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Angiologia e cirurgia vascular 

Elise Oliveira – 2017.2 

 
1. Varizes  de  membros  inferiores………………………………………………………………………………………….1 

2. Úlceras………………………………………………………………………………………………………………………………..6 

3. Linfedema………………………………………………………………………………………………………………………….11​ . 

4. Tromboembolismo  venoso……………………………………………………………………………………………...16 

5. Pé  diabético………………………………………………………………………………………………………………………28 

6. Trauma  vascular.……………………………………………………………………………………………………………..34 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Elise Oliveira – 2017.2 

Varizes de membros inferiores 


 

Conceito  de  varizes​:  alongamento,  tortuosidade  e  aumento  do  diâmetro  permanente  das  veias  dos 
membros inferiores. 

○ As veias perdem elasticidade, se tornando tortuosas. 

Dados epidemiológicos​: Ocorre em 30% dos homens e 45% das mulheres (pelo fator hormonal). 

○ No entanto, h
​ ereditariedade é o fator principal​. 

Fisiologia do fluxo venoso 

•  Normalmente,  o  fluxo  venoso  se  faz  da ​porção distal para a proximal​, e do sistema superficial para o 


profundo​ → qualquer alteração nisso gera um distúrbio. 

• Válvulas venosas e bomba muscular: 

○ Veias têm v
​ álvulas​, diferente das artérias → ​impedem o refluxo do sangue​. 

○  A  contração  da  panturrilha  faz  um  bombeamento  do  fluxo  venoso  (​bomba  muscular​)  → 
possibilita um​ retorno mais eficaz​. 

○  Qualquer  fator  que  altere  essa  fisiologia  ou  a  estrutura  vai  gerar  consequências  para  a 
circulação. 

Etiologia das varizes 

• ​Varizes primárias ou essenciais​: 

○ Alterações da parede, do colágeno e/ou da elastina. 

○ Incompetência valvar. 

○ Fístulas arterio-venosas (congênita, por exemplo). 

→ Ao lado,​ alteração da parede e fluxo invertido​.  

○  Uma  alteração  por  perda  da  elasticidade,  com  alteração 


das válvulas no sistema superficial. 

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• ​Varizes secundárias​: 

○ Síndrome pós-flebítica. 

○  Gravidez  (alterações  hormonais,  compressão 


dos  vasos  pélvicos  pelo  feto,  dificultando  o 
retorno venoso). 

○ FAV traumática. 

○  Angiodisplasias  (alterações  venosas  que 


geram disfunção do fluxo venoso).  

○  Compressões  extrínsecas  (ex:  patologias 


oncológicas).  

(Síndrome  pós  flebítica:  alteração  secundária  → 


destruição das válvulas por processo obstrutivo). 

Fisiopatologia das varizes 

• Alterações da fisiologia normal.  

• Veias perfurantes: se comunicam entre o fluxo superficial e o profundo, fazendo inversão do fluxo. 

Fatores predisponentes 

• ​Obesidade​ → quanto maior a sobrecarga de peso, maior é a dificuldade de fazer o retorno venoso.  

•  ​Obstipação  intestinal  →  hemorróida  (varizes  no  plexo  hemorroidário)  →  a  obstipação  aumenta 


pressão intra abdominal. 

• ​Calor​ → quanto mais quente, mais o vaso se dilata (o que é pior se tiver alteração). 

• ​Ortostatismo ​→ ficar muito de pé (professores, seguranças, médicos…). 

• ​Sexo feminino​ → menarca, menstruação, maternidade, menopausa.  

• ​Hormonioterapia, gestação​ → alterações hormonais e compressões. 

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Diagnóstico 

• Inicialmente​ clínico​ (+ importante). 

•  ​Anamnese​:  história  de  trombose venosa profunda, anticoncepcionais, gestações, profissões, traumas 


anteriores. 

• ​Exame físico​: geral e especializado. 

→ Se já fez diagnóstico clínico de problema circulatório,​ pode pedir doppler para confirmar​.  

Sinais e sintomas 

• ​Dor​, s
​ ensação de peso​, ​queimor nas pernas. 

○ Sensação de peso pela perna inchada sob ação da gravidade.  

○ Queimação por ter mais sangue, logo maior temperatura.  

○ Dor pelo edema que causa dilatação. 

○ Cansaço porque anda com a perna inchada.  

• ​Veias varicosas nos MMII​. 

• ​Edema, hiperpigmentação, lipodermatoesclerose, eczema​. 

○  Lipodermatoesclerose:  atrofia  da  pele  e  da  gordura,  pode  ocorrer  por  uma  quadro  de 
insuficiência venosa avançado.  

○  Hiperpigmentação:  com  o  acúmulo  de  líquido  mais  distal,  pode  ser  que  se  rompam  esses 
capilares e hemossiderina vai aderir na pele e ficar mais escuro. 

•​ Úlceras venosas​. 

• Presença de sopro contínuo com reforço sistólico nas FAV (fístula arterio-venosas). 

•  Provas  antigas  que  caíram  em  desuso:  prova  de  Brody  –  Trendelemburg,  prova  do  tamborilar  de 
Schwartz. 

• Presença de veias perfurantes à palpação. 

Classificação CEAP​: clínica, etiológica, anatômica e patológica. 

Classificação clínica 

Classe 0  Sinais de doença venosa não visíveis ou não 


palpáveis. 

Classe 1  Telangiectasias, veias reticulares. 

Classe 2  Veias varicosas. 

Classe 3  Edema. 

Classe 4  a -Pigmentação, eczema. 


 
b –Lipodermatoesclerose ou atrofia branca. 

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Classe 5  Úlcera varicosa cicatrizada. 

Classe 6  Úlcera varicosa aberta. 

• ​Classificação clínica é a mais importante​!  

•  A  classe  0  tem  toda  sintomatologia  mas  não  tem  nenhuma  alteração  nem  no  exame  físico  nem  no 
complementar (En, An, Pn). 

•  Telangiectasias  (pequenas  veias  finas,  de  1  mm,  roxinha),  veias reticulares (veias mais roxinhas, de 1 


a 3 mm). 

• Veias varicosas (acima de 3mm). 

•  Lipodermatoesclerose  ou  atrofia  branca  (há  uma  despigmentação  da  pele,  ficando  esbranquiçado  no 
local). 

• O ideal é que se trate até a classe 3 para evitar evolução. 

Outras classificações 

• Etiológica: Ec, Ep, Es, En. 

• Anatômica → auxílio do doppler: As, Ap, Ad, An (classe 0). 

•  Patológica:  Pr  (refluxo  é  quando  não  tem  obstrução,  mas  tem  alteração  de  válvulas  e  na  parede),  Po 
(obstrução é por alteração secundária, como trombose), Pr, Pn (Classe 0). 

Ecodoppler colorido 

• Depois que fez boa anamnese e exame físico, pede o doppler. 

•  O  fator  mais  importante  do  doppler  é  que  avalia  ​perviedade​,  compressibilidade  veia,  fluxo  físico, 
semioclusão, oclusão, recanalização, refluxo venoso, fluxo reverso, mapeamento de veias perfurantes.  

•  Doppler  é  uma  US  que  avalia  o  fluxo  e  a  anatomia  do  vaso  →  vê  qual  é  a  alteração  e  confirma  o 
diagnóstico. 

OBS​: Fluxo reverso geralmente é patologia arterial. 

•  É um exame examinador dependente e muitas vezes tem avaliação distinta entre médicos → por isso o 
diagnóstico clínico é importante.  

• Poderia fazer a flebografia, mas está em desuso (é um exame invasivo).  

•  Exame  físico  e  anamnese  já fazem diagnóstico, mas a US pode ​confirmar o diagnóstico e direcionar a 


forma de tratamento​.  

Flebografia 

• Atualmente só faz em casos específicos. 

• Uma bomba impulsiona e o aparelho vem sequencialmente tirando chapas. 

•  Consegue  ver  tortuosidade,  direção,  mas  muitas  vezes  varizes  então  dilatadas  mas  não  tem 
tortuosidade, ficando mais difícil de ver. Em geral, só vê alteração na flebografia se for muito grande. 

