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8008 Diário da República, 1.a série — N.

o 225 — 22 de Novembro de 2006

Portaria n.o 1295/2006 recurso para todos os clientes situados na área da con-
de 22 de Novembro
cessão/licença de distribuição local com um consumo
anual inferior a 2 000 000 m3 normais que não queiram
O Decreto-Lei n.o 140/2006, de 26 de Julho, previu usufruir do estatuto de cliente elegível;
no n.o 2 do artigo 67.o a atribuição de licenças para Esta licença pressupõe o exercício em exclusivo por
o exercício da actividade de comercialização de gás natu- parte da sociedade licenciada da actividade de comer-
ral de último recurso a sociedades detidas em regime cialização de último recurso.
de domínio total inicial pelas concessionárias de dis-
tribuição regional e pelas detentoras de licenças de dis- A) Constituem direitos do titular desta licença:
tribuição local, em qualquer dos casos desde que tenham 1) Transaccionar gás natural através de contratos bila-
mais de 100 000 clientes, ou, no caso de qualquer destas terais com outros agentes do mercado de gás natural
entidades não ter este número mínimo de clientes, direc- ou através dos mercados organizados, se cumprir os
tamente às próprias sociedades concessionárias e deten- requisitos que lhe permitam aceder a esses mercados;
toras de licenças de distribuição, em benefício de todos 2) Ter acesso à Rede Nacional de Transporte e Infra-
os clientes, situados nas respectivas áreas, que consu- -Estruturas de Armazenamento e Terminais de GNL
mam anualmente quantidades de gás natural inferiores (RNTIAT) e à Rede Nacional de Distribuição de Gás
a 2 000 000 m3 normais. Natural (RNDGN) e às interligações, nos termos legal-
Segundo o n.o 3 do artigo 67.o do Decreto-Lei mente estabelecidos, para venda de gás natural aos res-
o
n. 140/2006, de 26 de Julho, o prazo de duração de pectivos clientes;
cada uma destas licenças corresponde aos prazos de 3) Receber uma remuneração que assegure o equi-
duração dos correspondentes contratos de concessão ou líbrio económico e financeiro da actividade licenciada
licenças de distribuição. em condições de gestão eficiente, nos termos que vierem
Deste modo, no sentido de concretizar o exercício a ser regulados pela ERSE.
desta actividade, que é regulada pela Entidade Regu-
ladora dos Serviços Energéticos (ERSE), conforme dis- B) Constituem deveres do titular desta licença:
posto no n.o 2 do artigo 40.o do mesmo decreto-lei,
estabelece-se o modelo da respectiva licença. 1) Prestar o serviço público de venda de gás natural
Assim: a todos os clientes situados na área da concessão/licença
Ao abrigo do disposto no n.o 7 do artigo 34.o e nos de distribuição local que consumam anualmente quan-
n.os 2 e 3 do artigo 67.o do Decreto-Lei n.o 140/2006, tidades de gás natural inferior a 2 000 000 m3 normais
de 26 de Julho, manda o Governo, pelo Ministro da que não queiram usufruir do estatuto de cliente elegível
Economia e da Inovação, o seguinte: e que o solicitem nos termos da regulamentação
1.o Aprovar o modelo de licença de comercialização aplicável;
de gás natural de último recurso em benefício de clientes 2) Colaborar na promoção das políticas de eficiência
que consumam quantidades de gás natural inferiores energética e de gestão da procura nos termos legalmente
a 2 000 000 m3 normais, constante do anexo a esta estabelecidos;
portaria. 3) Aplicar as regras da mudança de comercializador
2.o A licença referida no número anterior é concedida que vierem a ser definidas no âmbito do operador logís-
pela Direcção-Geral de Geologia e Energia (DGGE), tico de mudança de comercializador de gás natural logo
independentemente de qualquer formalidade, a socie- que este seja constituído;
dades detidas em regime de domínio total inicial pelas 4) Prestar a informação devida aos clientes, nomea-
concessionárias de distribuição regional e pelas deten- damente sobre as opções tarifárias mais apropriadas ao
toras de licenças de distribuição local, em qualquer dos seu perfil de consumo;
5) Emitir a facturação discriminada de acordo com
casos desde que tenham mais de 100 000 clientes, ou,
o Regulamento de Relações Comerciais;
no caso de qualquer destas entidades não ter este
6) Proporcionar aos clientes meios de pagamento
número mínimo de clientes, directamente às próprias
diversificados;
sociedades concessionárias e detentoras de licenças de
7) Não discriminar entre clientes e praticar nas suas
distribuição.
