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-Interdependência

-Qualquer fenómeno que aconteça num determinado país e que tenha repercussões noutros
-Exemplos: Grande Depressão nos EUA, Apartheid
-Mundialização
-Generalização da interdependência, em termos económicos; “Aldeia Global”
-Exemplos: Guerra do Golfo reportada em direto
-Globalização
-Mundialização noutras dimensões, para além da economia
-Exemplos: Política, Social, Cultural, económica, religiosa, jurídica

-Primeira europeização do mundo


-A primeira europeização do mundo decorreu na Era dos Descobrimentos, entre o século XV e XVI, o que permitiu uma ocupação progressiva,
pelos europeus, dos continentes americano, asiático e africano. Os territórios colonizados provocaram alterações no que concerne à
organização política e económica, uma vez que foram infligidos modelos culturais europeus. Durante o período em que se iniciou o processo de
europeização do mundo, assistiu-se a um aumento de desenvolvimento das trocas a nível internacional, na medida em que os países colonizados
participavam neste comércio, fornecendo recursos naturais diversos de cada país/região e ainda mão-de-obra escravizada, controlada
inicialmente por portugueses e espanhóis e, posteriormente, por holandeses e ingleses.

-A Primeira Revolução Industrial – século XVIII - consolidou a crescente projeção económica e política da Europa. Esta revolução teve origem
com a supremacia tecnológica do Reino Unido, que traduziu na utilização das energias provenientes do vapor e do carvão, e a consequente
aplicação em máquinas (que proporcionou profundas alterações ao nível dos processos de produção), a construção de caminhos-de-ferro, barcos
e a utilização do telégrafo. Assim, permitiu, uma diminuição acentuada dos custos de transporte e um aumento significativo dos
lucros dos capitalistas que os reinvestiam na produção, e ainda permitiu a crescente internacionalização da Europa.
-Devido a uma elevada capacidade de produção e ao nível económico, o Reino Unido destacava-se das potências europeias, uma vez que possuía
um enorme império colonial. Durante esse período, acentuou-se a disputa entre as grandes potências europeias pela posse
de territórios asiáticos e africanos. Esta disputa resultou da necessidade dos países europeus, garantirem o escoamento da sua produção industrial
e a obtenção de recursos a baixos preços para manter a produção.
-O sinónimo da intensificação da colonização traduz-se no processo de divisão de trabalho entre as colónias fornecedoras de matérias-primas e o
fornecimento de produtos industriais e de capital por parte de países industrializados, e ainda da instalação de empresas europeias que se
dedicavam às explorações de plantações e/ou de recursos mineiros.
-Além do aumento da produção, a Revolução Industrial, contribuiu para uma melhoria relativamente precária das condições de vida da
população.

-Segunda europeização do mundo


-Ao longo do séc. XIX continuou-se a assistir a um processo de europeização do mundo que se intensificou.
-Com a Revolução Industrial, o império colonial e a capacidade de fornecer bens e capitais ao resto do mundo, eram necessários para a conquista
de novos mercados que garantissem o escoamento da sua produção obter recursos a baixos preços. Assim, a intensificação das
colónias foi possível devido aos países europeus industrializados, no qual permitiu um deslocamento de investimentos para as colónias e o
estabelecimento de pautas aduaneiras com as suas colónias. Devido a um reforço do colonialismo assistiu se a elevadas disputas pelos
territórios coloniais como é o caso de África e da Ásia.
-Os elevados lucros das metrópoles e a intensificação da divisão internacional de trabalho tiveram origem nos novos mercados coloniais de
matérias-primas e de consumo, sendo que com a divisão internacional do trabalho os países industrializados forneciam capital e as colónias
forneciam matérias-primas e trabalho sem qualificação.
-Assistiu se um aumento na exploração de recursos diamantíferos e auríferos da Africa do Sul e nas plantações de açúcar e tabaco por parte de
empresas inglesas, americanas, alemãs e francesas. Em contraste, à intensificação das explorações dos recursos das colónias, assistiu-se na
Europa, um crescimento da emigração.

