Você está na página 1de 7

Tribunal de Justiça de Pernambuco

PJe - Processo Judicial Eletrônico

29/01/2021

Número: 0003280-10.2021.8.17.2001
Classe: TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE
Órgão julgador: 2ª Vara Cível da Comarca de Ipojuca
Última distribuição : 26/01/2021
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Tutela de Urgência
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CONSTRUTORA SAM LTDA (REQUERENTE) IVANA ALBUQUERQUE SANTOS (ADVOGADO)
RODRIGO NUMERIANO DUBOURCQ DANTAS
(ADVOGADO)
LAURO ALVES DE CASTRO (ADVOGADO)
CRISTIANE ALVES PEREIRA (REQUERIDO)
ANTONIO CARLOS PINTO DA ROCHA RODRIGUES
(REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
74097 28/01/2021 23:56 Decisão Decisão
328
poder judiciário
juízo de direito da 2ª vara CÍVEL da comarca de IPOJUCA
Rua Cel. João de Souza Leão, s/n, Centro, Ipojuca(PE), CEP 55590-000, Fone: (81)3181-9432

PROC. Nº 0003280-10.2021.8.17.2001

DECISÃO COM FORÇA DE MANDADO

CONSTRUTORA SAM LTDA. ajuizou, perante a Comarca da Capital (Recife/PE), o presente


PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE em face de
CRISTIANE ALVES PEREIRA, e ANTÔNIO CARLOS PINTO DA ROCHA RODRIGUES, ambos
qualificados nos autos, alegando os fatos e fundamentos jurídicos constantes da petição inicial de
ID nº 73911576 - Págs. 1 a 10, veio acompanhada de documentos.
Alega a parte autora na exordial, datada de 21/1/2021 e distribuída em 26/1/2021, que “participou
do PROCESSO LICITATÓRIO Nº. 195/PMI-SEINFRA/2019, CONCORRÊNCIA Nº. 006/PMI-
SEINFRA/2019, nos moldes da Lei nº. 8.666 de 21 de janeiro de 1993, o qual teve por objeto a
execução das obras de implantação do acesso rodoviário ao distrito industrial de Camela – Etapa
I, situado às margens da PE-60, no distrito de Camela, Município de Ipojuca, no Estado de
Pernambuco. Sagrando-se vencedora do certame, a Autora firmou com o Município de Ipojuca,
através da Secretária de Infraestrutura e Obras o CONTRATO nº. 006/PMI-SEINFRA/2019 –
(“Contrato”) conforme se verifica do instrumento em anexo (DOC. 03), cujo objeto é a execução
das obras de implantação do acesso rodoviário ao distrito industrial de Camela – Etapa I.
Consoante se extrai das cláusulas contratuais, para a execução da obra contratada pela
Municipalidade, a Autora estava obrigada a tomar toda as medidas necessárias ao fiel
cumprimento do Contrato, de modo que os serviços contratados fossem executados com esmero
e perfeição. Para tanto, a Autora iniciou, mediante autorização pela União, por meio da Agência
Nacional de Mineração, bem como da Prefeitura de Ipojuca, conforme DECLARAÇÃO DE
DISPENSA DE TÍTULO MINERÁRIO (DOC. 04) e TERMO DE AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL
(DOC. 05), respectivamente, para extração de minério e produção de brita, destinada a execução
das obras de implantação do acesso rodoviário ao distrito industrial de Camela – Etapa I, no lote
de terra de propriedade dos Réus, localizado no Engenho Crauassú, nº. 390, lotes nº. 21 e 21A,
registrados na COOPERTIL – Cooperativa Agrícola de Tiriri LTDA, Engenho Crauassú, Município
de Ipojuca/PE, CEP:55590-000. O acesso à área de extração do minério para produção de brita
iniciou-se após obtenção das licenças para o trabalho, sem nunca existir qualquer empecilho dos
supostos possuidores/posseiros sobre as autorizações impostas ao terreno objeto da extração,
sobretudo em virtude do princípio da primazia do interesse público sobre o privado. Inclusive, por
tratar-se o caso de dispensa de título minerário, sendo atividade não comercial e unicamente para
fins de utilização em obra pública, onde não deve ter interferência de interesses privados em face
da finalidade definida pela legislação aplicável. Para cumprir fiel e satisfatoriamente a atividade
para a qual foi Contratada, a Autora locou caríssimo maquinário, próprio para promover, com
segurança aos seus empregados, a extração do minério e transformá-lo em brita, realizando, até
dia 17/01/2021 todas as suas atividades a contento. Todavia, para a surpresa da Autora, no
último dia 17/01/2021, os supostos posseiros/possuidor do terreno, utilizado para fins de extração
de minério a ser empreendido para a construção da obra pública supramencionada, proibiu que

