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Dissertação de mestrado UFPA

ESTUDO DAS PROPRIEDADES ÓPTICAS DE

ABSORÇÃO E FOTOLUMINESCÊNCIA DO ÁCIDO

OLEICO DILUÍDO COM BETA-CAROTENO

Mestrando: Prof. Rubens Silva


Orientador: Prof. Dr. Sanclayton Geraldo Carneiro Moreira
Mestrando: Prof. Rubens Silva

Orientador: Prof. Dr. Sanclayton Geraldo Carneiro Moreira

Banca Examinadora:

Prof. Sanclayto G. C. Moreira (Presidente e Orientador)

Prof. Petrus Agripino A. Júnior (Membro Interno)

Prof. Ilde Guedes da Silva (Membro Externo)

Prof. Jordan Del Nero (Suplente)

Dissertação apresentada ao Departamento de Física


da Universidade Federal do Pará, para obtenção do
título de Mestre em Física.

Belém-Pará

2004
À minha mãe Maria Helena (em memória) com
muita saudade, e aos meus filhos Erick e Larissa
Silva com carinho. Em especial à minha namorada
Aline Evellyn a qual considero a outra metade de
minha vida.
!"#$

Gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para


a realização deste trabalho, seja direta ou indiretamente, em especial:

Ao Prof. Dr. Sanclayton Geraldo Carneiro Moreira, pela orientação e


acompanhamento durante a realização deste trabalho, assim como na redação deste
texto, além da compreensão e lições de profissionalismo vivenciadas;

Ao Prof. Dr. Jordan Del Nero, pela co-orientação neste trabalho, com
a ajuda no sistema de simulação empíricas, e através de métodos especiais, com os
quais pudemos conferir resultados experimentais com os teóricos.

Ao Prof. Petrus Alcântara Júnior, pela co-orientação deste trabalho,


bem como sua atuação como coordenador do curso de Mestrado em Física desta
Instituição.

Ao Sr. Alexandre pela orientação no uso do programa HyperChem,


que forneceu as fórmulas estruturais das moléculas do ácido oleico e do beta-caroteno.

Ao Sr. Frederico Bicalho, pela ajuda de conhecimento de informática,


bem como o processo operacional do monocromador, a fim de que pudéssemos obter os
resultados encontrados.

Ao amigo pessoal e profissional, Daniel Palheta, pela auto estima que


me encorajou a concluir este trabalho.

ao amigo pessoal Francisco Ferreira, pela companhia e ajuda valiosa


durante as medições deste trabalho.

ao Chefe do Departamento de Física, Prof. Manoel Januário Neto,


pelo apoio pessoal e profissional que incentivaram a produção deste trabalho.

à funcionária Lindalva, secretária do Departamento de Física, que


muito ajudou no sentido de organização documental, burocrático junto ao nosso
departamento, tornando possível minha dedicação especial para conclusão deste
trabalho.
a todos professores de Física e funcionários deste departamento, que
sempre me incentivaram.

ao amigos Marcel Luiz e Ezequiel Bello, pela ajuda operacional dos


equipamentos que foram úteis para a produção deste trabalho.

ao amigo Claudeci Santos, pela ajuda valiosa na digitação de


diversos trabalhos (ploters), bem como, parte dessa dissertação.

ao estudante Rodrigo Canavieira, pela manutenção dada aos meus


computadores, que tornou-se possível a produção deste trabalho.

ao Prof. de Química Leonardo Mendonça, pela ajuda de interpretação


de vários conceitos químicos usados nesta tese.

ao Prof. Manoel Jr, meu amigo pessoal e profissional, a quem dedico


um agradecimento especial pela ajuda incentivadora que garantiu meu determinismo para
a conclusão deste trabalho, pois “amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do
peito”.

aos meus sócios e amigos, Professores Manoel Paixão, Edílson


Moura, Otávio Valle, Antônio Meireles, Manoel Jr e Aníbal Machado, que conduziram
nossa empresa, mesmo nos momentos de dificuldades, possibilitando liberação total de
minha carga horária para que este trabalho fosse concluído.

em especial, aos companheiros do Grupo de Física da Materiais da


Amazônia (GFMA).
%

Fig. 1.1: Fórmula Estrutural do Ácido Oleico 04

Fig. 1.2: Fórmula Estrutural do Caroteno 05

Fig. 1.3: Fórmula Estrutural do Beta-Caroteno 06

Fig. 2.1: Materiais usados para medidas 10

Fig. 2.2: Esquema interno e externo do monocromador 12

Fig. 2.3: Esquema de montagem para medição da absorbância 13

Fig. 2.4: Montagem para a obtenção do espectro de

fotoluminescência 15

Fig. 3.1: Esquema mostrando as parcelas de luz 17

Fig. 3.2: Esquema que mostra a intensidade da luz incidente e


da luz emergente em função da espessura X 18

Fig. 3.3: Diagrama de Jablonki que ilustra os possíveis tipos de

transição eletrônicas a partir da absorção de um fóton 19

Fig. 3.4: Esquema dos níveis para absorção de dois fótons

usando um estado virtual 21

Fig. 4.1: Espectro do ácido oleico e do beta-caroteno encontrados

na literatura 25

Fig. 4.2: Espectros medidos de nossas amostras de ácido oleico

puro e beta-caroteno puro 25

Fig. 4.3: Espectros da solução beta-caroteno diluído em AO com

1,17 mg/cm3 obtida em cubeta de quartzo com 1cm de

extensão 26

Fig. 4.4: Espectro das soluções BC diluídas em AO para diversas


concentrações 28

Fig. 4.5. Diagrama que representa a razão y -Caroteno/yAoleico em

função das concentrações, respectivas de cada espectro 28

Fig. 4.6. Espectro teórico de absorção UV – visível para o AO AM1

(curva inferior) e AOPM3 (curva superior) 30

Fig. 4.7. Visão pictórica do aumento de concentração de beta-

caroteno na solução 32

Fig. 4.8. Absorbância da solução de beta-caroteno diluído em

ácido oleico para diferentes concentrações 33

Fig. 4.9. Variação da absorbância da solução de beta-caroteno

diluído em AO em função da concentração em mg/cm3 34

Fig. 4.10. Representa o ajuste gráfico através de gaussianas

nos espectros de absorbância 36

Fig. 4.11. Curva que mostra a evolução da posição de cada

gaussiana em função da concentração 37

Fig. 4.12. Conjunto de espectros de emissão para diferentes

concentrações da solução de beta-caroteno diluída

em ácido oleico 39

Fig. 4.13. Representa o ajuste gráfico através de gaussianas

nos espectros de luminescência 40

Fig. 4.14. O diagrama mostra a relação entre o comprimento

e onda do pico da banda de luminescência e a sua

concentração. 41

Fig. 4.15. Mostra o comportamento da absorbância em função


do tempo para análise de degradação 43

Fig. 4.16. Espectros de absorbância medidos em vários dias 44

Fig. 4.17. Absorbância do ácido oleico puro em função

do comprimento de onda 46

Fig. 4.18. Espectro de absorbância do AO na região visível 47

Fig. 4.19: Diagrama de Jablonski mostrando a absorção de dois

fótons 48

Fig. 4.20: Espectro de emissão obtido quando excitamos a amostra

com o laser de He-Ne em 630nm 49


The vegetal oils have been studied intensely for some years.
However, the knowledge of these substances presents certain difficulties for the
fact of these oils to have a very complex a chemical composition, where each
component must influence the physical properties of the oil. In this work we will
introduce a briefing study on the oleic acid and beta-carotene, having focused
some optic properties of these two substances.

The oleic acid is greasy one, it’s very important, one for being
present as component in bigger amount in the majority of vegetal oils, arriving in
some cases 86% in the percentage of the total of greasy acid. Its predominance
makes with that many of the properties shown for a vegetal oil must mainly to the
high percentage of the oleic acid found in the oil sample. We prepare a solution
dissolving itself 7,5mg of beta-carotene in 50mL of oleic acid, which we start to call
solution base. To leave of this solution, we mixed different amounts of oleic acid in
order to get solutions more diluted, with lesser concentrations that the solution
standard until reaching the concentration with 0% of beta-carotene.

For the absorption and fotoluminescence fenomenous it is


important that the incident light on the sample, has wave length inside of its band
of absorption that in the case of the oleic acid is in the band of 350nm, therefore
was introduced a filter of the UV. Absorption results show that the referring band to
beta-carotene is proportional its concentration in the solution, or either, the more
beta-carotene is added in the solution, greater is the displacement of the
absorption band. For high beta-carotene concentrations this band suffers a
deformation.

The emission specters show a displacement of the band of


luminescence for the red in function of the beta-carotene concentration. This effect
must be provoked by the interaction enters the levels of energy of beta-carotene
and of the oleic acid.
Os óleos vegetais vêm sendo estudados intensamente há alguns
anos. No entanto, o conhecimento destas substâncias apresenta certas
dificuldades pelo fato destes óleos terem uma composição química muito
complexa, haja vista que cada componente deve influenciar as propriedades
físicas do óleo. Neste trabalho, introduziremos um breve estudo sobre o ácido
oleico e o beta-caroteno, enfocando algumas propriedades ópticas dessas duas
substâncias.
O ácido oleico é um ácido graxo muito importante por estar
presente como componente em maior quantidade na maioria dos óleos vegetais,
chegando, em alguns casos, a 86% do total de ácidos graxos. Sua predominância
faz com que muitas das propriedades exibidas por um óleo vegetal, sejam devidas
principalmente ao seu alto percentual na amostra de óleo.
Com o intuito de estudarmos os fenômenos da fotoluminescência e
a absorbância, preparamos uma solução diluindo 7,5 mg de beta-caroteno em
50mL de ácido oleico, a qual passamos a chamar de solução base. A partir desta
solução, misturamos diferentes quantidades de ácido oleico a fim de obtermos
soluções mais diluídas, com concentrações menores que a solução padrão até
atingirmos a concentração com 0% de beta-caroteno.

Para os fenômenos de absorção e fotoluminescência é importante


que a luz incidente sobre a amostra, tenha comprimento de onda dentro da sua
banda de absorção que, no caso do ácido oleico é na faixa de 350nm, por isso foi
introduzido um filtro do UV.

Os resultados de absorção mostram que a banda referente ao


beta-caroteno é proporcional a sua concentração na solução, ou seja, quanto mais
beta-caroteno é adicionado na solução, maior é o deslocamento da banda de
absorção. Para altas concentrações de beta-caroteno essa banda sofre uma
deformação. Os espectros de emissão mostram um deslocamento da banda de
luminescência para o vermelho em função da concentração de beta-caroteno.
Esse efeito deve ser provocado pela interação entre os níveis de energia do beta-
caroteno e os do ácido oleico.

