhando para mim, ambos com os rostos pintados de
pavor.

─ Skylar… – eu engasguei.

O agente olhou para sua parceira e eles esperaram na porta.

─ Eu odeio ficar no caminho de… isso… – disse o agente, quebrando o


silêncio que havia se levantado entre nós. ─ Mas nós temos que ir. É isso ou
nada.

─ Skylar, eu tenho que ir. – eu disse. ─ Se eu não fizer isso, eu nunca vou
ver a minha filha novamente.

Olhei para os agentes e levantei uma sobrancelha.


─ Certo? – perguntei a eles, me certificando.

─ Eles se inscreveram para a proteção de testemunhas esta manhã. – a


mulher deu um aceno breve.

Eu me virei para Skylar e ela tinha lágrimas em seus olhos.

─ Por favor, Skylar. – dei um passo a frente, a cama de William entre nós.

Então eu olhei para William e ela também.

─ Sr. Hayes… – eu respirei. ─ Por favor, venha conosco. Por favor, não faça
isso conosco. Se você quer que eu implore, eu imploro. Vou fazer o que você
quiser. Mas, por favor, não leve Skylar para longe de mim.

─ Meu Deus. – William resmungou, envergonhado com o meu apelo.

─ Pai! – Skylar franziu o cenho para ele.

─ Desculpe. – ele disse baixo, olhando para os travesseiros escondendo sua


perna amputada. ─ Eu não vou.

Deixei escapar um suspiro frustrado e desviei o olhar, então meus olhos


voltaram para Skylar.

─ Eu não posso pedir a você para vir comigo e deixar seu pai, Skylar. – eu
disse e cada palavra cortou meu coração enquanto eu dizia isso.

─ Espere. – ela deixou cair uma lágrima e agarrou o meu braço bom,
puxando-me mais para o canto do quarto, perto da janela, deixando o pai  e os
agentes lá sozinhos.

Antes mesmo de ela começar a falar, eu forcei  meus lábios contra os dela e
cobri seu rosto em minhas mãos, com medo de esta poder ser minha última
chance de beijar seus lábios doces e molhados.

─ Mathew… – ela chorou, sua voz trêmula quando ela se jogou em meus
braços.

Eu a abracei forte e apertado, beijando o topo de sua cabeça com pequenos


carinhos suaves.

─ Skylar… – eu disse com uma voz baixa. ─ Eu entendo. Ele é seu pai.
Assim como eu sei que você entende que eu preciso estar com a minha filha.
Eu não vou fazer você escolher. Eu não quero você me odiando por isso.

─ Mathew, eu te amo. – ela se agarrou minha camisa, um gemido saindo de


sua garganta. ─ Eu não posso deixar você ir.
─ Eu também te amo, Skylar. – ouvi minha voz falhar, percebendo que se
eu fosse, eu nunca seria capaz de vê-la ou até mesmo falar com ela de novo.
Essa coisa de proteção a testemunhas é para a vida toda. Mas, então, eu
imaginei o carro de Ben explodindo, com todos dentro. Se eles tivessem
tomado o carro de Ben em vez do de Angela há alguns dias atrás… todos
estariam mortos agora.

─ Eu sempre vou te amar. – eu adicionei, sentindo cada palavra, ignorando


minhas mãos trêmulas.

Ela soluçava e eu olhei de volta para William. Ele estava evitando olhar para
nós, sacudindo o controle da TV.

Naquele momento, eu o odiava. Ele não se importava se sua filha estava


chorando e magoada.

Soltei-me de Skylar e fui à direção de William, pegando o controle remoto


de sua mão.

─ Isso aí, muito bem, assista TV, William! – eu gritei bem em seu rosto. ─
Quanto está o jogo? Nossas vidas estão destruídas e você assiste a porra da
TV? Gostaria de saber se há um programa chamado Rasgando o coração da
sua filha para fora!

Skylar veio atrás de mim e foi puxando meu braço um pouco dolorido, mas
eu não me importei. Eu tinha perdido todo o controle.

─ Você sabe, William, eu sinto muito que você perdeu sua perna, mas eu
estou mais triste porque você perdeu o seu coração - há muito tempo. – eu
estava furioso. ─ Não há nenhuma prótese para isso! Espero que você não
tenha problemas para dormir à noite durante o resto de sua vida, sabendo que
sua filha desistiu de sua própria felicidade para empurrá-lo por aí em sua
cadeira de rodas.

─ Mathew, já chega! – Skylar me afastou dele e eu joguei o controle remoto


em cima dele, sendo empurrado por ela perto da porta, os agentes bem ao
nosso lado.

─ Eu sinto muito, mas temos que ir.  – a mulher disse para nós dois, depois
olhou para Skylar, perguntando. ─ Você vem?

Eu não precisava ouvir sua resposta. Eu apenas tomei-a em meus braços


novamente e a beijei, cheio de paixão e desejo, minha raiva ainda alimentando
as chamas.

Ela me beijou de volta, mas, em seguida, soluçou de novo, quebrando o


beijo. Coloquei três beijinhos em sua boca depois disso, querendo cada
segundo que eu ainda tivesse com ela.
─ Mathew… – ela chorou, agarrando seu cabelo. Ela olhou para mim com os
olhos brilhando e respirou fundo.

Ela trouxe as duas mãos para o meu cabelo, tocou, acariciou, memorizando
todas as mechas indisciplinadas. Então ela moveu os dedos para baixo na
minha testa, sobre meus olhos fechados, desceu pelo meu nariz, até minhas
bochechas, seus polegares deslizando sobre meu lábio inferior, em seguida,
brincou seus dedos no meu queixo.

Ela olhou nos meus olhos e eu a olhava de volta, meu nariz descansando e
acariciando o dela. Tentei pensar em algo para dizer, na esperança de aliviar
essa dor. Eu soube imediatamente que nada podia.

─ Isso não muda nada, Skylar Hayes. – eu sussurrei. ─ Eu te amo. Eu


sempre vou te amar. E eu sempre vou te pertencer. Sempre.

─ Eu sempre vou pertencer a você, Mathew. – ela chorou, colocando dois


beijos no meu pescoço. ─ Eu te amo tanto.

─ Mathew? – o agente homem, chamou e eu virei minha cabeça para ele. ─


Nós temos que ir. – ele olhou para o relógio, em seguida, olhou para baixo,
acrescentando. ─ Sinto muito.

─ Eu tenho que ir. – eu disse inexpressivamente, sentindo tão vazio por


dentro agora.

─ Prometa que vai continuar fazendo terapia. – ela se agarrou em mim,


lágrimas por todo seu rosto frágil.

Eu sorri e movimentei meus polegares sob seus olhos, movendo as lágrimas


salgadas de lado.

─ Eu prometo. – eu disse, honestamente. ─ Dra. Skylar.

─ Eu prefiro Garota do Notebook. – ela tentou sorrir de volta para mim.

─ Sim, minha Garota do Notebook. – sorri… e senti as lágrimas virem aos


meus olhos.

Eu teria que sair dali mais rápido ou eu nunca iria. Eu odiava isso, mas eu
tinha que sair daqui.

─ Você me salvou, Skylar. – eu botei pra fora as palavras. ─ Você me


alcançou.

─ Eu disse que eu podia. – ela olhou para mim, com orgulho.

Senti as lágrimas prestes a cair dos meus olhos e eu levantei seu rosto para
o meu, um último beijo. Eu tomei meu tempo, esperando que fosse tão doce e
precioso e eterno a ela, como era para mim.
Meu coração estava quebrado quando eu terminei o beijo finalmente.

─ Adeus Skylar. – eu sussurrei, me soltando de seus braços e virando,


saindo do quarto e dando alguns passos até que eu estava no corredor, os
agentes bem ao meu lado.

E antes que eu percebesse, estávamos deixando-a para trás.

Estávamos no caminho para a saída do hospital… No caminho fora de sua


vida para sempre.

Capítulo 38 

Skylar POV

─ Adeus Skylar. – ele sussurrou, puxando-se rapidamente para fora dos


meus braços, virando e saindo pela porta sem olhar para trás. Para outra
mulher poderia parecer como se ele mal podia esperar para me deixar. Mas eu
sou a Dra. Skylar. Eu sei melhor. Uma saída rápida é mais fácil. Tenho certeza
que o dia em que ele entregou a Katie para Ben e Angela, ele não demorou
muito tempo lá. Ele saiu correndo para sofrer sozinho, como ele sempre fez.

Eu o tinha quebrado tudo de novo… logo agora que ele parecia tão forte…
tão orgulhoso.

E agora eu estou quebrada, também.

Seu cheiro ainda dançava em volta de mim enquanto eu tentava segurar os


soluços que estavam morrendo de vontade de se libertarem. Comecei a me dar
conta de detalhes bobos como… Eu não tenho fotos dele. Mas eu tenho a sua
bela voz, doce em rouca. Eu tenho isso. Imaginei-me, no meu quarto em
Bellevue, ouvindo as fitas uma e outra vez, pressionando meu rosto sobre o
travesseiro para o meu pai não me ouvir chorando do quarto ao lado.

Senti-me tonta e não sabia que eu estava fazendo qualquer som até que eu
ouvi meu pai falando comigo, tentando me tranquilizar, dizendo algo como:

 ─ Venha aqui, Sky, por favor… vá com calma, querida.


Tudo o que pude entender, depois de minhas pernas entorpecida fizeram o
seu caminho até ele, eram as minhas palavras … Eu ficava repetindo as
mesmas duas palavras uma e outra vez , quase para mim mesma.

─ Ele se foi… ele se foi… – eu respirei fundo novamente quando meu pai
pegou a minha mão na sua, e deu um beijinho suave, seu bigode fazendo
cócegas minha pele.

Em seguida, um soluço saiu e as lágrimas estavam me cegando. Tudo o que


eu podia ver era Mathew. Mil belas imagens que dançam em torno de meu
coração… Começando com um vampiro enjaulado, sendo arrastado pelo
colarinho no chão da boate… A um homem gargalhando em um restaurante
chinês, limpando a coca cola que eu tinha cuspido nele bem em sua camisa…
Ao meu nu, caçador masculino que fez amor comigo na floresta… Para o olhar
com o coração partido em seu rosto um momento atrás, quando ele percebeu
que tínhamos que seguir em direções diferentes… Para sempre.

─ Skylar. – a voz do meu pai era de repente firme e me tirou do meu


transe. ─ Skylar?

─ O que, pai? – parei meu colapso e o deixei de lado por enquanto, embora
parte de mim sabia que meu pai merecia ver o que ele tinha feito a mim por
sua atitude estupidamente teimosa.

Talvez ele estivesse com dor… Mas ele estava sentindo tanta dor quanto eu?

─ Você precisa de alguns analgésicos ou algo assim? – ouvi-me deixar


escapar, desejando que houvesse alguma chance de curar minha agonia
agora.

Eu nunca sequer chegarei a saber se ele está bem, se as coisas com Katie
ficaram bem… Se sua terapia funcionava para ele e sua família… Se funcionava
com seu coração. Será que ele nunca será capaz de encontrar o amor… O
amor verdadeiro com uma mulher? Depois de todo o abuso que seu pobre
coração sofreu?

─ Não, Skylar. – ele respondeu, a TV desligada agora.

Respirei pesado, tentando esconder meu mal, quando ele começou a falar,
segurando minhas mãos nas suas.

─ Lembra quando você era pequena, Skylar? – ele esboçou um pequeno


sorriso e eu senti meu rosto carrancudo para ele em resposta.

Isso está realmente acontecendo? Perdi Mathew pra sempre há um minuto


atrás e agora meu pai quer caminhar pela estrada da memória com um sorriso
no rosto! Talvez se eu estrangulá-lo agora eu tenha tempo para alcançar
Mathew antes de ele deixar o hospital.

