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Cristiano Coelho
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás)
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All content following this page was uploaded by Cristiano Coelho on 27 October 2016.
Lorismario E. Simonassi1
lorismario@gmail.com
Carlos Eduardo Cameschi2
Cristiano Coelho1
Ana Elisa Valcacer de Brito Coelho3
Estefânia Cheruli Fernandes3
Resumo
1 Professores da PUC-Go.
2 Professor da UnB.
3 Bolsistas do PIBIC. PUC-Go.
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A primeira versão do behaviorismo formulada por Watson (1913, 1930) enfatizou a busca de
métodos apropriados para o estudo do comportamento observável e influenciou algumas versões do
behaviorismo filosófico (ou positivismo lógico) nas tentativas de se formular definições operacionais
dos conceitos mentais com base no comportamento como, por exemplo, as de Carnap e Ryle (Dutra,
2000, 2004, 2005). Por outro lado, desde o início, a versão proposta por Skinner (1938, 1945, 1953,
1957, 1969, 1974), denominada behaviorismo radical, se preocupou com o desenvolvimento de
conceitos empiricamente derivados para resumir as relações funcionais observadas, ou seja, descrever
as regularidades descobertas ao longo dos estudos das interações organismo-ambiente e ampliou o
estudo científico do comportamento em uma abordagem behaviorista ao estudo dos fenômenos dos
quais não se podiam investigar por consenso, os quais foram por ele denominados eventos privados
(Baum, 1994; Skinner, 1945, 1953). Em função dessa diferença nas ênfases, ao longo de sua obra,
Skinner refere-se às outras abordagens como versões do behaviorismo metodológico, incluindo
as propostas de Hull (1943), Tolman (1948) e outras baseadas em modelos de processamento de
informações, e sustenta que todas são variações da psicologia estímulo-resposta, ou SR, que se
distinguem apenas pelas inferências invocando mediadores fisiológicos, mentais ou cognitivos na
tentativa de explicar o comportamento.
A primeira distinção conceitual importante formulada por Skinner (1938) foi entre comportamento
respondente e comportamento operante, sendo o primeiro eliciado por estímulos antecedentes,
enquanto o segundo é emitido em função de conseqüências reforçadoras passadas. Nestas duas classes
têm sido observados ainda aspectos distintos com relação ao próprio processo de aprendizagem.
Enquanto no comportamento respondente o processo de condicionamento leva à transferência da
eliciação de uma resposta por outro estímulo (ou de respostas opostas), no comportamento operante
o processo de conseqüenciação pode ser responsável pelo aparecimento de respostas novas e, muitas
vezes, com topografia diversa da resposta inicialmente consequenciada (Mazur, 1994). Neste sentido,
pode-se dizer que a variabilidade da resposta nova é mais restrita no condicionamento respondente
que no operante. Esta distinção justificaria a proposição de um novo processo, o qual seria responsável
pelo aparecimento de processos comportamentais complexos e explicaria, na abordagem de Skinner,
o aparecimento de novos comportamentos (Skinner, 1969).
Simonassi . Cameschi . C. Coelho . A. E. V. B. Coelho . Fernandes
Além disso, esse processo também teria repercussões na medida comportamental. Enquanto
intensidade e latência frente a determinados estímulos eliciadores podem ser tomadas como principais
medidas para a análise do comportamento respondente, Skinner propõe que o condicionamento
operante leva à mudança na probabilidade (ou frequência) da resposta consequenciada em relação
às demais respostas presentes no repertório do indivíduo em um dado momento, não submetidas a
esta consequenciação.
Esta distinção promoveu muitas tentativas de reduzir um processo comportamental ao outro e vice-
versa, mas há muitas linhas de evidências empíricas que a sustentam (Catania, 1998). Também há na
literatura muitas tentativas de refutação do princípio do reforço na explicação do comportamento
Comportamento em Foco 1 | 2011
operante, como o antigo e polêmico fenômeno da aprendizagem latente (Tolman & Honzik, 1930,
citado por Catania, 1998), as ênfases em mediadores fisiológicos (Hull, 1943) ou cognitivos (Tolman,
1948), e também o relato de Breland e Breland (1961) sobre a insurgência de padrões específicos da
espécie sobrepondo-se às contingências operantes, a despeito de isso ocasionar perda de reforçadores.
