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Florianópolis/SC, em 17 de junho de 2021.

MORMAII INDÚSTRIA E COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE ARTIGOS


ESPORTIVOS LTDA
A/C DEPARTAMENTO JURÍDICO - LUANA W. AGUIAR
Rodovia SC 434, KM 3, Garopaba – SC, CEP 88.495-000

OPINIÃO LEGAL – AFASTAMENTO POR AUXÍLIO


DOENÇA (ESPÉCIE 31)

Opinião Legal:

Questionados sobre as responsabilidades do Franqueador, como por


exemplo, o SUPORTE que precisa oferecer ao FRANQUEADO; sobre a existência de um prazo
médio de retorno do investimento que está atrelado ao prazo mínimo de contrato; entendimento
jurisprudencial sobre as responsabilidades/compromissos que os FRANQUEADORES devem ter
junto a seus FRANQUEADOS; no intuito de identificar o cenário jurídico atual, as
responsabilidades civis e elencar as opções jurídicas da FRANCHISING na defesa de seus interesses,
emite-se a seguinte opinião legal.

 
 
1
Pá gina

1. O cenário jurídico atual.


Não se mostra coadunada com as nuances da Lei de Franquia, criada
para equilibrar a relação entre franqueador e franqueado, a omissão de dados essenciais ou a prestação
de informações inverossímeis e destoantes da realidade que permitem que o candidato interessado
opere com falsa percepção da realidade, estando imputado à franqueadora, na fase preambular das
tratativas negociais, o dever de analisar o perfil financeiro do interessado no aperfeiçoamento da
franquia, devendo a seleção dos franqueados ser pautada pela estrita observância de critérios, políticas
e padrões que previamente estabelecera como forma de assegurar viabilidade ao empreendimento.
Não prescinde que sejam prestadas ao franqueado, na fase preambular
das negociações, informações claras e precisas sob a forma de planejamento empresarial minucioso e
detalhado apto a respaldar a decisão do empreendedor antes de optar pela assunção do negócio, não
podendo a elaboração do Plano de Negócios basear-se em estimativas irreais ou em cenário que
efetivamente não corresponda à realidade, minimizando, assim, os riscos inerentes ao negócio.

Nesse sentido aresto do Superior Tribunal de Justiça que trata sobre o


tema:
Trata-se de agravo interposto por CAPITAL STEAK HOUSE
FRANQUEADORA LTDA. contra decisão que negou seguimento a recurso
especial impugnando acórdão assim ementado:
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RESCISÃO
CONTRATUAL C/C REPARAÇÃO DE DANOS. CONCESSÃO DE
FRANQUIA. LEI Nº. 8.955/94. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL
POR INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. FATOS ATRIBUÍDOS À
FRANQUEADA. RESPONSABILIZAÇÃO. INVIABILIDADE. PERFIL
ECONÔMICO DA FRANQUEADA. EXAME DEFICIENTE.
NEGLIGÊNCIA DA FRANQUEADORA. FINANCIAMENTO
BANCÁRIO. INVIABILIDADE. RECUSA POR RAZÕES NÃO
IMPUTÁVEIS À FRANQUEADA OU AOS SEUS SÓCIOS.
OBRIGAÇÕES ANEXAS AO CONTRATO. DEVER DE INFORMAÇÃO
E TRANSPARÊNCIA. OMISSÃO E FORNECIMENTO DE DADOS
INCOMPATÍVEIS À REALIDADE. FALHA DA FRANQUEADORA.
PRINCIPIO DA BOA FÉ OBJETIVA. RESCISÃO DO CONTRATO.
MULTA PENAL COMPENSATÓRIA. NÃO APLICAÇÃO. TAXA DE
FRANQUIA. DEVOLUÇÃO. IMPOSIÇÃO. DANOS MATERIAIS. NÃO
RESSARCIMENTO. RISCO DO NEGÓCIO. DANO MORAL FATO
2

GERADOR. INEXISTÊNCIA. AGRAVO RETIDO. MATÉRIA DE FATO


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CONTROVERTIDA. ESCLARECIMENTO. PROVA ORAL.


