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FILOSOFIA

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M E N TA L - A N O SF
Nome: Turma:

e-mail: Fone:

ENSINO FUNDAMENTAL

HORÁRIO DAS AULAS


Aulas Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

1a

2a

3a

4a

5a

6a
Direção geral: Guilherme Luz
Direção editorial: Luiz Tonolli e Renata Mascarenhas
Gestão de projetos editoriais: João Carlos Puglisi (ger.), João Pinhata,
Renato Tresolavy, Thaís Ginícolo Cabral
Autores: Francisca Paris (concepção), Amir Abdala e
Caio Aguilar Fernandes (elaboração de originais)
Ilustrações (aquarelas): Mouses Sagiorato Prado
Equipe de produção editorial e gráfica: Alan Carlos Barbosa, Ana Lúcia Alves
Vidal, Beatriz Elena Meirelles Nogueira, Camila Tákyla Felix Batista, Daniel Alves
da Silva, Daniel de Paula Elias, Denise Cristina Morgado, Francis Yoshida de
Mattos, José Ângelo Góes Mattei Júnior, José Segura Garcia Junior,
Juliana Aparecida Puga, Leiliane Coimbra de Oliveira, Luciano Costa de Oliveira,
Luiz Rafael Gomes, Marcelo de Almeida, Marcos Diego dos Santos,
Maria Cecília Rodrigues de Oliveira, Maria Clarisse Bombonato Prado,
Mateus Galhardo Grizante, Miriam Margarida Grisolia, Mouses Sagiorato do
Prado, Patrícia Mariani Gallo Pantoni, Paulo Sérgio Fritoli, Priscila Martesi Galan,
Rafael Zattoni, Regilaine Ferreira dos Santos, Renato Kikugava Calura,
Rodrigo Donizete Borges, Sandra Hostina Bordini, Sonia Giselda de Araújo Sato,
Vanessa Paula Togniolo, Viviane Saraiva de Lima, Yara Ferreira Neves
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Maxi : ensino fundamental 2 : : filosofia : 6º ao


9º ano : volume 1 e 2 / obra coletiva :
responsável Thais Ginicolo Cabral. -- 1. ed. --
São Paulo : Maxiprint Editora, 2019.

Bibliografia.

1. Filosofia (Ensino fundamental) I. Cabral, Thais


Ginicolo.

18-14071 CDD-372.8

Índices para catálogo sistemático:


1. Filosofia : Ensino fundamental 372.8

2018
ISBN 978 85 7837 848-6 (AL)
1a edição
1a impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação
FILOSOFIA 6º ano

Ensino Fundamental
unidade_1

CAPÍTULO 1 2 CAPÍTULO 2 10
Um mundo estranho Um outro mundo

É noite no acampamento, e Lívia não consegue Gabriela está na mesma barraca que Lívia e
dormir. Solitária e em silêncio, sente saudade também não consegue dormir. No entanto, ao
de sua família e de seu quar to. As horas contrário da amiga, está extremamente feliz
demoram a passar. Como experimentamos no acampamento. E se pudéssemos parar o
o passado, o presente e o futuro em nosso tempo, para que nossa felicidade não aca-
pensamento? basse nunca?
CAPêTULO

1 Um mUndo estranho

L ívia fechou os olhos e escondeu completamente o rosto, fechando-se no escuro que deixava a
realidade do lado de fora. Puxou a coberta de repente, sem pensar. Assim, sentia-se melhor,
como se o mundo não existisse ou como se ela não existisse no mundo.
Era o jeito de encobrir o silêncio, que desta vez não era somente ausência de barulho. Era um
silêncio muito diferente daquele com que estava acostumada, que a deixava em paz com seus pen-
samentos. Agora, não. Este silêncio incomodava, trazendo em si um profundo desamparo, quase um
abandono. Era uma solidão que a assustava porque parecia ser para sempre.
O silêncio do dia a dia era calmo. Dentro do seu silêncio, Lívia sentia-se livre para caminhar
no seu tempo. Sem medo, andava para a frente e para trás. Para a frente caminhava com esperança,
porque pensava em um futuro melhor; no tempo do seu pensamento, o futuro era perfeito, pois era
ela quem o fazia, conforme queria. Para trás caminhava com a memória, protegia-se com as boas
lembranças, fazendo de conta que as ruins nunca aconteceram, pois, no tempo do seu pensamento,
o passado também era ela quem fazia, conforme ela queria.
Contudo, contra o silêncio daquela noite não havia tempo que pudesse salvá-la: tudo era muito
concreto e presente. Um presente temeroso que tomava conta da alma, preenchendo-a completamente
com uma dor que, até então, Lívia não conhecia.
Queria mesmo era não estar ali. Fizera a viagem a contragosto. Afinal, não pretendia desagradar aos
pais, que, insistindo, diziam que o passeio seria divertido. Em um acampamento — diziam para convencê-
-la — sempre há muitas atividades e, além disso, ela estaria com seus amigos, o que é sempre bom.
Lívia achava muito difícil dizer não e aceitou, torcendo para que o tempo pudesse resolver a
dificuldade que vivia. Afinal, por um motivo qual-
Concreto: aquilo que é real; aquilo quer, o passeio que não desejava fazer poderia ser
que é ligado à realidade. cancelado. Todavia, descobriu que o tempo nem
sempre ajuda, e tudo saiu como os outros haviam
planejado. Por esse motivo é que ela se encontrava,
naquele momento, escondida debaixo da coberta,
sem que os outros soubessem.

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CAPÍTULO 1
Ao longo daquele dia, os fatos transcorreram sem contratempos, melhor do que esperava.
Distraiu-se com a paisagem às margens da estrada, ouviu as conversas dos colegas dentro do ônibus
e, já na fazenda em que se hospedaram, participou timidamente de alguns jogos educativos. Surgiu
até mesmo uma ponta de arrependimento por não ter desejado a viagem. Era como se tivesse rece-
bido com má vontade um presente que lhe fora oferecido com muito afeto. Porque os presentes nem
sempre são ruins, podem ser melhores que o futuro e o passado. No entanto, os presentes, quando
são bons, parecem passar depressa, e aquele bom presente se foi com a tarde.
Quando a tarde terminou, confirmou-se o que ela mais temia. A noite cobriu com seu manto

FILOSOFIA
os sinais mais claros do mundo que Lívia conhecia — um mundo que, afinal, ela acreditava ser seu.
As coisas de seu mundo, inesperadamente, tornaram-se uma ausência infinita. Por perto, não havia
pai, mãe ou irmão. Seu quarto, na casa em que morava com a família, com suas paredes azuis e
seus objetos pessoais, não era mais do que a distância sem fim, estava longe de seu presente, o que
tornava maior o seu desamparo.
Longe também estavam vizinhos, parentes, as ruas conhecidas da cidade na qual morava. Em um
único dia, então, a mais concreta realidade de sua vida cotidiana tornou-se distante, transformou-se
somente em recordação. E, desse modo, ela descobriu que as lembranças, às vezes, causam dor
porque trazem à memória as coisas que nos fazem falta. Pensou, então, que as recordações nem
sempre são fonte de alegria.
Percebeu que, no lugar do mundo que conhecia, crescia um mundo completamente estranho,
cheio de coisas que lhe faltavam, ou seja, um mundo de muitas ausências.
Lívia se esforçou para não chorar, dizendo para si mesma que o que sentia era bobagem. Re-
petia que aquilo era apenas saudade, logo tudo voltaria para o seu devido lugar, deixando o mundo
exatamente como antes existia.
E assim resistiu bravamente, é verdade, mas perdeu a esperança quando, aos poucos, calaram-se
as últimas vozes e os últimos risos dos amigos com quem compartilhava a barraca de dormir. Quando
todos dormiram, o silêncio daquele mundo triunfou e, junto com ele, a tristeza que a envolvia.
Restava-lhe então esperar. Com o corpo protegido pela coberta e as lágrimas paradas sobre
os olhos, desejava dormir. Em seu sono, pensou, não haveria ausências ou coisas estranhas. Nele, o
silêncio seria tranquilo, sem dor ou tristeza. E, no dia seguinte, talvez as coisas todas já fossem ou-
tras, porque de qualquer forma elas se transformam. Às vezes rapidamente, às vezes com lentidão,
o presente sempre passa. Ou não? Tão intensa era aquela aflição
que Lívia, atormentada, temeu pelo pior: e se durar para
sempre? — perguntou-se em pensamento.
Pensava nessa angustiante possibilidade quan-
do, inesperadamente, ouviu, em um sussurro, o
seu nome:
— Lívia! Lívia!

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CAPÍTULO 1

Ateliê de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oralmente
às questões a seguir.

1 No início da narrativa, observamos que Lívia experimentou o silêncio de duas


formas. Uma era aquela com que estava acostumada, em seu dia a dia, e a outra, a que
Um mundo estranho

ela vivia exatamente naquele momento. Qual é a diferença entre as duas formas de
silêncio que Lívia vivenciou?

2 Ao longo do texto, o silêncio aparece associado à solidão. No


entanto, seria possível vivermos o silêncio em um ambiente cheio
de gente e de muitas conversas? Por quê?

