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EXPERIMENTOS DE

QUÍMICA GERAL

Alda Maria Pawlowsky


Eduardo Lemos de Sá
Iara Messerschmidt
Jaísa Soares de Souza
Maria Aparecida Oliveira
Maria Rita Sierakowski
Rumiko Suga

2a Edição
SUMÁRIO

Prefácio …………………………………………………………………………… vi
Nota Explicativa …………………………………………………………………. vii
Normas de Procedimento e Segurança no Laboratório …………………….. 01
Equipamento Básico de Laboratório ………………………………………….. 04
Erros e Tratamento de Dados Obtidos Experimentalmente ………………… 20
Preparo de Soluções ……………………………………………………………. 37
Padronização de Soluções ……………………………………………………… 46
Titulação Ácido-Base: Determinação da Concentração de Ácidos e de
Bases em Produtos Comerciais …………………….. 56
Titulometria de Oxidação e de Redução ……………………………………… 67
Reações entre Íons em Solução Aquosa …………………………………..… 75
Estequiometria …………………………………………………………………… 82
Reações de Oxirredução envolvendo Metais ………………………………… 87
Reações de Oxirredução envolvendo Não-Metais …………………………… 93
Estados de Oxidação e Colorações do Manganês ………………………….. 97
Eletroquímica: Pilhas Galvânicas ……………………………………………… 101
Lei de Faraday ………………………………………………………….………… 108
Reações Químicas e Trocas de Energia ……………………………..……….. 112
Termoquímica ……………………………………………………………..……… 117
Cinética Química ………………………………………………………………… 127
Velocidades e Mecanismos de Reações Químicas …………………………. 134
Equilíbrio Químico: Alterações no Estado de Equilíbrio …………………….. 139
Curvas de Titulação Ácido-Base e Soluções-Tampão ………………..……… 143
Eletroquímica: Eletrólise ………………………………………….……………… 148

APÊNDICE: Elaboração de Relatórios ……………………………………… 153

v
PREFÁCIO

Esta segunda edição do Manual Didático “Experimentos de Química Geral” foi


organizada de forma a reunir, nos seus diversos capítulos, alguns dos conceitos, técnicas
e procedimentos básicos da Química Experimental. O Manual destina-se a servir de apoio
didático às disciplinas de Química Geral ministradas no Departamento de Química da
Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Cada capítulo aborda um tema principal – que se relaciona com diversos outros
conteúdos – e apresenta uma breve introdução teórica, uma descrição dos objetivos e do
procedimento experimental, uma lista de exercícios sobre o tema central e uma relação
de referências bibliográficas. Estas últimas pretendem levar o estudante à busca de
outros livros ou artigos científicos para leitura suplementar. O Manual inclui também
algumas recomendações sobre segurança no laboratório e uso de equipamentos básicos,
além de introduzir conceitos sobre identificação de erros e tratamento de dados
experimentais.
A primeira edição deste Manual, lançada em 1994, foi organizada a partir de
textos, apostilas e roteiros elaborados por professores de Química Geral da UFPR ao
longo de diversos anos. Esses professores foram Artoriges Zanello, Alda Maria da
Fonseca Pawlowsky, Osvaldo César Osório Ceccon, Rumiko Suga, Izaura Hiroko
Kuwabara e Luiz Alberto Pavelsky da Costa. Sem a contribuição e a experiência desses
profissionais, a preparação do Manual teria exigido um esforço adicional considerável.
Esta segunda edição pretende ser, naturalmente, um aperfeiçoamento da primeira.
Ela incorpora correções e sugestões encaminhadas por diversos colaboradores, aos
quais os autores são imensamente gratos. Para responder melhor à demanda das
disciplinas e dos estudantes, alguns capítulos foram expandidos e experiências novas
foram incluídas. Apesar deste cuidado, o produto final do trabalho certamente
apresentará deficiências, que os autores esperam identificar e corrigir no futuro próximo.
Nesta segunda edição, os agradecimentos se estendem a todos os professores e
alunos, bem como às funcionárias das disciplinas de Química Geral, que contribuíram
para este resultado. A colaboração dos professores Alvaro Luiz Mathias, Cláudio Antônio
Tonegutti, Daniel Alves de Melo, Flávio Massao Matsumoto, Shirley Nakagaki Bastos,
Sueli Maria Drechsel Erthal e Ubajara Índio do Brasil von Linsingen foi particularmente
valiosa, tanto na elaboração quanto na revisão dos textos. Cabe ainda registrar a
a
dedicação de dois estudantes, Cláudia Maria Stocco (1 edição) e Élio Luiz Nehls Júnior
(2a edição), que digitaram textos, adaptaram procedimentos e testaram várias das
experiências incluídas nesta versão. Finalmente, registramos nosso reconhecimento pelo
apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e da Editora da UFPR.

OS AUTORES
Curitiba, outubro de 1996.

vi
NOTA EXPLICATIVA

Este Manual foi elaborado segundo as normas da IUPAC (International Union of


1
Pure and Applied Chemistry) para o uso de Unidades e Quantidades em Química. No
espírito desta atualização, todos os textos incorporam a definição de mol como
unidade da grandeza quantidade de matéria, do Sistema Internacional de Unidades
(SI). O uso obsoleto do termo mol como “peso molecular expresso em gramas” é
abandonado, assim como o próprio emprego incorreto da palavra peso ao invés de
massa nas definições de massa atômica, massa molecular e massa molar.
Uma das formas mais usuais de expressão da concentração de soluções,
conhecida como molaridade, é redefinida como concentração em quantidade de
matéria ou simplesmente concentração, e expressa em mols de soluto por litro de
solução (abreviatura: mol/L). O emprego do termo molar restringe-se ao seu significado
correto – por mol – como nas expressões massa molar, volume molar, entropia
molar, energia molar, etc. Assim, molar não é usado aqui para significar “mol por
litro”, como na antiga definição de molaridade.
O uso da normalidade na expressão de concentrações é abandonado neste
Manual, como vem sendo em várias partes do país e no exterior, por não enfatizar a
relação estequiométrica entre reagentes e produtos na transformação química. Todos
os cálculos químicos antes associados às definições de equivalente-grama e número
de equivalentes (como aqueles relacionados com titulações) passaram a ser
desenvolvidos com base nas equações balanceadas e nas definições de massa molar
e quantidade de matéria.
Finalmente, adota-se aqui o símbolo L para litro. De acordo com a 16a CGPM
(Conferência Geral de Pesos e Medidas), realizada em 1979, ambos os símbolos, l ou
L, podem ser utilizados. Neste Manual optou-se por utilizar L para litro porque esta
escolha evita o risco de confusão, infelizmente frequente, entre o número 1, a letra ele
minúscula e o símbolo de litro.
O leitor tem à sua disposição várias fontes bibliográficas que apresentam e
discutem as modificações de nomenclatura e usos adotadas neste Manual.2-8 Algumas
referências são apresentadas abaixo; outras podem ser obtidas por solicitação aos
autores dos diversos artigos e livros.

vii
Referências

1 MILLS, I.; CUITAS, T.; HOMANN, K.; KOLLAY, N. IUPAC’s Quantities, Units and
Symbols in Physical Chemistry. Oxford : Blackwell, 1988.
2 INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial. SI : Sistema Internacional de Unidades. 3. ed. Duque de Caxias
(RJ) : INMETRO, 1984. 72 p.
3 ROCHA-FILHO, R.C. Grandezas e Unidades de Medida : o Sistema
Internacional de Unidades. São Paulo : Ática, 1988. 88 p.
4 ROCHA FILHO, Romeu Cardozo; SILVA, Roberto Ribeiro da. Introdução aos
Cálculos da Química. São Paulo : McGraw-Hill do Brasil, 1992. p. 51-57.
5 RUSSEL, John B. Química geral. 2. ed. v. 1. Coordenação por Maria Elizabeth
Brotto; tradução e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo : Makron
Books, 1994. p. 506.
6 SILVA, Roberto Ribeiro da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu Cardozo.
Introdução à Química Experimental. São Paulo : McGraw-Hill do Brasil, 1990.
p. 52-54, 68-69.
7 SILVA, Roberto R. da; ROCHA-FILHO, Romeu C. Mol : uma nova terminologia.
Química Nova na Escola, n. 1, p. 12-14, 1995.
8 ROCHA-FILHO, R.C.; SILVA, R.R. Sobre o uso correto de certas grandezas em
Química. Química Nova, v.14, n. 4, p. 300-305, 1991.

viii
NORMAS DE PROCEDIMENTO E SEGURANÇA NO LABORATÓRIO

Os laboratórios de Química são locais onde materiais inflamáveis ou tóxicos são


usualmente manuseados. Esta característica requer uma atenção especial e um
comportamento adequado, para reduzir ao mínimo o risco de acidentes.
O descuido e a ignorância de perigos possíveis são as causas principais de
acidentes em laboratório. Por isso, você deve ler com atenção as instruções abaixo e
NÃO DEVE JAMAIS BRINCAR EM SERVIÇO.

1. Só entrar no laboratório depois de vestir o guarda-pó e de colocar os óculos de


segurança. Além disso, não trabalhar sozinho: é conveniente fazê-lo sempre na
presença de outra pessoa.
2. Não fumar, não comer e não beber dentro do laboratório.
3. Ouvir com muita atenção as instruções do professor ou do seu auxiliar.
4. Pedir autorização ao professor se quiser modificar o procedimento previsto para a
execução de qualquer experiência.
5. Ao ligar qualquer aparelho, verificar se a voltagem da rede corresponde à indicada na
etiqueta do aparelho.
6. Não ligar ou desligar um interruptor elétrico sem verificar quais as instalações que se
relacionam, direta ou indiretamente, com esse interruptor.
7. Não provar reagentes, quaisquer que sejam, a não ser por ordem direta do professor.
8. Não inalar gases ou vapores sem certificar-se de que não são tóxicos. Mesmo assim,
ter o cuidado de trazer até o nariz, com a mão, pequenas porções do ar em volta do
frasco.
9. Reações que liberam gases devem ser realizadas na câmara de exaustão (capela).
10. Evitar o contato de qualquer substância com a pele. Evitar também o uso de material
com defeito, principalmente vidraria.
11. O material molhado com reativos, especialmente as pipetas, não deve ser sacudido
fora da pia.
2

12. Ao aquecer substâncias ou soluções em tubos de ensaio, não virar a boca do tubo em
sua direção ou na de outra pessoa. Não aquecer bruscamente nenhum sólido ou
líquido. Jamais aquecer sistemas completamente fechados.
13. Manter a cabeça e as roupas afastadas da chama. Diminuir a chama do bico de
Bunsen quando interromper o seu uso.
14. Não trabalhar com substâncias inflamáveis perto da chama. Exemplos de inflamáveis:
álcoois, éteres, cetonas, hidrocarbonetos.
15. Manusear com cuidado vidraria ou peças metálicas aquecidas. Lembrar-se de que
materiais quentes e frios possuem geralmente a mesma aparência.
16. Não pipetar com a boca substâncias tóxicas ou corrosivas. Utilizar aparelhos de
sucção apropriados para esta finalidade.
17. Ao diluir uma solução concentrada de ácido ou dissolver uma base, adicioná-lo(a)
lentamente à água, com agitação. Usar resfriamento, se necessário.
18. Ao adaptar rolhas ou tubos de borracha à vidraria, umedecer a peça de vidro e enrolá-
la em uma toalha para proteger as mãos.
19. Evitar fazer montagens instáveis de aparelhos, tais como as que utilizam suportes
como caixas ou livros. Usar garras, anéis, mufas e suportes metálicos apropriados
para cada situação.
20. Utilizar provetas, pipetas e buretas de volume adequado à quantidade de líquido que
se pretende medir.
21. Ao fazer vácuo, utilizar recipientes capazes de suportar o abaixamento de pressão
(frascos kitasato).
22. Rotular a pisseta corretamente quando utilizá-la para conter líquidos diferentes de
água destilada. Rotular de forma adequada os frascos destinados a conter reativos
recém-preparados.
23. Proteger os rótulos dos frascos de reagentes, evitando escorrer líquidos em sua
superfície.
24. Não devolver sobras de reagentes aos frascos de origem sem consulta prévia ao
professor.
25. Recolocar a tampa dos frascos ao interromper o seu uso, para evitar contaminação ou
perdas por volatilização. Não utilizar a mesma pipeta para soluções diferentes.
26. Não jogar detritos na pia ou nos ralos. Utilizar para isso as lixeiras existentes no
laboratório. Observar quais lixeiras estão destinadas a conter vidros quebrados.
3

27. Só descartar sobras de reagentes na pia quando tal procedimento for autorizado pelo
professor. Caso contrário, utilizar os frascos de descarte identificados para cada tipo
de resíduo.
28. Minimizar as sobras de reagentes pelo uso das quantidades indicadas no roteiro de
cada aula.
29. Antes de deixar o laboratório, lavar a vidraria utilizada, limpar a mesa de trabalho e
lavar bem as mãos.
30. Ao retirar-se do laboratório, verificar se todos os aparelhos estão desligados e se não
há torneiras abertas (água e gás).

SE OCORRER ALGUM ACIDENTE, CHAMAR O PROFESSOR IMEDIATAMENTE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MILAGRES, Benjamin Gonçalves et al. Química Geral: práticas fundamentais. Viçosa :


Imprensa Universitária, 1986. p. 1-5, 11-20.
NASCIMENTO, Aguinaldo J. do et al. Bioquímica Vegetal. Curitiba : [s.n.], 1980. p. 1-4.
(Série didática n. 23).
PEQ-Projetos de ensino de química. GIESBRECHT, Ernesto (Coord.). Experiências de
Química: técnicas e conceitos básicos. Sao Paulo : Moderna, 1982. p. 3-4, 6-14.
SILVA, Roberto Ribeiro da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu Cardozo.
Introdução à Química Experimental. Rio de Janeiro : McGraw-Hill, 1990. p. 1-15, 19,
101.
EQUIPAMENTO BÁSICO DE LABORATÓRIO

A execução de tarefas num laboratório de Química envolve geralmente o emprego


de uma variedade de equipamentos. Estes devem ser utilizados de modo adequado, não
somente para possibilitar a obtenção de resultados confiáveis, mas também para evitar
danos pessoais e materiais.
A escolha de um determinado aparelho ou material de laboratório depende dos
objetivos e das condições em que o experimento será executado. Na maioria dos casos,
entretanto, a seguinte associação entre equipamento e finalidade pode ser feita:

1. Material de vidro

Balão de fundo chato ou de Florence

Utilizado no armazenamento e no
aquecimento de líquidos, bem como em
reações que se processam com
desprendimento de gás. Deve ser aquecido
sobre a tela de amianto.

Balão de fundo redondo

Muito usado em destilações para a colocação


do líquido a ser destilado ou para a coleta do
líquido após a condensação do vapor. Nas
versões mais modernas apresenta junta es-
merilhada de diâmetro padronizado (A). Pode
apresentar-se também na forma de balão de

(A) destilação (B), que possui um gargalo longo

(B) e uma saída lateral adaptável ao


condensador.
5

Balão volumétrico

Recipiente TC (do inglês “to contain”) calibrado, destinado a


conter um volume preciso de líquido a uma dada temperatura.
É utilizado no preparo e na diluição de soluções de concentra-
ção definida (soluções-padrão). Os volumes nominais dos ba-
lões volumétricos (especificados pelo fabricante) são
o
geralmen-te medidos a 20 C. No caso de medidas precisas
fora desta temperatura, recomenda-se que o volume real do
equipamento seja determinado por aferição. O mesmo
procedimento deve ser adotado com outros aparelhos
volumétricos, como as pipetas.

Bastão de vidro

Usado na transferência de líquidos e na dissolução de sólidos.


Quando envolvido em uma das extremidades por um tipo de
látex, é chamado de “policial” e é empregado na remoção
quantitativa de precipitados.

Béquer

Recipiente com ou sem graduação, de forma alta (copo de


Berzelius) ou baixa (copo de Griffin). Usado no preparo de
soluções, na pesagem de sólidos e no aquecimento de
líquidos, bem como em reações de precipitação e em
recristalizações.
Forma alta
6

Da mesma forma que o frasco Erlenmeyer, o béquer não


deve ser usado na medida precisa de volumes de líquidos,
pois não é calibrado para este fim. É frequentemente
confeccionado em vidro pirex (resistente a temperaturas
elevadas); apesar disso, é sensível a variações bruscas de
Forma baixa temperatura. Pode ser aquecido sobre a tela de amianto.

Bureta

Equipamento TD (do inglês “to deliver”), calibrado para


permitir o escoamento de volumes precisos de líquidos. É
muito utilizada em titulações, pois a torneira (na sua parte
inferior) permite o controle da vazão do líquido. Buretas e
microburetas de capacidades nominais variadas são
encontradas no comércio. As buretas automáticas possuem
dispositivos capazes de abastecê-las automaticamente, evi-
tando a contaminação do titulante com CO2 do ar.

Condensador

Equipamento destinado à condensação de vapores. É


utilizado em destilações e no aquecimento de líquidos sob
refluxo. Os condensadores mais comuns são:

(a) condensador de tubo reto: apresenta uma superfície


de condensação pequena e por isso não é apropriado
para o resfriamento de líquidos de ponto de ebulição
baixo.
(a)
7

(b) condensador de serpentina: proporciona uma


superfície de condensação maior e é usado
principalmente no resfriamento de vapores de ponto
de ebulição baixo.

(b)

(c) condensador de bolas: empregado em refluxos.


Contribui para que os vapores do solvente sejam
condensados e retornem ao balão de origem.

(c)

Cuba de vidro ou cristalizador

Recipiente geralmente utilizado em recristali-


zações conduzidas em larga escala. É
empregado também para conter líquidos usados
em aplicações diversas.
8

Dessecador

Usado no armazenamento de substâncias que


devem ser mantidas sob pressão reduzida ou em
condições de umidade baixa.

Frasco Erlenmeyer

Recipiente utilizado na análise titulométrica, no


aquecimento de líquidos e na dissolução de
sólidos. A sua forma cônica torna-o apropriado
para conter líquidos durante reações conduzidas
sob agitação.

Frasco Kitasato

Frasco cônico de paredes reforçadas e munido de


saída lateral. É usado em filtrações sob sucção (ou
pressão reduzida), acoplado a uma trompa d’água
ou bomba de vácuo.
9

Frascos para reativos

São encontrados em vários tamanhos e podem


ser incolores ou de cor âmbar. Estes últimos são
empregados no armazenamento de reativos e de
substâncias fotossensíveis.

Funil de separação

Peça de vidraria utilizada em extrações líquido-


líquido, na decantação e separação de líquidos
imiscíveis e na adição gradativa de reagentes
líquidos durante reações químicas.

Funil simples

Empregado na transferência de líquidos e em


filtrações simples, com o uso de papel de filtro
adequado.
10

Pipeta

Instrumento TD ou TC calibrado para a medida


precisa de volumes e para a transferência de
líquidos a uma dada temperatura. Há basicamente
dois tipos de pipetas: as graduadas (A) e as
volumétricas ou de transferência (B). As primeiras
são usadas para medir e escoar volumes variáveis
de líquidos, enquanto as volumétricas são
utilizadas para transferir, com precisão, volumes
fixos de líquidos.

(A) (B)

Proveta ou cilindro graduado

Frasco destinado a medidas aproximadas de


volume. Provetas TD e TC com volumes nominais
variados são encontradas no comércio.
11

Termômetro

Instrumento empregado na medida de


temperatura. A escolha de um termômetro
depende principalmente da faixa de temperatura
de interesse.

Tubo de ensaio

Utilizado geralmente para conter misturas de


reação em pequena escala, assim como em
ensaios de precipitação, cristalização e
solubilidade. Pode ser aquecido diretamente
sobre a chama do bico de gás, desde que
sejam tomadas precauções para evitar a
projeção de líquidos e sólidos do seu interior.

Vidro de relógio

Empregado no recolhimento de sublimados, na


pesagem de sólidos, em evaporações e na secagem
de sólidos não-higroscópicos.
12

2. Material de porcelana

Almofariz e pistilo

Destinados à pulverização de sólidos e à maceração


de amostras que devem ser submetidas a extração.
Podem ser feitos também de ágata, vidro ou metal.

Cadinho

Usado na secagem, no aquecimento e na calcinação


de substâncias. Pode ser feito de porcelana, metal
ou teflon.

Cápsula

Usada na evaporação de soluções, na sublimação e


secagem de sólidos e na preparação de misturas.
13

Espátula

Destinada à transferência de substâncias sólidas,


especialmente em pesagens. Pode ser fabricada em
aço inoxidável, porcelana ou plástico.

Funil de Büchner

Utilizado em filtrações por sucção (ou sob pressão


reduzida), devendo ser acoplado a um frasco
Kitasato.

Triângulo de porcelana

Quando colocado sobre o tripé metálico, serve como


suporte para o aquecimento de sólidos contidos em
cadinhos.

3. Material metálico

Bico de gás

Fonte de calor destinada ao aquecimento de


materiais não-inflamáveis. A chama do bico de gás
o
pode atingir temperaturas de até 1500 C.
14

Existem vários tipos de bicos de gás (ver figura), mas


todos obedecem ao mesmo princípio de
funcionamento: o gás combustível é introduzido
numa haste vertical, em cuja parte inferior há uma
entrada de ar para suprimento de oxigênio
(comburente). O gás combustível é queimado no
extremo superior da haste. Tanto a vazão do gás
quanto a entrada de ar podem ser controladas de
forma conveniente. Os tipos mais comuns de bicos
de gás são:
(a) bico de Bunsen
(b) bico de Tirril
(c) bico de Mecker.

Pinças

As pinças de Mohr (A) e de Hoffmann (B) têm por


finalidade impedir ou reduzir o fluxo de líquidos ou de
gases através de tubos flexíveis. Já a pinça
representada em (C) é muito empregada para
segurar objetos aquecidos, especialmente cadinhos.

Tela de amianto

Tela metálica, contendo amianto, utilizada para


distribuir uniformemente o calor durante o
aquecimento de recipientes de vidro ou metal
expostos à chama do bico de gás ou colocados
sobre chapas de aquecimento.
15

Tripé

Usado geralmente como suporte para telas de


amianto e triângulos de porcelana.

4. Material metálico usado em montagens

Argola ou anel

Empregada como suporte para funis simples, funis de


separação e telas de amianto.

Garras

São feitas de alumínio ou ferro e ligam-se ao suporte


universal por meio de mufas. Destinam-se à
sustentação de utensílios como buretas,
condensadores, frascos Kitasato e balões de fundo
Garras com mufa
redondo.

Mufa

Adaptador de ferro ou alumínio com parafusos nas


extremidades, utilizado para a fixação de garras e
argolas metálicas ao suporte universal.
16

Suporte universal

Serve para sustentar equipamentos em geral.

5. Materiais diversos

Balança analítica

Instrumento utilizado para determinações de massa.


As balanças analíticas podem ser classificadas em
duas categorias:
(a) balança de braços iguais: efetua a pesagem
através da comparação direta entre as massas
conhecidas e a massa da amostra. Foi
largamente utilizada até a década de 50, sendo
posteriormente substituída pela balança
analítica de prato único.
(b) balança de prato único: possui um contrapeso
que balanceia as massas conhecidas e o prato
(ver figura). Um objeto é pesado através da
remoção de massas conhecidas até que o
equilíbrio com o contrapeso seja restabelecido.
Deste modo, a massa desconhecida é igual à
soma das massas removidas.
17

Banho-maria

Equipamento utilizado para aquecimento e


incubação de amostras líquidas. Mantém
aproximadamente constantes temperaturas de
até 100oC.

Centrífuga

Instrumento que serve para acelerar a


sedimentação de sólidos suspensos em
líquidos. É empregado também na separação
de emulsões.

Estufa

Equipamento empregado na secagem de


materiais por aquecimento. Atinge temperaturas
o
de até 200 C.
18

Manta elétrica

Utilizada no aquecimento de líquidos contidos em


balões de fundo redondo. É confeccionada em
diversos tamanhos. Em geral deve ser conectada
a um dispositivo externo de controle de corrente
elétrica (reostato).

Mufla ou forno

Utilizada na calcinação de substâncias. Atinge, em


o
geral, temperaturas na faixa de 1000 a 1500 C.

Pinça de madeira

Utilizada para segurar tubos de ensaio submetidos


a aquecimento.
19

Pisseta ou frasco lavador

Frasco próprio para armazenamento de


pequenas quantidades de água destilada, álcool
ou outros solventes. É usado na lavagem de
recipientes ou precipitados. Deve ser rotulado
claramente ou confeccionado em cor ou forma
diferentes quando usado para conter líquidos
inflamáveis.

Trompa d’água

Dispositivo utilizado para aspirar o ar e reduzir a


pressão no interior de um frasco. É empregado
em filtrações por sucção, sendo geralmente
conectado a um frasco Kitasato.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MILAGRES, Benjamin Gonçalves et al. Química Geral: práticas fundamentais. Viçosa :


Imprensa Universitária, 1986. p. 1-5, 11-20.
NASCIMENTO, Aguinaldo J. do et al. Bioquímica Vegetal. Curitiba : [s.n.], 1980. p. 1-4.
(Série didática n. 23).
PEQ-Projetos de ensino de química. GIESBRECHT, Ernesto (Coord.). Experiências de
Química: técnicas e conceitos básicos. Sao Paulo : Moderna, 1982. p. 3-4, 6-14.
SILVA, Roberto Ribeiro da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu Cardozo.
Introdução à Química Experimental. Rio de Janeiro : McGraw-Hill, 1990. p. 1-15, 19,
101.
SOFTSHELL INTERNATIONAL. Laboratory Glassware 1.0 for ChemWindow 3.1.3. Grand
Junction (CO), 1994.
ERROS E TRATAMENTO DE DADOS OBTIDOS EXPERIMENTALMENTE

O processo de medida geralmente envolve uma operação, ou uma sequência de


operações, através das quais um observador atribui um valor numérico a uma grandeza
física, valendo-se de instrumentos específicos e considerando um determinado sistema de
referência. Todas as medidas físicas possuem um grau de erro ou incerteza, introduzido
pelas limitações inerentes ao observador, ao método e/ou ao instrumento utilizado.
Quando se faz uma medida, procura-se eliminar as fontes de erro e minimizar esta
incerteza, para garantir a confiabilidade necessária ao resultado obtido.

1. Definições

1.1. Erro absoluto: é a diferença entre o valor exato (ou verdadeiro) da grandeza
física e o seu valor determinado experimentalmente.

Eabs = X - Xv , onde:

Eabs = erro absoluto


X = valor medido
Xv = valor verdadeiro da grandeza.

É preciso considerar que, em diversas situações, o valor exato da grandeza não é


conhecido. Nesses casos, adota-se o seu valor mais provável ou mais representativo,
estimado através da média aritmética ou da mediana do conjunto de medidas realizadas.

1.2. Erro relativo (Erel): expressa a incerteza da determinação como uma fração da
quantidade medida, sendo calculado através da relação:

Erel = Eabs / Xv
21

O erro relativo é adimensional e é frequentemente expresso em partes por cem:

Erel percentual = Erel (%) = (Eabs/Xv) x 100

ou em partes por mil.

Exemplo: Uma certa amostra possui um teor exato de ferro igual a 65,80 g de Fe/100 g
de amostra. Numa análise, o teor obtido foi igual a 66,10% (m/m). Calcular o
erro absoluto e o erro relativo dessa determinação.
Resolução:

Eabs = 66,10g - 65,80g = 0,30g de Fe/100g de amostra

+ 0,30g de Fe / 100g de amostra


Erel percentual = x 100
65,80g de Fe / 100g de amostra

As unidades iguais se cancelam e,

Erel percentual = +0,45% = 0,45 partes em cem ou 4,5 partes em mil

1.3. Precisão: A precisão de uma determinação está relacionada com a concordância


entre as diversas medidas de uma mesma quantidade
(reprodutibilidade). Assim, quanto menor for a dispersão dos valores
obtidos, mais precisa será a determinação.

1.4. Exatidão: A exatidão de uma medida tem relação com o seu erro absoluto, ou
seja, com a proximidade entre o valor medido e o valor verdadeiro da
grandeza. A exatidão pode ser alcançada através da eliminação dos
erros e do aumento da precisão.

Exemplo: Considere que um objeto teve sua massa determinada oito vezes numa
balança de centigramas, com os seguintes resultados (o valor "± 0,01g"
refere-se à incerteza associada ao emprego da balança de centigramas):
22

14,22 ± 0,01 g 14,20 ± 0,01 g 14,21 ± 0,01g


14,20 ± 0,01 g 14,21 ± 0,01 g 14,21 ± 0,01g
14,20 ± 0,01 g 14,22 ± 0,01 g

Esta determinação pode ser considerada precisa, uma vez que há pequena
diferença entre os resultados individuais.
Considere agora que a massa verdadeira do objeto é igual a 14,22 g. De posse
desta informação, pode-se afirmar que a determinação realizada é exata, além de precisa,
pois os valores encontrados diferem pouco do valor verdadeiro da grandeza.

2. Classificação dos erros de medida

Os diversos erros inerentes ao processo de medida podem ser classificados em


três grandes grupos:

2.1. Erros grosseiros

São erros cometidos pelo observador na manipulação da amostra ou do


equipamento. São causados por descuido, falta de habilidade manual ou de capacidade
técnica do observador. Podem ser citados como erros grosseiros: derramar por
negligência líquidos ou sólidos dos frascos que os contêm; usar equipamento volumétrico
sujo; lavar em excesso ou insuficientemente um precipitado; deixar de calibrar o
instrumento, por exemplo o potenciômetro, antes do uso; utilizar cubetas sem eliminar
manchas de gordura provenientes da manipulação; segurar sem luvas ou pinça um objeto
a ser pesado com precisão, entre outros. Os erros grosseiros podem ser evitados através
do treinamento do observador.

2.2. Erros sistemáticos

Afetam os resultados obtidos de forma constante, tornando-os sistematicamente


maiores ou menores que o valor mais provável da grandeza. Estão relacionados com as
imperfeições dos instrumentos de observação, do método e dos reagentes utilizados.
São fontes desse tipo de erro, por exemplo, a existência de aparelhos volumétricos
mal calibrados ou o seu uso fora das condições de calibração; a presença de impurezas
nos reagentes; o emprego de padrões de concentração incorreta; o desvio permanente da
23

leitura de um instrumento e determinados hábitos do observador, como a interrupção de


uma titulação pouco antes ou depois da viragem correta do indicador. Os erros
sistemáticos podem ser detectados pela comparação dos dados obtidos por diferentes
observadores ou através de diferentes instrumentos do mesmo tipo.

2.3. Erros aleatórios

Devem-se a mudanças que ocorrem sem regularidade nas condições de medida,


causadas por exemplo por flutuações na corrente ou na diferença de potencial elétrico,
vibrações mecânicas, correntes de ar e interferências eletromagnéticas. A ocorrência
desse tipo de erro não pode ser prevista e frequentemente não pode ser controlada pelo
observador. Entretanto, admite-se que os erros aleatórios sigam a Lei da Distribuição
Normal ou Distribuição de Gauss, podendo portanto ser submetidos a tratamento
estatístico para a determinação do valor mais provável a partir de uma série de medidas.

3. Indicação do erro de uma medida

3.1. Através da limitação do instrumento

Não é difícil avaliar a precisão de uma medida, quando se conhece as


características do instrumento utilizado para realizá-la. Uma vez que todo trabalho
experimental deve ter seus resultados expressos corretamente, é importante especificar a
incerteza associada ao uso de cada aparelho. Por exemplo, quando se determina a
massa de uma agulha numa balança de decigramas, o resultado deve ser indicado como:

massa da agulha = mag = 0,4 ± 0,1g

O mesmo procedimento, levado a cabo numa balança analítica, forneceria o


seguinte resultado:

mag = 0,3772 ± 0,0001g

Os valores "± 0,1 g" e "± 0,0001 g" são frequentemente denominados erros
absolutos de medida e são estimativas da limitação da precisão de cada aparelho. Tais
estimativas podem ser expressas também como erros relativos.
24

Exemplo: Quando se realiza uma titulação, é preciso fazer um ajustamento inicial da


bureta e uma leitura do volume de titulante consumido, estando ambas as
operações sujeitas a um erro de 0,01 mL, no caso de buretas graduadas em
0,1 mL. Além disso, é preciso considerar o erro de escoamento, que
representa aproximadamente 0,02 mL. Portanto, o erro absoluto cometido na
titulação, apenas pelo uso da bureta, pode chegar a 0,04 mL. Determine o
volume mínimo de titulante que deverá ser consumido para que esse erro
absoluto não venha a significar um erro relativo maior do que 0,1%.

Resolução:

Erro absoluto associado ao uso da bureta na titulação = 0,04 mL


Erro relativo máximo = 0,1% = 0,001

Erel (máximo) = Eabs / Volume mínimo

Volume mínimo = Eabs / Erel máximo = 0,04 mL/ 0,001 = 4 x 101 mL

3.2. Através do número de algarismos significativos do resultado

O método dos algarismos significativos fornece uma quantidade de informações


menor do que a abordagem anterior, sendo entretanto conveniente em diversas
situações. Seu uso é bastante difundido, em função da sua relativa simplicidade.
Entende-se por algarismo significativo, na expressão de um resultado
aproximado, "cada um dos algarismos que, a começar do primeiro algarismo diferente de
zero à esquerda da vírgula, está isento de erro, ou tem um erro máximo igual a meia
unidade de sua ordem decimal, por falta ou por excesso".
Por exemplo, para a agulha cuja massa foi determinada na balança analítica (mag =
0,3772 ± 0,0001 g), o resultado obtido seria escrito simplesmente com quatro algarismos
significativos, da seguinte forma:
25

algarismos corretos

mag = 0, 3 7 7 2 g algarismo incerto

primeiro algarismo à esquerda,


diferente de zero

Por definição, dos quatro algarismos significativos utilizados, apenas o último é


incerto. É importante observar que, através desse método, não é possível especificar de
quanto é incerto o último algarismo, como se fazia no método anterior. Isso porque os
valores:
0,3772 ± 0,0002 g
0,3772 ± 0,0003 g
0,3772 ± 0,0004 g

também seriam indicados como 0,3772 g, que deve ser entendido apenas como um
resultado em que a incerteza recai no décimo de miligrama.
Ainda de acordo com a definição, o número de algarismos significativos de um
resultado não depende da posição da vírgula eventualmente presente, pois os zeros que
só indicam a ordem de grandeza do número não são considerados algarismos
significativos. Dessa forma, os números:

0,0003772 0,03772 0,3772


3,772 37,72 377,2

possuem todos quatro algarismos significativos. Já os resultados:

3772,0 37720 30772

possuem cinco algarismos significativos.


Quando o resultado de um cálculo possui muitos algarismos e deve ser expresso
com um número pequeno de algarismos significativos, recorre-se à notação exponencial
ou científica. Exemplo:
26

Cálculo realizado: 37000000 : 10 = 3700000

dois algarismos significativos


oito algarismos significativos

O número de algarismos significativos do divisor limita a precisão do resultado a


apenas dois algarismos significativos. Assim, em notação científica (ou notação
exponencial):
6
37000000 : 10 = 3,7 x 10

Na notação exponencial, recomenda-se adotar apenas um algarismo significativo,


diferente de zero, à esquerda da vírgula.

Observação importante:

Somente valores medidos experimentalmente (ou seja, valores que contêm


incertezas de medida) limitam a precisão dos resultados de cálculos. Valores numéricos
exatos (como proporções estequiométricas, concentrações esperadas, número de
repetições de uma medida, etc) contêm um número infinito de algarismos
significativos e portanto não limitam a precisão de um resultado.

Exemplo: Uma equipe de quatro estudantes de Química Geral preparou uma solução
de ácido sulfúrico e determinou a sua concentração verdadeira por titulação
ácido-base, obtendo os seguintes resultados:
0,104 mol de H2SO4 / L 0,101 mol/L
0,109 mol/L 0,105 mol/L
Calcular a concentração média da solução preparada.

Resolução:

Creal =
∑ Valores determinados experimentalmente
No de medidas realizadas
27

Creal = (0,104 + 0,101 + 0,109 + 0,105) / 4

número exato (não limita a precisão do


resultado calculado)
valores determinados experimentalmente

Portanto, Creal = 0,105 mol/L

4. Regras para operações matemáticas com algarismos significativos

4.1. Adição e Subtração:

O número de "casas decimais" do resultado calculado deverá ser igual ao número


de "casas decimais" da parcela de menor precisão.

Exemplo: A partir de 10,0g de folhas de erva-mate (pesadas numa balança de


decigramas), foram extraídos 0,1165g de cafeína, um alcalóide estimulante
dos sistemas cardíaco, respiratório e nervoso central. A massa de cafeína foi
determinada com auxílio de uma balança analítica (precisão de ± 0,0001g).
Calcular a diferença entre a massa total e a massa do material extraído,
considerando o número correto de algarismos significativos.

Resolução:
10,0 - 0,1165 = 9,8835 ≈ 9,9 g
Resposta: A diferença é igual a 9,9 g.

4.2. Multiplicação e Divisão:

O resultado calculado deverá conter o mesmo número de algarismos significativos


do componente de menor precisão (ou no máximo um algarismo a mais).

Observação: Não se pode melhorar a precisão de uma medida simplesmente efetuando


operações matemáticas. Por esse motivo, a regra apresentada acima é
apenas indicativa, devendo prevalecer o bom senso na apresentação de
resultados calculados.
28

Exemplo: Na neutralização completa de 20,00 mL de uma solução de hidróxido de


bário foram gastos 31,25 mL de solução 0,105 mol/L de ácido clorídrico.
Calcular a concentração em quantidade de matéria da solução de hidróxido
de bário.

Resolução:
Ba(OH)2(aq) + 2HCl(aq) → BaCl2(aq) + 2H2O(l)

Quantidade de matéria de HCl gasto na reação:

nHCl = 0,105 mol/L x 0,03125 L = 3,28 x 10-3 mol HCl

Pela estequiometria da reação, 2 mols de HCl reagem com 1 mol de Ba(OH)2:


2 mols de HCl ------------- 1 mol de Ba(OH)2
-3
3,28 x 10 mol HCl ------------- n (Ba(OH)2)

n (Ba(OH)2) = 3,28 x 10-3 mol / 2 = 1,64 x 10-3 mol de Ba(OH)2

Concentração da solução de Ba(OH)2 ⇒ C = n/V = 1,64 x 10-3 mol / 0,02000 L


C = 0,0820mol de Ba(OH)2 / litro de solução

Portanto, C = 0,0820 mol/L

5. Arredondamento de resultados numéricos

Em geral, os resultados de operações matemáticas apresentam um número de


algarismos significativos maior do que o permitido pela precisão das medidas. Neste caso,
as seguintes regras devem ser utilizadas no arredondamento para o número adequado
de algarismos significativos:

5.1. Quando o algarismo que se segue ao último dígito permitido é menor do que 5,
todos os algarismos desnecessários devem ser simplesmente descartados.

Exemplo: 123,529 arredondado para quatro algarismos significativos transforma-


se em 123,5.
29

5.2. Quando o algarismo que se segue ao último dígito permitido é maior do que 5, ou 5
seguido de outros dígitos, o último algarismo permitido é aumentado de uma
unidade e os algarismos desnecessários são descartados.

Exemplos: 123,529 arredondado para cinco algarismos significativos transforma-se


em 123,53.
123,529 arredondado para três algarismos significativos transforma-se
em 124.

5.3. Quando o algarismo que se segue ao último dígito a ser mantido é igual a 5 ou 5
seguido somente de zeros, existem duas possibilidades:

5.3.1. Se o último dígito a ser mantido for ímpar, ele é aumentado de uma unidade e o 5
desnecessário é descartado, bem como os eventuais zeros.

Exemplo: 123,5 ou 123,500 arredondados para três algarismos significativos


transformam-se ambos em 124.
5.3.2. Se o último dígito a ser mantido for par, ele é conservado sem alterações e o 5
desnecessário é descartado, bem como os eventuais zeros.

Exemplo: 122,5 ou 122,500 arredondados para três algarismos significativos


transformam-se ambos em 122.

6. Propagação de erros nos cálculos

Resultados finais de análise são frequentemente calculados a partir de diversos


valores medidos experimentalmente, cada um deles obtido com auxílio de um
instrumento diferente. Considere, a título de exemplo, um cálculo simples de densidade de
um corpo sólido, onde estão envolvidas duas quantidades medidas: a massa e o volume
do corpo:

Densidade absoluta = massa do corpo sólido / volume ocupado pelo corpo

De que maneira os erros inerentes às operações individuais de pesagem e determinação


de volume afetam o resultado final? Como os erros de medida se propagam nos cálculos?
30

Existem equações para o cálculo da propagação de erros nos mais variados tipos
de operações matemáticas. Consideraremos aqui apenas os casos mais simples, que são
geralmente suficientes para resolver problemas analíticos comuns. Uma discussão mais
aprofundada deste tema pode ser encontrada em livros de Química Analítica Quantitativa.

6.1. Quando o resultado final é calculado através de adição ou subtração

A incerteza no resultado é igual à soma dos erros absolutos das medidas.

Exemplo: No Laboratório de Síntese Orgânica, um estudante produziu fenolftaleína a


partir de anidrido ftálico e de fenol. O precipitado obtido na síntese foi coletado
por filtração, submetido a secagem em estufa e pesado numa balança de
centigramas, de acordo com os dados abaixo:

massa do recipiente com fenolftaleína: 5,42 ± 0,01 g


massa do recipiente vazio: 2,95 ± 0,01 g

Calcular o erro associado à determinação da massa do produto obtido.


Resolução: - 5,42 ± 0,01 g
2,95 ± 0,01 g
2,47 ± 0,02 g

Verificação: Menor resultado possível: [(5,42 - 0,01) - (2,95 + 0,01)] g =


(5,41 - 2,96) g = 2,45 g

0,02 g menor que a massa


calculada na resolução

Maior resultado possível: [(5,42 + 0,01) - (2,95 - 0,01)] g =


(5,43 - 2,94) g = 2,49 g

0,02 g maior que a massa


calculada na resolução
Conclusão: Os valores obtidos na verificação concordam com a notação:

massa da fenolftaleína = 2,47 ± 0,02 g


31

6.2. Quando o resultado final é calculado através de multiplicação ou divisão

A incerteza relativa do resultado final não pode ser menor que a incerteza do
número que possui a menor incerteza relativa. Por isso, a incerteza no resultado do
cálculo é igual à soma dos erros relativos das medidas.

Exemplo: Uma caloria é definida como a quantidade de calor necessária para elevar de
1°C a temperatura de 1g de água. Com base nesta informação, calcular a
quantidade de calor (Q), em calorias, absorvida por 150 ± 5g de água, quando
sua temperatura se eleva em 30,0 ± 0,2°C.

Resolução:
Quantidade de calor = Q = massa de água x variação de temperatura
Q = (150 ± 5)(30,0 ± 0,2)

Erros relativos percentuais:


5
Incerteza na medida de massa = x 100 = 3%
150
0,2
Incerteza na medida de temperatura = x 100 = 0,7%
30,0

Soma dos erros relativos = 3 + 0,7 = 3,7 ≈ 4%

Portanto, Q = (150 ± 5)(30,0 ± 0,2) = (4500 ± 4%) cal

Cálculo do erro absoluto: 4 partes -------- 100 partes


x -------- 4500 partes
x = 180 partes

Q = (4 500 ± 180) cal ⇔ Q = (4,5 ± 0,2) x 10 calorias


3
Assim,

algarismos incertos

Verificação: Menor resultado possível: Q = (150 - 5)(30,0 - 0,2) = 145 x 29,8 = 4321 cal
Maior resultado possível: Q = (150 + 5)(30,0 + 0,2) = 155 x 30,2 = 4681 cal
Diferença entre o resultado maior e o menor: 4681 - 4321 = 360 cal
Valor médio do resultado: Q = (4501 ± 180) cal
32

Portanto, os valores obtidos na verificação concordam com a notação:

Q = (4,5 ± 0,2) x 10 calorias


3

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Determinar a densidade absoluta (massa específica) de metais como chumbo,


cobre ou zinco.

Procedimento

Pesar as amostras sólidas fornecidas pelo professor, utilizando as balanças


disponíveis no laboratório. Expressar corretamente os valores obtidos, indicando o erro
associado à utilização da balança.

Observação: Utilizar luvas ou pinças na manipulação das peças metálicas submetidas à


pesagem.

Escolher uma proveta de volume total adequado ao tamanho das amostras sólidas
cuja densidade pretende-se determinar. Em seguida, colocar água na proveta até
aproximadamente a metade da sua capacidade total.
Introduzir a peça metálica previamente pesada na proveta, tomando o cuidado de
não espirrar água para fora da proveta, nem quebrar o fundo do instrumento de vidro.
Eliminar as bolhas de ar eventualmente presentes na superfície do metal ou do vidro,
através de leves batidas nas paredes da proveta.
Medir o volume de água deslocado pelo sólido, expressando-o corretamente e
considerando o erro inerente ao uso da proveta escolhida. Lembrar-se de que, quanto
mais esse volume aproximar-se do volume máximo da proveta, menor será o erro relativo
cometido.
Realizar as operações de pesagem e de medida de volume utilizando todas as
amostras recebidas. Anotar os resultados. Em seguida, lavar, secar e guardar a vidraria e
as amostras utilizadas.
33

Observação: O limite de erro de uma balança é igual à sua menor divisão (seu fundo
de escala); o limite de erro de uma proveta é igual à metade da menor
divisão da escala.

Interpretação dos resultados e conclusão

Calcular a densidade absoluta das amostras sólidas através da relação:

Densidade absoluta = massa da amostra / volume ocupado pela amostra

sem esquecer a indicação do erro contido no resultado final de cada cálculo (propagação
de erros).
Determinar a média das densidades absolutas calculadas, indicando
também o erro (absoluto e relativo) contido na média final.
Se as amostras sólidas utilizadas forem de uma mesma substância, a
densidade do metal pode ser calculada através do coeficiente angular de uma reta que
expresse as diferentes massas em função dos volumes, como sugerem a equação e a
figura:
massa = (densidade) . (volume)

Equação da reta: y = a . x

Coeficiente angular da reta

∆ massa
Coeficiente angular = = densidade absoluta (g / cm 3 )
∆ volume

Comparar o valor da densidade obtida experimentalmente com os dados de


literatura fornecidos pelo professor.
34

Massa
(g)

∆ Massa
∆ Volume

Volume ( cm 3 )

Figura 1 - Determinação gráfica da densidade de metais

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Calcular a quantidade de matéria de ácido clorídrico (nHCl) presente nos seguintes


volumes de solução 0,0100 mol/L (considerar o número correto de algarismos
significativos):
a. 20,00 mL
b. 20,0 mL
c. 20 mL
d. 2 mL

2. a. Determinar a densidade de uma barra de chumbo que possui massa igual a 23,52
g e volume igual a 2,05 mL, considerando o número correto de algarismos
significativos.
b. Calcular os erros absoluto e relativo dessa determinação, sabendo que a
densidade absoluta do chumbo metálico, referida na literatura, é igual a 11,34
g/mL.

3. Considerar que a pesagem mencionada no exercício anterior foi realizada com


precisão igual a ± 0,01 g e que a precisão da medida de volume foi de ± 0,05 mL.
Através desses dados, determinar a incerteza associada ao algarismo duvidoso na
densidade calculada e comparar o resultado obtido com o do item 2.b.
35

4. Três corpos tiveram suas massas determinadas em balanças diferentes, de acordo


com a seguintes descrição: o corpo A pesou 9,3 g numa balança de decigramas, o
corpo B pesou 1,16 kg numa balança de pratos cuja precisão é de ± 1 g e o corpo C
pesou 5,2714 g em uma balança analítica.
a. Expressar corretamente os resultados das três determinações de massa,
considerando a precisão de cada aparelho utilizado.
b. Calcular a massa total dos três corpos pelo método dos algarismos significativos e
determinar a incerteza associada ao resultado.
c. Efetuar a operação:
[(massa do corpo B - massa do corpo A) ÷ massa do corpo C] e calcular a incerteza
no resultado final.

5. Quantas amostras de 10,0 mg cada podem ser preparadas a partir de


aproximadamente 1 kg de um sal cristalino?

6. a. Determinar o menor resultado possível para a subtração:


(23 ± 2) - (16 ± 4)
b. Calcular a incerteza na média aritmética das seguintes leituras, feitas num
instrumento de precisão de ± 0,005:
15,930 15,927 15,932
15,935 15,934 15,929

7. Expressar cada um dos seguintes números em notação científica:


a. 1250 ±1
b. 13.000.000 ±1.000.000
c. 80.129.000.000.000 ± 1.000.000.000
d. 317824 ± 1000
e. 28,91 ± 0,01
f. 0,0085 ± 0,0001
g. 16.100.000 ± 100.000

8. Mostrar que o erro percentual associado a uma medida de volume (numa proveta)
diminui quando o volume medido se aproxima da capacidade máxima do
instrumento.
36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACCAN, Nivaldo et al. Química Analítica Quantitativa Elementar. 2.ed.rev.ampl. São


Paulo : Edgard Blücher, Campinas: UNICAMP, 1985. p.3-10.
CHEMICAL EDUCATION MATERIAL STUDY. Química : uma ciência experimental. São
Paulo : Edart, 1967. v.1. p.215-219.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa.
2.ed.rev.aum. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1986. p.83.
GIESBRECHT, Ernesto (Coord.). Experiências de Química. São Paulo: Moderna, 1982.
p.29-34.
O'CONNOR, Rod. Fundamentos de Química. Tradução por Elia Tfouni; revisão por Abel
de Oliveira e Gerson Unger de Oliveira. São Paulo : Harper & Row, 1977. p.7-10.
SILVA, Roberto Ribeiro da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu Cardoso.
Introdução à Química Experimental. Rio de Janeiro : McGraw-Hill, 1990. p.16-33, 270-
272.
SOUZA, Nereu Jacintho Mello de (Ed.). Biofísica Geral e Experimental. 3.ed.rev.ampl.
Curitiba : Ed. Universitária Paranaense, 1990. p.23-26.
PREPARO DE SOLUÇÕES

Uma solução, no sentido amplo, é uma dispersão homogênea de duas ou mais


substâncias moleculares ou iônicas. No âmbito mais restrito, as dispersões que
apresentam as partículas do disperso (soluto) com um diâmetro inferior a 10 Å são
denominadas soluções. Quando este diâmetro situa-se entre 10 e 1000 Å, temos
dispersões coloidais. Exemplos de dispersões coloidais são gelatina, goma arábica,
dispersões de proteínas (como de albumina bovina), fumaça, entre outros. Quando as
partículas do disperso possuem diâmetro superior a 1000 Å, temos dispersões
grosseiras. Por exemplo, o "leite de magnésia" constitui uma dispersão grosseira de
partículas de hidróxido de magnésio (aglomerados de íons Mg2+ e OH-) em água.

Algumas características das soluções

Nas soluções, as partículas do soluto não se separam do solvente sob a ação


de ultracentrífugas, não são retidas por ultrafiltros e não são vistas através de
microscópios potentes. Os instrumentos citados conseguem separar, reter e visualizar
as partículas do soluto numa dispersão coloidal. Já na dispersão grosseira, as
partículas do soluto são separadas, retidas e visualizadas com auxílio de instrumentos
comuns. Portanto, numa solução, o soluto e o solvente constituem uma fase única e
toda mistura homogênea (aquela cujo aspecto é uniforme ponto a ponto) constitui uma
solução.

Classificação das soluções com relação à quantidade de soluto dissolvido

As soluções podem ser insaturadas, saturadas ou supersaturadas, de acordo


com a quantidade de soluto dissolvido. Para defini-las, é preciso lembrar que a
solubilidade de um soluto é a quantidade máxima da substância que pode dispersar-se
numa certa massa de solvente a uma dada temperatura.

Solução insaturada: contém, numa certa temperatura, uma quantidade de soluto


dissolvido menor que a sua solubilidade nesta temperatura.
Exemplo: a solubilidade do acetato de sódio é igual a 123,5g / 100g de água a 20oC.
Uma solução que contém 80 g desse sal dissolvidos em 100 g de água a
o
20 C é uma solução insaturada.
38

Solução saturada: contém, numa dada temperatura, uma quantidade de soluto


dissolvido igual à sua solubilidade nesta temperatura. Uma
solução saturada pode (ou não) apresentar corpo de fundo
(excesso de soluto precipitado).
o
Exemplo: 123,5 g de acetato de sódio em 100 g de água a 20 C.

Solução supersaturada: contém, numa dada temperatura, uma quantidade de soluto


dissolvido maior que a sua solubilidade nesta temperatura
(solução metaestável). Uma solução supersaturada pode
ser obtida por aquecimento de uma solução saturada com
corpo de fundo, seguido por resfriamento lento para evitar
a precipitação do excesso de soluto.
Exemplo: 124,0 g de acetato de sódio dissolvidos em 100 g de água a 20oC.

Classificação das soluções com relação ao estado físico

Soluções sólidas: o dispersante (solvente) é sempre sólido e o soluto pode ser sólido,
líquido ou gasoso.
Exemplos: prata de lei: o solvente é o cobre (Cu(s)) e o soluto é a prata (Ag(s)).
aço: o solvente é o ferro (Fe(s)) e o soluto é o carbono (C(s)).
oxigênio em platina: o solvente é a platina (Pt(s)) e o soluto é o dioxigênio
gasoso.

Soluções líquidas: o solvente é sempre líquido e o soluto pode ser sólido, líquido ou
gasoso.
Exemplos: salmoura: o solvente é a água e o soluto é o cloreto de sódio sólido.
vinagre: o solvente é a água e o soluto é o ácido acético líquido.
solução aquosa de oxigênio: o soluto é o oxigênio gasoso.

Soluções gasosas: o solvente e o soluto são gases.


Exemplo: o ar é uma mistura de muitos gases - oxigênio, gases nobres, vapor de água,
dióxido de carbono, entre outros - solubilizados em nitrogênio gasoso.
39

Expressão da concentração de soluções

A concentração de uma solução é a relação entre a quantidade do soluto e a


quantidade do solvente ou da solução. Uma vez que as quantidades de solvente e
soluto podem ser dadas em massa, volume ou quantidade de matéria, há diversas
formas de se expressar a concentração de soluções. As relações mais utilizadas são:

Concentração em gramas por litro

Esse termo é utilizado para indicar a relação entre a massa do soluto (m),
expressa em gramas, e o volume (V), da solução, em litros:

C (g/L) = m (g) / V (L)

Exercício: O hipoclorito de sódio, NaClO, produz uma solução alvejante quando


dissolvido em água. A massa de NaClO contida numa amostra de 5,00
mL de alvejante foi determinada como sendo igual a 150 mg. Qual é a
concentração (em gramas por litro) do hipoclorito de sódio nesta solução?
Resolução:
Dados: V = 5,00 mL = 0,00500 L
m = 0,150 g
C = 0,150 g / 0,00500 L

C = 30,0 g/L

Concentração em quantidade de matéria

É a relação entre a quantidade de matéria do soluto (nsoluto) e o volume da


solução (V), expresso em litros. No passado, esta unidade de concentração era
denominada molaridade ou concentração molar. Atualmente, por recomendação da
International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), o emprego desses termos
vem sendo evitado. Em seu uso correto, a palavra “molar” significa “por mol”, e não
“por litro”, como na definição da molaridade (ver Nota Explicativa nas páginas iniciais
deste Manual).
40

A quantidade de matéria do soluto (nsoluto, anteriormente chamada “número de


mols”) é a relação entre a massa do soluto (msoluto) e a sua massa molar (M, a massa
de 1,0 mol da substância), expressa em g / mol.

C (mol / L) = nsoluto / Vsolução (L)

Exercício: Qual é a concentração (em quantidade de matéria) da solução que


contém 9,8 g de ácido sulfúrico em água suficiente para 10,0 litros de
solução?
Resolução:
C (mol / L) = nsoluto / Vsolução (L)
n = massa do soluto (g) / massa molar do soluto (g mol-1)
-1
n = m / M = 9,8 g / 98,08 g mol

n = 0,10 mol

Portanto, C = 0,10 mol / 10,0 L

C = 1,0 x 10-2 mol H2SO4 / L

Molalidade

Esta relação é utilizada sempre que se pretende expressar concentrações


independentes da temperatura, pois é expressa em função da massa (e não do
volume) do solvente. A molalidade de uma solução (não confundir com molaridade) é
calculada como o quociente entre a quantidade de matéria do soluto (nsoluto, expressa
em mol) e a massa total do solvente (expressa em quilogramas, kg):

Molalidade = nsoluto / msolvente

Fração em mol

Muito utilizada em cálculos físico-químicos, a fração em mol (X) de um


componente A em solução (previamente denominada “fração molar”), é a razão da
41

quantidade de matéria do componente (ncomponente) pela quantidade de matéria total de


todas as substâncias presentes na solução (ntotal). Se os componentes da solução
forem denominados A, B, C, etc, pode-se escrever:

XA = nA / (nA + nB + nC + …)

Note-se que
XA + XB + XC + … = 1

Normalidade (N)

É a relação entre o número de equivalentes-grama do soluto e o volume da


solução, expresso em litros. No passado, esta unidade foi muito utilizada em cálculos
relacionados com titulações. Atualmente, o uso da normalidade não é recomendado
pela IUPAC, uma vez que esta unidade de concentração não enfatiza o conceito de
mol ou a estequiometria da reação química. Além disso, o valor numérico do
equivalente-grama de alguns compostos químicos (e portanto a normalidade da
solução que os contém) varia de acordo com a reação química em que a substância
(ou a solução) é utilizada.

