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SAÚDE
FISIOLOGIA ANIMAL
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151p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-310-4
CDD 591.1
SUMÀRIO
3 FISIOLOGIA NEUROMUSCULAR............................................................................................26
3.7 Os neurotransmissores..............................................................................................................40
5.6 Sistema nervoso simpático e parassimpático atuando sobre o sistema cardiovascular ............63
10.1 Introdução.................................................................................................................................113
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................158
1 CONSTITUIÇÃO E FISIOLOGIA CELULAR
Toda regulação em um organismo tem por base a atuação de células que funcionarão
de acordo com a sua especificidade. Entretanto, algumas características são comuns a todas as
células, principalmente, no que diz respeito aos seus constituintes.
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Grupo fosfato
hidrofílico
Proteína
transmembrana -
transportadora
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Bicamada
fosfolipídica
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O Sistema Nervoso (SN) será o primeiro sistema multicelular abordado por ser um dos
principais sistemas de controle do organismo e pelo fato de que alguns conceitos inseridos aqui
são necessários ao entendimento de outros sistemas. 13
O SN interpreta e controla tudo que atua no organismo. Este controle está relacionado
a adaptações necessárias a sobrevivência através da manutenção da homeostasia (equilíbrio)
interna do organismo. Por exemplo, as alterações no pH sanguíneo, no nível de O2 e de CO2,
etc., são percebidas pelo SN que produz uma resposta com a finalidade de normalizar os níveis.
A resposta do SN se dá após a recepção de estímulos que podem ser eventos internos
(como alteração da pressão sanguínea) ou eventos externos (como frio ou calor extremo). De
qualquer forma o SN vai reagir de forma a manter o organismo em seu estado de equilíbrio. De
maneira geral podemos identificar três mecanismos:
Reconhecimento do estímulo;
Produção da resposta;
Adequação da resposta ao estímulo.
O SN se divide em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico
(SNP), que por sua vez são divididos da seguinte forma:
b) Aferente (sensorial):
Somático – trazem mensagem da musculatura esquelética por meio de potenciais de 14
ação para o sistema nervoso central que responde através do SN eferente.
Visceral – traz mensagem da musculatura lisa, cardíaca e glândulas exócrinas através
de potenciais de ação para o sistema nervoso central que responde através do SN autônomo.
Os órgãos que compõem o SNC estão envoltos por uma série de ossos que têm
finalidade de proteção. O cérebro está envolto pelo crânio e a medula, espinhas por vértebras
que se dispõem formando um canal onde passa a medula.
O SNP se divide em sistema motor (eferente) e sensorial (aferente). O sistema
sensorial, por meio de nervos periféricos sensoriais, traz mensagens através de potenciais de
ação ao SNC. Esses receptores têm a responsabilidade de transformar estímulos ambientais
(ex: som, luz, frio, estiramento do músculo, etc.) em potenciais de ação codificados em função da
intensidade do estímulo por intermédio da frequência dos potenciais de ação.
O SNC, por meio do sistema motor (eferente) interpreta e responde a estes estímulos
através do sistema somático para musculatura esquelética e automático para musculatura lisa.
Todo o SNC é envolto por três camadas protetoras denominadas meninges. A mais
interna é a pia-máter que é composta de uma única camada de fibroblastos, unidas a superfície
externa do cérebro e à medula espinhal. A central chama-se aracnóide, composta de uma
camada única e fina de fibroblastos. A camada mais externa, e mais resistente é a dura-máter,
composta de uma camada muito espessa de fibroblastos que tem a finalidade de proteger o SNC
(Ver figura 5). Vale ressaltar que entre a pia-máter e a aracnoide encontra-se o LCE (líquido
cérebro espinhal), um líquido incolor que tem a finalidade de amortecimento de choques em
movimento corporais abruptos.
FIGURA 05 – MENINGES: A – PIA-MATER, B – ARACNOIDE E C - DURA-MÁTER
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O sistema nervoso possui dois tipos celulares: a célula da neuroglia (ou células da glia)
que conferem a estrutura ao SN e os neurônios que são as unidades funcionais do SN. A
quantidade de neurônios existentes em um SN é imensa, para se ter uma ideia, existe muito
mais neurônios em um SN que pessoas no Planeta.
Algumas características únicas dessas células nervosas:
Capacidade de gerar e conduzir impulsos (potenciais de ação);
Não mantém funções reprodutivas;
Não possuem ribossomos, por isso não sintetizam proteínas. As proteínas são
sintetizadas no corpo celular.
Um neurônio tem quatro regiões morfológicas bem definidas: dendritos, corpo celular,
axônio e terminais pré-sinápticos.
FIGURA 06 – ESTRUTURA DE UM NEURÔNIO
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Sinapses são junções formadas com outras células nervosas onde o terminal pré-
sináptico de uma célula faz contato com a membrana pós-sináptica de outra. São nestas junções
que os neurônios são excitados, inibidos ou modulados. Por realizarem a conexão entre os
neurônios e entre estes e células musculares são foco de ação de diversos fármacos e drogas.
Existem sinapses químicas e elétricas. As sinapses elétricas caracterizam-se por
canais diretos que comunicam uma célula a outra por intermédio de estruturas tubulares
proteicas (proteínas de membrana) aonde atravessam íons carregados como vimos
anteriormente. É por meio dessas junções (ou GAPs) que as células musculares lisas e
cardíacas se comunicam.
