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4.2. NITRETAÇÃO
Neste processo, o endurecimento superficial é obtido pela ação do nitrogênio quando o aço é
aquecido numa determinada temperatura, sob a ação de um ambiente nitrogenoso.
O processo permite, além de alta dureza superficial e elevada resistência ao desgaste, melhor
a resistência à fadiga, à corrosão e ao calor.
No processo de nitretação clássico, a faixa de temperaturas é mais baixa que na cementação,
situando-se entre 500 e 560ºC. Esse fato acarreta menor probabilidade de empenamento das
peças durante o tratamento. Além disso, a camada superficial, uma vez nitretada, apresenta-se
suficientemente dura para as aplicações desejadas, não exigindo qualquer tratamento térmico
posterior.
Normalmente, entretanto, antes da nitretação, as peças sofrem um tratamento da têmpera e
revenido; esta última operação é realizada entre 600 e 700ºC, de modo a produzir estrutura
mole, que permite usinagem das peças até as tolerâncias desejadas, visto que, após a
nitretação, qualquer correção dimensional só pode ser levada a efeito mediante retificação.
Os processos de nitretação são os seguintes:
4.2.1. NITRETAÇÃO A GÁS
É o processo clássico, que exige um tempo muito longo, de 48 a 72 horas (às vezes cerca de
90 horas). A nitretação é levada a efeito na presença amônia.
Durante o processo, a amônia se dissocia parcialmente em nitrogênio, conforme a seguinte
reação:
2NH¯3 → 2N + 3H2
O nitrogênio produzido combina-se com os elementos de liga do aço e forma nitretos
complexos de elevada dureza.
Um dos inconvenientes do processo, além do tempo e em função de sua própria demora, é o
crescimento que o material sofre enquanto submetido ao tratamento. Assim sendo, esse fato
precisa ser levado em conta na usinagem a que são submetidas as peças antes da nitretação.
Na nitretação a gás, a espessura nitretada raramente ultrapassa 0,8mm e a dureza superficial
obtida é da ordem de 1.000 a 1.100 Vickers.
4.2.2. NITRETAÇÃO LÍQUIDA OU EM BANHO DE SAL
O meio nitretante é uma mistura de sais de sódio e potássio, como NaCN, em predominância,
Na2CO3 ou KCN, em predominância K2CO3, KCNO e KCl.
A faixa de temperatura varia de 500 a 560ºC e o tempo é muito mais curto que na nitretação a
gás, raramente ultrapassando duas horas.
As camadas nitretadas são geralmente menos espessas que na nitretação a gás.
As propriedades obtidas são semelhantes às obtidas no outro processo; aparentemente
conseguem-se melhores propriedades de fadiga.
Finalmente, enquanto na nitretação a gás os aços devem possuir certos elementos de liga (em
particular alumínio e cromo), qualquer tipo de aço, simplesmente ao carbono ou ligado, pode
ser nitretado em banho de sal.
4.3. CIANETAÇÃO
Consiste no aquecimento de um aço a uma temperatura acima de A 1 num banho de sal de
cianeto fundido, acarretando enriquecimento superficial de carbono e nitrogênio
simultaneamente. Segue-se resfriamento em água ou salmoura, e, assim, obtém-se uma
superfície dura e resistente ao desgaste.
A faixa de temperaturas varia de 760 a 870ºC, o tempo, dentro do banho de sal fundido, varia
de 30 a 60 minutos. A espessura da camada cianetada varia, em geral, de 0,10 a 0,30 mm.
O processo é aplicado em aços-carbono de baixo teor de carbono.
4.4. CARBO-NITRETAÇÃO
O meio carbo-nitretante é uma atmosfera gasosa, contendo carbono e nitrogênio ao mesmo
tempo. A atmosfera pode ser constituída pelos seguintes gases:
Gás de gerador: 77 a 89%
Gás natural: 9 a 15%
Amônia: 2 a 8%
A temperatura varia de 700 a 900ºC e o tempo de tratamento é relativamente pequeno; a
espessura das camadas carbo-nitretadas varia de 0,07 a 0,7 mm.
4.5. BORETAÇÃO
Trata-se de um processo de endurecimento superficial relativamente novo que consiste na
difusão superficial do boro, que faz aparecer o boreto de ferro que é muito duro (1.700 a
2.000 Vickers).
A boretação é feita num meio sólido que é composto de carboneto de boro (B 4C) e de um
ativador (fluoreto duplo de boro e potássio).
A temperatura para esse tratamento é aproximadamente de 900ºC e durante um tempo, que
dependerá da espessura desejada. Por exemplo, para o aço SAE 1045 consegue-se durante 4
horas uma profundidade de pouco mais de 100 µ; já com 12 horas a espessura pode
ultrapassar os 200 µ.