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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.

399/2016-7

GRUPO I – CLASSE II – Plenário


TC 024.399/2016-7
Natureza: Solicitação do Congresso Nacional
Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES)
Interessado: Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal
Responsável: Maria Silvia Bastos Marques (459.884.477-91)
Representação legal: Juliana Calixto Pereira (OAB/RJ 130.070) e
outros, representando Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)

SUMÁRIO: SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL.


COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS DO SENADO
FEDERAL. FISCALIZAÇÃO NO BNDES COM O INTUITO DE
AVALIAR A EXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO DE ORDEM
LEGAL QUE POSSA AFETAR A CONCESSÃO DO
FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO PARA A LINHA 6-
LARANJA DO METRÔ DE SÃO PAULO. SOLICITAÇÃO
INTEGRALMENTE ATENDIDA. DETERMINAÇÃO
INTERNA. COMUNICAÇÕES. ARQUIVAMENTO.

Relatório

Adoto como relatório, com os ajustes de forma pertinentes, a instrução da SecexEstataisRJ


(peça 80):
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de requerimento da Comissão de Assuntos Econômicos, enviado por meio
do Ofício 87/2016/CAE/SF, de 16/8/2016, no qual a Exma. Sra. Senadora Gleisi Hoffmann,
presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, encaminha o Requerimento 21/2016-CAE, de
iniciativa dos Exmos. Srs. Senadores José Aníbal e Ricardo Ferraço (peça 1).
2. O documento encaminhado requer do Tribunal de Contas da União a realização de
fiscalização com o objetivo de avaliar a existência de algum impedimento de ordem legal que
possa afetar a concessão do financiamento de longo prazo para a PPP (Parceria Público Privada)
Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
3. De acordo com o Requerimento 21/2016-CAE, a solicitação se justifica, tendo em
vista o cenário de urgência e o grande impacto social decorrente de eventual prolongamento da
etapa prévia à celebração do contrato de financiamento, cujo atraso afetaria a prestação de
serviços públicos de mobilidade urbana na cidade de São Paulo, bem como implicaria na
desmobilização de empregados e colaboradores alocados direta e indiretamente no
empreendimento.
4. Foi destacado, ainda, que o BNDES vem solicitando sucessivas novas condições
para celebrar o contrato de financiamento de longo prazo, apesar de já ter liberado dois
empréstimos de curto prazo (empréstimo-ponte e capital de giro) para a Concessionária Move
São Paulo S.A., responsável pelo empreendimento.
5. Na instrução inicial, (peça 9, p. 1-4), datada de 30/9/2016, foi proposta a realização
de Inspeção no BNDES, com o objetivo de examinar as condicionantes legais e regulamentares
que incidem sobre a concessão do financiamento de longo prazo para a Linha 6 – Laranja do

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Metrô de São Paulo. A proposta foi acatada pelo titular da unidade em despacho datado de
11/10/2016 (peça 11).
6. No relatório de Inspeção, datado de 31/3/2017, peça 58, p. 1-39, fez-se uma análise
preliminar da solicitação exposta pelo requerente, tendo sido apresentada a seguinte proposta de
encaminhamento:
(...)
b) informar ao Exmo. Sr. Senador Tasso Jereissati, Presidente da Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado Federal, e à Exma. Sra. Senadora Gleisi Hoffmann, a qual ocupava a
presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal e enviou a presente
solicitação a este Tribunal, que:
b.1) não há expresso impedimento na legislação ordinária positiva que inviabilize a
concessão do financiamento de longo prazo para a PPP Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo,
pois não há strictu sensu lei positivada e explícita que impeça a concessão de apoio financeiro à
Concessionária Move-SP, no presente caso. No entanto, existem óbices de ordem
constitucional, caracterizados pela previsão na Carta Magna dos Princípios da Eficiência (art. 37
CR/88) e da Economicidade (arts. 70 e 73 CR/88), tendo em vista o caráter antieconômico de
eventual liberação de recursos do BNDES para utilização na operação de financiamento de
longo prazo em tela, a qual conta atualmente com elevado risco de crédito ainda não sanado, o
que acarretaria a violação daqueles Princípios Constitucionais e ainda do Interesse Público.
Além disso, seriam descumpridas várias normas infralegais, tais como os próprios normativos
internos do banco (Estatuto do BNDES, Políticas Operacionais, entre outras) e ainda normativos
do Conselho Monetário Nacional (Resoluções CMN 4430/2015, 3963/2011, 2844/2011) e do
Banco Central do Brasil (Circular 3648/2013).
(...)
7. Em Despacho, anexado ao presente processo em 12/4/2017, peça 60, p. 1-3, o Exmo.
Sr. Ministro Relator Weder de Oliveira propôs que os autos fossem restituídos à
SecexEstataisRJ para que fosse complementada a presente instrução, a fim de responder
objetivamente à questão formulada na solicitação do Congresso Nacional a partir dos
parâmetros descritos no parágrafo 15 daquele despacho, que estabelece:
(...)
15. Para que seja alcançado o objetivo da solicitação do Congresso Nacional, é
necessário, inicialmente, que os normativos relevantes sejam identificados, que os critérios de
auditoria/análise, a partir dos comandos das leis e normativos, sejam definidos e que sejam
coletadas evidências para determinar se há óbices de natureza legal/normativa para que os
financiamentos de longo prazo sejam concedidos pelo BNDES.
(...)
EXAME TÉCNICO
8. A Inspeção aprovada foi realizada no período de 7/11/2016 a 18/11/2016 e procurou
responder se existe algum impedimento de ordem legal que possa afetar a concessão do
financiamento de longo prazo para a PPP (Parceria Público Privada) Linha 6-Laranja do Metrô
de São Paulo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
9. Os dados apurados no Relatório de inspeção (peça 58, p. 1-39) detalham que, em
outubro de 2013, foi realizada a licitação da Concessão Patrocinada pelo Governo do Estado de
São Paulo para o período de 25 anos. O Consórcio Move São Paulo, formado pelos grupos
Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Participações, sagrou-se vencedor do certame com a
proposta de contraprestação pecuniária anual de R$ 606,8 milhões (data base 1/10/2013).
10. Para a assinatura do Contrato de Concessão, fez-se necessária a constituição de uma
Sociedade de Propósito Específico – SPE pelos consorciados. Para tanto, foi constituída a
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Concessionária Move São Paulo S.A. – Move-SP, com capital subscrito de R$ 520 milhões e
integralizado de R$ 52 milhões, atendendo à exigência estabelecida no cronograma de
integralização do Contrato de Concessão.
11. Desse modo, a Concessionária Move-SP é uma SPE, constituída em 25/11/2013,
com o objetivo exclusivo de implantar e operar a Linha 6 - Laranja do Metrô de São Paulo,
abrangendo os serviços de implementação de obras civis e sistemas, fornecimento de material
rodante e operação, conservação, manutenção, exploração e expansão da Linha, antes
mencionados.
12. O Contrato de Concessão Patrocinada para a realização do empreendimento, tendo
como partes o Estado de São Paulo e a Move-SP, e a ser implantado no âmbito de uma estrutura
de PPP, foi firmado em 18/12/2013 e entrou em vigor após cinco meses, em 18/5/2014.
13. A Concessionária Move-SP tem seu controle compartilhado pelas seguintes
acionistas: OM Linha 6 Participações S.A. – OML6; Queiroz Galvão Desenvolvimento de
Negócios S.A. – QGDN; UTC Participações S.A. – UTC; e Linha 6 - Fundo de Investimento
em Participações – Linha 6 – FIP, distribuídas conforme o quadro a seguir:
Controle Societário Controle Societário
Participação
(Participações em dez/2013) (Participações em dez/2016)
Odebrecht Transport S.A OM Linha 6 Participações S.A. 19,61%
Construtora Queiroz Galvão Queiroz Galvão Desenvolvimento de
19,61%
S.A. Negócios S.A
UTC Participações S.A. UTC Participações S.A. 13,08%
Eco Realty - FIP Linha 6 - FIP 47,70%
Total 100,00
14. Segundo o relatório de inspeção, o Estado de São Paulo optou por estruturar a
execução do projeto de implantação da Linha 6 por meio de uma PPP, denominada ‘integral’,
isto é, uma PPP na qual a totalidade da implantação (obras civis, sistemas, material rodante,
demais equipamentos, etc.) e a futura operação e manutenção são de responsabilidade do
parceiro privado.
15. A estrutura de PPP proposta prevê a realização de aporte pelo Poder Concedente de
pagamentos à Concessionária, ao longo do período de realização das obras, estimado em seis
anos, e tem seu diploma regulador na Lei Federal 11.079/2004, também conhecida como Lei
das PPPs.
16. A partir das alterações introduzidas na referida Lei Federal 11.079/2004 (fruto da
conversão da MP 575/2012), permitiu-se, dentre outras mudanças, a realização de pagamentos
pelo Poder Concedente ao Concessionário, a título de ressarcimento de investimentos, ainda
durante a fase de obras, denominados ‘aportes de recursos’.
17. As alterações introduzidas pelo diploma legal tiveram por objetivo agilizar e
incentivar os investimentos em infraestrutura por meio da maior participação de empresas
privadas em projetos de infraestrutura. Nesse sentido, a PPP da Linha 6 utiliza-se de alguns dos
benefícios proporcionados pelas mudanças legislativas recentes do marco regulatório das PPPs,
dentre as quais destacam-se:
a) a possibilidade de realização de pagamento ao parceiro privado de remuneração
variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e
disponibilidade definidos em contrato;
b) a previsão de aporte de recursos em favor do parceiro privado para a realização de
obras e aquisição de bens reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do art. 18 da Lei
8.987/1995, desde que autorizado por lei específica; e

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c) a possibilidade de que o valor do aporte de recursos mencionado acima seja excluído


da determinação do lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL; e da base de cálculo da Contribuição para o
PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS.
18. Assim sendo, a modalidade de PPP adotada pelo Estado de São Paulo combina
contraprestação pecuniária com aporte de recursos na SPE com desoneração tributária. O aporte
de recursos a ser desembolsado pelo Estado corresponderá a 50% do valor do investimento das
obras, excluindo-se as desapropriações, que serão pagas pelo Estado via desembolsos
extraordinários. A outra parte dos investimentos (os 50% restantes) ficará a cargo da
Concessionária, que será remunerada quando da entrada em operação do empreendimento e seu
pleno funcionamento, por meio de contraprestação mensal do Estado e da aferição de receitas
decorrentes da operação da Linha.
19. O valor do aporte de recursos do Estado é de R$ 4.469,4 milhões e será pago de
forma proporcional, sempre após a conclusão de marcos físicos específicos, conforme
especificado em Lei e no Contrato de Concessão. Para cada marco concluído, a Concessionária
irá solicitar ao Estado a liberação dos recursos do aporte referente àquele marco.
20. Conforme apurado pelo relatório de inspeção, o BNDES prestou apoio financeiro ao
Estado de São Paulo. A operação com o estado visou apoiar financeiramente os pagamentos do
Poder Concedente à Concessionária, durante a fase de obras, a título de ressarcimento de parte
dos investimentos (aportes de recursos). O Estado também será responsável por desembolsar os
recursos necessários para complementar o valor dos aportes, bem como para pagamentos de
indenizações por desapropriações ao longo do traçado do projeto.
21. Em 7/5/2013, a operação de apoio financeiro ao Estado de São Paulo (operação
5.141.963) foi enquadrada pelo Banco, no valor de R$ 3.879 milhões (modalidade Finem
Direto). Em 14/10/2013, o enquadramento foi revalidado, pois o enquadramento anterior foi
realizado previamente à primeira rodada de licitação, sem que tenha havido interessados. A
revalidação do enquadramento ocorreu após nova rodada de licitação pelo Estado.
22. Em 8/4/2014, por meio da Decisão Dir. 210/2014-BNDES (peça 31, p. 108), foi
autorizada a concessão de colaboração financeira em favor do Estado de São Paulo, no valor de
R$ 4.469,4 milhões, montante este superior ao inicialmente solicitado e enquadrado, em função
de ajustes na estimativa dos investimentos após a revalidação do enquadramento.
23. Estes ajustes de estimativa se fizeram necessários porque o Estado optou por realizar
um aporte de recursos que somou 50% do valor do investimento das obras e financiar a
totalidade deste aporte junto ao BNDES, majorando o montante inicialmente solicitado.
24. O apoio financeiro do BNDES para o aporte do Poder Concedente foi dividido em
três subcréditos de valores distintos com a mesma finalidade e as mesmas condições financeiras,
no momento de sua aprovação, sendo concedido segundo as seguintes condições, conforme o
quadro abaixo:
Valor da Operação R$ 4.469,4 milhões
Nº Operação 5.141.963.0001
Origem dos Recursos Ordinários
Subcrédito A R$ 1.700 milhões
Subcrédito B R$ 2.179 milhões
Subcrédito C R$ 590,4 milhões
Total R$ 4.469,4 milhões
Custo Básico TJLP
Remuneração Total do BNDES 2,0%
Prazo Total Até 360 meses

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Utilização Até 15/12/2020


Carência Até 15/12/2020
Amortização 282 meses
25. A divisão em três subcréditos deveu-se à situação do Estado de São Paulo em
relação ao Anexo V do Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal – PAF do Estado e à
exigência de Lei Estadual autorizativa. Em 26/6/2014, o Subcrédito A, no valor de R$ 1.700,00
milhões, foi contratado, por meio do Contrato de Financiamento 14.2.0210.1, sendo o único que
se encontra nesta situação. Embora os subcréditos B e C contem com aprovação prévia do
Banco (conforme Decisão de Diretoria Dir. 210/2014-BNDES), o Subcrédito B possui lei
autorizativa (Lei Estadual SP 14.987/2013, a mesma do Subcrédito A), mas ainda não foi
incluído no PAF, e o Subcrédito C não possui lei autorizativa e não foi incluído no PAF.
26. Em garantia à operação de crédito solicitada pelo Estado, foram vinculadas ao
BNDES, em caráter irrevogável e irretratável, parcelas ou quotas-parte do Fundo de
Participação dos Estados - FPE, do Imposto Sobre Produtos Industrializados-Exportação - IPI-
Exportação, de Royalties e da compensação da Lei Kandir, destinadas ao Estado de São Paulo,
na modalidade garantia-reserva de meios de pagamento, ou de outros recursos que com idêntica
finalidade venham a substituí-los.
27. Em 19/12/2014, o Estado deu início aos desembolsos destinados aos aportes de
recursos à Move-SP e, em 16/10/2015, por motivo de paralisação das obras, realizou um último
desembolso, perfazendo um total de R$ 694,7 milhões em liberações, até o momento.
28. Todos os recursos liberados pelo BNDES foram utilizados no pagamento dos sete
primeiros marcos da obra, incluindo os reajustes previstos em relação à data-base estabelecida
em Contrato (outubro de 2013). Estes marcos foram concluídos, atestados pela empresa
Certificadora e reconhecidos pelo Estado. Não há previsão de novas liberações.
29. Em 11/10/2016, por solicitação do Estado de São Paulo, o Banco autorizou a
alteração do Contrato de Financiamento 13.2.0630.1, celebrado entre o Estado e o BNDES, em
28/11/2013, a fim de remanejar o valor de R$ 1.500 milhões, originalmente destinados à Linha
2 do Metrô de São Paulo, cuja obra encontra-se com sua execução paralisada, para a Linha 5
(R$ 760 milhões) e para a Linha 6 (R$ 740 milhões), conforme Decisão de Diretoria Dir.
612/2016-BNDES (peça 57, p. 4).
30. A mesma Decisão de Diretoria autorizou a redução do valor do Subcrédito B em R$
740 milhões, que passou de R$ 2.179 milhões para R$ 1.439 milhões, mantendo-se o valor total
aprovado em favor do Estado em R$ 4.469,4 milhões. Segundo informado pelo Banco, o
remanejamento teve por objetivo manter o equilíbrio fiscal do Estado, priorizando a realização
de obras que se encontram com a execução física em andamento, como é o caso da Linha 6 do
Metrô de São Paulo. Com o remanejamento, o valor contratado da operação passou para R$
2.440 milhões, no momento.
31. O Aditivo 1 ao Contrato de Financiamento 13.2.0630.1, firmado em 9/11/2016,
formalizou o remanejamento de recursos da Linha 2 para as Linhas 5 e 6. Com a formalização
do Termo Aditivo, os subcréditos para a operação passaram a ter a configuração descrita no
quadro abaixo:
Lei Estadual Valor
Subcrédito Inclusão no PAF Situação
Autorizativa (R$)
Subcrédito A 14.987/2013 Sim 1.700 milhões Contratado
Subcrédito B 14.987/2013 Não 1.439 milhões Aprovado
Subcrédito C Não há Não 590,4 milhões Aprovado
4144807.0003 14.987/2013 Sim 740 milhões Contratado
Total 4.469,4 milhões