Lista de figuras iv

Abstract vii

Resumo viii

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 01

CAPÍTULO 2 – DESCRIÇÃO EXPERIMETAL 08

2.1. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS 09

2.2. PROCESSO OPERACIONAL PARA MEDIÇÃO DA ABSORBÂNCIA 11

2.3. PROCESSO OPERACIONAL PARA MEDIÇÃO DA LUMINESCÊNCIA 14

2.4. PROCESSO OPERACIONAL PARA MEDIÇÃO DA ABSORÇÃO

DE DOIS FÓTONS 15

CAPÍTULO 3 – RESUMO TEÓRICO 16

3.1. ABSORÇÃO DA LUZ 17

3.2. FOTOLUMINESCÊNCIA 20

3.3. ABSORÇÃO DE DOIS FÓTONS E CONVERÇÃO ASCENDENTE DE

LUZ 20

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E ANÁLISES 23

4.1. RESULTADO DA ABSORBÂNCIA 24

4.2. IDENTIFICAÇÃO DO ÁCIDO OLEICO E DO BETA-CAROTENO 24


4.3. ESPECTRO DE ABSORÇÃO TEÓRICO 29

4.4. ABSORBANCIA DO ÁCIDO OLEICO DILUIDO COM BETA-CAROTENO 31

4.5. RESULTADO SOBRE FOTOLUMINESCÊNCIA 38

4.6. DEGRADAÇÃO DO BETA-CAROTENO DILUIDO COM ÁCIDO OLEICO 41

4.7. ABSORÇÃO DE DOIS FÓTONS – ESPECTROSCOPIA DE

CONVERSÃO ASCENDENTE DE LUZ 45

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS

FUTUROS 50

5.1. CONCLUSÕES 52

5.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 53

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 55

ANEXOS 60

Anexo 1: Resumo apresentado no XXII EFNNE, no período de

08 a 12/11/04 em Feira de Santana-BA

Anexo 2: Resumo apresentado no XXI EFNNE, no período de

03 a 07/11/03 em Fortaleza-CE

Anexo 3: Resumo apresentado no XXVII ENFMC, no período de

04 a 07/05/04 em Poços de Caldas-MG

Anexo 4: Ploter: Alterações nos espectros de absorção e

Fotoluminescência do ácido oleico induzidas pela

presença do beta-caroteno apresentado no XXI


EFNNE, em Fortaleza-CE

Anexo 5: Ploter: Optical properties of the oleic acidc doped by

beta-carotene apresentado no XXVII ENFMC, em Poços

de Caldas-MG

Anexo 6: Ploter: Estudo dos espectros de absorção e fotoluminescência

do ácido oleico induzidas pela presença do beta-caroteno

apresentado no XXI EFNNE, em Fortaleza-CE

Anexo 7: Estudo dos espectros de absorção e fotoluminescência

do ácido oleico dopado com beta-caroteno em diversas


vi
concentrações, apresentado no Workshop de Química da

UFPA, em Belém-PA

Anexo 8: Paper: Optical properties of the oleic acid doped with

beta-carotene
INTRODUÇÃO

Apresentamos nesta dissertação, o estudo da absorção e da


fotoluminescência do ácido oleico (AO) dopado com beta-caroteno (BC), bem
como a análise de seu comportamento óptico, algumas propriedades físicas e
características da solução composta por AO e BC em várias concentrações
diferentes, cujos valores são de aproximadamente: 150.00 g/cm3, 75.00 g/cm3,
37.50 g/cm3, 18.75 g/cm3 9.37 g/cm3. As substâncias AO e o BC foram
escolhidas, dentre tantas, por estarem presentes na grande maioria dos óleos
vegetais e por determinarem uma grande parte das propriedades ópticas desses
óleos. É evidente que a descrição do comportamento real das propriedades
ópticas de um óleo natural depende também dos demais componentes presentes
na amostra. Porém, aqui, deteremo-nos somente na contribuição desta duas
moléculas (ácido oleico e beta-caroteno) para o comportamento óptico de um óleo
natural.
Para conhecermos melhor estas propriedades e características,
descreveremos os conceitos e aplicações mais importantes dos ácidos graxos e
dos carotenóides, respectivamente, focando o ácido oleico e o beta-caroteno que
são os objetos principais do nosso estudo.

O AO e o BC são substâncias orgânicas encontradas em diferentes


sistemas vivos, como animais e plantas. Sabemos que os óleos vegetais são uma
das mais importantes fontes de AO. Por conseguinte, iniciaremos este trabalho
fazendo uma breve descrição do que é, por definição, um óleo em termos de sua
composição, em especial, o ácido oleico dopado com beta-caroteno.

Na Enciclopédia Barsa1, volume 11, encontramos a seguinte


definição de óleo: “Substância gordurosa líquida que se obtém de certas frutas
(como azeitona, côco, bacaba, dendê); de certas sementes (como castanha-do-
pará, andiroba, buriti, babaçu, linhaça, mamona); de certas madeiras (como pau-
rosa e copaíba); de certos animais (como baleia, tubarão e foca) e da terra (como
o petróleo). Os óleos têm duas características principais: são viscosos e insolúveis
em água”.
Óleos e gorduras encontram-se largamente distribuídos na
natureza, principalmente nos reinos animal e vegetal. Por esse motivo, vários
pesquisadores têm interesse em estudá-los e conhecer detalhadamente sua
composição e suas propriedades. Hoje, podemos destacar o uso abundante de
óleos nas indústrias de: lubrificantes, cosméticos (sabonetes, xampus, cremes de
beleza, etc.), fármacos, alimentos, etc. O ácido oleico é um dos mais importantes
de todos os ácidos graxos não saturados naturalmente, porque seu Glicério,
chamado oleína, constitui a maior proporção de quase todos os azeites animais e
vegetais, especialmente o de oliva (80%), amêndoas doces (96%), bacalhau
(30%), e as gorduras de baixo ponto de fusão (60%)2. O AO foi descoberto por
Chevereul Michel Eugene Angers2 em 1813, logo no início de suas investigações
sobre as substâncias gordurosas. Industrialmente, o AO é obtido em grandes
quantidades durante a fabricação de ácido esteárico por hidrólise das gorduras.

Segundo o Dr. Enrique V. Zappi2, em seu livro publicado em 1952,


“para se obter o AO, saponifica-se (transforma gordura em sabão) o azeite de
oliva, com potassa alcoólica (reagente químico), tratando logo a solução aquosa
do sabão com acetato de chumbo. Precipita-se, assim, um sabão de chumbo
que, secado e pulverizado, é extraído com éter, que dissolve o oleato de chumbo
e abandona como resíduo insolúvel os sais plúmbeos dos demais ácidos graxos.
Decompondo o oleato de chumbo com ácido mineral, é liberado o oleico, que pode
ser extraído com éter e purificado por destilação fracionada à vácuo”.

O ácido oleico puro é uma substância incolor, inodora e insípida,


cuja solução alcoólica não tem reação ácida sobre o papel de tornassol. É de
menor densidade que a água (d= 0,89), insolúvel nela, dissolve-se bem em álcool,
éter, benzol ou clorofórmio. Resfriado, congela-se em agulhas brancas (PF 14
ºC)[2]. Exposto ao ar, oxida-se imediatamente adquirindo cor amarela, odor
rançoso e reação ácida.

O AO é um ácido graxo de cadeia longa (18 carbonos) com uma


dupla ligação entre os carbonos 9 e 10. A figura 1.1 mostra a sua fórmula
estrutural.
Figura 1.1 Fórmula estrutural do ácido oleico. 18 carbonos com uma dupla ligação
entre os carbonos 9 e 10. Molécula assimétrica devido aos radicais O e OH em um
dos extremos.Geometria TRANS. As bolinhas azuis representam átomos de
carbonos; as brancas, átomos de hidrogênios e as vermelhas, átomos de oxigênio.

Naturalmente, as moléculas de ácidos graxos encontram-se na


forma geométrica CIS, que apresenta os ligantes semelhantes em um mesmo lado
do plano de simetria. No entanto, industrialmente, pode-se chegar, por
hidrogenação (adição de hidrogênio molecular à molécula do ácido), na forma
geométrica TRANS, na qual os ligantes semelhantes situam-se em lados opostos
do plano de simetria.
O beta-caroteno é uma substância classificada como carotenóide
que são hidrocarbonetos, oxidáveis com coloração amarela, alaranjada ou
vermelha, solúveis em gordura (lipossolúveis), muito comuns em vegetais e
essenciais em animais, por serem precursores da síntese de Vitamina A no
organismo. São conhecidos mais de 600 tipos de carotenóides3 e dentre estes o
beta-caroteno, que é o mais ativo, pois apresenta maior capacidade em
transformar-se em vitamina A, sendo também denominado de pró-vitamina A.

Em 1831, o cientista Wilhelm Heinrich Wackenroder4 descobriu os


pigmentos amarelo/laranja nas cenouras e deu-lhes o nome de carotenos.
Dezesseis anos mais tarde (1847), Zeise4 apresentou uma descrição mais
detalhada do caroteno. Posteriormente, em 1866, Arnaud Perrier4 e seus
colaboradores classificaram o caroteno como um hidrocarboneto. Este mesmo
cientista descreveu a presença generalizada de carotenos nas plantas, em 1887.
Dez anos depois, em 1907, Richard Willstatter e Thierry Mieg 4
estabeleceram a fórmula molecular do caroteno como sendo constituída por uma
molécula formada por 40 átomos de carbono e 56 átomos de hidrogênio.

Figura 1.2 Fórmula estrutural do caroteno. As bolinhas azuis representam átomos


de carbonos e as brancas, átomos de hidrogênios.

No ano inicial da Primeira Guerra Mundial em 1914, K. S. Palmer e


Eckles James H4 descobriram a existência de caroteno e xantofila no plasma do
sangue humano. Mas, somente após o final da Guerra, em 1919, foi sugerida, por
Steenbock4 da Universidade de Wisconsin, uma relação entre os pigmentos
amarelos das plantas (beta-caroteno) e a Vitamina A. A partir de então, Moore4
demonstrou, em 1929, que o beta-caroteno se converte em vitamina A, no fígado,
perdendo sua coloração. Em 1931, na Suíça, Karrer4 e seus colaboradores
determinaram as estruturas do beta-caroteno e da Vitamina A. No final desta
década, em 1939, juntamente com seus colaboradores, Wagner4 sugeriu a
conversão do beta-caroteno em Vitamina A no interior da mucosa intestinal.
Figura 1.3: Fórmula estrutural do beta-caroteno, contendo 40 carbonos, 56
hidrogênios, 11 duplas ligações e 2 ciclos alcênicos nas extremidades.

Na década de 60, mais exatamente em 1966, o Comitê Conjunto


FAO/WHO de Especialistas em Aditivos Alimentares considerou como aceitável a
utilização do beta-caroteno nos alimentos, e em 1972, são estabelecidas, pelo
Código Americano de Químicos Alimentares, as especificações para utilização
desta substância nos mesmos4.

Mais tarde, em 1978, esta substância foi considerada como GRAS


(Globalmente Reconhecido como Seguro) e pôde ser utilizada como ingrediente
suplementar na dieta alimentar ou na fortificação dos alimentos. Estudos
posteriores, 1981-1982, afirmaram que o beta-caroteno e os carotenóides são
reconhecidos como fatores importantes, independentemente da sua atividade
como provitamina A, na redução potencial do risco de certos cânceres. Ainda
neste último ano, Krinsky e Deneke4-5 mostram a interação entre o oxigênio e os
radicais de oxigênio com os carotenóides. Nos dois subseqüentes anos, o Instituto
Nacional do Câncer dos E.U.A. lançou vários ensaios de intervenção clínica em
larga escala, utilizando suplementos de beta-caroteno isolados e em combinação
com outros nutrientes.

Em 1984, é demonstrado que o beta-caroteno é um antioxidante


eficaz in vitro. Por conseguintee, devido ao elevado número de estudos
epidemiológicos que demonstram a redução potencial da incidência de câncer
relacionada com o aumento da ingestão de beta-caroteno na dieta alimentar, em
1988, o Instituto Nacional do Câncer (E.U.A) emite instruções sobre doses diárias
por idade (dietárias) aconselhando os americanos a incluir uma variedade de
vegetais e frutas na sua dieta diária6-7.

As propriedades antioxidantes do beta-caroteno ajudam a


neutralizar os radicais livres, que podem danificar os lipídios nas membranas
celulares, bem como o material genético das células, gerando danos que levam ao
desenvolvimento do câncer. Além disso, possuem grandes afinidades (facilidade
de reação) com radicais de oxigênio e pode diminuí-los por hiperoxidação dos
lipídeos. Este carotenóide pode extinguir o oxigênio singleto, que é uma molécula
reativa que é gerada, por exemplo, na pele, por exposição à luz ultravioleta e que
pode induzir alterações pré-cancerígenas nas células. O oxigênio singleto tem a
capacidade de iniciar inúmeras reações em cadeia, as quais produzem os
chamados radicais livres 8 .

Destacaremos, agora, alguns artigos relevantes ao nosso trabalho


específico: HOLMAN RT9 e colaboradores fizeram os primeiros trabalhos em
espectroscopia sobre a oxidação de ácidos graxos incluindo o ácido oleico.
CEDENO FO10 e colaboradores, usando a técnica Differential Scanning
Calorimetry (DSC), estudaram o ponto de fusão do ácido oleico. Estudos sobre a
transição de fase do tipo ordem-desordem e polimorfismo sofrido pelo ácido oleico
foram feitos por KOBAYASHI M11 e colaboradores. LOMNITSKI L12 e outros
colaboradores estudaram a interação entre o beta-caroteno e vários ácidos graxos
incluindo o AO. Os espectros de absorção do beta-caroteno foram obtidos por
vários cientistas em diferentes situações e misturas 13-18.
Capítulo 2 - METODOLOGIA

2. INTRODUÇÃO

Neste Capítulo, apresentamos todos os equipamentos, as


montagens e os passos executados durante a fase experimental desta dissertação
de mestrado, destacando um relato minucioso dos procedimentos experimentais
que foram utilizados para a obtenção de todos os resultados encontrados.

