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CURSOS ONLINE – DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF.

LEANDRO CADENAS

AULA 3 – PODERES ADMINISTRATIVOS

Bom dia a todos.


Na aula de hoje veremos os poderes administrativos.

6. PODERES ADMINISTRATIVOS

Dos diversos princípios informadores do Direito Administrativo decorrem os


poderes para as autoridades administrativas, fundamentais para que a
finalidade de interesse público seja atingida, sobrepondo as necessidades
coletivas às individuais. Nascem com a Administração, e são usados para que
os objetivos previstos em lei sejam atingidos. Por isso, são chamados
instrumentais, ou seja, são ferramentas para atingir os objetivos do Estado.
O exercício do “poder” não é uma faculdade do administrador, é um “poder-
dever”, a ser usado em benefício da coletividade: é irrenunciável.
Em face do sempre presente princípio da legalidade, o exercício dos diversos
poderes administrativos está adstrito aos contornos legais.
Vamos analisar cada um deles, sempre exigidos nos concursos.

6.1 PODER VINCULADO

Muitos doutrinadores não vêem neste um poder propriamente dito, mas


apenas um atributo de outros poderes.
Para o exercício desse “poder”, devem ser observados todos os contornos
traçados pela lei, que não deixa margem de manobra à autoridade
responsável.
A lei estabelece todos os detalhes, como deve ser feito, quando, por quem etc.
Dessa forma, estando presentes os requisitos legais, à pessoa competente só
resta praticá-lo, da forma como prevista.
No item 7.3 veremos que os elementos dos atos administrativos são os
seguintes:
I – competência;
II – finalidade;
III – forma;
IV – motivo;
V – objeto.
No exercício do Poder Vinculado, esses cinco requisitos são previstos
na lei e de observância obrigatória. Ressalte-se que os três primeiros
(competência, finalidade e forma) são sempre vinculados, mesmo no âmbito
do Poder Discricionário, visto a seguir.

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Se um fiscal de tributos constata a omissão de pagamento de um tributo


devido, tem a obrigação de fazer a autuação do contribuinte faltoso,
independente de quem seja (art. 3º, CTN, Lei nº 5.172/66). Se constata que
um inimigo seu não pagou o tributo devido, deve fazer esse lançamento tanto
quanto se a mesma omissão fosse praticada por sua mãe, pois a lei assim
determina, e essa é uma atividade vinculada.
Perceba que esse poder está diretamente vinculado ao exercício de um ato
vinculado, que veremos na próxima aula.

6.2 PODER DISCRICIONÁRIO

Da mesma forma que no caso anterior, não se trata de um poder autônomo,


mas sim é apenas um atributo de outros poderes.
Aqui a lei também estabelece uma série de regras para a prática de um ato,
mas deixa certa dose de prerrogativas à autoridade, que poderá optar por
um entre vários caminhos igualmente válidos.
Então, se a lei deixa certo grau de liberdade, diz-se que há
discricionariedade.
No entanto, não existe poder discricionário absoluto, pois sempre a lei
fixará os limites de atuação, dentro dos quais deve o agente atuar, sob pena
de prática de desvio ou excesso de poder.
Dentro dos elementos supra citados, somente estão na esfera da opção do
administrador os dois últimos, ou seja, o motivo e o objeto, quando diante
de um ato discricionário, pois, como sobredito, os demais são sempre
vinculados. A opção pode ser verificada no motivo, no objeto, ou em ambos.
Cabe, então, à Administração Pública a liberdade na escolha da conveniência e
oportunidade para realização do ato. A essa dupla “conveniência +
oportunidade” chama-se mérito administrativo.
Guarde bem isso!!!! Falou em mérito, falou em conveniência e oportunidade!!!!
No mesmo exemplo citado, se a lei estabelecer que a multa aplicada em
determinado caso pode variar de 10 a 40%, a autoridade fiscal pode fixar a
multa dentro desses limites. Como tem vários caminhos possíveis, diz-se que
tal valoração faz parte da discricionariedade prevista legalmente.
Outro caso típico no Direito Administrativo pode ser visto na estipulação da
suspensão aplicada a um servidor faltoso.
Nos termos do art. 130 da Lei nº 8.112/90, poderá ser aplicada suspensão em
determinados casos, que não excederá de 90 (noventa) dias.
Ao fim do processo, concluído que é o caso de aplicação da suspensão, a
autoridade poderá fixar um número de dias que variará de um a noventa.
Novamente, se há mais de um caminho possível e igualmente válido, há ato
discricionário. Aqui, o que estava sujeito à escolha da autoridade era o objeto
do ato, ou seja, o “quantum” da pena, seu conteúdo. A punição, e sua
gradação, devem ser sempre motivadas (art. 128, parágrafo único, Lei nº
8.112/90).

