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1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Prezado acadêmico,

Atualmente, na cartografia, os mapas possuem propriedades específicas que


permitem ao autor de um mapa retratar um fenômeno geográfico utilizando
simbologias próprias, proporcionando, assim, a difusão do conhecimento de modo
amplo e objetivo. A criação de mapas inclui várias etapas, como a visualização, a
coleta, a análise e a interpretação dos dados; a confecção de mapas; o mapa
finalizado e a sua posterior leitura, utilizando o pensamento cartográfico do leitor.

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Os mapas criados utilizam as variáveis gráficas que possuem o objetivo de melhorar a


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visualização e a comunicação do fenômenoCapítulo 2
geográfico, permitindo, desse modo, settings
distinguir as informações analisadas. Contudo, para simbolizar os tipos de dados
existentes, é necessário utilizar uma representação gráfica específica que, empregada
nas diferentes formas – pontual, linear ou poligonal, amplia a eficiência da informação.
Os princípios dessa representação pertencem à semiologia gráfica.

Todos os mapas possuem seus próprios objetivos conforme sua elaboração, criando
diferentes tipos de mapas. Por exemplo, os mapas sistemáticos são utilizados para ser
a base da cartografia, demonstrando as projeções existentes, sua simbolização e
escalas. Já os mapas temáticos são empregados para simbolizar os fenômenos
geográficos, respondendo o que, onde e quando eles ocorrem, utilizando simbologias
gráficas pensadas para auxiliar a leitura e a interpretação do usuário final desses
dados.

Dessa forma, nos aprofundaremos, neste capítulo, na comunicação, na leitura e na


interpretação cartográfica e como esses fundamentos podem ser analisados através
dos mapas.

2 A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA

O conteúdo central da Cartografia é a sua comunicação cartográfica, que é transmitida


pelas informações que estão presentes nos mapas, cartas, plantas, croquis etc. A
comunicação cartográfica é capaz de ser compreendida como um processo que
envolve o uso da mente no reconhecimento de padrões e suas relações no contexto
espacial. Contudo, é uma função analítica que não será capaz de ser facilmente
reproduzida pelos softwares SIG, devido ao seu processo analítico linear. A
mensagem a ser transmitida começa na realidade, mas, a fonte de conteúdo
intelectual é o autor, a ideia a ser transmitida no mapa depende daquilo que o autor
conhece ou vivenciou na realidade.

Para se comunicar de forma eficaz, de forma que o leitor consiga interpretar de


maneira correta o que um produto cartográfico está ilustrando, é necessário conhecer
alguns fatores essenciais na comunicação cartográfica. Vamos conhecer?

QUADRO 1 – FATORES ESSENCIAIS PARA UMA BOA COMUNICAÇÃO


CARTOGRÁFICA

Fatores Destaque

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Início da comunicação
criação do produto cartográfico deve conhecer não somente
sua realidade, mas conhecer também o potencial de leitura
AUTOR
e interpretação dos seus leitores; vários tipos de mapas são
criados, mas se a análise for incorreta pode prejudicar o
alcance do material criado.

A mensagem a ser transmitida pelo mapa pode ser fácil ou


difícil; a mensagem precisa ser clara para o autor, caso
contrário, o mapa criado será incompleto; se o produto
cartográfico criado propor transmitir duas ou mais ideias ou
MENSAGEM mensagens, possivelmente será necessário criar mapas
individuais para cada uma delas, pois essa fragmentação
das ideias evita que o leitor interprete de forma incorreta as
ideias transmitidas, prejudicando, assim, o alcance do
produto criado.

A técnica utilizada no mapeamento está relacionada a qual


projeção usar, quais simbolizações empregar e qual escala
será apropriada para favorecer a comunicação cartográfica;
os erros ocasionados pela escolha incorreta de qual técnica
TÉCNICA utilizar podem acontecer em qualquer momento durante a
UTILIZADA criação do produto cartográfico – coleta de dados,
processamento e finalização; os erros relacionados à
simbolização podem acarretar em erros no título, legenda e
no formato de como será exportado o mapa, prejudicando a
leitura do leitor.

