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1.

TEMA DE ESTUDO

O Trabalho de Conclusão de Curso de História será sobre um dos mitos que a visão dos
colonizadores e navegadores dos países ocidentais que passaram pela região meridional da América
do Sul, especificamente pela área denominada pelos espanhóis como Patagônia. O escritor italiano
Antonio Pigafetta deixou os primeiros relatos a respeito da expedição para a qual teria pago para
participar, e que tinha como objetivo chegar às Ilhas Moluscas pelo Ocidente, por mares não
reservados aos portugueses pelo Tratado de Tordesilhas, e provar que estas ilhas situavam-se em
território castelhano. Esta viagem terminou sendo conhecida como a primeira viagem de circum-
navegação.

2.TÍTULO: A visão eurocêntrica e a criação de mitos: o caso da Patagônia

3. JUSTIFICATIVA

Já está estabelecido na Academia que os europeus quando “acharam“ as terras que hoje
constituem as Américas divulgaram em seus países de origem diversos escritos que tinham como
base seu próprio ponto de vista. Essa visão era manifestada a partir de uma cosmogonia, crenças,
hábitos e etnografia bastante diversa daquela que encontraram. A comparação era, portanto
inevitável.
No entanto, a maneira como foram feitos esses relatos podem ter demonstrado, por vezes,
pouca fidelidade ao que realmente foi visto, com o objetivo não só de atrair novos investimentos em
empreitadas posteriores, mas também para trazer fama e fortuna para aqueles que as divulgavam.
De qualquer maneira, esses escritos são importantes para que fossem conhecidos diversos
aspectos da vida dos povos que habitavam as Américas, alguns já extintos.
O objetivo deste trabalho é procurar entender de onde pode ter surgido a expressão
toponímica que o navegador português Fernão de Magalhães deu à região da Patagônia e os demais
fatos narrados por Antônio Pigafetta (1523) comparando-os com os relatos posteriores feitos por
navegadores ingleses, e que deram origem ao nome da região. Tais relatos demonstram como as
características dos europeus da época diferenciavam-se das dos habitantes da região, e o quanto
foram de certa maneira distorcidas a fim de, ao invés de tornarem-se relatos fiéis dos ameríndios,
fizeram com que seus autores ficassem famosos, transformando os fatos relacionados em mitos.

4. PROBLEMA/PROBLEMATIZAÇÃO
Não obstante a questão de que o ponto de vista eurocêntrico é determinante nos relatos
apresentados pelos diversos europeus ao retornarem da então região conhecida como Novo Mundo
já esteja estabelecida, esta visão originou diversos mitos relacionados aos povos que habitavam
esses espaços, sua cosmogonia e hábitos que eram apenas diferentes dos europeus da época.
Hoje se estabelece que as diversas variantes em termos de tamanho, coloração da pele, cor
de olhos, ou até mesmo o fato dos olhos dos orientais serem “puxados” acontecem por razões
genéticas ou determinadas características físicas herdadas de ancestrais. A lacuna a ser preenchida
por este trabalho é buscar uma explicação genética, antropológica e arqueológica para a altura dos
ameríndios da Patagônia, demonstrando o que o fato de serem apresentados como “ anormalidades"
sob o ppnto de vista europeu, eram apenas características físicas destes grupos.
Tais fatos são comprovados por Neves, que atribui, por exemplo, que os olhos dos orientais
são “puxados” por herança das civilizações mongóis, possuindo a chamada fenda palpebral (espaço
entre a pálpebra superior e a inferior) menor em japoneses, chineses, coreanos e outros povos e por
uma questão prática, já que limitaria a quantidade de luz que entra ou sai. Esta caracteristica seria
uma adaptação evolucionária de povos que viviam em regiões com bastante neve, cuja claridade e
reflexo solar podiam incomodar a visão.
Da mesma maneira, a ciência já pôde comprovar que os ameríndios que habitavam as
regiões meridionais da América do Sul por características próprias tinham a estatura mais elevada e
um corpo maior do que a dos europeus da época. Tais fatos são biológica e historicamente
explicados pelos hábitos alimentares diferenciados, e variaram ao longo do tempo.
Assim, longe de serem exóticos como relatados por Pigafetta (1523) ou Byron ( 1768) os
índios sul-americanos apenas tinham uma característica física diferenciada, e estavam longe de
serem os gigantes descritos pelos europeus que ali chegaram.

