Você está na página 1de 69

REINO UNIDO

Frutas
2021
Sergio Segovia
PRESIDENTE - APEX-BRASIL

Augusto Pestana
DIRETOR DE NEGÓCIOS - APEX-BRASIL

Igor Isquierdo Celeste


GERENTE DE INTELIGÊNCIA DE MERCADO - APEX-BRASIL

João Ulisses Rabelo Pimenta


COORDENADOR DE ANÁLISE DE MERCADO

Guilherme Augusto Lontra Nacif


ORGANIZAÇÃO/REVISÃO - APEX-BRASIL

Luiza Olmedo Bulhões


ORGANIZAÇÃO/REVISÃO - APEX-BRASIL

Euromonitor International
ELABORAÇÃO

© 2021 Apex-Brasil
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Todos os direitos reservados.
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

A Gerência de Estratégia de Mercado da Apex-Brasil, responsável pelo


desenvolvimento deste estudo, quer saber sua opinião sobre ele. Se você tem comentários ou
sugestões a fazer, por favor, envie e-mail para apexbrasil@apexbrasil.com.br

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 2


ÍNDICE

1. SUMÁRIO EXECUTIVO ........................................... 4


2. AMBIENTE DE MERCADO ......................................... 6
2.1. INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS ......................................... 6
2.2. DADOS ECONÔMICOS ................................................. 7
2.3. AMBIENTE DO MERCADO DE FRUTAS .................................... 8

3. COMÉRCIO INTERNACIONAL ..................................... 11


3.1. IMPORTAÇÕES ..................................................... 11
3.2. PRODUÇÃO LOCAL .................................................. 13
3.3. EXPORTAÇÕES ..................................................... 17
3.4. ACORDOS COMERCIAIS .............................................. 19

4. ANÁLISE DE MERCADO ......................................... 22


4.1. TAMANHO DE MERCADO – DESEMPENHO HISTÓRICO E FUTURO .............. 22
4.2. CATEGORIAS ...................................................... 27
4.3. CONCORRENTES .................................................... 35
4.4. DISTRIBUIÇÃO E PREÇOS ........................................... 39
4.5. OPORTUNIDADES DE MERCADO ........................................ 46

5. LEIS E REGULAMENTAÇÕES ..................................... 53


5.1. AUTORIDADES RELEVANTES .......................................... 53
5.2. REQUISITOS DE QUALIDADE, LEGAIS E TÉCNICOS ...................... 55

6. ANEXOS ..................................................... 60
6.1. DEFINIÇÕES, SIGLAS, METODOLOGIA E FONTES CONSULTADAS ............ 60

7. SOBRE A APEX-BRASIL ........................................ 67


8. SOBRE A EUROMONITOR ........................................ 68

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 3


1. SUMÁRIO EXECUTIVO
Ótimas oportunidades para mangas, mamões e limões
Como resultado da transição gradual do consumo de frutas tradicionais, como maçãs e bananas,
para maior demanda de cerejas, cranberries (oxicocos), blueberries (mirtilos), kiwis, bem como
pêssegos e nectarinas, o mercado deve registrar um crescimento maior em termos de valor do
que de volume. A procura por frutas exóticas e superalimentos, especificamente berries, kiwis,
mangas, mamões, pêssegos e nectarinas, deverá impulsionar o crescimento no mercado do
Reino Unido e poderá abrir as portas para os exportadores brasileiros das categorias sob o
escopo deste relatório1. Enquanto isso, as oportunidades para os fornecedores brasileiros de
maçã e uva são mais limitadas em razão da forte produção local e do crescimento mais
moderado no consumo e no preço.
Avanços pós-Brexit e pós-Covid-19 devem trazer oportunidades adicionais
Tendo em vista os embates comerciais entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido, o Brexit2
pode resultar em perturbações significativas na oferta de frutas e na produção local, como na
possível carência de mão de obra nas fazendas nacionais. Entretanto, espera-se que ao mesmo
tempo o movimento proporcione oportunidades de exportação para países de fora da UE que
atualmente negociam acordos bilaterais com o Reino Unido, como os integrantes do Mercosul, a
África do Sul e o Chile ‒ estes, alguns dos maiores mercados exportadores de frutas para o
Reino Unido. Isso se prova verdadeiro em relação a frutas exóticas que não são cultivadas no
mercado doméstico.
O foco da produção local é voltado a frutas delicadas e maçãs
Em razão do clima e da forte dependência de importações do Reino Unido, a maioria das
empresas locais limita-se a produzir frutas delicadas (sem caroço), maçãs e peras. Os
fornecedores domésticos contribuem com aproximadamente um terço da oferta total de frutas
no Reino Unido. Haygrove, AC Goatham & Son, Place UK, Clock House Farm e The New Forest
Fruit Company são os cinco principais players da região, os quais comercializam toda ou a maior
parte da sua produção no mercado local e cooperam ativamente com os maiores varejistas e
lojas de desconto nacionais, como Sainsbury’s, Marks & Spencer, Asda, Lidl, Tesco e Waitrose.
Principais varejistas desempenham um papel cada vez mais importante
na cadeia de suprimento
A última década testemunhou a consolidação do antes fragmentado mercado importador de
frutas no Reino Unido, pois houve um forte envolvimento de supermercados e grandes cadeias
varejistas no suprimento e na distribuição de frutas diretamente de exportadores e mediante
contratos de fornecimento de longo prazo. Como os principais canais de distribuição de
alimentos frescos, os supermercados e os hipermercados contabilizaram 63% de todas as vendas
no varejo de frutas frescas em 2019. No entanto, a competitividade de preço e a variedade de
produtos das lojas de desconto têm se mostrado uma ameaça para esses canais. Além disso, o e-
commerce deve assumir um papel bastante relevante na distribuição de frutas. As vendas online

1 O escopo do relatório inclui: mangas, limões, mamões, maçãs e uvas.

2 O termo Brexit refere-se à saída do Reino Unido da União Europeia, processo que teve início após plebiscito realizado

em 2016.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 4


de alimentos frescos (incluindo frutas) dispararam de 4,7% em 2015 para 7,3% em 2019. O
crescimento do e-commerce deve acelerar em razão da transição permanente de compras em
lojas físicas para compras virtuais feita por alguns consumidores por conta da Covid-19.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 5


2. AMBIENTE DE MERCADO3
2.1. INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS
Resumo demográfico

Reino Unido 2016 2019 2023*

População total (milhões) 65,4 66,6 67,8

Idade mediana da população (anos) 40 40,2 40,9

Taxa de fertilidade (filhos por mulher) 1,8 1,8 1,8

Número de domicílios (milhões) 27,5 28 28,5

Tamanho médio das famílias (pessoas) 2,4 2,4 2,4

Domicílios de classe média (%) 34,2 34,1 34

População urbana (%) 82,9 83,7 84,6

Fonte: Euromonitor International

Observação: *Previsões consideradas para o período de 2020 até 2023.

• O Reino Unido é um país insular, formado pelo conjunto de Inglaterra, Escócia, País de Gales
e Irlanda do Norte. Trata-se do terceiro país mais populoso da Europa Ocidental, com 66,6
milhões de habitantes, atrás da Alemanha e da França.
• A idade mediana da população foi de 40,2 anos em 2019 e observa-se tendência de
envelhecimento, sendo a projeção de 40,9 anos em 2023. Para efeitos de comparação, os
países vizinhos Alemanha e França apresentaram medianas mais altas em 2019, com 46 e 42
anos, respectivamente. A faixa da população do Reino Unido com mais de 65 anos deve
aumentar de 18,4% em 2019 para 19,3% em 2023.
• A despeito das alterações demográficas e do envelhecimento da população, o tamanho
médio das famílias e a taxa de fertilidade devem permanecer estagnados até 2023 em 2,4
pessoas e 1,8 filho, respectivamente. Os domicílios de classe média apresentam leve
tendência de redução relativa, de 34,2% em 2016 para 34% em 2023.
• A saída do Reino Unido da União Europeia (UE), conhecida como Brexit, deve impactar
negativamente a entrada de imigrantes no país. Em 2016, a migração líquida foi de 286,4 mil
pessoas, diminuindo para 270,4 mil em 2019 e projetada para 199,9 mil em 2023.
• O Reino Unido é um país altamente urbanizado. Em 2019, 83,7% da população vivia nas
cidades, taxa que deve avançar para 84,6% em 2023. A capital Londres permanece como a
cidade mais populosa do país, concentrando 13,3% dos habitantes ou 8,9 milhões de pessoas,
seguida por Birmingham, com 1,7% ou 1,1 milhão. As demais cidades maiores possuem
menos de um milhão de habitantes.

3 As
informações detalhadas nesse relatório foram atualizadas até a data de setembro de 2020. Os dados econômicos
foram impactados pela pandemia da Covid-19 e refletem este evento.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 6


2.2. DADOS ECONÔMICOS
Resumo econômico e de negócios

Reino Unido 2016 2019 2023*

Crescimento do PIB (%) 1,9 1,4 2,6

Renda familiar média disponível anual (US$) 53.316 54.122,6 53.163,2

Inflação (%) 0,6 1,8 1,9

Facilidade de Fazer Negócios (posição no ranking) 6 9 N/A

Índice de Competitividade Global (0 a 100) 81,9 81,2 N/A

Índice de Confiança Empresarial (0 a 100) 99,3 97,4 N/A

Entrada de Investimento Estrangeiro (milhões de US$) 262.009,5 59.137,1 N/A

Fonte: Euromonitor International

Observação: *Previsões consideradas para o período de 2020 até 2023.

• A economia do Reino Unido sofreu um forte impacto da pandemia de Covid-19 e deverá ter
contração estimada de 11% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. As limitações
geradas pelo vírus, especialmente as medidas de fechamento e isolamento, restringiram a
atividade econômica doméstica, enquanto o contexto internacional trouxe queda na
demanda externa. Uma retomada é estimada para 2021, com 5,5% de crescimento do PIB,
sobre uma base econômica menor.
• A taxa de desemprego saltou de 3,8% em 2019 para 7% em 2020. O índice permanece
especialmente alto entre os jovens de 15 a 24 anos, grupo no qual o desemprego deverá
chegar a 19,8% em 2020.
• A entrada de investimento estrangeiro no país está em queda desde 2017, reflexo do
plebiscito sobre a saída do país da União Europeia, que ocorreu em junho de 2016. Após
longas negociações, o Reino Unido deixou o bloco em janeiro de 2020 e entrou em um
período de transição que deve durar até 31 de dezembro de 2020, seguindo as regras do
bloco.
• Embora o Reino Unido ainda esteja bem colocado em índices de competitividade e confiança
empresarial, o Brexit também gera incerteza no ambiente de negócios, o que vem
represando os investimentos privados. A insegurança está principalmente relacionada aos
impactos de um Brexit sem acordo ou à desorganização produtiva que o processo pode gerar.
Além disso, uma moeda (Libra - £) possivelmente desvalorizada após o Brexit resultaria em
importações mais caras e aceleração da inflação, refletindo no patamar de consumo do país.
• Em 2019, os principais mercados para exportadores do país em geral foram a União Europeia
(46%) e os Estados Unidos da América (15,5%). O Brexit exigirá uma reorientação das
exportações para países de fora do bloco que tenham dinamismo econômico. A natureza da
relação comercial com tais parceiros, contudo, ainda é incerta.
• A economia do Reino Unido também enfrenta outros desafios, como um crescimento lento
da produtividade, uma dívida pública de 85,4% do PIB em 2020 e uma população cujo
envelhecimento cria maior pressão nas finanças governamentais.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 7


2.3. AMBIENTE DO MERCADO DE FRUTAS
O mercado de frutas frescas deve registrar um crescimento maior em termos de valor
do que de volume
No Reino Unido, o consumo de produtos agrícolas, incluindo frutas frescas, é dividido quase
igualmente entre o setor B2B e as compras feitas por domicílios. Aproximadamente metade das
frutas do país é processada posteriormente ou comprada pelo setor de foodservice4, hotelaria,
empresas de ração animal e outras, enquanto a metade restante é consumida diretamente pelas
famílias britânicas. Em relação às frutas que são distribuídas aos consumidores no varejo, em
termos de volume, apenas 4% são vendidas como congelados ou produtos de prateleira,
enquanto as 96% restantes são vendidas frescas. Cerca de 53% das frutas frescas no canal
varejista são oferecidas sem embalagem. Em 2019, supermercados e hipermercados
contabilizaram 63% de todas as vendas de varejo de frutas frescas.
O mercado varejista de frutas frescas no Reino Unido teve um desenvolvimento positivo entre
2014 e 2019, registrando uma taxa de crescimento médio anual de 1% em volume e substanciais
5% em termos de valor. Bananas, maçãs, laranjas, tangerinas e mandarinas dominaram o
consumo em geral e, juntas, contabilizaram 59% do mercado de frutas frescas, em volume. No
entanto, em termos de valor nas vendas no varejo, embora as categorias de maçãs e laranjas
permaneçam como as mais relevantes, a categoria de bananas foi superada pelas de uvas e de
morangos.
Apesar da estabilidade prevista nas vendas de frutas frescas no varejo em termos de volume,
com uma taxa de crescimento médio anual moderada de 1%, a tendência de um forte
crescimento, de mais de 3%, em termos de valor deve continuar para os próximos cinco anos em
razão dos preços das frutas frescas, os quais devem aumentar a uma taxa de crescimento médio
anual de 2% durante o período de 2019 a 2023. Os preços mais elevados refletem a transição
gradual do consumo de frutas tradicionais, como maçãs e bananas, para uma maior demanda
por frutas como cerejas, cranberries/blueberries, kiwis, bem como pêssegos e nectarinas.
Espera-se que a categoria de cranberries/blueberries tenha o crescimento mais dinâmico (taxa
de crescimento médio anual de 3,3% nos próximos cinco anos, em termos de volume) entre as
categorias de frutas devido ao aumento da acessibilidade e da disponibilidade. Valor nutritivo,
sabor e conveniência também influenciam a escolha. Ademais, as cranberries/blueberries são
consideradas “superalimentos” e tornaram-se alternativas populares de lanches entre os
consumidores preocupados com a saúde.
Aumento no número de consumidores preocupados com a saúde impulsiona o
mercado de frutas frescas
A mudança no consumo de frutas é um indicativo do aumento de consumidores que se
preocupam com a saúde e da preferência cada vez mais acentuada por lanches mais saudáveis.
Segundo a Lifestyles Consumer Survey da Euromonitor de 2020, 34% das pessoas no Reino Unido
disseram monitorar ativamente o que comem a fim de controlar o peso e 32% leem as
informações nutricionais nos rótulos de alimentos e bebidas. Por outro lado, 35% dos

4 Foodservice
refere-se ao setor de preparação de refeições fora do lar, como cafés / bares, restaurantes, cafetarias
self-service e bancas / quiosques de rua.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 8


entrevistados disseram que têm o hábito de lanchar entre as refeições (em comparação a 25% e
20% dos entrevistados na Alemanha e na França, respectivamente).
Apesar dos avanços positivos, o Reino Unido ainda está atrás no consumo de frutas frescas
dentro de um contexto mais amplo na Europa Ocidental. Os consumidores britânicos compram
em média anualmente 41,1 quilogramas de frutas per capita, em comparação aos 119,2
quilogramas consumidos pelos islandeses (a Islândia lidera o ranking de consumo per capita na
Europa Ocidental) e aos 47 quilogramas em toda a parte ocidental do continente. Conforme o
NHS (Serviço de Saúde Nacional), em 2018, o consumo de frutas per capita da população adulta
do Reino Unido foi de 3,8 porções diárias ‒ abaixo das cinco recomendadas pela OMS
(Organização Mundial da Saúde). No entanto, esse consumo varia com a idade. Pessoas entre 35
e 64 anos são as que mais consomem frutas.
Covid-19 e Brexit podem impactar a cadeia de suprimentos de frutas e oferecer
oportunidades de exportação para fornecedores de fora da UE
Os grandes importadores e prestadores de serviços (como a Wealmoor) que negociam enormes
variedades de produtos com os principais compradores varejistas são os atores mais importantes
envolvidos na importação e no varejo de frutas frescas. Esses players normalmente atuam por
meio de programas de suprimento e contratos de longo prazo. Contudo, os compradores com
programas de suprimento no varejo geralmente impõem requisitos de qualidade, segurança e
embalagem bastante rigorosos.
Frente às consequências da Covid-19, os importadores de frutas frescas têm enfrentado
problemas de logística, aumento nos preços de produtos frescos, perturbações na cadeia de
suprimentos e dificuldades para atender às demandas. Importantes países fornecedores de
frutas, como Itália e Espanha, foram especialmente afetados pelo aumento nos casos de Covid-
19, e outros fornecedores proeminentes na África e na América do Sul também enfrentam
problemas de logística. Isso estimulou o crescimento na demanda por frutas cultivadas
localmente, pois os consumidores são incentivados a apoiar os produtores de suas comunidades.
O resultado foi um recuo temporário na demanda por frutas exóticas importadas como coco,
goiaba, lichia, mamão e maracujá.
Os consumidores têm cada vez mais preferido produtos cultivados em solo nacional. Segundo a
Lifestyles Consumer Survey da Euromonitor, 56,4% dos entrevistados no Reino Unido disseram
confiar na descrição “origem local” utilizada nos rótulos de produtos, um aumento em relação
aos 52,4% registrados em 2019. Os produtores nacionais aproveitaram o crescimento na
demanda por frutas de origem local e agora oferecem mais opções de entrega e variedades de
produtos. Além disso, fornecedores locais de frutas, bem como distribuidores que antes da
Covid-19 supriam apenas o setor atacadista ou os setores de foodservice e hotelaria, ampliaram
seus negócios para o varejo e começaram a fazer entregas aos consumidores individuais (ex.:
Watts Farms e Food Republic).
O mercado de frutas frescas também está entre os setores mais impactados pelas incertezas
relacionadas ao Brexit, uma vez que 90% das frutas são importadas de outros países, a maioria
deles da União Europeia. Também é previsto que os efeitos negativos do Brexit se estendam
além da disponibilidade das frutas e afetem a acessibilidade a esses produtos com o aumento
esperado nas tarifas, os atrasos nos procedimentos de importação e as perturbações na cadeia
de suprimentos. Isso posto, existem produtos que são predominantemente importados de
países de fora da UE, tais como bananas e abacaxis, assim espera-se que eles sejam pouco
afetados pelo Brexit. O movimento também proporciona novas oportunidades de exportação
para fornecedores de fora da UE. O governo brasileiro, por exemplo, planeja fechar um acordo

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 9


comercial pós-Brexit semelhante ao acordo assinado pelo bloco sul-americano e a União
Europeia.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 10


3. COMÉRCIO INTERNACIONAL
3.1. IMPORTAÇÕES
Dentre os códigos analisados neste relatório, o Reino Unido apresenta concentração de
importações nos códigos SH 0806.10 (Uvas frescas) e SH 0808.10 (Maçãs frescas), que juntos
somaram 64,2% do total em 2019. A origem das importações, contudo, é mais diversificada: os
cinco principais países de origem somam 52,1% do total.
Resumo das Importações - Principais Produtos Importados pelo Reino Unido - 2019
Posição Código SH Participação Valor importado Principal país
nas importações (US$ milhões) de origem
(%)
1° 0806.10 39,2% 664,5 África do Sul
2° 0808.10 25% 424,3 França
3° 0806.20 13,1% 222,1 Turquia
4° 0804.50 10,3% 175,2 Espanha
5° 0805.50 10,3% 175,2 Brasil
6° 0813.30 1,1% 19,2 Alemanha
7° 0807.20 0,8% 14,2 Brasil
Total 7 códigos SH 100% 1.694,7 África do Sul

Fonte: Comtrade
Uvas frescas e secas destacam-se como primeiro e terceiro códigos mais importados
• Dentro do escopo deste relatório, o principal código importado pelo Reino Unido em 2019 foi
o SH 0806.10 (Uvas frescas), com 39,2% do total ou US$664,5 milhões, originado
principalmente da África do Sul. Entre 2016 e 2019, o código teve performance negativa, a
uma taxa de crescimento médio anual de -0,4%. A África do Sul apresentou taxa de
crescimento médio anual de 3,9% no período e o Brasil, de 11,8%, sobre uma base menor.
• O segundo principal código importado foi SH 0808.10 (Maçãs frescas), com 25% ou US$424,3
milhões do total. O principal país de origem foi a França e as importações do código
registraram uma queda na taxa de crescimento médio anual de 1,2% entre 2016 e 2019. A
França puxou o declínio, com taxa de crescimento médio anual de -8,4% no período,
enquanto o Brasil cresceu a 42,1%.
• O código SH 0806.20 (Uvas secas) foi o terceiro mais importado, com US$222,1 milhões ou
13,1% do total em 2019. A Turquia foi o principal país de origem do código, que evoluiu
positivamente entre 2016 e 2019, a uma taxa de crescimento médio anual de 0,5%. O Brasil
não consta como exportador de uvas secas para o Reino Unido.
• O quarto e quinto códigos foram SH 0804.50 (Goiabas, mangas e mangostins, frescos ou
secos) e SH 0805.50 (Limões e limas, frescos ou secos), respectivamente. Os códigos tiveram
relevância semelhante, com 10,3% do total ou US$175,2 milhões. Suas taxas de crescimento
médio anual foram de 0,9% e -4,4%, respectivamente, entre 2016 e 2019.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 11


Resumo das Importações - Principais Países de Origem - 2019
Principal
Participação Valor importado
código
Posição País nas importações (milhões de
importado pelo
(%) US$)
Reino Unido
1° África do Sul 16,3% 276,8 0806.10
2° Espanha 11,5% 195,4 0806.10
3° Turquia 9,9% 167,7 0806.20
4° Alemanha 7,2% 122,4 0808.10
5° França 7,1% 121,1 0806.10
6° Chile 6,3% 106,7 0806.10
7° Brasil 5,7% 95,8 0806.10
8° Peru 4,4% 74,6 0806.10
9° Itália 4,3% 72,8 0808.10
10° Egito 3,6% 60,9 0806.10
Outros 80 países 23,6% 400,5 -
Total 90 países 100% 1.694,7 0806.10

Fonte: Comtrade
Reino Unido importa frutas de diversos países
• A África do Sul foi o principal país de origem dos códigos analisados neste relatório,
correspondendo a US$276,8 milhões ou 16,3% do total em 2019. O código mais exportado
pela África do Sul para o Reino Unido foi o SH 0806.10 (Uvas frescas). O comércio bilateral
evoluiu positivamente no período recente, apresentando taxa de crescimento médio anual de
1,6%.
• A Espanha figura como o segundo principal exportador para o Reino Unido em 2019, com
US$195,4 milhões ou 11,5% do total. O código mais exportado foi SH 0806.10 (Uvas frescas) e
a taxa de crescimento médio anual relativa ao comércio bilateral caiu 6,3% entre 2016 e
2019.
• O terceiro principal país de origem dos códigos analisados neste relatório foi a Turquia, com
US$167,7 milhões ou 9,9% do total. O código SH 0806.20 (Uvas secas) foi o principal dentro
do fluxo bilateral, que evoluiu a uma taxa de crescimento médio anual de 6,6% no período
analisado.
• A Alemanha foi o quarto principal país de origem dos códigos analisados, com US$122,4
milhões ou 7,2% do total de 2019. O código mais exportado para o Reino Unido foi SH
0808.10 (Maçãs frescas). No período analisado (2016-2019), as exportações cresceram a uma
taxa de crescimento médio anual de 7%.
• O Brasil figura como o sétimo país de origem, com US$95,8 milhões ou 5,7% do total em
2019. O fluxo de importação vem evoluindo positivamente, com uma taxa de crescimento
médio anual de 3,1% entre 2016 e 2019. O Brasil exportou principalmente o código SH
0806.10 (Uvas frescas).

