Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artigo de Revisão
1. lise mediada por complemento. alizada leve com evolução lenta; ausência de
2. bloqueio funcional por aumento da de- crise respiratória; com resposta ao tratamento
gradação. farmacológico (30% dos pacientes). Grupo IIB:
3. redução do número de receptores Miastenia generalizada moderada, com en-
ativos2,9,16. volvimento esquelético e bulbar intenso, sem
crises respiratórias; a resposta à terapia farma-
Há estudos que tentam demonstrar que cológica é menos satisfatória (20% dos pacien-
a causa principal não é uma diminuição dos tes). Grupo III: Miastenia fulminante, de
receptores de acetilcolina na membrana pós- evolução rápida, com crise respiratória e má
sináptica, mas uma disfunção em receptores resposta à terapia farmacológica. Há incidência
pré-sinápticos17,18 . No entanto foi constatado elevada de timoma com alta mortalidade (11%
que os estoques pré-sinápticos de acetilcolina dos pacientes miastênicos). Grupo IV: Mias-
e sua liberação sofrem um aumento de até três tenia grave tardia é um quadro idêntico ao grupo
vezes em relação ao paciente normal19,20 . III, com crise respiratória e alta mortalidade,
resultado da progressão dos tipos I e II (9% dos
pacientes). Geralmente a distribuição e a gravi-
Clínica dade da doença são determinadas entre o
primeiro e terceiro ano após o início da sintoma-
A Miastenia gravis caracteriza-se prin- tologia, com influência dos seguintes fatores26 :
cipalmente por fraqueza e fadiga. A primeira 1. a margem de segurança da transmissão
geralmente nos músculos extra-oculares, com neuromuscular; 2. a rápida síntese de recep-
ptose e diploplia, chegando a acometer inicial- tores para acetilcolina na tentativa de compen-
mente 40% dos pacientes21 . A sintomatologia sar o déficit destes; 3. diferença da molécula
pode limitar-se aos músculos oculares ou apre- dos receptores colinérgicos nos músculos e en-
sentar um quadro generalizado de caráter leve tre as pessoas.
ou grave, com exacerbação no final do dia, após Como a miastenia pode acometer
atividades extenuantes, ou com o uso contínuo qualquer faixa etária podemos dividir a apresen-
da musculatura extra-ocular. Outros músculos tação da doença em cada idade27,28 :
bulbares podem ser afetados, causando disar-
tria, disfagia, regurgitação nasal e comprometi- 1. Miastenia transitória (neonatal) - Geral-
mento dos nervos cranianos, o que leva a uma mente ocorre em 20 a 50% dos neonatos
limitação dos movimentos faciais. Esta sintoma- de mães portadoras de miastenia. Di-
tologia torna-se mais evidente após atividade ficuldade para sucção, alterações respi-
contínua dos músculos afetados ou quando o ratórias, ptose palpebral e alterações na
paciente está cansado22,23 . A fraqueza respi- musculatura facial são os sintomas que
ratória isolada ou combinada com a paralisia da poderão aparecer imediatamente ao nas-
deglutição é a complicação mais temida, sendo cimento ou entre 12 a 48 horas após.
comum na crise miastênica21 . Além da fadiga, a Geralmente necessitará de tratamento
presença de infecção, principalmente respi- durante 2 meses, sendo que nos casos
ratória, pode levar à insuficiência grave, mesmo graves usa-se neostigmina oral de 1 a 5
nos pacientes sem queixa anterior22 . mg29,30.
Os pacientes miastênicos podem ser 2. Miastenia infantil ou congênita - Alteração
grupados de acordo com a classificação de genética que causa deficiência nos re-
Osserman21-25 em: Grupo I: Que apresentam ceptores de acetilcolina na membrana
somente miastenia ocular (aproximadamente pós-sináptica25. A sintomatologia geral-
20% dos pacientes) Grupo IIA: Miastenia gener- mente manifesta-se até os dois anos
sendo mais comum em homens. Este nível de antígenos circulantes por plasmafer-
tipo de miastenia é rara quando a mãe ese31 .
