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UNIVERSIDADE PAULISTA

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

THIAGO FRANÇA MONTREZOL (B3130D-7)


LUIZ CARLOS BUENO JUNIOR (B34207-2)
LUCAS LUIZ CAMARGO ANDRIOZI (B22193-3)
RAFAEL BRITO (B269C-7)

Projeto de pesquisa

TIPOS DE ENSAIO DE SOLO

Sorocaba/SP
2015.4
THIAGO FRANÇA MONTREZOL
(B3130D-7)
LUIZ CARLOS BUENO JUNIOR
(B34207-2)
LUCAS LUIZ CAMARGO ANDRIOZI
(B22193-3)
RAFAEL BRITO
(B269C-7)

Ensaios para determinação de índices físicos; Ensaio de compactação; Ensaio


de permeabilidade; Ensaio de adensamento; Ensaio de compressão simples;
Ensaio de cisalhamento direto; Ensaios tri axiais

Projeto de pesquisa sobre os Tipos de


Ensaios de Solo, apresentada como
requisito de avaliação da NP1 na
disciplina de MSG, para conclusão do
Sétimo semestre do curso de Engenharia
Civil da Universidade Paulista UNIP,
campus de Sorocaba/SP.

Sorocaba/SP
2015.4
Sumário
1- INTRODUÇÃO.................................................................................................................................5
2- COMPACTAÇÃO DOS SOLOS...........................................................................................................7
2.1 - ENSAIO DE COMPACTAÇÃO........................................................................................................8
2.2 - ENSAIO NORMAL DE COMPACTAÇÃO........................................................................................9
2.2.1 - VALORES TÍPICOS...............................................................................................................11
2.3 - METODOS ALTERNATIVOS DE COMPACTAÇÃO........................................................................11
2.4 - ENERGIA DE COMPACTAÇÃO...................................................................................................12
2.5 - INFLUÊNCIA DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO..........................................................................12
2.6 - CURVA DE RESISTÊNCIA............................................................................................................14
2.7 - EQUIPAMENTOS DE CAMPO....................................................................................................15
2.8 - ESCOLHA DOS EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO................................................................18
2.9 - CONTROLE DE COMPACTAÇÃO................................................................................................19
3- PERMEABILIDADE DOS SOLOS......................................................................................................20
3.1 - FATORES QUE INFLUENCIAM NA PERMEABILIDADE................................................................21
3.3 - O COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE E SUA DETERMINAÇÃO.................................................23
3.4 - PERMEABILIDADE DE PAREDE RÍGIDA......................................................................................23
3.5 - PERMEABILIDADE DE PAREDE FLEXÍVEL...................................................................................25
3.5.1 - MÉTODOS DE ENSAIO (SISTEMAS DE CONTROLE).............................................................26
3.6 - ENSAIO A CARGA CONSTANTE..................................................................................................26
3.7 - ENSAIO A CARGA VARIÁVEL.....................................................................................................27
3.8 - ENSAIOS DE CAMPO (IN SITU)..................................................................................................28
3.9 - ENSAIO DE PERMEABILIDADE EM FUROS DE SONDAGEM.......................................................28
3.10 - ENSAIO COM PIEZÔMETRO....................................................................................................29
3.10.1 - PIEZÔMETRO DO TIPO ESCAVADO..................................................................................29
3.11 - FÓRMULAS EMPÍRICAS...........................................................................................................31
3.11.1 - VALORES TÍPICOS DE COEFICIENTES DE PERMEABILIDADE.............................................32
3.12 - VELOCIDADE DE DESCARGA E VELOCIDADE REAL DA ÁGUA..................................................34
3.13 - CARGAS HIDRÁULICAS............................................................................................................36
3.14 - ENSAIO DE BOMBEAMENTO..................................................................................................37
4- ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES..............................................................................................38
4.1 - EXTENSÔMETRO; ANEL DINAMOMÉTRICO; PRENSA................................................................40
4.1.1 - OBSERVAÇÕES...................................................................................................................43
5- ENSAIO DE ADENSAMENTO..........................................................................................................45
5.1 - TEORIA DO ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL DE TERZAGHI (1925)......................................47
5.1.2 - PROCEDIMENTO: ASTM - D - 2435....................................................................................49
6- ENSAIO DE CISALHAMENTO.........................................................................................................51
6.1 - A FORÇA QUE PRODUZ O CISALHAMENTO...............................................................................52
6.2 - COMO É FEITO O ENSAIO DE CISALHAMENTO.........................................................................52
6.3 - TENSÃO DE CISALHAMENTO....................................................................................................54
6.4 - VERIFICANDO O ENTENDIMENTO.............................................................................................54
6.5 - UMA APLICAÇÃO PRÁTICA........................................................................................................55
7- ENSAIO TRIAXIAL..........................................................................................................................57
7.1 - CÍRCULO DE MOHR...................................................................................................................58
7.2 - ESTADO PLANO DE TENSÕES....................................................................................................58
CONCLUSÃO.........................................................................................................................................59
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1- INTRODUÇÃO

Nesse trabalho de ensaio para determinação de índices físico,


apresentamos métodos, com os quais é possível encontrar índices físicos básicos,
necessários para calcular os demais índices físicos de um solo, alguns deles: massa
especifica do solo, teor de umidade higroscópica e massa especifica dos sólidos.
Respectivamente dados pelo método do caixote, método da estufa e método do
psicrômetro. Os ensaios laboratoriais de caracterização mecânica dos solos
constituem um dos componentes de grande relevância na engenharia geotécnica.
Na prática corrente, devido à dificuldade em obter amostras indeformadas de
elevada qualidade, é habitual considerar-se que os ensaios laboratoriais são menos
adequados quando comparados com os ensaios de campo. Outra forte razão, para o
recurso menos frequente aos ensaios laboratoriais, prende-se com a morosidade
dos ensaios, muitas vezes não compatível com o ritmo de avanço das obras.

Porém, é igualmente óbvio, que estudo mais detalhado para caracterizar


o comportamento tensão-deformação dos solos poderá contribuir para um
dimensionamento mais racional das obras geotécnicas. Para tal, torna-se
indispensável um programa avançado de ensaios laboratoriais de
precisão. De uma forma genérica, pode-se dizer que a caracterização do
comportamento tensão-deformação-tempo do solo deverá contemplar ensaios de
campo, ensaios laboratoriais e observação do comportamento em escala real.
Os ensaios a realizar deverão visar a caracterização física e mecânica dos
materiais. Em determinadas situações, a caracterização hidráulica poderá ser
também um dos aspectos importantes a ter em consideração nos trabalhos.
A caracterização física é feita habitualmente recorrendo a ensaios de rotina simples
nomeadamente: análises granulométricas, determinação dos limites de consistência
e do teor em água natural (nos solos finos), ensaios de compactação, determinação
da massa volêmica através de amostras representativas e determinação da
densidade das partículas sólidas. Este conjunto de ensaios extremamente expeditos
proporcionam a obtenção de parâmetros índice que identificam não só a natureza do
solo, bem como podem ser correlacionados com as suas propriedades mecânicas.
Para o caso dos solos argilosos (saturados) o teor em água constitui um dos
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parâmetros índice de maior relevância. Para definir o estado do solo é usual


referenciar o teor em água natural em relação ao limite de liquidez e ao limite de
plasticidade. Definem-se para o efeito dois índices: Em Mecânica dos Solos o ensaio
descompactação é um dos mais importantes procedimentos de estudo e controle de
qualidade de aterros de solo compactado. Através dele é possível obter a densidade
máxima do maciço terroso, condição que otimiza o empreendimento com relação ao
custo e ao desempenho estrutural e hidráulico. Em ensaio de permeabilidade a água
ocupa a maior parte dos vazios do solo. E quando é submetida a diferenças de
potenciais, ela se desloca no seu interior. As leis que regem os fenômenos de fluxo
de água em solos são aplicadas nas mais diversas situações. Já o processo de
adensamento é explicado, frequentemente, com um sistema idealizado por Karl Von
Terzaghi, onde o solo é representado por uma mola cuja deformação é proporcional
à carga sobre ela aplicada. O solo saturado pode então ser imaginado como uma
mola dentro de um cilindro cheio de água. O cilindro tem um pequeno furo no seu
êmbolo, por onde a água pode sair lentamente representando assim a sua baixa
permeabilidade.
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2- COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

Muitas vezes na prática da engenharia geotécnica, o solo de um


determinado local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser
pouco resistente, muito compressível ou apresentar características que deixam a
desejar do ponto de vista econômico. Uma das possibilidades é tentar melhorar as
propriedades de engenharia do solo local.

A compactação é um método de estabilização e melhoria do solo através


de processo manual ou mecânico, visando reduzir o volume de vazios do solo. A
compactação tem em vista estes dois aspectos: aumentar a intimidade de contato
entre os grãos e tornar o aterro mais homogêneo melhorando as suas
características de resistência, deformabilidade e permeabilidade.

A compactação de um solo é a sua densificação por meio de


equipamento mecânico, geralmente um rolo compactador, embora, em alguns
casos, como em pequenas valetas até soquetes manuais podem ser empregados.
Um solo, quando transportado e depositado para a construção de um aterro, fica
num estado relativamente fofo e heterogêneo e, portanto, além de pouco resistente
e muito deformável, apresenta comportamento diferente de local para local.

A compactação é empregada em diversas obras de engenharia, como:


aterros para diversas utilidades, camadas constitutivas dos pavimentos, construção
de barragens de terra, preenchimento com terra do espaço atrás de muros de arrimo
e reenchimento das inúmeras valetas que se abrem diariamente nas ruas das
cidades. Os tipos de obra e de solo disponíveis vão ditar o processo de
compactação a ser empregado, a umidade em que o solo deve se encontrar na
ocasião e a densidade a ser atingida.

O início da técnica de compactação é creditada ao engenheiro Ralph


Proctor, que, em 1933, publicou suas observações sobre a compactação de aterros,
mostrando ser a compactação função de quatro variáveis: a) Peso específico seco;
b) Umidade; c) Energia de compactação e d) Tipo de solo. A compactação dos solos
tem uma grande importância para as obras geotécnicas, já que através do processo
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de compactação consegue-se promover no solo um aumento de sua resistência e


uma diminuição de sua compressibilidade e permeabilidade.

A tabela abaixo apresenta os vários meios empregados para estabilizar


um solo:
MÉTODOS TIPOS
FÍSICOS Confinamento (solos com atrito)
Pré-consolidação (solos finos argilosos)
Mistura (solo + solo)
Vibroflotação
QUÍMICOS Sal
Cal
Cimento
Asfalto
Etc.
MECÂNICOS Compactação

DIFERENÇAS ENTRE COMPACTAÇÃO E ADENSAMENTO

Pelo processo de compactação, a diminuição dos vazios do solo se dá


por expulsão do ar contido nos seus vazios, de forma diferente do processo de
adensamento, onde ocorre a expulsão de água dos interstícios do solo. As cargas
aplicadas quando compactamos o solo são geralmente de natureza dinâmica e o
efeito conseguido é imediato, enquanto que o processo de adensamento é deferido
no tempo (pode levar muitos anos para que ocorra por completo, a depender do tipo
de solo) e as cargas são normalmente estáticas.