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 12


3.2. PRODUÇÃO LOCAL
O Reino Unido cultiva principalmente maçãs, peras e berries (frutas silvestres)
• Segundo o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Agrícolas, a produção
de frutas no Reino Unido cresceu em valor em 2019, no entanto ela continuou em declínio
em termos de volume e teve uma queda de aproximadamente 10% em relação a 2018,
registrando 683 mil toneladas, responsável por 16,4% da demanda total por frutas frescas na
região. A produção de frutas em 2019 foi adversamente afetada pelo clima frio em março e
pelas geadas tardias nos meses de abril e maio. A área total para cultivo de frutas frescas em
2019 foi de 35 mil hectares, mantendo-se relativamente estável. Haygrove, AC Goatham &
Son, Place UK, Clock House Farm e The New Forest Fruit Company detêm as maiores parcelas
do mercado de cultivo local de frutas e da indústria de produção.
• Morangos, maçãs, framboesas, groselhas-pretas, peras, cerejas e ameixas são algumas das
frutas mais comuns cultivadas no Reino Unido e que se adaptam bem ao clima frio. Portanto,
os principais cultivos do setor britânico de produção frutífera são frutas de caroço,
pomóideas (como maçãs e peras), uvas e frutas delicadas. A produção de frutas delicadas é
altamente dependente da mão de obra da UE, e o cenário criado com o Brexit provavelmente
causará um forte impacto na continuidade da oferta, nos preços a serem praticados e nos
custos de mão de obra para a produção local de frutas.

Produção de uvas em queda no Reino Unido torna o mercado cada vez mais
dependente de importações
• Apesar de depender bastante das importações de uvas, o Reino Unido produziu cerca de 400
toneladas da fruta em 2019. Em outubro de 2019, havia aproximadamente 65 empresas no
Reino Unido atuando no cultivo de uvas, das quais 30 registraram volume de negócios abaixo
de £49.999 (US$63.774) e 25 entre £100 mil (US$78.400) e £499 mil (US$391.216). Contudo,
a produção de uvas continuou em declínio e a área destinada ao cultivo da fruta diminuiu de
436 hectares em 2014 para 357 hectares em 2019 em razão dos impactos da mudança
climática sobre a produção, aumento da competitividade das importações e a elevação dos
custos de produção.
• O ano de 2015 presenciou a entrada de viticultores britânicos no mercado de uva de mesa,
pois uma série de testes realizada em 2012 levou à produção em escala comercial de duas
variedades de uvas sem sementes pela gigante de supermercados Asda em parceria com
fazendeiros de Kent e viticultores especializados da Espanha. O clima e o solo do Reino Unido
sempre foram um desafio considerável para a produção de uvas de mesa doces e de boa
qualidade. Atualmente, as vinícolas britânicas dispõem de mais de 60 tipos de videiras.
• Adicionalmente, o país se mostra promissor em relação a essa indústria, sendo o vinho o
produto que mais cresce entre suas exportações, em parte devido à produção de vinhos
menos ácidos e mais aromáticos influenciada pela mudança climática. Segundo a Wines of
Great Britain, o Reino Unido contabilizava 502 vinícolas em 2015. Em 2019, a produção
vinífera no país tinha dobrado, aumentando sua área de cultivo de 1.215 hectares na década
anterior para 3.579 hectares, e quadruplicado desde os anos 2000, somando três milhões de
vinhas. Em uma pesquisa com o apoio do Conselho de Pesquisa do Meio Ambiente do Reino
Unido publicada em 2018, foram identificados no país aproximadamente 35 mil hectares de
terras cultiváveis próprias para a cultura de uvas para vinho.
• A viticultura britânica pode tirar grande proveito dos períodos de entressafra dos maiores
exportadores mundiais de uvas de mesa ‒ as primeiras safras de uva do Reino Unido são
colhidas no final da temporada espanhola da fruta. A produção de uva de mesa vem caindo

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 13


em toda a Europa e enfrenta considerável concorrência da constante demanda por produtos
importados durante o ano todo. Players internacionais menores que visam o estabelecimento
na região europeia também enfrentam obstáculos com certificação e volume, pois os grandes
varejistas dão preferência a fornecedores que garantem a produção contínua e atendem aos
padrões de qualidade. Além disso, fornecedores independentes exigirão uma abordagem de
distribuição em duas frentes tanto em relação aos programas de suprimento de varejo
quanto aos mercados de commodities à vista. Estes, gerenciados por atacadistas, podem
comprometer suas margens e produtos quando houver produção excedente de fornecedores
contratados.
• O Brexit apresenta desafios inevitáveis e diversos para a indústria de viticultura do Reino
Unido, principalmente em relação ao comércio de equipamentos, às tarifas de importação
bilateral e à força da libra esterlina. Na Europa, no que diz respeito às uvas de mesa, a
produção e a exportação são responsáveis por 27% dos preços ao consumidor, enquanto
despesas de transporte somam 10% e importações e distribuição contabilizam 15%. Essa
composição terá enorme impacto sobre os preços ao consumidor mesmo que o processo do
Brexit escolhido pelo Reino Unido seja “suave” (soft) ou “sem acordo” (no-deal). No caso
do último, o país suspenderia tarifas de 87% de todas as importações da UE por pelo menos
um ano.
• O lado positivo, no entanto, é que a oferta e a demanda serão voltadas para os produtores e
para as vinícolas nacionais. Essa é uma oportunidade considerável para capitalizar sobre a
crescente produção de uvas de mesa e vinho do Reino Unido. O custo de terras voltadas à
viticultura no país é de cerca de £15 mil (US$19.633) por hectare, além das despesas iniciais
básicas para a criação de novas vinhas.
• A análise de custo-benefício e as economias de escala para exportadores de uva e produtores
locais mantiveram os preços ao consumidor final relativamente estáveis nos últimos anos,
com baixa probabilidade de mudanças. De acordo com o UK Office for National Statistics, o
preço médio por quilograma de uva permaneceu em £3,92 (US$5) em 2019, um modesto
aumento de 5,6% em relação à década anterior.

Indústria produtora de maçãs no Reino Unido visa reduzir a dependência das


importações provenientes da UE
• A indústria produtora de maçãs britânica apresenta um significativo potencial de mercado
tanto em nível nacional quanto internacional. O país cultiva 444.100 toneladas de maçãs e
sua área destinada à cultura da fruta expandiu de 16.056 hectares em 2014 para 16.744
hectares em 2019, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO). Entre 2018 e 2019, a participação de mercado das maçãs cultivadas
localmente aumentou de 37% para 39% da oferta total, chegando a 206.500 toneladas. O
valor das maçãs para sobremesa cresceu em 12% durante o mesmo período, principalmente
em razão de rendimentos e produções maiores, enquanto o valor das maçãs para cozinhar e
as maçãs de cidra caíram 13% e 9%, respectivamente, em virtude de rendimentos mais baixos
e excesso de oferta. Tendo em vista a crescente popularidade das maçãs cultivadas no Reino
Unido, os principais players traçam planos ambiciosos para ampliar suas parcelas no
mercado. Por exemplo, a rede de produtores de maçãs e peras British Apples & Pears
(associação comercial de produtores britânicos de maçãs e peras) espera que seus produtos
ocupem 60% das prateleiras de maçãs britânicas nos supermercados.
• O substancial aumento no cultivo de maçãs se deu inicialmente pela criação de novos
pomares comunitários com culturas de variedades tradicionais e pela associação de

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 14


entidades da indústria, entre elas a British Apples & Pears, a Marcher Apple Network e a The
National Fruit Collection. A mudança climática no Reino Unido tem favorecido as colheitas
precoces e mais frutíferas de variedades de maçãs de origem internacional, tais como Granny
Smith, da Austrália, e Golden Delicious, da Virgínia Ocidental.
• Conforme dados da British Apples & Pears, o país cultiva mais de 2.300 variedades de maçãs,
das quais muito poucas são destinadas à produção comercial. Cox, Royal Gala, Cameo,
Bramley, Egremont Russet e Braeburn estão entre as mais populares cultivadas localmente.
Em termos de volume, a Gala lidera com 93.200 toneladas produzidas no país em 2019,
seguida pela Braeburn (29.500 toneladas) e pela Cox (26.600 toneladas). Em termos de valor,
o mercado de produção nacional para maçãs para sobremesa alcançou £140,8 milhões
(US$179,6 milhões), e as principais variedades foram a Gala (£74,3 milhões ou US$94,8
milhões), a Cox’s Orange Pippin (£22,9 milhões ou US$29,2 milhões) e a Braeburn (£17,7
milhões ou US$22,6 milhões). Já em relação às maçãs para cozinhar, a liderança foi ocupada
pela Bramley’s Seedling, com £42 milhões (ou US$53,5 milhões).
• Embora esteja concentrada na região sudeste e com colheitas realizadas principalmente no
mês de setembro, a produção de maçãs no Reino Unido tem cobertura geográfica e sazonal
muito mais ampla e ocorre o ano inteiro em todo o território nacional. Por exemplo, a Royal
Gala, variedade mais popular do país, é cultivada nas regiões Sudeste, Sul, Sudoeste, Centro-
Leste, Centro-Oeste e Ânglia Oriental. As regiões Sudeste, Centro-Leste e Centro-Oeste
também abrigam as populares Cox, Cameo e Braeburn. Em 2019, a área cultivada de maçãs
para sobremesa no Reino Unido chegou a 6.292 hectares, sendo 2.450 hectares com
variedade a Gala, 1.108 hectares com a Cox e 649 hectares com a Braeburn.
• A Mid Kent Growers, um dos maiores cultivadores da fruta no país, produz mais de 12.700
toneladas de Cox, Bramley e outras variedades em mais de 624,3 hectares. Stocks Farm,
Fourayes Farm, Avalon Growers Producer Organisation, AC Goatham & Son, ABB Growers e
Worldwide Fruit também figuram entre os players que mais se destacam na produção de
frutas e maçãs no Reino Unido ao longo dos ciclos de gestão da cadeia de produção e
suprimento.
• Apesar de todo esse potencial, os produtores nacionais de maçã esbarram em diversos
obstáculos quando se trata da pressão relacionada a preços e economias de escala sobre a
gestão da cadeia de suprimentos ‒ na qual são o elo mais fraco, principalmente
considerando sua forte dependência das vendas no mercado interno. O mercado para maçãs
Classe 1 ‒ maçãs de boa qualidade, com metade da superfície vermelha, polpa perfeita e
apenas pequenos defeitos ‒ é quase totalmente estabelecido por critérios de qualidade e
estética (mais detalhes em Padrões de Comercialização para Maçãs), e enfrenta desafios de
valor em relação aos preços a serem praticados, bem como um equilíbrio delicado entre
garantia de qualidade e lucratividade.
• Os produtores de maçãs no Reino Unido sofrem pressão considerável para manterem preços
baixos para distribuição. O preço médio no atacado para as maçãs Bramley era
£1,01/quilograma (US$0,79/quilograma) em 2019 e oscilou entre £0,7/quilograma
(US$0,55/quilograma) e £1,18/quilograma (US$0,92/quilograma) nos quatro anos anteriores.
Enquanto isso, o RSP (sigla em inglês para “preço de venda no varejo”) por unidade era
£2,4/quilograma (US$1,88/quilograma) no mesmo ano, um aumento significativo de 41,1%
desde a década anterior, porém um pouco mais modesto (20%) em comparação com os
últimos cinco anos.
• Além do mais, frente ao cenário do Brexit, os produtores de maçã precisarão preencher as
lacunas deixadas pela dependência do Reino Unido da UE. Enquanto o governo considera as

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 15


opções de comércio livre e barreiras não tarifárias mínimas com a UE para aliviar a carga
sobre importadores, produtores e consumidores, o inevitável aumento nos preços de frutas e
verduras provocará a transição para acordos bilaterais de longo prazo com países de fora da
UE, bem como o incentivo à produção nacional. O foco agora é estimular, dentro do país, as
novas tecnologias voltadas para o armazenamento mais longo e sistemas de cultivo
otimizados, sempre buscando variedades mais ecológicas e econômicas.

Produção local de mamões, frutas cítricas e mangas é praticamente inexistente no


Reino Unido
• Considerando que o cultivo de mamões, frutas cítricas e mangas exige um clima subtropical e
mais quente, os esforços para estimular sua produção no Reino Unido são limitados. No
entanto, pequenas quantidades de frutas cítricas são produzidas em contêineres. Ainda
assim, os produtores locais têm feito experiências com frutas cítricas que suportam
temperaturas abaixo de zero, como Chinottos, Yuzus, Finger e Kaffir Limes. Em West Sussex e
no The Citrus Centre em Pulborough, os limões vêm sendo cultivados nos chamados
politúneis, que são um tipo de estufa feita em polietileno e que permite cultivar certas frutas
mesmo fora da época tradicional.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 16


3.3. EXPORTAÇÕES
O Reino Unido é um importador líquido das frutas analisadas neste relatório, visto que suas
exportações são mais de 25 vezes menores que o total importado, em valor. Destaca-se a alta
concentração na Irlanda como país de destino das exportações, assim como a de dois principais
códigos exportados: SH 0808.10 (Maçãs frescas) e SH 0806.10 (Uvas frescas).
Resumo das Exportações - Principais Produtos Exportados - 2019
Participação Valor exportado
Principal país
Posição Código SH nas importações (milhões de
de destino
(%) US$)
1° 0808.10 27% 17,5 Irlanda
2° 0806.10 24,8% 16,1 Países Baixos
3° 0806.20 19,6% 12,7 Irlanda
4° 0804.50 11,9% 7,7 Irlanda
5° 0805.50 10,4% 6,7 Irlanda
6° 0813.30 6,4% 4,1 Estados Unidos
7° 0807.20 0,1% 0,04 Países Baixos
Total 7 códigos SH 71% 64,8 Irlanda

Fonte: Comtrade
Principais códigos exportados tiveram desempenho recente positivo
• Dentro do escopo deste relatório, o principal código exportado pelo Reino Unido foi o SH
0808.10 (Maçãs frescas), com US$17,5 milhões ou 27% do total. As exportações do código
evoluíram positivamente no período de 2016 a 2019, a uma taxa de crescimento médio anual
de 11,1%. O principal país de destino foi a Irlanda, para o qual as exportações no período
cresceram 9,5%.
• O segundo principal código exportado foi SH 0806.10 (Uvas frescas), com US$16,1 milhões ou
24,8% do total. As exportações do código evoluíram a uma taxa de crescimento médio anual
de 5,3% entre 2016 e 2019. O principal país de destino foram os Países Baixos, cujo valor
absorvido cresceu a uma taxa de crescimento médio anual de 16,7%. Contudo, o país
costuma reexportar parte significativa das importações. No caso do código SH 0806.10, o
principal país de destino em 2019 foi a Alemanha.
• O terceiro código mais exportado foi SH 0806.20 (Uvas secas), com US$12,7 milhões ou
19,6% do total. O desempenho recente foi positivo, com uma taxa de crescimento médio
anual de 5,7% entre 2016 e 2019. As exportações desse produto tiveram como destino
principal a Irlanda, registrando uma taxa de crescimento médio anual de 9,6%.
• O quarto principal código exportado foi SH 0804.50 (Goiabas, mangas e mangostins, frescos
ou secos), com US$7,7 milhões ou 11,9 % do total em 2019. Entre 2016 e 2019, o código
apresentou um crescimento vertiginoso, com uma taxa de crescimento médio anual de
24,7%. A Irlanda absorveu a maior parte de tais exportações, apresentando uma taxa de
crescimento médio anual de 8% no período.
• O quinto principal código exportado foi SH 0805.50 (Limões e limas, frescos ou secos), com
US$6,7 milhões ou 10,4% do total em 2019. Principalmente exportado para a Irlanda, esse
código teve taxa de crescimento médio anual de 16% entre 2016 e 2019.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 17


Resumo das Exportações - Principais Países de Destino - 2019
Principal
Participação Valor exportado
código
Posição País nas importações (milhões de
exportado pelo
(%) US$)
Reino Unido
1° Irlanda 50,4% 32,7 0808.10
2° Países Baixos 15,2% 9,8 0806.10
3° França 5,6% 3,6 0808.10
4° Alemanha 4,4% 2,8 0806.10
5° Estados Unidos 4,1% 2,7 0813.30
6° Grécia 3,1% 2 0805.50
7° Polônia 2,7% 1,7 0806.20
8° Itália 1,9% 1,2 0804.50
9° Espanha 1,9% 1,2 0806.10
10° Dinamarca 1,6% 1,1 0806.10
66° Brasil - 0,03 0808.10
Outros 51 países 9,2% 6 -
Total 61 países 100% 64,8 0808.10

Fonte: Comtrade
Irlanda absorve mais da metade das exportações de frutas
• A Irlanda destaca-se como principal destino das exportações dos códigos analisados neste
relatório, com US$32,7 milhões ou 50,4% do total em 2019. O fluxo bilateral vem evoluindo a
uma taxa de crescimento médio anual de 6,5% entre 2016 e 2019. O principal código
exportado ao país foi SH 0808.10 (Maçãs frescas).
• Os Países Baixos figuram como segundo principal destino das exportações do Reino Unido,
com US$9,8 milhões ou 15,2% de 2019. A entrada dos códigos analisados subiu a uma taxa de
crescimento médio anual de 5,3% entre 2016 e 2019, sendo o principal produto SH 0806.10
(Uvas frescas).
• A França foi o terceiro principal destino de produtos, com US$3,6 milhões ou 5,6% em 2019.
O fluxo bilateral destaca-se pelo desempenho positivo: uma taxa média de crescimento anual
de 25,1% entre 2016 e 2019. O código SH 0808.10 (Maçãs frescas) foi o principal.
• Em quarto lugar, a Alemanha importou US$2,8 milhões ou 4,4% do total em 2019. Com uma
taxa de crescimento médio anual de 11,8% no período de 2016 a 2019, o principal produto foi
SH 0806.10 (Uvas frescas).
• Os Estados Unidos foram o quinto principal país de destino das exportações do Reino Unido
em 2019, com 4,1% do total ou US$2,7 milhões. O país também foi o que mais cresceu no
período analisado, a uma taxa de crescimento médio anual de 64,2%, importando
principalmente o código SH 0813.30 (Maçãs secas).
• O Brasil não importou produtos do Reino Unido em 2019. Dentre o período analisado, há
importações registradas da ordem de US$0,03 milhões em 2016, sendo principalmente de SH
0808.10 (Maçãs frescas).

