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Elton Sitta
José Mario Aquino
Manoel Gustavo P. Homem
Sonia R. Biaggio
Prefácio
A origem desta série de experimentos remete-nos aos anos 1970 e mistura-se aos
primeiros anos de existência do Departamento de Química da UFSCar. Tendo a primeira turma
do curso de Licenciatura em Química, diurno e em período integral, ingressado em 1970, houve
a necessidade de se pensar em organizar as disciplinas de laboratório das diferentes áreas da
Química. Para a área de Físico-Química, essa tarefa foi abraçada incondicionalmente pelo Prof.
Sérvulo Folgueras Dominguez, que coordenou a implantação das disciplinas e dos
experimentos possíveis de serem realizados com a infraestrutura disponível, na época, na
instituição.
Nos anos 1980, os professores Adhemar Cola Rúvolo Filho e Rosa M. Bonfá Rodrigues,
discípulos do Prof. Sérvulo e então jovens docentes contratados no Departamento de Química,
assumiram a liderança para continuar esse trabalho e propor modificações nas práticas de
laboratório que eram ensinadas.
Entre meados dos anos 1990 até aproximadamente 2005, os professores Nerilso Bocchi,
Romeu C. Rocha Filho e Sonia R. Biaggio lançaram-se na tarefa de dar um formato mais
detalhado aos textos dos experimentos já em prática, e a testar e propor novos experimentos
que complementassem ou reforçassem os conceitos abordados nas disciplinas teóricas de
Termodinâmica Química, Cinética Química e Eletroquímica. Na mesma época, a professora
Ione Iga também deu sua valiosa contribuição testando e opinando sobre alguns desses
procedimentos experimentais.
Nos últimos anos, os docentes e co-autores desta série Elton Sitta, José Mario Aquino e
Manoel Gustavo P. Homem dedicaram-se a inovar ainda mais o repertório das experiências,
introduzindo novos temas, outras metodologias para a análise de dados, procurando substituir
reagentes para diminuir os riscos de insalubridade no laboratório e ainda reduzir e reciclar ao
máximo os reagentes empregados nas aulas experimentais.
Esta série de experimentos é, portanto, fruto de uma herança vinda da colaboração
contínua de vários docentes do Departamento de Química da UFSCar. Agradecemos a todos
aqueles que, ao ministrarem as disciplinas no laboratório de ensino de Físico-Química ao longo
desses anos, contribuíram com valiosas sugestões para melhorar as práticas que vêm sendo
realizadas. Agradecimentos especiais à “técnica-mãe” do laboratório de ensino de Físico-
Química, a Sra. Deolinda Luíza P. Padilha, que tudo fez desde 1973 até sua aposentadoria para
que esse laboratório existisse e estivesse sempre muito bem organizado. Também agradecemos
de forma especial aos técnicos químicos Márcio C. Paulino, Neila M. Cassiano e Céli P.
3
Tagliari, que muito contribuíram para que alguns experimentos fossem testados inúmeras vezes
e viabilizados para as aulas e ao Dr. João Pedro da Silva pela produção de várias figuras.
Esta série apontamentos foi pensada e estruturada para atender aos alunos de graduação
das disciplinas experimentais de Físico-Química que são oferecidas aos cursos de Bacharelado
em Química, Licenciatura em Química e Engenharia Química da UFSCar. Pressupõe-se que os
estudantes devam ter conhecimentos básicos em Termodinâmica Química, Cinética Química e
Eletroquímica para que os experimentos possam ser realizados e entendidos da melhor forma
possível.
O texto de cada experimento está organizado de forma a orientar o aluno a preparar
adequadamente seu trabalho de pré-laboratório e dessa forma executar suas atividades no
laboratório com ótimo aproveitamento. Assim, na seção “Conceitos Fundamentais” é fornecido
um resumo dos conceitos importantes que o aluno deve rever para poder entender as medidas
que realizará no laboratório, bem como para poder discutir com o professor a coerência dos
dados obtidos com o que se espera para a grandeza Físico-Química em questão. A seção
“Experimental” contém uma listagem dos equipamentos e vidraria que deverão ser utilizados
durante a aula, além de apresentar o passo a passo do procedimento experimental a ser
realizado. Na seção “Análise dos Resultados” o aluno é orientado a construir gráficos e a
discutir alguns pontos específicos para a elaboração do relatório daquela prática e, finalmente,
em “Referências”, são indicados alguns livros textos e literatura específica que deverão ser
consultados para um aprofundamento dos conceitos tratados.
Os autores
São Carlos, setembro de 2017.
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ÍNDICE DE EXPERIMENTOS
Experimento 1
CALORIMETRIA: DETERMINAÇÃO DA ENTALPIA DE
FORMAÇÃO DE SAIS SÓLIDOS
A ocorrência de uma reação química num dado meio é, em geral, acompanhada por uma
variação de temperatura do meio. Isto acontece porque as energias das ligações químicas em
diferentes substâncias são distintas. Desse modo, reações químicas são acompanhadas ou de
liberação ou de absorção de energia na forma de calor, sendo este referido como calor de reação.
Essa quantidade, medido a pressão constante, pode fornecer inúmeros parâmetros
termodinâmicos, dentre estes a entalpia de diversas reações químicas. Assim, neste experimento
será determinado o calor de reações de neutralização e de dissolução de um sal em água, a
pressão constante, por meio da determinação de variações de temperatura. A combinação
adequada dos calores de reação produzidos, utilizando a lei de Hess, serão utilizados para a
determinação de entalpias de reações não medidas. Para todas as situações será necessário
determinar a capacidade calorífica do sistema (calorímetro) utilizado para as determinações de
temperatura.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
outras reações. Como na termodinâmica o que interessa são somente os estados inicial e final do
sistema, a variação total de entalpia será sempre a mesma para cada uma daquelas sequências.
Esta regra, conhecida como Lei de Hess, é consequência da 1a Lei da Termodinâmica [1, 2].
Experiências termoquímicas realizadas em laboratórios didáticos são feitas, em geral, em
um frasco adiabático. Basicamente, o que se faz é medir a variação de temperatura do frasco e
seu conteúdo, decorrente da reação química. Pode-se, então, calcular o calor absorvido ou cedido
no frasco, denominado de calor medido (qmed). Como as variações térmicas que ocorrem em um
frasco adiabático são causadas só pela ocorrência da reação química, um aumento da temperatura
do frasco (qmed > 0) implica que a reação é exotérmica (H < 0), e uma diminuição (qmed < 0)
implica que a reação é endotérmica (H > 0) [1, 2]. Daí que a relação entre o calor medido e a
variação de entalpia da reação é:
∆𝐻 = −𝑞𝑚𝑒𝑑 (1)
A variação de entalpia para alguns tipos de reações tem nome especial. Isto ocorre, por
exemplo, no caso das reações de neutralização (reações entre ácidos e bases) ou de dissolução
de um soluto em um solvente. A entalpia da reação entre um ácido e uma base é conhecida como
calor de neutralização (neutrH), enquanto que a entalpia da reação de dissolução (disH) de uma
substância em um solvente é conhecida como calor de dissolução, ou às vezes denominada de
calor de solução.
Medidas calorimétricas mais precisas são feitas em calorímetros, que são aparelhos que
permitem isolar termicamente do meio o sistema a ser estudado, de modo a ser possível trabalhar
adiabaticamente. Um calorímetro consiste usualmente de uma câmara de reação, a qual contém
um termômetro e um agitador. Um frasco de Dewar (garrafa térmica) é o que mais comumente
se utiliza como câmara de reação. O frasco de Dewar tem uma parede dupla de vidro fino, com
vácuo no espaço entre as paredes para reduzir a transferência de calor por convecção. A fim de
minimizar perdas por radiação, a superfície das paredes internas é espelhada (prateada).
Note que, como uma análise dimensional da equação acima mostra, as unidades de Ccal são J K–
1
. A equação 2 resulta de se igualar o calor cedido/ganho pela água ao calor ganho/cedido pelo
calorímetro, isto é:
(neutrHm) associado a uma reação de neutralização pode ser determinado através da seguinte
equação:
− 𝐶𝑐𝑎𝑙 (𝑇𝑓 −𝑇𝑖,𝑀𝑂𝐻 ) − 𝑚𝐻𝑋 𝑐𝐻𝑋 (𝑇𝑓 −𝑇𝑖,𝐻𝑋 ) − 𝑚𝑀𝑂𝐻 𝑐𝑀𝑂𝐻 (𝑇𝑓 −𝑇𝑖,𝑀𝑂𝐻 )
∆𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟 𝐻𝑚 = (4)
𝑛𝑀𝑂𝐻
onde Ti,HX é a temperatura inicial da solução do ácido, Ti,MOH a temperatura inicial da solução de
base, Tf a temperatura final do calorímetro e solução de sal, nMOH a quantidade de matéria da
base na solução utilizada, mHX e mMOH são as massas das soluções de ácido e base,
respectivamente, e cHX e cMOH as correspondentes capacidades caloríficas específicas destas
soluções. A Tabela 1 mostra alguns valores de neutrHm para alguns conjuntos de ácidos e bases
[3].
− 𝐶𝑐𝑎𝑙 (𝑇𝑓 −𝑇𝑖,𝑀𝑋 ) − 𝑚á𝑔𝑢𝑎 𝑐á𝑔𝑢𝑎 (𝑇𝑓 −𝑇𝑖,á𝑔𝑢𝑎 ) − 𝑚𝑀𝑋 𝑐𝑀𝑋 (𝑇𝑓 −𝑇𝑖,𝑀𝑋 )
∆𝑑𝑖𝑠 𝐻𝑚 = (5)
𝑛𝑀𝑋
onde TMX é a temperatura inicial do sal no calorímetro, mMX a massa do sal, nMX a quantidade
de matéria do sal, e cMX a capacidade calorífica específica do sal. As Tabelas 2 e 3 mostram
valores de capacidade calorífica específica, calores de formação e de dissolução de algumas
substâncias a serem utilizadas neste experimento.
Tabela 3 – Calores de formação de soluções aquosas (NH3, HCl, HNO3 e H2SO4 [3]) de
concentração 1,5 mol/L.
NH3 NaOH HCl HNO3 H2SO4
fH / kJ mol–1 –80,67 –470,1 –165,14 –205,98 –884,20
2. EXPERIMENTAL
Escolher uma das garrafas térmicas para ser usada como calorímetro (assegurar-se que
a garrafa esteja seca). Introduzir na garrafa térmica a barra magnética para agitação, colocar
100 mL de água fria (temperatura ambiente) e tampar com uma rolha atravessada por um dos
termômetros de fundo de escala 0,1 C. A seguir, colocar a garrafa sobre um agitador magnético,
ligá-lo e anotar a temperatura do calorímetro a cada 30 s, até que um valor estável (em termos
de variação da temperatura com o tempo) seja atingido.
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Medir 100 mL de água destilada em uma proveta e despejar em um béquer de 200 mL.
Aquecer a água destilada até cerca de 60 C; usar o termômetro comum para acompanhar a
evolução da temperatura durante o aquecimento (é importante que se conheça exatamente este
volume de água, pois a partir dele será determinada a massa de água).
Quando a água atingir 60 C desligar o aquecimento e transferir esta água aquecida para
a outra garrafa térmica já contendo uma barra magnética para agitação. Tampá-la com uma rolha
atravessada pelo outro termômetro de fundo de escala 0,1 C. A seguir, colocar a garrafa sobre
um agitador magnético, ligá-lo e anotar a temperatura da água a cada 30 s, até que um valor
estável (em termos de variação da temperatura com o tempo) seja atingido.
Assim que tanto a água aquecida como o calorímetro atingirem variações de temperaturas
com o tempo constantes, transferir a água aquecida para o calorímetro. Rapidamente voltar a
tampá-lo e imediatamente passar a anotar a temperatura da água a cada 15 s, até que um novo
valor estável seja atingido.
Repetir este procedimento mais uma vez.
Preparar 100 mL de uma solução aquosa de NaOH de concentração 1,5 mol L–1 e 100 mL
de uma solução aquosa de HCl, também de concentração 1,5 mol L–1.
Esvaziar o calorímetro e secá-lo usando ar comprimido (assegurar-se que a garrafa
esteja seca). Introduzir de volta na garrafa térmica a barra magnética para agitação, despejar a
solução de NaOH e tampá-la com a rolha atravessada por um dos termômetros de fundo de
escala 0,1 C. A seguir, colocar a garrafa sobre um agitador magnético, ligá-lo e novamente
anotar a temperatura do calorímetro a cada 30 s, até que uma variação estável (em termos de
variação da temperatura com o tempo) seja atingida.
Transferir a solução do ácido para a outra garrafa térmica. Usando um termômetro de
fundo de escala 0,1 C, medir e anotar a temperatura desta solução até um valor estável.