2.1 - ENSAIO DE COMPACTAÇÃO

Aplicando-se uma certa energia de compactação (um certo número de


passadas de um determinado equipamento no campo ou um certo número de golpes
de um soquete sobre o solo contido num molde), a massa específica resultante é
função da umidade em que o solo estiver. Quando se compacta com umidade baixa,
o atrito as partículas é muito alto e não se consegue uma significativa redução de
vazios. Para umidades mais elevadas, a água provoca um certo efeito de
lubrificação entre as partículas, que deslizam entre si, acomodando-se num arranjo
mais compacto.
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Na compactação, as quantidades de partículas e de água permanecem


constantes; o aumento da massa específica corresponde à eliminação de ar dos
vazios. Há, portanto, para a energia aplicada, um certo teor de umidade,
denominado umidade ótima, que conduz a uma massa específica máxima, ou uma
densidade máxima.

2.2 - ENSAIO NORMAL DE COMPACTAÇÃO

O ensaio de Proctor foi padronizado no Brasil pela ABNT (NBR 7.182/86).


Em última revisão, esta norma apresenta diversas alternativas para a realização do
ensaio. Descreveremos inicialmente, nos seus aspectos principais, aquela que
corresponde ao ensaio original e que ainda é a mais empregada.

A amostra deve ser previamente seca ao ar e destorroada. Inicia-se o


ensaio, acrescentando-se água até que o solo fique com cerca de 5% de umidade
abaixo da umidade ótima. Não é tão difícil perceber isto, como poderia parecer à
primeira vista. Ao se manusear um solo, percebe-se uma umidade relativa que
depende dos limites de liquidez e de plasticidade.

1. Uma porção do solo é colocada num cilindro padrão (10cm de diâmetro,


altura de 12,73cm, volume de 1.000cm 3) e submetida a 26 golpes de um
soquete com massa de 2,5Kg e caindo de 30,5cm, ver Figura 01.
Anteriormente, o número de golpes era de 25; a alteração da norma para 26
foi feita para ajustar a energia de compactação ao valor de outras normas
internacionais. Levando em conta que as dimensões do cilindro padronizado
no Brasil são um pouco diferente das demais. A porção do solo compactado
deve ocupar cerca de um terço da altura do cilindro. O processo é repetido
mais duas vezes, atingindo-se uma altura um pouco superior à do cilindro, o
que é possibilitado por um anel complementar. Acerta-se o volume raspando
o excesso.

2. Determina-se a massa específica do corpo de prova obtido. Com uma


amostra de seu interior, determina-se a umidade, Com estes dois valores,
calcula-se a densidade seca. A amostra é destorroada, a umidade aumentada
(cerca de 2%), nova compactação é feita, e novo par de valores umidade-
densidade seca é obtido. A operação é repetida até que se perceba que a
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densidade, depois de ter subido, já tenha caído em duas ou três operações


sucessivas. Note-se que, quando a densidade úmida se mantém constante
em duas tentativas sucessivas, a densidade seca já caiu. Se o ensaio
começou, de fato, com umidade 5% abaixo da ótima, e os acréscimos forem
de 2% a cada tentativa, com 5 determinações o ensaio estará concluído
(geralmente não são necessárias mais do que 6 determinações).

Figura 01: Equipamento de Compactação

5. CURVA DE COMPACTAÇÃO

Com os dados obtidos, desenha-se a curva


de compactação, que consiste na representação da
densidade seca em função da umidade, como se mostra
na Figura 02, geralmente, associa-se uma reta aos
pontos ascendentes do ramo seco, outra aos pontos
descendentes do ramo úmido e unem-se as duas por
uma curva parabólica. Como se justificou anteriormente,
a curva define uma densidade seca máxima, à qual
corresponde uma umidade ótima.

No próprio gráfico do ensaio pode-se traçar a


curva de saturação que corresponde ao lugar geométrico dos valores de umidade e
densidade seca, estando o solo saturado. Da mesma forma, pode-se traçar curvas
correspondentes a igual grau de saturação. A curva de compactação é definida pela
equação:

Para solo saturado, S = 1;

Onde:
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d – massa específica (ou peso específico) aparente seca do solo;

Gs – densidades dos grãos do solo;

w – massa específica da água (ou peso específico);

e – índice de vazios;

w – teor de umidade.

Figura 02: Curva de
Compactação

O ramo da curva de
compactação anterior ao valor de
umidade ótima é denominado de “ramo
seco” e o trecho posterior de “ramo
úmido” da curva de compactação. No
ramo seco, a umidade é baixa, a água
contida nos vazios do solo está sob o
efeito capilar e exerce uma função
aglutinadora entre as partículas. À medida que se adiciona água ao solo ocorre a
destruição dos benefícios da capilaridade, tornando-se mais fácil o rearranjo
estrutural das partículas. No ramo úmido, a umidade é elevada e a água se encontra
livre na estrutura do solo, absorvendo grande parte da energia de compactação.

2.2.1 - VALORES TÍPICOS

De maneira geral, os solo argilosos apresentam densidades secas baixas


e umidade ótimas elevadas. Solos siltosos apresentam também valores baixos de
densidade, freqüentemente com curvas de laboratório bem abatidas. As areias com
pedregulhos, bem graduados e pouco argilosos, apresentam densidades secas
máximas elevadas e umidades ótimas baixas.

2.3 - METODOS ALTERNATIVOS DE COMPACTAÇÃO

A norma Brasileira de ensaio de compactação prevê as seguintes


alternativas de ensaio:
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 Ensaio sem reuso do material: é utilizada uma amostra virgem para cada
ponto da curva;

 Ensaio sem secagem previa do material: dificulta a homogeneização da


umidade. Para alguns solos a influência da pré-secagem é considerável;

 Ensaio em solo com pedregulho: quando o solo tiver pedregulho a norma


NBR 7.182/86 indica que a compactação seja feita num cilindro maior, com
15,24cm de diâmetro e 11,43 cm de altura, volume de 2.085 cm 3. Neste caso
o solo é compactado em cinco camadas, aplicando-se 12 golpes por camada,
com um soquete mais pesado e com maior altura de queda do que o anterior
(massa de 4,536 kg e altura de queda de 47,5 cm).

2.4 - ENERGIA DE COMPACTAÇÃO

A densidade seca máxima e a umidade ótima determinada no ensaio


descrito como Ensaio Normal de Compactação ou Ensaio Proctor Normal não são
índices físicos do solo. Estes valores dependem da energia aplicada na
compactação. Chama-se energia de compactação ou esforço de compactação ao
trabalho executado, referido a unidade de volume de solo após compactação. A
energia de compactação é dada pela seguinte fórmula:

Sendo:

M – massa do soquete;

H – altura de queda do soquete;

Ng – o número de golpes por camada;

Nc – número de camadas;

V – volume de solo compactado.

2.5 - INFLUÊNCIA DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO


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A medida que se aumenta a energia de compactação, há uma redução do


teor de umidade ótimo e uma elevação do valor do peso específico seco máximo. O
gráfico da figura 03 mostra a influência da energia de compactação no teor de
umidade ótimo hótimo e no peso específico seco máximo dmáx.

Tendo em vista o surgimento de novos equipamentos de campo, de


grande porte, com possibilidade de elevar a energia de compactação e capazes de
implementar uma maior velocidade na construção de aterros, houve a necessidade
de se criar em laboratório ensaios com maiores energias que a do Proctor Normal.
As energias de compactação usuais são de 6kgf/cm 3 para o Proctor Normal, 12,6
kgf/cm3 para o Proctor Intermediário e 25 kgf/cm 3 para o Proctor Modificado.

Figura 03: Influência da energia de compactação dmáx e hótimo

Ensaio Proctor Normal

O ensaio Proctor Normal utiliza o cilindro de 10 cm de diâmetro, altura de


12,73cm e volume de 1.000cm3 é submetida a 26 golpes de um soquete com massa
de 2,5Kg e caindo de 30,5cm. Corresponde ao efeito de compactação com os
equipamentos convencionais de campo.

Ensaio Modificado

O ensaio Modificado utiliza o cilindro de 15,24 cm de diâmetro, 11,43 cm


de altura, 2.085 cm3 de volume, peso do soquete de 4,536 kg e altura de queda de
45,7 cm aplicando-se 55 golpes por camada. É utilizado nas camadas mais
importantes do pavimento, para os quais a melhoria das propriedades do solo,
justifica o emprego de uma maior energia de compactação.
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Ensaio Intermediário

O ensaio denominado Intermediário difere do modificado só pelo número


de golpes por camada que corresponde a 26 golpes por camada, sendo aplicado
nas camadas intermediárias do pavimento.

2.6 - CURVA DE RESISTÊNCIA

A compactação do solo deve proporcionar a este, para a energia de


compactação adotada, a maior resistência estável possível. O gráfico da figura 04
apresenta a variação da resistência do solo, obtida por meio de um ensaio de
penetração realizado com uma agulha Proctor, em função de sua umidade de
compactação. Conforme se pode observar, quanto maior a umidade menor a
resistência do solo.

Os solos não devem ser compactados abaixo da umidade ótima, por que
ela corresponde a umidade que fornece estabilidade ao solo. Não basta que o solo
adquira boas propriedades de resistência e deformação, elas devem permanecer
durante todo o tempo de vida útil da obra.

Conforme se pode notar do gráfico, caso o solo fosse compactado com


umidade inferior a ótima ele iria apresentar resistência superior àquela obtida
quando da compactação no teor de umidade ótimo, contudo este solo poderia vir a
saturar em campo (em virtude do período de fortes chuvas) vindo alcançar uma
umidade correspondente a curva de saturação do solo, para o qual o solo apresenta
valor de resistência praticamente nulo. No caso do solo ser compactado na umidade
ótima, o valor de sua resistência cairia um pouco, estando o mesmo ainda a
apresentar características de resistência razoáveis.
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Figura 04: Curva de Resistência, compactação e índice de vazios

2.7 - EQUIPAMENTOS DE CAMPO

Os princípios que estabelecem a compactação dos solos no campo são


essencialmente os mesmos discutidos anteriormente para os ensaios em
laboratórios. Assim, os valores de peso específico seco máximo obtidos são
fundamentalmente função do tipo do solo, da quantidade de água utilizada e da
energia específica aplicada pelo equipamento que será utilizado, a qual depende do
tipo e peso do equipamento e do número de passadas sucessivas aplicadas.

A energia de compactação no campo pode ser aplicada, como em


laboratório, de três maneiras diferentes: por meios de esforços de pressão, impacto,
vibração ou por uma combinação destes. Os processos de compactação de campo
geralmente combinam a vibração com a pressão, já que a vibração utilizada
isoladamente se mostra pouco eficiente, sendo a pressão necessária para diminuir,
com maior eficácia, o volume de vazios interarticular do solo.

Os equipamentos de compactação são divididos em três categorias: os


soquetes mecânicos; os rolos estáticos e os rolos vibratórios.
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Soquetes

São compactadores de impacto utilizados em locais de difícil acesso para


os rolos compressores, como em valas, trincheiras, etc. Possuem peso mínimo de
15Kgf, podendo ser manuais ou mecânicos (sapos). A camada compactada deve ter
10 a 15cm para o caso dos solos finos e em torno de 15cm para o caso dos solos
grossos.

Rolos Estáticos

Os rolos estáticos compreendem os rolos pé-de-carneiro, os rolos lisos de


roda de aço e os rolos pneumáticos.

