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11/05/2021 A Usucapião entre herdeiros e o direito de herança - Sinoreg-ES

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Terça-feira, 11 de Maio de 2021


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EMOLUMENTOS COMUNICAÇÃO ASSOCIADOS

   

Comunicados Artigos A Usucapião entre herdeiros e o


direito de herança
Nota de Falecimento -
Douglas Sartório Silva Publicado em 08/05/2019
05/05/2021

1 . INTRODUÇÃO
Nota de Falecimento -
Henrique da Silva
O presente artigo visa fazer uma correlação entre a possibilidade
Rosa Bomfim
do reconhecimento de usucapião entre herdeiros sobre os imóveis
03/05/2021 do acervo hereditário e o direito de propriedade na atual
conjuntura jurídica.
Doação de sangue -
Douglas Sartório Silva Embora o inciso XXII do artigo 5º da Constituição da República de
30/04/2021 1988 assegure o direito de propriedade, tal garantia não é
absoluta, tendo em vista que em caso de descumprimento da
função social do imóvel não há que se falar em propriedade plena,
Link de Transmissão
podendo o dono do imóvel perder a propriedade em razão de
da Reunião de desapropriação por interesse social (art. 182, § 2º, da CRB) ou por
Diretoria - 30/04/2021 meio de ação de usucapião.
30/04/2021

Vale consignar que o direito à herança previsto no inciso XXX do


Pauta da Reunião de artigo 5º da Constituição da República de 1988 também não é
Diretoria 30.04.2021 absoluto, podendo sofrer limitação, conforme será explanado ao

26/04/2021 longo do presente estudo.

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Conforme será abordado, o Legislador Pátrio não proibiu que o


REVISTAS herdeiro pleiteasse a aquisição do acervo hereditário através da
ação de usucapião. O legislador apenas não admitiu usucapir os
imóveis públicos pelo decurso do tempo, não incluindo os imóveis
pertencentes a herdeiros no rol da proibição. Assim, não pode o
intérprete ou julgador criar vedação não prevista pelo legislador
democraticamente constituído pelo povo.

Equivocadamente, alguns desavisados entendem não ser possível


a usucapião sobre imóvel deixado pelo instituidor da herança, em
detrimento dos demais herdeiros, ao argumento de que o imóvel
adquirido por herança é insuscetível de usucapião. Em que pese o
posicionamento desta corrente doutrinária e jurisprudencial, tal
Revista Março/Abril 2021 posicionamento não encontra respaldo no ordenamento jurídico
Edição 64 vigente, tratando-se de verdadeira invenção e inovação jurídica
por quem não detém competência e legitimidade, vez que somente
o Poder Legislativo pode inovar no Sistema Jurídico Pátrio.
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Destarte, a usucapião sobre imóvel adquirido por herança não


encontra obstáculo na legislação brasileira, pois apenas os imóveis
« Versões anteriores
públicos são insuscetíveis de usucapião. No mais, qualquer outro
imóvel pode ser objeto de ação de usucapião, desde que o
usucapiente demonstre o exercício da posse exclusiva sem
oposição durante o lapso temporal legalmente exigido e o animus
domini.

Feitas essas considerações introdutórias, passa-se ao tema


proposto.

2. O DIREITO DE PROPRIEDADE E A FUNÇÃO SOCIAL DA


PROPRIEDADE

Conforme visto acima, o direito de propriedade encontra respaldo


no artigo 5º, inciso XXII, da Constituição da República de 1988.
Todavia, o direito de propriedade, como qualquer outro direito, não
é absoluto, comportando exceções. Tanto é que o inciso XXIII do
artigo 5º do Texto Constitucional estabelece que a propriedade
GALERIA DE FOTOS deve atender a função social.

O direito de propriedade e sua função social também encontram


guarida no Código Civil Brasileiro de 2002, em seu artigo 1.228, in
verbis:

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor


da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.

§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância


Ver todas as galerias
com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a
poluição do ar e das águas.

Segundo a melhor doutrina, o direito de propriedade consiste no


direito real de usar, gozar ou usufruir, dispor ou reivindicar a coisa,

desde que feita dentro dos limites da sua função social, portanto, o
direito de propriedade não é absoluto, conforme equivocamente
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defendido por alguns.

Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco ensinam


que a garantia constitucional da propriedade está submetida a um
intenso processo de relativização, devendo ocorrer uma
ponderação entre o direito individual e o interesse da sociedade.
Vale transcrever o ensinamento dos mencionados autores,
vejamos:

Deve-se reconhecer que a garantia constitucional da propriedade


está submetida a um intenso processo de relativização, sendo
interpretada, fundamentalmente, de acordo com parâmetros
fixados pela legislação ordinária. As disposições legais relativas ao
conteúdo têm, portanto, inconfundível caráter constitutivo. Isso
não significa, porém, que o legislador possa afastar os limites
constitucionalmente estabelecidos. A definição desse conteúdo
pelo legislador há de preservar o direito de propriedade ma
qualidade de garantia institucional. Ademais, as limitações
impostas ou novas conformações emprestadas ao direito de
propriedade hão de observar especialmente o princípio da
proporcionalidade, que exige que as restrições legais sejam
adequadas, necessárias e proporcionais. (...).

Essa necessidade de ponderação entre o interesse individual e o


interesse da comunidade é, todavia, comum a todos os direitos
fundamentais, não sendo uma especificidade do direito de
propriedade[1].

Assim, se o imóvel não cumpre a função social (uma propriedade


improdutiva), o dono do imóvel não será considerado proprietário
pleno, podendo perder a propriedade para que a mesma venha a
exercer a função social prevista no Texto Constitucional.

Conforme se vê, o direito de propriedade e a necessidade de que


ela atenda a função social encontra respaldo na norma
constitucional e infraconstitucional. Assim, para que o dono do
imóvel tenha a propriedade plena deverá fazer com que ela
cumpra as finalidades sociais, haja vista que, na atualidade, a
propriedade não é mais um direito ilimitado, como outrora.

Nesse sentido, corrobora Fábio de Caldas Araújo[2]:

A determinação de que os bens devam ser utilizados em


conformidade com o bem da comunidade marca uma distribuição
equitativa no seio social, uma forma de propiciar oportunidades
para o desenvolvimento de todos. Ao mesmo tempo em que se
garante a igualdade material, abre-se espaço para a liberdade real,
pois o individuo pode, efetivamente, decidir seu destino na
comunidade onde vive.

