Você está na página 1de 32

REVISÃO

TRATAMENTOS TÉRMICOS – PARTE II


1. Introdução

• As microestruturas previstas no Diagrama Ferro-Carbono irão aparecer somente


quando o resfriamento for suficientemente lento (condições de equilíbrio
termodinâmico). Na prática resfriamento ao ar ou mais lento para a maioria
dos aços comuns
• Quando o resfriamento é rápido o suficiente outras microestruturas surgem e
em consequência as propriedades do aço serão diferentes.
• Para previsão das microestruturas quando a variável tempo é incluída é
necessário utilizar os Diagramas de Transformação isotérmica (IT) ou os
Diagramas de Resfriamento Contínuo (CCT).
• Os Diagramas de transformação isotérmica indicam as microestruturas que
aparecem quando a temperatura de resfriamento é mantida constante
durante as transformações de fase
• Os Diagramas de resfriamento contínuo indicam as microestruturas que
aparecem quando a temperatura varia à medida que ocorrem as
transformações de fase
2. Diagrama de Transformação Isotérmica

2.1 Significado das linhas do diagrama


Fase:
A) Aço eutetóide: Temperatura?
2. Diagrama de Transformação Isotérmica

2.2 Microestruturas e fases conforme Resfriamento

A) Aço eutetóide:

• Quais as microestruturas
presentes conforme os
resfriamentos A,B e C ?

• O que ocorre se a
temperatura Mf é
inferior a temperatura
ambiente?
2. Diagrama de Transformação Isotérmica

2.2 Microestruturas e fases conforme Resfriamento Linha de início


de formação
de ferrita
B) Aço hipoeutetóide:
• Existe mais uma linha
indicativa do início de
formação de ferrita

C) Aço hipereutetóide:
• Existe mais uma linha
indicativa do início de
formação de cementita
2. Diagrama de Transformação Isotérmica

2.3 Características das fases martensita e bainita

A) Bainita:
• A bainita é formada pelas fases
ferrita e cementita, mas não em
arranjo lamelar como na perlita.
• Apresenta dureza inferior a martensita
não revenida, mas bem superior a da
perlita, na ordem de 45 até 55 HRC.
• A bainita inferior apresenta melhor
tenacidade que a martensita
revenida de mesma dureza.
• Apresenta uma boa combinação de
resistência e ductilidade Região escura: bainita inferior
Região clara: martensita
2. Diagrama de Transformação Isotérmica

2.3 Características das fases martensita e bainita


B) Martensita:
• A martensita é uma fase de estrutura tetragonal
de corpo centrado devido à presença de carbono
supersaturado o qual não houve tempo de
difundir para ocorrência da transformação da
estrutura CFC da austenita em ferrita CCC e
cementita.
• Apresenta dureza muito elevada, a qual depende
do teor de carbono. Em geral varia na ordem de
45 (até menos) a 67 HRC, sendo também muito
frágil.
• A dureza elevada da martensita não é apenas
devido a distorção da rede cristalina, mas
também devido a elevada densidade de
discordâncias formadas.
2. Diagrama de Transformação Isotérmica

2.3 Características das fases martensita e bainita


B) Martensita:
• Quando o aço passa da estrutura austenítica para martensítica ocorre uma
dilatação do material o que aumenta as tensões internas que eventualmente
podem levar a fratura da peça. Por essa razão é recomendado que o
revenimento seja realizado logo após a têmpera
• A superfície do material irá apresentar tensões trativas que diminuem a
resistência à fadiga

Estrutura da Estrutura da
austenita martensita
DILATAÇÃO
3. Diagrama de Resfriamento Contínuo

3.1 Introdução:
• Um diagrama de transformação
isotérmica somente é válido
para resfriamentos em
temperatura constante.
• Quando o resfriamento ocorre
de forma contínua a curva é um
pouco alterada (a curva desloca
para a direita o que significa
tempos mais longos e para
baixo que significa
temperaturas mais baixas.
• As linhas Mi e Mf basicamente
não são alteradas com relação
ao Diagrama IT
3. Diagrama de Resfriamento Contínuo

3.2 Linhas de início e fim de transformação

Mf
3. Diagrama de Resfriamento Contínuo

3.3 Fases obtidas no Resfriamento:

Quais as fases presentes


para os diferentes
resfriamentos?

Mf
3. Diagrama de Resfriamento Contínuo

3.3 Fases obtidas no Resfriamento:

Qual fase presente para


o resfriamento conforme
figura?

