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Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.16, n.3, p.279-83, jul./set.

2009 ISSN 1809-2950

Efetividade de intervenções fisioterapêuticas para o vaginismo:


uma revisão da literatura
Effectiveness of physical therapy for vaginismus: a literature review
Mariana Chaves Aveiro1, Ana Paula Urdiales Garcia2, Patrícia Driusso3

Estudo desenvolvido no Lamu RESUMO: O vaginismo é uma persistente contração involuntária da musculatura da
– Laboratório de Avaliação e vagina que interfere na penetração, impedindo a relação sexual e podendo
Intervenção Fisioterapêutica comprometer as relações interpessoais e conjugais, para o qual algumas estratégias
sobre a Saúde da Mulher do de fisioterapia têm sido propostas. O objetivo desta revisão foi avaliar a efetividade
Depto. de Fisioterapia da de tratamentos fisioterapêuticos propostos para o vaginismo. Foram levantados
UFSCar – Universidade Federal estudos em que o diagnóstico clínico da amostra fosse vaginismo, nas bases de
de São Carlos, São Carlos, SP, dados Pubmed e Scielo, entre 1998 e 2009. Foram excluídos artigos de revisão,
Brasil estudos transversais, ou em que as participantes referiam sinais e sintomas de
1
Fisioterapeuta Ms.; doutoranda vaginismo decorrentes de outras doenças, ou ainda com intervenções não realizadas
em Fisioterapia no Lamu/ por fisioterapeutas. Foram identificados apenas três estudos que se adequaram a
UFSCar esses critérios, em que foram utilizadas as terapias: sexual cognitiva comportamental
associada à estimulação elétrica funcional com biofeedback; de dessensibilização
2
Fisioterapeuta Ms. por dilatadores de silicone; e a proposta por Masters & Johnson. Os estudos foram
avaliados como de baixa qualidade metodológica e não forneciam evidências
3
Profa. Dra. do Lamu / UFSCar consistentes para a intervenção fisioterapêutica no vaginismo. Não foi possível
efetuar uma metanálise, mas uma revisão crítica, devido à escassez de trabalhos.
ENDEREÇO PARA Portanto, não foram encontradas evidências consistentes de intervenção clínica
CORRESPONDÊNCIA satisfatória para o vaginismo. Requerem-se estudos clínicos randomizados, de alta
qualidade, para comprovar a efetividade dos tratamentos propostos.
Mariana Chaves Aveiro
R. Profa. Nicoleta Stella DESCRITORES: Dispareunia; Fisioterapia (Especialidade); Vaginismo/reabilitação
Germano 60 ap. 63 Jardim
Paraíso ABSTRACT: Vaginismus is an involuntary contraction of the vaginal muscles which
13561-090 São Carlos SP makes sexual intercourse difficult or impossible – hence interfering in personal
e-mail: mariaveiro@yahoo.com and marital relationships – for which physical therapy strategies have been proposed.
The aim of this review was to assess the effectiveness of physical therapy interventions
for vaginismus. Clinical trials in which participants were diagnosed with vaginismus
were searched for in Scielo and Pubmed databases between 1998 and 2009.
Exclusion criteria were: review and transversal studies; studies where patients
presented signs and symptoms of vaginismus resulting from other diseases; and
studies in which the interventions proposed can’t be carried out by physical
therapists. Only three studies were found, in which the following therapies were
used: Master & Johnson’s; sexual cognitive-behavioural therapy plus functional
electrical stimulation-biofeedback; and desensitization by silicone dilators. All three
studies were evaluated as having poor methodological quality and did not provide
consistent evidence for clinical interventions in vaginismus. Due to the scarcity of
studies found, no metanalysis was done, only a critical review. No consistent
APRESENTAÇÃO evidence could thus be found on satisfactory clinical physical therapies for
maio 2009 vaginismus. Further randomized clinical trials, of high quality, are needed to assess
ACEITO PARA PUBLICAÇÃO the effectiveness of the treatments proposed.
jul. 2009 KEY WORDS: Dyspareunia; Physical therapy (Specialty); Vaginismus/rehabilitation