A ocorrência de sinapses elétricas no sistema nervoso é rara e não se conhece bem
suas funções. Sob ponto de vista prático todas as sinapses de transmissão no SN são químicas.
Nesses casos o primeiro neurônio secreta na fenda sináptica um mediador químico (um
neurotransmissor) que por sua vez vai atuar nas proteínas de membrana do neurônio subjacente
excitando-o, inibindo-o ou modificando sua sensibilidade. Não se sabe exatamente o número de
neurotransmissores existentes, até o momento foram identificados mais de 30.
Uma característica importante das sinapses é que elas possuem condução
unidirecional o que faz com que os sinais sejam direcionados a fins específicos. Dessa forma,
um neurônio secreta o neurotransmissor (neurônio pré-sináptico) que vai atuar no neurônio pós-
sináptico. Essa é uma característica das sinapses químicas, já as sinapses elétricas podem
emitir sinais em qualquer direção.
Na figura 07 nota-se a presença de pequenas vesículas, chamadas de vesículas
sinápticas. Essas vesículas armazenam os neurotransmissores que, com a chegada de um 19
potencial de ação, são liberados na fenda sináptica e atuam nos receptores pós-sinápticos
estimulando ou inibindo.
Vimos até o momento às estruturas que compõem o SN e suas funções. O principal
papel desse sistema é a condução do potencial de ação, mas o que é esse potencial de ação?
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Uma fibra nervosa que não está conduzindo um impulso nervoso, entretanto em
potencial de repouso, apresenta um potencial de membrana (ou DDP: diferença de potencial) de
aproximadamente -90mv. Em outras palavras o interior da fibra é 90 vezes mais negativo que o
exterior. Na literatura podem-se encontrar variações desse valor, por exemplo: em Guyton esse
valor é de -90mv, em Cunningham é de -75mv. Trabalharemos com os valores propostos por
Cunningam.
Para que um potencial de ação transmita sinais neurais é necessário que haja uma
alteração abrupta na DDP. Enquanto a membrana encontra-se polarizada seu estado é chamado
de potencial de repouso. No momento em que chega um potencial de ação podemos ter duas
situações distintas:
a) Potencial Excitatório pós-sináptico (PEPS – fig. 10). Neste caso ocorre a
diminuição do potencial de membrana, fazendo com que esta fique extremamente permeável ao
íon sódio.
Com a entrada desse íon, o interior da célula passa a ter uma grande quantidade de
cargas positivas fazendo com que a DDP desapareça e caminhe em direção a positividade.
Quando se atinge o valor de -55mv diz-se que a membrana está despolarizada ou
hipopolarizada. Essa despolarização resulta na interação do neurotransmissor químico liberado
pelas vesículas pré-sinápticas com seus receptores no neurônio pós-sináptico. Os
neurotransmissores liberados são inativados em milissegundos. Essa interação faz com que
comportas de sódio fechadas se abram provocando um rápido influxo de sódio na célula
subjacente, deixando seu interior mais positivo desencadeando o potencial de ação.
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A figura B mostra uma fibra que foi excitada em sua parte média, isto é, desenvolveu
um aumento de permeabilidade ao sódio. As setas indicam o fluxo de corrente partindo da área
despolarizada para áreas adjacentes. Nestas regiões os canais de sódio ficam imediatamente
ativados.
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A porção pré-sináptica é formada pela porção terminal do neurônio motor cujo axônio
vai do SNC até a célula muscular. Nessa porção terminal do neurônio, encontramos inúmeras
vesículas que contém uma substância química (neurotransmissor) que no caso do sistema
muscular é a acetilcolina.
FIGURA 14 – SINAPSE NEUROMUSCULAR
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Até o momento vimos como ocorre o potencial de ação, como este chega até uma fibra
muscular e como estimula esta fibra. Veremos agora o que ocorre quando uma fibra muscular é
estimulada, e para isso, é necessário que conheçamos os tipos e a organização dos músculos
existentes em um organismo.
Existem três tipos de músculos em um organismo: esquelético, cardíaco e liso.
Descreveremos neste ponto, o musculoesquelético, porém, ressaltaremos algumas
comparações aos outros tipos musculares, que serão posteriormente discutidos.
A musculatura esquelética corresponde a aproximadamente 40% do corpo animal, já a
lisa e a cardíaca, juntas, equivalem a cerca de 10%. Todo movimento do corpo é resultado da
contração de um musculoesquelético que é composto de uma parte central contrátil e duas
extremidades com tendões que se fixam em ossos diferentes entre os quais se encontra uma
articulação. A figura abaixo mostra um bíceps (relaxado e contraído).
FIGURA 16 - BÍCEPS
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a) Receptor
Todos os arcorreflexos começam com receptores que variam amplamente no
organismo, porém apresentando funções comuns: captam alguma energia ambiental e a
transformam em potencial de ação, isto é, codificam uma mensagem em um formato
compreendido pelo sistema nervoso. Os receptores da retina captam a luz, os da pele o frio e o
calor, etc., gerando potenciais de ação ao longo de nervos sensoriais em uma frequência
proporcional a energia captada. Esta relação entre a intensidade do estímulo e a frequência de
impulsos de potencial de ação é denominada de codificação de frequência. Assim, a resposta do
SNC ao estímulo tem a amplitude determinada em função da frequência dos estímulos
recebidos.
b) Nervo sensorial
O nervo sensorial ou nervo aferente conduz o potencial de ação do receptor para o
SNC e penetra na medula espinhal através de raízes dorsais.
c) Sinapse no SNC
Para a maioria dos arcorreflexos ocorre mais de uma sinapse, porém, existem alguns
monossinápticos.
d) Nervo eferente
Conduz o potencial de ação do SNC ao órgão-alvo que efetuará a resposta ao
estímulo.
e) Órgão-alvo
Órgão que efetuará a resposta reflexa. Normalmente, são musculosesqueléticos.