3 No silêncio de seu dia a dia, Lívia brinca com o tempo.


Nessas ocasiões, como ela se afasta do presente? Como
ela constrói o passado e o futuro? Ao lidar com o pas-
sado e com o futuro em seu pensamento, Lívia poderia
transformar a realidade?

4 De acordo com as informações que en-


contramos no texto, seria certo afirmarmos
que Lívia escolheu participar do passeio? Por quê?

5 Em determinado trecho da história, a situação de Lívia no acampamento é descrita como “um mundo
de muitas ausências”. Em sua opinião, o que isso quer dizer? Como podemos entender essa expressão?

6 Considerando-se as informações do texto e as nossas experiências de vida, é certo afirmar que as si-
tuações permanecem sempre como são, sem sofrer mudanças? É certo dizer que as mudanças acontecem
no tempo? Por quê?

7 Lívia assustava-se com a solidão absoluta porque ela temia


que a situação durasse para sempre, pois parecia eterna.
Por que Lívia tinha esse medo?

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CAPÍTULO 1
Tirando de letra

1 Epicuro foi um filósofo que viveu na Grécia Antiga, há muitos séculos. Ele disse que, para estarmos feli-
zes, é preciso estarmos tranquilos e que é possível manter a tranquilidade até mesmo nas piores situações da
vida. De acordo com Epicuro, diante de uma realidade ruim, podemos recorrer ao tempo para continuarmos
felizes, lembrando-nos de coisas boas ou imaginando um futuro melhor. Lívia agia assim diante de situações
desagradáveis? Por quê?

FILOSOFIA
2 Santo Agostinho escreveu livros que influenciaram muito a filosofia da Idade Média. Em um de seus livros,
chamado Confissões, ele diz que podemos “localizar o tempo na alma humana”. Na alma humana, segundo
ele, o tempo existe nos seguintes modos: presente das coisas passadas, presente das coisas presentes e presente
das coisas futuras. Escreva o que, neste momento, é para você:
a) uma coisa passada que está presente;

b) uma coisa futura que está presente;

c) uma coisa presente que está presente.

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CAPÍTULO 1
Divirta-se

1 Vamos completar as cruzadinhas e rever alguns conceitos importantes do capítulo?


A. Com ele, as coisas se transformam.
B. Nome que damos ao que é para sempre.
C. O modo como Lívia estava se sentindo no acampamento.
D. São trazidas ao nosso pensamento pela memória.
Um mundo estranho

E. Sentimento que temos quando acreditamos que o futuro pode ser melhor que o presente.

C
S

A O

B I

D R

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CAPÍTULO 1
2 Solucione o labirinto e ajude Lívia a encontrar o caminho correto para o acampamento escolar.

FILOSOFIA

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CAPÍTULO 1
Rotinas do pensamento

Leia atentamente a tirinha e responda às perguntas a seguir.


1987 watterson/dist. by universal uclick
Um mundo estranho

1 De que trata a tirinha?

2 O que você pensa sobre ela?

3 O que impressiona você nessa tirinha?

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CAPÍTULO 1
Anotações filosóficas

O tempo
Os seres humanos sempre tentaram entender o tempo, que é um tema já presente nos estudos
dos primeiros filósofos.
A atividade filosófica desenvolveu-se entre os gregos antigos, no século VI a.C., quando alguns
homens tentaram compreender a formação do Universo, assim como de tudo o que nele existe, so-

FILOSOFIA
mente por meio de sua capacidade racional. Em outras palavras, eles tentavam conhecer o Universo,
ou cosmos, sem atribuir a sua organização à vontade dos deuses.
Tales, Anaximandro e Anaxágoras foram alguns desses filósofos: eles elaboraram explicações
que são chamadas de cosmologias. Nas cosmologias, o tempo aparece ligado à noção de mudanças,
quer dizer, é com o tempo que todas as coisas da natureza surgem, se transformam e desaparecem.
Depois, ao longo da história, o tempo seria pesquisado por muitos outros filósofos, alguns dos quais
se perguntaram sobre a maneira como o tempo é vivido pelos seres humanos.

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CAPÍTULO

2 Um oUtro mUndo

G abriela pensou bastante antes de se decidir. Não pretendia incomodar a


amiga, que provavelmente já estava dormindo. Entretanto, era tão diferen-
te a sua alegria que desejava dividir a novidade com alguém, como se necessitasse
de uma testemunha para ter certeza da realidade do seu sentimento. Tanta era sua
felicidade presente que todos os fatos anteriores de sua vida pareciam infinitamente
menores, como se o seu mundo, de verdade, tivesse começado naquele dia.
Entusiasmou-se desde as primeiras notícias sobre o acampamento que se
programava, insistindo com sua mãe para que a autorizasse a participar. Disse que
o local era seguro, haveria professores e muitos monitores. Além disso, todos os
colegas de sala já tinham confirmado presença. A mãe não cedeu com facilidade,
inicialmente dizendo não, “pois esses passeios comportam sempre imprevistos
e perigos”. Depois, diante da decepção da filha, prometeu pensar. Examinou os
folhetos sobre a viagem, informou-se na escola e aconselhou-se com outras mães.
Entretanto, adiava sua última palavra, na esperança de que o tempo esfriasse o
ânimo de Gabriela, acostumando-a com a ideia de não viajar.
Contudo, nem sempre a esperança diminui com o tempo, e a menina per-
manecia muito inquieta. Era como se, entre o dia em que a mãe se comprometeu
a avaliar a situação e o dia da resposta definitiva, nada mais acontecesse, exceto
sua prolongada espera.
Suas músicas, seus passatempos e suas roupas preferidas repentinamente
perdiam o seu valor. Pouco importavam os fatos ao redor, e até mesmo seu gato de
estimação, normalmente incomodado pelo exagero de seus afagos, ficou tempo-
rariamente esquecido pelos cantos da casa. Naqueles dias em que, para ela, nada
mais existia, Gabriela dormia e acordava com a mesma ansiedade, aguardando
continuamente pela resposta de sua mãe.
Algumas vezes Gabriela tentava adivinhar-lhe a resposta com conversas
aparentemente desinteressadas, sempre tomando cuidado para não aborrecê-la e,
com isso, não transformar em proibição o que poderia ser permissão. Em outras
ocasiões ficava quieta, observando-a detalhadamente e tentando descobrir sua
decisão nas expressões do seu rosto, no seu humor ou no meio das coisas todas
que dizia. Pensava nos sinais que percebia, às vezes com otimismo, às vezes com
pessimismo.
O presente perdurava na indecisão, como se fosse infinita aquela espera. Final-
mente veio o “sim” tão desejado, seguido, é claro, de uma lista de recomendações
que mal foram ouvidas, em razão da euforia que antecedia o acampamento.

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Com alegre expectativa, Gabriela empenhou-se nos preparativos. Escolheu detalhadamente as

CAPÍTULO 2
roupas e os objetos que levaria. Combinou com os amigos muitas coisas que fariam. E, principalmente,
imaginava como tudo seria: o lugar, as atividades, as refeições, a hora de dormir…
Todavia, tão logo iniciaram a viagem, tudo se revelou muito melhor do que esperava. Cada
instante tornava-se mais pleno, repleto de significados. Diante dela abria-se um mundo inédito,
acolhedor, no qual a menina imediatamente se reconhecia.
O barulho do ônibus na estrada, o sol forte sobre a grama, a cor da piscina, as estrelas que se
multiplicavam infinitamente no céu, o gosto da sobremesa, as vozes dos amigos, o som dos insetos, a

FILOSOFIA
trilha da montanha, o frio da noite, enfim, todas as coisas, do começo da estrada ao fim do primeiro dia
no acampamento, pareciam muito mais vivas do que tudo que Gabriela já havia experimentado.
Gabriela espantava-se com a própria alegria, que até então lhe era desconhecida, ou melhor,
que nem sequer acreditava que existia. A menina descobria, então, que a felicidade é mais do que
uma palavra: muito mais do que um nome, ela é, sim, uma possibilidade da vida. E nesse mundo de
felicidade permanente, em que todos os momentos e acontecimentos eram alegremente presentes,
o passado e o futuro nada contavam.
Quando, porém, as últimas vozes se calaram, Gabriela se recusava a fechar os olhos, suspeitando
que um perigo desafiava sua felicidade: o sono poderia apagar todos aqueles significados e, quando
acordasse, tudo teria voltado a ser como era antes. Era como se, desperta, impedisse as transforma-
ções do tempo, tornando eterna a sua alegria.
Porque, na verdade, uma pergunta, que surgia como uma sombra em seu pensamento, come-
çava a incomodá-la: E se não durar para sempre?
Com a aproximação desse incômodo, a menina venceu a hesitação, chamando pela amiga:
— Lívia! Lívia!

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CAPÍTULO 2

Ateliê de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oralmente às questões a seguir.

