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TERRENOS DE MARINHA - PRAIA - DEFESA DA FAUNA

- O acesso à praia é garantido por via marítima.


- Inexistindo servidão administrativa, é lícito ao titular do ~
minio útil regular o transito na 6rea foreira.
- Declarada área de refúgio de animais nativos, cumpre ao pro-
prietário o dever de nela fiscalizar o ingresso, transito ou per11Ill1IIn-
cia de terceiros, em defesa da fauna.

PARECER

CONSULTA 3. O auto de infração lavrado pela C.


pitania dos Portos, pela razão mencionada
Os consulentes sio proprietários de terre- em 4 supra, deveria ser julgado proce-
nos alodiais, contfguos a ãreas de terras de dente ou improcedente?
marinha, nas quais, por aforamento, exer-
cem domínio útil. PAllECEll
A área objeto do aforamento foi decl.
rada como refúgio particular de animais n. A consulta tem como ponto nodal uma
tivos, mediante ato do preaidente do Insti- questão que merece exame aprofundado pe-
tuto Brasileiro de Desenvolvimento Flores- las implicações mais amplas que oferece.
tal, com fundamento na Lei n9 5.197, de O caso que motiva a indagação não é singu-
1967. lar. Tanto as Capitanias de Portos como o
Mediante colocação de obst4culos, ficou Serviço de Patrimônio da União têm C1r
impedido o acesso, por terra, a terceiros, na frentado situações equivalentes em que se
área compreendida entre a praia e o terreno questiona a obrigação de que os titulares
alodial. de domínio privado devam suportar a pas-
Sob a alegação de que tal providência sagem do público para o acesso la praias.
importa em "privatizar a praia", a Capitania Certamente a ninguém acode negar que
dos Portos lavrou ato de infração, com apoio as praias marítimas são bens públicos de
provável na Portaria n9 7, de 3 de maio de uso comum do povo. Ainda que a elas não
1982, da Diretoria de Portos e Costas do se refira o item I do art. 66 do C6digo Ci-
Ministério da Marinha, a tftulo de que, "o vil, a noção do domínio hídrico alcança,
mar e as praias são bens públicos de uso por abrangência, o litoral sobre que se de-
comum do povo". senvolve o movimento das marés.
Diante do exposto, sio formulados os se- Não é, porém, quanto ao uso direto da
guintes quesitos: praia que se coloca a exegese oficial, nem a
1 . O acesso l praia pode ser feito por ela se opõe a conduta do proprietário.
via terrestre ou s6 pode ser feito por via O entendimento da autoridade consiste em
marítima? que o uso comum do povo não se limita ao
2. O titular de domínio útil de terreno acesso por mar ou pela continuidade da fai-
de marinha, devidamente aforado, poderá xa litorAnea, mas deve ser livremente fran-
utilizar-se de todos 08 meios para impedir queado mediante trAnsito público através da
o acesso de terceiros l sua área, que cona- propriedade privada, que confina com a
titui, inclusive, no caso objeto da preaente praia, ou seja, submetendo terras aforadas
consulta, refúgio de animais nativos? ou alodiais (objeto de domínio útil e de

