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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
ACCSR
Nº 71008993974 (Nº CNJ: 0069038-45.2019.8.21.9000)
2019/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. ALEGAÇÃO DE
COBRANÇA ABUSIVA. RÉ QUE SE DESINCUMBIU
DE SEU ÔNUS PROBATÓRIO, A TEOR DO
DISPOSTO NO ART. 373, II, DO CPC.
COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE DA DÍVIDA.
PRETENSÃO DE PORTABILIDADE BANCÁRIA DE
EMPRÉSTIMO NEGADA. AUSÊNCIA DE
IRREGULARIDADE NA CONDUTA DA RÉ.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO DESCABIDA. DANOS
MORAIS INOCORRENTES. SENTENÇA MANTIDA.
1. Narrou a autora que foi informada pela ré acerca da
possibilidade de crédito consignado no valor de R$
3.700,00, vindo a contratá-lo nas condições
apresentadas. Contudo, relatou que, apesar das
inúmeras tentativas de contato com a ré, não fora
depositado o valor combinado, havendo
discrepância deste com o real valor contratado.
Requereu a suspensão dos descontos efetuados no
seu benefício previdenciário, a declaração de
abusividade destes, a restituição dos valores, em
dobro, bem como a condenação da ré ao pagamento
de indenização por danos morais.
2. Por sua vez, alegou a ré que, após análise da
situação da autora, constatou que a margem
consignável de seu benefício já estava
comprometida com outros empréstimos, sendo
possível, somente, margem de endividamento de R$
17,43 por mês, permitindo um empréstimo no valor
de R$ 625,62.
3. A sentença julgou improcedentes os pedidos.
4. Concernente à alegação da autora de que lhe seria
disponibilizado o valor de R$ 3.700,00, tendo em
vista a portabilidade de outros empréstimos
existentes junto ao banco Banrisul, esta não foi
autorizada em razão de que a taxa de juros seria
superior a do contrato original, sendo inviável sua
realização, ante a desvantagem para a consumidora.
De fato, o empréstimo objeto da portabilidade
representava um desconto mensal de R$ 245,00 no
benefício da autora, totalizando aproximadamente
R$ 3.000,00.
5. Com efeito, os documentos juntados pela ré (fls.
68-75) permitem concluir que a autora contratou o
empréstimo consignado em 06/03/2019, no valor de
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@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
ACCSR
Nº 71008993974 (Nº CNJ: 0069038-45.2019.8.21.9000)
2019/CÍVEL

R$ 625,62, em 72 parcelas de R$ 17,53, o que fora


confirmado por ela em seu depoimento pessoal (fl.
81), e corroborado pelo extrato de empréstimos
consignados do INSS (fl. 68).
6. Inexiste qualquer ilegalidade nos descontos
efetuados no benefício previdenciário da autora,
visto que esta buscou contratar empréstimo junto à
ré, além dos vários que já possuía, e foi-lhe
disponibilizado o valor que era possível (R$
625,62), considerando a margem consignável
disponível.
7. Ademais, o termo de requisição para portabilidade
de crédito acostado à fl. 71, devidamente assinado
pela autora, demonstra tratar-se de uma solicitação,
isto é, uma proposta de crédito, mas não a
confirmação deste, que depende da análise da
instituição financeira credora.
8. Nesse sentido, conforme alegado pela ré, a negativa
de autorização para realização da portabilidade
bancária dos demais empréstimos da autora ocorreu
em razão de que os juros cobrados seriam
superiores aos originalmente contratados,
colocando a consumidora em desvantagem e,
portanto, inviabilizando sua realização. Isto,
inclusive, é o que consta da tela sistêmica acostada
pela ré à fl. 73.
9. Portanto, a ré desincumbiu-se de seu ônus
probatório, nos termos do art. 373, II, do CPC, não
restando evidenciado ter havido negativa infundada
para realização da portabilidade, mas sim a sua
impossibilidade em razão de que a taxa de juros
incidente seria superior à do empréstimo original.
10. Logo, inexistindo demonstração de agir ilícito da
ré, tem-se descaracterizado o dever de indenizar.
Além disso, inexiste prova no sentido da ocorrência
de qualquer lesão a ensejar indenização a título de
danos morais, ônus que incumbia à autora, nos
termos do art. 373, I, do CPC.
11. Assim sendo, a sentença merece ser mantida por
seus próprios fundamentos, nos termos do art. 46 da
Lei 9.099/95.

RECURSO DESPROVIDO.

RECURSO INOMINADO SEGUNDA TURMA RECURSAL CÍVEL

Nº 71008993974 (Nº CNJ: 0069038- COMARCA DE PORTO ALEGRE


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45.2019.8.21.9000)

ISABEL CRISTINA NECCHI FERREIRA RECORRENTE

CLICDODIA INTERMEDIACOES PELA RECORRIDO


INTERNET LTDA-EPP

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Segunda Turma Recursal Cível


dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à unanimidade, em NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO.
Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores DR.ª
ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA (PRESIDENTE) E DR. ROBERTO
BEHRENSDORF GOMES DA SILVA.

Porto Alegre, 27 de maio de 2020.

DR.ª ANA CLAUDIA CACHAPUZ SILVA RAABE,


Relatora.

RELATÓRIO
(Oral em Sessão.)

VOTOS

DR.ª ANA CLAUDIA CACHAPUZ SILVA RAABE (RELATORA)


Eminentes Colegas.
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso que, no
entanto, não merece provimento.

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A sentença analisou com adequação os pontos controvertidos da lide, razão


pela qual merece ser mantida por seus próprios fundamentos, conforme disposto no art. 46
da Lei nº 9.099/95:
“Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da
ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação
sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos
próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de
acórdão”.

Diante do exposto, o voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO


RECURSO.
Com fulcro no art. 55 da Lei 9.099/95, condeno a recorrente, vencida, ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o
valor da causa. Suspensa a exigibilidade, tendo em vista o benefício da gratuidade da justiça
concedido (fl. 99).
É o voto.

DR.ª ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a)


Relator(a).
DR. ROBERTO BEHRENSDORF GOMES DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DR.ª ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA - Presidente - Recurso Inominado nº


71008993974, Comarca de Porto Alegre: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.
UNÂNIME."

Juízo de Origem: 8.JUIZ.ESPECIAL CIVEL REG RESTINGA PORTO ALEGRE -


Comarca de Porto Alegre

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