1 No início da narrativa, lemos que Gabriela, apesar de se sentir muito feliz, duvidava da realidade de
sua felicidade. Por que ela tinha dúvida sobre sua felicidade?
Um outro mundo

2 Para Gabriela, assim como para Lívia, o passado e o futuro não tinham importância naquele momento,
era como se não existissem. Isso acontecia porque as duas meninas estavam muito envolvidas com o tempo
presente. Por que Lívia estava tão envolvida com o presente? Por que Gabriela estava tão envolvida com
o presente?

3 Desde o início, com a notícia da viagem, Lívia e Gabriela tiveram reações muito diferentes. Como eram
essas reações? Por que elas foram tão diferentes?

4 Podemos dizer que Gabriela escolheu participar da viagem? Por quê?

5 Seria certo dizermos que as expectativas de Lívia e as de Gabriela pareciam estar se realizando no
primeiro dia no acampamento? Por quê?

6 Lívia e Gabriela viajaram juntas, estavam no mesmo lugar, com as mesmas pessoas e praticando as
mesmas atividades. Apesar disso, podemos afirmar que a realidade era diferente para as duas meninas?
Por quê?

7 No final da narrativa, Gabriela é incomodada pela suspeita de que aquela felicidade não duraria para
sempre. Desse modo, é certo afirmar que o seu desejo mais profundo era de que nada mudasse, ou seja,
de que tudo continuasse a ser exatamente da mesma maneira? Por quê?

8 É possível passarmos da felicidade para a tristeza e da tristeza para a felicidade? Quais exemplos
poderíamos apresentar?

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CAPÍTULO 2
Tirando de letra

1 Na Grécia Antiga, viveu um filósofo chamado Protágoras. Ele afirmou que o ser humano é a medida de
todas as coisas, pois uma mesma coisa parece doce a uma pessoa e amarga a outra pessoa. Podemos pensar
como Protágoras para descrever as situações vividas por Lívia e Gabriela? Por quê?

FILOSOFIA
2 A felicidade é um assunto com o qual se preocupam muitos filósofos, da Antiguidade aos dias de hoje.
No texto que lemos, como Gabriela pensava ter encontrado a felicidade? E para nós, o que é a felicidade?

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CAPÍTULO 2
Divirta-se

Vamos completar as cruzadinhas e rever alguns conceitos importantes do capítulo?


A. O que Gabriela encontrou no acampamento.
B. Assim como o passado, naquele momento ele era um período que pouco importava para Gabriela.
C. A espera pela resposta de sua mãe assim pareceu para Gabriela.
D. Lívia queria que acontecesse com a situação. Gabriela não queria.
Um outro mundo

E. Lívia não o identificou no primeiro dia do acampamento. Gabriela o identificou.

C
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E N

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CAPÍTULO 2
Rotinas do pensamento

Leia os versos a seguir para responder àquilo que se pede.

[…] O pensamento parece uma coisa à toa


Mas como é que a gente voa quando começa a pensar?
Lupicínio Rodrigues. “Felicidade”.

FILOSOFIA
1 De que tratam os versos?

2 O que você pensa sobre eles?

3 O que impressiona você nesses versos?

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CAPÍTULO 2
Anotações filosóficas

Felicidade
A felicidade é investigada pelos filósofos desde o século V a.C., quando houve uma importante
mudança na atividade filosófica: em vez de tentarem encontrar respostas apenas para as perguntas
acerca do Universo, alguns filósofos começaram a se interrogar sobre o ser humano.
Assim, procuravam, entre outras questões, identificar como os homens verdadeiramente
Um outro mundo

são, qual a finalidade da vida humana e como deve ser a vida em sociedade. Isso acontece com
um grupo de filósofos chamados de sofistas, que preparavam os cidadãos para a vida política
em Atenas.
Entretanto, foi principalmente com Sócrates que surgiram as perguntas mais profundas sobre
o ser humano. E, com essas perguntas, a felicidade tornou-se um tema importante. Sobre ela, os
filósofos desenvolveram explicações muito diferentes.
Ainda no mundo antigo, temos dois bons exemplos: para Aristóteles, os homens encontram a
felicidade vivendo racionalmente em sociedade; para os seguidores do filósofo Epicuro, a felicidade
está na ausência de perturbações da alma.

Sofistas: na Grécia Antiga, foram os primeiros filósofos que se dedicaram especialmente aos
temas sobre o ser humano, preparando os cidadãos para a atuação política e para a realização
de pronunciamentos públicos.
Monkey Business iMages/shutterstock

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FILOSOFIA 6º ano

Ensino Fundamental
unidade_2

CAPÍTULO 1 18 CAPÍTULO 2 26
O encontro de dois mundos Mundos que se transformam

Lívia e Gabriela estão vivenciando o acampa- Lívia começa a gostar das brincadeiras no
mento de duas formas diferentes. Lívia não vê acampamento, e Gabriela percebe que podemos
a hora de ir embora, e Gabriela ficaria ali por mudar de opinião. As duas amigas observam as
uma eternidade. O tempo é sempre percebido mudanças que aconteceram e como cada uma
da mesma forma? Ou esta percepção depende vivenciou o dia. De que maneira nossa realidade
do momento que estamos vivendo? se transforma com o tempo?
CAPÍTULO

1 O encOntrO de dOis mundOs

L ívia ouviu a voz de Gabriela e sentiu certo conforto com a presença da amiga. Era uma
companhia que, de repente, aparecia no meio daquela noite tão solitária! Esfregou os olhos
e descobriu, acostumando-se ao escuro, que agora não era mais tão triste assim.
— Lívia!
— Oi, Gabi…
— Eu acordei você?
— Não, eu estou acordada. Não consigo dormir.
— Eu também! Como tudo é bonito aqui!
— Não estou gostando tanto assim…
— Queria que este acampamento durasse para sempre! Se eu pudesse, congelaria o tempo!
Queria ficar aqui por toda a eternidade!
— E eu não vejo a hora de irmos embora! Se eu pudesse, adiantaria o tempo até chegar a hora
de irmos para casa!
— Lívia, eu não consigo entender por que você não está gostando daqui. É tudo tão bom, cada
coisa que a gente está fazendo! Hoje eu até cantei!
— Ah, Gabi, aqui até tem umas coisas boas, mas eu sinto tanta saudade!

18
CAPÍTULO 1
Gabriela não entendia os sentimentos da amiga, tão diferentes dos seus. Estar ali era a coisa
mais importante e divertida que ela já havia feito. Era como se o mundo todo girasse em torno do
acampamento: o cheiro da grama, a cor das flores, a luz do Sol sobre a água da piscina, todas as
crianças rindo e brincando, tudo tão vivo!
Ao mesmo tempo, Lívia não conseguia imaginar como alguém poderia estar gostando tanto
daquele lugar. Imagine sair de casa, arrumar a mochila, atravessar toda a estrada, montar as
barracas, trocar de roupa, ter de brincar com pessoas que ela nunca havia visto antes. Era algo
cansativo para Lívia. Mas ela lembrou que essa sensação já havia aparecido antes. Quando ia

FILOSOFIA
para a escola, esperava ansiosa pelo intervalo. Quando o intervalo acabava, queria voltar logo para
casa. Em casa, queria terminar logo as lições e assistir aos seus programas de televisão ou ligar o
computador. Depois, ao dormir, queria acordar logo no dia seguinte para encontrar Gabriela na
escola. Não tinha fim!
Assim, uma situação semelhante produzia sentimentos e ideias tão diferentes para as duas
meninas. Apesar disso, Lívia e Gabriela, amigas que pensavam coisas diferentes, sentiam-se próximas
e companheiras, dividiam aquele momento tão significativo de suas vidas.
As duas amigas partilhavam suas alegrias e dúvidas sobre aquela viagem. Aos poucos, todas
aquelas alegrias e dúvidas foram dando espaço a uma espécie de cansaço tranquilo, como se o próprio
pensamento também precisasse de uma pausa.
O sono chegou:
— Até amanhã, Gabi! Boa noite!
— Boa noite, Lívia. Acho que já deve ser hoje!

19
CAPÍTULO 1

Ateli• de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oralmente às questões a seguir.

1 Na conversa entre as duas personagens, Gabriela afirma que, se pudesse, congelaria o tempo. O que
significa, para ela, a expressão “congelar o tempo”?
O encontro de dois mundos

2 Além de afirmar que congelaria o tempo, Gabriela usa a palavra “eternidade” para dizer que gostaria
que aquela felicidade jamais acabasse. Para Gabriela, qual é a diferença entre tempo e eternidade?

3 Lívia, contrariamente a Gabriela, diz que adiantaria o tempo. Por que Lívia gostaria de apressar a
passagem do tempo?

4 De acordo com as informações que temos sobre Lívia, é certo afirmar que ela, frequentemente, vive
mais o passado e o futuro, afastando-se das situações do presente? Por quê?

5 Apesar das claras diferenças que observamos nas experiências de Lívia e de Gabriela, é possível lo-
calizarmos algo comum na forma como as duas amigas vivem o acampamento? Qual seria esse aspecto
comum?

QUERO FICAR
AQUI POR TODA
A ETERNIDADE!

QUERO IR
PARA CASA
LOGO!