Composição percentual (título)

Um método bastante usual de expressão da concentração baseia-se na


composição percentual da solução. Esta unidade de concentração relaciona a massa
(m) ou o volume (V) do soluto com a massa ou o volume do solvente ou da solução,
conduzindo a notações tais como:

10% (m/m); 10% (m/V) ou 10% (V/V).

A relação m/m corresponde à base percentual mais usada na expressão da


concentração de soluções aquosas concentradas de ácidos inorgânicos (como o ácido
clorídrico, o ácido sulfúrico e o ácido nítrico).

Exemplos: 100 g de solução concentrada de HCl a 36% (m/m) contêm 36 g de


cloreto de hidrogênio e 64 g de água.
42

O ácido sulfúrico concentrado adquirido no comércio contém cerca de


98% (em massa) de soluto (H2SO4 líquido), ou seja, 100 g do ácido
comercial contêm 98 g de H2SO4 e 2 g de água.

Exercício: Calcule a massa de HCl contida numa amostra de 210 g de ácido


clorídrico concentrado de título igual a 37% (m/m).
Resolução:
37 g HCl ------------------- 100 g de solução concentrada
x ------------------- 210 g de solução concentrada

x = 78 g HCl

Observação: Os termos diluído e concentrado são apenas termos relativos. Uma


solução diluída contém somente uma fração do soluto contido numa
solução concentrada.
Exemplo: Uma solução a 3% (m/m) de ácido nítrico é diluída em comparação com
uma solução de HNO3 a 30% (em massa).

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivos:
Realizar cálculos envolvendo quantidades de soluto e de solvente
necessárias para o preparo de soluções de ácidos e bases fortes;
Utilizar vidraria apropriada para o preparo de soluções-padrão.

Procedimento

Preparação de 250,00 mL de solução de Hidróxido de Sódio 0,100 mol/L

Verificar inicialmente o grau de pureza da base (% m/m), no rótulo do frasco que


contém o hidróxido de sódio. De posse desta informação, calcular a massa de NaOH
necessária para preparar 250,00 mL de solução 0,100 mol/L.

ATENÇÃO: O hidróxido de sódio é uma substância altamente HIGROSCÓPICA. Por


isso, efetuar a pesagem do sólido rapidamente e manter o frasco
tampado.
43

Colocar a quantidade já pesada da base num béquer de 250 mL e dissolvê-la


em água destilada, usando um bastão de vidro para facilitar a dissolução. O volume de
água destilada utilizada deverá ser inferior a 250 mL.
Com auxílio de um funil simples, transferir quantitativamente a mistura para um
balão volumétrico de 250,00 mL. Completar o volume da solução com água destilada
até a marca de aferição do balão, tampar e agitar para a completa homogeneização.
Finalmente, colocar a solução recém-preparada num frasco limpo, seco e rotulado. O
rótulo do frasco deve conter a identificação da solução preparada e da equipe, além da
data de preparação.

Preparação de 250,00 mL de solução de Ácido Clorídrico 0,100 mol/L

Observar, no rótulo do frasco que contém a solução concentrada de HCl, a


densidade e a percentagem (m/m) do ácido na mistura. A partir desses dados, calcular
a massa de HCl necessária para preparar 250,00 mL de solução 0,100 mol/L e
determinar o volume da solução concentrada que contém essa massa.
Com auxílio de uma pipeta graduada ou bureta, medir o volume calculado e
transferi-lo para um béquer que já contenha uma pequena quantidade de água
destilada. Utilizar um bastão de vidro e um funil para transferir quantitativamente o
conteúdo do béquer para um balão volumétrico de 250,00 mL.
Completar o volume da solução com água destilada até a marca de aferição do
balão, tampar e agitar para a completa homogeneização. Guardar a solução preparada
num frasco limpo, seco e rotulado.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Observação: Considere o número correto de algarismos significativos na resolução


destes exercícios.

1. Calcule a concentração (em quantidade de matéria) das seguintes soluções:


a. 0,248 mol de cloreto de sódio em 250,00 mL de solução.
b. 102,6 g de açúcar comum (sacarose, C12H22O11) em 500 mL de solução.
c. 24 litros de oxigênio molecular e 57,5 mililitros de hidrogênio molecular, em 115
litros de ar atmosférico, a 0oC e 1,00 atm.
d. Uma solução de etileno (eteno) a 10% (V/V) em argônio, a 0o C e 1,00 atm.
44

2. Suponha que você dispõe de 15,0 mL de uma solução de hidróxido de bário 0,20
mol/L. Responda:
a. Qual é a concentração desta alíquota (em quantidade de matéria)?
b. Qual é a quantidade de matéria de hidróxido de bário contida nesta alíquota?

3. Calcule a concentração em quantidade de matéria das seguintes soluções


aquosas:
a. solução de ácido sulfúrico a 93,3% (m/m), com densidade absoluta igual a 1,829
g/mL.
b. solução de ácido nítrico a 32,2% (m/m), com densidade absoluta igual a 1,195
g/mL.

4. O etanol puro tem uma densidade absoluta igual a 0,785 g/mL. Qual é a sua
concentração em quantidade de matéria, expressa em mol/L?

5. Descreva, em detalhes, como você prepararia:


a. Cerca de 100 mL de solução saturada de carbonato de sódio.
Observação: 1,0 parte de carbonato de sódio anidro é solúvel em 3,5 partes de
água à temperatura ambiente.
b. 250,00 mL de solução de sulfato de alumínio 0,100 mol/L.

6. Que quantidade de água destilada deve ser adicionada a 25,0 mL de solução de


hidróxido de potássio 0,500 mol/L, para produzir uma solução de concentração
igual a 0,350 mol/L?

7. Um aluno de Química Geral dissolveu 12,2 g de hidróxido de estrôncio em água


suficiente para preparar 1,00 litro de solução. Responda:
a. Qual é a percentagem (m/V) hidróxido de estrôncio na solução?
b. Considere a densidade absoluta da solução igual a 1,15 g/mL. Qual é a
percentagem (m/m) de hidróxido de estrôncio na solução?
c. Qual é a concentração em quantidade de matéria da solução?

8. O tetracloreto de carbono é um líquido de densidade absoluta igual a 1,594 g/cm3


(20oC), muito utilizado como solvente industrial. Cinquenta litros (50,0 L) de uma
solução foram preparados pela dissolução de 2,50 L de CCl4 em hexano. Qual é a
concentração em quantidade de matéria desta solução?
45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRADY, James E.; HUMISTON, Gerard E. Química geral. Tradução por Cristina Maria
Pereira dos Santos e Roberto de Barros Faria. 2.ed. Rio de Janeiro : Livros
Técnicos e Científicos, 1986. 2v. p.187-188, 347-351.
BUENO, Willie A.; BOODTS, Julien F.C.; DEGRÈVE, Leo et al. Química geral. São
Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978. p. 307-316, 326-327.
HEIN, Morris. Fundamentos de química. Tradução por Delmo Santiago Vaitsman. Rio
de Janeiro : Campus, 1983. p. 259.
O'CONNOR, Rod. Fundamentos de química. Tradução por Elia Tfouni; revisão por
Abel de Oliveira e Gerson Unger de Oliveira. São Paulo : Harper & Row do Brasil,
1977. p. 215-226.
ROCHA FILHO, Romeu Cardozo; SILVA, Roberto Ribeiro da. Introdução aos cálculos
da química. São Paulo : McGraw-Hill do Brasil, 1992. p. 51-57.
RUSSEL, John B. Química geral. 2. ed. v. 1. Coordenação por Maria Elizabeth Brotto;
tradução e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo : Makron Books, 1994.
p. 505-511.
SILVA, Roberto Ribeiro da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu Cardozo.
Introdução à química experimental. São Paulo : McGraw-Hill do Brasil, 1990. p. 68-
69.
PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES

No preparo de soluções, como em todo procedimento experimental, alguns


erros podem ser cometidos. Eles têm como causas comuns o uso inadequado da
vidraria ou do equipamento, as falhas nas determinações de massa e de volume e a
utilização de reagentes de baixo grau de pureza, entre outras. Através do processo de
padronização, largamente empregado em laboratórios de análise química, é possível
verificar o quanto a concentração da solução preparada aproxima-se da concentração
da solução desejada.
Existem substâncias com características bem definidas, conhecidas como
padrões primários, que são utilizadas como referência na correção da concentração
das soluções através do procedimento denominado padronização. Tal procedimento
consiste na titulação da solução de concentração a ser determinada com uma massa
definida do padrão primário adequado.

Características básicas de um padrão primário

Deve ser de fácil obtenção, purificação, conservação e secagem;


deve possuir uma massa molar elevada, para que os erros relativos cometidos nas
pesagens sejam insignificantes;
deve ser estável ao ar sob condições ordinárias, se não por longos períodos, pelo
menos durante a pesagem. Não deve ser higroscópico, eflorescente, nem conter
água de hidratação;
deve apresentar alta solubilidade em água;
as reações de que participa devem ser rápidas e praticamente completas;
não deve formar produtos secundários no decorrer da reação.

Exemplos de padrões primários

A tabela 1 relaciona sete padrões primários conhecidos e algumas soluções


aquosas que são frequentemente padronizadas por seu intermédio.
47

Tabela 1 - Exemplos de padrões primários e alguns de seus usos

Solução a ser padronizada Padrão primário empregado

KMnO4(aq) ácido oxálico


oxalato de sódio
HCl(aq), H2SO4(aq) carbonato de sódio
NaOH(aq) biftalato de potássio
Na2S2O3(aq) dicromato de potássio
iodato de potássio
AgNO3(aq) cloreto de sódio

Padrões secundários

Uma solução padrão secundária é uma solução aquosa cuja concentração é


exatamente conhecida, ou seja, uma solução que tenha sido previamente padronizada
por titulação com um padrão primário. Este tipo de solução pode ser utilizada na
determinação da concentração verdadeira de outras soluções aquosas (com as quais
reaja); no entanto, deve-se considerar que a precisão com que se conhece a
concentração do padrão secundário limita necessariamente a precisão das titulações
em que ele é utilizado.

Substâncias indicadoras

Uma das técnicas de detecção do ponto final de titulações faz uso da variação
de cor de algumas substâncias denominadas indicadores. No caso particular das
titulações ácido-base, os indicadores são ácidos ou bases orgânicos fracos, que
apresentam colorações diferentes em função da concentração de íons H3O+ na mistura
de reação.

Exemplo: O vermelho de fenol‚ um ácido orgânico fraco que apresenta duas formas
coloridas em solução aquosa:
48

- -
SO3 SO3
+
C + H2O H3O + C

-
HO O O O
VERMELHO AMARELO
-
Forma ácida (HIn) Forma da base conjugada (In )

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Determinar a concentração verdadeira de soluções aquosas de ácidos e


bases fortes, a partir da titulação dessas soluções com padrões primários
ou secundários adequados.

Determinação da concentração verdadeira de uma solução de H2SO4


± 0,1 mol/litro, por meio de um sal de caráter básico

O padrão primário mais utilizado nesta determinação é o carbonato de sódio


puro, submetido a secagem em estufa a 110ºC durante uma hora.
Pela estequiometria da reação que ocorre entre os cátions H3O+ (produzidos
pelo ácido) e o ânion carbonato, pode-se observar que dois mols de íons hidroxônio
(H3O+) reagem completamente com um mol do padrão:

CO32-(aq) + 2 H3O+(aq) → CO2(g) + 3 H2O(l)

Como a massa molar do carbonato de sódio é igual a 105,99 g/mol, essa massa
do padrão reage completamente com um mol de H2SO4:

1 mol de Na2CO3 ----------- 2 mols de H3O+


105,99 g de Na2CO3 ----------- 2 mols de H3O+
105,99 g de Na2CO3 ----------- 1 mol de H2SO4
mpadrão ----------------- nácido (H2SO4)

Assim, uma determinada massa do padrão irá reagir com "n" mols do ácido na solução
a ser padronizada. Se "mpadrão" for cerca de 0,1 g, por exemplo, nácido será a quantidade
de matéria de H2SO4 que reagirá quantitativamente com essa massa.
49

Amostras de carbonato de sódio com massa aproximadamente igual a 0,1 g


deverão ser pesadas com precisão de ± 0,1 mg. Cada amostra do padrão deve ser
transferida para um erlenmeyer, dissolvida em água destilada e titulada com a solução
de H2SO4 a ser padronizada, até que a reação se complete (ponto de equivalência da
titulação). Deve-se utilizar volumes aproximadamente iguais de água na dissolução de
cada uma das porções de carbonato de sódio, para que a intensidade de cor do
indicador seja comparável, nas diferentes determinações.
Antes do início da titulação, deve-se lavar o interior da bureta com pequenas
porções da solução titulante, para remover gotas de água ou qualquer resíduo de
outros reativos. Em seguida, deve-se carregar (encher) a bureta com a solução
titulante, eliminar as bolhas de ar (geralmente localizadas na ponta da bureta, próximas
à torneira) e ajustar o líquido na posição do zero do instrumento. A titulação deve ser
conduzida de acordo com a orientação do professor.
O indicador ácido-base a ser utilizado neste procedimento é o alaranjado de
metila. A visualização do ponto final da titulação é feita pela mudança de cor do
indicador (de amarelo para laranja).
Depois de completada a primeira titulação, a bureta deve ser carregada e
zerada novamente, o erlenmeyer deve ser enxaguado com água destilada e o
procedimento de padronização deve ser repetido uma ou mais vezes (o número de
repetições a serem feitas dependerá da reprodutibilidade dos resultados obtidos). A
concentração verdadeira da solução de H2SO4 será calculada, em seguida, a partir da
quantidade de matéria do ácido (nácido) e do volume da solução ácida consumido na
titulação (para a reação completa com a massa de Na2CO3 utilizada):

Creal = nácido / volume da solução ácida gasto na titulação (L)

Creal = nácido / Vsolução ácida (L)

O cálculo da concentração verdadeira da solução ácida pode ser feito também a


partir do seguinte raciocínio:
50

1 mol de Na2CO3 ------- 1 mol de H2SO4


105,99 g de Na2CO3 ------- 1000 mL de H2SO4(aq) 1,000 mol/L
10,599 g de Na2CO3 ------- 1000 mL de H2SO4(aq) 0,100 mol/L
-3
10,599 x 10 g de Na2CO3 ------- 1,000 mL de solução de H2SO4 exatamente 0,1 mol/L
mpadrão ------- Volume esperado da solução ácida (Ve)

Assim, observa-se que 1,000 mL de solução de H2SO4 exatamente 0,100 mol/L


neutraliza 10,599 mg de carbonato de sódio anidro. Dessa forma, obtém-se o volume
de solução ácida (Vesperado) que seria gasto para reagir com a massa disponível do
padrão. Este volume (Vesperado) é relacionado então com o volume efetivamente
utilizado e com a concentração esperada da solução:

Vesperado
Creal = . Cesperada ,
Vreal

onde Vreal corresponde à média dos volumes de solução de H2SO4 consumidos na


titulação.

Determinação da concentração verdadeira de uma solução de H2SO4


± 0,1 mol/litro, por meio de uma solução padrão secundária

Se dispusermos, por exemplo, de uma solução de hidróxido de sódio 0,1


mol/litro cuja concentração real já tenha sido determinada, esta solução poderá ser
utilizada como padrão secundário na determinação da concentração verdadeira da
solução de H2SO4. Neste caso, um volume da solução-amostra deverá reagir
completamente com o padrão secundário, de acordo com as equações:

2 NaOH(aq) + H2SO4(aq) → Na2SO4(aq) + 2 H2O(l)

Equação iônica simplificada:

OH-(aq) + H3O+(aq) → 2 H2O(l)

O padrão secundário será colocado na bureta (solução titulante, NaOH(aq)) e


será utilizado para neutralizar um volume conhecido da solução a ser padronizada
51

(solução-amostra). Este volume da solução-amostra deverá ser medido com o auxílio


de uma pipeta volumétrica e transferido para o erlenmeyer.
O cálculo da concentração verdadeira da solução ácida levará em conta o
seguinte raciocínio: de acordo com a estequiometria da reação, dois mols de NaOH
reagem com um mol de H2SO4. Assim, a quantidade de matéria de NaOH consumida
na padronização (nNaOH, calculada a partir da concentração conhecida da solução-
padrão e do volume de NaOH(aq) gasto na titulação), reage quantitativamente com uma
determinada quantidade de matéria de H2SO4 (nácido):
2 mols de NaOH --------- 1 mol de H2SO4
nNaOH --------- nácido (H2SO4)
Creal (NaOH) x Vsolução básica (L) --------- nácido (H2SO4)

A concentração verdadeira da solução ácida é dada por:

Creal (solução ácida) = nácido / volume da solução ácida gasto na titulação (L)

Creal = nácido / Vsolução ácida (L)

A fenolftaleína é um indicador ácido-base adequado para esta titulação; a


mudança de coloração se dá de incolor para rosa nas proximidades do ponto de
equivalência.

Determinação da concentração verdadeira de uma solução de NaOH


± 0,1 mol/litro, por meio de um sal de caráter ácido

O padrão primário mais utilizado nesta determinação é o ftalato ácido de


potássio (biftalato de potássio). Pela estequiometria da reação, podemos observar que
um mol de biftalato neutraliza um mol de hidróxido:

-
CO2H CO2
_
- -
CO2 + OH (aq) CO2 + H2O(l)
(s) (aq)

- 2-
ânion ftalato ácido, (HC8H4O4) ânion ftalato, (C8H4O4)
52

O cálculo da concentração verdadeira da solução alcalina é feito de maneira


semelhante ao realizado anteriormente para a solução de H2SO4:

1 mol de biftalato de potássio -------- 1 mol de NaOH(aq)


204,23 g de biftalato de potássio -------- 1 mol de NaOH(aq)
mpadrão -------- nbase (NaOH)

Assim,
Creal (solução alcalina) = nbase / volume da solução básica gasto na titulação (L)

Creal = nbase / Vsolução básica (L)

Este cálculo também pode ser feito considerando-se que 1,000 mL de solução
de NaOH exatamente 0,1 mol/litro reage completamente com 0,0204g de biftalato de
potássio. Assim, uma determinada massa do padrão irá reagir com "x" mililitros da
solução a ser padronizada. Se "x" for igual a 25,00 mL da solução de hidróxido de
sódio, por exemplo, mpadrão representará a massa de biftalato que reagirá
quantitativamente com esse volume de 25,00 mL.
Amostras de biftalato (cerca de 0,4g) deverão ser pesadas com precisão de ±
0,1 mg (mpadrão). A fenolftaleína será o indicador do ponto final desta titulação ácido-
base.
O volume da solução de NaOH consumido na titulação poderá ser utilizado para
o cálculo da concentração verdadeira da solução alcalina, de acordo com o seguinte
raciocínio:

0,0204 g de biftalato ------- 1,000 mL de NaOH 0,100 mol/L


mpadrão ------- Volume esperado da solução alcalina (Ve)

e a concentração real (Creal) será calculada pela relação:

Vesperado
Creal ( NaOH , aq ) = . Cesperada ,
Vreal
53

onde Vreal corresponde à média dos volumes de solução de NaOH consumidos na


titulação.

Determinação da concentração verdadeira de uma solução de NaOH


± 0,1 mol/litro, por meio de uma solução padrão secundária

Se dispusermos de uma solução de ácido (HCl(aq), H2SO4(aq), etc) de


concentração real conhecida, esta solução poderá ser utilizada como padrão
secundário na determinação da concentração verdadeira da solução de hidróxido de
sódio. O procedimento é análogo ao já descrito para a titulação da solução ácida com
padrão secundário, devendo-se naturalmente inverter a colocação dos reagentes.
A escolha do indicador a ser usado nesta determinação deverá levar em conta a
força do ácido presente no padrão secundário empregado.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Observação: Considere o número correto de algarismos significativos na resolução


destes exercícios.

1. Explique por que o carbonato de sódio pode ser utilizado como padrão primário na
determinação da concentração verdadeira de soluções ácidas. Da mesma
maneira, explique por que o biftalato de potássio é padrão primário para a
padronização de soluções básicas.
2. Que erros podem ser cometidos durante o preparo de uma solução, que façam a
sua concentração real ser diferente da concentração suposta?
3. Para que são utilizados indicadores em titulações?
4. Diferencie os termos ponto de equivalência e ponto final de uma titulação ácido-
base.
5. Na padronização de uma solução de ácido nítrico aproximadamente 0,1 mol/L, um
estudante obteve Creal = 0,132 mol/L. Que procedimento este estudante deveria
adotar para corrigir a concentração desta solução, de modo a obter um erro
relativo máximo de ± 5% em relação à concentração esperada? (Inclua os cálculos
necessários).
54

6. Para neutralizar 0,1970g de ácido oxálico (padrão primário) puro e seco foram
gastos 30,15 mL de solução aproximadamente 0,15 mol/L de hidróxido de sódio
recém-preparada. Calcule a concentração verdadeira da solução alcalina.
Dado: ácido oxálico = ácido etanodióico.
7. Uma amostra de ácido capróico de massa igual a 0,1000 g foi dissolvida em água
destilada e titulada com 17,20 mL de solução de hidróxido de sódio (Creal = 0,0498
mol/L), até a neutralização completa. De posse destes dados e sabendo que o
ácido capróico é monoprótico, calcular a sua massa molar.
8. A titulação de uma solução de HCl 0,100 mol/L com solução de Na2CO3 0,100
mol/L (reação completa) tem seu ponto de equivalência entre pH 2,5 e pH 4,5. De
posse desta informação indique, na tabela abaixo, que indicador(es) você
escolheria para a visualização do ponto final desta titulação. Explique também por
que a fenolftaleína não poderia ser usada neste caso.

Tabela 2 - Faixas de “viragem” (mudança de coloração) de alguns indicadores ácido-


base

Indicador Faixa de pH em que se observa a


“viragem” do indicador

Azul de timol 1,2 - 2,8


Azul de bromofenol 2,5 - 4,5
Alaranjado de metila 3,1 - 4,3
Vermelho de metila 4,2 - 6,2
Azul de bromotimol 6,0 - 7,6
Vermelho de cresol 7,2 - 8,8
Fenolftaleína 8,2 - 10,0
Amarelo de alizarina 10,1 - 12,0

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACCAN, Nivaldo, ANDRADE, João Carlos de, GODINHO, Oswaldo E.S. et al.
Química Analítica Quantitativa Elementar. 2.ed.rev.ampl. São Paulo : Edgard
Blücher; Campinas: Ed. da UNICAMP, 1985. p.174 -181.
BAPTISTA, Jusseli R. Caderno de Química Analítica Quantitativa : teoria e prática. Rio
Grande : FURG, 1987. p.12-21.
55

CUNHA, Alexandre A.V. (Coord.) Manual de práticas de Química Analítica. Pelotas :


Ed. da Universidade, 1984. p. 42-59.
OHLWEILER, Oto Alcides. Teoria e métodos da análise quantitativa. Rio de Janeiro:
Instituto Nacional do Livro, 1957. p. 309-312.
TITULAÇÃO
TITULAÇÃOÁCIDO-BASE:
ÁCIDO-BASE:
DETERMINAÇÃO
DETERMINAÇÃODA
DACONCENTRAÇÃO
CONCENTRAÇÃODE
DEÁCIDOS
ÁCIDOSEE
DE BASES
DE BASES
EM
EMPRODUTOS
PRODUTOSCOMERCIAIS
COMERCIAIS

A técnica da titulometria permite a determinação da concentração de uma


solução-amostra através de sua reação com outra solução de concentração conhecida
(padrão). A solução-padrão é normalmente colocada em uma bureta e é denominada
titulante; as alíquotas da solução-amostra são colocadas em frascos erlenmeyer,
juntamente com substâncias indicadoras apropriadas para cada reação.
Os diversos métodos de análise titulométrica são classificados de acordo com a
natureza das reações químicas em que se baseiam. Dessa forma, existem as
titulometrias de neutralização, precipitação, oxirredução e de formação de complexos.
No caso específico da titulometria de neutralização, a reação envolvida resulta na
formação de água a partir do íon hidrônio ou hidroxônio (H3O+) da solução ácida e do
-
íon hidróxido (OH ) da solução alcalina:

H3O+(aq) + OH-(aq) → 2 H2O(l)

A 25oC, uma solução ácida caracteriza-se por uma concentração de íons


-7
hidroxônio maior que 1,0 x 10 mol/L, enquanto uma solução alcalina é caracterizada
por uma concentração de íons hidróxido superior a 1,0 x 10-7 mol/L. Numa solução
neutra a 25oC, por sua vez, as concentrações de íons hidroxônio e hidróxido se
igualam a 1,0 x 10-7 mol/L.

Determinação do ponto de equivalência de uma titulação ácido-base

Uma titulação deve ser interrompida quando a substância de interesse, contida


na amostra, tiver sido totalmente consumida pela reação com o padrão.
De forma geral, qualquer propriedade do sistema químico que varie
bruscamente quando a reação se completa pode servir para acusar o ponto de
equivalência. Esta propriedade pode ser, por exemplo, o pH, a condutância ou a
absorbância da mistura de reação, bem como a diferença de potencial ou a corrente
elétrica gerada no decorrer da transformação química.
O método mais empregado na detecção do ponto final é baseado no uso dos
indicadores. Um indicador pode ser um dos reagentes ou dos produtos da reação, ou
57

ainda uma substância estranha ao sistema, adicionada propositalmente para modificar


a aparência do meio através de uma mudança de cor ou do aparecimento de uma
turvação.
A titulometria de neutralização faz uso dos indicadores de pH, já mencionados
no capítulo anterior (Padronização de Soluções), que são substâncias orgânicas de
caráter fracamente ácido ou básico que mudam de coloração dentro de uma faixa
relativamente estreita de pH. Na tabela 1 são listadas algumas destas substâncias,
com suas colorações e intervalos de "viragem" característicos.

Tabela 1 - Propriedades de alguns indicadores ácido-base

Indicador Colorações características pKIn Faixa de pH para


(forma ácida - forma básica) mudança de
coloração

Azul de timol (A) vermelho - amarelo 1,7 1,2 - 2,8


Alaranjado de metila vermelho - amarelo 3,4 3,2 - 4,4
Azul de bromofenol amarelo - púrpura 3,9 3,0 - 4,6
Vermelho de metila vermelho - amarelo 5,0 4,8 - 6,0
Azul de bromotimol amarelo - azul 7,1 6,0 - 7,6
Vermelho de fenol amarelo - vermelho 7,9 6,6 - 8,0
Azul de timol (B) amarelo - azul 8,9 8,0 - 9,6
Fenolftaleína incolor - vermelho 9,4 8,2 - 10,0
Amarelo de alizarina R amarelo - vermelho 11,2 10,1 - 12,0

Fonte: ATKINS, P. & JONES, L. Chemistry : Molecules, Matter, and Change. 3rd ed.
New York : W. H. Freeman and Co., 1997. p. 559-561.

A faixa de “viragem” (mudança de coloração) de cada indicador depende da


constante de equilíbrio da sua ionização em solução aquosa. Para um indicador de
caráter ácido, por exemplo, representado por HIn, esta reação de ionização pode ser
escrita como:
HIn(aq) + H2O(l) ⇔ H3O+(aq) + In-(aq)

Na equação acima, HIn e In- correspondem, respectivamente, às formas ácida


e de base conjugada do indicador; cada uma delas apresenta uma cor diferente em
solução aquosa. A mudança de coloração ocorre porque a perda do próton por HIn
58

muda a estrutura da molécula de tal forma que a absorção de luz por HIn(aq) é diferente
daquela que caracteriza In-(aq) (ver esquema na página 47).
A constante de equilíbrio KIn, correspondente à ionização de um indicador ácido,
é calculada através da expressão:

[H 3O + ][In − ]
KIn =
[HIn ]

Ou seja:
[In − ]
KIn = [H 3O + ]
[HIn ]

O quociente [In- ] / [HIn] é quem determina qual das colorações do indicador


predominará na solução. Da expressão acima, observa-se que esta relação depende
da concentração de H3O+ e da constante KIn. Em outras palavras, o que estabelece o
intervalo de "viragem" de um indicador são as suas propriedades químicas (estrutura e
reatividade em água). Esta "faixa de viragem" é característica de cada indicador e é
inteiramente independente da natureza das soluções, amostra e padrão, usadas na
titulação.
O ponto final de uma titulação é definido como o ponto no qual as
concentrações das formas ácida e básica do indicador são iguais: [HIn] = [In- ]. Se
introduzirmos esta igualdade na expressão da constante de equilíbrio acima, veremos
que, no ponto final, [H3O+] = KIn. Ou seja, a mudança de coloração é caracterizada por

pH = pKIn

e não ocorre necessariamente no ponto de equivalência da titulação em que o


indicador é empregado, o que dá origem ao chamado "erro do indicador".
Naturalmente, o indicador mais apropriado para uma titulação é aquele cujo pKIn é o
mais próximo possível do pH do ponto de equivalência (ver dados na Tabela 1).

Cálculo da concentração da solução amostra

O objetivo imediato de uma titulação é determinar experimentalmente que


volume da solução-padrão reage completamente com uma certa massa ou um certo
59

volume da amostra. Depois de obtida esta informação, os cálculos da concentração do


reagente de interesse (na amostra) são uma aplicação simples da estequiometria de
soluções.

Exemplo: Que volume de solução de HCl na concentração de 0,250 mol/L é


necessário para neutralizar 250 mg de hidróxido de bário?

Resolução:

2 HCl(aq) + Ba(OH)2(s) → BaCl2(aq) + 2 H2O(l)

De acordo com a equação balanceada da reação, 1 mol de hidróxido de bário


reage com 2 mols de ácido clorídrico. Assim:

171,36 g de Ba(OH)2 ------- 2 mols de HCl


0,250 g de Ba(OH)2 ------- nHCl

nHCl = quantidade de matéria de HCl que reage com 250 mg de Ba(OH)2


nHCl = 2,92 x 10-3 mol

0,250 mol de HCl ------- 1000 mL de solução


2,92 x 10-3 mol de HCl ------- “x” mL de solução

x = volume de solução de HCl 0,250 mol/L que reage completamente com


250 mg de Ba(OH)2

x = 11,7 mL de solução de HCl

Exemplo: Em um experimento de determinação do teor de ácido acético (ácido


etanóico, CH3COOH) no vinagre, um aluno de Química Geral titulou uma
amostra de 5,00 mL de vinagre com 23,00 mL de uma solução de NaOH
0,160 mol/L. Considerando que toda a acidez do vinagre é devida apenas
ao ácido acético, calcular a concentração de ácido acético no vinagre e
expressá-la em:
a. quantidade de matéria de CH3COOH por litro de solução (mol/L)
b. gramas de CH3COOH por litro de solução (g/L).
60

Resolução:

CH3COOH(aq) + NaOH → CH3COONa(aq) + H2O(l)

a.1. Quantidade de matéria de NaOH contida no volume gasto da solução padrão:

0,160 mol de NaOH ------- 1000 mL de solução


nNaOH ------- 23,00 mL de solução

nNaOH = 3,68 x 10-3 mol

a.2. Quantidade de matéria de ácido acético que reage com 3,68 milimols de NaOH:

1 mol de CH3COOH ------- 1 mol de NaOH


nácido (CH3COOH) ------- 3,68 milimols de NaOH

nácido = 3,68 milimols de CH3COOH

a.3. Concentração da amostra em quantidade de matéria de CH3COOH por litro de


solução (por litro de vinagre):

3,68 x 10-3 mol de CH3COOH ------- 5,00 mL de vinagre


“x” mols de CH3COOH ------- 1000 mL de vinagre

x = quantidade de matéria de CH3COOH / litro de vinagre

x = 0,736 mol de CH3COOH / litro

b.
1 mol de CH3COOH ------ 60,06 g de CH3COOH
0,736 mol de CH3COOH ------ “y” gramas de CH3COOH

y = massa de CH3COOH contida em 1,00 L de vinagre

y = 44,2 g de CH3COOH / L

Portanto, a amostra de vinagre utilizada contém 44,2 g de ácido acético por litro.
61

PARTE EXPERIMENTAL (1)

Objetivo 1: Determinar a concentração de uma solução ácida através da titulação


com uma solução básica de concentração conhecida (solução padrão).

Nos experimentos 1 e 2 descritos a seguir, utilizaremos uma solução


padronizada de hidróxido de sódio (solução B) para a quantificação da acidez de uma
solução-amostra (solução A).

EXPERIMENTO 1 : Dosagem de ácido numa solução desconhecida

Procedimento

Com o auxílio de uma pipeta volumétrica, transferir um volume determinado da


solução ácida para um frasco erlenmeyer de 250 mL. Em seguida, acrescentar água
destilada ao erlenmeyer até cerca de um terço da capacidade do frasco (± 75 mL) e
adicionar à mistura duas ou três gotas da solução do indicador ácido-base apropriado,
de acordo com a orientação do professor.
Carregar uma bureta de 50 mL, depois de enxaguá-la com pequenas porções
da solução-padrão. Gotejar lentamente a solução B sobre a solução A, até observar a
"viragem" do indicador. Esta mudança de coloração indica que praticamente todo o
ácido contido na solução A foi neutralizado pelo hidróxido proveniente da solução B.
Anotar o volume de solução B consumido na titulação, indicando a incerteza
associada ao uso da bureta. Repetir a operação pelo menos duas vezes e calcular o
volume médio de titulante consumido na reação.

Observação: Nas aplicações comuns, as leituras de volume na bureta são feitas com
uma precisão de 0,05 cm3 (para buretas graduadas em 0,1 cm3). Nos
trabalhos de precisão, deve-se ler até 0,01-0,02 cm3, usando uma lente
de aumento para ajudar na estimativa das subdivisões.

Interpretação dos resultados e conclusão

Através do volume médio de titulante consumido na reação, calcular a


concentração em quantidade de matéria da solução-amostra (A), expressando-a
também em gramas de soluto/L de solução.
62

EXPERIMENTO 2: Determinação do teor de ácido acético no vinagre

O vinagre comercial consiste essencialmente de uma solução diluída de ácido


acético (com menores quantidades de outros componentes) e é produzido pela
oxidação bacteriana aeróbica (por bactérias do gênero Acetobacter) do álcool etílico a
ácido acético diluído, de acordo com as equações:

bactéria
2 C2H5OH(l) + O2(g) 2 CH3CHO(l) + 2 H2O(l)

bactéria
2 CH3CHO(l) + O2(g) 2 CH3COOH(l)

O vinagre é obtido pela fermentação do vinho, da cidra, do malte ou do álcool


diluído. Quando se usa cidra, malte ou vinho, o teor de ácido acético no vinagre
raramente excede 5% (m/V), em virtude das limitações do teor de açúcar. Quando o
álcool diluído é a matéria-prima, o teor de ácido acético pode atingir 12 ou 14% (m/V),
quando então a acidez impede a atividade bacteriana. Quando sucos de frutas são
transformados em vinagre, formam-se certos ésteres (de acordo com o suco utilizado)
que conferem ao produto um paladar característico.
O ácido acético é um ácido fraco (Ka = 1,753 x 10-5), monoprótico, cuja
concentração pode ser determinada facilmente por titulação com uma solução de base
forte, com fenolftaleína como indicador.

Procedimento

Usando uma pipeta volumétrica, transferir uma amostra de 3,00 mL de vinagre


para um erlenmeyer de 250 mL. Adicionar aproximadamente 75 mL de água destilada
e 3 a 4 gotas de solução alcoólica de fenolftaleína a 1% (m/V). Titular a amostra com
solução padronizada de NaOH 0,100 mol/L até atingir o ponto final da titulação,
evidenciado pela primeira coloração rósea permanente na mistura de reação.
Repetir duas vezes o mesmo procedimento, empregando outras alíquotas de
vinagre.

Interpretação dos resultados e conclusão

Calcular a concentração de ácido acético na solução-amostra (vinagre),


expressando-a em (i) quantidade de matéria do soluto (CH3COOH(l)) por litro de
63

solução (por litro de vinagre); (ii) em gramas de soluto por litro de solução e (iii) em
percentagem (m/V).
Comparar os resultados obtidos com o valor de referência fornecido pelo
fabricante do produto e sugerir explicações para as possíveis discrepâncias.

PARTE EXPERIMENTAL (2)

Objetivo 2: Determinar a concentração de uma solução alcalina através da titulação


com uma solução ácida de concentração conhecida (solução padrão).

O procedimento a ser adotado e a análise dos resultados são análogos aos


descritos acima para a determinação da concentração da solução ácida, devendo-se
somente inverter a colocação dos reagentes.

Determinação do teor de hidróxido de magnésio no leite de magnésia

O leite de magnésia é vendido nas farmácias e drogarias como um antiácido, ou


seja, é usado nas pertubações gástricas causadas por uma produção excessiva de
ácido estomacal (ácido clorídrico).
A solubilidade do hidróxido de magnésio em água é de apenas 9 mg/L a 18oC.
Por isso, o leite de magnésia é uma suspensão de hidróxido de magnésio em água, e
deve ser sempre homogeneizada antes da utilização do medicamento.
Na análise volumétrica, a baixa solubilidade do hidróxido de magnésio dificulta a
visualização do ponto de equivalência, o que desaconselha a titulação direta da
suspensão. O procedimento adotado para superar este problema é a titulação indireta
(retrotitulação), onde o hidróxido de magnésio é totalmente neutralizado por um
excesso (perfeitamente conhecido) de uma solução-padrão ácida. O excesso de ácido
adicionado é então titulado com uma solução alcalina padronizada. As reações
envolvidas no processo são:

Mg(OH)2(aq) + 2 H+(aq) → Mg2+(aq) + 2 H2O(l)

H+(aq) (excesso) + NaOH(aq) → Na+(aq) + H2O(l)

Objetivo: Determinar a concentração de hidróxido de magnésio no leite de


magnésia, através do método da titulação indireta.
64

Procedimento

Homogeneizar a suspensão do leite de magnésia e pesar 1,0 g dessa


suspensão em um erlenmeyer de 250 mL. A seguir, adicionar ao erlenmeyer 50,00 ml
da solução-padrão de ácido clorídrico 0,10 mol/L e duas ou três gotas de solução
alcoólica de fenolftaleína a 1% (m/V). Titular o excesso de ácido adicionado com
solução aquosa padronizada de NaOH 0,10 mol/L.

Interpretação dos resultados e conclusão

Calcular a concentração de hidróxido de magnésio na amostra alcalina,


expressando-a em quantidade de matéria do soluto por litro de solução e em gramas
de soluto por litro de solução.
Comparar os resultados obtidos com o valor de referência fornecido pelo
fabricante e sugerir explicações para as possíveis discrepâncias entre as
concentrações determinadas neste experimento e os valores de referência.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Calcular a percentagem (m/V) de uma solução de hidróxido de bário, sabendo que


25,00 cm3 dessa solução são neutralizados completamente por 28,42 cm3 de
solução de HCl 0,0996 mol/L.
2. Uma amostra de hidróxido de sódio comercial de massa igual a 9,00 g foi
dissolvida em água suficiente para 1000,00 cm3 de solução. Uma alíquota de 20,00
cm3 desta solução foi titulada com 19,70 mL de solução de H2SO4 0,0750 mol/L.
Calcule a pureza (ou a percentagem m/m) da amostra de hidróxido de sódio
utilizada.
3. Numa titulação ácido-base, 25,00 mL de uma solução de hidróxido de sódio de
concentração desconhecida neutralizam completamente 24,60 mL de solução de
HCl 0,200 mol/L. Calcule a concentração da solução alcalina e expresse-a em:
a. quantidade de matéria de NaOH por litro de solução;
b. gramas de NaOH por litro de solução;
c. percentagem (m/V) do soluto na solução.

4. Calcular o volume de solução de H2SO4 na concentração de 5,0 mol/L necessário


para neutralizar 200 mL de uma solução a 28,8% (m/m) de hidróxido de sódio.
65
3
Dado: densidade absoluta da solução de hidróxido de sódio = 1,32 g/cm .
5. O ácido ascórbico (vitamina C) é um ácido diprótico de fórmula molecular C6H8O6.
Cem miligramas (100,0 mg) de um suplemento vitamínico contendo esse ácido
3
foram titulados com 15,20 cm de solução de hidróxido de sódio 0,0201 mol/L.
Calcule a percentagem em massa de ácido ascórbico na amostra analisada.
6. Num laboratório hospitalar, uma amostra de 10,00 cm3 de suco gástrico foi titulada
3
com 14,20 cm de NaOH 0,050 mol/L até a neutralização. Calcule (em g/L) a
concentração de HCl presente no suco gástrico, considerando a ausência de
tampões no estômago de onde a amostra foi retirada.
7. Uma amostra de 0,5000g de um comprimido contendo aspirina, um ácido
monoprótico de fórmula molecular C9H8O4, foi titulada com 21,50 cm3 de solução
de hidróxido de sódio 0,1010 mol/L. Calcule a percentagem em massa de aspirina
no comprimido.
8. Quantos mililitros de solução de hidróxido de sódio 0,300 mol/L são necessários para
reagir com 500 mL de uma solução de ácido orto-fosfórico 0,100 mol/L, produzindo:
a. orto-fosfato trissódico?
b. monohidrogeno-ortofosfato de sódio?

9. Vinte mililitros (20,0 mL) de uma solução de HCl foram diluídos a exatamente 100
mililitros. Se 50,00 mL desta solução diluída consumiram 40,00 mL de solução de
hidróxido de sódio 0,30 mol/L para neutralização completa, qual era a
concentração original da solução de HCl?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACCAN, Nivaldo; ANDRADE, João Carlos de; GODINHO, Oswaldo E.S. et al.
Química Analítica Quantitativa Elementar. 2.ed.rev.ampl. São Paulo : Edgard
Blücher, Campinas : Ed. da UNICAMP, 1985. p.174-181.
BAPTISTA, Jusseli R. Caderno de Química Analítica Quantitativa : teoria e prática. Rio
Grande : FURG, 1987. p.12-21.
BASSET, J.; DENNEY, R.C.; JEFFERY, G.H.; MENDHAM, J. (Rev). VOGEL : Análise
Inorgânica Quantitativa. Tradução por Aida Espinola. 4.ed. Rio de Janeiro :
Guanabara Dois, 1981. p.60-61.
SHREVE, N; BRINK Jr, J.A. Indústrias de Processos Químicos. Tradução de Horácio
Macedo. 4. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Dois, 1980. p. 469-486.
66

SILVA, Roberto Ribeiro da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu Cardoso.
Introdução à Química Experimental. São Paulo : McGraw-Hill, 1990. p.156-169.
TITULOMETRIA DE OXIDAÇÃO E REDUÇÃO

Este tipo de análise titulométrica baseia-se nas reações em que ocorre


transferência de elétrons de uma espécie química para outra. Assim, as espécies
envolvidas devem apresentar uma variação no seu estado de oxidação durante a
reação.
Todas as reações de oxirredução podem ser escritas na forma de duas semi-
reações, uma delas a da perda de elétrons por uma substância (semi-reação de
oxidação) e a outra correspondente ao ganho de elétrons (semi-reação de redução).
Exemplo:

Equação global:

Cr2O72-(aq) + 6 Fe2+(aq) + 14 H+(aq) → 6 Fe3+(aq) + 2 Cr3+(aq) + 7 H2O(l)

Semi-reação de oxidação:
→ Fe
2+ 3+ -
Fe (aq) (aq) + e
Semi-reação de redução:

Cr2O72-(aq) + 14 H+(aq) + 6 e- → 2 Cr3+(aq) + 7 H2O(l)

Na reação acima, o íon ferro(II) é o agente redutor, pois o ferro tem seu número
de oxidação aumentado de +2 para +3. O íon dicromato, por sua vez, é o agente
oxidante, pois o cromo tem seu número de oxidação diminuído de +6 para +3.

PERMANGANIMETRIA

Este método envolve reações com soluções aquosas do íon permanganato


(MnO4-), que é empregado geralmente na forma de permanganato de potássio. Este
sal apresenta as seguintes características:

É um agente oxidante forte e sofre reação em meio ácido, neutro ou básico;


Não é um padrão primário, pois geralmente contém dióxido de manganês como
contaminante. Em vista disso, as soluções aquosas de permanganato de potássio
destinadas à titulometria de oxirredução devem ser previamente padronizadas com
o auxílio de um padrão primário adequado;
68

Dá origem a soluções aquosas de cor violeta intensa, que dispensam o uso de


indicadores em titulações permanganimétricas;
Gera soluções aquosas que possuem estabilidade limitada, uma vez que se
decompõem em presença de luz, calor, ácidos e bases fortes, matéria orgânica,
2+
dióxido de manganês e cátions Mn .

A espécie manganês (VII) (presente no ânion permanganato) pode ser reduzida


aos estados de oxidação +2, +3, +4 ou +6, dependendo do pH do meio de reação (ver
capítulo sobre Estados de Oxidação e Colorações do Manganês, neste Manual). A
título de exemplo, mostramos a reação que ocorre em meio fortemente ácido:

MnO4-(aq) + 8 H+(aq) + 5 e- → Mn2+(aq) + 4 H2O(l)


violeta intenso incolor

Neste caso, a variação do número de oxidação do manganês é de 5 unidades.


Uma aplicação típica da permanganimetria é a determinação do teor de peróxido de
hidrogênio na água oxigenada comercial, como veremos a seguir.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Determinar a concentração (em quantidade de matéria) de soluções


aquosas de agentes redutores, através da titulação com uma solução
padronizada de permanganato de potássio.

Experimento 1 - Procedimento:

Transferir, com o auxílio de uma pipeta volumétrica, 10,00 mL da solução-


amostra para um frasco erlenmeyer de 250 mL. Em seguida, acidular o meio com 2 mL
de ácido sulfúrico concentrado. Adicionar água destilada ao erlenmeyer até um volume
aproximado de 50 mL e, em seguida, aquecer a mistura até cerca de 50oC. Se a
amostra a ser utilizada for sólida, transferir a massa apropriada para o erlenmeyer e
dissolvê-la em cerca de 50 mL de água destilada. Em seguida, acidificar e aquecer a
mistura.
Colocar a solução-padrão de permanganato na bureta e proceder à titulação,
gotejando o titulante sobre a solução-amostra até que a coloração violácea não seja
mais descorada pela reação com os íons oxalato. Anotar o volume de solução-padrão
gasto e repetir o procedimento pelo menos duas vezes.
69

Interpretação dos resultados e conclusão

Calcular a concentração da solução-amostra em quantidade de matéria de


soluto e em gramas de soluto por litro de solução.

Experimento 2 - Determinação do teor de peróxido de hidrogênio na água


oxigenada comercial

O peróxido de hidrogênio é encontrado comercialmente na forma de soluções


aquosas a 3%, 6%, 12% ou 30% (m/V), denominadas água oxigenada a "10 volumes",
"20 volumes", "40 volumes" e "100 volumes", respectivamente. Esta terminologia é
baseada no volume de dioxigênio que é liberado quando a solução é decomposta por
aquecimento, segundo a equação:

2 H2O2(l) → 2 H2O(l) + O2(g)

3 3
Assim, 1,00 cm de "água oxigenada a 100 volumes" produzirá 100 cm de
dioxigênio (O2(g)) medidos nas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão).
A concentração de peróxido de hidrogênio na água oxigenada pode ser
determinada através da permanganimetria. Em solução ácida, o permanganato oxida
o peróxido de hidrogênio de acordo com a seguinte equação:

2 MnO4-(aq) + 5 H2O2(aq) + 6 H+(aq) → 2 Mn2+(aq) + 5 O2(g) + 8 H2O(l)

Na titulação do peróxido de hidrogênio com a solução de permanganato, as


primeiras gotas da solução-padrão são descoradas lentamente. A reação torna-se
mais rápida à medida que o produto vai sendo formado. Apesar disso, a velocidade de
adição da solução-padrão deve ser baixa e a concentração de ácido na mistura de
reação deve ser relativamente alta, para reduzir a possibilidade de formação do dióxido
de manganês, que é um catalisador da decomposição do peróxido de hidrogênio.

Procedimento

Transferir exatamente 3,00 mL de "água oxigenada a 10 volumes" para um


erlenmeyer de 250 mL, com auxílio de uma pipeta volumétrica. Adicionar
aproximadamente 50 mL de água destilada e 20 mL de ácido sulfúrico 3,0 mol/L ao
70

erlenmeyer. Titular a mistura com solução-padrão de permanganato de potássio 0,020


mol/L até obter uma coloração rosa pálida permanente.
Repetir o procedimento com outras duas alíquotas da água oxigenada utilizada
como amostra.

Interpretação dos resultados e conclusão

Calcular a concentração (em quantidade de matéria) de peróxido de hidrogênio


na solução. Expressar esta concentração também em percentagem (m/V).
Calcular a "força em volume" da solução, ou seja, o volume de oxigênio gasoso
produzido, nas CNTP, por cada litro de solução-amostra.
Comparar os resultados obtidos experimentalmente com os dados fornecidos
pelo fabricante do produto comercial.

IODIMETRIA

O método baseia-se na conversão de iodo molecular em íon iodeto, de acordo


com a semi-reação:

I2(aq) + 2 e- → 2 I-(aq)

O iodo molecular é um agente oxidante muito mais fraco do que os íons


permanganato ou dicromato; por isso, só reage rápida e quantitativamente com
agentes redutores fortes como o cátion estanho(II), o sulfeto de hidrogênio e o ânion
tiossulfato.

Equações:

Sn2+(aq) + I2(aq) → Sn4+(aq) + 2 I-(aq)

H2S(g) + I2(aq) → S(s) + 2 H+(aq) + 2 I-(aq)

2 S2O32-(aq) + I2(aq) → S4O62-(aq) + 2 I-(aq)

Uma vez que o iodo molecular é pouco solúvel em água, as titulações


iodimétricas trabalham normalmente com soluções aquosas de I2 em iodeto, nas quais
o iodo existe predominantemente sob a forma de ânion triiodeto hidratado, produzido
de acordo com a equação:

I2(s) + I (aq) → I3 (aq)


- -

castanho-amarelado
71

Quando as soluções de triiodeto são tituladas com solução de tiossulfato de


sódio (ou de outro redutor forte), o desaparecimento da coloração castanho-amarelada
-
intensa do I3 (aq) pode indicar o ponto de equivalência da titulação - que seria dessa
forma auto-indicadora. Apesar dessa característica, é comum o uso de amido em
solução aquosa como indicador.
O amido é uma substância formada principalmente por dois constituintes
macromoleculares, chamados amilose e amilopectina. Estas macromoléculas formam
complexos de adsorção com os íons triiodeto, conferindo à mistura de reação uma
coloração azul intensa. Ao final da titulação, quando ocorre o consumo total dos íons
triiodeto, o desaparecimento desta coloração azul permite uma detecção mais sensível
do ponto de equivalência.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Determinar a concentração (em quantidade de matéria) de soluções de


iodo molecular, através da titulação com uma solução-padrão de
tiossulfato de sódio.

Procedimento

Medir, com uma pipeta volumétrica, 10,00 mL da solução-amostra de


iodo/iodeto e transferir esse volume para um frasco erlenmeyer de 250 mL. Adicionar
água destilada ao erlenmeyer até um volume aproximado de 50 mL e titular a amostra
com a solução-padrão de tiossulfato de sódio até as proximidades do ponto de
equivalência.
Adicionar 1 mL de solução de amido a 1% (m/V) à amostra e dar continuidade à
titulação, até o desaparecimento da coloração azul do complexo amido/triiodeto.
Anotar o volume de solução-padrão gasto na titulação e repetir o procedimento pelo
menos duas vezes.

Interpretação dos resultados e conclusão

Calcular a concentração (em quantidade de matéria) de I2 na solução de


iodo/iodeto. Expressar a concentração da solução-amostra também em gramas de
iodo molecular por litro de solução.
72

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Existem diversos padrões primários para a padronização de soluções de


permanganato de potássio; um dos mais utilizados é o oxalato de sódio.
a. Escreva a equação balanceada para a reação entre os íons permanganato e
2+
oxalato em meio ácido (Mn e dióxido de carbono são produzidos).
b. Uma amostra de 0,340 g de oxalato de sódio foi dissolvida em ácido sulfúrico
diluído e titulada com solução de permanganato de potássio 6,32 g/L. Que
volume de solução de permanganato foi consumido até que se atingisse o ponto
de equivalência da titulação?

2. Um estudante preparou uma solução de ácido oxálico a 0,54% (m/V). Dez


mililitros (10,00 mL) desta solução foram titulados com 12,50 mL de solução de
permanganato de potássio aproximadamente 0,020 mol/L, até o descoramento.
Calcule a concentração real da solução de permanganato.

3.a. Por que motivo as titulações que utilizam o ânion permanganato são auto-
indicadoras?
b. No método descrito por Fowler e Bright para a padronização de soluções de
permanganato de potássio, a solução-padrão de oxalato é titulada à temperatura
ambiente até a proximidade do ponto de equivalência, sendo então aquecida a
55-60oC. A titulação é completada a quente. No seu entender, por que motivo se
faz o aquecimento?
c. Soluções de permanganato recém-preparadas devem ser fervidas por cerca de
uma hora e em seguida filtradas através de um funil simples contendo lã de vidro
em sua haste. Pesquise a razão para tal procedimento e responda: por que não
se pode filtrar soluções de permanganato de potássio através de papel de filtro?

4. Uma fábrica de produtos químicos vendeu um determinado lote de sulfato ferroso


afirmando que o sal era 97% puro. Uma amostra de 1,5000 g do produto foi
dissolvida em meio ácido e titulada com solução de permanganato de potássio
0,080 mol/L, tendo sido consumidos 18,50 mL do titulante. Que percentagem da
amostra era constituída realmente por sulfato ferroso?

5. Uma amostra de 0,50 g de um minério de ferro contendo Fe2O3 foi dissolvida em


ácido e todo o ferro foi convertido em Fe2+. A solução foi titulada com 24,50 mL
2+
de solução 0,040 mol/L de permanganato de potássio, obtendo-se Mn e Fe3+
como produtos. Que percentagem do minério é composta por Fe2O3?
73

6. O tiossulfato de sódio hidratado não pode ser utilizado como padrão primário em
titulações, pois contém água em quantidade variável e apresenta eflorescência
(dá origem a cristalitos anidros na superfície de cristais hidratados). O iodato de
potássio é frequentemente usado como padrão primário na padronização de
soluções de tiossulfato. Trezentos miligramas (300,0 mg) de iodato de potássio
(dissolvido em meio ácido e em excesso de iodeto de potássio) foram titulados
com 48,00 mL de solução de tiossulfato de sódio penta-hidratado. Calcular a
concentração exata, em quantidade de matéria, da solução de tiossulfato, sendo
dadas as equações:

IO3-(aq) + 5 I-(aq) + 6 H+(aq) → 3 I2(aq) + 3 H2O(l)

I2(aq) + 2 S2O32-(aq) → 2 I-(aq) + S4O62-(aq)

7. Vinte e cinco mililitros (25,00 mL) de uma solução de permanganato de potássio


reagiram com uma solução de iodeto de potássio, em meio ácido. O iodo
molecular liberado foi titulado com 40,00 mL de solução 0,10 mol/L de tiossulfato
de sódio. Calcule a concentração, em quantidade de matéria, da solução de
permanganato e a concentração em gramas de KMnO4 por litro da solução.

8. Uma amostra de 1,622 g de iodo (I2(s)) impuro foi dissolvida em água suficiente
para um volume final de 250,0 mL. Vinte e cinco mililitros (25,00 mL) desta
solução consumiram 19,90 mL de solução de tiossulfato de sódio penta-hidratado
a 13,02 g/L. Qual é a percentagem (m/m) de iodo molecular na amostra?

9. Na padronização de uma solução de tiossulfato de sódio penta-hidratado, 1,1780


g de dicromato de potássio foram dissolvidos em exatamente 250,00 mL de água.
Para se titular 25,00 mL desta solução (na presença de excesso de iodeto de
potássio), foram gastos 23,40 mL de solução de tiossulfato. Calcular a
concentração exata, em quantidade de matéria, da solução-amostra (considerar a
água de hidratação nos cálculos).

