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EXCELENTISSIMO (A) JUIZ (A) DE DIREITO SUMARIANTE DO

TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE/RS

AUTOS: XXXXXXXX

Túlio, já qualificado nos autos em epígrafe por meio de seu advogado,


vem perante V.Exº. Interpor:

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Com fulcro no art. 581, inciso IV, da Lei 3689/41(CPP). Requer o


Recorrente a realização do juízo de retratação com base no art. 589 do
CPP da Decisão proferida para que a pronuncia e venha o Recorrente a
ser absolvido na forma da lei.

Caso V. Ex.a, no juízo de retratação, venha manter a r. Decisão que ora


se impugna, requer sejam os autos remetidos ao Colendo Tribunal de
Justiça do Rio Grande Sul, conforme art. 589 do CPP.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Local: XXXXXXXXXXXXXX data: 25 de junho de 2018.

Advogado XXXXXXXXXXXX OAB XXXXX


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL

Autos n º: XXXXXX

Recorrente: TÚLIO
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO

EGRÉGIO TRIBUNAL
COLENDA CÂMARA
DOUTOS DESEMBARGADORES
DOUTA PROCURADORIA DE JUSTIÇA

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

1- DOS FATOS

O Recorrente fez 18 anos três dias antes dos fatos ocorridos no dia
03.01.2014, fatos que se tratam de Túlio adquirir um remédio abortivo
cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entrega para a
namorada, que, de imediato, passou a fazer uso deste, tendo em vista
que ambos suspeitavam que ela se encontrava gravida.

Destaca se que Joaquina demonstra toda a sua preocupação com a


reação de seus pais diante desta suposta gravidez quando tão jovem e,
em desespero, solicita ajuda de Túlio para realizar um aborto. 

Após Joaquina expelir algo não identificado pela vagina, que ela
acredita ser o feto, foi para o hospital, foi informado pelos médicos que,
na verdade, Joaquina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o
que fora expelido não era um feto. 

O Recorrido foi denunciado pelo crime do Art. 126, caput, c/c. o Art.
14, inciso II, ambos do Código Penal, perante o juízo do Tribunal do Júri
desta comarca.
Ressalta se que apesar da pena em abstrato varia entre 1 a 4 anos e
que antes de ser proferida decisão, mas após manifestação das partes
em alegações finais, foi juntado aos autos o boletim de atendimento
médico de Joaquina, no qual consta a informação de que ela não
estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de Antecedentes
Criminais de Túlio sem outras anotações e um exame de corpo de
delito, que indicava que o remédio utilizado não causara lesões na
adolescente. 

Com a juntada da documentação, de imediato, sem a adoção de


qualquer medida, o magistrado proferiu decisão de pronúncia nos
termos da denúncia, sendo publicada na mesma data, qual seja 18 de
junho de 2018, segunda- feira, ocasião em que as partes foram
intimadas. 

2- DAS PRELIMINARES:

2.1- DA PRESCRIÇÃO

Conforme exposto o Recorrente tinha 18 anos de idade na data do fato,


em que pese os direitos assegurados pelo código pena brasileiro, são
assegurados aos menores de 21 anos benefícios na aplicação de pena.
Além de ser uma causa de diminuição como disposto no art. 65 do código
penal, em seu art. 115 da mesma lei garante a prescrição punitiva no
tempo reduzido pela metade quanta a idade referida. In verbis:

   Art. 115 - São reduzidos de metade


os prazos de prescrição quando o
criminoso era, ao tempo do crime,
menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na
data da sentença, maior de 70 (setenta)
anos. Grifos nosso.

Como disposto no art. 109, IV do CP a prescrição é de 8 anos quanto a


pena máxima não exceder a 4 anos:

 Art. 109.  A prescrição, antes de transitar


em julgado a sentença final, salvo o
disposto no § 1o do art. 110 deste Código,
regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime, verificando-
se: 
[...]

        IV - em oito anos, se o máximo da


pena é superior a dois anos e não excede a
quatro;

[...]

Considerando que a pena máxima em que o Recorrido poderá ser


aplicado é de 2 anos e 8 meses pela denuncia de tentativa de aborto com
consentimento da gestante, e como r. artigo impõe a prescrição em 8 anos,
e que cominado com o art. 115 do CP, a prescrição será de 4 anos.

