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Estudo da Folha de Análise do TAT

SÉRIE A – Série do Controlo


Este controlo tem a ver com o controlo dos afectos. O sujeito procura agarrar-se muito ao conteúdo manifesto para
controlar a expressão da sua vida interna, para não falar de si (não deixa que emirjam imagens).
Em doses exageradas é patológico, mas em doses moderadas até é benéfico.
Dá conta de alguns procedimentos de controlo suaves/integrados/adaptados/socializados. Os procedimentos
A1 desta série correspondem a mecanismos utilizados pela população em geral. Não tem objectivo de lutar
contra a ansiedade, são antes mais construtivos. Têm o objectivo de estruturar a história e até enriquecê-la.
Dá conta de procedimentos de controle mais fortes que têm mais implicações pessoais e têm como objectivo
A2 lutar contra a angustia. Alguns deles são a negação, formação reactiva etc.
Um excesso destes procedimentos dá conta da Neurose Obsessiva.

SÉRIE B – Série da Labilidade


Série de conflitualização inter-pessoal, porque o conflito é posto na relação. Na Série A é intra-pessoal, porque o
conflito é posto dentro de uma pessoa.
Há um abaixamento do controlo, o sujeito manifesta afectos e emoções (contrário da série anterior).
Dá conta de procedimentos lábeis mas que são considerados socializados/adaptados/comunemente utilizados
B1 pela população e que servem para o enriquecimento da história (mais originais e atractivas). São
conscientes.
Procedimentos mais fortes, muitas vezes utilizados para lutar contra a angustia. São inconscientes como os
mecanismos de defesa.
B2
Um excesso destes procedimentos dá conta da Neurose Histérica: labilidade (emocional e identificatória),
teatralismo, puerilidade e dramatismo.

Funcionamento Neurótico ou Normal Neurótico. Remetem para processos de elaboração do discurso susceptíveis de
serem sustentados por mecanismos de defesa neuróticos (recalcamento), testemunham a existência de uma
conflitualização intrapsíquica (luta entre o Id e o Superego através do Ego). O que pressupõe a existência de um
espaço interno constituído e claramente diferenciado em relação ao mundo externo, espaço interno que servirá de
cena para o desenrolar e dramatização dos conflitos. O normal é uma mistura equilibrada de elementos da série A e
B.

SÉRIE C – Evitamento do Conflito


Há evitamento do conflito neurótico. O sujeito não é capaz de entrar no conflito neurótico, é como que não dispõe
de capacidade de mentalização para fazer face aos conflitos. O seu aparelho psíquico não é suficientemente maduro.
O conflito neurótico é um conflito entre o impulso (agressivo ou sexual) e a defesa contra esse impulso (conflito
entre o id e o superego, através do eu).
C/Fo Evitamento do conflito de um modo fóbico.
C/N Evitamento do conflito de um modo narcisico.
C/M Procedimentos maníacos (defesa contra o afecto depressivo).
Tem que ver com o comportamento manifesto do sujeito durante a passagem da prova. O sujeito não
C/C verbaliza as coisas mas age com o comportamento.
Logo, quando passamos a prova temos de estar atentos aos comportamentos do sujeito.
Tem a ver com o pensamento factual, é a objectividade pura, não há sonho nem fantasia, há uma disfunção
C/Fa na função imaginária do sujeito. O sujeito não resolve de um modo psíquico os conflitos e tende a produzir
sintomas psicossomáticos em vez de psicológicos.

