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Anne Caroline Almeida

Exame físico Abdominal

Anamnese:
Padrões e mecanismos de dor abdominal.

A dor visceral ocorre quando órgãos abdominais ocos, como o intestino ou a


árvore biliar, contraem-se de forma extremamente vigorosa ou são distendidos
ou esticados. Os órgãos sólidos, como o fígado, também podem causar dor no
caso de estiramento de sua cápsula. A dor visceral pode ser de localização difícil.
Tipicamente ocorre próximo à linha média, em níveis que variam segundo a
estrutura envolvida.
As características da dor visceral variam; ela pode ser sentida como corrosão,
queimação, cólica ou ser vaga e imprecisa. Quando é intensa, pode associar-se a
sudorese, palidez, náuseas, vômitos e inquietação

A dor visceral tende a ser insidiosa, não tão bem localizada, e apontada como
cólica, queimação ou dor persistente. Associa-se frequentemente a fenômenos
gerais como sudorese, palidez, náuseas e vômitos.

Dor visceral no quadrante


superior direito pode resultar
de distensão da cápsula
hepática na hepatite
alcoólica.

Dor visceral periumbilical pode


implicar a fase inicial da apendicite
aguda, por distensão do apêndice
inflamado. Ocorre transição
gradual para dor parietal no
quadrante inferior direito do
abdome, secundária à inflamação
do peritônio parietal adjacente.

Caracterizar o tipo de dor (cólica, pontada,


A dor parietal origina-se de inflamação no peritônio parietal. A
facada, queimação), frequência da dor,
sensação álgica é constante e vaga, geralmente mais intensa que a
intensidade, fatores de agravação ou
dor visceral, e com uma correspondência de localização mais precisa
alívio, irradiação da dor. Identificar os
sobre a estrutura envolvida. Este tipo de dor é tipicamente agravado
sintomas associados à dor, tais como
pelos movimentos ou tosse. Os pacientes com esse tipo de dor
alteração de ritmo intestinal, saciedade
preferem ficar, em geral, deitados e imóveis. piora com a tosse, com
precoce, vômitos e náuseas, hematêmese
movimentos bruscos
(vomitar sangue), melena (fezes escuras
A dor referida é percebida em locais mais distantes, que são com ou sem sangue), icterícia,
inervados aproximadamente pelos mesmos níveis espinais que as emagrecimento.
estruturas acometidas. A dor referida aparece, com frequência,
Hematêmese pode acompanhar varizes
quando a dor inicial torna-se mais intensa, parecendo irradiar-se ou
esofágicas ou gástricas, gastrite ou úlcera
disseminar-se a partir do seu ponto de origem. Ela pode ser sentida
péptica.
superficial ou profundamente, mas em geral é bem localizada.
 Determine primeiro o momento de ocorrência da dor (cronologia). Anne Caroline Almeida

Ela é aguda ou crônica? A dor abdominal aguda tem muitos padrões.

A dor teve início de forma gradual ou súbita? Quando começou? Há quanto tempo persiste? Qual é o seu padrão
em um período de 24 h? Em semanas ou meses? Trata-se de uma doença aguda ou crônica e recorrente? “Onde a
dor começa?” “Ela se irradia ou se espalha para outro lugar?” “Como é a dor?” Se o paciente tiver dificuldade em
descrever a dor, tente um sistema de múltipla escolha, do tipo: “Ela é vaga e imprecisa, em queimação, em corrosão,
ou de que tipo…?”Peça ao paciente para avaliar a intensidade da dor em uma escala de 1 a 10.
Ao sondar os fatores que exacerbam ou aliviam a dor, preste atenção especial a toda e qualquer associação a
refeições, consumo de bebidas alcoólicas, medicamentos (incluindo ácido acetilsalicílico e fármacos similares, além
de fármacos de venda livre), estresse, posição do corpo e uso de antiácidos. Pergunte se a indigestão ou o
desconforto estão relacionados com o esforço físico e se são aliviados pelo repouso.

 Pergunte a respeito de qualquer vômito ou material regurgitado e inspecione-o, caso


possível. Qual é a cor? Qual é o cheiro do vômito? Qual é o volume? Você pode ajudar
o paciente a definir o volume: uma colher de chá? Duas colheres de chá? Uma xícara
cheia?