Na Secção 2.1, descreveremos os passos para a preparação das


amostras, como elas foram produzidas e os cuidados especiais que foram
necessários para obtermos os melhores resultados. Na Secção 2.2, descrevemos
o aparato usado para medir a absorção. Na Secção 2.3, descreveremos o
procedimento usado para as medidas de fotoluminescência das amostras de beta-
caroteno + ácido oléico, nas diversas concentrações e na Secção 2.4
descreveremos a absorção de dois fótons.

2.1. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS

Inicialmente, colocamos, num mesmo recipiente, 50 mL de ácido


oleico (fabricado pela SIGMA ALDRICH 99%) 7.5 mg de beta-caroteno (Merck).
Notamos que as moléculas de BC dissolvem-se rapidamente no AO, dando ao
mesmo uma coloração vermelho-alaranjado. Mesmo assim, submetemos a
solução a uma agitação mecânica por aproximadamente 20 minutos para garantir
uma completa homogeneização da mesma.

A solução obtida, conforme está descrito no parágrafo anterior,


chamamos de solução base. A partir desta solução, adicionamos ácido oleico
puro, para diluirmos cada vez mais a solução base e obtermos outras soluções de
BC em AO com concentrações menores.

Para fazermos as medidas de absorbância, introduzimos na cubeta


uma certa quantidade da solução até que seu nível atingisse a altura de 2cm. Tal
altura é necessária para garantir que a luz atravesse a amostra e penetre no
fotodetector. Foi necessária a obtenção do espectro da cubeta vazia para em
seguida fazermos a medida do espectro do sistema cubeta + amostra. A
absorbância foi obtida normalizando-se a medida da cubeta + solução pela
medida do espectro da cubeta vazia.

Figura 2.1 (a) Figura 2.1 (b)

Figura 2.1 (c) Figura 2.1 (d)

Figura 2.1 Na figura 2.1 (a), apresentamos os materiais usados nos processos
operacionais: Frasco de ácido oleico, frasco com cápsulas de beta-caroteno,
recipiente contendo beta caroteno + ácido oleico e recipiente contendo apenas
de ácido oléico. Na figura 2.1 (b), há um recipiente contendo uma solução de
ácido oleico + beta-caroteno preparada no mesmo dia em que a foto foi tirada. Ao
lado temos a solução ácido oleico + beta-caroteno depois de aproximadamente 30
dias de sua preparação, apresentando uma coloração suavemente amarelada. Na
figura 2.1 (c), apresentamos as cubetas de vidro, quartzo e plástico, usadas nas
experiências. Na figura 2.1 (d), apresentamos duas cubetas contendo
respectivamente ácido oleico e betacaroteno + ácido oleico, preparadas para
serem levadas ao monocromador.
Todas as medidas, exceto aquelas para monitorar a degradação,
foram feitas no mesmo dia em que as soluções foram preparadas. Posteriormente,
percebemos que as soluções apresentavam uma descoloração em
aproximadamente 30 dias.

2.2. PROCESSO OPERACIONAL PARA MEDIÇÃO DA ABSORBÂNCIA

As medidas de absorção óptica foram realizadas no Laboratório de


Física da Matéria Condensada, da Universidade Federal do Pará à temperatura
ambiente (aproximadamente 22,5 °C). A técnica baseia-se em analisar a relação
entre as intensidades de luz incidente na amostra e a fração da luz que atravessa
a amostra e chega até o fotodetector. Para realizar tais medidas, utilizamos um
monocromador da ACTON, modelo 300i, instrumento que é capaz de separar os
comprimentos de onda de uma radiação incidente com precisão de 0.1 nm e de
medir a intensidade luminosa de cada um desses comprimentos de onda. O
monocromador utilizado em nossa experiência é constituído de um conjunto de
espelhos, cuja finalidade é fazer com que o sinal luminoso chegue até uma grade
de difração holográfica, responsável pela separação do espectro em suas várias
componentes (Figura 2.2a). Dependendo da região do espectro eletromagnético
de interesse, é possível selecionar um das três grades existentes no próprio
monocromador. Cada uma dessas grades de difração faz a decomposição em
uma certa faixa do espectro ultravioleta, visível e infravermelho próximo, podendo
abranger a faixa de 200 nm até 2800 nm. A figura 2.2b mostra uma visão externa
do monocromador.
Figura 2.2 (a) Figura 2.2 (b)

Figura 2.2 Em 2.2 (a) mostramos o interior do monocromador usado nas medidas
de: absorção, fotoluminescência, degradação e absorção de dois fótons e em 2.2
(b) visão externa do equipamento.

Todo o controle do monocromador foi feito através da interface


NCL específica (fabricada pela ACTON), com padrão RS232 e um software
apropriado chamado Spectra Sense, que é capaz de controlar o monocromador e
fazer aquisição da intensidade de luz em função do comprimento de onda ou em
função do tempo. Foi necessário ainda estabelecer um tempo de integração (500
ms) onde o equipamento faz uma média das medidas de intensidade de luz
resultando numa melhor performance e eliminando assim quaisquer flutuações e
ruídos.
Durante as medidas, adotamos como padrão a região do
ultravioleta entre 200 nm e 400 nm, e a região visível entre 400nm até 700nm,
todos com passos de 1 (nm) nanômetro e tempo de 500 ms (0,5 segundos). A
fonte luminosa utilizada no processo foi uma lâmpada de Xenônio XBO de largo
espectro, com uma potência de 75 watts, capaz de emitir luz num espectro
contínuo com freqüências que vão do infravermelho até o ultravioleta.
Para a montagem do experimento, inicialmente dispusemos a
lâmpada na janela de entrada do monocromador e em seguida afixamos o porta-
amostra na saída do mesmo. Um fotodetector de Silício modelo 440 (ACTON) foi
fixado na saída do porta-amostra. de forma que a luz proveniente da fonte e
posteriormente transmitida pela amostra em estudo, chegasse até ele. Um
esquema completo da disposição pode ser visto na figura 2.3.

Figura 2.3 Montagem


experimental para obtenção dos
espectros de absorbância. 1)
Lâmpada de Xenônio XBO 75w,
2) Monocromador Acton modelo
300i, 3) Interface NCL
Eletronics, 4) Porta-Amostra, 5)
Amostra , 6) Fotodetector de
Silício modelo 440 (ACTON)

As cubetas com as amostras foram cuidadosamente colocadas no


suporte próprio dentro do porta-amostra, de tal modo que toda luz que vem do
monocromador passe pela amostra antes de chegar no fotodetector. Em seguida,
o porta amostra era fechado para que nenhuma outra luz penetre na amostra (a
não a ser a do próprio monocromador) para interferir e alterar os nossos
resultados.

Com essa montagem experimental, fizemos a aquisição do


espectro da lâmpada, no sistema sem amostra, mas com a cubeta vazia. Esse
procedimento foi feito com objetivo de obter o espectro de referência da lâmpada
para servir de referência no processo de normalização dos espectros de cada
amostra de AO + beta caroteno. Em seguida, tomando cuidado para que as
condições da experiência praticamente não se alterassem, substituíamos as
amostra na ordem decrescente das concentrações de AO + beta caroteno e
tirávamos os espectros (visível) de absorbância, usando sempre como referência
o espectro da lâmpada.

2.3. PROCESSO OPERACIONAL PARA MEDIÇÃO DA LUMINESCÊNCIA

As medidas de luminescência também foram realizadas no


Laboratório de Física da Matéria Condensada, da Universidade Federal do Pará à
temperatura ambiente (aproximadamente 22,5 °C). Os equipamentos utilizados
nas medidas de luminescência foram praticamente os mesmos utilizados nas
medidas de absorção (Monocromador, Lâmpada de Xenônio, Porta-amostra,
Fotodetector).

As mudanças foram feitas na disposição desses equipamentos,


que tiveram de ser re-arrumados. As amostras foram cuidadosamente colocadas,
com auxílio de uma pinça. Em seguida, a amostra é colocada na janela de entrada
do porta-amostra e iluminada por apenas um componente da luz com o
comprimento de onda especifico ( = 350 nm). Para isso, foi utilizado nessas
medidas um filtro óptico que deixa passar apenas o comprimento de onda = 350
nm, haja vista que para a observação da fotoluminescência é importante que a luz
incidente sobre a amostra tenha comprimento de onda dentro da sua banda de
absorção.O monocromador, no entanto, varre todo o espectro de energia inferior a
dos fótons incidentes. Neste caso, o espectro não precisa ser normalizado, pois o
fotodetector registra todo o espectro de emissão da amostra em estudo.
Assim que a amostra era colocada no porta-amostra, esse era
cuidadosamente tampado com um papel de alumínio, a fim de que nenhuma luz
externa fosse detectada pelo fotodetector e pudesse alterar o espectro. Um
esquema que mostra toda a disposição dos equipamentos pode ser visto na figura
2.4.

Figura 2.4 Montagem experimental para a obtenção dos espectros de


fotoluminescência. 1) Fotodetector de Silício modelo 440 (ACTON), 2)
Monocromador Acton modelo 300i, 3) NCL Eletronics, 4) Amostra, 5) Filtro UV em
350nm, 6) Lâmpada de Xenônio XBO 75w, 7) Porta-Amostra.

2.4 PROCESSO OPERACIONAL PARA MEDIÇÃO DA ABSORÇÃO DE DOIS


FÓTONS

A montagem Experimental para a absorção de dois fótons é


semelhante a montagem da fotoluminescência, porém ao invés de usarmos a
lâmpada de xenônio como fonte principal de excitação, usamos um laser de He-
Ne (em 630 nm) e o monocromador faz a varredura de comprimentos de ondas na
faixa do Ultra Violeta (UV).
3 - RESUMO TEÓRICO

Neste Capítulo, apresentamos um resumo da teoria envolvida


nos fenômenos de absorção, fotoluminescência e absorção de dois fótons que
foram utilizados para o entendimento e análise dos resultados nas amostras de
ácido oleico (AO) dopado com beta-caroteno (BC).

3.1. Absorção da Luz


Quando incidimos luz sobre um material qualquer, uma parte
(pequena ou grande) da luz é sempre refletida. Se o material apresentar um certo
grau de transparência, uma parte da luz penetra no material. Essa luz que penetra
no material pode ainda ser absorvida no interior do mesmo. A parcela de luz que
conseguir atravessar e sair em outro ponto do material chamamos de luz
transmitida. Essas frações da luz: refletida, absorvida e transmitida obedecem ao
princípio de conservação da energia, como bem se observa no esquema abaixo.

Luz refletida
Luz incidente Absorção Luz transmitida

Energiaincidente = Energiarefletida + Energiaabsorvida + Energiatransmitida

Figura 3.1 Esquema mostrando as parcelas de luz incidente, refletida, absorvida e


transmitida.

A forma mais comum de espectroscopia é se iluminar a amostra


com uma luz e investigarmos quais são os comprimentos de onda absorvidos em
função da energia dos fótons incidentes. Para se medir o quanto de luz é
absorvido por uma amostra, podemos fazer a seguinte seqüência. Se
desprezarmos a reflexão e considerarmos que a intensidade da luz incidente é I0 e
a intensidade da luz que emerge em outra face da amostra é I, a transmitância T é
definida como:
T = I/I0 (3.1)
No entanto, é mais comum o interesse pela absorbância A que é definida como:
A = log10(I0/I) = log10(1/T) (3.2)
Usando-se a definição acima, podemos perceber que, se I = I0 , então, A = 0,
I0
contudo, quando I = 0.01I0 = 10-2 I0 = (luz emergente é apenas 1 centésimo
102
da que entra) a absorbância é A = 2. Dizer que um material tem absorbância 2 é o
mesmo que dizer que ele deixa passar apenas um centésimo da luz que incidiu
sobre ele. A absorbância é também, algumas vezes, denominada de densidade
óptica do meio.
Se o corpo material em questão é constituído de várias
substâncias, é importante identificar quem são as substâncias responsáveis pela
absorção na amostra. Neste caso, a absorção da luz pelo meio material é uma
propriedade óptica que além de depender da concentração C dos pontos de
absorção (geralmente expresso em moles/volume), depende ainda da espessura x
da amostra. Beer expressou esse comportamento na equação:
A = Cx (3.3)
Onde é o coeficiente de extinção que nos diz quanto uma amostra, em particular,
absorve luz de um determinado comprimento de onda e pode ser medido em
experimentos de espectroscopia eletrônica.
Uma forma simples de descrever matematicamente a absorção é
imaginar um feixe de luz de intensidade I0 incidindo sobre uma amostra de
espessura x. Na face oposta à da incidência, a luz emerge com intensidade I tal
que:
I = I0.exp(- .x) (3.4) I0 I

O parâmetro é o coeficiente de
absorção óptico do material.

