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Volumes pulmonares

Volumes pulmonares
SÉRGIO S. MENNA BARRETO

1. INTRODUÇÃO 2. VOLUMES PULMONARES ESTÁTICOS

Os volumes pulmonares podem ser classificados como Os volumes pulmonares estáticos são constituídos por
volumes estáticos (absolutos) e volumes dinâmicos. Os quatro volumes (compartimentos indivisíveis) e quatro
volumes pulmonares estáticos são os resultantes da com- capacidades (compartimentos compreendendo dois ou
plementação de manobras respiratórias, consistindo em mais volumes), a saber: volume de ar corrente (VAC), volu-
compartimentos pulmonares. Os volumes pulmonares me expiratório de reserva (VER), volume inspiratório de
dinâmicos são os decorrentes de manobras respiratórias reserva (VIR), volume residual (VR), capacidade vital (CV),
forçadas, expressam variáveis e parâmetros de fluxo aé- capacidade residual funcional (CRF), capacidade inspira-
reo e são medidos através da espirometria. tória (CI) e capacidade pulmonar total (CPT)(3).
A determinação completa dos volumes pulmonares [Quando não especificado, a expressão volumes pul-
absolutos (“volumes pulmonares”) constituem-se numa das monares refere-se genericamente tanto a volumes como
etapas da avaliação funcional pulmonar, seguindo-se usual- a capacidades]
mente à espirometria. Considerando que o comportamen- Os volumes pulmonares que podem ser medidos por
to mecânico do pulmão é baseado em suas propriedades espirometria – VAC, VIR, VER, CI, CV – são volumes de
elásticas e em seu volume, a mensuração dos volumes determinação direta. O VR não pode ser medido pela
pulmonares oferece informações que podem ser essen- espirometria, necessitando de técnicas de diluição de ga-
ciais para a caracterização do estado fisiopatológico de- ses, de pletismografia ou de avaliação radiográfica, para
corrente de anormalidades dos processos pulmonar-ven- sua determinação. Assim, as capacidades que incorpo-
tilatórios. As disfunções restritivas, por exemplo, só podem ram o VR – CRF e a CPT – também não podem ser medi-
ser diagnosticada com certeza por meio da medida dos das direta e isoladamente pela espirometria. Dependen-
volumes pulmonares. do da técnica empregada e do parâmetro considerado,
associa-se a manobra espirométrica para obtenção dos
São as seguintes as indicações estabelecidas para a resultados finais.
mensuração dos volumes pulmonares: (a) detecção de Os volumes pulmonares mais utilizados para o proces-
processos restritivos, (b) detecção de processos mistos, (c) so diagnóstico funcional são o VR e a CPT. A CRF tem sido
detecção de hiperinsuflação pulmonar, (d) detecção de mais de interesse fisiológico, mas sua incorporação ao
alçaponamento de ar, (e) aumento de sensibilidade da processo diagnóstico de rotina pode oferecer importan-
avaliação de resposta ao broncodilatador, (f) correção da tes subsídios(4).
mensuração da capacidade de difusão pulmonar, (g) ava- Definição dos volumes e sua participação relativa na
liação de incapacidade/invalidez pulmonar e (h) pré-ope- CPT, em adultos normais em repouso.
ratório de cirurgia redutora de volume (de hiperinsufla- Volume de ar corrente (VAC). Volume de ar inspira-
ção) pulmonar(1,2). do e expirado espontaneamente em cada ciclo respirató-
Na prática da avaliação pulmonar, costuma-se solicitar rio. Embora seja uma subdivisão da CPT, é um volume
a mensuração de volumes em adição à espirometria nas dinâmico, variando com o nível da atividade física. Cor-
seguintes condições: (a) redução da capacidade vital em responde a cerca de 10% da CPT.
pacientes com limitação do fluxo aéreo, (b) redução da Volume inspiratório de reserva (VIR). Volume
capacidade vital com fluxos expiratórios normais, (c) anor- máximo que pode ser inspirado voluntariamente ao final
malidades da parede torácica, (d) pré-operatório de cirur- de uma inspiração espontânea, isto é, uma inspiração
gia redutora de volume pulmonar, (e) dúvidas quanto a além do nível inspiratório corrente. Corresponde a cerca
resposta ao broncodilatador, (f) espirometria com fluxos de 45 a 50% da CPT.
supranormais (detecção precoce de doença restritiva), (g) Volume expiratório de reserva (VER). Volume má-
espirometria com CVF acima do limite da normalidade ximo que pode ser expirado voluntariamente a partir do
(sobretudo em tabagistas ou suspeita de deficiência de alfa- final de uma expiração espontânea, isto é, uma expira-
1antitripsina, pois esta alteração pode ocorrer precoce- ção além do nível de repouso expiratório. Corresponde a
mente no enfisema pulmonar). cerca de 15-20% da CPT.
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Volume residual (VR). Volume que permanece no todos os volumes pulmonares e é obtido pela soma CRF
pulmão após uma expiração máxima. Corresponde a cerca com a CI.
de (20) 25 a 30 (35) % da CPT. Não pode ser medido Nível do final da inspiração. O fim da fase de inspi-
diretamente pela espirometria, sendo obtido a partir da ração corrente é chamado de nível inspiratório corrente
determinação da CRF, subtraindo-se o VER da CRF ou sub- ou de repouso (por ausência de fluxo aéreo, mas sem
traindo-se a CV da CPT (com medida primária da CRF), repouso mecânico).
conforme o método utilizado para a mensuração dos vo- Nível do final da expiração. O fim da fase expirató-
lumes pulmonares. ria é chamado de nível expiratório de repouso, pela au-
Capacidade vital (CV). Volume medido na boca en- sência de fluxo aéreo e de esforço muscular (em condi-
tre as posições de inspiração plena e expiração comple- ções de normalidade). Corresponde a CRF.
ta. Representa o maior volume de ar mobilizado. Com- Nível inspiratório máximo. Nível ao final de uma
preende três volumes primários: VAC , VIR , VER . inspiração voluntária plena. Corresponde à CPT.
Corresponde a cerca de 70-75% (80) da CPT. Nível expiratório máximo. Nível de final de expira-
Conforme a mensuração for inspiratória ou expirató- ção voluntária completa, após a exalação do VER. Cor-
ria, lenta ou forçada, podemos ter: responde ao VR.
(1) Capacidade vital inspirada (CVI): medida reali- Em resumo, na determinação dos volumes pulmona-
zada de forma lenta partindo de expiração completa até res: (a) a espirometria permite a obtenção direta de três
inspiração plena. volumes: VAC, VIR, VER; (b) a CV agrega VAC, VIR, VER; (c)
(2) Capacidade vital inspiratória forçada (CVIF): a CI agrega VAC e o VIR; (d) a CRF é obtida de forma
medida realizada de forma forçada partindo de expiração indireta (diluição de gases, pletismografia ou mensurações
completa até inspiração plena, aplicando-se para a deter- radiográficas; (e) o VR é calculado subtraindo-se o VER da
CRF ou subtraindo-se a maior medida da CV da CPT; (f) a
minação de fluxos inspiratórios.