Pé-de-Carneiro

Os rolos pé-de-carneiro são constituídos por cilindros metálicos com


protuberâncias(patas) solidarizadas, em forma tronco-cônica e com altura de
aproximadamente de 20cm. Podem ser alto propulsivos ou arrastados por trator. É
indicado na compactação de outros tipos de solo que não a areia e promove um
grande entrosamento entre as camadas compactadas.

A camada compactada possui geralmente 15cm, com número de


passadas variando entre 4 e 6 para solos finos e de 6 e 8 para solos grossos. A
Figura 05 ilustra um rolo compactador do tipo pé-de-carneiro.

As características que afetam a performance dos rolos pé-de-carneiro são


a pressão de contato, a área de contato de cada pé, o número de passadas por
cobertura e estes elementos dependem do peso total do rolo, o número de pés em
contato com o solo e do número de pés por tambor.
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Figura 05: Rolo Pé-de-Carneiro

Rolo Liso

Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia


úmida ou água, a fim de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em
bases de estradas, em capeamentos e são indicados para solos arenosos,
pedregulhos e pedra britada, lançados em espessuras inferiores a 15cm.

Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5


passadas. Os rolos lisos possuem pesos de 1 a 20t e freqüentemente são utilizados
para o acabamento superficial das camadas compactadas. Para a compactação de
solos finos utilizam-se rolos com três rodas com pesos em torno de 7t para materiais
de baixa plasticidade e 10t, para materiais de alta plasticidade. A Figura 06 ilustra
um rolo compactador do tipo liso.

Os rolos lisos possuem certas desvantagens como, pequena área de


contato e em solos mole afunda demasiadamente dificultando a tração.

Figura 06: Rolo Liso

Rolo Pneumático

Os rolos pneumáticos são eficientes na compactação de capas asfálticas,


bases e sub-bases de estradas e indicados para solos de granulação fina e arenosa.
Os rolos pneumáticos podem ser utilizados em camadas de até 40 cm e possuem
área de contato variável, função da pressão nos pneus e do peso do equipamento.
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Pode-se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados.


Neste caso, muito cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do
solo. A Figura 07 ilustra um rolo pneumático

Figura 07: Rolo Pneumático

Rolos Vibratórios

Nos rolos vibratórios, a freqüência da vibração influi de maneira


extraordinária no processo de compactação do solo. São utilizados eficientemente
na compactação de solos granulares (areias), onde os rolos pneumáticos ou pé-de-
carneiro não atuam com eficiência. Este tipo de rolo quando não são usados
corretamente produzem super compactação. A espessura máxima da camada é de
15cm. O rolo vibratório pode ser visto na figura 08.

Figura 8: Rol
o Vibratório

2.8 - ESCOLHA DOS


EQUIPAMENTOS DE COMPACTAÇÃO

a) Solos Coesivos

Nos solos coesivos há uma parcela preponderante de partículas finas e


muito finas (silte e argila), nas quais as forças de coesão desempenham papel muito
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importante, sendo indicado a utilização de rolos pé-de-carneiro e os rolos


conjugados.

 Solos Granulares

Nos solos granulares há pouca ou nenhuma coesão entre os grãos


existindo, entretanto atrito interno entre os grãos existindo, entretanto atrito interno
entre eles, sendo indicado a utilização rolo liso vibratório.

 Mistura de Solos

Nos solos misturados encontra-se materiais coesivos e granulares em


porções diversas, não apresenta característica típica nem de solo coesivo nem de
solo granular, sendo indicado a utilização de pé-de-carneiro vibratório

d) Mistura de argila, silte e areia

Rolo pneumático com rodas oscilantes.

e) Qualquer tipo de solo

Rolo pneumático pesado, com pneus de grande diâmetro e largura.

2.9 - CONTROLE DE COMPACTAÇÃO

Para que se possa efetuar um bom controle de compactação do solo em


campo, temos que atentar para os seguintes aspectos:

1. tipo de solo;

2. espessura da camada;

3. entrosamento entre as camadas;

4. número de passadas;

5. tipo de equipamento;

6. umidade do solo;
20

7. grau de compactação alcançado.

Assim alguns cuidados devem ser tomados:

 A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a


espessura da camada compactada deverá ser menor que 20cm.

 Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível


da umidade ótima.

 Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se


refere à umidade quanto ao material.

Na prática, o procedimento usual de controle de compactação é o


seguinte:

1. Coletam-se amostras de solo da área de empréstimo e efetua-se em


laboratório o ensaio de compactação. Obtêm-se a curva de compactação e
daí os valores de peso específico seco máximo e o teor de umidade ótimo do
solo.

2. No campo, à proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se


verificar, para cada camada compactada, qual o teor de umidade empregado
e compará-lo com a umidade ótima determinada em laboratório. Este valor
deve atender a seguinte especificação: wcampo – 2% Wótima  wcampo + 2%.

3. Determina-se também o peso específico seco do solo no campo,


comparando-o com o obtido no laboratório. Define-se então o grau de
compactação do solo, dado pela razão entre os pesos específicos secos de
campo e de laboratório (GC = d campo/ dmáx) x100. Deve-se obter sempre
valores de grau de compactação superiores a 95%.

4. Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser revolvido,
e uma nova compactação deverá ser efetuada.
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3- PERMEABILIDADE DOS SOLOS

A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o


escoamento de água através dele. Todos os solos são mais ou menos permeáveis.

O conhecimento do valor da permeabilidade é muito importante em


algumas obras de engenharia, principalmente, na estimativa da vazão que percolará
através do maciço e da fundação de barragens de terra, em obras de drenagem,
rebaixamento do nível d’água, adensamento, etc.

Portanto, os mais graves problemas de construção estão relacionados


com a presença da água. O conhecimento da permeabilidade e de sua variação é
necessário para a resolução desses problemas. O coeficiente de permeabilidade
pode ser determinado através de ensaios de laboratório em amostras indeformadas
ou de ensaios “in situ”.

Como já foi visto, o solo é um material natural complexo, constituído por


grãos minerais e matéria orgânica, constituindo uma fase sólida, envolvidos por uma
fase líquida: água. Há uma terceira fase, eventualmente presente; o ar, o qual
preenche parte dos poros dos solos não inteiramente saturados de água.

No caso das areias o solo poderia ser visto como um material constituído
por canalículos, interconectados uns aos outros, nos quais ou há água armazenada,
em equilíbrio hidrostático, ou água flui através desses canalículos, sob a ação da
gravidade. Nas argilas esse modelo simples do solo perde sua validade, uma vez
que devido ao pequeníssimo diâmetro que teriam tais canalículos e as formas
exóticas dos grãos, intervêm forças de natureza capilar e molecular de interação
entre a fase sólida e a líquida. Portanto, o modelo de um meio poroso, pelo qual
percola à água, é algo tanto precário para as argilas, embora possa ser
perfeitamente eficiente para as areias. Infelizmente a quase totalidade das teorias
para percolação de água nos solos é baseada nesse modelo.

3.1 - FATORES QUE INFLUENCIAM NA PERMEABILIDADE

Os principais fatores que influenciam no coeficiente de permeabilidade


são: granulometria, índice de vazios, composição mineralógica, estrutura, fluído,
macroestrutura e a temperatura. Granulometria - O tamanho das partículas que
22

constituem os solos influencia no valor de “k”. Nos solos pedregulhosos sem finos
(partículas com diâmetro superior a 2mm), por exemplo, o valor de “k” é superior a
0,01cm/s; já nos solos finos (partícula com diâmetro inferior a 0,074mm) os valores
de “k” são bem inferiores a este valor. Índice de vazios - A permeabilidade dos solos
esta relacionada com o índice de vazios, logo, com a sua porosidade. Quanto mais
poroso for um solo (maior a dimensão dos poros), maior será o índice de vazios, por
conseguinte, mais permeável (para argilas moles, isto não se verifica). Composição
mineralógica - A predominância de alguns tipos de minerais na constituição dos
solos tem grande influência na permeabilidade. Por exemplo, argilas moles que são
constituídas, predominantemente, de argilo-minerais (caulinitas, ilitas e
montmorilonitas) possuem um valor de “k” muito baixo, que varia de 10-7 a 10-8
cm/s. Já nos solos arenosos, cascalhentos sem finos, que são constituídos,
principalmente, de minerais silicosos (quartzo) o valor de “k” é da ordem de 1,0 a
0,01cm/s. Estrutura - É o arranjo das partículas. Nas argilas existem as estruturas
isoladas e em grupo que atuam forças de natureza capilar e molecular, que
dependem da forma das partículas. Nas areias o arranjo estrutural é mais
simplificado, constituindo-se por canalículos, interconectados onde a água flui mais
facilmente. Fluído - O tipo de fluído que se encontra nos poros. Nos solos, em geral,
o fluído é a água com ou sem gases (ar) dissolvidos. Macro-estrutura -
Principalmente em solos que guardam as características do material de origem
(rocha mãe) como diaclases, fraturas, juntas, estratificações. Estes solos constituem
o horizonte C dos perfis de solo, também denominados de solos saprolíticos.
Temperatura - Quanto maior a temperatura, menor a viscosidade d’água, portanto,
maior a permeabilidade, isto significa que a água mais facilmente escoará pelos
poros do solo.

3.2 - A LEI DE DARCY

Em 1856, Darcy (Engenheiro Francês) verificou como os diversos fatores


geométricos, indicados na figura 1, influenciavam a vazão da água, e propôs sua lei
experimental do regime de escoamento dos fluidos para auxiliar nos estudos acerca
da determinação da permeabilidade dos solos.

O princípio fundamental de sua lei diz que a velocidade de percolação é


diretamente proporcional ao gradiente hidráulico.
23

O escoamento dos fluidos se apresenta basicamente em dois tipos:


laminar e turbulento. O que define estes escoamentos é basicamente a velocidade.
O escoamento laminar, que ocorre em velocidades mais baixas e em trajetórias
retas e paralelas, é o que interessa na Mecânica dos Solos.

A Lei de Darcy é deduzida segundo a teoria de Reynolds, e determina a


velocidade de descarga de um fluído em escoamento laminar. V = K x i

Figura 1: Água percolando num permeâmetro onde: V = Velocidade de


descarga em (cm/s ou m/s)

K = Constante de permeabilidade (cm/s ou m/s) (Índice que expressa a


facilidade ou a dificuldade da água se deslocar por entre os vazios de um solo com
certa velocidade) i = Gradiente hidráulico (Queda de potencial hidráulico por
distância de percolação unitária.) i = h/L, onde: L = Altura da amostra (cm) h = Carga
hidráulica (cm)

3.3 - O COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE E SUA DETERMINAÇÃO

O coeficiente de permeabilidade é o grau de permeabilidade expresso


numericamente. É calculado para duas situações: Carga constante e carga variável.

Determinação do coeficiente de permeabilidade à carga constante de


água perolando através do solo, em regime de escoamento laminar com
continuidade do escoamento, sem variação do volume do solo durante o ensaio.

Existem diversos tipos de equipamentos para investigação da


condutividade hidráulica de solos em laboratório. Esses equipamentos são
denominados de permeâmetros, e são classificados em permeâmetros de parede
rígida e parede flexível. Os ensaios de condutividade hidráulica realizados em
24

laboratório são mais utilizados na avaliação de solos compactados durante a fase de


projeto, devido os baixos custos comparados com ensaios de campo. Os resultados
destes ensaios ajudam na seleção de materiais, normalmente mais indicados como
camada impermeabilizante de fundações e aterros sanitários.

