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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA GERAL E INORGÂNICA

ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL


(Apostila de laboratório)

PROFESSOR:
Sumário

Apresentação 3
Modelo de relatório 4
Regras básicas de segurança no laboratório 6
Materiais básicos de laboratório 17
Experimento 1. Tratamento de dados experimentais 23
Experimento 2. Preparo de soluções simples 31
Experimento 3. Reações químicas 35
Experimento 4. Estequiometria de reações químicas 39
Experimento 5. Raios catódicos e espectros de emissão 43
Experimento 6. Determinação da massa molar do Magnésio 48
Experimento 7. Determinação de propriedades físicas de substâncias puras 51
Experimento 8. Determinação da fórmula molecular de um sal hidratado 56
Experimento 9. Ligações químicas: forças intermoleculares 59
Experimento 10. Fatores que influenciam um equilíbrio químico 63
Experimento 11. Equilíbrio iônico em soluções salinas 67
Experimento 12. Preparo de soluções ácidas e básicas 71
Experimento 13. Padronização de soluções ácidas e básicas 74
Experimento 14. Termoquímica: calor de neutralização 80
Experimento 15. Construção de uma curva de solubilidade 88
Experimento 16. Fatores que influenciam a velocidade de uma reação química 87
Experimento 17. Eletroquímica 92
Experimento 18. Eletrólise 95
Experimento 19. Corrosão 98
Anexos 102

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
APRESENTAÇÃO

As atividades desenvolvidas nas disciplinas experimentais de Química Geral do Departamento de


Química Geral e Inorgânica (DQGI) do Instituto de Química (IQ) da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) visam possibilitar aos alunos trabalharem com autonomia e segurança em um laboratório
de química. Para isso, recomenda-se aos mesmos que leiam com antecedência o roteiro do assunto a ser
abordado na aula e que discutam os aspectos teóricos e práticos relevantes com o professor responsável
pela disciplina. O aluno deve atentar-se a executar apenas os experimentos conforme os guias práticos, ele
nunca deve realizar outro procedimento experimental em aula sem a autorização do professor. Recomenda-
se também, que durante a aula, o aluno discuta com seu grupo de bancada e com o professor acerca da
interpretação dos resultados obtidos a fim de apresentá-los corretamente no relatório do experimento. O
aproveitamento de uma aula prática depende de maneira geral do cumprimento destas recomendações.
Dependendo da atividade prática, os alunos encontrarão as bancadas organizadas ou serão
estimulados a percorrer outras partes do laboratório a fim de selecionar e colher os materiais específicos de
cada experimento, por isso é muito importante, se possível, que cada aluno tenha a apostila em mãos. Desta
forma, o aluno aprenderá a assumir a responsabilidade e desenvoltura no laboratório de química.
As apostilas de Laboratório de Química de Geral do DQGI-IQ-UERJ foram organizadas da seguinte
forma:
• Orientações para elaboração do relatório
• Regras básicas de segurança no laboratório
• Materiais e vidrarias mais comuns utilizados em laboratórios de química
• Roteiro das aulas práticas
• Anexos contendo materiais suplementares para auxiliar o aluno na interpretação dos resultados
obtidos nos experimentos.
Assim, através este material e do convívio em sala de aula, esperamos que nossos alunos tenham um
bom aproveitamento nas disciplinas experimentais de Química Geral que é essencial para sua formação
acadêmica e profissional.

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
MODELO DE RELATÓRIO

O relatório científico é o principal documento para avaliar uma prática de laboratório. Um bom
relatório é aquele onde as ideias são expressas de maneira clara, concisa e em bom estilo de linguagem. A
estrutura básica de um relatório contém os seguintes itens:

❖ CAPA
A parte superior da capa deve conter o nome da instituição, unidade (Instituto de Química) e
departamento (Departamento de Química Geral e Inorgânica). Na parte central deve ser adicionado o título
do experimento, seguido pelo nome completo dos alunos e seus respectivos números de matrícula, nome
do professor e nome da disciplina. Na parte inferior da capa deve ser adicionada a data na qual foi realizado
o experimento.

❖ INTRODUÇÃO
Deve conter o embasamento teórico relacionado ao conteúdo estudado, procurando demonstrar sua
importância e interesse. Inicialmente, o assunto deve ser abordado de forma mais ampla, dando uma
perspectiva geral do problema em estudo. À medida que for progredindo, a introdução deve ir focando
assuntos mais específicos do experimento.

❖ OBJETIVOS
Todos os objetivos e metas a atingir devem ser descritos sucintamente neste item.

❖ PARTE EXPERIMENTAL
Deve conter basicamente dois itens:
1. A descrição dos materiais, equipamentos e reagentes utilizados para realizar o experimento com suas
devidas especificações.
2. O relato do roteiro para realizar o experimento, ou seja, o passo a passo, de tudo o que foi feito
durante a aula prática.

❖ RESULTADOS E DISCUSSÃO
Devem ser apresentados os resultados coletados durante o procedimento experimental. O uso de
esquemas, tabelas, gráficos e figuras são sempre recomendados, pois facilitam a compreensão dos dados
expostos permitindo uma rápida interação e interpretação dos resultados. Uma profunda discussão dos
resultados é fundamental para que o autor demonstre a relevância do trabalho e consequentemente
verifique o seu real aproveitamento. É na discussão que o autor tem a oportunidade de mostrar o sucesso

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
do experimento ou, no caso de o experimento não ter funcionado como esperado, pode-se explicar os
motivos que levaram a isso. Assim, as mudanças macroscópicas observadas devem ser relatadas. As
reações químicas devem ser descritas na forma de equações químicas balanceadas onde figurem os estados
físicos dos reagentes e dos produtos. Os resultados quantitativos devem ser analisados tanto em relação à
precisão quanto à exatidão (peculiaridades do sistema estudado, limitações do método, erros operacionais,
qualidade dos aparelhos de medida, concordância com os valores teóricos ou esperados etc.). Os resultados
qualitativos devem ser explicados com base nos conhecimentos teóricos (leis, propriedades físicas e
químicas etc.).

❖ CONCLUSÕES
Devem conter de forma sucinta os principais resultados do experimento, informando se os objetivos
propostos no experimento foram alcançados integralmente ou parcialmente pelo aluno ou seu grupo de
bancada.

❖ REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A referência bibliográfica é constituída pelos principais livros e artigos técnico-científicos consultados
durante a elaboração do relatório.

Observação: Este modelo de relatório pode conter ainda os itens SUMÁRIO E RESUMO que podem ser
inseridos nesta ordem logo após a primeira página do relatório (CAPA). Isso fica a critério da exigência do
professor. Mas, de forma feral, o SUMÁRIO deve conter um índice que auxilia a encontrar o local exato
de cada item do relatório, devendo conter toda a estrutura do relatório. Já o RESUMO, deve enunciar,
brevemente (no máximo 250 palavras), os tópicos teóricos e o problema estudado, os processos envolvidos
e os principais resultados obtidos na forma de frases curtas e diretas.

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA NO LABORATÓRIO

INTRODUÇÃO

Quando se fala de segurança considera-se uma área que diretamente envolve vida, saúde e condições
ótimas de trabalho de pessoas. Assim, todos devemos nos preocupar com atos que envolvem não somente
a nós mesmos, mas também aos companheiros de trabalho de forma que tenhamos eficiência, produtividade
e qualidade num ambiente seguro de trabalho. É muito importante mostrar como uma pessoa deve proceder
para aumentar as condições de segurança e evitar que ocorram acidentes num ambiente laboratorial. Devido
as condições anormais de pressão, temperatura, agentes tóxicos (corrosivos, combustíveis, explosivos,
materiais perigosos, dentre outros) que ocorrem normalmente nos laboratórios de química, o trabalho nestes
locais pode ser considerado como um dos que apresenta maior risco. A não aplicação das normas de
segurança tem grande chance de transformar o risco em acidente. A Tabela 1 resume algumas características
de cinco tipos de riscos que pode haver num ambiente de trabalho.

Tabela 1. Alguns tipos de riscos de trabalho.

Risco Exemplos Efeitos


Físico Ruídos, vibrações, radiações ionizantes e
Incapacidade temporária ou permanente e
Grupo 1 não-ionizantes, frio, calor, pressões
morte.
Cor Verde anormais, umidade.
Químico Intoxicação aguda ou crônica,
Poeira, fumos, névoas, neblinas, gases,
Grupo 2 afastamento temporário ou definitivo,
vapores e produtos químicos em geral.
Cor Vermelha incapacidade e morte.
Biológico
Vírus, bactérias, protozoários, fungos,
Grupo 3 Afastamento temporário ou definitivo.
parasitas, bacilos.
Cor Marrom
Instabilidade emocional, irritabilidade e
Esforço físico intenso, levantamento e depressão, outras situações causadoras de
transporte manual de peso, exigência de estresse físico e/ou mental, dispersão da
Ergonômico
postura inadequada, controle rígido de atenção, diminuição da percepção,
Grupo 4
produtividade, imposição de ritmos diminuição da capacidade de observação,
Cor Amarela
excessivos, monotonia e repetitividade, lentidão no processo de pensamento,
jornadas de trabalho prolongadas. diminuição do rendimento de trabalho
intelectual.
Arranjo físico inadequado, máquinas e
equipamentos sem proteção adequados,
Acidente ferramentas inadequadas ou defeituosas,
Lesões temporária ou definitiva, choque
Grupo 5 iluminação inadequada, eletricidade,
elétrico e morte.
Cor Azul probabilidade de incêndio/ explosão,
armazenamento inadequado de produtos
químicos, aparelhagem de vidro.

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Pretende-se, portanto, que através da manipulação cuidadosa de materiais, supervisão contínua e bom
senso tenhamos segurança nos laboratórios de química de modo a minimizar os riscos de acidentes em
geral. A ocorrência de acidentes em laboratórios não é tão rara como possa parecer. Com a finalidade de
diminuir a frequência e a gravidade destes eventos, torna-se imprescindível que durante os trabalhos
realizados em laboratório se observe uma série de normas de segurança.

RESPONSABILIDADES

a) Responsabilidade do aluno:
• No laboratório não se deve beber, comer ou fumar.
• Realize somente as experiências prescritas ou aprovadas pelo professor. As experiências não
autorizadas são proibidas. Procure estudar o roteiro das práticas antes de sua realização, desse modo
você saberá os reagentes com os quais terá contato.
• Evitar improvisações, planejando cuidadosamente a operação a executar. Conhecer cada etapa e os
possíveis riscos que a envolvem. Preparar-se para qualquer emergência que possa surgir.
• Se possível não trabalhe sozinho no laboratório, principalmente em operações que envolvem materiais
perigosos.
• Conheça os limites de segurança das substâncias químicas que estão sendo utilizadas: ponto de fulgor,
temperatura de ignição e as consequências que poderão advir se forem atingidos esses limites.
• Conhecer as características toxicológicas e precauções na manipulação.
• Considerar toda substância química como tóxica e proteger-se convenientemente. Ter cuidados
especiais com vapores perigosos, corrosivos e cáusticos.
• Conhecer a localização dos banhos oculares, chuveiros de segurança, equipamento respiratório,
extintores de incêndio, material de combate a incêndio e sua utilização.
• Manter a bancada limpa e livre de materiais estranhos. Limpar imediatamente qualquer projeção de
reagentes. Colocar os resíduos em locais apropriados.
• Nunca leve à boca um produto químico ou uma solução. Evite contato de qualquer substância com
a pele. Seja particularmente cuidadoso quando manusear ácidos e bases concentrados.
• NUNCA pipetar com a BOCA.
• Quando for testar algum produto químico pelo odor, não coloque o frasco sob o nariz. Desloque
com a mão para a sua direção os vapores que se desprendem do frasco.
• Dê tempo suficiente para que o vidro quente resfrie. Lembre-se de que o aspecto do vidro quente
é semelhante ao vidro frio.
• Informe ao professor qualquer acidente ocorrido, mesmo que não provoque danos materiais ou
físicos.

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• O uso de substâncias voláteis, tóxicas ou irritantes, deve ser sempre efetuado na capela com exaustor
ligado. Nunca deixe um frasco contendo substâncias inflamáveis próximos à chama.
• Utilizar equipamentos de proteção individual. É preferível proteger-se excessivamente do que
insuficientemente.
• É obrigatório o uso de guarda-pó, óculos de segurança, calça comprida e sapato fechado. É
terminantemente proibido o uso de bermudas e sandálias no laboratório. Os cabelos compridos
deverão estar sempre amarrados. Trabalhar sempre que possível com luvas de proteção.
• Não use lentes de contato quando estiver no laboratório, mesmo que esteja usando óculos de
proteção.
• Não usar roupas desamarradas, gravatas, anéis, relógio de pulso, cabelos longos e soltos ao trabalhar
próximo de máquinas em movimento e na execução de trabalhos no laboratório.
• Sempre que realizar a diluição de um ácido concentrado, adicione-o lentamente, com agitação
sobre a água, e nunca o contrário.
• Dedique especial atenção a qualquer operação que necessite aquecimento prolongado ou que desenvolva
grande quantidade de energia.
• Ao aquecer um tubo de ensaio contendo qualquer substância, não volte a extremidade aberta do
mesmo para si ou para uma pessoa próxima.
• Ao introduzir rolhas de vidro, umedeça-os convenientemente e enrole a peça de vidro numa toalha para
proteger as mãos.
• Tomar cuidado com respingos dos quais poderão resultar queimaduras.
• As substâncias não utilizadas, nunca devem retornar ao frasco de origem. Por isso, evite o
desperdício de material durante a execução da aula prática.
• Não jogue nenhum material sólido dentro da pia ou nos ralos.
• Solventes inflamáveis com ponto de ebulição inferior a 100ºC devem ser destilados ou aquecidos
em banho-maria e nunca no bico de Bunsen.
• Verificar o funcionamento da aparelhagem antes de iniciar a operação.
• Pedir auxílio do Professor ou do técnico de laboratório se não estiver perfeitamente familiarizado com
o equipamento a ser utilizado.
• Retornar ao local apropriado todo material que tiver sido usado. Rotular e armazenar todos os frascos de
maneira segura.
• Não utilize reagentes não rotulados.
• Se ocorrer emergência, evitar o pânico e agir de maneira controlada e rápida para combatê-la.
• Levar ao conhecimento do superior qualquer irregularidade observada que possa vir a provocar situações
perigosas, bem como, relatar os acidentes ocorridos.

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• Ao se retirar do laboratório, verifique se não há torneiras de água ou de gás abertas. Desligue
todos os aparelhos, deixe todo equipamento limpo.
• Sempre, ao sair do laboratório, lave bem as mãos, arrume sua bancada e lave o material utilizado.

b) Responsabilidade do Professor:
• Providenciar treinamento para o trabalho no laboratório, primeiros socorros e combate a incêndio.
• Divulgar notas e recomendações de segurança.
• Determinar o uso de equipamento de proteção geral e individual e sua manutenção em boas condições.
• Promover reuniões sobre segurança.
• Elaborar relatórios sobre acidentes.
• Tomar conhecimento das causas de acidentes e divulgá-las, acompanhando-as e dando instruções para
evitar ocorrências de mesma natureza.
• Proceder às inspeções periódicas (fiscalização permanente).
• Manter em condições os estojos de emergências para primeiros socorros e outros equipamentos de
emergências.

c) Responsabilidade da UERJ:
• Fixar diretrizes gerais para uma política de segurança.
• Prover os recursos materiais, o efetivo exercício dessa política ou de uma prática de segurança e
prevenção de acidentes consubstanciados em projeto adequado; instalações seguras; disponibilidade de
equipamentos de segurança (coletivo e individual) e disponibilidade de equipamentos de emergências e
apoio a programas de treinamentos.

CORES DE TUBULAÇÕES

A norma para identificação de canalizações tem por objetivo fixar cores fundamentais a serem usadas
para canalizações (canos, encanamentos ou tubulações) empregadas nos laboratórios para condução de
líquidos, gases e vapor a fim de facilitar a sua identificação e evitar acidentes. A Tabela 2 mostra a
identificação por cores de algumas canalizações de acordo com a Norma Regulamentadora No. 26 (NR-
26), portaria MTE 704, de 28/05/2015 do Ministério do Trabalho e Previdência. As cores fundamentais
adotadas devem ser aplicadas preferencialmente em toda a extensão das canalizações.

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Tabela 2 Tubulações comumente presentes em laboratório de química e suas cores de identificação.
Tubulação Cor Tubulação Cor
Água Vermelho Inflamáveis de alta
Água potável Verde viscosidade (óleo
Preto
combustível e
Ar comprimido Azul
lubrificante)
Gases não liquefeitos Amarelo
Ácidos Laranja Gases liquefeitos e
Álcalis Lilás inflamáveis de baixa
Alumínio
Vácuo Cinza claro viscosidade (óleo diesel
Eletrodutos Cinza escuro e gasolina)
Vapor Branco

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

É todo meio ou dispositivo de uso pessoal, destinado a proteção pessoal no exercício de suas funções.
É representado por um vestuário e um conjunto de utensílios especiais de uso individual com o intuito de
proteger uma pessoa contra os efeitos de elementos exteriores perigosos, nocivos, incomodativos ou
insalubres.
Dentre os equipamentos mais utilizados em um laboratório de química, podemos destacar:
a) Óculos de proteção - oferecem proteção apenas para os olhos, onde é necessário proporcionar ao usuário
visão transparente, sem distorções e opacidade. Os mais usados são óculos contra corrosivos, de cobertura,
de fundidor e os comuns com anteparo lateral.
b) Máscaras faciais ou face Shields - oferecem melhor proteção pois, além dos olhos, protegem toda face
contra os perigos dos respingos de substâncias fundidas e potencialmente corrosivas e tóxicas.
c) Calçados e calça comprida – oferecem proteção aos membros inferiores, sendo proibido o uso de
bermudas e sandálias (ou sapatos de panos), onde os pés e as pernas ficam desprotegidos ou pouco
protegidos.
d) Luvas - o uso de luvas apropriadas, de material resistente e compatível com as substâncias e materiais
manuseados podem proteger as mãos e os dedos contra incisões, arranhões, queimaduras e escoriações. Os
tipos mais comuns de luvas e suas funcionalidades estão listadas abaixo:
• De amianto: protegem principalmente contra queimaduras;
• De borracha, neoprene e vinil: são usadas no manuseio de produtos químicos e corrosivos (veja a
Tabela 3);
• Com grampos ou rebites na palma e dedos: são usadas em fundições e também em siderúrgicas;

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• De lonas banhadas de látex ou plástico: protegem contra substâncias químicas de concentração
moderada.

Tabela 3 Tipos de luvas para o manuseio de substâncias químicas.


Borracha Borracha de
Substância Neoprene PVC PVA
natural butadieno
Acetaldeído E E NR NR NR
Ácido acético E E NR NR B
Acetona E B NR NR NR
Benzeno NR NR NR E NR
Butanol E E NR NR E
Dissulfeto de carbono NR NR NR E B
Tetracloreto de
NR NR NR E B
carbono
Clorofórmio NR NR NR E B
Formaldeído E E E NR E
Ácido clorídrico B E E NR E
Metil etil cetona B NR NR NR NR
Fenol E E B B NR
Tolueno NR NR NR B NR
Xileno NR NR NR E B
E = Excelente; B = Bom; NR = Não Recomendado.

e) Jaleco – Deve ser confortável, feito de tecido resistente e de manga comprida. Deve ser usado
permanentemente fechada e, em caso de emergência, ser facilmente retirado. São fabricadas com materiais
específicos para o tipo de proteção necessário, empregando por exemplo tecidos de algodão, lonas
resistentes ao fogo, couro, materiais impermeáveis, fibras sintéticas ou lã no qual a roupa comum não
ofereceria proteção suficiente contra certas lesões e substâncias.

PRODUTOS QUÍMICOS E SEUS EFEITOS

Gases
a) Gases irritantes
Cloro (Cl2) – Em concentração na faixa de 3 a 6 ppm já é considerado extremamente irritante para a pele,
olhos, nariz, faringe e vias aéreas. Em grandes concentrações causa edema pulmonar.
Bromo (Br2) - Causa tosse, hemorragia nasal, tontura e dor de cabeça. Após horas de exposição, pode
causar dores estomacais, diarreia e erupção na pele.
Iodo (I2) - Causa irritação dos pulmões (edema pulmonar), irritante para os olhos e pálpebras (inchaço).
No caso de exposição prolongada, causa nervosismo e perda de peso (ação do iodo na tiroide).

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Amônia (NH3) - Causa irritação aos olhos (lesão da córnea). Na pele úmida causa grandes queimaduras,
nos pulmões atua de forma a provocar edema pulmonar.

b) Gases asfixiantes
Monóxido de carbono (CO) - É um gás incolor e inodoro. Ao atingir o sangue, impede que o cérebro
receba a quantidade de oxigênio necessário, levando o indivíduo à morte.
Cianeto de hidrogênio (HCN) - É o gás mais venenoso conhecido e de ação extremamente rápida. O HCN
se combina com as enzimas no tecido associadas à oxidação celular, tornando o oxigênio indisponível para
os tecidos e causando a morte por asfixia.
Cianeto de sódio (NaCN), cianeto de potássio (KCN), cianeto de cobre (CuCN) e cianeto de cálcio
Ca(CN)2 - Quando absorvidos, agem no organismo tão violentamente quanto o HCN, podendo afetar o
sistema respiratório, cardiovascular e o sistema nervoso central.

c) Gases não-irritantes
Não apresentam efeito irritante, mas são potencialmente tóxicos. São exemplos: sulfeto de hidrogênio
(H2S) e hidrocarbonetos aromáticos (cancerígenos).

A Tabela 4 mostra alguns exemplos do grau de periculosidade de gases importantes que são utilizados
rotineiramente em trabalhos de laboratórios.

Tabela 4 Grupos de risco dos gases.


Grupo Periculosidade Gases
Não-inflamáveis, não- ar sintético, argônio, dióxido de carbono, hélio, neônio,
I
corrosivos e de baixa toxidez. nitrogênio, óxido nitroso e oxigênio.
Inflamáveis, não-corrosivos e Acetileno, butano, cloreto de metila, hidrogênio, metano,
II
de baixa toxidez. propano, gás natural e etano.
Inflamáveis, corrosivos e Sulfeto de hidrogênio, monóxido de carbono, brometo de
III
tóxicos. metila, dimetilamina, óxido de etileno e cloreto de metila.
Amônia, cloro, flúor, tetracloreto de boro, brometo de
Tóxicos e/ou corrosivos e não
IV hidrogênio, cloreto de hidrogênio, dióxido de enxofre e
inflamáveis.
fluoreto de hidrogênio.
V Espontaneamente inflamável. Silano.
Arsina, cloreto de nitrosila, fosfina, óxido nítrico, cianogênio,
VI Muito venenosos.
dióxido de nitrogênio, fosgênio e seleneto de hidrogênio.

Substâncias químicas orgânicas


Metanol - É extremamente tóxico se ingerido, afetando o sistema nervoso, causando náuseas, dor de
cabeça, cegueira, delírio e morte.

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Etanol - É menos tóxico que o anterior, mas em grandes quantidades, torna-se letal, causando lesões no
fígado e outros órgãos.
Butanóis - Provocam irritação nos olhos, podendo causar conjuntivite e irritação na pele.