A seguir, transferir a solução do ácido para o calorímetro contendo a solução de NaOH.
Rapidamente voltar a tampá-lo e imediatamente passar a anotar, a cada 15 s, a temperatura da
solução resultante, até que uma variação estável (em termos de variação da temperatura com o
tempo) seja atingida.
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3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
valores de calor molar foram determinados experimentalmente. Comparar o valor obtido com
aquele descrito na literatura.
4. REFERÊNCIAS
Experimento 2
DETERMINAÇÃO DA ENTALPIA E ENTROPIA DE
DISSOLUÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
∆𝐺 0 = −𝑅𝑇𝑙𝑛𝐾 (1)
𝑑𝑙𝑛𝑘 ∆𝐻 0
=− (2)
𝑑(1⁄𝑇 ) 𝑅
Para um processo reversível que ocorre a pressão constante temos que a variação de
entropia do sistema é dada por:
∆𝐻 0
∆𝑆 0 = (3)
𝑇
𝑑𝑙𝑛𝐾 ∆𝑆 0
= (4)
𝑑𝑙𝑛𝑇 𝑅
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temos que a relação entre a constante de equilíbrio e a solubilidade (s) de X será dada por
KPS = [X] = s. Portanto, para o equilíbrio de solubilidade, as equações 2 e 4 podem ser reescritas
como:
𝑑𝑙𝑛𝑠 ∆𝑑𝑖𝑠 𝐻 0
=− (6)
𝑑(1⁄𝑇 ) 𝑅
𝑑𝑙𝑛𝑠 ∆𝑑𝑖𝑠 𝑆 0
= (7)
𝑑𝑙𝑛𝑇 𝑅
2. EXPERIMENTAL
1 bastão de vidro
8 erlenmeyers de 125 mL
Ácido benzoico (C6H5COOH)
Ácido oxálico (HO2CCO2H)
Hidróxido de sódio (NaOH)
Solução de fenolftaleína
Preparar 100 mL de solução aquosa de NaOH aproximadamente 0,1 mol L–1 e padronizá-
la com ácido oxálico.
Preparar 100 mL de solução aquosa saturada de ácido benzóico a cerca de 80 C. Para o
aquecimento da solução usar um banho maria.
Esfriar o banho maria até cerca de 65 °C. Manter o banho nesta temperatura por cerca
de 10 min, agitando periodicamente a solução de ácido benzóico com o auxílio de um bastão de
vidro. A seguir, garantido o atingimento do equilíbrio de solubilidade, com o auxílio de uma
pipeta graduada previamente preparada retirar uma amostra de aproximadamente 5 mL do
sobrenadante da solução saturada de ácido benzóico; rapidamente, transferir esta amostra para
um erlenmeyer de 125 mL e diluí-la até 25 mL (se houver precipitação de ácido benzóico no
interior da pipeta, retirá-lo com água destilada e adicionar ao material já coletado). A pipeta
graduada, a ser usada para a coleta de amostras do sobrenadante da solução saturada de ácido
benzóico, deve ser previamente aquecida em um banho de água destilada mantido a cerca de 80
C. A ponta da pipeta deve ser recoberta com algodão (preso por uma banda elástica) de modo
a evitar a coleta de cristais de ácido benzóico.
A seguir, repetir o procedimento descrito acima para temperaturas do banho maria de
cerca de 60, 55, 50, 45, 40, 35 e 30 C.
Titular as soluções de ácido benzóico nos erlenmeyers com a solução de NaOH
previamente padronizada, usando fenolftaleína como indicador.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Montar uma tabela contendo a temperatura da solução saturada de ácido benzóico em cada
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coleta, o respectivo volume coletado de solução aquosa saturada e de solução de NaOH utilizada
na sua titulação, bem como a correspondente solubilidade calculada.
– Fazer uma análise das principais fontes de erro experimentais e quais cuidados devem ser
tomados para minimizá-las.
4. REFERÊNCIAS
[1] ATKINS, P. W.; PAULA, J. de Physical Chemistry. 8 ed. Nova Iorque, Oxford University
Press, 2006.
[2] SILVA, R. R. da; BOCCHI, N; ROCHA-FILHO, R. C.; MACHADO, P. F. L. Introdução
à Química Experimental. São Carlos, EdUFSCar, 2014.
[3] O'HARA, W. F.; WU, L.-H.; HEPLER, L. G. Temperature and power measurements in
precision solution calorimetry, Journal of Chemical Education v. 38, p.512, 1961.
[4] LEVINE, I. N. Físico-Química. 6 ed., Vol. 1, Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A., 2012.
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Experimento 3
DETERMINAÇÃO DA ENTALPIA E ENTROPIA DE
VAPORIZAÇÃO DE LÍQUIDOS PUROS
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A entalpia de vaporização de uma substância líquida está relacionada com sua pressão
de vapor (pv) através da equação de Clausius-Clapeyron:
𝑑𝑙𝑛𝑝𝑉 ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻
= (1)
𝑑𝑇 𝑅𝑇 2
𝑑𝑙𝑛𝑝𝑉 ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻
=− (2)
𝑑(1⁄𝑇 ) 𝑅
∆𝑣𝑎𝑝 𝐻
∆𝑣𝑎𝑝 𝑆 = (3)
𝑇𝑣𝑎𝑝
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𝑑𝑙𝑛𝑝𝑉 ∆𝑣𝑎𝑝 𝑆
= (4)
𝑑𝑙𝑛𝑇 𝑅
Por outro lado, Ramsay e Young demonstraram empiricamente que, se duas substâncias
A e B obedecem à regra de Trouton, a razão entre suas temperaturas de ebulição, a uma dada
pressão p, será aproximadamente igual a razão de suas temperaturas de vaporização a uma outra
pressão p’, isto é:
𝑇𝐴 𝑇′
≈ 𝑇𝐴′ ≈ 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (5)
𝑇𝐵 𝐵
2. EXPERIMENTAL
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Montar uma tabela com os valores experimentais de temperatura de ebulição (em kelvin)
versus pressão (em pascal).
– Para cada líquido, fazer um gráfico da pressão de vapor em função da temperatura de ebulição.
Comparar seus resultados com dados da literatura.
– Fazer uma análise das principais fontes de erro experimentais e quais cuidados devem ser
tomados para minimizá-las.
4. REFERÊNCIAS
[1] ATKINS, P. W.; PAULA, J. de Physical Chemistry. 8 ed. Nova Iorque, Oxford University
Press, 2006.
[2] SILVA, R. R. da; BOCCHI, N.; ROCHA-FILHO, R. C.; MACHADO, P. F. L. Introdução
à Química Experimental. São Carlos, EdUFSCar, 2014.
[3] LEVINE, I. N. Físico-Química. 6 ed., Vol. 1, Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A., 2012.
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Experimento 4
DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DE FASES DE UM SISTEMA
BINÁRIO SÓLIDO-LÍQUIDO
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
onde μA*(s) é o potencial químico de A puro na fase sólida e μA*(l) o potencial químico de A
puro na fase líquida, a uma certa temperatura (T) e pressão (p). Caso uma pequena quantidade
de um sólido B (insolúvel em A na fase sólida, ou seja, formação de duas fases sólidas) seja
adicionado ao sólido A, pode-se escrever o mesmo tipo de relação que na equação 1, porém, se
a fase líquida for miscível nos compostos A e B (como é o caso em muitos diagramas sólido-
líquido), formando apenas uma fase líquida, pode-se escrever:
onde μA(l) é o potencial químico de A na fase líquida, μA*(l) é o potencial químico de A puro
na fase líquida, R é a constante dos gases ideiais, e aA,l é a atividade de A na fase líquida
contendo as espécies A e B. Rearranjando a equação 2 e contabilizando para uma situação
inicial sem a espécie B e depois com a espécie B, ou mesmo utilizando diretamente a equação
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de Gibbs-Helmholtz, a fim de se obter uma relação entre grandezas mensuráveis, será obtida a
seguinte expressão:
Δfus HA 1 1
𝑙𝑛𝑎𝐴,𝑙 = 𝑙𝑛𝛾𝐴 𝑥𝐴 = (𝑇 ∗ − 𝑇 ) (3)
𝑅 𝐴 𝐴
base no balanço de massa entre essas fases e de suas composições, é possível a determinação
de nnf e de npn, conforme mostram as equações [5] abaixo:
𝑛𝑝𝑛 𝑛𝑝𝑛
𝑥𝑍 = 𝑛 =𝑛 (4)
𝑝𝑛,𝑠 +𝑛𝑝𝑛,𝑙 +𝑛𝑛𝑓,𝑠 +𝑛𝑛𝑓,𝑙 𝑠 +𝑛𝑙
onde nnf,s, nnf,l, npn,s e npn,l são as quantidades de substâncias do naftaleno e do p-nitrofenol nas
fases sólida e líquida, respectivamente. Rearranjando a expressão:
𝑠 𝑙
𝑛𝑠 𝑥𝑍 + 𝑛𝑙 𝑥𝑍 = 𝑛𝑝𝑛 = 𝑛𝑝𝑛,𝑠 + 𝑛𝑝𝑛,𝑙 = 𝑥𝑝𝑛 𝑛𝑠 + 𝑥𝑝𝑛 𝑛𝑙 (5)
𝑠 𝑙
onde 𝑥𝑝𝑛 é a fração molar do p-nitrofenol com base na linha do sólido (1, neste caso) e 𝑥𝑝𝑛 éa
fração molar do p-nitrofenol com base na linha do líquido (interpolação a partir do ponto W no
eixo x). Finalmente,
𝑙 −𝑥 )
(𝑥𝑝𝑛 ̅̅̅̅̅
𝑛𝑠 𝑍 𝑍𝑊
= 𝑠 ) = ̅̅̅̅
(6)
𝑛𝑙 (𝑥𝑍 − 𝑥𝑝𝑛 𝑉𝑍
(tubo de Thiele) e aquele em que é feito dentro de uma câmara eletricamente aquecida. Na
presente experiência será utilizado um equipamento elétrico para aquecer o capilar.
2 EXPERIMENTAL
Tubos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
xnaftaleno 0 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Pesar com precisão as massas calculadas dos dois sólidos. Misturar e triturá-los muito
bem em um almofariz. Antes de realizar a próxima mistura, limpar muito bem o almofariz e
pistilo com álcool etílico e secar em estufa.
Preencher um capilar de cada amostra até a altura de 1 a 2 mm. Para isso, pressionar a
extremidade aberta do capilar de vidro contra a mistura, deixando-o em seguida, escoar por um
tubo de plástico/vidro a fim de que a mistura sólida seja compactada na outra extremidade do
tubo capilar de vidro, que deve estar fechada, conforme ilustra a Figura 2. CUIDADO PARA
NÃO MISTURAR OS CAPILARES PREPARADOS.
27
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Apresentar os dados obtidos no experimento (massas, frações em mol, temperatura dos pontos
de degelo e de fusão) em uma tabela.
– Classificar o tipo de diagrama de fases obtido. Explicar os principais pontos, áreas, linhas do
diagrama. Aplicar a regra da alavanca para um ponto escolhido aleatoriamente no diagrama
obtido.
4. REFERÊNCIAS
[1] GALLUS, J.; LIN, Q.; ZUMBÜHL, A.; FRIESS S. D.; HARTMANN, R.; MEISTER, E.
C. Binary solid–liquid phase diagrams of selected organic compounds. Journal of Chemical
Education, v. 78, n. 7, p. 961, 2001.
[2] ELLISON, H. R. Binary solid-liquid phase equilibria. Journal of Chemical Education, v.
55, n. 6, p. 406, 1978.
[3] ATKINS, P. W. Físico-Química. 6 ed., Vol.1, Rio de Janeiro, LTC, Livros Técnicos e
Científicos, 1997
[4] CASTELLAN, G. Fundamentos de físico-química, Rio de Janeiro, Livros Técnicos e
Científicos, 1986.
[5] LEVINE, I. N. Físico-Química. 6 ed., Vol. 1, Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A., 2012.
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Experimento 5
DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DE FASES DE UM SISTEMA
BINÁRIO LÍQUIDO – VAPOR
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
F=C–P+2 (1)
pressão caso se deseje que permaneça o estado de equilíbrio líquido-vapor. Para um sistema
com um único componente e três fases presentes tem-se que F = 0, ou seja, esta condição
somente pode ser estabelecida em uma temperatura e pressão bem definidas. O equilíbrio entre
as três fases é representado por um ponto no diagrama de fases.