3.4 - PERMEABILIDADE DE PAREDE RÍGIDA

O permeâmetro de parede rígida é constituído por tubo metálico, plástico


ou vidro (quando o chorume for o líquido percolante), onde é colocado o corpo de
prova para o ensaio. Esse tipo de permeâmetro não se utiliza em ensaios com solos
de baixa permeabilidade, pois há a possibilidade de fluxo lateral entre o corpo de
prova e molde, neste caso podem ser ensaiados de acordo com a NBR 13292/95.
Os permeâmetros de parede rígida mais utilizados são do tipo: molde de
compactação, tubo amostrador e célula de adensamento.

a) Permeâmetro do tipo molde de compactação

O ensaio com permeâmetro do tipo molde de compactação é realizado


em corpos de prova compactados. O corpo de prova contido por um cilindro é fixo
entre duas placas (tampas) em suas extremidades e vedadas com anéis de
borracha. No topo e base são colocados materiais drenantes. Daniel (1994)
apresentou uma extensa revisão sobre os principais permeãmetros de parede rígida
utilizados para determinação da k em solos. Em geral estes permeâmetros utilizam
corpos de prova compactados, porém a NBR 14545/0 descreve um tipo de ensaio
onde são executadas uma vedação com argila plástica (bentonita) nas laterais do
corpo de prova. Neste caso o corpo de prova pode ser compacto ou natural. A
bentonita terá como função o selamento anelar evitando o fluxo de água pelas
lateriais. Daniel (1994) também apresenta este tipo de equipamento. A figura 6.4 (a),
(b) e (c) apresenta 3 tipos de permeâmetros de parede rígida mais utilizados.
25

b) Permeâmetro do tipo tubo amostrador

O permeâmetro do tipo tubo amostrador consiste de um tubo que coleta


amostras indeformadas em campo. Várias vezes o tubo é cortado no laboratório e
fixo entre as placas, sendo o corpo de prova percolado com líquidos diretamente no
interior do tubo. Daniel (1994), afirma há grandes possibilidades de ocorrer fluxo
lateral se o ensaio for realizado com amostras de solos muito rígidos ou que tenham
material granular. Além disto, podem ocorrer danos na amostra quando na coleta,
devido à perturbação do solo na cravação do tubo amostrador e também na retirada
do mesmo.

c) Permeâmetro do tipo célula de adensamentoO permeâmetro do tipo


célula de adensamento é formado por uma célula, pela qual o fluxo d’água do corpo
de prova é conectado ao ensaio figura 6.6, Tavenas et al (1983), afirma que uma
das vantagens na utilização deste ensaio é a possibilidade de medir além da
condutividade hidráulica a tensão vertical efetiva inicial (σ’v0), índice de vazios (e0),
mas também a lei da variação de k em função do índice de vazios com o aumento
da tensão vertical efetiva.
26

Em geral os permeâmetros de parede rígida apresentam como


vantagens: (a)

Simplicidade de construção, operação e baixo custo da célula; (b)


amostras com dimensões maiores podem ser ensaiadas; (c) podem ser aplicadas as
tensões verticais nulas se desejado. As principais desvantagens que estes
permeâmetro apresentam são: (a) Problemas de fluxo lateral nas amostras; (b) não
há controle da tensão horizontal; (c) não é possível confirmar o grau de saturação
pelo parâmetro B; (d) não é possível obter a saturação por contrapressão; (e)
necessita-se de um grande tempo para ensaiar o material de baixa permeabilidade.

3.5 - PERMEABILIDADE DE PAREDE FLEXÍVEL

Consiste de uma câmara triaxial simplificada adaptada ao ensaio de


permeabilidade. Na figura 6.7 aparece o desenho esquemático de um permeâmetro
de parede flexível. Este sistema pode ser usado com água, chorume ou com outro
líquido. Quando usado com líquido de origem química, necessita-se verificar a
possibilidade de alteração da membrana que reveste o corpo de prova e os
componentes do permeâmetro.

O corpo de prova de solo é colocado no interior da célula triaxial envolvido


por uma membrana, e disposto entre a base e o pedestal, sendo confiando entre
pedras porosas, na parte superior e inferior do corpo de prova. A célula triaxial é
preenchida com água, aplicam-se tensões de confinamento, que comprimem a
membrana flexível ao corpo de prova. Desta forma o fluxo lateral (entre a membrana
e o corpo de prova) é minimizado. Uma linha de drenagem é conectada na parte
inferior do corpo de prova (onde entrará o fluxo d’água), e outra na parte superior
(onde sairá o fluxo). As principais vantagens do permeâmetro de parede flexível são:
(a) saturação da amostra por contrapressão e tem-se a possibilidade de verificar o
parâmetro B = ∆u / ∆σ; (b) possibilidade de controle das tensões principais; (c)
realizar ensaios com materiais de baixa condutividade hidráulica; (d) ensaios mais
rápidos; (e) a membrana que envolve a amostra reduz o risco de percolação lateral
devido à tensão de confinamento aplicada; (f) as mudanças volumétricas e
deformações podem ser medidas. Citam-se como principais desvantagens: (a) os
custos da célula e dos equipamentos envolvidos para realização dos ensaios são
elevados; (b) problemas de compatibilidade química da membrana com líquidos
27

utilizados na percolação; (c) dificuldades de execução do ensaio com tensões de


compressão muito baixas; (d) problemas de difusão através da membrana.

3.5.1 - MÉTODOS DE ENSAIO (SISTEMAS DE CONTROLE)

Os métodos de ensaio de condutividade hidráulica são nomeados em


função do sistema de aplicação de carga hidráulica, que podem ser do tipo: carga
constante, carga variável e vazão constante (Daniel, 1994).

3.6 - ENSAIO A CARGA CONSTANTE

Neste ensaio a amostra é submetida a uma carga hidráulica constante


durante o ensaio (permeâmetro de nível constante). O coeficiente de permeabilidade
é determinado pela quantidade de água que percola a amostra para um dado
intervalo de tempo. A quantidade de água é medida por uma proveta graduada,
determinando-se a vazão (Q), conforme mostra a Figura 6.8. Este permeâmetro é
muito utilizado para solos de granulação grossa (solos arenosos).

Q = v . A v = k . i Q = k . i . A Q = k . h/L . A

k = permeabilidade v = velocidade i = gradiente hidráulico Q = vazão L =


comprimento A = área da amostra h = diferença de nível V = volume t = tempo

3.7 - ENSAIO A CARGA VARIÁVEL

Em se tratando de solos finos (solos argilosos e siltosos), o ensaio com


carga constante torna-se inviável, devido à baixa permeabilidade destes materiais há
pouca percolação de água pela amostra, dificultando a determinação do coeficiente
de permeabilidade. Para tais solos é mais vantajoso a utilização de permeâmetros
28

com carga variável, conforme mostra a Figura 6.9. h = f (t) Q = V/t = k . i . A V = K .


i . A . t dV = k . i . A . dt (na amostra) dV = - a . dh (na bureta) k . i . A . dt = - a . dh k .
h/L . A. dt = - a . dh

Realizando-se a integração entre h1 e h2 e t1 e t2

3.8 - ENSAIOS DE CAMPO (IN SITU)

Por mais cuidadosos que sejam os ensaios de permeabilidade em


laboratório, representam somente pequenos volumes de solo em pontos individuais
de uma grande massa. Portanto, a validade da aplicação dos valores neles obtidos
aos problemas de percolação e drenagem dependerá de como possam ser
considerados representativos da massa de solo. Em projetos importantes justifica-se
a realização de determinações “in situ” da permeabilidade as quais envolvem
grandes volumes de solo fornecendo valores médios de permeabilidade que levam
em conta variações locais no solo. Por outro lado, eliminam o problema do
amolgamento das amostras indeformadas e a dificuldade de amostragem oferecida
por algumas formações especialmente de solos arenosos.
29

3.9 - ENSAIO DE PERMEABILIDADE EM FUROS DE SONDAGEM

É um ensaio de custo baixo quando comparado com o ensaio de


bombeamento. Determina-se a permeabilidade de solos e rochas injetando-se água
ou bombeando-se através de perfurações executadas durante a fase de
investigação (furos de SPT). Este método está sujeito a uma série de erros, tais
como a falta de precisão nas medidas dos elementos geométricos, o amolgamento
do solo devido à perfuração, etc. Além disso, as fórmulas deduzidas para o cálculo
da permeabilidade são aplicáveis somente em casos específicos e, por isso, é
necessário muito cuidado para não aplicar fórmulas a ensaios cujas condições não
se enquadram nos limites estipulados para as mesmas.

3.10 - ENSAIO COM PIEZÔMETRO

Na engenharia geotécnica, piezômetros são instrumentos amplamente


utilizados para monitoramento de poro pressões em encostas naturais, taludes,
obras de terra, etc. Os ensaios com piezômetro são empregados para a
determinação do k em solos naturais e camadas compactadas. Tendo como
principal vantagem a sua simplicidade e rápida execução. Segundo Tavenas et. al
(1986) existem dois tipos de piezômetros (figura 6.13) amplamente empregados:
piezômetro cravado e piezômetro escavado. a) Piezômetro do tipo cravado

Este piezômetro é formado de uma ponteira metálica e um elemento


poroso ligado a um tubo de água. Este tipo de ensaio não deve ser utilizado para
solos argilosos, pois no momento da cravação ocorre uma pertubação e colmatação
na estrutura do solo (Tavenas et al; 1986). A alteração destas características do solo
natural diminui os valores do coeficiente k encontrados no campo. A figura 6.13 b
demonstra o esquema de um piezômetro cravado.
30

3.10.1 - PIEZÔMETRO DO TIPO ESCAVADO

Herzog (1994) apresenta detalhes construtivos de piezômetros


escavados, que foram utilizados para determinação da condutividade hidráulica em
depósitos naturais geológicos dos Estados Unidos. Os ensaios realizados por este
autor são do tipo slug test similar aos ensaios realizados por Cunha et al. (1997),
Bortoli (1999) e Pinheiro (2000). A execução de um ensaio de condutividade
hidráulica com piezômetro escavado (figura 6.13a) requer basicamente: (a) tubos de
PVC com diâmetro de 32 a 40mm, visando permitir o aumento do comprimento do
tubo de suporte, até atingir-se a profundidade de ensaio (cada extensão é realizada
por meio de conexões rosqueadas e vedadas), (b) bentonita para a execução do
selo, (c) areia para execução do filtro (este é construído com areia de granulometria
grossa; recomenda-se que seja usada uma camada adicional de alguns centímetros
de areia fina sobre a camada de areia grossa, para evitar que a bentonita provoque
colmatação do filtro), (d) bureta graduada para a medição do volume de água
infiltrado, (e) trados e hastes para a execução do furo de sondagem. A equação
básica para a determinação do coeficiente de condutividade hidráulica a partir de
resultados de ensaios com piezômetros, foi apresentada por Hvorslev (1951). Esta
equação requer o conhecimento da relação entre a carga hidráulica aplicada no
interior do furo e a vazão medida durante o ensaio, além do fator de forma da
ponteira. Esse fator de forma F é uma função da geometria do piezômetro e do tipo
de ensaio (com aplicação de carga hidráulica constante ou variável). A utilização
desta equação também pressupõe que o solo seja homogêneo e isotrópico. Para
31

uma vazão Q (vazão estabilizada) no piezômetro, sob uma carga hidráulica


constante h, Hvorslev (1951) apud Bortoli (1999) propõe a utilização das equações:

Onde: d = diâmetro do tubo h1 e h2 as cargas hidráulicas anotadas nos


tempos t1 e t2 respectivamente F = fator de forma;

O fator de forma F tem sido objeto de consideráveis discussões na


literatura geotécnica, sendo que vários autores (Hvorslev, 1951, Wilkinson, 1968,
Brandt e Premchitt, 1980) segundo Bortoli (1999) propuseram formulações para a
sua obtenção. Na figura 2.13 são apresentadas curvas da normalização do fator F
pelo diâmetro do furo de sondagem levando em consideração a geometria do
ensaio. A equação 1 introduz um parâmetro "m" que quantifica as diferenças entre
as diversas modificações propostas para o fator F.