Figura 3.2: Esquema que mostra a


intensidade da luz incidente e da luz
emergente em função da espessura
x

Uma abordagem teórica bastante completa sobre absorção de luz


está nas referências 19 e 20.
Na teoria do orbital molecular21, a absorção dos fótons de luz, de
acordo com a teoria de Bohr, dá-se pela excitação de elétrons para níveis de
maior energia da molécula. Estas transições eletrônicas envolvem, geralmente,
fótons na região UV – VIS.
No entanto, a análise completa da situação real não é tão simples
de ser feita, pois, no momento que um simples elétron é excitado por absorver um
fóton, todos os outros níveis de energia sofrem deslocamentos de suas posições
relativas ao estado fundamental. O cálculo teórico para situações deste tipo não
será abordado neste trabalho já que foge do nosso objetivo principal.
Para o caso de moléculas relativamente grandes envolvendo
muitos átomos, os níveis de energia contêm um elevado número de transições e
de efeitos distintos que abordaremos agora. A figura abaixo representa, de forma
esquemática, todos os tipos de transições entre os níveis de energia de uma
molécula.
S1
S0 T1
CI R1 DIS

R2 A F R3

P
R4

Figura 3.3 O diagrama de Jablonski ilustra os possíveis tipos de transições


eletrônicas a partir da absorção de um fóton. A = absorção, F = fluorescência,
P = fosforescência, CI = conversão interna, PIS = passagem intersistemas,
R = relaxação vibracional, S0 = singleto do estado fundamental, S1 e T1 são os
mais baixos singleto e tripleto excitados. As linhas retas com setas indicam os
processos com fótons. As linhas curvas sinuosas com setas representam
processos que não envolvem fótons.

3.2. Fotoluminescência
Quando uma molécula absorve um fóton e um elétron se desloca
para um dos seus estados excitados, o excesso de energia pode ser eliminado por
um processo radioativo (emissão de luz) ou por um processo não radioativo. Os
processos radioativos podem ser a fluorescência ou a fosforescência19. A
fluorescência é um processo radioativo muito curto (10-4 – 10-8 s), onde a molécula
emite um fóton sem haver mudança na multiplicidade do spin (S1 S0). Já na
fosforescência, os tempos são, em geral, mais longos (10-4 – 102 s) e a emissão é
acompanhada obrigatoriamente de mudança na multiplicidade do spin (T1 S0).
Os processos não radioativos podem ser: (a) relaxação para o estado fundamental
com dissipação de calor através de colisões moleculares, (b) relaxação térmica
para estados intermediários, (c) uso da energia absorvida para realização de
reações químicas.
Na figura 3.3, a linha mais espessa, na parte inferior do gráfico,
representa o estado fundamental. S0 é um singleto, S1 e T1 são os mais baixos
estados excitados de singleto e tripleto, respectivamente, da mesma configuração.
O processo representado por R1 é extremamente rápido (10-11 – 10-9 s) e é o
primeiro a acontecer após a absorção. Ele representa a perda de energia
vibracional pela colisão entre as moléculas. A partir da base do estado S1, vários
processos não radioativos são possíveis. A conversão interna (CI) para
um estado mais alto vibracional de S0 pode ser seguido da relaxação vibracional
(R2) para o estado fundamental vibracional S0. Ou, alternativamente, ao invés da
CI descrita anteriormente poderemos ter decaimento intersistemas (DIS) seguido
da relaxação R3 que leva o sistema ao fundo da banda T1. De T1 são possíveis
ainda duas rotas para se chegar ao estado fundamental S0. Uma por DIS para um
subnível se S0 ou direta para o estado fundamental por fosforescência P.

3.3. Absorção de dois fótons e Conversão Ascendente de Luz

A teoria sobre a absorção de dois fótons22-23 está baseada na idéia


de um elétron pertencente a um sistema molecular poder absorver dois fótons com
freqüências 1 e 2, sendo promovido para um estado excitado com energia
E = E 1 + E2, onde E 1 e E2 são as energias dos fótons com freqüências 1 e 2.

Neste tipo de absorção, a absorção de apenas um fóton é proibida. No entanto,


ele absorve os dois fótons em dois tempos, passando por um estado intermediário
m>. No processo de retorno ao estado fundamental, o elétron pode cair
diretamente para o estado fundamental, sem passar pelo estado intermediário,
emitindo um fóton com energia E de freqüência 3 = 1.+ 2. Geralmente, a luz
incidente que provoca a excitação, é um laser que possui apenas um tipo de fóton.
Neste caso 1 = 2. A figura 3.4 ilustra o processo de absorção e decaimento para
o efeito de absorção de dois fótons.

Ik>
k

2 estado virtual

m Im>

1
n>
n

Figura 3.4 Esquema dos níveis de energia para absorção de dois fótons usando
um estado virtual m>

n> é o estado fundamental do sistema.


m> é o primeiro estado excitado e k> é o segundo estado excitado.
A probabilidade de encontrar a molécula no estado k, num tempo t, é dada
2
por <k (t)> .Dessa forma, a probabilidade da transição devido à absorção de
2
dois fótons é: Pk k (t ) é diferente de zero e conserva a energia tal que

Ek En ( 1 2 ) (3.5)
, onde (t ) é a auto função da molécula sujeita a um campo eletromagnético

relativa à equação de Schrödinger H i com Hamiltoniano do tipo


t
H (t ) H 0 V (t ) .
A taxa da transição é:
2 2
d E1 E2 ( 1 )2 m n ( 2 )2mk g ( kn 1 2 )
Wn k = Pk 4 2 (3.6)
dt 8 ( mn 1 )
no caso especial de uma única freqüência 1 = 2 o coeficiente para a absorção
de dois fótons dois fótons é dado por:
2
(N n N k )( 1 )2 mn ( 1 )2 km n1 g ( kn 2 )I
dois fotons 3 (3.7)
( mn )2 2 c 2
onde I é a intensidade para a freqüência , Nk e Nn são as densidades de
população dos níveis k e n, respectivamente.
Se mn 1 não haverá transição para o estado intermediário m>. Na prática,
para se obter uma transição (virtual) do tipo n m, indicada na figura 3.4, o valor
mn - 1 deve ser menor que, algumas vezes, a largura de linha da transição n
k.
Capítulo
4
Resultados e Análises
4 - Resultados e Análises

4.1 - Resultados sobre absorbância

Neste Capítulo, descrevemos os principais resultados sobre a


absorbância do ácido oleico dopado com beta-caroteno de zero até a
concentração máxima de 150 g/cm3.

4.2 - Identificação do ácido oleico e do beta-caroteno


Antes de iniciarmos esse trabalho, procuramos identificar os dois
compostos que usamos (beta-caroteno (BC) e ácido oleico (AO) através de suas
propriedades ópticas, para garantirmos o grau de pureza e identificarmos as
características da absorbância de cada um deles individualmente.
Procuramos, também, na literatura, referências sobre os espectros
que já tivessem sido obtidos por outros autores. A figura 4.1 (a) é a absorbância
do ácido oleico (AO) obtido por Zhang Y e colaboradores29 e a figura 4.1 (b) é a
absorbância do beta-caroteno (BC) obtido por Tuula Keinonen30. O AO apresenta
uma única banda situada na região ultravioleta do espectro eletromagnético,
centrada em torno de 350 nm enquanto que o BC apresenta uma banda na região
do visível entre 375 nm e 550 nm. Essas bandas de absorção do beta-caroteno já
foram bastante estudadas na literatura tanto experimental como teoricamente.13-18.
(a) (b)
Figura 4.1 (a) Espectro do ácido oleico de acordo com os autores: Zhang Y, Zhou
GE, Zhang YH, Li L, Yao LZ, (b) Espectro do beta-caroteno de acordo com Tuula
Keinonen.

Fizemos inicialmente a medida da absorbância tanto para o AO


quanto para o BC individualmente. Estes resultados estão nas figuras 4.2 (a) e 4.2
(b), respectivamente.

0,20
1,0

0,8 0,16

0,6
absorbance

Absorbance

0,12

0,4

0,08
0,2

0,0 0,04

150 200 250 300 350 400 400 450 500 550 600 650 700
(nm) (nm)

(a) (b)

Figura 4.2 Espectros das nossas amostras de ácido oleico puro (a) e beta-
caroteno puro (b).
O espectro de absorbância pode ser obtido em várias
concentrações e em cubetas com diferentes percursos ópticos. A figura 4.3 mostra
o espectro de absorbância típico para a solução AO + BC com concentração de
1.17 g/cm3, obtido numa cubeta com 1 cm de percurso óptico. Como podemos
notar, é possível identificar o pico referente à absorção do ácido oleico centrado
em torno de 350 nm e à banda de absorção do beta-caroteno que é constituída de
algumas sub-bandas superpostas, na região entre 400 nm e 550 nm. Ainda
podemos destacar na figura 4.3 é que na solução AO + BC as bandas dos dois
componentes se sobrepõem formando uma extensa banda de absorção entre 300
nm e 550 nm.

Beta-caroteno

1,0 Ácido
Oleico

0,8
Absorbância

0,6

y -Caroteno = 1.0511
0,4
yAoleico = 0.7436

0,2

0,0
250 300 350 400 450 500 550
(nm)

Figura 4.3 Espectro da solução BC diluído em AO com 1.17 g/cm3 obtido em


cubeta de quartzo com 1 cm de extensão.

Analisando-se todo o conjunto de dados de absorbância da


solução para várias concentrações diferentes, observamos que a relação entre as
intensidades das bandas do ácido oleico (em 350 nm) yAoleico = 0.7436 e a
intensidade da banda do beta-caroteno (em 463 nm) y -Caroteno = 1.0511. A razão
y -Caroteno / yAoleico é 1.413 para uma concentração de 1.17 g/cm3 . À medida que
aumentamos a quantidade de BC na solução, a intensidade y -Caroteno aumenta
proporcionalmente em relação à intensidade yAOleico (ver figura 4.4). Dessa
maneira, embora as intensidades sejam relativas ao nosso sistema específico
(extensão da cubeta, intensidade da lâmpada, etc), a razão y -Caroteno/yAoleico é
função absoluta da concentração de BC na solução. Sendo assim, podemos
identificar a concentração de uma solução BC + AO desconhecida medindo-se a
razão entre as intensidades das bandas (ver figura 4.5). Esse é um método que
utiliza a absorbância como técnica para se medir a concentração de BC em AO.
Dessa forma, esse método de espectroscopia óptica é bastante usado para
identificar a presença de substâncias em materiais mistos já que cada composto
apresenta um espectro específico que pode ser comparado como uma impressão
digital do composto. Nosso interesse neste sistema específico (AO + BC) é,
principalmente, porque ele acontece numa grande variedade de óleos vegetais e a
presença do beta-caroteno influencia bastante as propriedades de absorção e
emissão de luz feita pelo óleo. Identificar a presença do BC em uma solução é
importante devido às diversas aplicações desse composto.
3
2,34 g/cm
3
1,17 g/cm
3
0,58 g/cm
3
1,0 0,29 g/cm

cubeta de 1,25 cm de extensão


0,8

0,6
absorbância

0,4

0,2

0,0

-0,2
250 300 350 400 450 500 550

(nm)

Figura 4.4 Espectros das soluções BC diluídas em AO para diversas


concentrações medidos numa cubeta de quartzo de 1,25cm de extensão.