Se considerarmos agora um sistema com dois componentes (C = 2), temos que F = 4 –
P. Uma situação de interesse ocorre quando o sistema está a uma pressão constante, por
exemplo, a pressão atmosférica. Assim sendo, o número de graus de liberdade se reduz para
F = 3 – P. Se uma única fase está presente (P = 1), dois graus de liberdade independentes são
então necessários para descrever o sistema, constituindo uma região no diagrama de fases. Esses
dois graus de liberdade podem ser a temperatura e a composição do sistema (representado, por
exemplo, pela fração molar de um dos componentes). Entretanto, se duas fases estão presentes
(P = 2) necessariamente temos apenas um grau de liberdade para o sistema e, neste caso, a
temperatura e a composição não podem variar independentemente. A relação entre a
temperatura e a composição descrevem uma curva no diagrama de fases. O diagrama
temperatura-composição de um sistema com dois ou mais componentes tem aplicações
importantes para a química, entre elas, o processo de destilação fracionada. Este experimento
tem por objetivo construir o diagrama de fases (temperatura-composição) para um sistema com
dois componentes (acetato de etila e cicloexano) e estudar os principais aspectos deste
diagrama.
2. EXPERIMENTAL
Aparelho de Choppin-Cottrell
Refratômetro de Abbe
1 termômetro, até 100 °C (de fundo de escala 0,5 °C ou menor)
2 buretas de 20 mL
2 mantas de aquecimento
33 tubos de ensaio de 20 mL com tampas rosqueáveis
Acetato de etila (C4H8O2)
Cicloexano (C6H12)
31
Tabela 1 – Dados de volume de cicloexano e acetato de etila para definir a composição inicial
das amostras.
Tubo de ensaio Vcicloexano / mL Vacetato de etila / mL
2 1,5 13,5
3 3,0 12,0
4 4,0 11,0
5 5,5 9,5
6 7,5 7,5
7 8,5 6,5
8 11,0 4,0
9 12,0 3,0
10 13,5 1,5
33
Numerar os outros dois tubos (1 e 11): no tubo 1 colocar 15 mL de acetato de etila puro
e no tubo 11 colocar 15 mL de cicloexano puro.
Fazer a medida dos índices de refração para todos os tubos. Antes de cada medida, agite
o tubo para homogenizar a mistura. Use uma pipeta de Pauster para coletar a alíquota necessária
para a medida do índice de refração. Manter os tubos bem fechados para evitar perdas de
material por evaporação. Anotar os dados em uma tabela para a construção da curva de
calibração (índice de refração versus composição molar).
Numerar e rotular os outros 22 tubos de ensaio: por exemplo, para a amostra 3, marcar
um tubo como 3d e outro como 3r, isto é, tubos para alíquotas retiradas, respectivamente, do
vapor condensado (destilado) e do resíduo.
Colocar o conteúdo do tubo 1 no frasco ebulidor do aparelho de Choppin-Cottrell e,
após certificar-se que o líquido e vapor estão em equilíbrio, anotar esta temperatura
(temperatura de equilíbrio) e fazer as coletas de ~2,5 mL de destilado usando a torneira de 3
vias e ~2,5 mL de resíduo usando a seringa (transferir estes volumes para os tubos 1d e 1r,
respectivamente). É importante que a coleta do destilado e do resíduo aconteça
simultaneamente.
Desligar a manta de aquecimento, aguardar o frasco ebulidor resfriar e fazer a retirada
do resíduo restante para o descarte adequado.
Repetir o procedimento acima para os demais tubos de ensaios contendo as misturas
preparadas conforme a Tabela 1.
Após finalizar o uso do aparelho de Choppin-Cottrell, 22 tubos de ensaios terão sido
preparados, contendo 11 amostras de destilado (correspondente à fase vapor) e 11 de resíduo
(correspondente à fase líquida). Assim, também terão sido anotadas 11 temperaturas de
equilíbrio líquido-vapor.
Certificar-se que as amostras nos 22 tubos de ensaio estão à temperatura ambiente e
fazer as medidas dos respectivos índices de refração.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Fazer um gráfico do índice de refração medido em função da fração molar para os tubos da
Tabela 1 (esta será a “curva de calibração” do sistema analisado). Então, usando este gráfico e
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os índices de refração obtidos, determinar a composição de cada uma das amostras de destilado
e resíduo coletadas durante o experimento.
– A partir das temperaturas de ebulição e das composições das amostras de destilado (curva do
vapor) e de resíduo (curva do líquido), fazer um gráfico de temperatura em função da
composição (diagrama de fases). Usar símbolos diferentes para os pontos do destilado e do
resíduo.
– Discutir o significado físico associado a cada uma das distintas regiões do diagrama de fases
obtido. A seguir, escolher arbitrariamente um ponto qualquer intermediário às curvas do líquido
e do vapor; para este ponto, determinar a composição da fase líquida e da fase vapor, bem como
a razão entre as quantidades de cada fase.
– Fazer um gráfico das composições do destilado em função das do resíduo para cada
temperatura de equilíbrio (gráfico de McCabe-Thiele). Após traçar neste gráfico a reta para
composição do vapor igual à do líquido (coeficiente angular correspondente a 45°), determinar
o valor da temperatura de ebulição e composição da mistura azeotrópica (este corresponde ao
ponto em que a curva que une os diferentes pontos corta a reta). Explicar o resultado.
– Explicar porque, apesar dos dados utilizados serem os mesmos, o gráfico de McCabe-Thiele
permite que se determine um valor mais exato da temperatura de ebulição e composição da
mistura azeotrópica do que o simples diagrama de fases.
4. REFERÊNCIAS
[1] ATKINS, P. W.; PAULA, J. de Physical Chemistry. 8 ed. Nova Iorque, Oxford University
Press, 2006.
35
Experimento 6
DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DE FASES DE UM SISTEMA
BINÁRIO LÍQUIDO – LÍQUIDO
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
sistema (miscibilidade parcial dos líquidos). Por exemplo, um sistema líquido anilina-hexano
de composição correspondente ao ponto X no diagrama da Figura 1 está na forma de duas fases:
uma rica em anilina (de composição correspondente ao ponto L1) e outra rica em hexano (de
composição correspondente ao ponto L2; a linha horizontal que liga L1 e L2 é conhecida como
linha de amarração). Por outro lado, qualquer ponto externo à curva de solubilidade
corresponde a um estado monofásico (miscibilidade total dos líquidos). Neste diagrama,
constata-se também que existe uma temperatura máxima acima da qual o sistema líquido
binário é sempre homogêneo, ou seja, monofásico. Isto significa que acima desta temperatura,
os líquidos são miscíveis em qualquer proporção. Esta temperatura é denominada de
temperatura crítica superior do sistema à qual corresponde uma dada composição. Desse
modo, o ponto temperatura crítica-composição é denominado de ponto crítico superior.
A aplicação da regra da alavanca ao diagrama temperatura-composição de um sistema
líquido binário parcialmente miscível permite que se determine exatamente a composição de
cada uma das fases coexistentes a uma dada temperatura e composição do sistema, bem como
as quantidades de cada fase e de cada componente em cada uma delas.
2. EXPERIMENTAL
Partindo de uma solução aquosa de fenol de composição 800 g/kg (muito cuidado ao
manusear esta solução concentrada de fenol), preparar os sistemas líquidos binários fenol-água,
39
cada um deles de ~10 g (colocar os sistemas em tubos de ensaio de ±50 mL), de acordo com a
Tabela 1.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Montar uma tabela contendo a composição de cada um dos sistemas estudados, as respectivas
temperaturas de aparecimento e desaparecimento da turvação, bem como, em cada caso, o valor
médio da temperatura de saturação.
– Interpretar o significado do diagrama, para isto, analisar o significado de pontos nas suas
diferentes regiões. Discutir como se diferenciam precipitado, turvação e opalescência.
– Escolher um ponto qualquer dentro da região bifásica do sistema (não muito próximo da curva
de solubilidade). Determinar as massas de cada uma das duas fases presentes, bem como as
41
massas das duas substâncias em cada uma destas fases, supondo que a massa total do sistema
escolhido é 10 g.
4. REFERÊNCIAS
[1] ATKINS, P. W. Físico-Química. Trad. Horácio Macedo, 6 ed. Vol.1, Rio de Janeiro, LTC,
Livros Técnicos e Científicos, 1997.
[2] GLASSTONE, S. Tratado de Química Física. Madri, Aguilar, 1972.
[3] LEVINE, I. N. Físico-Química. 6 ed., Vol. 1, Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A., 2012.
42
Experimento 7
DIAGRAMAS TRIANGULARES DE FASES EM UM SISTEMA
LÍQUIDO TERNÁRIO
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
F=C–P+2 (1)
pressão, caso se deseje que permaneça o estado de equilíbrio líquido-vapor. Para um sistema
com um único componente e três fases presentes tem-se que F = 0, ou seja, esta condição
somente pode ser estabelecida em uma temperatura e pressão bem definidas. O equilíbrio entre
as três fases é representado por um ponto no diagrama de fases.
Se considerarmos agora um sistema com três componentes (C = 3), ou seja, um sistema
ternário e uma única fase (P = 1), por exemplo a fase líquida, temos que F = 4. Uma situação
de grande interesse prático ocorre quando o sistema está a pressão e temperatura constantes,
por exemplo, a pressão atmosférica e temperatura ambiente. Assim sendo, o número de graus
de liberdade se reduz para F’ = 2, podendo ser considerado, por exemplo, a composição de dois
componentes do sistema. Portanto, para um sistema líquido ternário, o diagrama de fases pode
ser representado por um triângulo equilátero onde as faces representam a composição de cada
componente.
2. EXPERIMENTAL
3 buretas de 50 mL
1 termômetro, até 100 °C (com fundo de escala 0,5 °C)
11 tubos de ensaio de ±50 mL e rolhas
1 béquer de 300 mL
2 funis de separação de ±100 mL
Ácido acético glacial (CH3COOH)
Clorofórmio (CHCl3)
Gelo picado
ATENÇÃO: ao agitar o tubo de ensaio tampado não segurar a rolha, lembrando que o mesmo
não deve ser removido da capela em nenhuma hipótese.
Utilizando os funis de separação de ~100 mL, preparar dois sistemas líquidos ternários
clorofórmio-água-ácido acético, cada um deles com 100 g, conforme a Tabela 2.
45
Agitar cada funil de separação e, depois, deixar as duas soluções conjugadas (fases
imiscíveis) separarem. Uma das soluções será mais rica em água (fase aquosa) e a outra será
mais rica em clorofórmio (fase orgânica). Determinar a massa da fase orgânica e da fase aquosa.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Montar uma tabela contendo os volumes de ácido acético adicionados, bem como uma tabela
com a fração em massa de cada componente da mistura para cada um dos 11 sistemas estudados.
Lançar os dados de fração em massa em um diagrama ternário obtendo, assim, o diagrama de
fases do sistema clorofórmio-água-ácido acético. Para maiores detalhes sobre esse diagrama
consulte a Ref. [1]. Colocar o eixo correspondente à fração mássica da água na base do
diagrama. Extrapolar os dados experimentais até a base do diagrama de forma a obter uma
estimativa da curva binodal completa. Interpretar o diagrama obtido.
4. REFERÊNCIAS
Experimento 8
DETERMINAÇÃO DE ORDEM DE REAÇÃO E CONSTANTE DE
VELOCIDADE
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
(a) (b)
Figura 1 – Reação química entre o cristal violeta (a) e o íon hidroxila, formando um produto
incolor carbinólico (b).
A lei de velocidade para essa reação pode ser expressa da seguinte forma:
𝑑[𝐶𝑉]
𝑣 =– = 𝑘𝑣 [𝐶𝑉]𝑚 [𝑂𝐻 − ]𝑛 (2)
𝑑𝑡
onde [CV] e [OH–] são as concentrações do cristal violeta e do íon hidroxila, respectivamente,
e "n" e "m" são as ordens de reação em relação a cada um dos reagentes, sendo a ordem global
dada por "m + n". Como para esse experimento [OH–]n >> [CV]m, que consiste no método do
onde k'v é a constante cinética de pseudo ordem, sendo dada por 𝑘𝑣 [𝑂𝐻 – ]𝑛 .
A identificação da ordem de reação, bem como a determinação da constante de
velocidade, pode ser feita tanto através do método integral como do método diferencial para a
análise dos dados obtidos [1, 2].
O método integral consiste na suposição de uma determinada ordem para a reação em
questão, integração da equação de velocidade e análise da validade ou não dessa suposição
através de gráficos adequados. No caso da equação 3, e supondo que a ordem de reação em
relação ao cristal violeta seja 1 (m = 1), a integral daquela expressão para a obtenção da variação
da concentração com o tempo reacional resultará na expressão, já escrita na forma de uma
equação de reta [1, 2]:
Quando um feixe de luz branca passa através de uma cubeta de vidro contendo um
líquido, a radiação emergente é menos intensa que a incidente. Essa perda é devida uma parte
às reflexões nas superfícies e à dispersão por qualquer partícula em suspensão, mas, acima de
tudo, deve-se à absorção da energia radiante pelo líquido.