10. O método de determinação do cloro ativo em soluções de alvejantes (água


sanitária, por exemplo) baseia-se na reação do hipoclorito presente nestas
soluções com iodeto de potássio em meio ácido. O iodo liberado equivale ao cloro
ativo ou disponível e é titulado com uma solução padrão de tiossulfato de sódio.
Três alíquotas de 20,00 mL de água clorada foram tratadas com iodeto de
potássio e em seguida tituladas com solução de tiossulfato de sódio 0,1 mol/L (fc
= 0,965). Foram consumidos os seguintes volumes de solução-padrão:
74

Alíquota Volume de solução


padrão (mL)

1 31,20
2 30,90
3 31,20

Determinar a concentração da solução-amostra em gramas de cloro ativo por litro


de solução.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACCAN, Nivaldo, ANDRADE, João Carlos de, GODINHO, Oswaldo E.S. et al.
Química Analítica Quantitativa Elementar. 2. ed. rev. ampl. São Paulo : Edgard
Blücher; Campinas: UNICAMP, 1985. p.191-203.
BAPTISTA, Jusseli R. Caderno de Química Analítica Quantitativa : teoria e prática. Rio
Grande : FURG, 1987. p. 51-63.
CUNHA, Alexandre A.V. (Coord.). Manual de práticas de Química Analítica. Pelotas :
Universidade, 1984. p. 113-117, 121-133.
OHLWEILER, Oto Alcides. Teoria e métodos da análise quantitativa. Rio de Janeiro :
Instituto Nacional do Livro, 1957. p.689-712. (Biblioteca Científica Brasileira,
Coleção do Estudante, IV).
OHLWEILER, Oto Alcides. Química Analítica Quantitativa, 3. ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1981. p. 180-193.
VOGEL, Arthur I. Análise Inorgânica Quantitativa. 4. ed. Tradução por Aida Espinola.
Rio de Janeiro : Guanabara Dois, 1981. p. 168-299.
REAÇÕES ENTRE ÍONS EM SOLUÇÃO AQUOSA

Colaboração: Dr. Alvaro Luiz Mathias

A maioria das reações que ocorrem em solução aquosa envolvem íons, gerados
em processos de dissociação ou de ionização1. Considere-se, por exemplo, a reação
que se processa quando soluções aquosas de nitrato de alumínio e hidróxido de
potássio são misturadas de acordo com a estequiometria abaixo:

Al(NO3)3(aq) + 3 KOH(aq) → Al(OH)3(s) + 3 KNO3(aq)


(equação global ou "molecular")

Pode-se deduzir, a partir desta equação e do conceito de eletrólitos, que os


dois reagentes e um dos produtos estarão dissociados no meio de reação. Por esse
motivo, pode ser conveniente substituir a equação global ou "molecular", apresentada
acima, pela equação iônica total, que expressa o que ocorre realmente em solução:

Al3+(aq) + 3 NO3 (aq) + 3 K+(aq) + 3 OH-(aq) → Al(OH)3(s) + 3 K+(aq) + 3 NO3 (aq)


- -

(equação iônica total)

O cátion potássio e o ânion nitrato, que não são alterados no decorrer da


reação, são denominados íons mudos ou expectadores e não são incluídos na
equação iônica simplificada:

Al3+(aq) + 3 OH-(aq) → Al(OH)3(s)


(equação iônica simplificada)

Esta equação, além de destacar apenas as espécies químicas que participam


efetivamente da transformação, sugere que qualquer substância que forneça OH-(aq)
reage com qualquer substância que forneça Al3+(aq), produzindo um precipitado de
hidróxido de alumínio. A equação iônica simplificada evidencia ainda a conservação da
carga (assim como de massa) na transformação química, à medida que expõe o
balanço de cargas elétricas e de átomos nos dois lados da equação. Naturalmente, a
escolha de um destes tipos de equação para representar uma transformação química
depende de que aspecto da transformação pretende-se realçar.

1
O termo dissociação refere-se ao processo de separação de íons de um eletrólito. A ionização
significa a formação de um íon, a partir de um átomo ou molécula, pela perda de elétrons.
76

Eletrólitos fortes e fracos

Um eletrólito é toda substância que, ao dissolver-se, fornece íons à solução.


Sob condições normais, o movimento dos íons solvatados é aleatório. Como
consequência, cátions e ânions distribuem-se uniformemente na solução. Entretanto,
se dois eletrodos são mergulhados na solução e são conectados a uma bateria, cada
eletrodo assume uma polaridade (ou seja, carga positiva ou negativa) e os íons
passam a migrar na solução de acordo com estas polaridades: os cátions para o pólo
negativo e os ânions para o pólo positivo. Assim, há um movimento orientado de íons
na solução e de elétrons no circuito externo: o circuito está fechado e a solução está
conduzindo eletricidade. Há substâncias que não liberam íons na solução quando se
dissolvem; as partículas de soluto dispersas são neutras (sem carga elétrica) e o soluto
é então um não-eletrólito. As soluções de não-eletrólitos não conduzem eletricidade.
Há duas categorias de eletrólitos: os eletrólitos fortes (como a maioria dos sais
e os ácidos e bases fortes), e os eletrólitos fracos, como os ácidos e bases fracas.
Em solução, um eletrólito forte existe somente na forma dissociada (como íons
solvatados), enquanto um eletrólito fraco existirá como uma mistura de íons e
moléculas não-dissociadas em equilíbrio. Ou seja, os eletrólitos fortes sofrem
dissociação completa em solução, enquanto nas soluções dos eletrólitos fracos
somente uma parte das moléculas dissolvidas se dissociam. Um exemplo de eletrólito
fraco é o fluoreto de hidrogênio gasoso; sua dissolução em água pode ser
representada pela equação abaixo:

HF(g) + H2O(l) ⇔ H3O+(aq) + F-(aq)

Em função da força da ligação H-F, apenas uma pequena parte das moléculas de
fluoreto de hidrogênio dissolvidas dissociam-se nos íons hidroxônio e fluoreto
hidratados. Em soluções de HF 1,0 mol/L, por exemplo, em média 97% das moléculas
dissolvidas permanecem na forma molecular, e apenas 3% dão origem aos íons
hidratados. Por causa deste tipo de comportamento, que caracteriza os eletrólitos
fracos, as soluções destes eletrólitos apresentam condutividade elétrica relativamente
baixa.
77

Previsão da ocorrência de uma reação química em solução aquosa

Formação de um eletrólito fraco

Quando a combinação de íons em solução dá origem a compostos solúveis com


baixo grau de dissociação (eletrólitos fracos), a ocorrência da reação pode ser indicada
2
por alguma propriedade organoléptica da substância produzida, como no caso da
formação de sulfeto de hidrogênio na reação abaixo:

→ H2S(aq) + 2 H2O(l)
2- +
S (aq) + 2 H3O (aq)

O sulfeto de hidrogênio é um gás incolor, solúvel em água, que possui um odor


bastante desagradável. É este cheiro que impressiona o olfato e que evidencia
imediatamente a formação do eletrólito fraco na mistura de reação. Sem esta
propriedade a ocorrência da reação poderia passar despercebida ao observador, uma
vez que não há outra indicação macroscópica da transformação.

Obtenção de produtos insolúveis

Outro aspecto a considerar quando se verifica a ocorrência de uma determinada


transformação é a solubilidade de todos os compostos que podem ser formados a
partir dos reagentes. A precipitação de um sólido pouco solúvel é uma das evidências
mais comuns de reação química. As seguintes regras gerais de solubilidade em água
são utilizadas para a previsão da formação de precipitados:

Todos os ácidos inorgânicos são solúveis. São solúveis os ácidos carboxílicos de


cadeia carbônica curta.
Todos os sais de metais alcalinos são solúveis, com exceção do perclorato de
potássio, que é pouco solúvel.
Todos os sais de amônio são solúveis.
Todos os sais contendo os ânions nitrato, clorato, perclorato e acetato são solúveis,
com exceção do acetato de prata e do acetato de mercúrio (I), que são pouco
solúveis.
Todos os cloretos, brometos e iodetos são solúveis, exceto os de Ag+, Pb2+ e Hg22+.
O cloreto de chumbo (II) é ligeiramente solúvel.

2
Uma propriedade organoléptica é uma propriedade de um corpo ou de uma substância que
impressiona os sentidos e o organismo.
78

Todos os sulfatos são solúveis, exceto os de chumbo (II), estrôncio e bário. Os


sulfatos de cálcio e de prata são pouco solúveis.
Todos os óxidos metálicos são insolúveis, exceto os de metais alcalinos e os de
cálcio, estrôncio e bário.
Todos os hidróxidos são insolúveis, exceto os de metais alcalinos e os de bário e
estrôncio. O hidróxido de cálcio é ligeiramente solúvel.
Todos os carbonatos, fosfatos, sulfetos e sulfitos são insolúveis, exceto os de
amônio e os de metais alcalinos.

Observação: A maioria dos sais ditos "insolúveis" apresenta uma baixa solubilidade
em água.

Outras evidências de transformação química

Além do fenômeno da precipitação, outros sinais da ocorrência de reações


químicas em solução aquosa são a obtenção de compostos gasosos, a mudança de
coloração, a mudança de temperatura e a dissolução de sólidos, com formação de sais
simples ou de complexos solúveis. São exemplos desses processos:

Formação de gás:

→ SO2(g) + H2O(l)
- +
HSO3 (aq) + H (aq)

Mudança de coloração (com formação de íon complexo):

Fe3+(aq) + 6 SCN-(aq) → [Fe(SCN)6]3-(aq)


amarelo incolor vermelho

Mudança de temperatura:

H2SO4(l) + H2O(l) → H3O+(aq) + HSO4-(aq) + calor (∆H < 0)

Dissolução de precipitado (com formação de íon complexo):

Al(OH)3(s) + OH-(aq) → [Al(OH)4]-(aq)


79

PARTE EXPERIMENTAL

Cada equipe receberá do professor seis soluções aquosas, em tubos de ensaio


numerados, sem conhecer a ordem de distribuição dessas soluções nos tubos. O
professor selecionará qual dos experimentos (1 ou 2) será realizado pela turma.

Soluções para Experimento 1:

solução aquosa de cloreto de hidrogênio (ácido clorídrico);


solução aquosa de cloreto de sódio;
solução aquosa de nitrato de mercúrio (I);
solução aquosa de cloreto de cálcio;
solução aquosa de carbonato de sódio e
solução aquosa de acetato de sódio.

Soluções para Experimento 2:

solução aquosa de hidróxido de sódio;


solução aquosa de carbonato de sódio;
solução aquosa de ácido sulfúrico;
solução aquosa de sulfato de cobre (II);
solução aquosa de sulfeto de sódio;
solução aquosa de acetato de zinco.

Objetivo: Identificar as soluções recebidas, a partir do conhecimento das regras gerais


de solubilidade e de força de eletrólitos.

Procedimento

Misturar alíquotas (de cerca de 1 mL) das soluções, duas a duas, observando se
há diferença entre os estados inicial e final de cada mistura de reação.

Observação: Uma vez que o experimento a ser realizado tem caráter qualitativo, não
é necessário medir volumes com precisão. Por outro lado, é importante
minimizar o consumo de reagentes e a produção de resíduos.
80

Interpretação dos resultados e conclusão

Anotar, numa tabela adequada, todas as observações referentes a cada mistura


de reação (formação de precipitado, cor do precipitado, produção de gás, odor, etc).
Escrever as equações químicas (global e iônica simplificada) correspondentes a
cada transformação ocorrida. Analisar os resultados obtidos para os diversos sistemas
químicos e associar o número do tubo de ensaio à solução correspondente.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Definir reação química e citar algumas manifestações macroscópicas que


acompanham as transformações químicas.
2. Para cada situação apresentada a seguir, explicar o que está ocorrendo em termos
de ligações químicas, envolvendo moléculas, átomos ou íons:
a. A fusão de um bloco de gelo;
b. Uma porção de álcool (etanol) em solução;
c. A quebra de um cristal de cloreto de sódio;
d. A dissolução de uma chapa de zinco em ácido clorídrico.
Escreva as equações químicas balanceadas para as reações dos itens b e d.
3. Indicar quais são os íons presentes na solução aquosa de cada um dos seguintes
compostos:
HCl, Hg(NO3)2, Hg2(NO3)2, CaCl2, K2CO3, CH3COONa, NH4HCO3, K2CrO4
4. Explicar por que uma reação que ocorre com desprendimento de gás (exceto no
caso dos gases monoatômicos) é geralmente mais lenta do que uma reação de
precipitação.
5. Nomeie os seguintes compostos de acordo com as normas oficiais:
CuCl2, Ca(NO3)2, NH4HCO3, NaClO, KClO3, K3[Fe(CN)6], Ag2CrO4
6. Forneça as fórmulas corretas para:
a. ortofosfato de alumínio;
b. ácido sulfídrico;
c. hidróxido de bário;
d. sulfato de estrôncio;
e. óxido de fósforo (V);
f. cloreto de tetraaquoberílio (II);
g. dicromato de potássio.
81

7. As reações químicas que ocorrem sem transferência de elétrons de uma espécie


para outra são denominadas metatéticas, enquanto as que envolvem
transferência de elétrons são reações de oxirredução. Classifique as seguintes
reações em metatéticas ou de oxirredução:
a. Ag2SO4(aq) + 2 NaCl(aq) → 2 AgCl(s) + Na2SO4(aq)

b. 10 CO(g) + 2 I2O5(aq) → 10 CO2(g) + 5 I2(aq)

c. 4 NH3(g) + 7 O2(g) → 4 NO2(g) + 6 H2O(g)

d. Zn(s) + H2SO4(aq) → ZnSO4(aq) + H2(g)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRADY, J. HUMISTON, G.E. Química Geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos, 1986. p. 193-210.
KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. New York : Saunders
College, 1991. p. 137-151.
O'CONNOR, R. Fundamentos de Química. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1977.
p. 216.
RUSSEL, J. B. Química geral. 2. ed. Coordenação de Maria Elizabeth Brotto; tradução
e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo: Makron, 1994. p. 543-547, 577-
581.
ESTEQUIOMETRIA

A estequiometria trata de diversas relações quantitativas – envolvendo massas,


volumes, números de partículas, quantidades de matéria, entre outras – aplicadas às
reações químicas. Os cálculos estequiométricos têm importância fundamental em todos
os campos da Química, especialmente na análise quantitativa e na química sintética.
Na Química Geral Experimental, o estudante precisa conhecer ou deduzir relações
entre as quantidades de substâncias que participam de reações químicas. Para tanto, os
conceitos de mol, número de Avogadro, massa molecular e massa molar, entre outros,
devem ser revistos.
De acordo com as leis básicas das transformações químicas, os átomos dos
diversos elementos reagem para formar moléculas ou íons, guardando entre si razões
simples de números inteiros. Átomos de hidrogênio e de oxigênio, por exemplo,
combinam-se numa proporção de 2:1 para formar moléculas de água. Átomos de enxofre,
carbono e nitrogênio, por outro lado, formam o ânion tiocianato (SCN-), quando
combinam-se numa razão de 1:1:1.
Uma vez que átomos, íons ou moléculas são pequenos demais para serem vistos
ou manipulados individualmente no laboratório, o químico trabalha, na prática, com mols
destas partículas. Um mol de uma substância molecular, por exemplo, contém 6,022 x
1023 moléculas desta substância; um mol de átomos ou de íons contém, respectivamente,
23 23
6,022 x 10 átomos ou 6,022 x 10 íons. Este número de partículas contidas em um mol
é denominado Constante de Avogadro (NA), em homenagem ao físico italiano Lorenzo
Avogadro (1776-1856), que foi um dos primeiros cientistas a distinguir claramente átomos
de moléculas.
A massa molecular de qualquer substância química corresponde à soma das
massas dos átomos que constituem a substância; é expressa em unidades de massa
atômica (u) e refere-se à massa de uma única partícula.

Exemplos: a substância química: propanona (acetona, CH3COCH3(l))


massa molecular da propanona: 58,09 u.
a substância química: perclorato de sódio (NaClO4(s))
massa molecular do perclorato de sódio: 122,44 u.
83

A massa molar de qualquer substância química, por sua vez, corresponde à massa
de um mol de partículas daquela substância. Para um mesmo composto, a massa molar é
numericamente igual à massa molecular, com a diferença de que a massa molar é
expressa em gramas/mol.

Exemplos: a massa molecular da propanona = 58,09 u.


massa molar da propanona = 58,09 g/mol.
a massa molecular do perclorato de sódio: 122,44 u.
massa molar do perclorato de sódio = 122,44 g/mol.

Os termos massa molecular e massa molar podem ser utilizados, sem distinção, para
compostos moleculares e não-moleculares.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Determinar (experimentalmente) a relação ideal entre as quantidades de


matéria de iodeto de potássio e de nitrato de chumbo (II), para a obtenção
do iodeto de chumbo (II).

Procedimento

Preparo das soluções 0,50 mol/L de iodeto de potássio e de nitrato de chumbo (II)

Calcular as massas de iodeto de potássio (ou de sódio) e de nitrato de chumbo (II)


necessárias para preparar 250 mililitros de solução 0,50 mol/L de cada sal. Preparar as
soluções de acordo com as instruções contidas no capítulo sobre Preparo de soluções
aquosas deste Manual.

Obtenção do precipitado de iodeto de chumbo (II):

Carregar uma bureta com a solução de nitrato de chumbo (II) recém-preparada.


Fazer o mesmo, em outra bureta, com a solução de iodeto de potássio.
Numerar cinco tubos de ensaio e transferir, cuidadosamente, 4,0 mL de solução
0,50 mol/L de iodeto de potássio para cada tubo. Em seguida, adicionar quantidades
variáveis da solução de nitrato de chumbo (II), de acordo com a tabela abaixo:
Tabela 1 - Estequiometria da precipitação do iodeto de chumbo (II)
84

Tubo de ensaio Volume de KI Volume de


0,50 mol/L (mL) Pb(NO3)2 0,50 nKI n (Pb(NO3)2)
mol/L (mL)

1 4,0 0,5 0,0020 0,00025


2 4,0 1,0
3 4,0 2,0
4 4,0 3,0
5 4,0 4,0

Homogeneizar a mistura contida em cada tubo de ensaio, cuidando para que o


precipitado de iodeto de chumbo (II) não fique aderido às paredes do tubo. Colocar os
tubos de ensaio em posição vertical e medir a altura atingida pelo sólido em cada tubo,
depois de vinte minutos de decantação, no mínimo. Se possível, centrifugar as diversas
misturas em baixa rotação.
Separar o precipitado da solução sobrenadante por filtração simples, utilizando
papel de filtro faixa azul, previamente pesado. Secar o sólido e o papel de filtro em estufa
o
a 100 C até massa constante e determinar, em seguida, a massa total (papel de filtro +
precipitado) correspondente a cada mistura de reação. A massa de precipitado pode ser
calculada, então, por diferença.

Análise dos resultados e conclusão

Completar a tabela 1 com as quantidades de matéria de iodeto de potássio e de


nitrato de chumbo(II) empregadas em cada mistura de reação.
Colocar num gráfico a altura atingida pelo precipitado em cada tubo de ensaio, em
centímetros ou milímetros, contra o volume empregado da solução 0,50 mol/L de nitrato
de chumbo (II), em mL. Colocar também, em outro gráfico, a massa de precipitado
produzida em cada mistura de reação, em gramas ou miligramas, versus o volume da
solução 0,50 mol/L de nitrato de chumbo (II).
Analisar os dois gráficos e determinar a relação ideal entre as quantidades de
matéria de iodeto de potássio e de nitrato de chumbo (II) para a obtenção do iodeto de
chumbo(II).
85

Observação importante: Não descartar o filtrado na pia, pois ele corresponde a uma
solução saturada de iodeto de chumbo (II). Colocar a
solução numa cuba de cristalização, de acordo com as
instruções do professor.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Sob condições apropriadas, acetileno (C2H2) e ácido clorídrico reagem para formar
cloreto de vinila (C2H3Cl). Em uma determinada circunstância, 35,0 g de C2H2 são
misturados com 51,0 g de ácido clorídrico.
a. Qual é o reagente limitante neste processo?
b. Quantos gramas de cloreto de vinila serão formados?
c. Quantos gramas do reagente em excesso restarão após o final da reação?

2. Uma substância é composta por 60,8% de sódio, 28,5% de boro e 10,5% de


hidrogênio.
a. Qual é a fórmula empírica do composto?
b. Sabendo que a fórmula empírica do composto é igual à sua fórmula molecular,
calcular quantos átomos de boro estão presentes em 2,84 g da substância.

3. Qual é a quantidade de matéria de cálcio metálico que reage completamente com 2,5
mols de átomos de cloro para produzir cloreto de cálcio?

4. Quantos gramas de sódio metálico devem reagir com 72 g de água para produzir
hidróxido de sódio? Escreva a equação que representa a reação química envolvida.

5. Calcule a massa de ferro em uma amostra de 3 g de Fe2O3 (ferrugem).

6. Quantos mols de etanol são produzidos a partir de 1,40 mols de glucose (C6H12O6)?
Escreva a equação química que representa a reação de fermentação.
7. Quantos gramas de ortofosfato de bário podem ser obtidos quando se reage 200 g de
ácido orto-fosfórico com hidróxido de bário em quantidade suficiente? Escreva a
equação química que representa a reação de neutralização.

8. Uma amostra de 0,578 g de estanho puro é tratada com flúor molecular (gasoso) até
que a massa do composto resultante fique constante e igual a 0,944 g. Qual é a
86

fórmula empírica do fluoreto de estanho formado? Escreva uma equação para esta
síntese.

9. Uma amostra de um óxido de bário desconhecido forneceu, após exaustivo


aquecimento, 5,00 g de BaO e 366 cm de oxigênio gasoso medidos a 273,1 K e 1,00
atm. Qual é a fórmula empírica do óxido desconhecido?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

O'CONNOR, Rod. Fundamentos de Química. São Paulo : Harper & Row do Brasil, 1977.
p. 69-80.
ROCHA-FILHO, R.C.; SILVA, R.R. Sobre o uso correto de certas grandezas em Química.
Química Nova, v.14, n. 4, p. 300-305, 1991.
RUSSEL, John B. Química Geral. 2. ed. Coordenação de Maria Elizabeth Brotto;
Tradução e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo : Makron, 1994. p. 58-65.
SILVA, Roberto R. da; BOCCHI, Nerilso; ROCHA FILHO, Romeu C. Introdução à Química
Experimental. São Paulo : McGraw-Hill, 1990. p. 52-54.
REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO ENVOLVENDO METAIS

As reações de oxidação e de redução são aquelas em que um ou mais elétrons


parecem ser transferidos de um átomo para outro. A palavra "parece" é usada porque
a atribuição de elétrons a átomos individuais envolve a técnica (um tanto arbitrária,
embora útil) de contabilização de números de oxidação.
O termo oxidação significava originalmente combinação com oxigênio gasoso,
como no exemplo:

Zn(s) + ½ O2(g) → ZnO(s)

Nesta reação, os átomos de zinco são oxidados pelas moléculas de oxigênio.


Neste caso, o número de oxidação do zinco varia de zero (no estado elementar) a +2,
no composto formado. Verificou-se posteriormente que diversas outras reações
resultavam em variações semelhantes nos estados de oxidação, embora ocorressem
sem a participação do oxigênio molecular. Exemplos:

Zn(s) + Cl2(g) → ZnCl2(s)


Números de oxidação: zero zero +2 -1

Zn(s) + 2 H+(aq) → Zn2+(aq) + H2(g)


Números de oxidação: zero +1 +2 zero

Em função dessa semelhança, o termo "oxidação" passou a ser usado, de


forma generalizada, para designar todo processo em que uma espécie química (átomo,
íon ou molécula) perde elétrons.
O processo de redução, por sua vez, é oposto ao da oxidação. O termo talvez
tenha origem na terminologia metalúrgica, onde é usado para designar a
transformação do minério (utilizado como matéria-prima) nos seus metais
correspondentes. A redução envolve o ganho de elétrons por uma espécie química e
não ocorre sem uma oxidação associada, ou seja: elétrons não podem ser recebidos
sem que um átomo, íon ou molécula os tenha cedido. Exemplos de semi-reações de
redução:
88

+ 2 e → Sn(s)
2+ -
Sn (aq)

Números de oxidação: +2 zero


PbSO4 (s) + 2 e → Pb(s) + SO42-(aq)
-

Números de oxidação: +2 zero

Força relativa dos agentes oxidantes e redutores

Todos os processos de oxirredução envolvem uma competição relativa das


substâncias por elétrons. O resultado desta competição determina o sentido em que as
transformações ocorrem espontaneamente.
Entre todas as substâncias envolvidas numa reação, o agente oxidante mais
poderoso é a substância com a maior afinidade por elétrons. Enquanto isso, bons
agentes redutores são espécies químicas com uma afinidade mínima por elétrons.
Assim, na reação abaixo:

2 H+(aq) + Zn(s) → Zn2+(aq) + H2(g) ,

2+
o íon hidrogênio é um agente oxidante mais forte do que o íon Zn e esta reação
ocorre exatamente no sentido indicado, sem que a reação inversa ocorra
apreciavelmente. Em outras palavras, os íons H+(aq) têm uma afinidade por elétrons
suficientemente forte para retirá-los dos átomos de zinco. Por outro lado, o zinco
metálico é agente redutor mais forte do que o hidrogênio gasoso, porque o zinco perde
seus elétrons com maior facilidade.
É possível arranjar os agentes oxidantes e redutores numa série, de acordo com
suas tendências relativas para ganharem ou perderem elétrons (potenciais de redução
ou de oxidação). Consideramos, em primeiro lugar, que o flúor é um dos agentes
oxidantes mais fortes e que o lítio é um dos agentes redutores mais fortes; assim,
estes dois elementos constituem os extremos opostos de uma série de potenciais de
oxirredução. A posição de cada espécie química neste conjunto de potenciais redox
pode ser conhecida se analisarmos o seu comportamento na presença de outras
substâncias. Por exemplo, na reação:

Fe2+(aq) + ½ F2(g) → Fe3+(aq) + F -(aq) ,

o flúor molecular é o agente oxidante mais forte e o íon Fe2+ é oxidado. Por outro lado,
se reagirmos este cátion com zinco metálico, obteremos:
89

Fe2+(aq) + Zn(s) → Fe(s) + Zn2+(aq) .


Nesta reação, o íon ferro (II) é o agente oxidante mais forte, e o ferro metálico é
formado. Portanto, em termos da tendência para receber elétrons (potencial de
2+ 2+
redução), a sequência envolvendo estes três reagentes seria: F2(g) > Fe (aq) > Zn (aq).

O mesmo tipo de estudo foi feito com um grande número de outras substâncias,
tendo resultado nas tabelas de potenciais de oxidação ou de redução que estão
disponíveis na literatura e que encontram inúmeras aplicações em diversos campos da
Física e da Química.
A espontaneidade de um processo de transferência de elétrons pode ser
prevista por meio dos potenciais-padrão de oxirredução dos reagentes. Consideremos
o seguinte sistema: um pedaço de zinco metálico imerso em uma solução aquosa de
ácido clorídrico. As semi-reações que podem ocorrer são:

Zn2+(aq) + 2 e- ⇔ Zn(s) Eo = - 0,76 V


+ 2 e ⇔ H2(g)
+ - o
2H (aq) E = 0,00 V ,

onde os Eo são os potenciais-padrão de redução a 25oC. Quando a semi-reação é


escrita no sentido oposto (ou seja, no sentido da oxidação) o sinal do potencial-padrão
é trocado.
Desta forma, a reação:

Zn(s) + 2 H+(aq) ⇔ Zn2+(aq) + H2(g)

é espontânea nas condições-padrão, pois ∆Eo = (+ 0,76 V) + (0,00 V) = + 0,76 V (∆Eo


positivo).
Por outro lado, a reação inversa:

Zn2+(aq) + 2 H2(g) ⇔ Zn(s) + 2 H+(aq)

não é espontânea nas condições-padrão, pois ∆Eo = (- 0,76 V) + (0,00 V) = - 0,76 V


(∆Eo negativo).

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: comparar as forças de diferentes agentes redutores através de reações com


diversos agentes oxidantes.
90

Procedimento

Cada equipe irá receber placas, fitas ou barras dos metais zinco, cobre e
chumbo, bem como as seguintes soluções aquosas:

solução de nitrato de zinco (II) 0,10 mol/L;


solução de nitrato de prata 0,010 mol/L;
solução de nitrato de cobre (II) 0,10 mol/L;
solução de nitrato de chumbo (II) 0,10 mol/L;
solução de cloreto de hidrogênio (HCl) 1,0 mol/L.

Colocar cerca de 2 mL de cada uma das soluções em tubos de ensaio


identificados e mergulhar neles as barras ou plaquetas de zinco metálico. Observar se
ocorre reação química entre o metal e as soluções e anotar os resultados.
Repetir o procedimento anterior com as amostras de cobre e de chumbo
metálicos e anotar os resultados.

Interpretação dos resultados e conclusão

Escrever as equações globais para as reações ocorridas, bem como as


equações das semi-reações de oxidação e de redução. Em seguida, ordenar as semi-
reações de oxidação de acordo com a capacidade redutora de cada metal e do gás
hidrogênio, em ordem decrescente.
Considerar que o níquel metálico reage com H+(aq) produzindo hidrogênio
gasoso, e que o zinco metálico reage facilmente com uma solução de nitrato de níquel.
A partir desta informação, localizar a semi-reação:
Ni(s) → Ni2+(aq) + 2 e-
na sequência estabelecida anteriormente.
Comparar a sequência de semi-reações obtida experimentalmente com a série
de potenciais de redução fornecidos a seguir.
91
o
Tabela 1 - Potenciais-padrão de redução, a 25 C

Semi-reação Eo (V)

F2(g) + 2e- → 2 F-(aq) + 2,87


Ag (aq) + e → Ag(s)
+ -
+ 0,80
Fe (aq) + e → Fe (aq)
3+ - 2+
+ 0,77
Cu (aq) + 2 e → Cu(s)
2+ -
+ 0,34
2H (aq) + 2 e → H2(g)
+ -
0,00
Pb (aq) + 2 e → Pb(s)
2+ -
- 0,13
Ni2+(aq) + 2 e- → Ni(s) - 0,25
Fe2+(aq) + 2 e- → Fe(s) - 0,44
Zn2+(aq) + 2 e- → Zn(s) - 0,76
Li+(aq) + e- → Li(s) - 3,05

Fonte: KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. New York :
Saunders College, 1991. p. A-21.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Escrever o número de oxidação de cada um dos elementos nos compostos abaixo.


KNO3, CaCO3, MnO4-, K2Cr2O7, CrO2-, CrO42-, HCrO4-, N2O3, CO32-.
2. Escrever as semi-reações de oxidação e redução para as transformações químicas
representadas abaixo e identificar o agente redutor e o oxidante.
a. 2 Na + H2SO4 → Na2SO4 + H2
b. CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O
c. 8 HNO3 + 3 Cu → 3 Cu(NO3)2 + 2 NO + 4 H2O
d. 2 F2 + O2 → 2 F2O
e. Cr2O3 + 2 Al → Al2O3 + 2 Cr
f. 2 FeCl2 + Cl2 → 2 FeCl3
g. Cu + 2 H2SO4 → CuSO4 + SO2 + 2 H2O
h. H2 + 3 Fe2O3 → H2O + 2 Fe3O4

3. Determinar o número de oxidação mais provável de um átomo cuja configuração


eletrônica é:
2 2 6 2 6 2
a. 1s 2s 2p 3s 3p 4s
b. 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
92

4. Um método conveniente para a preparação de monóxido de mononitrogênio


gasoso utiliza a oxidação de cobre metálico a íon cobre (II) por íons nitrato (em
solução ácida). Escrever a equação balanceada que representa esta reação
química.
5. Consultar uma tabela de potenciais padrão de eletrodo e selecionar:
a. um agente oxidante capaz de transformar Cl-(aq) em Cl2(g)
2+
b. um agente redutor que possa converter Fe (aq) em Fe(s)
Escrever as equações globais balanceadas e calcular o ∆E de cada processo.
o

6. Utilizando uma tabela de potenciais, determinar se a reação:

Sn(s) + Ni2+(aq) → Sn2+(aq) + Ni(s)

é espontânea ou não nas condições-padrão. Justificar a resposta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAHAN, Bruce H. Química : um curso universitário. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
1972. p. 212.
OHLWEILER, Otto A. Química Analítica Quantitativa. Rio de Janeiro: Instituto Nacional
do Livro, 1974. p. 63.
RUSSEL, John B. Química geral. 2. ed. Coordenação de Maria Elizabeth Brotto;
tradução e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo : Makron, 1994. p. 586-
594.
REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO ENVOLVENDO NÃO-METAIS

As reações de oxirredução têm grande importância na Química: são utilizadas


para sintetizar compostos, solubilizar substâncias (insolúveis em outras condições) e
analisar uma variedade de íons. Em muitas dessas aplicações usa-se um grupo
relativamente pequeno de agentes oxidantes fortes, ou seja, espécies químicas que
tendem a captar elétrons com facilidade. Em termos quantitativos, um agente oxidante
forte é um átomo, íon ou molécula que apresenta um potencial padrão de redução
o
(E redução) elevado. Entre essas espécies oxidantes estão as moléculas dos halogênios
(I2, Br2, Cl2 e F2), que se caracterizam por uma alta reatividade. A palavra halogênio
vem do grego e significa "produtor de sal marinho". O termo descreve uma das
propriedades dos elementos do grupo 7A (ou 17): a de se combinarem diretamente
com metais para produzir sais.
O flúor é o mais reativo de todos os elementos químicos, combinando-se com
todos os outros diretamente (exceto com alguns gases nobres), em temperatura
ordinária ou a quente, muitas vezes de forma explosiva. Oxida muitos compostos,
produzindo fluoretos. Ataca também material orgânico, que se inflama em atmosfera
de flúor molecular (F2(g)).
O cloro ocorre na forma de cloretos (de sódio, potássio e magnésio, entre
outros) na água dos oceanos, nos lagos salgados e em depósitos provenientes da
evaporação de mananciais pré-históricos. O cloro molecular (Cl2(g)) é um gás
esverdeado, moderadamente solúvel em água. Ao dissolver-se à temperatura
ambiente, o gás reage com a água (embora em pequena extensão), de acordo com a
equação:

Cl2(g) + H2O(l) ⇔ HOCl(aq) + HCl(aq) Keq = 4,2 x 10-4 a 25oC

O produto deste desproporcionamento pode ser descrito como uma mistura de ácido
hipocloroso e ácido clorídrico, mas o valor da constante de equilíbrio é pequeno. Isso
indica que só uma pequena quantidade de ambos os ácidos está presente na mistura
quando o sistema atinge o equilíbrio.
O bromo ocorre na natureza como brometo, em menor quantidade do que os
cloretos. O bromo molecular, por sua vez, é um líquido denso, móvel, vermelho-escuro
à temperatura ambiente. É moderadamente solúvel em solventes apolares como o
dissulfeto de carbono (CS2(l)) ou o tetracloreto de carbono (CCl4(l)). A solubilidade do
94

bromo em água é pouco superior à do cloro; entretanto, a reação de


desproporcionamento que produz o ácido hipobromoso ocorre em menor extensão.
O iodo é encontrado como iodeto em salmouras e como iodato em minerais e
no salitre do Chile (guano). O iodo molecular é um sólido violeta, com um ligeiro brilho
metálico, que sublima sob pressão atmosférica. É solúvel em solventes apolares como
o CS2 e o CCl4, gerando soluções de cor violeta como o vapor de I2. Dentre os
halogênios citados, o iodo é o menos solúvel em água; as moléculas dissolvidas
permanecem essencialmente na forma de I2(aq) devido a sua baixa reatividade com
relação ao solvente.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: comparar três elementos não-metálicos do grupo 7A (ou 17) quanto ao


seu poder de oxidação.

Procedimento

Observação: Uma vez que o experimento a ser realizado tem caráter


qualitativo, as quantidades citadas abaixo são apenas indicativas.
Não é necessário, portanto, medir volumes com extrema precisão.
Por outro lado, é importante minimizar o consumo de reagentes e a
produção de resíduos.

Preparar os padrões de cor colocando, em três tubos de ensaio distintos, cerca


de 2 mL das soluções aquosas dos halogênios: Cl2(aq) , Br2(aq) e I2(aq). Estas soluções
deverão estar disponíveis na capela. Acrescentar 1 mL de tetracloreto de carbono a
cada tubo de ensaio, homogeneizando bem a mistura. Observar a cor da fase orgânica
que contém o halogênio dissolvido e reservar esses padrões para comparação
posterior.
Em seguida colocar, em dois tubos de ensaio distintos, aproximadamente 2 mL
das soluções aquosas de brometo de sódio e de iodeto de sódio 0,10 mol/L.
Acrescentar a cada tubo 1 mL de tetracloreto de carbono e 1 mL da solução aquosa de
cloro ("água de cloro") recentemente preparada, homogeneizando bem a mistura.
Observar e anotar as cores da fase orgânica em cada tubo.
95

Repetir o procedimento anterior, utilizando soluções aquosas de cloreto de sódio


e de iodeto de sódio 0,10 mol/L, tetracloreto de carbono e solução aquosa de bromo
("água de bromo").
Repetir o mesmo procedimento, utilizando soluções aquosas de cloreto de sódio
e de brometo de sódio, tetracloreto de carbono e solução aquosa de iodo.
Comparar a cor da fase orgânica (observada em cada mistura de reação) com
as cores dos padrões e verificar em que tubos ocorreu reação química. Em seguida,
escrever as equações que representam as reações de oxirredução ocorridas.

Interpretação dos resultados e conclusão

A partir dos resultados da experiência, verificar qual dos halogênios testados é o


oxidante mais forte. Qual é a tendência do potencial de redução quando se caminha no
grupo 7A (ou 17) do cloro ao iodo?
Verificar se os resultados obtidos concordam com a sequência dos potenciais-
padrão de redução tabelados:

Tabela 1 - Potenciais padrão de redução dos halogênios

Semi-reação E o, V
F2(g) + 2e- → 2F-(aq) 2,866
Cl2(g) + 2e → 2Cl (aq)
- -
1,358
Br2(g) + 2e → 2Br (aq)
- -
1,066
I2(g) + 2e- → 2I-(aq) 0,536
At2(g) + 2e- → 2At-(aq) ± 0,3

Fonte: GREENWOOD, N.N. & EARNSHAW, A. Chemistry of the Elements. Oxford :


Pergamon Press, 1994. p. 939.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Embora o flúor oxide todos os metais, ele pode ser estocado em recipiente
metálico. Explique.
2. Um laboratorista usa uma jóia de prata e está trabalhando em um ambiente com
vapores de bromo. A jóia será danificada? Justifique a sua resposta.
96

3. As soluções aquosas diluídas de Br2 e de I2 são ambas amarelas. Como você


poderia distingui-las com base na reatividade dos solutos?
4. O que acontecerá se o flúor molecular for colocado para borbulhar numa
solução de brometo de sódio 1,0 mol/L? Justifique a sua resposta usando os
valores dos potenciais-padrão de meia-cela (Tabela1).
5. O cloro gasoso pode ser obtido a partir de cloreto de potássio e de
permanganato de potássio em meio ácido, de acordo com a equação não-
balanceada abaixo:

KMnO4(s) + KCl(s) + H2SO4(aq) → MnSO4(aq) + K2SO4(aq) + H2O(l) + Cl2(g)

a. Quanto cloro pode ser produzido a partir de 100g de KMnO4, considerando um


rendimento de 100% para a reação?
b. Indique a massa de bromo molecular que seria obtida se o cloro produzido pela
reação acima fosse borbulhado (sem perdas) em uma solução saturada de
brometo de potássio.
6. Efetue o balanceamento das equações:

Ca(OCl)2 + KI + HCl → I2 + CaCl2 + H2O + KCl

HNO3 + HI → NO + I2 + H2O

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COTTON, Albert; WILKINSON, Geoffrey. Química Inorgânica. Tradução por Horácio


Macedo. Rio de Janeiro : Livros Técnicos e Científicos, 1982. p. 337, 343.
GREENWOOD, N.N. and EARNSHAW, A. Chemistry of the Elements. Oxford :
Pergamon Press, 1994. p. 920-928.
O'CONNOR, Rod. Fundamentos de Química. Tradução por Elia Tfouni; revisão técnica
por Abel de Oliveira e Gerson Unger de Oliveira. São Paulo : Harper & Row do
Brasil, 1977. p. 342-344.
RUSSEL, John B. Química Geral. Tradução por Divo Leonardo Sanioto et al.
Coordenação de Geraldo Vicentini e Léa Barbieri Zinner. São Paulo : McGraw-Hill
do Brasil, 1982. p. 638-647, 872.
ESTADOS DE OXIDAÇÃO E COLORAÇÕES DO MANGANÊS

Colaboração: Dra Shirley Nakagaki Bastos

Os processos de oxidação e redução englobam um grupo importante de


transformações químicas caracterizadas por transferências de elétrons (que podem
ocorrer de modo evidente ou sutil). Neste capítulo serão discutidas diversas reações de
oxirredução que envolvem compostos de manganês.
O manganês (Mn) é o metal de transição que ocupa a décima sétima posição
em abundância (em massa) na crosta terreste, sendo extraído predominantemente
como o mineral pirolusita, MnO2. A produção mundial do minério de manganês
resume-se a cerca de 23 milhões de toneladas/ano e o Brasil é responsável por
aproximadamente 8% desta produção. Cerca de 95% do minério é utilizado na
indústria siderúrgica para a obtenção de ligas metálicas; a mais importante delas é a
liga de Fe-Mn que contém 80% de manganês.
Além de ocorrer na forma de minerais, o manganês distribui-se amplamente na
maioria dos organismos vivos. Na realidade, muitos processos biológicos dependem de
variações nos estados de oxidação deste metal. Nos organismos superiores, o
manganês é essencial para a boa formação da estrutura óssea e para o
funcionamento do sistema nervoso central. Além disso, participa como cofator numa
série de reações catalisadas por fosfatases, arginases e carboxilases. Algumas
doenças, como por exemplo o mal de Parkinson, são atribuidas à deficiência de
manganês. Nos cloroplastos das células vegetais, o manganês é necessário para a
reação de fotodecomposição da água, que produz oxigênio molecular.
Dentre todos os elementos químicos, o manganês – cuja configuração
eletrônica é [Ar] 3d5 4s2 – é o que apresenta a maior variedade de estados de
oxidação. Os mais estáveis são os estados hepta, tetra e divalente, mas há compostos
do metal em toda a faixa de números de oxidação desde 3- a 7+.
O estado de oxidação mais elevado (7+), que existe no conhecido ânion
permanganato, é obtido quando todos os elétrons de valência do metal estão
envolvidos em ligações químicas. Em solução, o permanganato (MnO4-) é um dos
agentes oxidantes mais fortes que se conhece; é ainda mais forte que o CrVI, do grupo
anterior na classificação periódica.
2+
O estado 2+, representado pelo íon Mn , é o mais estável e mais comum,
exceto em soluções básicas. Em meio aquoso ácido ou neutro, este cátion é
98
2+
encontrado na forma do complexo [Mn(OH2)6] , de cor rosa. Em meio básico,
entretanto, o estado de oxidação 2+ é o mais instável, sendo que até mesmo o
oxigênio do ar é capaz de oxidar MnO (branco) a MnO2 (castanho escuro). Esta
oxidação é relativamente lenta, porque o MnO é sólido e a sua reação com o gás O2 é
uma reação heterogênea.
O estado 4+ é encontrado na pirolusita (MnO2). O dióxido não se decompõe em
água pura porque é insolúvel, mas em soluções ácidas comporta-se como um oxidante
forte, sendo reduzido a Mn2+.

Colorações dos compostos de manganês

O íon permanganato, que tem cor violeta intensa, é um oxidante extremamente


forte em misturas neutras e ácidas, sendo ainda mais poderoso em soluções básicas.
Dependendo do pH do meio, o MnO4-(aq) sofre reações de redução que levam a
2+
diferentes estados de oxidação. O produto da redução em meio ácido é o íon Mn
(rosa claro); em soluções básicas é o MnO42- (verde escuro) e em meio neutro é o
MnO2 (laranja). Na presença de redutores tais como o íon hidrogenossulfito (bissulfito)
todas estas reações são possíveis, como exemplificado no esquema abaixo:

+
H 2+
Mn (rosa)
-
MnO4 -
HSO3 MnO2 (laranja)
(violeta) MnO2

- +
OH 2-
H
MnO4 (verde) laranja-avermelhado

-
MnO4

2-
MnO4
- -
OH /HSO3

No seu estado de oxidação 3+, o manganês tende a desproporcionar-se em


2+
Mn e MnO2. A espécie MnO42- (íon manganato) também desproporciona-se, gerando
MnO2 e MnO4- em soluções ácidas e neutras, de acordo com a equação:

+ 4 H+(aq) → 2 MnO4-(aq) + MnO2(aq) + 2 H2O(l)


2-
3 MnO4 (aq)
99

Nesta reação, a cor da solução muda de verde brilhante (característica do íon


manganato) para uma mistura de violeta (do permanganato) e castanho (do MnO2). Os
manganatos são estáveis somente em soluções básicas. Assim, devido aos
III VI
desproporcionamentos, o Mn e o Mn são instáveis em solução aquosa, mesmo na
ausência de agentes oxidantes.
A diversidade de cores características facilita o reconhecimento dos diversos
estados de oxidação do manganês, além de tornar interessante o estudo dos
processos redox que ocorrem frequentemente na química desse metal de transição.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Identificar, através da coloração das soluções obtidas, os prováveis


produtos de reações redox envolvendo compostos de manganês.

Procedimento

Numerar nove tubos de ensaio grandes e adicionar 10,0 mL de solução de


-4
permanganato de potássio 4,0 X 10 mol/L a cada um deles, com auxílio de uma
bureta. Proceder então da forma descrita abaixo, utilizando o tubo 1 como padrão de
cor e homogeneizando as misturas de reação após cada adição. Observar, em
todos os casos, a cores resultantes:

Ao tubo 2: Adicionar 10 gotas de solução de HCl 2,40 mol/L, agitar e acrescentar 10


gotas de solução de NaHSO3 0,040 mol/L (o agente redutor).
Ao tubo 3: Adicionar 5 gotas de solução de NaHSO3 0,040 mol/L.
Ao tubo 4: Adicionar 10 gotas de solução de NaOH 3,20 mol/L e, após
homogeneização, acrescentar duas gotas de solução de NaHSO3 0,040
mol/L.
Ao tubo 5: Adicionar 10 gotas de solução de NaOH 3,20 mol/L, agitar e acrescentar
uma gota de solução de NaHSO3 0,040 mol/L.
Ao tubo 6: Adicionar 10 gotas de solução de NaOH 3,20 mol/L e meia gota de solução
de NaHSO3 0,040 mol/L, com homogeneização.
Ao tubo 7: Adicionar 10 gotas de solução de NaOH 3,20 mol/L, agitar e acrescentar
duas gotas de solução de NaHSO3 0,040 mol/L. Adicionar então 15 gotas
de solução de HCl 2,40 mol/L, homogeneizando a solução.
100

Ao tubo 8: Adicionar 10 gotas de solução de NaOH 3,20 mol/L e duas gotas de


solução de NaHSO3 0,040 mol/L. Em seguida, acrescentar 25 gotas de
solução de HCl 2,40 mol/L.
Ao tubo 9: Adicionar 10 gotas de solução de NaOH 3,20 mol/L, agitar e acrescentar
duas gotas de solução de NaHSO3 0,040 mol/L. Observar a cor formada.
Continuar o experimento adicionando 15 gotas de HCl 2,40 mol/L e
observar. Acrescentar 10 gotas de NaOH 3,20 mol/L e, após
homogeneização, mais duas gotas de solução de NaHSO3 0,040 mol/L.

Interpretação dos resultados e conclusão

Escrever equações balanceadas para as reações que ocorreram em cada tubo.


Fazer o balanço de massa de cada reagente adicionado, identificando aqueles que
foram consumidos e os que foram adicionados em excesso. Neste último caso,
determinar de quanto foi o excesso (em mol) de cada substância na mistura de reação
(para tanto, considerar que 1,0 mL corresponde a aproximadamente 20 gotas).
Com base nos resultados dos cálculos descritos acima, explicar as cores
observadas em cada tubo de ensaio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEE, J.D. Química Inorgânica não tão concisa. Tradução da 4. ed. São Paulo : Edgard
Blücher, 1991.
MAHAN, B.M. & MYERS, R.J. Química : um curso universitário. Tradução da 4.ed.
americana por Koiti Araki et al.; coordenação de Henrique Eisi Toma. São Paulo :
Edgard Blücher, 1993. p.168-173, 443-444.
MASTERTON, W.L. & HURLEY, C.N. Chemistry: principles and reactions. Philadelphia
: Saunders College, 1989. p. 777-783, 798-799.
MASTERTON, W.L.; SLOWINSKI, E.J.; STANITSKI, C. 6. ed. Princípios de Química.
Rio de Janeiro : Guanabara, 1985.
PEARSON, R.S. & GEORGE, A. Manganese Colour Reactions. J. Chem. Ed., v. 65, n.
5, p. 451-452, 1988.
ELETROQUÍMICA: PILHAS GALVÂNICAS

A Eletroquímica é a parte da Química que estuda as propriedades dos eletrólitos


e os processos de interconversão de energia química em energia elétrica que ocorrem
na superfície de eletrodos.
Existem dois tipos de células eletroquímicas: (i) as células voltaicas ou
galvânicas (pilhas, acumuladores e baterias), nas quais a energia elétrica é produzida
a partir de reações espontâneas de oxirredução e (ii) as células eletrolíticas, que
utilizam energia elétrica para produzir reações redox (transformações que não seriam
espontâneas na ausência de uma diferença de potencial externa).
Sob ambos esses aspectos, a Eletroquímica apresenta interesse prático.
Através da eletrólise, por exemplo, podem ser obtidos vários produtos de importância
industrial. Já o emprego de reações geradoras de corrente elétrica permite a
construção de diversos tipos de pilhas, largamente utilizadas em equipamentos e
brinquedos. Os acumuladores (por exemplo as baterias de chumbo-ácido sulfúrico),
por sua vez, são muito empregados na indústria automobilística.
A utilização de conceitos eletroquímicos no estudo teórico de reações químicas
é tão importante quanto estas aplicações industriais. Através deles pode-se determinar
a constante de equilíbrio de uma reação, o grau de acidez de uma solução ou a
solubilidade de uma substância, bem como prever se um determinado processo
ocorrerá espontaneamente ou não.

Pilhas Galvânicas

Para que se consiga realizar trabalho útil a partir da energia liberada numa
reação espontânea de oxirredução, deve-se evitar a transferência direta de elétrons do
agente redutor para o agente oxidante. Para tanto, eles devem ser confinados em
recipientes separados ou devem ter suas mobilidades restringidas, o que pode ser
obtido por misturas com fases (líquidas ou sólidas) nas quais a difusão é lenta. Assim,
os elétrons gerados na semi-reação de oxidação devem passar através de um
condutor metálico antes de promoverem a semi-reação de redução.
A figura que se segue esquematiza uma pilha típica, constituída por um eletrodo
de zinco ligado a um eletrodo de cobre (pilha de Daniell):
102

Zn Cu
(s) (s)

2+ 2+
Zn (aq) Cu (aq)

(A) (B)

As duas semi-reações que ocorrem são:


no recipiente A: Zn(s) → Zn2+(aq) + 2 e-
no recipiente B: Cu2+(aq) + 2 e- → Cu(s)

Nesse caso, o eletrodo de zinco é denominado ânodo da pilha, por corresponder


ao pólo onde os elétrons são liberados. Já o eletrodo de cobre constitui o cátodo ou
pólo positivo da pilha, onde os elétrons são consumidos.
2+
À medida que as duas semi-reações ocorrem, um excesso de cátions Zn
tende a se formar na solução do recipiente A, enquanto a solução do recipiente B
torna-se deficiente em cátions (já que os íons Cu2+ vão sendo reduzidos). Para manter
a neutralidade elétrica, as duas semi-pilhas são ligadas através de uma ponte salina,
ou seja, um tubo em forma de "U" contendo uma solução iônica concentrada. Desse
modo, os íons zinco(II) e cobre(II), bem como os cátions da ponte salina, migram em
direção ao cátodo, enquanto os íons sulfato e os ânions da ponte salina difundem-se
em direção ao ânodo.
Para calcular a diferença de potencial (d.d.p.) que se estabelece entre os dois
eletrodos da pilha em condições padrão, basta somar o potencial padrão do ânodo
(potencial de oxidação) ao potencial padrão do cátodo (potencial de redução). Para a
pilha de Daniell, por exemplo:
103

+ 2 e → Zn(s)
2+ - o
Zn (aq) E = - 0,76 V
+ 2 e → Cu(s)
2+ - o
Cu (aq) E = + 0,34 V
∆Eo = Eored + Eooxid = [+ 0,34 + (+0,76) ] V

∆E = + 1,10 V
o

Potencial da célula galvânica, em


condições-padrão

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivos:
Construir pilhas eletroquímicas capazes de gerar pequenas diferenças de potencial
a partir de reações de oxirredução;
Determinar experimentalmente a voltagem produzida por cada pilha.;
Utilizar a energia elétrica obtida para realizar trabalho útil (acender uma lâmpada).

Procedimento:

Construção e determinação do potencial da Pilha de Daniell:

Em primeiro lugar, preparar a ponte salina, preenchendo um tubo em forma de


"U" com uma solução saturada de cloreto de potássio (ou cloreto de amônio). Tampar
as extremidades do tubo com pedaços de algodão embebidos na mesma solução.
Tomar cuidado para que não se formem bolhas de ar no interior do tubo.

Observação: A ponte salina pode ser preparada embebendo-se um rolo de papel de


filtro (em forma de cilindro) na solução de cloreto de potássio ou de
cloreto de amônio.

Transferir 50 mL de solução 0,10 mol/L de sulfato de zinco para um béquer.


Num outro béquer, colocar 50 mL de solução 0,10 mol/L de sulfato de cobre (II).
Lixar os bastões (ou lâminas) de zinco e de cobre e lavá-los com água destilada.
Mergulhar os bastões nas soluções correspondentes. Ligar o eletrodo de zinco ao
terminal negativo e o eletrodo de cobre ao terminal positivo do voltímetro. Colocar a
ponte salina e efetuar a leitura.
Terminada a leitura, retirar os eletrodos e a ponte salina das soluções.
104

Construção da pilha de permanganato e zinco metálico:

Colocar, num béquer de 100 mL, cerca de 50 mL de solução 0,10 mol/L de


permanganato de potássio (previamente acidulada com solução 2,0 mol/L de ácido
sulfúrico na proporção 4:1). Mergulhar o eletrodo de carbono e o eletrodo de zinco
nessa solução, sem deixar que os dois entrem em contato direto.
Com auxílio do voltímetro, medir a voltagem produzida por esta pilha. Em
seguida, retirar o voltímetro, ligar a lâmpada aos dois terminais da pilha e observar o
que ocorre.

Medidas de diversos potenciais de pilha:

Observação: Para a obtenção de resultados satisfatórios neste experimento, é


preciso dispor de placas finas dos metais mencionados abaixo.

Cortar uma folha de papel de filtro em seções, como indica a figura a seguir:

Colocar a folha recortada sobre uma placa de vidro plana.


Limpar as placas dos metais zinco, estanho, cobre, chumbo e cádmio e escrever
o símbolo do metal correspondente em cada uma das seções do papel de filtro.
Umedecer cada seção com duas gotas de solução do sal do metal
correspondente, na concentração de 1,0 mol/L ou 0,10 mol/L. Colocar a placa metálica
sobre esta solução.
Colocar algumas gotas de solução 1,0 mol/L de nitrato de sódio na área central
do papel de filtro, de tal modo que todas as soluções entrem em contato.
Medir imediatamente os potenciais gerados entre cada par de eletrodos, com
auxílio de um voltímetro. Anotar, para cada um dos pares de eletrodos, as diferenças
de potencial medidas.
105

Interpretação dos resultados e conclusão

Identificar o ânodo e o cátodo da pilha de Daniell, bem como os fenômenos


químicos que ocorrem em cada pólo. Comparar o potencial da pilha obtido
experimentalmente com o ∆E calculado através da Equação de Nernst.
Escrever a equação balanceada da reação química que envolve os íons
permanganato e o zinco metálico. Comparar o potencial da pilha obtido
experimentalmente com o ∆E calculado através da tabela de potenciais-padrão de
o

eletrodo.
Preencher a tabela abaixo com as combinações dos eletrodos para formar as
pilhas (ver exemplo). Determinar, para cada combinação, os pólos positivo e negativo.