Sobre a função social da propriedade ensina Thiago Colnago


Cabral[3] que:

(...) a função social da propriedade consiste, justamente, no


instrumento adotado pelos ordenamentos contemporâneos para,
considerando a formação histórica da definição do domínio [...]

reconhecer que a propriedade, enquanto instituto jurídico de nível
constitucional, presta-se, de um lado, ao resguardo dos interesses
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do titular do domínio, mas, de outra banda, representa medida


destinada a salvaguarda do interesse coletivo de difusão da
dignidade da pessoa humana (...).

Após o advento da Constituição da República de 1988, a


propriedade deixou de ter caráter exclusivamente patrimonialista
com a finalidade de atender os interesses individuais para ter,
também, finalidade social (art. 5º, XXIII, CRB). Com isso, na atual
conjuntura jurídica, a propriedade passou a ter finalidade
dinâmica, pois visa atender interesses individuais do proprietário e
da coletividade, esta ao cumprir a função social.

Fredie Didier Júnior[4] entende que, em caso do possuidor cuja


posse não esteja em conformidade com os deveres que lhe são
constitucionalmente impostos, não é deferida a tutela processual
da posse, aduzindo que esse domínio não é digno de proteção
jurídica, porquanto em desacordo com o modelo constitucional do
direito de propriedade, não podendo, desta forma, receber
proteção jurídica.

Na atual conjuntura jurídica não é conferido ao proprietário utilizar


o imóvel ao seu bel prazer, pois toda e qualquer atividade a ser
executada no imóvel deve estar em harmonia com as normas
vigentes, especialmente em consonância com as normas
ambientais.

José dos Santos Carvalho Filho[5], citando Pontes de Miranda,


assevera que:

Modernamente se tem assegurado a existência da propriedade


como instituto político, mas o conteúdo do direito de propriedade
sofre inúmeras limitações no direito positivo, tudo para permitir
que o interesse privado não se sobreponha aos interesses maiores
da coletividade.

Com passar dos anos, o direito de propriedade foi ganhando nova


roupagem, não sendo atribuído ao imóvel apenas uma função
individual como outrora, mas também uma função social, ou seja,
a propriedade privada deixou de ser absoluta, vez que também
deve atender às necessidades e interesses da coletividade. Logo, a
garantia de propriedade deve ser relativizada visando atender os
interesses da coletividade.

Ao longo dos anos, o direito à posse vem ganhando força no


Sistema Jurídico Pátrio, tanto é que o artigo 1.238 e seguintes do
Código Civil Brasileiro, que dispõe sobre usucapião de imóveis,
admite a aquisição originária da propriedade em razão do exercício
da posse ininterrupta sobre o imóvel por determinado lapso
temporal e com efetivo ânimo de ser dono do imóvel.

A possibilidade de aquisição do imóvel em razão do exercício da


posse plena encontra respaldo também no Texto Constitucional,
conforme previsão contida no caput do artigo 191, ou seja, a
aquisição originária da propriedade, por meio de usucapião, tem
previsão na legislação constitucional e infraconstitucional, o que
demonstra a real intenção do legislador Pátrio em premiar aquele

que, mesmo não sendo o proprietário do imóvel, faz com que a
propriedade cumpra sua função social, tornando-a produtiva por
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seu trabalho ou de sua família e tendo nela fixado sua moradia.

Vale registrar que a norma vigente apenas excepciona a aquisição


dos imóveis públicos por meio de usucapião, tanto é que o
parágrafo único do artigo 191 da Constituição da República de
1988 estabelece que “os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião”. Logo, os imóveis públicos não podem ser adquiridos
pelo decurso do tempo, não podendo o particular ser considerado
possuidor do imóvel, mesmo que tenha fixado sua residência há
anos sobre o imóvel pertencente ao Poder Público, sendo sua
situação jurídica de mero detentor, não gerando posse.

No atual cenário jurídico, a função social sobrepõe ao direito de


propriedade, portanto, àquele que, mesmo não sendo proprietário,
confere à propriedade a função social poderá ser contemplado com
o título de propriedade. Neste caso, estão em conflito o direito à
propriedade e a necessidade da propriedade atender a função
social, devendo a função social sobrepor ao direito de propriedade.

Realmente o legislador Pátrio assegurou ao proprietário os direitos


inerentes à propriedade, conferindo-lhe mecanismos para proteção
do direito de propriedade e de posse, prevendo no Capítulo III do
Código de Processo Civil de 2015 as ações possessórias para
efetivar suas garantias. Todavia, o direito de propriedade não é
absoluto, devendo o direito à propriedade ser relativizado quando
a mesma não atender a sua função social.

Vale transcrever os ensinamentos de Gilmar Ferreira Mendes e


Paulo Gustavo Gonet Branco acerca da função social da
propriedade, vejamos:

Na Constituição de 1988, a função social está disposta no art. 5º,


XXIII, que define que a propriedade atenderá a sua função social;
e, no art. 170, III, como princípio geral da ordem econômica
nacional. Também é mencionada em dispositivo relativo à política
urbana, que estabelece que a propriedade urbana cumpre sua
função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor (art. 182, § 2º). A
Constituição prevê, ainda, que o descumprimento da função social
da propriedade rural enseja a desapropriação por interesse social
(art. 184); que a lei garantirá tratamento especial à propriedade
produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos
relativos a sua função social (art. 185, parágrafo único); e que a
função social da propriedade rural é cumprida quando atende,
simultaneamente e segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

a) aproveitamento racional e adequado; b) utilização adequada


dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
c) observância das disposições que regulam as relações de
trabalho; d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários
e dos trabalhadores (art. 186)[6].

Destarte, todos os imóveis particulares podem ser usucapidos, o


que inclui os imóveis do acervo hereditário, tendo em vista que o
legislador somente vedou usucapir os imóveis públicos. Assim, não

pode prevalecer o entendimento absurdo de que não é possível um
herdeiro, que exerce a posse exclusiva sobre a totalidade da
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herança, requerer ao juiz que seja declarada adquirida a totalidade


da herança com base no artigo 1.241 do Código Civil Brasileiro de
2002.