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Indicações de intervenção 

•  Estética,  dor,  peso  nas  pernas,  cansaço,  tromboflebite  superficial,  sangramento,  hiperpigmentação, 
lipodermatoesclerose, atrofia branca, úlcera venosa.  

Tratamento clínico 

•  ​Flebotônicos  ​→  maioria  são  fitoterápicos,  atuam  no  tônus  vascular,  na  elasticidade  e  melhorando  o 
retorno venoso. 

•  ​Meias  elásticas  →  indicadas  para  muito  tempo  em  pé  ou  sentado  → quanto maior é a pressão externa, 
mais eficaz é o bombeamento.  

• ​Drenagem linfática​ → pode ter edema residual.  

•  ​Exercício  físico  ​→  mas  se  faz  exercício  com  carga,  a  musculatura  hipertrofia  e  o  vaso também → se já 
tem alteração nesse vaso, pode ser que piore. 

Tratamento cirúrgico 

• Retirada cirúrgica da safena, do tornozelo à região inguinal. 

• Ressecção segmentar da safena. 

• Ligadura da veia safena, alta, baixa ou ambas. 

• Ligadura da safena e escleroterapia. 

• Ligadura endoscópica subfascial das perfurantes. 

• Retirada de varizes sem safenectomia. 

• Tratamento esclerosante com espuma densa. 

• Oclusão endoluminal da safena por radiofrequência ou laser. 

Escleroterapia 

•  Coloca-se  uma  substância  adstringente,  para  que  ocorra  um flebite e esse vaso se feche (pode ser por 


escleroterapia convencional, espuma ou laser) → pode ser usada em pacientes classe 1.  

Radiofrequência e laser 

• É a mesma coisa. 

• Introduz uma fibra que vai gerar uma termoablação.  

• US dependente. 

•  Se  o  paciente  tem  tortuosidade  muito  grande,  às  vezes  não  consegue  tratar  com  radiofrequência  ou 
laser, uma vez que é necessário introduzir uma fibra. 

OBS​:  estase  venosa  =  um  dos  componentes  da  tríade  de  Virchow  (estase  sanguínea, 
hipercoagulabilidade e lesão endotelial) → v
​ arizes é fator de risco para trombose​.  

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Úlceras 
 

Classificação das feridas 

• ​Grau de contaminação​:  

○ Limpas. 

○ Contaminadas (+ 6 horas). 

○ Infectadas. 

• ​Etiologia​: 

○ Acidental ou traumática. 

○ Intencional ou cirúrgica 

• ​Rompimento das estruturas​: 

○ Contusas: traumatismo de tecidos moles, hemorragia e edema (objeto rombo). 

○ Incisas: instrumento cortante (bisturi, faca). 

○ Laceradas: margens irregulares, lesão por tração (mordedura de cão). 

○ Perfurantes: aberturas na pele (PAF, faca). 

• ​Tempo de evolução​:  

○ Agudas. 

○ Crônicas. 

• ​Feridas crônicas​: 

○ Úlceras por pressão: paciente acamado muito tempo, pode gerar escaras. 

○ Úlceras vasculogênicas: venosas (80 a 85%) ou arteriais (5 a 10%).  

○ Pé diabético. 

Úlceras venosas 
 

Incidência  

• Comum na população adulta e idosa. 

• Prevalência com o​ aumento da idade​: aumento de 4% acima de 65 anos. 

•  Significante  impacto  socioeconômico​: recorrente ao longo do tempo entre a abertura e cicatrização → 


muitos pacientes já chegam com úlceras em estados avançados.  

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•  30%  das  úlceras  cicatrizadas  ​recorrem  ​após  1  ano  e  78%  após  2  anos  →  grande  porcentagem, 
mostrando impacto socioeconômico → o melhor tratamento é a profilaxia. 

○  Estudo  com  pacientes  com  úlcera  venosa  na  quinta  década  de  vida:  35%  aposentados,  16% 
afastados do trabalho, 1,5% auxílio-doença e 4,2% desempregados.  

•  Importante  ônus  ao  serviço  de  saúde  e  previdenciário  (paciente  com  úlcera  em  atividade,  por 
exemplo, não pode ficar muito tempo de pé, afetando o trabalho).  

•  Interferem  na  ​qualidade  de  vida  dos  pacientes​:  altos  custos  com  tratamento,  faltas  ao  trabalho  e 
perda de emprego. 

•  Importante:  tem  que  fazer  a profilaxia → se essa patologia for tratada de forma mais precoce possível, 


não teria esses ônus para a sociedade e para o paciente.  

Fisiopatologia 

• Insuficiência venosa crônica por varizes primárias. 

• Trombose venosa profunda (secundária). 

• Fístulas arterio-venosas. 

○ Estase venosa, trombose venosa profunda, fístula arterio-venosa, lesão valvular → ú


​ lcera​. 

•  Normalmente  ocorre  retorno  do  sangue  venoso  dos MMII para o coração, através de veias profundas, 


superficiais  e  comunicantes  →  se  houver  falha  desse  mecanismo,  ocorre  hipertensão  venosa​,  com 
distensão e alongamento das alças dos capilares​ →​ sobrecarga na parte mais distal do membro​. 

• ​Hipertensão venosa crônica​:  

○  Com  essa  alteração  nos  vasos,  há  adesão  dos  ​leucócitos  ​e  ​migração  para  os  capilares​,  com 
ativação de leucócitos, isquemia e necrose da parede → pode iniciar um quadro venoso crônico. 

•  ​Fisiopatologia  das  úlceras  venosas​:  ​extravasamento de fibrinogênio para os tecidos através de poros 


endoteliais  alargados  e  ​depósito  de  fibrina  nos  capilares  →  formação  de  “coxim”  limitando  a  difusão 
do  oxigênio  e  nutrientes  para  a  pele  →  acúmulo  de  leucócitos  durante  os  períodos  de  imobilidade, 
obstrução d
​ os capilares e i​ squemia ​local → atrofia de pele, gordura, hiperpigmentação… 

Fatores de risco 

• ​Obesidade​ (sobrecarga). 

• ​Trombose ​(alteração secundária). 

• ​Doenças neuromusculares​. 

•​ Válvulas insuficientes​. 

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Diagnóstico 

•  ​Anamnese ​(hereditariedade, sinais e sintomas, história, fatores de risco, se teve algum trauma, qual o 
trabalho, obeso, se usa hormônio, se tem trombofilia, se tem alguém na família que teve trombose...). 

•  ​Exame  físico  ​(inspeção,  localização,  tamanho,  aspecto,  causas  subjacentes  →  micose  interdigital, 
higiene satisfatória dos pés, hidratação…). 

• ​Exames complementares ​(confirma o diagnóstico clínico): 

○ Índice tornozelo braço (ITB) → vê se é úlcera venosa ou arterial. 

○ Doppler. 

○ Flebografia. 

Características gerais 

• Forma (irregular). 

• Bordas (leito granuloso, vermelhidão). 

• Exsudativas. 

• Edema (patologia venosa). 

• Localização (maléolo medial). 

Tratamento 

OBS​: se o paciente tem quadro circulatório de varizes, insuficiência → tratar isso concomitante. 

• ​Repouso​ → melhor retorno venoso, diminui o processo inflamatório a nível de microcirculação.  

• ​Medicações ​(flebotômicos, analgésicos, antibióticos, pomadas cicatrizantes). 

○ Antibiótico para uma possível colonização bacteriana.  

○ Pomadas como sulfadiazina de prata podem ser usadas. 

○ Curativos com impregnação de antinflamatório, de nitrato de prata → orientar higiene. 

•​ Cirurgia (desbridamentos)​ → possibilita colocar pomadas e higiene local. 

•  ​Terapia  compressiva  →  bota  de  Una:  enfaixa  por  cima  da  úlcera  aberta,  diminuindo  o  acúmulo  de 
líquido e tendo impregnação de substâncias que melhoram a cicatrização. 

○ Isso é feito apenas em patologias venosas, nunca em patologias arteriais. 

• ​Profilaxia​. 

Úlceras arteriais 
 

Fisiopatologia 

•  Relacionada  a  ​doença  arterial  periférica  (DAOP)  em  decorrência 


de  processos  degenerativos  com  agressão  aos  grandes  vasos, 
acarretando e
​ stenose o
​ u ​obstrução​. 