─ O quê? – minha voz parecia tão baixa e fraca.


Foi realmente pra isso que larguei mão do meu primeiro e único amor?
Alguém que eu possa relembrar com a minha infância de merda? Eu quase
quero ir encontrar James e pedir para ele acabar comigo.

─ Lembra quando eu te comprei casa da Pequena Sereia? – ele perguntou,


com os olhos parecendo um pouco longe, como se ele estivesse realmente
vendo isso agora.

Eu só olhava… Talvez ele esteja em algo realmente pesado agora.

─ Lembra? – ele me olhou diretamente agora, com os olhos mais sérios e


não tão nostálgicos mais.

Dei de ombros.

─ Sim, eu acho.

Eu tenho que perguntar aos médicos se ele sofreu algum dano cerebral
quando ele tomou essa queda. Jesus, isso é tudo que eu preciso, além de todo
o resto do lixo agora empilhado sobre os meus ombros. Parecia que o peso de
vários edifícios estava nas minhas costas. E todo esse peso, sem um vislumbre
de esperança e felicidade no meu coração… Era muito doloroso. Eu me
perguntava quantos anos eu seria capaz de fazer isso. Se houvesse alguma
maneira que eu poderia me aconselhar a viver com esta sentença de prisão
que tinha acabado ser imposta a mim. E eu me senti culpada por pensar isso.
Este é o meu pai. Eu deveria cuidar dele. Ele salvou Mathew.

Talvez assim eu possa viver com isso.

Ele salvou Mathew. Eu devia a ele por isso. E eu gostaria de pagar o preço…
Com o resto da minha vida. Eu sabia no meu coração que eu amava meu pai.
Ele esteve lá para mim toda a minha vida. Mas agora, eu não podia sentir
nenhum amor por ele. E isso me assustou. Me sentia mais como uma escrava
obediente agora do que uma filha.

Uma escrava… puta merda. Eu tinha trocado de lugares com Mathew. Agora
sou escrava do meu pai e Mathew é livre. Como é estranho que só um de nós
em um momento pode ser livre. Meu tempo livre se foi… Talvez seja isso o que
eu ganhei por acabar com a Claire. Mas eu ainda não sinto muito por isso.
Matá-la foi o mesmo que matar baratas para mim.

Mathew tinha me libertado de todos os meus medos e acabado com eles,


ele realmente fez despertar em mim, uma mulher que, com ele, era alguém
que eu realmente gostei. Ela não tinha culpa por seus prazeres, seus amores…
ela era corajosa e natural… sexual. Eu adorava ser ela. Agora eu tenho que
colocar tudo isso em uma caixa e ser a chata, coisa fechada que eu era antes
de ele entrar na minha vida, dançando o seu caminho para o meu coração.
Senti algo dentro de mim aceitar isso. Eu ficaria feliz em assumir o seu
lugar, eu sabia disso há muito tempo. Se isso poupasse Mathew tudo o que ele
sofreu… tudo o que ele perdeu… eu faria isso em um segundo.

Voe, Mathew… voe… não olhe para trás… simplesmente continue subindo…
vá. Eu ficarei aqui na terra e o verei subir até desaparecer na luz do sol que
você ansiou por tanto tempo.

Seja feliz, meu amor… meu vampiro… meu anjo… minha Águia Livre… meu
Thumper. Eu sentirei sua falta para sempre e sempre.

Eu nunca deixarei de amar você… Mathew Trenner.

 maginei-me uma mulher idosa seca no momento em que meus trinta anos
chegassem. Eu nem quereria namorar, e eu nunca me deixaria esquecer o
quão maravilhoso cada momento com Mathew tinha sido. Eu seria torturada
pela lembrança de tal amor profundo… mas nunca serei capaz de senti-lo
novamente. Eu não quero mais ninguém. Se algum cara perfeito algum dia
aparecer na minha vida… eu nem acho que eu o notaria.

E meu pai ainda estava falando.

─ Você amava tanto aquele filme. – ele sorriu, lembrando. ─ Eu sentava


com você no chão e nós o assistíamos uma e outra vez. Assim que ele acabava
e a música terminava, você saltava e apertava para rebobinar. E você pulava
ao redor, mal sendo capaz de esperar até que rebobinasse para que pudesse
passar de novo.

Eu pisquei e olhei para a janela… imaginando o avião de Mathew passando


voando… levando-o para fora da minha vida. Eu quero sentar no chão e assistir
Bob Esponja com ele… Agora.

─ Eu gostava disso também. – ele disse e minha mente foi borrada um


pouco pelas suas palavras, ─ O pai de Ariel teve uma vida difícil. Tentando
manter sua menininha segura… pensando que o cara que ela queria não era
bom o suficiente… mas então ele provou… ajudou a salvar o oceano… e o Rei…
todos.

Bom, pai. Fico feliz que você gotava também.

E ele continuou.

─ E ele tinha em seu poder para transformá-la em humana… mas ele sabia
que se fizesse  isso, ele a perderia para sempre… ela se casaria com o príncipe
e seu sonho se tornaria  realidade… maldição… até mesmo agora eu lembro de
ter lágrimas reais nos meus olhos no final, quando ele diz para o caranguejo…
a parte sobre… há apenas um problema deixado… o quanto eu vou sentir falta
dela. Tenho isso o tempo todo. E então ele dá pernas a ela… dá a ela a chance
de ser feliz. Ele a deixa ir… Sorrindo… Mesmo que isso o esteja matando
por dentro.
─ Huh? – eu estava com tanta dor agora que me sentia estúpida.

Ele limpou a garganta e engoliu em seco… e seus olhos brilharam com


pequenas lágrimas.

Ele apertou minhas mãos e as beijou… e então as soltou.

─ Eu costumava pensar comigo mesmo… eu faria a mesma coisa… se eu


fosse ele.─  meu pai disse, com uma voz derrotada, quase envergonhado. ─
Droga.

Ele parou novamente, e então olhou para mim enquanto eu apenas franzia
a testa para baixo sobre ele, confusa… em estado de choque.

─ Adeus, Skylar. – ele engasgou com as palavras, deixando uma respiração


sair.  ─ Diga a Mathew que é melhor ele cuidar MUITO bem da minha menina.
Vou encontrá-lo se ele não cuidar, não importa onde eles estão planejamento
escondê-lo.

O quê? Eu congelei e meu queixo caiu. Se esta era uma piada de mau
gosto, eu o mataria eu mesma.

─ O quê?! – ouvi-me gritar, meu corpo todo tremendo.

─ Eu amaria levar uma hora para dizer tudo, mas seu garoto está se
afastando. – ele olhou para a porta do hospital. ─ Vá pegá-lo, Skylar. Sinto
muito, eu estava errado. Pra tudo tem uma primeira vez, eu acho.

─ Mas, pai, eu não posso simplesmente ir embora… – eu queria ir… tanto…


mas agora que ele era meu pai novamente, o pai que eu conhecia… como eu
poderia deixá-lo dessa maneira? Agora?

─ Mexa-se, menina! – ele levantou a voz um pouco. ─ Ele tem alguns


minutos de vantagem sobre você. Faça tudo o que você tem que fazer para
alcançá-lo. Você se lembra de eu ensiná-la como dirigir atrás de um suspeito,
certo?

─ Sim. – eu me lembrava. William me ensinou tudo o que eu sabia. Ele


ainda estava me ensinando.

─ Então, mexa a sua bunda, Hayes. – ele sacudiu a cabeça para a porta. ─
Agora! Se você não pegá-lo, eu vou ficar muito aborrecido com você.

Eu respirei e lágrimas caíram de ambos os meus olhos. William Hayes é o


meu herói.

Havia apenas uma coisa que eu poderia dizer agora.

Atirei-me em seus braços e choraminguei:


 ─ Eu te amo, pai.

Deus, eu posso ver Ariel no seu vestido de casamento fazendo e dizendo a


mesma coisa com o Rei Tritão.

─ Eu amo você, Sky. – sua voz quebrou enquanto ele me chamava do meu


apelido de quando eu tinha três anos de idade. Seu braço envolveu ao redor de
mim e sua mão esfregou para cima e para baixo nas minhas costas… e então
ele me soltou.

─ Agora saia daqui. – ele disse rispidamente. ─ Eles estavam indo para o
aeroporto JFK. Pegue o caminho mais rápido. Corte qualquer coisa que se
atreva a entrar em seu caminho. Nada mais de besteira agora… VÁ.

─ Ok. – eu me afastei, voltando para colocar um grande beijo molhado no


rosto dele. ─Obrigada, pai.

─ Adeus. – ele levantou a mão quando eu dei uma última olhada,


avançando a porta do hospital.

Os dois policiais do lado de fora da porta do meu pai me olharam por um


momento, perguntando-se por que eu estava correndo. Virei, de frente para
eles, e ordenei-lhes, gritando.

─ Cuidem desse homem, eu falo sério! – apontei para eles, nem mesmo à
espera de suas reações, antes de eu girar mais uma vez, meus tênis rangendo
no chão enquanto eu corria para fora de lá… uma enfermeira gritando comigo
para não correr pelos corredores enquanto eu a ignorava.

Eu estava na rua agora… minha mente passando através das minhas


opções. Minha caminhonete estava em casa. Mathew tinha nos trazido aqui em
seu Volvo. Corri para ele no estacionamento e percebi antes que eu chegasse a
ele, que ele ainda tinha as chaves. Eu tinha dirigido este carro uma vez antes,
quando salvei Mathew da casa de Raven. Uma coisa que meu pai me ensinou
foi dirigir como um policial.

Mas como entrar no carro sem a chave?

Meu pai me ensinou isso há algum tempo, em caso de emergências. Eu


nunca pensei que teria que usá-lo de verdade. Mas posso abrir a tranca do
carro de Mathew com o meu celular.

Eu o abri e fui para o menu, indo para os sons… batendo naquele que
William tinha me feito nomear de Marie.

Meu pai conhecia todos os tipos de ótimos pequenos truques como esse e
ele compartilhou comigo todos eles, apenas no caso de eu precisar de alguma
destas dicas em uma situação de emergência. Tantas vezes ele ouvia histórias
de garotas que poderiam ter escapado se tivessem a chave do carro do cara,
ou algo assim. Ele nunca quis que eu fosse impotente e despreparada, incapaz
de fazer tudo o que pudesse para escapar.

─ Desculpe, Mathew.  – eu estava no assento do seu carro e movi o volante


todo para cima para que eu pudesse alcançar debaixo dele e puxar os fios
dourado e verde para fora.

Esperançosamente, ele nunca saberia que eu tive que fazer isso para o seu
bebê. Talvez em nosso 25º aniversário eu contaria a ele… talvez. Eu estava
voando para fora do estacionamento e rezando a Deus para que nenhum
policial esbarrasse comigo. Eu pararia? Não. Eu tinha que alcançar… eu estava
muito atrás deles. Eu tinha que correr.

─ Por favor, por favor, por favor…  – eu estava dirigindo como uma louca,
desviando de carros e tentando discar meu celular ao mesmo tempo.

Se eu pudesse ligar para ele, eu poderia pará-lo. Mas continuava caindo na


caixa postal de Mathew. Eles tiraram o telefone dele? Talvez isso fosse parte
de estar no programa de proteção a testemunhas… cortar todos os laços com a
testemunha.

─ MAS QUE DROGA! – eu joguei o celular no banco do passageiro vazio ao


meu lado, desistindo dessa ideia.

Eu estava buzinando e gritando em torno do transito lento, perguntando-me


por que as sirenes não estavam atrás de mim ainda enquanto eu fugia pelas
ruas estreitas como um relâmpago. Olhei para a minha velocidade.

140 quilômetros por hora. Fiquei feliz que, pelo menos, era um dia de
semana e à tarde, sem muito tráfego no meu caminho agora.