Produtos ácidos e alcalinos


Hidróxido de sódio (NaOH) e hidróxido de potássio (KOH) - São substâncias químicas potencialmente
cáusticas tanto na forma sólida quanto em solução líquida concentrada. São mais corrosivos do que a
maioria dos ácidos, formando queimaduras gelatinosas, que são profundas e dolorosas, além disso, quando
em contato com os olhos, podem causar cegueira.
Carbonato de sódio (CaCO3), peróxido de sódio (Na2O2) e silicato de sódio (Na2SiO3) - São substâncias
moderadamente cáusticas e devem ser manuseadas atentando-se para as devidas regras de segurança.
Fluoreto de hidrogênio (HF) - É uma das substâncias químicas mais perigosas. Ele é potencialmente
irritante e muito corrosivo. Age nas membranas do trato respiratório e da pele. Em geral, quando
concentrado, causa queimaduras imediatamente dolorosas. Mas, as queimaduras causadas por soluções
diluídas são menos severas se não forem tratadas adequadamente.
Ácido clorídrico (HCl) - Sob a forma de solução é uma substância altamente corrosiva. Seus vapores são
extremamente irritantes para o trato respiratório. A exposição prolongada pode causar erosão dos dentes,
úlceras da boca, pele e gengivas e perfuração do septo nasal.
Ácido sulfúrico (H2SO4) - É uma das substâncias mais usadas no laboratório de química. É muito volátil
quando concentrado, desprendendo o gás trióxido de enxofre (SO3) e névoa de ácido sulfúrico. Ambos são
fortemente irritantes para as vias aéreas. O SO3 é asfixiante sob a forma de solução. O H2SO4 é corrosivo
da pele e dos dentes.
Ácido nítrico (HNO3) - É extremamente corrosivo, ataca os olhos, a pele e mucosas. O dióxido de
nitrogênio (NO2) também é altamente tóxico, e exposição a altas concentrações pode causar grave doença
pulmonar.

Metais
Arsênio (As) - É altamente tóxico, irrita os olhos causando lesão na córnea. Afeta os nervos das mãos e
dos pés, resultando em perdas sensoriais. A arsina (AsH3 - produzida pela reação de ácidos fortes com
impurezas do arsênio) é extremamente tóxica, causando lesões no coração, cérebro e rins.
Cádmio (Cd) - É extremamente tóxico. Os sintomas de intoxicação são: garganta seca e ardida, tosse,
tensão ou dor no peito (especialmente quando inalado), náuseas, vômito, arrepios, febre e dor de cabeça.
Chumbo (Pb) - Também é um metal que causa intoxicações. Os sintomas mais comuns de intoxicação por
Pb são insônia, fadiga e constipação intestinal.
Mercúrio (Hg) - É o único metal líquido, extremamente tóxico. Os recipientes contendo mercúrio não
devem permanecer abertos. Os sais de mercúrio também são altamente tóxicos. O mercúrio pode ficar retido

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
nos rins, mas os seus efeitos mais impressionantes são sobre o sistema nervoso. Outros problemas também
estão associados à intoxicação pelo metal, tais corno: ansiedade, depressão, confusão mental e suor
excessivo.

MISTURAS PROIBIDAS

A Tabela 5 mostram as substâncias químicas que não podem ser misturadas pois podem causar
explosões, incêndios e asfixia.

Tabela 5 Substâncias químicas que não devem ser misturadas (A + B = PROIBIDO).


Substância A Substância B
Ácido crômico, ácido nítrico, ácido perclórico, glicóis (compostos
Ácido acético
hidroxilados), peróxidos e permanganatos.

Ácido acético, ácido crômico, ácido cianídrico, anilina, carbono e


Ácido nítrico
substâncias que podem ser nitradas facilmente.
Acetona Misturas de ácidos nítrico e sulfúrico concentrados.
Acetileno Flúor, bromo, cloro, cobre, prata, mercúrio e seus compostos.
Ácido sulfúrico Cloratos, percloratos, permanganatos e água.
Amônia (gás) Mercúrio e halogênios.
Ácido acético, naftaleno, cânfora, álcool, glicerina e outros líquidos
Ácido crômico
inflamáveis.
Ácido cianídrico Ácido nítrico, outros ácidos e substâncias alcalinas.
Ácido fluorídrico Amônia (gás ou solução aquosa).
Amônia, acetileno, buteno, butano e outros gases de petróleo, hidrogênio,
Bromo
benzina e metais em pó fino.
Carbureto de cálcio Água (há formação de acetileno).
Carvão ativo Hipoclorito de cálcio.
Cobre Acetileno, água oxigenada, azidas.
Amônia, acetileno, butadieno, benzeno e outras frações leves do petróleo,
Cloro
hidrogênio e metais em pó fino.
Cianetos de sódio e
Ácidos e álcalis.
potássio
Hidrocarbonetos Flúor, cloro, bromo, ácido crômico, peróxido de sódio.
Iodo Acetileno, amônia, hidrogênio.
Alcalinos e alcalinos
Gás carbônico, tetracloreto de carbono, água, hidrocarbonetos clorados.
terrosos
Mercúrio Acetileno, hidrogênio

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Nitrato de amônia Ácidos, metais em pó, fluidos inflamáveis, nitratos e enxofre.

Oxigênio Óleos e graxas, hidrogênio, inflamáveis (líquidos, gases e sólidos).

Ácido oxálico Prata e mercúrio.

Abilina Ácido nítrico, peróxido de hidrogênio.


Cobre, bromo, cromo, ferro, quase todos os metais e seus sais
Peróxido de hidrogênio
respectivamente, líquidos inflamáveis e nitrometano.
Halogênios Amoníaco, acetileno e hidrocarbonetos.

Azida Sódica Chumbo, cobre e outros metais.

Pentóxido de fósforo Água.

Sulfeto de hidrogênio Ácido nítrico, gases oxidantes fumegantes.


Nitrato de amônia, ácido crômico, peróxido de hidrogênio, ácido nítrico,
Líquidos inflamáveis
peróxido de sódio, halogênios.

ALGUNS PRIMEIROS SOCORROS

• Ferimento com corte deve ser limpo com soro fisiológico e desinfetado com água oxigenada (5 %).
• Para queimaduras por aquecimento deve-se embeber em algodão com álcool e aplicar na região afetada.
• Casos de queimaduras graves devem ser encaminhados para atendimento médico.
• Queimaduras na pele por ácido devem ser lavados exaustivamente em água corrente.
• Queimaduras por ácido nos olhos devem ser lavados com água e em seguida com solução de bicarbonato
de sódio (1 %).
• Queimaduras com álcalis nos olhos devem ser lavados com água e em seguida com solução de ácido
bórico (10 %).
• Casos de intoxicação ou envenenamento devem ser encaminhados para atendimento médico.

DESCARTE DE MATERIAL

Material de vidro quebrado - Qualquer material de vidro quebrado, rachado ou trincado deverá ser
descartado. Na impossibilidade de se descartar o material por ser indispensável a atividade, é preciso que o
mesmo seja consertado por pessoal qualificado (vidreiro). No caso de perda total o recolhimento do material
e a limpeza da área envolvida devem ser feitos com extremo cuidado utilizando pás e vassoura e se
necessário, luvas. A utilização de EPI é importante e obrigatória.
Materiais viscosos (polímeros, tintas, graxas, asfaltos dentre outros) - Não devem ser descartados em
pias comuns, e sim em latas ou recipientes apropriados.
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Corrosivos e combustíveis - Em quantidades até 100 ml, podem ser descartados na pia com água corrente.
Em quantidades maiores devem ser colocados em recipientes de vidro protegidos com tampa de latão.
Produtos químicos e reagentes - Devem ser acondicionados convenientemente antes de serem
descartados.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Carvalho, P. R. Boas práticas químicas em biossegurança. Editora Interciência, Rio de. Janeiro, 2013.
Bessler, K. E.; Neder, A. V. F. Química em Tubos de Ensaio: uma abordagem para principiantes, 3ª Edição.
Editora Blucher, São Paulo, 2018.

16
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
MATERIAIS BÁSICOS DE LABORATÓRIO

INTRODUÇÃO

A execução de qualquer experimento de química envolve geralmente a utilização de uma variedade


de equipamentos de laboratório, a maioria muito simples, porém com finalidades específicas. O emprego
de um dado equipamento ou material depende dos objetivos e das condições em que a experiência será
executada. Para isto, os alunos deverão desenvolver a habilidade no manuseio de reagentes e aparelhagens,
além de criar condições para uma avaliação crítica dos experimentos realizados.

MATERIAIS DE LABORATÓRIO

(1) Balança - As substâncias químicas não devem ser


(1) colocadas diretamente sobre os pratos da balança, e sim
sobre papel apropriado ou num recipiente qualquer como
béquer, vidro de relógio ou cápsula de porcelana,
previamente tarados. A balança analítica é usada
especialmente na determinação de massas em análises
químicas de determinação da quantidade
absoluta ou quantidade relativa de um ou mais
Balança Balança elementos de uma amostra, sua precisão pode ser
Analítica Semi Analítica de 0,0001g. A balança semi-analítica se destina à análise
de determinada grandeza sob certas condições
ambientais, são frequentemente utilizadas em laboratórios
de química, indústria farmacêutica ou meio acadêmico,
sua precisão é de até 0,001g.

(2) Tubos de ensaio – São tubos de vidro cilíndricos e de uma maneira geral podem ter vários tamanhos.
São utilizados em reações de reconhecimento e demonstrações rápidas.
(3) Placa de Petri – Pode ser usada para realizar ensaios e outras finalidades.
(4) Vidro de relógio – Usado normalmente para cobrir béqueres contendo soluções e outras finalidades.
(5) Béquer – Muito utilizado para o preparo e aquecimento de soluções, para filtrações etc. Não é um
instrumento medidor.
(6) Erlenmeyer – Usado para titulações e aquecimento de líquidos.
(7) Balão de fundo chato – Usado principalmente para armazenar líquidos.
(8) Balão volumétrico – Recipiente calibrado, de precisão, destinado a conter um determinado volume de
líquido, a uma determinada temperatura. Utilizado no preparo de soluções de concentrações definidas.
17
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
(3)
(2)

(4)

(5) (7) (8)


(6)

(9) Proveta – É um recipiente utilizado para medição volumétrica e pode ser usado quando não se precisa
de uma precisão maior que 0,5 %. Geralmente recomenda-se que a capacidade de uma proveta usada não
seja maior que dez vezes o volume a ser medido.
(10) Funil de vidro – Pode ser usado para filtração simples e dependendo do formato são classificados
como qualitativo ou quantitativo.
(11) Funil de Büchner – É um funil de fundo perfurado, utilizado para filtração à vácuo (pressão reduzida).
(12) Funil para sólidos – Sua perfuração é mais larga.
(13) e (14) Funil de decantação – Possui uma torneira em sua parte inferior e uma rolha na parte superior.
É usado para separação de líquidos imiscíveis.

(9)
(10) (11) (12)

(14)
(13)

(15) Kitassato – Tem a forma de um Erlenmeyer, diferindo deste por apresentar uma saída lateral que é
conectada urna mangueira de borracha ligada à urna bomba de vácuo ou trompa d’água.

18
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
(16) Dessecador – É usado para guardar substâncias higroscópicas, protegendo-as contra a umidade do ar.
Em sua parte inferior possui uma substância dessecante que é capaz de absorver a umidade do ar (sílica gel,
cloreto de cálcio).
(17) Cuba ou Cristalizador – É um recipiente de vidro, largo e baixo a fim de facilitar a evaporação do
líquido e a consequente cristalização do sólido ou para conter misturas refrigerantes.

(15) (16) (17)

(18) Bureta – é um equipamento calibrado para medida precisa de volume de líquidos, permitindo o
escoamento do líquido lentamente. É usado em titulações volumétricas.
(19) Pipeta volumétrica – É usada para medir e transferir uma quantidade fixa de volume. Nunca devemos
usar para medir volumes de líquidos tóxicos, voláteis ou cáusticos. Elas podem ser:
(20) Pipeta Graduada – É usada para medir e transferir quantidades variadas de volumes.
Observação: Nunca devemos usar as pipetas para medir volumes de líquidos tóxicos, voláteis ou cáusticos.
(21) Termômetro

(19) (20) (21)

(18)

(22) Caçarola e (23) capsula de porcelana – São utilizadas para aquecimento direto de uma solução,
evaporando parte do seu conteúdo líquido ou levando-a até a secura.

19
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
(24) Cadinho e (25) Gooch – São recipientes para calcinar substâncias sólidas. É levado ao fogo ficando
apoiado sobre uma (26) tela de amianto. Podem ser também a base de níquel ou platina.
(27) Almofariz e (28) pistilo – São utilizados para trituração e pulverização de uma substância sólida.

(23) (25) (27)


(22) (24)

(28)
(26)

(29) Suporte, (30) mufa e (31) garra – São usados para montar aparelhagens em geral.
(32) Argola – É usada como suporte para o funil de vidro ou tela de amianto.
(33) Tripé – É usado como suporte para telas de amianto e triângulos de porcelana.
(34) Pinça metálica – São usadas para segurar objetos aquecidos.
(35) Pinça de Mohr e (36) pinça de Hofmann – Usado para impedir ou reduzir o fluxo de fluidos por
tubos de borracha.
(37) Triângulo de ferro com porcelana – É usado para suportar cadinhos em aquecimento.
(38) Espátulas – São usadas para a transferência de substâncias sólidas.
(39) Estufa – Usada para esterilização e secagem de materiais e reagentes.
(40) Mufla ou forno elétrico – Usado na calcinação à temperatura elevada.
(41) Manta elétrica – Usada no aquecimento de líquidos inflamáveis e deve ser usada com balão de fundo
redondo.
(42) Centrífuga – Utilizada para acelerar a sedimentação de sólidos em suspensão em um líquido.
(43) Suporte para tubos de ensaio.
(44) Pinça de madeira – Usada para segurar tubos de ensaio.
(45) Pisseta – Frasco geralmente contendo água destilada, água deionizada, álcool ou outros solventes.
(46) Frasco conta-gotas – Normalmente utilizado com soluções de indicadores.
(47) Pró-pipete ou pipetador de borracha (pera) – Instrumento de borracha usado para aspirar e evacuar
líquidos contidos em pipetas lentamente e com segurança.

20
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
(32)
(30) (33)
(29)

(31)

(35) (36)
(34)

(37)

(38)

(39)
(40)

(42)
(41)

(43)
(47)
(45)
(46)

(44)

21
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
(48) Bico de Bunsen – É uma fonte direta de calor. Somente
algumas vidrarias podem ser aquecidas diretamente na chama (por
exemplo, tubos de ensaio e cadinhos de porcelana); outras podem
ser aquecidas indiretamente em banho-maria ou um béquer sobre
uma tela de amianto. Proveta, balão volumétrico, pipetas e
buretas nunca devem ser aquecidas. Para manusear um bico de
gás típico deve-se seguir as seguintes operações:
1°) Abra ligeiramente a válvula geral e a válvula de entrada de gás
que fica na bancada;
2°) Regule o dispositivo de entrada de ar de forma que fique meio
aberto;
3°) Acenda um fósforo;
4°) Abra a válvula que permite o acesso do gás ao queimador,
aproximando o palito de fósforo aceso na extremidade do
queimador;
5°) Ajuste a altura da chama regulando a entrada de ar
6°) Ajuste a cor da chama regulando a entrada de ar (uma chama
(48) azul no formato de um cone é a mais adequada).

REAGENTES – FRASCOS DE REAGENTES

Os reagentes químicos são guardados em frascos de vidro ou de plástico tampados e rotulados.


Quando qualquer frasco de reagente for aberto, deve-se colocar a sua tampa na mesa sobre um papel toalha,
virada para cima. Após o reagente ser usado, deve-se tampar o frasco novamente.
Uma porção qualquer de reagente, retirada do frasco de estoque, jamais deve retornar ao mesmo. O
aluno deve aprender a estimar a quantidade que necessita, retirando dos frascos de reagente somente o
necessário, evitando desperdícios.
No caso de reagentes sólidos, uma espátula é usada para retirar um reagente de um frasco. A mesma
espátula só poderá ser usada para manipular outro reagente se ela for devidamente lavada e seca.
Finalmente, deve-se verter o reagente líquido a ser medido em um pequeno béquer limpo e seco, para
depois ser transferido ou pipetado. Não se devem introduzir pipetas, conta-gotas etc., em frascos de estoque
ou de origem. Para transferir um líquido para um recipiente qualquer se deve segurar o frasco de maneira
que a mão tampe o rótulo e inclinar o frasco para o lado oposto ao do rótulo. Deste modo, se algum líquido
escorrer pelas paredes externas do frasco, não estragará o rótulo, mas se tal ocorrer deve-se limpá-lo
imediatamente.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Almeida, M. F. C. Boas Práticas de Laboratório. Editora Senac. Rio de Janeiro, 2013.

22
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIÊNCIA 1. TRATAMENTO DE DADOS EXPERIMENTAIS

1.1 INTRODUÇÃO

Na Tabela 1.1 são mostrados três conjuntos de dados obtidos por diferentes alunos de uma turma de
laboratório de química ao analisarem a quantidade de cobre numa mesma amostra de mineral.

Tabela 1.1 Quantidade de cobre determinada numa amostra de mineral.


Aluno % Cu(II)
A 0,56 0,55 0,59 0,58
B 0,53 0,61 0,49 0,65
C 0,68 0,67 0,66 0,53

Destes 12 resultados qual é o valor real? A verdade é que não sabemos; qualquer um deles pode estar
correto. Como podemos escolher? Poderíamos fazer nossa seleção com base na autoridade de alguém, no
que a maioria de nossos colegas sugere ou no que o costume exige, mas qualquer seleção desse tipo não
pode ser científica. Existem apenas duas afirmações que podem ser feitas sobre a amostra que têm alguma
base de fato, são elas:
1. A amostra não contém mais de 100% Cu, nem menos de 0% Cu. (Tal afirmação pode parecer
ridiculamente óbvia, mas é a única afirmação absolutamente certa que pode ser feita sobre o conteúdo de
Cu.)
2. Parece que a porcentagem de Cu está em algum lugar entre 0,49 e 0,68. (Esta afirmação, no entanto,
deve ser feita com cautela porque outra determinação pode dar um resultado totalmente diferente.)
Na ausência de qualquer ideia de qual seja a análise mais correta, como tal análise pode ser estimada?
A resposta desta pergunta deve ser baseada na forma como os dados foram relatados.
Durante a execução de qualquer experimento de química, é importante que o aluno aprenda como
lidar com uma variedade de equipamentos de laboratório, a maioria muito simples, porém com finalidades
específicas. O emprego de um dado equipamento ou material depende dos objetivos e das condições em
que a experiencia será executada. Além disso, o trabalho experimental deve ter seus resultados expressos
corretamente. Para isso, será feita uma apresentação sucinta de alguns tópicos importantes para auxiliá-lo
nesta tarefa.

1.1.1 Medidas, exatidão e precisão

Os dados obtidos através de medidas envolvem o sistema dimensional em estudo, o instrumento


medidor (graduado ou não) e o observador que opera a medida. Todas as medidas estão sujeitas a um certo
grau de incerteza, e podem diferir do valor de referência X e dos valores individuais xi entre si.

23
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
A exatidão de uma medida é a correspondência feita no experimento. Indica o grau de dispersão do
resultado e está associada a reprodutibilidade da medida.
A precisão é a concordância entre as várias medidas feitas no experimento. Indica o grau de dispersão
do resultado e está associada à reprodutibilidade da medida.
A Figura 1.1 mostra quatro séries de medidas (a, b, c e d) de uma grandeza física: cada série consta
de cinco medidas. O círculo menor central indica o valor mais provável ou o valor de referência X que
permite avaliar a exatidão de cada série de medidas.

Figura 1.1 Exatidão e precisão de medidas de uma grandeza física qualquer.

1.1.2 Definições quantitativas

Em uma série de n medidas repetidas da mesma grandeza física, os valores observados (xi) não são
idênticos: eles diferem apreciavelmente entre si e situam-se dentro de uma faixa de dispersão, centrada em
torno de um valor médio (𝑥̅ ), obtido pela média aritmética das medidas (Eq. 1.1):

𝑥1 +𝑥2 +⋯+ 𝑥𝑛 1
𝑥̅ = = ∑𝑖=𝑛
𝑖=1 𝑥𝑖 (1.1)
𝑛 𝑛

O parâmetro mais usado para avaliar a dispersão é o desvio padrão (s), definido pela Eq. 1.2 e, pode
ser calculado com o auxílio de uma calculadora cientifica.

𝑠 = √∑𝑖(𝑥𝑖 − 𝑥̅ )2 /(𝑛 − 1) (1.2)

O desvio padrão relativo (srel) ou o desvio padrão relativo percentual (s%) é utilizado para comparar
a precisão dos resultados. Quanto menor o desvio, maior a precisão.

𝑠 𝑠
𝑠𝑟𝑒𝑙 = ou 𝑠% = x100 (1.3)
𝑥̅ 𝑥̅

24
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Para uma única medida, o desvio é fornecido pelo fabricante do aparelho ou, na ausência, por
convenção, é a metade da sensibilidade do aparelho.
Alguns exemplos:

Exemplo 1) Capacidade (medida total) da bureta e da proveta do laboratório:

0,05𝑚𝐿
𝑉𝐵𝑢𝑟𝑒𝑡𝑎 = (50,00 ± 0,05) 𝑚𝐿 → 𝑠𝑟𝑒𝑙 = 50,00𝑚𝐿 = 0,001 ou 𝑠% = 0,1%

0,5𝑚𝐿
𝑉𝑃𝑟𝑜𝑣𝑒𝑡𝑎 = (100,00 ± 0,5) 𝑚𝐿 → 𝑠𝑟𝑒𝑙 = 100,00𝑚𝐿 = 0,005 ou 𝑠% = 0,5%

Conforme mostrado, em relação à capacidade conclui-se que a proveta de 100 mL possui maior desvio
relativo e, portanto, é menos precisa.

Exemplo 2) A mesma medida efetuada em duas provetas diferentes:

Medida feita numa proveta de 100,00 mL: 𝑉1 = (3,00 ± 0,5) 𝑚𝐿 → 𝑠𝑟𝑒𝑙 = 2 𝑥 10−1 ou 𝑠% = 20%

Medida feita numa proveta de 10,00 mL: 𝑉2 = (3,00 ± 0,05) 𝑚𝐿 → 𝑠𝑟𝑒𝑙 = 2 𝑥 10−2 ou 𝑠% = 2%

A medida V2, operando-se com os devidos algarismos significativos, é 10 vezes mais precisa que a medida
V1, conforme calculado.

Numa série de medidas, para cada resultado individual (e para a média) há uma diferença finita entre
o valor observado (xi) e o valor de referência (X), esta diferença é o erro da medida. O erro ou desvio
absoluto da medida é definido por:

𝐸𝑟𝑟𝑜 = (𝑥𝑖 − 𝑋) (1.4)

Muitas vezes, calcula-se o erro absoluto pela diferença entre o melhor valor (𝑥̅ ) e o valor de referência
(X), conforme a Eq. 1.5.

𝐸𝑟𝑟𝑜 = (𝑥̅ − 𝑋) (1.5)

Contudo, é mais significativo expressar o erro em termos relativos, comparando a sua amplitude com
o valor de referência. O erro relativo, definido de acordo com a Eq. 1.6, é adimensional.
𝐸𝑟𝑟𝑜
𝐸𝑟𝑟𝑜𝑟𝑒𝑙 = ou 𝐸𝑟𝑟𝑜% = 𝐸𝑟𝑟𝑜𝑟𝑒𝑙 x100 (1.6)
𝑋

Desta forma, o erro é a medida inversa da exatidão: quanto menor o erro, maior a exatidão.