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Se a autoridade competente quiser destituir um servidor de um cargo em


comissão, pode fazê-lo sem maiores problemas, não sendo necessário sequer
dizer o motivo, posto que é outro exemplo de ato discricionário.
Acrescente-se que, em se tratando dos conceitos ditos empíricos ou de
experiência, fica afastado o exercício do poder discricionário, posto que a
prática anterior, e suas conclusões como melhores caminhos a seguir para
atingir a finalidade estatal, devem ser observadas por todos.
Por fim, ressalte-se que, além dos limites fixados na lei, a autoridade está
sempre adstrita aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade (item
4.11), para que se evitem as injustiças. Da mesma forma, pela Teoria dos
Motivos Determinantes (item 7.7), a validade do ato se vincula à existência,
validade ou legitimidade dos motivos que justificaram sua prática.
No que se refere à anulação dos atos discricionários, saliente-se que o ato
discricionário ilegal, como qualquer ato ilegal, pode ser revisto, tanto pela
Administração Pública quanto pelo Poder Judiciário. No entanto, não compete
ao Judiciário a apreciação do mérito administrativo, ou seja, a
oportunidade ou conveniência da prática de determinado ato, quando atuando
em sua função principal, jurisdicional.
Para que fique claro, o Judiciário pode sim rever critérios de mérito, mas
apenas dos seus próprios atos administrativos, ou seja, quando atua em
suas funções secundárias, não jurisdicionais. Se o Presidente de determinado
Tribunal resolver alterar o horário de atendimento ao público, atua na sua
função administrativa. Concluindo que deixou de ser conveniente esse novo
horário, poderá revogá-lo, pois, repita-se, aqui não age enquanto Poder
Judiciário propriamente dito, mas sim como administrador.
Então, o Judiciário pode anular um ato ilegal, produzido por qualquer dos
Poderes. A revogação de um ato inoportuno ou inconveniente só pode ser feita
por quem o praticou, estando vedada análise do mérito pelo Judiciário. Essa é
outra informação importante, sempre motivo de “pegadinhas” nas provas!

6.3 PODER HIERÁRQUICO

É a estrutura hierarquizada da Administração Pública que justifica a existência


desse Poder. Como sabemos, as duas características essenciais da
Administração são a hierarquia e a repartição de competências.
Então, além de a lei dividir entre todos as competências, também estabelece
uma relação de coordenação e subordinação entre os vários órgãos, cargos,
funções etc, fixando assim a hierarquia, sempre dentro de uma mesma
entidade. O que existe entre, por exemplo, um Ministério e uma autarquia
denomina-se vinculação, e não subordinação.
Através desse Poder, decorrem as seguintes faculdades atribuídas ao superior,
com relação a seu subordinado:
I – dar ordens: as ordens devem ser cumpridas pelos subordinados,
exceto quando manifestamente ilegais, situação na qual caberá o dever
de representar contra tal ilegalidade (art. 116, IV e XII, Lei nº 8.112/90);