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•  Artéria  com  ​aterosclerose  ​→  se  não  chega  sangue,  tem  diminuição  do  aporte  sanguíneo e dificuldade 
de nutrir a pele → isquemia do tecido, que pode ser agravada por trauma. 

○ Pode ter patologia venosa associada. 

•  Nas  úlceras  arteriais  geralmente  tem  placas  de  colesterol,  células  e 


tecidos  degradados  em  artérias  de  membros  inferiores  →  ​estreitamento 
do lúmen​ do vaso → interrupção do fluxo arterial → i​ squemia​. 

•  Diferente  das  venosas,  as  úlceras  arteriais  não  são  muito  exsudativas, 
mas são muito dolorosas. 

Fatores de risco  

• Arteriosclerose. 

• Tabagismo. 

• Sedentarismo. 

• Obesidade. 

• Hipertensão arterial. 

• Dislipidemias. 

• Diabetes Mellitus.  

OBS​: deve-se eliminar sempre os fatores de risco para tratar uma patologia.  

Diagnóstico 

•  ​Anamnese  ​(sinais  e  sintomas,  história,  fatores  de  risco)  →  ideal  para  diferenciar  a  venosa  da  arterial 
(mas pode-se ter as duas concomitantes).  

•  Exame  físico  (inspeção,  palpação,  localização,  aspecto)  →  o  paciente  tem  pulso?  Se  não  tiver,  é  por 
conta de uma aterosclerose? Precisa de doppler para avaliar melhor?  

• ​Exames complementares​ (ITB, doppler, arteriografia). 

•  ​Controle  da  patologia  de  base  ​(controlar  DM,  HAS,  obesidade,  tabagismo  =  controle  dos  fatores  de 
risco). 

Características gerais 

• Forma (arredondada). 

• Bordas (regulares, pele brilhosa, seca e quebradiça, ausência de pêlos). 

• Pouco exsudativa, necrose. 

• Localização: calcâneo, pré tibial, dorso artelhos. 

Doença arterial periférica 

• ​Claudicação intermitente​ → quando não consegue andar mais de uma distância determinada.  

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•  ​Dor  no  repouso  →  DAOP  tão  severa  que  mesmo  parado  sente  dor  (pela  grande  isquemia  e  pela 
diminuição do aporte circulatório).  

• ​Pulso pedioso e tibial posterior diminuídos ou ausentes​. 

•  Palidez  ao  elevar  as  pernas  →  se  tem  déficit  circulatória  a  nível arterial, ao elevar o membro, diminui 
ainda mais o aporte sanguíneo (diferente do venoso).  

•  ​Rubor  posição  pendente  →  pende  a  perna  para  fora da cama, que melhora a chegada de sangue para a 


periferia.  

• ​Frialdade (​ pés). 

• ​Ausência de pelos​. 

•​ Infecções frequentes​ (+ fúngicas) → pele mais ressecada com fissuras, facilitando infecções. 

Prevenção 

•  ​Evitar  traumas  (térmicos,  mecânicos,  químicos)  →  paciente  já  tem  a  sensibilidade  reduzida,  o  que  o 
torna mais propício a traumas térmicos. 

•  ​Evitar  ou  recuperar  atrofia  muscular  →  comum  nos  pacientes  diabéticos  que,  pela  neuropatia a nível 
motor, tendem a fazer atrofia muscular.  

• ​Cuidados das extremidades​: unhas (inflamação, encravada) e mucosas. 

• ​Evitar fatores de risco​. 

ITB (índice tornozelo-braço) 

• Precisa de um doppler portátil e de um aparelho de pressão. 

•  Mede  a  pressão  sistólica  no  braço,  vai  para  tornozelo  com  o  doppler  (antes  de  auscultar)  e  percebe o 
fluxo  do  vaso  →  insufla  e  mede  a  pressão  sistólica  no  membro  inferior  →  divide  o  índice  no  tornozelo 
pelo índice de pressão encontrada no braço.  

○ 0,8 a 0,95 → diminuição do aporte arterial. 

○ 0,5 a 0,8 → claudicação intermitente. 

○ Inferior a 0,5 → isquemia grave. 

Tratamento 

OBS​:  ​não  pode  usar  as  meias  elásticas!  →  já  apresenta  um  déficit 
circulatório obstrutivo, podendo comprometer mais a nutrição. 

• ​Multidisciplinar ​(médico, enfermeiro, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo). 

•  ​Medicação  ​(antiagregante,  vasodilatadores,  hemorreológicos,  pomadas 


cicatrizantes). 

• ​Cirurgia ​(tratamento da patologia de base → DAOP, by-pass, desbridamento). 

○  Pode  fazer  uma  angioplastia  com  colocação  de  stent  para  manter  a 
perviedade da artéria.  
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Linfedema 
 

Definição 

•  Acúmulo  de  líquidos,  eletrólitos  e  proteínas,  levando  ao  aumento de volume e de peso, com alteração 


da funcionalidade e da estética do local afetado. 

• Manifestação interna ou externa da i​ nsuficiência do sistema linfático e do transporte da linfa​. 

○ Mais comum em ​MMII​. 

Linfedema congênito 

• Muitos ocorrem já quando a criança nasce (ao longo dos meses  

a mãe vai observando o edema).  

• Em alguns casos pode-se ter melhora espontânea, a menos  

que seja agenesia total do sistema linfático (acompanha a  

criança durante toda a vida). 

○ Doença de Milroy 

• Congênita. 

• Unhas amareladas e curvadas. 

• Quilotórax (acúmulo de linfa no espaço pleural). 

• Doença muito limitante. Por conta das dobras  

causadas, pode dar infecções de repetição → verrugas. 

○ Síndrome Kippler – Trenaunay  

• Geralmente o paciente nasce com agenesia do sistema  

linfático, pode ter fístula a nível de capilares e vênulas.  

• Manchas vinho do porto. 

•  Malformações  venosas  ou  veias  varicosas 


(desenvolvem muitas varizes). 

• Hipertrofia óssea e/ou tecidual. 

• Tratamento permanente. 

Fisiopatologia 

• ​Falência de baixo débito​ → transporte reduzido da linfa. 

○  ​Primário​:  displasia  (alteração, agenesia de parte ou total do sistema linfático → gera acúmulo 


linfático e edema linfático). 

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○S
​ ecundário​: obstrutivo (trauma, processo inflamatório). 

• ​Falência de alto débito​ → aumento da produção de linfa. 

○S
​ ecundário​: pós TVP, pós infecção → lesão do capilar linfático.  

Linfedema pós-trauma 

•  Provavelmente  por  acidente  automobilístico  ou  PAF  →  perda  muito  grande  da 
parte  músculo  e  do  tecido  subcutâneo  →  lesão  de  vasos  linfáticos  (perna  viável 
mas com uma “obstrução” da passagem da linfa por conta do trauma). 

Linfoangiossarcoma 

• Parte mais grave do linfedema.  

•  É  um  quadro  oncológico,  que  através  de  um  câncer  da  parte  linfática,  gera 
manchas em vinho de porto e edema grave.  

•  Geralmente  esses  pacientes  podem  ter  metástase  óssea  e  muitas  vezes  têm 
indicação de amputação.  

Linfedema pós mastectomia 

• Pode ocorrer por conta do esvaziamento ganglionar. 

Linfedema pós infecções de repetição 

• Pessoa mais obesa que já apresenta infecções secundárias por alguma doença (erisipela, celulite), com 
higiene não muito boa (micose interdigital).  

•  Erisipela  e  celulite  geram  destruição  dos  capilares  e  linfáticos  superficiais  →  destruição  progressiva 
com as infecções de repetição → linfedema.  

• Pode ocorrer nos MMSS. 

Verrucose linfoestática 

•  É  a  evolução  do  edema  linfático  (linfedema  primário  e com infecções de repetição → enrijecimento ao 


longo dos anos → verrugas). 

• Linfedema primário + infecções de repetição → verrucose linfoestática. 

Quadro clínico 

•  ​Edema  subclínico  →  ​linfopatia  compensada  →  ​medição  do  membro  (edema  de membro unilateral ou 


bilateral). 