CPT é obtida somando-se a CRF à CI(5).
(3) Capacidade vital lenta (CVL): medida realizada
Os volumes pulmonares variam em função de fatores
de forma lenta, partindo de posição de inspiração plena
como gênero, idade, altura, peso, postura, atividade físi-
para a expiração completa.
ca e etnia (ver adiante, na seção de valores de referência).
(4) Capacidade vital forçada/CVF: determinada por
meio de uma manobra de expiração com esforço máxi-
mo, a partir de uma inspiração plena até um a expiração 3. DETERMINANTES DOS VOLUMES PULMONARES
completa; é a matriz da espirometria expiratória forçada. ESTÁTICOS(4,6-9)
(5) Capacidade vital combinada (CVC): determi-
nada em duas etapas, de forma relaxada com a soma das A medida dos volumes pulmonares estáticos tem lugar
determinações do VAC e do VIR em um tempo e do VER na avaliação funcional pulmonar por várias razões: (1)
em outro tempo. É mais um conceito teórico, não sendo oferece informação indireta sobre a resistência elástica à
utilizada na prática. Pode ser uma alternativa a ser em- distensão do sistema respiratório – parênquima pulmo-
pregada em pacientes com limitação ventilatória por dis- nar e parede torácica (constituída por – todas as estrutu-
pnéia. ras extrapulmonares que se movem durante o ciclo respi-
Em condições de normalidade os valores das cinco for- ratório, incluindo a parede abdominal) – e sobre a força
mas de CV são iguais. Em processos obstrutivos pode haver muscular motora, constituindo-se numa forma aplicada
diferença: CVI > CVL > CVF(2). da determinação das relações volume-pressão; (2) a de-
Capacidade inspiratória (CI). É o volume máximo terminação indireta da elasticidade é também importante
inspirado voluntariamente a partir do final de uma expi- porque a retração elástica contribui para a pressão motriz
ração espontânea (do nível expiratório de repouso). Com- necessária ao estabelecimento de fluxos expiratórios for-
preende o VAC e o VIR. Corresponde a cerca de 50-55% çados; (3) os volumes pulmonares influenciam na resis-
da CPT e a cerca de 60 a 70% da CV. tência ao fluxo aéreo, já que é a elasticidade do parênqui-
Capacidade residual funcional (CRF). Volume con- ma em torno das vias aéreas que fixa estas estruturas,
tido nos pulmões ao final de uma expiração espontânea. mantendo-as abertas (fenômeno da interdependência); (4)
Compreende o VR e o VER. Corresponde a cerca de 40- o tamanho dos pulmões participa muito de sua reserva
50% da CPT. As vezes é referido como volume de gás mecânica.
torácico (VGT), que é a mensuração objetiva nas técnicas Dos quatro volumes e das quatro capacidades pulmo-
empregadas para determinar a CRF. nares, três são essenciais pela sua importância fisiopato-
Capacidade pulmonar total (CPT). Volume contido lógica na avaliação funcional pulmonar, a saber: a CPT, a
nos pulmões após uma inspiração plena. Compreende CRF e o VR. Igualmente, as relações VR /CPT e CRF/CPT

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tem importância diagnóstica. A CV é dependente das al- limite inferior do previsto. Por definição, a CPT é o único
terações ao nível do VR e da CPT. volume pulmonar com acurácia de 100% para restrição.
Interações complexas entre pulmão e caixa torácica Os demais volumes pulmonares não têm significado iso-
sublinham a necessidade de mensurações de diversos pa- ladamente, necessitando de associações para expressa-
râmetros em adição à mensuração espirométrica. As rem anormalidades fisiopatológicas.
capacidades pulmonares não são variáveis dependentes Informações úteis podem também ser obtidas pela com-
diretamente dos volumes que compreendem, isto é, não paração da medida da CPT de um mesmo paciente reali-
são resultantes passivas da soma de volumes primários. zada por diferentes métodos. Em indivíduos normais, a
Assim, as anormalidades do CRF e da CPT não devem ser CPT pelo método de diluição de hélio por respiração úni-
explicadas pelo exame de seus volumes componentes, já ca é menor que a CPT avaliada pelo método de respiração
que tem mecanismos próprios de determinação, sendo múltipla, diferença que se acentua nos pacientes com
compartimentos fisiologicamente e fisiopatologicamente doença obstrutiva das vias aéreas e que pode atingir valor
independentes. ainda maior em pacientes com determinação pletismo-
gráfica da CPT.
3.1. CAPACIDADE PULMONAR TOTAL Limites do padrão de normalidade: 80-120% do pre-
A CPT é determinada pelo equilíbrio entre a habilidade visto(10).
(força) dos músculos inspiratórios em expandir o sistema
pulmão-parede torácica e a força e retração (resistência 3.2. CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL
elástica) geradas pelo sistema em altos volumes. No pro- Em indivíduos normais, a CRF é determinada pelo equi-
cesso de aumento de volume, os músculos inspiratórios líbrio das retrações elásticas entre o pulmão (direção ex-
encurtam-se progressivamente e sua capacidade de gerar piratória, gerando pressão positiva) e a parede torácica
força diminui, enquanto vai aumentando a força de retra- (direção inspiratória, gerando pressão negativa). Em condi-
ção elástica pulmão-parede oposta à distensão. O volu- ções fisiológicas, a CRF representa o equilíbrio mecânico
me no qual a retração do sistema respiratório é equilibra- do conjunto do sistema, com relaxamento da musculatu-
do pela capacidade dos músculos inspiratórios em gerar ra respiratória, sendo o volume pulmonar mecanicamen-
força de distensão é o limite da insuflação e se constitui te neutro, isto é, determinado pelas elasticidades próprias
na CPT. Em outras palavras, a CPT resulta da relação entre e opostas do parênquima pulmonar e da caixa torácica.
a força inspiratória e a distensibilidade do sistema respi- Por isso, a CRF é também chamada de volume de relaxa-
ratório. Na CPT, é o pulmão distendido que contribui mais mento (Vr).
para as forças de retração elástica do sistema respirató- Em doença pulmonar obstrutiva, o fluxo expiratório
rio. pode encontrar um limite mesmo na respiração espontâ-
Na determinação da CPT, são elementos essenciais, nea. A expiração passiva pode ser interrompida pela ins-
então, a força muscular, a complacência do parênquima piração seguinte, antes que a diferença de pressão atra-
pulmonar e a complacência da parede torácica. Quando vés do sistema respiratório passivo alcance o zero
ocorre fraqueza dos músculos inspiratórios, o equilíbrio (atmosférica). A CRF torna-se, então, dinamicamente au-
entre a força muscular e a distensão do sistema dá-se abai- mentada acima do volume determinado elasticamente. Em
xo do volume previsto estaticamente para a CPT, que es- casos de redução da retração elástica pulmonar, com au-
tará reduzida, o mesmo correndo com a pressão de retra- mento da complacência (enfisema) haverá modificação
ção elástica máxima. Quando houver maior resistência da curva de relação volume-pressão do sistema respirató-
elástica do parênquima pulmonar – menor complacência rio, com o equilíbrio mecânico do sistema sendo alcança-
(fibrose pulmonar, por exemplo), o equilíbrio será atingi- do a um volume maior do que o normalmente previsto.