25
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
1.1.3 Algarismos significativos e notação científica

Algarismos significativos são usados para exprimir a exatidão das medidas. Se dissermos que uma
mesa mede 102 cm, isto indica que a medida é expressa em centímetro; se indicarmos 102,4 cm, a medida
está expressa em décimo de centímetro. No primeiro caso temos 3 algarismos significativos e no segundo
temos quatro. O termo “significativos” se refere apenas aos dígitos permitidos pelo instrumento medidor.
Em números menores que a unidade (ou seja, 1) os zeros que aparecem antes do primeiro algarismo
diferente de zero não são algarismos significativos.
Em números com muitos algarismos, os zeros finais, posteriores a um algarismo diferente de zero,
podem ou não ser significativos, dependendo da exatidão do instrumento utilizado para se fazer a medida.
Esta ambiguidade pode ser evitada expressando-se a medida em notação cientifica, ou seja, utilizando
potencias de base 10. Exemplos:

Grandeza Física Notação Cientifica N° de Algarismos Significativos


0,0062 g 6,2 x 10-3 g 2
0,62000 g 6,2000 x 10-1 g 5
20,010 g 2,0010 x 101 g 5
125000 U 1,2500 x 105 U 5
125000 U 1,250 x 105 U 4
125000 U 1,25 x 105 U 3
* U é unidade registrada no aparelho medidor

1.1.4 Operações envolvendo algarismos significativos

Em operações de adição e subtração, o resultado deve ter o número de dígitos à direita da vírgula
igual ao da parcela com menos dígitos após a vírgula.

Exemplo 1) Exemplo 2)
Massa da substância: 3,86 g Massa do recipiente + substância: 29,3456 g
Massa do recipiente: _29,3 g_ Massa do recipiente vazio: _19,11 g_
Massa total: 33,2 g Massa da substância: 10,24 g
No exemplo 1, como a parcela 29,3 contêm somente 1 algarismo significativo após a vírgula, arredonda-
se o resultado (33,16) para 33,2 g. A mesma regra é aplicada no exemplo 2.

Em operações de multiplicação e divisão, o resultado deve ter o número de algarismos significativos


igual ao termo com menor número de algarismos significativos.

26
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Exemplo 3)
1,473 / 2,6 = 0,57 → Neste caso, o quociente é expresso com 2 algarismos significativos porque o divisor
(2,6) possui somente 2 algarismos significativos.

Exemplo 4)
6,734 x 103 = 9,09 x 10-6 → O quociente possui 3 algarismos significativos porque o divisor
7,41 x 108 (7,41 x 108) possui somente 3 algarismos significativos. Lembre-se que esta
operação também pode ser escrita na forma: (6,734 x 103) x (7,41 x 10-8) = 9,09 x 10-6.

1.1.5 Propagação de erros

Em uma adição ou subtração, o erro do resultado é a soma dos erros absolutos de cada medida.

Exemplo 1)
Massa do recipiente + substância: (29,35 ± 0,01)g
Massa do recipiente vazio: _(19,11 ± 0,01)g_
Massa da substância: (10,24 ± 0,02)g

Exemplo 2)
Massa do recipiente + substância: (29,35 ± 0,01)g
Massa do recipiente vazio: _(19,1 ± 0,1)g_
Massa da substância: (10,2 ± 0,1)g

Em uma multiplicação ou divisão, o erro do resultado será a soma dos erros relativos.

Exemplo 3) (15,4 ± 0,2) x (12,3 ± 0,3) = (189 ± 7)


Primeiramente, deve-se calcular os erros relativos:
_0,2_ = 0,013 ou 1,3% _0,3_ = 0,024 ou 2,4%
15,4 12,3

Em seguida, soma-se os erros relativos: (0,013+0,024) = 0,037 ou 3,7%. Efetua-se o produto (15,4 x 12,3)
= 189,42. Se em 100 o erro é de (1,3 + 2,4) = 3,7, então em 189,42 será 7. Consequentemente, o resultado
correto da multiplicação será (189 ± 7).

1.1.6 Regras de arredondamentos

Regra 1) Se o dígito a ser eliminado é maior do que 5, o dígito precedente é aumentado de uma unidade.
Exemplo: 27,76 é arredondado para 27,8.

27
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Regra 2) Se o dígito a ser eliminado é menor do que 5, o dígito precedente é mantido. Exemplo: 27,74 é
arredondado para 27,7.
Regra 3) Se o dígito a ser eliminado é igual a 5, o arredondamento será feito para se obter um número par.
Exemplo: 27,75 será arredondado para 27,8; já o número 27,65 será arredondado para 27,6.

1.2 OBJETIVO

Apresentar ao aluno os equipamentos e vidrarias de uso corrente em trabalhos práticos, bem como a
maneira correta de empregá-los. Mostrar ao aluno como se deve fazer a leitura de medidas determinadas
no laboratório e como expressá-la cientificamente.

1.3 PARTE EXPERIMENTAL

1.3.1 Materiais

Balança, balões volumétricos de 100 mL e 250 mL, bureta de 25 mL ou 50 mL, provetas de 10 mL, 50 mL
e de 100 mL, béqueres de 50 mL e 250 mL, pipeta volumétrica de 10 mL, pipeta graduada de 10 mL, pinça
de madeira, termômetro (escala 0 a 100°C) ou termômetro eletrônico, tubo de ensaio, pérolas de vidro,
chapa de aquecimento.

1.3.2 Reagentes

Água de destilada, pisseta com etanol e frasco com líquido X.

1.3.3 Procedimentos

a) Medida da temperatura ambiente e de ebulição da água


• Coloque cerca de 150 mL de água destilada em um béquer de 250 mL e, com o auxílio de um
termômetro, meça e anote corretamente a temperatura ambiente da água. Em seguida, adicione 3 pérolas
de vidro e coloque o béquer sobre a chapa de aquecimento. Aqueça o béquer e aguarde a ebulição da água.
Com o auxílio de uma pinça de madeira e um termômetro, meça e anote corretamente a temperatura de
ebulição da água.
Observação: Mergulhe o termômetro na água sem encostar nas paredes do béquer (veja a Figura 1.2)

28
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Figura 1.2 Forma correta para medir a temperatura de ebulição da água.

b) Capacidade e desvio de aparelhos


• Anote, a capacidade de cada um dos seguintes aparelhos disponibilizados nas bancadas, bem como seus
respectivos desvios:
- Bureta
- Proveta
- Pipeta graduada

c) Cálculo do desvio padrão de uma série de medidas


• Encha a bureta com água destilada, zerando-a. Em seguida, encha um tubo de ensaio utilizando a bureta
e faça a leitura do volume gasto de água. Esvazie o tubo, passe um pouco de etanol para auxiliar na secagem
do tubo.
• Repita o procedimento anterior por 3 vezes.
• Calcule o desvio padrão das medidas e expresse o valor da medida em notação com o desvio (s).
• Suponha que durante o procedimento, um aluno realizasse a medida usando 3 tubos de ensaio
aparentemente iguais em volume. Como tal situação poderia influenciar no resultado final da medida?
Discuta isso no relatório.

d) Determinação da densidade de um líquido desconhecido X


• Numere dois béqueres de 50 mL e anote corretamente suas massas.
• No béquer 1, usando uma pipeta graduada adicione 10 mL do líquido desconhecido, nomeado líquido
X. Pese novamente o béquer e determine a massa da amostra.
• No béquer 2, usando o próprio béquer, meça 10 mL do líquido X. Pese novamente o béquer e determine
a massa da amostra.
• Calcule a densidade do líquido X pelo método de medida de volume com a pipeta e pelo método de
medida do volume com o béquer.
29
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Usando um tubo de ensaio, faça um teste de solubilidade do líquido X em água.
• Identifique o líquido X tomando como base os dados disponíveis na Tabela 1.2. Calcule o erro da
densidade referente à medida de volume feita com a pipeta e com o béquer. Discuta os resultados obtidos
levando-se em consideração os aspectos de precisão e exatidão de medidas.

Tabela 1.2 Propriedades físicas de algumas substâncias.


Substância Solubilidade em água Densidade / g mL-1
Acetona Solúvel 0,79
Benzeno Insolúvel 0,88
Etanol Solúvel 0,79
Água --- 1,00
Ciclohexano Insolúvel 0,78
Éter dietílico Insolúvel 0,71

1.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JR., G. W. L.; Ragsdale, R. O. Modern Experimental Chemistry. Academic Press. New York and London,
1971.
Russell, J.B. Química Geral, Vol. 1. Marlon Books Editora Ltda. São Paulo, 1994.
Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.

30
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 2. PREPARO DE SOLUÇÕES SIMPLES

2.1 INTRODUÇÃO

Uma solução, pode ser denominada como uma dispersão homogênea de duas ou mais substâncias
moleculares ou iônicas. Em uma solução verdadeira, as partículas do disperso, o soluto, possuem um
diâmetro inferior a 10 Å e são encontradas em menor quantidade na mistura. O componente presente em
maior quantidade é denominado solvente. A água do mar (isenta de poluição), o ar (livre de fuligem e outros
poluentes) e os fluidos biológicos como o plasma sanguíneo (livre de proteínas plasmáticas) são exemplos
de soluções. Nas soluções, as partículas do soluto não são separadas do solvente, mesmo sob a ação de
ultracentrífugas ou ainda ao se utilizar um ultrafiltro, além disso, tais partículas não podem ser observadas
através de microscópios potentes. Portanto, numa solução, o soluto e o solvente constituem uma única fase
e pode-se dizer que toda mistura homogênea (aquela cujo aspecto é uniforme em toda a sua extensão)
constitui uma solução. Cabe destacar que muitas misturas, aparentemente homogêneas, podem representar
suspensões coloidais, as quais envolvem agregados com diâmetros bem superiores a 10 Å.
Em relação a quantidade de soluto dissolvido numa certa massa de solvente a uma dada temperatura
(solubilidade), as soluções podem ser classificadas em:

a. Insaturadas: a quantidade de soluto dissolvido é menor que a sua solubilidade.

Exemplo: A solubilidade do acetato de sódio é igual a 123,5 g/100 g de água a 20°C. Logo, uma solução
que contém 80 g do sal dissolvidos em 100 g de água a 20°C é uma solução insaturada.

b. Saturadas: a quantidade de soluto dissolvido é igual à sua solubilidade numa dada temperatura. A solução
saturada pode apresentar excesso de soluto precipitado (corpo de fundo).

Exemplo: 123,5 g de acetato de sódio dissolvido em 100 g de água a 20°C.

c. Solução supersaturada: a quantidade de soluto dissolvido é maior que a sua solubilidade numa dada
temperatura, tratando-se de uma solução metaestável. Este tipo de solução é aparentemente estável, mas
não se encontra em equilíbrio termodinâmico e, portanto, qualquer perturbação externa (diminuição
brusca de temperatura, aumento de pressão, adição extra de soluto) pode fazer com que ocorra a
precipitação. A solução supersaturada pode ser obtida por aquecimento de uma solução saturada com
excesso de soluto precipitado, seguido por resfriamento lento para evitar a precipitação.

Exemplo: 124,0 g de acetato de sódio dissolvidos em 100 g de água a 20°C.

Para prepararmos uma solução a partir de um soluto sólido (Figura 2.1), deve-se seguir as etapas:

1. Utilizando uma balança analítica ou semi-analítica, pese a massa do soluto;

31
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
2. Em um béquer, dissolva o soluto em uma pequena quantidade de solvente;

3. Transfira quantitativamente a solução contida no béquer um balão volumétrico;

4. Complete o volume do balão com o solvente;

5. Homogeneizar a solução;

6. Guardar a solução em recipiente adequado, rotulando-a.

Figura 2.1 Preparo de uma solução a partir de um soluto sólido.

Para prepararmos uma solução a partir de um soluto líquido (Figura 1.2), deve-se seguir as etapas:

1. Utilizando uma pipeta volumétrica ou graduada, meça o volume do soluto;

2. Transfira o soluto quantitativamente para o balão volumétrico;

3. Complete o volume do balão com o solvente;

4. Homogeneizar a solução;

5. Guardar a solução em recipiente adequado e rotulado.

Figura 2.2 Preparo de uma solução a partir de um soluto líquido.


32
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
2.2 OBJETIVO

Apresentar ao aluno as técnicas básicas de preparo de soluções a partir de solutos sólidos e líquidos
simples.

2.3 PARTE EXPERIMENTAL

2.3.1 Materiais

Balança analítica, vidro de relógio, bastão de vidro, béqueres de 50 mL e 100 mL, proveta de 50 mL ou
100 mL, chapa de aquecimento/agitador magnético, balão volumétrico de 100 mL, pipeta graduada de 10
mL.

2.3.2 Reagentes

Sal de cloreto de sódio, sacarose, solução concentrada de permanganato de potássio com concentração
superior a 2,5 x 10-3 mol L-1, água destilada.

4.3.3 Procedimentos

a) Preparo de uma solução insaturada, saturada e supersaturada de cloreto de sódio

• Usando a balança e um vidro de relógio, meça cerca de 2 g a mais de NaCl necessário para produzir
50 mL de uma solução saturada do sal.
• Inicialmente, adicione em um béquer, cerca de 50% da massa pesada do sal e, em seguida, acrescente
50 mL de água destilada medida através de uma proveta. Usando um bastão de vidro, agite a mistura
solubilizando o sal. Observe e anote o resultado.
• Ao béquer da solução preparada anteriormente, adicione o restante da massa pesada de NaCl e, usando
o mesmo bastão de vidro, solubilize o máximo possível do sal. Deixe a solução em repouso. Observe
e anote o resultado.
• Leve a solução preparada no item anterior a aquecimento e agitação magnética até que se observe a
solubilização completa do excesso de NaCl depositado no fundo do béquer. Os alunos da turma devem
observar e anotar o resultado. Este experimento é demonstrativo.
Observação: Enquanto o aquecimento da solução de NaCl é realizado, os grupos podem executar os
procedimentos b e c da aula prática.
Dados: O coeficiente de solubilidade do sal de cloreto de sódio (NaCl) em água a 20°C é 36 g de NaCl /
100 g de água.

33
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
b) Preparo de 100 mL de uma solução de sacarose 0,05 mol L-1

• Calcule a massa de sacarose (C12H22O11) necessária para preparar a solução e usando a balança, pese a
quantidade calculada em um béquer.
• Adicione aproximadamente 20 mL de água destilada ao béquer contendo a sacarose e dissolva o sólido
com o auxílio de um bastão de vidro.
• Transfira esta solução quantitativamente para um balão volumétrico de 100 mL, efetuando pelo menos
três lavagens do béquer e do bastão de vidro com, no máximo, 10 mL de água destilada em cada
lavagem.
• Complete o volume do balão volumétrico com água destilada até o traço de aferição.
• Agite o balão volumétrico para homogeneizar a solução.
Dados: Massas molares – C = 12,011 g mol-1, O = 15,999 g mol-1, H = 1,008 g mol-1

c) Preparo de 100 mL de uma solução de permanganato de potássio 2,5 x 10-3 mol L-1 por diluição

• Calcule o volume de permanganato de potássio (KMnO4) necessário para preparar a solução diluída
partindo da solução concentrada da substância disponibilizada no laboratório.
• Usando uma pipeta, meça o volume calculado da solução concentrada de permanganato de potássio
adicionando o líquido diretamente ao balão volumétrico de 100 mL.
• Complete o volume do balão volumétrico com água destilada até o traço de aferição.
• Agite o balão volumétrico para homogeneizar a solução.

ATENÇÃO: Não se esqueça de demonstrar todos os cálculos realizados nos procedimentos a, b e c no


item “Resultados e Discussão” do relatório.

4.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JR., G. W. L.; Ragsdale, R. O. Modern Experimental Chemistry. Academic Press. New York and London,
1971.
Russell, J.B. Química Geral, Vol. 1. Marlon Books Editora Ltda. São Paulo, 1994.

Almeida, M. F. C. Boas Práticas de Laboratório. Editora Senac. Rio de Janeiro, 2013.

Departamento de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora. Apostila de Laboratório de Química


Geral. Juiz de Fora – MG, 2020.

34
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 3. REAÇÕES QUÍMICAS

3.1 INTRODUÇÃO

Você já misturou um pequeno volume de vinagre (forma impura do ácido acético, CH₃COOH) com
bicarbonato de sódio (NaHCO3)? Se sua resposta é sim, você deve ter observado a formação de uma cascata
efervescente de bolhas. Estas bolhas são formadas pelo gás dióxido de carbono (CO2), que é produzido pela
reação química entre o NaHCO3 e o CH₃COOH. Na culinária, o CO2 gasoso é responsável pelo
crescimento da massa de pães e bolos, sendo produzido a partir do processo de fermentação (reação
química) onde o açúcar é convertido no gás, etanol e outros compostos orgânicos.
O fenômeno pelo qual uma ou mais substâncias são transformadas em outra(s) é chamado de reação
química. A equação química é uma representação simplificada da transformação ocorrida, envolvendo as
substâncias transformadas (reagentes), as substâncias produzidas (produtos), o estado físico das mesmas e
as condições de temperatura, pressão, solventes, etc. Toda equação química deve ter a massa e as cargas
devidamente balanceadas seguindo a lei da conservação da massa estabelecida no final do século XVIII por
Lavoisier.
A equação química pode ser escrita nas formas molecular, iônica ou iônica simplificada. Exemplos:

BaCl2(aq) + Na2 SO4(aq) ⟶ BaSO4(s) + 2NaCl(aq) (Equação Molecular)


+ 2− +
Ba2+ − −
(aq) + 2Cl(aq) + 2Na (aq) + SO4(aq) ⟶ BaSO4(s) + 2Na (aq) + 2Cl(aq) (Equação iônica)
2−
Ba2+
(aq) + SO4(aq) ⟶ BaSO4(s) (Equação iônica simplificada)

Em várias situações, é possível identificar algumas substâncias através de reações que produzem efeitos
macroscópicos visíveis (mudança de cor, formação de precipitado, liberação de gás, emissão de luz) ou
percebidos pelo olfato. Estes efeitos podem ser observados a partir de dois grupos principais de reações
químicas:

i. Reações de oxirredução – em que há transferência de elétrons

ii. Reações que não há transferência de elétrons.

3.2 OBJETIVO

Nesta aula prática, o aluno tomará conhecimento de alguns tipos mais comuns de reações químicas e
fará a comprovação da ocorrência e suas caracterizações.

3.3 PARTE EXPERIMENTAL

3.3.1 Materiais
35
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Tubos de ensaio, proveta de 10 mL, vidro de relógio, pipeta de plástico, pinça metálica, pinça de madeira,
bastão de vidro, palito de madeira, bico de gás.

3.3.2 Reagentes

Solução de ácido sulfúrico 3,5 mol L-1, dióxido de manganês (0,2 g), clorato de potássio (0,5 g), fita de
magnésio (2 cm), solução de peróxido de hidrogênio (1:100), solução de hidróxido de amônio 0,5 mol L-1,
solução de sulfato de cobre 0,1 mol L-1, solução de permanganato de potássio 0,02 mol L-1, solução de
nitrato de prata 0,5 mol L-1, solução alcoólica de fenolftaleína 1% m/v, solução de ácido clorídrico 1 mol
L-1 e solução de hidróxido de sódio 1 mol L-1.

3.3.3 Procedimentos

Para as reações químicas realizadas a seguir, utilize o Quadro 3.1 para te auxiliar na identificação das
substâncias formadas e, na escrita correta das equações químicas balanceadas.

Quadro 3.1 Alguns dados de solubilidade em água de diferentes compostos químicos.


Item Dados
1 Sais de amônio (NH4+) e dos metais alcalinos são solúveis.
2 Nitratos (NO3-), cloratos (ClO3-), percloratos (ClO4-) e acetatos (CH3CO2-) são solúveis.
Cloretos (Cl-), brometos (Br-) e iodetos (I-) são solúveis. Exceções: sais desses ânions com Pb2+,
3
Hg2+ e Ag+ que são insolúveis.
Sulfitos (SO32-), carbonatos (CO32-), cromatos (CrO42-) e fosfatos (PO43-) são insolúveis.
4
Exceções: sais desses ânions com os cátions do item 1.
Sulfetos (S2-) são insolúveis. Exceções: sais desse ânion com os cátions do item 1 e com os cátions
5
derivados dos alcalinos terrosos.
Sulfatos (SO4-) são solúveis. Exceções: os sulfatos de Sr2+, Ba2+, Hg2+, Hg22+, Pb2+ são insolúveis
6
e, os sulfatos de Ca2+ e Ag+ são parcialmente solúveis.
Hidróxidos são insolúveis. Exceções: hidróxidos formados com os cátions do item 1 e, os
7
hidróxidos de Ca2+, Ba2+ e Sr2+ são parcialmente solúveis.

a) Reação 1
• Coloque cerca de 0,5 g de clorato de potássio em um tubo de ensaio e, em seguida, adicione uma
pequena quantidade de MnO2. Misture as duas substâncias.
• Segure o tubo de ensaio com a pinça de madeira e aqueça-o diretamente à chama de um bico de gás.
Com o palito de madeira em brasa, verifique se o gás produzido e liberado na extremidade do tubo
alimenta a combustão. Anote o resultado e interprete.
36
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
b) Reação 2
• Espere o tubo da reação 1 esfriar, adicione cerca de 5,0 mL de água destilada e usando o bastão de
vidro, agite a mistura. Deixe a parte sólida da mistura decantar. Enquanto isso, execute os
procedimentos das próximas reações da aula prática.
• Após o processo de decantação da parte sólida da mistura, usando uma pipeta de plástico, transfira uma
parte do sobrenadante (parte liquida e incolor da mistura) para outro tubo de ensaio e adicione 2 gotas
de solução de nitrato de prata. Anote o resultado e interprete.

c) Reação 3
• Observe um pedaço de fita de magnésio (cerca de 2 cm de comprimento) e anote suas características
metálicas.
• Segure a fita por uma das extremidades com auxílio de uma pinça metálica e leve a outra extremidade
à chama de um bico de gás. Observe o início de uma reação, afaste o conjunto da chama mantendo-o
ao ar sob um vidro de relógio de modo a recolher o pó formado.
• Adicione cerca de 3 mL de água destilada e uma gota de fenolftaleína ao pó formado. Interprete.

d) Reação 4
• Adicione 10 gotas de solução de permanganato de potássio (KMnO4) em um tubo de ensaio e acidifique
o meio com 5 gotas de solução de ácido sulfúrico. Observe e anote o resultado.
• Em seguida, adicione, gota a gota, solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) até que ocorra alguma
mudança visualmente na mistura. Observe e interprete.

e) Reação 5
• Coloque cerca de 1 mL de solução de sulfato de cobre (CuSO4) em dois tubos de ensaio.
• No tubo 1, adicione, gota a gota, uma pequena quantidade de solução de hidróxido de amônio (NH4OH).
Observe e anote o resultado. A seguir, ao mesmo tubo, adicione um excesso da solução de NH4OH até que
haja uma nova transformação. Observe e anote o resultado.
• No tubo 2, adicione, gota a gota, pequena quantidade de solução de NaOH. Observe e interprete.

f) Reação 6
• Coloque cerca de 2 mL de água destilada em um tubo de ensaio e adicione três gotas de fenolftaleina.
Observe e anote o resultado.
• Em seguida, ao mesmo tubo, adicione três gotas de solução de ácido clorídrico e agite a mistura. Observe
e anote o resultado.
• Por último, adicione, gota a gota, a solução de NaOH. Observe e explique o ocorrido.

37
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
ATENÇÃO: Não se esqueça de representar corretamente todas as equações químicas referentes a cada
procedimento realizado durante a aula prática no item “Resultados e Discussão” do relatório.

3.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Vogel, A. I. Química Analítica Qualitativa. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1981.
Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.