não é miastênica e evolui com baixa mor- 1. Anticolinesterásicos32: neostigmina, piri-
talidade. dostigmina e ambenônio são as drogas
3. Miastenia no jovem - 4% dos casos de padrões usadas no tratamento sin-
miastenia ocorrem antes dos 10 anos e tomático da miastenia. Eles agem preser-
24% depois dos 20 anos. É determinada vando a acetilcolina da degradação pela
por uma desordem auto-imune diferente colinesterase, conseguindo atingir uma
da forma infantil que apresenta um com- concentração eficaz para a estimulação
ponente genético. Há predomínio de mul- da membrana pós-sináptica. A dose
heres em relação aos homens (4:1) e o ótima é determinada de forma empírica,
timo geralmente apresenta-se com hiper- através de aumentos graduais até re-
plasia. A doença tem um curso lento com missão da sintomatologia.
tendência à remissão. Estudos em animais mostraram que o
uso crônico de inibidores da coli-
4. Miastenia no adulto. Incide aproximada- nesterase leva a alterações na configu-
mente em 1 a cada 20.000 adultos30. Em ração dos receptores colinérgicos,
adultos com menos de 50 anos há um similar às observadas no paciente com
predomínio de mulheres (2:1), ocorrendo miastenia32,33.
uma equivalência após esta idade. A A dose oral varia de 7,5 a 15 mg para a
hiperplasia do timo aparece em 70% dos neostigmina, 30 a 60 mg para a piridostig-
indivíduos e 10% a 15% apresentam ti- mina e 2,5 a 5 mg para o ambenônio. O
momas (de caráter benigno ou com in- resultado da dose ótima pode ser confir-
vasão local) sendo mais comum nos mado pelo teste do edrofônio. Se for ade-
pacientes mais idosos. Os homens ten- quado, aumentando-se a dose não
dem a apresentar uma doença de caráter ocorrerá alteração ou haverá redução da
mais agressivo, com alta mortalidade e força muscular. Caso não esteja em
baixa remissão. Em 3/4 dos pacientes quantidade adequada, ocorrerá melhora
que apresentam como sintoma inicial da força muscular. O intervalo entre as
ptose ou diplopia, a doença pode gener- doses é de 2 a 4 horas para a neostig-
alizar-se com fraqueza da musculatura mina, e de 3 a 6 horas para a piridostig-
do faringe e laringe resultando em dis- mina e ambenônio. Geralmente há
fasia, disartria e dificuldade para eliminar preferência, por parte dos pacientes, pela
as secreções orais. Se o paciente sobre- piridostigmina, por sua maior duração de
vive à crise, ela continua com a forma ação e menor incidência de efeitos colat-
crônica, apresentando períodos de exac- erais21.
erbação. Uma dose excessiva de droga anticoli-
nesterásica pode provocar crise colinér-
gica, devido a despolarização exagerada
Tratamento Clínico da placa motora, e estimulação acen-
tuada dos receptores muscarínicos. A
O tratamento da Miastenia gravis con- sintomatologia confunde-se com a Mias-
siste em: 1. Melhorar a transmissão neuromus- tenia gravis podendo ser diferenciada
cular com o uso de anticolinesterásicos; 2. usando-se novamente o teste do
Supressão do sistema imunológico com o uso edrofônio (1 mg até no máximo 10 mg
de corticóides e ciclosporina31 ; 3. Diminuição do para um paciente de 70 kg) Se após o uso
gravis. Ann N Y Acad Sci, 1987; 505: 539-55. 35. John TR - Long-term corticosteroid treatment of
21. Miller J D, Leec - Muscle Diseases. In Anesthesia myasthenia gravis. Ann N Y Acad Sci, 1987; 505:
and uncommon diseases (Eds J Katz, J Benu- 568-83.
moff). Ed Philadelphia, 1990; 615-22. 36. Evoli A, Tonalli P, Scoppetta C et al - Myasthenia
gravis in the elderly: report of 37 cases. J Am
22. Andreoli T E, Carpenter C, Plum F - Distúrbios Geriatr Soc, 1983; 31: 352.
sensitivos-motores. Cecil - Med Interna Básica. Ed 37. Castromovo S, Krohel GB, Kristan RW - Blepharop-
Guanabara, 1988; 579-580. tosis in myasthenia gravis. Ann Ophthalmol, 1983;
23. Takamori M, Okumura S, Yasuda A - Pre-synaptic 15: 751.
modification of neuromuscular transmission by an- 38. Nocite JR - Miastenia Gravis e anestesia. Rev Bras
tiacetylcholine receptor antibody: Myasthenic se- Anestesiol, 1990; 40: 443-44.
rum and monoclonal antibody produced by 39. Toyka KV - Myasthenia gravis. In Richard T.
transformed lymphocytes. Neurology, 1986; 36: Johnson (ed). Current therapy in neurologic dis-
942-47. ease. Philadelphia. BC Decker Inc, 1990; 385-91.