do igualmente antes do volume pulmonar previsto, com Sendo assim, nos casos de doença pulmonar obstrutiva
redução da CPT, mas com alta pressão de retração elásti- crônica, a CRF aumentará significativamente por meca-
ca máxima. Em casos de menor retração elástica e con- nismos estáticos e dinâmicos: redução da retração elásti-
seqüentemente maior complacência pulmonar (enfisema ca e principalmente por mecanismos dinâmicos de limi-
pulmonar, por exemplo), o equilíbrio entre a força mus- tação do fluxo aéreo (isto é, hiperinsuflação dinâmica).
cular de distensão e a distensibilidade do sistema dá-se a Na asma, poderá haver hipertonia dos músculos inspi-
volumes acima do previsto normal, com aumento da CPT ratórios, que não se relaxam completamente ao final da
correspondente à hiperinsuflação pulmonar e baixa pres- expiração espontânea, aumentando o volume pulmonar
são de retração elástica máxima. do final da expiração espontânea, de forma que a CRF e
CPT é o único volume pulmonar com significado abso- Vr não mais coincidem (CRF > Vr). O freio glótico durante
luto para definição de padrão fisiopatológico: presença a expiração, com o enlentecimento do fluxo aéreo, tam-
de anormalidade restritiva expressa-se por CPT abaixo do bém pode resultar em CRF acima do Vr.
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Limites do padrão de normalidade: 70-130% previs- a volumes progressivamente menores, a pressão de re-
to(10). tração da caixa torácica aumenta e a capacidade dos
Pelo que se depreende de seus mecanismos determi- músculos expiratórios gerarem força diminui secundaria-
nantes, a CRF talvez seja o mais importante dos parâme- mente ao encurtamento muscular. O volume no qual ocor-
tros volumétricos pulmonares. Surpreendentemente, em re o equilíbrio entre a força muscular expiratória e a com-
provas de função pulmonar de rotina, a CRF constitui uma pressibilidade do sistema é o VR. É a parede torácica, mais
informação com valorização diagnóstica menor, sendo que o pulmão, que normalmente contribui para as forças
empregada para cálculo da CPT e do VR. Mas a CRF, além da retração elástica do sistema respiratório em VR.
de seu limite superior do previsto, é uma clara anormali- Quando os fluxos aéreos máximos são muito lentos
dade, servindo de base para importantes conceitos fisio- perto do VR, a manobra expiratória pode ser interrompi-
patológicos, como alçaponamento de ar e hiperinsufla- da enquanto ainda está ocorrendo fluxo, ou seja, antes
ção pulmonar(11,12). que a interrupção seja pelo equilíbrio entre a força mus-
Em doença pulmonar obstrutiva, o aumento da CRF cular expiratória e elasticidade do sistema respiratório. O
caracteriza os fenômenos que ocorrem abaixo do nível volume pulmonar residual resultante será maior do que
expiratório corrente, permitindo o diagnóstico de alça- seria o estaticamente determinado. Isso começa a ocor-
ponamento de ar, invariavelmente junto com a elevação rer progressivamente após os 35 anos de idade. Com a
do VR, e de hiperinsuflação pulmonar no plano de respi- idade, haverá também menor força muscular e maior vo-
ração espontânea (CRF). Mesmo que na prática de inter- lume de oclusão, aumentando progressivamente o VR. As-
pretação dos volumes a expressão hiperinsuflação seja sim, o VR é determinado por mecanismos estáticos e di-
usada quando há aumento da CPT, esta nem sempre está nâmicos(13,14).
aumentada nas doenças obstrutivas. Neste tipo de doen- Em pacientes com doença pulmonar obstrutiva, o me-
ça é muito mais freqüente o aumento das relações VR/ canismo dinâmico é o principal mecanismo de determi-
CPT e CRF/CPT, indicando que a CPT ou não aumentou ou
nação do VR. A interrupção da manobra expiratória du-
aumentou proporcionalmente menos. rante a mensuração dos volumes ocorre pela limitação de
Redução da CRF, como na obesidade e gravidez, não duração da expiração, pelo desconforto do paciente e/
constitui uma restrição pulmonar e deve ser expressada ou pela instrução do técnico. O método empregado para
apenas descritivamente. medir o VR também pode influir, já que na presença de
A relação CRF/CPT limitação ao fluxo aéreo o VR é maior se medido a partir
da CPT do que quando medido a partir da CRF. Por exem-
A CRF corresponde a cerca de 40-50% da CPT. CRF/
plo, perto do VR, com fluxo máximo de 40ml/s, a dura-
CPT maior que 55% é definidamente anormal. No con-
ção de mais 5s de expiração reduzirá o VR em 200ml.
texto de doença obstrutiva, o aumento da relação CRF/
Essa variação tempo-dependente do VR poderá confundir
CPT corresponde a alçaponamento de ar, pelo aumento
a interpretação do efeito broncodilatador. Por isso, é fun-
de CRF maior que o aumento de CPT (que pode, inclusive,
damental normatizar os critérios aceitabilidade e repro-
ser normal), e à hiperinsuflação pulmonar. Em doenças
dutibilidade da medida do VR.
restritivas, está usualmente aumentada, pela redução iso-
lada da CPT ou pela redução da CPT maior que a redução Igualmente, em manobras forçadas com grande positi-
da CRF. vação da pressão pleural, haverá compressão dos gases
Na rotina interpretativa, o VR e a relação VR/CPT têm alveolares, sendo os volumes pulmonares e a retração
sido muito mais usados que a CRF e a relação CRF/CPT, elástica menores do que ocorre com a manobra de CV
que teria papel usualmente redundante. Mas seu registro lenta. Esta diferença entre os volumes medidos por ma-
pode ser útil em casos de dúvidas na interpretação dos nobra lenta e forçada chame-se de esforço-dependência”.
outros parâmetros de volume e na real situação do pa- Então, a determinação dinâmica do VR tem sinergia de
ciente. Ademais, o aumento da CRF e da relação CRF/CPT componentes tempo-dependente e esforço-dependente.
expressa hiperinsuflação, mesmo com CPT normal. Conseqüentemente, em obstruções graves seria melhor
calcular o VR a partir de CRF (subtraindo o VER) e não de
3.3. VOLUME RESIDUAL CVF.
Em condições fisiológicas em adultos jovens, o VR é Elevações isoladas do VR (e da relação VR/CPT) podem
determinado pela capacidade dos músculos expiratórios indicar limitação leve ao fluxo aéreo (início de DPOC, com
(principalmente os músculos abdominais) criarem uma limitação ao fluxo aéreo a baixos volumes pulmonares),
pressão de compressão suficiente para se opor às forças especialmente se houver queda de VR após BD. Pode igual-
de retração expansiva da caixa torácica. À medida que a mente ser devido a processo restritivo extrapulmonar, por
caixa torácica é comprimida pelos músculos expiratórios debilidade dos músculos expiratórios.