A absorcimetria consiste na análise química de uma substância mediante medidas da
absorção de radiação. A espectrofotometria é um método absorciométrico que permite
determinar a concentração de uma determinada espécie absorvente presente numa solução. A
variação da coloração de um sistema em função da concentração de algum componente
constitui a base da análise colorimétrica.
Se uma solução obedece a lei de Lambert-Beer, a absorbância de um elemento presente
nessa solução é proporcional à sua concentração. Assim sendo, a cinética de uma reação
química que envolva a espécie absorvente pode ser acompanhada através da colorimetria. Para
tanto devem ser feitas medidas de absorbância em função do tempo de reação, em um
comprimento de onda fixo e adequado.
A lei de Lambert determina que, quando a luz monocromática passa através de um meio
transparente, a taxa de diminuição da intensidade com a espessura do meio é proporcional à
intensidade da luz, ou seja, a intensidade da luz emitida diminui exponencialmente com a
espessura do meio absorvente [3]:
It = I0 e–kl (6)
onde I0 é a intensidade da luz emitida pela fonte de radiação, It é a intensidade da luz transmitida,
k é um fator de proporcionalidade e l é a espessura do meio absorvente ou caminho ótico.
A razão entre It e I0 é a fração da luz incidente que é transmitida por uma espessura l do
meio, sendo chamada de transmitância (T). O inverso dessa razão é a opacidade do meio. A
absorbância (A) pode então ser definida como [3]:
𝐼
𝐴 = – 𝑙𝑜𝑔 (𝐼𝑡 ) = – 𝑙𝑜𝑔 𝑇 (7)
0
50
Por outro lado, Beer estudou o efeito da concentração do constituinte colorido, numa
solução, na transmissão ou absorção da luz e descobriu que a intensidade de um feixe de luz
monocromática diminui exponencialmente com a concentração da substância absorvente [3],
ou seja:
𝐼𝑡 = 𝐼0 𝑒 –𝑘′𝑙𝑐 (8)
𝐼𝑡 = 𝐼0 10–𝑎𝑙𝑐 (9)
ou ainda:
𝐼
– 𝑙𝑜𝑔 (𝐼𝑡 ) = 𝑎𝑙𝑐 = 𝐴 (10)
0
Vale lembrar que essa proporcionalidade é sempre verdadeira caso não haja nenhuma
outra substância que interfira na análise. Caso contrário, outras correções necessitariam ser
feitas na equação 11.
51
2. EXPERIMENTAL
Procedimento I:
Num balão de 25 mL, diluir 5 mL da solução estoque de cristal violeta com água
destilada. Num segundo balão de 25 mL, diluir 2 mL de solução de NaOH 0,1 mol L–1.
Transferir a solução de NaOH preparada para um erlenmeyer e a solução de cristal
violeta para uma proveta de 25 mL.
Adicionar a solução contida na proveta (cristal violeta) à solução de NaOH, acionando-
se simultaneamente o cronômetro. Agitar levemente a mistura reacional para que seja
homogeneizada e transferir rapidamente parte dela para a cubeta do espectrofotômetro.
Colocar a cubeta no aparelho e efetuar a primeira leitura em t = 30 s. Realizar leituras
de absorbância de 30 em 30 s durante 10 min.
Repetir a cinética, dobrando-se a concentração inicial da solução de NaOH (4 mL da
solução a 0,1 mol L–1). Maiores informações podem ser consultadas em [4].
53
Procedimento II:
Utilizando-se de distintos balões de 25 mL, preparar soluções variando-se as
concentrações iniciais de cristal violeta (partindo de 2,5 mL, 5,0 mL e 7,5 mL da solução
estoque). Usar diretamente a solução de NaOH estoque (0,1 mol L–1) para fazer estas reações.
Misturar rapidamente alíquotas iguais de cada reagente e medir a absorbância a cada 15 s (5
pontos serão suficientes).
Medir a absorbância no tempo zero (A0) para cada uma das três cinéticas. O aluno deve
propor como esta medida poderia ser realizada, visto que logo após a mistura dos reagentes a
coloração da solução começa a se alterar.
Observação: manter sempre a mesma proporção de mistura entre os reagentes (1:1 V/V).
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Construindo gráficos adequados, determinar a ordem de reação com relação a cada reagente,
a ordem global de reação, e as constantes de velocidade utilizando o método integral.
– Determinar a ordem de reação com relação ao “cristal violeta” também através do método
diferencial (ou método das velocidades iniciais), que consiste na determinação das derivadas
das curvas A vs. t obtidas no Procedimento II.
4. REFERÊNCIAS
[3] VOGEL, A. I. Análise Química Quantitativa. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos
Por se tratar de uma reação química envolvendo íons em solução, o estudo da reação
entre o cristal violeta e o íon hidroxila pode ser efetuado em soluções com distintas
concentrações de um sal inerte, a fim de se verificar o efeito da força iônica do meio na cinética
da reação química em questão, particularmente no valor da constante de velocidade.
Desse modo, para a realização desse experimento, recomenda-se repetir o Procedimento
I acima, utilizando 4 mL de NaOH 0,1 mol L–1. Contudo, antes de misturar as duas soluções
(cristal violeta e NaOH), adicionar 1 mL da solução de KNO3 1,0 mol L–1 à solução do corante
cristal violeta. Repetir este procedimento para outras duas quantidades da solução de KNO3 (3
e 4 mL) para variar a força iônica do meio reacional.
É importante destacar que para esta etapa os valores de ordem de reação já deverão ter
sido obtidos. O problema a ser resolvido será a determinação da constante de velocidade em
soluções com distintas forças iônicas.
O tratamento matemático, bem como o emprego da equação de Brønsted e Bjerrum
baseada nas leis limite e estendida de Debye-Hückel, estão descritos no Experimento 11. Para
maiores informações, consulte também as referências do Experimento 11.
55
Experimento 9
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA HIDRÓLISE ÁCIDA DO
ACETATO DE ETILA
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
(1)
𝑑[𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]
𝑣 = − = 𝑘1 [𝐻2 𝑂]𝑛1 [𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]𝑛2 − 𝑘−1 [𝐶2 𝐻4 𝑂2 ]𝑛3 [𝐶2 𝐻6 𝑂]𝑛4 (2)
𝑑𝑡
Para soluções diluídas, a concentração da água está em excesso e, portanto, sua variação
com o tempo pode ser desprezada com relação à da concentração do éster. Portanto,
𝑑[𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]
− = 𝑘1′ [𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]𝑛1 − 𝑘–1 [𝐶2 𝐻4 𝑂2 ]𝑛3 [𝐶2 𝐻6 𝑂]𝑛4 (3)
𝑑𝑡
Nos tempos iniciais da hidrólise as concentrações de etanol e de ácido acético são muito
pequenas, podendo ser desprezadas. Assim, a lei de velocidade pode ser reescrita como:
56
𝑑[𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]
− = 𝑘1′ [𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]𝑛1 (4)
𝑑𝑡
que caracteriza uma reação de pseudo primeira ordem, caso “n1” seja igual a 1. A integral dessa
expressão (para “n1” = 1) fornece a variação da concentração do acetato de etila com o tempo
reacional, que, na forma de uma equação de reta, pode ser escrita como:
𝑘1′ 𝑡
𝑙𝑜𝑔[𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]𝑡 = 𝑙𝑜𝑔[𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]0 – (5)
2,303
A equação 5 também pode ser reescrita em termos do volume de NaOH gasto para a
neutralização total (V∞) ou parcial (Vt) do ácido acético produzido, que é proporcional à
concentração do acetato de etila consumido, e corrigindo-se os valores para o volume gasto na
neutralização do catalisador (V0) [1]. A equação resultante é:
𝑘1′ 𝑡
𝑙𝑜𝑔(𝑉∞ – 𝑉𝑡 ) = 𝑙𝑜𝑔(𝑉∞ – 𝑉0 ) – (6)
2,303
𝑑 𝑙𝑛𝑘𝑣 𝐸𝑎 𝑑 𝑙𝑛𝑘𝑣 𝐸𝑎
= 𝑜𝑢 = − (7)
𝑑𝑇 𝑅𝑇 2 𝑑(1⁄𝑇 ) 𝑅
onde kv é a constante de velocidade para uma dada reação química, Ea é a energia de ativação,
R a constante dos gases (8,314 J mol–1 K–1) e T a temperatura termodinâmica. Alternativamente,
a expressão de Arrhenius pode ser dada por:
𝐸 𝐸𝑎
𝑘𝑣 = 𝐴 𝑒𝑥𝑝 (− 𝑅𝑇𝑎 ) 𝑜𝑢 𝑙𝑛𝑘𝑣 = 𝑙𝑛𝐴 − (8)
𝑅𝑇
𝜅𝑘𝑇 𝛥𝑆 ‡ 𝛥𝐻 ‡
𝑘𝑣 = (𝑐 0 )1−𝑛 𝑒𝑥𝑝 ( ) 𝑒𝑥𝑝 (− ) (9)
ℎ 𝑅 𝑅𝑇
2. EXPERIMENTAL
Banho termostático
Cronômetro (ou equivalente)
1 termômetro, até 100 °C (com fundo de escala 1,0 °C)
2 balões volumétricos de 500 mL
1 bureta de 50 mL
1 pipeta volumétrica de 50 mL
1 pipeta volumétrica de 5 mL
1 pipeta graduada de 10 mL
3 erlenmeyers de 125 mL
3 erlenmeyers de 250 mL (com tampa, para as reações)
1 béquer de 500 mL
2 recipientes para banho de gelo
Acetato de etila (C4H8O2)
Ácido clorídrico (HCl)
58
Preparar 500 mL de uma solução de hidróxido de sódio 0,25 mol L–1, a partir de uma
solução 1 mol L–1 (que já estará padronizada). Preparar também 500 mL de uma solução de
ácido clorídrico aproximadamente 1 mol L–1.
Colocar num erlenmeyer uma alíquota de 5 mL da solução de ácido clorídrico preparada
e titular com o hidróxido de sódio 0,25 mol L–1, usando como indicador fenolftaleína. Repetir
mais uma vez e fazer a média dos resultados.
Colocar num erlenmeyer 100 mL de HCl 1 mol L–1 que deve estar a 25 ºC (colocar e
manter o frasco em banho termostático) e, em seguida, adicionar 5 mL de acetato de etila,
acionando o cronômetro imediatamente.
OBSERVAÇÃO 2: um bom planejamento deve ser feito pelos experimentadores para que as
3 cinéticas possam ser executadas no período de tempo da aula.
2.2.1 Cálculo de V
1
𝑉𝑥 = 𝑉𝑎𝑙𝑖𝑞𝑢𝑜𝑡𝑎 [𝐻𝐶𝑙] (10)
[𝑁𝑎𝑂𝐻]
1 𝑉𝐻𝐶𝑙 100 𝑚𝐿
𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 = 𝑉𝑎𝑙𝑖𝑞𝑢𝑜𝑡𝑎 [𝐻𝐶𝑙] = 𝑉𝑥 (11)
[𝑁𝑎𝑂𝐻] 𝑉𝑆 𝑉𝑆
desde que o volume total da mistura em reação permaneça aproximadamente constante durante
a hidrólise.
A massa de 5 mL de acetato de etila é 5AE, onde AE é a densidade do acetato de etila
5ρAE
(0,92454 g mL–1 a 25 0C) e sua quantidade de matéria em 5 mL da amostra é dada por ,
MAE
1000 mL L–1
Desde que V mililitros de hidróxido de sódio [1 mol ( )] de concentração dada
[NaOH]
por [NaOH] em mol L–1 são necessários para titular 1 mol de ácido acético produzido na
25ρAE 1000 mL L–1
hidrólise de 1 mol de acetato de etila, V2 mililitros [V mol ( ) ] são necessários
S MAE [NaOH]
para titular o ácido acético produzido na hidrólise completa do acetato de etila inicialmente
contido na alíquota de 5 mL da mistura em reação.
Portanto, o volume total de hidróxido de sódio, V (mL), necessário para titular o ácido
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Mostrar a equivalência de (V – Vt) com a concentração de acetato de etila. Fazer um gráfico
de log (V – Vt) em função do tempo para as temperaturas de 25, 35 e 45 ºC (num mesmo
gráfico, para efeito comparativo).
– Obter a energia de ativação (Ea) e o fator de freqüência (A) para a hidrólise ácida do acetato
de etila através de um gráfico de Arrhenius.
– Calcular a entalpia (ΔH‡) e a entropia (ΔS‡) de ativação pela teoria do complexo ativado,
utilizando a equação de Wynne-Jones e Eyring e supondo = 0,5. Discutir sobre os valores
obtidos.
4. REFERÊNCIAS
Experimento 10
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA HIDRÓLISE ALCALINA
DO ACETATO DE ETILA
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A reação de hidrólise básica do acetato de etila pode ser elucidada pela seguinte equação
química:
(1)
Assim, a lei de velocidade para essa reação pode ser escrita como:
𝑑[𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]
– = 𝑘1 [𝐶4 𝐻8 𝑂2 ]𝑛1 [𝑂𝐻 − ]𝑛2 (2)
𝑑𝑡
que caracteriza uma reação de segunda ordem global, caso n1 e n2 sejam iguais a 1.
