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Durante o desenvolvimento fetal, por volta da 20ª-22ª semana de idade gestacional (IG) inicia-
se a diferenciação entre as células pulmonares (pneumócitos) do tipo I e II. Os pneumócitos
do tipo II são responsáveis pela produção do surfactante pulmonar
(dipalmitoilfosfatidilcolina), é uma mistura lipoproteica com propriedades tensoativas que
resultam na redução da tensão superficial na interface entre o líquido presente na cavidade
alveolar e o ar, evitando o colabamento das zonas terminais respiratórias. Na 20ª semana de
IG inicia-se a produção do surfactante pelos pneumócitos do tipo II, porém esse surfactante é
produzido em pequeno volume e em baixa qualidade para garantir uma menor resistência
pulmonar em caso de um nascimento prematuro extremo. Estudos demonstram que em torno
da 35ª semana de idade gestacional ocorre o pico da produção e qualidade do surfactante
pulmonar resultando em um melhor prognóstico quanto a efetividade respiratória para a vida
extra uterina. A produção do surfactante depende tanto da maturidade relativa dos pulmões
quanto da adequada perfusão fetal, por isso fatores maternos que comprometem o fluxo
sanguíneo podem levar a produção inadequada de surfactante. A Síndrome da Membrana
Hialina (SMH) é a doença que acomete os recém-nascidos em resultado a uma produção
inadequada de surfactante. A prematuridade é o principal fator, porém fatores maternos como
diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e alterações na placenta, também podem levar à síndrome
por consequência do comprometimento na qualidade ou fluxo sanguíneo fetal. A diminuição
do surfactante pulmonar aumenta a força da tensão superficial alveolar. Isto faz com que os
alvéolos se tornem instáveis e colapsem, acarretando atelectasias e aumento do trabalho
respiratório. Ao mesmo tempo, o aumento da tensão superficial atrai líquido dos capilares
pulmonares para o interior dos alvéolos. Esses fatores comprometem o intercâmbio alvéolo-
capilar resultando em hipoxemia e acidose. A acidose e hipoxemia aumentam a resistência
vascular pulmonar que pode comprometer ainda mais a produção de surfactante. Muitos
neonatos ainda morrem ou apresentam efeitos crônicos da SMH.
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Aumentar a complacência pulmonar e consequentemente diminuir o esforço respiratório.
Evitar atelectasia (colapso do parênquima pulmonar) no fim da expiração.
Facilitar o recrutamento do parênquima colapsado.
Deixando os alvéolos secos
A tensão superficial também gera uma pressão negativa que pode sugar mais líquido dos
capilares para a cavidade alveolar. Reduzindo a tensão superficial o surfactante pulmonar
limita o potencial desta difusão.
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~40% dipalmitoil fosfatidilcolina (DPPC) (
∼40% outros fosfolipídios (PC);
~5% proteínas (SP-A, B, C e D);
Colesterol (lipídeos neutros);
Traços de outras substâncias.
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O surfactante pulmonar consegue reduzir bastante a tensão superficial entre a água e o ar.
Porém seu efeito depende de sua concentração na interface. A concentração de saturação
na interface depende somente da temperatura e da composição da mistura. Como durante
a ventilação a superfície do pulmão sofre variações, a concentração se surfactante na
interface não costuma ficar no nível de saturação. Na inspiração a superfície aumenta e
abre espaço para novas moléculas de surfactante serem recrutadas para a interface. Na
expiração a superfície diminui e a camada de surfactante é expremida. Quando a interface
é expremida, as moléculas surfactantes ficam mais próximas umas das outras diminuindo
ainda mais a tensão superficial. As moléculas SP
contribuem para aumentar a cinética de adsorção se surfactante na interface, quando a
concentração de surfactante nela é inferior à concentração de saturação. Elas também
fazem ligações fracas com as moléculas de surfactante na interface e prendem o surfactante
por mais tempo na interface quando ela é comprimida. Por isso, durante a ventilação a
tensão superficial é inferior à tensão em equilíbrio. A tensão também aumenta e diminui
junto o volume de ar nos pulmões, o que os protege de atelectasia a baixos volumes e de
danos no tecido a altos níveis de volume.