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CAPÍTULO 1
Tirando de letra

1 Vimos, neste capítulo, que Gabriela queria parar o tempo, enquanto Lívia queria que o tempo caminhasse
mais depressa. Quando Gabriela diz que, se pudesse, congelaria o tempo, ela está pensando que as coisas que
são eternas nunca mudam? Por quê? Quando Lívia diz que, se pudesse, adiantaria o tempo, ela está pensando
que as coisas mudam quando o tempo passa? Por quê?

FILOSOFIA
2 O filósofo grego Aristóteles afirmava que há três motivos para a amizade entre as pessoas: o útil, o agra-
dável e o benquerer. As amizades baseadas na utilidade são aquelas por interesse, quer dizer, nelas o amigo
é estimado pelas vantagens que oferece. No segundo caso, gostamos do amigo porque a convivência com ele é
agradável. Por fim, a amizade que Aristóteles considerava perfeita, a baseada no benquerer, é aquela em que as
pessoas se gostam pelo que realmente são. Levando em conta o que nos afirmou Aristóteles, temos condições
de dizer qual é o motivo da amizade entre Lívia e Gabriela? Por quê?

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CAPÍTULO 1
Divirta-se

1 Vamos completar as cruzadinhas e rever alguns conceitos importantes do capítulo?


A. Era vivido com alegria por Gabriela e com tristeza por Lívia.
B. Algo que existe entre Lívia e Gabriela.
C. Gabriela desejava pará-lo.
D. O modo como Lívia queria que o tempo passasse.
O encontro de dois mundos

E. Lívia passava boa parte do tempo esperando por ele.

22
CAPÍTULO 1
2 Solucione o jogo dos sete erros.

FILOSOFIA

23
CAPÍTULO 1
Rotinas do pensamento

Observe atentamente a figura e responda às perguntas a seguir.


O encontro de dois mundos

Ye/ShutterStock

1 De que trata a imagem?

2 O que você pensa sobre ela?

3 O que impressiona você nessa imagem?

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Anotações filosóficas

CAPÍTULO 1
Eternidade
Normalmente, usamos a palavra “eternidade” para falarmos de algo que tem duração indefinida,
de alguma coisa que acreditamos que continuará existindo ao longo do tempo. Nesse sentido, por
exemplo, pensamos em um amor eterno, como aquele que manterá duas pessoas unidas por toda
a sua vida.

FILOSOFIA
Na filosofia, eternidade costuma receber uma definição mais difícil. Para muitos filósofos, eterno
é aquilo que existe fora do tempo, isto é, não teve um começo nem terá um fim, existindo desde
sempre e para sempre. Assim, o que é eterno se diferencia das coisas que existem no tempo, como os
seres vivos, que nascem, vivem e morrem. O que é eterno não tem passado e não tem futuro; sempre
é do mesmo modo e não se modifica porque é perfeito.
Fica um pouco mais fácil entendermos essa noção se pensarmos no exemplo da filosofia cristã.
Para o pensamento cristão, o mundo e todos os seres que nele habitam existem no tempo, porque
foram criados por Deus. Deus, porém, autor de todas as coisas, existe desde sempre e para todo o
sempre, ou seja, existe fora do tempo. Além disso, porque é perfeito, Deus nunca se transforma. As-
sim, a eternidade, para o cristianismo, existe em Deus.

ETERNO É
AQUILO QUE AQUILO QUE
ESTÁ FORA É ETERNO NÃO
DO TEMPO. TEM PASSADO E
NÃO TEM FUTURO,
POIS EXISTE DESDE
SEMPRE E
PARA SEMPRE.

25
CAPÍTULO

2 MunDos que se transforMaM

D o lado de dentro, a barraca parecia uma lâmpada acesa, com o sol da manhã sobre todo o
acampamento. Lívia acordou primeiro, mexendo-se aos poucos. Gabriela acordou logo em
seguida, bocejando bastante.
Os monitores passavam pelas barracas, chamando as crianças para o café. Era uma gritaria só:
todos se vestindo, tirando seus pijamas e colocando suas roupas para mais um dia de descobertas.
Pela manhã, as crianças seriam divididas em grupos.
Todo dia havia várias brincadeiras e jogos e também as trilhas — eram muitas as crianças ali.
Um dos monitores avisou que haveria brincadeiras no acampamento e que as crianças também po-
deriam fazer a trilha pelas imediações, o que as ocuparia até a hora do almoço.
Imediatamente, Gabriela decidiu-se pela trilha; queria aventuras, conhecer mais coisas ali.
Quando um dos monitores pediu às crianças que quisessem ir ao passeio que levantassem as mãos,
Gabriela foi a primeira a fazê-lo. Lívia, ao contrário, queria o mínimo possível de agitação; decidiu
ficar no acampamento e entrar em um dos grupos de brincadeiras.
Tudo isso era decidido em meio às xícaras, pães com geleia e frutas. Depois do café, todos le-
varam seus talheres para a cozinha e foram reunindo-se aos grupos escolhidos.
Os monitores agruparam as crianças que iriam fazer a trilha, verificaram os seus calçados, dis-
tribuíram os cantis e as frutas e, por fim, saíram. Lívia iria participar dos jogos e das brincadeiras,
pensando: “Acho que é o que vai ser menos chato…”.
No entanto, algo inesperado aconteceu.
As crianças pulavam corda em grupos de três, quatro e até cinco pessoas. Enquanto duas mo-
vimentavam a corda, as outras entravam e brincavam. Fosse movimentando a corda, fosse pulando,

26
Lívia ficou tão envolvida que perdeu a noção do tempo. Aquela solidão e apreensão dos dias anterio-

CAPÍTULO 2
res se transformaram em alegria, o momento presente parecia eterno! Quem se atrapalhava pulando
perdia a vez e passava a movimentar a corda, mas isso não importava, o bom era estar ali.
Gabriela também se encantava com a caminhada. Observar as plantas, as flores, a própria terra
era algo divertido, de encher os olhos. De tempos em tempos, os monitores ensinavam algumas
canções para o grupo, e todos se entusiasmavam ainda mais.
Pelo caminho, uma variedade de elementos aparecia para ela, que se maravilhava com tudo aquilo.
No entanto, não conhecia bem nenhuma das crianças no grupo. Por isso, sentiu-se um pouco isolada.

FILOSOFIA
Então, ela passou a experimentar uma sensação interessante ali. Era a vontade de contar o que via para
Lívia, de dizer para ela o que estava vivenciando naquele instante. Como seria bom se o tempo pudesse
passar mais rápido, para encontrar logo a amiga! Até aquele momento, o passeio tinha sido um presente
eterno para Gabriela. Agora, era a vontade de que as coisas se transformassem rapidamente! Isso criava
alegria e ao mesmo tempo tristeza: Lívia fazia uma grande falta!
Pelo fim da manhã, o grupo da trilha chegou. Quando Lívia viu Gabriela chegando, foi logo
lhe dizendo:
— Gabi! Ontem eu estava reclamando, mas hoje foi muito gostoso! Pulei corda até!
— A trilha também estava gostosa… Mas
eu não conhecia ninguém direito… Fiquei
um pouco sozinha! Aí eu quis que o passeio
terminasse logo! Mas existem tantas coisas
bonitas para se ver!
— Bem, a gente podia fazer a trilha
juntas amanhã! Você topa?
— Claro! Você vai ver quantas coisas
bonitas há por lá!
E foram almoçar.

27
CAPÍTULO 2

Ateliê de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oralmente às questões a seguir.

1 No segundo dia no acampamento, Lívia e Gabriela decidiram participar de atividades diferentes.


Lívia escolheu os jogos, sem, contudo, acreditar que se divertiria muito com isso. Gabriela, por sua vez,
entusiasmou-se com a trilha. As expectativas das personagens se realizaram? Por quê?
Mundos que se transformam

2 Nos capítulos anteriores, vimos que Lívia temia que sua tristeza durasse para sempre e que Gabriela
temia que sua alegria terminasse. De acordo com o que lemos na história deste capítulo, podemos dizer
que Lívia continuava sentindo a mesma tristeza e que Gabriela continuava sentindo a mesma alegria?
Por quê?

3 No texto lemos que Lívia, envolvida pelas brincadeiras, “perdeu a noção do tempo”. O que essa ex-
pressão quer dizer?

4 Quando participava da trilha, Gabriela não era mais tomada pelo desejo de “congelar o tempo”.
Por quê?

5 Em determinado momento da trilha, Gabriela sentiu-se sozinha. Como podemos comparar sua solidão
com aquela vivida por Lívia na noite anterior?

6 Podemos notar, na história deste capítulo, algumas transformações ocorridas com Lívia e com Gabriela.
Quais são essas transformações?

28
CAPÍTULO 2
Tirando de letra

1 Nos capítulos anteriores, observamos que o acampamento era um mundo estranho para Lívia e que era um
mundo de felicidade para Gabriela. De acordo com o que vimos neste capítulo, o mundo de Lívia e o mundo
de Gabriela permaneciam iguais ao que eram? Explique.