FIGURA 24 - ELEMENTOS ENVOLVIDOS NO ARCORREFLEXO
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O SNA tem duas divisões principais que tem por base a origem anatômica de seus
neurônios, seus transmissores sinápticos (o que também diferencia suas respostas) e o órgão-
alvo. Estas divisões são o SNA simpático e o SNA parassimpático.
3.5 O SNA SIMPÁTICO
3.7 OS NEUROTRANSMISSORES
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Os rins nos mamíferos são órgãos de extrema importância e complexidade por serem
encarregados pela manutenção da homeostasia corpórea. Este controle se dá por meio da
identificação da condição do organismo, por exemplo, se há uma queda ou aumento da pressão
sanguínea, o SNC ativa mecanismos renais que trabalharão com a finalidade de normalizá-la.
Veremos detalhes de esse processo a seguir.
Os rins são compostos por uma grande variedade de tipos celulares, cada um com
funções específicas em respostas a estímulos diretos e indiretos. Dentre as funções dos rins,
estão à filtração, excreção, reabsorção, manutenção do equilíbrio ácido-base e controle da
pressão sanguínea.
A principal estrutura do processo de filtração é o néfron, que é formado de glomérulos
renais, local onde o sangue é filtrado, e os seguimentos dos túbulos renais são onde ocorre a
reabsorção de substâncias. Vejamos em partes esse complexo sistema.
Na imagem abaixo vemos o sistema sanguíneo que irriga o rim. Em vermelho temos as
artérias renais que conduzem sangue arterial (rico em O2) até o córtex renal, local onde se
localizam os néfrons, e fazem contato com as veias renais.
Podemos identificar três maneiras hipotéticas pelas quais os rins lidam com algumas
substâncias. No primeiro caso, como indica a figura A, a substância pode ser filtrada e não
reabsorvida, passando dessa forma a constituir a urina.
No caso B, a substância foi filtrada e parte dela reabsorvida para o sangue, a outra
parte foi eliminada pela urina. Isso pode ocorrer com alguns eletrólitos dependendo das
necessidades do organismo.
Já no caso C, a substância foi filtrada e totalmente reabsorvida pelo sistema vascular
sendo inexistentes na urina. A glicose é um exemplo dessas substâncias em condições normais,
isto é, sem patologias como diabetes, por exemplo.
Já a figura D mostra uma substância que não foi filtrada, mas foi totalmente secretada
para os túbulos renais.
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4.3 O PAPEL DO SISTEMA TAMPÃO NO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
Por outro lado, se uma base forte, como hidróxido de sódio, é adicionada a uma
solução que contém ácido carbônico teremos a seguinte reação:
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Podemos notar no gráfico acima, a relação direta existente entre a ventilação pulmonar
e o pH do sangue arterial. Como vimos na reação anterior aumentando a ventilação (frequência
respiratória) aumenta-se a retirada de CO2 do sangue. Isso faz com que mais CO2 seja formado,
e para isso é preciso de mais ácido carbônico.
Veja na reação que para a formação do ácido carbônico é necessário a utilização de
hidrogênio. Se diminui a quantidade de hidrogênio livre consequentemente aumenta-se o pH.
Obs.: quanto mais hidrogênio livre menor o pH.
Caso a necessidade seja oposta, isto é, diminuir o pH, a frequência respiratória diminui
mantendo assim mais H+ livre e como consequência reduz-se o pH.
Apesar dos dois sistemas (tampão e respiratório) serem eficientes na correção do pH,
a remoção de hidrogênio se dá exclusivamente através dos rins, acidificando a urina que pode
ter um pH variando de 4,5 a 8,0.
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Essas trocas entre o sangue e o líquido intersticial se dão apenas nos capilares
sanguíneos por meio de canais permeáveis, embora, apenas 5% do sangue de um mamífero
encontram-se nos capilares.
O volume do átrio é cerca de 2/3 do ventrículo e possui uma parede muscular mais
fina. A massa do ventrículo esquerdo é o dobro do direito em função da resistência da grande
circulação (vale ressaltar que falamos de um músculo, quanto mais ele trabalha mais massa 59
adquire).
Essas válvulas possuem prolongamentos que se inserem nos músculos de forma que
quando ocorre à contração elas são tracionadas evitando que haja refluxo de sangue.
Todos os vasos que saem do coração e distribuem sangue pelos órgãos são artérias e
os que retornam ao coração são veias. As artérias conduzem sangue arterial (rico em O2) e as
veias sangue venoso (pobre em O2) com exceção da artéria pulmonar que leva sangue venoso
ao pulmão.
5.5 IMPULSOS ELÉTRICOS E BATIMENTO CARDÍACO
Porque às vezes nosso coração bate mais rápido ou mais lentamente? Porque quando 63
tomamos um susto nosso coração dispara?
Isso ocorre porque o ritmo cardíaco é controlado pelo sistema nervoso, mais
especificamente, pelo sistema nervoso autônomo simpático (SNAS) e parassimpático (SNAP)
(caso haja dúvidas faça uma breve revisão no módulo anterior).