INADEQUAÇÃO E INOCUIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INEXISTÊNCIA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
1. Emergindo dos elementos coligidos a certeza de que o processo restara
devidamente guarnecido do aparato material indispensável à elucidação das
pretensões formuladas, o indeferimento de prova oral desprovida de qualquer
utilidade, pois inapta a subsidiar a elucidação da controvérsia, ainda que
postulada tempestivamente, se conforma com o devido processo legal,
obstando que seja qualificado como cerceamento de defesa, inclusive porque
o Juiz, como destinatário final da prova, está revestido de poder para
dispensar aquelas reputadas desnecessárias por já estarem os fatos
devidamente aparelhados, consubstanciando o indeferimento de medidas
inúteis ao desate da lide sob essa moldura expressão do princípio da livre
convicção e da autoridade que lhe é resguardada pelo artigo 130 do estatuto
processual de 1973. 2. O Contrato de Franquia Empresarial encerra a
fórmula pela qual o franqueador cede ao franqueado o direito de uso de
marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva de produtos
ou serviços, exigindo sua operacionalização conduta de colaboração proativa
das protagonistas do negócio com vistas a dar funcionamento ao sistema,
estando a legitimação do pactuado eminentemente ligada não só à avaliação
do perfil do candidato à franquia, que estará sujeito ao controle do
franqueador, mas, sobretudo, ao prévio detalhamento das operações
vindouras necessárias à implantação do franchising, sendo-lhe indispensável
e ínsito, portanto, o suporte e orientação preambulares e contínuos por parte
do franqueador. 3. Não se mostra coadunada com as nuances da Lei de
Franquia, criada para equilibrar a relação entre franqueador e franqueado, a
omissão de dados essenciais ou a prestação de informações inverossímeis e
destoantes da realidade que permitem que o candidato interessado opere com
falsa percepção da realidade, estando imputado à franqueadora, na fase
preambular das tratativas negociais, o dever de analisar o perfil financeiro do
interessado no aperfeiçoamento da franquia, devendo a seleção dos
franqueados ser pautada pela estrita observância de critérios, políticas e
padrões que previamente estabelecera como forma de assegurar viabilidade
ao empreendimento. 4. O poder de investimento/capacidade financeira do
interessado em ser franqueado não pode ser subestimado pelo franqueador,
que, inexorável, deve observar rol de exigências mínimas na seleção dos
interessados na implementação e operação de futuras unidades da rede, não
podendo a viabilidade do negócio ficar vinculada, exclusivamente, à
perspectiva incerta de obtenção, por parte do interessado em obter a
concessão da franquia, do financiamento dos
importes necessários junto a bancos credenciados, sob pena de se aniquilar o
negócio, fadando-o, precocemente, ao insucesso. 5. Ciente dos riscos do
negócio e das dificuldades afetas à captação de recursos junto às instituições
bancárias parceiras, tem-se por negligenciada a conduta da empresa
franqueadora que, olvidando-se da real capacidade de investimento do
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pretenso franqueador, celebra o Contrato de Franquia mesmo sabendo das


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limitações existentes, não podendo o ônus decorrente da recusa no fomento