Assinado eletronicamente por: EDUARDO JOSE LOUREIRO BURICHEL - 28/01/2021 23:56:47 Num. 74097328 - Pág. 1
https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012823564774300000072628175
Número do documento: 21012823564774300000072628175
os funcionários da Autora adentrassem no terreno, impedindo-os de realizar normalmente as suas
atividades laborais, conforme demonstram as fotografias tiradas na ocasião (Doc. 06). A prática
de embaraçar o exercício legítimo da servidão mineral, afronta diametralmente o princípio da
função social da propriedade, o princípio da supremacia do interesse público e implica em risco
aos empregados da Autora, temerários com as ameaças desferidas pelos posseiros e a
segurança e higidez dos bens de alto valor localizados no terreno e cujo preço é imensamente
superior ao próprio terreno em si. Diante das ameaças e do impedimento na continuidade da
prestação de serviço público desenvolvido pela Autora e autorizado tanto pela União quanto pelo
Município de Ipojuca, reais posseiros da jazida, por força do art. 176, da Constituição Federal, a
Autora fora impelida a ajuizar o presente feito para ver defendidos os seus direitos, pois,
conforme se percebe pelas fotos em anexo, o suposto criou obstáculos na entrada do terreno,
proibindo a entrada e saída das pessoas que trabalham na obra.Os policiais e o Delegado,
inicialmente, não registraram a ocorrência e solicitaram liberação da entrada do terreno em
servidão mineral, em razão dos Réus não disporem de quaisquer documentos capazes de
imprimir veracidade as suas alegações. Ocorre que, beirando o absurdo, em 19/01/2021, o
suposto posseiro/possuidor mais uma vez apresentou embaraços à entrada dos trabalhadores,
fechando o acesso de entrada com pneus e galhos (Doc. 07). Ora, incorreram em grave erro os
Réus ao interromperem abruptamente, sem qualquer razão ou ordem judicial, a extração de
minério para transformação em brita, merecendo reproche do Poder Judiciário, por se tratar de
atividade desenvolvida em benefício da população, devidamente Autorizada pela União e pela
Municipalidade, objetivando o cumprimento do contrato de execução da obra pública de
implantação do acesso rodoviário ao distrito industrial de Camela – Etapa I, que beneficiará uma
infinidade de cidadãos.”
Alega que “A legislação é clara ao estabelecer que a atividade confiada à Autora, por meio de
válida dispensa de título minerário, emitida pela ANM, sendo atividade não comercial e
unicamente para fins de utilização em obra pública, não se sujeita ao Código Minerário, conforme
art. 3º,§1º, do Código de Minas (Decreto-Lei nº 227/67), assim como não enseja pagamento dos
valores relativos ao resultado da extração – CFEM, nos termos do art. 335, da Consolidação
Normativa do DNPM (Portaria nº 155, de 12 de Maio de 2016). Eis o teor dos referidos
dispositivos: Código de Minas, Decreto-Lei nº 227/67, Art 3º. Este Código regula: I – os direitos
sobre as massas individualizadas de substâncias minerais ou fósseis, encontradas na superfície
ou no interior da terra formando os recursos minerais do País; II - o regime de seu
aproveitamento, e III - a fiscalização pelo Govêrno Federal, da pesquisa, da lavra e de outros
aspectos da indústria mineral. §1º. Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de
movimentação de terras e de desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários à
abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não
haja comercialização das terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e ficando o
seu aproveitamento restrito à utilização na própria obra. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
Consolidação Normativa do DNPM (Portaria nº 155, de 12 de Maio de 2016), Art. 335. Não
haverá incidência de CFEM pela utilização das terras e materiais in natura resultantes dos
trabalhos de que trata o § 1º do art. 3º do Código de Mineração.” e que “Assim, agem de modo
temerário os Réus, sobrepondo seus interesses particulares aos interesses da coletividade, o que
deve ser veementemente coibido pelo poder judiciário. Esta assertiva revela-se ainda mais
contundente, por razão das represálias recentes apenas terem ocorrido em razão da intenção dos
Réus em criarem tumulto para buscar uma vantagem comercial privada com a Autora, com quem
até o último dia 14/01/2021 estava sugerindo, inclusive, a venda da área envolvida à Autora.
Observa-se, N. Julgador, que os Réus não apresentaram qualquer documento hábil e, pior, não
têm nenhum instrumento que force a paralização do acesso e da atividade de extração do
minério, utilizando-se de força bruta para alcançar o fim desejado, importunando a paz e o
sossego de todos os envolvidos e movimentando o poder judiciário para tutelar direitos já
garantidos, assegurados pela Constituição Federal – princípio da função social da propriedade,
princípio da primazia do interesse público, pelo Código Civil – dever de servidão e proibição de
embaraça seu exercício, Código de Minas, além de impedir a execução do Contrato firmado com