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INTRODUÇÃO trações involuntárias da parede da vagi-
na; o secundário ocorre quando a mu-
chave vaginismo e dispareunia. Na base
Pubmed foram pesquisados os termos
A disfunção sexual na mulher pode lher eventualmente teve relações sexu- vaginismus (vaginismo), dyspareunia
influenciar sua saúde física e mental re- ais, porém não é mais hábil a mantê-las (dispareunia), physical therapy (fisio-
sultando em dificuldades pessoais e devido à mesma etiologia. É geralmente terapia) e rehabilitation (reabilitação). Os
interpessoais, levando à diminuição da nesses casos que o vaginismo vem acom- termos foram pesquisados em associa-
qualidade de vida1. Dentre os transtor- panhado de dispareunia3. ção, considerando o período de 1998 a
nos sexuais femininos, não é rara a quei- Sua etiologia não está bem esclareci- janeiro de 2009.
xa de vaginismo e dispareunia (dor du- da, mas uma das causas para a ocorrência
rante a relação sexual). Na base Scielo foram encontrados
do vaginismo é ansiedade fóbica das
apenas dois artigos com o termo de pes-
O vaginismo é uma contração recor- mulheres antes da penetração vaginal. Os
quisa “dispareunia”, que não se referiam
rente ou persistente quando se tenta a fatores psicossociais estão geralmente li-
gados à educação sexual castradora, pu- ao vaginismo; assim, não foi necessária
penetração vaginal com o pênis, dedo, a associação de termos. Na base
tampão ou espéculo; o mesmo espasmo nitiva e/ou religiosa e a vivências sexu-
ais traumáticas11. Dentre outras causas Pubmed foram encontrados 52 artigos
pode ocorrer perante a antecipação da
físicas podem-se citar anormalidades do associando-se os termos de pesquisa,
introdução vaginal. A contração ocorre
hímen, anormalidades congênitas, dos quais apenas três se enquadraram
nos músculos perineais e elevador do
atrofia vaginal, endometriose, infecções, nos critérios de inclusão. Foram incluí-
ânus e sua intensidade pode variar de
lesões na vagina, tumores, doenças se- dos os estudos que avaliaram a efeti-
ligeira, tolerando algum tipo de pene-
tração, a grave, impossibilitando-a2 . xualmente transmissíveis, congestão vidade de qualquer tipo de tratamento
Pode levar a repercussões de contração pélvica8. clínico, por meio da habilidade de pene-
dos músculos do assoalho pélvico e tração vaginal e diminuição da dispa-
Uma série de tratamentos foram pro-
adutores da coxa, impedindo a relação reunia, que recorressem a terapia física
postos para o vaginismo. Incluem
sexual3,4. É um forte preditor de distresse, combinação de dessensibilização (in possível de ser implementada por fisio-
complicações interpessoais e problemas vivo ou in vitro) associada ao uso de terapeutas.
conjugais3. dilatadores; terapia sexual (individual ou Os artigos foram obtidos na base de
No Brasil, em um estudo envolvendo de casal) que consiste de educação, ta- periódicos da Capes (www.periodicos.
1.219 mulheres, foi observado que a dis- refas domiciliares e terapia cognitiva12,13. capes.gov.br) e/ou solicitados aos auto-