3. A USUCAPIÃO ENTRE HERDEIROS E O DIREITO DE


HERANÇA

A usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade em


razão da posse ininterrupta e prolongada da coisa, devendo o
usucapiente preencher os demais requisitos previstos no Código
Civil, o que inclui o lapso temporal mínimo.

Vale registrar a existência de dois tipos de posse, a posse ad


interdicta, que gera direitos de defesa da posse, como é o caso do
locatário, e a posse usucapionem, que é apta para adquirir a
propriedade, onde o interessado deve comprovar a posse
ininterrupta e prolongada do imóvel, devendo, ainda, comprovar
efetivo ânimo de ser dono do imóvel.

O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.163.118/RS, tendo como


Relator o Ministro Luis Roberto Salomão, aduziu que “preenchidos
os requisitos da usucapião, há, de forma automática, o direito à
transferência do domínio, não sendo a sentença requisito formal à
aquisição da propriedade[7]”, ou seja, a sentença na ação de
usucapião apenas declara o possuidor como proprietário.

Conforme será abordado a seguir, o acervo hereditário também


pode ser objeto de ação de usucapião, até porque o direito à
herança decorre do direito de propriedade, podendo, portanto, ser
usucapido.

Com o falecimento do instituidor da herança transfere-se


imediatamente aos herdeiros a propriedade e a posse indireta do
acervo hereditário, devendo os herdeiros tomar as providências
cabíveis para assumir a posse direta sobre seu quinhão, sob pena
de aplicação da usucapião como sanção, em razão da inércia de
algum herdeiro.

Apesar de o Legislador Constituinte assegurar, no inciso XXX do


artigo 5º da Constituição da República de 1988, o direito à herança
aos sucessores do falecido, a garantia constitucional não é
intocável, pois a herança não se trata de um direito potestativo
não decadencial, logo, pode ser usucapido como qualquer outra
propriedade particular.

O próprio Texto Constitucional traz limitação expressa acerca do


direito de herança, tanto é que o inciso XLV do artigo 5º
estabelece que a obrigação de reparação de danos e a decretação
do perdimento de bens pode ser estendida aos sucessores, e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
transferido, o que reforça a tese de que o direito à herança não é
absoluto.

Conforme visto no tópico acima, o direito de propriedade não é


absolto, logo o direito do herdeiro sobre seu quinhão hereditário
também não é absoluto, podendo perfeitamente ser usucapido por

um terceiro ou por um coerdeiro que exerce a posse sobre a
totalidade da herança, até porque o legislador Pátrio apenas vedou
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usucapir os imóveis públicos, não incluindo na vedação os imóveis


deixados pelo “de cujos”.

Destarte, se o herdeiro não tomar providências para assumir a


posse direta de seu quinhão, deixando que outro herdeiro exerça a
posse exclusiva sobre o acervo hereditário, como se dono fosse,
pode ter seu direito de herança afastado, pois toda e qualquer
propriedade particular deve atender a sua função social. Portanto,
àquele que não tomar providências para assumir a posse direta,
bem como conferir função social ao quinhão hereditário, não terá
proteção ao direito de herança.

Dessa forma, não é conferido ao julgador e/ou o intérprete, ao seu


bel prazer, vedar que o herdeiro requeira ao juiz, mediante
usucapião, que seja declarado proprietário da totalidade do acervo
hereditário, tendo em vista que se fosse intenção do legislador
vedar a possibilidade de usucapião entre herdeiros faria de forma
expressa, conforme o fez com relação aos imóveis públicos.

Conforme é de conhecimento de todos, a interpretação do texto


legal para ser válida deve ser coerente e responsável. Valendo-se
das palavras do professor Lenio Luiz Streck, a interpretação “em
um contexto de constitucionalismo pós-guerra, não pode
extrapolar os limites semânticos do texto”, haja vista que este
limite é condição para a existência do próprio Estado Democrático
de Direito. O renomado doutrinador continua aduzindo que “o
respeito ao texto quer dizer compromisso com a Constituição e
com a legislação democraticamente constituída[8]”.

Destarte, não pode o julgador, discricionariamente, indeferir a


inicial de usucapião ao argumento de que não é possível o herdeiro
usucapir o quinhão do coerdeiro, tendo vista que não existe na
norma vigente nenhum dispositivo que veda a usucapião entre
herdeiros. Por conseguinte, não pode o julgador, ao seu bel prazer,
criar vedação não prevista pelo legislador que foi
democraticamente constituído pelo povo, sob pena de afronta ao
princípio constitucional da tripartição de poderes previsto no artigo
2º do Texto Constitucional. Dessa forma, não é passível de
supressão, por se tratar de uma Cláusula Pétrea.

Portanto, não pode o Poder Judiciário inovar no Sistema Jurídico


Pátrio para vedar a possibilidade de usucapião entre herdeiros,
pois, do contrário, ocorrerá violação à garantia constitucional da
separação dos poderes (art. 2º da CRB), onde cada poder tem
competência específica, não podendo um adentrar na esfera do
outro.

Em decorrência disso, justifica-se a importância da divisão dos


Poderes do Estado, o qual os estudiosos aduzem que adveio da
obra de Aristóteles, chamada “Política”, prevendo a existência de
três funções, quais sejam: “a função de editar normas gerais a
serem observador por todos, a de aplicar normas ao caso concreto
(administrativo) e a função de julgamento, dirimindo os conflitos
oriundos das normas gerais nos casos concretos”[9].

Com o passar dos anos, o pensamento jurídico foi se aprimorando.



Assim, no afã do Estado Liberal, Montesquieu, no seu livro Espírito
das Leis, (...) inovou dizendo que tais funções estariam
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intimamente conectadas a três órgãos distintos, autônomos e


independentes entre si[10] (...).

Nas palavras de Ferreira Filho[11], a divisão das funções consiste


em dividir o exercício do poder político entre vários órgãos
diferentes e independentes, através de um critério variável, seja
funcional ou geográfico, de modo que órgão algum isolado possa
agir sem ser freado pelos demais. É, pois, essa divisão que impede
o arbítrio, ou ao menos o dificulta, sendo esses poderes
independentes e harmônicos.