de financiamento destinado ao franqueando dar azo à rescisão contratual por
sua culpa sob o prisma da incapacidade financeira, notadamente em se
considerando que a liberação do empréstimo era condicionada não só ao
exame dos dados pessoais dos sócios interessados, mas, sobretudo, ao exame
de documentos contábeis que devem ser fornecidos pela própria
franqueadora, destinados a demonstrar a viabilidade financeira-econômica
do projeto e comprovar a credibilidade do negócio proposto.
6. Em se tratando de atividade comercial complexa, a concessão de nova
unidade de Franquia, que não se limita à mera vantagem consubstanciada no
Know-how, não prescinde que sejam prestadas ao franqueado, na fase
preambular das negociações, informações claras e precisas sob a forma de
planejamento empresarial minucioso e detalhado apto a respaldar a decisão
do empreendedor antes de optar pela assunção do negócio, não podendo a
elaboração do Plano de Negócios basear-se em estimativas irreais ou em
cenário que efetivamente não corresponda à realidade, minimizando, assim,
os riscos inerentes ao negócio. 7. À luz dos princípios da boa-fé objetiva e da
função social do contrato, e, ainda, considerando que a idéia de parceria no
sistema de franquia pressupõe transparência e identificação de propósitos,
deve ser reprimida a atitude da franqueadora que disponibiliza ao franqueado
estimativas inconsistentes do negócio lastreadas em cenário que,
desconsiderando aspetos orçamentários importantes, não retrata os custos de
investimento necessários à implantação da unidade nem avalia, com
precisão, possíveis índices de faturamento e rentabilidade específicos à
unidade que será implantada.
8. Não se desincumbindo a franqueadora do dever que a alcança de realizar
exame pormenorizado sobre a franqueabilidade do negócio, incorrendo em
erro na elaboração do Plano de Negócio para a unidade franqueada, e
subestimando, sobretudo, a capacidade financeira da pretensa interessada, o
havido, maculando todas as fases do processo de implantação do
empreendimento, repercute diretamente na força obrigatória do pacta sunt
servanda, devendo, assim, ser mitigada em homenagem à ética e à boa
conduta das partes que, inconteste, deve permear a fase preambular das
tratativas até a execução das obrigações contratuais. 9. Apurado que o
inadimplemento havido pela não abertura da unidade franqueada não pode
ser imputado exclusivamente à franqueada à guisa do comportamento
censurável da empresa franqueadora, deve, a despeito de rescindido o
negócio, ser afastada a imposição da cláusula penal compensatória avençada,
e, outrossim, ser imposta à franqueadora a devolução do valor vertido pela
franqueada a título de pagamento da Taxa de Franquia, sob pena de se
fomentar vantagem abusiva, excessiva e iníqua, ensejando o fomento de
incremento patrimonial indevido à franqueadora, não se afigura viável,
outrossim, o reembolso dos gastos suportados pela franqueada com o
processo de implantação da unidade de franquia, uma vez que optara pela
celebração do ajuste por livre e espontânea vontade, ciente dos riscos do
negócio que estava assumindo. 10. Conquanto tenham os sócios da empresa
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franqueada ficado impossibilitados de darem continuidade ao processo de


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implantação da unidade de franquia por atos alheios à sua seara de conduta,


porque não alcançado o sucesso no pedido de financiamento bancário
necessário ao custeio do empreendimento, o havido, não lhes irradiando
nenhum efeito lesivo além do desfalque que experimentaram pelo que
despenderam no pagamento da taxa de franquia, conquanto cientes dos
riscos da negociação, não é apto a ser transubstanciado em ofensa aos
atributos da sua personalidade e caracterizado como fato gerador do dano
moral, devendo ser tratado de conformidade com sua exata dimensão, ou
seja, como intercorrência negocial que, conquanto impregnando
aborrecimento e chateação à afetada, não irradia nenhuma mácula aos
direitos da sua personalidade, ou à honra objetiva da empresa (CC, arts. 186
e 927). 11. Agravos retidos conhecidos e desprovidos. Recurso da
franqueadora conhecido e desprovido. Recurso da franqueada conhecido e
parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada. Unânime. Opostos
embargos de declaração, foram rejeitados (fls. 1.611-1.646, e-STJ). Alega
violação dos arts. 11 do Código de Processo Civil de 2015; 944, 945 do
Código Civil de 2002; e 4º, parágrafo único, da Lei n. 8.955/94, bem como
divergência jurisprudencial. Sustenta que a Circular de Oferta de Franquia
foi entregue a tempo e modo conforme determina a legislação que regula a
matéria, razão pela qual afirma que a agravada deveria ser condenada ao
pagamento da multa contratual. Afirma, ainda, que não deve arcar com todos
os ônus da rescisão contratual, pois não foi a responsável pela dissolução do
contrato. Assim delimitada a controvérsia, passo a decidir. Destaca-se que a
decisão recorrida foi publicada depois da entrarem vigor da Lei 13.105 de
2015, estando o recurso sujeito aos requisitos de admissibilidade do novo
Código de Processo Civil, conforme Enunciado Administrativo 3/2016 desta
Corte. Acerca da responsabilidade pela rescisão do contrato de franquia
firmado entre as partes, o Tribunal de origem, após detido exame dos
elementos probatórios presentes nos autos, concluiu que (fls. 1.565-1.571, e-
STJ): In casu o histórico dos fatos que pautaram a fase de pré-contratação
denuncia que a franqueadora Steak House fora, em primeiro lugar,
negligente quanto à análise do perfil financeiro da pretensa franqueada, à
medida em que, conquanto sabedora que os custos iniciais de investimento
necessários à implantação seriam de, no
mínimo, R$1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais), aprovara, através
de decisão do respectivo Comitê Executivo da Rede, a proposta da empresa
CSH Alimentos, a par de a pretensa candidata ter informado, no formulário
de pré-qualificação, que dispunha de somente R$450.000,00 (quatrocentos e
cinquenta mil reais) de capital disponível para aplicar no negócio. Ora,
partindo-se do pressuposto que uma das razões de sucesso do sistema
franchising é a utilização de 'recursos externos' para a expansão de um
conceito de negócio, mediante o uso do capital e força de trabalho de
empresas interessadas em aturar em parceria, resta imanente de dúvidas que
o poder de investimento do pretenso franqueado, necessário e imprescindível
à construção de um sistema de rede, não pode ser subestimado pelo
franqueador. Com efeito, a seleção de candidatos deve observar um rol de
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exigências mínimas à implementação de um negócio exitoso, sendo uma das