Essas células são alvo do SNAP e SNAS. O simpático, pela sua característica geral,
tem a finalidade de estimular, tornar os processos fisiológicos mais rápidos. Em uma situação de
exercício físico, estresse, etc.; o SNAS, através da noradrenalina torna a membrana da célula
marcapasso mais permeável ao potássio. Com uma saída mais rápida de potássio, a célula
retorna ao seu potencial de repouso mais rapidamente tornando-a apta a desencadear um novo
potencial de ação. Este processo acelera os batimentos cardíacos.
Por outro lado, o SNAP vai se utilizar de outro neurotransmissor, a acetilcolina que por
sua vez vai reduzir ainda mais a permeabilidade da membrana da célula marcapasso ao
potássio, fazendo com que leve mais tempo para que a célula retorne ao seu potencial de
repouso e consequentemente demore mais tempo a desencadear um novo potencial o que reduz
a frequência cardíaca.
5.7 PRESSÃO SANGUÍNEA
A pressão sanguínea é muito superior nas artérias que nas veias. Essa diferença é que
faz o sangue fluir para os vasos sistêmicos. A pressão na aorta é aproximadamente 98 mm/Hg e
na veia cava é de 3 mm/Hg. Assim a pressão pode ser considerada a energia potencial para se
movimentar o sangue.
Considerando que o volume retirado na veia cava é o mesmo que foi impulsionado
para a aorta de onde vem essa diferença?
As veias são mais complacentes que as artérias e distendem-se com mais facilidade.
Esse é um dos motivos pelo qual todo procedimento, aplicação de medicamento ou retirada de
sangue, é normalmente realizado pela via intravenosa. Assim pode-se aumentar ou reduzir o
volume do sangue (ex: paciente tomando soro constantemente) sem alterar a pressão arterial.
Uma das funções da pressão arterial é impulsionar o sangue através dos capilares que
é o local de intercâmbio de água e íons entre o sangue e o líquido intersticial. As paredes dos
capilares são compostas de tecido elástico que permite variação (contração ou dilatação) de
calibre e controle do fluxo de sangue.
Esses capilares são vasos sanguíneos de aproximadamente 8 micrômetros de
diâmetro e 5 milímetros de comprimento. Essas características permitem a passagem do sangue
próximo ao líquido intersticial.
Cerca de 1% da parede dos capilares são fendas preenchidas com água que permitem
a passagem de substâncias hidrossolúveis como eletrólitos e aminoácidos. Já as substâncias
lipossolúveis difundem-se através das células endoteliais que compõem os capilares. (Ver
detalhes do transporte de substâncias no modulo 1).
O transporte de substâncias vai depender das características do tecido em questão.
Por exemplo, o fígado possui capilares fenestrados que são grandes fendas por onde passam
proteínas plasmáticas (como as globulinas). Essa característica auxilia na desintoxicação já que
as toxinas se ligam a proteínas plasmáticas.
Já o cérebro possui capilares por onde passam apenas pequenas moléculas e
eletrólitos. Neste caso, como a principal fonte de energia para as células do SNC é a glicose, os
neurônios possuem proteínas de membrana especializadas para absorvê-la
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6 SISTEMA RESPIRATÓRIO
– Narinas;
– Cavidade nasal;
– Faringe;
– Laringe;
– Traqueia;
– Brônquios;
– Bronquíolos.
Volume residual - Este volume de ar oxigenado permanece nos pulmões mesmo após
a expiração forçada.
Volume corrente - Quantidade de ar inspirada em um ciclo respiratório (volume
usado).
O sistema respiratório, apesar de sua principal função ser as trocas gasosas, também
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auxilia em outros processos. Em função das proximidades do sangue com meio externo, isto é,
quando o sangue passa pelos alvéolos fica muito próximo ao ar e dessa forma esse sistema
torna-se eficiente na perda ou na manutenção do calor corporal.
Ao passo que, no caso de estresse pelo frio, os animais vão reduzir a frequência
respiratória e a ventilação por minuto, mas aumentam a ventilação pulmonar.
Todas as vias respiratórias são formadas de musculatura lisa que se liga a placas
cartilaginosas que impedem a extensão excessiva.
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O sangue que deixa os pulmões possui 95% das hemoglobinas ligadas ao O2. Esse
sangue difunde-se pelos tecidos onde o O2 se desprende da hemoglobina e passa para os
tecidos.
A concentração de CO2 é mais alta dentro das células do que na corrente sanguínea
devido à constante produção metabólica. Os valores aproximados de CO2 no sangue são:
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FONTE: CORRÊA, S. A.
• 1) O gás carbônico produzido nas células difunde-se para o plasma e daí para
as hemácias.
• 2) O CO2 reage com a água (anidrase carbônica) formando HCO3 e H+.
• 3) A maior parte do H+ liberado é captada pela oxihemoglobina (hemoglobina
combinada com O2) presente no sangue que chega aos tecidos.
• 4) Ao se ligar ao H+ ela libera o O2, que entra na célula, e transforma-se em
hemoglobina reduzida (HHb). Assim o sangue que deixa os tecidos, rico em HCO3 e HHb, dirige-
se para os pulmões.
6.7 O TRANSPORTE DE O2
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No organismo dos mamíferos existem várias glândulas endócrinas, que são similares
em ambos os sexos. Veremos detalhes de cada uma delas posteriormente. As diferenças
anatômicas e funcionais estão restritas às glândulas endócrinas do sistema reprodutor masculino
e feminino.
O sistema de glândulas endócrinas está em estreita conexão com o sistema nervoso.