Temperatura
ambiente
Mf
4. Influencia na posição das Linhas dos
Diagramas IT e TTT

• A quantidade de Carbono e a
quantidade de elementos de liga
influenciam a posição das linhas
dos Diagramas IT e TTT, ou seja
influenciam no tempo e nas
temperaturas de transformação
• Quanto maior a quantidade de
Carbono e a maioria dos
elementos de liga, mais afastadas
encontram-se as linhas do
Diagrama aumentando a
temperabilidade do aço ou seja • A adição de elementos de liga
facilitam a obtenção de também induz ao aparecimento da
martensita. transformação bainítica que não
ocorre para Aços Carbono
4. Influencia na posição das Linhas dos
Diagramas IT e TTT
Curva típica obtida no Ensaio Jominy
Temperabilidade:
para verificar a temperabilidade do aço
• A temperabilidade de um aço está
relacionada com sua maior ou menor
facilidade de obter martensita
(endurecer) quando temperado.
• Quanto maior a temperabilidade de
um aço mais fácil será obter
martensita quando resfriado.
• Quanto mais baixa a
temperabilidade de um aço mais
difícil será obter martensita.
• Existem aços com temperabilidade
tão baixo que se torna praticamente
impossível obter martensita mesmo
com resfriamentos muito drásticos
4. Influencia na posição das Linhas dos
Diagramas IT e TTT
Temperabilidade:

• O aço da curva “d” ao


lado apresenta maior
temperabilidade pois pode
apresentar maior dureza
que os demais em uma
profundidade maior da
peça.

• Este aço tem maior


potencial de apresentar
martensita que os demais
aços em uma maior
profundidade.
4. Influencia na posição das Linhas dos
Diagramas IT e TTT

• Quanto maior a quantidade


de Carbono menor as
temperaturas Mi e Mf . Isto
quer dizer que serão
necessárias temperaturas mais
baixas para que haja tanto o
início quanto o final da
transformação martensítica
• A maioria dos elementos de
liga (exceção Cobalto e
Alumínio) também
apresentam efeito semelhante
ao do Carbono, mas em
menor grau
5. Tratamentos Térmicos

5.1 Conceito:
Tratamentos térmicos são um conjunto de operações que têm como objetivo
modificar as propriedades dos aços e outros materiais metálicos através de
etapas que incluem o aquecimento e o resfriamento de peças ou componentes sob
condições controladas

5.2 Fatores que influenciam nos tratamentos térmicos


• Composição química: percentual de Carbono, percentual de elementos de liga
• Temperatura de aquecimento e de resfriamento
• Tempos de permanência nas temperaturas de aquecimento e/ou de
resfriamento
• Velocidade/Meio de resfriamento: água, óleo, solução com polímero, forno,
etc.
• Atmosfera do Forno de aquecimento
4. Tratamentos Térmicos

4.3 Recozimento:

• Aquecimento em temperatura
elevada e resfriamento lento
• Objetivos:
• Aumentar a ductilidade e
diminuir a dureza
• Aliviar as tensões residuais
• Melhorar a usinabilidade
• Tipos de Recozimento:
• Pleno
Microestrutura: Ferrita e perlita
• Esferoidização
• Recristalização
• Alívio de Tensões/Recuperação
4. Tratamentos Térmicos

4.3 Recozimento:
A) Recozimento pleno:
• Aquecimento acima da
Acm
temperatura de
transformação A3 para aços
hipoeutetóides e acima de A1 A3
para aços hipereutetóide
(aglomeração ou A1
esferoidização da cementita)
seguido de um resfriamento
lento com objetivo de obtenção
de ferrita e perlita (aço
hipoeutetóides) ou perlita e
cementita (aço hipereutetóide)
com boa ductilidade.
4. Tratamentos Térmicos

4.3 Recozimento:
B) Esferoidização:
• Às vezes considerado como um
tratamento térmico específico. Acm
• Aquecimento próximo da
temperatura de transformação por
longo tempo ou A3
• Ciclos de variação da temperatura
um pouco acima e abaixo da A1
temperatura A1.
• Formação de cementita na forma
esférica e não lamelar como da
perlita.
• Obtém-se a menor dureza e
maior ductilidade que um
determinado aço possa ter.
4. Tratamentos Térmicos

4.3 Recozimento:
C) Recozimento para recristalização:
• Utilizado para restaurar a
ductilidade de metais
encruados.
• Encruamento é a deformação
plástica a frio
• Em aços é realizado abaixo da
temperatura de transformação
• Na recristalização ocorre a
formação de um novo
conjunto de grãos livres de
deformação restaurando a
ductilidade do metal TR ≈ 0,4 * TF (em Kelvin)
4. Tratamentos Térmicos

4.3 Recozimento:
D) Recozimento para alívio de tensões:
• Utilizado para reduzir as tensões
do material devido a fatores
térmicos (aquecimentos ou
resfriamentos) ou mecânicos
(encruamento devido
comformação mecânica ou
usinagem pesada) .
Esferoidização
• Durante o recozimento para alívio
de tensões de modo gerla não há Recristalização
uma grande alteração das
Alívio de tensões
propriedades mecânicas
• É realizado abaixo da
temperatura de recristalização.
4. Tratamentos Térmicos