• ​Não melhora com repouso ou elevação do membro​: classificação clínica Mowlen.  

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• Sinal de Stemmer. 

Classificação clínica de Mowlen 

Grau I  Edema reversível em 24 a 48h com repouso ou elevação do membro, e depressível à 


digitopressão. 

Grau II  Edema irreversível >24 a 48h, não depressível (está ficando crônico). 

Grau III  Edema irreversível com repouso prolongado + fibrose subcutânea. 

→ É a progressão do quadro linfático no paciente. 

Sinais 

• ​Sinal de Stemmer​: não consegue fazer a preensão da base do segundo pododáctilo. 

• ​Sinal de Godet​: cacifo. 

Diagnóstico 

1. Clínico​. 
2. Linfocintilografia​. 
3. Capilaroscopia linfática​. 

Diagnóstico clínico 

• ​Anamnese ​(fator desencadeante, história familiar, trauma, processo infeccioso, fratura). 

• ​Exame físico​: 

○ Inicial: indolor e difícil diferenciação (pode ter edema subclínico). 

○  Tardio:  incompressível,  espessamento  de  pele,  hiperceratose  e  verrucosidades  (pode  ser um 


quadro semelhante à insuficiência venosa). 

Linfocintilografia  

→  Exame  muito  doloroso  e  complicado  de  realizar  (faz  punção  na  base  entre  os  pododáctilos, 
injeta contraste com radiofármaco que passa pelo sistema linfático). 

• ​Qualitativa​: analisa visualmente as imagens. 

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○  5  sinais  (vasos  linfático,  refluxo  dérmico,  circulação 
colateral  linfonodo  poplíteo  presente  e  linfonodo  poplíteo 
ausente). 

•  ​Semiquantitativa​:  associa  dados  da  dinâmica  do  transporte  de 


radiofármaco com o tempo de aparecimento da radioatividade. 

○  Quantificação  de  imagens  em  2,  5,  20,  60  e  180  minutos 
(epifascial  ou  subfascial)  →  avalia  a  progressão  do 
radiofármaco.  

○  Prognóstico  e  tratamento  (Totalmente  obstruído? 


Lentificação? Obstrução parcial?). 

Tratamento 

→ É um tratamento contínuo. 

• ​Multidisciplinar​:  

○ Vascular: linfografia. 

○ Dermatologia. 

○ Plástica (cirurgia que limpa as verrucosidades do paciente 

○ Fisioterapia (drenagem linfática na fase inicial)  

○ Terapia ocupacional. 

○ Psicólogo. 

○  Medicina  nuclear  (cintilografias  frequentes  para  avaliar  a  funcionalidade  do  sistema 


linfático). 

• ​Tratamento clínico​: 

○  ​Terapia  física  complexa​:  inicial  (4  a  6  semanas  →  terapia  mais  incisiva,  tendo 
acompanhamento de todos os especialistas acima) e tardia (6 a 12 meses → manutenção). 

→D
​ renagem linfática manual​. 

→C
​ ompressão pneumática intermitente​. 

○ 80% com diminuição da metade das medidas por 2 anos. 

○ Exclusivo. 

○ Complementar. 

OBS​: o edema diminui bastante com a graduação alta de meia elástica.  

• ​Tratamento medicamentoso​:  

○D
​ iurético ​(fase inicial). 

○  ​Flebotônicos  ​(diosmina,  hesperidina  →  aumenta  a  contração  coletores,  diminuição  da 


permeabilidade capilar e proteólise).  

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Elise Oliveira – 2017.2 
○A
​ ntibióticos ​(infecções secundárias). 

○A
​ ntimicóticos ​(pele com quadro fúngico entre as dobras).  

○B
​ enzopirona ​→ oral ou tópica (é um linfocinético). 

○F
​ ilária ​(albedazol e ivermectina). 

• ​Tratamento cirúrgico​: 

○  Linfedema  no  grande  obeso  (não  aborda  diretamente  o  linfático,  mas  tenta dar qualidade de 
vida ao paciente). 

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Elise Oliveira – 2017.2 

Tromboembolismo venoso 
 

Introdução 

• 50 a 60% dos pacientes com TVP terão TEP.  

•  Em  95%  dos  casos  de  TEP,  os êmbolos venosos originam-se de trombos venosos profundos acima do 


nível dos joelhos. 

• 75 a 90% das mortes por TEP ocorrem nas primeiras 24 horas.  

Trombose venosa profunda (TVP) 


Definição 

• ​Trombose​: processo resultante da iniciação e propagação inadequadas do mecanismo hemostático. 

•  ​Trombofilia​:  alterações  hereditárias  ou  adquiridas  do  sistema  hemostático  que  resultam  em  risco 
aumentando de trombose. 

• ​Trombofilia hereditária​:  

○ Distúrbio genético que predispõe ao desenvolvimento da trombose. 

○ Indivíduo jovens. 

○ História familiar de trombose. 

Fatores de risco 

• ​Adquiridos​: 

○ Idade. 

○ Neoplasias. 

○ História prévia de TEP. 

○ Anticorpos antifosfolipídeos. 

• ​Transitórios​:  

○ Cirurgia recente. 

○ Traumatismo. 

○ Gravidez e puerpério. 

○ Contracepção oral. 

○ Substituição hormonal. 

○ Imobilização prolongada. 

Etiopatogenia 

• ​Tríade de Virchow​: 

16
Elise Oliveira – 2017.2 
○E
​ stase ​(imobilidade, repouso, varizes). 

○L
​ esão endotelial​ (trauma, lesão tecidual, inflamação). 

○H
​ ipercoagulabilidade (​ trombofilias, neoplasias, gravidez, TRH). 

No  tromboembolismo  venoso, quando o trombo ocorre perto 


das v​ álvulas ​→ pode desprender e virar ê
​ mbolo​. 

Trombofilia hereditária 

• ​Hereditários​: 

○ Episódios inexplicados de TVP. 

○ Idade jovem. 

○ História familiar positiva. 

○ Caráter recorrente. 

○ Localização atípica. 

• ​Pode ser por​: 

○ Deficiência da antitrombina. 

○ Deficiência da proteína C 

○ Deficiência da proteína S. 

○ Resistência à proteína C ativada. 

○F
​ ator V de Leiden​ (mais comum). 

○ Mutação do gene da protrombina. 

○ Hiperhomocisteinemia. 

Sinais e sintomas da TVP 

• Dor. 

• Edema. 

• Sensação de peso. 

• Impotência funcional. 

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Elise Oliveira – 2017.2 
• Hipersensibilidade local. 

• Hipertermia local. 

• Circulação colateral venosa superficial. 

• Cianose nos casos mais graves. 

• Sinal de Homans (dorsiflexão dos pés). 

• Sinal de Pratt (veias superficiais dilatadas). 

• Sinal da bandeira (panturrilha empastada, sem mobilidade). 

Diagnóstico da TVP 

• ​Suspeita clínica​ (anamnese e exame físico). 

○  O  ​diagnóstico  clínico  é  problemático  →  muitos  trombos  venosos  não  obstruem  a  veia 


totalmente ou desenvolvem circulação colateral e não provocam os sintomas típicos da doença.  

○  Dos  pacientes  acometidos,  30 a 50% com sinais e sintomas de TVP não apresentam a doença, 


mas sim outras afecções. 

• ​Exame complementar​ (exame laboratoriais e d


​ oppler​).  

•  Justifica-se  sob  suspeita  de  TVP  ​iniciar  empiricamente  o  tratamento  até  a  realização  de 
ultrassonografia com doppler venoso de membro inferior. 

Diagnósticos diferenciais da TVP 

•  Rotura  muscular  com  hematoma  (síndrome  de  pedrada)  →  pode  fazer  hemorragia  espontânea, 
fazendo hematoma local por conta de ruptura de vasos musculares. 

• ​Hemorragia espontânea ou hematoma​. 

•​ Artrite, sinovite, miosite​. 

• ​Erisipela, celulite, linfangite​. 

• ​Rotura de cistos de Baker​ (cisto que tem na região poplítea). 

• ​TVS/IVC​. 

• ​Linfedema​. 