As equações originalmente desenvolvidas por Hvorslev (1951) para a


interpretação de ensaios com piezômetros correspondiam à condição de solo abaixo
do nível de água. Nesta pesquisa foi utilizado o parâmetro m = 1 proposto por
Hvorslev (1951), nos cálculos dos ensaios com piezômetros escavados.

Ensaio de perda d’água sob pressão (ensaio Lugeon)

É prática corrente observar-se no decorrer da execução de sondagens


rotativas perdas de água parciais ou totais dependendo da importância e densidade
de fissuração da rocha. O ensaio de Lugeon ou de perda d’água nada mais é do que
um aperfeiçoamento desta observação. O ensaio de perda d’água permite obter
informações quantitativas sobre a circulação da água em rochas fissuradas, com o
32

objetivo de julgar as possibilidades de consolidação por injeções. O ensaio consiste


em injetar, em um trecho de comprimento L, isolado num furo de sondagem por
obturadores, água sob pressão constante conforme o esquema apresentado na
Figura 6.14. A pressão de injeção (Pm) é controlada por um manômetro e a
descarga (vazão) através de um hidrômetro, obtendo-se o volume injetado num
certo intervalo de tempo.

3.11 - FÓRMULAS EMPÍRICAS

Hazen: fornece valores de permeabilidade em função do diâmetro e forma


dos grãos. Válida somente para solos arenosos (areias fofas e uniformes)

Onde, k = coeficiente de permeabilidade D10 = diâmetro efetivo das


partículas C = coeficiente que para solos arenosos é igual a 100.

Nishida: correlaciona o índice de vazios com a permeabilidade em argilas


saturadas

Onde, k = coeficiente de permeabilidade e = índice de vazios IP = índice


de plasticidade δ = constante que depende do tipo de solo e de valor médio 0,05
33

3.11.1 - VALORES TÍPICOS DE COEFICIENTES DE PERMEABILIDADE

A Tabela abaixo apresenta valores típicos do coeficiente de


permeabilidade (médios) em função dos materiais (solos arenosos e argilosos).
Consideram-se solos permeáveis, ou que apresentam drenagem livre, são aqueles
que têm permeabilidade superior a 10-7 m/s. Os demais são solos impermeáveis ou
com drenagem impedida.

− Solo − K(cm/s) − Grau de Permeabilidade

− -Pedregulhos − -Areia

− -Areia Siltosa

− -Argilas Siltosas

− -Argilas Plásticas

− Alta − Média

− Baixa

− Muito Baixa

− Baixíssima

Fatores que afetam no Coeficiente de Permeabilidade a) Estado do Solo.

• Quanto mais fofo o solo, mais permeável ele é. K=1,4 . k 0,85 . e²


(Areias puras e graduadas) b) Grau de Saturação.

• O coeficiente de permeabilidade (K) de um solo não saturado é menor


do que ele apresentaria se estivesse totalmente saturado.

KSolo Não Saturado < KSolo Saturado c) Estrutura e Anisotropia

• Solos residuais: apresentam K maiores em virtude dos macroporos de


sua estrutura.
34

• Solos compactados: - compactado seco (estrutura floculada)

- compactado mais úmido (estrutura dispersa)

KSolo Estrutura Floculada > KSolo Estrutura Dispersa

• Exemplo de K para um solo compactado em diferentes teores de


umidade (solo da barragem de Ilha Solteira)

− Umidade de compactação − Índice de Vazios − K (m/s)

• Geralmente, o solo não é isotrópico com relação à permeabilidade. -


Solos sedimentares → Khorizontal > Kvertical

- Solos Compactados → Khorizontal = 5, 10 ou 15 vezes Kvertical

• Em virtude da estratificação do solo, os valores de K são diferentes nas


direções horizontal e vertical.

d) Temperatura

• K depende de γ (peso específico) e µ (viscosidade) do líquido.

• γ e µ variam com a temperatura.


35

• Quanto maior a T, menor µ → Aumento de K

3.12 - VELOCIDADE DE DESCARGA E VELOCIDADE REAL DA ÁGUA

De acordo com a Lei de Darcy, a vazão é determinada através da


equação: vAQ×=

Em solos, a água não passará por toda a área dos solos, mas apenas nos
vazios deste.

A velocidade de descarga é a quantidade de água que circula por unidade


de tempo através de uma superfície perpendicular as linhas de filtração. Na imagem
abaixo (figura 1A), a velocidade de percolação medida do ponto A ao ponto B ou do
ponto C ao ponto D é indicada como velocidade de descarga ou de velocidade de
aproximação.

Quando a água atravessa através do solo, ou seja, de B para C, essa


velocidade tem que ser maior por causa da equação da vazão, pois a área
disponível é menor.

A partir da correlação da figura 1A com a figura 1B e partindo do


pressuposto que a vazão é a mesma em qualquer seção, tem-se:

A relação entre a área dos vazios e a área total é igual a relação entre os
volumes correspondentes:
36

rdd rd vvA

Como a porosidade é dada por:

dr A

A expressão para a Velocidade real da água fica:

vvvdr

O esquema mostra os vazios do solo preenchidos inteiramente por água,


para uma melhor visualização do fenômeno, criou-se uma correlação (figura 1B) que
mostra uma velocidade média real da água no solo. Para facilitar a visualização na
figura 1B, foi realizado um corte transversal.

Lembrando que a velocidade calculada a partir da figura 1B é apenas


uma média da velocidade real, uma vez que os espaços vazios por onde a água
percorre é um caminho não uniforme.

3.13 - CARGAS HIDRÁULICAS

Em locais onde há fluxo de água, á conveniente expressar os


componentes de energia pelas cargas em termos de altura de coluna d’água.
37

Os princípios hidráulicos que interessam para se descobrir as cargas


hidráulicas e piezométricas estão ilustrados na figura 2A, onde os pontos a e b os
extremos da linha de filtragem. Em cada extremo da amostra de solo foi instalado
tubos piezométricos para indicar o nível que a água se eleva ou rebaixa entre dois
pontos. O nível da água no tubo colocado em b se chama nível piezométrico e a
distância vertical entre este nível d’água e o ponto b é chamado de altura ou carga
piezométrica em b (carga piezométrica é a pressão neutra no ponto, expressa em
altura de coluna d’água). A filtração somente acontece nos casos em que exista uma
diferença piezométrica entre os pontos a e b, chamada de carga hidráulica em a
com relação à b, visto na figura abaixo.

Quando há diferença de cargas totais, há fluxo, e ele seguirá o sentido do


ponto de maior carga total para o de menor carga total.

Também deve ser notado que a diferença piezométrica será igual a


diferença entre as alturas piezométricas de a e b, somente nos casos em que há
diferença de nível entre a e b: b - a = Carga Hidráulica

Se a água se eleva no mesmo nível em todos os tubos piezométricos


colocados entre a e b, o sistema encontra-se em repouso e, por isso, não há vazão
(ver figura 2B). Não haverá fluxo, ainda que a carga
38

3.14 - ENSAIO DE BOMBEAMENTO

Trata-se de um ensaio de grande uso para a determinação da


permeabilidade in situ de camadas de areia e pedregulho. O método consiste em
esgotar-se água do terreno estabelecendo-se um escoamento uniforme, medir a
descarga do poço (q) e observar a variação do nível d’água em piezômetros (h1 e h2
) colocados nas proximidades, conforme figura abaixo.

O poço para bombeamento deve penetrar em toda a profundidade da


camada ensaiada e com diâmetro suficiente para permitir a inserção de uma bomba
com tipo e capacidade necessária ao bombeamento.

As hipóteses básicas são: 1) o poço de bombeamento penetra em toda a


espessura da camada permeável; 2) existe escoamento uniforme; 3) formação é
homogênea e isotrópica; 4) validade da lei de Darcy; 5) validade da hipótese de
Dupuit, i = dh/dr = constante.
39

O custo do ensaio de bombeamento é relativamente alto e, portanto, deve


sempre ser precedido por investigações que estabeleçam a natureza geral das
formações.

4- ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES

O ensaio de compressão simples é o método mais simples e rápido para


determinar a resistência ao cisalhamento de solos coesivos e somente deste tipo de
solo. O ensaio fornece o valor da coesão (resistência não drenada) de campo do
solo, denominada cu, para isso deve ser feito com amostra indeformada e
conservando sua umidade natural. Pode ainda ser usado para amostras de solos
compactados. O ensaio de compressão simples visa à determinação da resistência
à compressão não confinada (ou simples) de corpos de prova constituídos por solos
coesivos, mediante aplicação de carga axial com controle de deformação. Tais
corpos de prova podem ser indeformados ou obtidos por compactação ou mesmo
por remoldagem. Os valores resultantes da aplicação deste ensaio correspondem à
resistência de solos coesivos em termos de tensões totais. Este tipo de ensaio se
aplica a solos coesivos que não expulsamágua durante a fase de carregamento do
ensaio e que retém uma resistência após o alívio das pressões confinantes de
campo, tais como argilas ou solos cimentados saturados. A realização do ensaio
sobre uma mesma amostra, nos estados indeformado e remoldado (aquele
constituído por solos que tenha tido sua estrutura natural modificada por
manipulação), permite a determinação da sensitividade do material, desde q o corpo
de prova remoldado mantenha uma forma estável.O equipamento de compressão
pode ser uma prensa hidráulica, de engrenagem ou qualquer outro equipamento de
compressão com capacidade e controle suficientes para fornecer a velocidade de
deslocamento necessária. O carregamento é efetuado com deformação controlada.
O anel dinamométrico é utilizado para determinar os esforços aplicados e o medidor
de deslocamento deve ser constituído por um deflectômetro ou relógio comparador.
Os corpos de prova devem ter um diâmetro mínimo de 35 mm, devidamente
40

medidos e pesados antes e depois da execução do ensaio. O carregamento deve


ser aplicado de maneira a se obter uma velocidade de deformação axial específica
constante. 
Os valores de carga, deslocamento e tempo devem ser registrados, com intervalos
adequados para definir a forma da curva tensão-deformação. O carregamento deve
prosseguir até que os valores de carga aplicada diminuam com a evolução dos
deslocamentos ou então até se obtenha 15% de deformação axial específica.
Ensaios para determinação de índices físicos.

O ensaio determina a resistência à compressão simples sem


confinamento lateral, que é o valor da pressão correspondente à carga que rompe
um cilindro de solo submetido à um carregamento axial. A resistência a compressão
é o valor da carga máxima de ruptura do material ou o valor da pressão
correspondente à carga na qual ocorre deformação específica do cilindro de 20,
naqueles casos em que a curva tensão x deformação axial não apresenta pico. 