Até hoje, nessa linha, a Constituição da República de 1988,


estabelece em seu artigo 2º que no Brasil existem três Poderes,
independentes e harmônicos entre si. Sendo eles: o Poder
legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário.

Assim, ao Poder Legislativo foi concedida a função típica de editar


as normas jurídicas, ou seja, as leis – aqui dito em sentido latu
sensu; ao Poder Executivo foi dada a missão de administrar e ao
Poder Judiciário, a função jurisdicional, que corresponde em dizer o
direito no caso concreto.

Em momento algum o legislador constituinte autorizou o Poder


Judiciário inovar no sistema jurídico vigente, portanto, toda
decisão judicial proferida em contrariedade à norma vigente é
nula, não sendo apta a surtir efeitos no mundo jurídico.

Assim, o entendimento de que é impossível o herdeiro usucapir o


quinhão do coerdeiro não encontra respaldo no ordenamento
jurídico vigente, não passando de uma invenção jurídica
totalmente contrária ao ordenamento jurídico vigente.
Infelizmente, existem alguns julgados inadmitindo usucapião entre
herdeiros, todavia, tais decisões não encontram sustentação
jurídica.

Recentemente ao enfrentar o tema objeto deste artigo, o Superior


Tribunal de Justiça vem admitindo o instituto da usucapião entre
os condôminos, conferindo ao condômino a legitimidade para
usucapir, em nome próprio, imóvel deixado pelo falecido, desde
que exerça a posse por si mesmo no imóvel, bem como a posse
exclusiva com efetivo animus domini pelo prazo determinado em
lei, sem qualquer oposição dos demais proprietários/herdeiros,
vejamos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF. HERDEIRA. IMÓVEL OBJETO DE
HERANÇA. POSSIBILIDADE DE USUCAPIÃO POR CONDÔMINO SE
HOUVER POSSE EXCLUSIVA.

1. Ação ajuizada 16/12/2011. Recurso especial concluso ao


gabinete em 26/08/2016. Julgamento: CPC/73.

2. O propósito recursal é definir acerca da possibilidade de


usucapião de imóvel objeto de herança, ocupado exclusivamente
por um dos herdeiros.

3. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados
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como violados impede o conhecimento do recurso especial.

4. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos


herdeiros legítimos e testamentários (art. 1.784 do CC/02).

5. A partir dessa transmissão, cria-se um condomínio pro indiviso


sobre o acervo hereditário, regendo-se o direito dos co-herdeiros,
quanto à propriedade e posse da herança, pelas normas relativas
ao condomínio, como mesmo disposto no art. 1.791, parágrafo
único, do CC/02.

6. O condômino tem legitimidade para usucapir em nome próprio,


desde que exerça a posse por si mesmo, ou seja, desde que
comprovados os requisitos legais atinentes à usucapião, bem como
tenha sido exercida posse exclusiva com efetivo animus domini
pelo prazo determinado em lei, sem qualquer oposição dos demais
proprietários.

7. Sob essa ótica, tem-se, assim, que é possível à recorrente


pleitear a declaração da prescrição aquisitiva em desfavor de seu
irmão - o outro herdeiro/condômino -, desde que, obviamente,
observados os requisitos para a configuração da usucapião
extraordinária, previstos no art. 1.238 do CC/02, quais sejam,
lapso temporal de 15 (quinze) anos cumulado com a posse
exclusiva, ininterrupta e sem oposição do bem.

8. A presente ação de usucapião ajuizada pela recorrente não


deveria ter sido extinta, sem resolução do mérito, devendo os
autos retornar à origem a fim de que a esta seja conferida a
necessária dilação probatória para a comprovação da exclusividade
de sua posse, bem como dos demais requisitos da usucapião
extraordinária.

9. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte,


provido. (REsp 1631859/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 29/05/2018).
(Grifos).

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMÓVEL


EM CONDOMÍNIO. POSSIBILIDADE DE USUCAPIÃO POR
CONDÔMINO SE HOUVER POSSE EXCLUSIVA.

1. O condômino tem legitimidade para usucapir em nome próprio,


desde que exerça a posse exclusiva com animus domini e sejam
atendidos os requisitos legais do usucapião.

2. Agravo regimental provido. (AgRg no AREsp 22.114/GO, Rel.


Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 05/11/2013, DJe 11/11/2013). (Grifos).

AÇÃO DE USUCAPIÃO. HERDEIRA. POSSIBILIDADE.


LEGITIMIDADE. AUSÊNCIA DE PRONUNCIAMENTO PELO TRIBUNAL
ACERCA DO CARÁTER PÚBLICO DO IMÓVEL OBJETO DE
USUCAPIÃO QUE ENCONTRA-SE COM A CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL.

PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL.
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1. O condômino tem legitimidade para usucapir em nome próprio,


desde que exerça a posse por si mesmo, ou seja, desde que
comprovados os requisitos legais atinentes à usucapião, bem como
tenha sido exercida posse exclusiva com efetivo animus domini
pelo prazo determinado em lei, sem qualquer oposição dos demais
proprietários.

2. Há negativa de prestação jurisdicional em decorrência de não


ter o Tribunal de origem emitido juízo de valor acerca da natureza
do bem imóvel que se pretende usucapir, mesmo tendo os
recorrentes levantado a questão em sede de recurso de apelação e
em embargos de declaração opostos ao acórdão.

3. Recurso especial a que se dá provimento para: a). reconhecer a


legitimidade dos recorrentes para proporem ação de usucapião
relativamente ao imóvel descrito nos presentes autos, e b). anular
parcialmente o acórdão recorrido, por violação ao artigo 535 do
CPC, determinando o retorno dos autos para que aquela ilustre
Corte aprecie a questão atinente ao caráter público do imóvel.
(REsp 668.131/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 14/09/2010). (Grifos).