Estímulos externos, como: frio, calor, dor, estresse, etc., podem alterar a produção e liberação
hormonal. Nestas condições ocorre uma comunicação entre o sistema nervoso e o sistema
endócrino, um exemplo perfeito dessa interação é a liberação do leite.
Outro importante aspecto é a forma que cada classe de hormônios (lipo e hidrofílicos)
utiliza para se ligar aos seus receptores nas células. Em primeiro lugar devemos lembrar que
todo hormônio tem seu receptor específico e o número de receptores para um determinado
hormônio é bem maior que o necessário. Por ex: se de todos os receptores existentes 50%
estiverem ocupados já é suficiente para se provocar a resposta biológica máxima. Além disso,
quanto maior for à afinidade entre o hormônio e o receptor mais duradoura é a resposta celular.
Hormônios proteicos encontram seus receptores nas membranas plasmáticas das
células-alvo que são seus intermediários, já que pela sua característica hidrofílica não possui
permeabilidade na membrana, que ativam uma proteína no interior da célula como vemos na
imagem abaixo (ver módulo 1).
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Já os hormônios esteroides não têm esse problema, por serem lipofílicos podem
penetrar em todas as células do organismo e encontram seus receptores no citoplasma ou no
núcleo das células-alvo. Veja imagem abaixo.
Como mencionado os dois sistemas que controlam o organismo são o sistema nervoso
e o sistema endócrino. Alterações são percebidas pelo SNC que atua por meio do sistema
endócrino na regularização e a conexão entre esses dois sistemas se dá, principalmente, através
do hipotálamo.
O hipotálamo é uma área do diencéfalo que produz peptídeos que atuam sobre a
hipófise, estimulando a produção e liberação de hormônios tróficos (que influenciam a liberação
de outros hormônios por tecidos endócrinos) e de outros hormônios que possuem uma ação
biológica direta.
Na figura abaixo podemos visualizar a localização do hipotálamo e notar que este está
logo acima da hipófise, glândula com a qual tem estreita conexão.
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Podemos notar na tabela acima que os hormônios produzidos pela hipófise têm grande
importância para todo o organismo inclusive estimulando outras glândulas a produzirem seus
hormônios, como a tireoide.
A tireoide:
Adrenais
As glândulas adrenais, localizadas na parte superior dos rins, podem ser consideradas
dois órgãos endócrinos bilaterais, a medula e o córtex que possuem, inclusive, origem
embrionária diferentes. As duas regiões das glândulas adrenais têm em comum o fato de ambas
trabalharem para adaptarem o animal a condições adversas.
O córtex da adrenal produz dois hormônios com funções distintas: os
mineralocorticoides e os glicocorticoides e a medula secreta catecolaminas (adrenalina e
noradrenalina). Nas figuras abaixo podemos ver a localização das adrenais e a indicação dos
tipos de hormônios produzidos.
FONTE: CORRÊA, S. A.
Hormônios do Pâncreas
O pâncreas é um órgão que possui funções endócrinas e não endócrinas. As não
endócrinas ocorrem na atividade do sistema gastrintestinal como veremos no tópico que trata
deste assunto.
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Ação da insulina:
Todo sistema de produção tem por base um tripé: nutrição, genética e bem-estar.
Aspectos nutricionais são resolvidos com uma formulação adequada que atenda as 95
necessidades dos animais nos objetivos de produção (leite, carne, etc.).
Entretanto, a exposição destes animais a situação em que não lhe conferem um bem-
estar pode prejudicar todo o investimento realizado nos dois outros itens (nutrição e genética).
Discutiremos adiante os mecanismos envolvidos no estresse animal.
O estresse foi definido por Hans Seyle em 1950 como “O estado interno de
desequilíbrio do organismo que promove respostas fisiológicas e comportamentais
específicas frente a um agente estressor”.
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De maneira geral, em uma situação de estresse o organismo se prepara para reagir
(correr ou lutar). De uma forma ou de outra há necessidade de energia disponível e esses
hormônios (catecolaminas e cortisol) vão promover isso.
Já vimos algumas ações destes hormônios. Porém, vale relembrar aqui. As principais
ações do cortisol e catecolaminas (principalmente a adrenalina) é aumentar a quantidade de
energia disponível.
O cortisol atinge seu pico 30 minutos após o início do estímulo e volta aos níveis
basais 2 a 3 horas após ter cessado o estímulo. Como já visto, suas principais ações são a
neoglicogênese, diminuição da síntese proteica, bloqueio da assimilação da glicose pela
musculatura lisa e aumento da proteólise.
De maneira geral, podemos dizer que a energia que seria empregada nos processos
fisiológicos de interesse (acúmulo de musculatura, produção de leite e ovos, etc.) é direcionada
para combater o agente estressor.
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Nestes casos (chamado de estresse cumulativo) o animal está submetido a um
estresse crônico. Isso pode ser provocado pelo acúmulo de pequenos fatores estressantes que
podem causar danos a toda população.
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Se o calor for intenso o suficiente, que ameaça o cérebro e órgãos vitais sofre? Ocorre
uma intensa vasodilatação periférica, abertura de anastomoses (rede de canais) arteriolares dos
membros, orelhas e focinho. Esse processo aumenta o fluxo sanguíneo e a perda de calor.
A perda de calor por meio do aumento do fluxo sanguíneo superficial é eficiente desde
que a temperatura do ambiente seja menor que a temperatura do organismo em questão. Já no
caso de uma temperatura ambiente mais alta que o organismo o suor e vias respiratórias (ofego)
são mais importantes.