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 18


3.4. ACORDOS COMERCIAIS
Os acordos comerciais do Reino Unido com a UE têm validade até 31 de dezembro de 2020, de
modo que atualmente estão em andamento as negociações para um novo acordo substituto que
reproduza seus efeitos. Caso esses efeitos não possam ser reproduzidos, acordos com outros
membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) precisarão ser realizados quando os
acordos existentes com a UE deixarem de vigorar.
Um desafio em particular é a repartição das cotas tarifárias entre as duas partes. Cotas Tarifárias
(TRQs) são um método que confere a países de fora da UE acesso preferencial ao mercado
comum, geralmente para produtos agropecuários, como laticínios e carnes. Esse acesso
preferencial significa alíquotas de imposto de importação abaixo das taxas de Nação Mais
Favorecida estabelecidas pela OMC. Tendo em vista que as TRQs atuais foram calculadas para
todo o mercado e seus 28 membros, incluindo o Reino Unido, estabelecer novas cotas será parte
da remodelação da relação comercial entre o país, o mercado comum e países terceiros, bem
como da celebração de novos acordos comerciais.
O governo britânico também avaliou possíveis acordos com os Estados Unidos, a Austrália e a
Nova Zelândia e ponderou sobre sua intenção de participar do Acordo Abrangente e Progressivo
para a Parceria Transpacífica (CPTPP).
Quanto aos acordos comerciais com países não pertencentes à UE, seguem abaixo aqueles que
já foram assinados, mas que ainda não entraram em vigor, pois aguardam a saída oficial do
Reino Unido da União Europeia (prevista para acontecer em 1º de janeiro de 2021).
UK-Andean Countries Trade Agreement (Acordo Comercial entre Reino Unido e Países
Andinos)
• O acordo trata das relações econômicas e comerciais entre o Reino Unido e as Repúblicas da
Colômbia, do Equador e do Peru. O acordo substitui o acordo comercial entre a UE e esses
países. As áreas abrangidas são: comércio de bens e serviços, incluindo dispositivos de regras
de origem, tarifas preferenciais e cotas; propriedade intelectual; indicações geográficas; e
compras públicas. Entre os itens abrangidos estão produtos alimentícios e não alimentícios,
com cotas e tarifas específicas mencionadas para vários produtos. Os produtos alimentícios
incluem frutas, peixes, laticínios e soro de leite.
• Esse acordo também reproduz alguns fundamentos mais amplos do acordo comercial entre
UE e países andinos, como os dispositivos sobre diálogo político e outras formas de
cooperação, incluindo os direitos humanos. Ele ainda não entrou em vigor porque o Reino
Unido não deixou oficialmente a UE. Contudo, existem algumas opções de datas para sua
efetivação: (a) quando o acordo comercial entre a UE e os países andinos deixar de valer para
o Reino Unido; (b) no primeiro dia do mês subsequente à data da última notificação do Reino
Unido e dos países andinos signatários informando que seus respectivos requisitos e
procedimentos legais internos foram atendidos. Também existe alternativa de que os países
acordem uma outra data para a entrada em vigor.
• As tarifas e cotas comerciais aplicadas pelo Reino Unido para os produtos provenientes das
Repúblicas da Colômbia, do Equador e do Peru permanecerão as mesmas aplicadas pela UE
após o Brexit, contudo, com diversas exceções. Os países andinos, por sua vez, continuarão
aplicando tarifas preferenciais aos produtos do Reino Unido assim como o fazem atualmente
aos produtos da UE.
• As cotas tarifárias (TRQs) permitem que apenas uma quantidade limitada de determinado
produto entre no mercado britânico com tarifa zero ou reduzida, e as importações que

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 19


excederem os limites das cotas estarão sujeitas a uma taxa tarifária mais alta ‒ normalmente
a tarifa de nação mais favorecida (NFM).
• Essas cotas e taxas tarifárias foram fixadas seguindo o acordo comercial entre UE e países
andinos. No entanto, o documento ainda não entrou em vigor e será legalmente válido
apenas após o Brexit. Se as cotas e tarifas forem excluídas, os países exportadores ficarão
sujeitos ao pagamento das tarifas NFM, o que elevará os custos de importação.
CARIFORUM-UK Economic Partnership Agreement (Acordo de Parceria Econômica
entre Estados do Fórum do Caribe e o Reino Unido)
• Celebrado em 22 de março de 2020, o CARIFORUM-UK Economic Partnership Agreement
determinou a base das relações de livre comércio entre o Reino Unido e os Estados do
CARIFORUM.
• Fazem parte do acordo os seguintes Estados membros: Antígua e Barbuda, Comunidade das
Bahamas, Barbados, Belize, Comunidade da Dominica, República Dominicana, Granada,
República da Guiana, República do Haiti, Jamaica, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São
Vicente e Granadinas, República do Suriname e a República de Trinidade e Tobago.
• A lista de mercadorias abrangidas é extensa. Todos os produtos listados no Sistema
Harmonizado (Capítulos 1 a 97, exceto aqueles do Capítulo 93 - Armas e munições; suas
partes e acessórios) provenientes dos Estados acima fazem parte do acordo.
• Os produtos dessa lista com origem nos Estados do CARIFORUM estão declarados como
isentos de todos os impostos alfandegários britânicos quando importados pelo Reino Unido.
No entanto, o documento ainda não entrou em vigor e será legalmente válido apenas após o
Brexit.
UK-Central America Association Agreement (Acordo de Associação Reino Unido-
América Central)
• O acordo de associação entre o Reino Unido e a América Central foi estabelecido com o
intuito de assegurar o comércio isento de tarifas de bens industriais entre os Estados
membros, bem como estabelecer condições favoráveis para o comércio de produtos
alimentícios, incluindo produtos agrícolas e pesqueiros. O acordo foi assinado em agosto de
2019 por Reino Unido, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá e
está previsto para entrar em vigor apenas após o Brexit. Os produtos abrangidos incluem
bens industriais, como artigos de vestuário, e bens não industriais, como produtos
alimentícios (diversos produtos agrícolas, incluindo frutas; produtos lácteos; pescados).
• As tarifas e cotas permanecerão as mesmas aplicadas conforme o acordo de associação entre
a União Europeia e a América Central, com algumas exceções. As cotas alteradas serão
aplicadas distintivamente aos seguintes produtos importados pelo país: carne bovina, alho,
cogumelos, arroz, rum, milho doce, amido de mandioca, açúcar. Alguns bens industriais,
como determinados artigos de vestuários, também deverão estar sujeitos a cotas diferentes.
• As isenções tarifárias sobre diversos bens industriais e produtos alimentícios reduzirão os
custos de importação do Reino Unido. Camarões provenientes de Honduras e frutas da Costa
Rica, por exemplo, serão beneficiados com esse acordo comercial.
Outros acordos e negociações bilaterais relevantes
• O Mercosul ainda deve assinar um acordo comercial com a UE, mas as negociações
referentes a seus termos e escopo ainda estavam em andamento durante a revisão deste
estudo. Os acordos comerciais do Brasil com a UE, contudo, serão irrelevantes para as
importações e exportações do Reino Unido, caso a saída do país do bloco comum ocorra sem

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 20


acordo. As tarifas alfandegárias poderão ser impactadas pelas rotas que os produtos hortifrúti
brasileiros deverão percorrer para chegar ao mercado britânico, já que os Países Baixos, por
exemplo, são um grande reexportador na UE.
• Os Estados Unidos também negociam um Acordo de Livre Comércio Reino Unido-EUA em
relação ao Brexit. As tratativas entre os dois países visam resolver as barreiras tarifárias e não
tarifárias sobre bens, serviços, atividades agrícolas, investimentos e compras públicas. Duas
rodadas de negociações foram realizadas até o momento, uma em maio e outra em junho de
2020, mas é pouco provável que o acordo seja assinado antes da eleição presidencial
americana. A agricultura é o tópico mais sensível que está adiando o fechamento do acordo,
mas questões relacionadas a serviços financeiros, investimentos, e-commerce e produtos
farmacêuticos também são fatores de atraso.
• O Reino Unido também tem interesse em fazer parte do Acordo Abrangente e Progressivo
para a Parceria Transpacífica (CPTPP). O país iniciou conversas com os Estados participantes
do CPTPP em 2018, porém as negociações ainda não foram concluídas.
• No entanto, o Acordo Abrangente de Parceria Econômica entre Reino Unido e Japão está
firmado, o que significa um importante passo em direção à participação formal no CPTPP.
• O Reino Unido também discute um acordo de livre comércio com a Nova Zelândia. Os países
já apresentam uma sólida parceria econômica entre si: o Reino Unido foi o sexto maior
parceiro comercial e o quinto maior investidor da Nova Zelândia em 2019.
• Além disso, a Austrália negocia um acordo de livre comércio com o Reino Unido, que é o seu
sétimo maior parceiro comercial e o segundo maior fora da região Ásia-Pacífico. Em 2019, o
país foi o segundo maior investidor direto na Austrália e o segundo maior destinatário de
investimentos estrangeiros diretos australianos.
• O Reino Unido também trabalha para garantir a continuidade de uma parceria econômica
com os países da África Oriental e Austral, bem como os Estados membros da União
Aduaneira da África Austral e Moçambique, uma vez que não fará mais parte da União
Europeia.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 21


4. ANÁLISE DE MERCADO

4.1. TAMANHO DE MERCADO – DESEMPENHO HISTÓRICO E FUTURO

Fonte: Euromonitor International


Observação: *Previsões consideradas para o período de 2020 até 2023.

Mercado de frutas do Reino Unido tem condições para crescer em volume e valor, mas
seu consumo doméstico e individual ainda está estagnado
• Em 2019, o mercado de frutas no Reino Unido registrou £6,6 bilhões (US$8,6 bilhões) em
termos de valor, uma taxa de crescimento médio anual de 2,1% durante o período de 2016 a
2019. Em termos de volume, as vendas no varejo acumularam mais de 2,7 milhões de
toneladas no mesmo ano. Do total do consumo de frutas, os canais de distribuição de varejo
contabilizaram 84% e o setor de foodservice aproximou-se dos 15%. Observa-se que o volume
de foodservice registrou sua taxa de crescimento médio anual mais alta durante 2015 e 2019,
com 1,7%, enquanto o volume no varejo foi de 1,4%. O 1% restante do mercado está
distribuído entre os canais institucionais (como refeitórios escolares e hospitais públicos). O
consumo chegou a 41,1 quilogramas per capita em 2019, uma queda em relação aos 44,4
quilogramas per capita de 2005. No nível doméstico, o consumo de frutas alcançou 97,8
quilogramas por família em 2019, também um declínio em relação aos números de 2005, que
eram 106,1 quilogramas por família.
• Dentre as cinco frutas avaliadas, maçãs e uvas registraram os maiores valores no mercado de
frutas, com US$1,4 bilhão (preços de venda no varejo) (57,1% do total do mercado) e US$1
bilhão (41,6%), respectivamente. O domínio das maçãs no mercado em termos de valor é
atribuído aos grandes volumes decorrentes de produção e consumo significativos em nível
local (535.700 toneladas em 2019), enquanto o predomínio de laranjas, uvas e bananas deve-
se a preços mais elevados em razão da dependência de importações nessas categorias.
• O consumo per capita e por família tem sido historicamente mais alto para as bananas,
seguido de maçãs e laranjas, e permanecerá assim ao longo do período de previsão. Em

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 22


termos de valor e volume, cranberries e limões tiveram as taxas de crescimento médio anual
mais expressivas entre 2016 e 2019 devido à sua crescente popularidade e aos preços
relativamente mais altos. No último ano desse período, o preço unitário de varejo foi o mais
alto para cranberries (£12/US$15,3 por quilograma), cerejas (£9,1/US$11,6 por quilograma) e
morangos (£8,9/ US$11,4 por quilograma). Em termos de progressão de preço, entretanto,
abacaxis, ameixas/abrunhos e maçãs tiveram suas maiores taxas de crescimento médio anual
entre 2016 e 2019.
• O volume de vendas de frutas no varejo no Reino Unido deve atingir 2,9 milhões de toneladas
em 2023, uma taxa de crescimento médio anual de 1,3% durante 2019 a 2023, sendo 2,4
milhões de toneladas distribuídas no varejo. Em comparação, a população total deve ter um
crescimento médio anual de 0,4% nesse mesmo período. O volume do setor de foodservice
terá sua maior taxa de crescimento médio anual entre 2019 e 2023, alcançando 445.600
toneladas no último ano ‒ 16% do volume total de frutas no Reino Unido. Em termos de
valor, espera-se que o mercado de frutas britânico registre £7,9 bilhões (US$10,1 bilhões), um
aumento de 16% e uma taxa de crescimento médio anual de 3% a partir de 2019. No quesito
categorias, as cranberries, bem como as frutas mais caras, como kiwi, pêssegos e nectarinas,
devem apresentar suas mais altas taxas de crescimento médio anual no período de previsão
(2020-2013, tanto em valor quanto em volume. Isso reflete a crescente popularidade dessas
frutas e os custos de importação no mercado do Reino Unido.
• Os canais de foodservice, como restaurantes e refeitórios, utilizam as frutas principalmente
no preparo de sobremesas e em refeições infantis e cafés da manhã. Os “smoothies” de
frutas estão cada vez mais populares no Reino Unido e agora são vendidos como parte da
maioria das ofertas de canais de foodservice. Aproximadamente 56% dos estabelecimentos
de foodservice são lojas independentes, as quais adquirem suas frutas por meio de
distribuidores.
Adoção de estilo de vida mais saudável impulsiona o crescimento de produtos frescos
• Nos últimos anos, o mercado de frutas no Reino Unido cresceu em razão de uma mudança
comportamental dos consumidores, que agora estão buscando alimentos mais saudáveis.
Aqueles sem tempo de fazer uma pausa para as refeições, muito por conta de suas
atribuladas vidas profissionais, estão cada vez mais preocupados com sua alimentação.
Acompanhando essa mudança, também aumentaram a conscientização e a educação sobre
produtos naturais e orgânicos, assim como sobre a origem e a pegada ambiental das frutas
produzidas e importadas pelo Reino Unido. O setor de foodservice percebeu essa tendência e
agora procura atender à crescente demanda por opções de refeições fora do lar mais
saudáveis, criando novos estabelecimentos alimentícios, como restaurantes e bares, que
sirvam pratos adaptados a dietas orgânicas, vegetarianas, flexitarianas (pessoas que reduzem
o consumo de carne, normalmente ao máximo de três refeições por semana), entre outras.
Um ponto essencial nessa inovação de cardápio é a busca por produtores éticos e a
transparência na cadeia de suprimentos que os consumidores exigem.
• Além disso, muitas frutas antes consideradas “raras e exóticas” agora fazem parte das ofertas
das grandes redes de supermercados e varejistas, sendo as frutas silvestres (cranberries e
berries frescos) as principais delas. As frutas delicadas são responsáveis por 22% do total de
frutas compradas pelo consumidor no Reino Unido, e sua produção e área de cultivo
aumentaram consideravelmente com o advento dos politúneis, causando um “boom” de
sucos e vitaminas em todo o país. Campanhas nacionais como as realizadas pela British
Summer Fruits foram adotadas por supermercados a fim de incentivar o consumo e as
compras de frutas delicadas de alta qualidade cultivadas localmente. Tesco, Sainsbury’s e
Asda lideram esse movimento no Reino Unido: elas estocam as frutas delicadas em

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 23


embalagens/caixas plásticas com as etiquetas contendo os dizeres “British Grown”
(“Cultivado no Reino Unido”) e “The Best of British” (“O Melhor do Reino Unido”), como nas
imagens aqui e aqui.
Investimentos em produção local para atender à demanda do consumidor por frutas
delicadas e outras categorias contribuem para o crescimento do mercado
• O governo britânico tem realizado de maneira ativa campanhas nacionais para incentivar o
consumo de alimentos saudáveis. Alguns exemplos dessas campanhas são: a campanha de
informação pública “5 A Day”, voltada ao consumo de frutas e verduras; a campanha de
alimentação saudável e fitness “Change4Life”; o aplicativo Food Scanner, lançado em 2016; os
vouchers Healthy Start para mulheres grávidas e famílias com crianças pequenas; e a
introdução de rotulagem voluntária com as informações nutricionais dos produtos
alimentícios na parte da frente de suas embalagens.
• De acordo com os números oficiais, 90% dos vouchers Healthy Start enviados foram
utilizados; como resultado, um estudo da Journal of Health Economics mostrou que o gasto
médio com frutas e verduras das famílias britânicas aumentou de £19,26 (US$24,56) para
£20,77 (US$26,50). Contudo, o sucesso de outras iniciativas só foi verificado uma década após
seu lançamento no mercado, com afirmações de que sua aceitação foi maior entre a classe
média do que em comunidades desfavorecidas. O ponto positivo, no entanto, foi sua
capacidade de aumentar a conscientização sobre os benefícios que o consumo de frutas traz
para a saúde.
• O mercado de frutas do Reino Unido também respondeu ao crescimento acelerado na
demanda do consumidor por produtos orgânicos. O número de fazendas de produtos
orgânicos cresceu em 5% no período de 2016 a 2019. As pressões econômicas não
representaram obstáculos para o consumidor buscar um estilo de vida mais saudável, que
normalmente está relacionado com gastos mais altos. Varejistas online, como Abel & Cole e
Ocado, estão tornando essa transição mais rápida, contínua e conveniente para os clientes.
Outro incentivo ao consumo de frutas orgânicas são os preços iniciais que estão se tornando
relativamente mais acessíveis; por exemplo, as maçãs orgânicas na loja online da Tesco são
oferecidas a uma média que varia de US$0,50/unidade (£0,40/unidade) até, para marcas
premium como Pink Lady, US$0,76/unidade (£0,60/unidade). As maçãs vermelhas com rótulo
próprio da Tesco ‒ geralmente mais caras que as maçãs verdes ‒ custam em média entre
US$0,34/unidade (£0,27/unidade) e US$0,50/unidade (£0,40/unidade).
• Os produtores locais atualmente contam com novas tecnologias para atender às exigências
de produção e demanda. Eles utilizam diversos sistemas robóticos de teste para cultivar
frutas delicadas com altos níveis de consumo ‒ principalmente morangos ‒ em escala. Eles
têm investido na modernização de suas tecnologias e linhas de produção, principalmente em
relação ao uso de politúneis e substrato como alternativa de solo, a fim de minimizar a
inflação do custo de mão de obra da UE e manter a competitividade dos preços ao
consumidor. O governo britânico também investiu recentemente US$28 milhões em IA
(inteligência artificial), IoT (Internet das Coisas) e agricultura de alta tecnologia, com
financiamento para tecnologia de monitoramento de colheita e colheita de frutas realizada
por robôs.
Brexit e Covid-19 exigirão que força de trabalho, saúde pública e robotização sejam
priorizados para acompanhar a demanda local
• Independentemente de como ocorra o Brexit (cenários soft ou hard), o mercado de frutas do
Reino Unido enfrentará alguns desafios para importar produtos dos países vizinhos da UE,
sejam eles produtores, como a Espanha, ou reexportadores, no caso dos Países Baixos, pois

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 24


perderá as vantagens regionais estabelecidas em acordo de livre comércio. A possível
desvalorização cambial da libra esterlina após o Brexit, assim como a potencial incidência de
tarifas de importação que poderão passar a viger, resultará em preços mais elevados no
mercado de frutas britânico, caso não se verifique a inelasticidade do consumo desses
produtos.
• Além disso, a saída tornará mais permanente a atual escassez de trabalhadores imigrantes da
UE que normalmente preenchem, durante as colheitas sazonais, a lacuna na força de
trabalho ‒ um problema que se verifica atualmente devido ao fechamento de fronteiras
devido à Covid-19. Em 2019, toneladas de produtos frescos produzidos no Reino Unido,
principalmente frutas, foram desperdiçadas em decorrência da escassez de mão de obra da
UE. Esse problema foi agravado pela pandemia do coronavírus, após o Reino Unido ter
proibido o trânsito de trabalhadores de colheitas sazonais vindos dos países da UE. Iniciativas
governamentais de incentivo à mão de obra local, como a Pick for Britain, tiveram pouco
sucesso.
• A Covid-19 causou interrupções consideráveis no fornecimento de alimentos em todo o
mundo. A dependência do Reino Unido das importações de produtos frescos, principalmente
frutas, deixa o país vulnerável a essas interrupções e aos consequentes aumentos de preços e
atrasos de fornecimentos. Laranjas e abacaxis, por exemplo, foram as frutas que sofreram os
maiores aumentos, de 16,1% e 8%, respectivamente, nos preços de varejo em abril de 2020
comparação com o mesmo mês de 2019.
• Após o Brexit, o preço anual da cesta de consumo, que inclui cinco frutas ou verduras por dia,
segundo a recomendação do governo na campanha "5 a Day", aumentará 48,1% para uma
família de quatro pessoas, de acordo com as estimativas da The Food Foundation. Essa
pressão inflacionária exigirá que os legisladores britânicos considerem as implicações para a
saúde ao redigirem a Agriculture Bill (Lei da Agricultura), que substituirá a Common
Agriculture Bill (Lei da Agricultura Comum) da UE, e que reconhecerá maçãs e peras como as
principais frutas que podem ser totalmente cultivadas em solo nacional. O cenário pós-Brexit
também pressionará os varejistas a reconsiderarem as variações de qualidade e adotarem a
compra de safras inteiras.
• O foco agora é ampliar a área de cultivo para produção local a fim de atender à demanda de
consumo interno, bem como aos interesses de saúde pública. Pesquisadores do Imperial
College London e da University of Liverpool sugerem que um aumento de 20% na área
cultivável de frutas e verduras pode evitar mais de 18 mil mortes até 2030 e que as pessoas
consumirão 17,9% mais frutas e 37% mais verduras até lá.
• Especialistas do setor no Reino Unido estão propondo o uso de novas ferramentas genéticas
para desenvolver plantas de alto rendimento, em especial para cultivo de frutas delicadas,
novos sistemas de produção que reduzam o emprego de combustível fóssil e tornem
econômica a horticultura intensiva, e avaliação de ciclo de vida (LCA) dinâmica para
quantificar externalidades da produção.

Impulsionadores e Obstáculos

Impulsionadores e Obstáculos

Impulsionadores Modernização e robotização da produção: a fim de atender à crescente demanda do


consumidor com preços consistentes e ao mesmo tempo atenuar o impacto de uma possível
fuga de mão de obra da UE e da atual inflação de custos, os produtores locais do Reino Unido
têm investido na modernização e na robotização de seus processos. Eles também estão

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 25


buscando alternativas para locais de plantação, principalmente para a produção em massa de
frutas delicadas, como os morangos.

Ofertas de superalimentos: os “superalimentos” mais caros, como cranberries e blueberries, já


não são mais considerados produtos de luxo e agora são bastante consumidos por um público
preocupado com a saúde. Com base na ferramenta de pesquisa VIA da Euromonitor, entre
janeiro e junho de 2018, para efeitos de comparação, os preços médios por SKU (sigla em inglês
para “unidade de manutenção de estoque”) de maçãs, bananas e cranberries/blueberries eram
US$2,6, US$1,8 e US$3,7 respectivamente. Durante o mesmo período de 2019, o preço médio
dos cranberries havia caído para US$3,4, o das maçãs para US$2,3 e o das bananas permaneceu
igual. A diferença de preços não é tão grande quanto era no passado, o que incentiva o
consumo desses produtos.

Transformação nas preferências dos britânicos: os consumidores do Reino Unido estão cada
vez mais aderindo a um estilo de vida mais saudável e, consequentemente, adotando dietas
veganas e preferindo produtos orgânicos, o que abre as portas para um novo mercado de
frutas, tanto importadas quanto produzidas localmente. Outra grande tendência alimentar no
país são os lanches saudáveis, pois muitos preferem fazer várias refeições leves e rápidas ao
longo do dia. Nesse sentido, as frutas ganham destaque com suas variedades de embalagens,
tamanhos e preços para consumos individuais e ocasionais.

Pós-Brexit pode fortalecer produção local: seja um processo de saída suave da UE ou sem
acordo do Brexit, isso resultará em desafios para os acordos de livre comércio do Reino Unido
com os mercados europeus de produtos frescos, ele também poderá ensejar acordos bilaterais
com países não pertencentes à UE, como Brasil, África do Sul e Chile ‒ estes já alguns dos
maiores mercados exportadores de frutas para o país europeu.

Obstáculos Inflação de preços: considerando a enorme dependência do Reino Unido das importações de
frutas frescas, principalmente frutas básicas da dieta do consumidor britânico, como laranja,
banana e uvas, um processo de Brexit sem acordo pode acarretar considerável escassez de
oferta e aumentos de preços. Uma saída conflituosa do bloco elevará ainda mais os preços por
conta da desvalorização da libra esterlina frente às moedas do mercado internacional e das
possíveis tarifas adicionais em toda a cadeia de suprimentos.

Escassez de mão de obra: um choque duplo de um Brexit não amigável e a Covid-19 deixaram
agricultores de mãos atadas, com uma carência de 70 mil trabalhadores necessários para a
colheita de toneladas de frutas e verduras que serão desperdiçadas. Tendo em vista que a
produção interna é altamente dependente dos imigrantes da UE para realizar suas colheitas
sazonais, os legisladores do Reino Unido precisarão encontrar uma solução de longo prazo para
a contratação de mão de obra na era pós-Brexit.