As próprias características e experiências que o leitor


possui são uma barreira para uma comunicação
LEITOR
cartográfica efetiva; pode surgir um problema de dificuldade
de compreensão e interpretação do mapa criado.

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FONTE: O autor

Esses cinco fatores mencionados – o leitor e a mensagem interpretada por ele – são
condições que estão fora do alcance do autor e que não são manipuláveis na
comunicação cartográfica, pois são aspectos que o autor pode não despertar no
usuário. O leitor, com as suas características e experiências do mundo real, indica um
aspecto relevante na comunicação cartográfica.

F IGU R A 1 – EXEMPLO DE C OM U N IC AÇ ÃO C ARTOGR ÁF IC A

FONTE: O autor

Um mapa complexo proposto para uso de geógrafos, arquitetos, engenheiros e


planejadores – exemplo: mapa do plano diretor de um município (Figura 2) – não será
devidamente entendido por um cidadão comum, pois ele quer saber somente onde
será construído um novo conjunto habitacional e não as dimensões de cada lote desse
local e outros detalhes de engenharia, por exemplo. Dessa mesma forma, um mapa
simples – exemplo: mapa de delimitação de área (Figura 3) – criado para auxiliar um
produtor rural na localização de qual área utilizar, é melhor avaliado pelo usuário final
em termos de interpretação.

F IGU R A 2 – M APA COM PLEXO

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FONTE: <https://bit.ly/2xDbh3Q>. Acesso em: 4 ago. 2019.

F IGU R A 3 – M APA SIM PLES

FONTE: O autor

Na Cartografia, a construção de cada mapa é sempre um desafio, tendo sempre em


mente a confecção de um mapa eficiente. O mapa deve cumprir sua função, ou seja,
dizer o que, onde e como ocorre um determinado fenômeno geográfico, utilizando os
símbolos gráficos especialmente planejados para facilitar a compreensão pelo usuário a
quem se destina (LOCH, 2006, p. 105).

2.1 A COMUNICAÇÃO E A VISUALIZAÇÃO DOS MAPAS

Existe considerável discussão sobre os papéis da comunicação e visualização dentro

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do contexto da cartografia. Onde a comunicação do mapa se encaixa? Esperamos o


leitor para interagir de forma cognitiva?Capítulo 2
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Uma das contribuições da Cartografia nas últimas décadas foi reconhecer que os
leitores de mapas são diferentes, e não simples partes mecânicas e impensadas do
processo; eles trazem para a atividade de leitura de mapas experiências e cognição.

A comunicação cartográfica é importante sempre que os mapas forem apresentados de


forma definitiva ao usuário. Então, a visualização, a leitura ou a interpretação do mapa
por parte do usuário acontecerá sem que ele possa modificar o conteúdo, a simbologia
ou a disposição dos elementos que formam o mapa (LOCH, 2006, p. 114).

Na comunicação cartográfica, o mapeamento envolve a conversão dos dados


visualizados em um conjunto de marcas gráficas (símbolos) aplicadas de maneira
rigorosa, que são empregadas no mapa. A comunicação cartográfica requer que o
autor saiba alguma informação sobre o leitor dos mapas com o propósito de que os
dados sejam transferidos de modo eficiente.

Joly (1990, p. 17) cita que “um mapa é o conjunto de sinais e de cores que traduz a
mensagem expressa pelo autor. Os objetos cartográficos são transcritos através de
grafismos ou símbolos, que resultam de uma convenção proposta ao leitor pelo autor,
e que é lembrada num quadro de sinais ou na legenda do mapa”.