5.OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS

O objetivo deste estudo é mostrar sob uma nova perspectiva e desmistificar a descrição
dada pelos europeus que fizeram a primeira viagem de circum-navegação do globo, mostrando que,
conforme os estudos científicos modernos, é possível identificar como relatos que são considerados
obras acuradas de descrição tornaram-se mitos, que tiveram como consequência e principalmente,
atraíram para alguns de seus escritores fama e benesses de alguns dos principais atores políticos da
época.
São objetivos específicos:
 Apresentar a origem do conceito de mito, e sua relação com o tema abordado;
 Apresentar o contexto histórico em que se situou a expedição de Fernão de Magalhães, que
desbravou a região que foi denominada como Patagônia;

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 Apresentar um breve estudo que embasa a evolução biológica européia e sua relação com o
mito dos gigantes da Patagônia;
 Apresentar as principais obras que tratam do tema;
 Apresentar o embasamento historiográfico que explica esta visão eurocêntrica e mítica.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Pigafetta (1523) foi considerada a fonte inicial para a escolha da temática do trabalho. Sua
presença na expedição de Fernão de Magalhaes e um dos dezoito sobreviventes do navio Victória
torna seus relatos, ainda que feitos para impressionar algumas das principais autoridades políticas
da época, como demonstraremos no trabalho, ainda pode ser considerado o primeiro relato do que
deu origem ao mito relacionada a região da Patagônia.
Há referencias anteriores em que se pode encontrar possíveis relações com o trabalho do
autor italiano, como a obra de Munday (1619), que relata que a região foi nomeada anteriormente a
presença da histórica expedição de Fernão de Magalhães. Musters (1871), por sua vez, também
descreve suas próprias experiencias (2011), ao analisar os relatos de Gamboa (1768) e o deste
mesmo, possível de obter-se no original, também tratam indiretamente do tema, ao descreverem
suas experiências relacionadas ao tema deste trabalho.
Adam (1962), Simon (2014) e Ryan (2014) já pretendem lançar uma luz sobre o que seria
um mito que sobreviveria até os dias de hoje no nome que ainda permanece da região da Patagônia.
Oliveira ( ) já faz também uma breve análise do tema em seu artigo, citando Pigafetta (1523)
mostrando como o assunto tornou-se um dos mitos mais permanentes da História. Ele faz uma
análise linguística, antropometricaantropométrica (citando inclusive os escritos dos diversos
vfiajantes que estiveram na região) e ainda a possível origem indígena dado à região, sendo esta
refutada pelo autor.
Gonzáles (2019) também tenta compreender a origem do mito focando sobre o toponimia da
palavra da região. Analisando desde aspectos físicos, linguísticos quanto econômicos da origem, o
autor esclarece, analisando os escritos dos viajantes que ali estiveram. Além disso, cita dicionários
que poderiam, se a moeda portuguesa e espanhola pataca não tivesse sido lançada posteriormente à
chegada do português e o problema vocal, , relaciona-larelacioná-la com o nome dado à região. O
autor inclusive ressalta a importância simbólica e expressiva do poder que era dar nome a cada
lugar encontrado. E que no caso do português Fernão de Magalhães dava-se em espanhol, em
fidelidade à Coroa à qual servia. Este autor também discorre sobre aspectos da tese de Maria Rrosa
Lida de Malkiel (1952) , que defende a origem do nome na novela fictícia Primaleon.
Com relação à questão do tamanho comparativo entre os índios habitantes da região da
Patagônia e os europeus serão considerados os trabalhos de Steckel (2004) publicado pela

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Universidade de Ohio no artigo “ Uma nova luz sobre a Idade das Trevas: a incrível estatura do
Homem do Norte da Europa durante a Era Medieval (New Light on the "Dark Ages": The
Remarkably Tall Stature of Northern European Men during the Medieval Era).
Published By: arcabouço historiográfico se dará pelos escritos de Walter Benjamin,
conhecido por ratificar a visão conhecida como “a historia dos vencedores”. Será ainda utilizado,
para reforço do arcabouço historiográfico, quaisquer outros autores sugeridos pelo Professor
orientador.

7. METODOLOGIA

A pesquisa será do tipo bibliográfica e documental.


A forma e método de abordagem do problema será descritivo.

8. CRONOGRAMA:

02/2021 03/2021 04/2021 05/2021 06/2021 07/2021 08/2021 09/2021 10/2021 11/2021 12/2021
Submissã
o do
projeto
Revisão
de
literatura

Redação
final
Defesa

9.REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 6023: informação e


documentação: referências: elaboração.Rio de Janeiro, 2002a.
_______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de
Janeiro, 2002b.
_______. NBR 6024: informação e documentação: numeração progressiva de seções de um
documento escrito: apresentação. Rio de Janeiro, 2003a.
_______. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003b.
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_______.NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica
impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003d.
_______. NBR:12225: informação e documentação: lombada: apresentação. Rio de Janeiro: 2004.
_______. NBR: 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de
Janeiro: 2005a.
_______. NBR: 15287: informação e documentação: Projeto de pesquisa: apresentação. Rio de
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4
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+and+among+the+marvels+reported+before+byron
%E2%80%99s+return+were+many+accounts+of+giants&source=bl&ots=HgYUmWVvHn&sig=ACfU3U0HWOXod
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SOURCE=pgimages.cfg&ACTION=ByID&ID=99850463&FILE=&SEARCHSCREEN=param(S
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