Restrições climáticas: a produção local de frutas do Reino Unido ainda é limitada em razão do
clima frio do país, que restringe o cultivo de frutas básicas amplamente consumidas pelos
britânicos (banana e laranja), bem como de frutas exóticas que despontam como opções de
alimentação na esteira da mania de saúde que invadiu o país. Estudos recentes indicam que a
mudança climática e os “climas atípicos” estão impactando significativamente as colheitas de
verduras e frutas do Reino Unido.

Preparação para a horticultura orgânica: as empresas de horticultura orgânica no Reino Unido


têm enfrentado vários desafios para criar suas infraestruturas de negócios agrícolas, incluindo,
mas não limitado a altos custos para compras de negócios agrícolas e disponibilidade limitada
de arrendamentos rurais.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 26


Interrupções na cadeia de suprimentos: em vista da improvável redução dos efeitos da Covid-
19 em 2020 e 2021, a dependência do Reino Unido de importações e força de trabalho
estrangeiras deverão asfixiar ainda mais o fornecimento de frutas no mercado, tanto a curto
como a médio prazo. Novas medidas nessa frente gerarão custos transfronteiriços
consideráveis e atrasos nos controles de saúde e segurança, bem como na mobilidade da mão
de obra dos países vizinhos da UE para o Reino Unido.

4.2. CATEGORIAS

Fonte: Euromonitor International


Observação: *Previsões consideradas para o período de 2020 até 2023.
Mercado de uvas do Reino Unido é impulsionado por variedades sem sementes,
embalagens menores (punnet) e opções como lanches
• Em 2019, o mercado de uvas do Reino Unido registrou US$1.001,9 milhões em termos de
valor (preço de venda no varejo), a uma taxa de crescimento de 14,5% desde 2015.
Atualmente, as uvas contribuem com 11,7% do mercado total de frutas no Reino Unido em
termos de valor e 8,3% em termos de volume. Seu volume de vendas no Reino Unido
também está entre os maiores no mercado de frutas, com um crescimento de 3,4% entre
2016 e 2019 e 226.500 toneladas vendidas no último ano (2019).
• O consumo per capita de uvas, responsável por 8% do consumo total per capita no país em
2019, cresceu a 3% no período de 2016 a 2019. Os preços da fruta chegaram a
£4,10/quilograma (US$5,23/quilograma) em 2019 e devem ter um crescimento de 9,8%,
alcançando £4,50/quilograma (US$5,74/quilograma) em 2023.
• Espera-se que o mercado de uvas frescas e passas atinja US$1.119 milhões, com um volume
de 237.500 toneladas até 2023, a taxas de crescimento médio anual de 3% em termos de
valor e 0,8% em termos de volume durante o período de previsão, somando um total de
15,8% e 5,1%, respectivamente.
• Embora o Reino Unido ainda dependa bastante das importações para atender à sua demanda
interna por uvas, a produção local cresceu de forma significativa desde 2012, ano em que as
primeiras variedades de uvas sem sementes produzidas em solo nacional foram introduzidas

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 27


no mercado. Além disso, o país se mostra promissor em relação ao setor de viticultura, sendo
o vinho o produto que mais cresce entre suas exportações, em parte devido à produção de
vinhos menos ácidos e mais aromáticos influenciada pela mudança climática.
• Mais recentemente, o surto de Covid-19 no Reino Unido e as consequentes medidas de
fechamento e isolamento forçaram os britânicos a consumirem seus vinhos em casa (o país
conta com 28 milhões de consumidores frequentes da bebida), o que cria uma oportunidade
para as marcas locais, já que os importadores também têm enfrentado restrições para trazer
produtos estrangeiros para o país. Nesse período de quarentena mais rigorosa, as ocasiões
para o consumo de vinho passaram a incluir almoço, encontros entre amigos pela internet e
jantares de família.
• A Asda desenvolveu as primeiras uvas de mesa cultivadas no Reino Unido em 2015. Até
então, as uvas cultivadas no país eram utilizadas apenas para a produção de vinhos. De
acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a partir de 2016, o consumo e a
demanda por uvas de mesa mistas e negras aumentaram com o surgimento da variedade
brasileira BRS Vitoria, um cultivo de uvas sem sementes, de cor preta, doces e ácidas. Desde
sua introdução, as uvas sem sementes Lakemont Seedless, Suffolk Red e Brandt Grape Vines
também se mostraram variedades adequadas para o clima britânico.
• A diversidade do produto, sua embalagem prática punnet, conferindo à fruta a característica
de “lanche”, e preços cada vez mais competitivos entre as redes de supermercados e
varejistas aumentaram de tal maneira a demanda do consumidor pela categoria no mercado
do país que as uvas tomaram a posição das maçãs como fruta mais vendida em 2018. Embora
os consumidores britânicos se preocupem com a variedade e a doçura das uvas, as
embalagens punnet são o principal motivador para o consumo da fruta. E elas estão ficando
cada vez menores, reduzindo seu tamanho de 250 gramas para 170 gramas.
• Seus preços variam bastante e apresentam opções tanto baratas quanto consideravelmente
caras. Por exemplo, o preço por quilograma de uva chega a cerca de US$4,08 na Lidl, US$4,24
na Asda e US$5,14 na Tesco. Já a Morrison e a Waitrose cobram US$5,78 e US$5,91 por
quilograma, respectivamente. Em média, as uvas no Reino Unido são vendidas a US$5,19 por
quilograma, o que representa uma queda em relação aos US$5,20 registrados em 2016.
• Atualmente, lojas de desconto como Lidl e Aldi detêm as maiores parcelas e exercem grande
influência no mercado de uvas de mesa, dominado pelas variedades sem sementes, as quais
também são amplamente distribuídas pelas redes de supermercado Sainsbury’s, Tesco e
Marks & Spencer. Sable Seedless e Cotton Candy são exemplos de uvas sem sementes que
vêm caindo no gosto dos consumidores britânicos. MM UK, ERMS, Grapes Direct e Vine Care
UK são algumas das principais empresas especializadas na cadeia de suprimentos e produção
de uvas do país.
• O consumo de uvas entre a geração de millennials preocupados com a saúde e o meio
ambiente vem crescendo devido a lançamentos de produtos inovadores no mercado do
Reino Unido. Um desses produtos é a água com sabor de vinho da Wine Water, a O.Vine,
uma bebida orgânica e não alcoólica que faz uso de 25% das uvas não aproveitadas no
processo de produção do vinho. O consumo consciente também tem impulsionado a
expansão da indústria de vinhos orgânicos no Reino Unido. Essa demanda crescente por
produtos orgânicos, por sua vez, direciona a atenção dos produtores locais para a viticultura
orgânica e para as práticas agrícolas biodinâmicas. Já entre os exportadores para o mercado
europeu, o foco deve recair sobre as variedades mais populares sem sementes e sobre as
embalagens ideais para “lanche fresco”, as pequenas punnets. Os consumidores também têm
se mantido mais informados sobre a sustentabilidade dos produtos que compram.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 28


• As uvas brasileiras enviadas para o Reino Unido chegam diretamente ao país ou passam pelo
porto de Roterdã, e sua temperatura de armazenamento e transporte pode variar
dependendo da variedade da fruta, do tempo previsto para estocagem e da distância da
viagem. Uvas são armazenadas normalmente a temperaturas de -1 °C a 4 °C e transportadas
entre -1,5 °C e 4 °C.

Temporada de colheita de uva nos principais mercados de origem para o Reino Unido
Meses Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

África do Sul X X X X

Espanha X X X X X X

Chile X X X X

Egito X X X X X X

Peru X X X

Brasil X X X X

O mercado de maçãs no Reino Unido é fomentado por diversificação de produtos e


inovação tecnológica
• Em 2019, o mercado de maçãs no Reino Unido registrou US$1.377,4 milhões em termos de
valor (preço de venda no varejo), uma taxa geral de crescimento médio anual de 1,5% desde
2015. Atualmente, a maçã contribui com 16,1% do total do mercado de frutas do país em
termos de valor (a maior parcela) e 19,5% em termos de volume (o maior depois das
bananas).
• Seu volume de vendas no varejo no Reino Unido está entre os maiores no mercado de frutas,
mas sofreu uma queda de 2,2% entre 2016 e 2019, atingindo 535.700 toneladas no último
ano. Essa queda reflete um declínio igualmente modesto de 4,8% no consumo per capita da
categoria, de 8,4 quilogramas em 2015 para 8 quilogramas em 2019. O consumo doméstico
de maçãs também diminuiu de 20,1 quilogramas por família em 2015 para 19,1 quilogramas
por família em 2019, um decréscimo de 5%. Considerando que mais da metade das ocasiões
de consumo é individualizada, principalmente por profissionais jovens, urbanos e com vidas
agitadas, e também considerando a popularidade dos lanches saudáveis, o mercado de frutas
tem feito embalagens em tamanhos de porções individuais.
• Espera-se que o mercado de maçãs atinja £1,2 bilhão (US$1,6 bilhão) e 234.100 toneladas até
2023, a taxas de crescimento médio anual de 3% em termos de valor e 0,8% em termos de
volume durante o período de previsão, somando um total de 15,8% e 5,1%, respectivamente.
• O preço médio da fruta no país subiu de US$2,89 por quilograma em 2016 para US$3,05 por
quilograma em 2019. Nos maiores varejistas do Reino Unido, a maçã era vendida, por
quilograma, em média a US$2,43 na Asda, US$2,92 na Morrison e US$2,81 na Tesco. As
maçãs orgânicas, no entanto, são significativamente mais caras. Por exemplo, seu preço por
quilograma é US$4,22 na Sainsbury e US$5,35 na Tesco.
• Cerca de metade das maçãs são vendidas sem embalagens, soltas, e pesadas no caixa. O
restante é vendido em embalagens plásticas de aproximadamente 600 gramas. A Asda, por
exemplo, oferece sua Grower’s Selection Golden Delicious Apples em embalagens de 660
gramas, a Morrison vende as maçãs Royal Gala também em pacotes de 660 gramas e a Tesco
vende as Goodness for Kids Organic Apples em sacola plástica de 420 gramas.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 29


• Algo que vem impulsionando o consumo da categoria recentemente é o aumento na
utilização de maçãs como ingrediente para sobremesas. Apesar de seu crescimento, o
mercado de maçãs para cozinhar tem aumentado a partir de uma pequena base, liderada
pela variedade Bramley’s Seedling. Desde 2017, o Reino Unido tem testemunhado um
“boom” de maçãs com a criação de novos pomares comunitários com culturas de variedades
tradicionais; Kanzi, Rubens, Jazz e Cameo também surgiram como marcas fortes de
variedades nesse mercado.
• O gosto dos consumidores mudou ao longo dos anos e, embora britânicos ainda prefiram
crocância, suculência, acidez moderada e teor de açúcar (Braeburn e Cox), os números do
mercado mostram um apetite crescente por variedades com menos acidez e açúcar (Gala).
• Os consumidores britânicos também estão melhor informados sobre a pegada ambiental e a
sustentabilidade dos alimentos frescos, e a importância desses critérios ecológicos continua
elevada em relação a esses produtos e às importações. Entre os certificados nesse âmbito
estão a rotulagem ambiental Tipo II e Tipo III, rastreabilidade na cadeia de suprimentos pela
ISO, o Esquema de Ecogestão e Auditoria (EMAS) e o certificado de Responsabilidade Social
(SA 8000). O hábito de petiscar maçãs aumentou a demanda por frutas pequenas e médias
que os jovens britânicos possam carregar durante o dia a dia, deixando os produtores locais
com um estoque excedente considerável de maçãs grandes, que encontraram um mercado
de exportação no Oriente Médio.
• Como o Reino Unido visa uma participação de 60% de suas maçãs nas prateleiras dos
supermercados até 2030, o foco da organização English Apples & Pears (EAP) é auxiliar os
produtores britânicos a ampliarem a variedade de maçãs de alta qualidade de acordo com as
preferências do consumidor (vermelha ou bicolor, suculenta, crocante e doce) e o clima
característico do país. O mercado é próspero para as maçãs para sobremesa, com diversas
aplicações. Entre as novas variedades experimentadas pelos produtores locais estão Envy,
Sweetie, Evelina, Red Prince e Magic Star, todas distribuídas em grandes redes varejistas,
como a Tesco.
• O interesse pelo “sabor britânico” e a tendência fitness também são impulsionadores do
consumo das “Great British Apples” (“Grandes Maçãs Britânicas”). A EAP tem realizado várias
campanhas que mostram influenciadores experimentando as maçãs britânicas e
incorporando-as em seus estilos de vida e no preparo de receitas saudáveis. Por exemplo, a
Marks & Spencer incluiu recentemente em seus adesivos PLU (sigla em inglês para “código de
consulta de preço”) a frase “Best Cooking Apple” (“Melhor Maçã para Cozinhar”) para as
maçãs Bramley. A EAP também lançou a campanha #AnAppleaDay (“uma maçã por dia”) em
suas mídias sociais para alcançar as Gerações X e Y e divulgar a proposta de maçãs com
menos de 100 calorias como lanches.
• Os produtores locais têm investido em tecnologia para armazenar suas maçãs por mais
tempo, sistemas que não precisam de escadas para a colheita e dispositivos que requerem
menos mão de obra e aumentam a produtividade (reboques e plataformas com esteiras).
Eles também estão experimentando uma gama maior de variedades mais econômicas e
ecológicas com maior resistência a pragas e colheitas mais rápidas. Além disso, existem várias
pesquisas em andamento sobre sincronização de polinização de árvores.
• As maçãs brasileiras são enviadas diretamente para o Reino Unido ou passam pelo porto de
Roterdã, e sua temperatura de armazenamento e transporte pode variar dependendo da
variedade da fruta, do tempo previsto para estocagem e da distância da viagem. As maçãs
são transportadas normalmente a temperaturas que variam de 0 °C (variedades tolerantes ao
frio) a 5 °C (variedades sensíveis ao frio).

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 30


Temporada de colheita de maçã nos principais mercados de origem para o Reino
Unido
Meses Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
França X X X X X X X X X X X X
África do Sul X X X X
Nova Zelândia X X X X X X
Alemanha X X X X
Itália X X X

Brasil X X X X

Mercado de mamões no Reino Unido é novo, de nicho, e quase totalmente


dependente de importações do Brasil
• Embora os números sejam limitados, o Reino Unido produz muito pouco de seu suprimento
de mamão, e isso se deve em grande parte ao seu clima inadequado para o cultivo de frutas
lá consideradas exóticas. O mercado de mamões no país registrou £11,1 milhões (US$14,2
milhões) em 2019 e suas importações foram responsáveis por quase 99,7% da atividade
comercial da categoria. Brasil, Países Baixos (apenas como reexportador), Jamaica e Tailândia
são os maiores exportadores de mamão para o mercado britânico. Os Países Baixos atuam
como um centro comercial para a fruta e seus principais países de destino são Reino Unido,
Alemanha, Espanha e Portugal. O principal país de origem dos mamões importados pelos
Países Baixos em 2019 foi o Brasil.
• Não há muito consumo nem demanda por mamão no Reino Unido, mas isso vem mudando
gradualmente com o crescente interesse pelos benefícios para a saúde e digestão oferecidos
pela fruta. Solo, Solo Sunrise e Golden são as variedades mais conhecidas de mamão fresco
no mercado europeu para frutas pequenas de até 700 gramas, enquanto o Formosa se
destaca no quesito frutas acima de 1 quilograma. Os mamões menores (200 a 500 gramas)
são mais populares entre pessoas que consomem porções individuais; já os maiores (entre
500 gramas e acima 2 quilogramas) são os preferidos dos processadores, pois seu sabor é
melhor e sua vida útil é mais longa. Os consumidores britânicos também preferem comprar
mamões maduros para consumo imediato. A demanda por mamões orgânicos ainda é baixa
na Europa.
• No geral, os preços ao consumidor de mamões, como frutas exóticas, são altos e sobem ainda
mais quando exportados para a Europa. Só o transporte aéreo do produto eleva o preço no
varejo em 20%. Nos canais varejistas modernos, a fruta é vendida a até US$2 por unidade. Às
vezes, principalmente nos varejistas online, os mamões são embalados dois a dois e podem
custar de US$3,0 a US$3,5 a embalagem. Nos canais varejistas tradicionais (lojas étnicas e
mercados), eles podem ser vendidos em caixas contendo sete a dez unidades.
• Os mamões provenientes do Brasil prioritariamente passam pelo porto de Roterdã (Países
Baixos). Os mamões são armazenados normalmente a 7 °C quando maduros e a 10 °C quando
ainda verdes. Nessas condições, os mamões verdes e maduros podem durar até quatro e três
semanas respectivamente.
• Em 2019, a produtora/empacotadora/distribuidora de produtos frescos sediada no Reino
Unido Wealmoor anunciou seus planos de ampliar a presença e o consumo do mamão no
mercado interno. A empresa comercializa mamões há mais de 45 anos nos setores varejista,

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 31


atacadista e foodservice no Reino Unido. A Wealmoor incluiu em sua atual base de
fornecimento da fruta a terceira geração de seu primeiro produtor de mamão brasileiro.
Atualmente o mamão tem pouca presença no mercado, com apenas 3% dos domicílios
britânicos consumindo a fruta pelo menos uma vez por ano. No entanto, o mercado de
mamão pronto para consumo e como lanche pode crescer com a variedade de tamanhos da
fruta, principalmente em razão de suas pequenas unidades individuais (mamão papaia) e sua
conveniência (recém-cortado).

Temporada de colheita de mamão nos principais mercados de origem para o Reino


Unido
Meses Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Brasil X X X X X X X X X
Jamaica X X X X X
Tailândia X X X X X X X X X
Gana X X X X X X X

Dependente principalmente das importações do Brasil, o mercado de manga do Reino


Unido é prejudicado pelas flutuações de preço e qualidade
• Em 2019, o mercado de goiaba, manga e mangostim no Reino Unido chegou a £143,4
milhões (US$182,9 milhões) e as importações foram responsáveis por 96% desse montante
(US$175,3 milhões). Os principais mercados de importação da categoria são Brasil, Gana,
Peru, Paquistão e Índia. Junto de Alemanha, França e Portugal, o Reino Unido é o segundo
maior importador de manga da Europa e mantém padrões rigorosos de certificação e
garantia de qualidade. O país também possui um mercado étnico específico para variedades
de manga da Índia e do Paquistão, como a Alphonso e a Kesar.
• O comércio internacional da fruta é limitado pois as mangas são perecíveis e frágeis a
temperaturas abaixo de 13 °C, portanto elas são importadas principalmente do Brasil, sendo
a via marítima seu principal meio de transporte. No entanto, pequenas quantidades de
mangas são transportadas indiretamente através da Alemanha (porto de Hamburgo), França
(porto de Marselha) e Países Baixos (porto de Roterdã). Embora sejam resfriadas no
momento do embarque, as mangas são vendidas no varejo à temperatura ambiente, soltas e
pesadas no caixa. Em alguns casos, elas são cortadas e vendidas resfriadas em
caixas/embalagens plásticas de aproximadamente 150 gramas. Nos canais varejistas
tradicionais (lojas étnicas e mercados), as mangas são vendidas em caixas com dez unidades.
• Já as mangas vendidas nos canais de varejo modernos são vendidas por unidade a
aproximadamente US$1,3 cada. Nos canais de varejo tradicional, as caixas de papelão com
dez unidades variam entre US$8 e US$13 cada.
• As variedades sem fibra como Kent e Keitt são as mais populares entre os consumidores. As
segundas favoritas são a Palmer, comum no Brasil, e a Tommy Atkins, pois sua oferta em
larga escala pode atender à demanda europeia.
• Comerciantes especializados no Reino Unido, assim como em outros mercados europeus,
normalmente importam suas mangas, as quais são distribuídas como frutas prontas para
consumo, maduras ou recém-cortadas aos consumidores finais nos canais de varejo. Muitos
desses comerciantes possuem suas próprias instalações de amadurecimento e
empacotamento. A demanda pela fruta aumenta no final de novembro e no final de

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 32


dezembro em toda a Europa, e está avançando cada vez mais em direção de mangas
minimamente processadas e orgânicas no segmento de alto padrão. As mangas recém-
cortadas, transportadas por via aérea, são vendidas durante o ano todo nos supermercados
do continente a preços mais altos, enquanto as mangas prontas para consumo, amadurecidas
no país de destino, são oferecidas a preços mais baixos.