Tabela 1 - Diferenças de potencial geradas por diversas combinações de eletrodos

Pólo positivo Pólo negativo ∆Eo (V) ∆E (V)


(agente oxidante) (agente redutor) (calculado) (medido)

MnO4-/H+ Zn 2,273

Comparar as voltagens medidas com os valores de ∆Eo calculados para as


diversas combinações. Levantar hipóteses que expliquem as discrepâncias observadas
entre os valores teóricos e os resultados obtidos nesta experiência.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Para uma pilha do tipo:


X(s) X+(1,0 mol/L)  Y3+ (1,0 mol/L)  Y(s) , determinar:
a. a equação da reação química que ocorre espontaneamente na célula;
b. a força eletromotriz envolvida, em condições-padrão (∆Eo);
c. o agente redutor e o agente oxidante.

Dados: potenciais-padrão de eletrodo:


Y3+(aq) + 3e- → Y(s) Eo = - 0,05 V
X
+
(aq) + e- → X(s) Eo = - 2,92 V
106

2. a. Esquematizar (desenhar) a pilha do exercício anterior, indicando a composição


e a polaridade de cada eletrodo.
b. Imaginar que tenha sido utilizada uma ponte salina contendo solução saturada
de cloreto de potássio na construção dessa pilha, e que os cátions Y3+(aq) e
+
X (aq) tenham o ânion sulfato como contra-íon. Assim, os seguintes íons
estarão presentes em solução:
Y3+(aq), X+(aq), K+(aq), Cl-(aq), SO42-(aq)
Responda: durante o funcionamento da pilha, para qual eletrodo metálico migrarão os
cátions e para qual eletrodo migrarão os ânions, a fim de manter a
neutralidade de cargas nas soluções das duas semi-células?
3. a. Calcular o potencial de uma pilha galvânica construída a partir das duas semi-
células abaixo:
Mg(s) / Mg2+(aq) (1,0 x 10-3 mol/L)
Ag(s) / Ag+(aq) (2,0 x 10-6 mol/L)
b. Escreva a notação convencional abreviada para a pilha do item anterior.
4. a. Esquematizar (desenhar) uma pilha galvânica na qual um dos eletrodos é
composto por níquel metálico imerso numa solução de Ni2+ 1,0 mol/L e o outro
2+
eletrodo é magnésio metálico imerso numa solução de Mg 1,0 mol/L.
Localizar, no seu esquema, o pólo negativo (ânodo) e o pólo positivo (cátodo)
da pilha, levando em consideração as seguintes semi-reações:
Ni(s) → Ni2+(aq) + 2e- Eo = + 0,25 V
Mg(s) → Mg2+(aq) + 2e- Eo = + 2,37 V
b. Escrever a equação da reação espontânea que ocorre neste sistema e calcular
o potencial da pilha nas condições-padrão (∆Eo).
5. Desenhe a célula cuja reação total é:
Pb(s) + Hg2SO4(s) → PbSO4(s) + 2 Hg(l)
107

ANEXO: Potenciais padrão de redução

o
Semi-reação E (V)

(aq) + 5 e → Mn (aq)
- + - 2+
MnO4 (aq) + 8 H + 4 H2O(l) + 1,51
Ag+(aq) + e- → Ag(s) + 0,80
Cu (aq) + 2 e → Cu(s)
2+ -
+ 0,337
Pb2+(aq) + 2 e- → Pb(s) - 0,126
Sn (aq) + 2 e → Sn(s)
2+ -
- 0,136
Cd (aq) + 2 e → Cd(s)
2+ -
- 0,40
Zn2+(aq) + 2 e- → Zn(s) - 0,763
Mg2+(aq) + 2e- → Mg(s) - 2,37

Fonte: KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. New York :
Saunders College, 1991. p. A-21.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, Peter W. Physical Chemistry. 4. ed. Oxford : Oxford University Press, 1990. p.
244-279.
BARROW, George M. Química Física. 2. ed. Barcelona : Reverté, 1968. p. 756-799.
KOTZ, John C. & PURCELL, Keith F. Chemistry and chemical reactivity. New York :
Saunders College, 1991. p. 851-871.
RUSSEL, John B. Química Geral. 2. ed. Coordenação de Maria Elizabeth Brotto;
Tradução e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo : Makron, 1994. p. 868-
878.
LEI DE FARADAY

Michael Faraday (1791-1867) foi o primeiro cientista a explorar os aspectos


quantitativos da eletricidade. Ele realizou experimentos que permitiram relacionar a
quantidade de produto obtido (em processos de transferência de elétrons) com a carga
elétrica fornecida para que as transformações ocorressem. Em sua honra foi definida
a Constante de Faraday como igual à carga elétrica correspondente a um mol de
elétrons. Esta constante é frequentemente utilizada em experimentos de eletrólise, que
utilizam fontes externas de corrente elétrica para favorecer reações redox não-
espontâneas.
Os métodos eletrolíticos são amplamente utilizados em todo o mundo para a
obtenção comercial de produtos básicos como: metais puros (alumínio, cobre, prata e
sódio); gases (cloro, flúor, oxigênio e hidrogênio); hidróxido e hipoclorito de sódio, entre
muitos outros. As aplicações industriais das técnicas eletrolíticas tornam-se mais
numerosas a cada dia, e os bens produzidos com o auxílio desses métodos
incorporam-se rapidamente à nossa rotina.
Consideremos o processo de eletrodeposição de um cátion metálico
monovalente (em solução aquosa) sobre um substrato qualquer:

+ e → M(s)
+ -
M (aq) [1]

Pela Lei de Faraday, a quantidade de matéria de produto formado (n) é proporcional à


carga Q fornecida pela fonte de corrente elétrica:

Q = F. n [2]

onde F é a constante de proporcionalidade (Constante de Faraday), cujo valor é


9,64867 x 104 Coulombs / mol.
A análise da expressão [2] mostra que F é a carga necessária para a formação
de um mol do produto M(s), ou seja, a carga correspondente a um mol de elétrons.
Consideremos agora a eletrodeposição de um cátion de carga igual a Z:

MZ+(aq) + Ze- → M’(s) [3]

Neste caso, o número de elétrons necessários para a formação de um mol de produto


será Z vezes o número de elétrons utilizados na transformação [2]. Assim chega-se à
expressão matemática da Lei de Faraday, que permite o cálculo da carga elétrica
necessária para produzir n mols do produto M’(s):
109

Q=ZFn [4]

Como F é a carga de um mol de elétrons e a carga de um elétron é igual a


1,602 x 10-19 Coulomb, a medida da carga elétrica total que passa pela cela eletrolítica
durante um experimento de eletrodeposição possibilita o cálculo de No, a Constante de
Avogadro:

Carga elétrica total (Q) = Corrente elétrica (i) x tempo (t) [5]

Combinando [4] e [5],

i . t = Z [(1,602 x 10-19 C) NA] n [6]

onde NA é o número de partículas contidas em um mol de qualquer espécie química


(ver capítulo sobre Estequiometria, neste Manual). Na equação [6], a corrente elétrica
é expressa em Ampères (Coulombs/segundo), o tempo é expresso em segundos e a
quantidade de matéria (n) é expressa em mols.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Determinação experimental da Constante de Avogadro (NA) através da Lei


de Faraday.

Procedimento:

Medir a massa de uma peça de cobre metálico (já polida e seca) em uma
balança analítica. Esta peça servirá de substrato para a eletrodeposição de cobre puro.
Montar o esquema abaixo:
1. Substrato
2. Eletrodo auxiliar de cobre
3. Cuba eletrolítica (béquer de 400 ou 500 mL)
4. Fonte de corrente contínua (6V)
5. Dissipador de calor (resistor de cerca de 4 W, com uma
resistência que suporte a passagem de 100 mA)
6. Amperímetro
110

4
5

- 6
+

2
3
1

Preencher a cuba eletrolítica com uma solução de sulfato de cobre 0,50 mol/L.
Ligar a fonte de corrente contínua e anotar o valor da corrente (lida no amperímetro),
em intervalos de 30 segundos. Deixar que a eletrodeposição ocorra por 30 minutos.
Findo o tempo, retirar o eletrodo onde a eletrodeposição ocorreu, sem que o
circuito seja desligado (eletrodo polarizado). Lavá-lo com água e em seguida com
etanol, para facilitar a secagem da peça metálica. Pesar o eletrodo (seco) na balança
analítica.

Interpretação dos resultados e conclusão

Determinar, por diferença, a massa de cobre eletrodepositado sobre o substrato


e calcular a quantidade de matéria (n) de produto obtido. A partir destes dados e das
equações [1] a [6], calcular o valor experimental de NA (Constante de Avogadro).
Comparar o valor obtido com o valor de NA calculado por outras técnicas (6,0223 x 1023
partículas/mol) e calcular o erro relativo percentual da determinação realizada neste
experimento.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Exatamente 0,20 mol de elétrons são passados por três cubas eletrolíticas em
série. A primeira contém íons Ag+(aq), a segunda íons Zn2+(aq) e a terceira Fe3+(aq).
Admita que, em cada cuba, a única reação catódica possível seja a redução do
íon ao metal. Quantos gramas de cada metal serão depositados?
2. Uma certa corrente elétrica libera 0,504 g de hidrogênio gasoso em duas horas.
Quantos gramas de oxigênio gasoso e de cobre metálico (em uma solução de
2+
Cu (aq)) podem ser obtidos pela mesma corrente fluindo pelo mesmo tempo?
111

3. A mesma carga que liberou 2,158 g de prata foi passada por uma solução de um
sal de ouro. Como resultado, 1,314 g de Au(s) foram depositados. Calcular, a
Z+
partir destes dados e das massas molares de prata e ouro, a carga do cátion Au
na solução.
4. Por quanto tempo uma corrente de 125 A deve passar por uma cuba eletrolítica
contendo Al2O3 fundido para depositar 100 g de Al(s)? Admita que a formação de
alumínio metálico seja a única reação catódica possível.
5. Uma corrente de 15,0 A é empregada numa niquelação com banho de NiSO4(aq).
Formam-se Ni(s) e H2(g) no cátodo. A eficiência da corrente, com relação à
formação de Ni(s), é de 60%. Pergunta-se:
a. Quantos gramas de níquel serão depositados por hora?
b. Qual a espessura deste depósito, sabendo-se que o cátodo é constituído por uma
chapa metálica quadrada de 4,0 cm de lado e que o depósito se forma em ambas
-3
as faces? A densidade do níquel é igual a 8,9 g.cm .
c. Qual o volume de H2(g) (CNTP) produzido?
6. Quantos Coulombs são consumidos numa cuba onde são produzidos 245 g de
NaClO4 a partir de NaClO3? Devido a reações secundárias, a eficiência anódica
para a reação desejada é de apenas 60%.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, P.W. Physical Chemistry. 4.ed. Oxford : Oxford University Press, 1990. p.
260.
BARROW, G.M. Química Física. 2.ed.. Barcelona : Editorial Reverté, 1968. p. 64-65.
KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. New York : Saunders
College, 1991. p. 876-888.
MAHAN, B.H. Química : um Curso Universitário. São Paulo : Edgard Blucher, 1970. p.
218-219.
PIMENTEL, G.C. Química : uma Ciência Experimental. 4.ed. Lisboa : Fundação
Calouste Gulbenkian, 1963. p. 349-352.
REAÇÕES QUÍMICAS E TROCAS DE ENERGIA

Quando realizamos um experimento, selecionamos a parte do universo que nos


interessa e analisamos as suas propriedades; a isto chamamos caracterizar o nosso
sistema. A todas as demais partes do universo denominamos vizinhanças. A
vizinhança pode influenciar as propriedades do sistema (por exemplo, determinar sua
temperatura e pressão); entretanto, num experimento cuidadosamente conduzido, tais
influências deverão ser controladas, ou pelo menos mensuráveis.
O calor é uma das maneiras pelas quais os sistemas trocam energia; outra
forma é a realização de trabalho. É possível obter a mesma mudança de estado de um
sistema (por exemplo, um certo aumento de temperatura) através do seu aquecimento
ou da realização de trabalho sobre ele. Neste sentido, JOULE (James P., 1818-1889)
demonstrou que a mudança de estado provocada por uma caloria é equivalente àquela
causada por 4,184 J de trabalho realizado sobre o sistema.
O calor é a forma de energia frequentemente associada à mudança na
temperatura de um objeto. Tal mudança de temperatura ocorre porque a energia, na
forma de calor, é transferida do ou para o objeto. A transferência de energia ocorre
quando dois objetos de temperaturas diferentes são postos em contato; após um
intervalo de tempo suas temperaturas se igualam, ou seja, o equilíbrio térmico é
estabelecido entre eles.
O termo energia térmica é frequentemente utilizado como um sinônimo de calor.
Essa energia é normalmente associada ao movimento de átomos ou moléculas num
sólido, líquido ou gás. Uma medida desta “quantidade de energia térmica” pode ser
feita com o termômetro: quanto mais alta a temperatura, mais rápido o movimento dos
átomos ou moléculas no material. Apesar desta associação estreita, é conveniente ter
em mente que os conceitos de energia térmica e temperatura devem ser claramente
diferenciados.
Este experimento trata de transferências de calor e sua conexão com
transformações químicas. Nos organismos de plantas ou animais, assim como no
laboratório, as reações químicas usualmente ocorrem sob pressão constante. Ao calor
transferido para (ou de) um sistema sob pressão constante denomina-se mudança de
entalpia, representada por ∆H. A variação de entalpia de uma transformação química é
determinada pelo balanço entre a entalpia associada à quebra e à formação de
ligações químicas (nos reagentes e nos produtos, respectivamente). A quantidade de
113

energia consumida ou liberada nestes processos depende da força das ligações


químicas envolvidas.

O que dizer da qualidade do seu alvejante?

O alvejante líquido doméstico, NaOCl(aq), disponível em qualquer armazém ou


supermercado, é um reagente químico versátil e econômico, embora um pouco
corrosivo. Por exemplo, ele produzirá gás cloro em reação com ácido clorídrico, e
liberará oxigênio molecular quando tratado com solução aquosa de cloreto de
cobalto(II).
Uma transformação química fortemente exotérmica ocorre quando acetona e
hipoclorito de sódio são misturados em meio aquoso. A mudança na temperatura do
meio de reação pode ser usada para comparar as concentrações de NaOCl em várias
marcas de alvejante. Este experimento mostra que um simples termômetro pode ser
usado como um instrumento quantitativo, quando utilizado na medida cuidadosa de
variações de temperatura.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo geral: Demonstrar a proporcionalidade entre a variação de entalpia (∆H)


de uma transformação química e a quantidade de matéria dos
reagentes na mistura de reação.

Etapas para realização do experimento

Obter várias diluições de uma solução aquosa concentrada de NaOCl;


Utilizar as soluções diluídas na construção de uma curva-padrão da
variação de temperatura (na reação com acetona, ∆T) versus
concentração da solução (% NaOCl, m/V);
Empregar a curva-padrão para determinar a concentração aproximada de
hipoclorito de sódio em alvejantes líquidos comerciais.

Conceitos envolvidos

Entalpia de reação, processo exotérmico, reações de oxirredução, diluição,


curva-padrão.
114

Procedimento

Cada equipe deverá preparar uma diluição da solução concentrada de


hipoclorito de sódio (15% m/V) disponível no laboratório, de acordo com a orientação
do professor. As concentrações das soluções a serem preparadas são 2,5%, 5,0%,
7,5% e 10% (m/V). Em seguida, as soluções diluídas deverão ser colocadas à
disposição de todas as equipes.
Executar o seguinte procedimento com cada uma das soluções diluídas: colocar
30,0 mL de NaOCl(aq) no calorímetro pequeno (ou 50,0 mL no calorímetro maior) e
medir a temperatura inicial do sistema (T1). Adicionar então 1,2 mL de acetona (ou 2,0
mL no calorímetro maior) e homogeneizar gentilmente com o termômetro. A
temperatura subirá imediatamente e deverá ser observada até que um valor máximo
(T2) seja atingido. Anotar este valor e calcular ∆T(padrão) = T2 (padrão) - T1 (padrão).
Depois que todas as soluções-padrão tiverem sido utilizadas na reação com
acetona, repetir o procedimento utilizando a solução de alvejante comercial fornecida
pelo professor. Da mesma forma, medir ∆T(amostra) = T2 (amostra) - T1 (amostra).

Análise dos resultados

Construir o gráfico de ∆T versus concentração de NaOCl (% m/V), utilizando os


dados obtidos para os padrões (soluções com concentração conhecida de NaOCl).
Com base no gráfico, verificar se há proporcionalidade entre a quantidade de
calor liberado na reação e a concentração dos reagentes.
A partir do raciocínio do item anterior, determinar na curva a concentração da
solução-amostra de alvejante e comparar o resultado obtido com a informação
fornecida pelo fabricante.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Escrever a equação balanceada da reação entre a solução aquosa de


hipoclorito de sódio e a acetona. Desconsiderar os íons “expectadores”. Por que
esta é uma reação redox? (Responda com base nos estados de oxidação dos
átomos dos diversos elementos).
2. Estimar a variação de entalpia da reação a partir das energias médias das
ligações químicas envolvidas, de acordo com os dados abaixo:
115

Energias médias de dissociação de ligação, D, em kJ/mol (correspondem ao


∆Ho de dissociação das ligações):
C-H 414 C-O 351 O-Cl 205
C-C 347 C-Cl 330 O-H 464

Obs: os valores acima foram definidos para átomos ou fragmentos moleculares no


estado gasoso e são apenas médios (a energia de uma ligação C-H, por
exemplo, pode variar em até 30 ou 40 kJ/mol de molécula para molécula). Por
este motivo o cálculo acima é apenas uma aproximação.
3. Converter as concentrações (% m/V) de hipoclorito de sódio da curva-padrão
em:
a. concentrações em quantidade de matéria
b. percentagens (m/V) de cloro ativo (Cl2), levando em consideração a
seguinte equação:

OCl-(aq) + Cl-(aq) + 2H+(aq) → Cl2(g) + H2O(l)

(O “cloro disponível ou cloro ativo” corresponde ao cloro que seria liberado a


partir do alvejante pela ação de ácidos diluídos)
4. O composto difluoreto de oxigênio é instável, produzindo oxigênio molecular e
ácido fluorídrico quando reage com vapor de água. A variação de entalpia desta
reação (em fase gasosa e a 298K) é igual a -318 kJ mol-1.
a. Escreva a equação balanceada para esta transformação química
b. Usando as energias de dissociação de ligação abaixo, calcular D para a
li- gação O-F.

Ligação D, kJ mol-1
O-H 464
O=O 498
H-F 569
5. Sugira um outro método para a determinação do teor de cloro ativo no produto
comercial.
6. Um estudante fez o seguinte comentário a respeito de reações endotérmicas:
“Se calor é absorvido durante uma reação, a temperatura da mistura de reação
deveria aumentar, e não diminuir”. Você pode ajudá-lo a entender o que está
ocorrendo?
116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. 2nd. ed. New York:
Saunders College, 1991. p. 198-200, 378-82.
MAHAN, B.H. & MYERS, R.J. Química: um curso universitário. Tradução da 4a ed.
americana. São Paulo: Edgard Blücher, 1993. p. 197-9.
MATTHEWS, P. Advanced chemistry 1: physical and industrial. Cambridge:
Cambridge University Press, 1992. p. 243-6.
McCULLOUGH, T. & TYMINSKI, H. How good is your bleach? J. Chem. Ed., v.
66,
n. 11, p. 973, Nov. 1989.
TERMOQUÍMICA

A Termoquímica estuda os efeitos térmicos que acompanham as reações


químicas e fornece informações importantes sobre a intensidade e a estabilidade das
ligações químicas existentes nos reagentes e produtos.

Variação de entalpia (∆H)

Muitas reações químicas ocorrem em recipientes abertos ou sujeitos a pressão


atmosférica constante. Nestas condições, a quantidade de calor liberado ou absorvido
no decorrer da transformação corresponde à variação de entalpia (∆H) do processo e
representa a diferença entre a entalpia associada aos produtos e aquela associada
aos reagentes envolvidos:

∆Hreação = ∑ Hprodutos - ∑ H reagentes ,

onde: ∑ Hprodutos = entalpia do estado final = somatório da entalpia dos produtos;


∑ Hreagentes = entalpia do estado inicial = somatório da entalpia dos reagentes.

Classificação das reações químicas de acordo com a variação de entalpia

Reações exotérmicas: são aquelas acompanhadas por uma diminuição na entalpia do


sistema (∆Hreação é negativo). Exemplo:

H2(g) + ½ O2(g) → H2O(l) + 285,83 kJ

quantidade de calor liberado

Graficamente, teremos:
118

Entalpia
(H) Reagentes

∆H = -285,83 kJ

Produtos

A transformação química é acompanhada por uma liberação de calor porque a


entalpia associada aos reagentes é superior àquela associada aos produtos:

∑ Hreagentes > ∑ Hprodutos ⇒ ∆Hreação < zero

Reações Endotérmicas: ocorrem com aumento na entalpia do sistema (∆Hreação é


positivo). Exemplo:

H2O(l) + 285,83 kJ → H2(g) + ½ O2(g)

quantidade de calor absorvido


pelo sistema

Graficamente, teremos:

Entalpia
(H) Produtos

∆H = +285,83 kJ

Reagentes

Neste caso, a entalpia associada aos reagentes é inferior àquela associada aos
produtos, e a transformação ocorre com absorção de energia (calor):
119

∑ Hreagentes < ∑ Hprodutos ⇒ ∆Hreação > zero

Efeito do estado físico dos reagentes e produtos sobre o ∆H de reação

O ∆H de reação depende do estado físico das espécies químicas que reagem e


que são formadas, pois as substâncias apresentam entalpias diferentes para estados
físicos diferentes. Assim:

Estado Sólido Estado Líquido Estado Gasoso

AUMENTO DE ENTALPIA

Exemplo: a formação de água, a 25oC e 1 atm:

H2(g) + ½ O2(g) → H2O(g) ∆H1 = - 241,82 kJ/mol

H2(g) + ½ O2(g) → H2O(l) ∆H2 = - 285,83 kJ/mol

H2(g) + ½ O2(g) → H2O(s) ∆H3 = - 292,88 kJ/mol

Como se pode observar, a energia liberada no decorrer da reação aumenta à medida


que a entalpia do produto diminui.

Estado padrão de uma substância

Uma vez que o valor do ∆H de uma reação depende de variáveis como a


temperatura, a pressão e o estado físico dos reagentes e produtos, tornou-se
necessário escolher um conjunto de condições padronizadas (usualmente 25oC e 1
atm), para a expressão da variação de entalpia de diferentes transformações químicas.
Tal convenção permite a comparação entre os valores de ∆H das reações e evita a
necessidade de se especificar as condições nas quais a determinação experimental da
entalpia foi realizada.

Entalpia padrão de formação de uma substância (∆Hof)

Por definição, a entalpia-padrão de formação de uma substância é a variação


de entalpia que acompanha a formação de um mol da substância a partir dos seus
elementos componentes no estado-padrão.
o
Exemplo: a 25 C e 1 atm,
120

H2(g) + ½ O2(g) → H2O(l) ∆Hof = - 285,83 kJ/mol

Entalpia padrão de formação da água,


nas condições mencionadas

Por convenção, a entalpia de formação (ou calor de formação) de uma


substância simples, na sua forma alotrópica mais estável e no seu estado físico mais
comum, a 25oC e 1 atm, é igual a zero. Assim, por exemplo, no estado padrão:

O2(g) (dioxigênio): ∆Hof = zero


O3(g) (trioxigênio ou ozônio): ∆Hof ≠ zero
Cgrafite: ∆H f = zero
o

Cdiamante: ∆Hof ≠ zero

Entalpia padrão de combustão

É a variação de entalpia associada à combustão total de um mol de qualquer


substância, a 25oC e 1 atm.

Exemplo: Calor padrão de combustão do metano:

CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(l) ∆Hocombustão = - 890,36 kJ/mol

Entalpia padrão de neutralização

Corresponde à variação de entalpia verificada na neutralização de um mol de


um ácido, ou um mol de uma base, supondo-se todas as substâncias em diluição total
ou infinita, a 25oC e 1 atm. Exemplos:

∆Ho de neutralização do hidróxido de sódio:

NaOH(aq) + HCl(aq) → NaCl(aq) + H2O(l)

1 mol de base forte


1 mol de ácido forte

∆H
o
neutralização = - 57,74 kJ/mol
121

Para o ácido sulfúrico:

H2SO4(aq) + NaOH(aq) → NaHSO4(aq) + H2O(l)

1 mol de base forte


1 mol de ácido forte

∆H
o
neutralização = - 57,74 kJ/mol

∆Ho de neutralização do ácido sulfídrico:

H2S(aq) + NaOH(aq) → NaHS(aq) + H2O(l)

1 mol de base forte


1 mol de ácido fraco

∆H
o
neutralização = - 15,90 kJ/mol

Observação: Quando o ácido e a base são fortes, como ocorre nos dois primeiros
exemplos, o ∆H de neutralização é constante e igual a - 57,74 kJ/mol
(ou -13,8 kcal/mol). Isso ocorre porque ácidos fortes e bases fortes
dissociam-se completamente em solução aquosa, de tal forma que a
única reação que ocorre entre eles é a seguinte:

H+(aq) + OH-(aq) → H2O(l) ∆Ho = -57,74 kJ/mol de H+(aq) ou OH-(aq)

Calorimetria

A técnica consiste na determinação da quantidade de calor liberado ou


absorvido no decorrer de uma transformação. Tais quantidades são expressas em
unidades de energia como o Joule (J), o erg (erg) ou a caloria (cal):

1 cal = 4,184 x 107 erg = 4,184 J

No Brasil, adota-se oficialmente o Sistema Internacional de Unidades (SI), que


tem o Joule como a unidade de energia.
122

Calorímetros

Os calorímetros são os aparelhos utilizados na medida do calor trocado durante


reações químicas. Um dos instrumentos mais simples utilizados com este objetivo é o
chamado calorímetro de água. Quando uma reação química é provocada no interior de
um desses calorímetros, a água contida no aparelho sofre aquecimento ou
resfriamento. Medindo-se a elevação ou o abaixamento da temperatura dessa massa
de água, é possível calcular a quantidade de calor trocado na reação, através da
expressão:

Q = m . c . ∆t

onde: Q = quantidade de calor cedido ou absorvido (J)


m = massa da substância (g)
c = calor específico da substância (J/(g.oC))
∆t = variação de temperatura

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivos:

Determinar a capacidade calorífica do calorímetro (Ccalorímetro);


Determinar a variação de entalpia que acompanha a reação de neutralização de um
ácido forte (ácido clorídrico) por uma base forte (hidróxido de sódio).

Nos experimentos a seguir, cada equipe utilizará um calorímetro constituído por


um béquer de 100 mL colocado no interior de um pote plástico. Entre o béquer e o
recipiente externo há material isolante (serragem e parafina), que diminui as trocas de
calor com o meio ambiente. O conjunto é coberto por uma tampa na qual se insere um
termômetro de diâmetro apropriado.
123

Experimento 1 - Determinação da capacidade calorífica do calorímetro (Ccal)

Antes da medida da variação de entalpia de uma reação química, é necessário


determinar a capacidade calorífica do calorímetro a ser utilizado (Ccal) pois este troca
calor com o sistema que está sendo investigado em seu interior. Este processo é
denominado calibração do calorímetro. A calibração é feita misturando-se quantidades
conhecidas de água fria e quente no interior do calorímetro, e medindo-se a
temperatura de equilíbrio do sistema, conforme a descrição a seguir.

Procedimento

Colocar 40,0 mL de água destilada fria (à temperatura ambiente) no calorímetro,


anotando sua temperatura (T1). Em seguida, aquecer uma outra porção de água
destilada até uma temperatura aproximadamente igual a 50oC. Medir 40,0 mL desta
água quente numa proveta e anotar sua temperatura (T2).
Adicionar rapidamente a água aquecida à água fria, no interior do calorímetro.
Tampar o aparelho e anotar a temperatura da mistura em intervalos de dez segundos,
até que o equilíbrio térmico seja atingido. Anotar a temperatura de equilíbrio térmico
(T3). Repetir o procedimento uma ou duas vezes.

Interpretação dos resultados e conclusão

Uma vez que a quantidade de calor cedido pela água quente é igual à
quantidade de calor recebido pelos demais componentes do sistema (considerando
desprezível qualquer perda de calor para o ambiente), pode-se dizer que:

∑Q=0

Qrecebido (água fria) + Qrecebido (calorímetro) + Qcedido (água quente) = 0

[mágua fria . cágua . (T3 -T1)] + [Ccal (T3-T1)] + [mágua quente . cágua . (T3-T2)] = 0 ,

onde: T1 = temperatura de equilíbrio da água fria + calorímetro


T2 = temperatura da água quente
T3 = temperatura de equilíbrio da água fria + calorímetro + água quente
124

Isolando Ccal da equação, obtém-se:

c(H 2O) [{m(H 2O quente )}(T 3 − T 2) + {m(H 2O fria)}(T 3 − T 1)]


Ccal = −
(T 3 − T 1)

o o
onde Ccal é obtido em J/ C ou em cal/ C.

Experimento 2 - Determinação do calor (∆H) de neutralização

Procedimento

Após a determinação da capacidade calorífica do aparelho, descartar a água


utilizada, esfriar o calorímetro e secar o seu interior.
Colocar 40,0 mL de solução de ácido clorídrico 1,00 mol/L no calorímetro e
anotar a temperatura da solução ácida (Ta). Em um béquer, colocar 40,0 mL da
solução de hidróxido de sódio 1,00 mol/L e anotar a temperatura da solução alcalina
(Tb).
Adicionar a solução de hidróxido de sódio à solução de ácido clorídrico no
calorímetro. Tampar o aparelho e anotar a temperatura da mistura em intervalos de
dez segundos, até que se obtenha um valor constante (temperatura de equilíbrio Teq).

Interpretação dos resultados e conclusão

Utilizar o mesmo raciocínio utilizado na determinação da capacidade calorífica


do calorímetro:
∑Q=0

∆Hneutralização (calor cedido) + Qrecebido (solução salina) + Qrecebido (calorímetro) = 0

∆Hneutralização = - (Teq -To ) {(msolução salina . cágua) + Ccal} ,

onde considera-se que a solução aquosa do sal (formado na reação) encontra-se à


mesma temperatura inicial (To) das soluções do ácido e da base (To = {Ta + Tb} / 2) e
que após a reação é atingida a temperatura de equilíbrio (Teq).
125

Comparar o calor de neutralização obtido experimentalmente com o valor


fornecido pela literatura:

∆Hneutralização (ácido forte + base forte) = -57,74 kJ/mol H+(aq) ou OH-(aq)

Discutir as fontes de erro que podem ter influído no resultado desta experiência
e sugerir alternativas para a correção ou a minimização das falhas eventualmente
ocorridas.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Em um calorímetro de capacidade térmica igual a 167 J/grau, ocorre uma reação


que produz 175,7 kJ. Sabendo que o calorímetro contém 800 g de água, calcular a
variação de temperatura sofrida pelo sistema.

2. A entalpia de combustão do naftaleno sólido é igual a -5153 kJ/mol. Sabendo que


a entalpia de formação do dióxido de carbono gasoso é -393,5 kJ/mol e que a do
vapor de água é igual a -242 kJ/mol, calcular o calor de formação do naftaleno.

3. Uma determinada reação apresenta ∆H = 92 kJ e ∆S = 85 J/K. Acima de que


temperatura essa reação se torna espontânea?

4. Para variar de 1oC a temperatura de um calorímetro e da água que ele contém,


são necessárias 1550 calorias. A combustão completa de 1,40 g de etileno gasoso,
nesse calorímetro, faz a temperatura subir 10,7oC. Determinar a entalpia de
combustão de um mol do gás etileno e expressar o resultado em J/mol.

5. A evaporação pela transpiração é um mecanismo pelo qual o organismo humano


se desfaz do excesso de energia térmica e regula-se para manter uma temperatura
constante. Calcular, em Joules, quanta energia é removida do corpo humano pela
evaporação de 10,0 g de água.
Dado: ∆Hvaporização (H2O) = + 10,5 kcal/mol

6. Sabendo que a temperatura de ebulição do etanol (à pressão de 1,0 atm) é 78,3oC


e que a sua entalpia de vaporização é 39,4 kJ/mol, calcular q, w e ∆E (em Joules)
envolvidos na vaporização de 2,0 mols de etanol a 1,0 atm, no seu ponto de
ebulição. Considerar o etanol gasoso como um gás ideal.
126
-1 -1
Dados: R = 0,082 atm . L . mol . K
1 atm . L = 101,3 J
Densidade absoluta do etanol = 0,785 g/cm3

7. Calcular o calor de formação do hidróxido de cálcio, a partir dos seguintes dados:

H2O(l) → H2(g) + ½ O2(g) ∆H = + 285,8 kJ/mol

CaO(s) + H2O(l) → Ca(OH)2(s) ∆H = - 64,0 kJ/mol

CaO(s) → Ca(s) + ½ O2(g) ∆H = + 635,1 kJ/mol

8.a. Quando 120,0 mg de naftaleno (C10H8(s)) foram queimados em uma bomba


calorimétrica, a temperatura subiu 3,05 K. Calcular a capacidade térmica do
calorímetro.
b. Quanto deveria subir a temperatura (na mesma bomba calorimétrica) se 100,0 mg
de fenol (C6H5OH(s)) fossem queimados sob as mesmas condições?
Dados: ∆Hcombustão (naftaleno) = - 5153 kJ/mol
∆Hcombustão (fenol) = - 3054 kJ/mol

9. A temperatura de uma bomba calorimétrica aumentou de um valor de 1,617 K


quando uma corrente de 3,20 A foi passada pela bomba durante 27,0 s. Uma
fonte de 12,0 V foi utilizada. De posse desses dados, calcular a capacidade
calorífica do calorímetro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, P. W. Physical Chemistry. 4.ed. Oxford : Oxford University Press, 1990. p. 28-
55.
BUENO, Willie A.; BOODTS, Julien F.C.; DEGRÈVE, Léo et al. Química Geral. São
Paulo : McGraw-Hill do Brasil, 1978. p. 249-253.
KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. New York : Saunders
College, 1991. p. A-24-28.
O'CONNOR, R. Fundamentos de Química. Tradução por Elia Tfouni; revisão por Abel
de Oliveira e Gerson Unger de Oliveira. São Paulo : Harper & Row do Brasil, 1977,
p. 81-90.
QUAGLIANO, J.V.; VALLARINO, L.M. Química. 3.ed. Rio de Janeiro : Guanabara Dois,
1973, p. 328-354.
CINÉTICA QUÍMICA

Quando fazemos o estudo cinético de uma transformação química,


preocupamo-nos não só com a rapidez com que os reagentes são transformados em
produtos, mas também com as etapas através das quais esta conversão ocorre.
Das experiências de laboratório ou do cotidiano, sabemos que existem reações
rápidas (como aquelas que envolvem pequenas moléculas gasosas ou íons em
solução) e reações lentas (como a oxidação de metais expostos ao ar e a combustão
de compostos orgânicos em geral). Não é raro encontrarmos uma transformação
química que a Termodinâmica prevê ocorrer espontaneamente mas que, na realidade,
não forma produtos em quantidades perceptíveis. Consideremos, por exemplo, a
seguinte reação:
CO(g) + NO(g) → CO2(g) + ½ N2(g)

∆Go = -343,9 kJ mol-1 (25oC) Keq = 1 x 10


60

O sinal negativo da variação de energia livre padrão indica que o processo é


espontâneo nas condições especificadas. O valor da constante de equilíbrio da reação
(Keq) é extremamente alto, sugerindo que esses dois gases tóxicos combinam-se
quase completamente, mesmo em baixas concentrações. Apesar desses dados, no
entanto, a reação ocorre tão lentamente (nas condições mencionadas), que não
contribui efetivamente para a remoção dos monóxidos de carbono e de nitrogênio da
atmosfera.
Através da observação experimental, verificou-se que as velocidades das
reações químicas são influenciadas por fatores como a natureza e a concentração dos
reagentes, a temperatura e a presença de catalisadores. O estudo de tais fatores tem
aplicações práticas importantes, como por exemplo a determinação das condições
favoráveis à obtenção rápida de um produto desejado ou à diminuição da velocidade
de reações paralelas, que conduzem a produtos secundários.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Determinar de que forma a concentração dos reagentes e a temperatura


da mistura de reação afetam a velocidade da "reação-relógio".
128

Descrição da experiência

Nesta aula prática, cada equipe receberá duas soluções aquosas denominadas
A e B, constituídas respectivamente por:

Solução A: iodato de potássio 0,020 mol/L


Solução B: hidrogenossulfito de sódio 0,0020 mol/L; ácido sulfúrico 0,090 mol/L;
amido 0,40% (m/V).

Estas soluções, uma vez misturadas adequadamente, reagirão segundo um


mecanismo de quatro etapas, como indicado pelas equações:

Primeira etapa:
IO3-(aq) + 3 HSO3-(aq) → I (aq) + 3 SO42-(aq) + 3 H (aq)
- +

Segunda etapa:
+ IO3-(aq) → 3 I2(aq) + 3 H2O(l)
- +
5 I (aq) + 6 H (aq)

Terceira etapa:
I2(aq) + HSO3-(aq) + H2O(l) → 2 I-(aq) + SO42-(aq) + 3 H+(aq)
Quarta etapa:
I2(aq) + amido(aq) → Complexo de adsorção azul

As etapas (1) e (2) são lentas, em relação ao passo (3). Por isso, enquanto os
íons hidrogenossulfito estiverem presentes na mistura de reação, a rapidez da terceira
etapa evitará a acumulação de iodo molecular. Como consequência, o complexo azul
(etapa 4) não será formado.
Depois que os ânions hidrogenossulfito forem totalmente consumidos, o iodo
molecular não será mais reduzido na etapa (3), e a coloração característica do
complexo amido-iodo aparecerá repentinamente, indicando o término da "reação-
relógio".

Procedimento

Efeito da concentração de íons iodato sobre a velocidade da reação

Observação: Neste caso, a concentração de íons hidrogenossulfito e a temperatura


de reação serão mantidas constantes.
129

Numerar cinco tubos de ensaio de 20 x 180 mm e adicionar 5,0 mL de solução


B a cada um deles. Em outros tubos de ensaio, numerados de 1' a 5', adicionar a
solução A e água destilada, de acordo com a tabela abaixo:

Tabela 1 - Diluição da solução A para obtenção de diferentes concentrações de íons


iodato

Tubo KIO3 0,020 mol/L (mL) H2O destilada (mL)

1' 4,5 0,5


2' 3,5 1,5
3' 2,5 2,5
4' 1,5 3,5
5' 0,5 4,5

Misturar o conteúdo dos tubos 1 (solução B) e 1' (solução A diluída). Em


seguida homogeneizar a mistura, transferindo-a de um tubo de ensaio para outro.
Verificar (e anotar) o tempo decorrido entre o instante em que as soluções entram em
contato e o aparecimento da coloração azul.
Repetir o procedimento descrito no item anterior para os tubos 2 e 2', 3 e 3', e
assim sucessivamente.
Completar a tabela 2 com os resultados obtidos.

Tabela 2 - Efeito da concentração do íon iodato sobre a velocidade da "reação-relógio"

Tubos n (HSO3- ) n (IO3- ) [HSO3- ] [IO3- ] Tempo de


(1) (2) (3) (4) reação (s)

1/1'
2/2'
3/3'
4/4'
5/5'

-
(1) Quantidade de matéria de HSO3 logo após a mistura das soluções A (diluída) e B.
(2) Quantidade de matéria de IO3- logo após a mistura das soluções A (diluída) e B.
130

(3) Concentração de HSO3- logo após a mistura, expressa em mol/L.


(4) Concentração de IO3- logo após a mistura, expressa em mol/L.

Efeito da temperatura sobre a velocidade da reação

Da mesma forma que no procedimento anterior, numerar cinco tubos de ensaio


e adicionar 5,0 mL de solução B a cada um deles.
Diluir de duas a cinco vezes a solução A com água destilada, de acordo com a
orientação do professor. Em seguida, numerar outros cinco tubos de ensaio (1' a 5') e
adicionar 5,0 mL de solução A diluída a cada um deles.
Colocar os dois conjuntos de tubos em banho de gelo e esperar que as
soluções atinjam as temperatura desejadas, de acordo com a Tabela 3. Quando isto
ocorrer, misturar os conteúdos dos tubos, aos pares: 1 e 1', 2 e 2', etc, anotando o
tempo transcorrido desde a mistura até o aparecimento da coloração azul em cada
mistura de reação.
Completar a tabela 4 com os resultados obtidos.

Tabela 3 - Temperaturas de incubação das diferentes misturas de reação

o
Tubos Temperatura ( C)

1 e 1' 20
2 e 2' 15
3 e 3' 10
4 e 4' 05
5 e 5' zero

Observação: seguir as orientações do professor para a obtenção das diversas


temperaturas de incubação.
131

Tabela 4 - Efeito da temperatura sobre a velocidade da "reação- relógio"

Tubos Tempo de reação (s)

1/1'
2/2'
3/3'
4/4'
5/5'

Interpretação dos resultados e conclusão

Colocar os dados registrados na tabela 2 num gráfico de tempo de reação


versus concentração de íons iodato. Analisar a curva obtida.
Colocar os dados registrados na tabela 4 num gráfico de tempo de reação
versus temperatura de reação. Da mesma forma que no item anterior, analisar a curva
obtida.

Observação: Para a construção dos gráficos, observar as orientações que constam


no Apêndice 1 deste Manual (Elaboração de Relatórios).

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Num experimento típico de produção de amônia pelo processo Haber:


N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g),

a velocidade da reação foi medida como ∆[NH3]/∆t = 2,0 x 10-4 mol/(L.s). Se não
ocorrerem reações secundárias, qual será a velocidade da reação expressa em
termos das variações nas concentrações de N2(g) e H2(g)?
2. Quais são as unidades da constante de velocidade k para uma reação:
a. de ordem zero; b. de primeira ordem;
c. de segunda ordem; d. de terceira ordem;
e. de ordem meio?
Considere que as velocidades são dadas em mol/(L.s).
3. O processo de inativação de um preparado viral por um banho químico mostrou
ser de primeira ordem com relação à concentração do vírus. No início da
132

experiência, 2,0% da quantidade total de vírus foram inativados por minuto.


Calcular a constante k para o processo de inativação.
4. Em reações com cinética de primeira ordem, a variação na concentração do
reagente A em função do tempo é dada por:
-kt
[A] = [Ao] e
Aplicar esta informação ao problema anterior e determinar o tempo necessário
para que (a) 50% e (b) 75% do preparado viral sejam inativados.
5. A meia-vida de um isótopo radioativo é o tempo necessário para que a metade do
14
reagente transforme-se em produto. A meia-vida do C no processo de
decaimento (primeira ordem) é de 5730 anos. Com base nesta informação e
sabendo que uma amostra arqueológica de madeira contém 72% da quantidade de
14
C encontrada nas árvores vivas, calcular a idade da amostra.
18
6. A cinética do processo de desintegração radioativa de F é de primeira ordem.
18
Verificou-se que, em 366 minutos, 90% de F sofre desintegração. Qual é a meia-
vida deste isótopo?
90
7. Um dos efeitos maléficos das explosões nucleares é a geração de Sr e sua
subsequente incorporação no lugar do cálcio nos ossos. Este nuclídeo (90Sr) emite
radiação β (beta) e tem meia-vida de 28,1 anos. Suponha que 1,00 µg foram
absorvidos por uma criança recém-nascida. Quanto deste material deve
permanecer nesta pessoa após (a) 18 anos e (b) 70 anos? Considere que este
material não pode ser descartado pelo organismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COTTON, F. Albert; LYNCH, Lawrence D. Manual do curso de química. Adaptação e


coordenação por Horácio Macedo. Rio de Janeiro : Fórum, 1968. p. 247-253.
KOTZ, John C & PURCELL, Keith F. Chemistry and chemical reactivity. 2nd. ed.
Philadelphia : Saunders College, 1991. p. 607-611, 641-646.
LAMBERT, Jack L.; FINA, Gary T. Iodine clock reaction mechanisms. J.Chem.Educ.,
Easton, PA, v. 61, n. 12, p.1037-1038, Dec. 1984.
MASTERTON, William L.; SLOWINSKI, Emil J. Química geral superior. Tradução por
Domingos Cachineiro Dias Neto e Antonio Fernando Rodrigues. 4.ed. Rio de Janeiro
: Interamericana, 1984. p. 306-326.
MOSS, Arthur. The Landolt, "Old Nassau", and variant reactions. J.Chem.Educ.,
Easton, PA, v. 55, n. 4, p. 244-245, Apr. 1978.
133

RUSSEL, John B. Química geral. Tradução por Márcia Guekezian et al., coordenação
de Maria Elizabeth Brotto. 2. ed. São Paulo : Makron Books, 1994. p. 624-634.
VELOCIDADES E MECANISMOS DE REAÇÕES QUÍMICAS

Transformações químicas ocorrem em todo lugar, a cada segundo, em grande


número. Elas estão intimamente associadas à manutenção e melhoria da qualidade de
vida, a modificações naturais da crosta terrestre, a incontáveis processos industriais, à
geração de energia. Têm também papel central em processos como a poluição do
planeta, a deterioração da camada de ozônio, a fabricação de drogas, de explosivos e
de armas nucleares. Em resumo, reações químicas estão associadas tanto a
processos naturais quanto a diversos ramos da atividade humana.
O interesse em cinética química vem da necessidade de controlar quão
rapidamente uma transformação se completa e quais os produtos a serem formados.
Se compreendermos o mecanismo pelo qual a reação se processa, quais as suas
etapas críticas, que fatores podem mudar a sua velocidade, haverá alguma chance de
controlarmos o processo e explorarmos a sua potencialidade.
O primeiro passo num estudo cinético é a obtenção de informação experimental
sobre a velocidade da reação sob uma variedade de condições. Estamos habituados
ao termo “velocidade” no que se refere ao movimento de corpos e objetos; no seu
sentido geral, o conceito sugere que uma quantidade mensurável esteja mudando com
o tempo. Na descrição de reações químicas, a velocidade de reação é uma quantidade
positiva que informa como a concentração de um reagente ou produto é alterada no
decorrer do tempo. Por exemplo, na decomposição do peróxido de hidrogênio (água
oxigenada),

2 H2O2(g) → O2(g) + 2 H2O(g)

a velocidade da reação pode ser dada por:

∆[Ο 2 ] 1 ∆[Η 2Ο ] 1 ∆[Η 2Ο 2]


v= = = − ,
∆t 2 ∆t 2 ∆t

pois a velocidade de mudança na concentração de um dado composto numa reação


não é sempre igual às velocidades para outros reagentes ou produtos no mesmo
processo.
135

Para encontrar a relação exata entre velocidade e concentrações dos


reagentes é preciso realizar experimentos cinéticos quantitativos e expressar os
resultados na lei de velocidade da reação. Por exemplo, para uma reação geral do tipo:
aA + bB→cC,

a lei de velocidade terá sempre a forma:

n m
velocidade inicial da reação = k [A] [B] ,

onde:
k = constante de velocidade (uma constante de proporcionalidade)
[A] = concentração do reagente A
[B] = concentração do reagente B
n = ordem da reação para a concentração do reagente A
m = ordem da reação para a concentração do reagente B.

Os expoentes n e m não são necessariamente os coeficientes estequiométricos


da equação química balanceada. Eles podem ser zero, números inteiros ou frações e
devem ter seus valores determinados experimentalmente.

PARTE EXPERIMENTAL:
Cinética da redução do permanganato

O íon permanganato, MnO4-, confere uma coloração púrpura intensa a suas


soluções aquosas, que é visível mesmo em diluição alta. Estas soluções são
conhecidas por seu poder germicida, pois o MnO4- é um poderoso agente oxidante (ver
capítulo sobre Estados de Oxidação e Colorações do Manganês, neste Manual). Em
2+
meio ácido, o ânion pode ser reduzido a Mn (observar o valor alto do potencial de
redução):

MnO4- (aq) + 8H+(aq) + 5e- → Mn2+(aq) + 4H2O(l) Eored = + 1,512 V

Na presença de agentes redutores apropriados, a transformação ocorre rapidamente e


é caracterizada pelo descoramento da mistura de reação.

Objetivo geral: Analisar quatro dos fatores que controlam a velocidade de reações
químicas em solução: a natureza das ligações químicas nos
136

reagentes, as concentrações dos reagentes, a temperatura e a


presença de um catalisador.
Conceitos envolvidos
Reações redox, potenciais de oxidação e redução, velocidade de reação,
ligação química, diluição, catalisador, mecanismo de reação, intermediários de
reação.

Procedimento

Efeito da natureza dos reagentes

Neste experimento, dois agentes redutores diferentes que reagem com o


permanganato de potássio são contrastados: o cátion ferro(II) e o ácido oxálico. Para
verificar quão diferentes são as velocidades das duas reações, numerar dois tubos de
ensaio e adicionar a cada um deles 5,0 mL de solução aquosa de permanganato de
potássio 0,0050 mol/L.
Ao tubo 1 adicionar, em seguida, 5,0 mL de solução de sulfato de ferro(II) 0,50
mol/L (preparada em H2SO4 1,0 mol/L). Medir o tempo necessário para o
descoramento da mistura de reação. Qual é a coloração final obtida? Esta coloração
corresponde à cor esperada? Por que? (Responda com base na equação balanceada
da reação).
Ao tubo 2 adicionar 5,0 mL de solução aquosa de ácido oxálico 0,50 mol/L
(preparada também em H2SO4 1,0 mol/L). O que ocorre? Observar as mudanças de
coloração, identificar as cores observadas e anotar o tempo necessário para o
aparecimento de cada cor (repetir a experiência, se necessário). Como a velocidade
desta reação se compara à da reação do tubo 1? Escrever a equação balanceada da
reação.
Construir uma tabela dos tempos de reação em que constem os resultados
deste teste (tubo 2) e dos subsequentes:

Tabela 1 - Mudanças de coloração observadas durante a redução do permananganato


pelo ácido oxálico em solução aquosa
137

Tempo de reação (min)

Tubo / Cor Vermelho- Salmão Laranja Amarelo


cereja

2
3
4
5
6

Efeito da concentração dos reagentes

Diluir uma pequena quantidade das soluções de permanganato de potássio e de


ácido oxálico; cada diluição deve ser feita em proporção 1 (solução) : 1 (água
destilada). Colocar 5,0 mL da solução diluída de ácido oxálico em outro tubo de ensaio
(3) e adicionar a esta 5,0 mL da solução diluída de KMnO4. Anotar o tempo de
aparecimento de cada coloração no tubo 3, registrando os dados na Tabela 1.

Efeito da temperatura

Numerar os tubos de ensaio 4 e 5 e adicionar a cada um deles 5,0 mL da


solução de ácido oxálico. Em outros dois tubos, aquecer 5,0 mL da solução de KMnO4
o
até 50 e 65 C (Não é necessário atingir exatamente estas temperaturas). Realizar as
seguintes adições:
Ao tubo 4: 5,0 mL da solução de KMnO4 aquecida a 50oC.
Ao tubo 5: 5,0 mL da solução de KMnO4 aquecida a 65oC.
Anotar os tempos de reação nos tubos 4 e 5.

Efeito do catalisador

No tubo 6, colocar 5,0 mL da solução de ácido oxálico e 2 a 3 gotas de uma


solução saturada de cloreto de manganês(II). Adicionar 5,0 mL da solução de KMnO4
ao tubo; observar as mudanças de coloração e completar a Tabela 1.

Interpretação dos resultados e conclusão

Discutir os resultados registrados na tabela e tirar conclusões sobre cada um


dos testes realizados. Discutir a autocatálise da reação por Mn2+(aq). Apontar as
evidências para a formação de intermediários na redução do permanganato pelo ácido
oxálico.
138

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Escrever as equações balanceadas das reações entre o ânion permanganato e os


redutores utilizados neste experimento (cátion ferro(II) e ácido oxálico). A que
características dos dois redutores deve-se a diferença entre as velocidades das
duas reações?
2. Explicar por que a mudança de temperatura afeta tão drasticamente a velocidade de
descoramento do permanganato pelo ácido oxálico.
3. Na reação abaixo, uma ligação Co-Cl é substituída por uma ligação Co-(OH2):

[CoCl(NH3)5]2+(aq) + H2O(l) → [Co(OH2)(NH3)5]3+(aq) + Cl-(aq)


2+ n
velocidade inicial = k {[CoCl(NH3)5] }

Usando os dados abaixo, encontrar o valor de n na equação de velocidade e


calcular o valor de k, expressando-o com as unidades adequadas.

Experimento Concentração inicial de Velocidade inicial


[CoCl(NH3)5]2+(aq) (mol L-1 min-1)
(mol/L)

1 1,0 x 10-3 1,3 x 10-7


2 2,0 x 10-3 5,2 x 10-7
3 3,0 x 10-3 11,7 x 10-7
4 1,0 x 10-2 1,3 x 10-5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. 2nd. ed. New York:
Saunders College, 1991. p. 607-13.
MASTERTON, William L. & HURLEY, Cecile N. Chemistry: principles and reactions.
Philadelphia: Saunders College, 1989. p. 614-9, 798-9.
STEFFEL, Margaret J. Reduction of permanganate: a kinetics demonstration for
general chemistry. J. Chem. Educ., Easton, PA, v. 67, n. 7, p. 598-9, Jul. 1990.
EQUILÍBRIO QUÍMICO: ALTERAÇÕES NO ESTADO DE EQUILÍBRIO

Todos os processos que ocorrem em um sistema isolado (onde não ocorre troca
de matéria ou de energia com as vizinhanças) atingem um estado de equilíbrio. No
estado de equilíbrio, as propriedades macroscópicas do sistema (pressão,
temperatura, volume, coloração, entre outras) permanecem inalteradas com o tempo.
Por exemplo, na transformação:

NO2(g) + CO(g) ⇔ NO(g) + CO2(g) ,

depois que os dois reagentes gasosos são misturados num balão de vidro à
temperatura ambiente, a cor da mistura varia gradualmente de um castanho-escuro
para uma tonalidade mais clara, indicando um consumo parcial do dióxido de
nitrogênio. Uma vez atingido este ponto, não se pode perceber qualquer alteração na
aparência do sistema, a menos que alguma interferência externa venha a afetar o
estado de equilíbrio.
É conveniente lembrar que a simples constância nas propriedades
macroscópicas do sistema não caracteriza necessariamente uma situação de
equilíbrio. Por exemplo, quando o gás metano (CH4(g)) queima numa chama de
maçarico, observa-se que em cada ponto da chama a coloração e a temperatura são
diferentes entre si, mas são constantes no decorrer do tempo. Esta situação é
chamada de estado estacionário e não deve ser confundida com o estado de
equilíbrio.
Equilíbrios químicos são sempre dinâmicos. Quando se diz que um sistema
atingiu o equilíbrio, não se quer sugerir que toda transformação foi interrompida ou
completada. Ao invés disso, as reações direta e inversa continuam, e elas ocorrem
com velocidades iguais. O equilíbrio que se estabelece na reação de íons ferro(III) e
tiocianato (SCN-), ambos em solução aquosa, pode ser usado como exemplo:
140

3+ 2+
OH2 OH2
OH2 OH2
-
H2 O Fe OH2 + SCN H2 O Fe OH2
H2 O incolor NCS
OH2 OH2

amarelo claro vermelho-alaranjado


Quando as soluções aquosas dos dois íons são misturadas, o íon tiocianato
rapidamente substitui a água na esfera de coordenação do Fe3+(aq) para produzir um
-
novo complexo no qual SCN está ligado ao ferro(III). Este produto pode ser
representado como [Fe(SCN)(OH2)5]2+(aq) e tem uma coloração vermelho-alaranjada
característica (ver o próximo capítulo deste Manual). À medida que a concentração
3+
deste produto aumenta, o complexo libera tiocianato e reverte ao [Fe(OH2)6] (aq) com
uma velocidade cada vez maior. Finalmente, a velocidade com que o íon tiocianato
substitui a água para formar o complexo vermelho (a reação direta) iguala-se à
velocidade com que [Fe(SCN)(OH2)5]2+ perde SCN- para regenerar o íon hidratado
simples (a reação inversa). Neste ponto o estado de equilíbrio foi atingido.

O Princípio de Le Chatelier

Henry Louis de Le Chatelier, procurando regularidades numa grande quantidade


de dados experimentais sobre equilíbrio químico, resumiu suas conclusões no Princípio
que tem o seu nome:

“Uma mudança em qualquer dos fatores que determinam as condições de equilíbrio de


um sistema fará com que o sistema reaja para reduzir os efeitos da mudança.”

Assim, o aumento na concentração de uma das espécies químicas em equilíbrio


provoca uma reação no sentido de consumir a espécie adicionada. Da mesma forma,
se a temperatura da mistura de reação é aumentada, a transformação no sentido
endotérmico é favorecida, de modo a utilizar a energia disponível. Ou um aumento da
pressão, causado por diminuição no volume do sistema em equilíbrio, favorece a
transformação que diminui o número de moléculas de gás no sistema, de forma a
compensar parcialmente os efeitos da alteração de volume.
141

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivo: Analisar o comportamento de sistemas em equilíbrio após mudanças na


temperatura da mistura de reação e na concentração de reagentes e
produtos.