Assinado eletronicamente por: EDUARDO JOSE LOUREIRO BURICHEL - 28/01/2021 23:56:47 Num. 74097328 - Pág. 2
https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012823564774300000072628175
Número do documento: 21012823564774300000072628175
o ente público e de afrontar as Autorização expedidas pela União – proprietária da jazida e pela
Municipalidade para extração do minério. Diante desse contexto, facilmente se observa a prática
de ato abusivo de direito perpetrado pelos Réus, na medida em que desconsideraram toda
documentação que reconhece o direito da Autora em acessar a área e extrair o minério dos lotes
de terra e transformação em brita para abertura de vias de transporte, não subsistindo razões
para que os atos deflagrados pelos Réus não sejam fortemente coibidos. Ademais, a área total do
terreno mede 10HA e a extração, além de ser afastada e isolada, ocupa tão somente ¼ de 1HA
total, ou seja, 0,025% do imóvel, sem implicar em qualquer prejuízo aos posseiros/possuidores.
Corroborando esta assertiva, o laudo em anexo (Doc. 08), juntado ao processo n. 0002577-
61.2011.8.17.0730, demonstra que os Entes Públicos já avaliaram a propriedade em questão,
decidindo pela desnecessidade de indenização e afetação do terreno, por ser uma grande área e,
sobretudo, porque a área afetada pela extração não prejudica em nada a utilidade do terreno, o
qual, deve, necessariamente, antes de atender aos anseios de seus supostos posseiros, cumprir
com sua função social, afirmando, inclusive, pela inexistência de direito à indenização. Há
assinatura dos Réus, inclusive, autorizando a exploração da área naquela ocasião (Doc. 09).
Cumpre destacar, ainda, que muitas foram as tentativas de, amigavelmente, explanar os fatos
aos supostos posseiros do terreno, com o fito cristalino de cientificá-lo da imprescindibilidade da
atividade desempenhada pela empresa e da autorização da União para extração do minério, que
não é comercializado e se presta tão somente a construção da via de transporte. Entretanto,
nenhum das tentativas foram exitosas. Em razão da injustificada resistência dos Réus e frente a
guarida do direito da Autora por todo o ordenamento jurídico, além das agressões deferidas pelos
Réus e das frustradas tentativas de resolver o impasse amigavelmente, não restou à Autora outra
alternativa senão ingressar com essa ação judicial, confiando-se, plenamente, na tutela do Poder
Judiciário para que seja reestabelecido seu direito de passagem e acesso às jazidas pertencentes
ao poder público.”
Pugna pela concessão de liminar “nos termos do art. 300 e 303, a tutela de urgência pleiteada no
sentido de determinar o imediato o livre acesso da Autora e dos seus empregados ao terreno
localizado no Engenho Crauassú, nº. 390, lotes nº. 21 e 21A, registrados na COOPERTIL –
Cooperativa Agrícola de Tiriri LTDA, Engenho Crauassú, Município de Ipojuca/PE, CEP:55590-
000, de modo seguro e sem riscos aos seus funcionários e maquinário que se encontra no local
em referência, sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), até a finalização
da obra relativa ao CONTRATO nº. 006/PMI-SEINFRA/2019 “ e “Alternativamente, CONCEDER
LIMINARMENTE, nos termos do art. 300 e 303, a tutela de urgência pleiteada no sentido de
determinar o imediato o livre acesso da Autora e dos seus empregados ao terreno localizado no
Engenho Crauassú, nº. 390, lotes nº. 21 e 21A, registrados na COOPERTIL – Cooperativa
Agrícola de Tiriri LTDA, Engenho Crauassú, Município de Ipojuca/PE, CEP:55590-000, de modo
seguro e sem riscos aos seus funcionários e maquinário que se encontra no local em referência,
sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), enquanto perdurar a Dispensa
de Título Minerário concedida, inclusive em caso de renovação” e, “Alternativamente, na remota
hipótese de não ser deferido o pedido supra, que seja DETERMINADO o cumprimento da medida
com urgência por Oficial de Justiça, a fim de evitar que a Autora continue suportando os prejuízos
e impedimento narrados acima”. Alega, ainda, que, “no prazo do art. 303, § 1º, inciso I, CPC,
procederão ao ADITAMENTO DA PETIÇÃO INICIAL, no sentido de “complementar sua
argumentação, juntando novos documentos e ratificando o pedido de confirmação da tutela final”,
que busca a materialização do direito do Autor de livre acesso à área do Engenho Crauassú, nº.
390, lotes nº. 21 e 21ª, Ipojuca-PE, com o resguardo de seu patrimônio envolvido na extração,
bem como com a liberação da exploração minerária autorizada pelos entes públicos, sem prejuízo
de requerimentos ulteriores”.