Tudo tem início com o desenvolvimento do sistema genital tubular e genitália externa e
está sob controle das gônadas. Se o indivíduo em desenvolvimento é uma fêmea, a gônada em
desenvolvimento é um ovário. Neste caso uma estrutura conhecida como ductos de Müller vai se
desenvolver dando origem ao oviduto, útero, cérvix e vagina, enquanto outra estrutura conhecida
como Ductos de Wolff regride. Todo esse processo de desenvolvimento está relacionado à
presença ou ausência de testosterona.
Outro aspecto deve ser ressaltado. O ciclo reprodutivo em fêmeas é dividido em fase
folicular que envolve todo o tempo necessário ao desenvolvimento do folículo até que este esteja
pronto a ser liberado no processo de ovulação, e na fase lútea que vai da ovulação até o final do 103
ciclo que pode terminar em fecundação do óvulo ou não. Veremos detalhes dessas fases
posteriormente, aqui é importante saber que elas existem e que os hormônios supracitados terão
ação predominante em uma ou outra fase.
9.2 PUBERDADE
Antes da puberdade, o hipotálamo está altamente sensível ao estrogênio provocando
um sistema de retroalimentação negativo inibindo a liberação de GnRH mantendo assim, os
hormônios gonadotróficos latentes.
FONTE: CORRÊA, S. A.
9.3 FOLICULOGÊNESE
FASES FOLICULARES
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9.5 NO CASO DE UM ÓVULO NÃO FECUNDADO
108
O ciclo ovariano, definido como o intervalo entre ovulações sucessivas, varia entre as
espécies e podem ser classificados em dois grandes grupos, os ovuladores espontâneos e os
induzidos.
Outra caracterização ainda pode ser feita em relação ao comportamento sexual entre
as espécies de acordo com os ciclos reprodutivos. O ciclo Estral é característico de grandes
animais domésticos e da grande maioria dos mamíferos, e está relacionado ao início da
receptividade sexual com o estro aproximadamente 48 horas após o início da fase lútea. Um
mecanismo reprodutivo extremamente eficiente, já que nesse período a possibilidade de
fecundação do óvulo é maior.
Embora ambos os ciclos tenham início logo após o início da fase lútea, é bem mais
difícil prever o momento da ovulação em primatas e humanos devido às variações provocadas
por estímulos ambientais, como o estresse.
Essas espécies passam parte do ano sem apresentarem atividade sexual dependendo
do fotoperíodo por meio de um mecanismo complexo e pouco conhecido. No caso de gatas e
éguas, o ciclo é influenciado por fotoperíodos longos e cabras e ovelhas por fotoperíodos curtos
• Feromônios Sexuais:
A liberação de ferormônios por um macho introduzido dentro de um rebanho de fêmeas
pode estimular a síntese e liberação de gonadotrofinas sincronizando e antecipando o ciclo.
Apenas o odor pode provocar o mesmo efeito.
• Nutrição:
Nutrição inadequada resulta em inatividade ou atividade ovariana retardada.
Ex.: Vacas de leite despendem muita energia durante gestação, parto e lactação e não
conseguem alimentar-se o suficiente para suprir essa deficiência. A atividade ovariana é
suprimida até que restabeleça o equilíbrio nutricional (aprox. 100 dias).
111
9.8 GESTAÇÃO E PARTO
10.1 INTRODUÇÃO
113
Como já deve saber, o processo de fecundação envolve duas células haploides (n),
oriundas de indivíduos de sexos diferentes, cada qual contribuindo com metade da carga
genética do embrião que será gerado.
Na verdade, são dois processos que muitas vezes são apresentados como um só.
Estes dois processos, ou melhor, estas duas fases da formação do espermatozoide chamam-se
espermatogênese e espermiogênese. A primeira consiste em sucessivas divisões mitóticas e
meióticas resultando numa célula, a espermátide, que ainda não apresenta o formato do 114
espermatozoide com o qual estamos familiarizados.
115
Vamos nos concentrar nos testículos, onde ocorrem os principais eventos relacionados
com a reprodução, encerrando com algumas informações sobre as secreções das glândulas 117
acessórias.
10.4 ESPERMATOGÊNESE
119
10.5 ESPERMIOGÊNESE
A função testicular normal requer estimulação hormonal pelas gonadotrofinas, que por
sua vez são controladas por secreções de GnRH pelo hipotálamo, como visto no sistema
feminino. O hipotálamo, por sua vez está diretamente conectado com o sistema nervoso central
e o restante do organismo através de neurônios e vasos sanguíneos.
A atividade secretória da célula de Sertoli é controlada pelo FSH. Esta célula converte
a Testosterona em estrogênio que passa para dentro do lúmen dos túbulos seminíferos, mas a
função deste hormônio na espermatogênese ainda não está esclarecida. Ainda, a célula de
Sertoli converte a Testosterona em DHT (Didrotestosterona), um andrógeno de maior potência
biológica.
10.7 PREPARAÇÃO DO ESPERMATOZOIDE PARA FECUNDAÇÃO
O epidídimo não somente serve como via de transporte das células do testículo para o
vaso deferente, como também, durante este trânsito é o local onde os espermatozoides
adquirem habilidade potencial para fertilizar o óvulo. Esta maturação envolve várias modificações
funcionais, incluindo o desenvolvimento da potencialidade para manter a motilidade.