No fundo da minha cabeça, eu me perguntava como eu encontraria mesmo


Mathew para detê-lo. Eu não tinha ideia para onde ele estava indo, qual avião
ele estaria pegando… qual portão de embarque… parte de mim considerou
desistir… isso era impossível! Isso não funcionaria!

Só nos filmes era sempre tão fácil! Mas eu não podia desistir. Mathew é
minha vida agora. Eu tenho que tentar salvar isso. Voltar para Bellevue agora…
após essa chance de ir atrás dele… poderia me causar até dor física. Isso me
quebraria. Poderia me tornar uma sombra.

Por favor, mãe, por favor… Eu implorei mentalmente… detenha-o… não o


deixe escapar… ajude-me a encontrá-lo.

Eu converso com a minha mãe o tempo todo, na minha cabeça, apenas


sobre as minhas pequenas coisas a cada dia… ela sabe o quanto eu amo
Mathew. Ela pode ter sido aquela a dar instruções ao meu pai exatamente
agora. Espero que ela ainda esteja comigo, lutando ao meu lado.
─ Não, não, NÃO! – eu estava vindo para uma rua movimentada, cheia de
carros. Pára-choques e pára-choques… nenhum lugar para onde ir…

Senti lágrimas vindo aos meus olhos enquanto eu olhava para o relógio
digital no painel. Quantos minutos eu estive dirigindo? Ele  poderia estar no
aeroporto agora, escoltado pelos agentes federais, passando por todo o tráfego
se eles quisessem.

Cerrei meus olhos e choraminguei, balançando… e então uma sirene alta e


estridente soou ao longe… eu me virei, olhando… ouvindo-o se aproximando…
ficando mais perto… mais perto agora… todos os carros estavam se movendo
de lado… estacionando para limpar a estrada…

Você está brincando comigo?

No meu espelho retrovisor, vi um caminhão de bombeiros vermelho


gigante! Luzes piscando… sirenes gritando… o recado quase me batendo
completamente.

A estrada estava aberta e os bombeiros passaram diretamente pela rua.

Eu não hesitei… eu fui atrás deles… antes que qualquer carro pudesse voltar
para o tráfego… Eu poderia seguir o carro de bombeiros, contanto que ele
seguisse o caminho que eu queria ir. Eu cortaria através das ruas sem
resistência alguma…

Quantas leis estou quebrando novamente?

Fiquei muito feliz por alguns minutos, sorrindo para o rosto confuso de um
par de bombeiros na parte traseira do caminhão. Talvez eles achassem que eu
era um bombeiro voluntário, ou algo assim. Eu certamente não olhava para o
lado, mas eu não me preocupei com isso agora. Eu apenas agradeci a Deus, ou
a minha mãe, ou quem quer que seja, por esta pausa e aproveitei por tudo
que valia a pena.

Isso é bom demais para ser verdade… estou quase lá! O que eu faria
quando chegasse lá seria divertido.

O carro de bombeiros virou à esquerda, finalmente… e eu tive que virar à


direita. Oh bem, obrigada, caminhão de bombeiros! Você é demais!

E então… meu coração parou.

Carros parados… por quilômetros! A fila parecia estender-se à minha frente


por anos luz!

Eu me virei e atrapalhei-me ao redor procurando meu celular novamente,


na esperança de tentar de novo, a minha confiança cada vez menor com a
super velocidade. Algo estava segurando o trânsito por um grande momento.
Teve algum acidente? Eu não conseguia ver nada.
Eu puxei meu braço, não encontrando meu telefone em qualquer lugar do
chão pelo banco do passageiro. Minha bolsa transbordou e algumas coisas
caíram fora dela. Eu não prestei atenção em nada até que a minha cabeça
virou, prestes a sentir sob o assento para o meu telefone… mas então, algo
chamou minha atenção.

Um pequeno pedaço de papel com uma escrita. O biscoito da sorte.

A pessoa que você ama está mais perto do que você pensa.

─ Onde? Onde? – eu soluçava alto para mim mesma, procurando em todos


os lugares que eu poderia olhar do meu carro parado. Eu não podia ficar
sentada assim mais. Isso estava me matando.

Fui com a minha passagem estreita e abri a porta, saindo do carro, batendo
a porta fechada.

Um par de pessoas buzinou para mim, mas eu ignorei. Eu fiz a varredura do


interior de cada carro pelo qual eu passava, procurando pelo meu Mathew.

─ MATHEW! – comecei a gritar seu nome em um grito alto. ─ MATHEW


TRENNER!

Talvez esta não seja uma ótima ideia, chamar o nome completo de alguém
na rua quando estão no seu caminho para se juntar à proteção a testemunhas.

Eu nem sei que tipo de carro os federais tinham. Tudo está contra mim
aqui.

Eu estava gritando tão alto que eu nem sequer ouvi até cerca de cinco
minutos depois.

Bateria… alta, tambores aumentando… como um trovão. Vozes cantando…


homens… índios! Era um canto lento e profundo… soando como guerreiros
indígenas em seu caminho para o céu… ou a estrada do espírito, como eles
chamam. Era tão alto que eu tenho certeza que ninguém podia me ouvir. Mas
eu estava quieta agora… eu corri para as vozes… não tendo certeza por que…
simplesmente era o certo.

Talvez eles estivessem tendo o festival na estrada atravessando esta e eles


estavam bloqueando o tráfego, ou algo assim. Corri pra caramba… eu tinha
que chegar lá.

Isso tem que ser certo… isso tem que ser o caminho. Por favor, deixe que
seja.

Eles tinham me dito que minha voz era boa, que tinha remédio. Disseram a
Mathew que ele estaria livre. E, por alguma coincidência irreal, eles estavam
aqui agora, bloqueando o tráfego… o tráfego que ameaçava retirar Mathew do
meu mundo.
Deus, um outro flashback da Disney. Agora eu sou Pocahontas, correndo
para salvar o nosso futuro, nossos dois mundos… para torná-los um…
finalmente… um.

Eu não sei como fiz isso, mas, de alguma forma, cheguei a eles. Fiquei
chocada por mais um minuto… sem fôlego… suando como um porco.

Alguns dos homens nos seus vinte anos, vestidos com seu belo traje e cocar
de cerimônias, foram bons o suficiente para me segurar e esperar que eu me
acalmasse.

─ Você está bem? – um deles sorriu para mim, esperando pacientemente.

─ Eu preciso da sua ajuda. – eu respirei fundo, minhas mãos em meus


joelhos, inclinada para a frente enquanto eu tentava controlar a minha
respiração. ─ Por favor… estou  desesperada!

Alguns momentos mais tarde, o trânsito ainda não tinha movido um


centímetro… e eu tinha vozes altas e fortes de guerreiros índios nos seus 30
anos dizendo:

 ─ ÁGUIA LIVRE! ÁGUIA LIVRE!

E eles estavam soprando seus chifres, como índios de antigamente. Isto foi
enquanto eles se separaram em pequenas equipes e espalharam-se entre os
carros presos. Eu quase solucei com a emoção que senti por esses homens
maravilhosos que me ajudaram imediatamente, não fazendo-me muitas
perguntas. Tudo o que eles sabiam era que o amor estava na fila. Eu o tinha
perdido e eles me ajudariam a encontrá-lo. Era o suficiente para eles.

Eu não queria chamar o nome dele alto, apenas no caso de haver alguém
na área que gostaria de machucá-lo. Águia Livre funcionaria.

Eu me lembro do olhar em seu rosto quando eles o chamaram assim.

Eu acho que realmente é seu verdadeiro nome agora… em seu coração.

Eu continuei procurando a cada carro que eu passava, procurando pelo meu


lindo cabelo loiro. Eu daria qualquer coisa para ver aquele cabelo novamente.

─ Mathew. – eu tentei impedir que a minha voz se tornasse um grito. ─


Mathew!

Eu podia ouvir as chamadas para Águia Livre, mesmo agora, voltando aqui
enquanto eles faziam o seu caminho à minha frente. Suas vozes se levantaram
e cresceram como as de um deus fariam…e eu senti esperança brotando
dentro de mim novamente. Ele tem que estar aqui em algum lugar… ele tinha
que ouvir o seu nome.
Limpei meus olhos e continuei em movimento… esperando que o próximo
carro fosse aquele… então o próximo… e o próximo. Isso seria  perfeito,
encontrá-lo antes que ele chegasse ao aeroporto. Uma vez lá, eu nunca o
encontraria.

─ Por favor, Mathew… só responda… – eu chorei sozinha como uma menina


de quatro anos.

Talvez ele não tivesse ficado preso neste trânsito. Talvez eles tenham
tomado outro caminho.

Então ouvi um coro de vozes agudas de guerreiros índios, comemorando


alguma coisa.

Meu coração explodiu no meu peito enquanto eu olhava à frente de onde os


sons estavam vindo.

Senti uma grande rajada de vento soprar meu cabelo para longe do meu
rosto, enxugando minhas lágrimas. Eles o encontraram? Era apenas outras
pessoas participando no festival?

Eu ouvi muitas buzinas soando… carros soando irritados enquanto


buzinavam alto. Eu ouvi batidas contra metal… e tambores batendo em uma
música feliz… guerreiros fazendo um grito de guerra… soando prazeroso…
vitorioso.

Então eu ouvi…

─ Skylar!

Estou ficando luca? Ou eu realmente ouvi isso? Os índios não sabem o meu
nome.

─ SKYLAR! – uma voz masculina gritou de novo, mais intensa.

Eu não conseguia ver nada… apenas carros.

Ouvi batidas rápidas contra metal novamente e percebi que eram passos…
andando em… carros?

Encontrei-me subindo em cima de um carro de um cara, uma coisa azul


desbotada. Seus gritos e sua buzina não me perturbariam. Eu estava ouvindo
o meu nome de novo… procurando pelo meu príncipe guerreiro.

─ SKYLAR! – eu finalmente o ouvi novamente e virei para ele.

Tudo parou e deixou de funcionar naquele momento.

Todos de pé em cima de carros presos que estavam enchendo a rua


estreita, havia cinco índios guerreiros… e no meio deles, uma pele branca com
cabelos claros e despenteados pelo vento, vestindo uma camisa, jeans e
tênis… e, claro, a sua garra de urso no pescoço… e o maior sorriso que eu já
vi. Este era um novo sorriso dele que eu nunca vi antes. Ele me derreteu em
meio segundo.

─ É esse o Águia Livre? – um dos guerreiros sorriu, ao lado de Mathew. 

─ MATHEW! – eu gritei, subindo sobre mais alguns carros enquanto ele fazia
o mesmo para chegar até mim.

─ Skylar! – eu estava em seus braços finalmente e estava sendo afogada


em seus lábios, beijos suaves, mas ficando mais e mais intensos enquanto ele
tentava falar entre cada um.

─ Eu acho que sim. – a voz de outro guerreiro disse à minha esquerda.

Eles pareciam realmente felizes por nós e, se eu tivesse tempo, eu teria


beijado cada um desses caras. Mas, no momento, eu só tinha beijos para o
meu Mathew.

─ O que é que você está fazendo? – sua testa enrugou quando abri a minha
boca e o beijei mais forte, meus dedos segurando nas laterais do seu cabelo.
─ O que está acontecendo?

Ele ainda não percebeu que eu não posso viver sem ele? Ele não sabe que
isso significa que eu nunca vou deixá-lo novamente?

Ouvi os agentes federais gritando alguns carros atrás de nós enquanto nós
dois estávamos parados no capô de algum pobre cara. A buzina não me
incomodava em nada. Nós simplesmente continuamos nos beijando.

Nada poderia nos mover agora.

─ Eu quero ir com você, Mathew. – eu implorei, beijando-o ainda mais


rudemente do que antes.  ─ Se você me quiser. Por favor, diga que você me
quer…

Ele sorriu antes de eu beijá-lo de novo… e ele fechou seus olhos durante
esse beijo. Segurei seu rosto para que ele não pudesse ficar longe de mim.

