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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Instituto de Química

Apostila da Disciplina Química Experimental 2


(Turma QF)

PROFESSORA: Mariana Cardoso Marra

2021-2

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Cronograma – Turma QF
Química Experimental 2 – 2021/2
Data Conteúdo
02/05 Apresentação da disciplina e critérios de avaliação
09/05 Exp. 1 - Preparo de soluções
16/05 Exp. 2 - Diferença entre molaridade e molalidade
23/05 Exp. 3 - Titulação de base forte
30/06 Exp. 4 - Determinação do teor de açúcar em bebidas comerciais
06/06 Exp. 5 - Conceito ácido-base: medida comparativa de acidez
13/06 Entrega de relatórios (atividade assíncrona)
20/06 Exp. 6 - Investigação de indicadores ácido-base
27/06 PRIMEIRA AVALIAÇÃO
04/07 Exp. 7 - Reações de oxirredução
Exp. 8 - Cinética química: fatores que influenciam a velocidade das
11/07
reações químicas
18/07 Exp. 9 - Reações ilustrativas de equilíbrio químico
25/07 Exp. 10 - Preparo de solução tampão
Exp. 11 - Determinação e cálculo do pH de soluções de sais
01/08
Entrega de relatórios
08/08 SEGUNDA AVALIAÇÃO
15/08 TERCEIRA AVALIAÇÃO (SUBSTITUTIVA)

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Introdução ao Laboratório

1. Objetivo da disciplina
Na disciplina de Química Experimental 2, o aluno deverá aprender as técnicas
básicas de preparo, diluição,, quantificação de soluções, entre outros assuntos.

2- Caderno de Laboratório
Com objetivo de melhorar o aproveitamento da disciplina, cada aluno deverá ter
um caderno exclusivo para a disciplina no qual deverão constar todas as informações
necessárias para execução e compreensão do experimento a ser realizado. Antes do dia
do experimento, a seqüência de atividades a serem desenvolvidas deverá ser elaborada
e registrada pelo aluno no Caderno de Laboratório contendo:
• Título do experimento e data
• Objetivo da aula experimental
• Esquema do procedimento a ser executado

3- Relatórios
O relatório é o relato detalhado do experimento científico realizado em
laboratório. Aprender a elaborar um relatório significa, antes de tudo, aprender a
organizar dados, informações e resultados obtidos e transmiti-los de maneira correta,
segundo os critérios científicos aceitos no mundo todo. Assim, o relatório faz parte do
experimento.
Todo relatório deve constar, e na sequência indicada abaixo, os seguintes itens:
A) Capa
B) Resumo
C) Introdução
D) Objetivos
E) Parte Experimental
E.1) Materiais (Reagentes, Vidraria, Equipamentos)
E.2) Métodos (Descrição dos procedimentos)
F) Resultados e Discussão
G) Conclusões
H) Referências Bibliográficas

A seguir são apresentados alguns esclarecimentos para preparação de cada item.

A) Capa
A capa do relatório deverá conter: O nome da instituição, dos autores, título do
experimento e local/data de realização. A Figura 1 apresenta um modelo de capa em
papel A4.

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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Química

Nome completo dos alunos

Título do Experimento

Uberlândia-MG
Mês/ano

Figura 1: Modelo de capa para relatório científico em papel A4.

B) Resumo
Consiste na descrição resumida do experimento e dos resultados obtidos, com a
finalidade de dar uma idéia global do que foi feito sem a necessidade da leitura de todo
o relatório.

C) Introdução
Compreende uma breve descrição do assunto central do experimento, de modo a
apresentá-lo ao leitor. Uma introdução pode conter também uma descrição teórica
sobre o objeto em estudo extraído de livros textos relacionados ao assunto. Entretanto,
não pode ser a cópia de um texto ou de qualquer outra referência pesquisada, mas sim
uma redação que oriente o leitor para o problema estudado e sua importância.

D) Objetivos
Parte do relatório em que são apresentados os objetivos específicos do experimento.

E) Parte experimental
Deve conter uma descrição precisa e detalhada dos procedimentos utilizados, inclusive
modificações que tenham sido feitas no roteiro, informando todos os dados
importantes como pureza/fabricante dos reagentes, solventes, tempo, temperatura da
reação, métodos de análise etc. Deve conter uma lista dos materiais, instrumentos,
reagentes e soluções utilizadas.

F) Resultados e discussão
Esta seção é uma das mais importantes de um relatório. Primeiramente, os resultados
obtidos devem ser apresentados da forma mais clara e se possível, na forma de tabelas,
gráficos, equações químicas, cálculos etc. Os dados devem estar inseridos dentro de
um texto, seguindo uma sequência lógica e de fácil entendimento. Em seguida, os
resultados obtidos devem ser discutidos, ou seja, comentados pelos autores. Devem
discutir possíveis fontes de erro, correlacioná-los com os dados obtidos, e, sempre que
possível, comparar os resultados obtidos com os da literatura. Estes itens podem,
opcionalmente, ser apresentados separadamente.

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G) Conclusão
Constitui numa análise crítica e resumida do trabalho todo tendo relação estreita com
os objetivos propostos. Neste item deve ser verificado se os objetivos específicos
foram atingidos, podendo-se ainda fazer proposições que levem a melhores resultados.

H) Bibliografia
É a lista de livros ou obras de referência e artigos de revistas utilizados na confecção
dos relatórios. No texto, deve haver citação de referência usando-se números entre
colchetes para as referências (Exemplo: [1]). As referencias bibliográficas devem ser
apresentadas segundo as normas da ABNT, como exemplificado abaixo:

a) Para citar livros:

KOTZ, J.C., TREICHEL Jr., P. Química e Reações Químicas, 4a ed., Rio de


Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2002.p.250-71. v.I.

b) Para citar páginas da Internet:

http:// www.ufsj.edu.br. Acesso em: 11 março 2008.

NOTA: Prática na qual um relatório foi solicitado, se não for entregue o relatório
na data marcada, a nota será zero.

4-Normas de Segurança no Laboratório


A ocorrência de acidentes em laboratórios, infelizmente, não é tão rara como possa
parecer. Visando diminuir a ocorrência e a gravidade destes eventos é absolutamente
imprescindível que sejam observadas as normas de segurança descritas abaixo, durante
os trabalhos em laboratório:

1 - Siga rigorosamente as instruções do professor.


2 - Nunca fume no laboratório.
3 - Use sempre avental apropriado sob pena de não poder assistir a aula pratica
e sofrer as punições previstas pela ausência em cada disciplina.
4 - Nunca deixe frascos abertos ou próximos à chama.
5 - Evite contato de qualquer substância com a pele. Seja extremamente cuidadoso ao
manusear qualquer substância.
6 -Todas as experiências que envolvem liberação de gases ou vapores tóxicos devem ser
realizadas na capela (Câmara de exaustão).
7 - Sempre que proceder à diluição de um ácido ou hidróxido concentrado, adicione-o
lentamente, sob agitação, sobre a água, e não o inverso.
8 - Ao aquecer um tubo de ensaio contendo qualquer substância, não volte a
extremidade aberta do tubo para si ou para outra pessoa próxima.
9 - Não jogue nenhum material sólido dentro da pia ou nos ralos.
10 - Quando for testar produtos químicos pelo odor não coloque o frasco sobre o nariz.
Desloque com as mãos os vapores que se desprendem do frasco na direção de seu
nariz.
11 - Dedique especial atenção a qualquer operação que necessite aquecimento
prolongado ou que envolva grande quantidade de energia.
12 - Ao se retirar do laboratório verifique se não há torneiras (água e gás) abertas.
Desligue todos os aparelhos, deixe todo equipamento limpo e lave as mãos.

Em um laboratório químico, devemos observar alguns símbolos de advertência para o


manuseio de reagentes e a execução de procedimentos. Alguns destes símbolos são
comuns em rótulos de reagentes e nas entradas de laboratórios. Assim, é importante
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saber o significado destes símbolos para que sejam tomados os cuidados necessários.
Os principais símbolos são:

5- Normas e Procedimentos no laboratório.


1- O aluno deverá possuir a apostila contendo todos os roteiros das aulas práticas
ministradas no corrente período letivo.
2- O aluno não poderá fazer a prática sem o roteiro da mesma.
3- É obrigatório o uso do avental em todas as aulas práticas. Não será permitido
aluno no laboratório sem avental.
4- É proibido fumar e comer nos laboratórios.

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5- É proibido usar qualquer material do laboratório sem autorização do técnico
responsável.
6- O laboratório não deverá ser usado como sala de estudo.
7- O aluno é responsável pelo material que será usado nas aulas práticas, portanto,
deverá ter o cuidado de não quebrá-lo ou estragá-lo.
8- Avisar imediatamente o professor ou técnico em caso de acidente.
9- Colocar todos os resíduos de reação em frascos apropriados.

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EXPERIMENTO 01: PREPARO DE SOLUÇÕES
(A PARTIR DE SÓLIDO, LÍQUIDO OU DILUIÇÃO)
1. Objetivo: O problema a ser resolvido nesta experiência é o preparo de uma solução aquosa
de um sal, a partir do soluto sólido, e sua diluição, e o da preparação de uma solução aquosa
diluída de um ácido, pelo método da diluição de soluções concentradas em estoque.

2. Introdução
Uma solução, no sentido mais amplo, é uma dispersão homogênea de duas ou mais
espécies de substâncias moleculares ou iônicas.
Soluções podem ser formadas por qualquer combinação dos três estados da matéria -
sólidos, líquidos, gases - porém, são sempre constituídas de uma única fase.
Em química, se trata principalmente das soluções no estado líquido, constituído por
gases, líquidos ou sólidos dispersos em líquidos. Se esse líquido for água, a solução é
denominada solução aquosa. A solução é composta por solvente (geralmente presente em
maior quantidade) e soluto (um ou mais).
As propriedades de uma solução dependem de sua composição e da natureza dos
seus componentes. A descrição quantitativa da composição de uma solução é feita
especificando-se sua concentração. Desta forma, as relações entre as quantidades de soluto e
solvente/solução podem ser expressas de diferentes maneiras, sendo algumas apresentadas a
seguir:
• Relação massa de soluto/massa total de solução, ou seja, a fração em massa do
soluto, que é usualmente transformada numa percentagem, conhecido como título ou
percentagem em massa. Assim, uma solução aquosa de ácido sulfúrico (H2SO4) com
titulo 70% contém 70 g de H2SO4 para cada 100 g de solução.
• Relação massa de soluto/volume de solução, denominada concentração de soluto em
massa é bastante utilizada em indústrias, com unidade g/L ou kg/L.
• Relação quantidade de matéria de soluto (número de mols)/volume de solução,
denominada concentração de soluto em quantidade de matéria (concentração molar).
Esta relação é a mais utilizada em laboratórios de Química em geral, sendo expressa
na unidade mol/L e seu use é recomendado pela IUPAC (União Internacional de
Química Pura a Aplicada). Esta é a relação que será usada nesta experiência para
expressar a concentração de soluto.
• Relação quantidade de matéria de soluto/massa de solvente, denominada molalidade e
tem unidade mol/kg; é utilizada sempre que se quer ter uma relação que não dependa
da temperatura. Deve-se salientar que as duas relações anteriores variam com a
temperatura, já que o volume da solução pode aumentar ou diminuir quando a
temperatura varia.

