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HEPATITE AUTO-IMUNE
● Definição: Doença inflamatória crônica do fígado de etiologia não esclarecida
○ Doença com autoanticorpos contra o fígado de etiologia não esclarecida
■ Trigger para ocorrer a produção de autoanticorpos: infecção (vírus, por ex)
e/ou drogas + uma predisposição HLAReconhecida desde 1950
○ Antes chamada de hepatite crônica ativa ou hepatite lupóide ou hepatite por
plasmócitos
○ Termo hepatite autoimune usado desde 1996
● Aspecto histológico esperado devido agressão de autoanticorpos: difere da hepatite
medicamentosa ou viral?
○ Tem infiltrado inflamatório: aumento de linfócito, plasmócito, macrófago
○ Figado muito inflamado)
● Diagnóstico
○ Quadro clínico de hepatite
○ Exames:
■ Afastar hepatites virais
■ Paciente que não teve exposição a um fator que lhe traria hepatite viral
(sangue, músculo liso)
■ Diagnóstico histológico com biópsia
■ Diagnóstico laboratorial de hepatite auto-imune: 3 anticorpos que dosamos
no sangue quando está com suspeita de hepatite autoimune
● Patogênese
● Tratamento
○ Quando iniciar?
■ AST acima de 10x LSN (limite superior da normalidade)
■ AST/ALT acima de 5x LSN + gamaglobulina alta 2x LSN
● Mortalidade de 60% em 6 meses
■ Aspecto de inflamação sem necrose e colágeno = bom prognóstico → dá
para reverter
■ Necrose em ponte ou multiacinar = mau prognóstico
● Progressão para cirrose em 82% dos pacientes não tratados
● Mortalidade de 45% em 5 anos = prognóstico ruim!
○ Tratamento é dar IMUNOSSUPRESSÃO por 18 meses, então não é qualquer
aumento de transaminase que faremos!!
○ Priorizar o tratamento se sintomas constitucionais importantes: fadiga incapacitante,
perda de peso → doença consumptiva, artralgia
○ Objetivos do tratamento
■ Remissão clínica
● Melhora
● Acontece no primeiro mês de tratamento
■ Laboratorial
● Normalização das enzimas hepáticas, redução da bilirrubina
(melhora icterícia)
○ Por vezes, normalização das enzimas hepáticas
(transaminases) pode indicar progressão para cirrose se
acompanhada de aumento de bilirrubina + alteração do
INR + cai albumina → cenário diferente (significa morte dos
hepatócitos; pode ser indicativo de cirrose - não tem mais o
que inflamar - cicatriz)
○ Se cai transaminases, INR normal, albumina sobe, bilirrubina
normaliza → bom sinal para remissão da doença!
● Aumento dos níveis de albumina (fígado está produzindo albumina =
melhorando função hepática como um todo)
● Supressão da resposta imune → vemos com atividade
pró-inflamatória (PCR, VHS) → não é pelo título de anticorpo!!
■ Histológica
■ Atividade periportal 0 ou 1 → mostra que não tem mais agressão ao
hepatócito
■ Não precisa de biópsia de controle se o paciente vai bem
■ Se ele não vai bem ou contínua → repetir biópsia para ver a
progressão
○ Padrão do tratamento: CORTICOIDE E AZATIOPRINA = IMUNOSSUPRIMIR
PACIENTE - 2 drogas que atuam na proliferação de linfócitos, na resposta imune
(BLOQUEAMOS SISTEMA IMUNE)
■ Bloquear sistema imune → abre portas para câncer, infecções…
○ Fez diagnóstico → começa a imunosuprimir. Riscos: infecção, aumento de
neoplasias
○ Esquema de tratamento:
■ Reduz o corticoide com o tempo, mas ele se mantém por 18 meses (muito
importante para o tratamento!) - RETIRAR CORTICOIDE GRADUALMENTE
● Se parar corticoide, risco de insuficiência adrenal (Sd de Addison ou
Sd de retirada de corticoide)
○ Retirada rápida do corticoide sem escalonamento →
suprarrenal tem gap de não produção de cortisol → astenia
→ sindrome de addison ou sd retirada de corticoide
■ Azatioprina na dose de 1 mg/kg por dia até os 18 meses
● Tratamento complementar:
○ Associar UDCA (ursacol) se a GGT for maior que 5x que LSN (prescrever para
paciente com muita colestase porque estimula síntese de ácidos biliares)
○ Prescrever norfloxacino (ATB) para profilaxia de PBE
■ Doença hepática + ascite pode gerar peritonite bacteriana espontânea
■ ATB profilático: durante todo o período do imunossupressor se ele tiver
ascite
■ Se tem ascite = tem cirrose → pode estar perdendo tempo de fila de espera
de transplante hepático
■ Ascite, portanto, é um MAU PROGNÓSTICO → indica que já tem cirrose
■ Uso crônico de corticoide + quinolona → alterações psiquiátricas
○ Duração de no mínimo 18 meses
● Novos imunossupressores: o mesmo do transplante → são mais potentes!!
