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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA


DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO: Engenharia de Produção DISCIPLINA: Desenho


CONTEUDISTAS: Hector Reynaldo Meneses Costa.
Leydervan de Souza Xavier
Ricardo Alexandre Amar de Aguiar

Designer Instrucional: Cristina Ávila Mendes

Aula 7 – Cotagem - Parte 2

"Se podemos medir, podemos fazer!” - ditado popular alemão.


“Se você não pode medir algo, você não pode melhorá-lo.”–LordKelvin
Metas
Apresentar como as dimensões e características dos objetos são representadasno
desenho técnico

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1- Indicar as dimensões de um objeto de acordo com as normas brasileiras.
2- Cotar as vistas as vistas ortográficas de uma peça.

Pré-requisitos:
Nesta aula, você terá uma atividade em que precisará dispor dos seguintes
materiais de desenho:
● Lapiseira 0,7 ponta de aço (grafite 2B); Lapiseira 0,3 ponta de aço (grafite
HB);

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● Esquadros 60º e 45º; Régua de 30 cm ou escalímetro; Borracha;


● Bloco de papel(liso e com margem);
● Fita crepe; Compasso, Guardanapo, Pano ou flanela;
● Álcool;
● Acessórios Opcionais: “mata-gato”, gabarito de círculos, papel quadriculado
e isométrico, vassoura de mão com cerdas macias.

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4. Indicações especiais

Há alguns casos específicos, que serão tratados a seguir.

4.1 Cordas, arcos, ângulos e raios

Na Figura 7.1 estão representadas as cotas para cordas, arcos e ângulos. Se o


centro do arco estiver fora dos limites do espaço disponível, a linha da cota do raio
do arco deve ser quebrada ou interrompida, dependendo da necessidade de se
determinar ou não o centro do arco.

Figura 7.1Cotagem de arcos, cordas e ângulos. Na figura todos os valores literais


serão substituídos por valores numéricos, exceto R que indica Raio.

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Observe, na figura 7.1, que a dimensão do raio foi definida pela cota “d” e, nesse
caso, o raio deve ser indicado pela linha de cota do raio com o símbolo R, mas
sem cota.

4.2 .Elementos equidistantes

Quando os elementos estão equidistantes ou são dispostos uniformemente, a


cotagem pode ser simplificada, evitando-se a repetição de cotas de posição. Esta
condição tanto pode ser usada para distribuição linear quanto para distribuição
angular de elementos.

4.2.1Distribuição linear

Na parte superior da figura 7.2 as fotografias emolduradas (indicadas por dois


retângulos concêntricos) estão separadas por 32 unidades e, na cotagem, esta
distância aparece indicada, indiretamente, uma única vez. Se, por alguma razão,
este tipo de indicação não ficar claro ao entendimento, pode-se cotar um dos
afastamentos, complementando o sistema de cotagem, conforme aparece na
parte inferior da figura 7.2. Observe que, com as cotas apresentadas, seria
perfeitamente possível realizar a montagem do conjunto de fotografias, em ambos
os casos.A distância vertical das fotografias até a base do painel é omitida, porque
as fotografias estão centralizadas no painel, em relação à vertical. O mesmo não
acontece com a horizontal, sendo indicada a distância de 5 unidades, da borda até
a moldura da primeira fotografia da série.

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Figura 7.2Cotagem de elementos equidistantes distribuídos de forma linear.