função sexual atinge 49% das mulheres Ainda, alternativas de tratamento inclu- res. De dois artigos15,16 não foi possível
com pelo menos uma queixa, tendo 23% em farmacoterapia14, hipnoterapia15 e
obter a íntegra, mas considerou-se satis-
relatado apresentar dispareunia5. Tais injeções de toxina botulínica 16 .
fatória sua apresentação e discussão feita
dados são comparáveis aos de outros Rosenbaum17 defende a importância da
na revisão sistemática de McGuire e
países6. Ainda, no estudo de Reissing et fisioterapia no tratamento primário do
Hawton3. Após leitura do resumo e/ou
vaginismo por meio de técnicas de tera-
al.7, foi relatado que 10 a 15% das mu- artigo, foram excluídos os artigos de revi-
pia manual, exercícios para o assoalho
lheres tiveram experiência de algum tipo são, estudos transversais e aqueles em
pélvico, diferentes modalidades de
de dor na relação sexual, levando a sus- que as participantes referiam sinais e sin-
estimulação elétrica e termoterapia, e
peita de vaginismo. Não existe epidemio- tomas de vaginismo decorrentes de ou-
biorretroalimentação.
logia clara a respeito da prevalência de tras doenças, como diagnósticos de
vaginismo na população8. No estudo de No entanto, ainda são restritos os es- vestibulite ou vestibulodínia, vulvodínia
Shokrollahi9, no qual foram estudadas tudos sobre terapia física como terapêu- ou cistite. Foram excluídos, ainda, to-
mulheres que faziam parte de um pro- tica do vaginismo, sendo encontrada
dos os artigos em que a reabilitação foi
grama em clínicas de planejamento fa- apenas uma revisão sistemática na lite-
baseada em métodos invasivos não pra-
miliar no Irã, o índice de mulheres que ratura3, que entretanto não deu ênfase à
ticados por fisioterapeutas.
sofriam de vaginismo foi de 12%. Apro- fisioterapia e também investigava a efeti-
ximadamente 10% a 20% das mulheres vidade da participação do parceiro du- Os artigos selecionados foram anali-
que procuram assistência devido a algu- rante o tratamento. Assim, o objetivo sados na íntegra por meio de roteiro es-
ma disfunção sexual sofrem dessa desor- desta revisão foi averiguar a efetividade truturado com a contemplação dos se-
dem 10. A prevalência de vaginismo é dos tratamentos fisioterapêuticos propos- guintes itens: amostra, delineamento da
mais rara (1% a 6%)2, porém ainda não tos para o vaginismo. pesquisa, desfechos avaliados, caracterís-
é possível determinar sua real preva- ticas da intervenção e efeitos encontrados.
lência na população, devido à escassez
de estudos na literatura. METODOLOGIA Nos estudos analisados, as amostras in-
cluíam mulheres de 19 a 55 anos, com
O vaginismo pode ser classificado em O levantamento bibliográfico foi feito nas diagnóstico de vaginismo segundo cri-
primário e secundário. O primário é bases Scielo (www.scielo.org) e Pubmed térios da American Psychiatric Association
definido quando a mulher é incapaz de (www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/). Na base (APA)2, e/ou classificação de vaginismo
manter relações sexuais devido às con- Scielo foram pesquisadas as palavras- segundo Lamont18.