─ Deus, eu quero que você venha, Skylar. – ele respirou, me beijando


desta  vez. ─ Como eu quero você… Eu te amo, eu te amo tanto.

Pulei em seus braços, abraçando-o enquanto os guerreiros índios e um


monte de espectadores em seus carros começou a bater palmas e buzinar
pequenas músicas, celebrando junto conosco. Só em Nova York…

─ Eu te amo. – sussurrei em seu ouvido antes de beijá-lo, deixando


lágrimas felizes saírem dos meus olhos. Suas mãos eram como pele celestial
tocando minhas costas… então minhas costelas. Eu nunca posso perder estas
mãos novamente.

─ Eu estava morrendo mais a cada passo que eu dava. – Mathew respirou


em meu ouvido agora.  ─ Nós não podemos nos separar, Skylar. Nós
simplesmente não podemos.

─ Eu sei, eu sei, eu sei…  – eu soluçava como uma menininha, beijando-o


novamente, desta vez um pouco mais suave.

─ E quanto a William? – ele perguntou agora, trazendo a realidade de volta


para a nossa pequena bolha.

─ Ele me disse para ir atrás de você. – eu sorri com um toque de tristeza na


minha voz. ─Ele disse para dizer a você, ‘é melhor você cuidar muito bem da
minha menina’.

─ Eu vou, eu juro! – ele prometeu, seus braços esmagando ao redor da


minha cintura. E eu sabia que ele quis dizer isso, todo o caminho até seus
ossos.  ─ Eu juro!

─ Eu sei que você vai. – olhei para aqueles seus deslumbrantes olhos
dourados. ─ E eu vou cuidar de você. E vamos cuidar de Katie… nós podemos
fazer isso.

Com um aceno determinado, Mathew sorriu aquele seu adorável sorriso


torto, seus olhos cheios de esperança e força novamente.

─ Nós faremos isso. – ele respondeu, a coragem brilhando em torno dele. ─


Juntos.

─ Sim, Mathew. – eu usei sua frase característica de escravo.  ─ Sim.

─ Sim. – ele concordou, beijando-me outra vez, com uma nova energia que
dizia que faríamos isso agora… tudo ficaria bem. Levaria trabalho e dor e luta,
muita disso… mas eu estava pronta para isso. Uma vez eu pensei que seria
impossível… mas agora… eu sinto como se qualquer coisa com ele fosse
acessível… podemos chegar lá.

Sei que temos o amor do nosso lado, mas sei também que é preciso mais
do que o amor para sobreviver neste mundo. Mas nós temos mais.

Eu comecei a listar todas as outras coisas que temos indo para nós, quando
fomos interrompidos.

─ Trenner. – o agente estava parado no carro atrás de nós, junto com sua
parceira. Eles estavam simplesmente franzindo a testa para nós, esperando.

Mathew e eu nos viramos para eles, lembrando.


─ Isto não é o que chamamos de esconder você. – a mulher apertou os
olhos.

─ Oh. Desculpe. – Mathew encolheu um pouco.

─ Ela está vindo conosco, eu presumo? – o homem perguntou secamente.

─ Sim. – Mathew apertou minha cintura e nos virou em direção aos


agentes.

Mas nós nem sequer tivemos a chance de começar a sair do carro quando
um som gigante de explosão irrompeu todo o caminho até o final da longa fila
de carros. Todo mundo começou a gritar e pular para fora dos seus carros. Eu
não conseguia ver bem, mas vi uma fumaça negra e era na direção que eu
tinha vindo quando saí do Volvo. Os agentes nos agarraram e nos empurraram
para longe, empurrando-nos para o banco de trás do seu carro.

Eles estavam no banco da frente, cantando pneus quando saímos, fugindo


para a estrada.

─ Que porra foi essa? – Mathew espiou pela janela de trás enquanto eu
fazia o mesmo ao seu lado.

O agente estava em seu celular, gritando enquanto sua parceira olhava


para ele.

─ Estamos quase lá agora. – ele gritou. ─ Nós também temos Skylar Hayes
conosco agora. Sim! Imprima isso.

Ele desligou o telefone e olhou para a mulher ao seu lado.

─ Foi o Volvo! – o homem gritou e me olhou no espelho retrovisor. ─ Você


dirigiu o Volvo dele até aqui?

─ Sim. – eu admiti.

─ Ótimo. – ele resmungou. ─ Você tem sorte de estar viva, você sabe
disso? 

─ O quê? – perguntei. ─ O que aconteceu?

─ Seu Volvo acabou de explodir. – o agente informou, ainda dirigindo na


velocidade da luz.

─ Meu Volvo! – a cabeça de Mathew girou para trás, olhando para fora da
janela de novo, como se ele tivesse acabado de perder seu cachorro.

Oh, merda. Eu estou morta. Talvez eu tenha proclamado nosso amor


infinito um pouco cedo demais. Por favor, não deixe que ele fique bravo
comigo.
─ Esqueça o carro, a sua garota o dirigiu até aqui! – a mulher se virou para
nós, olhando para Mathew.  ─ Deve ter sido um temporizador. Tínhamos
alguém no caminho para verificar o carro, mas você deve ter saído antes.

─ Oh meu Deus! – Mathew respirou e olhou para mim. ─ Graças a Deus


você conseguiu sair do carro.

Jesus. Aquele biscoito da sorte salvou a minha vida! Quão estranho é isso?

─ É sempre dessa maneira que vocês cuidam das pessoas? – eu me ouvi os


repreendendo, desejando que meu pai estivesse no comando desta operação,
em vez desses caras.

─ Ei! – a mulher franziu a testa. ─ Você está viva, estamos fazendo o nosso
trabalho. Agora cale a boca até chegarmos lá.

─ Ei, não fale com Skylar dessa maneira! Quem você pensa que é? –
Mathew me defendeu sem hesitação. Eu me senti tão orgulhosa dele. Ele já
está se levantando por nós, e contra uma mulher. Ele vai ficar bem. Ele se
cura rápido.

─ A coisa boa é que ninguém se machucou. – o homem disse. ─ As pessoas


perto do seu carro saíram dos seus veículos para ver o show. Bem, eles
pensaram que era um show, com os índios e tudo mais. Isso foi muita sorte.

A sorte ainda está do nosso lado. Obrigada.

─ Sim. – a boca de Mathew estava aberta, pensando no que poderia ter


acontecido.

─ E… – a mulher acrescentou. ─ Isso pode funcionar para nós. Nós vamos


vazar para a imprensa que o Volvo explodiu e causou a morte de Mathew
Trenner e Skylar Hayes. Vocês estão mortos. E isso significa que vocês estão
seguros. Ninguém vai procurar vocês.

─ Oh, Deus. – eu senti meu estômago apertar. Mathew olhou para mim,
solenemente.

─ Meu pai… – eu disse com um fio de voz.  ─ Ele vai pensar…

Ou talvez ele seja inteligente o suficiente para perceber que era um truque
para manter nossos inimigos longe de nós. Se não, ele pensaria que deixou-
me ir e depois que ambos fomos mortos por causa disso. Ele culparia a si
mesmo pela minha morte. Ele odiaria Mathew por me matar junto com ele
mesmo. Por favor, pai, descubra isso. Não acredite que eu estou morta. Saiba
que eu serei feliz em algum lugar.

─ Eu sei. – Mathew disse, sua voz tão baixa como a minha quando ele
segurou minha mão. ─Joseph e Katherine… Ryan…
─ Eu odeio isso… eu realmente odeio isso… – eu reclamei, quase para mim
mesma.

─ Eu sinto muito, Skylar. – seus olhos suavizaram e olharam para mim. ─


Se você nunca tivesse me conhecido, isso não teria acontecido…

─ Ei. – eu sacudi sua mão, olhando diretamente para ele.  ─ Prefiro estar
morta agora… do que ter vivido mil anos e não conhecer você. Então cale a
boca.

Ele conseguiu um pequeno sorriso, então eu me inclinei em seus braços,


sabendo que eu poderia encontrar alguma paz naqueles braços.

Eles eram tão bons em me segurar e derreter minha tristeza e medos.

─ Sim, Volvo assassino. – ele brincou enquanto belisquei seu peitoral


através da sua camiseta, fazendo-o gritar e pular por um segundo.

─ Tudo bem, já chega aí atrás. – o homem fez uma careta para nós. ─ Nós
chegamos.

─ Vamos esperar que eles chequem o nosso avião por explosivos. – Mathew
resmungou baixinho para mim enquanto estacionávamos e saíamos do carro,
os agentes vindo conosco.

Sentados no avião, tudo o que sabíamos era que o lugar era Wyoming.
Mathew deu uma espiada e viu isso escrito nos bilhetes que a mulher tinha
apanhado no balcão de passagens. Ele tinha sussurrado esta informação para
mim enquanto nossos agentes sentavam-se nos assentos em frente a nós, nos
encarando. Deixei Mathew ter o assento da janela. Eu estava bem com o vôo,
mas a decolagem .. eu simplesmente detestava.

O que eu sei sobre Wyoming? Não muito. Sussurrei no ouvido de Mathew.

─ É bom lá? – perguntei, como se eu me importasse, contanto que


estivéssemos todos juntos e ele tivesse Katie.

Ele sorriu e olhou para os agentes, então sussurrou de volta.

─ Ouvi dizer que é bom. Montanhas e muita vida selvagem. As pessoas vão
muito lá para acampar na floresta.

Eu sorri de volta para ele, deixando isso dizer a ele o que eu realmente
sentia. Isso não soa tão terrível. Na verdade, soa maravilhoso. Recordei o meu
primeiro pensamento sobre estar em um relacionamento com ele, e como
tínhamos montanhas em nosso caminho. Fez-me rir para mim mesma que
estaríamos cercados por montanhas agora.

Depois que eu quase esmaguei a mão de Mathew enquanto decolamos,


estávamos no ar e os agentes relaxaram um pouco.
Eles nos informaram para onde estávamos indo e disseram que nos
contariam mais assim que chegássemos lá. Eu não percebi isso, mas eles
também estariam nos atribuindo trabalhos para continuar a nos esconder.
Perguntei-me se eu ainda podia fazer faculdade agora, mas decidi esperar para
perguntar isso mais tarde.

Deitei de volta no meu lugar, simplesmente encontrando conforto na


viagem tranquila do avião… e na mão de Mathew que estava segurando  a
minha. Eu me virei para ele e abri meus olhos… e ele estava deitado para trás
em sua cadeira, olhando para mim, como se me estudando.

─ O quê?

─ Você está com medo?

─ Sim. – eu tinha que ser sincera. ─ Você?

─ Sim.

─ Mas eu não me arrependo. – eu trouxe sua mão aos meus lábios e dei um
beijo suave. ─Eu nunca vou me arrepender, Mathew. Amo você.

─ Amo VOCÊ.

Lembrei-me de quando Mathew tinha pegado o meu cheque de 20 mil


dólares, prometendo que eu não me arrependeria. Ele estava tão certo.

Ele sorriu e perguntou, ‘O que você  deseja, garota do notebook?’

Corei completamente. Esta foi a primeira coisa que ele me perguntou,


dentro da sua gaiola de vampiro. E toda a sedução e fogo ainda estavam lá em
sua voz sexy. Eu acho que ele seria sempre um paquerador… e eu estava bem
com isso… contanto que ele flertasse comigo e ninguém mais.

Ele deu uma risadinha, ficando com o mesmo rubor que eu como eu tinha
certeza que ele conseguiu de mim naquela primeira noite.

─ Não tenha medo. – ele repetiu suas palavras para mim daquela mesma
noite, seu dedo tocando no meu maxilar. ─ Eu não mordo… muito.