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características essenciais à sua viabilização a análise crítica acerca do poder


de investimento / capacidade financeira do franqueado, não podendo as
franqueadoras, outrossim, ficaram vinculadas à perspectiva, sempre incerta,
de obtenção, por parte do candidato interessado, do financiamento necessário
para a implantação da unidade de franquia junto aos bancos credenciados,
sendo esta uma idéia perigosa que, fatalmente, pode aniquilar, bem antes do
que se imagina, o sucesso do negócio. E é exatamente o que acontecera no
vertente caso, uma vez que, após assinado o respectivo Contrato de Franquia,
a empresa franqueada, CSH Alimentos, não conseguira o financiamento do
restante do valor necessário ao prosseguimento do negócio, ficando
absolutamente, impossibilitada de dar andamento na implantação da unidade
por não possuir os importes financeiros necessários. Entrementes, conquanto
a franqueadora Steak House tenha alegado que 'nunca declarou que a
aprovação de empréstimo seria sem nenhuma dúvida realizada pelo banco',
tendo apenas adotado a providência que lhe assistia de enviar toda
documentação às instituições financeiras, afirmando, ainda, que 'não há
nenhuma cláusula contratual ou legislação em vigência que a obrigue em ser
fiadora na franquia', fato é que - ciente de todas as dificuldades que poderiam
surgir, até mesmo em razão de experiências anteriores vivenciadas durante
idênticos processos de instalação que já havia acompanhado -, a empresa
franqueadora, simplesmente, se negligenciar a frente à realidade, permitindo
que a pretensa franqueada tivesse a falsa noção de que poderia, com
facilidade, auferir os valores necessários junto às instituições bancárias,
indicadas pela Steak House com parceiras (CEF e Banco Santander). A bem
da verdade, a proposta do candidato que manifesta seu desejo de abrir uma
franquia, por considerar um modelo de sucesso, deve ser examinada
criteriosamente, com o uso de ferramentas que só a franqueadora dispõe,
uma vez que, além de poder respaldar a avaliação de perspectivas com base
em práticas anteriores, tem em mãos, ainda, planos de estratégias pré-
definidos para a seleção, resultantes de um trabalho minucioso de
planejamento, de avaliação do próprio negócio e do modelo que se pretende
franquear. Na hipótese em comento, o teor de todas as conversas/mensagens
trocadas entre o sócio da empresa CSH Alimentos, Sr. Jean Rodrigo, e o Sr.
Ronaldo Bastos, gerente de franquia da Steak House, denunciam que o
pretenso candidato fora absolutamente claro e sincero ao disponibilizar as
informações que lhe foram exigidas para que fosse procedida a avaliação do
ser perfil, no entanto, o que se verifica é que a franqueadora não se
desincumbira do dever que lhe assistia de realizar um exame pormenorizado
sobre a franqueabilidade do negócio, incorrendo em erro na elaboração do
Plano de Negócio para a unidade franqueada, e subestimando, sobretudo, a
capacidade financeira da pretensa franqueada.
(...)
Demais disso, os elementos de prova colacionados aos autos demonstram,
ainda, que a franqueadora apresentara, num primeiro momento, números
inadequados de planejamento, ensejando que indicasse ao franqueado
informações que, em verdade, maquiavam a realidade, ou seja, 'vendera' ao
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candidato um ideal de vantagens que, com o decorrer do tempo, evidenciara-