FILOSOFIA
2 O filósofo grego Heráclito afirmava que todas as coisas do mundo não param de se transformar. Essas
transformações são chamadas de devir. Para exemplificar seu pensamento, esse filósofo disse que uma pessoa
jamais entra duas vezes no mesmo rio, porque tanto a pessoa quanto o rio já não seriam os mesmos, teriam
passado por mudanças. Se pensarmos como Heráclito, é certo dizer que Lívia e Gabriela, no segundo dia de
acampamento, eram as mesmas do primeiro dia? Explique.

29
CAPÍTULO 2
Divirta-se

1 Vamos completar as cruzadinhas e rever alguns conceitos importantes do capítulo?


A. No segundo dia, ocorreu nos sentimentos de Lívia e de Gabriela.
B. Para o filósofo Heráclito, é a própria realidade.
C. Gabriela começou a sentir-se assim quando fazia a trilha.
D. O mundo, no acampamento, deixava de ser assim para Lívia.
Mundos que se transformam

E. Lívia perdeu a noção dele, enquanto participava das atividades.

D
B E

A R

E O

2 Agora encontre, no diagrama a seguir, as palavras que você usou para solucionar as cruzadinhas.

A C I R R P S S I E I T I X
S O Z I N H A A D E Y E Y H
M Y T V D E V I R S Y M Y L
P W I E M F X N A X I P I P
S T I S Z E E L A P I O I B
A N V R B S O C G O M D M D
X E S T R A N H O Z P O P O
T R A N S F O R M A Ç Ã O S
O T E S X H N I Á V H L E L

30
CAPÍTULO 2
Rotinas do pensamento

Observe a imagem e responda às perguntas a seguir.

Kristian seKulic/shutterstocK

FILOSOFIA
1 De que trata a imagem?

2 O que você pensa sobre ela?

3 O que impressiona você nessa imagem?

31
CAPÍTULO 2
Anotações filosóficas

O devir
Em filosofia, as transformações que acontecem no mundo recebem o nome de devir. Heráclito
de Éfeso foi o primeiro filósofo que se dedicou a refletir detalhadamente sobre o devir. Ele concluiu
que o devir é a única realidade, porque todas as coisas se transformam sem parar.
De acordo com Heráclito, os seres jamais são eternos, isto é, nunca permanecem idênticos a si
Mundos que se transformam

mesmos, pois estão sempre se tornando os seus contrários: o dia transforma-se em noite, a saúde
transforma-se em doença, o calor transforma-se em frio, a criança transforma-se em adulto, e assim
por diante. Para ele, portanto, não há o que seja eterno, a não ser a própria mudança, que ocorre o
tempo todo.
Por isso é que Heráclito afirma que uma mesma pessoa nunca entra duas vezes em um mesmo
rio. Afinal, se tudo muda permanentemente, a pessoa seria outra, porque estaria transformada pelo
tempo, e o rio também seria outro, porque novas águas o preencheriam.
smit/shutterstocK

Um exemplo do devir: as variações climáticas causadas pelas estações naturais do ano transformam o meio ambiente.

32
FILOSOFIA 6º ano

Ensino Fundamental
unidade_3

CAPÍTULO 1 34 CAPÍTULO 2 40
A sombra na madrugada Um obstáculo na trilha

A tranquilidade da noite é interrompida por uma Os amigos conversam sobre a confusão da úl-
aparição inesperada. Um acontecimento miste- tima noite, e Mateus tenta se explicar. Durante
rioso é solucionado por Mateus, mas também a trilha, procurando ajudar, Mateus causa um
causa tristeza. Nossos sentidos podem nos novo problema. Afinal, um mesmo ser assume
enganar? Há diferença entre a aparência e a diferentes aparências?
realidade das coisas?
CAPÍTULO

1 A sombrA nA mAdrugAdA

A tarde transcorreu na calmaria, e a noite foi das mais animadas. Reuniram-se todos em torno
de uma fogueira e ali ficaram por muitas horas. Depois de muitas músicas ao violão e de
histórias divertidas, desfizeram, contrariados, o círculo que formavam. Alguns protestaram, pedindo
um pouco mais de tempo, que ainda era cedo para dormir.
Pouco a pouco, a algazarra diminuiu, com meninos e meninas recolhendo-se às suas barracas.
Como de costume, persistiam as conversas e as gargalhadas que antecediam o silêncio da madru-
gada, até que o sono finalmente prevalecesse. Quando isso acontecia, o acampamento permanecia
exclusivamente ao som dos insetos e dos animais escondidos na vegetação. Naquela noite havia
também os estalos dos últimos gravetos que eram consumidos pelo fogo.
Lívia e Gabriela dormiam tranquilas entre suas amigas. Ambas estavam mais acostumadas ao
lugar. Para Lívia, o pior já havia passado, aquele mundo não era mais totalmente estranho, e me-
nores eram então as ausências que sentia. Para Gabriela, o melhor já havia passado, aquele mundo
não era mais a completa felicidade, e vez por outra a saudade atrapalhava seu encantamento. Lívia
e Gabriela estavam bem.
O silêncio da noite foi quebrado repentinamente, todos despertaram com o alvoroço
que vinha de uma das barracas, a de Lívia e de Gabriela, que chacoalha-
va sem parar: lá dentro, entre gritos desesperados, corriam as meninas
sem rumo, trombando uma com a outra.
— Calma! O que foi? O que está acontecen-
do? Calma!
As palavras do monitor, naquele momen-
to, de nada adiantavam. Na realidade, ele
tentava acalmar a si mesmo, porque também
estava assustado e, pior, sem saber o que
fazer. Parado a alguns metros da barraca,
estava rodeado de meninos e meninas, todos
inesperadamente arrancados do sono e sem
entender o que se passava.
— Saiam daí! Saiam daí!
Seguindo a orientação do mo-
nitor, Lívia e Gabriela encontra-
ram, aos atropelos, a saída
da barraca. Continuavam
a gritar, pedindo socorro:
— Tem um bicho!
— É enorme!
— Que bicho?! —
perguntou o monitor.
— Não sei… Não dá para ver!
— Está voando lá dentro!
Enquanto as meninas se tranqui-
lizavam, o monitor continuava

34
sem ação, agora, porém, sob o olhar de ansiedade dos meninos, que esperavam por uma providência

CAPÍTULO 1
sua. Percebendo a expectativa ao seu redor, tratou logo de se explicar:
— Nessas horas devemos ser frios. Não devemos nos precipitar.
Notando que não fora convincente, emendou:
— Agir por impulso é o pior procedimento nessas ocasiões!
O cenário, de fato, era pouco encorajador. Parcialmente iluminado pelo clarão do céu — era noite
estrelada de lua cheia — e pelas chamas que sobravam da fogueira, um vulto enorme deslocava-se
com as asas abertas pelo interior da barraca, de um lado a outro, como se estivesse à procura de sua

FILOSOFIA
presa. Às vezes estacionava em uma das paredes. Logo depois, recomeçava a voar.
O monitor pensava em uma solução.
Mateus, em silêncio, tomava coragem. Também tinha medo, mas fascinava-lhe a ideia de realizar
um grande feito na frente de todos, algo que fizesse dele o centro das atenções no acampamento, um
verdadeiro herói.
Enquanto o monitor não se decidia, Mateus finalmente resolveu: encheu o peito de ar, prendeu um
pouco a respiração, soltou tudo de uma vez e disparou. Surpreendeu a todos, correndo para a barraca.
— Não, Mateus! Não! Sai, Mateus!
— Não, Mateus!
Os pedidos não foram atendidos, talvez nem ao menos tenham sido ouvidos. Mateus estava
completamente envolvido em sua luta pela captura do misterioso bicho que causava tanta desordem.
Debateram-se na barraca, por pouco tempo, mas que a todos pareceu uma eternidade.
Finalmente, o vulto de Mateus parou. E o do bicho desapareceu. Diante da silenciosa expectativa geral,
Mateus saiu lentamente, com ar triunfante e o animal escondido entre as palmas das mãos.
As beiradas das asas que sobravam da palma de suas mãos e a cor viva que escapava pelos
vãos de seus dedos revelavam, enfim, o mistério.
Aliviados, então, insistiam agora:
— Solta, Mateus!
— É, solta!
— Vamos, Mateus! Solta!
O menino, contudo, queria prolongar o feito. Assim, prendia com
mais força o inseto e, como se não bastasse, agitava-o seguidamente
entre as mãos.
Finalmente, ele abriu as mãos e delas saiu uma borboleta colorida,
em um voo muito desordenado. Ela voava aparentemente sem rumo
certo, iluminada pelo fogo que brotava dos últimos gravetos. Sob os
olhares agora admirados, fez um círculo no ar e, finalmente, sumiu
na escuridão.
Pouco a pouco, espalharam-se meninos e meninas, recompostos do
susto e antecipadamente achando graça da história que teriam para con-
tar. Assim, dormiram as poucas horas que sobravam até o amanhecer.
No dia seguinte, a borboleta foi o assunto principal
do café da manhã. Depois, todos foram cuidar das tare-
fas que receberam e que deveriam ser realizadas antes
da trilha e dos jogos. Era necessário pôr em ordem o
acampamento.
Lívia e Gabriela ficaram incumbidas
de reunir as cinzas da fogueira, removen-
do-as para o recipiente que guardava o lixo.
Com pá e vassoura, iniciaram a limpeza, um
pouco impacientes e apressadas para começar
o passeio pela trilha.
Subitamente, pararam a execução da tarefa.
Perplexas, não queriam acreditar no que viam. Em
meio às cinzas, saltaram aos olhos restos colo-
ridos de asas incendiadas.