Ele moveu meu rosto de lado com o dedo e abriu sua boca, vindo para o
meu pescoço com os lábios.

─ Espere, não. – coloquei a mão na base do seu pescoço quando ele parou.
─ Eu posso só… beijar você?

Ele sorriu maliciosamente para mim.

─ Onde você gostaria?


─ Em todos os lugares. – eu mudei a minha resposta original e o
surpreendi. Antes eu tinha dito ‘Em meus lábios, na minha boca.’ Eu  estava
com tanto medo dele. Mas, ainda assim, eu sabia que precisava dele mesmo
assim.

Ele sorriu e se inclinou para mim novamente.

─ Mas, agora, que tal aqui? – eu apontei para os meus lábios. 

─ Uma honra. – ele respondeu, tão docemente como fez naquela primeira
noite… e ele me beijou… profundo e tão bem que meus pés formigavam
quando ele terminou.

Ele suspirou e sorriu para mim, parecendo um pouco tonto.

─ Como foi isso? – ele perguntou pela minha aprovação, como fez naquela
noite.

Eu suspirei em resposta, olhando para aqueles dois olhos dourados divinos


ligeiramente acima de mim.

─ Seus olhos são tão bonitos. – eu roubei isso da minha conversa com ele
no quarto Despertar.

─ Bem, obrigado. – ele pegou meu rosto nas mãos, pronto para me beijar
de novo, se aproximando, e acrescentando. ─ Não é sempre que eu recebo
elogios sobre os meus olhos. Eu aprecio isso.

Os olhos dele são  mágicos. Eu não tenho mais medo.

Capítulo 39 

Mathew POV

Eu coloquei minha cabeça para trás e fechei os olhos, e pela primeira vez eu
não vi Claire… ou… Kevin ou até mesmo Skylar. Era só a escuridão… E a paz.
Eu gostei. Senti meus lábios sorrirem enquanto eu aproveitava sensação
verdadeira de não estar fazendo nada. Não havia necessidade de pensar
agora. Sem preocupações, sem medo, sem tristeza ou ansiedade. Nada. Eu
estava gostando muito e Skylar foi legal o bastante para me deixar ali, talvez
olhando para fora de sua janela… Talvez se perguntando o que a sua vida se
tornaria em Wyoming.

Em seguida, uma parte prostituta de mim que ainda existia, surgiu com a
idéia de levar Skylar até banheiro minúsculo do avião, e tê-la até o máximo.
Eu fiz uma careta para eu mesmo. Como sou bruto. Será que eu nunca
deixarei essa parte de mim para trás? Será que ela sempre estará lá, como
uma cicatriz, me fazendo lembrar o que eu era… O que eu nunca poderia
escapar?

Estou no meu caminho para um lugar limpo… um bom lugar… onde a minha
filha e os pais de Tanya estão me esperando para finalmente me  juntar a sua
família… E trazer Skylar para ela. E eu tenho sexo no banheiro na minha
mente. Empurrei a imagem para fora da minha cabeça… de Skylar sentada
sobre a pia de metal prateada, suas pernas abertas tanto quanto ela poderia
conseguir no cômodo estreito, e eu enterrado profundamente dentro dela,
segurando sua bunda, empurrando e afogando seus gemidos com a minha
boca, que tomava seus lábios cativos nos meus. Agora que eu vejo essa
imagem… Não é assim tão repugnante. É meio quente, na verdade. Mas, não,
não nesta viagem. Isso não está certo. 

Skylar está certa. Vou precisar de um médico, alguém que eu possa dizer
essas coisas, sem receio de Skylar ouvir algumas das coisas doentes que rolam
em meu cérebro. Talvez seja mais fácil dizer essas coisas para alguém que eu
não tenha nenhuma ligação emocional. Alguém que eu não vou ter medo se
olhar para mim de forma diferente e fugir de mim quando for demais para
suportar. Eu não vou me soltar muito com Skylar, com medo de que ela me
veja pelo que eu sou. Eu não posso mais fazer isso. Eu tenho que mudar. E
então eu tenho medo de mudar. Skylar se apaixonou por mim, como eu sou
agora, e eu não tenho idéia do por quê, mas ela me ama. Se eu mudar, talvez
ela não vá gostar do que eu vou me tornar.

 Abri meus olhos e olhei para os agentes na minha frente, para encontrar
Skylar ao meu lado direito, olhando para a terra muito abaixo de nós. Eu
sempre amo olhar as coisas desta altura, enquanto o avião se prepara para
pousar. Tudo parece tão em miniatura, como um modelo que alguém
construiu. Minúsculos pontinhos, carros dirigindo pela pequena linha fina que é
uma rodovia. Pequenas casas, lagos, montanhas, grama, campos. Isto não se
parece com Nova York, isso é certo. Não era apertado ou desorganizado…
parecia aberto e há muito espaço para as florestas e colinas e árvores. Eu
gostei disso imediatamente, mesmo daqui de cima.

─ Parece um bom lugar. – eu disse em um sussurro baixo, apenas para


Skylar ouvir. ─ Nós podemos fazer uma boa vida aqui, juntos, todos nós.

Rezei para que ela concordasse com os meus pensamentos… Eu esperei


pela sua resposta, ou mesmo o jeito que ela olhou para mim em troca.

Ela soltou uma pequena respiração e se virou para mim, lágrimas brilhando
em seus olhos. E ela sorriu para mim. Eu tremi um pouco por dentro, tão
aliviado e animado por isso. Isso significava que ela não estava lamentando
isso, ou a mim. Que ela não estava brava por ter que deixar Nova York para
trás, juntamente com todos os seus sonhos de se formar na Universidade de
Nova York e ter sua carreira lá, como ela me disse quando nos conhecemos.
Isso significava que ela estava comigo, conosco - Katie e eu, e Ben e Angela,
não importa o que aconteça. E então ela falou para mim.

─ Nós podemos fazer uma boa vida em qualquer lugar, Mathew, contanto
que estejamos todos juntos. – ela sussurrou de volta com firmeza, segurou
minha mão e a apertou delicadamente. ─ Não se preocupe, Mathew. – Skylar
me deu um pequeno sorriso. ─ Nós ficaremos ótimos. Levará tempo e
trabalho… mas ficaremos bem. Eu não vou a lugar nenhum. Estou com você,
para sempre.

─ Mas você ama Nova York e… – comecei, pronto para estragar tudo
sozinho já.

─ Eu te amo mais. – ela me cortou de imediato, colocando seus dedos nos


meus lábios e eu amei a forma como as pontas macias dos seus dedos eram
ali. Enruguei meus lábios e beijei a pele contra eles com amor.

─ Eu também te amo, Skylar. – eu disse enquanto seus dedos trilhavam


como fantasmas os meus lábios e minha bochecha. ─ Eu te amo tanto. Tenho
tanto medo que eu vá estragar tudo.

─ Não, Mathew. – ela balançou a cabeça levemente, olhando para mim


como um professor olhando para um aluno do primeiro ano. ─ Este é um
começo totalmente novo, uma segunda chance. Não vá para ele assim.
Tomaremos as coisas um passo de cada vez. Nós faremos as nossas próprias
regras à medida que avançamos. E se cometermos um erro, vamos corrigi-lo.
Nós não temos que ser perfeitos, você sabe. Ninguém é. São os nossos erros
que nos ensinam.

Eu sorri.

─ Como o seu erro de comprar um brinquedo?

Ela franziu a testa para mim e depois sorriu para mim.

─ Você não é um erro, Mathew. – ela disse sem hesitação. ─ E mesmo se


você fosse, eu faria tudo isso de novo. Você me ensinou muito. Você não tem
ideia.

Eu sorri e decidi provocá-la um pouco. Eu amava fazer isso com ela.

─ Você ainda pagaria 20 mil dólares por mim? – eu sorri mais largo quando
fiz essa pergunta.

Ela retribuiu meu sorriso e acrescentou uma risada a isso.


─ Definitivamente não. – ela provocou de volta.

Sorrindo mais, eu beijei seus dedos e perguntei.

─ Quanto você pagaria?

─ Hmmm. – ela apertou os olhos, pensando. ─ Bem, o sexo é incrível, eu


tenho que te dar crédito por isso.

Eu apenas ri disso.

─ Mas que você é um moleque, isso é certo. – ela continuou. ─ Tudo que eu
sei sobre você levou uma eternidade para sair de você… e nunca foi fácil
aprender tudo sobre Mathew Trenner. E você definitivamente teve a sua cota
de birras.

Tão verdadeira. Eu tinha sorte se ela dissesse alguma coisa superior a 500
dólares.

─ Espere, eu acho que tenho alguma gorjeta. – ela pegou sua bolsa e
começou a procurar no fundo por algumas moedas.

Nós dois rimos enquanto eu divertidamente bati no braço dela. Eu gostaria


de ter acesso à sua bunda para dar a ela um belo golpe.

─ Apenas brincando, Mathew. – ela se inclinou e beijou meus lábios, muito


suave.

─ Eu sei. – eu a beijei de volta, querendo mais um daqueles beijos doces.

Ouvi a agente federal murmurar “Vão para um quarto,” mas ignorei.


Nada poderia me irritar agora.

Skylar sussurrou em meu ouvido.

─ Fazer amor com você, eu nunca poderia colocar um preço nisso. Não há
dinheiro suficiente no mundo… amar você… eu nunca posso pagá-lo o
suficiente por isso.

Dei um beijo nela e disse.

─ Talvez possamos trabalhar em algo. Talvez eu possa deixar você fazer


isso em parcelas. Como está a sua situação de crédito?

Ela começou a rir novamente, e começamos a brincar de luta, dando


tapinhas um no outro.

─ Podre. – ela murmurou.


Descansei novamente depois disso, sentindo-me muito renovado. Nós
teremos uma ótima vida. Tudo será bom. Nós teremos certeza disso. Eu estava
começando a ficar mais e mais ansioso para ver Katie. Isso estava realmente
acontecendo! Eu iria para a cama hoje à noite no corredor do quarto dela. Eu a
colocaria na cama e daria um beijo de boa noite nela. Talvez eu caísse no sono
em sua cama com ela, assistindo Bob Esponja, se ela me permitisse. Eu me
perguntei se ela estaria com raiva de mim, por ter desaparecido por tanto
tempo. Talvez eu precisasse ir devagar com ela, dar tempo para ela me
conhecer novamente. Haveria muito do meu passado que eu teria que ocultar,
ou simplesmente esquecer para que eu pudesse ser um bom pai para ela
novamente. Eu jurei para mim mesmo ser paciente, ser como Skylar sempre
foi comigo enquanto eu resistia a ela. Eu me tornaria digno de Katie… e Skylar.
Eu jurei isso com cada fibra do meu ser.

O prostituto escravo está morto. Mathew Trenner subiu da sepultura e tem


uma última chance de fazer as coisas direito. Esta é uma nova vida. Obrigado.
Obrigado, Tanya, Deus, ou quem mais pudesse ter tido uma mão nisso. Eu sei
muito bem que isso não aconteceu simplesmente por acaso. Alguém decidiu
que era hora de me salvar. E eles salvaram.

Antes de desembarcar, o agente nos disse que ele não poderia nos dar
detalhes sobre os nossos amigos, mas que Eli e sua família aderiram ao
programa e já estavam a uma distância segura em algum lugar. Ryan
também. Eu esperava que ele conseguisse o que queria e descobrisse aquela
fazenda com a qual estava sonhando. Eu ria sempre que pensava nele
tentando ordenhar uma vaca. Boa sorte, meu melhor amigo… meu irmão. Eu
odiava que eu não consegui dizer adeus a eles, mas essa é a forma como este
programa funciona.