2.2 SEMIOLOGIA GRÁFICA

Conforme o fenômeno mapeado, existem três modos básicos para aparecer a


informação na cartografia: como pontos, linhas ou área/polígono (Figura 4). Esses
componentes de qualificação dos fenômenos são conhecidos como primitivas gráficas,
que segundo Loch (2006, p. 123), “são elementos gráficos básicos para a
representação cartográfica e constituem o alfabeto cartográfico ou a gramática
cartográfica”. A utilização dessa gramática cartográfica básica é possível para a
criação de uma variedade de simbologias para se usar nos mapas.

F IGU R A 4 – PR IMIT IVAS GR ÁF IC AS

FONTE: Adaptada de Loch (2006)

Vamos conhecer agora cada uma delas?

• Ponto: é a mais fundamental das primitivas, marca a posição; as feições pontuais

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são empregadas para simbolizar vários elementos do mundo real (Figura 5), por
menu Capítulo
exemplo, casas, edificações, nascentes, 2 represas e lagos, vilas, cidades,settings
pequenas
conforme a escala de representação, podem ser caracterizados por pontos (LOCH,
2006).

F IGU R A 5 – R EPRESENTAÇ ÃO PON TU AL

FONTE: O autor

• Linha: exibe a direção e a posição; as feições lineares são empregadas para


simbolizar elementos do mundo real, que, conforme a escala, possuem comprimento
(Figura 6). Elementos que geralmente são representados por linhas: estradas, pistas
de pouso, linhas de distribuição elétrica, ruas, redes de drenagem, córregos, rios
conforme a escala de representação (LOCH, 2006).

F IGU R A 6 – R EPRESENTAÇ ÃO LIN EAR

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FONTE: O autor

• Área/Polígono: exibe extensão, direção e posição; as feições poligonais são


empregadas para simbolizar elementos do mundo real que possuem área (Figura 7).
Elementos que geralmente são representados por polígonos: limites de fazendas, de
talhões, de piquetes, lotes, tipos de vegetação, de solos, de geologia, entre outros
(LOCH, 2006).

F IGU R A 7 – R EPRESENTAÇ ÃO POLIGON AL

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FONTE: O autor

F IGU R A 8 – M APA TEM ÁTIC O U T ILIZ AND O AS PRIM ITIVAS GR ÁFIC AS ( A –


PON TO; B – LIN H A; C – POLÍGON O)

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FONTE: Adaptada de Sampaio e Brandalize (2018)

ATIVIDADES DE ESTUDO:

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“A criação de mapas significa desenvolver uma etapa da comunicação cartográfica”


(MARTINELLI, 1991, p. 37). No sentido cognitivo do mapa, as representações
cartográficas com a sua simbologia e sua linguagem criam um aumento da informação
transmitida. Entender as características da linguagem cartográfica é um dos objetivos
da semiologia gráfica. A semiologia gráfica permite analisar os benefícios e limites que
as variáveis gráficas empregadas nos mapas possuem, permitindo, desse modo, criar
regras (convenções) para a linguagem cartográfica, visando auxiliar métodos
eficientes para a comunicação.

As simbologias gráficas foram criadas pelo homem para se comunicar com os seus
pares, no Capítulo 1 vimos a sua evolução ao longo do tempo. Essas representações
gráficas constituem uma linguagem gráfica, bidimensional e atemporal, destinada à
visualização.

2.2.1 Convenções cartográficas

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Para facilitar a representação cartográfica, foi criado um sistema de símbolos


menu Capítulo
conhecidos como convenções cartográficas. As2convenções cartográficas são settings
constituídas por símbolos padronizados de entendimento amplo e universal, que
possibilitam a leitura da informação presente no mapa criado em qualquer local (Figura
10). São utilizados geralmente em mapas políticos, cartas topográficas, cartas
náuticas e plantas urbanas (Figura 11).