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se absolutamente inconsistente. Em realidade, pode-se observar que as


ocorrências que sucederam a disponibilização, ao pretenso franqueado, do
Manual de Apresentação e também da respectiva Circular de Oferta de
Franquia (COF), destoam completamente de todas as previsões e
expectativas iniciais, tanto que, durante o processo de implantação, instada a
promover as adequações ao Plano de Negócios que elaborara, em razão das
incongruências identificadas pela franqueada, a Steak House se limitara a
afirmar que a variação de estimativa de custos e alterações em planilhas são
totalmente normais. Existem vários modelos de lojas e quando algum
parâmetro é modificado, como, por exemplo, o tamanho da loja e
capacidade, os índices também são modificados. O acolhimento das razões
do recurso demandaria inevitável apreciação das cláusulas contratuais, bem
como o reexame de matéria fática, procedimentos que encontram óbice nos
verbetes 5 e 7 da Súmula desta Agravo em Recurso Especial nº 1.151.005 -
DF (2017/0199455-5) Relatora: Ministra Maria Isabel Gallotti. Data de
publicação: 11/03/2019.

No que concerne à solidariedade (entre franqueado e franqueadora) e


responsabilidade o mesmo Tribunal (Superior Tribunal de Justiça) entende que no primeiro caso, na
maioria das vezes ocorrerá à solidariedade e a responsabilidade será objetiva (aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, art. 14, dando interpretação extensiva ao dispositivo legal, de modo que
amplia a palavra ”fornecedor”, dando a entender que dentro deste conceito abarcam também os
franqueadores/franqueados), cabendo à empresa se respaldar para que haja o mínimo de risco
possível, a fim de evitar quaisquer dissabores, contudo tal entendimento pode ser mitigado (“6 – O
franqueador não responde por práticas ilícitas do franqueado que não envolvam o comércio dos seus
produtos ou serviços” Agravo em Recurso Especial nº 1.116.303 - MS 2017/0136712-0) Relator :
Ministro Marco Buzzi. Data de Publicação: 03/05/2019. Em oposto sentido:

Apelação. Ação de indenização por dano moral. Queda de menor em


brinquedo no estabelecimento Habibs. Preliminar de ilegitimidade passiva da
franqueadora. Rejeição. A obrigação do franqueador é solidária, tendo em
vista a participação na cadeia de consumo, nos termos do artigo 7º, parágrafo
único e artigo 25 do Código de Defesa do Consumidor. O ilícito narrado na
inicial será analisado pelo prisma da responsabilidade objetiva, nos termos
do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, de modo que tanto
franqueada, como franqueadora, são responsáveis solidariamente pelo
ocorrido. Acordo pactuado entre as partes para cobertura de despesas
médicas e transporte com plena e ampla quitação. Inteligência do artigo 157
do Código Civil. Ocorrerá a lesão, apta a invalidar o negócio, quando, em
7

pacto comutativo, uma das partes, por inexperiência ou necessidade


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premente, obriga-se a prestação significativamente desproporcional à outra.


Vulnerabilidade do menor. Ótica consumerista. Agravo em Recurso Especial
nº 1.370.844 - SP 2018/0250433-8 Relator: Ministro Luís Felipe Salomão.
Data de publicação: 04/04/2019.

