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Vítor Cruz (Vampiro)

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Índice:
Índice de Abreviaturas: ...................................................................................... 4

Noções do Direito Constitucional e da Constituição ............................................ 5

Teoria Geral do Estado (TGE) ............................................................................ 7

Sentidos (concepções) das Constituições:.........................................................11

Poder Constituinte: ...........................................................................................11

Classificação das Constituições: ........................................................................13

Histórico Constitucional Brasileiro (antes de 1988): .........................................14

Elementos da Constituição: ...............................................................................16

Normas Constitucionais, Regras e Princípios Constitucionais:...........................16

Interpretação Constitucional: ...........................................................................17

Controle de Constitucionalidade:.......................................................................19

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Índice de Abreviaturas:
Adm. – Administração FGTS – Fundo de garantia por PE – Poder Executivo
AL – Assembléia Legislativa tempo de serviço PF – Pessoa Física
Aut. - Autarquia FP – Fundação Pública PGR – Procurador-Geral da
ADIN (ou ADI)– Ação Direta de FPM – Fundo de Participação dos República
Inconstitucionalidade Municípios PJ – Pessoa Jurídica ou Poder
ADECON (ou ADC) – Ação FPE – Fundo de Participação dos Judiciário, conforme o caso
Declaratória de Estados/Distrito Federal PL – Poder Legislativo
Constitucionalidade HC – Habeas Corpus PLDO – Projeto da Lei de
ADINPO (ou ADO) - Ação Direta HD – Habeas Data Diretrizes Orçamentárias
de Inconstitucionalidade por ICMS – Imposto sobre PLOA – Projeto da Lei
Omissão. Circulação de Mercadorias Orçamentária Anual
ADPF – Argüição de IE – Imposto de Exportação PPA – Plano Plurianual
Descumprimento de Preceito IGF – Imposto sobre Grandes RFB – República Federativa do
Fundamental Fortunas Brasil
AGU – Advogado Geral da União II – Imposto de Importação RGPS - Regime Geral de
BACEN – Banco Central do Brasil IOF – Imposto sobre Operações Previdência Social.
BC – Base de Cálculo de Crédito, Câmbio, Seguro ou RPPS - Regime Próprio de
BNDES – Banco Nacional do Valores Mobiliários Previdência Social.
Desenvolvimento Econômico e IPI – Imposto sobre Produtos SEM – Sociedade de Economia
Social Industrializados Mista
CC– Código Civil IPTU – Imposto Predial e STF – Supremo Tribunal Federal
CDC– Código de Defesa do Territorial Urbano STJ – Superior Tribunal de
Consumidor IPVA – Imposto sobre a Justiça
CE– Constituição Estaduall Propriedade de Veículos STM – Superior Tribunal Militar
CF– Constituição da República Automotores TC – Tribunal de Contas
Federativa do Brasil IR – Imposto de Renda TCU – Tribunal de Contas da
CIDE – Contribuição de ISS – Imposto sobre Serviços de União
Intervenção no Domínio Qualquer Natureza TCE – Tribunal de Contas do
Econômico ITBI – Imposto sobre Estado
CIP – Contribuição sobre Transmissão de Bens Imóveis TSE – Tribunal Superior Eleitoral
iluminação pública ITCD ou ITDCM – Imposto sobre TST – Tribunal Superior do
CN – Congresso Nacional Transmissão de Bens ou Direitos Trabalho
CNJ – Conselho Nacional de por Doação ou causa mortis T.Sup. – Tribunais Superiores.
Justiça ITR – Imposto Territorial Rural
CNMP - Conselho Nacional do LC – Lei Complementar
Ministério Público LDO – Lei de Diretrizes
CP – Código Penal Orçamentárias
CS – Contribuição Social LO – Lei Ordinária
DF – Distrito Federal LOA – Lei Orçamentária Anual
DP – Defensoria Pública MA – Maioria Absoluta
DPU – Defensoria Pública da ME - Microempresa
União MI - Mandado de Injunção
EC – Emenda Constitucional ou MP – Medida Provisória ou
Empréstimo Compulsório Ministério Público, conforme o
Est. – Estados Federados caso.
EP – Empresa Pública MPU – Ministério Público da
EPP – Empresa de Pequeno União
Porte MS – Mandado de Segurança
FFAA – Forças Armadas Mun. - Municípios
FG – Fato Gerador OAB – Ordem dos Advogados do
Brasil
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Noções do Direito Constitucional e da Constituição


Pirâmide Clássica de Kelsen:

Constituição (normas originárias + emendas


constitucionais)

Normas infraconstitucionais (leis em sentido amplo)

Normas infralegais

Pirâmide de Kelsen adaptada ao ordenamento brasileiro atual


Em 2008, o STF passou a entender que os tratados internacionais sobre direitos humanos, caso
não fossem aprovados rito de votação de uma emenda constitucional, não iriam adquirir o status
constitucional (emenda constitucional). Porém, por si só, já possuem um status de
“supralegalidade” (estágio acima das leis e abaixo da Constituição), podendo revogar leis
anteriores e devendo ser observados pelas leis futuras. Os demais tratados, que não falassem
sobre direitos humanos, possuem status de uma lei infraconstitucional (equivalente a uma lei
ordinária, comum).
Assim temos a nova pirâmide no ordenamento brasileiro:

Constituição (normas originárias + emendas


constitucionais + tratados de direitos humanos
aprovados como emendas constitucionais).

Normas supralegais (tratados de direitos


humanos não aprovados como emendas
constitucionais).

Normas infraconstitucionais: (leis em


sentido amplo) Normas da CF, art. 59: leis
ordinárias e complementares, leis delegadas,
decretos legislativos, medidas provisórias e
resoluções + demais tratados internacionais
+ outras normas como decreto autônomo do
presidente e Regimento dos Tribunais.
Normas infralegais: Decretos (não
autônomos), Regulamentos, Portarias e etc.

OBSERVAÇÃO 1: Não existem hierarquias dentro de cada patamar da pirâmide de Kelsen (ou
seja, não existe hierarquia entre as normas constitucionais, nem hierarquia entre leis ordinárias,
leis complementares, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções).