Na cartografia de base (Cartografia Sistemática), os mapeamentos seguem as


convenções que possuem normas e instruções técnicas para auxiliar no processo
cartográfico no sentido de quais simbologias podem ser utilizadas, qual tipo de letra,
numeração específica, entre outros, mas ressalta-se a necessidade de essas
convenções aparecerem na legenda nos mapas e cartas finalizados. Na Cartografia
Temática, como os fenômenos para serem representados são diversos, esse tipo de
cartografia não possui uma convenção para se seguir, pois a simbologias utilizadas ou
criadas são de responsabilidade do autor do mapa, devendo ele, desse modo, colocar
na legenda os significados de cada símbolo empregado para a interpretação correta
do leitor.

F IGU R A 10 – EXEMPLO D E PR OPOSTA D E C ON VENÇ ÃO C ARTOGRÁF ICA


PAR A AU XILIAR N O M APEAM EN TO TOPOGR ÁF IC O

FONTE: <https://bit.ly/3dPiXQY>. Acesso em: 4 ago. 2019.

A Cartografia Sistemática trata das bases da cartografia, por exemplo, sua

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projeção, simbolização e escalas. A Cartografia Temática possui o objetivo de


menu representar os fenômenos do espaço Capítulo 2
geográfico, por exemplo, mapas settings
geológicos, mapas geomorfológicos, mapas de solos etc.

F IGU R A 11 – CON VEN Ç ÕES C ARTOGR ÁF IC AS U TILIZ AD AS EM CARTAS


TOPOGR ÁFIC AS

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FONTE: <https://bit.ly/2JvdUr7>. Acesso em: 4 ago. 2019.


menu Capítulo 2 settings

Existe uma diferença entre as convenções cartográficas e as legendas que


também utilizam as simbologias das primitivas gráficas. As legendas são
símbolos gráficos, geométricos ou não, que utilizam variáveis visuais e
funcionam para o leitor do mapa entender o que o autor quis transmitir naquela
representação cartográfica.

F IGU R A 12 – LEGEN D A – M APA T EMÁT ICO

FONTE: O autor

Você sabia que a Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) além de elaborar os


produtos cartográficos para uso do exército brasileiro, também possui a
responsabilidade de criar as Normas Técnicas para o Sistema Cartográfico
Nacional (SCN) no que se refere às séries de cartas gerais das escalas de

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1:250.000 e maiores? Para saber mais, acesse o link disponível em:


Capítulo 2
menu http://www.geoportal.eb.mil.br/portal/inde2. settings

ATIVIDADES DE ESTUDO:

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2.3 GRAMÁTICA CARTOGRÁFICA

Atualmente, um dos desafios para o ensino de Geografia é a construção da


comunicação e alfabetização cartográfica com os alunos. O êxito nesse desafio
proporciona uma formação de leitores eficientes no mundo, permitindo ler e entender
os fenômenos geográficos expressos nas representações cartográficas, aumentando,
assim, o conhecimento. No nosso dia a dia, usamos os mapas como um meio para a
comunicação, por exemplo, nas redes sociais, vemos anúncios de empreendimentos
imobiliários em algumas áreas da nossa cidade, e nessas divulgações há a
representação espacial da localização do imóvel na cidade. Entretanto, é importante
ressaltar que, em vários casos, os mapas não cumprem seu papel de comunicação,
criando um desconhecimento sobre as formas de representação e do processo de
alfabetização cartográfica.

Segundo Loch (2006, p. 27), “a função de um mapa quando disponível ao público é a


de comunicar o conhecimento de poucos para muitos, ele deve ser elaborado de
forma a realmente comunicar” as mensagens para os leitores.

Tudo que existe no mundo real da superfície emersa pode ser representado em dois
caminhos distintos: no da Cartografia de Base ou de Uso Geral (Mapas Topográficos ou
Cadastrais, Rodoviários, Turísticos etc.) ou então pela Cartografia Especializada (em
Mapas Temáticos). Independente do caminho a ser escolhido para representar os dados
do mundo real, o produto desta representação, o mapa, fornece ao seu usuário uma
determinada concepção do espaço geográfico (LOCH, 2006, p. 122).