Temporada de colheita de manga nos principais mercados de origem para o Reino


Unido
Meses Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Brasil X X X X X X X X
Gana X X X X X
Peru X X X X
Paquistão X X X X X
Índia X X X X X

Mercado de limões no Reino Unido oferece oportunidades para fornecedores fora da


Europa
• Em 2019, o mercado de limões no Reino Unido registrou US$9,9 milhões em termos de valor
(preço de venda no varejo), uma taxa de crescimento médio anual de 0,4% desde 2016.
Atualmente, os limões contribuem com 0,4% do mercado total de frutas no Reino Unido em
termos de valor. O mercado de limões deve chegar a US$11,4 milhões, com volume de
95.700 toneladas até 2023, uma taxa de crescimento médio anual de 3,6% em termos de
valor durante o período da previsão.
• No geral, o consumo per capita de limões foi de 34,1 gramas e contabilizou 0,1% do total do
consumo per capita de frutas no país em 2019. O consumo de 57,5 gramas por domicílio
continua modesto em comparação ao consumo de outras frutas básicas da dieta britânica
(22,5 quilogramas/domicílio de bananas, 19,1 quilogramas/domicílio de maçãs e 16,4
quilogramas/domicílio de laranjas, tangerinas e mandarinas).
• O mercado britânico de limões é altamente dependente das importações. Em 2019, ele
atingiu £232 milhões (US$181,9 milhões) e suas importações foram responsáveis por £223,4
milhões (US$175,2 milhões) desse valor, contabilizando 96% do total do mercado. O Reino
Unido vem logo após os Países Baixos como um dos maiores importadores europeus de
limões. Os principais exportadores da fruta para o Reino Unido são a África do Sul, a
Alemanha e a Espanha, esta última detendo a maior parcela (41%) das exportações da
categoria para o mercado britânico. Os limões provenientes do Brasil são enviados
diretamente para o Reino Unido, quase exclusivamente por transporte marítimo, a
temperaturas de 10 °C a 14 °C.
• Nos canais varejistas modernos (lojas de desconto, supermercados e hipermercados), os
preços ao consumidor podem variar bastante, de US$3,5 a US$7,7 por quilograma. Já nos
mercados de rua, a fruta pode ser encontrada a preços bem mais baixos. Os limões
geralmente são vendidos à temperatura ambiente, individualmente ou em redes plásticas
com três a dez unidades. Dependendo do grau de amadurecimento da fruta, ela pode ser
armazenada por quatro a 20 semanas sob temperaturas de 12 °C a 14 °C. Os limões
completamente maduros podem ficar nas prateleiras por cerca de duas semanas.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 33


• A demanda por limões vem aumentando em toda a Europa devido à escassez de oferta do
principal exportador, a Espanha (75% a 80% do total), abrindo oportunidades para
exportadores fora da UE (Argentina, África do Sul e Turquia). Embora o mercado europeu
tenha mostrado sinais de saturação no consumo da fruta em 2019, o Reino Unido ainda é um
dos maiores mercados consumidores dessa categoria.
• Em relação ao consumidor, o aumento do consumo de limão na UE, incluindo o Reino Unido,
tem levantado questões sobre os tratamentos químicos utilizados nessa categoria a fim de
combater pestes e prolongar a vida útil das frutas. Os exportadores de limão para a UE têm
evitado o uso direto de produtos químicos e buscado oferecer frutas sem resíduos.
• O limão é geralmente utilizado para temperar saladas e refeições, mas vem sendo cada vez
mais consumida em bebidas para fazer coquetéis, principalmente a variedade sem sementes,
e sua maior demanda ocorre durante o verão europeu. As importações de limão fresco para a
UE são provenientes principalmente do Brasil e do México, sendo Reino Unido e Países Baixos
seus maiores importadores. A Citrus latifolia (com 42 a 67 milímetros de diâmetro, também
conhecida como “Persian”, “Tahiti”, ou “Bearss”) e Citrus aurantiifolia (com 25 a 45
milímetros de diâmetro, também conhecida como “Key Lime”, “Mexican” ou “West Indian”)
são as variedades mais produzidas para exportações para a UE e para consumo in natura.
Normalmente, elas são vendidas em caixas com capacidade de 4 a 4,5 quilos e, para clientes
que as reembalam em redes ou bandejas, caixas com capacidade de 18 quilos.

Temporada de colheita de limões nos principais mercados de origem para o Reino


Unido
Meses Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Espanha X X X
África do Sul X X X X X
Brasil X X X X X X X X

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 34


4.3. CONCORRENTES
Participação de Mercado em Valor - Produtores Locais* de Frutas
14% (%)
12%
12%

10%

8%

6% 5%

4% 3%
2%
2%
2%

0%
Haygrove Ltd A C Goatham and Son Place UK Ltd Clock House Farm Ltd The New Forest Fruit
Ltd Company Ltd

Fonte: Euromonitor International


Observação: *Produtores locais de maçãs e outras frutas.
• A maioria das empresas tem como foco a produção de frutas delicadas (pequenas frutas sem
caroço, que normalmente crescem em arbustos, como frutas silvestres, morangos e
groselhas), bem como maçãs e peras. Além disso, as empresas utilizam tecnologias e
abordagens inovadoras para garantir colheitas o ano todo. Todas elas vendem toda ou a
maior parte de sua produção no mercado local e a maioria coopera ativamente com os
principais varejistas do Reino Unido, como Sainsbury’s, Marks & Spencer, Asda, Lidl, Tesco e
Waitrose.
• Quase todos os produtores dispõem de um grande número de fazendas e terras destinadas
ao cultivo de frutas. A AC Goatham & Son, por exemplo, possui 25 fazendas espalhadas por
todo o Reino Unido, totalizando 1.145 hectares de pomares de maçãs e peras. Os produtos
da empresa podem ser encontrados nas prateleiras da Sainsbury’s, da Aldi, da Lidl e da
Iceland.
• A Bardsley atualmente tem 850 hectares de pomares produtivos e atua em 23 localidades em
Kent. Sua maior safra é a de maçãs, com colheita de aproximadamente 90 milhões de
unidades da fruta todos os anos. A empresa emprega cerca de 420 pessoas durante a alta
temporada. Além disso, em 2019, a Bardsley começou a cultivar uvas de vinho da variedade
Chardonnay para a produção de espumantes ingleses.
• A Adrian Scripps é considerada um dos maiores produtores e embaladores de fruta no Reino
Unido. Ela possui cinco fazendas em Kent e juntas elas somam 750 hectares, sendo 400 deles
utilizados para o cultivo de maçãs, peras e groselhas-pretas.
• A Boxford (Suffolk) Farms produz frutas com e sem caroço, no entanto, seu principal negócio
é o cultivo de maçãs, oferecendo atualmente mais de 40 variedades da fruta.
• A Fourayes Farm colhe maçãs English Bramley, entre outras frutas, em especial as delicadas, a
partir de seus 40 hectares em Kent. A empresa é considerada a maior processadora de frutas
e fabricante de geleia (na qual utiliza suas frutas cultivadas) do Reino Unido.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 35


• Reunindo 20 produtores de maçãs e peras, a Avalon Growers Producer Organisation também
é um importante player do mercado. A empresa é registrada como uma Organização de
Produtores e apresentou recentemente um faturamento de cerca de US$19 milhões.
• As empresas de marketing de fruta do Reino Unido, incluindo as líderes Berry Gardens e Berry
World, também desempenham um papel importante para impulsionar o mercado de frutas
do país. Elas representam os produtores locais, geralmente de menor porte, voltados
principalmente para o cultivo de frutas silvestres, maçãs e peras, e os auxiliam a estabelecer
parcerias com os principais varejistas a fim de torná-los mais conhecidos. Atuando como
cooperativa, a Berry Gardens, por exemplo, é o maior grupo de marketing de fruta do Reino
Unido e deteve 30% de participação de mercado em 2018.

Produção de maçãs, peras, bem como de frutas delicadas e sem caroço deve insuflar o
mercado
• Os principais produtores no mercado de frutas do Reino Unido têm como foco principal o
cultivo e o processamento de maçãs, peras, frutas delicadas e com caroço (especialmente
ameixas e cerejas). A fim de venderem seus produtos, todos eles colaboram de perto com os
maiores varejistas do país (Sainsbury’s, Lidl, Marks & Spencer, entre outros). A colaboração
com grupos de marketing também traz benefícios a essas empresas em termos de alcance de
produto (para varejistas, atacadistas, processadores de frutas) e acesso ao mercado local,
pois esses grupos servem de ponte entre os produtos e os varejistas.
• A maioria dos produtores busca dispor de colheitas o ano todo para atender aos
consumidores locais. Para tanto, eles utilizam uma variedade de tecnologias inovadoras e
também procuram espalhar seus cultivos em diferentes locais. Os players do mercado
também se preocupam com a produção ecológica. A AC Goatham & Son, por exemplo, monta
“hotéis de abelhas” próximos aos pomares e planta flores perto das macieiras e pereiras para
atrair abelhas e aumentar a colheita.

Cinco principais fornecedores de frutas no Reino Unido


1) AC Goatham & Son
Localização: Kent, Reino Unido
Telefone: +44 (0)1634 253424

Ano de fundação: 1947

Vendas anuais - 2019 (US$ milhões): 56,5

Setores atendidos: Produção e venda de maçãs e peras

Principais produtos: Maçãs e peras


Site: https://www.acgoatham.com/

2) Adrian Scripps Ltd


Localização: Kent, Reino Unido
Telefone: +44 (0)1892 832406

Ano de fundação: 1960

Vendas anuais - 2019 (US$ milhões): 18,4

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 36


Setores atendidos: Produção e venda de maçãs, peras e uvas de vinho

Principais produtos: Maçãs, groselhas-preta, peras, uvas de vinho


Site: http://adrianscripps.co.uk/

3) Fourayes Farm Ltd


Localização: Kent, Reino Unido
Telefone: +44 (0) 1622 884 230

Ano de fundação: 1953

Vendas anuais - 2019 (US$ milhões): 16,3

Setores atendidos: Produção de maçãs e outras frutas delicadas, processamento de frutas, fabricação de geleia

Principais produtos: Frutas delicadas e maçãs; produtos processados; geleias

Site: https://www.fourayes.com/

4) Boxford (Suffolk) Farms Ltd


Localização: Essex, Reino Unido
Telefone: +44 (0)1787 210 348

Ano de fundação: 1938

Vendas anuais - 2019 (US$ milhões) 11,7

Setores atendidos: Produção e venda de frutas delicadas e frutas sem caroço, bem como de aspargos

Principais produtos: Maçãs, ameixas, morangos, framboesas, blueberries, cerejas, ruibarbos, aspargos

Site: https://www.boxfordfarms.com/

5) Bardsley Fruit Enterprises Ltd


Localização: Kent, Reino Unido

Telefone: +44 (0)1622 842 527

Ano de fundação: 1892

Vendas anuais - 2019 (US$ milhões) 9,0

Setores atendidos: Produção e venda de frutas delicadas e frutas sem caroço, bem como de uvas de vinho

Principais produtos: Maçãs, peras, ameixas, damascos, cerejas, uvas de vinho

Site: https://www.bardsley-england.com/

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 37


Os maiores importadores atuam em diversas categorias

Posição Uva Maçã Mamão Limão Manga

1ª Greenyard Fresh UK Worldwide Fruit Greenyard Fresh UK Fesa UK Greenyard Fresh UK

2ª Rodanto Greenyard Fresh UK Fesa UK DPS Fesa UK

3ª Exsa Imports Fruco DPS Rodanto DPS

4ª Fruco FPG UK Exsa Imports Exsa Imports Rodanto

5ª FPG UK Jemfruits FPG UK Jemfruits Fruco

Fonte: Euromonitor International

Uva: presença local em todo o mundo ajuda a garantir a oferta


O maior importador de uvas, a Greenyard Fresh UK, é uma empresa do Grupo Greenyard Fresh e
possui instalações de suprimento no Brasil, no Chile, na Colômbia e no Peru. Ela conta com
parceiros produtores da fruta nos hemisférios norte e sul, o que permite à empresa fornecer
uvas o ano inteiro. A Greenyard Fresh UK também está presente em todos os estágios da cadeia
de suprimentos, desde a produção até a distribuição, e consegue controlar a qualidade e a
entrega oportuna de seus produtos. A maioria dos importadores, como a Exsa Imports, também
faz uso de estratégias semelhantes em relação ao fornecimento de uvas, porém, em escala
menor.
Maçã: importadores dependem de produtores tanto estrangeiros quanto locais
A Worldwide Fruit é uma empresa especializada na importação de três frutas: maçã, pera e
abacate e o maior importador de maçãs no Reino Unido. Ela obtém seus produtos a partir de
fazendas locais e de parceiros ao redor do mundo, principalmente da Nova Zelândia, da América
do Sul, dos Estados Unidos e da Europa, garantindo a oferta constante de maçãs o ano todo. A
Greenyard Fresh UK tem foco nos produtores locais de maçã, o que a coloca na segunda posição
entre os maiores importadores da fruta. A empresa também possui fazendas de maçã. Em 2016,
ela estabeleceu uma parceria com o produtor local Bardsley Farms. A empresa também coopera
com produtores na Argentina, no Chile, na Nova Zelândia, na África do Sul, na França e na Itália a
fim de garantir a oferta constante de maçãs o ano inteiro.
Mamão: produto de nicho, com pouco volume de importação
O mamão é um produto de nicho pouco importado no Reino Unido. Os principais importadores
de mamão têm alguma presença e atuam em estreita colaboração com os principais países
produtores de mamão, como Brasil, Israel, África do sul, Peru, Turquia e outros.
Limões: importadores devem estabelecer parcerias nos países latino-americanos
Os limões são fornecidos a partir de produtores no Brasil e em outros países latino-americanos.
Por exemplo, a Fesa UK Ltd, principal importador de limão no Reino Unido, tem parceria com
produtores da fruta no Brasil, no Peru e no México. A empresa ainda auxilia os produtores de
limão com técnicas de cultivo para melhorar a produtividade. O segundo maior importador
dessa fruta no Reino Unido, a DPS Ltd, tem parcerias com produtores no México e na República
Dominicana.
Manga: parcerias com outros países, principalmente com o Brasil, são fundamentais
Diferentemente de muitos outros produtos no escopo deste relatório, a manga não conta com
produtores no país. Seus principais fornecedores, como Greenyard Fresh UK e DPS Ltd, são
obrigados a importar a fruta de países como Brasil, Peru, Israel, Espanha, países africanos e
outros produtores de manga.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 38


4.4. DISTRIBUIÇÃO E PREÇOS

Fase 1: Importações (~36% do mercado Fase 1: Produção Interna (~64% do


local) mercado local)

54% de países da 46% de países


UE fora da UE

Margens Importador/Atacadista/ ~7% da produção interna


comerciais: ~17% Amadurecedor é exportada

Fase 2: Processamento de alimentos


Fase 2: Atacadista (49%)
(51%)

Margens: ~8%-
Mercado atacadista (atacadista secundário)
10%

Fase 3: Fase 3: Fase 3:


Fabricantes de produtos de
Varejo ~84% - Instituições ~1% frutas/empresas de rações e
(como hipermercados, alimentos para
supermercados, lojas de
- Foodservice ~15%
animais/produtores de refeições
desconto, mercados abertos) prontas/padarias/hotéis

Fonte: Euromonitor International

Necessidade de otimização da cadeia de suprimentos ajuda a consolidar o mercado


• O mercado do Reino Unido se tornou cada vez mais seletivo, exigente e sofisticado em se
tratando da importação por transporte aéreo de frutas e verduras frescas. A última década
testemunhou a consolidação do antes fragmentado mercado importador do país, pois houve
um forte envolvimento de supermercados e grandes cadeias varejistas no suprimento e na
distribuição de frutas diretamente de exportadores e mediante contratos de fornecimento de
longo prazo, afastando-se, assim, dos produtores de pequeno porte nos mercados de origem.
A partir do início dos anos 2000, a indústria consolidou-se sob algumas grandes corporações
que atuam em nível nacional.
• A exploração de fretes de retorno e de preços de fábrica na indústria de produtos frescos no
Reino Unido têm prejudicado os fornecedores: aqueles porque são utilizados pelos varejistas
para transportar as mercadorias para os centros de consolidação, numa tentativa de reduzir
os custos de transporte; estes porque limitam os fornecedores, os quais excluem os custos de
distribuição e, por sua vez, abrem mão do controle sobre a definição de preços relacionados à
logística.
• A gestão de categoria (CM), por outro lado, possibilitou a fornecedores e a varejistas optarem
por uma abordagem voltada à parceria em vez de uma baseada em commodities no mercado

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 39


de produtos frescos do Reino Unido. As grandes redes têm buscado fazer o mesmo a fim de
otimizar suas cadeias de suprimentos e harmonizar os padrões de qualidade. Porém, a
confiança ainda é uma barreira entre varejistas e fornecedores de produtos frescos no país,
mas que vem sendo superada pela maior consolidação dos fornecedores.
• Além da inflação dos preços decorrente da desvalorização da libra esterlina e da escassez de
oferta, bem como da ausência de mão de obra para colheitas sazonais e trabalhadores
imigrantes da UE, um cenário de Brexit sem acordo promete causar impactos negativos e
entraves na cadeia de suprimentos de produtos frescos para o Reino Unido, sejam eles
provenientes de exportadores pertencentes ou não da UE. Existem diversos problemas
relacionados à logística que podem provocar atrasos em fronteiras e espera-se uma elevação
nos custos em decorrência de um aumento de até 40% nas tarifas.

Diferentes canais estão disponíveis para produtores de frutas que desejam adentrar o
mercado do Reino Unido
• Os produtores exportadores têm à sua disposição diversas opções de canais para adentrar o
mercado do país por meio de empresas de importação. Essa variedade de canais e opções de
distribuição, no entanto, se resume ao volume e à qualidade dos produtos oferecidos no
mercado. Para produtos de alta qualidade e bem embalados, por exemplo, os exportadores
devem considerar acordos diretos de longo prazo com vários grandes varejistas. Contudo,
eles devem garantir volumes e datas de entrega consistentes e compromissos amplos de
preços. Os exportadores também podem vender para importadores e atacadistas mediante
contratos, estabelecendo os preços numa base semanal ou mensal, mas também devem
garantir a qualidade consistente dos produtos a fim de manter tais contratos.
• Muitas empresas de importação e atacadistas estão executando todas as atividades
(amadurecimento e processamento) que antecedem a chegada do produto nas prateleiras, o
que tem otimizado a cadeia de suprimentos. Tendo em vista o poder e o controle sem
precedentes que muitos varejistas multicanais (supermercados) agora possuem sobre a
cadeia de suprimentos, diversos produtores estão optando por negociar diretamente com
aqueles que ainda dependem de importadores/distribuidores intermediários para serviços de
armazenamento, amadurecimento e distribuição.
• Ao colocar seus produtos no mercado, os produtores exportadores podem optar por
trabalhar com pequenos ou grandes importadores especializados que comprarão seus
produtos por conta conjunta ou comissão; oferecerão estrutura de pré-embalagem,
transporte e distribuição centralizada; têm seus próprios depósitos (como é o caso em
Londres (mercado New Covent Garden Market), Liverpool ou Birmingham); ou distribuirão
produtos através de um painel ou uma rede de atacadistas franqueados indicados.
• Se um exportador estiver disposto a enfrentar as flutuações de preços, os importadores
menores ou os atacadistas de importação oferecem um canal de distribuição sólido que
permite requisitos de qualidade e quantidade mais flexíveis. Os exportadores normalmente
enviam uma encomenda de teste para os importadores menores para atender aos requisitos
e, em seguida, estes poderão vender os produtos com uma comissão de 8% a 10% - caso não
haja um acordo de venda definitivo ou de conta conjunta garantindo um preço mínimo. Esses
acordos estão sujeitos à quebra de confiança, mas têm beneficiado exportadores de frutas
exóticas que desejam distribuir e vender volumes menores no mercado do Reino Unido.
• Os produtos frescos passam por pelo menos três estágios de transporte no Reino Unido: da
área de cultivo até o local de embarque, do local de embarque até o porto de chegada e, por
fim, do porto de chegada ao ponto de venda no país. No caso das frutas exóticas, a cadeia de

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 40


suprimentos para o mercado do Reino Unido depende em grande parte dos requisitos de
amadurecimento e processamento de cada categoria. As mangas, por exemplo, tiveram seus
preços consideravelmente reduzidos em razão do frete marítimo, o que abriu oportunidades
de expansão para os exportadores brasileiros.
• O papel e a importância de cada canal na exportação e importação de frutas frescas nos
mercados da UE e do Reino Unido dependem bastante da categoria. Em relação às mangas,
importadores especializados são essenciais na distribuição, e muitos dispõem de instalações
de amadurecimento e empacotamento para atender ao mercado de mangas prontas para
consumo. Os supermercados estão cada vez mais envolvidos no processo de fornecimento
dentro da UE, entretanto, para as importações de manga do exterior, o mercado é um híbrido
de contratos de fornecimento e compras no mercado de commodities à vista devido à
flutuação de preços, volumes e qualidade, e oferece espaço para comerciantes
independentes. Para a categoria de mamões, variedades maiores como o Formosa ‒ popular
no Reino Unido ‒ normalmente não são vendidas em supermercados, mas sim em
atacadistas, lojas de descontos, lojas étnicas e mercados de rua.
• A cadeia de distribuição, incluindo os estágios de exportação e importação das principais
categorias do escopo deste relatório, tem um grande impacto no limite inferior e superior dos
preços ao consumidor para exportadores brasileiros que desejam adentrar o mercado da UE.

Principais canais de distribuição

Supermercados Os supermercados ainda são o maior canal de vendas e distribuição de


frutas no Reino Unido. Nas grandes cidades (Londres, Manchester e
Edimburgo), eles são limitados em tamanho e estão localizados nos
centros. Nas áreas menos urbanas, eles geralmente são encontrados nas
periferias das cidades e são maiores e mais amplos em termos de gama de
produtos.

Atacadistas Os atacadistas no Reino Unido normalmente atuam como importadores de


frutas e verduras e também controlam o fornecimento dos produtos para
varejistas independentes. No setor de foodservice, entretanto, eles vêm
perdendo participação de mercado.

Lojas de Desconto Os consumidores têm voltado sua atenção a lojas de desconto, pois
consideram seus preços mais atraentes nas categorias de produtos padrão
e produtos premium, cada vez mais ofertados nessas lojas. Nesse cenário
de lojas de descontos, a Aldi e a Lidl estão crescendo rapidamente como
players importantes e vêm expandindo sua presença geográfica para
atender a áreas centrais e suburbanas em todo o Reino Unido.