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32. Segundo informado pelo relatório de inspeção, o apoio financeiro à Concessionária


Move São Paulo S.A, prestado pelo BNDES, contempla duas operações contratadas de curto
prazo: empréstimo-ponte e capital de giro. Quanto à negociação dos termos para a aprovação e a
contratação de operação de financiamento de longo prazo, até o momento, não há uma
definição.
33. Em 4/11/2014, a Decisão de Diretoria Dir. 1007/2014-BNDES (peça 38, p. 34)
aprovou as duas operações de curto prazo: empréstimo-ponte, no valor de R$ 1.632,37 milhões,
e capital de giro, no valor de R$ 325 milhões.
34 A operação de empréstimo-ponte teve por objetivo dar suporte aos investimentos
iniciais do projeto até que a análise do financiamento de longo prazo esteja concluída pelo
Banco, de modo a garantir a continuidade dos investimentos, já iniciados, durante o prazo
necessário para estruturação e análise da operação de longo prazo.
35. A operação de capital de giro associado aos investimentos tem por objetivo financiar
o descasamento financeiro que se verifica entre o fluxo de pagamentos de aportes pelo Poder
Concedente, cujos desembolsos ocorrem após a conclusão de marcos físicos específicos da
obra, e o cronograma financeiro da obra, à medida que os trabalhos avançam em suas diversas
frentes.
36. Os descasamentos tendem a se acumular com o tempo, podendo comprometer a
capacidade de investimento da Concessionária. O BNDES estima que o máximo descasamento
será de aproximadamente R$ 325 milhões, no quarto ano de obra.
37. A operação de empréstimo-ponte foi contratada, em 12/1/2015, e formalizada por
meio do Contrato de Financiamento 14.2.1007.2. O subcrédito destinado ao empréstimo-ponte
foi integralmente garantido por fianças bancárias, totalizando montante da dívida decorrente do
crédito a ser liberado.
38. Na configuração inicial da operação, a fiança a ser constituída seria progressiva, de
modo que as cartas de fiança correspondentes à dívida decorrente do crédito a ser utilizado
seriam apresentadas ao BNDES previamente à utilização de cada parcela do crédito do
empréstimo-ponte. Assim, a exposição do Banco à Concessionária postulante do crédito, ou a
seus acionistas, não seria afetada.
39. Originalmente, o valor enquadrado para a operação correspondia a 27% do valor
enquadrado para o financiamento de longo prazo, com um prazo total de dezoito meses e uma
estimativa de que o financiamento seria submetido à aprovação da Diretoria ainda em 2015. No
entanto, o prazo de dezoito meses (prazo máximo destinado a empréstimo-ponte pelo BNDES),
proposto considerando a complexidade da estrutura de garantias requerida para viabilizar o
financiamento de longo prazo, não se mostrou suficiente. Os problemas de cadastro enfrentados
pelos patrocinadores, mais recentemente, e sua consequente dificuldade para apresentar as
garantias necessárias à concessão do apoio financeiro de longo prazo, acabaram por gerar
sucessivas prorrogações do prazo de vencimento e reduzir o valor do empréstimo-ponte.
40. Desse modo, só foi realizada uma primeira e única liberação para a operação de
empréstimo-ponte, no valor de R$ 550 milhões, em 28/1/2015. A garantia fidejussória
correspondente ao crédito do empréstimo-ponte foi constituída conforme o Quadro a seguir:
VALOR
BANCO PERCENTUAL VENCIMENTO
(R$ milhões)
BTG Pactual 178,125 32,3864% 20/1/2017
Santander 178,125 32,3864% 20/1/2017
Credit
118,750 21,5909% 20/1/2017
Agricole
ABC Brasil 75,000 13,6364% 20/1/2017

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Total 550,000 100,0000% 20/1/2017


41. A operação de capital de giro associado ao investimento foi contratada, em
12/5/2015, e formalizada por meio do Contrato de Financiamento 14.2.1007.1. O subcrédito
destinado ao capital de giro foi integralmente garantido por fiança corporativa dos grupos
econômicos das acionistas da Move-SP, proporcionalmente à participação direta/indireta de
cada grupo na Sociedade de Propósito Específico
42. A fiança corporativa foi prestada no próprio instrumento contratual de financiamento
e cobriria todo o prazo do Contrato, até a sua quitação, com previsão inicial para janeiro de
2021. Originalmente, a responsabilidade das acionistas era partilhada da seguinte forma:
Odebrecht Transport S.A. .................................. - 37,5%
Queiroz Galvão S.A. .......................................... - 37,5%
UTC Participações S.A. ..................................... - 25,0%
43. Registre-se que a fiança foi prestada inicialmente pela OTP (Odebrecht Transport
S.A), UTC Participações e Queiroz Galvão, uma vez que a Construtora Queiroz Galvão, embora
tenha comparecido no Contrato de Financiamento 14.2.1007.1 (capital de giro) como
interveniente controladora, não possuía rating válido junto ao BNDES, à época da contratação
do financiamento da operação.
44. Os recursos destinados à operação de capital de giro foram integralmente liberados
em 28/5/2015. O Quadro a seguir sintetiza as informações concernentes aos apoios financeiros
de curto prazo.

Capital de Giro Empréstimo-Ponte


Operação (OPE nº) 5.422.797.0002 5.422.797.0003
Contrato de
14.2.1007.1 14.2.1007.2
Financiamento
Valor da Operação
R$ 325 milhões R$ 1.632,37 milhões
(aprovado)
Valor Liberado R$ 325 milhões R$ 550 milhões
Origem dos Recursos Ordinários Ordinários
Prazo Total Até 74 meses Até 18 meses
Execução Até 15/12/2020 -
Utilização Até 15/12/2020 Até 17 meses
Carência Até 15/12/2020 Até 17 meses
1 mês 1 mês
Amortização
(prestação única) (prestação única)
41. Ainda, segundo o relatório de inspeção, houve alteração da estrutura de garantias do
financiamento para capital de giro (OPE 5.422.797.0002). Inicialmente, havia a previsão de que
as operações de empréstimo-ponte e de capital de giro seriam contratadas simultaneamente.
Também seriam simultâneas a primeira liberação do empréstimo-ponte e a liberação integral do
capital de giro. Estava previsto ainda que a fiança corporativa dos grupos econômicos das
acionistas, constituída no próprio instrumento contratual de financiamento ao capital de giro,
seria prestada de forma proporcional à participação de cada grupo na Move-SP, isto é, 37,5%
para OTP, 37,5% para Queiroz Galvão e 25% para UTC Participações.

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42. No entanto, após a aprovação do financiamento para capital de giro pela Diretoria do
Banco, o Grupo UTC presenciou a deterioração e o rebaixamento de sua situação cadastral.
Como não seria mais possível viabilizar o financiamento sob essa nova condição, a
Concessionária encaminhou correspondência eletrônica ao BNDES solicitando a modificação
da estrutura de garantia do financiamento.
43. Em 10/3/2015, além de aprovar a exclusão da UTC do papel de interveniente fiadora
do financiamento para capital de giro, a Diretoria do Banco autorizou: a alteração da estrutura
de garantias, com o consequente aumento da taxa de risco da operação; a modificação na
periodicidade do pagamento de juros; o estabelecimento de cessão fiduciária dos direitos
creditórios emergentes da Concessão, em favor do BNDES; e o estabelecimento de certos
condicionantes para a constituição de garantias reais junto a outros credores.
44. Estas alterações foram formalizadas por meio da Decisão de Diretoria Dir.
091/2015-BNDES (peça 39, p. 12), que decidiu:
(1) excluir a UTC Participações como interveniente fiadora;
(2) estabelecer que a fiança corporativa seria prestada pelas demais acionistas, Odebrecht
Transport e Queiroz Galvão, na proporção de 50% cada;
(3) elevar a taxa de risco de crédito da operação;
(4) constituir cessão fiduciária, em favor do BNDES, dos direitos emergentes da
Concessão, de titularidade da Concessionária, incluindo indenizações, receitas acessórias,
multas, ou quaisquer outras parcelas pecuniárias a ela devidas;
(5) acrescentar ao contrato a obrigação de a Concessionária não constituir, salvo
autorização prévia e expressa do BNDES, garantias reais junto a outros credores, sem que fosse
prestado o mesmo tipo de garantia ao BNDES, em iguais condições e grau de prioridade,
ressalvados os casos de constituição de garantia real em virtude de determinação legal ou para a
garantia do juízo em ações judiciais e para os processos administrativos nos quais figure no polo
passivo; e
(6) alterar a periodicidade do pagamento de juros, substituindo a capitalização, durante a
carência, por regime de exigibilidade trimestral.
45. O relatório de inspeção informa que ocorreu a prorrogação do prazo de vencimento
do empréstimo-ponte e reforço das garantias da operação de capital de giro. Por meio da
Decisão Dir. 429/2016-BNDES (peça 42, p. 10), datada de 27/6/2016, foi autorizada a primeira
prorrogação da data de vencimento da parcela única de amortização do principal e juros do
Contrato de Financiamento 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte), que passou de 15/7/2016 para
15/10/2016, bem como alterações adicionais na taxa de juros e no termo final do prazo de
carência, que passou de 15/6/2016 para 15/9/2016. O Quadro a seguir sintetiza algumas das
condições do 1º Termo Aditivo ao Contrato:
Condições 1ºAditivo ao Empréstimo-Ponte
Operação 5.422.797.0003
Contrato de Financiamento 14.2.1007.2
Valor R$ 1.632,37 milhões
Data de Vencimento 15/10/2016
Carência Até 15/9/2016
Taxa de juros Aumento
Prazo Total Até 21 meses
Execução -
Utilização Até 17 meses
Carência Até 20 meses

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.399/2016-7

Amortização 1 mês
46. Em 19/9/2016, o BNDES reuniu-se com o Estado de São Paulo, e, posteriormente,
com os patrocinadores do projeto, para informar as dificuldades que estava enfrentando nas
negociações das garantias e a deterioração da situação da empresa Queiroz Galvão, pelas
implicações da Operação Lato, que estavam impedindo a contratação da operação de longo
prazo.
47. Em face de solicitação da Move-SP, em 7/10/2016, em nova reunião entre o BNDES
e os acionistas da Move-SP, foram negociados os seguintes pontos:
a) a prorrogação do prazo de vencimento do Contrato de Financiamento 14.2.1007.2
(empréstimo-ponte); e
b) o reforço das garantias da operação de capital de giro.
48. Em 11/10/2016, a Decisão de Diretoria Dir. 615/2016-BNDES (peça 57, p. 3)
autorizou a segunda prorrogação da data de vencimento da parcela única de amortização do
principal e juros do Contrato de Financiamento 14.2.1007.2, de 15/10/2016 para até 15/12/2016,
com a possibilidade de alteração automática do termo final do prazo de carência contratado, de
15/11/2016 para 15/5/2017, e da data do vencimento da amortização do principal da dívida, de
15/12/2016 para 15/6/2017, desde que atendidas certas condições prévias estabelecidas. Essas
condições prévias incluíam:
a) a apresentação pela Move-SP, até 15/12/2016, da renovação da garantia fidejussória do
Contrato de Financiamento 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte), mediante a apresentação de
carta(s) de fiança com prazo de validade até, no mínimo, 30/7/2017;
b) a formalização das fianças corporativas da OM e da CQG (Construtora Queiroz
Galvão), mediante a celebração do 1º Termo Aditivo ao Contrato de Financiamento 14.2.1007.1
(capital de giro); e
c) a apresentação, até 15/12/2016, de documento que comprovasse a prorrogação, pelo
Estado de São Paulo, do prazo previsto na Cláusula 8.1.38 do Contrato de Concessão
Patrocinada 015/2013, de modo a tornar a Concessionária adimplente com o dispositivo até, no
mínimo, 15/6/2017.
49. A mesma Decisão de Diretoria autorizou a substituição da CQG pela QGDN
(Queiroz Galvão Desenvolvimento de Negócios), na qualidade de interveniente controladora da
Move-SP, e a redução do valor do empréstimo-ponte de R$ 1.632,37 milhões para R$ 550
milhões, na data base de 12/1/2015. As alterações de prazos de carência e amortização
autorizadas foram formalizadas por meio do 2ª Termo Aditivo ao Contrato de Financiamento
14.2.1007.2 (empréstimo-ponte).
50. Desse modo, em 26/10/2016, o 2º Termo Aditivo ao Contrato de Financiamento
14.2.1007.2 foi celebrado, tendo por objeto:
(i) substituir a Construtora Queiroz Galvão pela Queiroz Galvão Desenvolvimento de
Negócios na qualidade de interveniente controladora;
(ii) reduzir o valor do Contrato de R$ 1.632,37 milhões para R$ 550 milhões, na data
base de 12/1/2015;
(iii) alterar:
a) as datas de exigibilidade dos juros durante o período de carência e o termo final do
prazo de carência contratado;
b) a data do vencimento da amortização do principal da dívida, a ser quitado em prestação
única;

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(iv) prever a possibilidade de alteração automática do termo final do prazo de carência


contratado e da data do vencimento da amortização do principal da dívida, a ser quitado em
prestação única, caso ocorresse o atendimento de determinadas condições;
(v) alterar a Cláusula Sétima (Obrigações Especiais da Beneficiária) para incluir novo
inciso; e
(vi) alterar a redação do inciso I da Cláusula Oitava (Obrigações das Intervenientes
Controladoras).
51. Como condição para a apresentação das novas cartas de fiança para o empréstimo-
ponte, com validade até 30/7/2017, os bancos fiadores impuseram um reforço de garantias à
Move-SP. Por sua vez, o BNDES também vinha negociando com a Move-SP alguns
mitigadores ao risco de crédito da operação de capital de giro. Durante as negociações para a
constituição das novas garantias, os bancos solicitaram a projeção de caixa da Move-SP até
15/6/2017 (próximo vencimento previsto), para a hipótese de a prorrogação automática
estabelecida contratualmente vir a ocorrer efetivamente.
52. Com base nessa projeção, os bancos fiadores exigiram que fosse realizada uma
amortização parcial antecipada, de R$ 120 milhões, do contrato de empréstimo-ponte, com
recursos provenientes do excedente de caixa da Move-SP. Por meio da amortização parcial
antecipada, os bancos fiadores poderiam reduzir os valores das novas cartas de fiança e,
consequentemente, sua exposição aos patrocinadores.
53. Considerando o cenário de escassez de recursos da Move-SP, o BNDES apresentou
às partes a contraproposta, a seguir, para os R$ 120 milhões disponíveis no caixa da empresa:
(i) substituição da liquidação parcial antecipada por constituição de cash collateral,
cedido para os bancos fiadores e o BNDES, para preservar o caixa da Move-SP, pelo menos até
junho de 2017; e
(ii) compartilhamento da garantia entre os bancos fiadores e o BNDES de forma
proporcional aos valores contratados no empréstimo-ponte (bancos fiadores) e no capital de giro
(BNDES).
54. Todavia, os bancos fiadores mantiveram a exigência de liquidação parcial antecipada
para renovar as cartas de fianças, no sentido de reduzir sua exposição aos patrocinadores. Tendo
em vista a posição pouco flexível dos bancos fiadores, o BNDES exigiu que os R$ 120 milhões
fossem utilizados para reduzir os dois contratos vigentes do Banco com a Move-SP:
empréstimo-ponte (exposto à garantia dos bancos fiadores) e capital de giro (exposto à garantia
fidejussória dos patrocinadores OTP e Queiroz Galvão).
55. Portanto, ficou estabelecido que o reforço de garantias a ser concedido aos bancos
fiadores do empréstimo-ponte, para a formalização da prorrogação automática, deveria ser
acompanhado por um reforço de garantia para a operação de capital de giro, com o objetivo de
mitigar parcialmente os riscos do respectivo contrato. A exigência do BNDES foi motivada pela
qualidade do crédito de cada contrato. O crédito exposto aos patrocinadores do Move-SP
(capital de giro) tinha qualidade pior que o crédito exposto aos bancos fiadores do empréstimo-
ponte. Por este motivo, o Banco propôs que a liquidação antecipada parcial se desse de forma
proporcional ao valor do crédito de cada contrato.
56. A partir da contraproposta do BNDES, a Move-SP elaborou nova projeção para o
caixa, com a liquidação parcial antecipada proporcional ao valor dos contratos vigentes com o
BNDES. Em função das exigências dos bancos fiadores da operação de empréstimo-ponte para
a renovação das fianças bancárias e da contraproposta do Banco, decorreram tratativas para a
liquidação parcial antecipada da dívida, que contemplaram:
(i) a liquidação parcial antecipada do Contrato 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte), no
montante de R$ 75,43 milhões, a ser realizada em 15/12/2016, e consequente redução das
garantias prestadas pelos bancos fiadores por meio de carta de fiança; e
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(ii) a liquidação parcial antecipada do Contrato 14.2.1007.1 (capital de giro), no montante