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domínio pleno privados) a uma indiscrimi- as coisas públicas suscetíveis de uso gra-
nada servidão de passagem em benefício do tuito - "toda a extensão da costa que as
povo. ondas ordinariamente cobrem e descobrem
Torna-se, assim, necessário à perfeita co- nas maiores marés, e não em ocasiões extra-
locação do problema, como à solução da ordinárias de tempestades ou furacões".
consulta, aviventar os conceitos jurídicos Sobre as praias assim configuradas é pleno
postos em causa. o domínio público e insuscetível de limita-
ção o uso geral de todos. Em Ordem Régia
Conceito de praia de 19 de dezembro de 1726 proibia-se "edi-
ficar nas praias ou avançar sequer um palmo
o domínio público sobre o mar territorial para o mar, por assim exigir o bem públi-
compreende tanto a massa líquida como a co", afinnando-se o princípio de que "tudo
porção terrestre sobre a qual se desenvolve o que toca à água do mar e acresce sobre
o movimento das marés. Conteúdo e conti- ela é da Nação" (Aviso de 18 de novembro
nente se integram no domínio marítimo que de 1818).
a União exerce, como um dos bens publicos E solenemente determinava a Ordem Régia
de uso comum do povo.
de 10 de janeiro de 1732 não se consentisse
A porção submersa do território litorâneo "se aproprie pessoa alguma das praias e mar
caracteriza o leito do mar (lido) que se pro-
por ser comum para todos os moradores"
longa, sem solução de continuidade, na praia
(Madruga, Manoel. Terrenos de marinha.
até o limite da máxima maré.
v. I. p. 73-5; Tovar, Jair. Breve estudo so-
Remonta às Institutas (2.1 § 39) a defini-
bre os terrenos da marinha. Separata da
ção de praia como o terreno que o mar cobre
Revista de Serviço Público, p. 9, nov. 1954;
nas suas maiores enchentes: Est autem litus
Rodrigo Otávio. Do domínio da União e dos
maris quaternus hibernus fluctus maximus
estados. p. 45).
excurrit, segundo ensina Clóvis Bevilaqua
Não há, em nossa tradição jurídica como
(Teoria geral do direito civil. 4. ed. 1972.
no tratamento legal, sombra de dúvida que
p. 214).
as praias são de livre disposição a qualquer
De certa fonna confundem-se, pela conti-
do povo, não se podendo sobre elas cons-
nuidade física, o leito (lido) e a praia (spiag-
tituir seja domínio especial da União, seja
gia), confonne esclarece Vassali, acentuando
- e menos ainda - domínio privado.
que são "due modi diversi di presentarsi
nelle zona di confine tra il mare e la terra" Livre é, a toda evidência, o acesso às
(N ovissimo digesto italiano. v. IX. p. 920). praias pelos caminhos do mar ou pelo trân-
Na definição de Biondi, abonada por sito desembaraçado por toda a orla do li-
Gaeta, ainda mais se toma preciso o con- toral, no sentido horizontal às águas, salvo
ceito de praia (spiaggia) como "parte di os obstáculos da natureza, ou, quando for
terreno, che da una parte e a contatto deU'- o caso, pela via pública confinante com a
acqua e dell'autra si estende fin dove giunge praia.
la piil alta marea, senza tener conto dei li- No sentido da terra sucede-se às praias
mite massimo toccato dei mare in tempesta" outra faixa cujo regime jurídico se subordina
(I beni. 2. e. 1956. § 53; apud Novissimo a modalidade própria de domínio.
digesto italiano. v. IX. p. 919). A partir do pteamar médio de 1831, até
Não é outro o conceito tradicional no di- 15 braças craveiras (33 metros), confonnam-
reito brasileiro. se os terrenos de· marinha, nos quais, me-
Teixeira de Freitas propunha, no Esboço diante aforamento, pode consolidar-se o do-
do C6digo Civil (art. 329), o entendimento mínio privado, que os toma defesos ao uso
de que fosse praia do mar - incluída entre comum de todos.

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Os terrenos de marinha - conforme a Graficamente assim se -representará a geo-
imagem feliz de Afranio de Carvalho -- grafia dos domínios e a acessibilidade do
"se distinguem pela peculiaridade de formar uso público:
em um cinturão de propriedade nacional in-
terposto entre a propriedade particular e o MAR TERRITORIAL (domínio público)