35
CAPÍTULO 1

Ateliê de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oralmente às questões a seguir.

1 Pela leitura do texto, vimos que Lívia não estava mais tão triste no acampamento e que Gabriela, por
sua vez, não estava mais tão alegre. As duas estavam simplesmente bem. Por que Lívia não estava mais
tão triste? Por que Gabriela não estava mais tão alegre?
A sombra na madrugada

2 O ambiente de tranquilidade no acampamento foi repentinamente afetado pela presença de um ser


vivo desconhecido em uma das barracas. Por que a presença desse ser desconhecido causou tanto abalo
em todas as pessoas?

3 Do lado de fora da barraca, todos permaneciam ansiosos e receosos, pois o animal parecia ser feroz.
Quais impressões as pessoas tinham ao perceberem que dentro da barraca havia um ser perigoso?

4 Quando todos se deram conta do que Mateus tinha entre as mãos, sentiram-se imediatamente aliviados.
Por que se sentiram assim?

5 Apesar do susto, o mistério da barraca se conclui com certo encantamento. Se entre as mãos Mateus
tivesse um animal como, por exemplo, um morcego, a reação das pessoas provavelmente seria outra. Como
podemos explicar essa diferença?

6 No final da história, uma descoberta surpreendente causou tristeza em Lívia e em Gabriela. Que des-
coberta foi essa? Por que provocou perplexidade?

36
CAPÍTULO 1
Tirando de letra

1 O filósofo René Descartes acreditava que nossos sentidos nos enganam, quer dizer, não sabemos verdadei-
ramente o que as coisas são pelo que ouvimos, vemos ou tocamos. Ele usava alguns exemplos para demonstrar
isso. Um desses exemplos é o de alguém que vê vultos com chapéus e casacos passando pela janela e conclui,
apressadamente, que são pessoas, quando, na verdade, podem muito bem ser apenas bonecos. Qual é a se-
melhança entre o exemplo oferecido por esse filósofo e a situação vivida pelas personagens da nossa história,

FILOSOFIA
diante do misterioso animal que invadiu a barraca?

2 Na história narrada neste capítulo, é certo dizer que a realidade era diferente da sua aparência?
Por quê?

37
CAPÍTULO 1
Rotinas do pensamento

Observe atentamente a figura e responda às perguntas a seguir.


Triff/ShuTTerSTock
A sombra na madrugada

1 De que trata a imagem?

2 O que você pensa sobre ela?

3 O que impressiona você nessa imagem?

38
Anotações filosóficas

CAPÍTULO 1
Aparência e realidade
As coisas são realmente como nos parecem ser? Esta é uma das mais antigas perguntas feitas
pelos filósofos.
Para muitos pesquisadores, a realidade está por trás das aparências. Já com os primeiros
filósofos, inicia-se a busca pela realidade fundamental de todas as coisas: eles acreditavam que

FILOSOFIA
todos os diferentes elementos que observamos no Universo eram transformações de uma mesma
substância.
O filósofo Parmênides, por sua vez, dizia que as aparências jamais são a realidade: esse mun-
do em que vivemos, no qual tudo parece se modificar, é uma grande ilusão. Platão, talvez o mais
importante filósofo da Antiguidade, elaborou uma detalhada explicação da realidade, procurando
ir além das aparências e revelando o que os seres realmente são. Esses são apenas alguns exemplos,
pois essa é uma pergunta que segue viva na filosofia, isto é, continua a ser feita e recebe diferentes
respostas dos estudiosos.

39
CAPÍTULO

2 Um obstácUlo nA trilhA

A rrependido, Mateus dizia:


— Eu não tive culpa…
Mateus dizia essas palavras não apenas para convencer as meninas de que fora uma fatalidade
a morte da borboleta, mas principalmente para acalmar a própria consciência. O fato é que ele se
sentia bastante culpado com o inesperado desfecho dos acontecimentos da noite anterior.
Lívia e Gabriela, alguns passos à frente, fingiam não escutar.
— Eu a soltei… Vocês viram…
Uma das meninas, quebrando o silêncio, respondeu em tom de acusação:
— É. Depois de chacoalhar um montão!
Prosseguiram calados, subindo a trilha tortuosa que, àquela altura, não tinha mais a menor
graça para nenhum deles. Mateus, Lívia, Gabriela, quase todos os meninos e meninas estavam muito
aborrecidos com o ocorrido.
Os monitores, percebendo o desânimo generalizado, procuravam consolar:
— Havia alguma coisa errada… Essas borboletas não costumam voar à noite.
— E, depois, quem garante que é a mesma borboleta?
— É a lei da natureza. Nada vive para sempre.
— Outras borboletas virão!
Fortalecido com os comentários, Mateus voltou a falar:
— Borboleta não vive muito mesmo…
Lívia, interessada, perguntou:

40
— Quanto tempo vive uma borboleta?

CAPÍTULO 2
— Não sei. Depende do tipo. Em média, acho que uns três meses — arriscou o monitor.
Mateus rapidamente o corrigiu, demonstrando certeza sobre uma informação da qual, na
verdade, não estava nem um pouco seguro:
— Não, não! É menos de um mês! Duas ou três semanas! A professora de ciências disse…
Devagar, o assunto foi se afastando do pensamento de todos, transferido para o segundo plano
das atenções. Todos ficaram absorvidos pela aventura da trilha, atentos às explicações dos monitores
e admirados com as novidades da paisagem.

FILOSOFIA
Afinal, como se disse, uma borboleta se foi, é fato, mas muitas outras ainda existiam, e infinitas
borboletas estavam por vir.
Da parte de alguns — Lívia, por exemplo —, havia certo temor de que se perdessem, de nada
adiantando a garantia oferecida pelos monitores de que conheciam perfeitamente o caminho e de que
a mata não era tão fechada quanto parecia. No entanto, mesmo esse medo era suave, mais reforçando
o gosto da aventura do que estimulando o desejo de que ela terminasse rapidamente.
As descrições das espécies com as quais se deparavam, vegetais e pequenos insetos, e as nar-
rativas dos monitores sobre os primeiros grupos humanos que, há milhares de anos, habitaram a
região estimulavam a imaginação de meninos e meninas. Pensavam no tanto de novidades que
teriam para contar em suas casas, assim que retornassem de viagem.
Não muito antes do fim da trilha, com todos satisfeitos, porém muito cansados, um imprevisto
apareceu no percurso. Era um obstáculo inesperado. Diante dele, parou um grupo de meninas —
dentre elas, Lívia e Gabriela —, como se estivessem realmente impedidas de dar um passo adiante.
Não chegaram a gritar, mas emitiram um ruído abafado.
Prontamente, Mateus lançou-se à frente do grupo, talvez percebendo a oportunidade que tinha
de recuperar-se perante todos.
Pisou com firmeza, usando a força dos dois pés para tirar o obstáculo do caminho.
Imediatamente, mesmo que com algum nojo do que viam, olharam todas para ele, profunda-
mente agradecidas.
No rosto de Mateus surgiu uma expressão de alegria, que, entretanto, rapidamente se desfez,
quando ele se deu conta do que havia sob os pés: entre folhas espalhadas, estavam algumas lagartas,
recentemente esmagadas.
Com os olhos carregados de lágrimas, mas retendo o choro por orgulho,
Mateus se lamentou:
— Agora sim… Matei uma porção de borboletas…

41
CAPÍTULO 2

Ateliê de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oral-
mente às questões a seguir.

1 Lívia e Gabriela acusavam Mateus de ser o responsável pela morte da borboleta.


O que elas levaram em conta para chegar a essa conclusão? Elas tinham informações
Um obstáculo na trilha

suficientes para comprovar o que diziam?

2 Em determinado momento do texto, para tentar animar os meninos

kesu/sHutterstock
e as meninas que estavam abatidos com a morte da borboleta, um dos
monitores afirma: “Outras borboletas virão”. Será que o monitor faria a
mesma afirmação se, em vez de uma borboleta, fosse um ser humano?
Por quê?

3 As meninas consideraram Mateus responsável pela morte da


borboleta e ficaram chateadas com ele. Entretanto, a primeira reação
delas quando Mateus matou as lagartas foi de gratidão. Por que elas
tiveram reações tão diferentes nos dois casos?

4 Ao ver as lagartas que causavam nojo às meninas, Mateus percebeu


uma oportunidade de apagar o episódio da borboleta, fazendo algo que as
agradaria. Entretanto, ele mesmo, por fim, se sentiu ainda mais culpado.
Por quê?

5 Afinal, que ser vivo Mateus matou com os próprios pés, borboletas
ou lagartas? Por quê?

6 É certo dizermos que borboletas e lagartas são a mesma coisa, isto


é, o mesmo ser? Por quê?