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II – fiscalizar: compete ao superior verificar e acompanhar as tarefas


executadas por seus subordinados, para eventuais correções, sempre que
necessárias;
III – delegar: corresponde ao repasse de atribuições administrativas de
responsabilidade do superior para o subalterno;
IV – avocar: representa o caminho contrário da delegação, é dizer,
acontece a avocação quando o superior atrai para si a tarefa de
responsabilidade do subordinado, podendo tal atividade ter sido delegada
para este ou ser de sua competência originária;
V – rever: pode o superior, de ofício ou mediante pedido do interessado,
realizar a revisão dos atos de seus subordinados, enquanto não for tal ato
definitivo, mantendo-o ou modificando-o.
Também decorre desse Poder a possibilidade de edição de atos normativos,
como instruções, resoluções, portarias etc. Não se confunda com
regulamentos: esses atos têm aplicação apenas interna e, por isso mesmo, são
produzidos com base na relação hierárquica.

6.4 PODER DISCIPLINAR

Diretamente relacionado com o Poder Hierárquico, representa o poder-dever


de a Administração Pública punir seus servidores sempre que cometam faltas,
apuradas mediante sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar (art. 143
e seguintes, Lei nº 8.112/90). Pode também haver punição de particular
submetido ao controle estatal, como no caso daquele que descumpre contrato
administrativo.
Não se confunda este Poder com a possibilidade de o Estado punir seu povo,
tampouco com o exercício de sua capacidade regulatória das atividades
privadas. No primeiro caso, competente é o Poder Judiciário, se houver
cometimento de crimes ou contravenções. No segundo, em que é exemplo a
aplicação de multa pelo não atendimento de uma exigência sanitária por uma
lanchonete, haverá exercício do Poder de Polícia (visto a seguir), por não ser
do âmbito interno da Administração Pública.

6.5 PODER REGULAMENTAR

A Constituição Federal confere aos chefes do Poder Executivo federal,


municipal e estadual poder para editar normas gerais e abstratas que explicam
a lei, complementando-a e dando sua correta aplicabilidade.
Como se sabe, a lei não pode descer a minúcias de explicar e esclarecer toda
sorte de situações por ela abrangidas. Assim, cabe ao Executivo essa tarefa,
clareando seu conteúdo, sem, contudo, exorbitar de seus parâmetros.
Esse tipo de regulamento é expedido para dar a fiel execução da lei (art. 84,
IV, CF/88), não podendo ser contrário a ela, tampouco tratar de assunto não
tratados por ela. Não pode inovar, ou seja, criar direitos, obrigações, sanções

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diversas das previstas na lei que regulamenta, mesmo porque ninguém é


obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei (art. 5º, II,
CF/88). Assim, cabe ao regulamento apenas fixar normas para o cumprimento
da lei.
São também chamados de decretos de execução, únicos possíveis a partir
da CF/88.
Outro importante tipo de decreto é o chamado autônomo, editados pelo
Executivo, inovando o Direito Positivo, ou seja, criando novas regras
diretamente advindas da Constituição. Por isso, são ditos atos primários,
independentes de qualquer lei. Sob a égide da ordem constitucional anterior,
esse tipo de decreto era plenamente possível.
Com a promulgação, em 1988, da nossa nova Carta Política, foi banido, pois,
de acordo com o previsto em seu art. 84, IV, compete privativamente ao
Presidente da República, entre outras coisas, expedir decretos e regulamentos
para a fiel execução das leis.
Contudo, essa realidade mudou a partir da edição da Emenda Constitucional nº
32, de 11/09/2001. De fato, alterou-se a redação do inciso VI do mesmo art.
84. Agora, também é competente o Presidente da República para dispor,
mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da Administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos, e a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
(Ótima questão pra prova!!!!)
Inegavelmente, o decreto que tratar desses assuntos é um ato primário,
baseado diretamente no texto constitucional, e independente de qualquer lei.
E mais: o parágrafo único desse artigo permite que o Presidente da
República delegue tais atribuições aos Ministros de Estado, ao Procurador-
Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que deverão observar os
limites traçados nas respectivas delegações.
Isto posto, nessas duas situações (e somente nessas duas) poderá o
Executivo editar decreto autônomo, como exceção à regra de edição de apenas
decretos de execução.
Acrescente-se que essas matérias passaram a ser de competência do
Executivo, afastando a possibilidade de o Legislativo tratar desse assunto,
tendo em vista que a mesma EC nº 32/2001 também alterou os incisos X e XI,
do art. 48, sobre as competências do Congresso Nacional.
Se o Executivo se omite de exercer seu poder-dever de regulamentar as leis,
caberá, por expressa previsão constitucional, o uso do mandado de injunção e
da ação de inconstitucionalidade por omissão.
Absorva bem essas novas informações. A EC nº 32/2001 tem sido cobrada
com insistência nos últimos concursos.