de R$ 44,57 milhões, a ser realizada em 15/12/2016, e consequente redução das garantias
fidejussórias prestadas pelos patrocinadores.
57. No que tange à sustentabilidade da Concessionária, o caixa restante seria suficiente
para manter as obrigações financeiras e operacionais até junho de 2017, sobretudo a integridade
das tuneladoras adquiridas e das estruturas já construídas, conforme informação do Banco. No
entanto, a condição imposta de liquidação parcial antecipada também onerou muito a Move-SP,
fazendo com que a continuidade do projeto e a solvência da empresa, após junho de 2017, se
tornasse ainda mais dependente da entrada ou de uma sinalização mais forte da aquisição da
SPE por novos investidores, até esta data.
58. Os bancos fiadores também colocaram, como condição para apresentação das novas
cartas de fiança, a constituição das garantias de projeto que usualmente são firmadas quando da
formalização do financiamento de longo prazo. Sendo assim, negociou-se com a Move-SP a
antecipação das garantias do projeto, que momentaneamente seriam compartilhadas com os
bancos fiadores do empréstimo-ponte e futuramente com os bancos responsáveis pela fiança
completion do projeto e eventualmente com outros credores do projeto.
59. Portanto, os bancos fiadores apresentaram como condicionantes para a renovação
das fianças bancárias: a liquidação antecipada parcial da dívida e o compartilhamento das
garantias do financiamento de longo prazo com BNDES. O reforço de garantias a serem
compartilhadas entre os bancos fiadores e o BNDES contempla:
a) o penhor de 100% das ações da Concessionária Move-SP;
b) a cessão de todos os demais direitos emergentes do Contrato de PPP, incluindo o
direito de receber todos e quaisquer valores pendentes de pagamento pelo Poder Concedente
e/ou pela Companhia Paulista de Parcerias (CPP) à Concessionária, abrangendo, mas não se
limitando a, todas as indenizações cabíveis que lhe forem devidas;
c) a cessão dos direitos creditórios da Move-SP em relação à tarifa de remuneração,
contraprestação pecuniária, receitas alternativas, receitas complementares, receitas acessórias e
receitas de projetos associados;
d) a cessão dos direitos da Move-SP emergentes do Convênio de Integração Operacional
e Tarifária e em face da Caixa Econômica Federal (ou entidade arrecadadora que venha a
substituí-la), emergentes do Contrato de Prestação de Serviços para Recarga de Cartão,
Centralização dos Recursos Provenientes da Comercialização de Créditos Eletrônicos do
Bilhete Único e Recebimento de Documentos de Arrecadação;
e) a cessão dos direitos creditórios da Move-SP contra os bancos depositários, relativos
aos recursos existentes e aos depósitos a serem realizados em todas as suas contas, bem como
eventuais investimentos e rendimentos da Move-SP, inclusive os recursos oriundos dos seguros
contratados; e
f) a cessão dos direitos creditórios oriundos do Contrato de EPC (contrato firmado pelo
Consórcio Construtor do tipo EPC turn-key lump sum - empreitada integral a preço global) e do
Contrato de Aquisição de Material Rodante.
60. Após a aceitação pela Concessionária Move-SP das condições impostas pelos bancos
fiadores do empréstimo-ponte, estes concordaram em apresentar as novas cartas de fiança,
considerando a redução do valor do empréstimo-ponte para R$ 550 milhões e a liquidação
antecipada parcial de R$ 75,43 milhões.
61. Quanto ao reforço das garantias da operação de capital de giro, o Banco aproveitou a
negociação de prorrogação de prazo do empréstimo-ponte para incluir algumas salvaguardas
adicionais, além daquela do item 56 (ii) desta instrução, visando a reforçar e mitigar
parcialmente os riscos do contrato de capital de giro, em função dos reflexos da Operação Lava-
Jato nos Grupos Odebrecht e Queiroz Galvão, principais patrocinadoras da operação.
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62. Para tanto, o BNDES propôs incluir a Odebrecht Mobilidade (OM), na qualidade de
interveniente fiadora em solidariedade com a Odebrecht Transport, sendo a responsabilidade da
OM limitada a 35% da dívida decorrente do Contrato, e a Construtora Queiroz Galvão S.A.
(CQG), na qualidade de interveniente fiadora em solidariedade com a Queiroz Galvão S.A.
(QG), sendo a responsabilidade da CQG limitada a 50% da dívida decorrente do Contrato.
63. Em 7/12/2016, a Decisão de Diretoria Dir. 726/2016-BNDES autorizou a liquidação
antecipada parcial de R$ 120 milhões, no âmbito dos Contratos 14.2.1007.1 (capital de giro) e
14.2.1007.2 (empréstimo-ponte), de forma proporcional ao valor do crédito de cada contrato.
64. A Decisão de Diretoria Dir. 726/2016-BNDES também autorizou a constituição e o
compartilhamento de garantias reais entre o BNDES e os bancos fiadores da Concessionária
Move- SP, para o Contrato 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte), de forma proporcional ao valor do
crédito dos Contratos 14.2.1007.1 (capital de giro) e 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte). A
formalização da constituição e do compartilhamento das garantias reais estava prevista para
ocorrer até 15/3/2017. As garantias reais a serem compartilhadas incluem:
a) a cessão fiduciária de direitos creditórios emergentes do Contrato de Concessão
cedidos ao BNDES;
b) o penhor das ações da Concessionária Move-SP; e
c) a cessão fiduciária de todos os direitos creditórios da SPE.
65. A formalização da Decisão de Diretoria ocorreria por meio do 2º Termo Aditivo ao
Contrato de Financiamento - Capital de Giro, de Contrato de Penhor de Ações da Move-SP, de
Contrato de Cessão de Fiduciária de Direitos Creditórios e de Contrato de Compartilhamento de
Garantias.
66. Em 14/12/2016, a Move-SP realizou a liquidação antecipada parcial dos R$ 120
milhões, amortizando R$ 44,57 milhões, no Contrato 14.2.1007.1 (capital de giro), e R$ 75,43
milhões, no Contrato 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte), isto é, proporcionalmente à dívida de
cada contrato. As cartas de fiança considerando o novo valor do empréstimo-ponte a ser
garantido – redução do valor do crédito para R$ 550 milhões e liquidação antecipada parcial de
R$ 75,43 milhões, esta realizada em 14/12/2016 - foram apresentadas em 15/12/2016. A
formalização da constituição e do compartilhamento das garantias reais do empréstimo-ponte
deveria ocorrer até 15/3/2017.
67. Desse modo, a garantia fidejussória para operação de empréstimo-ponte, com base
nas novas cartas de fiança, segundo a participação proporcional original de cada banco fiador,
passou a ser constituída conforme o Quadro a seguir:
VALOR
BANCO PERCENTUAL VENCIMENTO
(R$ milhões)
BTG Pactual 153,696 32,3864% 1/8/2017
Santander 153,696 32,3864% 1/8/2017
Credit Agricole 102,464 21,5909% 1/8/2017
ABC Brasil 64,714 13,6364% 1/8/2017
Total 474,571 100,0000% 1/8/2017
68. Registre-se que o Banco BTG Pactual – BTG teve classificação de risco aprovada
pelo Comitê de Enquadramento de Crédito do Banco, em 21/12/2015, com validade de um ano,
mas, como também obteve um Grau de Relacionamento (rating atribuído a instituições
financeiras) considerado insatisfatório, ficaria impedido de prestar fiança em garantia de
operações de financiamento junto ao BNDES.
69. Posteriormente, em 19/12/2016, o BTG Pactual teve o seu conceito cadastral
rebaixado para um rating considerado insatisfatório, devido ao fato de o principal acionista da

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holding do Grupo ter figurado como réu em ação penal que tramita na Justiça Federal. Nessa
condição, o BTG ficaria impedido de prestar garantias junto ao BNDES.
70. Segundo noticia o BNDES, não obstante o rating considerado insatisfatório, o Banco
BTG ainda detinha indicadores financeiros que atestavam sua liquidez e solvência. Portanto, no
interesse de preservar a solvência da Move-SP e tentar garantir a viabilidade do projeto da
Linha 6 do Metrô de São Paulo, autorizou-se a renovação excepcional da garantia fidejussória
prestada pelo BTG Pactual, mediante apresentação de nova carta de fiança (Decisão de Diretoria
Dir. 10/2017-BNDES, peça 56, p. 18).
71. O Banco justificou também que a aceitação foi excepcional e que, quando da
aceitação da nova carta de fiança anterior (15/12/2016), o BTG ainda detinha boa classificação
de risco, pois a carta de fiança predecessora foi apresentada em 21/12/2015, com validade de
um ano. De qualquer forma, a aceitação da renovação da garantia fidejussória prestada pelo
BTG Pactual importou no afastamento das normas previstas no art. 50 c/c art. 37, IV, da
Resolução de Diretoria Dir. 2.442/2013-BNDES, fato reconhecido pelo próprio BNDES.
72. A Decisão de Diretoria Dir. 615/2016-BNDES (peça 57, p. 4) também autorizou a
celebração do 1º Termo Aditivo ao Contrato de Financiamento 14.2.1007.1 (capital de giro),
firmado em 13/1/2017, com os seguintes objetivos:
(i) substituir a Construtora Queiroz Galvão pela Queiroz Galvão Desenvolvimento de
Negócios, na qualidade de interveniente controladora;
(ii) substituir a Odebrecht Transport pela Odebrecht Mobilidade (OM) Linha 6
Participações, na qualidade de interveniente controladora;
(iii) incluir a Construtora Queiroz Galvão S.A. na qualidade de interveniente fiadora, em
solidariedade com a Queiroz Galvão S.A., sendo a responsabilidade da CQG limitada a 50% da
dívida decorrente do Contrato;
(iv) incluir a Odebrecht Mobilidade como interveniente do Contrato, na qualidade de
interveniente fiadora, em solidariedade com a Odebrecht Transport, sendo a responsabilidade da
OM limitada a 35% da dívida decorrente do Contrato;
(v) alterar a redação do inciso I da Cláusula Oitava (Obrigações das Intervenientes
Controladoras); e
(vi) alterar a redação da Cláusula Décima Segunda (Fiança Proporcional).
73. Como intervenientes controladoras, ao 1º Termo Aditivo ao Contrato 14.2.1007.1,
compareceram, pela Move-SP, a Queiroz Galvão Desenvolvimento de Negócios, a OM Linha 6
Participações e a UTC Participações.
74. O 2º Aditivo ao Contato 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte) continha a obrigação
especial de que o 1º Aditivo ao Contrato 14.2.1007.1 (capital de giro) fosse formalizado até
30/11/2016. No entanto, a OM condicionou a assinatura deste Contrato (capital de giro) à
apresentação das novas cartas de fiança pelos bancos fiadores, o que ocorreu apenas em
15/12/2016.
75. Como o 1º Aditivo ao Contrato 14.2.1007.1 não foi assinado em 15/12/2016, por
problemas relacionados à redação das atas das reuniões dos Conselhos de Administração da
Move- SP e de algumas das intervenientes, que continham as autorizações para a constituição
das garantias, o prazo estabelecido não foi atendido, ocorrendo inadimplemento não financeiro
por parte da Move-SP.
76. Nesse sentido, as cartas de fiança para a renovação da garantia fidejussória do
Contrato de Financiamento 14.2.1007.2 (empréstimo-ponte), com prazo de validade até, no
mínimo, 30/7/2017 (validade até 1/8/2017), foram apresentadas pela Move-SP em 15/12/2016.
No que tange às fianças corporativas da OM e da CQG, sua formalização ocorreu em 13/1/2017,
mediante a celebração do 1º Aditivo ao Contrato 14.2.1007.1.
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77. A apresentação de manifestação do Poder Concedente para comprovação da


prorrogação do prazo previsto na Cláusula 8.1.38 do Contrato de Concessão Patrocinada
015/2013, de modo a tornar a Concessionária adimplente com o dispositivo até, no mínimo,
15/6/2017, deu-se por meio do Comunicado CMCP 1125/16, de 15/12/2016, da Secretaria de
Estado dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo.
78. Esta manifestação do Poder Concedente se fazia necessária para que fosse afastado o
risco de o Estado de São Paulo vir a declarar a caducidade da Concessão, em razão da não
obtenção do financiamento de longo prazo.
79. Embora de modo diverso do proposto originalmente, o BNDES considerou cumprida
a condição com a apresentação do Comunicado CMCP 1125/16 pelo Estado de São Paulo. Isso
porque o Comunicado fazia alusão a Parecer Jurídico da Consultoria Jurídica da Secretaria de
Transportes Metropolitanos (Parecer CJ STM 2015, de 15/12/2016), segundo o qual, no
entendimento do Banco, o Estado teria se pronunciado afirmando que a responsabilidade pela
não obtenção do financiamento era exclusivamente da Concessionária, que a prorrogação do
prazo não eximia a Concessionária do inadimplemento contratual e que a prorrogação servia
apenas para sinalizar que o Poder Concedente estaria disposto a aguardar por um prazo
adicional. Assim, inferia que o Estado não tomaria medidas que levassem à declaração de
caducidade do Contrato de Concessão neste período.
80. Ainda, conforme o relatório de inspeção, várias propostas já foram exaustivamente
avaliadas, mas o ambiente de incerteza quanto aos principais patrocinadores do projeto e a
impossibilidade de um dimensionamento de risco que assegure um razoável conforto para o
BNDES têm dificultado sobremaneira a reestruturação societária da Concessionária, com os
atuais patrocinadores, e o equacionamento das garantias da operação de longo prazo. Assim, o
Banco tem considerado a possibilidade de entrada de novos patrocinadores como a melhor
alternativa para viabilizar a operação de longo prazo.
81. Os eventos deflagrados após a reunião de 19/9/2016, na qual participaram o BNDES
e o Estado de São Paulo ilustram esse fato. No encontro, o Banco relatou ao Estado as razões
que estavam obstaculizando a contratação do financiamento da operação de longo. Em
particular, o Banco expôs as dificuldades encontradas na negociação das garantias junto aos
patrocinadores e a crescente deterioração da situação da empresa Queiroz Galvão, pelas
implicações decorrentes da Operação Lava-Jato, à semelhança do que já havia ocorrido com a
UTC e depois com a Odebrecht.
82. Além da real possibilidade de os patrocinadores não poderem honrar seus créditos e
outras obrigações contratuais, o Banco expôs que, no futuro, tinha de considerar a possibilidade
de ocorrência de eventuais riscos à sua reputação, por tratar-se de uma SPE em que os dois
principais acionistas são investigados no âmbito da Operação Lava-Jato.
83. O Estado teria demonstrado compreender a situação, que, no limite, poderia até
inviabilizar o projeto no curto prazo, mas reforçou o pleito para prorrogação do vencimento do
empréstimo-ponte solicitado pela Move-SP, entendendo que seria necessário esgotar todas as
possibilidades para viabilizar o projeto.
84. O relatório de inspeção menciona os custos decorrentes da não aprovação da
operação de longo prazo e desmonte do projeto, com impactos negativos importantes para os
diversos agentes econômicos envolvidos (sociedade, patrocinadores, Concessionária, Move-SP
e Estado de São Paulo), conforme os seguintes custos de saída:
a) custos externos:
a.1) demissão de empregados envolvidos no projeto: o número de contratações alcançou
dois mil empregos antes da paralisação da obra, com um pico estimado no pleno emprego do
projeto de dez mil empregados;