Procedendo-se à integração dessa expressão, supondo que “n1” = “n2” = 1 e que as
concentrações iniciais dos reagentes estejam em proporção estequiométrica, ou seja, [C4H8O2]0
= [OH–]0, a equação 2 resulta em [1-3]:
1 1
𝑘𝑣 𝑡 = [𝑂𝐻 − ]𝑡
− [𝑂𝐻 −] (3)
0
62
Os termos de concentração para o íon OH– podem ser relacionados diretamente com a
condutividade elétrica da solução (к). É importante destacar que a medida de condutividade de
soluções é indicada para reações em que há consumo ou produção de espécies altamente
condutoras, como H+ ou OH–, daí a escolha deste último íon para a representação na equação
3. A condutividade inicial (к0 – к∞) é praticamente devida aos íons OH–, descontada a
condutividade final (к∞) que é ocasionada pelos íons CH3 CO–2 . Além disso, em qualquer tempo
t de amostragem, a condutividade кt corrigida será dada por кt – к∞. Portanto, em termos de
condutividade elétrica, a equação 3 torna-se [1]:
1 1
𝑘𝑣 𝑡 = (𝜅𝑡 – 𝜅∞ )
− (𝜅 (4)
0 – 𝜅∞ )
(𝜅0 – 𝜅𝑡 ) (𝜅 – 𝜅𝑡 )
𝜅𝑡 = 𝜅∞ + (𝜅 𝑜𝑢 𝜅𝑡 = 𝜅∞ + [𝑂𝐻0−] (5)
0 – 𝜅∞ )𝑘𝑣 𝑡 0 𝑘𝑣 𝑡
2. EXPERIMENTAL
1 condutivímetro
1 agitador magnético
1 termômetro, até 100 °C (com fundo de escala 1,0 °C)
1 cronômetro
1 balança
1 banho termostático
5 erlenmeyers de 250 mL
63
Pipetas volumétricas de 25 e 50 mL
1 balão volumétrico de 100 mL
1 balão volumétrico de 200 mL
5 béqueres 100 mL
Acetato de etila (C4H8O2)
Acetato de sódio (C2H3NaO2)
Cloreto de potássio (KCl)
Hidróxido de sódio (NaOH)
Preparar 100 mL de uma solução de CH3COONa 0,005 mol L–1 e medir a condutividade
desta solução (к∞).
Partindo de uma solução adequada de NaOH, preparar 200 mL de uma solução 0,005
mol L–1. Medir a condutividade dessa última solução (κ0).
Preparar 200 mL de uma solução de acetato de etila 0,005 mol L–1 (homogeneizar bem).
Reações:
1ª) Transferir 50 mL da solução de NaOH 0,005 M para um béquer de 250 mL e manter
a temperatura ambiente. Em seguida, adicionar 50 mL da solução de acetato de etila, disparando
o cronômetro imediatamente. Medir a condutividade da solução de 1 em 1 min.
2ª) Transferir 50 mL da solução de NaOH 0,005 mol L–1 para um béquer de 250 mL e
colocar em um banho termostático a 35 ºC. No caso da solução de acetato de etila, transferir
50 mL dessa solução para um erlenmeyer de 250 mL com boca esmerilhada e tampar,
mantendo-o também no banho a 35 0C. Aguardar até que a temperatura das duas soluções atinja
64
35 ºC. Em seguida, transferir a solução de acetato de etila para o béquer contendo a solução de
NaOH, acionando o cronômetro imediatamente. Medir a condutividade da solução de 1 em 1
min, mantendo o béquer reacional dentro do banho termostático durante a reação.
3ª) Repetir o procedimento anterior colocando as soluções em um banho termostático a
45 ºC.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Obter a energia de ativação (Ea) e o fator de freqüência (A) para a hidrólise básica do acetato
de etila através de um gráfico de Arrhenius.
– Calcular a entalpia (ΔH‡) e a entropia (ΔS‡) de ativação pela teoria do complexo ativado,
utilizando a equação de Wynne-Jones e Eyring e supondo = 0,5. Discutir sobre os valores
obtidos.
4. REFERÊNCIAS
Experimento 11
INFLUÊNCIA DA FORÇA IÔNICA NA VELOCIDADE DE
REDUÇÃO DOS ÍONS FERRICIANETO
Com esta experiência visa-se estudar o efeito da força iônica na constante de velocidade
de uma reação química em solução aquosa, realizada em distintos meios de concentração de
um sal inerte, além de comparar e discutir os resultados obtidos com a equação teórica de
Brønsted e Bjerrum baseada nas leis limite e estendida de Debye-Hückel.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
este último oxidado a ácido dehidroascórbico (A), encontra-se representada pela equação 1.
(1)
4
(5)
A•Fe(CN)3
6 A + Fe(CN)6 etapa rápida (k4)
1 𝑑[𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ] 𝑘2 𝑘1 [𝐴𝐻2 ][𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ]
𝑣 = −2 = (6)
𝑑𝑡 𝑘−1 [𝐻 + ] + 𝑘2 [𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ]
66
1 𝑑[𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ]
𝑣 = −2 = 𝑘𝑣 [𝐴𝐻2 ][𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ] (7)
𝑑𝑡
k1 k2
onde kv = . Notar que a constante cinética da etapa elementar mais lenta (k2) pode ser
k1 [H+ ]
calculada caso a constante de ionização do ácido ascórbico (pKa = 4,12) e o valor do pH sejam
exatamente conhecidos. Como a equação obtida é referente a uma lei de velocidade de segunda
ordem global para dois reagentes distintos, pode-se proceder à integração de tal expressão, a
fim de se obter a variação da concentração das espécies com o tempo de reação, resultando na
expressão abaixo [2-4], já escrita como uma equação de reta:
[𝐴𝐻 ] [𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ]0
2 𝑡
𝑙𝑛 ([𝐹𝑒(𝐶𝑁) 3− ] ) = −𝑙𝑛 ( [𝐴𝐻2 ]0
) + ([𝐴𝐻2 ]0 − [𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ]0 )𝑘𝑣 𝑡 (8)
6 𝑡
onde [Fe(CN)3 3 3
6 ]0 e [Fe(CN)6 ]𝑡 são as concentrações inicial e no tempo t do íon Fe(CN)6 ,
a concentração de Fe(CN)3
6 no instante t é dada por [6]:
𝐴𝑡
[𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ]𝑡 = [𝐹𝑒(𝐶𝑁)3−
6 ]0 (9)
𝐴0
1
[𝐴𝐻2 ]𝑡 = [𝐴𝐻2 ]0 − {[𝐹𝑒(𝐶𝑁)3− 3−
6 ]0 − [𝐹𝑒(𝐶𝑁)6 ]𝑡 } (10)
2
67
Como a reação de redução do ácido ascórbico em solução se processa entre íons, espera-
se que a constante de velocidade obtida experimentalmente varie com a força iônica do meio
reacional. Essa relação de dependência foi descrita por Brønsted e Bjerrum, baseando-se na lei
limite de Debye-Hückel (D-H), sendo dada por [2, 7]:
onde k0 é a constante de velocidade para uma reação com força iônica tendendo a zero, ZA e ZB
são as cargas dos íons envolvidos na reação iônica, A é uma constante proveniente da lei de D-
H sendo igual a 0,509 L½ mol–½ a 25 ºC, e I é a força iônica da solução dada por:
1
𝐼 = ∑𝑛𝑖=1 𝑍𝑖 𝑐𝑖2 (12)
2
√𝐼
𝑙𝑜𝑔𝑘𝑣 = 𝑙𝑜𝑔𝑘0 + 2𝐴𝑍𝐴 𝑍𝐵 1+√𝐼 (13)
2. EXPERIMENTAL
ATENÇÃO: Deve-se padronizar uma solução estoque de HNO3 para fazer depois a diluição
a 0,1 mol L–1, que deve ser exata.
Para cada força iônica, medir Ao. Esta medida é feita colocando-se 5 mL de solução de
K3Fe(CN)6 / NaNO3 e 5 mL de água em um erlenmeyer de 50 mL, homogeneizando a mistura.
Por último, para cada força iônica, misturar rapidamente 10 mL de solução de
K3Fe(CN)6 / NaNO3 com 10 mL de solução de ácido ascórbico, quando o cronômetro deve ser
acionado. Medir em intervalos regulares (cada 2 min) a absorbância do meio reacional, até um
total de 10 pontos experimentais.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Fazer uma representação gráfica adequada com os dados obtidos para determinar a constante
de velocidade para cada força iônica.
– Calcular k0 e o produto ZAZB com base na equação 11, por meio de um gráfico de log kv em
função de √𝐼. Discutir e comparar os dados obtidos de ZAZB com aqueles previstos pelo
mecanismo da reação.
– Discutir o que ocorre com o valor de kv, e se é esperado tal comportamento, quando aumenta-
se a força iônica (I) do meio reacional.
– Discutir os resultados obtidos com base na lei estendida de Debye-Hückel (equação 13),
apontando qual das aproximações (equação 11 ou 13) proporcionou melhor descrição dos dados
experimentais e o porquê.
4. REFERÊNCIAS
[5] VOGEL, A. I. Análise Química Quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos
Experimento 12
CINÉTICA DE REAÇÕES OSCILATÓRIAS
Reações que apresentam cinética oscilatória estão presentes em todos os seres vivos e
controlam importantes processos fisiológicos. As primeiras observações sistemáticas de tais
processos em sistemas químicos foram feitas por Belousov na década de 1950 quando, ao
misturar uma solução de bromato com ácido cítrico na presença de íons Ce4+, observava
variações cíclicas na cor da solução ao longo do tempo. Na década seguinte, Zhabotinsky
mostrou que esse fenômeno era comum a uma série de reações onde ocorria a bromação de uma
espécie orgânica (ácido cítrico, ácido malônico, acetona etc.), catalisada por um íon metálico
(Ce, Mn, Fe etc.) [1-3].
Desse modo, o objetivo desta prática é introduzir conceitos de cinética oscilatória por
meio de um dos sistemas mais simples que apresentam tal comportamento.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
(I) A+YX
(II) X+YP
(III) B + X 2X + Z
(IV) 2X Q
(V) Z fY
o intermediário que dá origem à produção de X em (I). Para que ocorram oscilações é necessário
que a velocidade de (III) seja muito maior que (I), (IV) e (V).
2. EXPERIMENTAL
1 câmera fotográfica
1 cronômetro
1 agitador magnético
1 placa de Petri de 10 cm
Capilar de vidro
5 béqueres de 50 mL e 1 béquer de 10 mL
2 balões volumétricos de 50 mL
1 erlenmeyer com junta esmerilhada e tampa
Ácido malônico (C3H4O4)
Ácido sulfúrico (H2SO4)
Bromato de sódio (NaBrO3)
Brometo de potássio KBr (ou de sódio - NaBr)
Solução 0,025 mol L–1 de ferroína ([Fe(o-fen)3]SO4)
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Com base nas referências, discutir de forma sucinta quais as espécies intermediárias que
oscilam durante a reação.
4. REFERÊNCIAS
[1] FARIA, R. B. Introdução ao sistemas químicos oscilantes. Química Nova v.18, p.181-
294, 1995.
[2] EPSTEIN, I. R. Coupled chemical oscillators and emergent system properties. Chemical
Communications v.50, p.10758-10767, 2014.
[3] TOKORO, G.; OLIVEIRA, H. C. L.; VARELA, H. Dinâmica complexa no sistema
bromato/hipofosfito/acetona/manganês e ferroína. Química Nova v. 30, p. 1930-1937, 2008.
