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Aperfeiçoamento em psicologia médica

Data:14/09/2020
Professor:José Lorenzatto
Aluna: Ana América Gonçalves Fróes

Resumo sobre os capítulos 7 e 8

O grupo familiar é o primeiro núcleo de relações sociais que o indivíduo pertence. Há o núcleo
primário ou imediato, composto por pais, irmãos e os núcleos secundários ( tios , primos, etc) e
terciários (agregados). O núcleo familiar está submetido a limites e tangencialidades sócio-
culturais, que interferem no conceito e na organização familiar (emancipação feminina, participação
masculina em papeis antes imputados a mulher, crescimento da população de mulheres solteiras,
mudanças quanto as orientações e vivências da sexualidade).

O campo familiar é dinâmico, guardando em si características, que podem nortear comportamentos,


conflitos e resoluções. A trangeracionalidade é uma destas facetas, guardando no seu conceito
padrões que podem se repetir em pais em relação aos avós e filhos em relação aos pais. Conflitos
edípicos podem ser reeditados nas figuras dos filhos. Estes conflitos edípicos podem ser
somatizadores, perversos, neuróticos, psicóticos, psicopáticos. Fato é que comportamentos delineam
formação de imagens pelos pais, que vão gerar representações internas para os filhos e por fim um
processo de identificação e formação de papéis.

A função materna tem nuances que se alongam desde a nutrição, reconhecimento do corpo do filho
e olhar sobre este corpo para que haja a identificação. Ou seja ser provedora, exercer a função de
pára excitação, proporcionar a simbiose para a segurança afetiva adequada, compreender e
decodificar e implica tanto na presença, quanto no saber estar ausente. Saber ser continente para
devolver o conteúdo estruturante ao filho é um papel dinâmico, criativo e contínuo. A maternagem
adequada tanto se abre para a construção do self grandioso na criança, quanto da imago parental
idealizada e prepara para a futura dessimbiotização e valorização progressiva da figura paterna. Esta
figura trará segurança ao filho, como proporcionará através do papel do limite a possibilidade de
abertura do indivíduo as relações e amizade, através da renúncia da mãe, como interesse específico.

O papel fraterno na convivência familiar tem diversos papeis. A afirmação progressiva da


personalidade que desemboca na individuação, passa por deslocamentos dos conflitos edípicos ,
descolamentos ou adesões a papéis de maternagem e paternagem, bem como a relações cuja
simbiose podem ser prejudicadas no seu desenrolar, podendo repetir modelo de relações parentais,
resultado em relações sadomasoquistas, comportamentos depressivos e de boicote ao outro.Dentro
da função materna os papéis de simbiose, reconhecimento do corpo, prover e frustrar, conter e ser
espelho, quando usados em equilíbrio vão ajudar a criança (filho) a encontrar seu equilíbrio. Quanto
há falha do processo surgem imagos maternos como mãe enigmática, mãe recipiente, mãe
indiferente, mãe ansiosa, mãe abismo (criança rolha), sendo este último um estado grave de
simbiose não libertadora.

O conceito de trauma em Freud é mais ligado a causas sexuais no plano fisico ou na fantasia. É
Ferenczi que chama a atenção em 1933, que situações onde a criança se sente incompreendida ou
rejeitada podem gerar traumas psíquicos e percepções sobre o desamparo.Klein entende o
desamparo, como um estado de solidão inconsciente ou consciente, que acontece em função da
introjeição de “objetos maus”. Meltzer trata o assunto, como uma falta de espaço interno para
sustentação das identificações. Para Mahler trata-se de uma falha da dessimbiotização , tornando
dificil a passagem do indivíduo pelas etapas de separação e individuação, que também são
discutidas por Kohut como injúrias narcísicas que limitarão a fase da percepção do Self grandioso,
podendo trazer uma desestrutura na imago parental. Lacan entende como a falha do estado do
espelho, que afetaria a identificação e Green aponta para o comportamento de “vazio” ou
comportamento “branco” de mães deprimidas, cujo papel de conteúdo, compreensão e devolução
falham. Bion identifica a falha de função alfa, havendo uma dificuldade na alfabetização emocional,
o que determina no seu entendimento tanto a simbiose, quanto a dessimbiotização adequadas, para
identificações extra familiares e relações sociais balanceadas. Enfim, toda situação de trauma, de
alguma forma levará a sensação de desamparo, cuja resolucão dependerá de uma maternagem,
paternagem adequadas e definição clara dos papéis, proporcionando inclusive a formação de uma
agressividade de sobrevivência e de transformação ao indivíduo.

A percepção do momento traumático e seus desdobramentos impactarão diretamente a prática


analítica, a construção das transferências e o jogo de papéis a serem vividos no set analítico.
Também aspectos técnicos relativos ao posicionamento físico do analisando em relação ao analista,
que por sua vez pode também ter o olhar constitutivo sobre o outro ou ser o olhar ausente parental,
com escuta, para proporcionar ao paciente o contato real com a sua experiência e a possibilidade de
re-significação necessária.

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