Deste modo, sendo o fato ocorrido no dia 03.01.2014 e o magistrado


proferiu decisão de pronúncia nos termos da denúncia, sendo publicada
na data, de 18.06. 2018, já havia passado mais de 4 anos tornando a
pretensão punitiva já prescrita com fulcro no art. 107, inciso IV do
Código Penal.

2.2- DA NULIDADE DO CERCEAMENTO DA AMPLA DEFESA DE


DO CONTRADITORIO

A Constituição Federal em seu artigo 5º, no rol dos Direitos


Fundamentais traz a garantia dos princípios do Contraditório e Ampla
Defesa descrita no inciso LV, in verbis:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei,


sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

[...]

LV - aos litigantes, em processo judicial


ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes;

Salienta se que após as alegações finais foram juntados aos autos o


boletim de atendimento médico de Joaquina, no qual consta a
informação de que ela não estivera grávida no momento dos fatos, a
Folha de Antecedentes Criminais de Túlio sem outras anotações e um
exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não
causara lesões na adolescente.  Com a juntada da documentação, de
imediato, sem a adoção de qualquer medida, o magistrado proferiu
decisão de pronúncia nos termos da denúncia, de modo que as partes
não foram intimidas e não puderam apresentar a defesa em relação aos
documentos juntados, configurando assim o cerceamento da defasa
com base r. artigo Constitucional.

Assim considerando que restou prejudicado a defesa tendo em


vista ter suprido o direito constitucional do contraditório e ampla
defesa implicando a configuração de nulidade da Decisão.

2.3- DA NULIDADE POR FALTA DE PROPOSTA DE SUSPENSÃO


CONDICIONAL DO PROCESSO

O Recorrente foi denunciado no art. 129 c/c art. 14 do CP a pena


mínima em abstrato e de 1 ano, a este respeito a 9.099/95, lei dos
juizados especiais em seu art. 89 dispõe:
  Art. 89. Nos crimes em que a pena
mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei,
o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão
do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo
processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes
os demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena.
Além de ter a pena que se configura para aplicação da suspensão
condicional do processo, verifica se por meio da certidão de
antecedentes criminais juntada nos autos que o Recorrente é primário
tendo bons antecedentes de modo que faz jus a suspensão processual,
fato desconsiderando pelo Ministério Publica que deveria ser proposto
junto a denuncia.
Desta forma, requer a nulidade do processo por ausência da
proposta cabível no que tange a suspensão condicional do processo.

3- DO MERITO

Conforme o laudo médico juntado nos autos, ficou comprovado


que Joaquina não se encontrava gravida, não podendo praticar o
Recorrente o crime tipificado Art. 126, caput, c/c. o Art. 14, inciso II do
CP.

A ação cometida pelo Recorrente se trata de um crime impossível,


a este respeito o código penal impõe a impossibilidade de uma pessoa
ser punida por um fato que se tornou impossível diante das
circunstancias. O art. 17 do CP descreve:

Art. 17 - Não se pune a tentativa


quando, por ineficácia absoluta do meio
ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o
crime.

Em se tratando de uma decisão de pronuncia, impronuncia e da


absolvição primaria, aduz o art. 415 do CPP:

Art. 415.  O juiz, fundamentadamente,


absolverá desde logo o acusado, quando:

I – provada a inexistência do fato;

[...]

III – o fato não constituir infração penal

[...]
Assim, se Joaquina não estava gravida não poderia Tulio praticar o
aborto com o consentimento de Joaquina, sendo o fato um crime
impossível no qual não há nenhuma punibilidade devendo o Recorrente
ser absolvido por ausência de previsão legal, nos moldes do r. artigo.

3- DOS PEDIDOS

Ex positis, pede se que:

a) Seja o Recurso em Sentido Estrito conhecido, e totalmente provido;

b) Sejam as PRELIMINARES DE NULIDADE DO DECISUM


ACOLHIDAS:
- Seja extinta a punibilidade do réu, conforme artigo 107, IV,
do CP;
- Seja reconhecida a nulidade pelo não oferecimento da
suspensão condicional do processo, em observância ao
artigo 89 da lei 9.099/95;
- Seja reconhecida a nulidade da decisão de pronúncia, pela
violação da garantia Constitucional ao contraditório e à ampla
defesa e, nos termos do art. 5º, LV da CF/88;

c) Quanto ao mérito, requer o réu a absolvição sumária, conforme


art. 17 c/c art. 415, I e III, do CP;

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Local: XXXXXXXXXXXXXX, data: 25 de junho de 2018.

Advogado/OAB

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