73
Experimento 13
DECOMPOSIÇÃO CATALÍTICA DO PERÓXIDO DE
HIDROGÊNIO
Esta experiência visa monitorar o produto formado, neste caso por meio da realização
de medidas de volume de O2, e correlacionar sua quantidade com a concentração do reagente
de partida, peróxido de hidrogênio. Além disso, pode-se comparar a cinética do processo de
decomposição catalítica de acordo com o material catalisador sólido empregado, a fim de
verificar se a lei de velocidade de 1ª ordem é seguida para o processo de decomposição.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O óxido de manganês, MnO2, bem como alguns outros óxidos de metais de transição,
catalisa a decomposição do peróxido de hidrogênio, comercialmente conhecido como água
oxigenada. A equação estequiométrica para esta reação é:
e sabe-se que a mesma é de primeira ordem com relação ao peróxido de hidrogênio. Portanto a
lei de velocidade para a reação química acima pode ser expressa por:
1 𝑑[𝐻2 𝑂2 ] 𝑑[𝑂2 ]
𝑣 = –2 = = 𝑘𝑣 [𝐻2 𝑂2 ] (2)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
esquema mostrado na Figura 1. Quando o líquido na bureta e no bulbo nivelador (aberto para o
ambiente) estiver no mesmo nível, a pressão do gás dentro da bureta será igual à pressão
atmosférica. Como as pressões parciais da água e do oxigênio são constantes desde que não
ocorra variação de temperatura, o volume de gás desprendido na reação é igual à variação da
altura do líquido na bureta (a pressão constante).
inicial ([H2O2]0), ou seja, quando todo o peróxido foi completamente convertido ao oxigênio
[1]. Além disso, em um certo tempo t de reação, a concentração do peróxido ([H2O2]t) será dada
pela concentração inicial descontado o quanto reagiu/decompôs do peróxido e, portanto,
formado de oxigênio. Desse modo, pode-se dizer que [H2O2]t é diretamente proporcional a V∞–
Vt [1], e a equação 3 pode ser reescrita como:
2. EXPERIMENTAL
1 agitador magnético
1 termômetro
1 cronômetro
1 banho com água para manter a reação a temperatura ambiente
1 bureta de gás de 100 mL (com adaptações de borrachas e pinças)
1 bulbo nivelador (1000 mL)
3 balões de duas bocas de 100 mL, com rolhas esmerilhadas
1 béquer de 50 mL
1 proveta de 5 ou 10 mL
Óxidos: MnO2, Ag2O e Cu1,5Fe1,5O4 (espinélio de cobre e ferro [4])
H2O2 3% (água oxigenada comercial 10 volumes)
Durante a reação, o gás entrará na bureta e diminuirá o nível do líquido. Desse modo,
o experimentador deverá ir ajustando o bulbo nivelador (ou a bureta) para manter a pressão
constante, e simultaneamente ir lendo o volume de O2 com o decorrer da reação.
2.2.1 Parte I
2.2.1 Parte II
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Através de gráficos adequados (vide equação 4), calcular a constante de velocidade e o tempo
de meia vida para esta reação, para os diferentes catalisadores. Qual é o significado dos valores
encontrados? Analisar sempre sistemas semelhantes em um único gráfico, para facilitar as
comparações.
77
– Explicar porque não é necessário conhecer nem a concentração inicial, nem a concentração
nos vários tempos de reação do peróxido, para se construir os gráficos.
– Explicar porque o frasco reacional deve ser resfriado, após o aquecimento, para fazer a leitura
do volume final.
– Comparar (com uma tabela) e explicar os resultados encontrados para os vários experimentos
realizados com diferentes catalisadores (Parte I) e com diferentes concentrações iniciais de
reagentes (Parte II).
– Dar uma idéia mecanística (pode ser através de um desenho esquemático da interface
catalisador/solução) de como ocorre a adsorção do reagente e de como se formam os produtos.
4. REFERÊNCIAS
Experimento 14
ISOTERMAS DE ADSORÇÃO
Este experimento visa determinar a quantidade de substância adsorvida por uma dada
massa de adsorvente e comparar os dados obtidos com as equações de isotermas baseadas nos
modelos de Langmuir e de Freundlich. Para este fim, será necessário determinar os parâmetros
cinéticos de uma adsorção por meio do monitoramento da concentração da espécie a ser
adsorvida.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Existem adsorventes, como o carvão ativo, que podem adsorver moléculas de gases (ou
de solutos) em função de sua pressão (ou concentração).
Para muitos casos, os valores experimentais podem ser representados pela isoterma
empírica proposta por Freundlich em 1909:
𝑥
= 𝑘 𝐶 1/𝑛 (1)
𝑚
𝑥 1
𝑙𝑜𝑔 (𝑚) = 𝑙𝑜𝑔 𝑘 + 𝑙𝑜𝑔 𝐶 (2)
𝑛
(3))
No equilíbrio,
resultando em:
𝜃 𝑘𝑎𝑑𝑠 𝜃
= 𝑝 𝑜𝑢 = 𝐾𝑝 (7)
1–𝜃 𝑘𝑑𝑒𝑠 1–𝜃
𝐾𝑝
𝜃 = (8)
1 + 𝐾𝑝
Como a quantidade de substância adsorvida (x) por unidade de massa de adsorvente (m)
é proporcional a θ para um determinado adsorvente, a equação 8 pode ser reescrita na forma:
𝑥 𝐾𝑝
= (9)
𝑚𝑘 ′ 1 + 𝐾𝑝
𝑥 𝑘 ′ 𝐾𝑝 𝑚 1 + 𝐾𝑝
= 𝑜𝑢 = (10)
𝑚 1 + 𝐾𝑝 𝑥 𝑘 ′ 𝐾𝑝
𝑚𝑝 1 𝑝
= + (11)
𝑥 𝑘′𝐾 𝑘′
mp
que resulta em uma reta em um gráfico de versus p, se for válido o modelo da isoterma de
x
NOTA: As deduções de todas as expressões mostradas acima devem ser vistas com todas as
suas considerações e aproximações em uma referência bibliográfica adequada [1-4].
2. EXPERIMENTAL
A partir da solução de ácido acético 1 mol L–1 preparar 5 soluções de 100 mL com as
concentrações: 0,5; 0,25; 0,1; 0,05; e 0,002 mol L–1.
Colocar 100 mL de cada solução em 6 erlenmeyers de 250 mL. Em cada um deles,
adicionar uma amostra analiticamente pesada de cerca de 1 g de carvão ativo e agitar em
intervalos frequentes durante 15 min. Dê um intervalo de pelo menos 5 min entre as adições de
carvão ativo em um frasco e outro.
81
Após 2 h, filtrar o conteúdo de cada erlenmeyer por um papel de filtro seco, desprezando
os primeiros 10 mL. Para filtrar, siga a mesma ordem de adição do carvão, de modo que
todas as amostras de ácido acético tenham permanecido o mesmo tempo em contato com
o carvão.
Titular um volume conhecido de cada filtrado com hidróxido de sódio 0,1 mol L–1 (a ser
previamente padronizado). São aconselháveis os seguintes volumes, na ordem solução mais
concentrada para solução mais diluída: 1, 2, 5, 10, 25 e 50 mL. Colocar água, quando
necessário, para aumentar o volume de trabalho na titulação.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
x
– Testar a isoterma de Freundlich fazendo um gráfico de log (m) em função de log C, onde C é
mC x
– Testar a isoterma de Langmuir fazendo um gráfico de em função de C (ou de m em função
x
de C), discutindo sobre os resultados. Comentar sobre as aproximações do modelo proposto por
Langmuir e se estas afetaram os resultados encontrados.
4. REFERÊNCIAS
5. PROPOSTA ALTERNATIVA
Experimento 15
CONDUTIVIDADE DE SOLUÇÕES DE ELETRÓLITOS
Com esta experiência visa-se levantar e analisar os aspectos gerais associados ao tema
condutividade de soluções eletrolíticas. Embora a água conduza muito fracamente a
eletricidade, a presença de íons em solução aumenta consideravelmente sua condutividade, que
vai depender da concentração e da natureza (carga, mobilidade, etc.) dos íons presentes. Propõe-
se fazer medidas da resistência (ou condutância) de soluções de distintos eletrólitos, sejam
fortes, fracos ou intermediários, como também o tratamento matemático dos dados para a
obtenção de parâmetros de interesse, tais como condutividade molar à diluição infinita, grau de
ionização, etc.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Quando usada para medidas de condutividade, é necessário que a célula tenha uma
geometria conhecida. Em geral, não é necessário conhecer separadamente os valores dos
parâmetros A (área da placa) e l (distância entre as placas), bastando conhecer a relação l/A,
comumente conhecida como constante de célula. Para isso, esta constante é avaliada com base
na medida da condutância L (ou G) de uma solução padrão de KCl que já tenha a condutividade
conhecida, utilizando-se a equação 1 e os dados da Tabela 1.
𝑙 𝜅
=𝐿 (1)
𝐴
2. EXPERIMENTAL
1 condutivímetro
1 célula de condutividade
1 termômetro
2 espátulas
24 tubos de ensaio e rolhas
Suporte para tubos de ensaio
4 balões volumétricos de 100 mL
4 balões volumétricos de 50 mL
1 pipeta volumétrica de 25 mL
4 pipetas volumétricas de 5 mL
2 béqueres de 50 mL
Sais: cloreto de sódio (NaCl), acetato de sódio (C2H3O2Na) e cloreto de potássio (KCl)
Ácidos: acético (CH3COOH) e clorídrico (HCl)
Água deionizada para o preparo das soluções
Preparar 100 mL de soluções estoque de acetato de sódio, cloreto de sódio, ácido acético
e ácido clorídrico, cada uma com concentração de 0,1 mol L–1. Para cada eletrólito, preparar 50
mL de cada solução com concentrações de 0,05; 0,01; 0,005; 0,001; 0,0005 e 0,0001 mol L–1.
exaustivamente lavada com água ao se mudar a substância em análise. Para evitar contaminação
da célula, as soluções de HCl devem ser medidas por último.
Ao terminar as medições, a célula de condutividade deve ser exaustivamente lavada com
água destilada e guardada imersa também em água destilada.
Opcional: Preparar soluções de KCl (com concentrações cujos valores de
condutividade estejam tabelados) para proceder à determinação da constante da célula.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Construir gráficos que permitam determinar a condutividade molar à diluição infinita 0 (em
S cm2 mol–1) dos eletrólitos estudados. Analisar, da forma mais completa possível, cada uma
das curvas e compará-las entre os diferentes eletrólitos.
– Usar também a Lei da Migração Independente dos Íons (enunciada por Kohlrausch) para
calcular Λ0 para o ácido acético. Comparar este resultado com o obtido através da análise do
gráfico do item acima.
– Calcular, para o ácido acético, o grau de ionização nas concentrações de 0,1 e 0,001 mol L–
1
e comparar com os valores tabelados em “handbooks”, fazendo uma discussão sobre os
resultados encontrados.
4. REFERÊNCIAS
Experimento 16
ATIVIDADE DOS ÍONS H+ EM SOLUÇÕES ÁCIDAS
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ai = i xi (1)
ai = i bi / b0 (2)
88
onde b0 é o estado padrão definido como 1 mol kg–1 [2, 3]. Para eletrólitos fracos, a concentração
de íons em solução é apenas uma fração da concentração analítica da solução (bi = bsol) e, de
forma análoga pode-se escrever:
Note agora que, para eletrólitos fracos, o fator que diferencia a atividade da concentração
é dado por (i ). Tanto como são fatores de proporcionalidade entre atividade e
concentração, e ambos variam com a concentração do eletrólito.
A definição termodinâmica de pH de uma solução é dada pela equação 4, onde aH+ é a
atividade de íons H+ que se encontram ionizados na solução.
(E – E g )
pH = 2,303𝑅𝑇 (5)
𝐹
89
2. EXPERIMENTAL
Preparar 100 mL de uma solução estoque de HCl ~0,1 mol L–1 e a partir desta, 50 mL
de soluções com concentrações de ~0,05; 0,01; 0,005; 0,001; 0,0005 e 0,0001 mol L–1.
ATENÇÃO: utilizar água bidestilada ou deionizada para preparar e diluir todas as soluções.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
NOTA: um gráfico (loga versus logc) permite visualizar melhor o comportamento das soluções
mais diluídas.
– Para cada ácido analisado, calcular o fator de correção (desvio) entre a atividade e a
concentração em vários pontos sobre a curva experimental. Interpretar o significado deste
desvio para cada ácido, e analisar como ele varia com a concentração do eletrólito.
– Para o ácido acético, analisar se há alguma região na curva experimental onde se possa
considerar o coeficiente de atividade igual a 1 (ou próximo de 1), e assim poder obter valores
do grau de ionização () nesta região (pelo menos para 2 concentrações).
4. REFERÊNCIAS
Experimento 17
CÉLULAS GALVÂNICAS
O termo célula eletroquímica refere-se tanto a uma célula galvânica como a uma célula
eletrolítica. Neste experimento serão analisadas algumas células galvânicas, onde as reações
químicas que ocorrem espontaneamente produzem um fluxo de corrente elétrica.
Contrariamente, em uma célula eletrolítica, força-se a passagem de uma corrente através da
célula para que ocorra uma reação química.
Os termos pilha e bateria são muitas vezes utilizados indistintamente. Na definição mais
precisa, porém, uma pilha (ou célula eletroquímica) é constituída simplesmente de dois
eletrodos e um eletrólito, ao passo que uma bateria é um conjunto de pilhas agrupadas em série
ou paralelo, dependendo da demanda por maior potencial ou corrente, respectivamente. Existe
hoje uma grande variedade de pilhas e baterias, a fim de atender às inúmeras exigências dos
dispositivos eletrônicos presentes em nosso dia-a-dia [1].