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OBSERVAÇÃO 2: A Constituição Federal, por ser norma de imposição nacional, deve ser
respeitada por todas as Constituições Estaduais, que não podem prever nada em desacordo com
ela, bem como as leis orgânicas dos municípios, que devem observar os preceitos da Constituição
daqueles estados onde se localizam, bem como da Constituição Federal. Cabe uma observação,
não poderá a Constituição Estadual trazer imposições à autonomia municipal maiores do que
aquelas já feitas pela Constituição Federal, esta sim (CF) é a lei maior, autônoma, soberana.
Mas atenção: É totalmente errado falarmos que existe qualquer hierarquia entre uma lei federal,
uma lei estadual e uma lei municipal. Cada ente de nossa federação (União, estado, distrito
federal e município) possui uma autonomia conferida pela Constituição Federal, para que possa,
dentro dos limites traçados pela própria CF, se autoorganizar, autolegislar, autogovernar e
autoadministrar. Ou seja, os ordenamentos jurídicos infraconstitucionais (leis em sentido amplo
e normas infralegais) são completamente independentes:

Leis federais Leis estaduais Leis municipais Leis do distrito federal

Autonomia Autonomia Autonomia

Direito Constitucional quanto ao foco de investigação:


Direito Constitucional Faz comparação entre ordenamentos constitucionais de países
Comparado diferentes ou em tempos diferentes.
Direito Constitucional Estudo teórico e geral sobre os conceitos e princípios constitucionais.
Geral (ou comum)
Direito Constitucional Estuda um ordenamento específico que esteja vigorando em um
Positivo (ou especial) país.

Constitucionalismo em sentido amplo:


• Constitucionalismo Antigo - Manifestado principalmente nas civilizações hebraica e grega;
• Constitucionalismo da Idade Média - Marcado pela Magna Carta de 1215;
• Constitucionalismo Moderno - Marcado pela Revolução Francesa e pela Independência dos
Estados Unidos;

Conceito ocidental ou conceito ideal de Constituição:


1. Forma escrita;
2. Deve organizar o Estado politicamente e prever a separação de funções do Poder Político
(tripartição dos Poderes);
3. Deve garantir as liberdades individuais, limitando o poder do Estado;
4. Deve prever a participação do povo nas decisões políticas.

Precedentes históricos do constitucionalismo moderno:


Pensamento iluminista, Teoria do Pacto Social, Pactos, Forais, Cartas de Franquia, Contratos de
colonização.

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Neoconstitucionalismo e pós-positivismo:
Constituição com força normativa e ocupando o centro do ordenamento jurídico.
Expansão do papel do Poder Judiciário e da jurisdição constitucional (controle de
constitucionalidade e todos os mecanismos que realmente asseguram a força normativa da
constituição).
Reconhecimento da normatividade dos princípios.

Equidade e moral norteando uma nova interpretação constitucional.

Direitos fundamentais, respaldados na dignidade da pessoa humana, assumem caráter


constitucional e normativo, tornam-se imunes de serem abolidos pelas “maiorias eventuais” e
irradiam-se por todo o ordenamento, prevendo condições mínimas essenciais à vida humana
digna.

Constitucionalização dos direitos conquistados:


• Estado Liberal - A partir da Rev. Francesa. Direitos de 1ª dimensão (civis e políticos) - Brasil
= CF/1824 e 1891.
• Estado Social - A partir da Constituição Mexicana e Weimar - Direitos de 2ª dimensão (sociais,
econômicos e culturais) - Brasil = CF 1934.
• Estado Democrático - Direitos de 3ª dimensão (coletivos e difusos) - Brasil - CF/1988.

• As constituições foram ficando mais extensas com o passar do tempo, pois foram
constitucionalizando os novos direitos conquistados. Atualmente são mais analíticas do que no
passado.

Teoria Geral do Estado (TGE)


TGE = tem por objeto a análise da formação, organização, evolução no tempo e finalidade dos
Estados, sob os mais variados prismas, de forma que possa buscar o aperfeiçoamento do Estado.
Não se limita aos aspectos jurídicos, mas estuda o Estado através de uma análise jurídica,
sociológica, política, e etc.

Tese: Sociedade Natural Contratualismo


O homem é naturalmente um Se opõe à idéia da sociedade
animal social e político. natural, defendem que a
sociedade é formada por uma
O que dizia:
associação voluntária dos
homens, através de um
contrato hipotético.
Aristóteles, Cícero, São Tomás Thomas Hobbes, John Locke,
Defensores: de Aquino, dentre outros. Montesquieu, Rousseu, dentre
outros.

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 Estado de Natureza = Os contratualistas previam o “estado de natureza”, que é o estado


em que o homem vivia antes de se associar, possuindo total liberdade para fazer o que
bem entender.

o Thomas Hobbes – No estado de natureza os indivíduos são essencialmente maus,


egoístas, agressivos, luxuriosos, animalescos, ocsionando uma constante tensão que
leva as pessoas a agredirem antes de virem a ser agedidos.
o Locke, Montesquieu e Rousseu – No estado de natureza os indivíduos são
essencialmente bons.

TESE QUE PREVALECE:


Atualmente predomina o modelo misto de que a sociedade é produto de uma necessidade
natural de associação humana, de essência naturalista, mas sem excluir, porém, que a razão
humana tem grande papel no estabelecimento de duas bases e características.

Elementos que constituem uma SOCIEDADE:


1- Finalidade ou Valor Social: O Bem comum.
2- Manifestação ordenada: reiteração + ordem + adequação.
3- Poder Social: Uma vontade que predomina em prol de outras.

Teorias da finalidade social:


Deterministas - O homem se submete às leis naturais. filho de pescador vai ser pescador.
X
Finalistas - o homem é livre para escolher sua finalidade, mesmo que "forças" criem uma
tendência, ele possui inteligência e vontade de fixar um objetivo próprio.

TESE QUE PREVALECE:


Prevalece a finalista e faz necessário que a finalidade social seja uma finalidade que consiga
atender a todos os individuos livres em conjunto. Surge o conceito de bem comum formulado pelo
Papa João XXIII: “o conjunto de todas as condições que possibilitem o desenvolvimento integral
da personalidade humana”.