3. Cálculos para preparo de soluções


Soluções podem ser preparadas, mais comumente, a partir de um soluto sólido ou a
partir de uma solução concentrada em estoque desse soluto. Quando se prepara uma solução,
sabe-se que se quer obter certo volume da solução a uma dada concentração. Assim, para
preparar uma solução a partir de um soluto sólido há necessidade de se saber qual o valor de
massa do soluto que deve ser tomada; analogamente, no caso de soluto em solução em
estoque, há que se saber qual o volume da solução em estoque que deve ser tomado. A
seguir, estão exemplos dos cálculos que são usualmente feitos para determinar a massa de
soluto ou o volume de solução em estoque do soluto necessário em cada caso.
a. Solutos sólidos
Suponha que se necessite preparar 500,0 mL de uma solução aquosa de sulfato de
magnésio (MgSO4), cuja concentração em quantidade de matéria seja 0,120 mol/L. Como
proceder para calcular a massa de soluto que deve ser tomada?
Inicialmente, deve-se calcular a quantidade de matéria de MgSO4 que deverá estar em
500,0 mL de solução, pois sabemos que em 1 litro da solução deve haver 0,120 mol de MgSO 4.
Assim:
1 litro de solução -------------- 0,120 mol de MgSO4

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0,5000 L de solução ----------- x
x = 0,0600 mol de MgSO4
Agora, basta calcular a massa correspondente à quantidade de matéria presente em
500,0 mL da solução. Para isto, utiliza-se a massa molar de MgSO4 (120,37 g/mL):
1 mol de MgSO4 ---------------- 120,37 g de MgSO4
0,0600 mol de MgSO4 -------- y
y = 7,22 g de MgSO4
Portanto, para preparar 500,0 mL de solução aquosa de MgSO4 de concentração 0,120
mol/L, basta dissolver em água 7,22 g do MgSO 4 e levar o volume da solução até 500,0 mL
(balão volumétrico).
Cabe ressaltar que, uma solução aquosa de mesma concentração molar pode ser
preparada dissolvendo o dobro da massa de MgSO4 em água suficiente para perfazer 1000,0
mL de solução ou metade da massa de MgSO4 em água suficiente para obter 250,0 mL de
solução.

b. Diluição de solução
Suponha que se necessite preparar 50,00 mL de uma solução aquosa de sulfato de
magnésio, cuja concentração em quantidade de matéria seja 0,0600 mol/L, a partir da solução
preparada anteriormente.
Inicialmente, deve-se calcular a quantidade de matéria de MgSO4 que deverá estar em
50,00 mL de solução, pois em 1 litro da solução deve haver 0,0600 mol de MgSO4. Desta
forma:
1 litro de solução ---------------- 0,0600 mol de MgSO4
0,05000 L de solução ------------ x
x = 0,00300 mol de MgSO4
Agora, basta calcular que volume de solução de MgSO 4 de concentração 0,120 mol/L
corresponde à quantidade de matéria presente em 50,00 mL da solução que se deseja
preparar. Assim:
1 litro de solução ---------------- 0,120 mol de MgSO4
y ---------------- 0,00300 mol de MgSO4
y = 0,0250 L ou 25,0 mL de solução de MgSO4 0,120 mol/L
Portanto, para preparar 50,00 mL de solução aquosa de MgSO 4 de concentração
0,0600 mol/L, basta retirar uma alíquota de 25,0 mL da solução de anterior de concentração
0,120 mol/L, e completar com água até atingir o volume de 50,00 mL (em um balão
volumétrico).

c. Solução de soluto em estoque


Para soluções aquosas de algumas substâncias mais comuns existem tabelas de
títulos em função da densidade (tabela 1, para ácido sulfúrico, H 2SO4). Isso permite que se
calcule a concentração de soluto em massa ou em quantidade de matéria. Como a tabela 1
mostra, uma solução aquosa de ácido sulfúrico de densidade 1553,3 g/L, título de 65%,
significa que em um litro de solução, 1009,6 g são de ácido e 543,7 g de água.
Cabe ressaltar, entretanto, que essa relação entre título e densidade é utilizada mais
comumente para soluções concentradas comerciais. No caso de soluções diluídas, prefere-se
utilizar diretamente concentração em quantidade de matéria, já que a determinação precisa de
suas densidades é mais difícil.
Tabela 1. Título e densidade de soluções aquosa de ácido sulfúrico, a 20C
Título (%) Densidade (g/L) Título (%) Densidade (g/L)
1 1005,1 80 1727,2
5 1013,1 82 1749,1
10 1066,1 84 1769,3
15 1102,0 86 1787,2
20 1139,4 88 1802,2
25 1178,3 90 1814,4
30 1218,5 91 1819,5
35 1260,0 92 1824,4
40 1302,8 93 1827,9

10
45 1347,6 94 1831,2
50 1395,1 95 1833,7
55 1445,3 96 1835,5
60 1498,3 97 1836,4
65 1553,3 98 1836,1
70 1610,5 99 1834,2
75 1669,2 100 1830,5
Fonte: WEAST, Robert C. Handbook of Chemistry and Physics 57ª ed., Cleveland, CRC Press, 1976.
Suponha, agora, que se necessite preparar 250,0 mL de uma solução aquosa de ácido
sulfúrico cuja concentração em quantidade de matéria seja 0,230 mol/L, a partir de solução em
estoque de titulo 95% e densidade 1,8337 g/mL. Como proceder para calcular o volume de
solução em estoque de H2SO4 que deve ser tomado?
Os dois primeiros passos do cálculo são os mesmos do cálculo anteriormente descrito
para solutos sólidos. Inicialmente se calcula a quantidade de matéria de H2SO4 que deverá
estar em 250,0 mL de solução de concentração 0,230 mol/L, ou seja:
1 litro de solução -------------- 0,230 mol de H2SO4
0,2500 L de solução ----------- x
x = 0,0575 mol de H2SO4
Utilizando a massa molar de H2SO4 (98,08 g/mol), calcula-se a massa de ácido
necessária, isto é:
1 mol de H2SO4 --------------- 98,08 g de H2SO4
0,0575 mol de H2SO4 -------- y
y = 5,64 g de H2SO4
Mas, como determinar o volume de solução em estoque que contém essa massa de
H2SO4? Isto é feito utilizando-se o título e a densidade da solução em estoque. O título permite
que se calcule qual a massa de solução em estoque que contém essa massa de H 2SO4 (o
resto da massa é de água), e como o título é 95%, então:
100 g de solução em estoque ----------- 95 g de H2SO4
z ----------- 5,64 g de H2SO4
z = 5,9 g de solução estoque
Finalmente, pela densidade, pode-se obter o volume de solução em estoque que
contém a massa desejada, ou seja:
1,8337 g de solução em estoque -----------1 mL de solução em estoque
5,9 g de solução em estoque --------------- w
w = 3,2 mL de solução em estoque
Portanto, para preparar 250,0 mL de solução aquosa de H2SO4 de concentração 0,230
mol/L, basta adicionar à água 3,2 mL da solução em estoque de ácido concentrado e completar
o volume até 250,0 mL.

d. Técnicas de preparação de solução


No preparo de soluções, é muito importante minimizar os erros associados às medidas
de volumes, portanto, utiliza-se o balão volumétrico e a pipeta (Tabela 2 ilustra os valores dos
limites de erros usualmente associados aos volumes nominais de balões volumétricos).
Tabela 2. Limites de erros associados aos volumes nominais de balões volumétricos
Capacidade/mL Limite de erro/mL
1  0,010
2  0,015
5  0,02
10  0,02
25  0,03
50  0,05
100  0,08
250  0,12
500  0,20
1000  0,30
2000  0,50

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Ao preparar uma solução, o soluto (sólido, líquido ou sua solução concentrada) deve
ser inicialmente dissolvido em um copo de béquer, utilizando-se um volume de solvente inferior
ao volume final de solução a ser preparado (caso haja desprendimento de calor, deve-se
esperar até que solução volte à temperatura ambiente). Em seguida, essa solução deve ser
transferida quantitativamente, com auxílio de um bastão de vidro e um funil, para um balão
volumétrico de volume igual ao que se deseja preparar de solução. Deve-se ter o cuidado de
lavar o copo de béquer, o funil e o bastão, com pequenas quantidades de solvente,
transferindo-as para o balão.
Adiciona-se solvente até que a parte inferior do menisco esteja tangenciando a marca
indicativa no pescoço do balão correspondente ao seu volume nominal. Preparada a solução, a
mesma deve ser homogeneizada invertendo-se o balão volumétrico (bem tampado) diversas
vezes.
O procedimento de, inicialmente, dissolver o soluto em um béquer, ao invés de
diretamente no balão volumétrico, tem uma forte justificativa: por exemplo, a diluição de
soluções concentradas de ácidos ou bases (ou dissolução de bases) é, em geral,
acompanhada por um grande desprendimento de calor (reação exotérmica), o que eleva a
temperatura da solução. Como o volume nominal dos balões volumétricos, é geralmente,
calibrado a 20C, não é recomendado colocar soluções aquecidas em balões, nem expor os
mesmos a temperaturas elevadas (por isso, não devem ser secos em estufas). O
desprendimento de calor ocasionado pela dissolução de soluções concentradas de ácidos é
tão grande que somente deve dissolvê-los em água, isto é, não se deve dissolver água neles,
pois, nesse caso, a solução pode chegar a ferver e espirrar. Portanto, JAMAIS ADICIONE
ÁGUA À UMA SOLUÇÃO CONCENTRADA DE UM ÁCIDO; sempre adicione o ácido à água.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.1. Material Necessário
➢ Soluto sólido, Solução aquosa concentrada de ácido, Pisseta com água destilada,
Balões volumétricos de diferentes capacidades, Copo de becker, Funil, Bastão de
vidro, Pipeta graduada, Pipetador de borracha, Balança Digital, Etiquetas.
4.2. Procedimento
Os solutos, as concentrações molares a os volumes das soluções aquosas a serem
preparados lhes serão comunicados pelo professor.
a) Preparo de uma solução aquosa de um sal, a partir do soluto sólido.
Efetue os cálculos para determinar a massa de soluto necessária ao preparo da
solução que lhe foi comunicada. Mostre ao seu professor os cálculos realizados.
Prepare a solução de acordo com as técnicas descritas anteriormente. Ao final, coloque
uma etiqueta, no balão, contendo a fórmula e a concentração da solução.
b) Preparo de uma solução aquosa diluída a partir da solução preparada no item anterior
(Diluição).
Inicialmente, efetue os cálculos para determinar o volume de solução a ser tomado.
Retire o volume de solução usando uma pipeta graduada com o auxílio de um pipetador de
borracha (APENDICE 1). A seguir, proceda de acordo com as técnicas descritas anteriormente.
c) Preparo de uma solução aquosa diluída de um ácido a partir da solução concentrada
em estoque
Efetue os cálculos para determinar o volume de solução concentrada em estoque a ser
utilizado na preparação da solução que lhe foi comunicada. A seguir, proceda como no caso da
solução anterior.
CUIDADOS: - Ácidos concentrados devem ser manipulados na capela.
- Nunca pipete com a boca.
- Sempre adicione o ácido concentrado à água.
Resumindo, a técnica para o preparo de solução liquida é esquematizada a seguir:

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a) A partir de um soluto sólido:
Etapa 1) Utilizar um béquer para pesar a quantidade necessária de soluto no preparo da
solução;
Etapa 2) Dissolver o sólido no béquer em que foi pesado (se for o caso), com água
destilada;
Etapa 3) Transferir para um balão volumétrico adequado;
Etapa 4) Lavar o béquer com água destilada por 3 vezes;
Etapa 5) Lavar o funil e retirá-lo;
Etapa 6) Completar o balão com água destilada;
Etapa 7) Homogeneizar a solução.

b) A partir de um soluto líquido:


Etapa 1) Pipetar (com pipeta volumétrica, de preferência) o volume desejado do soluto
líquido;
Etapa 2) Transferir para um balão volumétrico adequado;
Etapa 3) Completar o balão com água destilada;
Etapa 4) Homogeneizar a solução.

5. Procedimento Experimental:
5.1. Materiais necessários:
• soluto sólido (sulfato de cobre (II) e NaCl), açúcar
• solução aquosa concentrada de ácido clorídrico (HCl 12,0 mol/L)
• pisseta com água destilada
• balões volumétricos de diferentes capacidades
• béquer
• funil
• pipeta volumétrica de 5 e 10 mL
• bastão de vidro
• pipeta graduada
• pipetador de borracha (pêra) ou sistema similar
• balança
• etiquetas
• conta gotas
• OBS: → ácidos concentrados devem ser manipulados na capela;
→ nunca pipete com a boca;
→ sempre adicione o ácido concentrado à água.

5.2. Metodologia:
Usando as técnicas descritas para o preparo de soluções liquidas, prepare:
a) 50 mL de solução aquosa de CuSO4 0,08 mol/L, a partir de:
CuSO4.5H2O sólido.

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Efetue os cálculos para determinar a massa de soluto necessária para preparar a
solução que lhe foi comunicada. Mostre ao seu professor, os cálculos realizados.
Prepare a solução de acordo com as técnicas descritas anteriormente.
Ao final, coloque no balão uma etiqueta, contendo a fórmula e a concentração da
solução.

b) 50 mL de NaCl a 10% (m/m), a partir do NaCl sólido.