• ​Compressão venosa extrínseca​ (tumor). 

• ​Anasarca/gravidez​ (dificuldade do retorno venoso). 

Síndrome pós trombose (SPT) 

• Os sintomas geralmente aparecem durante os p


​ rimeiros 2 anos após a TVP​. 

•  ​TVP  assintomática  leva  à  síndrome  pós trombótica em até 50% dos casos → varia muito com idade do 


paciente, extensão da trombose primária e trabalho do paciente.  

• Pode causar dor debilitante, edema e ulceração de perna. 

• ​A síndrome pós trombótica também pode representar impacto econômico significativo. 

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Elise Oliveira – 2017.2 
Trombose venosa superficial (tromboflebite) 

• Nem sempre trata com anticoagulação. 

• Mas, se estiver se acendendo, às vezes tem necessidade de ligadura de crossa e anticoagulação. 

• Cordão endurecido, superficial, em trajeto aleatório e pode evoluir para TVP. 

Tromboembolismo pulmonar (TEP) 


 

Definição 

• É a i​ mpactação de um trombo no leito arterial​. 

•  Em  muitos  casos  ocorre  quando  uma  TVP 


passa despercebida. 

Sequência de eventos da TEP 

• ​Respiratório​: 

○  Oclusão  vascular  tromboembólica  determina  a  ventilação  pulmonar  em  área  pouco  ou  nada 
perfundida (​espaço morto intrapulmonar​). 

○  Redução  do  fluxo  sanguíneo  determina  lesão  celular  da  área  afetada  e  liberação  de 
mediadores  químicos  que  levam  à  broncoconstrição  local  (sibilos  e  aumento  do  trabalho  de 
respirar). 

○ 2 a 3 horas depois, ocorre redução do surfactante pulmonar.  

○ 15 a 24 horas após a oclusão vascular, ocorre colapso alveolar (atelectasia).  

○ Consequência → ​hipoxemia arterial​. 

• ​Hemodinâmico​: 

○  TEP  leva  ao  aumento  da  resistência  ao  fluxo  sanguíneo  (obstrução  física  e  vasoconstrição 
reflexa) originando hipertensão pulmonar secundária. 

○  Pode  levar  à  insuficiência  cardíaca  direita,  redução  do  débito  cardíaco  (direito  e  depois 
esquerdo), diminuição da perfusão coronariana e choque cardiogênico. 

○  50%  de  comprometimento  do  leito  vascular  pulmonar  com  elevação significativa da pressão 


da artéria pulmonar. 

○ O infarto pulmonar é uma complicação rara. 

Quadro clínico do TEP 

• Dispneia. 

• Taquipneia (FR>20). 

• Dor torácica pleurítica. 


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Elise Oliveira – 2017.2 
• Taquicardia (FC>100). 

• Ansiedade. 

• Hemoptise. 

• Síncope. 

• Assintomático. 

• Colapso circulatório → morte súbita. 

Diagnóstico diferencial de TEP 

•  ​TEP  moderado​:  pneumonia,  DPOC,  atelectasia,  derrame  pleural,  bronquiectasias,  hiperventilação, 


bronquite aguda, dor muscular, pleurite aguda, pericardite, asma aguda, câncer pulmonar. 

•  ​TEP  grave​:  IAM,  pneumotórax,  arritmias  cardíacas,  edema  agudo  de  pulmão,  choque  séptico, 
tamponamento cardíaco, dissecção de aorta, exacerbação de DPOC.  

Diagnóstico de TEP 

→  Como  os  achados  clínicos  de  TEP  são  inespecíficos,  torna-se  necessária  uma  investigação 
diagnóstica  complementar,  de  maior  ou  menor  complexidade,  segundo  as  disponibilidades  do 
local. 

• Suspeita clínica (cenário clínico e fatores de risco). 

• RX de tórax. 

• Gasometria arterial. 

• D-dímeros. 

• ECG e ecocardiograma. 

• Cintilografia ventilação/perfusão. 

• TC helicoidal. 

• Arteriografia pulmonar. 

• Avaliação de MMII (doppler, flebografia). 

Raio X de tórax 

• Os achados são ​inespecíficos ​e o RX p


​ ode estar normal​ em 16 a 34% dos pacientes com TEP. 

• Pode haver:  

○ Áreas de hipoperfusão. 

○ Elevação da hemicúpula diafragmática. 

○ Atelectasias. 

○ Derrame pleural. 

○  Área  de  configuração  triangular  com  ápice  voltado  para o hilo é sugestiva de infarto (embora 


seja pouco frequente). 

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Elise Oliveira – 2017.2 
 

○  Sinal  de Westermark: atenuação da circulação de localização periférica, que é correspondente 
à área de oligoemia por obstrução). 

Gasometria arterial 

• Hipoxemia. 

• Aumento da diferença alvéolo-arterial de O​2​. 

• Hipocapnia e alcalose respiratória por hiperventilação. 

D-dímero 

• É um produto de degradação da fibrina com ligações cruzadas.  

• ​A ausência de D-dímero é forte evidência contrária a TEP. 

•  Nem  sempre  D-dímero  positivo  tem  TVP, mas é uma característica forte (se houver sinais e sintomas 


característicos). 

• D-dímero está elevado na maioria dos pacientes com neoplasias ou no período pós-operatório. 

• Elisa: sensibilidade 97% e especificidade de 45% para TEP. 

○  Limitações:  o  ELISA  quantitativo  preciso  leva  várias  horas  para  ser  realizado  e  não  é 
amplamente disponível. 

Cintilografia ventilação/perfusão 

• Precisa de contraste e medicina nuclear. 

• Cintilografia de ventilação: identificar alterações na circulação pulmonar.  

• Cintilografia de perfusão pulmonar: identificar áreas de obstrução (comparar com RX).  

• ​Quando normal, exclui TEP​, quando alterada segure a realização de outros exames complementares. 

ECG 

• No ECG, na presença de cor pulmonale:  

○ Desvio do eixo elétrico para a direita. 

○ Distúrbio na condução do ramo direito. 

○ Onda P pulmonale. 

○ Fibrilação atrial grave (grande gerador de êmbolos). 

Ecocardiograma 

• Quantifica a hipertensão pulmonar. 

• Demonstra aumento das câmaras cardíacas direitas. 

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Elise Oliveira – 2017.2 
• Desvio do septo interventricular da direita para esquerda. 

• Insuficiência tricúspide. 

TC helicoidal (angiotomografia) 

• Pode permitir a visualização direta do trombo. 

• Identifica alterações no parênquima pulmonar. 

•  Sensibilidade  e  especificidade  relativamente  altas  (principalmente  se  for  para  artérias  principais, 
lobares e segmentares). 

○ Entretanto, a sensibilidade cai bastante quando ocorre em artérias subsegmentares. 

• A TC helicoidal normal ​não exclui TEP​.  

Arteriografia pulmonar 

•​ Padrão ouro no diagnóstico de TEP​. 

• Método invasivo e pouco utilizado na prática clínica, mas seguro. 

Doppler 

• Útil para o diagnóstico de TVP em grandes veias. 

Flebografia 

•Éoe
​ xame padrão ouro para o diagnóstico de  

TVP​. 

•  É  invasivo,  não  sendo  mais  utilizado  com 


frequência  →  doppler  tem  sensibilidade  e 
especificidade muito maior, e não é invasivo. 

Considerações sobre TEP 

• TEP caracteristicamente é variável, frequentemente atípico e inespecífico. 

• Algumas vezes, não se manifesta clinicamente, sendo achado de necropsia. 

•  Os  achados  clínicos  dependem  do  tamanho  do  êmbolo  e  do  estado  cardiopulmonar  preexistente  do 
paciente. 

•  Nenhum  sintoma  isolado,  sinal  ou  combinação  de  achados  clínicos  são  específicos  de  embolismo 
pulmonar.  

 
 
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Elise Oliveira – 2017.2 

Tratamento 
Objetivos do tratamento  

• Limitar extensão. 

• Evitar recorrência. 

• Preservar função valvular. 

• Restaurar patência. 

• Evitar/reduzir síndrome pós trombótica. 

Métodos de profilaxia 

• Medidas gerais. 