No mesmo modo, tem decidido o Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado de Minas Gerais:
 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE USUCAPIÃO - CÓDIGO CIVIL
DE 1916 - SUCESSÃO HEREDITÁRIA - CONDOMÍNIO PRO INDIVISO -
HERDEIRO CO-PROPRIETÁRIO - POSSIBILIDADE DE USUCAPIR EM
NOME PRÓPRIO - LAPSO TEMPORAL NÃO CUMPRIDO - CAUSA
INTERRUPTIVA - RECONHECIMENTO DA USUCAPIÃO -
IMPOSSIBILIDADE. Na data da entrada em vigor do Novo Código
Civil, já havia transcorrido mais da metade o prazo previsto na lei
anterior, de modo que suas disposições é que devem ser
observadas para análise da pretensão de reconhecimento da
prescrição aquisitiva no caso dos autos.

O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que


é possível, em tese, ao co-proprietário de condomínio pro indiviso
requerer usucapião, desde que comprove a posse de área
delimitada do imóvel e os demais requisitos legais pertinentes à
aquisição da propriedade exclusiva.  Não comprovado o lapso
temporal necessário para o reconhecimento da usucapião, não há
como reformar a sentença que julgou improcedente a pretensão
autoral.  (TJMG -  Apelação Cível  1.0024.10.184064-3/001,
Relator(a): Des.(a) Juliana Campos Horta , 12ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 05/10/2016, publicação da súmula em 13/10/2016).
(Grifos).

EMENTA: < AÇÃO DE USUCAPIÃO. HERDEIRO. LEGITIMIDADE ATIVA


.POSSE EXCLUSIVA. TEMPO DO ANTECESSOR. ACESSÃO DA POSSE.
IMPOSSIBILIDADE. REQUISITOS NÃO COMPROVADOS. SENTENÇA
REFORMADA.

A ação de usucapião pode ser ajuizada por herdeiro ou condômino


quando verificada a existência de posse exclusiva, com animus 
domini, e desde que demonstre de modo inequívoco a exclusão dos
demais condôminos ou herdeiros. Todavia, nesses casos, quando a
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ação é proposta por apenas um dos herdeiros, não é possível


aproveitar o tempo de posse do autor da herança para completar o
lapso temporal da usucapião em detrimento dos demais
heredeiros.  (TJMG -  Apelação Cível 1.0111.06.007125-0/001,
Relator(a): Des.(a) Marcos Lincoln , 11ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 01/12/2016, publicação da súmula em 15/12/2016). (Grifos).

Conforme visto acima, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas


Gerais, mesmo que de forma tímida, vem admitindo a ação de
usucapião ajuizada por herdeiro em desfavor de coerdeiro, quando
verificada a existência de posse exclusiva com animus domini e
desde que demonstre de modo inequívoco a exclusão dos demais
condôminos ou herdeiros, o que demonstra a evolução
progressista do entendimento do Tribunal Mineiro.

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul também já


teve a oportunidade de manifestar sobre a legitimidade ativa do
herdeiro em propor ação de usucapião contra os demais herdeiros,
quando o usucapiente demonstrar o exercício de posse exclusiva
durante o lapso temporal legalmente previsto na norma vigente,
bem como o com animus domini, vejamos:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO. IMÓVEL. HERANÇA.


POSSE EXCLUSIVA DE HERDEIRO COMPROVADA. 1. Inocorrência
de nulidade da citação editalícia. Preliminar afastada.

Em princípio, somente se admite a usucapião sobre imóvel


adquirido por herança, em detrimento dos demais herdeiros, em
hipóteses excepcionais, quando o usucapiente demonstrar o
exercício de posse exclusiva durante o lapso temporal legalmente
previsto e com animus domini. Hipótese em que o demandante
logrou êxito em comprovar a posse revestida de animus domini,
pelo período suficiente ao reconhecimento da prescrição aquisitiva
pretendida. Sentença confirmada. Fixados honorários recursais.
NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº
70072689938, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Marlene Marlei de Souza, Julgado em 14/09/2017).
(Grifos).

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO


EXTRAORDINÁRIA. IMÓVEL. HERANÇA. POSSE EXCLUSIVA DE
HERDEIRO. ÔNUS DA PROVA. Em princípio, somente se admite a
usucapião sobre imóvel adquirido por herança, em detrimento dos
demais herdeiros, em hipóteses excepcionais, quando a
usucapiente demonstrar o exercício de posse exclusiva durante o
lapso temporal legalmente previsto e com animus domini. Posse
decorrente de relações familiares que aponta para a existência de
mera tolerância. Posse não revestida de animus domini, elemento
anímico indispensável ao reconhecimento da prescrição aquisitiva
visada. Sentença confirmada. NEGARAM PROVIMENTO AO
RECURSO UNANIME. (Apelação Cível Nº 70065397176, Décima
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson
José Gonzaga, Julgado em 16/06/2016). (Grifos).

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO


EXTRAORDINÁRIA. IMÓVEL. HERANÇA. POSSE EXCLUSIVA DE

HERDEIRO. ÔNUS DA PROVA. Em princípio, somente se admite a
usucapião sobre imóvel adquirido por herança, em detrimento dos
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demais herdeiros, em hipóteses excepcionais, quando a


usucapiente demonstrar o exercício de posse exclusiva durante o
lapso temporal legalmente previsto e com animus domini. Posse
decorrente de relações familiares. Prova oral que aponta para a
existência de mera tolerância. Posse não revestida de animus
domini, elemento anímico indispensável ao reconhecimento da
prescrição aquisitiva visada. Sentença confirmada. NEGARAM
PROVIMENTO AO RECURSO. UNANIME. (Apelação Cível Nº
70062651039, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Nelson José Gonzaga, Julgado em 19/03/2015).
(Grifos).

A doutrina também tem admitido que o condômino tem


legitimidade para usucapir em nome próprio, desde que exerça a
posse exclusiva e comprove os requisitos legais atinentes à
usucapião, vejamos:
 
Ainda no que se refere ao objeto, o entendimento dos tribunais é
do cabimento da usucapião entre condôminos no condomínio
tradicional, desde que seja o condomínio pro diviso, ou haja posse
exclusiva de um condômino sobre a totalidade da coisa comum.
Exige-se, em tal caso, que a posse seja inequívoca, manifestada
claramente aos demais condôminos, durante todo o lapso temporal
exigido em lei. Deve estar evidenciado aos demais comunheiros que
o usucapiente não reconhece a soberania alheia ou a concorrência
de direitos sobre a coisa comum[12]. (Grifos).