Sociedade: Comunidade:
Seus membros buscam um fim Não há busca por um objetivo definido,
determinado. bastando a sua autopreservação.
Vínculos jurídicos regem as relações entre Elo formado pela afinindade sentimental,
seus membros e normas jurídicas psicológica ou espiritual de seus membros
regulamentam a suas manifestações
Há um poder, que é estabelecido e Não há lideranças institucionalizadas, no
reconhecido juridicamente, capaz de máximo o exercício de influências de
alinhar os membros em prol dos objetivos membros sobre outros.
comuns

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O Estado
• O termo "Estado" aparece pela primeira vez na obra "O Príncipe" de Maquiavel (1513).
• Alguns autores não admitem a existência do estado antes do século XVII, para eles não
bastaria haver uma sociedade política, mas também haver características bem definidas
como uma soberania una, o que não era presente em épocas medievais, onde existiam os
feudos e corporações dissolvendo o poder. Outros autores dizem que o Estado sempre
existiu, tendo o homem sempre se organizado em sociedade e sob uma autoridade.
Se considerarmos o Estado em um termo amplo ele teria a seguinte evolução:
Estado Antigo (Oriental ou Teocrático):
- Hebreus, Egípcios, Sírios...
- Marcados pela natureza unitária e religiosidade;
- A sua natureza era unitária, pois inexiste divisões, sejam territoriais, políticas, jurídicas ou
administrativas, no interior do Estado.
- A sua natureza era religiosa, pois não há como dissociar a religião do governo, das leis e da
moral.
- monarquia absolutista de fundamento divino. Alguns autores dispõem que tal governo seria em
alguns casos ilimitado, enquanto em outros casos seria limitado pelos sacerdotes.
- Instabilidade territorial.
Estado Grego:
Embora a Grécia não tenha se organizado em uma única sociedade política, mas em diversas polis
(cidade-estado), podemos identificar certas características comuns a elas:
- Busca pela autossuficiência (autarquia) da polis.
- Uma elite ("cidadãos") dominava os assuntos políticos, excluindo a massa de indivíduos das
decisões, ainda quando o governo fosse tido por democrático.
Estado Romano (754 a.C. até 565 d.C):
- Base familiar;
- Inicialmente possuía organização no modelo das cidades-Estado, posteriormente abandonada
pelas guerras de conquista e integração dos povos conquistados.
- Restrita parcela de indivíduos participando do Governo.
- Famílias patrícias (fundadoras do Estado) com privilégios, inclusive ocupando durante muito
tempo as principais magistraturas (cargos supremos do governo).
- Ao longo do tempo, as demais camadas sociais foram apliando seus direitos.
Estado medieval (período da queda do Império Romano Ocidental em 476 d.C. até a
tomada de Constantinopla em 1.453):
- Base religiosa cristã;
- Invasões bárbaras;
- Território fracionado em feudos;
- Intensa instabilidade política, econômica, social e territorial;
- A intensa instabilidade política é gerada pelo conflito entre 3 forças: o imperador, os senhores
feudais e a igreja.
Estado Moderno (período da tomada de Constantinopla em 1.453 até a Revolução
Francesa em 1789):
Difere do Estado medieval pela "unidade e soberania".
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- Houve a retomadada da unidade territorial;


- Ocorreu também a retomada da unidade política, com a existência de um poder soberano sobre
o território;
- A igreja perde força e deixa de ser uma das bases do Estado.

Elementos do Estado a partir do Estado Moderno:


Todo do Estado possui então necessariamente 3 elementos:
1- Povo: É constituído somente por aquelas pessoas efetivamente ligadas ao Estado. Os nacionais
daquele lugar. Não se confunde com "população" que é qualquer um que esteja no território.
2- Território: O território é o limite para o exercício do poder de um Estado.
3- Soberania: É necessário que este povo e este território tenha um governo, que dentro do
território seja o poder supremo, não se sujeitando a nenhum outro e que permita que o Estado
seja independente de outros na esfera internacional.
Todo Estado é criado com uma finalidade: alcançar o bem comum. Esta "finalidade" é incluída por
alguns autores como sendo um quarto elemento do Estado, porém, isso não é consenso.

Estado X Nação:
• A Nação é um conceito sociológico, refere-se a uma idéia de união em comunidade,
um vinculo que o povo adquire por diversos fatores como etnia, religião, costumes...
• O Estado é conceito jurídico, sendo uma sociedade política.
• Comumente (e até mesmo sendo cobrado em diversos concursos) diz-se que o Estado é
a nação política e juridicamente organizada. Esse ditado é importante para que
didaticamente entendamos a idéia de formalização do Estado, porém, teóricos afirmam
que é um erro, já que o conceito de nação não tem qualquer utilidade para fins jurídicos.
• Dentro de um Estado pode haver várias nações (vários grupos vinculados), ou mesmo,
esta nação pode estar espalhada por vários Estados, mas que continua mantendo este
sentimento histórico de união, exemplo clássico disso é a nação judaica.

Povo X Nação:
• Assim como nação não pode ser considerado como sinônimo de Estado, também não é
sinônimo de povo. Povo também é conceito jurídico que se refere ao elemento pessoal do
Estado. Representa o corpo de membros que integra o Estado.
• A Nação é conceito sociológico que se refere a vínculos emocionais, culturais, religiosos e
etc.
• No entanto, o comum emprego de nação como sinônimo de povo, não é por acaso. O
termo nação foi empregado durante a Revolução Francesa (1789) como uma forma
emocional de imbuir todos os cidadãos (como se fizessem parte de uma mesma nação) a
lutar pela causa revolucionária. Assim, à época da Revolução, ainda que de forma
apelativa, ambos os termos eram empregados para dar a idéia de povo.

Soberania:
Soberania é a característica que o Estado possui de ser independente na ordem externa
(autodeterminação) e, na ordem interna, ser o poder máximo presente em seu território. A
doutrina que atualmente prevalece em nossa ordem jurídica é que o povo é que tem nas mãos
este poder. Podemos elencar então as características essenciais da Soberania:

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 Unicidade - Ela é apenas uma, não pode haver mais de um Poder Soberano dentro do
Estado, senão, não será mais soberano.
 Indivisíbilidade - Não se pode permitir que haja conflitos ou fracionamentos criando
interesses diversos daquele que é o real interesse do povo e rompendo a unicidade.
 Indelegabilidade (ou inalienável) - O povo não pode abrir mão de seu poder. Embora haja
representantes, estes sempre agem em nome do seu povo.
 Imprescritibilidade - Este poder é permanente, não se acaba com o tempo.