Procedimento

Observação: Uma vez que os experimentos a serem realizados têm caráter


qualitativo, as quantidades citadas abaixo são apenas indicativas.
Não é necessário, portanto, medir massas ou volumes com
extrema precisão. Por outro lado, é importante minimizar o
consumo de reagentes e a produção de resíduos.

O efeito da mudança de temperatura sobre o estado de equilíbrio

Atenção: A produção do gás deve ser realizada na capela.

Colocar uma pequena quantidade de nitrato de chumbo (II) sólido num tubo de
ensaio pequeno e aquecer o sal sobre a chama do bico de gás, cuidadosamente, até
que a quantidade de gás liberado seja suficiente para preencher o tubo.
Arrolhar o tubo de ensaio, deixar que ele atinja a temperatura ambiente e
mergulhá-lo em um banho de gelo por cinco a dez minutos. Observar o resultado.
Em seguida, aquecer o tubo levemente, sem abri-lo, com auxílio do bico de gás.
Observar a coloração da mistura de reação.

O equilíbrio dicromato /cromato em solução aquosa

Colocar cerca de 1 mL de solução de dicromato de potássio 0,10 mol/L em três


tubos de ensaio (A, B e C). Em outros três tubos (D, E e F) repetir o procedimento com
uma solução de cromato de potássio 0,20 mol/L. Aos tubos B e E adicionar uma
pastilha de hidróxido de sódio, agitar a soluções e compará-las com as contidas nos
tubos A e D. Aos tubos C e F adicionar algumas gotas de ácido sulfúrico concentrado
(CUIDADO! A REAÇÃO PODE SER FORTEMENTE EXOTÉRMICA!). Agitar os tubos e
comparar seu conteúdo com o dos tubos A e D. Anotar os resultados.
142

Solubilização e precipitação de sais de prata

Adicionar 0,5 mL de solução aquosa de AgNO3 1,0 x 10-3 mol/L a um tubo de


ensaio que já contenha 0,5 mL de solução aquosa de NaCl 0,10 mol/L. Observar o
resultado.
Adicionar ao mesmo tubo algumas gotas de hidróxido de amônio (solução
concentrada de amônia). Observar o resultado obtido.
O que aconteceria se gotas de HNO3(aq) 3,0 mol/L fossem adicionadas à mistura
de reação? Escrever a equação química do processo e testar a sua previsão.

Interpretação dos resultados e conclusão

Escrever as equações químicas que representam as transformações reversíveis


analisadas em cada experiência. Formular uma explicação para os resultados
observados, com base na definição de estado de equilíbrio e no Princípio de Le
Chatelier.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, Peter W. Physical Chemistry. 4th. ed. Oxford : Oxford University Press, 1990.
p. 209-39.
KOTZ, J.C. & PURCELL, K.F. Chemistry and chemical reactivity. New York : Saunders
College, 1991. p. 659-689.
PIMENTEL, George C. Química: uma Ciência Experimental. 4. ed. Lisboa : Fundação
Calouste Gulbenkian, 1963. p. 206-238.
PIMENTEL, G.C. & SPRATLEY, R.D. Química: um Tratamento Moderno. São Paulo:
Edgard Blücher, 1974. p. 69-79.
CURVAS DE TITULAÇÃO ÁCIDO-BASE E SOLUÇÕES-TAMPÃO

A titulação ácido-base é uma das técnicas mais utilizadas na Química Analítica


clássica. O processo geral consiste na determinação da quantidade de um ácido
(contido numa amostra) através da reação com uma quantidade equivalente de uma
base, ou vice-versa. Se o ácido e a base forem fortes, como por exemplo na seguinte
reação:
HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O(l) ,

o sal produzido não sofrerá hidrólise em extensão mensurável. Em consequência


disso, o ponto de equivalência da titulação envolvendo esses dois reagentes deverá
ocorrer em pH igual a sete, se a reação for conduzida a 25°C.
Por outro lado, quando o ácido ou a base (ou ambos) forem fracos, o sal
formado na reação de neutralização deverá sofrer hidrólise. Tomemos como exemplo a
reação entre uma solução de ácido etanóico (ácido acético) e uma solução de
hidróxido de sódio, que pode ser representada por:

H3C-COOH(aq) + HO-(aq) → H3C-COO-(aq) + H2O(l)

O ânion acetato, formado neste processo, comporta-se como uma base


moderadamente forte em solução aquosa, recebendo prótons do solvente segundo a
equação:

H3C-COO-(aq) + H2O(l) ⇔ H3C-COOH(aq) + HO-(aq)

Este processo de hidrólise dá origem a um pequeno excesso de íons hidróxido na


mistura de reação e, consequentemente, eleva o pH do ponto de equivalência da
titulação.
A detecção do ponto de equivalência numa titulação ácido-base pode ser feita
por diversas técnicas, entre elas a potenciometria ou o emprego de substâncias
indicadoras. Os indicadores são ácidos ou bases orgânicas capazes de apresentar
colorações diferentes em função do pH da solução em que são utilizados. Eles
permitem uma determinação aproximada do ponto final da titulação, que se torna mais
exata quando a “faixa de viragem” do indicador (intervalo de pH em que ocorre a
144

mudança de coloração) está centrada no pH do ponto de equivalência. Este último, por


sua vez, é determinado pela estequiometria da reação.
Os potenciômetros ou pH-metros, por sua vez, medem a diferença de potencial
que se estabelece entre duas soluções com concentrações de H3O+ diferentes, sendo
uma delas a solução-amostra e a outra a solução de referência contida no interior do
eletrodo de vidro do aparelho. Este método tem as vantagens da precisão e da
aplicação a um grande número de titulações.

Curvas de titulação e efeito tampão

É possível determinar o pH de uma solução-amostra ácida ou básica em cada


ponto da titulação e, como os dados obtidos, construir um gráfico que expresse a
variação do pH da solução titulada em função do volume do titulante. Este gráfico é
denominado curva de titulação ou curva de neutralização.
Tomando novamente como exemplo a curva de neutralização do ácido etanóico
pelo hidróxido de sódio, observa-se que, quando a concentração do sal formado torna-
se significativa, o sistema ácido etanóico/etanoato mantém aproximadamente
constante o pH da solução titulada, mesmo após pequenas adições da solução da
base forte. Este fenômeno é denominado “tamponamento”.
Uma solução-tampão é uma solução que, dentro de um certo limite, sofre
apenas ligeiras variações de pH quando recebe a adição de pequenas quantidades de
íons hidroxônio ou hidróxido. É constituida por um ácido fraco e sua base conjugada ou
por uma base fraca e seu ácido conjugado, em concentrações aproximadamente
iguais.
Todas as considerações feitas a seguir referem-se ao sistema-modelo ácido
etanóico/etanoato. Se for adicionada uma pequena quantidade de íons H3O+
(provenientes de um ácido forte) a esta solução-tampão, ocorrerá a seguinte reação:

H3C-COO-(aq) + H3O+(aq) → H3C-COOH(aq) + H2O(l) ,

formando ácido etanóico não-dissociado. Uma vez que o íon etanoato presente na
solução é uma base relativamente forte, ele reage quantitativamente com o íon
hidroxônio adicionado, diminuindo o efeito dessa adição sobre o pH da solução.
Do mesmo modo, se uma pequena quantidade de íons hidróxido (proveniente
de uma base forte) for adicionada ao sistema-tampão, ocorrerá a seguinte reação:
145

H3C-COOH(aq) + OH (aq) → H3C-COO (aq) + H2O(l) ,


- -

na qual os íons hidróxido são consumidos pela reação com o ácido fraco, não
alterando significativamente o pH da solução.
O pH do tampão formado pelo ácido etanóico e pelo ânion etanoato pode ser
calculado através da equação de Henderson-Hasselbach:

pH = pKa + log ([sal]eq / [ácido]eq) ,

onde:
-5
pKa = - log Ka (para o ácido etanóico, Ka = 1,80 x 10 )
[sal]eq = concentração de equilíbrio da base conjugada do ácido etanóico
(etanoato), expressa em mol/L.
[ácido]eq = concentração de equilíbrio do ácido etanóico, expressa em mol/L.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivos

Construir a curva de titulação de uma solução aquosa de ácido fraco com uma
solução aquosa de base forte;
Determinar o pH do ponto final da titulação com auxílio de um indicador ácido-
base e do pH-metro;
Comparar os dados obtidos experimentalmente com o pH calculado a partir de
considerações teóricas (equação de Henderson-Hasselbach);
Determinar a faixa de pH em que o sistema-tampão formado pelo ácido fraco e
sua base conjugada mantém constante a [H3O+] da mistura de reação.

Procedimento

Preparar a bureta para a titulação e calibrar o pH-metro com as soluções de pH


4,0 e 7,0. Em seguida medir 100,0 mL da solução de ácido fraco e transferir este
volume para um béquer de 400 mL.
Fazer a leitura do pH da solução ácida e adicionar a esta amostra duas ou três
gotas da solução do indicador ácido-base escolhido.
Iniciar a titulação potenciométrica, adicionando porções de 5,0 mL do titulante à
solução ácida e homogeneizando sempre a mistura (com agitação magnética).
146

Construir uma tabela relacionando o volume adicionado e os valores de pH obtidos


após cada leitura.
Observar cuidadosamente a velocidade com que o pH da solução-amostra varia
no decorrer da titulação. Nas proximidades do ponto de equivalência, quando o pH
varia rapidamente, fazer adições de 1,0 ou 0,50 mL do titulante. Observar o pH em que
ocorre a “viragem” do indicador e o surgimento da região de inflexão da curva de
neutralização.
Completar a experiência com outras adições de 5,0 mL da solução titulante à
amostra. O volume total de solução alcalina adicionada deve ser de aproximadamente
120 mL.
Após o término da experiência, desligar o pH-metro, enxaguar o eletrodo de
vidro com água destilada e mergulhá-lo na solução de cloreto de potássio (3,0 mol/L)
disponível no laboratório.

Interpretação dos resultados e conclusão

Organizar os dados obtidos numa tabela em que constem os volumes


adicionados da solução titulante e os valores de pH obtidos após cada adição.
Graficar esses dados em papel milimetrado e localizar, na curva de titulação
construída, o intervalo de pH em que ocorre o tamponamento eficiente. Para a
construção da tabela e do gráfico, observar as orientações do Apêndice 1 deste
Manual (Elaboração de Relatórios).
Determinar graficamente o pH do ponto final da titulação e compará-lo com o pH
da mudança na coloração do indicador empregado. Finalmente comparar os dados
obtidos experimentalmente com os valores de pH calculados através da equação de
Henderson-Hasselbach.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Considere a seguinte equação:

CH3COOH(aq) ⇔ CH3COO-(aq) + H+(aq)

O que ocorre com a concentração de íons H+(aq) quando se adiciona acetato de


sódio sólido a uma solução de ácido acético?
2. A afirmação "a capacidade tamponante de uma solução depende apenas do pK de
uma das espécies presentes em solução" é correta? Justifique a sua resposta.
147

3. Considere um sistema-tampão formado por volumes iguais de duas soluções de


2- -
mesma concentração, uma contendo íons HPO4 e a outra contendo H2PO4 . Que
reações ocorrem neste sistema quando pequenos volumes de soluções de ácido
ou base fortes são adicionados?
-5
4. A 200 mL de solução aquosa 0,10 mol/L de hidróxido de amônio (Kb = 1,8 x 10 )
foi adicionada uma solução aquosa de ácido clorídrico 0,20 mol/L. Quais são as
quantidades de matéria das espécies presentes e o pH da mistura após a adição
de 25,00 mL ou 50,00 mL de solução ácida à solução alcalina?
5. A amina primária tris(hidroximetil)aminometano, (HOCH2)3CNH2, tem sido
largamente utilizada em sistemas tamponantes. Esta amina reage com ácidos para
formar o sal correspondente, de acordo com a seguinte reação:

(HOCH2)3CNH2(aq) + H3O+(aq) → (HOCH2)3CNH3+(aq) + H2O(l)

O pK do ácido formado é igual a 8,0. Que relação [base conjugada] / [ácido] deverá
ser utilizada no preparo de 500 mL de tampão tris(hidroximetil)-aminometano 0,500
mol/L, com pH = 7,4?
6. O carbonato ácido de sódio (NaHCO3) é um ingrediente comum de antiácidos.
Justifique o seu uso na correção de problemas estomacais causados por excesso
de HCl.
7. Calcular a razão em que NaH2PO4 e Na2HPO4 devem ser misturados para que se
obtenha uma solução tampão de pH = 7,1. O pK do NaH2PO4 é igual a 7,21. Que
massa de cada sal deve ser utilizada no preparo de 1,00 L desta solução?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, P.W. Physical Chemistry. Oxford: Oxford University Press, 1990. p. 225-237.
BUENO, Willie A.; BOODTS, Julien F.C.; DEGRÈVE, Leo et al. Química Geral. São
Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978. p. 378-409.
CONN, E.E.; STUMPF, P.K. Introdução à Bioquímica. São Paulo: Edgard Blücher,
1975. p. 1-17.
O'CONNOR, R. Fundamentos de Química. São Paulo: 1977. p. 302-311.
RUSSEL, J.B. Química Geral. 2. ed. Coordenação de Maria Elizabeth Brotto; Tradução
e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo : Makron Books, 1994. p. 768-
774.
ELETROQUÍMICA: ELETRÓLISE

As transformações redox que apresentam um potencial padrão de reação


o
negativo (E pilha < 0) não são espontâneas (nas condições-padrão), mas podem ser
levadas a ocorrer eletroquimicamente. O processo utilizado para este fim, chamado
eletrólise, é capaz de dirigir uma reação no sentido não-espontâneo pelo uso de uma
corrente elétrica suprida por uma fonte externa. Um exemplo da utilidade da eletrólise
vem da produção comercial de flúor: este elemento é um oxidante tão forte que não
pode ser preparado, em larga escala, a partir de nenhum reagente químico barato e
facilmente disponível no mercado. O potencial padrão estimado (fortemente negativo)
da oxidação do fluoreto pode dar uma idéia desta dificuldade:

2 F -(aq) → F2(g) + 2 e- Eo = - 2,87 V.

O flúor molecular pode ser obtido, entretanto, na ausência de água, pela passagem de
uma corrente elétrica através de uma mistura fundida de fluoreto de potássio e fluoreto
de hidrogênio. Neste processo, o ânodo da célula eletrolítica é transformado em um
agente oxidante extremamente poderoso, capaz de produzir F2 e superar a tendência
da reação inversa de ocorrer espontaneamente.

Algumas características das células eletrolíticas

A construção das células eletrolíticas é geralmente diferente da empregada para


as células galvânicas. Especificamente, os dois eletrodos muitas vezes compartilham o
mesmo compartimento e o mesmo eletrólito, e as concentrações e pressões de
trabalho são normalmente bem diversas das adotadas em condições-padrão.
A nomenclatura adotada para os eletrodos na célula eletrolítica é a mesma da
pilha galvânica. O eletrodo onde ocorre a redução é o cátodo e o eletrodo onde ocorre
a oxidação é o ânodo. Entretanto, a polaridade dos eletrodos é diferente nas duas
células: na célula galvânica o cátodo tem carga positiva, pois o eletrodo descarrega
elétrons na solução para provocar a redução, ficando deficiente em elétrons. O ânodo
tem carga negativa pelo excesso de elétrons liberados, no eletrodo, pela espécie
oxidada. Na célula eletrolítica, por outro lado, para que a redução ocorra, o cátodo
deve ser carregado negativamente, assim como para que a oxidação ocorra - no
149

ânodo - este deve ter deficiência de elétrons, ou seja, deve estar carregado
positivamente.
Na Figura 1 abaixo está esquematizada uma célula eletrolítica, na qual a
passagem de corrente elétrica produz a decomposição do cloreto de sódio fundido,
com formação de sódio metálico (no cátodo) e gás cloro (no ânodo):

FONTE

CATODO ANODO

-
Cl
+
Na

NaCl (l)

+ -
Na + e- Na 2 Cl Cl2 + 2e-

Figura 1 - Esquema da célula eletrolítica usada na produção de sódio metálico e cloro


gasoso pelo processo de Downs

Se o mesmo processo for conduzido em uma solução aquosa de cloreto de


sódio, observa-se a formação de gás hidrogênio no cátodo e gás cloro no ânodo
(Figura 2). O potencial de redução da água com produção de H2(g) é maior do que o
+
potencial de redução do íon Na (aq); isto faz com que a diferença de potencial da célula
eletrolítica (Figura 2) seja menos negativa, ou seja, correspondente a uma reação
global termodinamicamente mais favorável:

Na+(aq) + 1e- → Na(s) E° = - 2,71 V


2 H2O(l) + 2e- → H2(g) + 2 OH-(aq) E° = - 0,83 V

Reação global da célula com produção de H2(g):


2 H2O(l) + 2 Cl-(aq) → H2(g) + 2 OH-(aq) + Cl2(g) E° = - 2,19 V (reação
favorecida)

Reação global da célula com produção de Na(s):


+ 2 Cl-(aq) → 2 Na(s) + Cl2(g)
+
2 Na (aq) E° = - 4,07 V
150

FONTE

CATODO ANODO

-
Cl
+
Na

NaCl (aq)

- - -
2 H2O + 2 e H2 + 2 OH Cl2 + 2e -
2 Cl
Figura 2 - Modificação do processo de
Downs: o eletrólito é NaCl(aq); H2 e Cl2 são
os produtos.

No ânodo continua sendo formado o gás cloro, apesar do potencial de oxidação


do cloreto ser mais negativo do que o potencial de oxidação da água (ver abaixo). Isto
ocorre porque o sobrepotencial para a produção de oxigênio molecular a partir da
água pode ser muito alto e, na prática, o gás cloro também é produzido.

2 Cl-(aq) → Cl2(g) + 2e- E° = -1,36 V


6 H2O(l) → O2(g) + 4 H3O+(aq) + 4e- E° = -1,23 V

A diferença de potencial requerida para a eletrólise

Para produzir uma reação não-espontânea através de eletrólise, a fonte externa


de corrente deve gerar uma diferença de potencial maior do que a produzida pela
reação inversa espontânea. Por exemplo, para provocar a reação

2 H2O(l) → 2 H2(g) + O2(g) E = - 1,23 V (pH = 7)

é necessário aplicar pelo menos 1,23 V, com auxílio da fonte externa, para superar a
tendência natural da reação ocorrer no sentido oposto. Na prática, o potencial aplicado
é maior do que o potencial da célula: a d.d.p. adicional, que varia com o tipo de
eletrodo, é denominada sobrepotencial. Para eletrodos de platina, por exemplo, o
sobrepotencial para a produção de hidrogênio e oxigênio moleculares a partir da água
é de aproximadamente 0,6 V, de forma que cerca de 1,8 V (1,23 + 0,6 V) são
usualmente requeridos para a eletrólise da água quando eletrodos de platina são
utilizados (em pH 7,0).
151

O valor do sobrepotencial a ser aplicado determina muitas vezes a viabilidade


econômica de um processo eletrolítico, ou mesmo os produtos a serem obtidos na
transformação (se várias espécies presentes na solução podem ser oxidadas ou
reduzidas pela corrente elétrica). Muita pesquisa realizada atualmente em células
eletroquímicas envolve tentativas de reduzir o sobrepotencial e aumentar a eficiência
das reações.

PARTE EXPERIMENTAL

Objetivos:

Efetuar a eletrólise de soluções iônicas pela aplicação de potencial na célula


eletroquímica;
Verificar as reações que ocorrem no cátodo e no ânodo, bem como a reação global
da célula eletrolítica.

Procedimento:

1. Eletrólise da água:

Preencher o voltâmetro de Hoffmann com uma solução de sulfato de sódio 0,1


mol.L-1. Remover as bolhas de ar que eventualmente se formarem dentro do
voltâmetro. Ligar os eletrodos a uma fonte de corrente elétrica contínua e observar o
que ocorre.

Interpretação dos resultados e conclusão:

Identificar o ânodo e o cátodo, bem como as reações que ocorrem em cada um dos
eletrodos.
Observar o volume relativo (mL/mL) dos gases produzidos em cada um dos
compartimentos do voltâmetro. Identificar qual é o gás obtido em maior quantidade e o
gás produzido em menor quantidade.
Verificar o pH das soluções em cada um dos compartimentos do voltâmetro.
Explicar o resultado a partir das semi-reações que ocorrem nos eletrodos.
152

Coletar o gás H2 em um tubo de ensaio e aproximar uma chama de palito de fósforo


da abertura do tubo. Observar o que ocorre.
Misturar as soluções contidas nos dois compartimentos do voltâmetro e medir o pH.
Explicar o resultado.

2. Eletrólise de uma solução aquosa de iodeto de potássio:

Preencher o voltâmetro de Hoffmann com uma solução de iodeto de potássio 0,1


mol.L-1 contendo fenolftaleína. Remover as bolhas de ar que eventualmente se
formarem dentro do voltâmetro. Ligar os eletrodos a uma fonte de corrente elétrica
contínua e observar o que ocorre.

Interpretação dos resultados e conclusão:

Observar as cores das soluções em cada um dos compartimentos do voltâmetro.


Identificar o ânodo e o cátodo, bem como as semi-reações que ocorrem em cada um
dos eletrodos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, Peter W. Physical Chemistry. 4th ed. Oxford: Oxford University Press, 1990. p.
244-279.
ATKINS, P. & JONES, L. Chemistry: molecules, matter and change. 3rd ed. New York:
W.E. Freeman, 1997. p. 654-660.
BRADY, James E. & HOLUM, John R. Chemistry: the study of matter and its changes.
New York: John Wiley & Sons, 1993. p.769-813.
KOTZ, John C. & PURCELL, Keith F. Chemistry and chemical reactivity. New York:
Saunders College, 1991. p. 851-871.
RUSSEL, John B. Química Geral. 2.ed. Coordenação de Maria Elizabeth Brotto;
tradução e revisão por Márcia Guekezian et al. São Paulo: Makron, 1994. p. 868-
878.
APÊNDICE

ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS

Um dos objetivos das disciplinas de Química Geral é desenvolver no estudante


o hábito de relatar por escrito, de forma circunstanciada, as experiências
desenvolvidas no laboratório. Isso porque o bom desempenho técnico e a habilidade
de elaborar relatórios concisos são valorizados amplamente no meio acadêmico e no
âmbito profissional.
A clareza do texto é um requisito fundamental para a compreensão do assunto
abordado. Assim, o relatório deve ser redigido com frases curtas e objetivas, que
evitem interpretações dúbias e tornem a leitura menos cansativa. O tempo verbal deve
ser o passado, na voz passiva e de forma impessoal.
É conveniente lembrar que todo profissional deve zelar pela boa qualidade da
sua linguagem oral e escrita, sem tornar-se obrigatoriamente um literato. Este
procedimento facilita a troca de informações e demonstra o nível intelectual atingido
pelo indivíduo.
Um relatório é composto (geralmente) pelas seguintes partes:
folha de rosto;
introdução;
objetivos (podem ser descritos no final da introdução);
descrição dos métodos e do material utilizado;
descrição e discussão dos resultados;
conclusão;
referências bibliográficas.

O conteúdo de cada uma destas seções será descrito brevemente a seguir.

Folha de rosto

Contém os elementos essenciais à identificação do relatório e do estudante:


nome do(s) autor(es);
título;
154

finalidade do trabalho e identificação da instituição, do departamento e


da disciplina a que ele se destina (no caso de relatórios acadêmicos);
local (cidade);
ano, em algarismos arábicos.

Introdução

Sempre que possível, a introdução deve incluir os resultados de um


levantamento bibliográfico sobre o tema do relatório e sobre os métodos empregados.
Nesse caso, as referências bibliográficas devem ser citadas no texto, e listadas no final
do relatório.
Na introdução, o trabalho experimental realizado é colocado no contexto
apropriado e relacionado com o conhecimento científico em geral, conduzindo o leitor
gradativamente aos objetivos do experimento.

Objetivos

Na formulação dos objetivos, o autor deve deixar claro o que pretende obter ou
realizar em cada etapa da experiência.

Material e métodos

O material utilizado (especialmente os reagentes e os equipamentos) deve ser


relacionado. No caso dos reagentes especifica-se o fabricante, o grau de pureza e a
concentração (ou a densidade). Se os resultados de um experimento forem
dependentes de um equipamento ou peça de vidraria específicos, eles devem ser
descritos de forma detalhada, incluindo especificações como tipo, dimensões, marca e
modelo.
É essencial que o procedimento adotado na execução da experiência seja
descrito minuciosamente, incluindo quantidade de reagentes, tempo, temperatura de
reação e métodos utilizados. A descrição deve ser de fácil entendimento, para que a
experiência possa ser reproduzida pelo leitor, se necessário.
Nesse item do relatório não devem ser incluídos os resultados obtidos, nem os
cálculos realizados com os dados experimentais.
155

Resultados e discussão

Esta seção deve conter os dados coletados e/ou calculados no decorrer da


experiência, registrados sempre que possível em tabelas ou gráficos, com o número
correto de algarismos significativos. No caso de cálculos repetitivos, é suficiente a
indicação de apenas um deles.

Apresentação tabular e gráfica de resultados

Tabelas

Num relatório, as tabelas têm por função agrupar os resultados de forma


simples, clara e organizada. Existem normas técnicas para a apresentação tabular de
dados; algumas delas serão discutidas a seguir.
As tabelas são constituídas geralmente por título, cabeçalho e corpo e devem
ser numeradas (com algarismos arábicos colocados antes do título) para facilitar a sua
localização no corpo do relatório.
O título deve preceder a tabela e informar brevemente sobre o seu conteúdo,
indicando as condições experimentais em que os resultados foram obtidos.
O cabeçalho especifica o conteúdo das colunas que compõem o corpo da
tabela; ele deve ser separado dos dados por um traço horizontal. Na identificação de
cada coluna devem ser mencionadas as unidades (g, mol, mL, oC, J, etc) das
grandezas medidas (massa, quantidade de matéria, volume, temperatura, energia,
respectivamente, entre outras).
O corpo da tabela é formado por um conjunto de linhas e de colunas onde os
dados são colocados. As colunas podem ser separadas, para maior clareza, por traços
verticais. Finalmente, a tabela completa deve ser delimitada, no alto (acima do
cabeçalho) e na parte inferior (logo após a última fileira de dados) por traços
horizontais. Informações adicionais, como a fonte dos dados tabulados (quando
extraídos da literatura) e referências complementares ao procedimento experimental
(adotado na obtenção dos resultados) podem ser colocadas abaixo da tabela
("rodapé"). Há vários exemplos de tabelas distribuídas pelos capítulos deste manual; o
estudante é convidado a examiná-los e identificar os componentes mencionados
acima.
156

Gráficos

A representação gráfica é uma das formas mais eficientes de que os cientistas


dispõem para reunir e avaliar dados experimentais. Partindo de tabelas
adequadamente construídas, pode-se transpor os resultados para um sistema
apropriado de eixos, geralmente na forma de pontos ou barras. Estes, uma vez
reunidos, permitem observar a tendência geral com que os valores medidos das
variáveis se modificam (nas condições da experiência). Além disso, uma curva
experimental é um poderoso recurso para interpolação e extrapolação, que são
procedimentos que possibilitam a previsão de resultados que seriam obtidos em
condições diferentes das utilizadas.
A maioria das determinações realizadas no laboratório envolve apenas duas
grandezas (variáveis) cujos valores numéricos modificam-se no decorrer do
experimento. Uma destas variáveis é frequentemente controlada pelo observador
(tempo, temperatura de reação, volume de amostra, por exemplo) e é denominada
variável independente; a outra quantidade tem seus valores medidos
experimentalmente (pH, absorbância, altura de picos cromatográficos, corrente gerada
por um sistema eletroquímico, entre outras) e constitui a variável dependente. Os
valores medidos para a variável dependente são determinados pelos valores fixados
para a variável independente.
Num sistema de eixos cartesianos, é de praxe representar-se a variável
independente no eixo horizontal (eixo X ou das abscissas); no eixo vertical (eixo Y ou
das ordenadas) é representada a variável dependente. As escalas dos eixos X e Y
devem ser escolhidas para que os gráficos ocupem a maior porção possível do papel
utilizado, sem que os pontos fiquem muito próximos ou muito afastados uns dos
outros. Recomenda-se ainda que o gráfico seja aproximadante simétrico, ou seja, que
contenha eixos de comprimentos semelhantes.
Em geral, o ponto com coordenadas (0,0) corresponde à origem do gráfico. No
entanto, esta origem não precisa ser necessariamente representada, dependendo do
intervalo determinado pelos valores numéricos das variáveis dependente e
independente.
Todo gráfico deve ser numerado e apresentar um título colocado abaixo da
figura. No caso de existirem legendas explicativas, estas devem ser colocadas à direita
do gráfico. Após o lançamento dos pontos, a curva deve ser traçada de modo a
representar a tendência média dos dados experimentais, ou seja, não se deve unir
157

simplesmente os pontos através de segmentos de reta. É importante realçar que os


resultados experimentais geralmente não permitem o traçado de uma curva ou reta
perfeitas, em função dos erros normalmente associados às medidas.

Após o registro dos resultados, passa-se à discussão do seu significado e dos


fatores teóricos/experimentais que afetam a precisão das determinações realizadas.
Nesta parte do relatório, os dados obtidos devem ser comparados com os valores
encontrados na literatura (quando apropriado).

Conclusão

Deve ser breve e fazer referência aos objetivos da experiência e ao significado


dos resultados para o conhecimento científico em geral.

Referências bibliográficas

Ao final do relatório, as fontes bibliográficas consultadas devem ser


relacionadas segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), observando a ordem de citação das referências no texto do relatório, ou
observando a ordem alfabética do sobrenome do primeiro autor. Há uma lista de
referências bibliográficas no final de cada capítulo deste manual; o estudante é
convidado a observar como os elementos de identificação das fontes bibliográficas são
descritos nessas seções.
Atividades experimentais
investigativas no ensino
de química
Fabio Luiz de Souza
Luciane Hiromi Akahoshi
Maria Eunice Ribeiro Marcondes
Miriam Possar do Carmo

ISBN 978-85-99697-27-6
A expansão do Ensino Técnico no Brasil, fator importante para melhoria
de nossos recursos humanos, é um dos pilares do desenvolvimento
do país. Esse objetivo, dos governos estaduais e federal, visa à melhoria da
competitividade de nossos produtos e serviços, vis-à-vis com os dos países com
os quais mantemos relações comerciais.

Em São Paulo, nos últimos anos, o governo estadual tem investido de forma
contínua na ampliação e melhoria da sua rede de escolas técnicas - Etecs e
Classes Descentralizadas (fruto de parcerias com a Secretaria Estadual de
Educação e com Prefeituras). Esse esforço fez com que, de agosto de 2008 a
2011, as matrículas do Ensino Técnico (concomitante, subsequente e integrado,
presencial e a distância) evoluíssem de 92.578 para 162.105.

A garantia da boa qualidade da educação profissional desses milhares de jovens


e de trabalhadores requer investimentos em reformas, instalações/laboratórios,
material didático e, principalmente, atualização técnica e pedagógica de
professores e gestores escolares.

A parceria do Governo Federal com o Estado de São Paulo, firmada por


intermédio do Programa Brasil Profissionalizado, é um apoio significativo para
que a oferta pública de ensino técnico em São Paulo cresça com a qualidade
atual e possa contribuir para o desenvolvimento econômico e social do estado
e, consequentemente do país.

Almério Melquíades de Araújo


Coordenador de Ensino Médio e Técnico
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

Diretora Superintendente
Laura Laganá
 
Vice-Diretor Superintendente
César Silva
 
Chefe de Gabinete da Superintendência
Elenice Belmonte R de Castro
 
Coordenador do Ensino Médio e Técnico
Almério Melquíades de Araújo

REALIZAÇÃO

Unidade de Ensino Médio e Técnico


Grupo de Capacitação Técnica, Pedagógica e de Gestão - Cetec Capacitações

Responsável Cetec Capacitações


Sabrina Rodero Ferreira Gomes

Responsável Brasil Profissionalizado


Silvana Maria Brenha Ribeiro

Parecer Técnico
Edilberto Felix

Revisão de Texto
Yara Denadai

Projeto Gráfico
Diego Santos
Fábio Gomes
Priscila Freire

Impressão
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

ISBN 978-85-99697-27-6

Projeto de formação continuada de professores da educação profissional


do Programa Brasil Profissionalizado - Centro Paula Souza - Setec/MEC
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

O papel da experimentação no ensino de química. . . . . . . . . . . . . . . . 9

A importância de conhecer as concepções dos alunos para a

aprendizagem de conceitos em química. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Propostas de atividades experimentais investigativas. . . . . . . . . . . . 39

Propostas de atividades e estratégias de ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . 75


Apresentação
Prezado(a) professor(a),

O GEPEQ-IQUSP – Grupo de Pesquisa em Educação


Química do Instituto de Química da Universidade de
São Paulo – tem como objetivo desenvolver estudos,
pesquisas e atividades na área da educação científica,
buscando ampliar a compreensão da realidade do
ensino atual, das necessidades formativas e do processo
educativo.

Nossas ações visam contribuir para a melhoria do ensino de química,


procurando proporcionar a professores e alunos uma compreensão mais
aprofundada do papel da Ciência e da Tecnologia na vida individual e na
sociedade, através da interligação dos conteúdos ao contexto social e da
promoção de um ensino que possibilite o desenvolvimento de competências
que permitam ao educando entender o mundo físico, julgar e tomar suas
próprias decisões sobre situações relacionadas ao conhecimento científico,
ampliando o sentido de sua cidadania. 7
Procuramos, neste material, apresentar algumas propostas de trabalho com

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


o enfoque na experimentação investigativa. Primeiramente discutiremos
o papel da experimentação no ensino de química, o significado da
experimentação investigativa e sua importância na aprendizagem de
conteúdos de ciências, possíveis níveis de abertura de um experimento
investigativo e a necessidade de se conhecer as concepções dos alunos sobre
alguns conceitos antes de promover o ensino dos mesmos.

Neste material, você encontrará textos sobre os tópicos citados, bem como
atividades experimentais de características investigativas e propostas para
que o professor desenvolva seu próprio material e atividades com esse
enfoque.

Nossa proposta é a de aprofundar alguns dos temas que fazem parte do


currículo de Química do Estado de São Paulo, especificamente conteúdos
relativos ao ensino da físico-química.

Para que as atividades aqui propostas sejam bem aproveitadas por todos
nós, a troca de experiências é um fator muito importante, bem como
o estabelecimento de um espaço para discussões e aprofundamentos
conceituais.
O PAPEL DA
EXPERIMENTAÇÃO
NO ENSINO DE
QUÍMICA

Capítulo 1
1.1 Por que usar experimentação no ensino de
Química?
As atividades experimentais são práticas em geral vistas com bons olhos
pelo professorado e, sobretudo, pelos estudantes. Dificilmente algum desses
sujeitos não aprecia a realização, ou mesmo a observação, de um experimento
de ciência. Os alunos gostam de ver cores, fumaças, movimentos, choques
e explosões. Os professores gostam de “ensinar na prática”, como eles
mesmos dizem. Todos gostam de experiências fantásticas!

Entretanto, apreciar a experimentação é algo bem diferente de utilizá-la ou


compreendê-la corretamente. É preciso admitir que, embora todos gostem de
experiências, poucos refletem ou pesquisam sobre questões como “Qual o
papel didático da experimentação?” ou “De que maneira ela contribui para
a aprendizagem da Química?”. Consequentemente, as respostas à questão
proposta no título desse texto, “Por que usar experimentação no ensino de
Química?”, quase sempre apresenta respostas simplistas ou parciais tais
como “Devemos usar a experimentação porque a Química é uma ciência
experimental”, “Devemos fazer experimentos para cativar os alunos” ou
“As experiências ajudam a mostrar a teoria na prática”. Estas são algumas
das respostas mais comuns diante da questão apresentada no título do texto
11
e, mesmo que a princípio concordemos com suas proposições, elas não são

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


satisfatórias porque são simplistas e incompletas.

A Química evolui a partir da realidade concreta dos fenômenos observados,


sejam eles naturais ou provocados pelo homem, mas também evolui a partir
da criatividade e da razão humana. Muitas vezes o conhecimento não surge
da observação dos fenômenos, mas das proposições teóricas, dos modelos
e, mais recentemente, das simulações e modelagens computacionais. Dizer
que é por meio da experimentação que a Química constrói seu conhecimento
é uma declaração um tanto reducionista.

O aspecto lúdico1 das atividades experimentais também é outra armadilha.


Nem sempre um bom experimento será “fantástico”. Entenda-se “bom
experimento” como sendo aquele que resulta em aprendizagens importantes
para a formação dos estudantes. Quase sempre o potencial pedagógico
e a capacidade de despertar interesse e fascinação de uma atividade
experimental não residem em sua beleza estética, mas na habilidade do
mediador (professor, monitor) em problematizar os fenômenos, questionar
os estudantes, explorar os dados, fazer relações e contextualizar os conteúdos
aprendidos. Por outro lado, alguns experimentos lindos têm pouca utilidade
3
Lúdico; lú.di.co; adj (lat ludu+ico2) Que se refere a jogos e brinquedos ou aos jogos públicos
dos antigos. (Dicionário online Michaelis)
nas aulas de Química e, infelizmente, muitas vezes são considerados como
“autossuficientes” pelos professores. Às vezes parece que, pelo fato da
turma ter gostado de ver ou de realizar aquele experimento, o papel do
professor está cumprido. O fato de uma atividade experimental despertar
nos alunos certa curiosidade ou fascínio não é o ponto de chegada da aula,
mas o ponto de partida, não é nele que culmina o processo educativo, como
pensam alguns, mas de onde se parte para alcançar a aprendizagem.

Por fim, a maior das falácias é a ideia de que pela experimentação didática,
aquela feita em uma sala de aula (ou mesmo em um laboratório didático),
com controles mínimos das condições experimentais, pode-se provar ou
negar uma teoria científica. Na melhor das hipóteses, a experimentação
didática pode fornecer mais elementos, argumentos, fatos, que, em conjunto
com outros conhecimentos, podem ajudar na compreensão e construção de
um conceito científico, mas nunca prová-lo ou negá-lo. Se a experimentação
didática tivesse tal poder, o que dizer aos alunos diante de um experimento
em que o resultado observado não confere com a teoria estudada? Muda-se
a teoria? Claro que não! Por outro lado, não é aconselhável simplesmente
dizer que o experimento deu errado, que o ignorem e se foquem na
12 teoria. Ao invés disso, podemos interpretar o resultado inesperado à luz
dos conhecimentos já tratados, analisar as condições de realização do
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

experimento e aproveitar do acontecido para, ainda assim, desenvolver


certas aprendizagens científicas. Por trás da ideia de que por meio de um
simples experimento pode-se provar ou refutar uma teoria científica por
vezes está a concepção, já há muito criticada na filosofia e história da ciência,
de que a evolução científica ocorre por meio de experimentos cruciais
realizados por alguns poucos cientistas brilhantes e que determinam a
criação das teorias e leis científicas. Bem diferente disso, a ciência evolui por
um processo não linear de reflexões, debates e embates de pesquisadores e
grupos de pesquisa, alguns renomados e outros quase anônimos, pautados
em aspectos teóricos e fenomenológicos e possuidores de diferentes crenças,
valores, interesses, conhecimentos e propósitos.

Em síntese, como afirma Galiazzi e Gonçalves (2004, p. 326), “alunos e


professores têm teorias epistemológicas arraigadas que necessitam ser
problematizadas, pois, de maneira geral, são simplistas, cunhadas em uma
visão de Ciência neutra, objetiva, progressista, empirista”. Esses autores
também criticam a ideia de experimentação para comprovação de teoria e
para motivação dos alunos, como temos discutido até aqui.

Os problemas ligados à experimentação no ensino de Química são muitos e


se referem não apenas às concepções dos professores e alunos, mas também
a maneira como ela é realizada nas aulas:

As atividades experimentais, tanto no ensino médio como em muitas


universidades, ainda são muitas vezes tratadas de forma acrítica e
aproblemática. Pouca oportunidade é dada aos alunos no processo
de coleta de dados, análise e elaboração de hipóteses. O professor é
o detentor do conhecimento e a ciência é tratada de forma empírica
e algorítmica. O aluno é o agente passivo da aula e a ele cabe seguir
um protocolo proposto pelo professor para a atividade experimental,
elaborar um relatório e tentar ao máximo se aproximar dos resultados
já esperados (SUART; MARCONDES, 2009, p.51).

É preciso, portanto, repensar tanto os propósitos das atividades experimentais


nas aulas de Química quanto a forma mais adequada de realizá-la. Uma
aula experimental deve engajar os estudantes não apenas em um trabalho
prático, manual, mas principalmente intelectual. Não basta que o aluno
manipule vidrarias e reagentes, ele deve, antes de tudo, manipular ideias
(problemas, dados, teorias, hipóteses, argumentos). Em outras palavras, o
que se espera é que a expressão “participação ativa dos estudantes”, tantas
vezes usada para justificar o uso de atividades experimentais nas aulas de
Química e em outras atividades didáticas, passe a adquirir o significado de 13
“participação intelectualmente ativa dos estudantes”.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


A experimentação cujos objetivos principais são a motivação da turma
ou a comprovação de teorias pouco contribui para a aprendizagem dos
estudantes (GIL-PÉREZ; VALDÉS-CASTRO, 1996; HODSON, 1994). A
experimentação nas aulas de Química tem função pedagógica, ou seja,
ela presta-se a aprendizagem da Química de maneira ampla, envolvendo
a formação de conceitos, a aquisição de habilidades de pensamento,
a compreensão do trabalho científico, aplicação dos saberes práticos e
teóricos na compreensão, controle e previsão dos fenômenos físicos e o
desenvolvimento da capacidade de argumentação científica.

É preciso que as atividades experimentais desenvolvidas nas aulas de


Química possam propiciar aos alunos o desenvolvimento da capacidade
de refletir sobre os fenômenos físicos, articulando seus conhecimentos já
adquiridos e formando novos conhecimentos. Neste processo de construção
dos conhecimentos, as atividades experimentais poderiam ser organizadas
de maneira a colocar os estudantes diante de situações problemáticas, nas
quais eles poderão usar dados empíricos, raciocínio lógico, conhecimentos
teóricos e criatividade para propor suas próprias hipóteses, argumentações
e explicações. Quanto maior a abertura que se dê aos estudantes nas aulas
experimentais para que eles exponham seus raciocínios, confrontem suas
teorias e debatam seus argumentos, tanto maior será o desenvolvimento
não apenas da aprendizagem de conceitos da ciência, mas também de um
pensamento científico.

1.2 Atividades experimentais investigativas para o


ensino de Química
Como já mencionado, as atividades experimentais têm sido consideradas
um recurso importante no ensino de Química. Tais atividades podem
proporcionar aos alunos o conhecimento de fenômenos, citados pelos
professores em suas aulas, e que são, muitas vezes, desconhecidos ou não
associados à Química pelos estudantes, como, por exemplo, o reconhecimento
de um ácido ou base pelo emprego de indicadores, as diferenças na rapidez
com que as reações químicas ocorrem etc.

Além do reconhecimento de fenômenos, as atividades experimentais podem


ter um alcance maior na formação do aluno, pois podem ser planejadas para
proporcionar a elaboração de conceitos e o desenvolvimento de habilidades
de pensamento relacionadas aos processos da ciência. As atividades
experimentais de natureza investigativa apresentam essas características
14
pedagógicas.
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Uma atividade de ensino investigativa deve partir de uma situação


problema que possa interessar os alunos a participar da investigação,
suscitando a busca de informações, a proposição de hipóteses sobre o
fenômeno em estudo, o teste de tais hipóteses, e a discussão dos resultados
para a elaboração de conclusões acerca do problema. Nesse processo, os
alunos mobilizam os conhecimentos que já têm e buscam outros para
formular suas hipóteses e propor maneiras de solucionar o problema
apresentado, devem argumentar, procurando justificar tais hipóteses e
procedimentos propostos, e estabelecer relações entre fatos e possíveis
explicações e aplicar os conhecimentos construídos em outras situações. Os
alunos, dessa maneira, têm um papel ativo, sendo o professor o orientador
desse processo, no qual incentiva os alunos a participar, indica ou fornece
informações necessárias, questiona os encaminhamentos dados pelos
estudantes na busca de soluções para o problema, auxilia-os na elaboração
de procedimentos e na análise dos dados.

Assim, em uma atividade de natureza investigativa,

...a ação do aluno não deve se limitar apenas ao trabalho de


manipulação ou observação, ela deve também conter características
de um trabalho científico: o aluno deve refletir, discutir, explicar,
relatar, o que dará ao seu trabalho as características de uma
investigação científica (AZEVEDO, 2004, p. 21).

Planejar uma atividade experimental com características investigativas exige


do professor que atente para alguns aspectos nem sempre considerados
quando se planejam atividades que visam somente o conhecimento de
fatos ou a ilustração de princípios e conceitos já abordados na sala de aula.
Um desses aspectos diz respeito aos objetivos pedagógicos que o professor
atribui à atividade, definindo-os não apenas em termos dos conteúdos ou
conceitos a serem aprendidos, mas, também, em relação ao que se espera
que a atividade alcance considerando as habilidades de pensamento e
julgamentos de valor que pretende que os alunos desenvolvam. Outro
aspecto importante é a proposição de um problema que possa despertar
o interesse dos alunos e, ao mesmo tempo, seja adequado para tratar os
conteúdos que se quer ensinar. Também, o professor deve tomar decisões
quanto à busca de informações pelos alunos, as quais podem em parte
ser fornecidas por ele ou serem buscadas em fontes de informação por ele
indicadas (livros, páginas na internet). Ainda, um grande desafio nesse
tipo de atividade é saber planejar questões que auxiliem o aluno a tratar os
dados (estabelecer relações, testar uma hipótese, elaborar conclusão, julgar 15
a plausibilidade da conclusão etc.), promovendo o desenvolvimento de
habilidades cognitivas de alta ordem.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


As principais características das atividades de natureza investigativa
(SPRONKEN-SMITH et al. 2007, p. 2, tradução nossa) são:

• aprendizagem orientada por questões ou problemas;

• aprendizagem baseada em um processo de busca de conhecimentos e


construção de novos entendimentos;

• ensino centrado na aprendizagem, professor tem papel de facilitador;

• alunos assumem gradativamente a responsabilidade por sua


aprendizagem;

• desenvolvimento de habilidades de auto-reflexão;

• processo ativo de aprendizagem.


Para iniciar a elaboração de uma atividade investigativa a ser aplicada
em sala de aula, pode ser de grande valia refletir sobre alguns aspectos
pedagógicos que devem fazer parte do planejamento. Silva (2011) aponta os
seguintes aspectos a serem considerados:
• objetivos conceituais, procedimentais e atitudinais;

• situação problema, cujas atividades experimentais propostas ajudam a


responder;

• conhecimentos e concepções que os alunos apresentam sobre o tema;

• atividades pré-laboratório: informações a serem apresentadas e


hipóteses solicitadas aos alunos;

• atividade experimental, por demonstração ou para a realização pelos


alunos; dados a serem coletados, maneira de organizá-los;

• atividades pós-laboratório: questões formuladas aos alunos para análise


dos dados, conclusão e aplicação do conhecimento; sistematização dos
resultados e conclusões; aplicação a novas situações.
A determinação da quantidade de etanol presente na gasolina comercial,
tema frequentemente presente no ensino médio, pode ser um exemplo de
como esses elementos pedagógicos podem ser mobilizados no planejamento
de uma atividade investigativa. O quadro a seguir resume um planejamento
de uma atividade proposta aos alunos para o estudo dessa determinação.

16 Quadro 1: Planejamento de uma atividade experimental


investigativa.
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Situação–problema- Para melhorar o rendimento da queima da gasolina em


um motor automotivo adicionam-se certos aditivos a ela. O Brasil substituiu
os compostos de chumbo, altamente poluentes, que eram acrescentados à
gasolina comercial por etanol. A quantidade máxima de etanol a ser adicionada
é determinada por lei, sendo atualmente de 20%. A gasolina disponível no
mercado pode estar adulterada, como já foi muitas vezes noticiado na imprensa.
O álcool é substituído por outros materiais mais baratos, mas que causam
problemas como a corrosão do motor e menor eficiência na combustão.

Problema: Como se pode determinar a quantidade de álcool adicionado à gasolina?

Conhecimentos prévios: Questionar os alunos sobre o que conhecem sobre a gasolina.


Qual é a origem da gasolina? Como é fabricada? Por que se coloca álcool na gasolina?
O álcool que se usa como combustível comercial é igual ao adicionado à gasolina? A
mistura gasolina-etanol é homogênea ou heterogênea? Como separar esta mistura?
Informações: Apresentar alguns dados sobre a produção da gasolina e de etanol no país,
dar informações sobre os “diferentes” tipos de etanol: anidro, hidratado, gel. Sugerir
busca de informações sobre propriedades físicas e químicas da gasolina e do etanol.
Mostrar uma amostra de gasolina comercial (que contém álcool), perguntar sobre a
aparência (homogênea), se é possível reconhecer visualmente a presença do álcool.
Hipóteses/Sugestões: Solicitar aos alunos que, baseados em seus
conhecimentos apresentem sugestões de como fazer a determinação do teor
de álcool em uma amostra de gasolina comercial. Se necessário, lembrá-
los das possíveis diferenças entre as propriedades desses materiais. (Nossa
suposição é a de que sugiram a destilação, a densidade, solubilidade).
Pré-laboratório: Discussão das sugestões dos alunos e
de uma proposta de método de separação.
Laboratório: Será fornecido um roteiro para a realização da extração quantitativa do
etanol presente na gasolina por água. Haverá uma tabela para anotação dos dados.
Questões propostas para análise dos dados:

O que você observou quando adicionou água à gasolina? É


possível identificar a água e a gasolina?Como?

O volume dos materiais (gasolina e água) se alteraram?

Baseado em dados de solubilidade, a água extraiu o álcool ou a gasolina?

Comparando os volumes iniciais e finais, como você pode calcular a quantidade


de álcool presente na amostra de gasolina? Qual é o teor de álcool nesta amostra?

Toda a quantidade de etanol presente foi extraída pela


água? Isto traria uma incerteza no valor obtido?
Conclusão: Avaliação do erro causado pela não dissolução total do álcool na água.

Argumentar se esta gasolina comercial está de acordo com a atual legislação.


Aplicação: Busque informações sobre processos industriais que utilizam
a extração por solventes (extração da cafeína, de óleos vegetais)
Questão para discussão: Vale a pena adulterar a gasolina? Apresente seus argumentos.
17
Esta atividade permite a participação dos alunos em quase todas as etapas,

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


exigindo um envolvimento cognitivo que não se restringe à simples
observação e anotação do observado. Os alunos são convidados a analisar
os dados, o que envolve o reconhecimento das variáveis relevantes no
processo. A organização das observações em uma tabela também é um
aprendizado e pode auxiliar o aluno no desenvolvimento de competências
de leitura desse tipo de comunicação. Ainda, o aluno deverá aplicar os
conhecimentos, reconhecendo o processo estudado em outros sistemas.

Essa atividade poderia ter um nível de exigência cognitiva maior se o


professor pedisse aos alunos que elaborassem seus próprios procedimentos
para testar as hipóteses apresentadas e selecionadas para investigação. Tais
procedimentos deveriam ser discutidos com os grupos para que pudessem
ser executados, sendo que o professor faria questionamentos quanto a
aspectos como: materiais empregados, controle de variáveis, segurança
etc. Esse tipo de atividade, em que os alunos propõem procedimentos para
testar suas próprias hipóteses, muitas vezes é chamada de “Laboratório
Aberto” (CARVALHO et al, 1999).

As questões propostas pelos professores aos alunos podem auxiliá-los


na análise dos resultados e de suas próprias ideias e, dessa maneira, no
desenvolvimento de raciocínios científicos. Assim, na elaboração dessas
questões deve-se considerar a demanda cognitiva que elas requerem dos
alunos. Pode-se categorizar essa demanda em três níveis (SHEPARDSON;
PIZZINI, 1991; SUART; MARCONDES, 2008), como é mostrado no Quadro 2.

Quadro 2: Nível de cognição das questões propostas para os alunos (SUART;


MARCONDES, 2008).

Nível Descrição

Requer que o estudante somente recorde uma


1 informação partindo dos dados obtidos.

Requer que o estudante desenvolva atividades como seqüenciar, comparar,


2 contrastar, aplicar leis e conceitos para a resolução do problema.

Requer que o estudante utilize os dados obtidos para propor


3 hipóteses, fazer inferências, avaliar condições e generalizar.

Questões de nível 1 têm baixa exigência cognitiva, sua função é a de


provocar a evocação de fatos, de um dado conceito ou conhecimento. São
necessárias, mas não podem ser o único tipo de questão apresentada aos
18 alunos. Questões do nível 2 requerem habilidades cognitivas de ordens
mais altas do que a simples evocação, pois envolvem o reconhecimento
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

da situação problemática, o estabelecimento de relações. As questões de


nível 3 são as que exigem habilidades cognitivas de mais alta ordem, uma
vez que as repostas a essas questões demandam o reconhecimento das
variáveis relevantes e a avaliação destas, generalizações do problema em
outros contextos etc. Uma atividade com características investigativas deve
apresentar questões dos três níveis, com ênfase nos dois últimos.

No planejamento de uma atividade, os vários aspectos pedagógicos


presentes podem apresentar características investigativas em diferentes
níveis. Para analisar o quanto a atividade planejada pode ser investigativa,
Silva (2011) propôs uma classificação em quatro níveis de acordo com a
proximidade à abordagem investigativa, conforme descrita anteriormente.

O Quadro 3 apresenta esses quatro níveis para cada elemento pedagógico


presente em uma atividade.
Quadro 3: Níveis de aproximação a uma atividade investigativa
(SILVA, 2011).

Níveis N3 – Apresenta
N1 – Não apresenta N2 – Tangencia
algumas característi- N4 – Atividade
características características
cas de atividade investigativa
investigativas investigativas
investigativa

Objetivo Habilidades e compe-


Tópicos a serem estu- Habilidades genéricas
Habilidades e compe- tências específicas
dados ou conteúdos e tópicos a serem
tências específicas. relacionadas ao
específicos. estudados.
assunto estudado.

Problemati- Questões sobre o as-


Questões relacionadas Problema a ser
zação sunto estudado (com
ao assunto resolvido por meio da
o intuito de organizar
Não apresenta. estudado que são atividade experimental,
ou introduzir o
retomadas durante da busca de informações
assunto, podem ou
o experimento. e de discussões.
não ser respondidas).

Elaboração Elaborada pelo


Elaborada pelo aluno
de hipóteses aluno para uma Elaborada pelo
para uma situação
Não há. situação específica aluno a partir da
específica que não
que será explorada problematização.
é explorada.
na atividade.

Atividade Experimento realizado


experi- pelo aluno a partir
Experimento por de- Experimento por Experimento realizado
mental de um procedimento
monstração o aluno demonstração ou pelo aluno a partir
dado com algum
observa o que o realizado pelo aluno de um procedimento
grau de decisão no
pro-fessor apresenta
sem interação.
a partir de um
procedimento dado.
procedimento (por
ini-cial e completado
ou sugerido por ele.
19
exemplo, massa,
volume, concentração)

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Questões Exploram
Exploram os dados ob-
conceituais parcialmente os Exploram os dados
Não exploram tidos na atividade práti-
para os dados obtidos na obtidos na atividade
os dados obtidos ca exigindo uma con-
alunos atividade prática, prática exigindo
na atividade. clusão ou a aplicação
solicitando ou não uma conclusão.
em novas situações.
conclu-sões parciais.

Sistemati- A partir das análises


zação dos dos resultados, do
Sem encaminhamento A partir dos resultados
conceitos Realizada exclusiva- confronto das ideias
de questões de análise das análises propostas
mente pelo professor iniciais e finais, da ex-
e de exploração e exploração das
ou não apresentada. ploração das hipóteses
da hipótese. hipóteses.
e das respostas ao
problema proposto.

Caracterís- Apresenta
Apresenta característi-
ticas do característi-cas de Investigativo, busca
Verificação ou ilustra- cas investigativas devi-
experi- verificação, porém resolver o problema
ção de conceitos. do ao tipo de questões
mento com uma exploração proposto.
de análise dos dados.
conceitual inicial.