Inicialmente efetue os cálculos para determinar a massa de NaCl necessária para
preparar a solução, sabendo que a densidade da solução de NaCl a 10% é 1,07 g/cm3.
Mostre os cálculos para o professor e prepare a solução de acordo com as técnicas
descritas.

c) 50 mL de solução aquosa de CuSO4 . 5 H2O 0,008 mol/L, A PARTIR DA


SOLUÇÃO PREPARADA NO ITEM a)
Inicialmente, efetue os cálculos para determinar o volume de solução necessário a ser
usado. Retire o volume de solução usando uma pipeta graduada com o auxílio de um
pipetador de borracha ou similar. Prepare a solução de acordo com as técnicas
descritas anteriormente.

d) 50 mL de uma solução aquosa de HCl 0,1 mol/L, a partir de uma solução


concentrada de ácido clorídrico.
Dados: densidade do HCl concentrado = 1,16 g/cm3 e porcentagem em peso =
32% (título, teor ou porcentagem massa/massa)

e) preparo de solução de sacarose com concentração expressa em mol/L e em mol/Kg:

e.1) Preparação de solução com concentração expressa em mol soluto /L de solução


• Efetue os cálculos para determinar a massa de soluto necessária para preparar
10,0 mL de uma solução aquosa de açúcar 1,46 mol/L. Mostre ao seu professor
os cálculos realizados.
• Pese a massa do soluto num béquer. Acrescente uma pequena quantidade de
água. Se necessário, aqueça a solução sem deixar ferver.
• Transfira a solução com auxílio de um funil e bastão para o balão volumétrico
quantitativamente.
• Avolumar e homogeneizar a solução invertendo o balão. Reserve.
Dados: Massa Molar (C12H22O11) = 342,30 g/mol.

e.2) Preparação de solução com concentração expressa em mol soluto /Kg de


solvente
• Pese num béquer a mesma massa de açúcar usada no preparo da solução
anterior.
• Adicione 10,0 mL de água com uso de pipeta volumétrica.
• Agite até dissolver tudo; aqueça se necessário sem deixar ferver. Espere esfriar,
Reserve.
• Calcule a concentração em mol/Kg.
• Calcule a concentração molal da primeira solução e compare com a da segunda
solução.

e.3) Determinação da densidade das soluções anteriores


• Pese um béquer seco. Retire-o da balança (para evitar deixar cair solução na
balança).
• Transfira o conteúdo da primeira solução (5,0 mL) para o béquer, pese
novamente e anote.
14
• Diante dos valores de massa e volume da solução 1, calcule sua densidade.
• Repita o procedimento com a segunda solução, retirando 5,0 mL com
auxílio de uma pipeta volumétrica.
• Compare os valores das densidades e discuta.

6. Bibliografia:
ALMEIDA, P. G. V. Química Geral (Práticas Fundamentais). 3ª ed. Viçosa: Editora
UFV. 1998. p. 111.
MAHAN, B. H.; MYERS, R. J. Química, um Curso Universitário. São Paulo: Edgard
Blucher. 1996. p. 582.
PEQ- PROJETOS DE ENSINO DE QUÍMICA. Experiências de Química. São Paulo:
Editora Moderna. 1979.
QUAGLIANO, J.V.; VALLARINO, L.M. Química. Trad. Aida Espínola. Rio de
Janeiro: Guanabara Dois. 1979.
SILVA, R.R.; BOCCHI. N.; ROCHA-FILHO, R. C. Introdução à Química
Experimental. São Paulo: McGraw-Hill. 1990.

APÊNDICE 1
Pipetador de Borracha
Existem diversas formas de se evitar o uso da boca durante a operação de pipetagem.
Todavia, a mais prática e versátil é a utilização de um pipetador de borracha (Figura abaixo),
que nada mais é que um bulbo de borracha no qual se pode fazer vácuo. Esse aparelho tem
três válvulas para passagem de ar: A, S e E. A válvula A ao ser pressionado, abre-se,
permitindo retirar o ar do bulbo, isto é fazer vácuo; uma vez evacuado o bulbo ao se pressionar
a válvula S, consegue-se succionar para dentro da pipeta o volume desejado de líquido.
Finalmente, esse volume de líquido pode ser transferido, isto é, a pipeta pode ser esvaziada,
pressionando-se a válvula E.

15
EXPERIMENTO 02: PREPARO DE SOLUÇÕES
(DIFERENÇA ENTRE MOLARIDADE E MOLALIDADE)

Objetivos:
1) preparar 50,0 mL de uma solução de açúcar com concentração molar 1,46 mol/L;
2) preparar uma solução de açúcar com concentração molal 1,46 mol/kg usando a
mesma massa de soluto do objetivo anterior;
3) determinar a densidade de cada solução.

Preparação de solução com concentração expressa em mol de soluto/L


de solução (molaridade):
Calcule a quantidade de açúcar necessária (adote massa molar 341,9 g/mol);
pese na balança de três casas a quantidade necessária dentro de um béquer pequeno;
adicione água no béquer até a marca de 30 mL; aqueça; transfira quantitativamente toda
a massa para o balão volumétrico;
adicione mais água no béquer, aqueça novamente se necessário e transfira
quantitativamente toda massa para o balão volumétrico; repita o processo de adição e
aquecimento tanto quanto necessário;
complete o volume do balão volumétrico até pouco antes da marca;
espere a solução esfriar (pode-se colocar o balão sob água corrente da torneira);
depois de fria; complete o volume do balão volumétrico com água destilada até a marca;
tampe o balão e vire-o pelo menos três vezes.

Preparação de solução com concentração expressa em mol soluto/kg de


solvente (molalidade):
Pese num béquer a mesma massa de açúcar usada no preparo da solução anterior (na
mesma balança);
Adicione 50,0 mL de água com uso de pipeta volumétrica;
Agite até dissolver tudo; aqueça se necessário sem deixar ferver, para não haver perdas
por evaporação;
Espere esfriar.

Constatação:
Em um tubo de ensaio, coloque 5 mL de sacarose 1,46 mol/kg e acrescente cerca de 1
mL de sacarose 1,46 mol/L, gota a gota. Você observará a formação de meandros
(ondulações) que evidenciam a diferença de concentração.

Determinação da densidade por pesagem:


Pese um béquer seco ou tare a balança com ele sobre o prato da balança;
Retire-o da balança (para não correr o risco de deixar cair solução na balança);
Pipete 10,0 mL da primeira solução e transfira-a para o béquer;
Retorne o béquer para a balança;
Anote o resultado.
Repita o procedimento com a segunda solução. Este procedimento requer certo cuidado
experimental para que o valor calculado da densidade não perca precisão. Havendo
tempo, determine a densidade das soluções com uso de densímetro. Será necessário
juntar soluções de mais de um grupo para obter volume suficiente.
16
Questões
Calcule a concentração molal da solução 1,46 mol/L.
Calcule a concentração molar da solução 1,46 mol/kg.
Uma solução de açúcar 0,00100 mol/L tem densidade igual a 1,00 g/mL. Calcule sua
concentração em mol/kg.
Descreva com suas palavras sem ler este roteiro como se faz para preparar uma solução
0,100 mol/L de cloreto de sódio.

Erro aproximado do volume de balões volumétricos.


Capacidade 1 2 5 10 25 50 100 250 500 1000 2000
/mL
erro / mL 0,01 0,015 0,02 0,02 0,03 0,05 0,08 0,1 0,2 0,3 0,5

17
EXPERIMENTO 03 – PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÃO DE ÁCIDO FORTE E
TITULAÇÃO DE SOLUÇÃO DE BASE FORTE

OBJETIVOS
Objetivos das Experiências:
O problema a ser resolvido nesta experiência é o da determinação da
CONCENTRAÇÃO EXATA das soluções aquosas diluídas de ácidos e bases fortes,
utilizando-se a titulação.

Objetivos de Ensino:
Tomar volumes pré-determinados de líquidos usando uma pipeta volumétrica;
Medir volumes de porções de líquidos usando uma bureta;
Aferir o volume nominal de pipetas volumétricas;
Utilizar reações químicas (REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO) para
determinar a concentração de soluções de ácidos e bases fortes;
Utilizar indicadores ácido-base para identificar o ponto de equivalência numa
titulação.

REAÇÃO DE NEUTRALIZAÇÃO

A Salificação ou Reação de neutralização é o nome que se dá a toda reação


química que ocorre na mistura de um ácido com uma base. Os produtos dessas reações
serão sempre um sal qualquer e água. É importante destacar que essas reações químicas
só acontecem em meio aquoso, pois é preciso primeiro acontecer a ionização dos
compostos.

Pode ser subdividida em:

• Neutralização Total: Quando após terminar a reação, todos os hidrogênios e


hidroxilas se neutralizaram.
• Neutralização Parcial: Quando após o término da reação, sobra cátions
hidrogênio ou ânions oxidrilas. Quando na fórmula do sal houver íons oxidrilas,
será chamado de sal básico, de reação básica ou hidróxisal e quando houver
íons hidrogênio na fórmula do sal após o término da reação, será chamado de sal
ácido, de reação ácida ou de hidrogeno sal.

Neutralização Total
HCl + KOH → KCl + H2O
Ácido + base → sal + água
ácido clorídrico + hidróxido de potássio → Cloreto de potássio + água

18
TITULAÇÃO

Titulação é um processo empregado em Química para determinar a quantidade


de substância de uma solução, à qual, neste caso, se dá o nome de analito. Para isso
utiliza-se uma solução de concentração bem definida, à qual se dá o nome de titulante.

O titulante é em geral uma solução obtida a partir de um padrão primário, no


entanto padronizando-se uma solução comum, esta pode ser utilizada como titulante.

O titulado é a solução de concentração duvidosa, aquela que queremos saber


exatamente a concentração.

Existem vários tipos de titulação, entre os quais: titulação ácido-base, titulação


de oxidação-redução e titulação de complexação.

CONSIDERAÇÕES GERAIS
Imagine que você preparou uma solução 0,1 mol L-1 de HCl, como na aula
anterior. Após preparada a solução, cabe perguntar: será que a concentração é
exatamente igual aquela desejada, ou seja, será que a solução possui uma concentração
de exatamente 0,1 M?
Existem fatores que poderiam introduzir erros? Quais são esses fatores? No
relatório, deverão ser discutidos os fatores (fontes de erro) que contribuem para que as
concentrações reais não coincidam com aquelas desejadas, havendo, portanto,
necessidade de:

DETERMINAR QUAIS AS VERDADEIRAS CONCENTRAÇÕES DAS


SOLUÇÕES PREPARADAS. Este processo é denominado de padronização.

A volumetria de neutralização ou ácido-base é um método de análise baseado na


reação entre íons H3O+ (provenientes do ácido) e OH- (provenientes da base).
Em uma análise volumétrica, a quantidade de um constituinte de interesse
(amostra) é determinada por meio da reação desta espécie química com outra substância
em solução, chamada solução-padrão, cuja concentração é exatamente conhecida
[1,2].
A solução-padrão a ser usada em uma análise volumétrica deve ser
cuidadosamente preparada, pois, caso contrário, a determinação resultará errada. Pode-
se, em alguns casos, preparar soluções de concentração exatamente conhecidas
pesando-se com precisão, algumas substâncias muito puras e estáveis e
dissolvendo-as em balões volumétricos aferidos. As características de um padrão
primário são amplamente descritas em livros-textos [1-4].
A detecção do ponto final, ponto de equivalência ou ponto estequiométrico pode
ser detectado comumente pelos indicadores ácido-base. Esses indicadores apresentam
um intervalo de mudança de cor (viragem) característico. A cor do indicador depende
do pH do meio. O termo análise titulométrica aplica-se à análise quantitativa executada
com a determinação do volume de uma solução, cuja concentração é exatamente
conhecida, requerido para reagir quantitativamente com a solução a ser determinada. A

19
solução cuja concentração é conhecida com exatidão é chamada de SOLUÇÃO
PADRÃO.
A concentração da solução a ser determinada é calculada a partir do volume
consumido da solução padrão, aplicando-se as leis estequiométricas.
A solução padrão é usualmente adicionada por uma bureta e é chamada titulante.
O processo de adição da solução padrão até que a reação esteja completa é
chamado de titulação, e a substância a ser determinada titulado.
O ponto exato em que ocorre o término da titulação chama-se Ponto de
Equivalência ou Ponto Final Teórico ou Ponto Estequiométrico. O final da titulação
deve, via de regra, ser identificada por alguma mudança, visível, produzida pela própria
solução padrão ou, mais usualmente, pela adição de um reagente auxiliar conhecido
como Indicador. Após a adição de um pequeno excesso do titulante (1 gota), o indicador
deverá produzir uma mudança visual no líquido que está sendo titulado. Este ponto é
chamado de Ponto de Viragem ou Ponto Final da Titulação.
Para o entendimento é necessário introduzir alguns termos importantes:
• Reagentes: são substâncias utilizadas em testes, reações, ensaios e doseamentos
farmacopêicos. É recomendável registrar no rótulo a data de abertura do frasco.
• Indicadores ácido x base: são substâncias utilizadas em ensaios farmacopêicos para
determinar o ponto final de uma reação química de neutralização, avaliar concentração
hidrogeniônica ou assinalar uma mudança de pH.
• Soluções reagentes: são soluções de reagentes em solventes específicos e
concentrações definidas. São designadas por SR.
• Soluções indicadoras: são soluções de indicadores em solventes específicos e
concentrações definidas. São designadas por SI.
• Soluções volumétricas: são soluções de reagentes em solventes específicos e
concentrações definidas, destinadas ao uso em determinações quantitativas. Na
Farmacopéia Brasileira IV ed. as concentrações das soluções volumétricas são expressas
em termos de molaridade. São designadas por SV.
Ponto de Equivalência: Ponto em que ocorre o final da reação, geralmente é difícil de
ser percebido visualmente o que obriga a utilização de indicadores específicos ou o
emprego de titulações potenciométricas.
Ponto Final: Ponto onde ocorre modificação visível da solução titulada, indicando o
término da reação (uso de indicadores, potenciômetro).
Erro de Titulação: diferença entre o ponto de equivalência e o final.
Padrão Primário: compostos químicos de elevada pureza utilizados para padronizar ou
corrigir a concentração de soluções empregadas em análise volumétrica.
Solução Padrão: são soluções que contém quantidade conhecida do reagente num
volume definido de solução.
Padrão Secundário: Soluções que foram padronizadas por um padrão primário e serão
utilizadas para padronizar uma nova solução.