1,6

Y = 0.062 + 0.603*X
1,2 X = 1.65*Y - 0.103
Razão yBC/yAO

0,8

0,4

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
3
Concentração ( g/cm )

Figura 4.5 Diagrama que representa a razão y -Caroteno/yAoleico em função das


concentrações, respectivas de cada espectro
4.3 Espectro de absorção teórico
Fizemos também a simulação computacional para obtenção dos
espectros de absorção tanto para AO como para o BC. Embora o modelo utilizado
na simulação seja específico para moléculas livres de interação com outras
moléculas, adicionamos esses resultados aqui porque eles servem de base para
um melhor entendimento do resultado experimental.
A metodologia empregada para obtenção dos espectros teóricos foi
adaptada do método de cálculo de Hartree-Fock com parametrizações em
21,24
hamiltonianos semiempíricos : PM3 (Parametric Method 3) e AM1 (Austin
model 1) através do programa Hyperchem 7.525.
Através desses métodos de química quântica se otimizou-se
totalmente as geometrias para o estado fundamental, partindo de uma
configuração planar; obtendo também a configuração da estrutura eletrônica das
moléculas em questão, sendo os resultados, produzidos pelos métodos PM3 e
AM1, os mais confiáveis semiempíricos da literatura. Para o cálculo do espectro
de absorção, usamos o método ZINDO/S (Zener’s Intermediate Negligible
Diferencial Overlap/ Spectroscopy)26,27,que é um método semi-empírico de cálculo
teórico de orbitais moleculares, baseados na aproximação do Zener Model, que é
um pacote padrão de cálculo de propriedades espectroscópicas de moléculas. Já
para o cálculo do estado excitado desses compostos usamos o pacote MOPAC28,
utilizando as mesma parametrizações semiempíricas.

As figuras 4.6 (a) e 4.6 (b) mostram os resultados destas


simulações para o AO e para o BC, respectivamente.
Ácido Oléico PM3
Betacaroteno PM3
Absorção (u.a.)

Absorção (u.a.)
Ácido Oléico AM1 Betacaroteno AM1

100 125 150 175 200 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Comprimento de onda (nm) Comprimento de Onda (nm)

(a) (b)

Figura 4.6 (a) Espectro de Absorção UV-visível para AO AM1 (curva inferior) e
AO PM3 (curva superior), sendo as curvas obtidas através de uma função
gaussiana normalizada pela força do oscilador.

Os espectros teóricos revelam que os dois métodos utilizados


são praticamente concordantes. Porém há um deslocamento entre as posições
das principais bandas de absorção tanto para o ácido oleico como para o beta-
caroteno quando comparados com os resultados experimentais. Esse desvio
nas posições de algumas bandas certamente está ligado às interações
intermoleculares que não são levadas em consideração no modelo de
simulação computacional. Cálculos mais precisos, usando-se a simulação de
Monte Carlo que leva em consideração as interações entre as moléculas do
ácido oleico e do beta-caroteno entre si, estão sendo desenvolvidos através da
colaboração com grupo do professor Sylvio Canuto dna USP. Em breve, estes
resultados devem dar uma maior contribuição no entendimento dos nossos
resultados experimentais.
4.4. Absorbância do ácido oleico diluido com beta-caroteno
Nesta parte, mostramos os principais resultados sobre a
absorbância da mistura: ácido oleico e beta-caroteno. A figura 4.7 mostra cinco
curvas de absorbância em função do comprimento de onda , para as seguintes
concentrações: 0.00 g/cm3 (ácido oleico puro), 9.37 g/cm3, 18.75 g/cm3 37.50
g/cm3, 75.00 g/cm3 e 150.00 g/cm3, respectivamente identificados pela
seqüência A, B, C, D, E e F. Concentrações superiores a 150.00 g/cm3 de beta-
caroteno (BC) não foram estudadas porque, a partir desta concentração, as
bandas características do BC se apresentam bastante deformadas e a solução se
torna completamente opaca.
Como pode ser observada, a curva A (ácido oleico puro) é uma
linha aproximadamente horizontal, próxima do zero, pois o AO é, praticamente,
transparente na região do visível. Ainda na curva A, podemos observar, no
entanto, uma pequena elevação, próxima de 400 nm. Esta elevação corresponde
ao resquício da banda de absorção do AO centrada em 350 nm (UV) que já é bem
relatada na literatura. Os espectros na seqüência B, C e D mostram que, à medida
que adicionamos BC ao AO, o espectro de absorbância da solução incorpora
cada vez mais a banda característica do BC.

As curvas E e F, cujas concentrações são respectivamente: 75.00


3
g/cm e 150.00 g/cm3, apresentam um deformação relativa às curvas de
concentrações mais baixa e que são características do BC. Essas deformações
podem ser entendidas se considerarmos que a medida que aumentamos a
concentração, as moléculas de BC começam a se aproximar cada vez mais uma
da outra. Dessa forma, podemos entender que os níveis de energia das moléculas
do BC sofram alguma perturbação pelo campo elétrico molecular de outras
moléculas de BC ao seu redor.

É bom lembrar, também, que essa interação beta-caroteno com


beta-caroteno da qual estamos nos reportando, acontece num ambiente imerso
em moléculas de ácido oleico. No entanto, o espectro de absorbância do sistema
AO + BC para baixas concentrações não apresenta deformações do seu aspecto

característico, o que indica que o campo elétrico molecular do AO não deve ser o
responsável pelas deformações apresentadas em altas concentrações.

A figura 4.7 abaixo mostra numa visão pictórica que o aumento de


concentração aproxima as moléculas de BC entre si. Em 4.7(a), há uma pequena
concentração de BC (segmentos em vermelho) e em 4.7(b) as moléculas de BC
estão tão próximas que alguns segmentos em vermelho se sobrepõem.

(b)
(a)

Figura 4.7 Visão pictórica onde os segmentos em verde representam o ácido


oleico e os em vermelho representam o beta-caroteno. Em (a) baixa concentração
de BC e em (b) alta concentração.

No caso da figura 4.7(b) é fácil perceber que, devido à alta


concentração de beta-caroteno, o campo elétrico molecular de uma molécula pode
se aproximar tanto de outra ao ponto de perturbar seus níveis de energia. Em seu
artigo Correlation between redshifts and widths of the 0-0 band in the
absorption spectra (11Bu 11Ag) of the all-trans- -carotene in solution,
publicado em 1992, Hajime Toril e Mitsuo Tasumi apresentam um estudo
mostrando que o deslocamento na banda 0-0 pode ser explicado pela interação
entre as moléculas de -caroteno e moléculas do solvente que estão ao seu
redor. Se o solvente pode interagir com o soluto e modificar o espectro de
absorção, é evidente que o próprio soluto também pode interagir entre si e
modificar o espectro de uma forma semelhante.

3
4 F 150 g/cm
3
E 75 g/cm
3
F D 37.5 g/cm
3
3 E C 18.75 g/cm
3
B 9.375 g/cm
Absorbância

3
A 0 g/cm
2 D

1 B

A
0

400 450 500 550 600 650 700


(nm)

Figura 4.8 Absorbância da solução de beta-caroteno diluído em ácido oleico para


diferentes concentrações. A ácido oleico ouro, B solução com 9.375 g de
beta-caroteno por cm3 de ácido oleico, C solução com 18.75 g de beta-
caroteno por cm3 de ácido oleico, D solução com 37.5 g de beta-caroteno por
cm3 de ácido oleico, E solução com 75 g de beta-caroteno por cm3 de ácido
oleico e F solução com 150 g de beta-caroteno por cm3 de ácido oleico.

Outro aspecto interessante é que o resultado obtido para altas


concentrações é completamente reversível. Isto é, se adicionarmos AO numa
solução que apresente espectro deformado, o que se observa é que, a partir do
ponto em que a concentração apresentar valores inferiores a 70.00 g/cm3, o
espectro característico (sem deformação) é recuperado.

A partir da figura 4.8 foi possível escolher um comprimento de


onda. Neste caso, escolhemos a banda centrada em 490 nm para monitorarmos
como a intensidade da absorção varia em função da concentração de BC em AO.
A curva obtida está representada na figura 4.9.

Y=A+B*X
A 0,0405
4 B 0,07835
R SD N P
0,99547 0,0992 3 0,06062

3
Absorbância

Data: Data1_B
1 Model: y=p1*x^p2
Chi^2 = 0.04465
P1 0.42954 ±0.10056
P2 0.40594 ±0.05307
0

-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160


3
Concentração ( g/cm )

Figura 4.9 Variação da absorbância da solução de beta-caroteno diluído em ácido


oleico em função da concentração em g/cm3.
Observando-se a figura acima, vemos claramente duas regiões
com comportamentos distintos. Para concentrações de zero até aproximadamente
37.5 g/cm3 , temos um comportamento linear, segundo a equação:
Y = 0.04 + 0.078 X, (4.1)

onde X é a concentração e Y é a absorbância correspondente. Para


concentrações acima de 37.5 g/cm3 , notamos um comportamento curvo
seguindo para uma saturação onde a melhor equação de ajuste foi do tipo:
Y = 0.429 X0.405 (4.2)
A importância de se obter as equações 4.1 e 4.2 é que elas
relacionam a absorbância de uma solução de AO + BC para diferentes
concentrações. Usando-se estas equações, podemos obter a concentração de
uma amostra desconhecida, bastando identificar sua posição na figura 4.9. Este
resultado é muito importante porque ele constitui uma forma quantitativa e
qualitativa de se avaliar a quantidade de beta-caroteno numa solução. É também
necessário considerar que a análise quantitativa de beta-caroteno numa solução,
feita pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas), custa em média R$ 300,00 e a
quantidade mínima necessária para a mesma é de 100 ml, perdendo-se
completamente a amostra ao final da análise. No nosso caso, precisamos de
apenas 0.5 ml para encher uma cubeta especial e a amostra não é perdida pois
não usamos reações químicas (que alteram os componentes existentes) para
identificarmos o beta-caroteno, e sim o efeito da mudança na absorbância da
solução em função da sua concentração de BC.
Fizemos ainda o ajuste de 3 bandas tipo gaussianas em cada
espectro para as várias concentrações estudas para se observar se as bandas
mudavam de posição em função da concentração. Os ajustes foram feitos usando-
se o programa ORIGIN e a figura 4.10 mostra apenas uma dessas curvas como
exemplo. Na figura, a curva em azul é constituída pelos pontos experimentais
adquiridos pelo computador na montagem já descrita no capítulo 2. As três curvas
em verde são as gaussianas, deixadas livres em amplitude, posição, largura de
linha e nível, para o programa melhor ajustá-las nos dados experimentais.
Finalmente, a linha em vermelho é o melhor ajuste.

Data: ABSORGAUSS24-3P
Model: Gauss 25%
2,4
Chi^2/DoF = 0.00032
R^2 = 0.99898

y0 0.14536 ±0
xc1 439.42158 ±1.23526
1,6
w1 44.62118 ±1.9419
absorbância

A1 74.58827 ±4.36283
xc2 464.97148 ±0.18352
w2 21.72971 ±0.70621
A2 30.86178 ±3.42916
0,8 xc3 493.34703 ±0.16789
w3 25.21397 ±0.23258
A3 49.68842 ±0.81458

0,0

360 420 480 540 600 660 720

(nm) absorgauss24-3p

Figura 4.10 A curva em azul é constituída pelos pontos experimentais. As


gaussianas em verde foram ajustadas nos pontos experimentais para comporem a
linha em vermelho (que é o melhor ajuste).

Como podemos ver na figura 4.10, o ajuste ficou muito bom com
um desvio padrão de 0.00032. Este procedimento foi feito para todas as outras
curvas de absorbância com as diversas concentrações. A partir do conjunto de
todas as gaussianas montamos a figura 4.11 que mostra a evolução de cada
gaussiana em função da concentração.
490

480

470 (a)
(nm)

460

450

440

430
0 20 40 60 80 100 120 140 160
3
concentração ( g/cm ) absorconcent01-3p

436
Figuras 4.11 (a) Curvas
mostrando a evolução da 435

posição de cada gaussiana em (b)


434
função da concentração.
(nm)

(b) Ampliação da região 433

situada no interior do quadro


432
vermelho.
431
4 8 12 16
3
concentração ( g/cm ) absorconcent01-3p
A figura 4.11 (b) é uma ampliação da curva em preto (banda em
432 nm) na região até uma concentração de aproximadamente 12 g/cm3.
Observando-se com cuidado, notamos que um pequeno deslocamento, em torno
de 4 nm, acontece devido ao aumento da concentração, mas somente para
concentrações até, aproximadamente, 12 g/cm3. Para concentrações superiores
a esse valor, a posição dos picos referente à banda de absorção do beta-caroteno
não muda de lugar.
Nossos resultados mostram que a absorbância é uma técnica
bastante sensível para se detectar a presença do beta-caroteno em ácido oleico.
No caso de líquidos, a sensibilidade pode aumentar muito quando aumentamos o
percurso óptico que a luz percorre no interior da amostra. Apesar de não termos
como objetivo, neste trabalho, precisar qual é o limite de detecção de uma
substância diluída em outra, conseguimos, com relativa facilidade, identificar o BC
em AO para concentrações muito baixas na faixa de 0.07 g/cm3. Para isto,
tivemos que usar cubetas especiais com 8.53 cm de extensão.