Lojas Especializadas/Lojas Étnicas Especialmente em relação às categorias e às frutas exóticas do escopo


deste relatório, varejistas especializados e lojas de perfil étnico
desempenham um papel importante na cadeia de distribuição.
Geralmente, as lojas étnicas estão mais presentes nas grandes cidades e
atendem aos mercados-alvo de frutas exóticas em Birmingham, Bradford,
Leeds e Manchester. Já as lojas especializadas têm uma presença mais
seletiva e oferecem produtos premium em áreas relativamente mais ricas.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 41


Principais canais de distribuição
Supermercados
• Os supermercados se mantiveram como principal canal de distribuição de alimentos in natura
em 2019 devido ao seu domínio sobre as cadeias de suprimentos e distribuição, bem como à
sua ampla gama de produtos. Suas economias de escala também lhes permitiram reduzir os
preços oferecidos pelos varejistas especializados. Em 2019, supermercados e hipermercados
contabilizaram 63% de todas as vendas de varejo de frutas frescas.
• Players como Tesco e Asda focam na competitividade de preços, os grandes hipermercados
Sainsbury’s e Morrisons, nos produtos de qualidade mais caros, e a Waitrose, nos produtos
sofisticados.
• Embora dominem o mercado, os supermercados vêm perdendo participação para as lojas de
desconto, as quais, na última década, disponibilizaram mais espaço para os alimentos frescos
para atender à demanda dos consumidores. Em resposta, como forma de competir com os
preços ofertados por essas lojas, os supermercados do Reino Unido têm assumido margens
menores de lucratividade, evitando, assim, aumentos nos preços ao consumidor final.
Atacadistas
• Os atacadistas são responsáveis por 20% a 30% das vendas de frutas no Reino Unido e
normalmente distribuem os produtos para lojas independentes, quitandas, feirantes,
fornecedores e processadores de alimentos.
• No setor de foodservice, os atacadistas de produtos frescos vêm perdendo terreno para os
grandes fornecedores especializados que implantaram estruturas semelhantes às de
supermercados como forma de garantir a qualidade e os padrões do setor privado para
exportadores e importadores.
• Lojas independentes, quitandas, feirantes e fornecedores de alimentos normalmente
procuram os atacadistas para adquirir produtos, porém, o volume de produtos que passa
pelos tradicionais canais atacadistas no Reino Unido diminuiu nos últimos anos.
Lojas de Desconto
• As lojas de desconto estão tomando, de forma lenta, mas constante, a parcela do mercado
das grandes redes de supermercados e varejistas, oferecendo aos consumidores uma ampla
variedade de produtos a preços mais baratos.
• Por apresentarem tamanho e estrutura geralmente menores, essas lojas levam vantagem
sobre as grandes redes de supermercados. Por exemplo, a Aldi, quinta maior rede do Reino
Unido, está ampliando sua presença nos principais centros. A Lidl e a Iceland também têm
aumentado seu alcance em todo o país e estão oferecendo aos consumidores produtos
frescos a preços mais competitivos.
Lojas étnicas e especializadas
• Embora detenham uma parcela relativamente pequena de todo o mercado de frutas do
Reino Unido, os varejistas étnicos e especializados independentes ocupam uma posição
central na distribuição das categorias do escopo deste relatório, principalmente em relação às
frutas exóticas.
• Variedades grandes como o popular mamão Formosa, por exemplo, normalmente não são
vendidas em supermercados, mas sim em atacadistas, lojas de descontos, lojas étnicas e
mercados de rua. Variedades de mangas da Índia e do Paquistão, como a Alphonso e a Kesar,
também são bastante encontradas nas lojas étnicas. De forma similar, as vendas dos limões

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 42


da Classe II se concentram no setor de foodservice, nas lojas étnicas e nos mercados de rua, e
seu fornecimento é feito por atacadistas.
• A Marks & Spencer Foodhall e a Whole Foods são dois dos supermercados especializados
mais populares no Reino Unido e trabalham principalmente com produtos premium e
orgânicos. Seu público-alvo são millennials preocupados com a saúde e com maior poder
aquisitivo.

Impacto da Covid-19 na distribuição de produtos frescos no Reino Unido


• As lojas de alimentos no Reino Unido, consideradas prestadoras de serviços essenciais,
ficaram isentas das medidas de fechamento nacionais impostas em razão do surto de Covid-
19 no país. Elas registraram seu maior crescimento em março de 2020, e as vendas de
alimentos cresceram 10,4% na comparação anual.
• Os preços dos produtos frescos tiveram um aumento significativo devido aos custos mais
elevados da mão de obra agrícola, uma vez que as restrições aplicadas nas fronteiras para
conter o avanço da Covid-19 provocaram uma escassez de trabalhadores sazonais de
colheitas - principalmente os imigrantes da UE.
• Para lidar com os fechamentos temporários de bares, restaurantes e hotéis ‒ basicamente o
setor de foodservice ‒, os atacadistas de frutas e verduras agora oferecem seus produtos
diretamente para o consumidor final por meio de entregas em domicílio. Isso significa que a
cadeia de suprimentos pode ser simplificada ainda mais em favor dos atacadistas, mas em
detrimento dos varejistas intermediários.

E-commerce de produtos frescos no Reino Unido


• O e-commerce está bem estabelecido no Reino Unido, pois o país conta com cobertura 3G
em aproximadamente 100% de seu território e 4G chegando a quase 95% dele, além do
rápido crescimento das plataformas de entrega de comida. Embora o hábito de pechinchar
do consumidor britânico tenha impulsionado o mercado varejista físico anteriormente, os
millennials com alta renda preferem as opções mais práticas.
• Em que pese o estágio inicial do e-commerce de frutas e verduras no Reino Unido, o mercado
está crescendo em razão do estilo de vida cada vez mais agitado e das necessidades de
compras de conveniência dos consumidores. A empresa de pesquisa de mercado eMarketer
indica que, entre os usuários da internet no Reino Unido, os sites de e-commerce foram o
terceiro canal mais utilizado para compras de alimentos e bebidas em 2019 (20% de
presença), depois dos grandes supermercados (62%) e pelas lojas de desconto (33%). Outro
estudo realizado pela Amcor sugere que 69% dos consumidores britânicos compraram mais
ou a mesma quantidade de comida pela internet do que por canais físicos em 2019. A
porcentagem em outros países europeus foi de 30%. No geral, o e-commerce foi responsável
por 7,3% da distribuição de alimentos frescos (incluindo frutas), representando um acréscimo
em relação aos 6,1% em 2016.
• A Ocado e a Amazon Fresh estão entre os players do e-commerce mais atuantes em entregas
de produtos frescos para o consumidor final no Reino Unido. Agora, muitos outros varejistas
e atacadistas tradicionais estão seguindo esse exemplo e comercializando seus produtos
diretamente para os consumidores por meio de seus canais online. O Click+Collect Delivery
Saver, da Tesco, e os modelos click-and-mortar (operações tanto online quanto em lojas
físicas) Delivery Pass da Asda e da Sainsbury têm incentivado os consumidores a utilizarem o
e-commerce, oferecendo preços melhores para entregas no meio da semana. A Waitrose,

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 43


supermercado que oferece produtos mais voltados ao segmento premium, realizou um teste
de entrega de compras para os consumidores enquanto eles estão fora.
• O aumento na demanda por entregas online de compras de supermercados e produtos
frescos durante a pandemia de Covid-19 alavancou muitas empresas de fornecimento de
alimentos do país no mercado. Junto da Ocado e da Amazon Fresh estão a Oddbox, uma
fornecedora de frutas e verduras cultivadas nacionalmente, e a rede de fast food saudável
Leon. Algo fundamental para a transformação da indústria de frutas do Reino Unido no
período pós-Covid-19 é o modelo DTC (sigla em inglês para “venda direta ao consumidor”), o
qual provavelmente reduzirá os lucros em toda a atual cadeia de suprimentos, mas que, em
última análise, beneficiará os consumidores e oferecerá oportunidades aos exportadores
estrangeiros.
Exemplos de empresas que distribuem frutas online no Reino Unido
Empresa Site Telefone
Ocado www.ocado.com +44 (0)345 656 1234
Amazon Fresh www.amazon.co.uk -
Abel & Cole www.abelandcole.co.uk +44 (0)345 262 6262
Oddbox www.oddbox.co.uk +44 (0)20 3318 4987
Mindful Chef www.mindfulchef.com +44 (0)203 950 0455
Boxxfresh www.boxxfresh.com +44 (0)132 984 6815
Fine Fruits Direct www.finefruitsdirect.co.uk +44 (0)151 648 0388
Floom www.floom.com +44 (0) 20 8068 7498
Fresh Direct www.freshdirect.co.uk +44 (0)186 9365 600
Eversfield Organic www.eversfieldorganic.co.uk +44 (0)1837 871400

Eventos do Setor
• London Produce Show: maior evento de produtos hortifrúti no Reino Unido, o London
Produce Show reúne durante três dias compradores e vendedores de frutas e verduras de
todo o país para trocarem conhecimento, estabelecerem relações e criarem oportunidades
de fornecimento dos produtos. Entre as suas atividades educacionais e de interação entre os
pares estão: Painel Perishable Pundit Thought Leader Breakfast e do Setor, Recepção de Gala,
Programas de Intercâmbio Universitário, Programas de Mídia para o Consumidor, Fórum do
Setor de Foodservice, Aulas/Seminários, Demonstrações do Chef e Tours Regionais. A próxima
edição, que acontece entre 22 e 24 de março de 2021, será realizada em conjunto com o
International Food and Drink Event (IFE), o que trará mais fornecedores e compradores do
país.
• Fruit Focus Live: normalmente presencial, o Fruit Focus é o principal evento técnico da
indústria de frutas e foi realizado de forma virtual nos dias 9 e 10 de setembro de 2020. Ele
reúne produtores e profissionais do setor e oferece-lhes uma plataforma para apresentar as
últimas inovações tecnológicas na produção e colheita de frutas. O evento geralmente é
realizado ao longo de um dia, no qual os participantes podem comparar produtos e serviços
com os principais fornecedores de tecnologia, analisar novas variedades de cultivo, produtos
alimentares e de proteção, conhecer as oportunidades e os desafios do setor no Reino Unido
e estabelecer relações com os profissionais da indústria. A próxima edição acontecerá em 21
de julho de 2021.
• FPJ Live: também um fórum normalmente realizado presencialmente, o FPJ (Food Produce
Journal) Live aconteceu de forma virtual em 6 de outubro de 2020. Nele, profissionais dos

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 44


setores de varejo, fornecimento, marketing e hortifrúti em geral discutem questões
essenciais para o crescimento da indústria. A conferência deste ano teve como foco o
impacto da Covid-19 e do Brexit sobre a produção e o comércio de produtos frescos, a
situação da tecnologia agrícola britânica, as mudanças comportamentais dos compradores de
produtos frescos e os diferentes modelos de negócios para os atacadistas desses produtos.
• National Fruit Show Live: considerado o evento “para produtores por produtores”, o
National Fruit Show foi realizado online como National Fruit Show Live em 22 de outubro de
2020. Os expositores reservaram estandes virtuais onde conversaram e conheceram os
visitantes em salas de bate-papo ao vivo.

Tarifas, IVA e preços


• Em 2019, o governo britânico decidiu que aboliria temporariamente tarifas sobre a maioria
das importações de frutas e verduras frescas em caso de um Brexit sem acordo. Essa
supressão de tarifas abrangeria todas as categorias do escopo deste relatório, exceto bananas
frescas e secas, feijões frescos e favas, baunilha e cravo inteiros. Depois disso, contudo, os
valores das tarifas que foram divulgados pelo governo do Reino Unido apresentaram uma
abordagem mais complexa e gradual para tarifas de importação sobre todas as categorias.
• Atualmente, mangas e mamões não estão sujeitas a tarifas, pois são produzidas
exclusivamente fora da região da UE e, portanto, não representam concorrência aos
produtores locais.
• Por meio de um Prosperity Fund de £80 milhões (US$102 milhões) voltado ao investimento
no Brasil, em 2019 o Reino Unido lançou um programa de facilitação de comércio de £20
milhões (US$25,5 milhões) para auxiliar pequenas e médias empresas brasileiras a
negociarem com o Estado britânico e com outros países. O programa funcionará em parceria
com os programas de facilitação de comércio existentes no Brasil, ajudando as empresas
locais a se expandirem para mercados internacionais e, especificamente, para o Reino Unido.
• O IVA no Reino Unido é dividido nas categorias de taxa padrão (20%), reduzida (5%) e zero
(0%). Atualmente, a taxa sobre frutas e verduras é zero (0%).
• As exportações brasileiras também estão sujeitas a tarifas de nação mais favorecida (NFM) da
UE. Esse termo refere-se a tarifas que se aplicam a um país exportador que não tem acesso
preferencial a um determinado mercado e recebe então a tarifa que qualquer outra nação
recebe.

Preços e impostos de importação por código SH:


Código SH Produto Preço médio Preço médio Imposto sobre Imposto sobre
do produto geral importações importações do
brasileiro do Brasil principal
exportador
SH 0808.10 Maçãs frescas US$1,2 US$1 10,55% França ‒ 0%
SH 0813.30 Maçãs secas US$1,7 US$2,1 3,2% Alemanha ‒ 0%
SH 0806.10 Uvas de mesa frescas US$2,4 US$2,1 8,63% África do Sul ‒ 0%
SH 0806.20 Uvas de mesa secas US$2,3 US$2,3 2,4% Turquia ‒ 0%
SH 0807.20 Mamões US$1,9 US$1 0% Brasil ‒ 0%
SH 0804.50 Mangas US$2,2 US$1,6 0% Espanha ‒ 0%
SH 0805.50 Limas US$1,1 US$1 11,5% Brasil ‒ 11,55%

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 45


Após a efetivação do Brexit, as categorias do escopo deste relatório serão enquadradas na Tarifa
Global do Reino Unido (UKGT), a qual substituirá a Tarifa Externa Comum da UE como novo
regime de tarifas de nação mais favorecida (NFM).
1. Maçãs frescas: Tarifa externa comum (preço inicial), Tarifa Global do Reino Unido
(4% (1º de janeiro a 31 de março), 0% (1º de abril a 31 de julho), 8% (1º agosto a 31
dezembro)).
2. Uvas de mesa frescas: Tarifa externa comum (preço inicial), Tarifa Global do Reino
Unido (8%).
3. Uvas frescas (exceto uvas de mesa): Tarifa externa comum (14,40% (1º de janeiro a
14 julho, 1º de novembro a 31 de dezembro), 17,60% (15 de julho a 31 de outubro)),
Tarifa Global do Reino Unido (14%).
4. Goiabas, mangas e mangostins frescos ou secos: Tarifa externa comum (0%), Tarifa
Global do Reino Unido (0%).
5. Mamões (papaias) frescos (mamões): Tarifa externa comum (0%), Tarifa Global do
Reino Unido (0%).

As tarifas sobre maçãs e uvas, ambas produzidas em grande escala no Reino Unido, serão
consideravelmente mais altas, enquanto aquelas impostas sobre mangas e mamões
permanecerão em 0%, oferecendo oportunidades para os exportadores brasileiros de frutas
exóticas mesmo na inexistência de acordos de livre comércio.
Entretanto, ressalte-se que mangas e mamões crus ou cozidos no vapor ou em água, congelados,
com adição de açúcar ou outro adoçante estarão sujeitos a uma determinada UKGT dependendo
do seu teor de açúcar: se o teor for maior que 13%, a tarifa incidente será de 12% e £4,4
adicionais serão cobrados por cada 100 quilogramas (US$5,61 por cada 100 quilogramas); se o
teor for menor que 13%, apenas a tarifa de 12% será imposta.

4.5. OPORTUNIDADES DE MERCADO


Reino Unido oferece oportunidades para cultivo de mamão no pós-Brexit

Oportunidades e Desafios

Oportunidades Tendência de alimentação saudável no Reino Unido e na União Europeia favorece o consumo
das frutas exóticas: a fim de aproveitar ao máximo seus benefícios nutritivos e digestivos, os
consumidores britânicos começaram a incluir cada vez mais em seus carrinhos as frutas exóticas à
medida que outras “frutas de luxo” (principalmente as frutas silvestres) passaram a ser
disponíveis regularmente nas prateleiras.

Entusiasmo local para oferta de mamões: com empresas como a Wealmoor abrindo o caminho
na oferta em grande escala de mamões no mercado britânico, o momento é ideal para a entrada
de novos players no setor.

Acordos de livre comércio com países fornecedores internacionais após o Brexit: embora o
cenário de Brexit sem acordo represente diversos desafios relacionados à cadeia de suprimentos
para os importadores britânicos, especialmente os de frutas exóticas mais caras, existem muitas
oportunidades para o Reino Unido fechar acordos de livre comércio com grandes exportadores de
mamão como o Brasil e outros mercados de origem.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 46


Desafios Escalabilidade e conscientização do consumidor: o mercado de mamões no Reino Unido é
relativamente pequeno e incipiente, sem qualquer campanha nacional voltada à conscientização
do consumidor acerca dos benefícios da fruta para a saúde. Juntos, exportadores e importadores
deverão empenhar esforços a fim de incentivar a demanda e, portanto, o consumo do mamão.

Mercado fragmentado: por ainda ser pequeno e estar em estágio inicial, o mercado atualmente é
fragmentado e dividido entre diferentes fornecedores e importadores de frutas exóticas do Reino
Unido. Isso representa desafios para exportadores que buscam fechar negócios de volume com
importadores confiáveis no mercado do país.

Gestão da cadeia de suprimentos: a curta vida útil do mamão e sua textura delicada tornam a
fruta bastante vulnerável a machucados durante o transporte, gerando custos adicionais para
preservar sua qualidade ao longo de toda a cadeia de suprimentos e exportação. A adesão da UE
a rígidos controles de qualidade, embalagem e tamanho pressiona os importadores e
exportadores de mamão a simplificarem a cadeia de suprimentos. No Reino Unido, o Brexit
dificultará a criação de novas rotas por meio de acordos de livre comércio diretos entre o país e os
principais países exportadores, principalmente o Brasil, bem como o desenvolvimento de
estruturas de preços voltadas ao consumidor e lucrativas para importadores e exportadores.

Em 2019, a Wealmoor, produtora/empacotadora/distribuidora de produtos hortifrúti frescos


sediada no Reino Unido, anunciou seus planos de ampliar a presença e o consumo do mamão no
mercado interno. A Wealmoor incluiu em sua atual base de fornecimento da fruta a terceira
geração de seu primeiro produtor de mamão brasileiro. Por meio de um modelo de parceria com
profundo envolvimento na cadeia de suprimentos que vai além das importações, ela participa
ativamente do cultivo de frutas exóticas no Peru, no Quênia, em Gâmbia, na Espanha, no Brasil e
em Senegal.
O mercado de mamão, relativamente pequeno e em estágio inicial, ainda deve ser consolidado
com grandes players e importadores. Atualmente, são importadores independentes de frutas
exóticas que importam e distribuem a categoria no mercado do Reino Unido, tornando-o
altamente fragmentado. Atualmente, existem mais de 70 empresas no país que importam o
mamão para o mercado. Ferryfast, Fresh Direct, Dragon Fruit Direct, Arthur David, FMX Foods e
Jacana Produce são alguns dos fornecedores de frutas exóticas com mais destaque no Reino
Unido, porém o mercado parece ser altamente impelido por comerciantes online que
providenciam a distribuição para dentro do país.
No nível geográfico, o mercado de frutas exóticas vem crescendo rapidamente no sudeste da
Inglaterra e no comércio dos aeroportos de Heathrow e Gatwick, em Londres. Também existe
demanda em Birmingham, Bradford, Leeds e Manchester.
O Brasil é o maior país exportador de mamões para o Reino Unido, somando £8,7 milhões
(US$11 milhões), o equivalente a 78% das importações, e liderando de longe o mercado europeu
de mamão. Devido à sua relevância no Reino Unido, o Brasil tem vantagens na cadeia de
suprimentos sobre exportadores como Tailândia (transporte marítimo econômico em
comparação com o transporte aéreo proibitivo do país do Sudeste Asiático) e Jamaica (grandes
volumes adequados para exportação versus quantidades menores limitadas para o consumo
doméstico).
O tempo de entrega e a eficiência de custo do transporte marítimo do Brasil para a Europa
tornam o país sul-americano um mercado altamente competitivo na região da UE entre os
exportadores internacionais. Dentro da União Europeia, ele enfrenta forte concorrência da
Espanha, que aprimorou consideravelmente as técnicas locais de produção de mamões nas Ilhas
Canárias, bem como nas estufas de Málaga e Almeria, com custos mais baixos e maior

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 47


produtividade. No entanto, a capacidade da Espanha de fornecer a fruta o ano inteiro é limitada,
o que abre caminho para os exportadores brasileiros aproveitarem essa escassez na oferta de
mamões.
Em termos de especificações técnicas, os exportadores brasileiros devem focar nas diretrizes
estipuladas pelo Departamento de Desenvolvimento do Mercado de Exportação do Secretariado
da Commonwealth. Segundo as mesmas, a variedade de mamão Solo é a mais popular no
mercado do Reino Unido, e a Amazon Red está entre as variedades admitidas. O tamanho
adequado da fruta é 250 a 500 gramas, com formato oval e coloração amarela, laranja ou
vermelha. Os consumidores britânicos preferem mamões firmes ao toque, doces e suculentos,
com cor viva. Há tempos o Reino Unido tem sofrido com a colheita antecipada de mamões
importados, e os exportadores brasileiros devem ter cautela a fim de sincronizar os períodos de
colheita com o abastecimento do mercado.
Para entrar no mercado de mamão do Reino Unido, os exportadores brasileiros devem:
• Considerar as deficiências de sazonalidade para atender à oferta durante determinados
períodos, sendo a Espanha um forte concorrente da UE em relação à produção e ao comércio
de mamão para o Reino Unido;
• Concentrar esforços na realização de grandes parcerias e campanhas de abrangência nacional
visando dimensionar a demanda e o consumo de mamão no mercado do Reino Unido;
• Melhorar sua cobertura geográfica para dedicar-se a regiões do Reino Unido com maior
demanda por frutas exóticas (grandes cidades com comunidades étnicas consideráveis, bem
como centros urbanos com maior concentração de millennials preocupados com a saúde e
com alto poder aquisitivo) e, em seguida, ampliar sua presença em todo o país.

Dependência britânica para com frutas cítricas espanholas pode representar ameaça
ou oferecer oportunidade aos exportadores brasileiros

Oportunidades e Desafios

Oportunidades Potencial no mercado britânico: além de apresentar o maior consumo na categoria, o mercado de
limões e limas do Reino Unido ainda está crescendo, enquanto outros mercados da UE estão
atingindo a saturação da oferta. Além disso, para os importadores britânicos, um cenário de Brexit
sem acordo deixará os exportadores não pertencentes à UE em pé de igualdade com a Espanha,
atualmente o maior fornecedor de limões e limas do Reino Unido e da UE, e aumentará o potencial
de volume e valor para os exportadores brasileiros.

Potencial na indústria de processamento: a indústria de processamento de limão em mercados da


UE como Espanha e Itália é ampla tanto em volume quanto em valor. Embora seja um
inconveniente no curto a médio prazo para países importadores, o excesso de oferta pode abrir as
portas para uma indústria interna de processamento de limão no Reino Unido. Entretanto, é
necessário um alto investimento em economias de escala, particularmente em relação aos preços
e, portanto, às margens de lucro relativamente baixas dos produtos derivados do limão.

Importações diretas: considerando que o Reino Unido é um dos maiores consumidores de limão
na UE, o cenário é propício para acordos de livre comércio diretos com o Brasil, principalmente
porque o Reino Unido já possui relações diretas de importação com fornecedores de fora da UE,
como a África do Sul, o segundo maior exportador de limões e limas para o país.

Desafios Janela pequena de oportunidade em relação à escassez de oferta: a Espanha atualmente é o

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 48


maior fornecedor de limões para a região da UE e responde por 41% das importações da fruta pelo
Reino Unido; a África do Sul (16% das importações) tem acordos preferenciais com o Reino Unido
devido à adesão deste à UE. Frente a isso, os exportadores brasileiros terão grandes desafios para
estabelecer relações diretas com os importadores britânicos e entrar com força no mercado.