O planejamento de uma atividade que apresente características


investigativas não é tão simples como o de uma atividade ilustrativa
ou de reconhecimento de fenômenos, entretanto as possibilidades que
proporciona para o desenvolvimento dos alunos é um incentivo para que
elaboremos atividades que apresentem os elementos pedagógicos de uma
atividade baseada na investigação.
1.3 Níveis de abertura em atividades experimentais
investigativas
Como visto anteriormente, a experimentação no ensino de Ciências tem
importância reconhecida por professores de química. Dois tipos de atividades
experimentais podem ser comparadas, a conhecida como tradicional, na
qual estão incluídas demonstrações, ilustrações, verificações e comprovação
de teorias, e um segundo tipo, chamada de experimentação investigativa,
que envolve a participação do aluno na resolução de um problema.

Na atividade experimental com enfoque tradicional o aluno faz o que o


professor determina, seguindo um roteiro tipo receita culinária (TAMIR,
1977; DOMIN, 1999) e geralmente conhece de antemão os resultados que
serão obtidos. Não é apresentada uma problematização, que poderia motivar
e estimular o aluno a pensar, e a interagir com seus pares, tampouco o envolve
na formulação de hipóteses e na elaboração de conclusões. A solicitação ao
aluno se limita ao relato dos dados e o professor, como detentor do saber,
fornece explicações, utilizando o resultado do experimento para comprovar
teorias ou conceitos anteriormente apresentados ao aluno.

20 Essa maneira de organizar a atividade experimental é muito diferente do


enfoque investigativo, que tem como base o envolvimento do aluno na
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

resolução de um problema. Como apontam Zanon e Freitas (2007, p. 95),


nesse tipo de atividade, o professor “suscita o interesse dos alunos a partir
de uma situação problematizadora em que a tentativa de resposta dessa
questão leva à elaboração de suas hipóteses”. O experimento não se resume
à simples manipulação de materiais e coleta de dados, pois é planejado
para que o aluno reflita, tomando consciência de suas ações e propondo
explicações (CARVALHO et al., 1999). Ainda, os alunos com a mediação do
professor, poderiam elaborar seus próprios experimentos, na tentativa de
testar suas próprias hipóteses para a resolução do problema.

Os papéis desempenhados pelo professor e pelos alunos nas diversas etapas


envolvidas em uma atividade com características investigativas podem
definir diferentes graus de liberdade conferidos ao aluno.

Um dos primeiros a definir os níveis de abertura de uma atividade


experimental foi Schwab2 (1962 apud JIMÉNEZ VALVERDE; LLOBERA
JIMÉNEZ; LLITJÓS VIZA, 2006, p. 60). Ele definia esses níveis de acordo
com a proporção em que o professor facilitaria os problemas, as maneiras

2
SCHWAB, J. J. The teaching of science as enquiry. In: 2SCHWAB, J. J.;
BRANDWEIN, P. F. (eds). The teaching of science. Cambridge: Harvard
University Press, 1962, p. 3-103.
e meios para enfrentar os problemas e as respostas aos problemas, ou seja,
quanto maior a intervenção do professor menor o grau de abertura.

Outras classificações sobre os níveis de abertura foram propostas por: Herron3


(1971 apud JIMÉNEZ VALVERDE; LLOBERA JIMÉNEZ; LLITJÓS VIZA, 2006,
p. 62, tradução nossa), Tamir4 (1991 apud SANTIAGO, 2011, p. 38), Borges
(2002, p. 304), apresentadas respectivamente nos quadros 4, 5 e 6,

Quadro 4 – Níveis de abertura propostos por Herron (1971).

Nível 0 1 2 3 4

Investigação Investigação
Nome Demonstração Exercício Projeto
estruturada aberta

Dado em
Objetivo Dado Dado Dado Dado parte ou
aberto

Dado todo
Material Dado Dado Aberto Aberto
ou em parte

Dado em parte
Método Dado Dado Aberto Aberto
ou aberto 21
Solução Dado Aberta Aberta Aberta Aberta

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Verificacionista
Tipo de
Verificacionista Verificacionista ou Investigativa Investigativa
prática
investigativa

Quadro 5 – Níveis de abertura propostos por Tamir (1991).

Nível de
Problemas Procedimentos Conclusões
investigação

Nível 0 Dados Dados Dadas

Nível 1 Dados Dados Em aberto

Nível 2 Dados Em aberto Em aberto

Nível 3 Em aberto Em aberto Em aberto

3
HERRON, M. The nature of scientific inquiry. School Review, 79, 1971, p. 171-
212,
4
TAMIR, P. Practical work at school: An analysis of current practice. In:
WOOLNOUGH, B. (ed). Practical Science. Milton Keynes: Open University
Press, 1991.
Quadro 6 – Níveis de abertura propostos por Borges (2002).

Atividades
Aspectos Laboratório tradicional
Investigativas
Variado grau de abertura
Roteiro pré-definido

Quanto ao grau
de abertura
Liberdade total no
Restrito grau de abertura
planejamento

Objetivo da atividade Comprovar leis Explorar fenômenos

Compromisso com Responsabilidade


Atividade do estudante
o resultado na investigação

A proposta de Priestley5 (1997 apud JIMÉNEZ VALVERDE; LLOBERA


JIMÉNEZ; LLITJÓS VIZA, 2006, p. 60, tradução nossa) relaciona os níveis de
abertura da atividade experimental com os processos cognitivos requeridos.

Quadro 7 – Níveis de abertura propostos por Priestley (1997).

Processo
22 Nível Nome Descrição cognitivo
requerido
Todos os procedimentos são dados aos alunos.
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Hermeticamente Os dados são anotados em locais definidos


1 Conhecimento
fechado na folha de atividades de laboratório.
As tabelas de dados são incluídas.
Todos os procedimentos são dados aos
2 Muito fechado Conhecimento
alunos. As tabelas de dados são incluídas.
Conhecimento
3 Fechado Todos os procedimentos são dados aos alunos.
e compreensão
Todos os procedimentos são dados aos alunos. Compreensão
4 Entreaberto
Algumas perguntas ou conclusões são abertas. e aplicação
A maioria dos procedimentos são
Ligeiramente
5 dados aos alunos e algumas perguntas Aplicação
aberto
ou conclusões são abertas.
Os estudantes desenvolvem seus
procedimentos. Uma lista com Análise e
6 Aberto
os materiais é fornecida. Muitas síntese
perguntas e conclusões são abertas.
Aos estudantes é indicado um problema
a ser resolvido ou eles mesmo podem Síntese e
7 Muito aberto
indicá-lo. Os estudantes desenvolvem seus avaliação
procedimentos e chegam às suas conclusões.

5 PRIESTLEY, W. J. The impact of longer term intervention on reforming


physical science teachers’ approaches to laboratory instruction: seeking a more
effective role for laboratory in science education. Dissertation Abstracts
International. 58(3), 1997, p. 806.
Em nossos trabalhos (GEPEQ, 2009), utilizamos a proposta de Pella (1961,
tradução nossa) que considera as seguintes etapas de uma atividade
experimental: proposição de um problema, elaboração de hipóteses,
elaboração de um procedimento experimental, coleta e análise dos dados e
elaboração das conclusões, cada uma delas pode ser, em princípio, realizada
pelo professor ou pelo aluno, o que significa maior ou menor envolvimento
intelectual e afetivo dos estudantes na realização da atividade. Quanto maior
é a solicitação feita ao aluno, maior é o nível de abertura do experimento e,
conseqüentemente, maior grau de liberdade ele terá para tomar decisões
no sentido de resolver o problema. Essa proposta (quadro 8) mostra as
diferentes possibilidades de realização de cada etapa pelo professor ou
pelo aluno, considerando 3 níveis de abertura (ou graus de liberdade). Para
efeito de comparação incluímos a experimentação tradicional.

Quadro 8 – Níveis de abertura de atividades experimentais


(PELLA, 1961)

INVESTIGATIVA
TRADICIONAL
NIVEL 1 NIVEL 2 NIVEL 3
23
Elaboração
Não há Professor Professor Aluno

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


do problema

Elaboração Não há, ou


Não há Aluno Aluno
de hipótese professor

Proposição dos
Professor Professor Aluno Aluno
procedimentos

Coleta de dados Aluno Aluno Aluno Aluno

Análise dos
Professor Aluno Aluno Aluno
dados

Elaboração da Aluno/
Aluno Aluno Aluno
conclusão Professor
Atividade experimental investigativa de nível 1

Na abordagem investigativa nível 1 cabe ao professor propor uma situação


problema e também fornecer o procedimento dos experimentos. Ao aluno
cabe coletar e analisar os dados, elaborar uma conclusão e também propor
soluções para o problema em questão.

Atividade experimental investigativa de nível 2

Na abordagem investigativa de nível 2 de abertura, o professor propõe uma


situação problema e ao aluno cabe a elaboração de hipóteses, a escolha dos
procedimentos experimentais, a coleta e análise dos dados, a elaboração de
conclusões e a proposta de soluções para o problema em questão.

Atividade experimental investigativa de nível 3

Diferentemente das abordagens investigativas Nível 1 e Nível 2, nas


quais o professor propunha o problema a ser investigado, na abordagem
investigativa de nível 3 de abertura cabe ao aluno a proposição de uma
situação problema, bem como a elaboração de hipóteses, a escolha dos
24 procedimentos experimentais, além de coletar e analisar os dados, elaborar
uma conclusão e também propor soluções para resolver ou minimizar o
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

problema em questão. Este tipo de abordagem ocorre, com mais freqüência,


quando os alunos desenvolvem projetos ou atividades em feiras de ciências
com características de pré-iniciação científica.

Em qualquer uma dessas abordagens não tradicionais o problema a ser


investigado precisa ser elaborado de forma que os alunos sintam interesse
pela investigação, ou seja, deve ser relacionado à realidade do aluno, ao
contexto em que está inserida a escola, ou aos conceitos estudados em sala
de aula. Ainda, o problema deve ser proposto em um nível de dificuldade
adequado para que os alunos não se sintam desmotivados e desistam da
atividade. Problemas muito simples ou muito complexos para certo grupo
de alunos podem causar desmotivação.

Como o experimento pressupõe um problema a ser resolvido, é necessário


que haja atividades pré e pós-laboratório. É importante, do ponto de vista
do envolvimento cognitivo do aluno, introduzir inicialmente a situação
problematizadora, discutir as idéias principais e dar oportunidades para
que os alunos pensem sobre o problema e proponham suas hipóteses. A
aula pós-laboratório pode ajudar os estudantes a pensar sobre os dados
obtidos, como os analisar e como conectar esses dados com os conceitos
estudados. As discussões, realizadas durante o pré e o pós-laboratório,
podem permitir que os estudantes façam conexões significativas entre o
fenômeno observado, os dados coletados e os conceitos desenvolvidos nas
aulas.

Devemos enfatizar, também, a importância do papel do professor, qualquer


que seja o nível de abertura com que um experimento investigativo é
proposto, pois cabe a nós professores a mediação do processo, provendo
condições para que os alunos compreendam o que estão fazendo e possam
construir relações conceituais que justifiquem o problema que estão
resolvendo.

Qualquer que seja a atividade experimental proposta aos alunos, devemos


considerar, em seu planejamento, as possibilidades de explorações
conceituais e de desenvolvimento de habilidades cognitivas mais complexas
do que a simples observação, comprovação ou execução mecânica de
cálculos, e sim habilidades tais como estabelecer relações, propor hipóteses,
elaborar conclusões. Pode não ser tarefa das mais simples transformar um
experimento apresentado nos moldes tradicionais, que atinge certos objetivos
formativos, em um investigativo, que pode promover competências mais
complexas, mas parece valer a pena esse esforço, se consideramos os ganhos 25
que os alunos podem ter.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


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Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

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A IMPORTÂNCIA
DE CONHECER AS
CONCEPÇÕES DOS
ALUNOS PARA A
APRENDIZAGEM
DE CONCEITOS EM
QUÍMICA

Capítulo 2
As orientações construtivistas do processo de ensino e aprendizagem de
ciências defendem que os estudantes constroem seus próprios conhecimentos
na interação entre os conhecimentos que fazem parte de suas estruturas mentais,
as informações que recebem do meio externo e com os outros. Portanto, o
reconhecimento de ideias já estabelecidas na mente do aluno é de fundamental
importância para que se estabeleçam ligações entre o que se pretende ensinar
e o que o aluno já conhece, tendo em vista a aprendizagem significativa. Com
base nessa premissa, destaca-se a célebre frase: “O fator singular mais importante
que influencia a aprendizagem é o que o aprendiz já conhece; descubra-o e ensine-o de
acordo” (AUSUBEL et al., 1980, p. 137).

Assim se o ensino deve partir das ideias ou concepções prévias dos alunos
é importante que se conheça um pouco sobre elas. O que chamamos de
concepções prévias? Segundo a literatura, inúmeras denominações podem
ser atribuídas às concepções prévias dos alunos, tais como: pré-conceitos,
conceitos de senso comum, ideias intuitivas, conceitos espontâneos,
concepções alternativas, pré-concepções, entre outras. No consenso geral,
referem-se a ideias de caráter pessoal, pois são representações que cada
indivíduo faz do mundo que o cerca, são vagas (variam seu significado
de uma situação para outra) e pouco definidas. São ideias que os sujeitos 31
constroem para interpretar e explicar eventos naturais cotidianos; são
construções que os estudantes elaboram para dar respostas às necessidades

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


pessoais de interpretar os fenômenos naturais. Podem ser elaboradas através
da interação do sujeito com o mundo, ou seja, da experiência direta com
objetos, acontecimentos ou situações. Podem se originar desde o instante que
a criança tenta predizer os acontecimentos visto que, para ela, são coerentes
e bastante preditivas em relação aos fenômenos cotidianos, mesmo que do
ponto de vista científico não sejam corretas. Portanto, as concepções prévias
são influenciadas, mas não ditadas por contribuições do meio. Podem ser
inconsistentes, pois os alunos tendem a usar concepções diferentes para
interpretar situações que exigem a mesma explicação, e usam as mesmas
concepções para interpretar situações que exigem explicações diferentes.
Todavia, estas concepções prévias podem se tornar inibidoras da construção
de conceitos e de princípios cientificamente aceitos, pois são, “altamente
estáveis, tenazes e resistentes à extinção”, pois, para os alunos, são úteis e
coerentes, satisfazendo seus pontos de vista.

Existem, ainda, diversas posições relativas à influência de um ou outro


fator, sociocultural, educativo e linguístico, no que diz respeito à origem
destas construções pessoais e como estão organizadas. Por exemplo, o
termo partícula é usado na ciência para se referir a molécula, íon, átomo etc.;
no entanto, os alunos utilizam-no para expressar uma pequena, mas visível
porção da matéria, associando o termo partícula à ideia de “pequenos
grãos”.

A seguir apresentamos algumas concepções que os alunos podem apresentar


sobre alguns conceitos de Química e que podem orientar o planejamento das
atividades didáticas. Por exemplo, em relação à cinética química, estudos
mostraram que:

• Os alunos atribuem às substâncias participantes da reação, ou a uma


delas, a responsabilidade pela velocidade do processo.

• Em suas explicações sobre a dinâmica de uma reação química existe a


coexistência da teoria das colisões com uma visão contínua de matéria.

• A questão do movimento das partículas envolvidas em uma reação


química não é considerada pelos alunos em suas explicações sobre a
interação entre essas partículas. (JUSTI; RUAS, 1997)
Para que o aluno do ensino médio entenda por que algumas
transformações químicas são mais rápidas do que outras é necessário que
32 ele, inicialmente, consiga identificar as substâncias participantes dessa
reação. Nessa tarefa, o primeiro obstáculo que o aluno pode encontrar
está relacionado ao conhecimento que ele possui da linguagem própria da
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

química (reconhecer e representar equações, fórmulas, símbolos químicos,


entre outros). Os estudantes podem não conseguir identificar, em uma
equação química, as substâncias que estão reagindo, em que estados
físicos se encontram, dificultando assim o entendimento, por exemplo, da
velocidade e do mecanismo de uma reação química.

Concepções de alunos sobre a corrente elétrica e óxido-redução em


eletroquímica foram detectadas nos estudos de Caramel (2006) e Sanger e
Greenbowe (1997) e algumas são destacadas a seguir:

• Os alunos reconhecem a corrente elétrica como um “pacote” de


substância em movimento que é consumida durante a circulação, pois é
comum pensarem que a energia é “materializada” e “consumida”.

• O termo eletricidade implica em alguma forma de energia primária,


como petróleo, carvão e gás.

• A corrente elétrica cessa, pois não existe “espaço” disponível para os


elétrons no fio.

• A corrente é vista como “algo” fluindo através do circuito, da bateria


para a lâmpada, assim como água num circuito hidráulico.

• Em uma célula, os ânions e cátions atraem uns aos outros e isto afeta o
movimento dos íons para os elétrodos.

• Os prótons movem-se em condutores metálicos.

• Os elétrons movem-se em eletrólitos.

• Há uma alta concentração de elétrons no ânodo.

• Processos de oxidação e redução podem ocorrer de forma independente.


Esses autores apontam que os alunos demonstram ter muita dificuldade,
nos níveis representacional, descritivo, funcional e explicativo das reações
de óxido-redução, e em conceituar redução e oxidação. Justificam o efeito
geração da corrente, por uma única causa, a transformação das espécies
química (oxidação e redução), sem se importarem com os aspectos dinâmicos
de movimentação das cargas, tanto nos fios, quanto nos eletrólitos. A função
da ponte salina é praticamente ignorada e o movimento de íons na solução
não constitui uma corrente elétrica, além do que a ponte salina é vista pelos
alunos como um fio por onde passam os elétrons. Ideias estas que devem
ser consideradas no planejamento do ensino de eletroquímica.
33
No ensino de equilíbrio químico é de fundamental importância que o aluno

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


visualize o sistema em equilíbrio não como compartimentos separados e
independentes, que percebam que a rapidez da reação direta e inversa são
iguais ao se atingir o equilíbrio químico, que saibam interpretar como o
aumento da pressão ou das quantidades de reagentes perturbam o equilíbrio
químico, que considerem que a constante de equilíbrio químico permanece
constante a uma dada temperatura, e que compreendam o dinamismo e a
coexistência de reagentes e produtos.

No entanto, algumas concepções prévias relacionadas a este assunto


acabam por inibir a compreensão do aluno e mesmo suas experiências com
situações por eles vivenciadas, tais como andar de bicicleta, observar uma
balança, acabam por dificultar a compreensão sobre este tema.

Nos estudos feitos por Machado e Aragão (1992), é possível perceber


algumas concepções apresentadas pelos alunos e que devem ser analisadas e
consideradas pelo professor antes do ensino de equilíbrio químico, tais como:

• Equilíbrio químico é igual ao equilíbrio estático, assim como em uma


balança.

• A quantidade de reagente e produtos são necessariamente iguais no


equilíbrio químico.

• Os alunos fazem confusão entre o conceito de equilíbrio químico e a


operação de acertar o coeficiente estequiométrico. Tomam uma ideia pela
outra, essa confusão provavelmente tem origem no fato de que alguns
professores utilizam a expressão “equilibrar a equação química” para se
referir ao balanceamento das equações químicas.

• O equilíbrio químico é estático e nele não ocorrem mais reações químicas.

• Os reagentes se transformam em produtos e depois os produtos se


transformam em reagentes, assim como em um movimento pendular.

• Reagentes e produtos estão separados em compartimentos distintos,


assim como representado na equação química em que reagentes estão de
um lado da representação e produtos do outro.
Conhecer as concepções prévias que os alunos trazem para a sala de
aula, antes do ensino de alguns conceitos, poderia auxiliar o professor na
elaboração de estratégias de ensino a fim de superar as dificuldades de
aprendizagem dos conceitos científicos. Além disso, poderia evitar que as
concepções prévias fossem reforçadas ou até mesmo formadas durante o
34 processo de ensino.

Segundo Yip6 (1998 apud CAKIR, 2008, p. 204, tradução nossa) a formação
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

dos professores em uma perspectiva construtivista de ensino e aprendizagem


deveria prepará-los com conhecimentos e habilidade sobre:

• o que os educadores em ciência têm descoberto sobre as concepções


alternativas em ciências;

• métodos para diagnosticar as concepções alternativas dos estudantes


antes e após o ensino;

• planejamento de estratégias instrucionais para enfrentar as concepções


alternativas dos estudantes;

• revisão de determinadas áreas do conhecimento em que os próprios


professores tem dificuldades conceituais.
Estes objetivos formativos para professores de ciências podem ser aplicados
também à formação continuada, visto que os conhecimentos produzidos na
pesquisa em ensino e aprendizagem de conceitos científicos estão em constante
atividade e podem contribuir para a melhoria da educação em ciências.

6
YIP, D. Y. Identification of misconceptions in novice biology teachers and remedial strategies
for improving biology learning. International Journal of Science Education, 20(4), 1998,
p. 461-477.
Para acessar os conhecimentos e concepções dos alunos previamente
ao ensino, o professor poderá utilizar de questões que façam os alunos
explicitarem suas ideias sobre um determinado tema. Assim, por exemplo,
no ensino de cinética química, questões como as exemplificadas abaixo,
poderiam contribuir para o reconhecimento das concepções prévias dos
alunos sobre cinética química:

1. Em sua opinião, por que algumas substâncias reagem quando estão juntas
enquanto outras não reagem?

2. Como você pode explicar que algumas transformações (como a queima de


petróleo e a formação de bolhas durante a dissolução de um antiácido) são
praticamente instantâneas enquanto outras (como a formação de ferrugem
em um prego de ferro e a formação de água na atmosfera) demoram mais
tempo para ocorrer?

3. Como você imagina que uma transformação química ocorre? Por favor, desenhe
o que está pensando e explique seu desenho. Ex: para a reação: H2 + I2→2HI.

A solicitação de desenhos também é outra maneira de explorar as concepções


dos estudantes, desde que eles expliquem suas representações pictóricas.
35

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Muitos trabalhos de pesquisa já foram realizados procurando conhecer
as ideias dos alunos sobre conceitos químicos. Muitos desses trabalhos
mostram como os dados junto aos alunos foram coletados, apresentando,
por exemplo, as questões solicitadas aos alunos. No artigo “Estrutura
Atômica e Formação dos Íons: Uma Análise das Ideias dos Alunos do 3º
Ano do Ensino Médio” (FRANÇA; MARCONDES; CARMO, 2009), são
apresentadas as questões submetidas aos alunos para se conhecer o que
pensavam sobre o assunto tratado, como é exemplificado a seguir.

1) Elabore, com base em seus conhecimentos, um desenho que mostre como


você imagina “ser” um átomo, indicando as partes que o constituem.

2) Podemos separar os elétrons de um átomo? Explique.

3) Represente, por meio de um desenho, como você imagina “ser” o átomo


de sódio.

4) O que você entende por íon? Como você pensa que se formam os íons?
Explique.

Outro artigo publicado trata das ideias que os alunos apresentam sobre a
dissolução (CARMO; MARCONDES, 2008). Para conhecer as concepções
dos estudantes, foram apresentadas quatro questões abertas que solicitavam.

o entendimento da palavra “solução” (no contexto da aula de Química);


da expressão “dissolver uma substância em outra”; exemplos de
soluções conhecidas por eles; e a representação, por meio de desenhos e
explicações, do processo da dissolução de sal de cozinha em água.

Assim, além de planejar suas próprias questões para saber o que os alunos
já conhecem do assunto a ser ensinado, o professor poderá encontrar
subsídios na literatura, de vários exemplos de manifestação das concepções
sobre os mais diversos assuntos.

36
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química
Referências
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia Educacional.
Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1980.

CAKIR, M. Constructivist Approaches to Learning in Science and Their


Implications for Science Pedagogy: A Literature Review. International
Journal of Environmental & Science Education, 3 (4), 2008, p. 193-206.

CARMO, M. P.; MARCONDES, M. E. R. Abordando Soluções em Sala de


Aula – uma Experiência de Ensino a partir das Idéias dos Alunos. Química
Nova na Escola. 28, 1997, p. 37-41.

CARAMEL, J. C. N. Concepções alternativas em eletroquímica e


circulação da corrente elétrica. Caderno Brasileiro Ensino Física, 28
(1), 2011, p. 7-26.

FRANÇA, A. G.; MARCONDES, M. E. R.; CARMO, M. P. Estrutura Atômica


e Formação dos Íons: Uma Análise das Ideias dos Alunos do 3º Ano do
Ensino Médio. Química Nova na Escola, 31 (4), p. 275-282, 2009.
37
JUSTI, R.; RUAS, R. M. Aprendizagem de química: reprodução de pedaços
isolados de conhecimento? Química Nova na Escola. 5, maio, 1997.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


MACHADO, H. A.; ARAGÃO. R. M. R. Como os estudantes concebem
o estado de equilíbrio químico: Concepções e distorções no ensino e na
aprendizagem. Química Nova na Escola, 4, 1996, p. 18-20.

SANGER, M. J.; GREENBOWE , T. J. Common students misconceptions in


electrochemistry: galvanic, electrolyte and concentration cells. Journal of
Research in Science Teaching, 34 (4), 1997, p. 377-398.
PROPOSTAS
DE ATIVIDADES
EXPERIMENTAIS
INVESTIGATIVAS

Capítulo 3
Atividade 1
Energia Fornecida pelos
Alimentos
Situação problema
Alguns alimentos são utilizados pelo homem como fonte de matéria e
energia para poder realizar suas funções vitais, incluindo o crescimento,
a movimentação, a reprodução etc. A produção de energia pelo corpo
humano ocorre a partir da digestão dos alimentos, em que acontece uma
série de transformações químicas que convertem moléculas complexas em
moléculas mais simples. Nas células do organismo acontecem, com estas
moléculas, transformações químicas que são responsáveis pelo fornecimento
da energia.

Supondo que uma pessoa disponha dos seguintes alimentos: pão torrado, amendoim,
nozes e castanha. Qual desses alimentos forneceria maior quantidade de energia?

Atividade pré-laboratório 41
1. Dos alimentos citados, na sua opinião, qual forneceria mais energia para

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


quem o consumir? Justifique

2. Como você procederia para determinar a energia fornecida por esses


alimentos?

3. O que devemos considerar para comparar a energia fornecida pelos


alimentos?

Laboratório

Objetivo: Comparar o calor produzido na queima de alguns alimentos.

Materiais e reagentes:

»»1 pinça de madeira

»»1 calorímetro construído com caixa de leite

»»fósforos

»»2 tubos de ensaio pirex de 15mm x 150mm

»»1 proveta de 10mL

»»1 termômetro de –10°C a 110°C Calorímetro


»»1 balança

»»lamparina a álcool ou bico de bunsen

»»água destilada

»»1 clipe aberto para prender/espetar o alimento

»»pão torrado

»»grãos de amendoim ou pedaços de nozes ou castanhas

Procedimento:

»»1. Pesar o tubo de ensaio e anotar o valor obtido na tabela.

»»2. Prender o tubo de ensaio com a pinça de madeira e colocá-lo no orifício


superior do calorímetro, como mostra a figura ao lado. Regular a altura do
tubo para que fique cerca de 3cm acima do azulejo.

»»3. Pesar o alimento e espetá-lo no clipe aberto.

»»4. Medir, com a proveta, 10mL de água destilada e adicionar ao tubo de


ensaio.

»»5. Introduzir o termômetro no tubo de ensaio e medir a temperatura inicial

42 da água. Retirar o termômetro.

»»6. Iniciar a queima de um dos alimentos através da chama da lamparina.


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»7. Ao observar que o alimento está queimando, introduzir o alimento no


orifício inferior do calorímetro deixando-o próximo ao tubo de ensaio. Quando
terminar a combustão do alimento, medir a temperatura da água, agitando-a
previamente.

»»8. Com outro tubo de ensaio, repetir o procedimento queimando outro


alimento.

»»9. Anotar os dados na tabela.

Tabela sugerida para anotações:

Massa do
Massa do Temperatura Temperatura ∆T massa de
Alimento tubo de
alimento (g) inicial (ºC) final (ºC) (ºC) água (g)
ensaio (g)

Pão torrado

Noz

Castanha

Amendoim
Bibliografia:
SÃO PAULO (Estado) Sec. da Educação. Coordenadoria de Estudos
e Normas Pedagógicas. Subsídios para implementação da proposta
curricular de química para o 2° grau. Coord. Marcello de Moura Campos.
São Paulo: SE/CENP/FUNBEC, 1979.

GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e


Transformações – Livro de Laboratório: Módulos III e IV. São Paulo:
EDUSP, 1999.

43

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Questões para Análise do
Experimento
1. Por que ocorre o aquecimento da água?

2. Como é possível calcular a energia térmica liberada na queima do


alimento?

3. Considerando a densidade da água igual a 1g/cm3, calcule a massa de


água utilizada.

4. Sabendo que 1g de água necessita de 1 cal para elevar sua temperatura


em 1ºC, calcule quantas calorias a massa de água utilizada absorveu para
aumentar sua temperatura no valor obtido.

5. Sabendo que 1g de vidro necessita de 0,2 cal para elevar sua temperatura
em 1ºC, calcule quantas calorias o tubo de ensaio absorveu para aumentar
sua temperatura no valor obtido.

6. Calcule o calor total liberado na queima do alimento, desprezando as


perdas para o ambiente.
44
7. Para cada um dos alimentos, calcule a energia necessária para queimar
1g do alimento.
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

8. Dos alimentos analisados, qual fornece maior quantidade de energia?


Atividade 2
Condutibilidade elétrica de
materiais
Procedimento:
• Inicialmente, com o dispositivo desligado, limpar os eletrodos com a
esponja de aço.

• Rosquear as duas lâmpadas nesse dispositivo e ligá-lo à tomada. As


lâmpadas acendem?

• Testar a condutibilidade elétrica de cada material sólido, usando o


aparelho de condutibilidade com todas as lâmpadas rosqueadas. Caso
não se acenda nenhuma lâmpada, desenroscar a de 100 W e observar
novamente. Caso não observar acendimento, desenroscar a de 5 W e
observar. Anotar suas observações.

• Preparar soluções aquosas de: cloreto de sódio e hidróxido de sódio,


acrescentando a mesma quantidade de água aos frasquinhos que os
45
contêm. Testar a condutibilidade da água e das soluções, seguindo o
mesmo procedimento anterior, lavando, entre uma medida e outra, as

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


pontas metálicas do aparelho.

• Colocar em uma cápsula de porcelana cerca de 2,0 g de hidróxido de


sódio (20 pastilhas). Montar um sistema para aquecimento e aquecer
suavemente, até a fusão do sólido. Testar a condutibilidade do hidróxido
de sódio no estado líquido (fundido). Anotar suas observações.

• Repetir esse procedimento para a naftalina. Anotar suas observações.

Observação das lâmpadas


Materiais
2,5W 5W 100W
Alumínio
Cobre
Mármore
Cloreto de sódio
Naftalina triturada
Naftalina fundida
Hidróxido de sódio sólido
Hidróxido de sódio fundido
Água destilada
Água potável
Solução aquosa de NaCl
Solução aquosa de NaOH
Utilizar as notações (+); (++) e (+++) para expressar a condutibilidade e a
intensidade da luz e a notação (-) no caso do material não ser condutor.

Discutir, com os colegas, os resultados obtidos. Fazer um quadro síntese


considerando as observações feitas e a discussão.

Bibliografia:
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Caderno do professor:
química, ensino médio. 2ª série, v. 1. São Paulo: SEE, 2009.

46
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química
Atividade 3
Reatividade de metais
(Adaptada de SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Caderno do
professor: química, ensino médio. 2ª série, v. 4. São Paulo: SEE, 2009.)

Objetivo: Comparar a reatividade de alguns metais por meio da interação


entre esses metais e soluções aquosas de íons desses metais.

Estabelecer uma “ordem de reatividade”.

Materiais e Reagentes:

»»raspas de cobre.

»»solução aquosa de sulfato de magnésio 1 mol/L.

»»raspas de magnésio.

»»solução aquosa de de sulfato de zinco 1mol/L.

»»raspas de zinco.

»»solução aquosa de sulfato de cobre 1 mol/L. 47


»»9 tubos de ensaio.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


»»caneta marcadora de vidro.

Procedimento:

»»1 Numerar os tubos de ensaio de 1 a 9.

»»2 Nos tubos 1, 2 e 3, colocar solução de sulfato de magnésio até cerca de 2


cm de altura. No tubo 1 adicionar o zinco, no tubo 2, o cobre e no tubo 3, o
magnésio.

»»3 Nos tubos 4, 5 e 6, colocar solução de sulfato de cobre até cerca de 2 cm de


altura e adicionar zinco no tubo 4, cobre no tubo 5 e magnésio no tubo 6.

»»4 Nos tubos 7, 8 e 9, colocar solução de sulfato de zinco até cerca de 2 cm de


altura e adicionar zinco no tubo 7, cobre no tubo 8 e magnésio no tubo 9.

»»5 Anotar suas observações na tabela a seguir


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

48
Zinco

Cobre
Metais

Magnésio
Íons
Zn2+
Cu2+
Mg2+
Atividade 4
Galvanização – cobreação
Objetivo: Efetuar o recobrimento de um objeto com cobre.

Materiais E Reagentes:

»»1 placa de cobre

»»1 moeda

»»4 pilhas de 1,5 V (pequenas)

»»1 béquer de 50 mL

»»palha de aço (“Bombril”)

»»1 fonte

»»solução de sulfato de cobre II pentaidratado 0,5 mol/L(CuSO4.5H2O)

Procedimento:

»»1. Limpar a placa e a moeda com palha de aço.

»»2. Colocar cerca de 40 mL de solução de sulfato de cobre II no béquer. 49


»»3. Colocar a placa e a moeda na solução por aproximadamente 2 minutos e

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


observar o que ocorre.

»»4. Após esse tempo, secá-las e limpá-las novamente se necessário.

»»5. Montar a aparelhagem conforme a figura:

»»6. Deixar galvanizar por aproximadamente 2 minutos.


Bibliografia:
GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e
Transformações I: Química para o Ensino Médio: Livro do Aluno/
Guia do Professor. São Paulo: Edusp, 1993.

50
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química
Atividade 5
Galvanização – zincagem
Título: Utilização de energia elétrica – galvanização – zincagem.

Objetivo: Efetuar o recobrimento de um objeto com zinco.

Materiais e Reagentes:

»»1 placa de latão

»»solução de sulfato de zinco (ZnSO4) 0,1 mol/L

»»1 placa de zinco

»»1 porta-pilhas com fios elétricos encapados

»»1 béquer de 50 mL

»»4 pilhas de 1,5 V (pequenas)

»»palha de aço (Bombril)

Procedimento:
51
»»1. Limpar as placas com palha de aço.

»»2. Colocar 40 mL da solução de sulfato de zinco no béquer.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


»»3. Montar a aparelhagem sem as pilhas (conforme figura) e deixar as placas
na solução por aproximadamente 2 minutos e observar o que ocorre.

»»4. Após esse tempo, secar as placas e limpá-las novamente se necessário.

»»5. Montar a aparelhagem com as pilhas conforme a figura:

»»6. Deixar galvanizar por aproximadamente 2 minutos.

BIBLIOGRAFIA:
NUFFIELD Foundation. Colección de experimentos. Barcelona:
Reverté, 1971.
Atividade 6
Galvanização – niquelação
Título: Galvanização - Niquelação.

Objetivo: Efetuar o recobrimento de um objeto com níquel.

Materiais e Reagentes:

»»1 placa de cobre (pólo negativo)

»»8,0 g de sulfato de níquel (NiSO4)

»»1 placa de zinco (pólo positivo)

»»1,0 g de sulfato de amônio [(NH4)2SO4]

»»1 béquer de 250 mL

»»água destilada

»»4 pilhas de 1,5 V (pequenas)

»»2 fios elétricos encapados


52 »»4 “jacarés”

»»palha de aço (Bombril)


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Procedimento:

»»1. Preparar uma solução dissolvendo o sulfato de níquel e o sulfato de


amônio em 100 mL de água destilada, no béquer de 250 mL.

»»2. Limpar as placas com palha de aço. Em seguida, enxaguar bem com água
destilada.

»»3. Montar a aparelhagem de acordo com a figura abaixo:


»»4. Deixar galvanizar por 10 minutos, virando a placa de cobre para recobrir
os dois lados.

Bibliografia:
ALYEA, H. N. & DUTTON, F. B. Tested Demonstrations in Chemistry.
6th ed., Pennsylvania, Journal of Chemical Education, 1965.

53

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Atividade 7
Oficina de metais e
eletroquímica
Metais e Eletroquímica 1
Título: Condutibilidade Térmica de Metais.

Objetivo: Verificar a diferença de condutibilidade térmica dos metais:


alumínio e ferro.

»»Materiais e Reagentes:

»»1 suporte universal

»»mufa e pinça de madeira

»»1 lamparina à álcool

»»vela e fósforos

»»Cronômetro
54 »»placa de alumínio ou ferro (20cm × 3cm) dobrada a 1 cm de uma das
extremidades
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»1 clips preso com parafina na extremidade dobrada da placa

Procedimento:

»»1. Montar o sistema a seguir, usando a plca de alumínio.

»»2. Posicionar a lamparina abaixo da extremidade oposta ao do clips preso.

»»3. Ao mesmo tempo, acender a lamparina e acionar o cronômetro, medindo o


tempo necessário para o clips se desprender. Anotar esse tempo.

»»4. Repetir o procedimento de 1 a 4 com a placa de ferro. Cuidado ao retirar a


de alumínio, pois poderá estar quente.
Metais e Eletroquímica 2
Título: Densidade.

Objetivo: Compreender o conceito de densidade e verificar a densidade


de alguns metais.

Materiais e Reagentes:

»»1 conta-gotas

»»proveta de 10 mL (preferencialmente de plástico)

»»Água

»»cilindros de metal (como ferro, alumínio e cobre, não identificados)

»»balança

Procedimento:

»»1. Pesar cada cilindro de metal e anotar a massa obtida.

»»2. Colocar água de torneira na proveta até próximo à marca de 5 mL e, com o


auxílio do conta-gotas, adicionar mais água até acertar o menisco.
55
»»3. Colocar uma das amostras de metal desconhecido devagar na proveta para
não quebrá-la se acaso for de vidro, para isso inclinar a proveta sem derramar

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


a água, colocar cuidadosamente o cilindro e deixar que ele escorregue pela
parede da proveta. Anotar a diferença de volume (lembre-se que a diferença
de volume é o volume do metal).

»»4. Calcular a densidade do metal analisado.

»»5. Repetir este procedimento para a outra amostra de metal.

Bibliografia:
GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e
Transformações I: Química para o 2° Grau: Livro do Aluno/GEPEQ. São
Paulo: Edusp, 1993.
Metais e Eletroquímica 3
Título: Metais - Reatividade.

Objetivo: Classificar metais segundo sua reatividade, através da reação


com ácido.

Materiais e Reagentes:

»»4 tubos de ensaio

»»raspa de cobre metálico (Cu)

»»1 estante para tubos de ensaio

»»raspa de zinco metálico (Zn)

»»caneta marcadora de vidro

»»raspa de ferro metálico (Fe)

»»raspa de magnésio metálico (Mg)

»»ácido clorídrico 2 mol/L (HCl)

Procedimento:
56
»»1. Numerar os tubos de ensaio de 1 a 4.

»»2. Colocar cerca de 2 mL de ácido clorídrico em cada tubo.


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»3. Colocar os metais, um em cada tubo, ao mesmo tempo e observar o que


ocorre, anotando suas observações.

Anotações:

Tubo nº Metal Observações

1 ferro

2 cobre

3 zinco

4 magnésio
Bibliografia:
TRINDADE, D. F. et al. Química Básica Experimental. São Paulo:
Ícone, 1981.

OLIVEIRA, E. A. Aulas Práticas de Química. São Paulo: Papiro, 1980.

Metais e Eletroquímica 4
Título: Determinação dos potenciais de eletrodos metálicos.

Objetivo: Comparar a reatividade de alguns metais.

Materiais e Reagentes:

»»1 pedaço de papel de filtro em forma de T

»»solução de nitrato de sódio (NaNO3) 1mol/L

»»1 voltímetro (ou multímetro)

»»solução de nitrato de chumbo [Pb(NO3)2] 1mol/L

»»papel toalha

»»1 placa de petri grande


57 57
»»1 pedaço de palha de aço (bombril)

Atividades experimentais e investigativas no ensino de química

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


»»3 placas metálicas: 1 de chumbo (Pb), 1 de cobre (Cu) e 1 de zinco (Zn)

»»solução nitrato de zinco hexaidratado [Zn(NO3)2.6H2O] 1 mol/ L

»»solução de sulfato de cobre II pentaidratado (CuSO4.5H2O) 1 mol/L

Procedimento:

»»1. Escrever em cada uma das pontas do papel de filtro o nome de um metal
(Pb, Zn, Cu).

»»2. Limpar as placas de metal utilizando palha de aço (“Bombril”) sobre o


papel toalha.

»»3. Colocar o papel de filtro na placa de Petri conforme o esquema da figura


1, umedecer a ponta escrita “Pb” com 3 gotas de solução de nitrato de chumbo
[Pb(NO3)2].

»»4. Repetir a etapa anterior para as demais pontas, onde está escrito “Zn” com
solução de nitrato de zinco [Zn(NO3)2.6H2O] e “Cu” com solução de sulfato de
cobre (CuSO4.5H2O).
»»5. Colocar cada metal sobre o papel de filtro correspondente.

»»6. A montagem dos metais sobre o papel deve ficar conforme a figura 2.

»»7. Adicionar 4 gotas de solução de nitrato de sódio (NaNO3) na parte central


do papel de filtro.

»»8. Com o auxílio do multímetro eletrônico realizar a medida dos potenciais


58 entre dois diferentes metais.

»»9. Anotar o valor do potencial obtido na tabela abaixo:


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Metais Pb(s) Zn(s) Cu(s)


Pb(s) -------

Cu(s) ------- -------

10. Repetir o procedimento anterior utilizando dois outros pares de metais,


até formar todos os pares possíveis. Não esquecendo de anotar os valores na
tabela.

Bibliografia:
FELICÍSSIMO, A. M. P. et al. Experiências de Química: Técnicas e
conceitos básicos: PEQ. São Paulo: Moderna, 1982.

Metais e Eletroquímica 5
Título: Construção de uma pilha comum (seca).

Objetivo: Mostrar o funcionamento de uma pilha comum.

Materiais e Reagentes:

»»1 vidro de relógio

»»solução saturada de cloreto de amônio


»»pedaço de algodão

»»1 tubo de zinco (retirado de uma pilha)

»»1 bastão de carbono (grafite)

»»solução de ácido clorídrico 1 mol/L

»»dióxido de manganês

»»2 espátulas de madeira (palito de sorvete)

»»1 tubo de ensaio

»»estante para tubos de ensaio

»»1 par de luvas descartáveis

»»1 béquer de 100 mL (para descarte de líquidos)

»»água destilada

»»1 sistema de cartão musical com fios e garras “jacaré”

Procedimento:

»»1. Utilizando a espátula de madeira, colocar suavemente o tubo de zinco no


tubo de ensaio.

»»2. Adicionar a solução de ácido clorídrico ao tubo de ensaio até cobrir o tubo
59
de zinco. Deixar em repouso por aproximadamente 1 minuto.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


»»3. Após esse tempo despejar o líquido do tubo de ensaio para o béquer,
usando a espátula para não deixar o tubo de zinco sair do tubo de ensaio.
Lavar duas vezes esse tubo de zinco com água destilada, para isso proceder
da seguinte forma: colocar água até cobrir o tubo de zinco, agitar ligeiramente
o tubo de ensaio e despejar o líquido para béquer utilizado anteriormente.

»»4. Colocar no vidro de relógio uma quantidade de dióxido de manganês


equivalente a três pontas de espátula.

»»5. Adicionar solução de cloreto de amônio até formar uma pasta líquida.

»»6. Colocar o algodão nessa pasta, deixando-o encharcado.

»»7. Protegendo a mão com as luvas, enrolar o algodão em torno do grafite,


formando um “rolinho”.

»»8. Colocar esse “rolinho” dentro do tubo de zinco.

»»9. Ligar ao tubo de zinco o “jacaré” adaptado ao polo negativo do sistema


de cartão musical.

»»10. Ligar ao bastão de carbono o “jacaré” adaptado ao polo positivo do


sistema de cartão musical.

»»11. Observar o que ocorre. Caso nada ocorra, verificar todos os contatos.
Bibliografia:
SHAKHASHIRI, Bassam Z. Chemical Demonstrations. Wisconsin: The
University of Wisconsin Press, 1992, vol. 4.

Metais e Eletroquímica 6

Título: Construção de uma pilha de magnésio e cobre.

Objetivo: Mostrar as transformações químicas gerando energia elétrica.

Materiais e Reagentes:

»»1 béquer de 100 mL

»»1 bastão de grafite ou eletrodo de carbono

»»solução de ácido sulfúrico 1 mol/L

»»fita ou raspa ou bastão de magnésio

»»palha de aço

»»1 sistema de cartão musical com fios e garras “jacarés”

60 Procedimento:

»»1. Colocar cerca de 50 mL de solução de ácido sulfúrico no béquer.


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»2. Adaptar o bastão de grafite ao polo positivo do sistema do cartão musical.

»»3. Adaptar com o “jacaré” a raspa de magnésio ao polo negativo do sistema


do cartão musical.

»»4. Introduzir o bastão de grafite e a raspa de magnésio na solução de ácido


sulfúrico.

»»5. Observar o que ocorre. Caso nada aconteça, verificar todos os contatos.

Bibliografia:

AMBROGI, A.; VERSOLATO, E. F. & LISBOA, J. C. F. Unidades modulares


de química. São Paulo: Hamburg/CECISP (Centro de Ensino de Ciências
do Estado de São Paulo), 1987.

Metais e Eletroquímica 7
Título: Pilha de água sanitária.

Objetivo: Mostrar o princípio de funcionamento de uma pilha.

Materiais e Reagentes:
»»água sanitária

»»placa de alumínio (obtida de uma latinha)

»»2 potes pequenos de vidro

»»sal de cozinha (cloreto de sódio – NaCl)

»»1 colher (chá) de plástico

»»sistema de cartão musical com fios

»»palha de aço (“Bombril”)

»»ponte salina (solução saturada de NaCl)

»»água destilada

»»bastão de grafite ou eletrodo de carbono (retirado de uma pilha)

Procedimento:

»»1. Limpar a placa com palha de aço.

»»2. Colocar em um dos potes água até a metade de sua capacidade.

»»3. Colocar no outro pote água sanitária até a metade de sua capacidade.

»»4. Colocar cerca de 40 mL de água no béquer. Adicionar uma colher cheia de


sal e agitar.
61
»»5. Montar o sistema conforme o esquema abaixo, ligando o fio do polo

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


positivo ao eletrodo de carbono e o fio do pólo negativo à placa de alumínio.
Observar por cerca de 20 segundos.

»»6. Adicionar uma colher de sal no béquer que contém água e a placa de
alumínio.

»»7. Agitar cuidadosamente com a colher e observar novamente.

Bibliografia:
GEPEQ – Grupo de Pesquisa em Educação Química. Projeto Laboratório
Aberto. São Paulo, IQUSP, 2003.
Metais e Eletroquímica 8
Título: Pilha de Daniell.

Objetivo: Mostrar o princípio do funcionamento de uma pilha.

Materiais e Reagentes:

»»2 potes pequenos de vidro

»»ponte salina (solução KCl)

»»1 placa de zinco

»»solução de sulfato de zinco 1 mol/L (ZnSO4)

»»1 placa de cobre

»»palha de aço (“Bombril”)

»»1 sistema de cartão musical com fios

»»solução de sulfato de cobre II pentaidratado 1 mol/L (CuSO4.5H2O)

Procedimento:

62 »»1. Limpar as placas com palha de aço.

»»2. Colocar em um dos potes solução de sulfato de cobre II até a metade de


sua capacidade.
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»3. Colocar no outro pote solução de sulfato de zinco até a metade de sua
capacidade.

»»4. Interligar os dois potes com a ponte salina.

»»5. Colocar na solução de sulfato de zinco a placa de zinco já adaptada ao pólo


negativo do sistema de cartão musical.

»»6. Colocar na solução de sulfato de cobre II a placa de cobre já adaptada ao


pólo positivo do sistema de cartão musical.

»»7. Observar o que ocorre. Caso nada aconteça, verificar todos os contatos.
Bibliografia:
GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e
Transformações III: A Química e a Sobrevivência: Fonte de
Materiais: Química para o Ensino Médio: Livro do Aluno/Guia do
Professor. São Paulo: EDUSP, 1998.

Metais e Eletroquímica 9
Título: Pilha de cobre e zinco (pilha pingo d’água).

Objetivo: Mostrar o princípio do funcionamento de uma pilha ou bateria.

Materiais e Reagentes:

»»1 ou 2 placas de cobre

»»1 ou 2 placas de zinco

»»1 soquete para essa lâmpada

»»solução de sulfato de zinco 1 mol/L (ZnSO4)

»»2 placas de petri


63
»»1 lâmpada de 1,5 V (“pingo d’água”)

»»2 conta-gotas

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


»»quadrados de algodão ou feltro

»»1 pinça metálica palha de aço (“Bombril”)

»»2 fios encapados adaptados às placas e ao soquete

»»solução de sulfato de cobre II pentaidratado 1 mol/L (CuSO4.5H2O)

Procedimento:

»»1. Limpar as placas com a palha de aço.

»»2. Colocar o algodão na placa de petri e embebê-lo com a solução aquosa de


sulfato de cobre (II) pentahidratado.

»»3. Colocar outro algodão em outra placa de petri e embebê-lo com a solução
aquosa de sulfato de zinco.

»»4. Com o auxílio da pinça, colocar os pedaços de algodão entre as placas


conforme a figura e pressionar.

»»5. Tomar o cuidado de não deixar as placas se encostarem.

»»
»»

»»

»»

»»6. Caso nada ocorra, verificar todos os contato ou tentar intercalar mais uma
placa de zinco e outra de cobre, respeitando a seguinte seqüência: placa de
zinco / algodão com solução aquosa de sulfato de zinco / algodão com
solução de sulfato de cobre II / placa de cobre / placa de zinco / algodão com
solução aquosa de sulfato de zinco / algodão com solução de sulfato de cobre
II / placa de cobre.

Bibliografia:
GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e
Transformações III: A Química e a Sobrevivência: Atmosfera: Fonte
de Materiais: Química para o Ensino Médio: Livro do Aluno/Guia
do Professor. São Paulo: EDUSP, 1998.

Metais e Eletroquímica 10
64 Título: Eletrólise da salmoura

Objetivo: Conhecer o processo de eletrólise da salmoura.


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Materiais e Reagentes:

»»2 tubos de ensaio pequenos

»»cloreto de sódio (NaCl) ou sal de cozinha

»»1 estante para tubos de ensaio

»»2 béqueres de 50 mL

»»solução de iodeto de potássio 1,8% m/m

»»1 colher de plástico

»»1 suporte com 4 pilhas

»»amido ou maisena

»»1 caneta marcadora de vidro

»»água destilada

»»2 fios de aproximadamente 20 cm

»»solução de indicador universal verde

»»2 bastões de grafite

»»solução de ácido acético 4% ou vinagre


»»1 espátula pequena plástica

»»2 conta-gotas

»»solução de água sanitária 10% em volume

»»algodão

»»ponte salina (tubo em forma de ∏)

»»escala do indicador universal verde

Procedimento:

• Teste Preliminar:

»» 1. Adicionar água destilada a um dos tubos até a altura de aproximadamente 1 cm.

»»2. Adicionar cerca de 15 gotas de vinagre, 5 gotas de solução de iodeto de


potássio 1,8% ao tubo e agitar.

»»3. Adicionar uma ponta de espátula de amido ao tubo e agitar.

»»4. Adicionar 5 gotas de solução de água sanitária ao tubo. Agitar e anotar


suas observações.

• Eletrólise da salmoura:
65
»»5. Numerar os dois béqueres.

»»6. Adicionar cerca de 30 mL de água destilada em cada béquer.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


»»7. Adicionar meia colher de sal de cozinha em cada um dos béqueres e agitar
para preparar a salmoura.

»»8. Encher a ponte salina com a salmoura, preparada em um dos béqueres,


usando o conta-gotas.

»»9. Tampar as extremidades da ponte salina com algodão umedecido na


salmoura.

»» 10. Adicionar cerca de 5 gotas de solução de indicador universal verde no béquer 1.

»»11. Montar a aparelhagem conforme a figura a seguir:


»»12. Deixar o sistema funcionando por cerca de 3 minutos e observar.

»»Usando o conta-gotas retirar a solução do béquer 2 e transferir para o outro


tubo de ensaio até atingir cerca de 1 cm de altura.

»»Adicionar 15 gotas de solução de ácido acético ou vinagre no tubo de ensaio


e agitar.

»»Adicionar 5 gotas de solução de iodeto de potássio (KI) no tubo de ensaio


e agitar.

» »Adicionar uma ponta de espátula de amido no tubo de ensaio. Agitar


e observar.

Bibliografia:
GEPEQ – Grupo de Pesquisa em Educação Química. Projeto Laboratório
Aberto. São Paulo, IQUSP, 2003.

66
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química
Atividade 8
Estudo do equilíbrio químico
(NO2 / N2O4)
Materiais e Reagentes:

»»2 tubos de ensaio fechados com rolha de borracha, contendo NO2 e


apresentando a mesma cor

»»1 béquer de 400 mL contendo gelo + sal

»»1 béquer de 400 mL contendo água em ebulição

»»1 béquer de 400 mL contendo água à temperatura ambiente

Procedimento:

»»1. Construir uma tabela adequada para o registro dos dados.

»»2. Introduzir os tubos contendo NO2 na água à temperatura ambiente.


Observar a cor do gás em cada tubo e anotar na tabela sua observação.

»»3. Manter um dos tubos, que será tomado como referência, na água à 67
temperatura ambiente e retirar o outro, transferindo-o para o banho de gelo.
Aguardar alguns minutos até notar alguma mudança. Comparar a cor do gás

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


deste tubo com a do tubo referência e anotar na tabela a observação feita.

»»4. Transferir o tubo do banho de gelo ao béquer que contém água à temperatura
ambiente. Aguardar o tempo suficiente até que nenhuma mudança mais seja
observada (equilíbrio térmico). Anotar na tabela.

»»5. Retirar novamente o tubo da água à temperatura ambiente e introduzí-


lo na água fervente. Aguardar um pouco. Observar se há alteração de cor
comparando-o com a referência e anotar o que foi observado.

»»6. Transferir o tubo da água fervente para a água à temperatura ambiente,


aguardando o tempo suficiente até não observar nenhuma mudança. Anotar
na tabela.

Bibliografia:
GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e
Transformações II: Reelaborando Ideias sobre Transformação
Química: Cinética e Equilíbrio: Livro do Aluno/Guia do Professor.
São Paulo: EDUSP, 1995.
Atividade 9
Equilíbrio químico (Fe e SCN)
Título: Equilíbrio Químico.

Objetivo: Verificar o efeito da concentração dos reagentes no equilíbrio


existente entre os íons ferro (III) e tiocianato.

Materiais e Reagentes:

»»6 tubos de ensaio

»»solução de ácido clorídrico 6 mol/L (HCl)

»»1 béquer de 100 mL

»»pastilhas de hidróxido de sódio (NaOH)

»»estante para tubos de ensaio

»»cristais de nitrato de ferro (III) [Fe(NO3)3]

»»3 provetas de 10 mL

68 »»cristais de tiocianato de amônio (NH4SCN)

»»1 conta-gotas
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»solução de nitrato de ferro (III) 0,02 mol/L

»»1 espátula

»»solução de tiocianato de amônio 0,02 mol/L

Procedimento:

»»1. Misturar, em um béquer, volumes iguais das soluções de nitrato de ferro e


tiocianato de amônio (10 mL de cada solução).

»»2. Numerar os tubos de ensaio de 1 a 6.

»»3. Colocar cerca de 2 mL da mistura preparada nos tubos 1, 2, 3 e 4. E,


conforme indicado abaixo, adicionar as substâncias a cada tubo.

Tubo Adicionar
1 cristais de nitrato de ferro (III) e observar
2 cristais de tiocianato de amônio e observar
3 1 pastilha de hidróxido de sódio, esperar 2 min e observar
4 nada (usar como padrão)

»»4. No tubo 5, colocar 2 mL de solução de nitrato de ferro (III) e 1 pastilha de


hidróxido de sódio. Agitar e observar.

»»5. No tubo 6, colocar 2 mL de solução de tiocianato de amônio e 1 pastilha de


hidróxido de sódio. Agitar e observar.

»»6. Adicionar, ao tubo 3, algumas gotas de ácido clorídrico 6 mol/L, até


observar alguma mudança.

Bibliografia:
FUNBEC. Laboratório Portátil de Química para o 2° grau. Coord.
Nagib Chaib. São Paulo, EDART, 1977.

GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e


Transformações II: Reelaborando Ideias sobre Transformação
Química: Cinética e Equilíbrio: Livro do Aluno/Guia do Professor.
São Paulo: EDUSP, 1995.