A resistência ao cisalhamento não drenada, ou cu, é a metade da


resistência à compressão simples. O valor medido de resistência neste ensaio é
para a condição não drenada, pois o ensaio é realizado tão rapidamente que não há
perda de umidade para o meio ambiente.

O ensaio de compressão simples pode ser executado de duas maneiras: 


Por deformação controlada: controla-se a velocidade de deformação do corpo de
prova e mede-se a carga aplicada correspondente; 

Por cargacontrolada: controla-se a carga aplicada ao corpo de prova e


mede-se a deformação correspondente. 

No caso do ensaio por deformação controlada segue-se o procedimento


apresentado a seguir.

EQUIPAMENTOS 

Máquina de compressão simples;

Serra de arrame ou faca;


41

Talhador de amostras; 

Berço de amostras; 

Paquímetro; 

Cronômetro; 

Balança; 

Cápsulas; 

Dissecador; 

Extrator de amostras; 

4.1 - EXTENSÔMETRO; ANEL DINAMOMÉTRICO; PRENSA. 

* Para solos compactados pode-se usar molde de 5 por 10 cm, soquete e


amostra preparada na umidade desejada ou então prepara-se a amostras usando o
equipamento do ensaio de compactação e então procede-se a redução para as
dimensões de 5x10 cm utilizando-se o talhador de amostras. 

Procedimento:

a) Preparação da amostra: 

1. O corpo de prova para o ensaio de compressão simples pode ser


obtido de uma amostra indeformada de solo contida no tubo Shelby ou bloco de
amostra, ou pode-se ainda obtê-lo por compactação. 

2. Retira-se uma porção da amostra em questão com dimensões maiores


que as requeridas para o corpo de prova. Leva-se a amostra para o talhador, onde
reduz-se para o diâmetro desejado com auxílio da serra de arrame fino ou faca. Em
seguida coloca-se no berço de amostras que tenha a altura e o diâmetro requeridos
para o ensaio, cortando-se paralelamente as suas extremidades. 

3. Deve-se tomar asmedidas da altura e diâmetro finais do corpo de


prova, sendo que o diâmetro deve ser a média entre as medidas das extremidades e
42

do centro e a altura a média de pelo menos duas medidas. A relação entre altura e
diâmetro deve estar entre 2 e 3. 

Observação: Para ensaios com corpos de prova compactados a


preparação da amostra deve seguir procedimento tal que, a partir do solo a ser
usado na obra separe-se quantidade suficiente para a moldagem de pelo menos três
corpos de prova em cada umidade desejada. A umidade pode ser variada de acordo
com a faixa de umidade de trabalho que o material vai ser submetido no campo. 

b) Execução do ensaio: 

4. Coloca-se o corpo de prova na máquina de compressão coincidindo o


seu eixo com o centro da placa de carregamento. 

5. Zera-se os extensômetros (do anel dinamométrico e das deformações)


e iniciar o carregamento. 

6. Aplica-se a velocidade de cisalhamento escolhida para a ruptura


através da manivela da prensa. A velocidade deve ser tal que permita que o
cisalhamento se realize sem perda de umidade, ou seja, não drenado. Além disso, o
tempo total do ensaio deve ser aproximadamente 10 minutos. Geralmente a
velocidade é fixada em 1 da altura da amostra por minuto, o que resulta num valor
de 0.5 a 2/minuto. 

7. Anotar os valores acusados nos dois extensômetros (de carga e de


deformação) até que se verifique a ruptura do corpo de prova,caracterizada pela
queda no valor lido no extensômetro do anel dinamométrico. Para o caso de não
haver queda no valor do anel dinamométrico, a ruptura deverá ser considerada
como sendo correspondente a uma deformação específica de 20. 
Para uma melhor definição do gráfico de tensão axial x deformação, no início do
ensaio deverão ser feitas leituras com maior freqüência. 

8. Faz-se na folha de ensaio um croquis do corpo de prova após a


ruptura. 
43

9. Quando o corpo de prova não for aproveitado para execução de outros


ensaios, colocar o mesmo em cápsula, pesar e secar em estufa a fim de determinar
a umidade. 

 Determinar a umidade (w), toma-se a média das determinações feitas


para cada corpo de prova. 

H
Calcular a deformação axial específica:  .100% H0

Onde: 

 = Deformação específica. 

H = Decréscimo de altura do corpo de prova. Ho = Altura inicial do corpo


de prova. 

A A0

Calcular a área corrigida do corpo de prova pela fórmula: 


1/100

Onde: 

A = Área corrigida, em cm². 

A = Área inicial do corpo de prova, em cm². 

 = deformação específica. 

P
Calcular a pressão exercida sobre o corpo de prova, devido a uma carga, pela
fórmula:

p A

Onde: 
44

p = Pressão, em g/cm² 

P = Carga aplicada ao corpo de prova, em gf 

A = Área corrigida do corpo de prova, em cm² 

Sendo a carga aplicadadeterminada por meio de anel dinamométrico,


deve-se multiplicar o valor lido pelo fator para se obter P. 
Traçar o gráfico pressão/deformação e retirar o valor da resistência à compressão. 
Com o valor da resistência à compressão traçar o circulo de Morh e obter o valor da
resistência ao cisalhamento (que será o mesmo valor de cu) 

4.1.1 - OBSERVAÇÕES 

A coesão não-drenada determinada pelo ensaio de compressão simples é


função da umidade do material, conforme se pode ver pelo resultado do ensaio
realizado. Isto porque o valor de resistência medido é dado por duas componentes:
uma pela coesão verdadeira (propriedade do material argiloso ou cimentação do
solo) e outra devido às pressões neutras negativas também chamada coesão
aparente. 

Para os solos mais secos observar um maior efeito da coesão aparente


do que para solos mais úmidos. 

A velocidade de deformação do corpo de prova deve ser maior para solos


moles, que apresentam grande deformação sob a aplicação de carga, e menor para
solos duros e quebradiços, que apresentam deformação pequena sob a aplicação
de carga. 

Pode-se citar alguns problemas neste ensaio tais como: impossibilidade


de controle das condições internas (saturação, umidade, pressões neutras), efeito
do atrito nas extremidades, efeito da amostragem e do amolgamento na
determinação da coesão não-drenada (ou resistência não-drenada) considerada a
coesão insitu etc. 

Conforme se lê em PINTO,C.S.: “Teoricamente a resistência à


compressão simples de solos saturados deveria ser igual à resistência não-
45

drenanda destes solos medida em ensaios triaxiais tipo UU. Ensaios de laboratório,
entretanto, têm demonstradoque a resistência à compressão simples é ligeiramente
menor. Tal fato é justificado pelo seguinte: com a redução da altura do c.p. e sendo
o ensaio não-drenado o volume se mantem constante, portanto há um aumento na
área transversal do c.p. Ora, isto introduz tensões de tração nas bordas do c.p. que
não são resistidas, abrindo-se fissuras ao longo de geratrizes do corpo de prova,
através das quais as tensões efetivas não se transmitem.” 

Através de ensaios de compressão simples pode-se medir a sensitividade


de argilas naturais. Uma argila é considerada sensível quando se observa perda de
resistência do material entre o estado indeformado e o estado amolgado. 

Sensitividade 

Classificação 

1 insensível 

1 a 2 Baixa sensitividade 

2 a 4 Médias sensitividades 

4 a 8 Sensíveis 

> 8  Ultra sensíveis 

O ensaio para a determinação da sensitividade deve ser feito com o


mesmo material, na condição indeformada e na amolgada apresentarão mesma
umidade e mesmo índice de vazios. Não se deve confundir solo sensível com solo
colapsível. Neste último a perda de resistência ocorre com a saturação ou
inundação. Ensaio de Adensamento do solo

Uma das principais causas de recalques é a compressibilidade dos solos,


ou seja, a diminuição do seu volume sob ação das cargas aplicadas; em particular
um caso de grande importância é aquele que se refere á compressibilidade de uma
camada de solo, saturada e confinada lateralmente. Tal situação condiciona os
chamados recalques por adensamento, que alguns autores preferem denominar
46

recalques por consolidação. A Torre de Pisa é um exemplo clássico de obra que


promoveu um grande adensamento do solo sob suas fundações gerando um
elevado nível de recalque diferencial. Outro exemplo bastante citado no Brasil são
os prédios na orla da cidade de Santos.

A compressibilidade de um solo é indicada pelo índice de adensamento, o


qual pode ser obtido por vários métodos. O mais utilizado é o método clássico
desenvolvido por Terzaghi e conhecido no Brasil como ensaio de adensamento
lateralmente confinado ou ensaio edométrico. O processo consiste na aplicação de
carregamentos verticais em uma amostra lateralmente confinada. Nesse processo
ocorre a redução do volume do solo. Esta redução é devida a tensão sobre a
amostra, que faz com que as partículas de solo posicionem-se de forma mais
compacta, reduzindo o volume de vazios e consequentemente o volume total.
Quando a amostra está saturada, o adensamento se dá pela expulsão da água.

5- ENSAIO DE ADENSAMENTO

A fim de se explicar em que consiste a mecanismo do processo de


adensamento, consideraremos o caso de uma fundação que distribui sua carga a
uma camada de argila saturada, limitada por camada de areia e por um leito
rochoso, impermeável.

Em um ponto M qualquer da camada compressível de argila saturada,


admitamos que a pressão transmitida pela fundação seja P0.

Ora, parte dessa pressão, U, vai ser transmitida à água que enche os
vazios do solo; e a outra parte, P, às suas partículas sólidas, de modo que:

P0 = P + U

A pressão p em o nome de pressão efetiva grão a grão, e ao acréscimo


de pressão neutra, u, chama-se sobrepressão hidrostática.

A água (admita incompressível) que está presa nos vazios do solo,


sofrendo esta sobrepressão, começa a se escoar em direção vertical, no sentido da
47

camada de drenagem de areia; no caso da argila, como a sua permeabilidade é


muito baixa, o escoamento se faz muito lentamente.

Dessa forma, a pressão u vai diminuindo até anular-se, e P vai


aumentando, uma vez que P0 é constante.

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Assim, no momento de aplicação da carga: U = P0 e P = 0 e, no final ,


quando cessa a transferência de pressões de U para P, praticamente U = 0 e P =
P0. Em uma fase intermediária qualquer, teremos:

P0 = P(t) + U(t)

Uma vez que P e U são funções do tempo.

Esta é a lei fundamental que rege o fenômeno do adensamento das


camadas de solo.

O processo de consolidação é explicado, freqüentemente, com um


sistema idealizado por Terzaghi, onde o solo é representado por uma mola cuja
deformação é proporcional à carga sobre ela aplicada. O solo saturado pode então
ser imaginado como uma mola dentro de um cilindro cheio de água. O cilindro tem
um pequeno furo no seu êmbolo, por onde a água pode sair lentamente
representando assim a sua baixa permeabilidade.

Teoria do adensamento de solos de Terzaghi em analogia com um


sistema mecânico.
48

O modelo mecânico de Terzaghi, representado na figura acima, tem seu


funcionamento conforme descrito a seguir.

1. O cilindro cheio d'água, e com a mola dentro, estão em equilíbrio e


representam o solo saturado; 2. É aplicado um carregamento sobre o pistão. Nesse
momento a água é que sustenta toda a carga pois ela pode ser considerada
incompressível;

3. À medida que a água é drenada pelo orifício, parte do carregamento


passa a ser suportado pela mola que vai encolhendo e aumentando sua resistência.
O solo está adensando; 4. O sistema volta ao equilíbrio pois a pressão da água foi
toda dissipada e a mola, que representa a estrutura sólida do solo, suporta a carga
sozinha. É o fim do adensamento.