4.5. Resultados sobre Fotoluminescência

Os resultados para fotoluminescência que apresentaremos aqui


foram obtidos iluminando-se, com luz ultravioleta ( = 350 nm), as soluções de
ácido oleico (AO) dopado com beta-caroteno (BC) em várias concentrações. O
procedimento das medidas está descrito no Capítulo 2. A razão de se iluminar a
amostra com esse comprimento de onda é porque coincide, exatamente, com o
máximo de absorção feita pelo ácido oleico.

Para obtermos o espectro de emissão do AO, incidimos, sobre uma


amostra de AO puro, luz de comprimento de onda em 350 nm e captamos a luz
espalhada através de um fotodetector posicionado a 90o, varrendo com o
monocromador toda a região acima de 350 nm até 700 nm. Uma única banda de
luminescência foi observada em torno de 543 nm.
Para as soluções dopadas com as diferentes concentrações de BC
em AO fizemos, também, obtenção dos espectros de emissão. A figura 4.10
mostra um conjunto desses espectros. As bandas são assimétricas e apresentam
duas características: a) elas perdem intensidade com o aumento de BC, b) sofrem
um deslocamento para a região do vermelho quando aumentamos a concentração
de BC.

3
g 150,00 g/cm
3
f 75,00 g/cm
3
e 37,50 g/cm
a 3
d 18,75 g/cm
3
b c 9,37 g/cm
3
b 4,31 g/cm
12000 c 3
a 2,15 g/cm
Intensidade Relativa

d
9000
e

f
6000

3000

520 540 560 580


(nm)

Figura 4.12 Conjunto de espectros de emissão para diferentes concentrações da


solução de beta-caroteno diluído em ácido oleico.

Esses resultados nos levam a afirmar o seguinte: o ácido oleico


puro exibe uma fotoluminescência, centrada em torno 540 nm (cor verde), que é
deslocada para a região do vermelho no espectro eletromagnético quando
aumentamos a concentração de BC na solução. Essa luminescência acontece
após a absorção e uma conversão interna não radioativa.
Um outro efeito causado pela presença do BC na solução é a
diminuição da intensidade do efeito de fotoluminescência.
A partir desses dados fizemos o ajuste dos espectros através das
gaussianas, com exemplo da figura 4.13 e estabelecemos uma relação entre o
comprimento de onda respectivo de cada pico de luminescência dos espectros
representados na figura 4.12 em função das concentrações (ver figura 4.14). Com
esses dados achamos ser possível, identificar a concentração de uma
determinada amostra, conhecendo o respectivo comprimento de onda do pico
mais intenso, para um dado espectro de luminescência da solução BC + AO.

Data: LUMGAUSS36-3P
Model: Gauss 25%

Chi^2/DoF = 3002.12489
R^2 = 0.99888

y0 423.43037 ±511.82646
8000 xc1
w1
542.81429 ±0.27736
28.447 ±3.20856
A1 105512.11993 ±63960.4724
xc2 565.04327 ±8.20529
w2 50.52999 ±15.60977
A2 256894.8301 ±254407.70781
xc3 618.84921 ±23.40318
w3 101.2008 ±40.89028
intensidade relativa

6000 A3 469978.98792 ±307641.87132

4000

2000

0
450 500 550 600 650 700

(nm) lumgauss36-3p

Figura 4.13 A curva em azul é constituída pelos pontos experimentais. As


gaussianas em verde foram ajustadas nos pontos experimentais para comporem a
linha em vermelho (que é o melhor ajuste).
y = y0 + A1 exp(-x/t1)

y0 578.47718
A1 -34.47505
t1 115.09126
570

565

560
(nm)

555

550

545

540
0 20 40 60 80 100 120 140 160
3
concentração ( g/cm )

Figura 4.14 O diagrama mostra a relação entre o comprimento de onda do pico da


banda de luminescência e a sua concentração.

4.6. Degradação do Beta-Caroteno diluído em Ácido Oleico

As soluções preparadas dissolvendo-se BC em AO foram mantidas


o
a 22 C e em ambiente escuro, protegido da luz por meio de papel alumínio.
Mesmo assim, observamos que, com o passar dos dias, as soluções que
originalmente apresentam cor vermelho-alaranjado forte, perdem essa cor
característica, até atingirem praticamente a transparência com um suave tom
amarelo claro. Apesar do objetivo específico desse trabalho ser o de obter os
espectros de absorção e fotoluminescência da solução AO + BC, apenas em
função da concentração, nos detivemo-nos, também, em acompanhar a evolução
dos espectros das soluções com o tempo (dias).
Fizemos um estudo sistemático para monitorar o processo de
degradação da solução BC + AO, medindo-se, diariamente, a absorbância de uma
solução preparada durante 15 dias. Esses estudos revelaram ainda que a
degradação pode seguir duas rotas diferentes:
1) Se a solução preparada tiver uma concentração acima de 70 g/cm3, ou
seja, se ela apresentar bandas de absorbância deformadas (quando
comparadas com as bandas de soluções de baixa concentração). Nesta
situação, não é possível identificar bandas centradas em função do
comprimento de onda. Essa estrutura toda vai diminuindo de uma forma
irregular com o passar dos dias. A irregularidade da qual estamos falando é
que a região próxima de 500 nm diminui mais rapidamente que a região
próxima de 433 nm. Uma característica deste processo é que os espectros
permanecem deformados até desaparecerem completamente, ficando
apenas a banda relativa ao ácido oleico (em 350 nm) que não degrada
neste período. A figura 4.15 apresenta um conjunto de espectros de
absorbância para uma mesma amostra, que foi obtido durante 15 dias,
tempo esse suficiente para a observação de praticamente todo o processo
de degradação.
data 0510
data 0710
3,5 data 0810
data 1110
3,0 data 1310
data 1410
2,5
data 1510
data 1810
absorbance

2,0
data 1910
1,5 -caroteno
data 2110
1,0
data 2510
0,5

0,0

300 350 400 450 500 550 600 650 700


(nm)

Figura 4.15 A figura mostra o comportamento da absorbância da amostra em


função do tempo. O processo de degradação é monitorado a partir de uma
solução bastante concentrada.

A figura 4.15 mostra as mudanças ocorridas nos espectros de


absorbância da solução de AO + BC com o decorrer do tempo (em dias). O
espectro de cor vermelha é o primeiro da seqüência e ele foi tirado no dia em que
a solução foi preparada (dia 05 de outubro). Em seguida, os espectros com as
cores: verde, azul, magenta, verde, alaranjado, amarelo, roxo, preto, azul e oliva
foram tirados nos dias seguintes. Todos os espectros foram colocados numa
mesma figura a fim de facilitar a comparação na observação das modificações que
se sucederam com o passar dos dias.
2) Uma segunda rota que observamos para a degradação da solução AO +
BC acontece quando a solução preparada for de baixa concentração.
Estamos falando agora de concentrações inferiores a 70 g/cm3. Neste tipo
de solução, conseguimos identificar os picos em 433 nm, 460 nm e 488 nm.
Nestas soluções, a degradação do BC também acontece, porém as bandas
relativas ao BC vão diminuindo de intensidade, mantendo a sua
característica. A figura 4.16 mostra essa outra rota para a degradação da
solução.

0,9 23/11
24/11
25/11
26/11
29/11
0,6
Absorbância

0,3

0,0
400 440 480 520
(nm)

Figura 4.16 Espectros de absorbância medidos em vários dias após a preparação


de uma amostra. A linha em azul é a absorbância medida no dia em que a solução
foi preparada. A linha em vermelho depois de 1 dia, a linha em verde oliva depois
de 2 dias, a linha em amarelo depois de 3 dias e alinha em preto depois de 6 dias.
Há duas questões importantes quando estudamos o fato de que as
soluções de AO + BC mudam de cor com o passar dos dias. A primeira é saber se
há ou não reação química entre o BC e o AO. A segunda é saber quais são os
possíveis produtos das interações entre os radicais do beta-caroteno entre si e
entre ele e o ácido oleico que possam justificar a alteração de cor na solução.
Com relação à primeira questão, podemos afirmar podemos afirmar
que não acontece nenhuma reação imediata entre o BC e o AO.
Com relação à segunda questão, queremos colocar o seguinte: já é
bastante conhecido que carotenóides perdem a sua cor quando expostos a
radicais ou a materiais ricos em oxigênio. Esta é inclusive uma forma de se avaliar
a sua capacidade antioxidante. Existem pelo menos 3 possíveis mecanismos de
reações de carotenóides com radicais:
a) Incorporação de um radical ao beta-caroteno. São reações do tipo:
ROO* + CAR ROO-CAR*
b) Transferência de elétrons para o radical.
c) Perda de um hidrogênio para o radical.

4.7. Absorção de dois fótons – Espectroscopia de Conversão Ascendente de


Luz

Os espectros de absorbância do ácido oleico na região UV – VIS


apresentam uma forte banda de absorção centrada em torno de 327 nm, figura
4.17 (a) apresenta o espetro de absorbância em função do comprimento de onda
em nm e 4.17 (b) apresentamos o mesmo espectro em função da energia em eV.
3.93 eV
1,0
1,0

0,8
0,8 E (620 nm He-Ne) = 1.96 eV
2 fotons 2 x E = 3.92 eV
0,6
absorbance

Absorbance
0,6

0,4 0,4

0,2 0,2

0,0 0,0

150 200 250 300 350 400 3 4 5 6 7 8 9


(nm) E (eV)

(a) (b)

Figura 4.17 (a) Absorbância do ácido oleico puro em função do comprimento de


onda (em nm). (b) Absorbância do ácido oleico em função da energia E (em eV).

Qualquer fóton incidente que não tenha a energia na faixa dentro


da banda de absorção, em princípio, não seria absorvido pelo material, como por
exemplo um fóton com energia 1.96 eV (Energia do fóton de um laser de He-Ne
em 630 nm) veja figura 4.18. Entretanto, existe um mecanismo chamado de
absorção de dois fótons, pelo qual um elétron pode absorver, simultaneamente,
dois fótons sendo excitado para um nível de energia de valor igual ao dobro da
energia de cada fóton E. É evidente que esse processo só pode acontecer se o
material tiver entre os seus níveis de energia, um que seja igual a esse valor
(energia igual a dos dois fótons). Esse efeito é um efeito não linear e, embora a
probabilidade de acontecer seja pequena, ela existe e é proporcional à intensidade
do laser usado para se promover a excitação.
1,0

0,8

0,6
Absorbance

0,4
E = 1.96 eV

0,2

0,0

1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2


E (eV)

Figura 4.18 Espectro de absorbância do AO na região do visível. A seta indica


que a energia de um fóton do laser de He-Ne E = 1.96 eV está completamente
fora da região de absorção do AO.

Quando o elétron decai do estado excitado para o estado


fundamental, neste caso, a energia do fóton emitido E´ é igual à soma das
energias dos dois fótons absorvidos. Veja o esquema abaixo.
E´ = 3.92 eV

E = 1.96 eV

E = 1.96 Ev

Figura 4.19 Diagrama de Jablonski mostrando a absorção de dois fótons.

Um bom exemplo é o seguinte: consideremos um laser de He-


Ne, com comprimento de onda em 630 nm, e conseqüentemente energia dada
por:

h.c
E 1.96 eV (4.3)

Dois fótons tem energia E´ = 2.E = 3.92 eV. Esse valor encontra-
se, exatamente, dentro da faixa de absorção do ácido oleico. É fácil observar que,
se acontecer a absorção de dois fótons conforme foi descrita anteriormente, no
momento em que o elétron decair para o seu estado fundamental, haverá a
emissão de um fóton com energia na região do ultravioleta caracterizado por:

E´(fóton emitido) = 3.92 eV e ´ = 316.3 nm

Fizemos a investigação espectroscópica do AO excitado por um laser


de He-Ne com potência de 10 mW. Varrendo-se toda a região UV, VIS e IV
(infravermelho). Observamos uma única banda de emissão (fotoluminescência)
exatamente na região de absorção do AO, figura 4.16. Esse resultado só pode ser
explicado pela absorção de dois fótons feita pelo ácido oleico, já que o AO não
pode absorver um único fóton do laser de He-Ne.