Sentidos (concepções) das Constituições:


• Sentido sociológico  Ferdinand Lassale;
• Sentido político  Carl Schimitt;
• Sentido Jurídico  Hans Kelsen.
• Sentido sociológico: a Essência da Constituição - O que é a Constituição? - Constituição é
um fato social - Teriam 2 constituições = a constituição real e a folha de papel. A Constituição real
é formada pela soma dos fatores reais de poder, assim, todos os países têm e sempre tiveram
uma constituição real e efetiva.
• Sentido Político: a constituição é uma decisão política fundamental - Diferenciava a
Constituição das "leis constitucionais".
• Sentido jurídico: conceito formal de constituição – existe a supremacia constitucional
independente do conteúdo. A constituição tem 2 sentidos: (1)Lógico-jurídico: norma hipotética
(imaterial, pensada - como deveria ser) que serve base para o (2) sentido Jurídico-Positivo:
Constituição efetiva, escrita, capaz de se impor sobre o resto do ordenamento.

• Konrad Hesse – A força normativa da Constituição (Lassale havia pecado em ignorar a


força que a Constituição possuía de modificar a sociedade);
• J. J. Gomes Canotilho - Sentido dirigente da Constituição;
• Peter Häberle - A sociedade aberta dos interpretes da Constituição - todos os agentes
que participam da realidade da Constituição deveriam participar também da interpretação
constitucional.

Poder Constituinte:
Originário (PCO) – Seu titular é o povo, o seu exercente é a assembleia constituinte. É
um poder inicial, político (pré-jurídico), autônomo, soberano, irrestrito, permanente. Lembrando
que:
• Inicial – pois dá início a um novo ordenamento jurídico;
• Ilimitado, irrestrito, ou soberano - Não reconhece nenhuma limitação material;
• Incondicionado – Não existe nenhuma limitação ou procedimento formal pré-
estabelecido;

Derivado (PCD) - Deriva do originário, sendo jurídico, derivado, condicionado e limitado.


Lembrando que:
• Condicionado – Possui limitações formais;
• Limitado - Deve respeitar limites materiais (cláusulas pétreas – CF, art. 60 §4º).

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O PCD se divide em:


1- Reformador - Poder de fazer a reforma constitucional (emendas constitucionais de reforma)
para alterar formalmente o texto da Constituição (CF, art. 60). Manifesta-se da seguinte forma:
Iniciativa:
• Presidente da República;
• Pelo menos um terço dos Deputados ou dos Senadores;
• Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Procedimento:
• Votação em dois turnos em cada Casa do Congresso;
• Deve obter 3/5 dos votos.
Promulgação:
• Pelas Mesas de ambas as casas (não passa pelo Presidente, ele inicia e termina no
Legislativo).
Limitação circunstancial:
• A Constituição não pode ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de
defesa ou de estado de sítio.
Limitação Material Expressa (Cláusulas Pétreas Expressas):
• Forma federativa de Estado;
• voto direto, secreto, universal e periódico;
• Separação dos Poderes;
• Direitos e garantias individuais.
Limitação Material Implícita (Cláusulas Pétreas Implícitas)
• Povo como titular do poder constituinte;
• Poder igualitário do voto.
• Próprio art. 60 – é a vedação à dupla revisão.

2- Revisor – Mesmo poder e mesmas limitações da reforma, porém através de um procedimento


bem mais simples: bastava maioria simples em turno único. Foi instituído para se manifestar
5 anos após a promulgação da Constituição e depois se extinguir.
3- Decorrente - Poder para os Estados elaborarem as suas Constituições Estaduais.
4- Difuso - É o poder de se promover a mutação constitucional (alteração informal da
Constituição).

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Classificação das Constituições:


Classificaçã No Brasil
Critério Conceito
o (CF/88)
Outorgada Imposta pelo governante.
Legitimada pelo povo através de uma
Promulgada
Assembléia Constituinte.
Origem Promulgada
Imposta pelo governante, mas
Cesarista posteriormente levada à aprovação
popular (não deixa de ser outorgada).
Documento Escrito (se único =
Escrita
codificada/se vários = legal).
Escrita e
Forma Consuetudinária (costumeira). O que Codificada.
Não-Escrita importa é o conteúdo e não como ele é
tratado.
Dispõe apenas sobre matérias essenciais
Sintética (organização do Estado e limitação do
Extensão poder). Analítica
É extensa tratando de vários assuntos,
Analítica
ainda que não sejam essenciais.
Independe do conteúdo tratado. Se
estiver no corpo da Constituição será um
Formal
assunto constitucional, já que o
importante é tão somente a forma.
Conteúdo Formal
O importante é apenas o conteúdo. Não
precisa estar formalizado em uma
Material
constituição para ser um assunto
constitucional.

Necessariamente escrita. Reflete a


Dogmática realidade presente na sociedade em um
Elaboração determinado momento. Dogmática

Histórica Consolidada ao longo do tempo.

Pode ser alterada por leis de status


Flexível ordinário. Prescinde de procedimento
especial para ser alterada. Rígida (ou super-
rígida já que
Alterabilidad possui cláusulas
e ou Somente pode ser alterada por um pétreas).
estabilidade Rígida
procedimento especial.
Em 1824 era
Semi-rígida semi-rígida.
ou semi- Possui uma parte rígida e outra flexível.
flexível
Imutável Não podem ser alteradas
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Nominalista É ignorada.
Ontológica ou Normativa ou
conexão com Normativa Efetivamente aplicada. nominalista (sem
a realidade consenso)
Criada apenas para justificar o poder de
Semântica
um governante.

Possui normas programáticas traçando um


Dirigente
plano para o governo.

Finalidade Constituição negativa, sintética. Não traça Dirigente


Garantia planos, apenas limita o poder e organiza o
Estado.
Utilizada para ser aplicada em um
Balanço
determinado estágio político de um país.