69

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Atividade 10
Equilíbrio químico (CO2)
Materiais e Reagentes:

»»1 béquer de 400mL

»»2 béqueres de 100 mL

»»3 tubos de ensaio

»»estante para tubos de ensaio

»»conta-gotas

»»canudo de refresco

»»pinça metálica

»»espátula (ou palito de sorvete)

»»HCl 3 mol/L

»»indicador universal

»»escala de pH
70
»»solução saturada de Ca(OH)2

»»cloreto de cálcio sólido


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»bicarbonato ou carbonato de sódio sólido

»»carbonato de cálcio sólido

»»gelo seco

Procedimento:

Leia todo o procedimento e construa uma tabela adequada para registro


dos dados, representando com desenhos, se julgar necessário, as etapas do
mesmo.

»»1. Num dos béqueres de 100 mL, colocar água destilada até a metade de sua
altura.

»»2. Adicionar, a seguir, pequena quantidade de carbonato de cálcio em pó.

»»3. Agitar e pingar de 3 a 5 gotas do indicador universal. Observar a coloração


adquirida pela mistura e compará-la com a escala de pH. Registrar na tabela a
cor e o pH observado. Reservar este sistema, que será tomado como referência,
para comparação nos passos seguintes.

»»4. No outro béquer de 100 mL, colocar solução saturada de hidróxido de


cálcio até a metade de sua altura.
»»5. Adicionar de 3 a 5 gotas de indicador universal. Observar a coloração da
solução (pH), anotando a cor observada.

»»6. Com o canudo de refresco, assoprar na solução por alguns minutos até
observar alguma mudança no sistema. Compará-lo com o de referência, em
relação ao aspecto e à cor (pH). Registrar na tabela as observações feitas.

»»7. Com o auxílio de pinça metálica, retirar pequeno pedaço ( 2 cm) de gelo
seco e adicioná-lo ao sistema em estudo. Aguardar o tempo suficiente até que
nenhuma modificação mais seja observada.

»»8. Comparar novamente este sistema com o de referência. Anotar na tabela as


observações em relação ao aspecto e à coloração (pH).

»»9. Marcar uma altura de mais ou menos 3 cm em dois tubos de ensaio. Com
o conta-gotas, retirar o líquido sobrenadante, transferindo-o para cada um
desses tubos até a marca de 3 cm.

»»10. A um dos tubos adicionar uma ponta de espátula de Ca(OH)2 sólido.


Observar a cor da solução (pH). Aguardar até que o sólido formado
(precipitado) sedimente e nenhuma mudança mais seja observada.

»»11. Para identificar o sólido precipitado, remover o líquido sobrenadante,


71
transferindo-o para um tubo vazio e desprezando-o a seguir.

»»12. Adicionar ao sólido que ficou no tubo algumas gotas de HCl 3 mol/L.

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Observar o que ocorre. Com este teste é possível identificar o sólido?

»»13. Aquecer o conteúdo do outro tubo. Observar a cor (pH) e aguardar o


tempo suficiente para que o sólido formado sedimente.

»»14. Proceder como no teste anterior, ou seja, procurar identificar o sólido


formado adicionando HCl 3 mol/L. Comparar o que ocorre com este sólido e
com o que se formou no tubo anterior pela adição de HCl. Pode-se dizer que
os dois sólidos são a mesma substância ou são diferentes?

Bibliografia:
GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e
Transformações II: Reelaborando Ideias sobre Transformação
Química: Cinética e Equilíbrio: Livro do Aluno/Guia do Professor.
São Paulo: EDUSP, 1995.
Atividade 11
Titulação ácido-base [H2SO4 e
Ba(OH)2]
Esta atividade ilustra uma transformação química de precipitação e permite
observar a variação da condutibilidade elétrica no decorrer da transformação.

Materiais e Reagentes:

»»bureta de 50 mL

»»béquer de 100 mL

»»pipeta de 25 mL

»»suporte universal com garra

»»solução 0,1 mol/L de H2SO4

»»solução 0,1 mol/L de Ba(OH)2

»»fenolftaleína

72 »»dispositivo de teste de condutibilidade (dois eletrodos conectados a uma


lâmpada)

Procedimento:
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

»»1. Prender a bureta ao suporte universal.

»»2. Encher a bureta com a solução de H2SO4 (seguir as instruções do professor);


ajustar o nível do líquido no “zero”.

»»3. Com a pipeta, medir 25 mL da solução de Ba(OH)2 (seguir as instruções


do professor) e transferir para o béquer, adicionando 2 a 3 gotas do indicador
fenolftaleína.

»»4. Colocar o béquer sob a bureta.

»»5. Introduzir os eletrodos do dispositivo de teste na solução de Ba(OH)2 e


mantê-los na solução. Observar a intensidade da luz.

»»6. Seguindo as instruções do professor na técnica do uso da bureta, gotejar a


solução de H2SO4 na solução de Ba(OH)2. Observar o que ocorre e anotar.

»»7. Continuar a gotejar a solução ácida e observar as alterações da


condutibilidade elétrica até que a lâmpada se apague. Observar a cor da
solução.

»»8. Ler na bureta o volume de solução ácida consumido na reação.


»»9. Anotar o que ocorreu com a solução do béquer.

»»10. Adicionar mais algumas gotas da solução ácida. Observar o que acontece
e anotar.

Bibliografia:
GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. Interações e
Transformações IV: A Química e a Sobrevivência: Hidrosfera: Fonte
de Materiais: Química para o Ensino Médio: Livro do Aluno/Guia
do Professor. São Paulo: EDUSP, 1998.

73

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


PROPOSTAS DE
ATIVIDADES E
ESTRATÉGIAS DE
ENSINO

Capítulo 4
Atividade 1
Análise de uma atividade
experimental
1. Analise o experimento proposto sobre Energia nos Alimentos e a maneira
como ele foi realizado. Qual seria o seu principal papel se fosse aplicado em
uma aula de Química?

( ) conhecer o fenômeno da combustão

( ) verificar na prática os conceitos de termoquímica estudados

( ) investigar os diferentes valores calóricos dos alimentos

( ) motivar os alunos a estudar termoquímica

( ) levantar hipóteses, propor procedimentos experimentais e testá-los

( ) outro:_____________________________________________________
77

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


2. Avalie a situação problema apresentada no início da atividade,
respondendo, com justificativas, as seguintes questões:

a) A situação problema é socialmente relevante?

b) A resposta à situação-problema é óbvia ou desafiadora para um


aluno do ensino médio?

c) Ela pode ser respondida a partir do experimento proposto?

3. Avalie as questões pré-laboratório apresentadas no início do experimento,


respondendo, com justificativas, as seguintes questões:

a) Qual o papel pedagógico dessas questões?

b) Que tipos de respostas a essas questões os professores podem esperar


de alunos do ensino médio?

c) Como lidar com respostas incorretas ou a ausência das respostas a


essas questões durante a aula?
4. Sobre os registros dos dados, você considera que:

( ) não deveria ser fornecida a tabela, pois os alunos deveriam ficar


livres para registrar as informações da maneira que quisessem.

( ) foi bom fornecer essa tabela, pois facilita o registro dos dados e sua
posterior análise.

( ) seria melhor propor aos estudantes outra maneira de registrar os


dados.

( ) deveria ter sido solicitado aos estudantes que elaborassem suas


próprias tabelas para o registro dos dados

( ) essa discussão é irrelevante, pois o registro dos dados não influencia


a análise do fenômeno e as conclusões alcançadas pelos estudantes.

Explique sua resposta.

78
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

5. Avalie as questões pós-laboratório apresentadas ao final do experimento,


justificando suas respostas:

a) Existe uma sequência lógica nas questões propostas?

b) Use os seguintes critérios para avaliar o nível de exigência cognitiva


das questões propostas:

(1) Requer que o estudante somente recorde uma informação partindo dos
dados obtidos.

(2) Requer que o estudante desenvolva atividades como seqüenciar,


comparar, contrastar, aplicar leis e conceitos para a resolução do problema.

(3) Requer que o estudante utilize os dados obtidos para propor hipóteses,
fazer inferências, avaliar condições e generalizar.

Questão 1 2 3 4 5 6 7 8

Nível cognitivo
Atividade 2
Elaboração de atividade
experimental investigativa
Após a realização dos experimentos de condutibilidade elétrica e reatividade
de metais, escolha um deles e elabore uma atividade experimental com
características investigativas. Nesta atividade, deve-se propor uma
situação-problema, na qual o experimento auxilie sua resolução, questões
pré e pós-laboratório. Além disso, ela deve apresentar orientações para a
coleta e análise dos dados experimentais. Explicite quais competências e
habilidades pretende-se desenvolver nessa atividade e quais os principais
conceitos que seriam construídos.

79

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


Atividade 3
Análise dos níveis de
abertura dos experimentos
Reveja o texto sobre os níveis de abertura que as atividades experimentais
podem manifestar. Escolha um dos esquemas de análise apresentados
(Pella, Tamir ou Herron) e analise as atividades experimentais realizadas até
o momento (queima dos alimentos e seu planejamento para o experimento
condutibilidade elétrica ou reatividade de metais) em relação aos seus
níveis de abertura.

80
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química
Atividade 4
Laboratório Aberto
Considere a seguinte situação-problema:

“É comum vermos materiais enferrujados como portões e janelas de


ferro, carros, pés de carteiras escolares, entre outros. O desgaste do ferro
é um problema, podendo causar situações de risco, como aconteceu no
desabamento da marquise de um hotel no Rio de Janeiro em 2007, com
perda de vidas humanas e prejuízos materiais e financeiros.”

A partir de uma situação-problema como esta e da seguinte questão: “De


que depende o enferrujamento e como se pode evitá-lo?” pode-se iniciar
uma sequência de aulas em que os alunos seriam engajados em uma
investigação. Elabore um plano de aula que envolva uma atividade
de investigação do tipo “Laboratório Aberto”, na qual os alunos
possam propor hipóteses, elaborar seus próprios experimentos e
executá-los. Reflita, na elaboração de plano de aula, sobre os seguintes
pontos:
81
• Número aproximado de aulas que seriam dedicadas à investigação;

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


• Conhecimentos e habilidades que os alunos deveriam possuir no início
da investigação e desenvolver durante a investigação;

• Quais variáveis deveriam ser controladas;

• Que cuidados deve-se ter com a segurança dos alunos;

• Como conduzir a aula para que os alunos proponham suas hipóteses;

• Como conduzir a elaboração dos experimentos pelos alunos;

• Como lidar com múltiplas hipóteses e experimentos na aula;

• Como conduzir o fechamento da atividade.


Atividade 5
Influência da concentração e
da temperatura na rapidez de
uma transformação química
Alguns fatores como a concentração e a temperatura podem influir na
rapidez de uma transformação química. Tendo como referencial a teoria
das colisões para explicar como as reações ocorrem, podemos admitir que o
aumento da concentração pode intensificar a frequência de colisões entre as
partículas constituintes dos reagentes, podendo ocorrer em algumas dessas
colisões a quebra de ligações existentes entre as partículas constituintes
dos reagentes para que novos arranjos de átomos se formem, originando
novas substâncias. O aumento de temperatura também faz com que a
velocidade das partículas aumente, aumentando a frequência de colisões.
Deve-se considerar, ainda, que as partículas devem ter uma energia cinética
mínima para reagir. Com o aumento de temperatura, uma fração maior das
partículas terá energia cinética igual ou superior a esse valor mínimo, isto
82
é, mais partículas dos reagentes podem vencer certa barreira de energia,
resultando na formação de produtos.
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Vamos demonstrar, a seguir, dois experimentos que nos permitem estudar


o efeito quantitativo da concentração dos reagentes e da temperatura na
rapidez de uma reação.

Utilizaremos no estudo uma solução de tiossulfato de sódio (Na2S2O3) de


concentração 0,25 mol/L (40 g/L) e outra solução de ácido clorídrico
2 mol/L (170 cm3 do ácido concentrado para cada litro de solução).
Cuidado, o ácido clorídrico pode causar queimaduras e seus vapores são
tóxicos. Evite contato com a pele e respirar os vapores.

Ao serem misturadas as soluções aquosas de tiossulfato de sódio e a de


ácido clorídrico, ocorre a reação, cuja equação iônica é representada abaixo:

S2O3-2 (aq) + 2H+ (aq) H2O (l) + SO2 (g) + S (s) coloidal

As partículas de enxofre provocam certo grau de turbidez na solução.


1º Experimento: (Demonstrativo)

• Material:

»»1 erlenmeyer de 250 mL

»»1 proveta de 100 mL e uma de 10mL

»»solução de Na2S2O3 0,25 mol/L

• Reagentes:

»»solução de de HCl 2 mol/L

»»solução de Na2S2O3 0,25 mol/L

• Procedimento: (Adaptado de Esperidião e Lima, 1997)

»»1. Medir com uma proveta 50 mL de solução de tiossulfato de sódio e


transferir para um erlenmeyer.

»»2. Medir 6 mL de solução de HCl 2 mol/L.

»»3. Adicionar à solução de tiossulfato de sódio a de ácido clorídrico e observar


o que ocorre.

»»4. Como se poderia determinar o tempo em que a reação ocorre? (lembre-se


83
da turvação do sistema)

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


2º Experimento: (Demonstrativo)
Material:

»»1 erlenmeyer de 250 mL

»»1 proveta de 100 mL e uma de 10 mL

»»Banho-maria

»»1 termômetro de -10 °C a 110 °C

Reagentes:

»»solução de HCl 2 mol/L

»»solução de Na2S2O3 0,25 mol/L

Procedimento: (Adaptado de Esperidião e Lima, 1997).

»»1. Medir com uma proveta 50 mL de solução de tiossulfato de sódio e


transferir para um erlenmeyer.

»»2. Medir 6 mL de solução de HCl 2 mol/L.

»»3. Aquecer, em banho-maria, a solução de tiossulfato de sódio e a de ácido


clorídrico até 40 °C (controlar a temperatura usando um termômetro).

»»4. Adicionar à solução de tiossulfato de sódio a de ácido clorídrico e observar


o que ocorre.

»»5. O tempo em que a reação ocorre poderia ser determinado da mesma


maneira que a citada no item anterior?

Após a observação dos experimentos anteriormente demonstrados, com a


utilização das soluções de tiossulfato de sódio e ácido clorídrico, elabore
o roteiro de uma atividade experimental com características
investigativas, utilizando os mesmos reagentes que foram
propostos. O roteiro elaborado deve permitir investigar os efeitos
da variação da concentração de tiossulfato e de ácido, e também o da
temperatura na rapidez dessa transformação química.

Algumas questões para refletir ao elaborar seu roteiro experimental:

1. Considerando a informação de que o sistema reacional vai ficando turvo


conforme a reação avança, como se pode controlar o tempo para ter certeza
que se atingiu a mesma taxa de transformação?

84
2. Quais as variáveis envolvidas que devem ser controladas?
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

3. Como se pode variar a concentração de cada um dos reagentes?

4. É importante controlar o volume final do sistema em cada experimento?

Referência Bibliográfica:
AMBROGI, A.; VERSOLATO, E. F.; LISBÔA, J. C. F. Unidades Modulares de
química. São Paulo: Hamburg,1987.

ESPERIDIÃO, Y. M.; LIMA, C. S. Química: dos experimentos às teorias.


Companhia editora nacional. V. 2, p. 61-75, 1977.
Atividade 6
Simulações e vídeos sobre
cinética química
De acordo com Giordan (2008), o papel da experimentação por simulação
não é o de substituir a experimentação nos moldes de um laboratório de
ciências. A simulação poderia proporcionar uma mediação na relação
entre a maneira como os alunos compreendem os fenômenos ao nível
macroscópico e submicroscópico, que nem sempre encontram uma
sustentação empírica. Os aplicativos computacionais possibilitam, por
exemplo, veicular animações do nível molecular do fenômeno químico, sem
algumas das limitações presentes em outros meios de representação, como a
quantidade de átomos constituintes e a movimentação do objeto molecular.
A visualização de animações deste tipo pode auxiliar os estudantes a
representarem simbolicamente os processos químicos.

São indicadas a seguir algumas sugestões de páginas da web (acesso


em 18/03/2013) com simulações e vídeos de experimentos didáticos.
85
Acesse-os e escolha um deles para analisar aspectos diversos, tais
como adequação conceitual, adequação pedagógica, linguagem,

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


qualidade visual, controle de variáveis, interatividade etc. Reflita
sobre as seguintes questões:

1. Como esse recurso poderia contribuir para que seus alunos aprendam
conteúdos da Química?

2. Como você, professor, utilizaria esse recurso em sua sala de aula? Com
que finalidade?

3. Quais as vantagens e limitações em sua opinião do uso desse recurso nas


aulas de química?

Reações Oscilantes (Briggs Rauscher)

http://www.pontociencia.org.br/experimentos-interna.

Experimento reação relógio de iodo

http://www.pontociencia.org.br/experimentos-interna. Acesso em
18/03/2013
Phet - Interactive Simulações

a) Rapidez das reações e revertibilidade

http://phet.colorado.edu/en/simulation/reactions-and-rates

b) Concentração de soluções

http://phet.colorado.edu/en/simulation/concentration

Pilhas e titulação de oxirredução

http://www.profpc.com.br/Simula%C3%A7%C3%A3o.htm

Projeto Labvirt – simulações de conteúdos diversos de química e física

http://www.labvirt.fe.usp.br/

GEPEQ – vídeos de experimentos diversos

http://gepeqiqusp.wix.com/gepeq#!experimentos/c24ib
86
Referência Bibliográfica
Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

GIORDAN, M. Computadores e linguagens nas aulas de ciências. Ijuí:


Unijuí, 2008
Atividade 7
Leituras sobre
Experimentação no Ensino de
Química
1. Leia os seguintes textos que tratam sobre a experimentação no ensino de
Química ou ciências:

A - Trabalho experimental de investigação: das expectativas dos alunos


às potencialidades no desenvolvimento de competências (Fernandes
e Silva, 2004), disponível em http://www.cienciamao.usp.br/dados/
rab/_otrabalhoexperimentaldei.artigocompleto.pdf, acesso em
13/03/2013.

B - A manifestação de habilidades cognitivas em atividades


experimentais investigativas no ensino médio de química (Suart e
Marcondes, 2009).  Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/
v14n1/v14n1a05.pdf, acesso em 13/03/2013. 87
Elabore uma ou duas questões referentes a cada um dos textos do item

Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química


anterior, as quais você gostaria de discutir neste curso.

2. As atividades experimentais, dependendo da maneira que são


conduzidas, podem apresentar diversas vantagens ao processo de formação
dos estudantes, contribuindo para a aprendizagem de conceitos científicos e
para o desenvolvimento de aspectos ligados aos procedimentos e às atitudes
que se espera deles.

Um exercício de reflexão interessante é comparar as atividades experimentais


realizadas em nossas aulas com as atividades experimentais voltadas à
verificação/comprovação de conceitos e as investigativas. Preencha a
tabela a seguir, assinalando com um “X”, as vantagens que cada forma de
experimentação efetivamente apresenta para a formação dos estudantes.
Vantagens que a atividade experimental minha prática verificação investigativas
proporciona aos alunos

Executar procedimentos, manipular materiais

Contextualizar os conhecimentos científicos


e dar sentido aos eventos cotidianos

Formular problemas

Fazer previsões e hipóteses

Planejar o experimento

Executar o experimento

Registrar os dados

Interpretar os dados e elaborar conclusões

Discutir os resultados obtidos

88 Comunicar os resultados e conclusões obtidos


Atividades experimentais e investigativas no ensino de Química

Analisar as limitações do experimento

Formular novas perguntas

Pesquisar em várias fontes de informação

Cooperar com outros grupos de alunos

Refletir criticamente sobre o procedimento


e a análise do experimento

Desenvolver responsabilidade

Desenvolver autonomia

Desenvolver criatividade

Desenvolver iniciativa e autoconfiança

Desenvolver habilidade de
gerenciamento de tempo e projetos
Esta publicação foi impressa em papel offset 90g/m2 (miolo) e
papel couché 230g/m2 (capa).

Fontes utilizadas: Colaborate título 25pt, subtítulo 14pt,


Palatino texto 10pt, Helvetica neue (capa) 8pt.
Fabio Luiz de Souza
Licenciado em Química pela Universidade de São Paulo (2003) e Mestre em Ensino
de Ciências - Modalidade Química pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências da Universidade de São Paulo (2008). Atualmente é colaborador do Grupo de
Pesquisa em Educação Química do Instituto de Química da USP (GEPEQ), Educador
do Instituto de Química da USP e doutorando em Ensino de Ciências - Modalidade
Química pelo mesmo programa de Pós-Graduação. Tem experiência na área de
Ensino de Química, atuando principalmente nos seguintes temas: contextualização,
experimentação, produção de material didático, formação inicial e continuada de
professores de Química e interações discursivas professor-aluno.

Luciane Hiromi Akahoshi


Possui graduação em Bacharelado em Química pela Universidade de São Paulo
(1991). Atualmente é colaboradora da Universidade de São Paulo. Tem experiência
na área de Química, com ênfase em Ensino de Química. Atuando principalmente
nos seguintes temas: contextualização, divulgação científica, ensino-aprendizagem,
ensino de química, CTSA.

Maria Eunice Ribeiro Marcondes


Bacharel e licenciada em Química pela Universidade São Paulo (1972). Doutorado em
Química Orgânica pela Universidade de São Paulo, Instituto de Química. É professora
doutora do Instituto de Química da USP. É coordenadora do Grupo de Pesquisa em
Educação Química - GEPEQ - que desenvolve atividades de divulgação científica,
de formação continuada de professores e de pesquisa em ensino de Química. É
orientadora no Programa de Pós-Graduação Interunidades de Ensino de Ciências, da
Universidade de são Paulo (IF, IQ, IB e FE USP), desenvolvendo trabalhos de pesquisa
nas linhas de ensino e aprendizagem de Química e formação de professores.

Miriam Possar do Carmo


Possui graduação em Administração Escolar pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de São Bernardo do Campo (1984), graduação em Licenciatura Plena em
Ciências pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bernardo do Campo
(1982) e mestrado em Mestrado em Ensino de Ciência pela Universidade de São
Paulo (2005). Atualmente é pesquisadora colaboradora da Universidade de São
Paulo e professor contratado - Colégio Singular. Tem experiência na área de Química,
com ênfase em ensino de química, atuando principalmente nos seguintes temas:
soluções, evolução conceitual, modelos explicativos, ensino-aprendizagem e ensino
de química.

Maio de 2013
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

Laboratório de
Química Geral Experimental
as as
(1 e 2 Fases)

Departamento Acadêmico de Linguagem, Tecnologia, Educação e Ciência – DALTEC


Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio
Disciplina de Química
Aluno:____________________________Turma:__________
FLORIANÓPOLIS
2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................5

PRÁTICAS 1ª FASE ......................................................................................................................................7

NOÇÕES ELEMENTARES DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO ......................................................9

RECONHECIMENTO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS DE LABORATÓRIO ...12

EQUIPAMENTOS BÁSICOS DE LABORATÓRIO: MEDIDAS DE MASSA E VOLUME ...................17

FENÔMENOS FÍSICOS E FENÔMENOS QUÍMICOS E DENSIDADE ..............................................21

MISTURAS E SEPARAÇÃO DE MISTURAS ...........................................................................................25

TESTE DE CHAMA (DEMONSTRATIVA) ....................................................................................................29

PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS IÔNICOS E MOLECULARES ..................................................33

SUBSTÂNCIAS POLARES E APOLARES ...............................................................................................37

INDICADORES ÁCIDO-BASE .................................................................................................................41

EVIDÊNCIAS DE REAÇÕES QUÍMICAS ...............................................................................................47

PRÁTICAS 2ª FASE ....................................................................................................................................51

PROPRIEDADES DOS GASES .................................................................................................................53

CONSERVAÇÃO DA MASSA ....................................................................................................................57

COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE......................................................................................................61

SOLUÇÕES E MISTURAS DE SOLUÇÕES COM REAÇÃO QUÍMICA: TITULAÇÃO ......................67

PROPRIEDADES COLIGATIVAS ............................................................................................................71

PROCESSOS EXOTÉRMICOS E ENDOTÉRMICOS .............................................................................75


INTRODUÇÃO

Nas aulas de Química Experimental, o aluno tem a oportunidade de conhecer as diversas técnicas
e instrumentação utilizados por um químico em seu dia-a-dia. Um experimento químico envolve a
utilização de uma variedade de equipamentos de laboratório bastante simples, porém, com finalidades
específicas. O emprego de um dado material ou equipamento depende de objetivos específicos e das
condições em que serão realizados os experimentos.
Esta disciplina tem por objetivo ensinar conceitos químicos, terminologia e métodos laboratoriais,
bem como proporcionar o conhecimento de materiais e equipamentos básicos de um laboratório e suas
aplicações.
As experiências foram selecionadas de maneira a complementar o conteúdo da Química Teórica.
As aulas de laboratório serão baseadas neste material, que contém as instruções básicas sobre cada
experiência a ser executada. No entanto, para você estudante acompanhar as aulas com desempenho,
estude a teoria, leia o roteiro antes da experiência e, após a prática, responda as questões. Para uma boa
acolhida, o aluno deverá ter noções iniciais de como se comportar no ambiente do laboratório, sendo uma
das exigências a utilização de vestimenta adequada na execução das atividades práticas. Fica também
acertado que o aluno deverá apresentar um relatório, após cada prática, em data agendada pelo professor.
Tudo isso fará parte da composição da nota, com pesos que serão estabelecidos.
Prezado aluno, seja bem vindo ao Laboratório de Química Geral. Aqui começa sua vida
acadêmica de contato direto com esta ciência maravilhosa que tanto tem servido à humanidade.
Bons estudos!
PRÁTICAS 1ª FASE
9

CAMPUS FLORIANÓPOLIS - Departamento Acadêmico de Linguagem


Tecnologia Educação e Ciência
Professor: _________________________Disciplina: Química
Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

NOÇÕES ELEMENTARES DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO

1. Objetivo

 Conhecer as normas de segurança em laboratório.

2. Noções de segurança

A Química é uma Ciência Experimental, desta forma, são necessários conhecimentos práticos para
compreender suas leis e teorias. As experiências permitem uma melhor compreensão do que está sendo
estudado na teoria.
A ocorrência de acidentes em laboratório não é tão rara como possa parecer; sendo assim, com a
finalidade de diminuir a frequência e a gravidade desses acidentes, torna-se imprescindível que durante os
trabalhos realizados em laboratório se observe uma série de normas de segurança:

2.1-Siga as instruções específicas do professor. Ao efetuar as experiências, siga rigorosamente seus


roteiros, lendo-os com bastante atenção, identificando o material que será utilizado.
2.2- Acidentes devem ser comunicados imediatamente ao professor.
2.3- Localize os chuveiros de emergência.
2.4- As tubulações de laboratório possuem cor específica, segundo normas de segurança. No caso do
nosso laboratório são encontradas as seguintes cores: verde = água; cinza = gás; azul = vácuo.
2.5- Coloque todo o material escolar (mochilas, pastas, cadernos, etc.) no local próprio. Não utilize a
bancada como mesa.
2.6- Não coma dentro do laboratório.
2.7- Uso de guarda-pó é obrigatório.
2.8- Durante as aulas práticas é obrigatório o uso de calça comprida e sapato fechado. No caso de cabelos
compridos, estes deverão estar presos.
2.9- Durante a permanência no laboratório, evite passar os dedos na boca, nariz, olhos e ouvidos. Seja
cuidadoso quando manusear substâncias corrosivas como ácidos e bases. Lave sempre as mãos após
manusear reagente.
2.10- Não trabalhe com material imperfeito, principalmente o vidro que contenha rachaduras, pontas ou
arestas cortantes.
2.11- Leia com atenção o rótulo de qualquer frasco de reagente antes de usá-lo.
2.12- Segure o frasco de reagente com o rótulo voltado para a palma de sua mão, evitando desta forma,
danos ao rótulo.
2.13- Sobras de reagentes não devem ser devolvidas ao frasco original, evitando assim possíveis
contaminações.
2.14- Quando for testar um produto químico pelo odor, não coloque o frasco sob o nariz. Desloque com a
mão, para sua direção, os vapores que se desprendem do frasco.
2.15- Não aspire gases ou vapores pois podem ser tóxicos.
2.16- Todas as experiências que envolvam produtos corrosivos ou vapores tóxicos devem ser realizadas na
capela (dispositivo provido de exaustão).
2.17- Ao introduzir tubos de vidro em rolhas, umedeça-os convenientemente e enrole a peça numa toalha
para proteger as mãos.
10

2.18- Quando for utilizar o gás, abra a torneira somente após acender o palito de fósforo (nunca um
isqueiro!) e, ao terminar seu uso, feche com cuidado a torneira, evitando vazamentos.
2.19- Não aqueça reagentes em sistemas fechados.
2.20- Ao aquecer tubos de ensaio não volte a extremidade aberta para si ou para uma pessoa próxima.
2.21- Não deixe vidro quente onde possam pegá-lo inadvertidamente (o vidro quente parece com o vidro
frio!). Coloque-o sempre sobre uma tela de amianto, o que alertará aos demais sobre o perigo de
queimaduras.
2.22- Não deixe produtos inflamáveis perto do fogo.
2.23- Se qualquer produto químico for derramado sobre a bancada, lave imediatamente o local.
2.24- Evite debruçar-se sobre a bancada. Algum reagente pode ter caído sobre a mesma, sem que fosse
percebido, o que pode ocasionar acidentes. Conserve, portanto, sempre limpa a bancada e a aparelhagem
que utilizar.
2.25- Não deixe frascos de reagentes destampados. Tenha o cuidado de não trocar as tampas dos frascos.
2.26- Os reagentes de uso coletivo deverão ser mantidos em seus devidos lugares.
2.27- Durante os trabalhos em grupo apenas um aluno deverá se deslocar para pegar materiais e reagentes.
2.28- Sempre que trabalhar com água e ácidos concentrados, use sempre a capela, adicionando,
lentamente, o ácido sobre a água e NUNCA o contrário (poderá haver projeção, devido à energia
liberada no processo).
2.29- Não jogue nenhum material sólido e líquido nas pias e nos ralos. Use o local indicado para descarte.
2.30- Ao se retirar do laboratório verifique se não há torneiras (água ou gás) abertas. Limpe todo o
material utilizado, inclusive a bancada.

OBS:

1. Os materiais e reagentes de laboratório são de alto custo, portanto, cuide bem do seu material e
utilize somente quantidades necessárias dos reagentes, evitando desperdícios.

2. Qualquer material que seja quebrado por negligência do aluno deverá ser reposto pelo mesmo.

3. Em caso de acidentes envolvendo ácidos ou bases, lave bem o local abundantemente com água o
maior tempo possível. Não adicione nenhuma substância no local afetado.
11

3. Simbologia adotada para representar os riscos envolvidos na manipulação de insumos químicos

3.1 Diamante de Hommel

3.2 Pictogramas de risco


12

RECONHECIMENTO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS DE


LABORATÓRIO

As atividades de laboratório exigem da parte do aluno não só um conhecimento das peças e


aparelhos utilizados, como também o emprego correto de cada um dele. Portanto, antes de mais
nada, é necessário que descrevem bem cada uma das peças, memorizem a sua forma e conheçam a
utilidade de cada uma.

Objetivo: Conhecer os principais equipamentos e vidrarias de laboratório.

(01) (02) (03) (04)

Balão de fundo
chato Tubos de ensaio
Balão volumétrico Balão de fundo
redondo Usado para Empregado para fazer
Usado para preparar e reações em pequena escala
Usado para recolher e preparar, armazenar
diluir soluções com
aquecer soluções e aquecer soluções
volumes precisos
(05) (06) (07) (08)

Almofariz com Funil de vidro


pistilo Erlennmeyer
Usado para aquecer Usado para Frasco lavador
Usado para triturar transferir líquidos e
sólidos em pequenas líquidos e efetuar Usado na lavagem de
titulação em filtração
quantidades recipientes ou materiais
simples com jatos do líquido nele
(09) (10) (11) (12)

Pipeta volumétrica
Béquer __________________ Pipeta graduada Placa de Petri
________________ Usado para medir e _______________
Usado para medir, transferir pequenos Usado para medir e Usado na cultura de fungos
aquecer e transferir volumes líquidos (com transferir pequenos e bactérias e finalidades
volumes precisão) volumes de líquidos diversas
13

(13) (14) (15) (16)

Suporte p/ tubos Vidro de relógio


Proveta de ensaio Usado para tampar copo de
Papel de filtro
Usado na medição Usado na béquer, evaporar líquidos e
Papel poroso usado na fazer pesagens
aproximada de sustentação de
filtração simples
volumes líquidos tubos de ensaio na
posição vertical
(17) (18) (19) (20)

Argola
Bureta Usado como suporte Pera de borracha
Usada em titulações e para funis de vidro Funil de separação Usada para encher uma
análises volumétricas Usado para a pipeta por sucção
separação de
líquidos imiscíveis
(21) (22) (23) (24)

Tripé Cápsula de porcelana Garras p/ tubos de


Tenaz
Usado como suporte, Usado em evaporação ensaio
principalmente de tela de soluções e secagens Usadas para segurar Usada para manipular
de amianto de sólidos objetos aquecidos
tubos de ensaio
durante o
aquecimento
14

(25) (26) (27) (28)

Garra metálica Condensadores Bico de Bunsen


Usada na fixação de Utilizada na destilação Fonte de calor Estufa
frascos e tem por finalidade usado para Usado para a secagem de
condensar vapores aquecimento até materiais por aquecimento
800°C
(29) (30) (31) (32)

Mufa Tela de amianto Frasco reagente Funil de Büchner


Usada na fixação de Usado para distribuir Usado para guardar Usado para a filtração á
garras metálicas ao bem o calor durante o reagentes líquidos pressão reduzida
suporte universal aquecimento de ou em solução
recipientes de vidro
(33) (34) (35) (36)

Pinça de Morh
Cadinho Usado para impedir ou
Bastão de vidro Espátulas Usado nas reduzir o fluxo de líquido
ou gases em alta
Usada para agitar e Usadas para transferir calcinações, temperatura
transferir líquidos substancias sólidas secagem,
aquecimento e
fusões de
substâncias
(37) (38) (39) (40)

Triângulo
Kitazato Copo graduado
Usado como
Frasco de vidro Usado para medir Escova
suporte em
coletor do filtrado a volumes sem grande Usado para a limpeza de
aquecimento de
alto vácuo precisão tubos de ensaio
cadinhos
15

(41) (42) (43) (44)

Centrífuga
Dessecador Usado para acelerar Capela
Forno ou mufla
Usado para guardar a sedimentação de Recinto isolado onde se
Usado para calcinação
substâncias em sólidos em fazem reações que
de substâncias em
altas temperaturas, de atmosfera contendo suspensão em desprendem
1000°C a 1500°C baixo índice de líquidos
umidade
(45) (46) (47) (48)

Perfurador de
rolhas
Balão de destilação Manta Usados para
Usado em destilação Usada para aquecer perfuração de Suporte universal
contendo o material a líquidos contidos em rolhas (cortiça ou Usado para sustentar
ser destilado balão de fundo borracha) equipamentos em geral
redondo
(49) (50) (51) (52)

Garra p/ bureta Termômetro Balança Banho de ultrassom


Usada para fixar a Usado para medir Usadas para a Realiza limpeza de
bureta ao suporte temperatura determinação de vidrarias/instrumentos
universal. massas através da cavitação
(53) (54) (55) (56)

Chuveiro lava olhos Barrilete


Utilizado para _________________ Lavador de Deionizador
lavagem de olhos e Recipiente para pipetas Coluna para remoção dos
corpo em situação de armazenamento de Equipamento para minerais presentes na água
emergência água destilada/ lavagem de pipetas potável
deionizada.
17

CAMPUS FLORIANÓPOLIS - Departamento Acadêmico de Linguagem


Tecnologia Educação e Ciência
Professor: _________________________Disciplina: Química
Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

-PRÁTICA 1-

EQUIPAMENTOS BÁSICOS DE LABORATÓRIO: MEDIDAS DE MASSA E VOLUME

1. Objetivo

 Identificar os principais equipamentos e recipientes volumétricos, além de manipulá-


los corretamente na determinação de volumes, comparando exatidão e precisão.

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
- 1 pipeta volumétrica de 25 mL - Água
- 1 pipeta graduada de 25 mL
- 1 proveta de 25 mL
- 5 béqueres de 50 mL
- 1 balão volumétrico de 25 mL
- 1 pera de borracha
- 1 frasco lavador (pisseta)
- 1 pipeta Pasteur
- balança analítica com precisão de 0,0001 g

3. Procedimento

 Numerar os béqueres de 1 a 5 e pesar (béqueres secos de 50 mL).


 Anotar a massa no Quadro 1.
 Medir 30 mL de água destilada no bequer 1, pesar e anotar no Quadro 1.
Medir 25 mL com as seguintes vidrarias:
- proveta, transferir esse volume para o béquer nº 2, pesar e anotar no Quadro 1.
- pipeta graduada, transferir esse volume para o béquer nº 3, pesar e anotar no Quadro 1.
- pipeta volumétrica, transferir esse volume para o béquer nº 4, pesar e anotar no Quadro 1.
- balão volumétrico, transferir esse volume para o béquer nº 5, pesar e anotar no Quadro 1.

Obs. Usar a curvatura inferior do menisco para fazer a leitura do volume.


18

Quadro 1: Medidas de massas e volumes para diferentes vidrarias


Massa béquer +
Massa (g) Massa de água Volume água Vidraria utilizada na medição
Béquer água p/ cada
do béquer (subtração) calculado* do volume
vidraria
01 Béquer

02 Proveta

03 Pipeta graduada

04 Pipeta volumétrica

05 Balão volumétrico

*Considerar a densidade da água 1g/mL e utilizar a relação d=m/V.

Cálculo de erro percentual:

(𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑒𝑥𝑎𝑡𝑜 − 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜)


𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 = 𝑥 100
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑒𝑥𝑎𝑡𝑜
19

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES
1) Calcule o erro percentual, na medida do volume, de cada vidraria utilizada (apresente os cálculos).

Vidraria utilizada na Erro


medição do volume percentual (%)
Béquer
Proveta
Pipeta graduada
Pipeta volumétrica
Balão volumétrico

2) Qual a diferença entre pipeta graduada e pipeta volumétrica?

3) Um laboratorista solicita ao seu assistente que meça 5 mL de água deionizada com a melhor precisão pos-
sível e transfira-a para um balão volumétrico de 50 mL. Assinale a alternativa que mostra o instrumento a ser
utilizado pelo assistente para fazer a tarefa solicitada.
(A) Uma proveta com capacidade de 5 mL. (B) Uma pipeta volumétrica de 5 mL.
(C) Uma pipeta graduada de 25 mL. (D) Uma pipeta graduada de 10 mL.
(E) Um béquer de 5 mL.

4) Um químico deseja preparar uma solução aquosa de cloreto de sódio (sal de cozinha), com volume total
de 50 mL. Qual a vidraria mais indicada: um béquer ou um balão volumétrico?

5) Dada as vidrarias abaixo, indique a que não está esquematizada.


a) Béquer
b) Pipeta
c) Erlenmeyer
d) Condensador
e) Proveta

6) Operações que liberam vapores tóxicos devem ser realizadas preferencialmente:


a) Ao ar livre b) No tubo de ensaio c) Na capela d) Na bureta e) Na placa de Petri
20

7) Nos laboratórios de ensino e pesquisa na área de química e comum o uso de diversas vidrarias como as
apresentadas nas imagens abaixo. Numere corretamente o instrumento com a sua utilização em laboratório,
associando as colunas.

( ) Equipamento utilizado na condensação de vapores em destilações.


( ) Equipamento calibrado, utilizado no preparo e na diluição de soluções com volumes precisos.
( ) Equipamento calibrado, usado para medir e escoar volumes variáveis de líquidos.
( ) Equipamento utilizado na analise titulométrica, no aquecimento de líquidos e na dissolução de sólidos.
( ) Equipamento calibrado, utilizado para o escoamento de volumes precisos de líquidos na analise titulomé-
trica.
( ) Equipamento usado em filtrações sob sucção ou pressão reduzida, acoplado a uma trompa d’agua ou
bomba de vácuo.

Assinale a alternativa que contem a sequencia CORRETA de associação, de cima para baixo.
a) 3, 1, 2, 4, 5, 6 b) 6, 5, 2, 1, 4, 3
c) 6, 4, 5, 1, 2, 3 d) 3, 1, 5, 4, 2, 6
e) 6, 2, 1, 4, 5, 3

8) Em um acidente envolvendo ácidos ou outro qualquer material corrosivo:


a) Devemos molhar o local com água abundante e avisar ao professor.
b) Devemos correr imediatamente do local e avisar ao professor.
c) Devemos enxugar o mais rápido possível com papel para evitar queimar os colegas.
d) Devemos ficar parados e avisar ao professor para que ele efetue os primeiros socorros.
e) Devemos molhar o local com água abundante e correr imediatamente do local.

9) É extremamente proibido dentro de um laboratório, EXCETO:


a) Cheirar as substâncias para saber o que está usando.
b) Deixar os cabelos, quando longos, amarrados como um rabo de cavalo.
c) Trabalhar com ácidos e bases concentradas sem luvas de procedimento.
d) Mascar chicletes, balas e lanchar.
e) Ficar misturando produtos desconhecidos para ver se descobre algo novo.

10) A extração de substâncias químicas - como as que apresentam atividade farmacológica, obtidas a partir
de qualquer material de origem natural, seja ele vegetal ou animal - envolve diversas operações de
laboratório. Nesse sentido, numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, relacionando as operações de laboratório
com os respectivos equipamentos utilizados.
1. secagem ( ) funil de Büchner
2. filtração a vácuo ( ) proveta
3. destilação ( ) estufa
4. medidas de volume de liquidos ( ) almofariz e pistilo
5. trituração ( ) condensador

A sequência numérica correta é:


a) 3, 4, 1, 5 e 2 b) 2, 4, 1, 5 e 3
c) 1, 5, 3, 2 e 4 d) 1, 5, 3, 4 e 2
e) 2, 4, 3, 5 e 1
21

CAMPUS FLORIANÓPOLIS - Departamento Acadêmico de Linguagem


Tecnologia Educação e Ciência
Professor: _________________________Disciplina: Química
Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

-PRÁTICA 2-
FENÔMENOS FÍSICOS E FENÔMENOS QUÍMICOS E DENSIDADE

PARTE I: FENÔMENOS FÍSICOS E FENÔMENOS QUÍMICOS

1. Objetivo:

 Identificar as diferenças entre os diferentes fenômenos físicos e químicos.

2. Materiais e Reagentes

Materiais Reagentes
- bico de Bunsen - 2 pedaços pequenos de magnésio
- tela de amianto e tripé - estanho em pó
- pinça de madeira - solução de nitrato de prata (0,01 mol/L)
- pinça de metal - iodo sólido
- 2 cápsulas de porcelana - solução de cloreto de sódio
- vidro de relógio - água destilada
- 3 tubos de ensaios e suporte - solução diluída de H2SO4 (0,5 mol/L)
- 3 pipetas
- 1 pipetador

3. Procedimento (Demonstrativa)

3.1. Segurar um pequeno pedaço de magnésio com a pinça de metal. Introduzir a ponta do metal na chama
do bico de Bunsen. Observar com cuidado (a luz observada é muito viva e pode prejudicar a vista).
Anotar o que ocorreu e classificar o fenômeno________________

3.2. Adicionar alguns cristais de iodo em uma cápsula de porcelana. Tampar com vidro de relógio e colocar
algumas gotas de água sobre o vidro. Aquecer o sistema sobre uma tela de amianto durante alguns segundos.
Esperar esfriar. Usar uma pinça de madeira, segurar o vidro de relógio, observar os cristais de iodo formado.
Anotar o que ocorreu e classificar o fenômeno____________

3.3. Adicionar, a um tubo de ensaio, cerca de 2 mL de solução de cloreto de sódio. Adicionar a outro tubo, 2
mL de solução de nitrato de prata. Em seguida, verter o conteúdo de um tubo no outro. Anotar o que ocorreu
e classificar o fenômeno__________
Aquecer o conteúdo do tubo de ensaio até entrar em ebulição.
Anotar o que ocorreu e classificar o fenômeno____________

3.4. Aquecer cuidadosamente um pedaço de estanho em uma cápsula de porcelana. Deixar esfriar. Anotar o
que ocorreu e classificar o fenômeno_______________

3.5. Colocar 2 mL de solução de H2SO4 diluído em um tubo de ensaio. Adicionar um pedaço pequeno de
magnésio e observar.
Anotar o que ocorreu e classificar o fenômeno: ______________
22

PARTE II: DENSIDADE

1. Objetivo

 Correlacionar e resolver operações matemáticas associadas às grandezas físicas aplicadas a


contextos químicos.

2. Materiais e Reagentes

- 4 amostras de metal: chumbo, alumínio, cobre (lâminas estreitas) e estanho


- 1 proveta graduada de 10 mL
- balança
- água

3. Procedimento

 Determinar a massa das amostras e anotar na tabela.


 Colocar água em uma proveta, até um determinado volume. Anotar na tabela o volume inicial.
 Mergulhar a amostra de metal na proveta contendo água e verificar o novo volume de água.
 Anotar na tabela o volume final.

Obs: A diferença entre o volume final e volume inicial é o volume deste metal (amostra).

Massa Volume Volume final Volume da Densidade Densidade Erro


Amostra (g) Inicial (mL) (mL) amostra experimental (g/mL)
(mL) (g/mL) Valor teórico
Alumínio 2,70

Chumbo 11,30

Cobre 8,96

Estanho 7,31

Obs.: Calcule a densidade e o erro experimental utilizando, respectivamente, as fórmulas abaixo.

d=m
v

E%= | valor teórico – valor experimental | x 100%


valor teórico
23

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:_________________________________________________________

QUESTÕES

1) Equacione a reação do experimento 3.1, que representa a combustão do magnésio.

2) Represente o fenômeno que ocorreu no experimento 3.2 com sua fórmula e estado físico.

3) Represente a equação da reação que ocorreu no experimento 3.3. Qual o nome do precipitado formado?

4) Represente a equação da reação que ocorreu no experimento 3.5. Qual o nome do gás liberado na reação?

5) Na tabela abaixo temos as densidades de alguns materiais sólidos. Se eles forem adicionados à água
líquida e pura, à temperatura ambiente, qual/ais dele/s flutuará? (Dado: dágua à 25 °C = 1,0 g/cm3).

Pau-Brasil 0,4 g/cm3


Alumínio 2,70 g/cm3
Diamante 3,5 g/cm3
Chumbo 11,3 g/cm3
Carvão 0,5 g/cm3
Mercúrio 13,6 g/cm3
24

6) Três frascos de vidro transparentes, fechados, de formas e dimensões iguais, contêm cada um a mesma
massa de líquidos diferentes. Um contém água, o outro, clorofórmio e o terceiro, etanol. Os três líquidos são
incolores e não preenchem totalmente os frascos, os quais não têm nenhuma identificação. Sem abrir os
frascos, como você faria para identificar as substâncias?
Dadas as densidade de cada um dos líquidos, à temperatura ambiente é:
d(água) = 1,0 g/cm3, d(clorofórmio) = 1,4 g/cm3, d(etanol) = 0,8 g/cm3

7) Um vidro contém 200 cm3 de mercúrio de densidade 13,6 g/cm3. Qual a massa, em kg, de mercúrio
contido no vidro?

8) A elevação da temperatura de um sistema produz, geralmente, alterações que podem ser interpretadas
como sendo devidas a processos físicos ou químicos. Medicamentos, em especial na forma de soluções,
devem ser mantidos em recipientes fechados e protegidos do calor para que se evite:
I. Evaporação de um ou mais de seus componentes;
II. A decomposição e consequente diminuição da quantidade de composto que constitui o
princípio ativo;
III. A formação de compostos indesejáveis ou potencialmente prejudiciais à saúde.

Cada um desses processos- I, II e III - corresponde a um tipo de transformação classificada, respectivamente,


como:
a) física, química e química
b) física, física e química
c) química, química e química
d) química, física e química
e) física, química e física

9) Levando em consideração os dados obtidos no experimento de densidade dos metais, determine a


densidade dos metais da Tabela abaixo (demonstrar os cálculos).
Massa VInicial Vfinal Vamostra dexperimental
dteórica (g/mL)
Amostra (g) (mL) (mL) (mL) (g/mL)
Alumínio 2,70

Chumbo 11,30

10) Após a determinação experimental da densidade de cada metal, determine o erro da densidade em relação
ao valor teórico para os metais do exercício 9.
25

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-PRÁTICA 3-

MISTURAS E SEPARAÇÃO DE MISTURAS

1. Objetivos

 Realizar procedimentos experimentais baseados nas propriedades dos materiais.


 Reconhecer métodos de separação de substâncias.

2. Materiais e Reagentes:

Materiais Reagentes
- 4 béqueres de 50 mL - Água destilada
- 3 espátulas - Gelo (com o professor)
- 3 béqueres de 100 mL - Álcool etílico
- 1 funil de vidro - Óleo
- Papel de filtro - Enxofre
- 1 Suporte universal - sal
- 1 Funil de decantação
- 3 Bastões de vidro
- 1 Argola

3. Procedimento

3.1. Misturas
 Misturar, com um bastão de vidro, 20 mL de água com as substâncias discriminadas no quadro
abaixo, usando um béquer de 50 mL.
 Observar e assinalar se a mistura é homogênea ou heterogênea.

Sistema Nº de fases
20 mL água + 1 cubo de gelo
20 mL água + 1 espátula de sal
20 mL água + 10 mL de álcool
20 mL agua + 10 mL de óleo

3.2. Separação de misturas heterogêneas

a) Filtração simples
26

 Misturar, em um béquer de 100 mL, 20


mL de água destilada e uma espátula de enxofre.
 Agitar, com um bastão de vidro, e
observar o aspecto da mistura.
 Colocar o papel de filtro no funil de
vidro, conforme mostra a figura ao lado.
 Umedecer o papel com água destilada.
 Filtrar o sistema.

b) Decantação (demonstrativa no laboratório)

 Colocar, no funil de separação/decantação, como


mostra a figura ao lado, 10 mL de água e 10 mL de
óleo.
 Tampar o funil e misturar levemente. Observar o seu
aspecto.
 Tirar a tampa e esperar até que o óleo se separe da
água.
 Abrir cuidadosamente a torneira, deixando escoar, no
béquer, o líquido da fase inferior.
 Fechar a torneira quando a superfície de separação se
aproximar da mesma. Observar o resultado.

3.3. Separação de misturas homogêneas

a) Destilação Simples (demonstrativa no laboratório)

Materiais Reagentes
- 1 erlenmeyer -água
- 1 manta elétrica -Sulfato de cobre
- 2 suportes universais
- 2 garras
- Sistema de destilação (balão de fundo redondo,
termômetro, condensador)

Procedimento
 Pegar uma pequena quantidade de sulfato de
cobre e dissolver em 300 mL de água destilada.
 Transferir a mistura para um balão de fundo
redondo.
 Montar o equipamento para a destilação,
conforme a figura ao lado.
 Aquecer e ligar a água para o processo de
refrigeração do condensador e observar todo o
processo (ebulição, condensação e separação dos
componentes da mistura).
27

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Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática: ___________________________________________________________

QUESTÕES

1) O sistema formado pela água destilada e um cubo de gelo feito com água destilada
apresenta................fases e .................componente/s.

2) O sistema formado pela mistura de 20 mL de água destilada com uma espátula pequena de cloreto de
sódio (NaCl) apresenta ...............fases e ............componentes/s.

3) O sistema formado com 20 mL de água destilada e 10 mL de óleo apresenta..........fases


e ........componente/s.

4) Água destilada e enxofre em pó formam um sistema............................., bifásico


com ..............componente/s dos quais um é uma substância simples porque apresenta.............................. e o
outro componente é uma substância.....................porque apresenta mais de um elemento químico.

5) Na separação do sulfato de cobre da água, esta é destilada e coletada porque apresenta ponto de
ebulição...................do que do sulfato de cobre que fica no balão de destilação.

6) Na mistura de 20 mL de água destilada com 10 mL de álcool, este não pode ser separado totalmente da
água por destilação.............................nem por destilação....................................porque estes componentes
formam uma mistura...........................

7) O óleo e a água formam um sistema...................................cuja separação pode ser feita


por ..............................................

8) Uma solução aquosa de sulfato de cobre II é uma mistura .............................. Este sal pode ser separado da
água por.................................................

9) O produto da reação do nitrato de prata com cloreto de sódio é um sistema.............................. Um dos


produtos formados é um precipitado branco (AgCl ), o qual pode ser separado da solução de nitrato de sódio
(líquido incolor ) por ..................................simples.

10) Há misturas onde a filtração é muito lenta porque as partículas sólidas fecham os poros do papel poroso
(papel filtro). Neste caso para acelerar a separação utiliza-se um método conhecido como
filtração .....................................
28
29

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Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

PRÁTICA 4

TESTE DE CHAMA (Demonstrativa no auditório)

IDENTIFICAÇÃO DAS REGIÕES DA CHAMA

Zona neutra: região próxima da boca do tubo; nela não ocorre combustão do gás. É fria. Região da chama
menos aquecida, de cor amarelo-avermelhada, que possui uma maior área.

Zona redutora: fica acima da zona neutra e forma um pequeno “cone”; nela se inicia a combustão do gás. É
pouco quente. Começa a apresentar a coloração roxa tendendo para a azul. Esta indica a aproximação para
uma chama mais aquecida.

Zona oxidante: compreende toda a região acima e ao redor da zona redutora; nela a combustão do gás é
completa. É muito quente. É a chama com maior energia, ou seja, mais quente. Observe que ela é a chama
que possui menor área, por isso mantêm uma energia maior.

1. Objetivo

 Verificar a presença de determinados elementos químicos em substâncias, utilizando o teste da


chama.

2. Materiais e Reagentes

Materiais Reagentes

- 3 arames de níquel-cromo - sulfato de cobre


- haste - cloreto de lítio
- bico de Bunsen - cloreto de sódio
- pinça de metal - magnésio
- 01 béquer de 100 mL - ácido clorídrico concentrado
30

3. Procedimento

 Aquecer na chama de um bico de Bunsen o fio de níquel–cromo adaptado à haste.


 Mergulhar o fio no reagente sólido, sulfato de cobre, e introduzir na chama oxidante
do bico de Bunsen. Observar a cor da chama e anotar na tabela.
 Repetir o experimento com os sólidos: cloreto de lítio e cloreto de sódio. Em cada
caso, utilize sempre o fio de níquel–cromo, lavando-o com solução concentrada de ácido
clorídrico.
 Segurar um pedaço de magnésio com a pinça de metal. Introduzir a ponta do
magnésio na chama do bico de Bunsen. Observar a cor da chama e anotar na tabela.

Substância Cor da chama


Sulfato de cobre
Cloreto de sódio
Nitrato de estrôncio Vermelho sangue
Nitrato de bário verde
Carbonato de cálcio Vermelho tijolo
Cloreto de potássio violeta
Cloreto de lítio
Magnésio
31

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Disciplina: Química
Professor:
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Aluno(s):

Título da prática:_________________________________________________________

QUESTÕES

Complete as questões de 1 a 5.

1) O teste de chama é baseado no fato de que quando certa quantidade de.............................é fornecida a um
determinado elemento químico, alguns......................da...........................de valência .......................esta
energia passando para um nível de energia mais elevado, produzindo o que chamamos de estado excitado.

2) Quando um desses.......................excitados retorna ao estado fundamental, ele...............................a energia


recebida anteriormente em forma de................

3) Cada elemento..........................a radiação em um..................................de onda característico, pois a


quantidade de.....................necessária para excitar um ........................ é única para cada elemento.

4) A cor observada em cada chama é característica do..................presente na substância aquecida. Ao se


colocar na chama cloreto de sódio (sal de cozinha), a luz emitida é ....................bem intenso; quando
colocamos o sulfato de cobre a luz emitida é ...................................e o cloreto de potássio emite
luz.................................

5) A reação que ocorre na queima do magnésio pode ser representada pela reação:
............ + ............ ............
A luz emitida pelo magnésio é de cor....................

6) A luz amarela emitida por uma lâmpada de sódio é a energia liberada pelos átomos do metal, quando
elétrons:

a) escapam dos átomos para o meio ambiente;


b) colidem com os núcleos atômicos;
c) retornam a níveis de menor energia;
d) passam a ocupar níveis de energia mais externos;
e) unem-se a prótons para formar nêutrons.

As questões 07 e 08 baseiam-se no esquema representando níveis energéticos eletrônicos de um determinado


átomo, estando indicados os valores das energias de alguns deles.
32

7) Na transição do nível E4 para o nível E2:

a) haverá emissão de energia;


b) haverá absorção de energia;
c) não haverá variação de energia;
d) haverá absorção de luz de um certo comprimento de onda;
e) é impossível ocorrer tal transição.