Há ainda uma série de estudos iniciados com os estudos de Williams e Williams (1969) sobre omissão
de reforços no qual se observa que, dependendo das condições arranjadas experimentalmente,
pombos bicam um disco trans-iluminado e perdem parte dos reforçadores comestíveis programados
na sessão experimental. Sem dúvida, responder para eliminar reforçadores seria um problema para
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a distinção respondente-operante. No entanto, um experimento elucidativo feito por Barrera (1974)
demonstra que a omissão de respostas de bicar o disco é o resultado de um conjunto de respostas
emitidas em série à parede onde se localiza o disco, de forma que uma destas respostas da série,
no caso a última resposta, é emitida à borracha utilizada para amortecer a volta do disco à parede
de alumínio. As bicadas inicialmente eram centrifugadas relativas ao sinal preditivo de alimento
até que uma das respostas era direcionada à borracha, e prendendo-a ao bico o pombo forçava-a,
e esta desligava o comedouro. Entretanto, os casos de insurgências sugerem apenas que quando o
reforçador é alimento, os estímulos discriminativos que o acompanham também induzem outros
padrões comportamentais relacionados à alimentação e ilustram instâncias de interações operante-
respondentes (Davis e Hurwitz, 1977) e não a existência de anomalias nos padrões comportamentais
não descritas por relações de contingências.
Além disso, esses resultados sugerem que um único estímulo pode afetar uma ampla faixa de
respostas tanto fisiológicas como motoras, e pesquisas ulteriores mostram que dependendo de
suas funções serem pré-apetitivas ou pré-aversivas eles induzem diferentes estados emocionais e
motivacionais (Catania, 1998). Portanto, esses processos comportamentais são importantes e
inspiraram novas linhas de pesquisa focalizando essas interações entre as contingências em busca
de melhor entendimento das influências biológicas que favorecem ou impõem limites para a
aprendizagem operante (Richelle, 1993).
Outra tentativa de invalidação focalizando não o princípio do reforço e sim o da punição é ilustrada
na pesquisa sobre a aprendizagem de aversão gustativa (Revusky & Garcia, 1970), em que um rato
para de comer ou beber se mais tarde, depois de comer ou beber, ele fica doente, em comparação
com o comer ou beber contingente à produção de estímulos que antes foram correlacionados com
choques. Revusky e Garcia confundem os processos envolvidos ao afirmarem que os ratos aprenderam
alguns estímulos ou algumas respostas mais facilmente do que outros estímulos ou outras respostas
e, equivocadamente, sustentam que seus resultados invalidam o princípio do reforço e da punição.
Ou seja, quando o estímulo aversivo era a conseqüência sistêmica da aplicação de raios X, os ratos
aprenderam apenas a sua relação com o gosto da água consumida, mas quando a estimulação aversiva
era o choque, os ratos aprenderam apenas a sua relação com os sons e as luzes que a precediam. Assim,
os efeitos atrasados da irradiação com os raios X puniram beber água doce, e os efeitos imediatos
do choque puniram beber a água brilhante e barulhenta, e tais resultados indicam apenas que eles
são predispostos a aprender relações diferentes entre os estímulos discriminativos e as contingências
eram liberados de acordo com um esquema de Tempo Fixo (FT), e registros dos comportamentos
dos pombos foram feitos durante o intervalo das ocorrências entre as liberações dos reforçadores.
No primeiro, Skinner observou que a mera relação temporal entre uma resposta e a apresentação
do reforçador poderia aumentar a freqüência desta resposta. No segundo, Staddon e Simmelhag
observaram que os comportamentos nesses intervalos não eram erráticos, isto é, não ocorriam
sem uma ordem. No total foram registrados 16 comportamentos neste estudo. De acordo com a
distribuição desses comportamentos no intervalo eles passaram a ser chamados de atividades
interinas e atividades terminais. Por exemplo, respostas de limpeza das penas jamais ocorriam ao
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final do intervalo, isto é, próxima à liberação do reforçador. Elas sempre ocorriam imediatamente
após a liberação do reforçador. Por outro lado, comportamentos de bicar o disco ou o piso da caixa
sempre ocorriam próximo à liberação do reforçador. Havia, portanto, uma ordem aproximadamente
fixa de ocorrência da seqüência de comportamentos emitidos no intervalo de tempo do esquema FT.
