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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CURSO DE DIREITO àregra geral: irretroatividade da lei penal in pejus.


DISCIPLINA: DIREITO PENAL I (2º Período)
DATA: 17/05/2016 à exceção: a retroatividade só é admitida se para beneficiar o agente (CF, Art. 5º, XL).

AULA 5  espécies de extra-atividade:

a) retroatividade: determinada lei, revogada, volta no tempo, aplicando-se a certo fato, desde
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO - "TEMPO DO CRIME" que favoreça o réu;

 analisa o momento em que se considera praticado o crime, a fim de que se possa saber a lei Ex: no dia 08/01/2015, vigora a Lei 1, prevendo a pena mínima de 3 anos de reclusão para o
penal aplicável ao caso. crime X. Em 20 de fevereiro de 2015, entra em vigor a Lei 2, estipulando a pena mínima de 1
ano de reclusão para o mesmo crime X. No dia 30/10/2015, ao proferir a decisão
condenatória, o juiz deve aplicar a Lei 2, pois mais favorável ao réu.
 Teorias:
b) ultra-atividade: determinada lei, revogada, ultrapassa as barreiras da sua revogação,
1) Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, pouco alcançando ato futuro e produzindo efeitos, desde que mais favorável ao acusado;
importando o momento do resultado.
àEm ambos os casos, só é possível em benefício do agente.

2) Teoria do resultado: reputa praticado o crime no momento em que ocorre a consumação


(resultado), sendo irrelevante o momento da conduta.  A sucessão de leis penais no tempo pode gerar quatro situações:

1 - novatio legis in pejus


3) Teoria mista ou da ubiquidade: numa posição conciliadora, defende que momento do crime é
tanto o da ação ou omissão quanto o do resultado. à é a alteração da lei em prejuízo do autor do crime;

à nunca pode retroagir;


 Teoria adotada no Código Penal: Teoria da Ação (Art. 4º)
à só se aplica para crimes cometidos após o início de sua vigência;
Consequências:
à será aplicada a lei revogada (vigente na data dos fatos) em detrimento da lei nova
a) aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, salvo se a do tempo do resultado for mais (vigente na data do julgamento). É o que se dá o nome de ULTRATIVIDADE da lei mais
benéfica; benigna.

b) imputabilidade: é averiguada ao tempo da conduta;


2 - novatio legis in mellius
c) crime permanente e crime continuado:
à é a alteração da lei em benefício do autor do crime;
àSÚMULA 711, do STF: "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência" à será sempre retroativa, sendo aplicada aos fatos ocorridos anteriormente à sua vigência,
(fundamento: continua a ofensa ao bem jurídico, mesmo depois da entrada de uma lei mais ainda que já tenham sido decididos por sentença condenatória com trânsito em julgado. É
gravosa). o que se dá o nome de RETROATIVIDADE da lei mais benigna.

d) crime habitual: deve ser aplicada a lei nova, ainda que mais severa. à produz efeitos para o pretérito, como ocorre na abolito criminis.

à Ex: Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (progressão em crimes hediondos).

 Extra-atividade da Lei Penal:


3 - Abolitio Criminis
à é a aplicação da lei a um fato ocorrido antes da sua vigência, tornando-a a retroativa, ou a
um fato acontecido após a sua revogação, tornando-a ultra-ativa;

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à ocorre quando o Estado, abrindo mão do jus puniendi, deixa de incriminar uma b) lei excepcional: é aquela criada em razão de situações excepcionais, sendo sua vigência
determinada conduta por entender que o Direito penal não mais se faz necessário para limitada por esta própria situação anormal;
proteger um certo bem;
Ex: guerra, calamidade pública;
à a lei nova (mais benigna) retroagirá e alcançará, inclusive, os fatos acobertados pela coisa
julgada; à cessada a situação de excepcionalidade, estará automaticamente revogada.

à efeitos:
 Combinação de leis
a) declaração de extinção da punibilidade de todos os fatos ocorridos anteriormente à edição
da lei nova, o que pode ocorrer tanto na fase policial, quanto na judicial; à é a possibilidade de extrair de duas leis os dispositivos que favoreçam o agente,
desprezando os que lhe forem prejudiciais;
b) cessação de todos os efeitos penais da sentença condenatória: retirada do nome do
agente do rol dos culpados; não podendo a condenação ser utilizada para fins de à sua admissibilidade é objeto de divergência na doutrina e jurisprudência.
reincidência ou antecedentes criminais;
Ex: Art. 12, da Lei nº 6.368/76 (reclusão de 3 a 15 anos)
Art. 33 da Lei nº 11.343/06 (reclusão de 5 a 15 anos)
Atenção: permanecem os efeitos civis;
§ 4º, do Art. 33 (diminuição de 1/6 a 2/3 se primário, com bons antecedentes e sem
dedicação a atividade criminosa ou participação em organização criminosa).

àabolitio criminis temporalis: suspensão temporária da tipicidade de determinada conduta,


não permitindo a punição do agente durante certo prazo.

Ex: Estatuto do desarmamento (art. 30).

 Competência para aplicação da lex mitior (mais favorável)


4 - novatio legis incriminadora
à depende do momento de surgimento da lei:
à é a lei que incrimina uma conduta anteriormente considerada irrelevante penal;
a) se durante o inquérito: o MP, ao recebê-lo, já deverá oferecer a denúncia com base na
à não atingirá fatos passados (Art. 1º, CP); nova lei;

b) se o processo já estiver em andamento: o juiz ou Tribunal poderá aplicar a lex mitior;

c) se a sentença já tiver transitada em julgado: caberá ao Juiz das Execuções aplicar a lex
 Princípio da continuidade normativo-típica mitior (Art. 66, I, da LEP);

à consiste na migração de um determinado tipo penal incriminador para outro tipo penal já Atenção:
existente ou mesmo criado por uma lei nova em razão da revogação expressa daquele;
à se a aplicação da lei mais benéfica importar num mero cálculo matemático: a competência para
aplicá-la será do Juiz das Execuções;
à não é abolitio criminis
Ex: simples diminuição de pena.
à ex: os elementos do crime de atentado violento ao pudor migraram para o Art. 213, CP
(estupro).
à se para aplicar a lei mais benéfica o Juiz das Execuções tiver de entrar obrigatoriamente
no mérito da ação penal de conhecimento: não mais será ele o competente, devendo o
processo ser remetido ao Tribunal competente para apreciação do recurso, por meio de uma
 Leis temporárias e leis excepcionais (CP, Art. 3º)
Revisão Criminal.
a) leis temporárias: é aquela que traz expressamente em seu texto o dia de início e o dia do
término de sua vigência;
 Medidas de Segurança x Irretroatividade da Lex Gravior
à encerrado o período de sua vigência está automaticamente revogada.
à O princípio da irretroatividade in pejus não se aplica às medidas de segurança, pois estas têm
caráter curativo, com finalidade diversa da pena.
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