20
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

a) Padronização de Hidróxido de sódio 0,1 mol L-1 a partir de um padrão


primário

Pesar 2 massas de 250 mg (0,250 g) de Biftalato de Potássio padrão primário,


aquecido a 270 ºC por 1 h (M: 204,33 g/mol) pré-dessecado.
Transferir para um Erlenmeyer e adicionar 75 mL de H2O descarbonatada e 3
gotas de fenolftaleína;
Titular com o NaOH 0,1 mol L-1 até a viragem de incolor para rosa.

O FATOR DE CORREÇÃO É UM NÚMERO ADIMENSIONAL (SEM UNIDADE)


CUJO SIGNIFICADO É UMA CORREÇÃO DA CONCENTRAÇÃO QUE VOCÊ
PREPAROU. SUA DEFINIÇÃO É:

Fc = Mreal / Mnominal

21
b) Padronização de Ácido Clorídrico 0,1 mol L-1 a partir da solução de NaOH
padronizada anteriormente (padrão secundário)

Pipetar 10,00 mL de solução HCl de concentração teórica 0,1 mol L-1 e transferir para
um erlenmeyer adequado. Adicionar 2 a 3 gotas de indicador fenolftaleína. Titular com
a solução de NaOH fatorada (padronizada no item anterior). Repetir a operação três
vezes. Calcular a molaridade real do ácido clorídrico, utilizando-se a média das três
medidas.

c) Padronização de Ácido Clorídrico 0,1 mol L-1 a partir da do carbonato de


sódio (padrão primário)
Pesar analiticamente 150 mg (0,150 g) de carbonato de cálcio padrão primário
(que deverá estar armazenado no dessecador após secagem a
270 ºC por 1 h). Dissolver em 50 mL de água com 5 gotas de vermelho de metila (SI).
REPAREM QUE POR SE TRATAR DE UM PADRÃO PRIMÁRIO, NÃO SE
NECESSITA CONHECER O VOLUME DE ÁGUA ADICIONADO E SIM, A
QUANTIDADE DE MATÉRIA DO CARBONATO, DADA EM MOLS.
Titular com solução de ácido clorídrico HCl 0,1 mol L-1 até a viragem para cor
rosa. Aquecer a solução até a fervura, resfriar e continuar a titular. Repetir o processo
de aquecimento e resfriamento até que a cor rosa fraca não seja mais afetada. Calcule a
MOLARIDADE, onde: cada 52,99 mg de carbonato de sódio anidro equivale a 1 mL de
ácido clorídrico 0,1 M.
2 HCl + Na2CO3 → 2 NaCl + H2CO3 2:1

ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO
1. Defina os termos: solução padrão; titulação; ponto de equivalência; ponto final de
uma titulação; padrão primário; padronização; indicadores ácido-base;
2. Por que nem todas as soluções são padrões?
3. Por que NaOH e HCl não são padrões primários?
4. Quais os requisitos para que uma substância seja um padrão primário? Por que é
preciso secá-lo antes de sua utilização?
5. Quando é necessária a padronização?
6. Quais as reações envolvidas nesta prática?
7. O ponto de equivalência (PE) de uma titulação e ponto final (PF) precisa ser
necessariamente igual?
8. Por que devemos tirar as médias das concentrações calculadas em vez de tirar a
média dos volumes gastos durante as triplicatas de titulação?
9. Que cuidados devemos ter ao iniciar uma titulação?

22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. A. I. Vogel Química Inorgânica Quantitativa, Trad. A. Espinola, Ph. D., 4ª Edição,
Editora Guanabara Dois S.A., Rio de Janeiro, 1981.
2. N. Bacan, O. E. S. Godinho, J. C. Andrade, J. S. Barone Química Analítica
Quantitaiva Elementar, 2ª Edição, Editora Edgard Blücher LTDA, Campinas, 1985.
3. D. C. Harris Análise Química Quantitativa, Trad. C. A. S. Riehl e A. W. S. Guarino,
5ª Edição, Editora LTC, Rio de Janeiro, 2001.
4. D. A. Skoog, D. M. West, F.J. Holler Analytical Chemistry, 6ª Edição, Saunders
College Publishing, USA, 1994.
5. D. B. L. Terci, A. V. Rossi Indicadores naturais de pH: usar papel ou solução?
Química Nova, 25 (4) 684 – 688, 2002.

23
EXPERIMENTO 04: DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCAR EM BEBIDAS
COMERCIAIS

1. Objetivos: preparar soluções aquosas a partir de soluto sólido e expressar suas


concentrações em diferentes unidades. Neste experimento será construída uma curva
padrão de densidade das soluções aquosas de açúcar em função de sua concentração.
Baseado nesta curva será determinado o teor de açúcar em bebidas e refrigerantes
comerciais. Trazer para o laboratório 05 amostras de bebidas (incluindo Light e Diet).

2. Procedimento Experimental:
2.1 Materiais necessários:

• Açúcar (sacarose, C12H22O11) pulverizado.


• Água destilada
• Balões volumétricos
• Béquer
• Espátula
• Funil
• Bastões de vidro
• Pipetas volumétricas
• Pipetadores
• Balança semi-analítica
• Termômetro

2.2 Metodologia:

Prepare 06 soluções de açúcar em água destilada na faixa de 0 a 12% em massa


de açúcar (por exemplo: 0, 2, 4, 6, 8, 10 e 12%). Use balão volumétrico de 100 mL.
Meça 10,0 mL de cada uma das soluções, usando pipeta volumétrica, e pese-os numa
balança semi-analítica (± 0,01 ou 0,001g), usando um béquer pequeno. Esta parte do
experimento será feita por equipes, cada uma determinando alguns pontos da curva.
Anote a temperatura em que o experimento está sendo realizado. Meça a
temperatura da água. Construa um gráfico da densidade da solução (d, g mL-1 no eixo
y) em função da concentração (% em massa no eixo x) de açúcar dissolvido.
Meça, da mesma forma, 10,0 mL de solução amostra (refrigerante, chá
comercial, bebida para atletas,etc) e pese-os. Utilizando o gráfico anterior, determine o
teor de açúcar na bebida considerada.

Dado: massa molar sacarose ( C12H22O11 ) = 342,30 g mol-1

Tabela 1. Dados obtidos para as diferentes % de sacarose.

Solução Grupo Massa de sacarose (g) % m/m Densidade g.cm-3


1 0
2 1 2
3 2 4
4 3 6
5 4 8
6 5 10
7 6 12

24
3. Resultados e discussão:

Verifique a consistência de seus dados, com a análise de regressão linear de sua


curva, usando uma calculadora ou um computador.
Expresse a concentração de açúcar em suas amostras, indicando a respectiva
precisão, em % em massa, g L-1 e mol L-1.
Comparando seus dados das diferentes amostras, o que você pode dizer sobre o
teor de açúcar nessas bebidas? O que é sacarose? Por que é importante a temperatura em
que foi realizado o experimento?
Responda ainda:
01) Uma solução de açúcar 0,001 mol L-1 tem densidade 1,00 g mL-1 a 20°C.
Calcule sua concentração em mol Kg -1. dágua(20°C) = 0,998203 g cm-3
02) Descreva com suas palavras como se faz para preparar 100,00 mL de uma
solução 0,100 mol L-1 de cloreto de sódio (NaCl).
03) E para preparar 100 mL de uma solução de NaCl 0,010 mol L-1 a partir da
solução estoque anterior?

4. Bibliografia:

DEAN, J. A. Lange’s handbook of chemistry. 14th ed. New York: MacGraw-Hill, 1992.
p. 5.87.

HENDERSON, S. K.; FENN, C. A.; DOMIJAN, J. D. Determination of sugar content


in commercial beverages by density. J. Chem. Educ., v. 75, n.9, p. 1122-1123, 1998.

JONES, L.; ATKINS, P. Chemistry: molecules, matter, and change. 3th ed. New York:
W. H. Freeman, 1997. p. 424-426.

25
EXPERIMENTO 05
PARTE I: CONCEITO ÁCIDO-BASE - MEDIDA COMPARATIVA DE ACIDEZ

1. Objetivo: Comparar a acidez e classificar a força do ácido com uso de um solvente


diferenciador.

2. Introdução: Processo de dissolução e a condutividade de corrente elétrica


Experiências nos têm mostrado que as substâncias, em geral, variam seu
comportamento quanto à solubilidade, em diferentes solventes.
As substâncias tendem a dissolver-se em solventes quimicamente semelhantes,
devido à proximidade de intensidade das forças intermoleculares. Geralmente, a
eficiência do processo de dissolução envolve a quebra de interações intermoleculares
e/ou de dissociação (quebra de ligações).
Os fragmentos resultantes, se eletricamente carregados, movem-se em solução
conduzindo corrente elétrica, o que pode ser utilizado como medida de condutividade
elétrica da solução. Dependendo da intensidade desta condutividade, pode-se determinar
o grau de dissociação da espécie em solução, sendo a substância classificada como:

a) Eletrólitos: conduzem corrente elétrica em solução. O processo de formação de


partículas condutoras de eletricidade, íons, pode ocorrer pela dissociação (os íons
podem existir antes do processo de dissolução e seriam apenas separados pela
solubilização) ou ionização (resultante das interações soluto-solvente de uma substância
não iônica com o solvente, levando à ionização e separação das partículas eletricamente
carregadas). Vejamos os exemplos:

NaCl(s) + H2O → Na+ (aq) + Cl-(aq) Dissociação

HCl(g) + H2O → H+(aq) + Cl-(aq) Ionização

Os eletrólitos podem ainda ser divididos em:


• eletrólitos fortes, no caso de apresentarem alta condutividade elétrica em
solução, e
• eletrólitos fracos, no caso de baixa condutividade.

b) Não eletrólitos: não conduzem corrente elétrica em solução, em função da natureza


das partículas geradas pelo processo de dissolução.Neste experimento usaremos
conceito ácido-base de Bronstead-Lowry para comparar a acidez entre dois ácidos em
meio aquoso e ilustrar o efeito diferenciador utilizando outro solvente.

3. Procedimento Experimental:
3.1 Materiais necessários:
• ácido acético glacial (CH3COOH) e 1,0 mol/L
• ácido clorídrico (HCl) 1:1 (50%) e 1,0 mol/L
• ácido nítrico (HNO3) 1:1 (50%) e 1,0 mol/L
• béquer
• proveta
• pipeta
• água destilada
• aparelho para testar a condutividade (60W).

3.2 Metodologia:

26
a) Medida de pH de soluções de ácido acético, ácido clorídrico e ácido nítrico 1,0
mol/L:
• Meça o pH, usando papel indicador universal, das 03 soluções dos ácidos.
• Calcule a [H+] presente em cada solução, discuta a força dos ácidos.

b) Medida comparativa de acidez dos ácidos clorídrico e nítrico:

Para testar a condutividade elétrica das substâncias das soluções, utilize o


dispositivo constituído de dois eletrodos em série com uma lâmpada. Ao mergulhar os
eletrodos em solução, se a lâmpada acender (forte ou fraca) é sinal de que o circuito se
fecha pela presença de íons.
A manutenção da área dos eletrodos, bem como a distância entre eles fixa,
nos permitiria relacionar a intensidade do brilho da lâmpada e a condutividade
elétrica.
• Misture 10,0 mL de água com 1,0 mL de HCl 1:1. Teste a condutividade desta
solução.
• Misture 10,0 mL de água com 1,0 mL de HNO3 1:1. Teste a condutividade desta
solução. Compare a intensidade da luz obtida em cada um dos casos.

É possível afirmar, baseado somente nesta observação, que um ácido é mais forte
que o outro?
• Misture 10,0 mL de ácido acético glacial com 1,0 mL de HCl 1:1. Teste a
condutividade desta solução.
• Misture 10,0 mL de ácido acético glacial com 1,0 mL de HNO3 1:1. Teste a
condutividade desta solução. Compare a intensidade da luz obtida em cada um
dos casos.
É possível afirmar, baseado somente nesta observação, que um ácido é mais forte
que o outro?