O desenvolvimento e o avanço tecnológico permitiram uma evolução com relação ao


armazenamento, organização, processamento e finalização de dados para a
confecção de mapas que, associado ao uso dos Sistemas de Informações Geográficas
e às tecnologias do Sensoriamento Remoto, possibilitaram aumentar as fronteiras
sobre as análises espaciais de fenômenos geográficos por meio de mapas. A criação
de mapas pela cartografia de base ou de uso geral permitiu gerar uma padronização
das simbologias de representação cartográfica. Nos mapas temáticos, em muitos
casos, é necessária uma simbolização específica para reproduzir os diversos
fenômenos, desse modo, recorre-se ao uso da semiologia gráfica.

A gramática cartográfica procura tratar os preceitos que a comunicação cartográfica


deseja transmitir para estabelecer a visualização, a comunicação e a compreensão
dos mapas. A gramática cartográfica permite analisar as limitações da simbologia
cartográfica e, desse modo, criar regras para um uso racional da linguagem
cartográfica e seus símbolos.

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2.4 VARIÁVEIS GRÁFICAS OU VISUAIS


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As variáveis gráficas ou visuais – tamanho; valor; granulação; cor; orientação; forma –
são empregadas para a confecção de mapas e possuem como objetivo a
comunicação cartográfica. Cada uma das variáveis é utilizada cada qual com as suas
especificidades para simbolizar fenômenos geográficos qualitativos e/ou quantitativos
e seus modos de representações gráficas: pontual, linear ou poligonal. Vamos
conhecê-las?

F IGU R A 14 – R EPRESENTAÇ ÃO D AS VAR IÁVEIS GRÁF ICAS

FONTE: <http://www2.fct.unesp.br>. Acesso em: 4 ago. 2019.

Tamanho: a variável tamanho é utilizada para simbolizar dados quantitativos de


fenômenos geográficos. Sua representação poderá ser pontual ou linear,
permitindo, desse modo, observar quantidades.

F IGU R A 15 – VAR IÁVEL GR ÁFIC A TAM AN HO

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FONTE: Adaptada de Loch (2006)

Valor: a variável valor permite observar a ordenação de valores, que


normalmente nos mapas são expressos em índices ou percentuais. Essa
variável utiliza o preto e todas as suas variações de cinza e branco. Essa
variável é utilizada para mapear medidas de fenômenos geográficos.

F IGU R A 16 – VAR IÁVEL GR ÁFIC A VALOR

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FONTE: Adaptada de Loch (2006)


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Granulação: a variável granulação permite separar os dados num mesmo plano
de visibilidade e organizar para uma percepção seletiva, ordenada ou
associativa. A simbolização granulada permite que informações lineares sejam
representadas em diferentes espessuras e espaçamentos de linhas em uma
mesma direção, atribuindo um resultado visual de diferenciação.

F IGU R A 17 – VAR IÁVEL GR ÁFIC A GR AN ULAÇ ÃO

FONTE: Adaptada de Loch (2006)

• Cor: a variável cor é seletiva, permitindo, assim, diferenciar uma área, um ponto,
ou uma linha no mapa. Para que o uso dessa variável seja eficiente, é necessária uma
análise sobre quem será o leitor desse mapa criado, visto que muitos autores
consideram a variável visual de uso mais complexo.

F IGU R A 18 – VAR IÁVEL GR ÁFIC A C OR

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FONTE: O autor

• Orientação: a variável orientação descreve aspectos qualitativos, no sentido da


distinção dos objetos demonstrados, aplicando formas pontuais, lineares ou zonais em
diversas direções e ângulos.

F IGU R A 19 – VAR IÁVEL GR ÁFIC A OR IEN TAÇ ÃO

FONTE: Adaptada de Loch (2006)

• Forma: a variável forma é considerada a simbolização mais comum em mapas.


Suas formas utilizam figuras geométricas ou símbolos. Essa variável é ideal para
indicar informações pontuais qualitativas, assim como a diferenciação de informações.