A segunda distinção conceitual importante proposta por Skinner (1969) é entre comportamento
modelado diretamente por contingências não-descritas e comportamento governado por regras,
este sendo típico somente no nível humano porque depende do comportamento verbal. Em sua
análise operante da resolução de problemas, Skinner (1969) defende que resolver problemas equivale
a produzir estímulos discriminativos, de modo que posteriormente tais estímulos passam a controlar
a atividade de solução de problemas. Os estímulos discriminativos podem ser não-verbais, como
quando as marcas deixadas em uma região desconhecida sugerem um caminho em direção a alguma
conseqüência reforçadora. Quando tais estímulos são verbais e descrevem as contingências relevantes
entre contexto, ações e conseqüências equivalem a regras que passam a controlar o comportamento
de quem as formulou, bem como o de outras pessoas que nunca entraram em contato com as
contingências originais, mas passam a lidar com elas orientadas pelas regras (Skinner, 1969).
Já há uma vasta literatura descrevendo os efeitos de regras sobre o comportamento, sejam sobre
situações que promovem o contato com as contingências ou que o dificultam (e.g., DeGrandpre
& Burkist, 1991; Galizio, 1979). Há também outros estudos que demonstram que a exposição a
contingências não descritas pode promover a formulação de autorregras adequadas ou não para lidar
com tais contingências, que quando efetivas podem promover processos de organização/ordenação
do comportamento (cf. Ceruti, 1989). Há alguns anos, Simonassi (1999) relatou um estudo sobre
comportamento verbal onde ocorrências de organização/ordenação do comportamento foram
observadas. Em estudos de demonstração com alunos de suas disciplinas, uma demonstração
experimental em que alunos universitários são instruídos a tocar figuras geométricas coloridas,
dentro das quais existem números ou letras, ou ainda números pares e ímpares, com probabilidades
aleatórias desses símbolos estarem associados com as cores verde e vermelha, tem-se observado
o mesmo processo comportamental de ordenação/organização dos comportamentos verbais. A
descrição resumida do estudo com letras e números ajudará na compreensão do leitor.
Simonassi . Cameschi . C. Coelho . A. E. V. B. Coelho . Fernandes
sem qualquer indício, aparece na tela a seguinte pergunta a ser respondida em uma tira de papel
enumerada ao lado do participante:
“Escreva como você está fazendo para solucionar este exercício.”
Após o participante ter redigido sua resposta, esta era colocada em uma urna que ficava ao lado
do participante, e nova tentativa começava. As conseqüências da redação jamais são reforçadas ou
punidas, embora haja variações do procedimento, e entre os estudos sobre o tema há aqueles em que
os relatos são consequenciados (e.g., Sanabio & Abreu-Rodrigues, 2002). Dois tipos de registros de
respostas são feitos para posterior análise: os acertos e erros em cada tentativa da resposta de tocar
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a tela e as descrições solicitadas. Para facilitar a compreensão, as quatro contingências programadas
que compõem o experimento são as seguintes:
Tabela 1
Respostas corretas e erradas e descrições das contingências
Acertos/ Acertos
Tent Estímulos Relatos
Erros Acum
01 A + 1 Estou fazendo escolha aleatória.
02 20 + 2 -
03 8 - 2 Números maiores:vermelho. Números menores verde.
04 G - 2 -
05 Z + 3 Tentei relacionar as letras com as cores.
06 A + 4 -
07 20 + 5 -
08 4 - 5 -
09 T - 5 -
10 20 - 5 Escolha aleatória.
11 K - 5 -
12 V + 6 -
13 P + 7 -
22 6 + 15 -
23 10 + 16 -
24 P + 17 -
25 A + 18 Idem anterior
26 T + 19 -
27 18 + 20 -
28 12 + 21 -
29 F + 22 -
30 20 + 23 Idem anterior
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Observando a Tabela 1, verificamos que o participante obteve um total de 23 acertos em trinta
possíveis e que todos eles foram contingentes à resposta de tocar a tela e não os relatos. Se olharmos
para a coluna de relatos, que sempre eram precedidos pelo mando que aparecia na tela -- “Escreva como
você está fazendo para solucionar esse exercício” -- veremos que independentemente da apresentação
de reforço contingente ao relato, o comportamento verbal de descrição da contingência colateral
varia de “Estou fazendo escolha aleatória” na tentativa número 1 até “Idem anterior” na tentativa 20.