O último estágio de preparação do espermatozoide para “entrar em ação” é a
capacitação e ocorre já no aparelho reprodutivo feminino, onde permanece por algum tempo
antes de serem capazes de penetrarem o óvulo. A capacitação caracteriza-se pela remoção ou
modificação dos componentes da superfície do espermatozoide provocada por secreções do
trato genital feminino, e aumento da permeabilidade da membrana a íons. Estes eventos
desestabilizam a bicamada fosfolipídica desencadeando uma complexa reação chamada de
123
reação acrossomal, permitindo o rompimento da membrana do óvulo (zona pelúcida) e a entrada
do espermatozoide. Na imagem abaixo podemos visualizar um grande número de
espermatozoides chegando ao óvulo.
Reação acrossomal.
Existem muitas evidências sugerindo que o plasma seminal dos mamíferos contém
fatores que influenciam a fertilidade masculina. Sabe-se que o fluido seminal contém uma série
de proteínas, entre outros elementos, que possuem propriedades ainda pouco conhecidas, mas
que afetam positivamente ou negativamente a fertilidade masculina. As transformações do 125
espermatozoide infértil, com limitada capacidade para motilidade, em uma célula fértil e móvel
podem ser mediadas por secreções do epitélio do epidídimo, porém como dito acima esse
processo não é bem conhecido, existem evidências que durante a passagem pelo epidídimo o
espermatozoide pode sofrer alterações.
Várias destas proteínas foram descritas como “fatores de decapacitação”, já que são
capazes de ligar-se ao espermatozoide e podem influenciar seu metabolismo, retardar a
capacitação espermática e a reação acrossomal subsequente, enquanto o espermatozoide migra
ao longo do órgão reprodutivo feminino. Estes prelúdios essenciais ao sucesso da fertilização
não ocorrem até que os fatores decapacitadores sejam retirados, modificados ou mascarados.
Inúmeros estudos sugerem que diferenças de fertilidade entre touros estão associadas
às diferenças na composição do plasma seminal. Outras proteínas estão relacionadas com a
congelabilidade do sêmen.
Além das proteínas citadas, existe uma classe de polipeptídeos, as binding proteins ou
“proteínas ligadoras” que possuem a função de ligar-se aos hormônios e fatores de crescimento,
transportando-os na circulação sanguínea e, desta forma, regulando a ação destas substâncias
sobre seus tecidos-alvo. 126
O profissional deve estar ciente das novas descobertas capazes de definir o potencial
de fertilidade de um animal para usar este conhecimento na seleção de animais aptos a difundir
uma característica genética desejável.
11 FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO
127
128
Em função do tamanho e do peso o úbere (em torno de 50 quilos), este deve estar bem
preso na estrutura muscular e esquelética da vaca. Essas ligações são feitas por ligamentos
formados por fibras elásticas de baixa elasticidade.
FIGURA 2 - ESQUEMA DA ANATOMIA DO ÚBERE
129
O desenvolvimento fetal da glândula mamária está sob controle genético e fica estável
até que a fêmea atinja a puberdade. A partir deste momento, isto é, após o início da fase
reprodutiva, o crescimento das mamas está sob controle de diversos hormônios, sobretudo os
estrógenos que promovem o desenvolvimento do sistema de ductos, que vão ligar os alvéolos
aos mamilos, e do estroma, que é um tecido com a função de sustentação das mamas (ou
úbere) e de tecido adiposo.
O sistema de ductos tem sua proliferação iniciada na puberdade sob a influência
principal dos estrogênios e hormônio de crescimento. Já o sistema alveolar requer, além da ação
dos hormônios supracitados, a ação da progesterona e da prolactina que vão conferir às células
dos alvéolos a característica secretora.
130
11.3 INÍCIO DA LACTAÇÃO – LACTOGÊNESE
Alguns dias após o nascimento, os níveis de prolactina da mãe retornam aos níveis
basais (ou não gravíticos). Entretanto, todas as vezes que a mãe amamenta o filhote, o 131
hipotálamo é estimulado e ocorre a liberação de prolactina. O processo de síntese e liberação do
leite se dá por meio da conexão entre o sistema nervoso e endócrino, envolve também a
prolactina e ocitocina.
Com o estímulo da sucção (ou da ordenha) nas tetas, inicia-se o reflexo neural que se
propaga até o hipotálamo, estimulando a neuro-hipófise a liberar ocitocina. Pode-se dizer que a
prolactina está relacionada à síntese e a ocitocina a ejeção do leite.
A ocitocina se liga aos receptores nas células mioepiteliais localizadas nos alvéolos
provocando contração destas células e consequentemente a ejeção do leite.
132
FONTE: www.delaval.com.br>.
Foi dito no início deste curso que o potencial produtivo de um animal depende de três
fatores que formam o tripé: nutrição, genética e bem-estar. Muitas vezes a questão “bem-estar” é
considerada dispensável ou lhe é dada pouca importância. Veremos aqui um exemplo claro que
se esses três fatores não estiverem bem desenvolvidos a produção cai.
A ocitocina tem um importante papel nesse processo. Para que a lactogênese seja
mantida, o leite deve ser removido da glândula mamária por sucção ou pela ordenha. Se isso 133
não ocorre, sua síntese tem uma redução.
Embora alguns hormônios sejam mais atuantes e mais estudados neste contexto,
abaixo segue uma lista geral dos hormônios envolvidos no processo geral de produção de leite.