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Em estados de hiperinsuflação por doença pulmonar malidade. O aumento desta relação usualmente reduz a
obstrutiva crônica, o VR está em geral significantemente capacidade vital, a não ser se acompanhado por aumen-
elevado, com aumento maior do que o aumento da CPT, to proporcional da CPT(14).
com conseqüente acentuado aumento da relação VR/CPT. A interpretação do aumento da relação VR/CPT tem
Expressa o componente de alçaponamento aéreo do es- servido para dúvidas na prática da interpretação dos volu-
tado de hiperinsuflação. mes pulmonares. À semelhança da CV, que é inespecífica
Reduções do VR não são freqüentes. Mesmo nos esta- (já que sua redução expressa distúrbio ventilatório, mas
dos de restrição por mecanismo intrapulmonar (por exem- sem dizer se é obstrutivo, restritivo ou misto), o aumento
plo, por fibrose), a tendência do VR é não ser atingido, da relação VR/CPT não discrimina nada isoladamente,
permanecendo dentro dos limites previstos, ou mesmo devendo ser interpretada considerando os parâmetros que
estar leve ou moderadamente aumentado, por oclusão a compõem. Fundamentalmente, aumentos da VR/CPT
de vias aéreas a baixos volumes pulmonares, ou ainda, indicam quebra da proporcionalidade fisiológica entre VR
por mecanismos não identificados. A relação VR/CPT es- e CPT.
tará obviamente aumentada. Assim, em processos restri- Vejamos algumas considerações, a seguir:
tivos, o VR (e a resultante relação VR/CPT) não é um indi- • Aumento da relação VR/CPT não indica automatica-
cador de doença associada de vias aéreas. O VR pode mente alçaponamento de ar. Como a CPT tem mecanis-
ocasionalmente ser uma anormalidade fisiológica isola- mos estáticos de determinação e o VR tem mecanismos
da, uma anormalidade da caixa torácica (anormalidades estáticos e dinâmicos, o aumento da relação VR/CPT po-
esqueléticas, fibrotórax) ou uma doença pulmonar paren- derá expressar apenas alterações de componentes estáti-
quimatosa (ICC, sarcoidose, infecções)(15). cos, sem que sejam devidas a alçaponamento de ar devi-
Aumento do VR sem câmbios no VEF1 e no CEF1 são do a processo obstrutivo.
vistos em pacientes em risco de desenvolverem DPOC, tais • Aumentos de VR/CPT podem resultar de aumentos
como mulheres de meia-idade com deficiência heterozi- absolutos do VR sobre a CPT (por obstrução ao fluxo aé-
gótica para A1AT(16). reo, redução da retração elástica pulmonar, rigidez expi-
Um aumento leve no VR é a anormalidade funcional ratória da parede torácica ou redução da capacidade mus-
mais freqüente em indivíduos jovens após um episódio de cular expiratória) ou por redução isolada da CPT (aumento
pneumotórax espontâneo, nos quais a tomografia com- da retração elástica do pulmão, maior rigidez da parede
putadorizada de tórax evidenciou enfisema centrilobular torácica, disfunções neuromusculares inspiratórias e glo-
nos lobos superiores(17,18). bais).
Aumento de VR, além de mecanismos obstrutivos, res- • Em restrição intrapulmonar, o VR pode estar normal
tritivos ou hipodinâmicos também pode ser devido à con- ou pouco reduzido. A redução da CPT ocorrer por restri-
gestão vascular pulmonar e edema intersticial em estados ção à inspiração profunda, acima da linha inspiratória
de insuficiência cardíaca, por compressão das vias aéreas corrente (isto é, o equilíbrio entre a força muscular inspi-
periféricas nas bainha broncovasculares, aumento da re- ratória e a distensibilidade reduzida do pulmão se estabe-
sistência das pequenas vias aéreas e alçaponamento de lece em volume inspiratório menor), com conseqüente
ar(19). aumento de VR/CPT. Ou seja, CPT reduzida, VR normal ou
Em resumo, o aumento do VR pode ocorrer por: (1) reduzido proporcionalmente menos que a CPT, com au-
fraqueza dos músculos respiratórios expiratórios (princi- mento da VR/CPT. Assim, em casos como estes, não ha-
palmente, abdominais), (2) aumento da complacência da verá distúrbio misto pelo aumento de VR/CPT (mas, repe-
parede torácica, (3) aumento da complacência pulmão tindo, aumento desta relação por conta da redução de
(redução da retração elástica), ou (4) aumento da resistên- CPT com pouco ou nenhuma alteração de VR). O diagnós-
cia das vias aéreas com oclusão prematura dos espaços tico é de restrição e não de distúrbio misto. O diagnóstico
aéreos distais. Assim, elevação do VR é menos específico de distúrbio ventilatório misto só se faria se houvesse as-
para expressar doença de vias aéreas, porque pode estar sociação de limitação ao fluxo aéreo, conforme o estabe-
também elevado por cardiopatias ou doenças neuromus- lecido(20).
culares. • Um desafio interpretativo é o aumento de VR e da
Limites do padrão de normalidade: 60-140% previs- relação VR/CPT que ocorre em alguns casos de restrição
to(10). intrapulmonar (CPT reduzida, CEF1 normal ou mesmo au-
mentada). A possibilidade de redução do fluxo aéreo a
A relação VR/CPT baixos volumes pulmonares e alçaponamento aéreo em
A relação VR/CPT está entre 0,20-0,25 nos indivíduos nível de VR, com aumento do volume de oclusão, pode
jovens e hígidos e aumenta com a idade, mas não deve ser considerada. Há necessidade de integração de vários
exceder a 0,40 acima dos 60 anos, em condições de nor- parâmetros funcionais e clínicos para definição final. Nes-
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tes casos (bem pouco freqüentes), o diagnóstico poderá explicitado. Diferenças entre a CVI, CVL e a CVF são indi-
ser de restrição (redução da CPT!) com descrição de au- cadores de compressão dinâmica. VR menor quando de-
mento de VR, ou de compatível com distúrbio misto [em terminado a partir da CRF do que quando determinado a
aberto, a discutir]. partir da CPT, e resposta de VR e CRF ao broncodilatador
• Aumentos proporcionais do VR e da CPT, com resul- são indicadores de hiperinsuflação dinâmica.
tante VR/CPT normal, é indicativo de “variante da norma-
lidade”. 5. HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR(4,8,9,26)
• Aumento de VR e de VR/CPT em presença de aumen-
to de CPT é indicativo de hiperinsuflação. Isto é, aumento A hiperinsuflação tem tido várias expressões ou signifi-
dos volumes pulmonares com aumento desproporcional cados. Lato sensu, é o aumento de volumes pulmonares
do VR sobre o aumento da CPT. A CRF está quase sempre absolutos (% predito) de VR, CRF e CPT. Mas estes volumes
aumentada, com aumento da relação CRF/CPT. podem estar aumentados sem que haja doença pulmo-
• A expressão “aumento isolado de VR” deve ser en- nar. Estes aumentos proporcionados de volumes podem
tendida como aumento de VR sem aumento de CPT ou de ser considerados variantes da normalidade. Também po-
CRF, mas com óbvio aumento de VR /CPT. dem ocorrer em estados de acromegalia.