Nas tentativas onde existe um traço ( - ) o relato não foi solicitado. Se pudermos especular um pouco,
diríamos que o relato verbal da tentativa número 1 está ainda sob controle das instruções e da história
pessoal do participante. Contudo, para se referir à história pessoal em experimentação, começa a se
formar uma tradição de que precisamos “construir” a história experimentalmente para podermos
estudá-la. Olhando ainda a coluna de relatos, observa-se que os relatos vão ficando sob controle do
que o participante faz na contingência colateral, onde o reforçador está programado. Pode-se verificar
que o reforçador aumenta a frequência da resposta de tocar na tela, conforme mostra a coluna de
frequência acumulada, e ordena/organiza o repertório verbal do participante. Alguém poderia
argumentar que quando o participante descreve suas respostas, ele confronta o seu desempenho na
contingência colateral com suas respostas verbais e pode mudar as respostas verbais em função destas
comparações. Mesmo assim permanece o fato de que as descrições não são diretamente reforçadas,
pelo menos na programação experimental. Conforme mostra a coluna dos relatos, verificamos que
entre as tentativas ocorre aumento da frequência das palavras que descrevem a contingência. No
presente estudo, as palavras, que podem ser chamadas de palavras-chave são as seguintes: letras,
números, verde, vermelho, cor, certo, errado, tocar. Estas palavras aumentam de frequência entre
as tentativas. Por exemplo, na tentativa 3, após dois acertos na contingência colateral, o participante
emitiu quatro palavras-chave, sendo duas repetidas – a palavra “número”. Na tentativa 5, mais duas
palavras-chave foram emitidas (letras e cores), acumulando seis palavras-chave. Sem dúvida, a
frequência de respostas verbais está aumentando, porém os comportamentos verbais emitidos não
são de repetição como acontece na maioria dos estudos feitos sobre aprendizagem operante. Além do
aumento da frequência ocorre ordenação/organização semelhante ao estudo anteriormente citado
de Staddon e Simmelhag (1971). Por exemplo, após a tentativa 15, isto é, na tentativa 20, o operante
verbal que ocorre é “Idem anterior”, e aumenta de frequência entre as tentativas, nas tentativas 25 e
30. “Idem anterior” não ocorre nas tentativas iniciais.
Em outros estudos (Simonassi & Fernandes, 2007; Simonassi; Tizo; P. Xavier & Rocha, 2010),
Simonassi . Cameschi . C. Coelho . A. E. V. B. Coelho . Fernandes
e foram reforçados toques sobre palavras pertencentes à classe gramatical verbos. Posteriormente os
participantes retornaram à Linha de Base. Ao final, um novo agrupamento de palavras foi solicitado
aos participantes. A Tabela 2 apresenta os dados gerais durante as LBs e o treino.
Podemos observar um aumento gradual de toques sobre verbos da primeira para a terceira sessão
de treino e manutenção de porcentagem maior durante as sessões de Linha de Base pós-treino, como
seria previsto pela contingência programada. Contudo, o dado relevante para a presente análise
refere-se à forma do agrupamento antes e depois da condição experimental. Na primeira sondagem
nenhum dos seis participantes tinha agrupado as palavras da lista de acordo com suas classes
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gramaticais. Já na sondagem de agrupamento pós-condição experimental cinco dos seis participantes
agruparam as palavras conforme este critério. Deve ser ressaltado que em nenhum momento um
agrupamento específico foi instruído ou consequenciado, de forma que a exposição à contingência
reforço de toques sobre palavras da classe gramatical verbos teve como produto o aumento dessa
resposta e, provavelmente, seja a responsável pelo agrupamento de palavras pertencentes a esta classe
e, principalmente, pelo agrupamento das palavras das demais classes gramaticais.