4.2.2 Distribuição angular

No caso de furos ou outros elementos distribuídos sobre um arco de


circunferência, pode-se simplificar a cotagem, omitindo-se as distâncias e os
ângulos para cada elemento e indicando o número de elementos, o ângulo entre
cada um e o ângulo compreendendo todos os elementos, como está indicado na
parte superior da figura 7.3.Ou, alternativamente, cotando-se, apenas, um dos
elementos e a circunferência em que são distribuídos os elementos, admitindo-se
que o número de elementos e sua distribuição pode ser inferida do desenho,
conforme está indicado na parte inferior e à esquerda da figura 7.3. Outra
possibilidade é explorar a simetria da peça (observe os dois pares de traços
paralelos perpendiculares ao eixo de simetria vertical, envolvidos por uma linha
tracejada para serem identificados nesta análise) e indicar o número de elementos
repetidos, no caso, pela indicação “8x” (destacada com linha tracejada manual).
Observe que as duas peças representadas na parte inferior da figura se
distinguem pela presença de um painel circular, com diâmetro 75 unidades, na
peça da esquerda, que não existe na da direita.
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6

15
11

6 Ø8
10

10

5 x 36° (180°)

6
15

15

10

Figura 7.3Cotagem de elementos equidistantes distribuídos de forma angular.

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Ainda com relação à peça representada na parte inferior direita da figura 7.3,
pode-se observar que a representação explora a simetria quanto ao eixo vertical.
As linhas de cota, neste caso, devem cruzar o eixo de simetria e se estender além
dele.

4.3 Elementos repetidos

No caso de elementos com dimensões idênticas que aparecem repetidas vezes,


pode-se cotar suas dimensões uma única vez e indicar o número de repetições,
conforme está ilustrado na parte superior da figura 7.4, com “6x” (neste caso
envolvido com linha tracejada manual para maior destaque). Na parte inferior da
figura 7.4, uma mandala feita com fotografias, foi ampliada e três tipos de
fotografia são arranjadas na forma de pentágonos. As cotas de cada elemento
foram indicadas uma única vez e sua repetição foi cotada com “5x”. Algumas cotas
de outros elementos e as cotas de posição das fotografias (os diâmetros de
inscrição dos pentâgonos) foram omitidas para facilitar a leitura. Na realidade
prática, deverão ser indicadas em outra parte do desenho.

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8

20
6x
16
50
40

5
12 23 52 52 23
67
219
5x
5x

a
5x

Figura 7.4Cotagem de elementos repetidos.

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4.4 Chanfros e escareados

Em peças que vão se encaixar, muitas vezes, os cantos devem ser eliminados,
para facilitar o acoplamento. Isto acontece, por exemplo, em peças cilíndricas
como pinos que devem ser montadas em furos. O mesmo ocorre com eixos que
vão ser acoplados a rolamentos, engrenagens, polias e outros elementos. Caso
semelhante acontece com peças que não são cilíndricas (como as prismáticas,
por exemplo) e que devem ser montadas em rasgos, guias de deslizamento e etc.
Quando os cantos são eliminados diz-se que foi feito um chanfro. Na figura 7.5isto
está representado para peças cilíndricas e prismáticas. No lado esquerdo da figura
aparecem as peças antes de serem chanfradas e à direita aparecem as peças,
após a sua usinagem, com chanfros.

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Figura 7.5Exemplos de chanfros em peças cilíndricas e prismáticas.

Uma situação semelhante acontece quando se precisa eliminar o canto de furos,


como por exemplo, quando parafusos precisam ter a cabeça embutida em um furo
passante ou com rosca interna. Ou ainda quando se deseja facilitar a introdução
de um pino em um furo, evitando-se o contato nas bordas do furo, com riscos de
deformação, riscamento ou outros danos às superfícies. Quando o canto interno é
eliminado, diz-se que foi feito um escareamento e obteve-se um furo escareado.
Na figura 7.6há um exemplo de furo escareado. À esquerda aparece uma peça
com furo cilíndrico e à direita a peça, após a usinagem, com o furo escareado.
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Para ilustrar uma utilidade desta geometria, foi sugerida como um pino poderia ser
montado na peça usinada.

Figura 7.6Exemplos de furo escareado.