O entendimento acerca da impossibilidade de usucapião entre


herdeiros/condôminos além de ultrapassado não encontra guarida
no sistema jurídico vigente, até porque na atual conjuntura jurídica
objetiva-se premiar aquele que, mesmo não sendo o proprietário,
faz com que a propriedade cumpra sua função social, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela fixado sua
moradia, ou seja, a propriedade teve atender também os
interesses da coletividade.

Os demais Tribunais Pátrios devem seguir a orientação firmada


pelo Superior Tribunal de Justiça e Tribunal de Justiça do Estado do
Rio Grande do Sul, que confere ao condômino a legitimidade para
usucapir em nome próprio, desde que exerça a posse por si
mesmo no imóvel, com posse exclusiva, com efetivo animus
domini, pelo prazo determinado em lei, sem qualquer oposição dos
demais proprietários/herdeiros.

O herdeiro que exerce a posse sobre a totalidade da herança, com


animus domini, sem a oposição dos demais herdeiros/condôminos,
fazendo com que a propriedade deixada pelo falecido cumpra sua
função social, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, pelo prazo estabelecido no artigo 1.238 e seguintes do
Código Civil, deve ser contemplado com o título de propriedade da
totalidade do imóvel, pois o próprio Texto Constitucional estabelece
que a propriedade deve cumprir a função social e não apenas
individual.

Cabe registrar que a transferência da propriedade ao herdeiro se


dá imediatamente após o falecimento do instituidor da herança,

proporcionando aos herdeiros a posse indireta do patrimônio
deixado causa mortis pelo falecido, ou seja, o patrimônio deixado
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pelo falecido transmite instantaneamente aos herdeiros e


sucessores com a morte da pessoa, por decorrência do princípio da
saisine, conforme estabelecido no artigo 1.784 do Código Civil
vigente.

Nesse sentido, corrobora Giselda Maria Fernandes Novaes


Hironaka[13], vejamos:
 
A sucessão considera-se aberta no instante mesmo ou no instante
presumido da morte de alguém, fazendo nascer o direito
hereditário e operando a substituição do falecido por seus
sucessores a título universal nas relações jurídicas em que aquele
figurava. Não se confundem, todavia. A morte é antecedente lógico,
é pressuposto e causa. A transmissão é conseqüente, é efeito da
morte. Por força de ficção legal, coincidem em termos cronológicos,
(1) presumindo a lei que o próprio de cujus investiu seus herdeiros
(2) no domínio e na posse indireta (3) de seu patrimônio, porque
este não pode restar acéfalo. Esta é a fórmula do que se
convenciona denominar ‘droit de saisine’.

Do mesmo modo, advoga Fabrício Zamprogna Matiello[14]:


 
O imediatismo na transferência da propriedade e da posse dos
bens aos herdeiros, assim que verificada a morte do de cujus,
decorre de instituto proveniente do ordenamento jurídico francês,
consagrado como droit de saisine, ou, como se tornou comum na
língua portuguesa, direito de saisina. Seu fundamento consiste na
necessidade de que o patrimônio do falecido não fique sem
titularidade, razão pela qual essa realidade jurídica permite que no
exato momento do óbito a totalidade da herança seja assumida
pelos novos titulares, ainda que nem mesmo saibam do
passamento ou ignorem a própria condição de herdeiros. Trata-se
de alteração subjetiva ou sub-rogação pessoal que opera
automaticamente, sem reclamar a prática de qualquer ato pelos
interessados. (Grifos).

Segundo Maria Berenice Dias[15] “Os herdeiros, todos eles,


recebem a propriedade e a posse de direitos e não a posse fática
dos bens. A posse que passa aos herdeiros, automaticamente, não
é a título provisório” (...).

No julgamento do Recurso Especial nº 1125510/RS, o Superior


Tribunal de Justiça[16] firmou o entendimento no sentido de que:
 
“em observância ao Princípio da Saisine, corolário da premissa de
que inexiste direito sem o respectivo titular, a herança,
compreendida como sendo o acervo de bens, obrigações e direitos,
transmite-se, como um todo, imediata e indistintamente aos
herdeiros. Ressalte-se, contudo, que os herdeiros, neste primeiro
momento, imiscuir-se-ão apenas na posse indireta dos bens
transmitidos. A posse direta, conforme se demonstrará, ficará a
cargo de quem detém a posse de fato dos bens deixados pelo de
cujus ou do inventariante, a depender da existência ou não de
inventário”.

Dessa forma, com base no artigo 1.784 do Código Civil “Aberta a



sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários”, criando a partir dessa transmissão um
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condomínio pro indiviso sobre o acervo hereditário, regendo-se o


direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança,
pelas normas relativas ao condomínio, como mesmo disposto no
art. 1.791, parágrafo único, do CC/02 (REsp 1.192.027/MG, 3ª
Turma, DJe 06/09/2010).

No Resp 1.244.118/SC, o Superior Tribunal de Justiça manifestou


que os sucessores adquirem a composse pro indiviso do acervo
hereditário, podendo cada um dos herdeiros valer-se dos interditos
possessórios em defesa da herança, vejamos:
 
(...). Adquirem os sucessores, em consequência, a composse pro
indiviso do acervo hereditário, que confere a cada um deles a
legitimidade para, em relação a terceiros, se valer dos interditos
possessórios em defesa da herança como um todo, em favor de
todos, ainda que titular de apenas uma fração ideal. De igual modo,
entre eles, quando um ou alguns compossuidores excluem o outro
ou os demais do exercício de sua posse sobre determinada área,
admite-se o manejo dos interditos possessórios. (...). (REsp
1244118/SC, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado
em 22/10/2013, DJe 28/10/2013). (Grifos).

Assim, a partir do nascimento do direito hereditário, que se dá


com o falecimento, todos os herdeiros devem tomar providências
para assumir a posse direta do monte deixado pelo falecido, pois
se apenas parte dos herdeiros assumirem a posse direta e
exclusiva do imóvel, com efetivo animus domini, pelo prazo
determinado em lei, sem qualquer oposição dos demais
proprietários/herdeiros, estes podem futuramente pleitear a
aquisição da totalidade da propriedade deixada pelo falecido.