4. Exercícios:
01) Explique o que é solvente nivelador e solvente diferenciador,
02) Escreva as equações de dissociação para os ácidos clorídrico e nítrico nos dois
solventes.
03) Qual ácido se apresenta mais dissociado em água: HCl ou HNO3? E em ácido
acético?

5. Bibliografia:
RUSSEL, J.B. Química Geral. Tradução de Divo Leonardo Sanioto et alii. São Paulo:
MC Graw-Hill. 1994.

27
EXPERIMENTO 06
PARTE II: INVESTIGAÇÃO DE INDICADORES ÁCIDO-BASE

1. Objetivo: demonstrar o emprego de indicadores comerciais e investigar indicadores


naturais.

2. Introdução:
Na natureza existem substâncias ácidas, como o suco de limão ou o vinagre. E
existem substâncias chamadas bases. Os ácidos costumam ter sabor azedo e as bases,
gosto amargo. Acontece que uma pessoa não pode experimentar as substâncias do seu
laboratório porque muitas são perigosas. Assim, é produzido um composto que indica se
uma substância é uma base ou um ácido, de acordo com a coloração adquirida.
Nas experiências a seguir, você investigará algumas destas propriedades,
utilizando tanto material comercial como natural. Os extratos de repolho roxo, beterraba
e de pétalas de rosa, por indicarem se uma substância tem as propriedades de um ácido
ou de uma base, também podem ser chamados de indicadores ácido/base.

3. Procedimento Experimental:

3.1 Materiais necessários:

• Água destilada
• Soluções aquosas de HCl e NaOH
• pHmetro
• tubos de ensaio
• indicadores: fenolftaleína, azul de bromofenol, vermelho de metacresol,
alaranjado de metila, azul de bromotimol, extrato de repolho roxo, extrato de
beterraba e extrato de pétalas de rosa.

3.2 Metodologia:

a) Coloque em tubos de ensaio, cerca de 3 mL de cada solução com valores de pH entre


02 e 12. Acrescente em cada tubo de ensaio 02 gotas do indicador fenolftaleína.
Observe a coloração em cada pH e anote na tabela a seguir.
O que se conclui sobre a mudança de coloração das soluções com este indicador?

b) Repita o procedimento do item a utilizando os indicadores: azul de bromofenol,


vermelho de metacresol, alaranjado de metila, azul de bromotimol. Observe a coloração
para cada indicador em cada pH e anote na tabela abaixo.
O que se conclui sobre a coloração das soluções para cada um destes indicadores?

c) Prepare extratos de folhas de repolho roxo, beterraba e pétalas de rosa (cor vermelha
ou rosa). Os extratos devem ser preparados colocando-se em um béquer 4 a 6g da
amostra previamente picada e triturada em um almofariz. Acrescente de 20 a 30 mL de
água destilada ao extrato e aqueça até a ebulição, deixando ferver por 2 a 3 min. Espere
esfriar e filtre.

d) Repita o procedimento do item a utilizando as soluções preparadas no item c.


Observe a coloração para cada solução em cada pH e anote na tabela abaixo.
O que se conclui sobre a coloração das soluções para cada uma das soluções preparadas
no item c ?

28
Tabela da coloração obtida em cada pH usando cada um dos indicadores:

pH
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
indicadores

Fenolftaleína

Azul de
bromofenol

Vermelho de
metacresol

Alaranjado
de metila

Azul de
bromotimol

Extrato de
repolho roxo

Extrato de
beterraba

Extrato de
rosa

4. Bibliografia: RUSSEL, J.B. Química Geral. Tradução de Divo Leonardo Sanioto et


alii. 2ª ed. São Paulo: Makron Books. 1994.

29
EXPERIMENTO 07: REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO

1. Objetivo: Identificar uma reação de oxi-redução, comparar a reatividade de diferentes


metais e prever a espontaneidade pelos valores de E0.

2. Introdução:
Como já foi visto na prática nº 04, os três tipos de Reações Químicas em solução
aquosa são: Neutralização, Precipitação e a Oxi-Redução. As reações de oxi-redução
são extraordinariamente versáteis. Muitas reações comuns como a combustão, a
corrosão, a fotossíntese, o metabolismo do alimento e a extração de metais dos minérios
parecem completamente diferentes, mas para o olho de um químico, todas estas reações
são diferentes aspectos de um único tipo de evento: a transferência de elétrons.
Esta classe de reações químicas merece destaque pela sua grande e importante
aplicação prática. Podemos defini-las como sendo reações que ocorrem com
transferência de elétrons.
A espécie que perde elétrons sofre oxidação, enquanto que a espécie ganhadora de
elétrons sofre redução. A substância capaz de promover a redução de outra é chamada
de agente redutor, enquanto que a substância capaz de oxidar outra espécie é chamada
de agente oxidante.
Para metais, quanto maior o caráter metálico do elemento, maior sua tendência de
existir sob a forma de íon positivo, ou seja, maior a sua capacidade de doar elétrons e,
quanto menor seu caráter metálico, maior sua tendência de existir sob a forma de átomo
neutro, ou seja, na forma metálica elementar.
Muitas reações de oxidação ou de redução podem ser acompanhadas visualmente
pela coloração característica de soluções aquosas de alguns íons:

Íons metálicos coloração


Zn2+(aq) Solução incolor
Fe2+(aq) Solução verde-azulada
Cu2+(aq) Solução azul
Co2+(aq) Solução rosa

Por exemplo, quando uma barra de zinco metálico é colocada em contato com uma
solução aquosa de sulfato de cobre (CuSO4), conforme mostra a figura 01, observa-se
imediatamente a formação de um depósito escuro de cobre metálico sobre a superfície
do zinco e o desaparecimento da cor azul característica da solução de CuSO4, indicando
que os íons cúpricos, Cu2+(aq) são consumidos na reação.
As equações que representam os fenômenos ocorridos na figura 01, podem ser
representadas por semi-reações e a reação global:

(semi-reação) Zn(s) → Zn2+ (aq) + 2e- (Reação de Oxidação)


(semi-reação) Cu2+ (aq) + 2e- → Cu(s) (Reação de redução)

(Reação Global) Zn(s) + Cu2+ (aq) → Cu(s) + Zn2+ (aq)

30
As espécies Zn(s) e Cu2+(aq) possuem tendências opostas com relação à perda e
ganho de elétrons, daí a grande espontaneidade da reação entre elas. A maneira natural
de verificar a espontaneidade de diferentes pares de substâncias é observar se ocorre ou
não reação entre eles.
Para se prever se ocorre reação espontânea ou não e também para permitir a
comparação entre as espécies, foi atribuído um valor arbitrário de potencial igual a 0,00
V à tendência da semi-reação abaixo:

2H+(aq) + 2e- → H2(g) E0 = 0,00 V

Isto sob condições estipuladas como padrão: T = 25 ºC, P = 1atm e concentração dos
íons em solução igual a 1 mol/L.
A partir daí, foram medidas as diferenças de potencial de cada uma das diferentes
espécies em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio, nas mesmas condições padrão.
Observando-se uma tabela com alguns potenciais padrão, cada semi-reação é descrita
na forma de redução. Contudo, para se obter o potencial da reação inversa, a oxidação,
basta mudar o sinal da tensão (ou potencial).
Por exemplo, no exemplo da barra de zinco metálico colocada em contato com uma
solução aquosa de CuSO4, é observado que o zinco se oxida e os íons de Cu2+(aq) se
reduzem. Portanto, as possíveis reações e seus potenciais padrão são:

Zn(s) → Zn2+ (aq) + 2e- E0 = +0,76 V


Cu2+ (aq) + 2e- → Cu(s) E0 = +0,34 V
Zn(s) + Cu+2(aq) → Cu(s) + Zn2+ (aq) ∆E0 = +1,10V

Como pode ser verificada no exemplo acima, a previsão do potencial total da célula é
feita com base na adição dos potenciais padrão correspondentes às reações de eletrodo,
tal como ocorrem na célula. O ∆E0 resultante é numericamente igual ao potencial da
célula galvânica medido experimentalmente.
Uma tensão positiva (∆E0>0) está associada a uma reação espontânea e uma tensão
negativa (∆E0<0) mostra que a reação não ocorre espontaneamente.
É muito importante salientar que quando se multiplica o coeficiente estequiométrico
de uma semi-reação por um fator (para que os elétrons sejam cancelados), o potencial
31
da mesma não deve ser multiplicado por este fator, porque as tensões produzidas pelas
células, no estado padrão, são independentes das quantidades de reagentes e produtos.
Neste experimento, pretende-se estabelecer uma ordem crescente da força oxidante e
redutora de uma série de elementos metálicos e do elemento hidrogênio. Assim como
discutir estas observações baseando-se exclusivamente em fatos experimentais sem o
auxílio de um voltímetro.

3. Procedimento Experimental:
3.1 Materiais necessários:
a) Béquer de 50 mL;
b)Tubos de ensaio;
c) Ferro, Zinco, Cobre, Magnésio, Alumínio;
d) Lixa ou esponja de aço;
e) Pipeta graduada;
f) Solução de MgCl2 1 mol/L;
g) Solução de CuSO4 1 mol/L;
h) Solução de FeCl2 1 mol/L;
i) Solução de ZnSO4 1 mol/L;
j) Solução de AlCl3 1 mol/L;

• OBS: → As soluções acima devem ser preparadas pelos próprios alunos.

3.2 Metodologia:
a) Prepare com o auxílio de uma pipeta 04 tubos de ensaio contendo cerca de 2 mL de
solução de Mg2+ (aq) a 1 mol/L. Coloque, respectivamente, em cada tubo, um pedaço dos
metais Ferro, Zinco, Cobre, Alumínio, tomando o cuidado de lixá-los previamente.
Deixe os sistemas em repouso por alguns minutos e observe, em cada caso, se houve
reação.

b) Lave os metais e limpe-os novamente com a lixa. Repita agora a experiência anterior
(item a), usando em lugar de Mg2+ (aq), uma solução de Zn2+ (aq) a 1 mol/L, depois repita
o procedimento com uma solução de Fe2+ (aq) a 1 mol/L, acidificada com HCl 1:1 v/v ,
uma solução de Cu2+ (aq) a 1 mol/L e por último com uma solução de Al3+ (aq) a 1 mol/L
Deixe também os sistemas em repouso por alguns minutos e observe, em cada caso, se
houve reação.

c) Coloque em um béquer de 50 mL, até a metade de sua capacidade, uma solução de


1 mol/L de Cu2+ (aq). Coloque dentro da solução, um pedaço de alumínio metálico
previamente limpo e lixado. Leve à fervura para que a reação química ocorra mais
rapidamente.

4. Exercícios:

4.1 Complete o quadro abaixo, de acordo com os resultados obtidos na seção 3.2:

MgCl2 ZnSO4 CuSO4 FeCl2 AlCl3

Zn Mg Zn Zn Zn
Cu Cu Mg Cu Cu
Fe Fe Fe Mg Fe
Al Al Al Al Mg

4.2 Considerando os itens do exercício anterior, responda:

32
a) Que metal se oxida mais facilmente?
b) Que íon metálico se reduz mais facilmente?
c) Que metal não é oxidado por nenhum dos íons?
d) Que íon não é reduzido por nenhum dos metais?
e) Que espécie química é o melhor agente oxidante?
f) Que espécie química é o melhor agente redutor?

4.3 Considerando a tabela abaixo monte para os itens de a ate e todas as semi-reação,
reação global e calcule a diferença de potencial padrão (∆E0). Verifique assim a
espontaneidade de cada reação. Comparando os resultados calculados com os obtidos
experimentalmente.explique possível discrepâncias.

Metais E red Metais E red

Mg -2,37 Pb -0,13
Zn -0,76 Fe -0,04
Sn -0,14 Al -1,67
Cu +0,34

Observação sobre o Ferro:

Fe→ Fe2+ = 0,44V ∆G1=-2.0,44.F= -0,88F

Fe2+→ Fe3+ = -0,77V ∆G2=-1.-0,77F = 0,77F

∆GT=-0,11F

= -∆G/nF = 0,11/3 = -0,04

5. Bibliografia:

ALMEIDA, P. G. V. Química Geral (Práticas Fundamentais). 3ª ed. Viçosa: Editora


UFV. 1998.

BARROS, H. L. C. Química Inorgânica, uma Introdução. Belo Horizonte: HLCB


Editor. 1995. p. 509.

MAHAN, B. H.; MYERS, R. J. Química, um Curso Universitário. São Paulo: Edgard


Blucher. 1996.

RUSSEL, J.B. Química Geral. Vol 02. Tradução de Divo Leonardo Sanioto et alii. São
Paulo: MC Graw-Hill. 1994. p. 1268.