42
CAPÍTULO 2
Tirando de letra

1 Um filósofo australiano chamado Peter Singer afirmou que, na nossa cultura, quando dizemos que a vida é
sagrada, estamos, na verdade, pensando somente na vida humana. Em outras palavras, achamos que a vida dos
seres humanos tem mais valor do que a de todos os outros seres. Há dois momentos na história em que o compor-
tamento das personagens revela essa noção de que a vida humana é aquela que é verdadeiramente considerada
sagrada. Localize essas duas passagens do texto.

FILOSOFIA
2 Por que Mateus, após pisar sobre as lagartas, disse que havia acabado de matar borboletas?

43
CAPÍTULO 2
Divirta-se

1 Vamos completar as cruzadinhas e rever alguns conceitos importantes do capítulo?


A. Nome dado ao conjunto da espécie a que pertencemos.
B. A de Lívia e Gabriela, no caso da morte da borboleta, era de que Mateus fora o culpado.
C. Para Lívia e Gabriela, trata-se do que Mateus era no episódio da borboleta.
D. Como Mateus se sentia, do começo ao fim da história.
Um obstáculo na trilha

E. Para Mateus, a borboleta e a lagarta têm um em comum.

E B D
C

C N

A U

2 Agora, procure no diagrama as palavras que você usou para solucionar as cruzadinhas.

A C I R R P S S I E I C
H U M A N I D A D E Y U
M Y T V J K T P A S Y L
P W I E M F M N A X I P
S T I S Z E Z L A P I A
A S E R B S C C G O M D
X C O N C L U S Ã O P O
P I Z A N R O R Z N Y R
O R E S P O N S Á V E L

44
CAPÍTULO 2
Rotinas do pensamento

peanuts worldwide llc/dist. by universal click

FILOSOFIA
* “O bom e velho Charlie Brown”

1 De que trata a charge?

2 O que você pensa sobre ela?

3 O que impressiona você nessa imagem?

45
CAPÍTULO 2
Anotações filosóficas

O ser
O grego antigo Parmênides de Eleia foi o primeiro filósofo a elaborar a seguinte questão: o que
é o ser? Ele não perguntava o que é uma planta, um ser humano ou um animal. Ele se perguntava
sobre o ser em geral. E sua resposta é, ao mesmo tempo, simples e estranha: o ser é.
Segundo ele, o ser é único e, portanto, as diferenças que observamos entre as coisas do mundo
Um obstáculo na trilha

são enganos dos nossos sentidos. Além disso, o ser é eterno, pois existe desde sempre, e imutável,
ou seja, nunca se modifica, permanece igual a si mesmo.
Com isso, Parmênides negou a verdade do devir, das transformações que observamos no mundo,
dizendo que são apenas ilusões. Ao longo da história da filosofia, é claro, essa definição foi muito
criticada e reformulada, mas nas teorias de muitos filósofos persiste a noção de que o ser é aquilo
que continua sempre igual, resistindo a todas as transformações.
Podemos dizer, por exemplo, que, quando alguns filósofos falam do ser de todos os indivíduos,
estão se referindo a algo comum a todos os seres humanos em todos os tempos, quer dizer, a algo
que seria a essência da humanidade e que existe em todas as épocas históricas.

46
FILOSOFIA 6º ano

Ensino Fundamental
unidade_4

CAPÍTULO 1 48 CAPÍTULO 2 56
Lagartas e borboletas A despedida

Conversando com Gabriela, Mateus demonstra Acaba o acampamento, e as crianças refletem


culpa e tristeza pela consequência de seus atos. sobre as experiências vividas ali. Mateus parece
A amiga tenta tranquilizá-lo. Os dois têm um diá- mais tranquilo, Gabriela e Lívia imaginam a volta
logo sobre o acaso e a responsabilidade. O ser é às aulas e se um dia retornarão ao acampamento.
algo que se mantém, mesmo com as transforma- É possível um conhecimento absoluto sobre tudo?
ções que acontecem ao longo do tempo? Ou o conhecimento tem limites?
CAPÍTULO

1 LAgArtAs e borboLetAs

A volta do passeio foi um tanto triste para Mateus. Por mais que,
às vezes, alguns dissessem que os meninos eram naturalmente
agressivos, ele não acreditava nisso. Então sentia um misto de tristeza
e vergonha. E se ele pudesse voltar no tempo? Não pularia sobre as
lagartas, talvez nem pegasse a borboleta na barraca das meninas.
No entanto, havia decidido que não queria mais demonstrar cora-
gem causando sofrimento a quem quer que fosse. Afinal, ter matado as
lagartas não o fazia mais feliz nem orgulhoso. Não era como fazer um
gol, tirar uma boa nota ou dizer algo que fizesse as meninas rirem.

48
Após o almoço, sentou-se próximo de uma árvore e ficou sozinho, quieto. Gabriela, que caminhava

CAPÍTULO 1
por lá, chegou-se até ele, puxando conversa.
— Oi, Mateus.
— Oi.
— Quanta coisa aconteceu nesses dias!
— É mesmo.
— Cada susto que a gente leva aqui!
— É, só não queria ter matado as borboletas.

FILOSOFIA
— Você quer dizer as lagartas.
— Que iam virar borboletas…
— Há muito tempo, quando eu era menor, pensava que as borboletas nasciam pequenininhas,
dentro de um ovo, que também era bem pequenininho. Depois iam crescendo. E as borboletas nunca
morriam! Elas iam e voltavam, sempre as mesmas borboletas!
— Que engraçado! A primeira vez que eu vi uma borboleta foi no quintal da casa da minha
avó. Eu achava que as borboletas só existiam na casa dela.
— A gente pensa cada coisa!
— Será que a gente um dia para de pensar sobre as coisas?
— Eu não sei.
Mateus queria nunca repetir uma situação como aquela. Seria possível que nós nunca repetís-
semos um erro? O menino deu um suspiro e disse:
— Eu fiquei arrependido de ter matado aquelas lagartas.
— Mas você não sabia…
— Eu nunca mais quero fazer uma coisa dessas!
Ficaram em silêncio. Aquela sensação de tristeza iria durar ainda um pouco. Contudo, para
Mateus, ter conversado com Gabriela o ajudou. Conversar com alguém sobre os seus sentimentos o
deixou mais leve, mesmo tendo a consciência de um fato pelo qual ele tinha sido responsável e que
lhe desagradava bastante.

49
CAPÍTULO 1

Ateliê de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oralmente às questões a seguir.

1 No início da história, Mateus está triste com a lembrança de ter prendido a borboleta e de ter matado
as lagartas. Assim, podemos afirmar que o passado continua presente para Mateus. Por quê?
Lagartas e borboletas

2 Mateus via-se dividido entre o que normalmente se espera de um menino e o que ele sentia naquele
momento. Por que Mateus vivia esse conflito?

3 Conversando com Gabriela, Mateus diz que estava muito arrependido por ter matado as borboletas.
Gabriela, porém, tenta corrigir o amigo, dizendo que ele havia matado lagartas. Quando Gabriela diz isso,
é como se estivesse afirmando que um ser que se transforma não é mais o mesmo ser. Por quê?

4 Ao ser corrigido por Gabriela, quando a menina declara que ele havia matado lagartas, Mateus insiste,
afirmando que elas iriam virar borboletas. Quando Mateus diz isso, é como se estivesse afirmando que um
ser que se transforma continua sendo o mesmo ser. Por quê?

5 Mateus diz que não quer repetir o erro de matar borboletas, ao mesmo tempo que parece temer que
isso possa voltar a acontecer. Nesse caso, o menino tem certezas ou dúvidas diante do futuro?

6 Quando consideramos o futuro como algo incerto, somos tomados pela insegurança. Por quê?
JeNs stolt/shutterstock

50
CAPÍTULO 1
Tirando de letra

1 O filósofo alemão Friedrich Hegel escreveu que o botão desaparece na flor, assim como a flor é negada
pelo fruto, mas que entre botão, flor e fruto há também uma sequência, ou seja, o fruto é a continuidade do
botão. Poderíamos usar essa ideia na relação entre lagarta e borboleta? Explique.

FILOSOFIA
2 O passado recente de Mateus continuava presente em seus pensamentos e sentimentos. Será que, no futuro,
esse passado permaneceria em Mateus?

51
CAPÍTULO 1
Divirta-se
1 Vamos completar as cruzadinhas e rever alguns conceitos importantes do capítulo?
A. Sentimento de Mateus diante do fato de ter matado as lagartas.
B. A transformação da lagarta em borboleta pode ser tratada nas relações entre eles.
C. Era parte do presente de Mateus.
D. Para Gabriela, não parecia ter o mesmo ser da lagarta.
Lagartas e borboletas

E. Mateus teme que nele os erros se repitam.

A
C D

B • •

52
CAPÍTULO 1
2 Agora, procure no diagrama as palavras que você usou para solucionar as cruzadinhas.

B L V W B N G X K J G F F G A G T F W H
A F C Q A S E R  E  D E V I R Y R R K
S U Y X S C D F V G A Q R C G C E C E H
D T T Z D D U C G Z D Z T Y U T C X X E

FILOSOFIA
P U R C P V Q Y S T Q I D Y Y V R B W W
L R C I Q U W G H A W X T A W T T O V U
J O O U W B T V J S E O E R T F E R R Y
A H I Y I F E U G T  U T T E Q V B V R
A Z U  E  A H A F E O Q S U S C O W I
S X A S V U K B R Q  V W D Y D Z L R U
U B S D N B S I U W X Y R Y C T X E E W
A R R E P E N D I M E N T O V Z V T W T
H Y A V J Q D N W U U O T Y O R Y A B Y
B T V Q H M X O U Y T I R Q I C U C R Y
W C I W D Z V K Y V C U C W  E  V W T
P X  E  I Z M T Y V V X E U W U E C V
A V Y Y P W C B E U B Y E W Y T Y Q R U
S P B U Q B V U R I U I T O B V W W V Y
O O S T O  E  U U P A S S A D O E R T

53
CAPÍTULO 1
Rotinas do pensamento

Leia o haicai e responda às perguntas a seguir.


