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ACORDES ALTERADOS

Os acordes alterados são empregados para enriquecer o colorido tonal através de sonoridades que não
pertencem à tonalidade, sem necessariamente produzir modulação ou qualquer tipo de afastamento do tom
principal.

Classificação dos Acordes Alterados

Os acordes alterados podem ser classificados nas seguintes categorias:

• Dominante Secundária/Dominante Individual: qualquer acorde pode ser precedido ou seguido pela sua
própria
dominante, que se encontra à 5ªJ superior – dominante de C: G7.

• Acorde de Sétima Diminuta: qualquer dominante secundária pode ser substituída pelo diminuto
correspondente, que se encontra meio tom abaixo do acorde onde irá resolver – viiº de C: Bº.

• Acorde de Quinta Aumentada/Dominante com Sexta Menor: qualquer dominante pode ser substituída pelo
acorde de quinta aumentada
correspondente, basta alterar sua quinta ascendentemente – 5ªaum de C: G7(#5).

• Acorde de Sexta Aumentada ou Sub-V7: qualquer dominante pode ser substituída pelo Sub-V7
correspondente, que se encontra meio tom acima do acorde onde resolve – sub-V7 de C: Db7.

• Acorde de Napolitana: é um acorde maior substituto da subdominante, que se encontra meio tom acima
da tônica – Nap de C: Db (se tem a 7ª, é sub-V7; se não tem a 7ª, é Nap).É muito comum encontrar o Acorde de
Napolitana na primeira inversão (Com a terça no baixo).

• Empréstimo Modal: são os acordes tomados de empréstimo a partir de tons homônimos – em Dó


Maior, o acorde Fm é obtido por empréstimo modal, a partir do 4º grau de Dó Menor. Da mesma forma, em Dó
Maior, é possível se utilizar de acordes emprestados de Dó Lídio, Dó Mixolídio, Dó Dórico e etc.

• Mediantes Cromáticas: são acordes alterados, vizinhos de terça dos três acordes principais
(Tônica , Subdominante ou Dominante) – o acorde de Eb é uma mediante cromática de C.

→ Dominantes Secundárias

Qualquer acorde de uma tonalidade pode ser preparado por sua própria dominante.

Para caracterizar a sonoridade de dominante, é mais comum o emprego de acordes de sétima.

Em Dó Maior, as dominantes secundárias são estas (acordes indicados em negrito):

|| V7/ii ii || V7/iii iii || V7/IV IV|| V7/V V || V7/vi vi ||


|| A7 → Dm || B7 → Em|| C7 → F || D7 → G || E7 → Am||

(*) O acorde sobre o viiº grau não tem dominante, pois não costuma ser utilizado como tônica.

Em Lá Menor, as dominantes secundárias dos acordes mais usados são estas:


||V7/III III || V7/iv iv || V7/V V || V7/VI VI || V7/VII VII ||
||G7 → C || A7 → Dm || B7 → E || C7 → F || D7 → G ||
(*) Os acordes sobre iiº grau e viiº grau não têm dominante, pois não costumam ser utilizados tônica e possuem
em trítono - responsável pela tensão da dominante - dentro deles.

→ Acorde de Quinta Aumentada/Dominante com Sexta Menor

O acorde de Quinta Aumentada, ou Dominante 6b, que tem sua origem sobre o quinto grau da escala menor
harmônica ou melódica, como acorde substituto pode ser empregado da mesma forma que o acorde de
dominante secundária, porém com a quinta alterada ascendentemente, isto é, com a quinta aumentada (Ou 6b).
Por exemplo, o acorde de quinta aumentada que conduz para o acorde de Dm, iv grau de Lá
Menor, é A7(#5). A dominante de Dm é A7; portanto, basta acrescentar a quinta aumentada a este
acorde.

→ Acorde de Sétima Diminuta e Sub-V7

Qualquer acorde com função de dominante (secundária ou principal) pode ser substituído por
acordes alterados com função de dominante: diminutos, quintas aumentadas e sub-V7, entre
outros. A 7ªdim é um acorde formado pela sobreposição de terças menores (si-ré-fá-láb, por
exemplo) que se encontra meio tom abaixo do acorde onde resolve. Por exemplo, a 7ªdim que
conduz para o acorde de Dm, iv grau de Lá Menor, é C#º (dó# está meio tom abaixo do ré).

O acorde Sub-V7 é um acorde com sonoridade de sétima da dominante (tríade maior com sétima
menor) que se encontra meio tom acima do acorde onde resolve. Por exemplo, o sub-V7 que
conduz a Dm, iv grau de Lá Menor, é Eb7 (mib encontra-se meio tom acima de ré).

→ Acorde de Napolitana

A Napolitana é um acorde maior que se encontra meio tom acima da tônica.

Este acorde é empregado com função de Subdominante.

Na Harmonia Funcional, é analisado como uma subdominante anti-relativa – cifra: sA (lê-se: anti-
relativa maior da subdominante menor). Como tem função de subdominante, geralmente (Mas não
obrigatoriamente), a
Napolitana aparece antes do acorde de dominante. É comum a Napolitana ser usada em primeira
inversão, isto é, com a terça no baixo. Neste caso, é conhecida como Acorde de Sexta Napolitana.