Mas então, eu já sabia o que Ryan diria. Nós não precisamos ter um grande
e longo adeus para saber como o outro se sentia. Ele cuidou de mim, todos os
dias, mesmo que eu não pedisse por isso, ou parecesse precisar. Ele estava lá.
Ele é a minha família, não importa onde ele esteja agora. Espero que eu seja
capaz de trazer-lhe algumas das risadas e bondade que ele tão generosamente
me deu. Eu realmente sentirei falta dele… e de Eli também. É um presente, ter
tais amigos quando você é um prostituto particular que se vende por dinheiro
a cada dia.

As amigas da Skylar não aderiram ao programa. Disseram que ninguém da


família de James realmente sabia nada do envolvimento delas em tudo isso, e
elas foram capazes de permanecer em Nova York e continuar a ir atrás de seus
sonhos. Fiquei contente que nem todas as vidas seriam mudadas para sempre
por minha causa. Riley e Eli seguiram caminhos separados e isso deixou-me
um pouco triste. Talvez se eles tivessem tido mais tempo, como Skylar e eu
tivemos, eles teriam ficado loucamente apaixonados, mas o tempo deles
juntos foi curto demais, ou talvez isso simplesmente não era para ser.

Skylar disse que William provavelmente voltaria para casa em Bellevue. E


ela sussurrou para mim que ela teria que encontrar alguma maneira de entrar
em contato com ele para deixá-lo saber que estávamos bem, mesmo se fosse
só um cartão postal em branco, ou algo assim. Eu sabia que era contra as
regras do programa, mas eu não podia discutir com ela.

Eu mesmo estava pensando em um plano para permitir que Joseph e


Katherine soubessem que eu estava vivo e bem também. Mas então, o meu
lado racional argumentou contra isso, dizendo que se alguma coisa desse
errado, eles nos encontrariam. Eles matariam todos nós, Katie também. Por
que essa segunda chance tinha que ser tão difícil? Como eu poderia ser
verdadeiramente feliz quando no fundo da minha cabeça, Katherine e Joseph
estavam lá, chorando, pensando que eu estava morto, exatamente quando eu
voltei para as suas vidas? Eu teria que  pensar mais sobre isso antes que eu
fizesse qualquer coisa.

Não demoramos muito tempo no aeroporto quando chegamos. Não havia


bagagem para pegar e os federais rapidamente obtiveram para nós um carro
alugado. Era um Mitsubishi cinza, com muito espaço para nós no banco de trás
enquanto os agentes iam na frente.

O sol estava brilhando muito feliz acima de nós e eu notei que estava
quente, mas não quente como poderia ser sentido em Nova York nesta época
do ano. Além disso, havia um cheiro agradável no ar. Eu não poderia te dizer o
que é, mas notei isso e gostei instantaneamente. Pareceu me acalmar. Eu até
abri a janela do meu lado até a metade para que ele explodisse no meu rosto e
brincasse com o meu cabelo quando começamos a nos mover… indo para
Katie.

Eu não sei exatamente por que, mas senti medo agora. Katie estava perto.
Nós a veríamos agora. Eu devia a ela algumas desculpas muito grandes e
explicações. E se ela estivesse brava comigo? E se ela me odiasse? Pior… e se
ela fosse indiferente a mim? Isso seria o pior.

Skylar esticou o braço e segurou a minha mão. Olhei para o seu rosto e vi
um sorriso gentil esperando por mim ali. Eu tentei sorrir de volta, mas tenho
certeza que ela não caiu nessa.

Algo dentro de mim queria que ela não me dissesse como tudo ficaria bem.
Pela primeira vez, eu não queria quaisquer garantias. Eu só queria  que ela
estivesse comigo. E ela estava. Ela não disse uma palavra. Eu sorri um
pequeno sorriso verdadeiro e então voltei a olhar pela janela. 

Eu queria apreciar a cidade e as lojas e as pessoas andando por aí, mas


tudo que eu podia ver era Katie. Ben e Ângela me contaram todos os detalhes
de cada cirurgia dela e descreveram como ela ficou depois de cada uma, mas
não havia maneira de eu ver em primeira mão. Eles se ofereceram para me
enviar fotos dela, mas eu não poderia ter fotos da minha filha sendo enviadas
para a Fire. Eu não queria qualquer parte dela naquele lugar. O pensamento
me enjoava.

A última vez que vi o rosto de Katie ele estava marcado de cicatrizes,


embora ela nunca parecesse feia, ou deformada, para mim. Ela não podia. O
que eu diria a ela? Ela não era mais um bebezinho. Ela ficaria com raiva de
mim se eu falasse com ela como se ela ainda tivesse três anos de idade. Eu
teria que ter a certeza de tratá-la como a menina de quase nove anos que ela
tem agora. Mas eu falava com ela ao telefone todos os dias, por que eu estou
com tanto medo agora de como falarei com ela?

Eu sou um merda de complicado.

Muito rápido, o carro parou e o homem ao volante virou para nós.

─ Estamos em casa. – ele disse com um pequeno sorriso. A agente sorriu


mais para Skylar, mas nenhum de nós fez um movimento dos nossos
assentos.

Olhei e vi uma pequena casa bonita com um gramado de bom tamanho,


verde e cheio. Havia até um par de tulipas douradas crescendo perto da porta.
A casa era branca com uma porta azul, persianas combinando. O número nela
era 304. Era uma casa de dois andares. Quartos em cima. Havia uma garagem
para dois carros e uma garagem fechada ao lado.

Todas as casas na rua pareciam praticamente iguais, um típico bairro


suburbano.

Eu apenas olhei para ela e senti meus lábios sorrirem. O sol brilhava sobre
ela de forma pacífica, quase amorosa. Parecia haver algo de especial vigiando
o pequeno lugar.

─ Eu sempre quis uma casa pequena assim para Katie. – ouvi-me confessar
em voz baixa. ─Eu sempre odiei que ela estivesse enfiada em nosso
apartamento no nono andar. Tem um quintal?

─ Claro. – a agente respondeu, abrindo a porta do carro. ─ Vem, nós vamos


te mostrar.

Eu fiquei tenso e congelei.

Katie está lá. E se ela estiver nos observando agora?

─ Podem ir, nós estaremos lá em um segundo, ok? – Skylar disse. Eles


deram um aceno de cabeça e saíram do carro, fechando suas portas enquanto
passeavam em torno do lado da casa e iam para o quintal, desaparecendo de
vista.

─ Eu sei. – Skylar apertou minha mão.

─ Ela deve me odiar. – eu sussurrei, sentindo lágrimas em meus olhos.

─ Ela não vai. – Skylar disse. ─ Você é o papai. Olhe para mim, uma filha.
Nós sempre amamos nossos pais, mesmo quando eles estragam as coisas de
vez em quando.
─ Como você está sempre tão certa? – perguntei, quase defensivamente. ─
Como você sabe?

─ Papai é o primeiro homem por quem nos apaixonamos. – Skylar


informou. ─ E nós nunca esquecemos nosso primeiro amor.

Eu nunca pensei nisso dessa maneira. É um sentimento agradável.

─ Vamos lá, vamos ver o quintal. – Skylar abriu a porta e puxou-me pela
minha mão, não me dando o luxo de chafurdar em meus medos por muito
tempo.

Antes que eu percebesse, eu estava fora do carro e caminhando ao seu


lado, sendo arrastado atrás dela, para o quintal nos fundos. Os agentes
estavam a uma boa distância, para a  esquerda. O quintal era de um tamanho
muito bom e eu amei isso. Havia espaço para correr para cá… e havia uma
árvore alta, com um balanço.

Eu sorri mais.

─ Katie amava balançar. – lembrei-me verbalmente antes que eu


percebesse que estava fazendo isso.

Eu parecia estar um pouco fora disso, retratando uma Katie de três anos
correndo e brincando aqui… pedindo-me para empurrá-la. Na época quando ela
precisava de mim… me queria. Tenho certeza que ela não precisava de mim
muito mais.

─ Volto já, ok? – Skylar perguntou, mas eu nem sequer respondi. Eu só


olhei para o espaço e senti a mão dela escapar da minha.

Lentamente, fiz meu caminho para o balanço e meus dedos enrolaram em


torno das cordas, desejando que eu realmente tivesse uma linda criança de
três anos de idade abaixo de mim, adorando-me com seus olhos como ela
costumava fazer… ela costumava escovar meu cabelo… e me dar beijos em
toda minha bochecha. Como eu poderia conseguir isso de  volta?

Eu mereço mesmo isso de volta?

─ Balanço legal, hein?

Virei, conhecendo aquela voz de uma só vez. Eu a ouvia todos os dias da


minha vida às três da tarde. Eu vivia para isso. Eu suportei tudo, sabendo que
no dia seguinte às três eu poderia ouvi-la e, por uma breve quantidade de
tempo, não ser um prostituto, ou um escravo. Eu era o papai. E se eu não
tivesse isso, eu nunca teria sobrevivido através dos meus anos com Claire.

Havia uma linda menina lá, a uma distância. Não pequena como ela
costumava ser, mas ainda pequena para mim. Seus longos fios lisos de cabelo
castanho soprando em seu rosto perfeito e ela não estendeu a mão para
domá-los. Ela parecia se sentir mais confortável enquanto seu rosto estava
parcialmente escondido da vista. Ela estava sorrindo. Seus lábios. Eles eram
perfeitos e cheios e uma sombra profunda de rosa.

Quando eu a deixei, eu não conseguia nem beijar seus lábios porque eles
foram  carbonizados e sua boca era apenas uma abertura que machucava
demais para sequer tocar.

Ela estava vestindo uma camiseta azul e um par de shorts jeans azul claro.
E pés descalços, sem meias ou sapatos. Ela tinha acabado de sair aqui para
fora, sem parar para colocá-los primeiro. Ela realmente queria me ver tanto
assim?

Eu pisquei e fiquei envergonhado de sentir duas linhas molhadas escorrendo


pelo meu rosto enquanto ela me estudava. Eu não me sentia bom o suficiente,
nem forte o suficiente… nem digno o suficiente para ser o pai dela.

Seu queixo tremia e ela meio riu e chorou em um único som e correu com
toda a força até mim.

Assim que eu me senti cair de joelhos, ela estava ao meu redor, abraçando
tão apertado ao redor do meu pescoço e meu nariz se enterrou em seu cabelo
sedoso. Ela cheirava como algo perfeito e um leve toque de perfume Bonnie
Bell dançava ao nosso redor, me surpreendendo.

Eu costumava comprar isso porque ela tinha tanta inveja dos muitos
perfumes da sua mãe e muitas vezes era vista brincando em sua penteadeira,
mergulhada em cinco diferentes ao mesmo tempo, me perguntando como ela
cheirava, enquanto eu a levava para a banheira, segurando minha respiração.
Eu quase me esqueci disso.

Ela realmente ainda usava isso, lembrando-se de mim também?

Eu quase perguntei a ela sobre isso, mas não queria constrangê-la.

Eu apenas a segurei, tão apertado… então afrouxei para que eu não a


machucasse. Eu não tinha certeza se toda a pele dela foi restaurada e eu
odiaria que o meu primeiro abraço lhe causasse dor física.

E eu não pude evitar soluçar como uma criança, nunca querendo soltá-la,
nunca. Ela se agarrou a mim e isso doeu o meu pescoço, mas foi a melhor dor
que eu já senti em minha vida. Seus pequenos dedos estavam no meu cabelo
e eu apenas coloquei minha testa no seu ombro e chorei mais um pouco,
rezando para que eu não a estivesse assustando. Tentei parar, mas quanto
mais eu tentava, maior era o barulho que eu fazia.

─ Não chora, papai. – ela choramingou no meu ouvido enquanto minhas


mãos tremendo descansaram em suas costas, confortadas pelo algodão suave
da sua camiseta.
Eu a estava assustando. Merda. Eu me pedi para parar com isso agora.