Nas doenças obstrutivas, os volumes estão aumenta-
4. ALÇAPONAMENTO DE AR E HIPERINSUFLAÇÃO dos de forma desproporcionada, refletindo a história na-
tural da doença e os mecanismos responsáveis pelo au-
DINÂMICA mento: obstrução das vias aéreas, perda de retração
Em indivíduos normais, após uma inspiração plena, a elástica e adaptações musculares e esqueléticas da pare-
respiração retorna imediatamente a seu padrão normal. de torácica. Alçaponamento de ar e hiperinsuflação dinâ-
Em pacientes com estreitamento das vias aéreas pulmo- mica são mecanismos preponderantes para aumento do
nares o nível respiratório de repouso pode permanecer volume abaixo da linha de repouso expiratório (VR, CRF) e
elevado por várias respirações. Este fenômeno é devido a redução da retração elástica para aumento de volume
ao alçaponamento de ar atrás (a jusante) das pequenas em nível expiratório máximo (CPT).
vias aéreas, as quais foram abertas durante uma inspira- Hiperinsuflação talvez fosse melhor definida por aumen-
ção forçada, e então são fechadas prematuramente du- to desproporcionado do volume(s) pulmonar(es) conside-
rante a expiração subseqüente. Este padrão pode ser de- rado(s), impondo-se as relações VR/CVPT e CRF/CPT como
vido a redução do recuo elástico do tecido pulmonar ou a expressão da desproporção. Então, do ponto de vista
forças de superfície atuando sobre as vias aéreas(11). prático, hiperinsuflação seria expressada de duas formas:
Em doença pulmonar obstrutiva, o fluxo expiratório (a) aumento da CPT com aumentos de VR e VR/CPT, e (b)
pode encontrar um limite de fluxo mesmo na respiração aumento da CRF e CRF/CPT.
espontânea. A expiração passiva pode ser interrompida Ao aumento de VR e VR/CPT em limitação ao fluxo
pela inspiração seguinte (haverá início da inspiração an- aéreo reserva-se o diagnóstico de alçaponamento aéreo,
tes que a expiração anterior se complete) antes que a se bem que também são indicadores de processo de hi-
diferença de pressão através do sistema respiratório pas- perinsuflação.
sivamente alcance o zero (o que se chama de pressão
positiva de final de expiração intrínseca – PEEPi). A CRF 6. VOLUMES PULMONARES, TABAGISMO E DOENÇA
torna-se, então, dinamicamente aumentada acima do PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
volume determinado elasticamente. Chama-se isto de hi-
perinsuflação dinâmica. Quando o padrão obstrutivo tor- Em pacientes tabagistas, aumentos na CRF e no VR
na impossível para a expiração alcançar um plateau, ou podem anteceder ou não serem seguidos de aumentos de
seja, a inspiração inicia sem que o fluxo expiratório seja CPT. Usualmente, há aumentos proporcionados de VR e
encerrado e que a pressão alveolar caia a zero, a mano- CRF, que são muito maiores do que o aumento da CPT
bra de determinação do VR torna-se dinâmica, altamente (aumentos de VR/CPT e CRF/CPT). O VR e VR/CPT são
dependente do tempo expiratório(21-25). muito mais sensíveis que a CPT para o grau de distúrbio
Mecanismos de alçaponamento aéreo podem coexis- ventilatório obstrutivo. Em um estudo envolvendo milha-
tir: (1) ar alçaponado atrás de vias aéreas periféricas ocluí- res de pacientes com distúrbio ventilatório obstrutivo, à
das (sem mais comunicação), (2) hiperinsuflação dinâmica, medida que o grau de obstrução moveu-se de VEF1 90%
com lentificação do fluxo aéreo para o tempo disponível predito para 50%, o VR médio aumentou de 100% para
em respiração espontânea, e (3) compressão dinâmica 140% do predito, enquanto a CPT permaneceu constan-
das vias aéreas em manobras de expiração forçada. Sem- te. Volume residual e CRF são elevados em proporção ao
pre que possível o mecanismo identificado poderia ser grau de obstrução. A CPT, por outro lado, pode ser afeta-
S 88 J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002
Volumes pulmonares

da variavelmente por diferentes processos obstrutivos: fluxo aéreo a baixos volumes pulmonares, sem clássica
elevado em enfisema e freqüentemente normal em BC e redução do VEF1/CV. Se considerarmos que o aumento de
asma para o mesmo grau de limitação ao fluxo aéreo. VEF1/CV ocorre mais freqüentemente na fibrose pulmo-
Houve forte associação entre o graus de VR/CPT com o nar, isto excluiria aumento da complacência pulmonar (está
graus de limitação ao fluxo aéreo, sendo virtualmente idên- ocorrendo exatamente o contrário, isto é, o aumento da
ticos na asma e na DPOC(27). elastância pulmonar). Tem-se então o alçaponamento de
Estudos longitudinais de tabagistas têm evidenciado ar como o mecanismo determinante do aumento do VR
aumento da distensibilidade pulmonar com corresponden- na FPI(20).
te aumento de todos os volume pulmonares absolutos.
Acompanhamento de tabagistas com doença obstrutiva 7.2. RESTRIÇÃO EXTRAPULMONAR
de leve a moderada intensidade por quatro anos mostrou Em processo restritivos, extrapulmonares, o quadro é
os seguintes aumentos: 14,7% no VR, 16% na CRF e 5,8% mais complexo, pela variedade de possibilidades, ademais
na CPT, com aumentos associados nas relações VR/CPT e da existência de anormalidade pulmonares secundárias.
CRF/CPT e redução na relação CV/CPT(27-29). • Nas condições de chest strapping, isto é, com limi-
tação constritiva da parede torácica, usualmente haverá
7. RESTRIÇÃO (DISTÚRBIO VENTILATÓRIO caracteristicamente aumento do VR (e sempre aumento
RESTRITIVO) de VR/CPT) além de redução da CPT e comportamento
variável da CRF(33-36).
