A obra traz uma abordagem sobre a morte autônoma, esta em que é definida como a
eutanásia. E diante desta é levantado aspectos sobre a pessoalidade, a construção dessa,
os fatores que levam o indivíduo a pensar sobre essa autonomia de pensar no fim da sua vida, e nas concepções do meio social histórico e cultural sobre o suicídio, a morte e a eutanásia. A morte é um fenômeno que é bastante temida, pois além de ser o fim da existência física e psíquica no espaço social é uma incógnita, não se sabe ao certo o que acontece após a morte, é um mistério que diversas culturas e religiões exploram de formas distintas, mas que não existe uma comprovação de como se dá o após morte. Estas abordam a divisão do céu (paraíso) e inferno. O céu é apontado como o espaço em que é conquistado quando o sujeito tem uma pessoalidade boa, com bons valores e moralidade, além de seguir determinados princípios. E o inferno para os que contrariam isso. Esse processo de pessoalidade é visto na obra que é construído diante do contexto social em que o sujeito está inserido, diante do poder coercitivo que a ideologia das religiões e da cultura exercem sobre o mesmo. São estes que impregnam a moralidade e os valores a serem seguidos. No entanto, é existente a ideia de que para ser pessoa é preciso a liberdade, a autonomia de realizar aquilo que desejar. E é diante das leis jurídicas e dos valores presentes na cultura e religião que essa interface de autonomia se torna inexistente, pois suas razões apresentam um olhar de punição sobre determinada situação, como por exemplo a situação da eutanásia. A eutanásia é vista como algo extremamente não ideal, não se pode definir a hora da morte segundo a religião e não se pode realizar o fim da vida de alguém também perante o Direito, a cultura e religião. É levantado a problemática no texto: é viver digno estando em uma vivência de vegetação, sem autonomia, e com perda de subjetividade? E quando se sabe que não há tratamento para sua cura, e vivendo somente sobre uma cama, isto realmente é bom na vida? É estar vivendo? Quanto a todas essas situações, somente quando se há um consentimento do sujeito sobre a própria morte é pode ser efetuado a eutanásia. É a partir da internação do sujeito já inicia o sofrimento sobre o processo de hospitalização, é proporcionado algumas perdas, resultando em medos e negações muitas vezes pelo indivíduo e família. Este último que se tornam tutelares perante a retirada do nome, qual passa a ser nomeado por numerações de leitos, da autonomia e da subjetividade.