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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO

2ª Avaliação de Filosofia do Direito


Aluno: Inácio Duarte Gadelha
Matrícula: 388922

Questão: Disserte sobre o seguinte tema: força, poder político e


legitimidade do direito no contrato social de Rousseau.

Acerca do direito do mais forte, Rousseau aafirma que: “ceder à força constitui
ato de necessidade, não de vontade; quando muito, ato de prudência. Em que sentido
poderá representar um dever?” Infere-se aqui que a força distingue do direito no sentido
de que é utilizada para fins de imposição, mas não de obrigação moral. Assim, para
Rousseau, a força é diferente do direito em razão deste ser fundamentado em um
conceito moral, na razão; enquanto a força tem fundamento em um fato. Desta forma,
conforme Rousseau, a força não produz direito, uma vez que somos obrigados apenas a
obedecer aos poderes legítimos: não há direito e nem contrato na submissão de um
homem pela força. Nenhum homem aliena sua liberdade gratuitamente a outro e nem
mesmo um povo a um indivíduo.
Neste sentido, para Rousseau, o mais forte nem sempre tem força o suficiente
para segurar o poder. O mais comum é que o senhor tenha o direito de governar e os
súditos tenham o dever de obedecer. Ocorre que com o fim de um direito que decorre da
força, não há motivos para que ainda haja obediência.
Ademais, visando manter a liberdade e a igualdade naturais, Rousseau introduz o
conceito de vontade gerel, condição indispensável à realização do contrato social, pelo
qual a liberdade seria alienada em favor de cada um que, pelo pacto do poder político, a
alienou. Aliena-se a liberdade natural, enquanto a parte contratante do pacto que funda o
poder politico, e, em um segundo momento, por meio do pacto que funda o poder
político. E por meio do mesmo pacto e do conceito de vontade geral, aquele que alienou
sua liberdade adquire sua liberdade civil. Para Rousseau, quando um povo realiza a
promessa da obediência, automaticamente perde sua qualidade de povo soberano. Uma
vez que há um senhor, o poder soberano é dissolvido, dando fim ao corpo político.
Sobre a legitimidade do Direito, Rousseau criou a hipótese de que os homens
viviam em estado de natureza, cuidando de sua própria sobrevivência, até o surgimento
da propriedade, ao passo que uns passaram a trabalhar para outros, gerando escravidão e
miséria. Para Rousseau, o contrato social só teria legitimidade diante do consentimendo
dos cidadãos, ao abdicar de direitos individuais em prol da comunidade. A partir do
momento em que todos abdicassem igualmente, nenhum sujeito perderia seus direitos.

Pelo pacto, o indivíduo abre mão de sua liberdade, porém, essa retornaria ao
seu cidadão por ser parte integrante e ativa de todo social, ou seja, ao obedecer à lei,
obedeceria a si mesmo e, portanto, é livre. Isso significa que para Rousseau o contrato
não faria o povo perder a soberania, pois não seria possível criar um Estado separado
dele mesmo. Há uma distinção entre os conceitos de soberano e governo. Para
Rousseau, soberano é o corpo coletivo que expressa a vontade geral através de lei. A
soberania do povo manifestada pelo legislativo seria inalienável. Segundo a concepção
de democracia do autor, toda lei não ratificada pelo povo deve ser nula, por isso, o ato
pelo qual o governo é instituído pelo povo não submete este a aquele.

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