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Aveiro et al. Fisioterapia no vaginismo

Quadro 1 Estudos clínicos revisados sobre vaginismo

Autoria/ tipo Amostra, critérios Desfechos avaliados Intervenção Resultados


97,7% dos pacientes
- variáveis socio- conseguiram penetração
Schnyder et demográficas; Grupo in vivo: exercícios de vaginal satisfatória; 50%
al. 21 história sexual; relaxamento, instruções para a ainda apresentavam
Diag: vaginismo,
Estudo clíni- estado sexual auto?introdução do dilatador e o alguma dor. Não houve
segundo o DSM-III-R diferença entre os grupos.
co randomi- subjetivo; mesmo introduzido pelo
Exclusão: outras No seguimento (n=39) 50%
zado (mas 2 - capacidade de terapeuta
disfunções físicas ou relataram que o vaginismo
pcts muda- penetração vaginal; Grupo in vitro: instruções para a
somáticas prevalentes desapareceu completamen-
ram de gru- - dispareunia; introdução do dilatador
Pcts: Grupo in vivo te, e 47% que melhorou.
po, pois severidade da Materiais: lubrificantes e
(n=21); Desejo sexual aumentou
negaram-se doença sexual; dilatadores vaginais de silicone
Grupo in vitro (n=23); em 35,9%, manteve-se em
a ficar no - desejo sexual; em 4 diferentes tamanhos 51,3% e diminuiu em
grupo in Idade: 19-55 anos
- orgasmo, satisfação Exercícios: por 10 a 15 minutos, 12,8%. Capacidade de
vivo) com 5 dias na semana orgasmo melhorou em
relacionamento 17,9%, manteve-se em
79,5% e piorou em 2,6%.
Diag: vaginismo, - Informações sobre anatomia e
segundo o DSM-III-R - Multi-phasic fisiologia sexual Todas as 12 mulheres
Inclusão: declaração personality inventory; - Relaxamento muscular semanal
completaram o programa,
dos parceiros de que teste Gestalt de por FES e biorretroalimentação consumaram o casamento
tentativas prévias de Bender; teste House - Quando pcts toleravam
Seo et al.22 tree person; e um questionamento
penetração vaginal manipulação vaginal, detalhado sugeriu
Estudo com pênis ereto - escala de inteli- receberam 4 dilatadores de
gência Korean- penetração completa e
clínico de falharam; espasmo tamanhos diferentes para treino
Wechsler adulto; ejaculação. Todas
série de observável ao exame em casa
físico dos músculos teste de completar - Oito estágios de evolução toleraram a inserção de
casos dilatadores vaginais mais
do assoalho pélvico e sentenças; gradual de dessensibilização:
adução das coxas. - teste de Rorschach; introdução na vagina de objetos largos, e obtiveram
Pcts: 12 da lista de - capacidade de ou dedos de tamanho crescente, penetração vaginal
espera, nulíparas satisfatória.
penetração vaginal por 10 a 15 minutos, 5 dias da
Idade: 27-33 anos semana
- Terapia sexual de Masters &
Diag: vaginismo, segun-
Johnson (1970), modificada por
do a classificação de
Kaplan (1974);
Lamont18 93,3% dos casais tiveram
- exercícios de Kegel e de
Inclusão: casais sem penetração vaginal
dilatação vaginal usando os
sucesso na penetra- satisfatória depois do
próprios dedos e do parceiro;
Jeng et al.20 ção vaginal desde a - capacidade de - relaxamento dos músculos tratamento e com 3 meses
primeira tentativa penetração vaginal; pubococcígeos;
Estudo de seguimento; 83,3%
Exclusão: pcts que se - dispareunia;
clínico de - aconselhamento dos casais; também relataram
recusaram ao
série de diagnóstico e/ou - desejo sexual; - aplicação local de xilocaína gel, orgasmos. Um ano após a
casos tratamento - orgasmo analgésicos orais e relaxantes terapia 63,3% das
musculares antes de tentativas mulheres estavam grávidas
Pcts: 120 casais que
de penetração; ou tinham tido o primeiro
visitaram o centro
clínico entre 1991 e - penetração com o homem filho.
2004 (não há dados embaixo, e, posteriormente,
sobre idade dos pcts) penetração sem retirada do
pênis, com a mulher embaixo.
Pct/s = pacientes/participante/s; Diag = diagnóstico; DSM-III-R = Diagnostic and statistical manual of mental disorders2; FES = estimulação elétrica
funcional

Para verificar a qualidade dos ensai- e de mascaramento adequados, e se des- Devido ao escasso número de estu-
os clínicos selecionados, foi aplicada a creveu perdas e exclusões. Pesquisas dos clínicos sobre o assunto e à grande
escala de qualidade de Jadad et al.19, que com pontuação inferior a três pontos são variabilidade entre as intervenções pro-
consiste em cinco questões sobre o es-
tudo, com pontuação total de zero a cin- consideradas de baixa qualidade postas, foi feita análise por revisão críti-
co. As questões são: se o estudo foi defi- metodológica e com poucas possibi- ca dos conteúdos, com impossibilidade
nido como aleatório, se foi duplo-cego, lidades de extrapolação dos resultados de análise estatística por meta-análise
se apresentou métodos de randomização para a prática clínica. dos resultados.