Decisão de ID nº 73972245 - Págs. 1 e 2, da lavra do Juízo de Direito da 10ª Vara Cível da


Capital – Seção B segundo a qual foi declinada a competência do feito para esta Comarca de
Ipojuca, ao fundamento de que “o bem imóvel objeto da exploração mineral fica localizado na
Comarca de Ipojuca-PE, tenho que a competência para apreciar a regularidade do procedimento

Assinado eletronicamente por: EDUARDO JOSE LOUREIRO BURICHEL - 28/01/2021 23:56:47 Num. 74097328 - Pág. 3
https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012823564774300000072628175
Número do documento: 21012823564774300000072628175
de exploração mineral e consequente turbação ou esbulho possessório cabe ao juízo da situação
da coisa, nos moldes do art. 47, § 2º do CPC”.
DECIDO.
Estabelece o artigo 303 do CPC que “Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea
à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à
indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo”, ao passo que o artigo 300 do estatuto
processual civil preconiza que “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.”

É sabido que, para eventual concessão do pedido de tutela de urgência, faz-se necessário
observar a ocorrência dos seus pressupostos insculpidos no artigo 300 do CPC, quais sejam, a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

No caso em tela, reputo que, ante as alegações vertidas pela parte autora e segundo o painel
probatório produzido, encontra-se presente, neste juízo cognitivo preliminar, o direito da parte autora com grau de
probabilidade suficiente para a concessão da medida antecipatória pleiteada.