SILVA, R. R.; BOCCHI, N.; ROCHA-FILHO, R. C. Introdução à Química


Experimental. São Paulo: MC Graw-Hill, 1990.

33
EXPERIMENTO 8: CINÉTICA QUÍMICA – FATORES QUE INFLUENCIAM NA
VELOCIDADE DAS REAÇÕES QUÍMICAS

1. Objetivo: Estudar como algumas “variáveis” afetam a velocidade da reação química.

2. Introdução:
Utilizando a equação química balanceada de uma reação conseguimos muitas
informações: ela nos traduz a conservação da massa, a conservação dos átomos e das
suas respectivas cargas, mas nada nos informa sobre a velocidade em que ocorre a
reação ou o mecanismo pelo qual ela se realiza.
A cinética química é o estudo das velocidades e mecanismos das reações químicas.
A velocidade de uma reação é a medida da rapidez com que se formam os produtos e se
consomem os reagentes. O mecanismo da reação consiste na seqüência detalhada de
etapas que levam dos reagentes aos produtos.
Uma equação global não exibe nenhuma dessas etapas, mostrando apenas o resultado
final de todas as etapas que participam do mecanismo.
Muito do que conhecemos sobre mecanismos de reações provém do estudo da
velocidade de reação e da influência de diferentes “variáveis” (temperatura,
concentração do reagente, estado de divisão,...) sobre a mesma.

3. Procedimento Experimental:

3.1 Material Necessário:

Tubos de ensaio
Solução de KMnO4 0,1 mol/L (a ser preparado pelos alunos)
Solução de NaOH 3 mol/L (a ser preparado pelos alunos)
Solução de Na2S2O3 0,25 mol/L (a ser preparado pelos alunos)
Solução de HCl 2 mol/L (a ser preparado pelos alunos)
Solução de Na2C2O4 0,2 mol/L (a ser preparado pelos alunos)
Solução de MnSO4
Solução de H2SO4
Fio de ferro (prego)
Oxalato de sódio (Na2C2O4) sólido
Alumínio em grânulos e em pó
Cronômetro
Folha de papel em branco
Pisseta com água destilada
Erlenmeyer
Béquer
Tripé e tela de amianto;
Bico de Bunsen
Pipeta graduada;

3.2 Metodologia:
3.2.1 Preparação das soluções a serem utilizadas no experimento:
Solução de KMnO4 0,1 mol/L
Solução de NaOH 3 mol/L
Solução de Na2S2O3 0,25 mol/L
Solução de HCl 2 mol/L
Solução de Na2C2O4 0,2 mol/L

☻Mostre os cálculos ao professor antes de preparar as soluções.


Cada grupo devera preparar 1 solução.
34
3.2.2 TEMPERATURA

A) Coloque em 03 tubos de ensaio cerca de 2 mL de solução 0,1 mol/L de KMnO4,


acidulada ligeiramente com solução de H2SO4 e em cada um dos tubos adicionar um fio
de ferro (prego).
Deixar um dos tubos à temperatura ambiente, outro aquecer em banho-maria e o
outro aquecer diretamente na chama. Anote as observações feitas.

2KMnO4(aq) + 8H2SO4(aq) + 5Fe(s)→ 5FeSO4(aq) + 2MnSO4(aq) + K2SO4(aq) + 8H2O

Tubo Observações
01

02

03

B) Repetir a experiência anterior, usando o sólido oxalato de sódio (Na2C2O4) ao invés


do fio de ferro.

2KMnO4(aq)+8H2SO4(aq)+5Na2C2O4(s) →5Na2SO4(aq) + 2MnSO4(aq) + K2SO4(aq) + 8H2O + 10CO2(g)

Tubo Observações
01

02

03

Pergunta-se: Como a temperatura influi na velocidade das reações em estudo?

3.2.3 SUPERFÍCIE DE CONTATO (Estado de Divisão):

Colocar em um tubo de ensaio alumínio em grânulos e em outro tubo


alumínio em pó. Em seguida, adicione 1 mL de solução NaOH 3 mol/L. Anote as
observações feitas.
3Al(s) + 3 OH-(aq) + 6 H2O → 3Al(OH)3(s) + 3 H2(g)
Al(OH)3(s) + OH-(aq) → [Al(OH)4]-(aq)

Tubo Observações
01

02

Pergunta-se: Como o estado de divisão influi na velocidade da reação em estudo?

3.2.4 CONCENTRAÇÃO:
Conforme a tabela abaixo, preencha 05 erlenmeyers com os respectivos volumes de
água e Na2S2O3 0,25 mol/L.
☺Não acrescente o HCl ainda!!!
35
Tabela: Volumes dos reagentes a serem observados no experimento
Erlenmeyer VH2O (mL) VNa2S2O3 (mL) VHCl (mL) Tempo (s)
01 0 25 3
02 5 20 3
03 10 15 3
04 15 10 3
05 20 5 3

Agora, desenhe com um lápis uma cruz em uma folha de papel em branco e
coloque-a de forma a poder ser observada através da solução contida no erlenmeyer.
Acrescente ao erlenmeyer a solução de HCl 2 mol/L e, no mesmo instante, inicie a
cronometragem, encerrando-a quando a cruz não puder ser mais vista através do líquido
contido no erlenmeyer.
A reação que ocorre está descrita abaixo:

Na2S2O3(aq) + 2 HCl(aq) → S(s)↓ + SO2↑ + H2O + 2 NaCl(aq)

Pergunta-se: Como a concentração influi na velocidade das reações em estudo?

3.2.5 CATALISADOR

Coloque em 02 tubos de ensaio cerca de 3 mL de solução 0,2 mol/L de Na2C2O4,


acidulada com solução de H2SO4.
Em apenas um deles, colocar 05 gotas de MnSO4.
Adicionar a cada um dos tubos, ao mesmo tempo, 02 gotas de KMnO4 0,1 mol/L.
Anote as observações feitas.

2KMnO4(aq)+8H2SO4(aq)+5Na2C2O4(s)→ 5Na2SO4(aq)+ 2MnSO4(aq)+ K2SO4(aq) + 8H2O + 10CO2(g)

Tubo Observações
01

02

Pergunta-se: Como a presença de um catalisador influi na velocidade das reações em


estudo?

4. Bibliografia:

RUSSEL, J.B. Química Geral. Tradução de Divo Leonardo Sanioto et alii. São Paulo:
MC Graw-Hill. 1994.

36
EXPERIMENTO 9: REAÇÕES ILUSTRATIVAS DE EQUILÍBRIO QUÍMICO
1. Objetivo: Nesta experiência vamos estudar o deslocamento de equilíbrio de várias
reações, observando o Principio de Lê Chatelier.

2. Introdução:
Todas as reações químicas podem ser consideradas reversíveis, embora em alguns
casos, o grau de reversibilidade seja muito pequeno.
Um exemplo de um sistema reversível seria a reação de ácido acético em água.
Colocando-se ácido acético (HAc) em água ocorre uma reação com produção de íons
hidroxônio (H30+) e acetato (AcO-), conforme representado na equação (1):

HOAc(aq) + H2O → H3O+(aq) + AcO-(aq) (1)

À medida que as concentrações de H3O+ e AcO- aumentam, estas reagem entre si


para formar HOAc(aq) e H2O, conforme representado na equação (2):

H3O+(aq) + AcO-(aq) → HOAc(aq) + H2O(l) (2)

A velocidade de uma reação geralmente aumenta se as concentrações dos reagentes


aumentam e, diminui se as concentrações dos reagentes diminuem. Com isso, podemos
concluir que a velocidade da reação (1) diminui devido ao consumo de HOAc(aq) e
H2O(l), enquanto a velocidade da reação (2) aumenta em decorrência do aumento das
concentrações de H3O+(aq) e AcO-(aq).
Quando as velocidades das reações (1) e (2) se tornam iguais, dizemos que o sistema
está em equilíbrio dinâmico e representamos os sistemas pela equação:

HOAc(aq) + H2O ⇄ H3O+(aq) + AcO-(aq)

Embora as reações (1) e (2) estejam ocorrendo, elas o fazem com a mesma
velocidade e, como resultado, as concentrações de todas as espécies presentes
permanecem constantes.
A este equilíbrio podemos associar uma constante K que é denominada de constante
de equilíbrio da reação:
K = [H3O+].[ AcO-]
[HOAc]

Esta equação é a condição de equilíbrio para a reação.


Como os equilíbrios são dinâmicos, eles respondem a mudanças nas condições. Esta
característica nos dá um certo grau de controle sobre a composição do equilíbrio.
Assim, a composição do equilíbrio varia quando adicionamos ou removemos um
reagente e também varia como resposta às mudanças na Pressão e Temperatura.
É relativamente fácil prever como a composição de uma reação em equilíbrio tende a
mudar quando as condições são alteradas. O químico francês Henri Lê Chatelier
identificou os princípios gerais:

“Quando uma perturbação exterior é aplicada a um sistema em equilíbrio dinâmico,


o equilíbrio tende a se ajustar para minimizar o efeito desta perturbação”.

O Equilíbrio Cromato-Dicromato:
No laboratório, muitas vezes, reações de equilíbrio podem ser estudadas quanto a
predominância do(s) reagente(s) ou do(s) produto(s), observando mudanças de cor ou
aparecimento de precipitado.

37
Por exemplo, em solução aquosa, os íons cromato CrO42- (amarelo) podem ser
convertidos em íons dicromato Cr2O72- (alaranjado) ou vice-versa, variando o pH da
solução, pois a extensão em que ocorre esta reação depende da concentração de íons H+.

2 CrO42-(aq) + 2H+(aq) ⇄ Cr2O72-(aq) + H2O

Adicionando ou retirando-se íons H+, o equilíbrio se desloca para a direita ou para a


esquerda, respectivamente, o que pode ser constatado pelas mudanças de coloração.

3. Procedimento Experimental:
3.1 Materiais necessários:
» 1ª Parte:
tubos de ensaio
solução de K2CrO4 1 mol/L
solução de HCl 6 mol/L
solução de NaOH 6 mol/L
solução de BaCl2 1 mol/L

» 2ª Parte:
tubos de ensaio
solução de HAc 0,1 mol/L
solução de HCl 6 mol/L
solução de NaOH 6 mol/L
solução de NaAc 1 mol/L
alaranjado de metila
fenolftaleína

» 3ª parte:
• Tubos de ensaio
• Fenolftaleína
• Solução de NH4OH 0,1 mol/L
• Solução de MgCl2 0,1 mol/L
• Solução de NaCl 0,1 mol/L
3.2 Metodologia:
3.2.1 1ª Parte: Deslocamento do equilíbrio Cromato-Dicromato
A) Adicione a um tubo de ensaio, 2 mL de K2CrO4 1 mol/L. Acrescente a esta
solução 05 gotas de HCl 6 mol/L, agite e observe. Em seguida, adicione 08 gotas
de solução de NaOH 6 mol/L, com agitação até ocorrer alguma mudança.
Observe e anote. Adicione novamente HCl cerca de 10 gotas.
B) Em um tubo de ensaio, adicione 2 mL de K2CrO4 1 mol/L e algumas gotas de
solução de BaCl2 1 mol/L. Adicione a seguir, HCl 6 mol/L até o precipitado se
dissolver. Anote a cor da solução.

3.2.2 2ª Parte: Uso de indicadores ácido-base no deslocamento de equilíbrio


A) Para observar o efeito de ácidos e bases sobre os indicadores, adicione uma gota
de alaranjado de metila a 3 mL de água. Então, adicione 02 gotas de HCl 6
mol/L e em seguida, 04 gotas de NaOH 6 mol/L.
B) Repita a experiência acima usando a fenolftaleína no lugar do alaranjado de
metila. Observe e anote.
C) Coloque em um tubo de ensaio, 2 mL de solução de HAc 0,1 mol/L e 01 gota de
alaranjado de metila. Adicione, então, lentamente e com agitação 08 gotas de
solução de NaAc 1 mol/L. Observe e anote.

38
3.2.3 3ª Parte: Deslocamento do equilíbrio de uma base fraca
A) Enumere 06 tubos de ensaio.
B) Prepare um banho de gelo e um banho-maria.
C) Coloque em cada tubo, 2 mL de solução de NH4OH e duas gotas de
fenolftaleína.
D) O tubo nº 04 deve ficar de padrão.
E) O tubo nº 05 deve ser colocado no banho de gelo.
F) O tubo nº 06 deve ser colocado no banho-maria.
G) No tubo nº 01, adicione 5 mL de solução de NH4Cl.
H) No tubo nº 02, adicione 5 mL de solução de MgCl2.
I) No tubo nº 03, coloque 5 mL de solução de NaCl.

☻ OBS: O MgCl2 pode combinar-se com OH- formando Mg(OH)2, considerado uma
base insolúvel.