24. Engel AG - Myasthenia gravis. In Vinken P. J. Bruyn 40. Matell G - Immunosuppresive drugs: Azathioprine
G. W. eds. Handbook of clinical neurology. Vol in the treatment of myasthenia gravis. Ann N Y
(41). New York. Elsevier Science Publishing (North Acad Sci, 1987; 505: 588-94.
Holland), 1979, 95-145. 41. Drachman DB, Adams RN, Pestronk A et al -
25. Osserman KE, Genkins G -Studies on myasthenia Treatment of experimental myasthenia gravis with
gravis. Review of a twenty-year experience in over cyclosporin-A. Clin Immunol Immunopathol, 1985;
1200 patients. M. Sinai. J. M., 1971; 38: 497-537. 34: 174-188.
26. Grob D, Arsura EL, Brunner NG - The course of 42. Thorlacius S, Aarli JA, Jacobsen H et al - Plasma
myasthenia gravis and therapies affecting out- exchange in myasthenia gravis - clinical effects.
come. Ann N Y Acad Sci, 1987; 505: 472-99. Acta Neurol Scand, 1985; 72: 464-468.
27. Dubowitz V - Myasthenia gravis. In: Dubowitz V. 43. Sanders DB, Howard J, Johns TR - Plasma ex-
(ed) Muscle disorders in childhood. WB Sannders change in the treatment of myasthenia gravis. In
Company Ltd, Philadelphia, 1978; 191-201. Schotland (ed). Disorders of the motor unit. New
28. Davies DW, Steward DJ - Myasthenia gravis in York: Wiley, 1982: 299-304.
children and anesthetic management for thymec- 44. Kornfeld P, Ambinder BP, Mittag T et al - Plas-
tomy. Can Anaesth Soc J, 1973; 20: 253. mapheresis in refractory generalized myasthenia
29. Usta N, Baraka A - Undiagnosed myasthenia gravis gravis. Arch Neurol, 1981; 38: 478-481.
in a parturient undergoing cesarean section - ma- 45. Dan P - Plasmapheresis therapeutics or experi-
ternal and neonatal complications. Middle East mental procedure? Arch Neurol, 1984; 41: 647-
Journal of Anesthesiology, 1984; 7: 277-81. 653.
30. Baraka A - Anaesthesia and myasthenia gravis. 46. Reimann PM, Marron PD - Plasmapheresis: Tech-
Can J Anaesth, 1992; 39: 476-486. nique and complications. Intensive Care Med,
31. Tindal RSA, Rollins JA, Phillips JT et al -Prelimi- 1990; 16: 3-10.
nary results of a double blind randomized placebo 47. Seybold ME - Plasmapheresis in myasthenia gra-
controlled trial of cyclosporine in myasthenia gra- vis. Ann N Y Acad Sci, 1987; 505: 584-7.
vis. New Engl J Med, 1987; 316: 719. 48. Trorlacius S, Lefvent AK, Aarli JA et al - Plasma
32. Taylor P - Anticholinesterase agents. In Goodman exchange in myasthenia gravis: effects on anti-
L. S., Gilman A. The Pharmacological basis of Achr antibodies and other autoantibodies. Acta
therapeutics. 8 ed, New York, Pergamon Press, Neurol Scand, 1986; 74: 486-490.
1990: 145-147. 49. Oosterhuis HJ, Limburg PC, Hummel TE - The T-H
33. Engel AG, Lambert EH, Santa T - Study of long Antiacetylcoline receptor antibodies in myasthenia
term anticholinesterase therapy. Effects on neuro- gravis part 2, clinical and serological follow-up of
muscular transmission and on motor endplate line individual patients. J Neuro Sci, 1983; 58: 371-
structure. Neurology, 1973; 23: 1273-81. 385.
34. Osserman KE, Genkins G - Critical reappraisal of 50. Olanow CW, Wechiler AS, Sirotkin M et al -
the use of edrophonium chloride test in myasthenic Thymectomy as primary therapy in myasthenia
gravis and significance of clinical classification. gravis. Ann N Y Acad Sci, 1987; 505: 595-606.
Ann N Y Acad Sci, 1966; 135: 312-326. 51. Consensus Conference. The utility of the rapentics