De fato, consoante documento de ID nº 73911580 - Págs. 1 e 2, consistente em Declaração de


Dispensa de Título Minerário (Processo: 48058.940361/2020-11), emitida pela ANM (Agência
Nacional de Mineração), restou concedida, pela Gerência Regional da ANM/PE, nos termos da
Portaria DNPM nº 155/2016, e, a pedido da parte interessada, que “os trabalhos de desmonte de
material in natura e movimentação de terra para a execução da obra de IMPLANTAÇÃO DO
ACESSO RODOVIÁRIO AO DISTRITO INDUSTRIAL DE CAMELA – ETAPA I, nas áreas de
interesse descritas abaixo, enquadram-se no § 1° do Artigo 3° do Código de Mineração,
dispensando, portanto, outorga de título minerário”, constando, como Responsável/Executor, a
pessoa jurídica autora, CONSTRUTORA SAM LTDA., com validade da declaração até o dia
3/8/2021, constando o número da Licença Ambiental como sendo 021/2020, com especificação
do memorial descritivo da área, além do material (granito) e com quantidade de material a ser
retirado quantificada em 14.000m³.
Ainda, conforme conjunto documental de ID nº 73911581 - Págs. 1 a 5, que a Autorização
Ambiental nº 021/2020 corresponde a autorização emitida pela Prefeitura Municipal de Ipojuca /
Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano, sob o nº 021/2020, datada de 3/8/2020, com
validade até 3/8/2021, para o empreendimento descrito como “Pavimentação de ruas
(Autorização Ambiental Código 6.1). Com extensão de até 10km, cujo objetivo será a execução
de obra de pavimentação da via de acesso ao complexo industrial de Camela, contemplando uma
área total de 1,5km de extensão Ipojuca-PE”, constando, ainda, a Licença de Operação - L.O., de
nº 031/2020, datada de 18/9/2020, com validade até 18/9/2021 e conferida em favor da pessoa
jurídica autora, com a descrição do empreendimento como enquadrável na “Tipologia de
Comerciais e Serviços, Código 6.3.2, da Lei nº 1.720/2013, referente a Licença de Operação –
L.O., cujo objetivo consiste na regularização de um empreendimento comercial. O sistema final de
esgoto composta por fossa sumidouro”.
Observa-se, ainda, que, conforme documentos de ID nº 73911579 - Págs. 1 a 7, a parte autora
veio a celebrar contrato administrativo com a Prefeitura Municipal de Ipojuca, datado de
28/7/2020, associado ao Processo Licitatório nº 195/PMI-SEINFRA/2019 – Concorrência nº
006/PMI-SEINFRA/2019, tendo como objeto do contrato a “execução de obras de implantação do
acesso rodoviário ao Distrito Industrial de Camela – Etapa I, situado às margens da PE-60, no
Distrito de Camela, Município de Ipojuca(PE), com prazo de 300 dias a partir de sua assinatura.
Por outro turno, estabelece o artigo 3º do Decreto-lei nº 227/67 (Código de Mineração):

Art 3º Êste Código regula:


I - os direitos sobre as massas indivídualizadas de substâncias minerais ou fósseis,

Assinado eletronicamente por: EDUARDO JOSE LOUREIRO BURICHEL - 28/01/2021 23:56:47 Num. 74097328 - Pág. 4
https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012823564774300000072628175
Número do documento: 21012823564774300000072628175
encontradas na superfície ou no interior da terra formando os recursos minerais do País;
II - o regime de seu aproveitamento, e
III - a fiscalização pelo Govêrno Federal, da pesquisa, da lavra e de outros aspectos da
industria mineral.
Parágrafo único. Compete ao Departamento Nacional da Produção Mineral, (D.N.P.M.) a
execução dêste Código e dos diplomas legais complementares.
§ 1º. Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de movimentação de
terras e de desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários à abertura de vias
de transporte, obras gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não haja
comercialização das terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e ficando o
seu aproveitamento restrito à utilização na própria obra