5.1 - TEORIA DO ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL DE TERZAGHI (1925)

1 - A camada de argila é homogênea, completamente saturada,


lateralmente confinada e de espessura constante.

2 - A compressão da camada é devido à variação no volume, apenas


causada pela saída da água dos poros (a água e as partículas do solo são
incompressíveis).
5 - O coeficiente de adensamento C é constante durante o
adensamento

3 - A Lei de Darcy é válida. 4 - A deformação do solo ocorre apenas na


direção da aplicação da carga.

Entender o fenômeno, calcular e prever os recalques, as pressões


neutras que aparecem e a progressão dos recalques com o tempo.

OBJETIVO: simular a compressão em um solo sujeito a um carregamento


externo.

AMOSTRA: Saturada, Espessura = 25,4 m, Diâmetro = 63,5 m

APARELHO: Edômetro DESCRIÇÃO DO ENSAIO:


49

Todos os tipos de aparelhos- denominados edômetros- utilizados no


laboratório para determinação das características de adensamento de um solo
aplicam o principio introduzido por Terzaghi, da compressão de uma amostra,
geralmente indeformada, de altura pequena em relação ao diâmetro, confinada
lateralmente por um anel rígido e colocado entre dois discos porosos, conforme a
figura abaixo.

Se as condições reais corresponderem à situação da chamada semi-


aberta, empregar-se-á então um disco poroso. Observemos que, apesar da pequena
altura das amostras, o atrito que se desenvolve entre o solo e a parede do anel,
constitui uma causa de erro, embora não muito importante. Segundo tem sido
observado, a força de atrito lateral atinge valores da ordem de 10 a 20% da pressão
vertical aplicada. Daí a razão de alguns laboratórios utilizarem amostras de altura
ainda menor.

O anel rígido procura reproduzir no laboratório o que ocorre na natureza,


onde a deformação lateral da massa de solo é impedida pelo restante do maciço
terroso que a envolve. A carga é aplicada sobre a pedra porosa superior por meio de
um disco metálico rígido, e a compressão é medida com o auxilio de um micrômetro
(com sensibilidade de 0,01 m). Para fins de investigação, existe um tipo de edômetro
mais aperfeiçoado, projetado por Rowe e Barden.

Aplicando-se cargas verticais que vão sendo gradualmente aumentadas,


geralmente segundo uma progressão geométrica de razão igual a dois. Cada
estágio de carga deverá permanecer o tempo suficiente para permitir a deformação
total da amostra, registrando-se, durante o mesmo, e a intervalos apropriados (15,
30s; 1;2;4;8;16;32 min. e daí em diante em intervalos arbitrários) as indicações e
50

( deformações) do micrômetro.No final de cada estágio, quase sempre após 24


horas, as pressões s são efetivas.

5.1.2 - PROCEDIMENTO: ASTM - D - 2435

Para cada incremento de carga, a deformação da amostra e o tempo


correspondente são plotados em um papel semilogarítmico.

No fim do ensaio, cada incremento de carga corresponde a tensão efetiva


σ’ e os índices de vazios respectivos podem ser calculados em função da densidade
e da deformação da amostra.

É a pressão limite da curva de recompressão, o que corresponde ao


estado de solicitação máximo a que esteve submetido anteriormente a camada de
solo. Processo gráfico de Casagrande (1936) para determinação da pressão de
préadensamento:
51

1- Determina-se o ponto O na curva exlog σ, onde tem o maior raio de


curvatura.

2- Passa-se por ele a horizontal OA 3- Desenha-se uma tangente OB ao


ponto O na curva. 4- Passa-se a linha bissetriz OC ao ângulo AOB

5- Prolonga-se a parte reta da curva até a bissetriz. A interseção é o


ponto P que corresponde a pressão de pré-adensamento, σa.

O solo pode ser:

1) Normalmente adensado - quando a pressão de pré-adensamento é


igual a tensão efetiva que ele está carregado: σ’ = σa

2) Pré-adensado - quando a pressão de pré-adensamento é maior do que


a tensão efetiva que ele está carregado: σ 〈 σa

3) Parcialmente adensado - quando o solo não atingiu suas condições de


equilíbrio, ou seja, não terminou de adensar sob o peso próprio da terra: σ’> σa

A declividade da curva exlog σ’ para um solo normalmente adensado, é


chamada de índice de compressão.
52

Para argilas normalmente adensadas - Terzaghi e Peck (1967): Para


argilas remoldadas:

6- ENSAIO DE CISALHAMENTO

Pode ser que você não tenha se dado conta, mas já praticou o
cisalhamento muitas vezes em sua vida. Afinal, ao cortar um tecido, ao fatiar um
pedaço de queijo ou cortar aparas do papel com uma guilhotina, estamos fazendo o
cisalhamento.

No caso de metais, podemos praticar o cisalhamento com tesouras,


prensas de corte, dispositivos especiais ou simplesmente aplicando esforços que
resultem em forças cortantes. Ao ocorrer o corte, as partes se movimentam
paralelamente, por escorregamento, uma sobre a outra, separando-se. A esse
fenômeno damos o nome de cisalhamento.

Todo material apresenta certa resistência ao cisalhamento. Saber até


onde vai esta resistência é muito importante, principalmente na estamparia, que
envolve corte de chapas, ou nas uniões de chapas por solda, por rebites ou por
parafusos, onde a força cortante é o principal esforço que as uniões vão ter de
suportar.

Você ficará conhecendo dois modos de calcular a tensão de


cisalhamento: realizando o ensaio de cisalhamento e utilizando o valor de resistência
à tração do material. E ficará sabendo como são feitos os ensaios de cisalhamento
de alguns componentes mais sujeitos aos esforços cortantes.
53

6.1 - A FORÇA QUE PRODUZ O CISALHAMENTO

Ao estudar os ensaios de tração e de compressão, você ficou sabendo


que, nos dois casos, a força aplicada sobre os corpos de prova atua ao longo do
eixo longitudinal do corpo.

No caso do cisalhamento, a força é


aplicada ao corpo na direção perpendicular
ao seu eixo longitudinal.

Esta força
cortante,
aplicada no
plano da
seção
transversal
(plano de
tensão), provoca o cisalhamento.

Como resposta ao esforço cortante, o material desenvolve em cada um


dos pontos de sua seção transversal uma reação chamada resistência ao
cisalhamento.

A resistência de um material ao cisalhamento, dentro de uma determinada


situação de uso, pode ser determinada por meio do ensaio de cisalhamento.

6.2 - COMO É FEITO O ENSAIO DE CISALHAMENTO

A forma do produto final afeta sua resistência ao cisalhamento. São por


essa razão que o ensaio de cisalhamento é mais freqüentemente feito em produtos
acabados, tais como pinos, rebites, parafusos, cordões de solda, barras e chapas.

É também por isso que não existem normas para especificação dos
corpos de prova. Quando é o caso, cada empresa desenvolve seus próprios
modelos, em função das necessidades.
54

Do mesmo modo que nos ensaios de tração e de compressão, a


velocidade de aplicação da carga deve ser lenta, para não afetar os resultados do
ensaio.

Normalmente o ensaio é realizado na máquina universal de ensaios, à


qual se adaptam alguns dispositivos, dependendo do tipo de produto a ser ensaiado.

Para ensaios de pinos, rebites e parafusos utilizam-se um dispositivo


como o que está representado simplificadamente na figura a seguir. Fig.1.

O dispositivo é fixado na máquina de ensaio e os rebites, parafusos ou


pinos são inseridos entre as duas partes móveis.

Ao se aplicar uma tensão de tração ou compressão no dispositivo,


transmite se uma força cortante à seção transversal do produto ensaiado. No
decorrer do ensaio, esta força será elevada até que ocorra a ruptura do corpo.

No caso de ensaio de solda, utilizam-se corpos de prova semelhantes aos


empregados em ensaios de pinos. Só que, em vez dos pinos, utilizam-se junções
soldadas.

Para ensaiar barras, presas ao longo de seu comprimento, com uma


extremidade livre, utiliza-se o dispositivo abaixo:
55

No caso de ensaio
de chapas, emprega-se um
estampo para corte, como o
que é mostrado a seguir.

Neste ensaio
normalmente determina-se
somente a tensão de
cisalhamento, isto é, o valor da força que provoca a ruptura da seção transversal do
corpo ensaiado. Quer saber mais sobre a tensão de cisalhamento? Então, estude o
próximo tópico.

6.3 - TENSÃO DE CISALHAMENTO

A tensão de cisalhamento será aqui identificada por TC. Para calcular a


tensão de cisalhamento, usamos a fórmula:

Onde F representa a força cortante e S representa a área do


corpo.

Esta fórmula permite resolver o problema a seguir. Vamos


tentar?

6.4 - VERIFICANDO O ENTENDIMENTO

Observe o desenho a
seguir. Ele mostra um rebite de
20 mm de diâmetro que será
usado para unir duas chapas de
aço, devendo suportar um
esforço cortante de 29400 N.
Qual a tensão de cisalhamento
sobre a seção transversal do rebite?

O primeiro passo consiste em calcular a área da


seção transversal do rebite, que é dada pela fórmula:
56

Então, a área da seção do rebite é:

Agora, basta aplicar a fórmula para o cálculo da tensão de cisalhamento:

Deste modo:

A realização de sucessivos ensaios mostrou que existe uma relação


constante entre a tensão de cisalhamento e a tensão de tração. Na prática,
considera-se a tensão de cisalhamento (TC) equivalente a 75% da tensão de tração
(T).

Em linguagem matemática isto é o mesmo que: TC = 0,75 T.

É por isso que, em muitos casos, em vez de realizar o ensaio de


cisalhamento, que exige os dispositivos já vistos, utilizam-se os dados do ensaio de
tração, mais facilmente disponíveis.

6.5 - UMA APLICAÇÃO PRÁTICA

O conhecimento da relação entre a tensão de cisalhamento e a tensão de


tração permite resolver inúmeros problemas práticos, como o cálculo do número de
rebites necessários para unir duas chapas, sem necessidade de recorrer ao ensaio
de cisalhamento.

Como fazer isso? Preste atenção.

Imagine que precisemos unir duas chapas, como mostra a ilustração a


seguir.
57

Sabemos que a tensão de cisalhamento que cada rebite suporta é igual a:

Isolando o n, que é o fator que nos interessa descobrir, chegamos à


fórmula para o cálculo do número de rebites:

No exemplo que estamos analisando, sabemos que:

· as chapas suportarão uma força cortante (F) de 20.000 N

· o diâmetro (D) de cada rebite é de 4 mm

· a tensão de tração (T) suportada por cada rebite é 650 MPa

Portanto, já temos todos os dados necessários para o cálculo do número


de rebites que deverão unir as chapas. Basta organizar as informações disponíveis.

Não temos o valor da tensão de cisalhamento dos rebites, mas sabemos


que ela equivale a 75% da tensão de tração, que é conhecida. Então, podemos
calcular:

Conhecendo o diâmetro de cada rebite, podemos calcular a área da sua


seção transversal:

Agora, basta transportar os valores conhecidos para a fórmula:


58

Como é igual à MPa, podemos cancelar estas unidades.

Então, o número de rebites será:

n = 3,266 rebites

Por uma questão de segurança, sempre aproximamos o resultado para


maior. Assim, podemos concluir que precisamos de 4 rebites para unir as duas
chapas anteriores.