6.6 PODER DE POLÍCIA

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Uma série de direitos são garantidos à sociedade pela legislação. Contudo, o


exercício desses direitos não pode ser ilimitado, devendo haver regulação do
uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em atenção ao benefício
comum do povo.
Assim, disciplina-se o direito à livre manifestação do pensamento, à
propriedade, ao trânsito, ao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, e tantos outros no nosso cotidiano.
É no exercício do Poder de Polícia que a Administração Pública limita,
disciplina, fiscaliza o cumprimento etc, sempre baseado no interesse público,
manifestando-se por meio de atos normativos e concretos.
A propósito do tema, cite-se a definição de Poder de Polícia inserida no Código
Tributário Nacional, em seu art. 78:
“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei
aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio
de poder.”
Então, numa tentativa de dar um conceito mais conciso, Poder de Polícia é a
faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar o uso, o
gozo e a disposição da propriedade ou liberdades, em prol da coletividade ou
do Estado. O exercício desse Poder independe de prévio recurso ao Judiciário
para que se executem suas decisões nesse âmbito, em face do atributo da
auto-executoriedade, visto no item 7.6, da próxima aula.
Seguindo a lição de Diógenes Gasparini1, são os seguintes os elementos
essenciais que caracterizam os atos de polícia (espécie do gênero ato
administrativo), sem os quais não haverá tal ato:
I – editado pela Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes;
II – fundamento num vínculo geral;
III – interesse público e social;
IV – incidir sobre a propriedade ou sobre a liberdade.
Fundamenta-se na Supremacia do Estado, e tem como objeto os bens,
direitos e atividades que de alguma forma afetem ou possam afetar a
coletividade. Lembre-se: a finalidade é sempre atender e proteger o interesse
público.

1
Direito Administrativo. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 121.

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No exercício desse Poder, podemos citar como exemplos a fixação e


fiscalização de normas sanitárias para funcionamento de um açougue ou
supermercado, ou de limites de barulho produzido por casas noturnas, ou,
ainda, a verificação do cumprimento das normas de prevenção de incêndios de
novas construções. Nesse contexto, temos as autorizações, que são
expedidas pela Administração discricionariamente, e as licenças, que são atos
vinculados.
Importante frisar que Polícia Administrativa não se confunde com Polícia
Judiciária. A primeira, em geral, é preventiva e tem como objeto a
propriedade e a liberdade; a segunda, repressiva, e cuida de pessoas, sujeitas
às normas processuais penais.
Poder de Polícia é dos mais cobrados! Portanto, atenção especial a ele.

Agora, minha sugestão de sempre: deixe pra ler o restante amanhã e


aproveite pra estudar outra matéria.

PARA GUARDAR

A Administração Pública faz uso de seus diversos poderes para que a


finalidade de interesse público seja atingida.
Para o exercício do Poder Vinculado, devem ser observados todos
os contornos traçados pela lei, que não deixa margem de manobra à
autoridade responsável. A lei estabelece todos os detalhes, como deve ser
feito, quando, por quem etc.
São elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma,
motivo e objeto.
No exercício do Poder Vinculado, esses cinco requisitos são
previstos na lei e de observância obrigatória. Os três primeiros
(competência, finalidade e forma) são sempre vinculados, mesmo no âmbito
do Poder Discricionário.
No caso do Poder Discricionário, a lei também estabelece uma série de
regras para a prática de um ato, mas deixa certa dose de prerrogativas à
autoridade, que poderá optar por um entre vários caminhos igualmente
válidos. Se a lei deixa certo grau de liberdade, diz-se que há
discricionariedade.
Não existe poder discricionário absoluto, pois sempre a lei fixará os
limites de atuação.
Mérito administrativo = conveniência + oportunidade.
Não compete ao Judiciário a apreciação do mérito administrativo.
Porém, como exceção, o Judiciário pode rever critérios de mérito, mas
apenas dos seus próprios atos administrativos, ou seja, quando atua em
suas funções secundárias, não jurisdicionais.