Complexidades no fornecimento de limões: o mercado de limões é relativamente pequeno e


incipiente, e a concentração das importações nos Países Baixos como um hub comercial impõe
entraves aos exportadores brasileiros, pois torna a distribuição direta aos importadores do Reino
Unido ainda mais difícil, especialmente em um cenário pós-Brexit no qual o país pode perder suas
vantagens comerciais e tarifárias de membro da UE. Além disso, os limões enfrentam concorrência
direta de limas mais baratas oferecidas no mercado britânico, principalmente porque são usadas
como ingredientes culinários, e não para consumo final.

Excesso de oferta e inelasticidade do mercado: a região da UE está se aproximando da saturação


de mercado na categoria de limões, e o excesso de oferta e a superprodução em nível global são
alguns dos desafios enfrentados por importadores e exportadores. Embora haja a oportunidade de
canalizar esse excesso para a indústria de processamento, será necessária uma preparação para
que esse setor no Reino Unido possa entregar economias de escala, particularmente em razão das
baixas margens de lucros e dos preços mais baratos dos produtos derivados dessa fruta.

A escassez de oferta da principal exportadora, a Espanha (75 a 80% do fornecimento de frutas


cítricas para a UE), e o aumento da demanda por limões e limas abrem espaço para os
exportadores brasileiros adentrarem o mercado do Reino Unido, um dos maiores da categoria na
Europa. No entanto, as altas demandas em países não produtores também estão associadas ao
excesso de oferta na produção global, e o mercado de limão é menos elástico do que outros, já
que a fruta se limita ao uso culinário e não é consumida diretamente. Os exportadores
brasileiros devem aproveitar a oportunidade e considerar o retorno sobre o investimento em
cadeias de suprimentos complexas e dispendiosas para exportar em grande escala para o
mercado da União Europeia, em particular o britânico.
O Brexit criará desafios consideráveis para os principais exportadores de frutas cítricas para o
Reino Unido. A Espanha enfrentará um impasse no caso de um Brexit sem acordo e na ausência
de uma política comercial flexível entre o Reino Unido e a UE. A África do Sul é outro país
bastante dependente do Reino Unido em relação a suas exportações de frutas cítricas. O Brexit
poderá ameaçar seu acesso preferencial ao mercado, principalmente em relação à remoção
antecipada de tarifas sazonais residuais associada à participação do Reino Unido na UE e aos
acordos bilaterais com o Reino Unido fora do escopo de seus atuais acordos de livre comércio
com a UE.
Ao contrário de outras categorias de frutas importadas pelo mercado da UE, nas quais
exportadores são separados de processadores, a cadeia de distribuição de limões na região
normalmente incorpora produtores/exportadores e processadores sob um mesmo “fornecedor
integrado de limão”, o qual, em seguida, comunica-se com os importadores/prestadores de
serviços. Os importadores, que têm controle quase total sobre a cadeia de suprimentos a partir
desse ponto, comunicam-se com os usuários do setor de foodservice e industrial, atacadistas
especializados, lojas cash-and-carry ou diretamente com grandes redes de supermercados. Os
usuários industriais também podem distribuir diretamente aos supermercados, enquanto os
atacadistas distribuem para as lojas especializadas, mercados de rua e restaurantes.
O mercado de limões frescos na UE concentra-se em limões de Classe I ou Classe Extra para
supermercados e limões de Classe II normalmente utilizados no setor de foodservice, lojas
étnicas e mercados de rua e fornecidos por atacadistas.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 49


Para entrar no mercado do Reino Unido, os exportadores brasileiros de frutas cítricas devem:
• Alinhar a distribuição de classe/categoria com os segmentos de consumo, uma vez que as
frutas cítricas de Classe I, Classe II e Classe III não são classificadas apenas por qualidade e
público-alvo, mas também por tipo de mercado (foodservice versus varejo) e canais de
distribuição (supermercados versus atacadistas). Os exportadores brasileiros devem
aproveitar, por exemplo, a oportunidade que existe em direcionar limões e limas de classe
inferior para o mercado de foodservice que prioriza sabor em vez de aparência. Em seu
conjunto de marketing, eles também devem distinguir cuidadosamente as diferentes classes
em relação aos canais pelos quais os produtos serão distribuídos e os usuários finais de cada
uma. Por exemplo, com relação aos limões, os exportadores brasileiros devem concentrar-se
em atacadistas/lojas cash-and-carry para distribuição para o setor de foodservice.
• Aproveitar as estruturas de fornecimento existentes. Como os mercados de limões do Reino
Unido e da UE são fortemente controlados e dependentes de importadores, os exportadores
brasileiros devem voltar a atenção para a distribuição por meio de estruturas de
fornecimento já estabelecidas, com importadores experientes que possuem uma cadeia
sólida em funcionamento.
• Considerar parcerias com empresas produtoras na UE. Tendo em vista que a Espanha ainda é
o maior fornecedor de frutas cítricas para a UE e para o Reino Unido, os exportadores
brasileiros também devem considerar parcerias com países produtores das frutas, como a
própria Espanha, a fim de complementar seu fornecimento, estabelecendo assim uma
relação de cooperação em vez de concorrência. A vantagem, especialmente para as pequenas
e médias empresas, consistiria em beneficiar-se da oferta e das estruturas de produção já
existentes e das relações já estabelecidas na UE. Algumas empresas espanholas já aventaram
importar limões do Brasil.

Exportadores brasileiros enfrentam fortes concorrentes globais no popular e


fragmentado mercado de manga do Reino Unido

Oportunidades e Desafios

Oportunidades Popularidade da categoria: ao contrário de outras frutas exóticas no Reino Unido, as mangas
formam uma categoria bem estabelecida, principalmente em razão de comunidades étnicas de
países produtores da fruta. Os usos e os benefícios da manga são bastante conhecidos e os
exportadores brasileiros podem aproveitar isso.

Mercado de consumo de conveniência: tendo em conta que o consumo de mangas bem maduras
é muito maior nas comunidades hispânica, indiana e paquistanesa, que conhecem e apreciam a
fruta, os exportadores brasileiros devem explorar o mercado de conveniência e lanches entre
outros grupos demográficos menos familiarizados com a manga para estabelecer sua presença. As
mangas recém-cortadas, descascadas e prontas para consumo oferecem a oportunidade de
diversificar sua oferta no mercado do Reino Unido.

Interrupções na oferta nos mercados concorrentes: as flutuações sazonais de fornecimento de


manga na UE e nos países exportadores, como as recentemente ocorridas na Índia e no Paquistão
em decorrência do clima e das dificuldades relacionadas à Covid-19, proporcionam aos
exportadores brasileiros a oportunidade de capitalizar a escassez de oferta durante o ano todo.

Desafios Popularidade das variedades não brasileiras: as variedades de manga mais populares no Reino
Unido são normalmente aquelas provenientes dos mercados concorrentes do Brasil (Índia e
Paquistão). O Brasil deve diversificar e oferecer outras variedades conhecidas no Reino Unido,

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 50


além da Tommy Atkins.

Garantia de qualidade: os exportadores brasileiros devem dedicar atenção especial aos períodos
de colheita de fruta, diminuir o tempo de transporte pós-colheita e investir em embalagens que
protejam seus produtos. Eles devem simplificar sua cadeia de suprimentos e exportação a fim de
reduzir o tempo de entrega e manter os melhores níveis de qualidade e amadurecimento das
mangas exportadas.

Complexidades da cadeia de suprimentos: os exportadores brasileiros devem manter um


equilíbrio cuidadoso entre os programas de fornecimento para supermercados, que podem ser
proibitivos nos quesitos preço e volume, e os acordos mais flexíveis com atacadistas e lojas
independentes, os quais podem ser suscetíveis a flutuações de preço e demanda.

O Brasil é o maior exportador de goiaba, manga e mangostim para o Reino Unido, mas divide o
mercado com vários concorrentes fortes, como Gana, Peru, Paquistão e Índia. A fim de
tornarem-se mais competitivos em termos de especificações técnicas, os exportadores
brasileiros devem focar nas diretrizes estipuladas pelo Departamento de Desenvolvimento do
Mercado de Exportação do Secretariado da Commonwealth.
Segundo as mesmas regras, Tommy Atkins, Haden, Keitt e Kent são as variedades mais populares
no mercado do Reino Unido. A lista de variedades admitidas inclui, ainda, Alphonso, Amelie,
Graham, Irwin, Sensation e Zill. O tamanho adequado da fruta é 250 a 400 gramas, com formato
oval e coloração vermelha intensa. Os consumidores britânicos preferem mangas bem maduras
e firmes, sem fibras nem gosto amargo ou adstringente. O mercado britânico também é ideal
para mangas prontas para consumo, pré-descascadas, cortadas e pré-embaladas.
As mangas exportadas por transporte aéreo normalmente são vendidas no segmento premium
e, portanto, devem estar perfeitas ao chegarem no Reino Unido. Logo, os exportadores
brasileiros devem dedicar atenção especial aos períodos de colheita de fruta, diminuir o tempo
de transporte pós-colheita e investir em embalagens que protejam seus produtos.
Estima-se que atualmente os grandes supermercados controlem 50% do comércio de todas as
frutas exóticas no Reino Unido. Com relação a mangas, exportadores e fatiadores de frutas dos
países de origem normalmente são intermediados por importadores no mercado do Reino
Unido, os quais então se conectam com processadores, amadurecedores/embaladores,
atacadistas e supermercados. Atacadistas/lojas cash-and-carry geralmente fornecem as mangas
para lojas especializadas, mercados de rua e restaurantes (basicamente o setor de foodservice).
Frente ao mercado de importação de manga britânico um tanto fragmentado, no qual cinco
mercados de origem respondem por 60% dele ‒ com o restante distribuído entre os
reexportadores da UE ‒, os exportadores brasileiros devem voltar-se para variedades populares
que atendam aos gostos dos consumidores e construir relações competitivas com a cadeia de
valor de frutas exóticas.
Para entrar no mercado do Reino Unido, os exportadores brasileiros de manga devem:
• Popularizar as variedades brasileiras de manga, oferecer as variedades Kent e Keitt em vez da
Tommy Atkins, e enfatizar a vantagem competitiva da produção brasileira em relação às
variedades populares da Índia e do Paquistão. É importante mencionar que os exportadores
brasileiros devem enfrentar a concorrência de outras partes da Europa (Portugal, Espanha,
Itália e França), que fornecem frutas de verão (como laranja, pêssego, tangerina, melancia,
abacaxi e até mesmo manga) a preços acessíveis. Essa concorrência, contudo, pode ficar
menos acirrada no Reino Unido após o Brexit.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 51


• Dedicar-se ao mercado de commodities à vista e ao atacado em vez de apenas abordar
diretamente o varejo. A categoria de manga envolve muitas redes grandes de supermercados
no processo de aquisição, mas ela também é altamente suscetível a flutuações de preço,
volume e qualidade, o que frequentemente representa oportunidades para os comerciantes
independentes aproveitarem. Além disso, a venda direta a supermercados só é viável para
empresas que conseguem oferecer mangas ao longo do ano todo e com presença
estabelecida na Europa. Assim, o mercado de commodities à vista também fica vulnerável às
flutuações de preços, o que gera mais risco aos exportadores.
• Estabelecer relações sólidas com importadores, tendo-os como os principais pontos de
contato na cadeia de valor e distribuição de mangas, a fim de diversificar a oferta ao longo do
ano para os canais de varejo e foodservice. Os canais online também são essenciais para o
fornecimento de mangas diretamente para os consumidores.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 52


5. LEIS E REGULAMENTAÇÕES
5.1. AUTORIDADES RELEVANTES
As importações e exportações de mercadorias (incluindo frutas) para o Reino Unido estão
sujeitas ao controle das seguintes agências: Receita e Alfândega da Sua Majestade (Her Majesty’s
Revenue and Customs - HMRC), Agência de Padrões Alimentares (Food Standards Agency - FSA),
Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Agrícolas (Department for
Environment Food and Rural Affairs - DEFRA) e Departamento de Comércio Internacional
(Department for International Trade - DIT). Este último é responsável por promover, controlar e
facilitar o comércio internacional, desenvolver e atrair investimentos para o Reino Unido,
promover os bens e serviços britânicos fora do país, bem como criar o novo enquadramento
jurídico de política comercial a ser aplicada após o Brexit. Os principais acordos e políticas
comerciais são criados e divulgados pelo Departamento de Comércio Internacional.
Agência de Padrões Alimentares (FSA)
• A FSA é um departamento público independente com atuação em todo o Reino Unido,
responsável por implementar e aplicar os padrões e os regulamentos de segurança alimentar.
Nesse sentido, o principal objetivo da FSA é proteger a saúde pública contra riscos
relacionados ao consumo de alimentos, incluindo aqueles decorrentes de sua produção ou
fornecimento.
• A FSA opera por meio de dois canais principais, um legislativo e um de comunicação. Entre as
funções do canal legislativo estão a criação e a aplicação de regulamentos. As principais leis
que conferem poder à FSA são: Lei de Padrões Alimentares de 1999 (Food Standards Act
1999), Lei de Segurança Alimentar de 1990 (Food Safety Act 1990), Decreto de Segurança
Alimentar de 1991 (The Food Safety Order 1991), Regulamento EC 2017/625, Lei Geral dos
Alimentos (General Food Law), Códigos de Práticas para Alimentos e Rações (Food and Feed
Codes of Practice) e Regulamento de Informação Alimentar (Food Information Regulation). Os
canais de comunicação utilizam diversas ferramentas (ex.: publicação de tabelas de
classificação de desempenho empresarial) voltadas ao engajamento de empresas e
consumidores e ao incentivo de melhorias e do desenvolvimento do setor.
• Assim, a agência garante a segurança alimentar, a saúde pública e a transparência da cadeia
de suprimentos de alimentos em relação a rotulagem, embalagem, higiene alimentar,
composição (uso de aditivos), segurança química, saúde vegetal e afirmações nutricionais e
de saúde. A FSA também fornece informações sobre importações de alimentos provenientes
de países fora da UE por meio de:
o GRAIL (Base de Dados de Alimentos Importados) - banco de dados sobre
regulamentos, condições e diretrizes de importações:
o Documentos de Informações Comerciais - contêm informações importantes
sobre questões relevantes a importadores/exportadores (ex.: pesticidas,
contaminantes e segurança de embalagens).
• Informações de contato da Agência de Padrões Alimentares: +44 330 332 7149
Receita e Alfândega da Sua Majestade (HMRC) - Manuseio Aduaneiro de Frete para
Importação e Exportação (CHIEF)
• A HMRC é a agência fiscal e aduaneira do Reino Unido responsável pela cobrança de
pagamentos de impostos, taxas alfandegárias e impostos especiais de consumo, bem como
pelo controle dos procedimentos aduaneiros para mercadorias importadas/exportadas:
o O CHIEF, mantido pela HMRC, é um sistema online de processamento de
importações e exportações utilizado para rastrear a movimentação de

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 53


mercadorias importadas e exportadas. Esse sistema permite a importadores,
exportadores e transportadores realizarem os procedimentos aduaneiros
necessários por meio eletrônico, economizando tempo e diminuindo a
probabilidade de erros.

• Ele também auxilia a HMRC a identificar mercadorias que precisam ser examinadas
fisicamente ou quais documentos devem ser inspecionados. Isso simplifica e torna mais
céleres os procedimentos de alfândega para mercadorias seguras, com toda a
documentação necessária, diretamente importadas/exportadas entre o Reino Unido e países
terceiros.
• Em suma, o CHIEF permite controlar a movimentação de mercadorias restritas e auxilia a
identificação do tráfico de mercadorias proibidas.
• Informações de contato da HMRC: +44 0300 200 3300

Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Agrícolas (DEFRA)


• O DEFRA é responsável pela criação e pela implementação de políticas relacionadas a
questões ambientais, alimentares e agrícolas. As políticas são voltadas para a proteção da
biodiversidade, da zona rural e do meio ambiente marinho do Reino Unido e para o
desenvolvimento e a evolução de uma economia verde sustentável. Embora o departamento
atue diretamente na Inglaterra, ele mantém estreita cooperação com as administrações
desenvolvidas do País de Gales (Governo Galês), da Escócia (Departamento Executivo Escocês
de Meio Ambiente e Assuntos Agrícolas) e da Irlanda do Norte (Departamento de Agricultura,
Meio Ambiente e Assuntos Agrícolas), e normalmente conduz as negociações na UE e em
outros países.
• O DEFRA também é responsável pelas negociações de política agrícola, marinha e ambiental
da UE em nome do Reino Unido.
• Além de criar regulamentos e controles, o departamento controla a entrada no país de
produtos orgânicos importados pelo Reino Unido provenientes da UE e de países terceiros
não enquadrados nos “acordos de equivalência” (exceto Argentina, Austrália, Costa Rica,
Índia, Israel, Japão, Nova Zelândia e Suíça).
• Esses produtos importados de países terceiros fora dos “acordos de equivalência” devem
apresentar certificado do órgão de inspeção/controle orgânico atestando sua conformidade
com os requisitos IS065/EN45011. O requerimento OB11 (Requerimento Inicial para
Comercialização na UE de Produtos Orgânicos de Países Terceiros, conforme o Artigo 11 (6),
Regulamento (CEE) nº 2092/91) deve ser apresentado ao DEFRA para que o departamento
autorize a importação de produtos orgânicos de países terceiros. Esse requerimento deve ser
renovado anualmente.
• Ao verificar os requerimentos OB11, o DEFRA busca evidências de que normas equivalentes
ao Regulamento (EC) nº 834/2007 do Conselho foram aplicadas ao(s) produto(s) importado(s)
em todas as fases de produção.
• Junto da Agência de Pagamentos Rurais (RPA), o departamento controla e implementa os
Procedimentos para Certificados de Aplicações Eletrônicas (PEACH), da Inspetoria de
Marketing Hortifrutífero. Assim, para que os produtos abrangidos nos regulamentos de saúde
vegetal e/ou nas normas de comercialização da UE possam ser importados/exportados
pelo/para o Reino Unido, o importador/exportador deve registrar-se no sistema PEACH. O
sistema permite aos importadores/exportadores:

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 54


o Fornecer à Inspetoria de Saúde Vegetal e Sementes (PHSI) informações sobre as
importações de produtos sujeitos aos regulamentos de saúde vegetal.
o Obter certificados de liberação de quarentena para as remessas.
o Receber certificados de conformidade (obrigatórios para determinados tipos de
frutas e verduras) da Inspetoria de Marketing Hortifrutífero.
o O DEFRA também é responsável por estabelecer a legislação e por implementar
as políticas e os controles referentes à rotulagem de alimentos.
• Informações de contato do DEFRA: +44 20 7238 6951

5.2. REQUISITOS DE QUALIDADE, LEGAIS E TÉCNICOS


• Produtos importados destinados ao consumo humano devem atender aos seguintes
requisitos gerais de segurança alimentar da UE: Regulamento 178/2002 e Regulamento
2019/1793, detalhados abaixo.
• Todos os produtos importados pelo Reino Unido devem estar em conformidade com a lei de
contaminantes. A importação de alimentos e rações de alto risco atualmente é feita de
acordo com o Regulamento 2019/1793, o qual permanecerá vigente após o Brexit. Até a
presente data, os produtos do escopo deste relatório (maçãs, uvas, mamões, limões e
mangas) provenientes do Brasil não são considerados de alto risco.
Embalagem e rotulagem
• Existem determinados requisitos e padrões de embalagem e rotulagem no Reino Unido para
os seguintes alimentos pré-embalados: pão e farinha, produtos de cacau e chocolate, café
solúvel, leite em pó e evaporado, mel, fórmula infantil, geleias, produtos de carne
(embutidos, hambúrgueres e tortas), águas minerais naturais, gorduras de passar (espalhar),
açúcares, alimentos irradiados e alimentos com modificação genética (GM). Frutas pré-
embaladas não se enquadram nas categorias acima, a menos que tenham sido
geneticamente modificadas.
Padrões de comercialização para frutas e verduras frescas
• Os padrões de comercialização são as regras de quantidade e rotulagem aplicadas a frutas e
verduras frescas. Existem dois tipos de padrões de comercialização no Regulamento
543/2011 da UE: Padrões de Comercialização Específicos (SMS) e Padrões Gerais de
Comercialização (GMS).
• Os SMS são aplicados aos seguintes produtos: maçãs, frutas cítricas (laranjas, limões,
mexericas, tangerinas), kiwis, alfaces (incluindo endívias de folhas largas e frisadas),
pêssegos/nectarinas, peras, morangos, pimentões, uvas de mesa e tomates.
• Os padrões são válidos para maçãs da variedade Malus domestica Borkh e sua descrição
mais detalhada pode ser encontrada em Padrões de Comercialização para Maçãs. Uvas da
variedade Vitis vinifera L. estão sujeitas aos SMS e a descrição mais detalhada dos padrões
está disponível em Padrões de Comercialização para Uvas de Mesa. As seções de maçãs,
uvas de mesa e outras frutas também contêm notas específicas para esclarecer os requisitos
listados nos padrões de comercialização. Além disso, de acordo com os SMS, os produtos
devem atender aos seguintes critérios de adequação para sua venda/distribuição no varejo:
o Estarem inteiros e intactos;
o Estarem sadios (por exemplo, não devem estar podres nem muito danificados);
o Estarem limpos;
o Terem aparência fresca;

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 55


o Estarem praticamente livres de pragas;
o Terem polpa sem danos causados por pragas;
o Estarem livres de umidade externa anormal;
o Estarem livres de odores ou sabores estranhos;
o Terem amadurecimento médio.
• Outro critério aplicado pelos SMS é o de gradação, conforme as seguintes classes de
qualidade: Extra - qualidade superior, Classe I - boa qualidade, e Classe II - qualidade
razoavelmente boa.
• Por fim, os SMS aplicam os seguintes requisitos de rotulagem: nome completo do país de
origem, classe de qualidade, variedade (se necessário), tamanho, nome e endereço do
embalador e/ou transportador, tipo de produto - caso não seja claramente
visível/identificável. Conforme os SMS, quando os produtos são vendidos de forma avulsa,
sem embalagem, eles devem ser etiquetados com as seguintes informações: país de origem,
classe de qualidade, variedade ou tipo. Se os produtos abrangidos por esses padrões são
vendidos embalados, o peso líquido ou o número de itens contidos no pacote deve estar
indicado na embalagem.
• Os GMS são aplicados à maioria do restante de frutas, verduras, ervas, nozes, castanhas,
amêndoas e cogumelos não abrangidos pelos SMS. Como no caso dos SMS, notas específicas
para esclarecer os requisitos listados nos padrões gerais de comercialização também são
fornecidas. Ao contrário dos SMS, produtos que se enquadram nos GMS não precisam ser
classificados de acordo com a qualidade, no entanto, eles ainda devem atender aos
seguintes critérios: estar inteiro e intacto, ser sólido, estar limpo, estar praticamente livre de
pragas, ter polpa sem danos causados por pragas, estar livre de umidade externa anormal,
estar livre de odores ou sabores estranhos, ter amadurecimento médio.
• Caso os produtos sejam vendidos soltos e sem embalagem, seu país de origem deverá estar
identificado no rótulo. Se os produtos abrangidos pelo GMS são vendidos embalados, as
seguintes informações deverão estar contidas na embalagem: nome completo do país de
origem, nome e endereço do embalador e/ou transportador, peso líquido ou número de
itens do produto. Também existem produtos que não se enquadram em qualquer dos
padrões de comercialização.