~
oceano" (Registro de imóveis. 3. ed. p. 44).
Ao domínio direto da União - que subsis-
livre acesso
te - o regime enfitêutico sobrepãe-se o do-
mínio útil particular fruto de aforamento do
bem público. livre acesso ~
~ PRAIAS(domínio
Daí a oportuna advertência de Rodrigo público)
Otávio (op. cit. p. 45) no sentido de que TERRENOS DE MARINHA
"não se confunda entretanto a praia do mar - domínio direto (União)
com os terrenos de marinha, que são do - domínio útil (particular)
domínio privado do Estado". TERRENOS ALODIAIS (doinfnio privado)
Em acórdão de 28 de agosto de 1936, na
Apelação Cível nQ 4.518, o Supremo Tri- Nenhum texto de lei assegura passagem
bunal Federal firmou a distinção entre as livre, atravessando os terrenos alodiais e as
áreas aforadas dos terrenos de marinha, no
praias, "bens de uso comum de que o Es-
sentido do aCesso às praias, sobrepondo-se
tado é mero adminlstrador e, por isso, ina-
à sua disponibilidade pelos respectivos pro-
lienáveis, imprescritíveis e não suscetíveis
prietários.
de propriedade, posse ou uso exclusivo" e
Nos terrenos alodiais, a lei civil garante
os terrenos de marinha, "bens patrimoniais
ao proprietário ou ao possuidor a integri-
do Estado" (Arquivo ludici4rio, 43: 194-5).
dade de seu direito.
Por último, além da faixa de terrenos de
Nos aforamentos dos terrenos de marinha,
marinha, a propriedade privada adquire pIe>
de igual modo, o domínio útil, adquirido a
nitude, segundo as normas de lei civil, COD-
título legítimo, defende o enfiteuta da vio-
figurando-se 08 bens alodiais, ou seja, "isen-
lação do uso, que lhe é privativo.
tos de encargo, foro ou censo" (Moraes. Di-
A faixa de terrenos de marinha acompa-
cionário da ltngua portuguesa. v. 1. p. 138).
nha, sem solução de continuidade, toda a
No sentido interior do território, uma se>
costa, de modo contíguo às praias existentes
qüência de espécie de bens se oferece à e a ela sucede, internamente, a propriedade
incidência de diversos regimes jurídicos: a alodial.
partir do mar territorial colocam-se, suces- Admitir1e que, a todo e qualquer ponto
,ivamente, as praias, as terras de marinha e delas, estará assegurado o acesso popular
os terrenos alodiais. Na primeira é pleno e para alcançar as praias, corresponderá, ob-
exclusivo o domínio público, vedado cons- viamente, à negativa da própria essência do
tituir-se domínio privado; na última, como direito de propriedade, maculando-se pela
regra, prevalece a livre propriedade parti- incerteza permanente de sua vulnerabilidade
cular; na intermediária, convivem o domínio à pura discrição de qualquer do povo, sem-
direto do senhorio público e o domínio útil pre que, para dirigir« ao bem público c0-
do titular do aforamento. mum, lhe fosse franqueado transitar pela
Nas praias, o uso público é incontrastável. propriedade particular.
ele se opõe, nos terrenos alodiais e nas ter- Dir-se-á que, a contrario sensu, a absoluta
ras de marinha o direito de propriedade inviolabilidade da propriedade privada -
constituído na forma da lei. que medeie as vias públicas e as praias ......