Defeito ventilatório restritivo refere-se a redução dos • Pacientes com hemiplegia e paraplegia alta têm fra-
volumes pulmonares. Várias são as causas de restrição, a queza predominante dos músculos abdominais e conse-
saber: redução do número de alvéolos disponíveis (res- qüente dificuldade de expiração máxima: podem inspirar
secções, atelectasias, cicatrizes), aumento da rigidez pul- na CPT prevista mas não chegar ao VR previsto, com con-
monar, doenças que produzem rigidez do parênquima seqüente aumento do VR e da relação VR/CPT(37,38).
pulmonar, doenças da parede torácica (esqueleto/gradil
• Pacientes com fraqueza muscular mais generalizadas
costal, pleuras, abdome) e anormalidades neuromuscula-
(miastenia, polineuropatia, distrofia muscular, etc.) têm
res.
dificuldades iguais na inspiração e na expiração máximas,
É sugerida por redução da CV não explicada por doen-
com conseqüentes redução da CPT e aumento do VR e
ça obstrutiva. Confirmada por redução da CPT, que pode
VR/CPT. Na fraqueza muscular global, a anormalidade mais
ser a única alteração, com normalidade de CRF e do VR (e
facilmente detectável é nos volumes pulmonares diretos,
obviamente aumento de VR/CPT)(30-32).
pela a redução da CV(39).
Na rotina da exploração funcional pulmonar, distúrbio
restritivo está presente ao redor de 10% dos casos. Em • Debilidade do poder dos músculos expiratórios au-
recente estudo envolvendo 1.831 pacientes, 225 deles menta diretamente o VR. Mas qualquer redução na com-
(12,3%) apresentaram defeitos restritivos. Menos de 60% placência pulmonar (complicações pulmonares secundá-
dos pacientes com padrão restritivo à espirometria tive- rias, atelectasia, etc.) pode se contrapor a este efeito, sendo
ram restrição confirmada pelo determinação de CPT(32). que em alguns pacientes o VR encontra-se normal.
Pode-se expressar restrição genericamente ou subclas- • Nas doenças do neurônio motor (como na esclerose
sificá-la em intrapulmonar ou extrapulmonar. Ou, ainda, lateral amiotrófica), a redução da CV está usualmente as-
pode-se reservar a expressão restrição para condições de sociada com elevação do VR, que pode ser considerável,
rigidez do parênquima pulmonar ou da parede torácica e às vezes também com aumento da CRF. Em conseqüên-
(ainda intrapulmonar ou extrapulmonar) e especificar “re- cia, a CPT é freqüentemente e surpreendentemente nor-
dução da CPT por anormalidades hipodinâmicas, neurais mal, a despeito de grave fraqueza muscular (neste caso
ou musculares”. não pode ser chamada restrição)(7,39).
• Em paralisias bilaterais seletivas do diafragma, a CV
7.1. RESTRIÇÃO INTRAPULMONAR apresenta redução em posição supina – de mais de 50%
Mais freqüentemente, em processos intrapulmonares de seu valor em ortostatismo, a CPT está reduzida e o VR
(fibroses, granulomatoses) haverá progressivamente redu- pode estar normal ou com aumento leve. Em paralisias
ção da CRF, geralmente sem afetar significativamente o unilaterais do diafragma, geralmente encontra-se CV e CPT
VR (valores no padrão ou nos limites inferiores da norma- com redução leve – 70 a 80% do padrão – e, igualmente,
lidade) e aumento da relação VR/CPT, o que não implica acentuada queda da CV em decúbito dorsal; a queda é
necessariamente doença associada das vias aéreas. Po- maior com paralisia do hemidiafragma direito. A capaci-
derá haver também aumento de VR por oclusão das vias dade de difusão é normal e o KCO está usualmente au-
aéreas a baixos volumes pulmonares, com limitação ao mentado(40-43).
J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002 S 89
Menna Barreto SS

• Restrição do volume pulmonar de causas extrapul- cular pode ser tão ou mais importante que o grau de cur-
monares mostra freqüentemente anormalidades funcio- vatura na determinação da CV. Deve-se considerar tam-
nais secundárias, devido aos efeitos colaterais sobre a dis- bém os efeitos secundários da área de compressão ou
tensibilidade pulmonar. atelectasia pulmonar. A difusão pulmonar está usualmen-
• Em pacientes com restrição pleural (derrame pleural, te reduzida proporcionalmente ao volume alveolar, mas o
pleurite bilateral restritiva) pode haver acentuada redução Kco pode estar elevado em alguns casos.
dos volumes pulmonares e aumento da relação VR/CPT. Em resumo, anormalidades da parede torácica (cifo-
Em alguns casos a deflação torácica é normal e o VR deve escoliose, escoliose, pectus excavatum, espondiloses, etc.)
ser relativamente normal, mas ainda assim a relação VR/ produzem redução da CPT por limitação da expansão to-
CPT está aumentada, pela redução da CPT. Em alguns ca- rácica, com VR aumentado pela limitação da deflação to-
sos a pressão de retração elástica máxima (Pmax) está rácica, e conseqüente aumento da relação VR/CPT. En-
reduzida, o que pode ser auxiliar na elucidação do meca- tenda-se, então, que o aumento do VR, e da relação VR/
nismo de restrição(36). CPT não significam presença de mecanismo de alçapona-
• Se houver dúvida entre restrição extrapulmonar ou mento obstrutivo de ar.
intrapulmonar, deve-se analisar o diagnóstico clínico e o
estudo radiológico de tórax (simples e tomográfico). Se 8. VOLUMES PULMONARES E OBESIDADE
for possível, medir as pressões respiratórias máximas. A
restrição intrapulmonar mantém ou aumenta a força e a Nos estados de obesidade (índice de massa corporal >
produção de pressões respiratórias máximas, enquanto 30kg/m2) sem pneumopatias associadas, encontra-se re-
restrição extrapulmonar reduz as pressões respiratórias dução da complacência por deposição de tecido adiposo
máximas. subcutâneo, desvantagem mecânica dos músculos respi-
• Na caracterização diferencial do tipo de restrição, a ratórios, aumento do volume sanguíneo pulmonar e pos-
pressão transpulmonar máxima e a difusão pulmonar sível efeito de chest strapping.
corrigida para o volume alveolar (índice de Krogh, KCO) Os câmbios da função respiratória mais encontrados
são bastante úteis. A pressão transpulmonar máxima está na obesidade são de dois tipos: (a) câmbios proporcionais
aumentada na restrições intrapulmonares (p.ex., fibrose), ao grau de obesidade: redução do VER e aumento da ca-
mas reduzida quando a plena expansão pulmonar está pacidade de difusão, e (b) câmbios apenas em obesidade
limitada por fatores extrapulmonares (p.ex., fraqueza mus- extrema: redução da CV e redução da CPT.
cular). Nas restrições pleurais, o comportamento da Plmax A maioria dos obesos está dentro dos aceitos 95% dos
tem tido achados conflitantes, tendo estado reduzida em intervalos de confiança para os valores preditos. Assim,
alguns estudos e elevada, em outros(34,36,44,45). Parece ha- um valor anormal para um teste de função pulmonar de-
ver mais evidências de que o aumento da Plmax é mais veria ser considerado como causado por outra anormali-
típico. O coeficiente de transferência para o monóxido dade e não pela obesidade, exceto em casos de obesida-
de carbono – índice de Kco – é provavelmente um discri- de mórbida (IMC > 40kg/m2)(49-52).