-A partir de 1887, ocorre a Segunda Revolução Industrial, que foi caracterizada pela utilização da energia proveniente da eletricidade e do
petróleo, e pelos processos de investigação e desenvolvimento de tecnologias fabris de laboratórios (surgimento da invenção do motor de
explosão, do telefone e dos corantes sintéticos).
-A maior competitividade, o desenvolvimento tecnológico e a procura de maiores lucros
estiveram na origem do processo de redimensionamento e de concentração de empresa. Desse modo as empresas passaram a ter necessidades de
efetuar investimentos mais elevados recorrendo a empréstimos bancários ou investidores/acionistas que fornecessem os capitais necessários, em
troca esperavam, claramente, retornos significativos. As pequenas e médias empresas necessitavam destas condições para originar esse processo
de redimensionamento, pois a sua organização técnica era complexa. Além dessa necessidade de investidores, as
flutuações do mercado e a concorrência crescente exigiam uma produção a baixo custo, as dimensões dos mercados tornam difícil a entrada nos
mercados internacionais, e a possibilidade de investigação e desenvolvimento era nula, então só as grandes empresas se encontravam em
condições de fazer face a essas exigências.
-As empresas de grande dimensão (oligopólios e monopólios) deram uma maior continuidade da competitividade entre empresas de pequena ou
média dimensão. Estas (grandes empresas) investiam em inovação para manter a sua competitividade e a sua capacidade de controlar os
mercados, modificando ligeiramente as relações económicas com o Estado.
-Além de europeia, a Segunda Revolução Industrial, foi também norte-americana, pois registou um forte crescimento económico e havia-se
transformado numa grande potência económica, agrícola e industrial, concorrendo aos mercados internacionais.
-É notável que com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a liderança da Europa a nível mundial foi fortemente abalada. Os Estados Unidos
foram os grandes beneficiários da guerra, pois permitiu-lhes a expansão da sua capacidade produtiva, sendo os fornecedores dos países
beligerantes e fornecedores de equipamento para recuperação económica no período pós-guerra. Transformaram-se, no fim desta guerra, na
primeira grande potência mundial. O crescimento económico dos Estados Unidos só foi travado com a crise económica de 1929 a
1930, desencadeada pela quebra de cotações na Bolsa de Nova Iorque. Após o abrandamento da atividade económica e do agravamento das
condições sociais, a intervenção do Estado, conduzindo uma nova política social e económica, permitiu que a crise fosse ultrapassada.

-A aceleração da mundialização económica a partir de 1945:


Com o fim da segunda guerra mundial, assistiu-se a uma aceleração das trocas mundiais, ou seja, da mundialização e essa aceleração deveu-se
sobretudo à reconstrução europeia e japonesa pós-guerra, ao desenvolvimento tecnológico que tem o nome de Terceira Revolução
industrial, devido às tentativas de liberalização das trocas mundiais e à integração regional e mundial.

-O desenvolvimento tecnológico-terceira revolução industrial


-A terceira revolução industrial sucedeu-se no decorrer da segunda guerra mundial. Com efeito durante o conflito a necessidade de descodificar
as mensagens militares, e a sua rápida transmissão levaram a invenção do computador e com isso ao desenvolvimento informático.
Estas novas tecnologias rapidamente se expandiram para outras áreas como a medicina, as finanças, a produção, a investigação científica e os
transportes.
-Em relação aos transportes estes foram beneficiados em termos de rapidez e de custos. O que permitiu que diferentes produtos comercializados
pudessem atravessar com rapidez as fronteiras. Com isto tornou-se relativamente fácil encontrar à venda em qualquer loja alimentos frescos
provenientes de vários países.
-As novas tecnologias de informação e da comunicação (NTIC) foram originadas pela aplicação da informática aos audiovisuais. As NTIC
modificaram rapidamente os sistemas de comunicação onde se passou de uma comunicação telefónica por cabos e fio a uma comunicação onde
reduzem grandes quantidades de informação e os transmitem digitalmente pelo mundo inteiro.
-A digitalização, a fibra ótica e os sistemas de satélite juntos permitiram o aparecimento de um único meio de comunicação: o multimédia. Este
mistura-se com as inovações tecnológicas que aumentam a sua utilização pois com isso é-nos possível ver televisão e ouvir música num
computador.
-Os média tornaram-se interativos, o que permitiu a participação do utilizador naquilo que quer ver ou ouvir. Hoje em dia a internet e os
telemóveis oferecem cada vez mais possibilidades de interconexão e interatividade.