Controlando isso, eu me ouvi dar um rosnado baixo, irritado com a minha


fraqueza.

─ Está tudo bem. – ela continuou me confortando, acariciando a parte de


trás do meu cabelo. ─ Você está em casa agora.

Ela se afastou de mim e olhou para o meu rosto molhado, encontrando


meus olhos e ela pareceu assustada de repente.

─ Você está aqui para ficar, né? – ela perguntou, um pouco cautelosa. ─
Você não tem que trabalhar mais, não é?

Trabalhar. Ben deve ter dito a ela que eu estava fora trabalhando para que
ela pudesse conseguir suas operações. Ele fez uma imagem diferente para
Katie. Ele não permitiu que ela me odiasse. Eu devia a ele tudo.

Eu ainda não conseguia falar e balancei minha cabeça, sorrindo enquanto as


lágrimas caíam novamente. Ela gritou de alegria pura, esmagando minha
cabeça em seus braços enquanto ela comemorava, abraçando mais apertado
nela.

─ Eu estou aqui para ficar. – eu disse, minha voz embargada em todos os


lugares, querendo deixar claro para ela. ─ Eu sou seu… Eu nunca vou deixá-la
novamente. Sinto muito. Kaitlyn.

Eu queria tratá-la como uma menina grande, e não um bebê, então eu usei
Kaitlyn. Pareceu tão formal para mim, como se ela fosse uma estranha para
mim. Talvez eu tivesse que começar a conhecê-la mais uma vez. Talvez tudo o
que eu pensei que eu sabia sobre ela tivesse desaparecido agora que ela
estava crescendo.

Eu disse a ela que eu nunca a deixaria novamente. Ela provavelmente foi


pega por essa ideia. Em poucos anos, ela estará tentando fugir de mim, uma
adolescente envergonhada não querendo que seus amigos vejam seu pai
grudento.

─ Katie, pai. – ela corrigiu e eu chorei de novo. Ela ainda é a minha Katie.
Depois de tudo isso.

Ela me chamou de pai, não papai. Senti aquela pontada, mas a empurrei de
lado. Tenho sorte que ela está me abraçando e me chamando de qualquer
coisa, exceto bastardo. Sou grato por ainda ser convidado para o seu abraço
mágico.

─ Katie. – eu respirei, meu choro finalmente se acalmando um pouco.

Ela era tão amorosa, tão corajosa. Ela continuou me abraçando,


acariciando-me e não se afastando, como algumas crianças fariam quando
confrontadas por um adulto chorando. Eu não conhecia esse lado dela, mas eu
o admirava e a ela tanto. Ela é forte.

─ Está tudo bem, pai. – sua voz disse, lembrando-me da frase favorita de
Skylar, e ela plantou beijos na minha cabeça, ignorando o meu cabelo rebelde
enquanto fazia isso.

Talvez eu pudesse me controlar por tempo suficiente para conseguir uma


boa olhada em seu rosto, sem assustá-la mais, embora ela não parecesse
assustada com a maneira que eu estava agindo.

Meus joelhos estavam úmidos na grama, mas eu fiquei lá. Se eu me


ajoelhasse diante de alguém, esse alguém era ela. Eu estava pronto para pedir
seu perdão. Um anjo estava diante de mim, digno da minha servidão, minha
vida pertencia a ela. Todos os meus dias seriam para ela. Cada respiração
minha seria dela.

Ela esperou para eu me acalmar, não mostrando sinais de querer fugir.


Paciência. Outra coisa nova dentro dela que eu não consegui ver florescer.
Katie tem passado por tanta coisa, eu percebi. Ela certamente tem
características que as meninas normais da sua idade não têm ainda, ou nunca
teriam. Eu pretendia ouvir cada história, saber todas as coisas que a moldaram
nessa pequena pessoa surpreendente que estava me segurando.

─ Aqui. – ela gentilmente inclinou meu rosto para cima em direção a ela e
fez algo que eu costumava fazer quando ela chorava. Ela cobriu meu rosto com
divertidos beijinhos, fazendo aquele som de beijo que eu costumava fazer. Isso
sempre a fazia rir. Agora isso estava funcionando comigo. Eu sorri e ri
baixinho, apreciando a lembrança e a leveza do momento… até que ela
desacelerou seus beijos.

Ela colocou um beijo demorado na minha testa, em seguida, apertou seus


lábios brilhantes na minha pálpebra direita… então beijou a outra, meus olhos
fechando enquanto ela parecia me curar com cada toque dela. Meus olhos
estavam molhados, mas ela os beijou, de qualquer maneira. Ela beijou minhas
lágrimas. Ela beijou meu nariz e, lentamente, me deu um beijo de esquimó
com o seu próprio.

Eu sorri mais, mantendo meus olhos fechados, sentindo como se esses


momentos estivessem fazendo crescer asas em mim.

─ Meu pai. – ela parou e descansou sua testa na minha. ─ Ainda tão bonito.
Eu senti tanto a sua falta.

Eu quase chorei de novo.

─ Eu também senti sua falta, bebê. – eu engasguei, segurando seu rosto,


olhando em seus profundos olhos. ─ Muito, muito.
Você nunca saberá o quanto malditamente demais eu senti sua falta, Katie.
Eu não estava realmente vivo desde o dia em que a deixei com Ben e Ângela.
Só Skylar me fez sentir a vida faiscar novamente dentro do meu coração
morto. Agora era uma fúria dentro de mim como um inferno, selvagem e fora
de controle. Mas este fogo não machucaria Katie. Ele talvez iluminasse o
caminho agora para ela, brilhando… dizendo a ela que ela era amada… e não
sozinha. Ele dizia, ‘Papai está aqui. E ele nunca vai deixar você de novo.’

─ Minha vez. – eu sorri para ela, com cuidado e muito lentamente me


movendo para não alarmá-la.

Movi as mechas de cabelo enquanto o vento brincava com elas, longe do


seu rosto… querendo ver cada centímetro, cada detalhe. Ela riu e fechou seus
olhos como se estivéssemos jogando um jogo e permitiu-me tempo para trilhar
meus dedos como fantasmas sobre a sua testa, deslizando sobre as suas
sobrancelhas, traçando sobre suas pálpebras fechadas… meus olhos escravos
dela e minha boca aberta de espanto enquanto eu me maravilhava naqueles
longos cílios. Eu sorri, segurando minhas lágrimas em meus olhos, não as
deixando derramar quando movi meu dedo trêmulo para baixo para a
inclinação do seu pequeno nariz, a pequena ponta de botão de tão redonda,
como o de uma fada seria. Acariciei sua bochecha com as costas dos meus
dedos… com tanto cuidado e carinho que eles quase nem sequer tocaram sua
pele. Ela riu, como se fizesse cócegas, e minha boca sorriu mais. Ela manteve
seus olhos fechados.

Eu quase não me atrevi a isso, mas então meus dedos se moveram por
vontade própria e foram para o seu pequeno sorriso. Ela franziu seus lábios e
os beijou inocentemente, provavelmente se perguntando quando eu terminaria
com o jogo e cobriria seu rosto com meus beijos com barulho de beijos. Ela
tinha provavelmente sentido falta disso tanto quanto eu tinha. Então eu não
negaria isso a ela por mais tempo e decidi que a admiraria mais tarde, talvez
enquanto ela dormisse.

Eu me fiz ter tanto cuidado quando pude, mas beijei todo o seu rosto,
cabeça e orelhas enquanto ela ria muito, contorcendo-se em meus braços um
pouco, não realmente tentando fugir de mim. Ela era o céu em um pequeno
corpo humano. E ela era minha. Eu não a  merecia. Mas ela era minha, de
qualquer maneira.

Eu tinha que dizer o que cada célula em mim estava pensando.

─ Você é tão linda. – sussurrei. ─ Tão, tão linda.

Eu estava olhando para o seu rosto e ela tinha um pequeno olhar engraçado
em seus olhos para isso.

─ Por sua causa. – ela sorriu um pouco.

Ela pensou que eu estava falando sobre o seu rosto… sobre o que suas
cirurgias tinham feito para ela. Eu tinha que esclarecer isso agora.
─ Não. – eu quase disse alto demais, minhas mãos se movendo para cima e
para baixo pelos seus braços suaves.

Eu inclinei seu queixo para cima e disse.

─ Você está linda, mas, Katie, você sempre foi linda. Eu não estou falando
apenas do seu rosto, Katie. Quero dizer, você é linda. Você sabe o que eu
quero dizer?

Ela sorriu para mim, parecendo mais esperta do que uma garotinha comum.
Ela  provavelmente era. Ela viu coisas que nenhuma criança  deve ter que ver.
Ela provavelmente conhece a crueldade dos outros em  sua forma mais feia.
Ela também conhece o amor incondicional dos seus avós diante de tudo isso
também. E ela teve que enfrentar isso sem sua mãe ou pai. Ela é anos-luz
mais inteligente do que eu. Eu só sabia que ela entendeu pela forma como ela
estava olhando para mim.

Nenhum fogo, nenhuma tragédia poderia diminuir sua beleza. Nenhum mal
podia tocar o que ela é. E se algum dia tentasse, eu atacaria e rasgaria em
pedaços com os meus dentes selvagens. Eu sou o seu pai. Eu sou o protetor.
Eu sou o muro que deve manter os James e Claires longe. Eu ficaria feliz em
fazer o meu dever para com ela pelo resto da minha vida.

─ Lembra disso, papai? – ela perguntou, usando papai como nome de novo,
e eu tive que admitir que eu me senti elevado por dentro ao som disso. 

Ela tinha um pequeno anel dourado de plástico em volta do seu dedo médio
e o deslizou para fora. Demorou algumas puxadas para tirá-lo, o que me disse
que ela o usava frequentemente.

─ Oh meu Deus! – eu ofeguei, lembrando. ─ Você ainda tem isso?

─ Claro, é o meu anel de casamento! – ela disse como se eu fosse burro até
mesmo de perguntar isso. ─ Lembra de quando nos casamos?

Eu me lembrava. Katie amava a Disney e cada filme terminava com o


príncipe e a princesa se casando e vivendo felizes para sempre. Ela parecia
triste um dia e me disse que ela desejava que ela pudesse se casar e ter
alguém para amá-la assim. Eu disse a ela que um dia ela encontraria um
grande homem que a amaria. Então ela descobriu que isso significava que ele
a levaria para longe de mim. Ela não gostou nada disso. Alguns dias depois,
ela me pediu para casar com ela. Ela até abaixou em um joelho e pegou minha
mão.

Foi o momento mais fofo e mais engraçado… e mais maravilhoso da minha


vida. E ela tinha apenas três anos, ela não compreendia as complexidades de
romance e amor e casamento. Mas em sua mente de criança, ela estava
dizendo que eu era o homem em sua vida, e ela me amava e queria estar
comigo para sempre. Eu sabia que isso mudaria algum dia quando ela
crescesse, mas eu não podia negar-lhe. Eu aceitei sua doce proposta e então
os preparativos do nosso grande casamento no palácio começou.

Eu a deixei me comandar como um escravo e ela me disse


exatamente como ela queria que fosse tudo. Como o quarto de Katie já
era como um quarto de princesa, graças à pintura artística de Tanya
em todas as paredes, eu não tive que fazer muita transformação lá,
mas eu fiz Tanya emprestar os lençóis de seda vermelhos (aqueles que
não usávamos mais agora que éramos pais), e os espalhei no chão
para que minha princesa pudesse caminhar para o altar em cima da
trilha luxuosa que ela desejava.

Tanya teria me matado se ela nos pegasse, mas depois eu fui ainda
mais longe e deixei Katie usar um dos vestidos brancos de Tanya, que
era muito longo para ela, junto com montes das suas jóias mais
bonitas. A tiara do baile de Tanya serviu como uma bela coroa e eu até
mesmo deixei Katie passar seu próprio batom, usando um vermelho
brilhante de Tanya. Ela disse que o noivo não tinha permissão de fazer
a maquiagem da noiva, então eu apenas observei, tentando não rir
quando ela cobriu a boca e muita pele ao redor da boca com o batom.