Aspectos aos quais os exportadores brasileiros devem estar atentos


Certificados de conformidade para determinadas mercadorias importadas
• As dez frutas e verduras a seguir devem apresentar um certificado de conformidade depois
de importadas, demonstrando a conformidade com os padrões da UE/do Reino Unido:
maçãs, frutas cítricas, kiwis, pêssegos e nectarinas, peras, morangos, uvas de mesa, alfaces,
endívias de folhas largas e frisadas, pimentões e tomates.
• O procedimento habitual de requerimento dos certificados de conformidade é feito
eletronicamente por meio dos Procedimentos de Requerimento Eletrônico de Certificados
emitidos pela Inspetoria de Marketing Hortifrutífero (PEACH). O requerimento físico também
é possível, no entanto, ele é considerado de alto risco, aumentando a probabilidade de
inspeção física. Em alguns casos, o certificado de conformidade pode ser obtido localmente
com a autoridade fiscalizadora do país de origem das importações. Porém, o importador
ainda deve realizar o requerimento por meio do sistema PEACH, da Inspetoria de Marketing
Hortifrutífero. É possível obter certificado de conformidade nos seguintes países e para os
seguintes produtos:

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 56


o Suíça - frutas e verduras frescas, exceto frutas cítricas.
o Marrocos - frutas e verduras frescas.
o África do Sul - frutas e verduras frescas.
o Israel - frutas e verduras frescas.
o Índia - frutas e verduras frescas.
o Nova Zelândia - maçãs, peras e kiwis.
o Senegal - frutas e verduras frescas.
o Quênia - frutas e verduras frescas.
o Turquia - frutas e verduras frescas.

Certificados fitossanitários
• Quase todas as plantas e suas partes vivas, incluindo todas as sementes para plantação,
devem ter certificado fitossanitário. O importador deve notificar previamente a autoridade
de saúde vegetal para poder importar a maioria das frutas (exceto no caso das frutas listadas
abaixo e de frutas mantidas congeladas). A lista completa de mercadorias importadas que
requerem certificados fitossanitários pode ser encontrada no site da Agência de Saúde
Animal e Vegetal.
• As frutas tropicais a seguir estão isentas de certificado fitossanitário para importações do
Reino Unido:
o Abacaxi;
o Coco;
o Durian;
o Bananas e bananas-da-terra (Musa spp.);
o Tâmaras.

• Também não é necessário certificado fitossanitário para frutas processadas e embaladas.

Exemplos de certificações entre as categorias de frutas


Maçãs
• Exportações de maçãs para a UE devem seguir o Regulamento nº 1234/2007 do Conselho. O
regulamento estabelece requisitos mínimos de qualidade, segurança, validade e classificação.
Maçãs de classe “Extra” e Classe 1 devem ter uma parte considerável das suas superfícies na
coloração vermelha. Elas devem ter no mínimo 60 milímetros de diâmetro ou pesar 90
gramas. O regulamento também dispõe sobre detalhes de uniformidade em relação a
origem, variedade, qualidade, tamanho e embalagem (pacotes para venda com peso líquido
acima de 3 quilogramas devem ser rígidos).

Uvas de mesa
• Certificações como o Programa de Conformidade Social Global (GSCP) e a adesão total aos
níveis máximos de resíduos (MRLs) e à Gestão Integrada de Pragas (IPM) ajudam a comprovar
as afirmações de sustentabilidade das marcas no mercado europeu. A certificação mais
exigida para uvas de mesa na UE é a GLOBAL G.A.P. (sigla em inglês para “boas práticas
agrícolas”), a qual, atualmente, tornou-se padrão entre os supermercados. Outras
certificações comuns são a do Consórcio de Varejistas Britânicos (BRC), o Padrão Alimentar
Internacional (IFS) e a Certificação de Sistema de Segurança Alimentar FSSC22000. A GLOBAL
G.A.P. Análise de Risco de Prática Social (GRASP) e a Iniciativa de Sustentabilidade para Frutas
e Vegetais (SIFAV) também são certificações de sustentabilidade.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 57


• Os produtores da fruta também devem seguir os padrões da Comissão Econômica das Nações
Unidas para a Europa (UNECE) e do Codex Alimentarius para uvas de mesa, as quais devem
ter grau Brix 16° de maturação mínima. As uvas de mesa importadas pela UE e pelo Reino
Unido devem passar por verificações de conformidade de acordo com o Regulamento
Europeu (EC) nº 1580/2007. Os tamanhos normalmente são medidos em peso por cacho, que
devem ter no mínimo 75 gramas. Os rótulos de suas embalagens devem apresentar nome e
endereço do embalador e/ou transportador, nome do produto (em inglês “table grapes”) e
sua variedade, país de origem, especificações comerciais (classe e peso), código de
rastreabilidade (por exemplo, o Número de Localização Global) e um código oficialmente
reconhecido, como número GLOBALG.A.P. (GGN).

Limões
• O Codex Alimentarius especifica os requisitos e padrões para Citrus latifolia e Citrus
aurantiifolia, mas a categoria se enquadra nos mesmos padrões da UNECE para frutas
cítricas. A fruta deve ser verde, mas pode mostrar manchas amarelas de até 30% de sua
superfície para Citrus latifolia ou de até 20% para Citrus aurantiifolia.
• O Tribunal de Justiça da União Europeia confirmou recentemente o uso obrigatório de rótulos
em frutas cítricas incluindo informações sobre conservantes e a outros produtos químicos
utilizados na fase pós-colheita. Conforme os regulamentos fitossanitários europeus e a nova
Diretriz Europeia, as limas e os limões devem passar por inspeções de saúde vegetal antes de
serem distribuídos dentro da UE e seu local de origem deve estar livre de moscas-das-frutas.
Os padrões da UNECE para frutas cítricas estipulam diversos requisitos de qualidade,
tamanho, embalagem e rotulagem. A UE também planeja introduzir níveis máximos de
resíduo (MRLs) mais rigorosos, considerando que os MRLs do Reino Unido são mais baixos do
que dos outros países da região. Os limões embalados devem ter a mesma origem, variedade
ou tipo comercial, qualidade e tamanho, bem como grau de amadurecimento. Entre as
certificações necessárias para os exportadores de limão para a UE estão Global G.A.P.,
Padrões Globais do Consórcio de Varejistas Britânicos (BRCGS), Padrão Alimentar
Internacional (IFS) e Auditoria de Comércio Ético de Membros do Sedex (SMETA).

Mangas
• Na Europa, questões referentes à garantia de qualidade, regulamentação fitossanitária e
confiabilidade de fornecimento representam desafios aos importadores e exportadores de
manga. As mangas são bastante suscetíveis ao ataque de moscas-das-frutas, portanto, seu
transporte entre países e continentes dificulta consideravelmente o controle fitossanitário.
• Os MRLS aplicados no Reino Unido são inferiores àqueles determinados pela legislação da UE.
As mangas recém-cortadas e prontas para consumo também devem atender aos critérios
microbiológicos de contaminação por E. coli (abaixo de 100 unidades formadoras de
colônia/grama). Considerando a alta susceptibilidade da manga a ataques de moscas-das-
frutas (família Tephritidae), uma nova diretriz europeia promulgada em setembro de 2019
exige certificados fitossanitários para a fruta, que devem ser apresentados pela organização
nacional de proteção de plantas no país de origem antes da exportação.
• Os requisitos de qualidade, tamanho, embalagem e rotulagem para exportadores de mangas
na Europa podem ser encontrados nos padrões da UNECE e do Codex Alimentarius para
mangas. Entre as certificações mais comuns estão GLOBALG.A.P., BRCGS, IFS e Iniciativa de
Segurança Alimentar Global (GFSI). Assim como os mamões, as mangas são classificadas por
códigos de tamanho (A J) e variam de 100 a 350 gramas a até acima de 800 gramas.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 58


Mamões
• Em razão de sua vida útil curta e textura delicada, os mamões são extremamente frágeis e
podem ser danificados durante seu transporte. Exportadores da fruta para a Europa podem
seguir os padrões do Codex Alimentarius para todas as classes e o “Código Alimentar” da
Organização Mundial da Saúde e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO).
• Os mamões são classificados por códigos de tamanho (A J) e variam de 200 a 300 gramas a
até acima de 2 quilogramas. Em relação à sua embalagem e rotulagem, os exportadores para
a UE podem seguir as diretrizes estipuladas pelo Código de Prática Internacional
Recomendada para Embalagem e Transporte de Frutas Tropicais e Verduras Frescas
(CAC/RCP 44-1995), o Padrão Geral para Rotulagem de Alimentos Pré-Embalados e o
Regulamento (UE) nº 1169/2011 sobre fornecimento de informações alimentares ao
consumidor.
• Tendo em vista a fragilidade da fruta, os importadores da UE têm investido em novas
variedades e técnicas aprimoradas para facilitar o transporte marítimo e reduzir riscos e
custos de envio. A variedade “Original” do Brasil, exportada pela AGC Frutas para a Europa, é
um exemplo.

Passaportes Fitossanitários
• O Regulamento de Saúde Vegetal da União Europeia 2016/2031 apresenta o conceito de
passaportes fitossanitários e busca controlar o nível de pragas nas plantas e protegê-las
contra doenças. Enquadram-se no requisito de passaportes fitossanitários todas as plantas
para plantio, algumas com frutos ou sementes (ex.: Citrus, Vitis, Fortunella), frutas de Citrus,
Fortunella, Poncirus e seus híbridos com suas folhas e pedúnculos intactos, algumas das
sementes (ex.: Prunus dulcis, Pisum sativum), bem como algumas espécies de madeira.
• De acordo com as diretrizes da UE sobre emissão de passaportes fitossanitários para o
comércio de plantas para empresas sediadas na Inglaterra e no País de Gales, os passaportes
podem ser autorizados online por meio do sistema e-Domero ou enviados para a Agência de
Saúde Animal e Vegetal. Para empresas com sede na Escócia, a entidade Science and Advice
for Scottish Agriculture fornece diretrizes detalhadas sobre passaportes.
• Observação: todos os regulamentos e requisitos sob jurisdição da UE estão sendo negociados
e revisados por motivo da saída do Reino Unido do bloco. Os regulamentos e requisitos pós-
Brexit entrarão em vigor após a conclusão dos acordos referentes ao movimento.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 59


6. ANEXOS
6.1. DEFINIÇÕES, SIGLAS, METODOLOGIA E FONTES CONSULTADAS
Taxa de câmbio usada para converter libras esterlinas em dólares americanos:
US$ (fixa, de 2019) para moeda local

2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023


0,741 0,776 0,750 0,784 0,782 0,758 0,750 0,744

Definições
Termos utilizados no relatório Definição

Termo que se refere ao setor de preparação de refeições


Foodservice fora do lar, como cafés / bares, restaurantes, cafetarias self-
service e bancas / quiosques de rua.
Agregado de maçãs, bananas, cerejas, cranberries e
blueberries, toranjas e pomelos, uvas, kiwis, limões e limas,
laranjas, tangerinas e mandarinas, pêssegos e nectarinas,
peras e marmelos, ameixas e abrunhos, abacaxis, morangos
frescos e outras frutas, vendidas embaladas ou não.
Também estão incluídas frutas secas e lanches de fruta,
vendidos embalados ou por peso, e frutas grandes, como
Frutas
melancias e melões, cortadas e embaladas pelos varejistas
em suas instalações. Estão excluídos todos os outros
produtos de frutas processados e embalados, como frutas
frescas recém-cortadas comercializadas como lanches e
saladas de frutas frescas, frutas e berries congeladas
cortadas, geleias e conservas, frutas em conserva/enlatadas,
sucos de frutas e bebidas à base de suco.
Este relatório abrange cinco frutas: maçãs, uvas, mamões,
Frutas do escopo deste relatório
mangas e limões.
Frutos com caroços grandes no centro, como pêssegos,
Fruta com caroço nectarinas, ameixas, lichias, mangas, amêndoas, damascos,
tâmaras e cerejas.
Termo geral para frutas pequenas sem caroço, com casca
Fruta delicada fina e delicadas ao toque, como morangos ou groselhas-
pretas.
Mação, peras, entre outras. As pomóideas fazem parte da
família Rosaceae, subfamília Pomoideae. São frutas cujo
Pomóideas
centro apresenta várias sementes pequenas envolvidas por
uma membrana rígida.
Viticultura ou cultivo de videira é o cultivo e a colheita de
Viticultura
uvas. Ela é um ramo da horticultura.
Em termos comerciais, a loja de desconto é uma loja de
Lojas de desconto
varejo que vende produtos a preços inferiores aos

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 60


encontrados nos pontos de venda tradicionais. Algumas
lojas de descontos se parecem com as lojas de
departamentos no sentido de que oferecem uma ampla
variedade de produtos; algumas são chamadas de lojas de
departamentos de desconto.
O varejo de múltipla atuação normalmente é denominado
como varejo multicanal. É uma abordagem de negócio de
Varejistas de múltipla atuação
varejo na qual a loja oferece produtos aos clientes por meio
de vários canais de varejo.
O valor pelo qual o custo de um produto é aumentado para
Margens
determinar o preço de venda.
Margem de lucro A venda menos custo das mercadorias vendidas.

Siglas
Termos utilizados no relatório Definição
£ Libra esterlina
3G Terceira geração
4G Quarta geração
BRC Consórcio de Varejistas Britânicos
BRCGS Padrões Globais do Consórcio de Varejistas Britânicos
BREXIT Saída do Reino Unido da União Europeia
CAGR Taxa de crescimento médio anual
CARIFORUM Fórum de Países Africanos, Caribenhos e do Pacífico
CHIEF Manuseio Aduaneiro de Frete para Importação e Exportação
CM Gestão de Categoria
Covid-19 Doença do Coronavírus - 2019
CPTPP Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica
de jure Práticas Legalmente Reconhecidas
DEFRA Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Agrícolas
DIT Departamento de Comércio Internacional
DTC Diretamente ao consumidor
EAP English Apples & Pears
EC Conselho de Regulação
EMAS Esquema de Ecogestão e Auditoria
EUA Estados Unidos da América
FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
FPJ Revista de Produção Alimentar
FSA Agência de Padrões Alimentares
FTA Acordo de Livre Comércio
GFSI Iniciativa de Segurança Alimentar Global
GLOBAL G.A.P GLOBAL G.A.P
GM Modificação Genética
GMS Padrões Gerais de Marketing

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 61


GRAIL GRAIL
GRASP GRASP
GSCP Programa de Conformidade Social Global
High-tech Tecnologia de ponta
HMI Inspetoria de Marketing Hortifrutífero
HMRC Receita e Alfândega da Sua Majestade
IA Inteligência Artificial
IED Investimento Estrangeiro Direto
IFS Padrão Alimentar Internacional
IoT Internet das Coisas
IPM Gestão Integrada de Pragas
ISO Organização Internacional para Padronização
IVA Imposto sobre o Valor Agregado
kg Quilogramas
LCA Avaliação de ciclo de vida
Malus domestica Borkh Variedade de maçã
MFN Nação Mais Favorecida
MRLs Níveis Máximos de Resíduo
NHS Serviço de Saúde Nacional
OMC Organização Mundial do Comércio
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PEACH Procedimentos para Certificados de Aplicações Eletrônicas
PHSI Inspetoria de Saúde Vegetal e Sementes
PIB Produto Interno Bruto
PLU Consulta de preço
PMEs Pequenas e Médias Empresas
RPA Agência de Pagamentos Rurais
SH Sistema Harmonizado
SIFAV Iniciativa de Sustentabilidade para Frutas e Vegetais
SMETA Auditoria de Comércio Ético de Membros do Sedex
SMS Padrões de Comercialização Específicos
TRQs Cotas de tarifas
UE União Europeia
UK Reino Unido
UKGST Tarifa Global do Reino Unido
UNECE Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa
US$ Dólar Americano
Vitis vinifera L Padrões de Comercialização para Uvas de Mesa

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 62


Códigos SH6 Pesquisados e Suas Classificações

SH6 Descrição SH6


SH 0804.50 Frutas; goiabas, mangas e mangostins, frescos ou secos
SH 0805.50 Frutas; limões e limas, frescos ou secos
SH 0807.20 Frutas; mamões (papaias) frescos
SH 0806.10 Frutas; uvas frescas
SH 0806.20 Frutas; uvas secas
SH 0808.10 Frutas; maçãs frescas
SH 0813.30 Frutas; maçãs secas

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 63


Metodologia

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 64


Fontes Consultadas

Fontes Site
AC Goatham & Son https://www.acgoatham.com/
BBC portal https://www.bbc.com
Berry Gardens https://www.berrygardens.co.uk/
Berryworld.com https://www.berryworld.com/
British Apples and Pears https://britishapplesandpears.co.uk/production/the-future-is-bright/
British Apples and Pears portal https://britishapplesandpears.co.uk/
CBI portal https://www.cbi.eu
Clock House Farm http://www.clockhousefarm.co.uk/
Congressional Research https://fas.org/sgp/crs/row/IF11123.pdf
Service
Daily Mail https://www.dailymail.co.uk
Department of Environment http://ehmipeach.defra.gov.uk/
Food and Rural Affairs
Department of Environment https://assets.publishing.service.gov.uk
Food and Rural Affairs
Ecommerce https://ecommercenews.eu
Emarketer https://www.emarketer.com/
Embrapa https://www.embrapa.br
EUR-Lex portal https://eur-lex.europa.eu
Euro Fresh Distribution https://www.eurofresh-distribution.com/news/grapes-replace-apple-britains-
best-selling-fruit
European Commission https://ec.europa.eu
Financial Times portal https://www.ft.com
Food & Drink Business https://www.fdbusiness.com
Food Navigator https://www.foodnavigator.com
Food Standards Agency https://www.food.gov.uk
Foreign Trade Information http://www.sice.oas.org
System
Fresh Fruit portal https://www.freshfruitportal.com/
Fresh Plaza https://www.freshplaza.com
Fruit Net http://www.fruitnet.com/
Great British Apples http://greatbritishapples.co.uk/
Gro Intelligence https://gro-intelligence.com/insights/articles/brexit-reveals-uk-dependence-on-
eu-fruit
Haygrove https://www.haygrove.com
Independent https://www.independent.co.uk/life-style/food-and-drink/features/the-british-
apple-is-under-threat-9807665.html
Indexbox https://app.indexbox.io/report/080610/826/
Journal of Health Economics https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167629616302533
London School of Economics https://blogs.lse.ac.uk

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 65


Mastercard Biz https://www.mastercardbiz.com
National Audit Office portal https://www.nao.org.uk
New Food Magazine https://www.newfoodmagazine.com
Orca https://orca.cf.ac.uk/55287/1/Article%2022.pdf
Place UK https://placeuk.com/
Plants 4 Presents https://plants4presents.co.uk
Produce Business UK https://www.producebusinessuk.com
pwc https://www.pwc.co.uk/
Quadram https://quadram.ac.uk
Reuters https://www.reuters.com/article/us-brazil-trade-britain/brazil-to-seek-a-
mercosur-uk-trade-deal-similar-of-agreement-with-eu-idUSKBN1ZU32X
Savills https://pdf.euro.savills.co.uk
Science Direct https://www.sciencedirect.com
Scottish Government https://www.sasa.gov.uk/sites/default/files/SRSF%20-
%20Plant%20passports%20-
%20Products%20requiring%20a%20plant%20passport%20-
%2021%20Feb%202020_0.pdf
Suite Endole https://suite.endole.co.uk
The Commonwealth Library https://read.thecommonwealth-ilibrary.org
The Grocer https://www.thegrocer.co.uk/
Trade Tariff Service https://www.trade-tariff.service.gov.uk
UK Government https://www.gov.uk/
UK Legislation https://www.legislation.gov.uk
Wcoomd.org portal http://www.wcoomd.org
Wealmoor https://www.wealmoor.co.uk
Wine Intelligence https://www.wineintelligence.com
Wines GB https://www.winegb.co.uk

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 66


7. SOBRE A APEX-BRASIL

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) atua para


promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para
setores estratégicos da economia brasileira.
A Agência realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as
exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior, como missões prospectivas
e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes
feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para
conhecer a estrutura produtiva brasileira entre outras plataformas de negócios que também têm
por objetivo fortalecer a marca Brasil.
A Apex-Brasil coordena também os esforços de atração de investimentos estrangeiros diretos
(IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade
das empresas brasileiras e do país.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 67


8. SOBRE A EUROMONITOR

A Euromonitor International é uma das principais empresas de inteligência de negócios e análise


estratégica sobre o mercado de bens de consumo e serviços no mundo. A empresa conta mais
de 40 anos de experiência no levantamento de dados e publicação de relatórios detalhados
sobre o mercado em âmbito internacional.
Além dos serviços especializados de consultoria, a Euromonitor pesquisa sistematicamente e
anualmente 29 indústrias de consumo massivo e serviços, 80 setores industriais em 100 países e
setores de recursos naturais em 210 países.
A companhia tem sede em Londres, com escritórios regionais em Chicago, São Paulo, Cingapura,
Xangai, Vilnius, Santiago, Dubai, Cidade do Cabo, Tóquio, Sydney, Bangalore, Düsseldorf, Seul,
Hong Kong, e possui uma rede de mais de 1.000 analistas em todo o mundo. Acompanhe nossas
análises mais recentes em blog.euromonitor.com.

Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 68


Copyright © 2021 Apex-Brasil • Todos os direitos reservados 69

Você também pode gostar