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tomará senão impossível pelo menos inviá- do Estado quando visem a atender a inte-
vel o uso comum dessas últimas, como é resse público determinado em lei (ver Fer-
sua característica. reira, Sergio de Andrea. O direito de pro-
Desse argumento extremo se socorrem os priedade e as limitações e ingerências ad-
paladinos da hermenêutica de que ao par- ministrativas. Revista dos Tribunais, 1980).
ticular é vedado, por qualquer forma, im- As categorias de direitos reais sobre coi-
pedir a passagem de quantos demandem as sas alheias decorrem de previsão legal, ex-
praias mediante travessia desembaraçada e primindo-se na enumeração do art. 674 do
livre da propriedade privada, alodial ou fo- C6digo Civil, relação exaustiva somente am-
reira. pliável por outra lei.
A chamada "privatização das praias", in- E o depoimento de Pontes de Miranda:
tolerável a juízo da Capitania dos Portos, na "A existência de direitos reais limitados
espécie da consulta, exprime essa concepção, fora do art. 674 não infirma o princípio
limitando a propriedade privada, a título de do numerus c1ausus dos direitos reais limi-
sujeitá-la a uma servidão administrativa ge- tados ( ... ) O número é fechado, clauso, por-
ral e indeterminada, a se constituir de facto que não se podem criar, sem lei, outros di-
pela vontade do transeunte, garantido a ter reitos reais" (Tratado de direito privado.
acesso à praia, segundo sua conveniência v. 18. p. 7).
pessoal ou por ordem da autoridade. Entre os direitos limitativos do domínio
figura a servidão a se constituir por acordo
Regime das servidões administrativas de vontade ou diretamente por força de lei.
Todavia, não se presume a servidão (art.
Nas cidades litorâneas é menos freqüente 696 do C6digo Civil), inclusive as servidões
o conflito em virtude da contigüidade da administrativas, que a administração venha
via pública com as praias que ficam assim a constituir, no exercício regular de sua com-
livremente acessíveis ao uso de todos. petência legal.
Há, contudo, partes da região praieira em A restrição ao domínio como efeito de
que se interpõe, entre a praia e a via pú- servidão administrativa coloca em causa o
blica, a propriedade privada legitimamente princípio da legalidade, visto que, como
constituída. lembra Ser~o de Andrea Ferreira, "só nos
Em tais casos, permanece livre o acesso casos e na forma legalmente previstos é que
à praia por via marítima ou, horizontal- pode o Estado instituir servidões administra-
mente, pelas praias vizinhas. tivas, coativamente. E preciso que esteja
Contudo, o contraste se oferece entre o previsto na lei o direito potestativo da insti-
proprietário particular, que tende a garantir tuição" (op. cit. p. 172).
a exclusividade do uso (que é emanação do A servidão administrativa não se limita
domínio) assim como o direito à privacidade, a regular o uso da propriedade privada, no
e o público em geral, pretendente ao livre exercício do poder de polícia. Impõe-lhe
acesso. sacrifício em favor do interesse geral.
A solução não pode ser, a nosso juízo, a Oportuno trazer a lume a distinção niti-
supressão virtual do domínio privado na me- damente traçada por Celso Antonio Ban-
dida em que se pretenda converter o direito deira de Mello, extensiva aos atos concre-
ao uso comum do bem público (praia) em tos da administração: "se a propriedade é
ampla liberdade de trânsito através da pro- afetada por uma disposição genérica e abs-
priedade privada (área alodial ou aforada), trata, pode ou não ser caso de servidão.
à revelia e mesmo contra a vontade do pro- Será limitação, e não servidão, se impuser
prietário. apenas um dever de abstenção: un non fa-
Os direitos reais suportam limitações ou cere. Será servidão se impuser um pati, obri-
restrições, cuja origem poderá provir de atos gação de suportar" (Apontamentos sobre o