Alteração da função intestinal. A função intestinal precisa, com frequência, ser avaliada.
Inicie com perguntas abertas: “Como anda seu intestino?” “Com que frequência defeca?”
“Notou alguma mudança no seu ritmo intestinal?” A variação do normal é bem ampla. Os
parâmetros atuais sugerem que o mínimo pode ser de apenas duas defecações por
semana.
Vômitos e dor indicam
Diarreia e constipação intestinal. obstrução do intestino
delgado. Odor fecaloide
Pergunte sobre a duração. A diarreia aguda dura até 2 semanas. A diarreia crônica é ocorre na obstrução do
definida como persistente durante 4 semanas ou mais intestino delgado ou na
Indague sobre as características da diarreia, incluindo volume, frequência e consistência. fístula gastrocólica.
As fezes são gordurosas ou oleosas? Espumosas? Com odor fétido? Flutuam na superfície
da água do vaso sanitário em função de gases em excesso?

Urinário:
As perguntas gerais sobre a história urinária incluem: “Você sente dificuldade para
urinar?” “Com que frequência você urina?” “Precisa levantar à noite para urinar? Com
que frequência?” “Qual é o volume de urina eliminado durante a noite?” “Sente dor ou
ardência?” “Alguma vez já teve dificuldade em chegar a tempo no banheiro?” “Já houve
extravasamento de urina? “Já urinou de forma involuntária?” “Percebe quando a bexiga
está cheia e quando a micção ocorre”?

Pergunte às mulheres se a ocorrência de tosse súbita, espirros ou o riso provoca alguma


eliminação de urina. Aproximadamente metade das mulheres jovens referem esta
experiência, antes mesmo de terem filhos. Um extravasamento ocasional não é
necessariamente significativo. Pergunte a homens de idade mais avançada: “Tem
dificuldade em começar a urinar?” “Precisa ficar próximo ao vaso sanitário para urinar?”
“Houve alguma alteração na força ou no tamanho de seu jato urinário, ou no esforço
que precisa fazer para urinar?” “Hesita ou interrompe a micção no meio?” “Há
gotejamento de urina mesmo depois de acabar de urinar?”
INSPEÇÃO Anne Caroline Almeida

Iluminação adequada, desnudamento dessa área corporal e Dinâmica:


conhecimento de suas características normais, projeção dos A diástase dos músculos retos anteriores é
órgãos na parede abdominal. caracterizada pela seguinte manobra: estando o
Pessoa esteja posicionada adequadamente, deitada em paciente em decúbito dorsal, pedese a ele para contrair
posição supina, cabeça apoiada e relaxada, com braços ao a musculatura abdominal, seja elevando as duas pernas
longo do corpo e pernas esticadas. Sempre se posicionar a estendidas, seja levantando do travesseiro a cabeça,
direita do paciente. sem mover o tórax. Serve também para investigar a
presença de hérnias
Estática
Coloração da pele , circulação venosa colateral, presença de  Sinal de Cullen: Equimose periumbilical
estrias, cicatrizes, veias superficiais, manchas hemorrágicas  Sinal de Gray Tunner: Equimose nos flancos
e a distribuição dos pelos, e movimentos peristálticos  Sinal de Fox: Equimose na região pubiana.
visíveis/ respiratórios.
Hérnias, erupções, fístulas.  Indicam hemorragia retroperitoneal, sugestivo
Abaulamentos, depressões. de pancreatite aguda ou gravidez ectópica.
Formas do abdome: Plano, escavado, globoso, em avental,
bariátrico, pendular. Estrias de coloração rosaviolácea indicam
Forma e volume do abdome, cicatriz umbilical, síndrome de Cushing.
abaulamentos ou retrações localizadas, veias superficiais, Veias dilatadas podem ser um indício de cirrose
cicatrizes da parede abdominal e movimentos peristálticos hepática ou de obstrução da veia cava inferior.
visíveis. Equimoses na parede do abdome são
encontradas em pacientes com hemorragia
intraperitoneal ou retroperitoneal.
As ondas peristálticas estão aumentadas na
obstrução intestinal.

 Abdome atípico ou  Batráquio ou ventre:  Abdome em Avental


normal: Paciente em decúbito Pessoas com obesidade
Simetria e ser levemente dorsal, predomínio do em alto grau, acúmulo de
abaulado. diâmetro transversal sobre gordura na parede
o anteroposterior. Pode abdominal.
 Globoso ou ser observado em casos de
protuberante: ascite.  Escavado:
Globalmente aumentado,  Pendular ou ptótico: Parede abdominal
predomínio do diâmetro Paciente em é, vísceras retraída. Próprio de
anteroposterior em pressionam a parte pessoas emagrecidas.
relação ao transversal. inferior da parede
Pode ser observada em abdominal produzindo
ascite, obesidade, nesse local uma protrusão.
obstrução intestinal.
Anne Caroline Almeida

AUSCULTA

Ausculte o abdome antes de efetuar a percussão ou a


palpação, porque essas manobras modificam a Sopros sugerem doença
frequência dos sons intestinais. vascular oclusiva.