Ela era a noiva mais impressionante que eu já vi.

Eu não era tão bom o suficiente para ela e eu ficava imaginando


quando o pai dela apareceria e acabaria com este casamento por causa
disso. Eu procurei ao redor, em vão, em sua caixa de brinquedo por um
anel. Eu podia jurar que eu tinha comprado lotes de conjuntos de jóias
falsas para ela, mas eu estaria ferrado se pudesse encontrar qualquer
uma  delas agora. Finalmente, eu tive sorte e encontrei uma Barbie
com um bracelete dourado de plástico. Eu lutei com ela e a assaltei,
roubando-o do seu pulso. Era exatamente o tamanho certo. Nós não
tivemos um padre para fazer a fala, mas não precisávamos de um.
Expliquei para Katie que os casamentos poderiam ser diferentes
daqueles na TV, e tudo o que precisávamos fazer era dizer que
amávamos um ao outro, deixar-me colocar o anel em seu dedo, beijar,
e era isso.

Ela disse que eu precisava de uma capa de príncipe, então eu peguei


um lençol de seda da nossa antiga cama e amarrei em volta do meu
pescoço. Isto era puramente inocente e minha menina queria brincar
de casamento. Eu tive a honra de ser escolhido como o noivo. Um dia,
ela se casaria de verdade e eu a entregaria.

Ajoelhei-me e comecei a cantar a melodia da noiva. Ela estava tão


bonita segurando flores e dando pequenos passos, colocando seus pés
juntos antes de dar o próximo passo. Ela realmente assistiu os
casamentos de perto na TV.

Segurei o meu grande sorriso, não querendo que ela me censurasse


por rir dela. Afinal, este era um momento sério. Não é todo dia que
você se casa. Ela estava finalmente na minha frente e eu pensei o que
dizer para começar a cerimônia.

Oh! Certo!

─ Estamos reunidos aqui hoje. – eu disse em uma voz amorosa


quando olhei em seus olhos. ─ Para celebrar o nosso amor e os votos
de nunca nos separar.

Isso soava inocente, eu esperava.

─ O que votos quer dizer? – Katie sussurrou para mim.

─ Oh, desculpe. – eu sussurrei. ─ Isso significa promessa.

Ela assentiu e sorriu grande, não tendo nenhum problema com isso.

─ Isso significa que você promete nunca fugir com um cara mais
bonito. – eu provoquei. ─Ou um homem mais novo, ou mais rico, ou
mais legal do que o seu velho pai. E você promete ouvir cada coisa que
eu digo, até você ter… hmm… 85 anos de idade.

─ Eu prometo. – ela piscou com pureza, sem ter ideia do que ela
estava jurando para mim.

─ Eu gostaria de ter isso gravado. – murmurei para mim mesmo,


sabendo que no minuto em que ela completasse 16 anos, ela
esqueceria essas promessas. Nós brigaríamos quase todos os dias e eu
teria que manter os garotos longe dela. Eu não estava ansioso para
isso.

Eu decidi fazer o meu voto primeiro, mostrando-lhe como.

─ Katie Trenner… – limpei minha garganta, sorrindo quando olhei


em seus olhos, pegando sua mãozinha e segurando o anel, não o
deslizando em seu dedo ainda. ─ Eu te amo com todo o meu coração. E
eu sempre te amarei. Você é a garota mais bonita do mundo inteiro,
você tem um riso mágico, e você também é muito inteligente. O
casamento não é apenas  sobre ser bonito, sabe, Katie. Seu marido
também tem que respeitá-la pelo seu cérebro e o que você é por
dentro. Nunca se esqueça disso, certo?

─ Tudo bem. – ela disse, sem parecer muito certa do que eu estava
tentando dizer. Decidi imitar a Disney para fazê-la feliz.

─ Por mais ricos ou mais pobres, na saúde e na doença, a partir de


agora e para sempre… eu prometo te amar… sempre. – eu jurei,
querendo dizer isso completamente, como se eu tivesse uma escolha
nisso. Amá-la era como respirar. Eu tinha que amá-la, eu vivia para
amá-la.
Inclinei-me e beijei sua testa, fechando meus olhos, e deslizando o
anel em seu dedo. Ele deslizou certinho, não muito apertado, nem
muito solto.

─ Agora eu! – ela olhou para mim, querendo sua vez.

─ Sim, agora você. – eu dei um aceno de cabeça, sorrindo.

─ Mathew Trenner… – ela disse em sua voz de bebê, tentando soar


adulta. ─ Você é o cara mais bonito que eu conheço. – ela começou
enquanto eu tentava não rir. ─ E você é muito inteligente também.
Você sempre sabe como fazer para mim o café da manhã, o almoço e o
jantar, você me carrega em seus ombros quando eu fico cansada, e
você sabe quando todos os meus programas favoritos começam. Eu
gosto quando você dorme na minha cama comigo e assiste TV comigo.
Você nos leva para o parque e para a loja e eu gosto disso. Eu amo
quando você me compra uma Barbie nova, mesmo se eu não pedi por
uma. Você é um marido maravilhoso e eu amo você.

Ela pegou minha mão e deslizou um anel invisível para o meu dedo
médio. Para mim, foi mais real do que qualquer anel que eu já possuí.
Eu nunca ficaria sem ele.

Ela me puxou para ela pela minha capa e me deu um enorme


selinho nos lábios, cobrindo minha boca com a abundante quantidade
de batom que ela usava. Acho que ela viu a noiva e o noivo se
beijarem na boca em algum lugar, tenho que lembrar de bloquear
esses canais.

─ MMMWAHH! – ela soou quando terminou o beijo e me liberou. Ela


parecia tão feliz enquanto sorria para mim.

─ Você é meu agora. – ela anunciou.

Eu sempre fui seu, filha… Eu sempre serei.

─ Agora eu carrego você pela porta! – eu a peguei em meus braços,


em estilo de noiva, e levantei, balançando-a em meus braços e girando
ao redor, fazendo-a rir muito enquanto ela agarrava em mim.

Finalmente eu parei e ela simplesmente ficou deitada em meus


braços, sorrindo para mim com tanto amor nos seus olhos.

─ Eu te amo, papai. – ela disse tão naturalmente como soltar um


suspiro.

─ Eu também te amo, bebê. – eu disse com todo o meu coração.

O momento foi perfeito. E então eu decidi provocá-la um pouco.


Eu a coloquei em sua cama e olhei para ela.

─ Agora, vá limpar minha casa e fazer algo bom para eu comer no


jantar. – eu sorri.

Talvez se eu mostrasse a ela o que a vida de casado era realmente,


ela não tentaria se casar e se afastar de mim tão rápido depois.

Ela gritou em protesto e pulou da cama, pronta para argumentar.

─ Não, não, não! – ela começou enquanto eu sorria, caminhando


para a sala de estar com ela bem nos meus calcanhares. ─ Agora você
me leva em uma lua de mel!

Eu ri, continuando com a minha capa agora. Eu queria provocá-la


um pouco mais, mas não podia fazer isso com ela, ela era muito fofa.

─ Para onde você gostaria de ir, Sra. Trenner?  

─ DISNEY!

Oh Deus, eu ainda tenho o batom por toda a minha boca. Eu teria


que esperar para limpá-lo.

─ Eu não vi isso vindo.

Ela riu e pulou do sofá, indo para o meu quarto. Por um segundo, eu
pensei que tinha sido fácil. Ela normalmente me implorava por uma
hora para levá-la para a Disney, como se fosse a dez minutos de
distância. Malditos comerciais da Disnelylândia na TV!

Eu ouvi alguns barulhos que eu não tinha certeza do que eram e


então Katie estava saindo do meu quarto com meus travesseiros em
suas mãos. Ela entrou em seu quarto e os colocou em sua cama. Ela
voltou e estava a caminho de volta para o meu quarto novamente.

─ O que você está fazendo, Sra. Trenner? – eu levantei uma


sobrancelha.

─ Colocando as suas coisas no meu quarto. – ela informou como se


isso fosse óbvio e desapareceu no meu quarto novamente.

Ok. Eu tinha que encontrar uma maneira agradável de lidar com


isto. Se todas as minhas coisas fossem mudadas para fora do nosso
quarto, isso deixaria Tanya brava, fazendo-a pensar que eu fiz isso por
causa da tensão entre nós.

─ Hmm… espere um minuto, querida. – eu a segui no meu quarto,


pronto para a nossa primeira discussão como ‘marido e mulher’.
 Eu estava de volta ao presente, agora com a minha filha com quase nove
anos de idade e sorrindo de orelha a orelha.

─ Eu me lembro. – eu disse, quase quebrando novamente, deslizando-o de


volta em seu dedo.

─ Você ainda é meu, papai. – ela me abraçou novamente, desta vez mais
suave.

Isso é o que este anel significava para ela. Que mesmo que eu tivesse ido
embora, eu ainda era dela, porque eu tinha prometido. Ela acreditou em mim.
E ela esperou por mim.

Eu queria perguntar por que, por que ela ainda me queria, por que ela
ainda achava que eu era suficientemente bom para ela. Ela não sabia onde eu
tinha estado nos últimos anos. Ela nunca poderia saber. Eu morreria se ela
descobrisse e me odiasse por isso.

Quando meu cérebro balançou com tudo isso, ela simplificou tudo, como
sempre fazia por mim.

─ Você me empurra, papai? – ela se afastou de mim e subiu no balanço de


pneu.

Eu entorpecidamente levantei e a segui, como alguém hipnotizado enquanto


ela segurava nas cordas e esperava por mim. Eu me movi para atrás dela e,
num passe de mágica, naquele segundo, foi como se nem um dia tivesse
passado.

Minha menininha queria que eu a empurrasse no balanço. Ela me ama. Ela


me perdoa. E, finalmente, eu fui capaz de respirar fundo, deixar ir uma grande
dose de dor. Não foi completamente embora, mas agora, neste momento,
sinto-me limpo… e livre… e real. Eu sou um papai… ainda… sempre.

Afastei-me suavemente puxando as cordas do balanço e empurrei, não


muito forte. Minhas mãos ainda pensavam nela como com três anos de idade,
eu acho.

─ Mais forte, pai. – ela exigiu assim que virou de volta para mim. ─ Vamos!

Hmm, quer um pouco de emoção agora. Ela costumava ser tão medrosa de
ir mais alto. Ela definitivamente não é mais um bebê.

 ─ Tudo bem, você pediu por isso. – mordi meu lábio inferior e
diabolicamente peguei o  pneu e empurrei, usando metade da minha força.

Seu grito agudo sangue subiu às árvores acima, pássaros voando em terror.
Eu olhei e vi Skylar perto da casa conversando com Ben e Angela. Eles
estavam todos olhando para Katie e eu, sorrindo, nos deixando em paz, nos
deixando brincar.
Espero que esta pequena cidade adormecida esteja pronta. Os Trenners
chegaram. Oh, desculpe, os McCann’s. Esse é o nosso novo sobrenome falso,
eu sendo Jason McCann. Espero que ninguém me chame de Jase. Eu me
recuso a responder a isso.

Uma coisa é certa:

Nada nunca mais será a mesma coisa. Graças a Deus.

Eu desenhei uma linha na terra enquanto Katie balançava longe de mim.


Cruzei sobre ela, e empurrei Katie novamente, ouvindo seus gritos de
aprovação quando ela ia mais para cima. Eu estou aqui. Eu cruzei a linha e sou
pai agora. Eu nunca vou voltar novamente. Estou aqui… para sempre, pelo
melhor ou pior… a partir de agora e para sempre

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