8) A energia posta em jogo na transição E1 → E3 equivale a (em kcal/mol):

a) 170 b) 130 c) 300 d) 430 e) nenhum valor citado

9) Os fogos de artifício coloridos são fabricados adicionando-se à pólvora elementos químicos metálicos
como o sódio (cor amarela), estrôncio (vermelho-escuro), potássio (violeta) etc. Quando a pólvora queima,
elétrons dos metais presentes sofrem excitação eletrônica e, posteriormente, liberação de energia sob a forma
de luz, cuja cor é característica de cada metal. O fenômeno descrito:

a) É característico dos elementos dos grupos 6A e 7A da tabela periódica.


b) Ocorre independentemente da quantidade de energia fornecida.
c) Está em concordância com a transição eletrônica conforme o mod elo de Bohr.
d) Mostra que a transição de elétrons de um nível mais interno para um mais externo é um
processo que envolve emissão de energia.
e) Mostra que um elétron excitado volta ao seu estado fund amental, desde que absorva
energia.

10) O quadro abaixo indica os resultados de testes de chama, realizados num laboratório, com quatro
substâncias:
Substância Cor da chama
HCℓ Não se observa a cor
CaCℓ2 Vermelho-tijolo (ou alaranjado)
SrCℓ2 Vermelho
BaCℓ2 Verde-amarelado

a) Indique, em cada caso, o elemento responsável pela cor observada:

Vermelho-tijolo (ou alaranjado)


Vermelho
Verde-amarelado

b) Utilizando um modelo atômico em que os elétrons estão em níveis quantizados de energia, explique como
um átomo emite luz no teste de chama.
33

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-PRÁTICA 5-
PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS IÔNICOS E MOLECULARES

1. Objetivo

 Investigar as principais propriedades dos compostos iônicos e moleculares.

2. Materiais e Reagentes

Materiais Reagentes
- bico de Bunsen e tripé com tela - NaOH, CaO, NaCl, HCl
- 2 cápsulas de porcelana - álcool etílico
- 3 béqueres de 50 mL - sacarose
- 2 pipetas de 5 mL - água deionizada
- 1 pinça (tenaz) - ácido acético glacial
- fósforo
- circuito elétrico
- 3 espátulas
- pera

Parte I: Demonstrativa (no auditório)

3. Procedimento

3.1. Estado físico: Observar os estados físicos dos compostos iônicos e moleculares dos diversos compostos
na bancada do professor.

3.2. Ponto de fusão: Comparar os pontos de fusão dos diferentes compostos no quadro abaixo.

Substâncias Ponto de Fusão


Cloreto de sódio (NaCl) 880 C
Hidróxido de sódio (NaOH) 238 C
Sacarose (C12H22O11) 189,2 C
Álcool (C2H5OH) -114 C
Ácido clorídrico (HCl) -114,8 C

3.3. Condutibilidade Elétrica no estado sólido e líquido


a) Em uma cápsula de porcelana, colocar 2 pastilhas de hidróxido de sódio (NaOH). Verificar a
condutibilidade elétrica. Aquecer até a fusão. Verificar a condutibilidade elétrica e anotar os dados.
b) Em outra cápsula, colocar uma ponta de espátula de sacarose. Verificar a condutibilidade elétrica. Aquecer
até a fusão. Verificar a condutibilidade elétrica e anotar os dados.
c) Em um béquer, colocar uma ponta de espátula de cloreto de sódio (NaCl) e verificar a condutibilidade
elétrica. Anotar.
d) Em um béquer, colocar 2 mL de álcool e verificar a condutibilidade elétrica. Anotar.
e) Em um béquer, coloque 2 mL de ácido acético glacial e verificar a condutibilidade elétrica. Anotar.
34

Parte II: Prática

3.4 Condutibilidade elétrica em solução aquosa


Materiais Reagentes

- 7 béqueres de 50 mL - NaOH(s), NaCl(s)


- 4 pipetas de 2 mL - álcool etílico
- 3 espátulas - sacarose
- 3 bastões de vidro - água deionizada
- 1 proveta de 20 mL - ácido acético glacial
- 1 pera - solução de HCl
- circuito elétrico

Procedimento:
a) Em um béquer colocar 2 mL de água pura. Verificar a condutibilidade elétrica. Anotar.

b) Em um béquer, colocar uma pastilha de hidróxido de sódio (NaOH) e acrescentar 20 mL de água.


Agitar até a dissolução. Verificar a solubilidade e a condutibilidade elétrica da solução. Anotar.

c) Em um béquer, colocar uma ponta de espátula de açúcar (C12H22O11) e acrescentar 20 mL de água.


Agitar até a dissolução. Verificar a solubilidade e a condutibilidade elétrica. Anotar.

d) Em um béquer, colocar uma ponta de espátula de cloreto de sódio sólido (NaCl) e acrescentar 20
mL de água. Agitar até a dissolução. Verificar a solubilidade e a condutibilidade elétrica. Anotar.

e) Em um béquer, colocar 2 mL de álcool etílico e acrescentar 20 mL de água. Verificar a


solubilidade e a condutibilidade elétrica. Anotar.

f) Em um béquer colocar 2 mL de solução de ácido clorídrico. Verificar a condutibilidade elétrica.


Anotar.

g) Em um béquer, colocar 2 mL de ácido acético glacial e acrescentar 20 mL de água. Verificar a


solubilidade e a condutibilidade elétrica. Anotar. (Realizada pelo professor na parte demonstrativa)
35

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Disciplina: Química
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Título da prática:_________________________________________________________

Questões

1) De acordo com os resultados da prática, complete o quadro abaixo:

Composto Condutibilidade elétrica


Solubilidade Presença de íons
Substâncias Iônico ou
em água Sólido Líquido Aquoso em solução aquosa
Molecular.
Hidróxido de sódio

Sacarose
Álcool _____
Ácido acético _____
Ácido clorídrico _____ _____

Em relação à observação do item 3.1, responda as questões 02 e 03

2) Em qual estado físico podemos encontrar os compostos iônicos a 25 ºC e 1 atm? Exemplifique

3) Em quais estados físicos podemos encontrar os compostos moleculares, a 25ºC e 1 atm?


Exemplifique

4) Complete as sentenças abaixo:

a) O NaOH e o HCl conduzem corrente elétrica em solução aquosa, porque em solução estas substâncias
estão, respectivamente,.................................. e ..................................

b) A solução aquosa de sacarose (C12H22O11) não conduz corrente elétrica, pois a solução não
apresenta...........................

c) O ácido acético é um composto……. …….......e conduz corrente elétrica em ……….....…….

d) O cloreto de sódio (NaCl) apresenta ligação ..………… e conduz corrente elétrica no estado ígneo
(.......................) e em solução…………....…..., porque nestas condições há mobilidade de íons positivos,
denominados ....................e íons negativos, denominados ......................
36

5) Assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) O ácido acético (CH3-COOH) conduz corrente elétrica em solução aquosa, porque é um composto
iônico.
( ) A água destilada ou deionizada não possui íons suficientes para conduzir corrente elétrica.
( ) O cloreto de sódio (NaCl) conduz corrente elétrica tanto em solução aquosa como puro no estado
ígneo ( fundido).
( ) O NaCl conduz corrente elétrica em solução aquosa porque sofre dissociação iônica.
( ) O HCl puro conduz corrente elétrica porque sofre ionização.

6) Um material sólido tem as seguintes características: não apresenta brilho metálico; é solúvel em água; não
se funde quando aquecido a 500 ºC; não conduz corrente elétrica no estado sólido; conduz corrente elétrica
em solução aquosa. Com base nos modelos de ligação química, pode-se concluir que, provavelmente, trata-
se de um sólido:
a) iônico. b) covalente. c) molecular. d) metálico. e) nenhuma das respostas anteriores

7) Tanto os ácidos quanto os compostos iônicos conduzem eletricidade em solução aquosa, porém, os
compostos iônicos sofrem dissociação, já os ácidos (compostos moleculares) sofrem ionização, quando
dissolvidos em água. Qual a diferença entre ionização e dissociação?

8) Com base na questão anterior, o que ocorre ao se dissolver ácido bromídrico (HBr) em água? E ao se
dissolver cloreto de sódio (KCl) em água? Represente estes fenômenos com equações químicas.

9) Alguns compostos quando dissolvidos em água não liberam íons. Qual é o nome do processo que ocorre
ao se dissolver açúcar (C12H22O11) em água? Represente este fenômeno com equação química.

10) Considere a figura a seguir:


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-PRÁTICA 6-

SUBSTÂNCIAS POLARES E APOLARES

A gasolina é uma mistura de substâncias de fórmula CnH2n+2, sendo que n pode variar de 6 a 10. A lei
brasileira estipula um nível máximo de 27% de etanol anidro adicionado à gasolina combustível. Para
verificar a quantidade de etanol presente na gasolina é realizado o “teste de proveta”

PARTE I – Demonstrativa (no laboratório)

1. Objetivo

 Verificar a solubilidade entre substâncias polares e apolares

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes

1 proveta de 100 mL 50 mL de gasolina (manter em frasco fechado)


1 erlemeyer de 100 mL Água (da torneira)
1 rolha para vedar o erlenmeyer
1 bequer de 100 mL
1 funil de vidro
luvas

3. Procedimento

 Adicionar gasolina até a marca de 50 mL da proveta.


 Adicionar 50 mL de água da torneira na proveta com a gasolina.
 Transferir a mistura para o erlenmeyer e vedar com a rolha.
 Agitar bem a mistura e transferir novamente para a proveta.
 Deixar repousar até as fases separarem-se totalmente.
 Observar e anotar os volumes ocupados por cada fase.

PARTE II - PRÁTICA

Materiais Reagentes
1 funil de vidro Água destilada
2 pipetas graduadas de 10 mL Sal de cozinha (NaCl)
1 espátula Óleo de soja
9 tubos de ensaio com rolha vinagre
1 espátula
1 funil (para o óleo de soja)
Bastão de vidro
Papel toalha
38

PROCEDIMENTO

 Colocar água em um tubo de ensaio até a metade de seu volume e adicionar meia espátula de sal.
Fechar com a rolha. Agitar bem. Observar se os materiais se misturam ou não e anotar na tabela.

 Repetir o procedimento anterior com cada mistura de materiais da tabela. Para misturas líquidas,
adicionar iguais quantidades de cada uma (cerca de 2 mL). Anotar os dados na tabela.

Substância 1 Substância 2 Homogênea ou Heterogênea?


Água Sal de cozinha
Água vinagre
Água Óleo de cozinha
Óleo de soja Sal de cozinha
Óleo de soja Vinagre
Vinagre Sal de cozinha
39

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Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES

Responda as questões de 01 a 03, levando em consideração a prática – Parte I

1) Considerando o álcool como a única substância adicionada a gasolina, explique o que ocorreu quando a
mistura gasolina com água foi agitada

2) Por que houve aumento do volume da fase incolor após a agitação da mistura gasolina com água?

3) Com base nos dados obtidos, calcule a percentagem de álcool existente na gasolina analisada.

Responda as questões de 04 a 08, levando em consideração a prática – Parte II

4) Divida os materiais entre solúveis em água e não solúveis em água.

5) Quais materiais conseguiram dissolver o sal de cozinha?


40

6) Considerando que o sal é uma substância iônica, que diferença deve existir entre os dois grupos de
materiais moleculares, de forma que um permita a separação dos íons do sal e o outro não?

7) Ocorre ou não dissolução entre materiais moleculares de um mesmo grupo? E entre os dos grupos
diferentes? Que conclusões você pode extrair desse experimento?

8) Um sólido molecular apolar é:

a) bastante solúvel em qualquer solvente;


b) pouco solúvel em qualquer solvente;
c) bastante solúvel em solventes apolares;
d) bastante solúvel em solventes fortemente polarizados;
e) pouco solúvel nos solventes fracamente polarizados.

9) Analise as seguintes informações:


I. A molécula CO2 é apolar, sendo formada por ligações covalentes polares.
II. A molécula H2O é polar, sendo formada por ligações covalentes apolares.
III. A molécula NH3 é polar, sendo formada por ligações iônicas.
Concluiu-se que:

a) somente I é correta.
b) somente II é correta.
c) somente III é correta.
d) somente II e III são corretas.
e) somente I e III são corretas.

10) O iodo (I2) é:

a) praticamente insolúvel tanto em H2O como em CCl4;


b) muito solúvel tanto em H2O como em CCl4;
c) mais solúvel em H2O que em CCl4;
d) mais solúvel em CCl4 que em H2O;
e) mais solúvel em água acidulada do que em água contendo NaOH dissolvido.
41

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-PRÁTICA 7-

INDICADORES ÁCIDO-BASE
PARTE I - Prática

1. Objetivo

 Identificar soluções ácidas, básicas e neutras, utilizando indicadores.

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
- 20 tubos de ensaio - Solução 01 mol/L de ácido clorídrico (HCl)
- suporte para tubos - Solução 01 mol/L de ácido sulfúrico (H2SO4)
- 5 pipetas de 2 mL - Solução 01 mol/L de hidróxido de sódio (NaOH)
- Solução 01 mol/L de hidróxido de amônio (NH4OH)
- Solução de cloreto de sódio (NaCl)
- fenolftaleína
- azul de bromotimol

3. Procedimento

a) Preparação das baterias de tubos de ensaio com as soluções


 Formar 4 baterias de tubos de ensaios, cada uma contendo 5 tubos de ensaios numerados de 1 à 5.
 Com o auxílio da pipeta, colocar 2mL de:

- solução de HCl em todos os tubos de no 01


- solução de H2SO4 em todos os tubos de no 02
- solução de NaOH em todos os tubos de no 03
- solução de NH4OH em todos os tubos de no 04
- solução de NaCl em todos os tubos de no 05

b) Uso do indicador

1. Indicador Fenolftaleína:

 Acrescentar, a cada tubo de ensaio da primeira bateria, duas gotas de indicador fenolftaleína.
 Observar a coloração adquirida em cada tubo e anotar, na tabela.

2. Indicador azul de bromotimol

 Acrescentar, a cada tubo de ensaio da segunda bateria, duas gotas de indicador azul de bromotimol.
 Observar a coloração adquirida em cada tubo e anotar, na tabela
.
3. Indicador papel tornassol azul

 Colocar, nos tubos de ensaio da terceira bateria, uma tira de papel tornassol azul.
 Observar a coloração adquirida em cada tubo e anotar, na tabela.
42

4. Indicador papel tornassol vermelho

 Colocar, nos tubos de ensaio da quarta bateria, uma tira de papel tornassol vermelho.
 Observar a coloração adquirida em cada tubo e anotar, na tabela
.

TABELA

Azul de Tornassol Tornassol


Soluções Fenolftaleína
bromotimol Azul Vermelho

HCl

H2SO4

NaOH

NH4OH

NaCl
43

PARTE II – Demonstrativa (no auditório)

1. Objetivos

 Identificar óxidos ácidos e básicos, utilizando indicadores;


 Verificar a ocorrência de reação de neutralização, utilizando indicadores;
 Mostrar relações da Química com o meio ambiente, analisando possíveis fenômenos químicos
causados pelo descontrole de poluentes na atmosfera terrestre, tomando como base, o experimento da chuva
ácida.

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
- 1 pinça metálica - Magnésio
- fósforo - Fenolftaleína
- 1 tubo de ensaio - Água destilada
- 1 béquer 250 mL - Azul de bromotimol
- 1canudo - Solução de hidróxido de amônio (NH4OH)
- 2 pipetas de 5 mL - Solução de ácido clorídrico (HCl)
- 2 vidros de relógio - enxofre em pó
- 1 erlenmeyer de 250 mL - água destilada
- 1 proveta de 50 mL - Papel de tornassol azul
- 1 espátula
- 2 pedaços de fio de cobre (um com um cone em
uma das pontas)
- flor vermelha (tonalidade bem viva)
- 1 rolha de borracha
- 1 pera

a) óxido ácido

 Em um béquer, colocar aproximadamente 150 mL de H2O da torneira, algumas gotas de azul de


bromotimol e assoprar, com o canudo, diretamente na água, até observar alguma mudança. Anotar.
 A seguir adicionar, com a pipeta, solução de NH4OH até obter mudança de cor. Esperar um pouco e
observar (cor mudará novamente).

b) óxido básico

 Com o auxílio de uma pinça metálica, executar a queima do magnésio, recolhendo, em um vidro
relógio, o produto formado.
 Transferir o produto, com o auxílio de uma espátula, para um tubo de ensaio.
 Adicionar um pouco de água e agitar brandamente.
 Colocar algumas gotas de fenolftaleína na solução e observar a mudança de cor. Reservar.
44

c) reação de neutralização

 Adicionar à solução rosada de Mg(OH)2 da atividade anterior, gotas de HCl até observar
mudança de cor.

Reação ocorrida: Mg(OH)2(aq) + 2HCl(aq) MgCl2(aq) + 2H2O(l)

Representando a equação iônica:

Mg+2(aq) + 2OH –(aq) + 2H+(aq) + 2Cl –(aq) Mg+2(aq) + 2Cl –(aq) + 2H2O(l)

ou simplesmente: 2H +(aq) + 2OH -(aq) 2H2O(l)

d) Chuva ácida

Em ambientes poluídos, a chuva ácida forma-se a partir da combustão de derivados de


petróleo (ou carvão) que contêm enxofre como impureza, formando o SO2, que se transforma
facilmente em SO3.
S(s) + O2(g) SO2(g)
SO2(g) + ½ O2(g) SO3(g)

Esses óxidos dissolvem-se e reagem com a água da chuva, formando ácidos causadores de sérios
problemas ambientais.
SO2(g) + H2O(l) H2SO3(aq)
SO3(g) + H2O(l) H2SO4(aq)

Procedimento

Conforme figura abaixo:


 Prender uma pétala de flor numa ponta de um fio de cobre.
 Prender, no mesmo fio, um pedaço de uma tira de papel de tornassol azul.
 Colocar este conjunto dentro de um erlenmeyer.

 Pegar o outro fio de cobre e encher o cone com enxofre em pó; acender o fósforo e iniciar a queima
do mesmo, colocando-o rapidamente dentro do erlenmeyer, preso à borda. Tampar imediatamente
para que o gás produzido (o dióxido de enxofre) não escape.
 Aguardar cerca de 10 minutos e anotar suas observações.
 Retirar a flor e o cone de dentro do erlenmeyer e adicionar, imediatamente, cerca de 30 mL de água
ao frasco e tampar rapidamente. Agitar.
 Retirar uma amostra desse líquido com a pipeta e pingar 2 gotas num pedaço de papel tornassol
azul. Observar a cor e anotar.
45

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:_________________________________________________________

QUESTÕES

1) Complete a tabela abaixo, indicando as cores do meio, utilizando os indicadores abaixo, conforme resultado
da prática – Parte I.

Tornassol
Azul de
Fenolftaleína Tornassol
Meio bromotimol Vermelho
Azul
Ácido
Básico
Neutro

2) Num recipiente contendo uma substância A foi adicionado gotas de fenolftaleína, dando uma coloração
rósea. Adicionando-se uma substância B em A, a solução apresenta-se incolor. Com base nessas informações
podemos afirmar que:

a) A e B são bases.
b) A é um ácido e B é uma base.
c) A é uma base e B é um ácido
d) A e B são ácidos.
e) A e B são sais neutros.

3) Ao adicionar uma gota de fenolftaleína à solução aquosa de óxido de cálcio, observa-se o aparecimento de
coloração rósea. Com base nesta informação, responda:

a) Esta coloração comprova a formação de que meio?

b) Qual a classificação deste óxido?

4) Colocando 0,1 g de sódio metálico em um béquer de 1000 mL com 900 mL de água e duas gotas de
fenolftaleína, observa-se que imediatamente a solução fica rósea. Esta coloração deve-se a reação:
Na(s) + 2H2O(l) 2NaOH(aq) + H2(g)

a) Qual o produto responsável pela coloração adquirida?

b) Qual a sua nomenclatura?


46

5) A chuva já é naturalmente ácida em razão da presença do gás carbônico (CO2) na atmosfera. Este óxido
reage com a água da chuva e o resultado é a “chuva ácida”.

a) Represente a reação entre o gás carbônico e a água.

-------------- + ------------ --------------

b) Qual a nomenclatura do composto formado?

6) Sabe-se que a chuva ácida é formada pela dissolução, na água da chuva, de óxidos ácidos presentes na
atmosfera. Entre os pares de óxidos relacionados, qual é constituído apenas por óxidos que provocam a chu-
va ácida?
a) Na2O e NO2
b) CO2 e MgO
c) CO2 e SO3
d) CO e NO2
e) CO e NO

7) A ação do ácido sulfúrico presente na chuva ácida sobre o mármore (carbonato de cálcio) pode ser repre-
sentada por:
a) CaCO3(s)+ H2O(l)→ CO2(g)+ CaOH(s)+ H2O(l)
b) CaCO3(s)+ H2O(l)+ H2SO4(aq)→ Ca2SO4(s)+ H2O(l)+ CO2(g)
c) CaCO3(s)+ H2SO4(aq)→ CaSO4(s)+ H2O(l)+ CO2(g)
d) CaCO3(s)+ H2SO4(aq)→ Ca2SO4(s)+ CO2(g)
e) CaCO3(s)+ H2SO4(aq)→ CaSO4(s)+ H2O(l)

8) Em relação à experiência da chuva ácida, complete os itens abaixo:

a) O papel de tornassol azul mudou para vermelho, porque o meio tornou-se ...............

b) A pétala murchou e mudou de coloração porque foi desidratada pela reação da água com o -------------------
-------------liberado na queima do enxofre.

c) Esta reação pode ser representada pela equação:

H2O(l) + ----------- ---------------

9) Nesta prática foram realizadas duas reações de neutralização. Escreva-as abaixo, colocando a nomenclatu-
ra do sal formado.

10) Qual o efeito da chuva ácida em monumentos de mármores?


47

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Tecnologia Educação e Ciência
Professor: _________________________Disciplina: Química
Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

-PRÁTICA 8-

EVIDÊNCIAS DE REAÇÕES QUÍMICAS


1. Objetivo

 Utilizar evidências experimentais para concluir sobre a ocorrência de reação química,

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes

- 05 tubos de ensaio - Soluções de: H2SO4 (3mol/L), NaOH, HNO3,


- estante para tubos de ensaio NaCl, AgNO3, HCl (3 mol/L))
- 05 pipetas de 2mL - MgO(s), MnO2(s)
- 2 pipetas de 1 mL - Fenolftaleina
- pinça de metal - 01 Prego
- palha de aço - Peróxido de Hidrogênio
- pera

3. Procedimento

I – Mudança de cor

Colocar, em um tubo de ensaio, 2 mL de solução de hidróxido de sódio e adicionar uma gota de


fenolftaleína. Observar e anotar_______________________________
Acrescentar 2mL de ácido nítrico. Observar e anotar_________________

II. Formação de gases

II. 1. Colocar, em um tubo de ensaio, 2 mL de ácido sulfúrico. Inserir, em seguida, um prego (ferro).
Observar e anotar__________________________

II. 2. Colocar, em um tubo 2 mL de peróxido de hidrogênio (água oxigenada). Inserir, em seguida uma
pitada de MnO2. Observar e anotar__________________________

III. Formação de precipitado

Colocar, em um tubo de ensaio, 1 mL de solução de nitrato de prata. Juntar 1 mL de solução de cloreto de


sódio e agitar. Observar e anotar:________________________

IV. Liberação ou absorção de calor

Colocar 2 mL de ácido clorídrico em um tubo de ensaio. Juntar uma espátula de óxido de magnésio e
agitar. Observar e anotar: _________________.
49

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES
1) O que são reações químicas?

2) Faça a devida correspondência entre a reação química e o experimento:

a) AgNO3(aq) + NaCl(aq) → AgCl↓ + NaNO3(aq)


(I )
b) HCl(aq) + MgO(s) → MgCl2(aq) + H2O(l)
( II.2 )
c) H2O2 → H2O + O2
( II.1 )
d) NaOH(aq) + HNO3(aq) → NaNO3(aq) + H2O
( III )
e) Fe(s) + H2SO4(aq) → FeSO4(aq) + H2
(IV)

3) No experimento I foi observado a mudança da coloração da solução após a adição do ácido nítrico,
explique o porquê dessa mudança.

4) A reação pertinente ao experimento I pode ser chamada de reação de:


a) Simples troca
b) Sintese
c) Decomposição
d) Deslocamento
e) Neutralização

5) O que evidenciou experimentalmente a formação de gás nos experimentos II.1 e II.2? Quais foram os
gases formados?
50

6) As reações pertinentes ao experimento II são classificadas respectivamente como reação de:


a) Simples troca e dupla troca
b) Síntese e decomposição
c) Dupla troca e deslocamento
d) Dupla troca e dupla troca
e) Simples troca e decomposição

7) Em relação ao experimento III, qual foi a evidência que indicou a ocorrência da reação química?

8) Em relação ao experimento IV, a reação ocorreu com liberação ou absorção de calor? Como a sua equipe
evidenciou esse fenômeno?

9) As reações dos experimentos III e IV são classificadas respectivamente como:

a) Simples troca e dupla troca


b) Síntese e decomposição
c) Dupla troca e deslocamento
d) Dupla troca e dupla troca
e) Dupla troca e decomposição

10) Escreva as reações químicas balanceadas pertinentes aos experimentos, II.2 e IV.
51

PRÁTICAS 2ª FASE
53
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Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

-PRÁTICA 1-

PROPRIEDADES DOS GASES

1. Objetivos

 Verificar os efeitos da pressão atmosférica.


 Verificar a relação entre temperatura e volume no comportamento dos gases.

2. Materiais e Reagentes
Reagentes
Materiais
- 1 latinha de alumínio - Água
- Recipiente de plástico para conter água - Gelo
- Tenaz metálica longa
- Bico de Bunsen
- 1 garrafa plástica (500mL)
- 1 balão de festa (bexiga de borracha)
- 2 béqueres 500 mL
- 1 tripé
- 1 tela de amianto

Procedimento 1

 Colocar água no recipiente plástico até aproximadamente três quartos de sua altura.
 Adicionar um pouco de água na lata, suficiente para cobrir o seu fundo.
 Utilizando a tenaz, segurar a lata e aqueça-a diretamente na chama do Bico de Bunsen,
inclinando-a levemente, até a ebulição da água.
 Quando uma grande quantidade de vapor estiver saindo pela boca da lata, inverter
rapidamente a lata no recipiente com água, de forma que a boca da lata fique submersa.
 Observar e anotar.

Procedimento 2

 Adaptar um balão na boca da garrafa.


 Mergulhar a garrafa em um recipiente com água quente (acima de 80 ºC)
 Deixar por pelo menos 3 minutos.
 Retirar a garrafa da água quente. Observar e anotar.
 Mergulhar a mesma garrafa no outro recipiente com água e gelo.
 Deixar por pelo menos 3 minutos.
 Retirar a garrafa. Observar e anotar.
54
55

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES

Considere o Procedimento 3.1 para responder a questão 1.

1) Explique o que motivou implosão da “latinha”.

Considere o procedimento 3.2 para responder as questões 2 a 7.

2) O que aconteceu com o gás contido na garrafa quando esta foi mergulhada em água quente? E em água
fria? Justifique.

3) Os fenômenos mencionados na questão anterior são classificadas como, isocórico, isobárico ou


isotérmico?

4) Represente, por meio de desenhos, o que aconteceu com as moléculas de gás em cada caso, após a
variação de temperatura.

5) O número de moléculas aumentou ou diminuiu após o aquecimento e o resfriamento dos gases? Justifique.
56

6) Represente graficamente essa relação, ou seja, faça um gráfico da variação do volume (eixo y) em função
da temperatura (eixo x). Considere que você tem três pontos no gráfico: quente, temperatura ambiente e frio.

7) Baseando-se no gráfico confeccionado, indique qual das relações abaixo você pode estabelecer entre o
volume (V) e a temperatura (T) de um gás:
a) Volume é igual à temperatura (V= T).
b) V é diretamente proporcional a T (V α T).
c) V é inversamente proporcional a T (V α 1/T).

8) Em uma aula prática de Química um estudante do IFSC colocou em uma garrafa de 3 L, 2 mL de água e
elevou a temperatura até 473 K. Considerando o comportamento desta água como a de um gás ideal, e a sua
densidade como 1 g/mL, calcule a pressão que essa quantidade de água estará exercendo nesta garrafa.
(massa molar da água = 18g/mol)

9) Se no experimento da questão 8 a temperatura fosse dobrada e o volume e quantidade de água mantidos


constantes, o que aconteceria com a pressão do sistema? Justifique.

10) As figuras a seguir representam os sistemas A, B e C, constituídos por um gás ideal puro.
(02) Aumentando-se a pressão P, exercida
sobre o pistão do sistema A, mantida constante
a temperatura T1, o volume do sistema será
reduzido.
(04) Resfriando-se o sistema B, até que a
temperatura seja reduzida à metade do valor
inicial, sua pressão será duplicada.
(08) Triplicando-se o número de mols do gás
contido no sistema B, mantida constante a
temperatura T1, a pressão também será
triplicada.
Sobre os sistemas representados, é correto (16) Abrindo-se a válvula que conecta os dois
afirmar: recipientes do sistema C, haverá passagem de
(01) Aquecendo-se isobaricamente o sistema gás, do recipiente da direita para o da
A, até uma temperatura T2=2T1, seu volume esquerda, até que P1=P2.
será duplicado.
Somatório: _____
57

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Tecnologia Educação e Ciência
Professor: _________________________Disciplina: Química
Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

-PRÁTICA 2-

CONSERVAÇÃO DA MASSA
1. Objetivos

 Verificar a existência e comprovação da Lei de conservação das massas.


 Verificar a ocorrência de uma reação de neutralização de um ácido forte.

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
- 1 erlenmeyer (500 mL) - NaHCO3 sólido
- 2 tubos de ensaio - Solução de HCl (1 mol/L e 2 mol/L)
- 1 rolha de borracha - Zinco granulado
- 1 pipeta de 2 mL
- 1 espátula
- balança
- papel toalha
- 1 pera
- 1 bexiga de ar
- 1 suporte para tubos de ensaio

3. Procedimento

Parte I – Reação do zinco com ácido clorídrico

 Em um tubo de ensaio, colocar solução de ácido clorídrico 2 mol/L até a metade da sua capacidade.
 Usando uma balança, pesar o suporte para tubos de ensaio com o tubo e o ácido, a bexiga e um
pedaço pequeno de zinco. Anotar este valor:_____g
 Ao tubo com ácido, adicionar o metal (zinco) e rapidamente tampar a boca desse tubo com a bexiga.
Esperar que a reação se complete. Pesar e anotar este valor______g.

Parte II – Reação de bicarbonato de sódio com ácido clorídrico

 Pegar os materiais com papel toalha, a fim de evitar contato com os dedos.
 Colocar no erlenmeyer 0,5 g de NaHCO3.
 Pipetar 2 mL de HCl e colocar no tubo de ensaio.
 Introduzir o tubo de ensaio no erlenmeyer, CUIDADOSAMENTE, sem que haja contato entre as
substâncias (ver Fig. I).
 Vedar o erlenmeyer com rolha, formando um sistema fechado (ver Fig. II).
 Levar o sistema à balança e “pesar”. Anotar o “peso’’ do sistema: ______g.
 Por meio de uma inclinação adequada (ver Fig. III) permitir o contato entre as duas substâncias,
tomando o cuidado para não molhar a rolha.
 Após a ocorrência da reação, levar o sistema novamente até a balança e “pesar”. Anotar o “peso” do
sistema: ____g.
58

Reação: HCl aq) + NaHCO3(s) NaCl(aq) + H2Ol) + CO2(g)


59

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES
1) Os dois experimentos confirmam o enunciado de qual lei? O que diz esta lei?

Considerar o experimento I para responder as questões 02, 03 e 04.

2) Considerando o experimento I que evidências permitem concluir que houve reação química nesse
experimento?

3) No experimento I, ocorreu a seguinte reação química:

Zn + HCl ZnCl2 + H2

Apresente o balanceamento desta reação com os menores coeficientes inteiros possíveis.

4) Supondo que a massa de zinco pesada foi de 5 g, determine quais as massas de cloreto de zinco (ZnCl2) e
de hidrogênio (H2) que deveriam ser formadas.

5) Em relação a questão anterior, considerando CNTP, qual o volume de H2(g) que deveria ser formado com a
massa de zinco pesada (5 g)?

Considerar o experimento II para responder as questões 06, 07 e 08.


60

6) A reação feita no experimento II é uma reação muito comum onde um ácido forte é neutralizado por sal de
caráter básico, conforme equação química abaixo.

Reação: HCl aq) + NaHCO3(s) NaCl(aq) + H2Ol) + CO2(g)

Se esta reação tivesse sido realizada em um sistema aberto seria possível observar a conservação das massas?
Justifique.

7) Considerando a reação completa no recipiente do experimento II, determine a massa, em gramas, e o


volume, em litros, de gás carbônico nas CNTP que escapará ao abrir o erlenmeyer do experimento realizado,
lembrando que foi utilizado aproximadamente 0,5 g de bicarbonato de sódio.

8) Considerando a reação realizada na aula experimental, as massas, em gramas, dos reagentes e produtos e
a lei de conservação das massas, determine os valores de X, Y Z e W no quadro abaixo:
Reação: HCl aq) + NaHCO3(s) NaCl(aq) + H2Ol) + CO2(g)

HCl + NaHCO3 NaCl + H2O + CO2


36,5 84 58,5 18 44
109,5 X 175,5 54 132
Y 24 Z 5,1 W

9) Relativamente à equação mostrada a seguir, é INCORRETO afirmar que:


2Al + xHCl 2AlCl3 + yH2(g)
a) um gás foi liberado.
b) formaram-se dois produtos.
c) o alumínio é mais reativo que o hidrogênio, deslocando-o.
d) o coeficiente x é igual a y.
e) a equação ficará corretamente balanceada se y igual a x/2.

10) Dada a reação que representa a redução do minério de ferro (hematita) para a obtenção de ferro metálico,
xFe2O3 + 3CO yCO2 + 2Fe, faça o que se pede:

a) Qual a soma dos coeficientes x e y que tornam a equação corretamente balanceada?

b) Qual a massa de ferro metálico produzido a partir de 320 g de hematita, com rendimento de 100%?
61

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

-PRÁTICA 3-

COEFICIENTE DE SOLUBILIDADE

1. Objetivo

 Determinar o coeficiente de solubilidade de uma solução de cloreto de sódio e de uma


solução de sulfato de cobre.

2. Materiais e reagentes

MATERIAIS REAGENTE
- 1 termômetro - solução saturada de NaCl
- 2 cápsulas de porcelana - solução saturada de sulfato de cobre II
- 2 provetas de 25 mL penta hidratado (CuSO4.5H2O)
- bico de Bunsen
- balança
- 1 tripé

3. Procedimento

3.1. Coeficiente de solubilidade

 Determinar a temperatura das soluções.


 Determinar a massa das cápsulas de porcelana.
 Medir, em uma proveta, 15 mL de cada uma das soluções saturadas e transferir para as cápsulas de
porcelana e determinar suas novas massas.
(cápsula + solução): mcápsula + msolução
 Determinar as massas das soluções usando a seguinte fórmula:
msolução = m (cápsula + solução) - mcápsula.
 Aqueçer o sistema até completa evaporação da água.
 Determinar a massa do sistema final (cápsula + soluto)
 Calcular a massa do NaCl e do CuSO4.5H2O que estavam dissolvidos:
msal = msistema final - mcápsula vazia
 Determinar a massa da água em cada solução: mágua = msolução - msal.

Obs. Anote todos os dados na tabela abaixo:

m (cápsula m sistema final


m (cápsula m m m
Solução T (°C) de (cápsula +
+ solução) (solução) (soluto) (água)
porcelana) soluto)
NaCl

CuSO4.5H2O
63

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
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Turma: Data de entrega:
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Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES

01) Sabendo as massas de água, cloreto de sódio e sulfato de cobre que estavam dissolvidos em cada
solução, calcule o coeficiente de solubilidade desses sais em relação a 100 g de água.

02) Procure na literatura (livros ou sites) o coeficiente de solubilidade em água do cloreto de sódio (NaCl) e
do sulfato de cobre II penta hidratado (CuSO4.5H2O) na temperatura em que foi realizado seu experimento.
Considerando esses dados e os valores dos coeficientes de solubilidade experimentais que você calculou na
questão 1, calcule a porcentagem de erro experimental que você obteve para cada solução.

03) Nesta aula prática você utilizou uma solução saturada de cloreto de sódio (NaCl) para determinação do
coeficiente de solubilidade. Levando em consideração seus conhecimentos adquiridos nesta aula prática e
nas aulas teóricas, explique de forma clara e direta o que é uma solução saturada e o que é o coeficiente de
solubilidade de uma solução.

04) Forneça a definição do que é uma solução e diga quais os tipos de solução que existem (em relação ao
estado físico da solução) citando pelo menos dois exemplos de cada tipo.
64

05) A tabela abaixo mostra o coeficiente de solubilidade do cloreto de sódio para várias temperaturas.
Determine qual a massa desse sal necessária para formar 285 g de uma solução saturada de cloreto de sódio,
a uma temperatura de 50 oC .

06) A tabela abaixo apresenta os coeficientes de solubilidade, a 20 oC, do sal e do açúcar.

Soluto Coeficiente de solubilidade em g/100 mL de


água a 20 ºC
Sal (NaCl) 36
Açúcar (C12H22O11) 33

Considerando os dados da tabela, indique qual o tipo de solução (saturada, insaturada ou saturada com corpo
de fundo) que seria formado em cada caso abaixo:

Solução Classificação da solução


50 g de NaCl em 100 g de água
20 g de açúcar em 100 g de água
72 g de NaCl em 200 g de água
70 g de açúcar em 200 g de água
99g de açúcar em 300 g de água

07) O gráfico abaixo mostra a solubilidade de vários sais a diferentes temperaturas. Analisando o gráfico
diga qual é o composto mais solúvel e qual o menos solúvel, a 30 oC. Justifique.
65

08) Seis soluções aquosas de nitrato de sódio, NaNO3, numeradas de I a VI, foram preparadas, em diferentes
temperaturas, dissolvendo-se diferentes massas de NaNO3 em 100g de água. Em alguns casos, o NaNO3 não
se dissolveu completamente. O gráfico abaixo representa a curva de solubilidade do NaNO3, em função da
temperatura, e seis pontos, que correspondem aos sistemas preparados.
A partir da análise desse gráfico, é CORRETO afirmar que os dois sistemas em que há precipitado são:
a) I e II. b) I e III. c) IV e V. d) V e VI.

09) NaCl e KCl são sólidos brancos cujas solubilidades em água, a diferentes
temperaturas, são dadas no gráfico abaixo. Para distinguir os sais, os três procedimentos foram sugeridos:

I. Colocar num recipiente 2,5 g de um dos sais e 10,0 mL de água e, em outro recipiente, 2,5 g do outro sal e
10,0 mL de água. Agitar e manter a temperatura de 10 °C.
II. Colocar num recipiente 3,6 g de um dos sais e 10,0 mL de água e, em outro recipiente 3,6 g do outro sal e
10,0 mL de água. Agitar e manter a temperatura de 28°C.
III. Colocar num recipiente 3,8 g de um dos sais e 10,0 mL de água e, em outro recipiente, 3,8 g do outro sal
e 10,0 mL de água. Agitar e manter a temperatura de 45 °C.

Pode-se distinguir esses dois sais somente por meio

a) do procedimento I.
b) do procedimento II.
c) do procedimento III.
d) dos procedimentos I e II.
e) dos procedimentos I e III.

10) A curva de solubilidade de um sal hipotético é mostrada no gráfico abaixo.


Se a 20 °C misturarmos 20 g desse sal com 100 g de água, quando for atingido o equilíbrio, podemos afirmar
que:

a) 5 g do sal estarão em solução.


b) 15 g do sal será corpo de fundo (precipitado).
c) o sal não será solubilizado.
d) todo o sal estará em solução.
e) 5 g do sal será corpo de fundo (precipitado).
67

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-PRÁTICA 4-

SOLUÇÕES E MISTURAS DE SOLUÇÕES COM REAÇÃO QUÍMICA: TITULAÇÃO

PARTE I: SOLUÇÕES

Uma atividade muito comum no laboratório de Química é a preparação de solução. A técnica


envolve a pesagem cuidadosa do soluto, a medida rigorosa de seu volume, a transferência correta do soluto e
o acréscimo da quantidade exata do solvente. O rigor exige materiais de laboratório bem calibrados, como
balão volumétrico e balança.

1. Objetivos

 Preparar e determinar a concentração comum e em quantidade de matéria de uma solução de sulfato


de cobre.
 Realizar o procedimento de diluição de uma solução de sulfato de cobre e calcular sua concentração
comum e em quantidade de matéria.

2. Reagentes e Materiais

Materiais Reagentes
- 2 béqueres de 100 mL. - Sulfato de cobre (CuSO4.5H2O)
- 2 balões volumétricos de 50 mL - Água destilada.
- 1 pipeta volumétrica de 5 mL.
- 1 bastão de vidro.
- 1 vidro de relógio.
- 1 pera.
3. Procedimento
3.1 Preparação de solução
 Dissolver completamente 250 mg de sulfato de cobre, em um béquer, com água destilada.
 Transferir quantitativamente para um balão de 50 mL.
 Lavar, por duas vezes, o béquer com um pouco de água destilada e transferir para o balão, com o
auxílio do bastão de vidro.
 Adicionar água ao balão até a marca do volume (menisco) e homogeneizar.
3.2 Diluição de solução.
 Verter um pouco da solução preparada no item anterior para um béquer e desta retirar 5 mL, com o
auxílio de uma pipeta volumétrica.
 Adicionar os 5 mL da solução a um balão de 50 mL.
 Completar o volume com água destilada e homogeneizar a solução.

DADOS:

Concentração em Concentração em quantidade de matéria


Diluição
massa (g/L) ou Molaridade (mol/L)

C = m1/ V M = m1/ M1.V Ci.Vi = Cf.Vf ou Mi.Vi = Mf.Vf

Massa Atômica: Cu = 63,5; S = 32,0; O = 16,0; H = 1,0.


68

PARTE II: MISTURAS DE SOLUÇÕES COM REAÇÃO QUÍMICA: TITULAÇÂO

1. Objetivo

 Determinar a concentração de uma solução desconhecida de ácido clorídrico.

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
- 1 bureta de 25 mL - Solução de HCl de concentração desconhecida
- 1 pipeta volumétrica de 10 mL - Solução de NaOH 0,1mol/L
- 1 erlenmeyer de 250 mL - Indicador: fenolftaleína
- 1 béquer de 100 mL
- 1 funil de vidro
- 1 suporte universal com garra
- 1 pera

3. Procedimento.

 Com auxílio de um funil e um béquer, preencher a bureta com NaOH 0,1mol/L.


 Observar se não há bolhas de ar na bureta e zerar.
 No erlenmeyer, pipetar 10 mL de HCl de concentração desconhecida.
 Adicionar ao erlenmeyer, 2 gotas do indicador fenolftaleína.
 Iniciar a titulação: com a mão esquerda, abrir a torneira da bureta e com a mão direita segurar o er-
lenmeyer, agitando continuamente.
 Fechar a torneira da bureta no instante em que observar a mudança de coloração (do incolor para o
rosa).
 Ler na bureta o volume de NaOH gasto e anotar.

OBS.: A formação de uma coloração rósea no


erlenmeyer indica que todo ácido foi consumido pela
base adicionada. Nesse instante dizemos que foi
atingido o PONTO DE EQUIVALÊNCIA:

nº de mol de H+ = nº de mol de OH-

A reação que ocorre pode ser representada por:

NaOH + HCl NaCl + H2O


1mol 1 mol 1mol 1mol
69

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES

1) Calcule a concentração em massa (g/L) e em quantidade de matéria (mol/L) para a solução preparada na
parte I, item 3.1 (solução de sulfato de cobre penta hidratado).

2) Na parte I, item 3.2, foi realizado a diluição da solução de sulfato de cobre penta hidratado preparada
inicialmente. Explique de forma clara o que é uma diluição de uma solução. E esta última solução diluída,
também possui soluto? Justifique sua resposta.

3) Calcule a concentração em massa (g/L) e em quantidade de matéria (mol/L) para a solução diluída.

4) Ainda levando em consideração a solução diluída, determine a massa de soluto presente nesta solução.

5) As soluções inicial e diluída de sulfato de cobre preparadas na parte experimental I possuem densidade de
aproximadamente 1 g/mL. Considerando esta densidade para ambas as soluções, determine a porcentagem
em massa e o título para as duas soluções.
70

6) Um aluno do IFSC ao realizar o procedimento 3.2 da parte I (diluição de soluções), por engano misturou
25 mL de uma solução de sulfato de cobre 1 mol/L com 25 mL de uma outra solução de sulfato de cobre de
concentração 3 mols/L. Qual foi a concentração final da solução preparada equivocadamente por este aluno?
Determine também a massa de soluto presente nesta solução.

7) Para preparar um refresco a partir de suco concentrado, o fabricante recomenda o consumo de cinco partes
de água e duas partes de suco concentrado. Para produzir 45 litros de refresco, são necessários quantos litros
de suco concentrado? E quantos litros de água serão utilizados nesta diluição?

8) No experimento de titulação (parte II) foi realizada a titulação de uma solução de concentração
desconhecida de ácido, utilizando uma solução de hidróxido de sódio com concentração conhecida de 0,1
mol/L. Utilizando seus dados obtidos no experimento, calcule a concentração de HCl na solução
desconhecida.

9) Caso a concentração da base (NaOH) utilizada no experimento da titulação fosse o dobro da utilizada,
qual seria o volume desta base necessário para determinar a concentração do ácido (HCl). Levar em
consideração o volume de ácido utilizado no experimento e a concentração determinada na questão 8.

10) Durante a titulação foi utilizado uma substância denominada fenoftaleína. Qual a função desta substância
neste experimento?
71

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Educação e Ciência
Professor: _________________________Disciplina: Química
Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

-PRÁTICA 5-

PROPRIEDADES COLIGATIVAS

Objetivo

 Determinar os efeitos coligativos causados a água através da adição de uma quantidade de cloreto de
sódio.

Parte I – Crioscopia

Materiais Reagentes
- 1 béquer de 50 mL - NaCl
- 1 espátula - Gelo
- 1 termômetro - Água deionizada
- 1 bastão de vidro

Procedimento

 Colocar alguns cubos de gelo no béquer, completando com água suficiente até cobrir o
bulbo do termômetro. Anotar a temperatura.
 Em seguida, colocar no mesmo béquer NaCl até saturar a solução. Anotar a temperatura
obtida.
 Comparar os valores das temperaturas nos dois casos.
- Temperatura 1 - ____ - Temperatura 2 - ____
Parte II – Ebulioscopia

Materiais Reagentes
- 1 termômetro - Água deionizada
- 1 béquer de 100 mL - NaCl
- 1 tripé
- 1 tela de amianto
- 1 espátula
- 1 bastão de vidro
- Bico de Bunsen

Procedimento

 Colocar cerca de 40 mL de H2O deionizada no béquer e aquecer sobre a chama do bico de


Bunsen, utilizando o tripé e a tela de amianto.
 Quando estiver fervendo, medir a temperatura, tomando o cuidado de não encostar o
termômetro no fundo do recipiente. Anotar.
 Interromper o aquecimento por dois minutos e após, adicionar NaCl até saturar a solução.
 Aquecer novamente. Quando estiver fervendo, medir a temperatura. Anotar.
 Comparar os valores das temperaturas de ebulição nos dois casos.
- Temperatura 1 - _____ - Temperatura 2 - _____
73

IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES

1) Com relação ao procedimento I, explique porquê houve uma diminuição da temperatura quando foi
adicionado o NaCl.

2) Pesquise e explique, por que em países com invernos rigorosos emprega-se sal nas estradas.

3) Com relação ao procedimento II, explique porquê houve um aumento da temperatura quando foi
adicionado o NaCl.

4) Quando a água está fervendo e adicionamos sal de cozinha, a mesma para de ferver por alguns instantes.
Explique este fenômeno.

5) Entre água pura e uma solução aquosa de NaCl, qual possui maior pressão de vapor? Explique
brevemente.

6) Foi observado que o cozimento de meio quilo de batatas em 1 litro de água é mais rápido se adicionarmos
200 gramas de sal à água de cozimento. Considere as seguintes possíveis explicações para o fato:
1- a adição de sal provoca um aumento da temperatura de ebulição da água;
2- a adição de sal provoca um aumento da pressão de vapor da água;
3- o sal adicionado não altera a temperatura de ebulição da água, mas reage com o amido das batatas.

Está(ão) correta(s) a(s) explicação(ões):


a) 1 e 3 apenas b) 3 apenas c) 1 apenas d) 2 apenas e) 1, 2 e 3
74

7) Considere o gráfico a seguir, que representa as variações das pressões máximas de vapor da água pura
(A.P.) e duas amostras líquidas A e B, em função da temperatura.

Pode-se concluir que, em temperaturas iguais:


a) a amostra A constitui-se de um líquido menos volátil que a
água pura.
b) a amostra B pode ser constituída de uma solução aquosa de
cloreto de sódio.
c) a amostra B constitui-se de um líquido que evapora mais
rapidamente que a água pura.
d) a amostra A pode ser constituída de solução aquosa de
sacarose.
e) as amostras A e B constituem-se de soluções aquosas
preparadas
com solutos diferentes.

8) No experimento II além da Ebulioscopia, qual a outra propriedade coligativa envolvida no mesmo


fenômeno?

9) Um aluno fez a seguinte experiência; pegou dois copos de bequer (frasco I e frascoII), adicionou 500 mL
de água pura em cada um e aqueceu até entrar em ebulição (100 oC). Ainda em ebulição adicionou 4 mols de
sacarose (C12H22O11) no frasco I e 4 mols de cloreto de sódio (NaCl) no frasco II. Verificou que em ambos
os frascos a água parou de ferver por alguns instantes. Só entrou em ebulição novamente em uma temperatu-
ra maior. Levando em conta essa experiência, responda:
a) Em qual dos frascos a nova temperatura de ebulição foi maior? Explique

b) Neste experimento estão envolvidas duas propriedades coligativas. Quais?

10) Um aluno, interessado em estudar as propriedades de soluções, colocou em uma caixa dois copos con-
tendo volumes iguais de soluções aquosas de um mesmo soluto não-volátil, fechando-a hermeticamente,
conforme ilustra a figura a seguir:

A solução contida no copo I era mais concentrada que a contida no copo II. A temperatura externa à caixa
permaneceu constante durante o experimento. Acerca das observações que poderiam ser feitas a respeito
desse experimento, podemos afirmar:

01. Após alguns dias, o volume da solução contida no copo I aumentará.


02. Após alguns dias, o volume da solução contida no copo I diminuirá.
04. Após alguns dias, as duas soluções ficarão com a mesma pressão de vapor.
08. As concentrações das soluções nos dois copos não se alterarão com o tempo, porque o soluto não é volá-
til.
SOMA:____
75
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. Tecnologia Educação e Ciência
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Aluno: ____________________________Turma: _______ Data:___/___/___

-PRÁTICA 6-

PROCESSOS EXOTÉRMICOS E ENDOTÉRMICOS

1. Objetivo

 Reconhecer e classificar os processos endotérmicos e exotérmicos através da variação da


temperatura.

2. Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
- 6 tubos de ensaio - HCl 1mol/L
- 3 pipetas graduadas de 5mL - NaOH 1mol/L
- 1 termômetro - CuSO4.5H2O(s)
- 3 espátulas - NaNO3(s) (com o professor)
- 1 pinça de madeira - NaOH(s) (com o professor)
- 1 pera - H2O deionizada
- Bico de Bunsen
- Suporte para tubos de ensaio de madeira
- 1 Pipeta Pasteur

3. Procedimento

Experiência nº 1

 Em um tubo de ensaio, colocar, com espátula, uma pitada de CuSO4.5H2O. Aquecer o tubo,
usando uma pinça de madeira e observar a mudança de coloração. Deixar esfriar e adicionar
uma gota de água. Verificar a coloração. Aquecer novamente e observar.

CuSO4.5H2O(s) CuSO4(s) + 5H2O(v)


azul esbranquiçado Processo:____________

Experiência nº 2

 Em um tubo de ensaio, adicionar 2 mL de água deionizada. Com o termômetro, observar sua


temperatura. Anotar: T=_____°C


A seguir, adicionar uma pastilha de NaOH(s) a este tubo. Com o auxílio de termômetro, observar
o que ocorre com a temperatura do sistema. Anotar: T=_____°C
NaOH(s) + H2O(l) Na+(aq) + OH-(aq)
Processo:_____________
Experiência nº 3

 Em um tubo de ensaio, adicionar 2 mL de água deionizada. Com o termômetro, observar sua


temperatura. Anotar: T=_____°C

 A seguir, adicionar a este tubo, com espátula, uma pitada de NaNO3(s). Com o auxílio do
termômetro, observar o que ocorre com a temperatura do sistema. Anotar: T=_____°C
NaNO3(s) + H2O(l) Na+(aq) + NO3-(aq)
Processo:___________
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Experiência nº 4

 Em um tubo de ensaio, adicionar, com pipeta, 1 mL da solução de HCl. Com o termômetro,


observar a temperatura desta solução. Anotar: T=_____°C

 Em outro tubo de ensaio, adicionar, com pipeta, 1 mL da solução de NaOH. Com o termômetro,
observar a temperatura desta solução. Anotar: T=_____°C

 Misturar as duas soluções. Com o auxílio do termômetro, observar o que ocorre com a
temperatura. Anotar: T=_____°C

Reação:

HCl(aq) + NaOH(aq NaCl(aq) + H2O(l)


Processo:____________
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IFSC - Florianópolis Nota


Disciplina: Química
Professor:
Turma: Data de entrega:
Aluno(s):

Título da prática:__________________________________________________

QUESTÕES

1) Classifique os processos dos experimentos de 1 a 4 em endotérmico ou exotérmico.

Experimento 1
Experimento 2
Experimento 3
Experimento 4

2) Relacione o experimento com o tipo de calor envolvido:


(A) Calor de dissolução ( ) Experimento 1
(B) Calor de neutralização ( ) Experimento 2
(C) Calor de hidratação ( ) Experimento 3
( ) Experimento 4

3) No primeiro experimento, após o aquecimento houve uma alteração na coloração do CuSO4.5H2O(s) . A


que se deve essa alteração de cor?

4) No segundo experimento você dissolveu uma pastilha de hidróxido de sódio em água. Caso fosse
necessário dissolver uma quantidade referente ao dobro da que foi dissolvida, você esperaria que a
temperatura da solução atingisse um valor maior ou menor? Justifique.

5) A dissolução de NaNO3 (nitrato de sódio), no experimento 3, levou a uma variação de temperatura.


Considerando esta variação de temperatura, para dissolver mais nitrato de sódio seria viável aumentar ou
diminuir a temperatura do sistema? Justifique.
78

6) No quarto experimento foi realizada uma reação entre um ácido e uma base. Diga qual o nome deste ácido
e desta base e como se chama esta reação.

7) Represente através de um gráfico de entalpia (eixoY) vs caminho da reação (eixo X) a reação do quarto
experimento, indicando através de patamares de energia onde estão os reagentes e onde estão os produtos.
Leve em consideração se esta reação é endotérmica ou exotérmica. (Utilize quaisquer valores de entalpia, se
necessário).

8) A entalpia da reação realizada no quarto experimento pode ser calculada através da entalpia padrão de
formação das substâncias presentes nesta reação. Através dos valores de entalpia de formação mostrados na
tabela abaixo, calcule a entalpia envolvida na reação de 1 mol de HCl com 1 mol de NaOH.

Substância Entalpia padrão de formação


(Hof) Kj/mol
NaOH -416,9
HCl -92,37
H2O -286
NaCl -411

9) A reação de neutralização entre um ácido forte e uma base forte libera uma quantidade de calor constante e
igual a 58 kJ/mol de H2O formada. Das reações representadas a seguir, apresenta ∆H = -58 kJ/mol a reação:

a) NH4OH + HCl → NH4Cl + H2O b) H2S + NaOH → NaHS + H2O


c) KOH + HCl → KCl + H2O d) H2SO4+ Ca(OH)2→ CaSO4 + 2H2O
e) HCN + CuOH → CuCN + H2O

10) Analise os dados abaixo:


H+(aq)+ OH-(aq)→ H2O(l) ∆H = - 57,7 kJ/mol
Reagindo 2 mol de HCl com 2 mol de NaOH, ambos eletrólitos fortes, qual o calor envolvido nesta reação?
a) Liberação de 57,7 kJ b) Absorção de 57,7 kJ c) Liberação de 28,85 kJ
d) Liberação de 115,4 kJ e) Absorção de 115,4 kJ

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