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SARCOIDOSE

Sinônimos/subgrupos 

Síndrome de Löfgren – eritema nodoso, linfonodopatia hilar, febre, artrite 

Síndrome de Heerfordt – aumento da glândula parótida, uveíte, febre, paralisia dos nervos


cranianos

Doença de Darier-Roussy – sarcoidose subcutânea 

Características principais 
Doença granulomatosa sistêmica de origem desconhecida que costuma afetar os pulmões 

Manifestações cutâneas: mais de 1/3 dos pacientes, podendo ser o 1º sinal da doença

Localização: face, lábios, região cervical, tronco superior e extremidades

Variantes: lúpus pérnio, subcutânea, ictiosiforme, angiolupoide e ulcerativa

Eritema nodoso: achado cutâneo inflamatório não específico associado à sarcoidose aguda
transitória

HP: granulomas epitelioides não caseosos, geralmente sem infiltrado linfocítico circunjacente


(ou seja, granuloma “desnudo”)

Afeta todas as raças, idades e ambos os sexos.

Distribuição bimodal: picos entre 25 e 35 anos, e depois novamente entre 45 e 65 anos em


mulheres.
Sazonalidade: no inverno e na primavera há maior incidência de lesões sarcoídeas e EN.

Mais de um terço dos pacientes com sarcoidose sistêmica desenvolvem lesões cutâneas, que
podem ser a primeira ou única manifestação clínica da doença.

Manifestação cutânea mais comum: pápulas e placas vermelhoacastanhadas.

Tendência à simetria.

Normalmente, as lesões cutâneas não têm alterações secundárias, mas às vezes podem
desenvolver ulcerações ou escamas.

As apresentações menos comuns são hipopigmentação (Fig. 93.3A), nódulos subcutâneos,


ictiose adquirida (Fig. 93.3B), alopecia e discretas lesões micropapulares.

Eritrodermia, eritema multiforme e placas verrucosas são manifestações raras.

Um achado clássico é o desenvolvimento de sarcoidose cutânea em cicatrizes preexistentes ou


em locais de traumatismo (Fig. 93.2E).    

Dermatoscopia: áreas semelhantes a glóbulos amarelo-translúcidos a laranja ou


sem estruturas estão associadas a vasos lineares e podem ser vistas em lesões da sarcoidose. 

Pode existir uma aparência em “contas” na borda do nariz

Lúpus pérnio: associação à sarcoidose crônica dos pulmões (75%) e do trato respiratório


superior (50%). Além disso, lesões císticas nos ossos das falanges distais são vistas mais
frequentemente.

Embora a maioria das lesões cutâneas de sarcoidose seja assintomática e, com tratamento,


não deixam cicatrizes, o lúpus pérnio é geralmente uma exceção. 
Manifestação cutânea inespecífica mais importante: eritema nodoso.
Associação com sarcoidose transitória subaguda – normalmente de resolução espontânea, não
exigindo corticoides sistêmicos.
Em geral, não há manifestação cutânea adicional.

Alterações ungueais: hipercurvatura, ceratose subungueal e onicólise.

Sarcoidose oral: a mucosa jugal, gengiva, língua, palato duro e glândulas salivares maiores.

A síndrome de Heerfordt (febre uveoparotídea) envolve aumento da glândula parótida, uveíte,


febre e paralisias dos nervos cranianos, geralmente do nervo facial.

Manifestações sistêmicas variáveis.

Doença pulmonar: 90% dos pacientes, de alveolites a infiltração granulomatosa do alvéolo,


veias pulmonares, bronquíolos, pleura e septos fibrosos.

Estágio final: fibrose com bronquiolectasias e padrão tipo “favo de mel” do parênquima


pulmonar.

Linfonodopatia hilar e/ou paratraqueal: geralmente assintomática. 90% dos pacientes. 

Inflamação granulomatosa: fígado, bexiga, ossos, rins, TGI e LFN periféricos.


SNC e periférico, músculos, coração, glândulas endócrinas (p. ex., hipófise, tireoide) e medula
óssea.
Ocasionalmente: orelhas, mamas e sistemas reprodutores masculinos e femininos.

A sarcoidose ocular pode se apresentar com inflamação granulomatosa do trato uveal


(íris, corpo ciliar, coroide), retina, nervo óptico, conjuntiva e glândulas lacrimais.