134
Note na figura, a presença dos ductos por onde o leite é liberado e as células
secretoras de leite envolvidas por células musculares mioepiteliais que, ao contraírem provocam
a ejeção do leite.
Podemos fazer uma analogia dos alvéolos com um cacho de uvas, onde cada uva é
um alvéolo e os talos são os ductos por onde o leite é liberado, veja a imagem abaixo.
Estrutura alveolar da mama.
135
FONTE: Disponível em: <www.perinatal.com.br>.
136
Camelo 86.5 4.0 2.7 0.9 5.4
137
O movimento dos músculos intestinais tem ação direta sobre a ingesta de várias
formas que variam em função do momento em que se encontra o processo de digestão. Por
meio de contração os músculos intestinais podem:
Empurrar a ingesta de um local para diante;
Reter a ingesta em um determinado local para absorção ou estocagem;
Quebrar fisicamente o conteúdo e misturá-lo a secreção do trato GI;
Movimentar a ingesta de forma que entre em contato com as paredes do trato
digestivo (superfície de absorção).
O movimento da parede intestinal é chamado de motilidade intestinal e o tempo que a
ingesta leva para ir de um ponto a outro é chamado de tempo de trânsito. A contração da
musculatura lisa do trato GI é semelhante à contração do coração (sincício) embora com ondas
lentas de despolarização. Ver sistema muscular (contração).
Anatomia do estômago.
FONTE: Disponível em: <estudmed.com.sapo.pt>.
Durante todo o processo de trânsito relatado acima, o alimento sofre uma série de
alterações (quebras) em função das secreções digestivas que encontra em cada compartimento
que passa.
O início do processo de digestão do alimento ocorre na boca por meio da saliva
secretada pelas glândulas salivares:
A saliva apresenta funções como umedecer, lubrificar e digerir parcialmente o alimento;
facilita a deglutição e tem ação antibacteriana pela presença de lisozima (enzima com
propriedades antibacterianas).
A composição da saliva também se diferencia entre espécies. Em onívoros (ratos e
suínos) a saliva contém a enzima amilase salivar (enzima que digere o amido), ausente na saliva
dos carnívoros. Na saliva de bezerros jovens encontra-se a lipase lingual (enzima que digere
gorduras). Essa enzima desaparece à medida que os animais tornam-se adultos.
Provavelmente todas essas enzimas atuem mais eficientemente quando o alimento
está contido na parte proximal do estômago devido ao pH mais próximo a neutralidade e tempo
de permanência, isto é, ao fato do alimento permanecer por um tempo mais longo nesse ponto.
As secreções salivares se originam nos ácinos glandulares localizados nas glândulas salivares.
145
Ácinos glandulares.
FONTE: CUNNINGAM. Disponível em: <www.manualmerck.net>.
Água, eletrólitos e muco são secretados pelas células glandulares que rodeiam os
ácinos. À medida que a secreção passa pelos tubos coletores, sua composição é modificada, os
eletrólitos são reabsorvidos e o produto final, a saliva, é hipotônica.
A maioria dos mamíferos possui pelo menos três pares de glândulas salivares: As
glândulas parótidas, que estão junto das orelhas; as glândulas mandibulares, que ficam no
espaço intramandibular; e as glândulas linguais, na base da língua. Além dessas glândulas
principais, existem numerosas outras, menores com vários ductos secretores que se esvaziam
na boca.
146
147
Sangue
Lúmen
Pâncreas.
Uma das funções do fígado é atuar como glândula secretora do sistema digestivo. Sua
secreção, a bile, possui um importante papel na digestão de gorduras.
A bile é produzida em hepatócitos e liberada por canalículos biliares no intestino. Os
ácidos biliares são formados a partir do colesterol e liberados na presença de gordura. A bile
também é utilizada para excretar metabólitos que estão no fígado. O principal pigmento biliar é a
bilirrubina que é formada no fígado no processo normal de renovação das hemácias.
150
13 BASES DA DIGESTÃO NOS RUMINANTES
153
Como foi dito processo de apreensão dos alimentos varia de acordo com a espécie de
animal. Em bovinos, a língua móvel é o órgão de apreensão. Os alimentos introduzidos na boca
são cortados pelos dentes incisivos contra o palato duro superior.
Existem dois tipos de células secretoras nas glândulas salivares que secretam saliva
em diferentes composições.
Ainda podemos encontrar um tipo de Saliva mista que é uma mistura de secreção de
ambas as células. A quantidade de saliva produzida varia enormemente entre as espécies, veja
quadro abaixo.
155
O rúmen é o maior compartimento do trato gastrintestinal e é o local onde ocorre o
armazenamento, mistura e divisão física das partículas ingeridas. Em função de suas condições
de umidade e temperatura (de 38 a 42o C esse compartimento é o local ideal para presença de
micro-organismos
No Omaso ocorre à absorção de água e ácidos graxos e daí o alimento passa para o
abomaso que possui forma alongada e é considerado o estômago verdadeiro em função de ser a
única região na qual ocorre a secreção de suco gástrico, e, dessa forma, é o local onde ocorre a
digestão propriamente dita.
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DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1990.
HAFEZ, B & HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal. 7. ed. São Paulo: Manole, 2004. 513 p.
KOLB, E. et al. Fisiologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984. 612 p.
REECE, W. O. Fisiologia dos animais domésticos. São Paulo: Roca, 1996, 351 p.
SWENSON, M. J. & REECE, W. O. Dukes Fisiologia dos Animais Domésticos. 11. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 1996, 856 p.