José Celso de Mello[17] entende que “a inércia, omissão e


desinteresse do proprietário são sancionados pela perda do
domínio, em favor, precisamente, daquele que, possuindo o bem
pro suo, vem a dar-lhe a destinação e a utilização reclamadas pelo
interesse social”.

Para Brenda de Farias Silva[18] “somente com a inércia sucessória


a propriedade dos bens imóveis do acervo hereditário poderá vir a
ser restringida, incorporando ao patrimônio de algum herdeiro que
se valeu do exercício de posse e propriedade para, além de buscar
sua satisfação individual, fazer valer a função social da
propriedade”.

Realmente o direito de herança tem previsão na norma vigente


(art. 5º, XXX, da CRB), todavia após o falecimento do instituidor
da herança, o herdeiro deve tomar as providências para assumir a
posse direta da propriedade deixada pelo de cujus, tendo em vista
que a inércia do herdeiro pode resultar na perda do quinhão
hereditário, até porque o direito de herança não pode ser exercido
a qualquer tempo, por não se tratar de um direito potestativo não
decadencial.

Quando o herdeiro deixa de tomar as providências para assumir a


posse direta no patrimônio deixado pelo falecido, permanecendo
inerte, deve ser penalizado com a perda de seu quinhão. A inércia

do herdeiro acabou legitimando o reconhecimento da usucapião
àquele que deu ao acervo hereditário a função social através da
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posse exclusiva e duradoura.

Não é razoável que o herdeiro que assumiu a propriedade deixada


pelo falecido conferindo-lhe a função social, como se proprietário
fosse, não seja contemplado com o título de propriedade sobre a
totalidade do acervo hereditário[19], até porque a herança não se
trata de um direito potestativo não decadencial ou um direito
imprescritível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos fatos relatados, pode-se concluir que a usucapião


desempenha papel de suma importância no ordenamento jurídico
vigente, vez que premia àquele que, através de sua posse,
promove a função social da propriedade. O instituto da usucapião
visa acima de tudo conferir função social à propriedade,
compensando aqueles que dão destinação útil e eficaz ao imóvel.

Não seria razoável deixar de contemplar o herdeiro, que após a


abertura da sucessão hereditária, demonstre o exercício da posse
exclusiva, sem oposição dos demais herdeiros, durante o lapso
temporal legalmente exigido pelo artigo 1.238 e seguintes do
Código Civil e que demonstre o animus domini.

Conforme visto ao longo do presente artigo, a usucapião sobre


imóvel adquirido por herança não encontra vedação na legislação
brasileira, até porque a norma vigente somente veda usucapir os
imóveis públicos.

Exceto os imóveis públicos, qualquer outro imóvel pode ser objeto


de ação de usucapião, desde que o usucapiente demonstre o
exercício da posse exclusiva, sem oposição, durante o lapso
temporal legalmente exigido e o animus domini.

O entendimento contrário à possibilidade de o herdeiro usucapir o


quinhão hereditário do coerdeiro não encontra guarida no Sistema
Jurídico Brasileiro, em razão de ausência de norma proibitiva.
Assim, não pode o hermeneuta ou o julgador criar vedação não
prevista pelo legislador, pois lhe falta competência e legitimidade
para inovar no Sistema Jurídico, tendo em vista que somente o
Poder Legislativo poderia proibir a possibilidade de usucapião entre
herdeiros.

Na atual conjuntura do Estado Democrático de Direito não são


admitidos decisionismos e arbitrariedades interpretativas
perpetradas pelo intérprete ou pelo julgador, sob pena de afronta à
norma criada democraticamente. No Estado Democrático de
Direito não há espaço para a figura do “juiz solipsista[20]”, onde o
julgador decide, não segundo as normas vigentes, mas segundo a
sua conveniência.

Para o autor acima mencionado, “o juiz pode amar ou odiar algo,


mas na hora da decisão os seus preconceitos devem ficar
suspensos”, pois em um Estado Democrático de Direito não são
admitidos decisionismos e arbitrariedades interpretativas. Aqui o
intérprete ou o julgador não pode extrapolar os limites semânticos

do texto legal, pois ele é uma condição para a existência do
próprio Estado de Direito. Querer o intérprete criar regra ao seu
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bel prazer não passa de um delírio e arbitrariedade interpretativa,


vez que inexiste espaço para tal conduta no ordenamento jurídico.

O julgador pode até não concordar que um herdeiro ajuíze uma


ação de usucapião contra o coerdeiro, todavia, do ponto de vista
jurídico, nada pode fazer, vez que não existe no ordenamento
jurídico vigente norma que proíba a usucapião sobre os imóveis do
acervo hereditário.

De mais a mais, o particular, diferentemente da Administração


Pública, pode fazer tudo o que a norma não proíbe, vigorando nas
relações privadas o princípio da autonomia da vontade, ou seja, ao
particular é concedido o privilégio de poder fazer tudo o que não
for proibido. Assim, pode-se concluir que é perfeitamente possível
a usucapião entre herdeiros, tendo em vista a ausência de norma
proibitiva neste sentido.

Destarte, o entendimento contrário à possibilidade de usucapião


entre herdeiros não passa de um delírio interpretativo, não
encontrando respaldo no Sistema Jurídico Pátrio. Dessa forma,
espera-se que os Tribunais Pátrios adotem o entendimento firmado
pelo Superior Tribunal de Justiça acerca da possibilidade de
usucapião entre os condôminos/herdeiros.

Conforme visto, a usucapião não almeja apenas a pacificação


sobre a titularidade da propriedade da terra, mas também é usado
como mecanismo para conferir função social à propriedade. Assim,
o herdeiro que confere função social ao acervo hereditário,
enquanto os demais herdeiros permaneceram inertes, deve ser
recompensado com o título de propriedade sobre a totalidade do
acervo deixado pelo falecido.

Por fim, cabe consignar que, para o reconhecimento da usucapião


entre herdeiros, é imprescindível comprovar a posse exclusiva
sobre o acervo hereditário, com animus domini; o lapso temporal
exigido pela legislação vigente e a promoção da função social ao
imóvel.

Notas e Referências

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Processual. 1. ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005.