-Empresas multinacionais e empresas transacionais


-As empresas começaram a organizar-se internamente em conjunto com outras empresas, para acederem ao mercado externo. Sendo que esta
internacionalização se iniciou por via das exportações.
-Ao expandirem-se, alargam o âmbito da sua participação nos mercados externo nomeadamente a realização de investimentos diretos no
exterior, autonomamente ou através de alianças estratégicas →empresas multinacionais.
-As empresas multinacionais são empresas ou grupos de empresas privadas, juridicamente ligadas umas às outras, que estendem a sua atividade
a vários países de acordo com uma estratégia global. Assim, as empresas de países industrializados começaram se a deslocalizasse
para outros países em busca de condições favoráveis, onde há uma maior vantagem comparativa como a proximidade dos recursos naturais, mão
de obra mais barata e incentivos fiscais. O objetivo desta deslocalização é a possibilidade de aumentarem a competitividade, e ao mesmo tempo
lançar novos produtos a reduzidos custos.
-Contudo, as empresas multinacionais continuam a estar dependentes da empresa-mãe, é esta que define estratégia global, no qual se
enquadram todas as empresas do exterior.

-A partir da década de 70 do século XX, o processo de deslocalização das empresas intensificasse e assume diferentes estratégias. Ora, a sua
expansão passa a estar dependente da definição de uma estratégia de crescente internacionalização, ou seja, as empresas optaram por operar de
forma integrada, mas:
-Fragmentada/segmentado, ou seja, que controlam diretamente as fases produtivas de maior valor acrescentado, entregando, por exemplo, as
outras fases a empresas subcontratadas.
-Dispersa geograficamente, por produzirem diferentes componentes de diversas origens territoriais, escolhidas em função dos custos e da
produtividade. As empresas transnacionais (ETN), dão vida a uma nova lógica de organização do processo produtivo. É então, segmentado e
disperso pelo mundo, no fundo para localizarem o que lhes possibilite reduzir custos.

-As tentativas de liberalização a nível mundial


-No sentido de evitar o protecionismo e da criação de regras orientadas do comércio mundial, os países, depois da Segunda Guerra Mundial,
procuraram regular o comércio mundial, através da criação do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), em 1947, cujo principal objetivo
consistia na redução de barreiras aduaneiras que impediam a livre circulação de mercadorias entre os países. Em certa parte, foi atingido, mas
apenas no que respeita aos produtos industriais manufaturados. O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, contribuiu para o crescimento do
comércio mundial, principalmente, nos países que subescreveram os acordos de liberalização.
-Em 1994, o GATT é substituído pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que foi criada pelo acordo de Marraquexe, no qual pretende
ser uma eficaz organização ao nível das aplicações dos acordos, dispondo de mecanismos punitivos para os países que não cumprem.
-A OMC contribui para o crescimento do comércio mundial através de variados acordos de liberalização do comércio negociados em diversas
áreas (serviços, tecnologias de informação, direitos da propriedade intelectual, agricultura). Os direitos aduaneiros têm reduzido
progressivamente, o que tem contribuído para o desenvolvimento das trocas entre países (registou-se uma triplicação entre 1990 e 2013).
-Os países menos desenvolvidos têm vindo a aumentar a sua participação no comércio mundial embora seja reduzida. Esta melhoria deve-se ao
facto de os países em desenvolvimento terem convergido com os países desenvolvidos. Outros exemplos de formas de liberalização do comércio
têm sido os acordos regionais de livre comércio realizados entre países com níveis de desenvolvimento diferentes. Além da Organização
Mundial do Comércio, a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (CNUCED).
-A CNUCED foi criada em 1964, na Suíça, para responder às reclamações dos países em desenvolvimento, uma vez que estes países
consideravam as negociações realizadas no âmbito do GATT mão integravam os produtos por eles exportados, os produtos primários. O objetivo
da CNUCED consiste na integração dos países menos desenvolvidos e nas economias mundiais.

-Uma vez que muitas economias em desenvolvimento, principalmente dos países em desenvolvimento, continuam a registar uma fraca
participação no comércio mundial e um rendimento per capita de apenas 4% do rendimento médio das economias desenvolvidas.
-A cláusula da nação mais favorecida pela OMC impedia os países desenvolvidos a concederem incentivos aduaneiros aos países menos
desenvolvidos, pois teriam de os estender aos restantes países. Assim, surge então, a ideia de estabelecer um Sistema de Preferências
Generalizadas, aplicável apenas aos países em desenvolvimento, com o objetivo essencial de reduzir impostos aduaneiros sobre produtos
manufaturados exportados por esses países. Para atingir este patamar a CNUCED negoceia com os países desenvolvidos para que reduzam os
entraves à entrada dos produtos provenientes dos países em desenvolvimento, como por exemplo, as barreias tarifárias e não tarifárias.
-O Sistema de Preferências Generalizadas contribuiu para intensificar o comércio dos países menos desenvolvidos com os países em
desenvolvimento e desenvolvidos, deste modo permitiu então um aumento das receitas das exportações dos países em desenvolvimento e a
promoção da industrialização dos países em desenvolvimento, o que poderá acelerar o ritmo do crescimento dos países em desenvolvimento.