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Lagartas e borboletas

1 De que trata o poema?

2 O que você pensa sobre ele?

3 O que impressiona você nesse poema?

Haicai: tipo de poema de origem japonesa, composto de três versos.

54
CAPÍTULO 1
Anotações filosóficas

Ser e devir
Nas origens das pesquisas filosóficas aparece a dificuldade de se combinar o ser e o devir. Para
Parmênides, a única realidade é o ser eterno, que nunca passa por mudanças, sendo ilusórias as
transformações que percebemos no mundo. Para Heráclito, a única realidade é o devir, quer dizer,
as transformações que não param de acontecer no mundo.

FILOSOFIA
A partir dessa polêmica, muitos filósofos tentaram combinar ser e devir em suas explicações
sobre a realidade. Um caso bastante conhecido é o de Aristóteles. Para esse filósofo, ser e devir são
inseparáveis, pois um ser que se modifica, na verdade, se transforma naquilo que ele já é. Essa afir-
mação parece bastante esquisita, mas fica clara quando entendemos duas noções importantes para
Aristóteles: potência e ato. Potência é a possibilidade de algo se transformar. Ato é a realização desse
potencial. Por exemplo, uma semente é potencialmente uma árvore, e uma árvore é a potência da
semente realizada ou atualizada. Assim, quando a semente se transforma em árvore, para Aristó-
teles, ela está se transformando naquilo que potencialmente ela já é. Devemos lembrar, porém, que
a explicação de Aristóteles é somente uma entre as várias teorias que os filósofos elaboraram para
ligar ser e devir.

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Devi/shutterstock

55
CAPÍTULO

2 A despedidA

T odas as crianças estavam agitadas: era o final do acampamento. As barracas estavam sendo
desmontadas, as cinzas das fogueiras recolhidas, as roupas guardadas nas malas e nas mochilas.
O passeio havia chegado ao final.
As férias continuariam por um bom tempo, é verdade, mas de outro jeito: encontrar os amigos,
assistir à televisão, não ter horário para acordar, brincar no computador, ir ao cinema, escrever algo
novo no diário. Cada um tinha a sua ideia de como seria o restante de suas férias, antes de começarem
as aulas.

56
Lívia pensava: voltaria ao acampamento no ano seguinte? Havia sido tudo tão bom! Uma saudade

CAPÍTULO 2
já aparecia, e ela nem tinha voltado para casa ainda!
Gabriela, que acabara de colocar as mochilas no ônibus que as levaria de volta, apareceu agitada:
— Vamos para casa!
Lívia respondeu:
— Será que a gente volta o ano que vem? Tomara!
— Eu também gostei tanto!
— Só fiquei triste pela borboleta.

FILOSOFIA
— E pelas lagartas. O Mateus ficou tão chateado!
— Mas agora já passou. Ele estava até agora brincando com os outros meninos.
— Que bom!
Todos iam entrando nos ônibus, aquela algazarra, os monitores organizando cada um em seu
lugar.
Lívia, sentada no banco próximo da janela, olhou para o acampamento.
Tudo parecia tão em ordem! O dia em que partiam parecia o dia em que haviam chegado!
Nenhuma fogueira, nenhuma barraca, nenhum barulho. Há quanto tempo será que existia o acam-
pamento? Quantas crianças haviam passado por lá? Será que tudo havia sido muito diferente no
ano anterior?
Gabriela, ao lado de Lívia, pensava na volta às aulas. Não era muito bom que as férias acabas-
sem, mas ela gostava da escola. Ela gostava do material novo, das canetas, das lapiseiras e dos lápis,
de saber quem seriam os novos professores. O que ela não gostava era de quando chegava em casa
contando sobre o que havia aprendido naquele dia, como se fosse a última novidade da Terra, e sua
irmã mais velha dizia: “Isso eu já sei faz tempo”. Será que um dia ela saberia mais que a irmã? Será
que um dia ela, a irmã, Mateus e Lívia saberiam tudo a respeito de todas as coisas?
De repente, um dos monitores que acompanhavam as crianças na volta começou a cantar uma
canção, e todas as crianças, juntas, o acompanharam.

57
CAPÍTULO 2

Ateliê de ideias
Contando com a ajuda de seu (sua) professor(a), responda oralmente às questões a seguir.

1 Após o acampamento, haveria ainda um período de férias, e cada um tinha sua ideia de como seria
esse tempo restante. As coisas aconteceriam do modo como eles achavam que seriam? Ou poderiam ser
diferentes do que pensavam? Como podemos explicar isso?
A despedida

2 Se observarmos os sentimentos e os pensamentos de Lívia, de seu primeiro dia no acampamento até


a hora da partida, que transformações podemos identificar?

3 Se observarmos os sentimentos e os pensamentos de Gabriela, de seu primeiro dia no acampamento


até a hora da partida, que transformações podemos identificar?

4 Em certo sentido, Lívia, Gabriela e Mateus viveram algumas transformações no acampamento. Eles
mesmos foram os responsáveis pelas transformações ou foram os acontecimentos do passeio que causaram
essas transformações neles? Por quê?

5 Gabriela pensava na volta às aulas. Gostava de aprender coisas novas, mas não gostava de quando
sua irmã mais velha dizia saber mais do que ela. Por fim, pergunta-se se um dia todas as pessoas sa-
beriam todas as coisas. Será que os seres humanos podem conhecer completamente a realidade, saber
tudo sobre todas as coisas?

58
CAPÍTULO 2
Tirando de letra

1 O filósofo alemão Immanuel Kant investigou os limites da capacidade de conhecimento, isto é, se os seres
humanos podem apresentar respostas verdadeiras para todas as questões. Qual é a semelhança entre a pergunta
que Gabriela fazia a si mesma, no final da narrativa, e a preocupação desse filósofo?

FILOSOFIA
2 Caso Lívia, Gabriela e Mateus retornassem ao acampamento nas férias seguintes, eles viveriam as mesmas
experiências dessas férias? Por quê?

59
CAPÍTULO 2
Divirta-se

Vamos completar as cruzadinhas e rever alguns conceitos importantes do capítulo?


A. Gabriela se pergunta se seria possível ter um completo sobre a realidade.
B. Todos viveram as suas durante a permanência no acampamento.
C. Todos começavam a sentir com o fim do passeio.
D. Modo como as crianças estavam ao fim do acampamento.
A despedida

E. Talvez o conhecimento humano tenha os seus.

E B

A C O N H E C I M E N T O

60
CAPÍTULO 2
Rotinas do pensamento

Observe atentamente a tirinha e responda às perguntas a seguir.

FILOSOFIA
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1 De que trata a tirinha?

2 O que você pensa sobre ela?

3 O que impressiona você nessa tirinha?

61
CAPÍTULO 2
Anotações filosóficas

O conhecimento
A pesquisa filosófica surgiu com a pretensão de atingir um conhecimento sobre o conjunto da
realidade. Entretanto, no interior da própria filosofia desenvolve-se uma área de investigação cha-
mada de teoria do conhecimento.
Muitos filósofos, então, estudam as origens do conhecimento humano e questionam se podemos,
A despedida

de fato, conhecer profundamente todas as coisas que existem.


Alguns, como Platão, Aristóteles e Hegel, entendem que seja possível um sistema de conhe-
cimentos que explique tudo o que existe, desde suas causas mais fundamentais. Para outros, como
David Hume e Immanuel Kant, os homens podem apenas conhecer uma parte da realidade, sem
atingir um conhecimento profundo do mundo. Há ainda os filósofos denominados céticos, para os
quais nós, humanos, não somos capazes de adquirir nenhum conhecimento verdadeiro.

Os livros são símbolos de


conhecimento: será que
os seres humanos são
capazes de adquirir todo o
conhecimento existente?
denis opolja/shutterstock

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A proposta pedagógica que serve de base para esta coleção é a Pe-
dagogia Afetiva, cujos alicerces são as Habilidades Socioemocionais,
as Neurociências e as Correntes Educacionais Interacionistas. Por
meio desses três pilares e da utilização de uma linguagem clara e
direta, a coleção tem como proposta a formação de um indivíduo
preparado para enfrentar os desafios do século XXI e capaz de
ingressar em uma vida acadêmica de sucesso. Bons estudos!

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