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F IGU R A 20 – VAR IÁVEL GR ÁFIC A F OR MA


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FONTE: Adaptada de Loch (2006)

ATIVIDADES DE ESTUDO:

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3 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE MAPAS


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A leitura e a interpretação de mapas fazem parte do processo de comunicação
cartográfica. Como mencionamos anteriormente, o mapa deve cumprir sua função de
dizer “o quê?”, “onde?” e “quando?” (LOCH, 2006). Segundo Martinelli (2003), para
responder cada um desses itens é necessário realizar algumas observações.

QUADRO 2 – OBSERVAÇÕES NECESSÁRIAS PARA A LEITURA E A


INTERPRETAÇÃO DE MAPAS

Observações Destaque

Na leitura de mapas é fundamental analisar o que


foi empregado no mapa. Para isso, é preciso
verificar o título para conhecer do que se refere (o
quê?), onde está localizado o fenômeno geográfico
(onde?), e em qual período (quando?). Durante
LEITURA esse processo de leitura, é necessário verificar qual
simbolização foi utilizada pelo autor e entender o
que o autor quis transmitir naquela representação
cartográfica pela legenda. É recomendado observar
como foram empregadas as variáveis gráficas,
lembrando das suas propriedades cognitivas.

Após a realização da leitura do mapa é necessário


analisar o que foi observado: o que foi mapeado,
como foi transmitida a informação, se é um dado
qualitativo e/ou quantitativo. Em seguida,
verificamos cada atributo utilizado e avaliamos
como se distribui no espaço. Desse modo, o leitor
ANÁLISE
poderá aprofundar e delimitar, por exemplo, áreas
que possuem alguma característica importante;
analisar informações contrastantes (máximo,
mínimo, média, mediana etc); observar correlações
direta, indireta, inversa ou indiferente entre os
fenômenos geográficos simbolizados.

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menu Capítulo
Na interpretação, 2 procurar explicações
deve-se settings
para o que se vê no mapa. Para esse fim, temos
que promover o uso dos conhecimentos já
adquiridos, seja por meio da alfabetização
cartográfica ou pela nossa vivência. Portanto, ao
INTERPRETAÇÃO final desse processo levantaremos hipóteses que
possam “responder” os “porquês”, por exemplo,
como se justifica certa distribuição dos fenômenos?
Quais elementos ambientais, econômicos, políticos
ou culturais interferiram nesse fenômeno
geográfico mapeado?

FONTE: Adaptado de Martinelli (2003)

Segundo Anderson (1982, p. 1), “as interpretações incorretas são prováveis


consequências da má leitura dos mapas, da má habilidade de sua análise, e também
da falta de compreensão dos processos geográficos associados com os fenômenos
mapeados”. Portanto, fica evidente que levantar as hipóteses para que possam
“responder” os “porquês” auxilia na correta compreensão da informação, pois
interpretações incorretas podem ocasionar resultados sérios, por isso “não é
surpreendente que os geógrafos deem grande ênfase ao treinamento e à pesquisa
sobre a leitura de mapas” (ANDERSON, 1982, p. 2).

3.1 NOVAS REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS NA INTERPRETAÇÃO DE


MAPAS

Atualmente, tem sido empregado na Cartografia o uso de outras representações


gráficas para auxiliar o leitor na interpretação dos mapas. Como exemplo, podemos
citar o uso de gráficos em atlas (Figura 23) para completar dados sobre o tema, sendo,
desse modo, considerado uma forma de comunicação cartográfica.

F IGU R A 23 – U SO D E GR ÁF IC O EM M APA

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FONTE: <https://educa.ibge.gov.br>. Acesso em: 4 ago. 2019.

Mapas que são sobrepostos por gráficos são chamados de cartogramas. As


sobreposições mais comuns são gráficos de barras e de pizzas.