A sarcoidose na infância é rara e, geralmente, apresenta-se com a tríade constituída de artrite,


uveíte e lesões cutâneas com sintomas sistêmicos.

Também pode haver linfonodopatia periférica, mas o envolvimento pulmonar é menos comum


se comparados com o de adultos.

A sarcoidose deve ser considerada como um diagnóstico diferencial de qualquer doença da


infância com artrite, especialmente se houver sintomas oculares. 

Há hipercalcemia em mais de 10% dos pacientes.

Hipercalciúria e nefrocalcinose subsequentes podem levar à insuficiência renal.

Linfopenia, leucopenia e VHS aumentado podem ser observados em mais de 40% dos


pacientes. 

Patogênese A sarcoidose é uma doença granulomatosa multissistêmica caracterizada por


uma hiperatividade do sistema imune mediado por células. Especificadamente, a
superregulação das células T-helper CD4+ do subtipo Th1 ocorre após o surgimento
de antígenos por monócitos com moléculas de classe II do complexo maior
de histocompatibilidade (MHC), o qual inicia a formação de granulomas epitelioides em uma
série de tecidos2. No pulmão, tem sido descrita uma população de células T oligoclonais α/β.
Isso sugere que os desencadeadores antigênicos da sarcoidose favorecem um acúmulo e uma
ativação progressivos dos clones da célula T específica3.   

O aumento da produção de citosinas Th1, como a interleucina (IL)-2 e o interferon (IFN)-γ, bem


como a liberação de fator de necrose tumoral (TNF)-α pelos macrófagos, resultam no estímulo
das células B e à hipergamaglobulinemia. A IL-12 também parece ter função na sarcoidose,
assim como as células T CD4+ do subtipo Th17.    O fator quimiotático para monócitos (MCF),
produzido por células T-helper ativadas, atrai monócitos circulantes para os tecidos periféricos.
A compartimentalização dos linfócitos T e dos monócitos formadores do granuloma nos
tecidos periféricos causa linfopenia e reduz a hipersensibilidade tardia aos antígenos comuns
(anergia), mais pronunciada nos estágios iniciais da sarcoidose.

Além disso, as células T reguladoras podem atuar no estado anérgico. Talvez o fato de que a
IFN-α, especialmente quando administrada para infecções virais de hepatite C, induza
sarcoidose cutânea esclareça melhor a imunopatogenia.

Os antígenos responsáveis pela série de eventos que levam à formação do granuloma nos


pacientes com sarcoidose permanecem desconhecidos. Alguns autores propõem uma etiologia
autoimune, enquanto outros têm procurado por causas infecciosas. A teoria mais recente
baseia-se na observação de granulomas sarcoides que se desenvolveram em pacientes que
receberam órgãos transplantados de doadores com sarcoidose. Sequências de DNA
micobacteriano foram identificadas em tecidos pulmonares, sangue periférico, pele e líquido
cerebroespinal de pacientes com sarcoidose em alguns estudos4. Pacientes com sarcoidose
não desenvolveram sintomas de infecção fulminante quando em uso de agentes
imunossupressores, o que constitui um argumento contra a etiologia infecciosa pura. Além
disso, as micobactérias não foram cultivadas a partir de tecidos com sarcoidose. Causas
possivelmente virais de sarcoidose, como o herpesvírus humano 8 (HHV-8), têm sido
postuladas, mas não comprovadas5. 

Lesões sarcoídicas têm sido relatadas em pacientes infectados pelo HIV durante a restauração
imune, quando se introduz a terapia antirretroviral. Entretanto, nenhuma evidência de
infecção pelo Mycobacterium tuberculosis pode ser identificada nestas lesões semelhantes à
sarcoidose6.    A suscetibilidade genética à sarcoidose tem sido associada aos alelos HLA-1,
HLA-B8 e HLA-DR37 e, mais recentemente, aos HLA-DRB1 e DQB188. Polimorfismos na
codificação do gene da enzima conversora de angiotensina (ECA) também foram identificados
em pacientes com sarcoidose.

Associações ocupacionais têm sido relatadas em trabalhadores da área de saúde, bombeiros e


marinheiros a bordo de porta-aviões.

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