Oleic Acid
2 Fotons PL
Red He-Ne (630 nm) Excited
16000
Intensidade Relativa

14000

12000

300 350 400 450


(nm)

Figura 4.20 Espectro de emissão obtido quando excitamos a amostra com um


laser de He-Ne em 630 nm.
Capítulo
5
Conclusões e Sugestões de Trabalhos
Futuros
Começamos esse trabalho apresentando uma introdução
sobre as contribuições mais relevantes que encontramos na literatura científica a
respeito do ácido oleico e do beta-caroteno, bem como apresentamos qual é o
nosso interesse e objetivos neste trabalho. Em seguida, apresentamos, no
Capítulo 2, um relato detalhado dos equipamentos utilizados, as montagens
experimentais e metodologias que fizemos uso para a aquisição de todos os
resultados aqui apresentados. No Capítulo 3, fizemos um resumo teórico dos
modelos (teoria sobre absorção linear, teoria sobre fotoluminescência e teoria
sobre absorção de dois-fótons), usados para analisarmos os resultados
experimentais. Nos Capítulos 4 e 5, apresentamos, respectivamente, os
resultados comentados e as conclusões e sugestões de trabalhos futuros.
Nosso interesse, nesse trabalho, foi procurar entender melhor
como estas duas substâncias, o ácido oleico e o beta-caroteno, contribuem nas
propriedades de absorção e fotoluminescência quando elas estão misturadas em
diferentes concentrações. Dessa forma, entendermos, também, qual é a
participação que estes dois compostos juntos têm nas propriedades ópticas de um
óleo vegetal natural.
Destacamos como pontos importantes do trabalho a descoberta da
deformação das bandas do beta-caroteno gerada pela interação do beta-caroteno
com o próprio beta-caroteno e a mudança de posição da banda de
fotoluminescência em função da concentração de beta-caroteno na solução.
Dentre os trabalhos futuros que estão propostos a seguir,
queremos destacar a continuidade na produção de polímeros (plásticos) dopados
com materiais orgânicos fotoluminescentes (como o ácido oleico e o beta-
caroteno), alguns já patenteados e que podem ter aplicações na fabricação de
OLEDs que são LEDs feitos com material orgânicos fotoluminescentes. Esse já é
uma trabalho em andamento em colaboração do Grupo de Física de Materiais da
Amazônia com o Grupo de Polímeros da UNB.

5.1 CONCLUSÕES

Como síntese dos resultados mais importantes, enumeramos os


itens seguintes:

1) Obtivemos os espectros de absorbância da solução formada pelo beta-


caroteno diluído em ácido oleico para as seguintes concentrações 150
g/cm3 ; 75 g/cm3; 37,5 g/cm3; 18,75 g/cm3; 9,37 g/cm3 e 0,0
g/cm3
2) Foi possível confirmar a presença do beta-caroteno na solução desde
concentrações muito pequenas da ordem de 0.07 g/cm3.
3) As propriedades ópticas de absorção da solução não são praticamente
afetadas qualitativamente para concentrações inferiores a 70 g/cm3
daquelas existentes em cada uma das substâncias independentemente.
4) Para concentrações acima de 70 g/cm3, percebemos que as bandas de
absorção características do beta-caroteno sofrem deformações,
provavelmente, devido à interação entre as moléculas do beta-caroteno
entre si.
5) Não foi possível se observar qualquer alteração na banda de absorção do
ácido oleico (situada em 350 nm) devido à presença do beta-caroteno. Nem
mesmo para altas concentrações.
6) Desenvolvemos uma expressão para calcular a concentração de beta-
caroteno numa solução de BC + AO desconhecida.
7) Para absorção ressonante, observamos uma banda de emissão assimétrica
centrada em torno de 540 nm para o ácido oleico puro.
8) A banda de emissão se desloca para a região do vermelho à medida que
acrescentamos beta-caroteno na solução.
9) Foi possível correlacionar a concentração de BC em AO para se usar esse
método de uma forma qualitativa e quantitativa a fim de se obter a
concentração de BC, em soluções desconhecidas.
10) As soluções de AO + BC apresentam uma degradação onde a cor típica da
solução padrão (150 g/cm3), que é vermelho-alaranjado, desaparece
dando lugar a uma solução transparente com um suave tom amarelo claro
em aproximadamente 15 dias.
11) Existem duas rotas diferentes para a degradação da solução de AO + BC:
uma para soluções com concentração acima de 70 g/cm3 e outra para
soluções com concentração abaixo desse valor.
12) O ácido oleico apresenta absorção de dois fótons quando é excitado por
um laser de He-Ne com potência de 10 mW.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para efeitos de pesquisas futuras sugerimos atuação nos itens


seguintes:

1) Produzir um modelo teórico com o objetivo de explicar as deformações


observadas nas bandas, para altas concentrações da amostra de BC +
AO.
2) Fazer a análise química da solução de BC + AO para compreender o que
de fato ocorre na degradação, verificando com isto os produtos formados.
3) Investigar porque óleos vegetais (naturais) que possuem beta caroteno
não sofrem degradação, enquanto que a solução BC + AO degrada com o
tempo.
4) Fazer a espectroscopia do beta caroteno com outros ácidos graxos para
estudar a absorbância, a fotoluminescência e verificar se a possível
degradação existe.
5) Estudar o efeito da absorção de dois fótons na solução BC + AO.
6) Estudar a dinâmica das transições da solução BC diluído em AO usando-
se laser de pulsos ultracurtos.
7) Estudar a absorção de dois fótons em outros ácidos graxos
8) Medir a constante dielétrica da solução AO + BC para tentar correlacionar
a polarização dos componentes com as deformações nos espectros de
absorção.
9) Introduzir os componentes AO e BC em matrizes poliméricas e estudar a
fotoluminescência das amostras.
10) Fazer um estudo teórico mais detalhado de simulações computacional
para as moléculas de BC + AO através dos métodos derivados de Hartree-
Fock, com hamiltonianos semi-empíricos (AM1 e PM3), DFT (Teoria do
Funcional Densidade), Monte Carlo e cálculo ab-initio. Para modelar e
explicar as diversas propriedades ópticas destes sistemas.
11) Estender o estudo teórico de simulação computacional para as soluções
degradadas de BC + AO, bem como usar outros ácidos graxos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1. ENCICLOPÉDIA BARSA (Encyclopeadia Britannica do Brasil publicações


Ltda, Rio de Janeiro-RJ), edição 1993. página 371, volume 11.

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publicado em 10/10/1952, páginas. 1122 – 1123

3. MARINHO, HEYDE ALBUQUERQUE; CASTRO, JANETE SEIXAS.


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Anexo 1: Resumo apresentado no XXII EFNNE, no período de 08 a 12/11/04 em
Feira de Santana-BA

XXII EFNNE – Resumos – 12/11/04


Pág. 173

[12/11/04-p157]

Glaura Caroena Azevedo de Oliveira, Rubens Silva, Sanclayton Geraldo Carneiro


Moreira, Petrus Alcântara Júnior., Grupo de Física de Materiais da Amazônia,
Departamento de Física, UFPA-Brasil O azeite de dendê, muito usado na culinária
brasileira, contém compostos de grande interesse econômico: dele se pode extrair um
concentrado de coloração vermelha muito rico em carotenóides, em particular o beta-
caroteno, a mais importante pr´-vitamina A encontrada na natureza, além de ácidos graxos
essenciais para o metabolismo humano. O potencial de óleos vegetais como fonte de
produtos naturais de interesse nas industriais de fármacos e de alimentos, vem gerando
diversas técnicas de análise, onde a espectroscopia tem papel de destaque [1]. Este estudo
analisa experimentalmente as propriedades de absorção óptica do azeite de dendê
comercializado no estado do Pará, com a finalidade de identificar a ação dos agentes
oxidantes devido a degradação temporal, para esta análise utilizamos a técnica de
espectroscopia de absorção óptica. Durante os meses em que foram feitas as pesquisas,
colocamos amostras de duas marcas de azeite de dendê em cubetas sem nenhum tratamento
adicional. Em seguida as amostras foram colocadas em um espectrômetro Spectra 300i, da
Acton Research, com grades de difração próprias paras bandas UV-VIS, e os espectros
automaticamente foram obtidos com o auxílio de um sistema de interfaceamento entre o
espectrômetro e um microcomputador. Os espectros foram comparados com aqueles
obtidos de misturas de ácido oléico com beta-caroteno, as diferentes concentrações, e foi
possível inferir que as bandas de absorção dos azeites de dendê comerciais estudados
devem-se, em grande parte, a presença destes componentes químicos que constituem o óleo
de palma [2]. Espectros de óleo de palma refinado também foram feitos e comparados com
os resultados anteriores.
1. A. J. Hand, Photonics Spectra, oct 1998, p. 114;
2. G.C.A. Oliveira, R. Silva S. G. C. Moreira, P. Alcântara Jr., I Workshop Tecnológico de
Fruticultura do Pará, Ago/2004, SECTAM, Belém/PA.
Trabalho Financiado por SECTAM-PA, FINEP e CNPq.
Anexo 2: Resumo apresentado no XXI EFNNE, no período de 03 a 07/11/03 em
Fortaleza-CE

XXI EFNNE – Resumos – 07/11/03


Pág. 186

[07/11/03 – Poster]

Rubens Silva, Sanclayton Geraldo Carneiro Moreira, Petrus Alcântara Júnior., UFPA-
Brasil O ácido oleico AO é um ácido graxo bastante importante por estar presente como
componente majoritário na maioria dos óleos vegetais chegando em alguns casos a 86% no
percentual de ácidos graxos totais. Sua predominância faz com que muitas das
propriedades exibidas por um óleo vegetal seja devido principalmente ao AO.
Preparamos uma solução diluindo-se 10.000IU (unidades internacionais) de beta-caroteno
em 50mL de AO como solução padrão. A partir desta solução padrão, misturamos
diferentes quantidades de AO para obter soluções mais diluídas com concentrações
menores que a padrão até 0% de beta-caroteno. Nas amostras assim obtidas fizemos
medidas de absorção e fotoluminescência.
Os resultados de absorção mostram que a banda referente ao beta-caroteno é proporcional
a sua concentração na solução.
Os espectros de emissão, no entanto, mostram um deslocamento da banda de
luminescência para o vermelho. Esse efeito deve ser provocado pela interação entre os
níveis de energia do beta-caroteno e os do AO.
Anexo 3: Resumo publicado no livro do XXVII ENFMC, realizado no período
de 04 a 07/05/04 em Poços de Caldas-MG

[05/05/05-p196]

Propriedades ópticas do ácido oleico dopado com beta-caroteno, RUBENS SILVA,


Jordan Del Nero, Petrus Agripino Alcântara Junior, Sanclayton Geraldo Carneiro
Moreira, UFPA Neste trabalho estudamos os efeitos de absorção e fotoluminescência do
ácido oleico dopado com beta-caroteno. Ambos são substâncias presentes em óleos
vegetais e têm Lara aplicação nas indústrias de fármacos, cosméticos e biomateriais. Nosso
interesse em adicionar beta-caroteno ao ácido oleico tem dois aspectos; primeiro é
incorporar as propriedades ópticas do beta-caroteno ao ácido, e o segundo é conhecer como
estas propriedades (absorção e fotoluminescência) de ambas as moléculas, são alteradas
uma pela outra, tanto em baixa como em alta concentração. Preparamos uma solução
diluindo-se 25.000IU (unidades internacionais) de beta-caroteno em 50mL de AO, a qual
passamos a chamar de solução base. A partir desta solução, misturamos diferentes
quantidades de AO a fim de obtermos soluções diluídas, com concentrações menores que a
solução padrão, até atingirmos uma solução com os espectros ópticos na região UV e
visível mostram claramente o aumento da banda característica de absorção do beta-
caroteno, em função de sua concentração porém, não é possível se estabelecer uma lei para
se calcular qual é a concentração de uma amostra desconhecida porque as intensidades são
relativa. Foi observada ainda uma forte deformação na banda de absorção de altas
concentrações. Esta deformação deve estar relacionada com mudanças nos níveis de
energia de uma molécula sobre a outra. No caso dos espectros de fotoluminescência
percebemos o seguinte: a) o AO puro apresenta forte luminescência na região do verde
(550nm) quando excitado por radiação UV (350nm). Esta luminescência se desloca para o
vermelho quando aumentamos a concentração de beta-caroteno presente no AO,
obedecendo a uma lei de saturação. Neste caso, é possível se estabelecer uma lei que
relaciona a concentração da amostra com a posição da banda de luminescência em função
da concentração foi testada para algumas amostras de óleos vegetais, onde foi possível a
obtenção da concentração de beta-caroteno através deste tipo de espectroscopia.
Anexo 4: Ploter: Alterações nos espectros de absorção e
Fotoluminescência do ácido oleico induzidas pela presença do beta-
caroteno apresentado no XXI EFNNE, em Fortaleza-CE