A compreensão dos princípios de funcionamento de uma pilha ou bateria requer um
conhecimento profundo de diferentes áreas da ciência, como a termodinâmica, eletroquímica,
ciência dos materiais etc. Nesta experiência serão construídas pilhas galvânicas (pilhas com
eletrodos de distintas naturezas) e pilhas de concentração do eletrólito (eletrodos idênticos, com
diferenças nas atividades do eletrólito), visando-se medir a diferença de potencial entre os
eletrodos para os distintos casos e discutir seu funcionamento e possíveis aplicações.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Para a execução desta experiência, é necessário rever conceitos sobre os tipos de pilhas
que podem ser formadas (e seu funcionamento), pilhas com e sem junção líquida, potenciais
padrões de eletrodos, equação de Nernst etc. [2, 3]. Faça uma previsão antecipada sobre os
valores (aproximados) dos potenciais a serem medidos nas pilhas de concentração e nas pilhas
galvânicas.
A reação global em uma pilha galvânica ocorre espontaneamente ao se fechar o circuito
entre os eletrodos: os elétrons saem do anodo (onde ocorre uma oxidação) e são recolhidos no
catodo (onde ocorre uma redução), de modo que há um fluxo de elétrons através dos condutores
externos que pode ser aproveitado para gerar trabalho elétrico útil.
Se a célula estiver operando reversivelmente, as reações redox sobre os eletrodos
ocorrerão com eficiência máxima e o trabalho elétrico realizado será máximo. Em condições
94
we = –∆G (1)
Como o trabalho elétrico é dado pela quantidade de carga zF que passa através de uma diferença
de potencial Ecel, onde z é o número de elétrons transferidos no processo redox (para a reação
de célula balanceada), F a constante de Faraday e Ecel o potencial de célula medido entre catodo
e anodo, a equação 1 resulta em
Portanto, para que sejam feitas medidas termodinâmicas do trabalho que a pilha pode
proporcionar, deve-se garantir a medida em condições de reversibilidade, ou seja, que não
circule corrente líquida pelo sistema e que as composições nos compartimentos da pilha não
variem [2]. Isto se consegue, na prática, medindo-se Ecel equilibrado pelo potencial oposto de
uma fonte externa (potenciômetro), ou alternativamente com um voltímetro digital de alta
impedância interna. A diferença de potencial assim medida é definida como potencial da pilha
a corrente nula, comumente conhecido como "força eletromotriz" ou fem da pilha.
2. EXPERIMENTAL
3 balões volumétricos de 50 mL
Nitrato de potássio (KNO3) (para a ponte salina)
Nitrato de prata (AgNO3)
Sulfato de cobre (CuSO4)
Sulfato de zinco (ZnSO4)
Agar-agar
Preparar as pontes salinas com 50 mL de uma solução concentrada de KNO3 (~ 0,3 mol
L–1) e agar-agar (~1,5% em massa). Em um béquer, esta solução deve ser constantemente
homogeneizada e aquecida até próximo à ebulição durante 10 a 15 min, e colocada ainda quente
nos tubos em U. Preencher completamente os tubos de forma que não fiquem bolhas de ar.
Deixar esfriar para gelificar.
Limpar a superfície dos eletrodos:
(a) de prata (somente se o metal estiver manchado por sulfetos ou óxidos), deixando-
os por 5 min em solução diluída de ácido nítrico (~0,1 mol L–1) e lavando-os após
com água destilada;
(b) de cobre e zinco, polindo-os com lixa 600, lavando-os após com água destilada e
secando-os bem com papel absorvente. O polimento deve ser feito sempre
imediatamente ANTES de cada medida.
NOTA: A partir de uma solução estoque de AgNO3 0,1 mol L–1, sugere-se o preparo de 50 mL
de cada solução a ser diluída, fazendo-se diluições sucessivas por fatores de 10, utilizando
sempre o mesmo balão volumétrico e mesma pipeta volumétrica para minimizar os erros de
aferição.
96
Tendo as soluções dos respectivos eletrólitos a 0,1 mol L–1, montar as pilhas abaixo (em
notação para representação de pilhas) e medir as respectivas diferenças de potencial.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Calcular a diferença de potencial (Ecel) para as pilhas de concentração através das teorias
correspondentes.
– Comparar os resultados de Ecel obtidos para as pilhas galvânicas com seus valores encontrados
na literatura. Explicar as causas das diferenças encontradas.
– Fazer uma discussão sobre o potencial de junção líquida (Ej) que pode surgir nessas pilhas e
– Descrever alguns tipos de pilhas (catodo, anodo, eletrólito) e quanto de energia (ou fem)
podem gerar para fazer funcionar alguns dispositivos de nosso dia-a-dia.
4. REFERÊNCIAS
Experimento 18
CORROSÃO E PROTEÇÃO
Corrosão pode ser entendida como uma forma de deterioração de um material por seu
ambiente. Em nosso dia-a-dia, esse ambiente é geralmente aquoso, incluindo, por exemplo,
condensados da atmosfera, água doce, água do mar, solos etc. Entretanto, ocorre também
corrosão em outros meios de importância prática como alguns não aquosos (óleos, sais
fundidos, meios orgânicos etc.), ou em gases ou vapores.
A relevância do estudo da corrosão baseia-se no fato que a sociedade moderna depende
da utilização de estruturas metálicas para variados fins, como os automóveis, edifícios,
eletrodomésticos, pontes, navios, oleodutos, aquedutos, plantas industriais, entre várias outras.
Visa-se, com esta prática, investigar alguns mecanismos básicos que regem o processo
de corrosão (Parte A), e medir a taxa de corrosão metálica em um sistema com e sem um
inibidor de corrosão (Parte B).
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A maior parte dos metais ocorre na natureza no estado combinado (óxidos, sulfetos etc.)
e têm que ser extraídos de seus minérios empregando-se grande quantidade de energia.
Termodinamicamente, a corrosão pode ser entendida como o processo espontâneo que os
metais sofrem a fim de retornar a seus materiais de origem. Desta forma, a corrosão de grande
parte dos metais é inevitável, mas felizmente a velocidade do processo é frequentemente lenta
para que possa ser avaliada e controlada por métodos de proteção à corrosão [1, 2].
Para a realização bem sucedida desta experiência é importante que sejam revistos os
conceitos tratados nas referências [1–3], entendidos e que se saiba discutir:
. a tendência termodinâmica para a ocorrência de um processo corrosivo (potencial de
eletrodo, série eletroquímica e sua aplicação, influência do pH etc.);
. as reações (semi-reações de oxidação e redução) envolvidas no processo de corrosão
de um metal;
. regiões anódicas e catódicas de um sistema sofrendo corrosão;
. fatores que provocam os diferentes tipos de corrosão;
. teoria dos inibidores para a proteção das superfícies metálicas;
. outras formas de proteção à corrosão.
99
2. EXPERIMENTAL
Lixar (partindo-se de lixas d’água nº 320, 400 e, por último, 600) e limpar uma das
superfícies de uma placa de ferro. Colocar sobre ela duas gotas da solução de NaCl, uma gota
de fenolftaleína e duas gotas da solução de ferricianeto de potássio (as gotas são postas uma
sobre a outra). Aguardar aproximadamente 10 min e observar as cores que surgem nas regiões
interna e externa da área molhada (fazer um desenho esquemático ou fotografar o observado na
placa).
100
Figura 1 – (A) Esquema do frasco para o experimento de corrosão, (B) vista frontal e (C) lateral
dos ganchos de vidro para suporte das placas de aço e (D) sistema montado.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
3.1 Parte I
– Em todos os experimentos desta parte, escrever as semi-reações que dão origem aos
fenômenos observados, identificando em cada experimento as regiões anódicas e catódicas
associadas ao processo de corrosão.
– Discutir quais os fatores que provocam a corrosão do ferro no experimento de corrosão por
aeração diferencial. Explicar a origem das cores observadas bem como a necessidade do uso do
NaCl.
– Explicar o que seria a pilha de ação local e o que estaria funcionando como impureza.
Relacionar as semi-reações envolvidas com os componentes da pilha de ação local.
– Identificar por meio das semi-reações e seus respectivos potenciais padrões, qual o anodo e o
catodo das pilhas formadas por distintos metais (Parte I – 3ª análise). Qual a origem das cores
observadas em torno de cada eletrodo? Qual a razão do aparecimento de um depósito
esbranquiçado em torno do Zn?
3.2 Parte II
– Apresentar os dados obtidos em uma tabela e calcular, para cada amostra, sua perda de massa.
4. REFERÊNCIAS
[1] GENTIL, V. Corrosão, 6ª ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 2011.
[2] PLETCHER, D. & WALSH, F.C. Industrial Electrochemistry, 2 ed. Glasgow, Blackie
Academic & Professional, 1990, Cap. 10.
[3] FONTANA, M.G. Corrosion Engineering, 3 ed., Nova Iorque, McGraw-Hill, 1986.
[4] BASMAN, A.R.; CHORLEY, G.B.; ADELOJU, S.B. Estimating the corrosion rate of mild
steel in sulfuric acid by a hydrogen evolution method Journal of Chemical Education v.70
p. 258-259, 1993.
104
Experimento 19
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: ELETRODEPOSIÇÃO DE
NÍQUEL EM AÇO
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Para a realização desta experiência, além das informações que aqui serão dadas, deve-
se buscar outras sobre eletrólise, Leis de Faraday, catodo, anodo etc, que podem ser encontradas
em quaisquer livros de Físico-Química e Química Geral [1–3].
Em um processo de eletrodeposição o objeto a ser revestido é colocado como catodo em
uma solução eletrolítica que contém um íon metálico Mn+, tal que a reação mais simples sobre
o catodo é representada pela equação 1.
eletrodos, e condições de fluxo. A célula de Hull [4] é talvez a ferramenta mais utilizada
empiricamente para se fazer testes comparativos das condições de eletrodeposição.
O método a ser utilizado neste experimento será o galvanostático (ou seja,
eletrodeposição a corrente constante). Assim, conhecendo-se a corrente (I) que circula entre
catodo e anodo em um dado intervalo de tempo (t), a carga elétrica (Q) aplicada no processo de
eletrodeposição será dada por
Q=It (2)
A equação 2, associada à informação que a carga elétrica necessária para passar 1 mol
de elétrons é 96485 C e à reação eletroquímica balanceada que ocorre no catodo, permite o
cálculo das grandezas quantidade de matéria (n) e massa (m) de Ni eletrodepositado no
experimento.
Além da galvanoplastia (eletrodeposição através de corrente ou tensão forçada),
procure também informar-se sobre outros métodos que são utilizados para se obter um
revestimento de filme metálico. Dentre algumas aplicações desses filmes, pode-se citar a
proteção à corrosão, acabamento para fins decorativos e o aumento da resistência mecânica dos
materiais [4–6].
2. EXPERIMENTAL
*NOTA: Caso a peça de aço tenha resíduos de níquel de aulas anteriores, este deverá ser
removido antes do procedimento de limpeza descrito acima (consulte o professor sobre o
procedimento e a solução de decapagem).
Secar bem a peça metálica a ser revestida e pesar com precisão de miligrama, no
mínimo.
Para a eletrodeposição, a solução eletrolítica a ser empregada é um “banho de Watts”
[4] que contém, em 500 mL de solução: 125 g de sulfato de níquel, 11 g de cloreto de níquel,
20 g de ácido bórico, e um abrilhantador. Como abrilhantadores primários podem ser usados
ácido benzeno-dissulfônico, ácido benzeno-trissulfônico, ácido naftaleno-trissulfônico, ou
sacarina; como abrilhantadores secundários, pode-se usar formaldeído ou cumarina.
Montar o sistema eletroquímico para fazer a eletrólise, usando como anodo dois
eletrodos de níquel (ou grafite), dispostos simetricamente com relação ao catodo (aço) – ver
Figura 1. Delimitar com um traço de grafite a área da peça de aço a ser imersa na solução.
IMPORTANTE: o aço não deve ser imerso na solução de Watts sem a polarização negativa,
pois sofrerá corrosão em circuito aberto (sem aplicação de diferença de potencial) nesse meio
e o contaminará.
Aplicar uma corrente ao sistema tal que a densidade de corrente no catodo esteja entre
8 a 12 mA cm–2 (use a área já marcada para fazer este cálculo). O tempo de deposição, a ser
controlado com precisão, deve ser de no mínimo uma hora.
Ao término do processo, lavar o eletrodo de aço (já revestido) com água, secar e pesar.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
4. REFERÊNCIAS
[1] DENARO, A.R. Fundamentos de Eletroquímica. São Paulo, Edgard Blücher – EdUSP,
1974, Cap. 1.
[2] BRADY, J. E. General Chemistry: Principles and Structure, 5 ed. Nova York, John Wiley
& Sons, 1990, Cap. 18.
[3] ATKINS, P.; JONES, L. Chemical Principles, 5 ed. Nova York, Freeman and Company,
2010, Cap. 13.
