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PROPRIEDADES GERAIS DAS PROTEÍNAS

1. INTRODUÇÃO

Apesar do ponto isoelétrico representar interações iônicas capazes de tornar


uma proteína insolúvel e, portanto, poder obter ela na forma precipitada, através de
fortes relações de atração intramoleculares e pouca interação com o meio aquoso,
outros fatores interferem nesse processo também. É o caso dos sais, ácidos,
temperatura e solventes empregados nos experimentos deste relatório, de modo a
compreender mais complexamente os fatores que interferem na solubilização da
proteína, processo de muita relevância para extraí-la (FCFAR).

2. OBJETIVOS

Este relatório busca explorar as diferentes propriedades das moléculas


protéicas, através da interação das mesmas com distintos reagentes, de distintas
propriedades eletrônicas, que acabam por afetar a solubilidade.

3. PRECIPITAÇÃO DE PROTEÍNAS POR ADIÇÃO DE SAIS NEUTROS


3. 1. INTRODUÇÃO

Dois fenômenos conhecidos como salting-in e salting-out podem ocorrer


através do acréscimo de sais neutros em uma solução aquosa com proteínas. O
salting-in se refere a forças de atração que acontecem entre íons de proteínas com
os do sal adicionado; estes últimos expandem então a camada de hidratação da
proteína, uma vez que são muito hidratados, e, logo, tornando-a mais solúvel. Já o
salting-out corresponde ao momento em que a adição do sal se tornou significativa
o suficiente para aumentar a insolubilidade, ao invés da solubilidade; isso porque a
água, capaz de solvatar ambos, terá mais moléculas para interagir e, desse modo,
existem mais íons para competir por água com a proteína, diminuindo interações
dela com o meio, aumentando interações entre as micelas proteicas e fazendo com
que surja o precipitado proteico. Desse modo, pode-se explorar a propriedade da
proteína de interação com os íons e seus limites de força iônica, através da turbidez
e/ou precipitados que se realizaram no experimento (IQ-UFRJ, p.125) (FCFAR).
3. 2. OBJETIVOS

Esse procedimento busca explorar a relação de solubilidade de proteínas no


meio aquoso, com a presença de sais neutros, de modo a compreender suas
propriedades químicas.

3. 3. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO

Inicialmente, adicionou-se com uma pipeta plástica 1 mL de solução clara de


ovo a um tubo de ensaio, seguido do acréscimo de 2 mL de sulfato de amônio
((NH4)2SO4), de modo a escorrer pelo vidro do frasco. O conteúdo do tubo foi, em
seguida, misturado por inversão, tapando a abertura; o resultado visual após esse
procedimento foi analisado. No momento seguinte, a mesma quantidade dessa
solução proteica foi adicionada a outro tubo de ensaio, seguida também por 2 mL
via pipeta plástica de cloreto de sódio (NaCl) e de agitação por inversão; esse
resultado visual foi então também analisado.

3. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O tubo de ensaio com o sulfato de amônio resultou em grandes precipitações


branca no fundo, além da formação de espuma na superfície e turbidez branca pelo
resto do conteúdo da solução; já o segundo frasco, com o cloreto de sódio, não
resultou em precipitados, mas em grande turbidez, de coloração branca, por todo o
fluido, além de relativamente pouca espuma na superfície.
Pode-se supor que, segundo a literatura, o sulfato de amônio conseguiu ser
dissociado nos íons NH4+, com diversos prótons para desprotonação, e SO4-, que
possui vários pares de elétrons livres, e solvatado com maior facilidade pela água,
respectivamente por OH- e H+, que o reagente do outro frasco, uma vez que ocupou
as moléculas de água que poderiam dissolver a cadeia protéica, diminuindo a
interação com a mesma e a fazendo precipitar ao fundo do recipiente. O cloreto de
sódio, contudo, não possui íons tão fortes quanto esse reagente, motivo pelo qual a
água conseguirá interagir melhor com a cadeia proteica, dissociá-las em íons e
permitir sua solubilização (FCFAR).
Assim sendo, foi possível observar como o mesmo tipo de composto, sal
neutro, resultou em diferentes interações com a água, o que afetou na solubilidade
das proteínas, através da formação ou não de precipitado, com o experimento
ocorrendo consoante a força dos íons de cada sal.