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O Poder Hierárquico advém da estrutura hierarquizada da


Administração Pública, podendo o superior, com relação a seu subordinado:
dar ordens (que devem ser obedecidas, exceto quando manifestamente
ilegais); fiscalizar (verificação e acompanhamento das tarefas executadas
pelos subordinados); delegar (repasse de atribuições administrativas de
responsabilidade do superior para o subalterno); avocar (representa o
caminho contrário da delegação, é dizer, acontece a avocação quando o
superior atrai para si a tarefa de responsabilidade do subordinado); rever (os
atos de seus subordinados, enquanto não for tal ato definitivo, mantendo-o ou
modificando-o).
O Poder Disciplinar representa o poder-dever de a Administração
Pública punir seus servidores sempre que cometam faltas, apuradas
mediante sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar, ou o particular
submetido ao controle estatal, como no caso daquele que descumpre contrato
administrativo.
O Poder Regulamentar foi conferido pela Constituição Federal aos
chefes do Poder Executivo federal, municipal e estadual, cabendo-lhes
editar normas gerais e abstratas que, em complemento à lei, a explicam,
dando sua correta aplicabilidade. São também chamados de decretos de
execução.
A partir da edição da Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001, que
alterou a redação do inciso VI do mesmo art. 84, também é competente o
Presidente da República para dispor, mediante decreto, sobre a organização
e funcionamento da Administração federal, quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e a extinção de funções
ou cargos públicos, quando vagos. Esse é o chamado decreto autônomo.
Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública
para condicionar o uso, o gozo e a disposição da propriedade ou liberdades,
em prol da coletividade ou do Estado.
Elementos essenciais que caracterizam os atos de polícia: editado pela
Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes; fundamento num vínculo
geral; interesse público e social; incidir sobre a propriedade ou sobre a
liberdade.

A seguir, uma série de exercícios...


Boa sorte.

EXERCÍCIOS

1- (ESAF89) Poder vinculado é aquele que o direito:


a) atribui ao Poder Público para aplicar penalidades às infrações funcionais de
seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da
Administração

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b) confere ao Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos,


ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de
subordinação entre os servidores de seu quadro de pessoal
c) confere à Administração Pública de modo explícito ou implícito, para a
prática de atos administrativos, com liberdade na escolha de sua conveniência,
oportunidade e conteúdo
d) positivo confere à Administração Pública para a prática de ato de sua
competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua
formação
e) incumbe às autoridades administrativas para explicitar a lei na sua correta
execução ou expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência,
ainda não disciplinada por lei

2- (ESAF91) Quando determinada lei autoriza a Administração Pública a


praticar atos, estabelecendo as condições de sua formalização, confere poder
a) de polícia
b) vinculado
c) discricionário
d) disciplinar
e) regulamentar

3 - (ESAF/AGU/98) A atividade da Administração Pública que, limitando ou


disciplinando direitos, interesses ou liberdades individuais, regula a prática de
ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público, nos limites da lei e
com observância do devido processo legal, constitui mais propriamente o
exercício do poder
(a) de domínio
(b) de polícia
(c) disciplinar
(d) hierárquico
(e) regulamentar

4 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) A atividade negativa que sempre


impõe uma abstenção ao administrado, constituindo-se em obrigação de não
fazer, caracteriza o poder
(a) discricionário
(b) disciplinar
(c) normativo
(d) de polícia
(e) hierárquico

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5 – (ESAF/PROCURADOR DO BACEN/2002) Conforme a doutrina, o poder de


polícia administrativa não incide sobre:
a) direitos
b) atividades
c) bens
d) pessoas
e) liberdades