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RESULTADOS xa claro que não houve perdas. Entre-
tanto, a amostra pode ser considerada
fiança nos resultados. E, ainda, não des-
creveu qualquer mascaramento dos sujei-
Nenhum artigo foi encontrado na pequena, de apenas 12 mulheres. tos ou do responsável pela intervenção21.
base de dados Scielo, como menciona- A baixa qualidade dos estudos suge-
do. Dentre os 52 localizados na base de
dados Pubmed, associando-se os termos DISCUSSÃO re fraca evidência de eficácia dos trata-
mentos propostos: de dessensibilização
de pesquisa, apenas três se enquadra-
Houve dificuldade em encontrar estu- por dilatadores de silicone tanto in vivo
ram nos critérios de inclusão, ou seja,
dos em que o critério diagnóstico das quanto in vitro21; terapia sexual cognitiva
49 estudos foram excluídos após leitura
participantes fosse vaginismo, para in- comportamental associada a estimula-
dos resumos e/ou do artigo na íntegra. clusão na presente revisão, revelando ser ção elétrica funcional – biorretroalimen-
Os três estudos selecionados20-22 para esta uma área pouco explorada. Os ar- tação22; e terapia sexual segundo a pro-
esta revisão são descritos no Quadro 1 tigos foram excluídos, em sua maioria, posta de Masters e Johnson20.
quanto a desenho metodológico, amos- ou porque as participantes não apresen-
Assim, os resultados demonstram a
tra, desfechos analisados, intervenção e tavam diagnóstico de vaginismo, ou por-
que não estudaram intervenção clínica, necessidade de se realizarem estudos
resultados. No que se refere à qualida-
sendo estudos transversais ou de revi- clínicos de qualidade, controlados e
de metodológica, o estudo de Jeng et al.20
são. McGuire e Hawton3 elaboraram randomizados, para avaliar a efetividade
pontuou 1 na escala proposta por Jadad
uma revisão sistemática de intervenções dos tratamentos disponíveis para o vagi-
et al.19, sendo portanto considerado de
para o vaginismo, mas consideraram o nismo, já que esta é uma importante
qualidade pobre. Apenas conseguiu
período 1966-2001, com nova busca disfunção sexual que pode resultar em
pontuar positivamente no item referen-
realizada em maio de 2005, sem inclu- piora da qualidade de vida dos casais e
te à descrição das perdas e exclusões. E,
são de novos estudos. Diferentemente, comprometimento da fertilidade.
ainda, não descreve características dos
pacientes, como faixa etária. Schnyder a presente revisão incluiu o período de
et al.21 também pontuaram 1 na escala
de qualidade19, sendo o estudo portan-
1998-2009 e não considerou como cri-
tério de inclusão a participação do
CONCLUSÃO
to de qualidade pobre. Mesmo rando- parceiro durante o tratamento, como no Não foram encontrados dados consis-
mizado, não é duplo-cego e não des- estudo citado3. Além de um artigo dis- tentes para confirmar a efetividade de
creve adequadamente a randomização; cutido por McGuire e Hawton3, foram intervenção fisioterapêutica satisfatória
e, ainda, as pacientes puderam optar por incluídos apenas mais dois estudos, de no vaginismo. Pode ser que a dessensi-
alterar a opção de tratamento após a ran- Jeng et al.20 e de Seo et al.22. bilização por dilatadores de silicone tan-
domização, o que pode ter enfraqueci- Os três estudos selecionados foram to in vivo quanto in vitro, a terapia sexu-
do a consistência dos resultados. Quan- considerados de baixa qualidade, não al cognitiva comportamental associada
to ao terceiro estudo22, da mesma forma fornecendo evidências consistentes para à estimulação elétrica funcional, bem
obteve pontuação 1 na escala de Jadad subsidiar a prática clínica. No único como a terapia sexual segundo a proposta
et al.19, sendo considerado de qualida- dentre eles que foi randomizado, foi por Masters e Johnson sejam tratamentos
de pobre. Apenas conseguiu pontuar permitido a algumas participantes alte- efetivos; no entanto, tornam-se necessári-
positivamente no item referente à des- rar a opção de tratamento após a randomi- os estudos clínicos randomizados de alta
crição das perdas e exclusões, pois dei- zação, o que pode ter enfraquecido a con- qualidade para essa comprovação.

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