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a.2) impacto socioambiental negativo: em função de desapropriações já realizadas (R$ 1


bilhão em valor e 370 imóveis) e cancelamento de investimento, numa região carente de
infraestrutura, que poderia propiciar melhor qualidade de vida à população;
a.3) impacto negativo no mercado financeiro: decorrente da execução das fianças
bancárias; e
a.4) deterioração da imagem do país: em face da possibilidade de disseminação de visão
negativa do país para investidores externos.
b) custos para a Concessionária Move-SP: decorrentes do vencimento de suas operações
com o BNDES, com extensão de seus impactos sobre patrocinadores e bancos fiadores:
b.1) vencimento da operação de capital de giro, com R$ 325 milhões liberados e R$ 44,57
milhões pagos antecipadamente, garantidos por:
b.1.1) garantia corporativa da QG (50%) e OTP (50%); e
b.1.2) cessão fiduciária de direitos creditórios emergentes do Contrato de Concessão.
b.2) vencimento da operação de empréstimo-ponte, com R$ 550 milhões liberados e R$
75,43 milhões pagos antecipadamente, prorrogado para 15/6/2017 (após duas prorrogações
anteriores para 15/10/2017 e 15/12/2016), e garantido por fianças bancárias com vencimento em
1/8/2017, emitidas por:
BTG Pactual: R$ 153,7 milhões;
Santander: R$ 153,7 milhões;
Credit Agricole: R$ 102,5 milhões; e
ABC – Brasil: R$ 64,7 milhões.
c) custos para o Estado de São Paulo:
c.1) teria que se dar algum tratamento aos recursos liberados para o aporte, uma vez que o
objeto do contrato de financiamento não seria cumprido e já foram liberados R$ 694,7 milhões
na operação de financiamento junto ao BNDES, garantidos por vinculação de quotas-parte de
recursos oriundos do FPE e IPI, de participação do Estado no resultado dos recursos naturais em
seu território e a compensação financeira por esta exploração e da compensação da União ao
Beneficiário pelos incentivos à exportação;
c.2) eventual fragilização na relação do Estado com o Banco, por quebra de pacto, uma
vez que o BNDES se colocou como parceiro no projeto, em diversas etapas da estruturação:
c.2.1) Banco participou da elaboração do edital;
c.2.2) Estado cedeu às exigências do BNDES em relação às garantias do Contrato de
Concessão (bilhetagem de outras linhas do Metrô e da CPTM e CPP); e
c.2.3) Banco divulgou Carta ao Mercado, apoiando o projeto e divulgando suas condições
de financiamento.
85. O relatório de inspeção acrescenta que, não obstante a diversidade de soluções
propostas para um razoável dimensionamento das garantias, o que também está relacionado à
reestruturação da Move-SP, o BNDES ainda vislumbra vários riscos para a efetivação da
operação de longo prazo, dentre os quais podem ser citados:
(i) as questões reputacionais e creditícias afetas aos dois principais patrocinadores
privados do projeto, com reflexos reputacionais para o próprio BNDES;
(ii) os Grupos Odebrecht e Queiroz Galvão apresentam situação cadastral ruim e
insuficiência de margem para operar com o BNDES, ocasionando a necessidade de constituição
de garantias que externalizem a parcela de risco de crédito atribuída ao Grupo;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.399/2016-7

(iii) o pequeno porte do parceiro RuasInvest para apoiar com garantias corporativas
ou bancárias o projeto em seu período pré-completion;
(iv) a falta de apetite dos bancos fiadores, que dificulta a ampliação da participação dos
bancos no projeto; a substituição de um dos fiadores no curto prazo (em particular o BTG
Pactual); e a eventual rolagem do empréstimo-ponte.
(v) a mitigação do risco de aporte de equity, via mecanismo de retenção de valores
do EPC (contrato firmado pelo Consórcio Construtor do tipo EPC turn-key lump sum -
empreitada integral a preço global) semestralmente que sejam suficientes para honrar as
obrigações do semestre subsequente, garante o pari passu com os desembolsos do BNDES, mas
não elimina o risco de interrupção do projeto durante a fase de construção, por falta de recursos
para o aporte (ainda que solidário) decorrente da deterioração financeira das empresas
construtoras.
86. Aponta o relatório de inspeção que outros pontos devem ainda ser considerados. O
primeiro se refere aos reflexos da operação Lava-Jato sobre os dois principais patrocinadores do
projeto, cujos efeitos podem ainda não ter sido percebidos pela Odebrecht e Queiroz Galvão, em
sua plenitude.
87. Recentemente, o próprio TCU deliberou pela indisponibilidade de bens da
Construtora Queiroz Galvão (Acórdão 2428/2016-TCU-Plenário, de Relatoria do Exmo. Sr.
Ministro Benjamin Zymler) e da Construtora Norberto Odebrecht (Acórdão 2109/2016-TCU-
Plenário, de Relatoria do Exmo. Sr. Ministro Benjamin Zymler). As duas decisões foram
posteriormente revertidas pelo STF.
88. Em 1/12/2016, a Odebrecht assinou o Acordo de Leniência com os procuradores da
Lava-Jato. Com a celebração do Acordo, a Odebrecht, em tese, passaria a ter o direito de
continuar contratando com órgãos públicos, e retirar-se-ia o entrave à contratação de
empréstimos, embora existam outras condições a serem atendidas. Ao assinar o Acordo, a
Odebrecht se comprometeu a pagar uma multa de R$ 6,7 bilhões, ao longo de 20 anos, sendo
que o Brasil deverá ficar com pelo menos 70% dos recursos. Os Estados Unidos e a Suíça
ficarão com os 30% restantes.
89. Registre-se, entretanto, que, para o BNDES, o acordo de leniência até impacta o
cadastro, elevando-o de ruim para regular, e, em tese, a empresa assumiria uma condição na
qual poderia novamente contratar com órgãos públicos. Todavia, a concessão de apoio
financeiro tem a ver, de fato, com a análise de crédito e a possibilidade de oferecer garantias ao
Banco. Assim, o acordo é condição necessária, mas não suficiente, para obtenção de crédito
junto ao BNDES.
90. Deve-se considerar que não é possível assegurar que as garantias compartilhadas
pelo BNDES e os bancos fiadores (a cessão fiduciária de direitos creditórios emergentes do
Contrato de Concessão; o penhor das ações da Concessionária Move São Paulo; e a cessão de
todos os direitos creditórios da Concessionária Move São Paulo) atendem ao índice mínimo de
130% de garantia real para o financiamento das operações de capital de giro e de longo prazo, já
que as referidas garantias encontram-se compartilhadas com os bancos. Adicionalmente, em
caso de desmonte do projeto, durante a execução das obras físicas, elas terão pouca serventia
para garantir os recursos aportados pelo BNDES na Move-SP.
91. Outro ponto a considerar refere-se ao fato de que, em algumas situações, para não
inviabilizar o projeto, o BNDES flexibilizou a aplicação de seus normativos internos, ou a
interpretação de algum dispositivo, como quando da aceitação da fiança bancária do Banco
BTG Pactual e aceitação do inadimplemento não financeiro da Move-SP, tendo em vista o
BNDES ter considerado cumprida a condição com a apresentação do Comunicado CMCP
1125/16 pelo Estado de São Paulo (Parecer CJ STM 2015, de 15/12/2016).

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92. Em face de todo o exposto, verifica-se que o BNDES tem procurado, na medida do
possível, preservar a solvência da Move-SP e garantir a viabilidade do projeto da Linha 6 do
Metrô de São Paulo. Diversas soluções alternativas foram propostas para a reestruturação da
Concessionária e o equacionamento das garantias das operações. Contudo, o ambiente de
incerteza que paira sobre os principais patrocinadores do projeto tem dificultado esta tarefa.
93. Quanto à existência de algum impedimento de ordem legal, no direito positivo, que
possa afetar a concessão do financiamento de longo prazo para a Linha 6-Laranja do Metrô de
São Paulo, o BNDES aponta o seguinte:
Em relação à existência de normativos internos ou externos ao BNDES que impeçam a
concessão de apoio financeiro em função de cadastro e/ou classificação de risco e/ou margem
e/ou grau de relacionamento, verificou-se que os normativos vigentes não vedam a concessão de
apoio.
94. A manifestação do BNDES quanto ao impedimento de natureza legal não encontra
amparo na ordem constitucional, haja vista os Princípios da Eficiência (art. 37, CR/88) e da
Economicidade (art. 70, CR/88). Caso o BNDES venha a liberar recursos para levar a efeito
operação de financiamento com esse elevado risco de crédito estaria violando os dois Princípios
Constitucionais e contrariando o Interesse Público. Além disso, estaria descumprindo a Circular
3648/2013 do Banco Central do Brasil e vários de seus normativos internos, citados a seguir:
Resolução 2189/2011–BNDES, Resolução 2690/2014–BNDES, Resolução 2833/2015–
BNDES, Resolução 2934/2015–BNDES, Resolução 3115/2017–BNDES.
95. Os dispositivos dos normativos de ordem constitucional e infralegais os quais o
BNDES estaria infringindo, caso o banco venha a liberar recursos para levar a efeito operação
de financiamento com esse elevado risco de crédito são discriminados a seguir:
art. 37, CR/88: ‘A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:’
art. 70, CR/88: ‘A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida
pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder’.
Resolução 2844/2001 do Conselho Monetário Nacional (peça 79, p. 1 a 4), que dispõe
sobre limites de exposição por cliente:
Art. 1º Fixar em 25% (vinte e cinco por cento) do Patrimônio de Referência (PR) o limite
máximo de exposição por cliente a ser observado pelos bancos múltiplos, bancos comerciais,
bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, Caixa Econômica Federal, sociedades de
crédito, financiamento e investimento, sociedades de arrendamento mercantil, sociedades de
crédito imobiliário e companhias hipotecárias na contratação de operações de crédito e de
arrendamento mercantil e na prestação de garantias, bem como em relação aos créditos
decorrentes de operações com derivativos.
Circular 3648/2013 do Banco Central do Brasil (peça 64, p. 1 a 120), que estabelece os
requisitos mínimos para o cálculo da parcela relativa às exposições ao risco de crédito sujeitas
ao cálculo do requerimento de capital mediante sistemas internos de classificação do risco de
crédito (abordagens IRB) (RWACIRB), de que trata a Resolução 4.193, de 1º de março de
2013:
art. 19: A classificação dos tomadores ou contrapartes deve refletir não apenas o prazo de
1 (um) ano utilizado para estimar o valor do parâmetro PD, mas também a possibilidade de
deterioração da qualidade creditícia em horizontes superiores a 1 (um) ano.

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Parágrafo único A classificação de que trata o caput deve considerar o efeito da


deterioração das condições econômicas em relação à situação corrente e à ocorrência de eventos
inesperados, principalmente sobre os setores mais sensíveis a oscilações dessas condições.
(...)
Art. 26. A utilização de abordagens IRB (Internal Ratings Based) deve incluir a
realização de testes de estresse, que considerem, no mínimo:
I - a ocorrência de eventos isolados ou mudanças nas condições econômicas ou de
mercado que afetem a capacidade de a instituição suportar os riscos das exposições
mencionadas no caput do art. 4º; e
(...)
ANEXO I À CIRCULAR Nº 3.648, DE 4 DE MARÇO DE 2013
Critérios de classificação de risco de financiamentos especializados do tipo
‘financiamento de projeto’
Aspecto I - Solidez financeira do projeto

Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação


Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

A demanda é forte A demanda é forte


e crescente. O e estável. O
A demanda é
projeto tem projeto tem A demanda é fraca
adequada e
poucos poucos e decrescente. O
estável. O projeto
competidores ou competidores ou projeto apresenta
não apresenta
apresenta apresenta desvantagem
Condições de vantagem
vantagem vantagem comparativa em
mercado. comparativa em
comparativa comparativa relação a itens
relação a itens
substancial e ocasional em como localização,
como localização,
durável em relação relação a itens custo ou
custo ou
a itens como como localização, tecnologia.
tecnologia.
localização, custo custo ou
ou tecnologia. tecnologia.

Indicadores
financeiros
(cobertura do Os indicadores
Os indicadores
serviço da financeiros variam
financeiros são
dívida, entre sólidos e Os indicadores Os indicadores
sólidos,
cobertura da bons, financeiros são financeiros são
considerando o
extensão do considerando o medianos, frágeis,
nível de risco do
empréstimo, nível de risco do considerando o considerando o
projeto. As
cobertura da projeto. As nível de risco do nível de risco do
premissas
extensão do premissas projeto. projeto.
econômicas são
projeto, razão econômicas são
muito robustas.
entre dívida e robustas.
valor do
projeto).

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O projeto tem
condições de
honrar suas
obrigações O projeto é
O projeto tem
financeiras diante vulnerável a O projeto tem
condições de
de cenário normal cenário de estresse elevada
honrar suas
de estresse usual ao longo de probabilidade de
obrigações
econômico ou um ciclo entrar em
financeiras,
Análise de setorial. A econômico. A descumprimento,
mesmo diante de
estresse. possibilidade de possibilidade de caso as condições
persistente e
seu seu econômicas ou
severo cenário de
descumprimento descumprimento setoriais não
estresse
está associada à está associada a melhorem
econômico ou
ocorrência de condições rapidamente.
setorial.
condições adversas usuais.
econômicas
severamente
adversas.

Aspecto II - Estrutura financeira do projeto

Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação


Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

Duração A vida útil do A vida útil do


A vida útil do A vida útil do
(duration) do projeto excede projeto pode não
projeto excede a projeto excede a
crédito comparada bastante a duração exceder a duração
duração do seu duração do seu
à duração do do seu do seu
financiamento. financiamento.
projeto. financiamento. financiamento.

Grande parte da Pequena parte da


dívida é dívida é
amortizada amortizada
A dívida é A dívida é
Forma de continuamente e continuamente e
continuamente continuamente
amortizações. pequena parte é grande parte é
amortizada. amortizada.
amortizada amortizada
somente no somente no
vencimento. vencimento.

Aspecto III – Ambiente político e legal


Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação
Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

Risco político, A exposição ao risco A exposição ao A exposição ao A exposição


incluindo o risco é muito baixa. Há risco é baixa. Há risco é ao risco é alta.
de transferência, instrumentos instrumentos moderada. Há Os
considerando o mitigadores muito mitigadores alguns instrumentos

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plano de negócios eficazes, caso satisfatórios, caso instrumentos de mitigação


e os mitigadores. necessário. necessário. mitigadores de são fracos ou
eficácia inexistentes.
moderada.

Risco de força Os riscos são


A proteção é
maior (guerra, A exposição ao risco A exposição ao significativos e
considerada
convulsões é muito baixa. risco é baixa. não totalmente
padrão
sociais, etc.). mitigados

O projeto não é
estratégico,
O projeto tem mas traz O projeto não
Apoio
importância O projeto é benefícios é essencial
governamental e
estratégica para o importante para o inquestionáveis para o país. Há
importância do
país (preferentemente país. Há bom para o país. O pouco ou
projeto para o
voltado à apoio apoio nenhum apoio
país no longo
exportação). Há forte governamental. governamental governamental.
prazo.
apoio governamental. pode não ser
explícito.

Mudanças Questões
O ambiente
Estabilidade legal O ambiente regulatórias regulatórias
regulatório é
e regulatória regulatório é podem ser atuais ou
favorável e
(risco de favorável e estável previstas com futuras podem
estável no
mudanças na lei). no longo prazo. razoável grau afetar o
médio prazo.
de certeza. projeto.

Obtenção do Há certeza Há certeza Há amplas


apoio necessário e Há plena certeza limitada quanto limitada quanto dúvidas quanto
da aprovação de quanto à obtenção de à obtenção de à obtenção de à obtenção de
leis locais de apoio e da aprovação apoio e à apoio e à apoio e à
interesse do de leis locais. aprovação de aprovação de aprovação de
projeto. leis locais. leis locais. leis locais.