Ortodoxa Única ideologia


Ideologia Eclética
Eclética Várias ideologias

Histórico Constitucional Brasileiro (antes de 1988):


Constituição de 1824:
- Constituição outorgada;
- Semirrígida;
- Nominativa (não correspondia à realidade);
- Forma de Estado: Estado Unitário;
- Forma de Governo: Monarquia Constitucional;
- Previa direitos individuais sob influência do liberalismo clássico;
- O imperador possuía um "Poder Moderador", a par do Legislativo, Executivo e Judiciário; (Era a
"quadripatição" do Poder, idealizada por Benjamin Constant)
- Sufrágio censitário (só votava quem tinha condição econômica) e eleições indiretas.
- Câmara dos Deputados formada por representantes eleitos e temporários;
- Senado formado por membros vitalícios e nomeados pelo Imperador. (Câmara + Senado =
Assembleia Geral).
- Catolicismo como religião oficial.

Constituição de 1891:
- Influência norte-americana (devido a Rui Barbosa);
- Constituição promulgada;
- Rígida;
- Forma de Estado: Federação;
- Forma de Governo: República;
- Regime: Representativo;
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- Sistema de Governo: Presidencialismo.


- Eleições diretas;
- Os Estados foram dotados de “competências remanescentes”.
- Aboliu o Poder Moderador, adotando a tripartição de Montesquieu.
- Previu o habeas corpus.
- nominativa (não correspondia à realidade).
- Fim do catolicismo como religião oficial, havendo uma liberdade de culto.

Constituição de 1934:
- Promulgada (Após a revolução de 1930 que derrubou a política dos governadores e das
oligarquias).
-Previu os direitos sociais e econômicos sob influência da Constituição de Weimar de 1919,
instaurando a democracia social no país.
- Manteve a tripartição de poderes, o regime representativo, o sistema presidencialista, a
república, a federação.
- Rompeu com o “bicameralismo clássico”, transformando o Senado em mero órgão de
colaboração da Câmara.
- Criou a Justiça Eleitoral como órgão do Poder Judiciário.

Constituição de 1937:
- Influenciada pela Constituição da Polônia, ficou conhecida como “Constituição Polaca”.
- Inspiração Fascista.
- Outorgada (Período ditatorial do Estado Novo).
- Embora previsse a Tripartição dos Poderes, eles se concentravam, no Executivo.
- Não previa a legalidade, nem a irretroatividade das leis, nem o Mandado de Segurança.

Constituição de 1946:
- Promulgada;
- Baseada nas Constituições de 1891 e 1934 (“Volta ao Passado”)
- Federação, República, Presidencialismo e regime democrático representativo.
- eleições diretas
- Tripartição de Poderes
- Previu a inafastabilidade da jurisdição, exclusão das penas de morte, banimento e confisco;
- Uma EC em 1961 estabeleceu o parlamentarismo (Governo João Goulart), mas só até 1963
quando foi rejeitado por plebiscito.

Constituição de 1967:
- Outorgada (decorrente do Golpe Militar de 1964)
- Inspirada pela CF de 1937

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EC 1 de 1969:
- Outorgada
- Aperfeiçoou o processo orçamentário e de fiscalização contábil, financeira e orçamentária.

Elementos da Constituição:
1- Orgânicos: Regulam a estrutura do Estado e do Poder. Ex. Título III – Da
Organização do Estado; Título IV – Da organização do poderes e do
Sistema de Governo; Forças Armadas; Segurança pública; Tributação,
Orçamento;
2- Limitativos: Limitam a atuação do poder do Estado. São os direitos e gatantias
fundamentais, exceto os direitos sociais, pois eles são sócio-ideológicos;
3- Sócio- Tratam do compromisso entre o Estado individualista com o Estado
ideológicos: Social. Ex. Direitos Sociais, Título VII – Da ordem econômica e
financeira; Título VIII – Da Ordem Social;
4- De Estabilização Tratam da solução de conflitos constitucionais, defesa do Estado,
Constitucional: Constituição e instituições democrátitcas. Ex. Controle de
Constitucionalidade, os procedimentos de reforma, o estado de sítio,
estado de defesa e a intervenção federal;
5- Formais de Regras de aplicação da Constituição. Ex. ADCT, Preâmbulo e norma do
aplicabilidade: art. 5º §1º da Constituição.

Normas Constitucionais, Regras e Princípios Constitucionais:


• Todas as normas constitucionais (exceto o preâmbulo - segundo a jurisprudência do STF)
possuem eficácia jurídica, pois mesmo que não consigam alcançar seu destinatário, conseguem,
ao menos, impor a sua observância às demais de hierarquia inferior.
• Regras são mais concretas, definidores de condutas.
• Princípios são mais abstratos, são "mandados de otimização".
• Regras não admitem o cumprimento parcial, já os princípios admitem.
• Se duas regras entram em conflito, o aplicador deve cumprir uma ou outra.
• Se dois princípios entram em conflito, eles devem ser harmonizados, podendo ambos poderão
ser cumpridos embora em graus diferentes de cumprimento.

Princípios sensíveis (CF, art. 34, VII) São aqueles que, se não respeitados, poderão ensejar
a intervenção federal.
Princípios federais São os princípios federais aplicáveis pela simetria federativa aos demais
extensíveis entes políticos, como por exemplo, as diretrizes do processo legislativo,
dos orçamentos e das investiduras nos cargos eletivos.
Princípios Estão dispostos expressamente ou implicitamente no texto da
estabelecidos Constituição Federal limitando o poder constituinte do Estado-membro.

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• Normas de Reprodução Obrigatória - São aquelas normas da Constituição da República que


são de observância obrigatória pelas Constituições Estaduais.
• Normas de Imitação - São as normas que podem, facultativamente, estar presentes na
Constituição Estadual.
• Normas formalmente e materialmente constitucionais - São as normas da Constituição
que, além de formais, tratam de assuntos essenciais a uma Constituição.
• Normas apenas formalmente constitucionais - São as normas da Constituição que não
tratam de assuntos essenciais a uma Constituição, porém, não deixam de ser formais já que
possuem a roupagem de Constituição, apenas não são materiais.