 Presença de ruídos hidroaéreos Os sons intestinais


 Presença de borborigmos modificam-se na diarreia,
 Sopros vasculares na obstrução intestinal,
 Pulsações no íleo paralítico e na
 Atritos peritonite.

PERCURSSÃO

Quantidade e distribuição de gases.


Possíveis massas sólidas ou cheias de líquido e a dimensão do Abdome protuberante e
fígado. totalmente timpânico
Avaliar a distribuição do timpanismo e da macicez. O timpanismo sugere obstrução intestinal.
costuma predominar, em função dos gases existentes no sistema As áreas de macicez podem
digestório, mas também são típicas regiões esparsas de macicez, em indicar útero gravídico,
virtude de haver líquido e fezes. tumor ovariano, distensão
da bexiga, hepatomegalia ou
Percussão normal: Macicez hepática no hipocôndrio direito,
esplenomegalia.
timpanismo no espaço de Traube, timpanismo nas demais regiões.

Delimitação da borda superior do fígado:


Percutir no sentido crânio craudal, desde a clavícula até +- o 6° EI. Macicez nos flancos é uma
Até 12cm é normal. indicação de pesquisa
Desaparecimento da macicez hepática: Sinal de Jobert adicional de ascite.
Obstrução
Piparote
Macicez Móvel
Semi-Círculo de Scoda
Anne Caroline Almeida

PALPAÇÃO

A palpação deve ser iniciada com a pessoa em decúbito dorsal, tocando o abdome suavemente, para avaliar
sensibilidade dolorosa. Iniciar pelo quadrante inferior direito, seguindo para os demais, em sentido horário,
concluindo na região umbilical. Realizar a palpação superficial e a profunda, com atenção especial para fígado e
baço.

A palpação superficial vai até cerca de 2 cm de profundidade. (Sempre perguntar o lugar da dor)
 Sensibilidade
 Resistência
 Continuidade da parede
 Hérnias
 Pulsações
 Reflexo cutâneo abdominal superficial

Palpação Profunda
Massas palpáveis, alterações de sensibilidade

Fígado:

Lemos Torres:

A pessoa encontra-se em decúbito dorsal, e o avaliador deve colocar sua mão esquerda,
espalmada, sob a região lombar direita, enquanto a direita fica sob a parede anterior do
abdome, paralela e lateral ao reto abdominal.
A mão esquerda elevará o fígado anteriormente, empurrando-o para cima, enquanto a
direita procura palpar a borda inferior. Se o fígado for palpável, a borda hepática normal é
macia, bem delimitada e regular, com superfície lisa.

Fígado de consistência firme ou


endurecida, com borda romba
ou arredondada e de contorno
irregular, sugere anormalidade
hepática.
Anne Caroline Almeida

Manobra de Mathieu

Utilizar as mãos em garra, com a pessoa em decúbito dorsal, posicionada à altura do


ombro do avaliador. Com as mãos colocadas paralelas ao hipocôndrio direito, palpar a
borda inferior do fígado durante a inspiração forçada.

baço:

Manobra de Mathieu

Paciente na posição de Schuster: Perna esquerda dobrada, braço esquerdo na cabeça e


braço direito paralelo ao corpo. Entre o 9° e o 10° EI.
Palpação indica esplenomegalia.

RIM

Habitualmente não palpável.


Método de Devoto: Duas mãos
Método de Israel: Perna dobrada, braço para frente.
As causas de aumento renal incluem hidronefrose, cistos e tumores. O aumento
bilateral sugere doença renal policística.

Sinal de Giordano
Coloque a mão espalmada sobre o ângulo costovertebral e, a seguir, desfeche um golpe
com a superfície ulnar de seu punho. Use apenas força suficiente para produzir
abalo/vibração perceptível, porém indolor.
Dor à compressão ou à punhopercussão sugere pielonefrite, mas também pode ter uma
causa musculoesquelética. calculose renal ou lombalgia mecânica aguda.

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