-A integração regional e mundial


-O GATT e mais tarde a OMC são exemplos de tentativas de integração a nível mundial. No entanto, a nível regional, encontramos várias
organizações cujo objetivo é a integração, ou seja, a cooperação entre os Estados, envolvendo aspetos económicos, mas também políticos e
culturais. Grande parte dessas organizações tem como objetivo a liberalização do comércio, dessas organizações podemos identificar:
-A EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre) criada em 1959 na Convenção de Estocolmo que integra atualmente quatro países
europeus (Islândia, Suíça, Liechtenstein e Noruega) e constitui uma zona de comércio livre.
-A ASEAN (Associação das Nações do Sudoeste Asiático) criada em 1967 como um espaço de reflexão sobre questões do comércio. Em
2002, constituiu uma zona de livre circulação de mercadorias (à exceção da agricultura e de alguns bens industriais) - AFTA (Associação do
Comércio Livre e da Ásia).
-A NAFTA (Acordo de Comércio Livre Norte-Americano) é uma zona de livre circulação de mercadorias, de serviços e de capitais, em 1992.
Nesta organização, fazem parte, os EUA, o Canadá e o México.
-Além destas organizações, também foram criadas organizações que propõem formas de integração mais aprofundadas:
-União Aduaneira, é uma zona de comércio livre, onde se estabelece uma pauta aduaneira comum relativamente a países terceiros, é o caso do
Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)
-União económica, é uma zona aduaneira onde se adotam políticas económicas comuns e uma moeda em comum, como no caso da União
Europeia.

-A MERCOSUL foi criada em 1991 por, inicialmente, a Argentina, o Brasil, o Paraguai e Uruguai e, posteriormente à Venezuela e a Bolívia.
Hoje, constitui uma zona de comércio livre (bens, serviços e fatores produtivos), onde formam eliminados os direitos alfandegários e as
restrições não tarifárias à circulação de mercadorias. Contudo, é uma união aduaneira, pois também se prevê o estabelecimento de uma tarifa
externa comum e a adoção de uma política e comercial comum com relação a terceiros Estados.
-A União Europeia, a antiga Comunidade Económica Europeia criada em 1957 pelo Tratado de Roma, que integra, atualmente 28 Estados-
membros. Os países membros, desde das suas funções que foram eliminando gradualmente os entraves ao livre comércio, de mercadorias,
serviços, capitais e pessoas. Assim, a UE transformou-se num mercado comum, onde se circula livremente. No entanto, além de ser um mercado
comum e uma união aduaneira, é uma união económica com políticas económicas comuns e uma moeda comum.
-O comércio entre os países membros, destas organizações intensifica-se, uma vez que os produtos circulam livremente sem pagar impostos
alfandegários.
-Os blocos regionais UE, Organização Mundial do Comércio, MERCOSUL, NAFTA e a ASEAN, contribuem para a redução progressiva dos
direitos aduaneiros, o que facilita a circulação de produtos a nível mundial. Contudo, esta libertação de trocas, tem acelerado gradualmente o
comércio internacional.
-Conclui-se então, que a mundialização da economia se caracteriza como o desenvolvimento de trocas entre diferentes partes do globo, ou seja,
constata-se basicamente pela transferência e deslocação (circulação) de matérias-primas, produtos semiacabados e acabados, serviços,
pessoas e capitais, onde o mundo tem fronteiras mais abertas e está interdependente, uma vez que as trocas são a nível global. É um processo
tendencialmente crescente, mas, contudo, apresentando desigualdades nas diferentes regiões do mundo. Deste modo, o processo de
mundialização foi decisivo conformar um mundo contemporâneo, englobando várias dimensões:
-A abertura das economias nacionais às transações internacionais de bens e serviços
-A mobilidade internacional dos fatores de produção, ou seja, movimentos internacionais de pessoas e de capitais, em especial os
investimentos diretos no estrangeiro realizados por empresas multinacionais.
-O processo de interpenetração crescente das economias internacionais, com a deslocalização das atividades económicas e a redução
progressiva do papel das fronteiras
-A integração económica dos mercados, tornando-se as empresas multinacionais atores globais cujas decisões já não se limitam aos Estados
nacionais e ditam a sua lei aos responsáveis e políticos.

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