4. Exercícios:

01) Explique os deslocamentos de equilíbrio nos tubos 01, 02 e 03 da 3ª parte.

02) Compare a coloração das soluções nos tubos 05 e 06 e responda se a ionização da


amônia é ENDOtérmica ou EXOtérmica.

5. Bibliografia:

CRUZ, Roque; FILHO, Emílio Galhardo. Experimentos de Química – em microescala,


com materiais de baixo custo e do cotidiano. 1ª ed. São Paulo: Livraria da Física. 2004.
p.40.

MAHAN, B. H.; MYERS, R. J. Química, um Curso Universitário. São Paulo: Edgard


Blucher. 1996.

PAULING, L. Química Geral. Trad. Roza D. Kupperman. Rio de Janeiro: Ao Livro


Técnico. 1982.

SMITH e WOOD. Manual de Laboratório de Química Geral. Harper e Raw Publishers


Inc. 1970.

39
EXPERIMENTO 10
PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO TAMPÃO
1. Objetivo: aprender a preparar uma solução-tampão

2. Introdução:
Solução tampão é toda aquela que é formada por um ácido fraco (ou base fraca) e sua
base conjugada (ou ácido conjugado) em concentrações aproximadamente iguais. Esta
solução sofre apenas pequenas variações de pH, quando a ela são adicionados os íons
H3O+ e OH-.
Um exemplo típico de solução tampão é aquela na qual estão presentes ácido acético
e íons acetato (proveniente de um sal acetato) em concentrações aproximadamente
iguais.
Considere o equilíbrio:

CH3COOH(aq) + H2O ⇄ H3O+(aq) + CH3COO-(aq) (1)

Segundo o Princípio de Lê Chatelier, o equilíbrio (1) pode ser deslocado facilmente


em qualquer uma das direções indicadas. A concentração do íon CH3COO-(aq) pode ser
considerada igual a do sal dissolvido, uma vez que a concentração dos íons acetato, que
vem da dissociação do ácido acético, pode ser desprezada (Ka = 1,8.10-5).
Adicionando-se os íons H3O+ a esta solução, ocorrerá uma reação destes íons com
os íons acetato, deslocando o equilíbrio (1) para a esquerda, de forma a manter a
concentração dos íons H3O+ mais próxima da concentração antes da adição do ácido.
Adicionando-se os íons OH-, eles reagirão com os íons H3O+ (do equilíbrio (1))
deslocando o mesmo para a direita, no sentido de formar mais íons H3O+, mantendo sua
concentração praticamente constante.
Portanto, grande parte do H3O+ ou OH- adicionado é consumido sem alterar
significativamente o pH da solução.

3. Procedimento Experimental:
3.1 Material necessário:
- ácido acético 1 mol/L
- acetato de sódio sólido
- NH4OH 1 mol/L
- NH4Cl sólido
- Solução de NaOH 0,1 mol/L
- Solução de HCl 0,1 mol/L
- 2 Balões volumétricos de 100,00 mL
- pHmetro
- béqueres de 25 mL
- 2 pipetas volumétricas de 10 mL

3.2.1 Preparação da solução tampão.


a) Faça os cálculos para preparar 100mL de uma solução tampão acetato de sódio/ácido
acético, que seja 0,1 mol/L em CH3COOH, pH = 5,70 (Ka = 1,8 . 10-5)
b) Faça os cálculos para preparar 100mL de uma solução tampão Cloreto de
amônio/hidróxido de amônio, que seja 0,1 mol/L em NH4OH, pH = 9,0 (Kb = 1,8.10-5)
MOSTRE OS CÁLCULOS AO PROFESSOR ANTES DE PREPARAR AS
SOLUÇÕES.
c) Num balão de 100 mL, adicione conjuntamente o volume de Ácido Acético e a
massa de acetato de sódio, calculados no item 3.2.1.a. Complete o volume com água
destilada e homogenize a solução. Meça o pH da solução em um pHmetro.

40
☻OBS: Antes de cada medida, o pHmetro deve ser calibrado (será explicado pelo
professor).
d) Num balão de 100 mL, adicione conjuntamente o volume de Hidróxido de amônio e
a massa de cloreto de amônio, calculados no item 3.2.1.b. Complete o volume com água
destilada e homogenize a solução. Meça o pH da solução em um pHmetro.

3.2.2 Testando a solução tampão:


a) Em dois béqueres de 25 mL, coloque aproximadamente 15 mL de cada solução
tampão em cada um e adicione 03 gotas da solução de HCl 0,02 mol/L. Meça o pH.
b) Em outro béquer de 25 mL, coloque aproximadamente 15 mL de uma solução de
CH3COOH 0,1 mol/L e meça o pH. Adicione 03 gotas de HCl 0,02 mol/L e meça o pH.
Compare este resultado com o obtido anteriormente.
c) Em dois béqueres de 25 mL, coloque aproximadamente 15 mL de cada solução
tampão em cada um e adicione 03 gotas da solução de NaOH 0,02 mol/L. Meça o pH.

4. Bibliografia:

BRADY,J.E; HUMISTON,G.E. Química Geral . Vol 02. 2ª ed. Rio de Janeiro:


Livros Técnicos e Científicos. 1986.

MAHAN, B. H.; MYERS, R. J. Química, um Curso Universitário. São Paulo: Edgard


Blucher. 1996.

RUSSEL, J.B. Química Geral. Vol 02. Tradução de Divo Leonardo Sanioto et alii. 2ª
ed. São Paulo: Makron Books. 1994. cap.15.

41
Experimento 11: DETERMINAÇÃO E CÁLCULO DO pH DE SOLUÇÕES DE
SAIS
1. Objetivo: medir o pH dos sais e justificar utilizando a hidrólise.

2. Introdução:
Já sabemos que um sal é produzido pela reação de neutralização de um ácido por uma
base. Entretanto, se medirmos o pH de uma solução onde houve uma neutralização total,
nem sempre encontramos o pH = 7. Por exemplo, se neutralizarmos ácido acético 0,3
mol/L com hidróxido de sódio 0,3 mol/L, a solução resultante de acetato de sódio
tem pH = 9. Da mesma maneira, uma solução de AlCl3, em qualquer concentração, tem
um pH ácido. Como pode ser isto?
O que ocorre é que o cátion e/ou ânion proveniente da dissociação do sal pode reagir
com os íons H+ e/ou OH- vindos da autoionização da água. Quando isto acontece, o
equilíbrio da água é perturbado e se desloca, alterando o seu pH que deveria ser 7,0.
A este processo de deslocamento do equilíbrio da água provocado pela presença de
cátions e ânions vindos de um sal dá-se o nome de hidrólise.
No entanto, nem todos os cátions e ânions provenientes de uma solução sofrem
hidrólise. É necessário que eles formem, pela hidrólise, um eletrólito fraco. Por
exemplo:

NH4+ + OH- ⇄ NH4OH (1)


base fraca

Esta reação (1) de hidrólise ocorre porque há a formação da base fraca.

Na+ + OH- → NaOH (2)


base forte

Esta reação (2) de hidrólise NÃO ocorre pois há formação da base forte NaOH que, na
verdade, se encontra dissociada em solução aquosa.

3. Procedimento Experimental:

3.1 Materiais necessários:

Sal Sal Sal Sal Sal


NaNO3 KCl CaCl2 MgCO3 Al(NO3)3
NaF K2CO3 Sr(NO3)2 MgSO4 AlCl3

pHmetro ou papel indicador universal


indicadores: fenolftaleína e azul de bromotimol
água destilada, tubos de ensaio e pipetas graduadas.

3.2 Metodologia:
A) Colocar em um tubo de ensaio, alguns cristais de NaNO3. Adicione 2 ou 3 mL de
água destilada e fervida. Medir o pH da solução resultante com papel indicador e/ou
indicadores azul de bromotimol e fenolftaleína. Repita o mesmo procedimento para os
sais: NaF, KCl, K2CO3. Anote o resultado obtido.

Sal pH Sal pH
NaNO3 KCl
NaF K2CO3

42
B) Colocar em um tubo de ensaio, alguns cristais de CaCl2. Adicione 2 ou 3 mL de
água destilada e fervida. Medir o pH da solução resultante com papel indicador e/ou
indicadores azul de bromotimol e fenolftaleína. Repita o mesmo procedimento para os
sais: Sr(NO3)2, MgCO3, MgSO4. Anote o resultado obtido.

Sal pH Sal pH
CaCl2 MgCO3
Sr(NO3)2 MgSO4

C) Colocar em um tubo de ensaio, alguns cristais de Al(NO3)3. Adicione 2 ou 3 mL de


água destilada e fervida. Medir o pH da solução resultante com papel indicador e/ou
indicadores azul de bromotimol e fenolftaleína. Repita o mesmo procedimento para o
sal: AlCl3.. Anote o resultado obtido.

Sal pH
Al(NO3)3
AlCl3

3.3 Complete a tabela abaixo, de acordo com os resultados obtidos por todos os grupos:
Sal pH pH pH pH pH pH
(grupo 01) (grupo 02) (grupo 03) (grupo 04) (grupo 05) (grupo 06)
NaNO3
NaF
KCl
K2CO3
CaCl2
Sr(NO3)2
MgCO3
MgSO4
Al(NO3)3
AlCl3

4. Exercícios:

4.1 Explique os valores de pH observados utilizando equações químicas.

5. Bibliografia:

BRADY,J.E; HUMISTON,G.E. Química Geral . Vol 02. 2ª ed. Rio de Janeiro:


Livros Técnicos e Científicos. 1986.

PEQ – PROJETOS DE ENSINO DE QUÍMICA: Experiências de Química. São Paulo:


Editora Moderna, 1982.

RUSSEL, J.B. Química Geral. Vol 02. Tradução de Divo Leonardo Sanioto et alii. 2ª
ed. São Paulo: Makron Books. 1994.

43
APÊNDICE A

Equipamentos e vidrarias de Laboratório:

Abaixo, estão relacionadas as principais vidrarias e alguns equipamentos mais


utilizados em um laboratório.
Nome do Material Figura Função
(equipamento ou
vidraria)

Almofariz com pistilo Usado na trituração e


pulverização de sólidos.

Utilizado como recipiente


para conter líquidos ou
Balão de fundo chato soluções, ou mesmo, fazer
reações com desprendimento
de gases. Pode ser aquecido
sobre tripé com a tela de
amianto.

Utilizado principalmente em
Balão de fundo sistemas de refluxo e
redondo evaporação à vácuo,
acoplado à Rota Evaporador.

Possui volume definido e é


utilizado para o preparo de
Balão volumétrico soluções em laboratório.

É de uso geral em
laboratório. Serve para fazer
reações entre soluções,
Becker dissolver substâncias
sólidas, efetuar reações de
precipitação e aquecer
líquidos. Pode ser aquecido
sobre tela de amianto.
Aparelho utilizado em
Bureta Análises Volumétricas
(Titulação).

44
Peça geralmente de
porcelana, cuja utilidade é
aquecer substâncias à seco e
Cadinho com grande intensidade, por
isso, pode ser usado
diretamente ao Bico de
Bunsen.

Peça de porcelana usada


Cápsula de Porcelana para evaporar líquidos das
soluções.

Utilizado na destilação, tem


como finalidade condensar
Condensador vapores gerados pelo
aquecimento de líquidos.

Usado para guardar


substâncias em atmosfera
Dessecador com baixo índice de
umidade.

Usado em titulações,
aquecimento de líquidos e
Erlenmeyer para dissolver substâncias e
proceder a reações entre
soluções.

Utilizado em filtrações à
vácuo. Pode ser usado com a
Funil de Buchner função de filtro em conjunto
com o kitassato.

45
Utilizado na separação de
líquidos não miscíveis e na
Funil de separação extração liquido/liquido.

Usado na filtração e na
retenção de partículas
Funil de Haste longa sólidas. Não deve ser
aquecido.

Utilizado em conjunto com


o Funil de Buchner e em
Kitassato filtrações à vácuo.

Utilizada para medir


Pipeta graduada pequenos volumes. Mede
volumes variáveis e não
pode ser aquecida.
Usada para medir e
Pipeta volumétrica transferir volumes de
líquidos. Não pode ser
aquecida, pois possui grande
precisão de medida.

Proveta ou Cilindro
graduado Serve para medir e transferir
volumes de líquidos. Não
pode ser aquecida.

Empregado para fazer


reações em pequena escala,
principalmente em testes de
Tubo de ensaio reação em geral. Pode ser
aquecido com movimentos
circulares e com cuidado
diretamente sobre o
chamado Bico de Bunsen.
Peça de vidro de forma
côncava. É usado em
Vidro de relógio análises e evaporações. Não
pode ser aquecido
diretamente.

46
Anel ou argola Usado como suporte do funil
na filtração.

Para medida de massa, de


Balança digital sólidos e líquidos não
voláteis, com grande
precisão.

