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Compulsão Alimentar

Alunas: Yeda Carvalho e Maria E. Monteiro

O que é compulsão alimentar?


Compulsão alimentar é uma doença mental em que a pessoa sente a necessidade
de comer, mesmo quando não está com fome, e que não deixa de se alimentar
apesar de já estar satisfeita. Pessoas com compulsão alimentar comem grandes
quantidades de alimentos em pouco tempo. Durante o episódio de compulsão a
pessoa sente perda de controle. A compulsão afeta homens e mulheres da mesma
forma, diferente de outros transtornos que são mais frequentes em mulheres, mas
as mulheres são as que mais buscam ajuda, provavelmente devido à sua
preocupação maior com os efeitos da compulsão alimentar em sua aparência.

Quais são os sintomas?


Os principais sintomas indicativos de compulsão alimentar são:

• Comer exageradamente;
• Comer mesmo sem fome;
• Ter dificuldade em parar de comer;
• Pode ou não haver sensação de culpa após o "assalto" à geladeira ou
dispensa;
• Comer alimentos estranhos como arroz cru, um pote de manteiga, feijão
gelado com queijo e etc.;
• Comer muito rápido;
• Comer escondido;
• Prazer imensurável ao comer;
• Pouca preocupação com o excesso de peso.
• Pessoas com compulsão alimentar podem fazer comentários (mesmo que
inconscientes ou apenas mentalmente) como:
• “Eu não consigo me controlar."
• "Já estou gorda mesmo, que diferença faz uma refeição a mais?"
• "Eu vou abrir a geladeira e comer não importa a hora do dia, mesmo que eu
tenha acabado de tomar café da manhã, almoçado ou jantado."
• "Sei que meus familiares vão sair, por isso, vou inventar uma desculpa para
ficar em casa e comer."
• "Estou com vergonha de mim mesmo por fazer isso, sei que é errado
enquanto estou comendo, mas eu continuo."
• "A comida está controlando minha vida."
• "Eu como adequadamente diante dos outros, mas chego em casa e como
muito quando ninguém está vendo."
• "Vou sempre para a geladeira em busca de algo."
• "Eu mereço comer isso."
• "Posso comer bastante, ninguém vai saber."

Como diagnosticar uma pessoa com Compulsão


Alimentar?
Os critérios clínicos para o diagnóstico do transtorno de compulsão alimentar
requerem um episódio de compulsão alimentar pelo menos 1 vez na semana
durante 3 meses e uma sensação de falta de controle sobre alimentação, além da
presença de pelo menos 3 dos seguintes:

• Comer muito mais rápido do que o normal


• Comer até se sentir desconfortavelmente cheio
• Comer grandes quantidades de alimento quando não se sentindo fisicamente
com fome
• Comer sozinho por vergonha
• Sentir-se nauseado, deprimido ou culpado depois de comer excessivamente

Causas
Existem alguns problemas que podem favorecer a compulsão alimentar. São eles:

→ Dietas rígidas

Após dietas muito rígidas há o risco da pessoa desenvolver a compulsão alimentar.


Muitos especialistas afirmam que estas dietas deixam as pessoas deprimidas e
privadas de diversos alimentos e que isso aumenta o desejo por comidas que elas
não poderiam comer.

Além disso, outros pesquisas apontam que as dietas muito restritas levam ao
impulso por comer, sentimento de desânimo e incapacidade de parar de comer
quando saciado.

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→ Comer por conforto emocional

Pessoas que comem de forma compulsiva normalmente tem mudanças emocionais


como gatilho. Alguns exemplos são: passar por términos de relacionamentos,
situações de aflição e angústia. Mas situações de empolgação e euforia também
podem resultar em compulsão alimentar.

→ Estresse

A compulsão alimentar pode ser uma maneira da pessoa lidar com o estresse,
depressão e ansiedade, como uma tentativa de válvula de escape.

→ Baixa autoestima

Problemas com a imagem corporal e baixa autoestima têm ligação direta com o
descontrole em comer. Afinal, pessoas com compulsão alimentar normalmente não
gostam de sua aparência. Elas constantemente acham que deveriam comer menos,
mesmo que não consigam fazer algo a respeito disso.

A consequência da pessoa se sentir constantemente gorda e com medo de ganhar


mais peso são constantes tentativas de compensar com dietas malucas, passando
fome, tomando medicamentos para emagrecer, entre outros e isso pode levar a
problemas ainda piores.

→ Problemas emocionais mais graves

Casos de compulsão alimentar associados a outras práticas, como vomitar após


comer, bulimia ou ingerir laxantes, podem estar ligados a traumas no passado
como abuso sexual, negligência emocional, entre outros.

→ Padrões alimentares da família

Poderão também os padrões alimentares instituídos na família serem causa do


transtorno.

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Sabe-se que muitas vezes existe a associação entre a comida e o cuidar e amar,
sendo que os pais e avós alimentam as suas crianças não só por fome, mas como
forma de conforto, calmante ou compensação.

Quando as crianças crescem, elas adotam esse comportamento “calmante”, para


se sentirem confortáveis, como se o ato de comer adquirisse a função de
ferramenta para lidar com o estresse.

→ Redes sociais

Muitas pessoas compartilham sua busca pelo “corpo perfeito” por meio de fotos de
dietas . Além disso, é de conhecimento geral que hoje em dia é muito fácil
manipular uma foto para apresentar este ideal de corpo.

Indo mais além, é possível até apresentar um ideal de vida que não existe. Fotos
que parecem inofensivas podem levar pessoas com o psicológico afetado a
transtornos mentais graves. Principalmente adolescentes e jovens, que são o
principal público das redes sociais.