38
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 4. ESTEQUIOMETRIA DE REAÇÕES QUÍMICAS

4.1 INTRODUÇÃO

A palavra estequiometria (do grego stoicheon, elemento e metron, medida), foi introduzida por
Richter em 1792, referindo-se às medidas dos elementos químicos nas substâncias. Hoje, a estequiometria
compreende as informações quantitativas relacionadas a fórmulas e equações químicas, sendo baseada nas
leis ponderais, principalmente na lei da conservação das massas e na lei das proporções definidas. A lei da
conservação das massas (Lavoisier, 1785) pode ser enunciada como “a soma das massas dos reagentes é
sempre igual à soma das massas dos produtos” (Figura 4.1). Já a lei das proporções definidas (Proust, 1799)
pode ser enunciada como “uma substância, qualquer que seja sua origem, apresenta sempre a mesma
composição em massa”. A teoria atômica de Dalton é a base da explicação das relações ponderais nas
reações químicas.

Figura 4.1 Reação de combustão do gás metano.

Os coeficientes numéricos da equação química balanceada se referem à proporção de mols envolvidos


entre as espécies na reação. Conhecendo a relação molar e a massa molar das espécies, pode-se determinar
a relação de massas. Como exemplo, vamos analisar a reação da síntese da amônia cuja equação química
balanceada é mostrada abaixo.

N2(g) + 3H2(g) ⟶ 2NH3(g)

• Suponha que foi feita uma mistura de 6 mols de N2 e 6 mols de H2. Como há uma relação estequiométrica
de 1 mol de N2 para 3 mols de H2, apenas 2 mols de N2 reagem com os 6 mols de H2 e, portanto, ao
término da reação, haverá um excesso de 4 mols de N2. O gás H2 que é o reagente completamente
consumido na reação é denominado reagente limitante, pois ele determina a quantidade formada de
produtos. O N2 é o reagente em excesso na reação. Assim, o H2 é o reagente que determina a quantidade
de NH3 que será formada.

39
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Para a determinação experimental das proporções estequiométricas das reações, podem ser utilizados
vários métodos, como a medida da massa de precipitado formado, volume de gás liberado, intensidade da
cor de uma solução, dentre outros. A escolha do método a ser utilizado dependerá muito do tipo de reação,
sendo as reações de precipitação amplamente utilizadas nesse campo de estudo. Para este tipo de reação,
pode-se misturar diferentes quantidades dos reagentes e a estequiometria poderá ser determinada medindo-
se a altura do precipitado formado, já que ela é diretamente proporcional à massa.

4.2 OBJETIVO

Nesse experimento, o aluno determinará a relação estequiométrica da reação entre íons Ba2+ e CrO42-.

4.3 PARTE EXPERIMENTAL

4.3.1 Materiais

Estante para tubos de ensaio, pipetas graduadas de 10 mL, régua graduada em milímetros, tubos de ensaio
limpos e iguais, béqueres de 50 mL, bastão de vidro.

4.3.2 Reagentes

Solução de cloreto de bário 0,5 mol L-1, solução de cromato de potássio 0,5 mol L-1 e água destilada.

4.3.3 Procedimentos

• Coloque em uma estante 6 tubos de ensaio iguais, limpos e secos. Usando a pipeta graduada e seguindo
a Tabela 4.1, adicione a cada um deles, as quantidades das soluções de BaCl2 e K2CrO4, sempre
homogeneizando a mistura (utilize o bastão de vidro).
• Deixe em repouso por cerca de 20 minutos.
• Após decorrido o tempo meça, com a régua, a altura do precipitado formado em cada tubo e preencha
a última coluna da Tabela 4.1.

Tabela 4.1 Quantidades adicionadas dos reagentes e altura do precipitado formado.


Tubo Volume de K2CrO4 / mL Volume de BaCl2 / mL Altura do precipitado / cm
1 11,0 1,0
2 10,0 2,0
3 8,0 4,0
4 6,0 6,0
5 4,0 8,0
6 2,0 10,0

40
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Faça um esboço do gráfico que mostre a variação da altura do precipitado em função do volume de
solução de cromato adicionado. Qual tubo apresenta a relação estequiométrica? Discuta isso no relatório.

Observação: No relatório, o gráfico deverá ser feito em papel milimetrado.

• Escreva a equação química correspondente à reação realizada.


• Faça os cálculos e preencha a Tabela 4.2 identificando os reagentes e produtos, bem como as suas
quantidades de matéria antes e depois da reação realizada atingir o equilíbrio.
• Finalmente, para cada tubo, indique qual reagente está em excesso e qual é o regente limitante.
• Discuta no relatório, quais são as possíveis causas de erros que poderiam alterar os resultados do
experimento. O que poderia ser feito a fim de minimizar tais erros?

Tabela 4.2 Quantidade de matéria (mol) dos reagentes e produtos da reação realizada nesta aula prática.
Reagentes Produtos
Tubo
K2CrO4 BaCl2
Antes
1
Depois
Antes
2
Depois
Antes
3
Depois
Antes
4
Depois
Antes
5
Depois
Antes
6
Depois
41
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
ATENÇÃO: Não se esqueça de demonstrar todos os cálculos realizados para o preenchimento da Tabela
4.2 no item “Resultados e Discussão” do relatório.

4.4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
Cazzaro, F. Um experimento envolvendo estequiometria. Química Nova na Escola, N°10, 1999.

42
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 5. RAIOS CATÓDICOS E ESPECTROS DE EMISSÃO

5.1 INTRODUÇÃO

Descargas elétricas em gases rarefeitos


À medida que os cientistas começaram a desenvolver métodos para investigar com mais detalhes a
natureza da matéria, o átomo, que se supunha indivisível (Demócrito, século V a.C.), começou a mostrar
sinais de ser uma estrutura mais complexa. Hoje sabemos que o átomo é composto de partículas
subatômicas ainda menores.
No século XVII, alguns cientistas começaram a estudar o processo de descarga elétrica através de
tubos contendo gases a baixa pressão (rarefeitos). Nestes experimentos, uma alta voltagem produzia
radiação dentro do tubo e, pelo fato de tal radiação ser originada no eletrodo negativo (catodo), ela foi
denominada de raios catódicos. Apesar dos raios catódicos não poderem ser vistos, seus movimentos
podiam ser detectados porque os raios faziam com que certos materiais, inclusive o vidro, apresentassem
fluorescência ou emitissem luz (Figura 5.1a). Os tubos de imagem em TVs mais antigas eram uma versão
avançada de um tubo de raios catódicos, onde a imagem da televisão era o resultado da fluorescência da
tela do aparelho (Figura 5.1b).

Emissor de
elétrons

(a) (b)
Figura 5.1 Ampola de Crookes (a) e aparelho de televisão com tecnologia baseada em um tubo de raios
catódicos (b).

Inicialmente, não era muito claro se os raios catódicos formavam um novo tipo de radiação ou se eram
constituídos por jatos de partículas. Neste sentido, o cientista britânico J. J. Thomson demonstrou que os
raios catódicos poderiam ser desviados por campos elétricos ou magnéticos, sugerindo que continham certa
carga elétrica (Figura 5.2). Os efeitos destes campos permitiram calcular o valor de 1,76 x 108 C g-1 para a
razão carga/massa das partículas carregadas. Além disso, ele observou que a natureza dos raios era
independente do material do catodo e, que uma lâmina metálica exposta a raios catódicos adquiria carga
elétrica negativa. Thomson publicou um artigo em 1897 onde concluiu que os raios catódicos são jatos de
partículas com massa, carregadas negativamente, que foram denominados elétrons. Por suas investigações

43
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
teóricas e experimentais sobre a condução de eletricidade em gases, Thomson recebeu o Prêmio Nobel de
Física de 1906.

Figura 5.2 Esquema de um tubo de raios catódicos com campos magnéticos e elétricos perpendiculares.

Espectros de emissão de luz


A radiação composta por um único comprimento de onda (λ) é chamada monocromática, como
exemplo, tem-se a luz de um laser. Entretanto, a maioria das radiações comuns tais como aquelas emitidas
pelas lâmpadas incandescentes, produz radiação contendo diferentes comprimentos de onda. Quando a luz
branca passa por um prisma óptico, a radiação é separada em seus diferentes valores de λ e um espectro é
produzido. A Figura 5.3 mostra a luz de uma lâmpada incandescente sendo dispersa por um prisma
produzindo uma faixa continua de cores (espectro contínuo). O exemplo mais comum deste fenômeno é o
arco-íris produzido pela dispersão da luz do sol através das gotas de chuva ou neblina.

Figura 5.3 Um espectro visível contínuo é produzido quando luz branca atravessa
um prisma.

Nem todas as fontes de radiação produzem um espectro contínuo. Se diferentes gases são colocados
sob pressão em um tubo de vidro e uma alta voltagem é aplicada, os gases emitem luz com diferentes cores.
A luz emitida pelo gás Ne produz uma incandescência vermelho-alaranjado sendo muito usado em letreiros
luminosos, enquanto o vapor de sódio emite a luz amarela que ainda é característica na iluminação de

44
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
algumas cidades. Estes são exemplos de espectros contendo apenas radiações de comprimento de onda
específicos, denominados de espectro de linhas. Num espectro de linhas, as linhas coloridas são separadas
por regiões pretas, que correspondem a comprimentos de onda ausentes na luz emitida (Figura 5.4).

Figura 5.4 Espectro com as linhas de emissão de alguns elementos puros.

Os ensaios de chama podem ser empregados para a análise de decomposição da luz por dispersão,
identificando os elementos presentes em função de suas linhas espectrais características. O instrumento
utilizado para decompor a luz é o espectroscópio. Em nossa aula será utilizado um modelo bem simples,
que se assemelha ao espectroscópio de Bunsen (Figura 5.5). O espectroscópio possui um colimador que
envia um feixe de luz ao prisma montado sobre uma base rotatória, um telescópio pelo qual se observa o
espectro de linhas e, um terceiro tubo (que não é mostrado na Figura 5.5) que é iluminado com auxílio de
uma lâmpada contendo uma escala de linhas de referência superposta ao espectro.

Figura 5.5 Esquema do espectroscópio de Bunsen onde: (1) chama (fonte de excitação), (2) colimador, (3)
prisma, (4) telescópio e (5) plataforma.

45
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
5.2 OBJETIVOS

Demonstrar o comportamento de um feixe de raios catódicos através de um tubo de Crookes e,


observar a emissão de luz característica de certos metais através de testes de chama.

5.3 PARTE EXPERIMENTAL

5.3.1 Materiais e equipamentos

Tubo de Crookes, espectroscópio simples, fonte de alta voltagem, bico de gás.

5.3.2 Reagentes

Soluções saturadas de NaCl, KCl, LiCl, CaCl2, SrCl2, BaCl2 e CuCl2.

5.3.3 Procedimentos

a) Tubo de raios catódicos (tubo de Crookes)


• Usando o modelo de tubo de Crookes contendo um anteparo (Figura 5.6a), demonstre a propagação
retilínea dos raios catódicos. Observe e interprete os resultados.
• Usando uma ampola de Crookes (Figura 5.6b) e um imã, deve-se demonstrar a natureza elétrica dos
raios catódicos. Observe e interprete os resultados.

(a) (b)
Figura 5.6 Modelos de tubos de raios catódicos (tubos de Crookes).

b) Espectros de emissão de metais (teste de chama)


• Acenda o bico de gás, colocando-o com chama oxidante a uns 10 cm do colimador, e acenda a lâmpada
para iluminar a escala do espectroscópio;

46
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Observe a escala de linhas de referência no espectroscópio com o bico de gás e a lâmpada acesos.
Certifique-se de que a escala esteja centralizada sobre o espectro visível. Se for preciso, é possível ajustar
a fenda do colimador de modo que a escala possa ser determinada com exatidão;
• Limpe a alça de níquel-cromo, introduzindo-a em uma solução concentrada de HCl e em seguida
queimando-a na chama oxidante do bico de gás;
• Leve à chama uma amostra de cada uma das soluções a serem testadas, com o auxílio da alça de níquel-
cromo. Observe e registre a cor da chama.
• Em seguida, observe no espectroscópio as raias espectrais emitidas.
Observação: Em função da diferente volatilidade dos sais usados no experimento, recomenda-se repetir o
procedimento anterior quantas vezes for preciso, ajustando a altura da alça de níquel-cromo à chama do
bico de gás. Para os sais mais voláteis, como o sal de potássio, recomenda-se a chama oxidante inferior
(posição c na Figura 5.5) e, para sais menos voláteis tais como os sais de cálcio, estrôncio e bário,
recomenda-se a zona de fusão (posição b na Figura 5.5).

5.4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
Forostecki, L.; Filho, O. S. Os químicos ocultos e sua extraordinária jornada ao mundo dos átomos. Quim.
Nova, Vol. 37, No. 1, 186-193, 2014.
Vogel, A. I. Química Analítica Qualitativa. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1981.

47
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 6. DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLAR DO MAGNÉSIO

6.1 INTRODUÇÃO

Hoje, existem técnicas sofisticadas para se determinar com precisão as massas dos átomos. Contudo,
houve um tempo em que esta tarefa não era fácil. Os químicos do passado tiveram que estabelecer uma
escala de massas atômicas relativas para determinar a massa do átomo de um dado elemento. Assim, foi
escolhido o isótopo mais estável do átomo de carbono como referência para se comparar a massa relativa
de todos os elementos químicos.
O átomo de 12C possui número de massa igual a 12, ao qual é atribuída exatamente a massa atômica
de 12 unidades. Uma unidade de massa atômica (u) é definida como 1/12 da massa de um átomo de 12C,
sendo igual a 1,6606 x 10-24 g/u (Figura 6.1). Assim, se a massa de um átomo de 1H é 1,6735559 x 10-24 g,
então um átomo de hidrogênio é 11,97 vezes mais leve que o átomo de carbono, sendo a massa do átomo
1
H igual a 1,008 u. A massa atômica de um átomo de 24Mg é 2 vezes a massa de um átomo de 12C, ou seja,
24,305 u (Figura 6.1). Como, no geral, os átomos de um dado elemento ocorrem na natureza como isótopos,
a massa atômica de um dado elemento, na realidade, é a média ponderada das massas atômicas dos isótopos,
levando-se em conta a abundância isotópica. Estas são as massas atômicas que são encontradas na Tabela
Periódica.

Figura 6.1 Representação da unidade de massa atômica (u).

No mundo subatômico, a quantidade de uma determinada substância é dada pelo mol. O mol é uma
unidade de medida semelhante à dúzia. O tamanho do mol foi escolhido de tal maneira que, ao
considerarmos um mol de átomos de um dado elemento, a massa do mol terá um valor numérico, em
gramas, que é o mesmo da massa atômica do elemento. Assim, um mol de átomos de 1H tem uma massa
atômica igual a 1,008 u que é igual a 1,008 g. Um mol de átomos de 24Mg é igual a 24,305 u ou 24,305 g.
O valor do mol foi determinado como sendo igual a 6,022 x 1023 entidades (átomos, íons, moléculas etc.)
que é denominado número de Avogadro. Conclui-se que, um mol de átomos de magnésio tem uma massa
molar igual a 24,305 u, que é igual a 24,305 g e que corresponde a 6,022 x 1023 átomos de magnésio.

48
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
6.2 OBJETIVO

Neste experimento, o aluno determinará a massa molar do magnésio a partir de sua reação com ácido
clorídrico concentrado.

6.3 PARTE EXPERIMENTAL

6.3.1 Materiais

Balança, tubo de vidro de 50 ml (bureta ou tubo de gás), proveta de 10 mL e de 1 L, béquer de 600 mL ou


1L e termômetro.

6.3.2 Reagentes

Fita de magnésio (cerca de 30 mg), fio de cobre, solução de ácido clorídrico 6,0 mol L-1.

6.3.3 Procedimentos

• Pese cerca de 30 mg de fita de magnésio limpa e seca;


• Fixe a fita de magnésio a uma rolha, por intermédio de um fio de cobre, de modo que, o fio de cobre
tenha entre 5-10 cm. Veja a Figura 6.2a;
• No tubo de gás, coloque 10 mL da solução de HCl concentrado e complete o seu volume adicionando
água destilada pelas paredes do tubo, evitando que a mesma se misture imediatamente com o ácido;
Observação: O tubo deve ficar completamente cheio até a boca;
• Introduza a rolha no tubo de gás e inverta-o em um béquer contendo água de torneira (cerca de metade
do volume do béquer), de modo que evite a entrada de bolhas de ar no interior do tubo. Veja a Figura 6.2b;
• Depois que a reação cessar, aguarde cerca de 5 minutos para deixar o sistema atingir a temperatura
ambiente;
• Observação: Se houver vazamento do gás formado durante a reação, ela deve ser repetida, tomando
os devidos cuidados para que isso não ocorra.
• Desloque as pequenas bolhas que venham a se alojar nas paredes internas do tubo, com leves batidas.
• Transfira o tubo, ainda invertido, impedindo a saída da solução pelo orifício da rolha, vedando-a com a
com ponta do dedo, para uma proveta de 1L contendo água da torneira. Veja a Figura 6.2c;
• Iguale a pressão interna do gás formado com a pressão atmosférica, levantando ou abaixando o tubo de
gás de modo a igualar os níveis interno e externo de água. Nesta posição, faça a leitura do volume de gás
produzido;

49
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Gás produzido

Igualdade
das pressões

água

(a) (b) (c)


Figura 6.2 Ilustração do procedimento prático para a determinação da massa molar do Mg.

• Anote a temperatura e pressão ambientes;


• Calcule a pressão exercida pelo gás produzido na reação que será igual a pressão atmosférica (Patm)
subtraída pela pressão de vapor da água (𝑷𝐇𝟐𝐎 ) (observe a Tabela 6.1);
• Calcule o valor da massa molar do magnésio, usando a equação de Claussius-Clapeyron: PV = nRT
• Calcule o erro associado a determinação da massa molar do magnésio e discuta sobre as possíveis fontes
de erro que possam justificar o valor calculado experimentalmente.

Tabela 6.1 Pressão de vapor da água em várias temperaturas.


Temperatura / °C 𝑷𝑯𝟐𝑶 / mmHg Temperatura / °C 𝑷𝑯𝟐𝑶 / mmHg
15 12,8 23 21,0
16 13,6 24 22,4
17 14,5 25 23,8
18 15,5 26 25,2
19 16,5 27 26,7
20 17,5 28 28,3
21 18,6 29 30,0
22 19,8 30 31,8

ATENÇÃO: Não se esqueça de demonstrar todos os cálculos realizados no item “Resultados e


Discussão” do relatório.

6.4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
César, J.; De Andrade, J. C. A Determinação da Massa Molar de um Metal. Chemkeys (2006) 1-28.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.

50
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 7. PROPRIEDADES FÍSICAS DE SUBSTÂNCIAS PURAS

7.1 INTRODUÇÃO

A maioria das formas de matéria que encontramos, por exemplo, o ar que respiramos (um gás), a
gasolina para carros (um líquido) e as calçadas por onde caminhamos (um sólido), não são quimicamente
puras. Entretanto, podemos decompor ou separar esses tipos de matéria em substâncias puras diferentes.
As substâncias puras são materiais que possuem composição química e propriedades físicas (densidade,
dureza, solubilidade, ponto de fusão, ponto de ebulição, calor específico, permeabilidade etc.) e químicas
constantes, já que não se modificam sob pressão e temperatura constantes. Água e sal de cozinha comum
(cloreto de sódio), componentes básicos da água do mar, são exemplos de substâncias puras.
A densidade ou massa específica de uma substância é uma propriedade intensiva, ou seja, é uma
propriedade que independe da massa usada da substância. A densidade é um conceito importante porque
nos permite determinar quais substâncias flutuarão e quais substâncias afundarão quando colocadas em um
líquido. Geralmente, as substâncias flutuam desde que sua densidade seja menor do que a densidade do
líquido em que são colocadas. É por isso que até pequenas rochas afundam enquanto objetos de madeira,
mesmo grandes troncos, flutuam. A densidade de uma substância é definida como a razão entre sua massa
m e seu volume V conforme a Eq. 7.1.

𝑚
𝜌= (7.1)
𝑉

A densidade relativa (a um padrão), por sua vez, é a razão entre a massa específica da substância e a
massa específica do padrão. Adota-se comumente como padrão a água pura, cuja densidade é 1,0 g cm-3.
Assim sendo, a densidade relativa e a densidade de um corpo na unidade de g cm-3 (sistema CGS) são
numericamente iguais.
Na obtenção da densidade de sólidos, muitas vezes não dispomos de meios para determinar
corretamente o seu volume. Entretanto, isso pode ser resolvido pelo princípio de Arquimedes. De acordo
com Arquimedes, todo corpo, parcial ou totalmente submerso em um líquido, fica sujeito a uma força de
empuxo E do líquido, de direção vertical, de baixo para cima, e com intensidade igual ao peso do líquido
deslocado. Assim sendo, 𝐸 = 𝑚𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 . 𝑔 , na qual 𝑚𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 é a massa do líquido deslocado e 𝑔 é a
aceleração da gravidade. Sendo 𝑉 o volume submerso, 𝑚𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝜌𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 . 𝑉 e, portanto,

𝐸 = 𝜌𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 . 𝑉. 𝑔 (7.2)

O volume do sólido, que se encontra totalmente submerso, pode ser expresso em função da sua massa
𝑚𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜
(𝑚𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜 ) e da sua densidade (𝜌𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜 ), ou seja, 𝑉 = . Substituindo 𝑉 na Eq. 7.2 e a força de empuxo
𝜌𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜

51
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
do líquido por 𝐸 = 𝑚𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 . 𝑔, obtém-se a Eq. 7.3 que nos permite calcular a densidade de um sólido em
função da sua massa e da massa do líquido deslocado.

𝑚
𝜌𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜 = 𝜌𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑚 𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜 (7.3)
𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Outra propriedade física importante é a temperatura de fusão de uma substância. O processo de


mudança de estado físico, do sólido para o líquido (fusão) está associado às alterações nas ligações químicas
intermoleculares. A temperatura de fusão, também denominada ponto de fusão, de uma determinada
substância pura é bem definida, porém é importante informar que a temperatura de fusão não é um
parâmetro suficiente para caracterizar uma substância. Podem existir dois compostos diferentes, por
exemplo, p-tert-butil fenol (C10H14O) e fenantreno (C14H10), com o mesmo valor da temperatura de fusão
(101°C). Assim, outras análises devem ser realizadas para a caracterização de uma substância pura, tais
como testes de solubilidade. Geralmente a temperatura de fusão está relacionada com a pureza da substância
sólida e uma variação de ± 0,5°C na temperatura de fusão em relação ao valor da literatura, indica que se
trata de uma substância “pura”.

7.2 OBJETIVO

Nesta aula, o aluno determinará a densidade de um sólido metálico de ferro usando o princípio de
Arquimedes e o ponto de fusão de uma amostra de naftaleno e outra de timol puros através de sua curva de
resfriamento.

7.3 PARTE EXPERIMENTAL

7.3.1 Materiais

Balança, béquer de 100 mL e 200 mL, tubo de ensaio, termômetro eletrônico, suporte universal, bico de
gás ou chapa de aquecimento, tripé, tela de amianto, garra metálica, linha de nylon.

7.3.2 Reagentes

Água destilada, prego de aço (98% de Fe e 2% de C), naftaleno e/ou timol (2-isopropil-5-metil-fenol).

7.3.3 Procedimentos

a) Determinação da densidade de um prego de ferro


• Usando a balança, determine a massa do prego de ferro e anote o valor como 𝑚𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜 .

52
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Em um béquer de 100 mL, coloque um volume de água destilada (líquido padrão) que seja suficiente
para submergir o prego de ferro. Usando a balança, meça e anote a massa deste volume de água. Mantenha
o béquer com água no prato da balança.
• Usando uma linha, amarre a cabeça do prego e pendure-o (usando como apoio um suporte universal),
mergulhando-o totalmente no líquido contido no béquer, sem que ele toque as paredes ou o fundo do
recipiente (Figura 7.1). Meça e anote novamente a massa, que será registrada pela balança, devido ao
empuxo.
• Calcule a massa de líquido deslocado (𝑚𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ).
• Usando a Eq. 7.3, calcule a densidade do prego de ferro.
• Sabendo que a densidade do ferro é 7,8 g cm-3, calcule o erro experimental associado a determinação da
densidade do prego.

