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Novo Ensino Médio / Integral

2º BIMESTRE
Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas
Filosofia
2ª Série

I AULA – O CONHECIMENTO
SUMÁRIO DA DISCUSSÃO
O conhecimento - Págs. 147-160
A preocupação com o conhecimento .
O conhecimento e os primeiros filósofos
O cristianismo e a teoria do conhecimento
Como é possível conhecer a verdade?
Bacon e Descartes
Locke
A teoria do conhecimento e a consciência
Consciência psicológica e consciência reflexiva
Dimensão ética e política da consciência
O conhecimento e os primeiros filósofos
Os primeiros filósofos – os pré-socráticos – dedicavam-se a
um conjunto de indagações principais:

 Por que e como as coisas existem?


 O que é o mundo?
 Qual a origem da Natureza e quais as causas de
sua transformação?
Essas indagações colocavam no centro a pergunta:
o que é o Ser?
Desde os seus começos, a Filosofia preocupou-se com o
problema do conhecimento, pois sempre esteve voltada
para a questão do VERDADEIRO.
Desde o início, os filósofos se deram conta de que nosso
pensamento parece seguir certas leis ou regras para
conhecer as coisas e que há uma diferença entre perceber
e pensar.
 Pensamos a partir do que percebemos ou pensamos
negando o que percebemos?
 O pensamento continua, nega ou corrige a percepção?
 O modo como os seres nos aparecem é o modo como
os seres realmente são?
Sócrates e os sofistas
O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais
para Sócrates, "conhece-te a ti mesmo", o saber não era
algo que vinha de fora do homem e sim de si mesmo, ao
interrogar a si mesmo. Na medida em que Sócrates
desenvolve diálogos críticos com seus interlocutores,
como que num ato de "dar a luz" conseguia que os
mesmos alcançassem o conhecimento, o saber. É por
meio da ironia e da maiêutica que se chega ao verdadeiro
saber.
Os sofistas, diante da pluralidade e do antagonismo das filosofias
anteriores, ou dos conflitos entre as várias ontologias, concluíram que não
podemos conhecer o Ser, mas só podemos ter opiniões subjetivas sobre a
realidade.
Os sofistas eram relativistas também em termos de valores e
princípios. O “bom” é aquilo que satisfaz os instintos e paixões da
pessoa. A crença em princípios absolutos e imutáveis baseados num
código ético é considerada, pelos sofistas, como sendo um
impedimento. Eles acreditavam que tais princípios absolutos e códigos de
ética precisavam ser removidos. O “bom” torna-se relativo.

A carreira mais cobiçada na época era a de político. Os sofistas se


concentravam em ensinar oratória. Já que acreditavam que a
verdade é relativa, os sofistas ensinavam seus alunos o dom da
oratória e o uso da retórica para alcançar objetivos ao persuadir outras
pessoas. Os sofistas tinham grande conhecimento de quais palavras
tinham o poder de entreter, impressionar ou persuadir o público. De
fato, os sofistas tinham um grande domínio da linguagem. Eles diziam
poder achar argumentos para provar qualquer posição.
Platão e Aristóteles Sócrates
 Fizeram a Filosofia preocupar-se com nossa possibilidade de
conhecer e indagar quais as causas das ilusões, dos erros e da
mentira;
 Definir as formas de conhecer e as diferenças entre o
conhecimento verdadeiro e a ilusão;
 Platão e Aristóteles introduziram na Filosofia a ideia de que
existem diferentes maneiras de conhecer ou graus de
conhecimento e que esses graus se distinguem pela ausência
ou presença do verdadeiro, pela ausência ou presença do
falso.
O cristianismo e a teoria do conhecimento

Adão e Eva sob a Árvore do


Conhecimento, relevo em
mármore, de Lorenzo Maitani
(1255-1330), na fachada da
Catedral de Orvieto, na Itália.