Reconheça os riscos desse problema


A compulsão alimentar traz consequências físicas, emocionais e sociais. É difícil
manter uma vida social ativa quando a pessoa tem medo ou vergonha de comer na
frente de outras. Por isso, é comum que pessoas compulsivas evitem encontros
com amigos e familiares e prefiram comer escondidas.

Além desses, conheça outros riscos que o distúrbio pode gerar:

• Obesidade;
• condições como diabetes, hipertensão, colesterol alto e problemas
vasculares;
• problemas respiratórios;
• gastrite;
• transtornos alimentares;
• dificuldades emocionais, depressão ou transtornos de humor;

Qual é a relação entre a ansiedade e a compulsão


alimentar?
Mesmo que não seja necessário ter sintomas da ansiedade para desenvolver a

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compulsão alimentar, as duas têm relação sim. O hábito de comer de forma
desenfreada, sem sentir fome, está associado a questões emocionais. Quando isso
acontece com muita frequência, tal condição gera sofrimento e prejuízos físicos e
mentais.

Nessas condições, as crises de ansiedade surgem e se tornam um estímulo para a


pessoa buscar solução nos alimentos, principalmente nos doces. Porém, um dos
pilares da relação entre ansiedade e compulsão alimentar é a forma como o
indivíduo encara os alimentos. A maioria vê neles uma solução para mimetizar o
sofrimento ou uma compensação às negatividades.

Portanto, a ansiedade é um dos fatores que apresentam relação direta com a


compulsão alimentar, pois os estímulos ansiosos para a comida, aos poucos,
tornam-se um hábito. Muitas vezes, o ato de comer compulsivamente resulta de
quadros associados à fome emocional, que surge de repente e a pessoa se vê
dominada por ela.

Como lidar com a compulsão alimentar?


Por questões culturais, a nossa sociedade encara o ato de comer como essencial à
sensação de prazer. Por essa razão, a maioria das pessoas exagera na comida,
porque a função do alimento não se restringe à saciedade, mas assume um
significado totalmente diferente das necessidades do corpo.

Por hábito, a tendência é comer bem mais do que o ideal para saciar as
necessidades orgânicas. Logo, por esse costume ser tão comum, quando surgem
quadros de estresse e de ansiedade, a primeira “saída” do cérebro é recorrer à
comida como uma compensação pelas emoções negativas.

Esse fato ajuda a entender por que o fator psicológico tem tanto potencial para
desencadear a compulsão alimentar. Porém, essa teoria também aponta algumas
práticas que podem representar a solução para o problema: controlar as sensações
negativas, as frustrações e a autocrítica são essenciais à prevenção do
comportamento compulsivo.

Contudo, nem sempre é possível superar sozinho esses desafios. Nessas condições,
o ideal é buscar ajuda profissional para direcionar as condutas terapêuticas mais

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eficazes. Algumas práticas como ler, ouvir a música preferida, ver um filme ou
conversar com um amigo podem ajudar a desfocar da comida e vencer a
compulsão.

Como é feito o tratamento?


O tratamento do transtorno de compulsão alimentar, quando assim se
configura, envolve o acompanhamento com psicólogo, psiquiatra e
nutricionista. O primeiro passo é avaliar critérios diagnósticos, investigar
a possibilidade de transtornos associados e compreender a
complexidade da temática. Também é importante o apoio da rede
familiar e uma abordagem sem estigmas para entender melhor o que se
passa com essa pessoa e, assim, direcionar adequadamente o
tratamento.

Por que os tratamentos são tão importantes?


A busca de ajuda profissional é o passo mais importante para superar os impactos
da ansiedade sobre os hábitos alimentares. Vale ressaltar que essa fome emocional
está associada a diferentes aspectos psicológicos, como depressão e outras
sensações ruins.

Um profissional especializado na reabilitação mental vai ajudar a perceber que não


se deve atribuir à comida uma função que não é dela. Ou seja, os alimentos têm o
importante papel de manter o organismo funcionando, mas não são responsáveis
pela solução de problemas emocionais ou de desordens mentais.

A importância da nutrição no tratamento da


compulsão Alimentar
o nutricionista é capacitado para propor modificações do consumo, padrão e
comportamento alimentares, aspectos estes que estão profundamente alterados
nos pacientes.

É importante avaliar medidas de peso e altura, restrições alimentares, crenças


nutricionais e a relação com os alimentos.

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A educação nutricional abrange conceitos de alimentação saudável, tipos, funções
e fontes dos nutrientes, recomendações nutricionais, consequências da restrição
alimentar e das purgações.

Na fase experimental, trabalha-se mais intensamente a relação que o paciente


tem para com os alimentos e o seu corpo, ajudando-o a identificar os significados
que o corpo e a alimentação possuem.

É necessário que o atendimento e educação nutricional sejam feitos de forma


humanizada e paciente, sempre com empatia para entender o grave momento
psicológico que o paciente está vivendo. Deve-se procurar criar um vínculo,
conquistar confiança, para que posteriormente comece a se fazer as medidas
antropométricas, falar sobre peso ideal e saudável e quantidades de nutrientes e
calorias

Prevenção

• Ensine crianças e adolescentes a não se deixar afetar tanto pelos padrões de


beleza impostos pela sociedade
• Incentive a boa autoestima do jovem
• Explique sobre os problemas dos distúrbios alimentares
• Ensine bons hábitos alimentares
• Converse sobre autoaceitação

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