operações transparência comercial;
3.o Compete às interessadas na atribuição da licença 8) Manter o registo de todas as operações comerciais,
indicar à DGGE, até 31 de Julho de 2007, os dados cumprindo os requisitos legais de manutenção de bases
necessários para a sua emissão. de dados;
4.o As licenças de comercialização de último recurso 9) Manter por um prazo de cinco anos o registo das
a atribuir nos termos desta portaria vigoram a partir queixas ou reclamações que lhe tenham sido apresen-
de 1 de Janeiro de 2008 até ao termo dos actuais con- tadas pelos respectivos clientes;
tratos de concessão e licenças de distribuição local. 10) Prestar à DGGE e à ERSE, consoante as suas
O Ministro da Economia e da Inovação, Manuel Antó- competências, a informação prevista na legislação e
nio Gomes de Almeida de Pinho, em 8 de Novembro regulamentação aplicáveis, designadamente sobre con-
de 2006. sumos e preços nas diversas categorias de clientes, com
salvaguarda do respectivo sigilo;
ANEXO 11) Manter a capacidade técnica, legal e financeira
necessária para o exercício da actividade objecto da pre-
Modelo de licença de comercialização de gás natural
de último recurso sente licença;
12) Cumprir todas as normas, disposições e regula-
Nos termos dos artigos 40.o a 43.o, dos n.os 5 e 6 mentos aplicáveis, designadamente o Regulamento de
do artigo 66.o e do n.o 2 do artigo 67.o do Decreto-Lei Acesso às Redes, Infra-Estruturas e Interligações, o
n.o 140/2006, de 26 de Julho, é concedida à sociedade Regulamento de Qualidade de Serviço, o Regulamento
[. . .] licença de comercialização de gás natural de último de Relações Comerciais e o Regulamento Tarifário.
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C) Contratos celebrados com os clientes: D) Interrupção do fornecimento de gás natural:


1 — Os contratos celebrados entre o titular desta A entidade titular desta licença pode interromper o
licença e os clientes devem especificar, entre outros esta- fornecimento nos casos e termos estabelecidos no Regu-
belecidos no Regulamento de Relações Comerciais e lamento de Qualidade de Serviço e no Regulamento
no Regulamento da Qualidade de Serviço, os seguintes de Relações Comerciais do sector do gás natural.
elementos e garantias:
E) Tarifas:
a) A identidade e o endereço do comercializador;
b) Os serviços fornecidos e suas características; As tarifas praticadas pelo titular desta licença são
c) O tipo de serviços de manutenção, caso sejam fixadas no Regulamento Tarifário.
oferecidos;
d) Os meios através dos quais podem ser obtidas infor- F) Prazo:
mações actualizadas sobre as tarifas e as taxas de manu- A licença vigora de 1 de Janeiro de 2008 até [. . .]
tenção aplicáveis;
e) A data de início de venda de gás natural, a duração G) Extinção da licença:
do contrato, as condições de renovação e termo dos
serviços e do contrato e a existência de direito de 1 — A presente licença extingue-se por caducidade,
rescisão; pelo decurso do respectivo prazo e por revogação.
f) A compensação e as disposições de reembolso apli- 2 — A extinção da licença por caducidade ocorre em
cáveis se os níveis de qualidade dos serviços contratados caso de dissolução, insolvência ou cessação da actividade
não forem atingidos; do seu titular.