A franqueadora responde pelos danos causados pela franqueada aos


consumidores? A franqueadora pode ser solidariamente responsabilizada pelos danos causados pela
franqueada aos consumidores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.426.578-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 23/6/2015 (Info 569) Assim, o franqueador também é considerado como um fornecedor de
serviços, respondendo, portanto, de forma solidária com o franqueado pelos danos causados aos
consumidores.

E não há qualquer previsão legal - nem mesmo na Lei das Franquias -


sobre a eventual isenção de responsabilidade da franqueadora em relação aos atos praticados pelas
respectivas franqueadas, impondo-se o reconhecimento da cadeia de consumo entre as empresas, por
força da teoria da aparência. (TJSP, Apelação Cível nº 1000284-88.2017.8.26.0068 – Relatora: Desa.
Silvia Maria Facchina Espósito Martinez).

Neste sentido, a jurisprudência do TJSP:

RECURSO APELAÇÃO CÍVEL PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


EDUCACIONAIS C(...) Autora que manteve contrato de prestação de
serviços educacionais com determinada pessoa jurídica atuante junto ao
mercado por sistema de franquia (franchising). (...) Ação intentada em face
da prestadora direta ( franqueada ) e da indireta ( franqueadora ). (...)
Insurgência recursal versando sobre ilegitimidade passiva,
irresponsabilidade por atos da franqueada, impossibilidade material de
cumprimento do comando sentencial e inadequação das condenações.
Descabimento do acolhimento recursal. Cadeia de fornecimento
configurada. Franqueadora que deve responder por atos de sua
franqueada perante terceiros, nos termos do Código de Defesa do
Consumidor. (...). (Apelação Cível 0001251-32.2015.8.26.0615; Relator:
Desembargador Marcondes D'Angelo; 25ª Câmara de Direito Privado;
Julgamento: 14/09/2017).
8

A Lei de Franquias – Lei nº 8.955/1994, estabelece em seu art. 2º que:


Pá gina

Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao


franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de
distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos
pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no
entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.

O art. 2º estabelece o conceito legal de franchising. Insta salientar


que a franquia não se resume à concessão do direito de exploração da marca. O franchising também
impõe a obrigação de fornecimento de suporte e transferência de know-how sobre métodos gerenciais,
administrativos e operacionais.
Caso o interesse do detentor da marca seja apenas de conceder o
direito à sua exploração, recomenda-se que ele assine um contrato de Licença de Uso de Marca. Desta
forma, não irá se comprometer com fornecimento de suporte aos associados. Esses, por sua vez, terão
maior autonomia para atuar1.

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO AO ART. 535 NÃO VERIFICADA. CONTRATO DE
FRANQUIA. ANULAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS
ELENCADOS NO ART. 3º DA LEI N. 8.955/1994. ALEGAÇÕES
GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. PRAZO DE ENTREGA DE
DOCUMENTO. ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL DE ORIGEM,
CALCADA NO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO, CONCLUINDO
PELA DESINFLUÊNCIA NO INSUCESSO DO NEGÓCIO JURÍDICO.
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. 1. Não caracteriza omissão quando o tribunal
adota outro fundamento que não aquele defendido pela parte. Destarte, não
há que se falar em violação do art. 535, do Código de Processo Civil, pois o
tribunal de origem dirimiu as questões pertinentes ao litígio, afigurando-se
dispensável que venha examinar uma a uma as alegações e fundamentos
expendidos pelas partes. 2. O recurso especial reclama que a argumentação
erigida demonstre de plano, mediante uma concatenação lógica, o
malferimento dos artigos pelo acórdão recorrido. Na espécie, a recorrente
limita-se a arguir violação dos art. 3º, II, III, VIII, "a", "b", "c", IX, X, "a",
9