Para cotagem de chanfros e escareados é preciso considerar que o ângulo e a


profundidade devem ser indicados. No caso de ângulos de 45° este ângulo pode
ser indicado junto à profundidade na linha de cotagem. A figura 7.7ilustra os
diversos tipos de cotagem, com as possibilidades de indicar as duas informações
indispensáveis à usinagem dessas geometrias.

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Figura 7.7Cotagem de chanfros e escareados.

4.5 Outras indicações

Em algumas peças a posição dos elementos implicaria em linhas de chamada


longas que podem ser evitadas usando-se um código de letras para indicar cada
tipo de elemento em conjunto com uma nota ou legenda, em que cada elemento
seja discriminado e relacionado às respectivas dimensões. Observe que, neste
caso, são as cotas de dimensão de cada elemento que são indicadas e não as de
posição. Na figura 7.8consta um exemplo deste tipo de cotagem, a partir da
mandala de fotos já apresentada antes. A simetria vertical foi explorada e as cotas
das fotografias com moldura foram simplificadas, no caso “B”.

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Figura 7.8Cotagem com uso de letras e notas de referência.

Quando se representa um conjunto, em geral, indicam-se, apenas, as cotas gerais


(altura, largura e profundidade) e o número de referência de cada componente. O
desenho de conjunto será complementado por outros desenhos, em que cada um
dos componentes será detalhado e cotado. Contudo, excepcionalmente, quando
houver necessidade de cotar peças montadas em um conjunto, deve-se fazer com
que todas as cotas de uma peça fiquem agrupadas. Na figura 7.9, um conjunto
formado por cinco peças, sendo quatro delas iguais, está representado e cotado
em duas vistas. Para facilitar a compreensão, as peças foram desenhadas abaixo
do conjunto (isto não acontece na prática). Observe como as cotas gerais do
conjunto, a cotagem da peça que ser de apoio e a de uma das quatro peças iguais
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são agrupadas. No caso foi preciso fazer a distribuição das cotas em duas vistas,
mas seguindo o mesmo princípio de grupamento da cotagem por peça.

Figura 7.9Cotagem de peças em um conjunto.

Às vezes é preciso preparar superfícies ou partes de peças para determinada


função, usando pintura, usinagem ou outros recursos. A aplicação de adesivo,
pode ser um exemplo. Nesses casos é preciso indicar, através de cotagem, a
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localização e a extensão do comprimento ou da superfície de interesse. No caso


de eixos, cilindros ou outras peças com simetria axial (revolução em torno de um
eixo), basta fazer a indicação em um dos lados. No caso de peças que não sejam
de revolução é preciso delimitar a área ou o comprimento de interesse. Em todos
os casos usa-se uma linha traço e ponto larga desenhada de forma paralela e
próxima à face correspondente. Na figura 7.10os dois casos estão indicados.

Figura 7.10Cotagem de partes de superfícies de interesse.

5.0 Estudo de casos

Pode-se dizer, com certeza, que existem muitas formas corretas e diferentes de
cotar. Algumas soluções são corretas, mas pouco recomendáveis, por se correr o
risco de erros de interpretação ou ainda de dificultar a leitura do desenho, quando
em comparação com outras soluções. A experiência vai consolidando algumas
distribuições que se tornam as mais recomendáveis, enquanto outras, são
consideradas não-recomendadas.

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Figura 7.11 Casos de cotagem. Peça prismática com furo.

Observe, na figura 7.11 a presença de um furo passante (atravessa toda a peça) e


que a cotagem de seu diâmetro é feita na vista superior (“1”), já que na frontal isto
implicaria em cotar linhas tracejadas, o que não é permitido. Para realizar esse
furo, será preciso conhecer as cotas de posição do seu centro, o diâmetro e a
profundidade. Observe que o centro do furo está sobre a linha de simetria
horizontal da peça (linha traço e ponto estreita) e, assim, basta indicar uma das
coordenadas em relação à aresta da peça. Essa cota, também, fica mais
claramente representada na vista superior.
Há, também, um rasgo que atravessa peça, em sentido transversal ao eixo maior,
sendo delimitado por um bloco central, de altura inferior a profundidade do rasgo.