• Métodos mecânicos. 

• Medicamentosa. 

•​ O principal tratamento é a profilaxia​.   

Tratamento 

→ Na falta de exames complementares, a suspeita clínica é fundamental. 

→  A  investigação disponível tem o objetivo principal de excluir outro diagnóstico, não confirmar 
TEP.  

○  ​Caso  não  confirme  outro  diagnóstico,  deve-se  iniciar  tratamento  para  TEP,  mesmo  que  o 
diagnóstico não seja correto​.  

• ​Medidas de suporte geral​:  

○  ​Oxigenioterapia​:  saturação  de  O2  <90%  em  oximetria  de  pulso  ou  PaO2 <70mmHg ou satO2 
< 90% em gasometria arterial. 

○  ​Ventilação  artificial​:  TEP  maciço  ou  pacientes  comprometidos  com  doença 


cardiorrespiratória prévia ou pulmonar  

○A
​ nalgesia ​caso necessário. 

• ​Profilaxia do TEV no paciente cirúrgico​: 

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Elise Oliveira – 2017.2 

  

  

  

• ​Profilaxia de TEV no paciente clínico​: 

 
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Elise Oliveira – 2017.2 
Tratamento da fase aguda 

• ​Tratamento anticoagulante​:  

○ Heparina não fracionada. 

○ Heparina de baixa peso molecular. 

○ Novos anticoagulantes. 

• ​Cuidados posturais​: 

○ Repouso no leito. 

○ Drenagem postural (trendelemburg) → facilita o retorno venoso. 

• ​Anticoagulação​: 

○ Diante de uma suspeita de ​diagnóstico de TEP, deve ser iniciada imediatamente​. 

○A
​ fastar contraindicações para a anticoagulação inicial​: 

→ Hemorragia ativa ou recente. 

→ Antecedente de plaquetopenia por heparina. 

→ Procedimentos invasivos recentes. 

→ Cirurgia cerebral/oftalmológica. 

→ Anestesia lombar. 

→ HAS grave. 

→ Pericardite ou endocardite. 

→ Insuficiência renal grave. 

→ Insuficiência hepática grave. 

→ Cirurgia de grande porte recente. 

○  Não  é  tratamento  definitivo,  mas  sim  uma  forma  ​prevenção  secundária  (formação de novos 
êmbolos). 

○  A  ​heparina  ​liga-se  e  acelera  a  habilidade  da  antitrombina  III  de  inativar  a  trombina,  fator 
IXa, Xa, XIa e XIIa. 

○  Retarda  a  formação  do  trombo  adicional,  permitindo  que  os  mecanismos  endógenos  de 
fibrinólise quebrem o trombo existente. 

○  O  esquema  padrão  de  heparina  seguido  por  6  meses  de  varfarina  oral  resulta  em  redução  de 
80 a 90% no risco de trombose venosa recorrente e morte por TEP. 

○ O ​anticoagulante oral​ mais utilizado é a ​Warfarina​. 

→  Ação  anticoagulante  é  secundária  à  inibição  da  síntese  dos  fatores  de  coagulação 
dependentes da vitamina K (fatores II, VII, IX e X). 

→ Efeitos iniciais dentro de 2 a 7 dias. 

→ Contra indicações: gravidez e sangramento recorrente. 

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Elise Oliveira – 2017.2 
○H
​ eparina não fracionada​ (HNF):  

→ Administração e
​ ndovenosa​, com uma dose de ataque seguida de infusão contínua. 

→  Dois  esquemas  possíveis  de  administração:  dose  baseada  no  peso  do  paciente  e  dose 
empírica. 

→  Qualquer  que  seja  o esquema, será ​baseado no TTPa (tempo de tromboplastina parcial 


ativada)  →  a  heparina  possui  características  farmacocinéticas  que  tornam  seus 
resultados  imprevisíveis  em  diferentes  pacientes  →  a  administração  de  uma  dose  fixa 
não garante anticoagulação. 

→ O esquema com dose baseada no peso mostrou-se mais efetivo e seguro. 

○H
​ eparina de baixo peso molecular​ (HBPM):  

→ Apresenta maior biodisponibilidade. 

→ Características de resposta mais predizíveis. 

→ Riscos iguais ou menores de hemorragias e trombocitopenia. 

→ Tão efetivas quanto a HNF. 

→ Simplificam o tratamento e permitem um tempo de internação hospitalar menor. 

→  Ação  principal  se  dá  através  do  fator  Xa,  com  pouco  ou  nenhum  efeito  sobre  a 
trombina. 

○A
​ nticoagulação prolongada​:  

→W
​ arfarina ​é + utilizada. 

→ Efeitos iniciais de 2 a 7 dias. 

→ Contra indicação: gravidez e sangramento recente. 

• ​Tratamento trombolítico​:  

○  Recente  e  ainda  polêmico  →  reservado  apenas  para  ​pacientes  com  alto  risco  de  morte  (TEP 
maciça), hemodinamicamente instáveis​. 

○  A estreptoquinase, a uroquinase e o rt-PA (ativador tissular do plasminogênio recombinante) 
aumentam os níveis de plasmina → dissolvem o trombo intravascular. 

○ Desvantagem: custo elevado e aumento significativo de complicações hemorrágicas graves. 

○ Contra indicações: HAS não controlada, cirurgia ou trauma nas últimas 6 semanas. 

• ​Outros procedimentos​:  

○ Interrupção veia cava inferior: 

→ Filtros transvenosos para filtrar trombos secundários à TVP. 

→  Realizada  em  ​pacientes com contra indicação absoluta ao uso de anticoagulantes e de 


trombolíticos,​ além de r​ ecorrência de TEP​. 

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Elise Oliveira – 2017.2 
○E
​ mbolectomia cirúrgica​:  

→ Paciente com choque refratário à terapêutica clínica.  

→ Procedimento com alto percentual de mortalidade.  

→ O índice de mortalidade pode chegar até 70% (risco de microembolias). 

• ​Medidas não farmacológicas de profilaxia de TEV​:  

○  ​Compressão  pneumática  intermitente  →  usada  principalmente  em  pacientes  que  vão  ficar 
mais  tempo  acamados  →  faz  movimentos  sequenciais  como  se  estivesse  fazendo  drenagem 
usando essa compressão pneumática intermitente → evita a estase venosa. 

Tratamento da fase tardia 

• ​Anticoagulantes orais​: 

○ Tempo: 6 a 9 meses (chance grande de retrombose nesses pacientes). 

○ Warfarina, Pradaxa, Xarelto. 

• ​Compressão elástica​ (20 a 30 mmHg). 

Conclusão 

•  A  partir  do  score,  definir  a  conduta:  quais exames inicialmente devem ser realizados → D-dímeros ou 


Angio TC​. 

•  Além  desses  exames iniciais, é importante sempre ​estratificar o risco do paciente​: ECO e marcador de 


comprometimento  cardíaco  (será  que  tem  só  quadro  de  MMII?  Tem  arritmias  cardíaca?  Fibrilação 
atrial?) 

•  Diante  do  paciente  com  ​possibilidade  de  TEP​,  ​o  tratamento  deve  ser  instituído  precocemente​, 
evitando recorrência dos fenômenos embólicos. 

• O tipo de tratamento dependerá do risco do paciente. 

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Elise Oliveira – 2017.2 

Pé diabético 
 

Definição 

• Infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos, associados a anormalidades neurológicas e 
a vários graus de doença arterial periférica dos membros inferiores.  

Epidemiologia 

• Risco de amputação em pacientes diabéticos é 15% maior do que em não diabéticos. 

• Amputações geralmente são precedidas por ulcerações e infecções nos pés.  

• Pé diabético é a complicação crônica da DM, passível de prevenção primária.  

• A prevenção de úlceras reduz a taxa de amputação de 49-85%.  

• 10 a 58% desenvolvem nova úlcera em até 1 ano após a cicatrização da anterior.  

• Diabéticos com história de úlcera prévia possuem todos os fatores de risco para uma nova ulceração.  

•  Menos  de  14%  dos  diabéticos  internados  por  lesões  nos  pés,  recebem  cuidados adequados para esses 
problemas.  