XII, "a", "b", XIII, XIV e XV da Lei n. 8.955/94 sem indicar, clara e
Pá gina

objetivamente, de que forma tais dispositivos teriam sido

1
Disponível em: <https://centraldofranqueado.com.br/blog/lei-de-franquias/>. Acesso em 13 de maio de 2019.
violados, de sorte que a alegação genérica de ofensa à lei caracteriza
deficiência de fundamentação, em conformidade com o enunciado sumular
nº 284 do STF. 3. O Tribunal de origem, com base nas provas carreadas
aos autos, concluiu que o descumprimento por parte do franqueador da
obrigação de entregar a circular de oferta de franquia - COF no prazo
de dez dias, não foi a causa deteminante para o insucesso do negócio
jurídico, e que o descumprimento dessa formalidade não essencial não é
passível de anular o contrato depois de passado quase dois anos de
exploração da atividade empresarial, de forma que a revisão do julgado
demandaria inegável necessidade de reexame de provas,
providência inviável de ser adotada em recurso especial, ante o
óbice da Súmula 7/STJ. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no
AREsp 572.553/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 12/2/2015, DJe 19/2/2015). No mérito, o recurso não
prospera, em razão do obstáculo da Súmula 7/STJ.

E ainda:

FRANQUIA. PRETENSÃO AO DECRETO DE INVALIDADE DO


AJUSTE OU DE RESCISÃO. IMPROCEDÊNCIA. FRANQUIA.
CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA. VÍCIOS NO DOCUMENTO.
RATIFICAÇÃO DO FRANQUEADO, QUE CELEBROU O CONTRATO
E MANTEVE SEU NEGÓCIO POR UM ANO. JURISPRUDÊNCIA DO
TRIBUNAL. FATURAMENTO QUE TAMBÉM DEPENDE DO
TRABALHO DO FRANQUEADO. AUSÊNCIA DE PROVAS
QUANTO ÀS FALHAS DA RÉ NA ASSESSORIA. RECURSO
PROVIDO. Franquia. Pedido da autora para que o contrato seja
anulado ou rescindido. Alegação de defeitos na Circular de Oferta de
Franquia. Alegação de que a estimativa de faturamento não se
concretizou. Alegação de falta de assessoria. Circular de Oferta de
Franquia. Vícios. Não é possível declarar a invalidade do contrato por
vício na COF se o ajuste foi celebrado e o negócio foi desenvolvido por
um ano. Faturamento meramente estimativo da ré, cabendo ao
franqueado o desenvolvimento da atividade empresarial buscando lucro
pretendido. Ausência de assessoria. Falta de provas, pela autora, de suas
alegações. Não há indicativo nos autos de que o insucesso do negócio
deve ser imputado à ré. Improcedência do pedido. Recurso provido (e-
STJ, fl. 696). Os primeiros embargos de declaração foram rejeitados (e-
STJ, fls. 766/768) e os segundos, não foram conhecidos com aplicação de
multa (e-STJ, fls. 775/777). CAROLINA interpôs recurso especial com
base no art. 105, III, a e c, da CF, sob a alegação de violação dos arts. 4º e 7º
10

da Lei 8.955/1994 e dissídio jurisprudencial, pelos fundamentos assim


sintetizados (1) é permitido ao franqueado pedir a anulação do Contrtao de
Pá gina

Franquia e as devoluções das quantias pagas no caso de veiculação falsa na


COF; (2) apesar de admitir a existência de vício na COF, decidiu contrário à
previsão legal, em razão de a recorrente ter desenvolvido a atividade pelo
período de um ano; (3) na hipótese vertente, a unidade franqueada foi
inaugurada em julho/2014 e encerrada em 08/01/2015, ou seja, operou
apenas por cinco meses e não por um ano, como entendeu a Corte estadual;
(4) deve ser afastada a multa aplicada com base no art. 1026, § 2º, do NCPC.
Foram ofertadas contrarrazões (e-STJ, fls. 837/843). O Tribunal local
inadmitiu o apelo nobre por (1) não ter sido demonstrada a infringência aos
preceitos legais arrolados; (2) o dissídio jurisprudencial não ficou
demonstrado. CAROLINA ingressou com agravo em recurso especial
sustentando que o recurso preenche os requisitos necessários à sua
admissibilidade e reiterou os termos do recurso especial. (AREsp 1.429.713
– Ministro Relator: Moura Ribeiro, Data da publicação: 21/02/2019).

S.M.J., esta é a nossa opinião.

Sempre cordialmente,

LEBARBENCHON, PEDROZA & BOEMER


ADVOGADOS
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Pá gina

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