Há elementos
Contratos,
essenciais que
garantias e
Os contratos, geram
Grau de amparo Os contratos, títulos têm
garantias e incerteza
legal dos garantias e títulos amparo legal,
títulos têm quanto ao
contratos, têm amplo amparo mesmo
amplo amparo amparo legal
garantias e títulos. legal. existindo certos
legal. de contratos,
elementos não
garantias e
essenciais.
títulos.

Aspecto IV - Características das transações


Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação
Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

Risco de O design e a O design e a O design e a O design e a

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design e tecnologia do tecnologia do tecnologia do tecnologia não


tecnologia. projeto têm ampla projeto têm projeto são foram testados.
aprovação. ampla aprovados. Os Há problemas
aprovação. problemas relativos à
iniciais são tecnologia ou o
mitigados por design é
suporte técnico complexo.
robusto.

Faltam algumas
autorizações ou
Algumas
alvarás
autorizações ou
Algumas essenciais para o
alvarás estão
Todas as autorizações ou funcionamento
pen- dentes,
Autorizações autorizações ou alvarás estão do projeto e sua
mas o processo
e alvarás. alvarás foram pendentes, mas obtenção não é
de obtenção é
obtidos. sua obtenção é rotineira.
bem
provável. Poderão ser
estabelecido e
impostas
rotineiro.
condições
adicionais.

O contrato é
O contrato é de de uma ou mais
O contrato é de empreitada empreitadas, Os preços são
empreitada única, única, com com preços livres ou
com preços fixos preços fixos e fixos e data de parcialmente
Tipo do e data de entrega data de entrega entrega fixa. fixados. Há
contrato de fixa. Todas as fixa. Todas as Compras de inter-relação
construção. compras de compras de materiais entres os
materiais são de materiais são de podem não ser diversos
responsabilidade responsabilidad de prestadores de
do empreiteiro. e do responsabilidad serviço.
empreiteiro. e do
empreiteiro.

A solidez A solidez A solidez A solidez


financeira do financeira do financeira do financeira do
projeto suporta projeto suporta projeto suporta projeto não
custos elevados custos adequadamente suporta
de liquidação por significativos de os custos de adequadamente
não cumprimento liquidação por liquidação por os custos de
Garantias de não liquidação por
da obra. A não
término da cumprimento da cumprimento da não cumprimento
garantia do
obra. obra. A garantia obra. A garantia da obra. A
término da obra é
sólida e prestada de término da de término da garantia de
por patrocinador obra é prestada obra é prestada término da obra
com excelente por por é prestada por
histórico de patrocinadores patrocinadores patrocinadores
crédito. com bom com bom com histórico de
histórico de histórico de crédito

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crédito. crédito. deficiente.

Experiência
Não há
anterior e O empreiteiro O empreiteiro Há limitação na
evidência da
capacidade tem experiência tem experiência experiência
experiência
financeira do anterior e anterior e anterior ou
anterior ou da
empreiteiro capacidade capacidade capacidade
capacidade
na execução financeira financeira financeira do
financeira do
de projetos comprovadas. comprovadas. empreiteiro.
empreiteiro.
similares.

Há contrato de
longo prazo bem Não há contrato
Há contrato
Alcance e estruturado para Há contrato de para O&M. Há
com prazo
natureza dos O&M, longo prazo risco de os altos
limitado para
contratos de preferencialmente para O&M. Há custos
O&M. Há
Operação e contemplando contas de operacionais
conta de
Manutenção incentivos de reserva para excederem a
reserva para
(O&M). desempenho. Há O&M. cobertura dos
O&M.
contas de reserva mitigadores.
para O&M.

Capacidade
Forte. Há Razoável. Não
técnica, Muito forte. Há Limitada ou
compromisso há registro da
histórico e total compromisso fraca. O operador
limitado de capacidade dos
capacidade de assistência depende das
assistência operadores para
financeira do técnica dos autoridades
técnica dos assistência
operador do patrocinadores. locais.
projeto. operadores. técnica.

O comprador O comprador
O comprador O comprador
contratual tem contratual tem
contratual tem contratual tem
excelente bom histórico
histórico de histórico de
histórico de de crédito. As
Contrato de crédito crédito
crédito. As cláusulas de
compra razoável. As deficiente. As
cláusulas de cancelamento
garantida com cláusulas de cláusulas de
cancelamento contratual são
preço fixo ou cancelamento cancelamento
contratual são muito bem
cláusula de contratual são contratual são
muito bem definidas e o
‘consumo ou usuais e o prazo fracas e o prazo
definidas e o prazo do
pagamento’. do contrato do contrato é
prazo do contrato contrato excede
iguala o de menor do que o
excede com folga o de
vencimento da de vencimento
o de vencimento vencimento da
dívida. da dívida.
da dívida. dívida.

Contrato de O projeto produz O projeto A commodity A produção


compra serviços produz serviços é vendida em estimada é
garantida sem essenciais ou essenciais ou um mercado demandada por
preço fixo ou commodity commodity limitado, que apenas um
sem cláusula largamente largamente pode absorver comprador ou
de ‘consumo vendida em escala vendida em a produção poucos
ou mundial. A escala regional. somente a compradores, ou

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pagamento’. produção é A produção é preços abaixo não é


prontamente regionalmente do projetado. costumeiramente
absorvível aos absorvível aos vendida em
preços projetados, preços mercados
mesmo com taxas projetados, organizados.
de crescimento do dadas as taxas
mercado abaixo históricas de
das históricas. crescimento do
mercado.

O contrato de
O contrato de fornecimento é
Preço,
fornecimento é de curto prazo ou
volume e
O contrato de O contrato de de longo prazo o contrato de
risco de
fornecimento é fornecimento é e o fornecedor fornecimento é
transporte de
de longo prazo e de longo prazo tem boa de longo prazo,
insumos
o fornecedor tem e o fornecedor capacidade mas com
básicos.
excelente tem boa financeira, fornecedor de
Histórico e
capacidade capacidade embora com baixa capacidade
capacidade
financeira. financeira. algum risco de financeira. Há
financeira do
variação do alto risco de
fornecedor.
preço. variação do
preço.

Há reservas de
insumo Há reservas de
independentement insumo As reservas de O projeto
e auditadas, independenteme insumos depende, em
confirmadas e nte auditadas, comprovadas algum grau, de
Risco de
operadas, confirmadas e são suficientes reservas de
insumos.
excedendo operadas, até o insumos não
amplamente o excedendo o vencimento da comprovadas ou
prazo de tempo de vida dívida. não exploradas.
vencimento do do projeto.
projeto.

Aspecto V - Solidez da empresa líder do projeto

Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação


Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

Histórico e
O patrocinador do O patrocinador do O patrocinador do
capacidade O patrocinador do
projeto tem projeto tem projeto é deficiente
financeira ou projeto tem bom
excelente histórico e histórico adequado em termos de
reputação do histórico e boa
elevada solidez e boa solidez histórico e de solidez
patrocinador do solidez financeira.
financeira. financeira. financeira.
projeto.

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Capacidade de
suporte ao projeto
O projeto é O projeto é
pelo patrocinador, O projeto não é
altamente estratégico estratégico para o O projeto é
evidenciado por essencial para a
para o patrocinador, patrocinador, importante para o
capital próprio, estratégia de longo
considerando sua considerando sua patrocinador,
grau de controle prazo do
área principal de área principal de considerando sua
acionário e patrocinador ou para
atuação e sua atuação e sua área principal de
incentivo para sua área principalde
estratégia de longo estratégia de longo atuação.
injeção de recursos atuação.
prazo. prazo.
adicionais, quando
necessário.

Aspecto VI – Estrutura das garantias


Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação
Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

Há lacunas na
abrangência
Há lacunas
dos contratos,
Os contratos e Os contratos e graves na
Abrangência as quais não
registros registros abrangência dos
de contratos e comprometem
contábeis são contábeis são contratos e
registros a execução do
totalmente totalmente deficiências nos
contábeis. projeto. Os
abrangentes. abrangentes. registros
registros
contábeis.
contábeis são
abrangentes.

Há robusta Há aceitável
certeza quanto certeza quanto Há poucas
Há total certeza à capacidade à capacidade de garantias reais
quanto à de apropriação ou fiduciárias.
capacidade de apropriação dos ativos As cláusulas
apropriação dos dos ativos dados em contratuais não
ativos dados em dados em garantia, são capazes de
Empenho de
garantia, garantia, inclusive a evitar
ativos,
inclusive a inclusive a prevalência inequivocamente
considerando
prevalência prevalência sobre parte que o tomador
sua qualidade,
sobre qualquer sobre a maior relevante de contraia nova
valor e
terceiro relativa parte de terceiros, dívida que
liquidez.
a contratos, terceiros, relativa a possa colocar
ativos e contas relativa a contratos, em risco o
necessários ao contratos, ativos ou pagamento das
funcionamento ativos e contas contas obrigações
do projeto. necessários ao necessários ao relativas ao
funcionamento funcionamento projeto.
do projeto. do projeto.

Controle do O emprestador O O emprestador O emprestador

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emprestador tem total emprestador tem controle não tem controle


sobre os fluxos controle sobre tem controle limitado sobre sobre os fluxos
de caixa do os fluxos de limitado sobre os fluxos de de caixa do
projeto caixa do os fluxos de caixa do projeto.
(retiradas de projeto. caixa do projeto.
recursos, projeto.
contas
vinculadas
independentes,
etc.).

Poder
vinculante das A vinculação
A vinculação é
cláusulas é satisfatória
A vinculação é razoável para o A vinculação é
contratuais para o tipo de
robusta para o tipo de projeto. insuficiente para
(pré- projeto. O
tipo de projeto. O projeto o tipo de
pagamentos projeto
O projeto está somente pode projeto. Não há
obrigatórios, somente pode
impedido de contrair nova restrição a que o
postergação de contrair nova
contrair nova dívida em projeto contraia
pagamentos, dívida sob
dívida. condições nova dívida.
restrição de condições
restritas.
dividendos muito restritas.
etc.).

O período de
cobertura dos
Fundos de O período de
fundos de O período de O período de
reserva cobertura dos
reserva é maior cobertura dos cobertura dos
(destinados ao fundos de
do que a média. fundos de fundos de
serviço da reserva é
Os fundos são reserva reserva
dívida, inferior à média.
constituídos em corresponde à corresponde à
operação & Os recursos dos
moeda ou carta média. Os média. Os
manutenção, fundos de
de crédito recursos dos recursos dos
reforma, reserva
provida por fundos de fundos de
mudança, dependem das
banco com reserva são reserva são
eventos receitas
excelente integralizados. integralizados.
fortuitos, etc.). operacionais.
classificação de
crédito.

Ausência de
Ausência de
SPE, bem como
SPE, mas
de outras
inclusão de
cláusulas que
Presença de Presença de outras
garantam a
SPE desde a SPE desde a cláusulas que
Presença de separação do
fase pré- fase garantam a
SPE. patrimônio do
operacional do operacional do separação do
projeto e o do
projeto. projeto. patrimônio do
patrocinador
projeto e o do
(patrimônio de
patrocinador
afetação, por
(patrimônio de
exemplo).
afetação, por

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exemplo).

Resolução DIR 3115/2017–BNDES (peça 78, p. 1 a 14), que estabelece normas gerais
para a análise cadastral:
Art. 3º (...)
§ 2º A abrangência da análise cadastral poderá, a critério da Unidade Responsável pela
análise cadastral, ser ampliada ou reduzida, em virtude do histórico de relacionamento do grupo
econômico a que pertence o sujeito da análise com terceiros e com o Sistema BNDES, de
estrutura organizacional, da composição da cadeia de participação societária, da situação das
demais pessoas jurídicas nas quais o sujeito mencionado neste Capítulo detenha participação
societária, das características da Operação, entre outros aspectos.
(...)
Art. 11 O Relatório Cadastral deverá conter a análise dos registros, evidências e indícios
obtidos a partir das consultas às fontes listadas no art. 10 no tocante à sua relevância financeira,
quantidade e gravidade, além de outros aspectos julgados relevantes, a critério da Unidade
Responsável pela análise cadastral, devendo, ao final, atribuir para o sujeito da análise um dos
três Conceitos Cadastrais a seguir definidos:
(...)
III. Ruim: quando haja constatação de impedimento para a concessão de colaboração
financeira ou apontamentos que, por sua gravidade, repetição ou relevância, possam implicar
em restrições ao Caráter do sujeito da análise cadastral ou substancial risco de imagem ao
BNDES.
§ 1º. O Conceito Cadastral proposto deverá ser necessariamente Ruim quando forem
verificadas, na análise cadastral, isolada ou cumulativamente, as seguintes hipóteses:
I. situações previstas em lei, decisão judicial, no Regulamento Geral de Operações ou
normativo interno similar, que acarrete impedimento à obtenção de colaboração financeira do
Sistema BNDES;
(...)
Art. 17. O Conceito Cadastral deverá ser considerado na elaboração das Classificações de
Risco de Crédito e na análise das Operações relativas aos sujeitos mencionados no art. 3º e no
art. 5º.
Parágrafo único. Os efeitos do Conceito Cadastral na elaboração das Classificações de
Risco de Crédito deverão ser dimensionados conforme descrito abaixo:
(...)
III. Ruim: a Classificação de Risco de Crédito não poderá ser melhor que CCC-.
(...)
Resolução DIR 2690/2014–BNDES (peça 75, p. 1 a 10), que trata da metodologia de
classificação de risco de instituições não financeiras sediadas no Brasil:
Art. 15. Independentemente dos efeitos decorrentes da aplicação do disposto nos artigos 8
a 14, as instituições com conceito cadastral Regular ou Ruim terão suas Classificações de Risco
Corporativo limitadas, de acordo com o previsto no artigo 10 da Resolução Dir nº 2.189/2011 -
BNDES, de 06.12.2011 (revogado pelo art. 17 da Resolução Dir 3.115/2017–BNDES).
Art. 16. A Classificação de Risco Intermediária poderá sofrer, mediante justificativa
técnica do analista, um rebaixamento, caso sejam verificados os seguintes fatores:
I - Riscos fora do balanço;

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II - Riscos de imagem;
III - Modificação substancial na estrutura societária, com repercussão sobre o controle; ou
IV - Outros riscos relevantes.
Resolução DIR 2833/2015–BNDES (peça 76, p. 1 a 12), que versa sobre a classificação
de risco de crédito para operações de project finance:
Art. 10. (...)
§ 1º Para mensuração da avaliação qualitativa da Fase Pré-Operacional, quando aplicável,
será dada ênfase prospectiva aos seguintes aspectos relativos ao risco de crédito do projeto em
sua fase de implantação:
I - Risco dos Controladores;
II - Risco da Construtora;
III - Risco da Construção;
IV - Risco Jurídico; e
V - Risco Ambiental e Regulatório.
(...)
Art. 17. Independentemente dos efeitos decorrentes da aplicação do disposto nos artigos 9
a 16, os projetos com conceito cadastral Regular ou Ruim terão suas CRPF limitadas, de acordo
com o previsto no art. 10 da Resolução Dir nº 2.189/2011 - BNDES, de 06.12.2011 (revogado
pelo art. 17 da Resolução Dir 3.115/2017–BNDES).
Resolução DIR 2934/2015–BNDES (peça 77, p. 1 a 10), a qual estabelece as normas para
gestão do risco de crédito de instituições não financeiras no país e no exterior:
Capítulo II
DA EXPOSIÇÃO MÁXIMA
Art. 3º Compete à Área de Crédito submeter à apreciação do CEC a Exposição Máxima
de cada Instituição Não Financeira, que deverá ser estabelecida de acordo com os
procedimentos previstos nos parágrafos deste artigo, observado o disposto no artigo 4º.
§1º A Exposição Máxima deverá corresponder, conforme a Classificação de Risco da
Instituição Não Financeira, ao maior dos valores obtidos com a aplicação dos seguintes
parâmetros:

Classificação de Risco Ativo Total da Instituição EBITDA da Instituição

AAA 50,00% 350,00%

AA+ a AA- 45,00% 300,00%

A+ a A- 40,00% 260,00%

BBB+ a BBB- 35,00% 230,00%

BB+ a BB- 30,00% 200,00%

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B+ a B- 25,00% 150,00%

§2º A Exposição Máxima, para Instituições Não Financeiras com Classificação de Risco entre
CCC+ e CCC, observará o maior dos valores obtidos com a aplicação dos seguintes parâmetros:
Classificação de Risco Ativo Total da Instituição EBITDA da Instituição

CCC+ e CCC 20,00% 0,00%

§3º Ao valor obtido nos termos dos §§ 1º e 2º, deverá ser aplicado o somatório dos seguintes
redutores, com base nos respectivos indicadores contábeis:
Intervalo setores Naval, Intervalo demais Redutores da
Indicador
Aéreo e Infraestrutura setores Exposição Máxima

> 15% e <=30% > 20% e <=30% 5,00%


PL / Ativo
<=15% <=20% 10,00%

>=4,5 e < 5,5 >=3,5 e < 4,5 5,00%


Dívida
Líquida/EBITDA
>= 5,5 >=4,5 10,00%

Participação do >= 20% e < 40% >= 20% e < 40% 10,00%
BNDES na Dívida
Onerosa >= 40% >= 40% 20,00%

§4º A redução decorrente do Indicador ‘Participação do BNDES na Dívida Onerosa’, prevista no


§3º deste artigo, não deverá ser aplicada nos seguintes casos:
I. Quando não houver redução advinda do indicador ‘Dívida Líquida / EBITDA’; ou
II. Quando se tratar de Instituição Não Financeira com Classificação de Risco na Modalidade
Simples.
§5º A Exposição Máxima de Instituições Não Financeiras com Classificação de Risco na
Modalidade Simples, calculada nos termos dos §§ 1º e 4º deste artigo, deverá ser limitada a R$ 100
milhões (cem milhões de reais), para aquelas que possuam sede no País, e, US$ 50 milhões
(cinquenta milhões de dólares norte-americanos), para aquelas que possuam sede no exterior e
Empresas Aéreas. (Redação dada pela Resolução DIR nº 2.975/2016-BNDES, de 12.04.2016)
§6º Na hipótese da Classificação de Risco na Modalidade Abrangente ter sido elaborada
exclusivamente a partir de dados prospectivos, a Exposição Máxima da Instituição Não Financeira
deverá corresponder, conforme a Classificação de Risco, ao menor dos valores obtidos com a
aplicação dos seguintes parâmetros:
Ativo Total da Instituição Patrimônio Líquido da
Classificação de Risco
Não Financeira Instituição Não Financeira

AAA 40,00% 90,00%

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AA+ a AA- 40,00% 85,00%

A+ a A- 35,00% 80,00%

BBB+ a BBB- 30,00% 75,00%

BB+ a BB- 25,00% 60,00%

B+ a B- 20,00% 45,00%

§7º No caso previsto no parágrafo anterior, deve-se considerar as projeções contábeis do


exercício com o maior Patrimônio Líquido, dentre os três primeiros exercícios projetados.
§8º Sem prejuízo da aplicação dos critérios estabelecidos nos parágrafos anteriores deste
artigo, a Exposição Máxima da Instituição Não Financeira não deverá exceder aos valores
obtidos com a aplicação dos seguintes parâmetros:

Classificação de Risco Patrimônio de Referência do BNDES

AAA a BBB- 25,00%

BB+ a B- 12,50%

CCC+ e CCC 1,00%

§9º A Exposição Máxima de Instituição Não Financeira com Patrimônio Líquido


negativo deverá ser igual a zero. (Redação dada pela Resolução DIR nº 2.975/2016-BNDES, de
12.04.2016)
Art. 4º Os cálculos e parâmetros previstos no artigo 3º não deverão ser aplicados à SPE
que possua Classificação de Risco pela Metodologia de Classificação de Risco de Crédito para
Operações de Project Finance, nos termos da Resolução Dir nº 2.833/2015-BNDES, de
07.07.2015.
Parágrafo único. Para a SPE que possua Classificação de Risco de acordo com
Metodologia de Classificação de Risco de Crédito para Operações de Project Finance, a
Exposição Máxima prevista no artigo 3º deverá estar prevista no escopo da referida
Classificação de Risco, respeitados os limites de participação do BNDES dispostos nas Políticas
Operacionais.
Capítulo III
DO LIMITE DE EXPOSIÇÃO
Art. 5º Compete à Área de Crédito submeter à apreciação do CEC o Limite de Exposição
de cada Instituição Não Financeira, que deverá ser equivalente aos valores dispostos a seguir
conforme a modalidade da Classificação de Risco, observado o previsto no artigo 6º:
I. Para Classificação de Risco na Modalidade Simples: valor igual à Exposição Máxima,
apurada nos termos do artigo 3º desta Resolução.
II. Para Classificação de Risco nas Modalidades Padrão e Abrangente: maior valor
apurado dentre a Exposição Corrente Líquida, acrescida de 25% da Exposição Máxima, e R$

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100 milhões (cem milhões de reais) para Instituições Não Financeiras sediadas no País ou US$
50 milhões (cinquenta milhões de dólares norte-americanos) para Instituições Não Financeiras
sediadas no exterior e Empresas Aéreas, limitado, em qualquer caso, à Exposição Máxima.
(Redação dada pela Resolução DIR nº 2.975/2016-BNDES, de 12.04.2016)
Art. 6º Para as Instituições Não Financeiras que consubstanciam o risco de seus
respectivos Grupos Econômicos, o cálculo do Limite de Exposição previsto no artigo 5º deverá
considerar a Exposição Corrente Líquida consolidada do Grupo Econômico a que pertencem,
prevista nos termos do artigo 13.
Art. 7º Para a SPE que possua Classificação de Risco pela Metodologia de Project
Finance, nos termos da Resolução DIR nº 2.833/2015-BNDES, de 07.07.2015, o Limite de
Exposição deverá ser igual à Exposição Máxima, apurada nos termos do artigo 4º desta
Resolução.
Art. 8º A Área de Crédito poderá, a qualquer tempo, propor ao CEC a fixação de um
valor de Limite de Exposição diverso do calculado de acordo com os procedimentos
estabelecidos nos artigos 5º ao 7º, desde que justificado e limitado, em qualquer caso, à
Exposição Máxima.
Art. 9º Para as Instituições Não Financeiras com Classificação de Risco CCC+ e CCC, os
Limites de Exposição propostos pela Área de Crédito deverão corresponder a zero, cabendo ao
CEC fixar o valor do Limite de Exposição, sujeitando-se à limitação prevista no artigo 10.
Art. 10. O CEC poderá fixar um valor de Limite de Exposição diverso daquele proposto
pela Área de Crédito, limitado, em qualquer caso, à Exposição Máxima.
Art. 11. Os Limites de Exposição fixados pelo CEC serão disponibilizados de imediato
em parcela única.
Capítulo IV
DA EXPOSIÇÃO CORRENTE LÍQUIDA
Art. 12. Para o cálculo da Exposição Corrente Líquida, caso haja mais de um prestador de
garantia fidejussória, será primeiramente deduzido da Exposição Corrente o valor das garantias
fidejussórias prestadas pela União.
§ 1º Caso haja saldo remanescente de garantias fidejussórias, serão deduzidas as garantias
fidejussórias bancárias, as emitidas por seguradoras de crédito ou as oriundas de fundos
garantidores de crédito.
§ 2º Persistindo o saldo, serão deduzidas as garantias fidejussórias prestadas por
Instituições Não Financeiras.
§ 3º O valor atribuído à Exposição Corrente Líquida das garantias fidejussórias prestadas
nos termos do caput não poderá ser superior ao somatório do saldo devedor e do saldo a liberar
das respectivas operações nas quais foram constituídas.
Art. 13. Deverá ser apurada a Exposição Corrente Líquida consolidada do Grupo
Econômico, nos termos do artigo 12, considerando todas as Instituições Não Financeiras
pertencentes ao referido Grupo Econômico.
Capítulo V
DA MARGEM PARA OPERAR
Art. 14. A Margem para Operar da Instituição Não Financeira corresponderá ao Limite de
Exposição fixado, deduzido da Exposição Corrente Líquida atualizada e de eventuais
excedentes de Exposição Corrente Líquida oriundos de Limites Especiais, limitando-se,
conforme o caso, ao menor dos seguintes valores:

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I. Margem CMN da Instituição Não Financeira atualizada, definida conforme o inciso XV


do artigo 2º;
II. Margem de Exposição da Instituição Não Financeira atualizada, definida conforme o
inciso XVI do artigo 2º;
III. Margem do Grupo atualizada, definida conforme o inciso XVII do artigo 2º;
IV. Margem País da Instituição Não Financeira atualizada, definida conforme inciso
XVIII do artigo 2º, em caso de Instituições Não Financeiras sediadas no Exterior; e
V. Margem Setor da Instituição Não Financeira atualizada, definida conforme o inciso
XX do artigo 2º.
Art. 15. A aprovação/contratação de operações realizadas com recursos do Sistema
BNDES, bem como a aceitação de garantias fidejussórias, deverá ser precedida de consulta da
Margem para Operar da Instituição Não Financeira em sistema de informação corporativo do
BNDES.
CONCLUSÃO
96. Em primeiro lugar, ficou evidenciado no curso da instrução que os patrocinadores do
empreendimento têm sofrido rebaixamento progressivo de sua situação cadastral, devendo
alcançar o conceito cadastral ruim, dadas as condições atuais de deterioração da imagem e da
situação econômico-financeira das empresas participantes do projeto, nos termos dos arts. 3º, §
2º, 11, inciso III, e § 1º, inciso I, da Resolução DIR 3115/2017–BNDES.
97. Essa condição cadastral ruim acarreta necessariamente que as empresas obtenham
classificação de risco de crédito não superior a CCC-, segundo o art. 17, parágrafo único, inciso
III, da Resolução DIR 3115/2017–BNDES, c/c os arts. 15 e 16 da Resolução DIR 2690/2014–
BNDES, c/c os arts. 10, § 1º, e 17 da Resolução DIR 2833/2015–BNDES.
98. Como consequência dessa classificação CCC- ou inferior, há redução acentuada nos
limites de exposição do banco em relação a essas empresas com elevado risco de crédito,
diminuindo significativamente a margem para essas companhias operarem com o BNDES, nos
termos dos arts. 3º a 15 da Resolução DIR 2934/2015–BNDES.
99. Os referidos limites resultam das normas constantes da Circular 3648/2013 do Banco
Central do Brasil, que versam sobre a classificação do risco de crédito realizada por cada
instituição financeira, destacando-se, no presente caso, o art. 19, que aduz dever ser considerada
a deterioração das condições econômicas na classificação de risco das empresas; o art. 26, que
trata dos testes de estresse a serem realizados no rating elaborado pelos bancos, de maneira a
propiciar tempestivo rebaixamento de empresas; e o Anexo I da circular, que especifica os
critérios de classificação de risco de financiamentos especializados do tipo ‘financiamento de
projeto’, aplicável ao presente caso.
100. Caberia, por fim, ressaltar a Resolução 2844/2001 do Conselho Monetário Nacional,
que promove a fixação de percentual máximo de exposição sobre o patrimônio de referência dos
bancos em geral, balizando os ratings internos e limites de exposição elaborados por cada
banco, segundo a Circular 3648/2013 do Banco Central do Brasil, citada acima.
101. Todo esse arcabouço jurídico visa a prevenir a ocorrência de possíveis defaults
financeiros por parte de potenciais clientes dos bancos em geral, prevenindo a ocorrência de
danos aos cofres dessas instituições financeiras.
102. No caso do BNDES, por gerir recursos públicos, o descuido em relação à
observância das aludidas normas ainda acarreta frontal violação aos arts. 37 e 70 da
Constituição Federal, por infringir os princípios da eficiência e economicidade,
respectivamente.

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103. No caso concreto aludido nos autos, as tratativas visando à concessão do apoio
financeiro de longo prazo à Concessionária continuam em andamento. No momento, está sendo
negociada a reestruturação societária da Concessionária e a formatação da futura estrutura de
garantias da operação, considerando o porte e o risco do projeto. A falta de consenso quanto ao
alinhamento da estrutura de garantias da operação, que, por sua vez, depende da definição da
futura estrutura societária da Move-SP, está impedindo a aprovação e contratação do
financiamento de longo prazo, embora os diversos aspectos da operação já tenham sido
extensivamente avaliados e negociados.
104. Entende-se que o BNDES, enquanto as questões mencionadas acima não estiverem
devidamente equacionadas, fica impedido de conceder o apoio financeiro de longo prazo para a
PPP (Parceria Público Privada) Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. Considerando o
impasse ressaltado e a indefinição existente até o momento, deverá ser determinada à
SecexEstataisRJ a autuação de processo de fiscalização do tipo acompanhamento, nos termos do
art. 241, inciso I, do RI/TCU, para que este Tribunal apure o deslinde da questão.
105. Informar ao Exmo. Sr. Senador Tasso Jereissati, Presidente da Comissão de
Assuntos Econômicos do Senado Federal, e à Exma. Sra. Senadora Gleisi Hoffmann, a qual
ocupava a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal e enviou a
presente solicitação a este Tribunal, que há óbices de ordem constitucional, caracterizados pela
previsão na Carta Magna dos Princípios da Eficiência (art. 37 CR/88) e da Economicidade (arts.
70 CR/88), tendo em vista o caráter antieconômico de eventual liberação de recursos do
BNDES para utilização na operação de financiamento de longo prazo em tela, a qual conta
atualmente com elevado risco de crédito ainda não sanado, o que acarretaria a violação daqueles
Princípios Constitucionais e ainda do Interesse Público. Além disso, seriam descumpridas várias
normas infralegais, tais como os próprios normativos internos do banco (Resoluções DIR
2690/2014, 2833/2015, 2934/2015, 3115/2017, todas do BNDES) e ainda normativos do Banco
Central do Brasil (Circular 3648/2013) e do Conselho Monetário Nacional (Resolução
2844/2001).
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
106. Diante do exposto, submete-se à consideração superior a presente Solicitação do
Congresso Nacional, formulada por intermédio do Ofício 87/2016/CAE/SF, de 16/8/2016 (peça
1), pela presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, Exma. Sra.
Senadora Gleisi Hoffmann, com base no Requerimento 21/2016-CAE, de iniciativa dos Exmos.
Srs. Senadores José Aníbal e Ricardo Ferraço, com proposta de:
a) conhecer da presente solicitação, por estarem preenchidos os requisitos de
admissibilidade previstos nos artigos 38, inciso II, da Lei 8.443/1992, 232, inciso III, do
Regimento Interno do TCU e 4º, inciso I, alínea ‘b’, da Resolução-TCU 215/2008;
b) informar ao Exmo. Sr. Senador Tasso Jereissati, Presidente da Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado Federal, e à Exma. Sra. Senadora Gleisi Hoffmann, a qual ocupava a
presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal e enviou a presente
solicitação a este Tribunal, que:
b.1) os patrocinadores do empreendimento tendem a experimentar rebaixamento
progressivo de sua situação cadastral junto ao BNDES, devendo alcançar o conceito cadastral
ruim, dadas as condições atuais de deterioração da imagem e da situação econômico-financeira
das empresas participantes do projeto, nos termos dos arts. 3º, § 2º, 11, inciso III, e § 1º, inciso
I, da Resolução DIR 3115/2017–BNDES;
b.2) a condição cadastral ruim acarreta necessariamente que as referidas empresas
obtenham classificação de risco de crédito não superior a CCC-, segundo o art. 17, parágrafo
único, inciso III, da Resolução DIR 3115/2017–BNDES, c/c os arts. 15 e 16 da Resolução DIR
2690/2014–BNDES, c/c os arts. 10, § 1º, e 17 da Resolução DIR 2833/2015–BNDES;