Figura 7.1 Esquema prático do princípio de Arquimedes.

b) Determinação do ponto de fusão do naftaleno ou do timol


• Monte o aparato experimental mostrado na Figura 7.2. A tela de amianto pode ser amparada por um
tripé caso seja usado o bico de gás para aquecimento do béquer. Com a garra metálica, fixe o tubo de ensaio
que contêm a amostra de naftaleno (ou timol), o termômetro e o bastão de vidro dentro de um béquer de
250 mL contendo água suficiente para que toda amostra do sólido puro dentro do tubo fique submerso.
• Observação: No início do aquecimento, não tente mexer o bastão de vidro que está preso ao sólido,
pois poderá quebrá-lo.

Figura 7.2 Aparato experimental para a determinação do ponto de


fusão do sólido.

53
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Inicie o aquecimento lentamente. A partir do momento que o termômetro e o bastão ficarem soltos, use
o bastão para agitar levemente (com movimentos para cima e para baixo) a massa do sólido em fusão.
• No caso do naftaleno, aqueça a amostra até 90°C e, quando esta temperatura for atingida, interrompa o
aquecimento e retire o tripé, a tela de amianto e o béquer, deixando o tubo suspenso fixado pela garra
metálica. Anote a temperatura de resfriamento da amostra a cada 30 segundos até atingir cerca de 50°C.
Anote a variação de temperatura em função do tempo na Tabela 7.1.
• No caso do timol, aqueça a amostra até 60°C e, quando esta temperatura for atingida, interrompa o
aquecimento seguindo o mesmo procedimento feito para a amostra de naftaleno. Anote na Tabela 7.1, a
variação de temperatura a cada 30 segundos até atingir a temperatura ambiente (cerca de 25°C).
• Em papel milimetrado, faça o gráfico da curva de resfriamento da amostra analisada pelo grupo. Coloque
no eixo das abscissas o tempo e no eixo das ordenadas os valores das temperaturas obtidas.
ATENÇÃO: Não una todos os pontos do gráfico, apenas trace uma curva média em relação aos pontos
marcados demonstrando a tendencia de variação da temperatura da amostra analisada em função do
tempo.
• Indique no gráfico o estado físico (ou equilíbrio de estados físicos) do sistema analisado em cada região
da curva traçada. Através do gráfico, identifique também a temperatura de fusão da amostra sólida
analisada.
• Sabendo que o ponto de fusão teórico do naftaleno puro é igual a 81°C e do timol puro é 49°C, calcule
o erro experimental obtido pelo grupo.

Tabela 7.1 Variação de temperatura durante o resfriamento da amostra estudada.


Amostra Amostra
tempo / min T / °C tempo / min T / °C tempo / min T / °C tempo / min T / °C
0 10 19,5 29
0,5 10,5 20 29,5
1 11 20,5 30
1,5 11,5 21 30,5
2 12 21,5 31
2,5 12,5 22 31,5
3 13 22,5 32
3,5 13,5 23 32,5
4 14 23,5 33
4,5 14,5 24 33,5
5 15 24,5 34
5,5 15,5 25 34,5
6 16 25,5 35
6,5 16,5 26 35,5
7 17 26,5 36
7,5 17,5 27 36,5
8 18 27,5 37
8,5 18,5 28 37,5
9 19 28,5 38
54
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
7.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
Barbosa, V. C.; Breitschaft, A. M. S. Um aparato experimental para o estudo do princípio de Arquimedes.
Revista Brasileira de Ensino de Física 28 (2006) 115–122.
Miranda-Pinto, C. O. B.; De Souza, E. Manual de trabalhos práticos de Físico-Química. Editora UFMG.
Belo Horizonte, 2006.

55
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 8. DETERMINAÇÃO DA FÓRMULA MOLECULAR DE UM SAL
HIDRATADO

8.1 INTRODUÇÃO

Os sais são compostos químicos resultantes da reação de ácidos com álcalis, que em água se dissociam
liberando um cátion diferente de H+ e um ânion diferente de OH-. São exemplos, o cloreto de sódio (NaCl),
cloreto de magnésio (MgCl2), sulfato de cálcio (CaSO4) e nitrato de potássio (KNO3). Os sais são muito
importantes no corpo humano, onde os sais de cálcio e magnésio são os principais componentes dos ossos
e dos dentes, os sais de fósforo contribuem para a formação dos tecidos, os sais de sódio e potássio são
responsáveis pela transferência dos impulsos nervosos. O NaCl é utilizado na salga e conservação dos
alimentos. Na indústria, o carbonato de cálcio (CaCO3) é usado na fabricação de vidro e cimento, o KNO3
é usado na fabricação de fertilizantes e explosivos, o nitrato de prata (AgNO3) é muito importante na
fabricação de filmes fotográficos sensíveis.
Os sais possuem algumas propriedades funcionais, pois conduzem corrente elétrica quando em
solução aquosa ou quando fundidos, reagem com os ácidos, bases, outros sais e metais e quase todos
apresentam-se no estado sólido ou na forma de cristais. De acordo com natureza dos íons, os sais podem
ser classificados como:
• Sal normal – é formado pela neutralização completa entre um ácido e uma base. Não possui nem H+ nem
OH-. Exemplo: NaCl
• Hidrogenossal ou sal ácido – é um sal que apresenta dois cátions, sendo um deles H+, e somente um
ânion. Exemplo: carbonato monossódico ou hidrogenocarbonato de sódio, NaHCO3.
• Hidroxissal ou sal básico – é um sal que apresenta dois ânions, sendo um deles OH-, e somente um
cátion. Exemplo: cloreto básico de cálcio ou hidróxi-cloreto de cálcio, CaOHCl.
• Sal duplo ou sal misto – é um sal que apresenta dois cátions diferentes (exceto H+) ou dois ânions
diferentes (exceto OH-) e somente um cátion. Exemplos: hipoclorito de cálcio Ca(ClO)2, sulfato de sódio e
lítio, NaLiSO4.
• Sal hidratado – apresenta no retículo cristalino moléculas de água em proporção definida e esta
quantidade é indicada, na nomenclatura do sal. Exemplo: sulfato de cobre(II) pentahidratado, CuSO4.5H2O.
Assim, em química inorgânica, os hidratos contêm moléculas de água que estão ligadas com a parte
metálica ou cristalizadas com o complexo metálico. Tais hidratos são assim chamados por conter “água de
cristalização” ou “água de hidratação”. Além do CuSO4.5H2O, pode-se citar o cloreto de cobalto(II)
hexahidratado (CoCl2.6H2O), sulfato de ferro(II) heptahidratado (FeSO4.7H2O) e sulfato de cálcio
dihidratado (CaSO4.2H2O). Existem algumas propriedades relacionadas à hidratação ou não dos sais, tais
como higroscopia e deliquescência. Higroscopia é a capacidade que um composto possui de absorver água

56
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
da atmosfera. Um exemplo é o sal de cozinha, que pode conter algumas impurezas higroscópicas (MgCl2 e
MgSO4) e em dias mais úmidos essas impurezas absorvem água da atmosfera, deixando o sal “empelotado”.
A deliquescência pode ser entendida como um caso extremo da higroscopia, onde o sal se dissolve na água
absorvida da atmosfera. Uma outra propriedade interessante dos sais hidratados, é a eflorescência, que
consiste na liberação de moléculas de água por exposição dos sais ao ar. Os sais perdem toda ou parte de
sua água de hidratação, tornando-se pulverulentos (em estado de pó fino). Dos exemplos citados acima, o
sulfato de cobre e cloreto de cobalto, são exemplos de sais eflorescentes.
O CuSO4.5H2O (Figura 8.1) apresenta-se sob a forma de cristais azuis em paralelepípedos oblíquos.
Perde sua água de cristalização a cerca de 200°C, transformando-se no sulfato de cobre anidro (CuSO4), pó
branco, muito higroscópico, que se torna instantaneamente azul ao contato da menor quantidade de água.

(a) (b) (c)


Figura 8.1 Estrutura 2D do sulfato de cobre(II) pentahidratado (a), de seus cristais azuis (b) em
paralelepípedos oblíquos (c).

8.2 OBJETIVO

Nesta aula, o aluno determinará empiricamente a fórmula química do sal hidratado de sulfato de
cobre(II).

8.3 PARTE EXPERIMENTAL

8.3.1 Materiais

Balança, tubo de ensaio, bico de gás, espátula, béquer de 50 mL, pinça de madeira ou metálica, dessecador.

8.3.2 Reagentes

Sal de sulfato de cobre(II) pentahidratado e água destilada.

57
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
8.3.3 Procedimentos

• Usando a balança, determine e anote a massa (m1) de um tubo de ensaio limpo e seco.
• Adicione cerca de 2 g do sal hidratado no tubo de ensaio, em seguida, determine e anote a massa (m2)
do conjunto.
Observação: Para realizar o procedimento anterior, você pode usar um béquer para servir de apoio para
o tubo de ensaio durante a pesagem, mas não se esqueça de tarar a balança com o béquer.
• Usando o bico de gás, aqueça o sal contido no tubo até eliminar o máximo de água do mesmo. O sal de
CuSO4 anidro será obtido quando o mesmo passar da cor azul para branco. Durante o aquecimento,
certifique-se que não haverá gotículas de água condensada nas paredes internas do tubo.
• Deixe o conjunto resfriar no dessecador por alguns minutos, depois meça e anote a massa (m3) do
conjunto.
• Se necessário, repita os dois procedimentos anteriores até obter um valor constante de m3.
• Determine a massa do sal anidro (𝑚𝐶𝑢𝑆𝑂4 = 𝑚3 − 𝑚1 ) e de água eliminada (𝑚𝐻2 𝑂 = 𝑚2 − 𝑚3 ).
• Calcule o número de mol do sal anidro.
• Calcule o número de mol de água eliminada durante o aquecimento do sal hidratado.
• Calcule a razão entre o número de mol de água eliminada e o número de mol do sal anidro.
• Escreva a fórmula do hidrato determinada experimentalmente.
• Determine o rendimento (𝜂) do processo de desidratação do hidrato, ou seja:

𝑛𝐻2 𝑂 (𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙)
𝜂= 𝑥100.
𝑛𝐻2 𝑂 (𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜)

• Discuta sobre as possíveis fontes de erro que podem ter influenciado no valor do rendimento obtido.

ATENÇÃO: Não se esqueça de demonstrar todos os cálculos realizados no item “Resultados e


Discussão” do relatório.

8.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
Vieira da Luz, A. J. R.; Falcão, H. R. C.; Lopes, J. S. De Matos, L. J. B. L.; Pessoa, P. A. P.; Rodrigues,
W. V. Apostila de roteiros experimentais de química Geral I. Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Maranhão, Campus Caxias, 2018.

58
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 9. LIGAÇÕES QUÍMICAS – FORÇAS INTERMOLECULARES

9.1 INTRODUÇÃO

As propriedades físicas de líquidos e sólidos moleculares são relativas em grande parte às forças
intermoleculares, as forças que existem entre as moléculas. Nos líquidos as forças atrativas intermoleculares
são fortes o suficiente para manter as moléculas juntas. Portanto, os líquidos são muito mais densos e muito
menos compressíveis que os gases. Diferindo dos gases, os líquidos têm volumes definidos,
independentemente do tamanho e da forma do recipiente que os contém. Entretanto, as forças atrativas nos
líquidos não são fortes o suficiente para impedir que as moléculas se movimentem próximas às outras. Nos
sólidos as forças atrativas intermoleculares são fortes o suficiente não apenas para manter as moléculas
juntas, mas para virtualmente prendê-las no lugar. Os sólidos que possuem estruturas altamente ordenadas
são ditos cristalinos. Como as partículas de um sólido não são livres para sofrer grandes movimentos, os
sólidos são rígidos. Entretanto, tenha em mente que as unidades que o formam, íons ou moléculas, possuem
energia térmica e vibram em suas posições na rede do sólido. Esse movimento vibracional aumenta em
amplitude à medida que o sólido é aquecido. Na realidade, a energia pode aumentar até o ponto em que o
sólido se funde ou se sublima.
A intensidade das forças intermoleculares em diferentes substâncias varia em uma grande faixa, mas
elas são muito mais fracas que as ligações iônicas e covalentes (Figura 9.1). Dessa forma, é necessário
menos energia para vaporizar um líquido ou fundir um sólido do que para quebrar ligações covalentes em
moléculas.

Atração intramolecular
(forte)= 431 kJ mol-1

Figura 9.1 Comparação entre uma ligação covalente


Atração intermolecular
(fraca)= 16 kJ mol-1 (força intramolecular) e atração intermolecular.

Sabe-se que existem três tipos de forças atrativas entre moléculas neutras: forças dipolo–dipolo, de
dispersão de London e de ligação de hidrogênio. Essas forças são também chamadas forças de van der
Waals. Outro tipo de força atrativa, a força íon–dipolo, é importante em soluções. Todas as quatro forças
são eletrostáticas por natureza, envolvendo atrações entre espécies positivas e negativas (Tabela 9.1). Todas
tendem a ser até 15% menos fortes que as ligações covalentes e iônicas.

59
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Tabela 9.1 Forças intermoleculares.
Forças Descrição Exemplo
NaCl em água

Ocorre entre um íon e a carga parcial em


Íon–dipolo
certo lado de uma molécula polar

HCl
Moléculas polares neutras se atraem
quando o lado positivo de uma molécula
está próximo do lado negativo de outra. São
Dipolo–
dipolo efetivas quando as moléculas polares estão
muito próximas, sendo mais fracas que as
forças íon–dipolo.

Surgem do movimento de elétrons em um Gás He


átomo ou molécula que podem criar um
Dispersões momento de dipolo instantâneo. Ocorrem
de London entre átomos e moléculas apolares e isso
explica porque gases apolares podem ser
liquefeitos.

Ocorrem entre o átomo de hidrogênio em Solução de NH3

uma ligação polar (particularmente uma


ligação H–F, H–O ou H–N) e um par de
Ligação de
elétrons não compartilhado em um íon ou
hidrogênio
átomo pequeno e eletronegativo que esteja
próximo (geralmente um átomo de F, O ou
N).

As forças intermoleculares podem nos ajudar a entender algumas propriedades físico-químicas de


líquidos e sólidos. De modo geral, nas substâncias moleculares, por exemplo, quanto mais intensas são as
atrações intermoleculares, maiores são seus pontos de fusão e ebulição. A solubilidade também pode estar
relacionada à semelhança das forças atuantes entre as espécies químicas. Embora não seja possível prever
com precisão absoluta quando uma substância é solúvel em outra, pode-se dizer genericamente que tal
dissolução ocorre quando há semelhança do ponto de vista estrutural, de polaridade e de caráter das forças

60
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
intermoleculares. Assim, um composto polar é solúvel em solvente polar, e um composto apolar é solúvel
em solvente apolar.

9.2 OBJETIVO

Nesta aula, o aluno irá discutir a influência de forças intermoleculares em algumas propriedades
físico-químicas de amostras de sólidos e líquidos.

9.3 PARTE EXPERIMENTAL

9.3.1 Materiais

Tubos de ensaio, béqueres de 50 mL, pipetas graduadas de 5 mL, bastão de vidro, bico de gás, lâmpada
conectada a uma fonte de tensão.

9.3.2 Reagentes

Amostras sólidas de sulfato de cobre pentahidratado, cloreto de cálcio dihidratado, cloreto de sódio,
sacarose e parafina. Água destilada, etanol, ciclohexano, acetona, éter etílico e clorofórmio. Soluções de
cloreto de sódio, sacarose, ácido clorídrico e ácido acético com concentração 0,1 mol L-1.

9.3.3 Procedimentos

a) Aquecimento
• Separe 3 tubos de ensaio e em cada um deles, adicione uma pequena quantidade dos sólidos de
CuSO4.5H2O, CaCl2.2H2O e NaCl.
• Aqueça cada um dos tubos contendo os sólidos até que aconteça alguma mudança em suas características
físicas. Anote e interprete os resultados levando em consideração as possíveis interações intermoleculares
existentes em cada amostra de sal.

b) Solubilidade
• Tente dissolver uma pequena quantidade dos solutos (quantidade equivalente a ponta de uma espátula)
em cerca de 2 mL dos solventes, conforme a Tabela 9.2. Lembre-se que todos os testes são comparativos,
por isso deve-se manter a mesma relação soluto-solvente. Anote e interprete os resultados levando em
consideração a influência das possíveis interações intermoleculares no processo de solubilização dos
sólidos em meio dos solventes empregados. Não basta apenas indicar no relatório se determinado sólido
solubilizou ou não em determinado solvente.

61
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Tabela 9.2 Teste de solubilidade de alguns sólidos em H2O, C2H5OH e C6H12.
Solventes
Solutos
Água Etanol Ciclohexano
Cloreto de sódio
Sacarose
Sulfato de cobre
Parafina

c) Miscibilidade
• Misture cerca de 2 mL de cada um dos líquidos, conforme a Tabela 9.3. Estes testes também são
comparativos, deve-se sempre manter os volumes constantes. Anote e interprete os resultados levando em
consideração a influência das possíveis interações intermoleculares no processo de miscibilidade dos
líquidos. Não basta apenas indicar no relatório se determinado líquido é miscível, parcialmente miscível ou
imiscível com o outro líquido.

Tabela 9.3 Teste de miscibilidade de líquidos.


Água Etanol Ciclohexano
Acetona
Éter etílico
Clorofórmio

d) Condutividade elétrica
• Verifique se há condução de corrente elétrica através dos seguintes líquidos: água da torneira, água
destilada, soluções de cloreto de sódio, sacarose, ácido clorídrico e ácido acético, todas com concentração
igual a 0,1 mol L-1. Anote e interprete os resultados.

9.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
JR., G. W. L.; Ragsdale, R. O. Modern Experimental Chemistry. Academic Press. New York and London,
1971.
Vogel, A. I. Química Analítica Qualitativa. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1981.

62
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMETO 10. FATORES QUE INFLUENCIAM O EQUILÍBRIO QUÍMICO

10.1 INTRODUÇÃO

Em seus estudos de Química você certamente irá ouvir falar sobre reações reversíveis e reações
irreversíveis. Na verdade, esta é uma divisão de caráter prático, pois não existem realmente reações
irreversíveis. Todas as reações químicas ocorrem em ambos os sentidos, geralmente mostrando
“preferência” por um dos sentidos, evoluindo para um estado final de equilíbrio, onde há, na maioria das
vezes, predominância de “reagentes” ou de “produtos”, conforme as energias envolvidas. Muitas vezes, a
“preferência” por um dos sentidos é tão pronunciada que, no equilíbrio, a concentração dos reagentes fica
abaixo da sensibilidade dos métodos analíticos utilizados e, assim, mal conseguimos detectar a presença
desses reagentes; neste sentido, na prática, dizemos que a reação é irreversível.
Podemos examinar a questão do equilíbrio químico do ponto de vista cinético ou termodinâmico;
ambas as abordagens produzem conclusões úteis que ajudam a compreensão das reações. Como exemplo,
vamos analisar a reação do iodo com hidrogênio do ponto de vista cinético:

𝐻2(𝑔) + 𝐼2(𝑔) ⟶ 2 𝐻𝐼(𝑔) velocidade 1 (𝑣1 ) (10.1)


2 𝐻𝐼(𝑔) ⟶ 𝐻2(𝑔) + 𝐼2(𝑔) velocidade 2 (𝑣2 ) (10.2)

Em ambas as reações, as moléculas envolvidas podem ser reagentes ou produtos, dependendo do


sentido considerado. Por outro lado, há uma renovação de reagentes e produtos provocada pelo processo
inverso e assim, as reações nunca cessam e o equilíbrio é dinâmico. Dizemos então que um sistema está em
equilíbrio quando a velocidade no sentido direto for igual à do sentido inverso. Para reações onde as
moléculas dos reagentes ou produtos são gases, este estado de equilíbrio só é possível em um sistema
fechado. O equilíbrio entre as reações 10.1 e 10.2 pode ser representado pela equação química 10.3.

𝑣1
H2(g) + I2(g) ⇌ 2 HI(g) (10.3)
𝑣2

A velocidade 𝑣1 da reação direta será máxima no início da reação, diminuindo com o seu decorrer,
pois experimentalmente se demonstra que 𝑣1 = 𝑘1 [H2 ][I2 ]. A velocidade 𝑣2 da reação inversa será nula
no início e aumentará com o decorrer da reação, pois 𝑣2 = 𝑘2 [HI]2 . No equilíbrio,

𝑘1 [HI]2
𝑣1 = 𝑣2 ⇒ 𝑘1 [H2 ][I2 ] = 𝑘2 [HI]2 ⇒ k= = [H
𝑘2 2 ][I2 ]

K é chamada constante de equilíbrio da reação, e os colchetes indicam que as concentrações das


substâncias estão expressas em mol L-1. O valor numérico de K será elevado se o equilíbrio favorecer a
63
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
formação dos produtos. Se a reação ocorrer apenas em pequena extensão, na posição de equilíbrio
predominarão os reagentes e, portanto, o valor numérico de K será pequeno (menor que a unidade se os
expoentes forem unitários).
O estado de equilíbrio de uma reação química pode ser perturbado por variações tais como a
temperatura, pressão e concentração dos reagentes. Esta alteração pode ser prevista pelo princípio de Le
Chatelier: “Quando um sistema em equilíbrio é submetido a uma ação, o equilíbrio se desloca no sentido
contrabalancear esta ação”. Assim, a partir do exemplo anterior, se adicionarmos iodo no sistema em
equilíbrio, a velocidade no sentido direto (𝑣1 ) será favorecida. Quando se restabelece o novo equilíbrio,
[I2] e [HI] serão mais elevadas e [H2] será mais baixa, mas K terá o mesmo valor.

10.2 OBJETIVO

Estudar reações em equilíbrio químico e verificar experimentalmente o princípio de Le Chatelier.

10.3 PARTE EXPERIMENTAL

10.3.1 Materiais

Erlenmeyer de 250 mL ou frasco de vidro com rolha de borracha para vedar, pipeta graduada de 5
mL ou 10 mL, pipetador, pinça metálica, tigela de vidro ou plástico, béquer de 500 mL.

10.3.2 Reagentes

Fio ou pedaço pequeno de folha de cobre metálico, ácido nítrico concentrado, solução de cloreto
férrico 0,5 mol L-1, solução de tiocianato de amônio 0,5 mol L-1, solução de cloreto de amônio 1,0 mol L-1,
solução de tiocianato de ferro(III) 0,25 mol L-1 (solução vermelha), solução de ácido acético 1,0 mol L-1,
solução de ácido clorídrico 1,0 mol L-1, alaranjado de metila, solução de cloreto de sódio 1,0 mol L-1 e
solução de acetato de sódio 1,0 mol L-1.

10.3.3 Procedimentos

a) Estudo do equilíbrio da reação:


Cu(s) + 4HNO3(conc.) ⇌ Cu2+ −
(aq) + 2NO3(aq) + 2NO2(g) + 2H2 O(l)

• Coloque cerca de 1 cm de fio de cobre ou um pequeno pedaço de folha de cobre metálico dentro do
Erlenmeyer (ou frasco de vidro). Na capela, usando a pipeta graduada, adicione 1,5 mL de ácido nítrico
concentrado e tampe imediatamente o Erlenmeyer com uma rolha de borracha. Observe e anote as

64
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
mudanças ocorridas. Mantenha o Erlenmeyer tampado em temperatura ambiente por alguns minutos até
que não seja observado uma variação aparente da coloração do gás formado.
• Após a reação atingir o equilíbrio, usando a pinça metálica, mergulhe o Erlenmeyer no banho de gelo.
Observe e anote as mudanças ocorridas. Retire o erlenmeyer do banho de gelo e reserve-o sobre a bancada
por alguns minutos antes de seguir com o próximo procedimento.
• Por último, usando a pinça metálica, mergulhe o Erlenmeyer no banho maria (água em ebulição).
Observe e anote as mudanças ocorridas.