A visualização e a comunicação desses tipos de dados nos mapas são, atualmente,


um tema de estudo de vários pesquisadores, que incluíram essas novas
representações gráficas em seus estudos. Segundo Archela e Thery (2008, p. 13),
“procuram-se as melhores formas de comunicar a informação cartográfica como
também explicitar quais são as respostas que a mente humana dará à apresentação
de mapas” com essas novas informações.

O uso de gráficos em mapas melhora a comunicação cartográfica, permitindo


exemplificar e associar os dados inclusos nos mapas e nos gráficos, mas ressalta-se
que para um uso de gráficos de modo eficiente nos mapas, é necessário que essas
novas representações gráficas possuam elementos de visualização que auxiliem sua
compreensão, por exemplo, rótulos dos eixos, legenda, título, escala, fonte de dados.

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Você sabia que o IBGE possui um portal chamado IBGE Educa, que possui
vários recursos didáticos disponíveis que podem ser utilizados no seu cotidiano
escolar? Para saber mais, acesse o link disponível em:
https://educa.ibge.gov.br/professores/educa-recursos.html.

3.1 A IMPORTÂNCIA DO SIGNIFICADO

A discussão entre os profissionais da cartografia enfatizou a importância do significado


na comunicação cartográfica. As necessidades do usuário do mapa são muito
importantes na transferência de conhecimento entre autor e usuário do mapa. É
essencial incluir apenas aqueles objetos de relevância específica para o contexto da
mensagem do mapa. Por exemplo, pilotos de aeronaves precisam de mapas com
informações específicas, desse modo, foram incorporadas informações desses
usuários finais durante o momento de criação de cartas aeronáuticas há alguns anos,
facilitando, assim, a leitura e sua interpretação. Em determinadas situações, por
exemplo, quando o profissional é contratado para mapear uma informação específica,
somente informações potencialmente significativas para esse contexto devem ser
incluídas no mapa. Em suma, o sucesso na comunicação de mapas depende de como
o autor foi capaz de interpretar os requisitos do leitor final.

Segundo Robinson, Sale e Morrison (1978, p. 97), a cartografia, também chamada de


“a ciência da comunicação de informações entre indivíduos pelo uso de mapas”,
demonstra que os autores e os leitores dos mapas fazem parte do processo de criação
de cada mapa.

ATIVIDADES DE ESTUDO:

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

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Vimos nesse capítulo aspectos relevantes sobre a comunicação cartográfica. Desde


que se conheça o alfabeto cartográfico,Capítulo
menu existem2várias ferramentas que auxiliam o settings
autor na criação de mapas. Há vários softwares e tecnologias disponíveis que podem
lhe auxiliar na representação gráfica dos mapas, porém, é essencial que se constitua
uma comunicação efetiva com o leitor final, pois ele será o “consumidor” dos seus
mapas. Os mapas criados para a comunicação cartográfica são analisados por sua
simbolização, por isso, procurar novos conhecimentos cartográficos, como as novas
representações gráficas para mapas, é imprescindível quando se pretende aumentar a
eficiência da leitura e interpretação final.

Conhecendo as variáveis gráficas presentes na cartografia, é possível facilitar técnicas


de confecção de mapas utilizando as novas tecnologias da cartografia. A definição de
qual variável utilizar e de como será representada no mapa só será superada na
medida em que o autor dos mapas conheça seu público-alvo e domine as ferramentas
existentes.

Cabe ressaltar que os conhecimentos apresentados sobre a comunicação cartográfica


e leitura e interpretação de mapas dão o suporte às análises futuras de mapas,
sistema de coordenadas e simbologias. As habilidades desenvolvidas na comunicação
cartográfica são inatas aos indivíduos, suas vivências e alfabetização cartográfica
desenvolvida, mas cabe ao professor de Geografia desenvolver continuamente essas
competências para a compreensão dos fenômenos do espaço geográfico.

Conteúdo escrito por:


Todos os direitos reservados ©
MSc. Matheus Oliveira Alves

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