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PNMA - Zoneamento ambiental ou Ecológico

Intro:
A gestão dos recursos naturais de um determinado território é fator fundamental para a
garantia e sustentação das condições mínimas de sobrevivência da comunidade ali
inserida, bem como para determinar a possibilidade de desenvolvimento de suas atividades
econômicas (produção, distribuição e mitigação das externalidades geradas).
Para tornar um plano em ação, ou para executar uma política pública, o governo possui
diferentes instrumentos que podem ser classificados de acordo com as suas finalidades,
(instrumentos jurídicos e fiscais, por exemplo).
No caso brasileiro, a Política Nacional do Meio Ambiente prevê, desde a sua criação, 12
instrumentos para a sua execução. Dentre esses instrumentos, o Zoneamento Ambiental,
ou Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), é uma das opções de gestão escolhida, o qual
deveria identificar a priori as condições e possibilidades socioeconômicas para cada região
(ARAÚJO, 2008).

Definição:
Podemos definir o zoneamento ambiental como o conjunto de áreas legalmente
estabelecidas pelo poder público as quais são protegidas obtendo-se a preservação do
meio e de suas condições naturais em certos espaços territoriais do país.
Constituem essas áreas os Parques Nacionais e Estaduais, Parques Florestais, Parques
ecológicos e as Reservas Biológicas, Ecológicas, Florestais e Extrativistas, nessas áreas
podem estar presentes áreas menores como as estações ecológicas, áreas de proteção
ambiental (APA), áreas de relevante interesse ecológico (ARIE), área sob proteção especial
(ASPE), Monumentos Naturais e reservas do Patrimônio Mundial.

Tipos de ZA:
GIEHL (2017) divide o zoneamento em vários tipos, a saber:
Zoneamento ambiental urbano; Zona de uso industrial; Zona de uso estritamente industrial;
Zona de uso predominantemente industrial; Zona de uso diversificado; Zoneamento
agrícola; Zoneamento costeiro. O autor considera que no âmbito jurídico essas delimitações
dos tipos de zoneamento a serem feitos são importantes, pois são regiões distintas em suas
características físico-químicas-biológicas e também no funcionamento e utilização de
recursos.

- Zoneamento Ambiental Urbano: Conforme a Lei nº 6.902/81 e art. 182 da CF/88, ao


se dividir uma cidade em zonas de ocupação tem-se em vista o bem-estar da
população, principalmente no que concerne à saúde, segurança, trabalho, lazer,
cultura dos valores espirituais e morais.

- Zonas de Uso Industrial (ZUI): As zonas industriais induzidas são aquelas cuja
localização é feita em razão de um planejamento econômico resultante de
determinada política do governo, como regiões construídas especificamente para
abrigar empresas. A demarcação desses espaços foi realizada pelo Decreto-Lei nº
1.413 de 14/08/75, pelo Decreto 76.389/75 e pela Lei nº 6.803 de 02/07/80.
- Zona de uso Estritamente Ambiental (ZEI): Destinam-se, preferencialmente, à
localização de estabelecimentos industriais cujos resíduos sólidos, líquidos e
gasosos, ruídos, vibrações e radiações possam causar perigo à saúde, ao bem-estar
e à segurança da população, independente da aplicação adequada de métodos de
controle de efluentes. (Resolução Conama nº 4 de 05/06/84)

- Zona de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI): São principalmente destinadas


às instalações de indústrias cujos processos não causam incômodos sensíveis às
atividades e nem perturbam o repouso noturno da população. (Lei Federal 6.803 DE
02/07/80)

- Zona de Uso Diversificado (ZUD): São as zonas destinadas à localização de


estabelecimentos industriais cujo processo produtivo complemente as atividades do
meio urbano ou rural, não causando inconvenientes à saúde, bem-estar e segurança
da população vizinha. (Lei 6.803 de 02/07/80)

- O Zoneamento agrícola: também chamado agrário, é uma transposição das


disposições do Zoneamento, criado para as regiões urbanas, para a área rural e
para a atividade agrícola. Hoje, o Zoneamento agrário tem regulamentação própria e
não precisa estar submetido ao Zoneamento urbano. (Lei nº 4.504 de 30/1164, art.
43 e Lei nº 8.171 de 17/01/91, art. 19, inciso I)
O zoneamento agrícola visa definir as regiões críticas que estão exigindo reforma
agrária, com eliminação de minifúndios e latifúndios; as regiões em estágio mais
avançado de desenvolvimento social e econômico; as regiões já economicamente
ocupadas, com economia de subsistência e carência de assistência adequada; às
regiões ainda em fase de ocupação econômica.

- A Zona Costeira: conforme a lei, é o espaço geográfico de interação do ar, do mar e


da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima
e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro. Por meio desse plano, o Poder Público pretendeu estabelecer mecanismos
capazes de assegurar uma utilização racional dos recursos costeiros. A lei exige que
seja feito um zoneamento dos usos e das atividades inseridas na Zona Costeira,
para assegurar a preservação ambiental e a proteção dos recursos naturais
renováveis e não renováveis; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais,
estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias, promontórios, costões e grutas
marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e pradarias
submersas; sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de
preservação permanente; monumentos que integram o patrimônio natural, histórico,
paleontológico, arqueológico, étnico, cultural e paisagístico.

- Zona de Reserva Ambiental: São as áreas em que por suas características


culturais, paisagísticas, ecológicas ou pela necessidade de conservação dos
mananciais e proteção de áreas especiais ficará vedada a localização de
estabelecimentos industriais. (Lei 6.803/80 e Lei 6.902 de 27/04/81
Aplicação e exemplo

O zoneamento ambiental auxilia na gestão do solo e da água, pois fornece informações


de uso e manejo do solo de forma adequada. Assim, propõe-se neste estudo: aplicação do
zoneamento ambiental, baseado em valores de perda de solo, tolerância à perda de solo e
à legislação ambiental; e (ii) etapa de monitoramento das características quali-quantitativas
dos cursos d'água a partir do uso de curvas Total Maximum Daily Loads (TMDL). O estudo
foi realizado na bacia hidrográfica do ribeirão Salobra, localizada na transição entre os
biomas Cerrado e Pantanal. A partir do cruzamento dos planos de informação, obteve-se a
divisão da área em cinco zonas de uso do solo, determinadas de acordo com a
conservação e preservação da vegetação nativa, ocorrência de áreas úmidas e nascentes,
uso adequado do solo e recuperação de áreas erodidas.
Paralelamente, às curvas TMDL foram obtidas a partir da curva de permanência e de
padrões de qualidade da água. Verificou-se que cerca de 6 % da área em estudo
apresentou perda de solo superior ao limite tolerável e foi definida como área prioritária de
recuperação no contexto do planejamento ambiental. O método aplicado permitiu a
determinação de zonas específicas de uso do solo, identificação de irregularidades e de
prioridades de conservação do solo. Além disso, as curvas TMDL constituem boa alternativa
de monitoramento da água, pois produzem informações em condições críticas do corpo
d'água.

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