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b.3) como consequência dessa classificação CCC- ou inferior, há redução acentuada nos
limites de exposição do banco em relação a essas empresas com elevado risco de crédito,
diminuindo significativamente a margem para essas companhias operarem com o BNDES, nos
termos dos arts. 3º a 15 da Resolução DIR 2934/2015–BNDES;
b.4) os referidos limites de exposição resultam das normas constantes da Circular
3648/2013 do Banco Central do Brasil, que versam sobre a classificação do risco de crédito
realizada por cada instituição financeira, destacando-se, no presente caso, o art. 19, que aduz
dever ser considerada a deterioração de condições econômicas na classificação de risco das
empresas; o art. 26, que trata dos testes de estresse a serem realizados no rating elaborado pelos
bancos, de maneira a propiciar tempestivo rebaixamento de empresas; e o Anexo I da circular,
que especifica os critérios de classificação de risco de financiamentos especializados do tipo
‘financiamento de projeto’, aplicável ao presente caso;
b.5) a Resolução 2844/2001 do Conselho Monetário Nacional, que promove a fixação de
percentual máximo de exposição sobre o patrimônio de referência dos bancos em geral, baliza
os ratings internos e limites de exposição elaborados por cada banco, regulados pela Circular
3648/2013 do Banco Central do Brasil, citada no subitem acima;
b.6) todo esse arcabouço normativo visa a prevenir a ocorrência de possíveis defaults
financeiros por parte de potenciais clientes dos bancos em geral, prevenindo a ocorrência de
danos aos cofres dessas instituições financeiras;
b.7) no caso do BNDES, por gerir recursos públicos, o descuido em relação à observância
das normas supramencionadas ainda acarretaria frontal violação aos arts. 37 e 70 da
Constituição Federal, por infringir os princípios da eficiência e economicidade,
respectivamente;
b.8) há, portanto, óbices de ordem constitucional, caracterizados pela previsão na Carta
Magna dos Princípios da Eficiência (art. 37 CR/88) e da Economicidade (arts. 70 CR/88), tendo
em vista o caráter antieconômico de eventual liberação de recursos do BNDES para utilização
na operação de financiamento de longo prazo para a PPP (Parceria Público Privada) Linha 6-
Laranja do Metrô de São Paulo, a qual conta atualmente com elevado risco de crédito ainda não
sanado, o que acarretaria a violação daqueles Princípios Constitucionais e do Interesse Público,
com descumprimento, ainda, de várias normas infralegais, tais como os próprios normativos
internos do BNDES (Resoluções DIR 2690/2014, 2833/2015, 2934/2015, 3115/2017, todas do
BNDES) e ainda normativos do Banco Central do Brasil (Circular 3648/2013) e do Conselho
Monetário Nacional (Resolução 2844/2001);
b.9) será determinada à unidade técnica especializada do Tribunal de Contas da União
(SecexEstataisRJ) que proceda à autuação de processo de fiscalização no Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social do tipo acompanhamento, no exercício de 2018, nos
termos do art. 241, inciso I, do Regimento Interno/TCU, para verificar eventuais irregularidades
existentes no deslinde da concessão do financiamento de longo prazo para a PPP Linha 6-
Laranja do Metrô de São Paulo;
c) determinar à SecexEstataisRJ que autue processo de fiscalização no Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, no exercício de 2018, do tipo acompanhamento, nos
termos do art. 241, inciso I, do Regimento Interno/TCU, para verificar eventuais irregularidades
existentes no deslinde da concessão do financiamento de longo prazo para a PPP (Parceria
Público Privada) Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo;
d) dar ciência da decisão que vier a ser adotada aos Exmos. Srs. Senadores Tasso
Jereissati, Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, Gleisi
Hoffmann, José Aníbal e Ricardo Ferraço, nos termos da minuta de aviso inserida no módulo
‘Comunicações ‘ do e-TCU, informando-lhes que, tão logo sejam concluídos os trabalhos de
fiscalização do tipo acompanhamento, ser-lhes-á dado conhecimento dos resultados e das
medidas adotadas pelo Tribunal;

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e) considerar a solicitação integralmente atendida e arquivar o presente processo, nos


termos dos arts. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU e 17, inciso I, da Resolução-TCU
215/2008.’
2. Após instrução da unidade técnica, solicitei o pronunciamento MP/TCU, nos seguintes
termos (peça 87):
“(...)
3. Considerando a complexidade jurídica da matéria e que a unidade técnica não
apontou óbices de natureza legal, mas apenas possíveis entraves de natureza regulamentar
interna ao BNDES a depender de condicionantes futuras; a natureza urgente e a tramitação
preferencial que a solicitação do Congresso Nacional tem, com base no art. 5º, I, da Resolução
TCU 215/2008, solicito o pronunciamento do MP/TCU, com fundamento no art. 62, III, do
RI/TCU, quanto aos eventuais impedimentos de ordem especificamente legal que possam afetar
a concessão do financiamento de longo prazo para a linha 6-Laranja do metrô de São Paulo.”
3. Em atenção ao meu despacho, o MP/TCU, representado pelo procurador Marinus Eduardo
De Vries Marsico, assim se pronunciou (peça 92):
“Inicialmente, registramos atuar nestes autos em atenção ao despacho do E. Relator à
peça 87.
O processo cuida de requerimento da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
Federal (Requerimento n. 21/2016-CAE) para a realização de fiscalização no Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de avaliar a existência de
algum impedimento de ordem legal que poderia afetar a concessão de financiamento de longo
prazo para a obra de construção da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo.
A obra foi licitada em outubro de 2013, na modalidade Parceria Público-Privada - PPP,
sagrando-se vencedor o Consórcio Move São Paulo S.A. A estrutura da PPP previa pagamentos
pelo poder concedente à concessionária durante a fase de obras a título de ressarcimento de
parte dos investimentos (50%), e previa também a obrigação de a concessionária arcar com a
outra parcela dos investimentos, sendo remunerada quando da entrada em operação do
empreendimento. O BNDES se propôs a apoiar financeiramente tanto o Estado de São Paulo na
realização dos aportes quanto à concessionária na realização de seus investimentos.
Com relação à concessionária, o banco aprovou, em 4/11/2014, um empréstimo ponte no
valor de R$ 1,632 milhões e um empréstimo para capital de giro no valor de R$ 325 milhões. O
primeiro tinha por fim dar condições ao grupo de conduzir a execução das obras até a aprovação
do financiamento de longo prazo. O último tinha por objetivo cobrir o descasamento entre a
execução dos serviços e o ressarcimento de valores por parte do governo de São Paulo.
Após a obtenção dos referidos créditos, o consórcio passou a enfrentar dificuldades para
a renovação das garantias e não apresentou as condições exigidas pelo BNDES para a obtenção
do financiamento de longo prazo. As obras foram então paralisadas.
Atendendo à solicitação do Congresso Nacional, a unidade técnica realizou inspeção no
banco de desenvolvimento, concluindo seu relatório nos seguintes termos (peça 58, p.1-39):
(...)
b) informar ao Exmo. Sr. Senador Tasso Jereissati, Presidente da Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado Federal, e à Exma. Sra. Senadora Gleisi Hoffmann, a qual ocupava a
presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal e enviou a presente
solicitação a este Tribunal, que:
b.1) não há expresso impedimento na legislação ordinária positiva que inviabilize a
concessão do financiamento de longo prazo para a PPP Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo,
pois não há strictu sensu lei positivada e explícita que impeça a concessão de apoio financeiro à

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.399/2016-7

Concessionária Move-SP, no presente caso. No entanto, existem óbices de ordem


constitucional, caracterizados pela previsão na Carta Magna dos Princípios da Eficiência (art. 37
CR/88) e da Economicidade (arts. 70 e 73 CR/88), tendo em vista o caráter antieconômico de
eventual liberação de recursos do BNDES para utilização na operação de financiamento de
longo prazo em tela, a qual conta atualmente com elevado risco de crédito ainda não sanado, o
que acarretaria a violação daqueles Princípios Constitucionais e ainda do Interesse Público.
Além disso, seriam descumpridas várias normas infralegais, tais como os próprios normativos
internos do banco (Estatuto do BNDES, Políticas Operacionais, entre outras) e ainda normativos
do Conselho Monetário Nacional (Resoluções CMN 4430/2015, 3963/2011, 2844/2011) e do
Banco Central do Brasil (Circular 3648/2013).
(...)
No despacho que constitui a peça 60, o Relator determinou que os autos fossem
restituídos à unidade técnica para que se identificasse precisamente os óbices de natureza legal
os quais impediriam o BNDES de firmar o referido contrato de financiamento (peça 60).
Em sua derradeira manifestação, vertida de modo uníssono, a SecexEstataisRJ apresentou
suas conclusões e propostas à peça 80.
Na presente etapa processual, o Exmo. Relator solicita a oitiva deste Parquet, ressaltando
que “a unidade técnica não apontou óbices de natureza legal, mas apenas possíveis entraves de
natureza regulamentar”.
II
De início, registramos nossa opinião de que as informações, pareceres e documentos
constantes neste processo sinalizam que de fato a decisão do BNDES de não firmar o contrato
de financiamento de longo prazo com o Consórcio Move São Paulo S/A é amparada em
diretrizes operacionais constantes em normativos internos. À época em que a SecexEstatais
realizou a inspeção, o consórcio não reunia as condições mínimas necessárias à obtenção do
crédito. De acordo com a IP-BNDES n. 023/2016 (peça 57), o banco vinha negociando com o
grupo de empresas alternativas que viabilizassem o financiamento, sendo uma delas a venda
parcial ou total de ações para “investidores sem óbices quanto a sua reputação e a sua
capacidade de honrar créditos e demais obrigações contratuais”.
Deve-se também registrar que o banco público, por meio do seu braço de participações -
BNDESPar, é sócio de uma das empresas que compõem o consórcio (10,61% da Odebrecht
Transport Mobilidade Urbana S.A., peça 53, fl.3), fato que, em nosso entendimento, legitima
ainda mais a decisão de se adiar o financiamento por ausência de condições financeiras mínimas
à garantia do crédito. É razoável esperar que a instituição tivesse todo o interesse na
continuidade das obras, haja vista sua participação no capital de uma das empresas. Se o
contrato de financiamento não foi firmado, supõe-se que havia empecilhos insuperáveis para tal.
Cabe ainda ressaltar que, pelo teor dos documentos colacionados, as obras não foram
interrompidas em decorrência exclusiva de uma decisão do banco público. O Consórcio Move-
SP não cumpriu com obrigações assumidas quando da concessão dos empréstimos ponte e de
capital de giro. Os bancos privados que garantiam as operações se recusaram a prestar as fianças
necessárias à renovação dos contratos, e o BNDES não teve outra alternativa senão a de sustar a
concessão do empréstimo de longo prazo.
III
Especificamente quanto ao objeto do pedido de manifestação (base legal para a decisão
do BNDES), verifica-se que, de fato, nada obstante a unidade técnica ter analisado a matéria
com profundidade e apresentado todos os normativos do BNDES que subsidiaram a decisão em
testilha, não trouxe à colação as leis que fundamentam tais normativos.

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Em nosso entender, data máxima vênia, não há e nem teria como haver dispositivo legal
(em sentido estrito) que especifique cada requisito a ser seguido pelos gestores do banco na
concessão de seus instrumentos de apoio financeiro.
Mas, como no ordenamento jurídico os normativos são fundados em leis, pode-se afirmar
que a decisão do BNDES, no caso concreto, tem amparo legal na Lei n. 5.662/1971, que, c/c a
Lei n. 1.628/1952, dispõe sobre a constituição e a organização do banco, na Lei n. 13.303/2016
(Lei das Estatais), que impôs a aprovação de um novo estatuto social, e na Lei n. 4.595/1964,
que criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil. Transcrevemos, a seguir,
alguns dos dispositivos dessas leis que, segundo nosso entendimento, autorizam a direção do
banco a definir os critérios e os limites para as suas operações.
A Lei n. 5.662, de 21/6/1971 recepcionou as disposições da Lei n. 1.628, de 20/6/1952
(que criou o BNDES) na condição de estatuto do banco. O art. 10º desta última Lei atribuía ao
próprio BNDES a definição de limites e condições para a sua atuação nas atividades bancárias,
verbis:
LEI No 5.662, DE 21 DE JUNHO DE 1971.
(...)
Art . 2º Os dispositivos legais vigentes ou parcialmente modificados, da Lei nº 1.628, de
20 de junho de 1952, e da Lei nº 2.973, de 26 de novembro de 1956, constituem, no seu
conjunto, o Estatuto pelo qual se rege a emprêsa pública Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico (BNDE), regulando os fins da emprêsa e a sua estrutura administrativa, bem como
os seus órgãos de direção e de contrôle.
LEI No 1.628, DE 20 DE JUNHO DE 1952.
(...)
Art. 8º Para dar execução aos objetivos desta Lei, bem como da Lei nº 1.518, de 24 de
dezembro de 1951 e do art. 3º da Lei nº 1.474, de 26 de novembro de 1951, é criado, sob a
jurisdição do Ministério da Fazenda, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico, que
também atuará, como agente do Govêrno, nas operações financeiras que se referirem ao
reaparelhamento e ao fomento da economia nacional.
(...)
Art. 10. O Banco exercerá tôdas as atividades bancárias, na forma da legislação em vigor,
dentro de limites e condições que serão fixados no regimento interno, (...).
Já a Lei n. 13.303, de 30/6/2016, que trata do estatuto jurídico da empresa pública,
concedeu ao Poder Executivo a opção de editar atos que estabeleciam regras de governança a
serem aplicadas por suas empresas. Na esfera federal, tal direito foi exercido com a edição do
Decreto n. 8.945, de 27/12/2016, que assim dispõe:
Art. 64. As empresas estatais deverão adequar os seus estatutos sociais ao disposto neste
Decreto até 30 de junho de 2018, se não fixado prazo inferior pela CGPAR.
O referido decreto criou as Assembleias Gerais das empresas públicas federais,
concedendo-lhes poder para aprovar alterações nos estatutos sociais, verbis:
Art. 72. Fica criada a Assembleia Geral:
I - no Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES;
(...)
Parágrafo único. As assembleias gerais criadas na forma do caput possuem as
competências da Lei no 6.404, de 1976, e poderão inclusive aprovar alterações no estatuto
social da empresa estatal.

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De forma a cumprir os mandamentos transcritos, a recém criada Assembleia Geral do


BNDES aprovou um novo estatuto social em 20/02/2017, o qual, no que interessa ao presente
processo, assim dispôs:
Art. 19. Compete à Diretoria:
I - aprovar, em harmonia com a política econômico-financeira do Governo Federal e com
as diretrizes do Conselho de Administração:
a) as linhas orientadoras da ação do BNDES; e
b) as normas de operações e de administração do BNDES, mediante expedição dos
regulamentos específicos;
(...)
V - deliberar sobre operações de responsabilidade de um só cliente ou sobre limites de
crédito para determinado grupo econômico, situadas no respectivo nível de alçada decisória por
ela estabelecido;
(...)
Art. 44. O BNDES observará as normas gerais orçamentárias e contábeis expedidas pelo
Conselho Monetário Nacional, sem prejuízo do cumprimento de dispositivos legais aplicáveis
às empresas públicas nas áreas orçamentária e contábil.
As Resoluções BNDES-DIR 3115/2017, 2690/2014, 2833/2015 e 2934/2015,
mencionadas pela unidade técnica bem como os demais normativos do banco são fundadas nas
leis anteriormente mencionadas. Os normativos só existem porque houve a autorização
legislativa para serem criados, autorização essa que também outorgou aos agentes públicos
envolvidos a definição dos parâmetros e limites operacionais necessários à proteção dos
recursos públicos confiados ao banco.
Se uma norma inferior fora regularmente criada e obedece às diretrizes prescritas na
norma superior, a princípio, ela, por si só, poderia ser citada para justificar a ação ou omissão do
agente público por ela regido. É uma lei em sentido amplo.
Nesse sentido, no caso concreto, a resposta mais adequada à consulta do Congresso
Nacional seria de fato relacionar os normativos infralegais citados. Todavia, para que se atenda
o pedido de forma objetiva, pode-se citar inicialmente as mencionadas Leis n. 5.662, de
21/6/1971 e 13.303 de 30/6/2016, e, em seguida, completar a resposta consignando os
normativos infralegais.
Em linha com a sugestão da unidade técnica, cremos adequado citar também a Lei n.
4.595, de 31/12/1964, que criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil,
cujos normativos internos também delimitam as ações do BNDES.
Nesse sentido, à luz das considerações tecidas neste parecer e, em atenção à audiência
propiciada pelo Exmo. Relator, manifestamo-nos parcialmente de acordo com a proposta
apresentada pela unidade técnica à peça 80, sugerindo a essa Corte o seguinte encaminhamento:
a) conhecer da presente solicitação, por estarem preenchidos os requisitos de
admissibilidade previstos nos artigos 38, inciso II, da Lei 8.443/1992, 232, inciso III, do
Regimento Interno do TCU e 4º, inciso I, alínea “b”, da Resoluçã o-TCU 215/2008;
b) prestar as seguintes informações ao Exmo. Sr. Senador Tasso Jereissati, Presidente da
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, e à Exma. Sra. Senadora Gleisi
Hoffmann, a qual ocupava a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
Federal e enviou a presente solicitação a esse Tribunal:
b1) a concessão do financiamento de longo prazo para a PPP Linha 6-Laranja do Metrô
de São Paulo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encontra