Observa-se, pois, que, segundo o painel probatório produzido, afigura-se presente a


probabilidade do direito invocado, em conformidade com os parâmetros assinalados na
Declaração de Dispensa de Título Minerário (Processo: 48058.940361/2020-11), emitida pela
ANM (Agência Nacional de Mineração), em que restou concedida, pela Gerência Regional da
ANM/PE, nos termos da Portaria DNPM nº 155/2016, a se enquadrar, ao que parece, no conceito
de servidão minerária, em que se afigura presente o interesse público em que o particular, titular
de uma concessão de lavra que lhe foi outorgada pela União, possa efetivamente explorar
determinar jazida.
Por outro lado, o perigo na demora encontra-se presente no fato de que o impedimento
de a pessoa jurídica ter acesso à jazida objeto da licença administrativa pode acarretar atrasos
que podem vir a prejudicar o cumprimento do cronograma ajustado no contrato administrativo
retromencionado, celebrado entre a parte autora e a Prefeitura de Ipojuca - CONTRATO nº.
093/PMI-SEINFRA/2020, consistente na execução das obras de implantação do acesso
rodoviário ao distrito industrial de Camela – Etapa I, a ensejar a suspensão do curso da obra
pública, o que pode acarretar prejuízos não apenas à parte autora mas para toda a coletividade,
afigurando-se presente a urgência contemporânea à propositura da ação.
Outrossim, no que concerne à irreversibilidade dos efeitos da medida, prevista no § 3º do artigo
300 do CPC, não se pode erigir esta em impedimento inafastável ao deferimento do pleito antecipatório em casos
como o dos autos, podendo tal medida ser revista a qualquer tempo, com o aprofundamento da cognição do feito, no
curso da fase instrutória.

Ante o exposto, por estarem presentes os requisitos autorizadores, DEFIRO a tutela provisória de
urgência pleiteada, para determinar que as partes demandadas se abstenham de impedir o livre acesso da Autora e
dos seus empregados ao terreno localizado no Engenho Crauassú, nº. 390, lotes nº. 21 e 21A, registrados na
COOPERTIL – Cooperativa Agrícola de Tiriri LTDA, Engenho Crauassú, Município de Ipojuca/PE, CEP:55590-000,
isto unicamente segundo os parâmetros assinalados na Declaração de Dispensa de Título Minerário (Processo:
48058.940361/2020-11), emitida pela ANM (Agência Nacional de Mineração, com validade da declaração até o dia
3/8/2021 e em conformidade com os balizamentos geográficos assinalados no memorial descritivo contido em tal
documento e de acordo com os condicionantes delimitados na Declaração, ,quais sejam, “1-A eficácia desta
Declaração de Dispensa de Título Minerário está condicionada à não comercialização das terras e dos materiais in
natura resultantes dos trabalhos referidos acima, sob pena de configuração de lavra ilegal. 2-Esta Declaração de
Dispensa de Título Minerário somente tem validade se acompanhada da respectiva licença ambiental e enquanto não
concluída a obra”, de modo seguro e sem riscos aos seus funcionários e maquinário utilizados na consecução da
atividade objeto da licença administrativa retromencionada, sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil
reais), a ser suportada por ambos os réus em caráter solidário, reversível em favor da parte autora (CPC, artigo 537)
e até a finalização da obra relativa ao CONTRATO nº. 093/PMI-SEINFRA/2020.

Determino que a parte autora, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da intimação da presente
decisão, proceda ao aditamento da petição inicial, “com a complementação de sua argumentação, a juntada de
novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final” (CPC, artigo 303, § 1º, inciso I) e na forma do § 3º do
referido artigo, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito, à luz do § 2º do referido artigo.

Assinado eletronicamente por: EDUARDO JOSE LOUREIRO BURICHEL - 28/01/2021 23:56:47 Num. 74097328 - Pág. 5
https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012823564774300000072628175
Número do documento: 21012823564774300000072628175
Intimem-se.

Cumpra-se.

Cópia da presente, autenticada por servidor em exercício nesta unidade, servirá como Mandado.

Ipojuca(PE), em 28 de janeiro de 2021.

EDUARDO JOSÉ LOUREIRO BURICHEL


Juiz de Direito

Assinado eletronicamente por: EDUARDO JOSE LOUREIRO BURICHEL - 28/01/2021 23:56:47 Num. 74097328 - Pág. 6
https://pje.tjpe.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21012823564774300000072628175
Número do documento: 21012823564774300000072628175

Você também pode gostar