Tabela 2
Porcentagem de escolha das classes gramaticais nos treinos e Linhas de Base pré e
pós-treino
As porcentagens obtidas para a classe Verbos (classe para a qual as respostas foram reforçadas no treino) foram
destacadas.
Classe LB1 LB2 LB3 TR1 TR2 TR3 LB4 LB5 LB6
Verbo 12,2 16,6 16,6 52,8 70,5 95,5 77,8 41,6 48,9
Advérbio 19,4 20,5 12,8 12,2 5,5 3,3 2,8 18,3 1,6
Skinner (1957) chama a atenção para a necessidade de se tomar o episódio verbal como unidade
de análise do comportamento verbal e que, em comportamentos intraverbais, as relações do
comportamento do falante e do ouvinte devem ser consideradas. Tal postura responderia à
preocupação de Place (1997) de que uma pessoa, ao se comportar verbalmente, apresenta uma
anomalia na sua conversação usual, pois não continuam repetindo uma palavra ou sentença várias
vezes. Embora Leigland (2000) tenha respondido a Place (1997), pensamos que a resposta teria
mais amparo se pudéssemos atentar para esta outra função do reforçador de organizar/ordenar o
comportamento operante, principalmente o comportamento verbal. É salutar lembrar que as duas
funções reforçadoras – aumento e organização – não são excludentes. Em um experimento recente
em que, durante um episódio verbal, os repertórios do falante e ouvinte são partes de um fluxo
comportamental, onde ambos os protagonistas mudam de função alternadamente enquanto falantes
e ouvintes, sob o controle discriminativo de variáveis comuns e de modo tal que este fluxo de
comportamentos implica em reforço mútuo, ingrediente básico de qualquer tipo de relacionamento
(Baum, 1994). Quando Place (1997) aponta para anomalias, estas podem ser exemplificadas no
seguinte episódio verbal: 1) Como é o seu nome? 2) Bush, Bush, Bush, Bush… . A repetição implica em
anomalia, principalmente se o nome do partícipe for Pedro. Seria uma fala apropriada se a resposta
fosse “Pedro” e logo em seguida ocorresse outra resposta verbal, por parte do falante, como por
exemplo, Por que você deseja saber o meu nome?
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No estudo demonstrativo a que se refere a Tabela 1, as falas (relatos) do participante não exigem
repetições dentro de cada uma das tentativas, mas sim entre as tentativas. O reforço, além de aumentar
a frequência das palavras, ainda organiza o comportamento verbal, mesmo que este não tenha sido
diretamente submetido a procedimentos de consequenciação.
Na análise do comportamento verbal resta-nos apontar que a função de organização/ordenação
de comportamentos verbais só se aplica naqueles casos em que os repertórios verbais das pessoas
já tenham sido aprendidos. Neste sentido, esta função possivelmente derive de longa exposição
a contingências de reforço frente a estímulos discriminativos que compartilhem propriedades
funcionais, sejam eles verbais ou não verbais.
Conclusão
Considerando a análise acima, o conceito de causação múltipla de Skinner (1957), ou seja, que
uma resposta é função de mais de um estímulo e que um estímulo pode afetar mais de uma resposta,
é útil não somente para a análise do comportamento verbal, mas também para a análise de muitos
outros processos comportamentais, tanto no nível humano como no não-humano (Chiesa, 1994).
As distinções acima apontadas também permitem compreender os vários níveis de seleção pelo
reforço, na medida em que este pode: (a) aumentar a probabilidade de respostas que produzem
ou removem estímulos, correspondentes ao reforço positivo e negativo; (b) estabelecer funções
discriminativas e reforçadoras condicionadas aos estímulos que tenham algum papel preditivo
das consequências que estabelecem ocasiões para o comportamento ocorrer ou não, ou para a
ocorrência de comportamentos que os produzam; (c) ocasionar a oportunidade para emitir certo
comportamento, conforme o princípio de Premack: as atividades mais prováveis sendo contingentes
à emissão de atividades menos prováveis na hierarquia comportamental; (d) promover a formulação
de regras que descrevam as regularidades das interações organismo-ambiente, no nível humano; (e)
favorecer a organização/ordenação do comportamento em função de suas regularidades temporais
ou outras propriedades discriminativas.
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