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óbices de natureza legal nas Leis n. 5.662, de 21/6/1971, 13.303 de 30/6/2016 e 4.595, de
31/12/1964, que autorizaram a definição das normas constantes nas Resoluções BNDES DIR
3115/2017, 2690/2014, 2833/2015, 2934/2015, Resolução 2844/2001 do Conselho Monetário
Nacional e Circular 3648/2013 do Banco Central do Brasil;
b.2) os patrocinadores do empreendimento tendem a experimentar rebaixamento
progressivo de sua situação cadastral junto ao BNDES, devendo alcançar o conceito cadastral
ruim, dadas as condições atuais de deterioração da imagem e da situação econômico-financeira
das empresas participantes do projeto, nos termos dos arts. 3º, § 2º, 11, inciso III, e § 1º, inciso
I, da Resolução DIR 3115/2017–BNDES;
b.3) a condição cadastral ruim acarreta necessariamente que as referidas empresas
obtenham classificação de risco de crédito não superior a CCC-, segundo o art. 17, parágrafo
único, inciso III, da Resolução DIR 3115/2017–BNDES, c/c os arts. 15 e 16 da Resolução DIR
2690/2014–BNDES, c/c os arts. 10, § 1º, e 17 da Resolução DIR 2833/2015–BNDES;
b.4) como consequência dessa classificação CCC- ou inferior, há redução acentuada nos
limites de exposição do banco em relação a essas empresas com elevado risco de crédito,
diminuindo significativamente a margem para essas companhias operarem com o BNDES, nos
termos dos arts. 3º a 15 da Resolução DIR 2934/2015–BNDES;
b.5) os referidos limites de exposição resultam das normas constantes da Circular
3648/2013 do Banco Central do Brasil, que versam sobre a classificação do risco de crédito
realizada por cada instituição financeira, destacando-se, no presente caso, o art. 19, que aduz
dever ser considerada a deterioração de condições econômicas na classificação de risco das
empresas; o art. 26, que trata dos testes de estresse a serem realizados no rating elaborado pelos
bancos, de maneira a propiciar tempestivo rebaixamento de empresas; e o Anexo I da circular,
que especifica os critérios de classificação de risco de financiamentos especializados do tipo
"financiamento de projeto", aplicável ao presente caso;
b.6) a Resolução 2844/2001 do Conselho Monetário Nacional, que promove a fixação de
percentual máximo de exposição sobre o patrimônio de referência dos bancos em geral, baliza
os ratings internos e limites de exposição elaborados por cada banco, regulados pela Circular
3648/2013 do Banco Central do Brasil, citada no subitem acima;
b.7) todo esse arcabouço normativo visa a prevenir a ocorrência de possíveis defaults
financeiros por parte de potenciais clientes dos bancos em geral, prevenindo a ocorrência de
danos aos cofres dessas instituições financeiras;
b.8) será determinado à unidade técnica especializada do Tribunal de Contas da União
(SecexEstataisRJ) que proceda à autuação de processo de fiscalização no Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social do tipo acompanhamento, no exercício de 2018, nos
termos do art. 241, inciso I, do Regimento Interno/TCU, para verificar eventuais irregularidades
existentes no deslinde da concessão do financiamento de longo prazo para a PPP Linha 6-
Laranja do Metrô de São Paulo;
c) determinar à SecexEstataisRJ que autue processo de fiscalização no Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, no exercício de 2018, do tipo acompanhamento, nos
termos do art. 241, inciso I, do Regimento Interno/TCU, para verificar eventuais irregularidades
existentes no deslinde da concessão do financiamento de longo prazo para a PPP (Parceria
Público Privada) Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo;
d) dar ciência da decisão que vier a ser adotada aos Exmos. Srs. Senadores Tasso
Jereissati, Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, Gleisi
Hoffmann, José Aníbal e Ricardo Ferraço, nos termos da minuta de aviso inserida no módulo
“Comunicações ” do e-TCU, informando-lhes que, tão logo sejam concluídos os trabalhos de
fiscalização do tipo acompanhamento, ser-lhes-á dado conhecimento dos resultados e das
medidas adotadas pelo Tribunal;

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e) considerar a solicitação integralmente atendida e arquivar o presente processo, nos


termos dos arts. 169, inciso II, do Regimento Interno do TCU e 17, inciso I, da Resolução-TCU
215/2008.”
É o relatório.

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Proposta de Deliberação

Trata-se de solicitação do Congresso Nacional elaborada pela Comissão de Assuntos


Econômicos do Senado Federal, a qual por meio do requerimento 21/2016-CAE, solicitou que o
Tribunal realizasse fiscalização no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) com o
intuito de avaliar a existência de algum impedimento de ordem legal que possa afetar a concessão do
financiamento de longo prazo para a Parceria Público-Privada (PPP) da Linha 6-Laranja do metrô de
São Paulo.
2. Após a primeira instrução (peça 58), solicitei que a SecexEstataisRJ especificasse
detalhadamente as normas operacionais que impediam que o BNDES concedesse o financiamento de
longo prazo da PPP da Linha 6 do metrô de São Paulo.
3. A unidade instrutiva atendeu à demanda por meio da instrução que adotei como relatório
(peça 80). Considerando, ainda, a complexidade jurídica da matéria e que a SecexEstataisRJ não
apontou óbices de natureza legal, mas apenas operacional, solicitei a oitiva do MP/TCU para que os
óbices legais fossem precisamente delineados (peça 87).
4. Em atenção ao meu despacho, o MP/TCU, representado pelo procurador Marinus Eduardo
De Vries Marsico, manifestou-se sobre a questão da legalidade, objeto da presente solicitação do
Congresso Nacional, relacionando as leis impeditivas para a concessão do financiamento.
II
5. De posse de todas as informações e manifestações necessárias ao deslinde da matéria, os
autos estão conclusos para a apreciação do Plenário.
6. De pronto, manifesto a minha concordância com as conclusões da unidade instrutiva e do
MP/TCU, as quais incorporo às minhas razões de decidir, sem embargo de tecer algumas poucas
considerações.
7. Conforme sobejamente reportado no relatório e documentado nos autos, as empresas
integrantes do consórcio responsável pela construção e posterior operação da Linha 6-Laranja do
metrô de São Paulo sofreram deterioração das suas condições financeiras, o que aumentou o risco da
operação de crédito de longo prazo para além dos limites estabelecidos pelas normas operacionais que
regulam o funcionamento do BNDES.
8. Mais especificamente, a circular 3648/2013 do Banco Central do Brasil (Bacen) (peça 64,
p. 1 a 120) estabelece os requisitos mínimos para o cálculo da parcela relativa às exposições ao risco
de crédito sujeitas ao cálculo do requerimento de capital mediante sistemas internos de classificação do
risco de crédito.
9. A circular requer que seis aspectos sejam considerados nos critérios de classificação de
risco de financiamentos: (i) solidez financeira do projeto; (ii) estrutura financeira do projeto; (iii)
ambiente político e legal; (iv) características das transações; (v) solidez da empresa líder do projeto; e
(vi) estrutura das garantias.
10. Em pelo menos quatro dos seis aspectos, os requisitos a serem atendidos para o grau de
avaliação foram considerados fracos, a saber:

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Aspecto III – Ambiente político e legal

Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação


Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

Risco político, incluindo o risco


A exposição ao risco é alta. Os
de transferência, considerando
o plano de negócios e os
- - - instrumentos de mitigação são
fracos ou inexistentes.
mitigadores.

Estabilidade legal e regulatória Questões regulatórias atuais ou


(risco de mudanças na lei). - - - futuras podem afetar o projeto.

Há elementos essenciais que


Grau de amparo legal dos geram incerteza quanto ao
contratos, garantias e títulos. - - - amparo legal de contratos,
garantias e títulos.

Aspecto IV – Características das transações

Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação


Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco

Garantias de término da obra. A solidez financeira do projeto


não suporta adequadamente os
custos de liquidação por não
- - - cumprimento da obra. A garantia
de término da obra é prestada
por patrocinadores com
histórico de crédito deficiente.
Capacidade técnica, histórico Limitada ou fraca. O operador
e capacidade financeira do depende das autoridades
- - -
operador do projeto. locais.

Aspecto V - Solidez da empresa líder do projeto

Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação


Critérios
Forte Bom Satisfatório Fraco
Histórico e capacidade O patrocinador do projeto é
financeira ou reputação do deficiente em termos de
patrocinador do projeto. - - - histórico e de solidez
financeira.

Aspecto VI – Estrutura das garantias

Critérios Requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação

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Forte Bom Satisfatório Fraco


Há poucas garantias reais ou
fiduciárias. As cláusulas
contratuais não são capazes
Empenho de ativos, de evitar inequivocamente
considerando sua qualidade, que o tomador contraia nova
- - -
valor e liquidez. dívida que possa colocar em
risco o pagamento das
obrigações relativas ao
projeto.

11. A regra estabelecida pelo Bacen serve de base para a elaboração das normas internas do
BNDES, tais como as Resoluções DIR 3115/2017, DIR 2690/2014, DIR 2833/2015 e DIR 2934/2015.
Os critérios e requisitos a serem atendidos para o grau de avaliação de classificação de risco de
financiamentos, por sua vez, influenciam os conceitos cadastrais internamente concedidos pelo banco.
12. No caso específico da concessão do financiamento de longo prazo para a Parceria Público-
Privada (PPP) da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, a adoção dos critérios prescritos pelo Bacen
resultou em um rebaixamento progressivo da situação cadastral dos patrocinadores do projeto, com
redução significativa dos limites de exposição do banco em relação a essas empresas, o que diminuiu
consideravelmente a margem para essas companhias operarem com o BNDES.
13. Como assinalou o MP/TCU, os normativos emanados pelo Bacen e pelo BNDES são
fundamentados em leis, tais como a Lei 5.662/1971, c/c a Lei 1.628/1952, e Lei 13.303/2016, no caso
da instituição financeira, e Lei 4.595/1964, no caso da autoridade monetária.
14. Nesses termos, concordo com a proposta de encaminhamento elaborada pela
SecexEstataisRJ, com os complementos oferecidos pelo MP/TCU.
Diante do exposto, manifesto-me pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação
deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 21 de março de
2018.

WEDER DE OLIVEIRA
RELATOR

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ACÓRDÃO Nº 628/2018 – TCU – Plenário


1. Processo nº TC 024.399/2016-7.
2. Grupo I – Classe de Assunto – II: Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal.
3.2. Responsável: Maria Silvia Bastos Marques (459.884.477-91).
4. Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro
(SecexEstataisRJ).
8. Representação legal:
8.1. Juliana Calixto Pereira (OAB/RJ 130.070) e outros, representando Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

9. Acórdão:
VISTO, relatado e discutido o presente processo de solicitação do Congresso Nacional
com vistas a avaliar a existência de algum impedimento de ordem legal que possa afetar a concessão
do financiamento de longo prazo para a linha 6-Laranja do metrô de São Paulo.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo relator, em:
9.1. declarar integralmente atendida a presente solicitação do Congresso Nacional, nos
termos do art. 14, IV, da Resolução TCU 215/2008;
9.2. prestar as seguintes informações à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
Federal:
9.2.1. a concessão do financiamento de longo prazo para a PPP Linha 6-Laranja do Metrô
de São Paulo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encontra óbices
de natureza legal nas leis 5.662, de 21/6/1971, 13.303, de 30/6/2016, e 4.595, de 31/12/1964, que
autorizaram a definição das normas constantes nas resoluções BNDES DIR 3115/2017, 2690/2014,
2833/2015, 2934/2015, Resolução 2844/2001 do Conselho Monetário Nacional e circular 3648/2013
do Banco Central do Brasil;
9.2.2. os patrocinadores do empreendimento tendem a experimentar rebaixamento
progressivo de sua situação cadastral junto ao BNDES, devendo alcançar o conceito cadastral ruim,
dadas as condições atuais de deterioração da imagem e da situação econômico-financeira das empresas
participantes do projeto, nos termos dos arts. 3º, § 2º, 11, inciso III, e § 1º, inciso I, da Resolução DIR
3115/2017–BNDES;
9.2.3. a condição cadastral ruim acarreta, necessariamente, que as referidas empresas
obtenham classificação de risco de crédito não superior a CCC-, segundo o art. 17, parágrafo único,
inciso III, da Resolução DIR 3115/2017–BNDES, c/c os arts. 15 e 16 da Resolução DIR 2690/2014–
BNDES, c/c os arts. 10, § 1º, e 17 da Resolução DIR 2833/2015–BNDES;
9.2.4. como consequência dessa classificação CCC- ou inferior, há redução acentuada nos
limites de exposição do banco em relação a essas empresas com elevado risco de crédito, diminuindo
significativamente a margem para essas companhias operarem com o BNDES, nos termos dos arts. 3º
a 15 da Resolução DIR 2934/2015–BNDES;
9.2.5. os referidos limites de exposição resultam das normas constantes da circular
3648/2013 do Banco Central do Brasil, que versam sobre a classificação do risco de crédito realizada
por cada instituição financeira, destacando-se, no presente caso, o art. 19, que aduz dever ser
considerada a deterioração de condições econômicas na classificação de risco das empresas; o art. 26,

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.399/2016-7

que trata dos testes de estresse a serem realizados no rating elaborado pelos bancos, de maneira a
propiciar tempestivo rebaixamento de empresas; e o Anexo I da circular, que especifica os critérios de
classificação de risco de financiamentos especializados do tipo "financiamento de projeto", aplicável
ao presente caso;
9.2.6. a Resolução 2844/2001 do Conselho Monetário Nacional, que promove a fixação de
percentual máximo de exposição sobre o patrimônio de referência dos bancos em geral, baliza os
ratings internos e limites de exposição elaborados por cada banco, regulados pela circular 3648/2013
do Banco Central do Brasil, citada no subitem acima;
9.2.7. todo esse arcabouço normativo deriva dos princípios de regulação prudencial que
visam à prevenção da ocorrência de possíveis defaults financeiros por parte de potenciais clientes dos
bancos e, assim, diminuir as perdas dos bancos e o risco de crises no sistema de pagamentos;
9.2.8. será determinado à unidade técnica especializada do Tribunal de Contas da União
(SecexEstataisRJ) que proceda à autuação de processo de fiscalização no Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social do tipo acompanhamento, no exercício de 2018, nos termos do
art. 241, inciso I, do Regimento Interno/TCU, para verificar eventuais irregularidades existentes no
deslinde da concessão do financiamento de longo prazo para a PPP Linha 6-Laranja do Metrô de São
Paulo;
9.3. determinar à SecexEstataisRJ que autue processo de fiscalização no Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social, no exercício de 2018, do tipo acompanhamento, nos termos
do art. 241, inciso I, do Regimento Interno/TCU, para verificar eventuais irregularidades existentes no
deslinde da concessão do financiamento de longo prazo para a PPP (Parceria Público Privada) Linha 6-
Laranja do Metrô de São Paulo;
9.4. dar ciência desta decisão à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal,
informando-lhe que, tão logo sejam concluídos os trabalhos de fiscalização do tipo acompanhamento,
ser-lhe-á dada conhecimento dos resultados e das medidas adotadas pelo Tribunal;
9.5. encerrar o processo e arquivar os autos.

10. Ata n° 9/2018 – Plenário.


11. Data da Sessão: 21/3/2018 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0628-09/18-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Augusto
Nardes, Aroldo Cedraz e Ana Arraes.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho e Weder de
Oliveira (Relator).

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


RAIMUNDO CARREIRO WEDER DE OLIVEIRA
Presidente Relator
Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral, em exercício
2

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