ATENÇÃO: Discuta no relatório a influência da temperatura no deslocamento de equilíbrio da reação


estudada. Explique e justifique através da equação química, o motivo pelo qual a coloração do gás
formado na temperatura ambiente é alterada após a reação atingir o equilíbrio.

b) Estudo do equilíbrio da reação:


FeCl3(aq) + 3NH4 SCN(aq) ⇌ Fe(SCN)3(aq) + 3NH4 Cl(aq)

• Em quatro tubos de ensaio, adicione 5,0 mL da solução vermelha prepara previamente pelo técnico de
laboratório. Reserve a solução contida no tubo 1 como referência. Aos demais tubos de ensaio, adicione
aos poucos as soluções descritas conforme o Quadro 10.1.

ATENÇÃO: Observe e compare as soluções dos tubos 2 a 4 com o tubo de referência. No item
“Resultados e Discussões” do relatório, discuta os deslocamentos de equilíbrio ocorridos.

Quadro 10.1
Tubo 2 Gotas da solução de NH4SCN
Tubo 3 Gotas da solução de FeCl3
Tubo 4 Gotas da solução de NH4Cl

c) Variação da coloração do indicador alaranjado de metila em função do pH:

• Em quatro tubos de ensaio, realize as misturas das soluções descritas no Quadro 10.2, homogeneizando-
as. As misturas dos tubos 1 e 3 serão usadas como referência.

Quadro 10.2
Tubo 1 3,0 mL de CH3COOH + 3 gotas de alaranjando de metila
Tubo 2 1,5 mL da solução do Tubo 1 + 3 a 5 gotas de solução de NaCl
Tubo 3 3,0 mL de HCl + 3 gotas de alaranjando de metila
Tubo 4 1,5 mL da solução do Tubo 3 + 3 a 5 gotas de solução de CH3COONa

65
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
ATENÇÃO: Com base nas suas observações, no item “Resultados e Discussão” do relatório, discuta a
variação da coloração do indicador em função dos deslocamentos de equilíbrio promovidos nos tubos 2
e 4, quando comparados aos seus respectivos tubos de referência.

10.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Costantino, M. G.; Da Sila, G. V. J.; Donate, P. M. Fundamentos de Química Experimental. Editora Edusp.
São Paulo, 2011.
Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Vogel, A. I. Química Analítica Qualitativa. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1981.

66
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 11. EQUILÍBRIO IÔNICO EM SOLUÇÕES SALINAS

11.1 INTRODUÇÃO

As substâncias inorgânicas podem ser classificadas em três grupos importantes: ácidos, bases e sais.
De maneira simples, podemos definir um ácido como uma substância que, quando dissolvida em
água, se dissocia formando íons H+ como únicos íons positivos. Exemplos:

+
HCl(aq) ⇌ H(aq) + Cl−
(aq)
+
H2 SO4 ⇌ H(aq) + HSO−
4 (aq) pH < 7
HSO− + 2−
4 (aq) ⇌ H(aq) + SO4 (aq)

Uma base pode ser definida como uma substância que, dissolvida em água. Se dissocia formando
uma única espécie de íon negativo, denominado hidroxila (OH-). Exemplos:

NaOH(aq) ⇌ Na+(aq) + OH(aq)


pH > 7
NH3 (aq) ⇌ NH4+(aq) + OH(aq)

De acordo com a definição clássica, sais são os produtos das reações entre ácidos e bases. Tais
processos denominam-se reações de neutralização. Essa definição é correta, se considerarmos que
quantidades equivalentes de ácidos e bases puros foram misturadas e a solução for evaporada; formar-se-á
uma substância cristalina que não apresenta as características dos ácidos nem das bases. Exemplo:

𝐻𝐶𝑙(𝑎𝑞) + 𝑁𝑎𝑂𝐻(𝑎𝑞) ⇌ 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑎𝑞) + 𝐻2 𝑂(𝑙) pH = 7

Entretanto, quando se dissolvem sais em água, nem sempre a solução se apresenta neutra à reação. A
razão para esse fenômeno é que alguns sais reagem com a água; daí o termo hidrólise. Como consequência,
íons hidrogênio ou íons hidroxila ficam em excesso na solução, tornando-a ácida ou básica,
respectivamente. Neste sentido, todos os sais existentes classificam-se em uma das seguintes categorias:

I. Sais derivados de ácidos fortes e bases fortes: quando dissolvidos em água, apresentam reação
neutra, pois nem os ânions nem os cátions combinam-se, respectivamente, com os íons H+ ou OH- para
formar produtos levemente dissociados. Ex.: KOH.

II. Sais derivados de ácidos fracos e bases fortes: quando dissolvidos em água, produzem uma solução
de caráter alcalino, pois o ânion do sal combina-se com os íons H+ para formar um ácido fraco
levemente dissociado, deixando íons OH- livres no meio. Ex.: CH3COONa.

67
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
III. Sais derivados de ácidos fortes e bases fracas: quando dissolvidos em água, produzem uma reação
de caráter ácido, pois o cátion do sal reage com os íons OH-, produzidos pela dissociação da água,
formando uma base fraca, deixando íons H+ livres no meio. Ex.: NH4Cl.

IV. Sais derivados de ácidos fracos e bases fracas: quando dissolvidos em água, a hidrólise do cátion do
sal conduz à formação de uma base fraca não dissociada, enquanto a hidrólise do ânion do sal produz
um ácido fraco. Ex.: CH3COONH4.

10.2 OBJETIVO

Neste experimento, o aluno irá comprovar o fenômeno de hidrólise de alguns sais, avaliando por
Colorimetria (papel indicador universal) o pH das soluções.

11.3 PARTE EXPERIMENTAL

11.3.1 Materiais

Tubos de ensaio, béqueres de 50 mL, proveta de 5 mL ou 10 mL, pipetas de plástico, bastão de vidro,
espátulas metálicas, vidro de relógio.

11.2.2 Reagentes

Água destilada, soluções estoque de 1,0 mol L-1 de ácido acético e hidróxido de amônio. Soluções estoque
de 0,1 mol L-1 dos sais de cloreto de sódio, sulfato de potássio, cloreto de amônio, cloreto de magnésio,
acetato de sódio, carbonato de sódio, hidrogenocarbonato de sódio, carbonato de amônio, hidrogenossulfato
de sódio e acetato de amônio. Azul de bromotimol, solução alcoólica de fenolftaleína, papel indicador
universal. Sais de Na3PO4, Na2HPO4, NaH2PO4, FeSO4 e FeCl3.

11.3.3 Procedimentos

a) Efeito do íon comum no equilíbrio ácido-base


• Separe dois tubos de ensaio.
• No tubo 1, coloque 2 a 3 mL de água destilada e cerca de 2 mL de solução de ácido acético 1,0 mol L-1,
homogeneíze a solução. Molhe o bastão de vidro com a solução do tubo 1, depois passe numa fita de papel
indicador e meça o pH comparando a cor do mesmo com as cores da escala padrão. Anote o valor
correspondente.
• Em seguida, adicione cerca de 2 mL de solução de acetato de sódio 0,1 mol L-1 ao tubo 1, homogeneíze
a solução e meça novamente o pH usando uma nova fita de papel indicador. Anote o valor correspondente.

68
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• No tubo 2, siga os dois últimos procedimentos, agora adicionando primeiramente uma gota de hidróxido
de amônio e após a medida do pH, adicione cerca de 2 mL de cloreto de amônio 0,1 mol L-1, medindo
novamente o pH da solução. Anote os valores de pH correspondentes a cada etapa.

ATENÇÃO: No item “Resultados e Discussões” do relatório, explique o efeito do íon comum sobre os
valores de pH dos equilíbrios estabelecidos em cada tubo, demonstrando as equações químicas
envolvidas.

b) pH de soluções salinas
• Separe 11 tubos de ensaio. No tubo 1, adicione cerca de 3 mL de água destilada.
• Nos tubos 2 a 11, seguindo a Tabela 11.1, adicione cerca de 3 mL das soluções salinas previamente
preparadas.
• Teste o pH das soluções de cada tubo usando primeiramente o papel indicador (anote o valor) e, em
seguida, adicione 2 gotas de azul de bromotimol. Não se esqueça de fazer o mesmo teste com o tubo 1
contendo apenas água destilada.

ATENÇÃO: No item “Resultados e Discussões” do relatório, discuta os resultados obtidos com base nas
equações de hidrólise dos sais e escreva suas respectivas constantes de equilíbrio. Estabeleça uma ordem
crescente de acidez das soluções.

Tabela 11.1 pH de algumas soluções salinas determinado por Colorimetria.


Tubo Solução salina pH Coloração após adição do azul de bromotimol Caráter
2 NaCl
3 K2SO4
4 NH4Cl
5 MgCl2
6 CH3COONa
7 Na2CO3
8 NaHCO3
9 (NH4)2CO3
10 NaHSO4
11 CH3COONH4

c) pH de sais básicos
• Separe três tubos de ensaio e, usando uma proveta, adicione em cada um deles, 5 mL de água destilada.
• Seguindo a Tabela 11.2, adicione uma pequena quantidade (equivalente a ponta da espátula) dos sais.
Usando o bastão de vidro, homogeneíze as misturas até a total solubilização dos sais. Não se esqueça de
lavar o bastão de vidro com água destilada antes de homogeneizar as misturas subsequentes.

69
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Teste o pH das soluções de cada tubo usando primeiramente o papel indicador (anote o valor) e, em
seguida, adicione 1 gota de fenolftaleína às soluções de cada tubo. Observe as colorações obtidas,
comparando-as entre si e anote os resultados.

ATENÇÃO: No item “Resultados e Discussões” do relatório, discuta os resultados obtidos incluindo as


equações de hidrólise e suas respectivas constantes de equilíbrio. Podemos afirmar que, em meio aquoso,
um ânion com carga 2- é mais básico do que um ânion com carga uma carga negativa? Justifique.

Tabela 11.2 pH das soluções dos sais básicos determinado por Colorimetria.
Tubo Solução salina pH Coloração após adição da fenolftaleína
1 Na3PO4
2 Na2HPO4
3 NaH2PO4

d) pH de sais ácidos
• Separe dois tubos de ensaio e, usando uma proveta, adicione em cada um deles, 5 mL de água destilada.
• Seguindo a Tabela 11.3, adicione uma pequena quantidade (equivalente a ponta da espátula) dos sais.
Usando o bastão de vidro, homogeneíze as misturas até a total solubilização dos sais. Não se esqueça de
lavar o bastão de vidro com água destilada antes de homogeneizar a mistura subsequente. Teste o pH das
soluções de cada tubo usando o papel indicador e anote o valor.

ATENÇÃO: No item “Resultados e Discussões” do relatório, discuta os resultados obtidos incluindo as


equações de hidrólise e suas respectivas constantes de equilíbrio.

Tabela 11.3 pH das soluções dos sais ácidos determinado por Colorimetria.
Tubo Solução salina pH
1 FeSO4
2 FeCl3

11.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Vogel, A. I. Química Analítica Qualitativa. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1981.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
Departamento de Engenharia Química da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo.
Apostila de Química Geral Experimental II. Ponte Nova - São Paulo, 2020.

70
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 12. PREPARO DE SOLUÇÕES ÁCIDAS E BÁSICAS

12.1 INTRODUÇÃO

Uma solução é uma mistura homogênea de duas ou mais substâncias, onde o componente em menor
quantidade é chamado de soluto. Qualquer substância que forme um sistema homogêneo com a água é
considerada uma solução aquosa.
Um modo simples de saber ou comprovar se uma solução é acida, neutra ou básica é através de
indicadores, tais como o papel de tornassol ou a solução alcoólica de fenolftaleína (Figura 12.1). Abaixo
de pH 4,7 o tornassol é vermelho e acima de pH 8,3 o tornassol é azul. Quando uma solução ácida é gotejada
sobre um papel de tornassol azul, este torna-se vermelho (no papel vermelho nada acontece). Quando uma
solução básica é gotejada sobre um papel de tornassol vermelho, este torna-se azul (no papel azul nada
acontece). A solução de fenolftaleina permanece incolor em meio ácido e em meio básico adquire a
coloração rosa. A teoria cromófora, oferece uma explicação única para a formação das cores: "A coloração
das substâncias deve-se à presença de certos grupos de átomos ou ligações duplas nas moléculas". A teoria
cromófora explica a mudança de coloração dos indicadores como devida a um reagrupamento molecular
determinado pela variação das condições de pH do meio, que define o surgimento ou desaparecimento de
“grupos cromóforos”.

HO O
OH O

C CH

C C OH

O O
Meio ácido Meio básico
Incolor Vermelho
(a) (b)
Figura 12.1 Papel tornassol vermelho e azul (a) e, variação estrutural da fenolftaleina em meios ácido e
básico (b).

No preparo de soluções deve-se obedecer a seguinte sequência:

1) Medir a massa ou volume do soluto correspondente;


2) Dissolver o soluto (se sólido), em um béquer, usando pequena quantidade do solvente;
3) Transferir, quantitativamente, para um balão volumétrico;
4) Completar o volume com solvente;

71
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
5) Homogeneizar a solução;
6) Padronizar a solução preparada, quando necessário;
7) Guardar as soluções em recipiente adequados e rotulados.

12.2 OBJETIVO

Nesta experiência, o aluno deverá preparar uma solução ácida e outra básica e, determinar
qualitativamente o pH.

12.3 PARTE EXPERIMENTAL

12.3.1 Materiais

Balança, tubos de ensaio, bureta de 25 mL, béquer de 100 mL, bastão de vidro, balão volumétrico de 100
mL e 250 mL, pipeta de plástico, espátula, papel indicador de pH (0-14), papel tornassol vermelho e azul,
tubos de ensaio, frascos para estoque de soluções e etiqueta branca.

12.3.2 Reagentes e indicadores

NaOH sólido, HCl concentrado (d=1,19 g mL-1; 36% m/m ou 12 mol L-1), solução alcoólica de fenolftaleína
1% m/v, água destilada.

12.3.3 Procedimentos

a) Preparação de 250 mL de solução de NaOH 0,1 mol L-1

• Calcule a massa de NaOH necessária para preparar a solução e na balança, meça a massa calculada. Use
o béquer de 100 mL como recipiente, mas não se esqueça de tarar a balança com o béquer.
• Adicione cerca de 50 mL de água destilada ao béquer e com auxílio de um bastão de vidro dissolva a
amostra de NaOH.
• Transfira quantitativamente esta solução para um balão volumétrico de 250 mL e complete o volume do
mesmo até a marca de aferição;
• Agite o balão volumétrico para homogeneizar a solução.
Observação: Esta solução deverá ser devidamente armazenada e rotulada, pois ela será usada na próxima
aula de laboratório.

b) Preparação de 100 mL de solução HCl 0,1 mol L-1


• Calcule o volume de ácido clorídrico concentrado necessário para preparar a solução.

72
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Adicione cerca de 30 mL de água destilada em um balão de 100 mL e transfira o volume calculado de
HCl concentrado com o auxílio de uma bureta de 25 mL para o balão (este procedimento deve ser feito
na capela).
• Adicione, aos poucos, água destilada até completar o volume do balão, ou seja, até a marca de aferição
do mesmo.
• Agite o balão volumétrico para homogeneizar a solução.
Observação: Esta solução deverá ser devidamente armazenada e rotulada, pois ela será usada na próxima
aula de laboratório.

c) Observação qualitativa do pH das soluções preparadas

• Usando uma pipeta de plástico, transfira cerca de 3 mL da solução de NaOH preparada para um tubo de
ensaio.
• Mergulhe a ponta do bastão de vidro limpo e seco na solução e umedeça o pedaço de papel tornassol
vermelho. Observe e anote o resultado.
• Faça os mesmos procedimentos anteriores usando a solução de HCl preparada e um pedaço de papel
tornassol azul. Observe e anote o resultado.
• Meça o pH das duas soluções usando papel indicador universal e compare o resultado obtido com
os cálculos teóricos.
• Adicione 2 gotas da solução alcoólica de fenolftaleína em cada um dos tubos, observe e anote o
resultado.

ATENÇÃO: Não se esqueça de adicionar no item “Resultados e Discussões” do relatório, todos os


cálculos realizados para o preparo das duas soluções, bem como todas as discussões pertinentes aos
procedimentos realizados.

12.4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
JR., G. W. L.; Ragsdale, R. O. Modern Experimental Chemistry. Academic Press. New York and London,
1971.

73
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 13. PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES ÁCIDAS E BÁSICAS

13.1 INTRODUÇÃO

A análise volumétrica consiste na determinação quantitativa da concentração desconhecida de uma


solução, utilizando uma solução de concentração conhecida (solução padrão).
A titulação (Figura 13.1) é uma operação que envolve a adição de uma solução (titulante – contida
na bureta) sobre a outra (titulada – contida no Erlenmeyer). A reação que ocorre entre a solução padrão
(titulante) e a solução de concentração desconhecida (titulado) deve ser acompanhada até o seu final. O
ponto em que ocorre o término da titulação chama-se ponto de equivalência (P.E.) ou ponto final teórico
ou ainda ponto estequiométrico. O final da titulação pode ser identificado por alguma mudança visual
produzida pela própria substância padrão ou pela adição de um reagente auxiliar denominado indicador
(Figura 13.1). O ponto em que a mudança visual ocorre é chamado de ponto final (P.F.) da titulação. Numa
titulação ideal, o P.F. visível deve ser igual ao P.E., mas na prática, há uma diferença muito pequena, que
representa o erro da titulação. Assim, o indicador e as condições experimentais devem ser selecionados de
modo que a diferença entre o P.F. e o P.E. seja tão pequena quanto possível.
As análises volumétricas têm os seguintes requisitos:
i. Vidrarias de medida calibrados, incluindo buretas e pipetas;
ii. Substâncias de pureza conhecida para preparação de soluções padrões;
iii. Uso de indicador visual ou um método instrumental para se detectar o ponto final da reação.

Indicador
Figura 13.1 Procedimento para titular um ácido (concentração desconhecida) com uma solução padrão de
NaOH. O P.F. da titulação é identificado quando o indicador usado (fenolftaleína) muda de cor.

74
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
O que é uma solução padrão?
A solução padrão é aquela que contém uma massa exatamente conhecida do reagente em um volume
definido da solução. Sua concentração é expressa número de mol do soluto por litro de solução e pode ser
preparada a partir de uma substância primária.
Um padrão primário deve satisfazer os seguintes requisitos:
i. As substâncias devem ser de fácil obtenção, purificação, dessecação (110–120°C) e conservação no
estado de pureza. Geralmente, o estado de pureza não é satisfeito pelas substâncias hidratadas, pois é
difícil de remover completamente a umidade superficial sem causar uma decomposição parcial;
ii. A substância deve ser inalterável ao ar durante o processo de medida da sua massa. Esta condição implica
que ela não seja higroscópica, nem oxidável ao ar, nem afetada pelo CO2;
iii. A substância deve ter uma massa molecular elevada, de modo que os erros associados ao processo de
medida de sua massa se tornem desprezíveis. A precisão da massa medida é, ordinariamente, de 0,1–0,2
mg;
iv. A substância deve ser solúvel sob as condições em que é utilizada.
Na prática, é muito difícil de obter um padrão primário ideal, mas ao se preparar tal solução devemos
ter o compromisso de seguir os requisitos citados anteriormente. Em reações ácido-base, uma das
substâncias comumente empregadas como padrão primário é o hidrogenoftalato de potássio (C8H5KO4),
usado para determinar a concentração de uma solução básica, tal como a solução de NaOH (Figura 13.2).
Outro padrão primário muito utilizado é o tetraborato de sódio ou bórax (Na2B4O7.10H2O), usado para
determinar a concentração de uma solução ácida, tal como a solução de HCl. Um padrão secundário é
aquele que tem sua concentração determinada por análise química com um padrão primário e são utilizadas
como referência em análises volumétricas para padronizar outras soluções. Por exemplo, uma solução de
NaOH padronizada pela solução padrão de C8H5KO4 constitui um padrão secundário para determinar a
concentração de uma solução ácida.

O O
OH O Na
C C
O O
C C

O K + NaOH
O K + H2O

Figura 13.2 Reação entre o hidrogenoftalato de potássio (padrão primário) e o hidróxido de sódio.

13.2 OBJETIVO

Nesta experiência, o aluno usará a análise volumétrica para determinar a concentração em quantidade
matéria das soluções de ácido clorídrico e hidróxido de sódio preparadas na aula anterior.

75
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
13.3 PARTE EXPERIMENTAL

13.3.1 Materiais

Bureta de 25 mL ou 50 mL, suporte universal, pipeta volumétrica de 10 mL, pipetador, funil de vidro
pequeno de colo curto, béqueres de 50 mL, Erlenmeyers de 250 mL, garra metálica.

13.3.2 Reagentes e indicadores

Solução aquosa de NaOH (≈ 0,1 mol L-1 – preparada na aula anterior), solução aquosa de HCl (≈ 0,1 mol
L-1 – preparada na aula anterior), solução aquosa de hidrogenoftalato de potássio 0,100 mol L-1 ou 20,4221
g mL-1 ou solução de tetraborato de sódio 0,100 mol L-1 como padrão primário, solução alcoólica de
fenolftaleína 1% m/v.

13.3.3 Procedimentos

❖ ATENÇÃO: Este experimento poderá ser realizado usando como padrão primário a solução de
hidrogenoftalato de potássio ou a solução de tetraborato de sódio, conforme disponível no laboratório no
dia da aula. No primeiro caso, siga os procedimentos a e b, e no segundo caso siga os procedimentos c e d.

a) Padronização da solução de NaOH com a solução padrão de hidrogenoftalato de potássio

• Lave a bureta com água destilada e faça ambiente: lavar 2 vezes com pequenas porções (cerca de 3 mL)
da solução de NaOH.
• Fixe a bureta no suporte universal apropriadamente, como indicado na Figura 13.1b.
• Faça ambiente de um béquer de 50 mL lavando-o 2 vezes com cerca de 3 mL da solução de NaOH e,
em seguida, encha o béquer com a solução de NaOH (cuidado para não transbordar).
• Com o auxílio do funil (previamente ambientado), encha a bureta cuidadosamente com a solução de
NaOH até um pouco acima do traço que indica 0 mL e, em seguida, retire as bolhas de ar que possam ter
ficado no bico da bureta ou aderidas às suas paredes internas.
• Abra vagarosamente a torneira da bureta e deixe escoar a solução no béquer, até a parte inferior do
menisco coincidir com a marca de 0 mL.
• Em um segundo béquer de 50 mL, adicione cerca de 3 mL da solução padrão de hidrogenoftalato de
potássio e faça ambiente da vidraria e, em seguida, faça ambiente da pipeta de 10 mL com a solução padrão.
• Pipete 10,0 mL da solução padrão com a pipeta ambientada, transfira para um Erlenmeyer de 250 mL,
adicione 3 gotas do indicador e agite a solução (veja Figura 13.1a).

76
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Deixe escoar lentamente a solução de NaOH (bureta) sobre a solução padrão (Erlenmeyer) conforme
mostrado a Figura 13.1b, agitando sempre até que persista uma coloração levemente rosa (veja a Figura
13.3).
• Quando a coloração rosa for observada, feche a bureta, leia e anote o volume da solução de NaOH gasto
durante a titulação.
• Repita o procedimento de titulação por 1 a 2 vezes e calcule a média dos volumes da solução de NaOH
gastos em cada titulação.
Observação: estes volumes não devem diferir de mais de 0,1 mL um do outro, caso isso aconteça, repita
o processo de titulação para substituir aquela medida que apresentou diferença acima de 0,1 mL.