4. PRECIPITAÇÃO POR SAIS DE METAIS PESADOS E POR ÁCIDOS FORTES


4. 1. INTRODUÇÃO

Mesmo com o ponto isoelétrico sendo identificado como o momento em que


a proteína pode ser precipitada, esse não é o único momento em que isso é
possível.
Sais de metais pesados geram cátions como Hg+, Pb+ e Cu+ quando
dissociados em meio aquoso, e tais elementos podem se ligar a proteínas e interagir
fortemente com a cadeia protéica, o que é favorecido na forma negativamente
carregada dessas moléculas, já que o grupo carboxila passa a aceitar prótons com
facilidade, em um ponto justamente acima da forma isoelétrica (FCFAR).
Com a adição de ácidos fortes, o mesmo é verdadeiro para a forma
positivamente carregada, abaixo da forma isoelétrica, que será capaz de doar
prótons e gerar complexos com os ânions ácidos, precipitando no interior do
recipiente utilizado (FCFAR).

4. 2. OBJETIVOS

Os seguintes procedimentos buscam compreender a formação de


precipitados protéicos em situações para além do ponto isoelétrico, o que deve
permitir entender mais satisfatoriamente o comportamento químico dessas
moléculas.

4. 3. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO

Através de uma pipeta plástica, 1 mL de uma solução de proteína foi


adicionada a dois tubos de ensaio; em seguida, um deles recebeu 0,5 mL de
acetato de chumbo 20% e outro, 0,5 de ácido tricloroacético (TCA) 10%. Os tubos
foram observados visualmente após isso.
4. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em ambos os tubos buscou-se a formação de precipitados, seja acima ou


abaixo do ponto isoelétrico, comum a precipitação. Contudo, ambos os tubos
apresentam intensa turbidez branca, de modo opaco, destacando-se o tubo com
solução de TCA 10%, no qual a intensidade de coloração foi ainda superior à do
outro frasco.
Desse modo, nenhum dos tubos atingiu o resultado esperado, de formar
complexos precipitados com os íons dos reagentes não proteicos. Pode-se supor
que nem a quantidade de íons do sal acetato de chumbo e nem a dos íons do ácido
forte foi equivalente o suficiente para os íons proteicos, o que permitiu que esses
pudessem interagir mais com a água e aumentar sua solubilidade, gerando a
diluição e, logo, a turbidez intensa.

5. PRECIPITAÇÃO POR AÇÃO DO CALOR (DESNATURAÇÃO)


5. 1. INTRODUÇÃO

As proteínas atuam em suas funções quando se encontram no estado nativo


tridimensional definido, resultado de diversas interações de natureza cooperativas,
que surgiram de acordo com propriedades físicas, químicas e biológicas. Contudo,
essa conformação pode ser alterada através de fatores externos químicos e físicos,
capazes de alterar a configuração quaternária, terciária e secundária, não ocorrendo
alterações apenas na sequência de aminoácidos, da estrutura primária (FCFAR)
(IQ-UFRJ, p.127-128).
As interações no interior da molécula podem ser enfraquecidas ao alterar o
meio, podendo desaparecer e gerar grandes modificações conformacionais, o que é
chamado de desnaturação. A temperatura pode ser uma responsável, já que
provoca quebra de pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas, o que leva a
molécula a se desorganizar de seu estado nativo e até perder sua utilidade. Isso
tem efeitos ainda na solubilidade da proteína, visto que prejudica as interações
normalmente esperadas dessas moléculas (IQ-UFRJ, p.127-128) (FCFAR).
5. 2. OBJETIVOS

Esse procedimento objetivou observar a influência da desnaturação por


aumento de temperatura na solubilidade de uma solução proteica.

5. 3. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO

Uma solução de proteína de 2 mL, via pipeta plástica, foi inserida em um tubo
de ensaio, sendo levada para ferver em banho-maria por um período de 5 minutos.
Retirado de lá, o frasco foi analisado visualmente.

5. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O tubo que foi levado à fervura retornou com a cor branca, opaca e
homogênea por toda a solução. Não foi possível diferenciar a presença de um
precipitado ou apenas da turbidez, apesar do primeiro ser o resultado esperado;
isso porque a tamanha temperatura aplicada é capaz de acabar com interações de
diversos tipos, tornar as estruturas terciárias e secundárias instáveis e modificadas
e gerar novas interações desequilibradas, levando inclusive a forças de repulsão
entre a molécula e os íons de água antes superiormente contidas (IQ-UFRJ, p.128)
(FCFAR).

6. PRECIPITAÇÃO DAS PROTEÍNAS POR SOLVENTES ORGÂNICOS


6. 1. INTRODUÇÃO

A constante dielétrica é o elemento que marca a capacidade de interação


com o soluto. Isso é diferente para cada solvente e pode ainda afetar na
solubilidade, uma vez que interações de solventes com maior constante dielétrica
irão prevalecer sobre as de menor poder solvatante, afetando a afinidade entre as
moléculas (IQ-UFRJ, p.126) (FCFAR).
Nas proteínas, o meio aquoso apresenta alta constante dielétrica, o que
permite que possa solubilizar as cadeias proteicas em determinadas condições; já
no caso de solvente orgânicos, cuja constante dielétrica é expressivamente inferior
à da água, a proteína não é suficientemente afetada por interações com o meio
aquoso e por isso as interações intramoleculares prevalecem, promovendo a
precipitação (FCFAR).
Esse fenômeno é diretamente afetado pela temperatura, ocorrendo a
precipitação apenas em momentos de baixa temperatura, o que torna essa
propriedade útil a separação de misturas de proteínas (FCFAR).

6. 2. OBJETIVOS

Os experimentos realizados buscaram compreender as interações de


proteínas com distintos solventes, de modo a entender ainda mais as propriedades
que afetam a solubilidade de moléculas proteicas.

6. 3. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO

Utilizando pipeta plástica, 1 mL de solução de proteína foi inserido em quatro


tubos de ensaio. Metade desses frascos recebeu também 4 mL de etanol (C2H5OH)
gelado e, na outra metade, foi acrescido 4 mL de acetona (CH3(CO)CH3) gelada. Em
seguida, uma quantidade pequena de cloreto de sódio sólido, na forma de cristais,
foi adicionada a um tubo de cada metade. As aparências desses frascos foram
analisadas.

6. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dos dois tubos com etanol gelado, aquele sem cloreto de sódio apresentou
precipitações brancas e grande turbidez, enquanto o frasco com acréscimo de
cristais de NaCl apresentou precipitações também brancas, ainda mais expressivas
que o primeiro. Já nos recipientes com acetona, aquele sem adição de sal neutro
apresentou precipitado branco, junto de turbidez, enquanto o outro teve precipitado
bem definido ao seu fundo, com o resto da solução translúcida e incolor.
Em todos os tubos foi possível verificar a formação de precipitados, o que
indica que os solventes orgânicos, com a inferior constante dielétrica, permitiu o
aumento de interações proteína-proteína , diminuindo a solubilidade da molécula. A
adição de um sal neutro intensificou esse processo, uma vez que o decréscimo de
interações água-proteína subiu, através dos íons Na+ e Cl- ocupando os íons da
água, que antes interagiam com a molécula proteica (FCFAR).
Assim sendo, permitiu-se observar a relação das propriedades proteicas com
a diferentes constantes dielétricas, via os diferentes produtos que resultaram dessas
interações, com precipitados de diferentes extensões e intensidades; tudo isso teve
um efeito na solubilidade das moléculas proteicas.
REFERÊNCIAS

SOUZA, K.A.F.D., NEVES, V.A. Propriedades gerais das proteínas. Experimentos


de Bioquímica. Disponível em:
http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/praticas_proteinas/precipitacao_prote
inas.htm. Acesso em: 5 jun. 2021.

SOUZA, K.A.F.D., NEVES, V.A. Introdução às proteínas IV. Experimentos de


Bioquímica. Disponível em:
http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/introducao_proteinas/introducao_prot
einas_quatro.htm. Acesso em: 5 jun. 2021.

INSTITUTO DE QUÍMICA DA UFRJ. Manual Cursos Práticos em Bioquímica do


Departamento de Bioquímica, 18 ed, p.125-128. Rio de Janeiro: Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2008.

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