Também é comum a utilização do Acorde de Napolitana da tonalidade relativa. Por exemplo: A tonalidade é Dó
Maior, e é utilizado o Acorde de Napolitana do Lá Menor (Bb). Nesses casos, é mais comum a utilização dele
antes de se estabelecer o Lá Menor com tônica.

Note que acordes formados sobre a mesma fundamental podem ser empregados como Napolitana (função de
subdominante) ou como Sub-V7 (função de dominante). O que diferencia um ou outro caso é o uso da sétima.
Se o acorde maior formado sobre o segundo grau bemolizado (sib, em Lá Menor) contém a sétima, é sub-V7
(substituto da dominante); se não tem a sétima, é Nap (substituto da subdominante).
O que faz com que o acorde de sétima seja uma dominante é o fato de conter um trítono. Em Lá
Menor, são as notas atrativas do acorde de Bb7: láb-ré – lembre-se que láb tem o mesmo som
que sol#, isto é, são notas enarmônicas, e que sol# é a sensível de lá.
→ Empréstimo Modal

Acordes de Empréstimo Modal são aqueles obtidos através do uso de sonoridades de modos homônimos. Por
exemplo, em Dó Maior (Jônio), podem ser utilizados os acordes de Dó Menor (Eólio). Na maior
parte das vezes, os acordes obtidos por Empréstimo Modal têm função de Tônica ou Subdominante. Uma
exceção é o uso do viiº (7ªdim) como empréstimo de dominante no modo
maior. Na comparação entre Dó Maior e Dó Menor, têm-se estes acordes:

Dó Maior C7M Dm7 Em7 F7M G7 Am7 Bm7(5b)

Dó Menor Cm7 Dm7(5b) Eb7M Fm7 Gm7 Ab7M Bb7

Empréstimo Modal consistiria em utilizar acordes da linha superior (Dó Maior) do quadro acima em
uma música na tonalidade de Dó Menor; ou empregar acordes da linha inferior (Dó Menor) em
uma música na tonalidade de Dó Maior. O uso mais comum deste tipo de acordes alterados é
utilizar, no tom maior, acordes emprestados do homônimo menor.

Note que é possível intercambiar acordes também de outros modos de Dó, como Dó Dórico, Dó Frígio, Dó
Menor Melódico, Dó Dórico 4# e etc.

As possibilidades de aplicações dos Acordes de Empréstimo Modal são inúmeras, e não se restringem apenas
ao intercâmbio “Maior <--> Menor”.

→ Mediantes Cromáticas

Na música tonal, os acordes de uma tonalidade que se relacionam de forma mais direta são vizinhos de quinta
justa. Por exemplo, em Dó Maior, os três acordes principais têm esta relação:
F (Subdominante) 5ªJ  C (Tônica)  5ªJ G (Dominante)
As relações diatônicas de terça produzem os acordes substitutos (relativos e anti-relativos). Por exemplo, em Dó
Maior, na função de Tônica, temos: Am (Tr)  C (T)  Em (Ta). Estas relações de quinta justa e terças
diatônicas completam os acordes naturais de uma tonalidade.

A partir do séc. XIX, vários compositores passaram a empregar relações de terças cromáticas
entre acordes para enriquecer as relações tonais. Os acordes obtidos através deste recurso
chamam-se Mediantes Cromáticas.
O método básico consiste no seguinte: a partir de um acorde maior, os acordes cromáticos vizinhos de terça,
isto é, as Mediantes Cromáticas, são, também, acordes maiores. Estes acordes podem ser obtidos sobre a terça
maior ou terça menor, superior ou inferior.
Assim, as mediantes cromáticas do acorde de C são:
Ab – mediante cromática, vizinho de terça maior inferior – Ab C
A – mediante cromática, vizinho de terça menor inferior – A C
Eb – mediante cromática, vizinho de terça menor superior – C Eb
E – mediante cromática, vizinho de terça maior superior – C E

Mediantes cromáticas do acorde de Cm são:


Abm – mediante cromática, vizinho de terça maior inferior – Abm  Cm
Am – mediante cromática, vizinho de terça menor inferior – Am  Cm
Ebm – mediante cromática, vizinho de terça menor superior – Cm  Ebm
Em – mediante cromática, vizinho de terça maior superior – Cm  Em

As mesmas relações se mantêm para todos os outros acordes maiores e menores, tanto para a
função de Tônica, quanto para as funções de Subdominante e de Dominante.

Outro uso interessante das Mediantes Cromáticas é considerar as mediantes e submediantes das tonalidades
Homônimas e Paralelas.

Nesse caso, as mediantes cromáticas em C, por exemplo, seriam:


→ Mediantes (Considerando a tonalidade homônima)

Em (iii), E (III), Eb (bIII) e Ebm (biii)

→ Submediantes (Considerando a tonalidade homônima)

Am (vi), A (VI), Ab (bVI) e Abm (bvi)

→ Mediantes da tonalidade relativa considerando o seu próprio homônimo (Am e A)

C (III), Cm (iii), C# (#III) e C#m (#iii)

→ Submediantes da tonalidade relativa considerando o seu próprio homônimo

F (VI), Fm (vi), F# (#VI) e F#m (#vi)

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