Eficácia e aplicabilidade das normas


Segundo a José Afonso da Silva:
Eficácia Plena – São de aplicação direta e imediata e independem de uma lei que venha mediar
os seus efeitos. As normas de eficácia plena também não admitem que uma lei posterior venha a
restringir o seu alcance.
Eficácia Contida – Assim como a plena é de aplicação direta e imediata não precisando de lei
para mediar os seus efeitos, porém, poderá ver o seu alcance limitado pela superveniência de
uma lei infraconstitucional, por outras normas da própria constituição estabelece ou ainda por
meio de preceitos ético-jurídicos como a moral e os bons costumes.
Eficácia Limitada – São de aplicação indireta ou mediata, pois há a necessidade da existência de
uma lei para “mediar” a sua aplicação. Caso não haja regulamentação por meio de lei, não são
capazes de gerar os efeitos finalísticos (apenas os efeitos jurídicos que toda norma constitucional
possui). Pode ser:
a) Normas de princípio programático (normas-fim)- Direcionam a atuação do Estado
instituindo programas de governo.
b) Normas de princípio institutivo - Ordenam ao legislador a organização ou instituição de
órgãos, instituições ou regulamentos.

Segundo a Maria Helena Diniz:


Eficácia absoluta ou supereficazes: seriam as clásulas pétreas (CF, art. 60 §4º);
Eficácia plena = Eficácia plena de J.A. Silva;
Eficácia relativa restringível = Eficácia contida de J.A. Silva;
Eficácia relativa complementável = Eficácia limitada de J.A. Silva.

Interpretação Constitucional:
• Não só o STF, mas qualquer juiz pode interpretar a Constituição.
• Interpretação não é atividade exclusiva do Judiciário (existe a interpretação autêntica).

Princípios de interpretação:
a) Princípio da unidade da • Constituição é um corpo único;
Constituição:
• Não existem contradições entre os dispositivos constitucionais.
Pode haver apenas uma "aparência" de contradição;

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• Não há hierarquia entre as normas constitucionais;


• Não existem normas constitucionais originárias
inconstitucionais.
b) Princípio da Harmonização de princípios que estejam colidindo no caso
concordância prática ou da concreto.
harmonização:
c) Princípio da correição Não se pode perturbar a repartição de competências
funcional (ou conformidade estabelecidas pela Constituição.
funcional):
d) Princípio da eficácia Favorecer a integração política, social ou reforçar a unidade
integradora: política.
e) Princípio da força interpretação deve garantir maior eficácia e permanência das
normativa da Constituição: normas.
f) Princípio da máxima interpretação, notadamente dos direitos fundamentais, de forma
efetividade: a tornar tais normas mais densas e fortalecidas.
g) Princípio da • Não se declara inconstitucional uma norma a qual possa ser
interpretação conforme a atribuída uma interpretação constitucional;
Constituição e da
• A constituição sempre deve prevalecer – a interpretação é
presunção de
sempre das leis conforme a Constituição, nunca se interpreta
constitucionalidade das
a Constituição conforme as leis;
leis:
• Aplicável a normas que admitirem interpretações diversas.
h) Razoabilidade Origem anglo-saxã. Uso subjetivo e abstrato do "senso comum",
vedação ao excesso;
i) Proporcionalidade Origem germânica, princípio racional e objetivo, informado por 3
sub-princípios: Adequação (ou pertinência), Necessidade e
Proporcionalidade em sentido estrito.

Métodos de interpretação:
a) Método Jurídico (ou
método hermenêutico Interpreta-se a Constituição como se fosse uma lei.
clássico):

b) Método tópico- parte-se do problema para a norma, “primazia do problema sobre


problemático: a norma”

c) Método
parte-se da pré-compreensão da norma abstrata para chegar ao
hermenêutico-
problema, “primazia da norma sobre o problema”.
concretizador:
d) Método científico- análise de valores sociais para integrar a constituição com a
espiritual: realidade social.
e) Método normativo-
análise da norma com a sua função estruturadora do Estado.
estruturante:

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Correntes interpretativistas e não-interpretativistas:


a) Corrente interpretativista: Menor autonomia. Deve-se evitar o uso de princípios implícitos e
valores substantivos.
b) Não-interpretativismo: Maior autonomia. Liberdade para que o juiz aplique valores e
princípios substantivos.

Controle de Constitucionalidade:
• Somente em constituições formais e rígidas é que podemos verificar o fenômeno da
"supremacia da constituição" e assim haver possibilidade de existir o "Controle de
Constitucionalidade".
• A inconstitucionalidade é sempre congênita, ou seja, é um defeito ao se fazer a lei, no seu
"nascimento", é um vício. Uma lei para ser considerada inconstitucional já deve estar com esse
defeito desde a sua edição, logo não existe no Brasil o que chamamos de
“inconstitucionalidade superveniente”, aquela que se dá ao longo do tempo, após a
vigência da lei.
Inconstitucionalidade formal A lei adquiriu um vício no seu processo de formação. Ou
(nomodinâmica) seja, quem tomou a iniciativa não era competente para tal,
ou o modo de votação não foi de acordo com o previsto, ou
qualquer outro vício no processo.
Inconstitucionalidade Embora tenha se observado todo o processo legislativo de
material (nomoestática) forma correta, o conteúdo veiculado pela norma é
incompativel com certos ditames constitucionais.

Controle de Constitucionalidade quanto à natureza ou órgão controlador:


Político Quando exercido por órgãos que não pertencem ao Judiciário. Existem alguns
países da Europa que possuem um tribunal constitucional desvinculado dos
demais poderes do Estado. A existência deste tribunal constitucional tem o
objetivo quase exclusivo de proteger a Constituição, controlando a
constitucionalidade dos atos.
Jurisdicional Quando exercido por órgãos pertencentes ao Judiciário;
Misto Quando existe uma reserva - algumas espécies de normas são controladas
exclusivamente pelo controle político e outras normas sofrem controle por parte
do judiciário.

Brasil = controle jurisdicional, pois, ainda que o Legislativo e o Executivo possam também
realizar o controle de constitucionalidade todas as normas estão sujeitas a um controle por parte
do judiciário. Não há reservas feitas ao outros poderes.

Controle Preventivo Controle sobre o projeto de lei.

Controle Repressivo Controle sobre a lei já promulgada.

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Princípio da reserva de plenário (CF, art. 97): "Somente pelo voto da maioria absoluta de
seus membros (pleno) ou dos membros do respectivo órgão especial (OE) poderão os
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público".

Código de Processo Civil, art. 481, Parágrafo único: Os órgãos fracionários dos tribunais não
submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já
houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.

Súmula Vinculante nº 10: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no
todo ou em parte".