ATENÇÃO: Com os dados obtidos, calcule a concentração, em quantidade de matéria, da solução de


NaOH preparada na aula anterior. Demonstre o cálculo realizado no relatório.

b) Padronização da solução de HCl com a solução padronizada de NaOH (padrão secundário)

• Com o auxílio do funil, encha cuidadosamente a bureta com a solução de NaOH até um pouco acima do
traço que indica 0 mL e, em seguida, retire as bolhas de ar que possam ter ficado no bico da bureta ou
aderidas às paredes internas da bureta;
• Abra vagarosamente a torneira da bureta e deixe escoar a solução no béquer, até a parte inferior do
menisco coincidir com a marca de 0 mL.
• Em um béquer de 50 mL limpo, adicione cerca de 3 mL da solução de HCl e faça ambiente da vidraria.
Faça ambiente de outra pipeta de 10 mL com a solução de HCl.
• Pipete 10,0 mL da solução de HCl com a pipeta ambientada, transfira para um erlenmeyer de 250 mL,
adicione 3 gotas do indicador e agite a solução (veja Figura 13.1a);
• Deixe escoar lentamente a solução de NaOH (bureta) sobre a solução de HCl (Erlenmeyer) conforme
mostrado a Figura 4.1b, agitando sempre até que persista uma coloração levemente rosa (veja Figura
13.3);
• Quando a coloração rosa for observada, feche a bureta, leia e anote o volume da solução de NaOH gasto
durante a titulação.
• Repita o procedimento de titulação por 1 a 2 vezes e calcule a média dos volumes da solução de NaOH
gastos em cada titulação.
Observação: estes volumes não devem diferir de mais de 0,1 mL um do outro, caso isso aconteça, repita
o processo de titulação para substituir aquela medida que apresentou diferença acima de 0,1 mL.

ATENÇÃO: Com os dados obtidos, calcule a concentração, em quantidade de matéria, da solução de


NaOH preparada na aula anterior. Demonstre o cálculo realizado no relatório.

77
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Titulante

Leitura: 26 mL Leitura: 33,4 mL


Titulado

Figura 13.3 Manuseio correto da bureta e erlenmeyer durante uma titulação.

c) Padronização da solução de HCl com a solução padrão de tetraborato de sódio (bórax)


• Lave a bureta com água destilada e faça ambiente: lavar 2 vezes com pequenas porções (cerca de 3 mL)
da solução de HCl.
• Fixe a bureta no suporte universal apropriadamente, como indicado na Figura 13.1b.
• Faça ambiente de um béquer de 50 mL lavando-o 2 vezes com cerca de 3 mL da solução de HCl e, em
seguida, encha o béquer com a solução de HCl (cuidado para não transbordar).
• Com o auxílio do funil (previamente ambientado), encha a bureta cuidadosamente com a solução de HCl
até um pouco acima do traço que indica 0 mL e, em seguida, retire as bolhas de ar que possam ter ficado
no bico da bureta ou aderidas às suas paredes internas.
• Abra vagarosamente a torneira da bureta e deixe escoar a solução no béquer, até a parte inferior do
menisco coincidir com a marca de 0 mL.
• Em um segundo béquer de 50 mL, adicione cerca de 3 mL da solução padrão de tetraborato de sódio e
faça ambiente da vidraria e, em seguida, faça ambiente da pipeta de 10 mL com a solução padrão.
• Pipete 10,0 mL da solução padrão com a pipeta ambientada, transfira para um Erlenmeyer de 250 mL,
adicione 3 gotas do indicador e agite a solução (veja Figura 13.1a).
• Deixe escoar lentamente a solução de HCl (bureta) sobre a solução padrão (Erlenmeyer) conforme
mostrado a Figura 13.1b, agitando sempre até que coloração da solução mude de rosa para incolor
(veja a Figura 13.3).
• Quando a solução no Erlenmeyer ficar incolor, feche a bureta, leia e anote o volume da solução de HCl
gasto durante a titulação.
• Repita o procedimento de titulação por 1 a 2 vezes e calcule a média dos volumes da solução de HCl
gastos em cada titulação.

78
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Observação: estes volumes não devem diferir de mais de 0,1 mL um do outro, caso isso aconteça, repita
o processo de titulação para substituir aquela medida que apresentou diferença acima de 0,1 mL.

ATENÇÃO: Com os dados obtidos, calcule a concentração, em quantidade de matéria, da solução de


NaOH preparada na aula anterior. Demonstre o cálculo realizado no relatório.

d) Padronização da solução de NaOH com a solução padronizada de HCl (padrão secundário)

• Com o auxílio do funil, encha cuidadosamente a bureta com a solução de HCl até um pouco acima do
traço que indica 0 mL e, em seguida, retire as bolhas de ar que possam ter ficado no bico da bureta ou
aderidas às paredes internas da bureta;
• Abra vagarosamente a torneira da bureta e deixe escoar a solução no béquer, até a parte inferior do
menisco coincidir com a marca de 0 mL.
• Em um béquer de 50 mL limpo, adicione cerca de 3 mL da solução de NaOH e faça ambiente da vidraria.
Faça ambiente de outra pipeta de 10 mL com a solução de NaOH.
• Pipete 10,0 mL da solução de NaOH com a pipeta ambientada, transfira para um erlenmeyer de 250 mL,
adicione 3 gotas do indicador e agite a solução (veja Figura 13.1a);
• Deixe escoar lentamente a solução de HCl (bureta) sobre a solução de NaOH (Erlenmeyer) conforme
mostrado a Figura 13.1b, agitando sempre até que coloração da solução mude de rosa para incolor
(veja Figura 13.3);
• Quando a solução no Erlenmeyer ficar incolor, feche a bureta, leia e anote o volume da solução de HCl
gasto durante a titulação.
• Repita o procedimento de titulação por 1 a 2 vezes e calcule a média dos volumes da solução de HCl
gastos em cada titulação.
Observação: estes volumes não devem diferir de mais de 0,1 mL um do outro, caso isso aconteça, repita
o processo de titulação para substituir aquela medida que apresentou diferença acima de 0,1 mL.

ATENÇÃO: Com os dados obtidos, calcule a concentração, em quantidade de matéria, da solução de


NaOH preparada na aula anterior. Demonstre o cálculo realizado no relatório.

13.4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.

79
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 14. TERMOQUÍMICA – CALOR DE NEUTRALIZAÇÃO

14.1 INTRODUÇÃO

As reações químicas podem ser classificadas como endotérmicas ou exotérmicas de acordo com a
variação de entalpia ou o calor envolvido no processo. A determinação deste calor pode ser feita
teoricamente através da Lei de Hess ou na prática por medidas calorimétricas. O aparelho utilizado para
medir o fluxo de calor chama-se calorímetro.
As técnicas e os equipamentos aplicados em calorimetria dependem da natureza do processo
estudado. Para muitas reações, como as que ocorrem em solução, é fácil controlar a pressão para que a
variação de entalpia (Δ𝐻) seja medido diretamente. Lembre-se de que Δ𝐻 = 𝑄𝑝 , ou seja, a variação de
entalpia da reação química é igual a quantidade de calor trocada entre o sistema e as vizinhanças à pressão
constante. Apesar de os calorímetros utilizados para trabalhos altamente acurados serem instrumentos de
precisão, um calorímetro bem simples, do tipo ‘copo de isopor’, como o mostrado na Figura 14.1, é muito
utilizado em laboratórios de química geral para ilustrar os princípios da calorimetria. Uma vez que o
calorímetro não é lacrado, a reação ocorre essencialmente sob pressão constante da atmosfera. A variação
de temperatura ocorrida em um objeto quando ele absorve certa quantidade de energia é determinada por
sua capacidade calorífica. A capacidade calorífica de um objeto é a quantidade de calor necessária para
aumentar sua temperatura em 1 K (ou 1°C). Quanto maior a capacidade calorífica, maior o calor necessário
para produzir determinado aumento de temperatura.

Figura 14.1 Calorímetro baseado no copo de isopor, no qual as reações


ocorrem a pressão constante.

O calor de neutralização é o calor envolvido na reação de neutralização de um ácido por uma base
com formação de um sal e de água. Quando soluções diluídas de ácidos fortes monopróticos (por exemplo,
HCl e HNO3) são neutralizadas com soluções diluídas de bases fortes, como as soluções de hidróxidos de
metais alcalinos, observa-se que o calor de neutralização liberado por mol de água formado é, praticamente,
constante e independente da natureza real dos elementos (o ametal e o metal) que constituem o ácido e a

80
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
base. O valor médio do calor de neutralização encontrado para essas reações nas CNTP é igual a -13700
cal mol-1 ou -57321 J mol-1.
Portanto, essas reações podem ser descritas simplesmente em termos da neutralização do íon hidrônio,
não sendo necessário levar em conta o sal formado que estará totalmente ionizado:

+ − °
𝐻(𝑎𝑞) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) ⟶ 𝐻2 𝑂(𝑙) Δ𝐻𝑁𝑒𝑢𝑡 = −13700 𝑐𝑎𝑙 𝑚𝑜𝑙 −1

Esse tratamento não pode, obviamente, ser utilizado para as reações de neutralização de ácidos ou
bases fracas, ou mesmo para ácidos polipróticos, pois, nestes casos, há uma quantidade significativa de
calor, associada ao grau de ionização dessas substâncias, que pode mascarar o resultado dos experimentos.

14.2 OBEJETIVO

Determinar o calor de neutralização de um ácido forte por uma base forte usando um calorímetro
simples baseado no copo de isopor.

14.3 PARTE EXPERIMENTAL

14.3.1 Materiais

Copo de isopor com tampa, termômetro eletrônico, 2 provetas de 100 mL.

14.3.2 Reagentes

Soluções de ácido clorídrico e hidróxido de sódio com concentrações iguais a 0,5 mol L-1.

14.3.3 Procedimentos

• Usando a proveta, meça 100 mL de solução de HCl 0,5 mol L-1 e transferir para o calorímetro. Tampar
o calorímetro, agitar de forma circular usando uma pinça metálica, medir e anotar o valor da temperatura
ambiente (T1) de equilíbrio.
• Usando a proveta, meça 100 mL de solução de NaOH 0,5 mol L-1.
• Cuidadosamente, retire a tampa do calorímetro com o termômetro acoplado (evite tocar na haste
metálica do termômetro, bem como não colocar em contato com a bancada) e transfira a solução de
NaOH contida na proveta para o calorímetro, fechando-o rapidamente com cuidado e agitando-o de forma
circular usando a pinça metálica, durante 2 a 3 minutos. Anote a temperatura máxima registrada no
termômetro, que será a temperatura final (T2) no interior do calorímetro.
• Use a Eq. 14.1 para calcular a variação de entalpia da reação de neutralização ocorrida.

81
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
ΔH𝑁𝑒𝑢𝑡 = −(𝜌 . V . 𝑐𝐻2 𝑂 . ΔT + 𝐶calorímetro . ΔT) (14.1)

Onde:
ρ é a densidade da solução (como as soluções são diluídas, considera-se a densidade específica da água -
1,0 g cm-3);
V é o volume total da solução;
𝑐𝐻2 𝑂 é o calor específico da água (1,0 cal g-1 °C-1);
∆T = T2 – T1 é a variação de temperatura ocorrida durante a reação de neutralização;
Ccalorímetro é a capacidade térmica do calorímetro utilizado (21,43 cal °C-1).

• Para se obter o valor de ∆HNeut em cal mol-1 deve-se dividir o valor calculado conforme a Eq. 14.1 pelo
número de mol de íons hidrônio contidos em 100 mL da solução do ácido que são neutralizados pela base.
• Calcule o erro associado a medida experimental do calor de neutralização da reação estudada.

ATENÇÃO: No item “Resultados e Discussões” do relatório demonstre todos os cálculos realizados e


discuta o que for pertinente em relação aos resultados obtidos.

14.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
Miranda-Pinto, C. O. B.; De Souza, E. Manual de trabalhos práticos de Físico-Química. Editora UFMG.
Belo Horizonte, 2006.

82
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 15. CONSTRUÇÃO DE UMA CURVA DE SOLUBILIDADE

15.1 INTRODUÇÃO

A solubilidade é de fundamental importância em muitas aplicações práticas. A solubilidade é


frequentemente dita ser uma das "propriedades características de uma substância", o que significa que é
geralmente usada para descrever a substância, para indicar sua polaridade, para ajudar a distingui-la de
outras substâncias, sendo muito útil na separação de misturas.
As curvas de solubilidade são diagramas que indicam a variação dos coeficientes de solubilidade das
substâncias em função da temperatura. A Figura 15.1 mostra a curva de solubilidade do sal de nitrato de
potássio (KNO3) em água. De acordo com o gráfico, qualquer ponto abaixo da curva representa uma solução
insaturada de KNO3, já os pontos sobre a curva denotam a região saturada e acima da mesma, desde que as
quantidades permaneçam em solução, tem-se a região supersaturada.

Figura 15.1 Curva de solubilidade do KNO3.

Sabemos que uma solução saturada contém a máxima quantidade de soluto em uma dada quantidade
de solvente, a determinada temperatura; a relação entre a quantidade máxima de soluto e a quantidade de
solvente é denominada coeficiente de solubilidade. Na prática, usa-se as soluções que estão abaixo da curva
de solubilidade, pois acima desta todo o excesso do soluto tenderia a precipitar.
A Figura 15.2 mostra a curva de solubilidade de vários sais. Pode-se observar que a maioria deles
tem um aumento da solubilidade com o aumento da temperatura (dissolução endotérmica). Quando a
solubilidade de uma substância diminui com o aumento da temperatura, trata-se de uma dissolução
exotérmica. Este tipo de dissolução é facilmente observado para os gases, como exemplo, refrigerantes
promovem a formação de maior quantidade de espuma ao serem abertos quando se encontram a maiores
temperaturas devido à liberação de CO2 que estava inicialmente dissolvido.
83
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Figura 15.2 Exemplos de curvas de solubilidade de diversos compostos e sua variação com a temperatura.

Os depósitos de vários sais comercialmente importantes encontrados em várias partes do mundo,


formaram-se na natureza por evaporação de soluções de sais produzidos por processos geológicos. A
produção industrial de vários desses sais, a partir dessas fontes, depende dos princípios de cristalização
seletiva que, por sua vez, depende dos princípios de equilíbrio de solubilidade de misturas de sais e dos
efeitos da temperatura e da concentração sobre esse equilíbrio. Conhecimentos que são obtidos a partir dos
estudas das curvas de solubilidades dos compostos em questão. Estudos da curva de solubilidade de
diversos compostos são realizados pela indústria farmacêutica, para prever o comportamento dos
medicamentos no organismo a partir de sua solubilidade.

15.2 OBJETIVO

Construir a curva de solubilidade do KCl em água a partir da determinação experimental dos seus
coeficientes de solubilidade em diferentes temperaturas.

15.3 PARTE EXPERIMENTAL

15.3.1 Materiais

Tubos de ensaio, béquer de 500 mL, chapa de aquecimento, pinças de madeira, balança, termômetros
eletrônicos, bastões de vidro, provetas de 10 mL, cuba de vidro.

15.3.2 Reagentes

Sal de cloreto de potássio, água destilada na temperatura ambiente, mistura de água da torneira com alguns
cubos de gelo (se for necessário).

84
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
15.3.3 Procedimentos

• Separe 7 tubos de ensaio e adicione em cada um deles as quantidades de cloreto de potássio conforme a
Tabela 15.1. Em seguida, usando a proveta, acrescente 10 mL de água destilada em cada um dos tubos. Use
o bastão de vidro para solubilizar o máximo possível da amostra de sal em água na temperatura ambiente
(cuidado para não trincar o vidro do tubo de ensaio).

Tabela 15.1 Quantidades de KCl solubilizadas em água destilada e suas temperaturas de recristalização.
Tubo Amostra do sal / g Temperatura de recristalização / °C
1 3,10
2 3,40
3 3,70
4 4,00
5 4,25
6 4,50
7 4,80

• Coloque os 7 tubos de ensaio em um béquer com água em ebulição, aqueça-os simultaneamente sempre
agitando do conteúdo de cada tubo utilizando o bastão de vidro até que ocorra a completa dissolução do
sal.
• Após a completa dissolução de todas as amostras, usando a pinça de madeira, retire rapidamente os tubos
de ensaio do béquer com água aquecida transferindo-os para uma estante de tubos de ensaio.
• Em seguida, introduza o termômetro na solução e com o auxílio dele, agite a solução com cuidado (tome
cuidado para não danificar o termômetro). Continue agitando até observar a formação das primeiras
partículas de KCl. Anote o valor desta temperatura na Tabela 15.1. Caso os últimos tubos atinjam a
temperatura ambiente sem que ocorra formação de precipitado, coloque-os num banho gelado e acompanhe
agitando a solução até observar a formação do precipitado.
• Com os dados da Tabela 15.1, calcule os coeficientes de solubilidade expressando-os em g/ 100 mL H2O
e construa um gráfico (em papel milimetrado) da curva de solubilidade do KCl ajustando os pontos numa
linha (isso não significa que se deve unir os pontos do gráfico).
• Com base no gráfico que você produziu, classifique as seguintes soluções de KCl como saturada,
insaturada ou supersaturada.
a) 25g KCl/ 100g H2O a 40°C
b) 32g KCl / 50g H2O a 75°C
c) 250 g KCl / 250g H2O a 90°C

ATENÇÃO: No item “Resultados e Discussões” do relatório demonstre todos os cálculos realizados e


discuta o que for pertinente em relação aos resultados obtidos.
85
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
15.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Costantino, M. G.; Da Sila, G. V. J.; Donate, P. M. Fundamentos de Química Experimental. Editora Edusp.
São Paulo, 2011.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.

86
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 16. FATORES QUE INFLUENCIAM A VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO
QUÍMICA

16.1 INTRODUÇÃO

Da experiência cotidiana em laboratório de química sabemos que algumas reações ocorrem


rapidamente, enquanto outras se processam lentamente. A neutralização de um ácido por uma base se
processa tão rapidamente quanto o tempo necessário para misturá-los. Do mesmo modo, um precipitado
branco de AgCl é formado rapidamente quando uma solução de íons prata (Ag+) é misturada com uma
solução contendo íons cloretos (Cl-). Outras reações, tal como a combustão da gasolina, ocorrem rápida ou
lentamente, dependendo do modo como as reagentes são postos em contato. Estamos também
familiarizados com as reações química lentas, tais como a oxidação do ferro e o amadurecimento de um
fruto.
Geralmente, os processos que envolvem interações de íons ocorrem muito rapidamente. Quando íons
de cargas opostas se aproximam, eles são capazes de se atrair e reagir entre si. Ao contrário, as espécies
covalentes, na maioria das vezes reagem lentamente. As principais razões para que isso ocorra são: quando
se processa a reação, pelo menos uma ligação química é rompida e as partículas devem colidir tendo suas
ligações covalentes direcionais devidamente orientadas.
Pela observação experimental, verificou-se que a velocidade das reações é controlada por apenas
alguns fatores. Quatro desses fatores são: concentração de reagentes, temperatura, natureza dos reagentes e
presença de catalisadores.
Para que duas moléculas reajam, elas devem colidir uma com a outra (Figura 16.1). Esta é a teoria
da colisão segundo a qual a velocidade é controlada por dois fatores:
1. O número de moléculas reagentes na unidade de tempo e,
2. A fração de colisões eficazes que levam à transformação química.

O O O
Cl Cl N Cl Cl N Cl Cl N

Cl Cl Cl
Cl O N Cl O N Cl O N

Figura 16.1 Colisões moleculares podem ou não levar a reação química no estado gasoso entre o átomo de
cloro (Cl) e o cloreto de nitrosilo (NOCl) para formar Cl2 e NO.
87
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
O primeiro fator nos informa que quanto maior for a concentração de reagentes, maior será a
probabilidade de haver colisões entre moléculas. Porém, nem todas as colisões são eficientes; as espécies
devem colidir com uma energia mínima, denominada energia de ativação e com orientação adequada. A
natureza dos reagentes e a temperatura têm influência sobre a fração de colisões que resultam em uma
reação química. Em geral, quanto mais elevada for a temperatura dos reagentes, tanto mais rápida será a
reação. O aumento da temperatura aumenta o número de moléculas com energia suficiente para reagir
(Figura 16.2).

Figura 16.2 Efeito da temperatura sobre a distribuição


de energia cinética das moléculas de uma amostra.

Os catalisadores atuam proporcionando um caminho alternativo de energia de ativação do sistema,


aumentando, desta forma, a sua velocidade. Por exemplo, na decomposição do peróxido de hidrogênio
(H2O2), ocorrem duas reações sucessivas de H2O2, primeiro com brometo (Br-) e, em seguida com o bromo
(Br). Como essas duas reações juntas servem como uma via catalítica de decomposição do peróxido, ambas
devem ter energia de ativação significativamente mais baixas do que a decomposição não catalisada (Figura
16.3).

Figura 16.3 Perfis de energia para a decomposição


do H2O2 não catalisada e catalisado por Br-.

Em geral, a velocidade de uma reação química hipotética aA + bB + cC ..., é v = k[A]x.[B]y.[C]z. ...,


onde x, y e z são indices obtidos do estudo do mecanismo da reação. Em alguns casos coincidem com os
coeficientes estequiométricos a, b e c, respectivamente. Exemplo:

H3CCO2C2H5(l) + H2O(l) → H3CCOOH(aq) + C2H5OH(l) v = k.[H3CCO2C2H5]

88
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Mas, em muitos casos, os indices não coincidem com os coeficientes estequiométricos da reação. Exemplo:

S2O82-(aq) + 3I-(aq) → 2SO42-(aq) + I3-(aq) v = k.[S2O82-].[I-]-1

16.2 OBJETIVO

Neste experimento, o aluno estudará os efeitos da concentração e temperatura na velocidade de


reação, bem como o efeito de catalisadores.

16.3 PARTE EXPERIMENTAL

16.3.1 Materiais

Tubos de ensaio, pipeta graduada de 10 mL, béqueres de 50 mL, cuba de vidro, termômetro eletrônico,
cronômetro.

16.3.2 Reagentes

Solução de iodato de potássio (KIO3) 0,01 mol L-1, solução de bissulfito de sódio (NaHSO3) 0,04% m/v em
dispersão de amido 0,2%, peróxido de hidrogênio (H2O2) 10 volumes; solução de cloreto férrico (FeCl3)
0,5 mol L-1, solução de cobre(II) (CuSO4) 0,5 mol L-1, solução de hidróxido de amônio (NH4OH) 0,1 mol
L-1, banho de gelo.

16.3.3 Procedimentos

a) Efeito da concentração na velocidade da reação:


2IO− − +
3(aq) + 5HSO3(aq) + 2H(aq) ⟶ I2(aq) + 5HSO4(aq) + H2 O(l)

• Separe 5 tubos de ensaio. No tubo 1 adicione 5 mL da solução de KIO3 0,01 mol L-1 e aos demais,
adicione 4, 3, 2 e 1 mL da mesma solução, respectivamente na ordem crescente dos tubos numerados.
• Agora, no tubo 2, adicione 1 mL de água destilada. Nos tubos 3 a 5 adicione 2, 3 e 4 mL de água
destilada, respectivamente. Repare que ao final destas adições, todos os tubos contêm um total de 5 mL de
solução.
• Agite cada tubo para homogeneizar a solução.
• Coloque 5 mL de solução de NaHSO3 0,04% m/V no tubo 1 e, com o auxílio de um cronômetro, marque
o tempo (inclusive os segundos) desde o momento em que se começou a adicionar à solução de NaHSO3
até o início do aparecimento de uma coloração azul. Anote os resultados na Tabela 16.1.
• Repita o procedimento anterior para os demais tubos de ensaio.