minador muito mais útil, já que está definidamente au- Em um grupo de pacientes com obesidade mórbida foi
mentado em doenças pleurais, mas reduzido em fibrose encontrado aumento do VR e redução dos fluxos máxi-
alveolar extensa(44,46,47). mos a baixos volumes pulmonares (FEF50/CVF e FEF25/
• Na espondilite anquilosante, uma moderada redução CVF), sugerindo-se obstrução da vias aéreas periféricas com
na CV é comum, mas a CPT é freqüentemente normal ou alçaponamento de ar(53).
ligeiramente reduzida. Um aumento no VR está, então,
freqüentemente presente. A CRF pode estar aumentada 9. VOLUMES PULMONARES E ENVELHECIMENTO
ou normal. Em pacientes com CPT reduzidas é vista tam-
bém uma redução na complacência pulmonar, como em A performance funcional pulmonar máxima é conse-
outras causas de restrição extrapulmonar(48). guida nas idades de 20 anos na mulher e 25 anos no
• Nas escolioses, o padrão típico dos volumes pulmo- homem, aproximadamente. Após, começa uma lenta e
nares é a redução na CPT, CV e CRF, com VR normal ou progressiva redução da capacidade funcional pulmonar,
pouco reduzido. A explicação mecânica mais simples para que se mantém, entretanto, em condições de proporcio-
a redução do volume pulmonar é a rigidez aumentada nar um adequado intercâmbio de gases mesmo em ida-
(complacência reduzida) da parede torácica. Mas, pelo des extremas em indivíduos saudáveis(54).
menos em indivíduos jovens, a restrição da expansão é Três são os fenômenos mais importantes associados
devida à redução da eficiência dos músculos inspirató- com o envelhecimento: a redução na retração elástica do
rios, resultantes da distorção de seus pontos normais de pulmão, a redução na complacência da parede torácica e
fixação no esqueleto. A menor eficiência da função mus- a redução na força dos músculos respiratórios(14,54-56).
S 90 J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002
Volumes pulmonares

Como conseqüência do aumento da complacência pul- me de oclusão. A CPT, a CVL e a CVF permanecem essen-
monar, redução da complacência da parede e redução da cialmente inalteradas(61,62).
força muscular inspiratória e expiratória, haverá mudan-
ças nos volumes pulmonares. Quais sejam(57,58): 11. VOLUMES PULMONARES E APNÉIA DO SONO
• O VR aumenta cerca de 50% entre 20 e 70 anos de Em indivíduos com síndrome de apnéia do sono com
idade. CV, VR e CPT normais, o nível de hipoxemia noturna pode
• A CRF aumenta, expressando o desvio para a esquer- ser predito pela redução da CRF e do VER, quando mu-
da da relação estática volume-pressão: aumento da retra- dando da posição de ortostatismo (sentado) para supi-
ção elástica da parede torácica e redução da retração elás- no(63).
tica do parênquima pulmonar, com equilíbrio em CRF
maior; entretanto, o aumento da CRF é bem menos signi- 12. DISTÚRBIOS MISTOS
ficativo do que o aumento do VR.
• A CPT não se modifica significativamente com a ida- Defeitos obstrutivos e restritivos associados, pela pre-
de, principalmente quando relacionada com a altura: a sença de mecanismos fisiopatológicos opostos no mes-
maior complacência do parênquima pulmonar é contra- mo paciente, ocorrem com relativa freqüência na práti-
balançada pela menor complacência da parede torácica e ca. Exemplos: DPOC e doença intersticial difusa, fibrose
pela redução da força muscular respiratória. A CPT aos pulmonar idiopática e tabagismo, asbestose e tabagismo,
60 anos de idade é 90% de seu valor aos 20 anos. sarcoidose e tabagismo, obesidade e tabagismo, entre
• A relação VR/CPT passa de 20% a 35% entre 20 e outras possibilidades.
60 anos de idade. De um total de 4.774 pacientes com DVO, 1.872
• A CV apresenta uma queda de 25% entre 20 e 70 (39,2%) tiveram CV reduzida e elevadas relações VR/CPT.
anos de idade; aos 70 anos de idade seu valor é de 75% Apenas 177 (9,5%) tiveram CPT abaixo do limite inferior
do valor aos 20 anos. da normalidade, caracterizando um distúrbio misto(27).
• O volume no qual as pequenas vias aéreas em zonas Detecção de restrição concomitante em pacientes com
dependentes do pulmão começam a se ocluir (volume de obstrução é difícil, baseada apenas na mensuração dos
oclusão – VO) aumenta com a idade. O VO aos 20 anos volumes estáticos. Se os volumes pulmonares não estive-
de idade corresponde a menos de 10% da CV, e aos 40 rem reduzidos significativamente abaixo do normal em
anos de idade é igual ou levemente superior a 20%. Aos pacientes com doença obstrutiva das vias aéreas, pode
44 anos de idade, em decúbito dorsal, o VO já excede a ser impossível determinar se existe um distúrbio ventila-
CRF. Aos 65 anos de idade, mesmo em ortostatismo, o
tório restritivo concomitante apenas pelo estudo funcio-
VO excede a CRF. Aos 80 anos de idade, cerca de 2/3 das
nal. Considerar que o menor volume pulmonar por grau
pequenas vias aéreas se fecham ao final da expiração(59,60). de obstrução tem ampla dispersão, o que impede uma
As alterações que ocorrem em decorrência do envelhe- separação clara entre os grupos de obstrução e restrição
cimento normal são em termos absolutos, tanto em rela- pela determinação de volumes apenas, a menos que os
ção aos volumes como aos fluxos. Entretanto, como este volumes estejam significativamente abaixo dos normal em
é um processo naturalmente fisiológico, os valores pre- pacientes com limitação ao fluxo aéreo.
visto serão obtidos já com estas alterações. Então, apesar Pode-se afirmar a existência de distúrbio misto em ca-
de reduzidos em termos absolutos, os percentuais do pre- sos de redução da CPT e redução de VEF1/CV, usualmente
vistos e os limites da normalidade de idosos saudáveis com aumento de VR e VR/CPT. A capacidade de difusão
serão adequados, isto é, interpretados como normais. Isso pulmonar está usualmente bem reduzida, refletindo o im-
às vezes é mais difícil em indivíduos muito idosos (p.ex, pactos dos dois mecanismos.
maiores de 75 anos), em que não se dispõe de adequados ↓ CPT (↓ CVF) ↓ CEF1 [usualmente ↑ VR e ↑ VR/CPT]
valores de referência (por dificuldades de obter indivíduos = Restrição + Limitação ao fluxo aéreo com alçaponamento aéreo [Difusão usualmente ↓]
saudáveis com esta idade), sendo então os valores deter-
minados por extrapolação de indivíduos mais jovens, o Em outras situações o diagnóstico de defeitos mistos
que pode não ser o real (indivíduos normais podem erro- será de probabilidade.
neamente ser diagnosticados como doentes). Em pacientes com limitação ao fluxo aéreo e enfisema,
a CPT não é muito sensível para processos concomitantes
10. VOLUMES PULMONARES E GRAVIDEZ
com padrão restritivo, como o é em casos de restrição
pura (lobectomia ou fibrose pulmonar idiopático(64,65).