Controle difuso e seus sinônimos:


O controle difuso pode vir na prova com os seguintes nomes:
.Controle concreto: Pois analisa-se o caso concreto, ou seja, os efeitos que a lei produziu
naquela situação, e não a lei em si, em abstrato.
.Controle incidental (incidenter tantum): Na verdade o que o autor do pedido quer é que
tenha o seu problema resolvido, sendo a declaração de inconstitucionalidade apenas o caminho
para que alcance isso, a inconstitucionalidade é apenas um “acidente”.
.Controle difuso (ou aberto): Pois não fica circunscrito a um único órgão (STF ou no TJ), mas,
está aberto à qualquer juiz ou tribunal.
.Controle indireto - pois é incidental e não diretamente feito.
.Controle por via de exceção: exeção = defesa, recursos... (grosseiramente falando).
.Controle com uso da competência recursal ou derivada: Pois no caso do STF, ele
reconhecerá a causa através de um recurso extraordinário e não no uso da sua competência
originária.
.Controle norte-americano: Pois, tem sua origem histórica no direito norte-americano, no
célebre caso Marbury versus Madison em 1803.

Controle Concentrado (abstrato):

Guardião da Constituição Federal = Julga às ofensas de leis


STF perante a Constituição Federal somente.

Guardião da Constituição Estadual = Julga às ofensas de leis


TJ perante a constituição estadual (no controle abstrato).
Porém, no controle difuso irá proteger a Constituição
Estadual e também a Federal.

Controle Concentrado e seus sinônimos:


O controle concentrado pode vir na prova com os seguintes nomes:
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.Controle em abstrato, ou da lei em tese: Pois se faz o controle da norma em si, independente
dos efeitos concretos que ela tenha gerado, discute-se a sua validade no campo abstrato do
direito.
.Controle Concentrado (ou reservado): O controle concentrado é feito diretamente no órgão
responsável por guardar a Constituição, logo, será no STF em se tratando de Controle Federal, ou
no TJ, em se tratando de Controle Estadual.
.Controle direto: Pois não é incidental.
.Controle por via de ações: Pois o instrumento para se chegar ao “órgão guardião” será
obrigatoriamente uma das 3 ações (ADI, ADC ou ADPF).
.Controle com uso da competência originária: Pois o órgão guardião é o primeiro a julgar a
causa, ela chegou diretamente a ele e não através de recursos advindos de outros órgão.
.Controle austríaco: Pois foi idealizado por Hans Kelsen, jurista austríaco defensor da
supremacia da Constituição, e da Constituição em sentido jurídico e formal.

ADI/ADC/ADPF:
1. ADI (ou ADIN) – É impetrada quando se quer mostrar que uma norma é inconstitucional. É
dividida em 3 tipos:
a) ADI genérica.
b) ADI por omissão.
c) ADI interventiva: Na ADI interventiva, somente o PGR é legitimado.

2. ADC (ou ADECON) – Aqui não se pede a declaração de inconstitucionalidade da lei, é


justamente o contrário, está se pedindo que se afirme a constitucionalidade dela. Só é possível
após ocorrer o que a lei chama de “controvérsia judicial relevante” – que é requisito para admiti-
la.
3. ADPF – É uma ação que poderá ser proposta segundo a lei 9882/99 “quando for relevante o
fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal” desde que haja um importante requisito: “não exista nenhum outro meio hábil capaz
de resolver esse problema”. Então a ADPF só pode ser usada em caráter residual, ou seja, como
último recurso para resolver a controvérsia. Outra importante disposição da lei é o fato de ela
dizer: “Caberá ADPF inclusive contra atos anteriores à Constituição”

Leis anteriores a 1988 X Constituição da época em que foram criadas:


 Só caberá controle concreto;
 Este controle poderá verificar a compatibilidade tanto material quanto formal entre a lei e a
“sua” CF;
 A decisão será: A lei é inconstitucional ou a lei é constitucional.

Leis anteriores a 1988 x CF/88:


 Poderá ser usado além do controle concreto, a ADPF,
 O controle será para verificar apenas a compatibilidade material;
 Pois, como não existe inconstitucionalidade superveniente, a decisão dirá: A lei foi
recepcionada ou a lei não foi recepcionada (foi revogada).

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Muita atenção a isso:


ADIN – Só pode veicular (tratar sobre) leis federais ou estaduais;
ADECON – Só veicula leis federais;
ADPF – Pode veicular qualquer lei: federal, estadual ou municipal.

Legitimados para propor ADI, ADC e ADPF:


Legitimados Universais: Não precisam demonstrar pertinência temática.
1- O Presidente da República;
2- O PGR;
3- O CONSELHO FEDERAL da OAB;
4- Partido político com representação no CN;
5- A Mesa de qualquer das Casas Legislativas;
Legitimados Especiais: Precisam demonstrar pertinência temática.
6- A Mesa de Assembléia Legislativa Estadual ou Câmara Legislativa do DF;
7- O Governador de Estado/DF;
8- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Observações:
1- Observe que a Mesa do CN não tem legitimidade para propor ADIN e ADECON;
2- A perda da representação do partido político junto ao CN NÃO prejudica a ação já
impetrada;
3- O STF reconhece, desde 2004 após rever a sua jurisprudência, a legitimidade ativa das
chamadas associação de associações para fins de ajuizamento da ADI.

Quadro-resumo do controle de constitucionalidade:


Controle Preventivo Controle Repressivo
Conceito Realizado sobre projetos de lei ou Realizado sobre a lei ou emenda já
propostas de emendas constitucionais promulgadas
No Legislativo Feito pelas comissões de constituição Ocorre quando o CN usando sua
e justiça (CCJ). prerrogativa do art. 49, V susta leis
delegadas exorbitantes ou quando o
CN aprecia os pressupostos
constitucionais da medida provisória.
No Executivo Feito pelo veto JURÍDICO do Pela prerrogativa que o Presidente
presidente. tem (e somente o Presidente) de
ordenar que seus subordinados não
apliquem certa lei que ele considera
inconstitucional
No Judiciário Feito através de mandado de Feito através das vias concentradas
segurança impetrado por parlamentar (ADI, ADC e ADPF) ou pelas vias
que considera que um projeto de lei difusas (diante de um caso
inconstitucional está sendo levado à concreto).
votação no Legislativo e a CCJ não
impediu o seu trâmite.