ALTERAÇÕES NOS ESPECTROS DE ABSORÇÃO E


FOTOLUMINESCÊNCIA DO ÁCIDO OLÉICO
INDUZIDAS PELA PRESENÇA DO -CAROTENO
Autores: Rubens Silva, Petrus Alcantara, Jordan Del Nero, Sanclayton
Geraldo Carneiro Moreira
Universidade Federal do Pará
1. INTRODUÇÃO: O ácido oléico (AO) é um ácido graxo muito importante por estar presente como componente em maior
quantidade na maioria dos óleos vegetais, chegando em alguns casos a 86% no percentual do total de ácidos graxos encontrados numa
determinada substância. Sua predominância faz com que muita das propriedades exibidas por um óleo vegetal sejam devido
principalmente ao alto percentual de AO encontrado na substância.
2. METODOLOGIA: Preparamos uma solução diluindo-se 10.000 IU (unidades internacionais) de beta-caroteno em 50 ml de
AO, a qual passamos a chamar de solução base. A partir desta solução, misturamos diferentes quantidades de AO a fim de obtermos
soluções mais diluídas, com concentrações menores que a solução padrão até atingirmos a concentração com 0% de beta-caroteno. Nas
amostras assim obtidas fizemos medidas de absorção e fotoluminescência. O esquema experimental para as medidas de absorção está
representado na figura 1 e para as medidas de luminescência está na figura 2
3. RESULTADOS E CONCLUSÕES: Os resultados de absorção mostram que a banda referente ao -caroteno é proporcional a
sua concentração na solução, no entanto para altas concentrações de -caroteno essa banda sofre uma deformação conforme a figura 4.
Os espetros de emissão mostram um deslocamento da banda de luminescência para o vermelho em função da concentração (figura 5) .
Esse efeito deve ser provocado pela interação entre os níveis de energia do beta-caroteno e os do AO.

100 %
Figura 3
50 %
25 %
0,6 12.5%
6,25%
absorbance

0,3
Figura 1
Figura 2

0,0
150 200 250 300 350 400
(nm)
100%
12000 50%
25%
12,5%
3 100 %
50 %
Relative Intensity

9000
25 %
12,5 %
absorbance

2 6,25 %

6000

1 Figura 5
Figura 4
3000
0
400 500 600 700
525 550 575 600

(nm) (nm)

3
Trabalho apresentado no XXI Encontro dos Físicos do Norte e Nordeste, realizado em Fortaleza-CE.
Anexo 5: Ploter: Optical properties of the oleic acidc doped by beta-carotene
apresentado no XXVII ENFMC, em Poços de Caldas-MG
Anexo 6: Estudo dos espectros de absorção e fotoluminescência do ácido
oleico dopado com beta-caroteno em diversas concentrações, apresentado
o Workshop de Química da UFPA, em Belém-PA
Anexo 7: Paper: Optical properties of the oleic acid doped with beta-carotene

Optical properties of the oleic acid doped with beta-carotene

Rubens Silva1, Petrus Agripino Alcantara Júnior1, Jordan Del Nero1,


Sanclayton Geraldo Carneiro Moreira 1,*

1
Departamento de Física, Universidade Federal do Pará, 66075-110

Belém, Pará, Brazil

Abstract In this work we present experimental and theoretical


modeling of absorbance and photoluminescence for beta-carotene in
oleic acid solution. The results shows that it is possible identify the
characteristic absorption band for a very small beta-carotene
concentration in 1 mm patch of the solution. However, for very high
concentrations of beta-carotene it band undergoing a deformation
taking a new characteristic. One other important result is that
photoluminescence presented by the pure oleic acid, centered at 540
nm, is red shifted depending on beta-carotene concentration. The
experimental results were very well fitted to the semi-empiric model.

1. Introduction

The oleic acid (OA) is one the most important fatty acid because it is one the
majority component present in any vegetable oil [1]. The large interest in the properties of
the oleic acid molecule is in part due to the need of understand the applications of this
materials in industries such as cosmetic, foods, pharmaceutical, etc. The understanding of
the process of how an absorbed photon can be converted to chemical energy requires that
the nature of the isomerization can be described in molecular details [2].

*
To whom correspondence should be addressed: Prof. S.G.C. Moreira (sanclay@ufpa.br).
Fax: +55 91 3183-1603
The oleic acid is also important, because it is presented in all animal specimens being its
principal source of energy. The beta-carotene (Bc) is a substance presented in several fruits
and greens and it is a natural antioxidant capable of producing good influence over human
health [3]. There are many scientific works about OA and Bc system [4]. However, the
complex interaction between OA and Bc depending on spatial configuration can be many
possibilities and should generate a big number of the changes in absorption spectra.
In Fig. 1 we show the structures of oleic acid on its trans and cis conformations and the
beta-carotene molecules. We have previously investigated similar chemical structures of
other group of carotenoids derivatives [5]. In the present work we present a experimental
and theoretical investigation of these molecules.
We analyze the vertical excited states and compute the experimental and theoretical (a
quantum mechanics simulation including configuration interaction effects and the
electronic and spectroscopic properties) absorption and emission spectra of these
derivatives. In the next section the adopted methodology will be discussed.

2. Methodology

2.1 Sample preparation


We prepared the pattern solution diluting 10,000 IU of beta-carotene from Merch in
50 ml of oleic acid from Sigma-Aldrich both 99.9 % pure, at room temperature. We take
this solution and prepared other solution less concentration than the pattern solution by put
plus oleic acid in the pattern solution, obtain this way a varied set of solutions with
different concentrations. Each one these solutions were all studied as -carotene in OA
concentration function.

2.2 Absorbance and Luminescence

The absorbance spectra were obtains by the experimental setup showed in the
figure 1a constituted by a monochromator model 308i manufactured by ACTON Inc.,
controlled by a microcomputer through a NCL interface. We use also a silicon
photodetector and a 75 W Xenon light according to the schema in figure 1a. For the
emission spectra we illuminate the sample with an ultraviolet light at 350 nm filtered of the
Xenon light as showed in figure 1b. For both case (absorbance and luminescence) we used
a silicon photodetector to collect the light and to generate a signal.

2.3 Theoretical Modeling

The geometries of the structures shown in Fig. 1 were fully optimized at the
semiempirical level. While for the ground state we have used the PM3 method (as included
in the MOPAC package) [6-7], for the first singlet and triplet excited states the PM3/CI
Hamiltonian was utilized [6]. The criterion of convergence has been modified from the
standard value to a maximum step-size of 0.005 for a better description of molecular
parameters [8-9]. In all cases considered, the optimization process was always started from
the corresponding planar geometry.
The absorption spectra were calculated using the INDO/S-CI (Intermediate Neglect of
Differential Overlap / Spectroscopy - Configuration Interaction) methods, as contained in
the ZINDO package [10-15] with both ground state geometries fully optimized at the PM3
level. The spectroscopic parameters have been chosen to give the best description of the
UV-visible optical transitions [16-19]. Approximately 200 configurations were
investigated for each molecule, including single and double excitations.
In this calculation, we have taken into account transitions from the first 8-UMOs
(Unoccupied Molecular Orbitals) to the last 8-OMOs (Occupied Molecular Orbitals) and
adopted the Mattaga-Nishimoto definition of the two-electron integral [12].

3. Results and Discussions

Figure 3 shows the absorbance visible spectra for several concentration of -


carotene (Bc) diluted in oleic acid. The spectra characteristic appears as high as the
concentration of beta-carotene function, so we can guarantee the incorporation in the
solution of OA + Bc. The curve A is absorbance to the pure OA, that is, without beta-
carotene showing that the OA is a practically transparence medium to 1 cm thick sample.
In the B, C, D, E and F curve are, respectively, the absorbance for 6.56%, 12.5%, 25%,
50% and 100% of -carotene in OA. It is interesting to observe that for concentration
represented by E and F curves, begins appear deformations in the characteristic beta-
carotene band reflecting probably the interaction amongst beta-carotene molecules. In the
curves B, C and D the deformation in the band non appear because of the distance between
each two beta-carotene molecules is large enough due to low concentration.
In the Figure 4 we compare the theoretical absorption spectra (TAS) for trans and cis
conformers of oleic acid investigated in this work (a description of these molecules are
presented in Figure 1). For this simulation we performed by ZINDO program (as described
in theoretical methodology). These spectra were obtained by describing each of the
principal transitions using a suitably weighted Gaussian function normalised to the
calculated oscillator strengths. The geometry obtained shown a linear conformation of
backbone for trans conformer and the most stable structure were found to be essentially
planar. The cis conformer obtained shown a twisted anghe of 120o for backbone. Both
spectra (cis and trans) show similar behavior. Corroborating the experimental absorbance
spectra we present the theoretical spectra of several Bc molecules interacting as it can seen
in Figure 5. In this figure it was simulated four main interactions of Bc: Parallel (//),
crossed (+) , anti-parallel (anti-//) and perpendicular (_|_) conformations. In the 400nm to
550nm range it is presented the parallel and the anti-parallel possibilities as it is expected
because the heat of formation of these structures are more favorable than the crossed and
perpendicular ones.

Figure 6 shows how the 490 nm band increases as -carotene concentration


function. The results presented show a dependence of Bc concentration increases
absorption of the respective band. Also it wasn´t observed shifts in this band with -
carotene concentration.
We also observed how luminescent band, centered at 430 nm, in pure oleic acid is
affected when -carotene is gradually placed in the solution. The luminescent band is red
shifted with -carotene inclusion. The figure 7 show luminescence curves for several
concentration of -carotene in OA.
By the gaussian fit in each curve of the figure 7 we can monitor the intensity and
position of the absorption band. The figure 7(a) and 7(b) shows intensity and wavelength-
position. Also in figure 7(a) it is presented the luminescence spectra generated by the pure
oleic acid and it is presented 4(b) a red shift displacement on photoluminescence spectra of
OA due to Bc presence.
4. Summary

Design of vegetable oils is important to understand their physical and electronic


properties and the oleic acid and beta carotene molecules belongs to this category. In
this paper we have investigated how the absorbance and luminescence properties
change as the concentration function and utilizing a quantum chemistry methodology
(INDO/S-CI and PM3-CI) to simulate the ground and the vertical excited states of these
systems. The molecules studied gives us some insight of behavior of the solute-solvent
interaction in biological molecules and help us to understand the influence of the beta-
carotene over the optical properties of OA. Also, a more complete investigation in this
direct is in progress. The results presented show us the possibility of improve the optical
properties of by chemical modifications that combine: (a) increase in the unsaturation
and (b) modification of the acceptor/donor properties of the susbtituents.

Acknowledgments

The authors acknowledge the financial support of the Brazilian agency CNPq and
PROINT-UFPA.
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FIGURE CAPTION

FIGURE 1: The structures of trans oleic acid (t-OA), cis oleic acid (c-OA) and all-trans-
-carotene.

FIGURE 2: (a) Absorbance spectra experimental setup and (b) emission spectra
arrangement for for all investigated solutions.

FIGURE 3: Experimental absorbance spectra obtained for several concentrations of beta-


carotene in oleic acid. (A) pure oleic acid, B 6.56%, ....
FIGURE 4: Calculated INDO/S-CI absorption spectra of trans oleic acid (t-OA) and cis
oleic acid (c-OA) molecules.

FIGURE 5: Calculated INDO/S-CI absorption spectra for several configurations of all-


trans- -carotene molecules.

FIGURE 6: Absorption concentration intensity of beta-carotene at 490 nm.

FIGURE 7: ???????????????????.
Figure 1
Figure 2. (a) the absorbance spectra experimental setup and (b) the emission spectra
arrangement for all investigated solutions.

(a) (b)
Figure 3
Figure 4
Figure 5
Figure 6
Figure 7

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