6 - (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) Assinale, entre os tipos de poder de


polícia abaixo, aquele de natureza exclusivamente municipal:
a) ambiental
b) de vigilância sanitária
c) de trânsito
d) de posturas
e) trabalhista

7 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) O exercício do poder de polícia não é, na


sua essência, condizente nem compatível com a prática de ato administrativo
que seja do tipo
a) enunciativo
b) negocial
c) normativo
d) ordinatório
e) punitivo

8 - (JUIZ/TRT 17/2003) Analise as proposições abaixo concernentes ao poder


de polícia:
I - o poder de polícia é atividade administrativa, podendo ser vinculada ou
discricionária;
II - o poder de polícia é a faculdade que se reconhece à Administração de
condicionar e restringir o uso, o gozo e a disposição da propriedade e o
exercício da liberdade dos administrados no interesse público ou social;
III - o poder de polícia exige que o Poder Público utilize sempre, previamente,
a via judicial cominatória para executar decisões de policiamento
administrativo;
IV - a manifestação da atribuição de polícia se dá por atos normativos e
concretos.
V - a atribuição de polícia administrativa também compreende os atos de
fiscalização.
Marque a opção correta:

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a) só uma proposição é certa;


b) só duas proposições são certas;
c) só três proposições são certas;
d) só quatro proposições são certas;
e) todas proposições são certas.

9 – (JUIZ/TRT 9/2003) Considere as seguintes proposições:


I - À atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade, ajustando-as
aos interesses coletivos denomina-se poder regulamentar.
II - No exercício do poder disciplinar a Administração Pública pode impor
sanções a particulares não sujeitos à disciplina interna administrativa.
III - As autorizações, atos típicos da polícia administrava, são expedidas pela
Administração Pública no uso competência exercitável discricionariamente,
enquanto as licenças são atos vinculados.
IV - Sendo atributo do poder de policia a auto-executoriedade, pode a
Administração Pública, em todas as medidas por ela adotadas, pôr em
execução as suas decisões, com os próprios meios, sem precisar recorrer
previamente ao Poder Judiciário e sem se submeter ao controle deste.
Assinale a alternativa correta:
(a) Todas as proposições estão erradas.
(b) Apenas uma proposição está correta.
(c) Apenas duas proposições estão corretas.
(d) Apenas três proposições estão corretas.
(e) Todas as proposições estão corretas.

10 - (ESAF/AUDITOR/TCE-PR/2003) A recente Emenda Constitucional nº 32,


de 2001, à Constituição Federal, autorizou o Presidente da República, mediante
Decreto, a dispor sobre:
a) criação ou extinção de órgãos públicos.
b) extinção de cargos públicos, quando ocupados por servidores não-estáveis.
c) funcionamento da administração federal, mesmo quando implicar aumento
de despesa.
d) fixação de remuneração de quadros de pessoal da Administração Direta.
e) extinção de funções públicas, quando vagas.

11 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) O princípio da legalidade, conjugado com


o poder discricionário, permite afirmar que a autoridade administrativa
municipal
a) só pode fazer o que a lei determina, conforme nela previsto.
b) só pode fazer o que a lei determina, no tempo nela previsto.

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c) pode fazer o que a lei permite, quando for conveniente e oportuno.


d) deve fazer o que a lei autoriza, do modo nela estipulado.
e) só deve fazer o que a lei autoriza no tempo nela estipulado.

12- (ESAF/ TRF/ 2002) Os poderes vinculados e discricionários se opõem entre


si, quanto à liberdade da autoridade na prática de determinado ato, os
hierárquico e disciplinar se equivalem, com relação ao público interno da
Administração a que se destinam, enquanto os de polícia e regulamentar
podem se opor e/ou equiparar, em cada caso, quer no tocante a seus
destinatários (público interno e/ou externo) como no atinente à liberdade na
sua formulação (em tese tais atos tanto podem conter aspectos vinculados e
discricionários, como podem se dirigir a público interno e/ou externo da
Administração).
a) Correta a assertiva.
b) Incorreta a assertiva, porque o poder de polícia é sempre e
necessariamente vinculado, só se dirigindo a público externo.
c) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar é sempre e
necessariamente discricionário, só se dirigindo a público interno.
d) Incorreta a assertiva, porque o poder de polícia é sempre e
necessariamente discricionário, só se dirigindo a público interno.
e) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar é sempre e
necessariamente vinculado, só se dirigindo a público externo.