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poder de policia. Revisto de Direito Público, Lei n9 5.197, de :5 de janeiro de 1967, que
9:65). dispõe sobre a proteção da fauna.
Do exposto, resulta, a nosso ver, que a A lei especial qualifica como propriedade
passagem do público, quando necessária ao do Estado os animais de qualquer espécie
acesso às praias, através de propriedade pri- que vivem naturalmente fora do cativeiro,
vada, não se caracteriza como uma limitação proibindo sua utilização, perseguição, des-
implicita ao direito de propriedade, a título truição, caça ou apanha, salvo permissio ad-
de elemento do direito ao uso comum do ministrativa (art. 19 e § 19 ).
bem público a ser atingido. A declaração da área de domínio privado
Não é dado ao usuário (qualquer do povo) como Refúgio Particular de Animais Nativos
penetrar livremente na propriedade privada. - "onde o cxercfcio de qualquer atividade
escolhendo a via de acesso que lhe pareça venatória é total e perenemente proibida,
conveniente. Nem ao proprietário se impõe inclusive pelo seu proprietário" (art. ~ da
o dever de suportar indeterminadamente a
citada Portaria n9 IBDF-449/78-P) -
passagem que lhe perturba a eficácia do
artibui ao proprietário não somente o dever
domínio.
de abstenção como especialmente a respon-
A União, titular do domínio público dos
sabüidade de fiscalização com respeito a
terrenos de marinha, poderá, no ato do afo-
ramento, clausular o domínio útil do enfi- atos de terceiros predatórios da fauna, im-
teuta, predeterminando o ônus de suportar, portando sua omissão em responsabilidade
qualificadamente, o local e a forma do acesso penal (art. lO, aJínea c, da citada Lei n9
à praia. 5.197/67).
Se não o houver feito ou quando a pas- Investido no dever de preservação da
sagem atingir à alodialidade, deverá consti- fauna na área de seu domínio útil, assume
tuir, por ato específico, a correspondente o proprietário a qualidade de ente de co-
servidão administrativa, por via amigável ou laboração com o serviço público, exercendo,
imperativa, a ser inscrita no Registro de como tal, poderes equivalentes aos dos ser-
Imóveis, em face da amplitude atribuida vidores ptib1icos.
pela atual Lei de RegistlOl Ptiblicos. quo
Conseqüentemente, quando pratica atos
derrogou a diapoaiçio do art. 697 do Có-
que impedem ou limitam o livre trânsito
digo Civil (ver Carv.nto. AfrAnio de. op.
cit. p. 119-20; Zanella di Pietro, Maria Syl- pelas terras de seu domínio (alodial ou útil)
via. Servidõo admini&trativa. Revista· dos pelos que por ela pretendam demandar as
Tn"bunais, 1978. p. 66). praias, não está somente o titular exercendo
direito próprio como cumprindo lIIU1IU8 pu-
Colaboraçijo com o serviço público blico, decorrente da fISCalizaçio que lhe in-
cumbe na defesa da intangibilidade da fauna,
Como documentado na consulta, a área propriedade do Estado, posta sob sua espe-
de terreno de marinha objeto de aforamento cial vigilância e proteçlo.
constituído por termo próprio, também está
~cançada por ato administrativo do Insti- CONCLUSÃO
tuto Brasileiro do DcacaYolÚDClltO Florestal
(Portaria n9 449/78-P, de 16 de outubro de Por todo o exposto, entendemos que o
1978), que a declarou Ref.P~de conauIente tem não somente o direito de
Animais Nativos. dispot .dos bens de seu domúdo. neles re-
A atribuição assim exercida, nos termos gulando, como. entenda de sua conveniên-
da lei (Decreto-Iei n9 289, de 28 de fevereiro cia, a entrada ou passagein de terceiros.
de 1967, art. 49, IX), pelo presidente do como ainda o dever jurídico de condicioná-
IBDF submete o domínio útil ao regime da las, adequadamente, por força da competên-

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cia de fiscalização de atividades predató- qualquer do povo pela via pública contígua
rias no perímetro de proteção aos animais à praia ou mediante servidão administrativa
nativos. regularmente constituída na forma da lei,
Nenhuma violação pratica no exercício incidente sobre a propriedade alodial ou ter-
regular desse direito como desse dever, não reno de marinha objeto de aforamento, ou
se caracterizando, por via de conseqüência, seja, quando limitado, por ato específico e
na conduta que, por essa forma adote, ile- válido, o domínio privado.
galidade alguma que possa fundamentar a 2. Sim. No caso da consulta, a par do
intervenção da autoridade pública. direito decorrente do domínio útil do ter-
Inexistente, na área, servidão administra- reno de marinha, cumpre ao titular, como
tiva explícita e regularmente constituída, ao ente de colaboração com a administração
proprietário é lícito permitir, ou não, como pública federal (IBDF), o exercício do dever
de seu alvedrio. o trânsito de terceiros, em de defesa da fauna nativa, traduzido na
direção às praias ou para outros destinos. fiscalização do ingresso, trânsito ou perma-
O autor de infração emitido pela Capita- nência de terceiros nas áreas declaradas
nia dos Portos, a pretexto de que o proprie- como refúgio de animais nativos.
tário estaria "privatizando a praia", é des- 3 . O auto de infração lavrado pela Ca-
tituído de valor jurídico, pela elementar ra- pitania dos Portos não corresponde a qual-
zão de que nenhuma infração legal existe quer ato ou conduta ilícita do autuado, pelo
em sua conduta. que, a nosso juízo, deve ser julgado impro-
Assim sendo, cumpre-nos responder aos cedente.
quesitos formulados, pela forma seguinte: Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1985.
1 . O acesso à praia é sempre livre pelo - Caio Tácito, professor titular de direito
mar ou pela própria continuidade do lito- administrativo na Faculdade de Direito da
ral. O acesso por terra somente é facultado a UERJ.

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