7- ENSAIO TRIAXIAL

O ensaio de compressão triaxial é feito moldando-se um corpo de prova


cilíndrico a partir de amostras de solo indeformadas. O corpo de prova é colocado na
base da câmara de confinamento, com uma pedra porosa na sua base e outra no
seu topo, é colocada uma membrana impermeável envolvendo a amostra que é
presa por anéis de borracha, o corpo de prova é conectado no topo e na base para
permitir a drenagem.

A câmara de confinamento é cheia de água, à qual se aplica uma


pressão, que é chamada pressão confinante ou pressão de confinamento do ensaio.
No ensaio com carga controlada é aplicada uma carga constante no pistão que
penetra na câmara, e no ensaio de deformação controlada o pistão é deslocado para
baixo com velocidade constante. Durante o ensaio são aplicados carregamentos,
medindo-se em intervalos de tempo, o acréscimo de tensão axial que está atuando e
a deformação vertical do corpo de prova. Esta deformação dividida pela altura inicial
da amostra fornece a deformação vertical específica. 

A partir dos dados obtidos no ensaio, é possível traçar o círculo de Mohr


correspondente à situação de ruptura. Com os círculos de Mohr determinados em
ensaios feitos em outros corpos de prova, é possível traçara envoltória de
resistência conforme o critério de Mohr. Através deste ensaio é possível ter-se uma
ideia do comportamento tensão-deformação de um dado solo.
59

O ensaio pode ser feito de três maneiras distintas: Consolidado Drenado:


após aplicar a pressão confinante, espera-se que a pressão neutra se dissipe para
dar início à compressão axial. Durante a execução do ensaio, a compressão axial é
feita lentamente, para permitir a drenagem e a dissipação da pressão neutra.
Consolidado Não drenado: espera-se que a pressão neutra se dissipe após aplicar a
pressão confinante e, durante a execução do ensaio, não é feita a drenagem. Não
consolidado. Não drenado: logo após a aplicação da tensão confinante é iniciada a
compressão triaxial, sem aguardar a dissipação da pressão neutra. Durante a
execução do ensaio não é feita a drenagem.

7.1 - CÍRCULO DE MOHR

O Círculo de Mohr é uma forma gráfica de resolver um estado de tensões.


Para que seja possível o uso do Círculo de Mohr, é necessário que cada plano seja
representado por um ponto em um sistema de coordenadas.

Neste tipo de representação, é possível notar que:Os planos das tensões


principais são representados por pontos que se encontram no eixo, já que neles a
tensãode cisalhamento é igual ao zero. As tensões de cisalhamento, máxima e
mínima, são representadas por pontos que são simétricos em relação ao eixo.
Lembrar que nestes planos ocorre a mesma tensão normal e que as tensões de
cisalhamento são iguais e de sinais opostos. A tensão normal que atua nos planos
das tensões de cisalhamento, máxima e mínima, é igual à média aritmética das
tensões principais. Planos perpendiculares entre si são representados por pontos
que à mesma distância do eixo, porém em lados opostos. Note-se aqui que a tensão
normal média dos dois planos é igual à tensão média das tensões principais.

7.2 - ESTADO PLANO DE TENSÕES.

A tensão que atua em um ponto é função do plano pelo qual se faz o


estudo. Seja um ponto, com dimensões infinitesimais, que pertence a um corpo em
equilíbrio, onde em um de seus planos, atua uma tensão normal e uma tensão de
cisalhamento. Suponha-se, também, que no plano asterisco, também atuem uma
tensão normal e uma tensão de cisalhamento.
60

CONCLUSÃO

Como você se sentiria se a chave que acabou de mandar fazer quebrasse


ao dar a primeira volta na fechadura? Ou se a jarra de vidro refratário que a
propaganda diz que pode ir do fogão ao freezer trincasse ao ser enchida com água
fervente? Ou ainda, se o seu guarda-chuva virasse ao contrário em meio a um
temporal?

É. Hoje em dia ninguém se contenta com objetos que apresentem esses


resultados. Mas por longo tempo essa foi a única forma de avaliar a qualidade de um
produto!

Nos séculos passados, como a construção dos objetos era


essencialmente artesanal, não havia um controle de qualidade regular dos produtos
fabricados.
61

Avaliava-se a qualidade de uma lâmina de aço, a dureza de um prego, a


pintura de um objeto simplesmente pelo próprio uso.

Um desgaste prematuro que conduzisse à rápida quebra da ferramenta


era o método racional que qualquer um aceitava para determinar a qualidade das
peças, ou seja, a análise da qualidade era baseada no comportamento do objeto
depois de pronto.

O acesso a novas matérias-primas e o desenvolvimento dos processos e


fabricação obrigaram à criação de métodos padronizados de produção, em todo o
mundo. Ao mesmo tempo, desenvolveram-se processos e métodos de controle de
qualidade dos produtos.

Atualmente, entende-se que o controle de qualidade precisa começar pela


matéria-prima e deve ocorrer durante todo o processo de produção, incluindo a
inspeção e os ensaios finais nos produtos acabados. Nesse quadro, é fácil perceber
a importância dos ensaios de materiais: é por meio deles que se verifica se os
materiais apresentam as propriedades que os tornarão adequados ao seu uso.

Que propriedades são essas, que podem ser verificadas nos ensaios?

É bom refrescar a memória, para entender com mais facilidade os


assuntos que virão. Ao terminar desta apresentação, você conhecerá algumas
propriedades físicas e químicas que os materiais precisam ter para resistirem às
solicitações a que serão submetidos durante seu tempo de vida útil. Saberá quais
são os tipos de ensaios simples que podem ser realizados na própria oficina, sem
aparatos especiais.

Se você parar para observar crianças brincando de cabo-de-guerra, ou


uma dona de casa torcendo um pano de chão, ou ainda um ginasta fazendo
acrobacias numa cama elástica, verá alguns exemplos de esforços a que os
materiais estão sujeitos durante o uso.
62

Veja a seguir a
representação esquemática de
alguns tipos de esforços que
afetam os materiais.

É evidente que os
produtos têm de ser fabricados
com as características

Necessárias para suportar esses esforços. Mas como saber se os


materiais presentam tais características?

Realizando ensaios mecânicos! Os ensaios mecânicos dos materiais são


procedimentos padronizados que compreendem testes, cálculos, gráficos e
consultas a tabelas, tudo isso em conformidade com normas técnicas.

Realizar um ensaio consiste em submeter um objeto já fabricado ou um


material que vai ser processado industrialmente a situações que simulam os
esforços que eles vão sofrer nas condições reais de uso, chegando a limites
extremos de solicitação.

Onde são feitos os ensaios

Os ensaios podem ser realizados na própria oficina ou em ambientes

Especialmente equipados para essa finalidade: os laboratórios de


ensaios.

Os ensaios fornecem
resultados gerais, que são
aplicados a diversos casos, e
devem poder ser repetidos em
qualquer local que apresente as
condições adequadas.

Um exemplo que
pode se feito na oficina:
63

Ensaio por lima - É utilizado para verificar a dureza por meio do corte do
cavaco. Quanto mais fácil é retirar o cavaco, mais mole o material. Se a ferramenta
desliza e não corta, podemos dizer que o material é duro.

Por meio desse tipo de ensaio não se obtêm valores precisos, apenas
conhecimentos de características específicas do material.

Os ensaios podem ser realizados em protótipos, no próprio produto final


ou em corpos de prova e, para serem confiáveis, devem seguir as normas técnicas
estabelecidas.

Imagine que uma empresa resolva produzir um novo produto. Antes de


lançar comercialmente o novo produto, o fabricante quer saber, com segurança,
como será seu comportamento na prática.

Para isso, ele ensaia as matérias-primas, controla o processo de


fabricação e produz uma pequena quantidade desse produto, que passam a ser os
protótipos.

Cada um desses produtos será submetido a uma série de testes que


procurarão reproduzir todas as situações de uso cotidiano. Pode ser testado em
materiais diversos, ou sobre o mesmo material por horas seguidas. Os resultados
são analisados e servem como base para o aperfeiçoamento do produto.

Os ensaios de protótipos são muito importantes, pois permitem avaliar se


o produto testado apresenta características adequadas à sua função. Os resultados
obtidos nesses testes não podem ser generalizados, mas podem servir de base para
outros objetos que sejam semelhantes ou diferentes.

Já os ensaios em corpos de provas, realizados de acordo com as normas


técnicas estabelecidas, em condições padronizadas, permitem obter resultados de
aplicação mais geral, que podem ser utilizados e reproduzidos em qualquer lugar.

Todos os campos da tecnologia, especialmente aqueles referentes à


construção de máquinas e estruturas, estão intimamente ligados aos materiais e às
suas propriedades.
64

Tomando como base as mudanças que ocorrem nos materiais, essas


propriedades podem ser classificadas em dois grupos:

-físicas;

-químicas.

Se colocamos água fervente num copo descartável de plástico, o plástico


amolece e muda sua forma. Mesmo mole, o plástico continua com sua composição
química inalterada. A propriedade de sofrer deformação sem sofrer mudança na
composição química é uma propriedade física.

Por outro lado, se deixarmos uma barra de aço-carbono (ferro + carbono)


exposta ao tempo, observaremos a formação de ferrugem (óxido de ferro: ferro +
oxigênio). O aço-carbono, em contato com o ar, sofre corrosão, com mudança na
sua composição química. A resistência à corrosão é uma propriedade química.

Entre as propriedades físicas, destacam-se as propriedades mecânicas,


que se referem à forma como os materiais reagem aos esforços externos,
apresentando deformação ou ruptura.

Quando você solta o pedal da embreagem do carro, ele volta à posição


de origem graças à elasticidade da mola ligada ao sistema acionador do pedal.

A estampagem de uma chapa de aço para fabricação de um capô de


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Automóvel, por exemplo, só é possível em materiais que apresentem


plasticidade suficiente. Plasticidade é a capacidade que um material tem de
apresentar deformação permanente apreciável, sem se romper.

BIBLIOGRAFIA DE PESQUISA

 CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos Solos e Suas Aplicações.


[3ªed. Rev. e ampl.]. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos;
Brasília, INL, 1973.
66

 PINTO, Carlos de Souza. Curso básico de mecânica dos solos em


16 Aulas/ Carlos de Souza Pinto. – São Paulo: Oficina de Textos,
2000-02-15
 ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
NBR 6502/95 – Rochas e Solos;
 NBR 13292/95 - "Solo - Determinação do coeficiente de
permeabilidade de solos granulares à carga constante";
 NBR 14545/2000 – “Solo - Determinação do Coeficiente de
Permeabilidade de Solos Argilosos a Carga Variável”;
 http://www.ufsm.br/engcivil/Material_Didatico/TRP1003_mecanica_
dos_solos/unidad e_6.pdf
 http://www.laboratorios.mecanica.ufrj.br/fabricacao/PF/tc.htm
http://www.laboratorios.mecanica.ufrj.br/fabricacao/PF/ensa07.pdf

 http://civilnet.com.br/Files/MecSolos2/Resistencia%20ao
%20Cisalhamento.pdf

 http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/07-MS-Unidade-05-Resist
%C3%AAncia-Parte-2-2013.pdf
 http://www.geotecnia.ufba.br/?vai=Extens%E3o/Ensaios%20de
%20Laborat%F3rio/Triaxial

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