É a fonte de aquecimento
mais utilizado em
Bico de Bunsen laboratório. Mas atualmente
tem sido substituído pela
mantas e chapas de
aquecimento.

Estante para tubos de Usada para suporte dos


ensaio tubos de ensaio.

Usada para prender o


condensador à haste do
Garra de condensador suporte e de outras peças
como balões, erlenmeyers,
etc.

Usada para prender o tubo


Pinça de madeira de ensaio durante o
aquecimento.

Pinça metálica É usada para manipular


objetos aquecidos.

Usada para lavagens de


Pisseta ou frasco materiais ou recipientes, por
lavador meio de jatos d’água, álcool
ou outros solventes.

47
Utilizado em operações como:
filtração, suporte para
Suporte Universal condensador, bureta, sistema
de destilação, etc. Serve
também para sustentar peças
em geral.
Suporte para as peças a serem
aquecidas. A função do
Tela de amianto amianto é distribuir
uniformemente o calor
recebido pelo Bico de Bunsen.

Sustentáculo para efetuar


aquecimento de soluções em
Tripé diversas vidrarias de
laboratórios. É utilizado em
conjunto com a tela de
amianto.

Fonte: www.fc.unesp.br/ivq/prexp02.htm

48
APÊNDICE B: ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE UM
RELATÓRIO

01. INTRODUÇÃO:
Um dos objetivos de ensino de uma disciplina experimental introdutória é
ensinar a redigir relatórios. A elaboração de um relatório é um procedimento bastante
corriqueiro durante o exercido de qualquer profissão técnico-científica e, em certos
casos, esta habilidade chega a ser usada como uma medida de capacidade profissional.
Ser um bom profissional envolve também saber transmitir a outros os resultados de um
trabalho.
A seguir, são dadas algumas orientações sobre a redação de relatórios
científicos, que devem ser seguidas na elaboração dos relatórios referentes às diferentes
experiências realizadas.

02. ESTILO IMPESSOAL E NECESSIDADE DE CLAREZA:


É praxe redigir relatórios de uma forma impessoal, utilizando-se a voz passiva
no tempo passado, pois se relata algo que já foi feito. Assim, para relatar a determinação
da massa de algumas amostras sólidas, pode-se escrever:
a) “... a massa das amostras sólidas maciças foi determinada utilizando-se uma
balança...” ou
b) “Determinou-se a massa das amostras sólidas maciças utilizando-se uma
balança...”
Outro aspecto muito importante é ter sempre em mente que as pessoas que
eventualmente lerão o relatório poderá não ter tido nenhuma informação prévia sobre
aquilo que está sendo relatado. Isto significa que o relato do que foi feito deve ser
detalhado, cuidadoso e meticuloso, de modo que qualquer pessoa que leia o relatório
consiga efetivamente entender o que foi feito e como.

03. AS PARTES DE UM RELATÓRIO:


Em geral, um relatório é composto de seis partes: Título, Introdução,
Procedimento Experimental, Resultados e Discussões, Conclusões e Referências
Bibliográficas.

03.1 Título:
Por meio de um título, que pode ser o mesmo já contido no material referente à
experiência, deve-ser explicar o problema a ser resolvido pela experiência realizada.

03.2 Introdução:
Nesta seção, deverá ser explicitado, de forma clara e breve, qual foi o objetivo
da experiência (o problema a ser resolvido pela experiência), qual o método ou métodos
utilizados(s) para resolvê-lo e quais os princípios fundamentais em que esse(s)
método(s) se baseia(m).

03.3 Procedimento Experimental:


Esta seção deve conter relatos exatos e claros de como foi feita a experiência, de
modo que, baseada nestes relatos, qualquer pessoa possa repeti-la. Deve-se descrever,
passo a passo, como a experiência foi realizada. Note que não basta copiar o
procedimento experimental contido no material referente à experiência, pois na melhor
das hipóteses, toda a forma da redação terá de ser mudada. Lembre-se que a forma
deverá ser impessoal, usando voz passiva no tempo passado. Além disso, há
necessidade de se especificar claramente cada equipamento utilizado. Por exemplo,
pode-se ter:

49
“O volume de cada amostra foi determinado utilizando-se uma proveta de 10,00
mL. Inicialmente, com o auxílio de um frasco lavador, colocou-se água na proveta até
aproximadamente ...(...). Cada amostra foi pesada, utilizando-se uma balança de
plataforma.”
☻NÃO INCLUA NO PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL OS DADOS COLETADOS
NO LABORATÓRIO!!!

03.4 Resultados e Discussões:


Nesta seção do relatório, devem ser colocados os dados coletados durante a
experiência, os cálculos realizados e as equações utilizadas.
Os resultados finais obtidos devem ser discutidos, comentando-se possíveis
explicações e fontes de erro experimental.
Quando possível, devem ser feitas comparações entre aos resultados obtidos e os
reportados na literatura e as discrepâncias encontradas devem ser comentadas.
Quando for o caso, as limitações e/ou vantagens do método utilizado devem ser
discutidas, incluindo-se, se possível, sugestões ao mesmo e comparações com outros
métodos.

→Uma maneira rápida e eficiente de se registrar dados de um relatório é sob a forma de


TABELAS.
Em geral, uma tabela é composta de um título, um cabeçalho, uma coluna
indicadora (se necessária) e um corpo.
Exemplos:
Tabela 01: Algumas características dos estados da matéria
Estado da Compressibilidade Fluidez ou rigidez Densidade relativa
matéria
Gasoso alta Fluido Baixa
Liquido Muito baixa Fluido Alta
Sólido Muito baixa Rígido Alta

Tabela 02: Valores da densidade de algumas substâncias simples mais comuns (a 20ºC, a menos
que outro valor indicado)*
Substância ρ/(g.cm-3) Substância ρ/(g.cm-3)
Alumínio 2,699 Gálio (a 29,6ºC) 5,878
Bário 3,5 Manganês 7,20 a 7,43
Carbono (diamante) 3,14 a 3,52 Níquel (a 25ºC) 8,876
Carbono (grafite) 1,9 a 2,3 Paládio 12,00
Estrôncio 2,54 Tungstênio 19,3
Ferro 7,860 Zircônio 6,494
* WEAST, Robert C. Handbook of Chemistry and Physics. 57st edition. CRC Press. 1976. p. B-5 a B-60,
F-5.
→ Uma maneira de se detectar visualmente como varia uma quantidade (y) à medida
que uma segunda quantidade (x) também varia é por meio de um GRÁFICO.
Para se montar um gráfico pode-se utilizar papel milimetrado, contudo, com
toda a tecnologia disponível atualmente, existem programas apropriados para a
construção de um gráfico.
No eixo horizontal denominado ABSCISSA, é praxe representar a variável
independente, isto é, aquela cujo valor é controlado pelo experimentador. No eixo
vertical (representado a esquerda) denominado ORDENADA, é praxe representar a
variável dependente, isto é, aquela cujo valor é medido experimentalmente (seu valor
depende daquele fixado para a variável independente). Quando as duas quantidades são
medidas experimentalmente, pode-se representar qualquer uma delas em qualquer dos
eixos.

50
Caso você construa um gráfico em papel milimetrado, é importante que os
seguintes pontos sejam observados:
a) deve-se utilizar, na ordenada e na abscissa, escalas suficientemente expandidas
de modo a ocupar a maior porção possível do papel milimetrado. A origem da
escala de cada eixo não precisa necessariamente aparecer no gráfico, a escala
deve ser iniciada tomando-se um valor ligeiramente abaixo do valor mínimo
medido e terminando num valor um pouco acima do valor máximo medido. Por
exemplo, suponha que se tenha feito medidas de temperaturas cujos valores
encontram-se num intervalo que vai de 80,0ºC a 125ºC. Assim, a escala para
representar tais valores deveria começar em 70,0ºC ou 75ºC e terminar em
130ºC ou 135ºC.
b) deve-se indicar, junto aos eixos, os símbolos das grandezas correspondentes
divididos por suas respectivas unidades, isto porque os valores representados nos
eixos devem ser números puros, isto é, adimensionais. Toda grandeza é igual ao
produto entre um valor numérico e uma unidade.

Grandeza = valor numérico x unidade.

Portanto, o valor numérico representando o eixo deve ser igual ao quociente


grandeza/unidade.
c) deve-se indicar o que será representado no gráfico por meio de um titulo ou de
uma legenda.
d) deve-se marcar os valores da escala em cada eixo de forma clara, não se deve
colocar setas para indicar o sentido de crescimento das quantidades
representadas em cada eixo.
e) deve-se indicar cada ponto de cada curva lançada no gráfico por meio de
pequenos círculos, quadrados, triângulos, ... usando um único tipo de
representação para os pontos de uma mesma curva. Cada curva deve ser traçada
com distintas convenções (linhas contínuas, tracejadas, pontilhadas, ...).
f) ao se traçar uma curva, deve-se traçá-la de modo a representar a tendência média
dos pontos (procedimento conhecido como interpolação), não se deve, a menos
que assim solicitado, unir os pontos dos segmentos de retas (isto resultaria num
histograma).
Exemplo:
Gráfico 01:

Massas de amostras de Titânio em


função de seus volumes
45
40
35
30
m (g)

25
20
15
10 y = 4,5x
5
0
0 2 4 6 8 10
3
V (cm )

51
Neste gráfico em que a união dos pontos é uma linha reta, é possível
calcular o coeficiente linear e angular da reta. Isto porque uma linha pode ser
representada por uma equação do tipo:

y=ax+b

Onde a = coeficiente angular da reta;


b = coeficiente linear da reta.
O coeficiente angular da reta mostra o quanto a grandeza representada na
ordenada (∆y) varia por unidade de variação da grandeza representada pela abscissa
(∆x). O cálculo do coeficiente angular é feito tomando-se dois pontos sobre a reta
(pontos 1 e 2) e calculando-se a relação ∆y/∆x, isto é: coeficiente angular = a = ∆y =
y2-y1.
∆x = x2-x1
Note que, neste caso, o coeficiente angular corresponde à densidade deste metal.
Assim, a relação ∆y/∆x = (22,5-13,5) = 9 = 4,5. Logo, o
(5-3) 2
coeficiente angular da reta é 4,5 (valor de a) e o coeficiente linear da reta é zero (onde a
reta corta o eixo “y”).

03.5 Conclusões:
Esta seção do relatório deve conter uma correlação entre os objetivos propostos e
as discussões dos resultados, com base nas considerações teóricas.

03.6 Referências Bibliográficas:


Finalmente, sempre se deve mencionar, no relatório, as fontes bibliográficas
consultadas. Para tal, recomenda-se a utilização das normas para citação bibliográficas
recomendadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que para o caso
de livros e manuais são as seguintes:

SOBRENOME DO AUTOR, Iniciais do nome completo. Titulo do livro: subtítulo.


Tradutor. Nº de edição. Local de publicação: casa publicadora. Ano de publicação.
Páginas consultadas.
Por exemplo:

RUSSELL, J. B. Química Geral. Vol 01. Trad. de Divo Leonardo Sanioto et alli. 2ª ed.
São Paulo: Makron Books. 1994.

04. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ROCHA – FILHO, R. C. Grandezas e unidades de medida. São Paulo: Editora


Ática. 1988.

SILVA, R. R.; BOCCHI, N.; ROCHA-FILHO, R.C. Introdução à Química


Experimental. São Paulo: McGraw – Hill. 1990.

52
APÊNDICE C: TABELAS
Tabela 01: Densidade Absoluta da Água X Temperatura
T(ºC) T(ºC) T(ºC)
d(g/cm3) d(g/cm3) d(g/cm3)
0 10 20
0,999841 0,999700 0,998203
1 11 21
900 605 0,997992
2 12 22
941 498 770
3 13 23
965 377 538
4 14 24
973 244 296
5 15 25
965 099 044
6 16 26
941 0,998943 0,996783
7 17 27
902 774 512
8 18 28
849 595 232
9 19 29
781 405 0,995944
BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S.; BARONE, J. S. Química Analítica
Quantitativa Elementar. 3ª edição revista, ampliada e reestruturada. São Paulo: Edgard Blucher, 2001.

Tabela 02: Concentração aproximada de alguns reagentes comerciais:


Reagente (g/cm3) Densidade % Massa C (mol/L)
HCl 1,19 37 12
HNO3 1,42 69 16
H2SO4 1,84 96 18
CH3COOH 1,05 100 17,5
H3PO4 1,69 85 14,5
HClO4 1,69 72 12
NH3 0,90 28 15
H2O2 1,11 30 10
BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S.; BARONE, J. S. Química Analítica
Quantitativa Elementar. 3ª edição revista, ampliada e reestruturada. São Paulo: Edgard Blucher, 2001.

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