Fisiopatologia 

• ​Vasculopatia + neuropatia → ​alterações metabólicas + imunodeficiência → lesões tróficas – ulceração 
– infecção​ → ​amputação →
​ ​óbito​. 

Fatores de risco 

→ Deve-se eliminar ou estabilizar esses fatores de risco.  

• ​Neuropatia (​ muito comum → alterações de sensibilidade ou motoras). 

• ​Vasculopatia ​(enrijecimento das artérias dificultando o fluxo distal).  

• ​Infecção​.  

• ​Calçados inadequados​.  

• ​Retinopatia​. 

• ​Dislipidemias​. 

• ​HAS ​(enrijecimento das artérias).  

• ​Controle precário de DM​.  

Diagnóstico 

• ​Anamnese ​(é DM1, DM2? Histórico familiar, obeso, sedentário, níveis de colesterol?). 

• ​Exame físico​. 

• ​Exames complementares​.  

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Elise Oliveira – 2017.2 
Neuropatia 

• ​Sensitiva (​ lesões indolores): redução ou ausência da sensibilidade. 

○ Queimaduras (frio ou calor) → paciente não sente direito. 

○ Lesões por corpo estranho no calçado. 

○ Calçados apertados. 

○  Corte  e  cuidado  inadequado  das  unhas  (cuidado  com  frieiras,  unhas  encravadas  ou  qualquer 
lesão a nível de pé). 

•  ​Motora  ​(alterações  estruturais):  atrofia  da  musculatura  principalmente dos pés, fazendo artropatia e 


desabamento da estrutura do pé.  

○  ​Pododáctilo  em  garra  (hiperextensão  da  articulação 


metatarsofalangeana com flexão das interfalangeanas). 

→ Pode abrir ferimentos com mais facilidade. 

○  ​Pododáctilo  em  martelo  (hiperextensão  da  articulação 


metatarsofalangeana com extensão da interfalangeanas). 

○​ Proeminência dos metatarsos​: base do hálux muito alterada. 

○A
​ rtropatia de Charcot (​ perda da concavidade plantar com deformidade grosseira do pé). 

→  Há  uma  atrofia  da  musculatura,  e há uma tração dos ligamentos que são ali fixados no 


pé → ocorre o desabamento do pé, acabando com o arcabouço, com o arco plantar.  

•  ​Autonômica  ​(pele  seca):  simpático  e  parassimpático,  com  ressecamento  e  fissuras  do  pé  →  não  há 
umidificação normal da pele. 

○R
​ essecamento dos pés​ → dão fissuras que se tornam portas de entrada.  

○H
​ iperceratose​. 

○F
​ issuras e rachaduras​. 

○O
​ nicogrifose ​(aumento da unha por micose). 

Pontos de pressão 

•  Pontos  com  maior  risco  de  calosidades  e  de  abrir  lesões  que  são  de  difícil 
cicatrização (úlceras de pressão). 

→  É  necessário  eliminar  a  pressão  nesses  locais,  pois  com  a  alteração 


neurológica,  ocorre  atrofia  da  musculatura  e  todos  os  riscos  de  abrir 
essas úlceras de pressão. 

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Elise Oliveira – 2017.2 
Distribuição das lesões 

• Principalmente na ​base dos pés​ por conta da maior pressão. 

Avaliação neurológica 

•  O  objetivo  principal  é  identificar  a  perda de sensibilidade protetora (PSP): sensibilidade em relação a 


sensações, calor, toque, vibração.  

• ​Testes neurológicos quantitativos​:  

○D
​ olorosa​: com pino, agulha ou palito.  

○T
​ átil​: com chumaço. 

○T
​ érmica​: com cabo diapasão 128 Hz (frio). 

○V
​ ibratória​: com diapasão 128 Hz. 

○M
​ otora​: com martelo (avaliar reflexos). 

○L
​ imiar percepção cutânea​: monofilameto 10 g (filamento de arame bem fino, por exemplo). 

• ​Detecção PSP​ (perda de sensibilidade protetora): 

○  ​Realização  de  ao  menos  3  destes  testes  acima  (sendo  que  o  monofilamento  de  10  g  é 
realizado sempre). 

○P
​ erda de sensação de pressão​ → aumento preditivo para ulceração futura. 

○Á
​ rea insensível​ → perda PSP. 

○P
​ esquisar 4 regiões do pé​: 

Vasculopatia 

→ Sinais e sintomas de d
​ oença arterial oclusiva periférica​. 

•  ​Dor  ​(c
​ laudicação  intermitente  ou  dor  de  repouso​)  →  dificuldade  de  deambular  a  determinada 
distância = claudicação intermitente. 

→ Quanto mais curta é essa distância, pior é o prognóstico, podendo ter até dor de repouso. 

• ​Palidez​.  

• ​Cianose​.  

• ​Alterações tróficas nos dedos​. 

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Elise Oliveira – 2017.2 
•​ Ausência ou diminuição de pulsos arteriais​. 

•  Edema  em  declive  →  paciente  tem  mais  conforto de manter pé para baixo quando tem doença arterial 


periférica. 

•​ ITB (índice tornozelo-braço)​: avaliar se há déficit arterial. 

○ Normal: > 0,9. 

○ DAOP leve: 0,9 a 0,71. 

○ DAOP moderada: 0,7 a 0,41. 

○ DAOP grave: <0,4. 

Infecção 

•  Paciente  com  alterações  principalmente  em  ​locais  de  maior  pressão  →  pode  fazer  unha  encravada, 
micose interdigital.  

•  A  infecção  gera  ​descompensação  das  pequenas  artérias​,  com  ​isquemia​,  evoluindo  com  muito  tecido 
desvitalizado. 

• A falta de sensibilidade pode agravar e fazer infecções mais severas.  

Avaliação 

  Isquêmico  Neuropático 

Coloração  • Pálido ou cianótico.  • Normal ou avermelhado no 


• Rubor quando pendente em  caso de vasodilatação por auto 
caso grave de  simpatectomia. 
comprometimento. 

Pele  • Ausência de pelos.  • Seca, com fissuras e/ou 


calosidades plantares. 

Unhas  • Atróficas, grossas, com sulcos  • Atróficas, grossas, com sulcos 


(observar presença de infecção  (observar presença de infecção 
fúngica).  fúngica). 

Deformidade  • Ausente.  • Podem estar presentes (pés, 


cavus, cabeças dos metatarsos 
proeminentes, hálux varus ou 
valgus) → alterações etruturais. 

Temperatura  • Diminuída (menor aporte  • Normal ou aumentada. 


sanguíneo). 

Pulsos  • Diminuídos ou ausentes.  • Presentes. 

Sensibilidade  • Presente.  • Diminuída ou ausente. 

Queixas  • Dor tipo claudicação evoluindo  • Parestesias, anestesias, dor 


para dor em repouso que piora  tipo queimação ou lancinante. 
com a elevação do membro 
inferior. 

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Elise Oliveira – 2017.2 

Úlceras  • Em geral nas regiões  • Em geral plantar (mal 


marginais e dedos.  perfurante). 

Classificação de risco 

Tratamento 

•  É  ​multidisciplinar  ​→  deve-se  avaliar  todos  os  fatores  de  risco  gerais  na  anamnese,  com  um  bom 
exame físico e, se necessário, um exame complementar. 

○ Endocrinologia, neurologia, ortopedia, infectologia, oftalmologia, nefrologia. 

○  Eletroneuromiografia  (se  é  sensitivo  ou  motor),  doppler  arterial,  angio  TC,  arteriografia, 
correções ortopédicas. 

Tratamento do mal perfurante plantar 

• ​Ressecções ósseas​ (a calosidade não vai fechar se não tirar a pressão do local).  

• C
​ orreção ortopédica de deformidade plantar​ (mal perfurante plantar). 

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Elise Oliveira – 2017.2 
 

OBS​:  osteoartrose  de  Charcot  →  intervenções  podem  melhorar  a  qualidade  de  vida,  diminuindo  a 
pressão dos locais alterados.  

Tratamento do pé neuropático 

• Cirúrgico → plástia V-Y.  

Tratamento do pé infeccioso 

• Desbridamento. 

Revascularização 

• ​Angioplastia c
​ om balão/stent. 