SÉRIE E – Emergência em Processo Primário


Sempre que aparecem muitos procedimentos desta série sabemos que nesse momento o pensamento do sujeito está
saturado de elementos primários (primitivos). O processo primário/principio do prazer significa que qualquer
tensão sentida pelo sujeito tem de ser descarregada, mesmo que para o fazer tenha de modificar a realidade. Se o
sujeito funciona em processo primário é porque houve uma falência na utilização do pensamento mais elaborado. A
repetição destes procedimentos indica a presença de uma patologia psicótica.
É importante ver se o sujeito utiliza este modo de funcionamento ao longo de todo o protocolo, ou se o utiliza apenas
de um modo pontual. Pois, dependendo do contexto em que aparece, pode significar um pensamento rico, criativo,
etc…
SÉRIE A – CONTROLO
A1
A11 História construída próxima do tema banal.
A12 Recurso a referências literárias, culturais, ou ao sonho.
A13 Integração de referências sociais e do senso comum. C/Fa4
A2
A21 Descrição com apego aos pormenores (D e Dd), incluindo expressões e posturas. C/Fa1
A22 Justificação das interpretações através desses pormenores.
A23 Precauções verbais.
A24 Afastamento temporo-espacial.
A25 Precisões numéricas. Datas, idades, tempo.
A26 Hesitações entre interpretações diferentes. Indecisão na escolha.
A27 Balanceamento entre a expressão pulsional e a defesa. Agressividade. B27
A28 Mastigação e ruminação. Não consegue resolver o conflito. E10
A29 Anulação. Anula o que disse.
A210 Elementos de tipo formação reactiva (limpeza, ordem, ajuda, dever, economia).
A211 Denegação. Percebemos que o sujeito está a pensar o contrário.
A212 Insistência no fictício. Remete para o sonho ou para a ficção.
Intelectualização (abstracção, simbolização, título dado à história em relação com o conteúdo
A213
manifesto). Filosofar sobre a depressão. C/N3
Alteração brusca de direcção no decurso da história (acompanhada ou não de pausa no
A214
discurso).
A215 Isolamento de elementos ou personagens.
A216 Grande pormenor e/ou pequeno pormenor evocado e não integrado.
A217 Acento inscrito nos conflitos intrapessoais. Conflito numa só pessoa.
A218 Afectos exprimidos a mínima. A mulher morreu, está triste.
SÉRIE B – LABILIDADE
B1
B11 História construída à volta de uma fantasia pessoal. Não é banal, nem bizarria.
B12 Introdução de personagens que não figuram na imagem.
B13 Expressões flexíveis e difundidas. Identifica-se com várias personagens.
B14 Expressão verbalizada de afectos variados, modulados pelo estímulo. Refere vários afectos.
B2
B21 Entrada directa na expressão. Identificação forte. Como se vivesse mesmo aquilo.
B22 História com ressaltos. Altos e baixos. Fabulação longe da imagem. Há fio condutor.
B23 Acento inscrito nas relações interpessoais. Relato em diálogo. Conflito/relação entre
pessoas
B24 Expressão verbalizada de afectos fortes ou exagerados. 
B25 Dramatização. 
B26 Representações contrastadas. Criada/patroa. Alternância entre estados emocionais opostos.
B27 Vai e vem entre desejos contraditórios. Fim com valor de realização mágica do desejo. A27
B28 Exclamações, comentários, digressões, referências/apreciações pessoais.
B29 Erotização das relações, invasão da temática sexual e/ou simbolismo transparente.
B210 Apego aos pormenores narcísicos com valência relacional.
B211 Instabilidade nas identificações. Hesitação sobre o sexo e/ou idade das personagens.
B212 Acento inscrito numa temática do estilo: ir, correr, dizer, fugir. Contexto dramatizado C/Fa3
B213 Presença de temas de medo, de catástrofe, de vertigem, etc., num contexto dramatizado. E9
SÉRIE C – EVITAMENTO DO CONTROLO
C/Fo
C/Fo1 Tempo de latência inicial longo e/ou importantes silêncios intra-relato.
C/Fo2 Tendência geral à restrição.
C/Fo3 Anonimato de personagens: social (alguém) familiar (homem e mulher).
C/Fo4 Motivo dos conflito não indicado, relatos banalizados a todo o custo, impessoais, colagem.
C/Fo5 Necessidade de questionar. Tendência recusa. Recusa.
C/Fo6 Evocação de elementos ansiogénicos, seguidos ou precedidos de interrupções do discurso.
C/N
C/N1 Acento inscrito na vivência subjectiva (não relacional). Caracterização psicológica de 1 suj.
C/N2 Referências pessoais ou autobiográficas.
C/N3 Afecto-Título. A213
C/N4 Postura significante de afectos. Atitude corporal é que mostra o afecto.
C/N5 Acento posto nas qualidades sensoriais. E5
C/N6 Insistência na demarcação dos limites e dos contornos.
C/N7 Relações especulares. Espelho ou personagens idênticas( que não são confundidas).
C/N8 Pôr em quadro.
C/N9 Críticas em si.
C/N10 Pormenores narcísicos. Sem relação. Idealização de si. Positiva / negativa (grande músico).
C/M
C/M1 Sobre-investimento da função de apoio do objecto/ Temática de perda.
C/M2 Idealização do objecto (valência positiva ou negativa).
C/M3 Piruetas e viravoltas. Para escapar à depressão pode usar Humor ou Piada. C/C4
C/C
C/C1 Agitação motora. Mímicas e/ou expressões corporais.
C/C2 Perguntas feitas ao clínico.
C/C3 Críticas do material e/ou situação.
C/C4 Ironia, escárnio. É à situação, o outro tem a ver com a narrativa. C/M3
C/C5 “Piscar o olho” ao clínico.
C/Fa
C/Fa1 Apego ao conteúdo manifesto. Descreve apenas os elementos sem afecto. A21
C/Fa2 Acento inscrito no quotidiano. Descrição de coisas sem afecto/conflito:São 7 h da manhã…
C/Fa3 Acento inscrito no fazer. B212
C/Fa4 Apelo a normas exteriores. Não tomaram banho porque não era época balnear. A13
C/Fa5 Afectos de circunstâncias.
SÉRIE E – Emergência em Processo Primário
E
E1 Escotomas de objectos manifestos.
E2 Percepção de detalhes raros e/ou bizarros.
E3 Justificações arbitrárias a partir desses detalhes.
E4 Falsas percepções. Está ali a sombra do advogado.
E5 Percepções sensoriais. Sem que sejam sugeridas pelo material. E vive-as muito. C/N5
Percepção de objectos fragmentados e/ou de objectos deteriorados ou de personagens
E6
doentes, deformadas.
E7 Inadequação do tema ao estímulo: Fabulação fora da imagem/Abstracção, Simbolismo
Hermético. Quando não percebemos o que o sujeito quer dizer.
E8 Expressões cruas ligadas a uma temática sexual ou agressiva. Sem afecto/directo ao assunto.
Expressão de afectos e/ou de representações maciças ligados a qualquer problemática
E9 (incapacidade, miséria, sucesso megalomaníaco, medo, morte, destruição, perseguição). Vive
muito tudo isto.
E10 Perseveração. A28
E11 Confusão de identidade (Telecopagem de Papéis). Difícil perceber quem é quem. B211
E12 Instabilidade dos objectos. Como se todos tivessem o mm valor: mãe, cão, etc…
E13 Desorganização das sequências temporais e/ou espaciais.
E14 Percepção do mau objecto, temas de perseguição. Dragão, madrasta má para a menina.
E14-A Identificação projectiva. Serei eu que estou a chorar.
E15 Clivagem de objecto. Isto está aqui para me enganar.
E16 Procura arbitrária de intencionalidade da imagem e/ou das fisionomias ou atitudes.
E17 Falhas verbais (Perturbações da Sintaxe).
E18 Associações por contiguidade, por consonância, sem lógica.
E19 Associações curtas.
E20 Discurso vago, indeterminado.

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