4.4 Normalização:
• Aquecimento em temperatura
acima das temperaturas de
transformação conforme figura e
resfriamento moderado
(geralmente ao ar) obtendo-se
uma estrutura de granulação
fina, geralmente de ferrita e
perlita.
• Devido ao resfriamento mais
rápido e granulação mais fina a
dureza e resistência da peça
normalizada é maior que a
obtida pelo recozimento pleno
4. Tratamentos Térmicos
4.4 Normalização:
• Utilizado geralmente como um tratamento intermediário para:
• Refinar o grão principalmente de peças fundidas ou forjadas.
• Uniformizar a microestrutura (dissolução de carbonetos) preparando as
peças para tratamentos posteriores como têmpera ou posterior usinagem.
4. Tratamentos Térmicos

4.5 Têmpera:
• Aquecimento em temperatura
acima das temperaturas de
transformação conforme figura e Temperatura de
aquecimento para
resfriamento rápido o suficiente têmpera
para formação de martensita

• Após a têmpera a peça deve ser


revenida o mais rápido possível
para evitar aparecimento de
trincas devido as tensões geradas.

• O resfriamento rápido vai depender do tipo de aço e pode ser realizado em


óleo, salmoura (≈10% sal em peso) , polímero ou até mesmo ao ar.
• Objetivos: Obtenção de alta resistência e dureza, elevada resistência à
fadiga e ao desgaste
4. Tratamentos Térmicos

4.6 Revenimento:

• Tratamento realizado posterior


a têmpera com a finalidade de
obter a dureza desejada, e
diminuir a fragilidade da
estrutura martensítica.

• Conforme a dureza desejada o


revenimento pode ser realizado
entre as temperaturas de 150 a
600 ºC.
4. Tratamentos Térmicos
4.6 Revenimento:
Embora um dos objetivos do revenimento seja a obtenção de um aumento da
tenacidade, poderá ocorrer um efeito contrário , em determinadas temperaturas. Este
aumento da fragilidade apresenta-se com duas denominações em função das
diferentes temperaturas que pode ocorrer
A) Fragilidade da martensita revenida (FMR):
Ocorre no intervalo de 230 a 350ªC
com uma redução da tenacidade
(aumento da temperatura de transição
dúctil-frágil) mesmo em um curto
período de tempo (1 hora). Ocorre em
aços de baixa liga e aços carbono
devido a formação de cementita
durante o revenimento. O Fósforo (P)
contribui para o fenômeno fragilizante
4. Tratamentos Térmicos
4.6 Revenimento:
B) Fragilidade de revenido (FR):
• Ocorre no intervalo de
temperatura entre 375 e 575ºC
se o material permanecer muito
tempo nesse intervalo de
temperatura (várias horas).
• Aços ligados são mais suscetíveis
a esse fenômeno associado com
presença de impurezas como: Sb,
As, P e Sn que tendem a se
concentrar no contorno de grão
durante o revenimento
• Peças de grandes dimensões aquecidas na faixa de temperatura são suscetíveis
ao fenômeno pelo fato das secções de maior espessura permanecerem mais
tempo nessas temperaturas.
4. Tratamentos Térmicos

4.7 Martêmpera
• A martêmpera é uma variante da
têmpera tradicional e é realizada
de tal forma que a peça é
deixada um pouco acima da
temperatura de início da
transformação martensítca (Ms)
com objetivo de uniformizar a
temperatura da superfície e do
núcleo e assim diminuir as
tensões que normalmente são
geradas durante a transformação.
• Após o período de permanência acima de Ms e antes que inicie uma
transformação bainítica as peças são resfriadas até a temperatura ambiente.
4. Tratamentos Térmicos

4.8 Austêmpera
• A austêmpera é o tratamento
no qual o aço é aquecido a
temperatura de austenitização
e depois resfriado em
temperatura acima de Ms e
abaixo do “cotovelo da curva
TTT e deixado nessa
temperatura até completa ou
parcial formação de bainita.

• Obtém-se peças com uma ótima tenacidade (superior a da martensita


revenida de mesma dureza) e uma boa resistência, além de pequena distorção
e tensões residuais comparado com a têmpera
4. Tratamentos Térmicos

4.9 Aspectos práticos dos tratamentos térmicos:

Os seguintes itens afetam a


temperatura e a condição de
resfriamento e devem ser
verificados na prática dos
tratamentos térmicos:

a) Termopar descalibrado
b) Forno com resistência
queimada
4. Tratamentos Térmicos

4.9 Aspectos práticos dos tratamentos térmicos:

c) Circulador de ar estragado
d) Atmosfera descarbonetante
ou oxidante
e) Termopar do banho de
resfriamento descalibrado
f) Bombas de agitação do
banho danificadas
g) Banho muito sujo
h) Contato grande entre peças

Você também pode gostar