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Tema 1- A atividade económica e a ciência económica

1.1 Realidade Social e ciências sociais


Para identificar e explicar os fenómenos sociais (desigualdades sociais, a exclusão social, a educação, a
imigração, o desemprego, a globalização, …), recorremos às ciências sociais (como a economia, a sociologia, a
demografia, a jurídica, a política e a histórica).

1.2 Fenómenos sociais e fenómenos económicos


Cada ciência social estuda os fenómenos sociais de acordo com o seu objeto de estudo, teorias e métodos de
investigação e desta interdisciplinaridade resulta o melhor conhecimento do fenómeno social em causa. Por isso
se diz que as ciências sociais são interdependentes e complementares.
1.3 A economia como ciência e o seu objeto de estudo
Economia como ciência
A economia estuda a dimensão económica da realidade social: os fenómenos económicos. O seu objetivo de
estudo são os fenómenos sociais associados a produção, distribuição de rendimentos, consumo, poupança e
investimento.

Problema Económico
O problema económico, está relacionado com a necessidade de fazer escolhas que têm de ser feitas perante
o facto de existirem necessidades ilimitadas, por um lado, e, por outro, recursos escassos para as satisfazermos.
Logo é necessário hierarquizaras necessidades (colocá-las por ordem decrescente de importância) e decidir quais
as que vamos satisfazer e a ordem pela qual serão satisfeitas. É por isso que a economia também é dominada
por “ciência das escolhas”.

Racionalidade económica
A decisão económica obriga a uma gestão eficiente dos recursos, de acordo com o princípio da racionalidade
económica, ou seja, uma gestão que
procure obter a máxima satisfação
utilizando o mínimo dos recursos.

Custo de oportunidade
Estas decisões económicas implicam,
sempre, custos de oportunidade, ou seja, a
alternativa que se teve de sacrificar para se
obter esse bem, ou seja, o preço que se
teve de pagar quando, face à escassez de
recursos, foi necessário fazer uma opção.
Essa opção, considerada a + vantajosa e a +
racional, impõe um sacrifício relativamente
à satisfação de outras necessidades a que se
teve de renunciar.

1.4 A atividade económica e os agentes económicos


Os agentes económicos
Os agentes económicos são toda a entidade
autónoma, com capacidade para realizar operações
económicas tomando decisões, ou seja, os agentes
económicos são os agentes com capacidade de
intervir na economia.
A atividade económica
A atividade económica é constituída pelo
conjunto de atividades que as pessoas realizam
relacionadas com a satisfação das necessidades
individuais e coletivas:
Produção,
Distribuição,
Redistribuição dos rendimentos,
Utilização dos rendimentos (Consumo e Acumulação).

Tema 2 – Necessidades e consumo


2.1 Necessidades – noção e classificação
Noção de necessidade
Necessidades - Situação de mal-estar que impedem os indivíduos à sua resolução.
As necessidades assumem variadas características: são múltiplas e variadas e estão permanentemente
presentes no nosso quotidiano.
Multiplicidade - as necessidades são múltiplas e de diferente naturezas.
Substituibilidade – as necessidades podem ser satisfeitas através de meios alternativos.
Saciabilidade – conforme vamos satisfazendo uma necessidade, ela vai sendo progressivamente
eliminada.
Relatividade – as necessidades variam no tempo e no espaço, sendo, portanto, relativas ao momento
histórico e ao espaço geográfico.

Classificação das necessidades


Quanto à sua importância:
Necessidades primárias - são indispensáveis á vida humana (por exemplo, a respiração, a
alimentação,..).
Necessidades secundárias – garantem uma melhor qualidade de vida (por exemplo, cultura e
transporte).
Necessidades terciárias – se não forem satisfeitas, não põem em risco a vida dos indivíduos, sendo
dispensáveis (por exemplo, vestuário de marca, perfume, ou viajar e classe executiva).

Quanto ao facto de vivermos em coletividade:


Necessidades individuais – são aquelas que sentimos independentemente de vivermos com os outros
(a alimentação, por exemplo), sendo satisfeitas por bens e serviços privados;
Necessidades coletivas – decorrem do facto de vivermos em coletividade (segurança, justiça, saúde, por
exemplo), podendo ser satisfeitas por bens e serviços públicos.

