Você está na página 1de 2

A_torre_do}

Elefante}

A pós se encontrarem de forma tão inesperada, Conan, o Gigante de Bronze, e Taurus,


o Príncipe dos Ladrões, enfrentam seu primeiro obstáculo.

Ciente da proximidade dos guardas e zeloso por seu anonimato, Taurus se esgueira
pelos arbustos do jardim externo com facilidade e silêncio absoluto. O cimério, no entanto,
não tem muita prática em tais assuntos e atrai a atenção de uma das sentinelas.

Mas o que lhe falta em sutileza lhe sobra em agilidade e selvageria. Brutalmente,
Conan salta sobre o guarda, agarrando sua cabeça e, com um solavanco, força-o ao chão. Um
baque surdo ecoa pela noite e o infortunado morre sem nem mesmo saber o que o atingiu.

Taurus olha para Conan enquanto este se ergue novamente e com um sorriso de
canto de boca, grunhe para o companheiro:

"É melhor fazer menos barulho da próxima vez, bárbaro" apontando para os outros
guardas se aproximando.

"Venha por aqui" e segue numa direção específica que apenas seus olhos argutos
conseguem discernir na escuridão da noite.

Conan arrasta o corpo do falecido, escondendo-o entre os arbustos e segue com


cautela seu improvável aliado.

Desviando-se das sentinelas, a dupla de ladrões chega a um muro baixo, facilmente


transposto. Para surpresa de Conan, outras sentinelas lhes aguardam, desta vez grandes
felinos, musculosos e de apetite voraz.

Enquanto Conan imagina a luta feroz que virá adiante, Taurus se adianta e retira da
bolsa um pó negro e brilhante, soprando-o após uma forte inspiração. Por sorte, o
estratagema de Taurus surte efeito total nas feras que caem mortas ao respirar aquela
nuvem mortífera. Conan observa de olhos arregalados a tudo aquilo, exclamando baixinho:

“Crom!”

Atravessando o jardim interno e chegando na base da torre, Taurus revela outro


apetrecho de sua bolsa, uma corda de aspecto exótico. Virando-se para Conan, ele o desafia:

“Terá que me seguir parede acima, forasteiro. Pode voltar, se quiser, não há
vergonha nisso.”

Crom não se abala, seguindo com as mãos nuas, encaixando os dedos grossos e
firmes em reentrâncias mínimas e pontos de apoio ineficazes para pessoas destreinadas.
Taurus tem seus truques, mas desconhece a fama dos cimérios, que aprendem a escalar
antes mesmo de engatinhar.
E assim, ambos sobem as paredes lisas e consideradas intransponíveis pelos
habitantes da criminosa Zamora, que repousa abaixo, iluminada parcamente por algumas
lamparinas e as estrelas reluzentes.

Após longos e extenuantes minutos de escalada, os invasores furtivos chegam à


cobertura, adentrando um espaço escuro e silencioso, como uma cova aguardando pelo
cadáver. Taurus recolhe a corda, enquanto o cimério investiga a frente.

Algo em seu instinto de sobrevivente lhe alarma, uma intuição primitiva que já lhe
salvara algumas vezes. Ele consegue mover os olhos para o alto a tempo de ver aquela
sinistra criatura descendo do teto oculto. Uma massa amorfa e bizarra, gorda com muitas
pernas mexendo em sincronia e conduzindo através de uma rede esbranquiçada e resistente
seu par de mandíbulas afiadas.

A espada do cimério é desembainhada velozmente, fazendo um arco luminoso pelo


reflexo repentino da lâmina, que separa com facilidade o que seria a cabeça daquela
horripilante obscenidade. A massa despenca da teia e ainda se contorce por alguns
momentos após tombar no chão de pedra.

Taurus ainda observa o aliado ofegante e sob efeito do perigo, escarnecendo


novamente:

“O pouco caso que faz da furtividade ainda vai nos causar prejuízos, cimério. No
interior desta torre há coisas que o aço não pode cortar”

Conan limpa a lâmina na bota, um visco negro ainda gotejando e responde apenas
com um olhar feroz, capaz de gelar o mais corajoso dos homens civilizados, guardando a
espada na bainha.

... continua na parte 2

Você também pode gostar