Usar no contexto da FALHA DA PRIMEIRA OPÇÃO (corticoide + azitioprina)
○ Micofenolato
■ Melhora laboratorial em 39 - 94% dos casos
■ Efeitos colaterais no TGI, hematológico, CMV
○ Ciclosporina
■ Inibidor da calcineurina (passagem do linfocito helper pro citotóxico), impede
ativação de IL2 → menos linfócito agressor do fígado
● Imunossupressão mais forte que azotioprina e corticoide
■ Efeitos colaterais: nefrotoxicidade, hipertricose, hiperplasia gengival,
hipetensão, hiperglicemia, dislipidemia
■ Dose de 2 a 5 mg/kg e nivel serico entre 100 a 300 ng/ml
○ Tacrolimus
■ Cerca de 10-100x mais potente que a ciclosporina
■ Efeitos colaterais: Neurotoxicidade, nefrotoxicidade
○ Hidroxicloroquina
■ Menos usado
● Transplante
○ Indicações
■ Insuficiência hepática aguda o u fulminantes
● Se fulminante = prioridade para transplante
■ MELD acima de 15 ou CHC
■ Sobrevida 75% após transplante em 5-10 anos - sobrevida muito boa pós
transplante
○ Recorrência de HAI
■ Ocorre em 30% dos pacientes
● Aumenta a incidência com o tempo de Tx e redução do corticoide
● Trigger de autoimunidade em um fígado novo!
● Causa pode ser não adesão medicamentosa
■ Deve ser sempre considerada quando há disfunção do enxerto
■ Acrescentar prednisona ao esquema imunosupressor
CASO 1: Sexo feminino, 18 anos, admitida no hospital de atenção secundária, com quadro de
icterícia e dor abdominal difusa há uma semana. Referiu artralgia em membros inferiores e episódios
febris há 3 meses. Negava etilismo e tabagismo, e referia uso de vários AINES. Paciente justificava o
uso de AINES referindo ser portadora de febre reumática, fazendo uso também de penicilina
benzatina a cada 21 dias.
Ao exame físico: consciente, orientada, ictérica de 3+/4+, abdome difusamente doloroso, fígado
palpável e aproximadamente 2 cm do rebordo costal direito, de superfície lisa e bordos finos. Exames
laboratoriais na admissão revelavam:
INR = 2,21
Tempo de protrombina = 21,1
AST = 1377 UI/L → fígado inflamado!
ALT = 1717 UI/L → fígado inflamado!
Bilirrubina total = 15,1 mg/dl com predomínio da forma direta (13,1)
Conceitos importantes:
** Transaminase alta e INR e bilirrubina alterados = fígado inflamado + perda de função
** Transaminase alta e o resto normal = fígado inflamado, sem perda de função
Resultado da paciente = FÍGADO ESTÁ INFLAMADO E NÃO ESTÁ FUNCIONANDO BEM
**Valores de referência:
● Transaminases: 40-50
● INR: até 1
● Bilirrubina direta: até 0,9
● Bilirrubina indireta: até 0,8/0,9
Realizou USG de abdome total que demonstrou fígado de volume e contornos normais, de textura
homogênea e demais órgãos sem alterações. Apresentou episódios de tontura e hipotensão (PA -
80x40 mmHg) resolvidos com expansão volêmica. Foi iniciado vitamina K intramuscular por 3 dias.
Por volta do 6o dia de internamento, iniciou quadro febril (38,9º) com continuidade da dor abdominal.
Paciente encontrava-se com desorientação leve (grau I encefalopatia hepática) e taquicardia.
Optou-se por iniciar ATB. No 7o dia de internação evolui para grau II de encefalopatia, persistência
da febre, hipotensão (PA:90x45). Gasometria arterial revelava acidose metabólica com pH de 7,287,
bicarbonato de 11,2 mmol/l, lactato de 7,1 mmol/l e excesso de bases-BE de 13,7 mmol/l. A paciente
foi então transferida à UTI
** Paciente está em choque!
**OBS: Desorientação é critério importante em paciente com hepatite → sinal de encefalopatia
alma por excesso de amônia!!
Perda de função hepática → não depura toxinas → Amônia alta → toxicidade → encefalopatia
HD:
1) Hepatite autoimune
2) Hematocromatose hepática (excesso de ferro que intoxica órgãos)
3) Doença de Wilson (degeneração hepatolenticular): doença hereditária autossômica recessiva
caracterizada por acúmulo tóxico de cobre nos órgãos → é rara
**Hepatite com função hepática normal