2.2 Consumo – noção e tipos de consumo


Noção de consumo
O consumo é um comportamento indispensável à satisfação das necessidades e pode ser definido como o
ato pelo qual se destrói um bem para satisfação das necessidades das pessoas.
(Necessidades Consumo Satisfação)
O consumo é um ato:
Económicos, na medida em que as decisões relativas às necessidades satisfazer são escolhas que têm
consequências na economia (a nível da procura, da produção, do emprego, da utilização dos recursos.
Social, pois consumir determinados bens e serviços tem consequências que afetam a coletividade, por
exemplo a nível da poluição, da saúde e segurança das pessoas da exploração do trabalho infantil, etc…

Tipos de consumo

Quanto à natureza das


necessidades satisfeitas:
Consumo essencial – utilização de bens indispensáveis à sobrevivência. Por exemplo, consumo de
alimentos, de habitação, de vestuário, etc…
Consumo supérfluo – realizado para satisfazer necessidades terciárias. Por exemplo consumos de
refrigerantes, de maquilhagem, de jóias, de chocolates, etc…

Quanto ao autor do ato de consumir:


Consumo privado – realizado pelas pessoas, pelos particulares. Por exemplo, ir ao cinema, adquirir
vestuário, comprar alimentos, etc…
Consumo público – realizado por entidades da Administração Pública. Por exemplo, aquisição de papel
pela secretaria da escoa, pagamento dos vencimentos aos funcionários públicos, etc…

Quanto ao beneficiário do consumo:


Consumo individual – realizado por uma pessoa, que impede que outras pessoas o possam realizar. Por
exemplo, quando utilizamos uma bicicleta, mais ninguém o pode fazer; quando comemos um pão,
impedimos que outra pessoa o coma.
Consumo coletivo – realizado por um grande número de pessoas, sendo a coletividade a beneficiária
desse consumo. Por exemplo, utilização dos serviços de saúde, de justiça, etc…

Quanto à finalidade do consumo:


Consumo final – bens que satisfazem diretamente as nossas necessidades. Por exemplo, aquisição de
livros, ingestão de alimentos, compra de um perfume, etc…
Consumo intermédio – bens que vão ser utilizados na produção de outros bens. Por exemplo, utilização
de matérias-primas pelas empresas.

2.3 Padrões de consumo – diferença e fatores explicativos


Padrões de consumo
Padrões de consumo – Modelos específicos a que o consumo obedece, de acordo com a época histórica e a
localização geográfica, e segundo a cultura dos povos, o rendimento, a tecnologia disponível, entre outros
fatores.

Os vários fatores que influenciam o consumo podem ser


agrupados em económicos e extraeconómicos.
Fatores económicos
O rendimento dos consumidores
O consumo é função do rendimento, ou seja, qualquer alteração no nível de rendimentos dos consumidores
reflete-se no nível de consumo, mantendo-se tudo o resto constantes. Um aumento do nível de rendimentos
dos consumidores originará um aumento do consumo.

Os preços
Quando os preços são baixos, maior será a nossa propensão para consumir, verificando-se o contrário
quando os preços são mais altos. Há, no entanto, que considerar o nível de rendimento que influencia também
o consumo: quando se verifica um aumento dos preços mantendo-se o rendimento, diminui a capacidade
aquisitiva dos consumidores e, consequentemente, o consumo.
A variação dos preços, associada a variações não proporcionais do rendimento, afeta de modo diverso os
consumos essências e supérfluos. O aumento dos preços, quando não é acompanhado por um aumento
proporcional do rendimento, irá reduzir principalmente os consumos supérfluos pois os consumidores terão de
gastar uma maior fatia do seu rendimento nos consumos essências. A diminuição dos preços, mantendo-se o
nível de rendimento, possibilita um aumento dos consumos supérfluos.

A inovação tecnológica
A inovação tecnológica origina novos bens que geram grande apetência por parte dos consumidores.