Segundo a tradição cristã,


instigados pela serpente, Adão e
Eva cederam ao desejo de comer
o fruto proibido, símbolo do
conhecimento do bem e do mal.
Quando se diz que a teoria do conhecimento somente se tornou uma
disciplina específica da filosofia com os filósofos modernos (a partir
do século XVII), não se pretende dizer que os filósofos anteriores não
haviam se ocupado com o problema do conhecimento.

Porém, os modernos tiveram um motivo para fazer dessa teoria o


ponto de partida da filosofia, pré-requisito para ela e para as ciências.

Que motivo foi esse?


O fato de que a filosofia moderna teve de enfrentar questões e
problemas trazidos pela filosofia medieval, marcada pela
presença do judaísmo, do cristianismo e do islamismo. Em outras
palavras, até então a religião encontrava-se mesclada à filosofia.
 A perspectiva religiosa trouxe uma ruptura na ideia grega de
uma participação direta e harmoniosa entre o nosso
pensamento e a verdade. Os filósofos antigos consideravam
que participamos de todas as formas de realidade: com nosso
corpo, participamos da natureza; com nossa alma, participamos
da inteligência divina.
 A perspectiva religiosa judaico-cristã, porém, baseia-se na
crença de uma separação entre o ser humano e Deus, causada
pelo pecado original.
 De acordo com o relato da Torá judaica e da Bíblia cristã, Deus
criou o homem e a mulher em estado de perfeição e inocência,
mas lhes proibiu que comessem o fruto da Árvore do
Conhecimento.
 Mas não só isso. Por meio da fé na revelação, contida
nas Sagradas Escrituras (a Torá, para os judeus; os
Evangelhos, para os cristãos; e o Alcorão, para os
muçulmanos), Deus permite que nossa alma
contemple as verdades superiores, isto é, reveladas
por Ele.

 Desse modo, as religiões reveladas introduziram uma


distinção impensável para os filósofos antigos: a distinção
entre verdades de razão (o conhecimento que nossa razão
pode alcançar por si mesma) e verdades de fé (o
conhecimento que só alcançamos por meio da fé na
revelação divina).
 Usando a liberdade que Deus lhes dera, Adão e Eva
desobedeceram à proibição divina: pecaram e se
tornaram seres decaídos, transmitindo a todas as
gerações futuras o peso desse pecado original. Como
castigo, foram expulsos do Paraíso e impedidos de
conviver com Deus e a verdade.
 Estar no erro ou na verdade dependerá, portanto, de nós
mesmos. Por isso, precisamos saber se podemos ou não
conhecer a verdade e em que condições tal conhecimento é
possível. Os primeiros filósofos cristãos e os filósofos
medievais ( judeus, cristãos e muçulmanos) afirmaram que
podemos conhecer a verdade desde que a razão não
contradiga a fé e se submeta a ela.
Como é possível conhecer a verdade?
 Os filósofos antigos consideravam que éramos entes
participantes de todas as formas de realidade: por nosso corpo,
participamos da Natureza; por nossa alma, participamos da
Inteligência divina. O cristianismo, ao introduzir a noção de
pecado original, introduziu a separação radical entre os
humanos (pervertidos e finitos) e a divindade (perfeita e infinita).
Com isso, fez surgir a pergunta: como o finito (humano) pode
conhecer a verdade (infinita e divina)?
Aristóteles: Todos os homens têm, por natureza, o desejo de
conhecer. O prazer causado pelas sensações é a prova disso,
pois, mesmo fora de qualquer utilidade, as sensações nos
agradam por si mesmas e, mais do que todas as outras, as
sensações visuais.
 O cristianismo, particularmente com santo Agostinho,
trouxe a ideia de que cada ser humano é uma pessoa. Essa
ideia vem do Direito Romano, que define a pessoa como um
sujeito de direitos e de deveres.
 Bacon e Descartes
Para os modernos trata-se de compreender
e explicar como os relatos mentais – nossas
ideias – correspondem ao que se passa
verdadeiramente na realidade.
Antes de abordar o conhecimento
verdadeiro, Bacon e Descartes examinaram
as causas e as formas do erro análise dos
preconceitos e do senso comum.
DESCOBRINDO A VERDADE – RENÉ DESCARTES
DESCOBRINDO A VERDADE
 Locke
Visto que o entendimento situa o homem acima dos
outros seres sensíveis e dá-lhe toda vantagem e
todo domínio que tem sobre eles, seu estudo
consiste certamente num tópico que, por sua
nobreza, é merecedor de nosso trabalho de
investigá-lo. O entendimento, como o olho, que nos
faz ver e perceber todas as outras coisas, não se
observa a si mesmo; requer arte e esforço situá-lo à
distância e fazê-lo seu próprio objeto.
A teoria do conhecimento e a consciência
 Para o racionalismo, a razão, tomada em si mesma e
sem apoio da experiência sensível, é o fundamento e a
fonte do conhecimento verdadeiro. O valor e o sentido
da experiência sensível dependem de princípios, regras
e normas estabelecidos pela razão.