89
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Construa um gráfico (em papel milimetrado) do volume da solução KIO3 em função do inverso do
tempo, ou seja, 1/t. Ajuste os pontos do gráfico a reta que melhor descreve o comportamento da velocidade
da reação.

Tabela 16.1 Tempo de reação em relação ao volume de solução adicionado.


Tubo KIO3 / mL Água destilada / mL NaHSO3 / mL Tempo decorrido / s
1
2
3
4
5

b) Efeito da temperatura na velocidade da reação:


2IO− − +
3(aq) + 5HSO3(aq) + 2H(aq) ⟶ I2(aq) + 5HSO4(aq) + H2 O(l)

• Separe seis tubos de ensaio e no tubo 1 adicione 5 mL de solução de KIO3.


• Coloque no tubo 2, 5 mL de solução de NaHSO3.
• Meça a temperatura da solução contida no tubo 1 (KIO3) e anote a temperatura. Assume-se que ambas
as soluções se encontram nesta mesma temperatura ambiente.
• Adicione ao tubo 1 a solução contida no tubo 2 (NaHSO3), agite para homogeneizar e marque o tempo
necessário para que a reação se processe. Observe e anote os resultados na Tabela 16.2.
• Repita o mesmo procedimento para duas temperaturas diferentes da anterior, por exemplo, 10°C e até
50°C. O importante, é manter a temperatura constante ao máximo possível. Anote os resultados na Tabela
16.2 e discuta os resultados no relatório.

Tabela 16.2 Tempo de reação em função da temperatura.


Reação Temperatura / °C Tempo decorrido / °C
1
2
3

c) Efeito do catalisador sobre a reação:

1
H2 O2(aq) ⟶ H2 O(l) + O2(g)
2

• Separe 3 tubos de ensaio. Adicione cerca de 2,0 mL de água oxigenada a 10 volumes em cada tubo.
90
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Siga a Tabela 16.3 e adicione as soluções recomendadas em cada tubo.
• Examine os tubos em conjunto e em separado, observando e anotando a influência de cada substância
adicionada na velocidade de desprendimento de gás formado. Discuta os resultados obtidos no relatório.

Tabela 16.3 Efeito da adição de soluções especificas na velocidade da reação.


Solução Volume
Tubo Observações
adicionada adicionado
1 FeCl3 2 gotas
2 CuSO4 2 gotas
NH4OH 2-3 gotas
3
FeCl3 2 gotas

16.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Costantino, M. G.; Da Sila, G. V. J.; Donate, P. M. Fundamentos de Química Experimental. Editora Edusp.
São Paulo, 2011.
Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.

91
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 17. ELETROQUÍMICA

17.1 INTRODUÇÃO

A eletroquímica se faz presente no nosso dia-a-dia. Por exemplo, no relógio de parede, nos celulares,
nos computadores e no seu próprio automóvel. A eletroquímica encontra-se disponível em pilhas, baterias,
enfim, em todos estes dispositivos que dão vida a tantos utensílios que usamos em casa, no trabalho e nas
horas de lazer. Com isso, aumentou a demanda por pilhas e baterias cada vez menores, mais leves e de
maior desempenho. Como consequência, existe atualmente no mercado uma grande variedade de pilhas e
baterias, o que tem trazido à tona discussões acerca dos potenciais riscos que tais dispositivos trazem à
saúde humana e ao meio ambiente, quando descartados de forma inadequada.
A eletroquímica estuda os fenômenos químicos e elétricos gerados por reações químicas espontâneas
(em pilhas ou baterias) e a transformação química gerada pela passagem da corrente elétrica numa solução
(eletrólise).
A principal condição em uma reação de oxirredução é a transferência de elétrons do agente redutor
para o oxidante. Assim, foi preciso estabelecer potenciais relativos de oxidação e redução para os
elementos, tomando como padrão o eletrodo padrão de hidrogênio (EPH), ao qual foi atribuído,
arbitrariamente, o potencial de 0 (zero) volt (Figura 17.1). Ao eletrodo que perde elétrons mais facilmente
que o EPH é atribuído potencial positivo e àquele que ganha elétrons facilmente, um potencial negativo.

+
H(aq) + e− ⟶ 1⁄2 H2(g) (ε° = 0 V)

Figura 17.1 Célula voltaica usando um eletrodo padrão de hidrogênio.

°
Utilizando esses valores, encontrados em tabelas de Potencial Padrão de Redução (𝜀𝑟𝑒𝑑 ) ou Oxidação
° °
(𝜀𝑜𝑥𝑖 ), é possível prever a espontaneidade de reações de oxirredução. A Tabela 17.1 mostra alguns 𝜀𝑟𝑒𝑑 ,
uma tabela mais completa pode ser encontrada no ANEXO da apostila de laboratório. Se o potencial da
reação global apresentar valor positivo, a reação será espontânea; caso contrário, o sistema somente sofrerá
transformação às custas de um trabalho elétrico.
92
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Tabela 17.1 Tabela de potencial padrão de redução de algumas espécies químicas.
Semi-reação ε° / V Semi-reação ε° / V
K+(aq) + e- → K(s) -2,92 H+(aq) + e- → ½ H2(g) 0
Ca2+(aq) + 2e- → Ca(s) -2,87 Cu2+(aq) + 2e- → Cu(s) +0,34
Al3+(aq) + 3e- → Al(s) -1,66 ½ I2(s) + e- → I-(aq) +0,54
2H₂O(l) + 2e- → H2(g) + 2OH-(aq) -0,83 Hg22+(aq) + 2e- → 2Hg(l) +0,78
Zn2+(aq) + 2e- → Zn(s) -0,76 Ag+(aq) + e- → Ag(s) +0,79
Fe2+(aq) + 2e- → Fe(s) -0,44 Hg2+(aq) + 2e- → Hg(1) +0,85
Ni2+(aq) + 2e- → Ni(s) -0,25 O2(g) + 4H+(aq) + 4e- → 2H2O(1) +1,23
Pb2+(aq) + 2e- → Pb(s) -0,12 H2O2(g) + 2 H+(aq) + 2e- → 2H2O(1) +1,77

Em termodinâmica, a energia livre de Gibbs (∆G) é uma grandeza que busca medir a totalidade da
energia atrelada a um sistema termodinâmico disponível para execução de trabalho “útil”. Podemos
relacionar a ∆G de uma reação e a diferença de potencial da pilha (∆E) através da seguinte equação:

−nFΔE
ΔG = −nFΔΕ (em joules) ou ΔG = (em kcal mol−1 )
4186

onde: n é o número de mol de elétrons transferidos e F é a constante de Faraday (96500 Coulomb).


As reações de oxirredução espontâneas geram energia e produzem trabalho útil. No caso das pilhas
ou células galvânicas este trabalho é o trabalho elétrico. Em eletroquímica é importante distinguir entre
reações de oxirredução espontâneas, ou seja, aquelas que têm ∆G negativo e, as reações de oxirredução não
espontâneas, cujo ∆G é positivo. Quando ∆G é igual a zero o sistema está em equilíbrio.

17.2 OBJETIVO

Neste experimento, o aluno irá observar a espontaneidade de reações de oxidação e redução e,


determinará experimentalmente o potencial de uma pilha de zinco e cobre (Pilha de Daniell).

17.3 PARTE EXPERIMENTAL

17.3.1 Materiais

Multímetro, ponte salina, béqueres de 25 mL ou 50 mL, proveta de 50 mL, tubo de ensaio, palha de aço.

17.3.2 Reagentes

Barra metálica de cobre, barra metálica de zinco, solução de ZnSO4 1,0 mol L-1, solução de CuSO4 1,0 mol
L-1, solução saturada de KCl, água destilada, um prego limpo com palha de aço.

93
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
17.3.3 Procedimentos

a) Verificação qualitativa da tabela de potencial de redução

• Coloque em um tubo de ensaio pequena quantidade da solução de sulfato de cobre(II) e mergulhe nesta
solução um prego de ferro (previamente limpo com a palha de aço). Observe as condições iniciais de reação
e anote alguma evidência de transformação.
• Escreva a equação que descreve a reação química acima. Qual é o fenômeno que ocorreu na superfície
do metal? Explique o que ocorreu baseando-se no potencial da reação.
• Coloque em um béquer cerca de 10 mL de solução de sulfato de zinco(II) e mergulhe uma barrinha de
cobre. Observe, anote os resultados e justificando-os no relatório.

b) Montagem da pilha de Daniell

• Em um béquer de 50 mL, adicione cerca de 30 mL da solução de sulfato de cobre(II) e num outro, 30


mL da solução de sulfato de zinco(II).
• Com a ponte salina que já se encontra preparada, o multímetro e os conectores, monte o sistema
conforme a Figura 17.2.

Figura 17.2 Esquema da pilha de Daniell.

• Feche o circuito intercalando o multímetro entre os eletrodos (ligue o eletrodo de zinco ao terminal
negativo e o eletrodo de cobre ao terminal positivo do multímetro). Leia a diferença de potencial no
multímetro.
• Escreva as equações das semirreações que ocorrem nos eletrodos (cátodo e ânodo) e a reação global.
Com o auxílio da Tabela 17.1, calcule o valor teórico da diferença de potencial (∆E) da pilha e determine
o erro associado a medida experimental do potencial. Demonstre todos os cálculos no relatório e discorra
sobre as possíveis fontes de erro durante a realização do experimento.

17.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.
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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 18. ELETRÓLISE

18.1 INTRODUÇÃO

A eletricidade pode ser usada para realizarmos reações de transferência de elétrons não espontâneas.
Por exemplo, eletricidade pode ser usada para decompor cloreto de sódio fundido em seus componentes
(Figura 18.1):

2NaCl(l) ⟶ 2Na(l) + Cl2(g)

Tais processos, produzidos por uma fonte externa de energia elétrica, são chamadas reações de
eletrólise e ocorrem em células eletrolíticas. Uma célula eletrolítica (Figura 18.1) consiste em dois eletrodos
imersos em um sal fundido ou uma solução. Uma bateria ou qualquer fonte de corrente elétrica age como
bomba de elétrons dentro de um eletrodo, puxando os elétrons do outro eletrodo. Analogamente à pilha, no
anodo ocorre a reação de oxidação e no catodo a redução. O eletrodo da célula eletrolítica, conectado ao
terminal negativo da fonte de voltagem é o catodo da célula; ele recebe elétrons usados para reduzir a
espécie. Os elétrons removidos durante o processo de oxidação no anodo migram para o terminal positivo
da fonte de tensão, assim completando o circuito da célula.

Figura 18.1 Esquema da eletrólise de cloreto de sódio fundido. Os íons Cl- são oxidados a gás Cl2(g) no
anodo, e os íons Na+ são reduzidos a Na(l) no catodo.

A eletrólise de sais fundidos é um importante processo industrial para a produção de metais ativos,
como sódio e alumínio. No entanto, devido aos altos pontos de fusão das substâncias iônicas, a eletrólise
de sais fundidos necessita de altas temperaturas. Também é possível realizar a eletrólise em solução aquosa
do sal, porém a água é parte importante a ser considerada. Devemos considerar se a água é oxidada

95
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
(formando O2) ou reduzida (formando H2) no lugar dos íons do sal. Quando eletrolisamos uma solução
aquosa de NaCl, pelos valores da tabela de potenciais de redução, esperamos que a água se oxide. Porém
os experimentos mostram que o íon Cl- se oxida no lugar da água. Este resultado ocorre por causa da cinética
do processo do eletrodo; mesmo que a oxidação da água seja termodinamicamente favorecida, a energia de
ativação para a oxidação do cloreto é mais baixa, logo ela é cineticamente favorecida. Este efeito cinético
é também identificado de outra forma. É comum encontrarmos que o potencial necessário para que uma
reação ocorra é consideravelmente maior que o potencial do eletrodo indica. O potencial adicional
necessário para provocar a eletrólise é chamado sobrepotencial (ou sobretensão). No caso da eletrólise da
solução aquosa de NaCl, o sobrepotencial para a oxidação da água é extremamente elevado e, portanto, Cl2
é então formado.

18.2 OBJETIVO

Nesta aula, o aluno irá reconhecer os produtos da reação de eletrólise de soluções aquosas de alguns
sais.

18.3. PARTE EXPERIMENTAL

18.3.1 Materiais

Fonte de corrente contínua, eletrodos de grafite, tubos em U, garras metálicas, béqueres de 50 mL, suporte
universal, pipeta de plástico, tubo de ensaio.

18.3.2 Reagentes

Soluções 0,5 mol L-1 de KI, CuSO4 e ZnSO4, soluções 1,0 mol L-1 de NaCl e AgNO3, água destilada,
fenolftaleína e dispersão de amido.

18.3.3 Procedimentos

a) Eletrólise de uma solução de iodeto de potássio.


• Faça a montagem conforme o esquema da Figura 18.2.

Figura 18.2 Esquema da montagem para o experimento de eletrólise de soluções aquosa de sais.
96
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
• Coloque no tubo em U a solução de KI 0,5 mol L-1 até enchê-lo quase completamente.
• Faça a ligação entre os polos da fonte e os eletrodos de carbono (grafite) imergindo-os na solução contida
no tubo em U.
• Deixe que a eletrólise se processe por 2 a 3 minutos. Observe e anote o que ocorre no catodo e no anodo.
• Remova os eletrodos de carbono.
• Retire, com uma pipeta, aproximadamente 2 mL de solução de um dos ramos do tubo em U e coloque
em dois tubos de ensaio; faça o mesmo com o outro ramo do tubo em U, utilizando outros dois tubos de
ensaio.
• Adicione 1 gota de fenolftaleína a um tubo de cada par. Observe e anote o resultado.
• Adicione 1 gota de dispersão de amido a um tubo de cada par. Observe e anote o resultado.
• Interprete os resultados. Use a tabela de potencial padrão de redução do ANEXO da apostila de
laboratório para escrever as equações químicas pertinentes que expliquem o processo de eletrólise no
relatório.

b) Eletrólise de outras soluções aquosas de sais.


• Usando o esquema de montagem mostrado na Figura 18.2, procure identificar, em cada caso, os produtos
da eletrólise em cada eletrodo das soluções aquosas de CuSO4 e ZnSO4 0,5 mol L-1, e NaCl e AgNO3 1,0
mol L-1.
• Lave os eletrodos rigorosamente com água destilada sempre que mudar a solução.
• Use a tabela de potencial padrão de redução do ANEXO da apostila de laboratório para escrever as
equações químicas pertinentes que expliquem o processo de eletrólise de cada solução estudada. Discuta
os resultados obtidos para cada reação em seu relatório.

18.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Práticas de química experimental, Departamento de Química Inorgânica – UFRJ, Rio de Janeiro, 2021.
Disponível em https://dqi.iq.ufrj.br/iqg231.html.
Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
EXPERIMENTO 19. CORROSÃO

19.1 INTRODUÇÃO

Os metais, utilizados há milhares de anos, apresentam excelentes propriedades físicas e químicas. São
maleáveis, dúcteis, conduzem bem o calor e a eletricidade, além de resistir a diversos tipos de esforços
mecânicos. Apesar de seu enorme emprego na prática, muitos metais se deterioram no meio ambiente onde
são usados. Na verdade, eles formam um "sistema termodinamicamente instável" com o meio ambiente, a
ponto de se afirmar que "os metais não poderiam ser utilizados em uma atmosfera como a terrestre".
Entretanto, a termodinâmica nada diz a respeito da velocidade com que estas reações se processam. E,
muitas vezes, o fato de ocorrerem lentamente é que permite o uso generalizado dos metais em nosso mundo.
O estudo da corrosão tem inúmeras justificativas, tanto técnicas quanto econômicas. Se protegidos
convenientemente, o uso dos metais se torna tecnicamente correto e consegue-se excelente duração. A
corrosão pode ser definida como o ataque (reação química) a um corpo sólido por meio de uma ação
química ou eletroquímica, provocado pelo meio ambiente. Esta reação que geralmente ocorre na superfície
do metal, provoca seu desgaste e finalmente a sua destruição, seja pela alteração na sua estrutura, na
composição química ou no seu aspecto externo. Devem ser considerados os reagentes que participam desta
reação que são os metais (sua natureza, estrutura etc.) e os meios corrosivos (composição, concentração,
pH etc.), que entram em contato sob diversas circunstâncias (temperatura, pressão etc.) dando origem a
diversos tipos de mecanismos de corrosão.
O caso mais frequente é a corrosão úmida ou eletroquímica do ferro (elemento base na liga do aço),
que é o material mais extensamente usado na prática. O ferro, quando exposto à atmosfera (oxigênio,
umidade, chuva etc.), se enferruja, mudando o aspecto metálico (com brilho cinza) para se tornar um óxido
de cor vermelha que, hidratado, torna-se inteiramente amarelo (a ferrugem tem geralmente nuances
intermediárias entre o vermelho e o amarelo). Quimicamente, dizemos que o ferro se oxidou e o seu estado
de oxidação variou de zero no metal a +2 e +3 nos óxidos formados. A ligação química também mudou de
metálica para iônica nos hidróxidos e, por conseguinte, a natureza do ferro oxidado difere do metal original.
A aderência da camada de óxido, que resulta do ataque sobre o metal, é fraca e facilmente o óxido se destaca
do metal, expondo a superfície a novo ataque.
A solução eletrolítica (água da chuva, produtos químicos, água do mar etc.) quando em contato com
a superfície do metal, forma uma pilha eletroquímica, em que algumas partes da superfície agem como
anodo e outras partes agem como catodo. O circuito interno é eletrônico, pois metal é bom condutor e a
solução funciona como circuito externo, de natureza iônica propiciando o funcionamento da pilha. Como
exemplos, temos as pilhas formadas sobre o ferro pela adição de soluções ácidas (Figura 19.1a) e neutras
ou alcalinas (Figura 19.1b), com seus respectivos potenciais.

98
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Eletrólito (ácido diluído em água)

H3O+ + Cl- Corrosão Catodo

Fe2+ 2e-
Anodo
2e-
Fe
(a)

Eletrólito (solução salina aquosa)

(b)
Figura 19.1 Processo de corrosão do ferro em meio ácido (a) e alcalino (b).

• Em meio ácido (pH < 7)


Anodo: Fe(s) ⟶ Fe2+
(aq) + 2e

ε° = +0,44 V
+
Catodo: 2H(aq) + 2e− ⟶ H2(g) ε° = 0 V
+
Reação total: Fe(s) + 2H(aq) ⟶ Fe2+
(aq) + H2(g) ΔE = +0,44 V

• Em meio neutro ou alcalino (pH > 7)


Anodo: Fe(s) ⟶ Fe2+
(aq) + 2e

ε° = +0,44 V

Catodo: H2 O(l) + 1⁄2 O2(aq) + 2e− ⟶ 2OH(aq)



ε° = +0,415 V

Reação total: Fe(s) + 1⁄2 O2(g) + H2 O(l) ⟶ Fe2+ −


(aq) + 2OH(aq) ΔE = +0,855 V

Em meio alcalino, uma vez formado o Fe(OH)2 a oxidação continua e o Fe2O3.xH2O (óxido de
ferro(III) hidratado), que chamamos de ferrugem, é um dos produtos da oxidação do ferro. A cor amarela
alaranjada é característica do íon Fe3+. As figuras anteriores são esquemáticas, mas convém notar que as
áreas anódicas e catódicas representadas podem se encontrar a uma distância microscopicamente pequena
ou até mesmo de vários metros.
O conhecimento das causas e mecanismos da corrosão permite desenvolver processos de sua
prevenção. Alguns processos podem ser citados, como a passivação, a proteção catódica e a aplicação de

99
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
recobrimentos. Na passivação, forma-se uma camada invisível (geralmente de óxidos) sobre a superfície
do metal, que o torna menos exposto à oxidação. Para a proteção catódica há dois métodos: o método
galvânico, por meio de anodos de sacrifício e o método por correntes impressas. Outra maneira é recobrir
a superfície do metal com um protetor, que pode ser tinta comum ou tinta plástica.

19.2 OBJETIVO

Neste experimento, o aluno executará experiências relativas à corrosão úmida do ferro.

19.3 PARTE EXPERIMENTAL

19.3.1 Materiais

Tubos de ensaio comum, tubo de ensaio de 20 mL, suporte universal; garra metálica; béquer de 500 mL.

19.3.2 Reagentes

H2SO4 concentrado, soluções aquosas de HCl 6 mol L-1, HC1 3 mol L-1, H2SO4 3,5 mol L-1, NaOH 0,1 mol
L-1, NaCl a 5%, pregos de ferro médios e grandes, palha de aço, solução de NaCl contendo K3[Fe(CN)6] e
solução alcoólica de fenolftaleína.

19.3.3 Procedimentos

a) Corrosão do Ferro na atmosfera

• Coloque um pedaço de palha de aço no fundo de um tubo de ensaio de 20 mL e encha-o de água da


torneira, fazendo com que ela penetre na malha da palha de aço.
• Emborque o tubo em um béquer de 250 mL que contenha água da torneira e deixe o ar penetrar. Marque
o nível da água no tubo. Após uma semana observe novamente o conjunto.
• Qual foi a variação do nível de água?
• Qual é a relação dos volumes de ar, inicial e final? Explique.

b) Corrosão Úmida do Ferro

• Para comparar a natureza do meio, são escolhidos diferentes reagentes em diferentes concentrações.
Pegue 9 pregos médios de aço limpos e mergulhe-os nas soluções:
Tubo 1: água de torneira
Tubo 2: HCI 3,0 mol L-1
Tubo 3: HCl 6,0 mol L-1
Tubo 4: NaOH 0,1 mol L-1
Tubo 5: NaOH 1,0 mol L-1
Tubo 6: H2SO4 3,5 mol L-1
100
ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
Tubo 7: H2SO4 concentrado
Tubo 8: NaCl a 5%
Tubo 9: Somente o prego de ferro
• Para cada caso, descreva o aspecto inicial do prego e da solução. Após uma semana, verifique se ocorreu
corrosão. Explique o que ocorreu.

c) Verificação das áreas Anódicas e Catódicas

• Coloque em uma placa de ferro limpa (decapada com HCl, lavada e seca) 1 ou 2 gotas de solução, já
preparada, de NaCl contendo K3[Fe(CN)6] (indicador ferroxílico) e fenolftaleína.
• Decorridos alguns minutos, descreva o que foi observado. Explique

d) Corrosão sob Tensão

A "tensão" interna do material resulta da aplicação de esforço atuante ou pode ser a tensão residual
resultante de um esforço sofrido pela peça (esmagamento, solda etc.), que é o caso do prego, em que a
cabeça e a ponta foram esmagadas na sua fabricação.
• Mergulhe um prego grande nas seguintes soluções:
Tubo 1: NaCl a 5 %
Tubo 2: HCl 6 mol L-1
• Após uma semana, observe a cabeça e a ponta do prego. Explicar o ocorrido.

ATENÇÃO: No item “Resultados e Discussões” do relatório demonstre todas as equações químicas que
expliquem os procedimentos realizados e discuta o que for pertinente em relação aos resultados obtidos.

19.4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Do Pim, W. D.; Figueiredo Junior, J. C. D.; Demicheli, C. P. Práticas de Química Geral, Departamento de
Química – UFMG. Belo Horizonte, 2014.
Brown, T. L.; Bursten, B. R.; LeMay Jr., H. E.; Burdge, J. R. Química: a ciência central. Editora Pearson.
Londres, 2008.

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ROTEIROS DE QUÍMICA GERAL
ANEXOS

POTENCIAIS PADRÃO DE REDUÇÃO A 25°C.

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