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Administrativo. 26 ed. rev., ampl. e atual. até 31-12-2012 – São
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10.406, de 10.01.2002 / coordenador Cezar Peluso. 8 ed. rev. e
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DIDIER JR., Fredie. A função social da propriedade e a tutela
processual da posse. In: REGIS, Mario Luiz Delgado; ALVES,
https://www.sinoreg-es.org.br/index.php?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=NzAzNg==&filtro=10 16/20
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Destaque para dois pontos de irrealização da experiência jurídica à
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Acessado em 20/12/2018.

STRECK, Lenio Luiz. Os limites semânticos e sua importância


na e para a democracia. Revista da AJURIS – V. 41 – n. 135 –
Setembro de 2014.

[1] MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.


Curso de direito constitucional. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017,
p. 340.

[2] ARAÚJO, Fabio Caldas. O Usucapião no Âmbito Material e


Processual. 1. ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005, p. 15.

[3] CABRAL, Thiago Colnago. A Reestruturação do Conceito de


Propriedade: a Função Social enquanto Componente do Domínio.
Revista Magister de Direito Ambiental e Urbanístico. Porto Alegre:
Editora Magister LTDA, v. 41, p. 32-63, abr./maio. 2012, p. 48.

[4] DIDIER JR., Fredie. A função social da propriedade e a tutela



processual da posse. In: REGIS, Mario Luiz Delgado; ALVES, Jones
Figueiredo (Coord.). Questões controvertidas: Direito das coisas.
https://www.sinoreg-es.org.br/index.php?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=NzAzNg==&filtro=10 17/20
11/05/2021 A Usucapião entre herdeiros e o direito de herança - Sinoreg-ES

São Paulo: Gen: Metódo, 2008. (Série Grandes Temas de Direito


Privado; v. 7), p. 101.

[5] CARVALHO FILHO. José dos Santos. Manual de Direito


Administrativo. 26 ed. rev., ampl. e atual. até 31-12-2012 – São
Paulo: Atlas, 2013, p.780.

[6] MENDES, Gilmar Ferreira. BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.


Curso de direito constitucional. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017,
p. 340

[7] REsp 1163118/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta


Turma, julgado em 20/05/2014, REPDJe 05/08/2014, DJe
13/06/2014.

[8] STRECK, Lenio Luiz. Os limites semânticos e sua importância


na e para a democracia. Revista da AJURIS – V. 41 – n. 135 –
Setembro de 2014, p. 174.

[9] LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 14 ed.


Ver. Atual. e ampl. São Paulo, Saraiva, 2010, p. 397.

[10] idem, p. 397.

[11] FERRREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito


Constitucional. 30.ed., São Paulo: Saraiva, 2003, p. 132.

[12] Código civil comentado: doutrina e jurisprudência: Lei


10.406, de 10.01.2002 / coordenadora Cezar Peluso. 8 ed. rev. e
atual. São Paulo: Manole, 2014, p. 1.129.

[13] HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das


Sucessões brasileiro: disposições gerais e sucessão legítima.
Destaque para dois pontos de irrealização da experiência jurídica à
face da previsão contida no novo Código Civil. Jus Navigandi,
Teresina, ano 8, n. 65, 1 de maio 2003. Disponível em
http://jus.com.br/revista/texto/4093. Acesso em 17 de novembro
de 2012.

[14] MATIELLO, Fabrício Zamprogna. Código civil comentado: Lei


n. 10.406, de 10.01.2002. 7 ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 969.

[15] DIAS, Maria Berenice Dias. Manual das Sucessões. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais. 2. ed., 2011, p. 105.

[16] REsp 1125510/RS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA


TURMA, julgado em 06/10/2011, DJe 19/10/2011

[17] MELLO, José Celso, Constituição Federal Anotada, p. 500.

[18] SILVA, Brenda de Farias. A possibilidade jurídica de usucapião


de herdeiro sobre bens imóveis do acervo hereditário, 2016, p. 44.
Disponível em https://app.uff.br/riuff/handle/1/4380. Acessado em
20/12/2018.

[19] Direito potestativo é um direito que não admite contestações



[20] De acordo com o Dicionário Oxford de Filosofia (Rio de
https://www.sinoreg-es.org.br/index.php?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=NzAzNg==&filtro=10 18/20
11/05/2021 A Usucapião entre herdeiros e o direito de herança - Sinoreg-ES

Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997, p.367), solipsismo é “a crença


de que, além de nós, só existem as nossas experiências. O
solipsismo é a consequência extrema de se acreditar que o
conhecimento deve estar fundado em estados de experiências
interiores e pessoais, e de não se conseguir encontrar uma ponte
pela qual esses estados nos deem a conhecer alguma coisa que
esteja além deles. O solipsismo do momento presente estende
este ceticismo aos nossos próprios estados passados, de tal modo
que tudo o que resta é o eu presente. Russel conta-nos que
conheceu uma mulher que se dizia solipsista e que estava
espantada por não existirem mais pessoas como ela.”

Imagem Ilustrativa do Post: architecture // Foto de: Dale Cruse //


Sem alterações

Disponível em:
https://www.flickr.com/photos/dalecruse/42107029100/

Licença de uso:
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O TEXTO É DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO AUTOR, NÃO
REPRESENTANDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO OU POSICIONAMENTO
DO EMPÓRIO DO DIREITO.

Márcio Berto Alexandrino de Oliveira é Bacharel


em Direito pela Universidade Vale do Rio
Doce/UNIVALE - Colação de Grau em dezembro
de 2007, Especialista em Direito Processual pela
PUC/MINAS - Conclusão em março de 2010,
Aprovado no exame da Ordem dos Advogados do
Brasil em abril de 2008, Advogado atuante nas
seguintes áreas: direito administrativo, eleitoral, tributário, civil e
previdenciário. Analista Jurídico do Município de Governador
Valadares desde 02/01/2017 até os dias atuais Advogado no
Escritório Allan Toledo Advogados na Cidade de Governador
Valadares desde dezembro de 2012. Cidade de atuação
profissional: Governador Valadares - Estado de Minas Gerais. E-
mail: marcioberto2008@hotmail.com

Fonte: Empório do Direito

TAGS: Usucapião, Herdeiros, Direito, Herança

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Sindicato dos Notários e Registradores do Estado do Espírito Santo


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11/05/2021 A Usucapião entre herdeiros e o direito de herança - Sinoreg-ES

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