 Para o empirismo, o fundamento e a fonte de todo e


qualquer conhecimento é a experiência sensível. Ela é
responsável pela existência das ideias na razão e
controla o trabalho da própria razão, pois o valor e o
sentido da atividade racional dependem do que a
experiência determina
O sujeito do conhecimento é a capacidade para o
conhecimento verdadeiro, e tal capacidade é a mesma em
todos os seres humanos. Por ser universal, o sujeito do
conhecimento é reconhecido em qualquer ser humano e
distingue-se da consciência psicológica, pois esta é
sempre individual.
Consciência psicológica e consciência reflexiva e a Dimensão ética e política da consciência
O sujeito do conhecimento se ocupa, entre outras, com noções como as de
espaço e tempo, causa e efeito, princípio e consequência, verdadeiro e falso,
matéria e forma, signo e significação entendidas como condições universais e
necessárias do conhecimento.
Vimos que a consciência possui uma dimensão epistemológica, isto é, como
sujeito do conhecimento, e uma dimensão psicológica, ou seja, o eu das
vivências individuais. Contudo, a consciência também possui uma dimensão
ética.

Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a capacidade livre e racional


de escolher, deliberar e agir conforme valores, normas e regras que dizem
respeito ao bem e ao mal, ao justo e ao injusto, à virtude e ao vício. É a
pessoa, dotada de vontade livre e de responsabilidade, capaz de compreender
e interpretar sua própria situação e condição, viver na companhia de outros
segundo as normas e os valores morais definidos por sua sociedade, agir
tendo em vista fins escolhidos por deliberação própria, comportar-se segundo
o que julga o melhor para si e para os outros e, quando necessário, contrapor-
se e opor-se aos valores estabelecidos em nome de outros considerados mais
adequados à liberdade e à responsabilidade.
É a consciência como exercício racional e afetivo da liberdade e da
responsabilidade, em vista da vida feliz e justa.
ATIVIDADE - EM SÍNTESEC PÁGINA 160 –
RESPONSER E ENVIAR NA DATA PROGRAMADA

2. Como Sócrates se opunha aos sofistas em relação ao conhecimento da


verdade?
5. Por que os filósofos modernos tiveram que encontrar um novo caminho para a
filosofia perante a presença das religiões reveladas?
6. Por que os filósofos modernos contestaram o poder das autoridades sobre a
razão?
7. Explique por que a pergunta “Como o conhecimento da verdade é possível?” é
crucial para os filósofos modernos.
12. Qual é a diferença principal entre empirismo e racionalismo?
13. O que é o sujeito do conhecimento? Explique o que é a consciência reflexiva.
Novo Ensino Médio / Integral
2º BIMESTRE
Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas
Filosofia
2ª Série

Professor Marcilio Reginaldo

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