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Quadro-resumo dos Efeitos:


Controle Regra Exceção
Alcance
Erga-Omnes -
subjetivo
STF no controle abstrato
Alcance
Ex-tunc Ex-nunc (decisão de 2/3)
temporal
Erga-omnes se o STF publicar
Alcance
Inter-partes súmula vinculante ou se
Controle difuso subjetivo
remeter ao Senado.
Alcance
Ex-tunc Ex-nunc (analogia ao abstrato)
temporal
Suspensão do ato pelo Alcance
Erga-Omnes -
Senado subjetivo
(não é controle de Alcance Ex-tunc para a adm. pública
Ex-nunc
constitucionalidade) temporal federal.
Alcance
Erga-Omnes -
subjetivo
Medida Cautelar de Ações Ex-tunc se o tribunal assim
Alcance
Ex-nunc entender (previsto somente
temporal
para a cautelar de ADI)

Quadro Comparativo - ADINPO X MI


ADI por omissão Mandado de Injunção

Motivo Falta de uma normatização Opera-se diante de um caso concreto. A falta


(ou adoção de providências da norma está impedindo o exercício dos
administrativas) que direitos e liberdades constitucionais e das
regulamente algo que é prerrogativas inerentes à nacionalidade, a
versado, tão somente, em soberania e à cidadania.
abstrato.

Efeitos da Erga omnes. Em regra, inter partes - salvo se o tribunal


decisão decidir pelo uso da posição concretista geral.

Legitimado Somente os elencados no art. Qualquer pessoa ou grupo de pessoas (no caso
para propor 103 da Constituição. de MI coletivo, vide legitimados para o MS
coletivo - CF, art. 5º, LXX).
Legitimado Somente o STF (ou o TJ no STF, STJ ou TJ.
para julgar caso de ADI por omissão
estadual).
Objetivo Dar efetividade a normas de Garantir o exercício dos direitos e

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eficácia limitada. prerrogativas que estão sendo frustrados.

Inconstitucionalidade Reflexa ou indireta: O STF não admite controle de constitucionalidade


concentrado, quando a inconstitucionalidade é indireta ou reflexa. Ou seja, alguns atos,
normalmente normas infralegais não cometem inconstitucionalidade diretamente, eles comentem
uma ilegalidade e só de forma indireta é que contrariam a Constituição. Desta forma, se um ato,
antes de ser inconstitucional, é um ato ilegal, deve ser submetido a um controle de legalidade,
não podendo ser objetos de ADI.
Atos que podem ser impugnados através de ADI:
- Qualquer lei ou ato normativo primário (que retira seu fundamento direto da Constituição);
- Emendas Constitucionais;
- Leis do DF no uso de sua competência Estadual;
- Decreto Autônomo;
- Regimento de tribunais;
- Resoluções Administrativas dos Tribunais e órgãos do Poder Judiciário;
- Resoluções do TRT, salvo as convenções coletivas de trabalho;
- Tratados internacionais (eles se internalizam como leis ou emendas constitucionais);
Não poderão ser objetos de impugnação por ADI:
- Súmulas, ainda que vinculantes;
- Respostas dadas pelos tribunais às consultas a eles formuladas;
- Decretos que não sejam autônomos.
- Normas originárias, pois estas são frutos de um poder inicial, ilimitado e incondicionado - é a
posição majoritária brasileira - diferentemente do que pregava Otto Bachof;
- Normas já revogadas;
- Leis do DF no uso de sua competência Municipal;
OBS - A lista é exemplificativa, existem vários outros diplomas que o STF aceita ou poderá vir a
aceitar como passíveis de controle concentrado e muitos outros, que igualmente, não aceita ou
não virá a aceitar.

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Processo da ADI:
O relator deverá
lançar o
relatório, com
O AGU deve O PGR
cópia a todos os
O relator ser ouvido deve se
Ministros, e
deverá pedir para manifestar
Petição pedirá dia para
informações ao "defender" o sobre o
Inicial. julgamento.
emissor do ato. ato. ato.
30 dias para prestar as 15 dias 15 dias 30 dias, se necessário,
informações. para informações
perícias e audiência.
Se indeferida,
cabe agravo.

Antes de fixar o dia para o julgamento, caso o relator perceba que ainda há necessidade de
esclarecimento de matéria ou circunstância de fato, ou ainda, que há insuficiência das
informações existentes nos autos, ele pode requisitar informações adicionais, bem como
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou
fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com
experiência e autoridade na matéria.
Poderá ainda solicitar informações aos tribunais (superiores, federais ou estaduais)
sobre como eles têm aplicado a norma impugnada.

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Histórico do controle de constitucionalidade no Brasil


Sobre o sistema de controle de constitucionalidade no Brasil, podemos traçar, superficialmente, a
segunite linha do tempo:

1824: 1891: 1934: 1937:

Controle Início do Além de manter o Começa a ditadura e


Político a controle controle difuso, previu: ocorre um retrocesso
cargo do Jurisdicional - em quase tudo,
Legislativo apenas difuso 1- a representação inclusive no controle de
- por interventiva; const. Continua o
influência controle difuso, mas o
2- a necessidade de
norte- Presidente poderia
maioria absoluta para
americana submeter a declaração
que os tribunais
de inconstitucionalidade
declarassem a
à apreciação do Poder
inconstitucionalidade;
Legislativo, que poderia
3- a possibilidade de o derrubá-la pelo voto de
Senado suspender, no 2/3.
todo ou em parte, o ato
declarado
inconstitucional.

1946: 1967/69: 1988:

Restauração, - Manutenção do - Ampliação do rol de legitimado


inclusive do Poder que vinha sendo no controle abstrato.
Judiciário, como feito. - Criação da ADPF e ADI por
- A EC 7/77 omissão.
único legitimado
instituiu o efeito - Instituição da ADC pela EC de
para o controle de revisão 3/93.
vinculante nas
constitucionalidade. - Controle abstrato estadual.
decisões em tese.
- Com a EC 45/04:
.Cria-se a súmula vinculante;
.Os legitimados da ADC e ADI
EC 16 /65 (ainda na CF/46): passam a ser os mesmos;
. O efeito vinculante se estende
Mantém o controle difuso, mas agora a todas as ações diretas e
temos a instituição do controle passam a vincular toda a
abstrato no Brasil através de ADI administração pública direta e
impetrada junto ao STF. O único indireta.
legitimado era o PGR.

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