O crédito bancário
Através de empréstimos contraídos junto dos bancos, os consumidores terão mais dinheiro disponível para
consumir.

Fatores extraeconómicos
A moda, a cultura, a tradição, a publicidade, as marcas constituem fatores extraeconómicos de carácter
sociocultural que se refletem no consumo. Adquirir produtos que estão na moda ou comprar produtos de marca
que conferem esse estatuto social são exemplo da influência dos fatores extraeconómicos no consumo.

Estrutura do consumo
Estrutura do consumo – Repartição das despesas de consumo das famílias pelos diferentes grupos de bens de
consumo.
Coeficiente Orçamental – Percentagem de uma classe de despesas de consumo em relação ao total das
despesas de consumo de uma família.
Ex: Uma família recebe no total 1000€, e gasta em vestuário 70€, o coeficiente orçamental dessa família em
70
vestuário vai ser calculado ( ×100=7 %)
1000
Lei de Engel – Quando menor o rendimento de uma família, maior será o coeficiente orçamental relativo às
despesas de alimentação.
Esta lei pode ser adaptada a outras situações. Serve também para comparar níveis de desenvolvimento entre
países ou níveis de vida de estratos sociais diferente, níveis de rendimento em períodos diferentes, etc…

2.4 Evolução da estrutura do consumo em Portugal e na EU


Calculando os coeficientes orçamentais relativos à alimentação e recorrendo à Lei de Engel, é possível registar a
evolução do rendimento dos consumidores nacionais e dos da União Europeia. Em Portugal, o coeficiente
orçamental relativo à alimentação era de 18,5% em 1995 e 16,9 em 2016 e na EU era de 14% e 12,2% em
relação aos mesmos períodos. Os dados confirmam que segundo a Lei de Engel, houve um aumento dos
rendimentos dos consumidores, tanto nacionais como dos da União Europeia e que entre os consumidores
portugueses e os da EU também se verificam diferenças de rendimento.
2.5 A sociedade do consumo
A sociedade de consumo surge após a Revolução Industrial, e é:
Uma sociedade em que a oferta excede a procura, o que implica o recurso a estratégias de marketing
para escoar a produção;
Uma sociedade de oferta de bens normalizados, produzidos a baixos custos que resultam da produção
em série, atrativos e de duração efémera pois as necessidades de produzir e escoar são permanentes;
Uma sociedade com padrões de consumo massificados devido ao tipo de oferta (bens padronizados) e
tipo de pressões exercidas sobre o consumidor (a publicidade sugere modelos de comportamentos a
seguir).

Numa sociedade de consumo consome-se por impulso, sem critérios, de forma excessiva, irracional e com
desperdício – o chamado consumismo.

2.6. O consumerismo e a responsabilidade social dos consumidores

Consumerismo – é o resultado da intervenção social dos indivíduos, através de movimentos que procuram
promover práticas de consumo equilibradas, de forma a evitar os comportamentos desviantes característicos do
consumismo. É então um consumo racional, controlado, seletivo, baseado em valores sociais e ambientais e no
respeito pelas gerações futuras.
O consumerismo privilegia a informação e a educação dos consumidores, levando-os a agir de forma
consciente e racional.
O consumidor enquanto agente social deve assumir um conjunto de deveres:
Ter uma consciência crítica, informando-se sobre o que está a comprar e analisando a relação preço-
qualidade dos bens e serviços;
Ter consciência ambiental, compreendendo o impacto das suas práticas de consumo no ambiente e a
necessidade de proteção dos recursos naturais;
O dever de solidariedade, entendendo a interligação das ações individuais e que os atos de cada um podem
prejudicar todos.

2.7. A defesa dos consumidores em Portugal e na EU


Em Portugal, a defesa dos direitos dos consumidores tem sido assumida por diversas organizações de caráter
particular, como a DECO (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor) e também por entidades
públicas (Estado) o que leva a promoção da qualidade de vida dos cidadãos e a preocupação com o futuro, em
termos ambientais de desenvolvimento.
A UE, na areada defesa dos direitos dos consumidores, tem também adotado legislações e definidas políticas
europeias específicas.

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