EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE BELO HORIZONTE - MG

Processo nº:..

Leonardo, 19 anos, já devidamente qualificado nos autos do processo em

epígrafe, (com os poderes especiais do art.44 do CPP) vem, por intermédio de
seu advogado infra-assinado, com fulcro no artigo 593, I, do Código de
Processo Penal, interpor:

APELAÇÃO

Em face da decisão prolatada por este douto Juízo a quo, condenando

Leonardo, ora réu, por tentativa de roubo qualificado pelo uso de arma de fogo.

Dessa forma, requer a admissibilidade do presente recurso, bem como a

remessa dos autos para o Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Local, 15 de maio de 2017.

ASSINATURA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA...

TURMA DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

Processo nº:...
Apelante: Leonardo
Apelado: Ministério Público

Colenda Câmara,
Nobres Julgadores,

Leonardo, 19 anos, já devidamente qualificado nos autos do processo em

epígrafe, vem, por intermédio de seu advogado infra-assinado, (com os
poderes especiais do art.44 do CPP) com escora no artigo 600 do Código de
Processo Penal, apresentar:

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

Pelos fatos e fundamentos jurídicos que seguem:

I) Fatos

Leonardo foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta pratica do delito
descrito no art.157,§2º, inciso I, c/c o art.14,inciso II, ambos do Código penal.
Em seu interrogatório, Leonardo confirma integralmente os fatos, destacando
que se arrependeu do crime que pretendia praticar.
Em sua folha de antecedentes criminais o acusado não possui nenhuma
anotação. Porém na sentença o juiz julgou procedente a pretensão punitiva, e
no momento de fixar a pena-base, reconheceu a existência de maus
antecedentes e razão de decisão definitiva de procedência de ação
socioeducativa.

II) DO DIREITO
II.I-Preliminares

a) Da Nulidade da sentença

Em sede de memoriais houve a renúncia da defesa do acusado, sendo assim,

Leonardo, deveria ter sido intimado pessoalmente para analisar a questão em
pauta, já que encontrava-se preso provisoriamente, para tomar ciência da
situação processual. E decidir se gostaria de nomear outro patrono para a
causa ou obter a defesa da Defensoria Pública, nos moldes do artigo 370 c/c
360, ambos do Código de Processo Penal.

assim sendo requer a nulidade do processo desde o momento da

apresentação dos memoriais, e, por conseguinte, da Sentença prolatada pelo
douto Juízo de primeira instância -, por omissão de formalidade que constitui
elemento essencial do ato (artigo 564, IV, Código de Processo Penal) e por
falta de intimação nas condições estabelecidas pela lei (artigo 564, III, o,
Código de Processo Penal).

II.II DO MÉRITO
B) Da Absolvição
Da absolvição do crime de roubo por desistência voluntária (art.15 do código
Penal).

É cediço que Leonardo se arrependeu de sua conduta antes mesmo de

ameaçar e subtrair qualquer quantia do caixa do estabelecimento.

Assim, o réu deverá ser absolvido pela desistência voluntária (artigo 15, Código
Penal).

É certo que na desistência voluntária o agente só responde pelos atos já

praticados. Ocorre que no caso em tela Leonardo não ameaçou o dono do
estabelecimento e tampouco subtraiu quaisquer quantias do caixa, razão pela
qual deve ser absolvido pela inexistência da infração penal (artigo 386, III,
CPP).

C) Desclassificação do crime

Ficou comprovado o fato de que Leonardo ameaçou o cliente no interior da

loja para que esse se retirasse de lá. E o cliente ameaçado na loja nunca foi
ouvido em Juízo, motivo pelo qual a absolvição também se fundamenta no
artigo 386, VII, CPP. Ou seja, não há provas suficientes para a condenação do
réu.

Dessa maneira, haja vista a ausência da ocorrência de roubo, já que não houve
subtração de quantia alguma do caixa do estabelecimento, cabível seria a
desclassificação do crime para o crime de Ameaça, nos moldes do artigo 147
do Código Penal.

No caso em comento a vítima da ameaça não teve interesse no

prosseguimento da ação penal pública condicionada à representação, razão
pela qual a denúncia não poderá ser ajuizada pelo Ministério Público, nos
moldes do parágrafo único do artigo supramencionado.