Ao longo da gravidez, com acentuação na segunda Pacientes com asbestose tem redução dos volumes es-
metade, há uma progressiva redução no VER e em menor táticos, principalmente CPT, pela rigidez do parênquima e
grau do VR, com conseqüente redução da CRF e do volu- aumento de fluxos aéreos (VEF1/CV) devido ao aumento
J Pneumol 28(Supl 3) – outubro de 2002 S 91
Menna Barreto SS

do retração elástica. O tabagismo interfere nisso, produ- remete à determinação da CPT. Se esta estiver dentro dos
zindo inflamação das pequenas vias aéreas e hiperinsufla- limites da normalidade, caracteriza-se um distúrbio venti-
ção dinâmica. Como resultante, a CPT pode não estar tão latório inespecífico. Para definição do padrão disfuncio-
reduzida, o coeficiente VEF1/CV pode estar normal, o VR nal, impõem-se uma investigação clínica e funcional com-
poderá estar normal e a relação VR/CPT pouco elevada. pleta, bem como controle evolutivo funcional(72).
Em face do diagnóstico estabelecido de lesão difusa, a
presença de tabagismo e ausência de um padrão restriti- 14. PADRÕES FISIOPATOLÓGICOS
vo clássico sugere processo misto. Mas este só poderá
ser afirmado se os parâmetros básicos estiverem defini- Indivíduos normais, jovens ou em faixa mediátrica:
damente alterados. Assim, em tabagistas não se pode
padrão, VR/CPT = 20%-25%-35% CRF/CPT = 40-45%-50%
excluir efeitos do asbesto pela normalidade da CPT(66,67).
Idosos normais: ↔ CPT ↑ CRF ↑ VR ↑ VR/CPT ↓ CV
Fumantes ativos têm maiores medidas de VR e CRF. A Enfisema precoce ↑ CPT ↑ CRF ↑ VR ↔ VR/CPT ↑ CV
carga tabágica, quantificada em maços-anos, tem sido Enfisema sintomático ↑ CPT ↑ CRF ↑↑ VR ↑ VR/CPT ↓ CV
associada diretamente com volumes pulmonares mais al- Restrição intrapulmonar ↓ CPT ↓ CRF ↔ ↓ (↑) VR ↑ VR/CPT ↓ CV
tos – CPT, CRF, VR, e inversamente com a capacidade de Restrição extrapulmonar ↓ CPT ↔ ↑ CRF ↑↑ VR ↑ VR/CPT ↓ CV
difusão (DLco), com menor relação com os parâmetros de Debilidade musc resp ↓ CPT ↔ CRF ↑ VR ↑ VR/CPT ↓ CV ↓ CI
fluxo. Obesidade grave ↓ CPT ↓ CRF ↔ VR ↑ VR/CPT ↓ CV ↓↓ VER
Em pacientes com fibrose pulmonar idiopática (FPI), o
tabagismo moderado a pesado tem sido associado ao 15. ESQUEMAS DE INTERPRETAÇÃO
aumento do VR e da CRF. Como nem o tabagismo, nem a
FPI causam diretamente redução da ação muscular respi-
To be (DVO) or not to be (DVR)
ratória ou redução da complacência da caixa torácica, os
• ↑ CPT + ↑ VR ↔ VR/CPT [implícito ↑ proporcional de VR] =
aumentos de VR e da CRF em tabagistas com FPI parecem volumes pulmonares aumentados/variante da normalidade
ser causados pela perda do recuo elástico do parênquima • ↑ CPT + ↑ VR/CPT [implícito ↑ VR > ↑ CPT, usualmente LFA] =
pulmonar ou oclusão prematura de vias aéreas, sugerin- Hiperinsuflação
do alçaponamento de ar e hiperinsuflação dinâmica. O • ↑ CRF + ↑ CRF/CPT [implícitos ↑ VR ↑ VR/CPT, CPT ↔] = Hi-
coeficiente VEF1/CV permanece dentro do normal pelos perinsuflação (discutível: se CPT normal, alguns autores cha-
efeitos opostos sobre estrutura e função das vias aéreas. mam de alçaponamento de ar)
• ↑ VR + ↑ VR/CPT + LFA + = Alçaponamento de ar
O VR é útil para avaliar a interação entre tabagismo e
• ↓ CPT + ↑ VR + ↑ VR/CPT + LFA + = Restrição + Alçaponamen-
doenças intersticiais. Em fumantes e ex-fumantes com to de ar = D Misto
sarcoidose parenquimatosa, o VR e CRF são menores do • ↑ VR + ↑ VR/CPT, isolados =
que em não fumantes, enquanto que na fibrose pulmonar (1) restrição extrapulmonar? [↓ ↔ CPT]
idiopática o VR é maior em fumantes. Nestes grupos de (2) LFA a baixos volumes pulmonares ? [= alçaponamento de ar
estudo não houve diferença entre CV e VEF1(68,69). em volume residual]
Repetindo, considerar que o menor volume pulmonar (3) DV parede torácica/hipodinâmico expiratório [↓ MEP e/ou
MIP e/ou ↓ Pmax]
por grau de obstrução tem ampla dispersão, o que impe-
• ↓ VR isolado [CPT ↔ e CV ↔ CEF1 ↔] = VR reduzido (laudo
de uma separação clara entre os grupos de obstrução e descritivo)
restrição pela determinação de volumes apenas, a menos • CPT pletis > 10% CPT He + LFA = Alçaponamento de ar (... ao
que os volumes estejam significativamente abaixo dos nível de CPT)
normal em pacientes com LFA. • ↓ CPT [independente de VR e VR/CPT] = Restrição pulmonar
Em casos de limitação ao fluxo aéreo e alçaponamento (1) ↓ VR + ↔ ↑ VR/CVPT (2) ↔ VR + ↑ VR/CPT (+ freqüente)
aéreo bem definidos, a normalidade da CPT poderia ser (3) ↑ VR ↑ VR/CPT (menos freqüente)
• CRF
especulado como devido a processo restritivo associado.
(1) CRF > LSN se CPT e VR/CPT normais = CRF aumentada (lau-
Lembrar que é freqüente encontrarmos asmáticos “pu- do descritivo)
ros” com LFA e alçaponamento aéreo mas CPT normal, (2) CRF < LIN se CPT e VR/CPT normais = CRF reduzida (laudo
sem apresentar nenhum fator restritivo. Integrar os acha- descritivo)
dos do exame clínico, radiografia, tomografia computa- (3) ↑ CRF + ↑ CRF/CPT + ↑ VR + ↑ VR/CPT + LFA [↔ ↑ CPT] =
dorizada de tórax e determinação de pressões respirató- Alçaponamento ar/hiperinsuflação
rias máximas(70,71).
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