• ​By-pass​ com safena ou enxerto sintético. 

Wagner: classificação das úlceras no pé diabético 

• ​Grau 0​: risco elevado, ausência da úlcera. 

• ​Grau 1​: úlcera superficial, não infectada em termos clínicos. 

• ​Grau 2​: úlcera profunda mais celulite, ausência de abscesso ou osteomielite. 

• ​Grau 3​: úlcera profunda com osteomielite ou formação de abscesso. 

•​ Grau 4​: gangrena localizada. 

• ​Grau 5​: gangrena em todo o pé. 

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Trauma vascular 
 

C
​ onceito: ​perda da solução de continuidade do tecido vascular de algum segmento corpóreo. 

Introdução 

• Acidentes de trânsito e violência urbana. 

• Geralmente paciente que chega com trauma, com lesões em vários órgãos além do vascular.  

• Rapidez no atendimento. 

•  Experiência  do  examinador:  discernimento  de  coibir  que  o  trauma  gere  um  ônus  grande  para  o 
paciente. 

• Condições de atendimento adversas. 

•  Continuidade  do  tratamento:  paciente  pode  descompensar,  então  precisa  estar  sempre  dando 
continuidade e reavaliando. 

• Reavaliação após estabilização clínica e hemodinâmica. 

• Avaliação pós-operatória de rotina. 

Etiopatogenia do trauma vascular 

• 60 a 90% ocorrem nas e


​ xtremidades​. 

• Sexo ​masculino é
​ o mais atingido. 

• Artérias mais acometidas: f​ emoral superficial e poplítea​. 

•  90%  dos  traumatismo  vasculares  são  causados  por  ferimentos  penetrantes  →  muitas  vezes  a  única 
conduta possível é amputar o membro 

• Ferimentos por arma de fogo são a causa mais comuns da lesão vascular. 

• Arma de baixo impacto (às vezes retifica, pegando parte de um vaso, parte de um membro). 

• Arma de alto impacto (muitas vezes é necessário retirar o membro). 

•  O  mais  importante  é  o  ​tempo   (um  membro  que  ficou  muito  tempo  sem  aporte  sanguíneo  pode  não 
adiantar tentar revitalizar, além da possibilidade de infecção). 

Tipos de ferimentos 

• Contusos. 

• Incisos ou cortantes. 

• Perfurantes. 

• Perfuro-contuso. 

• Corto-contuso. 

• Compressão extrínseca. 

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Lesão de acordo com o agente 

• ​Contuso​: espasmos, edema de parede, lesão da íntima, secção da artéria. 

• ​Cortante​: secção parcial ou total da artéria. 

• ​Perfurante​: secção total da artéria, fístula artério-venosa, falso aneurisma. 

○F
​ AV​: feixe vásculo-nervoso. 

○  ​Falso  aneurisma​:  hematoma  se  torna  capsulado  depois  de  um  tempo  →  faz  uma  cápsula, 
tendo uma pulsação, formando um falso aneurisma.  

Lesões arteriais 

• ​Hemorrágicas​: 

○ Secção parcial. 

○ FAV agudas e crônicas. 

○ Falso aneurisma. 

• ​Isquêmicas​: 

○ Secção total com retração de cotos. 

○ Secção parcial com trombose. 

○ Ruptura intimal por contusão. 

○ Embolia. 

○ Vaso espasmo. 

• ​Tratamento das lesões arteriais​: 

Lesões venosas 

• ​Hemorrágicas​: 

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○ Secção total. 

○ Secção parcial. 

• ​Obstrutivas​: 

○ Trombose aguda. 

○ Trombose tardia. 

○ Compressão extrínseca. 

○ FAV. 

• ​Tratamento das lesões venosas​: 

  

Lesões mistas 

• Muito comum. 

• ​Síndromes compartimentais​ → se não fizer fasciotomia corre risco de fazer isquemia por compressão. 

○ Hemorragia. 

○ Edema. 

→ Compressão e isquemia. 

Quadro clínico  

• ​Isquemia e
​ ​hemorragia​. 

• ​Sinais de isquemia​: dor, palidez, frialdade, paresia, anestesia, paralisia, ausência de pulsos distais. 

OBS​:  viabilidade  do  membro  (6  horas),  acima  disso  pode  ter  sofrimento  do membro e acima de 
12 horas a chance de perder o membro é muito grande. 

•  ​Sinais  de  hemorragia​:  sangramento  rutilante,  pulsátil  pela  ferida,  hematoma  grande  e firme, trajeto 
cruzando grandes vasos, hipotensão (choque), frêmito e sopro (FAV). 
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• ​Sinais leves​: 

○ Sítio → trajeto da lesão. 

○ História de sangramento. 

○ Diminuição do pulso. 

○ Tumoração local. 

○ Déficit neurológico pequeno. 

•​ Sinais fortes do trauma vascular​: 

○ Choque hipovolêmico. 

○ Sangramento externo. 

○ Ausência de pulsos. 

○ Dor. 

○ Tumoração pulsátil. 

○ Sopro ou frêmito. 

○ Déficit neurológico regional. 

○ Palidez cutânea – mucosa. 

○ Aumento do volume (membros). 

OBS​:  Jamais puxe a faca! Qualquer coisa que cruze o trajeto de grandes vasos, nunca puxe (muitas vezes 
a própria estrutura que causou o trauma está contendo o sangramento). 

Traumatismo de abdome  

•  10  a  20%  dos  traumatismos  perfurantes  e  2  a  5%  dos  fechados  resultam  em  lesão  dos grandes vasos 
abdominais.  

•  No  trauma  fechado, os vasos mais comumente lesados são ​renais​, ​cava retro hepáticas e ​vasos ilíacos 


(associação com fraturas pélvicas). 

• Lesões complexas do rim = ​nefrectomia​. 

Classificação dos hematomas retroperitoneais 

• ​I:​ central, hipogástrico. 

• ​II​: mais dos flancos → renais, intestinais. 

• ​III​: lesões mais a nível de pelve. 

Traumatismo cervical 

• Zonas → quais as possíveis lesões vasculares. 

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• ​Zonas de Monson​: 

○  Zona  I​:  base  do  pescoço  →  arco  aórtico,  origem  dos  grandes  vasos,  veias  inominadas, 
traqueias, esôfago e pulmões. 

○Z
​ ona II​: clavícula → ângulo da mandíbula. Carótida, jugular, traqueia e esôfago. 

○  Zona  III​:  ângulo  da mandíbula → base do crânio. Só estruturas vasculares (necessário luxação 


da mandíbula). 

Traumatismo vascular nos membros 

• “A noção de que todo o membro deve ser salvo a qualquer custo deve ser questionada”. 

• Tempo. 

• ​Indicações para amputação​:  

→  Até  6  horas  tem  viabilidade, de 6 a 12 horas não se sabe ao certo, acima de 12 horas já há baixa 


viabilidade de salvar o membro. 

○ Isquemia irreversível. 

○ Trombose de reparo vascular. 

○ Sepse. 

○  Complemento  de  amputação  traumática  →  para  evitar  o  quadro  infeccioso  e  tentar  a 


possibilidade de esse paciente ter um prótese. 

○ Excisão de membro gravemente esmagado. 

Acessos 

• 1: tronco tíbio fibular e poplítea. 

• 2: femoral profunda. 

• 3: femoral superficial e poplítea proximal. 

Exames complementares 

→ Depende de cada paciente. 

• ​Angiografia​: casos suspeitos ou duvidosos. 

• ​Angiografia por subtração digital​. 

• ​Duplex scan​. 

• ​TC​. 

• ​Angioressonância​. 

Tratamento 

• Medidas gerais → suporte para estabilizar o paciente traumatizado para poder tratar. 

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• Tamponamento temporário. 

• ​Reconstrução vascular com auto enxertos ou próteses​. 

•  ​Fasciotomia  →  ex:  lesão  venosa  fez  sangramento  enorme  →  pode  fazer  edema  tão  grande  que  é 
necessário  uma  fasciotomia  (medial,  lateral)  para  descomprimir  aquele  compartimento  e  não  fazer 
isquemia secundária por compressão. 

• ​Ligadura​. 

  

  

  

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