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A cotagem da largura e da profundidade do rasgo e do bloco (“2”), ficam mais


claramente cotados na vista frontal, já o comprimento do bloco pode ser melhor
identificado na vista superior.
O chanfro poderia ser caracterizado pelo ângulo e a largura, mas como a cota que
determina a posição do rasgo (“3”) coincide com a indicação desta dimensão,
optou-se por determinar o chanfro pelas dimensões do triângulo retângulo que
corresponde ao seu perfil na vista frontal.
As dimensões totais da peça indicada (“4”) na figura 7.11 foram distribuídas na
frontal (altura) e na superior (largura e comprimento) e, neste caso, o comprimento
poderia ter sido cotado na frontal, mas esta opção sobrecarregaria a vista, pela
quantidade de informações que ela deve apresentar.

6Atividade Final

Atividade 1 - (atende aos objetivos 1 e 2)


Nas figuras a seguir estão desenhadas vistas ortográficas de peças na escala
natural que devem ser cotadas. Reproduza as peças em esboço na folha de
desenho A4 e aplique os conceitos de cotagem apresentados.

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Peça1 - Peça com furos passantes e espessura de 6 mm

Peça 2

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Peça 3

Atividade 2 - (atende aos objetivos 1 e 2)


Desenhar, no primeiro diedro e com instrumentos, as três vistas ortográficas
principais cotadas, em escala 1:1, de cada uma das peças apresentadas abaixo.
Cotas em mm.Usar a folha de desenho A4.

Peça 4
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Peça 5
7Conclusão

O desenho, como linguagem, oferece muitas alternativas e as normas prescrevem


vários procedimentos, mas não eliminam as decisões do executante no objetivo de
se conseguir a melhor comunicação possível no ambiente profissional e
acadêmico. O tema cotagem é muito amplo e não se esgota com esta
apresentação, sendo revista e ampliada quando outros tópicos demandarem
aplicações específicas. Quanto mais se desenha e observa desenhos, mais
apurada fica a capacidade de escolher a melhor cotagem, conciliando a
experiência dos casos clássicos, fixados pela repetição rotineira, com as decisões
para os casos diferentes, alcançando-se uma solução que oferece precisão,
clareza e estética ao desenho.

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8 Referências Bibliográficas

ESTEPHANIO, Carlos. Desenho Técnico Básico; 2o. e 3o. graus. Rio de


Janeiro: Ao Livro Técnico, 1984.

FRENCH, Thomas E. Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica. 6. ed. São Paulo:


Globo, 1999.

MICELI, Maria Teresa; FERREIRA, Patrícia. Desenho Técnico Básico.


2Edição.Rio de Janeiro: Editora Ao Livro Técnico,2003.

SILVA, Sylvio F. da.ALinguagem do Desenho Técnico. Rio de Janeiro: Livros


Técnicos e Científicos, 1984.

LEAKE, James M.; BORGERSON, Jacob L. Manual de Desenho Técnico para


Engenharia, Desenho, Modelagem e Visualização. 2ª Edição. Rio de Janeiro:
LTC, 2015

SILVA, Arlindo; RIBEIRO, Carlos Tavares; DIAS, João; SOUSA, Luís . Desenho
Técnico Moderno. 4ª edição.Rio de Janeiro: LTC, 2014.

RIBEIRO, Antônio Clélio; PERES, Mauro Pedro; IZIDORO, Nacir. Curso de


Desenho Técnico e Autocad, São Paulo, Person Education, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR10067: princípios


gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1995.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8403: aplicação de


linhas em desenhos –tipos de linhas – larguras das linhas.Rio de Janeiro, 1984.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402: execução de


caracteres para escrita em desenhos técnicos.Rio de Janeiro, 1994.

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