Entretanto, só seria cabível a desclassificação para o crime de ameaça se a

vítima procedesse com a ação. Pois não há que prosperar o entendimento
concernente ao roubo, porquanto não houve subtração de bens materiais e
nem violência.

Ademais, a Ameaça aqui constatada não foi com a intenção da subtração de

bens materiais, mas somente para que o cliente saísse da loja.

Portanto, requer-se a desclassificação do crime para Ameaça caso a vítima

assim proceda com a representação.

D) Dosimetria da Pena
d.1)-Da pena Base

A decisão definitiva na procedência da ação socioeducativa não pode ser

considerada como maus antecedentes, pois essa se deu antes da maioridade
penal de Leonardo.
Nesse sentido, a pena base deve ser fixada no mínimo legal, haja vista que
Leonardo é primário e arrependeu-se de consumar o delito em desfavor do
estabelecimento comercial.
d.II)-Da Atenuante da Menor Idade ( Art. 65, inciso I, do Código Penal)

Quanto à segunda fase, dever-se-á reconhecer a atenuante da menoridade

relativa uma vez que na data do fato o réu tinha apenas 19 anos de idade,
fazendo jus assim a atenuante da menor idade.
d.III)-Da atenuante da confissão (Art. 65, inciso III, alínea b, do Código
Penal)
Por ter se arrependido de sua conduta antes de subtrair qualquer quantia do
caixa do estabelecimento, Leonardo, tem o direito de gozar da atenuante da
desistência voluntaria, prevista no art. 65, inciso III, alínea b, do Código Penal.
d.IV)-Da atenuante da confissão (Art. 65, inciso III, alínea d, do Código
Penal)
Por ter confessado espontaneamente a sua intenção delitiva a autoridade
policial, Leonardo faz jus ao direito da atenuante da confissão espontânea, que
deve ser levada em consideração pelo magistrado no momento da dosimetria
da pena, conforme supracitado no art, 65, III, d, do Código Penal

Não deverá ser próspero o aumento colocado na terceira fase com a gravidade
em abstrato do crime. Primeiro porque não há prova da existência do uso de
arma, ante a ausência de laudo pericial - requisito imprescindível na apuração
do fato, nos moldes do artigo 158 do Código de Processo Penal.

Outrossim, a opinião do Juiz acerca da gravidade em abstrato do crime não é

condição suficiente para a imposição de regime mais severo do que a pena
permitir, à luz da Súmula 718 do STF.

Nesse contexto, a imposição de regime mais severo do que a pena permitir

exige motivação idônea, nos moldes da Súmula 719 do STF.

Por fim, caberá a aplicação de regime menos severo do que a pena listar, com
fundamento previsto na Súmula 716 do STF. É nesse diapasão que requer-se
a aplicação do regime aberto ou semi-aberto - subsidiariamente - à pessoa de
Leonardo, nos moldes do artigo 33, parágrafo segundo, alínea c ou b,
respectivamente.

III) Pedidos

Ante o exposto, requer-se perante Vossas Excelências a admissibilidade do

presente recurso, bem como a reforma da Sentença para:
A) Nulidade da Sentença proferida em primeira instância, nos moldes do artigo
564, IV, combinado com artigo 564, III, o, ambos do Código de Processo Penal;

B) Reconhecimento da Desistência Voluntária, nos moldes do artigo 15 do

Código Penal

C) Absolvição de Leonardo, nos moldes do artigo 386, III e VII, do Código de

Processo Penal;

D) Desclassificação para o crime de Ameaça, nos moldes do artigo 147 do

Código Penal, caso haja representação por parte do cliente ofendido no
estabelecimento;

E) Fixação da pena-base no mínimo legal, haja vista a primariedade do réu;

F) Reconhecimento das atenuantes da menoridade relativa (artigo 65, I, CP) e

confissão espontânea (artigo 65, III, d, CP)

G) Aplicação do Regime aberto ou semi-aberto - subsidiariamente -, nos

moldes do artigo 33, parágrafo segundo, alíneas c e b, respectivamente. Nesse
tópico, que seja reconhecido os entendimentos previstos nas Súmulas 718, 719
e 716, todas do Supremo Tribunal Federal.

Nesses termos

Pede deferimento.

Local, 15 de maio de 2017.

"ASSINATURA"