[4] PLETCHER, D.; WALSH, F.C. Industrial Electrochemistry, 2 ed. Glasgow, Blackie
Academic & Professional, 1990, Cap. 8.
[5] GENTIL, V. Corrosão, 6 ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 2011.
[6] OHLWEILER, O. A. Fundamentos de Análise Instrumental. São Paulo, Livros Técnicos
e Científicos, 1981, Cap. 14.
109
Experimento 20
PROCESSOS ELETROLÍTICOS: ANODIZAÇÃO DO ALUMÍNIO
A presença de um filme passivo sobre um metal pode fornecer propriedades como alta
resistência à corrosão, isolamento elétrico aumentado, acabamento superficial esteticamente
agradável, entre outras. Tratamentos eletroquímicos são amplamente empregados para produzir
recobrimentos inorgânicos sobre metais, tais como óxidos, cromatos, fosfatos etc.
A anodização é o processo de conversão da superfície de um metal em seu óxido, através
da oxidação deste metal por corrente forçada. Com este experimento, pretende-se obter alguns
parâmetros de interesse em um processo de anodização tais como espessura do óxido formado
e eficiência coulômbica do processo, utilizando as relações entre corrente, carga elétrica e
massa previstas pelas leis de Faraday. Processos de coloração e selagem desse óxido também
serão executados.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Para a realização desta experiência, além das informações que aqui são apresentadas,
deve-se buscar outras sobre eletrólise, leis de Faraday, catodo, anodo etc., que podem ser
encontradas em vários livros de Físico-Química e Química Geral [1–3].
A anodização envolve essencialmente um processo eletrolítico, no qual a superfície do
anodo metálico é convertida em uma película de óxido protetora. Sob muitos aspectos o
mecanismo geral da anodização é oposto ao da eletrodeposição [4], como por exemplo:
a) os recobrimentos anódicos, que são de natureza porosa, iniciam-se na superfície do
metal e crescem para dentro, ao passo que na eletrodeposição o recobrimento começa na
superfície metálica e continua a crescer para fora;
b) os recobrimentos anódicos são óxidos (ou películas) do metal que está sendo tratado,
ao passo que na eletrodeposição pode-se fazer recobrimentos metálicos de um metal diferente
do material de catodo;
c) a amostra a ser anodizada é o anodo da célula eletrolítica; na eletrodeposição, o metal
a ser recoberto é o catodo da célula.
O alumínio apresenta alta resistência à corrosão atmosférica devido à camada de um
óxido compacto que é formado espontaneamente quando o metal é exposto ao ar. Esta camada
protetora passiva o metal e pode ser espessada por um processo de anodização. O alumínio pode
ser anodizado em um eletrólito ácido a temperatura ambiente, geralmente ácido sulfúrico 10%
110
em massa, embora ácido crômico e misturas de ácido oxálico/ácido sulfúrico também sejam
empregados [5, 6]. Com o fornecimento externo de energia, o alumínio metálico é oxidado a
íon Al3+ (equação 1) o qual sofre hidrólise para formar um filme de óxido de alumínio hidratado
(equação 2) e poroso, na superfície do metal. Entretanto, parte majoritária dos íons Al3+ difunde
para o seio da solução, o que leva a uma perda de massa da placa de alumínio que está sendo
anodizada.
A baixos potenciais, as reações que ocorrem sobre o anodo são representadas pelas
equações 1 e 2. A altos potenciais (> 20 V), ocorre também a oxidação da água com forte
desprendimento de O2.
2. EXPERIMENTAL
Limpar a placa de alumínio mergulhando-a em solução de Na3PO4 0,5 mol L–1 a ~40 ºC
por 5–10 min. Lavar a placa com água destilada, secar e pesar em balança analítica com
precisão de no mínimo 0,001 g.
Delimitar a área a ser imersa no eletrólito com um risco de grafite. Calcular a corrente
(I) a ser aplicada na célula, tal que a densidade de corrente (j) sobre o anodo esteja no intervalo
10 – 15 mA cm–2.
Introduzir o anodo de Al no centro do béquer e fazer as conexões da célula, aplicando a
corrente por 60 min. A corrente e o tempo devem ser bem controlados. A solução eletrolítica
deve ser mantida sob agitação constante e entre 20 – 25 ºC (um resfriamento da solução
eventualmente é necessário para minimizar o efeito do calor gerado devido à queda ôhmica IR
através da solução e do óxido).
Terminada a etapa de anodização lavar cuidadosamente o eletrodo de Al com água
destilada, secar bem e pesá-lo.
Mergulhar o eletrodo na solução de corante a ~70 0C, previamente aquecida em uma
manta de aquecimento. Deixá-lo nesta solução por 10 min (a solução do corante pode ser
preparada com ~3 g de Vermelho Congo em 700 mL de água/etanol, 1:1 V/V).
112
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Determinar a massa teórica de alumínio que foi oxidada a Al3+. Fazendo o balanço de massa,
calcular a massa de óxido de alumínio formado.
– Discutir porque somente a área anodizada do eletrodo fica colorida. Descrever o fenômeno
que ocorre com a selagem do óxido.
4. REFERÊNCIAS
[1] DENARO, A.R. Fundamentos de Eletroquímica. São Paulo, Edgard Blücher – EdUSP,
1974, Cap. 1.
[2] BRADY, J. E. General Chemistry: Principles and Structure, 5 ed. Nova York, John Wiley
& Sons, 1990, Cap. 18.
[3] ATKINS, P.; JONES, L. Chemical Principles, 5 ed. Nova York, Freeman and Company,
2010, Cap. 13.
[4] BLATT, R. G. Anodizing Aluminum. Journal of Chemical Education. v.56, p.268, 1979.
[5] PLETCHER, D.; WALSH, F.C. Industrial Electrochemistry, 2 ed. Glasgow, Blackie
Academic & Professional, 1990, Cap. 8.
[6] GENTIL, V. Corrosão, 6ª ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 2011, Cap.
23.
114
Experimento 21
CINÉTICA ELETROQUÍMICA: ELETROCATÁLISE DA
REAÇÃO DE PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO
Hidrogênio molecular possui uma grande importância tecnológica, uma vez que esta
espécie é largamente utilizada em processos de síntese orgânica, inorgânica, bem como em
sistemas de armazenamento de energia. Atualmente, a produção de H2 dá-se basicamente a
partir de derivados de petróleo, sendo, portanto, um processo poluente e não renovável [1]. Uma
alternativa a esse método é a produção de H2 por meio da eletrólise da água. Tomando como
exemplo essa reação de grande interesse, este experimento tem como objetivo observar a
dependência da velocidade de uma reação eletroquímica com o potencial aplicado. São
abordados os conceitos de sobrepotencial, coeficiente de transferência, coeficientes de Tafel e
sua dependência com o material de eletrodo empregado.
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Tafel, em 1905, observou que a relação entre o potencial aplicado e a corrente, i, que
fluía no sistema, poderia ser descrita pela relação [2 – 4]:
𝜂 = 𝑎 − 𝑏 log(𝑖) (2)
(1−∝)𝑛𝐹𝜂 −𝛼𝑛𝐹𝜂
𝑗 = 𝑗0 [𝑒 𝑅𝑇 −𝑒 𝑅𝑇 ] (3)
onde: j é a densidade de corrente (corrente normalizada pela área); j0, densidade de corrente de
troca; , coeficiente de transferência; n, número de elétrons trocados; F, constante de Faraday;
R, constante dos gases ideais; e T, temperatura termodinâmica.
Esta equação pode ser interpretada como a soma de duas semi-reações, sendo uma
anódica e outra catódica. Entretanto, quando o sobrepotencial aumenta (para valores positivos
ou negativos), um dos termos dentro dos colchetes torna-se rapidamente desprezível, e a
equação 3 pode ser simplificada para uma única exponencial. Nestas circunstâncias, aplicando
o logaritmo neperiano em ambos os lados, chega-se à equação proposta empiricamente por
Tafel (equação 2), onde os coeficientes a e b de Tafel estão relacionados com os parâmetros da
equação de Butler-Volmer, da seguinte forma:
a = log(jo) (4)
2,303𝑅𝑇
𝑏= (5)
𝛼𝑛𝐹
2. EXPERIMENTAL
1 fonte de alimentação
1 voltímetro de alta impedância
1 amperímetro
1 célula eletroquímica em formato U
2 béqueres de 50 mL
116
Preparar 100 mL de solução de H2SO4 1 mol L–1 (não é necessário padronizar esta
solução). Preencher a célula em U com 50 mL deste eletrólito.
Calcular a área geométrica dos eletrodos de trabalho e construir uma tabela com os
valores de corrente a serem aplicados para a obtenção de densidades de corrente de 100, 80, 60,
40, 20, 10, 5 e 1 mA cm–2 para cada eletrodo de trabalho. Nesta tabela, reservar também uma
coluna para os valores de potenciais lidos durante o experimento.
Montar a célula eletroquímica de acordo com o esquema 1 (Figura 1). Escolher
arbitrariamente um dos E.T. disponíveis para iniciar o experimento.
ATENÇÃO: Antes de ligar a fonte certificar-se que os botões de ajuste de corrente e potencial
estão na posição zero. Conectar entre si os polos positivo e negativo da fonte e, ao ligá-la, os
valores de potencial e corrente devem ser zero. Nesta configuração, aumentar um pouco o
potencial (alguns mV) e ajustar o valor da corrente para o valor máximo calculado na tabela.
Sem alterar os ajustes, desligar a fonte.
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Com os dados obtidos, construir um gráfico de Tafel ( vs log(j)) e calcular os valores dos
coeficientes a e b, assim como o coeficiente de transferência e da corrente de troca.
Esquema 1 Esquema 2
Figura 1 – Célula eletroquímica em U com eletrodos (esquema 1), e conexões elétricas com a
fonte de tensão externa (esquema 2). E.T. = eletrodo de trabalho; E.R. = eletrodo de referência;
C.E. = contra eletrodo.
118
4. REFERÊNCIAS
[1] KOLB, G. Fuel Processing: for fuel cells 1 ed. Weinheim, Wiley-VHC, 2008.
[2] GILEADI, E. Electrode Kinetics for chemists, chemical engineers and materials
scientists, 1 ed. New York, VHC, 1993.
[3] HAMANN, C. H.; HAMNETT, A.; VIELSTICH, W. Electrochemistry, 2 ed., Weinheim,
Wiley-VHC, 2005.
[4] TICIANELLI, E. A. GONZÁLEZ, E. R. Eletroquímica, 2 ed São Paulo, Edusp, 2004.
119
Experimento 22
CONSTRUÇÃO DE UM ELETRODO DE REFERÊNCIA DE
PRATA CLORETO DE PRATA (Ag|AgCl|Cl–)
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
sistema (equação 1). Mantendo a concentração de Cl– fixa, através de uma solução de alta
concentração, uma eventual variação da concentração de Ag+ (consumo ou produção) é
rapidamente restaurada a seu valor inicial devido ao deslocamento do equilíbrio mostrado na
equação 2. Assim, quando se passa uma pequena corrente neste sistema, produzindo ou
consumindo Ag+, o potencial mantém-se constante, com valores que dependem apenas da
concentração de Cl– e da temperatura. A Tabela 1 mostra alguns valores típicos de potencial
destes eletrodos em função da concentração de KCl.
2. EXPERIMENTAL
1 - fonte de tensão/corrente
Lixas d’água n0 600 e/ou esponja de aço
Corpo do eletrodo com uma das extremidades composta por vidro poroso (sinterizado)
1 béquer de 50 mL
1 fio de Ag de 5 cm
1 fio de Pt ou Ag (contra eletrodo)
Cloreto de potássio (KCl)
Limpar o fio de Ag com o auxílio de uma esponja de aço. Caso ele esteja muito oxidado,
iniciar a limpeza utilizando lixas d’água.
Preparar cerca de 20 mL de uma solução saturada de KCl. Para se certificar que a
solução está saturada, aquecê-la (supersaturação) e, após seu resfriamento, adicionar mais
alguns cristais do sal para servir de gérmen de cristalização.
121
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO
– Os valores de potencial para este sistema tornam-se mais estáveis passados alguns dias da sua
preparação. Assim, após este tempo, medir a diferença de potencial entre o eletrodo
Ag|AgCl|Cl– recém construído e um eletrodo de referência comercial (ou um eletrodo reversível
de hidrogênio). Para essa medida, os eletrodos deverão estar imersos em soluções com pH
inferior a 8.
4. REFERÊNCIAS
[1] IVES, D.; JANS, G. Reference Electrodes: Theory and Practice, 1 ed. New York,
Academic Press, 1961.
[2] HAMANN, C. H.; HAMNETT, A.; VIELSTICH, W. Electrochemistry, 2 ed., Weinheim,
Wiley-VHC, 2000.