3 — A licença pode ser revogada quando o seu titular
g) O método a utilizar para a resolução de litígios,
faltar ao cumprimento dos deveres relativos ao exercício
que deve ser acessível, simples e eficaz.
da actividade, nomeadamente:
2 — O titular desta licença pode exigir aos seus clien- a) Não cumprir, sem motivo justificado, as determi-
tes, nas situações e nos termos previstos na legislação nações impostas pelas autoridades administrativas;
e regulamentação aplicáveis, a prestação de caução a b) Violar reiteradamente o cumprimento das dispo-
seu favor, para garantir o cumprimento das obrigações sições legais e as normas técnicas aplicáveis ao exercício
decorrentes do contrato de compra e venda de gás da actividade licenciada;
natural. c) Não cumprir, reiteradamente, a obrigação de envio
3 — As condições contratuais devem ser equitativas da informação estabelecida na legislação e regulamen-
e previamente conhecidas, devendo, em qualquer caso, tação aplicáveis;
ser prestadas antes da celebração ou confirmação do d) Não começar a exercer a actividade no início do
contrato. prazo de vigência da licença, ou, tendo-a começado a
4 — Os clientes devem ser notificados de modo ade- exercer, a haja interrompido, sem justificação ou a jus-
quado de qualquer intenção de alterar as condições con- tificação não seja aceite pela DGGE.
tratuais e informados do seu direito de rescisão quando Lisboa, . . . (data).
da notificação.
5 — O titular desta licença deve notificar directa- O Director-Geral de Geologia e Energia, . . .
mente os seus clientes de qualquer aumento dos encar-
gos resultante de alteração de condições contratuais, Portaria n.o 1296/2006
em tempo útil que não pode ser posterior a um período
normal de facturação após a entrada em vigor do de 22 de Novembro
aumento, ficando os clientes livres de rescindir os con-
A continuação da política de extensão a todo o país
tratos se não aceitarem as novas condições que lhes
da distribuição de gás natural, forma de energia com-
forem notificadas pelo respectivo comercializador.
parativamente mais favorável ao ambiente do que as
6 — Os clientes devem receber, relativamente ao seu tradicionalmente utilizadas e de grande comodidade de
contrato, informações transparentes sobre os preços e utilização, constitui um objectivo relevante e que vem
tarifas aplicáveis e as condições normais de acesso e sendo implementado progressivamente.
utilização dos serviços do comercializador. A recente reforma da legislação relativa ao Sistema
7 — As condições gerais devem ser equitativas e trans- Nacional de Gás Natural, operada pelos Decretos-Leis
parentes e ser redigidas em linguagem clara e compreen- n.os 30/2006, de 15 de Fevereiro, e 140/2006, de 26 de
sível, assegurando aos clientes escolha quanto aos méto- Julho, que definiram novas regras de organização e fun-
dos de pagamento e protegê-los contra métodos de cionamento do mercado do gás natural em Portugal
venda abusivos ou enganadores. e das respectivas actividades, mantém o objectivo dina-
8 — Qualquer diferença nos termos e condições de mizador do desenvolvimento regional, continuando a
pagamento dos contratos com os clientes deve reflectir permitir a atribuição de licenças para distribuição de
os custos dos diferentes sistemas de pagamento para gás natural em pólos de consumo isolados.
o comercializador. A actividade contemplada por estas licenças é exer-
9 — Os clientes devem dispor de procedimentos cida em regime de serviço público, como forma de garan-
transparentes, simples e acessíveis para o tratamento tir aos clientes a qualidade do serviço, a estabilidade
das suas queixas, devendo estes permitir que os litígios do fornecimento e a regulação tarifária.
sejam resolvidos de modo justo e rápido, prevendo, O Decreto-Lei n.o 140/2006, de 26 de Julho, esta-
quando justificado, um sistema de reembolso e de belece, ainda, que o modelo da licença e os requisitos
indemnização por eventuais prejuízos. para a sua atribuição, transmissão e o regime de explo-

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