13 – (ESAF/ AFRF/ 2003) Indique a opção que preenche corretamente as


lacunas, consideradas as pertinentes disposições do Código Tributário Nacional.
Para efeito de fato gerador e cobrança de taxa, considera-se regular o
exercício do poder de polícia quando desempenhado ______ nos limites da lei
aplicável, com observância ______ e, tratando-se de atividade que a lei tenha
como ______ sem abuso ou desvio de poder.

a) pelo Poder Público/ das disposições regulamentares aplicáveis/


contrária aos bons costumes
b) por órgão de segurança pública/ das normas administrativas aplicáveis/
perigosa
c) pelo órgão competente/ de procedimentos administrativos/ vinculada
d) somente por órgão de segurança pública/ do devido processo legal/
atentatória a direitos fundamentais
e) pelo órgão competente/ do processo legal/ discricionária

14 – (ESAF/ AFRF/ 2003) – Tratando-se do poder de polícia, sabe-se que


podem ocorrer excessos na sua execução material, por meio de intensidade da
medida maior que a necessária para a compulsão do obrigado ou pela
extensão da medida ser maior que a necessária para a obtenção dos

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resultados licitamente desejados. Para limitar tais excessos, impõe-se


observar, especialmente, o seguinte princípio:
a) Legalidade
b) Finalidade
c) Proporcionalidade
d) Moralidade
e) Contraditório

15- (ESAF/Analista MPU/2004) Quanto aos poderes administrativos, assinale a


afirmativa falsa.
a) A esfera discricionária nos regulamentos de organização é maior do que
aquela nos regulamentos normativos.
b) O poder disciplinar pode alcançar particulares, desde que vinculados ao
Poder Público mediante contratos.
c) No âmbito do poder hierárquico, insere-se a faculdade de revogar-se atos de
órgãos inferiores, considerados inconvenientes, de ofício ou por provocação.
d) A regra quanto à avocação de competências determina a sua possibilidade,
desde que a competência a ser avocada não seja privativa do órgão
subordinado.
e) O poder de polícia administrativa pode se dar em diversas gradações,
finalizando, em todas as situações, com a auto-executoriedade, pela qual o
administrado é materialmente compelido a cumprir a determinação
administrativa.

16- (ESAF/Analista MPU/2004) Com referência à discricionariedade, assinale a


afirmativa
verdadeira.
a) A discricionariedade manifesta-se, exclusivamente, quando a lei
expressamente confere à administração competência para decidir em
face de uma situação concreta.
b) O poder discricionário pode ocorrer em qualquer elemento do ato
administrativo.
c) É possível o controle judicial da discricionariedade administrativa,
respeitados os limites que são assegurados pela lei à atuação da
administração.
d) O princípio da razoabilidade é o único meio para se verificar a extensão
da discricionariedade no caso concreto.
e) Pela moderna doutrina de direito administrativo, afirma-se que, no âmbito
dos denominados conceitos jurídicos indeterminados, sempre ocorre a

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discricionariedade
administrativa.

17- (ESAF/Analista MPU/2004) Os poderes vinculado e discricionário,


simultaneamente,
podem ser exercidos pela autoridade administrativa, na prática de um
determinado ato,
ressalvado que esse último se restringe à conveniência e oportunidade, bem
como quanto
a) ao conteúdo.
b) à forma.
c) à finalidade.
d) à competência.
e) ao modo.
GABARITO
1. D
2. B
3. B
4. D
5. D
6. D
7. B
8. D (I, II, IV, V)
9. B (III)
10. E
11. C
12. A
13. E
14. C
15. E
16. C
17. A

Até próxima aula


Leandro

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